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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ

INSTITUTO NACIONAL DE INFECTOLOGIA EVANDRO CHAGAS


MESTRADO EM PESQUISA CLÍNICA EM DOENÇAS INFECCIOSAS

ESPOROTRICOSE FELINA E CANINA NA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO


DE JANEIRO: PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO E TIPAGEM
SEXUAL DE ISOLADOS DE Sporothrix brasiliensis

Cindy Caroline dos Santos Honorato

Rio de Janeiro
2022
Cindy Caroline dos Santos Honorato

ESPOROTRICOSE FELINA E CANINA NA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO


DE JANEIRO: PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO E TIPAGEM SEXUAL DE
ISOLADOS DE Sporothrix brasiliensis

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-


graduação em Pesquisa Clínica em Doenças
Infecciosas do Instituto Nacional de
Infectologia Evandro Chagas para obtenção do
grau de Mestre em Ciências.

Orientadores: Dr. Manoel Marques Evangelista


de Oliveira e Drª. Isabella Dib Ferreira
Gremião.

Rio de Janeiro
2022
Cindy Caroline dos Santos Honorato

ESPOROTRICOSE FELINA E CANINA NA REGIÃO METROPOLITANADO RIO


DE JANEIRO: PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO E TIPAGEM SEXUAL DE
ISOLADOS DE Sporothrix brasiliensis

Dissertação apresentada ao curso de pós-


graduação em Pesquisa Clínica em Doenças
Infecciosas do Instituto Nacional de
Infectologia Evandro Chagas para obtenção do
grau de Mestre em Ciências.

Orientadores: Dr Manoel Marques Evangelista de Oliveira


Dr.ª Isabella Dib Ferreira Gremião.

Aprovada em ___ / ___ / ____

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________
Dr.ª Jéssica Sepulveda Boechat (Presidente)
Doutora em Ciências
Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas - Fundação Oswaldo Cruz

___________________________________________
Dr.ª Gisela Lara da Costa (Membro)
Doutora em Ciências Veterinárias
Instituto Oswaldo Cruz - Fundação Oswaldo Cruz

___________________________________________
Dr. Carlos Zarden Feitosa de Oliveira (Membro)
Doutor em Medicina Veterinária
Universidade Federal Rurgal do Rio de Janeiro

___________________________________________
Dr. Sandro Antonio Pereira (Suplente)
Doutor em Ciências
Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas - Fundação Oswaldo Cruz.
Aos meus pais Neide Honorato e Imidio
Honorato (in memoriam). E a todos os cães
e gatos da minha vida.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, em primeiro lugar, por ser minha fortaleza nos momentos difíceis, dando-
me ânimo e coragem para seguir.

Ao meu orientador Dr. Manoel Marques Evangelista de Oliveira pela confiança, paciência
e aprendizado nesses dois anos de convívio. Muito obrigada por tudo.

À minha orientadora Drª. Isabella Dib Ferreira Gremião, por todo auxílio, ensinamentos e
revisões neste trabalho. Pela amizade inestimável, pela força em todos os momentos,
incentivo e apoio desde quando era estagiária.

À Drª. Jéssica Sepulveda Boechat, que foi essencial nesta caminhada. Agradeço por todos
os ensinamentos e apoio. Obrigada pela paciência, por esclarecer minhas dúvidas, e por
todo acompanhamento, sugestões e correções realizadas durante esta trajetória.

Ao Dr. Sandro Antonio Pereira por todo auxílio, principalmente neste projeto, e por ter me
dado a primeira oportunidade na veterinária, estágio no Lapclin - Dermzoo, no qual eu
descobri a paixão pela área.

À minha mãe, Neide Honorato e ao meu pai, Imidio Honorato (in memoriam), que sempre
acreditaram em mim e me incentivaram. Obrigada por terem sido sempre pais incríveis.
Agradeço por todos os sacrifícios e batalhas que vocês enfrentaram para que eu chegasse
até aqui. Tenho muito orgulho de ser filha de vocês.

À minha irmã e melhor amiga Cintia Honorato. Agradeço por todo apoio, por sempre estar
ao meu lado em todos os momentos, por sempre ser uma referência de força e por ter me
dado de presente meu amado sobrinho Miguel.

Ao meu namorado André Chacon, por me apoiar em todas as situações, por sempre
acreditar em mim, mesmo quando eu mesma tenho dificuldade. Agradeço pelo amor,
paciência e companheirismo.
Ao Lapclin-Dermzoo, principalmente a Anna Figueiredo, Artur Velho, Adilson Benedito,
Bruno Fiore, Emília Lima, Lucas Keidel, Paula Viana, Renato Ornellas. Obrigada por todos
os momentos. Sem deixar de mencionar Maria Correa, Thais Nascimento, Gabriela Reis e
Isabela Maria, por estarem comigo ao longo desse processo, pelas risadas e por serem fonte
de acolhimento, força e amizade.

A todos os colegas do LTBBF, Gisela Lara, Danielly Corrêa, Raul Leal, Thais Barreira,
Leticia Pena e Anna Marinho, por todos os momentos que compartilhamos, em especial a
Debora Morgado e Roberta Laine, por serem amigas de todas as horas, agradeço pelo
carinho, apoio e incentivo.

Aos membros da banca por terem aceitado participar neste momento tão importante pra
mim, pela atenção e por todas as considerações realizadas.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão


da bolsa de mestrado.

Aos cães e gatos deste estudo, e pelos que passaram pela minha vida, por serem incentivo
profissional e alegria.
HONORATO, C. C. S. Esporotricose felina e canina na região metropolitana do rio
de janeiro: perfil clínico-epidemiológico e tipagem sexual de isolados de Sporothrix
brasiliensis. 68f. Dissertação [Mestrado em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas] –
Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Rio de
Janeiro, 2022.

Resumo

Sporothrix brasiliensis é o principal agente etiológico da esporotricose felina e canina no


Brasil. Estudos sobre a evolução da reprodução tanto em espécies homotálicas quanto
heterotálicas no gênero Sporothrix são escassos. Além disso, existem poucos estudos que
caracterizem o tipo de acasalamento desse fungo no Rio de Janeiro, visto que até o
momento não está totalmente esclarecida a relação dos idiomorfos de S. brasiliensis e sua
influência em felinos. Quanto aos caninos, não foram realizados estudos que abordem
este tema. Devido ao elevado número de casos da doença na região metropolitana do Rio
de Janeiro, torna-se necessário um estudo do tipo de acasalamento dado a importância da
reprodução sexuada, visto que a mesma influencia fortemente o nível de variabilidade
genética nas populações de fungos. Este estudo teve como objetivo principal determinar
o tipo sexual de isolados de S. brasiliensis de cães e gatos, provenientes da região
metropolitana do Rio de Janeiro, e o perfil clínico e epidemiológico desses animais. Trinta
e sete isolados de S. brasiliensis foram utilizados no estudo, sendo 21 de felinos e 16 de
caninos atendidos no Laboratório de Pesquisa Clínica em Dermatozoonoses em Animais
Domésticos (Lapclin- Dermzoo), INI/Fiocruz. Os dados clínicos foram obtidos a partir
da revisão dos prontuáriosdos animais incluídos. Quanto a tipagem sexual, os idiomorfos
MAT1-1 e MAT1-2 foram determinados pela PCR (Reação em Cadeia da Polimerase).
A maioria dos cães e gatos eram machos, sem raça definida, em bom estado geral e
provenientes do município do Rio de Janeiro. Houve predomínio de gatos com acesso à
rua, com lesões cutâneas e mucosas em três ou mais localizações anatômicas. Nos cães,
a forma clínica cutânea localizada associada a forma mucosa foi a mais frequente. Os
sinais extracutâneos estavam presentes na maioria dos cães e gatos, principalmente
espirros. A cura foi o desfecho clínico mais observado nestes animais. Todos os isolados
de cães e gatos avaliados no estudo eram do tipo MAT1-2. Nosso estudo descreveu pela
primeira vez o tipo de compatibilidade sexual de S. brasiliensis obtidos de cães com
esporotricose e também confirmou a predominância de MAT 1-2 na população felina no
Brasil. Os resultados sugerem que não há diferença no comportamento sexual de isolados
de S. brasiliensis oriundos de cães ou gatos, não sendo possível verificar uma associação
entre o tipo de acasalamento e o perfil clínico dos animais e seus desfechos, uma vez que
todos os isolados dos animais apresentaram o mesmo idiomorfo.

Palavras-chave: 1. Sporothrix brasiliensis 2. Esporotricose 3. Tipagem sexual 4. Cães. 5.


Gatos. 6. PCR.
HONORATO, C. C. S. Feline and canine sporotrichosis in the metropolitan region of Rio
de Janeiro: clinical-epidemiological profile and mating type of Sporothrix brasiliensis
isolates. 68f. Thesis [Master Thesis in Clinical Research on Infectious Diseases] - Oswaldo
Cruz Foundation, Evandro Chagas National Institute of Infectious Diseases. Rio de Janeiro,
2022.

Abstract
Sporothrix brasiliensis is the main etiologic agent of feline and canine sporotrichosis in Brazil.
Studies on the evolution of reproduction in both homothallic and heterothallic species in the
genus Sporothrix are scarce. In addition, there are few studies that identify the type in Rio de
Janeiro, since so far the relation between the idiomorphs of S. brasiliensis and their influence
on felines is not fully understood. As for canines, no studies have been carried out on this topic.
Due to the high number of cases of the disease in the metropolitan region of Rio de Janeiro, it
is necessary to study the mating type, given the importance of sexual reproduction, since it
strongly influences in the level of genetic variability in fungal populations. The main objective
of this study was to determine the sexual type of S. brasiliensis isolates from dogs and cats,
from the metropolitan region of Rio de Janeiro, and the clinical and epidemiological profile of
these animals. Thirty-seven isolates of S. brasiliensis were used in the study, being 21 from
felines and 16 from canines assisted at Laboratório de Pesquisa Clínica em Dermatozoonoses
em Animais Domésticos (Lapclin- Dermzoo) /INI/Fiocruz. Clinical data were obtained from
the review of their medical records. As for mating type, the idiomorphs MAT1-1 and MAT1-2
were determined by PCR (Polimerase Chain Reaction). Most dogs and cats were males, mixed
breed, in good general condition and from the city of Rio de Janeiro. There was a predominance
of cats with access to outdoor, presenting skin lesions in three or more anatomical locations. In
dogs, the localized cutaneous clinical form associated with the mucosal form was the most
frequent. Extracutaneous signs were present in most dogs and cats, mainly sneezing. Cure was
the most observed clinical outcome in these animals. All isolates from dogs and cats evaluated
in the study were MAT1-2. Our study described for the first time the type of sexual
compatibility of S. brasiliensis obtained from dogs with sporotrichosis and confirmed the
predominance of MAT 1-2 in the feline population in Brazil. The results suggest that there is
no difference in the sexual behavior of S. brasiliensis isolates from dogs or cats, being not
possibleto verify an association between the mating type and the clinical profile of the animals
and their outcomes, since all the isolates from animals showed the same idiomorph.
Keywords: 1. Sporothrix brasiliensis 2. Sporotrichosis 3. Mating type 4. Dogs 5. Cats 6. PCR.
Sumário
1.INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 12
1.1 ESPOROTRICOSE ............................................................................................................................. 12
1.1.1 Histórico ...................................................................................................................................... 13
1.1.2 Epidemiologia .............................................................................................................................. 14
1.1.3 Esporotricose felina ..................................................................................................................... 16
1.1.4 Esporotricose canina ................................................................................................................... 18
1.1.5 Gênero sporothrix ....................................................................................................................... 19
1.1.6 Fatores de virulência ................................................................................................................... 21
1.1.7 Tipagem sexual ............................................................................................................................ 22
1.1.8 Diagnóstico laboratorial da esporotricose .................................................................................. 24
1.1.9 Diagnóstico molecular................................................................................................................. 25
1.1.10 Aspectos terapêuticos da esporotricose .................................................................................... 27
2.JUSTIFICATIVA..................................................................................................................................... 29
3.OBJETIVO GERAL ................................................................................................................................ 30
3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................................. 30
4.METODOLOGIA .................................................................................................................................... 31
4.1 DESENHO DO ESTUDO ................................................................................................................... 31
4.2 CASUÍSTICA ..................................................................................................................................... 31
4.3 MATERIAIS, PROCEDIMENTOS E TÉCNICA .............................................................................. 31
4.3.1 Técnica Molecular....................................................................................................................... 31
4.3.2 Descrição clínica e epidemiológica dos felinos e caninos.......................................................... 32
4.4 ANÁLISE DE DADOS ....................................................................................................................... 34
5.RESULTADOS ......................................................................................................................................... 35
5.1 TIPAGEM SEXUAL DE ISOLADOS FELINOS E CANINOS ESTUDADOS ............................... 35
5.2 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS DOS FELINOS .................................. 37
5.3 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS DOS CANINOS ................................. 42
6.DISCUSSÃO ............................................................................................................................................. 47
7.CONCLUSÃO .......................................................................................................................................... 52
LISTA DE FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Gato com esporotricose causada por Sporothrix brasiliensis apresentando múltiplas
lesões cutâneas ulceradas em face ............................................................................................17

