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Praticum Processo Penal

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Praticum Processo Penal

11.09.2023

Aula dos recursos — obrigatória

Código penal
Código processo penal

Email — ruisilvaleal15@gmail.com

Bibliografia:
Direito processual penal — Germano Marques da Silva
Figueiredo Dias
Professor Paulo Pinto Albuquerque — CCP
Sites dos tribunais de recurso
Publicações de peças processuais, requerimentos simulados e verdadeiros no campus

Avaliação:

2 testes escritos
1° — 30% da nota final — 20 de outubro às 17:30 às 20:30
2° — 45% da nota final — 15 de dezembro das 17:30 às 20:30 — toda a matéria desde
o início.

Assiduidade: Mais de 4x dá reprovação.

Trabalho de grupo: Constituído no mínimo por 4 alunos e no máximo por 6 — vários


temas e cada grupo escolhe um tema.
Escutas telefónicas
Medidas de coação
Prisão preventiva — mais específica
A prisão preventiva e a prisão domiciliária
Declarações para memória futura
Provas proibidas e nulidades
Reconhecimento de pessoas e objetos
Primeiro interrogatório do arguido
Alteração substancial de factos e alteração da qualificação
Prova indireta — Vale no inquérito, vive de indícios, na dúvida, princípio in dúbio pro
reu, absolve-se — opinião do professor, faz-lhe confusão a não absolvição. Há
jurisprudência forte no sentido em que não é preciso uma prova direta — exemplo em
que o António matou a Maria — Pode acontecer que alguém viu o António a sair da
casa da Maria a correr, alguém ouviu uma discussão, alguém foi lá e viu a Maria no
chão.
Revistas e buscas
Exames e perícias
 No trabalho falar na reforma de 2007.

 Depois de escolher o tema, temos de procurar sobre jurisprudência, procurar


decisões do supremo sobre o tema que escolhemos e temos de distribuir os diversos
tribunais por cada elemento. O que escolher o tribunal da relação do Porto, escolhe
mais ou menos 5 acórdãos sobre o tema e comunica ao grupo, tendo de escolher
apenas um.
Cada aluno, dependendo da sua escolha, vai fazer o comentário sobre o acórdão —
“Concordo com ele, não concordo e porquê” — tem de ser MUITO objetivo, ter no
máximo duas páginas. Temos de mencionar o relator, quem escreveu o acórdão.

1ª folha — Título do trabalho, nome dos 6 alunos que compõem o grupo e número
correspondente;
2ª folha — Índice;
3ª folha — Introdução — Em que consta o trabalho, considerações sobre o tema em
geral — uma página, até uma página e meia.

Depois começa então o trabalho.

Acórdão da relação X , da data X, do relator X e quem é o aluno que vai comentar.

Entrega do trabalho — 4 de dezembro, no campus.


Defesa do trabalho — 11 de dezembro — são feitas perguntas para entender o que
cada um fez, saber bem a matéria.

1ª aula dos recursos — 29 de setembro, às 18h — sai para o primeiro teste


2ª aula de recursos — 17 de novembro, às 18h

MATÉRIA:

Processos criminais — alguém que é suspeito de praticar um crime previsto na lei


quando tratamos de um processo criminal, tratamos fundamentalmente de factos.
Estamos a tratar de factos que são alegados, mas também da prova ou não desses
factos. Não basta alegar, tem de ser provado. Seja que processo for, todo ele se trata de
factos, pois é o dia a dia das pessoas.

Dolo — representação e vontade de um facto, eu represento e quero.

O que nós tratamos no processo criminal, é a situação factual, que vamos ao tribunal
tentar entender se se verificou ou não, de que forma e quem teve a responsabilidade.
Quando estou a inquirir uma testemunha, eu pergunto-lhe factos, por exemplo
“Quantas pessoas iam atravessar a rua? Em que local da estrada foi o atropelamento?
De que lado é que vinha o automóvel que a atropelou? A que velocidade viria? Ouviu
travagem? Ouviu pneus a raspar no chão?”
Mentalmente relacionamos a pergunta dos factos com a norma substantiva, a norma
jurídica. Qualquer crime tem um elemento subjetivo (causar a outrem um
desfavorecimento) e um objetivo, mas isso não se pergunta à testemunha. A esta
perguntam-se os factos.

Todos os depoimentos de inquerido têm de ser escritos. O depoimento de uma


testemunha é o inquérito perante a polícia. Contudo, se esse depoimento prestado
anteriormente, for contraditório na hora do julgamento, ou seja, a pessoa diz que não
se lembra ou que nada aconteceu, então o depoimento não vai poder ser utilizado,
uma vez que o 356º não permite.

O CPP tem duas partes — A parte geral e a especial.


Quando estamos num processo e vamos consultar o processo, estamos na parte
especial. Trata sobretudo do inquérito, da instrução, do julgamento e dos recursos.
Quando estamos no inquérito, sabemos em que artigo estamos, tem de ser o 311º ou
o 380º.
Estou a inquirir uma testemunha, que perguntas posso ou não posso fazer? Temos de
ter atenção, teremos de ir à parte geral pedir ajuda, ou seja, do artigo 1º, até ao artigo
241º.

Todos os processos são constituídos por peças processuais, desde o auto de notícia, o
depoimento de diversas pessoas, do arguido, do queixoso, das testemunhas, até ao
despacho final do inquérito, à acusação ou/e arquivamento, pode ser requerido a
abertura da instrução. No fim de cada fase processual, há sempre uma decisão final.

Como se fazem requerimentos? Há determinadas regras que não estão expressamente


na lei, como a formalidade que se deve adotar, o que se deve dizer, por que ordem, o
que se tem de pedir, como se fundamenta a peça processual, etc. Contudo na prática é
possível saber.
18.09.2023

Instrução, Julgamento e recurso  Não há segredo de justiça, qualquer advogado tem


legitimidade para consultar o processo, mesmo que não esteja envolvido, previsto no
estatuto da ordem dos advogados. — artigo 86º, nº3.

O processo é composto por peças processuais, auto de inquirição de testemunhas,


uma acusação do MP ou assistente, um auto de interrogatório de arguido, um auto de
busca domiciliária, um auto de acareação, um ou mais relatórios periciais, um
requerimento de abertura de instrução, uma contestação na fase de julgamento com
role de testemunha, um despacho a anunciar o dia para audiência de julgamento.

 A estas peças processuais chamamos de requerimentos, de forma a abranger


todos, um simples de justificação de falta ou de uma sentença, para entender que
regras básicas devemos ter em conta, sempre que elaboramos uma peça processual. É
idêntico para todos, apenas em alguns casos.
Requerimento — Pedido.

o Requerimentos escritos: Aqueles que todos os dias elaboramos no


computador, por escrito, ou até muitas vezes com caneta, escritos à mão. É
mais raro, mas acontece. São enviados para o processo, para o tribunal, através
da plataforma informática citius. Na fase do inquérito não se pode recorrer ao
citius, entram ou por email dirigido ao tribunal, ou por fax com um prazo de 5
dias para entregar o original em papel, por correio, ou então, entrega em mão.

o Requerimentos orais: Peças processuais que são feitas em plena diligência, ou


num interrogatório de inquérito, ou numa inquirição de testemunhas no
inquérito, ou em julgamento através da junção de documento, ou solicitação de
uma prova qualquer, realizado no momento da audiência, autorizado pelo juiz,
que atribui a palavra. O advogado começa a ditar e é gravado. Antigamente não
se fazia por gravação, então deveria ser ditado com mais calma, para o auxiliar
conseguir escrever tudo.

 Não há nenhuma norma que especifique como devem ser feitos os requerimentos.
Temos um conjunto de normas que leva a que se entenda a forma de obter um
requerimento. Por tal, nos REQUERIMENTOS ORAIS, DITA-SE O REQUERIMENTO NO
GRAVADOR e está feito. De seguida, o juiz cumpre o contraditório, artigo 327º — está
no julgamento. Antes de decidir, o juiz tem de ouvir toda a gente. Se houve
requerimento, o juiz tem de decidir, mas antes da decisão, tem de ouvir o MP e o
assistente, se houver testemunhas idem, tem de ouvir toda a gente, não apenas tendo
por base um requerimento, mas sim toda a gente, depois de cumprir o contraditório. O
pp do contraditório tem a sua plenitude na fase de julgamento.
O CPP é direito constitucional aplicado.

Ordem correta a ser seguida: Acusação pública MP  Acusação do


advogado/assistente  Ouve-se o arguido  O juiz profere despacho a dar razão a
diferir ou indeferir o requerimento.
Decisões dos juízes = despachos ou sentenças — artigo 97º
Despachos: Não conhecem o mérito ou objeto do processo.
Sentenças: Quando se conhece o mérito.

FORMALIDADES NOS REQUERIMENTOS ESCRITOS

 Normalmente quem faz as peças dos processos são os advogados, juízes


(representantes dos órgãos de soberania, tribunais) e procuradores da república
(magistrados do MP).
Requerimento simples de um advogado — Requerimento de justificação de uma falta a
julgamento:
Estamos na fase de julgamento e o arguido faltou ao julgamento. Quando faltou ou foi
regularmente notificado para comparecer e ser ouvido no processo como prova, no dia
8 de setembro de 2023, e decidiu faltar, há que ter muito cuidado, pois têm de
justificar a falta. Se não o fizerem são condenados imediatamente a pagar uma multa
— Falta injustificada são duas UC´s — uma UC (102€) — Artigos 116º e 117º CPP.

Artigo 148º CP REMETE para o 118º, nº1, alínea c)

Pedido de alteração de medida de coação, acrescentar um documento qualquer,


etc. Temos de começar o requerimento por identificar se ele é escrito por advogado
OU se eventualmente, é um despacho de um juiz (porque quando um juízo despacha
até mete logo no citius), mas quando são os advogados, estes têm de ter a certeza que
vai chegar ao processo, porque os processos são mais que muitos e se o processo não
estiver identificado, não se sabe.
Sempre que há um processo, há um dossier em que se mete todas as notificações por
ordem de chegada, onde em cima, identifica o tribunal em causa, dizendo ainda o
número do processo e a referência da carta de notificação, bastando olhar para as
folhas e preencher.
Quem faz a primeira parte numa folha A4 preenche no canto superior esquerdo:
Tribunal Judicial da Comarca do Porto, de seguida, juízo local criminal (tribunais que
funcionam em julgamento com um juiz, tribunal singular. Se for 3 juízes, já é juízo
central criminal).

Exemplo — canto superior esquerdo

Tribunal Judicial de Comarca do Porto


Juízo Local Criminal – J2
Processo (NUIPC) 000001/23OJAABRG (o 23 é o ano do processo, a letra J refere-se à PJ
e a letra A diz respeito à localidade onde está a PJ, as restantes letras dizem respeito à
cidade, que no caso seria Braga. Se fosse Porto, estaria PRT. — Portaria 1223/A/91 de
30 de dezembro — explica como se faz o NUIPC
V/Ref.: 23589
No inquérito dirige-se o requerimento ao Procurador da República. Na instrução dirige-
se ao Excelentíssimo Senhor, Juiz de Instrução Criminal. No Julgamento dirige-se ao
Excelentíssimo Senhor, Juiz de Direito.
Requerente – quem faz o requerimento. Não é o nome do advogado, em cima vai o
nome do cliente e só em baixo é que o advogado assina.
No Supremo, é Excelentíssimo Senhor, Juiz Conselheiro Relator.
Quando nos queremos dirigir à PJ, referimos o Sr. Diretor, Excelentíssimo senhor diretor
da polícia judiciária.

Exemplo:
O requerimento é feito pelo requerente — António Manuel Pereira Mendes da Silva,
Qualidade do requerente no processo — arguido nos autos acima referenciados,
Assistente — Maria Albertina dos Santos Melo,

Mudamos de linha e colocamos: “Vem expor e requerer o seguinte”

A quem é que eu dirijo o requerimento? Eu dirijo o requerimento à entidade que tem


competência para deferir ou indeferir esse mesmo requerimento e a lei diz-nos quem
é. Há atos no inquérito que o MP não tem competência para decidir, apenas o juiz de
instrução criminal. Mesmo estando em inquérito, dirijo o requerimento de medida de
coação ao juiz de instrução criminal, uma vez que é ele que tem competência, mesmo
estando em inquérito.

Artigos 268º e 269º CPP

Quero no final um inquérito deduzir uma acusação — quem tem competência para
receber ou rejeitar a acusação? Não é o MP, é o juiz de julgamento — Artigo 311º CPP.
Vou dirigir a minha acusação ao juiz de direito apesar de ainda estar no inquérito.

Quero arrolar testemunhas ao processo. Quem tem competência para decidir que
provas se devem submeter em inquérito? É o MP.

Termina o inquérito e o MP deduz acusação e sou advogado do arguido. Perante uma


acusação, posso requerer a abertura de instrução, no prazo de 20 dias, pois não
concordei — artigo 287º CPP, nº1. Caso requeira abertura de instrução, explanando os
motivos pelo qual não concorda, dirige o requerimento de instrução a quem? Ao Juiz
de instrução — artigo 287º, nº4 CPP. Apesar de estar em inquérito, dirige-se ao JIC.
Posso ainda não fazer nada e aguardar julgamento, porque a instrução não é
obrigatória. Não sabe o que o arguido vai fazer, enquanto o prazo não decorrer, fica no
MP.
No julgamento, qualquer requerimento que se faça é dirigido ao juiz de direito.

Duas regras:
A quem dirijo o processo? À entidade que tem competência.
Onde o entrego? Onde está o processo.
Fulcro do requerimento: Factos num compartimento e depois o direito noutro
compartimento. Acaba-se os factos vem a fundamentação, dizer o porquê de dar
determinados factos como provados e outros como não.

Justificação de uma falta: ordem lógica e cronológica, para a situação quero justificar
naquele momento, por exemplo, fui notificado para estar presente no dia x, mas estou
doente, com atestado de 5 dias e anexo o atestado.

Temos de pensar sempre em quem vai ler o processo, pensar sempre no outro. Há que
ser lógico, cronológico, simples e sintético, o mais possível claro e objetivo.

Artigos 116º e 117º, nº2 CPP: Quem foi notificado regularmente e não justificar a falta,
no mínimo pagará 204 euros. Artigo 117º nº2: como justifico a falta – porque faltei,
onde posso ser encontrado e quanto tempo vai durar este impedimento. Se faltar uma
das três coisas, a falta será considerada injustificada.
O requerimento tem de ser feito na própria data — se o motivo for imprevisível.
Se for previsível deve ser feito com uma dada antecedência (exemplo: viagem de
trabalho) — artigo 117º, nº2. Quando termina, na esquerda diz “junta”: atestado
médico. Depois identifica-se o Advogado.
Tem em baixo o nome do Advogado, o número de cédula, o endereço de email, o
número telefónico, a morada, etc.

 Não nos referimos nunca à 1ª pessoa, ou seja, não se diz “Pretendo”, “Requeiro”,
será sempre “Requer” ou “Pretende”.

Próxima aula — fazer requerimentos escritos em aula.

25.09.2023
REQUERIMENTOS ORAIS: Requerimentos feitos em plena diligência. Também pode
haver diligência nos recursos.
No inquérito também pode haver diligências. Pode o MP dirigir, presidir à diligência.,
até pode haver inquirição de testemunhas, ou pode ser requerida renovação da prova.
Se o processo não estiver em segredo de justiça, os advogados também podem estar.
Artigos 356º e 357º — Porque é que será que quando o processo não está em segredo
de justiça se pede para alertar o seguinte “Se o MP dirigir, presidir numa inquirição de
testemunhas, faça favor de verificar se ele está presente”  Porque se houver
problema, vão ler o que a testemunha disse ao MP lá atrás, para ter certeza que
corresponde à verdade. — pelo nº3 do 356 — fase da audiência de julgamento. Este
artigo retrata que em julgamento temos um processo que pode ser grande ou pequeno
e que teve pelo menos a fase de inquérito. Pode-se passar de uma acusação na fase de
inquérito para o julgamento, quando se chega ao julgamento sabe-se sempre com toda
a certeza que houve inquérito, uma vez que a instrução é opcional, pode ser passada à
frente.
Normalmente, na fase de inquérito, foram ouvidas testemunhas no inquérito, é a prova
rainha.
Diz quais as declarações que podem ser lidas em julgamento, há declarações que se
podem ler em julgamento, mas há outras que não podem. As declarações prestadas
em inquérito, pela polícia, ou funcionários do tribunal/secretaria (equivalente ao OPC
quando há diligencia de prova), por regra, não podem ser lidas em julgamento — as
declarações feitas no inquérito por testemunhas, partes civis, o assistente, perante a
polícia não podem ser lidas em julgamento.
Não é necessário que haja contradições ou falta de memória da testemunha quando
isto acontece, pois por exemplo, no inquérito diz que é verde e no julgamento vem
dizer que era rosa.
Se houver contradição ou falta de memória, aplica-se o nº3 do artigo 356º, quando na
instrução ou inquérito houve um juiz ou o MP a fazer as perguntas.

 Nos requerimentos orais, seja no inquérito, seja na instrução, no julgamento ou nos


recursos, as regras são idênticas às dos requerimentos escritos, mas há algumas partes
que funcionam de maneira diferente.
Exemplo — O advogado do arguido quer ditar um requerimento, requere que seja lido
o depoimento da testemunha prestado em inquérito, artigo 356º, o advogado diz ao
Doutor Juiz que quer e então, faz o requerimento no momento que entender, sendo
que ninguém o pode impedir.
Pede para esperar um pouco ou faz logo, caso seja urgente. O momento de fazer o
requerimento é o advogado que decide, o juiz não pode impedir o advogado de fazer o
requerimento no momento que este quiser, caso seja impedido, tem o advogado
direito ao protesto.
Ao ditar um requerimento, todos os intervenientes à diligência têm um microfone, para
gravar, pois tudo o que é dito ali, fica gravado do início ao fim. Quando o advogado
quer fazer um requerimento, vai ditar.
Houve tempos em que não era gravado e então tinha de ditar, agora não. Dita-se a
falar normalmente e fica gravado. Depois o auxiliar, com calma, ouve a gravação no
final e transcreve para a ata. Este requerimento vai ficar em ata, há uma ata em que se
descreve tudo o que se passou na diligência, a ata do debate instrutório, são as duas
únicas vezes em que se pode falar de atas.
O auto respeitante ao debate instrutório e à audiência, denomina-se ata — artigo 99º,
nº2 CPP.
Quando entrar no processo, já se sabe qual é o tribunal, qual o juízo e já se sabe qual o
processo. Também não tem que dizer Excelentíssimo senhor juiz de direito, não é
necessário, uma vez que como já está na audiência e no processo, é obvio a quem se
está a dirigir.
Assim, depois de o juiz dar a palavra, o advogado começa imediatamente com a
exposição factual — Exemplo: “A assistente referiu no seu depoimento neste momento
que nunca teve qualquer problema com o atual companheiro e que nunca foi
ameaçada de morte com uma faca, nem os seus filhos, por esse mesmo companheiro.
Referiu ainda que a polícia nunca foi à sua casa, por uma situação dessas, SENDO que
sabemos que a polícia foi lá no dia x, juntando agora o auto — Desta feita, requer
vossa excelência, nos termos do artigo x e y, se digne e admitir a junção do
documento. Nada mais. — Ao fazer a exposição factual, estamos a pensar na norma
jurídica. Começa-se logo com o expõe e requer.

REQUERIMENTO ESCRITO, com o seguinte exemplo:

Julgamento marcado para hoje às 14h. Há um arguido que foi notificado regularmente
para estar presente. No dia de ontem à noite, o arguido telefonou ao advogado e disse
que estava com muita tosse, com muita gripe e muita febre, não podendo ir ao
julgamento amanhã. Vai ter que arranjar um atestado médico e a falta tem de ser
justificada o mais tardar quinta-feira tem de entregar (hoje é segunda) — 3 dias úteis,
Indica que amanhã não irá e justifica a falta.
Hoje, o advogado vai ao julgamento e leva o requerimento todo escrito, para não se
perder tempo e como é escrito, leva todas as informações necessárias, que vimos na
aula passada.

