Número: 1013056-39.2019.4.01.3400

Justiça Federal da 1ª Região
PJe - Processo Judicial Eletrônico
27/02/2023
Número: 1013056-39.2019.4.01.3400
Classe: AÇÃO PENAL - PROCEDIMENTO ORDINÁRIO
Órgão julgador: 15ª Vara Federal Criminal da SJDF
Última distribuição : 21/05/2019
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Crimes Resultante de Preconceito de Raça ou de Cor
Segredo de justiça? SIM
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
MINISTERIO PUBLICO FEDERAL (AUTORIDADE)
DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES (DENUNCIADO) EVERSON COELHO DE LIMA (ADVOGADO)
Ministério Público Federal (Procuradoria) (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
55530 21/05/2019 10:54 Petição inicial Petição inicial
204
55530 21/05/2019 10:54 ipl 871-18 principal Inquérito policial
239
55542 21/05/2019 10:54 ipl 871-18 apenso I 1ª parte Inquérito policial
547
549
551
552
554
555
55542 21/05/2019 10:54 ipl 871-18 apenso II Vol. I Inquérito policial
556
55961 22/05/2019 13:50 Certidão Certidão
088
55996 22/05/2019 18:17 Despacho Despacho
153
225
56691 24/05/2019 15:48 Intimação - Usuário do Sistema Intimação - Usuário do Sistema
232
58962 03/06/2019 15:31 Parecer Parecer
586
62654 17/06/2019 16:18 Outras peças Outras peças
080
62654 17/06/2019 16:18 Lula doa terreno para terroristas do grupo Islã - from Inquérito policial
091 youTube
76187 05/10/2021 13:40 Pedido do MP ao JUIZ em Procedimento Pedido do MP ao JUIZ em Procedimento
9465 Investigatório Investigatório
76187 05/10/2021 13:40 Documento Comprobatório Documento Comprobatório
9466
9468
2545
7046
3041
79160 26/10/2021 17:23 Parecer Parecer
0962
9047
82825 23/11/2021 17:36 Denúncia Denúncia
8580
8581
8582
8583
8584
8585
82829 24/11/2021 16:04 Arquivo de vídeo Arquivo de vídeo
7634
82807 24/11/2021 16:04 WhatsApp Video 2021-11-23 at 14.31.28 Arquivo de vídeo
0202
82939 24/11/2021 16:04 1 Arquivo de imagem
5580
82939 24/11/2021 16:04 2 Arquivo de imagem
5581
93442 17/02/2022 16:53 Decisão Decisão
3172
3161
98518 18/03/2022 16:00 Petição intercorrente Petição intercorrente
1691
98831 21/03/2022 16:15 SINIC Certidão
5186
10226 08/04/2022 23:27 PRESCRIÇÃO Certidão
78281
10226 08/04/2022 23:27 DAVI ANDRÉ Documento Comprobatório
78283
10232 12/04/2022 14:29 Carta Precatória Carta Precatória
53789
10310 18/04/2022 15:54 Ofício Ofício
30762
84251
10363 20/04/2022 14:23 aR ENVIADO Documento Comprobatório
84254
10363 20/04/2022 14:23 gUIA de encaminhamento Documento Comprobatório
84255
10545 02/05/2022 19:25 REMESSA CP 132/2022 Certidão
28781
10545 02/05/2022 19:25 MALOTE CP 132 CAMPINA GRANDE PB Comunicações
28782
10898 19/05/2022 11:20 Certidão de juntada de AR Certidão
05782
10898 19/05/2022 11:20 1013056-39.2019 AR Aviso de Recebimento
05788
10983 24/05/2022 14:26 Certidão de juntada de petição do Google Certidão
98299
10984 24/05/2022 14:26 1013056-39.2019 petição Google Documento Comprobatório
18749
11635 23/06/2022 15:39 Certidão de juntada de carta carta precatória Certidão
81746 132/2022 não cumprida
11635 23/06/2022 15:39 1013056-39.2019 CP 132-2022 NÃO CUMPRIDA Carta precatória devolvida
81748
11708 27/06/2022 21:44 Intimação Ministério Público Intimação Ministério Público
74276
11808 01/07/2022 14:33 Manifestação Manifestação
28750
28751
11812 01/07/2022 16:10 Procuração/Habilitação
01278
11812 01/07/2022 16:10 Pedido de Habilitação_Davi André Outras peças
12270
11812 01/07/2022 16:10 Procuração Procuração
12277
85781
11856 06/07/2022 18:15 Ato ordinatório Ato ordinatório
13255
31752
12020 10/07/2022 09:51 Resposta à acusação Resposta à acusação
53746
12020 10/07/2022 09:51 Resposta à Acusação_Davi André Resposta à acusação
53747
58268
58289
30280
12309 22/07/2022 16:46 Parecer Parecer
00292
39278
12469 02/08/2022 19:10 Decisão Decisão
74274
78806
78824
14151 30/11/2022 10:02 Intimação polo passivo Intimação polo passivo
78825
29791
05286
14216 05/12/2022 18:14 malote 1013 Documento Comprobatório
05287
14260 08/12/2022 11:40 Petição intercorrente Petição intercorrente
13781
14764 02/02/2023 13:09 Certidão de carta precatória 766/2022 não cumprida Certidão
91881
14769 02/02/2023 13:09 1013056-39.2019 CP 766-2022 não cumprida Carta precatória devolvida
77380
39889
84367
14890 10/02/2023 17:15 Intimação polo passivo Intimação polo passivo
73867
73868
14932 14/02/2023 16:02 Manifestação Manifestação
14419
14420
14966 16/02/2023 12:09 Intimação Intimação
10873
14977 16/02/2023 19:33 Certidão de Oficial de Justiça Certidão de Oficial de Justiça
04352
33866
87376
15012 22/02/2023 21:01 malote 12 Documento Comprobatório
87380
15052 25/02/2023 18:32 Certidão de Oficial de Justiça Certidão de Oficial de Justiça
00853
ENCAMINHA INQUÉRITO POLICIAL 0871/2018-SR/PF/DF, RELATADO:
RELATÓRIO
INQUÉRITO POLICIAL Nº 0871/2018-4-SR/PF/DF
INSTAURADO EM: 05/07/2018
PROCESSO Nº: 19071020164058201-Ministério Público Federal do DF
INCIDÊNCIA PENAL: art. 20, § 2º, da Lei nº 7.716/89
RESUMO DO FATO: apurar suposta prática de crime previsto no art. 20, § 2º, da Lei nº 7.716/89, em razão de
vídeo publicado no "YouTube" por Davi André Farias de Meneses proferindo expressões preconceituosas
contra o Islamismo, em frente ao prédio da Embaixada da Palestina.
INDICIADO: Davi André Farias de Meneses , interrogado em 15/08/2018
Senhor Juiz,
O presente inquérito foi instaurado por portaria, em 12 de setembro de 2016, atendendo ao Ofício nº 508/2015-P,
proveniente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (fl. 04 do Apenso I), para
apurar possível ocorrência do delito previsto no artigo 20 da Lei nº7.716/1989, tendo em vista a publicação de
um vídeo na rede social Facebook, em 31/08/2015, pelo perfil “Grupo de Defesa contra a invasão de Terra”, no
endereço eletrônico “https://www.facebook.com/Grupo-de-Defesa-contra-invas%C3%A3o-de-Terra-
1673003012935936/”, no qual um homem, em frente à Embaixada da Palestina, em Brasília, prega a realização de
atos contra o prédio e contra a religião islâmica.
A Unidade de Repressão aos Crimes de Ódio e Pornografia Infantil na Internet identificou que a página é
controlada por Davi Andre Farias de Menezes (CPF 424.898.904-25), que também utiliza o nome “Davi Bem
Avraham” e controle diferentes perfis e páginas no Facebook, com conteúdos semelhantes ao investigado no
presente inquérito.
Segundo o Memorando nº 52/2016-UIP/DPF/CGE/PB (fl. 10), Davi Andre Farias de Menezes (CPF 424.898.904-25)
reside na av. Flórida, 195, Bairro das Nações, Campina Grande/PB.
A autoridade policial representou pela expedição de mandado de busca e apreensão na residência do

