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Ai - Gratuidade - Litigância de Má Fé

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Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

PJe - Processo Judicial Eletrônico

24/09/2021

Número: 0701962-16.2021.8.07.0000
Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO
Órgão julgador colegiado: 6ª Turma Cível
Órgão julgador: Gabinete do Des. Arquibaldo Carneiro
Última distribuição : 20/01/2021
Valor da causa: R$ 0,00
Processo referência: 0706131-26.2020.8.07.0018
Assuntos: Entidades Sem Fins Lucrativos, Assistência Judiciária Gratuita
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Advogados
INSTITUTO BRASILEIRO DE POLITICAS PUBLICAS
(AGRAVANTE)
GUILHERME GUERRA REIS (ADVOGADO)
DISTRITO FEDERAL (AGRAVADO)

Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
22616513 19/01/2021 Agravo Agravo
20:45
22616514 19/01/2021 AGRAVO DE INSTRUMENTO - JUSTIÇA Petição
20:45 GRATUITA - MULTA - LITIGÂNCIA DE MÁ FÉ
22616515 19/01/2021 DOC 01- NOTIFICAÇÃO DE COBRANÇA Documento de Comprovação
20:45
22616516 19/01/2021 DOC 02 -Relatório de desligamentos- outubro- Documento de Comprovação
20:45 dezembro 2019 e janeiro-maio 2020
22616517 19/01/2021 DOC 03- ACORDO COLETIVO- REDIÇÃO Documento de Comprovação
20:45 SALÁRIO
22616518 19/01/2021 DOC 04 DECISÃO JUDICIAL LOKIN DOWN Documento de Comprovação
20:45
22616519 19/01/2021 DOC 05 DECRETO 312020 Documento de Comprovação
20:45
22616520 19/01/2021 DOC 06 DECISÃO STJ Documento de Comprovação
20:45
22616521 19/01/2021 16-Nota Documento de Comprovação
20:45 Explicativa2019_Balanço_ECD_2019_ENVIADO_
ECD_2019-2020
22616522 19/01/2021 15- Documento de Comprovação
20:45 DRE_ECD_2019_Balanço_ECD_2019_ENVIADO_
ECD_2019-2020
22616523 19/01/2021 14- Documento de Comprovação
20:45 Balanço_ECD_2019_Balanço_ECD_2019_ENVIA
DO_ECD_2019-2020
22618308 20/01/2021 Certidão Certidão
11:53
22620850 20/01/2021 Certidão Certidão
12:22
22621547 20/01/2021 Certidão Certidão
12:36
22632376 20/01/2021 Decisão Decisão
19:13
22816501 29/01/2021 Certidão de disponibilização Certidão de disponibilização
02:16
23003364 04/02/2021 Agravo Interno Agravo Interno
17:50
23003365 04/02/2021 Agravo Interno 0701962-16.2021.8.07.0000 Agravo Interno
17:50
23002802 04/02/2021 Certidão Certidão
18:02
23002803 04/02/2021 Certidão Certidão
18:03
23247807 12/02/2021 Despacho Despacho
20:00
23682580 02/03/2021 Contrarrazões Contrarrazões
11:29
23682581 02/03/2021 Outros Documentos Outros Documentos
11:29
23687039 02/03/2021 Certidão Certidão
13:03
24097545 16/03/2021 Contrarrazões Contrarrazões
13:37
24108030 16/03/2021 Certidão Certidão
15:30
24108033 16/03/2021 Certidão Certidão
15:30
24457793 29/03/2021 Intimação de Pauta Intimação de Pauta
11:18
25428764 06/05/2021 Certidão de julgamento Certidão
14:49
25489395 10/05/2021 Acórdão Acórdão
18:52
24284358 10/05/2021 Voto do Magistrado Voto
18:52
24283635 10/05/2021 Relatório Relatório
18:52
24284411 10/05/2021 Ementa Ementa
18:52
25758111 19/05/2021 Certidão de disponibilização Certidão de disponibilização
02:16
25913819 25/05/2021 Certidão Certidão
11:33
26417176 12/06/2021 Certidão Certidão
08:01
26417177 12/06/2021 Certidão Certidão
08:02
26427086 14/06/2021 Ofício entre Órgãos Julgadores Ofício entre Órgãos Julgadores
10:04
26427087 14/06/2021 Certidão de Trânsito Anexo
10:04
26427088 14/06/2021 Acórdão Anexo
10:04
Segue anexo agravo em pdf

Número do documento: 21011920442027000000021932509


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21011920442027000000021932509
Assinado eletronicamente por: GUILHERME GUERRA REIS - 19/01/2021 20:44:20
Num. 22616513 - Pág. 1
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR DO DISTRITO FEDERAL
E TERRITÓRIOS

INSTITUTO BRASILEIRO DE POLÍTICAS PÚBLICAS - IBRAPP, por seus procuradores


que esta subscrevem, nos autos da ação acima epigrafada, vem, respeitosamente, a
presença de Vossa Excelência, não se conformando com a r. decisão que revogou o
pedido de justiça gratuita proferido nos autos de nº 0706131-26.2020.8.07.0018, junto
à 8ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal, para apresentar AGRAVO DE
INSTRUMENTO, consubstanciado nas laudas anexadas, com guarida no art. 1.015, inc.
I do CPC.

Termos em que,
Pede e Espera Deferimento.

RENATA APARECIDA DE LIMA


OAB/MG nº 154.326

GUILHERME GUERRA REIS


OAB/MG nº 182.006

Número do documento: 21011920442037400000021932510


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21011920442037400000021932510
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Num. 22616514 - Pág. 1
RAZÕES DE AGRAVO

AGRAVANTE: INSTITUTO BRASILEIRO DE POLÍTICAS PÚBLICAS - IBRAPP


AGRAVADO: DISTRITO FEDERAL
Ref. Processo nº 0706131-26.2020.8.07.0018
Origem do Processo: DA 08ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL

Egrégio Tribunal,
Eminentes Julgadores,

01 -DO CABIMENTO E DA TEMPESTIVIDADE


O Agravo de Instrumento apresentado é tempestiva, uma vez que nos termos do art.
1.003, parágrafo 5º do CPC, apresentada antes do termo final.

02 - DO PREPARO –ART. 1017, § 1º DO CPC


A Agravante, na qualidade de pessoa jurídica beneficente de assistência social, requer a
manutenção da decisão judicial que lhe concedeu os benefícios da Justiça Gratuita, nos
termos do art. 5º, inciso LXXIV da Constituição Federal e dos artigos 98 e seguintes do
Código de Processo Civil, por ser hipossuficiente, no sentido da lei, razão pela qual deixa
de recolher o preparo, uma vez que não possui recursos financeiros para arcar com as
custas processuais, sem que prejudique, para tanto, a sua própria atividade, bem como,
o pedido de deferimento de justiça gratuita é objeto do presente Agravo.

Número do documento: 21011920442037400000021932510


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21011920442037400000021932510
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Num. 22616514 - Pág. 2
03 - DA JUNTADA DAS PEÇAS OBRIGATÓRIAS E FACULTATIVAS – ART. 1017, INC. I A III
e §5º DO CPC
A Agravante deixa de juntar cópia integral dos autos, nos termos do §5º do art. 1017 do
Código de Processo Civil, que assevera: “Sendo eletrônicos os autos do processo,
dispensam-se as peças referidas nos incisos I e II do caput , facultando-se ao agravante
anexar outros documentos que entender úteis para a compreensão da controvérsia”.

03 – BREVE RELATO DO PROCESSADO


A parte Agravante é uma organização sem fins lucrativos, integrante do Terceiro Setor,
por conseguinte, constituído como organização não governamental, atuando como
parceiro do poder público na aplicação de políticas públicas junto aos órgãos coletivos
especialmente na qualidade de Entidade Beneficente de Assistência Social na Área da
saúde.

Assim ajuizou a ação principal para se ver restituída dos imposto de ISS pago
indevidamente nos últimos cinco anos por preencher todos os requisitos contidos no
artigo 14, do Código Tributário Nacional, ou seja, que não distribui “qualquer parcela de
seu patrimônio ou de suas rendas a qualquer título” (inc. I do artigo 14 do CTN), aplica
“integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos
institucionais” (inc. II do artigo 14 do CTN), e, mantem, “escrituração de suas receitas e
despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão” (inc.
III do artigo 14 do CTN).

Número do documento: 21011920442037400000021932510


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Num. 22616514 - Pág. 3
Requerendo, seja reconhecido o direito da Autora à imunidade prevista nos artigos 150,
VI, “c”, da CF/88, em face, do preenchimento dos requisitos do art. 14 do CTN, por se
tratar de norma de lei complementar, especificamente do ISS – Imposto Sobre Serviço;
Requerida a justiça gratuita o juiz de piso deferiu a decisão deferindo a justiça gratuita
em ID: 72241661.

Contudo, após manifestação da Agravada em sede de contestação para revogar a


decisão que deferiu a justiça gratuita, mesmo, após manifestação da Agravante
comprovando que não possui condições de arcar com as despesas processuais, inclusive
por ser deficitária, a juíza de piso revogou a decisão que deferiu a justiça gratuita e ainda
aplicou multa por litigância de má-fé na Agravante.

Sobre o tema, o magistrado de origem revogou a pretensão da Agravante em ID:


72241661, sob o seguinte fundamento:

“O réu apresentou impugnação à gratuidade da justiça concedida à autora


com alegação de que essa possui condições financeiras de arcar com as
despesas do processo (ID 73507993) e essa em réplica limitou-se a dizer de
forma excessivamente genérica que demonstrou satisfazer os requisitos
legais. Não obstante os documentos anexados aos autos pela própria autora
lhe foi oportunizado comprovar sua alegada hipossuficiência financeira (ID
76544288), mas essa limitou-se a dizer que por se tratar de instituição sem
fins lucrativos não precisa comprovar sua hipossuficiência financeira e
discorreu longamente sobre sua suposta impossibilidade de recolher as
custas processuais (ID 77693800). Ao contrário do afirmado pela autora
todas as jurisprudências mencionadas e transcritas por ela em suas peças
processuais indicam que mesmo as entidades sem fins lucrativos devem
comprovar a sua hipossuficiência financeira para a obtenção do benefício

Número do documento: 21011920442037400000021932510


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Num. 22616514 - Pág. 4
da gratuidade da justiça, portanto, sem razão a autora em suas alegações.
Examinando detidamente os documentos anexados aos autos constata-se
que a autora emitiu diversas notas fiscais em valores bastantes expressivos
(ID 72213269, fls. 1 a 50 e ID 72213271) e no seu balanço patrimonial há
indicação de superávit no exercício de 2019 de R$ 13.697.610,57 (treze
milhões, seiscentos e noventa e sete mil, seiscentos e dez reais e cinquenta e
sete centavos), além do lucro líquido de R$ 4.944.881,31 (quatro milhões,
novecentos e quarenta quatro mil, oitocentos e oitenta e um reais e trinta e
um centavos) conforme documento de ID 72213272. No ano de 2020, que
segundo a autora teria suportado dificuldades financeiras em razão da
pandemia do coronavirus, houve a emissão de pelo menos duas notas fiscais
com valores superiores a 3 (três) milhões de reais. Assim, está suficientemente
evidenciada a capacidade financeira da autora em arcar com as despesas do
processo, por isso, o benefício anteriormente concedido deve ser revogado..
Assim, está suficientemente evidenciada a capacidade financeira da autora
em arcar com as despesas do processo, por isso, o benefício anteriormente
concedido deve ser revogado.

O réu requereu, ainda, a condenação da autora por litigância da má-fé, já que


ela teria alterado a verdade dos fatos, nos termos do artigo 80, II do Código
de Processo Civil. Verifica-se dos autos que a autora requereu o benefício da
gratuidade da justiça quando possui condições financeiras para arcar com as
despesas do processo e mesmo tendo lhe sido oportunizada a comprovação
de suas alegações não o fez, posto que não juntou nenhum documento que
comprove a alegada hipossuficiência e os documentos anteriormente
anexados aos autos por ela comprovam satisfatoriamente um rendimento
expressivo, portanto, houve realmente alteração dos fatos, caracterizando a
litigância de má-fé, razão pela qual ela deverá pagar a multa estabelecida no
parágrafo único do artigo 100 do Código de Processo Civil. Considerando o
patrimônio e rendimento da autora, conforme destacado em linhas volvidas
e a sua conduta de insistir na manutenção do benefício quando os próprios

Número do documento: 21011920442037400000021932510


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documentos anexados aos autos por ela comprovam exatamente o contrário
tem-se que o valor da multa deverá ser fixado em 2% (dois por cento) sobre o
valor da causa. Em face das considerações alinhadas revogo o benefício da
gratuidade da justiça concedido à autora, defiro o prazo de 10 (dez) dias para
o recolhimento das custas iniciais, sob pena de extinção do feito sem
resolução de mérito e a condeno ao pagamento de multa fixada em 2% (dois
por cento) sobre o valor da causa.”

Não obstante, conforme será exposto nas razões do recurso, merece reforma a decisão
de origem.

04 – DO MÉRITO
A parte Autora é uma organização sem fins lucrativos, integrante do Terceiro Setor, por
conseguinte, constituído como organização não governamental, atuando como parceiro
do poder público na aplicação de políticas públicas junto aos órgãos coletivos
especialmente na qualidade de Entidade Beneficente de Assistência Social na Área da
saúde.

Inicialmente cabe frisar que ao contrário do que fundamenta a juíza “a quo” sobre o
balanço patrimonial de 2019, a Agravante foi deficitária na importância de R$ 61.580,
11 ( sessenta e um mil reais, quinhentos e oitenta reais e onze centavos).

Denota- se que a M.M Juíza “a quo”, equivocou-se na análise do balanço patrimonial


da Agravante aduzindo que R$ 13.697.610,57 (treze milhões, seiscentos e noventa e
sete mil, seiscentos e dez reais e cinquenta e sete centavos) fosse o superávit do
exercício, quando na verdade, foi a receita recebida em decorrência das parcerias

Número do documento: 21011920442037400000021932510


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celebradas e mantidas com o Poder Público, receita essa que é totalmente vinculada
as despesas de cada instrumento, ou seja, não é superávit, não é lucro.

Embora a soma dos valores arrecadados pela Agravante alcance R$ 13.697.610,57,


ainda assim, a Agravante por ser uma Entidade de Assistência social de grande porte
possui muitas despesas financeiras com contratos, funcionários, impostos e
manutenção de suas atividades no todo. Portanto, ainda assim foi deficitária na
importância de R$ 61.580,11 (sessenta e um mil reais, quinhentos e oitenta reais e
onze centavos).

Lado outro, a emissão das notas fiscais junto à inicial referente a prestação de serviços
do contratos firmados com o Ente Público, conforme anexos - DOC 04, cujo objeto é
exatamente o exercício das finalidades estatutárias da Agravante, demonstra que os
tomadores dos seus serviços vem retendo o imposto incidente sobre o serviço - ISS, o
que levou ao ajuizamento da ação principal, conforme é possível perceber das notas
fiscais emitidas pela Autora – DOC 05 e 06, nas quais consta a mensagem de que o “ISS
RETIDO PELO TOMADOR”.

Deste modo, as notas fiscais emitidas não evidenciam que a Agravante possui recursos
para arcar com as despesas processuais, pelo contrário, as notas fiscais comprovam que
a Agravante está sendo tributada indevidamente, mesmo prestando serviços de
responsabilidade Estatal e com ofensa ao texto constitucional, como será demonstrado
na fase de instrução, e, possuir vultuosas notas fiscais, não é argumento para
indeferimento do benefício de justiça gratuita, visto que seu déficit supera o superávit.

Número do documento: 21011920442037400000021932510


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Num. 22616514 - Pág. 7
A nota fiscal argumentada pela juíza titular da ação principal, só comprova tamanha
despesas que a Agravante possui para manter suas atividades, bem como que, mesmo
sendo Entidade de Assistência Social, possui o ISS retido pelo Ente Público.

Frisa-se que suas despesas são altas em razão de seu porte, o que está devidamente
comprovado nos autos e balanço patrimonial. O que adveio também com o cenário da
pandemia, que através de prova evidente e robusta foi demonstrado para a juíza de piso
e ignorado, tanto os fatos quanto os documentos apresentados.

Registra que, ter receitas não é o bastante para que a Agravante figure no polo com
capacidade financeira. Para arcar com as despesas processuais a Agravante teria que,
no mínimo, ser superavitária em suas receitas, o que evidentemente não é o caso,
ficando demonstrado através de seu balanço patrimonial de 2019, anexo.

E, da mesma forma que foi disponibilizado e fundamentado para a M.Ma Juíza de


piso, é que se pretende demonstrar e comprovar sua hipossuficiência para os
Ilustríssimos Desembargadores.

Assim, aclarar os fatos, dado seu zelo na prestação de suas atividades, a parte Agravante
firma contratos com o poder público, contudo, em decorrência do cenário atual
atravessado em nosso país, o AGRAVANTE tem enfrentado forte crise financeira de
modo a comprometer suas obrigações atuais, bem como a continuidade de sua própria
existência.

Através de seu Balanço Patrimonial, anexo em ID: 72213272 a parte Agravante faz prova
de sua falta de condição em arcar com as despesas do processo com déficit de R$

Número do documento: 21011920442037400000021932510


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Num. 22616514 - Pág. 8
61.580,11 (sessenta e um mil, quinhentos e oitenta reais e onze centavos) no exercício
de 2019:

Número do documento: 21011920442037400000021932510


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Num. 22616514 - Pág. 9
Demonstrado o primeiro ponto, a parte Agravante, esclarece que está impossibilitada
de buscar sua única fonte de parceria para manutenção de sua estrutura e de seu corpo
de colaboradores. Em razão de equívoco documental, (DOC 01 NOTIFICAÇÃO), o
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, antigo

Número do documento: 21011920442037400000021932510


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Num. 22616514 - Pág. 10
parceiro da parte Agravante, aplicou severa penalidade ao Instituto, a mesma, qual seja,
o pagamento de multa e impedimento do direito de licitar e contratar com a União, além
do descredenciamento do SICAF pelo período de 04 (quatro) meses, o que já está sendo
discutido judicialmente em processo específico.

Como dito alhures, punição essa que furta à parte Agravante, sua única possiblidade de
subsistência, que é oferecer seus serviços ao poder público.

Lado outro, a adversidade enfrentada se revela no quantitativo expressivo de demissões


inevitavelmente ocorridas. Conforme demonstra relatório anexo (DOC 02), ainda em
2019, somente de outubro a dezembro, a parte Agravante, precisou desligar de seu
quadro, fatalmente, 440 colaboradores. Já em 2020, foram 81 desligamentos.

A dificuldade atravessada se agravou ainda mais quando da instalação do cenário de


pandemia no Brasil. Na tentativa de manter-se, não restou alternativa a parte
Agravante, senão “cortar” 25% (vinte e cinco por cento) de todas os seus gastos, dentre
os quais: energia, água, materiais de manutenção e todos os contratos com então
fornecedores (ACORDO COLETIVO DOC 03).

O Acordo Coletivo supramencionado, já homologado pelo sindicato de classe, não


somente reduziu fatalmente os salários dos colaboradores, mas também teve de
minorar a qualidade e quantidade de todos os benefícios até então oferecidos, sob pena
de ocasionar novas demissões.

Número do documento: 21011920442037400000021932510


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21011920442037400000021932510
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Num. 22616514 - Pág. 11
Nesse cenário, não bastassem os impactos nacionais, o Estado do Maranhão,
especialmente sua capital, São Luís, sede da parte Agravante, figura como uma das
capitais do país com maior impacto no número de casos de SARS-COV-2 (COVID 19).

O Maranhão enfrenta os efeitos da decretação de estado de calamidade pública


estabelecida pelo Decreto Legislativo nº 06, de 20 de março de 2020, e de emergência
de saúde pública de importância internacional de que trata a Lei nº 13.979/2020. Diante
disso, as atividades administrativas não elencadas como essenciais padecem pela
impossibilidade de desenvolvimento regular, seja no Maranhão, seja no Distrito
Federal onde se encontra instalada a presente filial da Agravante.

Se somando a isso, decisão judicial local proferida nos autos do processo nº 813507-
41.2020.8.10.0001, em trâmite na Vara de Interesses Difusos e Coletivos de São Luís -
MA, determinou a decretação de LOCKDOWN (adoção do bloqueio total) na capital do
Estado, situação que restringiu ainda mais as atividades do terceiro setor, permitindo
o funcionamento somente de pequeníssima parcela de serviços essenciais (DOC 04).
Para o terceiro setor, que atende as populações mais vulneráveis e lida com os maiores
desafios das parcerias com o setor público, as dificuldades são ainda maiores, eis que,
se os recursos já eram limitados em circunstâncias normais, com a crise houve sua
potencialização. O cenário se evidencia ainda mais à medida em que governos projetam
atrasos nos repasses de parcerias, especialmente quando as ONGs apresentam maior
fragilidade.

Excelência, é irrefutável a crise financeira enfrentada pela parte Agravante, de modo


que o pagamento das custas iniciais, por serem de alta monta, comprometeriam ainda
mais a própria existência da organização social.

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Por outro prisma, de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, (DOC
06) tratando-se de pessoas jurídicas sem fins lucrativos – como nos presentes autos – a
concessão da assistência judiciária gratuita poderá se dar em havendo simples
requerimento e independentemente de prova.

Nesse sentido:
“PROCESSUAL CIVIL. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. SINDICATO. PESSOA
JURÍDICA SEM FINS LUCRATIVOS. POSSIBILIDADE. DESNECESSIDADE DE
COMPROVAÇÃO DA MISERABILIDADE JURÍDICA. PRECEDENTES.
1. O entendimento firmado nesta Corte que é no sentido de ser possível
conceder às pessoas jurídicas o benefício da assistência Judiciária gratuita,
conforme os ditames da Lei n.º 1.060/50.
2. Tratando-se de pessoas jurídicas sem fins lucrativos – tais como entidades
filantrópicas, sindicatos e associações – a concessão poderá se dar em
havendo requerimento e independentemente de prova.
3. Agravo regimental desprovido.” (STJ - AGREsp. 916.638/SC, Rel. Min.
LAURITA VAZ, DJU 28.04.08, p. 1). [Originais sem grifo]

A jurisprudência é firme quanto a ausência de necessidade de comprovação. Vejamos:

"AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA


GRATUITA. SINDICATO. PESSOA JURÍDICA SEM FINS LUCRATIVOS.
POSSIBILIDADE. COMPROVAÇÃO DA MISERABILIDADE JURÍDICA.
DESNECESSIDADE. PRECEDENTES.
1. Esta Corte possui entendimento uníssono no sentido de que é possível
conceder às pessoas jurídicas o benefício da assistência judiciária gratuita, nos
termos da Lei n.º 1.060/50.
2. Em se tratando de pessoas jurídicas sem fins lucrativos – tais como como
entidades filantrópicas, sindicatos e associações – é prescindível a

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comprovação da miserabilidade jurídica, para fins de concessão o benefício
da assistência judiciária gratuita. 3. Agravo regimental improvido." (AgRg
no REsp 1.058.554/RS, 5.ª Turma, Rel. Min. JORGE MUSSI, DJe de
09/12/2008.)

Notadamente, é pacífico que as pessoas jurídicas sem fins lucrativos fazem jus ao
benefício da assistência judiciária gratuita independentemente de prova, porque a
presunção é a de que não podem arcar com as custas e honorários do processo.

"PROCESSUAL CIVIL. ENTIDADE SEM FINS LUCRATIVOS. ASSISTÊNCIA


JUDICIÁRIA GRATUITA. LEI 1.060/50 1. As pessoas jurídicas sem fins
lucrativos fazem jus ao benefício da assistência judiciária gratuita
independentemente de prova, porque a presunção é a de que não podem
arcar com as custas e honorários do processo. Cabe à parte contrária provar
a inexistência da miserabilidade jurídica, até porque a concessão do
benefício não é definitiva, nos termos dos arts. 7º e 8º da Lei nº 1.060/50. 2.
Já as pessoas jurídicas com fins lucrativos somente fazem jus ao benefício da
assistência judiciária gratuita se comprovarem a dificuldade financeira,
porque a presunção, nesse caso, é a de que podem arcar com as custas e
honorários do processo. 3. Precedentes da Turma e da Corte Especial. 4. Na
hipótese, a Corte de origem firmou a premissa de que o recorrido é entidade
sem fins lucrativos em virtude das 'Certidões de Utilidade Pública Federal,
Estadual e Municipal' que fez acostar aos autos. 5. Recurso especial
improvido." (REsp 867.644/PR, 2.ª Turma, Rel.Min. CASTRO MEIRA, DJ de
17/11/2006.)

Logo, a parte Agravante é qualificada como entidade sem fins lucrativos, não havendo
"distribuição, entre os seus sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados
ou doadores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos,

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bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o
exercício de suas atividades, e que os aplica integralmente na consecução do respectivo
objeto social", nos termos do seu Estatuto Social anexo à inicial.

A própria natureza jurídica da parte Agravante evidencia o prejuízo que advirá para a
manutenção das suas finalidades institucionais, voltadas à significativa parcela da
sociedade, caso tenha que arcar com as custas judiciais arbitradas, principalmente já no
curso de uma grande crise financeira, somada a alta monta do valor de inadimplência
que é objeto desta ação.

Lado outro, nos termos da Súmula 481 do STJ, "faz jus ao benefício da justiça gratuita
a pessoa jurídica, com ou sem fins lucrativos, que demonstrar sua impossibilidade de
arcar com os encargos processuais".

Através do balanço patrimonial deficitário, relatório de desligamento e acordo


coletivo juntado, a Agravante faz prova de que não possui condições de arcar com as
despesas processuais.

Nesse sentido o Tribunal de justiça do Distrito Federal já se posicionou e como fez prova
de sua insuficiência de recursos financeiros para arcar com as custas processuais,
levando -se em consideração a prova, razão também assiste a Agravante, se assim Vossa
Excelência entender pelo acolhimento da comprovação, pelo que se espera:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO ORDINÁRIA DE


IMISSÃO DE POSSE C/C PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA. PEDIDO DE
GRATUIDADE JUDICIÁRIA. PESSOA JURÍDICA. NECESSIDADE DE

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COMPROVAÇÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA. REQUISITOS PREENCHIDOS.
RECURSO PROVIDO. 1. Agravo de instrumento interposto contra a decisão que
indeferiu pedido de gratuidade judiciária. 2. Segundo o §3º, do art. 99, só há
presunção de veracidade na alegação de insuficiência deduzida por pessoa
natural. Ou seja, sendo pessoa jurídica, cabe ao interessado comprovar que,
efetivamente, não tem condições financeiras para suportar as despesas do
processo. 3. A Súmula 481 do STJ diz que: ?faz jus ao benefício da justiça
gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua
impossibilidade de arcar com os encargos processuais?. 3.1. O
posicionamento do STJ é no sentido de que a pessoa jurídica,
independentemente de sua finalidade, precisa demonstrar a sua incapacidade
financeira para arcar com os custos judiciais: ?[...] é ônus da pessoa jurídica
comprovar os requisitos para a obtenção do benefício da assistência judiciária
gratuita, mostrando-se irrelevante a finalidade lucrativa ou não da entidade
requerente. Precedente: EREsp nº 603.137/MG, Corte Especial, de minha
relatoria,DJe 23.08.10.? (AgRg nos EREsp 1.103.391/RS, Rel. Ministro Castro
Meira, da Corte Especial, DJe 23/11/2010). 3.2. Na hipótese, ficou clara a
situação de impossibilidade de pagamento das custas pela agravante,
porquanto se trata de empresa inativa e que não possui movimentação pelo
menos desde 16/3/2019. 4. Recurso provido. (TJ-DF 07123167120198070000
DF 0712316-71.2019.8.07.0000, Relator: JOÃO EGMONT, Data de
Julgamento: 11/09/2019, 2ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no
DJE : 23/09/2019 . Pág.: Sem Página Cadastrada.)

Demonstrada sua impossibilidade de arcar com os custos processuais da presente ação,


a garantia do acesso à Justiça deve ser preservada constitucionalmente.

05- DO DIFERIMENTO DO PAGAMENTO DAS CUSTAS

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Contudo, caso Vossa Excelência entenda de forma diversa ao que se pleiteia em nome
da razoabilidade e para preservar a constitucional garantia do acesso à justiça, requer
seja autorizado o DIFERIMENTO DO PAGAMENTO DAS CUSTAS, para que estas sejam
realizadas ao final do processo, pois assim, a parte Agravante terá condições temporais
para provisionar mês a mês uma reserva para tal mister, haja vista que não pode este
dispor facilmente de tais recursos sem prévio planejamento face ao prejuízo que esse
ato poderá ocasionar.

Sobre a suscitada possibilidade, se manifesta nossos Tribunais, a saber:

DIFERIMENTO DAS CUSTAS AO FINAL. Possibilidade. Vislumbra-se a


possibilidade de conceder o benefício do diferimento do pagamento das
custas ao final do processo, objetivando facilitar o acesso à Justiça,
cumprindo, assim, princípio constitucional. EMBARGOS À AÇÃO MONITÓRIA.
Sentença de improcedência. Insurgência dos embargantes. Recurso que não
comporta conhecimento. Razões recursais que não atacam os fundamentos
da sentença. Matéria constante no recurso que não impugnou os
fundamentos da sentença. Infringência dos artigos 1.010, II e III e art. 1.013,
ambos do novo CPC. Recurso provido na parte conhecida. (TJ-SP - AC:
10084931620188260196 SP 1008493-16.2018.8.26.0196, Relator: Helio
Faria, Data de Julgamento: 05/11/2019, 18ª Câmara de Direito Privado, Data
de Publicação: 06/11/2019)

"EMENTA: POSSIBILIDADE DE PAGAMENTO DAS CUSTAS DO PROCESSO AO


FINAL - Ausente vedação legal e qualquer prejuízo, é de ser concedida a
faculdade de pagamento das despesas processuais a final, se a parte,
momentaneamente, enfrenta dificuldades financeiras para atender o
pagamento dos emolumentos. Indeferimento que implica vedação de
acesso à Justiça, princípio consagrado pelo art. 5º, incisos XXXV e LV da

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Constituição Federal. Agravo provido". (TJRS - AI 70000312967 - 12ª C.Cív. -
Relª Desª Ana Maria Nedel Scalzilli - J. 10.02.2000).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROMESSA DE COMPRA E VENDA. AÇÃO DE


RESCISÃO CONTRATUAL. DIFERIMENTO DO PAGAMENTO DAS CUSTAS
PROCESSUAIS PARA O FINAL DO PROCESSO. POSSIBILIDADE. Possível, após o
início de vigência da Lei n.º 13.105/15, em hipóteses excepcionais, a redução
do percentual das custas, o seu parcelamento, ou, ainda, que o seu
pagamento seja relegado ao final do processo. Hipótese em que cabível, com
lastro nas disposições do art. 98 do CPC, o diferimento do pagamento das
custas processuais ao final do processo. RECURSO PROVIDO, EM DECISÃO
MONOCRÁTICA. (Agravo de Instrumento Nº 70078151131, Décima Oitava
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Pedro Celso Dal Pra. Julgado
em 19/03/2019).

