TFG_Final_1_1 (1)
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Brasil
Dezembro de 2024
Sofia Fernandes Cerqueira
Brasil
Dezembro de 2024
As lentes dos óculos tinham se quebrado, e as chaves tinham se perdido. Ela buscava as
chaves pela cidade inteira, às cegas, de joelhos, e quando finalmente as encontrava, as
chaves diziam que não serviriam para abrir suas portas.
(O livro dos Abraços, Eduardo Galeano)
Agradecimentos
Ao professor Dr. Robson Pires, pela orientação e confiança neste trabalho, além da
paciência e disponibilidade em ensinar e instruir.
Aos meus pais pelo suporte e incentivo constante, que sempre me permitiram
perseguir o estudo.
Ao meu irmão e amigos, que foram um respiro para os dias difíceis.
Ao Maurício, meu namorado, cujos agradecimentos não caberiam em apenas uma
página.
Resumo
As redes de distribuição são indispensáveis para levar energia aos consumidores. Contudo,
em geral as redes de distribuição são desequilibradas, tornando inviável sua representação
através de um diagrama unifilar. Grande parte das metodologias para representar e
simular essas redes em corrente alternada utiliza da aritmética de números reais, apesar
das equações de fluxo de potência serem funções de variáveis complexas, tais como a
tensão e a corrente. Portanto não são funções analíticas. Este estudo propõe o uso do
cálculo de Wirtinger que contorna essa dificuldade e permite desenvolver o aplicativo
de fluxo de potência em redes de distribuição trifásicas via plataforma MatLab num
sistema unificado de coordenadas Cartesianas, isto é, no domínio de números complexos.
O método consiste em usar o cálculo de Wirtinger, evitando a separação em parte real e
imaginária das equações de potência complexa, ao contrário dos métodos clássicos de fluxo
de potência desenvolvidos no domínio de números reais. A solução numérica do aplicativo
de fluxo de potência far-se-á via algoritmo de Newton-Raphson aplicado ao método das
injeções de correntes nodais. Com a formulação compacta sem degradar a precisão do
modelo matemático, pode-se abrandar o custo computacional e mitigar a sobrecarga de
armazenamento, Pires (2018), uma vez que a matriz Jacobiana tende para a matriz de
Admitâncias da rede.
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1 Métodos Clássicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2 Cálculo de Wirtinger . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.3 Organização do Documento de TFG . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
4 RESULTADOS NUMÉRICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4.1 Caso 1: Transformador abaixador com carga equilibrada . . . . . . . 24
4.2 Caso 2: Transformador abaixador com carga desequilibrada . . . . . 28
4.3 Caso 3: Transformador elevador com carga equilibrada . . . . . . . . 32
4.4 Caso 4: Transformador elevador com carga desequilibrada . . . . . . 36
4.5 Caso 5: Sistema de 9 barras com 3 geradores . . . . . . . . . . . . . 39
5 CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
11
1 Introdução
I˙ = Ybus V̇ , (2.1)
onde V̇ e I˙ são os vetores das tensões e correntes fasoriais em cada nó da rede elétrica,
respectivamente.
Assim, a potência complexa numa barra genérica k pode ser calculada da seguinte
forma:
Sk = V̇k Ykk
∗
+ V̇k ∗
V̇m∗ , (2.2)
X
Ykm
m=0
m̸=k
Este tipo de barra também é conhecida como swing, slack ou V θ, na qual os estados
módulo da tensão e correspondente ângulo de fase já são conhecidos, o que permite excluir
esta barra da solução numérica do problema de fluxo de potência. Usualmente, a barra
16 Capítulo 2. Formulação do Problema de Fluxo de Potência - Abordagem Clássica
2.1.2 Barra PQ
As barras de carga, por sua vez, são referidas como barras do tipo PQ, porque as potências
ativa e reativa são especificadas ou conhecidas. O objetivo da barra PQ é modelar as
cargas ou gerações fixas, logo, os estados módulo de tensão e correspondente ângulo de
fase são as incógnitas para este tipo de barra.