investigado, mas houve declínio de competência pelo juízo de Campina Grande, em favor do juízo de Brasília/DF
(fls. 14/5).
Assinado eletronicamente por: LEONARDO BRUCE MADUREIRA LOPES - 21/05/2019 10:53:17 Num. 55530204 - Pág. 1
https://pje1g.trf1.jus.br:443/consultapublica/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=19052110531705600000055019237
Número do documento: 19052110531705600000055019237
O inquérito foi então retombado nesta Superintendência (fl. 31).
Inquirido, Davi Andre Farias de Menezes (CPF 424.898.904-25) confirmou ser o autor do vídeo, mas alegou que o
fez com conotação política. Por restarem configuradas autoria e materialidade do delito capitulado no art. 20,
§2º, da Lei nº 7.716/89, o investigado foi formalmente indiciado.
Assim, dou por encerradas as investigações, submetendo os presentes autos a apreciação de Vossa
Excelência, para que, depois de ouvido o excelentíssimo membro do MPF, sejam adotadas as medidas no
interesse da Justiça.
Caso o excelentíssimo membro do parquet federal vislumbre a necessidade de continuidade do feito, utilizando-
se da prerrogativa prevista no artigo 16 do Código de Processo Penal, esta Autoridade coloca-se, desde já, à
disposição para cumprimento imediato de eventual requisição, solicitando apenas que sejam explicitadas, de
forma minuciosa, as diligencias faltantes, incluindo-se, em caso da necessidade de novas oitivas, as perguntas
a serem formuladas, ou então, ao menos, sejam declinados os objetivos das inquirições.
Brasília/DF, 16 de maio de 2019.
VICTOR NEVES FEITOSA CAMPOS
Delegado de Polícia Federal
Classe Especial - Matrícula nº 16.179
Poder Judiciario
Emitido em 28/09/2016 15:19
Justiga Federal - 5a. Regiao
Segao Judiciaria da Paraiba
&
Termo de Autuagao
Campina Grande, 28 de setembro de 2016, nesta Secretaria da 6 a. VARA FEDERAL autuo

os documentos adiante, em folha(s), com 0 apenso(s), na seguinte conformidade:
Processo........................ 0001907-10.2016.4.05.8201
Classe do processo....... 120 - INQUERITO POLICIAL
1. Data do Protocolo.......... 27/09/2016 17:18:00
2. Numero de volumes...... 1
3. Nro. do processo adm....:
4. Valor de execugao.........
5. Observances................. APENSO I - VOLUME UNICO
6. Vara............................... 6 a. VARA FEDERAL - Juiz Substituto
7. Tipo de distribuigao....... Distribuig§o - Ordinaria
8. Data/Hora distribuigSo....: 28/09/2016 15:08
9. Distr. langada por.......... TERCIUS GONDIM MAIA
10. Usuario ult. alteragao....: TERCIUS GONDIM MAIA
11. Data ultima alteragao....: 28/09/2016 15:08
12. Processo Prevento.......
13. Numero do inquSrito..... 0329/2016
14. Data do inquerito.......... 12/09/2016
15. Rep. Origem................. DPF EM CAMPINA GRANDE/PB
16. Data da denuncia.........
17. Data do Crime..............
18. Tipo de Crime...............
□ Prisao flagrante
SEQ- Tipo Parte Nome das Partes do Processo Caracterlstica

1-AUTOR DELEGADO DA POLICIA FEDERAL
2_PROCURADOR> RICARDO VASCONCELOS MELO
3JNDICIADO SEM INDICIADO
Para constar, lavro e assino o presente.
Djretor da Secretaria
Ga Vara Federal
t '
i ;'CGE/PB .
r
Vara 64200-74.2016.4.01,3400
SERVIQO PUBLICO FEDERAL

MJ - POLICIA FEDERAL
DELEGACIA DE POLICIA FEDERAL EM CAMPINA GRANDE
IPL N° 0329/2016-4 - DPF/CGE/PB

LO ,.r. «
-î- ‘v—'• i i
PO RTARI A c;vt«i -
justiga Federal - PB *rv| g
RICARDO VASCONCELOS MELq.^pelegado de^ 1 ~
Policia Federal, lotado e em exe/pcio^n'estS^ |
DELEGACIA DE POLICIA FEDERAL^ er^ 1
^001907-10.2016.4.05.8201
Campina Grande/PB, no uso de suds" atribuigoes^ ]
legaise ^ 0
O > ]| I -o
O V*
a
CONSIDERANDO 0 teor da notjcia-crif^§ de^C
lavra do Presidente da Comissao de Direitos Humanos e Minorias, sglitsitandoJ-J^
"investigagao do perfil da rede social Facebook 'Grupo de Defesa contra'Tnvasao de jg
Terra’", protocolado sob 0 numero SIAPRO 08200.021609/2015-62, em virtude de ter ^
sido postado, em 31/08/2015, urn video no qual urn individuo aparece em frente ao
predio em construgao que abrigara a Embaixada da Palestine em Brasilia, no curso do
qual teria proferido expressoes preconceituosas contra 0 Islamismo,
CONSIDERANDO que a pdgina (e nao perfil) em
questao esta ativa e pode ser vista em
https://www.facehnnk rnm/Griipn-dfi-Dftfftsa-nnntra-invasan-dft-Tftrra-1673nn3ni2Q35Q
36/
CONSIDERANDO que essa postagem e 0
compartilhamento do video postado em 10/08/2015 no perfil de facebook
http://www fanehnnk nnmfrelmamdrigtjes mdrigues 5 ;
CONSIDERANDO que a Unidade de Repressao
aos Crimes de Odio e Pornografia Infantil na internet (fls 142) identificou que a pagina
em questao e controlada por Davi Andre Farias de Meneses (CPF 424.898.904-25),
que tambem utiliza 0 nome “Davi Ben Avraham", 0 qual controla diferentes perfis e
paginas, entre eles: https://www.facebook.com/davi.andre.503 (perfil)
https://www.facebook.com/Ben-Avraham-903010743087750/ (pdgina) e
https://wvwv.facebook.com/davibenavraham (perfil);
CONSIDERANDO que esse ultimo perfil e
utilizado para postar conteudo semelhante ao do “Grupo de Defesa...", sendo que
muitas vezes neste grupo sao replicadas postagens daquele perfil, inclusive, no dia
29/06/2016, ha urn link para 0 mesmo video sobre a Embaixada Palestina foi postado
no perfil http://www.facebook.com/daviben.avraham , cujo link remete a urn video
postado em 17/08/2015 pelo perfil "Marlon “Luciano"
(youtube.com/channel/UCYn2AZahP_blgzyv9LVLF3Ado);
CONSIDERANDO que 0 link original do video no
youtube 6 https://www yoiitnhR Com/watch?v=jCk-oeSv8ww
CONSIDERANDO que pela analise do conteudo
do video, gravado pelo proprio Davi (em modo “Selfie"), pode-se observar as
seguintes falas (transcrigao parcial): “O terreno foi doado por Luia... quern esta na
frente da Palestina e o grupo terrorista chamado Hamas... e 0 Hamas esta construindo
fls. 1 / 2
T
<
DPF/CGE/PB
FI: 05
Rub:
aqui (...) uma base terrorista que eles chamam de Embaixada, Na verdade e uma base
terrorista que da imunidade ao Hamas, para trazer armas, para aparelhar o isla dentro
do Pais... nos temos que acabar com isso daqui, temos que embargar essa obra
porque o Islamismo vai entrar no Brasil para destruir o Cristianismo (...) Se nao
bastasse toda a desgraga que e o governo do PT nos temos ainda a desgraga que e o
Isla representado aqui por essa embaixada da Palestina, que na verdade nada mais e
do que o QG dos terroristas do Hamas no Brasil (...) montado, doado pelo PT... o
terrorismo no Brasil patrocinado pelo PT (....) Se com o PTja e ruim, com o Islamismo
sera o inferno (...) logo voces vao sentir as bombas de Ala nas Igrejas, os tiros de
AK-47 matando cristaos tudo porque Lula doou essa porra, essa merda que diz que e
embaixada, mas na verdade e o QG que da imunidade diplomatica para eles encherem
isso aqui de bomba, de AK-47 e distribuirem pelas celulas ISIS espalhadas pelo Brasil
Alem disso, o islamismo 75% nao e pacifico, apoia Sim os terroristas (...)”
RESOLVE:
o Instaurar Inquerito Policial para apurar possivel ocorrencia do delito
previsto no(S) Art 20 da Lei 7.716/89, sem prejuizo de outros que venham a ser
esclarecidos no decurso das investigagoes.
Autuada esta, determine as seguintes providencias:
1. Proceda-se com os registros necessaries no SINPRO e no Livro

Tombo;
2. Autuar o procedimento em forma de apenso, aproveitando-se a
numeragao se possivel;
3. Oficiar o MPF comunicando a instauragao do presente IPL;
4. Ao EPF do feito para apreender a midia que consta as fls 154 e
encaminha-la ao deposito via memo;
5. Memo a Ul para realizar diligencia VELADA para identificar se o
naciona! Davi Andre Farias de Meneses (CPF 424.898.904-25) de fato reside no
enderego Rua Florida, 195, Nagoes, Campina Grande/PB, a fim de subsidiar
representagao por medida de busca e apreensao;
6. Aguarde-se por ate 15 dias o resultado das diligencias, as quais sao
imprescindiveis para subsidiar futura representagao por busca e apreensao.
CUMPRA-SE
Campina Grande/PB, 12 de seyembro de 2016.