Figura 2 - A. Cão com lesão cutânea ulcerada em região cervical causada por S. schenckii. B
Cão com lesão mucocutânea ulcerada na região nasal causada por S.
brasiliensis................................................................................................................................19

Figura 3 - Gel de amplificação por PCR de MAT1-2 realizada em 21 amostras de S. brasiliensis


de isolados felinos. ................................................................................................................... 37

Figura 4- Gel de amplificação por PCR de MAT1-2 realizada em 16 amostras de S. brasiliensis


de isolados caninos....................................................................................................................38

Figura 5 - Frequência dos sinais respiratórios apresentados por 13 gatos com esporotricose, dos
quais os isolados foram obtidos, atendidos no Lapclin-Dermzoo/INI/Fiocruz (1998-2018).....41

Figura 6 - Frequência do tipo de lesão cutânea apresentados por 20 gatos com esporotricose,
dos quais os isolados foram obtidos, atendidos no Lapclin-Dermzoo/INI/Fiocruz (1998-2018).
...................................................................................................................................................42

Figura 7- Frequência da localização de lesões mucosas apresentados por 11 gatos com


esporotricose, dos quais os isolados foram obtidos, atendidos no Lapclin-Dermzoo/INI/Fiocruz
(1998-2018) ..............................................................................................................................42

Figura 8- Frequência do desfecho do tratamento em felinos com esporotricose dos quais foram
obtidosos isolados, no Lapclin-Dermzoo/INI/Fiocruz (2013-2018)..........................................43

Figura 9 - Frequência de sinais respiratórios em caninos com esporotricose dos quais foram
obtidos os isolados, no Lapclin-Dermzoo/INI/Fiocruz (2013-2018).........................................46

Figura 10- Frequência do tipo de lesão cutânea em caninos com esporotricose dos quais foram
obtidos os isolados, no Lapclin-Dermzoo/INI/Fiocruz (2013-2018).........................................46

Figura 11 - Frequência do desfecho do tratamento em caninos com esporotricose dos quais


foram obtidos os isolados, no Lapclin-Dermzoo/INI/Fiocruz (2013-2018)...............................47
LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Resultado de tipagem sexual realizada pela PCR de 21 isolados de felinos com
esporotricose no Lapclin-Dermzoo/INI/Fiocruz (1998-2018)...................................................36

Tabela 2 - Resultado de tipagem sexual realizada pela PCR de 16 isolados de caninos com
esporotricose, no Lapclin-Dermzoo/INI/Fiocruz (2013-2018)..................................................37

Tabela 3 - Distribuição das características epidemiológicas de 21 felinos com esporotricose


dos quais foram obtidos os isolados, no Lapclin-Dermzoo/INI/Fiocruz (1998-2018)...............39

Tabela 4- Distribuição das características clínicas dos 21 isolados felinos com esporotricose
atendidos no Lapclin-Dermzoo/INI/Fiocruz (1998-2018) ........................................................40

Tabela 5- Distribuição das características epidemiológicas dos 16 cães com esporotricose dos
quais foram obtidos os isolados, no Lapclin-Dermzoo/INI/Fiocruz (2013-2018)......................44

Tabela 6- Distribuição das características clínicas dos 16 isolados caninos com esporotricose
atendidos no Lapclin-Dermzoo/INI/Fiocruz (2013-2018).........................................................45
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BHI - Brain heart infusion (Infusão de cérebro e coração)

βtub - Beta tubulin (Beta tubulina)

CAL - Calmodulin (Calmodulina)

CHS - Chitin synthase (Quitina sintase)

CEUA - Comissão de Ética no Uso de Animais da Fiocruz

DHN – Dihydroxynaphthalene (Dihidroxinaftaleno)

DNA - Deoxyribonucleic acid (Ácido desoxirribonucleico)

dNTP - Deoxynucleotide triphosphates (Deoxinucleotídeo trifosfato)

EDTA - Ethylenediamine tetraacetic acid (Ácido etilenodiamino tetra-acético)

EUA – Estados Unidos da América

ELISA- Enzyme Linked Immunosorbent Assay (Ensaio de imunoabsorção enzimática)

Fiocruz – Fundação Oswaldo Cruz

HMG - High Mobility Group (Grupo de mobilidade alta)

INI - Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas

ITS - Internal transcriber spacer (Região de transcrição interna)

Lapclin-Dermzoo - Laboratório de Pesquisa Clínica em Dermatozoonoses em Animais


Domésticos

MAT - locus mating type

PCR - Polimerase Chain Reaction (Reação em cadeia da polimerase)

RAPD - Random amplified polymorphic DNA (DNA polimórfico amplificado


aleatoriamente)

RFLP - Restriction fragment length polymorphism (Polimorfismo de comprimento de


fragmentos de DNA)

SUBVISA - Subsecretaria de Vigilância, Fiscalização Sanitária e Controle de Zoonoses


12

1. INTRODUÇÃO

1.1 ESPOROTRICOSE

A esporotricose é uma doença micótica causada por espécies do gênero Sporothrix que
acomete humanos e animais (BOECHAT et al., 2018; RODRIGUES et al., 2016). É uma
infecção subaguda à crônica, geralmente restrita à pele, ao tecido celular subcutâneo e vasos
linfáticos adjacentes, embora eventualmente possa se tornar disseminada (BARROS et al.,
2011).

A espécie mais virulenta do gênero Sporothrix é Sporothrix brasiliensis (ISHIDA et al.,


2015), que é o agente etiológico mais prevalente em seres humanos e em cães e gatosno Brasil
(BOECHAT et al., 2018; MACÊDO-SALES et al., 2018; MONTENEGRO et al., 2014;
OLIVEIRA et al., 2011a; RODRIGUES et al., 2013a; SANCHOTENE et al., 2015; SOUZA
et al., 2018).

Os principais agentes da esporotricose animal são: Sporothrix brasiliensis e Sporothrix


schenckii (sensu stricto) (OLIVEIRA, et al., 2011b; THOMSON et al., 2019).

Esta micose pode ser adquirida pela via clássica, através de inoculação de Sporothrix
presente em solo ou plantas ou pela via alternativa, por meio de arranhadura e/ou mordedura de
felinos com esporotricose (RODRIGUES et al., 2020).
13

1.1.1 Histórico

A esporotricose foi primeiramente relatada em 1898 em Baltimore, Estados Unidos,


pelo médico Benjamin Schenck, que descreveu o primeiro caso, em um paciente do sexo
masculino que apresentava linfangite nodular em antebraço. O micologista Erwin F. Smith
realizou o isolamento e a identificação do fungo, como pertencente ao gênero Sporothrichum
(SCHENCK, 1898).

Em 1900, foi descrito o segundo caso da doença, em Chicago, EUA, por Hektoen e
Perkins. O paciente após sofrer um trauma com um martelo, apresentou lesão em dedo,
inicialmente um abcesso subcutâneo que posteriormente evoluiu para lesão ulcerada, nódulos e
linfangite secundária. Após o isolamento do fungo, os autores denominaram o agente como
Sporothrix schenckii (HEKTOEN; PERKINS, 1900).

Em 1903 De Beurmann e Ramond relataram os primeiros casos, na França (RIPPON,


1988). Em 1909, a susceptibilidade de gatos à infecção por S. schenckii foi demonstrada
experimentalmente (DE BEURMANN, L.; GOUGEROT, H.; VAUCHER, 1909). Todavia, a
primeira citação de esporotricose naturalmente adquirida em felinos foi feita nos Estados
Unidos (SINGER, J.I.; MUNCIE, J.E., 1952).

Em 1910, o microrganismo foi descrito como Sporotrichum schenckii por Matruchot


(MATRUCHOT, 1910). Até a década de 1960 está nomenclatura foi utilizada erroneamente,
quando então foi proposto um estudo, que relatava diferenças na conidiogênese entre os gêneros
Sporothrix e Sporotrichum, sugerindo então que o nome mais correto para o agente causador
da esporotricose fosse S. schenckii (CARMICHAEL, 1962).

De Beurmann e Gougerot (1912) descreveram mais de 200 casos de esporotricose


humana, assim como, as principais formas clínicas e a terapêutica da doença. Em 1915, Meyer
descreveu o primeiro caso canino na França, e entre 1957 e 1964 foram relatados os primeiros
casos de esporotricose canina no Brasil. (SOUZA, JJ, 1957).
No Brasil, o primeiro caso humano relatado foi no estado de São Paulo, no qual também
foi descrita a primeira infecção natural em ratos, assim como a possibilidade da infecção em
humanos por meio da mordedura de animais (LUTZ, A.; SPLENDORE, A., 1907).

No estado do Rio de Janeiro, o primeiro caso de esporotricose humana foi descrito por
Terra e Rabelo em 1912, em seguida foram registrados casos humanos em vários estados como,
14

Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Acre e Pernambuco (DONADEL et al., 1993). O
primeiro relato de esporotricose animal, foi constatado no Rio de Janeiro, sendo a doença
diagnosticada em uma mula (LEÃO et al., 1934).

O Brasil teve seu primeiro relato animal no estado de Minas Gerais, no ano de 1956
(FREITAS et al., 1965). No Rio de Janeiro a primeira descrição de um caso em felinos ocorreu
somente no final da década de 1990 (BARONI et al., 1998).

O Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), unidade da Fundação


Oswaldo Cruz (Fiocruz), Rio de Janeiro, diagnostica a doença em humanos, felinos e caninos
no estado, uma vez que a micose é considerada, como sendo a primeira epidemia associada a
transmissão zoonótica de esporotricose retratada na literatura (SCHUBACH et al., 2004;
VIANA et al., 2018)

1.1.2 Epidemiologia

A esporotricose é uma micose de distribuição mundial, principalmente em regiões


tropicais e subtropicais (CHAKRABARTI et al., 2015). Ao longo dos anos tornou-se uma
importante infecção micótica devido às mudanças em sua epidemiologia, distribuição, evolução
taxonômica e surtos.
A doença em gatos já foi descrita em países como Argentina (CÓRDOBA et al., 2018;
ETCHECOPAZ et al., 2019), Estados Unidos (CROTHERS et al., 2009)Austrália (THOMSON
et al., 2019), Alemanha (SCHEUFEN etal., 2015), Reino Unido (MAKRI et al., 2020), Japão
(HIRANO et al., 2006), Tailândia (DUANGKAEW et al., 2019), Malásia (HAN et al., 2017;
KANO et al., 2015).
O Brasil possui uma frequência de casos alta principalmente nas regiões Sul e Sudeste
(GREMIÃO et al., 2017; RODRIGUES et al., 2020), e o principal agente etiológico é o S.
brasiliensis (RODRIGUES et al., 2013a; MONTENEGRO et al., 2014; GREMIÃO et al.,
2021); diferentemente de alguns países asiáticos, em que o principal agente causal é S. schenckii
(KANO et al., 2015; GREMIÃO et al., 2021).
No entanto, os relatos sobre caninos infectados são mais escassos, com descrição de
casos na França (MEYER, 1915), Canadá (SANFORD, 1992), Itália (CAFARCHIA et al.,
2007), Estados Unidos (CROTHERS et al., 2009) e Brasil que possui a maior casuística até o
15

momento (GREMIÃO et al., 2017; SCHUBACH et al., 2006; VIANA et al., 2018).
A esporotricose zoonótica tem sido relatada especialmente na região metropolitana do
Rio de Janeiro (BARROS et al., 2001; BARROS et al., 2011; FALCÃO, 2018; FREITAS et
al., 2014). Além do Brasil, a esporotricose zoonótica associada a gatos infectados foi descrita
em casos isolados em países como Estados Unidos (DUSTAN et al., 1986; READ &
SPERLING, 1982; REED et al., 1993; REES et al., 2011), México (BOVE-SEVILLA et al.,
2008), Panamá (RIOS et al., 2018), Argentina (ETCHECOPAZ et al., 2019), Paraguai
(DUARTE et al., 2017), Índia (YEGNESWARAN et al., 2009), China (YU et al., 2013),
Malásia (TANG et al., 2012; ZAMRI-SAAD et al., 1990).
A esporotricose é adquirida pela inoculação traumática do fungo através da pele por
meio do contato com solo ou matéria orgânica em decomposição, ou com menos frequência por
inalação de conídios. A transmissão zoonótica e de gato para gato geralmente ocorrem por meio
de mordidas ou arranhões por meio de gatos infectados (BARROS et al., 2011).
Os cães não estão diretamente envolvidos na transmissão de Sporothrix spp. tendo
em vista a escassez de organismos fúngicos em suas lesões cutâneas (SCHUBACH et al., 2006;
GREMIÃO et al., 2020).
A rota saprófita de infecção afeta populações ocupacionais específicas, principalmente
trabalhadores agrícolas e jardineiros (LOPES-BEZERRA et al., 2018; GREMIÃO et al., 2021).
Em contraste, a transmissão zoonótica envolvendo gatos, afeta principalmente tutores de gatos,
médicos veterinários, estudantes de veterinária e trabalhadores declínicas veterinárias como
faxineiros, auxiliares e atendentes (BARROS et al., 2004; SILVA et al., 2015;
YEGNESWARAN et al., 2009).
A esporotricose em animais domésticos, tem sido registrada em vários estados do Brasil
nos últimos anos, especialmente no Rio Grande do Sul (OLIVEIRA et al., 2011a; POESTER
et al., 2018; POESTER et al., 2021; SANCHOTENE et al., 2015; SPANAMBERG et al., 2021)
e São Paulo (LARSSON et al., 1989; MONTENEGRO et al., 2014; RODRIGUES et al.,2020).
Entretanto, não superam o número de casos do estado do Rio de Janeiro, destacando a
gravidade da situação epidemiológica nessa região (PEREIRA et al., 2014). Há relatos no
Centro-Oeste (CORDEIRO et al., 2011; EUDES- FILHO et al., 2020), e Nordeste (GREMIÃO
et al., 2020; SPINELI et al., 2021 SILVA, G et al., 2018).

Atualmente, o Brasil é o país com maior número de casos relatados de esporotricose


felina em todo o mundo (GREMIÃO et al.,2020), mesmo assim a notificação da doença ainda
não é obrigatória em todo país (RODRIGUES et al., 2020; GREMIÃO et al.,2020).
16

De acordo com a Subsecretaria de Vigilância, Fiscalização sanitária e Controle de


Zoonoses entre 2017 a 2019 foram notificados somente no municipio do Rio de Janeiro mais de
oito mil casosde esporotricose animal (NUÑEZ et al., 2019).

A região metropolitana do Rio de Janeiro é considerada uma área hiperendêmica de


esporotricose associada à transmissão zoonótica do fungo (GREMIÃO et al., 2017). O
INI/Fiocruz é considerado o principal centro de referência para a esporotricose humana e animal
no Rio de Janeiro, desde ofinal da década de 1990 (PEREIRA et al., 2014).

No período de 1998 a 2015 foram diagnosticados no INI/Fiocruz 5.000 casos humanos. Até
2018,diagnosticou 5.113 casos felinos e até 2014, 247 casos caninos (GREMIÃO et al., 2020).
A investigação epidemiológica da esporotricose em áreas endêmicas é fundamental para
informar aos órgãos públicos sobre a necessidade de políticas de prevenção e controle da
infecção (POESTER et al., 2018), assim como uma abordagem One Health com ações
coordenadas entre médicos veterinários, profissionais de laboratório, autoridades de vigilância
e outros profissionais de saúde garantindo investigações mais amplas, detecção e assistência a
casos humanos e animais.(GREMIÃO et al., 2020).

1.1.3 Esporotricose felina

A esporotricose felina pode se apresentar clinicamente como uma lesão única ou como
múltiplas lesões cutâneas e podendo levar ao desenvolvimento de uma doença sistêmica
disseminada (GREMIÃO et al., 2020).
Além do gato ser o animal mais acometido pela esporotricose, pode apresentar
características instintivas como por exemplo, afiar as unhas em árvores e madeiras e seus
hábitos de higiene, como enterrar suas fezes, além de incursões fora dos seus limites
domiciliares, tornando-os mais expostos ao fungo e contribuindo para disseminação do mesmo
no ambiente (MASCHIO-LIMA et al., 2021; PEREIRA et al., 2015).

Os gatos geralmente apresentam um bom estado geral de saúde, embora apresentem


múltiplas lesões de pele, como nódulos, gomas e úlceras, como demonstrado na figura 1 e
possam ter o envolvimento de mucosas (GREMIÃO et al., 2020; SCHUBACH et al., 2004).
17

Sinais extracutâneos, principalmente respiratórios (espirros, dispneia e secreção nasal)


são frequentes (GREMIÃO et al., 2020; PEREIRA et al., 2015) e podem estar associados ao
risco de falha de tratamento da esporotricose em felinos e óbitos (PEREIRA et al., 2015;
SOUZA et al., 2018). Linfadenite e linfangite nodular ascendente podem acometer os felinos
com esporotricose (REIS et al., 2012;SCHUBACH et al., 2004).

A ocorrência de sinais respiratórios pode preceder o aparecimento de lesões cutâneas ou


pode ser observada em gatos sem qualquer lesão cutânea. Ademais, febre, desidratação, perda
de peso e anorexia também podem ser observados em alguns casos (SCHUBACH et al., 2004;
GREMIÃO et al., 2020).

Figura 1- Gato com esporotricose causada por Sporothrix brasiliensis apresentando


múltiplas lesões cutâneas ulceradas em face.

Fonte: (GREMIÃO et al., 2021).

Nos últimos anos, tem se observado que a frequência de relatos de casos de


esporotricose felina vem aumentando, no estado do Rio de Janeiro (GREMIÃO et al., 2020,
2017; PEREIRA et al., 2014). Além disso, a doença é descrita principalmente em áreas
geográficas de baixo nível socioeconômico e assistência à saúde precária (GREMIÃO et al.,
2020; MIRANDA et al., 2018).
O diagnóstico diferencial da esporotricose felina deve incluir neoplasias cutâneas,
dermatose eosinofílica, piodermite bacteriana, micobacteriose, criptococose, histoplasmose,
18

leishmaniose tegumentar americana, entre outras (GREMIÃO et al., 2020). Os médicos


veterinários devem estar alertas para a possibilidade de coinfecção, ou seja, para a existência
conjunta de esporotricose e outras comorbidades cutâneas (GREMIÃO et al., 2020; PEREIRA
et al., 2015).

1.1.4 Esporotricose canina

A esporotricose canina é uma doença pouco descrita e o seu conhecimento se deve a


relatos de caso e algumas séries de casos publicados (PEREIRA et al., 2015). O Brasil é o país
que tem o maior número de casos de esporotricose canina reportados até o momento
(SCHUBACH et al., 2006; MASCARENHAS et al., 2018; VIANA et al., 2018). No período de
1998 a 2014, foram diagnosticados no INI/Fiocruz 247 casos (GREMIÃO et al., 2017).

A transmissão de Sporothrix spp. em cães pode ocorrer por meio de traumas com lascas
de madeira ou espinhos contendo o fungo, sendo por isso frequente em cães de caça (BOECHAT
et al., 2020; ROSSER; DUNSTAN; 2006; VIANA et al., 2018).

No Brasil, principalmente no Rio de Janeiro observa-se que na maioria dos casos, os cães se
infectam após contato anterior com gatos com esporotricose (BOECHAT et al., 2020;
SCHUBACH et al., 2006), no entanto até o momento, não há relatos de transmissão zoonótica
de Sporothrix sp. de cães infectados no Rio de Janeiro (GREMIÃO et al., 2017; VIANA et al.,
2018).
O isolamento de Sporothix sp. Em lesões cutâneas e/ ou mucosas de cães é mais difícil
do que nos felinos, devido à baixa carga fúngica proveniente das lesões desses animais. Este fato
faz com que os cães apresentam melhor estado geral, quando comparados aos gatos acometidos
pela esporotricose (SCHUBACH et al., 2004).

Os cães com esporotricose manifestam regularmente quatro apresentações clínicas:


cutânea fixa, linfocutânea, cutânea disseminada e mucosa. Sendo classificado de acordo com a
esporotricosehumana (MASCARENHAS et al., 2018; PEREIRA et al., 2015).

A forma cutânea da esporotricose, com úlceras e/ou nódulos na cabeça, orelhas,pescoço,


dorso e tórax, é a mais frequentemente observada (SCHUBACH et al., 2012; VIANA et al.,
2018) conforme observado na figura 2.
19

Figura 2 - A. Cão com lesão cutânea ulcerada em região cervical causada por S. schenckii. B Cão com lesão
mucocutânea ulcerada na região nasal causada por S. brasiliensis.

Fonte: (Boechat et al., 2020).

Alguns cães podem apresentar sinais extracutâneos como espirros, secreção nasal,
dispneia, linfadenomegalia generalizada, vômito, perda de peso, e anorexia (MASCARENHAS
et al., 2018; SCHUBACH et al., 2006; VIANA et al., 2018). Quanto ao diagnóstico diferencial
destacam-se leishmaniose tegumentar americana, infecções granulomatosas e neoplasias
cutâneas (MASCARENHAS et al., 2018).

