JML_EVENTOS_ARTIGO_14-10-2016-14-59-00_COLUNA_JURIDICA_03
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contratação
Por: Felícia Borges Carvalho de Faria
Especialista em Direito Público e em Pregão Eletrônico. Advogada. Coordenadora de Compras e
Licitações do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo.
Aldo Francisco Guedes Leite
Especialista em Direito e Gestão do Sistema “S” e em Direito Tributário. Administrador e Advogado.
Assessor Jurídico do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo.
Resumo: Este artigo tem por objetivo auxiliar os profissionais que atuam diretamente com a
elaboração de Termos de Referência e Projetos Básicos, elucidando a diferença entre eles,
dispondo os requisitos básicos que devem estar presentes e esclarecendo a importância
desse documento para o sucesso das contratações públicas.
Palavras Chave: Termo de Referência, Projeto Básico, Licitação, Contratação.
Abstract: This article aims to help professionals who work directly with the development of
Terms of Reference and Basic Projects, explaining the difference between them , providing
the basic requirements that must be present and explaining the importance of this
document for the success of public procurement.
INTRODUÇÃO:
Licitação é o procedimento administrativo complexo por meio do qual o Poder
Público realiza as contratações para aquisição dos bens e serviços de que necessita. Previsto
no artigo 37 da Constituição Federal Brasileira, foi regulamentado, inicialmente pela Lei
8.666/93 e, posteriormente, pela Lei 10.520/2002 e demais.
Toda contratação pela Administração Pública é iniciada por um documento formal,
que especifica o objeto a ser contratado, para atendimento de suas finalidades. No referido
documento, são indicadas as especificações a respeito do que se pede e por que se pede,
além de outras que permitam entender, de forma objetiva, precisa e clara, a necessidade a
ser atendida.
As informações contidas nesse documento, a depender da modalidade de licitação,
denominado Termo de Referência ou denominado Projeto Básico, serão replicadas ao longo
do processo administrativo, seja nas solicitações de propostas de preços enviadas às
empresas, seja no instrumento convocatório, seja no contrato a ser assinado entre o órgão
público e a empresa que apresentar a proposta mais vantajosa, de modo que é plausível
afirmar que um Termo de Referência (ou Projeto Básico) bem elaborado, pode levar ao
sucesso da contratação.
1) TERMO DE REFERÊNCIA E PROJETO BÁSICO – CONCEITOS E IMPORTÂNCIA
A Lei nº. 8.666/93, que instituiu normas para licitações e contratos da
Administração Pública, traz, no inciso IX do seu art. 6º, o seguinte conceito para Projeto
Básico:
“IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de
precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou
serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos
técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado
tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a
avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução,
devendo conter os seguintes elementos:
(...)” Grifei
O Decreto nº. 5.450/2005, que regulamentou o pregão na forma eletrônica, por sua
vez, estabeleceu o seguinte conceito para o Termo de Referência (§ 2º, artigo 9º):
“O termo de referência é o documento que deverá conter elementos capazes de
propiciar avaliação do custo pela administração diante de orçamento detalhado,
definição dos métodos, estratégia de suprimento, valor estimado em planilhas de
acordo com o preço de mercado, cronograma físico-financeiro, se for o caso,
critério de aceitação do objeto, deveres do contratado e do contratante,
procedimentos de fiscalização e gerenciamento do contrato, prazo de execução e
sanções, de forma clara, concisa e objetiva.” Grifei.
Observa-se, pela leitura dos dispositivos acima, que Projeto Básico foi o termo
utilizado pela Lei Geral de Licitações, enquanto Termo de Referência foi o termo trazido,
inicialmente, pelo Decreto que instituiu a modalidade de licitação denominada Pregão e
posteriormente pelo Decreto que instituiu a modalidade Pregão na sua forma eletrônica –
essa é a diferença entre as expressões.
Corroborando o entendimento, transcrevemos o trecho do texto da ilustre
doutrinadora Madeline Rocha Furtado:
“O Termo de Referência é um instrumento usado na modalidade pregão presencial
e eletrônico, que, nas outras modalidades da Lei nº. 8666/93 (concorrência, tomada
de preço, convite) equivale ao projeto básico i.
De forma objetiva, temos que o planejamento traduz o ato de pensar e fazer planos
de uma maneira estratégica, por meio da análise do ambiente de uma organização, e
mediante diagnóstico de oportunidades e ameaças, pontos fortes e fracos para o
cumprimento da sua missão. E tem por finalidade, dentre outras, reduzir o tempo de
tramitação dos processos, reduzir a quantidade de licitações realizadas, e reduzir a
quantidade e custo dos aditivos celebrados.