/
i
it\
RICARDO VASCONQELOS MELO
Detegado/fe Policia Federal
Classe Espedial - Matricula n° 15.163
fls. 2/2
i
DPF/CGE/PB
FI: djj
Rub:
SERVigO PUBLICO FEDERAL

TERMO DE APENSAMENTO
Ao(S) 14 dia(s) do mes de setembro de 2016, nesta DELEGACIA DE POLICIA

FEDERAL em Campina Grande/PB, em cumprimento a Portaria, procedo ao
apensamento a estes autos, dos documentos relatives ao Processo administrativo
protocolizado sob o n-. 08200.021609/2015-62 tratando do grupo de defesa contra
invasao de terra, que originaram a abertura do Apenso I. Volume I ao do IPL nQ
0329/2016-4, o qual esta numerado da fl. 01 a 156, preservando-se a numeragao
original . Eu................. LUIZ ERNANE SAMPAIO MUNIZ, Escrivao
de Policia Federal, que o lavceL
s
I
I
j
DPF/CGE/PB
FI:
Rub:

t
Av. Severino Bezerra Cabral, s/n, Mirante, Campina Grande/PB - CEP: 58407-660 / fone (83)3332-927
Oficio nQ 1553/2016 - IPL 0329/2016-4 DPF/CGE/PB
Campina Grande/PB, 14 de setembro de 2016.
A Sua Excelencia o(a) Senhor(a)

Procuradoria da Republica em Campina Grande/PB
Procurador (a) da Republica
Av. Consul Joseph Noujaim Habib Mouacad, s/n
Catole - Campina Grande/PB
CEP 58.410-260
Assunto: comunica instauragao de IPL

Ref.: InqueritO Policial nQ 0329/2016-4 - DPF/CGE/PB (favor usar esta referenda na resposta)
Senhor Procurador da Republica,
De ordem do Delegado de Policia Federal RICARDO VASCONCELOS

MELO e considerando o teor da noticia-crime de lavra do Presidente da Comissao de
Direitos Humanos e Minorias, solicitando "investigagao do perfil da rede social
Facebook 'Grupo de Defesa contra Invasao de Terra"1, protocolado sob o numero
SIAPRO 08200.021609/2015-62, em virtude de ter sido postado, em 31/08/2015, um
video no qual um individuo aparece em frente ao predio em construgao que abrigara a
Embaixada da Palestina em Brasilia, no curso do qual teria proferido expressoes
preconceituosas contra o Islamismo, comunico a Vossa Excelencia a instauragao do
Inquerito Policial nQ 0329/2016-4 - DPF/CGE/PB para apurar os fatos.
Atenciosamente
LUIZ ERNANESAMPAIO MUNIZ

Escrivao de Policia Federal
1§ Classe - Matricula nQ 14.089
IPL Ns 0329/2016
!
DPF/CGE/PB
FI: CU
Rub:

AUTO DE APREENSAO
IPL N2 0329/2016*4
Ao(S) 14 dia(s) do mes de setembro de 2016, nesta DELEGACIA DE POLICIA

FEDERAL, em Campina Grande/PB, onde se encontrava RICARDO VASCONCELOS
MELO, Delegado de Policia Federal, na presenga das testemunhas LUCIANO
MEDEIROS DA CUNHA Matncula n° 19667, lotado(a) e em exercicio nesta
DPF/CGE/PB e EDILSON.DE PAIVA, Escrivao de Policia Federal, Matncula n° 7121,
lotado(a) e em exercicio hesta DPF/CGE/PB, pelo mesmo foi determinado que se
tornasse efetiva a apreensao, na forma da Lei, do material abaixo discriminado:
Apreensao ne 334/2016-DPF/CGE/PB
Apreensao nQ: 334/2016
Item Descrigao Quant. Unidade Observagao
1 Cd / dvd 1 UN CD sem marca e sem inscrigao
que estava acostado as fls. 154
do Apenso I, Volume Unico.
Nada mais havendo, determinou a autoridade o encerramento do pres' £ que, lido e

achado conforme, assina com as testemunhas, o e comigo,______ ^ 1___ , LUIZ
ERNANE SAMPAIO MUNIZ, Escrivao de Policia Federal, que o lavrei.
AUTORIDADE:
TESTEMUNHA:......
n
TESTEMUNHA:
IPL N? 0329/2016 fls. 1 /1
DPF/CGE/PB
FI: CPr
Rub:

Memorando nQ 1402/2016 - IPL 0329/2016-4 DPF/CGE/PB

Em 14 de setembro de 2016.
Ao: Responsavel pelo DEPOSITO - DPF/CGE/PB

Assunto: Encaminha material/documentos para deposito
Encaminho a Vossa Senhorla, para guarda, o material/documento abaixo

#
discriminado, vinculado aos autos do Inquerito Policial nQ 0329/2016-4-DPF/CGE/PB,
observando que segue anexo copia do Auto de Apreensao.
MATERIAL ENCAMINHADO:
Apreensao nQ: 334/2016
Item Descripao Quant. Unidade Observapao
1 Cd / dvd 1 UN CD sem marca e sem inscrigao
que estava acostado as fls. 154
do Apenso I, Volume Unico.
Atenciosamente
LUIZ ERN\NE SAMPAIO MUNIZ

Escrivao de Poh'cia Federal
1§ Classe - Matricula n914.089
Recibo/Entrega
Data ik / q9 / l-c
A
Ass. Kodrigo i De^querque
Escrfvi oilcla Federal
Matn'cula 18.227
DPF/CGE/PB
FlRub:-G&

Memorando ns 1403/2016 - IPL 0329/2016-4 DPF/CGE/PB -

Em 14 de setembro de 2016.
Ao UI/DPF/CGE/PB.
Campina Grande-PB
Assunto: localizagao de pessoa.
De ordem do DPF RICARDO VASCONCELOS MELO, e a fim de instruir

os autos do Inquerito Policial nQ 0329/2016-4-DPF/CGE/PB, solicito os prestimos de
Vossa Senhoria no sentido de empreender diligencia VELADA para identificar se o
nacional Davi Andre Farias de Meneses (CPF 424.898.904-25) de fato reside no
enderego Rua Florida, 195, Nagoes, Campina Grande/PB, a fim de subsidiar
representagao por medida de busca e apreensao.
Atenciosamente,
LUIZ ERNAN^SAMPAIO MUNIZ

Escrivao de Poh'cia Federal
1§ Classe - Matncula ne 14.089
CONCLUSAO
Aos i-P dias do mes de '
do ano de ^Q\G
______feôestes autos,
conclusos ao Bel. _MP <U onto
' Delegado de Polida Federal
a^^do que, para consfar, lavro este (errao
eu g; -_____ Escivao o subscrevo.
AmZrnane Sampaio Muniz
E^crivô de Po.!!-;ta Federal
Met, VM9
DPF/CGE/PB
FI: CA
Rub:

DESPACHO
I PL N° 0329/2016-4
1. Junte-se aos autos o memo 52/2016-UIP/DPF/CGE/PB;
2. Encaminhar representagao que oferego em separado em envelope

LACRADO ao MPF, juntamente com o presente IPL, para analise.
/
RICARDOÂSfCONCELOS MELO
Delega(qo;ae Pp/icia Federal
- r
ATA
Ao(S) 20 dia(s) do'mes de setembro de 201 fcebi estes autos com o

Despacho da Autoridade. Eu, ______ LUI2 ERNANE
SAMPAIO MUNIZ, Escrivao de Polfcia Federal,Vgue o lavrei.
r 'i -9
IPL N° 0329/2016
SERVICO PUBLICO FEDERAL
MJ - POLIO A FEDERAL
SUPERINTENDENCIA REGIONAL NA PARAIBA
Memo. n° 52/2016-UIP/DPF/CGE/PB
DA: UIP/DPF/CGE/PB
AO: DPF RICARDO VASCONCELOS MELO
REF.: MEMORANDO N° 1403/2016 - IPL N° 0329/2016 - DPF/CGE/PB
ASS.UNTO: INFORMAQAO DE POLICIA JUDICIARIA
Senhor Delegado,
Informo que, foi comprovado que o senhor Davi Andre Farias de
Menezes, reside na Av. Florida, n° 195, Bairro das Nagoes, Campina Grande/PB,
entretanto, ha uma confusao em identificar no mapa a referida avenida, pois, a Avenida
Florida e confundida com a Avenida Belgica.
Que, b acesso a residencia do senhor Davi Andre Farias de Menezes, se

faz pela Avenida Brasil, e que, a sua residencia fica localizada em frente ao Condomfnio
Residencial Na9oes, n° 320.
Av. Flbrida, n° 195, Bairro das Na96es. Obs. O acesso se faz pela parte dos fundos da
casa que fica na Avenida Brasil.
Fotografia do acesso da casa do senhor Davi pela Avenida Brasil.
{
«
-
REMESSA
Aos ot 1-dias do mfe de 5eT£H£jjp
doano__ pj&\& cumprindo
—
o despacho__________ faoo remessa
desdeautosao cj*\e\tJA
QUr»J^/P£) —a-
do quo, paaoinstar, tavro este teim Eu _
Escrivao o Subscravo.
dfÊscmaodoPol^Federat
M3t.M.0W
MPF - PRM/ Campina Grande

RECEBXBO i!
o2^ / 0^
Ayrton oa^tNd Neto

r B- imT^cnlco*
T^cnico doWRI
Administratis *ailstra«;ao
Mat. 8
i;
i
PODER JUDICIARIO
JUSTICA FEDERAL NA PARAIBA
SUBSECAO JUDICIARIA DE CAMPINA GRANDE
Segao de Apoio Judici^rio / SAJCG
PROCESSO N° 0001907-10.2016.4.05.8201 CLASSE 120

