5 - Atlas
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Missa
Continua a ser o mais importante género de música sacra. Tal como nos períodos
anteriores continua a dividir-se, de acordo com o texto, em ordinário e próprio (em
latim). Do ponto de vista da textura, a polifonia torna-se cada vez mais complexa não só
pelo aumento do número de vozes como pela mais complexa escrita individual de cada
uma destas. É neste período que surge a primeira missa em que todas as partes do
ordinário são inteiramente polifónicas - Missa de Notre Dame de G. de Machaut.
Missa de Machaut
A maioria dos compositores desta altura compunham num único andamento, o que
foi deixado de parte com um manuscrito que juntava todos os andamentos do mesmo tipo
(todos os Glorias, Credos, etc.). Presumivelmente um mestre do coro que desejasse ter o
Ordinário cantado do princípio ao fim polifonicamente, teria de escolher dentro destas
configurações.
Ciclos Compostos
O início do século XV
Andamentos Individuais
1º Uma delas é chamada de suspeita uma vez que apenas podemos desconfiar que
os andamentos foram feitos para serem emparelhados, partilham coisas como: número de
vozes, modos, mensuração, etc.
Nota: O subscrito mostra a linha onde fica a clave de Dó; o sobrescrito indica o
número de vozes com texto; finais entre parênteses são aquelas nas principais divisões internas.
As técnicas para unir musicalmente estes pares de andamentos foram sendo cada
vez mais visíveis. Existem dois métodos de emparelhamento de andamentos:
5 Andamentos
A técnica de juntar andamentos foi estendida ao Ordinário como um todo, como a “Missa
Verbum incarnatum” de Arnold de Latin, os andamentos são consecutivos em todos os
manuscritos em que aparecem. Além do esperado, os andamentos partilham um motivo
comum e são parecidos quanto ao esquema de mensuração.
Como seria expectável, as claves e as assinaturas estão de acordo com o tempo
todo, assim como os finais de cada andamento. O Sanctus e o Agnus Dei são quase
idênticos nas três vozes; o Kyrie, Gloria e Credo estão intimamente relacionados; e todos os
cinco movimentos têm uma semelhança familiar entre si. Aqui podemos ver que a ideia de
emparelhamento persiste: a relação motívica, reforçada por esquemas de mensuração
idênticos, é mais clara entre Gloria e Credo e entre Sanctus e Agnus Dei.
Missa Power
O procedimento mais claro aparece não antífona “Alma redemptoris mater” da qual
temos apenas 4 andamento. É imposto nas duas primeiras frases um motivo rítmico que
aparece intacto em todos os andamentos. Esta missa aparece como um motete isorrítmico
gigante em que cada talea constitui um andamento. Algumas palavras aparecem diferentes
da melodia original, Power e os seus contemporâneos estavam dispostos a alterar a
identidade da melodia original de modo a manter a unidade entre andamentos.
Missa Caput
Por volta de 1440 um compositor anônimo inglês compôs um novo género de missa,
à qual denominou de Missa Caput. Tal como Power começa com cantus firmus e como um
grande melisma na palavra “Caput”. O mais importante deste género, são as decisões
quanto à textura polifónica, sendo estas: 1o quatro vozes em vez de três, 2o tenor como a
segunda voz mais grave, 3o tenor juntamente com a voz mais grave começa a ganhar
características de acompanhamento; 4o é adicionada a voz de contralto. O compositor
mostra o que virá a ser a textura a quatro vozes para o resto do século.
A carreira de Du Fay durou meio século, durante estas cinco décadas cobriu todos
os géneros de composição: andamentos isolados com e sem uma melodia pré- existente;
andamentos emparelhados, ciclos completos unidos por um motivo principal; ciclos do
próprio da missa e missa cíclica de cantus firmus.
Existem duas alternativas para os compositores terem criado uma unidade musical
entre os 5 andamentos. Por um lado, o sentido estético e por outro lado a necessidade de
atender as necessidades das liturgias, o cantus firmus toma a polifonia adequada para a
celebração em questão. No fundo as questões complementam-se, a decisão do cantus
firmus terá sido por demando litúrgico e a unificação por uma questão estética.
Existem duas alternativas para os compositores terem criado uma unidade musical entre
os 5 andamentos:
● Motivo de ordem puramente estética;
● Motivo de ordem religiosa.
PRÁTICAS PERFORMATIVAS
Politextualidade
Tradição a cappella
É de total acordo que em circunstâncias normais a música polifónica litúrgica do
séc.XV fosse executada só com vozes ou com acompanhamento de órgão. Evidencias
desta prática são encontradas em iconográfico e em arquivos. As evidências iconográficas
consistem maioritariamente iluminuras que ilustram a música no contexto litúrgico,
normalmente um gripo de cantores sem instrumentos. Os arquivos mostram que a Catedral
de Cambrai e a Capela Sistina proibiam estritamente o uso de instrumentos, tanto que não
possuíam um órgão. Outros estabelecimentos tinham instrumentos, e eles deviam
certamente ter usado em alternância com os versos polifónicos de uma peça como a
Binchois Magnificat. Talvez eles eram até usados em ocasiões para duplicar-ou para tocar
sozinhos- em larga escala o cantus-firmus no tenor nas Missas. Existem outras exceções da
regra a cappella.