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TCC2040

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FACULDADE ELO

MARCELA BRUNA DA SILVA


ALLINE FIGUEIREDO SANCHES

https://doi.org/10.47820/recima21.v3i9.2040

A importância da avaliação optométrica em nervo abducente

RECIFE
2022

1
MARCELA BRUNA DA SILVA
ALLINE FIGUEIREDO SANCHES

A importância da avaliação optométrica em nervo abducente

Trabalho de conclusão de curso apresentado


à Faculdade ELO, como requisito parcial de
conclusão do curso de especialização Saúde da
Visão: uma abordagem clínica, contemporânea e
multidisciplinar, sob a orientação do Prof. Esp.
Rodrigo Trentin Sonoda.

RECIFE
2022

2
"TERMO DE AUTORIZAÇÃO E CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS"

Pelo presente “TERMO DE AUTORIZAÇÃO E CESSÃO DE DIREITOS", declaramos que


somos autores do presente trabalho, e o apresentamos sob a premissa de originalidade ao curso de
Saúde da Visão da Faculdade ELO / PE. Nos termos da lei N° 9610 de 19/02/1998, cedemos a presente
produção cientifica, de forma gratuita, espontânea e exclusiva à FAELO/PE e ao Professor orientador
indicado no trabalho.
A cessão de direitos autorais, tem a finalidade de divulgação e publicação do conteúdo, integral
ou parcial apresentado. Sendo permitida através de meios eletrônicos ou físicos, por artigos científicos,
revistas e todo e qualquer outro meio que venha a existir. A cessão não possui tempo determinado,
estende-se a nossos herdeiros ou sucessores. À instituição, ao utilizar o material cedido, se obriga a
citar os autores em todas as ocasiões. Os alunos se comprometem a não divulgar o conteúdo
apresentado e ainda a não transferir a qualquer outro momento ou a qualquer outra pessoa ou
instituição o conteúdo sob pena de fraude e plágio.
A apresentação e aprovação do trabalho de conclusão de curso com o presente termo possui
força legal de contrato, com eleição do foro da comarca de Recife/PE para dirimir sobre assuntos
oriundos.

Assinatura 1º. Autor ________________________________________________________________

Nome Aluno:__________________________________________ CPF________________________

Assinatura 2º. Autor ________________________________________________________________

Nome Aluno:__________________________________________ CPF________________________

3
RESUMO

Os olhos trabalham de maneira conjugada a partir de 6 pares de músculos extrínsecos, objetiva-se


nesta pesquisa expor os tipos de paralisia que podem acometer o nervo abducente, seja no seu núcleo
ou no trajeto que ele percorre no crânio até o bulbo ocular onde inerva o músculo reto lateral. O
optometrista deve aprimorar seu olhar para alterações neurológicas. A partir de revisões realizadas em
livros e artigos no Scielo e PubMed, sobre alterações da motilidade ocular com possíveis alterações de
face, audição, paladar e hemiplegia, estas situações podem acometer pacientes, dado que são
alterações causadas por doenças sistêmicas como no diabetes que no Brasil segundo a OMS são 15,7
milhões de pessoas com a doença, ocupando 6º lugar no mundo. As etiologias das paresias e paralisias
do VI par craniano, síndromes e lesões no VI par, principais sintomas, como estrabismo convergente
ou esotropia, acompanhado de torcicolo e diplopia. Os tratamentos consistem em; farmacológico com
toxina botulínica para diminuir a contratura do RM que fica hipertônificado, e sobre procedimento
cirúrgico com o a transposição de Carlsos & Jampolsky. As síndromes que podem apresentar-se de
forma adquirida como nas lesões por tumores, vasculares e infecções, e de forma congênita como, por
exemplo, a síndrome de Moebius e Duane, estudos recentes apresentaram quadro de paralisia de
sexto nervo e alteração no músculo reto lateral por COVID-19 e pós imunização para o vírus.
PALAVRAS-CHAVE: Paralisia; Nervo Abducente; Estrabismo; Optometria.