INQUERITO POLICIAL
AUTOR: DELEGADO DA POLICIA FEDERAL
INDICIADO: SEIM INDICIADO
CERTIDAO
Certifico que, nesta data, no Setor de Protocolo e Distribuigao da Justiga

Federal de Primeira Instancia - Subsegao Judiciaria de Campina Grande, foi
realizada a conferencia das folhas do volume unico do Inquerito Policial
registrado sob o n° 0329/2016, promovido pelo Departamento de Policia
Federal - Superintendencia Regional na Paraiba - Delegacia de Policia
Federal em Campina Grande, (protocolo n° 62. 0168388).
Certifico, ainda, que o referido volume (Volume I) apresenta folhas

numeradas de 02 a 11.
Certifico, por fim, que o processo foi recebido acompanhado de 01 (urn)

volume de apenso APENSO I - VOLUME UNICO.
' ANA CRISTIim MINA PINTO

^''Servidora
FORUM JUIZ FEDERAL NEREU SANTOS

Rua Edgard Vilarim Meira, s/n, Liberdade - Campina Grande/PB
CEP 58410-052 - Fone (83) 2101-9196 / Fax (83) 2101-9131
www.ifpb.ius.br - sec4v@jfpb.jus.br
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>
Remessa,
Nesta data, fa?o remessa dos preserves autos a'6*
Vara/SJPB
Camoina Grande,
=2/ , /2016
PaJ,^
"sifio de Distribuipao/SAJCG
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D A T A
Reseb1 i) : -^ntO'a
n e n t. ■= L i ‘.t
c. v. r m. n a s . a? 03 MIC
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PODER JUDIGARIO
: 6a VARA FEDERAL
PROCESSO N° 0001907-10.2016.4.05.8201
CLASSE 120 - INQUERITO POLICIAL
INDICIADO: SEM INDICIADO
CONCLUSAO
Nesta data, fago conclusos os presentes autos ab MM.

Juiz Federal Titular da 6a Vara/PB.
Campina Grande/PB, 28/09/2016.
VANINA OLIVEIRA FERREIRA DE SOUSA

Servidor(a)
Rua Edgard Vilarim Meira, S/N, Liberdade - Campina Grande/PB

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\
PODER JUDICIARIO
6a VARA FEDERAL
PROCESSO N° 0001907-10.2016.4.05.8201
CLASSE 120 - INQUERZTO POLICIAL
DECISAO
1. Trata-se de inquerito policial instaurado, a partir de noticia crime do

Presidencia da Comissao de Direitos Humanos e Minorias solicitando
"investigagao do perfil da rede social Facebook 'Grupo de Defesa contra
Invasao de Terra'" em virtude de ter sido postado um video, em 31/08/2015,
no qual o individuo de nome DAVI ANDRE FARIAS DE MENEZES aparece em
frente ao predio em construgao que abrigara a Embaixada da Palestina em
Brasilia, proferindo discurso discriminatorio contra o Islamismo, o que em tese
caracterizaria o delito do art. 20, da Lei n.° 7.716/89.
2. 0 presente IPL foi distribuido perante este Juizo, juntamente com o

Pedido de Busca e Apreensao n.° 0001911-47.2016.4.05.8201, formulado pela
Autoridade Policial. Nos autos do referido pedido de busca e apreensao, o
Ministerio Publico Federal apresentou manifestagao, pugnando pelo
reconhecimento da incompetencia territorial deste Juizo, em razao do crime ter
se consumado em Brasilia/DF, local onde o video objeto da conduta
discriminatoria foi gravado e que possivelmente foi compartilhado na rede social
acima indicada.
3. E o que cumpre relatar, decido.
4. A teor do que dispoe o art. 70, do CPP, a fixagao da competencia para

processar e julgar, na esfera penal, de regra, e determinada pelo lugar em que
se consuma a infragao. A competencia so sera firmada pelo domicilio ou
residencia do reu, quando nao conhecido o lugar da infragao (art. 72, CPP).
5. 0 crime de discriminagao religiosa tipificado no art. 20, da Lei n.°

7.716/89 consuma-se no momento em que o agente pratica, induz ou incita a
discriminagao ou preconceito de raga, cor, etnia, religiao ou procedencia
nacional.
6. No caso, ainda que o domicilio do investigado esteja ^brangido pela

jurisdigao desta Subsegao Judiciaria, os elementos de inforf^ ;ao constantes
dos autos demonstram que o fato objeto de investigagao foi nsumado em
Brasilia/DF, local onde teria sido praticada a conduta discrimiH^lforia contra o

CEP 58410-052 - Fone (83) 2101-9113
mm Fl.J^
JJf
âP®
PODER JUDICIARIO
JUSTigA FEDERAL NA PARAIBA
6a VARA FEDERAL
Islamismo, com a produgao do video em frente ao predio em construgao da

Embaixada da Paiestina em Brasilia.
7. Decerto, mesmo que tal video tenha sido disponibilizado depois por
meio da rede social facebook, o que -levaria a aplicagao tambem da forma
qualificada do referido crime (§ 2°, do art. 20, Lei n.° 7.716/89), tal fato nao
desnatura o local da consumagao, que no .caso se deu no momento da
produgao do video.
8. Ante o exposto, declare a incompetencia deste Jui'zo para o

processamento do presente feito, e, em consequencia, determine a
remessa dos autos c) Segao Judiciaria do Distrito Federal, em
Brasilia/DF.
9. De-se ciencia ao MPF.
10. Comunique-se ao Departamento de Policia Federal,

encaminhando copia desta decisao, para fins de registro.
11. Apos, de-se baixa na distribuigao e remetam-se estes autos,

juntamente com o Pedido de Busca e Apreensao n.° 0001911-
47.2016.4.05.8201, a Segao Judiciaria do Distrito Federal, em
Brasilia/DF, mediante as cautelas legais.
12. Cumpra-se, com uraencia.
Campfna/Grande/PI itembro de 2016.
JSTAVO DPPAIVA GADELHA

\z Federal Titularctaîf Vara/PB
DATA
Nesla data, t€CBbi C6 preserte autos.
CGmje.,^0 W /2016.
Rua Edgard Vilarim Meira, S/N, Liberdade - Campina Crande/PB

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4
PODERJUDICIARIO
JUSTIÂ FEDERAL NA PARAIBA
subseqAo JUDICIARIA DE CAMPINA GRANDE
69 VARA
PROCESSO IM* 0001907-10.2016.4.05.8201 CLASSE 120

INQUERITO POLICIAL
RE(U)(S): SEM INDICIADO
CERTIDAO
Certifico que, nesta data, expedi o(a)(s) OPE.0006.000805-5/2016 (ao DPF),
em cumprimento a(o) despacho/decisao/sentenâ/ato ordinatorio de fl(s). 14/15.
TELMiDfl^ÂIS XAVIER
/ Servidor(a)

CEP 58410-J052 - Feme (83) 2101-9113
www.ifpb.itis.br - diretor6v@jfpb.jus.br
PODER JUDICIARIO
6a VARA FEDERAL

INQUERITO POLICIAL
TERMO DE INTIMACAO/VISTA POR REMESSA

I
* „
Pelo presente, de ordem do Dr. GUSTAVO DE PAIVA GADELHA, Juiz

Federal Titular da 6a Vara da Subsegao Judiciaria de Campina Grande, fica
o(a) MINISTERIO PUBLICO FEDERAL INTIMADO(A), na pessoa de seu
representante legal, mediante remessa dos presentes autos, do ato judicial proferido
a(s) fl(s). 14/15 ressaltando-se que o referido prazo tera imcio a partir
do recebimento dos autos nessa Procuradoria.
TELMA IS XAVIER
Servidor(a)
Recebi em /____/ 2016. Ciente.
Ciente e renuncia ao prazo recursal.
Campina Grande/PB, (S / to / 2016.
Rrun 'eAssuncfr
Servidor Responsavel pelo Recebimento Pr™MrPMt,8tRftbl,M
Carimbo e Assinatura Carimbo e Assinatura

CEP 58410-052 - Fone (83) 2101-9113
&& - PRM/Campma Grar4s
R rXEBIDO
TT
0 3 OUT. 2016
DATA
R©c@bi o» |pr8©8sfBfc autos
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C. Grands^
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PODER JUDIClARIO
6a VARA FEDERAL
PROCESSO N2 0001907-10.2016.4.05.8201 CLASSE 120

INQUERITO POLICIAL
AUTOR: DELEGADO DA POUCIA FEDERAL
!
CERTIDAO DE JUNTADA
Certlfico que, nesta data, faô juntar aos presentes autos o{a)
expediente/petigao registrado(a) sob o n? 2016.0006.001436-4, que segue adiante.
TELMA^DE MORAIS XAVIER

/ Servidor(a)
Rua Edgard Vilarim Meira, S/N, Uberdade - Campina Grande/PB

CEP 58410-052 - Fone (83) 2101-9113
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p
PODER JUDICIARIO
SUBSECAO JU DIGARIA DE CAMPINA GRANDE
6a VARA FEDERAL
OFICIO N° OPE.0006.000803-5/2016
Senhor(a) Delegado(a),
*v. De ordem do MM. Juiz Federal Titular da 6a Vara/PB, Dr. GUSTAVO

