Revisão Zika e SNC
Revisão Zika e SNC
Revisão Zika e SNC
Biomedicina
RESUMO
O vírus Zika (ZIKV), pertencente ao gênero Flavivírus, foi notificado pela primeira vez no
Brasil no ano de 2014. Por se tratar de uma arbovirose a sintomatologia, quando existen-
te, assemelha-se bastante com a do Dengue. Decorrentes a isso, pacientes portadores
do ZIKV, inicialmente, foram diagnosticados com dengue, entretanto ao se comparar
exames laboratoriais dos pacientes com as doenças é possível observar diferenças em
alguns parâmetros. Em 2015 a presença do material genético do ZIKV foi confirmada
retirando quaisquer dúvidas quanto a presença de um novo vírus se alastrando no país.
O presente artigo foi conduzido por revisão de literaturas anteriores para a identificação
de estudos relevantes, com busca realizada nas bases de dados online. As pesquisas
sobre a infecção pelo ZIKV e suas complicações são apresentadas, frente aos resultados
observados, ficou nítida a existência de uma relação direta entre a infecção e o aumento
de casos de microcefalia e a síndrome de Guillain-Barré, demonstrando a importância
de exames específicos para a suadetecção.
PALAVRAS-CHAVE
ABSTRACT
The Zika virus (ZIKV) belonging to the genus Flavivirus, was first reported in Brazil in
the year 2014. Because it is an arbovirus, the symptomatology, when present, is very
similar to that of Dengue. Due to this, patients with ZIKV, initially, were diagnosed with
Dengue, however when comparing laboratory tests of patients with the diseases it is
possible to observe differences in some parameters. In 2015 the presence of a new
virus spreading over the country. This article was conducted by reviewing previous
literature for the identification of relevant studies, with a search conductedin online
databases. The research on ZIKV infection and its complications are presented, com-
pared to the results observed, it was clear the existence of a direct relationship betwe-
en infection and the increase of cases of microcephaly and Guillain-Barré syndrome,
demonstrating the importance of specific tests for their detection.
KEYWORDS
1 INTRODUÇÃO
O vírus Zika (ZIKV) é um arbovírus da família Flaviviridae, isolado pela primeira vez
em seres humanos em 1952, em Uganda. Os vírus desta família possuem como ácido
nucleico o RNA de cadeia linear simples, polaridade positiva e comprimento médio
entre 9,5 a 12,3 kd. Apresentam capsídeo icosaédrico, o que lhes confere um aspecto
esférico, com partículas virais de diâmetro de 40-60 nm (STEPHENS et al., 2010) (Fi-
gura 1). Essas partículas são revestidas por uma bicamada lipídica com glicoproteínas
virais, formando o que é denominado de envelope viral (Figura 2).
As glicoproteínas presentes na superfície do envelope viral participam da adesão das
partículas dos Flavivírus aos receptores encontrados na superfície das células do hos-
pedeiro invertebrado ou do hospedeiro vertebrado. Estes vírus são capazes de se ligar
a uma grande variedade de moléculas presentes na superfície de células animais que
atuam como receptores na fase inicial da infecção (PERERA-LECOIN, 2014).
três a sete dias após seu início, contudo a artralgia pode persistir por até um
mês (PUSTIGLIONE, 2016).
Por se tratarem de arboviroses, a maioria dos Flavivírus é transmitida por
artrópodes como mosquitos e/ou carrapatos, mantidos na natureza por ciclos in-
fecciosos que envolvem diferentes hospedeiros. Os vários sintomas causados por
estes vírus incluem icterícia, febre (no caso da dengue podem ser febres hemor-
rágicas) e encefalite (BLÁZQUEZ et al., 2015). A dengue é a arbovirose do gênero
Flavivírus mais comum no Brasil. Até o presente momento foram identificados em
território nacional quatro sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Em 2015,
no Brasil, cerca de 90% dos casos foram infectados pelo DENV- 1, responsável pela
dengue clássica, seguido pelos sorotipos DENV-4 (5%), DENV-2 e DENV-3 (menos
de 1% cada), responsáveis pelos casos mais graves (PUSTIGLIONE, 2016).
No ano de 2015, até a semana epidemiológica 52, correspondente ao perí-
odo de 04/01/2015 a 02/01/2016, foram registrados 1.649.008 casos prováveis de
dengue no país. Nesse período, a região Sudeste registrou o maior número de
casos prováveis (1.026.226 casos; 62,2%) em relação ao total do país, seguida das
regiões Nordeste (311.519 casos; 18,9%), Centro-oeste (220.966 casos; 13,4%), Sul
(56.187 casos; 3,4%) e Norte (34.110 casos; 2,1%), sendo descartados 600.432 casos
suspeitos de dengue.
De mesmo modo, a Chikungunya (outra arbovirose transmitida pelo vetor Ae-
des aegypti) teve na mesma época, 20.661 casos notificados suspeitos, destes, 7.823
foram confirmados, onde 560 por critério laboratorial e 7.263 por critério clínico
epidemiológico; 10.420 continuam em investigação. Foi confirmada transmissão
autóctone do ZIKV no país a partir de abril de 2015. Neste intervalo de tempo, 19
Unidades da Federação confirmaram laboratorialmente a doença, entretanto o nú-
mero de casos não foi informado no boletim epidemiológico (BRASIL, 2016).