Temos de integrar as normas com os factos — artigos 116º e 117º — o arguido foi
regularmente notificado, portanto se faltar, tem de pagar duas UC´s, ou seja, no
mínimo, paga 204€. O juiz pode aplicar mais.
Para além disso, fica condenado ao disposto na parte final do nº2 do artigo 116º. Para
isto não acontecer e não apanhar isto, tem de requerer que a falta seja considerada
justificada, comunicada com 5 dias de antecedência, sendo PREVISÍVEL. Aqui não seria
assim, uma vez que não foi.
Assim, teria de comunicar, de acordo com o artigo 117º CPP, indicação do respetivo
motivo, o local onde o faltoso se podia encontrar e a duração — artigo 117º, nº2 CPP.
Caso se esqueça de um destes elementos, a falta é considerada não justificada pelo
juiz.
Se for alegada a doença, a prova desta encontra-se no nº3 do artigo 117º CPP,
apresenta atestado médico e caso não consiga no tempo previsto, podem ser
apresentados até ao 3º dia útil seguinte.
Caso se aperceba que o atestado é falso, o médico comete um crime.

Requerimento escrito:
Tribunal judicial da comarca do Porto

Juízo Local Criminal do Porto — Juízo 6

Processo nº 6304/18.0.JAPRT (como está em julgamento, assumimos que não seja do


ano atual)

Exmo. Senhor Juiz de Direito

JOSÉ MATOS DA SILVA, arguido id. nos autos


acima referenciados, em que é assistente MARIA ALBERTINA,

vem expor e requerer o seguinte:

Foi regularmente notificado para comparecer na audiência de


julgamento para o dia de hoje, 25 de setembro de 2023, às 10:30.
O arguido não pode comparecer à dita audiência por se encontrar doente. O arguido
encontra-se em casa, sita em X.
Este impedimento terá a duração previsível de 5 dias.
Todo o supra exposto consta de atestado médico que aqui se anexa.

Pelo exposto,

REQUER

A V. Exa. nos termos do disposto no art.o 117.,o,


n.os 1, 2 e 3, do CPP, se digne considerar justificada a
mencionada falta.

JUNTA :
Atestado Médico.

O advogado,

RUI DA SILVA LEAL


No requerimento oral, começamos a partir de “O arguido José Matos da Silva [...]” e no
fim entrega-se o atestado médico ao juiz.
De seguida, o juiz dá a ler o atestado médico ao MP.
Caso nada haja a apontar, o MP nada tem a opor ao requerimento.

Artigo 97º, nº5 CPP Quem decide tem de dizer a razão de ter decidido assim, a razão
de facto e de direito.

O arguido cumpriu todos os pressupostos constantes do artigo 117º, nº2 do CPP, ou


seja, informou o motivo, o local onde pode ser encontrado e a duração previsível do
impedimento, juntando o atestado médico de onde tudo isso conta. O MP nada opôs
ao requerido. Assim, considera-se justificada, esta falta, nos termos do artigo 116º e
117º CPP.

IMAGINEMOS AGORA UM REQUERIMENTO ORAL — cumprimos o contraditório:

Se estivermos num julgamento e se houver um requerimento de alguém, o juiz tem de


cumprir o princípio do contraditório, tem de ouvir todos antes de decidir , artigo 327º e
cumpre sempre o contraditório pela mesma ordem:
1. MP, acusação pública
2. Advogados do assistente e assistente.
3. Advogados dos arguidos não recorrentes
4. Decisão do juiz.

 Imaginemos que quem faz o requerimento é o advogado do assistente, o juiz vai


cumprir o contraditório. Agora quem vai ser o primeiro a falar? Começa o MP.
 Imaginemos que quem faz agora o requerimento é o MP, quem começa? Os
advogados do assistente e o assistente.

Tudo isto fica gravado e vai ser transcrito pelo funcionário, e é sempre obrigatório
gravar o julgamento artigo 364ºCPP. Tem de ser sempre gravado. Porque é que será
que se grava a audiência? Se alguém recorrer e disser que o A tinha uma arma no
bolso, tem de se poder contradizer com base naquilo que foi dito em julgamento,
assim, ouvindo as gravações sabe-se como é que o juiz deu como provado.
Se quiser impugnar esta decisão e dizer que o juiz está errado e está a ver mal o
problema, uma vez que disse que o arguido tem uma arma na mão, apenas porque o
José disse. Contudo, aquilo que se pretende, é avisar o senhor Juiz, que se esqueceu
que existem mais 3 testemunhas que estavam presentes e afirmam que o José está a
mentir e apenas diz isto, para colocar o amante na cadeia.
Como é que num recurso se impugna, do ponto de vista da matéria de facto? Houve
tempos longos em que não se gravava o julgamento, logo quando se dava como
provado algo, ficava e pronto, não era possível demonstrar o que as pessoas disseram.
Hoje, temos a agravação, que veio permitir o recurso da matéria de facto, de forma a
dar como provada ou não provada, podendo ainda transcrever as partes convenientes.
EXEMPLO:
Estamos em julgamento por um crime de violência doméstica e eu sou advogada do
arguido. O arguido e a assistente estão separados há alguns anos.
O arguido prestou declarações, está acusado de insistentemente ter abordado a ex-
mulher e a ter insultado de filha da puta, de cabra, outras inúmeras ofensas e
perguntando como é que é possível estar com outro homem — Um caso que foi
identificado como violência doméstica.
Ele afirma que realmente fez isso, mas fez porque esse homem que vive com a mulher
e com os filhos menores, um deles autista, ameaçou de morte a ex mulher (assistente
no processo), dizendo que a matava com uma faca e a seguir ameaçou matar os filhos.
Conta ainda que, em pânico, a mulher, quando o companheiro saiu de casa, telefonou-
lhe a pedir ajuda porque tinha acontecido aquilo, para ele ir buscar os filhos, que
estavam já à porta cá em baixo.
Diz ele “Eu fui e trouxe-os para casa. No momento de tensão disse-lhe isso, mas nunca
por motivos de ciúmes, mas sim por preocupação em relação a eles.”

De seguida, ouve-se a ex-mulher, a assistente — Refere estar cheia de medo. A juiz


pergunta a eventual razão e ela responde achar que são ciúmes.

A assistente nega todos os factos ditos pelo arguido.

Passa a instância para o advogado, sendo que a lei permite apenas fazer questões à
assistente, por intermédio do juiz.
Diz o advogado ao juiz — “Quero juntar o auto de notícias (7 de janeiro de 2015) da
PSP, em que se diz que ela chamou a polícia, que quando chegaram ela estava em
pânico, e já se encontrava sozinha, sendo que só queria sair de lá o mais rapidamente
possível, por medo dela e dos filhos.
Este auto não foi junto ao processo.
Em que parte do CPP, está o julgamento? Encontra-se no intervalo do 311º ao artigo
350º. Qual a norma que permite juntar a produção de meio de prova? Artigo 340º, nº1
CPP. Demonstra que a atuação do arguido foi em defesa dos filhos e nada que ver com
ciúmes, relativamente à assistente.
Vai requerer isto, olhando SEMPRE para o artigo 340º, nº1 e na parte geral, no artigo
360º, nº1 CPP.

Parte especial do código: 311º-380º. Há uma norma que permite pedir ao tribunal que
não consta do processo, que é o artigo 340º, nº1 CPP.
Este auto de notícia é necessário para a descoberta da verdade, porque revela o
motivo do ex-marido estar no meio, ou seja, porque ela lhe ligou, por ter sido
ameaçada, mais os filhos, pelo companheiro.

Digo ao juiz que quero juntar o auto de notícia porque é essencial, mas tenho de
pensar que para o juiz pode não ser. Imaginemos que requeri, mas o MP diz que não é
necessário, tem logo o apoio do advogado e o juiz acaba por indeferir.
 Arguido que pediu a junção ao auto pode pedir, se não for aceite pelo tribunal é
legitimo, artigo 400º, nº1, alínea b).
Se o juiz indeferir como é que se pode fazer para juntar, visto que não se pode
requerer? Tem de se arguir a nulidade, se demonstrar que o auto de notícia é
necessário e essencial para a descoberta da verdade (artigo 120º, nº2, alínea d).
O auto de notícia faz fé e juízo, artigo 99º, nº5 CPP que remete para o 169º.

 Pensar no que pode acontecer a seguir e para isso tem de estar pronto, sendo
essencial o auto de notícia, para a produção de prova e descoberta da verdade.

Venho requer  Artigo 120º, nº3, a): Tenho de arguir nulidade antes que não esteja
terminado, “quero que vossa excelência se digne a declarar”. Saber se há uma nulidade
ou não há uma nulidade não depende da resolução do tribunal.

Artigo 410º, nº3  Nulidade que ainda não está sanável. Se ainda não invocou a
nulidade no julgamento, ela já está sanável, já não sendo possível recorrer.

RESUMO:
O advogado do arguido requer que se junte o auto de notícia.
O juiz cumpre o contraditório.
O juiz indefere.
O advogado volta a pedir a palavra para o requerimento.
O advogado não pode recorrer, artigo 401º, b).
Não consegue arguir nulidade e diz ser necessário essencial à descoberta da verdade.
Requer a declaração de nulidade.
O juiz em princípio indefere o requerimento de nulidade.
Aqui pode o advogado recorrer, artigo 410º.

 Todos os recursos são de 30 dias — artigo 411º CPP.


29.09.2023 — AULA DE RECURSOS

Arguido
Ofendido — queixoso, assistente
Partes civis— pessoas que tiveram dano com a prática do crime, tendo direito a ser
indemnizadas do prejuízo.

Temos no processo penal o arguido, que tem direitos fundamentais, como o princípio
da presunção de inocência, princípio pro reu, princípios que protegem o direito do
arguido, ninguém pode ser presumivelmente culpado, ninguém está obrigado a
confessar um crime. Basta colocarmo-nos no lugar do arguido para entender logo.
Obviamente que o ofendido também tem direito, mas não são tão assertivos quanto
estes. Não pode sofrer de vitimização secundária.
Em termos de recursos, temos um artigo fundamental na CRP, que é o artigo 32º, que
fala dos direitos de defesa do arguido, logo no nº1 que o processo criminal assegura
todas as garantias de defesa, sendo que em 1997, acrescentou-se uma parte final
“incluindo o recurso”.
Através do direito processual penal, nós aplicamos os princípios e DLGs previstos na
CRP.
Quando se fala em defesa de direito, fala-se em arguido e quando este for condenado
tem direito a recorrer pelo menos uma vez a sentença, uma instância de recurso.

As instâncias de recurso regulares de DPP são:

 No tribunal da relação — Temos 5 tribunais da relação, Guimarães, porto, Coimbra,


lisboa e Évora.

 No STJ — É só um e funciona em Lisboa, na praça do comércio.

 Tribunal Constitucional — alega-se a violação de DLG, artigos iniciais do CPP.

Há uma lei de recursos que diz que em qualquer CRP no final tem a lei que regula os
recursos para o TC.

PARTES DO CÓDIGO:

Parte especial do Código — Inquérito, instrução, julgamento e recursos. Com base no


artigo 399º CPP, pode-se recorrer de todos os acórdãos, sentenças e despachos cuja
irrevogabilidade não esteja prevista na lei, desde que a lei não diga que não se pode.
Estamos a falar de juízes, porque do MP nunca se pode recorrer.
Artigo 97º CPP — Fala destas decisões. No nº1 fala de sentenças, fala de despachos e
fala de acórdãos.
Diz-se que se analisa todos os factos que foram apreciados no julgamento, através das
provas proferidas no julgamento com as testemunhas e entende-se que se deve
condenar o arguido com base na pena x, sentença por UM juiz.
Sentença — Conhecem o objeto do processo.
Três juízes + 4 jurados — Tribunal de júri, artigo 13º CPP
Temos ainda os despachos dos juízes, que não se chamam sentenças, por não
conhecerem do objeto do processo. São produzidos a meio do processo.
Também pode, o despacho pôr fim ao processo, mas não conhece o objeto do
processo.

Despacho do MP — Quando o MP no inquérito toma qualquer decisão, fá-lo através de


despacho, artigo 97º, nº3, mas aqui não há recurso. Apenas é possível se for uma
decisão do juiz. Se for uma decisão do MP, o que se pode fazer é reclamar para o
superior hierárquico daquele magistrado (caso de arquivamento). Se decide alguma
coisa a atos da competência do juiz, podemos ir lá e dizer que este não tem
competência para, mas isso será considerado um requerimento e não um recurso. Há
atos de inquérito que apenas são da competência do JIC.

Apenas podemos recorrer nestes artigos — aplicam-se a decisões dos juízes e nunca
do MP — 399º a 436º

A parte geral, em caso de dúvida, normalmente dá a solução. Quando se fala no 399º,


não nos diz o que é cada coisa e cá está a parte geral para nos ajudar, no artigo 97º.
Destas decisões, diz-nos o nº5, tem que se explicar porque é que se decidiu desta
maneira, fundamentando de facto e de direito, porque é que há um facto que o juiz
deu como provado e um facto que o juiz dá como não provado — Integrar os factos no
direito, na norma jurídica.

Artigo 374º CPP — a sentença tem 3 partes:

1. Relatório — Faz-se um relato simples e sintético dos dados do arguido,


identificação sumária do assistente e das partes civis, os crimes imputados ao
arguido, as conclusões que se diz na contestação apresentada pelo arguido.

2. Fundamentação — Vamos recorrer de uma decisão da qual não concordamos,


esta decisão além do relatório, vai ter a fundamentação, a parte mais
importante da sentença, para que toda a gente perceba, não apenas os
intervenientes do processo, mas sim qualquer cidadão que a leia.
O juiz vai enumerar os factos que considerou provados no fim do julgamento,
ouvir as testemunhas de defesa, da acusação, das partes civis, dos peritos, fez
análise de documentos, fez a reconstituição dois factos, fez buscas,
basicamente vai ver tudo e analisar. Depois de analisar vai dizer que considera
como provados determinados factos e enumera-os, por ordem lógica e
cronológica. Acaba por enunciar os factos provados, deixa uma linha e começa
a enunciar os factos dados como não provados. Ainda na fundamentação, tem
de explicar, razão de ter considerado os factos provados e os factos não
provados.

3. Dispositivo — Diz-se se a sentença é absolutória ou condenatória e se for


condenatória, qual é a pena que se aplica.
Artigo 401º CPP — Interesse em agir, quem é que pode reagir?

1. Legitimidade subjetiva — Nós conseguimos saber antes da decisão ter sido


proferida, quem é que pode e não pode proferir. Em qualquer processo,
sabemos quem tem legitimidade para recorrer e quem não tem. O MP pode
sempre recorrer, em qualquer situação, mesmo que seja a favor do arguido. O
arguido, o assistente, as partes civis só podem recorrer das que forem
desfavoráveis. Conhecemos ainda antes de haver decisão.

2. Legitimidade objetiva — Retrata o interesse em agir, quem não tem interesse


em agir não pode propor. Há instruções aos procuradores no sentido de que os
senhores procuradores no fim das alegações não podem pedir nem a
condenação, nem a absolvição, apenas a justiça. Atualmente, nos tribunais de
1ª instância, não vem em regra, pedidos de absolvição por parte destes.
Se o MP pediu a absolvição e foi concedida, então não pode pedir recurso. O
arguido é condenado, muitas vezes não vemos o recurso do assistente na
medida da pena. A medida da pena é o Estado, o juiz, o assistente não tem de
se meter — o nosso prof discorda. Foi condenado por uma pena, o Estado
decide. Quando é pena efetiva, já não é permitido recorrer da medida da pena.
Se for suspensa pode-se.

399-426º — parte geral dos recursos — encontramos a resposta para muitas


questões que se coloca para a relação e para o supremo.

Para onde se recorre?

Recursos para a relação, artigos 427º a 431º — Se a lei não permitir que se
recorra para o Supremo. Primeiro vamos ao primeiro artigo, ao 432º, chegamos
lá e vimos quando se recorre, o nº1, alínea a), alínea b), alínea c) e alínea d),
nestes casos recorremos para o STJ. Se couber neste artigo é para o Supremo,
se não couber numa destas alíneas, então segue para a relação — diz-nos o
427º CPP.

Recursos para o Supremo, artigos 432º a 436º. — 432º, chegamos lá e vimos


quando se recorre, o nº1, alínea a), alínea b), alínea c) e alínea d), nestes casos
recorremos para o STJ.

NO TESTE PODE SAIR — A situação é recorrível? É. Qual é o tribunal que tem


competência para julgar isto? Vamos de imediato ao 432º e se não couber em
nenhuma das alíneas do supremo, é para a relação. Recorre-se diretamente da
instância para o supremo, quando o artigo 432º CPP, alínea c) mandar.

Ao haver vários arguidos, uns querem recorrer da matéria de direito e outros


querem apenas da matéria de facto — Se víssemos um a um, era matéria direta
para o supremo, mas como temos vários a querer coisas distintas e se já temos
um recurso para a relação, logo não podemos passar essa fase à frente e saltar
de imediato para o supremo.
PRAZOS DE RECURSO

No Processo penal, no caso do recurso ordinário, a regra é sempre de 30 dias —


411º, nº1, alínea b). O prazo de resposta ao recurso é sempre de 30 dias, artigo
413º CPP.

O artigo 411º, nº1 fala de 30 dias no corpo do nº1, depois tem 3 alíneas, que
refere quando é que o prazo começa a recorrer. Por exemplo, o juiz leu hoje a
sentença, quando é que começa a correr o prazo? Quando dá entrada na
secretaria. Na plataforma informática citius está a data do depósito da
sentença, se estiver lá a notificação, é porque está realmente. A partir da
notificação da decisão do despacho. O tribunal enviou o despacho da decisão.
Envia-se notificação em 29 de setembro de 2023 — Tem 3 dias seguidos de
correio — 1 de outubro — se for dia útil considera-se notificado dia 1. Se a data
de notificação for quarta — sábado— é dia útil? Não, passa para domingo.
Domingo é dia útil? Não, então passa para segunda — artigo 313º CPP — não
sai no teste.

Se o processo for declarado expressamente por escrito que é de excecional


complexidade (processo Sócrates), então a partir da lei 94/2021, passou-se a
dizer que nestes casos, todos os prazos previstos no artigo 107º, nº6 CPP,
incluindo este prazo do 411º e 413º, são acrescidos de 30 dias, quando
decididos na primeira instância. Tem 60 dias para recorrer. Se a complexidade
do processo justificar que mais 30 dias ainda é pouco, é possível requerer ao
juiz para dar mais prazo, mais dias ou meses, aquele tempo que se entende ser
necessário.
Se realmente está contemplado no processo, declara-se que os presentes autos
são de excecional complexidade, artigo 215º, nº4 CPP.
Por outro lado, os recorrentes, sejam eles arguidos, sejam eles partes civis ou
assistentes, no requerimento de interposição de recurso, artigo 411º CPP,
podem requerer audiência pública nos recursos.

Não pode haver audiência do crime, sem os advogados do arguido. O MP nunca


requere. A maior parte nunca requere. O nosso Professor requer sempre.
Nas alegações orais, não pode sair do tema das alegações escritas, dá-se outra
explicação que não se conseguiu dar tão bem por escrito. Nas alegações, caso
se esqueça de ter escrito algo nas alegações e queria dar relevo ao facto, vai à
audiência pública e diz aquilo que é necessário, artigo 118º, nº2 e 119º e 123º
(3 dias) CPP. Invocando a irregularidade, fica sem efeito o acórdão e tem que
convocar a audiência pública.
O recorrido que não recorreu e limitou-se a responder nos termos do artigo
413º, não pode recorrer a audiência pública porque não está no artigo 413º,
mas o prof entende que pelo princípio da igualdade deveria poder, no caso do
arguido. Estão a retirar-lhe garantias de defesa e a CRP pretende garantir
precisamente isto.
02.10.2023

Saber se o crime é público, semipúblico ou particular.