1.1.5 Gênero sporothrix

De modo histórico a etiologia desta enfermidade, era atribuída inicialmente a uma única
espécie, Sporothrix schenckii (BARROS et al., 2011). Após estudos utilizando ferramentas
moleculares, houve a descrição de novas espécies de interesse humano como S. schenckii, S.
brasiliensis e S. globosa (LOPES-BEZERRA et al., 2018). E de maior relevância para caninos
e felinos como S.brasiliensis e S. Schenckii.
As espécies Sporothrix pallida, Sporothrix luriei (BOECHAT et al., 2018; HAN et al.,
2017; KANO et al., 2015; VIANA et al., 2018) e S. humicola (MAKRI et al., 2020) embora em
menor ocorrência, também tem sido relatadas.
No Brasil o agente etiológico mais prevalente da esporotricose, tanto em humanos quanto
em animais é S. brasiliensis (BOECHAT et al., 2018; MACÊDO-SALES et al., 2018;
OLIVEIRA et al., 2011b; BOECHAT et al., 2020). Algumas manifestações raras, como
20

pacientes imunocompetentes apresentando esporotricose disseminada e reação de


hipersensibilidade estão relacionados a este agente etiológico (ALMEIDA-PAES et al., 2014).
É sugerida como a espécie mais virulenta do gênero Sporothrix (ISHIDA et al., 2015), descrita
como uma espécie emergente, altamente patogênica para humanos, cães e gatos
(ARRILLAGA-MONCRIEFF et al., 2009; MARIMON et al., 2007; OLIVEIRA et al., 2011b).
S. schenckii é uma espécie cosmopolita, descrita em humanos e animais nas Américas,
Europa, África do Sul e Ásia (HAN et al., 2021; HAN et al., 2017; MARIMON et al.,
2007; MOUSSA et al., 2017). Em modelos murinos experimentais o S. schenckii sensu stricto
é considerada a segunda espécie mais patogênica (ARRILLAGA- MONCRIEFF et al., 2009).

S. globosa é uma espécie mundialmente distribuída, associada a via clássica de


transmissão da esporotricose humana, com isolamento no Reino Unido, Espanha, Itália,
México, Guatemala, Colômbia, Estados Unidos, China, Japão e Índia (LIU et al., 2014; ZHOU
et al., 2014; MARIMON et al., 2007; YU et al., 2013; ZHANG et al., 2015). Já no Brasil, foram
relatados casos no Rio de Janeiro (OLIVEIRA et al., 2010), Minas Gerais, Ceará e Goiás
(RODRIGUES et al., 2013b) e Espírito Santo (ARAÚJO et al., 2015).

S. pallida é uma espécie fúngica saprófita e não patogênica. Embora em 2013, um caso
tenha sido descrito, em Atlanta, nos EUA, quando uma paciente apresentou infecção ocular
(ceratite) micótica ocasionada por esse fungo (MORRISON et al., 2013). Dentro do complexo
S. pallida, encontra-se a espécie S humicola, No Reino Unido, o primeiro caso confirmado de
esporotricose felina foi atribuído a este patógeno (MAKRI et al.,2020).

S. lurei é uma espécie clínica incomum, isolada em humanos na Índia (PADHYE et al.,
1992), África do Sul (MARIMON et al., 2008) e Brasil, no qual o agente foi isolado de um cão
(OLIVEIRA et al., 2011a).

Previamente restrita ao México, S. mexicana (MARIMON et al., 2007), foi isolada na


Austrália. Em Portugal, foi isolada em paciente humano e em três amostras também de
pacientes humanos no Brasil (RODRIGUES et al., 2013b).

Já em 2016 foi descrita a espécie S. chilensis no Chile. Essa espécie foi identificada de
isolados provenientes do meio ambiente e de um caso humano (RODRIGUES et al., 2016).
21

1.1.6 Fatores de virulência

Fator de virulência pode ser definido como um mecanismo que permite a um


microrganismo sobreviver e ampliar seu crescimento no hospedeiro. Os microrganismos
adquirem estratégias de sobrevivência que os levem a ter uma maior virulência quando
acidentalmente encontrarem um hospedeiro animal (CASADEVALL, 2012). Alguns dos
principais fatores de virulência são: termotolerância, atividade proteolítica, produção de urease,
adesinas, e peróxido de ergosterol.
A termotolerância é a capacidade dos fungos em suportar e crescer na temperatura
corpórea dos hospedeiros endotérmicos (HOGAN et al., 1996). Um isolado ambiental de
Sporothrix que não se adapta à temperatura corporal do hospedeiro, não é capaz de produzir
infecção (CARNERO et al., 2018). A espécie S. globosa, por exemplo, tem baixa
termotolerância, facilitando a inibição do seu crescimento quando incubada a 37ºC
(MARIMON et al., 2007).
Outro importante fator de virulência é a atividade proteolítica. Algumas proteases, como
a proteinase I, são relevantes na interação do Sporothrix com as células do hospedeiro, sendo
relacionada a habilidade de invadir tecidos cutâneos (CARNERO et al., 2018; TELLEZ et al.,
2014). Enzimas como proteases, lipases e ureases facilitam a adesão e penetração de fungos nas
células e tecidos do hospedeiro, levando a um aumento da invasão e disseminação da infecção,
além de conferir evasão do sistema imune hospedeiro. Ademais ampliam a biodisponibilidade
de nutrientes essenciais, em meio à escassez destes (ABI-CHACRA et al., 2013).
As adesinas são fundamentais para a colonização e estabelecimento da infecção
(TELLEZ et al., 2014). Em relação as espécies Sporothrix as adesinas medeiam a ligação de
leveduras na matriz da derme, sendo essenciais para uma invasão efetiva dos tecidos do
hospedeiro pelos patógenos. (CARNERO et al., 2018).

Já o peróxido de ergosterol pode ser convertido em ergosterol, presente na membrana


celular do fungo que o protege contra morte oxidativa pelas células fagocíticas do hospedeiro
(TELLEZ et al., 2014; GREMIÃO et al., 2017).

As melaninas são pigmentos ubíquos produzidos por uma ampla gama de organismos
vivos (CASADEVALL et al., 2006). O pigmento na célula fúngica aumenta a sobrevivência do
patógeno no hospedeiro, uma vez que a célula se torna mais resistente a processos de defesa,
como a fagocitose, morte pelos macrófagos e neutrófilos (TELLEZ et al., 2014; GREMIÃO et
22

al., 2017).

As melaninas são tipicamente de cor marrom-escura ou negra (LIU et al; 2009) e são
sintetizadas porvárias vias metabólicas, todas convergindo para a polimerização oxidativa de
compostos fenólicos ou indólicos (CASADEVALL et al., 2006). Reduzem a suscetibilidade de
degradação enzimática e fornecem proteção contra toxicidade de metais pesados, luz
ultravioleta, radiaçãonuclear e temperaturas extremas (CARNERO et al., 2018; CONCEIÇÃO
et al., 2018).

O principal tipo de melanina fúngica é a 1,8-di-hidroxi naftaleno (DHN) sintetizada a


partir de acetil-coenzima A (CoA) e L-DOPA (LANGFELDER et al., 2003; CARNERO et al;
2018).

1.1.7 Tipagem sexual

Os fungos possuem diferentes tipos de reprodução sexual, que podem possuir ciclos
assexuais, sexuais e parassexuais (KRONSTAD, 2007; TEIXEIRA et al., 2015). A reprodução
sexual do fungo é comandada por uma região especializada do genoma conhecida por locus
mating type (MAT), sendo um fenômeno comum entre organismos eucarióticos (NI et al.,
2011).
Fungos que realizam reprodução sexual, geralmente possuem maiores habilidades em
se adaptar a mudanças no ambiente, comparado a populações que se reproduzem assexualmente
(HEITMAN et al., 2013).
O processo de acasalamento tem o potencial de desempenhar um papel na virulência de
patógenos fúngicos. A recombinação entre duas cepas pode resultar em uma nova cepa com
maior virulência (DELLA TERRA et al., 2017).
A reprodução sexual é uma característica que confere vantagens ecológicas aos
organismos, dando origem a uma grande diversidade de genomas com maior habilidade de
adaptação a mudanças ambientais quando comparados a populações de reprodução assexuada
(KANO et al., 2013; KLIX et al., 2010; HEITMAN et al., 2013).
Algumas espécies fúngicas são auto estéreis, ou seja, heterotálicas e outras são auto
férteis, ou seja, homotálicas (RAPER 1966). Em espécies heterotálicas ocorre a plasmogamia ou
somatogamia que consiste na união de duas hifas monocarióticas geneticamente diferentes onde
23

o número haploide de cada uma é igual a n.


Em espécies homotálicas, a formação do micélio dicariótico se produz a partir de um
único micélio monocariótico em que ocorre plasmogamia entre suas hifas (RAPER 1966).
Em resumo, nos fungos heterotálicos, há a necessidade de que parceiros opostos
interajam fisicamente para produzir descendentes sexuais diferentemente das espécies
homotálicas em que normalmente possuem os dois tipos de genes e, portanto, são capazes de
se reproduzir sexualmente com qualquer outro indivíduo da mesma espécie (DE CARVALHO
et al., 2021; LEE et al., 2010).
O comportamento sexual dos fungos pode ser melhor explicado por meio da regulação
pelo MAT que codifica fatores de transcrição responsáveis pela reprodução sexual, além de
componentes de sinalização como feromônios, receptores de feromônios, proteínas quinases
e outros fatores que controlam o desenvolvimento sexual (COPPIN et al., 2005;
KRONSTAD, 2007).
O reconhecimento de parceiros compatíveis envolve dois mecanismos genéticos
interligados. No primeiro mecanismo a ser ativado opera-se por meio de ferormônios e
receptores de ferormônios que desencadeiam um sinal que leva a ativação do segundo
mecanismo de genes regulatórios do sistema sexual.
O segundo mecanismo envolve o reconhecimento e a interação molecular de dois
homeodomínios de proteínas (HD1 e HD2) para gerar uma proteína heterodimérica com função
de regulação da transcrição (CASSELTON; OLESNICKY, 1998).
Para que haja compatibilidade e seja possível a realização da reprodução sexuada, é
necessário o encontro de dois indivíduos de mating types opostos (heterotálicos). Cada
linhagem deve possuir um idiomorfo diferente no locus MAT1, sendo eles MAT1-1 que
codifica uma proteína regulatória de domínio alpha-box e MAT1-2 que codifica proteína
regulatória de domínio High Mobility Group (HMG) (TURGEON; YODER, 2000).
As sequências de aminoácidos de MAT1-1 e MAT1-2 foram denominados idiomorfos
(TSUI et al., 2013). São assim chamados pois não têm homologia de sequências significativas
e codificam proteínas para diferentes fatores de transcrição, não podendo assim ser chamados
de alelos (TSUI et al., 2013; YUN et al., 2000).
Algumas espécies do gênero Sporothrix (S. schenckii s. st., S. brasiliensis e S globosa)
foram consideradas assexuadas devido à ausência de evidências morfológicas sobre o
desenvolvimento sexual, no entanto, estudos genéticos sugerem que as mesmas, sejam
heterotálicas, podendo reter a capacidade de reprodução sexual da mesma forma que outros
fungos da família Ophiostomatales (DA CRUZ BAHIENSE ROCHA et al., 2020; DE
24

CARVALHO et al., 2021).


Fungos do gênero Sporothrix sp. estão intimamente relacionados com o gênero
Ophiostoma, um agente global de patógenos vegetais distribuídos por artrópodes
(RODRIGUES et al., 2013b; TEIXEIRA et al., 2015).
Embora nenhum teleomorfo do gênero tenha sido encontrado, suas sequências de DNA
ribossomal foram confirmadas como sendo filogeneticamente relacionadas com a família
Ophiostomatales e especialmente a espécie Ophiostoma stenoceras, um fungo cosmopolita não
patogênico para humanos e animais(KANO et al., 2013).