DECISÃO MONOCRÁTICA. AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRATUIDADE DE


JUSTIÇA. PROVA DA CONDIÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA MOMENTÂNEA.
RECOLHIMENTO AO FINAL. POSSIBILIDADE. O benefício da gratuidade não é
destinado apenas aos miseráveis economicamente, mas também, àqueles
que se encontram em condições de dificuldade econômica momentânea, tal
como demonstrado pelo agravante, que atravessa delicada crise financeira.
Possibilidade de recolhimento das custas ao final do processo, antes da
prolação da sentença. Aplicação do Enunciado nº 27 do Fundo Especial para
afastar a alegação de impedimento ao acesso à justiça. Precedentes do TJ/RJ.
Reforma da decisão. Provimento parcial do recurso, na forma do artigo 557,
§ 1º - A do CPC. (TJ-RJ - AI: 203251120118190000 RJ 0020325-
11.2011.8.19.0000, Relator: DES. TERESA CASTRO NEVES, Data de
Julgamento: 09/05/2011, SEXTA CAMARA CIVEL)

"EMENTA: PAGAMENTO DAS CUSTAS PROCESSUAIS AO FINAL DO PROCESSO


- POSSIBILIDADE - AINDA QUE NÃO EXISTA PERMISSÃO PARA TAL, E DE SE

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DEFERIR O PAGAMENTO DAS CUSTAS PROCESSUAIS AO FINAL DO PROCESSO,
UMA VEZ QUE NÃO EXISTE PREJUÍZO AS PARTES E AO ESTADO, TENDO EM
VISTA QUE PAGAMENTO AO FINAL NÃO SE CONFUNDE COM ISENÇÃO, ALÉM
DE NÃO OBSTAR A PRESTAÇÃO JURISDICIONAL - Agravo de instrumento não
provido". (TJRS - AI 599263456 - RS - 16ª C.Cív. - Rel. Des. Roberto Expedito da
Cunha Madrid - J. 16.06.1999).

Portanto, pugna em primeiro lugar manutenção do deferimento do pedido de


assistência judiciária gratuita , caso não seja acolhido o primeiro pleito, requer o
DIFERIMENTO DO PAGAMENTO DAS CUSTAS JUDICIAIS.

06- MULTA- LITIGÂNCIA DE MÁ FÉ


Quanto a litigância de má-fé aplicada nos autos em primeira instância pugna-se pela sua
reforma revogando a decisão, uma vez que, para a aplicação em litigância de má-fé,
se exige a comprovação do dolo processual da parte Agravante, o que inexiste nos autos.

Nesse sentido o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios através do processo


0719928-94.2018.8.07.0000, proferida pelo Relator ANGELO PASSARELI, entendeu que
houve provas através dos balancetes para com as informações necessárias para
averiguar a necessidade da gratuidade de justiça, bem como não houve alteração da
verdade dos fatos:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRATUIDADE

DE JUSTIÇA. DEFERIMENTO EM PRIMEIRA INSTÂNCIA. IMPUGNAÇÃO.

AUSÊNCIA. MATÉRIA PRECLUSA. POSTERIOR REVOGAÇÃO.


IMPOSSIBILIDADE. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. INOCORRÊNCIA. DECISÃO

REFORMADA. Quanto ao pedido de aplicação da multa por litigância de

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má-fé, não vislumbro que a ré tenha praticado qualquer das condutas

previstas no artigo 80 do CPC. Isso porque a ré desde o início apresentou


os balancetes com as informações necessárias para averiguar a
necessidade da gratuidade de justiça. Não houve omissão dos dados

contábeis ou alteração da verdade dos fatos, mas apenas uma

interpretação dos documentos contábeis apresentados pela ré, feita em


seu próprio benefício. Não vejo, por isso, a má-fé alegada pela autora.

Assim, rejeito o pedido da parte autora de aplicação de multa por


litigância de má-fé. (TJ-DF 07199289420188070000 DF 0719928-

94.2018.8.07.0000, Relator: ANGELO PASSARELI, Data de Julgamento:

13/02/2019, 5ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE :


19/02/2019 . Pág.: Sem Página Cadastrada.)”

Assim como a jurisprudência evidenciada acima, a parte Agravante não cometeu dolo,
nem omitiu nenhuma informação ou alterou a verdade dos fatos e ainda comprovou sua
hipossuficiência através do balanço patrimonial apresentado de 2019.

Além disso, a Agravante informa que não conseguirá arcar com a multa de 2% sobre o
valor da causa. Portanto, merece a Agravante que a decisão que condenou a mesma em
litigância de má-fé seja revogada.

07– DO PEDIDOS
Ante o exposto, requer seja o presente recurso recebido e distribuído ao respectivo
relator, para que, liminarmente, considerada a urgência, seja concedido o benefício da
justiça gratuita à Agravante, comunicando-se tal decisão à Exma. Sra. Dra. Juíza de
Direito da 8ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal do inteiro teor da decisão
proferida;

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Que ao final, seja provido o presente agravo de instrumento, dando provimento por ser
de inteira justiça, reformando a decisão a quo para que torne sem efeito a decisão que
revogou o benefício da justiça gratuita e mantenha o deferimento do referido
benefício;

Seja reformada a decisão no tocante a multa aplicada, face aos argumentos acima
apresentados.

Por fim, não sendo concedido o benefício da justiça gratuita, seja diferido para o final
do processo o pagamento das custas judiciais, como requerido acima.

Requer, ainda, a intimação do agravado, para que responda no prazo de 15 (quinze) dias,
facultando-lhe juntar a documentação que entender necessária ao julgamento do
recurso, conforme art. 1019, inciso II do CPC/2015.

Finalmente, requer que seja designado dia para o julgamento, na forma do art. 1020 do
CPC/2015, esperando que seja dado provimento ao presente recurso de Agravo de
Instrumento.
Termos em que,
Pede e Espera Deferimento.
RENATA APARECIDA DE LIMA
OAB/MG nº 154.326

GUILHERME GUERRA REIS


OAB/MG nº 182.006

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Num. 22616516 - Pág. 9
ACORDO COLETIVO DE TRABALHO 2020/2021

NÚMERO DA SOLICITAÇÃO:

CLÁUSULA PRIMEIRA - VIGÊNCIA E DATA-BASE

CLÁUSULA SEGUNDA - ABRANGÊNCIA

dos trabalhadores nas áreas recreativas e culturais no Maranhão


MA

Salários, Reajustes e Pagamento

Piso Salarial

CLÁUSULA TERCEIRA - DO NOVO PISO SALARIAL

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Num. 22616517 - Pág. 1
Reajustes/Correções Salariais

CLÁUSULA QUARTA - DA POLITICA DE REAJUSTE SALARIAL

Parágrafo único

Gratificações, Adicionais, Auxílios e Outros

Outros Adicionais

CLÁUSULA QUINTA - ADICIONAL POR ACUMULO DE FUNÇÃO

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Num. 22616517 - Pág. 2
Auxílio Alimentação

CLÁUSULA SEXTA - DA CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS

Esses benefícios não fazem parte do programa de estágio e menor


aprendiz e terão vigência a partir da assinatura do Acordo.

§1º

§2º

§3º

§4º

in natura

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Num. 22616517 - Pág. 3
§5º

§6º

§7º dividindo o valor pelos dias úteis


trabalhados e multiplicado pelos dias úteis faltosos)

Auxílio Transporte

CLÁUSULA SÉTIMA - VIAGENS

Auxílio Morte/Funeral

CLÁUSULA OITAVA - SEGURO DE VIDA

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Num. 22616517 - Pág. 4
Outros Auxílios

CLÁUSULA NONA - DO PROGRAMA DE BENEFÍCIOS PARA COLABORADORES

in natura,

§1º Auxílio Esporte

Esse benefício não faz parte do


programa de estágio e menor aprendiz e terá vigência a partir da assinatura do Acordo.

§2º Auxílio Creche

§3º Auxilio Educação

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Num. 22616517 - Pág. 5
§4° Plano de saúde

Esse benefício não faz parte do programa de estágio e aprendiz.

Contrato de Trabalho Admissão, Demissão, Modalidades

Normas para Admissão/Contratação

CLÁUSULA DÉCIMA - DIREITO DE CESSÃO USO DE IMAGEM

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Num. 22616517 - Pág. 6
Relações de Trabalho Condições de Trabalho, Normas de Pessoal e Estabilidades

Normas Disciplinares

CLÁUSULA DÉCIMA PRIMEIRA - DAS OBRIGAÇÕES DO COMITÊ DE ÉTICA

Jornada de Trabalho Duração, Distribuição, Controle, Faltas

Duração e Horário

CLÁUSULA DÉCIMA SEGUNDA - DOS FERIADOS PROLONGADOS

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Num. 22616517 - Pág. 7
Prorrogação/Redução de Jornada

CLÁUSULA DÉCIMA TERCEIRA - BANCO DE HORAS

Compensação de Jornada

CLÁUSULA DÉCIMA QUARTA - JORNADA DE TRABALHO

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Num. 22616517 - Pág. 8
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Num. 22616517 - Pág. 9
CLÁUSULA DÉCIMA QUINTA - COMPENSAÇÕES E FOLGAS

Faltas

CLÁUSULA DÉCIMA SEXTA - AUSÊNCIAS ABONADAS

Número do documento: 21011920442087900000021932513


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Num. 22616517 - Pág. 10
Saúde e Segurança do Trabalhador

Aceitação de Atestados Médicos

CLÁUSULA DÉCIMA SÉTIMA - ATESTADOS MÉDICOS

Relações Sindicais

Contribuições Sindicais

CLÁUSULA DÉCIMA OITAVA - DO DESCONTO PARA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL

Número do documento: 21011920442087900000021932513


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Num. 22616517 - Pág. 11
Disposições Gerais

Regras para a Negociação

CLÁUSULA DÉCIMA NONA - DISPOSIÇÕES FINAIS

Aplicação do Instrumento Coletivo

CLÁUSULA VIGÉSIMA - DOS DIREITOS ADQUIRIDOS

Renovação/Rescisão do Instrumento Coletivo

CLÁUSULA VIGÉSIMA PRIMEIRA - DA REVOGAÇÃO E RATIFICAÇÃO

MIGUEL MENDES NASCIMENTO FILHO


Membro de Diretoria Colegiada
SINDICATO TRAB ENT CULT REC SERVIO SOCIAL ORIET E FORMACAO PROFISSIONAL

Número do documento: 21011920442087900000021932513


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Num. 22616517 - Pág. 12
DO ESTADO DO MARANHAO

RITA APARECIDA SALGADO


Presidente
INSTITUTO BRASILEIRO DE POLITICAS PUBLICAS

ANEXOS
ANEXO I - ATA DA ASSEMBLEIA

Número do documento: 21011920442087900000021932513


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Num. 22616517 - Pág. 13
ANEXO II - LISTA DE PRESENÇA

Número do documento: 21011920442087900000021932513


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Num. 22616517 - Pág. 14
Número do documento: 21011920442123100000021932514
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Num. 22616518 - Pág. 1
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Num. 22616518 - Pág. 10
Número do documento: 21011920442123100000021932514
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Num. 22616518 - Pág. 11
Número do documento: 21011920442123100000021932514
https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21011920442123100000021932514
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Num. 22616518 - Pág. 12
Número do documento: 21011920442146400000021932515
https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21011920442146400000021932515
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Num. 22616519 - Pág. 1
Número do documento: 21011920442146400000021932515
https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21011920442146400000021932515
Assinado eletronicamente por: GUILHERME GUERRA REIS - 19/01/2021 20:44:21
Num. 22616519 - Pág. 2
Número do documento: 21011920442146400000021932515
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Num. 22616519 - Pág. 3
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Num. 22616519 - Pág. 4
AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.245.766 - RS (2009/0210300-7)

RELATORA : MINISTRA LAURITA VAZ


AGRAVANTE : SINDICATO DOS TRABALHADORES FEDERAIS DA SAÚDE
TRABALHO E PREVIDÊNCIA NO ESTADO DO RIO GRANDE
DO SUL SINDISPREV/RS
ADVOGADO : MARCELO LIPERT E OUTRO(S)
AGRAVADO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
PROCURADOR : MARIANA GOMES DE CASTILHO E OUTRO(S)

EMENTA
PROCESSUAL CIVIL. ALEGAÇÃO DE OFENSA AOS ARTS.
458, E 535, INCISO II, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. OMISSÃO
NÃO CONFIGURADA. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.
PESSOA JURÍDICA SEM FINS LUCRATIVOS. POSSIBILIDADE.
DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA MISERABILIDADE
JURÍDICA. PRECEDENTES. AGRAVO CONHECIDO PARA DAR
PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL.

DECISÃO

Vistos etc.
Trata-se de agravo de instrumento interposto pelo SINDICATO DOS
TRABALHADORES FEDERAIS DA SAÚDE TRABALHO E PREVIDÊNCIA NO
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – SINDISPREV/RS, em face de decisão do
Vice-Presidente do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, que indeferiu o processamento de
recurso especial fundamentado nas alíneas a e c do permissivo constitucional.
O recurso obstado se dirige contra acórdão que restou ementado nos seguintes
termos, litteris:
"ADMINISTRATIVO. PESSOA JURÍDICA. REQUISITOS PARA
CONCESSÃO DE AJG E ISENÇÃO DE CUSTAS. NÃO DEMONSTRADOS.
Não sendo comprovada a situação de precariedade financeira
enfrentada pela agravante resta inviabilizada a concessão de AJG e isenção de
custas." (fl. 117)
A essa decisão foram opostos embargos de declaração, que restaram rejeitados.
Alega o Agravante, nas razões do especial, negativa de vigência aos arts. 458 e
535, inciso II, do Código de Processo Civil, argumentando a ausência de prestação jurisdicional
por parte do Tribunal a quo, quando do julgamento dos embargos declaratórios.
Assevera, além da existência de dissídio jurisprudencial, negativa de vigência ao

Documento: 13131553 Página 1 de 4

Número do documento: 21011920442158900000021932516


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Num. 22616520 - Pág. 1
art. 18 da Lei n.º 7.347/85, ao art. 87 da Lei n.?7 8.078/90 e ao art. 4.º, da Lei n.º 1.060/50,
afirmando ser desnecessária [...], para o deferimento do benefício da assistência judiciária
gratuita à entidade sindical a comprovação da impossibilidade de arcar com as custas e
despesas processuais, sendo suficiente a simples afirmação da necessidade na petição inicial."
(fl. 141).
É o relatório.
Decido.
Inicialmente, tenho que a alegada ofensa ao art. 535, inciso II, do Código de
Processo Civil não subsiste, porquanto o acórdão hostilizado solucionou a quaestio juris de
maneira clara e coerente, apresentando todas as razões que firmaram o seu convencimento.
Dessa forma, ainda que o ora Agravante entenda equivocada ou insubsistente a
fundamentação que alicerça o acórdão atacado, isso não implica, necessariamente, que esta seja
ausente. Há significativa distinção entre a decisão que peca pela inexistência de fundamentos e
aquela que traz resultado desfavorável à pretensão do litigante.
Por essa razão, não se vislumbra qualquer nulidade no acórdão recorrido ou
mesmo defeito quanto à fundamentação, o que infirma, outrossim, a tese de ofensa ao art. 458
do mesmo Estatuto Processual.
No mais, entretanto, assiste razão ao Agravante.
Isso porque, de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça,
tratando-se de pessoas jurídicas sem fins lucrativos – tais como como entidades filantrópicas,
sindicatos e associações – a concessão da assistência judiciária gratuita poderá se dar em
havendo requerimento e independentemente de prova.
Nesse sentido:
"ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE
INSTRUMENTO CONTRA DECISÃO QUE INDEFERIU O
PROCESSAMENTO DO RECURSO ESPECIAL. SINDICATO.
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. POSSIBILIDADE.
COMPROVAÇÃO DA MISERABILIDADE JURÍDICA.
PRESCINDIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. A jurisprudência desta Corte é firme quanto à possibilidade de
concessão do benefício da Assistência Judiciária Gratuita às entidades sem fins
lucrativos, tal qual os sindicatos, independente da comprovação da
miserabilidade jurídica. Precedentes.
2. Agravo Regimental desprovido." (AgRg no Ag 1.126.103/RS, 5.ª
Turma, Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, DJe de 28/09/2009.)

Documento: 13131553 Página 2 de 4

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Num. 22616520 - Pág. 2
"AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL.
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. SINDICATO. PESSOA JURÍDICA
SEM FINS LUCRATIVOS. POSSIBILIDADE. COMPROVAÇÃO DA
MISERABILIDADE JURÍDICA. DESNECESSIDADE. PRECEDENTES.
1. Esta Corte possui entendimento uníssono no sentido de que é
possível conceder às pessoas jurídicas o benefício da assistência judiciária
gratuita, nos termos da Lei n.º 1.060/50.
2. Em se tratando de pessoas jurídicas sem fins lucrativos – tais como
como entidades filantrópicas, sindicatos e associações – é prescindível a
comprovação da miserabilidade jurídica, para fins de concessão o benefício da
assistência judiciária gratuita.
3. Agravo regimental improvido." (AgRg no REsp 1.058.554/RS, 5.ª
Turma, Rel. Min. JORGE MUSSI, DJe de 09/12/2008.)
"PROCESSUAL CIVIL. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.
SINDICATO. PESSOA JURÍDICA SEM FINS LUCRATIVOS.
POSSIBILIDADE. DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA
MISERABILIDADE JURÍDICA. PRECEDENTES.
1. O entendimento firmado nesta Corte que é no sentido de ser possível
conceder às pessoas jurídicas o benefício da assistência Judiciária gratuita,
conforme os ditames da Lei n.º 1.060/50.
2. Tratando-se de pessoas jurídicas sem fins lucrativos – tais como
como entidades filantrópicas, sindicatos e associações – a concessão poderá se
dar em havendo requerimento e independentemente de prova.
3. Agravo regimental desprovido." (AgRg no REsp 916.638/SC, 5.ª
Turma, Rel.ª Min.ª LAURITA VAZ, DJe de 28/04/2008.)
"ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL.
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. IMPUGNAÇÃO. ACÓRDÃO
ESTADUAL QUE INVERTE O ÔNUS DA PROVA, ATRIBUINDO-O À
PARTE IMPUGNADA. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. RECURSO
ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO.
1. É firme a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça no sentido
de que mesmo em favor das pessoas jurídicas é possível a concessão do
benefício da justiça gratuita, nos termos da Lei 1.060/50. Tratando-se de pessoa
jurídica sem fins lucrativos, o benefício será concedido independentemente de
prova. Se, de outro lado, tratar-se de pessoa jurídica com fins lucrativos, a
gratuidade estará condicionada à comprovação da existência de dificuldade
financeira.
2. Hipótese em que o Tribunal de origem, invertendo indevidamente o
ônus da prova, julgou procedente a impugnação oferecida pela recorrida, ao
entendimento de que a recorrente não teria trazido aos autos elementos que
demonstrassem o estado de necessidade para amparar o pedido de justiça
gratuita.
3. Recurso especial conhecido e provido." (REsp 603.137/MG, 5.ª
Turma, Rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA, DJ de 11/06/2007.)

"PROCESSUAL CIVIL. ENTIDADE SEM FINS LUCRATIVOS.


ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. LEI 1.060/50.
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1. As pessoas jurídicas sem fins lucrativos fazem jus ao benefício da
assistência judiciária gratuita independentemente de prova, porque a presunção
é a de que não podem arcar com as custas e honorários do processo. Cabe à
parte contrária provar a inexistência da miserabilidade jurídica, até porque a
concessão do benefício não é definitiva, nos termos dos arts. 7º e 8º da Lei nº
1.060/50.
2. Já as pessoas jurídicas com fins lucrativos somente fazem jus ao
benefício da assistência judiciária gratuita se comprovarem a dificuldade
financeira, porque a presunção, nesse caso, é a de que podem arcar com as
custas e honorários do processo.
3. Precedentes da Turma e da Corte Especial.
4. Na hipótese, a Corte de origem firmou a premissa de que o
recorrido é entidade sem fins lucrativos em virtude das 'Certidões de Utilidade
Pública Federal, Estadual e Municipal' que fez acostar aos autos.
5. Recurso especial improvido." (REsp 867.644/PR, 2.ª Turma, Rel.
Min. CASTRO MEIRA, DJ de 17/11/2006.)
Ante o exposto, com fulcro no art. 544, § 3.º, do Código de Processo Civil,
CONHEÇO do agravo de instrumento para DAR PROVIMENTO ao recurso especial, a fim
de deferir ao Agravante o benefício da assistência judiciária.
Publique-se. Intimem-se.

Brasília (DF), 26 de novembro de 2010.

MINISTRA LAURITA VAZ


Relatora

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NOTAS EXPLICATIVAS- EXERCÍCIO 2019

1. Contexto Operacional: INSTITUTO BRASILEIRO DE POLÍTICAS PUBLICAS-IBRAPP; CNPJ


09.611.589/0001-39 com sua sede a Avenida Antares nº 157 QD 19-Recanto dos Vinhais. São Luís- MA
CEP 65.070-070. É uma instituição do terceiro setor, com foco no desenvolvimento institucional do setor
público, que visa através de parcerias, contribuir para a melhoria constante da qualidade dos serviços
executados pela administração pública. O IBRAPP atua na elaboração e execução de projetos, nas áreas
de saúde, renda, educação, meio ambiente, turismo, dentre outras, em favor dos entes públicos
Municipais, Estaduais e Federais. Para a consecução de suas finalidades sociais o instituto promove em
favor do desenvolvimento institucional dos entes públicos e de caráter privado, a gestão, o ensino, a
pesquisa, a colaboração, consultoria, coordenação e execução de atividades visando: I– Promoção e
execução gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de participação das organizações; II–
Promoção e execução gratuita da educação, observando-se a forma complementar de participação das
organizações; III– Desenvolvimento de estudos, pesquisas, tecnologias alternativas, produção e
divulgação de informações, conhecimentos técnicos e científicos; IV– Promoção e execução de projetos
de assistência social, realizando ações visando à defesa e proteção para crianças, adolescentes, jovens,
idosos e pessoas com deficiência; V – Promoção e execução de programas do desenvolvimento
econômico e social e combate à pobreza; VI - Experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio
produtivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego, crédito e microcrédito; VII-
Promoção e execução de projetos voltados à ética, à paz, à cidadania, e aos direitos humanos, da
democracia e de outros valores universais; VIII– Prestação de serviços de Apoio Administrativo, com
contratação e locação de mão-de-obra especializada para prestação de serviços técnicos, operacionais e
administrativos advindos de contratos oriundos de processos licitatórios, contratos de gestão e convênios,
em diversos setores em favor da administração pública e/ou particular; IX– Serviços especializados de
asseio e conservação, higienização, manutenção, jardinagem com fornecimento de mão-de-obra de
serviços comuns, limpeza em prédios, domicílios, vias públicas, com ou sem fornecimento de material de
limpeza; X– Gestão em Saúde, disponibilizando informações e mecanismos de gestão, inclusive
softwares que auxiliam o órgão público a assumir um compromisso de Governo na consolidação do
Sistema Único de Saúde, com seus princípios fundamentais de acesso universal, equidade, ética e
humanização no atendimento de todos, através dos serviços de gestão da atenção básica, da média e
alta complexidade ambulatorial e hospitalar, contemplando a integralidade dos procedimentos e
processos diretos ou indiretos vinculados; XI– Gestão em Educação, promovendo e executando ações
com foco no fortalecimento do ensino formal, através de assessoramento que visem a priorização e
gestão de técnicas de melhoria da educação infantil, ensino fundamental, médio, e ensino
profissionalizante, sob a forma presencial e Educação à Distância - EAD;
O IBRAPP possui Sede Executiva em Brasília, Sede Administrativa em Minas Gerais e no Maranhão.
Possui Filiais e Escritórios. Em Frutal/MG situado em Avenida Brasil nº 17 bairro Nsa. Senhora do Carmo,

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CEP 38.200-00 CNPJ 09.611.589/0006-43, Porto Velho- RO: Rua José Alencar nº 3354 loja 06 sala J.
Olaria CEP 76.801-226, CNPJ 09.611.589/0002-10, Belo Horizonte- MG: Rua da Prata nª 32 Casa
Savassi, Cruzeiro. CEP 30.310-100, CNPJ 09.611.589/0003-09, Palmas- TO: R 104 Norte Rua NE 3 nº
104 lote 29, sala 04, Plano Diretor Norte. CEP 77.006-018, CNPJ 09.611.589/0004-81, Brasília- DF: Rua
SRTVS s/n quadra 701, bloco O, sala 351. Asa Sul. CEP 70.340-000, CNPJ 09.611.589/0005-62.
O instituto possui Títulos e Certificações como:
Organização Social de Saúde- OSS; Título de Utilidade Pública; Instituição Executora de Programas e
Projetos sócio – Assistenciais; Instituição Executora de Serviços no segmento do Turismo no Brasil-
Ministério do Turismo.
Tem como MISSÃO: Cooperar com o desenvolvimento institucional do Poder Público.
VISÃO: Ser reconhecida em nível nacional e internacional como instituição de referência no
desenvolvimento institucional da gestão pública.
PRINCIPAL VALOR: Excelência.
2. Apresentação das demonstrações contábeis: As demonstrações contábeis foram elaboradas
de acordo como requerido pelas Normas Brasileiras de Contabilidade e baseadas a ITG 2002 - Entidade
sem finalidade de lucros. A preparação das demonstrações com base no reconhecido das provisões,
estimativas de pagamentos e recebimentos a serem efetuados no regime de competência dos exercícios.
As receitas do IBRAPP são provenientes dos contratos e convênios firmados com pessoas Jurídicas de
Direito Público e Privadas, são apuradas pelo regime de competência, sua transferência para o resultado
operacional do exercício ocorre de forma proporcional a apropriação das despesas e custos incorridos.
No Exercício 2019, referem- se especificamente, a contratos firmados com a:
Universidade Federal do Maranhão – UFMA contrato nº 095/2013;
Universidade Federal do Maranhão – UFMA contrato nº 059/2015;
Companhia Brasileira de Trens Urbanos- CBTU/PB contrato nº 005/2015;
Ministério das Relações Exteriores- MRE contrato 023/2015;
Sup. De Gestão de Sup, Log. E Gastos Pub- SUGESPE contrato nº 064/2015;
Inst. Nac. De Est. e Pesq. Educ. Anísio Teixeira- INEP contrato nº 045/2013;
Secretaria de Estado da Segurança Pública do Maranhão- SSP/MA contrato nº110/2013;
Delegacia da Receita Fed. do Brasil Em Palmas/TO contrato nº 006/2013;
Sup. Regional Dep. de Polícia Federal – TO contrato nº 014/2013;
Procuradoria Regional do Trabalho Campina Grande/ PB contrato nº008/2015;
Procuradoria Regional do Trabalho João Pessoa/ PB contrato nº009/2015;
Universidade Federal de Uberlândia (UFU);
Ministério dos Transportes, Portos e Aviação (MTPA);
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e
Fundo Estadual de Saúde/RO Contratação de empresa especializada na prestação de Serviços Médicos
especializados na área de Ortopedia e Traumatologia, de Média e Alta Complexidade, de forma contínua,
Secretaria de Estado de Saúde- SESAU/RO contrato 097/2015;

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Prefeitura Municipal de Frutal/MG (Gestão do Hospital Frei Gabriel);
UFMG Fundação Universidade de Minas Gerais Contrato Nº 005/2016;
UFMG Fundação Universidade de Minas Gerais Contrato Nº 006/2016;
UFMG Fundação Universidade de Minas Gerais contrato nº 004/2016;
Secretaria dos Portos contrato nº 006/2016;
Defensoria Pública da União DPU/SE contrato 168/2012;
Ministério do Trabalho e Emprego contrato nº 014/2012;
Tribunal de Justiça contrato nº 100/2016;
Prefeitura Municipal de Brasília de Minas/MG.
Os custos e despesas referem- se à aplicação dos recursos para gestão dos contratos firmados sendo
classificadas como despesas operacionais. As despesas e receitas são registradas pelo regime de
competência, atendendo a legislação aplicável.
Caixa e equivalentes de caixa: Incluem os caixas pequenos utilizados na sede, filiais e escritórios, para
cobrir pequenas despesas e emergenciais do dia- a- dia, incluem também os valores de conta corrente,
depósitos bancários e contas de aplicações financeiras com investimentos de curto prazo, prontamente
conversíveis em um montante que está sujeito a baixo risco de mudança de valor. Saldo em 31/12/2019
R$ 8.404.533,14.
Contas Vinculadas (Retenções trabalhistas): Em 2019 consta saldo de R$ 6.561.291,32; referente a
valores retidos pelos órgãos que o Ibrapp possui contrato firmado, esses valores encontram- se
depositados em contas bancárias dos respectivos órgãos.
Duplicatas a receber: Os valores de “contas a receber” do IBRAPP são decorrentes das atividades
operacionais previstas nos contratos firmados de prestação de serviços com pessoas jurídicas no total de
R$ 5.871.211,64.
Fornecedores: As operações de serviços, bens e aquisição de fardamentos, material de escritório,
material de uso e consumo, material de limpeza e expediente, equipamentos dentre outras, são
apropriadas nesta conta. Salários e obrigações trabalhistas: São reconhecidos pelo valor justo de
apropriação de competência. Valores que são destinados para pagamento de colaboradores alocados na
sede, escritórios, contratos, prestadores de serviços, despesas com pessoal realizadas em 2019
chegando ao montante de R$ 43.861.105,97.
Obrigações tributárias: Os impostos retidos na fonte e a recolher de colaboradores e prestadores de
serviços são registrados neste grupo de contas. Como também nas correções de acordo com as tabelas
da receita federal do Brasil. Passivo não circulante: Os detalhes dos financiamentos em longo
prazo: Aquisição do prédio da Sede no valor de R$ 1.778.000,00 (um milhão, setecentos e setenta e oito
mil reais), pago em 2012 R$ 694.700,00; o mesmo foi quitado neste ano conforme evidenciado no
financiamento de posse do Itaú Unibanco S.A. CNPJ 60.701.190/0001-04 os contratos nº 311-1205162.
Patrimônio Social: Patrimônio Social, integrante do grupo Patrimônio Líquido, no valor de R$ 800.000,00
desde 2010, com reservas para aumento e incorporação em exercícios futuros; apresenta um Superávit
do Exercício (2019) R$ 4.944.881,31.

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Demonstração do fluxo de caixa-DFC: A demonstração do fluxo de caixa reflete as modificações no
caixa que ocorreram no exercício apresentado utilizando o método indireto.

Outros assuntos

Ações Sociais Durante o ano de 2019 foram pagos o montante de R$ 54.637,40; referente as Ações
Sociais executas pelo IBRAPP: Campanha IBRAPP + Saúde 4ª Edição em 26/04/2019, com Alusão ao
dia Nacional de Prevenção e Combate a Hipertensão, realizado nos órgãos dos atuais contratos
distribuídos nos Estados do Maranhão, Paraíba, Minas Gerais, Tocantins, Rondônia, Distrito Federal e na
Sede Administrativa; Ação referente ao dia Nacional de Prevenção de Acidentes no Trabalho realizado
em 27/07/2019 nos órgãos onde temos contratos, distribuídos nos Estados do Maranhão, Paraíba, Minas
Gerais, Tocantins, Rondônia, Distrito Federal e na Sede Administrativa; Execução das ações da
Campanha Outubro Rosa no período de 01 a 31 de outubro de 2019 com o objetivo de Orientar e alertar
a sociedade em geral com ações de Prevenção e combate ao câncer de mama, foram realizadas
palestras com Médicos especializados, divulgação em programas de rádios, Shoppings e nos órgãos
onde temos contratos distribuídos nos Estados do Maranhão, Paraíba, Minas Gerais, Tocantins,
Rondônia, Distrito Federal e na Sede Administrativa; Realização da Campanha “Novembro Azul” de
Prevenção ao câncer de Próstata ocorrida no mês de Novembro no período de 01 a 30/11/2019 em
alusão a saúde do homem e a prevenção e combate ao câncer de próstata, houve divulgação nos
órgãos onde temos contratos distribuídos nos Estados do Maranhão, Paraíba, Minas Gerais, Tocantins,
Rondônia, Distrito Federal e na Sede Administrativa, com distribuição de Kit’s e palestras sobre o tema.
No mês de dezembro ocorreu a ação “A Vida Continua” referente ao Dia Mundial de Combate a AIDS
realizada no dia em 02/12/2019 com palestra e ações que ocorreram nos órgãos onde temos contratos
distribuídos nos Estados do Maranhão, Paraíba, Minas Gerais, Tocantins, Rondônia, Distrito Federal e na
Sede Administrativa.