O MP promove o processo sendo público. Sendo semi-público ou particular, já não é


assim. Se for particular, é necessária uma acusação particular, artigo 50º CPP.
Como saber se um requerimento é público, semipúblico ou particular?
Depende do tipo de crime, se o crime é público, semipúblico ou particular.
A regra é que o MP tem conhecimento do crime e pode dar início ao processo (crimes
públicos), com as restrições dos artigos 49ºCPP. Sendo semipúblico ou particular já não
é assim.
Do crime semipúblico só é necessário queixa. Se alguém do MP vê A a bater no B,
necessita na mesma de queixa, visto que é um crime semipúblico.
Nos crimes particulares (artigo 50ºCP), depende de queixa para se iniciar o processo.
mas é ainda necessário a constituição de assistente por parte do ofendido

Processo de crimes particulares:


 Apresentar queixa, dar início ao processo;
 Depois de aberto o processo – constituição de assistente;
 Dedução da acusação particular. Se esta não existir, o MP deixa de ter
legitimidade e tem que arquivar o processo.
Sem isto, o MP não tem legitimidade para promover o processo penal nos
termos do artigo 48º e 50º CPP.

 O Carlos viu o António a insultar a Beatriz, a chamar-lhe cabra, mas para dar início
ao processo criminal, precisa que a maria apresente a queixa criminal, mas logo a
seguir, verifica-se que o crime particular depende da constituição de assistente e o MP
tem de avisar a queixosa. Para que o processo continue ela tem de se constituir
assistente em 10 dias e demonstrar no processo que o fez, que venha requerer ao
processo a sua constituição como assistente e que pague uma taxa de justiça e depois a
entidade com competência vai decidir se esta pode intervir no processo ou não. Ainda
vai precisar, posteriormente, que o assistente deduza uma acusação antes do MP e se o
assistente não o fizer, o MP não pode fazer nada — crime particular de injúria.

Exemplo: Automóvel parado. No crime público, o MP entra no carro sozinho sem dizer
nada a ninguém, põe o carro a trabalhar sozinho, o MP tem conhecimento do crime e,
só por si, manda abrir o processo criminal. Só necessita de dar ignição. Nos crimes
semipúblicos (artigo 49.o CPP), o MP entra no carro, mete a chave na ignição, dá à
chave, mas o carro não trabalha, precisa que venha o titular do direito (ofendido) dar
um empurrão no carro – queixa – e o MP vai até ao fim do processo sem precisar de
mais nada ou então, o carro para quando o ofendido quer desistir do processo. O
processo só existe enquanto o ofendido quiser. Por fim, nos crimes particulares, o MP
tenta entrar no carro e pôr a trabalhar, não consegue e precisa que o ofendido dê um
empurrão, o carro anda, o carro perde velocidade e precisa de mais um outro
empurrão, voltando a andar com a constituição de assistente, que pode ser em
simultâneo com a queixa ou passado pouco tempo. De seguida, o carro anda bastante
tempo sozinho e depois perde velocidade (no final do inquérito, quando as
investigações estão prontas). Falta o 3.o empurrão – falta que o queixoso volte com a
sua acusação e o MP acusa em 2.o lugar. O assistente decide se acusa ou não, se não
acusar o MP não pode fazer nada.

 Questão de legitimidade do MP para promover o processo, de forma a que saiba se


pode dar início, e posteriormente tratar de dados, para que o processo corra.

Artigo 180º CP — crime de difamação  É um crime particular, de acordo com o artigo


188º, remete. Temos de ter em atenção os artigos seguintes do capítulo e verificar
aquilo que dizem. Não depende de queixa simplesmente, mas sim de acusação
particular.

No artigo 188ºCP: Na alínea b) até ao ponto e virgula também se aplica à alínea a).

Imaginar que um advogado está a fazer um julgamento e há alguém que chega ao pé


do advogado o insulta.
 Difamação: insulto feito a alguém perante um terceiro.
 Injúria: insulto perante o ofendido.

Quando há um triângulo, estamos perante uma difamação — A Benedita disse ao


Carlos, que a Albertina era uma cabra.

Crime de injúria — Há uma relação direta, pessoal — a Benedita chama cabra à
Albertina.

O CRIME NÃO É PARTICULAR QUANDO: TEMOS DE VER SE CONSEGUIMOS ENXAICAR a


situação que estamos perante no artigo 187º e 184º — o advogado é algum organismo,
pessoa coletiva? Não, então elimina-se o artigo 187º CP. À partida, o crime de injúria
estaria previsto como um crime particular, contudo, este vem a caber na exceção do
artigo 184º CP. Não se aplica a exceção do artigo 187ºCP; Quanto à exceção do artigo
184º, o advogado estava no exercício das suas funções, insere-se na alínea l) do artigo
132º. Seria um crime particular, mas como se insere na exceção, é então um crime
semipúblico (artigo 188ºCP).

Artigo 205º, nº4 CP — Tem aqui uma norma, o artigo 206º CP, de forma em que a
extinção da responsabilidade criminal pode ser acordada. Caso não se verifique o 206º,
o artigo 205º, nº4, alínea a), alínea b) e nº5, são crimes públicos.
O legislador só́ diz que depende de queixa o que está no nº 1, o que está para a frente
não depende de queixa, porque é de valor elevado ou consideravelmente elevado (art.
202.o/a e b CP), pelo que é crime público.

Noções de valores no artigo 202º CP.

a) Valor elevado, que seja superior a 50 unidades de conta — 5100€

b) Valor consideravelmente elevado — aquele que exceder 200 unidades —


20.300€
c) Valor diminuto — não excede uma unidade de conta — 102€

Artigo 164º CP — Se houver violação de pessoa que não seja menor, é semipúblico,
depende de queixa  Remete para o artigo 178º
Violação de menor — natureza do crime: Pública.

Crime de violência doméstica — Deveria ser público na maior parte das vezes. Cada
caso é um caso. O crime de violência doméstica acontece com uma frequência que
ninguém imagina. O crime sendo público, significa que terceiros (por exemplo, vizinho),
podem intervir e chamar a polícia, poderá proteger a vítima.

Exemplo: O António vai ao supermercado, hoje está aberto, mete no carrinho um saco
de arroz, pão e farinha e depois olha para uma cerveja e mete-a no bolso. Fecha o
casaco, vai para a caixa, paga o que leva no carrinho, e não paga a cerveja. O segurança
apanha-o e aborda-o — CRIME DE FURTO — Se no teste sair o crime de furto que é de
valor diminuto, temos do artigo 203º CP e no artigo 207.o/2 CP – acusação particular;
crime particular. REMETER DO 203º PARA O 207º, passa a crime particular. Sendo
particular, acresce e implica inúmeras despesas para o ofendido.

Lei 20/2013 — Ministra Teixeira da Cruz.

 Sempre que se fala em queixa, nos semipúblicos e particulares, isso significa que o
ofendido tem um prazo para apresentar a queixa, quer nos semipúblicos, quer nos
particulares.
A queixa tem de ser apresentada num prazo que está previsto no artigo 115º CP.
Sempre que se fala em queixa nos crimes semipúblicos e nos crimes particulares isso
significa que a pessoa vítima do crime tem um prazo para apresentar a queixa.
No crime particular a acusação só pode ser deduzida se houver indícios da prática do
crime. Qualquer das maneiras em ambos os crimes falamos de queixa e que de ser
apresentada no prazo do artigo 115º CP. É um prazo de caducidade, não se suspendem,
nem se interrompem, como por exemplo ocorre no prazo de prescrição.

O prazo é de 6 meses, isto é o prazo de caducidade, não é um prazo de prescrição,


enquanto na prescrição há suspensões e interrupções do prazo, na caducidade isso não
acontece. O prazo de prescrição suspende-se nos termos do artigo 120ºCP, por outro
lado, a partir do momento em que há constituição de arguido. Os prazos não são
curtos, pois têm interrupções e suspensões.

 Interrupção: Interrompe-se volta o prazo ao 0, começa a correr outra vez;


 Suspensão: na suspensão não é assim, retoma no prazo em que tinha sido
suspenso.

 Os prazos de caducidade não se suspendem nem interrompem.

 Também é possível a desistência da queixa. O MP a partir do momento em que tem


a queixa, vai seguir com ela. Contudo, até determinada altura, o queixoso pode desistir
da queixa, mais concretamente até à publicação da sentença em, 1ª instância — artigo
116º CP — Não é até à publicação do acórdão em recurso, a partir do momento em
que é lida a sentença da primeira instância, é impossível desistir da queixa.
Caso consiga desistir da queixa, depois de o fazer, não pode haver renovação dessa
queixa, não pode voltar atrás.
Antes de se proceder à desistência da queixa, é necessário perguntar ao arguido se
este não se opõe. Caso o arguido se oponha, então já não pode o queixoso desistir da
queixa, artigo 51º.
Até à publicação da sentença em primeira instância: quando se considera publicada? O
prof. diz que deve ser até ao fim da leitura, mas a medida que o juiz vai lendo a
sentença vai-se conhecendo os factos e perceber se vai haver acusação ou absolvição.
Então entende-se que a até à publicação da sentença em primeira instância é até ao
início da leitura (116º, nº2, parte final CP).
Em relação à desistência, se forem vários arguidos, pela prática do mesmo crime, a
desistência da queixa em relação a um dos arguidos, aproveita a todos os outros, artigo
116º, nº3 CP. Por outro lado, o queixoso não tem de dizer a razão de querer desistir,
basta apenas dizer que o quer fazer.

Requerimento de desistência de queixa:

Tribunal Judicial da Comarca do Porto


Instância Local Criminal do Porto – J1
Processo nº 276/09.079.PRT

Exm.o Senhor Juiz de Direito,

António José Correia da Silva,


queixoso/assistente nos autos
referenciados, vem expor e requerer o
seguinte:

- Pretende desistir da queixa que originou


os presentes autos.

Não havendo oposição do arguido,

REQUER

V. Ex.a nos termos do disposto nos artigos 116º,


nº2 e 143º, n.º 1 e 2 do CP e dos artigos 49º e 51º CPP se
digne homologar a presente desistência, desde que não
haja oposição do arguido.

A advogada, x.
OUTRO CASO QUE O PROF DEU:

DIAP
1ºsecção
Tribunal Judicial da Comarca do Porto
Instância Local Criminal do Porto – J1
Processo nº 276/09.079.PRT

Exº. Procurador da República,

Maria da Conceição Oliveira Correia, queixosa no processo acima


mencionado, em que é arguido Manuel Augusto, vem expor e
requerer o seguinte:

Ao arguido está imputado o crime de ofensa à integridade física


simples 143ºCP, o crime é semipúblico, a queixosa pretende
desistir da queixa que originou os presentes autos.

Requer a V. Exª.

Nos termos do disposto dos artigos acima citados e nos temos do


artigo 116º CP e ainda no artigo 51º CPP, se digne homologar a
presente desistência, desde que não haja oposição do arguido.

A advogada, Albertina.

Nos crimes particulares, para além da queixa ainda temos a constituição de assistente,
que tem de ser requerida, nós aqui estamos no artigo 68º do CPP. Se no crime
particular, o queixoso não se constituir assistente, o MP tem de arquivar o processo.
Se o MP continuar o processo, mesmo NÃO havendo assistente, constitui uma
ilegitimidade e estaremos perante vícios, como é o caso da nulidade e
Artigo 48º CPP.
Artigo 50º CPP — apresentação de queixa.

COMO ANALISAR DA FORMA CORRETA?

OU a norma prevê a nulidade OU teremos de verificar noutros artigos.


Portanto, os artigos 48º, 49º e 50º, não referem no texto da norma a expressão “sob
pena de nulidade”, logo quando a lei nada diz, trata-se aqui de uma IRREGULARIDADE
E NÃO DE UMA NULIDADE.
Contudo, NÃO SE PODE DIZER DE IMEDIATO QUE É UMA IRREGULARIDADE, PODE
ESTAR PREVISTA NOS ARTIGOS 119º E 120º, temos de ir sempre verificar. A nulidade
insanável não aparece expressamente referida nas alíneas do 119º. O artigo 321º, nº1
CPP prevê uma nulidade insanável.
A promoção de processo pelo MP, fora dos casos do artigo 48º, que vício é? Vamos ao
artigo 119º e ver se encaixa lá — Assim sendo, podemos verificar que consta da alínea
b), uma vez que refere o artigo 48º. O 48º fala das restrições. O artigo 50º diz que o MP
não tem competência caso haja desistência de queixa. O MP não pode continuar com o
processo, abriu processo porque realmente HOUVE uma queixa, mas caso este desista
da queixa, NÃO PODE O MP, continuar com esta. Não tem competência.

Artigo 118º, nº2 e nº3 CPP — A lei diz que são proibições de prova, estas disposições
não são prejudicadas pelas regras de nulidade. A proibição de prova não tem que ver
com as nulidades. Proibição de prova é proibição de prova ≠ de vícios.

CRIMES SEMIPÚBLICOS E PARTICULARES — Dependem de queixa para que o MP possa


começar com o processo. Nestes crimes, há que ter em atenção que normalmente que
estes crimes, tal como qualquer crime, podem dar origem ao direito de ressarcimento
patrimonial. O crime de ofensa à integridade física simples pode criar danos
patrimoniais e não patrimoniais (os morais) que têm de ser ressarcidos.
Exemplo — O cheque sem provisão é alguém que paga um automóvel com um cheque,
o stand mete esse cheque no banco e este vem para trás, por não ter cobertura.
Para além do crime em si, o stand ainda tem direito a ser indemnizado, quanto à
quantia e aos juros respetivos até à data do pagamento.
Do processo penal, pode-se deduzir o pedido de indemnização civil e funciona o
princípio da adesão, em regra o pique de indemnização civil, passa por intentar uma
ação, pedindo o pagamento de determinada quantia que provem da prática do crime
— os danos têm de se causados pela prática do crime — artigos 71 e 72º.

Se o queixoso previamente, em primeiro lugar, intentar a ação cível a pedir o


pagamento dos danos resultantes do crime, isto significa que renunciou ao direito de
queixa e a seguir já não pode prestar queixa — artigo 72º, nº2 — A prévia dedução do
pedido vale como renuncia a este direito. Tenho de apresentar queixa e só depois de
apresentar queixa, é que posso apresentar a ação cível. Para alem da desistência da
queixa, o nº1 ainda refere a renuncia expressa ou tácita.

 Renúncia: Aqui renuncia-se a um direito de queixa, que ainda não foi exercido.
 Desistência: A desistência é depois de apresentada a queixa.
09.10.2023

Requerimento de constituição de assistente

Procuradoria da República da Comarca do Porto

DIAP — 3ª secção

Processo nº3495/17.0T9PRT

Inquérito

Exm.º senhor juiz de instrução criminal

Marta Ferreira da Silva, ofendida nos autos acima referenciados, em que é arguido José
Antunes Pereira, vem expor e requerer o seguinte:

Pretende constituir-se assistente no presente processo.

Por ter legitimidade, estando em tempo, representado por advogado e tendo


autoliquidado a respetiva taxa de justiça.

Requer

A v. exa, nos termos do disposto dos artigos 68º, nº1, alínea a), nº3 alínea b), 70º, 519º,
nº1, do CPP e artigo 8º, nº1 do regulamento das custas processuais, se digne admiti-lo
a intervir nos autos na qualidade de assistente.

Junta: Procuração forense, DUC e comprovativo da autoliquidação.

O advogado,

Rui Silva Leal

Onde entrega este requerimento se estiver na fase de inquérito? Na secretaria onde


estiver o processo. Aqui seria no juízo de instrução criminal. Dirijo o requerimento a
aquém tem competência para conhecer dele e entrego o processo na secretaria onde
estiver o processo.
Quando quero recorrer de uma sentença e estamos em primeira instância, quero
recorrer do acórdão, o recurso vai ser entregue onde está o processo.

CADERNO I — corrigir na primeira frase, uma vez que hoje já não se diz Exmo.
procurador-adjunto, mas sim, procurador da República. O agente da PSP foi ao local
onde dizem que houve um crime, vai ao local, recolhe tudo o que são provas e com a
sua experiência sabe o que interessa. Enão interessa, então vai escrever isto tudo no
auto de notícias, um escrito em que se dá notícia de alguma coisa, informasse o MP
(quem dirige o inquérito), do que viu no local — parte especial do CPP, artigo 243º.
O agente da psp refere o dia, as horas e em que local aconteceu isto, diz que foi
chamado lá porque duas pessoas estavam detidas, ao chegar ao local encontrou duas
pessoas a dizer que tinham detido outros dois indivíduos. Recolhe o nome das
testemunhas.
As 4 testemunhas contaram tudo o que. Viram, disseram que o AF tinha uma pistola e
que pegou nela, como viu a arma e a apreendeu, o agente diz o tipo de arma que
estava no local.
O polícia diz que no local, estava uma grande mancha de sangue humano, os indícios
assim o apontavam, uma vez que houve um disparo contra uma pessoa. Diz ainda que
estava lá o invólucro e o calibre da respetiva arma.
O polícia também vai ouvir os detidos, não apenas as testemunhas.
Quanto à vítima, que ele deveria ouvir, disseram que foi levada par ao hospital, dizendo
que estava a ser operada naquele momento.
Crime contra a vida, crime grave, constitui-os como arguidos, estão nas celas e está a
informar disto, o MP.
Artigo 243º CPP — O agente da polícia deve informar o MP de tudo aquilo que entenda
ser importante, para que o MP possa abrir o inquérito e possa perceber o que é que
aconteceu ali naquele local, sendo i portante o trabalho da polícia no momento dos
factos, recolhe a provas fundamentais que vêm a provar a prática dos crimes em causa.

Crimes em causa:

Crimes de injúria — artigo 181º — crime particular

Crime de tentativa de homicídio — artigo 131º e 23º CP.


Começa com este auto de notícia que vai fazer com que a polícia mantenha a
detenção, leva os dois detidos para a esquadra para os apresentar a seguir ao MP. Em
relação à detenção, estamos nos artigos 254º ao artigo 261º.

Aqui não haveria crime de ameaça, pois é um mal futuro e aqui é um mal presente,
pois ele dispara, no momento em que o diz.

A detenção é uma medida cautelar, pois se a pessoa ficar em liberdade pode acontecer
algo grave.

Artigo 254º CPP — o detido vai ter de ser sempre presente a um juiz.

Detenção em flagrante delito, 255º

Se o procedimento criminal depender de queixa, artigo 255º, a detenção só se


mantém se o titular do direito de queixa o quiser.

No crime particular não pode haver detenção em flagrante delito, apenas


identificação do infrator. Podem deter entidades policiais, ou então se as entidades
não estiverem presentes qualquer pessoa, ou seja, aqui os arguidos podiam ser
detidos pelos populares. Contudo, não podem os particulares fazer a identificação do
infrator, apenas as autoridades, os opcs podem. Num crime de injúria, como é um
crime particular, ocorre desta forma.

A detenção tem um prazo máximo de 48 horas, não pode ir além disso. Só pode ter
lugar com objetivo e finalidades previstas na lei, não havendo outras, artigo 254º CPP.
Tem a finalidade para no prazo máximo de 48 horas, o detido ser presente a
julgamento ou o primeiro interrogatório a juiz, ou para aplicação de uma medida de
coação. É detido e quem detém sabe que tem de ser rápido, pois só tem 48 horas. Esta
detenção pode visar (é o MP), o julgamento sob forma sumária, artigo 381º CPP ou
então o primeiro interrogatório judicial de arguido detido, artigo 141º. O processo
sumário destina-se a julgar os detidos em flagrante delito.

