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❒ Sequestrada por um vampiro - autor Amanda Pereira

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1ª Edição

Copyright © 2024 Amanda Pereira


Diagramação: Amanda Pereira
Capa: Bruna Silva
Ilustração: stefanyilustra e meryartt
Imagens: Canva e Adobe
Esta é uma obra ficcional.
Qualquer semelhança entre nomes, locais ou fatos da vida real é mera coincidência.
Todos os direitos são reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida em quaisquer meios
existentes sem a autorização por escrito da autora.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Pena.

● Dark Fantasia / Dark Romance / Monster Romance

Um Monster romance entre uma humana e um vampiro.

Em um mundo destruído em uma guerra, entre humanos e vampiros, vamos conhecer a


história de vitória, uma garota de dezessete anos que faz de tudo para proteger a sua mãe até
mesmo cometer pequenos roubos, na cidade destruída de Nova York, ela vive cada dia com
medo que chegasse o seu aniversário de dezoito anos, afinal quando isso acontecesse ela terá que
passar por uma seleção para que eles escolham o seu destino, no fundo ela sabia que seria
escrava de sangue como a mãe dela.
Mas tudo em sua vida muda quando elas decidem fugir, quando ela é pega só tem uma
escolha, ser escrava de sangue sem direito algum, no castelo da família real dos vampiros ou a
morte.

Em meio a conflitos, dor e sofrendo vitória conhecerá o príncipe herdeiro dos vampiros
disposto a tudo para ser o rei, até mesmo usá-la para isso.
Vitória descobrirá que também sabe lutar, algo no seu sangue faz com que ela seja capaz
de fazer coisas impossíveis, ela usará isso para matar todos os vampiros.

Mas o que ela vai fazer quando descobre que realmente se sente em casa na escuridão do
príncipe vampiro?
Aviso de gatilhos
Contém gatilhos! Sequestro, tortura, violência sexual, violência física, violência
psicologia. Abuso, Se você não se sentir à vontade com qualquer um desses gatilhos eu
aconselho a não ler esse livro.
Para as que buscam o amor em lugares obscuros. Onde cada toque pode ser uma bênção,
ou a mais deliciosa e insana maldição.
Capítulo 01

— Me beije! — encarei Logan sem acreditar naquelas palavras. Ele me encarou se


aproximando de mim. O meu coração estava martelando dentro do meu peito.

– Você não é burra, Vitória, achou mesmo que eu lhe daria todos esses remédios sem algo em
troca?

Ele sorriu. Todos que estavam naquele lugar sorriram.

— O que você está falando? Eu já te dei tudo que eu consegui esse mês. — Apertei a minha mão
em punho, os meus olhos ardiam, estava tentando me controlar para não chorar. Logan levantou
a mão para tocar o meu rosto, mas eu não deixei, dei um passo para trás. O cheiro daquele lugar
estava me fazendo quase vomitar naquele chão sujo.

—- Você trouxe apenas bijuterias, nada de valor. Mas você sabe muito bem como é difícil
encontrar esse tipo de remédio? — Ele olhou para os remédios que eu tanto precisava em cima
daquela mesa de madeira que já teve dias melhores.

– Eu não vou te beijar. — O encarei, eu não ouço mais as risadas dos homens que trabalhavam
para ele. Logan controlava o mercado negro daquele lugar.

— Muito bem… Então você pode ir.

O encarei esperando algo a mais, mas ele ficou parado no mesmo lugar me observando, olhei a
minha volta para ter certeza que todos estavam no mesmo lugar. Engoli em seco olhando para os
remédios que a minha mãe precisava em cima daquela mesa. Dei dois passos em direção a eles
quando ouço a sua voz.
— Mas você não vai levar esses remédios.

O meu corpo congelou, só ouvia o som da respiração dele próximo demais do meu ouvido.
— O único jeito de você sair com eles deste lugar, é me beijando, Você logo completará dezoito
anos minha ladrazinha, depois disso eu não vou poder ter o que eu quero. Então me diga, você
vai me beijar, ou vai deixar a sua mãe morrer?

As lágrimas que eu estava tentando não soltar, agora estavam rolando pelo meu rosto. Logan se
aproximou ainda mais de mim, eu podia sentir o seu cheiro, eu podia sentir a sua respiração no
meu pescoço.

— Decidiu o que vai querer?

Fechei os olhos com força, sentindo que a qualquer momento a minha cabeça fosse explodir, mas
eu sabia, no fundo eu sabia, eu aceitaria qualquer coisa pela minha mãe.
— Apenas um beijo? — A minha voz saiu tão estranha que parecia não ser minha.

— Apenas um beijo. — Ele afirmou. Me virei na direção de Logan que me observava


atentamente.
— Eu aceito. — Afirmei. Logan sorriu, é apenas um beijo, eu poderia lidar com isso, repeti isso
diversas vezes para que eu acreditasse. Observei todos àqueles rostos ao nosso redor esperando
pelo espetáculo. Eu só queria que isso acabasse logo, eu só queria ir para casa.

— Todos para fora! — Logan ordenou. E com sons de palavrões os homens daquele lugar
saíram, mas eu não fiquei aliviada com isso, eu não queria ficar sozinha com este homem. Logan
se aproximou do meu rosto.

— Você poderia ter tudo que quisesse. Vitória. É só aceitar ser minha. Se você aceitar, a sua mãe
não vai precisar se prostituir para aqueles sugadores de sangue.

Logan sempre me dizia que eu era bonita demais para viver roubando, que eu seria perfeita para
ficar ao lado dele. Isso começou quando eu tinha apenas treze anos.

— Não! — Ele sorriu.

— Eu não posso te obrigar, não é mesmo? — Logan segurou uma mecha do meu cabelo. —
Então é melhor você me beijar com vontade garota, porque se isso não acontecer, você voltará
para casa de mãos vazias.

Eu nunca tinha beijado alguém antes, nunca pensei que o meu primeiro beijo fosse ser desse
jeito. Eu me aproximei dele, naquele momento eu imaginei que aquela pessoa na minha frente
era alguém que eu gostasse, que era alguém que eu queria beijar. Eu apenas imaginei outra
pessoa.

Quando as nossas bocas se tocaram eu o beijei, o beijei do jeito que eu já tinha visto casais
fazendo. Eu só queria que acabasse. Quando me afastei de Logan o meu coração estava
acelerado. Mas Logan apenas me encarou.
— Você chama isso de beijo?

Ele não me deixou responder, Logan segurou o meu pescoço com força e me beijou, os seus
lábios esmagaram os meus, a sua mão apertava a minha cintura. Ele forcou a minha boca até que
ela se abrisse, Logan enfiou a língua na minha boca. Todo o meu corpo tremia, tentei me afastar
mas não conseguia, sinto as minhas costas batendo com muita força na parede atrás de mim.
Logan apertava o meu pescoço.

E quando ele finalmente parou, ele me encarou com um sorriso no rosto. As lágrimas rolavam
mais e mais pelo meu rosto, eu o encarava em choque.

— Agora sim. Isso sim valeu o preço do remédio. – Ele sorriu. — Pode ir agora. E não se
esqueça eu sempre vou está aqui para uma segunda rodada. Mas é sempre bom avisar, eu não
vou me contentar com um simples beijo da próxima vez.
Logan sorriu olhando para o meu corpo, eu não sei como conseguir, mas eu peguei os remédios
e corri o mais rápido possível daquele lugar. Quando encontrei um beco qualquer eu parei, puxei
uma grande quantidade de ar para dentro dos meus pulmões, finalmente consegui respirar. As
minhas mãos tremiam, todo o meu corpo tremia. Fechei os olhos tentando me acalmar. Tentando
respirar. Depois de vários minutos eu finalmente consegui sair daquele beco sujo.

Abaixei a cabeça ao passar pelo guarda, ele apenas me olhou com nojo e seguiu o seu
caminho. Apertei aquela sacola com força, sentindo um grande alívio.

Mas só de lembrar do que aconteceu a minutos atrás, fez o meu estômago se revirar de
nojo.

Ao atravessar o que um dia foi a grande cidade de Nova York, e que agora são resquícios
de uma cidade-fantasma, controlada por vampiros, dou um sorriso de escárnio ao me lembrar do
passado, em como a vida era, o governo ao descobrir a existência dos vampiros, se reuniram, foi
uma coisa única na história.

Todos os países juntos pela mesma causa, mas… as coisas não foram como eles
imaginaram.
Houve bilhões de mortos, bombardeios às maiores capitais, guerra e sangue. E no final… a
destruição. Acabaram com o nosso governo, sobraram apenas cinco por cento da população
mundial.
E agora isso.

Estamos aprisionados no que um dia foi uma cidade mundialmente conhecida. Mas que
hoje não passa de uma carcaça do que um dia foi. Não temos mais governo humano. Apenas uma
família real de vampiros originais no poder.
Respirei fundo.

A sede de toda a operação deles é aqui. Aqui que eles mantêm uma boa parte dos humanos
que sobraram. Como gado, prontos para o abate.
Certa vez ouvi uma frase da minha amiga, falando que eles cuidam de nós, nos alimentam.
A minha vontade era dar um soco na cara dela. É lógico que eles nos alimentam, ela não vê que
somos apenas alimentos para eles? Afinal, se toda raça humana acabasse, a deles também
acabariam, eles precisam do nosso sangue para sobreviver.

Suspirei, passando pela pequena viela antes de chegar no meu conjunto. Éramos divididos
em dez conjuntos, eu e minha mãe éramos do nove, apenas um acima, da extrema pobreza.

Pessoas desses conjuntos, eram as que mais sofriam.


Certa vez vi um garoto ser brutalmente espancado em praça pública por estar segurando
um livro. Um livro! Um item que antigamente era usado por todos. Mas que hoje é banido.
Qualquer pessoa que for pega lendo, é espancada até desmaiar, para servir de exemplo. Afinal
conhecimento é poder, e eles não querem que humanos tenham poder sobre nada.

Sinto o fedor do esgoto que escorria livremente pelas ruas, os ratos brincavam pelos restos
que encontravam, o cheiro de morte pairando sobre o ar. Subo cinco lances de escadas até chegar
em casa, pelo menos temos um lugar para dormir. Diferente de muitos outros que nem isso tem.
Quando entrei, encontrei minha mãe cozinhando algo no fogão, ao me aproximar, vejo que
são as batatas que consegui essa semana. Ao me ver, ela sorriu. Retirei o casaco pesado e muito
gasto que estava usando. Mas me protegia do frio, afinal, isso que era importante.

— Onde você estava? – Minha mãe perguntou impaciente.

Me aproximei dando a ela a sacola que eu trazia comigo, ela a abriu levantando uma
sobrancelha.
— Onde você conseguiu isso, Vitória? – Minha mãe me perguntou dando um passo em
minha direção.

— Com o Logan.
Ela respirou fundo olhando para mim. Eu sabia o que viria a seguir, me preparei para o
sermão.

— Não quero você envolvida com ele, todos sabemos que ele mexe com coisas ilegais. E
sabemos muito bem o que é feito com pessoas que fazem isso. — Ela se sentou cansada. Olhei
para a minha mãe , eu sabia que ela estava certa, mas eu não tinha escolha. E faria tudo de novo
se isso significasse que ela ficasse bem.

— Eu sei mãe, mas a senhora estava tão fraca, eu estava com medo que você passasse mal.
E não me custou nada — minto. Afinal, nada era de graça naquele lugar. E eu paguei o preço
pelos remédios que estavam na mão dela
Minha mãe me encarou atentamente, eu sabia que ela não acreditou em uma palavra que
eu disse.

— Não te custou nada? — Ela perguntou, desconfiada.


— Não — Respondi, tentando não demonstrar que estava mentindo. Ela me observou

— Irei fingir que acreditei nas suas palavras. — Ela respirou fundo cansada. — Se senta,
vamos almoçar.

Me sentei e começamos a comer aquelas batatas. Era a única coisa que tínhamos. A
ordem, como era chamado o governo dos vampiros, tinham muitas regras e, a principal delas, era
que todos que completassem dezoito anos, tinham que se inscrever para se juntar a eles, era
definido o seu futuro aqui.
Ou você era escolhido para ser guarda, já que eles não podiam sair durante o dia e nós
fazíamos isso para eles, o que é cômico se você parasse para pensar, ou… tinha os escravos de
sangue, que se você tivesse um sangue bom, poderia servir a eles como escravos pessoais.
Apenas um nome para bolsa de sangue com pernas, era o que eu pensava. E se você não fosse
escolhido para nenhuma dessas funções, era apenas um peso morto, e assim, era designado para
serviços de limpeza ou qualquer coisa que eles quisessem.

Não se enganem achando que éramos muito valiosos para eles, porque não éramos, afinal,
o que eles queriam era sangue, nada mais que isso.
E para a minha infelicidade, a minha hora estava chegando, daqui a dois dias completarei
dezoito anos, e irei saber o que irão fazer comigo. Evitávamos falar deste dia, na esperança de
que assim não aconteceria, mas sabemos que não é bem assim.

A minha mãe é uma doadora. Eles não gostavam da palavra escrava, mas todos usávamos,
mesmo escondidos.

Na melhor das palavras, ela servia a um dos comandantes, um ser desprezível que a
sugava diariamente, não se importava com nada. Certa vez minha mãe chegou tarde da noite, mal
conseguindo ficar em pé. Os seus olhos estavam fundos. E várias marcas no seu pescoço.
Ela estava fraca, por isso tentei conseguir essas vitaminas e remédios.

Ao olhar para o seu rosto, vejo o tanto que a minha mãe envelheceu nesses dez anos que
os vampiros tomaram conta de tudo. Os seus olhos estavam fundos, o cabelo que já foi brilhante,
agora não passava de fios ralos e opacos. E magra, muito magra, dava para vê os ossos abaixo da
blusa fina e velha que ela estava usando.
O ódio dominou o meu corpo, sinto as minhas mãos tremerem. Uma incrível vontade de
gritar faz com que eu aperte com força a minha mão em punho, sentindo as unhas machucando a
pele. Sinto um pequeno tremor. A nossa pequena casa treme. Tudo ao nosso redor se mexe.

A minha mãe me olhou, com os olhos arregalados. Vejo medo no seu olhar.
— Esses tremores de terra estão cada vez piores. — Ela fala se levantando, observei a sua
mão tremer.

Me levantei também, ficando ao seu lado. Coloquei a minha cabeça no seu ombro,
sentindo o seu cheiro, fechei os meus olhos tentando manter esse cheiro na minha memória. Ela
passou as mãos pelos meus cabelos delicadamente.
— O seu cabelo está tão grande. Meu amor.

Abri os olhos, e vejo aqueles enormes olhos azuis olhando para mim. Os mesmos olhos
que vejo no espelho de manhã todos os dias.

— Acho que vou cortar. — Falei segurando uma mecha do meu cabelo com a mão.
— Você sempre fala isso, mas nunca cortou. — Minha mãe sorriu. —. E você fica muito
mais linda com ele grande. — Ela me deu um beijo no rosto se afastando.

— Vou descansar, me acorde mais tarde.


Ela saiu da nossa pequena cozinha, e entrou no quarto que dividiamos. Mais tarde ela tinha
que ir para a casa do comandante novamente.

Me sentei no pequeno sofá, eu estava cansada de tudo isso. Várias vezes me peguei
pensando como estaria o mundo depois das muralhas, será que existe algo a mais? Alguém que
esteja lutando por nós. Qualquer coisa.

Às vezes sinto que a minha mãe está escondendo algo. Mas nunca descobri o que seria.
Ela certa vez me disse que eu era especial, mas sinceramente nunca vi nada de especial em mim,
sou apenas uma adolescente comum. Que nutre uma grande vontade de exterminar essa raça
maldita de vampiros da face da terra.

Ao sair de casa nessa manhã, deixei a minha mãe dormindo, ela chegou quase cinco da
manhã, machucada e exausta.
Fui à casa de Sarah, ela é uma amiga. E ontem ela tinha completado dezoito anos, quero
saber o que aconteceu.

Após um tempo, cheguei ao setor seis, aqui já são casas, nada de minúsculos
apartamentos, e não tem o cheiro desagradável de esgoto que tem onde eu moro. Bati na porta da
sua casa, e depois de um tempo, sua mãe atendeu.

Ela me olhou de cima a baixo com nojo. Mas tentei ignorar, isso já é normal, não me
magoava mais como antigamente.
— Sarah! — Ela gritou. — A Vitória está aqui fora. — Falou isso e entrou novamente.
Não saí do lugar. Sei que a mãe da minha amiga não quer que eu entre. Então esperei a Sarah
sentada na calçada.

Após uns minutos ela apareceu.


A Sarah era linda, loira de olhos verdes-esmeraldas. Ela era um pouco mais alta que eu,
mas ela se alimentava melhor, o brilho dos seus cabelos, a pele pálida sem nenhuma mancha
linda é delicada, eu sempre achei ela parecida com as princesas dos livros de conto de fadas que
mamãe lia para mim antes de dormir.

Mas hoje ela estava diferente, os seus olhos estavam inchados, como se estivesse
chorando. Ela se aproxima, sentando-se ao meu lado.

— O que aconteceu? — Perguntei sentindo as minhas mãos suando.

A minha amiga ficou parada olhando para um ponto mais além na rua agora vazia.

— Eu virei doadora.
Mesmo sabendo que isso era possível, o meu coração acelerou só de saber o que vai
acontecer. Passei o meu braço pelo seu ombro consolando-a.

— Eu sinto muito.

Ela me encarou, mas balançou a cabeça.


— Como foi?

Eu sei que pode ser insensível da minha parte, mas eu queria saber como é, e a Sarah é a
única que pode me falar sobre isso.
Ela suspirou.

— Quando cheguei ao castelo, fui encaminhada para uma pequena sala, que mais parecia
uma sala de hospital. Eles me mandaram retirar as roupas, me observaram por um momento,
depois retiraram um pouco do meu sangue… e saíram, fiquei lá na maca nua, morrendo de
medo…, sozinha.

Ela começou a chorar, a abracei mais forte.


— Eles voltaram depois de mais ou menos uma hora. E me falaram que o meu sangue era
bom, que eu seria uma doadora. Mas isso não foi o pior.

— O que você quer dizer com isso? — Levantei uma sobrancelha.


Ela suspirou, limpando o rosto.

— Eles me entregaram um papel. E nele estava escrito que fui selecionada para ser uma
das doadoras do castelo.
O meu sangue gelou, era como se o meu coração afundasse dentro do meu peito, quando
você é selecionada para o castelo, você tem que morar lá, servir a eles, a tudo que for mandado, e
para piorar, nunca vi ninguém que foi selecionado para lá voltar. Não era como a minha mãe que
retornava todos os dias.

— Eu não entendo, por que você?


Ela se virou me encarando.

— Você sabe o que acontece com todos que são selecionados para lá? — Não respondi,
ela continuou… — Uma vez a amiga da minha mãe me disse que elas, além de dar o sangue,
eram obrigadas a manterem relações sexuais com o seu dono, ou com quem eles quisessem.

Abaixei a cabeça com raiva, e mais uma vez apertei a minha mão em punho, sentindo o
ódio dominar. “Dono.” Eles eram os nossos donos, os meus olhos arderam de vontade de chorar,
porque provavelmente não verei a minha única amiga novamente.

Ela chorou sem parar no meu ombro, e eu não pude fazer nada, hoje mesmo ela iria ser
levada para lá, eu nunca mais ia vê-la. E para piorar, amanhã era o meu dia de saber qual destino
eu teria.

Me sentia uma inútil, eu queria poder mudar tudo, absolutamente tudo. Mas eu não
consegui, a única coisa que eu consegui foi abraçar a minha amiga com muita força, e mentir
dizendo que tudo ficaria bem, mentiras, tudo era uma mentira, nos duas sabemos muito bem que
nada ficará bem, enquanto esses vampiros tiverem o poder de controlar tudo.
Ao voltar para casa passei pelo mercado, não me orgulho disso, mas mesmo assim,
procurei por algo ou alguém para roubar, e não deu, porque o mercado estava cheio de guardas, e
eu não podia ser pega, afinal, não seria somente eu a pagar por esse delito, quando você é pego
roubando toda a sua família é presa. Observei as pequenas barracas espalhadas pela a rua
movimentada, já era fim de tarde mas ainda tinha pessoas andando, o cheiro da carne de
procedência duvidosa sendo assada fez o meu estômago roncar, eu estava com fome. Os guardas
andavam no meio das pessoas como se fossem especiais, mas não passavam de marionetes no
jogo daqueles vampiros.

Voltei para casa, minha mãe estava sentada no nosso velho sofá que um dia já foi marrom,
mas agora era uma cor que não dava para identificar ao certo.

Me aproximei, me sentado ao seu lado. E mesmo tentando me controlar, chorei, ela me


abraçou e assim, nos seus braços, eu contei o que aconteceu com a Sarah. Mas ela não falou
nada, apenas ficou quieta me observando, minha mãe estava quieta como há muito tempo eu não
via.

Na manhã seguinte eu não conseguia ficar quieta, hoje era o meu aniversário, hoje, eu
saberia o que me aguardava.

Um dia que em outra época seria um motivo para comemorações, mas hoje é um peso para
cada um. Uma sentença de morte disfarçada, era apenas isso que aquele lugar era.
Às vinte e uma hora era o meu teste, e essa espera estava me matando, quando acordei não
vi a minha mãe em nenhum lugar, quando cheguei na cozinha apenas um bilhete falando que
estava resolvendo algo, que logo ela voltaria.

As horas foram se passando e nada dela chegar, já estava pegando o casaco para ir atrás
dela quando a vi chegando, já eram oito horas da noite, faltava só uma hora para o teste, ela
chegou toda ofegante, como se tivesse corrido. Me aproximei dela.
— O que aconteceu? — Perguntei preocupada.

Mas a minha mãe não respondeu nada, apenas foi para o nosso quarto, pegou duas
mochilas e se aproximou de mim. Me entregando uma. Fiquei olhando para ela sem saber o que
fazer.

— O que você está fazendo, mãe? — Minha mãe começou a abrir as gavetas da pequena
cômoda que tínhamos e começou a tirar o pouco de roupas que estavam lá.

Ela parou, e se aproximou de mim. Segurou os meus ombros e olhou diretamente nos
meus olhos.

— Vamos embora daqui!


Olhei para ela espantada com sua determinação. O que era estava falando?

— Embora? Mas como mãe? Não podemos simplesmente ir embora, você ficou doida, e
se nos pegarmos. — Balancei a cabeça nervosa. — Não, não, não. — A minha mão se fechou em
punho mais uma vez. E senti a casa mexendo novamente. Mais um tremor de terra. Eu estava
nervosa e com muito medo.

Ela me encarava, suor se formava no seu rosto, o seu peito subia e descia rapidamente, a vi
engolindo em seco antes de falar.
— Nós precisamos sair daqui, eles não podem saber, eles não podem fazer o teste em
você.

Balancei a cabeça sem entender.


— Eu entendo, — Tentei mantê-la mais calma. — Você acha que serei escondida como a
Sarah, mas as chances são muito pequenas, mãe, eu não tenho nada de especial, não sou bonita
como ela mãe, posso ser igual a você, eu poderia te ajudar, assim a senhora poderá descansar,
por mais tempo. — Este era o meu plano desde o começo; ficar no lugar da minha mãe para que
ela tenha uma vida melhor.

Mas ela balançou a cabeça, as suas mãos continuavam no meu ombro. A vejo chorando. E
isso partiu o meu coração.
— Você tem que entender filha. Eu tenho certeza que você será escolinha para ficar no
castelo, eu não quero você lá. Por isso vamos fugir.

Eu não perguntei o motivo da certeza da minha mãe, não questionei, apenas a ajudei a
pegar umas poucas roupas. E o restante de comida que ainda tínhamos.
Em menos de trinta minutos já estávamos andando para a muralha, eu já tinha vindo aqui
antes. Mas nunca tão perto. Ela era enorme, estávamos em um prédio abandonado, a minha mãe,
a todo o momento, olhava de um lado para o outro, como se estivesse esperando por alguém.

Ela não falou como iríamos sair, apenas segurou a minha mão firmemente e viemos para
este lugar, eu tinha tantas perguntas, mas ao olhar para ela, eu percebi que não era o momento de
fazer as perguntas, que eu tanto queria fazer, eu nunca tinha visto a minha mãe desse jeito, e isso
me assustava.
Já passava das vinte e uma horas, a uma hora dessa, provavelmente um guarda já estava na
minha casa me procurando. E esse fato fez o meu corpo tremer, o meu coração está tão acelerado
que por um momento não sabia se conseguiria me controlar.

Depois de um tempo, vejo uma sombra se movimentando até parar ao nosso lado. Um
homem, beirando os trinta anos, com uma cicatriz no rosto que ia do olho direito até a boca,
engoli em seco, percebendo que a minha mãe se meteu em algo grande demais.

— Conseguiu? — Ele perguntou a minha mãe.


Ela, por sinal, balançou a cabeça concordando, retirou de dentro da sua bolsa uma pequena
caixa e o entregou, vejo o homem a abrindo, e deu para ver que se tratava de pequenos frascos de
vidro, com um líquido transparente dentro.

Queria perguntar o que era, o que ela tinha feito para conseguir aquilo. Mas não deu
tempo. Ouvimos um estrondo fazendo com que caíssemos no chão, tossir sem parar, ao tentar
respirar, a poeira estava para todos os lados, o que estava acontecendo, tentei vê mas estava
praticamente impossível eu não conseguir ver nada, uma poeira densa demais. Procurei pela
minha mãe, comecei a gritar por ela e nada.
Tentei procurar por ela, mas não estava conseguindo, nem ela e nem o homem que estava
aqui conosco.

Ouço barulhos de tiros, corri na direção dos tiros, rezando para que a minha mãe não
estivesse no meio.

Mas ao chegar finalmente na rua, vejo-a sendo arrastada por um demônio. Os meus olhos
ardiam sem parar, a minha garganta estava seca, eu tossir tentando colocar ar nos meus pulmões,
me levantei ficando em pé, as minhas pernas estavam tremendo, Olhei para o vampiro que estava
a arrastando pelos cabelos. Vejo mais cinco chegando em uma velocidade impressionante. A
minha mãe tentou se defender para sair do seu aperto, mas não conseguiu. Corri para ajudar,
mesmo tropeçando em meus próprios pés eu corri, mas ao chegar perto dela, sinto alguém me
pegando pelo pescoço, me levantando, tentei sair, o arranhei, fiz de tudo para me soltar, mas ele
apenas me encarou, com aqueles olhos vermelhos como sangue.
Não estava conseguindo respirar, ouço a minha mãe gritando que eu não sabia, que foi
ideia dela, de roubar o veneno.

Neste momento o vampiro me jogou no chão com força, sinto todo o meu corpo doendo,
mas mesmo assim me arrastei para chegar perto da minha mãe, gritando para que ele parasse de
segurar ela pelo pescoço. Mas ele não parou, vejo os olhos da minha mãe olhando para mim. E
mesmo sofrendo, ela deu um pequeno sorriso em minha direção.

A minha visão estava embaçada pelas lágrimas que inundavam os meus olhos, eu só
queria chegar até ela, só isso.

O vampiro deu um soco no peito da minha mãe.

Eu não conseguia ouvir nada, era como se o tempo tivesse parado, o vejo arrancando o
coração da caixa torácica dela. Ele segurou o coração da minha mãe com força, o esmagando em
frente aos meus olhos.

Não, não, não, não. — NÃOOOOO. — Gritei o mais alto que consegui. O chão começou
a tremer, ao abrir os olhos vejo o corpo sem vida da minha mãe no chão, uma poça de sangue ao
seu redor. Ela continuava olhando para mim. Mas nesse instante, não consigo fazer nada, sinto
uma forte dor na cabeça e tudo ficou no mais completo escuro.
Aos poucos vou abrindo os olhos, o lugar tem pouca iluminação, estou em um lugar
úmido e frio, minha cabeça dói sem parar, e minha garganta está seca.

Tentei me levantar, mas não consegui. Ao tentar fazer isso acabei caindo novamente.

Ouço uns soluços, e vejo várias pessoas aqui, todas sujas, não que eu esteja melhor.
Minha mãe…

Então me lembrei de tudo que aconteceu. Meus olhos ardem sem parar, e fico ali, naquele
lugar escuro, só com imagens do seu olhar sem vida, na minha mente.

Eu não acredito, não consigo acreditar. Eu tremo toda, já chorei tanto que acho que não
tenho mais lágrimas.

Já se passaram horas que estou aqui, que aos poucos percebi ser uma sela.

Mais cedo um guarda jogou uns pedaços de pães aqui dentro, como se fossemos cachorro,
algo sem serventia nenhuma.
As pessoas que estão comigo aqui começaram a brigar para ver quem pegava mais. Mas
eu não me movi, apenas fiquei quieta no lugar que acordei, lembrando de tudo que aconteceu.
Capítulo 02

Estou deitada sem saber o que fazer, não consigo dormir, toda às vezes que fechava os
olhos, via a imagem daquele maldito arrancando o coração da minha mãe.
Hoje é o segundo dia que estou aqui, em nenhum momento ninguém apareceu. Por um
instante, pensei que este seria o meu túmulo, que eles teriam jogado todos nós aqui para
morrermos. Mas estava tão enganada.

Me pergunto se não seria melhor ter morrido bem ali.


Já de noite, isso porque tinha uma pequena abertura com grades no alto que dava para
saber se era dia ou noite, um guarda abriu a cela, fazendo com que todos se abaixassem para
contar. Ele mandou para que todos saíssem.

Obedecemos.

Ao me levantar, vejo o tanto que estou fraca, as minhas pernas tremem. Mas mesmo
assim, consigo andar para onde ele estava mandando.
Ele nos leva para uma sala grande, e fala para ficarmos encostados em uma parede com
cerâmica branca. Até pensei que chegaria alguém para dar um tiro em cada um de nós, mas isso
não aconteceu. Naquele momento eu queria que eles tivessem feito isso, pelo menos estaria com
a minha mãe em breve.

O mesmo guarda apareceu, ele segurou uma alavanca que estava na parede oposta a nós e
a abaixou. Ouvimos gritos, vários jatos de água foram acionados em nossa direção, uma água fria
como gelo. Tentei me proteger colocando um braço na frente do meu copo, mas não adiantou de
nada, os jatos de água machucavam a nossa pele.
Ficamos ali, abaixados, sentindo a pele ardendo pela pressão da água. E de repente parou.

Estou tremendo sem parar, parece que os meus ossos vão se quebrar a qualquer instante,
como um simples vidro frágil.
Ao olhar ao redor vejo que não sou a única, todos estavam abaixados tremendo.

Vejo uma mulher entrando. Ela observa cada um de nós com atenção. Como se
estivéssemos sendo escolhidos para alguma coisa.
Ela apontou para um rapaz da ponta o mandando dar um passo para frente, faz isso com
mais dez pessoas, e por último, ela apontou para mim. Sinto o meu coração martelando no peito.
Ao me levantar com o meu corpo todo doendo, mas me levantei e dei um passe para a frente.

O guarda nos mandou segui-la.


Já em outro cômodo, somos colocandos em outra parede. Mas uma vez, expostos como
uma mercadoria pronta para ser vendida.

O meu corpo está doendo, observo a mulher na minha frente com sua roupa impecável, os
seus cabelos arrumados, com uma maquiagem no rosto, e sei que é uma vampira, os seus olhos
vermelhos nos observam com interesse.

— Tirem a roupa. — Ela ordenou, sem tirar os olhos de nós.


Olhamos para ela sem acreditar. Ela respira fundo e fala novamente sem paciência.

— Retirem as roupas agora mesmo!


Ela falou dando um passo à frente, sinto um medo fora do comum. Todos começaram a
retirar as roupas, e eu fiz a mesma coisa, tirei o casaco pesado pela água, depois a fina blusa, o
tênis, e por último a calça, ficando só de calcinha e sutiã desgastados.

Todos já estão sem roupas, só de peças íntimas.

— Se virem!
Ela ordenou, e todos obedecemos.

A vergonha toma conta de mim, coloquei os meus braços ao redor do meu corpo tentando
me cobrir, ouço uns murmúrios e vejo uma moça morena do meu lado, chorando. Queria poder
dizer para ela que não acontecerá nada, mas sei que é mentira.
Porque no fundo sei que vai acontecer algo com todos nessa sala, o meu coração afundou
no peito com a angústia, o medo e o desespero do que vai vim a seguir.

Ela nos ordena a ficar de frente novamente, agora tem mais dois guardas nos observando.
Um deles olha para o nosso corpo de cima a baixo e sorri.

Ouço a voz da mulher.


— Esse, esse, e mais esses dois. — Ela falou apontando, e cada um dos escolhidos, deram
um passo à frente.

— Vão para a guarda. Espero que os treinem bem.


Um vampiro loiro sai e os quatro vão atrás deles.

Ela seleciona mais cinco e eles saem com o vampiro que está nos olhando como se
fossemos um pedaço de carne.
— Eles vão ser perfeitos para repor os que perdemos.

O meu lábio inferior tremeu. A moça morena foi com eles. Eu não sei se vou voltar a vê-la
novamente.
Apertei a minha mão em punho, tentando me controlar porque o meu corpo inteiro estava
tremendo, e eu sabia que não era só pelo frio.

Ao olhar para o meu lado, vejo um rapaz que deve ser poucos anos mais velho que eu. Ele
é alto, e não é magro como os outros rapazes que conheço.

Ele me encarou, e vejo que seus olhos são negros, iguais aos seus cabelos, ele me olhou
por um tempo, mas depois, sua atenção vai para a vampira, que se aproximou de nós dois,
primeiro ela passa as mãos pelo corpo do rapaz, da volta observando-o atentamente.
— Você será bastante útil para a Pamela.

Ela vem em minha direção. Segurou o meu rosto para cima e me encarou. Olhou para o
meu corpo com atenção. Segurou uma mecha do meu cabelo entre os dedos.
— Ruiva? — Ela sorri. — Acho que o Damon fará bom uso de você. Provavelmente serei
promovida depois dos presentes que separei para eles. — Sorri andando em direção à porta. —
Vamos! — Ela ordenou.

Andamos até chegar em um corredor iluminado. Os meus olhos demoraram um pouco


para se acostumarem com a luz. Vejo uma sala enorme com vários lustres e uma mesa grande no
meio. E várias cadeiras ao redor. Ainda estamos só de roupas íntimas. Em momento nenhum ela
nos deu algo para nos cobrir.

Mesmo sem querer, observei todos que passavam por nós, para ver se eu encontraria a
Sarah, mas não a encontrei.
Paramos primeiro em um quarto, ela conversou com um homem, ele não tinha os olhos
vermelhos, então ainda era humano. E logo em seguida o garoto que estava comigo vai entrando,
antes de fecharem a porta o vejo me olhando. Engoli em seco desviando do seu olhar.

Voltamos a andar, tentei acompanhar os passos da vampira. Mas as minhas pernas


estavam tão trêmulas. Respirei fundo, tentando novamente.
Após um tempo, paramos em uma porta, e, logo depois de bater, uma senhora nos atende,
essa também era vampira, e quando ela vê quem é, sorri.

— Luana, o que você conseguiu?

A tal da Luana sorri ao olhar para mim.


— Acho que vou conseguir finalmente subir de cargo agora.

A outra vampira sorriu ao me ver.


— Que bela garota você conseguiu. — Ela sorri. A vampira encarou o meu corpo de cima
a baixo com atenção.

— Tive muita sorte, você tem que ver o rapaz, ele é lindo, tenho certeza de que a Pamela
vai gostar.
A tal Luana sorriu, olhando para mim como se eu fosse um prêmio.

— Não tenho dúvidas. Quantos anos você tem?

Ela me perguntou.

Ainda tremendo, falei.

— Dezoito.
Ela me encarou novamente.

— Você teve sorte de não ser escolhida para a reposição que teremos essa semana.

Sorte! Eu queria sorrir, a última coisa que tive na vida foi sorte, a imagem da minha mãe
caída no chão veio novamente nos meus pensamentos, engoli em seco, tentando controlar o meu
coração que martelava no peito.
Não falei nada.

— Pode deixa- la, comigo, vou dar um jeito de que ela pareça apresentável para mais
tarde.
— Eu tenho certeza, — A vampira ia saindo, mas parou e se virou novamente. — Coloque
um vestido branco nela, acho que será melhor. Trará um ar de inocente a mais para ela.

E com isso ela saiu.

Entramos, observo várias camas aqui dentro. Mas não tem ninguém. A vampira me leva
para outro cômodo, ao chegar lá, vejo que é um banheiro. Ela fala para que eu tome um banho, e
que retire todos os pelos do meu corpo.
Ela ficou lá, vendo tudo. Ao terminar, entregou um frasco com um creme branco, e me
falou para passar pelo meu corpo. Obedeci a tudo que ela mandou, não podia questionar nada.
Ainda não.

Ao terminar, ela me levou até uma cama.


Fiquei lá sentada, enrolada em uma toalha. Aqui era bem mais quente.

Ela pegou um vestido de algodão branco e me deu. Nenhuma peça íntima, somente o
vestido. Eu me sentia exposta, como se eu não tivesse nenhuma proteção, mas no fundo eu sabia
que era assim que eles queriam que eu estivesse.

A vampira estava terminando de pentear os meus cabelos quando ouvi passos, me virei em
direção a porta e vejo várias garotas entrando.
O meu coração se acelerou quando eu vi a Sarah entrando. Ela me encarou, abriu a boca
para falar algo, mas se calou, percebi ser melhor que os outros não soubessem que nos
conhecíamos.

Ela se sentou na cama ao lado da minha. Várias outras garotas sentaram, ou deitaram na
cama. Uma mais linda que a outra.
A vampira penteou os meus cabelos, fazendo um penteado elaborado. Mas deixando mais
da metade dele solto.

— Irei pedir para que tragam o jantar para vocês.

Ela saiu nos deixando sozinha. Me controlei para não falar com Sarah, ela me encarou.
Observei-a, ela estava com um vestido preto, colado no corpo, e estava mais magra e pálida do
que o normal.

Mas foi uma moça de cabelos pretos que se aproximou.

— Qual o seu nome? — Ela perguntou curiosa.


Todas as outras garotas estavam prestando atenção na nossa conversa.

— Vitória. — Respondi a encarando

Ela me deu um pequeno sorriso.


— Lua, prazer Vitória.

— O prazer é meu. — O nome dela era lindo, mas não falei em voz alta.

Todas as outras me cumprimentaram, inclusive a minha amiga.

— Você foi escolhida para qual mestre? — Lua perguntou se sentando na beirada da cama
de Sarah que me encarava atentamente.

Mestre? Apertei a minha mão em punho de ódio. vampiros… animais… monstros, era isso
que eles eram, monstros, os meus olhos se encheram de lágrimas, a minha garganta estava tão
seca, eu estava cansada demais para isso. Mas respondi mesmo assim, afinal, essas garotas não
tem culpa de nada, elas eram como eu, apenas uma escrava, nada mais que isso.
— Eu não sei, só ouvi o nome Damon, mas não sei se tem alguma coisa a ver.

Todas ficaram caladas, vejo uma garota se encolhendo, e sei que não é nada bom.
— Por que vocês ficaram assim? Quem é esse Damon? — Perguntei curiosa.
— Ele é o príncipe herdeiro. No total são dois príncipes e uma princesa. Vários outros
vampiros que são importantes por isso vivem aqui, e é claro o rei. Somos escolhidas como
presentes para eles. Mas tem um tempo que ninguém é escolhido para o príncipe. A última que
foi escolhida ficou aqui só dois dias

Engulo em seco ao perguntar… O medo tomando cada parte do meu corpo.


— Porquê? — Perguntei, mas no fundo, eu já sabia a resposta, mas queria não ter
percebido.

— Não sabemos, mas houve rumores que ele tem uma sede interminável e que acabou a
matando.
As minhas mãos tremem. Eu preciso fugir. Tenho que dar um jeito de sair daqui.

Quando a garota percebeu, tentou amenizar a situação, tarde demais, eu já estava em


pânico.

— Mas é só rumores, nada mais que isso. — A garota de lindos cabelos pretos fala com
pesar na voz.
Depois disso ela ficou calada.

Fiquei quieta, tentando pensar em um plano para fugir. Eles trouxeram o nosso jantar. Um
prato para cada, contendo uma variedade de verduras, legumes e carnes. Fiquei um momento
olhando para toda aquela comida. E mesmo tentando me controlar, o meu estômago deu sinal,
afinal, não faço ideia de quanto tempo estou sem comer.
Mais tarde, as garotas me explicaram que elas mantinham uma dieta rica em nutrientes. Eu
sei o que elas queriam dizer. Que elas eram alimentadas para ficarem fortes, para o que viria pela
frente.

Não consegui falar com Sarah, em momento nenhum ficamos sozinhas.


Capítulo 03

A Vampira que me trouxe, chegou acompanhada da outra que tinha me arrumado. Elas
observaram todos aqui, e pediram para sairmos.
Uma a uma das garotas foram saindo, e fiquei por último.

As minhas pernas tremiam sem parar, estava sentindo que a qualquer momento ia vomitar
tudo que havia comido. Passamos por vários corredores até chegar na sala que eu havia visto
anteriormente.
Vários vampiros andam de um lado para o outro, com muitos humanos, servindo comida e
bebidas para eles.

Me encostei na parede, não suportando mais ficar em pé. Meu coração martelava no peito
de uma forma fora do normal, estava tentando me controlar, mas a cada segundo estava ficando
impossível.

— Calma! Vai dar tudo certo. — Sarah falou. Mas a verdade não chegou em seus olhos.
Observei o salão procurando uma rota de fuga. Mas estava difícil. Tem muitos guardas,
em cada porta, armados e eu sabia que essas armas não eram para os vampiros. Disso eu tinha
certeza.

Mesmo não podendo, Sarah falou novamente comigo.


— Quando ele te levar para o quarto, apenas faça o que ele quiser, e por favor Vi... — Ela
me encarou com os olhos cheios de lágrimas. — Não responda, não questione, não faça nada,
apenas o obedeça, por favor…

Seus olhos estão cheios de lágrimas, prontas para cair.

Mesmo com o coração destruído, sorri para ela. Eu sabia que ela estava tentando me
manter viva. Mesmo estando na mesma situação que eu, ela estava tentando me manter viva.
A vampira que me trouxe começou a bater levemente em uma taça, fazendo um barulho
irritante. E cada uma das garotas foram levadas para a frente. Não sei como consegui andar sem
que tropeçasse em meus próprios pés.

Eu estava tão nervosa, podia ouvir os batimentos do meu coração nos meus ouvidos.
Uma a uma fomos colocadas uma ao lado da outra. Depois apareceu mais dez rapazes,
todos vestidos de preto.

Vejo o rapaz que estava comigo, e mesmo não sabendo o porquê, olhei para ele, ele
retribuiu o olhar por um segundo. Mas começou a prestar atenção na vampira que falava sem
parar.
— Hoje tenho uma novidade. — Ela sorri, e todos a observam.

Não consigo encarar os vampiros que estão na minha frente, sinto um calafrio passando
por todo o meu corpo, e minha respiração está irregular.

Aos poucos levantei o olhar, e presa no meu próprio mundo, não percebi que cada um que
estava aqui, havia ido para um lugar.
Vejo Sarah em pé ao lado de um vampiro mais velho, ele segurava na sua cintura,
trazendo-a para mais perto. Posso enxergar o medo em seus olhos, o vampiro apenas observava
cada canto, ele estava impecável em um terno preto.

Ao olhar para o lado, posso ver o rapaz que veio comigo, ele se aproxima, ficando ao meu
lado. Não falamos nada. Minhas mãos tremiam, eu me sentia como um pedaço de carne sendo
leiloado para quem desce o maior lance.
— Eu consegui esses belos humanos. E os trouxe exclusivamente para a Pamela e para o
Damon.

Ouço vários murmúrios, e observei uma mulher de vestido vermelho se aproximando. Ela
tem o cabelo branco na altura da cintura, linda… se eu não soubesse que ela era uma vampira, eu
poderia confundir com um anjo, das histórias que a minha mãe lia para mim quando eu era
criança, ao se aproximar, sinto uma pressão na cabeça, como se alguém estivesse tentando
apertar o meu cérebro com a mão.

Ela se aproximou do rapaz sorrindo. O observava de cima a baixo como se quisesse


guardar cada parte dele na mente.
— Tenho que admitir que você conseguiu uma bela atenção da minha parte.

A vampira sorriu ao perceber que conseguiu agradar à princesa.


O rapaz a acompanhou de volta à multidão. Agora estava eu ali, sozinha, sendo o centro
das atenções de todos, eu tremia sem parar, sentia que a qualquer momento fosse morrer. Quase
me abaixei ao sentir uma pressão gigantesca na minha mente, como se algo pedisse para entrar
novamente. Mas não deixei. Mesmo tremendo, tentei resistir.
Um vampiro se aproximou, alto e forte. Ele foi dando passos até se colocar diante de mim.
Ele me observava atentamente, me fazendo sentir um medo interminável, soube naquele
momento que ele era o ser mais forte daquele salão.

Ele não falou nada, apenas me encarou. Não demonstrou nenhuma reação, nada, e deu a
volta, se colocando sentado na primeira cadeira de uma mesa enorme. Todos o olhavam com
atenção. E um a um começaram a se sentar nos seus lugares. Fiquei parada ali sem saber o que
fazer.
— Fique atrás da cadeira do seu mestre, e fique calada. Se ele sair, vá com ele. Está me
entendendo?! — Olhei para a vampira que me trouxe aqui, imaginando como seria perfeito matá-
la.

Apenas balancei a cabeça concordando.


Andei até ficar atrás da cadeira dele, do outro lado da mesa estava a princesa e logo atrás
dela o rapaz. Passei os olhos pelas pessoas para encontrar Sarah, mas nada, após uns minutos, a
vi se aproximando com o vampiro mais velho. Ele se sentou na ponta da mesa, e ela ficou atrás
dele.

Naquele momento percebi quem era.

Aquele era o desgraçado do rei. A minha amiga servia ao rei?! Fechei os meus olhos com
força, a minha respiração irregular.
A constatação desse fato me fez fechar a mão em punho de raiva. Comecei a olhar demais
para uma faca ao lado de um porco assado na mesa. E por vários momentos, me imaginei
pegando-a e enfiando no maldito coração do rei.

Lógico que esse seria o meu último ato, porque depois, eles iriam me matar com certeza.
Isso se eu chegasse perto o suficiente para fazer isso.
Ao olhar para ela, a vi me encarando e o seu olhar pedia para que eu não fizesse nada, mas
quando eu vi a mão asquerosa dele subindo pela sua perna, comecei a sentir nojo. Ele apertava
com força, fazendo a pele dela ficar vermelha.

Engoli em seco, mas ninguém falou nada, apenas desfrutavam da comida e bebida, como
se não fosse nada. Deixa de ser idiota Vitória, para eles não somos nada, a minha mente me
recriminou.

Ouço a voz do rei.


— Parece que você vai se divertir muito hoje Damon.

O maldito do rei me encarava sem parar. Damon sorriu levemente ao beber do seu vinho.
— Parece que sim.

Engulo em seco.
— Só se controle, está ficando mais difícil a cada dia achar garotas como essa por aí.
Tente mantê-la viva por pelo menos um mês.

Comecei a tremer. Mas Damon não respondeu, apenas continuou a beber do seu vinho.
Pelo menos um mês… pelo menos um mês… — repetia essa frase sem parar. Miseráveis,
desgraçados.

Eles continuaram a comer e beber. Mas não consegui prestar atenção em nada, o meu
olhar era em direção à porta. Será que eu conseguiria chegar até lá? Duvido, eles são bem mais
rápidos do que eu.
O meu único pensamento era poder fugir.

O Tal do Damon se levantou, fiquei sem saber o que fazer e olhei para Sarah. Ela apenas
sussurrou para que eu o acompanhasse. E mesmo não querendo, fui atrás dele, sentindo que
minhas pernas iriam ceder a qualquer momento. Já estava na porta quando ouço a voz do rei.

— Parece que ele está com pressa para brincar com seu novo brinquedinho.
Ouço vários vampiros sorrindo. Tentei ignorar o bile que subiu pela minha garganta, eu
queria vomitar bem ali naquele salão na frente de todos, balancei a cabeça tentando me controlar.
Eu precisava ser inteligente, eu precisava de um plano o mais rápido possível. " Pelo menos um
mês. Pelo menos um mês. As palavras do rei se repetiam sem parar.

Ele andou, passando por corredores sem fim. Parou em frente a uma enorme porta de
madeira e a abriu, ficando parado, olhando para mim.
O encarei com medo do que aconteceria neste quarto.

— Entre. — A sua voz era grossa, como um trovão.

Apenas obedeci, entrando. O quarto era enorme, com uma grande cama no meio. E era tão
claro, diferente do que imaginei.
Percebi uma parede de vidro ao lado, um vidro grosso, escuro, e lá fora estava no final do
dia, posso ver o sol se pondo no horizonte, também notei que nenhuma luz do sol entrava,
somente uma luz artificial, causada pelas lâmpadas do quarto.

Ouço o barulho da porta se fechado, segurei uma mão na outra para tentar me acalmar.
Mas não estava conseguindo.
Os meus olhos se encheram de lágrimas, tentei segurá-las, eu não queria isso, eu só queria
viver a minha vida com a minha mãe, de forma simples e feliz, fechei os olhos com força
tentando me controlar.

Ao abrir os olhos novamente, noto ele se aproximando, ficando do meu lado. Sinto um
cheiro doce vindo dele.

Damon me encarava com atenção.


Levantou a mão e segurou uma mecha do meu cabelo, a levando ao nariz e logo em
seguida a cheirando. Mesmo não querendo, o observei atentamente. Ele tinha um rosto jovem,
era como se ele tivesse uns vinte anos, mas eu sabia que era bem mais velho que isso. Ele era
pálido, e o seu olhar era intenso, como nenhum outro.

Damon observava cada parte do meu rosto, mas o seu olhar foi em direção ao meu
pescoço, e ficou ali… observando. Sua mão começou a colocar meu cabelo para trás dos meus
ombros, o meu corpo estava todo arrepiado com o toque frio da sua mão, ele segurou o meu
ombro fazendo com que os nossos corpos ficassem colados um no outro.

Ouço a sua voz sussurrando no meu ouvido.

As minhas mãos tremiam tanto, mas tanto, de medo. Eu estava desesperada, eu queria
gritar, mas sabia que era a última coisa que eu poderia fazer, afinal ninguém iria me ajudar.
— Não te garanto que conseguirei parar, assim que começar.

Engoli em seco, percebendo que poderia morrer agora. Já que poderia morrer, apenas falei
o que pensava.

Quando finalmente encontrei a minha voz, eu falei:

— Eu agradeceria muito se você não me matasse, eu particularmente, gosto muito de


viver. — Ele me encarou, vejo um resquício de sorriso nos seus lábios.

Eu sei o que vai acontecer agora. Minha mãe me disse como eles se alimentavam, ele
aproximaria a boca do meu pescoço e o morderia. Mas eu não sentiria dor, mas sim uma espécie
de prazer.
Acho que era algo na saliva deles que proporciona isso a suas vítimas, nunca entendi. Mas
agora eu vejo, talvez assim a pessoa não fique com tanto medo. Porém, estou com medo, tanto
medo, que o meu coração está disparado.

Ele se aproximou, segurando o lado esquerdo do meu pescoço, engulo em seco quando ele
o inclina para o lado, fazendo com que o meu pescoço ficasse todo a mostra para ele. Sinto os
seus dentes arranhando devagar minha pele sensível. Eu só queria que isso acabasse logo. Eu só
queria isso.

Como se ele pudesse ler meus pensamentos, Damon com força, pressiona as presas no
meu pescoço. Uma onda de choque passou pelo meu corpo. Comecei a me debater quando ele
me apertava com muita força em seus braços, sinto que a qualquer momento vai me quebrar no
meio.
Mas não sinto prazer. Sinto uma dor agonizante, dilacerando todo o meu corpo. Gritei o
mais alto que pude por socorro, mas ninguém veio. As suas mãos em volta do meu corpo, a sua
boca sugando o meu sangue, a minha visão ficando nublada a cada instante que ele me tem em
seus braços, eu não estava mais gritando, eu não estava mais conseguindo ficar em pé, todo o
meu corpo tremia.

Sou jogada no chão com força.


Mesmo não tendo muita força, pressionei o meu pescoço com a esperança que parasse o
sangramento. Mas não parou, minha roupa estava ficando encharcada com sangue que jorrava
sem parar do meu pescoço, minha visão estava ficando mais escura. Mesmo assim, vejo quando
ele se aproxima de mim e passa a mão pelo meu pescoço. Não sinto mais o sangue saindo.

Sou colocada de pé com força. Não estava conseguindo me manter de pé sozinha.


Ele segurou nos meus ombros me encarando e rosnando de raiva, falou:

— Quem é você! Porra?


Mas não consegui responder. Aos poucos os meus olhos foram se fechando e desmaiei.
Capítulo 04

Minha boca estava seca, ao abrir os olhos percebi que o quarto estava escuro. Mas, o que
mais me chamou atenção, foi ver pela porta de vidro, uma lua enorme iluminando o céu. Já
estava de noite, não fazia ideia de quanto tempo tinha se passado.
Me sentei, sentindo o meu corpo doendo, olhei para baixo e vejo o meu vestido que já foi
branco, todo manchado de sangue.

Ao olhar para frente vejo Damon, parado próximo a cama me encarando.


Me encolhi de medo no chão frio, medo do que ele pudesse fazer comigo.

Ele se aproximou, ficando mais perto.

— Quem é você? — Ele perguntou me encarando.


Mas não consegui responder, meu olhar foi em direção a sua boca, que mostrava suas
presas, meu coração acelerou. Mas mesmo assim, tive coragem ao falar, porque no fundo, sabia
que ele não ia repetir a pergunta novamente.

—- Eu não sei o que você está querendo dizer com isso. O meu nome é Vitória.
Ele segurou o meu braço com força. E em um segundo eu estava de pé na sua frente.

— Não brinque comigo. O único motivo de você estar viva até agora, é que eu quero
saber quem é você.

— Eu não estou brincando, eu sinceramente não sei o que responder.


Gritei ao sentir ele apertando o meu braço com força. Me encolhi sentindo minha pele
ardendo, como se os meus ossos estivessem sendo quebrados.

— Porque o seu sangue é assim?


O encarei levantando uma sobrancelha, o que ele está querendo dizer?

— Assim como? Eu não sei o que você está falando. O que tem de errado com o meu
sangue?
Ele me encarou com ódio.

— O seu sangue é diferente, garota estúpida.

— Diferente? O que você quer dizer com diferente? — Ignorei a parte que ele me chamou
de garota estúpida, mas minha vontade era de arrancar a cabeça deste monstro. Se eu pudesse,
eu faria isso com um grande sorriso no rosto

— Significa que o seu sangue é único. Só de tê-lo em minha boca, me senti mais forte do
que nunca.

Balancei a cabeça tentando entender.

— Tem algo de errado comigo? — Minha voz era baixa, e minhas pernas estavam fracas
demais.

Perguntei baixo. Mas ele não respondeu.


Damon me encarava com atenção.

— Quem são seus pais?

Não respondi, minha cabeça estava doendo, não conseguia raciocinar direito. Diferente?
Como assim Diferente?

Sou tirada dos meus pensamentos ao sentir o meu pescoço sendo apertado.

Não conseguia respirar. Tentei soltar sua mão da minha garganta, mas é tudo em vão, não
conseguia fazer nada. Respirar é impossível. Olhei para os seus olhos vermelhos por um
segundo.
Ele me solta novamente, cai de joelhos no chão à sua frente, à procura de ar.

Ele rosnou ao se aproximar novamente de mim.


— Quem são os seus pais? — Ele perguntou sem paciência. — Eu não irei perguntar
novamente.

Abrir a boca várias vezes à procura de ar. A minha garganta ardia, a segurei, tossi ao tentar
responder.

— Eu não sei quem é meu pai. — Respirei profundamente sentindo como se estivesse
pedaços de vidro na minha garganta. — E minha mãe foi morta por um de vocês. — Falei com
dificuldade, eu estava fraca.
O meu estômago embrulhava sem parar, estava sentindo que ia vomitar a qualquer
momento.

Sou colocada de qualquer jeito na cama. O vejo indo em direção da parede de vidro, ele
parou observando a paisagem por um tempo. Depois se virou para mim. Não vejo mais as suas
presas.
— Eu quero que tudo que aconteceu aqui fique em segredo. Você não tem permissão de
contar a ninguém, se eu descobrir que você contou para alguém, irei matar a pessoa na sua frente,
está me entendendo?

Balancei a cabeça concordando. Mas estava com muitas dúvidas para ficar calada, então
perguntei:
— Por qual motivo ninguém pode saber?

Ele se aproximou, vejo um sorriso macabro no seu rosto.

— Você faz ideia do que pode acontecer se o meu pai, ou qualquer outro vampiro
descobrisse sobre o seu sangue? — Não respondi. Ele continuou… — Qualquer vampiro que
tenha esse sangue em seu poder, pode se tornar invencível. Não vou dar esse poder para qualquer
um.
Ele segurou o meu rosto entre as mãos o levantando.

— Afinal, você é minha, e no momento, você é a humana mais importante deste mundo.
Não irei dividir este poder com ninguém.
Capítulo 05

O meu coração se acelerou, olhando para ele pude perceber, que tinha mais do que nunca
sair daqui.
Eu não posso deixar que eles fiquem mais fortes do que já são, por isso tenho que dar um
jeito de fugir o mais depressa possível, e irei levar a Sarah comigo.

Ao voltar para o quarto, todas as garotas me observaram espantadas. Me sentei na cama


sentindo muita fraqueza no corpo.
Lua, a garota que gosta de fazer perguntas, se aproximou, mas todas as outras estavam
prestando atenção em nós.

— Ele realmente é como falam. — Ela afirmou baixo.

Ela suspirou passando a mão pelo cabelo.

A Sarah se aproximou se sentando na cama comigo.

— O que ele fez com você? — Vejo os seus olhos cheios de lágrimas. — Você está com a
roupa completamente manchada de sangue.
Mesmo não querendo me lembrei de tudo que aconteceu naquele quarto. E por mais que
eu odeie ele, sei que cumprirá o que prometeu. Então, tenho que mentir.

— Acho que está claro o que aconteceu, ele realmente é como todos dizem. — Ao falar
isso me deitei na cama, as minhas pernas estão fracas demais.

Eu não podia contar a verdade para a minha melhor amiga, porque sabia que no momento
que ela soubesse, ela estaria morta, eu não suportaria ter mais sangue nas minhas mãos, não
suportaria perder mais alguém importante para mim.
Dormi sentindo o meu corpo todo doendo.
Hoje não precisei comparecer ao banquete, na verdade, não estava conseguindo ficar em
pé. Então foi avisado para aquele maldito vampiro que eu não ia aguentar ficar de pé lá. Ele
ordenou que eu ficasse descansando.

Hipócrita!
Foi trazido mais comida, e tomei uns cinco remédios, para dor e várias vitaminas, depois
disso apaguei acordando só no dia seguinte.

Sentada aqui na cama, eu só conseguia pensar em minha mãe, estava fazendo de tudo para
não pensar nela, mas é impossível. Meus olhos ardem sem parar, eu só queria ela aqui comigo.
São tantas coisas que estão acontecendo.

Tenho que tentar fugir, dar um jeito de levar a Sarah comigo, tenho medo de que mais
alguém saiba desse maldito sangue que corre pelas minhas veias, e ainda tem o desgraçado do
vampiro que sabe de tudo. Mas afinal por que eu? Porque logo eu, tinha que ter essa maldição?

As meninas estão tomando café, estou deitada quando a Luana aparece, ela vem em minha
direção, me olha de cima a baixo.
— Você foi chamada. O príncipe quer você agora.

Por um momento pensei em falar que não ia, mas afinal, de que isso ia adiantar. Sou
apenas algo para ser usado, mas isso era o que eles pensam, darei um jeito de fugir daqui, isso eu
garanto.
Vejo as meninas olhando para mim com pena, mas depois da cena do vestido cheio de
sangue que eu retornei dava para entender.

Fizemos o mesmo percurso, prestei mais atenção no caminho, precisarei reunir toda
informação possível para sair daqui.

Ela me deixou em frente a porta, bati duas vezes, ele abriu e entrei. O lugar continuava o
mesmo. O seu cheiro estava por todo o lugar.

Entrei e fiquei esperando o que ele ia dizer. Mas por um tempo ele ficou calado me
observando. Minhas mãos suavam sem parar.

— Achei interessante o que descobri da sua mãe. — Ele falou e logo em seguida deu um
passo em minha direção.
Engoli em seco. Ele prosseguiu:

— Sua mãe era uma ladra.

Eu não consegui controlar a minha língua quando respondi.


— Minha mãe nunca foi uma ladra. — Afirmo.

Ele sorri olhando para mim.


— Me corrija se eu estiver errado, mas quando você pega uma coisa que não te pertence é
roubo… ou estou errado? – Eu podia sentir a ironia em cada palavra.

Não respondi. Eu entendo tudo o que minha mãe fez.


— Sabe? — Ele me observou de cima abaixo com atenção. — O pior, é descobrir que ela
trabalhava para a maldita resistência.

O encarei não entendendo.


— Resistência? Não. — Balancei a cabeça negando — Com certeza deve ter sido um erro,
minha mãe nunca trabalhou para a resistência.

Ele se aproximou, olhando para mim, o encarei, e ele sorriu.

— Então a parte que ela roubou o único veneno existente para vampiros comuns, é
mentira?
Me lembrei do que aconteceu naquele prédio abandonado, da caixa cheia de pequenos
frascos com aquele líquido transparente.

Não, não pode ser. Mas como? Minha mãe realmente era da resistência? Se era, porque
nunca me disse.
— Parece que já tem a sua resposta, não é mesmo?

Minhas mãos tremem diante de tudo que ele está falando. Por um momento eu queria
gritar, arrancar o coração deste maldito, e de toda a sua raça.

— Mas infelizmente não encontrei nada do seu pai. — Ele andou até perto da cama e se
sentou, me encarando — é uma pena que a maldita da sua mãe tenha morrido, ela acabou
levando este segredo para o inferno.
Os meus olhos encheram de lágrimas.

Infeliz! Miserável, o que ele sabe da minha mãe? Nada! Absolutamente nada. Ela não teve
nem um enterro decente, tenho certeza de que esses monstros só a jogaram em uma vala
qualquer. O meu peito dói sem parar.
— Venha aqui!

Ele me encarou sem desviar o olhar. Eu não quero ir, não quero ser apenas uma escrava de
sangue. Mas o que eu posso fazer? Nada, por enquanto nada.

Me aproximei dando pequenos passos em sua direção. Quando cheguei perto da cama. Me
sentei, ao seu lado. Meu coração acelerou no peito, sinto lágrimas descendo pelo meu rosto e o
vejo me encarando.
Damon passou os dedos pelo meu rosto, limpando as lágrimas que estavam ali. Ele
observou os dedos molhados, aproximou os dedos do seu rosto e logo em seguida os levou até a
boca provando, os seus olhos não desviaram do meu rosto em nenhum momento, enquanto ele
fazia isso.

— Chorando? — Ele sorri segurando o meu pescoço. — Eu ainda não te dei motivos para
chorar, humana tola.
Ele aproximou a boca do meu pescoço, e o mordeu com força, gritei quando a dor tomou
conta de mim novamente. Tentei me separar dele e não consigo, mas diferente da outra vez, ele
parou.

Continuo tremendo quando ele passa a mão pelo meu pescoço, o curando, não senti mais a
dor.
Vejo os seus lábios sujos de sangue, o meu sangue! Ele sorri olhando para mim.

— Está vendo como sou bom, tenho que te manter viva. Não posso apenas me alimentar
sem pensar.

Ele passou a mão pelo meu cabelo o acariciando.


— Afinal, você é minha!
Capítulo 06

O meu estômago se revirou. Suor se formou em minhas mãos. Eu gostaria de voltar no


tempo para poder abraçar a minha mãe. Poder olhar novamente para os seus olhos. Eu queria que
ela estivesse comigo.
Sinto o cheiro do vampiro ao meu lado, eu só queria ficar sozinha. Não quero ele do meu
lado... não quero. Sinto uma grande pressão na minha cabeça. Me abaixei ficando de joelhos.

O vampiro se aproximou ficando do meu lado, ele falou alguma coisa, mas não consigo
ouvir. Minha cabeça dói demais, só quero que isso acabe… só isso.
Sinto uma mão no meu ombro me balançando com força. Eu não quero que ele me toque.

Dou um grito.

Vejo Damon sendo arremessado contra a parede com muita força, ainda não sei o que
aconteceu, minhas mãos tremem. Ele ficou de pé novamente olhando para mim e noto um buraco
no local onde ele foi jogado.
Ele se aproximou ficando na minha frente, meus olhos ardem. Sinto mais lágrimas sendo
derramadas, ele sorri ao me encarar.

— Você é uma caixinha de surpresa vitória — ele sorri com felicidade — além do seu
sangue fazer com que qualquer vampiro se torne ainda mais forte. Você também tem poderes.
Ele andou pelo quarto pensativo. Continuo tentando entender o que ele falou. Poderes!?
Eu?

Eu não sei o que falar. Não sei o que fazer. Quem eu sou? Por que logo eu? Por quê?!

Minha cabeça vai parando de doer e me sento na cama novamente, minhas pernas não
param de tremer.
Damon se aproxima novamente de mim.
— O que você quer de mim? — pergunto, tentando parecer mais corajosa do que estou me
sentindo.

— Quero que seja minha aliada — ele responde com frieza. — Com você do meu lado,
não haverá mais nenhum vampiro que possa me desafiar. Principalmente o meu pai.

Eu tremo ao pensar em me juntar a ele. Eu nunca quis fazer parte do mundo dos vampiros,
mas agora parece que não tenho escolha.

— E se eu recusar? — pergunto, esperando que haja alguma maneira de escapar.

Damon sorri de novo, mas dessa vez, há algo mais sinistro em sua expressão.

— Então, terei que convencê-la a mudar de ideia. E acredite em mim, eu sou muito
persuasivo quando quero ser.

Eu engulo em seco e me preparo para o pior. Parece que não há mais como fugir dessa
situação.

Ele me encarava com aqueles olhos.

— Você sabe que se eu fosse um humano inútil, você teria me matado, não sabe? — Não
respondi… não consigo. — Me atrevo a dizer que se eu não fosse tão poderoso, com mais um
pouco de força você teria me matado. — Damon sorriu triunfante, como se tivesse encontrado o
maior tesouro do mundo.
Eu gostaria de tê-lo matado. Como eu gostaria.

Gostaria de arrancar o seu coração, de vê-lo se sufocando com o próprio sangue, esse
demônio!
Damon acariciou o meu rosto com delicadeza, eu só queria que ele parasse, sentia nojo,
um nojo que estava dominando cada parte de mim.

— Estou curioso. O que mais você pode fazer?

Neguei balançando a cabeça.


— Eu não sei como eu fiz isso.

Ele sorriu.
— Acho que teremos que descobrir, não é mesmo.
— Eu não sei do que está falando — respondo, tentando me manter firme.

— Acredite, Vitória, eu sei que você tem outros poderes além do seu sangue. Eles são
raros e poderosos. E eu vou descobri-los. Querendo ou não, você será minha aliada.

Ele solta um riso diabólico e se afasta de mim.

— Isso é só uma prévia do que está por vir, Vitória. Eu tenho muitos planos para você.

Ele andou um pouco pelo quarto pensativo, fiquei sentada na cama tremendo de medo.
O vejo se aproximando novamente, se sentou do meu lado, abaixei a cabeça com medo. Ele
segurou o meu pescoço, engoli em seco.

— Eu não aguentarei se você se alimentar novamente. — Admiti.

Ele continuou próximo ao meu pescoço.


Sinto sua respiração próxima a minha pele, eu não queria me sentir assim, gostaria de ser
mais forte para poder enfim eliminar todos eles da terra.

— Essa é a parte que eu odeio em vocês, demoram demais para se recuperarem — ele
suspirou afastando-se. — Pois bem… — Ele se levantou sem tirar os olhos de mim. Damon deu
um passo para trás e encarou o meu corpo de cima a baixo, vejo um pequeno sorriso se formando
quando ele me encarou. — Podemos aproveitar de outra maneira — ele sorriu olhando para mim.
Estou com vontade de vomitar.

— Fique de pé. — Damon ordenou.

Obedeci, tremendo. Segurei uma mão na outra, sentindo uma grande vontade de sumir.
— Retire o vestido.

Damon observava cada movimento meu, eu não conseguia raciocinar direito.


— Por favor. — Implorei, eu não queria isso, por favor, eu não suportaria. Eu não
conseguia me imaginar mantendo relações sexuais, principalmente com um vampiro.

— Retire o vestido! — Ele ordenou novamente sem paciência.

Mas eu não obedeci, eu não podia, isso não.


Eu não conseguia, meus olhos ardiam com as lágrimas que se formavam.

Ele andou rapidamente, ficando na minha frente.


— Eu mandei retirar esse maldito vestido.
Eu não consegui. O ódio era tanto que mesmo sabendo que poderei morrer agora mesmo,
eu o encarei, eu percebi que preferiria morrer agora mesmo a tê-lo tocando o meu corpo desse
jeito.

— Retira você mesmo, seu demônio, eu não vou facilitar as coisas para você.
Ele me encarou por um momento, mas depois sorriu.

— Então você não é tão inocente como o seu rosto demonstra? — Damon sorriu passando
a mão pelo meu braço. — Interessante. — Ele falou próximo ao meu ouvido. — Assim será
melhor.
As minhas mãos tremiam, eu tentava respirar fundo, mas não estava conseguindo, era
como se um bolo em minha garganta estivesse impedindo que eu conseguisse, ao olhar para ele
fechei a minha mão e punho com tanta força que eu sentia as minhas unhas machucando a minha
pele, eu já estava se sem paciência, na verdade, o ódio dominava cada parte de mim quando
finalmente o encarei.

— O meu único pensamento é poder te matar lentamente, sentirei um enorme prazer


quando eu o ver queimando como o demônio que você é.

Damon se aproximou ficando a centímetros do meu rosto, meu coração martelava no peito
em um ritmo anormal, mas continuei encarando-o atentamente.
— Assim você me ofende, acha mesmo que eu morreria por um ser tão fraco e desprezível
como você?

Foi a minha vez de sorrir ao encará-lo.


— O lembrarei das suas palavras quando você estiver morrendo.

Damon sorriu novamente ao passar a língua pelo meu rosto, me fazendo fechar os olhos,
não aguentando ver o prazer no seu rosto quando estava fazendo isso.

— Me diga, doce Vitória, como pretende fazer isso se você neste castelo é somente mais
um animal, a mercê do que eu queira fazer com você, posso simplesmente sugar todo o seu
sangue agora mesmo. E você não ia fazer nada, não é mesmo? Sabe por quê? — Eu abri os
olhos, mas não respondi — porque você é a presa e eu sou o caçador, eu poderia te foder aqui
mesmo neste chão, acredite, eu faria isso com muita facilidade, ou talvez naquela parede. —
Damon passou as pontas dos seus dedos até o meu pescoço, e foi descendo, quase chegando no
vale dos meus seios, meu estômago embrulhou novamente. — Eu poderia te quebrar de tantas
formas diferentes, mas tantas formas, que você nunca sonhou, o que você tem no meio das suas
pernas é algo apenas banal para um vampiro, afinal, eu posso ter isso com qualquer vampira ou
humana que eu queira, a hora que eu quiser, então, não se sinta especial com isso.

Ele se aproximou de mim, um sorriso maldoso nos lábios.


— Tenta, pequena. Tenta acabar comigo. Você não é forte o suficiente.

Eu sabia que ele estava certo, ele era muito mais poderoso do que eu. Mas eu não podia aceitar
isso, não podia deixar que ele me humilhasse dessa forma. Então eu agarrei a primeira coisa que
encontrei perto de mim, um abajur ao lado da cama, eu não sei o que deu em mim, era como se o
ódio das suas palavras tivessem mostrado o pior de mim.

Damon riu, desviando facilmente do meu golpe. Ele pareceu se divertir quando me jogou longe
com um gesto casual, fazendo com que eu batesse as costas contra a parede.

Eu gemi de dor, mas não desisti. Eu me levantei e avancei novamente, dessa vez com mais raiva.
Meus socos eram fracos e desajeitados, mas eu continuei tentando, empurrando-o, dando chutes
desesperados.

Mas ele era muito forte, muito rápido. Ele me jogou no chão e deu um chute em minha barriga,
fazendo com que todo o ar saísse dos meus pulmões.

Eu me contorcia, tentando respirar, tentando me levantar, mas não consegui. Eu fiquei deitada lá,
impotente, sentindo como se a minha vida estivesse escapando de mim.

Damon se aproximou, me olhando com desdém.

— Você é patética. Não sei por que ainda tenta lutar.

Eu tentei responder, mas minha voz saiu fraca e falha.

— Porque eu não vou deixar você ganhar.

Ele riu e se afastou, me deixando estirada no chão, indefesa e sozinha. Eu sabia que tinha perdido
essa batalha, mas ainda havia esperança de vencer a guerra. Eu só precisava encontrar a coragem
e a força para continuar lutando.

Vejo-o se afastando, ele se aproximou da enorme parede de vidro e olhou o horizonte, lá


fora uma lua enorme iluminava o céu noturno.

Ao se virar eu vejo um pequeno sorriso nos seus lábios, eu permaneci apertando minhas
unhas no interior das minhas mãos, como uma forma de dizer que tudo que estava acontecendo
aqui era real, para que eu nunca me esquecesse de nada

— Sabe Vitória, eu vou fazer uma coisa que eu nunca fiz antes, mas vejo que será preciso,
afinal, você está se mostrando um verdadeiro perigo, você viverá aqui de agora em diante,
preciso ficar de olho em você.
Meu coração acelerou, eu não queria ficar neste quarto com ele mais tempo do que era
necessário, a Sarah, eu precisava ficar perto dela, eu precisava ajudá-la.

Eu precisava engolir o meu orgulho, ao olhar para ele a minha visão estava nublada. Me
levantei com dificuldade, sentindo todo o meu corpo doendo.
— Eu não farei nada, e não direi nada a ninguém, eu juro, mas por favor, me deixe ficar
com as outras garotas.

Ele sorriu, mas permaneceu perto da parede.

— Onde está a garota determinada que estava na minha frente a um minuto atrás.
Engoli em seco ao abaixar a cabeça, eu não consegui salvar a minha mãe, eu não
cometerei esse erro novamente, pelo menos a minha amiga eu precisava salvar.

— Eu sei que você não vai fazer nada de errado, sabe por quê?
Damon se aproximou novamente de mim, ele olhou diretamente para os meus olhos
quando finalmente falou.

— Ou você faz o que eu quero, ou a sua amiga. — O encarei espantada. — Sarah, não é
mesmo? Ela será mais uma que o sangue estará nas suas mãos.

Eu senti o quarto se movendo, era como se o chão estivesse saindo dos meus pés, dei um
passo para trás tentando manter o meu equilíbrio, mas estava difícil, eu sentia que poderia cair a
qualquer momento, sinto a mão deste infeliz me segurando com força, me mantendo no lugar,
estava tentando respirar, mas estava difícil.
— Ou você achou? Que eu não iria descobrir que você e o novo brinquedinho do meu pai
eram amigas?
Capítulo 07

Apertei a minha mão ainda mais, eu não conseguia engolir nada, não, eu precisava ficar
naquele quarto, não suportaria ficar mais tempo do que isso com ele, ao olhar para o rosto dele
eu pude vê-lo me encarando atentamente.
— Por favor! Eu não quero ficar aqui.

— Eu não estou muito interessado se você quer ou não ficar aqui Vitória, eu estou apenas
te avisando que você ficará.
O encarei, meu coração martelava no peito em um ritmo anormal.

— Vou contar toda a verdade ao seu pai.

O ameacei com a única coisa que eu tinha.


Damon sorriu, não um sorriso contido como de costume, mas ele sorriu abertamente para
mim. E isso me assustou, percebi logo depois que as palavras saíram, que não foi uma ótima
ideia tentar chantagear um vampiro, principalmente se esse vampiro for um príncipe, engoli em
seco o encarando.

— O que você acha que vai acontecer com você assim que o meu pai descobrir? Você
acha mesmo que vai ser melhor do que estou fazendo com você? — Não respondi, apenas o
encarei, ele se aproximou sem tirar um segundo sequer os olhos de mim. — Vou refrescar um
pouco a sua memória, já que vejo que é burra o suficiente para achar que conseguiria chantagear
um vampiro, ele iria te usar de tantas formas diferentes — vejo ele encarando o meu corpo de
cima a baixo — mas diferente de mim, um não quero isso, não fará diferença, acho que você
precisa conversar mais com a sua amiga — ele balançou a cabeça me encarando como se eu
fosse uma completa idiota — diferente de mim, meu pai ou qualquer um dos meus irmãos, não te
deixaria viva mais do que uma semana sua burra, você acha mesmo que eles deixariam um
humano, com o poder que você tem correndo pelo seu sangue, viva? Você ainda tem que
aprender muitas coisas, humana tola.
Ele se senta na cama como se estivesse cansado, o encarei atentamente.

— Então me diga? Por que você ainda me mantém viva?


Damon levantou o rosto e me observou.

— Eu não sei a dimensão do que o seu sangue é capaz, você é uma arma contra a minha
raça, eu não te mataria sem saber como isso poderia ser útil para mim. — Ele sorriu. — E tenho
que admitir que estou adorando os nossos momentos juntos.
— Pelo menos uma pessoa está se divertindo, não é mesmo?

O encarei atentamente, ele fez o mesmo, a única diferença é que um de nós estava
sorrindo, e não era eu

— Sim, pelo menos uma.


Ficamos em silêncio, parei de olhar para ele, e encarei a parede de vidro, vejo os prédios e,
no fundo, a muralha, observá-la era como um lembrete de tudo isso, de tudo que éramos
obrigados a fazer, observá-la, era como um símbolo de sermos apenas gado, estamos sendo
criados para servirem de alimentos para os vampiros, isso acabava comigo, eu só queria que isso
não fosse verdade, os meus olhos ardem sem parar, uma impotência toma conta de todo o meu
corpo, e percebo que estou tremendo.

— Você ficará aqui a partir de hoje, acho melhor melhorar essa cara.
Eu não me virei em sua direção, apenas me sentei em uma poltrona, ficando lá, encolhida,
eu estava me sentindo mais sozinha do que nunca, eu precisava de um plano para sair daqui, e
precisava levar a Sarah comigo.

Abri os olhos e me assustei, me levantando da poltrona, não vejo o Damon, eu não


acredito que dormi com ele aqui, olhei para a parede de vidro e vejo que ainda era noite, não
fazia ideia de que horas eram, fiquei parada por um bom tempo, pensei que ele poderia entrar a
qualquer momento mais isso não aconteceu. Já entediada comecei a andar pelo quarto, ao abrir
uma porta, vejo um closet repleto de roupas pretas, entrei e passei a minha mão sentindo a
maciez de cada peça, eu nunca tinha visto tantas roupas na minha vida, logo em seguida, sai e
fechei a porta, vejo outra porta e abri, observei um banheiro enorme com uma grande banheira
no fundo, o local era todo iluminado.

Imaginei Damon naquele local, mas logo em seguida balancei a cabeça me negando a
pensar nele.
E mais uma porta, mas esse era enorme, com prateleiras a perder de vista com milhares de
livros, era uma biblioteca, o infeliz tinha uma biblioteca! Esse fato me assustou, entrei e senti o
cheiro dos livros.

Livros não eram uma coisa muito comum aqui, eu tive acesso a eles apenas na escola, mas
isso já fazia tanto tempo que parecia que foi em outra vida, me lembrei da minha mãe , meu
coração apertou ao me lembrar dela. Balancei a cabeça, eu precisava me concentrar no que
estava acontecendo.
Vejo uma escrivaninha enorme de madeira escura, uma cadeira de couro preta, e vários
papéis em cima da mesa, e naquele momento, eu percebi que ficar naquele quarto era a melhor
opção, eu tinha acesso a coisas que não poderia ter, sim, eu me sentiria mais protegida lá no
quarto com as outras garotas, eu sei disso, mas aqui eu conseguiria as plantas desse castelo, até
mesmo da muralha, assim seria mais fácil sair daqui com a Sarah, respirei fundo, sentindo as
minhas costelas doerem, coloquei a minha mão no local. Novo plano, vou fazer de tudo para
conseguir essas informações.

Sai da biblioteca, minha cabeça estava a mil, eu finalmente tinha um plano, apertei minha
mão em punho me lembrando de como eu arremessei o Damon naquela parede, se eu
conseguisse controlar isso, poderia ser muito útil na minha fuga com a Sarah, meu coração
acelerou no momento que a porta se abriu, vejo uma mulher um pouco mais velha entrando,
segurando uma bandeja, ela me encarou de cima a baixo e logo em seguida entrou colocando a
bandeira em uma mesa.
— O mestre ordenou que você comesse tudo.

E logo em seguida ela sai sem fazer barulho, como se fosse um fantasma.
Me aproximei da bandeja, vendo um prato repleto de carne e legumes, um copo de suco e
outro de leite, um pequeno copo branco com quatro comprimidos, respirei fundo pegando e
jogando na minha mão, eu precisava ficar forte, e infelizmente eu precisava destes remédios,
agora ficando no mesmo quarto que ele, eu não sabia se ele iria respeitar o momento de se
alimentar, por isso precisava ficar preparada, me sentei comendo tudo que eu aguentava, eu já
não conseguia comer mais nada, respirei fundo me sentando na poltrona, fiquei lá por tanto
tempo que acabei adormecendo.

Acordei sentindo um frio fora do normal, ao abrir os olhos vejo Damon em uma poltrona
do lado da minha, ele me encarava atentamente, mesmo após ter acordado.

— Por que você está dormindo aí?


O encarei.

— Eu estava com sono.


Ele olhou para mim, e logo em seguida para a cama.

— Você sabe para que serve uma cama, não é mesmo?

Revirei os olhos em sua direção.


— Não, eu não fui apresentada para ela ainda. — O encarei com ironia.

Damon se levantou e começou a tirar a roupa, ficando somente com uma calça social,
mesmo tentando evitar contato visual com ele, pude perceber que ele não era magro como eu
imaginei, seu corpo tinha músculos.
Abaixei o olhar e encarei os meus pés.
— Venha dormir! – Ele ordenou.

Levantei a cabeça e o vejo deitado na cama. Me encarando.


— Não, muito obrigada, eu prefiro dormir na poltrona.

— Em momento nenhum te perguntei onde você prefere dormir, eu mandei você vir
dormir, agora!

Apertei com tanta força os meus dentes uns nos outros que por um momento pensei que
eles fossem quebrar, me levantei e andei até está do outro lado da cama, me sentando nela, cada
gesto era como se estivesse doendo cada parte do meu corpo.

Me deitei, fazendo questão de ficar o mais longe possível dele, respirei devagar, mesmo a
cama sendo confortável era impossível me sentir à vontade deitada na mesma cama com esse
monstro.

Fiquei imóvel, respirando lentamente.


Dei um grito de surpresa quando ele me puxou, me deitando na cama e logo em seguida se
colocando em cima de mim, meu coração acelerou de uma forma que parecia impossível, tentei
me afastar, mas ele segurou as minhas duas mãos no alto da minha cabeça me encarando
atentamente.

— O que você está fazendo?


Ele sorriu pegando uma mecha do meu cabelo e o cheirando logo em seguida.

— Eu posso fazer o que eu quiser com você, ou se esqueceu?

Engoli em seco, evitando olhar para o seu corpo, olhava apenas para o seu rosto, vejo seu
cabelo branco, as mechas jogadas na face.
— Tem pouco tempo que você se alimentou. — Afirmei na esperança que isso pudesse
pará-lo.

Ele sorriu novamente.


— Eu tenho certeza que você aguenta mais um pouco.

Ao olhar para o seu rosto, pude perceber que nada do que eu pudesse falar ia impedi-lo de
se alimentar, minhas mãos tremiam de medo de sentir aquela dor novamente.

Damon aproximou o seu rosto do meu pescoço, e ficou um tempo assim, eu só queria que
ele acabasse logo com isso, meus olhos se encheram de lágrimas, senti seus dentes roçando
minha pele sensível, apertei minha mão novamente em punho, eu sabia o que viria logo em
seguida, ele mordeu com força meu pescoço, rompendo carne e músculo, sinto meu sangue
saindo sem parar, e uma dor fora do normal tomou conta de mim, tentei retirá-lo de cima, mas
não funcionou, sinto seu corpo esmagando o meu com a força que ele segurava a minha cintura,
minhas mãos estavam livres, mas eu não conseguia senti-las, estava doendo muito, bem mais do
que antes, ele continuou a sugar o meu sangue com tanta força, com seus braços em volta da
minha cintura, era como se ele fosse me cortar ao meio, de repente eu não estava sentindo mais a
dor, vejo pontos pretos na minha frente, eu não ouvia mais o som dos meus gritos, mas pude
ouvir o som fraco da minha respiração.
Respirei profundamente quando não pude mais sentir o seu peso em cima de mim, mas ao
fazer isso, sinto uma pressão tão forte no meu peito, doía muito quando eu tentava respirar, todo
o meu corpo doía, tentei levantar o braço, mas não tinha forças suficientes para fazer isso, ao
abrir os olhos vejo ele em cima de mim me encarando, sinto um forte gosto de sangue na minha
boca, tossir sem parar, e sinto algo escorrendo da minha boca como se estivesse me engasgado,
quando finalmente consegui levantar o braço, pude colocar a mão na minha boca e logo em
seguida, vendo-a suja de sangue.

Sangue estava saindo da minha boca.

Damon me encarava sem expressar reação nenhuma, eu quis sorrir do que passou pela
minha cabeça, lógico que ele não ia fazer nada, sua idiota!
Eu fechava e abria os olhos de hora em hora, quando fechei a primeira vez eu pude ver
Damon saindo, na segunda vez o vejo conversando com um homem mais velho do meu lado, na
terceira vez, senti uma picada no meu braço, mas logo em seguida dormi novamente, na quarta
vez que acordei, virei minha cabeça, vendo a lua no horizonte.

Ao voltar a minha cabeça para o lugar, vejo Damon sentado em uma poltrona olhando uns
papéis, quando ele vê que estou acordada, se levanta.

Me encolhi de medo quando ele se aproximou da cama; colocou a sua mão na minha testa,
pude sentir o frio da sua pele em contato com a minha.
Minha boca estava tão seca, mas na terceira tentativa consegui falar.

— O que aconteceu?
Damon me encarou, com a mesma expressão distante de sempre, mas finalmente falou:

— Exagerei ao me alimentar de você, por um momento esqueci como os humanos são


frágeis, acabei quebrando várias costelas sua, e claro; quase te matei bebendo mais do que devia
do seu sangue.

Ele falou isso sentando-se novamente na poltrona e começou a olhar os papéis como se o
que ele fez não fosse nada.
Eu comecei a tremer sem parar, era como se eu não conseguisse respirar, desgraçado! Eu
quase morri e ele fala como se não fosse nada, eu quase morri! Essa constatação fez a minha
cabeça doer como nunca, naquele momento ele apareceu do meu lado em um segundo, em uma
velocidade anormal, Damon falava, mas eu não conseguia escutar, minha mente ficou em
branco, eu não conseguia ouvir ou falar nada, por um instante eu não pude pensar em nada, sinto
a mesma dor no meu pescoço novamente, abri os olhos e vejo todos os móveis do quarto
flutuando ao redor da cama, vejo Damon com a boca toda suja de sangue do meu lado, balancei a
cabeça, sentindo uma dor no meu pescoço, e vejo sangue escorrendo pelo meu busto, uma
fraqueza tomou conta de mim, acabei me deitando novamente.

Damon se aproximou, passando a mão pelo meu pescoço, e o sangue parou de sair, todos
os móveis caíram em um baque surdo, respirei profundamente tentando colocar ar nos meus
pulmões.
Ouço a voz dele do meu lado.

— Tive que te morder, você não me respondia, era como se estivesse hipnotizada, você só
voltou quando eu impus dor ao seu corpo, nada do que eu falava resolveu.
Virei minha cabeça para o outro lado, eu estava cansada demais para falar, meu corpo todo
doía, eu estava fraca demais e acabei dormindo.
Capítulo 08

O meu corpo doía como nunca, abri os olhos vendo novamente o Damon, mas diferente de
antes, ele agora estava em pé olhando para mim.
— Finalmente acordou. Você precisa comer alguma coisa, não pode ficar somente no
soro, já tem três dias que tudo aconteceu.