ABSTRACT
The eyes work together from 6 pairs of extrinsic muscles, the objective of this research is to expose the
types of paralysis that can affect the abducens nerve, either in its nucleus or in the path it travels through
the skull to the eyeball where innervates the lateral rectus muscle. The optometrist must improve his
look for neurological alterations. From reviews carried out in books and articles in Scielo and PubMed,
on changes in ocular motility with possible changes in the face, hearing, taste and hemiplegia, these
situations can affect patients, since they are changes caused by systemic diseases such as diabetes
that in According to the WHO, Brazil has 15.7 million people with the disease, ranking 6th in the world.
The etiologies of the VI cranial nerve paresis and palsy, syndromes and injuries to the VI cranial nerve,
main symptoms such as convergent strabismus or esotropia, accompanied by torticollis and diplopia.
The treatments consist of; pharmacological treatment with botulinum toxin to reduce the contracture of
the MR which becomes hypertonic, and on the surgical procedure with the Carlsos & Jampolsky
transposition. Syndromes that can be acquired in an acquired form, such as in lesions caused by tumors,
vascular diseases and infections, and congenitally, such as Moebius and Duane syndrome, recent
studies have presented a picture of sixth nerve palsy and alteration in the rectus muscle. side by COVID-
19 and post immunization for the virus.

KEYWORDS: Paralysis; Abducens Nerve; squint; optometry.


4
INTRODUÇÃO

A paralisia do nervo abducente é uma das condições neuro motoras que


podem acometer a visão do paciente atendido na avaliação do optometrista. Por esta
razão é importante que o optometrista tenha conhecimento do diagnóstico e do
tratamento desta paralisia.

O Optometrista é o profissional primário da saúde visual, dentro da sua


avaliação é fundamental o conhecimento neurológico de determinados pares de
nervos cranianos, ou seja, os nervos responsáveis pela visão e movimentação do
globo ocular, nervo óptico II par, nervo oculomotor III par, nervo troclear IV par e nervo
abducente VI par craniano.

O nervo óptico é um prolongamento dos axônios das células ganglionares da


retina onde o estímulo visual é captado e percorre o nervo óptico até o quiasma óptico
localizado no diencéfalo onde acontece a decussação das fibras nasais das retinas
do olho direito e esquerdo, o impulso é conduzido por um trato óptico até o corpo
geniculado lateral de onde partem as radiações ópticas até a área visual primária no
córtex occipital na região calcarina. Para avaliar este nervo sensitivo, realiza-se
acuidade visual com tabela de Snellen, para avaliarmos visão central ou
discriminativa, a função periférica também é avaliada, para verificar campo visual e
possíveis hemianopsias, quadrantanopsias e escotomas, a fundoscopia também é
necessária para avaliar a retina neste caso de forma objetiva (LUVIZUTTO, 2022).

O nervo oculomotor inerva os músculos reto superior, reto inferior, reto medial,
obliquo inferior e levantador da pálpebra superior, sua função autonômica
parassimpática inerva o músculo esfíncter da pupila responsável pela miose e
músculo ciliar responsável pela acomodação do cristalino. O exame de reflexo
fotomotor é fundamental para avaliar a via óptica e o nervo oculomotor, com incidência
da luz observa-se a contração da pupila ipisilateral (direto) e contralateral
(consensual), observa-se também a tríade proximal com um objeto próximo aos olhos
a reação de miose, acomodação e convergência.

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O nervo troclear inerva o músculo oblíquo superior cuja função é o abaixamento
do globo ocular em adução. O nervo abducente inerva o musculo reto lateral
responsável pela abdução do olho.