Educação: Durante o ano de 2019 foram pagos o montante de R$ 302.611,20; referente a despesas com
Educação envolvendo todos os colaboradores do IBRAPP, ações relacionadas a Gestão em Educação,
com foco no treinamento e na capacitação de seus colaboradores, contribuindo assim para o
fortalecimento do ensino formal, através de assessoramento que visem a priorização e gestão de técnicas
de melhoria da educação, o conteúdo foi aplicado de forma presencial e através de plataforma de
Educação à Distância (EaD).

Gratuidades/Saúde: Durante o ano de 2019 foram pagos o montante de R$ 13.859.687,20; em serviços


de Gratuidade e Saúde. Dentre os serviços destacamos o contrato de gestão nº 027/2017 firmado com a
Prefeitura Municipal de Frutal, através da Secretaria Municipal de Saúde de Frutal, objetivando a
operacionalização da gestão e a promoção de serviços de saúde a serem prestados no Hospital Frei
Gabriel, localizada à Av. Brasília, n° 333, Frutal-MG, cuja finalidade é a promoção gratuita da saúde
pública, disponibilizando informações e mecanismos de gestão, inclusive softwares que auxiliam o órgão

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público a assumir um compromisso de Governo na consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), com
seus princípios fundamentais de acesso universal, equidade, ética e humanização no atendimento de
todos, através dos serviços de gestão da atenção básica e de média complexidade, com atendimento
ambulatorial e hospitalar.

O contrato de gestão firmado apresenta as seguintes características: Todos os recursos financeiros


recebidos pelo Instituto Brasileiro de Políticas Públicas - IBRAPP, assim como rendimentos de aplicação
financeira desses recursos, devem ser utilizados exclusivamente no objeto do contrato. De igual forma,
todos os bens adquiridos com recursos do contrato de gestão ou recebidos em comodato para
consecução dos seus objetivos, deverão ser devolvidos ao término da vigência do contrato à entidade
pública contratante em perfeitas condições de uso.

O Instituto Brasileiro de Políticas Públicas – IBRAP é responsável pela contratação do pessoal necessário
a consecução do objeto do contrato, bem como é responsável por todos os encargos trabalhistas,
previdenciários, fiscais, comerciais e securitários, resultantes da execução do objeto do contrato. Para
atendimento com qualidade as demandas dos serviços de saúde do Hospital Frei Gabriel, o IBRAPP
disponibiliza um quadro médio total de 212 profissionais. A equipe assistencial entre médicos (54), equipe
multidisciplinar (01 fonoaudióloga, 03 fisioterapeutas, 01 psicóloga, 01 assistente social, 02
nutricionistas), enfermeiros (21), técnicos em enfermagem (60) e auxiliares em enfermagem (03) em
média correspondem a 143 profissionais/mês.

São executados também, com a finalidade de instrução de concessão do Certificado de Entidade


Beneficente de Assistência Social de Saúde (CEBAS), ações de Promoção da Saúde Públicas
promovidas junto ao Sistema Único de Saúde – SUS. Os serviços são oriundos de um Acordo de
Cooperação com a Secretaria Municipal de Saúde de São Luís - Maranhão, em conformidade com o
estabelecido no § 3º, 23 da Portaria GM/MS nº 834, de 2016, que tem por objetivo a Promoção da Saúde
Pública, através da conjugação de esforços entre os participes para a implementação de um Projeto no
Hospital da Criança - Dr. Odorico Amaral de Matos, com foco na melhoria do atendimento, qualidade,
segurança e treinamento com apoio ao desenvolvimento institucional do SUS. O Hospital Odorico Amaral
de Matos – Hospital da Criança, estabelecimento de Média Complexidade, especializado em atendimento
de urgência e emergência, com um total de 88 leitos, localizado na Av. dos Franceses, s/n – Alemanha,
São Luís no Estado do Maranhão, no qual são realizados 79.910 atendimentos/procedimentos mês.

Contabilista responsável pelas informações prestadas:


Fábio Luis Sena Rodrigues
Nº do registro no CRC: RR-001232/O/0
CPF 827.473.182-49
Telefone para contato (98) 2106-5583 e-mail: fabio.rodrigues@ibrapp.com

Número do documento: 21011920442170300000021932517


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DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO

Entidade: INSTITUTO BRASILEIRO DE POLITICAS PUBLICAS


Período da Escrituração: 01/01/2019 a 31/12/2019 CNPJ: 09.611.589/0001-39
Número de Ordem do Livro: 12
Período Selecionado: 01 de Janeiro de 2019 a 31 de Dezembro de 2019

Descrição Nota Valor Inicial Valor Final


Lucro Líquido do Exercicio R$ 917.532,55 R$ 4.944.881,31
RECEITAS R$ 82.219.582,70 R$ 100.414.975,43
RECEITAS OPERACIONAIS R$ 82.204.982,70 R$ 100.409.385,43
RECEITAS OPERACIONAIS R$ 81.710.965,00 R$ 100.379.095,19
RECEITA COM LOCAÇÃO DE MÃO-DE-
R$ 62.079.630,64 R$ 82.452.425,88
OBRA
RECEITA DE SUBVEÇÕES R$ 19.631.334,36 R$ 17.926.669,31
RECEITAS FINANCEIRAS R$ 18.446,77 R$ 29.554,27
GANHOS C/ APLICAÇOES FINANCEIRAS R$ 0,00 R$ 4.766,34
JUROS E DESCONTOS OBTIDOS R$ 18.446,77 R$ 24.787,93
OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS R$ 475.570,93 R$ 735,97
OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS R$ 475.570,93 R$ 735,97
OUTRAS RECEITAS R$ 14.600,00 R$ 5.590,00
RECEITAS DE VENDA DE BENS
R$ 14.600,00 R$ 5.590,00
PERMANENTES
ALIENAÇAO DE IMOBILIZADO R$ 14.600,00 R$ 5.590,00
(-) CUSTOS E DESPESAS R$ (81.302.050,15) R$ (95.470.094,12)
(-) CUSTOS E DESPESAS OPERACIONAIS R$ (81.302.050,15) R$ (95.470.094,12)
(-) CUSTOS COM PROGRAMAS R$ (0,00) R$ (14.216.935,80)
(-) GRATUIDADES CONCEDIDAS R$ (0,00) R$ (12.279.386,22)
(-) EDUCAÇÃO R$ (0,00) R$ (302.611,20)
(-) DOAÇÃO SOCIAL R$ (0,00) R$ (54.637,40)
(-) SAUDE R$ (0,00) R$ (1.580.300,98)
(-) DESPESAS DE OPERAÇÕES R$ (78.313.329,72) R$ (77.984.171,27)
(-) DESPESAS DE PESSOAL R$ (37.121.733,86) R$ (43.861.105,97)
(-) ENCARGOS SOCIAIS R$ (13.769.864,71) R$ (19.412.821,19)
(-) BENEFICIOS COM PESSOAL R$ (8.889.530,18) R$ (9.288.782,02)
(-) DESPESAS ADMINISTRATIVAS R$ (6.180.265,38) R$ (3.465.608,35)
(-) SERVIÇOS DE TERCEIROS R$ (12.279.752,98) R$ (1.640.641,88)
(-) DESPESAS JURIDICAS R$ (72.182,61) R$ (315.211,86)
(-) DESPESAS FINANCEIRAS R$ (388.433,55) R$ (2.972.686,24)
(-) DESPESAS FINANCEIRAS R$ (388.433,55) R$ (2.972.686,24)
(-) DESPESAS TRIBUTÁRIAS R$ (418.532,25) R$ (296.300,81)
(-) IMPOSTOS MUNICIPAIS R$ (58.171,77) R$ (41.438,21)
(-) IMPOSTOS ESTADUAIS R$ (7.311,37) R$ (1.876,74)
(-) IMPOSTOS FEDERAIS R$ (307.691,26) R$ (4.969,67)
(-) PARCELAMENTO R$ (45.357,85) R$ (248.016,19)
(-) OUTRAS DESPESAS R$ (1.118.707,70) R$ (0,00)
(-) DESPESAS COM EDUCAÇÃO R$ (656.031,22) R$ (0,00)
(-) DESPESAS SOCIAIS R$ (462.676,48) R$ (0,00)
(-) OUTRAS DESPESAS R$ (1.063.046,93) R$ (0,00)
(-) DESPESAS NA ALIENAÇÃO DE
R$ (23,63) R$ (0,00)
VALORES E BENS
(-) DESPESAS COM DOAÇÕES R$ (999.320,37) R$ (0,00)
(-) OUTRAS DESPESAS R$ (63.702,93) R$ (0,00)

Este documento é parte integrante de escrituração cuja autenticação se comprova pelo recibo de número
24.E3.F2.CD.45.5F.4F.38.4C.6D.F3.17.2C.91.7B.97.EA.EE.0A.9F-2, nos termos do Decreto nº 9.555/2018.

Este relatório foi gerado pelo Sistema Público de Escrituração Digital – Sped

Versão 7.0.2 do Visualizador Página 1 de 1

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BALANÇO PATRIMONIAL

Entidade: INSTITUTO BRASILEIRO DE POLITICAS PUBLICAS


Período da Escrituração: 01/01/2019 a 31/12/2019 CNPJ: 09.611.589/0001-39
Número de Ordem do Livro: 12
Período Selecionado: 01 de Janeiro de 2019 a 31 de Dezembro de 2019

Descrição Nota Saldo Inicial Saldo Final


ATIVO R$ 39.277.930,66 R$ 39.072.150,11

ATIVO CIRCULANTE R$ 36.817.369,37 R$ 34.947.978,59

DISPONIBILIDADES R$ 5.819.723,42 R$ 8.404.533,14

CAIXA GERAL R$ 2.207,90 R$ 3.692,21

BANCOS CONTAS CONTRATOS R$ 114.284,72 R$ 183.428,89

APLICAÇÕES FINANCEIRAS R$ 5.703.230,80 R$ 8.217.412,04

CRÉDITOS A RECEBER R$ 30.847.737,59 R$ 25.938.604,68

CLIENTES - DUPLICATAS A RECEBER R$ 9.146.101,50 R$ 5.871.211,64

ADIANTAMENTOS A FORNECEDORES R$ 79.261,54 R$ 0,00

OUTROS ADIANTAMENTOS R$ 175.552,56 R$ 0,00

IMPOSTOS A RECUPERAR R$ 15.246.326,90 R$ 13.506.101,72

BANCO CONTAS VINCULADAS R$ 6.200.495,09 R$ 6.561.291,32

ALMOXARIFADO/ESTOQUE R$ 135.168,94 R$ 604.840,77

HOSPITAL FREI GABRIEL- FRUTAL/MG R$ 135.168,94 R$ 604.840,77

DESPESAS ANTECIPADAS R$ 14.739,42 R$ 0,00

SEGUROS A APROPRIAR R$ 14.739,42 R$ 0,00

ATIVO NÃO CIRCULANTE R$ 2.460.561,29 R$ 4.124.171,52

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO R$ 0,00 R$ 1.568.378,94

CLIENTES DUVIDOSOS - LP R$ 0,00 R$ 1.568.378,94

IMOBILIZADO TANGÍVEL R$ 2.460.561,29 R$ 2.555.792,58

BENS TANGÍVEIS R$ 3.553.532,89 R$ 3.710.031,50


(-) (-) DEPRECIAÇÃO DE BENS
R$ (1.092.971,60) R$ (1.154.238,92)
TANGÍVEIS EM USO
PASSIVO R$ 39.277.930,66 R$ 39.072.150,11

PASSIVO CIRCULANTE R$ 24.429.003,14 R$ 18.695.990,24

FORNECEDORES R$ 946.356,86 R$ 1.086.228,31

FORNECEDORES NACIONAIS R$ 946.356,86 R$ 1.086.228,31


OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS E
R$ 3.885.256,45 R$ 4.976.029,82
PREVIDENCIÁRIAS
FOLHA DE PAGAMENTO DE
R$ 2.176.464,81 R$ 3.154.099,65
FUNCIONÁRIOS
SERVIÇOS CONTRATADOS DE P.
R$ 3.781,35 R$ 4.704,49
FÍSICAS
TERCEIROS - PESSOAS JURÍDICAS R$ 1.016.348,76 R$ 436.304,81

ENCARGOS SOCIAIS A RECOLHER R$ 688.661,53 R$ 1.380.920,87

OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS R$ 19.043.698,45 R$ 12.128.391,88


TRIBUTOS, IMPOSTOS, TAXAS E
R$ 337.342,31 R$ 543.854,90
CONTRIBUIÇÕES À RECOLHER
ENCARGOS S/ PROV FÉRIAS/ 13
R$ 18.706.356,14 R$ 11.584.536,98
SALARIOS
OUTRAS OBRIGAÇÕES A PAGAR R$ 437.195,18 R$ 476.154,25

CONTAS A PAGAR R$ 437.195,18 R$ 476.154,25

ADIANTAMENTO DE CLIENTES R$ 0,00 R$ 29.185,98

ADIANTAMENTO DE CLIENTES R$ 0,00 R$ 29.185,98


OUTRAS DESPESAS COM
R$ 116.496,20 R$ 0,00
FUNCIONÁRIOS
BENEFICIOS À PAGAR R$ 116.496,20 R$ 0,00

PASSIVO NÃO CIRCULANTE R$ 317.373,13 R$ 899.724,17

EXÍGIVEL A LONGO PRAZO R$ 317.373,13 R$ 899.724,17

EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS R$ 317.373,13 R$ 0,00

PARCELAMENTO CONVENCIONAL R$ 0,00 R$ 865.448,36

DÉBITOS DIVERSOS R$ 0,00 R$ 34.275,81

PATRIMÔNIO SOCIAL LÍQUIDO R$ 14.531.554,39 R$ 19.476.435,70

FUNDO PATRIMONIAL R$ 800.000,00 R$ 800.000,00

FUNDOS INSTITUCIONAIS R$ 800.000,00 R$ 800.000,00

RESERVAS R$ 5.040.405,24 R$ 5.040.405,24

RESERVAS DE CONTINGENCIAS R$ 5.040.405,24 R$ 5.040.405,24

SUPERÁVIT OU DÉFICIT ACUMULADOS R$ 8.691.149,15 R$ 13.636.030,46

SUPERÁVIT DO EXERCÍCIO CORRENTE R$ 8.752.729,26 R$ 13.697.610,57

(-) DÉFICIT DO EXERCÍCIO CORRENTE R$ (61.580,11) R$ (61.580,11)

Este documento é parte integrante de escrituração cuja autenticação se comprova pelo recibo de número
24.E3.F2.CD.45.5F.4F.38.4C.6D.F3.17.2C.91.7B.97.EA.EE.0A.9F-2, nos termos do Decreto nº 9.555/2018.

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Número do documento: 21011920442190100000021933469


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21011920442190100000021933469
Assinado eletronicamente por: GUILHERME GUERRA REIS - 19/01/2021 20:44:21
Num. 22616523 - Pág. 1
Poder Judiciário da União
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS

SERVIÇO DE AUTUAÇÃO DE PROCESSOS ORIGINÁRIOS

Número do processo: 0701962-16.2021.8.07.0000


Classe judicial: AGRAVO DE INSTRUMENTO (202)
AGRAVANTE: INSTITUTO BRASILEIRO DE POLITICAS PUBLICAS
AGRAVADO: DISTRITO FEDERAL

CERTIDÃO

Nos termos do art. 5º, § 3º, da Portaria Conjunta nº 53, de 23 de julho de 2014, certifico que
consta(m) o(s) seguinte(s) processo(s) como possível(eis) prevenção(ões):

AI 0745302-44.2020.8.07.0000 Desembargador(a) Relator(a) ARQUIBALDO CARNEIRO, 6ª Turma


Cível, distribuído em 08/10/20 às 18:49.

Encaminhe-se para redistribuição, nos termos da Resolução do Tribunal Pleno nº 11, de


16/09/2019.

Brasília-DF, 20 de janeiro de 2021.

ARIETTE THAIS DOMITILDE TEIXEIRA

Número do documento: 21012011533954600000021935267


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21012011533954600000021935267
Assinado eletronicamente por: ATINATAN SOARES DE QUEIROZ - 20/01/2021 11:53:39
Num. 22618308 - Pág. 1
Poder Judiciário da União
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS

SUBSECRETARIA DE DISTRIBUIÇÃO E AUTUAÇÃO DE PROCESSOS DE 2ª INSTÂNCIA

Número do processo: 0701962-16.2021.8.07.0000


Classe judicial: AGRAVO DE INSTRUMENTO (202)
AGRAVANTE: INSTITUTO BRASILEIRO DE POLITICAS PUBLICAS
AGRAVADO: DISTRITO FEDERAL

CERTIDÃO

Considerando a Resolução nº 11, de 16 de setembro de 2019, do Tribunal Pleno desta Egrégia


Corte de Justiça, promovo a redistribuição dos autos ao (à) Exmo(a). Sr(a) Desembargador(a)
ARQUIBALDO CARNEIRO, 6ª Turma Cível, conforme art. 81 do RITJDFT, em razão da
prevenção indicada na certidão de ID 22618308.

Brasília, 20 de janeiro de 2021.

Subsecretaria de Distribuição e Autuação de Processos de 2ª Instância - SUDIA

Número do documento: 21012012223444000000021937464


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21012012223444000000021937464
Assinado eletronicamente por: ANDREIA DE JESUS SANTOS KIFER - 20/01/2021 12:22:34
Num. 22620850 - Pág. 1
Poder Judiciário da União
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS

6ª Turma Cível

AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) : 0701962-16.2021.8.07.0000

CERTIDÃO DE CONCLUSÃO

Nesta data, faço estes autos conclusos ao(à) Excelentíssimo(a) Desembargador(a)


ARQUIBALDO CARNEIRO - Relator(a).

Brasília, 20 de janeiro de 2021.

Diretor(a) de Secretaria

Número do documento: 21012012363642200000021937566


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21012012363642200000021937566
Assinado eletronicamente por: Usuário do sistema - 20/01/2021 12:36:36
Num. 22621547 - Pág. 1
Poder Judiciário da União
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
Gabinete do Desembargador ARQUIBALDO CARNEIRO

Número do processo: 0701962-16.2021.8.07.0000


Classe judicial: AGRAVO DE INSTRUMENTO (202)
AGRAVANTE: INSTITUTO BRASILEIRO DE POLITICAS PUBLICAS
AGRAVADO: DISTRITO FEDERAL

DECISÃO

Cuida-se de agravo de instrumento, com pedido de antecipação dos efeitos da tutela recursal,
interposto pelo INSTITUTO BRASILEIRO DE POLÍTICAS PÚBLICAS (autor), tendo por
objeto a r. decisão (ID 80976264 dos autos originais) proferida pelo ilustre Juízo 8ª Vara da
Fazenda Pública do DF, que, nos autos da ação de conhecimento ajuizada contra o Distrito
Federal, processo nº 0706131-26.2020.8.07.0018, revogou a gratuidade de justiça.

Eis o conteúdo da r. decisão agravada, verbis:

“(...) O réu apresentou impugnação à gratuidade da justiça concedida à autora com alegação de que essa
possui condições financeiras de arcar com as despesas do processo (ID 73507993) e essa em réplica
limitou-se a dizer de forma excessivamente genérica que demonstrou satisfazer os requisitos legais.

Não obstante os documentos anexados aos autos pela própria autora lhe foi oportunizado comprovar sua
alegada hipossuficiência financeira (ID 76544288), mas essa limitou-se a dizer que por se tratar de
instituição sem fins lucrativos não precisa comprovar sua hipossuficiência financeira e discorreu
longamente sobre sua suposta impossibilidade de recolher as custas processuais (ID 77693800).

Ao contrário do afirmado pela autora todas as jurisprudências mencionadas e transcritas por ela em suas
peças processuais indicam que mesmo as entidades sem fins lucrativos devem comprovar a sua
hipossuficiência financeira para a obtenção do benefício da gratuidade da justiça, portanto, sem razão a
autora em suas alegações.

Examinando detidamente os documentos anexados aos autos constata-se que a autora emitiu diversas notas
fiscais em valores bastantes expressivos (ID 72213269, fls. 1 a 50 e ID 72213271) e no seu balanço
patrimonial há indicação de superávit no exercício de 2019 de R$ 13.697.610,57 (treze milhões, seiscentos
e noventa e sete mil, seiscentos e dez reais e cinquenta e sete centavos), além do lucro líquido de R$
4.944.881,31 (quatro milhões, novecentos e quarenta quatro mil, oitocentos e oitenta e um reais e trinta e
um centavos) conforme documento de ID 72213272. No ano de 2020, que segundo a autora teria suportado
dificuldades financeiras em razão da pandemia do coronavirus, houve a emissão de pelo menos duas notas
fiscais com valores superiores a 3 (três) milhões de reais.

Assim, está suficientemente evidenciada a capacidade financeira da autora em arcar com as despesas do

Número do documento: 21012019134260400000021947148


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Num. 22632376 - Pág. 1
processo, por isso, o benefício anteriormente concedido deve ser revogado.

O réu requereu, ainda, a condenação da autora por litigância da má-fé, já que ela teria alterado a verdade
dos fatos, nos termos do artigo 80, II do Código de Processo Civil.

Verifica-se dos autos que a autora requereu o benefício da gratuidade da justiça quando possui condições
financeiras para arcar com as despesas do processo e mesmo tendo lhe sido oportunizada a comprovação
de suas alegações não o fez, posto que não juntou nenhum documento que comprove a alegada
hipossuficiência e os documentos anteriormente anexados aos autos por ela comprovam satisfatoriamente
um rendimento expressivo, portanto, houve realmente alteração dos fatos, caracterizando a litigância de
má-fé, razão pela qual ela deverá pagar a multa estabelecida no parágrafo único do artigo 100 do Código
de Processo Civil.

Considerando o patrimônio e rendimento da autora, conforme destacado em linhas volvidas e a sua


conduta de insistir na manutenção do benefício quando os próprios documentos anexados aos autos por ela
comprovam exatamente o contrário tem-se que o valor da multa deverá ser fixado em 2% (dois por cento)
sobre o valor da causa.

Em face das considerações alinhadas revogo o benefício da gratuidade da justiça concedido à autora,
defiro o prazo de 10 (dez) dias para o recolhimento das custas iniciais, sob pena de extinção do feito sem
resolução de mérito e a condeno ao pagamento de multa fixada em 2% (dois por cento) sobre o valor da
causa (...)”

Inconformada, a parte executada recorre.

A agravante aduz que é instituição sem fins lucrativos voltada para atendimento social, e que,
apesar de ter demonstrado a condição de hipossuficiência econômico-financeira, sobreveio
decisão revogando a gratuidade de justiça, e ainda aplicando-lhe penalidade por litigância de
má-fé (2% sobre o valor da causa).

Aponta equívoco do ilustre Juízo a quo na análise dos documentos acostados, sobretudo do
balanço anual de 2019, pois teria tido déficit de R$ 61.580,11 ( sessenta e um mil reais,
quinhentos e oitenta reais e onze centavos), e não superávit de R$ 13.697.610,57 (treze milhões,
seiscentos e noventa e sete mil, seiscentos e dez reais e cinquenta e sete centavos).

Assevera que “...a M.M Juíza “a quo”, equivocou-se na análise do balanço patrimonial da
Agravante aduzindo que R$ 13.697.610,57 (treze milhões, seiscentos e noventa e sete mil,
seiscentos e dez reais e cinquenta e sete centavos) fosse o superávit do exercício, quando na
verdade, foi a receita recebida em decorrência das parcerias celebradas e mantidas com o
Poder Público, receita essa que é totalmente vinculada as despesas de cada instrumento, ou
seja, não é superávit, não é lucro.”

Pondera que “...ter receitas não é o bastante para que a Agravante figure no polo com
capacidade financeira. Para arcar com as despesas processuais a Agravante teria que, no
mínimo, ser superavitária em suas receitas, o que evidentemente não é o caso, ficando
demonstrado através de seu balanço patrimonial de 2019, anexo”.

Afirma também ter realizado dispensa de seus quadros.

Diz ainda ter sofrido com a crise decorrente da pandemia de Covid-19, e que “...é irrefutável a

Número do documento: 21012019134260400000021947148


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Assinado eletronicamente por: ARQUIBALDO CARNEIRO - 20/01/2021 19:13:42
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crise financeira enfrentada pela parte Agravante, de modo que o pagamento das custas iniciais,
por serem de alta monta, comprometeriam ainda mais a própria existência da organização
social.”

No tocante a multa por litigância de má-fé, verbera que não há prova de que agiu com dolo, nem
tampouco “omitiu nenhuma informação ou alterou a verdade dos fatos e ainda comprovou sua
hipossuficiência através do balanço patrimonial apresentado de 2019.”

Afirma que, em se tratando de pessoas jurídicas sem fins lucrativos, para a concessão da
gratuidade de justiça “A jurisprudência é firme quanto a ausência de necessidade de
comprovação”. Cita precedentes.

Punga pela antecipação dos efeitos da tutela recursal satisfativa, para que lhe seja concedida a
gratuidade de justiça, ou, em tese subsidiária, “o DIFERIMENTO DO PAGAMENTO DAS
CUSTAS, para que estas sejam realizadas ao final do processo, pois assim, a parte Agravante
terá condições temporais para provisionar mês a mês uma reserva para tal mister, haja vista
que não pode este dispor facilmente de tais recursos sem prévio planejamento face ao prejuízo
que esse ato poderá ocasionar”.

No mérito pugna pelo provimento do agravo, para se reformar a r. decisão hostilizada,


confirmando-se a liminar ou o pedido subsidiário deste, bem como seja afastada a incidência de
multa por litigância de má-fé.

Sem recolhimento de preparo, por versar a questão acerca da gratuidade de justiça.

É o que basta para a análise da liminar.

DECIDO.

Preenchidos os pressupostos recursais, conheço do recurso.

Como sabido, o relator, ao receber o agravo de instrumento, se não for o caso de aplicação do
art. 932, III e IV, do CPC, poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em
antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal (art. 1.019, I, CPC).

No momento, a análise a ser realizada nesta fase incipiente está restrita ao pedido de antecipação
dos efeitos da tutela recursal, para deferimento ou não da liminar e restabelecimento da
gratuidade de justiça, que fora revogada na decisão hostilizada, ou diferimento do pagamento
das custas, o que se fará à luz dos requisitos da probabilidade do direito dos agravantes e do
perigo de dano grave ou risco ao resultado útil do processo.

De início, necessário ressaltar é possível a concessão do benefício da gratuidade de justiça às


pessoas jurídicas, mas, ao contrário do alegado pela agravante, ainda que se trate de pessoa
jurídica sem fins lucrativos, como seria o caso da agravante, se faz necessária a comprovação da
hipossuficiência para usufruírem do benefício da justiça gratuita.

Neste sentido, há, inclusive, Enunciado de Súmula do colendo STJ, verbis:

Súmula nº 481. “Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que

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demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.” (grifou-se)

No mesmo trilho caminha a jurisprudência desta Corte:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. FUNDAÇÃO SEM FINS


LUCRATIVOS. GRATUIDADE DE JUSTIÇA. PEDIDO INDEFERIDO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO.
1. O Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de que é possível a concessão do benefício da
justiça gratuita em favor de pessoa jurídica de Direito Privado, com ou sem fins lucrativos, desde que
comprove o estado de miserabilidade, não bastando a simples declaração de pobreza. 2. Os documentos
colacionados aos autos são antigos e não demonstram a situação econômica da agravante que justifique
a concessão do benefício da gratuidade de justiça. 3. Agravo interno prejudicado. Agravo de
instrumento não provido." (Acórdão 1267637, 07054631220208070000, Relator: ARQUIBALDO
CARNEIRO PORTELA, 6ª Turma Cível, data de julgamento: 22/7/2020, publicado no DJE: 13/8/2020.
Pág.: Sem Página Cadastrada.) (Destacou-se)

"APELAÇÃO CÍVEL. GRATUIDADE DE JUSTIÇA. ENTIDADE SEM FINS LUCRATIVOS.


HIPOSSUFICIÊNCIA. COMPROVAÇÃO. NECESSIDADE. CONTRATO. RESCISÃO CONTRATUAL
IMOTIVADA. MULTA. INCIDÊNCIA. REDUÇÃO. ARTIGO 413, DO CÓDIGO CIVIL. TERMO ADITIVO.
VONTADE. VÍCIO. SERVIÇOS PRESTADOS. REMUNERAÇÃO. DEVIDA. JUROS EX RE. MARCO
INICIAL. CITAÇÃO. INVIÁVEL. A simples ausência de fins lucrativos da pessoa jurídica não conduz, por
si só, ao deferimento da justiça gratuita, devendo demonstrar sua hipossuficiência econômica. No caso da
parte, que arrecadou apenas em um ano quase dois bilhões de reais, celebrou contrato milionário e seu
déficit decorre de descontrole financeiro e administrativo, por não ter sopesado suas receitas e despesas,
não há hipossuficiência, devendo a gratuidade de justiça ser indeferida. Caracterizada a rescisão
contratual imotivada, deve incidir a multa prevista no contrato. Considerando a excessividade da multa,
sobretudo porque o ajuste foi cumprido em parte e os custos de implantação dos serviços foram adiantados
pelo contratante, deve haver sua redução a patamar adequado, nos termos do artigo 413, do Código Civil.
Precedente do STJ. Considerando que o Termo Aditivo foi assinado por empregado que não detinha
poderes para representar a POSTAL SAÚDE e por pessoa que não tinha procuração da BRASIL DENTAL,
o pacto não vincula as partes. Comprovada a prestação de serviços pela contratada após o encerramento
do contrato, com os quais o contratante anuiu, os referidos serviços devem ser pagos. Os serviços
alegadamente prestados após a manifestação expressa da contratante para seu encerramento não devem
ser pagos. Tratando-se de mora ex re, é inviável a pretensão da parte apelante para que os juros incidam
desde a citação."
(Acórdão 1205281, 07375303220178070001, Relator: ESDRAS NEVES, 6ª Turma Cível, data de
julgamento: 2/10/2019, publicado no DJE: 9/10/2019. Pág.: Sem Página Cadastrada.) (Destacou-se)

Apesar de a agravante alegar déficit no ano de 2019, não há notícia de que é insolvente ou esta
submetida a recuperação judicial.

De todo modo, ainda que estivesse em recuperação judicial seria necessário comprovar a sua
hipossuficiência. Neste sentido:

"CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA.

Número do documento: 21012019134260400000021947148


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21012019134260400000021947148
Assinado eletronicamente por: ARQUIBALDO CARNEIRO - 20/01/2021 19:13:42
Num. 22632376 - Pág. 4
GRATUIDADE JUDICIÁRIA. PESSOA JURÍDICA. SÚMULA N. 481/STJ. NECESSIDADE DE
COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS LEGAIS PARA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO.
INDEFERIMENTO. RECURSO DESPROVIDO. 1. Conforme Súmula n. 481/STJ e art. 5º, LXXIV, da
CF, a pessoa jurídica, com ou sem fins lucrativos, ainda que em regime de recuperação judicial ou
liquidação extrajudicial, faz jus ao benefício da assistência judiciária gratuita tão somente se comprovar
a impossibilidade de verter os encargos processuais. 2. As alegações de que a recorrente está em
recuperação judicial e não possui condições para arcar com as despesas processuais, bem como os Livros
de Apuração do Lucro Real dos Anos Calendário de 2014 a 2017, não são suficientes para demonstrar o
requisito autorizador à concessão da justiça gratuita à pessoa jurídica. 3. Recurso desprovido. (Acórdão
1203508, 07138392120198070000, Relator: ALFEU MACHADO, 6ª Turma Cível, data de julgamento:
18/9/2019, publicado no PJe: 28/9/2019. Pág.: Sem Página Cadastrada.) (Destacou-se)

De outra banda, observo que os precedentes colacionados pela agravante para sustentar a tese de
que prescinde de prova para a concessão da gratuidade de justiça por entidade filantropa são dos
anos de 2006 e 2008, portanto, antigos e já superados, não servindo de paradigma para o
deslinde da causa.