DE PAIVA GADELHA, encaminho a Vossa Senhoria, em anexo, copia da decisao de fls. 14/15,
o que declarou a incompetencia deste Jufzo para processar os autos do Inquerito Policial n°
0001907-10.2016.4.05.8201, oriundo do IPL n°. 0329/2016, bem como determinou a
£ remessa dos referidos autos para a Segao Judiciaria do Distrito Federal, em Brasilia/DF.
§
V Atenciosamente,
4 LIVIO AUGUSTOMONTALVAO COSTA CARVALHO
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Diretor de Secretaria da 6a Vara Federal/PB &
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Csl
dpf/cge/pb "O
Ilustnssimo(a) Senhor(a) CD
RICARDO VASCONCELOS MELO

DELEGADO DA POLICIA FEDERAL
Departamento de Poh'cia Federal
Camoina Grande/PB

CEP 58410-052 - Fone (83) 2101-9113
i r
CERTIDAO
Certifico e dou fe que entreguei o presente oficio

no Departamento de PoKcia Federal, nesta cidade.
Campina Grande-PB, (04 de outubro de 2016.
lr>\
Jose Milton Moraes Oliveira
Oficial de Justiga Avaliador Federal
{
f\.3o i
<n
s$>.
PODER JUDICIARIO
JUST1CA FEDERAL NA PARAIBA
6a VARA FEDERAL

INQUERITO POLICIAL
TERMO DE REMESSA
Remeto, nesta data, os presentes autos para o setor de distribuigao
para fins de baixa e devolugao.
itef^lôkAIS XAVIER
TEL
Servidor(a)
/
CEP 58410-052 - Fone (83) 2101-9113
••• 1r .
PROCESSO :: 000 :i. 907--10 „ 20:164 „ 0 „ 820:1. PROT.27/09/2016

CLASSE u 120 IIMGUMRITQ paUtfg&tyLzgi?. VARA: 6S
AUTOR 8AD8 DA ICIA ' FEDERAI... C PROCURADQR
-- RICARDO VASC0WCELO8 MELD)
IMDICIADO ::8EIVI IMDICIADO
Baixa Definitiva em 05/10/2016 lls20 — Remetido a(o)
- Pacote: BAIXA E DEVOLUPAO. -
UsuArio: FERNANDO DAVI DINIZ DE OLIVEIRA GDIS
OBJETOS 20.,09 -• Crimes Resultant© de Preconceito
de Raga ou de Cor (Lei ?.,716/89) Crimee
L :i .v
Remessa
Nssui data, taco i ernessa dos oresentes autos a e®
V.^'a/SJPB I/V
tanipiinfj Grande. _S^2- 1 K/_ (iGie
Oistribuicac/SAJCG
FI.: ^7
12° VF &
PODER JUDICIARIO
SEQAO JUOICIARIA DO DISTRITO FEDERAL
12a VARA
I'1.
autos n? 64200-74.2016.4.01.3400
TERMO DE RECEBIMENTO
Recebi os presentes autos, da Distribuigao, razao porque lavro este termo.
«
B ra s 11 i a?16\rt e^n' r ?016.
feyV ------- ^
,xs^m
£
' Estagiaria ^ P i'

! ^ Mat. 82301 tr tiP
Lt.ii §
i
[ii p.|i «
Nesta , MM. Juiz

Federal da W »Aââwosrraiag^sajelljyê termo.
\D
^^{SS5S2
'
ri’.l
■MK
c'
OTAVI SFRANCO
Diretorde Secretaria
Vista ao Ministerio Publico Federal.
Brasilia, : // / 11 lAQli.
. .
A 12a Vasa Fsciafsi, nssta data faz

raassL-a dos prosentes eutos ao:
((/) hiPF; { ) DPU; ( ) DPF:
J) OU')T-:OS____ .____ .com
JltL^vojurne(r)3IIJel_ 6pSrn53C<&).
Para ccnstar lavrei este ienr?o.
Brasilia / vg&jUuJj&J)0
l^Costa
13&SQ03 =J
I V.
\
V
A
7*
■ /
MI.NISTERIO PUBLICO FEDERAL

PROCURADORIA DA REPIIBUCA NO DISTRITO FEDERAL ' .
. COORDENAD0R1A JURIDICA
DIVISAO CRIMINAL-
AUTOS: JF-DF-0064200-74.20I6.4.01.3400-INQ -12° VF

/ /
CERT1DAO
Certifico que, em 24/11/2016, deram entrada na Procuradoria da Republica no Distrito Federal os presentes autos e, nesta
data,-conforme regras estabelecidas no Congresso Intemo de 2014, fa<?o sua:
<• [X] Distribuiâo ap PRDF - 7° Oficio, \ I
\ # Por distribuigSo automatica.
O Por cbrrela?ao aos autos de n°.
[X] Movimenta9ao ao(a) Procurador(a) da Republica, Dr.(a) Vallan Timbo Martins Mendes Furtado,.
@ Por ser o(a) titular do PRDF - 7° Oficio,'ao qual o presente feito encontra-se distribuido.
O Por. ser o(a) titular do PRDF - . Oficio, substitute nao'designado.
o atuando no acervo do
PRDF - Oficio.
O' ' • » ' , . Gaso nao seja
verificada a necessidade de ado^So de medidas urgentes, os presentes autos podefao ser encaminhados ao gabinete do '.
• oficio titular.
Brasilia, 24/11/2016.
I Victor E S Ceresa - Mat 27778-9

DIVISAQ CRIMINAL
J*
/
'I
>
y'
CERTIDAO DE REMESSA i
t)(>/201^fago remessa dos presentes autos, contendoD^ volume(s) e 0^ anexo/apenso(s), a (ao)

Em
^^Justiâ Federal/DF* .□ Departamento de Policia.Fotier X l/V-
Respohsavel/Matricula
4 *
/
1
0MO-M3 /m^-
7^
/
MINISTERIO PUBLICO FEDERAL

PROCURADORIA DA REPIJBLICA NO DISTRITO FEDERAL
EXMO. SR. JUIZ FEDERAL DA 12a VARA DA SEQAO JUDIClARIA DO

DISTRITO FEDERAL
Man. Div. n.47/17-VT \

■c:-h
Autos n. 64200-74.2016.4.01.3400 w*'•
m-; ^ 1'
^7?^
—ti»«
O MINISTERIO PUBLICO FEDERAL ~ vem, l

vt respeitosamente, a presenga de Vossa Excelencia, expor e requerer^.quSêgu|“.j
;^::n !•
> o u- ‘
CO
1. Trata-se de inquerito policial instauraido par§j^purar
■'•j
a possive! ocorrencia do delito previsto no artigo 20, § 2°, da Lei|7.716/§9, apos

notitia criminis da existencia de publicagao de um video no site “ybutube”,°hb qual
DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES aparece em frente ao predio em construgao
da Embaixada da Palestina, em Brasilia, proferindo expressoes preconceituosas
contra o Islamismo.
2. Nos termos da r. decisao de fls. 14/15, o MM. Juizo

da 6a Vara Federal da Segao Judiciaria da Paraiba, de maneira acertada, declinou
da competencia em favor dessa Segao Judiciaria, motive por que requer este
orgao o encaminhando dos autos a Policia Federal, por 90 dias, para continuidade
das investigagoes, ja que nao ha ainda elementos para a formagao da opinio
delicti.
Brasilia, 06 de junho de 2017.
/
an Timbo Martirtsivlendes Ftrrtadtr""' x
, ProcurAdor da REPUBLidApROTOCOLO/NAD/feR/DPF/DF
y | RECEBEMOS EM
Brasllia-DF 2 8 JUN/2017
rvidor
I
Rs. 24
/
PODER JUOICJARIO
SEQAO JUDIClARIA DO DISTRITO FEDERAL
Processo n° (s-^l^CyT) /t)o) ^ JPf/
VISTOSEM INSPECAO
( ) Processo em ordem
( ) Concluso para senten?a
( ) Concluso para decisEo
( ) Reitere-se oficio de fls.____
r* ( ) Solicitem-se informa95es sobre a precatoria de fls.