O examinador deve observar as nove posições diagnosticas do olhar,


realizando teste de versões de maneira binocular, caso apresente alterações realizar
teste monocular verificando função entre o músculo de ação e seu antagonista de
maneira que cada movimento específico aponta a inervação de cada músculo. A ação
máxima do musculo reto superior é em abdução e para cima, o músculo reto inferior
em abdução e para baixo, o músculo obliquo superior em adução e para baixo, o
músculo oblíquo inferior em adução e para cima. Se houver paralisia em algum
músculo do bulbo ocular, resultará em estrabismo que é a ausência de paralelismo
ocular e consequentemente diplopia que é a visão dupla por consequência de a
imagem não atingir pontos correspondentes da retina, essa pode ser homônima
quando acomete os músculos retos ou cruzada quando acomete os músculos
oblíquos, ou seja, diplopia homônima a imagem virtual estará do mesmo lado do olho
com desvio, na diplopia cruzada a imagem virtual estará do lado oposto do olho
afetado, este evento acontece da seguinte forma, o olho com desvio convergente não
terá seu objeto na fóvea e sim na retina nasal isto na diplopia homônima, já o olho
com desvio divergente a imagem do objeto não está na fóvea e sim na retina temporal
resultando na diplopia cruzada (SORIA M.,1932).

Os olhos trabalham de maneira sinérgica e coordenada a partir do princípio


do eixo visual estar alinhado a fóvea estrutura que está localizada no fundo do olho
responsável pela visão discriminativa, ou seja, a direção principal do olhar. (KANSKI,
2008). Que por meio de seis pares de músculos extrínsecos buscam manter a imagem
do objeto desejado em ambas às fóveas simultaneamente, os músculos responsáveis
pela motricidade ocular são: reto medial (III), reto lateral (VI), reto superior (III), reto
inferior (III), obliquo inferior (III), e obliquo superior (IV). Partindo do plano horizontal
dos olhos, esses pares de músculos exercem funções ; primária, secundária e terciária
do olhar, PPO são os dois olhos em posição primária do olhar ambos na linha média
do bulbo ocular, reto medial sua ação primária é adução, reto lateral ação primária
abdução, reto superior ação primaria elevação, ação secundaria inciclodução e ação
terciária adução; reto inferior ação primária depressão, ação secundaria exciclodução,
ação terciaria adução; obliquo superior ação primária inciclodução, ação secundária
6
depressão e ação terciaria abdução; oblíquo inferior ação primária exciclodução, ação
secundária elevação e ação terciária abdução (GAMA, 2016).

O sexto par craniano inerva apenas um músculo do globo ocular, o mesmo


executa apenas um movimento horizontal primário que é de abdução, ou seja, de
direcionar o olho para direção lateral, nas leis da motricidade ocular, o reto lateral está
na posição horizontal do olho seu músculo antagonista é o reto medial, quando reto
lateral aciona o reto medial relaxa na mesma proporção segundo a lei de Sherrington
que se aplica de forma monocular ou seja RL agonista/ RM antagonista, já na lei de
Hering a coordenação é aplicada para os dois olhos de maneira conjugada com
objetivo de manter a imagem nas duas fóveas, exemplo da dextroversão é acionada
em ambos os olhos se movem para o lado direito na mesma amplitude neste
movimento aciona RLD e RME, isso serve para todas as posições do olhar (BICAS,
2013). Os movimentos conjugados ou “versões” são classificados em; sacádico, de
segmento e reflexo não-óptico. Os movimentos sacádicos e de segmento são
controlados pelo cérebro e pelo tronco encefálico objetivo de manter objeto na fóvea,
o reflexo não-óptico é vestibular e sua função é manter a posição do olhar apesar de
qualquer mudança na posição da cabeça e do corpo (KANSKI, 2008).
Os quatro sistemas responsáveis na movimentação dos olhos podem ser
classificados como: sacadas que são os movimentos rápidos dos olhos, perseguição
são os movimentos lentos dos olhos, vergências são os movimentos disjuntivos ou
em direção oposta dos olhos e vestibular o movimento involuntário dos olhos (ROWE,
2012).
As duções são movimentos monoculares de um só olho, onde avalia-se o
antagonismo entre os músculos oculares toda vez que um músculo ocular recebe
estímulo de contração seu antagonista recebe a inibição na mesma proporção,
quando este mecanismo não acontece de forma equilibrada pode-se apresentar
hiperfunção ou hipofunção daquele músculo examinado partindo sempre da linha
média do bulbo ocular, se o olho não sair da linha média em determinado movimento
resulta numa paralisia. Nas versões os movimentos são simultâneos na mesma
direção, seja na adução, abdução, elevação e depressão incluindo as posições
obliquas que são: para cima e direita, para baixo e direita, para cima esquerda para
baixo e esquerda (VON NOORDEN, 2002).