Com dificuldade consegui me sentar e encostei na cabeceira da cama, cada movimento era
mais dolorido que o outro, minhas mãos ainda tremiam quando eu as levantei. Damon pegou
uma bandeja que estava em cima da cama e colocou nas minhas pernas.
Observei a bandeja sem um pingo de vontade de comer, tinha frutas, uma sopa, suco e um
copo de leite, mas nada de remédios.

— Nada de remédios?

Ele olhou para o soro que eu ainda estava tomando.

— Como você não acordava, colocamos no soro.

— Claro! Eu tinha me esquecido de quão especial o meu sangue é para você.


Peguei o suco e tentei beber um pouco, mas era como se minha garganta estivesse em
carne viva, cada gole doía muito, mesmo tentando me controlar, principalmente na presença dele,
eu senti os meus olhos cheios de lágrimas.

— Eu quero que você coma tudo.

Olhei para ele e sorri, só pode ser brincadeira.


— Você quer? Desculpa te desapontar, mas acho que você se esqueceu que eu sou uma
humana e não um vampiro, seu idiota!

Ele apenas me observou com raiva.


— Você acha que eu não sei disso? Se por um momento eu tivesse a certeza de que o seu
sangue continuaria o mesmo, eu já teria te transformado há muito tempo, mas como eu não sei o
que aconteceria decidi deixar você como está, uma humana burra e inútil.

Fechei os olhos tentando me controlar, quando eu os abri o vejo me encarando.


— Vai se descontrolar novamente, e fazer com que todos os móveis deste quarto flutuam
ao nosso redor?

Suspirei sem paciência.


— Estou pensando seriamente se eu conseguiria te arremessar para fora desse quarto
quando o sol estivesse no horizonte, confesso que adoraria vê-lo virando churrasco.

Damon olhou para mim e logo em seguida sorriu.

— Se você tivesse autocontrole suficiente, até poderia conseguir, mas como é burra e
inútil, duvido muito disso.
Respirei fundo novamente, e tentei me concentrar em comer, mas não fui muito além,
desisti, e coloquei a bandeja do meu lado, olhei Damon balançando a cabeça olhando para mim,
mas decidi ignorar.

— Você não consegue curar os humanos que você se alimenta? Por que não curou o que
você fez?
Ele sorriu.

— O que você acha que fiz desde o momento que você desmaiou jorrando sangue pela
boca e nariz?

— Você tentou me curar? — A minha voz era baixa.


— Tem um limite até para nós, em curar um ser humano, se eu não tivesse tentado você já
estaria morta há muito tempo.

O encarei com ódio.


— Você espera um agradecimento. – Balancei a cabeça revoltada. — Não, melhor ainda,
uma medalha por bravura? Até parece, não se esqueça que foi você que quase me matou.

Vejo os seus olhos vermelhos como sangue em mim quando falou:

— Às vezes eu fico me imaginando apertando o seu pescoço lentamente, eu adoraria ver a


luz dos seus olhos se apagando devagar, só de imaginar isso faz o meu dia ficar melhor.
Meu lábio inferior tremeu antes de respondê-lo.

— Pode acreditar, o sentimento é recíproco.


Ele saiu, e não vi o momento que ele chegou, mas diferente da última vez, minha garganta
não estava mais doendo, e o meu corpo estava bem melhor, por um momento pensei se o Damon
havia me curado novamente.

Quando acordei novamente, consegui me levantar e finalmente tomar um banho, ao olhar


para o meu corpo nu, vejo vários hematomas ao redor, manchas azuis e outras e outras em tons
mais escuros pelo meu corpo, tomei meu banho o mais rápido possível, peguei mais um dos
vestidos que eu era obrigada a usar, branco como sempre, e o vesti, estava olhando novamente
para a parede de vidro quando a porta se abriu.
Vejo Damon entrando, ele me ignorou completamente e entrou na biblioteca, ficando lá
até muito tarde.

Estou terminando de comer o que me foi trago, quando ele saiu da biblioteca, não estava
mais com o blazer escuro, estava com a blusa social preta, o que é um contraste interessante com
o seu cabelo branco, baixei o olhar me lembrando que seu pai e a sua irmã também tem essa cor
de cabelo, seu outro irmão eu não sei, afinal, eu nunca o vi pessoalmente, com certeza é uma
característica da sua família.
Me pergunto quantos anos ele tem.

— Quantos anos você tem? — Perguntei, afinal não tinha mais nada para fazer.

Ele me observou.
— Pensei que continuaríamos a nos ignorar.

Dei um sorriso sem graça para ele.


— Eu não sei se reparou, mas não tenho ninguém para conversar ou o que fazer neste
quarto. Não me culpe pela minha curiosidade.

— Você sabe que está se recuperando, e tem uma biblioteca repleta de livros a uns passos
de você. — Ele me encarou. — Ou você é mais burra do que imaginei, e não sabe ler?

Meu rosto ficou incrivelmente quente com o seu comentário, engoli em seco morrendo de
vergonha.
— Eu sei ler — minha voz era extremamente baixa, que por um momento pensei que não
era minha.

— Então não vejo motivo para que você não leia.


— Eu não sabia que tinha permissão. — Finalmente falei.

— Com permissão ou não, isso não te impediu de fazer muitas coisas, ou se esqueceu o
que fazia quando eu não estava aqui?

Às vezes eu me esquecia que ele sabe tudo da minha vida.


— Eu tenho mil anos.
O encarei abrindo e fechando a boca, eu tinha tantas perguntas, mas sabia que ele não ia
responder, com certeza.

— E em meus mil anos, nunca fiquei com tanta dor de cabeça quando estou tendo agora
que você está aqui.
Fechei a boca e não consegui responder de imediato. Respirei fundo tomando coragem.

— Idiota!
Ele entrou no banheiro, mas antes de fechar a porta falou:

— Humana, burra e inútil!


Capítulo 09

Quando se passaram uma semana após tudo o que aconteceu, ele finalmente me deu
permissão para visitar as meninas, era dia de banho de sol, quando sai daquele castelo e fui em
direção a um jardim, estávamos no outono, eu ainda estava com o vestido branco de algodão,
mas também com um grosso casaco de pele preto, botas mantinham os meus pés quentes, olho
para as torres que tinham ao redor do jardim, vários guardas armados faziam a segurança do
local, engoli em seco andando em direção a uma fonte, ao chegar perto, vejo as meninas sentadas
e três homens também, ao me aproximar noto aquele garoto que estava comigo, quando fui
selecionada, se eu não me engano ele foi dado a irmã do Damon, a quem eu vi só uma vez no
banquete.
Vejo a Sarah sentada, quando eu a vi, tive uma grande vontade de correr e a abraçar, na
verdade, eu estava precisando mais do que nunca de ser abraçada.

Ela olhou para o rapaz que estava de pé, e viu que ele estava olhando para mim, ela
também olhou, diferente do que tínhamos combinado, Sarah se levantou e me abraçou com
força, todas as outras meninas também me abraçaram, meus olhos se encheram de lágrimas.
— Vitória, eu pensei que tínhamos te perdido, perguntamos a eles onde você estava, mas
ninguém nos disse nada.

Me separei dela, vejo os seus olhos fundos, o brilho que tinha neles se foram, e naquele
momento me lembrei das palavras do Damon, quando me disse o que o seu pai iria fazer comigo
se descobrisse sobre o meu sangue, e de suas palavras, quando me disse o que ele estava fazendo
com a minha amiga, engoli em seco tentando me controlar.

— Eu estou ficando no quarto dele. — Abaixei a cabeça.


— Porque ele faria isso? Se eu não me engano ele nunca fez algo do tipo.

As meninas concordaram com ela.


— Acho que assim é mais fácil para se alimentar, eu estava de cama esses dias, por isso
não apareci aqui.

Sarah segurou a minha mão com força, olhei para ela.


— O que ele fez com você?

Eu quis sorrir, minha amiga, mesmo em meio a monstros, me fez uma pergunta dessas.
— Ele exagerou ao se alimentar.

Todas se calaram por um momento.

— Afinal, é isso que eles fazem, não é? Se alimentam de todos nós como se fossemos
animais, até o nosso último suspiro.

Eu não estava mais conseguindo ficar calada, o ódio era tão forte dentro do meu peito, que
meu único pensamento era vê-los queimando, todos eles.

— Fica quieta, Vitória, eles vão ouvir. — Sarah falou segurando as minhas mãos.
— O que mais eles podem fazer que já não fizessem?

Ouço uma voz forte do meu lado.

— Você ficaria surpresa se descobrisse.


Olhei para o rapaz de antes, ele tinha um olhar tão mortal, que por um momento senti um
arrepio passando pelo meu corpo.

— Desculpa, eu não me apresentei, o meu nome é Derek.


Olhei para ele por um momento, era como se estivesse em uma bolha, balancei a cabeça
surpresa comigo mesma.

— Vitória.

Ele deu um meio sorriso.


— Eu sei, suas amigas só falam de você.

Balancei a cabeça surpresa.


— Desculpa, mas o que eu ficaria surpresa se descobrisse?

— Você acha que se alimentar de nós, é a única coisa ruim que eles podem fazer?
O encarei.

— Eu sei que não é a única coisa que eles podem fazer. – Afirmei.

Ele sorriu, o meu rosto ficou vermelho de ódio.


— Porque você está sorrindo?

— Você ainda não sabe, você ainda tem um certo brilho no olhar, quando você perder esse
brilho saberá o que eu estou dizendo.

O encarei sem paciência, brilho no olhar, sim, eu tinha um brilho no olhar, porque a cada
segundo dos dias que passavam eu só me imaginava matando cada um deles, então sim, eu tinha
um certo brilho, mas era o brilho de viganca.

— Um desses monstros arrancou o coração da minha mãe na minha frente, não se engane,
esse brilho é de puro ódio, é saber que terei a minha vingança no final.
Derek me encarou atentamente, mas não prestei mais atenção nele, quando senti um aperto
na minha mão, olhei para Sarah, que me encarava.

— Você não tinha me dito que a sua mãe tinha morrido.


Meu coração doeu só de imaginar a minha mãe morta na minha frente.

— Eu não estava pronta para lhe contar, me desculpa.

Minha amiga me abraçou novamente, como eu precisava daqueles abraços.


— Eu sinto muito Vi.

Dei um pequeno sorriso quando ela me soltou.

— Está tudo bem.

As outras garotas ficaram conosco um pouco, mas depois começaram a andar em pares
pelo jardim, fiquei com a Sarah, eu precisava conversar com ela.

Estávamos andando, vejo vários arbustos, as árvores tinham poucas folhas, e a coloração
marrom dominava o chão por onde passávamos. Mas ainda tinha um sol, eu senti o calor me
dominando.
— Eu estou tão feliz que você está viva.

Olhei para a minha amiga.


—- Eu também, pode acreditar — respirei fundo, tentando tomar coragem para falar com
ela. — Precisamos dar um jeito de fugir daqui.

No mesmo momento a Sarah parou, o seu rosto ficou branco como um papel, ela olhou
para todos os cantos em busca de alguma pessoa que pudesse ter ouvido.

— Fala baixo. Alguém pode escutar.


— Me desculpa. — Falei baixo.
— Aqui é uma fortaleza Vi, como poderíamos fugir desse lugar?

Continuamos a andar, fingindo estar aproveitando o sol da manhã.


— Como eu tinha te dito antes, estou ficando no quarto do Damon, lá ele tem uma enorme
biblioteca, e também trabalha lá, como ele é o príncipe, eu imaginei que poderia ter um mapa ou
alguma coisa com ele que possa nos ajudar.

Sarah ficou calada por um momento.


— Eu posso tentar achar alguma coisa no quarto do rei também.

Parei no mesmo momento, minhas mãos tremeram quando eu segurei nas suas mãos.

— Me prometa Sarah, você não vai tentar fazer nada disso, principalmente com o rei, ele é
um demônio, se por um momento ele descobrir que você está tentando fugir, ele vai te matar.
Minha amiga ficou parada me olhando.

— Todos eles são monstros Vi, eu não posso deixar você se arriscar sozinha. Eu não sou
tão fraca como você imagina.
Eu dei um pequeno sorriso para ela.

— Sim, eles são, mas agora eu durmo todos os dias com um, é mais fácil para eu fazer
isso.

— Eu prometo.
Um peso enorme saiu das minhas costas, e continuamos a andar.

— Você não pode contar para ninguém, infelizmente não sabemos quem pode nos trair.
Sarah engoliu em seco concordando comigo.

Ao voltarmos para a fonte vejo as meninas indo em direção a grande porta por onde
entramos, me virei para a Sarah.

— Fique bem.
Ela sorriu.

— Você também.
Antes de entrar, eu sinto alguém me observando, quando me virei, vejo Derek me
encarando atentamente, me virei novamente olhando para a frente, o ignorando.
Capítulo 10

Ao entrar no quarto do Damon, me surpreendo com a vampira que me deu de presente


para aquele demônio parada me encarando.
Fechei a porta e fui em sua direção.

— Você é uma coisinha de sorte mesmo, vivendo no mesmo quarto que o príncipe, depois
você tem que me contar os truques que está fazendo para o manter entretido para que ele não a
matasse ainda.
" Ainda" miserável!

A encarei com uma grande vontade de arrancar aquele sorriso irônico do seu rosto. Eu não
respondi.

— Bem… Tenho que te entregar isso.

Ela me entregou três comprimidos grandes. Olhei para eles em minha mão e logo em
seguida para ela, em uma pergunta clara.

— A sua menstruação, se eu não estiver errada, chegará amanhã, tome esse remédio hoje,
não queremos ver você escorrendo sangue pelas pernas, não é mesmo? — Eu tinha esquecido
que ela sabia tudo sobre mim. Afinal eles sabiam tudo sobre os humanos que viviam aqui.
A encarei novamente.

— O que você quer dizer?

Ela sorriu me encarando.


— Todas as garotas tomam esses remédios quando estão perto de menstruar, você vive
com vampiros agora, achou mesmo que seria uma boa ideia menstruar normalmente?

Abaixei a cabeça envergonhada. Antes éramos só impedidas de sair quando estávamos


naqueles dias, me lembro que eu ficava revoltada por ficar presa naquele minúsculo apartamento.

— É só isso?
Ela me olhou com desdém.

— Sim, Vitória, só tomar, bem... você não vai se sentir bem por uns dias, mas é melhor do
que ser atacada nos corredores não é mesmo?

Não respondi, apenas encarei os remédios na minha mão.

— Agora tenho que ir, tome logo os remédios.

Ela saiu, me aproximei de uma mesa e peguei um copo de água, estava terminando de
colocar na boca, quando Damon apareceu, ele me encarou terminar de engolir os remédios e
ficou parado me olhando.
Engoli em seco.

— Para que esses remédios?


Eu não queria falar sobre esse assunto, principalmente para ele.

— A Luana me deu remédios para tomar.

Ele revirou os olhos sem paciência.


— Eu não te perguntei quem te deu os remédios, eu te perguntei para que eles servem.

Ele retirou o blazer, e começou a dobrar a blusa social até o antebraço, mas permaneceu
me encarando.
Engoli em seco, o meu rosto começou a ficar incrivelmente quente.

— A minha menstruação...

Ele me encarou atentamente de cima a baixo.


— Isso! Entendi.

E se aproximou da cama se deitando, me sentei na poltrona e ficamos em silêncio por um


bom tempo.

Já era tarde quando finalmente fui para a cama, fazia questão de ficar o mais longe
possível dele, meus pensamentos, eram apenas fugir daquele lugar, tinha que ter mais coisas fora
desses muros, precisava ter alguma coisa.

Acordei sentindo muito dor de cabeça, ao abrir os olhos, o quarto começou a rodar, minha
vontade era vomitar, mesmo tonta, consegui entrar no banheiro e vomitar tudo que estava no
meu estômago, quando eu finalmente saio do banheiro, vejo Damon parado no meio do quarto
olhando para mim, o ignorei e fui me sentar na poltrona, da qual eu sempre me sentava, coloquei
as pernas em cima da poltrona e as abracei, minha cabeça estava doendo muito, e meu estômago
estava horrível.

— Você não precisa tomar os remédios no próximo mês.

Olhei para ele que continuava parado olhando para mim. Quase que sorri da sua
afirmação.
— Estou no meio de vampiros, acho que não tenho escolha.

— No mês que vem você não precisa tomar, e só ficar quieta neste quarto enquanto durar
o seu ciclo.

Ficar sozinha no mesmo quarto que um vampiro estando menstruada? Sem chance!

— Muito obrigada! Mas prefiro ficar com os remédios. — Respondi, apertando ainda mais
as minhas pernas.

Damon me encarava.
— Está com medo?

Levantei a cabeça, ao fazer isso, sinto uma forte dor, mas o encarei mesmo assim.

— Lógico que estou com medo, você já quase me matou, eu estando normal, imagina
nesses dias, prefiro não arriscar, vamos combinar não é mesmo? Você não consegue se controlar
normalmente, não vou lhe dar mais motivos para me matar.
Ele se aproximou ficando na minha frente.

— Você ficando na mesma cama que eu todas as noites, já é mais do que um bom motivo
para lhe matar.
Engoli em seco.

— A culpa é sua, posso voltar para o quarto das meninas.

Ele levantou uma sobrancelha me encarando.


— Não!

Abaixei a cabeça novamente.


— É claro que a sua resposta seria não.
Adormeci na poltrona, quando acordei, meu corpo estava doendo ainda mais, olhei para a
cama e o Damon não estava lá, suspirei aliviada me levantando e indo me deitar, me envolvi com
os lençóis e adormeci lentamente.

Fiquei praticamente a semana toda deitada, reclamando das dores que estava sentindo, mas
hoje eu estava melhor, me levantei e aproveitei que o Damon não estava no quarto, abri a porta
da biblioteca e fui direto até a escrivaninha, tentei memorizar onde cada coisa estava antes de
finalmente procurar por algo que poderia me ajudar. Vejo um telefone na segunda gaveta, ao
pegá-lo coloquei no ouvido, mas não tinha som nenhum, eu sabia que eles usavam muitas das
nossas tecnologias, mas até que são inteligentes, afinal, não podemos usar, mas eles usam
normalmente, guardei o telefone no lugar, afinal, para quem eu ligaria.

Abri as outras gavetas e vejo vários papéis, comecei a ler vários deles, era a quantidade de
pessoas que tinham aqui, homens, mulheres, crianças, a idade, endereço, tudo, depois os
vampiros, a posição de cada um, eram tantas folhas que não dava para ler, mas não achei nada de
plantas do castelo, da colônia, nada, nenhum mapa.
Suspirei frustrada, coloquei tudo no lugar, já tinha mais ou menos uma hora que eu estava
mexendo nas coisas, decidi parar e recomeçar amanhã, afinal, eu não poderia ficar tanto tempo
aqui.

Comecei a olhar os livros, eram tantos que acabei dando um pequeno sorriso, estava
pegando um para ler quando a porta se abriu, meu coração acelerou quando eu vejo o Damon
entrando, ele me encarou, minhas mãos tremiam, segurei o livro rente ao corpo, ele se aproximou
ficando na minha frente.

— Eu só estava procurando um livro.


Ele olhou para o livro nas minhas mãos e logo em seguida para o meu rosto.

— Eu preciso me alimentar.
Era como se uma pedra fosse jogada no meu estômago, dei um passo para trás, olhei para
a porta aberta que ele havia entrado. Já faz quase quinze dias que ele não se alimentava de mim,
eu sabia que era porque eu não estava bem, acho que acabei me acostumando, mas eu era
ingênua demais mesmo. Por um miserável segundo pensei que ele não faria isso novamente, mas
como eu era idiota mesmo.

— Por favor! Eu não quero.

Ele me encarou, não conseguia ver nenhuma expressão diferente no seu rosto.
— Você está aqui para isso, pensei que tinha entendido.

Damon levantou a mão segurando uma mecha do meu cabelo entre os dedos, ele me
encarava, minhas mãos tremiam tanto, meu olhar foi em direção à porta aberta novamente.
Por puro impulso comecei a correr com todas as minhas forças em direção à porta, estava
a um passo de distância, quando sinto mãos envolverem a minha cintura, eu gritei, quando ele
me segurou com força, sinto o seu corpo gelado em contato com o meu, sua boca a centímetros
do meu ouvido.

— Sabia que estou adorando o seu jeito impulsivo, faz com que eu tenha mais vontade de
te morder.
Lágrimas desciam pelo meu rosto, eu não queria sentir aquilo novamente, eu não queria
morrer.

Debati tentando me soltar dos seus braços, mas foi tudo em vão, Damon me virou,
segurando minhas mãos atrás das minhas costas, ele se aproximou cheirando o meu cabelo como
se fosse um animal sedento.

Tentei novamente me soltar, mas isso só fez com que o seu corpo ficasse colado ainda
mais no meu.
— Para de se debater, isso só vai fazer você se machucar mais.

Eu queria sorrir, até parece que esse demônio se preocupava se eu fosse me machucar.
— Por favor…, por favor — eu implorei — eu não quero morrer.

Damon me encostou nas prateleiras dos livros, eu podia sentir sua respiração no meu
rosto. Algo passou pela minha cabeça, respiração, ele podia respirar? Mas essas perguntas se
perderam em meio ao medo que eu estava sentindo.

— Eu nunca vou te matar, Vitória. — Ignorei o meu nome saindo da sua boca, essa era a
segunda vez que ele pronunciava. — Você é valiosa demais para mim.

Sinto sua boca no meu pescoço, sua mão na minha cintura, seu corpo estava colado no
meu, eu queria sumir, eu não queria passar por aquilo novamente.

Sua mão saiu da minha cintura, e foi para o meu pescoço, ele acariciava o lugar devagar.
— Não era para ser assim, era para ser algo prazeroso para você, acho que tem a ver com o
seu sangue, era para ter somente prazer, nada de dor.

Eu não estava conseguindo raciocinar direito, por que ele estava falando isso para mim?

Damon abaixou a alça do meu vestido, o que estava acontecendo? Me fiz essa pergunta
quando ele aproximou a sua boca e beijou o meu ombro devagar.
Meu coração martelava no peito, eu tinha certeza de que ele podia ouvir. Eu não queria
isso.

— Por favor! — Minha voz era tão baixa, mas tão baixa.
Ele olhou para o meu rosto, vejo um brilho diferente no seu olhar, lágrimas silenciosas
desciam pelo meu rosto.

— Me desculpa.

Sua voz era baixa, quase um sussurro em meu ouvido. Senti sua respiração quente contra
minha pele, arrepiando-me dos pés à cabeça.

— Me solte! — gritava, enquanto tentava me libertar de seu aperto.

Ele riu suavemente, apertando ainda mais minhas mãos atrás das costas.

— Você é tão corajosa, mesmo sabendo que está diante de um vampiro, continua lutando.
Sua língua passou pelo meu pescoço, como se estivesse saboreando-me antes de atacar.

— Mas é isso que faz você ser tão interessante.


Senti seus dentes encostando na minha pele, e naquele momento soube que não havia
como escapar. Seria mordida.

Ainda estava tentando processar suas palavras, quando ele mordeu com força o meu
pescoço. Eu gritei o máximo que conseguia, eu não queria morrer.
Mas tudo acabou em apenas uns minutos, meu corpo estava tão mole, Damon olhou para
mim, eu vejo os seus lábios sujos de sangue, o meu sangue! E tudo ficou escuro, e sucumbi à
mais pura escuridão.
Capítulo 11

Senti um cheiro diferente ao abrir os meus olhos, vejo o quarto escuro, tentei me sentar,
mas acabei me deitando novamente. Ouço uma voz do meu lado.
— É melhor você ficar deitada um pouco.

Eu não precisava me virar para saber que era o Damon, fiquei do mesmo jeito, tudo que
aconteceu veio até mim como uma enxurrada de informações, a biblioteca, ele falando mais do
que o normal, e por mais que eu tentasse esquecer o seu pedido de desculpas, não… eu não
queria pensar nisso, era demais até para mim.
— Acho que você entrou em pânico, por isso desmaiou.

Eu tentei ficar quieta, tentei não responder, mas era impossível, minha paciência já estava
nas últimas. Me virei em sua direção, o encarei com uma grande vontade de matá-lo.

— Acho que tenho motivos suficientes para ter medo e entrar em pânico todas as vezes
que você está próximo de mim.
Ele sorriu.

— Eu sou um vampiro Vitória, sou isso que você está vendo, eu me alimento de sangue
para sobreviver, ou você acha que está em um conto de fadas em que tudo vai mudar em um
passe de mágica — Ele continuou sorrindo ao se aproximar do meu rosto. Damon passou as
pontas dos seus dedos frios no meu pescoço. — Você acha que tudo vai mudar só porque eu não
quero te matar? — Ele sorriu novamente. — Essa não é uma história de conto de fadas, essa é a
história de como a escuridão pode acabar com qualquer pessoa, não se iluda achando que será
diferente de uma história de terror.
Minha respiração era pesada.

— Eu nunca achei que isso seria um conto de fadas, você é um demônio, o meu único
pensamento é poder matá-lo. Demônios só existem em histórias de terror, nada mais.
Ele sorriu novamente, mas dessa vez a centímetros do meu rosto, meu coração acelerou
com ele tão próximo de mim.

— Nunca se esqueça disso.


O seu olhar se encontrou com o meu.

— Eu nunca esquecerei, pode ter certeza disso.

Ele sorriu novamente se aproximando do meu cabelo e o cheirando, por um momento


fiquei parada, como uma estátua com ele tão próximo, sua boca foi em direção ao meu pescoço,
ficando lá por um momento, sinto o seu hálito quente na minha pele.

— Você não faz ideia de como o seu cheiro está me deixando louco, a cada dia ele está
mais impregnado em mim, acho que no final, não foi uma boa ideia ter você neste quarto.

Engoli em seco.
— Então me deixe ir.

Sua boca estava a centímetros do meu pescoço, e mesmo tentando me controlar, meu
corpo se arrepiou todo, com ele tão próximo.
— Isso é impossível, eu não conseguiria ficar muito tempo longe de você, longe do seu
cheiro, e principalmente, do seu sangue.

Ele se aproximou do meu pescoço, sinto sua boca em contato com a minha pele sensível.
Fechei minha mão em punho, com medo dele me morder novamente, mas ele não mordeu,
Damon beijou devagar o meu pescoço, e meu corpo ficou completamente petrificado, eu não
estava conseguindo raciocinar direito, por que ele me beijou?

— Você é minha, somente minha.


Damon me encarou a centímetros dos meus lábios, os seus olhos tinham um brilho
diferente.

— Eu não sou sua, eu não sou de ninguém. — Afirmei o encarando.


Ele sorriu.

— Você é minha Vitória, já deveria saber disso.

Seus lábios estavam tão próximos dos meus, que qualquer movimento seria o bastante
para que ele me beijasse, meus olhos se encheram de lágrimas, eu não queria que ele me beijasse.
Virei o meu rosto não conseguindo encará-lo.

Ouço o seu sorriso.

— Acho melhor você ir dormir, amanhã você terá que aparecer para o jantar.
Damon saiu de cima de mim. Me virei o encarando.

— Jantar? — Levantei uma sobrancelha olhando para ele.


— Sim, um jantar, eu não vou conseguir te manter neste quarto por mais tempo, eles
precisam te ver.

Ainda olhava para ele com a sobrancelha levantada.

— Você só apareceu uma vez até agora, acha mesmo que não estão achando estranho.

— As outras meninas estarão lá? — Perguntei curiosa, Damon continuava me encarando


atentamente, engoli em seco ao perceber que ele estava olhando para os meus lábios, eu estava
completamente sem graça.

— Algumas, mas provavelmente a sua amiga estará lá. Se essa é a sua pergunta.
Foi a vez dele levantar uma sobrancelha olhando para mim. Abaixei o olhar.

— Eu não me importo que você conheça aquela garota, mas te aconselho a ficar somente
entre nós dois, afinal, nenhum vampiro ficaria tranquilo tendo conhecidos morando na mesma
casa.
Levantei o olhar.

— Por que você não se importa?

Ele sorriu andando, e se aproximando da parede de vidro. Eu o acompanhei com o olhar.


— Eu não tenho motivos para ter medo, você é minha, até acho bonitinho você ter um
bichinho como a sua amiga para brincar de vez em quando.

Ele sorriu, e logo em seguida olhou novamente para a parede, apertei a minha mão em
punho com uma grande vontade de matá-lo bem no lugar que ele estava, adoraria ver o seu
maldito sangue escorrendo pela parede de vidro, me virei para o outro lado, não suportando mais
vê-lo, me cobri ficando quieta.
Adormeci com um pequeno sorriso, afinal, eu veria minha amiga amanhã.
Capítulo 12

No outro dia estava tranquilo, fiquei boa parte do dia na biblioteca pesquisando alguma
coisa que seria útil, mas não encontrei, olhei vários livros e nada. Quando deu dez da noite, eu
estava sentada com um livro na mão, quando Damon apareceu com uma caixa grande, branca,
nas mãos, o encarei entrando até estar de frente para mim.
Me levantei pegando a caixa.

— Eu quero que use isso hoje.


Estava desconfiada, mas abrir, ao olhar o que tinha dentro, um vestido curto de seda
vermelha, o vestido mais parecia uma camisola, dentro também tinha um par de saltos alto, olhei
para ele.

— Eu não vou vestir isso.

Damon sorriu, retirando o blazer e jogando na poltrona, olhou para mim de cima a baixo.

— Eu não me lembro de ter pedido a sua opinião.

— Isso não pode ser chamado de vestido.


Ele se aproximou me encarando.

— Você pode chamar do que quiser, eu não estou me preocupando com isso, mas que
você vai vestir esse vestido, isso eu não tenho dúvidas. Afinal, quem manda aqui sou eu, e não
você.

Vejo um brilho de ódio nos seus olhos, engoli em seco calando a boca.
Ele se aproximou de mim, segurou o meu rosto, o levantando para observá-lo.

— Assim está melhor, calada e submissa, como deve ser, não se esqueça do seu lugar
vitória você é a humana mais importante para mim, mas nunca se esqueça, você é apenas uma
humana, frágil e burra, não se esqueça disso.

Ele me encarou e logo em seguida entrou na biblioteca, meu coração martelava no peito,
segurei naquele pedaço de pano com ódio. Fechei os meus olhos com força, tentando me
controlar, porque o meu único pensamento era vê-lo queimar.
Entrei no banheiro, respirei fundo, pelo menos ia ver minha amiga, tirei o vestido de
algodão branco que ainda estava usando, segurei aquele pedaço de seda nas mãos novamente e
tomando coragem de vestir, o vestido era extremamente curto, as costas nuas, meu coração
martelava no peito em um ritmo anormal, nunca me senti tão desconfortável como agora, o fato
de não estar usando roupa íntima, fazia tudo ficar pior, me sentia exposta, como um pedaço de
carne e nada mais.

Meus cabelos iam até a cintura, segurei aqueles saltos me perguntando se conseguiria me
manter de pé com eles, mas duvidava muito, pelo amor de Deus! O que ele pensava, eu nunca
usei isso, vou cair de cara no chão, com toda a certeza. Engoli em seco os colocando, sai do
quarto cambaleando para o lado, eu iria cair de cara no chão, isso era uma certeza.
Ao sair do banheiro, ainda me escorando na parede, vejo Damon parado, olhando
atentamente para mim, ele me encarou de cima a baixo.

O encarei com ódio.

— Eu não vou conseguir me equilibrar nestes saltos.


Sua expressão não mudou quando encarou os meus pés, e foi subindo até às minhas coxas
expostas, meu corpo todo ficou arrepiado com o seu olhar.

— Isso não é problema meu, não é mesmo?


As minhas mãos tremiam de tanto ódio, eu podia sentir os batimentos do meu coração
martelando nos ouvidos, sinto uma pressão na cabeça, e o quarto começou a tremer ao meu
redor.

Meu braço começou a doer bastante, eu abri os olhos; o vejo do meu lado, apertando com
força o meu braço, as veias saltavam da sua pele, seu olhar era mortal ao me encarar.

— Se controle, é a última vez que eu vou te falar isso, se alguém por mais insignificante
que seja desconfiar que esses tremores são causados por você, em menos de um segundo você
verá o seu coração com os seus próprios olhos, e eu não vou conseguir fazer absolutamente nada
em relação a isso — o seu aperto no meu braço intensificou, fechei os olhos, e me curvei diante
dele, sentindo a dor queimando no meu braço. — Não me faça repetir isso, estamos entendidos?
Ainda conseguia ouvir o meu coração martelando nos ouvidos ao encará-lo, respirei fundo
tentando me controlar, o tremor parou, balancei a cabeça concordando com ele, o seu aperto no
meu braço sumiu, mas ainda estava doendo, quando olhei para o braço, vejo perfeitamente as
marcas dos seus dedos já ficando roxas.

— Ótimo! Assim está melhor. — Ele olhou novamente para os meus pés. — Se você não
consegue andar com isso, apenas os tire, para mim não faz diferença, mas terá que ir descalça.
Retirei aqueles malditos saltos, colocando-os do lado, ele segurou o meu braço e saímos,
era a primeira vez que eu saia com ele, passamos pelo corredor, baixei a cabeça derrotada, meus
cabelos foram para a frente, passamos por muitas portas, até pararmos em frente a uma porta de
madeira escura, ao olhar para ele, o vejo completamente concentrado, como se ninguém fosse
digno de vê-lo, em uma arrogância palpável.

As portas se abriram, um som suave invadiu os meus ouvidos, vejo uma mesa grande de
madeira no meio, uma grande parede de vidro que dava para ver a cidade, parecida com a do
quarto dele, os meus pés estavam tremendo tamanho o meu nervosismo, uns sofás na esquerda, e
um lustre enorme de cristal no meio da sala, um cheiro forte veio ao meu nariz, ele retirou a mão
do meu braço e a colocou no final das minhas costas.
Levei um susto ao sentir a sua pele fria em contato com a minha pele.

Andamos até estarmos de frente a um homem mais velho, ele olhou para o Damon, mas
sua atenção foi para mim, encarou sem decoro nenhum o meu corpo, ele sorriu ao olhar para
Damon novamente.
— Boa noite, Damon.

— Boa noite, Ostrofe.

O senhor me encarou, apertei uma mão em punho com ódio.


— Vejo que você está com uma bela humana. — Ele segurou em uma mecha do meu
cabelo e a observou. — Não é todos os dias que se vê uma delícia como essa.

Damon tirou a mecha do meu cabelo das mãos nojentas daquele homem, e o encarou.
— Sim, ela é, mas não se esqueça que não compartilho o que é meu.

A sua voz era uma ameaça velada, e aquele homem entendeu, eu o vejo engolindo em
seco, e baixando o olhar ao sair da nossa frente.

Olhei para a sala procurando pela Sarah, mas não estava achando, vejo quatro das
meninas, mas nada dela, olhei para a porta atrás de mim e nada, apertei os meus dentes com força
ao sentir a mão do Damon apertando o meu braço, me fazendo olhar para ele.
— Procurando alguma coisa? — Não respondi e ele continuou. — Se comporte Vitória, eu
não gostaria de te castigar essa noite. — Vejo um pequeno sorriso nos seus lábios e mostrando
que ele adoraria fazer isso.

Olhei novamente para os meus pés, ao levantar o olhar vejo um sofá no canto e sentado
nele a irmã do Damon nos encarando atentamente, ao seu lado vejo Derek, somente com uma
calça preta, sem camisa nenhuma, ele era forte, quando os nossos olhares se encontraram, vejo
um brilho diferente.
Damon vai em sua direção, engoli em seco quando ele se sentou em frente a sua irmã e me
puxou para me sentar no seu colo, o meu rosto ficou completamente vermelho de vergonha, os
olhos da irmã dele parecia que ia perfurar a minha pele a qualquer momento.
— Se divertindo irmãzinha?

Ouço a voz do Damon no meu ouvido, a sua mão firmemente na minha cintura, os seus
dedos fazendo círculos na minha pele.
— Só um pouco. — Ela sorriu, passando a mão com as unhas enormes pelo peito do
Derek, que fechou os olhos ao sentir as unhas dela em contato com a pele, fazendo um pequeno
rastro de sangue, os nossos olhos se encontraram novamente, baixei o olhar não conseguindo
mais ver aquilo.

— O seu bichinho parece assustado, deveria ensinar algumas coisas para ela.
Damon apertou com força a minha cintura, mas o seu aperto ainda me fez permanecer no
lugar, olhei para a sua irmã que continuava a me encarar.

— Eu não preciso que ninguém me ensine a cuidar do que é meu. — Ouço o seu sorriso
do meu lado. — Em todos esses anos, pensei que teria percebido isso.

Foi a vez da sua irmã sorrir.


— Eu sei disso, mas eu acho que faria um bom trabalho se você deixasse ela comigo só
por uma semana.

O meu coração estava acelerado, vejo medo nos olhos do Derek, só de me encarar
novamente.
— Não está satisfeita com o seu?

— Olhe para ele. — Ela sorriu novamente. — É claro que estou satisfeita.

Ela sorriu novamente ao encostar a boca no pescoço do Derek. Damon se levantou me


fazendo acompanhá-lo, antes que eu visse a sua irmã se alimentando.
Ele conversa com várias pessoas, mas nada da minha amiga chegar.

Ouço uma movimentação, e vejo o rei entrando, meu coração se encheu de esperanças.
Mas elas morreram quando não vejo a Sarah com ele.
Meu braço se apertou novamente, olhei para o Damon e ele me encarou, em uma ameaça
silenciosa.

Então abaixei a cabeça novamente, incapaz de encará-lo de novo, meu coração acelerou, a
mão do Damon apertou a minha cintura com força, ao levantar a cabeça vejo que o rei se
aproximou de nós, sinto o Damon ficando rígido ao meu lado, não posso julgar, porque meu
coração acelerou um pouco mais a cada passo que o rei dava em nossa direção.

— Damon, decidiu deixá-la sair um pouco? — O rei perguntou com um leve sorriso nos
lábios.
Minhas mãos estavam suando mais e mais, a mão dele pressionava a minha cintura. Engoli
em seco o encarando, o cabelo do rei era branco como o do filho, mas bem mais curto, ele tinha
um ar de arrogância.

— É bom deixar os animais saírem um pouco.


A minha garganta ficou seca com o seu comentário, respirei profundamente tentando me
controlar.

— Pelo menos parece que essa é forte, afinal, já tem quase um mês que você a tem, e olha
só, continua viva. — O rei sorriu me encarando atentamente, e Damon o acompanhou.
— Ela é bastante forte.
Capítulo 13

As minhas pernas pareciam gelatinas, se não fosse a sua mão na minha cintura eu já teria
caído aos pés do rei.
— Diferente da minha, como pode ver, às vezes eu odeio os humanos, qualquer coisa e
eles se machucam, sinceramente, uns imprestáveis. Agora preciso ir, se divirtam, você está
precisando, após capturar aqueles rebeldes.

Os meus ouvidos estão zunindo, ouço uma voz do meu lado, mas não consigo entender, a
Sarah está machucada, eu precisava saber se ela estava bem, mas como? Como descobrir isso.
Sou levada para perto de uma parente. Pressionada contra o seu corpo, Damon me
encarava a centímetros do meu rosto.

— Eu avisei para se controlar.

— Eu estou bem.

A minha voz estava baixa, ele permaneceu me pressionando contra a parede, ouço risadas,
mas não deu para ver quem estava sorrindo.

— Podemos sair agora! — Afirmei para que ele me soltasse, o meu coração estava
martelando um pouco.
— Não podemos sair agora.

Levantei uma sobrancelha olhando para ele.

— Por quê? — Perguntei o encarando.


Ele se aproximando do meu pescoço, sinto os seus lábios beijando devagar, tentei me
afastar, mas ele não se moveu um centímetro sequer.

— O que você está fazendo?


— Apenas brincando um pouco com o meu brinquedinho. — Respirar estava tornando-se
impossível, meu coração martelava na minha caixa torácica.

— Para com isso!


— Por que eu faria isso?

Engoli em seco.

— Você não pode me morder, eles saberão que tem algo de errado comigo.

Ele sorriu.

— Relaxa Vitória, eu sei muito bem disso, mas podemos brincar sem que eu tenha que
sentir o seu delicioso sangue na minha boca.

— Por favor!

Ele parou o que estava fazendo, e me encarou com um pequeno sorriso.


— Com você pedindo com tanta gentileza eu até posso te ouvir.

Ele encarou os meus lábios novamente, por mais tempo que o normal, segurou a minha
cintura.

— Vamos!
Andamos até pararmos em uma mesa repleta de coisas deliciosas.

O rei se sentou e logo em seguida o restante dos vampiros, permaneço atrás da sua cadeira,
tinha mais umas cinco garotas, e o Derek, que estava atrás da cadeira da irmã do Damon, o vejo
me encarando, abaixei o olhar com vergonha.
Ouço a voz do rei:

— Estamos aqui para comemorar a vitória do meu filho no campo de batalha. — Levantei
uma sobrancelha surpresa, eu não sabia que o Damon esteve em um campo de batalha, mas quem
eu quero enganar, eu não conheço nada dele. — Então bebam e se divirtam com esses humanos
como bem-quiserem, é um presente para todos que o ajudaram a pegar aqueles malditos da
resistência.

Resistência? No mesmo momento me lembrei da minha mãe, ela fazia parte da resistência,
me lembrei da felicidade do Damon ao me contar. Ouço uma movimentação, e vejo umas dez
garotas, todas com um mesmo vestido branco que eu uso, entrando.
— Espero que vocês se divirtam, eu fiz questão de pegar as melhores. — O rei sorriu
bebendo do seu vinho.

Cada garota ficou parada perto de uma parede, vejo os olhares de cobiça dos demônios na
mesa.
— Mas infelizmente não poderei ficar por mais tempo, tenho algo para fazer. Mas podem
se sentir à vontade, tenho certeza de que os meus filhos os tratarão com o respeito que merecem.

O rei saiu, minhas mãos tremiam ao redor do meu corpo, as garotas olhavam para baixo,
eu queria sair dali, não suportaria ficar por mais tempo nesta sala.
Foram servidos champanhe e várias outras bebidas.

Ouço risadas, até que o velho nojento que me encarou logo depois que entrei, se levantou
segurando a mão de uma garota de cabelos pretos. Ele voltou para a mesa e a fez sentar no seu
colo, vejo a mão da garota tremendo, mas com um pequeno sorriso de nervoso nos lábios.
A mão nojenta dele é passada pelas pernas dela sem cerimônia, engoli a bile que veio até a
minha garganta, eu estava com uma grande vontade de vomitar ao vê-lo acariciando-a, quando a
mão dele foi em direção ao meio das suas pernas, eu abaixei a cabeça não suportando olhar para
aquela cena deplorável.

A irmã do Damon saiu da mesa, segurando a mão do Derek que a seguiu pacientemente.
As cenas que se seguiram, estavam fora de controle, vejo dois vampiros no sofá com uma garota
morena, enquanto um se alimentava do seu pescoço, outro estava em baixo dela, eles estavam
fazendo sexo bem ali, na frente de todos, eu queria sair dali, olhei para a porta de madeira por
onde entramos pensando em correr em sua direção, o barulho da música alta se misturava com os
sons pelo salão.

Uma moça que provavelmente tinha uns dezoito anos, assim como eu, estava de joelhos
em frente a cadeira de um vampiro, fazendo... Fechei os olhos novamente, não conseguindo nem
pensar no que ela estava fazendo, o vampiro apenas estava com a cabeça jogada para trás,
delirando em seu prazer doentio.
As minhas mãos estavam tremendo, eu não estava mais conseguindo ficar em pé, em um
único movimento o Damon me fez sentar no seu colo, olhei para o seu rosto a centímetros dos
meus, meu coração estava doendo, os meus olhos cheios de lágrimas ao olhar para ele.

O vejo me encarando, abaixei a cabeça ficando a centímetros do seu peito, respirei


profundamente tentando me controlar, Damon era tão alto, que sentada assim, nas suas pernas, a
minha cabeça batia no seu peito, me impedindo de ver o que estava acontecendo ao meu redor.
Por um momento eu agradeci por não estar vendo o que acontecia aqui.

Ouço a sua voz no meu ouvido.

— Se controle, estamos indo embora.


A sua mão estava na minha cintura pressionando a pele como se ele dissesse que estava
ali. E por um momento eu agradeci, era como se ele quisesse que eu prestasse atenção somente
nele e nada mais.

As minhas mãos aos poucos foram parando de tremer, as minhas pernas não pareciam
mais gelatinas, e principalmente, o meu coração estava mais calmo, eu nunca tinha percebido que
o cheiro que o Damon tinha, era uma mistura de flores, algo que não combinava com ele.
Ele se levantou, me levando com ele, olhei para baixo até estarmos no corredor, ainda
dava para ouvir o som alto do salão, respirei com mais calma sabendo que não estava mais
naquele lugar, mas com o coração doendo em saber que aquelas garotas ainda permaneciam lá.

Damon segurava a minha cintura com força, passamos pelos corredores até chegarmos ao
seu quarto, eu nunca me senti tão bem quanto agora, ao entrar no seu quarto.
Vejo Damon retirando o blazer, desabotoou os três primeiros botões da sua blusa preta,
seu olhar estava perdido, era como se estivesse pensando em alguma coisa.

Os seus olhos caíram sobre mim e uma chama se acendeu.


Ele se aproximou me prendendo contra a parede, o encarei.

— Você precisa se controlar, principalmente em um salão repleto de vampiros.

— Como você quer que eu me controle, com eles usando aquelas garotas daquele jeito.
— Sim, Vitória, Eles estavam comendo aquelas garotas, e daí? Você dá um ataque só; por
isso, é ridículo.

— Eles estavam violentando aquelas garotas, seu animal! Onde isso é normal?
O meu peito subia e descia rapidamente.

— Você acha que aquilo é violência? Você não viu nem um porcento do que eu já vi, te
garanto que não é nada comparado com crianças de seis anos sendo violentadas e esquartejadas
bem na frente dos seus olhos.

O meu coração perdeu uma batida ao encará-lo.


— Então quando você estiver em um salão repleto de vampiros novamente, se controle.

A minha respiração estava entalada na minha garganta, lágrimas desciam pelo meu rosto.
Ele me encarava.

— Para de chorar, porra!

— Só porque você já viu tanta crueldade, não quer dizer que aquilo que está acontecendo
naquele salão seja normal, Damon.

Sua expressão se fechou.


— Em momento nenhum te falei que era normal.

O meu lábio inferior tremia.


Ele passou a mão pelo cabelo impaciente e me soltou.

— Vá dormir.
Eu não respondi, apenas me deitei na cama, não me importei que ainda estava com aquele
maldito vestido.

Eu estava tão cansada que acabei dormindo rapidamente.


Ouço um barulho do meu lado e me virei para ver o que era, vejo o Damon se deitando,
sua pele brilhava, a luz que vinha do abajur, ele me encarou por um momento.

— Vá dormir.
Eu não respondi, apenas fiquei o encarando, aos poucos, meu olhar foi em direção ao seu
peito nu, engoli em seco ao abaixar o olhar quando eu senti as minhas bochechas se esquentando.

Em um movimento rápido ele estava em cima de mim, as minhas mãos tremiam, minha
respiração em seu rosto, olho seu cabelo jogado para frente, estava molhado, ou seja, ele tinha
acabado de tomar banho. O encarei.

— Me responda Vitória, você é tão inocente quanto o seu rosto demonstra?


Eu não respondi, o encarei incapaz de responder.

Seu corpo se aproximou ainda mais do meu, meus olhos se arregalaram quando eu senti o
seu joelho jogando a minha perna para o lado, e ele colocando a sua perna bem no meio das
minhas.
Tentei empurrá-lo de cima de mim, mas isso não fez ele se mover um centímetro sequer.

— Saí de cima de mim.

Ele sorriu ao aproximar a sua coxa do meu centro, o encarei não acreditando no que estava
acontecendo.
— Irei sair se você me responder.

Eu gritei.

— Sair agora.

Ele não respondeu, apenas me encarou.

Eu não ia conseguir sair do seu aperto, engolindo o meu orgulho o encarei morrendo de
vergonha.
— O que você quer saber?

Ele sorriu.
— Você é virgem?

O meu coração martelava no peito, eu não conseguia responder, minhas pernas tremeram
quando ele pressionou a sua coxa novamente.
— Não vai me responder?

Engoli em seco ao abrir a boca. O meu rosto queimando de vergonha.


— Sim, eu sou.

Ele sorriu novamente e saiu de cima de mim. Mas que depressa me virei para o lado
oposto, sentindo as minhas bochechas queimando.

Fiquei parada sem mover um músculo sequer, até ouvir a sua voz novamente.

— Vou fingir que a minha calça não está molhada, bem no lugar em que pressionei a sua
boceta. — Eu fiquei calada, incapaz de responder. — Durma bem, Vitória.

O meu nome foi arrastado em sua língua, fechei os olhos com força tentando não pensar
na pressão que estava abaixo da minha barriga.
Capítulo 14

Quando eu acordei ele não estava no quarto, quando me levantei, vi uma bandeja com o
meu café da manhã, respirei fundo ao me aproximar da mesa e me sentar na cadeira, um papel do
lado do meu suco de laranja me chamou atenção, o peguei, ao abrir vejo uma letra perfeita no
papel.
" Você tem permissão de sair um pouco para ir ao jardim, eu sei que deve estar louca
para encontrar a sua amiga, ficarei fora por uma semana, então aproveite. Eu espero que você
tenha tido uma ótima noite de sono, porque eu tive. Até logo!"

Fiquei por mais tempo do que devia com aquele pedaço de papel nas mãos, minhas mãos
tremiam só de lembrar de ontem a noite, sinto minhas bochechas ficarem ardendo no mesmo
momento, fechei os olhos balançando a cabeça tentando espantar os meus pensamentos.
Fiquei por mais tempo do que devia aproveitando o café da manhã, mas meus
pensamentos estavam longe, imagens do que aconteceu naquele maldito salão não parava de
passar pela minha cabeça, me levantei e tomei um banho, precisava encontrar Sarah, eu precisava
saber se ela estava bem.

Vesti o mesmo vestido branco, e coloquei o casaco pesado preto e as botas.

Ao sair do quarto me senti estranha, vi pessoas arrumando as salas, mas elas não olham
para mim em momento nenhum, permanecendo com a cabeça baixa, andei mais um pouco até
chegar na porta que dava para o jardim, um guarda me encarou por um momento segurando sua
arma rente ao peito, mas me deixou passar, ao sair vejo o jardim, o céu estava mais claro do que
pensei, um vento gelado balançou os meus cabelos. O sol estava mais forte do que a última vez.
Olhei para a fonte na esperança de encontrar Sarah, mas não a vejo, me aproximei das
outras meninas, quando elas me viram, sorriram se aproximando.

— Vitória, que bom que você está aqui.


Sorri para a que correspondeu.
— Você sabe onde está a Sarah?

A vejo engolir em seco ao me encarar, agora sei que algo aconteceu, peguei na sua mão.
— O que aconteceu?

— Eu não sei o que aconteceu, só sei que ela irritou o rei, ela está na enfermaria.
— Como você soube disso? — Perguntei sentindo meu coração acelerar ainda mais.

Os olhos dela estavam opacos quando me encarou novamente.

— A Luana nos contou hoje de manhã, e aproveitou para dar seu show, avisando que
nenhuma de nós éramos especiais, nem a escrava do rei, a escrava do príncipe — disse me
encarando — ninguém.

— Entendi. — Era um aviso para todas nós. — Ninguém a viu então?

— A Lu viu, e disse que ela está melhor.


Um alívio momentâneo se instalou no meu peito, como se uma pedra tivesse sido tirada de
cima de mim.

— Você acha que ela virá amanhã?

— Eu não sei, teremos que ver.


— Entendi — sorri para ela — obrigada!

Ela sorriu correspondendo.


— Não por isso.

Me sentei na beirada da fonte observando a água cristalina, as meninas começaram uma


caminhada uma junto da outra.

Estava perdida em meus pensamentos quando ouço passos, levantei o olhar e vejo Derek
na minha frente me observando, ele estava bem mais pálido do que o normal.
— Podemos andar juntos, preciso conversar com você.

Por um momento, me perguntei o que ele poderia querer conversar comigo, então. Apenas
balancei a cabeça, curiosa para saber, e começamos a andar um do lado do outro.
— Eu fiquei sabendo da sua amiga.

Engoli em seco antes de responder.


— Ela não é a minha amiga. — Mentira, mas precisava, ninguém poderia saber que
éramos amigas.

Derek me encarou por um momento, vejo um pequeno sorriso no canto dos seus lábios.
— Se vocês não são amigas, por qual motivo ela me procurou querendo fugir.

Meus pés pararam no mesmo momento que essas palavras saíram por sua boca, olhei para
todos os cantos procurando por alguém que pudesse estar nos ouvindo, meus olhos caíram sobre
ele novamente, o meu coração acelerado.
— O que você falou?

A minha voz sai baixa, com medo que alguém pudesse ouvir.
— Vamos Vitória, não se faça de burra, porque sabemos muito bem que você não é.

Olhei para ele mais uma vez, e continuamos a caminhada.

— Sarah veio até mim na semana passada me pedindo ajuda, porque nas palavras dela,
você ia acabar morrendo ao ser pega vasculhamos as coisas do príncipe.
Eu não estava acreditando, porque ela foi contar o nosso plano para ele.

— Ela só queria te ajudar, por isso me contou.


O encarei.

— Ajudar? No que você quer ajudar?

Ele sorriu.
— Eu já estava planejando fugir, só estava esperando o melhor momento, mais duas
pessoas não vão fazer diferença.

O meu peito subia e descia rapidamente.


— E como você planeja fazer isso? — Perguntei curiosa.

— Vamos dizer que vou ter ajuda. Não vamos só sair deste castelo, mas também da
cidade. — Ele afirmou.

Os meus olhos não piscavam ao encará-lo.


— Quem vai querer te ajudar?

Ele me observou.
— Um amigo.

— E você está disposto a nos ajudar? — Questionei, afinal, era meio difícil acreditar que
ele ia nos ajudar.
— Não vamos durar muito tempo, sua amiga com o rei psicopata, eu com a princesa
narcisista, e você com aquele príncipe que te olha como um pedaço de carne. — Ele afirmou, me
encarando de cima a baixo, engoli em seco antes de responder.
— Todos eles nos olham assim.

Os seus olhos não saíram do meu rosto ao falar.


— Não como o príncipe te olha.

Engoli em seco novamente ao abaixar o olhar.


— Virei toda essa semana aqui, se você quiser saber os detalhes do plano, te aconselho a
vir também. — Abri a boca para perguntar porque ele tinha certeza de que eu viria, mas ele
prosseguiu… — Eu sei que o príncipe está fora.

Então me calei, estávamos chegando na fonte quando ele apressou o passo e andou até a
porta, ninguém percebeu, mas eu vi quando o guarda lhe entregou um pequeno papel amassado,
olhei para os lados para ver se mais alguém tinha percebido, mas fui somente eu, a cena foi
rápida, será que o amigo que ele falou é esse guarda?
Capítulo 15

Fiquei andando de um lado para o outro, eu não conseguia ficar parada em um só lugar, os
meus pensamentos estavam longe demais para que eu ficasse quieta, Derek queria nos ajudar.
Primeiro ponto. Não, o meu primeiro ponto era perguntar a Sarah porque ela confiava
nele, mas uma coisa era certa, não íamos durar muito tempo aqui, me lembrei do que estava
acontecendo naquele salão, o meu estômago se embrulhou de nojo no mesmo momento, respirei
fundo tentando me controlar, eu não consegui achar nada na biblioteca que pudesse me ajudar,
mas olhando por esse lado, Damon nunca ia deixar nada de mais lá, principalmente eu tendo
acesso àquele cômodo.

Me sentei tentando me acalmar, era tanta coisa que por um momento me esqueci dos
poderes que só aparecem quando estou no meu limite, eu estou evitando pensar sobre isso, mas
parando para pensar, eu não posso esconder de mim mesma, afinal, qual é a minha história? Por
qual motivo eu consigo fazer essas coisas?
Levantei a minha mão e a encarei, como isso funcionava, era como se uma barreira
invisível se formasse ao meu redor, o meu cérebro fica em branco, e as coisas começam a se
mover, me lembrei dos móveis flutuando, e isso faz com que eu tenha medo.

Respirei fundo, tentando fazer com que aquele travesseiro se movesse e nada, fiquei uma
hora tentando e não consegui, era frustrante demais, isso poderia ajudar na fuga, mas do que
adianta se eu não consigo usar, bufei de ódio ao me jogar no sofá, olhei para a parede de vidro e
vejo o sol se pondo, o céu era uma mistura de cores, branco amarelo e laranja, digno de uma
pintura, respirei fundo olhando atentamente.

Fiquei por muito tempo no sofá, mas eu só pensava no dia seguinte, tomara que a Sarah vá
para o jardim, eu precisava saber o motivo dela confiar no Derek.
Mais tarde eu jantei tranquilamente, com o Damon fora, eu não precisava ficar apavorada
com ele entrando a qualquer momento, um frio se instalou na minha espinha só de lembrar da
dor que era, me perguntava porque somente eu sentia aquela dor, já que sei que os outros não
sentem.
Me deitei e esperei o sono vir, me lembrei da noite passada e evitei ao máximo olhar para
o meu lado, só de lembrar do que aconteceu ontem, o meu rosto se esquentou, respirei fundo
fechando os olhos.

Não sei qual momento eu finalmente consegui dormir tranquilamente, quando acordei,
vejo o sol, fiquei deitada por um momento, me lembrei de como era minha vida fora deste
castelo, desde que cheguei, nunca saí desses portões, eu sentia falta de poder andar pelas ruas,
ficar aqui dentro é claustrofóbico, às vezes respirar tornava-se impossível, mas é de se esperar,
com a certeza que a qualquer momento se pode morrer, é horrível, quando você cresce lá fora,
tem vários perigos, mas se alimentar de um humano com menos de dezoito anos, era pago com a
morte, ou seja, tínhamos um pouco sequer de segurança, mínima, mas era alguma coisa.
Me levantei e fui tomar um banho, a água estava bastante quente, os músculos do meu
corpo relaxaram no mesmo momento.

Saí e vesti minha roupa, olhei para a mesa e vejo uma bandeja com o meu café da manhã,
me sentei tomando ele, peguei os remédios e os tomei, a nossa vida era uma roda sem fim,
comer, tomar os remédios todos os dias, e servimos de alimentos para os vampiros.
Ao sair olhei o guarda que me encarou por um momento, mas logo depois ficou sério
novamente. Respirei fundo, não tinha mais o sol no céu, as nuvens escuras tinham o tampado. o
clima estava incrivelmente frio, mesmo com o casaco eu sentia um frio cortando a minha pele,
olhei novamente para a fonte, mas não vejo a Sarah, me aproximei ficando ao lado de uma das
meninas, que quando me viu sorriu.

— Alguma novidade da Sarah?

Ela respirou fundo me encarando.


— Ela está no dormitório, mas não deixaram que ela saísse. Ela só vai poder vir amanhã.

Abaixei a cabeça.
— Obrigada!

Ela sorriu timidamente. Por um momento pensei na nossa fuga, eu queria tanto que todos
conseguíssemos fugir, mas também sei que é impossível. Já seria difícil com três pessoas, com
mais que isso seria praticamente impossível.

Elas saíram para a caminhada, fiquei sentada atenta a porta, mas tentando disfarçar, afinal,
não poderíamos ser descuidados, meu coração acelerou quando vejo Derek entrando, ele me
observou e veio até mim, em uma graça impressionante ao andar.
Quando ele se sentou na fonte, um pouco distante, mas ainda dava para conversar, um
alívio tomou conta de mim.

— Como você pretende sair daqui? — Fiz a pergunta que eu tanto queria.
— Daqui há uma semana, vai ter uma festa com vários membros do conselho, o castelo
vai estar uma bagunça, esse será o melhor momento, tanto o rei, como o príncipe e a princesa,
terão que recepcioná-los, ficaremos o dia todo sem nos preocupar com eles, esse será o melhor
momento.

Engoli em seco, meu coração batia nos meus ouvidos, respirei fundo, uma semana, apenas
uma semana e finalmente estaremos livres.
— E depois?

— Tem uma pessoa que vai nos ajudar a sair do castelo, depois disso, temos uma hora no
máximo para sair pela muralha, por sorte conheço um caminho que passa por dentro dela, um
local que os contrabandistas conseguem sair e entrar com tranquilidade.
O encarei por um momento, mas depois baixei a cabeça.

— Você conhece contrabandistas?

— Como você acha que fui pego e me mandaram para cá?


Então era isso, esse era o motivo dele estar preso no mesmo lugar que eu.

— Entendi, mas e depois, eu sei que você pode conseguir sobreviver sozinho, eu só te
peço uma direção para mim e a Sarah.
Derek ficou em silêncio por um momento, o seu silêncio estava me matando.

— Quando sairmos da muralha vocês não podem voltar, se voltarem serão mortas no
mesmo instante, o que vamos fazer, é pago com a morte, tenho conhecidos que conseguem
sobreviver em lugares escondidos abaixo do solo, bunkers, antigos túneis, posso pedir um favor a
eles, pelo menos não morreriam sendo sugadas, é o melhor que eu posso fazer por vocês duas.

Abaixei a cabeça, pelo menos teríamos uma a outra, era melhor do que aqui com certeza.
— Eu aceito, tenho certeza de que a Sarah também aceitará.

Ouço um barulho, vejo Derek se levantando, os seus olhos caíram sobre mim.

— Vamos andar um pouco, ou os guardas acharam estranho.

Me levantei o acompanhando.

— Como é lá fora? — Abaixei a cabeça. — Eu tinha sete anos quando tudo começou, não
me lembro de muita coisa.
— As cidades grandes foram praticamente todas destruídas, a humanidade quase toda
morta, então não espere encontrar muita coisa, é apenas um amontoado de prédios e casas
destruídas, mas te garanto que é bem melhor do que o luxo daqui, temos conforto, comidas e
remédios, mas não sabemos se sobreviveríamos mais um dia.

Fiquei em silêncio me lembrando do que aconteceu naquele salão, de como cada garota
estava sendo usada.
Um arrepio passou por mim.

— Como a princesa é?
Eu não tinha com quem conversar sobre isso, na verdade, apenas com a Sarah, mas não
tínhamos tido a oportunidade ainda.

Andamos por um tempo em silêncio, sinto o vento ficando ainda mais gelado, parecia que
começaria a nevar a qualquer momento, inferno! provavelmente fugiríamos no inverno, esse fato
me fez tremer sem parar, ouço a voz do Derek do meu lado.
— Ela é uma psicopata sádica, ela sente prazer em causar dor, e logo em seguida, curar
como se não tivesse feito nada. — O vejo engolido em seco, o meu coração acelerou. — Me
sentiria muito feliz se antes de sair daqui eu pudesse matá-la.

Os meus olhos se arregalaram de surpresa, quase ninguém falava essas coisas em voz alta,
pensávamos, mas ficava somente para nós, ver o Derek falando isso com tanto ódio, deu para
perceber que o que ele passava com a irmã do Damon, era algo terrível, me lembrei dos olhos
dela em mim.

— Todos eles são psicopatas, e todos merecem morrer.

A sua voz era baixa, mas dava para sentir o ódio em cada palavra, apertei a minha mão em
punho, me lembrando das palavras do Damon. " Não era para ser assim, você não precisava
sentir dor quando eu te mordesse. " Se não fosse por isso, eu acho que não deveria reclamar,
olhando para o Derek, a Sofia e as outras garotas, eu não sofri nem a metade do que elas eram
obrigadas a sofrer, eu pertencia ao Damon, ele é um demônio psicopata, mas em comparação ao
que os outros sofriam, eu realmente poderia chamá-lo de demônio?

— Não podemos andar em grupos, se a sua amiga aparecer amanhã conte sobre o nosso
plano, e peça para que ela fique preparada, na manhã do dia da festa, poderemos vir para o
jardim, essa será a nossa única chance, se vocês não aparecerem, infelizmente eu não poderei
esperar e irei sozinho — sua voz era bastante baixa quando ele falou a última frase — não acho
que viverei mais uma semana para tentarmos novamente.
O seu rosto ficou pálido, os olhos sem foco, era como se ele estivesse se lembrando de
algo terrível, engoli em seco ao me lembrar as suas palavras, quando ele disse que a princesa era
psicopata e sádica, as minhas mãos tremeram, com a certeza em sua voz; eu sabia que essa era a
nossa última chance, precisávamos fugir daqui.

Respirei fundo… Uma semana, apenas uma semana! E tudo estaria acabado.
Capítulo 16

Hoje era sexta-feira, nos últimos quatro dias eu vim todos eles para me encontrar com a
minha amiga, mas ela não apareceu, meu coração já estava em pedaços, imaginando o que
poderia ter acontecido, saí pela porta grande de madeira, tinha nevado a noite, vejo vários montes
de neve espalhados pelo jardim, as árvores tinham seus topos cobertos pela neve, só de respirar
eu sentia o frio queimado a minha garganta.
Mas, mesmo assim, as garotas estavam todas aqui fora, acho que elas pensavam como eu,
estava frio aqui, mas pelo menos tínhamos uma pequena ilusão de liberdade ao saímos pelo
menos por uma hora, todas estavam bem agasalhadas, eu estava com uma calça térmica, blusa de
lã, um grosso casaco, e luvas nas mãos, hoje de manhã quando acordei estranhei ao vê-los na
poltrona.

Agradeci, afinal, agora eu tinha algo mais quente para vestir.


Me aproximei da fonte e vi uma garota sentada, toda agasalhada, me aproximei não
reconhecendo de imediato, quando estava a alguns passos de distância eu reconheci.

Sarah se aproximou segurando o meu braço com bastante força, eu queria abraçá-la, mas
sabíamos que não poderíamos fazer isso agora, apertei o seu braço mostrando que eu estava aqui,
ela deu um pequeno sorriso para mim, e começamos a andar.

— Como você está?


A vejo engolindo em seco.

— Eu estou bem.
— O que aquele maldito rei fez com você?

Ela abaixou o olhar.

— Eu não quero falar sobre isso agora Vi, eu estou bem, é tudo que importa.
Respirei fundo, sabendo que ela não falaria sobre isso, principalmente agora.

— Por que você decidiu confiar no Derek?


Vejo o seu rosto vermelho de vergonha.

— Ele é uma boa pessoa Vi, ele me ajudou em um momento que eu precisava muito, e
acabamos conversando quando você não estava aqui.

Me lembrei das quase duas semanas que fiquei na cama.

Então eu contei todo o nosso plano para ela, Sarah ouviu calada tudo que falei, prestando
atenção em cada palavra, quando eu terminei vejo o seu rosto branco.

— Então temos só mais três dias? — Balancei a cabeça concordando.

Vejo as garotas andando em pares, e sinto um aperto no coração.

— Eu queria poder levar todas.


Sarah também encarou elas.

— Pode acreditar, eu também, mas é impossível, não tem como todas nós sumirem ao
mesmo tempo.

Abaixei a cabeça com pesar, afinal ela estava certa.


— Até segunda.

Sarah sorriu ainda segurando o meu braço.


— Te vejo segunda.

Entrei novamente no quarto do Damon com o coração prestes a explodir, eu só ficaria


mais três dias aqui, respirei fundo com uma grande vontade de chorar de alegria.

Na manhã do sábado estava tudo tranquilo, fiquei a manhã toda tentando mexer aquele
maldito travesseiro, e nada dele mexer um centímetro sequer, minha cabeça estava doendo de
tanto esforço que eu estava fazendo.
Quando a tarde chegou eu entrei na biblioteca e peguei um livro, tentando acalmar os
meus pensamentos, eu só conseguia pensar no nosso plano de sair, aproveitaríamos a troca de
guardas para isso, sairíamos no carro que traz alimentos três vezes na semana, e iríamos direto
para a feira, onde eu frequentava quase todos os dias, de lá iríamos em outro carro, de um amigo
do Derek até a zona leste da muralha, onde na palavra dele, era mais fácil de atravessar por um
túnel que os contrabandistas usavam para entrar e sair com mercadorias.

Repassei esse plano tantas vezes pela minha cabeça, que estava com o livro aberto, mas
não conseguia prestar atenção em nada, quando a noite caiu, levei um susto ao ouvir a porta se
abrindo, me levantei no mesmo momento com o livro rente ao meu corpo, vejo o Damon
entrando com suas roupas pretas, engoli em seco ao vê-lo me encarando de cima a baixo, sinto os
pelos do meu corpo se arrepiando no mesmo momento.

Ele se aproximou ficando na minha frente, tinha um sorriso nos seus lábios quando ele
segurou o meu queixo levantando o meu rosto, me fazendo encarar seus olhos, meu coração mais
parecia uma orquestra de tão rápido que estava batendo.
— Se comportou enquanto eu estava fora?

A sua sobrancelha estava levantada ao me encarar, olhando para o seu rosto vejo a sua
barba por fazer, ele estava diferente.
— Sim. — A minha voz era baixa.

— Ótimo!

Ele falou como se eu fosse um cachorro, mas por um momento, eu pensei… era
exatamente isso que eles pensavam, éramos como bichinhos de estimação para eles, nada mais
que isso.
Ele soltou o meu rosto e foi direto para o banheiro, ficando lá por um bom tempo, me
sentei no sofá e comecei a fingir que estava lendo o livro, fiquei quietinha, quem sabe ele só veio
para tomar banho e logo sairia novamente, o meu pé estava balançando em um ritmo estranho de
tão nervosa que eu estava.

Ouço a porta do banheiro se abrindo, sinto um cheiro suave no vapor que saiu do cômodo,
Damon sai somente com uma toalha enrolada na cintura, minha garganta ficou incrivelmente
seca por um momento, baixei o olhar, observando o livro.
— Se arrume, vamos sair um pouco.

A minha mão suava só de imaginar tendo que voltar para aquele salão.

— Para onde vamos?

Ele estava no seu closet quando ouço a sua voz.

— Para onde mais? Comemorar a minha vitória.


A última vez que eles comemoraram a sua vitória, foi naquele salão, alguma coisa me
dizia que voltariam para aquele lugar.

Damon saiu colocando o seu blazer, se aproximou de mim me dando um vestido de seda
preto, ainda mais revelador do que o último. O segurei nas mãos.

— Sairemos daqui a pouco, se apresse.


Não respondi, apenas coloquei o livro em cima do sofá e me levantei, segurando aquele
maldito vestido.

Estava há um tempo olhando para o meu reflexo no espelho, o vestido era de seda, curto
como sempre, uma pequena fenda do lado o que fazia com que seja ainda mais revelador, meus
cabelos estavam soltos, sinto o bico dos meus seios em contato com a seda do vestido, fazendo
com que eles fiquem bem mais revelador do que o normal, dispensei os saltos, afinal eu não
conseguiria andar com eles mesmo.

Ao sair do banheiro, vejo Damon parado no meio do quarto me esperando, quando ele me
viu, olhou o meu corpo detalhadamente, observou mais do que devia para as minhas pernas.
Apertei uma mão em punho antes de dar um passo em sua direção, andamos lado a lado até
estarmos fora do quarto, ele passou o seu braço pela minha cintura, aproximou ainda mais o seu
corpo do meu, sua mão com força apertando minha cintura em um claro sinal de posse.

Andamos por todos os cômodos novamente, mas estávamos andando mais do que o
normal, olhei para cima e o vejo me encarar, meu coração acelerou, tentei ignorar o seu aperto na
minha cintura, andamos calados até parar em uma porta menor do que a outra.

Quando a porta se abriu, vejo uma sala mais reservada, vários sofás espalhados pelos
cantos, um bar do lado esquerdo onde uma moça, servia bebidas para eles, uma música alta
impedia até de ouvir os meus próprios pensamentos, quando andamos com vários vampiros
saudando o Damon, ele apenas balançou a cabeça agradecendo, eu queria saber qual era o
motivo para que eles o cumprimentasse.
Ele se aproximou de um sofá mais ao canto daqui, dava para ver todo o local, reprimi um
pequeno grito que ficou preso na minha garganta quando ele me fez sentar em suas pernas, olhei
para baixo e vejo que o vestido subiu ainda mais, revelando quase todas as minhas coxas, apertei
uma perna na outra me sentindo desconfortável.

Damon segurou na minha cintura me fazendo chegar ainda mais para trás, sinto a minha
bunda quase toda descoberta, em contato com o tecido da sua calça, sinto um calor subindo pelo
meu pescoço e se instalado no meu rosto.

Fechei os olhos tentando me controlar.


Uma moça veio até nós com uma bandeja, com taças de champanhe, ele pegou duas me
entregando uma, me virei olhando para seu rosto tão próximo do meu pescoço.

— Beba, talvez assim você fique mais relaxada.


Não falei nada, apenas peguei a taça das suas mãos, experimentei, e mesmo não gostando,
resolvi beber, talvez isso acalmasse meu coração que estava batendo forte no meu peito só de
estar sentada assim.

Terminei de beber o champanhe, Damon pegou a taça vazia das minhas mãos e a colocou
em uma mesa de seu lado, observei um vampiro que estava beijando uma humana mais ao fundo,
vejo vários outros no bar, bebendo e comemorando. Tomei coragem e perguntei.

— O que eles estão comemorando?


Me virei vendo-o me encarar.

— Destruímos mais um acampamento dos rebeldes, por isso a comemoração.


Apenas balancei a cabeça, será quantas pessoas estão envolvidas nisso? A minha mãe era
uma, mas só descobri após sua morte, fechei os olhos me lembrando do medo nos seus olhos no
dia do meu aniversário.

Damon passou a mão pela minha cintura e continuou até chegar na minha barriga.
— Estava contando os dias para poder voltar. — A sua voz era rouca, tão próxima do meu
ouvido. — Estava com saudade do seu cheiro. — Ele respirou profundamente perto da minha
pele, me fazendo arrepiar. — Da sua pele. — A sua mão voltou para a minha cintura
acariciando-a. — E do seu sangue.

Sinto a ponta dos seus dentes sendo passada devagar pela pele do meu pescoço sensível.
— Na próxima vez que eu tiver que ficar uma semana ou mais fora, irei te levar comigo.

Fiquei calada, não terá uma próxima vez, não terá uma próxima vez. Fiquei repetindo
várias e várias vezes.

— Me diga Vitória, você aproveitou o tempo que estive fora?


— Apenas fiquei lendo, e saí para ir ao jardim.

Ouço o seu sorriso.


— Está vendo, será bem melhor quando você estiver comigo.

Fiquei calada.

A música ficou mais e mais alta, os ânimos já estavam mais alterados, vejo um vampiro se
alimentando de uma garota, encostados em uma parede, ele segurava o seu seio para fora do
vestido, virei o rosto achando que não ia ver mais disso, mas estava enganada, em um sofá tinha
três vampiros e uma garota de cabelos pretos, eles estavam vestidos, mas a garota estava
completamente nua, enquanto um vampiro se alimenta do seu pescoço, outro a beijava, e com
uma mão mexia no meio das suas pernas, subiu uma bile pela minha garganta com uma grande
vontade de vomitar com a cena, antes de abaixar a cabeça, vejo o terceiro vampiro olhando para
a cena e mexendo na sua calça.
— Acho que já está na hora de irmos.

Não retruquei, ao me levantar sinto-me tonta e desequilibrei quase caindo, Damon me


segurou em seus braços impedindo que isso acontecesse.
— Apenas duas taças de champanhe lhe fizeram ficar desse jeito? Lamentável!

Andamos em um emaranhado de vampiros fazendo tudo com as mulheres neste lugar,


abaixei a cabeça não conseguindo mais ver aquilo.

Andamos até chegar no seu quarto, minha cabeça estava doendo, eu estava tonta, mas
consegui vê-lo retirando o seu blazer o colocando no sofá bem do lado do livro que eu estava
lendo.
Ele se aproximou ficando na minha frente.

— Acho que eu preciso dormir.


Falei na esperança de que ele fosse sair da minha frente, doce engano, ele permaneceu no
mesmo lugar, me encarando atentamente.

— Você está patética.

O encarei, um ódio tomando conta do meu corpo.

— Eu sou patética? Você quem me levou para um lugar como aquele, onde os vampiros
usam elas, se alimentam dos seus sangues, usam os seus corpos sem o maior pudor, acho que o
único patético aqui é você.

O meu dedo estava rente ao seu rosto, ele me encarou e logo deu um sorriso.
— Resolveu falar o que sente agora?

— Acho que deveria ter começado há muito tempo.


Ele deu um passo ficando na minha frente, segurando na minha cintura, aproximando o
seu corpo do meu.

— Eu prefiro você assim, falando o que pensa, mas só para mim.

O encarei não entendendo completamente o que ele queria dizer.


Quando ele se aproximou eu fiquei só observando, até que seus lábios estavam colados
nos meus, fiquei em choque com o que ele fez, minhas mãos tremiam, eu podia ouvir o barulho
do meu coração nos meus ouvidos, era como se eu não estivesse aqui, que fosse apenas uma
ilusão, sou tirada dos meus pensamentos quando ele segurou a minha cintura com força, me
trazendo para mais perto do seu corpo, sua mão na minha nunca, me impedindo de sair.

Abri a boca para tentar falar para ele me soltar, mas Damon aproveitou para intensificar o
beijo.
Eu nunca havia sido beijada, por que tinha que ser logo com ele? Melhor ainda, por que o
meu coração estava tão acelerado?

Sou encostada na parede, ele moveu seu joelho nas minhas pernas, as abrindo, colocou
uma perna entre as minhas e pressionou bem no meio das minhas coxas, arrancando um pequeno
grito de surpresa, mas que logo foi engolido pela sua boca.

Quando ele separou os seus lábios dos meus, eu continuei em choque, o encarava sem
acreditar.
— Po-Por que você fez isso? — A minha voz tá baixa. O meu coração acelerou.

— Está falando do beijo? — Ele sorriu, os seus olhos, não parou de encarar a minha boca,
eu a sentia ardendo.
O encarei com uma grande vontade de arrancar aquele maldito sorriso no soco.

Eu não respondi, e ele sorriu, ainda com aquela maldita perna pressionada em um local
que eu não queria acreditar que estava latejando.
— Eu estava com vontade de te beijar, na verdade, eu tinha uma grande vontade de saber
se os seus lábios eram tão doces como o seu sangue. E sim, eles são.

Os meus olhos não conseguiram sair do seu rosto.


— Me solta.

Ele segurou com mais firmeza a minha cintura, seu corpo estava tão colado no meu que eu
sentia o seu peito esmagando o meu.

— Me fala Vitória, você realmente quer que eu te largue. Porque estou ouvindo o seu
coração acelerando cada vez mais.
Engoli em seco quando o sinto pressionando ainda mais a sua perna, os seus olhos tinham
algo de diferente, era um brilho totalmente diferente do que eu já tinha visto.

Mas não respondi, eu não conseguia, porque se por algum momento eu parasse para
pensar, eu também gostaria de saber por qual motivo eu estava sentindo isso.
— Só me solte.

Ele retirou a sua perna do meio das minhas, mas do que depressa eu as fechei, com medo
dele, e de mim mesma, não queria admitir o motivo, e ainda sentia seu aperto na minha cintura.

— Eu fiquei uma semana sem o seu sangue, Vitória.


Naquele momento eu já sabia o que viria a seguir, apertei as minhas mãos em punho só de
imaginar o que viria, fechei os olhos ao sentir os seus lábios no meu pescoço, a pele da minha
nuca se arrepiaram completamente quando ele começou a distribuir beijos por todo o meu
pescoço.

Eu não sabia como reagir a isso, apertei ainda mais as minhas mãos, e logo a dor tomou
conta de mim, tentei não gritar, mas era praticamente impossível, todo o meu corpo doía eu
sentia o meu sangue saindo mais e mais rápido, as minhas mãos começaram a tremer e logo em
seguida as minhas pernas, eu não estava conseguindo mais ficar com os olhos abertos, e a última
coisa que me mantinha em pé era a sua mão segurando a minha cintura, e de repente a dor parou,
minha respiração estava um pouco mais calma, eu senti quando ele me pegou nos braços e andou
comigo até chegarmos na cama, Damon me colocou deitada com delicadeza, e logo em seguida
me cobriu, eu senti algo quente, bastante quente me abraçando, por um momento eu pensei ser
ele, mas isso era impossível, afinal, ele não conseguia transmitir calor com o seu corpo, poderia
ser um sonho talvez, com certeza era apenas um sonho, onde alguém me abraçava e eu me sentia
bem no calor dos seus braços.
Ao abrir os olhos eu vejo o quarto bem claro, o meu corpo doía bastante, a minha cabeça
estava latejando, vejo o sol do lado de fora da janela, ao olhar para o quarto eu não vejo
ninguém, a minha boca estava seca, olhei para a mesa e vejo o meu café da manhã, mas me
recuso a levantar agora, me deitei novamente e cobri a cabeça, tornando tudo escuro novamente e
voltei a dormir.

Eu não fazia ideia de que horas eram, o meu corpo doía, mas era bem menos, abri os olhos
e o quarto estava escuro, ou seja, eu tinha ficado o dia todo dormindo, vejo Damon sentado, ele
me encarava.
— Você precisa se levantar e comer alguma coisa, você ficou o dia todo na cama.

Me sentei encostando na cabeceira e o encarei.


— O meu corpo estava péssimo, por isso eu não consegui me levantar antes.

Ele ficou em silêncio, mas prestou atenção nas minhas palavras, quando se levantou,
pegou uma bandeja com comida em cima da mesa e veio até mim, colocou ela em minhas
pernas. O encarei.

— Coma pelo menos um pouco.


Eu o encarei, ele me encarou, mas logo abaixou o olhar, ele andou e se sentou na poltrona
novamente.

— A partir de hoje irei me alimentar do seu sangue só uma vez por mês, você está
passando mal demais desse jeito, e eu não posso te perder.
— Perder o meu sangue, você quer dizer.

Ele me encarava, colocou uma perna em cima da outra, a sua mão repousou no encosto da
poltrona com uma graça impressionante.

— Não, perder você.


Eu pisquei sem parar quando eu ouvi o que ele disse, o meu rosto ficou vermelho, baixei o
olhar, não consegui olhar para ele, então tentei focar na minha comida, era a melhor opção.
Capítulo 17

Eu estava tentando não me lembrar do que aconteceu ontem, peguei uma meia calça
grossa e um vestido vermelho escuro com detalhes em dourado, hoje pela manhã quando eu
acordei tinha várias roupas no meu armário, achei estranho por um momento, mas depois aceitei,
eu sabia que hoje era o grande dia, então peguei esse vestido, e além do mais, eu poderia vendê-
lo no mercado antes se sair da cidade, era bom ter pelo menos algo de valor nas mãos, como o
vestido era chique demais, apenas para um passeio, coloquei o enorme casaco preto em cima, o
cobrindo totalmente, vesti um conjunto de botas pretas que iam até a metade das pernas, elas
eram confortáveis, deixei o cabelo solto, eu não poderia levar mais nada, não poderia chamar
atenção mais do que o normal.
Respirei fundo olhando o quarto mais uma vez, meu coração parecia que ia saltar pela
boca a qualquer momento, minhas mãos estavam tremendo quando eu deixei o quarto para trás.

Vai dar tudo certo, vai dar tudo certo, repetia isso até que eu pude ver a porta que dava
para o jardim, vejo o guarda, quando ele me viu me observou atentamente, meu coração vai
explodir de tanta adrenalina que estava correndo pelo meu corpo.
Finalmente, chegando na porta, pude ver o céu, mesmo com o sol um pouco escondido eu
pude perceber que hoje estava bem mais quente que o normal, estava colocando um pé para o
lado de fora quando sinto alguém segurando o meu braço com força, me fazendo recuar, olhei
para cima e vejo o Damon me encarando mais do que devia, isso estava errado, ele devia ficar o
dia todo ocupado com os convidados, eu não conseguia respirar ao encará-lo.

Ele segurou o meu braço com força e me fez andar em uma direção contrária ao quarto, eu
sentia um medo fora do normal, será que ele descobriu? Será que estava me levantando para a
morte, balancei a cabeça tentando me controlar, não, não, não, por favor não, assim tão próximo,
eu estava a um passo de distância da minha liberdade.

Engoli em seco encontrando novamente a minha voz antes de finalmente perguntar.


— Onde estamos indo?
Ele me encarou atentamente, antes de olhar para frente novamente.

— Fomos todos convocados à sala do trono.


O meu coração acelerou, eu nunca tinha ido até a sala do trono.

— Porquê? — Perguntei ansiosa, eu não estava reconhecendo a minha própria voz.


— Eu também gostaria de saber.

Ele encerrou a nossa curta conversa, andamos por mais algum tempo, até pararmos em
uma enorme porta de madeira, com detalhes em dourado, a porta se abriu fazendo um barulho
estranho.

As minhas pernas tremiam quando finalmente entramos, um tapete vermelho cobria o


chão, a parede era toda de pedra polida, o ar estava preso na minha garganta, passamos por
vampiros que eu nunca tinha visto antes todos conversando baixo um com os outros, apenas
alguns nos encarava, mas logo viravam o rosto como se não fossemos dignos suficientes para a
sua atenção.
Olhei para cima e vejo o teto alto com um lustre enorme de cristal, andamos mais um
pouco até estarmos bem na frente, vejo a irmã do Damon de um lado, quando ela o vê, apenas
ignora e olha para a sua frente, vejo um trono preto, grande e imponente logo a frente, onde o rei
estava sentado, olhando para cada um de nós como se pudesse ver a alma de cada um, logo a
esquerda vejo as meninas todas com casacos grossos, ou seja, não era somente eu que fui tirada
do jardim, sinto o aperto do Damon no meu braço, olhei para ele.

— Fica com as outras, e se controle.


A sua voz era um sussurro. Apenas balancei a cabeça concordando com ele, fui
tropeçando nos meus próprios pés até estar no meio das meninas, olhei para os lados procurando
a Sarah mas não encontrei, será que ela estava mais ao fundo?

Tinha vários humanos aqui, guardas, o pessoal da cozinha e várias outras pessoas, olhei
para a esquerda e vejo o Derek com roupas grossas me encarando, eu queria chegar mais perto
dele para perguntar se ele sabia de alguma coisa, mas não consegui, vejo as sua mãos tremendo,
ele não conseguia olhar nos meus olhos, e logo em seguida ele abaixou a cabeça, ainda estava
olhando para ele quando vejo uma movimentação, o rei se levantou do seu trono, fazendo com
que todos ficassem calados, prestando atenção.

As minhas mãos tremiam de uma forma fora do normal, eu sentia um aperto no meu peito
tão forte que por um momento eu pensei que fosse desmaiar ali mesmo, era medo, o mais puro e
completo medo.
— Estamos governando esse mundo há quase dez anos, e mesmo fazendo de tudo para que
vocês humanos — quando ele falou isso olhou para nós, todos abaixaram a cabeça, não
suportando o peso do seu olhar — mesmo assim, vocês nos traem, bem debaixo do nosso teto.

Eu podia ouvir o barulho do meu coração se misturando com o barulho alto da voz do rei.
— Ontem a noite eu fui surpreendido no meu próprio quarto, essa pessoa teve a ousadia de
tentar me matar. — Olhei com atenção para o rei, quem faria isso? — Mas não teve sucesso,
ficamos a noite toda interrogando. — Olhei para o Damon que encarava seu pai surpreso, como
se fosse a primeira vez que ele ouvia isso. — E não obtivemos nada, então resolvi trazer aqui a
pessoa que teve a petulância de tentar matar um rei, farei essa pessoa um exemplo diante do
conselho.

Então os vampiros que eu vi ao entrar eram do conselho?


Uma movimentação pela porta da entrada, tinha muitas pessoas na minha frente, e eu não
consegui enxergar quem era, levantei a cabeça, mas pude ver só dois soldados escoltando um
prisioneiro, olhei para o rei novamente e vejo um sorriso nos seus lábios, ele por estar na frente,
podia ver quem era, e estava gostando mais do que devia do que viu, ouço lamentos das garotas
ao meu lado, e de repente elas começaram a chorar, estava no meio delas então dei uns passos até
estar na frente, os meus joelhos fraquejam ao ver Sarah de joelhos perante ao rei.

