MICROECONOMIA
MICROECONOMIA
MICROECONOMIA
Benildo Andrade
1
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE MANICA
Benildo Andrade
2
Índice Pág.
Capitulo 1 .................................................................................................................................. 1
1.1.Introdução ............................................................................................................................. 1
1.2.Objectivos ............................................................................................................................. 1
Gerais: ......................................................................................................................................... 1
Específicos:................................................................................................................................. 1
2.2. Impacto das manifestações pós eleitorais no mercado de procura em Moçambique .......... 3
Capitulo 3 ................................................................................................................................ 11
0
Capitulo 1
1.1.Introdução
1.2.Objectivos
Gerais:
Específicos:
Definir manifestações,
Compreender os impactos das manifestações pós eleitorais no mercado de procura em
Moçambique,
Descrever as estratégias de mitigação das manifestações pós eleitorais no mercado de
procura em Moçambique.
1.3.Metodologias
O método bibliográfico foi utilizado para conduzir a pesquisa que consistiu na colecta e
leitura de algumas obras literárias que tratavam de tema sobre impacto das manifestações pós
eleitorais no mercado de procura em Moçambique.
1
Capitulo 2-Impacto das manifestações pós eleitorais no mercado de procura em
Moçambique
De acordo com Rosário, D. (2012) define as manifestações como "expressões colectivas que
visam a reivindicação de direitos sociais, económicos ou políticos, emergindo como uma
resposta às desigualdades e à exclusão vivenciada por determinados grupos sociais". Para o
autor, as manifestações em Moçambique estão profundamente enraizadas no contexto
histórico e político do país, marcado por períodos de autoritarismo, desigualdades sociais e
fragilidades institucionais.
Rosário argumenta que as manifestações são, muitas vezes, motivadas por factores
económicos, como o aumento do custo de vida e a falta de acesso a serviços básicos, que
impactam directamente as populações mais vulneráveis. Ele também destaca que, em um
ambiente democrático em construção, as manifestações desempenham um papel importante
na conscientização social e na mobilização da opinião pública em torno de questões de
interesse colectivo. A análise de Rosário ressalta a necessidade de compreender as
manifestações como um reflexo das desigualdades estruturais existentes, sendo essas acções
colectivas uma resposta natural ao descontentamento social. Ele observa que o impacto das
manifestações pode variar de pequenas mudanças locais a reformas mais amplas nas políticas
públicas, dependendo da articulação entre os atores sociais e políticos. Para Serra, (2010), vê
as manifestações como "práticas colectivas que expressam a insatisfação popular em relação à
governança e às condições sociais, frequentemente marcadas por tensões entre os cidadãos e
as instituições do Estado" Sua abordagem enfatiza o papel das manifestações como um
termómetro das relações entre a população e o governo, bem como das desigualdades
persistentes no país. As manifestações em Moçambique não são apenas resultado de questões
económicas imediatas, mas também de factores históricos e culturais, incluindo a forma como
a sociedade percebe e responde às decisões governamentais, Serra, (2010).
Ele aponta que o Estado, por vezes, encara as manifestações como uma ameaça à ordem
pública, resultando em repressão, o que amplifica as tensões sociais. Um exemplo prático
dessa dinâmica é o caso das manifestações de 2010, quando o aumento do preço do pão gerou
protestos significativos em Maputo e outras cidades., Serra, (2010) analisa esses eventos
2
como um símbolo das limitações da capacidade do governo em lidar com as demandas
populares, bem como da força das manifestações como ferramenta de contestação política.
Essas análises são particularmente relevantes para entender o contexto moçambicano, onde a
transição para a democracia e o desenvolvimento económico ainda enfrentam desafios
significativos. As manifestações, nesse sentido, representam tanto uma resposta às condições
existentes quanto uma oportunidade para fortalecer a participação cidadã e a
responsabilização governamental.
Moçambique, que até recentemente era visto como um exemplo de sucesso nos mercados
africanos por liderar cortes nas taxas de juro, está agora a enfrentar uma crise de confiança. A
situação política instável, provocada pelas tensões antes dos resultados das eleições de 2024,
está a gerar grande incerteza nos mercados financeiros. Os títulos soberanos moçambicanos,
com vencimento em 2031, caíram significativamente, com rendimentos a atingirem quase
13%, reflectindo o aumento do risco associado ao país, Rosário, D. (2012).