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Quando os movimentos binoculares não acontecem de forma conjugada, ou
seja, quando o objeto visualizado não está localizado no mesmo plano correspondente
em ambas as retinas, não está acontecendo um paralelismo entre os olhos produzindo
diplopia ou visão dupla com decorrência de um mecanismo defensivo de supressão,
estes eventos podem acontecer por defeitos primários do sistema sensorial, como
ametropias, lesões de retina e nervo óptico podem implicar na coordenação
oculomotora, as afecções do sistema oculomotor, lesões de nervos, miopatias e
quaisquer alterações de ordem neurológica que possam prejudicar a interação visual
e distúrbios na movimentação oculomotora (BICAS, 2003).

ETIOLOGIA

Anatomicamente o núcleo do VI nervo abducente encontra-se na parte média


da ponte ventral ao assoalho do quarto ventrículo, onde está intimamente relacionado
com o centro do olhar horizontal. O VII nervo passa ao redor do núcleo do abducente
e produz uma elevação no assoalho do quarto ventrículo na Figura 1 observa-se a
proximidade do nervo abducente e do nervo facial, ou seja, paralisia isolada no sexto
nervo nunca é de origem nuclear, por outro lado lesão nuclear ao redor do sexto nervo
pode causar os seguintes sinais: enfraquecimento ipsilateral da abdução como
resultado do envolvimento do sexto nervo e paralisia do nervo facial associada a
comprometimento do neurônio motor inferior ipsilateral causada por envolvimento do
fascículo do facial. (KANSKI, 2008).

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Figura 1- Núcleo do nervo abducente

Fonte: KANSKI (2008, p.823)

O nervo facial trata-se de um nervo misto com origem na ponte e


anatomicamente está muito próximo ao nervo abducente, o VII par é responsável pela
sensibilidade gustativa dos dois terços anteriores da língua, também é responsável
pela sensibilidade de parte do pavilhão auditivo, conduto auditivo externo e tímpano,
e ainda inerva a musculatura da face relacionada à mímica facial. A parte sensitiva
pode ser testada através do paladar, seja doce, salgado e etc. e a parte motora pode
ser avaliada através da mímica facial pedindo ao paciente que enrugue a testa, feche
os olhos, mostrar os dentes e repuxar a pele do pescoço com eversão do lábio, na
paralisia do nervo facial esses movimentos são abolidos do lado da lesão. É
indispensável conhecer e saber avaliar o VII par, pois lesões nucleares no nervo
abducente podem afetar o nervo facial (LUVIZUTTO 2022).

O trajeto do sexto nervo do tronco encefálico passando pela base do crânio,


artéria basilar, artéria carótida interna sobe pela parte complexa do osso temporal até
o seio cavernoso que é por ele atravessado antes de adentrar na orbita e inervar o
músculo reto lateral, na figura 2 observa-se este trajeto, o mesmo facilita lesões no
nervo abducente (CURI 2013).

9
Figura 2 - Trajeto do Nervo Abducente

Fonte: KANSKI (2008, p.823)

Os fatores etiológicos encontrados nas paresias e paralisias de VI par foram os


seguintes; síndromes pontinas, vasculares e por desmielinização, tumorais, lesões no
ângulo cerebelo pontino, neuroma de acústico e meningioma, lesões da fossa média
como tumores e petrosite, inflamação no osso temporal e lesões do seio cavernoso,
inflamações, aneurismas e fistula (CURI 2013).

Os portadores de Diabetes podem desenvolver estrabismo paralitico, este


avento acontece poque a doença afeta os pares cranianos III, IV e VI responsáveis
pela motilidade ocular. Um estudo realizado pelo Instituto Mexicano de Oftalmologia
investigou paralisias secundarias ao Diabetes, e concluiu-se que em dois anos de
estudo de 2015 à 2017 que 76% das paralisias são microvasculares e a mais comum
apresentada neste estudo foi do VI par craniano com incidência de 41%. Dos 3 pares
cranianos o que apresenta menor incidência de paralisia por Diabetes é o IV par
troclear, o tratamento da pesquisa em questão foi realizado com toxina botulínica com
resultado rápido e eficaz nos desvios de pequeno ângulo, os desvios de amplitude
maior a recuperação apresentou-se mais lenta (DIAZ – FLORES, 2019).