O choque é tão grande que eu quero gritar, os seus pés estão em carne viva, o seu vestido
que um dia foi branco, todo manchado de sangue, eu não estava conseguindo respirar, os meus
olhos estavam nublados com as lágrimas embaçando tudo.
Quando a sua cabeça se vira em nossa direção, eu vejo um buraco no lugar de um dos seus
olhos, eu ia cair, mas mãos fortes seguraram no meu braço com força, me mantendo no lugar.

Quando me virei, vejo Derek me encarando, os seus olhos também estavam com lágrimas.
Ouço a voz do rei.

— Sarah Estaramon, pelo crime de tentativa de assassinato contra o rei, eu te sentencio a


morte.
Vários sons de choque ao meu lado, o meu coração estava disparado, eu podia sentir o
sangue correndo pelas minhas veias.

Os guardas a colocam de pé, o rei se aproximou sorrindo e em um único golpe, ele enfiou
a mão pelo peito da minha amiga, a imagem da minha mãe sendo morta vem na minha mente, os
guardas a soltaram e ela cai no chão, próximo ao pés do rei, que agora segurava o coração da
minha melhor amiga nas mãos, a única família que eu tinha estava ali, humilhada, torturada e
morta, bem ali, aos pés do rei.
As lágrimas desciam como chamas pelo meu rosto, alguém estava falando alguma coisa
mas eu não conseguia ouvir, eu só pensava em matar todos, eu queria matar todos os vampiros
do mundo.

A minha visão não ficou em branco dessa vez, eu pude ouvir e ver tudo que acontecia à
minha volta, pude ouvir os sons de espanto quando todos os vampiros e humanos me viram
flutuando em direção ao rei, vejo guardas se aproximando, tentando me impedir de conseguir o
que eu queria, mas com apenas um aceno da minha mão eles foram jogados na parede atrás do
trono.

Olhei o rei de cima, eu queria que ele morresse, eu realmente queria que ele morresse. O
rei olhou para mim em choque, ouço vários barulhos de tiros em minha direção, mas todos eles
paravam antes de chegar até mim, era como se uma força invisível estivesse ao redor do meu
corpo os impedindo de me matar, todos mereciam morrer, todos.

Eu joguei as minhas mãos para cima com toda a raiva que tinha no meu coração, um poder
tão forte que fez tudo que estava acima de mim sumir em um barulho incrivelmente alto, ouço
gritos e correria quando os raios do sol atingiram todos que estavam na sala do trono, eu sorri, na
verdade eu gargalhei ao ver o rei gritando, e logo em seguida morrendo queimado bem diante
dos meus olhos, até que só tinha uma pilha de pó a frente do trono.

Me virei vendo várias pilhas de cinzas espalhadas por todo o salão, um sorriso triunfante
estava nos meus lábios, mas esse sorriso morreu quando eu vejo o Damon, o único vampiro vivo
me encarando com um brilho totalmente diferente nos olhos, ele observou a sua mão, e logo em
seguida sorriu, o seu corpo estava bem mais forte, um medo tomou conta de mim ao perceber
que ele era imune a única coisa que o podia matar, meu coração acelerou, e em seus olhos eu
pude ver que ele também constatou isso, os seus olhos não eram mais vermelhos, mas sim um
azul claro. O meu sangue o fez ficar mais forte e imune a única coisa que nós humanos tínhamos
ao nosso favor. O sol.

Me virei e vi Derek me observando, com os olhos focados em mim, era como se não
acreditasse no que via, eu ainda flutuava em frente ao trono, eu precisava fugir, eu não poderia
deixar que o Damon tivesse acesso ao meu sangue nunca mais, levantei uma mão e o Derek
flutuou até chegar ao meu lado, segurei na sua mão com força e voei o mais rápido que eu
conseguia para qualquer lugar, longe dele, porque no fundo, eu sabia que ele iria me caçar, nem
que fosse a última coisa que faria.

Eu podia ouvi-lo…

"Você é minha, Você é minha!" O desespero na sua voz.

Mas então me digam, porque no fundo do meu coração, em um lugar escuro e gelado, eu
me sentia aliviada por ele não ter morrido junto com o seu pai, irmã, e dezenas de outros da sua
raça?
Capítulo 18
Eu estava de joelhos na neve, todo meu corpo doía como se eu tivesse sido espancada por
horas, fechei as mãos em punho sentindo a neve na minha mão, que aos poucos ia se derretendo
devagar, eu tentava colocar ar nos meus pulmões, mas parecia que não entrava, aos poucos, fui
me controlando, meu rosto estava molhado de lágrimas que desciam sem parar.
Ela morreu... ela morreu... ela morreu, minha mente me castigava. A Sarah morreu por
culpa minha, porque todas as pessoas que estão próximas a mim, morrem? Por quê?

— Precisamos ir Vitória, eu tenho certeza que aquele maldito príncipe vai mandar todos
os guardas virem atrás de nós.
Levantei a cabeça e vi o Derek olhando para todos os lados a procura de algum perigo,
estamos fora da muralha, vários quilômetros de distância, mas eu sabia que ele estava certo,
precisávamos sair daquela estrada, mesmo sentido que a qualquer momento as minhas pernas
iriam ceder, me levantei.

Olhei para Derek na minha frente, ele me encarou por um instante, eu sei que ele deve ter
várias perguntas, eu não o culpo, eu também teria se fosse ele, afinal, não é todos os dias que
você vê uma pessoa flutuando bem na sua frente, e logo em seguida matando todos aqueles
vampiros, inclusive o maldito rei e a psicopata da princesa, o meu único arrependimento é não
ter matado o Damon, seu olhar, só de me lembrar daquele olhar, faz meu corpo todo estremecer
de medo, ele não precisaria esperar que fosse noite para nos caçar, agora ele pode andar sob a luz
do sol, graças a mim, sempre sou eu, sempre.
— Ou provavelmente ele mesmo venha.

Olhei para o Derek.

— Ele não viria. — Falei e comecei a andar, seguindo a estrada.


— Por que você tem essa certeza? — Derek me perguntou com uma sobrancelha
levantada.
— O rei, a princesa e provavelmente todos do antigo conselho morreram, ele agora não é o
príncipe, agora ele é o rei. — Só de falar isso faz a minha boca secar. — Ele terá muitas
obrigações agora, principalmente depois do que aconteceu, sei que ele vai me caçar, eu tenho
certeza disso, mas não hoje.

Derek me seguiu enquanto eu continuava a caminhar pela estrada, ponderando sobre


minhas palavras.
— Isso faz sentido. Ele provavelmente terá muitas responsabilidades como novo rei, e terá
que lidar com as consequências dos eventos recentes. Pode ser que ele não tenha tempo para nos
caçar imediatamente. Mas, Vitória, não podemos baixar nossa guarda. Damon é perigoso e
determinado. Temos que nos manter vigilantes e preparados.

Concordei com Derek, ciente de que não podíamos nos dar ao luxo de baixar a guarda,
Damon não era o tipo de inimigo que desapareceria facilmente.
Seguimos caminhando em silêncio, o peso da incerteza pairando sobre nós. Eu não sabia o
que estava por vir, mas estava determinada a enfrentar qualquer desafio que viesse pela frente.

Derek ficou em silêncio, absorvendo o que falei, olhei para a minha frente, sentindo o frio
como se estivesse cortando a minha pele, mesmo com o casaco que eu continuava usando, ainda
sentia frio, a paisagem, a nossa volta, era apenas um lugar cheios de árvores dos dois lados da
estrada, e o chão repleto de neve.

Derek estava perdido em seus pensamentos como eu, já estávamos andando há quase
cinco horas, as minhas pernas estavam doendo, o tempo que fiquei no castelo me deixou mole
demais, precisávamos achar um lugar para passar a noite, nós dois sabíamos disso, os vampiros
não iam vir nos procurar de dia, mas a noite, eu tenho certeza que sim.
Olhei para a minha mão novamente, eu chamei aquele poder por várias vezes durante o
percurso, mas nada dele aparecer, era como se eu o estivesse esgotado com o que fiz na sala do
trono, trazer o Derek comigo por vários e vários quilômetros, ajudou... e muito, mas agora eu
queria que eles aparecessem, talvez assim eu e o Derek já estivéssemos bem longe.

Tinha um carro pronto escondido perto da muralha, era nele que nós íamos fugir, eu o
Derek e Sarah, respirei fundo novamente tentando controlar as lágrimas que formavam nos meus
olhos, só de lembrar da minha melhor amiga, esse carro ia nos levar até um local que o Derek
falou que tinha uns amigos que poderiam ajudar a mim e a Sarah, mas como eu fui vários
quilômetros para frente, e não tinha como voltar, tivemos que andar, ou dar a sorte de achar
algum outro carro, mas não tinha nada, a estrada estava deserta só com, nós dois e a neve como
testemunha.
Eu nunca tive sorte.

— Eu pensei que quando saíssemos de lá, aqui fora estaria tudo destruído, mas não vejo
nada, nenhum carro na estrada, nenhuma sujeira. — Falei olhando para os lados, só árvores, o
dia já estava acabando.

— É assim nos arredores, mais para o centro, que você verá o que restou das cidades, os
vampiros gostam das coisas limpas e organizadas, você já deve ter percebido, por isso as estradas
estão assim, principalmente para facilitar o transporte de alimentos e essas coisas.

Derek olhou para o horizonte, eu olhei para o mesmo lugar, o sol estava quase se pondo,
tínhamos no máximo uma hora e meia. Os pelos do meu corpo se arrepiaram completamente.
— Precisamos chegar no lugar que eu conheço, onde guardamos as mercadorias, não é
seguro andarmos à noite.

Olhei para ele.


— Estamos muito longe? — Perguntei quase não sentindo os meus dedos, mesmo com as
minhas mãos nos bolsos do casaco, eu estava congelado pouco a pouco.

— Não, mas precisamos ir um pouco mais rápido.

Apenas balancei a cabeça concordando com ele, na verdade, eu não tinha outra opção,
afinal, a única pessoa que já esteve aqui fora e permaneceu vivo foi ele.
Estávamos andando mais depressa, até que vejo uma estrada de terra à esquerda, Derek
segue na direção dela e eu o sigo, o sol não estava mais no horizonte, o frio cortava a minha pele,
sinto o meu rosto congelando, o meu corpo inteiro estava tremendo de frio, andamos e andamos
passando pela estrada de terra e indo até um lugar que havia várias árvores.

Já era noite, não fazia ideia de que horas eram, eu podia jurar que estava ouvindo um
barulho estranho, se o Derek ouviu, fez questão de não demonstrar, naquela floresta eu não sabia
se estava tremendo de medo ou de frio, e no final, eu me perguntava se chegaríamos a este lugar
que o Derek falou, antes que eu congelasse, eu não conseguia acompanhar os seus passos, ele
parou me esperando, olhando para todos os lados, e mais uma vez eu ouço aquele som, como se
fosse um rosnado de uma fera selvagem, louca para se alimentar, e mais uma pergunta se fez
presente na minha cabeça, ou morreríamos pelo frio, ou pelos vampiros, ou mais provavelmente
por este animal, só restava saber qual chegaria primeiro.
Derek segurou o meu braço com força, praticamente me arrastando, meu corpo estava
pronto para ceder a qualquer momento. Até que chegamos perto de um amontoado de pedras
enormes, andamos nos apertando entre elas até do outro lado, Derek retirou vários galhos de
árvores de um lugar perto das pedras, eu fiquei olhando querendo perguntar o que ele estava
fazendo, mas só de tentar abrir a boca, doía, os meus lábios estavam rachados e quase sangrando
com o frio, apertei os meus braços em volta do meu corpo tentando me aquecer um pouco, mas
não consegui.

Derek retirou mais galhos grossos, parou e me observou.

— Venha! — Ele me chamou, eu não questionei, afinal qualquer lugar deveria ser melhor
do que este.
Fui em sua direção até que eu vejo uma porta pequena de ferro todo enferrujado, Derek
abriu e eu não vi nada lá embaixo, só a escuridão, olhei para o Derek que também me observava.

— Tem uma escada, apenas tenha cuidado para não cair.


Logo depois que ele falou, ouço aquele barulho novamente, vejo ele em alerta na hora,
sem pensar muito, apenas entrei, segurei eu uma escada, rezando para não escorregar e cair sabe
se lá onde estávamos, ouço o barulho da porta se fechando em cima de mim, meus olhos não
estavam acostumados com a escuridão, e com cuidado, fui descendo a escada devagar, um a um
cada degrau, até que eu sinto o chão no último, me afastei da escada, e ouço o Derek também
chegando ao fundo, aqui embaixo estava bem mais quente do que lá fora, mas ainda não
conseguia ver nada.

Até que tudo ficou claro, eletricidade! Pensei espantada, olhando para o Derek.

— Temos um gerador, velho. — Ele completou. — Mas que ajuda muito.

Eu não respondi nada ao Derek, porque estava observando o local a minha frente, era um
bunker antigo, provavelmente era mais antigo do que o tempo que os vampiros destruíram quase
tudo, eu dei uns passos olhando o lugar, vejo várias prateleiras espalhadas pelos cantos, com
comida, água em garrafas, andei mais um pouco e vejo roupas, lençóis, várias coisas, olhei para
todos os lados sem parar.
Ouço passos e vejo o Derek se aproximando e ficando do meu lado.

— Nós usamos aqui como estoque de tudo que dá para levar para lá.

Essas coisas dariam para matar a fome de várias pessoas.


Capítulo 19
Olhei para todos os cantos, ainda surpresa.
— Venha! Vamos nos aquecer, a sua boca está roxa de frio.

Eu sabia que ele estava certo, Derek começou a andar até parar perto da parede que tinha
dois colchões no chão, ele se aproximou pegando uma coberta e me entregando.
— Se senta e tenta se aquecer, vou pegar alguma coisa para comermos!

Ele saiu antes que eu dissesse algo, me sentei no colchão sentindo todo o meu corpo
agradecendo por finalmente descansar, me cobri com a coberta, apertando-a no corpo, eu estava
tremendo de frio, encostei na parede e fiquei quieta, tentando me aquecer, levantei o olhar e vejo
o Derek aparecendo com duas latas abertas nas mãos, ele se aproximou me entregando uma e
logo em seguida uma colher.
Peguei rapidamente, eu estava com fome, muita fome.

Derek se senta no outro colchão ao meu lado, ele também pegou uma coberta e se enrolou,
apertei a colher na minha mão e observei a lata de feijão, comi feliz por ter isso.

Estou concentrada em comer até ouvir a sua voz.


— Precisamos conversar sobre algumas coisas. — Derek afirmou, parei de comer ao
encará-lo. Ele não desviou os olhos de mim, eu sabia que ele tinha perguntas.

— O que você quer saber? — Perguntei, ouço a minha voz, mas não parecia ser minha,
estava baixa demais.
— Eu tenho tantas perguntas, Vitória. — Ele suspirou olhando para mim. — Mas o que eu
mais quero saber é por qual motivo o Príncipe não morreu?

Me lembrei do Damon, olhando para a sua própria mão, e logo em seguida o pequeno
sorriso que estava nos seus lábios quando percebeu que era imune ao sol, engulo em seco.

— Por minha causa. — Ainda estava com a cabeça baixa.


— Porque, por sua causa? — Derek levantou uma sobrancelha olhando para mim.

Respirei fundo tentando tomar coragem de falar toda a verdade para ele.
— Tem algo no meu sangue, que faz com que os vampiros fiquem mais fortes, mas eu não
sabia que ele seria imune ao sol, eu pensei que ele fosse morrer também. — Falei derrotada.

— Então o seu sangue torna qualquer vampiro assim? Ou tem que ser um vampiro da
família real? — Ele questionou interessado.

Olhei para o Derek, ele estava calmo demais, ou talvez seja o choque, não, não era o
choque, ele estava calmo demais, principalmente depois do que contei, se alguém me dissesse
isso eu surtaria, mas ele não, ele estava calmo, senti um frio na espinha.
— Eu não sei se isso é para todos os vampiros, só o Damon, só ele… — Respirei fundo,
tentando me acalmar para terminar a frase.

— Só ele se alimentou do seu sangue. — Ele terminou a frase, balancei a cabeça


confirmando. — Então é o seu sangue que a torna diferente, por isso que você flutuou na sala do
trono, e as balas não chegavam até você, e tem aquele poder que fez todo o teto sumir virando
pó.
Eu olhava para o Derek narrando tudo que eu sou capaz, tudo que fiz, e isso me deu medo,
era tudo tão intenso que, no fundo, eu nunca tinha parado para pensar. Em tudo isso, mas ele
narrando tudo o que aconteceu, fez com que eu tremesse de medo, se por algum motivo eu for
pega novamente pelos vampiros, o que seria da raça humana? O que aconteceria comigo? Com o
meu sangue em posse deles, eles seriam invencíveis.

Derek percebeu a minha mudança de expressão, então ele se calou um pouco, apertei a lata
na minha mão com força.

— Eu não queria te assustar. — Derek murmurou.


— Eu não estou assustada — menti.

Eu estava com medo, com tanto medo que o meu corpo inteiro tremeu.
— Eu estaria assustado. — Ele confessou.

Respirei fundo assimilando as suas palavras.

— Eu não vou deixar que nenhum vampiro me prenda novamente, antes disso prefiro
morrer.
Derek me encarava com aqueles olhos negros por um tempo.

— Você sabe por que é diferente? — Balancei a cabeça negando.


— Eu não faço ideia, ele procurou algo no meu passado que pudesse explicar o que eu
sou, ou o porquê posso fazer isso, mas não achou nada, a única pessoa que poderia saber é a
minha mãe.

Mas infelizmente a minha mãe está morta, um peso caiu sobre os meus ombros, e a Sarah
também, respirei fundo, Derek não me fez mais nenhuma pergunta. Talvez tenha percebido a
expressão no meu rosto.
— É melhor descansarmos agora, amanhã sairemos cedo, precisamos fazer de tudo para
chegar antes de anoitecer.

Não questionei, terminei de comer e me deitei no colchão me encolhendo, ainda sentindo


frio.
Eu consigo ouvir o som da respiração do Derek, fiquei quieta deitada, tentando me
aquecer, aqui dentro estava um milhão de vezes melhor do que lá fora, respirei fundo, estava
fazendo de tudo para não pensar no que aconteceu, principalmente na morte da minha amiga,
mas infelizmente eu não estava conseguindo.

Todas às vezes que fechava os olhos, eu via a cena dela morta aos pés do maldito rei, o
desespero vem com tudo, me encolhi quando sinto lágrimas descendo pelo meu rosto, estava
fazendo de tudo para não fazer nenhum barulho sequer, tentei engolir o choro e o desespero, mas
estava difícil.

Então eu me deixei levar, sinto mais e mais lágrimas descendo pelo meu rosto à medida
que sinto o meu peito doendo, eu só queria salvar a Sarah, só isso.
No fundo, eu sabia da necessidade de salvá-la, não pude salvar a minha mãe, mas pelo
menos ela, eu queria, como eu queria. Lamentei me encolhendo.

Eu não fazia ideia de que horas eram, até que os meus olhos estavam fechando aos poucos,
o sono e o cansaço bateram, mas antes de finalmente fechar os olhos, eu me lembro dele, eu me
lembro do seu olhar em minha direção, do seu desespero no momento em que ele percebeu que
eu ia finalmente fugir.
Por que estou pensando nele?

Me fiz essa pergunta quando fechei os olhos mais uma vez, desta vez finalmente
dormindo.
Capítulo 20
Meu coração estava doendo, eu queria acordar, é um sonho..., é um sonho..., mas, mesmo
assim, eu a vejo na minha frente, vejo Sarah parada, o sangue que saia do seu peito onde o rei
retirou o seu coração, eu sinto um ódio, um medo tão irracional, que fez o meu corpo ficar
congelado bem na sua frente, eu queria dar um passo para poder ajudá-la, mas não conseguia,
por mais força que eu colocava eu não conseguia mover as minhas pernas.
— Vitória!

Ouço o meu nome sendo chamado, mas estava tão distante, não consigo parar de olhar
para a minha amiga bem na minha frente, e mais lágrimas descem pelo meu rosto mais e mais.

— Vitória!
Alguém estava gritando, alguém estava gritando o meu nome.

E de repente eu abri os olhos, minha garganta estava doendo, o meu corpo estava
tremendo, ainda estava confusa sobre o que estava acontecendo, olhei para o lado e vejo o Derek
segurando o meu ombro com força, ele suspirou aliviado me soltando, neste momento, vejo
várias coisas flutuando ao nosso redor, Derek se sentou ao meu lado no colchão.
— Você não acordava. — Ele falou, ouço sua voz cansada, olhei para as várias latas, e
prateleiras que ainda flutuava, com cuidado tentei fazer com que elas voltassem para o seu lugar
e devagar, em cada prateleira, cada lata, cada objeto voltou para o seu devido lugar.

Olhei para o Derek que observava a cena na sua frente, ele observava com interesse, e se
eu não estiver enganada, com uma certa fascinação estranha.

Minha cabeça estava doendo, eu sinto o meu rosto molhado, realmente estava chorando,
limpei meu rosto, foi apenas um pesadelo, apenas um pesadelo, repetir isso para que o meu
coração se normalizasse.

— Me desculpa. — A minha voz estava rouca. Segurei na coberta, trazendo-a para mais
perto do meu corpo, como se ela fosse uma coisa que poderia me proteger de tudo e de todos.
— Você não tem controle do que sonha Vitória. — Ele suspirou. — Você estava gritando
o nome dela, e quando eu me assustei, vi você se debatendo e chorando, e depois as coisas
começaram a se mover.

Olhei para o Derek que narrava o que tinha acontecido, eu apertei novamente a coberta ao
meu redor com força.
— Eu não queria te assustar, isso aconteceu uma vez, mas eu estava acordada, mas não
conseguia controlar.

Derek me encarou curioso.

— O Damon sabia dos seus poderes? — Ele me perguntou.


— Sim, ele sabia. — Afirmei.

Derek ficou em silêncio por um tempo, pensando em algo, a sua expressão era séria.
— Bem… Já amanheceu, precisamos chegar até os meus amigos.

Ele se levantou, mas eu permaneci no mesmo lugar, ainda estava sentindo o meu corpo
voltando ao normal.

Mas precisava me levantar, ainda com as pernas tremendo, me levantei, olhei para o meu
redor observando as coisas, de repente, Derek apareceu segurando umas peças de roupas. Ele se
aproximou de mim.
— Eu acho que essas roupas vão te servir, hoje parece que está mais frio do que ontem.

Ele me entregou as peças de roupas.

— Tem um pequeno banheiro ali. — Ele apontou para a esquerda. — Você pode se trocar.

— Obrigada! — Agradeci, ele apenas balançou a cabeça e voltou para os meios das
prateleiras.

Fui em direção ao banheiro, e entrei, olhei ao redor, tinha um vaso sanitário a direita e
uma pia a esquerda, me aproximei da pia e olhei para o meu reflexo no espelho quebrado que
estava na minha frente, vejo um rosto pálido demais, meus olhos não tinham mais o brilho de
antes, olheiras profundas marcavam meu semblante, respirei fundo, pegando as roupas que o
Derek me deu, vejo uma calça jeans e uma blusa de frio, parecia ser uma blusa fina térmica.
Retirei o casaco que eu estava usando e observei o vestido vermelho, e me lembrei de
escolher ele por ser caro, poderia ser uma moeda de troca, mas o retirei, logo em seguida foi as
botas, o meu corpo tremeu pelo frio, vesti a calça jeans, a blusa logo em seguida, peguei as botas
as colocando, aproveitei que estava no banheiro e fiz as minhas necessidades, ao abrir a torneira
vejo a água descendo, aproximei as minhas mãos a água estava muito gelada, mas mesmo assim
lavei o rosto, ao terminar olhei novamente para o meu reflexo, o meu cabelo estava o dobro do
volume normal, fiz uma trança mal feita, tentando controlá-lo.

Peguei o casaco e o vestido e saí do banheiro, ao sair vejo o Derek na minha frente com
outra roupa, toda preta, ele me encarou de cima a baixo me deixando sem graça.
— Isso é para você. — Ele pegou uma bolsa marrom e me entregou. — Coloquei algumas
coisas ali dentro, água e comida, se der tudo certo chegaremos hoje antes de anoitecer, mas não
sabemos o que pode acontecer, é melhor estarmos preparados.

Ele falou isso e logo em seguida pegou uma bolsa também colocando no ombro, coloquei
o vestido dentro da minha bolsa e logo em seguida vesti o grosso casaco preto, coloquei a bolsa
nas costas e olhei para ele.
— Vamos! — Ele falou.

Balancei a cabeça concordando.


Capítulo 21
Saímos dali, Derek colocou os mesmos galhos em frente a porta antes de sairmos, e como
ele disse, realmente estava muito mais frio hoje, mesmo tendo o sol fraco no céu.

Andamos em silêncio até estarmos fora daquele lugar cheio de pedras, ele decidiu que era
melhor irmos pela floresta, porque provavelmente haveria pessoas de carro tentando nos
encontrar, Derek estava certo.

Andamos a manhã toda na floresta, eu o seguia, ele andava com total confiança na minha
frente, como se conhecesse o lugar como a palma da sua mão.
— Esses seus amigos vão me ajudar, mesmo sabendo que o príncipe está me caçando? —
Perguntei com um peso na voz, afinal, eu estava sendo caçada, qualquer pessoa que estivesse do
meu lado também estaria em perigo, Derek me encarou.

— Eles não vão te entregar Vitória. — Ele afirmou.


— Você não pode afirmar isso, afinal, é o príncipe.

Olhei para ele. Que me encarou de volta.

— Sim, eu posso. — A sua voz não falhou em nenhum momento. Me fazendo engolir em
seco com a sua certeza
Ele falou com uma grande convicção, por que ele tinha essa certeza? Derek era misterioso
demais, afinal parando para pensar, o que eu sabia dele? Nada, absolutamente nada, e estou aqui
colocando o meu futuro nas mãos de uma pessoa que eu mal conheço, mas o que eu poderia
fazer agora? Para onde eu iria? Não conheço ninguém, não tenho ninguém.

Continuamos a andar, eu com todas as incertezas que estão no meu peito, mas decidi
confiar nele, afinal, ele era a única pessoa que realmente estava me ajudando.
Estamos perto de uma pequena cidade, olhei para os escombros das casas na minha frente,
passamos por cada rua, coberta pela vegetação, vejo as carcaças dos carros abandonados,
destruídos pelo tempo. Derek olhava para cada lugar, com muita atenção.

Era como se ele tivesse sido treinado para isso.


Andamos pelas ruas destruídas, me lembrei do passado, de como era viver em uma cidade
como essa, já faz dez anos, às vezes me esqueço que já tem tanto tempo.

Já estávamos saindo da cidade quando ouvimos o barulho do motor de um carro, no


mesmo momento o meu coração disparou, olhei para o Derek do meu lado, e com rapidez ele
segurou na minha mão e corremos até chegar na casa mais próxima.
O lugar estava destruído, cheio de mato e sujeira, mas, mesmo assim, ficamos ali no que
um dia foi uma cozinha, abaixados em silêncio.

Ainda dava para ouvir o som do motor do carro, parecia que estava andando pelas ruas
procurando por alguém. Engoli em seco, procurando por mim.

Quando olhei para o Derek do meu lado, o vejo quieto olhando para todos os lados à
espera que alguém entrasse, olhei para as nossas mãos que ainda estavam unidas uma na outra.
Ouço vozes fora da casa, e mesmo sem perceber, apertei a mão do Derek, ele me encarou.

— Eu vou tentar distraí-los, enquanto você foge, vai para a floresta e me espera lá.
Meu coração disparou, suor se formava no meu pescoço, olhei novamente para a janela
onde podíamos ouvir sons de passos, procurei pelo meu poder, tentei trazer ele novamente para
perto de mim, poderíamos sair daquele local do mesmo jeito que saímos do castelo, poderíamos,
sim, sem ninguém servir de isca, mas ele não veio, a merda desse poder não veio, e isso estava
acabando comigo, apertei novamente a mão do Derek.

— Eu não vou deixar você fazer isso, eles não querem você, eles querem a mim.

Derek sorriu para mim.


— Por isso mesmo, não podemos deixar que eles te peguem, então faça o que eu lhe digo,
saia pela porta dos fundos e me espere na floresta. Eu vou distraí-los.

Meus olhos estavam ardendo, eu não queria chorar, eu realmente não queria chorar,
porque, no fundo, sabia que não poderia perder mais ninguém, eu não queria que mais ninguém
morresse por minha causa.
Derek soltou a minha mão, apertei a mão em punho, com uma mistura de ódio e uma
saudade do calor que estava sentindo.

— Não temos mais tempo Vitória, vá... agora!

E com isso ele se levantou e começou a correr em direção à porta que entramos, meu
corpo ainda estava em choque, era como se eu não conseguisse andar direito, ouço gritos, isso foi
como uma chave na minha cabeça, me mandando correr, me levantei sentindo as minhas pernas
tremendo de medo, muito medo, mesmo, assim fiquei de pé, respirei o ar gelado, e comecei a
correr na direção que ele mandou.
Cada passo que era dado por mim era como se eu o estivesse traindo, era como se uma
faca estivesse sendo enviada aos poucos no meu peito mais e mais.
Saí da casa correndo, não olhando para trás, a minha única visão era a floresta logo a
frente, eu precisava chegar até lá, eu precisava, corri e corri, sentindo os músculos das minhas
pernas ardendo pela falta de exercícios, o meu peito subia e descia rapidamente, procurando ar
para encher os meus pulmões, e quando estava finalmente chegamos perto, ouço um barulho alto
perto de mim.

O meu cérebro demorou para processar o que tinha acabado de acontecer, eu caí no chão
em um baque seco, ouço o som dos batimentos do meu coração nos meus ouvidos, a minha perna
ardendo como o inferno, me virei e coloquei a minha mão onde estava ardendo, ao levantar a
minha mão, eu vejo sangue, as minhas mãos tremeram sem parar, o meu cérebro ficou em branco
por um segundo até que eu conseguisse raciocinar o que acabou de acontecer.
Levei um tiro! Eu levei um tiro!

Repetia isso para mim, mas parecia que era mentira, tentei me levantar para continuar indo
até a floresta, mas a dor na minha perna irradiava para todo o meu corpo, meu coração acelerou
quando ouço um sorriso, olhei para frente e vejo dois homens, dois guardas humanos do
príncipe, vindo na minha direção, e mesmo sentido todo o meu corpo doendo eu comecei a me
arrastar em direção à floresta, vejo o rastro de sangue que estava ficando atrás de mim.

As minhas mãos estavam arranhadas e machucadas pela força que estava fazendo para me
arrastar, sinto o meu rosto molhado pelas lágrimas que desciam sem cerimônia, eu não quero
voltar, não quero dar esse poder para ele, eu precisava fugir, tentei achar novamente o poder
dentro de mim, a minha cabeça estava doendo pela força que estava colocando, mesmo assim
nada, ele não apareceu, ouço os passos deles.
— O que temos aqui?

O guarda de cabelos pretos perguntou se aproximando de mim.


— Veja só, é a prostituta do rei.

Ouço o sorriso do outro guarda.

— Imagina o que vamos ganhar quando a entregamos para ele.


O outro apenas sorriu olhando para mim.

Procurei pelo poder novamente, procurei e procurei, e nada, e... mesmo não querendo
admitir para mim, eu procurei pelo Derek, mas ele também não estava lá.
As minhas mãos tremiam sem parar. E quando um dos guardas segurou o meu cabelo com
força me obrigando a ficar de pé, os meus olhos arderam sem parar, a minha cabeça parecia que
ia explodir a qualquer momento. Sinto o seu hálito próximo ao meu rosto.
— Está feliz? Vamos te levar de volta para o seu amado vampiro.

Eles sorriram, O outro guarda segurou no meu braço com força me fazendo andar, cada
passo que era dado por mim, sentia a minha perna doendo, uma dor que dominava o meu corpo,
eu sentia o sangue saindo do ferimento, mas eles não se importaram com isso, me arrastaram até
a frente da casa que estávamos escondidos, olhei novamente para os lados procurando pelo
Derek, mas não tinha nada, apenas um carro parado com mais um guarda armado esperando do
lado de fora.
Sou jogada dentro do carro de qualquer jeito, e logo em seguida eles entraram no veículo,
estou no meio, cada lado do meu corpo tinha um guarda armado, ouço o barulho do motor do
carro ligado. O meu coração se perdeu no pânico de saber que estaria nas mãos do Damon
novamente. As lágrimas desciam.

— O que ela tem de tão especial para o rei mandar todo o exército atrás dessa garota? —
Ele perguntou, e logo em seguida segurou em uma mecha do meu cabelo. — A não ser esse
cabelo ruivo, não vejo nada de especial nela.
Ouço os outros dois guardas sorrindo.

— Ela deve fazer muitas coisas diferentes na cama, para ele ter feito isso.

O meu estômago embrulhou com o comentário do que estava dirigindo o carro.


A dor na minha perna aumentava, estava sentindo o meu corpo cada vez mais fraco, era
como se eu fosse desmaiar a qualquer momento.

— Eu tenho uma dúvida sobre mulheres ruivas. — O guarda de cabelos pretos falou,
pegando no meu rosto, eu me encolhi ao ver seu sorriso em minha direção, como uma alerta. —
Será que os pelos da boceta dela também são da mesma cor dos seus cabelos?
O outro guarda do meu lado gargalhou.

— Se ela é ruiva natural, com certeza.

— Você já comeu uma ruiva?


As minhas mãos tremeram, olhei para as janelas, olhei para a frente disposta a fazer de
tudo para sair daquele carro.

— Você sabe muito bem, que raramente vemos ruivas.


— O que vocês acham de experimentarmos ela.

O guarda de cabelos pretos falou segurando o meu braço com força.

— O que você acha que o rei vai fazer com cada um de nós quando souber disso? — O
guarda que estava dirigindo disse.
— Ninguém sabe que fomos nós que a encontramos, e duvido que ela falaria qualquer
coisa que acontecesse neste carro para o rei. Não é mesmo gracinha?

Ele segurou o meu rosto com força me fazendo encará-lo, logo em seguida tentou me
beijar, eu retirei o meu rosto das suas mãos o empurrando com toda a minha força, fazendo-o me
soltar.
Ele sorriu olhando para mim, em um gesto de puro medo eu me joguei para a frente na
direção do motorista, tentando fazer com que ele parasse o carro, precisava sair daquele lugar,
segurei no seu pescoço com força tentando forçá-lo a parar, o carro acelerou e começou a
serpentear na estrada, coloquei o restante da minha força para fazer com que ele parasse aquele
maldito carro, mas os outros dois guardas estavam tentando me impedir, um deles segurou no
meu pescoço com força, o outro apertou o local que eu tinha levado o tiro, eu gritei de dor
quando ele fez isso, eu não tinha mais forças para segurar o pescoço do motorista.

E com rapidez, o guarda me jogou de volta no banco, sinto o meu rosto ardendo quando
ele deu um tapa com toda a sua força, o gosto de sangue na minha boca, a minha visão estava
ficando escura, eu estava lutando comigo mesma para não desmaiar.
Tentei me defender dando socos e chutes sem saber no que estava acertando. De repente
ouço o barulho alto do pneu freando com força.

— Vadia, desgraçada!

O lado esquerdo do meu rosto se virou quando ele me bateu, eu tentava me defender de
todos os jeitos, arranhado, chutando.
Mas quando o guarda segurou os meus braços com força, quase os quebrando, eu gritei de
dor.

— Vamos fazer com que ela fique quieta.


O que estava dirigindo falou olhando para mim, eu gritava, me contorcia tentando me
livrar, mas não estava conseguindo, o meu corpo estava fraco demais.

Eles retiraram o meu casaco o rasgando, a minha cabeça estava doendo, sinto as suas mãos
asquerosas no meu corpo, eu lutava, mas parecia que eles gostavam de me ver lutando, minha
garganta estava doendo, seca, machucada por gritar sem parar, a minha blusa estava rasgada, a
trança que eu tinha feito nos meus cabelos já haviam se desfeito há muito tempo.

E tudo aconteceu com rapidez, ouço gritos e barulho altos, a minha respiração estava tão
lenta, eu podia ver pequenos pontos escuros na minha visão, era como se eu estivesse flutuando,
sinto alguém me retirando do banco do carro, mas não estava conseguindo abrir os olhos para ver
quem era, não estava mais sentindo aquela dor agonizante.
Ouço um barulho conhecido, o barulho do motor de um carro, mas esse som era diferente.

Abri os olhos quando sinto a dor irradiando por todo o meu corpo.
— Você vai ficar bem Vitória, espera só mais um pouco estamos chegando.
Vejo o Derek do meu lado, ele amarrava algo na minha perna, com força, isso me fez
gritar novamente.

— Ela perdeu muito sangue. — Essa voz eu não conhecia, olhei para a frente e vejo um
rapaz dirigindo, ele tinha o cabelo, levemente loiro, ele dirigia com rapidez.
— Eu sei, por isso precisamos chegar rápido.

Me virei lentamente em direção do Derek que estava do meu lado, no banco de trás.
— Você está vivo! — Mas a minha voz não passava de um sussurro, ele me encarou por
um momento, o seu olhar foi para o meu corpo. E percebo o seu rosto ficando levemente
vermelho.

— Estamos chegando, você vai ficar bem.

Eu sinto o meu cabelo grudando no meu rosto, e mesmo sentido que a qualquer momento
iria desmaiar, eu abaixei a cabeça, e vejo o que um dia foi a minha blusa de frio, toda rasgada
mostrando a metade da minha barriga, logo em cima vejo a metade do seio a mostra, o meu
coração acelerou, o meu rosto ficou completamente ardendo de vergonha, eu não estava sentindo
muito bem o meu corpo, mesmo assim levantei a mão para tentar tapar o meu seio.

Mas não estava conseguindo, a minha mão não ficava no lugar, as lágrimas encheram os
meus olhos. O desespero tomando conta de cada parte do meu corpo.

— Ei, fica calma.


Derek retirou o seu casaco e logo em seguida o colocou em cima de mim, eu estava
tremendo sem parar.

Não consegui agradecer, porque os meus olhos foram se fechando.

E tudo ficou escuro novamente, sinto braços me segurando com força antes que eu
perdesse todos os sentidos.
Capítulo 22
Eu podia ver o rosto da minha mãe bem na minha frente, o seu sorriso gentil me
observando com carinho, logo em seguida a minha amiga se juntou a ela.
Sarah sorria para mim, meu coração se encheu de esperanças, elas falavam alguma
coisa, mas eu não conseguia ouvir, por mais que tentasse não conseguia ouvir, e de repente elas
se viraram juntas e foram andando devagar, eu gritava para que elas me esperassem, eu não
queria ficar sozinha, não queria ficar naquele lugar, só queria ir com elas.

Então corri com todas as minhas forças em sua direção, mas por mais que eu corresse;
não era suficiente, minha mãe e a minha melhor amiga já estavam longe, eu gritava sem parar
para que elas não me deixassem sozinha, mas não adiantou.

Já não estava mais conseguindo vê-las, lágrimas silenciosas tomaram conta dos meus
olhos, e de repente o ambiente que estava claro e calmo, se transformou em algo escuro e frio,
sinto meu corpo tremendo, vejo ele se aproximando de mim, por mais que o algo dentro de mim
implorasse para que eu corresse, tentasse fugir, não conseguia, fiquei congelada de medo no
lugar, em choque, vejo-o se aproximando devagar, com aquela graça de sempre, engoli em seco
quando Damon estava na minha frente, me observando, e de repente, eu vejo aquele pequeno
sorriso nos seus lábios.
Damon me observava, o meu coração martelava no peito, vejo o seu rosto tão próximo, o
seu cabelo que um dia foi branco, agora preto como a noite, e logo em cima da sua cabeça, uma
coroa de ouro com pedras preciosas, tão vermelhas que se iluminavam mesmo na escuridão.

Ele estava tão perto, eu podia sentir aquele cheiro, e quando ele levantou a mão e tocou o
meu rosto, eu estremeci, não sinto mais a sua mão gelada, mas sim o calor do seu corpo, não
conseguia falar, algo parecia que estava impedido. Ele me encarava com aqueles olhos azuis.
— Você continua sendo uma humana burra, Vitória. — Ele sussurrou o meu nome. — Mas
tenho que admitir, não é mais inútil.

Meu coração acelerou, podia ouvir os batimentos do meu coração nos meus ouvidos, e de
repente ele se aproximou do meu rosto, eu não conseguia pensar, não conseguia me mover,
podia sentir a sua respiração tão próxima da minha pele. Tão próxima da minha boca.

— Você é minha Vitória! Sempre será minha.


Acordei sentindo o meu coração acelerado, as minhas mãos tremiam sem parar, fechei os
olhos lentamente tentando me controlar, foi só um sonho, foi só um sonho, eu podia sentir o seu
cheiro, não! É só um sonho, só isso, me deitei novamente.

Aos poucos fui tomando coragem para abrir os olhos, vejo as paredes incrivelmente
brancas ao meu redor, o meu coração estava mais calmo, olhei para o meu lado e vejo aparelhos
ligados, uma agulha espetada do meu braço, tinha uma bolsa de soro do lado.
Olhei para baixo e vi a minha perna em cima de um travesseiro muito macio, ela estava
enfaixada no local que eu tinha levado o tiro.

Passei a mão pelo meu rosto, mas não sinto ele inchado como eu imaginei, onde eu estou?
Que lugar é esse? Eram tantas perguntas.
Tentei me sentar na cama e consegui, não estava sentindo dor, isso era estranho, afinal,
quanto tempo eu fiquei desmaiada para não estar sentindo tanta dor, não tinha ninguém naquele
lugar, somente eu, tirei a agulha do meu braço, vejo o sangue manchando o lençol branco, fiz um
pouco de pressão, mas olhando para todos os lados, com cuidado fui tirando a faixa que estava
enrolada na minha perna, enquanto eu fazia isso, percebi que estava com uma camisola estranha,
grande demais de algodão azul-claro, nada de roupas íntimas, terminei de tirar a faixa e logo em
seguida as gazes, e vejo o local que levei o tiro, não estava inchado, passei a minha mão pelo
local e não senti a dor agonizante que eu já tinha sentido, o local estava levemente vermelho,
com uma cicatriz quase não aparente, ok, isso estava estranho demais, já estava quase colocando
os meus pés no chão quando a porta se abriu.

Vejo uma mulher loira entrando, ela me encarou, e eu retribui a encarando também, a vejo
engolindo em seco se aproximando.
— Vejo que finalmente acordou, como está se sentindo?

Eu observei a mulher a minha frente, provavelmente tinha uns vinte e cinco anos, ela tinha
os cabelos loiros brilhantes, os olhos verdes, os mais verdes que eu já tinha visto.

— Quem é você? — Olhei para a porta aberta logo atrás dela, tenho certeza de que
conseguiria chegar até lá. Onde eu estou? Pensei.
Ela sorriu, um sorriso gentil para mim. Mas eu não acreditava mais em sorrisos gentis.

— Logo alguém virá aqui te explicar tudo, por enquanto eu quero saber se você sente
alguma coisa, dores? Enjoos? — Ela me encarava esperando respostas, mas eu estava ocupada
demais pensando onde eu estava, e se os vampiros tinham conseguido nos pegar, afinal, eu não
me lembro de ter chegado nesse lugar, e o Derek? E aquele outro rapaz que me ajudou? Meu
coração acelerou, e se eles estiverem em alguma parte deste lugar sendo torturados? Não, eu não
vou deixar que mais ninguém se machuque por minha causa, não suportaria se isso acontecesse
de novo.
E mais rápido do que pensei, eu pulei daquela cama, sinto o frio do chão em contato com
os meus pés descalços, corri em direção à porta, ouço o som do grito de espanto da mulher loira
logo atrás de mim, corri até estar em um corredor iluminado, olhei para os dois lados
rapidamente, o meu coração acelerado mais e mais, a cada passo dado por mim, apenas fui
seguindo para a esquerda, ouço gritos vindo de trás, então corri mais rápido, as minhas pernas
ardendo pelo esforço, não sentia dor no lugar do tiro, isso estava me incomodando, afinal, por
quê?

Deixei essas perguntas para depois, precisava saber que lugar era esse? Eu precisava saber
se ele estava bem.

Tentei chamar os meus poderes durante a corrida, mas nada, nada apareceu, minha
garganta estava seca, enquanto passava por mais e mais corredores, com portas para os dois
lados, mas não vi nenhum ser humano e nenhum vampiro, eu corri sentindo os meus pulmões
reclamando por mais ar.

Eu não sabia que lugar era este, e de repente vejo uma porta entreaberta, continuei
correndo até chegar nela, parei sentindo o meu peito subindo e descendo, os meus cabelos
estavam encostando no meu pescoço completamente suado, vejo vários olhos me encarando,
olhei em volta e tinha muitas pessoas, umas sentadas em mesas mais afastadas e outras em pé,
olhando fixamente para mim, engoli em seco, sentindo as minhas mãos suando mais rápido à
medida que o meu coração voltava a bater mais devagar.
Que lugar era esse? Eram tantas perguntas, tantas dúvidas, ouço passos e me viro no
momento que uns quatro homens vestidos com roupas pretas me encaravam, vejo as suas mãos
próximas das armas que estavam carregando, eu não vou deixar ninguém me machucar
novamente, sinto as minhas mãos tremendo no momento que eles dão um passo na minha
direção, e neste momento sinto o poder tomando força no meu corpo, eu vou lutar, não deixarei
que mais ninguém me machuque.

O chão começou a tremer debaixo dos meus pés, as luzes estavam piscando sem parar,
ouço gritos atrás de mim, mas os meus olhos estão nos homens que ainda permaneciam à minha
frente, o meu corpo é inundado por um calor fora do comum.
E quando um deles avançou na minha direção com uma arma nas mãos, eu levantei a
minha mão, o homem foi arremessado em direção à parede.

Meu coração estava acelerado, eu ouço passos, me virei pronta para me defender, mas
quando me virei, vejo a mesma pessoa que estava no carro, dirigindo, o rapaz que ajudou o
Derek a me salvar, a minha mão já estava levantada pronta para arremessá-lo longe, mas parei
incapaz de fazer aquilo, meu peito subia e descia rapidamente ao encará-lo. Ele me observava
com interesse, e logo vejo um pequeno sorriso no seu rosto, estava tão concentrada nele que não
vejo quando alguém se aproxima de mim pelas costas, sinto algo no meu pescoço, coloquei a
minha mão no local por puro reflexo, me virei no mesmo momento.

Vejo o Derek parado me encarando com uma seringa na mão, as minhas pernas
começaram a perder as forças, eu dou um passo para trás tentando me equilibrar, mas não
consigo, estou fraca, sinto todo o meu corpo ficando fraco, eu ia cair, não estava suportando
sustentar o meu próprio peso.
De repente o Derek se aproximou rapidamente me segurando antes que eu caísse no chão,
a minha respiração estava lenta quando eu olhei para ele, vejo os seus olhos nos meus, quando
percebi que ia desmaiar, mas antes eu ouço a sua voz.

— Me desculpe Vitória, mas não posso deixar você destruir tudo que conquistamos.
Tentei abrir a boca para falar alguma coisa, mas não conseguia, os meus olhos estavam
fechados.
Capítulo 23
Minha cabeça está doendo, tentei levantar minha mão, mas não consigo, o desespero
tomando conta de mim, estava presa novamente, abri os olhos em desespero, minha visão se
inundou com a claridade do local, minha boca estava seca, já estava pronta para gritar quando
alguém segurou os meus ombros, os meus olhos demoram para focar quem era.
— Calma, sou eu, se controle Vitória.

Olhei em sua direção e vejo o Derek parado, praticamente em cima de mim com as suas
mãos segurando os meus ombros, aos poucos eu fui me controlando.
— Que lugar é esse? — Olhei para todos os lados, não era mais o lugar que acordei da
primeira vez, as paredes tinham uma cor mais para o cinza, era um local menor, olhei para as
minhas mãos e vejo elas amarradas cada uma de um lado da cama, olhei novamente para o Derek
que estava ainda me encarando. — Por que estou amarrada?

Ele suspirou ficando em pé.


— Eu tive que amarrá-la.

Levantei uma sobrancelha olhando para ele.

— Você teve? — Perguntei, Derek não respondeu de imediato, apenas se abaixou um


pouco para me desamarrar.
Quando estava livre, me sentei na cama, mas continuava observando-o.

— Infelizmente sim. Você estava descontrolada no refeitório.


Era muita informação.

— Refeitório? — Balancei a cabeça. — Eu não estou entendendo nada. Não estava


descontrolada, aqueles homens tinham armas.
— Você saiu correndo do quarto do hospital, não deixou que ninguém te explicasse nada,
apenas saiu correndo, e quase matou um de nós.

Um de nós? — Pensei.
— Por isso você injetou aquilo no meu pescoço? — Perguntei sentindo um leve tremor.

— Sim, era um sedativo, do jeito que você estava, eu tinha certeza de que não ia conseguir
conversar com ninguém.
— Eu não sabia onde estava, na verdade, não sei onde estou, não vi nenhum rosto
conhecido, eu pensei que eles… — Engoli em seco. — Eu pensei que ele tinham conseguido me
pegar, por isso corri, pensei que estava nas mãos dos vampiros de novo, eu pensei… eu pensei
que eles tinham pegado você.

Finalmente disse o que estava na minha cabeça, Derek olhou para mim por um tempo, na
verdade, ficamos olhando um para o outro, sentia as minhas mãos suando sem parar, quando não
suportei mais olhar nos seus olhos, eu abaixei a cabeça, sentindo o meu rosto ficando vermelho
de vergonha.

— Me desculpa, tive que sair um pouco para poder resolver algumas coisas, por isso não
estava no quarto, quando você acordou.
— Eu entendi, aquele homem. — Levantei a cabeça. — Aquele homem… Ele se
machucou? — Perguntei nervosa, afinal arremessei ele na parede, com certeza ele deve ter se
machucado.

Derek suspirou.
— Ele só machucou o braço, mas vai ficar bem.

Derek permaneceu de pé olhando para mim.

— Me desculpe, realmente não queria machucar ninguém.


— Eu sei disso, Vitória, ele vai ficar bem. — Ele afirmou novamente.

— O que está acontecendo? Que lugar é esse Derek? E quanto tempo eu fiquei
desacordada?
Derek olhou para mim.

— Estamos em um local seguro. — Ele respirou fundo. — Aqui você estará segura. Você
ficou desacordada por duas semana, quando te trouxemos aqui você estava muito fraca, tinha
perdido bastante sangue, mas depois que eles retiraram a bala da sua perna você ficou melhor.

— Duas semanas! — Mas como tinha passado só duas semanas, e a minha perna já estava
cicatrizada.
— A médica também ficou muito surpresa por sua melhora tão repentina.
Olhei para ele com várias perguntas enchendo os meus pensamentos, por que eu me curei
tão rapidamente?

Levantei uma sobrancelha olhando para ele, lugar nenhum é seguro, Derek já devia saber
disso.
— Que lugar é esse? — Perguntei novamente.

— Você está em um dos esconderijos da resistência, Vitória.


Ele afirmou, o meu coração disparou com a sua afirmação, olhei novamente para as
paredes do pequeno quarto, me lembrei dos corredores que tinha visto, quando estava correndo
tentando sair deste lugar.

Me mexi desconfortavelmente na cama.

— Por que estamos na resistência?


O vejo engolindo em seco.

— Por que estamos na resistência Derek? — Repeti a pergunta novamente. Ele ficou me
observando, como se estivesse decidindo se contava ou não, já estava sem paciência.
— Porque eu faço parte da resistência Vitória.

Era informação demais para mim, eu olhava para ele como se fosse a primeira vez que
estivesse o vendo, eu sempre achei que ele estava escondendo alguma coisa, mas nunca imaginei
que fosse isso, quem eu queria enganar, convivi com a minha mãe por todo aquele tempo, e só
depois da sua morte que descobrir que ela fazia parte da resistência.

— Eu não entendo. — Balancei a cabeça. — Pensei que você só fazia parte das pessoas
que levavam coisas contrabandeadas para dentro da cidade, não que fazia parte da resistência.
— Eu faço os dois Vitória, levo o que as pessoas precisam para as cidades, isso me ajuda a
conhecer pessoas, descobrir segredos, por isso fazia isso.

— Até que você foi pego. — Afirmei, Derek olhou para mim, e pude ver a escuridão
passando pelos seus olhos, como uma cortina negra, provavelmente se lembrou dos momentos
que viveu com aquela princesa. — Me desculpa.
Não queria que ele se lembrasse da princesa.

— Não precisa se desculpar, você não tem culpa de nada. Eu deixei umas roupas para
você, se vista, tem alguém que quer te conhecer.

— Quem está querendo me conhecer?


Ele me encarou.

— O líder da resistência, ele está animado com a sua vinda, mas antes, vamos passar no
hospital, a médica quer dar uma olhada em você.
Derek não falou mais nada, apenas saiu me deixando com várias perguntas.

Me levantei, estava com aquela camisola azul, olhei para a cama e vi a roupa que ele
falou.
Vesti uma calça jeans e logo em seguida uma camiseta branca, peguei o par de tênis que
estava junto e os coloquei.

O quarto estava bastante quente, não estava sentindo frio, andei em direção da porta, e
logo em seguida a abri, vejo o Derek parado encostando na parede, quando me viu, olhou
demoradamente para mim, sinto as minhas mãos suando com seu olhar tão intenso.
— Vamos!
Capítulo 24
Observei cada canto que passava, estava aqui agora, poderia ser seguro, mas não ia me
enganar achando que seria para sempre, minha cabeça estava a prêmio, eu não poderia achar que
seria perfeito, porque, no fundo, sabia que nada era perfeito na minha vida.
Observei várias pessoas passando por nós nos corredores, elas me encararam e
sussurravam entre si, engoli em seco nervosa, mas, no fundo, dava para entender, principalmente
depois do que aconteceu no refeitório.

— Não precisa se preocupar, eles só estão curiosos, tenho certeza de que vão se acostumar
com a sua presença.
Levantei a cabeça e encarei o Derek que tinha um pequeno sorriso nos lábios.

— Eu não teria essa certeza se fosse você.


— Eles só estão curiosos. — Ele sorriu. — Você não pode culpá-los, não é todos os dias
que eles vêm uma pessoa com poderes, não é mesmo?

Ele continuava com um pequeno sorriso, abaixei a minha cabeça um pouco, odiava ter
esses poderes, porque, no fundo, morria de medo de algum outro vampiro pudesse me pegar, já
tem o Damon, só de lembrar dele, faz o meu coração disparar, sempre me lembro do seu olhar
em minha direção, do seu desespero ao me ver indo embora, eu não quero que outros tenham
esse poder, esse maldito sangue.

Chegamos no quarto que acordei, a moça loira estava lá dentro me esperando, me


aproximei.
— Que bom que não se machucou correndo.

Dei um passo na sua direção.


— Me desculpa por correr. — O meu rosto vermelho de vergonha.
A moça sorriu para mim.

— Eu só estava preocupada, por isso fui atrás de você. — Ela olhou para o Derek que
permanecia perto da porta. — Espera lá fora um momento, para que ela possa trocar de roupa.
Derek balançou a cabeça concordando e se retirou, fechando a porta.

— Pode se trocar ali atrás daquela cortina, lá tem uma camisola.

Fui na direção que ela disse, tirei as roupas que o Derek me deu, e vesti novamente aquela
camisola, quando saí, a médica me pediu para me deitar na cama, assim eu fiz, a moça loira me
examinou com cuidado, perguntando se estava sentindo alguma coisa.

— Eu estou bem, mas tenho uma dúvida. — Ela me encarou.

— Pode perguntar, que dúvida você tem?


— O Derek me disse que estou aqui há duas semanas, então por que o local que levei o
tiro já está cicatrizado?

A médica olhou para mim, e logo depois desviou o olhar, como se estivesse escondendo
algo, isso me chamou atenção.
— Pode ter algo a ver com seu sangue.

Levantei uma sobrancelha em confusão.

— Meu sangue não pode fazer isso, acredite quando eu falo.


— Então, sinceramente não sei, mas não se preocupe, se eu descobrir alguma coisa te
aviso.

Ela deu aquela conversa como encerrada, algo estava errado com essa médica, mas não
tinha tempo para isso, ainda tinha o líder da resistência querendo me conhecer.
Ao terminar de vestir a minha roupa, eu saí daquela sala, Derek estava do lado de fora me
esperando.

Andamos por mais corredores.

Fiquei tão presa em meus pensamentos, que já estávamos em frente a uma porta;
finalmente chegamos.
Derek abriu a porta e entramos, observei o local, era uma sala grande, tinha prateleiras
espalhadas pelas paredes com bastante livros, Derek andou na frente e fui atrás o seguindo, até
que paramos em frente a uma mesa, tinha um homem parado de costas para nós, por algum
motivo estava nervosa, apertei minha mão em punho tentando me acalmar.

Quando o homem se virou, foi como levar um soco no estômago, sinto as minhas mãos
tremendo sem parar, o meu peito subia e descia rapidamente. Diante de mim estava aquele
mesmo homem, o homem que estava esperando a mim e a minha mãe naquele prédio
abandonado, o homem com uma cicatriz no rosto.

Engoli em seco enquanto ele me observava, eu pensei que ele tivesse morrido, afinal não o
vi depois do que aconteceu, sinto as minhas pernas trêmulas ao me lembrar da minha mãe sendo
morta, o encarei sentindo o ódio dominando cada parte de mim, dei um passo ficando na frente
do Derek que me olhava nervoso, a minha mãe estava morta e em parte por culpa desse homem.
Os livros começam a cair um por um.

— Vitória, se controle.
Ouço a voz do Derek do meu lado, mas os meus pensamentos são totalmente direcionados
para o homem na minha frente que me observa atentamente como se estivesse observando a
coisa mais interessante do mundo.

— Você precisa aprender a se controlar, senhorita Vitória.

Desgraçado!
— POR SUA CULPA A MINHA MÃE MORREU!

Eu gritei, as luzes começaram a piscar sem parar, vários livros foram para o chão, vejo a
mesa na minha frente se mexendo, só conseguia imaginar como seria arremessar essa mesa neste
maldito.
Ele não pareceu se abalar com quase tudo desmoronando ao seu redor, o homem na minha
frente continuou a me observar sem demonstrar medo algum.

— Por minha culpa? — Ele repetiu saindo de trás da mesa, e vindo ao meu encontro. —
Por que você acha que a sua mãe morreu por minha culpa? — Ele levantou uma sobrancelha
olhando para mim.

Minha respiração estava presa na minha garganta.

— Ela pegou aquele veneno por sua culpa.

Ele me observou, as luzes ainda piscavam, o chão se mexeu, era como se um terremoto
estivesse começando, eu sentia o ódio dominando cada parte de mim.
— A sua mãe aceitou isso, desde o momento que ela sabia que a melhor escolha para
vocês duas, era sair daquele lugar, você não pode me culpar pelo que aconteceu com ela. Eleanor
fez uma escolha, ela poderia ter saído daquele lugar, mas foi somente no dia do seu aniversário
que ela teve a coragem que faltava para fazer isso. — Ele olhou para os livros no chão e logo em
seguida para o meu rosto. — Mas agora sabemos o real motivo para ela tentar fugir tão de
repente, não é mesmo? — Ele me encarou. — Ela queria proteger você, afinal, Eleanor sabia que
você era especial.

O encarei sentindo os meus olhos ardendo, não queria pensar nessa possibilidade, porque,
no fundo, já me culpava pela morte da minha mãe, mas eu sabia que a minha mãe escondia algo
de mim, eu infelizmente... fechei os olhos com força..., sabia que foi minha culpa.
— Você não sabe nada da minha mãe. — A minha voz era baixa.

Ele foi em direção à sua mesa, abriu uma gaveta e retirou de lá um envelope. Deu a volta e
se aproximou de mim.
— Eu confesso que não conheci sua mãe como você, mas sabia que ela te amava. Quando
tudo aconteceu, eu fiquei com a mochila que a sua mãe carregava, e dentro dela tinha este
envelope com o seu nome, mas não podia lhe entregar, afinal, você tinha sido presa, mas quando
o meu filho também acabou preso, eu vi uma oportunidade de salvar a sua vida, pela sua mãe, eu
devia isso a ela.

Filho! Como assim filho, olhei para o Derek e o vejo me observando, ele é filho deste
homem? Oportunidade de me salvar? Então foi por isso que ele queria me ajudar? Respirei
fundo, porque sinto que essa não é toda a história, por que eu sinto que tem mais alguma coisa?
Aquele homem me encarou.

— Sim, vitória. Derek é meu filho!

Os meus olhos ainda estavam na direção do Derek que continuava me encarando, mas em
completo silêncio.

Ele me entregou a carta, olhei para aquele papel branco em minhas mãos, meu coração
parecia que a qualquer momento ia explodir, virei aquele envelope branco e vejo o meu nome
escrito, por um momento as minhas mãos tremeram, era a letra da minha mãe, era a letra dela.

As luzes pararam de piscar, as prateleiras não estavam mais se mexendo, aos poucos eu fui
controlando a minha respiração.
— É melhor você voltar para o seu quarto, eu tenho certeza de que vai querer ficar sozinha
quando estiver lendo.

Não levantei o rosto em sua direção, apenas olhava para aquele envelope, como se fosse
um ímã me puxando em sua direção, dei as costas para ele e fui andando na direção da porta,
ouço passos do meu lado e sei que é o Derek.

— Me desculpa por não ter lhe falado do meu pai. — O ignorei. — Vitória! — ele me
chamou mais uma vez. Mas não levantei o rosto.
Ouço um resmungo vindo dele, e em silêncio eu retornei ao meu quarto, estava na frente
da porta pronta para entrar, quando sinto a mão do Derek no meu braço.

— Você não vai conversar comigo? — Ele perguntou, respirei fundo levantando o rosto, o
encarando.
— O que você quer? — A minha voz saiu baixa, a sua mão ainda estava no meu braço,
Derek respirou fundo.

— Me desculpa. Eu deveria ter lhe contado sobre a resistência, sobre o meu pai, mas não
queria colocar ninguém aqui em perigo, eu não te conhecia, não sabia se poderia confiar em
você.

O observei, levantei uma sobrancelha encarando-o.


— E agora, você confia?

Derek me encarava com aqueles olhos incrivelmente negros.


— Sim, Vitória, eu confio em você. — A sua voz saiu rouca.

Por um momento nos encaramos por mais tempo do que o normal, tentei me controlar
quando percebi a minha pele se esquentando só de olhar para ele, sinto o meu rosto quente, não
suportando mais continuar olhá-lo, eu desviei o olhar.

Ele soltou o meu braço.

— O meu quarto é este da frente do seu, se você precisar de alguma coisa pode me
chamar, eu sei que você deve estar cansada. — Quando Derek falou isso, olhou para a carta que
permanecia em minhas mãos. — As seis é o horário do café da manhã, eu te chamarei.

Não respondi.
— Boa noite, Vitória.

E com isso ele se virou, e logo em seguida abriu a porta do quarto que ficava em frente ao
meu, e entrou, me deixando sozinha.

Entrei no quarto que estava ocupando e tranquei a porta, me sentei na cama, encostei as
minhas costas na parede, e por um tempo fechei os olhos com força, reunindo coragem para ler
aquela carta, fiquei assim por vários e vários minutos, e quando finalmente abri os olhos, fiquei
encarando o teto, um ponto específico, tentando ter coragem.
Ao olhar a carta nas minhas mãos, eu finalmente a abri e comecei a ler.

Filha.

Os meus olhos se encheram de lágrimas ao reconhecer a letra da minha mãe.

Se você está lendo essa carta, isso significa que falhei mais uma vez com você. Me
desculpa por falhar, me desculpa por não ser forte o suficiente para te proteger.

Mas você merece saber a verdade, eu não me perdoo por não ter lhe contado toda a
verdade antes, talvez, só talvez, se eu tivesse tido a coragem necessária para contar isso para
você, eu sei que teria evitado o sofrimento que você deve estar passando agora.
Antes de tudo eu tenho que te contar sobre alguém que destruiu a minha vida, alguém tão
mal que o meu único desejo é que ele já tenha morrido, mas infelizmente não posso te dar essa
certeza. Porque provavelmente ele deve estar vivo.

Eu preciso lhe contar sobre o seu pai!


Quando eu tinha dezenove anos, eu conheci um homem lindo, carismático e misterioso ao
mesmo tempo, me sentia tão bem quando olhava para ele, era como se ele tivesse me enfeitiçado
com a sua beleza, com o seu mistério que o rodeava, talvez por isso eu tenha me apaixonado tão
perdidamente por ele, o seu nome era Daniel.

Nos encontramos quase todas as noites, Daniel era médico, no começo não me importei,
porque tudo o que eu queria era ficar com ele, ficamos juntos por seis meses, até que descobri
que estava grávida, no começo foi um choque, eu não sabia como reagir, tinha a minha mãe, a
sua avó que sempre me alertou para não engravidar cedo demais, mas eu não ouvi, e como
consequência, ela me expulsou de casa, mas o Daniel me acolheu, e acabei indo morar com ele.
Ele estava tão feliz, como se esse fosse o seu sonho, no começo eu também fiquei feliz,
afinal, ia poder te uma família, uma família que eu nunca tive de verdade.

Fui morar com ele na sua casa, ele tinha um cuidado fora do comum comigo, todas as
noites ele me examinava para saber se estava tudo bem com o bebê, eu achava estranho, mas
nunca comentei com ele, esses pensamentos ficavam só para mim, mas como ele era médico, eu
apenas pensava que era esse o motivo, até que completei quatro meses de gravidez.
Daniel ficava praticamente todos os dias comigo, ele saia só a noite, mas ficava no
máximo duas horas fora, quando eu questionei, ele apenas me disse que tinha tirado férias
atrasadas do hospital, para poder ficar comigo.

Mas aos poucos fui ficando fraca, eu não conseguia comer quase nada, ficava na cama
quase o dia inteiro, eu queria ir ao hospital saber se tinha algo de errado com o meu bebê, mas
ele não deixava, me convenceu que não precisava, que ele cuidaria de mim, e assim eu acreditei
mais uma vez nele, todos os dias ele injetava algo nas minhas veias, e quando questionava o que
era, ele me falava que eram vitaminas, e todas às vezes que ele fazia isso, eu me sentia mais
forte, conseguia me levantar, conseguia comer normalmente, de uma dose por dia passou a ser
três, até que completei seis meses de gravidez, eu estava melhor, muito melhor, parecia que todo
o meu mal-estar tinha passado finalmente.

Mesmo assim, ele não me deixava sair de casa, eu não estava mais suportando ficar
naquela casa e no dia que decidi que ia sair um pouco, ele me impediu, me amarrando na cama,
não pude acreditar, o homem gentil e educado que eu tinha conhecido, sumiu, e ele se
transformou em alguém que eu não conhecia.
Eu ficava amarrada na cama praticamente todo o dia, Daniel não saiu do meu lado, era
como se ele tivesse ficado louco, olhava para a minha barriga, ele sorria falando que tinha
finalmente dado certo, que depois de tantos anos, ele tinha acertado a quantidade do veneno, eu
só ficava olhando para ele e pensava que ele tinha ficado louco, não tinha outra explicação, os
meus pensamentos eram em só poder fugir, eu não poderia deixar que você nascesse perto dele,
eu simplesmente não podia.

Até que em um dia eu vi quem ele era de verdade, Daniel não saia de casa já tinha quase
um mês, ele ficava me vigiando dia e noite, sem parar, e quando eu acordei naquele dia eu o vi
próximo demais de mim, ele me encarava a centímetros do meu rosto, eu só conseguia sentir
medo por mim e por você, eu gritei por socorro, mas ninguém me ajudou, ele parecia um animal
sedento, se aproximando de mim, tentei me afastar, tentei lutar, mas tudo foi em vão, ele se
aproximou, e ali, grávida de você eu descobri o que ele era de verdade, Daniel se alimentou do
meu sangue, quando ele parou, eu estava tão fraca, quase desmaiando, mas mesmo assim eu
pude ver os seus dentes, as suas presas manchadas, com o meu sangue escorrendo pela sua
boca.

No primeiro momento eu não pude acreditar, afinal, isso não poderia se verdade,
vampiros não existiam, então, porque eu estava vendo um bem na minha frente, nunca senti
tanto medo quanto naquele momento, ele acariciava a minha barriga, e falava que tinha
finalmente conseguido, que finalmente ele teria o poder para ser único, não conseguia ficar mais
acordada, e desmaiei.
Quando acordei no dia seguinte, estava com um acesso no meu braço, e uma bolsa de
sangue do lado. Daniel me encarava como se estivesse esperando um ataque de raiva da minha
parte, mas não fiz isso, eu sabia o que ele era, eu sabia que precisava fugir, mas também sabia
que se por um momento ele percebesse o que queria fazer, ele tiraria você da minha barriga,
não poderia deixar que isso acontecesse, então eu fingi..., eu fingi ainda estar apaixonada por
ele, fingi aceitar o que ele era, e aos poucos ele foi acreditando em mim, e com isso eu consegui
que ele me desamarrasse e eu pude sair do quarto, faltava menos de três meses para você
nascer, e na noite que ele saiu para se alimentar, eu finalmente consegui fugir, peguei todo o
dinheiro que achei, os meus documentos e fugi, para o mais longe possível, sai da Irlanda e vim
para os Estados Unidos, mudei o meu nome, e finalmente você nasceu, linda e saudável.

Eu vivia com medo que chegasse o dia que ele nos encontraria, mas esse dia não chegou,
até que tudo mudou, quando você fez sete anos, os vampiros se revelaram para a humanidade,
houve a guerra e eles fizeram do restante de nós escravos.
Eu tentei te proteger, mas infelizmente não consegui, e quando você tinha nove anos, eu a
ouvi gritando, no momento que levantei da cama, vi todos os móveis daquele quarto flutuando
ao seu redor, no mesmo instante, me lembrei do seu pai, eu me lembrei do que ele falou, e
infelizmente me lembrei daquilo que ele injetava em mim quando estava grávida, escondi toda
essa história de você achando que estava te protegendo, eu sei que estava errada, mas saiba
filha, que tudo que fiz, foi porque eu te amo, eu só queria que você ficasse bem, eu não queria
que você soubesse sobre o seu pai.

Mas, se você está lendo essa carta, é porque eu falhei em te manter em segurança, e mais
uma vez me perdoe por não ver os sinais do que ele era no começo.

Essa é a minha história, essa é a sua história, você merecia saber a verdade, eu só não
tive coragem o suficiente de falar para você. Eu sei que você está sofrendo, mas me prometa
uma coisa Vitória, me prometa que você vai sobreviver, que você vai ter um final feliz, porque
tudo que eu sempre quis para você, foi te ver feliz.
Eu queria te falar tantas coisas, queria estar agora do seu lado, apertando a sua mão, te
abraçando com força, sentindo o seu cheiro filha, você é forte, você é mais forte do que pensa,
eu sei disso, eu te amo, eu sempre te amei, e pode ter certeza de que sempre vou estar com você.

As lágrimas molhavam o papel que ainda estava em minhas mãos, minha garganta estava
doendo, eu sentia uma dor tão forte no meu peito que por um momento não estava conseguindo
respirar, eu só queria poder abraçar a minha mãe, eu só queria poder me deitar no seu colo e
dormir com ela passando as mãos pelos meus cabelos.

Mas infelizmente eu sabia que isso não ia acontecer, porque qualquer pessoa que se
aproxime de mim, morre, isso aconteceu com a minha mãe e logo depois com a minha amiga.
Capítulo 25
Eu não consegui dormir naquela noite, reli aquela carta várias e várias vezes, a noite toda.
E de manhã, quando alguém bateu na porta, eu simplesmente me levantei e a abri, vejo o
Derek parado olhando para mim, provavelmente eu devia estar uma bagunça, mas ele não
comentou, dobrei a carta e a coloquei no bolso da calça que estava usando, sabia que o único
lugar que ela estaria segura seria comigo.

— Vamos tomar café.


O encarei.

— Eu não estou com fome, Derek, você pode ir. — Já ia fechar a porta quando ele colocou
a mão me impedindo.
— Vamos! Vai ser bom para você sair um pouco, eu tenho certeza de que você deve estar
com fome.

Neste momento a minha barriga fez um barulho alto e vergonhoso, me deixando com o
rosto vermelho de vergonha. Ele sorriu.

— Vamos Vitória.
Eu cedi e acabei o acompanhando, o silêncio permaneceu entre nós pelos corredores, até
que comecei a ouvir vozes vinda do local mais a frente, o mesmo lugar de antes, o refeitório, as
pessoas andavam com uma bandeja nas mãos, sinto o cheiro da comida, eu estava com fome.

Evitei encarar as pessoas, mesmo sentindo que era o centro das atenções de todos daquele
lugar, só queria comer e logo depois voltar para o quarto.
Fui com o Derek, observei tudo que ele fazia e repetia, pegamos a bandeja, conforme
fomos colocando a comida, eu peguei ovos mexidos, um pão e uma maçã, e por último, uma
caixinha de leite.
Me sentei em uma mesa com ele, estava comendo os ovos mexidos quando vejo uma
moça loira que provavelmente tinha a mesma idade que eu, se aproximando, e logo atrás dela o
mesmo rapaz que estava dirigindo o carro quando o Derek me salvou, eles se sentaram na nossa
frente, a garota me observava com atenção, já o rapaz loiro sorriu para mim estendendo a mão na
minha frente.

— Muito prazer! O meu nome é Leonardo, mas pode me chamar de Léo, eu não sei se
você se lembra, mas já nos conhecemos antes.
Olhei o seu rosto por um tempo, vejo-o ficando vermelho de vergonha, ele provavelmente
deve ter uns quinze ou dezesseis anos, parecia ser jovem demais.

Olhei para a sua mão que ainda permanecia no mesmo lugar, então o cumprimentei
apertando a sua mão.
— Muito prazer! O meu nome é Vitória.

Ele sorriu feliz, colocando um pedaço enorme de pão na boca.

— Eu sei, todos sabem quem você é.


Levantei uma sobrancelha para essa afirmação, olhei ao redor e vejo as pessoas
sussurrando e olhando para mim, não estava gostando disso. Odiava ser o centro das atenções.

— E o que vocês sabem? — Perguntei, ele parou de mastigar e me encarou, mas logo em
seguida os seus olhos foram na direção do Derek, me virei olhando para ele também, Derek
olhou para o loiro na nossa frente e em seguida para mim. Como se estivesse o avisando para
ficar calado.
Mas quem respondeu foi a moça que parecia ter a minha idade, ela sorriu, fazendo com
que a nossa atenção fosse em sua direção.

— Sabemos que você matou oitenta vampiros naquele dia. — Ela me observou com
desdém, e deu uma mordida na sua maçã, mas os seus olhos não saíram de cima de mim. —
Sabemos que você era a bolsa de sangue favorita do príncipe. — Ela levantou um dedo, como se
estivesse contando cada coisa que falava. — Não, me desculpe, ele não é mais um príncipe,
agora ele é o rei. Graças a você. — E deu mais uma mordida com força na maçã.

A encarei.
— Se você sabe tudo isso, também deve saber que eu não sabia que ele ia ficar imune ao
sol. — Apertei uma mão em punho. Quem essa garota pensava que era.

Ela sorriu. O seu sorriso já estava me irritando.


— Eu não sei dessa parte, só sei o que ouvi por aí.

Ao observar a garota, eu vejo que ela tem muito ódio de mim.

— Você nem me conhece, e mesmo assim vejo que você não gosta de mim.
Ela parou de mastigar a maçã, eu percebi o clima ficando estranho, pesado demais.

— O que eu sei é que você ficou um mês com o príncipe, antes de dar o show que você
deu na sala do trono, isso me fez pensar, os seus poderes. — Ela levantou as mãos fazendo aspas
na palavra poderes. — Vai me dizer que eles apareceram só naquele momento, ou antes? — A
garota na minha frente levantou uma sobrancelha esperando a minha resposta, mas não respondi,
ela se encostou na cadeira relaxada e sorriu. — É, pelo visto o que pensei estava certo.
— Porque você não vai direto ao ponto.

— Ok. Se é isso que você quer. Você já tinha "essa coisa" antes daquele dia, ou seja,
poderia ter matado aquele vampiro muito antes, não é mesmo? O que nos leva a outra pergunta,
por que você não fez isso?
Eu poderia tentar explicar o verdadeiro motivo, eu poderia tentar explicar que não
conseguia usar quando queria, que tentei, mas que não consegui, eu poderia, mas sei que essa
garota não vai ouvir nada que eu diga, afinal, parece que ela já tem uma opinião formada sobre
mim e nada que eu pudesse falar ia mudar isso.

Ignorei a pergunta e comecei a comer o meu pão, a garota sorriu novamente.

— Às vezes me esqueço que tem mulheres que gostam daquelas criaturas.


Parei de comer já sem paciência, as minhas mãos tremeram quando levantei a cabeça para
encará-la.

— Chega Brace! – Ouço a voz do Derek do meu lado.


A tal da Brace observou ele do meu lado, vejo o seu rosto vermelho de raiva.

Ela se levantou pegando a sua bandeja, mas antes de sair soltou mais um pouco do seu
veneno.

— Chega mesmo, eu não quero mais ficar perto de uma das vadias dos vampiros. —
Fiquei em choque com as suas palavras. — Nossa! Desculpa, falei errado, é vadia só do príncipe.
— Disse, e saiu.
Meu coração martelava no peito, "Vadia só do príncipe" As palavras ficaram se repetindo
na minha cabeça.

— Desculpa a minha irmã Vitória, ela é um pouco difícil.


Léo falou, também se levantando completamente sem graça, eu perdi completamente a
vontade de comer, e estar em um lugar que todos olham destacadamente para mim, não era legal,
ouço os sussurros vindo deles, o que faz tudo ficar ainda pior,

Eu fiquei sem reação perante o insulto da Brace.

Não conseguia acreditar que ela estava sendo tão maldosa. Derek pareceu igualmente
chocado e irritado com suas palavras.
Me senti envergonhada e triste com a situação. Não entendia o porquê de algumas pessoas
serem tão cruéis.

— Não liga para ela. Ela não sabe do que está falando. — Derek disse, tentando me
acalmar.
Eu respirei fundo e assenti com a cabeça, tentando afastar aquelas palavras negativas da
minha mente. Eu sabia quem eu era e o que eu representava. Não deixaria os insultos de alguém
que acabei de conhecer me afetarem.

Mas ao perceber o meu silêncio, Derek continuou a tentar amenizar as coisas.


— Escuta, não liga para o que ela disse, a Brace perdeu tudo, a família dela foi toda morta
por vampiros, por isso esse ódio, ela cuida do irmão desde pequena. Para ela, a única pessoa que
importa é o irmão.

— Todos perdemos muitas pessoas nestes anos. — Me virei olhando para o Derek. — Isso
não dá o direito a uma pessoa de ser cruel. Ela acha o quê? Que todas as garotas que eram
escravizadas naquele lugar gostavam do que acontecia?

— Ela não passou por isso como nos dois Vitória, muitas dessas pessoas não sabem o que
realmente acontecia naquele castelo, julgo a dizer que várias delas acham que ficamos lá por
vontade própria. Você pode não saber, mas tem várias pessoas que pensam que os vampiros são
deuses, e vários grupos preferem ficar ao lado deles, na esperança de que um dia, eles os
transformem em um vampiro.
Olhei para o Derek em choque, por que uma pessoa iria querer isso? Derek parece ter
ouvido os meus pensamentos quando logo em seguida respondeu.

— A vida eterna... para muitas pessoas, a vida eterna, ser jovem para sempre, vale o preço
de se perder a alma, e viver se alimentando do que um dia eles foram.
Eu fiquei calada por um momento, e naquele instante eu me lembrei da carta da minha
mãe que agora estava no meu bolso, se eles descobrirem quem o meu pai era? Se eles
descobrirem o que eu sou. Engoli em seco, apertando as minhas mãos em punho, sentindo as
unhas machucarem a carne, se eles descobrirem que eu sou metade vampira?

A minha cabeça estava doendo, eram tantas perguntas, mas de repente eu sinto como se
alguém tivesse dado um soco no meu estômago, e se, o pai do Derek, o líder da resistência, já
souber, afinal, ele ficou com essa carta por muito tempo, que garantia eu tenho que ele não a
abriu, se ele abriu, provavelmente sabe desse segredo, e se ele sabe, que garantia eu tenho que o
Derek e vários outros também possam saber desses detalhes sobre mim, a minha mente começou
a girar em um turbilhão de sentimentos e preocupações.

Eu realmente deveria confiar nessas pessoas?


— Termine de comer, eu tenho que te mostrar uma coisa.

O encarei.
— Pedi a fome. — Afirmei sentindo a minha cabeça doendo.

— Você precisa se alimentar, não é bom ficar sem comer — ouço o seu suspiro.
Mas eu não respondi, tinha um bolo se formando na minha garganta, eu sabia que não
adiantaria tentar comer, eu sabia que não ia conseguir.

— É, pelo visto você não vai me ouvir. — Ele suspirou derrotado. — Ok, então, vamos!
Eu preciso te mostrar um lugar.
Nos levantamos e guardamos as bandejas sobre o olhar das pessoas presentes naquele
lugar.

Caminhando por corredores. Eu o encarei.

— Você não vai me dizer para que lugar está me levando?


Ele se virou para mim e sorriu, o seu sorriso me pegou completamente desprevenida,
fazendo o meu coração disparar, no mesmo momento abaixei o olhar, não suportando olhar para
ele, o que estava acontecendo comigo?

— Não seja curiosa, você vai ver.


E com isso eu fiquei em silêncio até que paramos em frente a uma porta, ele abriu a porta
e entramos, o lugar era claro, era uma sala enorme, mais parecia um galpão, de um lado tinha
vários equipamentos para fazer exercícios físicos, um espaço mais ao fundo tinha um ringue para
lutar Boxer, encarei cada canto absorvendo o lugar, eu segui Derek, até que estávamos em um
lugar mais afastado e logo eu percebi ser um estande de tiro, observei ele se aproximando de uma
mesa para pegar uma arma, e com uma incrível habilidade de manuseio, com perfeição, ele deu
um passo em minha direção me entregando a arma, olhei para a arma que ainda estava nas suas
mãos, e logo em seguida para o seu rosto.

Eu fiquei um pouco surpresa quando Derek me entregou a arma. Olhei para ela em
minhas mãos, observando como brilhava com o reflexo da luz. Em seguida, meus olhos se
encontraram com os dele.

Eu peguei a arma com cuidado, sentindo seu peso em minhas mãos. Nunca havia
manuseado uma antes, e a tensão começou a tomar conta de mim. Derek se aproximou mais,
ficando ao meu lado, como se estivesse pronto para me ensinar.
— Por que você está me dando isso? — Ele sorriu pegando a minha mão, eu senti um
pequeno choque quando as nossas mãos se tocaram.

— Você precisa saber usar uma arma, eu vou treinar você, você não pode ficar contando
que os seus poderes irão se manifestar sempre quando precisar, sabemos que isso pode não
acontecer. — Neste momento eu me lembrei do que aconteceu naquele carro, eu fiz de tudo para
que se manifestasse, mas nada aconteceu, eu fiquei totalmente vulnerável quase que o pior
aconteceu, se não fosse por ele, eu estaria provavelmente em uma vala qualquer. Sinto um
arrepio percorrendo o meu corpo.
— Você precisa segurar a arma com firmeza, mas sem tensionar demais. Flexione os
dedos levemente ao redor do cabo e mantenha o polegar firmemente apoiado no ferrolho. —
Derek me instruiu, sua voz calma e tranquilizadora.

Segui suas orientações, ajustando minha pegada na arma. Ele me ensinou sobre os
princípios básicos do uso da arma de fogo, como mirar corretamente e controlar a respiração.
Derek era paciente, me guiando em cada etapa, e eu estava começando a me sentir mais
confiante.

— Agora, tente mirar naquele alvo ali ao fundo. Respire fundo, concentre-se e aperte o
gatilho com suavidade — ele incentivou.
Eu ajustei minha posição e direcionei minha mira para o alvo, ignorando os pensamentos
negativos que tentavam me distrair. Respirei fundo e, lentamente, pressionei o gatilho. Um som
alto ecoou pela sala enquanto a bala acertava o alvo.

Um sorriso orgulhoso surgiu no rosto de Derek.

— Muito bem! Você tem talento. Agora, vamos praticar um pouco mais.
À medida que continuamos a treinar, senti uma mistura de emoções; desde a adrenalina de
segurar uma arma, até a confiança em minhas próprias habilidades. Derek estava ali, ao meu
lado, me apoiando e me ensinando, e isso me motivava a continuar melhorando.

Naquele momento, eu percebi que poderia superar qualquer adversidade e me tornar uma
pessoa mais forte. Aquele estande de tiro, com toda sua intensidade, representava uma
oportunidade para mim, uma chance de me transformar em alguém capaz de enfrentar qualquer
desafio que viesse pela frente.
Capítulo 26
Segurei aquela arma, mas eu vi minhas mãos tremendo, apontei para a frente, onde tinha
um cartaz branco com um alvo.

Engoli em seco olhando para o meu alvo.

Meu corpo ficou completamente tenso no momento que sinto o corpo do Derek, logo atrás
de mim, ele segurou na minha mão abaixando um pouco o meu braço.
— Você está muito tensa, precisa relaxar o seu corpo um pouco, respire fundo. — Mas
isso não estava resolvendo, principalmente quando senti sua respiração quente no meu ouvido,
meu coração martelava no peito, eu tentei respirar fundo, tentei não pensar no seu corpo
encostando no meu, tentei pensar em qualquer coisa, mas eu não conseguia.

Quando ele estava do meu lado, a uma certa distância, eu consegui, mas agora que ele está
tão próximo do meu corpo, estava me deixando nervosa.
— Quando você tiver certeza, aperte o gatilho.

Eu não tinha certeza de nada, eu só queria sair daquela situação, apertei o gatilho sem nem
mirar direito, quando aquele papel se aproximou, vejo que não acertei em nenhum lugar,
provavelmente acertei a parede. Olhei para o cartaz, Derek também, logo em seguida ele olhou
para mim e sorriu.

— Pelo visto vamos ter que treinar bastante.


Ele sorriu retirando a arma da minha mão, merda! Eu falei mentalmente, eu precisava ficar
boa nisso rapidamente, porque não queria sentir aquilo que eu sentia com ele próximo de mim
novamente, meu coração ainda estava acelerado.

E a culpa era dele.


Três meses depois...
Eu desmontei e montei a arma rapidamente, colocando-a em cima da mesa na minha
frente, olhei para o Derek que sorriu para mim.
— Parabéns! Você melhorou muito nestes três meses.

Fiquei satisfeita com o reconhecimento de Derek. Durante os últimos três meses, eu me


dediquei intensamente ao treinamento de tiro e ele me ajudou a aprimorar minhas habilidades.
Desde aquele primeiro dia em que segurei a arma em suas mãos, percorremos um longo
caminho.

— Obrigada! Não teria conseguido sem a sua paciência e orientação — respondi, sentindo
meu rosto se iluminar com um sorriso de orgulho.

Derek assentiu, parecendo genuinamente satisfeito com meu progresso.


— Lembre-se, a prática leva à perfeição. Continue treinando regularmente e você
continuará melhorando. Mas sempre mantenha em mente, que uma arma é uma responsabilidade
tremenda.

Eu assenti, compreendendo a importância das palavras dele. Sabia que o treinamento com
armas de fogo exigia muita responsabilidade, tanto em termos de segurança quanto na decisão de
usá-las.
Já tinha três meses que eu estava aqui, aos poucos fui me acostumando com tudo até com
os comentários maldosos de algumas pessoas, a verdade é que eu não tinha nenhum outro lugar
para ir, esse era o único lugar que me aceitavam, pelo menos alguns me aceitavam, respirei
fundo, eu tenho passado quase todo o meu tempo treinando aqui, este lugar se transformou em
uma espécie de refúgio, mas, no fundo, eu gostava, Derek me ajudava quase sempre.

Ele só não fazia isso quando estava em alguma missão que eu nunca ficava sabendo qual
é, e mesmo se eu perguntasse, ele não respondia, apenas desconversava.