Esta detenção pode visar:


 O julgamento em processo sumário (381ºCPP): há detenção em flagrante delito.
Este processo só tem julgamento e eventualmente recurso, vai direto da polícia
para julgamento não há inquérito. Crimes com pena não superior a 5 anos. Esta
detenção tem de ser feita por polícia ou então por populares desde que estes
tenham entregado os detidos à polícia ou ao MP, no prazo máximo de 2 horas,
se for além das 2 horas então não pode haver julgamento sumário.
 Primeiro interrogatório judicial (141ºCPP);
 Aplicação de uma medida de coação (191º e ss.).

ARTIGO 254º CPP


Alínea a) — não pode ir além das 48 horas
Alínea b) — não pode ir além das 24 horas e apresenta-se imediatamente a um juiz ou
autoridade. Se não for possível que seja de forma imediata, tem que ser no prazo de 24
horas, pois se não cumprirem o arguido tem de ser libertado.

Artigo 27º CRP — A liberdade e a segurança, são direitos invioláveis, todos tem direito.

Quem são as autoridade judiciais?


Juiz, MP — autoridade judiciais
Diretor da PJ, da PSP — não são autoridades judiciais.

CASOS DE DETENÇÃO EM FLAGRANTE DELITO (255º) E FORA DE FLAGRANDE DELITO


(256º)

Alguém que está a praticar o crime e no momento em que o está a praticar ou


imediatamente a seguir é encontrado.

Detenção em quase flagrante delito — Não é apanhada no momento, mas é apanhada


logo a seguir com objetos na mão — carteirista.

Penas legais em Portugal:


Pena mínima — 1 mês
Pena máxima — 25 anos
A detenção em flagrante delito só pode ocorrer quando o crime é punível com pena de
prisão. A maior parte dos crimes do CP são.

Crimes de pena de multa: A obrigação de alimentos (250º n.1), contrafação de valores


selados (268 n.3 e 4) não são puníveis com pena de prisão.

Crimes semipúblicos — artigo 255º CPP, nº3 — criem de ameaça, crimes de ofensa à
integridade física — pode haver detenção em flagrante delito? Pode, mas tem que
respeitar o nº3 deste artigo, tem de atender ao prazo de 6 meses no crime de ofensa à
integridade física. A detenção é possível, mas só se mantem, logo após a apresentação
da queixa.

E nos crimes particulares, pode haver detenção em flagrante delito? Não, apenas a
identificação do infrator, artigo 255, nº4 CPP. Nunca há lugar no julgamento a
procedimento sumário.

Artigo 257º CPP — 3 situações:

1. Regra — Fora de flagrante delito, só o juiz pode ordenar a pretensão, ATRAVÉS


DE MANDADO de detenção de juiz. É necessário entregar uma cópia do
mandado ao juiz.
2. Exceções: o MP também pode, mas só nos casos em que admite prisão
preventiva, artigo
3. Das Autoridades de Polícia Criminal, artigo 1º, alínea f) — inspetores, oficiais,
diretores, subdiretores, poderão proceder à detenção fora de flagrante delito
por sua própria iniciativa.

 Quer o juiz, quer o MP para puderem ordenar a detenção fora de flagrante delito,
tem de se verificar estes casos da alínea a), b) ou c) do artigo 257º, nº1 CPP — são
requisitos alternativos, uma vez que tem um “ou” seguido de um “;”. Basta preencher
apenas um dos requisitos do nº1.
 Já em relação ao nº2 já são cumulativos, pois tem o “e”. Tem de preencher os
requisitos todos.

Pode mandar deter se quiserem notificar de alguém ou que alguém compareça em


tribunal, mas houver fundadas razões para considerar que aquelas pessoa não se vai
apresentar voluntariamente — mas refere-se a pessoas apenas arguidos no processo
ou a suspeitos da prática de um crime ou a testemunhas? Se houver fundadas razões, o
despacho respetivo do MP ou do juiz, tem de explicar a razão de ter essas fundadas
razões, quais as circunstâncias que levam a pensar isso de não comparecer. Em regra,
as pessoas que são notificadas, comparecem.

Artigo 204º CPP — nenhuma medida de coação pode ser aplicada, sendo que no
momento não houver em concreto uma destas situações — fuga ou perigo de fuga
(alínea a)), haver perigo de perturbação no decurso do inquérito (alínea b), OU então o
perigo em razão da natureza ou da continuidade da atividade criminosa (alínea c) —
Exemplo: Crime de violência doméstica. A senhora agredida corre perigo se o marido,
nesse dia continuar em casa, porque está alcoolizado. Se isto for constatado, pode
também o juiz ou o MP (porque pode haver prisão preventiva) ordenar detenção do
marido, para proteger a vítima. Se eles não detiverem o arguido quase de certeza que a
vítima vai ser novamente agredida.

 Num destes casos, o MP ou o juiz podem ordenar a detenção fora de flagrante


delito, com base nestes pressupostos das alíneas do artigo 204º, nº1.

Qualquer uma destas situações têm que ser articuladas com as finalidades do art. 254º
CPP.

o Estas situações previstas são situações alternativas e não cumulativas.

AGORA EM RELAÇÃO AO Nº2:

Nº2 – As autoridades de polícia criminal (art. 1.o/d CPP) podem ordenar a detenção
fora de flagrante delito, por iniciativa própria, não depende nem do juiz nem do MP.
Elementos da PJ, segundo o artigo 1º/d CPP são considerados autoridades de polícia
criminal. No entanto, têm que se verificar todas as situações das alíneas do número.
Estes requisitos são cumulativos, se não se verificar um
deles, já não pode ordenar a detenção.

Órgãos de polícia criminal podem deter no termos do 204º, nº1, alínea b) se os


pressupostos estiverem verificados cumulativamente.
Uma vez detida a pessoa, quer seja em flagrante delito, quer seja fora, vai ser, em
regra, presente ao MP. Só há um caso que é presente ao juiz que é o caso do 259ºCPP.

Esta pessoa detida é suspeita da prática de um crime, é constituída arguida, sendo


obrigatório sujeitá-la ao termo de identidade e residência.

CONSTITUIÇÃO DO ARGUIDO — ARTIGO 58º, nº1, c) CPP

Qualquer entidade polícia ou judiciária pode proceder à constituição e arguido,


comunicando à pessoa que foi constituída arguido, informando-a quanto aos direitos e
deveres que exerce enquanto arguido.

É obrigatória a constituição de arguido, quando houver suspeita fundada na comissão


de um crime, terá que ser constituído antes de prestar declarações ou antes de lhe
intentar uma medida de coação, artigo 192º, n.1 e 58º n.1 d),

Como se faz a constituição?

➔ A comunicação ao individuo de que é constituído arguido, comunicação verbal ou


escrita, indicando e se necessário explicando os direitos e deveres
➔ Implica ainda a entrega de documento que o identifique como arguido, direitos e
deveres, número do processo e o seu defensor.
➔ O nº6, é uma prova proibida, pois não estão presentes as formalidades do artigo 58º
— a prova proibida tem uma consequência: a inexistência.

Se não comunicar ao arguido que ele é obrigado a responder sobre a sua identidade,
e ele não responde, está a cometer um crime, de que não tem conhecimento.

Tem direito a pedir um advogado, artigo 61º, nº1 e 2 CPP

Casos obrigatórios — artigo 64º.

O processo criminal assegura todas as garantias de defesa. A constituição de arguido


tem de ser feita de forma a que este entende para onde vai e para o que vai. Os
direitos do artigo 61º, nº1 e os deveres do nº6 têm de ser referidos.

Artigo 58º, nº4 CPP — O agente da polícia tem de notificar ao MP. A constituição de
arguido, de forma a validar.
O Bento podia ter sido constituído arguido? O MP pode instaurar inquérito contra o
bento? Não há queixa. O Bento disparou? Disse que o matava? Instigou? Não. Apenas
lhe chamou nomes em particular. O ofendido está no hospital em bloco operatório,
logo não pode apresentar queixa, na ambulância também não conseguia, uma vez que
quem ia com ele seria o bombeiro e o médico, não ia a polícia.
O MP quando lhe chegar o processo, vindo da polícia, não pode validar como arguido,
o Bento.
O Bento não podia ter sido detido, nem constituído arguido e o MP ordenou a sua
imputação e não validou, uma vez que a injuria é um crime particular e não há queixa
por parte do ofendido. Se estas normas forem violadas, todas as declarações dessa
pessoa constituída como arguido, não valem como prova, artigo 58, nº6 CPP — é uma
prova proibida.

Artigo 118º, nº1 CPP.

Ver o 58º, nº6 parte final e ver o artigo 118º, nº3 do CPP — prova proibida. A prova
proibida nunca passa. A grande diferença entre nulidade e prova proibida é que a
nulidade mesmo que insanável fica sanada com o trânsito julgado da prova final. A
prova proibida sobrevive ao caso julgado e pode ser fundamentado de recurso de
revisão, só pode ser interposto depois de transitado em julgado a o recurso de revisão.
Artigo 449º, nº1, alínea e) CPP.

Artigo 32º, nº8 CRP — provas proibidas.

Artigo 119º, nulidades insanáveis.

Artigo 120 2 d), 1ª parte e artigo 58º nº5 — se prestar declarações alem desse vício da
nulidade do 120º, nº 2 d), essas declarações porque não foi cumprido o número 1 do
58º, não poderão ser utilizadas como prova.
Viola-se a lei, a lei diz que a violação é uma nulidade, quando se verifica esta nulidade
significa que há́ uma violação de formalidades, no regime das provas proibidas, há
uma violação dos direitos fundamentais.

Quando não estiver presente o vicio, há lugar a uma irregularidade e não uma
nulidade.

Na nulidade insanável do art119o, pode ser invocada a qualquer momento, se


ninguém arguir a nulidade até ao fim do processo, não se poderá invocá-la depois de
transito em julgado, 449o n.1 al e), da decisão final.

As irregularidades que não são arguidas no prazo de 3 dias consideram-se sanadas.

A não valoração de uma prova é uma prova proibida.

Artigo 147º, nº7 CPP — PROVA PROIBIDA


16.10.2023

Constituição arguido:
 Comunicada que é arguida e que, portanto, tem direitos e deveres, tendo estes de
lhe ser explicados.
 Vai ser sujeito a TIR — única medida de coação que pode não ser aplicada por um
juiz. Pode ser feito pelo MP ou pela polícia.

A prisão preventiva não é uma pena, diz-se ao arguido “és presumivelmente inocente,
mas, entretanto, vais preso”.

Significa que neste caso, a polícia teve de dizer verbalmente aquelas pessoas, ao
António Freitas e Bento Silva que eram arguidos, ou seja estão lhe a ser imputados a
prática de um crime de factos criminosos, e agora ao senhor porque é arguido tem
direitos e deveres — artigo 61º e explicá-los.
Caso não preste declarações e se remeta ao silêncio, é legítimo, pois como arguido não
se comete nenhum crime. Como testemunha, já se é obrigado a falar.
Não se deve tirar proveito do silêncio do artigo.
O legislador teve o cuidado de no artigo 68º, tem de comunicar por escrito e
oralmente, comunicando os seus direitos, explicando-os. O legislador faz isto, porque
ser arguido implica desde logo que a liberdade dessa pessoa possa ir para a cadeia,
logo antes de responder sobre o que quer que seja, tem de ter conhecimento que
pode manter-se em silêncio.
A CRP, no artigo 32º, nº1, diz que o arguido tem todos os direitos, todas as garantias de
defesa.
Comunicar ao MP para a validação — quem dirige o inquérito.

O Bento Silva que foi detido e constituído arguido podia ter sido detido e constituído
arguido? Não, porque era um crime particular, porque não houve queixa, porque não
matou ninguém. O Bento nem sequer instigou, não disse ao António Freitas “dispara!”.
Se não houve queixa, não pode haver inquérito contra ele e o crime particular também
depende de queixa, artigo 50º.
O MP não pode validar, pois não pode haver processo contra o Bento. Vai mandar a
polícia libertá-lo imediatamente, pois nem sequer podiam tê-lo levado.

Todas estas formalidades que constam do artigo 58º, o nº7 atualmente, diz que a
omissão ou violação das formalidades previstas nos números anteriores tem como
consequências que as declarações prestadas não podem ser utilizadas como prova —
prova proibida — qual é o vício? Proibição de prova.
Porque é que não é uma nulidade? Tem que haver uma norma que diga que há
nulidade, o que no caso não havia, logo não havia violação dessa norma , depois
vamos ao outro que diz que se a lei nada disser, é uma irregularidade — artigo 118º,
nº3 CPP.
Neste título V nunca mais se fala em provas proibidas.
Não colocaram o 126º nas nulidades, meteram-no na produção de prova.
A maior parte da jurisprudência, quer na primeira instância, quer na relação, quer
supremo, têm tendência a dizer que a produção de prova é uma prova insanável, o que
o nosso professor não concorda, este acha que a prova proibida não é nulidade.
Quando é que a nulidade fica sanada? Caso julgado, acabou o processo, não se pode
falar mais nada daquilo.
Se há uma prova proibida, posso reverter a situação através de um recurso de revisão.
Por ser uma prova proibida, tão grave, tem o condão de ressuscitar o processo, a prova
proibida sobrevive ao caso julgado.
O vício que resulta da prova proibida, é o da inexistência, nunca existiu.

Este artigo 58º, nº6 do nosso código, nº7 agora — é uma prova proibida.

Artigo 32º, nº8 CRP aparece depois do 126º CPP, ma só legislador traz-nos a
interpretação que faz desse 32º, nº8 da CRP. Quando diz que são nulas, não é nulidade
nenhuma, é uma prova proibida, está apenas a dizer que não pode valer como prova.
Assim, transporta para o artigo 126º — Métodos proibidos de prova — são nulas, NÃO
PODENDO SER UTILIZADAS, as provas obtidas por tortura, etc.
O nº3 refere também isto, “SALVO se houver o consentimento” — a prova deixa de ser
produzida se o visado consentir. O legislador com a lei 48/2007, vem dizer para alterar
o nº3, alterando o “são nulas” para colocar “não podendo ser utilizadas”.

Artigo 126º, regime das proibição de prova.

 Aquilo que o arguido disse de não se explicarem os direitos ou deveres, ou não


entregou a declaração que o artigo 59º refere — não vale como prova qualquer coisa
que ele diga no processo — prova proibida.
O mesmo regime é aplicado da mesma forma no artigo 59º.
Exemplo — Quando alguém é chamado a depor na PJ como testemunha e a PJ está
farta de saber que ele é suspeito na prática de um crime. Então chamam-no como
testemunha, sendo obrigado a falar como tal.

Artigo 132º, nº2 e nº4 CPP.

 O artigo 59º, nº4 remete para o artigo 58º, ou seja, a violação deste 59º, implica
que tudo o que aquela pessoa disser, não vale como prova e depois, caso surja um
advogado que lhe explique tal, acaba por invocar a prova proibida.

Nº6 do artigo 61º — o arguido é obrigado a identificar-se, comete um crime no artigo


59º CPP.
Outrora era obrigado a responder pelo registo criminal, o que agora já não é.
É obrigado a comparecer quando for notificado para isso e tem de se sujeitar a todas as
diligências de prova e a todas as medidas de coação especificadas na lei, do 197º ao
202º.
Uma coisa é o registo criminal estar no processo, outra coisa é o arguido ser
perguntado do seu RC. Não há que fazer juízos de culpa, apesar de que o juiz e o MP
podem ter acesso a esse RC imediatamente. A ideia é não obrigar o arguido a afirmar o
RC, obrigando-o a autoincriminar-se. Há pouco tempo ele era obrigado a responder e
se não o fizesse, cometia um crime de desobediência (artigo 341.o CP) e se
respondesse com mentira cometia um crime de falsidade de depoimento (artigo 359.o
CP).
Neste nº6, diz-se também em diligências de prova especificadas na lei.
A diligencia de prova especificada na lei, é só a essa que o arguido está sujeito. Por
exemplo, o caso do Pedro Dias, não há norma nenhuma prevista na lei, que obrigue o
arguido a fazer a sua assinatura num papel.

Temos ainda os artigos 62º e 63º, ou seja, o arguido em qualquer momento do


processo pode constituir advogado, isto significa que o arguido passa uma procuração
forense, uma declaração com título PROCURAÇÃO, “António Freitas, casado, residente
em X, constitui sobre o Sr. Doutor x, advogado em, em que confere os direitos” —
declaração que é entregue no processo.

Procuração forense

Título “procuração”, nome do cliente, casado ou solteiro maior (estado civil), profissão,
residência, NIF, constitui seu bastante procurador (...), o nome do Advogado (...). Não
nos tratamos por Senhor Dr. se formos nós a escrever pelo cliente, escrevemos apenas
o nome.
Constitui seu bastante procurador – art. 61.o/1/e CPP.
Transmissão da procuração – substalecimento (substalecer/transmitir os poderes
estabelecidos). Pode ser definitivamente, deixando de ser advogado para sempre no
caso, temos que dizer que substabelecemos sem reserva ou apenas para aquele ato,
substalecemos com reserva.

Se não tiver capacidade económica, passa para nomeação da ordem dos advogados a
pedido do tribunal.

Artigo 63º CPP — por exemplo o depoimento do arguido é um ato absolutamente


pessoal, não pode ser o advogado a depor pelo arguido — artigo 140º, nº2 que remete
para o artigo 138º, nº1. Tem de ser o arguido a falar. O arguido pode ter mais do que
um advogado como defensor, tem de ser notificado o que for constituído em 1º lugar.

Artigo 64º, nº1  Há casos em que a lei diz que o arguido tem de estar
obrigatoriamente com advogado. Sempre que está detido ou preso, o advogado tem de
estar lá — se não estiver lá advogado, como procede? Qual é o vício? NÃO ESTÁ DITO
no artigo 64º qual é o vicio — Então, mas se não cumprir, qual é o vicio? Aqui não diz,
mas pode estar previsto no próprio regime, no artigo 119º e no artigo 120º, porque
pode lá estar e aqui verifica-se, no artigo 119º, alínea c). A norma não refere as
palavras “sob pena de nulidade”, mas por não dizer, não podemos assumir de imediato
uma irregularidade, antes disso é necessário ir aos artigos 119º e 120º CPP.

Artigo 321º, nº1 — “sob pena de nulidade INSANÁVEL — está aqui dito, mas por vezes
sucede que só refira nulidade e então não vamos afirmar que seja relativa, ela pode
também ser insanável, temos é que verificar as alíneas do artigo 119º. Sempre que a lei
fala em nulidade, temos que vir ao 119º, ver se porventura é mais do que nulidade e é
também insanável, bastando conseguir integrá-la numa das alíneas. Se não
conseguimos integrá-la no artigo 119º, então é porque é prova relativa, prevista no
artigo 120º, nº2 CPP.

Artigo 120º :
AUTORIDADE JUDICIÁRIA — APENAS Juiz e MP, não É NUNCA o investigador da polícia
judiciária.
Por exemplo o artigo 356º, nº3 CPP — testemunhas que em julgamento porventura
perderam a memória, se antes em inquérito prestaram depoimento prante um juiz,
logo cumprindo o corpo do nº3, esse depoimento pode-se ler.

Artigo 64º CPP


Alínea c) — tem de estar presente o advogado. O julgamento não pode começar sem
advogado.
Está aberta audiência, mas não está lá — nulidade insanável.

Alínea d) — Casos em que o arguido seja surdo, cego, mudo, analfabeta,


desconhecedor da língua portuguesa, ou em que se suscite a sua imputabilidade
diminuída aqui é obrigatória. Por exemplo um estrangeiro tem de ter advogado, caso
não conheça a língua.

Alínea e) — Recursos ordinários ou extraordinários — em qualquer recurso,


obrigatório.

Antecipação do julgamento — Uma testemunha que está com uma doença muito grave
e que se presume que não vai aguentar viva até à data do julgamento, então ouve-se
imediatamente. Em inquérito, vamos ter uma espécie de julgamento antecipado, só
para ouvir aquela testemunha, em que estejam todos presentes.
Nos crimes de violência doméstica, nos abusos sexuais de menores, faz-se sempre as
declarações para memória futura.
Podemos antecipar quer no inquérito, quer na instrução.

