Capa de Trabalho Ufam
Capa de Trabalho Ufam
Capa de Trabalho Ufam
Manaus/AM
2019
Resumo
A escritora inicia o capítulo Saiba olhar ao redor com um exemplo claro de percepção
visual no meio social. Após o sequestro e assassinato de três jovens, moradores do
morro da Providência, por militares, sem prova alguma do envolvimento destes em
facções, a população do morro clamou por justiça. Apesar dos esforços, não houve
atenção para o caso. Até que um homem, conhecido como JR. E advindo da França,
inconformado com a falta de visibilidade dada a um assassinato tão brutal, resolveu agir
e com a ajuda dos moradores fotografou os olhos arregalados de uma população
descrente de justiça e atenção. JR. Imprimiu as fotografias e as ampliou, colando-as nos
muros da favela, direcionando os olhares ao resto da cidade do Rio de Janeiro, que
pouco se importara com aquele local. O ocorrido proporcionou algo novo: a população
de fora do morro, a mídia e o governo local finalmente perceberam aquele lugar, e se
questionaram o porquê dos olhares resolutos. Com essa visibilidade, não so o resto da
população, mas os próprios moradores do morro da Providência passaram a encarar a si
próprios, dar atenção à comunidade e até organizar eventos.
Tudo isso se deve à percepção. A junção e posterior análise dos sentimentos advindos
da visão, isto é, o que se vê e o que se sente em relação ao que foi visto, é chamada de
Percepção Visual. Por meio dela a favela deixou de ser invisível ao resto da população
carioca, pois foi vista de outro ângulo, deixando de lado preceitos como a violência e o
crime organizado. Citando o autor, a percepção pode ser definida como o modo de
pensar “como outra lente através da qual enxergamos” (Herman, Amy E.).
Seguindo do ponto perspectiva, veremos por primeiro a Perspectiva física, nada mais
que o ponto de vista empregado, fisicamente, para se ver algo. No livro, o dr. Wayne W.
Dyer introduz o tema, dizendo que a perspectiva física é definida pela posição em que
estamos, podendo então apenas a posição física mudar totalmente a figura que estamos
vendo. Após a introdução, dois exemplos acerca de obras de arte são dados, sendo um
deles a obra de Michelangelo, Davi, onde um héroi bíblico é representado por uma
escultura de mármore, sendo popularmente visto como gracioso, harmônico, o homem
“perfeito”. Porém, após estudos feitos por professores de anatomia, mudando o ângulo
de visão da escultura (antes visto de baixo para cima), encontrara-se no mesmo uma
face cheia de tensão, medo e agressividade. Davi também possui problemas em relação
a anatomia, deixando de lado o ideal de perfeição. Surge também o questionamento da
posição em que a obra é dia após dia vista, questionando-se de que forma pretendia
Michelangelo apresentar a obra, questão esta dificil de ser respondida. Não so a arte,
como quaisquer outras coisas observáveis, é deliberadamente mutável, visto de uma
série de fatores influencia na percepção, e esta é individual.
O conceito de percepção também é citado por grandes empresas, como a Toyota, onde o
princípio genchi genbutsu (vá e veja) é estimulado aos executivos, visando o melhor
desempenho no trabalho. O princípio é visto desde a antiguidade pelos gregos, que
buscavam a eficiência em suas construções, assim como os egípcios e outros povos
antigos.
A mudança de local físico também é estimulada por neurocientistas, que afirmam que a
mudança de posição e local não só aperfeiçoa o modo de ver algo, mas também impede
bloqueios em estudos, por exemplo. Roderick Gilkey e Clint Kilts confirmam o dito,
definindo o cérebro como “um sistema interativo”, isto é, o cérebro é estimulado a partir
de pequenos exercícios, como a mudança, a movimentação etc.
A perspectiva também é influenciada por uma série de fatores em conjunto com a visão,
como o olfato, o paladar e o tato. Dar ênfase no sentido visão muitas vezes impossibilita
alguém de perceber o todo. Um trabalho em conjunto deve ser feito visando a maior
abrangência de informações acerca de algo. O exemplo dado sobre o uso dos sentidos
em conjunto na percepção é mostrado pela obra Um bar no Folies-Bergère, de Édouard
Manet, onde uma moça é vista em um bar, porém a obra não se restringe a isso. Usando
os sentidos em conjunto, percebe-se a presença do som local, dos usuários presentes no
local, o cheiro quase palpável. Tudo isso é perceptível quando nos esforçamos para
realmente entender o que está inicialmente restrito à visão. Ampliar essa ferramenta
cognitiva é essencial.