Noutra banda, ressalto que, apesar dos argumentos lançados pela agravante no sentido de que
apresentou prova da sua hipossuficiência, em tese, não diviso, prima oculi, equívoco na
avaliação realizada pela douta Juíza de primeiro grau. Explico.

Dentre os documentos acostados pelo agravante, estão o balanço de 2019 (ID 22616523) e
notas explicativas deste (ID 22616521), na qual nada se fala de déficit. Por outro lado, é
possível inferir do referido documento a existência de “Caixa e equivalentes de caixa” de R$
8.404.533,14, e patrimônio social de R$ 4.944.881,31, o que, somados, resulta em R$
13.349.414,40, ou seja, o valor apontado pela d. Juíza a quo como fundamento para revogar a
gratuidade de justiça.

Ademais, trata-se de pessoa jurídica com contratos milionários celebrados com o Poder Público,
ao menos é isso o que se denota das notas fiscais juntadas no ID 72213269. Pág. 1 - 50 e ID
72213271 dos autos de origem, inclusive o valor discutido na ação é expressivo.

Some-se que, em princípio, inexiste demonstração de rescisão de contratos da agravante ou


mesmo a suspensão destes por causa da pandemia de Covid-19, de modo que, em tese, referido
argumento não lhe socorre.

De mais a mais, o cenário apresentado não mostra ser viável, ao menos em sede de liminar, o
diferimento do recolhimento das custas iniciais, pois não é crível que uma pessoa jurídica com
patrimônio milionário não possua condições de arcar com as despesas processuais, sobretudo
porque os valores cobrados por esta egrégia Corte de Justiça são módicos, sendo certo que não
há, a primeira vista, demonstração de que o recolhimento comprometeria a atividade econômica
da agravante.

Portanto, em uma análise perfunctória, cabível nesta fase incipiente, verifico que a
argumentação da parte Agravante, apesar de sua relevância, não supera os requisitos necessários
para o deferimento da liminar, razão pela qual nega-se o pedido e remete-se o exame de mérito
ao egrégio colegiado.

Diante do exposto, INDEFIRO A LIMINAR.

Número do documento: 21012019134260400000021947148


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21012019134260400000021947148
Assinado eletronicamente por: ARQUIBALDO CARNEIRO - 20/01/2021 19:13:42
Num. 22632376 - Pág. 5
Intime-se o agravado, para que, querendo, responda, no prazo legal, facultando-lhe juntar a
documentação que entender necessária ao julgamento do recurso (art. 1.019, II, do CPC).

Publique-se. Intimem-se. Cumpra-se.

Brasília, 20 de janeiro de 2021.

Desembargador ARQUIBALDO CARNEIRO

Relator

Número do documento: 21012019134260400000021947148


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21012019134260400000021947148
Assinado eletronicamente por: ARQUIBALDO CARNEIRO - 20/01/2021 19:13:42
Num. 22632376 - Pág. 6
Poder Judiciário da União
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
6ª Turma Cível

Número do processo: 0701962-16.2021.8.07.0000

CERTIDÃO DE DISPONIBILIZAÇÃO DJE

Certifico e dou fé que o Ato Judicial Decisão ID 22632376 foi disponibilizado no Diário da Justiça
Eletrônico - DJe em 29/01/2021, e publicado no primeiro dia útil subsequente.

29 de janeiro de 2021.

Número do documento: 21012902165075900000022124607


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21012902165075900000022124607
Assinado eletronicamente por: Usuário do sistema - 29/01/2021 02:16:50
Num. 22816501 - Pág. 1
Petição Anexa

Número do documento: 21020417502447000000022305323


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Assinado eletronicamente por: RENATA APARECIDA DE LIMA - 04/02/2021 17:50:24
Num. 23003364 - Pág. 1
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR ARQUIBALDO
CARNEIRO RELATOR DO AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0701962-
16.2021.8.07.0000 EM TRÂMITE PERANTE A 6ª CÍVEL TURMA DO TRIBRUNAL
DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL - TJDF

Ref. Processo nº 0701962-16.2021.8.07.0000

INSTITUTO BRASILEIRO DE POLÍTICAS PÚBLICAS, por seu procurador que esta


subscreve, nos autos da ação acima epigrafada, vem, respeitosamente, a presença de
Vossa Excelência, uma vez ciente dos termos da respeitável decisão monocrática que
denegou seguimento ao Agravo de Instrumento interposto,apresentar AGRAVO
INTERNO, para o fim de ver analisada a matéria por esta E.Turma, expondo e
requerendo o quanto segue.

I – DA TEMPESTIVIDADE
A presente é medida é tempestiva uma vez que protocolada dentro do prazo legal,
devendo ser regularmente processado e julgado o apelo.

II – DO CABIMENTO DO AGRAVO INTERNO.


Considerando a decisão monocrática proferida pelo ilustre relator, impedindo a análise
da matéria por esta E.Turma, o Agravo interposto é a medida judicial adequada no
intuito de levar a análise da matéria aos demais integrantes desta turma julgadora, nos
termos do artigo 1.021 do Código de Processo Civil, vejamos:

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo

Número do documento: 21020417502456900000022305324


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21020417502456900000022305324
Assinado eletronicamente por: RENATA APARECIDA DE LIMA - 04/02/2021 17:50:24
Num. 23003365 - Pág. 1
interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto
ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.

Demonstrada a adequação e o interesse na interposição do recurso, requer seu regular


processamento.

III – DAS RAZÕES DO AGRAVO


III.1 – DO DEFERIMENTO DE JUSTIÇA GRATUITA – ENTIDADE ASSISTENCIAL
BENEFICENTE – GARANTIA DE AMPLO ACESSO À JUSTIÇA

Em detida análise aos autos é possível constatar que o juiz de origem, inicialmente,
deferiu a justiça gratuita, revendo seu posicionamento posteriormente, revogando o
beneficio.

Insatisfeita com a decisão, a Agravante interpôs Agravo de Instrumento para que o


tema fosse analisado por essa E.Turma, oportunidade na qual o ilustre Dr.Relator, em
decisão monocrática, manteve o indeferimento da justiça gratuita, sob os
fundamentos a seguir:

[...]DECIDO.
Preenchidos os pressupostos recursais, conheço do recurso.
Como sabido, o relator, ao receber o agravo de instrumento, se
não for o caso de aplicação do art. 932, III e IV, do CPC, poderá
atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação
de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal (art.
1.019, I, CPC).
No momento, a análise a ser realizada nesta fase incipiente
está restrita ao pedido de antecipação dos efeitos da tutela
recursal, para deferimento ou não da liminar e
restabelecimento da gratuidade de justiça, que fora revogada
na decisão hostilizada, ou diferimento do pagamento das
custas, o que se fará à luz dos requisitos da probabilidade do
direito dos agravantes e do perigo de dano grave ou risco ao

Número do documento: 21020417502456900000022305324


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Num. 23003365 - Pág. 2
resultado útil do processo.
De início, necessário ressaltar é possível a concessão do
benefício da gratuidade de justiça às pessoas jurídicas, mas, ao
contrário do alegado pela agravante, ainda que se trate de
pessoa jurídica sem fins lucrativos, como seria o caso da
agravante, se faz necessária a comprovação da hipossuficiência
para usufruírem do benefício da justiça gratuita.
Neste sentido, há, inclusive, Enunciado de Súmula do colendo
STJ, verbis:
Súmula nº 481. “Faz jus ao benefício da justiça gratuita a
pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua
impossibilidade de arcar com os encargos processuais.” (grifou-
se)
No mesmo trilho caminha a jurisprudência desta Corte:
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL.
FUNDAÇÃO SEM FINS LUCRATIVOS. GRATUIDADE DE JUSTIÇA.
PEDIDO INDEFERIDO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. 1. O
Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de que é
possível a concessão do benefício da justiça gratuita em favor
de pessoa jurídica de Direito Privado, com ou sem fins
lucrativos, desde que comprove o estado de miserabilidade, não
bastando a simples declaração de pobreza. 2. Os documentos
colacionados aos autos são antigos e não demonstram a
situação econômica da agravante que justifique a concessão do
benefício da gratuidade de justiça. 3. Agravo interno
prejudicado. Agravo de instrumento não provido." (Acórdão
1267637, 07054631220208070000, Relator: ARQUIBALDO
CARNEIRO PORTELA, 6ª Turma Cível, data de julgamento:
22/7/2020, publicado no DJE: 13/8/2020. Pág.: Sem Página
Cadastrada.) (Destacou-se)
"APELAÇÃO CÍVEL. GRATUIDADE DE JUSTIÇA. ENTIDADE SEM
FINS LUCRATIVOS. HIPOSSUFICIÊNCIA. COMPROVAÇÃO.
NECESSIDADE. CONTRATO. RESCISÃO CONTRATUAL
IMOTIVADA. MULTA. INCIDÊNCIA. REDUÇÃO. ARTIGO 413, DO
CÓDIGO CIVIL. TERMO ADITIVO. VONTADE. VÍCIO. SERVIÇOS
PRESTADOS. REMUNERAÇÃO. DEVIDA. JUROS EX RE. MARCO
INICIAL. CITAÇÃO. INVIÁVEL. A simples ausência de fins
lucrativos da pessoa jurídica não conduz, por si só, ao
deferimento da justiça gratuita, devendo demonstrar sua
hipossuficiência econômica. No caso da parte, que arrecadou
apenas em um ano quase dois bilhões de reais, celebrou
contrato milionário e seu déficit decorre de descontrole
financeiro e administrativo, por não ter sopesado suas receitas

Número do documento: 21020417502456900000022305324


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Num. 23003365 - Pág. 3
e despesas, não há hipossuficiência, devendo a gratuidade de
justiça ser indeferida. Caracterizada a rescisão contratual
imotivada, deve incidir a multa prevista no contrato.
Considerando a excessividade da multa, sobretudo porque o
ajuste foi cumprido em parte e os custos de implantação dos
serviços foram adiantados pelo contratante, deve haver sua
redução a patamar adequado, nos termos do artigo 413, do
Código Civil. Precedente do STJ. Considerando que o Termo
Aditivo foi assinado por empregado que não detinha poderes
para representar a POSTAL SAÚDE e por pessoa que não tinha
procuração da BRASIL DENTAL, o pacto não vincula as partes.
Comprovada a prestação de serviços pela contratada após o
encerramento do contrato, com os quais o contratante anuiu,
os referidos serviços devem ser pagos. Os serviços
alegadamente prestados após a manifestação expressa da
contratante para seu encerramento não devem ser pagos.
Tratando-se de mora ex re, é inviável a pretensão da parte
apelante para que os juros incidam desde a citação."
(Acórdão 1205281, 07375303220178070001, Relator: ESDRAS
NEVES, 6ª Turma Cível, data de julgamento: 2/10/2019,
publicado no DJE: 9/10/2019. Pág.: Sem Página Cadastrada.)
(Destacou-se)
Apesar de a agravante alegar déficit no ano de 2019, não há
notícia de que é insolvente ou esta submetida a recuperação
judicial.
De todo modo, ainda que estivesse em recuperação judicial
seria necessário comprovar a sua hipossuficiência. Neste
sentido:
"CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. GRATUIDADE JUDICIÁRIA.
PESSOA JURÍDICA. SÚMULA N. 481/STJ. NECESSIDADE DE
COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS LEGAIS PARA
CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. INDEFERIMENTO. RECURSO
DESPROVIDO. 1. Conforme Súmula n. 481/STJ e art. 5º, LXXIV,
da CF, a pessoa jurídica, com ou sem fins lucrativos, ainda que
em regime de recuperação judicial ou liquidação extrajudicial,
faz jus ao benefício da assistência judiciária gratuita tão
somente se comprovar a impossibilidade de verter os encargos
processuais. 2. As alegações de que a recorrente está em
recuperação judicial e não possui condições para arcar com as
despesas processuais, bem como os Livros de Apuração do
Lucro Real dos Anos Calendário de 2014 a 2017, não são
suficientes para demonstrar o requisito autorizador à concessão

Número do documento: 21020417502456900000022305324


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Num. 23003365 - Pág. 4
da justiça gratuita à pessoa jurídica. 3. Recurso desprovido.
(Acórdão 1203508, 07138392120198070000, Relator: ALFEU
MACHADO, 6ª Turma Cível, data de julgamento: 18/9/2019,
publicado no PJe: 28/9/2019. Pág.: Sem Página Cadastrada.)
(Destacou-se)
De outra banda, observo que os precedentes colacionados pela
agravante para sustentar a tese de que prescinde de prova para
a concessão da gratuidade de justiça por entidade filantropa
são dos anos de 2006 e 2008, portanto, antigos e já superados,
não servindo de paradigma para o deslinde da causa.
Noutra banda, ressalto que, apesar dos argumentos lançados
pela agravante no sentido de que apresentou prova da sua
hipossuficiência, em tese, não diviso, prima oculi, equívoco na
avaliação realizada pela douta Juíza de primeiro grau. Explico.
Dentre os documentos acostados pelo agravante, estão o
balanço de 2019 (ID 22616523) e notas explicativas deste (ID
22616521), na qual nada se fala de déficit. Por outro lado, é
possível inferir do referido documento a existência de “Caixa e
equivalentes de caixa” de R$ 8.404.533,14, e patrimônio social
de R$ 4.944.881,31, o que, somados, resulta em R$
13.349.414,40, ou seja, o valor apontado pela d. Juíza a quo
como fundamento para revogar a gratuidade de justiça.
Ademais, trata-se de pessoa jurídica com contratos milionários
celebrados com o Poder Público, ao menos é isso o que se
denota das notas fiscais juntadas no ID 72213269. Pág. 1 - 50 e
ID 72213271 dos autos de origem, inclusive o valor discutido na
ação é expressivo.
Some-se que, em princípio, inexiste demonstração de rescisão
de contratos da agravante ou mesmo a suspensão destes por
causa da pandemia de Covid-19, de modo que, em tese, referido
argumento não lhe socorre.
De mais a mais, o cenário apresentado não mostra ser viável,
ao menos em sede de liminar, o diferimento do recolhimento
das custas iniciais, pois não é crível que uma pessoa jurídica
com patrimônio milionário não possua condições de arcar com
as despesas processuais, sobretudo porque os valores cobrados
por esta egrégia Corte de Justiça são módicos, sendo certo que
não há, a primeira vista, demonstração de que o recolhimento
comprometeria a atividade econômica da agravante.
Portanto, em uma análise perfunctória, cabível nesta fase
incipiente, verifico que a argumentação da parte Agravante,
apesar de sua relevância, não supera os requisitos necessários
para o deferimento da liminar, razão pela qual nega-se o

Número do documento: 21020417502456900000022305324


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21020417502456900000022305324
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Num. 23003365 - Pág. 5
pedido e remete-se o exame de mérito ao egrégio colegiado.
Diante do exposto, INDEFIRO A LIMINAR.

Inicialmente é preciso destacar que a Agravante é uma instituição beneficiente que


possui atuação junto ao Estado, auxiliando na prestação de serviços essenciais que,
ab initio seriam obrigação do Poder Público, no entanto, em decorrência da
necessidade da descentralização dos serviços da máquina pública, permite-se que
sejam firmados contratos em particulares e poder público para buscar a satisfação
do interesse público primário. A título de exemplo, podemos extrair o disposto nos
artigos 199 e 204 da CF/88, vejamos:

Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.


§ 1º As instituições privadas poderão participar de forma
complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes
deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo
preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social
serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade
social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e
organizadas com base nas seguintes diretrizes:
I - descentralização político-administrativa, cabendo a
coordenação e as normas gerais à esfera federal e a
coordenação e a execução dos respectivos programas às
esferas estadual e municipal, bem como a entidades
beneficentes e de assistência social;

Nesse diapasão, temos que, seguindo a linha adotada na decisão monocrática, para se
autorizar a justiça gratuita Agravante, seria necessário demonstrar a insolvência ou a
absoluta falta de condição de arcar com despesas.

Ora, ilustre Desembargadores, a incapacidade financeira de arcar com os custos de um


processo não é extraída da necessidade de “quebra” ou insolvência parcial ou absoluta
da entidade privada, na realidade, a partir do momento que a parte requerente não
consegue arcar com os custos do processo sem impactar o exercício de sua atividade

Número do documento: 21020417502456900000022305324


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21020417502456900000022305324
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Num. 23003365 - Pág. 6
fim, temos que demonstrada a incapacidade financeira e o necessário deferimento da
gratuidade, sob pena de violar o amplo acesso à justiça.

Exigir que a Entidade Agravante demonstre condições de insolvência total ou parcial


para, só então, deferir a justiça gratuita é exigir que esta pare de prestar sua finalidade
social fim, que atende ao interesse público primário, para voltar recursos ao
pagamento de despesas judiciárias, situação que nos parece incabível.

Ademais, o mero fato da instituição possuir contratos de valores considerados


elevados pelo Relator, por sí só, não são suficientes para indeferir a justiça gratuita,
afinal, a incapacidade financeira decorre da impossibilidade de aplicação desses
recursos com custos processuais, uma vez que esses valores já estão vinculados ao
cumprimento da atividade fim da instituição, atendendo, repita-se, interesses
primários do Estado.

Lembra-se que não se pode dar às entidades beneficentes o mesmo tratamento que se
dá às empresas com finalidade lucrativa, uma vez que as primeiras atuam em conjunto
com o Estado, para criação de um bem comum e atendimento necessidades básicas da
população, visando o auxílio ao Estado de atingimento do interesse público primário
quanto ao fornecimento de saúde, educação ou assistênia social. Assim, exigir que
essas instituições se encontrem em estado de insolvência absoluta ou parcial,
objetivando a arrecadação de taxa judiciária seria sobrepor o interesse público
secundário em detrimento do primário, situação inadmissível e que gera vício quanto à
finalidade do ato.

Cabe destacar, ainda, que a instituição demonstrou, por meio dos balancetes, a
existência de déficite de aproximadamente R$ 61.000,00 (sessenta um mil reais) no
exercício, bem como a necessidade de adequação de custos decorrentes da relação de

Número do documento: 21020417502456900000022305324


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21020417502456900000022305324
Assinado eletronicamente por: RENATA APARECIDA DE LIMA - 04/02/2021 17:50:24
Num. 23003365 - Pág. 7
trabalho, em razão do forte impacto causado pela pandemia do COVID-19.

Existe nos autos, portanto, elementos fáticos e jurídicos suficientes para deferir a
justiça gratuita pretendida, sob pena de violação do artigo 5, inciso XXXV.

Isso posto, requer a Agravante seja provido o presente Agravo para viabilizar a análise
do Agravo de Instrumento e, ao final, ver deferida a justiça gratuita pretendida.

III – CONCLUSÃO.
Estando presentes todos os requisitos de admissibilidade para conhecimento do
Agravo Interno, espera a Agravante o acolhimento e provimento de suas razões, para,
ao final, ser provido o Agravo de Instrumento e deferida a tutela provisória pretendida.

Termos em que,
Pede e Espera Deferimento.

RENATA APARECIDA DE LIMA


OAB/MG nº 154.326

GUILHERME GUERRA REIS


OAB/MG nº 182.006

DANIEL COELHO BELLEZA DIAS


OAB/MGn nº 130.568

Número do documento: 21020417502456900000022305324


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21020417502456900000022305324
Assinado eletronicamente por: RENATA APARECIDA DE LIMA - 04/02/2021 17:50:24
Num. 23003365 - Pág. 8
Poder Judiciário da União
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS

6ª Turma Cível

Número do processo: 0701962-16.2021.8.07.0000

CERTIDÃO

O(a) Servidor(a) BRUNO FEITOSA DE OLIVEIRA leu o documento ID 23003364 em 4 de


fevereiro de 2021.

Número do documento: 21020418024851700000022306350


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21020418024851700000022306350
Assinado eletronicamente por: Usuário do sistema - 04/02/2021 18:02:48
Num. 23002802 - Pág. 1
Poder Judiciário da União
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS

6ª Turma Cível

AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) : 0701962-16.2021.8.07.0000

CERTIDÃO DE CONCLUSÃO

Nesta data, faço estes autos conclusos ao(à) Excelentíssimo(a) Desembargador(a)


ARQUIBALDO CARNEIRO - Relator(a).

Brasília, 4 de fevereiro de 2021.

Diretor(a) de Secretaria

Número do documento: 21020418030351000000022306351


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21020418030351000000022306351
Assinado eletronicamente por: Usuário do sistema - 04/02/2021 18:03:03
Num. 23002803 - Pág. 1
Poder Judiciário da União
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
Gabinete do Desembargador ARQUIBALDO CARNEIRO

Número do processo: 0701962-16.2021.8.07.0000


Classe judicial: AGRAVO DE INSTRUMENTO (202)
AGRAVANTE: INSTITUTO BRASILEIRO DE POLITICAS PUBLICAS
AGRAVADO: DISTRITO FEDERAL

DESPACHO

Com fulcro no art. 1021, §2º do CPC, intime-se o agravado para responder, no prazo de 15
(quinze) dias, o agravo interno interposto no ID 23003365.

Publique-se.

Brasília, 12 de fevereiro de 2021.

Desembargador ARQUIBALDO CARNEIRO

Relator

Número do documento: 21021220000238900000022544516


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21021220000238900000022544516
Assinado eletronicamente por: ARQUIBALDO CARNEIRO - 12/02/2021 20:00:02
Num. 23247807 - Pág. 1
PROCURADORIA-GERAL DO DISTRITO FEDERAL
PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA DISTRITAL
NEST - Núcleo Estratégico

EXMO. SR. RELATOR, DESEMBARGADOR ARQUIBALDO CARNEIRO, DO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS

Agravo de Instrumento nº 0701962-16.2021.8.07.0000

O DISTRITO FEDERAL (FAZENDA PÚBLICA), já devidamente


qualificado nos autos do agravo de instrumento em epígrafe, interposto por
INSTITUTO BRASILEIRO DE POLÍTICAS PÚBLICAS IBRAPP, também
qualificado(a)(s), vem, em atenção à decisão de ID 22632376, e com fulcro no
art. 1.019, inciso II do CPC/2015, apresentar a sua

CONTRAMINUTA

ao vertente agravo de instrumento, fazendo-o mediante as considerações a


seguir expressas.

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I TEMPESTIVIDADE.

A intimação pessoal do Distrito Federal para a apresentação da


vertente impugnação ocorreu em 27.01.2021 (quarta-feira), conforme registra o
sistema PJe.

Assim, o prazo respectivo (30 dias úteis 15 dias úteis contados em


dobro, conforme determinam os arts. 183 e 219, caput c/c art. 1.019, inciso II todos
do CPC) teve início em 28.01.2021 (quinta-feira), de modo que encerrado apenas
em 12.03.2021 (considerando-se que nos dias 15 e 16.02.2021 não houve
expediente forense em razão do feriado de carnaval), razão pela qual tempestiva
esta peça, protocolizada nesta data.

II HISTÓRICO.

Trata-se, na origem, de ação de conhecimento, pelo rito ordinário, cujo


escopo é ver declarado o suposto direito do autor/agravante ao gozo da imunidade
tributária prevista no art. 150, inciso VI, alínea “c” da Constituição Federal, com o fim
de obstar a exigência do ISSQN por parte do Distrito Federal, relativo aos serviços
cuja prestação é feita pelo agravante a órgãos e entes sediados no território distrital.

Pretende, em síntese, ver-se livre das retenções tributárias a esse


título feitas pelos tomadores dos seus serviços, bem como sejam repetidos os
valores do ISSQN já retidos sobre as notas fiscais que emitiu nos últimos 5 (cinco)
anos.

Via decisão de ID 72241661 do processo de origem, o MM Juízo a quo

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havia concedido o pedido de gratuidade de justiça. Todavia, em face das


considerações lançadas pelo ora agravado em contestação, e diante das provas
encartadas nos autos, aquele Douto Juízo, de forma absolutamente acertada,
proferiu nova decisão, revogando o benefício da justiça gratuita e determinando o
recolhimento das custas processuais respectivas. Impôs à autora, ainda, multa de
2% sobre o valor da causa, ante sua evidente litigância de má-fé no particular.

É contra este último decisum que o IBRAPP manifestou o presente


agravo de instrumento, mediante razões, todavia, que não impressionam, conforme
brilhantemente ressaltado na r. decisão que negou seu pedido de
liminar/antecipação da tutela recursal (ID 22632376).

III MANUTENÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA.

Não merece reparos a decisão agravada, calcada em sólidos e


irrefutáveis fundamentos, inabalados frente às frágeis alegações postas no recurso
ora combatido.

Com efeito, Sustenta o agravante que estaria “impossibilitada de


buscar sua única fonte de parceria para manutenção de sua estrutura e de seu
corpo de colaboradores”, pretendendo induzir esse Egrégio TJDFT em erro, no
sentido de que não mais firma contratos com entes públicos, diante de suposta pena
administrativa que lhe teria sido imposta. A inverdade dessa alegação, todavia,
decorre daquilo que expresso na petição inicial da ação de origem, de autoria do
próprio agravante, quando textualmente assevera que “...mantêm contratos de
prestação de serviços em Brasília...” (destaquei página 13 da petição inicial).

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Portanto, o agravante detém sim contratos de prestação de serviços,


inclusive em Brasília, de modo que certamente recebe quantias mensais por estes
serviços habitualmente prestados. Tanto é assim, que as páginas 20/26 do
documento de ID 72216368 (processo de origem), carreado aos autos pelo próprio
agravante, revelam notas fiscais por ele emitidas (contra os Ministérios da

Infraestrutura e dos Transportes), entre os meses de fevereiro e


julho de 2020, em valores individuais sempre superiores a 3 (três) milhões
de reais, que somados alcançam a milionária quantia, pasmem, de mais
de R$ 24 (vinte e quatro) milhões de reais. Mesmo assim,

insiste na defesa de sua impossibilidade de fazer frente às custas do processo, que,


segundo o regimento respectivo (Resolução nº 1/2020-TJDFT), vigente para 2021,
correspondem a 2% do valor atribuído à causa, mas limitadas à quantia de R$
541,13 (quinhentos e quarenta e um reais e treze centavos), isto é, 0,002% do
faturamento que o agravante teve apenas no primeiro semestre e no início do
segundo semestre do recém encerrado ano de 2020.

Aliás, acerca do suposto equívoco, cometido pelo MM Juízo a quo,


quanto ao balanço patrimonial do agravante de 2019, a r. decisão de ID 22632376
foi precisa e dirimente ao afastar tal alegação, senão vejamos:

“Noutra banda, ressalto que, apesar dos argumentos


lançados pela agravante no sentido de que apresentou prova da
sua hipossufciência, em tese, não diviso, prima oculi, equívoco na
avaliação realizada pela douta Juíza de primeiro grau. Explico.
Dentre os documentos acostados pelo agravante, estão o

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balanço de 2019 (ID 22616523) e notas explicativas deste (ID


22616521), na qual nada se fala de défcit. Por outro lado, é
possível inferir do referido documento a existência de Caixa e
equivalentes de caixade R$ 8.404.533,14, e patrimônio social de
R$ 4.944.881,31, o que, somados, resulta em R$ 13.349.414,40,
ou seja, o valor apontado pela d. Juíza a quo como fundamento
para revogar a gratuidade de justiça.
Ademais, trata-se de pessoa jurídica com contratos
milionários celebrados com o Poder Público, ao menos é isso o
que se denota das notas fiscais juntadas no ID 72213269. Pág. 1
50 e ID 72213271 dos autos de origem, inclusive o valor
discutido na ação é expressivo.”

Com a devida venia, se esse fato não for suficiente para demonstrar a
gritante má-fé do agravante na sua declarada hipossuficiência, a justificar a
imposição da multa ditada pelo art. 100, p. único do CPC, como corretamente
ordenado pelo MM Juízo de 1º grau, o agravado não consegue vislumbrar nenhuma
outra hipótese que, em situação semelhante, o será.

Esses mesmos fatos já seriam suficientes, por si só, para afastar, por
completo, qualquer plausibilidade nas considerações lançadas no presente agravo
de instrumento. Entretanto, por dever de ofício, o DF demonstra, uma a uma, as
impropriedades que foram alegadas pelo agravante.

No que concerne ao seu balanço patrimonial encerrado em 31.12.2019


(documento de ID 72213272 do processo de origem), sua correta análise aponta
uma disponibilidade financeira (entre caixa geral, contas bancárias e aplicações
financeiras) no valor de R$ 8.404.533,14 (oito milhões, quatrocentos e quatro mil,
quinhentos e trinta e três reais e quatorze centavos) e um saldo de créditos a
receber, ou seja, ainda no ano de 2020 (muito provavelmente) de, nada mais nada
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menos, do que R$ 25.938.604,68 (vinte e cinco milhões, novecentos e trinta e


oito mil, seiscentos e quatro reais e sessenta e oito centavos), advindo daí,
possivelmente, os mais de R$ 24 milhões faturados no ano de 2020.

Mas sustenta o agravante que referido documento (replicado no ID


22616523 do presente recurso) revelaria um déficit de R$ 61.580,11 (sessenta e um
mil quinhentos e oitenta reais e onze centavos) no ano de 2019. Ocorre que logo
acima desse dado constam outras duas informações relevantes, consistentes na
indicação de um “superávit ou déficit acumulados” no importe de R$ 13.636.030,46
(treze milhões, seiscentos e trinta e seis mil e trinta reais e quarenta e seis
centavos) e “superávit do exercício corrente” de R$ 13.697.610,57 (treze milhões,
seiscentos e noventa e sete mil, seiscentos e dez reais e cinquenta e sete
centavos). Assim, mesmo que o acumulado indicado se referisse a déficit (e não
superávit), o “superávit do exercício corrente” excederia esse citado déficit
justamente nos R$ 61.580,11 (sessenta e um mil quinhentos e oitenta reais e onze
centavos). Consequentemente, ao invés de registrar um déficit, especificamente em
2019, o agravante acabou por produzir um superávit exatamente nesse valor
(61.580,11).

Outrossim, o documento de ID 22616515 não demonstra nenhuma


penalidade que teria sido aplicada pelo INEP, presente que se trata de carta de
cobrança do agravante endereçada à Secretaria de Estado de Trabalho e
Desenvolvimento Social de Minas Gerais, de modo que, longe de representar uma
redução nas receitas ou vedação para contratação, registra um crédito em favor do
recorrente.

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Quanto ao relatório de ID 22616516, as informações lá insertas não


vêm acompanhadas de nenhum demonstrativo de rescisão de contrato de trabalho
com as pessoas listadas, nem sequer que tais pessoas eram ou são mesmo seus
empregados. Além disso, trata-se de documento particular produzido pelo próprio
agravante, sem nenhum valor probatório, quanto mais após a falta de credibilidade,
para dizer o mínimo, que se apresenta nas suas alegações, pelas razões acima
destacadas.

Mas mesmo que assim não fosse, eventual comprovação de


desligamento de funcionários não traduz, necessariamente, fragilidade da
instituição, lembrando que a contratação e demissão de empregados é prática que
faz parte do cotidiano dos entes privados como o agravante, estejam eles em
situação financeira equilibrada ou não, sobretudo os de grande porte com atuação
em “diversos Estados como Amazonas, Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, dentre
outros”, conforme registrado pelo próprio agravante na petição inicial da ação de
origem (página 3).