Para reforçar o entendimento aqui exposto, colaciona-se trecho do Acórdão nº.
589/2010, da primeira câmara do TCU:
Planeje adequadamente as compras e as contratações de serviços durante o
exercício financeiro, de modo a evitar a prática de fracionamento de despesa,
observando os limites para aplicação das modalidades de licitação previstos no art.
23 da Lei n.º 8.666/93.
2.2) Justificativa
A justificativa contém a motivação do procedimento administrativo. É ela que
demonstra que a licitação (bem como sua dispensa ou inexigibilidade) ocorrerão em razão
do atendimento de uma necessidade.
A justificativa bem fundamentada e registrada nos autos do processo é a segurança
do gestor público. Ela assegura que a assunção do múnus público de realizar uma licitação
ou uma contratação direta atende ao interesse público, finalidade maior da Administração
Pública.
3) CONCLUSÃO
O cumprimento da obrigatoriedade constitucional e legal de realizar licitação para
aquisição de bens e contratação de serviços para atender as demandas da Administração
Pública Direta e Indireta, bem como das demais entidades controladas direta ou
indiretamente pelo Poder Público, começa no momento em que a contratação é
demandada.
A área responsável pelo processamento da licitação, ao receber as solicitações que
lhe são formalmente encaminhadas, dá sequência aos atos inerentes à fase interna,
atuando no sentido de determinar a forma de contratar, mediante licitação, em regra, ou
mediante contratação direta – por dispensa ou inexigibilidade de licitação.
No documento formal que solicita a contratação deverão estar contidas todas as
informações necessárias para que a Comissão de Licitação escolha a proposta que atenda às
necessidades da área demandante, conforme abordado ao longo do texto. Algumas
informações são imprescindíveis, sem elas, os demais documentos produzidos pela
Comissão de Licitação e pela área jurídica poderão incorrer em vícios que afetarão a
execução do contrato.
A definição do objeto, a justificativa da necessidade, a forma de execução do
contrato e o seu acompanhamento, todas essas e as demais informações são de
responsabilidade da área que demanda a contratação. Para a regular e segura instrução do
documento formal que indica a demanda, a área requisitante deve ser respaldada por
agentes das áreas de compras, jurídica e, dependendo da contratação a ser efetivada, de
área técnica especializada.
Nota-se que as informações essenciais ao sucesso da contratação devem estar
previstas no Termo de Referência/Projeto Básico, pois tais informações serão repassadas às
empresas interessadas em participar da licitação, bem como serão replicadas no
Instrumento Convocatório e no contrato que vincula as partes. Assim sendo, nenhuma das
áreas envolvidas na licitação, além da área demandante, pode inovar durante a instrução do
processo, de modo que eventuais vícios na execução contratual originam-se, geralmente, de
condições estabelecidas no Termo de Referência/Projeto Básico.
REFERÊNCIAS
iFURTADO, Madeline Rocha. Gestão de contratos de terceirização. Belo Horizonte: Fórum, 2008,
p 78.
Licitações e contratos : orientações e jurisprudência do TCU / Tribunal de Contas da União – 4.
ii
ed. rev., atual. e ampl. – Brasilia : TCU, Secretaria‑Geral da Presidência : Senado Federal,
Secretaria Especial de Editoração e Publicações, 2010.
iii SANTANA, Jair Eduardo. Coleção 10 anos de Pregão. Curitiba: Negócios Públicos, 2008, p.11.
Edgar Guimarães, Joel Menezes Niebuhr. Registro de Preços: aspectos práticos e jurídicos. Belo
iv
não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.”
ixInciso XXXVII do artigo 5º da Constituição Federal Brasileira - não haverá juízo ou tribunal de
exceção.
xA propósito dessa teoria, hoje corrente na prática administrativa dos povos cultos, o Prof.
Francisco Campos assim se manifesta: 'Quando um ato administrativo se funda em motivos ou
pressupostos de fato, sem a consideração dos quais, da sua existência, da sua procedência, da sua
veracidade ou autenticidade, não seria o mesmo praticado, parece-me de boa razão que, uma vez
verificada a inexistência dos fatos ou a improcedência dos motivos, deva deixar de subsistir o ato
que neles se fundava" (in Direito Administrativo Brasileiro, 17.ª edição, p. 182).
xi Artigos 104 e seguintes do Código Civil Brasileiro.