1.1.8 Diagnóstico laboratorial da esporotricose

O diagnóstico definitivo da esporotricose é feito a partir do isolamento do Sporothrix


sp. obtido de exsudato ou fragmento de lesão em cultura micológica (RIPPON, 1988), que é
padrão de referência, este fungo no ambiente ou em meio de cultura rico em nutrientes, a 25ºC
ou em temperatura ambiente, cresce na forma filamentosa; enquanto que em meio de cultura a
37ºC ou em parasitismo, encontra-se na forma de levedura (RODRIGUES et al; 2020).
A cultura é realizada primeiramente em meio ágar Sabouraud-dextrose ou ágar Mycosel
em temperatura de 25°C. Após o crescimento de Sporothrix sp. em sua forma filamentosa, este
é inoculado em meio de infusão de cérebro e coração (BHI) a 37°C para sua modificação para
a forma de levedura (RIPPON, 1988; RODRIGUES et al; 2020).
No diagnóstico presuntivo da esporotricose animal os exames citopatológico e
histopatológico são bastante utilizados (LUIZ et al., 2022; MIRANDA et al., 2013; PEREIRA
et al., 2011).
O exame citopatológico é um exame rápido, prático e acessível, embora haja escassez
de leveduras nas lesões cutâneas dos cães (SANTOS et al., 2007). Já nos gatos a sensibilidade
do exame oriundo das lesões cutâneas, destes animais variou de 78,9% a 87% (SILVA et al.,
2015;PEREIRA et al., 2011; SILVA, J et al., 2018).
As colorações mais recomendadas nas técnicas citopatológicas são as do tipo
Romanowsky, como o método panótico rápido. A lâmina corada deve ser avaliada por
microscopia óptica usando lentes objetivas de 40 e 100x para a identificação de estruturas
leveduriformes (PEREIRA et al., 2011; SILVA et al., 2015).
Ao exame geralmente observa- se grande quantidade de estruturas leveduriformes ovais ou
25

em forma de charuto no meio extracelular ou interior dos macrófagos e neutrófilos (SILVA et


al., 2015; PEREIRA et al., 2011; SILVA, J et al., 2018).
Já o exame histopatológico é um importante instrumento na detecção da esporotricose
animal, colorações histoquímicas especiais, como impregnação pela prata de Grocott (IPG) e
ácido periódico de Schiff possibilitam a identificação de estruturas compatíveis com Sporothrix
sp. (MIRANDA et al., 2009; MIRANDA et al., 2013).
Técnicas histológicas como a imuno-histoquímica, podem ser utilizadas para identificar
o agente a partir de lesões de pele de humanos e animais (SILVA, J et al., 2018), ainda mais
em casos em que a carga de fúngica é baixa e o seu uso permite a detecção de antígeno no tecido
por meio da avaliação das interações antígeno - anticorpo (SILVA, J et al., 2018).
Técnicas sorológicas, como o ensaio imunoenzimático (ELISA), possuem alta
sensibilidade e especificidade, podem ser utilizadas na triagem para detecção de anticorpos de
Sporothrix sp. de felinos infectados (FERNANDES et al., 2011). Recentemente, laboratórios
privados disponibilizaram um teste ELISA para detecção de anticorpos IgG que foi validado
para todas as formas clínicas de esporotricose felina. (GREMIÃO et al., 2021). Todavia, ainda
não há descrição na literatura de estudos em caninos.

1.1.9 Diagnóstico molecular

Metodologias de PCR foram recentemente desenvolvidas para aprimorar a sensibilidade


e especificidade dos testes diagnósticos para esporotricose (LUIZ et al., 2022). Essas
ferramentas são instrumentos de grande relevância epidemiológica, pois fazem a identificação
das espécies do gênero Sporothrix (LOPES-BEZERRA et al., 2018). Para tal, realiza-se a
extração, amplificação e sequenciamento do DNA dos isolados (MARIMON et al., 2007).
Técnicas fundamentadas na identificação de isolados fúngicos, propiciou uma redução
no tempo de diagnóstico, mantendo ou melhorando a sensibilidade, especificidade e precisão
em comparação com a cultura micológica e as técnicas sorológicas, mas mesmo assim ainda há
uma lacuna na identificação das espécies do gênero Sporothrix, visto que poucas técnicas
moleculares tem sido utilizadas para detectar o DNA fúngico a partir de espécimes clínicos e
na identificação deste agente em cultura (RODRIGUES et al., 2020).
O método de referência ainda é a caracterização microscópica do patógeno isolado em
cultura, porém essa metodologia é laboriosa, demorada e sujeita à contaminação microbiológica
26

ou por ácaros (LUIZ et al., 2022). Além disso, requer treinamento específico e experiência
considerável para a correta identificação morfológica das espécies fúngicas (RODRIGUES, et
al., 2015a). Entretanto, métodos moleculares como a PCR para detecção das sequências de DNA
fúngico também podem ser utilizados por serem rápidos, sensíveis e espécies específicas.
Ensaios de reação em cadeia da polimerase (PCR) são metodologias desenvolvidas com
o intuito de melhorar a sensibilidade, especificidade dos testes de diagnósticos da esporotricose,
com a vantagem de aplicação em amostras frescas (LAU et al., 2007).
Algumas metodologias são eficientes para a identificação geral do patógeno, como PCR
convencional (KANO et al., 2003), Nested PCR (HU et al., 2003) e PCR em tempo real
(RODRIGUES et al., 2015a).
Algumas técnicas moleculares são capazes de diferenciar espécies do gênero Sporothrix
(S. brasiliensis, S. schenckii, S. globosa e S. luriei) e empregam DNA extraído de cultura pura,
como a PCR-RFLP (RODRIGUES et al., 2014a), PCR espécie-específica (RODRIGUES et al.,
2015a), rolling circle amplification (RCA) (RODRIGUES et al., 2015b), PCR em tempo real
(ZHANG et al., 2020) e T3B RAPD (OLIVEIRA et al., 2012).
A técnica da PCR T3B fingerprinting gera bandas distintas para as espécies S.
brasiliensis, S. schenckii, S. mexicana, S. luriei e S. globosa permitindo assim a diferenciação,
que se correlaciona totalmente com o sequenciamento parcial do gene da calmodulina
(OLIVEIRA et al., 2015).
A PCR T3B fingerprinting, e a RFLP-PCR da sequência do gene da CAL, permitirama
identificação espécie-específica para isolados das espécies Sporothrix, além de serem mais
rápidas, de baixo custo e por serem de menor complexidade (RODRIGUES et al., 2014a).
A Nested PCR possui a capacidade para identificar Sporothrix sp. a partir de amostras
clínicas, sendo útil para o diagnóstico rápido de esporotricose com alta sensibilidade e
especificidade, em vez de usar métodos convencionais que geralmente produzem resultados
negativos (HU et al., 2003).
A amplificação por PCR de fragmentos de DNA além de fazer a identificação precoce
dos patógenos, consegue identificar o agente mesmo em casos em que haja pequena quantidade
de amostras e baixa presença fúngica. O desfecho da amplificação por PCR depende da
sensibilidade e especificidade dos primers (LIU et al., 2013).
Algumas sequências gênicas passaram a ser utilizadas como marcadores moleculares de
Sporothrix sp., sendo o sequenciamento por PCR com alvo no gene da calmodulina (CAL) o
mais utilizado. Todavia, o uso de primers desenvolvidos para outras regiões, como a região de
transcrição interna (ITS), ß-tubulina (ß-tub), quitina sintase (CHS), e a PCR fingerprinting
27

utilizando o primer universal T3B, também apresentam bons resultados para distinguir entre as
espécies Sporothrix sp. (OLIVEIRA et al., 2014, OLIVEIRA et al 2011b; RODRIGUES et al.,
2014b).

1.1.10 Aspectos terapêuticos da esporotricose

O tratamento da esporotricose felina, na maioria dos casos, é desafiador (PEREIRA et


al., 2010). A terapia utilizada é diversa e depende da gravidade da doença, do tipo e extensão
das lesões, do estado imunológico do paciente e do agente etiológico (RODRIGUES et al.,
2020). Sendo fundamental que haja persistência e cooperação do responsável pelo animal para
o sucesso do tratamento, já que alguns gatos podem não apresentar uma boa resposta ao
tratamento (GREMIÃO et al., 2015).
O itraconazol e o iodeto de potássio são os medicamentos mais utilizados para o
tratamento da esporotricose felina, sendo o primeiro considerado o de eleição (PEREIRA et al.,
2010; REIS et al., 2016; GREMIÃO et al., 2021).
O iodeto de sódio, a terbinafina, a termoterapia local, a anfotericina B, a remoção
cirúrgica das lesões cutâneas e a criocirurgia representam outras opções de tratamento
(GREMIÃO et al., 2015; PEREIRA et al., 2009).
Para a esporotricose canina, os medicamentos utilizados para o tratamento são
itraconazol, cetoconazol e o iodeto de potássio (SCHUBACH et al., 2012). A doença possui
um bom prognóstico, pois os cães geralmente respondem bem ao tratamento sistêmico com
azólicos (SCHUBACH et al., 2006).
O itraconazol atua inibindo as enzimas oxidativas associadas ao citocromo P-450
(lanosterol 14-α demetilase), bloqueando a conversão de lanosterol em ergosterol, produzindo
uma alteração na permeabilidade da membrana da célula fúngica. É um fármaco fungistático,
que em altas concentrações tem ação fungicida. É lipofílico, queratinofílico e insolúvel em
água. Devido à sua forte ligação com queratina, a concentração de itraconazol na pele pode
chegar a 10 vezes maior na pele que no plasma. É metabolizado pelo fígado e excretado na
urina e fezes (CATALÁN; MONTEJO, 2006; JAHAM et al., 2000).

O iodeto de potássio pertence ao grupo químico dos iodetos inorgânicos, constituído de


76% de halogênio-iodo e 23% de metal alcalino potássico (STERLING et al., 2000). Em países
28

emergentes é um medicamento de baixo custo que vem sendo utilizado com sucesso no
tratamento das formas cutânea ou linfocutânea da esporotricose humana em indivíduos
imunocompetentes(DE MACEDO et al., 2015; RODRIGUES et al., 2020) e em alguns casos
felinos, associada ou não ao itraconazol (REIS et al., 2016; DA ROCHA et al., 2018).

A efetividade foi comprovada em doses baixas que reduzem consideravelmente as


reações adversas relatadas por pacientes ou responsáveis de animais (REIS et al., 2012; DA
ROCHA et al., 2018; RODRIGUES et al., 2020) sendo também utilizado para o tratamento de
gatos refratários ao itraconazol (DA ROCHA et al., 2018).

O mecanismo de ação dos iodetos permanece pouco conhecido, mas acredita-se que o
iodeto de potássio atua por meio da modulação da resposta inflamatória e aumento da resposta
imune (GOUGEROT 1950) sendo eficaz em melhorar a cicatrização e controle da carga fúngica
(GREMIÃO et al., 2021; MIRANDA et al., 2018).

Resultados de estudos in vitro sugeriram que pode haver dano celular da levedura por
meio da conversão de iodeto de potássio em iodo (TORRES-MENDOZA et al., 1997). Outros
autores sugeriram que este medicamento inibe significativamente a quimiotaxia neutrofílica no
sangue periférico (STERLING et al., 2000).

A utilização da anfotericina B é pouco relatada na esporotricose felina. Podendo


apresentar casos com falência terapêutica ao itraconazol, a associação da anfotericina B, via
subcutânea ou intralesional, pode ser utilizada como uma opção de tratamento (GREMIÃO et
al., 2009; GREMIÃO et al., 2015, GREMIÃO et al, 2021).