- ,
( ) Cumpra-se o despacho de fls.'____
( ) Vista aoMPF ( ) Vista &DPU
( ) Vista ao___ pelo prazo de _ dias.
( ) Inthnese o MPF sobre o despacho de fls.____
( ) Intimem-se as partes para fins do art. 402 do CPP
( ) Intimem-se para apresentar os memoriais finals, no prazo legal.
( ) Oficie-se ao(a)__________L__
( ) Devolva-se ao juizo deprecante
( )Defiroopedidodefls._____
( ) Arquivem-se os autos.
( ) Recebo a apelapSo de As.____
( ) Intime-se o (s) apelante (s) para apresentar (em) as razdes do recurso
( ) Intime-se o (s) apelado (s) para apresentar (em) as contrarrazdes do recurso
( ) Subam os autos ao TRF - laRegiao.
( ) Ao Contador’ /) <jL /
Outros: PoO
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z
Brasfiia-DF, 0 $ /06/2017.
re:
vm TOS
¥■
Ministdrio Publico Federal

izv<Fed< 12* Vara
Advogado
OBS.; OS PRAZOS PROCESSUAIS ESTARAO SUSPENSOS NO PERIODO DE 05/06/2017 A 09/06/2017
A 12s Vara Federal, nesta data faz
remessa dos pressntas autos ao:
( ) ^F; ( ) OPU; 4P ) DPF;
( i) OUTROS____ .___ ^____ ,com
... _;apenso(s).
■Para consta; laWsi tenTio.
Brasilia/0?^ pU !
V/^Spce Cost^
&mz
I A
/OF
Rub: )
SiRVIQO PUBLICO FEDERAL

MJ - POLlCIA FEDERAL
SUPERINTENDiNCIA RiOIONAL NO DISTRITO FEDERAL
SAIS Quadra 7j LoteJ3 - Setor Policial Sul. Brasilia/DF - CEP 70.610^902
Protocolo 108280.013337/201746
Referencias IPL 239/2016-SR/PF/PB'
Despacho: 7654/2017,DELEFAZ/SR/DF
Proeesso: 64200.74.4,01.3400
Assurato Ritombamento de 1FL
Interessado Davl Andre Farais de Menezes e outros
DESPACHO W 7839/2017. DRCOR/SR/DPF/DF
1. Encaminhe o presente expediente ao Chefe do GRCC, em razao da materia, para

RETOMBAMENTO de InquMo Policial.
2. A autoridade policial devera preceder aos rcgistros no modulo pesvio de Recursos Publicos -
DRP (Sistemas Cprporativos DPF) e h alimentagao do campo "Valor a apurar" no m6dulo
"Inqueritos", do Siscart, de apordo com a letra “d" do Memo. 301/2012-PICOR.
3, Encami.phe a portaria de instaurapSo ao NUCART.
Brasilia/pF, 05 de dezembro de 2017.
KELLtJClbWASCir ro PE SOUZA
Delegado de P- Federal
Chefflide DRCQ 5PF/DF
116,1/1
I
SR/DmDF
FI: Zb
Rub:
SERVICpO PUBLICO FEDERAL

MJ, POLlCIA FEDERAL
SUPERINTENDfiNCIA RiQIONAL NO DISTRITO FEDERAL
SA|S Quadra 7 - Lote 23 7 Setpr Poligipl Sul - Brasilia/DF r CEP 70.610-902
PBSPACHO 7654/2017
Protocolo: 08280.013337/2017-46 "

Referencias: IP n° 239/2016- SR/PF/PB - Campina Grande
Despacho n° 6757/2017, DELEFAZ/DRCOR/SR/PF/DF
Assunto: Instaurapao de Inquerito Policial
1. Considerando o Despacho datado de 23/11/2017, da lavra da DPF

SUZANE PAES DE VASCONCELOS, restitua-se p presente expediente a
DRCOR/SR/Pp/DF, com sugestao de redistribuigao ao GRCC, uma vez que se trata
de apuragao de crime cuja atribuigao investigatoria e daquele grupo;
2: Prpceda-se as atuallzsigOes de registro e baixa no SINPRO, SIAPRO

SISCARTe SEI
Brasllia/DF, 29 de novembro de 2017.
HUGO DE BARRO^CORREIA
Delegado de PpHcia Federal
Chefe da DELEFAZ/SR/PPF/DF
(X
>
SiRVIQO RClBUOO FIPERAL
MJ - POLleiA FEDERAL
m
SUPIRINTENPlNCIA REGIONAL NO D|§TRITO FEDERAL
SAIS Quadra 7 - t,pt# ?3 - Setpr PoHpJal Sul - Sraailia/DR - Q%& 70.610-902
8R/Q
FI;
'Rub;
55PDF:
PROTOCOI-QS & osgso,017758/9017-7^ - SR/PF/DF
£E$PACHO
(decliinaplo de DEL'EGACIA)
Ejfjno Ciwfe 4a PEIEFAX,
1, OQU^ldswdo e tes 4a inyenipslo am ambos os expediences acima,

visjumbra^se ularamante tratap-se die materia rejacioiiada ^ ppssivel crime cometido
pela Internet, mai« espeeificarome por mejp c}e REDE SOCIAL Facqboak no perfil
pela.pessoa de PAV1 ANDRE
FARIAS DE MENRSES, ap poetar vldap 4e cunho supoatatnente preconceituoso
contra o ’'Jslamismo" e P^lptina m Brazil, Em representacio, presente no
expedients n° 08?80*P17?^8/^P'iMg sppgta quo DAVI.REN AVRAHAM seria
outrp nome usado pelo meamo investigado, o qual deteria vArios perfis social e
p^ginas na Internet com ponteddo gemolhante go ora 90b andlise, IncHisive, 0
levantamento da p^gina foi realiaado pela l/WPAJPM &M R&PfiESSAQ AOS
CRIMES m dmO EPORNOOmm infantil da internet,
2, Pelo acima expostp, e tratar-sa de possfvel crime de 6dio/cibernAtico,
hi a eonvicp&Q por parte desta autoridade policial que o IFL deve ser encaminhado
ao GRUPO «}K REPRESSAO AOS CRIMES CIBERN^TICOS - GRCC desta
Unidade, sUbordinadp h DECOR. Ressalte^s® ainda a exiytencia do SERVICO DE
EEFHESSAO A CRIMES CIBERNlSTICOS - Slice, na mk da Polfcia Federal em
Brasllia-DF* coprdenando q esswnto,
3, Por Hm- registrâe que. e!6ta aqtoridade conta hoje com cerca de 300
Ipl's em andamepto (e outvog para inatauraclo), bem como. partieipa de sobreavisos e
operates, sendo rosponsAvel per oarga da PELECACl^ DE CRIMES
FA2ENDARlOSJEi8llfiseM»iSWto8MiSPfi4i8ntSWa^W^^
Brpliia/pF, m novembro
SUZANE m yasconcelos
^legad^ de PoUuia Federal
* Class/- Matneula nQ 16.64S
30-
;
m
SERVIQO pOblico federal
MJ-POLiCIA FEDERAL
SUPERINTENDENCIA REGIONAL NO DISTRITO FEDERAL
SAIS Quadra 7 - Lote 23 - Setor Policial Sul - Brasilia/DF - CEP 70.610-902
DESPACHO n° 6757/2017 - DELEFAZ/DRCOR/SR/PF/DF
Protocolo: 08280.013337/2017-46
Referencias: IP n° 329/2016 - SR/PF/PB - Campina Gande
Despacho: 6488/2017 - PRCOR/SR/PF/DF
Assunto: Retombamento de Inquerito Policial
1. Encaminhe-se expediente a DPF SUZANE PAES DE

VASCONCELOS, para RETOMBAMENTO de Inquerito Policial;
2. Proceda-se as atualiza?6es de registro e baixa nos sistemas SEI e
SISCART;
Brasilia/DF, 25 de gutubro de 2017.
HUGO DE BARROS CORREIA

Delegado de Polfcia^Federal
Chefe da DElEFAZ/DRCOR/SR/DPF/DF
i T-
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fls. 1 /1
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-1. 1
* SR/DPF/DF
FI: lA
Rub: i

SAiS Quadra 7 - Lote 23 - Setor Policial Sul - Brasllia/DF - CEP 70.610-902
Protocolo 08280.013337/2017-46
Referencias IP n° 329/2016 - SR/PF/PB - Campina Gande
Despacho: 4218/2017 - COR/SR/PF/DF
Assunto Retombamento de Inquerito Policial
Interessado Davi Andre Farias de Meneses
DESPACHO N° 6488/2017 ^ DRCOR/SR/DPF/DF
1. Encaminhe o presente expediente ao Chefe da DELEFAZ/SR/PF/DF, DPF HUGO, em razao

da materia, para RETOMBAMENTO de Inquerito Policial.
2. Encaminhe a portaria de instaura9ao ao NUCART.
Brasilia/DF, 11 de outubro de 2017.
KEL LUdlO NASCj iENTO DE SOUZA

Delegadi) del lioia Federal
Cpefie ia DJq fe/aR/PF/DF
fls. 1 / 1
J
A/
w/ SR/DBF/DF
FI: %Q
Rub: I

MJ - POUCIA FEDERAL
DESPACHO n° 4218/2017-COR/SR/DPF/DF
Protocolo 08280.013337/2017-46
Referencias IP n° 329/2016 - SR/PF/PB - Campina Grande
Processo n° 1907-10.2016.4.05.8201
1. Trata-se de declinio de competencia do IP n° 329/2016 - SR/PF/PB

- Campina Grande, Processo n° 1907-10.2016.4.05.8201,
instaurado para apurar suposta pratica de crime previsto no art. 20,
§ 2°, da Lei n° 7.716/89, 'em razao.de video publicado no "YouTube"
por Davi Andre Farias de Meneses proferindo expressoes
preconceituosas contra o Islamismo, em frente ao predio da
Embaixada da Palestina.
2. Encaminhe-se o presente expediente a DRCOR/SR/DF para

distribuigao da noticia-crime, visando ao retombamento deste IPL
efetuando-se os devidos registros e atualizagoes no SISCART/SEI,
observando-se o artigo 134 da IN n° 108/2016-DG/PF.
Brasilia/DF, 28 de junho de 2017.
Alvaro ricardo palharini