Ainda sobre o diabetes tipo II realizaram um estudo em 2018 com 24 pacientes


portadores da doença, com ênfase nos testes ortópticos, em especial o teste de Hess-
Lancaster o mesmo é realizado com painel especifico e o paciente com óculos verde

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e vermelho para dissociar a imagem, paciente segura uma lanterna e posiciona a luz
sob ponto de fixação onde são avaliadas as 9 posições diagnosticas do olhar, o teste
é realizado em pacientes com diplopia para identificar músculo extrínseco que esta
parético, nos pacientes examinados 50% deles apresentaram alterações no sexto
nervo, a queixa principal de todos os pacientes foi a diplopia a maioria dos examinados
tem diabetes à mais de 10 anos, esse fator fez com que mais da metade dos
examinados apresentassem retinopatia diabética, o tratamento foi realizado através
de controle da glicemia, oclusão e prismas (LAJMI H., 2018).

No período entre a descoberta do vírus da COVID-19 e a vacinação, muitos


estudos foram e ainda são realizados, a saber os efeitos e sequelas que tanto o vírus
como a vacinação podem provocar no ser humano. Há publicações de casos de
pacientes que apresentaram paralisia de nervo abducente após vacina Pfizer-
BioNTech COVID-19, uma paciente saudável com 59 anos de idade apresentou
paralisia aguda do nervo abducente 2 dias após receber a vacina, apresentou-se a
emergência com diplopia, esotropia de 25 dioptrias prismáticas em PPO, déficit grave
na abdução do olho direito, fraqueza facial e anormalidade na marcha, sua acuidade
visual monocular com correção 20/25, pressão intraocular dentro da normalidade, foi
submetida a exames de ressonância magnética onde não foi encontrada alterações
que compreende a paralisia do nervo abducente concluindo que o evento
possivelmente foi ocasionado pela vacina. As paralisias de nervo abducente após
imunização foram relatadas pela primeira vez em 1983 por Werner, os casos
aconteciam após vacinas contra sarampo, caxumba, rubéola, hepatite B e gripe anual.
Esse tipo de paralisia geralmente resolve espontaneamente em 6 meses, mas podem
aparecer novamente (REYRES-CAPOS, 2021).

SINDROMES

Síndrome de Moebius descrita primeira vez por Von Graefe em 1880, e por
Moebius em um estudo de 44 casos em 1892, onde a síndrome recebeu seu nome,
acontece na mesma uma paralisia periférica do VI e do VII par craniano, anomalias
ósseas e musculares sempre nas extremidades dos membros, expressão facial de

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máscara ou ausência da mímica facial, boca sempre entre aberta e dificuldade ao
fechar os olhos lembra sinal de Bell. Alterações oculomotoras na maioria das vezes
paralisia completa dos retos laterais provocando esotropia e torcicolo compensador
(MOREIRA et al., 2001).

Síndrome de Foville é frequente em doenças vasculares e tumores envolvendo


a porção dorsal da ponte. É caracterizada por envolver do quinto ao oitavo nervo
craniano e fibras simpáticas centrais, apresenta as seguintes características, V par
analgesia facial, VI par paralisia RL combinada com paralisia do olhar FRPP formação
reticular paramediana pontina, VII enfraquecimento dos músculos da face, VIII surdez.

Síndrome de Millard-Gubler é caracterizada por uma lesão no fascículo ao


atravessar o trato piramidal, pode manifestar-se como doença vascular, tumores ou
desmielinização são causas mais frequentes. Sua manifestação clínica pode
apresentar-se com paralisia do sexto nervo e hemiplegia contralateral.

Síndrome de Gradenigo é causada por mastoidite ou petrosite aguda, pode


resultar em lesão do sexto nervo no ápice petroso. A petrosite é frequentemente
acompanhada por paresia facial, dor e dificuldade auditiva (KASKI, 2008).