Artigo 134º CPP – “sob pena de nulidade”

COMO É QUE SE FAZ O PRIMEIRO INTERROGATÓRIO DO JUIZ DEPOIS DA DETENÇÃO


DO ARGUIDO?

Depois de uma detenção, a regra é que o arguido é levado à presença do MP, artigo
259º, alínea b) e aí entramos imediatamente no primeiro interrogatório não judicial de
arguido detido, entrando no 143º CPP.

143º — primeiro interrogatório do arguido.

Interrogatório Não judicial — perante o MP


Interrogatório Judicial — perante o juiz
Quando o arguido seja detido e não tenha de ser presente ao juiz (apenas é nos casos
do artigo 254º, 1 b) CPP), ou então o detido é presente ao juiz nos casos do artigo
254º, nº2, aplicar medida de coação de prisão preventiva.
Fora destes casos, o arguido vai sempre ao MP.

O nº1 do 143º diz-nos que é presente ao MP, que o pode ouvir rapidamente. Ele está
detido, logo estamos a correr contra o tempo — 48 horas no máximo.

O MP vai ouvi-lo sumariamente de acordo com as mesmas regras do 141º. Quando


acaba o interrogatório o MP ou liberta o arguido ou leva-o à presença de um juiz,
sendo certo que o MP NÃO PODE APLICAR MEDIDAS DE COAÇÃO. É presente ao juiz,
quando quer que o juiz apresente uma medida de coação.
O António Freitas podia ter sido levado ao MP, interrogado pelo MP e sujeito a primeiro
interrogatório não judicial? Podia, pois foi detido pela tentativa de homicídio na prática
tentada. Deverá ir à presença do juiz de instrução criminal, para ser interrogado. O MP
pode proibir, em primeiro interrogatório que o arguido fale com qualquer pessoa, nos
crimes de terrorismo, criminalidade violenta, artigo 1º CPP — 9 crimes.
Acórdão ?? — vem dizer que não podem proibir o arguido de falar com alguém.
E o Bento podia ser interrogado pelo MP como arguido, sendo que nada fez? Claro que
não, é um crime particular e por sua vez depende de queixa. O ofendido encontrava-se
no hospital e não apresentou queixa, logo o MP não podia sequer validar tal facto.

Artigo 141º CPP — O nº1 diz que o arguido detido que não seja sujeito a processo
sumário, então se não for libertado tem de ser sujeito a interrogatório pelo juiz nesse
prazo de 48 horas, fazendo a conjugação com o artigo 28º, nº1 da CRP, que diz que a
detenção será submetida no prazo máximo de 48 horas, a apreciação judicial. O juiz
não pode interromper o interrogatório para ir ouvir outro processo, pois as 48 horas
vão passar. A única interrupção que pode fazer é para comer e dormir.
A partir do momento em que começa a ouvir o primeiro, interrompe-se o prazo de 48
horas para o primeiro. Assim, quando começa o interrogatório, eles chamam-nos para
os identificar logo e aguardam lá fora, assim suspende o prazo de 48 horas. O problema
é se forem 100, 300 ou 600 arguidos.

O juiz leva o auto do notícia, a constituição de um arguido ou de dois, levam-lhe o TIR


do António Freitas, levam-lhe o auto de apresentação de arma, de invólucro e projetos
e assim já sabe o que está em causa. Ninguém pode assistir a este interrogatório e se o
arguido for perigoso pode ser guardado à vista, mas não pode ouvir.
Depois, o advogado do assistente, se existir, não pode assistir a este interrogatório,
No nº3, o juiz vai à parte final do nº3 e diz-lhe que as perguntas que fizer sobre a sua
identificação, é obrigado a responder, pois se não o fizer comete um crime, depois
entra no nº4 e aí trata de informar o arguido das 5 alíneas que está no nº4,
informando-o dos direitos, apenas, sendo que já deve saber deles, por meio da PJ
anteriormente e por meio do MP, mas tem igualmente o juiz de explicar ao arguido, os
direitos que este exerce, para se poder defender — exigências do legislador.
De seguida, a alínea b) do nº4, se falar, tudo o que disser, pode ser depois utilizado no
processo em qualquer momento, nomeadamente no julgamento, como vai ser
gravado, pois é a única diligencia no inquérito a ser gravado (141º, nº2, 142º, nº2CPP,
144º, nº2 CPP).
Contudo, nesta alínea b) temos de fazer a conjugação desta norma com o artigo 64º,
nº1, b), tem de estar lá o advogado.
O arguido foi ouvido perante um juiz, foi advertido aquilo que está a dizer pode ser lido
amanhã no julgamento e o que foi dito, é que na presença de um advogado e no
entanto falou, sabendo disto tudo.
Artigo 141º, nº4, b) CPP
Artigo 357, nº1, b) CPP — a reprodução ou leitura só é permitida quando tenham sido
feitas perante OPC, com a presença de defensor.
Artigo 144º, nº2 CPP — a polícia não tem de fazer esta advertência, sendo declarações
prestadas pela polícia. A não ser que o arguido peça para ler, se não solicitar, não pode
ler.
Artigo 141º, nº4, alínea c) CPP
Artigo 141º, nº4, alínea d) CPP — que factos criminosos se imputam ao arguido,
quando é que foi, em que local é que o praticou e como é que o praticou — tempo
lugar e modo.
Artigo 141º, nº4, alínea e) CPP — quis são as provas que se tem que indica que X
praticou os factos. Foi o x que disparou a arma? Que pegou nela? “Tenho aqui os
projetos da arma, o auto de notícia, etc.” O juiz pode não publicar as provas, se
entender que poe em causa a investigação, ou que dificulta a descoberta da verdade.

Tudo isto fica no auto, todas as informações fica a contar do auto de interrogatório
judicial de arguido e logo a seguir o juiz pergunta ao arguido se este quer prestar
declarações.
Interrogatório — É sempre do arguido. Não é das testemunhas.
Inquirição — Testemunhas.

Tudo o que não seja debate instrutório ou de julgamento, diz-se auto.


A ata é assinada apenas pelo juiz.
Nos autos todos assinam.

Artigo 141º, nº6 CPP — Ninguém interrompe. Começa o juiz “Então conte lá o que
aconteceu” e o arguido conta a história. Por vezes tem cortes. Só quando o juiz acaba é
que pergunta ao MP se quer realizar alguma questão e o juiz decide se autoriza ou não.
Posteriormente, faz o mesmo com o advogado.

Na prática não é isto que acontece, permite que o procurador do MP e o Advogado


façam as perguntas diretamente. O MP é acusação, o advogado é defesa, enquanto
que o único parcial ali é o juiz, em que se dá uma máxima liberdade.

 Foi tudo alterado pela lei 20/2013. Vamos poder reproduzir as declarações
anteriores perante o advogado, com o juiz, com a advertência de que tudo o que disse
lá atrás perante o MP ou juiz, pode ser utilizado futuramente.

 Com a Lei nº 20/2013, passou-se a poder utilizar, em julgamento, as


declarações prestadas perante uma autoridade judiciaria. Mas passou-se a
dizer que só poderia utilizar-se as declarações em julgamento se o juiz tivesse
advertido o arguido antes de ele começar a falar (artigo 357º/1/b CPP). Se não
estivesse presente o defensor, não se poderia ler as declarações do arguido.

Para que se possa ler as declarações prestadas pelo arguido, são necessários 3
pressupostos:

 Que essas declarações tenham sido feitas perante autoridade judiciária (artigo 1º/b
CPP);
 Que nesse interrogatório tenha estado presente o advogado (artigo 64º/1/b e
141º/2 CPP);
 Que antes de começar o interrogatório o arguido tenha sido advertido que tem
direito ao silêncio, mas que se não utilizar esse direito as declarações vão ser utilizadas
em julgamento (artigo 141.º/4/b CPP).

 Este interrogatório, quando feito pelo juiz, em regra, é sempre gravado, artigo 141º,
nº6 CPP. Neste, apenas estão presentes, o juiz, o procurador do MP, o advogado e o
arguido. O ARGUIDO APENAS RESPONDE ÀS PERGUNTAS que quiser.
Quando não se trata deste interrogatório, aplicamos o artigo 144º CPP.
 O nº1 diz que se aplica as regras do 141º com as devidas adaptações — em
julgamento não se aplica o 141º, nº2. No julgamento pode estar presente quem quiser,
é público. No debate instrutório também é público.
No inquérito o MP pode alegar OPC e aplica-se também as regras do 141º, com duas
exceções, duas regras que a polícia não pode usar, trata-se da alínea e) e da alínea d).

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06.11.2023

Artigo 357º, nº1, b) CPP — O que se pode ler é o interrogatório judicial perante
autoridade judiciária. Temos a exceção do 144º, nº2 em que a polícia não pode dizer
que o que vai dizer pode ser utilizado em julgamento. Não permite que seja usado em
julgamento.

Artigo 144º, nº2 CPP — A polícia não pode usar a alínea 2), do nº4 do artigo 141º. Vai
dizer ao arguido quais os factos imputados, mas não vai dizer sobre as provas que tem
no processo. A polícia não pode fazer juízos de valor acusatória relativamente a
nenhuma prova.

Sempre que em inquérito quero consultar um processo, não posso ir diretamente —


artigo 89º, nº1 Lei — há que fazer um requerimento escrito ao MP, para consultar um
processo. Se acontecer que ninguém responda para dar o processo, seja ele digital ou
não, chega ao interrogatório e diz que não responde, uma vez que não foi possível ler.

Artigo 103º, nº3, 4 e 5 CPP— Estes interrogatórios, nunca podem ocorrer entre a meia-
noite e as sete da manhã, a não ser que o arguido solicite ou então nos casos do artigo
174º, nº5, a). Não podem durar mais do que 4 horas seguidas, tem de fazer um
intervalo de 1 hora, depois pode continuar mais 4 horas, mas mais do que isto não.
Tudo isto se não for cumprido, todas as declarações que o arguido prestar, é prova
proibida — são nulas, não podendo ser utilizadas.
Outro exemplo é o artigo 147º CPP — Não tem valor como meio de prova, nº3 do 118º,
é prova proibida.
Depoimento obtido mediante tortura — prova proibida. No 32º, nº8 é tudo prova
proibida.

Escutas telefónicas — artigo 34º CRP. Se não for autorizada por um juiz, a escuta
telefónica não é nula, nem irregular, é prova proibida. Para ser válida, tem que ser
autorizada pelo juiz.

MEDIDAS DE COAÇÃO — artigo 191º CPP

Há determinadas situações no processo que criam determinados perigos que têm de


ser acautelados.
Exemplo 1 — Sabe-se que o arguido comprou um bilhete só de ida para o Brasil.
Exemplo 2 — Sabe-se que o arguido costuma vender droga em casa.

Temos aqui determinadas situações em que é necessário acautelar, temos exigências


processuais de natureza cautelar, ou seja, são situações que criam determinados
perigos que é preciso acautelar.
No caso da compra de bilhete apenas de ida para o Brasil, constitui um perigo de fuga.
Para acautelar estas situações, podemos limitar totalmente (mandar para a cadeia) ou
parcialmente (mandar todos os dias. Em princípio presume-se que és inocente, mas
restringimos a tua liberdade. Só o juiz é que pode aplicar) a liberdade do arguido,
através de medidas de coação, mas apenas aquelas medidas que estão previstas na lei.

O TIR é a medida de coação por excelência, porque ao contrário do que se diz muitas
vezes, o professor entende que o TIR é a medida de coação que melhor cumpre as suas
funções. Por algum motivo, todo e qualquer arguido que seja constituído como tal
obrigatoriamente tem de prestar TIR.
No momento, em que é constituído arguido presta TIR (artigo 196º CPP). Para o
professor, a mais importante de todas.
Se o arguido mudar de residência ou se ausentar da residência por mais de 5 dias
(exemplo: vai de férias para o Algarve) tem de comunicar esse facto ao tribunal e se
não o fizer, pode aplicar-se o perigo de fuga e pensar-se em prisão preventiva. É o juiz
exclusivamente que pode aplicar medidas de coação.

À exceção do TIR, que pode ser aplicado por qualquer entidade judiciária ou OPC, que
é obrigatório para todo e qualquer arguido, seja qual for o crime imputado, existem
outras medidas de coação.
Depois, podem ser impostas, sob esse TIR, qualquer outra medida de coação que se
entenda necessária.
As medidas de coação, sejam elas quais forem, são medidas que limitam a liberdade
de uma pessoa. Qualquer medida de coação limita a liberdade porque, por exemplo,
não podemos mudar de residência por mais de 5 dias sem informar da nova residência
(artigo 196.o/3/b CPP), no caso do TIR, tal como noutras medidas.

À exceção do TIR, qualquer medida de coação só pode ser aplicada por um juiz. Só o
juiz é que pode aplicar, o MP nunca pode fazê-lo, nem os OPC, porque nos termos do
artigo 194º/1 CPP refere isso. Tem que haver requerimento do MP ou tem que se ouvir
o MP (no caso de a medida de coação ser aplicada depois do inquérito, oficiosamente)
mas quem decide aplicar a medida de coação é, em exclusivo, o juiz – ou o JIC na fase
de inquérito ou instrução ou o juiz de julgamento na fase de julgamento.
Artigo 196º CPP – É constituído arguido, presta TIR, pela entidade que está a fazer a
constituição de arguido, que pode ser um agente policial, o MP ou outro.
Em relação a todas as outras medidas já não é assim, o MP não pode aplicar medidas
de coação, tal como o OPC.

O juiz tem uma função muito importante no momento de decidir. É preciso ter além de
vocação, uma formação ética e moral acima da média e isso aprende-se e é preciso ter
um sentido de imparcialidade muito grande. Ao juiz só se pede que decida. Profere
despachos e sentenças.

Artigo 195º CPP — Quando o juiz tem de decidir sobre uma medica de coação, tem de
decidir qual é o crime, pois as normas que preveem a medida de coação preveem a
pena máxima. Dependendo do crime, pode haver situações em que o crime não
admite nenhuma medida de coação, como o crime de multa — a violação da detenção
de alimentos.
O mesmo crime, mas agravado, já implica pena de prisão.
Antes de poder aplicar uma medida de coação, lembrando-se das exigências
processuais. Quais são estas exigências? As previstas no artigo 204º, nº1. O que se diz
quanto às pessoas singulares, é que tem de ir sempre ao 204º, se não se verificar
nenhum desses perigos, então não pode ser aplicada nenhuma medida de coação.
Estes perigos têm de ser concretos.

O juiz, antes de aplicar a medida de coação, tem de recorrer a este artigo e se não
encontrar nenhum destes perigos no caso concreto, não pode aplicar nenhuma medida
de coação, a não ser o TIR.
Exemplo 1 — O arguido comprou bilhete só de ida para o Brasil ou está a vender todo o
seu património e fez uma festa de despedida – pode estar indiciado o perigo de fuga.
Não é porque roubou que há perigo de fuga só por si, tem de haver algo que indicie o
perigo de fuga.

Exemplo 2 — A pessoa que tenta destruir ou ameaça destruir a prova ou procura


alterar de alguma maneira a prova. Entramos no perigo de perturbação do decurso do
inquérito ou do processo. Quando se fala em instrução do processo falamos da
instrução em sentido amplo, no sentido de prova e não na fase de instrução.
Há exigências processuais de natureza cautelar que se impõem.

Exemplo 3 — Crime de venda de droga.

RACIOCÍNIO ITER REFLEXIVO TRÍPLICE do Juiz— Percurso de reflexão em 3 degraus de


forma sucessiva, sistemática e absolutamente ponderada

 1ª pergunta que o juiz tem de responder:

O juiz, antes de decidir se aplica a medida de coação, tem que perguntar a si mesmo,
se naquele caso concreto, naquele processo e com aquele arguido se há ou não, na
verdade, algum destes perigos do artigo 204º CPP e se pode aplicar medida de coação.
Temos que conjugar o artigo 191.o CPP e o 204.o CPP. Se não há perigo não aplica
medida de coação. Se há perigo, vai ter que ir ao artigo 193º CPP onde se fala dos
princípios da necessidade, adequação, proporcionalidade e subsidiariedade.
Se houver algum perigo, então é necessário.
Primeiro temos o princípio da necessidade e o da adequação.
As medidas têm que ser necessárias para acautelar os perigos do artigo 204.o CPP. O
juiz faz o raciocínio de que se ele vai fugir é necessário aplicar a medida.

 2ª pergunta que o juiz tem de responder:

O artigo 193º CPP fala dos princípios de uma certa ordem porque temos que a seguir.
Depois de responder a esta pergunta tem de perguntar: Qual é a medida de coação
que vai ser adequada para evitar que aquele crime se torne realidade? Tem de ver qual
é a medida adequada, entrando em funcionamento o princípio da adequação. Tem que
ver qual é a intensidade do perigo.
 Depois de encontrada a medida, vai afiná-la de acordo com o princípio da
proporcionalidade:

O juiz tem que, antes de mais, ver e fazer um raciocínio em 3 fases – Aplica o princípio
da necessidade, depois, se ele se verifica, o princípio da adequação e depois o princípio
da proporcionalidade. O juiz terá que exercer sob si próprio um autocontrolo sucessivo
e sistemático, por degraus. Ele vai aplicando os 3 princípios, racionando os 3 princípios
e ajuda o juiz a controlar-se e a raciocinar lenta e paulatinamente cada uma das
circunstâncias em causa. Se ele perceber que esta é a forma adequada para aplicar a
medida de coação, ele tem um grande índice de sucesso no afastamento dos perigos.

 Só deve aplicar a prisão preventiva na última das últimas, é excecional. Se achar que
nenhuma presente dos artigos 197º ao 200º, deva ser aplicada, então é que se verifica:
Se quiser optar pela privação total tem de fazer apelo ao princípio da subsidiariedade.

Mini resumo:

É suficiente meter o arguido em casa com pulseira eletrónica ou ele foge?


Se fugir: Prisão preventiva.

Entre a prisão domiciliária e a prisão preventiva, optamos pela primeira se ela for
suficiente e adequada e garantir que aquele perigo fica salvaguardado.
Aplicamos a prisão preventiva se houver indícios de que o perigo não fica
salvaguardado. Mas, é perigoso porque estamos a meter um presumível inocente na
prisão.

Só pode ser aplicada a medida de coação por um juiz e este tem que conjugar o artigo
204º e o 193º CPP – aplicando os princípios da necessidade, adequação e
proporcionalidade. Há perigo do artigo 204º CPP? Se não houver, não se aplica a
medida. Se houver, é necessário aplicar a medida de coação. E agora, qual é a medida
adequada a evitar o perigo do artigo 204º CPP (a caução é a menos grave e a prisão
preventiva é a mais grave)? Qual é a medida que afasta o perigo médio? Em função da
intensidade do perigo, verificamos qual a medida adequada a afastar. Depois de saber
qual é a medida que podemos aplicar abstratamente, vamos afinar a medida.

Artigos 227º e 228º CPP— Quando é que se pode aplicar uma caução económica.
Espécie de fiança, é uma caução se não pagar de uma maneira, paga de outra, é uma
garantia. Se essa caução não for prestada, pode haver um arresto. Isto aqui não tem
que ver nada com o artigo 204º, apenas tem que ver com medidas de garantia
económica e patrimonial.
No final o arguido é obrigado a pagar as custas, não paga e está lá o arresto preventivo
ou a caução económica a prevenir.

Artigo 191º CPP— Caução carcerária NÃO SE DIZ PAGAR CAUÇÃO, DIZ-SE prestar
caução, porque se houve um comportamento adequado, no final do processo, vai ser
devolvido.
Artigo 219º CPP: Sempre que é aplicada uma medida de coação, o arguido pode
recorrer. No TIR não pode. De resto sim.

