Pozos de Petroleo
Pozos de Petroleo
Pozos de Petroleo
6, 554-560, 2023
Luiz D. Lacerdaa,*, , Jose M. O. Godoyb, Rodrigo A. Gonçalvesb, Marcia F. Rochac e Breno F. Dutrac
a
Instituto de Ciências do Mar, Universidade Federal do Ceará, 60165-081 Fortaleza – CE, Brasil
b
Departamento de Química, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro 22451-900, Rio de Janeiro – RJ, Brasil
c
Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello, Petrobras, 21941-915 Rio de Janeiro – RJ, Brasil
METALS IN SEDIMENTS FROM THE SHELF-SLOPE INTERFACE OFF THE POTIGUAR BASIN OFFSHORE OIL
EXPLORATION AREA, NE BRAZIL. Marine sediments collected in November 2009 and July 2011 at depths ranging from 150 m
to 2,000 m in the Potiguar Basin, northeastern Brazil, were analyzed for their main sedimentological characteristics (contents of
carbon, nitrogen and their stable isotopes) and metals (Al, Fe, Mn, As, Cr, Cu, Ni, Pb, V and Zn) concentrations and their spatial
distribution. Sediments were relatively rich in organic matter (C-org: 0.21% to 0.56%) and metals concentrations increased with depth,
suggesting an accumulation of fine and terrigenous sediments eroded and transported from the continental shelf to the slope region.
Metals concentrations were higher than those observed in coarser shelf sediments, because of sorting of fine-grained sediments. Iron
(Fe), Cr and Cu distribution, although presenting this general pattern, also suggests some changes along the transport. Fe and Cr,
probably in discrete minerals, are less affected by accumulation in deeper sediments. The high enrichment in Cu, however, suggests
additional sources directly to slope sediments, probably by biological productivity and deposition through the water column. The
concentrations of all metals are lower or fall close to the lowest range of concentrations reported for slope sediments from other
marine regions worldwide and no evidence of anthropogenic contribution was evident.
*e-mail: ldrude1956@gmail.com
Vol. 46, No. 6 Metais em sedimentos da interface talude-plataforma continental da Bacia Potiguar 555
Figura 1. Localização e mineralogia simplificada das estações de coleta de sedimentos de fundo na região do talude adjacente à plataforma continental da
Bacia Potiguar no nordeste brasileiro
556 Lacerda et al. Quim. Nova
As determinações de Al, Fe, Mn, As, Cr, Cu, Ni, Pb, V e Zn (novembro/2009 e abril/2011) (Tabela 2), não apresentaram
foram realizadas em sedimento com tamanho de grão menor que diferenças significativas entres as duas campanhas de amostragem
2 mm. Alíquotas de cerca de 2 g de sedimento úmido foram colocadas (P < 0,05; n = 56). A quase totalidade das amostras incluíam
em tubos de polipropileno de 50 mL, previamente pesados e secos sedimentos caracterizados como lamas terrígenas, com exceção de 6
em estufa (100 °C) até peso constante, sendo então determinado estações (MT51; MT52; MT54; MT61; MT62 e MT81) constituídas
o peso do sedimento seco. Após, foram acrescentados 10 mL de por areias litoclásticas finas a muito finas e areias litoclásticas.8
ácido nítrico subdestilado a cada tubo e deixado em repouso por As lamas terrígenas conservam relativamente bem as assinaturas
12 h à temperatura ambiente e posteriormente aquecidos a 70 °C dos aportes exógenos de materiais aos sedimentos oceânicos. Os
em chapa de aquecimento, por 5 h. Seguiu-se a adição de 1 mL de sedimentos são relativamente ricos em matéria orgânica, com
peróxido de hidrogênio e após 1 h em repouso, os tubos contendo as concentração de carbono aumentando de 0,22% para 0,56% e 0,50%
amostras foram levados a um banho de ultrassom, por 1 h. Seguiu- (novembro/2009) e de 0,21% para 0,45% e 0,46% (abril/2011),