Acerca do acordo coletivo de trabalho de ID 22616517, trata-se de


providência adotada por praticamente todos os entes privados do País, calcada na
MP 936/2020 (convertida na Lei 14.020/2020), editada de modo a evitar a demissão
de empregados pelas dificuldades que poderiam os entes experimentar em razão da
pandemia do COVID 19. Por esse texto normativo, restou autorizada a redução de
jornada de trabalho e, proporcionalmente, também os respectivos salários, de modo
a conceder um alívio de caixa para as entidades, possibilitando que os empregos
fossem mantidos.

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Portanto, o acordo firmado não trouxe prejuízo para o agravante e


nem, menos ainda, revela que esteja ele em dificuldade financeira, mas sim,
proporcionou-lhe um alívio nas despesas trabalhistas, de modo que houve um
reforço em seu caixa, e que deve ter sido relevante, tanto que o mesmo acordo
coletivo cuidou de promover consideráveis incrementos nos benefícios concedidos
aos seus empregados, tais como: adicional por acúmulo de função (cláusula quinta),
seguro de vida (cláusula oitava) e auxílio esporte, auxílio creche, auxílio educação e
plano de saúde (cláusula nona).

No que tange ao lockdown determinado pela decisão judicial de ID


22616518, o respectivo dispositivo (página 9) textualmente determina sua curtíssima
vigência por apenas 10 (dez) dias, ocorridos ainda no mês de maio/2020, ou seja,
totalmente incapaz de comprometer a saúde financeira do agravante, sobretudo
agora, quando já passados mais de 9 (nove) meses, tempo mais do que suficiente
para que o recorrente pudesse repor seus recursos eventualmente prejudicados por
apenas, repita-se, 10 (dez) dias.

Relativamente à restrição de circulação determinada pela Medida


Provisória de ID 22616519, editada pelo Governador do Estado do Maranhão, a
respectiva vigência foi ainda menor, porquanto ordenada tão somente por 4 (quatro)
dias (entre os dias 11 e 14 de maio de 2020 art. 2º), de modo que, pelas mesmas
razões acima, certamente não comprometeram as finanças do agravante.

Não custa lembrar, ainda sobre os documentos de IDs 22616518 e


22616519, que as restrições temporárias lá impostas vigoraram apenas em 4
(quatro) municípios do Estado do Maranhão, incapazes, também por isso, de abalar
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a situação do agravante que, lembre-se, tem atuação em “diversos Estados como


Amazonas, Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, dentre outros” (página 3 da petição
inicial da ação de origem).

Igualmente sem razão a alegação do agravante quanto a uma suposta


desnecessidade de comprovação da sua hipossuficiência, uma vez que seria
entidade educacional, de assistência social e reconhecida como organização social,
sendo, portanto, sem fins lucrativos. É que, conforme exaustivamente demonstrado
na contestação ofertada pelo DF na ação de origem (anexa na íntegra), o agravante
não goza de nenhuma dessas qualificações, nem mesmo a de organização social,
ao menos no território distrital, porquanto o título para tanto apresentado foi exarado
por outro ente federado.

Ainda que assim não fosse, remanesceria inviável a alegação sob


enfoque, porquanto a comprovação da impossibilidade financeira de fazer frente às
despesas processuais é exigida de todas as pessoas jurídicas, inclusive daqueles
sem fins lucrativos, conforme sedimentado na jurisprudência atual do STJ que, por
isso mesmo, supera os vetustos e isolados precedentes trazidos à colação pelo
agravante , expressa na Súmula 481, verbis: “[f]az jus ao benefício da justiça

gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que

demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais”.

De modo a não deixar dúvidas acerca do entendimento atual da corte


superior, de rigor citar alguns recentes julgados sobre o tema:

“PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO


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FISCAL. GRATUIDADE JUDICIÁRIA. PESSOA JURÍDICA.


POSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA
INCAPACIDADE DE ARCAR COM AS CUSTAS E DESPESAS
PROCESSUAIS. NÃO COMPROVAÇÃO. ACÓRDÃO EM
CONFORMIDADE COM A JURISPRUDÊNCIA DO STJ. PRETENSÃO
DE REEXAME FÁTICO-PROBATÓRIO. INCIDÊNCIA DO
ENUNCIADO N. 7 DA SÚMULA DO STJ.
(...)
V - A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou-se no
sentido de que o benefício da justiça gratuita desafia a
demonstração da impossibilidade de pagar as custas e despesas do
processo, mesmo quando se tratar de pessoa jurídica sem fins
lucrativos na qualidade de entidade beneficente de assistência
social.
VI - A hipótese atrai a incidência do Enunciado Sumular n. 481/STJ,
que assim dispõe: "Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa
jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua
impossibilidade de arcar com os encargos processuais."
(...)”1

“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


VIOLAÇÃO DE DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS.
DESCABIMENTO. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA Nº
211/STJ. PESSOA JURÍDICA SEM FINS LUCRATIVOS.
GRATUIDADE DE JUSTIÇA. NECESSIDADE DE PROVA DA
MISERABILIDADE. REEXAME DE PROVA. SÚMULA Nº 7/STJ.
3. É ônus da pessoa jurídica comprovar os requisitos para a obtenção
do benefício da assistência judiciária gratuita, mostrando-se
irrelevante a finalidade lucrativa ou não da entidade requerente.
Precedentes.
(...)”2

“PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. GRATUIDADE
DE JUSTIÇA. ENTIDADE FILANTRÓPICA OU BENEFICENTE.
INSUFICIÊNCIA FINANCEIRA. NECESSIDADE DE
COMPROVAÇÃO. SÚMULA 481/STJ.
1
AgInt no AREsp 1621885, Min. Francisco Falcão, DJ de 21.09.2020.
2
AgRg no AREsp 642623, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, DJ de 27.10.2015.
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1. A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça se fixou no


sentido de que a concessão do benefício da justiça gratuita somente
é possível mediante a comprovação da insuficiência de recursos. Tal
orientação restou sedimentada na Súmula 481/STJ, que assim dispõe:
"Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou
sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com
os encargos processuais".
2. Agravo regimental não provido.”3

No que tange ao diferimento pretendido pelo agravante para o


recolhimento das custas do processo de origem, de rigor ressaltar que se trata de
benefício dependente de lei editada por cada Estado Federado, conforme também é
entendimento do STJ4.

Ocorre que esta lei inexiste no caso do Distrito Federal. E nem poderia
ser diferente, lembrando que a Justiça do Distrito Federal e Territórios integra o
Poder Judiciário da União (art. 21, inciso XIII da CF), de modo que eventual
legislação distrital dispondo sobre o tema seria flagrantemente inconstitucional.

Assim, prevalece a regra geral ditada pelo art. 82, caput do CPC, que
exige o pagamento antecipado das despesas do processo.

Quanto a eventual parcelamento, além de igualmente carente de

3
AgRg no AREsp 504.575, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJ de 11.06.2014.
4
“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. TAXA JUDICIARIA. CUSTAS PREVIAS. LEI
ESTADUAL QUE DIFERE O PAGAMENTO PARA FINAL. VALIDADE.
EXAME DE LEI LOCAL. IMPOSSIBILIDADE. PREQUESTIONAMENTO.
INOCORRENCIA. PRECEDENTE. RECURSO DESACOLHIDO.
(...)
II - SENDO O ESTADO TITULAR DO CREDITO DECORRENTE DA TAXA
JUDICIARIA, TEM ELE COMPETENCIA LEGISLATIVA PARA DIFERIR O SEU
PAGAMENTO PARA O FINAL DO PROCESSO.
(...)” (REsp 43.311, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ de 12.05.1997 destaquei).
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fundamento legal, não tem nenhuma justificativa no caso do suplicante, presente


que as custas a serem recolhidas (R$ 541,13) representam, conforme demonstrado
alhures, tão somente 0,002% do faturamento que o agravante teve apenas no
primeiro semestre e no início do segundo semestre de 2020, repita-se,
superior a R$ 24 (vinte e quatro) milhões de reais.

Por fim, sem razão também a pretensão de exclusão da multa por


litigância de má-fé.

Com efeito, conforme demonstrado no início desta contraminuta, o


agravante constitui pessoa jurídica que está muito longe de sofrer pela falta de
condições patrimoniais/financeiras necessárias para fazer frente aos custos
decorrentes do processo, de modo que sua declaração de hipossuficiência,
encartada na petição inicial da ação de origem e repisada no agravo de instrumento
aqui combatido, constitui indevida e condenável alteração da verdade dos fatos,
consideradas as provas documentais acima indicadas, o que configura hipótese de
evidente litigância de má-fé, nos termos do art. 80, inciso II do CPC.

Portanto, o caso era mesmo de revogação da gratuidade de justiça


concedida ao agravante, com sua imediata intimação para que faça o recolhimento
das custas processuais devidas, sob pena de extinção da ação de origem. Correta,
ainda, sua condenação ao pagamento, em favor dos cofres do Distrito Federal, do
valor correspondente a 2% incidente sobre o valor da causa, conforme fixado na
decisão agravada, a título de multa pela má-fé acima demonstrada, ex vi do disposto
no art. 100, p. único do CPC.

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IV PEDIDOS.

Ante o exposto, requer o Distrito Federal o desprovimento do agravo


de instrumento ora combatido.

Termos em que pede e espera deferimento.

Brasília, 02 de março de 2021

IRAN MACHADO NASCIMENTO


Subprocurador-Geral do Distrito Federal

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EXMO(A). SR(A). JUIZ(A) DE DIREITO DA 8ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DO DISTRITO


FEDERAL

Procedimento Comum Cível (Conhecimento) nº 0706131-26.2020.8.07.0018

O DISTRITO FEDERAL (FAZENDA PÚBLICA), pessoa jurídica de direito


público interno, representada pela Procuradoria Geral do DF, com endereço no
SAIN Ed. Sede da Procuradoria Geral do DF, Brasília/DF, vem, com fulcro nos arts.
308, §4º, 335 e seguintes c/c art. 183 todos do CPC/2015, apresentar a sua

CONTESTAÇÃO

à vertente ação de conhecimento, pelo procedimento ordinário, ajuizada por


INSTITUTO BRASILEIRO DE POLÍTICAS PÚBLICAS IBRAPP, já devidamente
qualificado(a)(s) nos autos, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir
minuciosamente expostos.

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I HISTÓRICO.

Trata-se de ação de conhecimento, pelo rito ordinário, cujo escopo é


ver declarado o suposto direito do autor ao gozo da imunidade tributária prevista no
art. 150, inciso VI, alínea “c” da Constituição Federal, com o fim de obstar a
exigência do ISSQN por parte do Distrito Federal, relativo aos serviços cuja
prestação é feita pelo demandante a órgãos e entes sediados no território distrital.

Pretende o suplicante, em síntese, ver-se livre das retenções


tributárias a esse título feitas pelos tomadores dos seus serviços, bem como sejam
repetidos os valores do ISSQN já retidos sobre as notas fiscais que emitiu nos
últimos 5 (cinco) anos.

Para tanto, alega que é entidade que presta serviços de educação e de


assistência social, conforme comprovariam as disposições que transcreve do seu
estatuto social, já tendo sido inclusive reconhecido como organização social por
outros entes da federação.

Afirma ainda, que atenderia às condicionantes estabelecidas no art. 14


do Código Tributário Nacional, o que faz mediante simples afirmação, sem nenhuma
prova do alegado.

Via decisão de ID 72241661, esse MM Juízo concedeu o pedido de


gratuidade de justiça, mas indeferiu, na sequência, de forma absolutamente correta,
o pedido de tutela provisória, uma vez que ausente comprovação mínima de que o
autor tenha sequer postulado administrativamente o reconhecimento da imunidade
tributária que defende.

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Razão não assiste ao demandante, conforme passa a expor, a seguir,


o Distrito Federal.

II REVOGAÇÃO DA JUSTIÇA GRATUITA CONCEDIDA.

Preliminarmente, em atenção ao disposto no art. 337, inciso XIII do


CPC, o Distrito Federal impugna, com veemência, a gratuidade de justiça atribuída
ao demandante.

Com efeito, a norma do art. 99, §3º do CPC é textual quando presume
como “verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa
natural”, de sorte que é dever da pessoa jurídica fazer prova da sua hipossuficiência
em patamar que efetivamente a impeça de arcar com os custos do processo
formado em decorrência da ação que intenta (art. 373, inciso I do CPC).

Nesse sentido é a jurisprudência do STJ, pacífica a tal ponto que


cristalizada na Súmula 481, verbis: “[f]az jus ao benefício da justiça
gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua
impossibilidade de arcar com os encargos processuais”.

A propósito, também merecem referência os seguintes julgados da


Corte Superior, apenas para citar dois dos mais recentes:

“AGRAVO INTERNO NO AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. JUSTIÇA GRATUITA.
PESSOA JURÍDICA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. INVERSÃO
DO JULGADO. IMPOSSIBILIDADE. REEXAME DE PROVAS.
SÚMULA Nº 7/STJ. ART. 1.022 DO CPC/2015. AUSÊNCIA DE
OMISSÕES. EFEITO INFRINGENTE. INVIABILIDADE.
1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do
Código de Processo Civil de 2015 (Enunciados Administrativos nºs 2 e

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3/STJ).
2. A pessoa jurídica pode obter o benefício da justiça gratuita se
provar que não tem condições de arcar com as despesas do processo.
Precedente.
(...)”1 (grifei)

“ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO


AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PEDIDO DE ASSISTÊNCIA
JUDICIÁRIA. PESSOA JURÍDICA. SÚMULA 481/STJ.
INDEFERIMENTO. PREPARO. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO.
DESERÇÃO. SÚMULA 187/STJ.
1. Conforme a Súmula 481/STJ, 'Faz jus ao benefício da justiça
gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar
sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.'.
2. Hipótese em que não ficou evidenciada a situação de
hipossuficiência financeira da pessoa jurídica agravante e, não
recolhido o preparo no prazo fixado, deve ser decretada a deserção do
agravo em recurso especial, nos termos da Súmula 187/STJ: 'É
deserto o recurso interposto para o Superior Tribunal de Justiça,
quando o recorrente não recolhe, na origem, a importância das
despesas de remessa e de retorno dos autos.'
3. Agravo interno não provido.”2 (destaquei)

No mesmo sentido o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça do


Distrito Federal e Territórios TJDFT, conforme revelam os julgados a seguir,
igualmente recentes:

“AGRAVO INTERNO EM APELAÇÃO. AÇÃO MONITÓRIA.


GRATUIDADE DE JUSTIÇA. PESSOA JURÍDICA. LIQUIDAÇÃO
EXTRAJUDICIAL. NECESSIDADE DE COMPROVAÇAO EFETIVA DA
INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS. ENUNCIADO N. 481 DA SÚMULA
DO STJ. HIPOSSUFICIÊNCIA NÃO COMPROVADA. DECISÃO
AGRAVADA MANTIDA. 1. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou
estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as
despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à
gratuidade da justiça, na forma da lei (art. 98, CPC/2015). 2. Faz jus ao
benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins
1
AgInt no AgInt no AREsp 1.582.379/SP, Rel. Min. Ricardo Villlas Bôas Cueva, DJ de 03.09.2020.
2
AgInt no AREsp 1.517.591/PE, Rel. Min. Sérgio Kukina, DJ de 09.09.2020.
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lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os


encargos processuais (Enunciado n. 481 da Súmula do STJ). 3. Tal
situação de miserabilidade jurídica deverá ser evidenciada por meio
de documentos que apontem seguramente para um faturamento
insuficiente ou dificuldades outras que impossibilitem, ainda que
temporariamente, de fazer frente às despesas processuais, não
bastando a mera alegação de que se encontra em dificuldade
financeira. 4. O mero fato de a pessoa jurídica encontrar-se em estado
de liquidação extrajudicial não conduz à presunção de pobreza e
insuficiência total de recursos. 5. Recurso improvido.”3 (grifos meus)

“AGRAVO INTERNO NA APELAÇÃO CÍVEL. GRATUIDADE DE


JUSTIÇA. PESSOA JURÍDICA. SÚMULA Nº 481 STJ. ISENÇÃO
FISCAL. BENEFÍCIO PERSONALÍSSIMO. REQUISITOS. NÃO
COMPROVAÇÃO. 1. 'O Estado prestará assistência jurídica integral e
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos'. (CF, art. 5º,
LXXIV). 2. Nos termos do art. 98 do CPC, a gratuidade de justiça
constitui um benefício garantido a toda 'pessoa natural ou jurídica,
brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as
custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios'. 3. A
concessão do benefício da gratuidade tem a finalidade de promover o
acesso à Justiça. Assim, não deve ser concedido de forma
indiscriminada a todos que o requerem, mas apenas àqueles que
efetivamente comprovem a situação de miserabilidade. 4. A gratuidade
judiciária pode ser concedida à pessoa jurídica, com ou sem fins
lucrativos, que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os
custos do processo, consoante enunciado de Súmula nº 481 do STJ.
5. Não há amparo constitucional para a concessão de gratuidade de
justiça a quem não preenche o requisito da insuficiência de recursos. A
gratuidade de justiça é modalidade de isenção fiscal; é um benefício
personalíssimo (intuito personae) e não pode ser extensiva a quem
não tem direito demonstrado no caso concreto. 6. Ausentes
provas idôneas de que a parte é hipossuficiente e que suas
despesas são capazes de comprometer parcela significativa de
seu orçamento, não se justifica o deferimento da gratuidade de
justiça. 7. Recurso conhecido e não provido.”4 (destaques meus)

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL.


GRATUIDADE DE JUSTIÇA. PESSOA JURÍDICA.
3
0721117-70.2019.8.07.0001, Rel. Des. Getúlio de Moraes Oliveira, DJ de 22.09.2020.
4
0736378-75.2019.8.07.0001, Rel. Des. Diaulas Costa Ribeiro, DJ de 21.092020.
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HIPOSSUFICIÊNCIA NÃO COMPROVADA. AGRAVO NÃO


PROVIDO. 1.O Código de Processo Civil, no parágrafo 3º, do artigo
99, confere à Declaração de Hipossuficiência deduzida exclusivamente
por Pessoa Natural a presunção relativa da veracidade dos fatos nela
contidos, ou seja, a situação de miserabilidade jurídica do litigante. No
entanto, referido dispositivo não alcança a Pessoa Jurídica, que
deverá provar sua condição. 2. Para as pessoas jurídicas, a
concessão de justiça gratuita exige a comprovação da
hipossuficiência econômica, nos termos do verbete número 481
da Súmula de Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. 3.
Agravo de Instrumento conhecido e não provido.”5 (grifei)

Ocorre que o suplicante não trouxe aos vertentes autos nenhum único
documento que demonstre a sua hipossuficiência, ou mesmo dificuldades
financeiras, ainda que eventuais, que o impedissem de fazer frente aos custos do
presente feito.

Ao contrário, os vários documentos acostados à peça vestibular


revelam, isto sim, que o autor é pessoa jurídica que trava, de forma rotineira,
diversos contratos com valores que alcançam, mensalmente, centenas de milhares
de reais, a exemplo do que se vê das notas fiscais de IDs 72213269 e 72213271. E
essa reiterada fonte de receitas não é parte do passado, na medida em que o
próprio demandante declara, de forma expressa, que “...mantêm contratos de
prestação de serviços em Brasília...” (destaquei página 13 da petição inicial).

Não por acaso, seu balanço patrimonial encerrado em 31.12.2019


(documento de ID 72213272), há pouco mais de 9 meses, apontava uma
disponibilidade financeira (entre caixa geral, contas bancárias e aplicações
financeiras) no valor de R$ 8.404.533,14 (oito milhões, quatrocentos e quatro mil,
quinhentos e trinta e três reais e quatorze centavos) e um saldo de créditos a

5
0717892-11.2020.8.07.0000, Rel. Des. Eustáquio de Castro, DJ de 09.09.2020.
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receber, ou seja, ainda no ano de 2020 (muito provavelmente) de, nada mais nada
menos, do que R$ 25.938.604,68 (vinte e cinco milhões, novecentos e trinta e
oito mil, seiscentos e quatro reais e sessenta e oito centavos).

Com todas as venias, o autor constitui pessoa jurídica que está muito
longe de sofrer pela falta de condições patrimoniais/financeiras necessárias para
fazer frente aos custos decorrentes deste processo, de modo que a manutenção da
justiça gratuita que lhe foi concedida, além de discrepar dos preceitos legais
indicados e da jurisprudência pacífica do STJ e do TJDFT, revela uma flagrante
afronta aos princípios constitucionais da razoabilidade (que informa o disposto no
art. 5º, inciso LIV da CF) e da isonomia (art. 5º caput da CF), na medida em que
benefício semelhante certamente não se estende às dezenas, senão centenas, de
pessoas jurídicas que diariamente intentam ações como a presente na Justiça do
Distrito Federal e Territórios.

Em realidade, a declaração de hipossuficiência do suplicante,


encartada na sua petição inicial, constitui indevida e condenável alteração da
verdade dos fatos, consideradas as provas documentais acima indicadas, o que
configura hipótese de evidente litigância de má-fé, nos termos do art. 80, inciso II
do CPC.

Nesse quadro, de rigor a revogação da gratuidade de justiça concedida


ao autor na decisão de ID 72241661, com sua imediata intimação para que faça o
recolhimento das custas processuais devidas, além de pagar, aos cofres do Distrito
Federal, a título de multa pela má-fé acima demonstrada, quantia que alcance o
décuplo do valor das custas a serem recolhidas, tudo conforme previsto no art. 100,
p. único do CPC.

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Em caso de descumprimento dessa determinação, o caso será de


imediata extinção do processo.

III INEXISTÊNCIA DO DIREITO POSTULADO.

III.1 Ausência de Direito à Imunidade Alegada.

No mérito, cinge-se a presente controvérsia em saber se o


demandante pode ser enquadrado no conceito restrito de entidade educacional e/ou
de assistência social, indicado no art. 150, VI, “c” da Constituição Federal e, ainda,
se faz jus à imunidade prevista nos arts. 9º e 14 do CTN, especialmente em se
tratando de entidade que não requereu administrativamente, perante o órgão
tributante, a verificação quanto ao preenchimento dos requisitos previstos em lei
para o reconhecimento do benefício.

A propósito, vejamos o que dispõe a Constituição Federal, em seu art.


150, VI, letra “c” e § 4º:

“Art. 150 Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios:
(...)
VI instituir imposto sobre:
(...)
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas
fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições
de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os
requisitos da lei.
(...)
§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas “a” e “c”,
compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços,
relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas
mencionadas.” (grifos meus)

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A leitura dos dispositivos transcritos revela que o direito à imunidade


tributária prevista no art. 150, VI, alínea “c” e § 4º da Constituição Federal está
condicionado, em primeiro lugar, à comprovação de que o aspirante ao benefício é
instituição de educação ou assistência social e, posteriormente, ao atendimento dos
requisitos fixados em lei para tanto.

O autor, todavia, sequer pode ser considerado instituição de educação,


pois suas finalidades são as mais diversas possíveis, sendo certo que não exerce
atividades educacionais de forma exclusiva.

Para se definir o que é instituição de ensino, especialmente para a


finalidade de se reconhecer o direito à imunidade prevista no art. 150, VI da CF,
mister que se examine o disposto no art. 209 da Lei Maior, cujos ditames asseguram
à iniciativa privada a prática do ensino, desde que cumpridas as normas gerais de
educação, e após o recebimento prévia de autorização e avaliação de qualidade
pelo Poder Público, conforme se infere da transcrição a seguir:

“Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes


condições:
I cumprimento das normas gerais da educação nacional;
II autorização e avaliação de qualidade pelo poder público”
(destacamos)

Nos termos do comando constitucional, determinada entidade será


considerada instituição de educação, especialmente para o efeito de ter reconhecido
o direito ao gozo de imunidade tributária, quando desenvolva, exclusivamente,
nessa qualidade, as funções de Estado relacionadas à atividade de ensino e,
justamente por esse motivo, é imperativo seja ela autorizada e avaliada pelo poder
público.

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Vale dizer, a instituição educacional deve ser reconhecida como tal


pelo poder público, e por ele avaliada, o que definitivamente não ocorre em relação
ao autor.

De fato, o demandante não comprovou ser entidade de ensino, como


tal reconhecida pelo Ministério da Educação ou mesmo pela Secretaria de Estado
de Educação do Distrito Federal, de modo que não pode pretender ser beneficiado
por imunidade tributária específica para tais entidades.

Repise-se que, nos termos do art. 209 da Constituição Federal, a


entidade que não tenha autorização e não seja submetida à avaliação de qualidade
pelo poder público não pode ser classificada como instituição educacional.

Ressalte-se, ainda, que o suplicante sequer comprovou que se


subordina aos ditames da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de observância
cogente para todas as instituições de educação.

Nesse passo, antes mesmo de comprovar o preenchimento dos


requisitos estabelecidos no art. 14 do CTN, caberia ao autor demonstrar, de forma
irrefutável, ser qualificado como instituição de ensino, o que não ocorreu na hipótese
vertente.

O mesmo se passa em relação à qualificação das entidades como de


assistência social. De fato, o art. 204, inciso I da Carta Magna prevê a
descentralização das ações governamentais nesse seara, de modo que também
possam ser executadas por entes privados que assim se qualifiquem.

Entretanto, somente será considerada de assistência social aquela


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entidade que esteja inscrita no órgão público temático respectivo, que, in casu, é o
Conselho de Assistência Social do Distrito Federal. Trata-se de exigência expressa
no art. 9º da Lei 8.742/93, verbis:

“Art. 9º O funcionamento das entidades e organizações de assistência


social depende de prévia inscrição no respectivo Conselho Municipal
de Assistência Social, ou no Conselho de Assistência Social do Distrito
Federal, conforme o caso.”

Ocorre que não se divisa, nos autos, nenhuma prova que demonstre a
inscrição do suplicante no Conselho de Assistência Social do Distrito Federal, de
modo que não pode ser, ao menos em território distrital, reconhecido como entidade
de assistência social.

Ademais, somente são nacionalmente reconhecidas como entidades


de assistência social aquelas detentoras do Certificado das Entidades Beneficentes
de Assistência Social CEBAS, o que, mesmo assim, lhes outorga apenas isenção
acerca das contribuições para a seguridade social, não abarcando, portanto outros
tributos como o ISSQN, tudo conforme previsto na Lei 12.101/2009, notadamente no
seu art. 1º, ipsis litteris:

“Art. 1o A certificação das entidades beneficentes de assistência social


e a isenção de contribuições para a seguridade social serão
concedidas às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,
reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a
finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social,
saúde ou educação, e que atendam ao disposto nesta Lei.”

Entretanto, não se verifica nos autos nenhuma prova de que o autor


detenha referido certificado.

Na realidade, as dezenas de notas fiscais carreadas ao processo pelo


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demandante revelam que os serviços que presta tem que ver, via de regra, com
“locação de mão de obra temporária”, seja para fins de “secretariado” (a exemplo
dos documentos insertos no ID 72216356), ou mesmo “serviços gerais, limpeza e
conservação” (como no caso dos documentos insertos no ID 72213282). Ora,
nenhum desses serviços pode ser, nem de longe, qualificado como de ensino ou
assistência social.

Nesse sentido, revela-se absolutamente improcedente a tese


defendida pelo autor de que faria jus à imunidade tributária por ser qualificado como
organização social até porque decorrente de concessão feita por outros entes
federados e não pelo DF porquanto a Constituição Federal, em seu art. 150, inciso
VI, alínea “c” não contemplou referidas instituições como beneficiárias do favor aqui
buscado. Aliás, sobre o tema assim já se pronunciou o TJDFT:

“AGRAVO REGIMENTAL NEGATIVA DE SEGUIMENTO A AGRAVO


DE INSTRUMENTO ANÁLISE MONOCRÁTICA DO MÉRITO
EMBASADA EM JURISPRUDÊNCIA DESTA EG. CORTE
POSSIBILIDADE RECONHECIMENTO DA IMUNIDADE
TRIBUTÁRIA PARA NÃO RECOLHIMENTO DO ISSQN
ORGANIZAÇÃO SOCIAL - INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO
NECESSÁRIA COMPROVAÇÃO DE QUE O SERVIÇO PRESTADO
RELACIONA-SE COM SUA ATIVIDADE ESSENCIAL INVERSÃO DA
PROVA NÃO ADMITIDA EM SEDE DE MANDADO DE SEGURANÇA.
O reconhecimento da imunidade tributária de organização social
depende do preenchimento dos requisitos estabelecidos pela lei e pela
Constituição Federal, não sendo um processo automático.
Não se admite inversão do ônus da prova em sede de mandado de
segurança.” 6

Ademais, ainda que superada a questão relacionada à qualificação ou

6
AGI 2015.00.2.023424-0, Rel. Des. Josaphá Francisco dos Santos, DJ de 27.10.15.
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não do suplicante como instituição de ensino ou assistência social, o que se admite


apenas por apego ao debate, cumpre verificar se preenche os demais requisitos
previstos tanto na Constituição Federal como na legislação infraconstitucional para o
reconhecimento do direito à imunidade pretendida.

Pois bem. Tratando-se de benefício tributário condicionado, o


demandante deveria ter requerido à Secretaria de Estado de Economia do Distrito
Federal, por meio de processo administrativo próprio, o reconhecimento do direito à
imunidade e a sua confirmação por meio de Ato Declaratório, publicado no Diário
Oficial (Decreto nº 106/94, arts. 69 e 72), o que não ocorreu no caso em debate. É o
que atesta o documento anexo, advindo daquela pasta.

Conforme disposto no art. 150, inciso VI, alínea “c” da CF, a imunidade
das instituições de ensino está expressamente condicionada ao atendimento dos
requisitos específicos previstos no art. 14 do CTN, recepcionados que foram pela
nova ordem constitucional, e pela exigência, preliminar e essencial, imposta no § 4º
supratranscrito, relativo à vinculação dos serviços às finalidades essenciais da
instituição (insertas no respectivo estatuto). Nesse sentido a jurisprudência
igualmente do TJDFT:

“TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.


MANDADO DE SEGURANÇA. INDEFERIMENTO DO PEDIDO
LIMINAR. AUSÊNCIA REQUISITOS. IMUNIDADE. ISS. ASSOCIAÇÃO
CIVIL SEM FINS LUCRATIVOS. REQUISITOS ELENCADOS NO ART.
14 DO CTN. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. DECISÃO
MANTIDA.
1 O fato de o Agravante ser pessoa jurídica de direito privado na
forma de associação civil, sem fins lucrativos e ter sido qualificado
como Organização Social e Instituição de Educação, não enseja, por si
só, o reconhecimento de sua imunidade tributária.
2 O reconhecimento da imunidade tributária, prevista no artigo 150,

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inciso VI, 'c', da Constituição Federal, está condicionado ao exercício


de atividades de cunho educacional, além de subordinado à
observância dos requisitos previstos no art. 14, do Código Tributário
Nacional.
3 Ausentes os requisitos para a concessão da liminar, impõe-se a
manutenção da decisão agravada.
Agravo de Instrumento desprovido.” 7

Merece transcrição, para melhor exame, o disposto nos arts. 9º e 14,


do CTN, verbis:

“Art. 9º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos


Municípios:
[...]
IV cobrar imposto sobre:
c) o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive
suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das
instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos,
observados os requisitos fixados na Seção II deste Capítulo;
§ 1º O disposto no inciso IV não exclui a atribuição, por lei, às
entidades nele referidas, da condição de responsáveis pelos tributos
que lhes caiba reter na fonte, e não as dispensa da prática de atos,
previstos em lei, assecuratórios do cumprimento de obrigações
tributárias por terceiros.
§ 2º O disposto na alínea a do inciso IV aplica-se, exclusivamente, aos
serviços próprios das pessoas jurídicas de direito público a que se
refere este artigo, e inerentes aos seus objetivos.”

“Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado


à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:
I não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas
rendas, a qualquer título; (Redação dada pela Lcp nº 104, de 2001)
II aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção
dos seus objetivos institucionais;
III manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros
revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão.
§ 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do
artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a aplicação do
7
AGI 2015.00.2.016263-3, Rel. Des. Angelo Canducci Passareli, DJ de 04.11.15.
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benefício.
§ 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º
são, exclusivamente, os diretamente relacionados com os objetivos
institucionais das entidades de que trata este artigo, previstos nos
respectivos estatutos ou atos constitutivos.” (destacamos)

Portanto, a regra constitucional é de eficácia contida, e seus efeitos


ficam diferidos para o momento da efetiva comprovação das exigências
estabelecidas no Código Tributário Nacional, perante a autoridade tributária
competente. Tanto é assim, que o parágrafo 1º do art. 14 prevê a possibilidade de
que a autoridade competente suspenda a aplicação do benefício, na falta de
cumprimento do disposto naquele dispositivo.

Equivocada, destarte, d.m.v., qualquer ilação no sentido de que o


reconhecimento do direito à imunidade em apreço decorreria automaticamente do
simples preenchimento dos requisitos constitucionais e/ou legais pertinentes,
independentemente de requerimento ou avaliação pela autoridade competente.

Nesse ponto, perfeitas as ponderações lançadas por esse MM Juízo,


por ocasião da decisão de ID 72241661:

“Verifica-se tanto da petição inicial quanto dos documentos


anexados que houve reconhecimento da imunidade tributária por
outros entes da federação, mas nenhuma referência ao réu. Não
informou a autora e, consequentemente, não provou que tenha feito
pedido de imunidade tributária ao réu e esse tenha o indeferido,
portanto, não se vislumbra, neste momento processual, o interesse de
agir.
Sabe-se que o reconhecimento da imunidade tributária para
impedir o recolhimento do tributo não é automática, mas o contribuinte,
no caso a autora, deve formular o pedido e demonstrar que satisfaz os
requisitos legais, o que não restou evidenciado neste caso, portanto, o
pedido não pode ser deferido.”

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Desta feita, de rigor que sejam verificadas, em cada caso, as


condições ordenadas pelo Código Tributário Nacional. E como se constatam tais
requisitos? Por meio de prévia apreciação por parte da Administração Tributária do
Distrito Federal, que, após as necessárias diligências fiscais, se manifestará via Ato
Declaratório, conforme o rito preconizado no Processo Administrativo Fiscal
aprovado pelo Decreto 16.106, de 30.11.1994, que assim dispõe:

“Art. 68. O reconhecimento da imunidade, não incidência e isenção,


quando estas não forem de caráter geral, dar-se-á mediante Ato
Declaratório. (grifamos)
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à concessão de
anistia ou remissão previstas em lei específica.
[...]
Art. 70. A decisão sobre processo de reconhecimento dos benefícios
fiscais de que trata este Capítulo compete:
I ao Subsecretário da Receita, em primeira instância;
II ao Secretário de Fazenda e Planejamento, em segunda instância.
§1º A competência de que trata este artigo poderá ser delegada.
[...]
Art. 71. O pedido será decidido de acordo com as disposições relativas
ao benefício fiscal, contidas na Constituição Federal, na Lei Orgânica
do Distrito Federal e na legislação tributária.
Parágrafo único - A Subsecretaria da Receita disciplinará o preparo
processual e especificará os documentos necessários à análise do
pedido.
Art. 72. O Ato Declaratório será publicado no Diário Oficial do Distrito
Federal e conterá, no mínimo:
I número;
II identificação do interessado;
III especificação do benefício e do respectivo tributo;
IV período de vigência;
V condições para manutenção do benefício, se for o caso;
VI número do processo;
VII fundamento legal;
VIII valor do tributo ou penalidade, na hipótese de remissão ou
anistia.
[...]
Art. 73. Não havendo previsão de prazo na legislação específica que
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instituir o benefício, a decisão do processo deverá ocorrer no prazo de


90 dias, contado da protocolação do pedido.”

Ainda a respeito do tema, valiosas as lições de Sacha Calmon


Navarro8, quando da análise do art. 150, VI, “c” da Constituição Federal:

“A regra imunitória é, todavia, not self enforcing or not self executing,


como dizem os saxões, ou ainda, não bastante em si, como diria
Pontes de Miranda com aquele seu falar complicado. Vale dizer, o
dispositivo não é auto-aplicável e carece de acréscimo normativo, pois
a Constituição condiciona o gozo da imunidade a que sejam
observados os requisitos da lei. Que lei? Evidentemente, lei
complementar da Constituição.
Toda imunidade é uma limitação do poder de tributar, e as limitações
ao poder de tributar no sistema da Constituição vigente são reguladas
por lei complementar. Assim também na Carta anterior.
(...)
A lei complementar pedida pela Constituição é, na espécie, o Código
Tributário Nacional (...).
O digesto tributário repete no Capítulo II, Seção I, art. 9º, “a”, o texto
imunitório da Constituição. No que interessa prescreve:
“Art. 9º. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios:
(...)
IV cobrar imposto sobre:
(...)
c) o patrimônio, a renda ou serviços de partidos políticos e de
instituições de educação e assistência social, observados os requisitos
fixados na Seção II deste Capítulo.
(...)
1º O disposto no inciso IV não exclui a atribuição, por lei, às entidades
nele referidas, da condição de responsáveis pelos tributos que lhes
caiba reter na fonte, e não as dispensa da prática de atos, previstos em
lei, assecuratórios do cumprimento de obrigações tributárias por
terceiros.” (destaquei)

Não obstante, repita-se, o autor sequer submeteu qualquer


8
“Comentários à Constituição de 1988 Sistema Tributário”, Editora Forense, 2ª edição, p. 350/351.

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requerimento administrativo visando o reconhecimento de eventual direito à


imunidade tributária pretendida, em cujo procedimento, como visto, deverá a
entidade aspirante ao benefício comprovar que constitui entidade de educação e/ou
assistência social, que os serviços que presta estão relacionados com essas
atividades e que preenche as condições relacionadas na legislação complementar
de regência (Código Tributário Nacional).

Demais disso, ainda que se pudesse considerar que o demandante


fosse entidade de educação ou assistência social, que os serviços por ele prestados
sob a égide dos contratos firmados com os órgãos e entes sediados no DF estariam
relacionados com essas atividades circunstâncias que somente se admite ad
argumentandum tantum , mesmo assim permaneceria obstado o deferimento do
benefício tributário aqui buscado, porquanto restaria ainda ausente demonstração
do atendimento das exigências insertas nos incisos I, II e III do art. 14 do CTN.

Com efeito, o suposto cumprimento dessas exigências legais não


passa de mera alegação posta na petição inicial desta ação, sem qualquer
credibilidade, porquanto não vem acompanhada de nenhuma prova, por mais
singela que seja.

Note-se que a previsão legal contida, por exemplo, no art. 14, inciso III
do CTN é textual em exigir que a entidade postulante demonstre que mantêm
“...escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades
capazes de assegurar sua exatidão”. Portanto, constitui requisito legal, para a
concessão da imunidade tributária aqui vindicada, que o ente interesse apresente os
seus livros fiscais, em que reveladas as informações impostas pelo inciso III do art.
14 do CTN (e também pelos incisos I e II do mesmo preceito legal), prova esta que,

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ressalte-se, não foi feita na hipótese vertente.

Veja-se que não basta apenas eventual previsão no estatuto do autor,


no sentido de que cumpriria as normas do art. 14, do CTN. Primeiramente,
porquanto esta previsão estatutária constituiria, unicamente, norma de conduta, que
não necessariamente é observada pelo suplicante. Além disso, como visto, o inciso
III do art. 14/CTN, v.g., exige, de forma textual, a apresentação dos “livros” fiscais do
autor (que, repita-se, não foram carreados para estes autos), de modo que não
podem ser simplesmente substituídos (os livros fiscais) pelo seu estatuto social, sob
pena de descumprimento desse preceito legal.

Justamente por estes fundamentos foi que o Colendo STJ, ao apreciar


caso semelhante, decidiu, em julgamento unânime, que a previsão em estatuto de
fundação privada não significa, por si só, que preenchidos os requisitos do art. 14 do
CTN, sendo necessária a efetiva demonstração por meio de outras provas, cuja
ausência inviabiliza a concessão de imunidade tributária. Confira-se:

“MANDADO DE SEGURANÇA. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ISS.


FUNDAÇÃO DE DIREITO PRIVADO. DILAÇÃO PROBATÓRIA.
INVIABILIDADE. PREVISÃO ESTATUTÁRIA. CONFIGURAÇÃO DOS
REQUISITOS DOS ARTS. 150, INCISO VI, ALÍNEA "C", DA CF/88 E
14 DO CTN. INOCORRÊNCIA.
I A questão em foco diz respeito a mandado de segurança em que
fundação, com natureza jurídica de direito privado, requer a concessão
de imunidade do ISS, alegando se tratar de instituição de educação
sem fins lucrativos.
(...)
III A simples previsão do estatuto da fundação, em que consta a
inexistência da distribuição de seus lucros e a aplicação no país, de
forma integral, de seus recursos para a manutenção de seus objetivos
institucionais, não gera, por si só, a configuração dos requisitos
insertos nos arts. 150, inciso VI, alínea "c", da CF/88 e 14 do CTN,
suficiente a lhe garantir imunidade tributária.
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IV Recurso especial provido.”9 (grifei)

Vem exatamente nesse sentido outro julgado do Egrégio TJDFT, assim


ementado:

“TRIBUTÁRIO E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA


IMUNIDADE ISS AUSÊNCIA DE PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA
QUANTO AO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LISTADOS
PELO ARTIGO 14, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL DIREITO
LÍQUIDO E CERTO NÃO VERIFICADO. INADEQUAÇÃO DA VIA
ELEITA. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS. IMUNIDADE SOBRE O
PATRIMÔNIO, RENDA OU SERVIÇOS DAS INSTITUIÇÕES
EDUCACIONAIS. NÃO COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS
PREVISTOS NO ART. 14 DO CTN. IMUNIDADE REJEITADA.
RECURSO DESPROVIDO.
1. A imunidade tributária, diferentemente do instituto jurídico da
isenção, constitui verdadeiro limite ao poder de tributar, na medida em
que inibe a própria competência constitucional do Ente Político, que
fica impedido de instituir o tributo em determinadas situações fáticas ou
jurídicas descritas no texto constitucional.
(...)
3. As atividades 'de avaliação e seleção' (art. 5º, IV, do Estatuto do
CEBRASPE) e de 'prestar serviços (...) especialmente realizar
concursos públicos' (art. 5º, V, do Estatuto do CEBRASPE) não
convencem que a finalidade do Impetrante não se volta para aquisição
de lucros. Não se trata de uma simples atividade de fomento à
educação, pesquisa, tecnologia, entre outras, que respaldam a
imunidade tributária requerida.
4. Sobre o tema, cumpre destacar que esta egrégia Corte de Justiça
vem sedimentando entendimento no sentido que as previsões no
estatuto da entidade educacional não se mostram suficientes para a
demonstração dos requisitos elencados no art. 14 do Código Tributário
Nacional.
5. Negou-se provimento ao apelo.”10 (destaquei)

E a questão já está pacificada no TJDFT, mediante julgados de quase


todas as Turmas Cíveis, conforme se infere dos arestos pertinentes aos seguintes
9
REsp 1.010.430, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ de 05.06.08.
10
APC 2015.01.1.060220-3, Rel. Des. Flavio Rostirola, DJ de 22.01.16.
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feitos: APC 2015.01.1.064991-7, Rel. Des. Flávio Rostirola, DJ de 17.02.16 (3ª


Turma Cível); APC 2015.01.1.064985-3, Rel. Des. Leila Arlanch, DJ de 03.03.16 (2ª
Turma Cível); APC 2015.01.1.060222-8, Rel. para Acórdão Des. Jair Soares, DJ de
08.03.16 (6ª Turma Cível); APO 2015.01.1.060228-5, Rel. para Acórdão Des. Jair
Soares, DJ de 08.03.16 (6ª Turma Cível); e APO 2015.01.1.030090-8, Rel. Des.
Mario-Zam Belmiro, DJ de 15.03.16 (2ª Turma Cível). Da Egrégia 5ª Turma Cível,
vem o acórdão pertinente ao AGI 2015.00.2.016263-3, Rel. Des. Angelo Canducci
Passareli, DJ de 04.11.15, assim ementado:

“TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.


MANDADO DE SEGURANÇA. INDEFERIMENTO DO PEDIDO
LIMINAR. AUSÊNCIA REQUISITOS. IMUNIDADE. ISS. ASSOCIAÇÃO
CIVIL SEM FINS LUCRATIVOS. REQUISITOS ELENCADOS NO ART.
14 DO CTN. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. DECISÃO
MANTIDA.
1 O fato de o Agravante ser pessoa jurídica de direito privado na
forma de associação civil, sem fins lucrativos e ter sido qualificado
como Organização Social e Instituição de Educação, não enseja, por si
só, o reconhecimento de sua imunidade tributária.
2 O reconhecimento da imunidade tributária, prevista no artigo 150,
inciso VI, 'c', da Constituição Federal, está condicionado ao exercício
de atividades de cunho educacional, além de subordinado à
observância dos requisitos previstos no art. 14, do Código Tributário
Nacional.
3 Ausentes os requisitos para a concessão da liminar, impõe-se a
manutenção da decisão agravada.
Agravo de Instrumento desprovido.” (destaque nosso)

Portanto, inexiste o direito à imunidade buscada pelo autor na presente


demanda.

III.2 Inviabilidade do Pedido de Repetição dos Alegados Indébitos.


Não Comprovação do Quanto Exigido pelo Art. 166 do CTN.

Outrossim, na remotíssima hipótese de que esse MM Juízo reconheça

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o mencionado direito à imunidade (o que o DF, definitivamente, está convicto de que


não ocorrerá), por certo que não poderá acolher o pedido de repetição dos alegados
indébitos tributários.

É que a repetição de tributos indiretos, como é o caso do ISS incidente


sobre notas fiscais emitidas pelo prestador de serviços, exatamente o caso do
demandante, somente pode ser feita se comprovar o contribuinte haver suportado o
respectivo ônus financeiro, ou, na hipótese de repasse ao tomador do serviço, estar
por este devidamente autorizado para tanto. Trata-se de norma expressa no art. 166
do CTN, assim vazado:

“Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza,


transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a
quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo
transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a
recebê-la.”

A questão é tranquila no Superior Tribunal de Justiça, que em várias


oportunidades já destacou o caráter indireto do ISS recolhido em percentual sobre a
nota fiscal emitida pelo prestador, sendo perfeitamente possível o seu repasse para
o tomador do serviço, de modo que aplicável, para este tributo, a regra do art. 166
do CTN. É o que se extrai, v.g., do seguinte julgado:

“PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. ISS. ARTS. 128 E 460 DO


CPC. VIOLAÇÃO. INOCORRÊNCIA. ART. 166 DO CTN. APLICAÇÃO.
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. SÚMULA 211/STJ.
(...)
3. Aplica-se o disposto no art. 166 do CTN ao ISS incidente sobre o
preço do serviço. Precedentes do STJ.
(...)”11

No mesmo sentido, apenas a título de exemplo: REsp 426.179, Rel.


11
AgRg no REsp 802.570, Rel. Min. Herman Benjamin, DJ de 19.12.08.
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Min. Eliana Calmon, DJ de 20.09.04 e o AgRg no Ag 692.583, Rel. Min. Denise


Arruda, DJ de 14.11.05.

Portanto, a legitimidade do autor para buscar a repetição dos alegados


indébitos, no tocante às notas fiscais apensas à inicial, está condicionada à prova
de que suportou o ônus do imposto, ou de estar autorizada pelos respectivos
tomadores dos serviços contratados a formular em juízo o pedido de restituição.

Ocorre que referida comprovação também não foi providenciada pelo


suplicante. Muito ao contrário, tanto as afirmações feitas na petição inicial quanto as
notas fiscais do autor carreadas aos autos, revelam que o ISS cuja repetição se
pretende foi todo retido (para posterior recolhimento aos cofres do DF) pelos
tomadores dos serviços prestados pelo suplicante. Consequentemente, está
devidamente provado nos autos que o encargo financeiro decorrente desse tributo
não foi suportado pelo demandante, mas sim, pelos tomadores dos seus serviços.

Nesse quadro, não há falar na menor possibilidade de que seja


deferida a pretensão do autor de restituição dos alegados indébitos tributários, sob
pena de direta afronta à norma do art. 166 do CTN.

Demonstrado, destarte, que o autor não se desincumbiu, relativamente


a nenhum dos pedidos que formulou, do ônus de comprovar os fatos constitutivos
do seu direito (art. 373, inciso I do CPC), razão pela qual é imperativa a
improcedência total ação.

IV PEDIDOS.

Ante o exposto, requer a revogação da gratuidade de justiça concedida


ao autor na decisão de ID 72241661, com sua imediata intimação para que faça o

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recolhimento das custas processuais devidas, além de pagar, aos cofres do Distrito
Federal, a título de multa pela má-fé demonstrada linhas atrás (item II), quantia que
alcance o décuplo do valor das custas a serem recolhidas, tudo conforme previsto
no art. 100, p. único do CPC. Em caso de descumprimento dessa determinação, que
seja o processo imediatamente extinto.

Ao final, em havendo o recolhimento dos encargos acima destacados,


a possibilitar o regular prosseguimento do feito, de rigor será a decretação de
improcedência total da ação, com a condenação do autor ao pagamento de
honorários advocatícios em favor do DF, bem como nas custas processuais.

Na distante hipótese de que entenda esse MM Juízo pela procedência


do pedido de imunidade vindicada pelo demandante (situação que não acredita o
DF possa ocorrer), o caso será, então, de improcedência ao menos do seu pedido
de repetição dos alegados indébitos, em atenção à norma do art. 166 do CTN.

Protesta, desde já, pela produção de todas as provas em Direito


admitidas, inclusive a juntada posterior de documentos.

Termos em que pede e espera deferimento.

Brasília, 30 de setembro de 2020

IRAN MACHADO NASCIMENTO


Subprocurador-Geral do Distrito Federal

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS

6ª Turma Cível

Número do processo: 0701962-16.2021.8.07.0000

CERTIDÃO

O(a) Servidor(a) BRUNO FEITOSA DE OLIVEIRA leu o documento ID 23682580 em 2 de março


de 2021.

Número do documento: 21030213033568700000022967425


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EXMO. SR. RELATOR, DESEMBARGADOR ARQUIBALDO CARNEIRO, DO TRIBUNAL


DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS

Agravo de Instrumento nº 0701962-16.2021.8.07.0000

O DISTRITO FEDERAL (FAZENDA PÚBLICA), já devidamente


qualificado nos autos do agravo de instrumento em epígrafe, interposto por
INSTITUTO BRASILEIRO DE POLÍTICAS PÚBLICAS IBRAPP, também
qualificado(a)(s), em atenção ao despacho de ID 23247807 e com fulcro no art.
1.021, §2º do CPC/2015, apresentar a sua

IMPUGNAÇÃO

ao agravo interno manifestado nos autos pelo agravante, pelas razões e


fundamentos jurídicos a seguir elencados.
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Número do documento: 21031613374003800000023363779


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I TEMPESTIVIDADE.

A intimação pessoal do Distrito Federal para a apresentação da vertente


impugnação ocorreu em 26.02.2021 (sexta-feira), conforme registra o sistema PJe.

Assim, o prazo respectivo (30 dias úteis 15 dias úteis contados em


dobro, conforme determinam os arts. 183 e 219, caput c/c art. 1.021, §2º todos do
CPC) teve início em 01.03.2021 (segunda-feira), de modo que encerrado apenas em
13.04.2021 (considerando-se que no dia 02.04.2021 não houve expediente forense
em razão do feriado de finados), razão pela qual tempestiva esta peça, protocolizada
nesta data.

II HISTÓRICO.

Trata-se, na origem, de ação de conhecimento, pelo rito ordinário, cujo


escopo é ver declarado o suposto direito do autor/agravante ao gozo da imunidade
tributária prevista no art. 150, inciso VI, alínea “c” da Constituição Federal, com o fim
de obstar a exigência do ISSQN por parte do Distrito Federal, relativo aos serviços
cuja prestação é feita pelo agravante a órgãos e entes sediados no território distrital.

Pretende, em síntese, ver-se livre das retenções tributárias a esse título


feitas pelos tomadores dos seus serviços, bem como sejam repetidos os valores do
ISSQN já retidos sobre as notas fiscais que emitiu nos últimos 5 (cinco) anos.

Via decisão de ID 72241661 do processo de origem, o MM Juízo a quo


havia concedido o pedido de gratuidade de justiça. Todavia, diante das considerações
lançadas pelo ora agravado em contestação, e valendo-se das provas encartadas nos

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Número do documento: 21031613374003800000023363779


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autos, aquele Douto Juízo, de forma absolutamente acertada, proferiu nova decisão,
revogando o benefício da justiça gratuita e determinando o recolhimento das custas
processuais respectivas. Impôs à autora, ainda, multa de 2% sobre o valor da causa,
ante sua evidente litigância de má-fé no particular.

Em face desse último decisum o IBRAPP manifestou o presente agravo


de instrumento, cujo pedido de liminar (tutela de urgência) pretendido restou
acertadamente indeferido. Contra esta decisão é que o agravante manifesta, agora, o
agravo interno ora impugnado, em que cujo teor renova, essencialmente, alguns
argumentos postos na petição de agravo de instrumento.

III MANUTENÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA. AUSÊNCIA DE PROBABILIDADE DO


DIREITO ALEGADO.

Insiste o agravante nas malfadadas teses de que (i) seria instituição de


caráter beneficente, (ii) que não há necessidade de se encontrar em recuperação
judicial para fazer jus ao benefício da justiça gratuita, uma vez que não dispõe de
capacidade financeira para arcar com as custas processuais e (iii) que tal
incapacidade financeira estaria demonstrada por um alegado “déficite de
aproximadamente R$ 61.000,00 (sessenta e um mil reais) no exercício, bem como a
necessidade de adequação de custos decorrentes da relação de trabalho, em razão
do forte impacto causado pela pandemia da COVID-19”.

Pois bem. Não procede a assertiva de que o agravante seria entidade


educacional, de assistência social e reconhecida como organização social, sendo,
portanto, sem fins lucrativos/beneficente. É que, conforme exaustivamente
demonstrado na contestação ofertada pelo DF na ação de origem (anexa no ID

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Número do documento: 21031613374003800000023363779


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23682581 deste agravo de instrumento), o agravante não goza de nenhuma dessas


qualificações, nem mesmo a de organização social, ao menos no território distrital,
porquanto o título para tanto apresentado foi exarado por outro ente federado.

No que tange à tese de que desnecessário estar em situação de


insolvência, materializada em recuperação judicial, impende ressaltar que a decisão
agravada, nesse ponto, lançou mão desse argumento apenas como reforço à
constatação, absolutamente clara, de que o agravante não está privado de condições
financeiras mínimas para arcar com as despesas do processo de origem.

Com efeito, conforme corretamente registrado no decisum atacado no


agravo interno, o IBRAPP detém diversos contratos de prestação de serviços,
inclusive em Brasília, de modo que certamente recebe quantias mensais por estes
serviços habitualmente prestados. Tanto é assim, que as páginas 20/26 do
documento de ID 72216368 (processo de origem), carreado aos autos pelo próprio
agravante, revelam notas fiscais por ele emitidas (contra os Ministérios da

Infraestrutura e dos Transportes), entre os meses de fevereiro e


julho de 2020, em valores individuais sempre superiores a 3 (três) milhões de
reais, que somados alcançam a milionária quantia, pasmem, de mais de
R$ 24 (vinte e quatro) milhões de reais. Mesmo assim, insiste
na defesa de sua impossibilidade de fazer frente às custas do processo, que,
segundo o regimento respectivo (Resolução nº 1/2020-TJDFT), vigente para 2021,
correspondem a 2% do valor atribuído à causa, mas limitadas à quantia de R$ 541,13
(quinhentos e quarenta e um reais e treze centavos), isto é, 0,002% do faturamento
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que o agravante teve apenas no primeiro semestre e no início do segundo


semestre do recém encerrado ano de 2020.

Outrossim, igualmente desprovida de amparo a tese do agravante de


que teria registrado um déficit de R$ 61.580,11 (sessenta e um mil quinhentos e
oitenta reais e onze centavos) no ano de 2019. Ocorre que, no documento de ID
22616523, logo acima desse dado, constam outras duas informações relevantes,
consistentes na indicação de um “superávit ou déficit acumulados” no importe de R$
13.636.030,46 (treze milhões, seiscentos e trinta e seis mil e trinta reais e quarenta e
seis centavos) e “superávit do exercício corrente” de R$ 13.697.610,57 (treze milhões,
seiscentos e noventa e sete mil, seiscentos e dez reais e cinquenta e sete centavos).
Assim, mesmo que o acumulado indicado se referisse a déficit (e não superávit), o
“superávit do exercício corrente” excederia esse citado déficit justamente nos R$
61.580,11 (sessenta e um mil quinhentos e oitenta reais e onze centavos).
Consequentemente, ao invés de registrar um déficit, especificamente em 2019, o
agravante acabou por produzir um superávit exatamente nesse valor (61.580,11).

Acerca das implicações trabalhistas que teria sofrido em razão da


pandemia da COVID 19, da mesma forma não convence o agravante. É que acordo
coletivo de trabalho de ID 22616517 encarta providência adotada por praticamente
todos os entes privados do País, calcada na MP 936/2020 (convertida na Lei
14.020/2020), editada de modo a evitar a demissão de empregados pelas dificuldades
que poderiam os entes experimentar em razão da pandemia do COVID 19. Por esse
texto normativo, restou autorizada a redução de jornada de trabalho e,
proporcionalmente, também os respectivos salários, de modo a conceder um alívio de
caixa para as entidades, possibilitando que os empregos fossem mantidos.
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Portanto, o acordo firmado não trouxe prejuízo para o agravante e nem,


menos ainda, revela que esteja ele em dificuldade financeira, mas sim, proporcionou-
lhe um alívio nas despesas trabalhistas, de modo que houve um reforço em seu
caixa, e que deve ter sido relevante, tanto que o mesmo acordo coletivo cuidou de
promover consideráveis incrementos nos benefícios concedidos aos seus
empregados, tais como: adicional por acúmulo de função (cláusula quinta), seguro de
vida (cláusula oitava) e auxílio esporte, auxílio creche, auxílio educação e plano de
saúde (cláusula nona).

A verdade é que o IBRAPP constitui instituição que é parte em diversos


contratos, o que lhe garante receitas vultosas, de maneira que “não é crível que uma
pessoa jurídica com patrimônio milionário não possua condições de arcar com as
despesas processuais, sobretudo porque os valores cobrados por esta egrégia Corte
de Justiça são módicos, sendo certo que não há, a primeira vista, demonstração de
que o recolhimento comprometeria a atividade econômica da agravante”, conforme
muito bem pontuado na decisão de ID 22632376, que merece integral prestígio e
manutenção.

Como se vê, não assiste ao agravante a probabilidade do direito


vindicado, que se apresenta, isto sim, totalmente inexistente.

IV AUSÊNCIA DE PERICULUM IN MORA.

Demais disso, não existe o periculum in mora alegado, porquanto,


lembre-se, as custas a recolher correspondem a 2% do valor atribuído à causa, mas
limitadas à módica quantia de R$ 541,13 (quinhentos e quarenta e um reais e treze
centavos), isto é, 0,002% do faturamento que o agravante teve, repita-se

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novamente, apenas no primeiro semestre e no início do segundo semestre do


recém encerrado ano de 2020. Perfeitamente viável, assim, que faça o recolhimento
do valor respectivo, imediatamente, em favor da Justiça do Distrito Federal e
Territórios.

Por fim, mesmo que, ao final, veja o vertente agravo de instrumento


provido o que o DF admite apenas ad argumentantum tantum nada impede que o
agravante peça a repetição das citadas custas, que poderão, assim, recompor o seu
caixa.

V PEDIDO.

Ante o exposto, espera seja negado provimento ao agravo interno.

Termos em que pede e espera deferimento.

Brasília, 16 de março de 2021

IRAN MACHADO NASCIMENTO


Subprocurador-Geral do Distrito Federal

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Número do documento: 21031613374003800000023363779


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Num. 24097545 - Pág. 7
Poder Judiciário da União
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS

6ª Turma Cível

Número do processo: 0701962-16.2021.8.07.0000

CERTIDÃO

O(a) Servidor(a) BRUNO FEITOSA DE OLIVEIRA leu o documento ID 24097545 em 16 de março


de 2021.

Número do documento: 21031615300095900000023372214


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21031615300095900000023372214
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Num. 24108030 - Pág. 1
Poder Judiciário da União
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS

6ª Turma Cível

AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) : 0701962-16.2021.8.07.0000

CERTIDÃO DE CONCLUSÃO

Nesta data, faço estes autos conclusos ao(à) Excelentíssimo(a) Desembargador(a)


ARQUIBALDO CARNEIRO - Relator(a).

Brasília, 16 de março de 2021.

Diretor(a) de Secretaria

Número do documento: 21031615305327700000023372217


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21031615305327700000023372217
Assinado eletronicamente por: Usuário do sistema - 16/03/2021 15:30:53
Num. 24108033 - Pág. 1
CERTIDÃO DE INCLUSÃO EM PAUTA DE JULGAMENTO

14ª Sessão Ordinária Virtual - 6TCV - (período de 28/04 até 05/05)

De ordem do(a) Excelentíssimo(a) Senhor(a) ESDRAS NEVES ALMEIDA, Presidente da 6ª Turma Cível,
faço público a todos os interessados que, no dia 28 de Abril de 2021 (Quarta-feira) a partir das 12h00,
tem início a 14ª Sessão Ordinária Virtual - 6TCV - (período de 28/04 até 05/05) na qual se encontra pautado
o presente processo.

Brasília/DF, 29 de março de 2021

Diretor(a) de Secretaria da 6ª Turma Cível

Número do documento: 21032911180430600000023710102


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Num. 24457793 - Pág. 1
Poder Judiciário da União
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS

6ª Turma Cível

CERTIDÃO DE JULGAMENTO
14ª Sessão Ordinária Virtual - 6TCV - (período de 28/04 até 05/05)

Órgão : 6ª Turma Cível

Espécie : AGRAVO DE INSTRUMENTO (202)

Nº Processo
: 0701962-16.2021.8.07.0000

Data da : 28/04/21
Sessão

Presidente : ESDRAS NEVES ALMEIDA

Quorum
: ARQUIBALDO CARNEIRO - Relator, JOSE DIVINO DE OLIVEIRA - 1º Vogal e
VERA LUCIA ANDRIGHI - 2º Vogal

Decisão : AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO. AGRAVO INTERNO


PREJUDICADO. UNANIME.

Brasília-DF, 6 de maio de 2021

DANIELE MENDES ROCHA MUNIZ


6ª Turma Cível

Número do documento: 21050614495891900000024644349


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Assinado eletronicamente por: DANIELE MENDES ROCHA MUNIZ - 06/05/2021 14:49:59
Num. 25428764 - Pág. 1
Poder Judiciário da União
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS

Órgão 6ª Turma Cível

Proces AGRAVO DE INSTRUMENTO 0701962-16.2021.8.07.0000


so N.