 Com a lei 94/2021, pode haver duas instâncias — Se o MP pede na primeira


instância, a aplicação de uma medida de coação contra um advogado e o juiz diz que
não, pois não há motivos, nem há qualquer perigo. Imaginemos que:
O MP não concorda e recorre.
(Apesar de o nosso professor achar que artigo 219º não diz que pode recorrer, porém a
jurisprudência acha que o MP pode recorrer com base nesse artigo).

Se não existisse o 219º, íamos ter uma decisão que depende da livre resolução do juiz,
o juiz é que precisa de produzir. Corríamos o risco de haver jurisprudência que seria
irrecorrível e à cautela, aplica-se o 219º CPP.
Acórdão AUJ nº16/2014 — É admissível o recurso do MP, em situação que indefere OU
DECLARA EXTINTA A medida de coação — O professor NÃO CONCORDA. Da situação
que não aplicar, apenas o MP pode recorrer, o assistente não pode.

Há uma situação prevista pela lei 94/2021 que veio alterar o artigo 400º, nº1, alínea c):
O juiz na primeira instância não aplica nenhuma medida de coação, o MP recorre para
o tribunal da relação porque não concorda e o TR aplica a medida de coação,
suspende-se a atividade no exercício da advocacia — é a primeira vez que o arguido
está perante uma medida de coação prejudicial, ofensiva da sua liberdade, não
podendo recorrer.
Mesmo sendo a primeira vez, não pode recorrer? Só por estarmos perante o tribunal
da relação? NESTAS SITUAÇÕES, pode-se recorrer da relação para o supremo.

O artigo 194º/ 1 CPP diz que, sempre com exceção do TIR, as medidas de coação e de
garantia patrimonial têm que ser aplicadas por despacho do juiz.
Durante o inquérito, esta aplicação faz-se a requerimento do MP, depois do inquérito
ouve-se o MP.
Seja em que fase for, só o juiz pode aplicar as medidas de coação. No inquérito, só
pode o juiz aplicar as medidas de coação se o MP o pedir, o requerer.
Portanto, o juiz no inquérito, mesmo que queira, não pode aplicar nenhuma medida de
coação se o MP não o requerer – princípio do pedido.

O pedido do MP ao juiz para que aplique uma medida de coação durante o inquérito é
a promoção do MP e só este é que faz iniciar o procedimento de aplicação da medida
de coação. Se o MP não requerer, o juiz não pode aplicar a medida de coação.
Princípio do pedido funciona em pleno.
Se o juiz quiser durante o inquérito aplicar uma medida de coação sem o MP o pedir
não o pode fazer e se o fizer estamos perante uma nulidade.
Depois do inquérito, ou seja, na fase de instrução, julgamento ou recurso após a
sentença, é o juiz que aplica a medida de coação, mas pode decidir sozinho, sem o
pedido do MP, mas terá sempre que ouvir o MP. Tem que proferir despacho,
notificando o MP dessa pretensão de aplicar a medida de coação. Mesmo que o MP
diga que não concorda com a aplicação da medida de coação aqui, porque não
estamos no inquérito, o juiz pode aplicar essa medida na mesma.
No inquérito, se o MP não requerer, o juiz não pode aplicar medida de coação, ao
passo que, nas fases subsequentes, mesmo que o MP não queira, o juiz pode aplicar a
medida, tem que ouvir a opinião do MP. Se não ouvir o MP, estamos perante nulidade.
A violação de qualquer um dos ditames do nº1 implica sempre nulidade. Isto é assim
desde 2007, que foi alterado, porque não se fazia referência à nulidade.
Qual é esta nulidade? O artigo 118º CPP tem 3 números, nos 2 primeiros retira-se que
só há nulidade quando a lei expressamente disser que estamos perante uma nulidade.
A lei também refere as nulidades insanáveis (artigo 119º CPP), como a audiência
pública do artigo 321.o CPP, apesar de esta nulidade insanável não estar referida no
artigo 119º CPP, mas está referida no corpo desse artigo.
O facto de não se dizer que não é insanável, não significa que não o seja. Se
conseguirmos integrar esta nulidade do artigo 194º CPP numa das alíneas do artigo
119º CPP é nulidade insanável (absolutas), se não conseguirmos é nulidade relativa
dependente de arguição.

ASSIM:

Ela é insanável? SIM, por falta de requerimento/promoção do MP — artigo 119º,


alínea b). Se conseguirmos integrá-la no artigo 119º, então é INSANÁVEL. Se não
conseguirmos integrá-la no artigo 119º, é RELATIVA, aplica-se o artigo 120º.

 Ouvir não significa a requerimento do MP. O juiz só pode aplicar medida de coação
se o MP requerer.
Nas fases posteriores, o juiz pode aplicar por sua iniciativa, não depende de notícia
promoção do MP, apenas tem de ouvir e promover NÃO É ouvir, logo não se aplica o
119º, b).
Se no julgamento o juiz aplicar uma medida de coação SEM OUVIR O MP então não se
trata de uma nulidade insanável, mas sim uma nulidade RELATIVA, porque está previsto
no artigo 194º, nº1.

Artigo 194º, nº1, 1ª parte — Nulidade insanável — porque falta a promoção.


Artigo 194º, nº1, 2ª parte — Nulidade relativa — porque ouvir não é requerer.

Nº2 e nº3 — Referem-se à fase do inquérito.

 Artigo 194, nº2 CPP — alíneas a e c) do artigo 204º — Se estiver em causa o perigo
de fuga ou de continuação da atividade criminosa, ou o perigo de grave perturbação da
ordem e tranquilidade pública. Não estando em causa a alínea b) do 204º CPP, no
inquérito, o MP requer a aplicação de uma medida de coação e diz que é prisão
domiciliaria, por exemplo, o juiz se vir que se verificam estes crimes, pode aplicar a
prisão preventiva, porque é o que diz o 194º, nº1.
Imaginemos que o MP pede a prisão domiciliária porque há perigo de fuga e o juiz diz
que não, pois não há perigo nenhum, o que há é perigo de continuação da atividade
criminosa, isto é, não se aplica a alínea a), mas a alínea c) e decide antes aplicar prisão
preventiva. — Existe algum requerimento do MP a pedir medida de coação com base
na alínea c)? Não, logo se não existir, diz-nos o nº1 do artigo 194º, que se não houver
nenhum requerimento, estamos perante uma nulidade e essa nulidade é insanável,
porque falta a promoção do MP.

 Artigo 194º, nº3 CPP — alínea b) do 204º — se o MP invocar o perigo de


perturbação do inquérito (por exemplo o perigo de destruição de provas, em que o
arguido é apanhado a destruir documentos, por exemplo a rasgar), o MP sabe o que é
que é preciso em termos de medida de coação, para evitar que o arguido continue a
destruir prova. Que tipo de nulidade? Vamos ao artigo 119º.
A promoção do MP é a prisão domiciliária, pois foi isto que o MP decidiu e o juiz
aplicou prisão preventiva, que é mais grave.
Não existe promoção de prisão preventiva por parte do MP e mesmo assim o juiz
aplicou-a — Logo, aplica-se a alínea b) do artigo 119º — nulidade insanável.

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17.11.2023

2ª aula de Recursos:

399º CPP - 436º CPP — recursos

Recursos de medidas de coação, artigo 219º CPP

Medidas de coação: 191º-220º CPP

O artigo 219º diz-nos que se pode recorrer.

310º CPP — a decisão instrutória, no final da fase de instrução, tem de haver sempre
uma decisão a encerrar essa fase. O inquérito começa, declara-se. O inquérito termina,
declara-se o término e por aí vai.
A fase de instrução termina com a decisão instrutória, pode-se recorrer de todas as
decisões instrutórias, excetuando as que estão no nº1.
No despacho final do inquérito, proferido pelo MP, já não se pode recorrer, porque é
uma decisão do MP. Quando se fala em recursos, é apenas decidir recursos de um juiz,
NUNCA do MP.

Artigo 432º, nº1, c) CPP  Há casos em que da sentença do tribunal da primeira


instância, seja um acórdão, que se recorre diretamente para o supremo.
Recurso per saltum.
Se houver 3 arguidos e 1 quer recorrer da matéria de direito e outros 2 querem
recorrer da matéria de facto, como os recursos são diferentes e o STJ só conhece da
matéria de direito, não conhece a de facto, diz que nesses casos  414º, nº8 CPP
Os tribunais de recurso são o da relação e o STJ, têm competências distintas. Os
tribunais da relação conhecem de matéria de facto e de matéria de direito, enquanto
que o STJ conhece apenas da matéria de direito com exceções, artigo 432º CPP.
Só vai para o supremo direito, quando estamos no caso do 432º CPP.
Pode haver casos em que se recorre da primeira instância para a relação e depois pode
haver recurso da relação para o supremo. Como é que sabemos se vamos à relação ou
ao supremo? Artigo 432º CPP.
Quando é que há uma decisão da relação em primeira instância? Quando o arguido é
um juiz ou um procurador.
Por exemplo, se quem vai ser julgado é um juiz de primeira instância, quem o vai julgar
em primeira instância é a relação. Nenhum juiz ou magistrado pode ser julgado por
magistrados que estejam na mesma instância que ele, tem de ser na instância superior.
Se for do supremo, tem de ser julgado nos termos do artigo 11º, nº4, alínea a) e b).
Exemplo: Se tivermos um crime de burla agravada, punível com pena superior a 5 anos,
o tribunal competente da primeira instância para julgar é o coletivo, isto é, 3 juízes.
Imaginemos que o arguido é condenando e quer recorrer do acórdão.
Se recorre só da matéria de direito, recorre direto para o supremo, 432º, nº1, c) (per
saltum), mas se decorre da matéria de facto, porque na sentença, ficou provado que
matou B, e o arguido diz que não matou, tendo testemunhas também que o afirmam,
ele quer recorrer desta matéria de facto e aqui já não vai para o artigo 432º, nº1, alínea
c), porque não cabe lá.
Se quer recorrer da matéria de facto, é obrigado a ir ao tribunal da relação, pois não
consegue encaixar no 432º c), logo diz o 427º que tem de ser para a relação.

Se quero recorrer da matéria de facto, sou obrigado a ir ao tribunal da relação, porque


não consigo encaixar este recurso no artigo 432º, nº1, c CPP.
No crime muitas vezes se sucede é que só há recurso para a relação e depois não pode
recorrer para o supremo. Como é que sei que posso recorrer da decisão da relação
para o supremo? Artigo 399ºCPP, mas depois há normas que dizem que não posso
recorrer de determinadas decisões. Por isso, à partida pode recorrer a não ser que a lei
diga que não.

 O despacho do juiz que se designa dia para a marcação do dia do julgamento. Não
se pode recorrer.

Artigo 291º, nº2 CPP — fase de instrução — estamos em instrução, requeiro ao juiz a
inquirição de uma testemunha. O juiz não aceita, não se pode recorrer, só se pode
reclamar, ou seja, reclamar para o mesmo juiz que disse que não, reclama-se das
nulidades e argui-se nulidade e depois, se o despacho for do JUIZ (não do MP), é
possível recorrer e recorre-se das decisões. Não é uma decisão irrecorrível, há algumas
que são — artigo

Artigo 400º CPP — Muito importante, DIZ QUAIS são os casos em que não posso
recorrer, no entanto, não é um elenco taxativo, porque menciona nos demais casos
precisos da lei.

Artigos 406º, 407º e 408º — ORDEM A SEGUIR —


1º — Vamos ao 407º
2º — Vamos ao 406º
3º — Vamos ao depois vamos ao 406º e depois vamos ao 408º.

1. Artigo 407º — “momento da subida” — interpõe-se recurso, logo há uma


decisão com a qual não concordo e vai para o tribunal superior, vai subir para o
tribunal superior, 1ª instância, 2ª instância e 3ª. Quando é que o recurso vai
para o tribunal superior? Quando é que o recurso que interpus na primeira
instância, para o da relação.
2 espécies:
 Imediatamente — Mal o recurso esteja pronto, significa que, por exemplo, “sou
arguido e quero recorrer da sentença condenatória. Quando é que o recurso
está pronto para subir? Primeiro escreve-se o recurso. O juiz que proferiu a
decisão que não concordo, vai ter de tomar uma decisão a dizer que admite ou
não admite o recurso, normalmente vai admitir.
Depois de admitir o recurso, a secretaria do tribunal vai notificar os outros
intervenientes, no caso, o MP ou os advogados dos intervenientes, para estes
puderem recorrer.
O recurso ainda não está pronto a subir.
Tem recurso interposto do arguido, já tem o despacho do juiz, mas ainda falta
resposta ao recurso das outras partes.
Os outros, neste caso o MP, se quiser responde e pode responder, tendo para
isso um prazo de 30 dias a contar da data da notificação (tal como acontece
com o prazo do recorrente).
São 60 dias quando o caso é de elevada complexidade (artigo 107º, nº6CPP,
relativamente ao 411º e 413ºCPP).
Os outros têm igualmente 30 dias para responder, havendo igualdade.
A resposta ao recurso está no 413º.
Quando é que são notificados? Artigo 411º, nº6 CPP.
Despacho do 414º, a secretaria nos termos do 411º vai enviar cópia do recurso
para o MP e para advogado do assistente e agora se quiserem respondem em
30 dias, nos termos do artigo 413º CPC.
O juiz tem de dizer expressamente que declara o processo de elevada
complexidade e o prazo aumenta logo para 30 dias.
Depois de notificar as partes e receber

 Subir em diferido — Subir mais tarde. Significa que eu tenho de interpor


recurso já no prazo de 30 dias, as outras partes têm de responder também no
prazo de 30 dias, o recurso está pronto, mas agora fica retido (“banho-maria”)
em primeira instância e só vai subir se houver recurso da sentença, logo sobe o
recurso da sentença, mais o recurso anterior.
Por exemplo: Quero ouvir uma escuta telefónica, quero ir a um determinado
local, quero ouvir uma testemunha que não sabia que estava arrolada, mas que
é essencial para a descoberta da verdade — Estou em julgamento e em pleno
julgamento este documento é essencial e necessária para a descoberta da
verdade (artigo 340º, nº1CPP e 120º, nº2, d) CPP), mas o juiz não admite e
profere despacho indeferido para a ata, dizendo que está indeferido. Só que
agora eu digo que está ferido de nulidade e nos termos do artigo 120º, nº2, d) e
o juiz diz que não há nada nulidade, então posso recorrer deste despacho,
tenho 30 dias, as partes têm de responder em 30 dias. Mas o juiz diz que o
recurso sobe em diferido, isto é, isto não vai para o tribunal da relação fica aqui
no de 1º instância, e só se houver recuso da sentença é que este recurso vai
subir, assim vão subir dois recursos, o da sentença e o que ficou retido.

Artigo 407º, nº3 CPP

Artigo 407º, nº2, alínea a), alínea b), alínea c) CPP — Refere os recursos que sobem
imediatamente.

Artigo 411º CPP — O prazo de qualquer recurso é de 30 dias, apesar do que diz o
artigo 219º CPP, a não ser que se trate de um caso de especial complexidade.
Não está nenhuma referência no nº3 do 407º CPP, mas está no nº1 “SOBEM
IMEDIATAMENTE”.

Imaginemos: O juiz dizer que o recurso fica retido e só sobe com recurso da sentença.

Artigo 412ºn º5 CPP: No recorrer da sentença, temos de dizer SEMPRE que


continuamos a manter interesses nos recursos todos ou nalgum deles. Primeiro vamos
ao 407º e estamos perante uma sentença, como é que sobe? Imediatamente e vamos
dizer o referido anteriormente.

2. Depois vamos ao 406º — Fala-nos em subir nos próprios autos ou em


separado.

 Subir nos Autos: O recurso vai subir ao tribunal superior com o processo
inteiro. Nº1 e nº2 do 407º, recursos que ficaram retidos.

 Subir em separado: O processo continua na primeira instância e só vai para o


tribunal superior, o recurso. Separa-se o processo do recurso. Artigo 406º, nº2.

 Tenho de ir ver antes de mais se o recurso sobe já imediatamente, nos termos do


407º. Se subir, tem de ir para cima.
Neste processo que está a correr no governo, o “processo influencer”, vamos mandar o
recurso das medidas de coação para o tribunal da relação, junto com o processo todo?
Isto é, manda-se parar o inquérito? Não, não tem lógica, vai o recurso sozinho e o
processo continua normalmente.

Recurso com efeito meramente devolutivo



Recurso com efeito suspensivo — Artigo 408º.
Nº3 CPP: Há recursos que têm efeito suspensivo do processo, que significa que
enquanto o processo não subir, o processo parou. Se tem efeito suspensivo da decisão
recorrida, o recurso não faz parar o processo, apenas suspende os efeitos da decisão
que estou a recorrer, auferidas neste 411º. O recurso da sentença só imediatamente,
407º, nº2 alínea a), sobe tudo para o processo, 406º, nº1. Com efeito suspensivo do
processo, se a sentença for condenatória, artigo 408º, a).

 Quais são recursos que suspendem? Os previstos no nº1.

O recurso tem 3 partes:

1. Requerimento dito da interposição do recurso — Dirigido ao juiz que proferiu a


decisão com que eu não concordo. Pretendo que este recurso seja julgado em
audiência pública, se não disser isto não há audiência pública, porque antes do
juiz decidir, me chamem à sala de audiências e me permitam alegar e falar a
razão para querer o recurso.
É diferente o ouvir do requerer. A escrita é muito diferente da fala. Faz com que
sejam 4 pessoas a decidir e não 3.
Dirigido ao juiz par ase admitir recurso — nulidade da sentença, insuficiência ?,
etc.

 Artigo 64º CPP


 Artigo 119º, c) CPP

2. Motivação do recurso
3. Conclusões do recurso
20.11.2023

Na fase de instrução, o juiz pode aplicar uma medida de coação sem que haja
requerimento do MP? Depois da fase de inquérito, pode aplicar medidas de coação,
desde que ouvido o MP — fases a seguir ao inquérito — Instrução, julgamento e
recurso — Qual é a diferença entre o requerimento do MP e ouvido o MP? O MP tem
de responder? Não.
No inquérito, o juiz não pode aplicar nenhuma medida de coação, sem que o MP peça
— sobe nulidade insanável, artigo 119º, alínea b) CPP.
E na instrução? Já pode ser aplicada, mas o MP tem de ser ouvido. Tem de ouvir o MP,
antes de aplicar uma medida de coação.

Diferença “a requerimento do MP” = tem de ser ele a pedir; “ouvido o MP”= ouve o
MP, este não tem de dizer nada.
 No inquérito não se pode aplicar uma medida de coação sem que o MP peça, se
não, há nulidade insanável.
 Na instrução, o juiz tem de ouvir o MP. O juiz pode por sua livre iniciativa aplicar a
medida de coação que bem entender, só tem de ouvir o MP. Se o MP não responder, o
juiz pode aplicar. Se o MP diz que só pode aplicar caução pode na mesma o juiz aplicar
prisão preventiva.

ARTIGO 194º
No inquérito, se o MP não requerer, o juiz não pode aplicar medida de coação, ao
passo que, nas fases subsequentes, mesmo que o MP não queira, o juiz pode aplicar a
medida, tem que ouvir a opinião do MP.
Se não ouvir o MP, estamos perante nulidade relativa.
A violação de qualquer um dos ditames do nº 1 implica sempre nulidade.
Isto é assim desde 2007, que foi alterado, porque não se fazia referência à nulidade.
Qual é esta nulidade?
O artigo 118º CPP tem 3 números, nos 2 primeiros retira-se que só há nulidade quando
a lei expressamente disser que estamos perante uma nulidade.
A lei também refere as nulidades insanáveis no artigo 119º CPP, como a audiência
pública do artigo 321º CPP, apesar de esta nulidade insanável não estar referida no
artigo 119º CPP, mas está referida no corpo desse artigo.
O facto de não se dizer que não é insanável, não significa que não o seja.
Se conseguirmos integrar esta nulidade do artigo 194º.