2.1.3 Barra PV
(0) (0) (0)
K f1 (x1 , x2 ) ∂x
1
∂f1 ∂f1
∆x1
(0) (0) = ∂f21 ∂x2
(0) , (2.3)
K1 f2 (x1 , x2 ) ∂x1
∂f2
∂x2
∆x2
2.2. Método Iterativo de Newton-Raphson 17
Assim sendo, (2.3) pode ser reescrita em função da matriz jacobiana [J], tal como:
(0) (0)
∆K1 h (0) i ∆x1
(0) = J (2.5)
(0)
∆K2 ∆x2
Fazendo uso desta última equação juntamente com algum critério de convergência
a ser atendido, o sistema de equações algébricas expresso em (2.5) será resolvido tantas
vezes quanto necessário para que o critério de convergência adotado seja atendido. No
entanto, se este último não for satisfeito, o critério de um número máximo de iterações
deve ser imposto ao processo iterativo para que o algoritmo não entre em loop.
Especificamente, para o problema de fluxo de potência, a matriz Jacobiana é formada
pelas derivadas parciais das equações de injeções de potência Pk e Qk , considerando os
tipos de barras P Q e P V , em ordem às variáveis de estados. Assim sendo, a dimensão da
matriz Jacobiana na sua abordagem clássica é definida pelo número de barras PV somado
ao dobro do número de barras PQ, uma vez que as variáveis de estados são os ângulos
de fase das tensões nodais e a magnitude das mesmas. quando o aplicativo de fluxo de
potência é implementado em coordenadas polares NGUYEN e VU (2019).
As equações de restrições, por sua vez, referidas daqui em diante como mismatches,
para as barras do tipo PQ podem ser assim representadas:
O cálculo de Wirtinger foi inicialmente divulgado em 1927 por Wilhelm Wirtinger, segundo
Wirtinger (1927). Esta metologia também é conhecida como CR-Calculus e fornece um
arcabouso matemático para resolver problemas com funções não-analíticas de variáveis
complexas. A prova matemática detalhada do Cálculo de Wirtinguer pode ser encontrada
em Pires (2018).
Portanto, dadas as seguintes equações genéricas de fluxo de potência, Skm , isto
é, sentido da barra k para a barra m, tem-se que bsh
km é a metade da susceptância shunt
da linha de transmissão no seu modelo π equivalente e V̇k e V̇m são os fasores de tensão
nas barras k e m, respectivamente. Por sua vez, ykm é o elemento da linha “k” e coluna
“m” da matriz de admitância nodal e akm é a variável complexa que representa o tape de
transformadores.
∗ ∗
!
ykm ykm
Skm = V̇k − j bsh
km V̇k∗ − V̇k V̇ ∗ , (3.1)
akm a∗km akm m
∗
ykm
Smk = V̇m ∗
ykm − j bsh
km V̇m∗ − V̇m V̇ ∗ . (3.2)
a∗km k
O complexo conjugado das equações (3.1) e (3.2), resultam respectivamente:
!
ykm ykm
∗
Skm = V̇k∗ ∗
+ j bsh
km V̇k − V̇k∗ V̇m , (3.3)
akm akm a∗km
ykm
∗
Smk = V̇m∗ ykm + j bsh
km V̇m − V̇m∗ V̇k . (3.4)
akm
20 Capítulo 3. Formulação do Problema de Fluxo de Potência - Abordagem Alternativa
Assumindo agora que a potência complexa injetada em cada barra é dada por
Sk = (3.5)
X
Skm ,
m ∈ Ωk
y∗ ∗
ykm
∂Sk
∂Vm V̇ ∗ =Const
= 0.0, ∂∂S k
∗
V̇m
= −V̇k akm
∗ ,
∂Sk
∂akm a∗ =Const
= −V̇k ( a2 a∗
)V̇k∗ , ∂a
∂Sk
∗ =
m V̇m =Const km km km km km akm =Const
∗
ykm ∗
ykm
−V̇k ( a (a∗ )2 )V̇k + V̇k (a∗ )2 V̇m .