Delegado/de Policia Federal
Corregedor Regional
fls. 1 /1
•4
.1
SR/D^RF/DF
FI: JX
Rub: +

MESP - POLICIA FEDERAL
IPL n° 0871/2018-4 - SR/PF/DF

DESPAC HO
1. Em cumprimento ao Despacho n° 7839/2017
DRCOR/SR/PF/DF, determine o retombamento do IPL n° 0329/2016 - 4 -
DPF/CGE/PB, de n° de processo 1907-10.2016.4.05.8201, em razao de
declinio de competencia pela Justiâ Federal da Se$ao Judiciaria do Estado da
Paraiba e recepgao desta pela Subsepao Judiciaria do Distrito Federal sob o n°
64200-74.2016.4.01.3400, com 1 volume e 1 apenso, devendo ser autuado
com nova capa, sob o n° 0871/2018 - 4 - SR/PF/DF, mantendo-se a
numeraâo de folhas original, nos termos do art. 134, da Instrugao Normative
n° 108/2016;
2. O IPL n° 0329/2016 - 4 - DPF/CGE/PB, ora retombado, foi
instaurado para apurar a suposta pratica de crime previsto no art. 20, § 2°, da
Lei n° 7.716/89, em razao de Oflcio n° 508/2015-P enviado pelo Deputado
Paulo Pimenta, Presidente da Comissao de Direitos Humanos e Minorias da
Camara dos Deputados, solicitando a investigagao do perfil da rede social
Facebook denominado "Grupo de Defesa contra a Invasao de Terra", posto
que tal grupo efetuaria publicagoes em sua pagina, disponivel no enderego
"https://www.facebook.com/Grupo-de-Defesa-contra-invas%C3%A3o-de-Terra-
1673003012935936/", que teriam a finalidade de induzir ou incitar a
discriminagao ou preconceito contra religiao, como o video publicado nessa
pagina associando os seguidores de uma religiao, o Islamismo, ao terrorismo.
O declinio de competencia decorreu do entendimento de que como o video
teria sido gravado na cidade de Brasilia, a competencia estaria definida pelo
local do crime, como previsto no art. 70 do Codigo de Processo Penal, tese
acatada pelo juizo (fl. 14/15), a despeito do autor residir na cidade de Campina
Grande/PB;
3. Apense-se aos autos o expediente encaminhado pelo processo
SEI 08280.017752/2017-79, que se trata de representagao pela concessao de
Mandado de Busca e Apreensao relativa ao IPL n° 0329/2016 - 4 -
DPF/CGE/PB, origem destes autos;
4. Expega-se Carta Precatoria para a DPF/CGE/PB, solicitando que
DAVI ANDRE FARIAS DE MENEZES, de CPF 424.898.904-25, residente a Av.
Florida, n° 195, Bairro das Nagoes, Campina Grande/PB, seja ouvido em
Termo de Declaragoes para responder aos seguintes quesitos: "01 - O
Declarante e o autor do video postado no enderego
https://www.youtube.com/watch?v=jCk-oeSv8ww; 02-0 Declarante aparece
no video mencionado no item 01?; 03 - O Declarante e o gestor do perfil da
rede social Facebook denominado "Grupo de Defesa contra a Invasao de
Terra", disponivel nessa rede social no enderego
"https://www.facebook.com/Grupo-de-Defesa-contra-invas%C3%A3o-de-Terra-
16730030129359367', onde foi publicado o video mencionado no item 01?; 04 -
IPL N° 0871/2018
;
SR/DF^jDF
Rub:

SAIS Quadra 7 - Lote 23 - Setor Policial Sul - Brasllia/DF - CEP 70.610-902
O Declarants gravou o video mencionado no item 01 com o objetivo de induzir
ou incitar a discrimina5ao ao Islamismo ou aos seguidores dessa religiao?; 05 -
O Declarants gravou o video mencionado no item 01 com o objetivo de
associar os seguidores do Islamismo ao terrorismo?". Caso o Declarants
responds afirmativamente aos quesitos 04 e/ou 05, solicita-se que a
Autoridade Policial que presidir a oitiva efetue o indiciamento de DAVI ANDRE
FARIAS DE MENEZES no crime previsto no art. 20, § 2°, da Lei n° 7.716/89 e
determine a confecgao de AQI, PIC e BVP, caso concords com esse
prpcedimento, ou justifique entender nao ser devido o indiciamento. Por obvio,
caso o Declarants responds negativamente aos quesitos 04 e 05 e
desnecessario qualquer procedimento adicional, a nao ser que a Autoridade
Policial que preside a oitiva entenda de forma diversa. Remeta-se a
DPF/CGE/PB copia do video postado . no enderepo
https://www.youtube.com/watch?v=jCk-oeSv8ww, que segue anexa;
5. Aguarde-se em cartorio.
Brasilia/DF, 05 de julho de 2018.
JOS£ AUGUST OS VERSIANI

Delegado de Rolicia/Federal
1a Classe - Matnicula/n0 17.044
IPL N° 0871/2018
#
V.
MESP - POLlCIA FEDERAL
IPL n* 0871/2018-4 - SR/PF/DF
Ao(S)10 dia(s) do mes de julho de 2018, nesta SUPERINTENDENCIA REGIONAL DE

POLlCIA FEDERAL NO DISTRITO FEDERAL em Brasilia/DF, em cumprimento ao
Despacho de fl. 31/32, procedo a abertura deste APENSO II, VOLUME I do IPL n°
0871/2018-4 ( o expediente encaminhado pelo processo SEI 08280.017752/2017-79,
que se trata de representafao pela concessao de Mandado de Busca e Apreensao
relativa ao IPL n° 0329/2016 - 4 - DPF/CGE/PB, origem destes autos)
LEONARDO BRUCE MADUREIRA LOPES

Escrivao de Policia Federal
2a Classe - Matricula n° 17.933
IPL N° 0871/2018 fls. 1 /1
SR/DPF/DF
FI:
Rub:
SERVigO pOblico federal

MESP - POLiCIA FEDERAL
SUPERINTEND£NCIA REGIONAL NO DISTRITO FEDERAL
SAIS Quadra 7 - Lote 23 - Setor Policial Sul - Brasllia/DF - CEP 70.610-902
Memorando n° 3029/2018 - IPL 0871/2018-4 SR/PF/DF
Brasllia/DF, 05 de julho de 2018.
Ao Exmo. Senhor
Delegado-Chefe da Delegacia de Campina Grande
DPF/CGE/PB
Assunto: Carta Precatoria
Senhor Delegado,
Visando a instruir os autos do lnqu£rito Policial n° 0871/2018-4 -

SR/PF/DF, instaurado em data de 05/07/2018, que apura a pratica do crime previsto no
art. 20, § 2°, da Lei n° 7.716/89, solicito a Vossa Excelencia determinar que proceda a
inquiripao de DAVI ANDR£ FARIAS DE MENEZES, sexo masculine, filho(a) de
ROSALVA FARIAS DE MENESES, nascido a 12/07/1965, CPF 424.898.904-25,
residente na Avenida Florida, 195, bairro NapOes, CEP 58103-203, Campina
Grande/PB, em Termo de Declaragoes, devendo esse responder as perguntas:
01 O Declarant© 6 o autor do video postado no endereqo da internet

"https://www.youtube.com/watch?v=jCk-oeSv8ww"? (exibir video que segue anexo)
02-0 Declarante aparece no video mencionado no item 01?
03 - O Declarante e o gestor do perfil da rede social Facebook denominado "Grupo de
Defesa contra a Invasao de Terra", disponlvel nessa rede social no endereô
llhttps://www;facebook.com/Grupo-de-Defesa-contra-invas%C3%A3o-de-Terra-167300
3012935936/", onde foi publicado o video mencionado no item 01?
04 - O Declarante gravou o video mencionado no item 01 com o objetivo de induzir ou
incitar a discriminagao ao islamismo ou os seus seguidores dessa religiao?
05 - O Declarante gravou o video mencionado no item 01 com o objetivo de associar
os seguidores do Islamismo ao terrorismo?
Caso o Declarante responda afirmativamente aos quesitps 04 e/ou 05, solicita-se que a
Autoridade Policial que presidir a oitiva efetue o indiciamento de DAVI ANDR£ FARIAS
DE MENEZES no crime previsto no art. 20, § 2°, da Lei n° 7.716/89 e determine a
confecpSo de AGI, PIC e BVP, caso concorde com esse procedimento, ou justifique
entender nao ser devido o indiciamento. Por 6bvio, caso o Declarante responda
IPL N° 0871/2018 fls. 1 / 2
!
I
I
SR/DI^DF
Rub:

MESP - POLIC1A FEDERAL
SUPERINTENDeNCIA REGIONAL NO DISTRITO FEDERAL
negativamente aos quesitos 04 e 05 e desnecessario qualquer procedimento adicional,
a nao ser que a Autoridade Policial que preside a oitiva entenda de forma diversa.
Atenciosamente
JOSE AUGUSTO C S VERSIANI