Há um mês, perguntei a ele se poderia ir junto, na verdade, eu queria poder sair, poder
respirar um pouco de ar fresco, poder ver o céu, senti o sol tocando a minha pele, mas ele sempre
falava que não era seguro, que eu precisava ficar aqui por um tempo, porque o Damon
continuava procurando por mim, que ele não tinha desistido de me ter de volta.
E isso me fazia ficar com medo, mesmo querendo poder ir lá fora, eu sabia que era um
risco, então aceitei que precisava ficar naquele lugar por mais tempo. Mas ele sempre me dizia
que logo isso ia se resolver e que eu poderia ir em algumas missões com ele, respirei fundo.

Entendia as preocupações de Derek e sabia que ele tinha razão em me manter aqui. Ainda
assim, a sensação de estar confinada e sem poder sair para o mundo exterior começava a pesar
em mim. Eu desejava poder experimentar a liberdade novamente, sentir o vento em meu rosto e
ver além dos limites do lugar onde estávamos.
No entanto, enquanto suspirava e tentava aceitar a situação, um pensamento me ocorreu.
Talvez houvesse uma maneira de encontrar um equilíbrio entre a minha segurança e a minha
necessidade de liberdade. Ou talvez eu pudesse iniciar pequenas incursões com Derek,
quebrando a rotina e me permitindo sair, mesmo que sob supervisão.

Reuni minha coragem e encarei o Derek, decidida a compartilhar minha ideia.


— Derek, eu entendo que a minha segurança é importante, mas será que não poderíamos
fazer algumas saídas curtas juntos? Não precisaria ser nada arriscado, apenas pequenas escapadas
para eu poder sentir um pouco do mundo lá fora. Acredito que isso poderia me ajudar a lidar
melhor com a situação, ficar presa aqui está me deixando louca.

Ele me olhou com um misto de surpresa e preocupação, ponderando a minha pergunta.


Após um instante de silêncio, ele finalmente respondeu.
— Eu entendo o que você está dizendo e acho que é uma ideia válida. Vou verificar se há
oportunidades seguras para fazermos algumas saídas juntos. Mas, por favor, entenda que a sua
segurança ainda é a nossa preocupação e não podemos nos expor desnecessariamente.
Precisamos ser cautelosos. O Damon permaneceu te procurando em todos os cantos.

Assenti, entendendo as preocupações de Derek e agradecendo por ele ao menos considerar


minha pergunta. Sabia que precisávamos encontrar um equilíbrio entre minha vontade de
liberdade e a necessidade de me proteger. Mesmo assim, alguma coisa me dizia que não era
normal, desde o dia que cheguei eu não pude sair em nenhum momento.

Derek percebeu e me encarou.


— Mas não precisa se preocupar, eu vou conversar com o meu pai, você já sabe atirar
muito bem, será bom termos mais pessoas ajudando.

— Eu estou treinando muito. — Acabei sorrindo.


— Você está tão diferente de três meses atrás. — Ele me encarou, e mais uma vez abaixei
a cabeça quando ele fez isso.

A verdade era que eu não conseguia ficar muito tempo olhando para ele, sem que o meu
rosto ficasse vermelho no mesmo instante.

— Diferente como? — Perguntei me levantando, caminhamos até o local que ele estava
me ensinando defesa pessoal.
— Você sorri, antes você não fazia isso.

Chegamos no local, o encarei na minha frente.


— Eu não tinha motivos para sorrir.

Pelo menos não estava mais presa e sendo usada pelo Damon, só de lembrar dele eu sinto
um arrepio, eu me pego sonhando direto com ele, com ele me encontrando, comigo de novo
naquele lugar, e várias e várias vezes acordava molhada de suor, com o rosto molhado pelas
lágrimas que eu não me lembrava que tinha saído, eu tentava esquecer dele, mas infelizmente era
impossível, eu não conseguia fazer isso.

Ele não respondeu, veio com tudo para cima de mim, tentando me derrubar, mas os meus
pés não saíram do lugar, e no mesmo momento me lembrei das várias vezes que ele conseguiu
me derrubar, foram tantas que não sei a quantidade exata.
Mas me lembro muito bem dos vários hematomas que descobri cada vez que ia tomar
banho no final do dia, ele não tinha nenhuma pena por eu ser mulher, nas suas palavras, ninguém
ia se importar de quebrar o meu nariz se isso fizesse com que eu caísse.

O treinamento com ele era pesado, mas eu confesso que gostava, bem diferente de treinar
com o Léo, que sempre pegava leve com medo de me machucar, Léo era uma pessoa que sempre
me ajudava quando Derek não estava, ele acabou se tornando um bom amigo.
Derek tentou pegar o meu braço para me imobilizar, mas não deixei, em um movimento
rápido eu o derrubei ficando em cima dele, nossas, respirações estavam próximas, ele sorriu,
levantei uma sobrancelha não entendendo por que ele estava sorrindo, afinal, o tinha derrubado,
e no segundo seguinte, eu estava no chão respirando rapidamente com ele em cima de mim,
meus braços estavam imobilizados, tentei me mover, mas o peso do seu corpo me impedia de
fazer isso.

Derek era alto e forte, e tinha ficado ainda mais forte nesses três meses que passaram,
prova disso era os músculos dos seus braços que estavam muito maiores do que a três meses
atrás, o meu peito subia e descia rapidamente, o seu rosto estava tão perto, que eu podia sentir
sua respiração se misturando com a minha. Ele me observava atentamente até que os seus olhos
foram na direção da minha boca, engoli em seco olhando para ele e quando ele soltou os meus
braços, para logo em seguida, retirar uma mecha do meu cabelo que havia saído da traça que eu
tinha feito naquele mesmo dia de manhã, a fim de colocar atrás da minha orelha, eu senti um
arrepio passando por cada parte do meu corpo, eu não me movi, apenas o observei.

Eu fiquei parada olhando para ele, chegando cada vez mais perto, até não ter mais espaço
entre nós, eu senti o sabor dos seus lábios nos meus, me causando uma sensação embriagante
pelo meu corpo.
Derek segurou no meu rosto com delicadeza, e naquele instante eu me deixei levar, eu
apenas queria sentir aquele momento, por isso segurei no seu pescoço, a minha mão foi se
movimentando até estar nos seus cabelos, ele pressionou os seus lábios com ainda mais força e
eu correspondi ao que ele fazia, eu sentia o meu corpo se esquentando mais e mais à medida que
o beijo ia se prolongando. Ele desceu a mão para a minha cintura me fazendo soltar um suspiro,
que logo foi engolido pela sua boca, eu nunca me senti assim, era algo tão bom, que por um
momento eu tive medo de que acabasse.

Derek apertou a minha cintura com força, sua mão não estava mais em cima da regata
preta que eu estava usando, estava abaixo, eu sentia o calor da sua mão em contato com a minha
pele que não estava diferente, ele foi subindo a mão devagar. E quando estava perto do sutiã que
eu usava, ouço uma pessoa fingindo estar tossindo, no mesmo momento eu abri os olhos me
afastando do Derek, que ainda me encarava, com os lábios vermelhos e inchados, eu sabia que os
meus não estavam diferentes.

Respirei com dificuldade, me levantando, ao olhar para a frente, vejo o Léo com um
pequeno sorriso olhando para nós dois, o meu rosto estava vermelho de vergonha, meu peito
ainda subia e descia rapidamente só de lembrar o que estava acontecendo a menos de um minuto
atrás.
— Eu não queria atrapalhar, mas o seu pai está te procurando Derek.

Olhei para o Léo, ainda sentindo o constrangimento tomando conta de mim. Derek se
levantou rapidamente, ajustando sua postura e tentando disfarçar o embaraço que nos envolvia.
— Obrigado, Léo. — Depois me encarou. — Depois eu te procuro — Ele ainda estava
com a voz um pouco trêmula, enquanto se afastava de mim em direção à porta.

Fiquei em pé, tentando controlar a minha respiração e a confusão de sentimentos que me


invadia. Eu não sabia como me sentir em relação ao que tinha acontecido. Era uma mistura de
prazer, vergonha, e até mesmo um pouco de culpa.

Após alguns segundos, Léo se aproximou de mim, ainda com aquele pequeno sorriso.
— Desculpe por interromper vocês. Eu só tinha que dar o recado do pai dele— ele disse,
tentando parecer sério.

Balancei a cabeça em resposta, ainda sentindo meu corpo quente e pulsante. Eu não sabia
o que esperar do que acabara de acontecer, mas sabia que aquilo iria definitivamente mexer
comigo.
— Tudo bem, Léo. Obrigada por avisar — consegui dizer, enquanto buscava recompor a
minha postura.

Minhas mãos tremiam quando eu também comecei a caminhar em direção à porta, eu


precisava tomar um banho, antes de chegar à porta eu ouço a voz do Léo.

— Você sabe que eu também sou solteiro, não é? Se você quiser terminar o que acabei de
ver vocês fazendo, eu estou disponível.
Olhei para o Léo que tinha um sorriso brincalhão no rosto.

— Não, muito obrigada!


Ouço novamente o seu sorriso.

— Não custa nada sonhar.

Eu apenas sorri levemente para o Léo, tentando não demonstrar quão envergonhada eu
estava com suas palavras.
— Você sempre tem essa habilidade de tornar as situações constrangedoras ainda mais
desconfortáveis, não é? — Perguntei, tentando disfarçar meu embaraço.
Léo soltou uma risada divertida.

— Desculpe, não resisti. Mas sério, se precisar conversar sobre isso, estou aqui para você.
Amizade acima de tudo, lembra?
Agradeci sua oferta e me despedi.

Fui direto para o meu quarto e peguei tudo que precisava para poder tomar um banho, e fui
para o banheiro que era compartilhado com todas as mulheres deste lugar, ao entrar, vejo uma
senhora terminando de escovar os dentes, quando ela me viu entrando, sorriu terminando, ela me
cumprimentou e logo em seguida saiu.
Quando entrei debaixo do chuveiro, sinto a água quente lavando o meu corpo, e no mesmo
momento, ali sozinha, eu fechei os olhos me lembrando do que aconteceu há minutos atrás,
minha mão foi em direção a minha boca, eu sentia o meu coração martelando no peito, só de
lembrar do que senti quando ele me beijou, eu gostei, eu realmente gostei, era como se alguém se
importasse comigo, era como se eu fosse importante para uma pessoa, e isso era bom, eu sentia
as lágrimas se misturando com a água quente que saia do chuveiro, o meu peito ficou aquecido
de felicidade, quando eu percebi que estava gostando do Derek.

Enquanto a água quente do chuveiro caía sobre o meu corpo, permiti que as lembranças
daquele momento invadissem minha mente. Eu me permiti sentir uma pontada de felicidade, mas
também uma dose de preocupação.

Eu me sequei e vesti a minha roupa, fui para o refeitório e jantei em silêncio em uma mesa
afastada, observei o local, mas não encontrei nem o Derek e muito menos o Léo que sempre
ficavam comigo.
Quando eu finalmente percebi que eles não viriam, eu comecei a comer.

Já era quase onze horas da noite, eu estava acordada lendo um livro que peguei na pequena
biblioteca daquele lugar, quando ouço alguém batendo na porta do meu quarto, me levantei
colocando o livro em cima da cama, ao abrir a porta vejo o Derek parado, olhando para mim, no
mesmo momento o meu coração disparou, observei o seu cabelo que estava levemente molhado,
tinha provavelmente acabado de tomar banho.
— Eu posso entrar? — Ele perguntou, era a primeira vez que ele vinha no meu quarto,
principalmente pedindo para entrar, eu não consegui responder, apenas me afastei da porta
abrindo-a para que ele pudesse entrar, de repente o quarto ficou pequeno demais, ele observava o
local e logo depois me encarava, eu não sabia o que fazer e muito menos o que falar, um calor foi
subindo pelo meu pescoço fazendo que meu corpo ficasse quente.

Quando finalmente consegui encontrar a minha voz, perguntei:

— Por que você não foi jantar hoje?


Derek me encarava tão intensamente que fazia o meu peito subir e descer rapidamente, ele
deu um passo em minha direção, encurtando ainda mais a distância entre nós.

— Meu pai queria fazer uma reunião sobre a nova missão, demoramos mais do que o
normal, terminamos agora. — Ele falou cansado.

— Então você vai para outra missão? — Minha voz era baixa.
— Sim, vamos sair amanhã de manhã, por isso eu vim te visitar, queria te avisar, também
queria me despedir de você.

Ele levantou a sua mão tocando no meu rosto, meu corpo se arrepiou com o seu toque.

— Eu queria conversar com você sobre o que aconteceu.

Dei um sorriso sem graça.

— Não precisamos conversar sobre isso, não precisa se preocupar, foi apenas uma coisa
do momento.

Derek acariciou o meu rosto devagar.

— Para mim, não foi uma coisa do momento, foi especial, na verdade, foi algo que eu
estava querendo fazer há muito tempo.
Meu corpo tremeu, apertei um lábio no outro com força, sentindo uma felicidade tomando
completamente o meu peito.

— Eu gosto de você Vitória, eu gosto de estar perto de você.

O seu rosto estava vermelho.


— Você não pode gostar de mim, todas as pessoas que gostam de mim, acabam morrendo,
eu não quero que nada aconteça com você.

Meus olhos estavam ardendo, eu estava me segurando para não chorar, porque eu também
estava começando a gostar dele, mas sabia que não poderíamos ficar juntos.
Derek segurou o meu rosto com as duas mãos aproximando o seu rosto do meu.

— É um pouco tarde para você falar isso, porque nada que você possa falar vai fazer com
que eu mude de ideia.

Sua respiração estava se misturando com a minha.


— E qual é a sua ideia?

Ele sorriu.
— Eu não vou me afastar de você, pelo contrário, vou sempre estar ao seu lado, mesmo
que você não corresponda ao que eu sinto por você.

Olhei para ele sentindo cada parte do meu corpo processando suas palavras, era algo que
nunca pensei que poderia existir, alguém realmente queria ficar perto de mim, alguém realmente
gostava de mim.
Eu não respondi, apenas me aproximei encostando os meus lábios nos dele.

Derek segurou na minha cintura com força, em alguns segundos eu já estava encostada na
parede, sentindo a sua boca explorando a minha com uma certa urgência, ele apertava minha
cintura com força, passei minha mão pelos seus cabelos, intensificando o nosso beijo, em uma
mistura de sentimentos que se misturavam dentro de mim, algo que pensei que não fosse real.
Ele abandonou minha boca e começou sua exploração pelo meu pescoço, eu sentia seus
lábios distribuindo beijos por onde ele passava, estava sentindo que a qualquer momento meu
corpo fosse se incendiar com tudo que estava sentindo, ele acariciava minha cintura, seu corpo
estava tão próximo do meu, eu pude sentir o seu..., meu rosto se esquentou quando senti algo
duro pressionando a minha barriga, uma pressão gostosa se instalou no meio das minhas pernas.

E quando ele segurou a minha blusa para poder retirá-la, me encolhi com um pouco de
medo, eu sabia que se continuasse desse jeito logo iria acontecer algo em seguida, Derek parou
os seus movimentos, e me encarou.
— Fiz algo que você não gostou? — Ele perguntou preocupado.

Minha respiração ainda estava alterada.

— Não é isso. — Meu rosto ficou vermelho de vergonha. — Eu não tenho certeza se estou
pronta para ter a minha primeira vez agora.
Vejo a surpresa no seu rosto, mas não era segredo que todos tinham certeza que eu
matinha relações sexuais com o Damon, afinal, todas as outras garotas faziam isso, tenho certeza
de que ele também era obrigado a fazer isso com a princesa.

Afinal, para as pessoas, eu era a vadia do príncipe. Como a Brace falou aquele dia.
Ele se aproximou, beijando o alto da minha cabeça.

— Não vou te obrigar a nada Vitória, eu espero o tempo que for preciso, até você estar
pronta.

Acabei sorrindo, Derek ficou comigo deitado na cama, abracei sua cintura, colocando
minha cabeça sobre seu peito, ele acariciava o meu rosto, me sentia tão protegida com ele do
meu lado, que sem perceber, acabamos dormindo.
Quando acordei naquela manhã, não vi o Derek do meu lado, senti um frio no estômago,
eu queria que ele estivesse do meu lado, mas também sabia que ele tinha ido para a missão, que
por sinal, não sabia o que era.
Capítulo 27
Hoje faz uma semana que ele foi na missão, naquele mesmo dia eu descobri que o Léo e a
irmã dele também iriam, passei esses sete dias treinando para ocupar o meu tempo, porque
quando eu não estava ocupada, ficava me lembrando dele.
Estava saindo do refeitório quando eu vejo uma movimentação estranha, vejo uma mulher
andando conversando com outra com os seus rostos em choque, elas olharam para mim e
voltaram o rosto, naquele mesmo momento eu percebi que tinha algo errado.

Um grupo de pessoas estava na frente, ao me aproximar vejo o Derek segurando a sua


cintura como se estivesse tentando impedir que ela fizesse algo, o rosto da Brace estava molhado
por está chorando, as suas mãos estavam manchadas de sangue, meu coração disparou, tentando
passar pelas pessoas que estavam ali, até que consegui, neste momento, Derek já havia a soltado,
ela que por sinal tremia sem parar.
Eu não sabia o que fazer, se tentava ir até eles ou não, não sabia se ela ia querer me ver ali,
vendo como ela estava.

Mas quando seus olhos se encontraram com os meus, eu pude ver o ódio dominando o seu
rosto, e mais rápido do que pude perceber, ela estava na minha frente, e o meu rosto estava para
o lado oposto, eu sentia o meu rosto doendo pelo tapa que ela me deu, minha boca estava aberta
em choque, do que tinha acabado de acontecer, olhei para ela, e no momento que ela levantou a
mão para pegar nos meus cabelos, Derek segurou a sua cintura com força tentando tirá-la de
perto de mim, as minhas mãos tremiam, sentia aquela mesma corrente elétrica passando pelo
meu corpo; durante esses três meses eu fiz de tudo para me controlar, para que esse maldito
poder não se manifestasse novamente, só queria ser normal, mas quem eu estava querendo
enganar? Eu nunca serei normal.
— Desgraçada! A culpa é sua, sua vadia, a culpa é toda sua. — Ela tentou se soltar do
aperto do Derek que a segurava. — Me solta Derek, me solta! — Ela gritava tão alto que dava
para ver o desespero na sua voz, Brace chorava.
— Eu não vou te soltar até que você se controle.

E aos poucos ela foi ficando parada, mas os seus olhos não saíram de mim. Derek a soltou,
e ela se aproximou da parede, colocou as mãos na parede e abaixou a cabeça, não estava
entendendo, o que estava acontecendo? Por que a culpa é minha?
Derek se aproximando, segurando o meu rosto.

— Você está bem? — Mas não respondi, apenas observava a mulher que estava
visivelmente destruída, ainda encostada na parede. — Acho melhor irmos colocar gelo no seu
rosto, já está ficando um pouco inchado.
Olhei para ele.

— O que aconteceu? Por que ela falou que a culpa é minha?

Derek me encarou. Mas quem respondeu foi. Brace.


— Eu vou te falar o que aconteceu!

Todos olharam para ela quando se aproximou de mim novamente.


— O meu irmão foi pego por um dos soldados do seu vampiro de estimação. — O meu
coração acelerou, não, o Léo não, os meus olhos arderam. — Provavelmente agora mesmo, deve
estar sendo torturado para revelar onde você está se escondendo.

— Torturado!? — A minha voz era baixa.

— Cala a boca Brace!


Derek gritou, deixando várias pessoas desconfortáveis, mas ela não se calou.

— Você não sabia? — Ela sorriu, eu apenas a encarei. — Durante as suas férias aqui
dentro, várias pessoas estão sendo torturadas pelo seu amado vampiro, ele está louco a sua
procura. — Brace olhou para o Derek. — Pelo visto eles não te contaram, não é mesmo? Eles
queriam te proteger, que patético! Enquanto você está segura aqui dentro, brincando de casinha.
— Ela olhou para nós dois, como se soubesse que estávamos juntos. — Enquanto isso, tem
pessoas morrendo, por sua culpa. — Ela se aproximou. — E a vítima da vez foi o meu irmão.
E com isso ela saiu, as pessoas começaram a sair, restando somente eu e o Derek naquele
corredor, as minhas mãos estavam tremendo, os meus olhos estavam ardendo sem parar.

— O que ela falou é verdade? — Derek ficou calado, ele passou a mão pelo cabelo
nervoso.

Derek segurou na minha mão me fazendo acompanhá-lo.


— Vamos conversar no seu quarto.

Estou sentada na cama, era como se não fosse verdade, um vazio se instalou dentro de
mim, Derek segurava uma bolsa com gelo no meu rosto, estávamos em silêncio.
— Sim, Vitória, o que ela falou é verdade.

Olhei para ele, lágrimas já estavam deslizando pelo meu rosto.


— Por que você não me contou?

Ele respirou fundo.


— Porque não queria ver você sofrendo e se culpando como está agora.

— Você não tinha o direito de esconder isso de mim.

Ele aproximou a mão do meu rosto e limpou as lágrimas que estavam descendo.
— Sim, não tínhamos o direito, me desculpa por não falar nada, eu queria ter contado, mas
infelizmente não tive permissão para isso.

— E o Léo?
— Estamos organizando um grupo, vamos sair daqui a uma hora, para tentar trazê-lo de
volta.

Me levantei secando o rosto.

— Eu vou com vocês. — Afirmei.


Derek se levantou.

— Não, você não vai.


O encarei.

— Eu vou. — Afirmei novamente, sustentando seu olhar.

— Você ouviu a parte que aquele maldito está torturando pessoas atrás de informações
sobre você?
— Por isso mesmo, eu posso ajudar.

— Não, você não pode.


Dei um passo me aproximando dele.

— Eu posso, você sabe muito bem, eu tenho treinado, eu posso ajudar o Léo.
— Pode ficar tranquila, tenho muitas pessoas bem treinadas comigo.

— Derek, por favor. — Eu estava implorando. — Você esqueceu, eu tenho esses poderes,
eles poderiam ajudar.

— Vitória. — Ele segurou no meu rosto. — Você não consegue controlá-los, infelizmente
você vai mais atrapalhar do que ajudar, eu não vou conseguir me concentrar sabendo que você
está comigo, eu preciso me concentrar ao máximo para trazer o Léo de volta.

Minha garganta estava completamente fechada pelo bolo que estava se formando nela.
Derek se aproximou me dando um pequeno beijo na boca.

— Eu vou trazê-lo de volta, mas só vou conseguir fazer isso se você estiver em segurança.
Abaixei a cabeça derrotada.

— Eu preciso ir agora, tenho que preparar as coisas.

E com isso ele saiu, me sentei na cama sentindo um peso em cima dos meus ombros, e
durante muito tempo, eu fiquei no mesmo lugar, chorando, me amaldiçoando por não tentar
convencê-lo a me deixar ir junto, ficar aqui sem informação é a pior coisa, tenho certeza de que
não iria atrapalhar, mas sempre eles me deixavam aqui, e isso já estava me incomodando
bastante, só queria tentar salvar o meu amigo.
Capítulo 28
Já eram quase cinco da manhã, o Derek já tinha saído há muito tempo, mas eu não
consegui dormir, ficava pensando nele, ficava pensando no Léo.

Até que ouço o barulho de alguém batendo na porta, me levantei e abri, vejo a Brace
parada na minha frente, vestida numa roupa toda preta, uma das roupas que ela sempre usava em
missões.

Ela jogou uma sacola para mim, eu pequei no impulso, quando abri vejo peças de roupas
também na cor preta.
— Você não queria ajudar, eles não me deixaram ir à missão com eles, mas eu sei onde é,
e você vai comigo, se vista e me encontre daqui a dez minutos no portão dois.

Ela não esperou que eu respondesse, apenas saiu, fechei aquela porta e segurei aquela
sacola com força, sei que o Derek falou que eu precisava ficar aqui, mas era o Léo lá fora, eu
precisava, era fazer alguma coisa.
Vesti a roupa, uma calça preta mais folgada, uma regata preta, e um casaco, também preto,
com vários bolsos, coloquei o meu tênis e fiz uma trança o mais rápido que conseguia no cabelo.
Peguei a carta da minha mãe e coloquei em um bolso interno do casaco.

Quando saí daquele quarto, senti a adrenalina tomando cada parte do meu corpo.

Não achei ninguém no caminho. Ao me aproximar do portão dois, alguém me segurou, me


puxando para um corredor mal iluminado, tampando a minha boca. Já ia tentar sair quando eu
ouço a voz da Brace no meu ouvido.
— Fica quieta.

Neste momento dois homens passaram pelo corredor que eu estava recentemente, era os
guardas que faziam a ronda noturna.
Quando eles não estavam mais a vista, nós duas andamos apressadamente até uma porta
que ficava na esquerda, Brace digitou uns números no painel que estava do lado, e a porta abriu,
entramos em um corredor iluminado, até que chegamos em uma espécie de garagem, com vários
carros.

— Não vamos pegar um carro? — Perguntei me aproximando dela.


— Você acha que eles vão deixar que nós duas saíssemos daqui com um carro? — Ela
sorriu. — Você é bem mais inocente do que pensei.

Não respondi, mesmo sentido as minhas mãos tremendo pela sua ironia.
Conseguimos sair de lá, o sol já estava nascendo, olhei para fora me sentindo estranha, era
a primeira vez que estava aqui fora.

Era um lugar em uma montanha, tinha uma floresta abaixo, eu olhei para todos os lados. O
vento batendo no meu rosto.

Com cuidado fomos andando nas sombras até estarmos em uma estrada, eu seguia a Brace
totalmente cega para onde estávamos indo. Meu coração acelerava a cada passo que eu dava.
Ela se aproximou de um lugar perto da estrada que tinha vários galhos de árvores secas, a
paisagem se misturava na cor verde e marrom, e pequenas flores nos topos de várias árvores,
anunciado o início da primavera.

Ela retirou vários galhos, até revelar o que estava escondido embaixo, um carro. Ela sorriu
abrindo a porta, fui para o outro lado e abri a porta me sentando, o carro tinha um cheiro forte de
poeira e gasolina, vejo a Brace abrindo uma bolsa grande, marrom, toda desgastada.
Então retirou uma chave de dentro, logo em seguida uma faca e a colocou no lugar perto
do seu cinto, logo em seguida uma arma, o meu coração disparou, Brace conferiu se estava
carregada, também a guardou, depois ela tirou mais uma e me entregou com várias munições, me
encarou.

— Você aprendeu a atirar, não é mesmo?

Segurei aquela arma com força, apenas balancei a cabeça concordando.


— Ótimo! Porque você vai precisar. — E com isso ela ligou o carro dando partida no
motor.

Eu fiquei calada, na verdade, não tinha nada para falar com ela, e olhando disfarçadamente
para a garota loira que estava dirigindo aquele carro, eu tive certeza de que ela também não tinha
nada para falar comigo, aquilo era apenas um singelo acordo para salvar o Léo, nada mais que
isso, e nós duas sabíamos muito bem disso, olhava pela janela sentindo o vento que trazia o
cheiro das flores, bem diferente da paisagem repleto de neve de antes.
Brace dirigiu por quase três horas direto, até que paramos próximo de um antigo e
pequeno vilarejo, a maioria das casas, estavam destruídas, as que ainda se mantinham em pé,
estavam em um estado deplorável, ela parou o carro atrás de uma casa mais afastada. Me virei a
encarando.

— O que viemos fazer aqui? — Ela não respondeu, apenas saiu do carro, eu também saí.
Brace deu a volta no veículo ficando do meu lado.
— Tem uns mantimentos que escondi aqui na última vez que fiz patrulha, eu estou com
fome, e morrendo de sede, tenho certeza de que você também está

Eu não confirmei, mas estava, sim, principalmente com sede. Andamos pelo quintal da
antiga casa em silêncio, quando estávamos perto de uma porta desgastada de madeira, eu parei
quando vi um cartaz com uma foto minha, eu me lembro daquela foto, era do ano passado
quando tivemos que tirar novas fotos para o registro, mas porque tinha uma foto minha em um
cartaz?
Me aproximei para poder ler.

Era um aviso para quem me visse, ligasse para um número que estava escrito no papel,
que a pessoa que denunciasse ganharia o que desejasse, eu olhava para aquele pedaço de papel, e
só sentia o meu peito doendo mais e mais, Brace se aproximou, olhando o cartaz, e como se não
fosse nada abriu a porta.

— Tem vários desses cartazes espalhados por todos os cantos, não importa se você retire,
sempre aparecem mais. — Eu fiquei em silêncio absorvendo as suas palavras. — Pela sua cara,
Derek não te disse sobre isso também, não é? — Ela sorriu, se afastando, eu fui em sua direção
até estarmos na sala, mas as palavras dela ficaram se repetindo, o Derek não me disse nada disso,
me deixando no mais completo escuro. Novamente.
Brace retirou umas tábuas do assoalho perto de um antigo sofá, e me entregou uma garrafa
de água, ela retirou mais algumas coisas, uma bolsa, repleta de coisas, na verdade.

Mas eu já tinha perdido a fome, apenas bebi a água, minha cabeça estava muito longe, o
que mais o Derek escondeu de mim? Essa pergunta ficou se repetindo, observei a Brace indo em
direção de uma janela e olhando para fora, logo em seguida ela parou no meio da sala e me
encarou, eu fiquei em pé, quieta, não queria discutir com ela.
— Como você se sente sabendo que tem um vampiro superpoderoso que é imune ao sol, te
caçando?

— Eu te garanto que é horrível. — Afirmei, ela me encarou dando um passo em minha


direção.

— Você sabe por que todos te usam, não é mesmo?


Levantei uma sobrancelha a encarando.

— Todos?
Ela sorriu.

— Sim todos. Os vampiros, o Pai do Derek e principalmente o Derek.


As minhas mãos se fecharam em punhos.

— O que você quer dizer com o pai do Derek e ele estarem me usando?
Ela sorriu triunfante, como se eu estivesse caindo na sua armadilha.

— Sério Vitória?! Vai me dizer que não percebeu?


O meu coração acelerou.

— O que eu não percebi? — Perguntei de uma vez, dava para perceber que ela estava
louca para me dizer.

Brace balançou a cabeça.

— Você achou mesmo que o Derek ia ser preso pelos vampiros? Ele sendo o filho de
quem é, com o treinamento que ele teve desde criança? Você realmente achou que o filho do
líder da resistência ia ser escravo dos vampiros, por um mês, e ninguém ia fazer nada?

Eu me senti atordoada pelas palavras de Brace. Tudo o que eu tinha acreditado até então
parecia desmoronar diante da revelação.
O choque e a traição pulsavam dentro de mim.

— Mas... Isso não faz sentido. Por que eles fariam isso? Por que me usariam dessa forma?

Brace soltou um riso de desprezo.


— Não é óbvio? Para controlar você, manipular suas emoções. Você é especial, Vitória.
Seu sangue é valioso e eles querem tirar vantagem disso. Derek foi apenas um peão nesse jogo
sujo.

Uma mistura de dor, raiva e confusão, tomou conta de mim. Olhei para ela, sentindo a
traição perfurar meu coração.
Meu peito doía de uma forma que não pareceu ser verdade.

— O que você está querendo dizer? — Não poderia ser verdade, poderia ser só uma
mentira vinda dela.

— Você é mais idiota do que imaginei. — Brace balançou a cabeça inconformada, apenas
fiquei esperando que terminasse de falar o que queria. — Eu vou simplificar para você, você era
o plano desde o início, o Derek foi colocado dentro daquele castelo para te tirar de lá, você achou
que era tão especial, ao ponto dele está em um lugar com várias mulheres feitas de escravas, e só
você era especial? Nunca se perguntou por que ele queria apenas salvar você? Lógico, tinha a sua
amiga, mas ele fez isso porque sabia que você nunca iria fugir e deixá-la para trás.
Engoli em seco sentindo as minhas pernas tremerem como se eu tivesse recebido um soco
no meu estômago, ela continuou me encarando.

— O que eles ganhariam com isso?


— O que mais? A sua confiança, lógico! Sua idiota, eles sabiam da carta da sua mãe, se
até eu sabia, imagina o Derek que é filho do líder.

As lágrimas encheram os meus olhos no mesmo momento, dei um passo para trás,
tentando equilibrar o meu peso sob as pernas.
As palavras de Brace reverberaram em minha mente, como uma melodia desafinada que
eu não conseguia ignorar. O choque e a dor foram incontroláveis.

Não podia acreditar que tudo aquilo era verdade. O homem que eu tinha confiado, estava
apenas cumprindo um papel em um jogo cruel e egoísta. Eu me senti enganada, traída, e a raiva
crescendo dentro de mim era avassaladora.
Meus olhos encontraram os dela, procurando qualquer sinal de negação, de uma mentira
nas palavras de Brace, mas o vazio em seu olhar confirmou o meu pior pesadelo.

Brace se aproximou, seu sorriso sarcástico pairando em seu rosto.

— Deve estar se perguntando, o que eles ganhariam com isso, mas tenho certeza de que,
no fundo, você sabe, afinal, é o que todos querem, o seu sangue, o poder que você tem, você é
uma arma, por isso, todos querem te usar. No fundo, eu sinto pena de você, o que é cômico. Se
apaixonar pelo homem que está apenas te usando, mas foi uma ótima ideia, tenho que admitir,
afinal, eles precisavam que você ficasse quieta, presa naquele lugar, o que melhor do que você se
apaixonar por ele, tudo que ele falava no final, você fazia, uma tola apaixonada, era assim que
muitos de nós te chamava.
Eu dei um passo para trás, a minha visão se nublou com as lágrimas que caíram sem parar,
o Derek me usou. Doía tanto que por um momento eu pensei que iria cair de joelhos naquele
chão.

Brace se aproximou de mim, eu estava tão quebrada, que não percebi até que já era tarde.
Ela se aproximou balançando a cabeça para o que via, era como se estivesse falando sem
palavras: ... — como uma pessoa pode ser tão patética, por se apaixonar por alguém assim?

— Por isso eu achei justo trocar a sua vida pela do meu irmão.

Eu a encarei no mesmo momento, eu ouço dois barulhos altos em seguida, já ouvi tanto
esses barulhos que já estava acostumada.
A minha garganta ficou seca quando eu percebi o que ela havia feito, abaixei o olhar e
vejo a arma que ainda estava apontada para a minha barriga, dei um passo para trás, sentindo as
pernas fraquejando, Brace respirava com intensidade, ela atirou em mim, a constatação desse
fato me fez ficar com medo, coloquei a minha mão no lugar e sinto o sangue encharcando a
minha blusa.

— Eu nunca gostei de você, e você sabe disso, mas quero que saiba que não tenho nada
contra você, era apenas a sua vida, ou a do meu irmão, e para mim, a única pessoa que realmente
importa neste mundo é ele.
Uma intensa dor percorreu meu corpo, meu coração batendo acelerado enquanto eu
tentava processar o que acabara de acontecer. O sangue escorria da minha barriga, manchando
cada vez mais minha roupa. Minhas pernas perderam toda a força, e eu caí de joelhos, a dor se
espalhando por todo meu ser.

Os olhos de Brace cintilavam com um misto de triunfo e indiferença. Ela havia escolhido
o irmão dela em vez de mim, e agora eu estava pagando o preço. Sentia a dor pelo meu corpo a
cada batimento cardíaco, cada respiração ficando mais difícil.
Eu apontei a minha arma em sua direção e apertei o gatilho sem pena alguma, mas nada
aconteceu, eu tentei novamente, e novamente, Brace me encarava.

— Você achou mesmo que eu iria te dar uma arma normal? Como eu te disse antes,
Vitória, você é muito inocente.
Minhas mãos começaram a tremer, e a mesma corrente elétrica conhecida por mim, passou
pelo meu corpo, e de repente a Brace foi jogada contra a parede que estava atrás dela, caindo no
chão, vejo sangue saindo do seu nariz e da sua boca, eu fui dando passos até conseguir sair
daquela casa, a minha visão estava ficando escura, as minhas pernas fracas demais, mas eu
precisava tentar, precisava tentar fugir novamente, ela me vendeu para o Damon, tenho certeza
que ele deve estar chegando, segurei em uma árvore sentindo que ia cair a qualquer instante,
mesmo fraca, tentei chamar aquele poder dentro de mim, mas não consegui, tinha conseguido
entrar na floresta, sentia a minha roupa ficando mais molhada a cada passo que eu dava.

Mesmo com a minha mão no local, tentando estancar o sangramento, mas falhando
miseravelmente. Eu continuei lutando, forçando meu corpo cansado a se mover.

Cada passo era uma batalha, mas eu não podia desistir. A adrenalina corria através das
minhas veias, me dando forças temporárias para continuar.
Eu sabia que meu tempo estava se esgotando. Damon estava se aproximando, seu olhar
cruel e ameaçador pairando sobre mim. Eu sabia que se ele me alcançasse, seria o fim. Eu tinha
que ser mais rápida, mais astuta.

Os sons da floresta ecoavam ao meu redor, me deixando ainda mais nervosa. A cada
passo, eu esperava ouvir a voz de Damon me chamando, suas risadas sinistras me perseguindo.
Mas eu me concentrei em seguir em frente, ignorando o medo que me consumia.
Eu precisava continuar meu caminho, mesmo que meu corpo estivesse desmoronando.
Com uma última olhada para trás, reuni toda a coragem dentro de mim e continuei minha fuga.

Eu sabia que minha tarefa seria difícil, que minhas chances de sobrevivência eram
mínimas. Mas eu tinha que tentar. Eu não podia permitir que Damon me controlasse.

Me aproximei de uma grande árvore, dava para ver as raízes saindo da terra, fui em sua
direção e me sentei, eu não conseguia mais andar, as minhas mãos tremiam, estava sentindo tanto
frio, mas tanto frio, a dor dilacerava o meu corpo, fechei os olhos tentando não gritar, eu fui
usada novamente, o meu coração doía tanto, mais tanto, as lágrimas saíam e saíam, mais uma vez
eu fui usada, mais uma vez eu fui idiota, eu só queria que isso acabasse, já não estava mais
conseguindo suportar a dor de estar neste mundo, eu só queria que acabasse, queria ver a minha
mãe, eu queria ver a minha amiga, se eu morresse agora, não vou mais sentir dor, se eu morresse
ninguém nunca mais me machucaria.

Ouço um barulho de um galho se quebrando, quando abri os olhos eu o vejo, ainda andava
com a mesma graça que me lembrava, aqueles olhos azuis me encarando, ele não tinha um
sorriso, nos lábios, como eu imaginava que teria, a minha respiração estava tão fraca, ele se
aproximou se abaixando para ficar na mesma altura que eu.
Damon levantou a sua mão e passou pelo meu rosto, eu não queria que ele me tocasse,
mas não tinha forças suficientes para impedi-lo.

— Você não faz ideia de como eu te procurei, você não imagina o que fiz para finalmente
tê-la novamente.
O meu peito subia e descia devagar.

Damon olhou para a minha barriga, e em seguida retirou a minha mão que estava em cima
do ferimento sem dificuldade nenhuma.

Ele balançou a cabeça ao me encarar.

E de repente eu sinto uma dor dilacerando carne e músculo, abaixei a cabeça e o vejo
enfiando os dedos no local que levei os tiros, gritei sentindo que iria morrer a qualquer momento,
olhei para ele que segurava duas balas na mão, as balas que estavam dentro de mim.

Não estava mais suportando ficar com os olhos abertos, ia desmaiar a qualquer momento,
até que ele se aproximou de mim com uma seringa nas mãos, se aproximou do meu pescoço e
inseriu, sinto algo gelado, Damon aproveitou que estava perto para sussurrar no meu ouvido.
— Este é o presente do seu pai.

Eu queria gritar, queria tentar lutar, mais uma vez tentei usar o poder que eu sabia que se
escondia em algum lugar dentro de mim, mas dessa vez nada, nenhum tremor, era como se ele
não existisse, e com isso, eu sucumbi à escuridão, mas estranhamente, sentindo um calor
envolvendo todo o meu corpo.
Capítulo 29
Me sentia estranhamente bem, não sentia dor alguma, me movimentei sentindo um calor
envolvendo o meu corpo, abri os olhos devagar e estava escuro, tornei a fechá-los, ouvindo o
som, de um coração, um pequeno sorriso estava nos meus lábios quando percebi onde estava,
envolvi a cintura do Derek devagar, sentindo o seu corpo abaixo do meu, tinha um pequeno
sorriso nos meus lábios, quando ele passou a mão pelos meus cabelos delicadamente, foi apenas
um pesadelo, apenas mais um pesadelo, nada daquilo tinha acontecido.
— Está gostando? — Ouço uma voz grossa.

O meu corpo ficou rígido, as minhas mãos tremeram de medo, um medo cru, eu sentia
meu coração acelerando quando reconheci aquela voz.
Em um pulo, saí daquela cama o mais rápido que eu conseguia, uma luz forte foi acessa,
as minhas pernas tremeram quando eu percebi onde estava, aquele cheiro, aquele lugar, olhei
para a minha frente e vejo o Damon, deitado na cama, a sua blusa social preta aberta, olhando
para mim, os meus olhos se encheram de lágrimas quando finalmente a ficha caiu, eu estava aqui
novamente, estava naquele maldito quarto novamente, com o demônio olhando para mim.

Meu coração disparou e o pânico tomou conta de mim. Eu sabia que não poderia fugir,
estava presa novamente naquele lugar horrível, com aquele vampiro que me causava tanto terror.
Lutando para controlar minha respiração acelerada, olhei ao redor do quarto em busca de
uma rota de fuga. As paredes pareciam se fechar sobre mim, as memórias dos momentos que
passei aqui voltando à tona.

Eu queria gritar, pedir ajuda, mas sabia que ninguém viria. Este era meu inferno particular,
onde eu era a única vítima.

Meu peito subia e descia rapidamente, chamei o poder, fiz de tudo para tê-lo de novo nas
minhas mãos, com ele eu poderia sair daquele lugar, com ele eu poderia lutar, mas nada
aconteceu, absolutamente nada.
Engoli em seco ao ver o Damon se levantando e ficando na minha frente, dei um passo
para trás, não suportando ficar perto dele.

— Se você está tentando usar os seus poderes. Eu sinto muito, mas isso será impossível,
você se lembra do que sussurrei no seu ouvido, antes que você desmaiasse? — Eu me lembrava,
mas não queria acreditar. Não, não poderia ser verdade. — O seu pai e um ótimo cientista
Vitória, eu tenho que admitir, porque se não fosse por ele, você poderia estar destruindo este
castelo para poder escapar novamente, mas graças a droga que injetei no seu pescoço há dois
dias atrás, isso não vai acontecer, você não poderá usar os seus poderes.

O encarei, não podia ser, não podia ser, as lágrimas rolaram pelo meu rosto.

Ele deu um passo ficando na minha frente, o encarei sentindo o ódio dominando cada
parte do meu corpo, e de repente levantei a minha mão e dei um tapa com toda a minha força no
seu rosto, Danon não se moveu um milímetro sequer. Pelo contrário, ele tinha um pequeno
sorriso. Aquele maldito sorriso!
— Eu acho que merecia isso, não é mesmo?

O meu coração acelerou.

— A única coisa que você merece é morrer!


Damon sorriu passando a mão pelo meu rosto.

— Você não tem ideia de como eu senti falta da sua voz — Ele acariciava o meu rosto,
virei o rosto tentando fazer com que ele parasse. — Minha pequena e doce Vitória.
— Vai se foder, eu não sou sua!

Damon ainda tinha um sorriso no rosto quando respondeu.

— Parece que você aprendeu palavras novas no seu tempo com a resistência, não é
mesmo? — Ele se aproximou segurando a minha cintura.
Com raiva e desespero, eu tentei me soltar dos braços de Damon, mas ele era muito mais
forte do que eu. Seu aperto ao redor da minha cintura era intenso, e eu podia sentir sua respiração
quente perto do meu ouvido.

— Oh, minha doce Vitória, você sempre foi minha e sempre será — ele sussurrou, sua voz
carregada de um misto de desprezo e obsessão.
Me senti impotente diante da situação, lutando contra as lágrimas que ameaçavam escapar.
Eu não podia acreditar que estava passando por isso novamente, nas mãos desse monstro.

— Você é doente! — Gritei, minha voz carregada de indignação. — Você nunca vai
controlar a minha vida!

Damon soltou uma risada fria e cruel, seu rosto se aproximando ainda mais do meu.
— Mas eu já controlo, minha querida. Você é minha.

A revolta dentro de mim crescia cada vez mais.


Eu não deixaria que ele me quebrasse, que me tornasse uma vítima indefesa novamente.
Eu precisava encontrar uma maneira de sobreviver, de escapar dessa prisão mental.

Ele se afastou, como se não pudesse ficar muito tempo perto de mim, mas naquele
momento eu me lembrei do meu amigo, e engolindo o meu orgulho, perguntei.
— O Léo está bem? — Eu precisava saber se ele estava bem.

— Você não mudou nada, continua se preocupando com as outras pessoas, — Ele me
encarou de cima a baixo. — Acho que você já tem problemas o suficiente.

Engoli em seco sentindo os meus olhos arderem.


— Mas se isso vai fazer você se sentir melhor, irei te responder. Sim, Vitória, aquele
garoto está bem, provavelmente deva estar com a irmã neste momento.

Brace! Veio a imagem dela no chão, o sangue saindo da sua boca, e do seu nariz. Será que
eu a matei?!
— Salvei aquela garota, se essa também é a sua preocupação, não poderia deixar aquele
garoto sem ninguém, afinal, eu tenho um coração muito bom.

A ironia na sua voz fazia com que o ódio aumentasse.

— Qual é o seu plano? Usar o meu sangue para fazer um exército como você? O que você
quer? — A minha garganta estava doendo.
— Um exército? — Ele perguntou olhando para mim, Damon balançou a cabeça como se
estivesse se sentindo ofendido pela minha pergunta. — Você acha mesmo que eu daria esse
poder para outro vampiro? Eu nunca tive isso em mente.

— Então o que você quer de mim? — Damon observava atentamente quando eu falava.
— O que você acha que eu quero de você? — Ele perguntou.

— O que mais? O meu sangue, sempre foi esse maldito sangue, ou você acha que o
desgraçado do Daniel veio apenas para me conhecer?

— Eu não quero o seu sangue, na verdade, eu não preciso mais dele, ou ainda não
percebeu, que estou muito mais forte do que da última vez que nos encontramos. — Observei o
seu corpo, ele estava mais forte com toda a certeza, os seus olhos com aquela cor azul, era como
um lembrete do que ele era agora — Não me coloque como tolo Vitória, eu sei muito bem o que
o seu pai quer, mas no momento eu preciso dele.
Dei um passo em sua direção, o meu rosto vermelho de raiva, apertando uma mão em
punho, sentindo o ódio me dominando.
— Ele não é o meu pai! — Afirmei apertando a mão ainda mais. Sentindo as minhas
unhas machucando a carne.

— Você sabe muito bem que ele é o seu pai, ou a sua mãe se enganou ao narrar aquela
carta?
Eu fiquei em choque no momento que ele falou da carta, estava tão desesperada, que
esqueci da carta, olhei as minhas roupas, e vejo que estou com aquele maldito vestido branco, as
roupas que eu estava usando tinham sumido. Levantei o olhar encarando o Damon, que
permanecia no mesmo lugar apenas observando.

— Onde está a carta? — Ele não respondeu, segurei na sua camisa apertando aquela peça
de roupa, só imaginando como seria se fosse o seu pescoço, Damon levantou uma sobrancelha
com desinteresse ao retirar a minha mão da sua camisa.
— Não precisamos de violência, não é mesmo? Achou que eu tinha roubado, algo como
uma carta? Você é mais inteligente que isso.

Damon colocou uma mão dentro do bolso da calça que estava usando e retirou a carta de
dentro, me entregando, segurei aquele pedaço de papel, o meu coração se acalmando.

— Eu não quero que fique triste, você ainda não percebeu, eu estou apenas te protegendo.
Era muita cara de pau para um monstro como ele.

— Me protegendo? Isso só pode ser piada, você nunca me protegeu, apenas me quer por
perto, porque sabe muito bem o que poderia acontecer se outro vampiro tivesse o meu sangue,
você só está me mantendo presa ao seu lado por este motivo, não me faça rir, nós dois sabemos a
verdade.
— A sua afirmação não é de toda mentira, tenho que admitir, mas me diga, quem além de
mim, poderia te manter em segurança? — Eu não respondi, e ele sorriu. — O lixo da resistência,
eu tenho certeza que não.

Só de lembrar da resistência, de tudo que aconteceu, das palavras da Brace, fazia com que
tudo voltasse com força, o sentimento de desespero e decepção por ser usada novamente.

— Acho melhor você descansar um pouco, continua pálida pela perda de sangue, eu venho
te ver mais tarde, tenho muita coisa para resolver.
Ele estava quase chegando na porta quando eu falei.

— Me esqueci que agora você não é mais um príncipe, agora você é um rei.
Damon se virou em minha direção.

— Sim, agora eu sou o rei, graças a você. — E saiu me deixando com mais ódio.

Desgraçado! O que eu vou fazer? A minha garganta se fechou, e as lágrimas que eu estava
segurando transbordaram em meus olhos, me sentei na poltrona, a mesma poltrona que
costumava me sentar há três meses, mas que agora parecia que foi em outra vida, abracei as
minhas pernas sentindo o peso de tudo que estava acontecendo.
Eu estava presa novamente, mas uma pergunta rodeava a minha mente, alguma vez na
minha vida eu fui livre? E a resposta veio logo em seguida.
Não!
Capítulo 30
As palavras da Brace ainda estavam frescas na minha memória, por que eu acredito nas
pessoas? Porque eu sempre sou idiota ao ponto de acreditar que realmente alguém poderia gostar
de mim.
Burra!... Burra! Apenas burra!

Não me levantei, fiquei naquela poltrona por tanto tempo que não fazia ideia, algo ficava
se repetindo a cada instante; o que eu ia fazer? Fugir? Tentar fugir..., mas para onde eu iria? Eu
não tenho para onde ir, não tenho nada, a esperança estava caindo das minhas mãos como se
fosse areia e infelizmente, o tempo estava acabando, como o pouco de areia que ainda tinha.
A porta se abriu, não precisei virar o rosto para saber quem era, provavelmente era o
miserável do Damon.

— Você não se levantou desde o momento que eu saí? — Ele perguntou.


Não falei, o miserável!

— É o que parece, não é mesmo? — Queria apenas ficar quieta no meu canto, somente
isso, mas eu sabia que ele não iria deixar.

— Se vista com algo que você queira, hoje você vai jantar comigo.
Não levantei a cabeça. Fiquei na mesma posição.

— Não, muita obrigada! Dispenso. — Abracei ainda mais as minhas pernas, com força.
— A sua convivência com aqueles rebeldes mexeu com a sua cabeça, ou se esqueceu, eu
não peço as coisas, eu apenas ordeno que os façam.

Já cansada de ficar na mesma posição, me sentei direito, o observei, mas não fazendo
questão de me levantar.
— E você já devia ter percebido que não sou muito boa em receber ordens. — Suspirei
ainda o encarando. — Estou pouco me fodendo para o que você quer, ou deixa de querer.

Ele se aproximou.
— Eu sei, isso é uma das coisas que eu gosto de você, principalmente essa língua atrevida
que você tem. — Um pequeno sorriso ainda estava nos seus lábios. — Tinha até me esquecido
de como você adora me desobedecer.

— Eu não consigo nem olhar para você, a minha única vontade é te matar. — Afirmei.
Damon se aproximou rapidamente, segurou meu braço com força me fazendo levantar, ele
estava perto demais, o meu peito subia e descia.

— Eu já te falei isso, mas vou repetir, vista alguma coisa, iremos sair daqui a vinte
minutos. — Não respondi, ele se aproximou a centímetros do meu rosto. — Ou se preferir, eu
posso te vestir, eu adoraria fazer isso.

Senti o ódio se espalhar dentro de mim diante das palavras dele. Minha vontade de lutar
contra ele só aumentava a cada segundo.
— Nunca! Nunca irei me submeter só porque você quer, se você pensou por um minuto
sequer que eu faria o que você quisesse, está completamente enganado.

Damon sorriu de forma maquiavélica e soltou uma risada arrogante.


— Oh, minha querida, você pensa que tem escolha? Você está comigo novamente, e farei
o que quiser com você.

Minhas mãos tremiam de raiva enquanto eu o encarava intensamente.

— Você não é dono de ninguém! Você é um ser desprezível que não merece nem o ar que
respira!

Damon se aproximou de mim, segurou a minha cintura encostando o seu corpo no meu, o
seu cheiro invadiu todo o meu espaço, tentei respirar, mas com ele tão perto era quase
impossível. Ele sorriu ao perceber como o meu rosto estava vermelho, o que me fez apertar os
dentes uns nos outros.

— Você está bastante insolente, minha doce Vitória.


Com todas as forças que me restavam, eu levantei meu joelho e acertei no meio das pernas
de Damon. Ele soltou um gemido de dor e enfraqueceu um pouco o aperto na minha cintura.

Aproveitando o momento de distração, consegui me soltar de suas mãos e comecei a ir em


direção do closet.

Eu o ouvi xingando e gemendo baixo.


Sabia que o que eu tinha acabado de fazer, provavelmente não ficaria assim, mas já estava
sem paciência, todas às vezes que ele se aproximou de mim, veio com aquele maldito sorriso,
talvez agora ele entenda que não vou mais me submeter ao que ele quer.

Desgraçado! Fui até o closet e me surpreendi ao ver várias e várias roupas femininas no
local, tinha vestidos e mais vestidos, ignorei essa parte e procurei algo mais confortável, achei
uma calça preta, uma regata e o único par de tênis que tinha naquele lugar. Achei logo em
seguida peças íntimas, só de imaginar que foi ele que escolheu essas coisas o ódio domina mais
uma vez. Me amaldiçoando por não colocar mais força na joelhada que dei nele.
Ao sair de lá, Damon ainda estava no quarto, o ignorei indo até o banheiro e trancando a
porta, eu sabia que isso não impediria se ele quisesse entrar, mas por mais inútil que fosse, eu me
sentia mais segura com esse gesto, me aproximei do grande espelho que tinha aqui, ao me
observar no espelho, eu vejo a garota que estava me encarando do outro lado, o meu rosto estava
pálido, e os olhos vermelhos, eu suspirei já cansada de tudo isso, era como se tivesse um buraco
dentro do meu peito, a cada segundo os meus olhos se enchiam de lágrimas, mas já estava
cansada de chorar, eu estava realmente cansada de tudo.

Vesti aquela roupa, e me senti um pouco melhor, era engraçado de se pensar que apenas
uma calça ia fazer com que o meu humor mudasse um pouco, me sentia mais à vontade, me
sentia mais protegida, eu sei que era algo inútil, mas era assim que me sentia, lavei o meu rosto,
a água mais fria do que imaginei, limpei o rosto e saí daquele banheiro.
Ele ainda estava no mesmo lugar, me esperando, Damon me encarou de cima a baixo.

— Escolha interessante de roupa.

— Esperava que eu fosse me vestir como uma boneca?


Damon se aproximou segurando a minha mão, virei o rosto para o outro lado, ele apertou a
sua mão na minha e saímos do quarto, o lugar permanecia o mesmo, não tinha mudado nada. Os
corredores estavam vazios.

— Eu não espero que você se vista como uma boneca para mim, na verdade, pouco me
importo com o que você veste Vitória.
Um pequeno sorriso de escárnio apareceu no meu rosto.

— Engraçado, me lembro muito bem das roupas que você me obrigava a usar.

— Aquelas roupas eram necessárias, principalmente naquela época.


— Necessárias? Com certeza era necessário colocar uma roupa na sua escrava, a deixando
praticamente nua para que todos a observassem, não é mesmo?

Ele sorriu.
— Todas as garotas vestiam bem menos roupas do que você naquela época, acho que você
deveria me agradecer por ser melhor do que os outros, você não acha?

Desgraçado! Demônio!
— Você deveria me agradecer por não ter te matado, essa é a verdade. — Afirmei.

Ouço o som daquele sorriso com deboche vindo dele.


— Acho que você esqueceu das minhas palavras naquela época, mas vou refrescar a sua
memória, você é inútil demais para conseguir isso, me diga, em três meses que você teve a sua
tão esperada liberdade, o que você fez em relação ao poder extraordinário que possui?

Eu não respondi, sinto um calor subindo pelo meu pescoço.


— Como eu disse... inútil, e muito burra, você quer tanto parecer normal que esqueceu que
não é, você nunca foi normal, e nunca vai ser, se você começasse a colocar isso nessa cabeça,
talvez não estaria novamente nessa situação. Não adianta uma pessoa ter poder, se ela é inútil
demais para usar.

A minha garganta se fechou com o seu comentário, sinto as minhas mãos tremendo de
ódio.

— Apenas um poder extraordinário desperdiçado, em uma garota inútil e burra.


Ele provocou mais uma vez.

— Você deveria agradecer, se eu tivesse controle deste poder que você tanto fala, você já
estaria morto há muito tempo.
Paramos em frente a uma porta, ele se virou para mim, os seus olhos brilhando por saber
que tinha conseguido tirar o pouco de paciência que ainda me restava.

— Sim, eu estaria, mas isso não aconteceu, e você está aqui novamente, ao meu lado,
como no início. — Ele se aproximou do meu ouvido. — Não ache que esqueci o que aconteceu
naquele quarto, isso vai ter volta.

A porta se abriu e entramos, o meu coração ainda acelerado pelas suas palavras, eu estava
sentindo ódio, um ódio que fazia todo o meu corpo vibrar, mas, no fundo, mesmo não admitindo,
eu sabia que aquele demônio estava certo.
Capítulo 31
O salão estava do mesmo jeito que eu me lembrava, quando eu pisei os meus pés pela
primeira vez neste castelo, o local que aquela vampira me deu de presente para ele, era como se
estivesse acontecendo um flashback na minha frente, as meninas do meu lado, o medo do que ia
acontecer, as palavras de alerta da Sarah, só de lembrar da minha amiga, só de lembrar do seu
rosto gentil, e logo em seguida, do seu rosto todo machucado naquele salão, balancei a cabeça
tentando não pensar naquela cena.
Uma mesa estava impecavelmente arrumada com uma variedade de pratos diferentes em
cima, vejo dois guardas no canto, olhando para nós, não tinha mais ninguém aqui, Damon ainda
segurava a minha mão, me levando até mais próximo à mesa, e de repente a porta se abriu, vejo
dois homens se aproximando, o primeiro parecia jovem, era como se tivesse uns dezenove anos,
ele me encarou com interesse, mas o que mais chamou atenção, foram seus cabelos, sinto uma
pressão no estômago ao perceber, o seu cabelo era branco, era igual ao do Damon, o outro
homem era mais alto, ele se aproximava lentamente, seus olhos em momento nenhum se
desviaram de mim, era como se ele quisesse gravar o que via na mente, cada detalhe, eles se
aproximaram, ficando na nossa frente.

— Acho que você já percebeu quem é esse. — Era o irmão do Damon, dava para ver a
semelhança entre eles, mas o que estava me deixando curiosa, era o motivo dele estar aqui, se
não me engano ele estava em um lugar bem longe.
Ele se aproximou pegando na minha mão, eu senti o frio do seu toque quando ele levou a
minha mão aos lábios e a beijou, sem tirar os olhos de mim.

— É um verdadeiro prazer, finalmente te conhecer Vitória, meu nome é Alastor, como


deve ter percebido, sou o segundo príncipe.
Não falei nada, ali, diante de mim, estava mais um membro dessa família maldita, se ele
estivesse naquele salão há três meses, provavelmente agora seria apenas pó, que pena que ele não
estava.
O outro homem me encarava tão intensamente, que aquilo já estava me deixando
desconfortável, era um olhar tão estranho que causava arrepios por todo o meu corpo.

Ouço a voz do Damon ao meu lado.


— Você não reconheceu a semelhança? — Ele perguntou, mas não respondi, que
semelhança esse infeliz estava falando. — Este é Daniel Vitória, o seu pai.

As minhas pernas falharam assim que essas palavras saíram da boca do Damon, e tudo que
estava escrito naquela carta, passou pela minha cabeça, tudo que ele fez para minha mãe, avancei
em sua direção querendo matá-lo, mas o Damon segurou na minha cintura, me impedindo de
chegar até ele, eu xingava, esperneava tentando me soltar, o meu peito subia e descia tão
rapidamente, eu só queria matá-lo.
— Acho que não vou receber um abraço da minha filha, pelo que estou vendo.

Ele falou calmo como se não estivesse vendo meu ataque de fúria, tentando me aproximar
dele.

— Seu desgraçado! Eu te odeio, eu vou te matar, eu juro! Eu vou te matar!


Gritei as palavras em sua direção, o irmão do Damon permaneceu quieto, apenas
observando a cena se desenrolar na sua frente.

— Qual o motivo dessas palavras, filha! Você deveria me agradecer, é linda, e ainda tem
um poder incrível, graças a mim.
— Eu não sou a sua filha! Seu desgraçado, eu nunca fui sua filha. Você enganou a minha
mãe, a usou para o seu plano, seu infeliz!

Ele teve a coragem de me encarar como se estivesse ofendido com as minhas palavras.
Miserável!

— Eu nunca usei a sua mãe, ela me amava. — Ele falava calmamente como se estivesse
falando com uma criança.

Isso já era demais!

— Ela foi enganada por você! — A minha garganta já ardendo de tanto gritar. — Me solta
Damon! — Tentei tirar as mãos do Damon da minha cintura, mas não consegui, ele era forte
demais.
— Se eu te soltar, o que você acha que vai fazer? — Ouço a sua voz no meu ouvido.

— Eu vou matá-lo. — Afirmei, tentando me soltar novamente.

— Acho que já tivemos essa conversa, você não consegue matar ninguém, e isso é apenas
culpa sua. Não irei terminar algo que você começou, só porque você não tem capacidade
suficiente para terminar.
Eu parei de tentar tirar os braços do Damon da minha cintura, a minha respiração foi se
normalizado, quem eu estava querendo enganar, eu não iria conseguir nem chegar perto dele, não
iria conseguir fazer nada. Ele estava certo.

— Assim está melhor. — Damon falou e logo em seguida me soltou.


— Nossa! — O irmão do Damon falou animado. — Que encontro interessante. O que
vocês acham de começarmos a comer agora, eu estou morrendo de fome.

Não respondi, eu não estava conseguindo pensar direito, Damon se sentou na ponta da
mesa, me fazendo sentar do seu lado, eles começaram a comer e a conversar entre si, eu fiquei
em silêncio, só queria que aquilo acabasse para que eu pudesse sair daquele lugar o mais rápido
possível, não toquei na comida, não consegui comer nada, só de saber que ele estava naquele
lugar, sentado na mesma mesa que eu, a poucos passos de distância, e não poder fazer nada, eu
não podia fazer nada, o meu poder sumiu, eu nunca me senti mais inútil do que naquele
momento.
Me desculpa mãe! Essas palavras se repetiram na minha mente durante todo o tempo que
permaneci naquele lugar.

Ao chegar no quarto, me deitei na cama sentindo o meu corpo doendo, me cobri ficando
quieta no meu lugar, sem mover um músculo sequer. Ouço o barulho do meu lado, no momento
que Damon também se deitou.

— Por que você o mantém aqui? — A minha voz era baixa.


— Ainda preciso dele, esse é o motivo.

Eu queria sorrir.
— Você leu a carta, sabe muito bem o que ele queria, e está dando isso a ele.

Ouço o barulho do seu corpo se mexendo no colchão, sinto o calor do seu corpo contra as
minhas costas, Damon estava perto demais de mim, e quando ele segurou no meu ombro me
fazendo virar em sua direção, encarei o seu rosto próximo do meu.

Damon me encarava, levantou a mão tocando o meu rosto, o meu coração acelerou.
— Você sabe muito bem que não vou deixar ninguém te tocar, ele está me sendo útil, no
momento que ele deixar de ser, ele estará morto.

Sua respiração se chocou com a minha. Eu não acreditava em uma única palavra vinda
dele.
Me virei novamente para o outro lado, eu não queria olhar para o seu rosto.
Capítulo 32
Já se passaram uma semana desde que tive aquele encontro com Daniel, mas depois
daquele dia eu não o vi novamente, estava sentada do lado da fonte naquele jardim que eu
conhecia muito bem, observava a água cristalina, me perguntava onde estavam as garotas que
também eram mantidas aqui, sabia que a única pessoa que teria essas respostas, era o Damon,
mas também sabia que não poderia confiar nessas respostas vinda dele.
Olhei para o céu, o sol estava no alto, brilhando interessante, fechei os meus olhos
sentindo o calor no meu corpo, tudo aqui me fazia lembrar da Sarah, e infelizmente do Derek, eu
prometi para mim mesma que não ia ficar me lembrando dele, chorei tanto naquele banheiro, me
torturando por ser tão idiota, que aos poucos não conseguia mais chorar.

Ouço passos, abri os olhos e vejo o Damon andando em minha direção, o sol iluminando
cada passo que ele dava, ainda parecia mentira, por minha culpa ele podia andar livremente sobre
a luz do sol.
Ele parou na minha frente me encarando.

— Se levanta, você vai a um lugar comigo.


Estranhei, desde que ele conseguiu me trazer novamente, não saí deste castelo, não
questionei, apenas me levantei o acompanhando.

Passamos pelos corredores infinitos do castelo, até que estávamos em um lugar escuro,
Damon acendeu a luz revelando o local, era uma garagem, tinha vários carros no local, Damon
andou em direção a um deles, parou e me observou.

— Entre. — Ele ordenou, apenas obedeci, entrando no carro e me sentando.


Ele deu a volta e se sentou, ligou o carro e saiu, o carro se movimentava pela garagem até
que saímos, o sol estava forte, passando por um lugar com bastante árvores, por uns dez minutos,
nada da cidade, era como outra rota que não precisava passar pela cidade.
Não questionei o local que ele estava me levando, eu não estava mais cercada pelas
paredes do castelo, e isso me dava uma falsa sensação de liberdade.

Ele dirigia em silêncio total, observava a paisagem por onde passávamos, já estávamos
naquele carro por muito tempo, até que paramos em um lugar com grandes árvores.
Damon abriu a porta e saiu, eu fiz o mesmo, andei ao seu lado até pararmos em um lugar
que tinha uma grande árvore de cerejeiras, a árvore estava cheia de flores, as pétalas caiam
quando o vento batia, eu sentia o cheiro doce do perfume das flores, perto do tronco da árvore
tinha um pequeno banco de madeira, tudo isso era bastante estranho, porque ele iria me trazer em
um local como esse.

Minhas respostas foram respondidas quando me aproximei mais um pouco e vejo duas
lápides, uma ao lado da outra, o meu peito doía no momento que li o que estava escrito, os meus
olhos estavam cheios de lágrimas, em uma estava escrito o nome da minha mãe, e na outra o da
minha amiga, senti as minhas pernas falhando, era o túmulo delas. Olhei para o Damon que
permanecia do meu lado, a minha visão já completamente nublada, pelas lágrimas.
— Eu achei que você gostaria de ter um lugar calmo para conversar com a sua amiga e sua
mãe, por isso eu peguei os corpos delas e enterrei neste local.

O meu peito doeu, dei uns passos ficando na frente das duas lápides.

— Você conseguiu o corpo da minha mãe. — A minha voz falhou, eu sabia que o corpo
da Sarah tinha ficado no chão em frente àquele maldito trono, mas o da minha mãe, o da minha
mãe tinha ficado naquele lugar, quando tentamos fugir.
— Sim, Vitória, eu peguei o corpo da sua mãe e enterrei, todos merecem ter um lugar
digno para o seu descanso eterno.

Eu não respondi, as lágrimas molhavam o meu rosto, eu sentia uma pressão tão forte no
meu peito, eu odiava saber que ela não teve um enterro decente, eu pensei que o corpo da minha
mãe estaria em alguma vala qualquer.
— Te deixarei sozinha, estarei no carro. — E com isso ele saiu, não suportando o peso do
meu corpo, caí de joelhos diante das lápides das duas pessoas mais importantes da minha vida, e
ali, sentindo o cheiro das flores de cerejeiras, eu chorei.

Senti uma mistura de tristeza e raiva consumirem todo o meu ser. Fiquei ajoelhada ali,
diante das lápides, encarando os nomes de minha mãe e de Sofia gravados nelas, as lágrimas
descendo sem controle pelo meu rosto. Era uma dor insuportável, a sensação de que minha vida
estava desmoronando.

Minha mãe não merecia aquele fim. E Sarah, uma pessoa tão jovem e cheia de vida, não
deveria ter tido seu destino tragicamente interrompido.
Meu coração se partia em mil pedaços, sentia-me impotente diante de tudo aquilo.

Fiquei tanto tempo naquele lugar, eu chorei tanto, mas também sentia um alívio por ter um
lugar como esse, arranquei ramos da cerejeira e depositei nos túmulos da minha mãe e da minha
melhor amiga, quando saí daquele lugar eu prometi voltar novamente.

Entrei no carro e o Damon não falou nada, ele ligou o carro e saímos, voltando para o
castelo.
Ao chegar no quarto eu senti um alívio dentro do meu coração.

No dia seguinte vejo que o Damon entrou na biblioteca e ficou lá por um tempo, quando
ele saiu, já era quase seis horas, estava sentada no sofá com o livro que estava tentando ler há
uma semana, mas não conseguia prestar atenção na história.
Ele se aproximou ficando na minha frente, levantei a cabeça o encarando.

— Hoje terá um baile aqui no castelo, e você irá comigo. — Ele informou, apenas ignorei,
eu em um baile, parecia até piada

— Eu não irei a um baile, você pode ir, eu ficarei quieta aqui.


— Você vai comigo, pode ir tomar um banho, daqui à meia hora virão duas humanas para
te ajudar a se arrumar.

Ele deu as costas e saiu do quarto me deixando no mesmo lugar.


Eu sabia que nada do que eu falasse ia fazê-lo mudar de ideia, só de me imaginar em um
baile cheio de vampiros fazia o meu estômago embrulhar de nojo, deixei o livro em cima do sofá
e entrei no banheiro, sentindo o meu corpo pesado ao entrar debaixo do chuveiro, a água estava
quente, fiquei ali naquele lugar por muito tempo, quando saí do banho usando um roupão branco,
eu vejo duas mulheres paradas me encarando, elas eram humanas.

— Precisamos começar. — A mais velha falou me fazendo sentar na cadeira em frente a


um espelho, ela secava os meus cabelos, eu apenas deixei que fizesse o que queriam, a mais nova
passava algo nas minhas mãos e pernas, era algo com o cheiro doce, um óleo, a mais velha fazia
um penteado nos meus cabelos, fiquei parada só esperando que acabasse, quando ela terminou, a
mais nova começou a passar várias coisas no meu rosto, eu sabia que era maquiagem.

Quando elas terminaram, me ajudaram a vestir um vestido grande e preto.


Quando ela terminou de puxar as fitas do espartilho com força, me deixando quase sem ar,
me virei olhando para o espelho, a pessoa que refletia ali parada com o rosto levemente vermelho
não se parecia em nada comigo, elas tinham feito um penteado, uma trança em cima entrelaçada
aos meus cabelos com um fio dourado, com pérolas negras e brancas formando uma espécie de
tiara, deixando o restante do cabelo solto em cachos definidos, o meu rosto estava impecável,
uma sombra preta com pequenos pontos de dourado, a minha boca tinha um batom rosa-claro.

Tudo aquilo parecia algo surreal, o vestido preto tinha um espartilho que apertava
intensamente a minha cintura, o tecido preto da saia do vestido com pequenos cristais que
brilhavam a cada movimento que eu dava, uma fenda na lateral mostrando toda a minha perna
até o alto da minha coxa, ainda estava olhando para aquele reflexo, quando a moça mais nova
trouxe em suas mãos um par de sapatos, mas para minha surpresa, ele tinha um pequeno salto
quadrado, quando eu o coloquei, não me senti desconfortável ao andar.
Ainda estava em pé quando a porta se abriu e vi o Damon entrando, as duas mulheres
baixaram a cabeça e saíram em silêncio.

Ele se aproximou me encarando, eu continuava olhando para o espelho, Damon se


aproximou das minhas costas, observei o seu reflexo junto ao meu, Damon estava com uma
roupa toda preta, em cima da sua cabeça tinha uma coroa dourada, incrustada com pedras
vermelhas, o meu corpo se arrepiou no momento que ele aproximou a sua mão do meu pescoço,
colocando um colar com uma pequena pedra vermelha da mesma cor das que estavam na sua
coroa.

Ele terminou de colocar, os nossos olhares se encontraram no reflexo, sinto o meu pescoço
se esquentando a cada segundo

— Você está linda, incrivelmente linda. — Damon segurou no meu braço me fazendo
virar em sua direção.
Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Damon, com sua aura poderosa e
obscura. Seu toque no meu pescoço fez com que um arrepio percorrer todo o meu corpo. Era
como se aquele gesto tivesse um significado a mais, algo que eu não conseguia compreender
completamente.

Enquanto nossos olhares se encontravam no espelho, sentia a intensidade do momento.


Era como se houvesse uma conexão inexplicável entre nós. Algo que ia além das palavras, e
aquilo estava me deixando nervosa demais.

Quando Damon me puxou para virar em sua direção, senti uma mistura de emoções
tomando conta de mim. Meu coração batia mais rápido e uma sensação estranha no estômago me
invadia.
Sua voz rouca ecoou em meus ouvidos, fazendo com que eu me perdesse ainda mais em
seu olhar .

— Não saia do meu lado hoje à noite. — Aquelas palavras ecoaram em minha mente.
Capítulo 33
Meus passos falharam quando eu coloquei meus pés novamente na sala do trono, o lugar
estava mais iluminado do que imaginei, olhei para o teto e o vejo intacto, o lugar estava um
pouco diferente, minhas mãos tremeram me lembrando da última vez que estive aqui, as pessoas
se afastaram quando viram Damon entrando, os olhares na minha direção, os sussurros vindos de
todos os lugares, tinham várias pessoas e vampiros misturados na multidão.
Barulho de taças se misturava à melodia baixa que estava tocando.

Damon me levou para um lugar perto de onde estava tocando. Ele parou e se virou na
minha direção, o meu corpo tremeu quando ele colocou a sua mão na minha cintura fazendo o
meu corpo encostar no dele.
— O que você está fazendo? — Sussurrei tentando me afastar.

— Você vai dançar uma música comigo. — A sua mão ainda na minha cintura, me
mantendo no lugar.
— Vai sonhando, eu não sei dançar.

Ele sorriu.

— Basta me acompanhar Vitória, não é tão difícil assim.


— É difícil sim.

Os olhares de todos estavam em nós, ouço a melodia que recomeçou. Eu não sabia dançar,
não fazia ideia de como começar, esse infeliz deve estar louco.
Ele segurou na minha cintura com mais força, colocou a minha mão no seu ombro, A
outra ele segurou com força, o que estava acontecendo, não sabia o que fazer, Damon começou a
se movimentar quase me tirando do chão, ele se movimentava como se estivesse flutuando
naquele salão, tentei o meu melhor, estava tropeçando nos meus próprios pés, mas a mão dele na
minha cintura impedia que isso acontecesse.

Meu peito pulsava ao som daquela música, em algo que pensei que nunca iria fazer,
dançar com o Damon em um salão repleto de vampiros e humanos.
Enquanto Damon me conduzia pelo salão, eu me sentia completamente perdida e
desajeitada. Meus passos eram incertos, minhas pernas balançavam desengonçadas, mas ele
parecia não se importar. Sua expressão era tranquila, e eu podia ver a diversão em seu olhar. Ele
estava se divertindo, miserável! Respirei fundo tentando não tropeçar e cair de cara no chão,
mas, não sei explicar ao olhar para ele, por alguma razão tinha certeza que ele não me deixaria
cair.

Apesar da minha falta de habilidade, Damon continuou me guiando com paciência,


ajustando seu ritmo ao meu. Seus movimentos eram fluidos e graciosos, como se ele tivesse
nascido para dançar. Era quase surreal vê-lo flutuar pelo salão, como se estivesse em um lugar
totalmente único.
Enquanto lutava para acompanhar, percebi que a dança não se tratava apenas dos passos
certos. Era uma comunicação silenciosa entre dois corpos. Mas o que mais me deixava em
pânico era porque estava conectada a ele?

A música continuava a tocar, e eu podia sentir a energia de julgamento por todos. Os


olhares curiosos e surpresos.

Damon me girou com suavidade, fazendo-me sentir como se estivesse voando. Eu me


entreguei àquela dança improvável, com um companheiro que me causava medo.
Quando a música terminou, eu agradeci internamente, ouço o barulho dos vampiros conversando
entre si, Damon segurava na minha mão, eles olhavam para o Damon e eu pude perceber medo.

Damon continuava segurando minha mão com firmeza demonstrando sua presença ao meu lado.
Parecia que sua posição de liderança e poder causava desconforto e apreensão entre os presentes.
A tensão estava palpável no ar, e eu me sentia cada vez mais desconfortável.
Enquanto caminhavam em direção ao trono, minhas pernas tremiam e ameaçavam falhar a cada
passo. Eu sabia que aquele lugar representava autoridade. Mas a única coisa que eu sentia era
dor, eu não queria estar perto do lugar que a minha amiga morreu!

Lágrimas começaram a encher meus olhos, mas Damon continuou me segurando com firmeza.
Eu estava ao seu lado quando ele se sentou naquele trono maldito. Os olhares de todos no salão
estavam focados em nós, aumentando minha sensação de vulnerabilidade.

Engoli em seco, tentando controlar a inquietação e o medo que me consumiam. Eu era apenas
uma humana em meio a vampiros poderosos, que queriam apenas uma coisa, o sangue que corria
em minhas veias.
Olhando para todos naquele salão o meu único pensamento era como eu queria poder matar um
por um, não restando nenhum vampiro naquele lugar.
Olhei para o local onde a Sarah morreu, a cena dela caída no chão, o sangue ao seu redor,
tudo veio com força, a minha respiração ficou irregular, eu não estava mais suportando o próprio
peso do meu corpo, o meu coração estava acelerado, e de repente eu sinto a mão do Damon me
puxando, ele me sentou nas suas pernas, o encarei por um segundo, eu sabia que os meus olhos
estavam cheios de lágrimas, abaixei o olhar, mas a imagem da Sofia permaneceu na minha
frente, como se fosse um lembrete de mais uma coisa que perdi.

Senti a mão de Damon repousando no alto da minha coxa, a pressão era forte e dolorosa.
Um arrepio percorreu meu corpo com o contato daquela mão na minha pele, enquanto ele
apertava com força, senti a dor me fazendo estremecer.
Ainda com a respiração acelerada, eu lutava para permanecer controlada diante daquela
dor. Sabia que não podia demonstrar mais fraqueza perante todos daquele salão. A presença dos
vampiros, seus olhares curiosos e julgadores, só aumentava a pressão sobre mim.

Eu resistia, não apenas a dor física que a mão dele causava no meu corpo, mas também ao
ódio que me dominava. Naquele momento o meu corpo e mente eram testados ao limite. Seria
fácil ceder a fragilidade e ao desespero, mas eu me forçava a permanecer viva, para ter a minha
vingança.
O contato doloroso persistia, mas eu buscava uma maneira de me desconectar da dor
física. Olhei para o rosto do Damon. Seu olhar parecia carregar um misto de dureza e desafio,
como se quisesse testar minha resistência.

Engoli em seco, a dor de perder a minha melhor amiga estava no meu coração como se
fosse uma mancha, e está no local que ela foi morta, trazia tudo de volta, mas pode parecer
estranho, mas a dor que o Damon causava no meu corpo eu usei como uma corda, me segurei
naquela sensação de dor, era a melhor opção para não desabar perante todos.

Mantive minha postura ereta, meu olhar fixo à frente , ignorando os olhares ao meu redor.
Eu era mais forte do que aquele aperto, mais forte do que qualquer dor física que pudesse me
atingir. E ali, naquele momento, eu encontrei uma força interior que podia me ajudar a
concentrar o meu ódio e dor em um ponto específico no salão.
Enquanto o salão na minha frente estava cheio de movimento, no meu coração conviviam
com o ódio e o desespero. Eu via Daniel conversando despreocupadamente com o segundo
príncipe, como se não tivesse destruído a minha vida, eu queria matá-lo. O seu sorriso
despreocupado, ao erguer a taça em minha direção, despertou uma onda de raiva e tristeza
dentro de mim.

Apertei minha mão em punho, tentando controlar a minha frustração e dor. Meu coração
martelava no peito com tanta força que parecia que a qualquer momento ele fosse parar. Daniel
representava uma parte da minha vida que tinha sido arrancada de mim, e sua presença ali,
naquele salão, desencadeou lembranças dolorosas. Ele estava ali, enquanto a minha mãe tinha
morrido.
Desviei o olhar, procurando algum refúgio em meio ao caos emocional. Eu precisava
encontrar uma forma de lidar com tudo que estava dentro de mim, o ódio estava me consumindo.
Eu o odiava, queria matá-lo com as minhas próprias mãos, mas também sabia que não
conseguiria fazer isso naquele momento.

Eu apenas fingi, mantive minha postura firme, como se nada daquilo me afetasse. Mesmo
sabendo que tudo que eu queria era uma vontade silenciosa de buscar a minha vingança e
encontrar uma maneira de fazer com que se tornasse realidade, mesmo que para isso significasse
enfrentar um mundo repleto de vampiros querendo o meu sangue.

De repente, Damon se levantou, me fazendo acompanhá-lo, passamos por trás do trono, eu


não sabia que tinha uma porta naquele lugar, ele não falou nada, apenas mantinha a sua mão
segurando na minha a cada passo que eu dava, sentia a minha perna doendo do esforço que eu
estava fazendo, ele andava na frente, eu estava atrás, praticamente correndo para tentar
acompanhá-lo.

Até que chegamos no quarto, entramos, meu peito subia e descia pelo esforço de tentar
acompanhar Damon, ele me encarou.
Pensei que iria xingar, ou até mesmo fazer qualquer outra coisa, mas eu não estava
preparada para o que iria fazer, as minhas mãos tremeram no momento que ele se abaixou,
colocando um joelho no chão na minha frente, eu olhava para ele ajoelhado na minha frente, não
sabia o que fazer, não sabia o que falar, até que eu sinto a sua mão na minha perna, olhei para o
local que ele colocou a mão e vejo a minha pele em uma mistura de azul e roxo ao redor
vermelho, me lembrei dele apertando com força, para que eu prestasse atenção somente na dor
que ele causava, aquilo fez com que a imagem da Sofia morta na minha frente desaparecesse.

Um calor emanava da sua mão, naquele momento observei o quarto e depois Damon, que
ainda prestava atenção em me curar.
— Porque permaneceu neste quarto, se você se tornou rei? — Damon levantou a cabeça,
seus cabelos negros estavam jogados nos olhos, aqueles olhos incrivelmente azuis me
observavam, era como se ele pudesse ver a minha alma.

— Eu sabia que você não iria conseguir ficar no quarto do rei, por isso decidi permanecer
neste.

Damon se levantou ainda me encarando, o que estava acontecendo? Ele ficou neste quarto
porque sabia o que tinha acontecido com a minha amiga naquele quarto com o rei!
Essa constatação foi como um peso nos meus ombros, eu não estava conseguindo olhar
para ele, algo estava errado comigo, por que não estava conseguindo olhar para ele? O que estava
acontecendo comigo?

Damon segurou na minha cintura aproximando o meu corpo do dele, o seu corpo quente e
forte pressionado no meu, as minhas mãos tremiam no momento que ele colocou o meu cabelo
para trás, ele aproximou o seu rosto do meu pescoço, ele iria me morder? Desde o momento que
me trouxe para este lugar novamente, ele não tinha se alimentado, por um momento eu tinha me
esquecido deste detalhe, que idiota eu sou, a sua respiração no meu pescoço.
— O que você vai fazer? — Questionei sentindo o meu corpo vibrando de um jeito
estranho.

— O que você acha que irei fazer?


Não respondi, eu sabia muito bem o que ele iria fazer, fechei os olhos só esperando a dor
dominando cada parte do meu corpo.

Mas isso não aconteceu, Damon se aproximou beijando o meu pescoço, eu abri os meus
olhos em choque.
Damon se afastou de mim.

— Por que você não me mordeu?

Ele me encarou com um pequeno sorriso nos lábios.

— Você quer que eu te morda? —- Ele sussurrou com uma voz rouca, enviando arrepios
pela minha coluna. Seus lábios roçaram suavemente na minha pele, enviando ondas de
eletricidade através de mim. Minha respiração se tornou irregular e a minha mente entrou em um
turbilhão de pensamentos.

Engasguei-me com a sua pergunta, o meu rosto ficando ainda mais vermelho.
— Claro que eu não quero que você me morda. — Afirmei sentindo o meu rosto pegando
fogo, por algo que eu jurava ser vergonha.

— Eu não preciso mais me alimentar de sangue Vitória.

Levantei uma sobrancelha olhando para ele.


— Mas… como?!

— Desde o momento que você conseguiu fugir, eu não precisei de sangue para sobreviver,
acho que isso é mais um dos efeitos do seu sangue.
Eu não falei mais nada, era muita informação para uma única noite, a minha cabeça estava
cheia de novas informações, estava cheia de perguntas.

Damon se aproximou tão rapidamente, ou eu estava muito ocupada com os meus


pensamentos que não percebi que ele se aproximou, pensei que ele fosse me abraçar, o meu
corpo ficou tenso quando se aproximou, mas diferente do que pensei que fosse fazer, ele segurou
cada ponta da fita do espartilho que estava usando e desfez o laço, o espartilho no mesmo
momento ficou mais confortável por não está mais preso.

— Acho que assim será mais fácil de você conseguir tirar este vestido. — A sua voz
próxima do meu ouvido.
Não respondi, precisava sair de perto do Damon, me afastei indo até o closet, ainda
conseguia ouvir o som do meu coração acelerado nos ouvidos, peguei uma roupa confortável e
fui direto para o banheiro, evitando olhar em sua direção.
Respirei profundamente quando estava no banheiro, tirei aquele vestido e coloquei a roupa
que eu havia pegado, olhei para o meu reflexo no espelho, em seguida lavando o meu rosto,
tentando tirar aquela maquiagem, fiquei mais tempo do que imaginava ao tentar desfazer aquele
penteado, quando terminei, um peso enorme saiu dos meus ombros.

Ao retornar para o quarto, Damon não estava no lugar de antes, até que eu vejo a luz da
biblioteca acessa. Me aproximei da cama e me deitei, mas a imagem do Damon de Joelhos na
minha frente, inundou os meus pensamentos. Abracei o travesseiro tentando dormir, mas eu
sabia que isso não ia acontecer.
Capítulo 34
Naquela manhã estava no carro novamente com o Damon, mais uma vez como
companheiro.

Tudo que aconteceu ontem ainda estava fresco nos meus pensamentos. Não estava
querendo pensar no que aconteceu, mas os pensamentos vinham com uma onda. Eu não sabia
para que lugar estávamos indo, poderia ser novamente para a árvore de cerejeira, eu não sabia,
desde o momento que acordei, ele apenas me disse para vestir algo confortável, porque sairíamos
em poucos minutos, e aqui estamos nós, mais uma vez em um carro.

O lugar era diferente de antes, por isso tive certeza de que não iríamos visitar os túmulos
da minha mãe e da Sarah. Depois de quase trinta minutos, o carro parou em um lugar estranho,
um muro enorme cercava o local, ao abrir os portões de ferro eu observava uma fazenda enorme.
Eu tinha tantas perguntas, que lugar era esse? Por que ele me trouxe para uma fazenda?

O carro parou e saímos, observava cada canto com tantas perguntas, árvores por todos os
lugares, a grama cortada perfeitamente, o lugar era tão bonito, eu não fazia ideia que existia um
lugar como este depois da guerra.
Andamos ainda em silêncio, uma casa enorme estava a uns metros de nós. O cheiro de
rosas inundou os meus sentidos, parei um momento olhando ao lado da casa, várias roseiras,
tinha rosas de todas as cores, e mais perguntas.

Ao olhar para frente, vejo Damon já próximo da enorme casa, o meu corpo travou no
momento que vi uma criança, uma menina se aproximando dele, vejo o Damon se abaixando
para falar alguma coisa com ela, os meus pés não se moviam, eu só conseguia ficar encarando
aquela cena se desenrolar na minha frente.

A garota devia ter uns sete anos, os seus cabelos loiros estavam soltos e balançando pelo
vento, Damon falou alguma coisa para ela, mas não consegui ouvir, a garota sorriu, e depois saiu
correndo, entrando na casa.
Damon se levantou e se virou em minha direção, me esperando, os meus pés começaram a
se movimentar até que eu estava do seu lado, ao entrar na casa vejo a decoração, era um lugar
antigo, as paredes tinham vários quadros, tudo estava impecavelmente limpo.