se ao aquecimento a 70 °C, por 1 h e repouso por 12 h. Em seguida respectivamente na isóbata de 150 metros e nas isóbatas de 1.000
as amostras foram centrifugadas por 3 min, a 3000 rpm. Separado e 2.000 metros de profundidade. A abundância relativa em carbono
o sobrenadante e o resíduo lixiviado com 10 mL de água ultra orgânico, entretanto refere-se quando comparada aos sedimentos
purificada, centrifugado e o sobrenadante acrescentada ao extrato típicos da costa nordeste brasileira, caracterizada por sedimentos
anterior. O volume final do extrato foi levado a 20 mL com água ultra arenosos, ricos em carbonatos biogênicos e com baixos conteúdos
purificada e os extratos levado à análise. As determinações foram de matéria orgânica, e relativamente pobres em carbono orgânico,
realizadas em um espectrômetro de massa, com plasma de Argônio em relação a sedimentos de talude do sudeste brasileiro.1,8,16 Por
indutivamente acoplado, marca Agilent, modelo 7500CX. outro lado, as concentrações de C, N e razões C/N são similares ou
Foram sempre utilizados materiais novos e/ou descontaminados levemente superiores aos valores relatados em sedimentos oceânicos
pela lavagem sucessiva com detergente neutro, água deionizada e profundos.17 Em ambas as campanhas, as concentrações de nitrogênio
imersão em banho de ácido nítrico 10% v/v, por pelo menos 24 h. total também aumentaram com a profundidade, variando de 0,03
Após o processo de descontaminação, imediatamente antes do uso, a 0,08% (novembro/2009) e 0,03 a 0,07% e 0,06% (abril/2011),
os materiais foram lavados copiosamente com água deionizada e respectivamente na isóbata de 150 m e nas isóbatas de 1.000 e
água ultrapura e secos em estufa, protegidos da poeira e sem contato 2.000 m. Ocorreu um leve enriquecimento de carbono em relação
com superfícies metálicas. O ácido nítrico subdestilado foi obtido ao nitrogênio resultando em um aumento na razão C/N de ~7% da
por subdestilação de ácido nítrico PA em um subdestilador, marca isóbata de 150 m para a de 2.000 m. Esse enriquecimento também
MASSEN, modelo PFA-PTFE Subboliler ECO-IR. Os reagentes foi relatado em sedimentos de deposição mais antiga,7 sugerindo
foram sempre PA, e as soluções de calibração preparadas a partir de sedimentos empobrecidos em N. Os resultados obtidos no talude
soluções padrão 1.000 mg L-1 Merck. da Bacia Potiguar, entretanto, sugerem uma perda relativa de N por
Para a comprovação do método foi analisado o material de processos digenéticos, uma vez que o conteúdo total de N é maior nas
referência certificado: MESS-3 “Marine Sediment Reference amostras mais profundas. A razão isotópica permaneceu relativamente
Materials for Trace Metals and other Constituents” do National constante, variando de -18,78‰ a -19,83‰. Essa razão isotópica
Research Council, Canadá. Essa amostra também foi analisada indica dominância de uma matéria orgânica de origem autóctone
em duplicata. Os resultados da recuperação para cada metal são ao longo do talude. E pouca contribuição terrígena. Novamente,
apresentados no Material Suplementar (Tabela 1S). A recuperação esse resultado difere da região sudeste, onde aportes continentais
média do padrão certificado foi de 93% e variou de 82% para Fe a apreciáveis através de rios resultam em razão isotópica de sedimentos
106% para Cu, confirmando a exatidão da metodologia empregada. de talude variando entre -20‰ e -21‰.7
Os limites de detecção e de quantificação do procedimento analítico
adotado calculado a partir da fórmula: LD = 3s/S; s = desvio padrão Distribuição de metais
de dez leituras do branco da amostra, são apresentados no Material
Suplementar (Tabela 2S). A Tabela 2 apresenta as médias das concentrações dos metais