O ZIKV tem um histórico de pouco mais de 60 anos, mas só veio chamar
atenção para sua patogenicidade em 2015. O primeiro caso clínico documentado
foi datado em 1964, descrito como uma leve dor de cabeça que evoluiu com exan-
tema, febre e dor muscular. Entre os anos de 1952 e 1981 há registro de poucos ca-
sos de infecção pelo ZIKV em países africanos e asiáticos, como Egito, Serra Leoa,
Gabão, Índia, Paquistão, Malásia, Filipinas, Tailândia, Vietnã e Indonésia. Em 2007,
o vírus foi constatado na ilha Yap, na Micronésia, envolvendo limitado número de
pessoas e sem registro de complicações ou de óbitos (DREZETT; GOLLOP; 2016).
No Brasil este vírus foi relatado pela primeira vez em março de 2014 em um
grupo de pacientes com sintomas similares ao da dengue, com exames negativos
para a mesma, em um hospital no estado da Bahia. Somente em maio de 2015 é
que foi constatada a presença do material genético de uma estirpe de ZIKV que
apresentou 99% de similaridade com os isolados do vírus circulante com a varian-
te encontrada na Polinésia Francesa (CAMPOS; BANDEIRA; SARDI, 2015). No mes-
mo mês, uma turista que esteve na mesma região (Salvador, Bahia) apresentou
a infecção por ZIKV ao retornar à Itália, tal fato confirmou a circulação do vírus
em nosso território, assim como a capacidade dos mosquitos aqui existentes, de
2 MATERIAIS E MÉTODOS
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.3 ZIKA
Uma mulher moradora do RJ, 23 anos, foi encaminhada pelo centro materno
infantil para o ambulatório da UNIFESO com objetivo de realizar acompanhamento
de pré-natal de alto risco. Ela relatou uma viagem à Salvador e ao retornar apresentou
um quadro virótico, que foi diagnosticado como Zika. Foi atendida no Hospital das
Clínicas de Teresópolis Constantino Ottaviano, devido um episódio de sangramento
vaginal que evoluiu com melhora. Durante o acompanhamento pré-natal foi obser-
vado no ultrassom uma alteração morfológica no feto, onde foi constatado microce-
falia, devido diâmetro cefálico e diâmetro biparietal baixo para idade gestacional.
A suspeita da relação entre microcefalia e infecção pelo Zika vírus surgiu por o fato
do vírus ter sido detectado em líquido amniótico de gestantes, no Brasil, e seus recém-
-nascidos apresentaram diminuição da circunferência cefálica. O RNA viral também foi
detectado em outros tecidos do corpo, incluindo o cérebro (SCHULER- FACCINI, 2016).
Observou-se um sistema nervoso central severamente afetado em fetos de
mães que apresentaram Zika. Grupos de estruturas com invólucro com um interior
luminoso semelhante os restos de complexos de replicação que são característicos
de Flavivírus, indicam a replicação viral no cérebro. As conclusões sobre microscopia
eletrônica sugerem uma possível persistência de ZIKV no cérebro fetal, possivelmente
por causa do meio imunologicamente seguro para o vírus (MALKAR, 2016).
Teste
Molecular
Teste de
Anticorpos
Legenda: RT-PCR: Transcrição Reversa - Reação em Cadeia da Polimerase; qPCR: PCR em Tempo
Legenda: RT-PCR: Transcrição Reversa - Reação em Cadeia da Polimerase; qPCR:
PCR em Tempo Real; DENV: Vírus da Dengue; CHIKV: Vírus Chikungunya; ZIKV: Vírus
Zika. Fonte: Adaptado de OMS (2016).
4 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
CAMPOS, G.S.; BANDEIRA, A.C.; SARDI, S.I. Zika Virus Outbreak, Bahia, Brazil.
Emerging Infectious Diseases, v.21, n.10, 2015.
CDC – Centers For Disease Control And Prevention. Orientação para laboratórios
dos EUA para testes de infecção pelo Zika vírus. 2016. Disponível em:
<http://portugues.cdc.gov/zika/laboratories/lab-guidance.html>. Acesso em: 25 nov. 2016.
CRBIO 08. Imagem retirada de: Cientistas desvendam estrutura do vírus zika.
2016. Disponível em: <http://crbio08.gov.br/noticias/saude/cientistas-desvendam-
estrutura- do-virus-zika/>. Acesso em: 28 nov. 2016.
DREZETT, J.; GOLLOP, T.R. O ZIKV: uma nova e grave ameaça para a saúde
reprodutiva das mulheres. Revista Reprodução & Climatério, v.31, n.1, 2016.
Disponível em: <http://recli.elsevier.es/pt/o-virus-zika-uma- nova/articulo/
S1413208716300243>. Acesso em: 23 nov. 2016.
EICKMANN, S.H. et al. Síndrome da infecção congênita pelo ZIKV. Caderno de Saúde
Pública, v.32, n.7, 2016.
FREITAS, A.R.R.; ZUBEN A.P.B.V.; ALMEIDA V.C. Zika Vírus. Informe Técnico ano 1, n.1,
DEVISA, 2016.
MALKAR, J. et al. Zika virus associated with microcephaly. The New England journal
of medicine, v.374, n.10, 2016.
NUNES, M.L. Microcephaly and Zika virus: a clinical and epidemiological analysis of
the current outbreak in Brazil. Jornal de Pediatria, v.92, n.3, 2016.