Relato de caso de um paciente com síndrome de Gradenigo,7 anos de idade


apresentando os seguintes sintomas; febre, dor do lado direito do rosto e ouvido,
rigidez na nuca, diplopia e paralisia do VI nervo craniano, paciente ficou 28 dias
internado, após tratamento com antibióticos apresentou-se assintomático exceto pela
paralisia do VI par direito, que apresentou melhora apenas dois meses após sua alta
(FELIX, 2003).

Síndrome de Duane altera a motilidade ocular diminuindo também a fenda


palpebral do olho afetado, pode afetar a abdução, a adução e ambos, a maioria dos
autores descrevem sobre má formação do VI par craniano, maior incidência em
mulheres, unilateral e de predominância no olho esquerdo, apenas 20% dos pacientes
com quadro bilateral. Duane pode ser classificada em tipo I onde a abdução é mais
limitada do que a adução, tipo II a adução se encontra mais limitada do que a abdução
e o tipo III existe uma contração dos músculos em adução e abdução resultando em
limitação dos movimentos horizontais (LÓPEZ, 2013).

TRATAMENTO

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O tratamento consiste em conforto e qualidade ao paciente que costuma
apresentar diplopia e torcicolo sempre para o lado do olho afetado, neste caso pode-
se aplicar a oclusão no olho contralateral ou ipsilateral sendo o olho afetado ocluído,
a proposta que mais se mostrou eficiente para melhorar o torcicolo do paciente. A
aplicação de prismas base temporal só é eficiente em esotropias de ângulos pequenos
para aliviar a diplopia e o torcicolo.

O uso de toxina botulílica no RM do olho afetado é causar deficiência no


mesmo, diminuindo assim a sua contratura e o seu antagonismo com o músculo RL
afetado que está parético facilitando sua recuperação funcional que nos casos de
doenças vasculares ou diabetes evoluem para cura em grande parte dos casos que
foram favorecidos com esta técnica (CURI, 2013).

Em busca de tratar os pacientes com estrabismo evitando a cirurgia, Allan Scott


realizou testes em macacos a partir de 1970, inicialmente injetou 4 tipos de drogas: o
di-isopropil fluoro-fosfato (DFP), a bungarotoxina que é veneno de víbora, álcool e a
toxina botulínica “BOTOX” sugestão de Maumenee, nos testes a toxina botulínica
apresentou maior eficácia na paralisia do músculo ocular e maior duração, e baixa
incidência de complicações como ptose e diplopia transitória e nenhum dano
sistêmico. Orientado por Allan Scott o FDA (Food and Drug Administration), agência
reguladora ligada ao departamento de saúde do governo nos Estados Unidos, liberou
o uso desta medicação para pesquisadores em todo mundo. Foram 10 anos de testes
até a liberação da toxina botulínica, no Brasil o pioneiro a usar a droga na cirurgia de
estrabismo foi o Dr. Carlos de Souza Dias. A principal função da droga hoje conhecida
como Botox, é provocar paralisia ou paresia no músculo que foi injetado, ela atua nas
terminações nervosas bloqueando acetilcolina nas sinapses, não afetando a excitação
da fibra muscular, quando a droga é eliminada pelo organismo o músculo recupera
sua ação. No músculo ocular a toxina botulínica é usada no seguinte conceito, quando
há desequilíbrio entre os músculos agonista e antagonista, no desvio convergente
como acontece na paralisia de VI nervo uma esotropia, o desvio ocular é convergente,
é aplicada a droga no seu antagonista RM com proposito de o olho fazer movimento
oposto abdução, ou seja, diminuindo a contração ou ação do RM que é aduzir
(SANTOS A., 1997).