Ele andava na frente, as perguntas estavam se acumulando dentro de mim, tomando


coragem para abrir a boca para perguntar, que lugar era esse? Quem era aquela garotinha? Mas
todas as perguntas ficaram para depois do momento que eu vejo várias mulheres sentadas em um
lugar que eu tinha certeza ser uma cozinha.
Dei um passo na frente quando reconheci várias delas, a minha respiração se intensificou
quando eu vejo a Lua me encarando, também em choque.

Ele correu me abraçando, as outras garotas fizeram o mesmo, eu pude ver várias chorando,
eu percebi que também estava chorando quando me afastei da Lua, que tinha um lindo sorriso.
— Vitória! — Ela exclamou segurando nos meus ombros como se precisasse segurar em
mim para ter certeza de que era real, olhava para cada rosto ali do meu lado, sentindo o meu
peito doendo, era uma felicidade tão grande.

— Lua. — A abracei novamente, eu precisava tanto daquele abraço.

Ao me afastar vejo o Damon saindo por uma porta, eu tinha tantas perguntas, mas neste
momento eu só queria ficar aqui com elas.
— Você está viva. — Os olhos da garota na minha frente estavam me encarando, como se
não acreditasse no que via. — Eu pensei que você tinha morrido ou coisa pior, principalmente
depois que você saiu daquele jeito da sala do trono.

— Me desculpa, por não conseguir levar vocês comigo. — A minha voz esganiçada pela
vontade de continuar chorando.
Ela sorriu.

— Nós entendemos Vitória, não precisa se preocupar com isso.

Limpei o meu rosto, olhei ao meu redor e vejo umas duas senhoras, mais ao fundo tinha
mais umas crianças que estavam no chão brincando, olhei para a Lua.
— Que lugar é esse? — Questionei, Lua sorriu segurando as minhas mãos.

— Eu vou te explicar, enquanto te mostro tudo, tem tantas coisas que eu preciso te falar.
Lua segurou na minha mão e nos aproximamos das duas mulheres que nos encarava com a
mesma curiosidade que eu.

— Vitória, essas são Ágatha e Ester, elas vivem aqui há mais de oito anos.

As duas mulheres me cumprimentaram com um pequeno sorriso.


— Oito anos? — Elas sorriram concordando. A que usava óculos de grau respondeu.
— Acho que a Lua vai te explicar melhor.

Olhei para a Lua do meu lado.


— Vêm… eu vou te explicar. — E com isso saímos da casa, olhei para o campo verde a se
perder de vista, observei os cavalos que estavam em um lugar cercado, Lua me mostrou a horta
que ela ajudava a cuidar, um lugar tão lindo que mais parecia ter saído de um livro.

— Quando aconteceu aquilo na sala do trono, um guarda nos levou de volta para o quarto,
ficamos lá por várias horas, todas estávamos com medo do que ia acontecer, pensávamos que
provavelmente o príncipe, que tinha acabado de virar rei, iria nos matar, as horas demoravam a
passar, estávamos com medo, sem nenhuma informação; trancadas naquele quarto. Ninguém
veio falar com nenhuma de nós.
Fiquei olhando para ela imaginando o desespero que cada uma passou naquele momento.
Estava tão destruída pela morte da Sarah que acabei me esquecendo que elas permaneciam lá
naquele lugar horrível. Senti vergonha de mim.

— Até que mais tarde, um guarda apareceu nos mandando sair, fomos colocadas em
carros, não adiantava perguntar, ninguém falava onde estávamos indo, nos abraçamos achando
que aquele seria o nosso fim, provavelmente estavam levando todas nós para nos matar em outro
lugar. Até que o carro parou e saímos, ali estávamos nós, na frente dessa casa, todas juntas
encolhidas e com medo, Damon apareceu na nossa frente. — A vejo engolindo em seco como se
estivesse se lembrando do que sentiu no momento que ela o viu. — Ele nos falou que a partir
daquele dia, viveríamos naquele lugar, que não éramos mais escravas naquele castelo, que ali,
naquele lugar, estaríamos em segurança. Claro que não acreditamos, ele foi embora nos deixando
sozinhas aqui, até que depois apareceram várias outras mulheres e muitas crianças, demorou para
que eu acreditasse que realmente estava em segurança neste lugar. As mais velhas nos contaram
que este lugar existe há mais de oito anos, você se lembra quando eu te falei que o Damon não
ficava nem um mês com uma escrava de sangue?

Balancei a cabeça me lembrando perfeitamente disso.


— As garotas que tinham supostamente morrido pelas suas mãos, vivem aqui.

— Você está me dizendo que ele não matava as garotas como todos pensávamos, está me
dizendo que ele as salvaram? — Questionei não acreditando nas minhas próprias palavras, isso
não pode ser verdade, era impossível, não, o Damon era um vampiro que não conseguia controlar
a sua sede por sangue, ele é um monstro que busca apenas uma coisa, o poder, não tem como ser
esse que está sendo narrado pela Lua, não tem como!
— Sim, Vitória, é exatamente isso que estou dizendo, nenhuma de nós precisamos servir a
ninguém, ajudamos umas às outras, cuidamos dessa fazenda, isso. — Ela mostrou o lugar. — É o
mais próximo de um lar que eu já tive, você não pode imaginar como é poder se deitar em uma
cama e saber que ninguém vai te obrigar a ficar quieta enquanto os vampiros se alimentam de
você, ou coisa pior. — Ela suspirou olhando para mim. — Eu te entendo, também demorei para
acreditar que isso fosse real, às vezes pensava que era uma brincadeira macabra com todas nós,
mas foi se passando os dias e nada aconteceu, e aqui estamos, tentando viver o mais perto do
normal que conseguimos.
— Por que ele faria isso? O que o Damon ganharia fazendo isso? — Questionei tentando
achar um motivo.

— Sinceramente eu não sei, essa é a terceira vez que ele apareceu aqui, ele vem aqui para
ver se está tudo bem, mas conversa só com as mais velhas.
— E essas crianças, quem são essas crianças?

Vejo as crianças correndo e brincando, sorrindo, tinha tanto tempo que eu não via uma
criança sorrir.
— Ester me disse que elas são crianças que perderam os pais, que elas não tinham
ninguém para protegê-las, muitas estavam servindo de escravas nas fronteiras quando o Damon
às encontrou, você não faz ideia das histórias que já me contaram, do que os vampiros faziam
com as crianças nas fronteiras.

Quando Lua falou isso, me lembrei do momento que questionei ele há três meses, o
porquê de ele não fazer nada enquanto aqueles vampiros usavam as garotas daquele jeito na
festa, e a sua resposta foi que aquilo não se comparava em ver crianças sendo torturadas e
violentadas na sua frente.

O meu coração acelerou só de imaginar que esse era o caso.


— Esse Damon que você narrou não se parece com o Damon que eu conheço.

Salvar crianças? Ajudar as garotas que eram dadas a ele como escrava de sangue? Como
isso poderia ser direcionado a ele, um vampiro que só queria o poder, um vampiro que fazia de
tudo para ser rei, um vampiro que me manteve presa naquele quarto se alimentando do meu
sangue, que me caçou por todos os lugares, que conseguiu tirar os meus poderes, para que eu
ficasse indefesa ao seu lado, para ser usada mais uma vez por ele, a minha cabeça doía tanto que
a minha visão por um momento ficou escura.
Não podia acreditar, mas estava vendo bem na minha frente tudo que a Lua narrava para
mim.

— Eu te entendo, você foi a que mais sofreu estando ao lado dele, acho que a única pessoa
que pode te explicar tudo é ele. Vamos! Vou te levar para conhecer as crianças.
Capítulo 35
Encarar as crianças brincando com bonecas e carrinhos, Lua permaneceu do meu lado a
todo momento, almoçamos todas juntas, observei o rosto de cada uma sentindo um grande alívio
no meu peito por vê-las vivas e sorrindo, era como se eu estivesse em um sonho, na qual não
queria acordar jamais.
Desde o momento que o Damon saiu por aquela porta ele não apareceu, parecia que ele
queria que eu aproveitasse cada segundo ao lado de todas aqui.

— Talvez ele tenha trazido você aqui, para que ficasse conosco. — Me virei encarando a
Lua, balancei a cabeça negando.
— Ele nunca me deixaria ficar longe, você viu o que eu sou capaz de fazer, sabe que ele
pode andar no sol por minha causa. — Olhei para as minhas mãos. — O sangue que corre pelas
minhas veias foi capaz de fazer tudo isso, Damon pode sim ter ajudado vocês e essas crianças,
mas nunca ele teria a capacidade de me deixar livre, eu sou uma arma Lua, uma arma para ser
usada, e ele sabe disso, por isso que me mantém ao seu lado.

Lua abaixou a cabeça não suportando o peso das minhas palavras.


— Você não é uma arma Vitória, você é apenas uma garota de dezoito anos que sofreu
muitas coisas. — Ela segurou a minha mão apertando devagar. — Nunca se esqueça de quem
você é, você não é uma arma para ser usada.

Eu queria que fosse verdade, eu realmente queria que aquelas palavras fossem verdade,
mas infelizmente não era.

Já era noite quando saímos daquele lugar, quando eu me despedi de todas, não falei até
logo, porque não sabia se voltaria a vê-las novamente, eu não fazia ideia do que aconteceria
depois desse dia.
Observei disfarçadamente Damon do meu lado, ele dirigia completamente concentrado na
estrada a frente, engoli em seco, desde o momento que eu o encontrei ao lado do carro me
esperando, ele não falou nada, ficamos no mais completo silêncio, gostaria de perguntar tantas
coisas para ele, mas eu tinha medo das respostas que poderia ouvir, na verdade, não me sentia
pronta para essas respostas.

Chegamos no castelo, Damon permaneceu do meu lado até que estávamos no quarto.
— Você quer que eu peça algo para você comer?

— Eu não estou com fome.


Ele andou em direção à biblioteca, eu sabia que se ele entrasse ali, só poderia tirar as
minhas dúvidas, talvez no dia seguinte, eu não conseguiria ficar sem saber a verdade.

— O que foi tudo isso hoje?

Damon parou de andar, e se virou para mim.


— Seja mais específica Vitória.

Dei um passo indo em sua direção, ele me observava como se estivesse me desafiando até
onde eu conseguiria me aproximar dele, parei não me aproximando mais.
— Aquele lugar, as garotas, as crianças, tudo.

— Tenho certeza de que elas te explicaram exatamente o que aquele lugar é.

Respirei profundamente tentando me controlar, ouvindo o seu tom de arrogância ao falar.


— Não se faça de idiota, Damon, você sabe muito bem o que eu quero saber.

Ele sorriu diminuindo totalmente a distância que ainda tinha entre nós.
— Você quer que eu fale o quê? Que eu levava as garotas que eram trazidas para mim
para aquele lugar? Sim, Vitória, eu fiz isso. Quando finalmente o meu pai morreu... — Ele sorriu
me encarando. — Graças a você, levei o restante das garotas para lá, pode parecer estranho para
você, já que na sua mente eu sou um demônio, mas nunca fui a favor de ter escravas de sangue.

Engoli em seco ainda conseguindo encará-lo.

— Na minha mente você é um demônio, porque foi exatamente isso que demonstrou para
mim! — o meu peito subia e descia rapidamente, o meu coração martelando no peito.
Ele sorriu.

— Sim, eu sou o demônio dessa história, eu sou o demônio da sua história, mas nunca
faria mal a uma criança, por isso eu as levei para aquele lugar, sabia que estariam seguras lá.
— Como ninguém descobriu nada antes.

Ele continuava com o sorriso no rosto.


— Porque todos têm medo de mim, simples assim, quando as pessoas têm medo de você,
as coisas são mais fáceis, você acha mesmo que alguém acreditaria que eu não matava as
garotas?

— Com certeza não, todos acreditam no que você demonstra, um ser frio, incapaz de
sentir nada por ninguém, alguém que só quer poder, que é capaz de destruir tudo para conseguir
o que quer.
Ele segurou no meu rosto.

— Sim, exatamente isso. — Ao olhar tão perto do seu rosto, eu pude ver algo nos seus
olhos, foi tão rápido que por um momento pensei que estava ficando louca. — Naquele dia que
fomos convocados para a sala do trono, eu já tinha um plano todo armado para tirar a sua amiga
daqui — meu coração acelerou com as suas palavras. — Eu ia tirá-la daqui e levá-la para lá, sua
amiga estava sofrendo coisas que você não pode nem imaginar ao lado do meu pai. — As minhas
mãos tremeram, os meus olhos se encheram de lágrimas. — Mas antes que eu pudesse ajudar,
acontecendo aquilo, acho que sua amiga não suportou e tentou matá-lo, não a culpo, todos
queriam ter tido essa honra.
Ele ia ajudar a Sarah, por um momento imaginei como teria sido se ela estivesse naquele
lugar, cercada de crianças, a imagem da Sarah perto daquelas roseiras, as lágrimas desciam
devagar.

— Por que você não me contou?

— Vitória, você tem ideia de quantos olhos estavam observando cada passo que eu dava,
principalmente quando você começou a permanecer neste quarto, cada comentário que tive que
ouvir, quando todas as outras estavam nos banquetes, festas, e você permanência neste quarto. —
Ele sorriu. — Você não suportaria saber quantos vampiros foram enviados, tentando saber o
motivo do porquê você ser tão especial para mim, não suportaria saber que matei cada um deles
antes que eles conseguissem chegar até você, todas as garotas que eram enviadas para mim
morriam em uma semana, pelo menos era o que eles achavam, e de repente você apareceu, a
única que ainda estava viva, a única que deixei que ficasse no meu quarto, acho que isso
despertou o interesse do meu pai e da minha irmã.
A minha garganta estava seca, ao ouvir tudo que ele falava.

— Você só me mantinha do seu lado pelo meu sangue.


Ele ficou em silêncio por um momento.

— Sim, no começo foi pelo seu sangue.

— O que mudou depois disso?


Eu precisava saber o que mudou, porque ele falou que esse motivo era só no começo.

Meu coração acelerava mais e mais à espera de uma resposta.


— Isso não é importante.
— Claro que é importante, eu quero saber, por que só no começo?

— O que você quer que eu te responda?


Na verdade, até eu não sabia o que eu queria que ele respondesse, na verdade, eu não sabia
o que eu queria, tudo passou como em um filme na minha cabeça, tudo desde o começo,
terminando comigo olhando para as crianças e a Lua sorrindo naquele lugar.

Damon se aproximou, me prendendo contra a parede, ele estava tão perto, o seu corpo
esmagando o meu contra aquela parede, o meu corpo vibrou como da última vez, eu abri a boca a
procura de ar, quando ele aproximou a sua boca da minha, as minhas mãos tremiam ao lado do
meu corpo, meu coração trabalhava tão incansavelmente, senti os seus lábios nos meus, era tão
diferente, era algo que eu nunca senti, eu não sabia qual era o nome.
Damon se afastou, pude ver o ódio no seu rosto, a minha boca estava tremendo, eu sabia
que se eu movesse os meus lábios para corresponder aquele beijo, eu cairia em um lugar escuro,
um lugar que eu nunca estive antes, mas quando ele abriu os olhos e me observou, naquele
momento eu percebi que se ele me beijasse novamente, eu corresponderia, quando constatei esse
fato, um medo tomou conta de mim.

Eu vejo um certo choque no rosto do Damon, acho que ele também percebeu.

— Você se lembra quando eu te disse que essa história não era um conto de fadas, que
estava mais para uma história de terror, eu não mudei de ideia Vitória, eu sou um monstro, um
ser que faz de tudo para conseguir o que quer, não importa quantas pessoas ou vampiros eu tenha
que matar para isso. Então, não me olhe, com os olhos brilhando desse jeito, nós dois sabemos
que a única coisa que eu posso te dar é a destruição, no final, nós dois sabemos que ou você vai
me matar, ou eu vou te matar. Então não me olhe com esses olhos, porque eu conheço todos os
seus olhares, mas esse eu nunca vi, sendo direcionado para mim.
Lágrimas desceram pelo meu rosto, Damon observou atentamente, mas por mais que suas
palavras doessem, algo no seu rosto me dizia que não era verdade, o que estava acontecendo?
Por que comecei a me importar com isso?

Damon saiu daquele quarto como se não estivesse suportando ficar no mesmo lugar que eu
estava.
Naquela noite eu fui dormir tarde, com muita coisa na cabeça e a certeza que algo tinha
mudado dentro de mim, mas não sabia o que era.
Capítulo 36
No outro dia, Damon não apareceu, eu comi no meu quarto, fiquei o dia inteiro olhando
pela janela de vidro, ou ficava tentando ler alguma coisa, ainda sentia meu corpo vibrar, estava
olhando o sol se pondo no horário, no momento que eu ouço o barulho alto, como se fosse uma
explosão, me abaixei sentindo o chão tremendo, me levantei olhando pela janela, dava para ver
fumaça negra no horizonte, vejo fogo em alguns pontos, meu coração acelerou sem saber o que
estava acontecendo, ouço gritos vindo do lado de fora, corri em direção da porta, quando ela se
abriu fazendo um barulho alto, vejo Damon entrando com uma expressão de ódio no rosto.
— Eu quero que você fique aqui neste quarto, nada de inventar sair, está me ouvindo?

Ele me encarava à espera de uma resposta, mas a única coisa que eu conseguia pensar era
no que estava acontecendo lá fora.
— O que está acontecendo? — Minha voz saiu mais rouca do que o normal.

— Você ouviu o que acabei de dizer? — Ele perguntou já sem paciência.


— Sim, eu ouvi, algo como ficar quieta aqui dentro, mas você não me respondeu! — Eu
estava nervosa demais, só queria saber o que estava acontecendo, era pedir demais?

Damon revirou os olhos para mim, sem paciência alguma, ele ia se virando para sair
novamente até que ouvimos outra explosão. Ouço ele xingando algo que não entendi.

— Damon, me diga o que está acontecendo? — Eu repetia a pergunta, minha cabeça a mil,
sinto um cheiro de fumaça.
— Vai ficar um grupo de guardas na sua porta. — Ele me encarou. — Não importa o que
aconteça, não importa o que você ouça, você não vai sair! — Ele me ignorou novamente.

— Que inferno Damon! Responda à droga da minha pergunta! — Eu gritei apertando a


minha mão em punho para não tentar apertar o seu pescoço, Damon se virou novamente para
mim.
— Vou saciar sua curiosidade. O seu namoradinho achou muito inteligente atacar um local
repleto de vampiros, — Ele suspirou como se estivesse lidando com uma criança. — Como dá
para perceber, ele não é muito inteligente, não é mesmo?!

Ainda tentava digerir suas últimas palavras, o Derek estava aqui? Namoradinho? O
encarei.
— Sim, Vitória, eu sei do seu relacionamento com aquele garoto. O que é interessante! No
momento que conseguiu ser livre, você tinha todos os vampiros a querendo, querendo o seu
sangue. — Ele se corrigiu. — E não passou pela sua cabeça aprender a controlar essa droga de
poder que você tem? — Sua voz estava muito mais alta, como se a paciência que ele estava
tentando manter perto de mim, tivesse sumido completamente. — Se você tivesse pensado por
um momento, que aprendendo a controlar isso, não precisaria estar passando por essa merda
novamente. — Seu peito subia e descia, vejo a sua mão se fechando em punho de tanto ódio. —
Mas como deu para notar, se relacionar romanticamente com um rebelde foi mais importante
para você.

Isso não era justo, quem ele pensava que era para supor isso de mim, esse poder? Eu nunca
quis esse poder, o meu coração acelerou, controlá-lo? Meus olhos se encheram de lágrimas, eu
nunca o quis, o meu peito doía, ouvir o que ele estava falando era como ter ganhado um soco
bem no meio do meu estômago, respirei profundamente tentando me controlar, a verdade era que
eu queria ser normal, como qualquer garota de dezoito anos, no fundo, eu achei que manter esse
poder escondido, poderia me fazer normal de novo, eu não queria ser a garota com o sangue
capaz de dar esse poder aos vampiros!
Eu não queria ser a garota que conseguia destruir os vampiros, eu não queria ser a garota
com o poder tão grande dentro de si, que gritava querendo ser liberado, eu só não queria ser essa
garota.

Damon deu as costas para mim, como se não suportasse ver o meu rosto na sua frente, ele
ia saindo, mas eu não poderia deixar que saísse assim, segurei novamente no seu braço, ficando
na sua frente. Eu não poderia deixar que ele matasse o Derek.

— Por favor! — A minha voz saiu baixa demais, eu não tinha me esquecido do que o
Derek fez, longe disso; meu coração ainda estava sangrando só de lembrar como fui usada por
ele, a pessoa que dei o meu coração, mas foi destruído, pelo sentimento que eu sentia por essa
mesma pessoa, mas também sabia que não suportaria vê-lo morto, então fiz o eu podia naquele
instante, eu implorei, fechei os olhos tentando controlar as lágrimas que insistiam em rolar pelo
meu rosto. — Por favor, não o machuque.
Eu sabia a diferença de poder da resistência contra os vampiros, eu sabia que se Damon
quisesse, mataria todos que tiveram a coragem de tentar invadir este lugar, por isso estava
implorando, não suportaria mais sangue nas minhas mãos, eu não suportaria saber que mais uma
pessoa morreu.

Damon me encarou, ainda com o ódio no olhar.


— Eu não vou te prometer nada, Vitória, foi o seu namorado que se achou no direito de
invadir este lugar, estarei também no meu direito se o matar.
E com isso ele saiu trancando a porta pelo lado de fora, eu gritei, bati diversas vezes na
porta tentando abrir, mas tudo foi inútil, minha garganta estava ardendo de tanto que eu gritava o
nome do Damon, ele ia matá-lo, eu precisava fazer alguma coisa!

Olhei para todos os lugares deste quarto tentando ter alguma ideia, mas nada vinha na
minha mente, me levantei sentindo minhas pernas doendo, olhei para a minha roupa, estava com
um vestido simples azul, corri para o closet e procurei outra roupa, vesti uma calça jeans, depois
uma camiseta preta, coloquei o único tênis que tinha ali e saí daquele lugar, fui até a biblioteca
atrás de algo que servisse de arma, mas não achei nada, estava procurando alguma coisa que me
pudesse ser útil, quando eu ouço o barulho alto de algo se quebrando.
Corri de volta para o quarto e parei, quando eu vejo o irmão do Damon entrando, como se
este quarto fosse dele, atrás dele vejo os guardas todos no chão, com sangue para todos os lados,
dei um passo para trás quando ele andou até estar dentro do quarto.

Alastor observava o local, e depois o seu interesse foi direcionado a mim, seus olhos
passaram por todo o meu corpo. Eu sentia um calafrio passando por mim, como se fosse uma
pequena corrente elétrica.
— O que você está fazendo aqui? — Minha voz saiu alta. Olhei para todos os lados à
procura de uma rota de fuga.

— Eu vim para te levar. — Ele afirmou observando a minha reação.

— Eu não vou a lugar nenhum com você. — Ele sorriu, e no momento que abri a boca
para mandá-lo ao inferno, eu sinto algo sendo pressionado sobre o meu rosto, tentei tirar, mas era
inútil, a pessoa era muito forte, meus olhos ainda estavam no irmão do Damon na minha frente,
quando ouço uma voz que eu conhecia muito bem.
— Vamos dar um pequeno passeio, filha. — Meu corpo tremia.

— Desgraçado. — Eu tentei falar, mas isso só fez com que eu ficasse ainda mais tonta,
meu corpo foi ficando pesado, não estava mais suportando ficar com os olhos abertos, e de
repente tudo ficou escuro.
Capítulo 37
Minha boca estava tão seca, estava com sede, tentei levantar o braço para apertar um ponto
na minha cabeça, mas não consegui, o meu corpo ficou tenso na hora, abri os olhos, e logo os
fechei, minha cabeça doía demais, ao tentar de novo observei o local que eu estava, era um
quarto mal iluminado, tentei mover os braços, mas não consegui, olhei para a minha mão e as
vejo amarradas, cada uma de um lado da cama que eu estava.
Meu peito subia e descia rapidamente, e as imagens de tudo que aconteceu vieram de uma
vez, forcei as minhas mãos, tentando sair daquele lugar, mas isso só fez o meu pulso ser
machucado, a fricção da corda com a pele do meu pulso, arranhado e machucado, pela força que
eu puxava.

A minha garganta doía, não sabia onde eu estava, ao olhar para a pequena janela que tinha
no local, eu pude perceber que já era noite, ou seja, já tinha muito tempo que eu estava naquele
lugar.
O que estava acontecendo? Eu sabia que devia estar preocupada comigo mesmo, mas, ao
mesmo tempo, me preocupava em saber se tinha acontecido alguma coisa com o Derek, se o
Damon o machucou.

Ouço passos, a minha atenção vai direto para a porta, Alastor apareceu me observando
com atenção, eu não queria demonstrar medo diante dele, mas quem eu queria enganar, diante de
mim estava um vampiro que me olhava com um pequeno sorriso, eu estava completamente
aterrorizada.
Alastor se aproximou lentamente, com uma expressão sedenta em seus olhos. Senti um
arrepio percorrer toda minha espinha, mas tentei manter a calma e não demonstrar meu medo.

— Onde está o Damon? — Perguntei, tentando manter minha voz firme.

— Seu querido Damon está seguro por enquanto — respondeu Alastor, com um sorriso
malicioso. — Mas não pense que escapará tão facilmente. Tenho grandes planos para você,
minha querida.

Meu coração acelerou ainda mais e comecei a me desesperar. Eu precisava encontrar uma
forma de escapar dali.
Enquanto Alastor se aproximava cada vez mais, comecei a vasculhar o local em busca de
algo que pudesse me ajudar. Minhas mãos tremiam e meu corpo estava fraco, mas eu não podia
desistir.

Mas eu não encontrei nada, com a força que eu colocava tentando escapar, eu sentia meu
pulso doendo ainda mais, olhei para ele, que agora estava do lado da cama, me encarando, engoli
em seco de puro medo quando ele tocou o meu rosto.
— Como o meu irmão conseguiu se controlar tendo uma humana como você do seu lado?
— Ele perguntou passando aquela mão gelada no meu rosto. — Se eu mal passei umas horas
com você. — Ele se aproximou do meu ouvido. — E estou louco para sentir o seu sangue na
minha boca.

Um Arrepio percorreu por todo o meu corpo enquanto Alastor sussurrava essas palavras
no meu ouvido.

— Só de sentir o seu cheiro faz com que eu sinta uma excitação tão grande, que você não
pode imaginar. — Ele falou tocando a minha boca, virei o meu rosto ao sentir o seu toque me
causando nojo, ele sorriu ao perceber. — Vai me dizer que não sou o monstro certo para você?!
— Vai se foder!

No momento que falei isso, senti o tapa no meu rosto, minha respiração se intensificou.
O impacto do tapa ecoou por todo o quarto, enquanto meu rosto latejava de dor, lágrimas
involuntárias encheram meus olhos, mas eu recusei a dar o prazer a ele, de vê-las escaparem.

— Você ousa me desafiar? — Alastor vociferou, sua voz carregada de raiva. — Eu permiti
que você falasse, ou se esqueceu quem você é, apenas algo para nos alimentar, mas vejo que
subestimei sua insolência.

Eu encarei Alastor com ódio, minha coragem superando o medo que se instalava em meu
coração.
— Não me importa o que você diga ou faça. Eu nunca vou me submeter a você.

Suas perigosas presas brilharam em um sorriso sádico quando ele se aproximou


perigosamente de mim. Senti sua respiração fria em meu rosto e o pavor aumentou ainda mais.
— Você é apenas uma humana patética. Logo aprenderá o seu lugar ao meu lado. Os
desejos de um vampiro devem sempre ser saciados.

Minha mente corria em busca de uma saída, uma forma de me libertar desse pesadelo. A
raiva e o medo se misturavam dentro de mim, alimentando minha determinação. Foi quando eu
percebi mais alguém entrando naquele maldito quarto, Daniel olhava a cena em sua frente com
atenção.

— Você não consegue se controlar, não é mesmo?


Alastor se virou olhando para ele, as suas presas ainda brilhando.

— Como eu poderia com ela tão vulnerável na minha frente. — Ele sorriu, Daniel se
aproximando, ficando do outro lado da cama, seus olhos em mim, eu não conseguia olhar em sua
direção, eu só queria matá-lo.
— Você se parece com a sua mãe, o mesmo olhar, me desafiando a cada instante.

— Não fala da minha mãe! — Minhas mãos tremendo de ódio.

Daniel ergueu uma sobrancelha, avaliando-me com um olhar penetrante.

— Interessante. Parece que você tem mais força do que eu imaginava. Mas vamos ver por
quanto tempo consegue resistir.

Eu me sentia cada vez mais acuada, presa entre os dois vampiros. Por mais que a raiva e a
determinação corressem em minhas veias, eu sabia que não podia enfrentá-los sozinha.
— O que vocês querem de mim? Por que me trouxeram para cá? — Perguntei, minha voz
trêmula, mas cheia de desafio.

Um sorriso cruel se formou no rosto de Daniel.

— Eu tenho sede por poder, Vitória. Você é apenas uma peça nesse jogo, um meio de
atingir o Damon. Farei qualquer coisa para vê-lo sofrer. No momento ele é mais poderoso do que
nós dois juntos, mas acho que chegou a hora de igualar esse jogo.
As palavras de Daniel ecoavam em minha mente, alimentando ainda mais meu medo,
Alastor sorriu ao ver o meu olhar de desespero.

— Chegou o momento de sabermos se o seu sangue é o que imaginamos.

O desespero tomou o meu corpo quando eu vejo os dois se aproximando. Daniel


desamarrou uma das minhas mãos, mas não tive tempo de reação, quando ele a segurou com
força a aproximando do seu rosto.

Eu gritei, Alastor continuava com aquele sorriso ao se aproximar do meu pescoço, as


lágrimas que eu tentava segurar escaparam no momento que a dor dominou todo o meu corpo,
sinto as presas do Alastor no meu pescoço, rompendo carne e músculos, assim como as do
Daniel no meu pulso, eu gritei de dor enquanto o sangue escorria pelo meu pescoço. A dor era
insuportável, meu corpo começou a enfraquecer e tudo começou a ficar embaçado.

Pensei que aquele seria o meu fim. Alastor apertava a minha cintura com tanta força que
por um momento eu pensei que ele quebraria os meus ossos.
No entanto, antes que eu perdesse completamente a consciência, Daniel se afastou,
limpando sua boca suja com o meu sangue, ele falou algo para Alastor, mas ele não respondeu,
ainda sugando o meu sangue com tanta força, abri a boca tentando gritar, mas nenhum som pode
ser ouvido, Daniel segurou no seu corpo com força o retirando de cima de mim, os seus olhos
tinham uma expressão demoníaca em minha direção, eu podia sentir o sangue escorrendo pelo
meu pescoço, Alastor se aproximou colocando a sua mão e o sangue parou de escorrer, eu não
estava sentindo o meu corpo, eu mal tinha forças para manter os olhos abertos.

Os vampiros olhavam para mim com uma expressão de surpresa, no rosto de Alastor, tinha
um sorriso triunfante, já no de Daniel era um sorriso mais contido, mas eu sabia o motivo, eles
perceberem o seu poder aumentando, assim como foi com o Damon a três meses atrás.
Capítulo 38
Eu acordava e logo depois desmaiava novamente, uma das vezes que eu estava acordada
eu vi algo no meu braço, ao olhar, vejo algo metálico com umas duas bolsas de soro do lado, eu
podia sentir um líquido gelado percorrendo as minhas veias, e logo depois desmaiei novamente.
Ao abrir os olhos, eu pude ver Alastor sentado do meu lado, observando cada respiração
que eu dava, meu peito doeu ao tentar me movimentar, eu não estava mais com os braços presos
por cordas, mas isso não fez com que eu pudesse me movimentar normalmente, os seus olhos
continuavam em mim, a minha respiração irregular, o medo corroendo cada parte da minha alma.

Eu tentei falar alguma coisa, mas minha voz pareceu não sair. Alastor permanecia em
silêncio, apenas me observando com um olhar penetrante. Ele parecia estar aproveitando meu
desconforto, meu medo.
Minha mente tentava buscar uma saída para o que estava acontecendo, mas estava turva,
confusa.

Infelizmente me lembrei das palavras do Damon sobre eu não ter tentado controlar o meu
poder, e infelizmente ele estava certo. Eu estava mais uma vez sendo usada por vampiros.
Tentei mover meu corpo novamente, lutando contra a dor que percorria minha espinha.
Lentamente, comecei a me sentir mais forte, mais capaz de controlar meus membros. Decidi
arriscar falar novamente, mesmo que minha voz ainda parecesse fraca e trêmula.

— Você já conseguiu o que queria — consegui sussurrar, me esforçando para ser ouvida.
Alastor apenas sorriu, um sorriso sinistro que me fez arrepiar.

— Vitória, se sinta grata pelo Daniel ter me tirando de cima de você, no momento que
senti o seu sangue na minha boca, algo tão animalesco percorreu cada parte de mim, se ele não
tivesse me afastado, não estaríamos tendo essa conversa agora. Você realmente é muito valiosa.
— Respondeu ele com um tom de voz gélido.

Meu coração acelerou com suas palavras. Eu sabia que precisava escapar dali, que minha
vida estava em perigo. Eu precisava encontrar forças para lutar, encontrar uma saída dessa
situação aterrorizante.

Enquanto Alastor continuava a me observar, eu reunia toda a coragem que tinha dentro de
mim. Prometi a mim mesma, que não deixaria que ele me possuísse, que eu lutaria até o último
momento.
Com as mãos trêmulas, comecei a me mover lentamente, aproveitando cada respiração e
encontrando a força para tentar me levantar. Alastor parecia surpreso com minha determinação,
mas não demorou muito para que seu rosto se transformasse em uma expressão de fúria.

— Vejo que já está recuperando as suas forças. — Ele sorriu, as suas presas brilharam em
minha direção. — Eu estava contando os minutos para você acordar, sabe Vitória, eu poderia ter
me alimentado de você enquanto estava desmaiada igual ao seu pai fez. — Sinto náuseas só de
imaginar ele fazendo isso enquanto estava desacordada — mas só de me lembrar dos seus gritos
de desespero ecoando nos meus ouvidos, eu sabia que não conseguiria… — Ele se aproximou do
meu rosto. — Eu quero ouvi-los novamente, isso faz com que eu sinta algo explodindo dentro de
mim, eu quero ouvir os seus gritos, eu quero sentir as suas mãos no meu corpo tentando
inutilmente me afastar de você, por isso estou sentado aqui há horas, esperando você acordar,
esperando que você estivesse mais forte, porque eu só sinto prazer, quando eu vejo o seu medo
ao olhar nos seus olhos.
Gritei quando ele avançou em minha direção.

Meus gritos se misturavam com a sua risada psicótica, tentei me afastar, mas foi inútil, eu
não tinha tanta força para conseguir, ele puxou os meus cabelos com força fazendo o meu
pescoço ficar a mostra para ele, os meus olhos arderam ao sentir a dor, gritei mais uma vez
quando ele aproximou as suas presas no meu pescoço, aquela dor agonizante percorreu cada
músculo do meu corpo, ainda conseguia ouvir os meus próprios gritos enquanto ele sugava o
meu pescoço com tanta força, eu sentia a sua mão nos meus cabelos os puxando com brutalidade,
o seu corpo pesado em cima do meu, a sua mão fria na minha cintura apertando-a com
desespero.

Quando ele se afastou, eu ainda vi aquele sorriso no seu rosto. A sua boca suja do meu
sangue. Alastor passou a língua pelas presas e me encarou.
Ele se aproximou sussurrando no meu ouvido.

— Agora durma mais um pouco, saiba que estarei do seu lado esperando pacientemente
que você acorde, ficarei aqui me deliciando com as lembrancinhas dos seus gritos de desespero.
E assim aconteceu, Alastor estava do meu lado quando eu acordei, e novamente ele se
alimentou, assim como Daniel, chegou um momento que eu não estava mais conseguindo ficar
acordada mais que alguns minutos, não sabia distinguir se era dia ou noite, quanto tempo eu
estava naquele quarto, tudo passava como um borrão na minha frente.

Até que um dia ao acordar, eu vejo os dois na minha frente, Alastor discutia alguma coisa
com o Daniel, mas eu não conseguia ouvir, os seus olhos estavam em mim como se estivesse
decidido algo importante.
Nesse tempo eu consegui mexer as minhas mãos, eles param de discutir e me encararam.
Daniel se aproximou passando sua mão pelo meu rosto.

— Eu queria ter mais tempo para apreciar a sua companhia.


Os meus lábios tremiam de ódio ao vê-lo tão próximo de mim, ele se levantou e ficou
esperando na porta, quando o miserável do Alastor se aproximou com aquele sorriso doentio nos
lábios, o meu corpo tremeu da lembrança de tudo que aconteceu.

— Mas infelizmente vamos ter que ir. — O meu coração acelerou. Alastor se aproximou
segurando alguma coisa. Todo o meu corpo tremeu. — Mas não se preocupe, você vai vim
conosco. Eu não posso deixar um ser tão poderoso nas mãos do meu irmão, não é mesmo?
Eu gritei, eu gritei para que ele me deixasse ir, eu gritei por ajuda, mas nada disso aconteceu,
Alastor enfiou algo no meu braço, aos poucos eu fui perdendo a consciência, e tudo ficou escuro.

Eu sentia o meu corpo fraco demais, o meu corpo estava se mexendo, a minha boca estava seca,
devagar eu tentei abrir os olhos, na terceira tentativa eu consegui. Sinto uma mão passando pelos
meus cabelos, quando os meus olhos se acostumaram com a pouca luz, o meu corpo travou, o
meu peito subia e descia com muita rapidez. Vejo Alastor, a minha cabeça estava encostada nas
pernas dele, o vampiro tinha um pequeno sorriso nos lábios quando se aproximou do meu rosto.

— É melhor você dormir minha coelhinha, já estamos quase chegando.


Eu queria gritar, eu queria fazer muitas coisas, mas eu não consegui, tudo que eu fiz foi fechar os
olhos, tudo ficou escuro mais uma vez.
Capítulo 39
Quando eu abrir os olhos mais uma vez eu desejei os fechar, sim, eu desejei não tê-los aberto,
sinto um cheiro forte de terra molhada, todo o meu corpo doía, eu estava deitada no chão, me
levantei quase caindo por não suportar o peso do meu próprio corpo, me segurei no que tinha
mais próximo de mim, só neste momento eu percebi no que tinha segurando, o meu coração
parecia que ia saltar de dentro do meu peito, ouço uma risada, me virei, vejo Alastor sentado em
uma grande poltrona de couro escura, ele me encarava, olhos azuis, ele tinha olhos azuis, assim
como o seu irmão.

— Gostou do que está vendo? — Segurei com mais força no metal. Alastor se levantou e veio
andando em minha direção.

— Eu mandei fazer especificamente para você. — O encarei ainda em choque. — Vai me dizer
que não está do seu agrado? — Ele olhou para mim. — Impossível! Eu tenho certeza que você
gostou. Esse é o seu novo lá, eu sugiro que se acostume. — Alastor começou a andar em direção
a porta, mas ele se virou mais uma vez em minha direção. — Não se esqueça, Vitória, você agora
é o meu bichinho de estimação, nada melhor que o meu bichinho tenha uma gaiola, não é
mesmo?

Ele sorriu saindo daquele lugar. Todo o meu corpo tremia, mas eu precisava me controlar,
mas era impossível, os meus olhos ardiam. Era uma grande gaiola, e eu estava presa nela.
Se passaram horas, tentei de tudo para sair desse lugar, mas nada que eu fiz surgiu efeito, as
grades eram de um ferro muito forte. Uma humana nunca conseguiria sair desse lugar, os meus
poderes simplesmente não existiam, e eu sabia que era aquele maldito soro.

Eu não fazia ideia de onde eu estava, era um quarto muito grande, vejo uma escrivaninha ao
fundo, assim como uma grande cama, aquele quarto se parecia um pouco com o quarto de
Damon, eu estava evitando pensar nele, imagino o seu sorriso presunçoso, eu imagino ele
balançando a cabeça com desaprovação em minha direção, falando o quanto eu sou uma humana
burra, eu queria que os meus poderes voltassem, mas eles não voltaram, não importava o quanto
eu os chamasse.

Abracei as minhas pernas as trazendo para mais perto do meu corpo, eu tinha jurado que não ia
chorar, mas essa foi mais uma promessa que eu descumprir, eu chorei, chorei até não ter mais
lágrimas para sair, e tudo que ficou foi a raiva, o ódio de tudo que estava acontecendo.

A porta se abriu em um barulho extremamente alto, me coloquei de pé o mais rápido que o meu
corpo suportou. Eu estava fraca, as minhas pernas estavam tremendo, e estava com sede e frio,
mas eu não falei nada quando uma mulher se aproximou da porta daquela maldita prisão. Ela me
observou atentamente. A vampira me encarou com interesse, ela passou a língua pelos lábios
antes de tirar uma grande chave de ferro do bolso, e com um som metálico a porta se abriu, por
um momento eu pensei em correr, mas desistir, eu não iria longe, não fraca como eu estava, não
com o frio congelando até os meus ossos. E muito menos sem os meus poderes. Eu não fazia
ideia de que lugar era esse, aquele quarto tinha grandes janelas mas elas não estavam abertas,
mas nem uma fresta de luz passava pelas pequenas aberturas da madeira.

A vampira se aproximou de mim, ela encarou minha roupa ainda manchada de sangue.

— Eu vou falar só uma vez, e sugiro que preste atenção no que vou dizer agora. – Aqueles olhos
vermelhos me observavam atentamente, mas tudo que eu fiz foi ficar calada. — Príncipe Alastor
me incumbiu de ficar de olho em você humana imunda! — Apertei a minha mão em punho
diante das suas palavras. — Você só sairá do seu lugarzinho especial. — A vampira sorriu
olhando para o lugar onde eu estava sendo mantida presa. – Você poderá ir ao banheiro apenas
três vezes ao dia, às sete da manhã, ao meio dia e às sete da noite, tirando esses horários você
não sairá desse lugar. — ela me encarou de cima a baixo e sorriu. — Só se o meu mestre ordenar
lógico. As suas refeições serão trazidas por mim, e eu ficarei aqui esperando você comer tudo!.

Olhei para aqueles olhos e os imaginei ainda mais vermelhos do que estão agora, mas a diferença
seria o sangue que iria sair quando eu os arrancasse. Ela balançou a cabeça em minha direção.

— Agora você vai tomar um banho, está fedendo, igual a um animal.

Eu não a respondi, precisava saber onde estava, sem informações eu não conseguiria sair deste
lugar. E como ela tinha falado ela ficou me observando todo tempo no banheiro. Quando ela me
entregou um vestido simples preto eu vesti sem questionar, ainda não.

E mais uma vez eu fui trancada naquele lugar, eles me alimentaram, ela não respondeu
absolutamente nada, não importava o que eu perguntasse. Eu estava casada e com sono, mas
estava com medo de adormecer naquele lugar, então eu lutei tentando me manter acordada o
máximo que eu conseguia.

E quando ela me mandou segui-la, eu fiz exatamente isso. Observei as paredes de pedras ao meu
redor; não havia ninguém nos corredores. Era um lugar gelado, e meus pés estavam descalços.
Meu corpo tremia de frio; o vestido simples que cobria meu corpo não era suficiente para
aquecer nada. Quando ela entrou por uma porta grande, eu a segui. Não entrava a luz do sol
naquele lugar. As paredes cobertas por tapeçarias ecoavam uns murmúrios, e eu vi cinco
vampiros em frente a um grande trono. Eu estava novamente em uma maldita sala de trono.
Apertei minha mão em punho quando vi Alastor sentado em um trono negro, mas o que fez meu
sangue gelar foi ver uma enorme cobra enrolada no trono. Ele acariciava aquele animal como se
fosse algo muito importante. Alastor sorriu ao me ver na sua frente.
— Eu a trouxe como o senhor pediu, mestre. — A vampira abaixou a cabeça na direção dele.

— Muito bem. — Eu queria ter esquecido aquela voz, mas isso, infelizmente, não aconteceu.
Alastor se levantou, seus olhos em minha direção. Ele sorriu, e naquele momento eu vi o que
estava em suas mãos.

Coerentes. Dei um passo para trás quando vi o que era aquilo. Mas, com uma velocidade
impressionante, ele já estava na minha frente, segurando meu pescoço com força.

— Eu não mandei você sair, coelhinha. — Ouço as risadas dos vampiros atrás de mim. Meu
coração martelava dentro do meu peito. — Nós vamos brincar, mas você é o meu bichinho. Você
já tem a sua gaiola; agora chegou a vez da sua coleira.

Meus olhos arderam. O ódio surgiu, tomando tudo que ainda restava dentro de mim. Eu não
percebi só quando foi tarde demais. Aquele lugar ficou em silêncio absoluto; apenas o som da
minha mão em encontro ao rosto do vampiro que estava na minha frente me encarando com
ódio.

Gritei quando ele me jogou com força na direção do chão. O ar saiu dos meus pulmões; meu
corpo doía, e sangue escorria pela minha boca. Eu tentei levantar, mas não consegui. Alastor, em
um segundo, estava de joelhos ao meu lado. Seus olhos brilhavam como os de um louco em
minha direção.

Alastor passou o dedo pelo sangue que escorria da minha boca com força.

— Não, não, não. Não podemos desperdiçar uma única gota do seu sangue, coelhinha.

Eu o vi colocando a coleira de couro no meu pescoço. Alastor segurou meu braço, me obrigando
a ficar de pé. Todos os vampiros presentes naquele lugar observavam a cena. Alastor começou a
andar segurando a corrente que prendia a coleira ao meu pescoço. Eu mal conseguia ficar em pé
até que ele puxou a corrente com força, e meu corpo foi lançado em sua direção.

Alastor segurou meus ombros com força e me encarou. Ele sorriu antes de me virar na direção
dos vampiros que observavam a cena.

— Ela é meu bichinho. A humana que tem o poder de fazer qualquer vampiro mais forte, a
humana que pode fazer qualquer vampiro ser imune ao sol é minha para que eu faça o que
quiser.
Alastor se aproximou do meu ouvido e sussurrou:

— E eu vou fazer tudo o que eu quero.

Eu gritei, eu gritei com toda a força que ainda tinha no momento em que ele rasgou o vestido que
cobria meu corpo. Os vampiros sorriam ao me ver tentando tampar meu corpo inutilmente com
as mãos; as lágrimas desciam pelo meu rosto sem parar.

Alastor puxou novamente a corrente, me fazendo cair de joelhos em frente ao maldito trono que
ele ocupava.

Ele sorriu, gostando de ver o despreparo e o medo no meu olhar.

— O meu irmão te deixou muito mal acostumada, coelhinha. Você é um bichinho, e como tal
não precisa de roupas. De agora em diante, eu quero você assim. Exatamente desse jeito. Eu vou
te ensinar a ser a mais perfeita submissa.

Aquelas palavras ecoaram na minha mente como um aviso sombrio. O medo se misturava à
indignação, e eu sabia que precisava encontrar uma maneira de escapar daquela situação. A dor e
a humilhação eram intensas, mas o ódio dentro de mim crescia a cada segundo.

Enquanto Alastor se afastava um pouco, permitindo que os vampiros ao nosso redor vissem o
"espetáculo", eu não pude evitar olhar para suas expressões. Alguns estavam divertidos, outros
pareciam intrigados, mas todos compartilhavam uma sensação de poder e controle que eu não
estava disposta a aceitar.

— Você não pode me prender assim! — gritei, a voz ecoando pelo salão. — Eu não sou um
brinquedo!

Alastor parou e virou-se lentamente, seu sorriso se alargando.

— Ah, mas você é, coelhinha. É exatamente isso que você é. E eu vou me certificar de que você
aprenda a se comportar.

Um vampiro mais próximo a mim, com olhos vermelhos brilhantes, deu um passo à frente,
observando-me com interesse.
— Ela tem coragem — disse ele, rindo. — É uma pena que isso não vá ajudá-la.

A raiva borbulhou em mim, e eu tentei me levantar, mesmo com a dor que pulsava pelo meu
corpo. Não ia me deixar ser subjugada sem lutar.

— Se você acha que pode me controlar, está muito enganado! — desafiei, minha voz mais firme
do que eu sentia.

Alastor deu um passo em minha direção, sua expressão mudando de divertimento para algo mais
sério. Ele se inclinou, seu rosto perto do meu.

— Coragem é uma qualidade admirável, mas você descobrirá que a submissão é a única maneira
de sobreviver neste mundo. E eu vou me certificar de que você aprenda isso da maneira mais
difícil. E acredite, eu vou adorar fazer isso.

Com um movimento rápido, ele puxou a corrente, fazendo-me tombar para frente. Eu caí de
joelhos novamente, mas desta vez, uma onda de determinação tomou conta de mim. Não poderia
me deixar vencer tão facilmente.

Enquanto os vampiros riam e murmuravam,

— Você fica uma delícia nesta posição. — Alastor sorriu.

— Eu não sou como as outras que você já conheceu — disse a Alastor, tentando parecer mais
confiante do que realmente me sentia. — Você vai se arrepender de me subestimar.

Ele ergueu uma sobrancelha, claramente intrigado.

— Isso é o que veremos, coelhinha. Apenas lembre-se: eu sempre tenho um plano. E o meu
plano para você está apenas começando.

Enquanto ele falava, eu percebi que outros vampiros estavam se aproximando. Eu não queria dar
aquele gostinho para eles mas era impossível, as lágrimas desciam pelo meu rosto e eles
gostaram de vê.
Capítulo 40
Todo o meu corpo doía. Todos os dias, Alastor me arrastava para aquela sala, e todos os
dias havia mais vampiros observando. Ele me obrigava a ficar de joelhos próximos aos seus pés,
me forçando a ouvir o que os vampiros sussurravam em minha direção. Ele gostava de como
estava me humilhando.

— Quando você finalmente vai deixar que experimentemos o sangue dela? — perguntou
um vampiro, se aproximando e olhando para Alastor. Os outros vampiros pararam de beber para
ouvir a conversa.

— No dia em que um de vocês me trouxer o maior exército. Quero dizer, isso permitirá
que se alimentem dela — respondeu Alastor.

Ele se levantou. Quando puxou a corrente, uma dor percorreu meu corpo. Ele me obrigou
a ficar em pé, seu corpo atrás do meu.

— E dependendo da situação, eu poderia até pensar em deixar vocês se divertirem com ela
— disse ele, sua voz baixa e ameaçadora.

Ele segurou meus cabelos com força, puxando-os para trás. Alastor se aproximou do meu
pescoço, arranhando a pele da minha garganta.

— Mas até que isso aconteça, ela é toda minha — sussurrou, sua respiração quente contra
a minha pele.

Eu gritei quando Alastor mordeu meu pescoço com força, seus braços apertando-me
contra seu corpo. Tentei empurrá-lo, mas isso parecia apenas diverti-lo ainda mais.

O desespero começou a se misturar à raiva. A dor era intensa, mas a ideia de me submeter
completamente a ele era insuportável. Eu precisava pensar em uma forma de escapar, ou pelo
menos de virar o jogo a meu favor.

Enquanto ele continuava a me segurar, eu fechei os olhos e respirei fundo, tentando


acalmar a mente. Se eu pudesse apenas encontrar uma fraqueza nele, talvez pudesse usar isso a
meu favor. Eu sabia que a única maneira de sobreviver era encontrar uma forma de me libertar
dessa situação.

— Você acha que pode me quebrar? — desafiei, a voz tremendo, mas com um toque de
determinação. — Você não sabe com quem está lidando.

Alastor parou por um momento, surpreso com minha ousadia. Seus olhos brilharam com
um misto de curiosidade e diversão.

— Oh, coelhinha, você realmente não entende a gravidade da situação. Mas eu gosto da
sua bravura. Isso torna tudo mais interessante.

Ele se afastou um pouco, ainda segurando a corrente, mas me permitindo um espaço para
respirar. Os vampiros ao redor começaram a murmurar entre si, claramente entretidos pela cena.

— Vamos ver até onde você pode ir antes de quebrar — disse ele, com um sorriso que não
prometia nada de bom.

— Você pode me prender e me machucar, mas nunca poderá me dominar completamente


— declarei, tentando encontrar força nas minhas palavras.

Alastor arqueou uma sobrancelha, impressionado. Um sorriso satisfeito se espalhou por


seu rosto.
— Vamos ver, coelhinha. Vamos ver.

A escuridão estava se fechando ao meu redor quando Alastor me arrastou para fora da
sala, a corrente ainda presa ao meu pescoço. O peso da corrente era um lembrete constante da
minha vulnerabilidade, e a sensação de desespero começou a se instalar em meu peito. A cada
passo que dávamos, a tensão aumentava, como se o ar estivesse carregado de eletricidade, um
prenúncio de que algo terrível estava prestes a acontecer.

Finalmente, chegamos à borda de uma floresta densa. As árvores altas e grossas se


erguiam como sentinelas sombrias, bloqueando a luz da lua e criando um ambiente opressivo. O
cheiro de terra úmida e folhas em decomposição invadia meu nariz, misturando-se com o
perfume de algo mais metálico, que fazia minha cabeça girar. A escuridão parecia viva, pulsando
ao meu redor, como se as próprias sombras estivessem à espreita, prontas para me engolir.

— Bem-vinda ao meu playground, coelhinha — disse Alastor, sua voz suave e sinistra,
soando quase como um sussurro ameaçador. Ele me soltou, mas a corrente ainda estava presa ao
meu pescoço, limitando meus movimentos e me lembrando que estava sob seu controle. — Aqui,
eu sou o caçador, e você é a presa. Vamos ver o quão rápido você consegue correr.

O medo tomou conta de mim, uma onda gelada que se espalhou por todo o meu ser. Eu
nunca havia sentido uma pressão tão intensa antes. A ideia de ser caçada por ele, um vampiro
poderoso e implacável, fazia meu coração disparar e minha respiração ficar irregular.

Essa pode ser a minha chance de fingir.

— Tic-tac, coelhinha.

A adrenalina começando a bombear nas minhas veias, quase como um veneno. Com um último
olhar para ele, virei-me e comecei a correr, meu corpo em movimento antes que a razão pudesse
me deter.

As folhas secas estalavam sob meus pés enquanto eu corria pela floresta, cada passo
ecoando como um grito silencioso de desespero. O som de galhos quebrando e folhas
farfalhando parecia amplificado na quietude da noite, e eu desviava de troncos e arbustos, mas a
cada movimento, a sensação de ser observada se intensificava. Meu coração batia como um
tambor frenético em minha mente, e o medo me impulsionava a seguir em frente. A escuridão
parecia se fechar ao meu redor, e eu sabia que Alastor estava lá, em algum lugar, me observando,
se divertindo com meu desespero.
A cada passo, eu podia sentir a presença dele me seguindo, uma sombra que nunca se
afastava. O som de suas risadas ecoava na minha mente como um aviso, aumentando minha
determinação de escapar. Eu não podia deixar que ele me pegasse. A única coisa que eu queria
era a liberdade.

Mas a floresta parecia interminável, e logo me perdi entre as árvores altas e as sombras
densas. O medo se transformou em pânico quando percebi que não tinha ideia de como voltar.
Eu estava sozinha, cercada pela escuridão, e a certeza de que ele estava me caçando me deixava
em estado de alerta. A luz da lua mal conseguia penetrar a espessura das folhas, e a sensação de
claustrofobia se instalava, como se as árvores estivessem se fechando sobre mim.

De repente, ouvi um estalo atrás de mim. Meu coração parou. Virei-me rapidamente, mas
não vi nada além de árvores e sombras. A respiração estava pesada em meu peito, e eu sabia que
precisava continuar correndo. A adrenalina me impelia, mas a dúvida começava a se infiltrar em
meus pensamentos, como uma serpente sibilante.

— Você não pode fugir para sempre, coelhinha! — gritou Alastor, sua voz ressoando pela
floresta, profunda e ameaçadora. — Eu sempre estou mais perto do que você imagina.

Aquelas palavras cortaram como uma faca, ecoando na minha mente. O medo se
transformou em uma onda de desespero, e eu corri ainda mais rápido, a sensação de sua presença
pesada em meus ombros. Um impulso de sobrevivência me guiava, mas a floresta estava cheia
de armadilhas e obstáculos. Eu precisava encontrar uma saída.

Com as pernas em chamas e o coração pulsando no meu ouvido, tentei me concentrar, mas
o pânico estava me consumindo. Olhei para os lados em busca de qualquer sinal de fuga, mas as
árvores pareciam se fechar ao meu redor, formando um labirinto sem fim. A cada segundo que se
passava, eu sentia que a esperança estava se dissipando, como a luz do dia ao entardecer.

Então, com um último esforço, olhei para cima e vi uma pequena clareira à frente. A luz
da lua brilhava através das copas das árvores, criando um espaço aberto que parecia promissor.
Um lampejo de esperança acendeu dentro de mim, e acelerei, decidida a alcançar aquele espaço
onde talvez pudesse encontrar uma maneira de escapar.

Mas, ao entrar na clareira, algo me fez parar. A figura de Alastor apareceu, como uma
sombra que emergia da escuridão. Ele estava calmo, quase relaxado, enquanto eu ofegava,
tentando recuperar o fôlego. A expressão em seu rosto era de satisfação, como se tivesse
esperado por mim.

— Você realmente achou que poderia escapar de mim? — disse ele, com um sorriso que
gelava minha espinha, revelando dentes brancos e afiados. — O jogo está apenas começando.

O terror tomou conta de mim novamente, e eu sabia que, sem uma estratégia, estava
perdida. A clareira, que antes parecia uma saída, agora se transformava em uma armadilha. Eu
precisava pensar rápido, mas o medo me paralisava. Eu estava em seus domínios, e ele era o
caçador. E eu, a presa.

A única coisa que restava era a esperança. Uma chama pequena, mas que se recusava a se
apagar. Eu não poderia desistir. Enquanto ele avançava, a escuridão ao meu redor parecia se
intensificar, e eu sabia que tinha que usar o que restava de coragem. A luta pela minha liberdade
estava longe de terminar.

— Você não faz ideia de como foi difícil para mim decidir te deixar aqui, Vitória — disse
Alastor, segurando uma mecha do meu cabelo entre os dedos, como se fosse uma relíquia
preciosa. Seus olhos brilhavam com uma mistura de prazer e desprezo, e eu podia sentir o medo
pulsando dentro de mim.

Ele encarou meu corpo, seus olhos deslizando sobre mim com uma possessividade que me
fazia sentir exposta e vulnerável. Minhas mãos tremeram, não apenas de medo, mas de uma raiva
crescente que tentava sufocar a sensação de impotência. Era como se ele estivesse avaliando cada
parte de mim, cada fraqueza.

— Vai se foder! — gritei, a voz tremendo, mas determinada.

Alastor riu novamente, uma risada cheia de desprezo que ecoou pela clareira, misturando-
se com os sons da floresta ao nosso redor. O som era como lâminas cortando o ar, e eu me senti
ainda mais pequena sob seu olhar.

— Vamos ver por quanto tempo essa coragem vai durar, Vitória — ele respondeu, seu tom
de voz se tornando mais baixo, quase sussurrante. — Porque, no final, eu sempre consigo o que
eu quero. E você não será exceção.

A adrenalina corria em minhas veias, e a determinação se transformou em um impulso


feroz. Ele estava certo sobre uma coisa: eu não tinha ideia de como isso acabaria, mas não ia me
deixar que ele me usasse novamente.

— Eu te darei a chance de correr mais uma vez — continuou Alastor, com um sorriso
malicioso se espalhando por seu rosto. — Mas lembre-se, coelhinha, eu estarei bem atrás de
você. E a cada passo que você der, eu estarei mais perto.

Ele soltou minha mecha de cabelo, e eu senti um frio na espinha, como se sua presença
ainda estivesse impregnada em mim. A maneira como ele me observava me fazia sentir como se
eu fosse uma presa em um jogo cruel. Ele estava se divertindo com isso.

Foi nesse momento que uma onda de determinação me invadiu. Eu não podia deixar que
ele tivesse o controle total. Eu não era apenas uma vítima; eu era mais do que isso. E se ele
queria que eu corresse, então eu correria. Mas não apenas para escapar eu correria para ganhar
tempo, para planejar meu próximo movimento.

Ele inclinou a cabeça para o lado, como se estivesse avaliando minhas palavras, e então,
com um movimento rápido, ele fez um gesto com a mão, indicando que eu deveria começar.

— A contagem vai começar assim que você der o primeiro passo. — Seus olhos brilhavam
de excitação. — E, acredite, eu irei atrás de você com toda a minha força.

Respirei fundo, sentindo o cheiro da terra úmida e das folhas, e então, sem mais delongas,
eu me virei e comecei a correr.

As árvores se tornaram uma borrada ao meu redor, e o som de meus pés batendo no chão
ecoava em meus ouvidos. A adrenalina me empurrava para frente, e mesmo sabendo que ele
estava atrás de mim, a ideia de liberdade me impulsionava. A floresta estava viva, e eu precisava
me perder nela — pelo menos até encontrar um plano.

O vento soprava no meu rosto enquanto eu corria, e a sensação de estar sendo caçada era
aterrorizante.

E enquanto os risos de Alastor ecoavam atrás de mim, eu sabia que tinha que ser rápida.
Ele era um predador, e eu precisava me manter um passo à frente. A floresta se tornava cada vez
mais densa, e eu precisava encontrar um lugar onde pudesse me esconder ou um caminho que me
levasse para longe dele.

Eu corria com o restante de forças que ainda tinha, as minhas pernas estavam falhando,
todo o meu corpo estava molhado de suor. A minha garganta estava seca. E as lágrimas desciam
pelo meu rosto. Eu tentei puxar o meu poder novamente, mas ele não estava lá.
Eu só percebi o galho na minha frente quando foi tarde demais, eu caí rolando em terra
úmida e folhas secas. Até que finalmente parei. A minha cabeça estava doendo, todo o meu
corpo doía, tentei levantar o braço mas algo pegajoso começou a escorrer. O meu coração
martelava dentro do meu peito, quando vejo o brilho do meu sangue escorrendo pelo meu braço.
A minha cabeça tombou mais uma vez naquele chão de terra úmida. A minha visão estava
escura, eu podia vê a lua brilhando no de escuro daquela floresta.

Eu queria gritar, mas uma mão estava tampando a minha boca. Todo o meu corpo doía,
mas ver Damon parado na minha frente olhando para mim, foi irreal. Ele se aproximou
sussurrando no meu ouvido.
— Não podemos fazer barulho, eu vou te tirar daqui.

Damon segurou o meu braço me fazendo ficar em pé na sua frente, ele olhou para o meu
pescoço, eu sabia o que ele estava vendo, a coleira de couro ainda estava lá. Eu não estava
conseguindo ficar em pé, ele se aproximou segurando o meu corpo. O vejo apertando os dentes
uns nos outros com força ao olhar para o meu corpo nú, cheio de machucados e terra molhada.

— O que aquele maldito fez com você? — Mas eu não respondi, eu simplesmente não
consegui. Antes que tudo ficasse no mais profundo escuro, eu sinto o calor dos braços de Damon
em volta do meu corpo.
Capítulo 41
Eu gritei ao sentir alguém segurando os meus ombros, me debati tentando me soltar.
— Vitória, sou eu.

Aquela voz, ao abrir os olhos eu vejo o Damon na minha frente, as suas mãos ao redor do
meu corpo, eu fechei os olhos com força e logo depois os abri, para ter certeza de que não era um
sono, que aquilo estava realmente acontecendo, Damon me encarava com atenção.
O meu corpo ainda doía.

Observei o local que eu estava, era o quarto dele no castelo, eu não estava mais com o
Daniel e o Alastor, minha cabeça doía tanto.
Me sentei com um pouco de dificuldade, Damon permaneceu do meu lado.

Mas as lembranças de tudo que aconteceu insistiam em voltar, os meus olhos arderam,
Damon estava olhando para mim, eu podia ver a sua expressão de ódio.

— Por que você está me olhando assim? — Questionei tentando não chorar.
— Você não cansa de ser tão fraca. — O meu corpo tremeu com a sua explosão de fúria.
— Você chora tanto, que só de ver, me irrita em um nível que não é normal, estou cansado de
vê-la assim, É a segunda vez que te encontro cheia de sangue, praticamente morta, e em todas as
duas vezes quando você acordou, estava com essa expressão de choro no rosto.

Ele se levantou, era como se não conseguisse me encarar, eu podia ver a sua mão fechada
em punho, as veias saltando com a força que ele colocava.
— Eu sou isso que você está vendo Damon, sinto muito que você não gosta do que vê.

E com uma rapidez tão impressionante ele estava do meu lado segurando o meu rosto para
que eu pudesse olhar diretamente para ele, engoli em seco ao ficar tão perto dele.
— Não, você não é isso que demonstra, apenas colocou essa máscara de fragilidade no
rosto, porque assim era mais conveniente para você, essa é a verdade, não está cansada de ser
usada por cada um que aparece na sua vida? Não está cansada de ser sempre a vítima? Você
sempre espera que alguém vá te salvar, e se eu não conseguir na próxima vez?

A minha garganta se fechou, apertei a minha mão com força, infelizmente as lágrimas
ainda desciam.
— Eu apenas morrerei. — Vejo o choque no seu rosto quando ele me soltou. — Eu apenas
morrerei, é isso que você quer que eu diga? O que você queria que eu fizesse?

Damon se afastou dando um soco com toda a sua força na parede, as minhas mãos
tremeram quando vejo o que aconteceu na parede, um buraco enorme na minha frente, ele se
virou me encarando.
— O que você poderia fazer? — Ele perguntou não acreditando nas minhas palavras. —
Você poderia ter matado cada um daqueles que ousaram colocar os olhos em você, é isso que
você poderia ter feito.

Abaixei a cabeça não suportando a intensidade do seu olhar. Ele continuou.

— Você ainda não percebeu Vitória. — O observei, o que ele estava querendo dizer. —
Aquele veneno que apliquei no seu pescoço só tinha efeito de uma semana. — O encarei não
acreditando nas suas palavras. — Esse tempo todo, você tinha o seu poder na palma da sua mão,
e não usou, você deixou que eles te amarrasse em uma cama, deixou que eles se alimentassem do
seu sangue, esse é o motivo do meu ódio, durante uma semana você ficou naquela cama como
um animal indefeso, como você acha que eu fico, sabendo que você poderia ter destruído aqueles
dois com apenas um pensamento, mas não fez, porque não aceita o que lhe foi dado.
Ao olhar para ele, eu sinto o meu corpo estremecer com uma mistura de raiva e confusão.
As palavras de Damon ecoavam em minha mente, revelando uma verdade que eu não queria
aceitar.

Eu tinha tido a oportunidade de me libertar, de usar meus poderes e acabar com aqueles
que me prenderam e se alimentaram de mim. Mas eu permaneci passiva, permitindo que minha
fraqueza e medo tomassem conta de mim.
Tentei me lembrar do momento em que acordei naquele quarto, da sensação do soro
correndo em minhas veias. Mas as lembranças estavam fragmentadas, confusas. Eu não entendia
como deixei isso acontecer, como não percebi a verdade que Damon agora me revelava.

Ele continuou a me olhar, sua expressão era uma mistura de ódio e triunfo.

— Você é fraca, Vitória. Fraca demais para aceitar a sua verdadeira natureza e usar seus
poderes para se libertar. Enquanto você continuar vivendo nessa ilusão de fragilidade, eu sempre
vou estar um passo à frente de você. Eu sempre terei que te proteger.
As palavras dele me atingiram como lâminas afiadas.

Eu sabia que ele estava certo. Eu havia desperdiçado minha chance de me defender, de
lutar por mim mesma. Agora, eu precisava enfrentar as consequências de minhas escolhas.

No entanto, uma chama de ódio começou a queimar dentro de mim. Eu me recusava a ser
subjugada, a ser dominada por Damon ou por qualquer um que ousasse tentar me controlar. Era
hora de abraçar quem eu realmente era, de aceitar meus poderes e usá-los para me libertar e
proteger aqueles que eu amava.
Levantei a cabeça, encarando Damon com determinação nos olhos.

— Você pode acreditar que sou fraca, Damon, mas tenha certeza de que minha fraqueza
acabou aqui. Não vou mais permitir que você ou qualquer um me subestime, ou me domine. Eu
vou lutar com todas as minhas forças para me libertar e destruir cada um, se for necessário.
Um sorriso diabólico se formou nos lábios de Damon.

— Veremos, Vitória. Veremos se você é realmente capaz de enfrentar as consequências


das suas escolhas.

Ele se aproximou ficando próximo do meu rosto.


— Eu não quero mais ver o medo no seu rosto, não quero mais ver o seu sangue nas
minhas mãos, a partir de amanhã, eu a treinarei, para que possa usar os seus poderes ao máximo,
você se tornará alguém que todos temerão, quando qualquer humano ou vampiro ousar olhar
para você. Eles sentiram, pela primeira vez, o desespero diante do que você se tornou.
Capítulo 42
Eu sentia um calor fora do normal, abri os olhos devagar, tentei levantar o meu braço, mas
não consegui.

Minha respiração se intensificou no momento que percebi o motivo de não conseguir


mover o meu corpo.
Vejo um braço abaixo da minha cabeça, sentia um calor consumindo todo o meu corpo,
Damon estava com o outro braço na minha cintura, sua mão repousando delicadamente na minha
barriga, sua pele diretamente em contato com a minha, percebi que a camisa que eu estava
usando havia subido durante a noite, engoli em seco ao perceber a sua perna esquerda em cima
do meu corpo.

Eu não estava conseguindo respirar normalmente, seu corpo grande e forte me segurava
firmemente, ao tentar mover meu corpo, o ouço resmungando algo que não faço ideia do que
seria, ele me abraçava quase fundinho seu corpo ao meu, meu coração martelava no peito, muito
ciente do quanto estávamos próximos, eu queria ir ao banheiro, eu realmente queria fazer xixi,
mas cada vez que me movia ele se aproximava mais.
Abri minha boca em surpresa, no momento que percebi algo incrivelmente duro e grande
muito próximo da minha bunda, o meu rosto em chamas, estava vermelha de vergonha e
confusão.

Eu tentei me soltar dos braços do Damon sem acordá-lo, mas meu esforço é em vão. Ele
aperta seu abraço e murmura algo incoerente, fazendo minha mente entrar em pânico.

O que diabos está acontecendo?


Desesperada, tento pensar em uma maneira de escapar daquilo sem acordá-lo. Talvez se eu
me mexer com cautela, ele não acorde e eu consiga sair disfarçadamente.

Respiro fundo e lentamente começo a me mover.


A cada movimento, sinto o membro rígido de Damon roçando ainda mais perto de mim, o
que só piora minha ansiedade.

Segurei no seu braço devagar, neste momento ouço a sua voz próxima do meu ouvido.
— Você pode esperar só um segundo? — Tentei não me mover um milímetro sequer,
minha respiração se intensificando, sinto a sua respiração quente no meu pescoço, o que não
ajudava em nada para que os batimentos do meu coração se normalizassem.

E sem perceber, acabei me mexendo. O ouço praguejando como se estivesse sentindo dor,
pelo menos era o que parecia.
— Merda! — Ele murmurou, soltando-me imediatamente. Damon se afastou, deixando
um espaço entre nós, e eu finalmente pude respirar aliviada.

Damon parecia estar acordando aos poucos, tentando entender o que havia acontecido. Sua
expressão de confusão e desconforto me fez perceber que ele não tinha consciência do que estava
ocorrendo enquanto dormíamos.

Eu me sentei na cama, ainda constrangida, e fui diretamente para o banheiro, coloquei a


minha mão no peito sentindo meu coração martelando, me observei no reflexo do espelho e vejo
o meu rosto vermelho. Respirei fundo tentando me controlar. Terminei de usar o banheiro e sai,
encontrei Damon sentado na beira da cama, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Damon
soltou um suspiro pesado.
— Me desculpe, eu realmente não tinha ideia de que estava te incomodando dessa forma.

Era como se ele estivesse tentando se lembrar, em que momento me abraçou daquele jeito
durante a noite.
— Tudo bem. — Minha voz saiu baixa, Damon se levantou e logo em seguida me
encarou.

— Preparada para o seu primeiro dia sendo treinada por mim? Você sabe que não vou
pegar leve com você, a treinarei sem me importar que você é uma mulher.

Eu não estava preparada, porque a única coisa que eu conseguia pensar, era nos seus
braços em volta do meu corpo, me sentia tão confusa, porque quando ele se afastou, lá no fundo,
eu queria pedir para que ele voltasse a me abraçar? O meu rosto começou a ficar quente.
O encarei, ele ainda me observando esperando uma resposta.

— Estou sim. — A mentira saiu tão fácil, a verdade era que eu estava apavorada por ter
que ser treinada por ele, e não era medo de me machucar. Era o pânico de não poder me
controlar, se ele tocasse o meu corpo daquele jeito novamente.
Resumindo, eu estava ferrada!
Capítulo 43
Damon me levou até um espaço que ele usava para treinar, observei o local, se parecia
com o que eu treinava na resistência, só por me lembrar disso, a imagem do Derek veio na minha
memória, respirei fundo, eu precisava focar em mim, não devia pensar nele, mas, ao olhar o
Damon na minha frente, com uma roupa toda preta, a sua marca registrada, deixei minha mente
divagar.
Ele não tinha outra cor não? — Me questionei.

Foca Vitória... balancei a cabeça, apenas fique focada no que você tem que fazer; 1 treinar;
2 ficar mais forte; 3 controlar os seus poderes; 4 matar especificamente, dois vampiros.
Engolindo em seco, encarei o Damon, com seus cabelos bagunçados me observando. E... 5; não
pensar no que eu senti nessa manhã, quando ele me abraçou.
— Vou repetir o que eu te disse hoje de manhã. — Observei ele se aproximando. — Você
tem poderes suficientes para matar um vampiro apenas com um pensamento. — Os seus olhos
estavam escuros, não tinha nenhum resquício de sorriso nos seus lábios, um arrepio passou por
todo o meu corpo. — Então, não vou pegar leve com você, provavelmente você se machucará
durante o treinamento, isso vai ser inevitável, então se concentre para não acabar morrendo, está
me entendendo?

Ok, entendi, mas, mesmo assim, estava morrendo de medo da sua expressão ao olhar para
mim, eu precisava me controlar, precisava tentar o meu máximo, tentei tanto que esses poderes
não aparecessem, que agora estou aqui, torcendo para não morrer.
— Eu entendi.

— Você já deve ter percebido que os seus poderes se manifestam quando está
desesperada, com medo, e principalmente com ódio. Mas se você ficar esperando que isso seja a
chave para você usá-los, aí acabará sendo pega, ou pior... morrendo mesmo.

Me lembrei de todas as vezes que eles se manifestaram, na morte da minha mãe, no quarto
com ele, ao ver minha amiga sendo morta, quando pensei que tinham nos capturado na
resistência, e por último, quando levei aqueles tiros logo após descobrir sobre a traição do Derek.

Sim, apenas se resumia em desespero e medo.


— Cada vez que eles se manifestaram, você estava em situações específicas, mas terá que
aprender a controlá-los, para que possa usá-los no momento que quiser, quando quiser. Já tentou
mover algo mais leve? — Damon perguntou.

— Já, mas não consegui. — Suspirei.


— Pelo que me lembro, você tem um poder, mas voltado para telecinesia. Isso mesmo, a
telecinesia é uma das habilidades que você possui. Você pode ser capaz de mover objetos com a
força do pensamento. Mas, assim como com os outros poderes, é preciso treinar para
desenvolver esse controle.

Ele caminhou até uma pequena mesa próxima a nós. Sobre ela, havia um pequeno objeto,
um copo vazio. Ele me observou atentamente.

— Quero que tente mover esse copo usando a telecinesia. Concentre-se no objeto,
imagine-o flutuando no ar. Tente direcionar sua energia para ele.

Foquei minha atenção no copo, tentando canalizar a energia que sentia dentro de mim.
Minha mente estava concentrada, meus olhos fixos no objeto.

Visualizei-o levitando, um pequeno movimento no ar. Tentei direcionar meus


pensamentos e minha energia para o copo.
Para minha surpresa, o copo começou a mexer. Primeiro, apenas um pequeno tremor, mas
aos poucos foi se erguendo no ar. Sorri, impressionada com meu progresso.

— Muito bem! — Ele exclamou, demonstrando uma satisfação genuína. — Agora, tente
mover o copo para o lado oposto da mesa. Mantenha o controle e a concentração.

Segui suas instruções, mantendo meu foco no copo em movimento. Com cuidado,
direcionei a energia e o copo deslizou através do ar, movendo-se pela mesa. Fiquei fascinada
com minha própria capacidade, sentindo uma sensação de realização se espalhar dentro de mim.
Continuei a treinar meus poderes. A telecinesia se tornou uma habilidade cada vez mais
familiar, e eu aprendi a controlá-la com maior precisão. Aos poucos, fui capaz de mover objetos
maiores e até mesmo manipular seu movimento de forma mais complexa.

Embora ainda estivesse longe de dominar completamente meus poderes, estava satisfeita
com o progresso que havia feito.
Damon estava certo, eu precisava ter controle sobre os meus poderes, para que eles não me
controlassem.

— Você está melhorando. — Ouço a voz do Damon do meu lado, suor se formava no meu
corpo, já estávamos naquela sala a umas seis horas, a minha cabeça já estava doendo, mesmo
assim eu continuei. Essa era a segunda semana de treinamento, todos os dias ficávamos horas
naquele lugar — Precisa aprender a canalizá-los para as suas mãos.

— Então, a primeira coisa que você precisa aprender é como controlar seus poderes
conscientemente. Isso significa ter controle sobre quando e como utilizá-los, em vez de apenas
deixar que se manifestem em momentos de desespero. — Ele pausou por um momento, me
observando atentamente. — Como está se sentindo agora? Medo? Raiva? Concentre-se nesses
sentimentos e tente canalizá-los para dentro de você.
Segui suas instruções, fechando os olhos e respirando fundo.

Eu já conseguia mover objetos sem estar com medo ou raiva, mas não conseguia usar
aquela força capaz de destruir as coisas, tentei focar no medo e na raiva que sentia, tentando
controlá-los e fazer com que se tornassem uma energia interna.
Aos poucos, senti algo mudando dentro de mim, como se uma força poderosa estivesse
despertando. O meu corpo tremeu, uma sensação que conhecia muito bem.

— Perfeito!. — Ele me encarou satisfeito. — Agora, tente direcionar essa energia para as
suas mãos. Imagine-a percorrendo seus braços e se concentrando em suas palmas. Quando
estiver pronta, abra os olhos e libere essa energia em minha direção.

O encarei, e se eu o machucasse?
Damon sorriu ao perceber onde os meus pensamentos estavam me levando.

— Você tem que parar de pensar que pode machucar alguém, onde está a garota que vivia
falando que iria me matar? — O encarei. — E vamos combinar, Vitória, você não conseguiria
me machucar mesmo se quisesse. — Fechei os olhos de ódio.
Filho de uma…

Respirei fundo e abri os olhos lentamente, sentindo o formigamento percorrer meus


braços. Concentrei-me em minhas mãos e visualizei a energia fluindo por elas.

Com um movimento brusco, estendi as mãos na direção do infeliz do meu treinador, e


liberei a energia com toda a minha força.
Um poder impressionante saiu das minhas mãos, atingindo-o em cheio.

Ele foi jogado para trás com a força do impacto, batendo na parede, o barulho foi alto, só
não foi mais alto do que o som dos batimentos do meu coração, a parede tinha um buraco, o meu
peito subia e descia rapidamente, Damon se levantou, a sua roupa toda suja, ele batia a mão na
roupa tentando retirar os pequenos pedaços de pedra presos nela, ele andou em minha direção,
visivelmente impressionado.
— Muito bom. Agora, tente controlar a intensidade dessa energia. Você precisa ser capaz
de dosar a força do impacto, dependendo da situação. Tente novamente.

Ao tentar novamente, mas dessa vez tentando controlar, porque se continuasse daquele
jeito não teria mais esse lugar para treinar, ele desviou com uma facilidade invejável, as minhas
mãos tremiam, a minha garganta estava seca.

Damon se aproximou dando um soco no meu estômago, cai no chão a procura de ar.
Merda! Ao levantar a cabeça o vejo me encarando como se estivesse com tédio.
— Se levanta não terminando ainda.

Tentei me levantar, mesmo com as pernas tremendo. A dor no estômago ainda me


incomodava, mas eu não podia desistir agora. Se queria aprender a controlar meus poderes,
precisava suportar os treinamentos intensos de Damon.
— Estou esperando — Sua voz era fria e impaciente.

Respirei fundo, tentando reunir o pouco de energia que restava em mim. Levantei-me
lentamente, apoiando-me em uma perna para não cair novamente.

Damon me observou por um momento, avaliando se eu estava realmente pronta para


continuar. O silêncio pairava no ar, apenas os nossos batimentos cardíacos quebravam o vazio.
— Agora, quero que tente canalizar seu poder para criar um escudo, uma barreira de
proteção ao seu redor. Você precisa ser capaz de se defender, de se proteger dos ataques físicos,
eu não vou parar de atacá-la. Concentre-se!

Com minha mente ainda turva pela dor, tentei me concentrar na criação do escudo.
Busquei a energia que fluía dentro de mim e a direcionei em volta do meu corpo. Imaginava uma
barreira de luz se formando, como se criasse um casulo de proteção.
Por um breve momento, senti algo ao meu redor, um fraco brilho no ar. Mas logo
desmoronou, minha concentração falhou e o escudo desapareceu.

Damon suspirou de frustração. Ele parecia impaciente.

— Vamos, mais uma vez! Concentre-se, sinta a energia, torne-a parte de você. Acredite
que pode fazer isso! Me lembro muito bem de como nada passava por você naquele momento na
sala do trono, eu quero ver aquele poder.
Decidi ignorar a dor, a exaustão e os pensamentos de dúvida. Fechei meus olhos e respirei
profundamente, buscando forças em meu interior.

Deixei que a energia fluísse livremente dentro de mim, permitindo que se manifestasse em
torno do meu corpo como uma proteção impenetrável.
Dessa vez, senti a energia se solidificando ao meu redor. Era como se estivesse envolta em
um escudo invisível, uma sensação de segurança e proteção. Abri os olhos e vi Damon olhando
para mim, seus olhos demonstrando surpresa.

— Muito bem! — Ele exclamou. — Agora, mantenha o escudo por mais tempo, aumente
sua resistência. Não deixe que nada o atravesse.
Assenti, determinada a fazer o meu melhor.

Consegui manter o escudo ao meu redor por um tempo maior, testando sua resistência e
minha própria concentração.
Damon se aproximou, pronto para me dar mais um soco, no primeiro golpe ele não
conseguiu chegar ao meu corpo, meu coração martelava no peito, minha cabeça estava latejando,
senti o escudo se desfazendo, merda! Não consegui reerguer a tempo, era tarde demais, sinto o
impacto no meu rosto, caí com tudo, o meu corpo caiu no chão, meu ombro reclamou de dor,
minha cabeça latejando, me sentei no chão, ao olhar para baixo, vejo gotas de sangue nas minhas
pernas, levantei a minha mão colocando no nariz que sangrava sem parar.

Tentei respirar fundo, mas só de fazer isso doía como nunca, os meus olhos arderam, ele
tinha quebrado o meu nariz! Aquele infeliz!
Damon se aproximou, ao tentar me levantar, as minhas pernas falharam e me sentei
novamente, minha mão estava toda suja pelo sangue que ainda saia. Damon balançou a cabeça
ao ficar de joelhos na minha frente.

— Patético! Você precisa se concentrar mais. — Ele colocou a mão no meu rosto, um
calor envolvendo toda a minha fase.

O sangramento tinha parado, eu conseguia respirar de novo, os seus olhos ainda estavam
em mim.
Encarei Damon com a raiva pulsando em minhas veias, ele se levantou, e mesmo sentido
as minhas pernas fracas, também me levantei.

— O treinamento acabou por hoje.


Os treinamentos com Damon seriam difíceis, dolorosos e intensos, mas eu sabia que
valeria a pena. Afinal, eu tinha poderes além da compreensão e agora estava começando a
aprender a controlá-los.

Mas a vontade de tirar aquele sorriso de ironia do seu rosto, dominava cada parte de mim.
Capítulo 44
Após tomar um banho, me sentei no sofá, meu corpo estava todo dorido, meu estômago
fechando de dor. Damon curou só o meu rosto, não curou o meu estômago, eu não ia pedir que
ele fizesse isso, afinal, ele sabia que tinha acertado no treinamento.
Ou seja, ele não queria me curar completamente, miserável!

Já era umas oito da noite, quando ele apareceu no quarto, eu ainda estava no sofá, na
verdade, não estava conseguindo me mover normalmente, cada vez que eu tentava sentia a dor
no estômago voltando, ele se aproximou ficando na minha frente.
— Vem jantar comigo? — Levantei a cabeça o encarando.

— Eu prefiro jantar aqui mesmo, no quarto, não estou me sentindo muito bem.
Não ia falar o motivo, porque provavelmente ele já sabia.

— Mandarei trazer o seu jantar então.

Ele se virou e saiu, depois de uns vinte minutos trouxeram o meu jantar, quando estava
sozinha, me levantei sentindo as pontadas de dor, com cuidado me sentei na cadeira, olhei para a
comida, estava com fome, mas sabia que não conseguir comer muito.
Forcei e consegui comer um pouco, eu estava cansada, meu corpo estava todo dolorido, de
todos os dias de treinamento este foi o pior. Me levantei e fui andando com cuidado até
conseguir chegar até a cama, me deitei resmungando de dor, na verdade eu sabia que os dias a
seguir de treinamento seriam piores. Precisava aprender a me controlar para não passar
novamente por isso.

Eu me mexia devagar tentando achar uma posição confortável, mas cada vez que fazia
isso, eu gemia baixinho de dor, estava difícil. Ouço o colchão se mexendo do meu lado, sei que é
o Damon.
Ouço o seu suspiro do meu lado. Abri os olhos e o vejo me encarando, engoli em seco.

— Se deita de barriga para cima.


Sabia o que ele iria fazer.

— Não precisa. — A minha voz era baixa, Damon levantou uma sobrancelha olhando para
mim.

— Não precisa? — Ele perguntou. — Você está gemendo a cada movimento que faz. Não
me leve a mal, mas não gosto desse som de gemido em específico. — O meu rosto ficou
vermelho, ao perceber qual gemido ele estava se referindo. — Não consigo dormir com você
mexendo a cada segundo.

Com o coração acelerado me deitei de barriga para cima, Damon se aproximou colocando
a sua mão em cima da minha barriga, mesmo estando com uma blusa, agora percebi que ela era
fina demais, o meu coração acelerou quando eu senti o seu toque no meu corpo, o calor das suas
mãos em mim.

Eu me senti desconfortável com a proximidade de Damon, era uma mistura de sensação


dentro do meu peito.

Fechando os olhos, tentei me distrair das sensações perturbadoras. Concentrei-me na


respiração, tentando relaxar os músculos tensos. Mas a presença de Damon ao meu lado era
sufocante, fazendo com que minha mente não conseguisse se acalmar.

Estava sentindo um calor fora do normal.


Damon permaneceu em silêncio, sua mão ainda repousando em minha barriga. Eu pude
sentir seu olhar fixo em mim, como se estivesse me estudando. Era uma sensação invasiva, me
fazendo sentir vulnerável e exposta, com seu olhar fixo em mim.

Enquanto tentava me concentrar em outra coisa, senti um movimento repentino de Damon.


Ele deslizou sua mão pela minha barriga, em direção ao meu rosto. Meu coração acelerou ainda
mais e meus músculos se contraíram, incapazes de relaxar.

— O que você está fazendo... — minha voz saiu quase como um sussurro, cheia de
incertezas.
Ele pareceu ignorar a minha pergunta, continuando a explorar meu rosto com suas mãos.
Cada toque era uma sensação diferente, e meu coração martelava no peito.

A sensação de incerteza cresceu dentro de mim, misturada com algo que eu não podia
expressar em palavras. Eu me sentia atraída por ele, como se estivesse sendo puxada em sua
direção.
Mas não havia nada que eu pudesse fazer. Eu estava presa no seu olhar, não apenas
fisicamente, mas emocionalmente.