A terbinafina é um antifúngico que apresenta alta atividade in vitro contra isolados de


Sporothrix sp. (BORBA-SANTOS et al., 2015; MARIMON et al., 2008). Um estudo recente
realizou o tratamento de dois cães com terbinafina e estes apresentaram remissão completa de
todos os sinais clínicos apresentados (VIANA et al., 2018). Apesar de resultados promissores,
mais estudos precisam ser realizados a fim de comprovar a efetividade da terbinafina no
tratamento da esporotricose animal.
As reações adversas mais comuns durante o tratamento da esporotricose em cães e gatos
envolvem alterações no trato gastrointestinal, sendo mais observada a ocorrência de hiporexia,
anorexia, vômito e diarreia. Além disso, as elevações de enzimas hepáticas são frequentes
(PEREIRA et al., 2010; REIS et al., 2012; REIS et al., 2016; SCHUBACH et al., 2004).
29

2. JUSTIFICATIVA

Há mais de vinte anos ocorre uma endemia de esporotricose com transmissão felina
envolvendo seres humanos, cães e gatos na região metropolitana do Rio de Janeiro. Somente
no INI/Fiocruz foram diagnosticados desde 1998 mais de 11.000 casos entre seres humanos,
cães e gatos (SCHUBACH et al., 2006; FREITAS et al., 2014; GREMIÃO et al., 2020).

Estudos sobre a evolução da reprodução tanto em espécies homotálicas quanto


heterotálicas, no gênero Sporothrix são escassos e a fim de compreender a biologia reprodutiva
de fungos da espécie S. brasiliensis há a necessidade de caracterizar o tipo de acasalamento
predominante no Rio de Janeiro, visto que até o momento não está completamente esclarecida
a relação dos idiomorfos desta espécie, quanto sua influência em felinos. Quanto aos caninos,
não foram realizados estudos que relacionem esses dados, sendo então relevante a inclusão
desses animais, para melhor compreensão do tipo de acasalamento.

Com o elevado número de casos da doença na região metropolitana do Rio de Janeiro,


torna-se necessário um estudo do tipo de acasalamento dado a importância da reprodução sexual
nos ciclos de vida dos fungos e a interferência da mesma, na genética populacional, visto que a
reprodução sexuada influencia fortemente o nível de variabilidade genética nas populações de
fungos, bem como o envolvimento dessa espécie em casos clínicos animais.
30

3. OBJETIVO GERAL

Determinar o tipo sexual de isolados de S. brasiliensis obtidos de cães e gatos


provenientes da região metropolitana do Rio de Janeiro e o perfil clínico e epidemiológico
desses animais.

3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Determinar os idiomorfos (MAT 1-1 ou MAT1-2) dos isolados clínicos de S.


brasiliensis provenientes de cães e gatos da região metropolitana do Rio de Janeiro;

 Descrever as características clínicas e epidemiológicas dos cães e gatos dos quais


foramutilizados os isolados, assim como o desfecho do tratamento.
31

4. METODOLOGIA

4.1 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo transversal retrospectivo.

4.2 CASUÍSTICA

Foi utilizada uma amostra de conveniencia não probabilística constituída de 37 isolados


de S. brasiliensis, sendo desses 21 isolados felinos e 16 caninos armazenados no Laboratório
de Pesquisa Clínica em Dermatozoonoses em Animais Domésticos (Lapclin-Dermzoo)
/INI/Fiocruz no período compreendido entre 1998 a 2018, obtidos de projetos de pesquisa
aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais da Fiocruz (CEUA/ Fiocruz) sob as
licenças LW37/12, LW-14/16, P-37/2016-3 e P-38/2016-3.
Os dados clínicos e epidemiológicos foram obtidos a partir da revisão dos prontuários
desses animais atendidos no Lapclin-Dermzoo/INI/Fiocruz.

4.3 MATERIAIS, PROCEDIMENTOS E TÉCNICA

4.3.1 Técnica Molecular

4.3.3.1 Reações PCR

Para a caracterização do tipo sexual os idiomorfos MAT1-1 e MAT1-2 foi realizada a


técnica de PCR, descrita anteriormente, por Teixeira e colaboradores (2015). Para tanto,
utilizaram-se 25 ng de DNA genômico de cada isolado, que já se encontrava extraído e
armazenado sob temperatura -20°C sob a guarda responsável do Lapclin-
32

Dermzoo/INI/FIOCRUZ.

Os primers utilizados foram MAT1-1-1 (Mat1_1_1F, 47 AAG CAC GCC AGT TTC
ATT CT; Mat1_1_1R, CAC CAA CGA GCA TCT CAT GT) e MAT-1-2-1 (Mat1_2F, GAT
CTC AAC GGC CAT CTT GT; Mat1_2R, GCT ACA TAC TTC CGC CCT GA).
As amplificações foram realizadas no termociclador Veriti TM 96-Well Thermal Cycler
(Thermo Fisher Scientific, Massachusetts, EUA). A temperatura de anelamento para ambas as
regiões foi de 55°C. As PCRs foram realizadas separadamente para cada idiomorfo.

4.3.3.2 Eletroforese

A amplificação foi confirmada pela visualização dos amplicons analisados por meio de
eletroforese em gel de agarose a 2% em TBE 0,5X (Tris 0.1M, ácido bórico 0.09M, EDTA
0.001 M, pH 8.4). Cinco microlitros do produto da PCR foram adicionados em cada “slot” do
gel, e a eletroforese foi conduzida a 90V e em seguida analisada em UV transiluminador –
Hoefer Scientific Inc.

4.3.2 Descrição clínica e epidemiológica dos felinos e caninos

A análise epidemiológica englobou os dados do município de residência, sexo e raça.


Nos felinos foi ainda verificado o acesso à ambiente extradomiciliar e status reprodutivo
(castração). E nos caninos o contato com gato e possível forma de transmissão (desconhecida,
arranhadura/mordedura de gato ou contato corporal).
Para a análise clínica dos gatos e cães incluídos no estudo, foi considerada a variável
estado geral como:

● Bom: condição corporal ideal, normorexia, normoquesia normoúria,


normotermia e animal alerta;

● Regular: magreza, hiporexia, alterações nas funções digestivas e urinárias,


desidratação leve, temperatura corporal normal ou alterada, estado de alerta pode estar afetado;
● Ruim: magreza ou caquexia, hipo ou anorexia, distúrbios gastrointestinais ou
33

urinários, desidratação severa, temperatura corporal alterada, estado de alerta alterado.

As lesões cutâneas consideradas foram eritema, pápula, nódulo, goma, ulceração,


tumoração, necrose, rarefação pilosa, alopecia e escoriações. Lesões em mucosa nasal, oral,
conjuntival, genital e anal foram consideradas nas análises.

Para distribuição de lesões cutâneas nos felinos foi utilizada a classificação proposta por
Schubach e colaboradores (2004):

● L0: ausência de lesões cutâneas

● L1: presença de lesões cutâneas em 1 local não contíguo

● L2: presença de lesões cutâneas em 2 locais não contíguos

● L3: presença de lesões cutâneas em 3 ou mais locais não contíguos.

Foram considerados como sinais respiratórios: espirros, dispneia, rinorreia, secreção


nasal e tosse. A linfadenomegalia dos gatos e cães foi considerada a partir de palpação com
observação de aumento de linfonodo em um ou mais sítios anatômicos.

Já para os cães foi considerado também o contato com gatos e a possível forma de
transmissão (desconhecida, arranhadura/ mordedura de gato e contato corporal). As formas
clínicas desenvolvidas pelos cães com esporotricose, foram descritas conforme a classificação
utilizada em seres humanos por Barros e colaboradores (2011):

● Forma cutânea fixa: uma ou algumas lesões em um local

● Forma linfocutânea: acometimento de vasos linfáticos

● Forma cutânea disseminada: mais de uma lesão em locais não contíguos

● Forma mucosa: acometimento de uma ou mais mucosas.

Quanto ao desfecho clínico do tratamento dos cães e gatos foram considerados:


● Cura clínica: cicatrização completa das lesões e remissão de todos os sinais clínicos
relacionados à esporotricose;
● Falha terapêutica: ocorrência da estagnação ou piora do quadro clínico por dois
mesesconsecutivos de tratamento com antifúngico;
● Óbito: por esporotricose, por outra causa ou eutanásia
34

Para este trabalho foi considerado como desfechos desfavoráveis a falha terapêutica e o
óbito dos animais.

4.4 ANÁLISE DE DADOS

As análises das variáveis utilizadas no estudo foram realizadas no software Microsoft


Excel (2007) a partir das frequências dos dados adquiridos dos prontuários dos animais dos
quais os isolados foram obtidos.

O banco de dados foi criado com todas as variáveis de interesse dos testes moleculares,
assim como as variáveis clínicas e epidemiológicas para posterior avaliação.

Foram descritas as frequências simples da tipagem sexual dos isolados felinos e caninos,
assim como das variáveis epidemiológicas (sexo, raça, procedência, acesso ao ambiente
extradomiciliar e castração) e variáveis clínicas dos gatos e cães (estado geral, distribuição das
lesões cutâneas para os felinos, forma clínica para os caninos, ocorrência de linfadenopatia,
presença de sinais respiratórios, lesão em mucosa e desfecho clínico) e, ambas descritas em
fichas clínicas individuais do ensaio clínico. As variáveis quantitativas foram descritas pelas
medidas-resumo (mediana e mínimo e máximo).
35

5. RESULTADOS

5.1 TIPAGEM SEXUAL DE ISOLADOS FELINOS E CANINOS ESTUDADOS

Foi realizada a tipagem sexual obtida de 21 isolados felinos e 16 isolados caninos com
esporotricose. Todos os isolados eram da espécie S. brasiliensis, como pode-se observar na
tabela 1 para os isolados felinos e tabela 2 para isolados caninos. Confirmados após a realização
da PCR e eletroforese em gel de agarose (Figuras 3 e 4).

Tabela 1- Resultado de tipagem sexual realizada pela PCR de 21 isolados de felinos com esporotricose
no Lapclin-Dermzoo/INI/Fiocruz (1998-2018).
Tipagem sexual
Amostra Espécie Espécie genotípica MAT1-1 MAT1-2
1G Felina Sporothrix brasiliensis - +
2G Felina Sporothrix brasiliensis - +
3G Felina Sporothrix brasiliensis - +
4G Felina Sporothrix brasiliensis - +
5G Felina Sporothrix brasiliensis - +
6G Felina Sporothrix brasiliensis - +
7G Felina Sporothrix brasiliensis - +
8G Felina Sporothrix brasiliensis - +
9G Felina Sporothrix brasiliensis - +
10 G Felina Sporothrix brasiliensis - +
11 G Felina Sporothrix brasiliensis - +
12 G Felina Sporothrix brasiliensis - +
13 G Felina Sporothrix brasiliensis - +
14 G Felina Sporothrix brasiliensis - +
15 G Felina Sporothrix brasiliensis - +
16 G Felina Sporothrix brasiliensis - +
17 G Felina Sporothrix brasiliensis - +
18 G Felina Sporothrix brasiliensis - +
19 G Felina Sporothrix brasiliensis - +
20 G Felina Sporothrix brasiliensis - +
21 G Felina Sporothrix brasiliensis - +
Fonte: Elaborado pela autora.
36

Figura 3 - Gel de amplificação por PCR de MAT1-2 realizada em 21 amostras de S. brasiliensis


de isolados felinos.

Legenda: (PM) Peso molecular, DNA ladder, 100pb. Na sequência as bandas amplificadas
representam os isolados felinos do tipo MAT 1-2.
Fonte: Elaborado pela autora.

Tabela 2 - Resultado de tipagem sexual realizada pela PCR de 16 isolados de caninos com
esporotricose no Lapclin-Dermzoo/INI/Fiocruz (2013-2018).
Tipagem sexual
Amostra Espécie Espécie genotípica MAT1-1 MAT1-2
1C Canino Sporothrix brasiliensis - +
2C Canino Sporothrix brasiliensis - +
3C Canino Sporothrix brasiliensis - +
4C Canino Sporothrix brasiliensis - +
5C Canino Sporothrix brasiliensis - +
6C Canino Sporothrix brasiliensis - +
7C Canino Sporothrix brasiliensis - +
8C Canino Sporothrix brasiliensis - +
9C Canino Sporothrix brasiliensis - +
10 C Canino Sporothrix brasiliensis - +
11 C Canino Sporothrix brasiliensis - +
12 C Canino Sporothrix brasiliensis - +
13 C Canino Sporothrix brasiliensis - +
14 C Canino Sporothrix brasiliensis - +
15 C Canino Sporothrix brasiliensis - +
16 C Canino Sporothrix brasiliensis - +
Fonte: Elaborado pela autora.
37

Figura 4- Gel de amplificação por PCR de MAT1-2 realizada em 16 amostras de S. brasiliensis de


isolados caninos.

