Direito Economico - Feito
Direito Economico - Feito
Direito Economico - Feito
FACULDADE DE DIREITO
Albino Jorge
Código
Nampula, aos 14 de Agosto de 2022
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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED
FACULDADE DE DIREITO
Código
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Índice
Introdução...............................................................................................................................4
4. O caso de Moçambique.....................................................................................................11
Conclusão..............................................................................................................................14
Bibliografia...........................................................................................................................15
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Introdução
A intervenção do Estado no domínio econômico, nada mais é do que todo ato ou medida
legal que restrinja, condiciona ou tenha por fim suprimir a iniciativa privada em
determinada área, visando assim, o desenvolvimento nacional e a justiça social,
assegurados os direitos e garantias individuais.
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1. Tipologia de intervenção do Estado
O papel do Estado em relação à economia sempre constituiu assunto dos mais discutidos. O
foco dos debates, que durante o século XIX esteve restrito à dimensão da intervenção,
desloca-se no decorrer do século XX para a sua natureza, dada a articulação de novos
mecanismos de intervenção utilizados em diversos países. A partir da quadra final do
século XX, a preocupação com o ambiente institucional passa a se constituir como um novo
paradigma de estudos no campo econômico.
A busca de um conceito para a expressão Estado sempre foi motivo de preocupação para
filósofos, sociólogos e juristas. No decorrer da História, as tentativas neste sentido se
mostraram extremamente tormentosas, com resultados pouco satisfatórios do ponto de vista
teórico. Bonavides (2000) destaca que houve no século XIX um jurista, Bastiat, tido como
um publicista do liberalismo que, de forma sutil e irônica, se dispôs a pagar um prêmio de
cinquenta mil francos àquele que lhe proporcionasse uma definição considerada adequada.
Certamente, ninguém jamais viu o Estado, mas também não há quem possa negar que ele
seja uma realidade, ocupando lugar de destaque em nossa vida quotidiana, a ponto de, sem
ele, ficarem comprometidas as possibilidades de as pessoas viverem. A sua história resume
o passado e sua existência presente pressupõe o futuro, pois, para o melhor e também para o
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pior, estamos ligados a ele (Vasconcellos & Garcia, 2005, p. 52). Há necessária relação
entre o Estado e o complexo social.
Com isso, menos embaraçosa é a tarefa de enumerar as suas finalidades, sendo possível
apontá-lo como o instrumento de ação coletiva por excelência da sociedade, ou seja, a
forma pela qual esta busca alcançar seus objetivos políticos fundamentais, entre os quais o
processo de desenvolvimento e o bem-estar material, que têm na economia um dos fatores
preponderantes para a sua promoção.
Por seu turno, Vaz (S/D), adverte que a “relação entre o Estado e a economia é dialética,
dinâmica e mutável, sempre variando segundo as contingências políticas, ideológicas e
econômicas”. No que se refere à participação do Estado na economia, é possível constatar
na doutrina alusões destacadas a pelo menos três paradigmas gerais distintos: Liberal,
Social e Pós-Social, onde cada visão implicou em uma determinada concepção de
intersecções entre economia, direito, sociedade e o próprio Estado, com o poder público
assumindo diferentes posições e estratégias em face do cenário econômico em cada
contexto histórico.
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3. Intervenção do estado no cômpulo económico
Contudo, importa referir que o Estado, por essência, não devia produzir bens e serviços
transaccionáveis porque tem uma função essencialmente executiva, legislativa e judicial e,
portanto, todos os seus órgãos estão dependentes destas funções estatais no serviço da
administração pública.
b) Intervenção Indirecta: quando o Estado não é ele próprio sujeito económico, mas limita-
se a condicionar, a partir de fora, a actividade económica privada, sem assumir o papel de
sujeito económico activo – trata-se da “regulação”.
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definição de medidas orçamentais, monetárias, salariais, de preços, de emprego,
ordenamento territorial, concorrenciais, fiscais e outras, em ordem a influenciar o
comportamento dos agentes económicos.
b) Dirigismo (ou direcção económica): existe quando o Estado formula objectivos globais e
pretende propô-los, ou até impô-los, aos sujeitos económicos. Dirige assim a sua actividade
(em vez de se limitar a corrigi-la), embora com respeito pelos princípios essenciais da
liberdade económica e pelo mercado como instrumento regulador.