AGRAV INSTITUTO BRASILEIRO DE POLITICAS PUBLICAS


ANTE(
S)

AGRAV DISTRITO FEDERAL


ADO(S)
Relator Desembargador ARQUIBALDO CARNEIRO

Acórdã 1337392
o Nº

EMENTA

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AGRAVO INTERNO. DIREITO PROCESSUAL


CIVIL. INSTITUTO SEM FINS LUCRATIVOS. GRATUIDADE DE JUSTIÇA.
PEDIDO INDEFERIDO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO.
1. O Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de que é possível a concessão do
benefício da justiça gratuita em favor de pessoa jurídica de Direito Privado, com ou sem fins
lucrativos, desde que comprove o estado de miserabilidade, não bastando a simples
declaração de pobreza.
2. Os documentos colacionados aos autos não demonstram a hipossuficiência econômica do
agravante, trata-se de pessoa jurídica com contratos milionários celebrados com o Poder
Público.
3. Os valores das custas cobrados por esta egrégia Corte de Justiça são módicos, sendo certo
que não há demonstração de que o recolhimento comprometeria a atividade econômica da
agravante.
4. Agravo de instrumento não provido. Agravo interno prejudicado.

Número do documento: 21051018523622200000024704156


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Num. 25489395 - Pág. 1
ACÓRDÃO

Acordam os Senhores Desembargadores do(a) 6ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e
dos Territórios, ARQUIBALDO CARNEIRO - Relator, JOSÉ DIVINO - 1º Vogal e VERA ANDRIGHI -
2º Vogal, sob a Presidência do Senhor Desembargador ESDRAS NEVES, em proferir a seguinte decisão:
AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO. AGRAVO INTERNO PREJUDICADO. UNANIME., de
acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.

Brasília (DF), 06 de Maio de 2021

Desembargador ARQUIBALDO CARNEIRO


Relator

RELATÓRIO

Cuida-se de agravo de instrumento, com pedido de antecipação dos efeitos da tutela recursal,
interposto pelo INSTITUTO BRASILEIRO DE POLÍTICAS PÚBLICAS (autor), contra
decisão proferida pelo ilustre Juízo 8ª Vara da Fazenda Pública do DF que, nos autos da ação
de conhecimento ajuizada contra o Distrito Federal, processo nº 0706131-26.2020.8.07.0018,
revogou a gratuidade de justiça anteriormente concedida ao autor (ID 80976264 dos autos
originais).
Eis o conteúdo da r. decisão agravada, verbis:

“(...) O réu apresentou impugnação à gratuidade da justiça concedida à autora com alegação de
que essa possui condições financeiras de arcar com as despesas do processo (ID 73507993) e
essa em réplica limitou-se a dizer de forma excessivamente genérica que demonstrou satisfazer os
requisitos legais.
Não obstante os documentos anexados aos autos pela própria autora lhe foi oportunizado
comprovar sua alegada hipossuficiência financeira (ID 76544288), mas essa limitou-se a dizer
que por se tratar de instituição sem fins lucrativos não precisa comprovar sua hipossuficiência
financeira e discorreu longamente sobre sua suposta impossibilidade de recolher as custas
processuais (ID 77693800).
Ao contrário do afirmado pela autora todas as jurisprudências mencionadas e transcritas por ela
em suas peças processuais indicam que mesmo as entidades sem fins lucrativos devem comprovar
a sua hipossuficiência financeira para a obtenção do benefício da gratuidade da justiça,

Número do documento: 21051018523622200000024704156


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Num. 25489395 - Pág. 2
portanto, sem razão a autora em suas alegações.
Examinando detidamente os documentos anexados aos autos constata-se que a autora emitiu
diversas notas fiscais em valores bastantes expressivos (ID 72213269, fls. 1 a 50 e ID 72213271)
e no seu balanço patrimonial há indicação de superávit no exercício de 2019 de R$
13.697.610,57 (treze milhões, seiscentos e noventa e sete mil, seiscentos e dez reais e cinquenta e
sete centavos), além do lucro líquido de R$ 4.944.881,31 (quatro milhões, novecentos e quarenta
quatro mil, oitocentos e oitenta e um reais e trinta e um centavos) conforme documento de ID
72213272. No ano de 2020, que segundo a autora teria suportado dificuldades financeiras em
razão da pandemia do coronavirus, houve a emissão de pelo menos duas notas fiscais com
valores superiores a 3 (três) milhões de reais.
Assim, está suficientemente evidenciada a capacidade financeira da autora em arcar com as
despesas do processo, por isso, o benefício anteriormente concedido deve ser revogado.
O réu requereu, ainda, a condenação da autora por litigância da má-fé, já que ela teria alterado
a verdade dos fatos, nos termos do artigo 80, II do Código de Processo Civil.
Verifica-se dos autos que a autora requereu o benefício da gratuidade da justiça quando possui
condições financeiras para arcar com as despesas do processo e mesmo tendo lhe sido
oportunizada a comprovação de suas alegações não o fez, posto que não juntou nenhum
documento que comprove a alegada hipossuficiência e os documentos anteriormente anexados
aos autos por ela comprovam satisfatoriamente um rendimento expressivo, portanto, houve
realmente alteração dos fatos, caracterizando a litigância de má-fé, razão pela qual ela deverá
pagar a multa estabelecida no parágrafo único do artigo 100 do Código de Processo Civil.
Considerando o patrimônio e rendimento da autora, conforme destacado em linhas volvidas e a
sua conduta de insistir na manutenção do benefício quando os próprios documentos anexados aos
autos por ela comprovam exatamente o contrário tem-se que o valor da multa deverá ser fixado
em 2% (dois por cento) sobre o valor da causa.
Em face das considerações alinhadas revogo o benefício da gratuidade da justiça concedido à
autora, defiro o prazo de 10 (dez) dias para o recolhimento das custas iniciais, sob pena de
extinção do feito sem resolução de mérito e a condeno ao pagamento de multa fixada em 2%
(dois por cento) sobre o valor da causa (...)”

A parte agravante aduz que é instituição sem fins lucrativos voltada para atendimento social,
e que, apesar de ter demonstrado a condição de hipossuficiência econômico-financeira,
sobreveio decisão revogando a gratuidade de justiça, e ainda aplicando-lhe penalidade por
litigância de má-fé (2% sobre o valor da causa).
Aponta equívoco do ilustre Juízo a quo na análise dos documentos acostados, sobretudo do
balanço anual de 2019, pois teria tido déficit de R$ 61.580,11 ( sessenta e um mil reais,
quinhentos e oitenta reais e onze centavos), e não superávit de R$ 13.697.610,57 (treze
milhões, seiscentos e noventa e sete mil, seiscentos e dez reais e cinquenta e sete centavos).
Assevera que “...a M.M Juíza “a quo”, equivocou-se na análise do balanço patrimonial da
Agravante aduzindo que R$ 13.697.610,57 (treze milhões, seiscentos e noventa e sete mil,
seiscentos e dez reais e cinquenta e sete centavos) fosse o superávit do exercício, quando na
verdade, foi a receita recebida em decorrência das parcerias celebradas e mantidas com o
Poder Público, receita essa que é totalmente vinculada as despesas de cada instrumento, ou

Número do documento: 21051018523622200000024704156


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Num. 25489395 - Pág. 3
seja, não é superávit, não é lucro.”
Pondera que “...ter receitas não é o bastante para que a Agravante figure no polo com
capacidade financeira. Para arcar com as despesas processuais a Agravante teria que, no
mínimo, ser superavitária em suas receitas, o que evidentemente não é o caso, ficando
demonstrado através de seu balanço patrimonial de 2019, anexo”.
Afirma também ter realizado dispensa de seus quadros.
Diz ainda ter sofrido com a crise decorrente da pandemia de Covid-19, e que “...é irrefutável
a crise financeira enfrentada pela parte Agravante, de modo que o pagamento das custas
iniciais, por serem de alta monta, comprometeriam ainda mais a própria existência da
organização social.”
No tocante à multa por litigância de má-fé, verbera que não há prova de que agiu com dolo,
nem tampouco “omitiu nenhuma informação ou alterou a verdade dos fatos e ainda
comprovou sua hipossuficiência através do balanço patrimonial apresentado de 2019.”
Afirma que, em se tratando de pessoas jurídicas sem fins lucrativos, para a concessão da
gratuidade de justiça “A jurisprudência é firme quanto a ausência de necessidade de
comprovação”. Cita precedentes.
Pugna pela antecipação dos efeitos da tutela recursal satisfativa, para que lhe seja concedida
a gratuidade de justiça, ou, em tese subsidiária, “o DIFERIMENTO DO PAGAMENTO DAS
CUSTAS, para que estas sejam realizadas ao final do processo, pois assim, a parte
Agravante terá condições temporais para provisionar mês a mês uma reserva para tal
mister, haja vista que não pode este dispor facilmente de tais recursos sem prévio
planejamento face ao prejuízo que esse ato poderá ocasionar”.
No mérito, requer o provimento do agravo, para se reformar a r. decisão hostilizada,
confirmando-se a liminar ou o pedido subsidiário deste, bem como seja afastada a incidência
de multa por litigância de má-fé.
Sem recolhimento de preparo, por versar a questão acerca da gratuidade de justiça.
O pedido liminar foi indeferido por esta Relatoria (ID 22632376).
Interposto agravo interno no ID 23003365.
Contrarrazões ao agravo de instrumento apresentadas no ID 23682580.
Contrarrazões ao agravo interno (ID 24097545).
É o relatório.

Número do documento: 21051018523622200000024704156


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Num. 25489395 - Pág. 4
VOTOS

O Senhor Desembargador ARQUIBALDO CARNEIRO - Relator

Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço do agravo de instrumento e do


agravo interno.
Cuida-se de agravo de instrumento interposto pelo INSTITUTO BRASILEIRO DE
POLÍTICAS PÚBLICAS (autor) contra decisão proferida pelo ilustre Juízo de origem que
revogou a gratuidade de justiça (ID 80976264 dos autos originais).
De início, necessário ressaltar que é possível a concessão do benefício da gratuidade de
justiça às pessoas jurídicas, mas, ao contrário do alegado pela parte agravante, ainda que se
trate de pessoa jurídica sem fins lucrativos, faz-se necessária a comprovação da
hipossuficiência para usufruírem do benefício da justiça gratuita.
Assinalo que a Corte Especial do STJ, no julgamento dos EREsp. 1.185.828/RS, de relatoria
do Ministro CESAR ASFOR ROCHA, pacificou o entendimento de que é possível a
concessão do benefício da justiça gratuita em favor de pessoa jurídica de Direito Privado,
com ou sem fins lucrativos, desde que comprove o estado de miserabilidade, não bastando a
simples declaração de pobreza.
Neste sentido, há, inclusive, Enunciado de Súmula do colendo STJ, verbis:

Súmula nº 481. “Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins
lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.”
(grifou-se)

No mesmo trilho, caminha a jurisprudência desta Corte:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. FUNDAÇÃO SEM FINS


LUCRATIVOS. GRATUIDADE DE JUSTIÇA. PEDIDO INDEFERIDO. AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO. 1. O Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de que é possível a
concessão do benefício da justiça gratuita em favor de pessoa jurídica de Direito Privado, com ou sem
fins lucrativos, desde que comprove o estado de miserabilidade, não bastando a simples declaração de
pobreza. 2. Os documentos colacionados aos autos são antigos e não demonstram a situação econômica
da agravante que justifique a concessão do benefício da gratuidade de justiça. 3. Agravo interno
prejudicado. Agravo de instrumento não provido." (Acórdão 1267637, 07054631220208070000, Relator:
ARQUIBALDO CARNEIRO PORTELA, 6ª Turma Cível, data de julgamento: 22/7/2020, publicado no DJE:

Número do documento: 21051018523622200000024704156


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Num. 25489395 - Pág. 5
13/8/2020. Pág.: Sem Página Cadastrada.) (Destacou-se)

"APELAÇÃO CÍVEL. GRATUIDADE DE JUSTIÇA. ENTIDADE SEM FINS LUCRATIVOS.


HIPOSSUFICIÊNCIA. COMPROVAÇÃO. NECESSIDADE. CONTRATO. RESCISÃO CONTRATUAL
IMOTIVADA. MULTA. INCIDÊNCIA. REDUÇÃO. ARTIGO 413, DO CÓDIGO CIVIL. TERMO ADITIVO.
VONTADE. VÍCIO. SERVIÇOS PRESTADOS. REMUNERAÇÃO. DEVIDA. JUROS EX RE. MARCO
INICIAL. CITAÇÃO. INVIÁVEL. A simples ausência de fins lucrativos da pessoa jurídica não conduz, por
si só, ao deferimento da justiça gratuita, devendo demonstrar sua hipossuficiência econômica. No caso
da parte, que arrecadou apenas em um ano quase dois bilhões de reais, celebrou contrato milionário e
seu déficit decorre de descontrole financeiro e administrativo, por não ter sopesado suas receitas e
despesas, não há hipossuficiência, devendo a gratuidade de justiça ser indeferida. Caracterizada a
rescisão contratual imotivada, deve incidir a multa prevista no contrato. Considerando a excessividade da
multa, sobretudo porque o ajuste foi cumprido em parte e os custos de implantação dos serviços foram
adiantados pelo contratante, deve haver sua redução a patamar adequado, nos termos do artigo 413, do
Código Civil. Precedente do STJ. Considerando que o Termo Aditivo foi assinado por empregado que não
detinha poderes para representar a POSTAL SAÚDE e por pessoa que não tinha procuração da BRASIL
DENTAL, o pacto não vincula as partes. Comprovada a prestação de serviços pela contratada após o
encerramento do contrato, com os quais o contratante anuiu, os referidos serviços devem ser pagos. Os
serviços alegadamente prestados após a manifestação expressa da contratante para seu encerramento não
devem ser pagos. Tratando-se de mora ex re, é inviável a pretensão da parte apelante para que os juros
incidam desde a citação." (Acórdão 1205281, 07375303220178070001, Relator: ESDRAS NEVES, 6ª
Turma Cível, data de julgamento: 2/10/2019, publicado no DJE: 9/10/2019. Pág.: Sem Página
Cadastrada.) (Destacou-se)

Apesar de a parte agravante alegar déficit no ano de 2019, não há notícia de que é insolvente
ou esta submetida a recuperação judicial.
De todo modo, ainda que estivesse em recuperação judicial, seria necessário comprovar a
sua hipossuficiência. Neste sentido:

"CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA.


GRATUIDADE JUDICIÁRIA. PESSOA JURÍDICA. SÚMULA N. 481/STJ. NECESSIDADE DE
COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS LEGAIS PARA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO.
INDEFERIMENTO. RECURSO DESPROVIDO. 1. Conforme Súmula n. 481/STJ e art. 5º, LXXIV, da
CF, a pessoa jurídica, com ou sem fins lucrativos, ainda que em regime de recuperação judicial ou
liquidação extrajudicial, faz jus ao benefício da assistência judiciária gratuita tão somente se comprovar
a impossibilidade de verter os encargos processuais. 2. As alegações de que a recorrente está em
recuperação judicial e não possui condições para arcar com as despesas processuais, bem como os
Livros de Apuração do Lucro Real dos Anos Calendário de 2014 a 2017, não são suficientes para
demonstrar o requisito autorizador à concessão da justiça gratuita à pessoa jurídica. 3. Recurso
desprovido. (Acórdão 1203508, 07138392120198070000, Relator: ALFEU MACHADO, 6ª Turma Cível,
data de julgamento: 18/9/2019, publicado no PJe: 28/9/2019. Pág.: Sem Página Cadastrada.) (Destacou-
se)

Outrossim, observo que os precedentes colacionados pela parte agravante para sustentar a
tese de que prescindiria de prova para a concessão da gratuidade de justiça por entidade
filantropa são dos anos de 2006 e 2008, portanto, antigos e já superados, não servindo de
paradigma para o deslinde da causa.

Número do documento: 21051018523622200000024704156


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21051018523622200000024704156
Assinado eletronicamente por: ARQUIBALDO CARNEIRO - 10/05/2021 18:52:36
Num. 25489395 - Pág. 6
Ademais, não diviso equívoco na avaliação realizada pela douta Juíza de primeiro grau, que
bem analisou os documentos apresentados pelo agravante.
Entre os documentos acostados pelo agravante, estão o balanço de 2019 (ID 22616523) e
notas explicativas deste (ID 22616521), na qual nada se fala de déficit. Por outro lado, é
possível inferir do referido documento a existência de “Caixa e equivalentes de caixa” de
R$ 8.404.533,14, e patrimônio social de R$ 4.944.881,31, o que, somados, resulta em R$
13.349.414,40, ou seja, o valor apontado pela d. Juíza a quo como fundamento para revogar
a gratuidade de justiça.
Ademais, trata-se de pessoa jurídica com contratos milionários celebrados com o Poder
Público, ao menos é isso o que se denota das notas fiscais juntadas no ID 72213269. Pág. 1 -
50 e ID 72213271 dos autos de origem, inclusive o valor discutido na ação é expressivo.
Some-se que, em princípio, inexiste demonstração de rescisão de contratos do agravante ou
mesmo a suspensão destes por causa da pandemia de Covid-19, de modo que, em tese,
referido argumento não lhe socorre.
De mais a mais, o cenário apresentado não mostra ser viável o diferimento do recolhimento
das custas iniciais, pois não é crível que uma pessoa jurídica com patrimônio milionário não
possua condições de arcar com as despesas processuais, sobretudo porque os valores
cobrados por esta egrégia Corte de Justiça são módicos, sendo certo que não há
demonstração de que o recolhimento comprometeria a atividade econômica da agravante.
Por fim, a parte agravante requereu seja afastada a aplicação da multa de litigância de má-fé.
É cediço que a multa por litigância de má-fé é aplicável quando a conduta da parte subsume-
se a uma das hipóteses do artigo 80 do Código de Processo Civil, fato verificado no caso
concreto, ante a alteração da verdade dos fatos em relação a reais condições financeiras do
agravante.
Saliente-se que a imposição da multa deve ser motivada, com a indicação precisa dos fatos
concretos, como o fez a nobre magistrada a quo, nos seguintes termos:

“(...) Verifica-se dos autos que a autora requereu o benefício da gratuidade da justiça quando
possui condições financeiras para arcar com as despesas do processo e mesmo tendo lhe sido
oportunizada a comprovação de suas alegações não o fez, posto que não juntou nenhum
documento que comprove a alegada hipossuficiência e os documentos anteriormente anexados
aos autos por ela comprovam satisfatoriamente um rendimento expressivo, portanto, houve
realmente alteração dos fatos, caracterizando a litigância de má-fé, razão pela qual ela deverá
pagar a multa estabelecida no parágrafo único do artigo 100 do Código de Processo Civil.” (ID
80976264 dos autos originais).

Número do documento: 21051018523622200000024704156


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21051018523622200000024704156
Assinado eletronicamente por: ARQUIBALDO CARNEIRO - 10/05/2021 18:52:36
Num. 25489395 - Pág. 7
Outrossim, as custas processuais no âmbito da Justiça do Distrito Federal são bastante
módicas.
Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo de instrumento. Prejudicado o agravo
interno.
É o voto.

O Senhor Desembargador JOSÉ DIVINO - 1º Vogal


Com o relator
A Senhora Desembargadora VERA ANDRIGHI - 2º Vogal
Com o relator

DECISÃO

AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO. AGRAVO INTERNO PREJUDICADO. UNANIME.

Número do documento: 21051018523622200000024704156


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21051018523622200000024704156
Assinado eletronicamente por: ARQUIBALDO CARNEIRO - 10/05/2021 18:52:36
Num. 25489395 - Pág. 8
Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço do agravo de instrumento e do
agravo interno.
Cuida-se de agravo de instrumento interposto pelo INSTITUTO BRASILEIRO DE
POLÍTICAS PÚBLICAS (autor) contra decisão proferida pelo ilustre Juízo de origem que
revogou a gratuidade de justiça (ID 80976264 dos autos originais).
De início, necessário ressaltar que é possível a concessão do benefício da gratuidade de
justiça às pessoas jurídicas, mas, ao contrário do alegado pela parte agravante, ainda que se
trate de pessoa jurídica sem fins lucrativos, faz-se necessária a comprovação da
hipossuficiência para usufruírem do benefício da justiça gratuita.
Assinalo que a Corte Especial do STJ, no julgamento dos EREsp. 1.185.828/RS, de relatoria
do Ministro CESAR ASFOR ROCHA, pacificou o entendimento de que é possível a
concessão do benefício da justiça gratuita em favor de pessoa jurídica de Direito Privado,
com ou sem fins lucrativos, desde que comprove o estado de miserabilidade, não bastando a
simples declaração de pobreza.
Neste sentido, há, inclusive, Enunciado de Súmula do colendo STJ, verbis:

Súmula nº 481. “Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins
lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.”
(grifou-se)

No mesmo trilho, caminha a jurisprudência desta Corte:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. FUNDAÇÃO SEM FINS


LUCRATIVOS. GRATUIDADE DE JUSTIÇA. PEDIDO INDEFERIDO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO.
1. O Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de que é possível a concessão do benefício da
justiça gratuita em favor de pessoa jurídica de Direito Privado, com ou sem fins lucrativos, desde que
comprove o estado de miserabilidade, não bastando a simples declaração de pobreza. 2. Os documentos
colacionados aos autos são antigos e não demonstram a situação econômica da agravante que justifique
a concessão do benefício da gratuidade de justiça. 3. Agravo interno prejudicado. Agravo de
instrumento não provido." (Acórdão 1267637, 07054631220208070000, Relator: ARQUIBALDO
CARNEIRO PORTELA, 6ª Turma Cível, data de julgamento: 22/7/2020, publicado no DJE: 13/8/2020.
Pág.: Sem Página Cadastrada.) (Destacou-se)

"APELAÇÃO CÍVEL. GRATUIDADE DE JUSTIÇA. ENTIDADE SEM FINS LUCRATIVOS.


HIPOSSUFICIÊNCIA. COMPROVAÇÃO. NECESSIDADE. CONTRATO. RESCISÃO CONTRATUAL
IMOTIVADA. MULTA. INCIDÊNCIA. REDUÇÃO. ARTIGO 413, DO CÓDIGO CIVIL. TERMO ADITIVO.
VONTADE. VÍCIO. SERVIÇOS PRESTADOS. REMUNERAÇÃO. DEVIDA. JUROS EX RE. MARCO
INICIAL. CITAÇÃO. INVIÁVEL. A simples ausência de fins lucrativos da pessoa jurídica não conduz, por
si só, ao deferimento da justiça gratuita, devendo demonstrar sua hipossuficiência econômica. No caso da
parte, que arrecadou apenas em um ano quase dois bilhões de reais, celebrou contrato milionário e seu

Número do documento: 21051018523646900000023542682


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21051018523646900000023542682
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Num. 24284358 - Pág. 1
déficit decorre de descontrole financeiro e administrativo, por não ter sopesado suas receitas e despesas,
não há hipossuficiência, devendo a gratuidade de justiça ser indeferida. Caracterizada a rescisão
contratual imotivada, deve incidir a multa prevista no contrato. Considerando a excessividade da multa,
sobretudo porque o ajuste foi cumprido em parte e os custos de implantação dos serviços foram adiantados
pelo contratante, deve haver sua redução a patamar adequado, nos termos do artigo 413, do Código Civil.
Precedente do STJ. Considerando que o Termo Aditivo foi assinado por empregado que não detinha
poderes para representar a POSTAL SAÚDE e por pessoa que não tinha procuração da BRASIL DENTAL,
o pacto não vincula as partes. Comprovada a prestação de serviços pela contratada após o encerramento
do contrato, com os quais o contratante anuiu, os referidos serviços devem ser pagos. Os serviços
alegadamente prestados após a manifestação expressa da contratante para seu encerramento não devem
ser pagos. Tratando-se de mora ex re, é inviável a pretensão da parte apelante para que os juros incidam
desde a citação." (Acórdão 1205281, 07375303220178070001, Relator: ESDRAS NEVES, 6ª Turma Cível,
data de julgamento: 2/10/2019, publicado no DJE: 9/10/2019. Pág.: Sem Página Cadastrada.) (Destacou-
se)

Apesar de a parte agravante alegar déficit no ano de 2019, não há notícia de que é insolvente
ou esta submetida a recuperação judicial.
De todo modo, ainda que estivesse em recuperação judicial, seria necessário comprovar a sua
hipossuficiência. Neste sentido:

"CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA.


GRATUIDADE JUDICIÁRIA. PESSOA JURÍDICA. SÚMULA N. 481/STJ. NECESSIDADE DE
COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS LEGAIS PARA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO.
INDEFERIMENTO. RECURSO DESPROVIDO. 1. Conforme Súmula n. 481/STJ e art. 5º, LXXIV, da
CF, a pessoa jurídica, com ou sem fins lucrativos, ainda que em regime de recuperação judicial ou
liquidação extrajudicial, faz jus ao benefício da assistência judiciária gratuita tão somente se comprovar
a impossibilidade de verter os encargos processuais. 2. As alegações de que a recorrente está em
recuperação judicial e não possui condições para arcar com as despesas processuais, bem como os Livros
de Apuração do Lucro Real dos Anos Calendário de 2014 a 2017, não são suficientes para demonstrar o
requisito autorizador à concessão da justiça gratuita à pessoa jurídica. 3. Recurso desprovido. (Acórdão
1203508, 07138392120198070000, Relator: ALFEU MACHADO, 6ª Turma Cível, data de julgamento:
18/9/2019, publicado no PJe: 28/9/2019. Pág.: Sem Página Cadastrada.) (Destacou-se)

Outrossim, observo que os precedentes colacionados pela parte agravante para sustentar a
tese de que prescindiria de prova para a concessão da gratuidade de justiça por entidade
filantropa são dos anos de 2006 e 2008, portanto, antigos e já superados, não servindo de
paradigma para o deslinde da causa.
Ademais, não diviso equívoco na avaliação realizada pela douta Juíza de primeiro grau, que
bem analisou os documentos apresentados pelo agravante.
Entre os documentos acostados pelo agravante, estão o balanço de 2019 (ID 22616523) e
notas explicativas deste (ID 22616521), na qual nada se fala de déficit. Por outro lado, é
possível inferir do referido documento a existência de “Caixa e equivalentes de caixa” de R$
8.404.533,14, e patrimônio social de R$ 4.944.881,31, o que, somados, resulta em R$

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Num. 24284358 - Pág. 2
13.349.414,40, ou seja, o valor apontado pela d. Juíza a quo como fundamento para revogar
a gratuidade de justiça.
Ademais, trata-se de pessoa jurídica com contratos milionários celebrados com o Poder
Público, ao menos é isso o que se denota das notas fiscais juntadas no ID 72213269. Pág. 1 -
50 e ID 72213271 dos autos de origem, inclusive o valor discutido na ação é expressivo.
Some-se que, em princípio, inexiste demonstração de rescisão de contratos do agravante ou
mesmo a suspensão destes por causa da pandemia de Covid-19, de modo que, em tese,
referido argumento não lhe socorre.
De mais a mais, o cenário apresentado não mostra ser viável o diferimento do recolhimento
das custas iniciais, pois não é crível que uma pessoa jurídica com patrimônio milionário não
possua condições de arcar com as despesas processuais, sobretudo porque os valores
cobrados por esta egrégia Corte de Justiça são módicos, sendo certo que não há
demonstração de que o recolhimento comprometeria a atividade econômica da agravante.
Por fim, a parte agravante requereu seja afastada a aplicação da multa de litigância de má-fé.
É cediço que a multa por litigância de má-fé é aplicável quando a conduta da parte subsume-
se a uma das hipóteses do artigo 80 do Código de Processo Civil, fato verificado no caso
concreto, ante a alteração da verdade dos fatos em relação a reais condições financeiras do
agravante.
Saliente-se que a imposição da multa deve ser motivada, com a indicação precisa dos fatos
concretos, como o fez a nobre magistrada a quo, nos seguintes termos:

“(...) Verifica-se dos autos que a autora requereu o benefício da gratuidade da justiça quando
possui condições financeiras para arcar com as despesas do processo e mesmo tendo lhe sido
oportunizada a comprovação de suas alegações não o fez, posto que não juntou nenhum
documento que comprove a alegada hipossuficiência e os documentos anteriormente anexados
aos autos por ela comprovam satisfatoriamente um rendimento expressivo, portanto, houve
realmente alteração dos fatos, caracterizando a litigância de má-fé, razão pela qual ela deverá
pagar a multa estabelecida no parágrafo único do artigo 100 do Código de Processo Civil.” (ID
80976264 dos autos originais).

Outrossim, as custas processuais no âmbito da Justiça do Distrito Federal são bastante


módicas.
Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo de instrumento. Prejudicado o agravo
interno.
É o voto.

Número do documento: 21051018523646900000023542682


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Num. 24284358 - Pág. 3
Cuida-se de agravo de instrumento, com pedido de antecipação dos efeitos da tutela recursal,
interposto pelo INSTITUTO BRASILEIRO DE POLÍTICAS PÚBLICAS (autor), contra
decisão proferida pelo ilustre Juízo 8ª Vara da Fazenda Pública do DF que, nos autos da ação
de conhecimento ajuizada contra o Distrito Federal, processo nº 0706131-26.2020.8.07.0018,
revogou a gratuidade de justiça anteriormente concedida ao autor (ID 80976264 dos autos
originais).
Eis o conteúdo da r. decisão agravada, verbis:

“(...) O réu apresentou impugnação à gratuidade da justiça concedida à autora com alegação de
que essa possui condições financeiras de arcar com as despesas do processo (ID 73507993) e
essa em réplica limitou-se a dizer de forma excessivamente genérica que demonstrou satisfazer os
requisitos legais.
Não obstante os documentos anexados aos autos pela própria autora lhe foi oportunizado
comprovar sua alegada hipossuficiência financeira (ID 76544288), mas essa limitou-se a dizer
que por se tratar de instituição sem fins lucrativos não precisa comprovar sua hipossuficiência
financeira e discorreu longamente sobre sua suposta impossibilidade de recolher as custas
processuais (ID 77693800).
Ao contrário do afirmado pela autora todas as jurisprudências mencionadas e transcritas por ela
em suas peças processuais indicam que mesmo as entidades sem fins lucrativos devem comprovar
a sua hipossuficiência financeira para a obtenção do benefício da gratuidade da justiça,
portanto, sem razão a autora em suas alegações.
Examinando detidamente os documentos anexados aos autos constata-se que a autora emitiu
diversas notas fiscais em valores bastantes expressivos (ID 72213269, fls. 1 a 50 e ID 72213271)
e no seu balanço patrimonial há indicação de superávit no exercício de 2019 de R$
13.697.610,57 (treze milhões, seiscentos e noventa e sete mil, seiscentos e dez reais e cinquenta e
sete centavos), além do lucro líquido de R$ 4.944.881,31 (quatro milhões, novecentos e quarenta
quatro mil, oitocentos e oitenta e um reais e trinta e um centavos) conforme documento de ID
72213272. No ano de 2020, que segundo a autora teria suportado dificuldades financeiras em
razão da pandemia do coronavirus, houve a emissão de pelo menos duas notas fiscais com
valores superiores a 3 (três) milhões de reais.
Assim, está suficientemente evidenciada a capacidade financeira da autora em arcar com as
despesas do processo, por isso, o benefício anteriormente concedido deve ser revogado.
O réu requereu, ainda, a condenação da autora por litigância da má-fé, já que ela teria alterado
a verdade dos fatos, nos termos do artigo 80, II do Código de Processo Civil.
Verifica-se dos autos que a autora requereu o benefício da gratuidade da justiça quando possui
condições financeiras para arcar com as despesas do processo e mesmo tendo lhe sido
oportunizada a comprovação de suas alegações não o fez, posto que não juntou nenhum
documento que comprove a alegada hipossuficiência e os documentos anteriormente anexados
aos autos por ela comprovam satisfatoriamente um rendimento expressivo, portanto, houve
realmente alteração dos fatos, caracterizando a litigância de má-fé, razão pela qual ela deverá
pagar a multa estabelecida no parágrafo único do artigo 100 do Código de Processo Civil.
Considerando o patrimônio e rendimento da autora, conforme destacado em linhas volvidas e a
sua conduta de insistir na manutenção do benefício quando os próprios documentos anexados aos
autos por ela comprovam exatamente o contrário tem-se que o valor da multa deverá ser fixado
em 2% (dois por cento) sobre o valor da causa.
Em face das considerações alinhadas revogo o benefício da gratuidade da justiça concedido à

Número do documento: 21032619525513900000023542009


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Num. 24283635 - Pág. 1
autora, defiro o prazo de 10 (dez) dias para o recolhimento das custas iniciais, sob pena de
extinção do feito sem resolução de mérito e a condeno ao pagamento de multa fixada em 2%
(dois por cento) sobre o valor da causa (...)”