Legenda: (PM) Peso molecular, DNA ladder, 100pb. Na sequência as bandas amplificadas
representam os isolados caninos do tipo MAT 1-2.
Fonte: Elaborado pela autora.

5.2 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS DOS FELINOS

Foram analisados no estudo 21 prontuários felinos. Os gatos tinham idade mediana de


31,5 meses (6-84 meses), sendo a maioria machos (17; 81%). As demais características
epidemiológicas encontram-se descritas na tabela 3.
38

Tabela 3 - Distribuição das características epidemiológicas de 21 felinos com esporotricose dos quais
foram obtidos os isolados, no Lapclin-Dermzoo/INI/Fiocruz (1998-2018).
Variável N %
Sexo
Macho 17 81,0
Fêmea 04 19,0
Raça

SRD 17 81,0
Siamês 04 19,0
Acesso à rua

Sim 18 85,7
Não 03 14,3

Castrado

Não 10 47,6
Sim 11 52,4
Município

Rio de Janeiro 13 61,9


Duque de Caxias 02 9,6
São Gonçalo 02 9,6
Nova Iguaçu 03 14,2
Belford Roxo 01 4,7
Fonte: Elaborado pela autora.

Com relação aos dados clínicos, a maioria dos felinos apresentavam bom estado geral
(17; 81%) e linfadenomegalia (14; 66,7%). As demais características clínicas encontram-se
descritas na tabela 4.
39

Tabela 4 - Distribuição das características clínicas dos 21 isolados felinos com esporotricose atendidos no Lapclin-
Dermzoo/INI/Fiocruz (1998-2018).
Variável N %

Estado geral
Bom 17 81,0
Regular 02 9,52
Ruim 02 9,52

Linfadenomegalia

Presente 14 66,7

Ausente 7 33,3

Sinais respiratórios

Presente 13 61,9

Ausente 08 38,0

Lesão em mucosa

Presente 11 52,3

Ausente 10 47,7

Desfecho clínico
Favorável 09 42,9

Desfavorável 12 57,1

Distribuição de lesões cutâneas

L1 06 28,5

L2 02 9,5

L3 13 62,0
Legenda: L1: Lesões cutâneas em 1 sítio anatômico; L2: Lesões cutâneas em 2 sítios anatômicos não contíguos;
L3: Lesões cutâneas em 3 ou mais sítios anatômicos não contíguos.
Fonte: Elaborado pela autora.

Quanto aos sinais respiratórios, o espirro foi o sinal mais frequente (13; 92,3%). Os
felinos apresentaram um ou mais sinais respiratórios associados, como pode ser observado na
figura 5.
40

Figura 5- Frequência dos sinais respiratórios apresentados por 13 gatos com esporotricose,
dos quais os isolados foram obtidos, atendidos no Lapclin-Dermzoo/INI/Fiocruz (1998-2018).

Felinos

Espirro + Secreção nasal + dispnéia 1; 7,7%

Espirro + Dispnéia + Rinorréia 1; 7,7%


Sinais respiratórios

Espirro + Secreção nasal 4; 30,7%

Espirro + Rinorréia 2; 15,5%

Dispnéia + Rinorréia 1; 7,7%

Espirro 4; 30,7%

0 1 2 3 4 5
N

Legenda: Os números indicam frequência e percentual, respectivamente.


Fonte: Elaborado pela autora.

Dos 21 felinos incluídos no estudo, 20 (95,2%) apresentaram lesões cutâneas, sendo a


úlcera a lesão mais frequente, vista em 19 (90,5%) gatos. Observamos que os felinos
apresentaram um tipo de lesão cutânea ou a combinação de duas ou mais, conforme descrito na
figura 6.
41

Figura 6- Frequência do tipo de lesão cutânea apresentados por 20 gatos com esporotricose,
dos quais os isolados foram obtidos, atendidos no Lapclin-Dermzoo/INI/Fiocruz (1998-2018).

felinos
goma+úlcera+nódulo 2; 10%

úlcera+nódulo 3; 15%
Lesões Cutâneas

úlcera+goma 3; 15%

nódulo 1; 5%

úlcera 11; 55%

0 2 4 6 8 10 12
N

Legenda: Os números indicam frequência e percentual, respectivamente.


Fonte: Elaborado pela autora.

Com relação à lesão em mucosa, 11 gatos (52,4%) apresentaram lesão em mucosa nasal,
conforme detalhado na figura 7.

Figura 7- Frequência da localização de lesões mucosas apresentados por 11 gatos com esporotricose,
dos quais os isolados foram obtidos, atendidos no Lapclin-Dermzoo/INI/Fiocruz (1998-2018).

Le s ã o e m m u c o s a
1
9; 81,8%
9
8
7
6
N 5
4 Felinos
3
2 1; 9,1%
1; 9,1%
1
0
Nasal Oral Conjutival

Legenda: Os números indicam frequência e percentual, respectivamente.


Fonte: Elaborado pela autora.
42

O desfecho clínico mais observado foi a cura, que ocorreu em 9 felinos (42,9%) como
demostrado na figura 8.

Figura 8- Frequência do desfecho do tratamento em felinos com esporotricose dos quais foram obtidos
os isolados, no Lapclin-Dermzoo/INI/Fiocruz (1998-2018).

Desfecho de tratamento

10
9; 42,8%
9
8
7
6
5; 23,8% 5; 23,8%
5 Felinos
4
3
2
1; 4,8 1;4,8
1
0

Cura Falência Óbito por Óbito por Eutanásia


esporotricose outra causa

Legenda: Os números indicam frequência e percentual, respectivamente.


Fonte: Elaborado pela autora.

5.3 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS DOS CANINOS

Foram analisados no estudo 16 prontuários caninos. Os cães tinham idade mediana de


62,4 meses (12-108 meses), sendo a maioria machos (11; 68,7%). As demais características
epidemiológicas encontram-se descritas na tabela 5.
43

Tabela 5 - Distribuição das características epidemiológicas dos 16 cães com esporotricose dos quais foram
obtidos os isolados, no Lapclin-Dermzoo/INI/Fiocruz (2013-2018).
Variável N %
Sexo
Macho 11 68,7
Fêmea 05 31,3
Raça
SRD 08 50,0
Yorkshire 03 18,7
Outras 05 31,3
Contato com gato
Sim 11 68,7
Não 5 31,3
Possível forma de transmissão
Desconhecido 07 43,7
Arranhadura/mordedura de gato 06 37,5
Contato corporal 03 18,7
Município
Rio de Janeiro 11 68,7
Duque de Caxias 03 18,7
Nova Iguaçu 01 6,3
Araruama 01 6,3
Legenda: SRD = sem raça definida.
Fonte: Elaborado pela autora.

A maioria dos caninos apresentavam bom estado geral (13; 83,3%) e a presença de sinais
respiratórios (14; 69,6%). As demais características clínicas encontram-se descritas na tabela 6.
44

Tabela 6- Distribuição das características clínicas dos 16 isolados caninos com esporotricose atendidos no
Lapclin- Dermzoo/INI/Fiocruz (2013-2018).
Variável N %
Estado geral
Bom 13 83,3
Regular 03 13,0

Linfadenomegalia
Ausente 11 68,7
Presente 05 31,3
Sinais respiratórios
Presente 14 69,6
Ausente 02 30,4
Forma clínica
Cutânea localizada 02 12,5
Cutânea disseminada 02 12,5
Cutânea localizada+mucosa 08 50,0
Cutânea disseminada+mucosa 03 18,7
Mucosa 01 6,3
Desfecho
Favorável 11 68,7
Desfavorável 05 31,3
Fonte: Elaborado pela autora.

O espirro foi o sinal respiratório mais frequente, estando presente em 13 cães (93,0%),
como pode ser observado na figura 9, os caninos apresentaram um ou mais sinais respiratórios
associados.
45

Figura 9 - Frequência de sinais respiratórios em caninos com esporotricose dos quais foram
obtidos os isolados, no Lapclin-Dermzoo/INI/Fiocruz (2013-2018).

Espirro + Secreção nasal + Dispnéia 1; 7,1%

1; 7,1%
Espirro + Dispnéia + Rinorréia
Sinais respiratórios

4; 28,6%
Espirro + Secreção nasal

Espirro + Rinorréia 2; 14,4% caninos

1; 7,1%
Dispnéia + Rinorréia

Espirro 5; 35,7%

0 1 2 3 4 5 6
N

Legenda: Os números indicam frequência e percentual, respectivamente.


Fonte: Elaborado pela autora.

Dos 16 cães avaliados, 15 apresentaram lesão cutânea, principalmente úlcera, presente


em 80,0% dos animais. Os cães apresentaram um tipo de lesão cutânea ou a combinação de
dois ou mais tipos, conforme descrito na figura 10.

Figura 10- Frequência do tipo de lesão cutânea em caninos com esporotricose dos quais
foram obtidos os isolados, no Lapclin-Dermzoo/INI/Fiocruz (2013-2018).

Tumoração 1; 6,6%

úlcera+nódulo 7; 46,6%
Lesões cutâneas

nódulo 2; 13,4% caninos

úlcera 5; 33,4%

0 2 4 6 8
N

Legenda: Os números indicam frequência e percentual, respectivamente.


Fonte: Elaborado pela autora.
46

Com relação à presença de lesão em mucosa, esta foi observada em 12 cães (75%),
sendo todas localizadas na mucosa nasal. O desfecho do tratamento mais observado, em todos
os animais foi a cura, que ocorreu em 8 caninos (50%) como demonstrado na figura 11.

Figura 11 - Frequência do desfecho do tratamento em caninos com esporotricose dos quais


foram obtidos os isolados, no Lapclin-Dermzoo/INI/Fiocruz (2013-2018).

9
8; 50%
8
7
6; 37,5%
6
5
4 Caninos
3
2; 12,5%
2
1
0
Cura Falência Óbito por esporotricose

Legenda: Os números indicam frequência e percentual, respectivamente.


Fonte: Elaborado pela autora.
47

6.DISCUSSÃO

O comportamento sexual de S. brasiliensis associado aos aspectos clínicos e


epidemiológicos da esporotricose em cães e gatos ainda não foi abordado nestas espécies
animais. O entendimento da distribuição espacial e a frequência de idiomorfos de acasalamento
deste agente é clinicamente relevante para compreender a presença ou ausência de reprodução
sexual.

No presente trabalho foi realizada a tipagem sexual de isolados de S. brasiliensis


oriundos de cães e gatos sendo um estudo pioneiro em caninos, uma vez que a técnica foi
empregada em isolados provenientes desta espécie animal pela primeira vez.

Em nosso estudo, todas as amostras avaliadas obtidas de gatos eram da espécie S.


brasiliensis e pertenciam ao tipo de acasalamento MAT1-2, corroborando achados de estudos
anteriores realizados em São Paulo (DE CARVALHO et al., 2021), Espirito Santo (DA CRUZ
BAHIENSE ROCHA et al., 2020) e em diferentes estados do Brasil (TEIXEIRA et al., 2015).
Estes últimos autores observaram que as frequências dos tipos de acasalamento de S.
brasiliensis possuíam uma proporção de 1:1 de ambos os idiomorfos na maioria dos estados
do Brasil, no entanto, no Rio Grande do Sul a frequência de isolados MAT1-1 foi
significativamente maior enquanto os isolados MAT1-2 foram dominantes no Rio de Janeiro.