Então só me restava fechar os olhos, eu tentei controlar os batimentos do meu coração, ao


sentir a ponta dos seus dedos passando pelo contorno dos meus lábios.

Eu não conseguia negar a reação que meu corpo tinha aos toques de Damon. Era uma
mistura de medo, excitação e curiosidade. Aquela atração proibida me deixava confusa, lutando
contra meus próprios sentimentos.
Tentei afastar os pensamentos indesejados, concentrando-me em meus limites e no que era
certo para mim. Eu não queria ceder ao poder que Damon tinha sobre o meu corpo, não queria
me render ao que estava sentindo.

Com um esforço tremendo, abri os olhos e afastei sua mão de meu rosto. Encarei-o com
determinação, minha voz saindo um pouco trêmula.
— A dor já passou.

Ele me olhou, e logo depois balançou a cabeça, como se estivesse em transe tentando se
controlar, mas algo em seus olhos também mostrava uma espécie de inquietação.

Damon se afastou lentamente, sua expressão mudou de fria para pensativa. Por um
momento, houve um silêncio tenso entre nós, até ele finalmente falar.
— É melhor você ir dormir, amanhã teremos mais treinamentos.

Me deitei olhando para o outro lado, o meu coração martelava no peito, e sem perceber,
coloquei minha mão em meus lábios, sentindo-os formigar, ainda devido ao seu toque.
Um misto de emoções e pensamentos inundaram minha mente enquanto tentava encontrar
um pouco de sono. O toque de Damon ainda ecoava em minha pele, despertando sensações
contraditórias em mim.

Mais do que tudo, sentia confusão e incerteza.

A atração que sentia por Damon era inegável, mas sabia que não podia ceder a ela. Era um
jogo perigoso, era algo que eu não queria continuar alimentando.
Fechei os olhos e respirei fundo, tentando acalmar minha mente.

Lentamente, meus pensamentos se acalmaram, e finalmente consegui adormecer.


Capítulo 45
Continuei praticando, tentando controlar o poder que parecia surgir naturalmente dentro de
mim. Ao longo do treinamento, fui percebendo que, embora o medo e a raiva fossem
catalisadores poderosos, eu também era capaz de utilizar meus poderes através da concentração e
da calma.
À medida que os dias passavam e os treinamentos continuavam, fui desenvolvendo cada
vez mais controle sobre meus poderes. A expressão séria de Damon pouco a pouco foi mudando,
fiquei completamente sem jeito ao perceber um certo orgulho no seu rosto, era a primeira vez
que ele olhava assim para mim.

Não vou dizer que o medo desapareceu completamente, afinal, ainda estava lidando com
forças perigosas e desconhecidas. No entanto, agora tinha a confiança de que, se necessário, seria
capaz de proteger a mim mesma.
— Vamos novamente! — Damon falou antes de vir para cima de mim, em uma explosão
de força, ele estava muito mais rápido, quase não estava conseguindo acompanhar seus
movimentos, o meu corpo doía, meu coração martelava no peito. Mas... mesmo assim, tentei me
manter no controle dos meus poderes, minha respiração falhou, no momento que ele me
derrubou no chão, não consegui manter o escudo em volta de mim, o meu corpo estava suado.

— De novo! — Sua voz soou com um tom rígido em minha direção.


Minhas pernas falharam ao tentar me levantar, mas tentei novamente, finalmente
conseguindo, olhei para frente e o vejo me encarando, minhas mãos tremiam, mas consegui que
o meu poder fosse para as minhas mãos, e no momento que ele veio novamente tentando me
acertar, eu ataquei, as palmas das minhas mãos encontraram o seu corpo em um movimento
rápido.

Damon foi lançado a metros de distância de mim, o meu corpo estava desistindo, caí de
joelhos, não mais suportando.
Damon se levantou sem nenhum arranhão no corpo, suspirei frustrada. Mas que inferno! O
corpo dele é de quê?

Ele se aproximou tranquilamente como se nada tivesse acontecido, o meu coração quase
saindo pela boca de tão cansada que estava.
— De novo!

Me sentei no chão à procura de mais ar para os meus pulmões.


— Eu não consigo! — A minha voz quase falhando. Damon cruzou os braços na frente do
seu corpo, o seu olhar ainda em mim.

— Você precisa treinar mais.

O encarei sentindo o suor impregnado em todo o meu corpo.


— Eu não consigo ficar em pé. — Conversei sentindo as minhas pernas ainda tremendo.

Damon suspirou balançando a cabeça na minha direção. Engolir em seco.


— Estamos treinando a apenas seis horas e você já está cansada? — Ele perguntou, esse
infeliz acha que seis horas é pouco?

— Estou melhor do que há duas semanas. — A minha voz saiu baixa.

— Estou te treinando para ser perfeita e não boa. — O encarei sentindo o meu rosto
esquentar.
— Eu sei, mas me dá só uns minutos.

— Ninguém vai te dar uns minutos quando estiver lutando pela sua vida Vitória.
Eu entendia o que ele estava falando, mas não estava conseguindo ficar em pé, não era
uma desculpa para não treinar.

— Que seja! Terminamos por hoje.

Ele se virou indo na direção da porta.


Respirei fundo me levantando, as pernas tremeram.

— Espera! — Falei tentando dar uns passos em sua direção, parecia que eu tinha sido
espancada por horas. Damon parou e logo virou na minha direção.
— Podemos tentar novamente! — Afirmei mal conseguindo ficar de pé, o meu corpo todo
tremia, Damon encarou o meu corpo de cima a baixo.

— Treinaremos amanhã, no seu estado não conseguirá.


Ele foi andando na frente, eu tentei acompanhá-lo, mas falhando miseravelmente, no
momento que cheguei no corredor, ele já havia sumido, me apoiando na parede, fui andando
devagar a cada passo, arrastando os pés na direção do quarto.

Vejo vampiros passando por mim, eles me encaravam com curiosidade, sabiam o que o
meu sangue poderia fazer, mas nenhum deles se atrevia a aproximar-se de mim, tenho certeza de
que o Damon havia deixado claro esse ponto, no começo eu morria de medo, mas aos poucos
esse medo foi se perdendo.
Ao chegar no quarto me joguei na cama, exausta, eu queria tomar um banho, eu precisava
tomar um banho, mas não tinha certeza se conseguiria.

Decidi descansar um pouco, logo depois tomaria um banho quente. Fiquei na cama e nem
percebi, mas acabei dormindo, me assustei, o meu corpo ainda doía mas era bem menos do que a
horas atrás, meus olhos estavam pesados pelo sono, mesmo assim, me levantei, minhas pernas
reclamaram um pouco mas consegui ir até o banheiro, tirei a minha roupa de treino e fui para
debaixo do chuveiro, a água quente em contato com a minha pele, relaxou cada músculo tenso,
fiquei lá por um bom tempo, ao terminar me sequei, fui pegar as minhas roupas e naquele
momento, me lembrei que esqueci de pegá-las antes de entrar no banheiro, suspirei me enrolando
na toalha.
Abrir a porta e não tinha ninguém no quarto, então saí, ao dar um passo, vejo a porta do
quarto se abrindo, Damon entrou, o meu corpo congelou no lugar, ele entrou e quando me viu,
levantou uma sobrancelha olhando para mim, engoli em seco ordenando as minhas pernas a se
movimentarem, mas as infelizes não obedeceram.

Damon se aproximou ficando na minha frente.

— O que você está fazendo? — Olhei para ele, que pergunta mais idiota, como assim o
que eu estava fazendo, revirei os olhos.
— Fazendo ioga. — Respondi sem paciência, vejo o choque no seu rosto, naquele
momento percebi o que falei, não sei o que estava acontecendo comigo, estava mais nervosa do
que o normal. — Esqueci de levar as roupas que ia vestir para o banheiro. — Afirmei sentindo
dor de cabeça.

Ele tinha um pequeno sorriso no rosto quando respondeu.


— Seria interessante ver você fazendo ioga apenas de toalha.

O encarei não acreditando no que acabei de ouvir, Damon não se importou com o meu
rosto em choque. A minha cabeça ainda estava doendo, naquele momento me lembrei de algo
que havia esquecido, minha menstruação estava perto de chegar, esqueci completamente, tinha
me acostumado que quando estava na resistência, não precisava me preocupar com esse fato.

Engoli em seco olhando para ele.


— Eu preciso de um remédio.

Afirmei sentindo as minhas mãos tremendo.


Damon andou até estar do lado da cama e se sentou, ele parecia exausto, algo que não era
normal vindo dele, será que tinha acontecido alguma coisa?

— Pensei que o seu corpo já estivesse melhor!


— Não é um remédio para dor no corpo.

Ele levantou a cabeça.

— Então, que remédio você está querendo?

Eu odiava falar dessas coisas, principalmente para ele, mas infelizmente era necessário, eu
sabia que ele não tinha mais a necessidade de se alimentar de sangue, mas não ia colocar esse
autocontrole dele a prova, não vou ficar neste quarto menstruada com um vampiro, essa hipótese
estava fora de cogitação.

Respirei fundo tomando coragem.


— A minha menstruação está quase descendo, eu quero aquele remédio que me deram da
última vez. — Falei tudo de uma vez.

Damon me encarou.
— Eu já falei que você não precisa tomar aquele remédio.

— Eu quero. — Afirmei.

— Não. — Damon ignorou o meu pedido, já estava se levantando, indo na direção do


escritório, o encarei não acreditando no que ele tinha acabado de falar.
— Como assim não? Eu quero tomar aquele remédio.

Ele me encarou.
— A última vez que você tomou aquele remédio, você ficou praticamente a semana toda
na cama quase morrendo.

— Estou mais forte agora, provavelmente não sentirei os mesmos efeitos colaterais.

— Provavelmente, não é uma certeza, eu não sei se você sabe o significado.


Apertei a minha mão em punho de raiva.

— Eu sei muito bem o significado da palavra “provavelmente”.


Ele levantou uma sobrancelha me encarando.

— Tem certeza?
Filho de uma…. Respirei fundo tentando me controlar.

— Eu quero o remédio!
Ele me ignorou abrindo a porta da biblioteca e entrando, fiquei parada no meio daquele
quarto pensando em matá-lo agora mesmo.

Fui até a biblioteca, o meu peito subia e descia, estava tentando me controlar, meu corpo
tremeu, os livros das prateleiras ao meu redor começaram a se mover.
Damon olhou para mim e depois para os livros, mas a sua expressão não mudou,
continuava sentado olhando uns papéis, andei em sua direção batendo a duas mãos na mesa de
madeira, fazendo um barulho alto, ele levantou a cabeça e me encarou.

— Eu não vou ficar aqui neste quarto quando eu estiver menstruada.


Ele suspirou como se estivesse lidando com uma criança, e aquela expressão no seu rosto
tirou completamente a minha paciência.

— Escuta aqui seu infeliz!

Em um segundo eu já estava na sua frente, segurando a sua camisa apertando com raiva.
Mas nem em mil anos eu me perdoaria de ter esquecido que estava só com uma toalha
enrolada no meu corpo, quando eu senti a toalha caindo, o meu sangue gelou.

As minhas mãos tremeram no momento que olhei para baixo e vejo o meu corpo nu, a
situação parecia ainda pior, eu estava segurando na camisa do Damon, mas ele estava sentado,
seu rosto estava na altura dos meus seios.
Eu queria enterrar a minha cabeça no chão, quando vejo os seus olhos encarando o meu
corpo, Damon me encarava sem cerimônias alguma. Me abaixei tentando pegar a toalha o mais
rápido que eu conseguia, mas bati a cabeça na ponta da mesa.

Acabei ficando tonta pela batida forte, ia cair no chão quando ele segurou a minha cintura
impedindo que isso acontecesse.

— Eu retiro o que eu disse, te ver, nessa posição, é mil vez melhor do que a da ioga.
Ele tinha um sorriso no rosto, olhei para ele com o rosto em chamas de vergonha. Eu
quero morrer, eu realmente quero morrer agora!
Capítulo 46
As minhas mãos tremeram, saindo dos seus braços e peguei a toalha o mais rápido que
consegui. Enrolei a toalha no meu corpo, o meu coração estava martelando no peito. Eu não
estava acreditando no que acabou de acontecer nesta biblioteca.
Abaixei a cabeça e dei as costas para ele, eu não estava conseguindo levantar a cabeça de
vergonha.

Saí da biblioteca praticamente correndo, fui até o closet e peguei a primeira roupa que
encontrei, e entrei no banheiro.
Me sentei no chão frio do banheiro, coloquei as minhas mãos no rosto tentando me
controlar, eu não estou acreditando, realmente não estou acreditando no que aconteceu, coloquei
a minha mão na boca e gritei de raiva.

Fiquei naquele banheiro por um bom tempo, já tinha vestido a roupa, mas permaneci no
chão, não tendo coragem de sair daquele lugar.
Apertei a minha mão em punho, tudo culpa daquele infeliz! Se ele não tivesse negado
aquela droga do remédio, nada disso teria acontecido, miserável! Infeliz! Vampiro do demônio!

Quando não dava mais para permanecer no banheiro, eu saí, a luz da biblioteca estava
apagada, fui em direção a poltrona que eu sempre me sentava, mas parei quando vejo o Damon
deitado na cama.

Enquanto eu estava me matando no banheiro, ele estava dormindo?!


Me aproximei devagar até estar do seu lado, observei Damon dormindo tranquilamente.
Olhei para ele apertando a minha mão em punho, Infeliz!

Me perguntei o que aconteceria se eu desse um soco na sua cara. Provavelmente ele


tentaria me matar depois, mas acho que valeria a pena o risco.
Estava em uma disputa interna se deveria ou não bater nele.

Levantei a minha mão pronta para acertar bem no seu nariz perfeito, isso também seria
uma vingança por ele ter quebrado o meu nariz, se ele pensa que eu me esqueci disso, ele estava
muito enganado.
Fechei a minha mão colocando toda a minha força no braço, só um soco bem dado
resolveria o meu ódio e vergonha.

Estava pronta, seria agora.


No momento que eu fui com tudo, o meu punho parou a centímetros do seu rosto, Damon
me encarava, os seus olhos azuis brilhando em minha direção, engoliu em seco, abaixando o meu
braço. Ele respirou fundo ainda com os olhos em mim.

— O que você está fazendo? — Ele perguntou.

— Eu… nada, o que eu estaria fazendo? — A minha voz falhou.


Desviei o olhar.

Fui em direção à poltrona e me sentei derrotada. Revoltada por não ter dado o soco na cara
dele. Damon se levantou, continuei olhando na direção da parede de vidro, a lua iluminava o céu,
estava uma noite tão bonita, me perguntei como seria voar em uma noite estrelada como essa.
Eu sabia que podia fazer isso, na verdade eu já fiz uma vez, mas... mesmo assim, quando
isso aconteceu, estava sentindo apenas ódio, só queria sair daquele lugar o mais rápido possível,
que não consegui aproveitar nada, não me lembro da sensação, e agora que eu posso fazer isso,
confesso que estou com um pouco de medo.

Damon se levantou, ele estava com uma aparência de cansado, mas parando para pensar,
quase todas as vezes que eu ia dormir, ele não estava, provavelmente resolvendo alguma coisa
deste lugar.

— Vamos jantar! — Ele afirmou se aproximando de mim, não gostava de comer naquele
lugar, era grande demais para só duas pessoas, e aquilo me incomodava.
— Você pode ir, jantarei aqui.

Ele me encarou.
— Você está com medo do que?

Olhei para ele.

— Não estou com medo de nada. — Afirmei.


— Então por qual motivo fica trancada nesse quarto, só saindo quando vai treinar.

Fiquei em silêncio. Eu sabia que poderia sair a hora que eu quisesse, eu sabia disso, mas…
engoli em seco, ainda pensava no que aconteceu, no Derek, no Alastor, e no Daniel, eu sabia que
não estava conseguindo usar cem por cento do meu poder, mas poderia me defender, mesmo
assim, ainda sentia uma certa angústia.

— Não tem motivo, apenas gosto de ficar sozinha.


Damon não acreditou em uma palavra que eu falei, dava para ver no seu rosto.

— Você sabe por que não quero te dar o remédio?

Ainda estava olhando para ele.

— Porque você é um idiota!

Ele sorriu.

— Eu não quero te dar esse remédio, porque não temos garantia que você vá ficar bem,
estamos treinando todos os dias Vitória, não podemos parar só por isso, e sinceramente, não
entendo o seu motivo para tomar esse remédio. Às vezes acho que você esqueceu que consegue
matar um vampiro tranquilamente, se esse for o seu desejo, você acha mesmo que correria algum
perigo aqui se não tomar este remédio?

O encarei absorvendo as suas palavras.


— Você realmente vai ficar neste quarto? Ou vai jantar comigo?

Eu precisava tentar, tomando coragem me levantei.

— Ok, irei jantar com você.


Damon me encarou, e foi em direção da porta, o segui. Eu não quero ter medo de nada, eu
não quero ter medo de ninguém.

O salão estava como sempre, arrumado ao extremo, as cores vibrantes das cortinas
vermelhas nas janelas, o chão que mais parecia um espelho, e a grande mesa no meio repleta de
coisas, era tanta comida, que me perguntava por que tinha que ter essa quantidade.

Me sentei no lugar de sempre, ao lado do Damon.

Damon comia tranquilamente, degustava-se de uma taça de vinho, eu nunca bebi vinho, só
um pouco de champanhe uma vez, mas foi a uns quatro meses atrás, olhei para a taça nas suas
mãos, de repente nos encaramos. Desviei o olhar prestando atenção no meu prato.

Estava comendo quando uma moça apareceu com uma garrafa de vinho do meu lado e
despejou uma quantidade na minha taça. Encarei o líquido vermelho na minha frente, levantei o
olhar e vejo o Damon me encarando.
— Parecia que você queria experimentar.

Não respondi, apenas peguei a taça e bebi um pouco, era uma delícia, como se fosse um
suco de uva mais forte, realmente gostei, bebi o restante do conteúdo rapidamente.
— Você sabe que isso é vinho, não é? Não é suco Vitória. — Ele me repreendeu.

— Tem gosto de suco, a diferença é que é mais forte. — Afirmei achando que estava
certa.
Ele respirou fundo me ignorando.

A moça colocou mais na minha taça e eu agradeci.

Desfrutei do vinho, maravilhada com o seu sabor.

Damon me ignorou, prestando atenção somente no seu prato.

Eu por outro lado, prestei atenção no vinho, e ignorei o prato que eu mal tinha tocado.

Quando o jantar acabou, eu tinha bebido quase uma garrafa da melhor bebida que já tinha
experimentado.

Damon se levantou, e eu fiz o mesmo, mas na hora que eu fiquei em pé, eu senti a minha
cabeça rodando, merda! O que estava acontecendo comigo? Fingi que não estava acontecendo
nada e acompanhei o Damon, saímos do salão, ele estava na minha frente, mas eu estava
prestando atenção nos quadros que estavam pendurados nas paredes, com o rosto de uma pessoa
mais feia que a outra.
Olhei novamente para frente, Damon andava graciosamente como se fosse um cavalo indo
para um leilão. Naquele momento a minha imaginação foi além, imaginei um cavalo com a cara
do Damon, o meu peito explodiu em uma risada.

Damon se virou em minha direção me encarando, tentando entender o que estava


acontecendo, eu segurei na parede porque estava tonta, mas também porque a imagem não saia
da minha imaginação. Os meus olhos se encheram de lágrimas de tanto que eu estava rindo.

— Qual é o seu problema? — Ele perguntou com aquela cara de sério.

— Nada! — Tentava não sorrir, coloquei a minha mão na boca para tentar me conter.

Damon se aproximou ficando na minha frente, ele olhou para o meu rosto e balançou a
cabeça. Parecia que ele estava tentando se controlar para não xingar.
— Você está bêbada? — Ele perguntou levantando uma sobrancelha.

— Eu não estou bêbada. — Tentei me defender.

— Sim, você está. — Ele afirmou.


Ele respirou fundo, como se estivesse tentando se controlar, Damon segurou no meu braço
me fazendo andar do seu lado.

Mas quando ele fez isso, as minhas pernas falharam, o que estava acontecendo? Eu estava
mais feliz, era como se eu estivesse andando sobre algo macio como uma nuvem. Olhei para o
Damon e sorri para ele, Damon me encarou, e vejo o seu rosto levemente vermelho.
Ele balançou a cabeça novamente, e rapidamente me pegou nos braços, o encarei.

— O que você está fazendo? — Perguntei sentindo as minhas bochechas ficarem


vermelhas.
— Se eu ficar aqui te esperando andar, provavelmente vou ficar até amanhã para que isso
aconteça, isso se você não cair, e desastrada como é, com certeza bateria a cabeça no chão ou na
parede. — Ele me encarou. — Ou nas duas coisas.

— Você está exagerando, não é assim.


O meu rosto estava queimando, eu sentia as mãos do Damon em volta do meu corpo, isso
não era nada bom.

— Eu estou exagerando? Não tem nem três horas que você ficou nua na minha frente,
detalhe, ainda bateu a cabeça na mesa.

Tinha um pequeno sorriso nos seus lábios.


Poderia ser a bebida, com certeza era a bebida, porque olhando ele assim, eu gostei do seu
sorriso, com certeza eu estava bêbada.

Chegamos no quarto, e Damon me colocou no chão.


Era uma sensação tão diferente, uma leveza no corpo, eu não pensava nos problemas, no
meu sangue, em dois vampiros miseráveis que eu ia matar, na decepção que foi o Derek. Era
como se uma felicidade tomasse o meu corpo, essa foi a primeira vez que eu estava leve, sentia
uma grande vontade de dançar, fechei os olhos um pouco.

Ao abri-los vejo o Damon olhando para mim com uma sobrancelha levantada.

— Eu queria dançar. — Falei olhando para ele.


Damon sorriu.

— Você realmente está muito bêbada. Não foi você que quase me matou porque eu te fiz
dançar uma música comigo?
— Mas era diferente. Eu sentia medo de você. — Eu estava falando bem mais que o
normal.

— E isso mudou? — Damon me perguntou.

— Claro que mudou. — Olhei para o teto, pela primeira vez observei o lustre de cristal
que estava em cima de mim, os cristais brilhavam como se fossem diamantes. Levantei a minha
mão para o alto como se conseguisse tocá-los. — E além do mais, se você tentasse alguma coisa,
eu poderia matá-lo. — O meu rosto se virou na sua direção.
Ele sorriu, os seus olhos tinham um brilho diferente, como se ele estivesse gostando do
que estava vendo.
— É melhor você tomar um banho e ir dormir Vitória.

— Eu não estou com sono, eu já te falei, eu quero dançar.


— Não. Você não quer, a única coisa que você vai fazer é tomar um banho e ir dormir.

— Eu já te falei, que não vou dormir agora, eu vou dançar um pouco.


Damon respirou fundo apertando as têmporas.

— Ok, se você quiser dançar, é só dançar, não vou te impedir.

Ele se virou indo na direção da biblioteca.


Levantei a minha mão em sua direção, visualizei ele vindo até mim. Damon se virou e
rapidamente estava na minha frente me encarando.

Na verdade, eu nem sei como eu fiz isso, ele me encarava como se não estivesse
acreditando.
— Você precisa dançar comigo, ou se esqueceu que não sei dançar.

Abaixei a minha mão, e no mesmo momento, parando de prender o corpo do Damon.

Ele me encarava como se estivesse vendo algo único.


— Por que está me olhando assim?

Ele sorriu.
— Você controlou o seu poder sem esforço algum.

— Eu? — Olhei para as minhas mãos.

Damon segurou na minha cintura com força, fazendo os nossos corpos se encontrarem.
— Se você quer tanto assim dançar comigo, ok, irei dançar com você.

Engoli em seco o encarando. E ali, naquele quarto, ele me segurou com força dançando
comigo ao som da música que só existia na minha cabeça.
Capítulo 47
— Pronto! Já teve a sua dança, agora vai dormir.
Ele ainda estava com a mão na minha cintura, olhei para o Damon, assim de perto era tão
diferente, os seus olhos azuis brilhavam, o seu cabelo preto jogado no rosto, e sua boca…. Engoli
em seco, eu precisava tentar me controlar, mas ao olhar para o rosto dele, eu realmente queria
senti-lo com as minhas mãos.

— Mas eu ainda não estou com sono. — Tentei me defender.


— Você só vai melhorar, quando se deitar e descansar. — Ele ignorou o que eu falei.

Estava em uma batalha tão grande dentro de mim, por um lado, tinha tudo que aconteceu
entre mim e o Damon, aquele começo complicado, mas também tinha esse Damon que estava
aqui na minha frente, alguém que eu nunca pensei que existisse.
Meu coração estava tão acelerado, eu queria sentir o rosto dele.

Tomando uma coragem que eu não sabia de onde vinha, levantei a minha mão e toquei o
seu rosto.

Damon ficou parado olhando para mim, parecia que não estava respirando. Passei as
pontas dos meus dedos pelo seu rosto, era tão macio, ao olhar em seus olhos o vejo me
encarando.
— O que você está fazendo? — Ele perguntou, mas não respondi, levei a minha mão até
os seus cabelos, sempre tive essa curiosidade sobre a textura do seu cabelo.

— Eu só queria tocar no seu rosto.


— Por que você queria fazer isso? — Ele me perguntou, ainda estava com a mão nos seus
cabelos, percebendo que estava indo longe demais, abaixei a minha mão sentindo um calor
subindo pelo meu pescoço.
— Era só curiosidade. — Dei um passo me afastando dele. — Você sempre toca no meu
rosto, achei justo tocar no seu. — Fui na direção da cama. — Faço a mesma pergunta, por que
você toca o meu rosto? — Perguntei já do lado da cama, decidindo se iria tentar dormir agora, ou
se ia tomar um banho primeiro.

Sou surpreendida quando Damon se aproximou, segurando na minha cintura me fazendo


virar a sua direção, o meu coração acelerou, ele me encarava.
— Eu gosto de tocar, porque eu gosto de ver como o seu rosto fica vermelho quando eu
faço isso. — Ele me encarou. — Do mesmo jeito que está agora.

Minha respiração acelerou.


— Mentiroso! — Afirmei, Damon levantou uma sobrancelha.

— Por que eu sou mentiroso?

— Esse não é o motivo. — Afirmei sentindo a sua respiração no meu rosto.


— Então me diga qual é o motivo então? — Damon me perguntou.

— Eu não sei, mas tenho certeza de que não é esse.


Vejo o Damon encarando a minha boca.

— Você não está pronta para saber o motivo.

Ao olhar para ele tão próximo de mim, sentia sua respiração se misturando com a minha,
sentir o seu corpo encostado no meu. Ali com ele tão próximo, eu queria arriscar, poderia me
arrepender amanhã de manhã, com certeza me arrependeria amanhã de manhã, mesmo assim eu
queria.
— Porque você não tenta. — Afirmei ainda o encarando.

Damon se aproximou ainda mais. Segurou no meu pescoço e quando seus lábios
encostaram nos meus, eu senti o meu corpo como se tivesse levado um choque, cada parte do
meu corpo pulsava, todas as vezes que ele tentava me beijar, eu sempre ficava parada, não movia
os meus lábios um milímetro sequer, mas agora… agora eu queria.
Segurei no seu pescoço e correspondi aquele beijo, sinto o sabor dos lábios do Damon nos
meus, ele apertava a minha cintura, eu segurava no seu pescoço, passava a mão pelos seus
cabelos.

Eu nunca me senti assim, era uma mistura de sensação de nervosismo, excitação e medo.
Sabia que estava arriscando tudo, mas no momento, não parecia importar. Nosso beijo ficou cada
vez mais intenso, a energia entre nós era palpável.

Toda a razão e lógica pareciam ter desaparecido, e apenas o desejo reinava.


Mas, apesar de todo o fervor do momento, também havia uma vozinha dentro de mim,
uma voz que sussurrava que aquilo não era certo, que havia consequências a considerar. E o
medo de me arrepender amanhã de manhã voltava a me assombrar. Mas também estou cansada
de pensar demais.

Damon apertava com força a minha cintura, soltei um suspiro, ele beijou o canto da minha
boca e quando os seus lábios foram para o meu pescoço, meu coração acelerou, eu estava
sentindo tantas coisas novas, eu não conseguia decifrar.
A minha pele parecia estar em chamas, segurei no seu rosto trazendo a sua boca
novamente para a minha, Eu senti o meu corpo em contato com a maciez da cama, não sabia o
que estava acontecendo comigo, poderia ser efeito do álcool que ainda estava no meu corpo, só
percebi o que estava fazendo, quando Damon se afastou olhando para mim, as minhas mãos
estavam na sua blusa desabotoando os botões um por um, eu podia ver o seu peitoral, Damon me
encarava.

— É melhor você ir dormir agora.


O meu peito subia e descia rapidamente, a minha voz estava rouca.

— Por quê?

Ele suspirou.
— Você está bêbada Vitória.

— Eu não estou…
Damon não deixou que eu terminasse de falar, e me afastou.

— Sim você está, e te conhecendo como eu conheço, já vai ficar arrependida só por ter
correspondido a este beijo. Se acontecer mais alguma coisa, você não se perdoará, não quero
lidar com isso. Eu já tenho problemas o suficiente.

O encarei sentindo o meu rosto esquentando.


Ele deu as costas para mim e foi em direção a biblioteca, o meu corpo ainda estava em
chamas, meu coração martelava no meu peito, mas ao menos eu sentia um bolo se formando na
minha garganta.

Me deitei cobrindo o meu corpo, fechei os olhos tentando me controlar, o que eu ia fazer?
Me perguntei, sentindo os meus olhos arderem. Eu estava perdida em algo que estava me
levando para a escuridão.
Por que estou decepcionada? Eu deveria estar feliz que ele não fez nada, sim eu deveria,
nas infelizmente não estava.
Capítulo 48
Ao acordar a minha cabeça estava doendo como nunca, fechei os meus olhos, eles estavam
ardendo pela claridade.

Me sentei na cama, ao olhar para o meu lado vejo a cama vazia. Tudo o que aconteceu
ontem veio como uma avalanche de informações, levei as minhas mãos ao rosto sentindo a
vergonha dominando cada parte de mim. Merda! O que eu fui fazer?!

Fui para o banheiro e tomei um banho rápido, me arrumei, mas a todo momento fiquei me
lembrando do que aconteceu, do que eu fiz, não sei como vou olhar para o Damon, eu estava
ferrada!
Amarrei o meu cabelo, as minhas mãos tremiam, mas, mesmo assim, fui treinar mais uma
vez com ele. Ao chegar na sala de treino vejo o Damon perto de uma parede, era como se ele
estivesse perdido em seus próprios pensamentos, engolindo em seco me aproximei.

Olhei para ele, Damon me encarou, acho que estava esperando alguma coisa, mas eu não
sabia o que fazer, na verdade eu não estava conseguindo nem olhar no seu rosto.
— Vamos começar!

Ouço a sua voz, ao olhar para ele já o vejo se afastando na direção do meio da sala.

Eu estava tentando entender o que aconteceu comigo, eu precisava dessa resposta, mas
naquele momento, decidi deixar para depois, Damon não estava com uma cara muito boa, a sua
expressão estava séria ao se virar na minha direção.
— Hoje vamos treinar mais pesado, então esteja pronta.

Meu coração acelerou quando ele não deu nem tempo para que eu me preparasse, ele se
aproximou naquela velocidade impressionante, por pouco não acertando o meu rosto, desviei no
último segundo o meu coração acelerou quando vi que ele tentou me acertar com um chute.
Cruzei os braços na frente do meu corpo não momento exato, mesmo com o escudo na
minha frente, o golpe foi tão forte que me fez ser arremessada contra a parede, o ar saiu dos meus
pulmões, se a minha cabeça já estava doendo, agora estava mil vezes pior. Sinto o gosto do
sangue na minha boca. Me levantei ainda sentindo o meu corpo tremendo.

Damon se aproximou pronto para me acertar, mas consegui ser mais rápida, me esquivei
jogando o meu copo para o lado esquerdo, os meus pulmões reclamando, minha garganta estava
seca.
Damon me encarava, ele estava com uma expressão totalmente diferente das outras vezes.

O meu corpo tremia, aquela pequena corrente elétrica se manifestando completamente, o


escudo em volta de mim, o poder nas minhas mãos.
Ele veio novamente acertando o escudo que estava em volta do meu corpo, se não fosse
por isso, tenho certeza de que teria quebrado algum osso meu, tentei usar o poder que eu usei
ontem, tentei fazer o seu corpo parar, mas não estava conseguindo controlar, era como se esse
poder fosse em sua direção e o envolvesse, mas logo em seguida ele conseguisse quebrá-lo.

O que estava acontecendo? Damon não fez isso ontem.

Estava tão perdida nos meus pensamentos que só percebi quando caí no chão com muita
força, sinto a sua mão na minha garganta, os meus olhos ardiam, o meu corpo estava doendo.
Fechei os meus olhos ao sentir a minha cabeça latejando no local que foi batida no chão
com força.

Abri os olhos, Damon retirou a mão do meu pescoço, busquei um pouco de ar.
— Que inferno Vitória! Se fosse uma luta real, você já estaria morta, para de ficar perdida
enquanto treinamos.

Me sentei no chão, apoiei as minhas mãos no chão, eu sabia que ele estava certo, eu sabia
disso.

A minha cabeça estava doendo demais, desamarrei os meus cabelos, e coloquei a minha
mão no local que estava latejando, sinto a minha mão encontrando algo molhado e pegajoso,
Damon me encarava, eu tinha certeza de que se eu pedisse, ele me curaria, mas não pedi.
Me levantei, as pernas quase falharam, mas permaneci de pé o encarando.

— Me desculpa, não voltará a acontecer novamente.


Tentei fazer a minha voz ficar mais grossa, mas não deu muito certo.

O meu coração acelerou mais e mais nas horas seguidas, eu conseguia me defender bem
mais rápido, mas parecia que não era rápido o suficiente, o lado esquerdo do meu corpo estava
latejando, a cabeça doendo, o suor no meu rosto, respirei profundamente quando ele veio mais
uma vez, as minhas mãos na frente do meu corpo, Damon bateu novamente na parede invisível
que eu projetei ao meu redor.
O poder impregnando cada parte de mim. Eu precisava ser mais forte, mais forte..., mais
forte..., mais forte, esse era o único pensamento.

Vejo um pequeno sorriso no seu rosto quando se aproximou, me defendi, pisquei várias
vezes não entendendo o motivo do seu sorriso, até que já era tarde demais, ele sumiu do meu
campo de visão, o meu coração parou ao sentir uma respiração no meu ouvido.
— Lenta demais.

Como ele chegou atrás de mim? Fui me virar, para tentar me defender, mas Damon
segurou os meus dois braços para trás, gritei no momento que ele os puxou com força, abaixei a
cabeça sentindo toda a dor.
— Você se preocupa tanto em proteger a sua frente que se esqueceu que também tem as
suas costas vulneráveis. Se eu fosse o Daniel ou até mesmo o meu irmão, você estaria perdida,
provavelmente quando acordasse, estaria sendo usada como uma bolsa de sangue novamente.

Os meus olhos ardiam, porque ele estava falando deles, Damon nunca mais falou sobre
eles, o meu corpo tremeu de ódio, só de lembrar o que aconteceu naquele quarto, o quanto eu fui
usada.

Ao tentar forçar os braços para me soltar, gritei! De dor. Ele os puxou mais uma vez me
fazendo ficar de joelhos, a minha garganta ardia, o suor escorria pelo meu rosto.
— Se eu puxar mais um pouco, os seus braços estarão quebrados em um segundo, agora
me diz, como você vai sair dessa situação?

Eu não conseguia pensar em nada, a dor irradiando de cada parte, eu precisava pensar em
um jeito de sair daquela situação, eu tinha um poder tão grande, eu tinha que fazer alguma coisa.
Respirei fundo, tentando controlar o pânico que começava a se instalar dentro de mim. Eu
não podia me render à dor ou ao medo. Tinha que encontrar uma maneira de escapar daquele
aperto.

Gritei quando ele puxou ainda mais os meus braços, abaixei a cabeça, os meus cabelos
foram para frente como uma cortina.

Ouço um suspiro de frustração dele, Damon me soltou e eu caí de cara no chão, os meus
braços doíam.
— Se você continuar desse jeito morrerá rapidamente. — Fechei os olhos tentando
controlar a dor em todo o meu corpo. As minhas pernas tremeram, mas eu precisava me levantar,
eu precisava!

Consegui ficar em pé, o meu peito subia e descia rápido, me virei olhando para o Damon,
ele apenas me observava daquele jeito irônico. — Eu preferiria morrer a ser usado por qualquer
um. E você vitória, o que prefere?
Engoli em seco.
— Nenhuma dessas opções é uma escolha para mim.

Ele sorriu.
— Será as suas únicas opções se você não melhorar. Está querendo ser usada novamente?
— Fechei a minha mão em punho de ódio — Quer que o seu amado pai se alimente de você? —
Encarei o Damon sem conseguir respirar direito. — Do mesmo jeito que ele usou a sua mãe?

Já chega! Eu já estava no meu limite, a barreira já estava em volta de todo o meu corpo, o
poder transbordando junto com o ódio em cada parte de mim.
Damon sorriu antes de atacar, ele tenta acertar novamente, mas nada passa pela barreira,
quando ele estava perto, acertei o seu peito com tudo, vejo o seu corpo atravessando o salão e
batendo na parede, o barulho alto, a poeira e um buraco de todo tamanho atrás dele.

Damon se levantou, ainda tinha um sorriso no seu rosto, mesmo saindo sangue pela sua
boca, eu queria tirar aquele sorriso do seu rosto.

— Por que está tão nervosa? Não gostou de ouvir a verdade?


— Cala a boca! — Gritei sentindo o calor subindo pelo meu corpo.

— Você sabe que é verdade, esse é o motivo da sua raiva. — Desgraçado! — Sua mãe foi
usada antes, e agora é a sua vez. Percebe como você é inútil!
— Miserável!

Ele avançou com tudo em minha direção, vejo perfeitamente o seu movimento como se
estivesse em câmera lenta. Quando estava a um passo de me acertar, levantei uma mão, parando
o seu corpo no lugar, dei um passo na sua direção, a minha respiração pesada. Segurei no seu
pescoço.

Vejo um brilho no seu olhar ao perceber que estávamos flutuando naquele salão. Segurei
no seu pescoço com força, Damon tentou mexer o corpo, mas não deixei.
— Repete! Que eu sou inútil! — O encarei. — Estou esperando. — Apertei com mais
força o seu pescoço, sentindo os meus dedos em sua carne, machucando mais e mais a cada
segundo que passava.

O miserável sorriu para mim, a minha paciência já tinha acabado, joguei o seu corpo com
força no chão, fazendo um buraco onde caiu.
Olhei para as minhas mãos, observei o corpo do Damon. Vejo ele se levantando, ele quase
caiu novamente, mas conseguiu ficar de pé, os seus olhos estavam em mim, o meu coração
estava disparado, os meus cabelos balançavam como se tivessem vida própria, eu estava
flutuando naquele lugar, era uma sensação tão intensa, que eu não podia explicar em palavras,
mas sabia que ali era o meu lugar.

Fui descendo até que os meus pés encontraram o chão, olhei para o Damon e vi uma
expressão de orgulho no seu rosto, ele olhava para mim.
Agora que a adrenalina passou, eu podia sentir cada parte do meu corpo que estava
doendo, sangue começou a sair pelo meu nariz, a minha cabeça doía, na verdade eu não sabia
que parte doía mais.

Damon em um segundo estava do meu lado, segurando o meu braço, o encarei com um
pequeno sorriso no rosto.
— Eu consegui. — A minha voz não passava de um suspiro.

— Sim. Você conseguiu.


Capítulo 49
A mão dele estava na minha cabeça, e aos poucos, eu não sinto mais aquela dor
agonizante. Estamos no quarto, estou sentada na beirada da cama observando-o curar cada parte
machucada do meu corpo, ainda não acreditava que finalmente pude usar melhor o meu poder.
Mas agora Damon estava sério, um clima pesado no ar.

— Aconteceu alguma coisa? — Perguntei, Damon parou e me observou.


— Sim. — A minha respiração estava irregular. — E chegou o momento de você ter
conhecimento disso.

Damon se levantou, eu o observei indo na direção da biblioteca, ele entrou, após uns
minutos retornou, ele tinha algo nas mãos.
Quando Damon se aproximou ficando na minha frente, olhei para ele.

— Acho que você precisa ler isso. — Ele falou e logo em seguida me entregou uns papéis,
os peguei em minhas mãos, eram três no total.

— O que é isso? — Questionei o encarando.


— Essas são cartas que o Alastor enviou para você.

As minhas mãos tremeram, olhei para aqueles papéis sentindo o meu coração martelando
no peito.
— Cartas do Alastor? — Repeti, minha voz saindo mais fraca do que eu gostaria. As
palavras pareciam flutuar no ar, pesadas e cheias de significado.

Damon assentiu, seus olhos fixos em mim.

Eu mal conseguia respirar, a sensação de afogamento se instalando em meus pulmões. As


cartas não apenas representavam um passado que eu preferia esquecer, mas também uma janela
para um mundo que eu não tinha certeza se queria reabrir.

Dessas três cartas, uma voz no fundo da minha mente murmurava. Olhei para Damon
novamente e vi uma mistura de preocupação e compreensão em seu olhar.
— Por que ele enviaria essas cartas para mim agora? — Minha voz falhou no final da
frase, revelando minha vulnerabilidade. Damon colocou uma mão firme em meu ombro.

— Não sei ao certo. Mas acho que é importante que você leia, para descobrir o que Alastor
tem a dizer — respondeu ele, sua voz calma e reconfortante.
Suspirei lentamente, tomando coragem para desdobrar as cartas e começar a ler. Cada uma
delas trazia consigo a expectativa de respostas e verdades desconfortáveis que eu não sabia se
estava pronta para enfrentar.

Enquanto os traços da caligrafia de Alastor ganhavam vida diante dos meus olhos, eu me
preparei para o turbilhão de emoções que estava prestes a enfrentar. Não sabia o que essas cartas
poderiam revelar, mas uma coisa era certa: minha vida nunca mais seria a mesma.

Olhei novamente para o Damon


— Como ele enviou isso?

Vejo a expressão do rosto do Damon mudando completamente.


— Alastor e Daniel, estão formando um exército, a cada dia que passa eles estão
conquistando mais território.

— Um exército? — Por um momento eu pensei que eles não fossem conseguir esse
exército sem o meu sangue.

— Ele não conseguiria invadir esse lugar sem um exército, ele sabe muito bem disso.
Era muita informação.

— Por que você não me disse isso antes?


Damon continuava me observando.

— Você não estava pronta para saber sobre isso.

O meu rosto ficou vermelho.


— Por que não?

— Vitória, até meia hora atrás, você não conseguia usar nem vinte por cento do que seu
poder é capaz, o que você faria se soubesse que eles estão formando um exército?
Fiquei em silêncio por um momento, uma mistura de medo e raiva percorrendo meu
corpo. Damon tinha razão, eu não estava pronta para enfrentar essa realidade. Mas isso não
significava que eu queria ser mantida no escuro.
— Eu merecia saber, Damon. Eu merecia a chance de me preparar. — minha voz saía
baixa, mas carregada de determinação.

Eu me recusava a ser mais uma peça passiva nesse jogo.


Damon suspirou e passou a mão pelos cabelos, parecendo em conflito. Seus olhos se
encontraram com os meus novamente, cheios de uma mistura de algo que eu não conseguia
descrever.

— Eu estava tentando te proteger, Vitória. Eu não queria te envolver ainda mais nessa
guerra. Mas agora, com essas cartas, você precisa saber a verdade.
Olhei para as cartas em minhas mãos, sentindo meu coração apertar ainda mais. Eu estava
cercada por inimigos que estavam cada vez mais perto de destruir tudo o que eu amava. E agora,
não tinha mais escolha a não ser enfrentar essa realidade de frente.

Abri minha boca várias vezes tentando encontrar a minha voz, mas não estava
conseguindo, minha garganta se fechou, o que eu poderia fazer?!
Essa pergunta se instalou na minha cabeça.

— Vejo que percebeu. Você não conseguiria fazer nada. Sem aprender a usar os seus
poderes.

Levantei a cabeça.
— Por que está me contando sobre isso agora?

— Leia as cartas, que te responderei essa pergunta.


Encarei as cartas nas minhas mãos, engoli em seco, só de saber que foi ele quem as
enviou, sentia nojo.

Eu precisava ler, então comecei.

Minha adorável Vitória…

Já tem uma semana que você foi tirada de mim , todos os dias me pego imaginando como
você está, eu quero tanto poder olhar para o seu lindo rosto enquanto dorme tranquilamente.

Cada dia que passa eu estou com mais saudades, mas pode ficar tranquila, o momento
que eu finalmente estarei com você novamente, está mais perto do que possamos imaginar.

As minhas mãos tremeram, peguei a segunda carta respirando fundo para ter coragem de
lê.
Minha adorável Vitória…

Hoje eu não estou suportando ficar longe de você, o ódio me consome a cada segundo que
passa, eu preciso tocar o seu rosto, eu preciso sentir o seu cheiro, acho que estou ficando louco
sem você.
Não importa quantas pessoas eu mate isso não faz diferença nenhuma, eu queria sentir
aquela emoção novamente, eu quero sentir você perto de mim, eu não sei mais quanto tempo
suportaria ficar longe de você, mas o momento em que te encontrarei, está mais perto a cada dia
que passa.

Tudo que eu passei naquele lugar veio com tudo, apertei a minha mão em punho de ódio.
O olhar dele, o que ele fez comigo, tudo. Peguei a terceira carta.

Minha adorável Vitória….

Estou muito feliz, hoje finalmente ficou pronto o presente que estava preparando para
você, finalmente pude ver a linda gaiola de ouro que eu mandei fazer, essa é diferente, ela é
mais delicada, feita especialmente para você cada detalhe foi feito especialmente pensando em
você, cada rosa vermelha, como o seu lindo cabelo, colocada no lugar certo, eu precisava te
falar deste presente. Eu queria que fosse surpresa, mas não consegui me controlar.
Eu precisava te contar, coloquei uma linda cama no meio dela, você não precisará mais
dormir no chão minha coelhinha, tudo está pronto, só esperando a sua dona chegar.

Mas esse não é o motivo da minha felicidade.


Há uma semana, quando encontrei uma moça parecida com você, eu quase fiquei louco,
ela tinha a pele branca como a sua, o mesmo olhar de medo no rosto, aquilo me encantou, então
eu a trouxe para o meu lado. A única diferença entre você e ela, eram os cabelos, ela tinha os
cabelos loiros como o sol, mas eu dei um jeito naquele detalhe.

Quando eu observava aquela garota em minha cama, se encolhendo de medo ao perceber


o que iria acontecer, eu senti o mesmo prazer de quando você gritava de dor no momento que eu
estava mordendo o seu pescoço.

Ela gritava e se contorcia naquela cama de puro desespero, quando eu entrei nela com
muita força, as lágrimas que desciam no seu rosto me faziam sentir ainda mais prazer, com ela
embaixo do meu corpo gritando por socorro, se debatendo inutilmente, eu só conseguia ver
você, ali no lugar dela, e isso me fez sentir ainda mais prazer.
Eu lhe enviei um lindo presente, quando você o vir, vai saber exatamente o que irei fazer
com você. Mas por favor minha adorável Vitória, não se preocupe; com você será diferente, irei
me alimentar do seu sangue, usarei o corpo como eu sempre imaginei, mas você é diferente, eu
curarei todas as vezes que machucaria o seu perfeito corpo, você é especial, você é minha!

Espero que goste do lindo presente que eu estou lhe enviando. Minha coelhinha.
Minha respiração estava irregular, abaixei a cabeça sentindo que ia desmaiar a qualquer
momento, eu vou matá-lo, eu vou matá-lo

— Respondendo a sua pergunta. — Levantei a cabeça olhando para ele. — Antes você não
podia se defender, mas agora, eu sei que pode.
Com meu coração acelerado, ao olhar para ele, fechei os olhos com muita força. Sim, eu
vou matar aqueles dois.

Encarei Damon que permanecia na minha frente


— Qual foi o presente que ele me enviou?

— Encontramos uma garota perto da cidade, ela estava nua com o corpo todo machucado,
ela tinha sido torturada, os seus cabelos estavam pintados de um ruivo estranho, no seu pescoço
tinha uma coleira de couro e ouro com o nome Vitória escrito, e essa carta estava debaixo do
corpo dela.

A minha boca se abriu em choque, aquele maldito! Me lembrei da maldita coleira, do


olhar de Alastor naquela floresta, de como eu fui inútil.
Os meus olhos se encheram de lágrimas.

— O que você fez com o corpo dela?


— Eu enterrei.

Eu não conseguia conter o mix de sentimentos que tomou conta de mim naquele
momento: tristeza, raiva, nojo. Aquela pobre garota, que teve sua vida tirada de forma cruel,
estava ali, como um lembrete das intenções obscuras de Alastor.

Damon se aproximou, segurando minhas mãos com gentileza.


Capítulo 50
Minha respiração estava tão irregular, eu sentia o meu corpo tremendo.
Abri os olhos.

O meu coração estava acelerado, esse sonho novamente, era a terceira vez que eu tenho
pesadelos com o Alastor, e em todos as vezes era eu naquela cama, era eu de joelhos na frente
daquele trono, era eu chorando de medo dele, engoli em seco, olhei para o meu lado e percebo
que o Damon não estava aqui, quando eu fui dormir ele não estava, será que tinha acontecido
alguma coisa?
Balancei a cabeça, porque eu estava preocupada. Olhei para a parede de vidro, estava de
noite ainda, pude ver a lua iluminando o céu estrelado.

Ouço a porta do quarto se abrindo, vejo Damon entrando, ele não acendeu a luz, mas dava
para vê-lo perfeitamente com a luz da lua que entrava pela parede de vidro, meu coração
acelerou, ele segurava algo nas mãos, eu pude sentir um cheiro de fumaça, Damon foi direto para
a biblioteca.
Será que aconteceu alguma coisa? Ele estava com um cheiro forte de fumaça.

Não! Eu não vou me intrometer. Depois de uns minutos ele foi para o banheiro, eu pude
ouvir o som do barulho da água do chuveiro caindo.

Só de imaginar o seu corpo nu, respirei fundo, o que eu estava pensando? Fiquei quieta
tentando acalmar o meu coração, o meu rosto estava vermelho.
Um tempo depois ele saiu, Damon sempre dormia só com uma calça de tecido mais
confiável, eu estava deitada só com a cabeça sem cobrir, olhando disfarçadamente para ele.

Damon se deitou, ele respirou fundo fechado os olhos, olhei para o seu rosto, deveria ser
pecado um rosto como aquele, ele era tão bonito, o meu coração acelerou, o seu cabelo ainda
estava molhado, algumas mechas jogadas no seu rosto, eu queria tirar aquelas mechas do seu
rosto.

Desde o dia que eu correspondi ao seu beijo, não falamos mais sobre isso, estava na cara
que ele estava cansado, mas eu entendo, ele me treinar de seis a oito horas por dia, tem as
obrigações como o novo rei, tem o irmão e o miserável do Daniel querendo matá-lo e querendo o
meu sangue, e com certeza, a resistência também deve estar se movimentando.
Era tanta coisa que eu não sei como ele está suportando, eu queria perguntar como ele
estava, mas não sabia se ele iria me responder, respirei fundo.

— Perdeu o sono? — Ouço a sua voz, olhei em sua direção e o vejo me encarando com
aqueles olhos incrivelmente azuis.
— Sim. – Engoli em seco tomando coragem para perguntar. — Muito trabalho?

Quando Damon me encarava daquele jeito, algo dentro de mim mudava, não sabia
descrever o que era.

— Estava resolvendo alguns problemas, espero que não tenha te acordado.


— Já estava acordada.

Estava olhando para o seu rosto, e aos poucos a minha atenção foi para a sua boca me
lembrando de como foi o nosso beijo.
— O que está passando por essa sua cabeça, para você me encarar desse jeito?

Merda! Isso que dá ficar encarando as pessoas, desviei o olhar.

— Não é nada. – Respirei fundo tentando fazer o meu coração voltar a bater normalmente.
Ele sorriu.

Damon se aproximou ficando muito perto do meu rosto, a sua respiração se misturando
com a minha.

— Eu não acredito em você. — A sua voz era baixa, ter o Damon tão perto do meu rosto
só me deixava com mais vontade de lembrar o sabor dos seus lábios, os nossos olhares se
encontraram.

Ele levantou a mão passando delicadamente pelo meu rosto, eu fiquei petrificada no lugar,
sentindo a delicadeza do seu toque.

Um calor foi subindo pelo meu pescoço, o quarto estava ficando mais quente.
— Você sabe que se quiser qualquer coisa é só me pedir. — Ele tocou nos meus lábios. —
Não sabe?

Ele não estava falando sobre coisas materiais, apesar de saber que se eu pedisse algo
assim, ele me daria, não... não era isso que Damon estava falando, eu poderia ignorar aquela
pergunta e me virar naquele instante, mas eu não queria, eu realmente queria beijá-lo.
Não respondi, fiquei olhando para ele, tomando uma coragem que eu não fazia ideia de
onde tinha vindo, me aproximei do seu rosto, Damon não se aproximou, ficou parado como se
estivesse esperando até onde eu iria, com ele tão próximo do meu corpo, eu não sabia até que
ponto eu poderia chegar, eu não fazia ideia, mas algo eu tinha certeza, iria beijá-lo.

Segurei no seu rosto e aproximei a minha boca da dele, senti o sabor da sua boca na
minha, Damon segurou no meu pescoço me trazendo para mais perto do seu corpo, a sua mão
apertava a minha cintura.
Sua boca era macia e suave, ele correspondeu ao beijo, me sentia tão diferente quando
estava nos braços dele, parecia que aquele sempre foi o meu lugar.

Damon apertou a minha cintura, começou com um beijo calmo, mas logo se transformou
em algo totalmente fora do meu controle.
Ele estava em cima do meu corpo, o meu coração martelava no peito. Segurei no seu
pescoço, acariciei os seus cabelos, e continuei correspondendo os seus beijos, a minha mão foi na
sua direção explorava o seu corpo com as minhas mãos, o calor emanando de cada parte dele,
passei a minha mão no seu corpo como se fosse um mapa, trilhando cada caminho.

Minha mão foi na direção da sua nuca, quando encontrou os seus cabelos os puxando de
leve. O beijo estava cada vez mais intenso e excitante, nossos corpos colados um no outro,
sentindo a energia e o desejo queimando entre nós.

Damon começou a percorrer suas mãos pelo meu corpo, explorando cada curva. Suas
mãos deslizaram para a minha cintura, apertando com força, enquanto eu arranhava de leve suas
costas, sentindo a pele arrepiar sob o toque dos meus dedos.
Nossas respirações aceleradas se misturavam em um ritmo frenético, nossas línguas
dançando uma com a outra, explorando e provocando.

Os beijos se tornaram mais famintos, cheios de desejo e luxúria. Damon começou a trilhar
um caminho de beijos pelo meu pescoço, descendo até o vale dos meus seios, enquanto suas
mãos percorriam minhas pernas, provocando arrepios em cada toque.
Eu estava com uma calça de flanela e uma camisa, sentir a sua boca no meu pescoço era
algo tão intenso.

A sua mão foi percorrendo a minha barriga por baixo da camiseta, meu corpo se arrepiou,
sentia a sua boca no meu pescoço, explorando, distribuindo beijos por cada centímetro de pele
exposta.

Ouço a sua voz próxima ao meu ouvido.


— Se você quiser parar, o momento é esse, porque se eu não ouvir nenhuma palavra sua,
irei continuar, e nós dois sabemos como isso vai acabar. — O meu corpo arrepiou
completamente.

Era uma sensação tão mágica ter o seu corpo colado ao meu, mas também sabia que
aquele não era o momento, eu precisava me controlar.
— Eu quero parar. — A minha voz saiu baixa.

Damon parou de beijar o meu pescoço e me encarou a centímetros do meu rosto. O meu
coração estava tão acelerado. Ele sorriu ao se aproximar beijando o alto da minha cabeça.
— Como quiser.

Ele se afastou do meu corpo, deitando-se novamente do meu lado, apertei uma mão em
punho tentando me controlar quando eu não senti o calor do seu corpo no meu, me controlei para
não me jogar nos seus braços novamente.
Capítulo 51
Acordar naquela manhã foi totalmente diferente, passei os meus dedos delicadamente
pelos meus lábios me lembrando de cada detalhe de ontem, fechei os olhos por um momento e ao
fazer isso, as sensações de ter as mãos do Damon no meu corpo, a sua respiração no meu
pescoço, apertei os olhos com mais força me lembrando do calor dos seus lábios no meu
pescoço, abrir os olhos, com o meu coração acelerado.
Fiquei quieta, enrolada nas cobertas macias naquela cama, eu sabia que se tivesse ficado
calada no momento que ele me perguntou aquilo, nós teríamos terminado o que eu comecei,
apertei o travesseiro com força, seria tão horrível assim se tivéssemos terminado?

Fechei os olhos novamente, eu não queria me apegar novamente a alguém, no fundo eu


morria de medo de sentir o que eu senti, quando a Brace me disse todas aquelas verdades, de
modo cruel sim, mas eram verdades, ela me odeia e o sentimento é mútuo entre nós duas, mas
parando para pensar, se a Sofia estivesse viva o que eu seria capaz de fazer para tentar salvar a
sua vida?
Provavelmente tudo, de todos que eu conheci na resistência o Léo foi o melhor entre elas,
eu queria saber se ele estava bem, sentia saudades dos nossos momentos no refeitório e nos
treinamentos, eu queria poder abraçá-lo pelo menos uma última vez.

Respirei fundo, e por mais estranho que seja, o ódio que eu sentia pela Brace tinha se
dissipado, afinal, ela é apenas uma irmã mais velha tentando manter o seu irmão em segurança,
eu não poderia culpá-la por fazer isso.
E tinha o Derek, o que ele estava fazendo?

Balancei a cabeça tentando dissipar esses pensamentos, ele me usou, essa é a verdade,
tudo foi apenas uma missão desde o começo, nada do que aconteceu entre nós dois foi real,
apenas uma mentira.

Fiquei quieta na cama por um tempo, a minha barriga estava doendo muito, me levantei,
observei o quarto, o Damon não estava aqui, já estava me acostumando a não vê-lo de manhã, fui
até o banheiro e como eu suspeitava, a minha menstruação tinha chegado.

Ao sair daquele quarto fui na direção do salão onde tomamos café, alguns vampiros
passaram por mim, eu percebi os seus olhares em minha direção, o meu poder deslizava por todo
o meu corpo em alerta, apenas um comando e ele estaria nas minhas mãos, eu esperei por algo,
mas isso não aconteceu, eles permaneceram caminhando pelo corredor.
Suspirei já chegando no salão, as enormes janelas estavam abertas, um vento gelado
entrava balançando graciosamente as cortinas, o céu estava bastante escuro, acho que vai chover.

Tentei não olhar no rosto do Damon quando me aproximei da cadeira a qual eu sempre me
sentava ao lado dele.
Quando finalmente o meu coração se acalmou, eu olhei em sua direção. Damon me
observou, dei um pequeno sorriso em sua direção, vejo a sua sobrancelha se levantando devagar,
como uma pergunta estampada em seu rosto, por que você está sorrindo para mim?

Na verdade, eu também não sabia, no momento que eu olhei para ele eu sorri.

— Iremos treinar hoje? — Perguntei pegando um pequeno pãozinho doce e comecei a


comer esperando a sua resposta.
— Tenho um lugar para ir logo depois de terminar aqui, hoje não vai dar para treiná-la. —
O meu peito se apertou de decepção, eu estava decepcionada porque não ia ficar perto dele
naquela manhã? Respirei fundo me lembrando dos momentos que tivemos juntos. Eu estava
sentindo falta de estar com ele, eu estava sentindo falta de sentir o seu corpo junto ao meu.

Foi como um choque, parei de comer e peguei um copo com suco o bebendo.
— Aconteceu alguma coisa? — Ele perguntou, mas não me virei na sua direção para
responder, o meu rosto estava queimando.

— Não aconteceu nada.

A minha voz estava baixa, eu estava gostando do Damon! Não, eu não estava gostando
dele, neguei aquilo que estava crescendo dentro do meu peito.

Eu treinei sozinha naquela manhã, tentei ficar focada somente naquele momento, evitei
pensar no Damon, essa era a melhor opção.
Fiquei a semana toda treinando, Damon estava tão ocupado que eu só o via de manhã, e
nem isso às vezes, descobri que estava tendo mais invasões no território dele, Alastor e Daniel
estavam agindo com mais frequência, eu treinava mais e mais, beirando a exaustão, precisava
estar preparada para o que estava por vir.

Tomei um banho demorado, todos os músculos do meu corpo reclamando a cada


movimento, treinei por quase sete horas hoje, respirei fundo saindo do chuveiro, me sequei com
um pequeno sorriso no rosto.
Eu estava muito melhor do que antes, conseguia controlar o poder que corria pelo meu
corpo com mais facilidade.

Terminei de vestir uma calça jeans e um suéter preto quentinho. E fui para a frente do
espelho dar um jeito nos meus cabelos, só de olhar para a minha imagem no espelho dava um
certo desânimo, respirei fundo e comecei a penteá-lo.
Os meus cabelos estavam tão grandes, olhando para eles me deu uma grande vontade de
cortar um pouco, tinha tanto tempo que eu não cortava. Um sorriso já estava nos meus lábios ao
lembrar que sempre falava para a minha mãe que ia cortar, e ela sempre sorria falando que eu
nunca cortava, desistia sempre no último momento, mas a verdade, era que eles estavam
chegando bem abaixo da minha cintura.

Seria mais fácil cuidar se eu cortasse.

Segurei em uma mecha e pensando nisso, saí do banheiro, vejo o Damon parado
encostando na parede, ele me encarou, o meu coração acelerou, já tinha uma semana que eu não
conseguia ficar sozinha com ele. Mas ao encarar o seu rosto, eu percebi que tinha algo errado.
— Aconteceu alguma coisa? — Perguntei me aproximando dele.

— Eu preciso te mostrar uma coisa.


— Ok. — Falei meio desconfiada.

Damon saiu, e eu o segui pelos corredores daquele lugar. Ele estava tão sério, era como se
estivesse tentando se controlar, ou seja, tinha acontecido alguma coisa com toda a certeza.

Mil ideias surgiram na minha cabeça, será algo com a resistência? Algo com o Alastor ou
com o Daniel? Ou será que aconteceu algo com as garotas que estavam vivendo na fazenda?
Balancei a cabeça. Não! Se fosse algo com elas, ele já teria falado.
Andei ao seu lado com várias perguntas, a expressão no rosto do Damon estava tão séria.

Paramos em frente a uma grande porta de madeira, um vampiro que estava do lado da
porta abriu e entramos. O lugar estava iluminado, vejo uma grande mesa à minha frente com
umas dez cadeiras, e vários quadros nas paredes de pessoas que eu não fazia ideia de quem eram.
Damon se aproximou de uma mesa mais ao fundo, fui atrás dele até estar ao seu lado.
olhei em cima da mesa e vejo um notebook, tinha tanto tempo que eu não via um, olhei para o
Damon que estava do meu lado.
— Se senta, você precisa ver uma coisa.

Me sentei na cadeira, olhava o notebook aberto com várias pastas de arquivo na tela
brilhante.
— Essa semana descobrimos uma instalação que estava desativada a muito tempo, mas
que de repente estava recebendo muita energia elétrica, então mandei investigar, poderia ser algo
relacionado ao meu irmão, mas os vampiros que eu mandei para lá, só dois voltaram com vida,
eles foram atacados assim que chegaram. — O encarei, sem saber o que tinha o que responder.
— Eles foram atacados com uma nova arma que usa um veneno que pode matar vampiros
inferiores. — Engoli em seco me lembrando que foi a minha mãe que roubou esse veneno, ou
seja, quem atacou eles, foi a resistência. — A resistência como você já deve ter percebido.

— Então fui pessoalmente com outra equipe, ao chegar lá, quase todo lugar estava em
chamas, eles colocaram fogo no lugar para encobrir o que estava acontecendo, mas encontramos
computadores que ainda estavam intactos, foi graças a isso que agora sabemos o que estava
acontecendo naquele lugar.
O rosto do Damon estava com uma expressão tão fria, sinto um arrepio passando por todo
o meu corpo.

— O que estava acontecendo lá? — Perguntei o encarando.

Ele se aproximou apertando uma tecla no notebook.


— Acho melhor você mesma ver.

E com isso encarei a tela do notebook na minha frente.


Era um vídeo, levantei uma sobrancelha encarando a mulher que falava, tentando me
lembrar de onde eu a conhecia, de repente me lembrei, essa é a médica que cuidou de mim
quando eu estava na residência. Sim, isso mesmo, ela era.

Prestei atenção no que ela falava.

— Primeiro dia depois da cirurgia da paciente. — A médica levou a câmera até uma maca
onde tinha uma pessoa, e de repente eu vejo o meu corpo em cima daquela maca, o meu coração
acelerou, era eu ali, com aquela mesma camisola ridícula, eles tinham filmado enquanto eu
estava desacordada, mas por quer?
— A paciente teve uma melhora significativa depois de vinte e quatro horas, ela perdeu
bastante sangue, mas está se recuperando muito bem. Por isso a colocamos e coma induzido,
precisamos de mais tempo com ela desacordada para podermos fazer mais exames, ainda tenho
muitas dúvidas sobre como o sangue dela é capaz de fazer tantas coisas.

Olhei para a tela, mas eu não conseguia prestar atenção, eles me colocaram em coma
induzido só para me estudar mais, eu não precisava ficar duas semanas daquele jeito? Apertei a
minha mão em punho de puro ódio.
Prestei atenção novamente na tela.
— Segundo dia, a paciente continua no coma induzido, estamos tentando tirar sangue dela
sem que isso prejudique o seu corpo, já temos quase um litro guardado, mas isso não é o
suficiente, precisamos de mais se realmente quisermos ter algum sucesso nas experiências.

Experiências? Engoli em seco, mesmo com a presença do Damon do meu lado, parecia
que eu estava sozinha naquele lugar. Eu senti um frio na espinha.
— Terceiro dia, a cicatrização na sua perna está indo melhor do que eu imaginei, e isso só
com dois dias injetando esse novo soro no local. — Ela sorriu como se estivesse muito feliz ao
falar aquilo. — Conseguimos fazer um soro com o sangue da paciente, capaz de cicatrizar
ferimentos mais rápido, lógico que está ainda em processo de testes, funciona somente nela, mas
isso já é um grande avanço, podemos modificar a fórmula, com isso seremos capazes de curar
muitos humanos de ferimentos graves, arrisco a dizer que poderíamos com mais tempo de
pesquisa, curar até doenças incuráveis. É algo que eu nunca pensei que poderia falar um dia.

Então era por isso que a minha perna estava totalmente cicatrizada quando eu acordei! Os
meus olhos ardiam sem parar.
— Oitavo dia, o ferimento está completamente curado, a paciência está perfeitamente
bem, sem sequela nenhuma, já temos dois litros de sangue armazenados, chegou o momento dela
ir para outra instalação da resistência, e chegou o momento de começar as experiências. — O
meu peito subia e descia rapidamente ao olhar para a tela. — Separamos cinco cobaias para
testarmos o novo soro, modifiquei para que os corpos humanos pudessem receber uma
quantidade de poder que conseguimos transformar em um soro muito promissor.

A filmagem mudou, agora era uma sala bem maior, vejo cinco macas com vários
aparelhos ligados em cada pessoa que estavam deitados nelas, e um por um, a miserável da
médica injeta um líquido azul nas bolsas de soro daquelas pessoas.

As minhas unhas machucavam a pele da minha mão pela força que eu as apertava em
punho, minha garganta estava completamente fechada.
Eles me mantiveram em coma para poder tirar o meu sangue, usaram o sangue que
retiraram de mim para fazer algo totalmente novo. A minha cabeça parecia que ia explodir, isso
sempre repetia, eles sempre conseguiam me usar, não importa o quanto eu lute, sempre é o
mesmo final, tentei controlar as lágrimas, mas elas começaram a sair.

A revolta e o nojo se misturavam dentro de mim enquanto eu assistia àquelas cenas. Eles
usaram o meu próprio sangue para criar um soro experimental, algo que iria transformar os
corpos humanos em algo além do normal. Não podia acreditar no que estava vendo.
— Décimo sétimo dia. Infelizmente as cobaias não resistiram ao processo de modificação,
o corpo não suportou o soro. Vamos ter que tentar com pessoas mais jovens, as próximas cobaias
terão entre vinte e vinte e sete anos, e assim por diante, se o corpo delas não aceitarem, teremos
que diminuir até que aceitem.

O vídeo acabou, os meus olhos ardiam sem parar, eu tinha prometido não chorar, mas
diante de tudo que eu estava vendo era impossível, miseráveis!
Como puderam fazer isso?

O meu corpo estava tremendo, sinto o chão se movendo como se fosse um pequeno tremor
de terra.
Sinto a mão do Damon no meu ombro apertando.

— Se controle Vitória, agora além dos problemas que já temos, ainda tem isso, precisamos
descobrir onde fica os outros laboratórios, eles não podem permanecer com esse soro em mãos, é
perigoso demais, se isso continua…
Me levantei sentindo o meu coração acelerado, olhei para o Damon que me encarou.

— Se continuar, eles irão fazer essas experiências com crianças! — Damon balançou a
cabeça concordando comigo. — Eu não vou deixar que isso aconteça. — Afirmei.

— Eu nunca tive a intenção de deixar isso acontecer. — Damon respondeu.


Limpei o meu rosto.

— Você tem alguma pista dos outros laboratórios?


— Sim, se tudo correr bem, vou ter a localização a noite.

— Ótimo! Eu irei com você.

O encarei esperando uma resposta. Damon suspirou passando a sua mão pelos cabelos os
bagunçando.
— Eu tenho certeza que se eu falasse não, você não iria me ouvir. — Ele levantou uma
sobrancelha olhando para mim.

— Com certeza. — Ele sorriu se aproximando de mim, Damon levantou a sua mão e
colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. A minha respiração se intensificou. — Eu
não gosto que você chore, na verdade, não sei o que fazer quando você chora.

Dei um sorriso sem graça para ele.

— Acho que um abraço é um bom começo.

A minha voz saiu baixa, o meu peito subia e descia rapidamente, Damon sorriu olhando
para mim.
— Me lembrarei dessas palavras.

Ficamos naquele lugar, um olhando para o outro, eu queria abraçá-lo, estava me


controlando para não me jogar em cima dele, estava sentindo saudades de ficar nos seus braços,
estava com vontade de ficar quieta, com os seus braços em volta do meu corpo.

— O que você vai fazer agora? — Perguntei o encarando.


— Por quê? Você quer ir em algum lugar.

Eu queria ir à fazenda ver as crianças, as outras garotas e a Lua, mas também queria ir à
árvore de cerejeiras, mas sabia que daria para ir somente em um lugar. O encarei.
— Eu queria ir até a árvore de cerejeiras. Mas se você estiver muito ocupado, pode deixar
para outro dia.

A mão do Damon ainda estava no meu rosto, respirei fundo sentindo o calor da sua mão,
os seus olhos azuis me encaravam com bastante atenção.
— Te levarei até a árvore de cerejeiras.

Eu sorri o encarando de volta.


Capítulo 52
Respirei fundo sentindo o ar fresco entrando em meus pulmões, a temperatura daquela
tarde estava perfeita, o cheiro das flores que estavam em cada parte daquele lugar, Damon
permaneceu ao lado do carro, ele estava em alerta, mas não dava para culpá-lo, afinal, sabíamos
que o Alastor e o Daniel estavam atrás de mim.
Eu deveria ficar no castelo me preparando, treinando para o que viria a seguir, mas eu
queria ver este lugar, eu precisava disso.

Andei mais um pouco e vejo a cerejeira com os seus galhos repletos de flores, o cheiro
suave e doce das flores de cerejeiras me envolveram, o que me fez sentir em paz. Era um
contraste reconfortante com tudo o que havia acontecido recentemente.
Sentada em um banco próximo à árvore, permiti-me apreciar a tranquilidade do momento.
Fechei os olhos e deixei que a brisa acariciasse meu rosto, afastando qualquer vestígio de tensão
e preocupação.

Enquanto as pétalas rosadas caíam suavemente ao meu redor, pude sentir uma sensação de
renovação, como se aquele local especial estivesse me proporcionando um momento de descanso
e renovação de energias.
Olhei para as lápides da minha mãe e da minha amiga, uma lágrima desceu pelo meu
rosto, eu sentia tantas saudades delas, eu queria que elas estivessem comigo, mas sabia que era
impossível, as pétalas das flores de cerejeiras cobriam o chão ao meu redor, fiquei sentada
naquele lugar e falei tudo que eu queria, era como se eu estivesse retirando um peso sobre os
meus ombros, mas eu precisava disso, eu precisava estar naquele lugar calmo e sereno.

Ficar ali, me trazia uma paz tão grande, fechei os olhos e respirei profundamente sentindo
o cheiro novamente das flores me invadir.

Saí daquele lugar e fui andando na direção onde o Damon estava, ao me aproximar ele me
encarou.
— Está cedo ainda. — Olhei para o céu e vejo o sol começando a se pôr no horizonte. —
Se você quiser podemos ficar mais um pouco. — A sua voz era calma e serena, dei um pequeno
sorriso antes de responder.

— Está tranquilo, quando estiver mais tranquilo eu voltarei.


Ele balançou a cabeça confirmado, entramos no carro, a mistura de cores no horizonte e o
cheiro das flores ainda estavam no ar.

Damon olhou em minha direção, o meu corpo se arrepiou só de estar ao seu lado. Seu
olhar era carinhoso e reconfortante, transmitindo uma sensação de proteção. Era algo totalmente
diferente de antes, do começo de tudo.
— É um lugar bonito, não é? — Ele quebrou o silêncio, sua voz suave e serena
combinando com o ambiente tranquilo.

— Sim, é maravilhoso. — Respondi, admirando novamente a paisagem. — Às vezes,


precisamos nos afastar do caos e encontrar um momento de paz como este.

Ele assentiu, sua expressão tranquila. Sabíamos que havia uma longa jornada à nossa
frente, repleta de desafios e perigos, mas também sabia da importância de momentos como
aquele para restaurar nosso equilíbrio emocional.
Permanecemos ali, em silêncio, compartilhando a calma daquele lugar. Era um momento
de pausa, mas também de preparação. Ainda havia muitas batalhas a enfrentar, mas com a calma
renovada e a determinação fortalecida, estávamos prontos para enfrentar qualquer desafio que
estivesse por vir.

Ao retornar para o castelo fomos diretamente para o quarto, eu queria ficar quieta em um
canto, precisava pensar no que estava acontecendo, era tanta coisa que só de lembrar de cada
uma, fazia a minha cabeça doer ainda mais.
Damon não ficou muito tempo no quarto, ele entrou na biblioteca e ficou lá dentro por uns
minutos, logo em seguida saiu segurando uns papéis, às vezes me esqueço o que ele é, afinal ele
é o rei.

Me sentei naquela tão conhecida poltrona, abracei as minhas pernas e permaneci quieta,
olhando para a grande parede que refletia o horizonte. Quando eu pensei que não poderiam me
usar ainda mais, veio aquele vídeo me mostrando como eu estava enganada, apertei os meus
braços ainda mais fortes ao redor das pernas.

Inevitavelmente veio uma pergunta, será que o Derek sabia disso? Eu sei que é burrice
pensar em uma pessoa que tinha um plano desde o começo, que fez tudo o que fez para mim, não
passando de uma missão, eu sei disso, mas lá no fundo eu ainda queria que ele não soubesse
dessa parte, porque se ele souber disso, o meu coração vai se quebrar novamente, o restante, o
pouco de carinho que infelizmente eu ainda tenho por ele, se tornará ódio. Eu já odeio tantas
pessoas, não queria odiar mais alguém.

Respirei fundo, eu já tenho tantas pessoas para odiar, não queria acrescentar mais uma na
lista.

— Vitória! — Ouço alguém me chamando, mas estou tão cansada, eu só queria continuar
descansando, só mais um pouquinho.
— Vitória!

Abri os olhos e vejo a parede de vidro na minha frente, uma lua enorme iluminava o céu.
Olhei para o meu lado e vejo o Damon parado me encarando, a sua roupa era diferente,
continuava a mesma cor, preta, era a única cor que ele usava, mas essa parecia mais justa no
corpo, algumas partes tinham uma espécie de couro, não sei explicar muito bem, mas parecia que
em algumas partes tinham uma estrutura mais rígida.
Me levantei ficando na sua frente.

— Encontraram um outro laboratório, eu já estava indo verificar, mas como você queria ir,
eu vim te perguntar. — Ele me encarou. — Você quer ir?

Engoli em seco antes de responder.


— Sim. Eu quero. — Afirmei sem tirar os olhos do seu rosto.

— Ok, então vamos, já está tudo pronto.


Damon pegou a minha mão e saímos daquele quarto.

O carro parou em um lugar muito afastado, ficamos quase duas horas no carro até
chegarmos neste lugar.

— Foi descoberto que este lugar estava sendo usado para continuar as experiências que
eles começaram antes. — Olhei na direção do Damon. — Eu quero que você se concentre.
— Por que você está me dizendo isso? — Levantei uma sobrancelha questionando-o. — Já
sabe o que está acontecendo aqui?

Damon suspirou, andando até chegar na porta de ferro do local.


— Uma equipe já me passou o que está acontecendo.

— E o que está acontecendo? — Perguntei, andando até estar ao seu lado.

— A médica que apareceu nas filmagens está aqui, será uma ótima oportunidade de
descobrir mais alguma coisa dela, no mais é só isso que eu sei, na verdade, eu não faço ideia do
que encontraremos assim que passarmos por essa porta, por isso estou te avisando para se
controlar no que for que esteja aqui.
A médica está aqui! Respirei fundo, ela é uma das pessoas responsáveis por tudo isso. Ela
ajudou.

— Eu não vou me descontrolar, pode ficar tranquilo. — Encarei o rosto do Damon por um
momento, aqueles olhos azuis me encaravam intensamente, como se estivesse me avaliando para
saber se é verdade o que eu estava falando.

— Vamos!
Andei ao seu lado, o lugar era todo iluminado, andamos por corredores até chegarmos até
um grande salão, vejo vampiros observando várias pessoas que estão no chão sentados com a
cabeça baixa.

Me aproximei para ver melhor, ver se eu conhecia mais alguém.


Reconheci os cabelos loiros da médica que eu conheci na resistência. Ela levantou a
cabeça e me encarou, eu pude ver medo no seu rosto.

Me virei na direção onde o Damon estava, ele estava conversando com um vampiro que eu
nunca tinha visto antes, o vampiro falava algo para ele, vejo o rosto do Damon tomando uma cor
vermelha, a sua mão se fechando em punho, naquele momento eu soube que tinha algo de
errado, andei em sua direção, o vampiro me observou por um segundo, mas logo depois falou
mais alguma coisa para o Damon e saiu.

Me aproximei dele ficando na sua frente.


— O que aconteceu? — Damon me encarou, ele estava com o semblante tão fechado, algo
realmente o estava incomodando bastante, isso só me fez ficar mais alerta ao meu redor do que
nunca.

— Eles encontraram um lugar onde queimam os corpos dos humanos que não conseguiam
suportar o soro no corpo.
As minhas mãos tremeram.

— Quantos corpos estão neste lugar? — Perguntei, mas sentindo a minha garganta se
fechando pouco a pouco.

Damon me encarava com um misto de emoções no rosto, ele respirou fundo.


— Tem vinte corpos. — O meu peito subia e descia rapidamente, virei o rosto na direção
da médica que continuava sentada com a cabeça baixa, apertei a minha mão em punho de tanta
raiva que eu estava sentindo, era uma mistura tão irracional dentro de mim, me fazendo tremer.
— Tem mais uma coisa Vitória.

Olhei novamente para ele. Damon me encarava.


— São todos corpos de crianças.

As palavras de Damon ecoaram em meus ouvidos como um soco no estômago. Meu


coração afundou enquanto a realidade cruel se instalava em minha mente. Corpos de crianças,
vítimas de um experimento cruel e desumano.

Uma onda de raiva e tristeza tomou conta de mim.


Eu não conseguia compreender como alguém poderia causar tanto dano a seres inocentes e
vulneráveis. Minhas mãos tremiam mais intensamente e meu rosto estava contorcido em uma
expressão de profunda angústia.

— Como eles puderam fazer isso? — Sussurrei, sentindo as lágrimas ameaçarem escapar.
Damon olhou para o chão brevemente antes de responder com voz carregada de raiva
contida.

— O líder da resistência, ele só quer poder, nada mais que isso. Parece que esse
experimento era uma forma de testar os limites do soro nos corpos mais jovens. Ele tem sede de
poder e não hesita em ir além dos limites da moralidade para alcançá-lo.
Minha raiva se acumulou em meu peito, minha vontade de lutar e dar um fim a toda essa
crueldade se tornou ainda maior.

— Nós precisamos acabar com isso, Damon. Não podemos permitir que mais vidas
inocentes sejam perdidas e que essa crueldade continue. — Olhei novamente para a médica que
compactuava com isso, fechei os olhos tentando me manter no controle, era algo tão irracional.
— Eu quero ver as crianças.

— Você não precisa fazer isso, vou dar um jeito delas terem um enterro decente.
Me virei em sua direção.

— Eu quero ver. — Afirmei, Damon concordou e foi andando, fui atrás dele, na verdade,
dentro do meu peito, ainda tinha uma pequena fagulha de esperança que pouco a pouco estava se
apagando, lá no fundo, eu ainda acreditava que poderia ser um engano, talvez... só talvez, fosse
um engano, elas podem só está dormindo.
Naquele momento, em pensamento, eu percebi que ainda era muito inocente, infelizmente
acreditava que o ser humano poderia ser benevolente com outro da sua espécie.

Chegamos na sala, e ali, diante dos meus olhos vejo várias macas espalhadas pelo local, e
em cima de cada uma, um lençol branco encobria um corpo pequeno demais, um corpo frágil
demais. As lágrimas tomaram o meu rosto, me aproximei de uma maca, segurei a ponta do lençol
branco, pronta para levantá-lo.

Damon segurou a minha mão, tentando impedir que eu prosseguisse com o que eu queria.
— Você não precisa fazer isso. — A sua voz tinha uma mistura de algo que eu não
conseguia decifrar, eu sei que o Damon não machuca crianças, que ele tenta protegê-las também,
para ele, ver esses corpos também não deve estar sendo fácil.

— Eu preciso. — A minha voz não passando de um sussurro.


Damon soltou a minha mão, e eu levantei o lençol branco, vejo uma garotinha deitada na
maca, a cor da sua pele já roxa, as minhas mãos tremeram, ela devia ter uns seis anos.

Minha respiração estava entrecortada e meus olhos encharcados de lágrimas. Olhei para
seu rostinho angelical, agora sem vida. Era difícil acreditar que alguém fosse capaz de infligir
tamanha crueldade a um ser tão inocente.

Toquei delicadamente sua bochecha, sentindo o frio gélido da morte. As lágrimas


escorriam sem cessar enquanto eu tentava processar a dor e a revolta que consumiam cada parte
do meu ser.
Damon se aproximou de mim, suas mãos trêmulas segurando o meu ombro

— Vamos encontrar quem fez isso, Vitória. Eles pagarão pelo que fizeram. — Sua voz era
um sussurro de determinação.
Abaixei o lençol branco não suportando mais ver aquela cena, cambaleando, saí daquela
sala, meu coração estava em pedaços, cada parte do meu corpo doía, eu queria gritar, eu… eu,
queria matar cada um que fez parte daquela situação.

Os meus olhos estavam fechados quando eu sinto braços fortes ao redor do meu corpo, e
ali, nos braços do Damon eu chorei como nunca, ele me apertava com força, o meu rosto
encostando no seu corpo, eu podia sentir o seu cheiro, o seu aperto, me foquei apenas nisso para
me manter de pé, eu sentia que poderia cair a qualquer momento, mas ali nos braços do Damon
algo me dizia que ele não iria deixar que isso acontecesse.

Fiquei nos seus braços por um tempo que eu não fazia ideia, o meu peito se encheu de uma
única coisa. Vingança! Eu precisava vingar a morte dessas crianças, eu devia isso a elas.
Saí dos braços do Damon e fui na direção onde a miserável da médica estava.

Não haveria perdão para aqueles que roubaram a vida dessas crianças inocentes. A chama
da vingança ardeu dentro de mim como nunca. Eu já estava no limite de tudo isso.
Olhei para o salão, onde os vampiros observavam a cena com indiferença. Meu olhar se
fixou na médica, cujos olhos evitavam encontrar os meus. Ela era cúmplice disso tudo, não
poderia escapar impune.

Com apenas um pensamento eu a fiz vir até mim, a médica olhava para o meu rosto, eu
podia ver o desespero no seu olhar, o seu corpo tremia violentamente, imaginei como aquelas
crianças sofreram nas mãos dela.

— Como você pode fazer algo tão cruel a aquelas crianças? — A minha voz parecia um
rugido, ela ficou em silêncio. — Responda! — Eu gritei, não suportando mais o seu silêncio.
— Elas morreram por um bem maior, os vampiros não podem ficar no poder por mais dez
anos.

Eu só conseguia sentir raiva e nojo diante das suas palavras.


— Um bem maior? Você ficou louca? Matou crianças por algo que você julga ajudar a
humanidade. VOCÊ MATOU CRIANÇAS!

A minha voz estava tão grave, não parecia ser a minha.


— Eu não me arrependo do que eu fiz. — Olhei para aquela mulher na minha frente, a
adrenalina correndo como nunca pelo meu corpo, o poder transbordando dentro de mim.

— Eu também não me arrependerei do que vou fazer com você.


E com essas palavras levantei a minha mão, a médica olhava para mim. E com um
movimento da minha mão o poder transbordou do meu corpo, em um segundo ela estava olhando
para mim, no outro a sua cabeça estava em um ângulo totalmente errado, o seu pescoço estava
torto, e o corpo sem vida da médica caiu no chão em um baque seco.

Eu fiquei paralisada, olhando para o que eu havia acabado de fazer. A violência e a morte
que eu tinha desencadeado não eram parte de quem eu era antes. Mas o mundo estava mudando,
eu estava mudando, e precisava aprender a lidar com as consequências dos meus atos.
Olhei ao redor, encarando os vampiros que observavam a cena. Alguns estavam em
choque, outros pareciam satisfeitos. Mas todos sabiam agora, que havia uma força poderosa em
seu meio, uma força que não toleraria mais nada.

Saí daquele lugar, o vento gelado da noite bateu no meu rosto, inspirei com rapidez
sentindo o ar entrando em meus pulmões, eu tinha matado uma pessoa! Essa constatação fez o
meu coração acelerar, eu podia sentir a presença do Damon nas minhas costas. Me virei olhando
para ele.

— Se você quiser, posso pedir para que te levem de volta ao castelo.


O encarei, ainda tinha algo que eu precisava fazer, tinha a pessoa que ordenou tudo isso,
tinha outra pessoa que precisava morrer essa noite.

— Eu preciso fazer mais uma coisa.


Damon me encarou.

— Você precisa de ajuda? — O observei com cuidado.

— Eu preciso fazer isso sozinha.

— Eu compreendo, só se cuide.

Dei um pequeno sorriso para ele.


— Pode ficar tranquilo, eu tive um ótimo professor.

E com isso, o poder transbordou novamente pelo meu corpo, eu precisava voltar para a
resistência, eu tenho contas para acertar com aquele infeliz.

E com muito mais rapidez do que da última vez, eu flutuei na frente do Damon, ele me
encarava com um pequeno sorriso no rosto, é hora de fazer aquele infeliz pagar por tudo que fez.
O vento gelado da noite envolvia o meu corpo enquanto eu voava na direção do local onde
a resistência se mantinha nas montanhas.
Capítulo 53
Depois de mais tempo do que eu pensei que levaria, eu avistei a montanha onde a
resistência ficava, na verdade eu não tinha certeza de que eles ainda permaneciam no mesmo
lugar, era um tiro no escuro, mas eu precisava tentar.
Os meus pés tocaram o chão novamente, a sensação de voar era inesquecível, era tão
libertador, algo que eu precisava fazer mais vezes, encarei a grande porta de ferro na minha
frente, eu podia ouvir o som irritante vindo de dentro, um pequeno sorriso estava nos meus
lábios.