O CPP numa das alíneas do artigo 119º CPP é nulidade insanável (absolutas). Se não
conseguirmos é nulidade relativa dependente de arguição.

 O artigo 194º CPP consagra o princípio do pedido, tem que haver uma promoção do
MP para que o juiz possa aplicar a medida de coação no âmbito do inquérito. Se essa
promoção não existir, que ao fim e ao cabo é o requerimento, estamos perante uma
nulidade do artigo 119º/b CPP, ou seja, é uma nulidade insanável, mesmo que o
artigo não o diga.
Se a norma diz que é uma nulidade, então pode ser relativa ou absoluta.
Vamos ver se conseguimos integrar no 119º, consigo? Então é absoluta, insanável.
Não consigo, é relativa.
Se conseguirmos enquadrar nas duas (aqui até conseguíamos, através da alínea d), do
120º), então aplicamos a mais grave, que é a insanável, a do artigo 119º.

Profere-se um despacho, escreve na folha do processo, despacho “porque há fortes


indícios disto, porque há perigo de fuga, porque disparou, entendo que deve ser
aplicada ao arguido uma medida de coação, que é a prisão preventiva, nos termos do
artigo 194º, nº1, última parte. Ouve-se o MP. Depois entrega ao MP.”
A falta de promoção, nos termos do 48º, não é isto, promover é tomar a iniciativa, é
requerer. Aqui o MP nem lhe passava pela cabeça.

Ouvir o MP não é dependente de promoção do MP. Temos uma nulidade, pois o 194º,
nº1, diz que é uma nulidade. Se não dissesse, já se entendia que uma nulidade relativa,
pois é obrigatório ouvir, mas como havia jurisprudência diferenciada, o legislador
acrescentou, sob pena do 48/2007, a nulidade.

AC. nº1/2006
Direito de presença — Direito de o arguido estar presente naquele ato, seja audiência,
julgamento, interrogatório.
Direito de audiência — Direito de o arguidos er ouvido.

Estamos num inquérito, o MP requer uma medida de coação e o fundamento para isto
é o seguinte — (só se pode aplicar MC se houver um perigo do 204º), é o perigo de
fuga, alínea a) e o juiz diz “muito bem, realmente há perigo de fuga, mas não chega, é
necessária a permanência de habitação”, aplicar uma medida de coação mais grave do
que a que tinha. A prisão domiciliária é mais grave que a caução.

Artigo 194º, nº2 — Durante o inquérito, é possível com base nas alíneas a) e c) do
204º.

O MP pede uma caução de 1000€ e o juiz aplica uma caução de 1500€ — É mais grave.
O juiz pode fazê-lo porque o MP requereu nos termos da alínea a) do 204º.

O MP pede uma caução, para o arguido que toma essa iniciativa, com base no 204º,
alínea a), e o juiz decide que caução é muito pouco e aplica a prisão preventiva—
Contudo, o juiz diz que o que há é perigo de continuação da ação criminosa e não a
alínea a) de perigo de fuga. Pode o juiz aplicar a medida mais grave?
Há algum requerimento do MP com fundamento na alínea c) do 204º? Não. Apenas
tem requerimento do MP quanto à alínea a).
O juiz aplicou uma medida de coação durante o inquérito, com base num
requerimento que não foi pedido pelo MP. Havia um requerimento quanto à alínea a) e
não quanto à alínea c) — ALTERAÇÃO DO FUNDAMENTO — Logo, temos uma
nulidade insanável, artigo 119º, b), pois o juiz não pode aplicar uma medida de
coação, sem que o MP tenha feito requerimento sem ela. Sem requerimento, não pode
aplicar nenhuma medida de coação.
Neste nº2, em nenhum lado se fala de nulidade.
O nº3 fala de nulidade.
No entanto, o MP baseia-se na alínea a) e o juiz aplica a medida com base na alínea c),
mesmo que o nº2 do 204º não refira, temos nulidade.
 Há jurisprudência noutro sentido — o que interessa é que haja requerimento, não
interessa qual a alínea que se pretende aplicar.

 Caso em que o MP apresente um requerimento com base em duas alíneas, a a) e a


c) — Aqui o juiz já pode vir dizer que não se aplica a alínea a), mas sim a c), uma vez
que pelo menos uma delas já se encontrava no requerimento.

Nº3: Pode aplicar menos grave ou igual ou nenhuma. Mais grave não. Se o fizer, temos
uma nulidade insanável, artigo 119º, b), pois falta promoção do MP, na medida de
coação mais grave.

Nº4, artigo 194º CPP: A lei 94/2021 alterou o CPP, o CP, a lei dos crimes e da
responsabilidade dos cargos políticos, o CSC. Neste nº4, diz-se que antes do juiz aplicar
uma MP, previamente, tem de ouvir o arguido, mas acrescentou, uma audição
presencial, o arguido tem de estar presente. O professor acha que devia ter ainda “sob
pena de nulidade insanável”. Antes do juiz proferir o despacho com base no nº1 do
194º, o juiz tem de ouvir o arguido presencialmente e só não o faz se houver
impossibilidade de o fazer, fundamentando devidamente no despacho. Pode o arguido
estar doente, mas aqui pode ser ouvido em casa.
Pode ter lugar durante o primeiro interrogatório judiciário, não tem de ser ali, pode ser
noutra altura, dali a uma semana, um mês, quando o MP entender requerer, se ainda
estiver em inquérito. Isto significa que o arguido tem de ser ouvido, não pode apenas
ser ouvido quanto aos factos que o MP declarou.

O problema é que o despacho de aplicação de Medidas de Coação (nº6, alínea a) e d)),


são factos destinados a fundamentar a medida de coação e quando o arguido fala,
ainda não se ouviu o MP, logo não se sabe quais os perigos do 204º, que estão em
causa, falta ouvir os factos do arguido quanto a esse momento. Sobre estes factos do
204º e sobre a intensidade do perigo, qual a medida adequada, há que ouvir o arguido
e não se trata de repetir o interrogatório anterior. Acontece inúmeras vezes.
Se tiver lugar durante o ato do primeiro interrogatório judicial, mesmo assim o juiz
pode ter que ouvir outra vez o arguido em relação aos factos relativos aos perigos,
medidas adequadas e proporcionais, aí tem de ouvir.

Se o NÃO OUVIR, temos duas situações:


1. Ouviu o arguido por intermédio do advogado. Não ouviu o arguido — artigo
120º, nº2, d).
2. Não é uma audição presencial — artigo 119º,

 Trata-se aqui de um ato obrigatório que não foi cumprido, artigo 120º, nº2 d), 1ª
parte — nulidade relativa.

O arguido não está presente —Artigo 119º, alínea c).


 O direito de audição dá origem à nulidade do 120º, nº2, d), 1ª parte.
 O direito de estar presente dá origem à nulidade do 119º, c).
 Se o juiz não ouve o arguido presencialmente, antes de proferir o despacho, o que
temos é uma nulidade insanável, pois vale sempre a mais grave, que é a insanável.

 Situação em que o arguido está presente, mas o juiz não ouve o arguido que está
presente — aqui NÃO há ausência do arguido, mas temos falta de audição do arguido,
que é um ato obrigatório, resulta de insuficiência do inquérito, logo aplica-se o 120º,
nº2, d), nulidade relativa.

Artigo 445º, nº3 CPP — Não é obrigatório como diz o acórdão, mas se decidir de forma
contrária, tem de fundamentar. Outrora, havia em vez de acórdãos, havia assentos que
estavam previstos no CC e o assento fazia lei, era obrigatório como se fosse uma lei.

Aplica-se sempre à audição o disposto do nº4 do artigo 141º:


Alínea e);
Nº5 — Aplica-se ao inquérito, casos em que o arguido não foi detido, mas o MP
pretende que se aplique e o juiz tem de decidir em 5 dias, o que significa que antes de
decidir tem de cumprir o nº4.

Nº6 — Depois de o ouvir, então aí é que vai proferir o despacho. Tem de conter tudo o
que diz estas 4 alínea sob pena de nulidade, é uma nulidade relativa, tem de ser
arguida.

Estamos no âmbito de uma nulidade relativa, artigo 120º, qual é o prazo em questão
para se arguir nulidade? Aplica-se o nº3. Se o arguido estiver presente, aplica-se a
alínea a), tem de ser logo, “antes que o ato esteja terminado”.
Caso o arguido NÃO ESTEJA presente, aplica-se a alínea c) do artigo 120º, nesta alínea,
caso haja arquivamento, não se diz anda, pois o arguido não vai dizer nada. Se for
acusação, então temos 5 dias para invocar a nulidade, após a notificação do despacho
que tiver encerrado o inquérito.
Ou seja:
Se o arguido estiver presente e o juiz ler o despacho sobre medidas de coação, e faltar
um dos requisitos no nº6, tem 5 dias para arguir a nulidade, conforme o artigo 120º,
nº3. Se o arguido estiver presente aplica-se a alínea a) do nº3 do 120º, se não estiver
presente aplica-se a alínea c) do nº3, do 120º.

Os factos referidos no despacho, não podem ser diferentes, nem podem ser outros que
tenha sido comunicado ao arguido. O despacho tem de referir os factos todos da alínea
a), tem de dizer quais são os factos, as provas a não ser que ponha gravemente em
causa a investigação.
Muita das vezes o inquérito está em sujeito a segredo de justiça, e por isso não
sabemos o que está contra ele. Mas só não se sabe se puser gravemente em causa a
investigação.
Alínea b) — se não disser gravemente em causa, tem de dizer quais são as provas.
Se dizer quais são as provas e isso puser em causa a investigação, então não diz. Mas
isto, só em casos muito excecionais, situações extremas é que o juiz omite os factos
criminosas imputadas.

Nº7 — Neste despacho não podem ser tomados em conta factos que não tenham sido
comunicados.
Qual é o vício? Não consigo aqui meter no artigo 119º CPP, uma vez que, tudo o que
respeita ao 119º é apenas a ausência do arguido e do defensor, quando a lei exija a sua
presença.
Será apenas uma irregularidade, mas o professor vê aqui uma inconstitucionalidade,
isto é, se nós interpretarmos o artigo 61º, nº1, alínea c) e este 194º, nº7, se o
interpretarmos no sentido de que nada impede que se esconda ao arguido os factos
imputados, isto viola claramente o artigo 32º, nº1 CRP, que diz que o processo penal
assegura todas as garantias de defesa e eu não posso defender-se, se não souber os
factos criminosos que me estão a ser imputados.
A jurisprudência diz que estamos perante uma irregularidade. Se não for invocada no
prazo legal de 3 dias, fica sanada, o prof diz que não pode ser assim, pois tem um vicio
pior de inconstitucionalidade da alínea c) e d) do 61º CPP. Como é que há defesa, se há
omissão de direitos? Há definitivamente incoerência.

Artigo 70º, nº2, alínea d) — Fiscalização concreta da constitucionalidade.


A forma como se tem de invocar a inconstitucionalidade para que se tenha êxito é:
1. No próprio processo, no momento em que possa surgir uma
inconstitucionalidade, há que invocá-la de imediato e;
2. Não basta dizer que é inconstitucional, tem de se fundamentar com a lei.

Livros:
 Breviário de Direito Processual Constitucional (Recurso de Constitucionalidade);
 Os Recursos de Fiscalização Concreta na Lei e na Jurisprudência do Tribunal
Constitucional

Nº8: Podem consultar o processo, a não ser que esteja em segredo de justiça.

DECISÕES DE MEDIDAS DE COAÇÃO — São sempre recorridas pelo MP e pelo arguido.


O MP pode recorrer no interesse do arguido.
Nº1, artigo 401º.
O despacho que não aplica nenhuma medida de coação, o MP pode recorrer também,
apesar de o professor achar que não é isso que diz a lei no artigo 219º.

Artigo 401º, alínea b) CPP: Não se pode recorrer de despachos e decisões que
dependem da livre resolução do tribunal.

Dos despachos que não apliquem MC, o artigo 219º CPP não se refere a eles.

AC 16/2014 — veio dizer que o MP podem recorrer de decisões que revogam,


indeferem ??
Artigo 400, nº1, alínea c) CPP— não decide se deve ser condenado ou não. Dessas
decisões, até à lei 94/2021 não podia recorrer.
Exemplo: O MP pede a aplicação de suspensão do arguido que é advogado, ou seja,
uma MC de suspensão do exercício da advocacia e o juiz de instrução criminal, diz que
o arguido fica apenas com termo de identidade de residência, não se aplicando a
suspensão. O MP recorre. O Prof responde ao recurso. É a primeira vez que estamos
perante uma medida de coação, até à lei 94/21 não se podia recorrer, mas temos
direito a recorrer porque não recorremos nunca da medida de coação, temos o direito
a recorrer pelo menos uma vez.
Portanto, primeira instância não aplica, MP recorre para a relação, a relação aplica e o
arguido em direito a recorrer para o Supremo, visto que se pode recorrer pelo menos
uma vez da decisão.

4.12.2023
Esta outra testemunha falou no documento, é melhor a bordar esse documento
também. o MP vai montando o puzzle que lhe chegue.

Artigo 262º — conjunto de diligências de prova com vista a saber quem foi o seu
agente, tudo sendo reduzido a escrito — auto de interrogatório de arguido, auto de
testemunhas, auto de inquirição.

Quando o MP chegue ao final do inquérito — O arquivamento está no 277º:

 Não há crime vai pelo nº1, há crime mas não há provas suficientes, é no nº2, a
notificação vem no nº3.
 Todas as fases têm uma decisão final. Todas as fases tem um despacho final, que
aqui é de acusação ou de arquivamento.

Na primeira instância, se for coletivo o de júri, é um acórdão, é uma sentença, pois


acordaram entre si que devem decidir desta maneira. Na relação e no supremo
também decidem em coletivo. Quando for um tribunal singular, já se trata de uma
sentença.

Artigo 287º e 278º

Questão de legitimidade do MP:

Quanto a acusações: O inquérito termina com a acusação. Estamos aqui perante os


dois compartimentos:

1. Crimes públicos e semipúblicos: Quem deduz acusação em primeiro lugar é o


MP e só depois e não há exceções, só depois é que pode deduzir acusação. Se o
inquérito demorar muito tempo e estiver farto de esperar, não pode deduzir
logo acusação e se o fizer, falta promoção do MP. O primeiro é sempre o MP,
artigo 283º e o assistente em segundo lugar.

2. Crimes particulares, 285º, n1 e nº4: Se neste, o MP deduzir acusação em


primeiro lugar, também temos nulidade insanável, pois também não tem
legitimidade para o fazer. Aqui, o MP, terminado o inquérito não há mais
diligencia, notifica o assistente e diz que acabou o inquérito. Se o assistente, se
naquele prazo de 10 dias, não deduzir acusação o MP ainda que entenda que
há indícios reduzidos ou não haja indícios, não pode deduzir acusação, se o fizer
temos nulidade insanável, artigo 119º, b).
O MP só pode fazer, se o assistente tiver deduzido em primeiro lugar a sua
acusação.

Por onde é que começa, começa sempre pelo arquivamento par alimpar aquilo que
não interessa — despacho saneador, que é para retirar do processo o que não interessa
— Aqui pronuncia ou não pronuncia. Se vai arquivar ou acusar, começa primeiro por
limpar, faz um despacho de não pronuncia, deixa uma linha e pronúncia. Na sentença é
igual, primeiro absolve e depois condena. Tirar do processo o que não interessa.

Como é que se faz uma acusação? Ver no campus “Acusação MP e acusação com
alteração de factos e de qualificação jurídica”

Artigo 13º, 14º e 16º CPP

Crimes puníveis até 5 anos — tribunal singular

Crimes puníveis com pena superior a 5 anos — tribunal coletivo

 Depois aplicam-se as regras do 141º.

 Saber qual é o elemento objetivo do crime e o elemento subjetivo.

PASSOS A SEGUIR NA ACUSAÇÃO:

Ofensa ao corpo e à saúde da vítima — nesta frase temos os elementos “quando, onde
e porquê”, elementos objetivos do 143º.

A seguir vêm as lesões causadas, tem de existir no corpo ou na saúde e para isso vai a
vítima ao instituto legal, faz-se a perícia forense e depois ficamos com o relatório
forense.

O arguido agiu com dolo? Possui representação e vontade? Agiu de forma livre,
voluntária e consciente?

Depois, temos a norma jurídica que constitui o crime, crime de ofensa à integridade
física simples, p.p. (previsto e punível), pelo artigo 143º CP.

De seguida, indica a prova — Maria Albertina, morada e profissão da testemunha (caso


já esteja identificada anteriormente, coloca-se id. folhas x e y)

O MP apenas promove, quem aplica é o juiz e nunca o MP – Pode propor alterar para
uma medida de coação mais grave.

Finalmente, coloca-se data e assinatura.

 Uma acusação é isto.

Podemos ter ainda uma ACUSAÇÃO PARTICULAR DO ARTIGO 285º — campus


“Acusação Particular” — José Andrade Silva.
Não basta dizer que insultou, tem de dizer expressamente quais foram os insultos —
artigo 281º — ofensa da honra ou da consideração pessoal ou profissional do
assistente.

De seguida, o elemento subjetivo, agiu livre e conscientemente.

Nº3 — a acusação deve contar:


 Descrição de factos com elemento objetivo e subjetivo
 Crime praticado
 Prova

Artigos 284º, 285º, nº4.

Artigo 284º, nº2, a) — Na segunda acusação, se o assistente concordar com o MP no


primeiro compartimento ou com o assistente no segundo compartimento, pode dizer
apenas que vem aderir à acusação do MP, dando por reduzida integralmente, podendo
fazer esta acusação por simples adesão.

Artigo 283º, nº3 — Esta acusação tem de conter sobre pena de nulidade, estes
elementos todos.

Deduzir acusação à primeira. Vamos ao primeiro compartimento, vai ter de ser


notificada a toda a gente, artigo ?, que remete paras o 277º, nº3. Nomeadamente é
nomeado o queixoso, ou o próprio assistente se já existir. Quando o queixoso ou
denunciante ou assistente receber, entram imediatamente no artigo 284º e a partir daí
sabem que têm 10 vias para deduzir a sua própria acusação.
Muitas vezes sucede que quando recebemos a acusação do MP ainda não somos
assistentes, pois não sabemos como fazer, e agora?
Não sabemos quando vai ser terminado o inquérito, e um dia, recebo a acusação—
Vou pedir para me constituir assistente e quanto vai ou não vai, já passou o prazo de 10
dias— artigo 68º, nº3, alínea b)  Diz que nestes casos de crimes públicos e
semipúblicos (não são particulares), o denunciante ou queixoso podem requerer a
constituição de assistente no prazo do artigo 284º.

O FACTO DE QUANDO sou notificado do artigo 183º e ainda não sou assistente, não há
problema nenhum, constituo-me assistente na própria acusação, requerimento —
desde que seja admitido como tal, venho deduzir acusação” — página 3 “Acusação
MP e acusação com alteração de factos e de qualificação jurídica”

O assistente pode também deduzir acusação pelos mesmos factos da acusação do MP,
por parte desses factos ou por outros factos diferentes da acusação do MP, desde que
não importem na alteração substancial.
A segunda acusação, pode ser pelos factos da primeira ou pelos mesmos outros, desde
que esses outros não consubstanciam numa alteração substancial dos factos que estão
na acusação do MP.
1. Alteração substancial dos factos  Artigo 1º, alínea f) CPP — “é aquela (refere-
se à alteração de factos — grande importância) que uma vez alterados os
factos, leva a um crime diverso, mais grave ou menos grave ou então leva essa
alteração, porque eu alterei factos, estou no mesmo crime, mas mais agravado
— o que se quer dizer, face ao 284º, nº1, se ao descrever os factos na segunda,
descrevo factos diferentes ou adiciono factos que só por si conduzem a um
crime diferente, já estou numa alteração substancial. Se falo em factos
diferentes que têm por consequência um crime diferente daquele que se fala
na primeira acusação, temos uma alteração substancial dos factos, que é de tal
maneira grave que leva a crime diferente ou a sanções mais gravosas. Por causa
de novos factos, estamos num crime novo.
Exemplo:
O MP diz — O António deu um murro no José — hematoma na face.
O assistente diz — o António deu um murro no José e a seguir deferiu uma faca
no intestino deste, colocando-o em perigo de vida— crime diverso mais grave.

