COMPARAÇÃO DOS TEXTOS - revisão de prova
COMPARAÇÃO DOS TEXTOS - revisão de prova
COMPARAÇÃO DOS TEXTOS - revisão de prova
Esta discussão mostra que o artigo de Martinhago e Caponi não apenas critica o DSM
como um modelo fechado e com limitações, mas também propõe uma reflexão sobre
como a saúde mental é percebida, apresentada e tratada.
O texto “CID e DSM: breve percurso histórico das classificações dos transtornos
mentais” apresenta um panorama sobre o desenvolvimento dos dois principais
sistemas de classificação de transtornos mentais: a Classificação Internacional de
Doenças (CID) e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM ).
Ambos os sistemas têm uma longa história e evoluíram ao longo do tempo para ajudar
profissionais de saúde mental a diagnosticar e categorizar condições mentais. Vamos
aos principais pontos discutidos:
1. Origem e Propósito: Tanto o CID quanto o DSM foram criados para fornecer
uma linguagem comum para os diagnósticos de transtornos mentais, facilitando
a comunicação entre profissionais e permitindo uma padronização
internacional nos cuidados com a saúde mental. O CID é publicado pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), enquanto o DSM é produzido pela
Associação Americana de Psiquiatria (APA).
2. Desenvolvimento Histórico:
o CID: A CID foi desenvolvida inicialmente para catalogar todas as
doenças, incluindo doenças físicas e mentais, e é utilizada em diversos
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países, abrangendo um amplo espectro da saúde. O texto descrito como
o CID, especialmente a partir do CID-10 e posteriormente no CID-11,
evoluiu para incluir uma seção específica de transtornos mentais que
busca integrar uma visão biopsicossocial das condições.
o DSM: O DSM foi criado com um foco exclusivo em transtornos mentais
e é amplamente utilizado na psiquiatria, especialmente nos Estados
Unidos. Desde sua primeira edição, nos anos 1950, o DSM passou por
várias revisões. Cada edição buscou refinar as definições e categorias
diagnósticas para refletir novos entendimentos da saúde mental. A
versão mais recente, o DSM-5, tenta adotar uma visão dimensional,
considerando a variabilidade e gravidade dos sintomas.
3. Diferenças Metodológicas: O texto também destaca as diferenças na
abordagem metodológica de cada sistema:
o CID: É amplamente usado por profissionais de diversas áreas da saúde
e busca uma abordagem mais universal, integrando critérios que podem
ser aplicáveis em diferentes culturas e contextos sociais. A CID procura
ser mais inclusiva, considerando as complexidades culturais e sociais.
o DSM: Adota uma abordagem mais focada em critérios específicos e
baseada em sintomas, com ênfase nas categorias de diagnóstico que
excluem a presença de um conjunto definido de critérios. O DSM tende
a ser mais utilizado na psiquiatria americana e frequentemente é
criticado por sua influência biomédica e pela ênfase em diagnósticos que
podem levar a disciplinas farmacológicas.
4. Impacto na Saúde Mental Global: Ambos os sistemas têm impacto direto na
prática clínica e no tratamento de saúde mental no mundo todo. Por serem
usados por profissionais de diferentes culturas, os sistemas influenciam
diretamente a definição de normalidade e desvio, moldando políticas de saúde
e acesso a tratamento.
5. Controvérsias e Limitações: O texto aborda as controvérsias envolvendo o
CID e o DSM, incluindo críticas sobre a medicalização e a influência de
interesses econômicos, especialmente em relação ao DSM. Há também
debates sobre o potencial de ambos os sistemas para patologizar
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comportamentos que podem ser normais em diferentes contextos culturais e
sociais.
6. Perspectiva Atual e Caminhos Futuros: Finalmente, o texto sugere que
ambas as classificações ainda estão evoluindo e devem continuar se
adaptando para refletir os avanços na compreensão dos transtornos mentais.
A tendência é uma maior integração entre CID e DSM, buscando critérios
diagnósticos que sejam mais sensíveis às questões culturais e individuais, com
uma abordagem que possa ir além dos diagnósticos rígidos e biomédicos.