nos sedimentos coletados nas diferentes isóbatas: mais rasas;
RESULTADOS E DISCUSSÃO de 150 m e 400 m; incluindo as estações MT51 a MT65; e mais
profundas de 1.000 m e 2.000 m; estações MT71 a MT85. Não
Características sedimentológicas houve diferenças significativas entre as concentrações dos metais
entre as duas campanhas (P > 0,05). Nas duas campanhas, os metais
As concentrações de C e N, sua composição isotópica e a razão mais abundantes foram o Al e o Fe, com concentrações médias
molar C/N observadas nos sedimentos coletados nas duas campanhas variando entre 3.204 µg g-1 (150 m) e 10.283 µg g-1 (2.000 m) e
Tabela 1. Concentração total de Carbono Orgânico total, Nitrogênio total, razão molar C/N e δ13C e δ15N nos sedimentos de diferentes profundidades do talude
da Bacia Potiguar, nas campanhas de 2009 e 2011
Ano Isóbata C-total (%) N-total (%) C/N δ13C (‰) δ15N (‰)
2009 0,22 ± 0,18 0,03 ± 0,03 7,06 ± 0,71 -19,4± 0,7 4,6 ± 1,2
150 m
2011 0,21 ± 0,13 0,03 ± 0,02 6,89 ± 0,83 -19,4 ± 0,9 3,7 ± 0,8
2009 0,42 ± 0,15 0,06 ± 0,02 7,21 ± 0,60 -19,4 ± 1,0 4,5 ± 0,5
400 m
2011 0,32 ± 0,13 0,04 ± 0,02 7,64 ± 0,64 -19,8 ± 0,9 3,9 ± 0,6
2009 0,56 ± 0,08 0,08 ± 0,01 7,19 ± 0,52 -18,8 ± 0,5 5,6 ± 0,6
1.000 m
2011 0,46 ± 0,10 0,07 ± 0,02 7,04 ± 0,92 -19,6 ± 1,1 4,8 ± 0,4
2009 0,50 ± 0,05 0,07 ± 0,07 7,54 ± 0,51 -18,4 ± 0,5 5,7 ± 0,5
2.000 m
2011 0,45 ± 0,84 0,06 ± 0,08 7,35 ± 0,95 -19,7 ± 0,8 5,2 ± 0,3
Vol. 46, No. 6 Metais em sedimentos da interface talude-plataforma continental da Bacia Potiguar 557
Tabela 2. Concentração de metais (média ± desvio padrão) em µg g-1 em sedimentos de diferentes profundidades no talude da Bacia Potiguar
Metal Ano Isóbata 150 m Isóbata 400 m Isóbata 1.000 m Isóbata 2.000 m
2009 3.903 ± 819 4.190 ± 1.228 7.648 ± 673 8.735 ± 509
Al
2011 3.204 ± 790 4.909 ± 1.557 9.857 ± 627 9.476 ± 406
2009 2.206 ± 607 1.857 ± 888 2.850 ± 426 2.922 ± 123
Fe
2011 1.592 ± 461 1.606 ± 567 2.728 ± 262 2.743 ± 117
2009 19,7 ± 6,0 26,3 ± 12,5 140 ± 25 133 ± 22,5
Mn
2011 36 ± 14 44 ± 13 152 ± 14 138 ± 14,0
2009 5,6 ± 0,8 6,9 ± 3,6 25 ± 8,8 19,9 ± 1,6
Zn
2011 9,2 ± 2,6 11,4 ± 3,7 20,8 ± 2,8 20,1 ± 0,9
2009 3,7 ± 2,6 3,9 ± 1,8 8,6 ± 0,9 9,5 ± 0,6
As
2011 6,0 ± 5,2 3,4 ± 1,3 8,6 ± 0,8 8,9 ± 0,5
2009 3,3 ± 0,6 3,2 ± 1,6 5,6 ± 1,2 5,2 ± 0,3
Cr
2011 3,3 ± 0,9 3,1 ± 1,1 4,0 ± 0,1 3,7 ± 0,1
2009 2,8 ± 1,2 3,5 ± 2,0 12,0 ± 2,9 12,8 ± 1,0
V
2011 3,6 ± 1,7 4,7 ± 1,3 12,0 ± 1,4 12,0 ± 0,6
2009 1,3 ± 0,8 2,3 ± 1,8 19,4 ± 4,8 23,8 ± 1,5
Cu
2011 1,4 ± 7,3 4,1 ± 2,7 18,4 ± 2,5 21,7 ± 1,3
2009 0,7 ± 0,2 0,9 ± 0,4 3,1 ± 0,9 2,9 ± 0,9
Pb
2011 0,5 ± 0,1 1,3 ± 0,4 2,8 ± 0,6 3,1 ± 0,2
2009 0,8 ± 0,2 0,7 ± 0,3 1,7 ± 0,3 1,3 ± 0,1
Ni
2011 0,8 ± 0,1 0,7 ± 0,1 1,2 ± 0,1 1,2 ± 0,1
uma diferenciação estatisticamente significativa entre os dois grupos Além dos coeficientes de correlação, a razão das concentrações
de estações rasas e profundas. Esses metais, entretanto, encontram-se dos metais com a do Al nas diferentes profundidades, pode
bastante associados entre si, porém com correlações mais fracas com o também descrever e associar eventuais aumento ou diminuição nas
Al, particularmente o Cr (Material Suplementar, Tabela 3S), sugerido a concentrações derivados de processos autóctones, uma vez que o
ocorrência de minerais discretos como óxido, em ambas as campanhas Al é considerado como um elemento conservativo, que não sofre
de amostragem de Fe, não necessariamente associados as argilas. alterações ao longo do transporte. A Tabela 3 apresenta a média da
Os solos litorâneos da região são principalmente podosois razão metal/Al nas duas campanhas de amostragem, nas diferentes
eutróficos vermelho-amarelo e latossolos bastante enriquecidos em isóbatas amostradas na Bacia Potiguar.