2. Alteração não substancial dos factos  Por causa dos novos factos, não se
chegou a crime diverso, nem a sanções mais gravosas. Continua-se no mesmo
crime, menos com factos novos, não se chega a um crime diferente.

3. Alteração da qualificação jurídica  Os factos são exatamente os mesmos, o


que há é uma qualificação diferente daqueles factos.
Exemplo: O A deu com um ferro nas costas do J e causou-lhe lesões no corpo —
artigo 143º — ofensa simples.
O assistente deduz acusação e diz — o A deu com um ferro nas costas do J e
causou lesões à coluna — passa do 143º para o 144º — ofensa grave-.

 Isto porque o arguido não pode ser apanhado de surpresa com factos novos, é
acusado do crime A e vem a ser punido pelo crime B. há que deixar defender-se —
princípio da vinculação temática, para garantir as defesas dos arguidos. Quando somos
arguidos percebemos logo.

Trabalho CJC — Ressocialização de cadeia = 0 =Não porque quer, mas porque foi
obrigado, logo tem que ter o mínimo de condições.

Sucedem nestas quatro fases:

 Inquérito — artigo 284º, nº1, constituição do assistente — o assistente no prazo de


10 dias a contar da notificação pode deduzir também ele acusação, pelos mesmo
factos da primeira acusação, por parte deles ou por outros que não importem uma
alteração substancial. Significa que o legislador diz que é perfeitamente lícito, na
segunda acusação fazer uma alteração não substancial e da qualificação jurídica. O
legislador trata a alteração da qualificação da mesma forma que trata a alteração de
factos.
Não há problema nenhuma que não segunda acusação se deduza por parte ou por
outros desde que isso não seja uma alteração substancial. Como trata sempre a
alteração jurídica como a alteração não substancial.
O que se diz neste 284º, nº1, é p que não pode fazer-se é alterar os factos na segunda
acusação, quando seja alteração substancial.
Se houver alteração substancial, o vicio é a falta de promoção, nulidade insanável,
artigo 119º, b). O que está em causa é a legitimidade do MP para promover o processo.
É sempre a legitimidade do MP que está em causa. No primeiro compartimento, a
alteração substancial é nulidade insanável. O que está em causa sempre é arguido não
ser apanhado desprevenido quando recebe a segunda acusação, é o arguido poder
defender-se sabendo quais os factos que são imputáveis. O facto de ser notificado,
serve para o arguido poder ter assegurada as suas garantias de defesa e saber com o
que conta.

 Instrução — Fase facultativa — só existe se for requerida pelo arguido ou assistente,


tendo de ser permitido, só pode requerer abertura de instrução, se houver uma
acusação contra ele. Esta instrução é dirigida por um JIC e não pelo MP e tem os
mesmos objetivos do inquérito que é saber se há ou não indícios suficientes para a
prática do crime. Aqui analisa-se as provas do inquérito e da instrução e faz-se um juízo
de prognose. Dão condenação ou não? Se não der, e vai ser absolvido, arquiva-se o
processo.
Na instrução, chega-se e tem-se logo o debate instrutório, que é obrigatório sempre,
ou seja, no final da instrução, o juiz tem de ouvir o MP, o advogado do assistente o
arguido. O juiz deve pronunciar ou não pronunciar. Diz-se ao juiz “Veja o que disse a
testemunha na folha 23 e agora analise o documento 42, é completamente
contraditório”.
Artigo 303º, nº1 CPP — Houve uma acusação particular nesses termos. Esta acusação
do assistente é a do 285º, é a primeira acusação ou do assistente, significa que lá atras
foi arquivado, o assistente veio requerer a abertura de instrução e aí mete-lhe os
factos. Se da instrução, dos atos ou debate, o juiz vir que o que se diz na acusação do
MP (1), ou na acusação particular (2), ou na acusação do assistente (3), não é bem
assim e há uma alteração de factos não substancial, se o juiz vir que acontece, deve
comunicar ao defensor e concede-lhe a requerimento —dos atos da instrução, ouviu x
testemunhas, verificando-se que há uma alteração não substancial dos factos
relativamente a um dos 3.
A decisão final é a decisão instrutória. A segunda acusação do inquérito, mas vai ser
notificada ao arguido lá atrás, esta também vai ser, mas o legislador aqui entende que
o juiz se verificar esta alteração antes de decidir, deve comunicar ao arguido, para que
ele não seja apanhado desprevenido e se for, conceder-lhe um prazo.

Nº5 — Alteração da qualificação jurídica da mesma maneira que trata a alteração não
substancial. Se o juiz durante a instrução, verifica que há uma alteração da qualificação
jurídica, crime de roubo do 210º, nº2, ou pode haver, o juiz está. Apensar nisto, então
está neste nº5 que tem de cumprir o nº1. Se não comunica ao arguido a alteração
substancial ou da qualificação, e repara na alteração, temos aqui um vício — falta da
promoção do processo pelo MP, nos termos do artigo 48º. É discutido, mas se o juiz
não transmite os factos, em regra estamos perante uma nulidade insanável do 119º,
alínea b) CPP. Transmitido está tudo.
Se durante a instrução, o juiz chega a conclusão de que há uma alteração substancial
vamos pelo artigo 30º, nº3. Que diz que não pode porque há alteração do crime ou de
sanções — não pode tomar em consideração esta alteração, nem pode arquivar o
processo, tem de ir ao fim, ainda que entenda que há alteração substancial.

Se o juiz profere uma alteração instrutória substancial dos factos — tem um vício,
artigo 309º CPP — esta nulidade tem de ser arguida no prazo de 8 dias, pois se não for,
fica sanada. Se assim é na alteração substancial, tem igualmente de ser assim na não
substancial e na da qualificação jurídica. Seria nulidade insanável, se não tivéssemos o
309º, mas como temos, não pode ser mais gravosa do que a alteração substancial.
Aqui na instrução, o que temos é as três alterações como nulidade relativa.
Os vícios da alteração substancial e da qualificação — trata-se de vícios que NÃO
FORAM TRANSMITIDOS, a conhecer, ao arguido. Se foram dados a conhecer, aqui já
não há vício nenhum.

Crime diverso pode ser considerado crime menos grave? Há jurisprudência que diz que
não é alteração substancial, porque beneficia o arguido. O professor diz que é.

 Julgamento — Alteração não substancial está artigo 358º, nº1 — SE VIR QUE HÁ
UMA NÃO alteração substancial, o juiz tem de comunicá-la ao arguido e não pode
introduzi-la na sentença, sem previamente comunicá-la ao arguido e dando ao arguido
o prazo para se defender (por exemplo para indicar nova prova ou nova testemunha e
junta ao processo, durante esse prazo) que seja o estritamente necessário e o tribunal
é que decide, suspendendo a audiência durante esses dias. É possível, tendo como
termo de comparação a acusação do MP ou o despacho de pronúncia. Muitas vezes
isto sucede no momento da sentença. Se não comunica antes e introduz esses novos
factos na sentença, sem dar conhecimento prévio ao arguido, temos presente o artigo
379º, nº1, alínea b) — nulidade da sentença e o nº2 diz-nos que é uma nulidade
insanável, o tribunal pode suprir nulidade e pode ser reconhecida em recurso
oficiosamente, sem ser invocada.
Quanto à alteração substancial, temos o 359º, nº1, que não é permitido, a não ser que
arguido, MP e assistente, estejam de acordo, como nos diz o nº3 do artigo 359º CPP.
Em regra o arguido não está de acordo e basta um não estar de acordo, para o juiz ter
não poder ir por aí, logo se introduzir, sem que o arguido queira, temos uma nulidade.
Esta alteração não pode levar à extinção da sentença, tem de continuar o julgamento.
Nº2, artigo 359º CPP — Comunica ao MP os novos factos e se quiser, o MP abre
inquérito contra esses novos factos.
Se o juiz na sentença introduzir uma alteração substancial dos factos, sem que o
arguido esteja de acordo, o que temos outra vez é uma nulidade da sentença, 379º,
nº1, alínea b) e nº2.
A alteração da qualificação jurídica está no artigo 358º, n3 CPP.

 Recursos — Alteração da qualificação jurídica ou alteração não substancial dos


factos — artigos 424º, nº3 — diz que não podem ser tomada em conta sem que o
arguido seja notificado delas, concedendo o prazo de 10 dias para dizer o que quiser,
caso ele queira, pois pode não querer. Se não forem transmitidas ao arguido, o acórdão
vai ser nulo, 379º CPP.
Artigo 425º — está na parte dos recursos.
O artigo 425º, nº4 remete para o artigo 379º, nº1, alínea b) —Está a dizer que uma
alteração substancial não é possível se não for feita nos termos do artigo 359º CPP.

Alteração substancial dos factos — Nunca podem fundamentar o acórdão e aplica-se


sempre o artigo 379º CPP. O nº1 alínea b) fala do 358 e ainda do 359º.

TESTE — PODE SAIR ASSIM:

1. Acusação do MP — o A deu um murro no José — ofensa à integridade física


simples — “Imagine que é advogado do assistente...”— AQUI, É só copiar e
acrescentar os factos mais graves, como por exemplo, o ferro na cabeça
(tentativa de homicídio), ou acrescentar a facada, que é para ter novos casos
para que haja crime diverso.
O prof entende que não tem de ser muito mais grave. A jurisprudência acha
que só seria assim se fosse mais grave.

Ou então, o contrário:

2. Acusação do assistente, e diz que tem uma alteração substancial relativamente


aos factos da acusação do MP anterior, deduza a acusação anterior do MP—
aqui é retirar os factos.

Ou:

3. Diz para alterar a qualificação jurídica — A deu com o ferro na cabeça de B:


AQUI É SÓ copiar os factos, mas dizer que em vez de ofensa à integridade física
simples, seria uma grave, exemplo do início da aula.

VER BEM TODO O TIPO DE ACUSAÇÕES, DO MP, DO ASSISTENTE COM ALTERAÇÃO E


NÃO ALTERAÇÃO.

28/11/23

ARTIGO 194º — SAI SEMPRE NO SEGUNDO TESTE


 Despacho sobre Medidas de Coação: Artigo 219º; artigo 407º/1, c); artigo
406º/2 e artigo 408º à contrario.

 Recurso de despacho sobre medidas de coação: sobe imediatamente pelo


407º/2, c). os recursos que sobem imediatamente são os referidos no 407º/2.
Mas há outros que também somem imediatamente não referidos no nº2

 O despacho sobre MC não está mencionado no 408º, logo, o recurso tem efeito
não suspensivo, a contrario do disposto do 408º.

 Recurso sobe em separado, o processo continua na primeira instância, inquérito


continua a andar, mas tira-se uma cópia do recurso e manda-se para a relação.
Ao interpormos o recurso que sobe em separado temos de dizer quais as peças
é que se extrai a certidão para acompanhar o recurso. Se não o recurso chega à
relação e não sabem. Tem de se dizer “com este recurso vão as seguintes peças
processuais” pode ser com o despacho das MC, com a promoção do MP, com as
transcrições das escutas telefónicas.

 Artigo 400º/1, c): Se recorreu para a relação e a relação decidiu recurso. Não é
um acórdão que condena ou absolve;

 PRISÃO PREVENTIVA aplicada na 1 instância, recorre-se do despacho, recurso


para a relação, relação decide e deste acórdão da relação e deste acórdão não
posso recorrer para o STJ porque é um acórdão sobre Medidas de Coação que
não conhece afinal do objeto do processo. A não ser nos casos em que
inovadoramente—pela primeira vez — apliquem MC quando na primeira
instância se decida não aplicar nenhuma MC. Na primeira instância, o MP
depois do interrogatório promove aplicação do MC e o juiz não aplica, MP pode
recorrer e pela primeira vez o arguido vê-se confrontado com uma MC porque
na primeira instancia o juiz disse que não aplicava nenhuma. Antes da lei
94/2021 dizia que não se podia recorrer disto. Houve vários acórdãos do
Tribunal Constitucional que vieram dizer que era inconstitucional por violações
do 32º/1.

 Artigo 212º: rebus sic stantibus- REVOGAÇÃO E SUBSTITUIÇAO DAS MEDIDAS:


“enquanto as coisas estiverem assim” não se alteram a MC. Enquanto as
circunstâncias se mantiverem que inicialmente levaram tribunal a aplicar a MC,
não se podem alterar as medidas, nem revogar nem substituir porque as
circunstâncias são as mesmas. Sob pena de não haver segurança e certeza
jurídica.

 Artigo 196º: a partir do momento

 Qualquer juiz, procurador, OPC, se fizer a constituição de arguido, tem de


sujeitar esse arguido a TIR.

 Prof Germano Marques da Silva


 Consideram-se sempre notificados.

Artigo 113º/3: A pessoa que é notificado mediante prova de depósito, o prazo só


começa a contar decorridos 5 dias sobre a data que o carteiro lá escreveu.

Todos os arguidos são notificados por via postal simples

Artigo 345º: não diz que perguntas não posso fazer. Tenho de ir à parte geral.

Artigo 138º: diz que perguntas não posso fazer à testemunha. Por exemplo, perguntas
sugestivas.

Parte especial: 241º

Artigo 275º

Artigo 283º/2: consideram-se suficientes os indícios sempre que por força deles
resultar possibilidade razoável de vir a ser aplicado ao arguido uma pena ou medida de
segurança. O MP tem de ler o processo e refletir se aquilo em julgamento leva a
absolvição ou condenação- deve fazer um juízo de prognose.

ARQUIVAMENTO:

• No final do inquérito pode haver arquivamento quando os crimes preveem dispensa


de pena 280º.
• Há arquivamento quando há indícios de crime, mas não há provas suficientes, não há
indícios suficientes no sentido em que julgamento possa levar a condenação.
• Mas, entretanto, podem surgir outras provas que alterem o arquivamento—fica-se à
espera de melhor prova. O crime existe, mas não há testemunhas, não há provas
suficientes que permitam acusar;

• O arquivamento é sempre com base, em regra, no 277º/2;

• Artigo 277º/1 é diferente do 277º/2;

 Nº1: arquivamento mais forte. Há uma certeza de que não houve crime. Muito
difícil haver reabertura do inquérito.
 Nº2: aqui ainda pode vir a ser aberto se houver indícios. Se alguém foi assassinado e
não sei quem foi, arquivo nos termos do 277º/2.
• Sempre que há um arquivamento, tem de dizer se é pelo nº1 ou nº2 e o
arquivamento vai ser notificado ao arguido, assistente, denunciante, partes civis, etc.

 Devem todos ser notificados porque podem não concordar e reagir.


 Arguido tem de ser notificado para saber que foi arquivado simplesmente
 Mas os outros é para poderem reagir
 As partes civis vendo que o processo foi arquivado, podem intentar uma ação cível
 Princípio da adesão: Em princípio, o pedido de indemnização pela prática de um
crime tem de ser deduzido no próprio processo penal. Mas este artigo diz que há casos
em que pode ser separado. Se a parte civil sabe que o processo foi arquivado, fica a
saber que já não pode deduzir o pedido de indemnização no processo criminal porque
deixou de existir. Ou seja com o arquivamento a parte cível abre ação cível.
 O queixoso ou o assistente perante um arquivamento, pode dizer que não concorda
com aquilo e vai ver o processo (o seu advogado) para poder fazer o juízo de prognose
e penso se em julgamento dá absolvição ou condenação. Se concluir que dá uma
condenação, não vou concordar com o arquivamento.
 Perante um arquivamento, o queixoso ou o assistente pode tentar reabrir o
processo para que chegue a julgamento porque se não fizer nada, vai ficar arquivado—

 Pode requerer a abertura da instrução (só o assistente é que pode requerer a


abertura de instrução- 287º/1, b)) tem 20 dias seguidos para se quiser, requerer
a abertura da instrução. Dirige-se a um juiz dizendo que não concorda com
aquele arquivamento e explica porque é que entende que o MP arquivou mal.
SÓ o assistente é que pode requerer a abertura de instrução. O denunciante
não pode. O denunciante tem de requerer logo no inicio que se pretende
constituir assistente porque tem legitimidade, constitui advogado, está em
tempo e liquidou a taxa de justiça
 Requerer intervenção hierárquica 278º/2: não pode, em simultâneo, requerer a
abertura de instrução e a intervenção hierárquica, nem fazê-lo sucessivamente-
NÃO PODE! Ou vai para um lado ou para o outro. O prof. Acha que não se deve
requerer a intervenção hierárquica. O prof acha que quando não se concorda
deve-se ir para a instrução.
 Requerer a reabertura do inquérito- 279º: MP arquiva dizendo que não há
indícios e terminado o prazo de 20 dias, o processo só pode ser reaberto se
aparecerem novas provas que ponham em causa aquele arquivamento. O prof
não concorda com o facto de se o MP no processo tem referencia a testemunha
X e o MP não ouve e o advogado diz que tem de ouvir a testemunha, e o MP diz
que já ouviu. Posso também ir nos 20 dias, posso requerer a reabertura, mas
indicando outras provas e diligencias dentro do prazo de 20 dias- perigoso
porque o MP pode dizer que não. O melhor é não fazer nada e deixa-se estar
arquivado, ou requer-se a abertura da instrução ou requer a intervenção
hierárquica.
 Artigo 279º: se houver provas novas, abre-se o inquérito com estas novas
provas e aplica-se este artigo

Há casos em que se arquiva quando a lei prevê dispensa de pena – quando a norma
prevê a dispensa de pena, o MP

• Num crime particular, o assistente não pode requerer a abertura de instrução


• Artigo 287º/1, a) o arguido perante acusação pode sempre requerer a abertura da
instrução

ACUSAÇÃO
• 283º, 284º e 285º
• Deduzida quando há indícios suficientes

Divisão entre dois compartimentos:

1. Crimes públicos e semipúblicos:

 Quem deduz acusação em primeiro lugar é o MP 283º.


 Esta acusação do MP é notificada ao assistente.
 O assistente deduz acusação se quiser (se constituído assistente), mas sempre em
segundo lugar, ou seja, sempre depois da acusação do MP 284º (que é notificado a
toda a gente), sob pena de nulidade absoluta insanável por falta de promoção do MP
119º, b).
 Prazo de 10 dias. Se for queixoso, para ainda se constituir assistente, demora mais
que 10 dias, então o 68º/3, b) vem dizer que se pode constituir assistente no prazo do
artigo 284º.
 Num crime de ofensa a integridade física simples, abre-se inquérito que nunca mais
termina, queixoso farto de esperar, no processo já há indícios, não pode deduzir
acusação antes de o MP o fazer, o MP é que deduz acusação em primeiro lugar e
quando entender que tem indícios suficientes.
 Se não deduzir acusação pode estar na mesma no julgamento e intervir
normalmente no julgamento.

2. Crimes particulares:
 Primeiro assistente e só depois MP 285º/1 e 4.
 Se o assistente deduzir acusação particular em primeiro lugar, o MP deduz acusação
em segundo lugar
 O MP só pode fazê-lo se o assistente o tiver feito e tem 5 dias para deduzir esta
acusação.
 Tem menos dias porque o MP conhece o processo.
 Se o MP entender deduzir acusação em primeiro lugar, é nulidade insanável por
falta de legitimidade do MP 50º + 119º, b). se o assistente, notificado, não deduza
acusação particular no prazo de 10 dias, o MP, ainda que entenda que tenha indícios,
não pode deduzir acusação porque não tem legitimidade.
Se não houver instrução, vão as duas acusações para julgamento.

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