∗ ∗
km km km
m∈Ωk
∂Sk∗
∂∆Ik
∂Vk V̇ ∗ =Const
= 1
V̇k∗
× ∂Vk
,
k
∂Sk∗
∂∆Ik
∂Vk∗
= 1
V̇k∗
× ∂Vk∗
,
V̇k =Const
∂∆Ik∗
∂Vk V̇ ∗ =Const
= 1
V̇k
× ∂Sk
∂Vk
,
k
∂∆Ik∗
∂Vk∗
= 1
V̇k
× ∂Sk
∂ V̇k∗
,
V̇k =Const
∗
∂∆Ik
∂Vm V̇ ∗ =Const
= 1
V̇m∗ × ∂Sm
∂Vm
,
m
∂Sk∗
∂∆Ik
∗
∂Vm
= 1
V̇m∗ × ∂Vm∗ ,
V̇m =Const
∂∆Ik∗
∂Vm V̇ ∗ =Const
= 1
V̇m
× ∂Sk
∂Vm
,
m
∂∆Ik∗
∗
∂Vm
= 1
V̇m
× ∂Sk
∗ ,
∂ V̇m
V̇m =Const
Sk∗ Sk Pkspec
∆Ikg = ∆Ik + ∆Ik∗ = ∗+ −2× 1 . (3.9)
V̇k V̇k (V̇k V̇k∗ ) 2
∂∆Ikg ∂Sk∗
∂Vk V̇ ∗ =Const
= 1
V̇k∗
× ∂Vk
− 1
V̇k2
× ∂Sk
∂Vk
,
k
∂∆Ikg ∂Sk∗
∂Vk∗
= 1
V̇k
× ∂Sk
∂Vk∗
− 1
V̇k∗ 2
× ∂Vk∗
,
V̇k =Const
∂∆Ikg ∂Sk∗
∂Vm V̇ ∗ =Const
= 1
V̇m∗ × ∂Vm
− 1
V̇m2 × ∂Sk
∂Vm
,
m
∂∆Ikg ∂Sk∗
∗
∂Vm
= 1
V̇m
× ∂Sk
∗
∂Vm
− ∗2
V̇m
1
× ∂Vm∗ ,
V̇m =Const
∂∆Vkg
∂Vk V̇ ∗ =Const
= V̇k∗ ,
k
∂∆Vkg
∂Vk∗
= V̇k .
V̇k =Const
23
4 Resultados Numéricos
Nesta seção apresenta-se a análise dos resultado obtidos pela solução produzida
pelo algoritmo de fluxo de potência por Newton-Raphson em sua abordagem pelo método
de injeções de correntes, também cita-se a resolução pelo método forward and backward.
Para tal análise, foi escolhido o sistema teste de 4 barras do IEEE, conforme mostrado na
Figura 1:.