O clima político deteriorou-se depois das eleições de Outubro de 2024, com o candidato da
oposição, Venâncio Mondlane, a chamar a uma “revolução”, alegando fraude eleitoral. A
escalada de protestos, incluindo o uso de gás lacrimogéneo pela polícia para dispersar
manifestantes, trouxe mais instabilidade. A morte de um advogado ligado à campanha de
Mondlane e as alegações de irregularidades eleitorais alimentaram ainda mais as tensões,
enquanto os resultados oficiais da eleição ainda não foram totalmente divulgados, Rosário, D.
(2012).
A queda nos títulos de dívida de Moçambique, como reportado pela Bloomberg, ocorre no
momento em que o país enfrenta uma série de desafios críticos. O escândalo dos “tuna
bonds”, a insurgência em Cabo Delgado e os atrasos nos projectos de gás natural em parceria
com a TotalEnergies e ExxonMobil têm pesado sobre a economia. Com a falta de uma
transição política tranquila, os grandes projectos de gás, que são cruciais para o crescimento
económico do país, estão em risco de novos adiamentos, o que pode afectar ainda mais a
confiança dos investidores.
De acordo com especialistas do mercado, a recente queda nos preços dos títulos
moçambicanos é preocupante e pode continuar se a situação política não se estabilizar. Além
3
disso, o impacto da incerteza eleitoral pode dificultar os esforços do governo para atrair novos
investimentos no sector de gás, visto como a principal fonte de crescimento económico a
longo prazo. A IATA Clearing House suspendeu a LAM (Linhas Aéreas de Moçambique) por
não pagamento de dívidas, reflectindo os problemas económicos mais amplos que o país
enfrenta, Rosário, D. (2012).
Moçambique é uma jovem democracia que ainda enfrenta desafios no fortalecimento das suas
instituições. Desde as primeiras eleições multipartidárias em 1994, os períodos pós-eleitorais
têm sido marcados por tensões, especialmente entre os principais partidos, FRELIMO e
RENAMO. Segundo Rosário, D. (2012), essas tensões frequentemente se traduzem em
manifestações públicas, que, embora legítimas em um Estado democrático, têm gerado
instabilidade social e económica.
O mercado de procura, que envolve a demanda por bens e serviços, é directamente afectado
por crises sociais e políticas. As manifestações pós-eleitorais influenciam esse mercado de
várias maneiras:
4
O sector comercial é particularmente afectado, uma vez que a diminuição da procura por
produtos não essenciais leva a uma queda acentuada nas vendas. Pequenos e médios
comerciantes, que frequentemente dependem de um fluxo constante de consumo, enfrentam
desafios significativos para manter seus negócios em funcionamento. A redução no consumo
também se reflecte no turismo, um sector que já enfrenta dificuldades devido à percepção de
insegurança associada às manifestações. Durante esses períodos, tantos turistas nacionais
quanto internacionais evitam viajar, o que reduz ainda mais a receita das empresas que
operam nesse sector, incluindo hotéis, restaurantes e agências de viagens.
Com a diminuição da oferta, os preços desses produtos tendem a subir rapidamente, fenómeno
conhecido como inflação, que afecta de maneira desproporcional as famílias de baixa renda.
Essas famílias, que já enfrentam dificuldades para suprir suas necessidades básicas, vê seu
poder de compra ainda mais reduzido, sendo obrigadas a fazer escolhas difíceis entre
diferentes itens essenciais. Esse cenário não só amplia as desigualdades sociais como também
intensifica o descontentamento da população, muitas vezes agravando o ciclo de instabilidade.
Elísio M. (2006), afirma que a incerteza política figura como um dos principais factores que
desestimulam os investimentos no sector produtivo, criando um ciclo prejudicial de
estagnação económica. Quando o ambiente político é marcado por tensões, manifestações e
conflitos pós-eleitorais, os investidores estrangeiros tendem a avaliar o país como um local de
6
alto risco para seus capitais, preferindo direccionar seus recursos para mercados mais estáveis
e previsíveis.