Ótimo! Então eles permaneceram no mesmo lugar.


Levantei a minha mão, o poder transbordando mais e mais e com um impulso, a porta de
ferro se contorceu em um pedaço único que foi arremessado logo atrás de mim.

Entrei novamente no lugar que eu tinha jurado não pisar, o meu único pensamento era
encontrar o miserável do chefe da resistência, ele tinha que pagar pelas vidas que ele tirou por
causa deste experimento medonho.
Ouço passos apressados, parei quando estava quase chegando no refeitório, uns dez
homens armados me encaravam, na verdade eu conhecia vários daqueles rostos.

— Vou dar a chance de vocês saírem da minha frente.

Vejo alguns engolindo em seco, as suas mãos tremiam, eu não os culpo eu também estaria
tremendo se fosse eu no lugar deles.
O escudo estava ao redor de todo o meu corpo, e não seria idiota de achar que algum deles
não fosse atirar em mim, eu não era tão estúpida assim.

Eles levantaram as armas, ouço o som dos tiros vindos em minha direção, levantei às
minhas mãos e as balas pararam no mesmo momento, em seguida elas caíram no chão uma por
uma, cada um naquele lugar olhou para a cena como se não estivesse acreditando, olhei para
eles, e em seguida todo estavam sendo arremessados contra as paredes, reuni todas as armas em
um único lugar, era como se tivesse uma mão enorme e invisível, apertando todas elas, quando
as armas caíram, elas pareciam com qualquer coisa, menos com armas que eram a um minuto
atrás.

Continuei caminhando até estar no refeitório que eu conhecia muito bem, mesmo tentando
me controlar, me lembrei de tudo que aconteceu comigo neste lugar, da falsa esperança que eu
mantinha dentro do meu peito por finalmente pertencer a algum lugar, de como tudo
desapareceu, principalmente a esperança de confiar em alguém novamente.

As pessoas corriam para todos os lados, fugindo de mim, era como se eu fosse um monstro
que eles tinham que fugir. Mas eu não me importava, percebi que preferiria ser temida a amada.

Quando você é amada, podem confundir amor com burrice e te usam, assim como
aconteceu comigo, prefiro que eles me temam, assim será melhor.
Andei pelos corredores, ninguém mais ousando me parar, e finalmente cheguei aonde eu
queria, mas as minhas pernas pararam, no momento que eu vejo ele parado em frente a porta me
encarando.

Derek parecia que tinha emagrecido, ele cortou os cabelos bem mais curtos do que eu me
lembrava, o meu coração traidor acelerou no momento que eu o vi.

Tentei me controlar, não podia mostrar fraqueza na sua frente.


— Onde está o seu pai? — Por incrível que pareça a minha voz não falhou, Derek
levantou uma sobrancelha e me encarou.

— O que você quer com o meu pai?


Dei um passo encurtando a nossa distância.

Ele continuava sendo alto demais, mesmo assim o encarei.

— Eu vim aqui para matar o seu pai. — Afirmei, vejo o choque no rosto do Derek ao
ouvir essas palavras. Mas em momento nenhum eu desejei retirá-las. Porque a única coisa que
veio à minha mente, foram as crianças nas macas e os lençóis brancos cobrindo os pequenos
corpos sem vida.
— Você sabe que eu nunca vou deixar você fazer isso.

O vejo engolindo em seco.


— Em momento nenhum te pedi permissão para isso.

Derek balançou a cabeça, os seus olhos brilhavam de um jeito que cortaria o meu coração
a meses atrás, mas não agora, porque a única coisa que eu pensava, foi porque eu me deixei ser
usada por ele, por tanto tempo.

— O que aconteceu com você Vitória? Eu não vejo a garota que eu amava, quando eu
olho para você.

Eu sorri não acreditando na sua audácia.


— Essa garota morreu no momento que descobriu como foi um peão no seu jogo e do seu
pai, como ela foi idiota, burra ao ponto de deixar ser usada por vocês.

— Você nunca me deixou explicar o que aconteceu. Sim Vitória, eu tinha uma missão de
te tirar daquele lugar, você foi a missão que me foi dada, mas tudo o que aconteceu entre nós
dois foi real, eu realmente te amo.
Derek levantou a mão para tocar no meu rosto, mas eu não deixei, me afastei do seu toque
como se fosse me queimar a qualquer instante

Sorri em sua direção.

— Não se esforce para tentar me convencer, nada do que você possa falar vai mudar o que
aconteceu, nada do que você falar vai mudar o que eu sinto Derek. Eu vim aqui para matar o seu
pai, e é isso que eu irei fazer!
Levantei a minha mão e o retirei da frente da porta, o arremessando no chão, e com um
único pensamento a porta se abriu. Entrei naquele lugar, mas não vejo nada, o miserável não
estava ali.

Saí daquele lugar e encontro o Derek em pé, encostando na parede, me aproximei dele.
— Onde ele está? — Perguntei já sem paciência, Derek deu uma rizada olhando para mim.

— Você acha mesmo que vou te contar onde o meu pai está?

O meu sangue ferveu de ódio.


— O seu pai autorizou aquela infeliz da médica a usar o meu sangue para fazer um soro
capaz de mudar um humano para sempre. Por isso várias crianças estão morrendo, vítimas dele.

Falei a verdade esperando uma coisa, mas ao olhar para o seu rosto, não foi essa expressão
que eu imaginei vendo.
Mas eu não estava preparada para o que aconteceu a seguir, dei um passo para trás, o meu
peito doía sem parar.

Ele sabia, foi como se eu tivesse recebido um soco no estômago, a decepção corroendo
cada parte da minha alma, no fundo do meu coração, eu ainda mantinha a esperança de que ele
não soubesse disso.

— Precisamos derrotar os vampiros Vitória.


Parecia que eu tinha perdido o chão.

— Você sabia?... — A minha voz baixa, eu não queria acreditar nas minhas próprias
palavras, como? Por quê? — Eram crianças, CRIANÇAS!
Mas ele não respondeu, apenas me encarou por um tempo.

— Todos temos que fazer sacrifícios para o bem maior, aquelas crianças não serão
esquecidas.
Desgraçado! Gritei avançando em sua direção, segurei no seu pescoço com força o
empurrando na parede.

A minha mão apertava o seu pescoço com força, o meu corpo estava tremendo, meus
olhos ardiam só de olhar para ele. Ele sabia, ele sabia das crianças, ele sabia que eles fizeram
experiências comigo, ela sabia de tudo.
Mas o que mais me deixava em pedaços foi perceber como eu fui burra, acreditando em
pessoas que eu nunca deveria ter acreditado, doía tanto, mas tanto, que por um momento eu
pensei em gritar, apenas gritar, valeria mesmo a pena salvar essas pessoas? Eu não sei,
sinceramente não sei.

Minha mão em seu pescoço, o aperto se intensificando a cada segundo, vejo os olhos do
Derek em minha direção, ele tentava mover o corpo para escapar, mas eu não deixei, o mobilizei.

Sinto um aperto no meu ombro, virei o meu rosto e vejo o Léo parado, olhando para mim,
o meu peito subia e descia tão rapidamente, será que ele também fazia parte de tudo isso, será
que ninguém se salvava, eu queria que pelo menos uma pessoa fosse honesta, pelo menos uma.
— Vitória, não faça isso.

— Você sabia? Você sabia o que eles estavam fazendo? — A minha voz saiu rouca, eu
estava chorando, sentia o meu rosto todo molhado pelas lágrimas que saiam sem parar.
Ele balançou a cabeça negando.

— Eu não sabia disso, fiquei sabendo agora que ouvi a sua conversa.

Algo no meu peito se acendeu, pelo menos um, pelo menos um.
— Solta ele, Vi.

— Eu não posso, ele também fez parte disso Léo, você não viu o que eu vi, eram tantas
crianças, os corpos. — Balancei a cabeça. — Todas mortas, em parte por culpa dele.
Olhei para o Derek que continuava inutilmente tentando se soltar, o seu rosto já estava
mudando de coloração.

— Você não é assim Vitória, eu sei que se você fizer isso, nunca vai se perdoar, por favor
não faça isso.

Fechei os olhos tentando me controlar, e uma pergunta que se fez presente em minha
mente. Eu conseguiria matá-lo?
Balancei a cabeça, infelizmente não, eu não conseguiria matá-lo. Não agora. Soltei a
minha mão, e ele caiu no chão à procura de ar.

Encarei o Derek.
— Eu vou encontrar o seu pai, e quando isso acontecer, eu vou matá-lo. Se você quer
continuar vivo eu aconselho a não se colocar na minha frente novamente.

Saí daquela instalação, o ar frio da noite se instalou nos meus pulmões, fechei os olhos por
um segundo.
— Vitória. — Eu não precisava me virar para saber que era o Léo.

— É melhor você entrar. — Afirmei ainda não olhando para ele, porque eu sabia que se eu
olhasse, não poderia suportar.

— Podemos ir embora daqui, podemos sair, ir para outro lugar onde nenhum vampiro ou a
resistência possa nos achar.
Sinto o choque das suas palavras, e mesmo sabendo que não deveria, me virei na direção
do meu único amigo.

— Não podemos fazer isso Léo.


O meu peito doía, ele balançou a cabeça como se estivesse negando para ele mesmo.

— Podemos sim, você não precisa ficar com aquele vampiro, vamos fugir.

Eu acabei sorrindo, mas ao longe eu vejo uma silhueta nas sombras naquele momento, e
reconheço a Brace nos observando com cautela.
— A sua ideia é fugir comigo, e sua irmã? — Perguntei.

— Bem…. — Ele se atrapalhou na resposta, ele continuava sendo o mesmo, o meu


coração se aqueceu, pelo menos esse lugar não o mudou, pelo menos isso. Me aproximei do Léo,
e o abracei com força, fechei os olhos por um momento, ele correspondeu ao abraço, era muito
bom sentir o cheiro do meu amigo novamente.
— Eu não posso Léo, tenho muitas coisas para finalizar aqui, eu sei que o Damon é um
vampiro, mas estar ao lado dele é o melhor para mim, eu preciso acabar com essa guerra que está
para começar, eu te aconselho a fugir deste lugar, a resistência é tudo, menos, boa,
principalmente para você.

Me afastei.

— Eu não fazia ideia de tudo que estava acontecendo aqui. — Ele abaixou a cabeça com
vergonha. — Me desculpa, se eu soubesse, eu teria tentado impedir, eu teria tentado te ajudar.
Segurei no seu ombro, com um sorriso no rosto, Léo levantou a cabeça, o seu rosto estava
vermelho.

— Eu sei disso, você foi a única pessoa que valeu a pena ter conhecido. — Olhei mais
uma vez para a sua irmã pronta para tentar defender o irmão. — Avisa para a sua irmã, que eu
não tenho rancor dela, na verdade, tenho certeza de que faria o mesmo no seu lugar.

Eu sorri mais uma vez o abraçando.


— Se cuida ok, se precisar de alguma coisa você sabe onde me procurar.

E com isso eu saí daquele lugar, o meu coração estava em pedaços, mas pelo menos eu
pude ver o Léo pela última vez, o céu está estrelado, a lua iluminava o céu, o vento estava
gelado, hora de votar para ele.
Capítulo 54
cQuando eu voltei, os vampiros que estavam na segurança do lugar não demonstraram
nenhuma surpresa, era como se eles soubessem que eu poderia voltar a qualquer momento.

Ao entrar no quarto eu vejo a luz da biblioteca acessa, o Damon provavelmente deve estar
trabalhando, fui direto para o banheiro, tirei a minha roupa e fui para debaixo do chuveiro, a água
quente percorria por todo o meu corpo.

A traição novamente do Derek corroendo cada parte de mim, eu só queria esquecer, eu


queria esquecer este dia, eu só queria esquecer.
Fiquei por muito tempo naquele banheiro me lembrando de tudo que aconteceu comigo
desde o começo, de como tudo começou.

Enrolei o meu corpo em uma toalha, estou olhando para o meu reflexo no espelho, o meu
rosto estava tão cansado, eu estou tão cansada.
Respirei fundo secando os meus cabelos.

Ao sair do banheiro, olhei para as duas portas na minha frente, a primeira do closet, eu
poderia entrar naquele lugar escolher uma roupa confortável vesti-la e ir dormir, mesmo sabendo
que não conseguiria. Ou eu poderia entrar na biblioteca, mas o que eu faria naquele lugar? O
meu coração acelerou, o que eu faria naquele lugar com o Damon? Abaixei a minha cabeça
sentindo o meu rosto queimado, o que eu iria fazer?

Dormir, ou fazer o que eu estava pensando a muito tempo, mesmo não admitindo para
mim mesma, eu gostava de estar perto dele, eu gostava de sentir a sua mão no meu corpo, eu
gostava.
Mas porque essa luta dentro de mim? Porque era tão difícil escolher. Eu deveria só fazer o
que eu quero, eu deveria tentar ser feliz ou pelo menos fazer o que está dentro de mim, levantei a
cabeça, e o que eu quero é entrar naquela biblioteca e sentir as mãos do Damon em cada parte do
meu corpo.
Respirei fundo e fui na direção da porta da biblioteca.

O lugar era o mesmo, os mesmos livros, o mesmo cheiro, tudo o mesmo, vejo o Damon
sentado, ele estava com a caneta nas mãos, mas quando percebeu a minha aproximação, levantou
o rosto na minha direção. Meu peito subia e descia rapidamente ao olhar para aquele rosto,
encarar demoradamente os seus lábios que estavam levemente entreabertos.
Fiquei próxima a mesa, o encarando.

— Aconteceu alguma coisa? — Damon perguntou, mas eu podia ver o seu olhar na
direção do meu corpo, ele olhava desde os meus pés, passando por todo o meu corpo, até chegar
no meu rosto, que eu tenho certeza de que estava completamente vermelho.
— Nada que eu não pudesse resolver.

Ele me encarou.

— Entendo. Então me diga Vitória, porque você está na minha frente, apenas com uma
toalha enrolada no corpo?
Engoli em seco com a sua pergunta. Tomando coragem eu falei.

— Eu quero que você me foda! — Parecia que não era a minha voz naquele momento, eu
nunca tinha falado essa palavra, mas após dita, percebi que gostava dela, gostava até demais.
Damon deu um pequeno sorriso para mim.

— Não me peça uma coisa que você não está preparada para fazer.

Inclinei a minha cabeça para o lado e continuei o observando, uma coragem que eu não
sabia de onde vinha, mas que eu estava gostando muito.
— Pensei que você também queria.

Ele sorriu novamente.

— É o que eu mais quero, mas eu tenho certeza de que você não sabe o verdadeiro
significado da frase " Eu quero que você me foda". — Levantei uma sobrancelha olhando para
ele. — Porque se eu fizer o que você está querendo, te garanto que não vai conseguir se levantar
amanhã.

O meu coração acelerou de uma forma que parecia não ser real, eu acreditei nas palavras
do Damon, ele não estava brincando, não sobre isso. Mesmo assim, eu queria provocá-lo.

— Por quê? Você acha que não consegue? — O desafiei, o infeliz sorriu colocando
delicadamente a caneta que estava na sua mão em cima da mesa, sem tirar os olhos de cima de
mim, com ele olhando para mim desse jeito, me senti uma presa indefesa na sua frente, pronta
para ser comida, apertei uma perna na outra sentindo uma pressão se formando.
Damon se levantou graciosamente ficando na minha frente, engoli em seco, as minhas
mãos tremiam.

— Eu sei que essa seria a sua primeira vez, não quero te machucar mais do que o
necessário.
Encarei os seus olhos azuis por um tempo, respirei fundo tentando organizar os meus
pensamentos.

— É só me machucar o necessário, não é tão difícil, é? — Perguntei sem quebrar o contato


visual com ele.
Damon segurou na minha cintura trazendo o meu corpo para perto do dele.

— Acho que eu consigo. — O infeliz tinha um pequeno sorriso antes de segurar a ponta da
minha toalha e a retirar, me deixando completamente nua na sua frente. Ele abaixou o olhar para
ver detalhadamente o meu corpo.

— Perfeita! Incrivelmente perfeita.


Eu não tive tempo de processar as suas palavras, porque no segundo seguinte os seus
lábios estavam nos meus.

Segurei no seu pescoço, sentindo todo o meu corpo vibrando com as suas mãos
explorando cada parte de mim.
Cada toque, cada beijo, me levava para um mundo só meu.

Segurei na sua blusa e desabotoei os botões, não sei como consegui com as minhas mãos
tremendo como estavam, a boca do Damon estava no meu pescoço, passei a minha mão
explorando seu corpo, cada músculo explorado por mim.

Damon, com rapidez, passou a mão pela mesa retirando todos os objetivos de cima, a
minha boca ainda estava inchada pelos seus beijos, só processei o que ele estava fazendo quando
ele segurou na minha cintura me levantando, ele me colocou sentada na mesa, sinto o frio da
madeira em contato com a minha pele.

Seus olhos não saíram de cima de mim, meu corpo estava pegando fogo.

Ele se aproximou a centímetros do meu rosto.


Segurei no seu pescoço e o beijei, sinto a sua boca em contato com a minha, os nossos
lábios em uma batalha intensa, sua boca foi na direção do meu pescoço explorando cada parte de
pele exposta, fechei os olhos sentindo o meu corpo vibrando com cada toque cada beijo.

Ele segurou o meu seio com força o apertando, abri os olhos no mesmo momento que ele
distribuía beijos pelo meu seio, ele encostou os lábios no bico que já estava rígido de tanto
prazer, e o abocanhou, me fazendo soltar um pequeno grito, Damon passava a língua sem pressa
nenhuma, eu sentia o meu corpo respondendo a cada toque. Joguei a minha cabeça para trás no
momento que ele mordeu.
Eu nunca senti isso em toda a minha vida, parecia que o meu corpo ia entrar em choque a
qualquer momento, o meu coração martelava de um jeito forte no meu peito.

Ele continuou a sua exploração, distribuindo beijos por todo o meu corpo, pelos meus
seios, pela minha barriga, eu olhava sem acreditar no que estava vendo, as minhas mãos
tremeram quando eu percebi para onde a sua boca estava indo. Damon segurou as minhas pernas
e as colocou no seu ombro, o meu rosto estava ardendo de vergonha, eu estava completamente
exposta para ele.
Damon beijou o interior das minhas pernas, a sua mão foi para o meio delas, e quando eu
senti a sua mão na minha boceta eu estremeci.

— Eu ainda nem coloquei a minha boca na sua boceta. — Ele levantou a cabeça me
encarando. — E você já está completamente molhada. — Vejo aquele mesmo sorriso no seu
rosto, me levando ao limite de tudo com as suas palavras.
A excitação pulsou cada músculo do meu corpo quando eu senti sua boca no meio das
minhas pernas, joguei a minha cabeça para trás, a sua língua era delicada, ele passava por toda a
minha boceta, apertei a minha mão em punho não conseguindo mais me conter, e quando ele
focou apenas em um ponto, eu pensei que poderia morrer naquele mesmo instante.

Meu corpo tremeu, eu sentia uma pequena corrente elétrica nas pontas dos meus dedos,
era como se ela fosse percorrendo toda as minhas pernas até chegar no ponto que o Damon
movia a língua em um ritmo que estava me deixando completamente louca.

A minha visão explodiu em todas as cores no momento que o orgasmo percorreu todo o
meu corpo, essa era a melhor sensação que eu senti na vida, meus olhos estavam fechados
quando ele beijou os meus lábios, segurei no seu pescoço.
A excitação pulsando em meu corpo. Suas mãos continuaram a explorar cada curva, cada
centímetro de pele exposta. O desejo entre nós era inegável e se intensificava a cada toque.

Damon me beijou com fome, seus lábios encontrando os meus em um ritmo acelerado.
Suas mãos traçaram um caminho descendente, explorando minha intimidade, provocando
arrepios intensos.
Gemidos escapavam de nossas bocas conforme nossos corpos se entregavam ao prazer
avassalador. O desejo nos consumia, não havia espaço para dúvidas, apenas para os instintos e
prazeres que nos guiavam.

Com um movimento rápido, Damon me tirou da mesa, suas mãos fortes me segurando
com facilidade. Envolta pela sensação do desejo que nos envolvia, ele me levou para a cama, o
encarei, quando devagar, retirou a calça junto com a cueca, engoli em seco no momento que eu o
vi completamente nu, o seu corpo era simplesmente perfeito, olhei para o seu rosto, os seus
cabelos negros jogados para frente do seu rosto, o seu olhar em minha direção, a sua boca
levemente aberta que continha um pequeno sorriso logo em seguida.

Damon se aproximou devagar, beijando minha barriga, eu tentava não pensar no que os
meus olhos traidores focaram, era grande, muito grande, o meu coração acelerou, eu
sinceramente não sabia se aquilo tudo caberia dentro de mim, ok, eu não tinha visto muitos
homens sem roupa na minha frente, mas eu garanto que aquilo que estava no meio das pernas
dele, era grande e grosso, não era normal.

Damon beijou o meu pescoço, o seu corpo estava em cima do meu, segurei nos seus
cabelos sentindo a maciez de cada fio.
Levantei o seu rosto e o beijei, o sabor da sua boca na minha, as suas mãos no meu corpo,
cada toque, cada carícia.

O seu pau estava na minha entrada, não irei mentir, estava um pouco nervosa, eu sabia que
iria doer, é normal doer, mas algo me dizia que iria doer muito mais por ele ser tão grande.
Damon parou de me beijar e me encarou, a minha respiração se misturando com a dele.

— Você sabe que vai doer, não sabe?

Levantei uma sobrancelha olhando para ele, é lógico que eu sabia, respirei fundo e decidi
o provocar bem agora, com certeza me arrependerei depois.
— Porque, você está com pena?

Damon olhou para mim e um sorriso malicioso estava nos seus lábios, eu gritei quando em
uma única estocada ele se colocou todo dentro de mim, as minhas unhas cravaram nas suas
costas com força.
A minha respiração ficou presa na garganta, só sentia a dor dilacerado por cada músculo,
os meus olhos estavam fechados, tentei me controlar para não chorar bem ali, embaixo do corpo
dele.

Miserável! Isso vai ter volta, você me paga.

Damon beijava o meu pescoço, ele não moveu nenhum músculo, sinceramente me
arrependo de tê-lo provocado bem agora, eu e a minha boca grande, mas ele não se
movimentava, ficou beijando o meu pescoço, naquele momento percebi que estava dando um
tempo para o meu corpo se acostumar com a invasão.
O meu coração ainda martelava no meu peito, mas aos poucos eu fui me acostumando.

Damon se movimentou, se retirando apenas um pouco e logo em seguida estocando


novamente, as minhas mãos ainda estavam nas suas costas, a minha respiração irregular,
sentindo-o entrando e saindo de dentro de mim, a dor se misturando com o prazer que aumentava
na mesma medida.
Beijei o seu pescoço, vejo o seu corpo se arrepiando com esse gesto, continuei explorando
o seu pescoço com a boca, o vejo engolindo em seco, Damon segurou nos dois lados da minha
cintura, e com força se retirou e estocou com força dentro de mim, fechei os olhos sentindo dor,
ele era grande demais, o sentia indo fundo, as minhas mãos em volta dos seus ombros.

Ele se aproximou beijando a minha boca, eu sentia o seu corpo em cima do meu, ele se
movimentava mais devagar, estocando um pouco mais calmo, segurei o seu pescoço e
continuamos.

Cada estocada me levava mais perto de ter outro orgasmo, quando ele percebeu isso,
começou a se movimentar mais rapidamente, e mesmo com o prazer se misturando com a dor, eu
acabei tendo outro orgasmo.
Damon continuou estocando o seu pau dentro de mim até que ele também gozou. Ficamos
em silêncio depois que acabou, eu estava tão cansada, o meu corpo todo doía, os meus olhos
estavam fechados, mesmo assim, eu o sinto cobrindo os nossos corpos com um cobertor tão
macio.

O meu corpo reclamava a cada segundo, parecia que eu estive treinando por horas e horas,
eu sinto o calor do seu corpo em contato com o meu, o meu braço vai em sua direção, e eu o
abraço com toda a força que ainda me restava, o seu corpo fica tenso por um segundo, ouço os
batimentos do seu coração acelerado, mas aos poucos vão se normalizando, antes que eu
finalmente dormisse, sinto a sua mão em volta da minha cintura, ele me apertava como se tivesse
medo que eu sumisse a qualquer momento, mas eu não iria sumir, eu não podia, eu simplesmente
não conseguiria ficar longe dele.
O toque dele, o gosto dele, a forma como me fez sentir... Era tudo como eu imaginava e
muito mais.

Naquele momento, nada existia além de nós dois, entregues ao prazer que havia entre nós.
E assim, juntos, navegamos nas ondas arrebatadoras de uma experiência que eu jamais
esquecerei.
Capítulo 55
O seu corpo se moldava completamente no meu, segurei sua cintura com força, eu sentia o
cheiro maravilhoso dos seus cabelos, fechei os olhos inspirado novamente, já estava quase
amanhecendo, tentar dormir foi um verdadeiro pesadelo, principalmente com ela completamente
nua em meus braços, aproximei ainda mais o meu corpo do dela, a ouço resmungando algo que
eu não faço ideia, Vitória tinha essa mania de resmungar quando estava dormindo, eu achava
uma atitude fofa vinda dela.
A verdade era que eu estava completamente perdido, após ter o seu corpo completamente
só para mim, eu sabia que nunca mais eu me esquecerei de cada suspiro, de como o seu rosto
ficou quanto eu a vi tendo um orgasmo, em meus mais de mil anos, eu nunca vi algo mais lindo
do que aquilo

Como eu pude me apaixonar por uma humana? Como eu pude desejar tanto protegê-la?

Sinceramente não sei, eu só sabia que no momento que eu tive o seu sangue na minha
boca, eu sabia que não resistiria ficar longe dela, fiz de tudo para tê-la novamente nos meus
braços, àqueles meses longe dela foram os piores de toda a minha existência, e quando eu a
encontrei encostada naquela árvore, era parecida com uma fada, completamente linda, mas
infelizmente machucada mais uma vez, eu não menti quando falei que não suportava mais vê-la
chorando, eu simplesmente não suportava, porque todas as vezes que isso acontecia, algo em
meu peito se quebrava.
Eu nunca me importei com ninguém, nunca quis tanto preservar uma vida como eu quero
preservar a dela, fui por meios obscuros para conseguir isso, não irei negar, mas sinceramente
não me importaria em exterminar todos os vampiros e humanos desse planeta para salvá-la, eu
não pensaria duas vezes em fazer isso, para mim, a única pessoa que importa é ela, só ela, e mais
ninguém.
Segurei na sua cintura com mais força, o meu pau completamente duro, encostando na sua
bunda.

Um sorriso estava no meu rosto quando me lembrei do seu olhar de ódio quando eu
estoquei com força dentro dela. Mas era a melhor opção, não queria prolongar a sua dor por
muito tempo, me lembro do cheiro do sangue impregnado todos os meus sentidos, eu não preciso
mais de sangue para sobreviver, mesmo assim, quando eu senti o sangue ontem, fez todos os
músculos do meu corpo sem contraíram, foi difícil me controlar, prova disso são as marcas dos
meus dedos por todo o seu corpo. Ahh... Vitória, e assim você me pediu para te foder, se eu
tivesse ouvido o seu pedido, marcas roxas por todo seu corpo, seria algo trivial agora.
Ela se mexeu, sinto o seu corpo ficando tenso quando percebeu o meu pau encostando no
seu corpo, eu não precisava ver seu rosto para saber que provavelmente estava vermelho de
vergonha, ela ficava ainda mais linda com o rosto nessa tonalidade.

Encostei o meu rosto no seu pescoço, os pelos do seu corpo se arrepiaram completamente
quando a minha boca começou a beijar delicadamente perto da sua orelha.
— Dormiu bem? — A minha voz estava rouca, acariciei sua cintura, descendo a mão
delicadamente pela lateral do seu corpo, o seu corpo estava quente como o inferno, porra! Como
eu gostava disso, ter seu corpo assim, encostando no meu.

— Sim. — A sua voz era baixa.

— Está muito machucada? — Beijei novamente cada parte do seu pescoço.


— Um pouco.

Eu sabia que era mentira, provavelmente ela estava bem mais machucada do que estava
falando.
— Que pena. — Apertei a sua cintura com força, encostando ainda mais o meu pau na sua
bundinha empinada.

— Porque, que pena?

Eu sorri passando a minha mão pela sua barriga reta, descendo devagar até encontrar o que
eu tanto queria.
— Porque eu queria continuar o que começamos ontem.

Levei a minha mão até sentir sua boceta, ela estremeceu no momento que comecei a
pressionar o seu clitóris, ouço o seu suspiro, ela já estava molhada, completamente pronta para
mim, me ajeitei atrás do seu corpo fazendo a cabeça do meu pau encostar na sua entrada.
Ouço um pequeno gemido vindo dela, pressionei com mais força o seu clitóris.

— Eu não estou tão machucada assim. — Suas palavras me levaram para a escuridão que
eu conhecia tão bem.
— Tem certeza? — Perguntei mais uma vez, dando a chance para que ela repensasse na
sua resposta.

— Sim. Eu tenho.
Retirei a minha mão da sua boceta e levantei a sua perna, colocando em cima da minha, e
em uma estocada, me coloquei dentro dela novamente, Vitória gritou pela invasão no seu corpo,
eu não tirava a sua razão, digamos que eu sou bastante grande.

Segurei na sua cintura e comecei a estocar dentro da sua boceta, eu estava tentando me
controlar para não ir rápido demais, mas parecia que mesmo assim, a estava machucando, beijei
o seu pescoço, tirei a minha mão da sua cintura e apertei os seus peitos, eu sentia a sua boceta
apertando meu pau, porra! Isso estava me levando a loucura, se ela continuar assim vou acabar a
fodendo como ela me pediu, mas também sei que iria machucá-la demais.
Parei de estocar, fechei os olhos tentando pensar em algo que não a machucasse.

Me retirei de dentro dela. Vitória se virou me encarando, o seu rosto vermelho, merda!
Essa era uma visão do paraíso.

— Aconteceu alguma coisa?

Segurei no seu rosto e a beijei sentindo o sabor maravilhoso dos seus lábios nos meus,
segurei na sua cintura e em um único movimento a coloquei sentado em cima do meu corpo.

Vitória me encarou por um momento, os seus cabelos em volta do seu corpo, como se
fosse um manto digno de uma deusa, ver ela nessa posição estava fazendo os batimentos do meu
coração acelerar.
— Nessa posição será melhor, assim poderá ditar o ritmo que for melhor para você. —
Respirei fundo. — Na verdade, se continuássemos naquela posição, você se machucaria ainda
mais.

O seu rosto ficou ainda mais vermelho depois que entendeu as minhas palavras.

— E…. — Ela gaguejou, respirou fundo tentando terminar de perguntar. — E como eu


faço isso?
Vê-la com vergonha desse jeito, me fez sentir como um animal enjaulado, pronto para sair
atrás de uma vítima, sorri a encarando.

— Você pode cavalgar no meu pau do jeito que você quiser. — Eu sei que sou um infeliz,
por falar assim com ela, mas era delicioso ver o seu rosto mudando de vergonha para raiva em
apenas um instante.
Segurei na sua cintura, observando as marcas roxas que eu deixei da noite passada, a sua
boca se abriu levemente quando ela se levantou um pouco, eu observava cada movimento, na
verdade, eu pensei que ela não teria coragem, mas estava completamente errado, quando Vitória
levou a sua mão até o meu pau, eu pensei que iria gozar no mesmo instante, como um
adolescente inexperiente.
Ela segurou com delicadeza e o levou até a sua entrada, essa era visão mais maravilhosa
que eu puder ter, vê-la descendo devagar, sentir o meu pau entrando centímetro por centímetro
dentro dela, era simplesmente perfeito.

Eu queria segurar na sua cintura e estocar com muita força em seu interior, fechei os olhos
tentando me controlar, afinal foi ideia minha colocá-la nessa posição, mas vejo que o único que
vai sofrer serei eu, abri os olhos e a vejo me encarando, o meu pau estava a metade dentro dela, a
suas pequenas mãos vão até o meu rosto, os seus olhos brilhavam, na verdade todo o seu lindo
rosto brilhava.

— Estou fazendo certo?

Ela perguntou beijando o meu rosto, assim já era covardia, segurei na sua cintura, mas não
forcei para dentro dela, só precisava de um lugar para colocar as minhas mãos, porque percebi
que elas tremiam.
— Sim. — Encostei a minha boca na dela e a beijei.

Vitória, devagar, subia e descia no seu ritmo, bem devagar. Eu estava enlouquecendo
embaixo dela, sentir o calor da sua boceta engolindo o meu pau, estava me deixando louco.

Ela ia devagar, me torturando pouco a pouco, mas cada vez que ela se abaixava, era mais
um pouco do meu pau dentro dela.
Beijei o seu pescoço, apertei o seu seio com força, e com a outra mão apertei o outro seio,
segurei o bico com o polegar e indicador e apertei com um pouco de força, olhei para o seu rosto
e vejo os seus olhos ficando negros de prazer.

Sorri antes de levá-lo a minha boca, passei a minha língua demoradamente, suguei
apreciando cada segundo, e no momento que Vitória se sentou de uma vez no meu pau, eu
mordo com força, ouvindo os seus gemidos.
Ela ditou o ritmo perfeitamente, retirando e se sentando com rapidez.

Segurei na sua cintura e me sentei na beirada da cama, mudando de posição, com ela
entrelaçando as pernas na minha cintura, o seu rosto a centímetros do meu, eu queria ver seu
rosto mais uma vez, quando gozasse com o meu pau indo fundo na sua boceta.

Segurei na sua cintura, e a levantava devagar, a deixava descer do jeito que queria, os
nossos corpos estavam suados, a minha mão passeando pelas suas costas, os seus seios sendo
esmagados pelo meu corpo, vê-la assim era perfeito, os seus cabelos grudados no seu rosto, a sua
boca inchada.
Era perfeito demais, e quando eu percebi que ela iria ter um orgasmo, eu ditei o ritmo, me
colocando com força dentro dela. Vitória gritou quando o orgasmo veio, as minhas mãos ainda
estavam na sua cintura quando eu gozei me derramando dentro dela.

Ela colocou a cabeça no meu ombro, o seu corpo pesado, passei a mão pelos seus cabelos
retirando as mechas que estavam no seu rosto. A sua respiração estava alterada.
Sorri beijando o alto da sua cabeça.

— É melhor você descansar um pouco mais.


Ela não questionou. A coloquei deitada na cama, e quando me retirei de dentro dela, eu
ouço um pequeno resmungo. Me afastei pegando a coberta e a cobrindo, estava frio demais para
uma manhã de final de primavera.

Fui ao banheiro e tomei um banho demorado. Imagens de tudo que aconteceu vieram com
tudo, um pequeno sorriso não saiu dos meus lábios ao sair do banheiro e a vejo dormindo
tranquilamente.
Saí daquele quarto, eu tinha uma reunião com o novo conselho, ao chegar no antigo
escritório do meu pai, eu só o usava para essas reuniões, vejo Alice, a vampira que eu coloquei
no meu lugar como general do exército, me esperando.

— Eles chegaram? — Perguntei, parando em frente a porta.

Ela me encarou.
— Sim, estão te esperando.

— Ótimo!
Entrei e vejo todos sentados, ao me ver, abaixaram levemente a cabeça.

Me sentei na ponta da mesa, Alice se sentou do meu lado.

— Espero que tenham feito uma ótima viagem.


Todos me encararam. Cain foi o primeiro a falar.

— Estamos cientes do problema que o seu irmão está causando, você tem algum plano
para acabar com isso?
Cain era o único vampiro que permaneceu depois daquele dia no salão. Acho que estar em
um quarto trepando com alguém, acabou salvando a sua vida.

— Se eu tivesse algum plano para agora, vocês já saberiam, não é mesmo? — O encarei,
vejo Alice se mexendo desconfortável do meu lado, naquela sala, a única que eu confiava era ela,
afinal, nós lutamos juntos por muito tempo, os demais poderiam morrer agora mesmo, eu sei por
que ela está desconfortável, afinal, sempre me aconselhava a manter os conselheiros satisfeitos,
mas sinceramente nunca fui de fazer isso.

— Ainda não sabemos a localização deles, temos vampiros qualificados os rastreando. —


Ela falou.
Cain olhou para Alice e torceu o nariz, o que não era de estranhar, além dela ser a nova
general, era também uma ótima conselheira.

E até mesmo no meio de vampiros, mulheres ou vampiras, serviam para apenas uma coisa.
E não era ajudar o rei.

— Qualificados? — Ele sorriu sendo acompanhado por vários outros, marquei cada um
que deu até mesmo um leve sorriso. — Já tem mais de um mês que eles conseguiram o sangue da
humana, e nada de vocês os encontrarem, eu já falei e volto a repetir, seria mais fácil usarmos o
sangue da humana, se todos nós que estamos aqui nesta sala, tiverem o poder que foi dado só
para três vampiros, isso já teria acabado mesmo antes de começar. Ela é apenas uma humana, foi
feita para nos alimentarmos….
Antes que ele terminasse a frase, eu já estava segurando o seu pescoço pressionando a sua
cabeça no chão. Vejo os outros membros do conselho se levantarem, mas não vieram ajudar o
Cain, eles sabiam que eu mataria todos em apenas um piscar de olhos, se tentassem.

— Ninguém encosta nela, achei que já tinha deixado claro. — As minhas unhas foram
projetadas para fora, afundando na carne do seu pescoço, ele me olhou com medo, ótimo! Eu
realmente gosto de ver o medo no rosto de todos.
— Damon!

Ouço a voz da Alice do meu lado, eu sei que não posso matar os membros do conselho
todas as vezes que eles me irritavam, mas era bem difícil, principalmente quando eles têm a
coragem de simplesmente pensar em usar a Vitória.

Retirei a minha mão do pescoço do infeliz, as minhas unhas se retraíram, voltando ao


normal, minha mão estava suja do sangue imundo deste animal.
Limpei a mão na minha roupa e me sentei novamente, colocando uma perna em cima da
outra, com uma expressão de tédio no rosto. Eu odiava essas reuniões, odiava cada um desse
conselho de merda.

Caim se levantou, tropeçando nos próprios pés, patético! Revirei os olhos, ele se sentou
ficando calado, como devia ter sido desde o começo.
— Descobrimos um acampamento inimigo nos arredores da antiga cidade da Pensilvânia,
tudo indica que é do Alastor e do Daniel. — Alice informou.

— E o que vocês vão fazer com essa informação? — Olhei para Talon, ele não era de falar
muito, até achei estranho o seu interesse.

— Eu mesmo vou ir até o local, estou precisando de um pouco de exercícios, estou


ficando muito tempo neste castelo.
— Que bom, ficamos mais tranquilos por saber que você pessoalmente irá resolver esse
assunto. Quando você irá? — O encarei.

— Hoje mesmo, não posso dar a chance de perdemos a localização.


A reunião continuou com várias e várias perguntas sobre como estava a segurança da
cidade, todo mês é a mesma coisa, e eu estava preso resolvendo coisas sobre a maldita
resistência, e sobre os infelizes do Alastor e do Daniel, como eu estou contando os dias para
finalmente poder matá-los.

Já era tarde, perdi o café da manhã e o almoço com a companhia Vitória para resolver
essas merdas, quando abri a porta, a vejo no meio do quarto segurando um livro, olhei para o seu
corpo demoradamente, vejo o vestido simples que ela estava usando, Vitória tinha amarrado todo
o seu cabelo no alto da cabeça, deixando aquele maravilhoso pescoço a mostra, me aproximei
segurando na sua cintura, aproximei o meu corpo do dela, o seu rosto ficou vermelho.
— Como você está? — Perguntei, me aproximando para beijar o seu pescoço. O seu corpo
estremeceu.

— Eu estou bem. – Ela me encarou. —Aconteceu alguma coisa?


Me afastei do seu pescoço e encarei o seu rosto

— Não, por quê?

Ela engoliu em seco.


— Você não apareceu antes, pensei que tivesse acontecido algo.

O seu lindo rosto ficou mais vermelho do que nunca, ela abaixou o rosto, e eu sorri.
— Eu tinha uma reunião com o novo conselho, por isso não deu para te ver antes, me
desculpa, deveria ter te avisado. Mas você estava dormindo tão tranquilamente quando eu saí.

Ela levantou o rosto.

— Não tem problema. — Um pequeno sorriso estava nos seus lábios, me aproximei a
beijando.
Segurei na sua cintura com mais força, a minha outra mão segurava no seu pescoço
intensificando o beijo. Eu realmente gostava do sabor dos seus lábios, de sentir as nossas línguas
começarem uma dança intensa.

Porra! Eu queria colocá-la na cama e ficar fazendo sexo por horas e horas. Mas
infelizmente eu não podia, em menos de uma hora eu teria que sair, provavelmente, ficarei por
pelo menos uma semana longe dela.
Me afastei, vi os seus lábios vermelhos e inchados, levantei a minha mão tocando o seu
rosto, passei o meu dedo pelo contorno dos seus lábios, ela abriu a boca olhando para mim.

— Eu precisarei fazer uma viagem. — Ela me encarou. — Provavelmente ficarei fora por
uma semana, mas não precisa se preocupar, você estará em segurança aqui.

Ela sorriu.
— Eu sei. Não acho que nenhum vampiro teria a coragem de tentar me atacar.

Sorri com orgulho de saber que ela pode se defender.


— Somente eu. — Falei perto do seu ouvido.

— Eu não teria essa certeza. — Ela sorriu.


A encarei, beijando seus lábios novamente.
Capítulo 56
Já tinha se passado uma semana, desde que o Damon foi fazer a viagem, mesmo sabendo
que ele podia se defender muito bem, acabei ficando preocupada, senti um aperto no meu peito.

Eu não preciso me preocupar, ele sabe se cuidar, respirei fundo, afinal, Damon é um
vampiro, com várias e vários anos de experiência, além de ser um ótimo guerreiro, e é o rei!

Apertei o livro com força, às vezes me esqueço desse detalhe, ele é um vampiro, um
guerreiro e um rei. Eu estou fazendo sexo com o rei!
A minha cabeça começou a doer, durante uma semana eu fiquei me lembrando dele todos
os dias, mesmo treinando por mais tempo, eu ainda me pegava pensando nele, na verdade, eu não
sei como posso me comportar com ele agora, e se ele achar que foi só aquilo, sexo e mais nada?
E se ele quiser algo a mais? Merda!

Eu não sei o que fazer, porque no fundo eu não sei o que eu quero.
Respirei fundo tentando me controlar, não conversamos depois daquele dia, ele teve que
sair em uma missão logo em seguida, talvez se ele tivesse ficado, eu saberia como agir, e não
precisaria ficar quase louca como agora.

Observei a cidade pela parede de vidro, já era fim de tarde, eu achava que ele poderia
chegar hoje, mas não era certo, afinal, ele não me deu certeza alguma, apenas me disse que
provavelmente duraria uma semana.

Estava tão perdida em meus pensamentos que não percebi a porta se abrindo, me virei
vendo o Damon entrando, meu coração parecia que ia saltar pela minha boca, dei um passo
rapidamente na sua direção, mas parei o encarando.
Damon me encarava como se estivesse esperando algo, engoli em seco não sabendo o que
fazer, na verdade eu queria abraçá-lo, mas não sabia se ele se sentiria desconfortável se eu
fizesse isso, o encarei com um pequeno sorriso no rosto.
— Você está bem? — Damon me encarou demoradamente, como se estivesse conferindo
se eu estava inteira.

— Estou ótimo! E você? Aconteceu algo enquanto eu estive fora?


— Não aconteceu nada. — Afirmei sentindo as minhas mãos suando mais e mais. Damon
me encarava com aqueles olhos azuis, ele se aproximou ficando na minha frente. Meu coração
acelerou. Ele levantou a mão e tocou delicadamente o meu rosto, sinto o calor subindo pelo meu
pescoço.

— Que bom.
Abaixei a cabeça não suportando o peso do seu olhar. Resolvi mudar de assunto.

— Conseguiu encontrar o acampamento?

Damon ainda estava com a mão no meu rosto, mas os seus olhos estavam na minha boca,
eu queria beijá-lo, eu realmente queria sentir o seu corpo junto ao meu, estava pronta para fazer
isso, quando ele abaixou a mão e deu um passo para trás.
— Conseguimos, foi tudo como o planejado, o meu irmãozinho tem uns quinhentos
vampiros a menos no seu exército.

Dei um sorriso sem graça em sua direção, por que ele se afastou? Me perguntei sentindo as
minhas mãos suarem mais.
— Eu fico muito feliz. — Afirmei o encarando.

Damon deu um passo indo na direção do banheiro.

— Hoje terá uma festa em comemoração à esta vitória. — Ele se virou me observando. —
Eu gostaria que você fosse comigo.
Dei um sorriso em sua direção.

— Eu adoraria. — Damon sorriu.


— Que bom, daqui a mais ou menos uma hora as mesmas humanas de antes virão te
ajudar a se arrumar.

Me lembrei da senhora e da mulher mais nova que me ajudou da última vez.

— Eu ficarei esperando.
— Bom… Agora eu vou tomar um banho, eu realmente preciso tomar um banho.

Eu não respondi, e ele também não esperou resposta ao entrar dentro do banheiro.
Me sentei no sofá sentindo um peso no peito, será que ele esperava que eu desse um
abraço nele? Por isso ele ficou esperando, mas ele também poderia ter feito isso.
— Merda! — Resmunguei abaixando a cabeça.

Depois de um tempo Damon saiu indo na direção do closet, eu fingi estar lendo o livro,
mas observando cada gesto que ele fazia, quando ele saiu estava impecável em uma roupa toda
preta, mas os botões eram dourados, dava ainda mais um ar de realeza a ele.
Damon parou na minha frente, levantei a cabeça o encarando.

— Eu tenho que ver se não aconteceu nada durante a minha ausência, mas venho te pegar
na hora do baile.
Balancei a cabeça concordando com ele.

— Estarei esperando. — Respondi, mas ele não saiu, continuou no mesmo lugar, os
nossos olhares se encontraram, o meu rosto começou a esquentar no mesmo segundo.

Me levantei com pressa colocando o livro em cima do sofá, fui praticamente correndo na
direção do banheiro.
— Nos vemos depois, preciso tomar um banho. — Não esperei a sua resposta, entrei no
banheiro fechando a porta com força.

Encostei a minha cabeça na porta.


Covarde, covarde, covarde. Repetir diversas vezes, qual era o meu problema? Eu fiz sexo
feito uma louca com ele a uma semana atrás, para agora ficar com vergonha só de olhar para o
seu rosto, me recriminei abrindo a água do chuveiro. Retirei a minha roupa no automático, ele
deve estar pensando que eu sou muito infantil.

Na verdade, eu estou pensando que sou muito infantil.

Terminei de tomar o banho, mesmo sabendo que ele não estaria no quarto me esperando,
eu abri a porta devagar, acabei levando um susto ao ver as duas mulheres em pé no meio do
quarto me esperando.
Saí do banheiro morrendo de vergonha.

— Me desculpe pela demora. — Falei envergonhada. As duas mulheres sorriram para


mim.
— Estamos à sua disposição senhorita, não precisa pedir desculpas.

Dei um sorriso sem graça, me sentei na cadeira de frente para a penteadeira, e como eu me
lembrava, elas começaram a arrumar os meus cabelos e a passar maquiagem no meu rosto.

Sinto o cheiro gostoso do óleo que a mais nova passava pelo meu corpo, era um cheiro tão
gostoso. Me fazia lembrar o cheiro de frutas vermelhas e baunilha.
Depois de arrumar o meu cabelo e fazer a minha maquiagem, elas me ajudaram a vestir o
vestido, coloquei os sapatos de salto baixo e me vi olhando para o meu reflexo no espelho.
— Vocês são perfeitas, nem parece ser eu ali. — Falei apontando para o espelho.

Elas sorriram.
— A senhorita é linda, só realçamos a sua beleza.

Encarei a mais velha, estendendo a minha mão para cumprimentá-la.


— É a segunda vez que vocês me ajudam e eu não me apresentei corretamente, o meu
nome é Vitória.

A mais nova olhou para mim e logo em seguida para a senhora, eu fiquei com vergonha,
será que tinha feito algo de errado, mas logo em seguida as duas sorriram.

— O meu nome é Flora, e essa é minha filha Isabel. — Cada uma delas me cumprimentou
com um pequeno sorriso no rosto.
— Muito obrigada, eu adorei tudo, principalmente o vestido. — Me encarei no espelho.

— Sim, sua majestade tem um bom gosto.


Encarei a Flora.

— Sua majestade?

Ela sorriu.
— Foi ele que escolheu os dois vestidos, este e o outro que a senhorita usou.

A encarei por um momento.


— Eu não sabia.

Elas sorriram.

— Agora precisamos ir, espero que se divirta no baile hoje.


— Muito obrigada! Vocês duas.

Elas saíram e eu fiquei sozinha olhando o meu reflexo no espelho. O vestido era uma
mistura de preto com vermelho, ele tinha um tecido acetinado que moldava todo o meu corpo,
mas o seu forro era vermelho como sangue, a cada passo que eu dava, podia ver o forro pela
abertura da fenda na lateral que ia até o alto da minha perna esquerda.
Pequenos cristais caíam em formas de cordões pela minha cintura, o decote em forma de
coração incrustado por pequenos cristais, ele era lindo, absolutamente lindo.

Os meus cabelos estavam soltos, uma pequena tiara com pedras vermelhas brilhava no alto
da minha cabeça, quem não me conhecesse poderia pensar que eu era uma princesa. O meu rosto
ficou vermelho, um interessante contraste com o batom vermelho que estava nos meus lábios.
A porta se abriu e eu vejo o Damon parado me encarando de cima a baixo, as minhas mãos
tremeram quando eu fui andando até está na sua frente.

Sorri o encarando.
— Vamos! — Damon ficou um momento calado olhando para mim, de repente balançou a
cabeça como se estivesse saindo de um transe.

— Vamos!
Ele segurou no meu braço e saímos do quarto juntos.

Cada passo que eu dava do seu lado, fazia o meu coração acelerar ainda mais.

— Você está linda! — Olhei em sua direção, um pequeno sorriso no meu rosto.

— Obrigada, devo isso a você.

Damon levantou uma sobrancelha olhando para mim.


— Eu? — Ele perguntou, sorri novamente, já estávamos em frente da porta da sala do
trono.

Dava para ouvir o som vindo de dentro daquele lugar, respirei fundo.

— Sim, você, afinal, foi você quem escolheu o vestido.


Os guardas abriram a porta, dava para ver vários vampiros e humanos olhando para nós.

Damon colocou a mão nas minhas costas. E começamos a andar, entrando no salão.
— Isso é apenas um vestido, o que não adiantaria de nada ele ser deslumbrante se a pessoa
que o está usando não correspondesse. Você é linda com ou sem ele.

O encarei sentindo um calor percorrendo o meu pescoço.

Damon segurou na minha cintura e fomos para onde já tinha casais dançando. Ele
aproximou o meu corpo do seu, e sussurrou no meu ouvido.
— Você vai continuar fugindo de mim?

O meu corpo se arrepiou completamente, segurei no seu ombro.


— Eu não estou fugindo. — A minha voz apenas um sussurro.

Ele sorriu depositando um beijo no meu pescoço. Vejo vários olhares em nossa direção,
engoli em seco.
— Mentirosa.

A música preencheu os meus sentidos, eu não consegui responder a ele, Damon me


conduziu delicadamente ao som daquela melodia, os seus olhos não saíram do meu rosto em
nenhum momento.

Eu me perdi olhando para ele, em como uma mecha do seu cabelo insistia em ficar na
frente dos seus olhos, em como o contorno dos seus lábios eram perfeitos, em como o calor da
sua mão na minha cintura fazia o meu corpo estremecer, ele estava certo, eu fugi, eu fugi porque
sabia que se ficasse perto dele mais um segundo naquele quarto, eu terminaria a noite nos seus
braços mais uma vez.
Mas sinceramente, era tão errado assim gostar de ficar nos seus braços? Era errado sentir o
que eu estava sentindo?

A melodia acabou, ele continuava me encarando.


Ficamos no salão por um tempo, um rapaz estava perto com uma bandeja nas mãos,
peguei uma taça de champanhe e a virei de uma vez como se fosse água, eu sabia que era fraca
para bebidas, mas eu precisava disso, precisava me sentir no controle, precisava acalmar o meu
coração.

Damon segurou a minha mão com força e fomos em direção ao trono, eu odiava aquele
trono, mas confesso que gostava de ficar com o Damon. Ele se sentou, eu não ia ficar em pé do
seu lado, me sentei nas suas pernas sem esperar uma palavra sequer dele.

Damon passou a mão pela minha cintura me fazendo sentar mais encostada no seu corpo,
o meu coração martelava no peito, no momento que eu sinto algo duro pressionando a minha
bunda.
Fiquei quieta, não conseguia mover um músculo sequer.

A sua respiração no meu pescoço, a sua mão na minha cintura e o seu… respirei fundo, e o
seu pau pressionando a minha bunda, estava fazendo com que eu sentisse uma pressão no meio
das minhas pernas.
Me movi nas suas pernas, ouço um suspiro no meu ouvido.

— Se você continuar se movendo assim vai ser impossível eu conseguir me controlar.

Eu acabei dando um pequeno sorriso, que coragem era essa? De onde ela veio? Mas eu
estava gostando. Principalmente de provocar o Damon, que sempre tentava se manter no
controle.
— Que pena, eu gosto quando você perde o controle.

Ele sorriu beijando o meu pescoço.


— Não se engane Vitória, só porque estamos em um salão cheio de vampiros e humanos
que me odeiam, não significa que eu não possa retirar a sua calcinha com rapidez, e em menos de
um minuto eu estaria estocando o meu pau dentro da sua boceta do jeito que estou imaginando
agora.

Meu coração acelerou, o meu rosto estava pegando fogo com as suas palavras.
— Eles iriam ver um verdadeiro show neste trono, mas não se engane, nenhum vampiro
ou humano que esteja neste salão agora, sairia vivo para contar a história, depois de ver como o
seu lindo rosto fica quando está tendo um orgasmo. Este prazer é somente meu!

A pressão no meio das minhas pernas se intensificava mais e mais a cada segundo, me
virei o encarando, Damon tinha um pequeno sorriso no rosto. Falei próximo da sua boca.
— Porque você não me leva para o quarto, estou realmente interessada no que você
acabou de falar.

Damon sorriu, ele segurou na minha mão me retirando de cima das suas pernas, o meu
coração acelerou quando me conduziu indo para trás do trono por um caminho que eu conhecia
muito bem.
A cada passo que eu dava me lembrava de minhas palavras, eu estava ficando
completamente louca só de imaginar o que iria acontecer naquele quarto.

Chegamos no quarto, não deu tempo nem de respirar, Damon me pressionou contra a
parede, segurei no seu pescoço quando ele me beijou com força, as nossas línguas começaram
uma batalha uma contra a outra, ele apertava a minha cintura, tirei o seu blazer,
desesperadamente desabotoei os botões da sua blusa social preta.

Passei as mãos pelo seu corpo. Como eu queria isso, eu realmente queria sentir o seu
corpo.
Quando as nossas bocas se afastaram o encarei, sentindo todo o meu corpo vibrar.

— Eu quero que você me foda!


Capítulo 57
— Eu quero que você me foda! — Por incrível que pareça, minha voz não falhou, Damon
me encarava com uma sobrancelha erguida, e logo um pequeno sorriso já estava nos seus lábios.

— Para de ficar pedindo isso para mim Vitória, você vai acabar se arrependendo dos seus
pedidos. — A sua voz era grossa.

Damon se aproximou ficando na minha frente, só de lembrar da sua boca no meu corpo,
deixava as minhas pernas trêmulas, eu sabia o que estava em jogo, era perigoso demais, engoli
em seco, eu sabia disso, mas também sabia que quando estava nos seus braços, eu me esquecia
de tudo, dos problemas, dos vampiros, da resistência, dos dois vampiros que eu quero tanto
matar.
Naquela cama com ele, era o que eu queria, era onde eu queria estar.

— Estou com alguma expressão de arrependimento no rosto? — O desafiei, sustentando o


seu olhar, vejo algo obscuro no rosto do Damon, e aquilo me assustou um pouco, acho que me
lembrarei dessas palavras no final, uma vozinha falou na minha cabeça.
— Se é isso que você quer, é isso que irei fazer com você. — O meu corpo vibrou de
expectativa. — Tire a roupa, e fique de quatro no meio da minha cama! — Ele ordenou, sem tirar
os olhos de mim.

O encarei absorvendo aquelas palavras. De quatro? Na sua cama?! Olhei para a cama e
logo em seguida para ele, as minhas mãos tremeram.

— Não foi você que me pediu para que eu te fodesse! — Ele questionou, como se tivesse
certeza de que eu nunca faria o que ele mandou, e no momento que eu lentamente comecei a tirar
a minha roupa, olhando diretamente para ele, eu vejo um pequeno sorriso nos seus lábios.
Retirei completamente a minha roupa ficando nua na sua frente, tirei os meus sapatos.
Damon olhou sem cerimônia para o meu corpo, e com uma coragem que eu não sabia que existia
dentro de mim, me aproximei da cama e comecei a engatinhar até estar no meio dela, meu
coração martelava no meu peito, como se não acreditasse no que estava acontecendo, na verdade,
também não estava acreditando na minha explosão de coragem.

Se por um momento eu pensei que estaria preparada para o que viria a seguir, descobri que
estava completamente enganada.
Dei um grito de surpresa no momento que Damon se aproximou por trás do meu corpo,
entrelaçando a sua mão nos meus cabelos com força, ele puxou os meus cabelos me fazendo
arquear as costas para trás em sua direção, a minha respiração se intensificou, o meu peito subia
e descia em um ritmo totalmente fora do normal.

— Você pediu por isso! Não se arrependa depois — Ele sussurrou no meu ouvido. — Mas
pode ficar tranquila, você se lembrará do que vai acontecer neste quarto, cada vez que se sentar
amanhã de manhã. — E com essa ameaça velada, ele beijou o meu pescoço.
O meu corpo estava em chamas de expectativa do que viria a seguir. Damon passava a
mão por toda a minha pele exposta, acariciando cada detalhe, eu tentei não gritar no momento
que ele colocou dois dedos dentro da minha boceta.

O meu corpo vibrava pela invasão. A sua boca explorava o meu corpo distribuindo beijos,
ele beijava os meus ombros, beijava as minhas costas sem pressa alguma, me torturando
lentamente.

Não estava preparada para o momento que Damon em uma única estocada, se colocaria
dentro de mim de uma vez.
Acabei gritando.

— Meu Deus! — A minha voz completamente rouca pelo desejo.


Ele intensificou o aperto nos meus cabelos, a minha cabeça inclinada para trás, Damon se
aproximou do meu ouvido, sentia a sua respiração quente fazendo todo o meu corpo tremer.

— Não tem Deus algum dentro deste quarto Vitória. — Abri a boca, no momento que ele
estocou com força, me causando dor e prazer ao mesmo tempo. — Tem somente você! Que
pediu para ser fodida por mim. E eu, um demônio que está apreciando cada segundo, foder a sua
boceta com força, do jeitinho que você queria.

E com essas palavras, Damon continuou segurando com uma mão os meus cabelos, e com
a outra mão o meu ombro, e como ele prometeu, estocou com tanta força que eu gritei cada vez
que se colocava dentro de mim.
Ele não era pequeno, no momento que eu o vi pela primeira vez sem roupa, me perguntei
se aquilo ia dar certo, o seu pau era muito grande e grosso, eu tinha certeza de que nunca que
aquilo fosse caber dentro de mim, eu queria que a Vitória de uma semana atrás pudesse ver o que
estava acontecendo naquela cama agora.

As estocadas eram rápidas e fortes, eu sentia o seu pau todo dentro da minha boceta, era
uma mistura de sentimentos que não conseguia explicar, a dor de tê-lo dentro de mim, mas
também um prazer tão grande, que fazia com que cada célula do meu corpo vibrasse.
Damon segurou na minha cintura com força, e continuava me castigando sem piedade
alguma.

Os nossos corpos estavam suados, e em uma explosão de cores, o orgasmo veio me


levando novamente para perto de um penhasco, eu estava pronta para cair. Cairia tranquilamente
na escuridão se isso significasse tê-lo comigo.
Damon continuou as estocadas até que eu ouço um som animalesco vindo dele, eu sabia
que ele também tinha chegado no limite daquele prazer.

Quando ele saiu de dentro de mim, eu senti dor, afinal, se parasse para pensar, essa era a
terceira vez que eu me entregava a ele, ouço os seus passos indo na direção do banheiro, o meu
corpo ainda tremiam quando desabei em cima daquela cama, o meu peito subia e descia, a
respiração acelerada, devagar me ajeitei na cama, o meu corpo estava esgotado, puxei as cobertas
escondendo a minha nudez, eu sabia que ele já tinha me visto sem roupa, mas mesmo assim me
cobri.
Ouço os seus passos, vindo em minha direção, Damon estava com uma calça escura, se
aproximou da cama e se deitou, eu podia ver o seu peito subindo e descendo rapidamente, pelo
menos não era somente eu que estava esgotada.

De repente os seus olhos estavam em mim, eu tinha acabado de ficar de quatro na sua
cama, e mesmo assim senti o meu rosto vermelho, no momento que ele me encarava, era
estranho quando o sexo terminava, tudo voltava à tona, revelando todas as preocupações que eu
queria tanto esquecer.

Ele se aproximou, engoli em seco quando Damon colocou a mão no meu ombro, eu senti o
calor invadindo devagar, ao olhar para o local que ele segurava, vejo os hematomas que estavam
presentes no local sumirem. Ele terminou, ainda me encarando, vejo algo de diferente no seu
rosto, se eu não o conhecesse poderia jurar que era de constrangimento.
— Tem algum outro lugar que esteja machucada?

O encarei não entendendo a sua pergunta, mas quando me movi um pouco senti o meio
das minhas pernas ardendo de uma forma. O meu rosto ficou vermelho no momento que entendi
a sua pergunta, ele queria…. Ele queria…. Não, eu não suportaria que ele colocasse a mão lá,
não nessa situação.
— Não, só o ombro mesmo. — Afirmei querendo esconder o meu rosto debaixo das
cobertas.

Ele me encarou como se não acreditasse nas minhas palavras.

— Tem certeza?
Engoli em seco.

— Tenho sim. — Era uma mentira tão óbvia, no meio das minhas pernas, parecia que
estava em carne viva, virei para o outro lado, não querendo mais olhar para ele, e naquele
momento me lembrei do meu pedido. " Eu quero que você me foda".
Na manhã seguinte, Damon não estava na cama, me levantei com um pouco de
dificuldade, andando um pouco sem jeito até chegar no banheiro, tomei um banho, e fiquei
parada no banheiro depois de vestir uma roupa, uma pergunta na mente, será que tinha alguma
pomada ou algo do tipo aqui?
Ao sair, tentei andar normalmente, mas estava difícil, cada passo que eu dava sentia a
sensibilidade no meio das minhas pernas, ao chegar no salão que tomávamos café, vejo o Damon
sentado, ao me ver entrando, me encarou, naquele momento percebi que não queria mostrar que
estava machucada e sensível, respirei fundo e fui andando devagar até chegar na cadeira que
estava ao seu lado, me sentei com cautela.

Ele ainda me encarava, mas quando percebeu que essa atitude estava me deixando sem
graça, desviou o olhar. Levantei o braço para poder pegar o copo de suco, com esse gesto sinto a
sensibilidade aumentando, engoli em seco fazendo uma pequena careta de dor.
Disfarçadamente abaixei o meu braço, até estar do lado das minhas pernas, devagar
coloquei a minha mão abaixo da minha bunda, como se fosse uma proteção, mas logo desisti
quando vejo o Damon olhando para mim. Retirei a minha mão completamente sem graça.

— Se você quiser podemos voltar para o quarto, você só precisará tirar a calça e abrir as
pernas para mim, que logo estará curada.

O meu rosto ficou tão quente com as suas palavras, que tenho certeza de que deve estar de
várias cores diferentes, estava morrendo de vergonha. Abaixei a cabeça tentando me controlar.
Nesse momento, senti uma enxurrada de emoções.

Fiquei furiosa com a audácia de Damon de fazer esse tipo de comentário, mas também
envergonhada por ele ter me deixado sem graça. Eu queria responder à altura, mas minha voz
falhou. As palavras simplesmente não saíam.
Abaixei minha cabeça para esconder meu constrangimento enquanto tentava controlar
minha respiração. Eu não queria que ele visse como suas palavras me afetavam.

Finalmente, consegui reunir coragem para responder.

Ergui a cabeça e olhei diretamente nos olhos dele, tentando demonstrar minha indignação.
— Eu já disse que estou bem.

Ouço um pequeno sorriso do meu lado, miserável!

— Tem certeza?
Filho de uma… respirei fundo, e naquele momento me lembrei das suas palavras.

" — Você pediu por isso! Não se arrependa depois — Ele sussurrou no meu ouvido. —
Mas pode ficar tranquila, você se lembrará do que vai acontecer neste quarto, cada vez que se
sentar amanhã de manhã. "
Capítulo 58
O meu rosto ainda estava em chamas, tentei terminar de comer em silêncio, mas ao que
tudo parecia, Damon não estava querendo o mesmo.

— Você não precisa ficar com vergonha.

Respirei fundo tentando me manter calma, mas estava com uma grande vontade de matá-
lo neste instante.
— Eu não estou com vergonha. — Afirmei já me levantando para sair de perto dele.

— Não é o que parece. — O encarei.


— O que parece? — Perguntei já sem paciência, Damon me observou atentamente.

— Parece que você está sensível, mas prefere não me deixar curá-la. — Ele se levantou
ainda me observando. — O que é uma bobagem, afinal eu já te vi sem roupa.

Um calor começou a subir pelo meu pescoço.

— Eu não quero ficar aqui falando sobre isso. — Fui andando devagar na direção da porta,
mas acabei me lembrando de algo, parei perto da porta e me virei novamente na direção dele. —
Você vai treinar hoje?

Damon encarou o meu corpo de cima a baixo, desta vez ele não tinha um sorriso irônico
no rosto.
— Não vou poder, tenho mais reuniões hoje.

Saí do salão sem responder, mas no fundo, eu sabia o verdadeiro motivo, ele não queria
que eu treinasse por isso falou aquilo.

Retornei para o quarto, eu estava tão cansada, mas sabia que não conseguiria treinar
normalmente, me deitei na cama, eu estava com tanto sono. Abracei o travesseiro com força,
estou aqui toda sensível, por que eu tinha que pedir aquilo para ele? Balancei a cabeça. Eu e a
minha boca grande.

Eu estava tão confortável. Sinto alguém passando a mão pelos meus cabelos, era tão bom,
devagar abri os olhos, vejo o Damon deitado do meu lado me encarando. Eu acabei dormindo.
— Pode continuar dormindo. — A sua voz era calma, o encarei.

— Eu dormi demais? — Perguntei olhando ao meu redor, olhei para a parede de vidro e o
sol ainda estava no horizonte.
— Vim te chamar para almoçarmos juntos e te encontrei dormindo, então eu deixei você
descansar.

— Eu estava com sono. — Afirmou me deitando novamente, Damon sorriu passando a


mão pelo meu rosto.

— Me desculpa.
O encarei.

— Por que você está pedindo desculpas? — Perguntei curiosa. Ele sorriu.
— Não devia ter feito aqueles comentários, foi rude da minha parte. — O meu rosto ficou
vermelho, meu coração acelerou.— Você quer que eu peça algo para você comer?

Sorri para ele.

— Não precisa, eu estou sem fome.


A sua mão ainda estava no meu rosto.

— Então descanse mais um pouco, te acordarei mais tarde.


Fiquei olhando para ele por um bom tempo até que eu acabei adormecendo novamente,
sentindo o toque delicado da sua mão no meu rosto.
Capítulo 59
Já tinha se passado quase uma semana, desde que tudo aconteceu, respirei fundo ao
observar Damon na minha frente, estávamos treinando a quase duas horas.

— Você melhorou muito. — Levantei uma sobrancelha o encarando.

— Um elogio? — Sorri, desviando da sua tentativa de me acertar, a barreira estava ao meu


redor, impedindo que ele conseguisse se aproximar de mim.
Damon tinha um pequeno sorriso nos lábios.

— Eu não tinha motivos para te elogiar no começo, você era horrível.


Miserável! Avancei o atingido, fazendo o seu corpo cair a metros de distância.

— Eu não era tão horrível assim. — Afirmei tentando me defender, ele se levantou, vejo
sangue saindo da sua boca, dei um passo na sua direção, o meu coração acelerado, eu não queria
ter colocado tanta força no golpe, acho que exagerei, ele limpou o sangue e logo em seguida
sorriu.

— Você era horrível, na verdade, eu fui até bom com você no começo.
Levantei uma sobrancelha o encarando, as minhas mãos tremeram ao vê-lo se
aproximando tranquilamente.

— Você quase me matava nos treinamentos, ou se esqueceu que quebrou o meu nariz.
O infeliz sorriu já a uns passos de distância de mim, me deu uma grande vontade de tirar
aquele sorrisinho do rosto dele.

— Mas veja como você está agora. Simplesmente perfeita!

O meu rosto se esquentou, Damon aproveitou a minha distração e me derrubou no chão. O


seu corpo prendendo o meu, a minha respiração estava tão irregular, ele segurava as minhas
mãos.

— O que você está fazendo? — Perguntei respirando profundamente, sentindo o meu


peito subindo e descendo.
— Estou olhando para você. — Damon afirmou se aproximando do meu ouvido. — Ou
você está pensando em algo melhor para fazermos?

Engoli em seco com as suas palavras.


— Precisamos continuar treinando. — Tentei colocar algum bom senso naquela situação.

— Você sabia que o que fazemos no quarto pode ser chamado de treinamento? — Ele me
encarou sorrindo.

— Você está muito engraçadinho ultimamente, você não acha?


Ele soltou as minhas mãos para logo em seguida passar a mão delicadamente pelo meu
rosto.

— Culpa sua.
Segurei no seu pescoço com força, os lábios do Damon estava nos meus no momento
seguinte, as nossas bocas se encontrando em um beijo intenso e apaixonado. Minhas mãos
corriam pelos seus cabelos, enquanto seu corpo pressionava o meu contra o chão.

O beijo foi se aprofundando, cada vez mais intenso e cheio de desejo. As mãos de Damon
exploravam cada parte do meu corpo, acendendo uma chama dentro de mim que eu não
conseguia controlar.

Lentamente, nos afastamos, nossas respirações ofegantes e os olhares cheios de desejo.


— Eu não consigo parar de pensar em você. — Damon sussurrou, sua voz rouca.

Eu sorri, meu coração acelerado e meu corpo ainda tremendo pela intensidade do
momento.
— Eu também não consigo. E talvez seja melhor continuarmos treinando... — respondi,
com um brilho provocador nos olhos.

Damon sorriu, um sorriso cheio de malícias.

— Eu não acho que eu consiga ficar muito perto de você, sem te beijar — ele disse, me
puxando para mais um beijo.
— Acho que estamos atrapalhando não é mesmo?

Eu conheço essa voz. Me afastei do Damon para ver quem era, o meu coração acelerou no
momento que eu olhei para a porta e vejo o Léo com uma moça de cabelos negros, eles olhavam
para nós dois.
— Me desculpe senhor, mas esse rapaz disse que é amigo da senhorita Vitória. — A moça
falou olhando para o Damon, me levantei meio sem graça, mas com um grande sorriso no rosto,
Léo veio até onde estávamos e me abraçou com força, eu ainda não estava acreditando que ele
estava aqui.

— Sem problema Alice, ele é um amigo dela mesmo.


A Alice, que por sinal eu não conhecia, percebi que era uma vampira, balancei a cabeça
tentando me concentrar no meu amigo que estava na minha frente, olhando para mim com um
grande sorriso no rosto.

— Porque eu sempre te encontro em momentos como estes, já é a segunda vez. — Léo


falou, o meu rosto ficou vermelho de vergonha, engoli em seco ao olhar para o Damon, ele
estava com uma sobrancelha levantada olhando para mim.
— O que você está fazendo aqui? — Perguntei tentando mudar de assunto.

— Eu saí da resistência. — Ele falou olhando para todos os lados da sala de treinamento,
em momento nenhum demonstrou estar desconfortável na presença de dois vampiros, que
poderia matá-lo a qualquer momento.

— Mas… — O encarei. — E a sua irmã? Por que você saiu?


Leo me encarou.

— Depois da sua visita, decidi não ajudar mais, pessoas que deveriam proteger a raça
humana, mas que estavam fazendo experimentos com crianças, a minha irmã veio comigo.
Olhei na direção da porta para ver se eu via a Brace com aquela cara emburrada de
sempre, mas ela não estava ali, olhei para o Léo.

— Ela não veio para o castelo comigo, ficou na cidade, você sabe que ela não se dá muito
bem com vampiros, eu por outro lado estou achando que vou gostar bastante daqui. — Leo
observou a vampira que permanecia na porta com um leve sorriso no rosto, já a Alice revirou os
olhos para ele.

— O seu plano é ficar em um castelo cheio de vampiros? — Damon perguntou, não


acreditando no que estava ouvindo.
O sem noção do meu amigo se aproximou dele colocando uma mão no seu ombro.

— Claro! Eu tenho que proteger a minha amiga, não é mesmo?


Ele respondeu com um sorriso irônico no rosto, essa era a primeira vez que eu vejo uma
veia saltando no pescoço do Damon, me aproximei rapidamente deles, retirando a mão do Léo
que ainda estava no ombro do Damon, me coloquei no meio dos dois, meu coração estava
acelerado quando puxei o meu amigo para o lado, o mais distante possível de um Damon que
parecia estar congelado no lugar, eu tenho certeza de que ele deve estar pensando em mil
maneiras diferentes de matar o Léo.
— Você ficou maluco, sua irmã nunca aceitaria isso.

— Vi, eu já sou maior de idade, não preciso que a minha irmã aceite nada, eu quero te
ajudar, pode ficar tranquila, não vou dar trabalho algum, só queria te proteger mesmo.
Apertei um ponto na minha cabeça e fechei os olhos por um momento. Até ouvir a voz do
Damon.

— Interessante, você vai proteger a Vitória. Não, me desculpa, a " Vi"


O encarei, se eu não estivesse enganada, aquilo que eu estava vendo era ciúmes, não, não
pode ser, duvido que o Damon sentiria ciúmes do Léo.

— Claro! — Ele segurou nos meus ombros aproximando o meu corpo do dele, encarei o
Léo do meu lado. — Ela é a minha única amiga, tenho que protegê-la.

Damon olhou para a cena, nossos olhares se encontraram, me afastei do Léo.


— Você sabe que eu não preciso de proteção, não é mesmo?

Essa situação já estava passando dos limites.


A Alice, que por sinal eu nem sabia que existia a dez minutos antes, observava aquela
cena com atenção.

— Pode até não precisar de proteção, mas tenho certeza de que precisa de um amigo. Pode
falar, você estava morrendo de saudades de mim?

Idiota! Acabei sorrindo para a cara que ele estava fazendo, mas ao olhar para o Damon o
meu sorriso morreu.
Me aproximei dele ficando na sua frente, Damon me observava, aquela veia ainda estava
saltando no seu pescoço.

— Eu posso conversar com você um minuto.

Damon me encarou, logo em seguida olhou para a Alice que ainda estava no mesmo lugar.

— Alice, providencie um quarto para ele ficar, preciso conversar com a Vitória um
momento.

— Sim senhor.
Me aproximei do Léo.

— Vai com ela por um momento, daqui a pouco eu vou ao seu encontro.
Ele olhou para o Damon e logo em seguida para mim.

— Estarei te esperando, bom que eu descanso, estou morrendo de fome mesmo.


Ele saiu acompanhado com a Alice, respirei fundo olhando para o Damon que também me
encarava.

— Me desculpa por isso.


— Você não tem culpa de ter amigos sem noção.

Respirei fundo.

— Ele é uma boa pessoa. — Afirmei tentando defender o Léo.

— De boas pessoas, o inferno está cheio, vamos terminar essa conversa no quarto, estou
precisando de um banho.
Capítulo 60
Chegamos no quarto, Damon começou a tirar a roupa, o encarei sentindo o meu rosto
ficando vermelho a cada segundo.

— O que você está fazendo? — Perguntei, o vendo terminar de tirar a camisa preta,
revelando aquela perfeição de corpo, a minha boca ficando seca só de olhar.

— Retirando a minha roupa. — Ele respondeu como se fosse óbvio. E começou a ir na


direção do banheiro, vou atrás dele, o vejo abrindo a torneira da banheira, de repente este
banheiro ficou pequeno demais para nós dois.
— Eu pensei que fossemos conversar primeiro. — Falei sentindo o meu coração
martelando no peito, Damon se aproximou ficando na minha frente.

— Não vejo razão para não fazer as duas coisas.


A minha garganta ficou seca, Damon tirou o elástico que estava mantendo os meus
cabelos presos.

— Por que você não toma um banho comigo? — O meu corpo vibrou ao ouvir a sua voz
no meu ouvido.

— Precisamos conversar sobre o Léo.


Ele respirou fundo segurando na barra da minha regata.

— O que você quer que eu faça?


— Bem… — Não consegui terminar de falar, Damon se aproximou beijando o meu
pescoço, merda! Parecia que o meu cérebro tinha virado gelatina, ele aproveitou para segurar a
regata e a retirar.

O encarei.
— Pode continuar falando, estou prestando atenção. — As minhas mãos tremiam ao lado
do meu corpo, as suas mãos na minha cintura explorando cada lugar do meu corpo.

— Eu não vou conseguir conversar com você, se continuar me tocando desse jeito.
A minha respiração estava irregular, ele sorriu, miserável! Esse era o seu plano.

Me afastei, e saí do lugar que ele me prendia.

Aquele banheiro estava mais quente do que o normal, Damon continuou retirando o
restante das suas roupas e ficou completamente nu na minha frente.

Encarei o seu corpo perfeito, eu estava sentindo uma mistura de sensações por todo o meu
corpo.

— Damon!
— Pode falar. — O encarei não sabendo para onde olhar, a minha vontade era olhar para
um lugar em específico, mas o meu bom senso me impedia de fazer isso, o calor se intensificava
a cada segundo.

— Como eu vou conversar com você, se você está sem roupas.


Ele sorriu se aproximando, dei um passo para trás tentando colocar um pouco de distância
entre nós, mas não deu muito certo, a cada passo que eu dava para trás, ele dava um para frente,
até não ter para onde mais ir.

— Podemos fazer algo muito melhor do que conversar, eu queria que você tomasse um
banho comigo.

A sua boca estava tão perto.


Eu podia sentir sua respiração quente e rápida, e isso só aumentava a sensação de calor
que percorria o meu corpo, sabia que devia resistir, que aquela situação não era adequada, mas a
atração era irresistível.

Tentei desviar o olhar, mas meus olhos teimavam em fixar naquele lugar em específico.
Meus pensamentos estavam confusos, uma mistura de desejo e insegurança. Eu sabia que ceder
seria um passo arriscado, mas a tentação era tão forte que me sentia à beira de perder o controle.
Damon continuou se aproximando e eu sentia meu coração bater descompassadamente.
Cada passo que ele dava em minha direção, parecia amplificar o desejo que eu sentia. Eu queria
mantê-lo à distância, mas algo dentro de mim me impulsionava a ceder, a entregar-me àquela
luxúria proibida.

A sua sugestão de tomar um banho juntos parecia tão tentadora. Eu sabia que aquilo
poderia trazer consequências indesejadas, mas a atração que sentíamos um pelo outro era tão
intensa que parecia controlar cada parte dos nossos corpos.

Senti sua boca tão perto da minha, suas palavras sussurradas em meu ouvido. Era como se
todas as minhas inibições tivessem desaparecido, e apenas o desejo e a luxúria existissem.
Minhas mãos tremiam, lutando contra o impulso de tocar aquele corpo perfeito diante de mim.
Olhei para o seu rosto tão perto, a sua respiração se misturando com a minha, eu deveria
resistir, mas não consegui, segurei no seu pescoço e o beijei.
O beijo foi explosivo, cheio de desejo e intensidade. Nossos corpos se aproximaram ainda
mais, a luxúria consumindo cada parte de nós. Eu me perdi naquele momento, entregando-me
completamente àquela paixão ardente que nos envolvia.

As mãos de Damon exploravam cada parte do meu corpo, incendiando ainda mais o desejo
que ardia em nós. Eu podia sentir sua pele quente contra a minha, suas mãos habilidosas
explorando cada curva, cada centímetro de mim.
Retirei com a sua ajuda o restante das minhas roupas, ficando completamente sem nada

O banho conjunto que antes parecia apenas uma sugestão tentadora, agora se tornava uma
realidade. Damon me guiou até a banheira, onde a água quente envolvia os nossos corpos.

Damon me abraçou por trás, seu corpo pressionado contra o meu na água quente. Nossos
corpos deslizavam um contra o outro enquanto nos entregávamos àquele momento de intimidade
e prazer.
Suas mãos deslizaram suavemente pela minha pele, explorando cada curva e contorno com
uma delicadeza que me deixava arrepiada. Cada toque era um convite para me entregar ainda
mais àquela conexão intensa que compartilhávamos.

Me virei encarando o seu rosto.


Nossos lábios se encontravam em beijos vorazes, misturando-se com o vapor que enchia o
ambiente. Era uma dança de desejo, uma fusão de almas que se entrelaçavam naquele momento
de pura entrega e prazer.

Enquanto a água escorria pelo nosso corpo, o calor que emanava entre nós só aumentava,
consumindo-nos por completo. Cada carícia, cada beijo, cada movimento era uma expressão do
nosso desejo incontrolável, levando-nos a alturas inimagináveis de prazer.

Naquele instante, tudo em torno de nós desaparecia, restando apenas o toque e o


sentimento ardente que nos consumia.
Éramos envolvidos por uma bolha de luxúria, onde só existíamos nós dois, unidos em um
momento íntimo e inesquecível.

Com suas mãos no meu corpo, entrelacei as minhas pernas na sua cintura, sua respiração
quente no meu pescoço, os nossos corpos em uma dança tão intensa, que estava me levando ao
limite de tudo, eu tocava os seus cabelos delicadamente.
— Você não faz ideia de como eu me imaginei assim com você.

Eu sorri o beijando, sinto o seu pau incrivelmente duro entre nós.


Ele colocou a sua mão entre nossos corpos e em seguida eu senti a pressão no meio das
minhas pernas. E em uma estocada, ele se colocou dentro de mim, fechei os olhos sentindo as
suas mãos segurando a minha cintura, ditando o ritmo. Eu segurava no seu pescoço tentava me
controlar, mas era praticamente impossível, principalmente com a sua boca no meu pescoço
beijando cada parte.

— Damon... — minha voz saiu rouca.


Ele estocava com rapidez, era tão perfeito, tão intenso estes momentos entre nós dois, não
era só o encontro de dois corpos, era algo muito mais intenso.

Ele acelerou o ritmo quando percebeu que eu estava no limite do meu prazer, quando uma
explosão de cores dominou toda a minha visão.
Ainda estava respirando irregular, Damon logo em seguida também chegou no limite, a
minha cabeça estava no seu ombro, as nossas respirações irregulares.

Os seus braços estavam em volta do meu corpo em um abraço apertado, eu podia ouvir o
som dos batimentos do meu coração nos meus ouvidos. A água quente envolvia os nossos
corpos.

— Precisamos conversar sobre o Léo.


Eu sabia que aquele momento não era o certo para isso, mas precisávamos conversar sobre
isso.

— Sinceramente estou pensando como seria fácil matá-lo.


Me afastei do seu ombro o encarando.

— Eu não vou deixar que você faça nada com ele.

Damon respirou fundo fechado os olhos, quando os abriu, nossos olhares se encontraram.

— Eu sei. Esse é o motivo dele ainda estar vivo.

— Ele é meu amigo. — A minha voz saiu baixa.


— Ele pode ficar aqui no castelo Vitória. Mesmo que provavelmente eu vou querer matá-
lo cada vez que eu o ver, farei esse sacrifício por você.

Eu sorri o abraçando.

— Eu vou achar outro lugar para ele ficar, pode ficar tranquilo. — Damon correspondeu
ao meu abraço. — Ele é uma boa pessoa, você vai ver.
— Se você está feliz, estou mais do que satisfeito.

Me afastei o encarando.
— Obrigada! — Damon passou a mão pelo meu rosto.
— Eu gosto de te ver sorrindo.

As minhas bochechas ficaram vermelhas.


Respirei fundo tentando controlar o meu coração.

— Mas me diga. Quem é aquela vampira? Eu nunca a vi antes.


Damon ainda estava com a mão passando pelo meu rosto tão perto da minha boca.

— Ela era a minha tenente, depois que virei rei, a nomeei general do exército. Você não
tinha a visto antes porque estava organizando o exercício por isso, Alice é muito boa, um
excelente soldado, e ótima para dar conselhos, por enquanto ela está aqui no castelo, Alastor está
juntando o exército dele, por isso estou organizando uma defensiva aqui na capital.

— Entendi. Ele está se preparando, não é?


Damon ficou um momento em silêncio, ele beijou o meu rosto antes de responder.

— Sim. Ele está, mas pode ficar tranquila, ele não tocará em você, eu prefiro morrer a
deixar que isso aconteça.
O encarei em choque, essa era a primeira vez que ele falava isso para mim, meu coração
acelerou, vejo o choque também no rosto do Damon, acho que ele também percebeu o peso das
palavras que acabaram de sair da sua boca.
Capítulo 61
Entrei no quarto que a Alice colocou o Léo, o vejo perto da enorme janela que tinha no
local. Quando ele me viu, veio ao meu encontro.

— Eles estão te tratando bem? — Questionei olhando para o seu corpo, para ver se não
tinha nenhum ferimento.

— Eu estou bem, e você como está?


Nós nos sentamos em um sofá, o encarei demoradamente, meu coração se encheu de
felicidade de estar perto do meu amigo.

— Estou muito bem Léo.


Ele suspirou.

— Eu não gosto que você fique neste lugar, mas entendo que é a melhor opção por
enquanto. — Ele me encarou. — Então você está com o rei agora?

Sinto o meu rosto se esquentando com a sua pergunta, engoli em seco não suportando
mais olhar no seu rosto.
— É um pouco complicado, não temos um nome para o que está acontecendo.

Era estranho parar para pensar no que estava acontecendo entre mim e Damon, na
verdade, eu evitava ficar pensando sobre isso, estou apenas deixando me levar pelo que estou
sentindo no momento.
— Eu tenho um nome para o que eu vi naquela sala.

— Tem é? — O encarei.

— Tenho sim, ele te olha de um jeito muito estranho, como se estivesse disposto a matar
qualquer um que se atrevesse a chegar perto de você.
Abaixei um pouco a cabeça pensando nas palavras do meu amigo, já tinha percebido o
olhar do Damon para mim, mas, mesmo assim, outra pessoa falando sobre isso, fazia com que eu
sentisse coisas estranhas.

Então tentei mudar de assunto, era a melhor opção.


— Eu não acredito que você está aqui. — Ele sorriu segurando a minha mão, meu coração
acelerou, ficar aqui era solitário, mas já estava me acostumando, agora com o Léo do meu lado,
parecia que algo tinha se encaixado no lugar, eu pensei que não poderia sentir isso por outra
pessoa depois da morte da minha amiga, mas agora estou aqui, com um grande sorriso no rosto
com ele ao meu lado.

— Eu também senti saudades de você. Agora me diga? O que você faz aqui?
Ele perguntou interessado.

— Eu treino todos os dias, as vezes tem bailes e hoje vou em uma fazenda onde as garotas
que viviam aqui como escravas vivem

Leo me encarou surpreso, eu sorri começando a explicar sobre a fazenda.


Agora estou aqui com ele olhando para mim.

— Ele fez isso tudo? — Léo balançou a cabeça como se não acreditasse nas minhas
palavras.
— Eu também desconfiei no começo, mas agora eu sei que é verdade, pode acreditar, eu
nunca pensei que ele pudesse ter esse lado humano.

— Será que é efeito do seu sangue? — Léo sabia tudo sobre o meu sangue e o que ele foi
capaz de fazer pelo Damon.

— Essa fazenda já existe a anos, é como um santuário para pessoas que precisam.