óxidos de ferro e são fonte importante destes elementos geogênicos Entre os metais, Fe, Cr e em menor escala o Ni, apresentam
para a plataforma continental.18 Durante o processo de transporte razão de concentração com o Al decrescendo significativamente da
de sedimentos da plataforma continental para o talude existe forte isóbata mais rasa para a mais profunda, sugerindo um transporte
possibilidade de diferenciação na velocidade do transporte entre pouco eficiente desses metais, provavelmente associados a minerais
os diferentes metais, particularmente daqueles que podem formar discretos, estáveis e não associados as argilas. Esses metais têm sido
minerais discretos como o Cr e o Fe. associados a óxidos de Fe refratários em sedimentos da plataforma
De forma similar, processos biológicos ocorrentes ao longo do continental e talude.21,22 Os metais As e Zn, e em menor escala o Ni,
transporte de sedimentos entre as regiões marinhas devem afetar não tiveram essa razão de concentração alterada ao longo do perfil de
a concentração daqueles metais sob forte influência da atividade profundidade, sugerindo um comportamento conservativo indicando
biológica (e.g. Cu, Pb, V), o que poderia resultar em um aumento a presença desses metais na matriz mineral das argilas terrígenas e
relativo das concentrações presentes no talude,6 como observado confirmado observações anteriores em outras regiões de talude não
na Figura 2, particularmente para o Cu. Importante notar que o afetadas por atividades humanas.18 Finalmente, os metais Cu e V,
Cu apresentou concentrações similares àquelas reportadas para a mostraram aumentos de 7,6 e 3,5 vezes na razão de concentração
plataforma continental sudeste do Brasil, sendo bem mais elevadas com o Al, enquanto Pb e Mn apresentaram aumento modesto de
que as concentrações observadas em sedimentos da plataforma 1,8 vezes, em relação ao Al.
continental da região nordeste do Brasil. Estudos realizados na região Como já observado por outros autores, a produtividade biológica
do talude do Mar Mediterrâneo e do Atlântico Norte, processos de em um forte fator de enriquecimento das concentrações de Cu em
acumulação biológica e posterior deposição em áreas profundas sedimentos profundos,4,5 diferentes organismos responsáveis pela
têm sido relatados como capazes de aumentar em até uma ordem de produtividade planctônica apresentam concentrações elevadas de
grandeza as concentrações de Cu, por exemplo, na região do talude em V, o qual apresenta significativa variação quando comparado áreas
relação às águas mais rasas. Processos diagenéticos também podem em com diferentes níveis de produtividade biológica, o que resulta
contribuir com o enriquecimento relativo do Mn nos sedimentos sob em aumentos na concentração de V nessas áreas.23 Perin et al.24
águas profundas.4,5 sugerem que a matéria orgânica de origem continental possui uma
Resultados similares forma relatados na transição plataforma importância secundária na retenção e/ou na complexação de metais
continental-talude em diversas regiões do planeta. Por exemplo, as em sedimentos marinhos oxidantes, como os da Bacia Potiguar. No
concentrações médias de Cu em sedimentos marinhos no Quênia, entanto, a assinatura isotópica do C-org (Tabela 1), sugerem uma
com razão C/N similar àquela observada na Bacia Potiguar, origem eminentemente marinha para a matéria orgânica presente
aumentam progressivamente de 5 µg g-1 em áreas rasas, até 20 m nos sedimentos do talude, o que corrobora a influência biológica
de profundidade, na plataforma continental até 30 µg g-1 em áreas no aumento das concentrações observadas de Cu e V, e em menor
profundas, 1.000 m a 2.000 m de profundidade em sedimentos do escala, de Mn e Pb. No caso desses últimos dois metais, processos
talude adjacente.19 Na costa chilena, as concentrações mais elevadas diagenéticos envolvendo a solubilização/precipitação de oxi-
de metais, também ocorrem em sedimentos mais afastados da costa hidróxidos de Mn podem também contribuir para o aumento relativo
e profundos em relação aos da plataforma continental mais rasa.20 das concentrações verificado nas isóbatas mais profundas.