A parte agravante aduz que é instituição sem fins lucrativos voltada para atendimento social,
e que, apesar de ter demonstrado a condição de hipossuficiência econômico-financeira,
sobreveio decisão revogando a gratuidade de justiça, e ainda aplicando-lhe penalidade por
litigância de má-fé (2% sobre o valor da causa).
Aponta equívoco do ilustre Juízo a quo na análise dos documentos acostados, sobretudo do
balanço anual de 2019, pois teria tido déficit de R$ 61.580,11 ( sessenta e um mil reais,
quinhentos e oitenta reais e onze centavos), e não superávit de R$ 13.697.610,57 (treze
milhões, seiscentos e noventa e sete mil, seiscentos e dez reais e cinquenta e sete centavos).
Assevera que “...a M.M Juíza “a quo”, equivocou-se na análise do balanço patrimonial da
Agravante aduzindo que R$ 13.697.610,57 (treze milhões, seiscentos e noventa e sete mil,
seiscentos e dez reais e cinquenta e sete centavos) fosse o superávit do exercício, quando na
verdade, foi a receita recebida em decorrência das parcerias celebradas e mantidas com o
Poder Público, receita essa que é totalmente vinculada as despesas de cada instrumento, ou
seja, não é superávit, não é lucro.”
Pondera que “...ter receitas não é o bastante para que a Agravante figure no polo com
capacidade financeira. Para arcar com as despesas processuais a Agravante teria que, no
mínimo, ser superavitária em suas receitas, o que evidentemente não é o caso, ficando
demonstrado através de seu balanço patrimonial de 2019, anexo”.
Afirma também ter realizado dispensa de seus quadros.
Diz ainda ter sofrido com a crise decorrente da pandemia de Covid-19, e que “...é irrefutável
a crise financeira enfrentada pela parte Agravante, de modo que o pagamento das custas
iniciais, por serem de alta monta, comprometeriam ainda mais a própria existência da
organização social.”
No tocante à multa por litigância de má-fé, verbera que não há prova de que agiu com dolo,
nem tampouco “omitiu nenhuma informação ou alterou a verdade dos fatos e ainda
comprovou sua hipossuficiência através do balanço patrimonial apresentado de 2019.”
Afirma que, em se tratando de pessoas jurídicas sem fins lucrativos, para a concessão da
gratuidade de justiça “A jurisprudência é firme quanto a ausência de necessidade de
comprovação”. Cita precedentes.
Pugna pela antecipação dos efeitos da tutela recursal satisfativa, para que lhe seja concedida

Número do documento: 21032619525513900000023542009


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Num. 24283635 - Pág. 2
a gratuidade de justiça, ou, em tese subsidiária, “o DIFERIMENTO DO PAGAMENTO DAS
CUSTAS, para que estas sejam realizadas ao final do processo, pois assim, a parte
Agravante terá condições temporais para provisionar mês a mês uma reserva para tal
mister, haja vista que não pode este dispor facilmente de tais recursos sem prévio
planejamento face ao prejuízo que esse ato poderá ocasionar”.
No mérito, requer o provimento do agravo, para se reformar a r. decisão hostilizada,
confirmando-se a liminar ou o pedido subsidiário deste, bem como seja afastada a incidência
de multa por litigância de má-fé.
Sem recolhimento de preparo, por versar a questão acerca da gratuidade de justiça.
O pedido liminar foi indeferido por esta Relatoria (ID 22632376).
Interposto agravo interno no ID 23003365.
Contrarrazões ao agravo de instrumento apresentadas no ID 23682580.
Contrarrazões ao agravo interno (ID 24097545).
É o relatório.

Número do documento: 21032619525513900000023542009


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21032619525513900000023542009
Assinado eletronicamente por: ARQUIBALDO CARNEIRO - 26/03/2021 19:52:55
Num. 24283635 - Pág. 3
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AGRAVO INTERNO. DIREITO PROCESSUAL
CIVIL. INSTITUTO SEM FINS LUCRATIVOS. GRATUIDADE DE JUSTIÇA.
PEDIDO INDEFERIDO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO.
1. O Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de que é possível a concessão do
benefício da justiça gratuita em favor de pessoa jurídica de Direito Privado, com ou sem fins
lucrativos, desde que comprove o estado de miserabilidade, não bastando a simples
declaração de pobreza.
2. Os documentos colacionados aos autos não demonstram a hipossuficiência econômica do
agravante, trata-se de pessoa jurídica com contratos milionários celebrados com o Poder
Público.
3. Os valores das custas cobrados por esta egrégia Corte de Justiça são módicos, sendo certo
que não há demonstração de que o recolhimento comprometeria a atividade econômica da
agravante.
4. Agravo de instrumento não provido. Agravo interno prejudicado.

Número do documento: 21051018523639400000023542685


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21051018523639400000023542685
Assinado eletronicamente por: ARQUIBALDO CARNEIRO - 10/05/2021 18:52:36
Num. 24284411 - Pág. 1
Poder Judiciário da União
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
6ª Turma Cível

Número do processo: 0701962-16.2021.8.07.0000

CERTIDÃO DE DISPONIBILIZAÇÃO DJE

Certifico e dou fé que o Ato Judicial Ementa ID 24284411 foi disponibilizado no Diário da Justiça
Eletrônico - DJe em 19/05/2021, e publicado no primeiro dia útil subsequente.

19 de maio de 2021.

Número do documento: 21051902165275900000024963470


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21051902165275900000024963470
Assinado eletronicamente por: Usuário do sistema - 19/05/2021 02:16:52
Num. 25758111 - Pág. 1
Poder Judiciário da União
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS

6ª Turma Cível

Número do processo: 0701962-16.2021.8.07.0000

CERTIDÃO

CERTIFICO E DOU FÉ que o Ato Judicial de ID 24284411 (Ementa) foi expedido eletronicamente e que a
parte DISTRITO FEDERAL foi intimado(a) por expedição eletrônica e registrou ciência do Ato Judicial
em 25/05/2021.

25 de maio de 2021.

Número do documento: 21052511334500500000025113374


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21052511334500500000025113374
Assinado eletronicamente por: Usuário do sistema - 25/05/2021 11:33:45
Num. 25913819 - Pág. 1
Poder Judiciário da União
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS

6ª Turma Cível

AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) 0701962-16.2021.8.07.0000

CERTIDÃO DE ENCERRAMENTO DE EXPEDIENTE

CERTIFICO E DOU FÉ que, nesta data, esta secretaria encerrou manualmente o(s) expediente(s)
aberto(s) (ID(s) 3096692) para fins de continuidade do trâmite processual.

Brasília, 12 de junho de 2021.

MARCOS ROGERIO SILVA FERNANDES

Número do documento: 21061208013084000000025598785


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21061208013084000000025598785
Assinado eletronicamente por: Usuário do sistema - 12/06/2021 08:01:30
Num. 26417176 - Pág. 1
Poder Judiciário da União
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS

6ª TURMA CÍVEL

Número do processo: 0701962-16.2021.8.07.0000


Classe judicial: AGRAVO DE INSTRUMENTO (202)
AGRAVANTE: INSTITUTO BRASILEIRO DE POLITICAS PUBLICAS
AGRAVADO: DISTRITO FEDERAL

CERTIDÃO

CERTIFICO E DOU FÉ que em 11/06/2021, decorreu o prazo legal sem que fosse interposto recurso,
transitando em julgado o v. acórdão de ID nº 25489395.

Brasília, segunda-feira, 14 de junho de 2021.

Antônio Celso Nassar de Oliveira

Diretor de Secretaria da 6ª Turma Cível

Número do documento: 21061208023062500000025598786


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21061208023062500000025598786
Assinado eletronicamente por: MARCOS ROGERIO SILVA FERNANDES - 12/06/2021 08:02:30
Num. 26417177 - Pág. 1
6TCV Brasília, 14 de junho de 2021

Número do Processo: 0701962-16.2021.8.07.0000

AGRAVANTE: INSTITUTO BRASILEIRO DE POLITICAS PUBLICAS

AGRAVADO: DISTRITO FEDERAL

Origem: 0706131-26.2020.8.07.0018 - 8ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DO DF.

Senhor Diretor,

Em cumprimento à determinação contida no §1º do artigo 250 do R.I.T.J.D.F.T., encaminho a Vossa Senhoria, para as providências
pertinentes, as peças abaixo relacionadas, desentranhadas do agravo de instrumento em referência:

( ) - Decisão que negou seguimento/não conheceu/não admitiu o agravo de instrumento;

( ) - Decisão que indeferiu o processamento do recurso especial/extraordinário;

( ) - Decisão que negou provimento ao agravo de instrumento;

( ) - Decisão homologatória de desistência;

( ) - Decisão/Acórdão do STJ/STF

( X ) - Acórdão(s);

( X ) - Certidão de trânsito em julgado;

ANTONIO CELSO NASSAR DE OLIVEIRA

Diretor de Secretaria do(a) 6ª Turma Cível

Número do documento: 21061410041037300000025608542


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21061410041037300000025608542
Assinado eletronicamente por: MARCOS ROGERIO SILVA FERNANDES - 14/06/2021 10:04:10
Num. 26427086 - Pág. 1
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios
PJe - Processo Judicial Eletrônico

14/06/2021

Número: 0701962-16.2021.8.07.0000
Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO
Órgão julgador colegiado: 6ª Turma Cível
Órgão julgador: Gabinete do Des. Arquibaldo Carneiro
Última distribuição : 20/01/2021
Valor da causa: R$ 0,00
Processo referência: 0706131-26.2020.8.07.0018
Assuntos: Entidades Sem Fins Lucrativos, Assistência Judiciária Gratuita
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Advogados
INSTITUTO BRASILEIRO DE POLITICAS PUBLICAS
(AGRAVANTE)
GUILHERME GUERRA REIS (ADVOGADO)
DISTRITO FEDERAL (AGRAVADO)

Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
26417177 12/06/2021 Certidão Certidão
08:02

Número do documento: 21061410041049600000025608543


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21061410041049600000025608543
Assinado eletronicamente por: MARCOS ROGERIO SILVA FERNANDES - 14/06/2021 10:04:10
Num. 26427087 - Pág. 1
Poder Judiciário da União
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS
TERRITÓRIOS

6ª TURMA CÍVEL

Número do processo: 0701962-16.2021.8.07.0000


Classe judicial: AGRAVO DE INSTRUMENTO (202)
AGRAVANTE: INSTITUTO BRASILEIRO DE POLITICAS PUBLICAS
AGRAVADO: DISTRITO FEDERAL

CERTIDÃO

CERTIFICO E DOU FÉ que em 11/06/2021, decorreu o prazo legal sem que fosse interposto recurso,
transitando em julgado o v. acórdão de ID nº 25489395.

Brasília, segunda-feira, 14 de junho de 2021.

Antônio Celso Nassar de Oliveira

Diretor de Secretaria da 6ª Turma Cível

Número do documento: 21061208023062500000025598786


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21061208023062500000025598786
Número do documento: 21061410041049600000025608543 Num. 26417177 - Pág. 1
Assinado eletronicamente por: MARCOS ROGERIO SILVA FERNANDES - 12/06/2021 08:02:30
https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21061410041049600000025608543
Assinado eletronicamente por: MARCOS ROGERIO SILVA FERNANDES - 14/06/2021 10:04:10
Num. 26427087 - Pág. 2
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios
PJe - Processo Judicial Eletrônico

14/06/2021

Número: 0701962-16.2021.8.07.0000
Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO
Órgão julgador colegiado: 6ª Turma Cível
Órgão julgador: Gabinete do Des. Arquibaldo Carneiro
Última distribuição : 20/01/2021
Valor da causa: R$ 0,00
Processo referência: 0706131-26.2020.8.07.0018
Assuntos: Entidades Sem Fins Lucrativos, Assistência Judiciária Gratuita
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Advogados
INSTITUTO BRASILEIRO DE POLITICAS PUBLICAS
(AGRAVANTE)
GUILHERME GUERRA REIS (ADVOGADO)
DISTRITO FEDERAL (AGRAVADO)

Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
25489395 10/05/2021 Acórdão Acórdão
18:52

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Num. 26427088 - Pág. 1
Poder Judiciário da União
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS
TERRITÓRIOS

Órgão 6ª Turma Cível

Processo N. AGRAVO DE INSTRUMENTO 0701962-16.2021.8.07.0000

AGRAVANTE(S) INSTITUTO BRASILEIRO DE POLITICAS PUBLICAS

AGRAVADO(S) DISTRITO FEDERAL


Relator Desembargador ARQUIBALDO CARNEIRO

Acórdão Nº 1337392

EMENTA

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AGRAVO INTERNO. DIREITO PROCESSUAL


CIVIL. INSTITUTO SEM FINS LUCRATIVOS. GRATUIDADE DE JUSTIÇA. PEDIDO
INDEFERIDO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO.

1. O Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de que é possível a concessão do benefício da


justiça gratuita em favor de pessoa jurídica de Direito Privado, com ou sem fins lucrativos, desde que
comprove o estado de miserabilidade, não bastando a simples declaração de pobreza.

2. Os documentos colacionados aos autos não demonstram a hipossuficiência econômica do agravante, trata-
se de pessoa jurídica com contratos milionários celebrados com o Poder Público.

3. Os valores das custas cobrados por esta egrégia Corte de Justiça são módicos, sendo certo que não há
demonstração de que o recolhimento comprometeria a atividade econômica da agravante.

4. Agravo de instrumento não provido. Agravo interno prejudicado.

ACÓRDÃO

Acordam os Senhores Desembargadores do(a) 6ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e

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dos Territórios, ARQUIBALDO CARNEIRO - Relator, JOSÉ DIVINO - 1º Vogal e VERA ANDRIGHI -
2º Vogal, sob a Presidência do Senhor Desembargador ESDRAS NEVES, em proferir a seguinte decisão:
AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO. AGRAVO INTERNO PREJUDICADO. UNANIME., de
acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.

Brasília (DF), 06 de Maio de 2021

Desembargador ARQUIBALDO CARNEIRO


Relator

RELATÓRIO

Cuida-se de agravo de instrumento, com pedido de antecipação dos efeitos da tutela recursal, interposto pelo
INSTITUTO BRASILEIRO DE POLÍTICAS PÚBLICAS (autor), contra decisão proferida pelo ilustre
Juízo 8ª Vara da Fazenda Pública do DF que, nos autos da ação de conhecimento ajuizada contra o Distrito
Federal, processo nº 0706131-26.2020.8.07.0018, revogou a gratuidade de justiça anteriormente concedida
ao autor (ID 80976264 dos autos originais).

Eis o conteúdo da r. decisão agravada, verbis:

“(...) O réu apresentou impugnação à gratuidade da justiça concedida à autora com alegação de que essa
possui condições financeiras de arcar com as despesas do processo (ID 73507993) e essa em réplica
limitou-se a dizer de forma excessivamente genérica que demonstrou satisfazer os requisitos legais.

Não obstante os documentos anexados aos autos pela própria autora lhe foi oportunizado comprovar sua
alegada hipossuficiência financeira (ID 76544288), mas essa limitou-se a dizer que por se tratar de
instituição sem fins lucrativos não precisa comprovar sua hipossuficiência financeira e discorreu
longamente sobre sua suposta impossibilidade de recolher as custas processuais (ID 77693800).

Ao contrário do afirmado pela autora todas as jurisprudências mencionadas e transcritas por ela em suas
peças processuais indicam que mesmo as entidades sem fins lucrativos devem comprovar a sua
hipossuficiência financeira para a obtenção do benefício da gratuidade da justiça, portanto, sem razão a
autora em suas alegações.

Examinando detidamente os documentos anexados aos autos constata-se que a autora emitiu diversas notas
fiscais em valores bastantes expressivos (ID 72213269, fls. 1 a 50 e ID 72213271) e no seu balanço
patrimonial há indicação de superávit no exercício de 2019 de R$ 13.697.610,57 (treze milhões, seiscentos
e noventa e sete mil, seiscentos e dez reais e cinquenta e sete centavos), além do lucro líquido de R$
4.944.881,31 (quatro milhões, novecentos e quarenta quatro mil, oitocentos e oitenta e um reais e trinta e
um centavos) conforme documento de ID 72213272. No ano de 2020, que segundo a autora teria suportado
dificuldades financeiras em razão da pandemia do coronavirus, houve a emissão de pelo menos duas notas
fiscais com valores superiores a 3 (três) milhões de reais.

Assim, está suficientemente evidenciada a capacidade financeira da autora em arcar com as despesas do

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processo, por isso, o benefício anteriormente concedido deve ser revogado.

O réu requereu, ainda, a condenação da autora por litigância da má-fé, já que ela teria alterado a verdade
dos fatos, nos termos do artigo 80, II do Código de Processo Civil.

Verifica-se dos autos que a autora requereu o benefício da gratuidade da justiça quando possui condições
financeiras para arcar com as despesas do processo e mesmo tendo lhe sido oportunizada a comprovação
de suas alegações não o fez, posto que não juntou nenhum documento que comprove a alegada
hipossuficiência e os documentos anteriormente anexados aos autos por ela comprovam satisfatoriamente
um rendimento expressivo, portanto, houve realmente alteração dos fatos, caracterizando a litigância de
má-fé, razão pela qual ela deverá pagar a multa estabelecida no parágrafo único do artigo 100 do Código
de Processo Civil.

Considerando o patrimônio e rendimento da autora, conforme destacado em linhas volvidas e a sua


conduta de insistir na manutenção do benefício quando os próprios documentos anexados aos autos por ela
comprovam exatamente o contrário tem-se que o valor da multa deverá ser fixado em 2% (dois por cento)
sobre o valor da causa.

Em face das considerações alinhadas revogo o benefício da gratuidade da justiça concedido à autora,
defiro o prazo de 10 (dez) dias para o recolhimento das custas iniciais, sob pena de extinção do feito sem
resolução de mérito e a condeno ao pagamento de multa fixada em 2% (dois por cento) sobre o valor da
causa (...)”

A parte agravante aduz que é instituição sem fins lucrativos voltada para atendimento social, e que, apesar
de ter demonstrado a condição de hipossuficiência econômico-financeira, sobreveio decisão revogando a
gratuidade de justiça, e ainda aplicando-lhe penalidade por litigância de má-fé (2% sobre o valor da causa).

Aponta equívoco do ilustre Juízo a quo na análise dos documentos acostados, sobretudo do balanço anual de
2019, pois teria tido déficit de R$ 61.580,11 ( sessenta e um mil reais, quinhentos e oitenta reais e onze
centavos), e não superávit de R$ 13.697.610,57 (treze milhões, seiscentos e noventa e sete mil, seiscentos e
dez reais e cinquenta e sete centavos).

Assevera que “...a M.M Juíza “a quo”, equivocou-se na análise do balanço patrimonial da Agravante
aduzindo que R$ 13.697.610,57 (treze milhões, seiscentos e noventa e sete mil, seiscentos e dez reais e
cinquenta e sete centavos) fosse o superávit do exercício, quando na verdade, foi a receita recebida em
decorrência das parcerias celebradas e mantidas com o Poder Público, receita essa que é totalmente
vinculada as despesas de cada instrumento, ou seja, não é superávit, não é lucro.”

Pondera que “...ter receitas não é o bastante para que a Agravante figure no polo com capacidade
financeira. Para arcar com as despesas processuais a Agravante teria que, no mínimo, ser superavitária em
suas receitas, o que evidentemente não é o caso, ficando demonstrado através de seu balanço patrimonial
de 2019, anexo”.

Afirma também ter realizado dispensa de seus quadros.

Diz ainda ter sofrido com a crise decorrente da pandemia de Covid-19, e que “...é irrefutável a crise
financeira enfrentada pela parte Agravante, de modo que o pagamento das custas iniciais, por serem de
alta monta, comprometeriam ainda mais a própria existência da organização social.”

No tocante à multa por litigância de má-fé, verbera que não há prova de que agiu com dolo, nem tampouco
“omitiu nenhuma informação ou alterou a verdade dos fatos e ainda comprovou sua hipossuficiência
através do balanço patrimonial apresentado de 2019.”

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Afirma que, em se tratando de pessoas jurídicas sem fins lucrativos, para a concessão da gratuidade de
justiça “A jurisprudência é firme quanto a ausência de necessidade de comprovação”. Cita precedentes.

Pugna pela antecipação dos efeitos da tutela recursal satisfativa, para que lhe seja concedida a gratuidade de
justiça, ou, em tese subsidiária, “o DIFERIMENTO DO PAGAMENTO DAS CUSTAS, para que estas sejam
realizadas ao final do processo, pois assim, a parte Agravante terá condições temporais para provisionar
mês a mês uma reserva para tal mister, haja vista que não pode este dispor facilmente de tais recursos sem
prévio planejamento face ao prejuízo que esse ato poderá ocasionar”.

No mérito, requer o provimento do agravo, para se reformar a r. decisão hostilizada, confirmando-se a


liminar ou o pedido subsidiário deste, bem como seja afastada a incidência de multa por litigância de má-fé.

Sem recolhimento de preparo, por versar a questão acerca da gratuidade de justiça.

O pedido liminar foi indeferido por esta Relatoria (ID 22632376).

Interposto agravo interno no ID 23003365.

Contrarrazões ao agravo de instrumento apresentadas no ID 23682580.

Contrarrazões ao agravo interno (ID 24097545).

É o relatório.

VOTOS

O Senhor Desembargador ARQUIBALDO CARNEIRO - Relator

Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço do agravo de instrumento e do agravo interno.

Cuida-se de agravo de instrumento interposto pelo INSTITUTO BRASILEIRO DE POLÍTICAS


PÚBLICAS (autor) contra decisão proferida pelo ilustre Juízo de origem que revogou a gratuidade de
justiça (ID 80976264 dos autos originais).

De início, necessário ressaltar que é possível a concessão do benefício da gratuidade de justiça às pessoas
jurídicas, mas, ao contrário do alegado pela parte agravante, ainda que se trate de pessoa jurídica sem fins
lucrativos, faz-se necessária a comprovação da hipossuficiência para usufruírem do benefício da justiça
gratuita.

Assinalo que a Corte Especial do STJ, no julgamento dos EREsp. 1.185.828/RS, de relatoria do Ministro
CESAR ASFOR ROCHA, pacificou o entendimento de que é possível a concessão do benefício da justiça
gratuita em favor de pessoa jurídica de Direito Privado, com ou sem fins lucrativos, desde que comprove o
estado de miserabilidade, não bastando a simples declaração de pobreza.

Neste sentido, há, inclusive, Enunciado de Súmula do colendo STJ, verbis:

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Súmula nº 481. “Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que
demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.” (grifou-se)

No mesmo trilho, caminha a jurisprudência desta Corte:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. FUNDAÇÃO SEM FINS


LUCRATIVOS. GRATUIDADE DE JUSTIÇA. PEDIDO INDEFERIDO. AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO. 1. O Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de que é possível a
concessão do benefício da justiça gratuita em favor de pessoa jurídica de Direito Privado, com ou sem
fins lucrativos, desde que comprove o estado de miserabilidade, não bastando a simples declaração de
pobreza. 2. Os documentos colacionados aos autos são antigos e não demonstram a situação econômica
da agravante que justifique a concessão do benefício da gratuidade de justiça. 3. Agravo interno
prejudicado. Agravo de instrumento não provido." (Acórdão 1267637, 07054631220208070000, Relator:
ARQUIBALDO CARNEIRO PORTELA, 6ª Turma Cível, data de julgamento: 22/7/2020, publicado no DJE:
13/8/2020. Pág.: Sem Página Cadastrada.) (Destacou-se)

"APELAÇÃO CÍVEL. GRATUIDADE DE JUSTIÇA. ENTIDADE SEM FINS LUCRATIVOS.


HIPOSSUFICIÊNCIA. COMPROVAÇÃO. NECESSIDADE. CONTRATO. RESCISÃO CONTRATUAL
IMOTIVADA. MULTA. INCIDÊNCIA. REDUÇÃO. ARTIGO 413, DO CÓDIGO CIVIL. TERMO ADITIVO.
VONTADE. VÍCIO. SERVIÇOS PRESTADOS. REMUNERAÇÃO. DEVIDA. JUROS EX RE. MARCO
INICIAL. CITAÇÃO. INVIÁVEL. A simples ausência de fins lucrativos da pessoa jurídica não conduz, por
si só, ao deferimento da justiça gratuita, devendo demonstrar sua hipossuficiência econômica. No caso
da parte, que arrecadou apenas em um ano quase dois bilhões de reais, celebrou contrato milionário e
seu déficit decorre de descontrole financeiro e administrativo, por não ter sopesado suas receitas e
despesas, não há hipossuficiência, devendo a gratuidade de justiça ser indeferida. Caracterizada a
rescisão contratual imotivada, deve incidir a multa prevista no contrato. Considerando a excessividade da
multa, sobretudo porque o ajuste foi cumprido em parte e os custos de implantação dos serviços foram
adiantados pelo contratante, deve haver sua redução a patamar adequado, nos termos do artigo 413, do
Código Civil. Precedente do STJ. Considerando que o Termo Aditivo foi assinado por empregado que não
detinha poderes para representar a POSTAL SAÚDE e por pessoa que não tinha procuração da BRASIL
DENTAL, o pacto não vincula as partes. Comprovada a prestação de serviços pela contratada após o
encerramento do contrato, com os quais o contratante anuiu, os referidos serviços devem ser pagos. Os
serviços alegadamente prestados após a manifestação expressa da contratante para seu encerramento não
devem ser pagos. Tratando-se de mora ex re, é inviável a pretensão da parte apelante para que os juros
incidam desde a citação." (Acórdão 1205281, 07375303220178070001, Relator: ESDRAS NEVES, 6ª
Turma Cível, data de julgamento: 2/10/2019, publicado no DJE: 9/10/2019. Pág.: Sem Página
Cadastrada.) (Destacou-se)

Apesar de a parte agravante alegar déficit no ano de 2019, não há notícia de que é insolvente ou esta

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submetida a recuperação judicial.

De todo modo, ainda que estivesse em recuperação judicial, seria necessário comprovar a sua
hipossuficiência. Neste sentido:

"CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA.


GRATUIDADE JUDICIÁRIA. PESSOA JURÍDICA. SÚMULA N. 481/STJ. NECESSIDADE DE
COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS LEGAIS PARA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO.
INDEFERIMENTO. RECURSO DESPROVIDO. 1. Conforme Súmula n. 481/STJ e art. 5º, LXXIV, da
CF, a pessoa jurídica, com ou sem fins lucrativos, ainda que em regime de recuperação judicial ou
liquidação extrajudicial, faz jus ao benefício da assistência judiciária gratuita tão somente se comprovar
a impossibilidade de verter os encargos processuais. 2. As alegações de que a recorrente está em
recuperação judicial e não possui condições para arcar com as despesas processuais, bem como os
Livros de Apuração do Lucro Real dos Anos Calendário de 2014 a 2017, não são suficientes para
demonstrar o requisito autorizador à concessão da justiça gratuita à pessoa jurídica. 3. Recurso
desprovido. (Acórdão 1203508, 07138392120198070000, Relator: ALFEU MACHADO, 6ª Turma Cível,
data de julgamento: 18/9/2019, publicado no PJe: 28/9/2019. Pág.: Sem Página Cadastrada.) (Destacou-
se)

Outrossim, observo que os precedentes colacionados pela parte agravante para sustentar a tese de que
prescindiria de prova para a concessão da gratuidade de justiça por entidade filantropa são dos anos de 2006
e 2008, portanto, antigos e já superados, não servindo de paradigma para o deslinde da causa.

Ademais, não diviso equívoco na avaliação realizada pela douta Juíza de primeiro grau, que bem analisou
os documentos apresentados pelo agravante.

Entre os documentos acostados pelo agravante, estão o balanço de 2019 (ID 22616523) e notas explicativas
deste (ID 22616521), na qual nada se fala de déficit. Por outro lado, é possível inferir do referido
documento a existência de “Caixa e equivalentes de caixa” de R$ 8.404.533,14, e patrimônio social de R$
4.944.881,31, o que, somados, resulta em R$ 13.349.414,40, ou seja, o valor apontado pela d. Juíza a
quo como fundamento para revogar a gratuidade de justiça.

Ademais, trata-se de pessoa jurídica com contratos milionários celebrados com o Poder Público, ao menos é
isso o que se denota das notas fiscais juntadas no ID 72213269. Pág. 1 - 50 e ID 72213271 dos autos de
origem, inclusive o valor discutido na ação é expressivo.

Some-se que, em princípio, inexiste demonstração de rescisão de contratos do agravante ou mesmo a


suspensão destes por causa da pandemia de Covid-19, de modo que, em tese, referido argumento não lhe
socorre.

De mais a mais, o cenário apresentado não mostra ser viável o diferimento do recolhimento das custas
iniciais, pois não é crível que uma pessoa jurídica com patrimônio milionário não possua condições de arcar
com as despesas processuais, sobretudo porque os valores cobrados por esta egrégia Corte de Justiça são
módicos, sendo certo que não há demonstração de que o recolhimento comprometeria a atividade
econômica da agravante.

Por fim, a parte agravante requereu seja afastada a aplicação da multa de litigância de má-fé.

É cediço que a multa por litigância de má-fé é aplicável quando a conduta da parte subsume-se a uma das

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hipóteses do artigo 80 do Código de Processo Civil, fato verificado no caso concreto, ante a alteração da
verdade dos fatos em relação a reais condições financeiras do agravante.

Saliente-se que a imposição da multa deve ser motivada, com a indicação precisa dos fatos concretos, como
o fez a nobre magistrada a quo, nos seguintes termos:

“(...) Verifica-se dos autos que a autora requereu o benefício da gratuidade da justiça quando possui
condições financeiras para arcar com as despesas do processo e mesmo tendo lhe sido oportunizada a
comprovação de suas alegações não o fez, posto que não juntou nenhum documento que comprove a
alegada hipossuficiência e os documentos anteriormente anexados aos autos por ela comprovam
satisfatoriamente um rendimento expressivo, portanto, houve realmente alteração dos fatos, caracterizando
a litigância de má-fé, razão pela qual ela deverá pagar a multa estabelecida no parágrafo único do artigo
100 do Código de Processo Civil.” (ID 80976264 dos autos originais).

Outrossim, as custas processuais no âmbito da Justiça do Distrito Federal são bastante módicas.

Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo de instrumento. Prejudicado o agravo interno.

É o voto.

O Senhor Desembargador JOSÉ DIVINO - 1º Vogal


Com o relator
A Senhora Desembargadora VERA ANDRIGHI - 2º Vogal
Com o relator

DECISÃO

AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO. AGRAVO INTERNO PREJUDICADO. UNANIME.

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