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O Plano é um documento adoptado pelo poder público, que analisa a evolução nacional,
identifica os problemas e define a orientação que seja pertinente.
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3.4. Intervenção global, intervenção sectorial e intervenção pontual ou avulsa.
b) Intervenção Mediata (ou indirecta): quando o Estado adopta medidas que não têm
apenas fins económicos, mas também sociais ou outros, apesar de se repercutirem na
política económica.
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Quando o Estado nacionaliza ou privatiza, aumenta os impostos ou as taxas de juro, apoia
um sector, etc., estamos perante intervenções unilaterais. Estas intervenções são as
tradicionais e ainda maioritárias. No entanto, cada vez mais se acentua a tendência para o
Estado intervir ao abrigo de formas convencionais e contratuais do exercício da autoridade.
Trata-se de uma intervenção baseada numa relação jurídica contratual com tendência para,
em conjunto, o Estado e agentes económicos realizarem uma acção concertada no campo
económico.
(ex.: a oferta por parte do Estado de reduções fiscais às empresas em troca de um aumento
de investimento, o que é completamente diferente, em termos de efeitos esperados, da
medida unilateral de reduções fiscais).
4. O caso de Moçambique
O artigo 10 da mesma Constituição consagra ainda que “o sector Estatal deve ser o
dominante da economia do país”.
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Neste contexto, as empresas estatais assumiam uma função primordial na construção da
base material avançada para a edificação de uma nova sociedade e para o desenvolvimento
económico planificado e acelerado (artigo 9 da Constituição de 1975).
Pretendia-se com isso que a “empresa estatal” fosse um instrumento essencial através do
qual o Estado assumiria a função dirigente e impulsionadora da economia nacional. Esta
constituía, por excelência, a forma jurídico-institucional da actividade empresarial do
Estado.
É assim que o período que se seguiu a 1975 seja caracterizado pelo importante peso
económico, político e social do sector empresarial do Estado. O mesmo era constituído,
essencialmente, por empresas directa ou indirectamente nacionalizadas após aquela data, ou
empresas criadas exemplo novo e, em alguns casos, por empresas que foram
intervencionadas e mais tarde revertidas a favor do Estado, que passaram a ser por ele
geridas.
O sector empresarial do Estado, de acordo com Dallari (1991), é hoje entendido como
abrangendo o conjunto das unidades produtivas do Estado ou de outras entidades públicas,
organizadas e geridas sob forma empresarial. Este sector inclui, em Moçambique, as
empresas públicas e estatais, as sociedades comerciais cujo capital pertença exclusivamente
ao Estado e/ou outras pessoas colectivas de Direito Público, as empresas, estabelecimentos
e instalações cuja propriedade tenha revertido para o Estado.
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A criação de sectores públicos empresariais com peso significativo nas economias
nacionais encontra-se historicamente ligada à experiência das nacionalizações. “Assim, em
Moçambique a figura de empresa estatal ganhou relevância política e económica com as
nacionalizações” (Pauperio, 1983, p. 136). Não obstante tal realidade, não se pode esquecer
a relevância prática da figura da intervenção estatal para o respectivo sector.
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Conclusão
Contudo, tal atuação acontece apenas dentro das limitadas hipóteses constitucional. De tal
modo, o Estado só atua como empresário nas situações em que há interesse coletivo
relevante ou pela manutenção da soberania nacional.
Por fim, foi possível concluir que o debate acerca da intervenção do Estado moçambicano
na economia não deve levar em consideração somente o que pregam ideologias e teorias
econômicas. Antes de tudo, cabe a averiguação da perspectiva constitucional. É a
constituição, e não somente as teorias econômicas, o marco das reflexões sobre as
circunstâncias em que processos de intervenção do estado atendem ao interesse público,
diante de um paradigma ampliado de Direito, que não se baseia na ideia de competição
entre estado e mercado, mas sim na colaboração entre ambos.
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Bibliografia
Dallari, D. A. (1991). Elementos de teoria geral do Estado. (16ª ed.). São Paulo: Saraiva.
Silva, J. A. (2006). Comentário contextual à constituição. (2ª ed.). São Paulo: Malheiros
Editores.
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