Todos esses estudos também associaram os aumentos verificados As concentrações de metais observadas nos sedimentos do
com a profundidade, com a acumulação de sedimentos mais finos talude da Bacia Potiguar, são comparadas com outras regiões de
nas regiões de talude. profundidade semelhantes no Brasil e no mundo (Tabela 4). Todos
os metais, com exceção do Al e do Fe, apresentam concentrações
Tabela 3. Razão de concentração ao Al, considerado como conservativo, dos geralmente bem inferiores àquelas reportadas para outras regiões e
diferentes metais analisados nos sedimentos coletados nas duas campanhas em relação às medias globais, quando consideradas as concentrações
de amostragem na região do talude da Bacia Potiguar. Para todos os metais, no folhelho médio,29 embora diferenças sedimentológicas entre o
com exceção do Fe, os fatores foram multiplicados por 10³ folhelho médio e os sedimentos da Bacia Potiguar devem ser levadas
Isóbatas
em consideração nesta comparação, ou em alguns casos, como o Ni,
Razão de até uma ordem de grandeza inferior àquelas faixas.
~150 m ~400 m ~1000 m ~2000 m
Em todas essas regiões a contribuição continental é sugerida
Fe/Al 0,54 0,39 0,32 0,31 como a principal responsável pelas concentrações encontradas nos
Cr/Al 0,91 0,71 0,57 0,49 sedimentos do talude. Na Bacia de Campos, marcadores geoquímicos
Ni/Al 0,21 0,14 0,17 0,14 indicam que a descarga fluvial é responsável por uma carga
significativa de metais, eventualmente transportados até a região do
As/Al 1,40 0,81 1,00 1,10
talude.22,23 Na costa do Quênia,19 sedimentos tipicamente de origem
Zn/Al 2,17 1,96 2,68 2,19 tipicamente terrestre, trazidos pelos rios, são transportados associados
Pb/Al 0,18 0,24 0,35 0,32 ao material particulado em suspensão da plataforma continental para
V/Al 0,39 0,85 1,39 1,36 o talude. Ao longo do litoral do Chile20 e na região do Golfo de Cádiz,
Mn/Al 8,10 7,63 16,8 14,9
Espanha,28 embora sedimentos finos de origem continental sejam
acumulados na plataforma continental. A erosão e transporte para
Cu/Al 0,33 0,69 2,20 2,51
regiões mais profundas do talude, envolvem um processo de separação
Vol. 46, No. 6 Metais em sedimentos da interface talude-plataforma continental da Bacia Potiguar 559
Tabela 4. Concentrações de Al e Fe (mg g-1) e metais (µg g-1) em sedimentos da região de talude da Bacia Potiguar em comparação com outras regiões de talude
no Brasil e no mundo. Todos os resultados se referem a sedimentos com granulometria < 2 mm
Metal
Local
Al Fe Cu Pb Zn Mn Cr Ni
*Bacia Potiguar 3,2-9,9 1,5-2,7 4,1-22 0,5-3,1 9,2-20 36-152 3,1-4,0 0,7-1,2
Mediterrâneo4 5,4-7,0 2,7-3,5 36-45 30-38 68-82 - - -
Ghana11 - - 0,5-17,8 1,5-5,8 10-58 - 9,5-57 -
Quênia 19
- 4-69 3-42 0,5-16 2-117 90-2.545 - -
*Chile20 0,5-0,6 3,1-3,6 17-23 3,7-9,0 48-54 - - 30-37
Brasil, Sudeste22 1,3-7,3 3,8-4,8 7,0-29 - 26-190 40-950 19-120 9-43
Bacia de Campos 25
6,8-11 5,8-6,9 3,4-6,3 5,5-6,7 25-29 74-88 14-15 6,2-7,7
*Mauritânia26 - - 0,5-14 0,2-5,6 1,5-35 - - -
Venezuela27 0,9-3,0 14-22 2,4-11 2,8-23 15-78 8-42 3-21
Golfo de Cádiz28 - 0,6-4,3 9,6-30 27-113 5,6-30 7,1-31
Folhelho Médio29 7,2-8,4 4,1-6,5 33-45 - 95-165 777-850 72-90 52-68
*Apenas dados de estações profundas (> 200 a 1.000 m) deste estudo foram considerados.
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