Esse percurso histórico mostra que CID e DSM são sistemas fundamentais na saúde
mental, mas que têm limites e estão em constante revisão para melhor representar as
complexidades dos transtornos mentais e o impacto desses diagnósticos na vida das
pessoas ao redor do mundo.
Aprofundando um pouco mais cada ponto do texto “CID e DSM: breve percurso
histórico das classificações dos transtornos mentais”:
1. Origem e Propósito:
o CID: A Classificação Internacional de Doenças (CID) foi criada pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) para abranger todos os tipos de
doenças, incluindo doenças físicas e mentais, e é utilizada
mundialmente por profissionais da saúde. Seu propósito inicial era
facilitar a coleta de dados de saúde e padronizar diagnósticos,
promovendo comparações entre diferentes regiões e períodos de
tempo. A CID foi se adaptando ao longo dos anos, e suas características
de transtornos mentais ganharam destaque, especialmente na CID-10
e, mais recentemente, na CID-11, onde ela busca uma visão mais
integrada e biopsicossocial.
o DSM: Criado pela Associação Americana de Psiquiatria (APA) no
contexto dos Estados Unidos, o DSM foi focado unicamente em
transtornos mentais e desenvolvido para ser uma referência para
psiquiatras e psicólogos. Desde sua primeira edição, o DSM incluiu
reflexões sobre o entendimento psiquiátrico da época, e as edições
seguintes (DSM-II, DSM-III, etc.) incluíram modificações importantes
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para acompanhar avanços científicos. Na versão atual, o DSM-5, foram
introduzidos conceitos que reconhecem a variabilidade de sintomas
entre pessoas, buscando um modelo menos rígido.
2. Desenvolvimento Histórico:
o O CID teve suas primeiras versões ainda no final do século XIX, mas as
especificações específicas para saúde mental só foram incluídas nas
edições mais recentes, com o CID-6 sendo a primeira a introduzir um
capítulo específico para transtornos mentais. O CID-11, lançado
recentemente, incluiu mudanças significativas, como a eliminação de
diagnósticos ultrapassados e a adaptação de critérios para refletir uma
abordagem menos centrada no Ocidente, mais inclusiva para diversas
culturas.
o O DSM surgiu na década de 1950, e suas primeiras edições foram
fortemente influenciadas pelas teorias psicanalíticas. Com o DSM-III, na
década de 1980, houve uma mudança importante, abandonando a
influência psicanalítica em favor de uma abordagem mais científica e
categórica, que buscava maior objetividade. O DSM-5, lançado em
2013, tem a ideia dinâmica de que os sintomas variam em intensidade,
oferecendo uma visão mais flexível, o que pode permitir diagnósticos
mais sensíveis.
3. Diferenças Metodológicas:
o O CID é organizado de forma a ser utilizado em diferentes sistemas de
saúde, de maneira acessível a profissionais de diversas áreas, como
médicos, enfermeiros e psicólogos. Ela tenta evitar uma visão
puramente biomédica, incluindo fatores ambientais e sociais para
facilitar diagnósticos mais abrangentes, adaptáveis a diferentes
contextos culturais.
o O DSM, em contraste, é mais detalhado na descrição de sintomas e
critérios diagnósticos específicos que devem ser atendidos para cada
transtorno. Essa abordagem mais “engessada” permite consistência
diagnóstica, mas é criticada por desconsiderar nuances e
complexidades individuais e culturais.
4. Impacto na Saúde Mental Global:
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o O CID é usado em quase todos os países do mundo, sendo
particularmente importante em políticas públicas, pois os dados que ela
ajuda a coletar informações sobre as necessidades de saúde em grande
escala. Suas classificações também influenciam como os profissionais
são treinados em diferentes contextos culturais.
o O DSM, embora mais utilizado nos Estados Unidos, tem impacto em
outras partes do mundo, especialmente na América Latina e em alguns
países da Europa. Como uma referência de prestígio na psiquiatria, ele
influencia pesquisas científicas e tratamentos, mas sua ênfase
biomédica é vista por alguns como um incentivo à medicalização
excessiva e ao uso de medicamentos.