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Dos procedimentos cirúrgicos a transposição de Carlson & Jampolsky tem
apresentado resultados satisfatórios nas paralisias de VI par, este procedimento
consiste em uma transposição das fibras dos músculos reto inferior e reto superior do
olho afetado, algumas destas fibras vão ser colocas em direção do RL afetado para
abdução ser estimulada pelo nervo oculomotor, esta técnica diminuiu o ângulo de
desvio a diplopia e o torcicolo dos pacientes. No estudo de caso apresentado 7
pacientes precisaram refazer a cirurgia e apenas 3 não obtiveram bons resultados
(EJZENBAUM, 2007).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A paralisia do nervo abducente pode ser de origem nuclear atingindo outros


nervos, neste caso o nervo facial que anatomicamente tem sua origem muito próxima
ao nervo abducente, desta forma além de alterações visuais de estrabismo e diplopia
e ausência de abdução, pode apresentar quadro clinico de paralisia ou paresia facial,
a mesma pode ser avaliada com um simples teste de expressão facial que no
momento em que o paciente com paralisia de reto lateral, não conseguir sorrir, ou
enrugar a testa ou até apresentar alterações de paladar, pode apontar uma possível
lesão nuclear comprometendo os dois pares de nervos cranianos, ou seja, o VI e o VII
par. As lesões isoladas de nervo abducente são bem características provocando
ausência da abdução, estrabismo convergente, diplopia e torcicolo para compensar a
diplopia. Na maioria das síndromes e dos casos de paralisias podem ser provocadas
por tumores, aneurismas, infecções entre outras alterações neurológicas que possam
afetar o VI par craniano. É indispensável que o Optometrista como o agente cuidador
primário da saúde visual, além da acuidade visual e a refração do paciente precisa
avaliar seu paciente de maneira geral, atento na anamnese e quando surgiu os sinais
e sintomas deste paciente, se o mesmo é portador de Diabetes se a doença está
controlada ou não, orientar o mesmo sobre o risco que a glicemia alta pode ocasionar
na motricidade ocular e no fundo de olho como acontece na retinopatia diabética, na
avaliação motora é fundamental investigar se o mesmo está com a glicemia regular,
pois se apresentar desvio convergente por paralisia de VI nervo, a hipótese
diagnostica pode ser lesão no VI nervo provocada por diabetes. Dependendo da
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origem da lesão, outros pares de nervos cranianos são acometidos, como acontece
na Síndrome de Foville que a lesão acomete do V ao VIII par, desta maneira o
examinado pode apresentar-se com; dores na face, dores de ouvido, surdez, paralisia
nos membros inferiores, este quadro clínico não compromete apenas o alinhamento
ocular e sim a saúde e qualidade de vida em geral do examinado. É indispensável
perguntar sobre as vacinações, estudos de casos comprovaram alteração no nervo
abducente após a vacinação de COVID-19 entre outras imunizações que podem
alterar a binocularidade, avaliar a motricidade ocular é fundamental para saúde visual
e neurológica como ato de prevenção de alterações que podem ser tratadas quando
diagnosticadas de maneira assertiva na avaliação primária, assim verificando
possíveis paresias e paralisias oculomotoras, em questão das paralisias de sexto par
que produz uma esotropia, avaliar diplopia do paciente, fazer oclusão para alivio
imediato em alguns casos o optometrista pode aplicar prismas para tratar a diplopia e
o torcicolo e por fim encaminhar o mesmo ao especialista, se o caso do paciente
apresentar sinais e sintomas que não compreender ao optometrista, saber avaliar e
encaminhar o paciente está nas mãos deste profissional. Novas pesquisas na
optometria é fundamental para compreensão de possíveis alterações no nervo
abducente que pode ser acometido por alterações visuais, como em tumores,
inflamações, imunizações no caso de vacinas entre outras situações que podem
acometer esse par de nervo craniano, novas pesquisam corroboram para melhor
compreensão e conduta nas paralisias do nervo abducente.

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REFERÊNCIAS

ALVES, M.R. et al. Estrabismo. CBO – Série Oftalmologia Brasileira. 3ª Ed. Rio de
Janeiro: Cultura Médica, 2013.

BICAS, H. Oculomotrocidade e seus fundamentos, Arquivo Brasileiro de


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https://www.scielo.br/j/abo/a/9m4xcLFTNfKYc55LPQdWVfS/abstract/?lang=pt
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CURI R. L. N.; COSTA I.C. B. O.; BARROSO T. G. M. Paralisia do VI nervo (artigo


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