Esse cenário tem consequências directas para a economia local. A redução nos investimentos
estrangeiros implica menor expansão do sector produtivo, o que limita a criação de novos
postos de trabalho. Sem um fluxo contínuo de investimentos, a diversificação da economia é
prejudicada, dificultando o fortalecimento de áreas como a indústria, a agricultura de grande
escala e os serviços, sectores que têm potencial para gerar empregos em larga escala. A
escassez de oportunidades no mercado de trabalho, por sua vez, restringe o poder de compra
da população, resultando em menor capacidade de consumo e em uma desaceleração no
crescimento económico.
Carlos S. (2010) observa que, durante períodos de instabilidade política, como os vivenciados
durante manifestações pós-eleitorais em Moçambique, as famílias tendem a alterar
significativamente seus padrões de consumo. A incerteza económica gerada por esses
períodos de crise faz com que as pessoas adoptem comportamentos mais conservadores e
cautelosos em relação aos seus gastos. Com a insegurança geral e o aumento dos preços de
bens essenciais, as famílias passam a buscar alternativas mais económicas e acessíveis para
7
suprir suas necessidades básicas. Esse fenómeno resulta em mudanças duradouras nos hábitos
de consumo, que podem ter impactos profundos nas dinâmicas do mercado e nas estruturas
económicas do país.
Em momentos de crise, a prioridade das famílias se volta para os itens mais essenciais, como
alimentos e produtos de primeira necessidade, enquanto bens duráveis e supérfluos são
deixados de lado. Além disso, a diminuição do poder de compra e a necessidade de reduzir
despesas fazem com que muitas famílias migrem para alternativas mais acessíveis, como os
mercados informais, feiras e pequenos comércios locais. Essa mudança nos padrões de
consumo enfraquece directamente os sectores formais da economia, como supermercados,
grandes redes de varejo e lojas de produtos não essenciais, que tradicionalmente atendem a
uma classe média mais ampla e consumidores com maior poder aquisitivo, Rosário, D.
(2012).
A migração para o sector informal não é uma simples mudança temporária, mas sim uma
transformação estrutural nos hábitos de consumo. O sector informal, composto principalmente
por pequenos comerciantes e vendedores ambulantes, acaba se tornando uma opção mais
viável e acessível durante crises políticas e económicas. Isso ocorre porque os mercados
informais frequentemente oferecem produtos a preços mais baixos e com maior flexibilidade
de pagamento, além de estarem mais próximos das comunidades locais, o que facilita o acesso
da população. Assim, os consumidores buscam essas alternativas não apenas por uma questão
de preço, mas também pela conveniência e a percepção de que o mercado informal oferece
uma maior adaptação às suas necessidades imediatas, Rosário, D. (2012).
8
Em longo prazo, a transformação nos padrões de consumo provocada por períodos de
instabilidade pode ter efeitos duradouros na estrutura económica de Moçambique. O
fortalecimento do sector informal pode criar uma dependência maior de actividades não
regulamentadas, o que dificulta a implementação de políticas públicas eficazes para o
desenvolvimento económico. Para que o país possa garantir um crescimento sustentável, é
fundamental que o governo implemente medidas que não só garantam a estabilidade política e
económica, mas também criem condições para que o sector formal seja mais resiliente e capaz
de competir com as alternativas informais, promovendo um ambiente de negócios mais
equilibrado e seguro para todos os agentes económicos, Rosário, D. (2012).
9
sociais e promovem um ambiente mais propício à estabilidade económica, Macamo, E.
(2006).
10
Capitulo 3
3.1. Conclusão
Chegado este ponto, conclui-se que o estudo sobre o impacto das manifestações pós-eleitorais
no mercado de procura em Moçambique revela a profunda interligação entre a instabilidade
política e o desempenho económico do país. As manifestações, que surgem como respostas ao
descontentamento popular com a governança e as condições socioeconómicas, têm
implicações directas no comportamento dos consumidores, na interrupção das cadeias de
abastecimento, na vulnerabilidade do sector informal e na perda de investimentos.
11
3.2. Referências bibliográficas
12