o Controle Do Desmatamento Da Amazônia Na Região de São Félix Do Xingu e Seus Desafios Diante Da Realidade Fundiária Do Estado Do Pará
o Controle Do Desmatamento Da Amazônia Na Região de São Félix Do Xingu e Seus Desafios Diante Da Realidade Fundiária Do Estado Do Pará
o Controle Do Desmatamento Da Amazônia Na Região de São Félix Do Xingu e Seus Desafios Diante Da Realidade Fundiária Do Estado Do Pará
1 Introdução
1 Graduação em Engenharia Florestal pela Universidade do Estado do Pará. Pós graduanda em Direito
Ambiental pelo Centro Universitário do Estado do Pará.
No Brasil, embora se comparado a países como a Ásia, o índice de desmatamento
seja ligeiramente menor, ainda é uma preocupação significativa. De acordo com um artigo
divulgado pela ONG S.O.S. Planeta, o desmatamento no Brasil tem registrado um
crescimento significativo. As informações revelam que mais de 10 mil quilômetros de
floresta nativa foram devastados somente em 2021 (Nascimento et al., 2019).
Anualmente, o Brasil tem testemunhado um aumento significativo neste índice e
é importante salientar que essa prática, especialmente em florestas tropicais, desempenha
um papel crucial nas mudanças climáticas. As principais causas desse desmatamento e,
consequentemente, da redução das florestas, incluem a exploração para fins comerciais,
incêndios, atividades agropecuárias, o avanço da urbanização e até mesmo fenômenos
naturais (Souza, 2021).
Embora a floresta Amazônica represente extrema importância para a regulação do
clima, a manutenção da biodiversidade e a prestação de serviços ambientais, sua ocupação
nas últimas décadas não priorizou a conservação. Inicialmente, o processo de perda de
cobertura florestal era pouco significativo até as décadas de 50 e 60, quando foram
construídos os primeiros eixos rodoviários para conectar a região ao restante do país,
como as rodovias Belém-Brasília e Brasília-Acre (Maurano; Escada; Reino, 2019).
Com o passar dos séculos, a Amazônia tornou-se um alvo constante de atividades
humanas predatórias, impulsionadas pelo crescimento populacional, avanço da fronteira
agrícola, demanda por recursos naturais e busca por lucros econômicos. A extração de
madeira, muitas vezes realizada de forma ilegal, foi e ainda é uma das principais causas
do desmatamento, levando à perda de vastas áreas da floresta (Silva et al. 2017).
O início do desmatamento na região Amazônica remonta a séculos atrás e está
intimamente ligado à chegada dos europeus na região. No entanto, é importante destacar
que as práticas de desmatamento adotadas pelos povos indígenas e comunidades
tradicionais antes da colonização não tinham o mesmo impacto que as atividades que
surgiram com a exploração econômica e a ocupação europeia (Silva, 2018).
Entre os nove estados brasileiros que fazem parte da Amazônia Legal, os estados
Mato Grosso, Rondônia e Pará são os mais afetados pelo desmatamento (Azevedo et al.,
2016).
No Estado do Pará, dentre os principais pilares da economia, a pecuária é a
atividade que desempenha o papel mais significativo. Seu crescimento é especialmente
notável na mesorregião Sudeste do Pará, com destaque especial para o município de São
Félix do Xingu, que abriga o maior rebanho bovino do país, estimado em cerca de 2
milhões de cabeças de gado (Crispim; Frabetti, 2021).
Na região sul do Pará, a APA Triunfo do Xingu é uma das áreas protegidas que
enfrenta uma grande pressão de desmatamento, registrando 1.109,04 km² em 2019, a
maior taxa em comparação com períodos anteriores (INPE, 2019).
Além da atividade agropecuária, nessa região ocorriam ainda, atividades de
extração de ouro, cassiterita e ferro, bem como a exploração de madeira de alto valor,
especialmente o mogno, levando a região a ser reconhecida como o "cinturão do mogno"
(IEB, 2016).
Tendo isso em vista, o aumento da preocupação com questões ambientais,
incluindo o desmatamento e o aquecimento global, levou à inclusão da Amazônia como
objeto de estudo em várias áreas de conhecimento em âmbito global (Rossoni; Moraes,
2020).
A necessidade de uma gestão responsável dos recursos naturais levou os Estados-
nação a evoluírem suas leis para promover o consumo consciente desses recursos, bem
como o acesso de terras, garantindo seu uso pelas gerações presentes sem prejudicar as
futuras (Granziera, 2018).
Nesse contexto, a política de regularização fundiária permitiria um maior controle
ambiental, tornando os titulares de terras responsáveis por possíveis danos ambientais e
possibilitando o cumprimento mais efetivo do código florestal. Além desempenhar um
impacto positivo na produtividade, uma vez que os produtores, tendem a aprimorar a
eficiência no uso dos recursos produtivos, resultando em uma intensificação tecnológica
e produtiva que leva ao chamado “efeito poupa-florestas” (Goméz; Vieira Filho, 2022).
Contudo, mesmo com a promulgação de dispositivos legais na segunda metade do
século XX, não houve uma mudança significativa na lógica de tais acessos. O Estatuto da
Terra (Lei n. 4.504) de 1964, embora tenha indicado a possibilidade de distribuição de
terras aos camponeses através da reforma agrária, tinha como objetivo central incentivar
a empresa rural, ou seja, a agricultura capitalista (Brasil et al., 2019).
Com isso, este artigo tem objetivo de discutir acerca do controle do desmatamento
da Amazônia na região de são Félix do Xingu e seus desafios diante da realidade fundiária
do estado do Pará.
Referências
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