A Especificidade Do Ser Feminino
A Especificidade Do Ser Feminino
A Especificidade Do Ser Feminino
2. A especificidade da alma
A grande questão considerada neste contexto entre a psicologia e a
fenomenologia é a fundamentação filosófica da psicologia e das ciências
do espírito acrescentada por Edith. Antes de tudo, ambas tratam da
análise do sujeito. A diferença consiste na modalidade dessa análise. Para
Husserl a fenomenologia se apresenta como gnosiologia, uma pesquisa
de tipo filosófico, que é necessária para a elucidação dos conceitos básicos
da psicologia, e conseqüentemente a separação entre as ciências da
natureza e do espírito.
6. A mulher e a filosofia
A filosofia não é nem masculina e nem feminina. Porém podemos
arriscar, sem medo, que há uma afinidade da filosofia com a mulher na sua
essência e nos seus resultados. Qual é o sentido da pesquisa filosófica?
A partir de uma visão panorâmica que podemos ter sobre a
situação passada e presente relativa à nossa cultura podemos constatar a
não presença de outras formas diferentes de filosofar, quer também a sua
falta em outras culturas. Por outro lado, o desejo de saber, sempre
caracterizou a humanidade mesmo nas suas formas mais espontâneas;
certamente na cultura ocidental – a cultura do logos - isso ocorreu de
uma forma consciente que continua possuindo toda a sua capacidade
expressiva e sua riqueza de conteúdos. Não se pode negar que tal aparato
foi elaborado a partir de uma visão masculina. A filosofia, na verdade,
aparece quando a estrutura patriarcal da sociedade é forte e corresponde
de fato a um predomínio dos homens.
Todavia, no decurso deste século a situação mudou. De que
maneira se configurou a contribuição das mulheres na vida cultural e,
particularmente, na filosofia? A novidade é que a filosofia na sua
reviravolta fenomenológica equivale muito mais a essência feminina pela
sua preocupação com o ser humano na sua estrutura como nas suas
relações. Na análise da subjetividade, a centralidade no sujeito é
superada, este se constrói a partir de suas relações, e não como ponto de
partida e de irradiação da realidade e absorvendo tudo em si mesmo. Há
uma firme conexão entre o sujeito e a realidade. A realidade é o outro que
se mantém na sua diferença, portanto a sensibilidade feminina é capaz de
identificar esta alteridade, e, ao mesmo tempo, a categoria da totalidade
não é pressuposta, como momento do qual se pode reduzir o resto, ao
contrário, deve-se considerar como o lugar de convergência unitária para
o qual tendem as análises particulares e, por fim a disponibilidade para o
ver e o escutar, deixando falar as coisas, não querendo sobrepor a elas
uma redoma conceitual que impede vê-las. Na sua leitura da realidade
pela sua capacidade intuitiva e a disponibilidade para o ato de ver e de
escutar está a superação e a originalidade da investigação feminina que
vai para além de um Husserl ou de um Heidegger. O ser está para alem
do ser... Cabe a nós unir a filosofia e a cultura.