5. Controvérsias e Limitações:
o Medicalização: Uma das críticas mais fortes é que tanto o DSM quanto
o CID tendem a patologizar comportamentos humanos comuns,
especialmente no DSM. Esse processo pode levar a diagnósticos
desnecessários, estimulando o uso excessivo de medicamentos e,
muitas vezes, simplificando problemas complexos que poderiam ser
envolvidos de maneiras diferentes, como por terapias psicossociais.
o Interesses econômicos e farmacêuticos: O DSM é especialmente
criticado por possíveis influências da indústria farmacêutica, que, em
segundo lugar, teria interesse na ampliação de categorias diagnósticas
para aumentar a venda de medicamentos. Essa crítica reflete o medo
de que condições que poderiam ser abordadas de outras formas sejam
“medicalizadas” para fins comerciais.
o Rigidez Diagnóstica: O modelo categórico do DSM exige que os
indivíduos se encaixem em critérios específicos para um diagnóstico.
Isso pode ser útil para padronização, mas é criticado por sua falta de
flexibilidade em consideração diferenças individuais e contextos
culturais.
6. Perspectiva Atual e Caminhos Futuros:
o Existe uma tendência de convergência entre as abordagens do DSM e
da CID. Ambos os sistemas têm a opção de incorporar uma visão mais
multidimensional dos transtornos mentais, incluindo fatores biológicos,
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psicológicos e sociais. Com o CID-11, os diagnósticos modernos do
OMS são mais simples de adaptar a diferentes culturas, um avanço para
evitar a “exportação” de critérios culturais específicos dos Estados
Unidos.
o Na área da saúde mental, existe um movimento crescente para substituir
abordagens puramente biomédicas por uma visão biopsicossocial que
respeite a singularidade de cada pessoa. Com isso, o objetivo é oferecer
diagnósticos e tratamentos mais adequados, respeitando as nuances
culturais e as necessidades específicas de cada indivíduo.
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atualizações recentes, refletindo avanços na compreensão dos transtornos mentais,
mas também gerando críticas sobre a medicalização excessiva e prejudicada
categórica dos diagnósticos.
2. Abordagens Diagnósticas
A crítica mais forte dirigida ao DSM é sua rigorosa categórica. O artigo discute como
o DSM classifica os transtornos em categorias fixas e exige que os indivíduos
compareçam a um conjunto específico de critérios para receber um diagnóstico. Isso
pode resultar na medicalização de experiências normais da vida, onde
comportamentos e emoções naturais são patologizados. Essa abordagem é vista
como uma limitação que não leva em conta a variabilidade individual e os contextos
socioculturais.
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Em contraste, a natureza abrangente do CID é vista como uma vantagem na prática
clínica. Ao adotar uma perspectiva mais ampla que considera fatores biológicos,
psicológicos e sociais, o CID oferece uma base melhor para intervenções que
permitem reconhecer a diversidade das experiências humanas. Isso pode resultar em
um tratamento mais eficaz e centrado no paciente, que leva em contato com o
contexto social e cultural em que o indivíduo está inserido.
Por outro lado, o CID, ao ter uma abordagem mais abrangente e menos suscetível a
influências externas, pode favorecer a promoção de disciplinas que não se
concentram apenas na farmacoterapia. Isso abre espaço para considerar tratamentos
psicossociais e preventivos, muitas vezes negligenciados em um modelo de
diagnóstico frequentemente medicalizado.
O CID, em sua abordagem mais inclusiva, propõe um caminho mais promissor para a
integração de múltiplos fatores no diagnóstico e tratamento dos transtornos mentais.
Essa abordagem busca atender às necessidades de saúde mental de maneira mais
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eficaz, confirmando a importância do contexto social e cultural no entendimento e na
intervenção em problemas de saúde mental.
Conclusão
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