— Eu gostaria de conhecer.

— Claro! Você pode ir conosco. — Falei, mas no mesmo momento me lembrei de como
seria ter o Damon e o Léo no mesmo espaço novamente, naquele momento, percebi que não era
uma boa ideia, mas agora era tarde, eu já tinha prometido.
Eu deveria ter desistido, estar em um carro com o Damon dirigindo, apertado com tanta
força o volante como se fosse arrancá-lo a qualquer momento, com uma cara de poucos amigos.
E um Léo que a cada minuto soltava uma piada pior que a outra, não era uma boa ideia.

— É muito estranho ficar sentado no banco de trás com vocês dois sentados na frente,
parece que vocês são os meus pais e eu sou o filho.

Não falei. Fechei os olhos imaginando como o Damon está querendo matá-lo novamente.
— Você tem a mesma idade que eu, idiota. — Afirmei tentando não piorar a situação.
— Pelo menos isso, não é mesmo? Porque eu tenho certeza que o vampiro que está do seu
lado poderia ser o nosso tataravô, na verdade, não sei quantos tatará seria. Afinal quantos anos
você tem? — O infeliz do meu amigo perguntou encarando um Damon revoltado.

O meu rosto ficou vermelho, olhei para um Damon do meu lado percebendo como o seu
rosto também estava vermelho.
— Bem… é melhor você ficar calado um pouco. — Olhei para trás tentando fazer ele ficar
quieto, mas o infeliz do Leo sorriu para mim.

— Eu espero que você esteja se cuidando, não quero ser tio agora, sou muito novo para
isso. — A minha boca se abriu em choque, não acreditando nas suas palavras. — Bem, acho que
se você engravidasse, o meu sobrinho seria um vampiro, ou um meio vampiro, agora estou em
dúvidas?
Levei um susto quando o carro freou com tudo.

Olhei na direção do Damon e ele respirava rapidamente. Merda!

— Você não faz ideia de como eu estou querendo te matar, então eu aconselho a calar a
boca!

Fechei os olhos tentando controlar a dor de cabeça que começou novamente.

— Você ficar ameaçando o seu cunhado a cada oportunidade, não é uma boa ideia, mas
afinal, me responda, vampiros podem procriar? — O rosto do Damon foi ficando cada vez mais
vermelho de raiva. — O pai da Vitória fez isso.
— Léo, cala a boca! A minha mãe só pode engravidar porque ele a fez tomar algo para
conseguir, vampiros e humanos não podem ter filhos.

Talvez assim ele fique calado.

— Sim você está certa, mas até uns meses atrás vampiros não podiam sair sobre a luz do
sol, e olha agora do seu lado, um vampiro tomando o solzinho da tarde, o que me garante que o
seu sangue não reviveu os esper...
— CALA A BOCA LÉO! — Eu gritei não deixando que ele terminasse a frase.

Ele levantou as mãos como se estivesse se rendendo.


— Ok, eu vou ficar calado, deixarei os meus pensamentos sobre ter um sobrinho só para
mim.

Eu não conseguia olhar na direção do Damon de tão envergonhada que eu estava. Mas
algo ficou martelando na minha cabeça no restante do caminho, ele não poderia estar certo,
vampiros não podiam ter filhos não é mesmo?
Capítulo 62
Ao nos aproximarmos da fazenda, vejo mais movimentação do que a última vez, o carro
entra na fazenda, a imagem dos guardas do lado de fora ainda está na minha mente, antes de sair
do carro, me virei na direção do Damon.
— Por que tem tantos guardas? — Ele me encarou.

— Elas não vão querer sair deste lugar, dei a ideia de todas ficarem no castelo por um
tempo, até resolver os problemas que o meu irmão está nos dando, mas elas se recusaram, então
tive que reforçar a segurança, mas na verdade, não me sinto bem com isso.
Saímos, Léo olhava para todos os cantos admirado, não dava para julgar, afinal, era um
lugar lindo, o cheiro de rosas invadiu a nossa volta, estava andando ao lado do Damon.

— Eu as entendo de não quererem ir para o castelo, aqui é o lar de cada uma.


— Eu sei, mas elas não estão seguras aqui.

A afirmação do Damon fez o meu coração palpitar, e se o Alastor e o Daniel vierem até
este lugar, não..., não, balancei a cabeça morrendo de medo de que isso aconteça.

— Talvez eu possa convencê-las.


O encarei, Damon ficou um momento calado.

— É a melhor opção, já conversei com elas, mas elas insistem que estão em segurança
neste lugar.
— Mas elas não estão, não é verdade?

Seus olhos ficaram negros por um instante, fazendo todos os pelos do meu corpo se
arrepiar.

— Não, elas não estão.


Merda! Eu precisava convencê-las a saírem daqui.

— Eu já ia me esquecendo. — Me virei na direção do Damon, já estávamos na porta da


casa. — Tem mais uma pessoa vivendo aqui.
O encarei.

— Quem? — Perguntei curiosa.

Ele olhou para o Léo que estava logo atrás de nós. Meu amigo levantou uma sobrancelha
olhando para mim.

— A irmã deste idiota!

— Brace! — Nós dois falamos ao mesmo tempo.

— Sim, a encontrei na cidade, então dei a oportunidade de ela viver aqui, no começo ela
desconfiou, mas como ela estava odiando ficar no meio dos vampiros, achou que aqui seria uma
ótima opção.

Leo sorriu colocando a mão no ombro do Damon.


— Cara! Você está me surpreendendo a cada dia que passa.

Damon o encarou.

— Se você tem amor a sua mão, eu aconselho a tirá-la do meu ombro.


— É cunhadinho, assim fica difícil a convivência.

Eu retirei a mão do Léo do seu ombro, de novo.


Meu amigo sorriu passando na nossa frente, vejo a Lua andando na nossa direção, fui ao
seu encontro dando um abraço apertado nela.

— Vitória, que bom que você veio nos visitar. — Ela me soltou. — Eu estava com
saudades de você.

Ainda estava com um sorriso no rosto quando a encarei.


— Eu também, estava com saudades de todas vocês. — Olhei atrás dela e vejo o restante
das meninas se aproximando para me cumprimentar.

— Vamos! Vocês estão com fome?


Damon permaneceu parado logo atrás de nós.

— Onde ela está? Preciso falar com ela.


Minha amiga o encarou.

— Ela estava na biblioteca, pode ir lá.


Ele me encarou, e naquele momento eu sabia que ele tentaria convencê-la a sair deste
lugar por um tempo. Dei um sorriso na sua direção, ele balançou a cabeça olhando para mim.

E foi na direção de um corredor a direita, me virei na direção da Lua.


— Eu estou morrendo de fome.

Lua olhou para o Léo, que estava com um sorriso no rosto observando nós duas. Sorri.

— Quem é você?

A minha amiga perguntou, Leo se aproximou pegando a sua mão e depositando um beijo,
eu olhava para aquela cena sem acreditar na cara de pau dele, mas quando eu olhei para o rosto
da minha amiga a vejo vermelha.

Parece que não foi só eu que achou estranho, porque vejo uma loira que eu conhecia muito
bem dando um tapa na cabeça do irmão.
— Este é o idiota de quem falei, ele é meu irmão.

— Porra Brace, isso dói. — Ele passava a mão pela cabeça, eu acabei rindo da cena, Brace
revirou os olhos para ele.
Quando ele me encarou eu vejo um leve rubor no seu rosto.

— Ele é um amigo Lua.

Lua sorriu para ele, Léo correspondeu.


— Lua, que nome lindo, combina com você.

— É melhor sairmos daqui, ou eu vou te bater de novo. — Brace segurou o braço do


irmão e começou a arrastá-lo na direção da cozinha, eu sorria para aquela cena.
Me virei na direção da Lua segurando o seu braço.

— Me conta, como está tudo aqui.

O rosto dela ainda estava vermelho por conta daquele bobo.


— Estamos bem, mas me conta Vitória, como você está?

— Eu estou bem.
Ela suspirou, fomos andando na direção da cozinha, vejo o Léo emburrado do lado da
Brace em uma mesa, me sentei em outra com a Lua.

Um bolo delicioso foi colocado na nossa frente com uma jarra de suco.
— Onde estão as crianças? — Olhei ao nosso redor e não estava vendo nenhuma delas.

— Elas têm aulas a tarde, não somos as melhores professoras, mas fazemos de tudo para
ajudar.

— Que bom que eles estão aprendendo. — Peguei um pedaço de bolo o comendo.
— Nossa! Isso está delicioso.

Lua sorriu satisfeita.


— Que bom que gostou. Mas me diga, por que não veio antes?

Terminei de mastigar para poder responder.

— Eu estava treinando. — A encarei. — Falando nisso, eu preciso conversar com você.


Ela me olhou preocupada.

— Aconteceu alguma coisa?


Eu sabia que seria difícil para elas saírem daqui, afinal, aqui era um refúgio, mas a
segurança de cada uma aqui era uma prioridade.

— Podemos ir para um lugar mais calmo? — Perguntei olhando ao redor, os olhos da


Brace estavam em mim.

— Vamos dar um passeio.


— Ótima ideia. — Respondi me levantando, saímos, o sol estava brilhando no alto, mas
mesmo com o sol o clima estava fresco.

Andamos na direção das hortas verdes a perder de vista.


— O que aconteceu Vitória?

Encarei a minha amiga.

— Creio que você já saiba sobre o meu pai e o irmão do Damon.


Ela balançou a cabeça concordando.

— Vocês precisam sair daqui por um tempo Lua, o Damon está preocupado, e eu também,
não é bom vocês ficarem aqui, durante o dia os soldados fazem a segurança deste local, a noite
os vampiros, mas, mesmo assim, não é um lugar seguro para vocês. Eles podem andar sobre a
luz do sol. — O meu corpo se arrepiou só de lembrar das cartas do Alastor, se ele descobrisse
este lugar tenho certeza de que mataria todos aqui.
Ela suspirou olhando para o mesmo lugar que eu

— Eu sei disso, mas as mais velhas não querem ir, o senhor Damon tem nos visitado três
vezes na semana, acho que ele também está tentando convencê-las a sair daqui por um tempo,
mas elas estão relutantes em sair.
Suspirei desanimada.

— Tem que ter um jeito de convencê-las a saírem.


— Eu duvido Vitória, elas estão neste lugar a anos e anos sem saírem para nada, duvido
que vão fazer isso agora.

— Mas elas precisam, tem crianças aqui, Lua. Se eles vierem aqui. — Balancei a cabeça
imaginando o que poderia acontecer. – Será um massacre.
Vejo as mãos da minha amiga tremerem de medo. Segurei na sua mão com força.

— Fica tranquila, eu não vou deixar que nada aconteça com vocês.

Ela abaixou a cabeça, mas pude ver os seus olhos cheios de lágrimas.

— Eu não sei o que fazer, elas nos ajudaram tanto, são umas pessoas muito boas, mas
também são cabeças duras, eu não quero ir contra elas, seria perfeito se elas apenas aceitassem
sair.

— Sim, seria. Você acha que se eu conversasse com elas poderia ter algum efeito?
A minha amiga me encarou.

— Você não conseguiria convencê-las em uma única conversa, elas não te conhece.

— Isso é verdade. Preciso dar um jeito nisso. Mas não se preocupe, eu vou tentar.
Ela sorriu.

— Obrigada Vitória.
— Pode ficar tranquila, vou dar um jeito nessa situação.
Capítulo 63
— De jeito nenhum! — Damon respondeu me encarando.
— Não tem outro jeito, me fala, você conseguiu algo com a conversa?

Ele suspirou frustrado.


— Não, mas isso não significa que a melhor escolha seja você ficar aqui para tentar
persuadi-las.

— Só por dois dias, eu juro, se eu não conseguir, darei um jeito de tirar as crianças daqui
pelo menos. É a nossa melhor opção.
Estamos sentados no carro, precisava de um lugar mais tranquilo para conversar com
Damon.

Ele passou a mão pelo cabelo não gostando dessa ideia.

— Eles querem você, Vitória.

— Eu sei, mas eu não sou mais a mesma de antes Damon, na verdade, eu sou a única que
pode proteger este lugar, mas será só por dois dias. — Abaixei a cabeça sentindo o meu coração
acelerado. — Não suportaria mais pessoas morrendo por minha causa, não conseguiria ficar
tranquila ao seu lado sabendo que todas essas pessoas estão em perigo.

Ele me encarava, e quando eu senti a sua mão no meu rosto o meu corpo estremeceu com
o seu toque.
— Eu não posso ficar aqui vinte e quatro horas, não agora!

— Eu sei, mas pode ficar tranquilo, eu sei me cuidar.

Ele sorriu balançando a cabeça.


— Como eu poderia ficar tranquilo sabendo que você está aqui?

— Eu fiquei sozinha no castelo. — Tentei amenizar a situação.


— No castelo eu deixei quase o meu exército todo fora da cidade para te proteger.

O encarei em choque com essa afirmação.


— Espera um pouco, o que? Como assim você deixou quase o exército inteiro lá. Mas
você não ficou uma semana atrás do seu irmão.

Ele ficou em silêncio.

— Me responda?

— Eu fui atrás dele só com um pequeno grupo, era a melhor opção, um grupo grande
chamaria atenção demais.

Eu sabia que era mentira, ele fez isso para me proteger, o meu coração acelerou.
— Você não precisava fazer isso.

— Eu acho que você não entendeu, não iria sair de perto de você sem ter certeza de que
estaria em segurança.

Não conseguia responder, apenas olhava para ele sentindo que a qualquer momento eu
poderia desaparecer na sua frente, era algo tão intenso, algo que eu não conseguia descrever, mas
eu só queria ficar perto dele, abraçá-lo para sempre, sinto um calor subindo pelo meu pescoço, de
repente, o carro tinha ficado pequeno demais.
— Eu acho que consigo Damon. — Ele ficou em silêncio.

— Eu te darei um dia.
— Mas, um dia não será suficiente. — Tentei fazê-lo mudar de ideia.

— Não vou colocar você em perigo por conta de pessoas irresponsáveis. Amanhã à meia
noite eu virei te buscar, e se elas não quiserem ir por bem, terão que ir por mal.

— Se você fizer isso, elas não vão confiar em você nunca mais.
— A única pessoa que eu quero que confie em mim está na minha frente.

Engoli em seco com a intensidade das suas palavras.


— Ok, eu aceito, vou fazer de tudo para convencê-las.

Ele se aproximou me dando um beijo, segurei no seu pescoço e me perdi no toque dos
seus lábios. O beijo era suave, porém cheio de intensidade. Era como se nossos corpos se
encaixassem perfeitamente, como se fôssemos feitos um para o outro. E isso me deu medo.
Enquanto nos beijávamos, senti a adrenalina correr pelo meu corpo, um misto de
ansiedade e desejo. Era uma sensação indescritível, como se estivéssemos compartilhando um
segredo só nosso, algo proibido e ao mesmo tempo irresistível.

Quando finalmente nos separamos, olhei nos olhos de Damon e sorri. Sentia-me feliz ao
seu lado, como se tudo estivesse no lugar certo quando estávamos juntos.
Agora, com o compromisso de Damon de vir me buscar e enfrentar quem fosse necessário,
eu sentia uma chama de esperança arder dentro de mim.

Segurei ainda mais forte no pescoço dele, como se não quisesse deixá-lo escapar. Queria
sentir seu calor e sua presença ao meu lado pelo máximo de tempo possível. Era algo que estava
queimando no meu peito, uma necessidade de tocá-lo. Me afastei e segurei na sua mão.
Enquanto nossas mãos permaneciam entrelaçadas e meu coração batia acelerado, eu sentia
que algo estava vindo, mas ao mesmo tempo eu sabia que ele estaria comigo.

E eu estava pronta para enfrentar tudo isso, desde que fosse ao lado de Damon. Naquele
momento, me perguntei em que momento tudo mudou, em que momento eu estava sentindo isso,
era algo tão forte e intenso, mas ao encará-lo, me perguntei se ele sentia o mesmo que eu.

— Isso é para você.


Encarei Damon retirando várias armas de dentro de uma bolsa, munições e facas, olhei
para ele.

— Está carregada com uma munição especial capaz de matar vampiros normais.
— Desde quando você tem tudo isso?

Ele me encarou.

— Sempre estou preparado, mesmo que você vá ficar só um dia longe de mim, ficarei
mais tranquilo se isso ficar com você, aquela garota parece sabe usar armas muito bem.
O encarei tentando saber de que garota ele estava falando, será que era a Brace, ela era a
única além de mim que sabia.

— Você está falando da Brace?


Ele me encarou.

— Acho que é esse o nome dela, a irmã do idiota que eu imagino matando cada segundo
que eu passo ao seu lado.

Eu sorri.
— Ela sabe usar, o Léo também. — Afirmei olhando mais uma vez para a bolsa.

Ele me encarou como se não acreditasse nas minhas palavras.


— Eu não teria tanta certeza, ele me parece mais uma pessoa que atiraria no próprio pé.

Eu sorri o encarando. O Léo o irritava mesmo.


— Ele me ajudou a treinar quando estava na resistência.

Damon parou de mostrar o que tinha dentro daquela bolsa e me observou.


— Eu me lembro dele falando que era a segunda vez que te encontrava naquela situação.
— O meu rosto começou a ficar vermelho de vergonha. — Suponho que a primeira seja com
aquele moleque que estava com você lá.

Fiquei calada, incapaz de pronunciar uma única palavra. Respirei fundo tomando coragem.

— Você quer mesmo falar sobre isso agora?

Ele me encarou e depois balançou a cabeça, voltando a mexer na bolsa.

— Não. Não quero.


— Imaginei.

Quando ele levou a bolsa para o quarto que eu iria ocupar com a Brace, me observou.

— Você acha uma boa ideia ficar em um quarto com a pessoa que tentou te matar uma
vez?
Sorri observando o quarto, era simples, tinha duas camas de solteiro e uma janela grande
que dava para o jardim de rosas.

— Não seria a primeira vez que eu fico em um quarto com alguém que tentou me matar.
— Os nossos olhares se encontraram.
— Eu nunca quis te matar. — Ele afirmou.

— Eu me lembro de várias ocasiões que eu quase morri.

Ele sorriu andando e minha direção, o meu peito subia e descia.


— O meu pecado foi não saber me controlar no momento que eu me alimentava.

— Se você está falando. — Ele suspirou.


— Me prometa que não vai fazer nada estúpido.

O encarei levantando uma sobrancelha.


— Do jeito que você está falando, parece que eu só faço coisas estúpidas.

— Você tem um ímã para atrair desastres.

O encarei meio revoltada, isso não era verdade.


— Também não é assim. — Afirmei tentando me defender. Ele sorriu para mim, um
sorriso tão lindo que fazia o meu coração acelerar.

— Só me prometa que vai se cuidar, só assim para que eu fique mais tranquilo.
Ele ficou sério, engoli em seco o observando.

— Eu sei me cuidar! É só um dia Damon.

Ele beijou o alto da minha cabeça.

— É, eu sei. Não se controle se a sua vida estiver em risco.

E com isso nos despedimos, eu tinha um dia para tentar fazê-las mudarem de ideia, bom…
respirei fundo. É hora de começar.
Capítulo 64
Ao voltar para a cozinha, agora eu vejo as crianças sentadas comendo tranquilamente, era
fim de tarde o sol já estava terminando de se pôr, respirei fundo saindo um pouco da casa, mais
tarde ia chamar elas para ter uma conversa, talvez eu consiga fazer elas mudarem de ideia, pelo
menos eu espero isso.
Andei até estar na frente da casa, o cheiro de rosas impregnado em cada canto. Elas
estavam todas desabrochadas, na cor vermelha, em todos os lugares.

Ouço passos, me virei e vejo a Brace do meu lado.


— Como o meu irmão está se comportando no castelo? — A encarei.

— Você conhece o seu irmão melhor do que ninguém, acho que já sabe a resposta. — Ela
suspirou passando por mim.
— Era isso que eu temia. Ele é um idiota quando quer. — Os nossos olhares se
encontraram. — Eu sei que não tenho o direito de pedir isso para você, mas pode protegê-lo
enquanto está lá?

A encarei, Brace era tão jovem, mas dava para ver o peso nas suas costas. Ela me fazia
lembrar de mim mesma.

— Pode ficar tranquila, eu nunca deixaria ninguém fazer nada contra ele. Leo é um amigo.
Ela balançou a cabeça concordando comigo.

— No momento que você foi embora daquele jeito da resistência, ele teve uma briga com
o Derek, na verdade, poucas pessoas sabiam sobre os laboratórios. — Levantei uma sobrancelha
a encarando, ela sorriu. — Eu não sabia, se é essa a sua dúvida. — Brace levantou a mão para
tocar as pétalas das rosas vermelhas. — Meu irmão tem um senso de lealdade impressionante, eu
sei que foi difícil deixar o Derek para trás. — Ela me encarou. — Mas ele fez isso por você, na fé
cega que ele depositou em você desde o momento que ajudou a te salvar. — Ela sorriu
balançando a cabeça, o meu rosto estava ficando quente de vergonha. — Às vezes me pergunto
porque ele acredita tanto em uma pessoa que ele mal conhece, sinceramente não sei, a minha
única preocupação era mantê-lo vivo, acho que às vezes eu me esqueço que ele não tem mais
sete anos, uma criança que precisava de alguém para protegê-lo. Sabe Vitória. Você sabe que eu
não gosto de você, te acho uma pessoa chata. Mas se ele acredita tanto, que você pode tornar
esse mundo mais tolerável, eu escolhi acreditar em você também.

Ela se virou para sair, mas me encarou novamente.


— Eu espero não me arrepender dessa escolha.

Ela saiu, não esperou que eu respondesse, mas também não sei o que iria responder.
Respirei fundo, eles colocam uma fé em mim, que eu mesmo não sei se deveriam.
Tem a Lua que acredita que posso mudar a cabeça das mulheres daqui, tem o Léo, e agora
a irmã que acredita que eu posso mudar esse mundo onde vampiros se alimentam dos humanos.
Tem o Damon que acredita que eu sou incrível, que com esses poderes vou nivelar essa guerra.

Respirei fundo tentando controlar os batimentos do meu coração, olhei para as minhas
mãos, eu queria acreditar em mim mesma do mesmo jeito que eles acreditam, mas na realidade,
eu estou morrendo de medo de falhar com cada um, estou morrendo de medo, como poderei
acabar com essa guerra entre humanos e vampiros? Como vou fazer isso sem destruir um lado,
eram tantas perguntas, que a minha cabeça já estava doendo.

Olhei para o céu, o sol já não estava mais no horizonte, respirei fundo olhando para a casa,
hora da minha conversa com aquelas duas.
Ao entrar na biblioteca vejo que tinha bastante livros, andei na direção onde as duas
estavam,

Ester, me encarou. Respirei fundo chegando mais perto das duas.


— Acho que vocês já sabem o porquê estou aqui?

As duas sorriram para mim.

— Provavelmente a mesma coisa que o Damon veio falar não é mesmo?


— Sim, é sobre isso.

Ágatha levou a mão nos óculos de grau e o ajeitou no rosto.


— Não vamos sair deste lugar, senhorita Vitória.

Respirei fundo.

— Se vocês não saírem deste lugar, vão acabar morrendo. — Fui dura com as minhas
palavras, mas era a mais pura verdade.
— Não vamos mudar de ideia, independente das suas palavras. — Agatha respondeu sem
tirar os olhos de mim.

— Então vocês também não se sentirão culpadas quando todos aqui estiverem mortos, só
porque vocês se recusaram a sair deste lugar. — A minha voz já estava alterada.
— Este lugar é o nosso lar, aqui foi onde encontramos um motivo para viver, é um refúgio
para todas as pessoas que realmente precisam, se simplesmente irmos a qualquer menção de
perigo, o que seríamos? Nada, não seríamos nada.

— Alastor e Daniel não são uma simples menção de perigo, eles são perigosos ao extremo,
vocês não fazem ideia do que este lugar vai virar se eles atacarem, todas essas pessoas morrerão,
inclusive vocês, eu já tenho sangue suficiente, mas minhas mãos, não quero mais.
Ester me encarou, eu vejo algo de diferente no seu olhar, ela abre a boca para falar algo,
mas quando olhou para a sua companheira se calou abaixando a cabeça.

— Você pode ir embora a hora que quiser, ninguém está te prendendo aqui senhorita
Vitória, a minha resposta continua sendo não.

Apertei a minha mão em punho de raiva, porque ela não entende que é a melhor opção,
porque tem que ser tão teimosa. Respirei fundo tentando me controlar.

— Amanhã conversarei novamente com vocês.

Dei as costas indo na direção da porta, mas parei quando ouço a voz da Agatha.
— A resposta continuará sendo a mesma.

Respirei fundo, não me virei na direção das duas, segurei a maçaneta da porta e falei.

— Eu realmente espero que vocês mudem de ideia, pelo bem de todos.


Saí sentindo todo o meu corpo pesado, fui na direção do quarto que estou dividindo com a
Brace, ao abrir a porta, vejo o Léo e ela sentados na cama, ao me ver, me encararam.

Entrei me sentando na cama.


— Pela sua cara a conversa não saiu do jeito que imaginou.

Encarei meu amigo que veio se sentar do meu lado.

— Eu não entendo por que elas são tão cabeça dura.


Brace sorriu brincando com a sua faca.

— Você realmente não entende por que elas são assim? De todas, eu pensei que você
entenderia.
A encarei.

— O que você está querendo dizer com isso?


Ela parou de mexer na faca e me encarou.

— Eu ouvi conversas que aquelas duas eram escravas do antigo rei, como a sua amiga era
também, dá para imaginar o que elas passaram na mão dele, elas não querem voltar para aquele
castelo, acho que entendo, voltar para um lugar que você foi torturada, não é uma boa ideia.
Aquela tal de Agatha, acho que é esse o nome dela, teve um caso com um guarda na época que
era escrava do rei, ficando grávida, sabe o que aconteceu quando o rei descobriu?
Engoli em seco olhando para a Brace que me encarava.

— Ele torturou o guarda, e fez questão de ser na sua frente, e deixou a criança nascer,
todos pensaram que ele iria deixar a criança com ela, mas isso não aconteceu, o maldito rei
matou o bebê recém-nascido na sua frente e na frente das escravas de sangue da época, para
servir de exemplo, para que todas soubessem que ele não tolerava que elas dormissem com
alguém que ele não tivesse autorizado.
Parecia que alguém tinha me dado um soco no estômago.

— Como você sabe disso?

Perguntei, mas quem respondeu foi o Léo.

— A Brace é ótima para conseguir informações, a resistência usava esse talento dela nas
missões.

— Mas eu poderia falar com o Damon para levar elas para outro lugar. — Ela sorriu
balançando a cabeça.
— Acho que você ainda não entendeu. Elas aceitaram a ajuda do seu vampiro de
estimação, só porque não tinham outra escolha, era isso ou morrer naquele castelo, não significa
que elas gostem dele, afinal, ele é filho do vampiro que destruiu a vida delas.

— Ele não tem culpa do que pai fez.

Me vi defendendo o Damon, Brace ainda tinha um sorriso no rosto.

— Você acha mesmo que ele nunca matou uma escrava de sangue no passado? — O meu
coração acelerou. — Só porque ele está mudado agora, só porque ele construiu este lugar, não
quer dizer que ele seja a melhor pessoa do mundo, ele continua sendo um vampiro, independente
se está ou não apaixonado por você

Abri a boca em choque com as suas palavras.


— Sério? Vai me dizer que não percebeu que aquele vampiro está apaixonado por você?
— Ela sorriu, vejo o rosto do meu amigo do meu lado vermelho. — Você é o ser mais poderoso
deste mundo, mas parece que continua como antes, você não viu que a resistência estava te
usando, e agora não percebeu que aquele vampiro beija o chão que você pisa, acho que se você
pedisse para que ele mate todos deste mundo, ele mataria sem questionar.

Abaixei a cabeça sentindo o meu corpo tremendo. Me lembrando das palavras do Damon.
" Eu mataria todos os humanos e vampiros deste mundo se isso significasse que você continuaria
viva".

Fiquei calada ainda absorvendo as palavras dela, eu sei que tirá-las deste lugar vai ser
quase impossível, e se o Damon usar a força, este lugar perderá o que mais importa, elas não se
sentirão seguras aqui. Merda! O que eu posso fazer?
Capítulo 65
Já era quase uma da manhã, eu dei as armas para Brace e para o Léo, fiquei só com uma
faca que estava presa a minha perna.

Vejo a Brace dormindo tranquilamente na sua cama, mas eu não conseguia dormir, tudo
que aconteceu hoje veio com força nos meus pensamentos, respirei fundo tentando achar um
jeito de tirar essas pessoas deste lugar, mas por mais que eu tentasse pensar em uma solução, eu
não conseguia achar uma resposta.

Olhei para o céu estrelado imaginando dar um passeio por um tempo para clarear os meus
pensamentos.
Eu decidi sair sorrateiramente do quarto, sem acordar a Brace, e caminhei em direção ao
terraço da casa. Lá, fiquei admirando as estrelas, deixando a brisa da noite acalmar a minha
mente agitada.

Enquanto olhava para o céu, deixei-me levar pelas lembranças do passado e pelas histórias
de sofrimento das mulheres neste lugar. Sentia a tristeza e a raiva se misturando dentro de mim,
impulsionando-me a encontrar uma solução.
No silêncio da noite, fechei os olhos e me concentrei em canalizar minhas energias e
pensamentos para encontrar uma resposta.

Foi graças a isso que eu vejo uma fumaça negra no horizonte, não muito distante daqui
meu corpo ficou em alerta no mesmo instante.

Fui na direção do quarto e vejo a Brace já de pé, arrumando as suas facas no lugar, ela me
encarou.
— Vou atrás do Léo, você vai atrás daquela garota de cabelos pretos e fala para ela levar
as crianças e todos os outros para o porão.

O meu coração martelava no peito, eles vieram me buscar!


O poder transbordando do meu corpo, respirei fundo correndo na direção dos corredores
atrás da minha amiga Lua.

Eu corri pelos corredores do refúgio, seguindo o instinto e a intuição que me guiavam na


direção de Lua. Minha mente estava focada em proteger as pessoas e garantir a segurança de
todos. A adrenalina corria em minhas veias, impulsionando-me a agir rapidamente.
Encontrei Lua apressada nos corredores, uma expressão preocupada em seu rosto. Cheguei
perto dela, ofegante, e segurei seus ombros.

— Lua, temos que levar as crianças e todos para o porão agora! Eles estão atacando a
fazenda, não temos tempo a perder!
Ela olhou para mim, assustada, mas confiou nas minhas palavras. Ela assentiu e
começamos a correr juntas, passando pelos corredores e alertando as outras. Vejo a Agatha e
Ester, as duas de camisolas ajudando a tirar as crianças dos quartos, segurei a garotinha loira que
eu tinha conhecido a primeira vez que estive aqui, nos braços, os olhos dela estavam em Pânico,
me equilibrei quando o chão tremeu, o cheiro de fumaça impregnava o local.

— Droga! Praguejei me equilibrando para descer as escadas sem cair. Ao chegar no porão,
eu vejo vários rostos conhecidos, coloquei a menina no chão e a Ester segurou na sua mão.

Agradeci e fui procurar a Lua, a encontrei perto de mais duas crianças, o barulho de
explosões castigava os meus ouvidos.
— Você fica aqui, eu vou lá em cima ver se não tem mais ninguém.

Ela balançou a cabeça concordando comigo.


Lua segurou as crianças com firmeza, enquanto eu me afastava em direção às escadas que
levavam de volta ao andar superior. A fumaça se tornava mais densa a cada passo que eu dava,
mas continuei procurando por qualquer um que tivesse ficado para trás, mas não achei ninguém,
desci as escadas.

A fazenda estava sendo atacada por vários vampiros, dava para ouvir os barulhos do lado
de fora. Eu sabia que cada minuto contava e precisava encontrar o Léo, que estava lidando com a
situação lá fora.

Corri pela sala principal, esquivando-me dos estilhaços e destroços espalhados pelo chão.
O som de explosões ecoava ao meu redor, e eu tentava manter a calma e foco em meio ao caos.
Finalmente, avistei Léo lutando contra um vampiro, seu corpo ágil e habilidoso. Ele notou
minha presença e correu ao meu encontro.

— Os outros estão em segurança? — Ele perguntou, sua voz cheia de determinação.


— Sim, estão no porão.

A barreira já estava em volta do meu corpo, a adrenalina correndo por cada parte de mim,
vejo a Brace logo a frente, segurando duas facas com firmeza, ela avançava derrubando os
vampiros, eu nunca tinha visto a Brace lutando, era como ver uma dança se desenrolando bem na
minha frente.

Ela estava prestando atenção na frente, que não viu três vampiros correndo em uma
velocidade impressionante indo em sua direção.
Levantei as minhas mãos e acertei os dois os fazendo voarem na direção oposta.

Ela se virou em minha direção com o rosto brilhando de suor.


Ela me encarou por um segundo, mas não disse nada, eu também não esperei ela falar.

Uma explosão bem do meu lado, projetei o escudo na direção da Brace e do Léo, fui
lançada na direção do jardim de rosas, o meu corpo doía pelo impacto, me levantei com
dificuldade sentindo todo o meu corpo doendo, sinto sangue descendo pela lateral da minha
cabeça, merda! O meu escudo ficou fraco por projetar tão distante de mim.

Ouço passos, me virei na direção, o meu coração martelava no peito quando vejo Daniel
andando até mim, procurei por Alastor mas não o vi em lugar nenhum, o infeliz do Daniel veio
em minha direção, projetei o escudo em volta do meu corpo e me preparei para lutar com o
vampiro que destruiu a minha vida, o desgraçado do meu pai.

Eu olhava em sua direção, sentindo todo o meu corpo tremendo de raiva, eu estava
determinada a acabar com ele de uma vez por todas. Seus olhos famintos me encaravam
enquanto ele se aproximava, mas eu não recuei.

Usando cada gota de poder que tinha, lancei ataques rápidos e precisos contra ele. Nossos
golpes se encontravam no ar, faíscas voando a cada colisão.
O encarei, ele me observava com um sorriso nos lábios.

— Você treinou bem no tempo que ficou com ele.

O meu corpo pulsava de ódio, a raiva consumindo cada parte de mim.


— Eu vou te matar. — Afirmei lançando meu poder na sua direção, ele desviou mais uma
vez, ele estava tão rápido, ágil.

— Você vem conosco filha. Temos planos para você.


Respirei fundo.

— Eu prefiro morrer. — O contraste do cheiro de fumaça com o cheiro das rosas era
intenso.

A adrenalina pulsava em minhas veias, minha mente focava apenas em derrotá-lo. Eu me


recusava a ser dominada pelo medo ou pela memória do passado. Este era um momento de
vingança.
Os minutos pareciam se estender em horas enquanto lutávamos. Daniel era ágil e
poderoso, mas eu estava determinada a superá-lo. Cada vez que ele tentava me atingir, eu
desviava com agilidade e contra-atacava com força.

A batalha parecia nunca acabar, mas o cansaço não me dominaria. Eu canalizei minha
energia e transformei minha fadiga em força. Eu treinei para esse momento.
Finalmente, um golpe certeiro acertou o peito de Daniel. Senti seu corpo cambalear e ele
caiu no chão. Minha respiração estava rápida e ofegante.

Olhei para o vampiro que tentou destruir minha vida, o pai que eu nunca pedi para ter.
Toda a dor e raiva se misturava dentro de mim, mas eu sabia que não poderia deixar que esses
sentimentos me consumissem.

— Você é minha filha. — Sangue saia pela sua boca, me aproximei o segurando pelo
pescoço, o fazendo ficar de pé, o meu coração martelava no meu peito em um ritmo rápido.

— Isso é pela minha mãe. — O seu corpo estava imobilizado, ele não conseguia se mexer,
dei um soco com toda a minha força no seu peito, destruindo carne e músculos, até que a minha
mão atravessasse o seu corpo, segurei o seu coração na minha mão o apertando. Finalmente eu
tive a minha vingança.
Senti o coração de Daniel se despedaçar na minha mão, com a força que eu coloquei ao
apertá-lo, a dor e a raiva se misturando em um turbilhão dentro de mim. Finalmente. Finalmente
eu tinha me vingado daquele que tentou destruir minha vida e a de minha mãe.

Deixei seu corpo cair no chão, soltando um suspiro pesado. Olhei para minhas mãos
manchadas de sangue, uma lembrança vívida de tudo o que aconteceu.

Percebi que, apesar de ter alcançado minha vingança, a dor e a raiva não desapareceriam
de uma vez por todas. Elas estariam sempre presentes, mas agora eu tinha encontrado uma
maneira de controlá-las, de usá-las para proteger aqueles que acreditavam em mim.
Com passos lentos e hesitantes, me afastei do corpo inerte de Daniel. Minha mente estava
cheia de pensamentos, perguntas sem resposta, mas agora não era hora de refletir sobre isso.

Eu só conseguia pensar em uma coisa, ao olhar ao meu redor.


Onde estava o infeliz do Alastor?
Capítulo 66
Meu corpo estava pesado, vejo a Brace lutando do outro lado, corri em sua direção a
ajudando, ela estava ofegante como eu, a encarei.

— Cadê o Léo? — Ela me encarou.

— Depois da explosão eu não consegui achá-lo. — Os seus olhos estavam brilhando.


— Eu vou atrás dele.

Ela assentiu e eu corri na direção onde eu o tinha visto anteriormente.


Mas não achei, corri na direção do enorme portão e o vejo destruído, eu podia ouvir o som
dos batimentos do meu coração nos ouvidos. Naquele momento eu queria que o Damon estivesse
do meu lado, eu sei que provavelmente ele esteja vindo para este lugar, mesmo assim, eu o
queria aqui, corri vendo mais destruição.

Parei de correr no momento que vejo olhos azuis me encarando na escuridão da noite, o
meu corpo tremeu quando eu vejo Alastor andando em minha direção, os seus cabelos negros
penteados perfeitamente para trás, logo atrás dele vendo o Léo sendo segurado pelo pai do
Derek, o que está acontecendo aqui, dei um passo na sua direção.

Vejo o rosto do meu amigo todo machucado, sangue saindo da sua boca e do seu nariz, o
ódio dominou todas as partes do meu corpo, olhar para o homem que foi o líder da resistência,
agora como um cachorro desse vampiro, me causava nojo.
— Solta ele agora! — A minha voz saiu firme. O poder serpenteando as minhas mãos
como se fossem cobras prontas para atacar a qualquer momento.

Alastor andou em minha direção, o encarei.


— Minha adorável Vitória. — Ele sorriu. — Eu finalmente posso olhar para este rosto.
Me lembrei do conteúdo das cartas que este psicopata me enviou, eu precisava acabar com isso
agora mesmo.

Lancei o meu poder na direção do seu corpo mas ele desviou facilmente, como se não
fosse nada, o meu coração acelerou, rapidamente ele estava do meu lado, tentei acerta-lo, mas foi
inútil.
Ele era bem mais rápido do que o Daniel.

Eu olhava para ele e para o meu amigo, que mal conseguia ficar em pé.
Ao ver o estado de Léo, uma mistura de raiva e desespero tomou conta de mim. Corri na
direção do pai do Derek, enfrentando-o com determinação.

— Solte-o! — gritei, minha voz ecoando no ar.


Alastor sorriu de forma cínica, enquanto o antigo líder da resistência pressionava mais o
aperto em Léo.

De um lado estava o Alastor me encarando com um sorriso no rosto, do outro o pai do


homem que eu já fui apaixonada segurando com força o braço do meu amigo, eu não sabia o que
fazer, o meu coração apertava no meu peito.

— Ah, doce Vitória, vejo que encontrou o seu amiguinho. Que coincidência! — Alastor
debochou.
Minha mente estava em turbilhão. Eu precisava agir rápido, antes que algo pior
acontecesse. Concentrei meu poder e projetei um escudo ao redor de mim, bloqueando qualquer
ataque vindo deles.

Com passos lentos e cautelosos, me aproximei do lugar onde o meu amigo estava. A dor e
a angústia se transformaram em fúria dentro de mim. Eu não permitiria que eles machucassem o
Léo ou qualquer um dos meus amigos novamente.

— Soltem ele agora! — Minha voz estava cheia de determinação.

Alastor riu mais uma vez, sua risada ecoando pelo local. O pai do Derek olhava para mim,
seus olhos cheios de ódio.

— Você não tem ideia do que está lidando, garota tola. — Ele rosnou. Desde quando ele
estava trabalhando com estes vampiros? E por mais que eu não quisesse admitir, me perguntei se
o seu filho também estava neste plano.
Empurrei meu poder com força total, fazendo um raio de energia derrubá-lo. Ele soltou o
Léo e caiu no chão. Corri até meu amigo, ajudando-o a se levantar.

— Está tudo bem, Léo, eu estou aqui. — sussurrei.


Me afastei tentando segurar o Léo com um braço.

O antigo líder da resistência se levantou furioso, mas algo inesperado aconteceu. O Damon
surgiu no portão, seu olhar fixo no Alastor. Um sorriso maligno se estampou no rosto do seu
irmão.
— Ah… querido irmão finalmente aparecendo para a festa. Eu pensei que você não viria.
— Alastor me encarou. — Irei matá-lo na frente dela. — Ele sorriu. — Vou fazê-la assistir a sua
morte.

Damon me encarou, eu respirava com dificuldade tentando tirar o meu amigo daquele
lugar, de repente vejo a Alice e a Brace vindo em minha direção.
Brace se aproximou retirando o irmão dos meus braços.

Olhei na direção do Damon e do Alastor que travavam uma luta de olhares.

Concentrei o restante do meu poder, a minha respiração estava tão irregular, vários e
vários vampiros saíram da floresta em direção a nós, engoli em seco percebendo que eles não
estavam do nosso lado.
— Eu vim para levá-la comigo. — Ouço o som da voz do Alastor. — Mas antes irei
brincar com você um pouco. Hoje, você vai perder tudo.

Damon olhou para mim, eu podia ver a fúria no seu rosto.


Damon não respondeu, apenas avançou rapidamente na direção de Alastor. Uma luta feroz
começou, o som de socos e chutes preenchendo o ar.

Eu sabia que a batalha não estava nem perto de terminar, os vampiros começaram a correr
na nossa direção, Brace segurava uma faca na mão direita e tentava manter o seu braço em volta
do irmão.

Olhei para os vampiros que se aproximavam. E uma onda de choque varreu vários
vampiros para longe, eu estava no meu limite, quando mais vampiros caiam, mas apareciam
tentando nos atacar.

Alice era como uma sombra no meio da batalha varrendo qualquer um que estava no seu
caminho.

Tentei lutar e proteger o Leo e a Brace ao mesmo tempo, mas estava difícil abrir a boca à
procura de ar. O meu peito subia e descia rapidamente.
Alice era muito rápida, sua agilidade e velocidade sobrenaturais a mantinham um passo à
frente dos vampiros.

Eu olhei para Léo, ao meu lado, ele ainda estava se recuperando dos ferimentos. Prometi a
mim mesma que faria de tudo para mantê-lo a salvo.
— Brace, leve seu irmão para um lugar seguro! — Gritei acima do barulho da batalha.

Ela assentiu com determinação, mas ela não conseguia passar pelos vampiros. Eu me
concentrei novamente nas hordas de vampiros que avançavam em nossa direção, meu poder se
intensificando dentro de mim.
Juntei minhas mãos, formando uma esfera de energia, e a lancei contra os vampiros. Uma
explosão de luz irrompeu no ar, afastando vários deles. Mas eles continuaram vindo,
implacáveis.

Tentei fazer um caminho para que eles passassem.


A explosão de poder e a luta feroz continuaram. O som das lâminas se chocando com os
corpos dos vampiros, dos gritos e rosnados dos vampiros ecoavam por todo o local. O cheiro de
sangue e fumaça era sufocante.

Brace ainda tentava matar os vampiros e manter o irmão vivo.

Quando vejo que uns vampiros iriam atacá-los com armas em punho, eu projetei o meu
escudo ao redor dos dois, estava tão empenhada em protegê-los que não vi o momento que o pai
do Derek se aproximou de mim, injetando algo no meu pescoço, dei um soco no seu peito o
fazendo cair no chão.
Brace olhou para mim, e em choque tirei o que ele injetou do meu pescoço.

As minhas mãos tremeram quando ouço o barulho de um tiro, a minha perna começou a
queimar, coloquei a minha mão no local e vejo sangue.
Olhei na direção e vejo o pai do Derek se levantando com uma arma em punho.

— Desgraçado!

Busquei pelo poder dentro de mim e não consegui mais encontrá-lo, naquele momento me
lembrei do que ele tinha injetado no meu pescoço. Eu conhecia muito bem aquele veneno.
Eu posso até morrer, mas levarei ele comigo

Retirei a faca que estava presa a minha perna, as minhas mãos tremiam, a perna doía a
cada movimento que eu dava, mas a adrenalina era tão grande, que não me importei, avancei em
sua direção e com rapidez, retirei a arma das suas mãos, a vejo caindo no chão.
Capítulo 67
A dor alucinante na minha perna me fez cambalear. Ele aproveitou o momento e me
acertou com um soco no rosto, me lançando para trás.

Eu caí no chão, tonta e com visão turva, eu estava cansada e com dor mas eu precisava
levantar. Conseguia sentir o sangue escorrendo pela ferida em minha perna, mas ignorei a dor e
me levantei, segurando a faca com firmeza.

O meu rosto doía e o meu nariz estava quebrando.


Ele me encarou com um sorriso cruel no rosto.

— Você nunca será capaz de me vencer — ele disse, confiante.


Respirei fundo para controlar a dor e me concentrei em um último esforço. Avancei em
sua direção, desferindo golpes rápidos e precisos com a faca. Ele tentava se esquivar, mas minha
determinação era implacável.

Finalmente, consegui acertar um golpe, a faca rasgando sua pele e mergulhando em seu
corpo. Ele gritou de dor, cambaleando para trás. Não parei por um segundo sequer, aproveitando
o momento de fraqueza, para avançar com toda a minha força.
Com um último golpe, acertei a faca no seu pescoço, vejo os seus olhos em minha direção,
a minha respiração estava irregular. Ele caiu pesadamente no chão.

Meus joelhos fraquejaram, a dor na minha perna se intensificando. Eu sabia que precisava
de ajuda, a minha visão estava começando a ficar turva, mas eu precisava continuar, mesmo não
conseguindo usar os meus poderes.

Olhei ao redor, vendo a batalha que ainda acontecia.


Me levantei lentamente, mantendo a faca em mãos, pronta para enfrentar o que viesse pela
frente. Eu não seria derrotada tão facilmente.

A batalha continuava, e eu estava determinada a lutar até o fim.


Me aproximei lentamente da Brace, as minhas mãos pegajosas pelo sangue deles.

Olhei para onde a Alice estava e vejo um rastro de destruição por onde ela passava, e mais
vampiros apareceram, me preparei para continuar a lutar, mas aos poucos percebi que eram do
exército do Damon.
Eles avançavam na direção do inimigo.

Mas finalmente, em meio à batalha caótica, vislumbrei Damon subjugar Alastor com um
golpe final. Alastor estava de joelhos, a expressão de incredulidade em seu rosto.

Sangue saia do seu nariz, Damon olhava para o seu irmão de joelhos na sua frente, e em
um único golpe, ele arrancou a cabeça do Alastor dando um fim a tudo aquilo.
Respirei fundo, exausta, mas aliviada. Os meus olhos se encheram de lágrimas.
Finalmente acabou? Me fiz essa pergunta olhando a destruição na minha frente, o cheiro de
sangue impregnado o lugar.

Aos poucos, os vampiros restantes recuaram e se afastaram. Olhei para o Léo, seu rosto
estava inchado, me levantei sentindo que a adrenalina estava saindo do meu corpo, a minha
perna doía mais que o inferno, devagar consegui chegar até o Damon, ele me encarou,
provavelmente eu estava uma bagunça, sentia que o meu nariz estava quebrando. O meu corpo
estava todo doendo.
Meu coração estava prestes a explodir no meu peito.

— Você está bem? — Ele perguntou preocupado. Sua voz soava rouca, mostrando o
esforço que ele havia feito.

Assenti com a cabeça, incapaz de falar. A dor na minha perna era insuportável, mas eu não
podia desabar agora. Precisava me manter forte.

Damon me olhou nos olhos, segurando o meu rosto com cuidado. Pude sentir o calor
reconfortante da sua pele, mesmo em meio ao caos que nos cercava.

— Você foi incrível. — Ele disse, sua voz cheia de admiração.


Um sorriso fraco se formou em meus lábios. Eu sabia que aquilo ainda não tinha acabado,
que enfrentaríamos mais desafios pela frente. Mas, naquele momento, tudo o que importava era
que estávamos juntos e que tínhamos vencido aquela batalha.

Abracei Damon firmemente, sentindo seu calor me envolver.

Me lembrei do meu amigo. Me afastei, o encarando.


— Você precisa ajudar o Léo. – Falei sentindo todo o meu corpo fraquejar.
Ele me encarou segurando no meu braço.

— Que ele vá para o inferno! Estou preocupado com você.


— Eu estou bem. — Olhei para o meu amigo no chão do lado da Brace. — Por favor
Damon!

Damon suspirou me observando, soltando um suspiro cansado.

— So vou ajudá-lo, depois que eu der um jeito na sua perna.

Olhei para a minha perna e vejo o sangue saindo, estava pronta para aceitar o que ele
falou, quando eu vejo um grupo de pessoas se aproximando, Damon ficou em alerta sua mão
ainda no meu braço.

Derek se aproximava de onde o corpo do seu pai ainda estava.


— Me ajuda a chegar até ele. — Olhei para o Damon, mesmo eu sabendo que ele não
estava querendo fazer isso, ele me ajudou a chegar até onde o Derek estava, olhou para mim e
logo em seguida para o Derek que continuava nos encarando. Damon deu um passo para trás.

Derek me observou focando na minha perna que continuava sangrando, eu não sabia como
estava conseguindo ficar em pé. Ele encarou o meu rosto, eu sentia o gosto do sangue na minha
boca.
— Você sabia que o seu pai estava ajudando o Alastor? — Perguntei. Derek me encarou.

— Você sabe muito bem que eu odeio os vampiros, nunca ajudaria eles. Quando descobri
o que o meu pai estava fazendo, vim para tentar impedi-lo. — Ele olhou para o corpo do pai no
chão. — Mas foi tarde demais. — Derek me encarou, eu via tristeza no seu olhar. — Eu posso
levar o corpo dele?

A sua voz era tão triste, mesmo sabendo o que aconteceu conosco, mesmo assim, eu sentia
uma pressão no peito.
— Ele é seu pai, claro que pode levar o corpo dele.

Derek chamou duas pessoas que estavam atrás dele e essas pessoas pegaram o corpo do
seu pai e o levaram embora. Ele me encarou.
— Mesmo que tudo isso tenha acontecido, mesmo eu sabendo que você nunca vai me
perdoar eu quero que você saiba que foi real Vitória, eu realmente te amei. — As minhas mãos
tremeram, Derek olhou para o Léo e a Brace por um momento, e depois para mim. — Venha
comigo! Eu vou reconstruir a resistência, e juntos poderemos ter um final feliz.

Eu não fazia mais parte daquele lugar, e ele sabia disso, fiquei em silêncio o encarando,
ele sorriu balançando a cabeça.

— Eu tinha que tentar, não é mesmo. — Derek suspirou. — Eu desejo que você seja feliz
Vitória, de todas as pessoas que eu conheci, você e a que mais merece ser feliz.
Ele deu mais uma olhada nos amigos que estavam no chão, logo em seguida deu as costas
e saiu.

As minhas pernas fraquejaram. Damon me segurou nos braços.


— Vamos cuidar dessa perna. — Sorri o encarando.

Ele me colocou no chão, sinto o meu corpo todo doendo. A sua mão estava no local que eu
tinha levado o tiro, um calor enchendo o meu corpo.
— O que você faria se eu tivesse aceitado ir com ele? — Damon levantou a cabeça
olhando para mim.

— Eu não iria fazer nada, seria a sua escolha, e eu respeitaria a sua decisão.

O meu coração se apertou ao ouvir a resposta de Damon. Aquele momento me fez


perceber o quanto ele realmente se importava comigo, mesmo após tudo o que havíamos
passado.
Ele estava disposto a respeitar minhas escolhas, mesmo que isso significasse nos
afastarmos.

— Damon... eu… — Mas eu não conseguia terminar a frase, eu sentia que a cada dia,
estava me apaixonando mais por ele, mesmo com as palavras da Brace na minha memória, eu
não sabia se ele sentia o mesmo por mim.
— Não precisa falar nada. Eu entendo. E eu também quero apenas que você seja feliz,
Vitória. Seja comigo ao seu lado ou não.

Eu levei a mão até a dele, segurando-a com carinho.

Um sorriso suave surgiu nos lábios de Damon, e eu senti meu coração se encher de
esperança.
Capítulo 68
Léo estava sentado no sofá da casa, tinha pedaços de madeira para todos os lados, o cheiro
de fumaça impregnava o local, então me aproximei dele.

— Como você está? — Perguntei ficando do seu lado.

— Eu estou bem, os machucados mais sérios já foram curados por ele.


Damon estava olhando os cômodos um por um para ver se tinha mais alguém. Retiramos
todos da casa, a Lua e todos os outros estavam lá fora.

— Que bom que você está bem.


Léo me encarou.

— Obrigada! Por ter me salvado.

Eu sorri segurando na sua mão.


— Não precisa me agradecer por isso, você é meu amigo Léo, faria tudo de novo.

— Eu sei disso, mesmo assim, não posso deixar de te agradecer. Você arriscou sua vida
por mim e não tenho palavras para expressar minha gratidão.
Eu assenti, entendendo o que ele queria dizer. Nossa amizade era forte e eu faria qualquer
coisa para protegê-lo. Ao olhar para ele do meu lado eu senti o meu peito se aquecendo, no final
eu consegui salvar a vida de um amigo.

Damon se juntou a nós, com uma expressão preocupada no rosto.

— Não encontramos mais ninguém aqui dentro. Mas a casa vai precisar de uma reforma,
vou conversar com a Ágatha para ver se eles podem ir para outro lugar enquanto isso.
Me levantei ficando na sua frente.
— Pode esquecer, elas não vão querer sair. — Depois de saber o motivo que elas não
querem sair deste lugar, eu compreendo. — Acho que dá para arrumar com elas aqui.

Damon suspirou balançando a cabeça concordando comigo.


Ao sair da casa vejo a destruição, ia demorar um bom tempo para colocar tudo em ordem,
mas eu vou ajudar.

Mesmo sem os meus poderes, eu posso ajudar.


Vejo a Lua perto das crianças, quando ela me viu, veio ao meu encontro.

— Alguém se machucou? — Perguntei, mas os meus olhos foram na direção das crianças
que estavam olhando para todos os lugares, eu imagino o medo que elas sentiram.

— Nada grave, pode ficar tranquila. — Lua olhou para as minhas roupas. Eu sabia que
estava uma verdadeira bagunça, só deu tempo de lavar as mãos e o rosto rapidamente, as minhas
roupas estavam rasgadas e sujas de terra e sangue, a calça rasgada não ajudava muito. — Eu
estou mais preocupada com você.
Eu sorri para ela.

— É apenas a roupa que está neste estado, vou me preocupar com isso depois, primeiro
temos que dar um jeito neste lugar.
Ela assentiu, e durante todo o dia eu fiquei do seu lado tentando organizar, arrumar o que
estava quebrado para que elas pudessem voltar para a casa.

Leo decidiu ficar na fazenda até que tudo estivesse arrumado, agora estou aqui, de volta ao
quarto que eu conheço tão bem suspirei sentindo cada músculo do meu corpo reclamar.

— Eu pedi para que trouxessem algo para você comer.


Encarei o Damon que estava do meu lado.

— Eu não estou com fome.


Ele suspirou.

— Você não descansou em nenhum momento, se eu não tivesse insistido você ainda
estaria lá, tentando ajudar, e eu vi que você não comeu nada o dia inteiro.

Era verdade eu não tinha comido nada, mas estava tão focada em ajudar que acabei me
esquecendo.
— Ok, eu vou comer algo depois, mas primeiro eu preciso de um banho. — Olhei para as
roupas rasgadas que ainda permaneciam no meu corpo.

Damon segurou na minha mão, me levando até o banheiro, o vejo se afastando para ligar a
torneira da banheira, quando se virou, me encarou, se aproximando.
Eu deixei que ele me ajudasse a retirar completamente a roupa que eu estava. Logo em
seguida ele tirou a sua.

Ele entrou dentro da banheira e se sentou logo em seguida entrei me sentando, a água
estava quente, o vapor estava em todo lugar, respirei fundo fechando os olhos.
— A água está tão boa. — Damon colocou os meus cabelos do lado do meu ombro, pegou
um frasco com um líquido cheiroso, o colocou nas mãos e começou a passar por todo o meu
corpo.

O meu coração acelerou.


Sentir a sua mão em meu corpo era algo tão bom, eu sentia a sua respiração no meu
pescoço.

— Você deve estar tão cansada.

Eu dei um pequeno sorriso, mas sim, estava tão cansada, que só dele massagear os meus
ombros já estava deixando o meu corpo mole.
A água quente envolvia o meu corpo, estar encostada no Damon, me trazia um sentimento
de segurança, era algo tão bom, ele lavou os meus cabelos, estava de frente para ele o meu rosto
vermelho pelo vapor da água, engoli em seco o encarando concentrado em terminar de lavar.

— Eu adoro os seus cabelos sabia. — Fiquei um pouco envergonhada com as suas


palavras.— Eles são lindos.
Eu não conseguia responder, Damon terminou de levá-los e saiu da banheira, vê-lo sem
roupa era algo que eu não conseguia me acostumar, ele se virou com uma toalha nas mãos, vejo
um pequeno sorriso nos seus lábios ao ver para onde eu estava olhando.

— Está gostando do que vê? — Encarei o seu rosto em um misto de sentimentos.

— Pior é que eu estou. — Falei me levantando, Damon se aproximou de mim com a


toalha nas mãos, o encarei, ele observava o meu corpo sem cerimônia alguma.

Minha respiração ficou um pouco mais acelerada ao sentir seu olhar sobre mim, mas ao
mesmo tempo, senti uma conexão especial entre nós. Eu permiti que ele envolvesse meu corpo
com a toalha cuidadosamente, me secando.

Enquanto ele fazia isso, nossos olhares se encontraram novamente e senti uma tensão no
ar. O desejo estava ali, pulsando entre nós, mas também havia algo a mais.
Damon se aproximou ainda mais, seus dedos acariciando minha pele suavemente. Sua voz
saiu rouca quando ele disse:

— Você está cansada Vitória, então não me olhe deste jeito.

Segurei no seu rosto, aproximei a minha boca da dele sentindo nossa respiração se
misturar.
— De que jeito eu estou te olhando? — Ele sorriu beijando a minha boca, sinto o sabor
dos seus lábios nos meus, a sua mão na minha cintura segurando firmemente.

Ele se afastou, mas os seus olhos continuavam em mim.


— De que jeito eu estou te olhando? — Perguntei novamente, sentindo meu corpo reagir
aos toques e beijos de Damon.

Ele sorriu maliciosamente, seus olhos brilhando.


— Você está me olhando com desejo, eu estou me controlando, mas se continuar a me
olhar desse jeito, eu não sei o que irei fazer. — Respondeu ele, com a voz rouca.

Minhas bochechas coraram, mas eu não neguei. A atração entre nós era palpável e,
naquele momento, eu não queria mais resistir a ela.

— E se eu estiver? — Provoquei, aproximando-me novamente e pressionando meus lábios


contra os dele.
Damon respondeu ao beijo de forma intensa, suas mãos explorando meu corpo, desejando-
me tanto quanto eu o desejava.

Ele envolvendo o meu corpo me tirando do chão, segurei no seu pescoço.


Damon caminhou comigo em seus braços até o quarto, onde ele me colocou na cama, o
meu peito subia e descia rapidamente.

Ele se aproximou me encarando.

— Você tem certeza disso? Acho que você deveria descansar. — A sua voz era calma,
segurei no seu rosto trazendo o seu corpo para perto do meu.
— Eu tenho certeza, eu quero que você me foda! — O encarei, Damon ficou parado
passando a mão pelo meu rosto tão delicadamente, ele me tocava como se eu fosse o mais
delicado dos cristais, eu poderia ver algo brilhando no seu olhar, algo tão intenso que fez o meu
coração palpitar.

— Aconteceu alguma coisa? — Perguntei, mas estava com medo da sua resposta.
— Eu não quero te foder, Vitória!. — A minha respiração ficou irregular. O encarei.

— Você não quer mais ficar comigo? — A minha voz era baixa, porque eu estava sentindo
esse aperto no peito, acabei me apaixonando por ele, e agora estou aqui, com medo da sua
resposta.

Damon beijou o alto da minha cabeça, nossos olhares se encontraram novamente. Eu não
estava preparada para o que ele iria falar a seguir.
— Eu não quero te foder Vitória. Eu quero te amar.

Damon segurou o meu rosto com ternura, acariciando minha bochecha com o polegar.
Seus olhos transmitiam uma mistura de carinho, ternura e desejo.

— Eu não quero mais apenas transar com você, Vitória. Eu quero te amar, quero construir
algo sério e duradouro entre nós. Sinto algo muito especial por você, algo que vai além da
atração física. Quero compartilhar momentos, risadas, conversas e, é claro, também o prazer.
Mas principalmente, quero te amar e cuidar de você.
As palavras de Damon preencheram meu coração com algo genuíno e profundo. Era como
se todas as minhas inseguranças e medos desaparecessem diante dessa expressão sincera de seus
sentimentos.

As minhas mãos tremeram diante das suas palavras, o meu coração parecia que ia sair do
meu peito a qualquer momento, eu pensei que seria apenas algo carnal, apenas sexo, eu repetia
para mim mesma, mas quem eu queria enganar, eu estava apaixonada por ele, mas também tinha
muito medo deste sentimento dentro do meu peito que me consumia todos os dias.
Ele se aproximou beijando a minha boca.

— Você vai me deixar te amar? — Eu não conseguia responder, os seus olhos brilhavam.
— Eu sei que sou um demônio ingrato por te pedir isso, eu sei disso. — Ele balançou a cabeça,
como se com esse gesto fosse clarear os seus pensamentos. — Se você me perguntasse que
momento eu comecei a ter sentimentos por você, eu não saberia te dizer, eu só sei que não
consigo me imaginar sem te ver todos os dias, sem tocar o seu lindo rosto pela manhã, sentir o
seu cheiro, e te abraçar quando está dormindo tão tranquilamente do meu lado. Eu quero você
Vitória, e eu desejo que você também me queira. Na verdade, eu nunca desejei nada como eu
desejo você.

A minha garganta estava seca, o que eu poderia responder? O que eu poderia fazer? Os
meus olhos ardiam sem parar.
— Eu não sou uma pessoa que merece ser amada. — A minha voz saiu baixa, eu não
conseguia falar em voz alta.

Todas as pessoas que já me amaram um dia, morreram, era como uma maldição que eu
carregava, ninguém podia me amar, ninguém.
Ele passou a mão pelo meu rosto lentamente.

— Temos um problema então. Porque eu já te amo!


Capítulo 69
Olhei para o Damon que permanecia a centímetros do meu rosto.
Eu já te amo!... Eu já te amo!... Eu já te amo!... Eu já te amo!

Ficou se repetindo nos meus pensamentos.


— Você é a pessoa que mais merece ser amada neste mundo.

Fechei os olhos tentando controlar as lágrimas que rolaram pelo meu rosto.
— Te amar foi algo que eu nunca planejei, mas aconteceu de forma tão intensa e natural.
Você despertou em mim algo tão profundo e verdadeiro que nunca pensei ser possível.

Damon segurou meu rosto com suas mãos quentes, seus olhos cheios de ternura.

— Vitória. Desde o momento em que te conheci, algo dentro de mim mudou. Eu sei tudo
que eu fiz, e sei que pedir perdão não mudará nada, eu sei disso. Eu sou apenas alguém ingrato,
que espera que você sinta algo por mim. Patético, não é? — Ele balançou a cabeça.

Ele me encarava.

— Somos um casal feito do caos. — Ele sorriu se aproximando. — Destinados a destruir


tudo. — Respondi o observando.
— Eu não me importo se me destruírem, deste que você esteja em segurança, este é o meu
único desejo.

Eu já perdi tanto, já chorei por tantas coisas, me importar com o julgamento de todos era
tão importante assim? Ao olhar nos seus olhos, eu tive a minha resposta. Não, não era
importante, o importante era o que eu queria agora, e o que eu queria agora, era ele.

— Então me ame.
Essas três palavras foram o suficiente, Damon segurou com firmeza a minha cintura
trazendo o meu corpo para perto do dele, segurei no seu pescoço e os nossos lábios se uniram em
um beijo cheio de significado e promessas.

Segurei com tanta força no seu pescoço, Damon beijava o meu pescoço sem pressa
nenhuma me torturando mais e mais.
— Damon…. — A minha voz saiu rouca. — Eu preciso de você.

Ele sorriu beijando o meu rosto, eu sentia o seu pau entre as minhas pernas, e em uma
única estocada ele já estava dentro de mim.
Joguei a minha cabeça para trás, sentindo-o entrando e saindo lentamente, a sua mão
segurava o meu seio, ele acariciava o meu corpo, beijava cada parte devagar, era como se ele
quisesse explorar cada parte do meu corpo com os lábios.

Senti-lo dentro de mim era algo tão intenso, tão único, eu queria que aquilo durasse para
sempre.

As paredes da minha boceta se apertavam mais e mais, eu sentia o orgasmo vindo, levando
toda a força que ainda tinha no meu corpo, logo depois Damon também chegou no seu limite, ele
estava com o rosto no meu pescoço, podia sentir a sua respiração fazendo cócegas no meu
pescoço, passava a mão delicadamente pelos seus cabelos, apreciando aquele momento ao
máximo.
— A comida provavelmente está fria, você quer que eu peça que prepare outra coisa?

Eu sorri, ainda com a minha mão nos seus cabelos.


— Eu só quero ficar assim com você.

Damon levantou a cabeça e me encarou.

— Você é linda! — As minhas bochechas arderam. — Linda, incrivelmente linda.


Eu sorri beijando os seus lábios.

Já estava tarde eu deveria estar dormindo, mas não conseguia, sentia os braços dele em
volta do meu corpo, me trazendo segurança. Mas, por mais que eu tentasse, eu não conseguia
dormir.
— Você deveria ir dormir. — Damon falou, e logo em seguida beijou o meu ombro, me
virei na sua direção, ele segurou na minha cintura trazendo o meu corpo para mais perto do dele.

— O que está te preocupando? — Ele perguntou, levantei a cabeça, encontrando aqueles


lindos olhos azuis me observando de volta.

— Eu sei que é cedo para isso, afinal acabamos com o Alastor e o Daniel agora, mesmo
assim, eu queria conversar com você sobre os humanos que vivem nesta cidade.
Damon depositou um beijo na minha testa.

— O que você gostaria de conversar?


Ele pareceu verdadeiramente interessado.

— Eu queria que eles tivessem liberdade.


Ele suspirou.

— Eu só estava esperando esse problema com o Alastor e o Damon se normalizasse, para


que as novas leis entrassem em vigor.

Essa era a primeira vez que eu estava ouvindo sobre isso, o encarei.

— O que está escrito nessas novas leis? — O encarei.

Damon passou a mão pelo meu rosto, o seu dedo delicadamente pelo contorno dos meus
lábios.
— Não tem mais setores, todos vão ser do um. Os portões ficarão abertos para quem
quiser ir ou ficar aqui. Eles terão mais liberdade. Estou fazendo uma nova lei sobre a obrigação
de ser guarda ou escrava de sangue, quando alguém completar dezoito anos. — Damon suspirou.
— Não vai ser fácil mudar a cabeça do conselho e dos vampiros, sobre as novas leis, mas será
melhor. Estou tentando fazer as mudanças de pouco em pouco, não quero outra guerra nas
minhas mãos.

Olhei para ele com admiração.

— Deste quando você está pensando sobre isso?


Damon retirou uma mecha do meu cabelo do meu rosto. Eu me sentia tão bem quando
estava nos seus braços.

— Desde o momento que eu virei rei.

Engoli em seco o encarando. Eu não fazia ideia de tudo isso, na verdade, estava tão
ocupada em resolver as coisas com o Daniel e o Alastor, que acabei me esquecendo desses
problemas, não me orgulho disso, mas eram tantos problemas, que não estava conseguindo fazer
muita coisa.

— Eu vou te ajudar. — Afirmei sentindo o meu coração acelerar. Eu poderia ajudá-lo, e eu


ia fazer isso.

— Eu sei que vai.


Capítulo 70
Um mês depois...
A fazenda tinha sido completamente restaurada, Brace decidiu ficar lá, ajudando em tudo
que elas precisavam, mas o Léo ficou no castelo comigo, mesmo a relação dele com o Damon
não sendo das melhores, eu me divirto com o meu amigo, mas eu acho que o Damon está
começando a gostar dele, porém, como sempre, não admite isso de jeito nenhum.
— Você está linda neste vestido! — Ouço a voz do meu amigo do meu lado, sorri ao olhar
para ele.

Estávamos em um festival, organizando em comemoração às novas leis que entraram em


vigor essa semana, o conselho como o Damon tinha receio, foi contra, mas ele conseguiu que
eles aprovassem.
Como? Ele não me disse.

Agora não era mais dividido em setores, as pessoas não precisavam mais mendigar
comida, não estava perfeito, mas estava melhor do que antes, um passo de cada vez.

Olhei para as ruas que eu costumava caminhar e me bateu uma certa nostalgia, me lembrei
de como era.
— Muito obrigada! Você está muito elegante também. — Léo fez uma leve reverência se
curvando na minha frente e logo em seguida sorriu.

— Eu estou muito lindo com essa roupa. — Acabei dando um leve soco no seu braço. —
Onde está o seu vampiro? — O encarei.
— Ele tem nome sabia? — Léo ficou levemente constrangido, o seu rosto ficou vermelho
de vergonha.

— Ok. Onde está o Damon? — Sorri para ele.


Olhei em volta.

— Ele iria me encontrar aqui, já deve estar chegando.


Leo concordou balançando a cabeça, o céu estava cheio de estrelas, uma música calma
preenchia o local, as pessoas passavam por nós prestando atenção em cada canto, já tinha dez
anos que eu fui a um festival, às vezes me pergunto como seria ter a minha mãe e a minha amiga
aqui agora.

Eu sei que onde elas estiverem, estão felizes.


— A Brace não vem?

Leo estava prestando atenção em um grupo de garotas mais a frente, mas quando ouviu o
que eu estava falando, se virou em minha direção, ele suspirou.

— Ela não gosta deste tipo de coisa, preferiu ficar com as garotas na fazenda.
Eu tentei convencer a Lua e as outras garotas a virem, mas elas não quiseram, eu entendo,
voltar para este lugar deve ser difícil.

— Eu entendo.
Leo segurou nos meus ombros me abraçando.

— Mas eu estou aqui.

Eu sorri.
— Sim você está. — Um sorriso não saiu do meu rosto.

Vejo uma comoção do lado esquerdo, olhei na direção e vejo ele andando em nossa
direção, o meu coração parecia que ia sair pela minha boca a qualquer momento, os nossos
olhares se encontraram. Eu não conseguia me acostumar com a beleza e a elegância dele, era
algo surreal.

Ele me encarou, Damon levantou levemente uma sobrancelha ao perceber que o braço do
Léo ainda permanecia no meu ombro, meu amigo retirou o braço meio sem graça, acabei
sorrindo pela expressão que estava no seu rosto.

— Eu vou dar uma volta, te encontro depois.

Ele não esperou resposta e saiu sem olhar para trás.


Damon segurou na minha mão com delicadeza, as minhas mãos estavam geladas e as deles
quentes.

— Você demorou.

Andamos um ao lado do outro, com a sua mão ainda segurando a minha.


— Estava preso em uma reunião, demorou mais do que eu previ. Te fiz esperar muito? —
Sua voz era calma, observei o seu rosto com um sorriso nos lábios.

— O Léo me fez companhia.


— Eu percebi. Porque ele fica te tocando tanto?

Balancei a cabeça tentando controlar o meu sorriso.

— Se eu não te conhecesse, poderia jurar que está com ciúmes.

Damon permaneceu me encarando com intensidade. Os seus olhos eram tão claros.

— Eu seria um tolo se não sentisse ciúmes de você. — Paramos. Eu podia ouvir os


batimentos do meu coração nos meus ouvidos. — Você é linda, encantadora e corajosa, eu nunca
conheci alguém com tanta coragem em toda a minha vida.
O meu rosto ficou vermelho. As pessoas passavam por nós, mas naquele momento parecia
que tinha só eu e ele naquele lugar, só o céu repleto de estrelas como testemunha.

Quando o festival acabou, voltamos para o castelo.


Estava parada em frente a parede com aquele vidro, já era tarde, mas me encantava olhar
para o céu, as estrelas e a lua iluminando tudo, era algo tão mágico, tão único.

— Você não está com sono? — Sorri ao sentir os braços do Damon em volta do meu
corpo, me fazendo sentir protegida.

— Estou sem sono, a lua está tão bonita que resolvi apreciá-la um momento.
Eu sinto a sua respiração no meu pescoço, fazendo o meu corpo arrepiar.

Damon retirou os meus cabelos que estavam caindo sobre meus ombros e os deixou de
lado, revelando minha nuca. Sua voz era um sussurro suave em meu ouvido.
— Você também é como a lua, radiante e misteriosa. E eu sou um mero admirador dessa
beleza celestial.

Senti meu coração se acelerando enquanto virava meu corpo para encará-lo. Seus olhos
brilhavam na penumbra, refletindo o brilho das estrelas.

— Damon…
Ele segurou meu rosto com as mãos, aproximando nossos lábios lentamente. O beijo era
doce e apaixonado, como se todos os sentimentos que tínhamos um pelo outro estivessem sendo
expressos naquele instante.

Nesse momento, não havia dúvidas ou incertezas, apenas amor e sincronia entre nós. Eu
me sentia completa ao lado de Damon, como se tivesse encontrado minha outra metade.
Ao nos separar eu ainda olhava para ele sentindo cada parte do meu corpo ansiando por
mais e mais.

— Eu te amo…
Quando eu finalmente falei isso, eu senti que poderia morrer bem naquele momento sem
arrependimento algum, eu o queria, eu o amava.

Damon tinha um leve sorriso no rosto antes de envolver a sua mão na minha nuca,
trazendo meus lábios de volta aos dele. O beijo agora era ainda mais intenso, cheio de paixão e
desejo.
Ele me segurava com firmeza, como se não quisesse me deixar escapar. Cada toque, cada
carícia, era um lembrete do que significávamos um para o outro.

Enquanto nos entregávamos ao momento, senti que o mundo ao nosso redor desaparecia.
Éramos só nós dois, unidos pelo amor e pela conexão que compartilhávamos.

E ali, naquele abraço apertado e naquele beijo ardente, eu soube que meu coração tinha
encontrado o seu verdadeiro lar. Eu pertencia a Damon, assim como ele pertencia a mim.
— Eu também te amo…. Eu sempre vou te amar. — A intensidade do seu olhar era algo
tão incrível, sorri segurando no seu rosto, a nossa história não foi como um conto de fadas,
estava bem longe disso, mas foi uma história, que teve o seu começo e meio, e sinceramente eu
não queria que tivesse um fim. — Por isso eu tenho algo para te perguntar…

— Pode me perguntar o que quiser.


Damon suspirou lentamente. O seu olhar era tão intenso.

— Você quer se casar comigo?

Meu coração acelerou e minhas mãos tremeram ao ouvir aquela pergunta tão inesperada,
mas tão sincera. Era como se o tempo tivesse parado naquele momento, e todas as memórias
felizes que construímos juntos vieram à tona.
Eu não precisava pensar duas vezes para dar a minha resposta. Meus olhos se encheram de
lágrimas de alegria enquanto eu olhava nos olhos de Damon. Eu não queria estar em outro lugar
que não fosse ao lado dele.

— Sim, sim, mil vezes sim! Eu quero passar o resto da minha vida ao seu lado.
Um sorriso radiante se formou no rosto dele, e ele me abraçou com força. Eu estava tão
feliz, as lágrimas desciam pelo meu rosto, no passado eu nunca me imaginei casando algum dia,
mas agora eu não me via casando se não fosse com ele.

Ali nos seus braços, algo veio à minha mente, me separei dos seus braços, Damon me
encarou. O meu coração estava acelerado.

— Eu vou ser rainha?


Ele sorriu depositando um beijo delicado no meu rosto.

— Você sempre foi a minha rainha…


Capítulo 71
Dois meses depois…
— Você está cada dia melhor. — Damon disse se aproximando, ficando na minha frente.
Sorri passando a mão pelo meu rosto suado.

— Estou conseguindo controlar meus poderes por mais tempo.


Ele sorriu também, me encarando.

— Sim, o seu controle está perfeito, ainda me lembro do desastre que era te treinar no
começo.

— Eu não era tão ruim assim. — Afirmei, andávamos lado a lado indo na direção da porta.
Ele levantou uma sobrancelha zombando de mim, revirei os olhos para ele.

— Você sabe que eu te amo, mas sim, você era muito ruim.

— Muito ruim é um exagero. — Ele sorriu.

— Ok. Só um pouco ruim, está melhor?

Um pequeno sorriso já estava no meu rosto confirmado.


— Preparada para o nosso casamento?

O meu estômago embrulhou só de lembrar que faltava um mês para o nosso casamento, eu
estava tão nervosa que cada dia que passava ficava pior, eu irei me casar com um rei, respirei
fundo.
— Não.
Damon segurou no meu braço me fazendo parar, já estávamos na porta. Meu coração
acelerou, ele tocou o meu rosto.

Respirei fundo o encarando.


— Eu estou nervosa. — Admiti.

— Não precisa ficar nervosa.

— Falar é fácil. — Respirei fundo. — Você já viu quantas pessoas vão estar presentes? —
Ele sorriu depositando um beijo no meu rosto, meu corpo estremeceu só de sentir Damon tão
perto.

— Se você quiser, podemos nos casar em segredo, só eu e você. — Sorri segurando na sua
mão.

— Você sabe que isso é impossível para um rei não sabe? — Ele sorriu, aquele sorriso que
fazia o meu coração acelerar.
— Nada é impossível para um rei meu amor.

Acabei o abraçando com força, eu adorava estar nos braços do Damon, estava tão sensível
estes dias, as vezes me dava vontade de simplesmente me sentar e chorar por horas e horas, eu
não sei se foram as suas palavras, mas já estava sentindo os meus olhos lacrimejando.
Damon correspondeu ao abraço, eu sentia o seu cheiro invadindo cada parte do meu corpo,
era tão reconfortante ficar assim com ele.

— Estou falando sério, é só você dizer que sim, e darei um jeito de fazer acontecer, não
estou me importando se alguém vai ficar com raiva, a única coisa que realmente importa é você.

Damon se afastou me encarando.


— Por que você está chorando? — As suas mãos seguravam o meu rosto com delicadeza.

— Não é nada.
— Como não é nada? — Ele suspirou. — Eu não gosto de te ver chorando.

Sorri para ele.

— É apenas a pressão de tudo, pode ficar tranquilo eu estou bem.


Eu não sabia se ele tinha acreditado nas minhas palavras, mas a sua expressão se suavizou
um pouco.

— Eu posso adiar a reunião que eu tenho hoje, assim poderei ficar o restante do dia com
você.

Dei um beijo nos seus lábios.


Damon segurou na minha cintura trazendo o meu corpo para mais perto do seu, eu sentia o
meu coração martelando no meu peito, segurei no seu pescoço intensificando o beijo. Quando
me afastei, fiquei a centímetros do seu rosto, nossas respirações ofegantes.

— Eu adoraria, mas sabemos que não vai dar, eu tenho que ir ver como está ficando a
reforma do prédio para que as crianças comecem a estudar no mês que vem.
— Por um momento eu esqueci. — Ele suspirou. — Farei de tudo para que a reunião
termine mais cedo, poderiamos dar um passeio, tem um tempo que não ficamos juntos.

— Eu ficarei te esperando. — Damon sorriu acariciando o meu rosto.


— Quem vai com você?

Sorri antes de responder.

— O Léo.
— Tinha que ser ele. — Ele resmungou.

— Você sabe que ele é uma boa pessoa.


— Sim. O único problema é quando abre a boca.

Sorri, estávamos no corredor indo na direção do nosso quarto.

— Por que você não gosta dele?


Damon ficou um momento calado.

— Eu gosto dele quando está calado.


— Ele é uma boa pessoa, e é o meu melhor amigo, vocês deveriam se dar bem, afinal, eu
amo vocês dois.

Damon suspirou depositando um beijo no meu rosto.

— Eu prometo que vou tentar.


Segurei o seu braço com força.

— Obrigada! — Sorri o encarando, ao olhar para o Damon eu vejo um leve sorriso no seu
rosto.
Já estava quase tudo pronto, respirei aliviada ao ver a fachada do prédio.

— Está ficando incrível. — Olhei na direção do meu amigo.


— Eu fico muito feliz que as crianças vão poder estudar.

Andamos juntos, prontos para entrar.


— Eu também fico. — Léo me encarou. — Como você está?

— Estou bem. Por que a pergunta?


Ele levantou uma sobrancelha olhando para mim.

— Você está um pouco pálida.


Tem dias que eu não estou me sentindo bem, mas não falei para ninguém, não queria
preocupá-los, provavelmente é o estresse por saber que o casamento está próximo.

— Provavelmente é o calor. E tem o casamento, e tanta coisa para resolver.

— Tem certeza? — Ele me perguntou preocupado. — Acho melhor você se sentar um


pouco.

— Estou bem Léo. — Afirmei tentando acalmá-lo.

Mas quando eu tentei sorrir, minha visão ficou escura, sinto quando ele me segurou nos
braços, impedindo que eu caísse, depois disso não me lembro de mais nada.

A minha boca estava seca, abri os olhos devagar, no começo a luz me incomodou, mas
depois me acostumei, olhei para o meu lado e vejo o Léo sentado, quando ele percebeu que eu
estava acordada se levantou segurando minha mão.

— O que aconteceu? — Perguntei tentando me sentar direito, ele suspirou aliviado.


— Você desmaiou Vitória, por isso te trouxe até o hospital. — Olhei para os lados e vejo
as paredes brancas, já tinha um mês que tínhamos um hospital, eu fiquei tão feliz com a
inauguração.

—- Obrigada por ter me trazido aqui.


—- Eu estou aliviado que agora você está bem, o Damon já deve estar chegando.

O encarei.

— Não precisava avisá-lo.


— Você ficou doida? Se eu não o avisasse, ele provavelmente cumpriria o que vive
prometendo por aí, e vamos combinar não é mesmo, sou muito jovem e bonito para morrer.

Eu sorri olhando para ele, conseguir me sentar direito.


De repente um senhor com um jaleco branco entrou no quarto.

— Ela acordou doutor. — O médico olhou para o Léo e depois para mim.
— Que bom, você só precisava descansar.

— O que ela tem doutor? – Léo perguntou preocupado.


O médico olhou para a prancheta nas suas mãos.

— Bem… Os exames indicam que você está grávida, isso explica o seu mal-estar.

Encarei o doutor sem piscar uma única vez.


Grávida! Como assim grávida? Eu não podia estar grávida, o Damon é um vampiro!

Eu estava em choque, ao olhar para o idiota do meu amigo, ele sorria como uma hiena
louca.
— Porra! Eu vou ser tio!

Parei de prestar atenção nele quando vejo o Damon correndo até chegar até mim, ele
perguntava algo, mas eu não conseguia ouvir, as palavras do médico ficavam se repetindo sem
parar. O meu coração disparava no meu peito, vejo o Damon olhando para mim, e depois para o
idiota do meu amigo que ainda tinha um grande sorriso no rosto.

— O que aconteceu? Por que ela não fala nada?


Eu queria falar, mas não estava conseguindo, parecia que o meu cérebro tinha ficado em
branco.

— Eu estava dando a notícia para ela que os exames indicam que ela está grávida. Acho
que ela entrou em choque.
Damon ficou calado, ele olhava para mim com o rosto branco como um papel.

Ouço a risada do miserável do meu amigo.

— Acho que ele ficou em choque também doutor.


O doutor ficou constrangido.

— Vou deixar vocês sozinhos um pouco.


O médico saiu, naquele momento eu percebi a Alice na porta, olhando para nós três
naquele quarto, eu, o Damon, e um Léo que não tirava o sorriso do rosto.

Não foi uma boa ideia quando o Léo segurou no ombro do Damon e soltou uma piada. Ele
não aprendia com os seus próprios erros.
— Como eu tinha falado antes, acho que o sangue da Vitória não só te deixou imune ao
sol, ele também reviveu os seus esper…

Damon encarou o meu amigo com um olhar mortal, só isso foi o suficiente para ele tirar a
mão que ainda permanecia no seu ombro.
— Alice, leve ele daqui antes que eu o mate lentamente.

Leo levantou os braços em forma de rendição. Alice entrou no quarto ficando do lado do
meu amigo.
— Eu estou feliz, afinal, vou ser tio. — Léo me encarou com um pequeno sorriso nos
lábios, se aproximou beijando o meu rosto. — Eu estou muito feliz por você. — Ele se virou
olhando para o Damon que continuava me encarando. — Depois eu vou te visitar, acho que estou
atrapalhando. — Damon respirou fundo como se fosse óbvio.

Antes dele sair com a Alice, eu ainda o ouço.

— Você está vendo Alice, vamos ser tios, agora me fala, que dia você vai aceitar o meu
pedido para sair comigo?
Mesmo eles já estando no corredor eu ouço a resposta dela.

— Nunca! — Ouço meu amigo sorrindo.


— Vou fazer esse nunca virar um sim, você vai ver.

Olhei para o Damon, os meus olhos estavam ardendo.

Ele se aproximou me abraçando, não precisávamos falar nada naquele momento, eu só


queria que ele continuasse me abraçando.
Depois que voltei do hospital, tomei um banho e me deitei, após um momento eu vejo o
Damon se aproximando com uma bandeja repleta de coisas, o encarei.

— Eu pensei que você estivesse com fome.

— Eu estou bem.

Damon suspirou, se aproximou ficando do meu lado na cama, ele me puxou para os seus
braços.

— Damon! Eu estou grávida! Como isso pode acontecer?


Ele suspirou.

— Eu sei que você está com medo, mas tudo vai ficar bem, eu prometo.
O encarei.

—- Vamos ser pais. — Engoli em seco. — Eu estou com medo.


Ele segurou no meu rosto.

— Não precisa ter medo Vitória, eu vou sempre estar do seu lado. — Ele encarou a minha
barriga. Damon repousou a mão delicadamente em cima da minha barriga. — E ao lado do
nosso filho, eu posso não ter tido nenhum exemplo de como ser um bom pai, mas te prometo que
serei o melhor para você e o nosso filho.
As lágrimas rolaram pelo meu rosto.

— Você será um ótimo pai Damon, eu tenho certeza disso. — Ele sorriu me abraçando.
Estou grávida.

Ainda estava tentando assimilar essa informação, mas sabia que no final, tudo ficaria bem.
Eu amava o Damon, e já amava essa criança que estava crescendo dentro de mim.

— Eu te prometo que serei…


Ao olhar para ele eu sabia que era verdade, às vezes algo obscuro se transforma, em algo
bom, algo que vai lhe fazer questionar o que é certo e errado. E na minha história o errado
prevaleceu, e estou feliz que ele tenha prevalecido.
Eu gostaria de agradecer a cada um de vocês, que leram essa história, eu confesso que foi
uma grande surpresa para mim, o tanto de mensagens que eu recebi sobre este livro, eu sei que
este é um romance sombrio, mesmo assim, vocês abraçaram o Damon e a Vitória, eu só tenho
que agradecer por todo o apoio e carinho.
Foi incrível ter a oportunidade de compartilhar essa história com vocês e ver que ela tocou
tantos corações.

Agradeço também a todos os que me incentivaram e me deram forças para continuar


escrevendo. Essa história não teria sido possível sem vocês.
Espero que tenham desfrutado dessa jornada de amor e fantasia, e que tenham aquecido
seus corações. Vocês são os melhores leitores que alguém poderia desejar.

Um grande obrigado a todos vocês, do fundo do meu coração.

Com amor...

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