Como relatado por De Carvalho e colaboradores (2021) a amplificação assexuada


pode distorcer as frequências de acasalamento, e os genótipos de S. brasiliensis durante os
surtos na população felina tendem a ser predominantemente clonais, o que não implica
necessariamente na ausência de sexo, mas indica a seleção de um genótipo bem adaptado.

Estudos em Histoplasma capsulatum do locus MAT permitiu uma comparação


molecular de organismos do tipo de acasalamento + (MAT 1-1) e – (MAT 1-2) que
demonstraram desequilíbrio entre os isolados clínicos dessa espécie, com - (MAT 1-2) sendo
otipo de acasalamento predominante (KWON-CHUNG et al., 1984, KWON-CHUNG et al.,
1974), como observado no presente trabalho. Entretanto, este desequilíbrio não é descrito em
isolados ambientais de H. capsulatum (KWON- CHUNG et al., 1974).

Embora o desequilíbrio do tipo de acasalamento em isolados clínicos possa sugerir


diferenças na virulência, estudos com isolados nesta espécie testando os potenciais de
virulência de cepas do tipo de acasalamento + e − não demonstraram diferenças em modelos
48

murinos infectados ( KWON-CHUNG et al., 1984; BUBNICK et al., 2007). Adicionalmente,


Della Terra e colaboradores (2017) também não observaram diferenças significativas
associadas à virulência em idiomorfos MAT1-1 e MAT1-2 em espécies do gênero Sporothrix
em modelo murino.

Em relação aos aspectos clínicos e epidemiológicos, no estudo atual foi observado uma
alta prevalência de gatos machos, adultos jovens, sem raça definida, com acesso à rua, em bom
estado geral e procedentes do município do Rio de Janeiro corroborando achados prévios na
mesma região (MACÊDO-SALES et al., 2018; MIRANDA et al., 2018; PEREIRA et al.,
2014; REIS et al., 2016; SCHUBACH et al., 2004; SOUZA et al., 2018).

A maior parte desses animais eram castrados, diferentemente do observado em estudos


anteriores (SCHUBACH et al., 2004 MIRANDA et al., 2018; POESTER et al., 2018), que
constataram que os felinos não castrados foram os mais acometidos pela esporotricose. Isso
pode ser justificado devido ao N amostral utilizado no presente estudo ter sido pequeno e
também em decorrência de uma maior frequência de campanhas educativas sobre guarda
responsável e de castração promovidas por algumas prefeituras de municípios do estado do Rio
de Janeiro e Organizações Não Governamentais (ONGs), que tem se intensificado nos últimos
anos. É válido ressaltar a importância de limitar o acesso dos gatos à rua, apesar do desafio
para os tutores, pois a maioria são residentes de casas com quintais neste município.

As lesões mais frequentemente observadas em gatos com esporotricose são nódulos e


úlceras, geralmente localizadas na cabeça, extremidades dos membros e cauda (SCHUBACH
et al., 2012). A úlcera foi a lesão cutânea mais frequente nos gatos investigados, ratificando
estudos anteriores (PEREIRA et al., 2015; SILVA, J et al., 2018).
Quanto a distribuição das lesões cutâneas, nosso estudo corroborou os achados presentes
na literatura (MIRANDA et al., 2018; PEREIRA et al., 2010; REIS et al., 2016 SCHUBACH
et al., 2004; SOUZA et al., 2018), no qual foi observada uma frequência maior de animais do
grupo L3 (lesões cutâneas em três ou mais locais não contíguos), seguido de L2 e L1. Isso
pode estar relacionado a um maior tempo de infecção até o diagnóstico, como já foi observado
em estudos anteriores (PEREIRA et al., 2014; REIS et al., 2016).
Na esporotricose felina o envolvimento das mucosas é frequente, especialmente a
mucosa nasal, associado a presença de sinais extracutâneos como espirros, rinorréia e dispneia
(Schubach et al., 2004, SOUZA et al., 2018; MIRANDA et al., 2018). A maioria dos animais
incluídos neste estudo apresentava lesão na mucosa nasal. Sinais extracutâneos respiratórios
como espirros, dispneia, rinorreia, e secreção nasal também foram observados neste estudo.
49

Linfadenomegalia também pode estar presente nos gatos com esporotricose (Schubach
et al., 2004; CARVALHO et al., 2018; MACÊDO-SALES et al., 2018), como observado
na maioria dos felinos analisados neste estudo.

Quanto ao desfecho do tratamento, a maioria dos gatos inclúidos no estudo atual


alcançou a cura clínica, embora, um grupo considerável de animais tenha evoluído a óbito por
esporotricose ou apresentado falha terapêutica tenha sido observados principalmente nos gatos
que apresentavam lesões cutâneas em mais de um sítio anatômico (L2 e L3), lesão na mucosa
nasal e sinais respiratórios. Relatos de falha terapêutica são comuns nesses casos, mesmo
quando protocolos terapêuticos estabelecidos são utilizados (GREMIÃO et al., 2021; REIS et
al., 2016).
Já os cães são a segunda espécie animal mais acometida, porém diferentemente do que
ocorre na esporotricose felina e humana, estudos sobre a esporotricose canina são escassos,
limitando-se a relatos de casos isolados ou séries de casos (BERNSTEIN et al., 2007;
CAFARCHIA et al., 2007; CROTHERS et al., 2009; FILGUEIRA, 2009; GUTERRES et al.,
2014; MADRID et al., 2007; MADRID et al., 2012; MORIELLO et al., 1988; ROSSI et al.,
2013; SYKES et al., 2001; WHITTEMORE; WEBB, 2007).
No Brasil, o maior número de casos publicados são pertencentes ao Rio de Janeiro,
observadas desde o final da décadade 1990 (BARROS et al., 2011; BOECHAT et al., 2020;
FREITAS et al., 2014; GREMIÃO et al., 2017).
Neste estudo a maior parte dos cães foi proveniente do município do Rio de Janeiro,
corroborando estudos anteriores (SCHUBACH et al., 2006; VIANA et al., 2018). Alguns cães
pertenciam a cidades próximas, como Duque de Caxias e Nova Iguaçu que são municípios
com situação socioeconômica menos favorecida, principalmente se tratando de infraestrutura
e habitação, além de serviços de saúde precários.
Há a hipótese discutida por Barros e colaboradores (2010) de que embora a doença
tenha se expandido para municípios vizinhos, o município do Rio de Janeiro é o mais populoso
e com o maior número de casos, como também foi observado neste estudo.

A população deste estudo foi constituída majoritariamente por cães machos, sem raça
definida e apresentando bom estado geral, reforçando os achados descritos em outros estudos
realizados na região metropolitana do Rio de Janeiro (SCHUBACH et al., 2006; VIANA et al.,
2018).

Em relação à possível forma de transmissão de Sporothrix sp., a maioria dos tutores


desconhecia a forma de transmissão, embora a maioria dos cães tenham tido contato com gato,
50

corroborando os achados de Schubach et al. (2006) e Viana et al. (2018), que no Brasil a
transmissãoda doença para caninos é mais comum por meio do contato com gato infectado.

Descrevemos a compatibilidade sexual de isolados de S. brasiliensis obtidos de cães


com esporotricose. Observamos conforme nos isolados felinos de nosso estudoque o tipo de
acasalamento MAT1-2 foi o único identificado.

Assim como nos gatos incluídos neste estudo, a lesão mais frequentemente relatada
foi a úlcera, corroborando os achados de estudos anteriores (MASCARENHAS et al., 2018;
SCHUBACH et al., 2006; VIANA et al., 2018). Foi observado que estes animais apresentavam
em sua maioria lesões em face (principalmente região nasal), assim como descrito por Schubach
et al. (2006). Deduz-se que a maior predominância das lesões em região nasal dos cães pode
estar relacionada à maior exposição da face durante o contato com gatos infectados e pelo hábito
de farejar, como também observado em estudos anteriores (MASCARENHAS et al., 2018;
SCHUBACH et al., 2006; VIANA et al., 2018).

Neste estudo foi observado que a maior parte dos caninos apresentavam sinais
respiratórios, sendo mais frequente o espirro associado à secreção nasal corroborando achados
na literatura (BOECHAT et al., 2020; SCHUBACH et al., 2006; VIANA et al., 2018). Quanto
a linfadenomegalia, diferentemente desses autores, o estudo atual não observou este sinal
clínico na maioria dos cães analisados.

A classificação clínica dos cães foi realizada por meio da observação das formas
clínicas associadas ou não de sinais extracutâneos. Nossos resultados indicaram que a forma
cutânea localizada associada a forma mucosa foi a mais frequente, diferentemente dos achados
de outros autores ( SCHUBACH et al., 2006 e VIANA et al., 2016).

O desfecho do tratamento mais frequente nos cães do presente estudo, foi a cura
clínica, como observado por Schubach et al. (2006) e por Viana et al. (2018) no qual
ocorreram menos desfechos desfavoráveis em cães do que em gatos. Nos cães, a presença de
lesões mucosas especialmente nasal, e sinais respiratórios com desfechos desfavoráveis, ainda
não está constatada, como ocorre na doença em felinos, em que esses sinais foram vinculados
à falha terapêutica e óbito (PEREIRA et al., 2010; SOUZA et al., 2018).
A possibilidade do tipo de acasalamento ser um fator de virulência em isolados de
Sporothrix sp. necessita ser avaliada em futuros estudos, uma vez que não foi possível
correlacionar o tipo de MAT ao perfil de virulência. Segundo Corrêa-Moreira e colaboradores
(2021), a patogenicidade de Sporothrix não está apenas relacionada à espécie do patógeno, mas
51

também apresenta variação entre diferentes isolados de uma mesma espécie e devido ao perfil
do hospedeiro. Na literatura, já foi relatado que há uma diversidade intraespecífica entre cepas
de S. brasiliensis capaz de influenciar a patogenicidade das mesmas (CORRÊA-MOREIRA
et al., 2021; FERNADES et al., 2013).
Em nosso estudo observamos que tanto os cães quanto os gatos da região
metropolitana do Rio de Janeiro possuíam o mesmo tipo de acasalamento, ou seja, o idiomorfo
MAT1-2, o que destaca mais uma vez a importância do felino nesta epizootia, por se tratar de
um hospedeiro suscetível, uma vez que cães e gatos tem papéis diferentes na epidemiologia
da doença.

Fatores como a entrada dos gatos na cadeia de transmissão da esporotricose, associada


à emergência do S. brasiliensis durante as epizootias, contribuem para que esta micose seja uma
das principais zoonoses da atualidade (RODRIGUES et al., 2020).

Os aspectos que levam à alta suscetibilidade dos gatos à infecção por S. brasiliensis,
que frequentemente desenvolvem doença grave e/ou sistêmica, ainda são desconhecidos
(GREMIÃO et al., 2020), sendo então fundamental que mais estudos sejam realizados para
elucidar esta questão e a avaliação da compatibilidade sexual dos isolados de S. brasiliensis
obtidos de cães e gatos da hiperendemia do Rio de Janeiro auxiliará em estudos futuros.
52

7. CONCLUSÃO

● Todos os isolados de S. brasiliensis oriundos de gatos e cães analisados possuíam o tipo de


acasalamento MAT1- 2, não havendo diferença no comportamento sexual do fungo nesses
animais.

● O perfil clinico - epidemiológico dos animais incluidos neste estudo foi semelhante ao descrito
na literatura.

● Não foi possível verificar uma associação entre o tipo de acasalamento e o perfil clínico-
epidemiológico dos animais e seus desfechos de tratamento, uma vez que todos os isolados dos
animais eram idiomorfos MAT 1-2.
53

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