(0, 01 + j0, 06) 0 0
0 (0, 01 + j0, 06) 0
0 0 (0, 01 + j0, 06)
1 30◦
[ELLs] =
1 −90◦ pu
1 150◦
4.1. Caso 1: Transformador abaixador com carga equilibrada 25
0, 9925 30, 0◦
[V2] = 0, 9916 −90, 2◦ pu
0, 9920 149, 8◦
0, 9404 33, 4◦
[V3] = 0, 9458 −153, 1◦ pu
0, 9446 86, 6◦
0, 8041 38, 7◦
[V4] =
0, 8592 −157, 9◦ pu
0, 8313 81, 3◦
V2
0
0, 001 90, 00◦
V21 = 1, 0379 −63, 52◦ pu
V22 1, 0368 40, 66◦
4.1. Caso 1: Transformador abaixador com carga equilibrada 27
V3
0
0, 3443 90, 01◦
V31 = 0, 9460 −129, 8◦ pu
V32 0, 9427 −14, 84◦
V4
0
0, 0141 −174, 56◦
V41 = 0, 9874 −131, 72◦ pu
V42 0, 9872 −26, 88◦
Para o algorítmo desenvolvido neste trabalho, a mudança de taps não foi imple-
mentada, pois não possui relação direta com a avaliação da robustez do método. Dessa
forma, obteve-se os seguintes perfis de tensão para as barras:
0, 9925 30, 1◦
0, 9916 −90, 2◦ pu
[V2] =
0, 9918 149, 8◦
0, 9571 32, 4◦
[V3] = 0, 9458 −153, 3◦ pu
0, 9237 86, 2◦
0, 9013 33, 7◦
[V4] = 0, 8587 −157, 9◦ pu
0, 7789 75, 8◦
Após a convergência, calculou-se a potência nos ramos do sistema para cada fase e
obte-se os seguintes dados do sistema teste, apresentados na Tabela 3.
4.2. Caso 2: Transformador abaixador com carga desequilibrada 31
Após uma análise dos resultados obtidos pelo método de injeções de correntes é
possível observar que os algoritmos além de apresentar o mesmo número de iterações
do método forward and backward, melhor apresentado em Kersting (2006), ainda obteve
valores muito similares aos divulgados pelo IEEE em Schneider et al. (2017) para este
sistema teste na configuração de delta-estrela aterrada com transformador abaixador de
tensão.
1 30◦
[ELLs] = 1 −90◦ pu
1 150◦
Para estes dados iniciais, o algoritmo convergiu em 9 iterações com uma precisão
de 10 . Conforme ilustrado na Fig. 4.
−10
1, 0975 26, 7◦
[V4] = 1, 0995 −93, 3◦ pu
1, 0967 146, 7◦
Após a convergência, calculou-se a potência nos ramos do sistema para cada fase e
obteve-se os seguintes dados do sistema teste, apresentados na Tabela 5.
4.3. Caso 3: Transformador elevador com carga equilibrada 35
0, 9939 30.0◦
0, 9951 −90, 2◦ pu
[V2] =
0, 9916 149, 8◦
1, 1089 27, 9◦
[V3] =
1, 1030 −93, 2◦ pu
1, 0969 145, 7◦
4.4. Caso 4: Transformador elevador com carga desequilibrada 37
1, 1069 26, 7◦
1, 0991 −93, 3◦ pu
[V4] =
1, 0937 145, 5◦
Após a convergência, calculou-se a potência nos ramos do sistema para cada fase e
obteve-se os seguintes dados do sistema teste, apresentados na Tabela 7.
38 Capítulo 4. Resultados Numéricos
Para esta simulação, assim como nas demais, a base de potência adotada foi de
100 MVA e a impedância das fontes foi considerada como 1 Ohm, sendo os valores de
impedância nos ramos apresentados na Tabela 9. A simulação feita pela Universidade de
40 Capítulo 4. Resultados Numéricos
Illinois, fonte da qual este sistema foi retirado, considera a susceptância nos ramos, porém,
para as simulações deste trabalho, ela foi desconsiderada. Esta prática é comum entre
simulações de sistemas de distribuição ou tensão média e baixa.
Após 13 iterações, o método convergiu para uma solução. A fim de melhor ilustrar
este processo, foi elaborado um gráfico que ilustra a mudança de valor dos mismatches
para cada iteração.
Em seguida, são apresentados os resultados numéricos obtidos para o fluxo de
potência neste sistema de 9 barras:
4.5. Caso 5: Sistema de 9 barras com 3 geradores 41
5 Conclusões
Referências
SCHNEIDER, K. P. et al. Analytic considerations and design basis for the ieee
distribution test feeders. Mathematische Annalen, PP, p. 99, 2017. Disponível em:
<https://cmte.ieee.org/pes-testfeeders/resources/>. Citado na página 32.