Delegado de Rblici^/Federal
1a Classe - Matricul^n0 17.044
#
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IPL N° 0871/2018 fls. 2/2
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SR/D^/gF
Rub: /

MESP - POLiCIA FEDERAL
IPL n° 0871/2018-4 - SR/PF/DF
CONCLUSAO
Ao(S) 03/08/2018, fago estes autos conclusos ao(a) Delegado(a) JOSE AUGU ©■"CAMPOS
VERSIANI, matricula 17.044, com 1 volume(s) e 0 apenso(s). Eu,V
LEONARDO BRUCE MADUREIRA LOPES, Escrivao de Policia Federal, matricuia"TT933 que
o lavrei.
DESPACHO
1. Considerando que ainda restam pendentes diligencias tidas por imprescindlveis
ao esclarecimento da verdade material (art. 4°, do CPP e art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013) e
considerando as disposigoes do Provimento/COGER n° 37/2009 (TRF 1a Regiao), remetam-se
estes autos a Justica Federal - SJ/DF. para registro, com posterior remessa a Procuradoria
da Republics no Distrito Federal, nos termos do artigo 2° da Resolugao n° 63, do Conselho da
Justiga Federal-CJF, para fins de controle externo (Art. 129, VII, da CF/88, c/c. o Art. 9°, II, da
LC 75/93), solicitando posterior devolugao para continuidade das investigagoes ou, em caso de
apresentagao de pega acusatoria ou promogao de arquivamento, comunicagao formal da
medida adotada a esta Regional, para fins de registro e baixa em sistemas de controle interne.
Brasilia/DF, 06 de Agosto de 2018.
JOSE AUGUSTp^CAMPOS VERSIANI

Delegado de Policia Federal
1a Classe - ivlatncura n° 17.044
DATA
Ao(s) 06/08/2018, recebi estes autos^gonclusos do(a) Delegado(a;
JOSE AUGUSTO CAMPOS VERStANi>matncula 17.044, com 1
volume(s) e 0 apenso(s). Eu, ^ \ LEONARDO BRUCE
MADUREIRA LOPES, EscriVaVde-EoKda Federal, 2a Classe
Matricula n° 17.933, que o lavrei.
/v
RE A-JF/DF
AO(S) 06/08/2018, fago n os autos do IPL 5j®P92018-4.

contendo 1 volume(s) )£o(s), a Justica Fe m-^SJ/DF para
registro, com posted*^ ssa a Procuradori ^P^publica nc
Distrito Federal, ngsgei ôs do artige ^^)lugio n° 63, dc
Conselho da JustigffsFe leral-CJF. Eu' y/ LEONARDO
BRUCE MADUREIRA LOPES, EscrivIcFdiôilcia Federal, 2!
Classe, Matricula n° 17.933, que lavrei a presente.______________
IPL N° 0871/2018
' f . .if
o n
jKeJlisson <JIIxk$ Sotn^yp^
Escrivao da PolJda federal 0'
3s Class* - Matrlcula 16.1.26
i Assinado eletronicamente por: LEONARDO BRUCE MADUREIRA LOPES - 21/05/2019 10:53:17 Num. 55530239 - Pág. 72
PODER JUDIClARIO
SEQAO JUDICIARIA DO DISTRITO FEDERAL
15a Vara
PROCESSON0. £Mp.oO-TU ?.0\rr. (IPL n°. QvaPtlt'rAr* )
TERMO DE RECEBIMENTO DE PROCESSO
1. Nesta data, recebLestes autos, com av folhas e

\ volumes, vindos da(o): ( )Distribuigao (>^MPF ( )DPU ( )PF
( )PCDF ( )TRF1 ( )STJ ( )STF ( )_____Vara/___ ( )Outros:
2. Os autos vieram acompanhados de:

( ) com peticao protocolo n°._____
fvVapensos1 com £ volumes.
( ) bem(nsWmateriaUis)2 apreendido(os) com itens.
1
2
Brasilia, / 09 /2018.
jTna Cbira CaSrat Cunfia ‘Baima

a™
Matricula
i
2
JUNTADA .
Aos QH / ^ /, fag® {untewta de
pe»feio{dss) p*-otoedizada<s) sob o(s) n°<s)
0 \ 0 A H M qua s«®it9(sn), nos
Termos da tei n° 8^52/94, art. 162, § 4°
/
M1NISTERI0 PUBLICO FEDERAL

PROCURADORIA DA REPUBLICA NO DISTRITO FEDERAL
COORDENADORIA JURiDICA
D1VISAO CRIMINAL
ALTOS: JF-DF-0064200-74.2016.4.01.3400-INQ-15’Vara Federal. '
CERT1DAO
Certifico que, em 07/08/2018, deram entrada na Procuradoria da Republica no Distrito Federal os presentes autos. Nesta
data, fa(?o sua: . . •
Movimentagao ao(a) Procurador(a) da Republica, Dr.(a) Valtan Timbo Martins Mendes Furtado,
® Por ser o(a) titular do PRDF - 7°- Oficio, ao qual o presente feito encontra-se distribuido.
O Por ser o(a) titular do PRDF - Oficio, substitute nab designado.
; . O atuando no acervo do
PRDF - Oficio
O • Caso n§o seja
verificada a necessidade de adogao de medidas urgerites, os presentes autos poderab ser encaminHados ao gabinete do
oficio titular.
V
Brasilia, 07/08/2078.
Ana Radekt
MM. Juiz,
Manifesto-me pe!a devoluqao dos autos a.
- Policia Federal, pelo prazo de 5 ^.^dias,
. \ para o prossseguirnento das diiigencias.
Brasilia, 07'/ /O0 / J!o\x
§'
Valtan T. M. iyi. Furtô 'ibUli
PROeyRABOR 0^ REPUÎGA
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certidAo de remessa
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volume(s) ePânexo/apenso/s). a (ao)
_______ /2018, fago remessa,dbs presentes autos, contendo
Justiga Federal/DF □ Departamento de.Policia I|^d^rarj3_
^3 Ivel/Matricula
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00642007420164013400
PODER JUDICIARIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIAO
SECAO JUDICIARIA DO DISTOTO FEDERAL
Processo N° 0064200-74.2016.4.01.3400 - 15a VARA - BRASILIA
conclusAo
Nesta data, faô conclusao dos presentes autos ao MM. Juiz Federal desta 15a Vara
Criminal. Lavro o presente termo.
Brasilia-DF, 09/08/2018
Ladinilson de Oliveira Carvalho

Diretor de Secretaria
DESPACHO
Nos termos do art. 211 do Provimento Geral 129/2016, determine o retorno

com a baixa ao Departamento da Policia Federal no Distrito Federal para continuidade das
investigagoes.
Brasilia-DF, 10/08/2018
(assinatura digital)
Francisco Codevila
Juiz Federal
Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL FRANCISCO RENATO CODEVILA PINHE1RO FILHO em 10/08/2018, com base na
Lei II.419de 19/12/2006.
A autenticidade desle podera ser verificada em http://www trfl.jus.br/autenticidade, mediante codigo 78404433400203.
Pag. I/I
1 de 1
\
ko
PODER JUDIClARIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIAO
SEgAO judiciAria DO DISTRITO federal
PROCESSO: 64200-74.2016.4.01.3400
certidAo
Certifico e dou fe que nesta Secretaria da 15* Vara Criminal da SJ-DF
estes autos foram baixados am definitvo para o Ministdrio Publico Federal/Departamento de Policia
Federal, com vistas a Tramitacao direta. Nos termos do Provimento/COGER n° 129 do Tribunal Regional
Federal da 1°Regiao de 08.04.2016,
com (_1_) volumes (_2_) apensos.
Para contar lavro o presente.
BrasfHa-DF 14 / 08 /2018
I.
Marlucia Soares Silva
Mat. 1^5103 SJ/DF

TeCfflca Judlcidria
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ft
Al
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M I N I S T E R1O PUBLICO FEDERAL

PROCURADORIA DA REPUBLICA NO DISTRITO FEDERAL
' • COORDENADORiA JURiDICA
DIVISAO CRIMINAL'
AUTOS: DPF/DF-0871/2018-INQ
\
CERTIDAO
Certifico que, em 14/08/2018, deram entrada na Procuradoria da Republica no'Distrito'Federal os presentes autos. Nesta
data, fa90 sua: _ ,
Movimentaâo ao(a) Procurador(a) da Republica, Dr.(a) Valtan Timbo Martins Mehdes Furtado,-
# Por ser o(a) titular do PRDF - 7°-Oflcid, ao qual o presente feito ericontra-se distribuido. .
O Por ser o(a) titular do PRDF - Oficio, substitute nao designado. / , .•
■.O / atuando no acervo do
PRDF- Oficio
o - f Caso nSo seja
. verificada a riecessidade de ado^do de m'edidas urgentes, os presentes autos poderiio sqr encaminhados ao gabinete do
oficio titular..
Brasilia, 14/08/2018.
\ ■
Victor E S Ceresa- Mat.: 27778-9

, DIVISAO CRIMINAL
Retornem-se os autos il. autoridade policial,

para o prosseguimento da investigagao.
Prazo Ôdias.
Brasilia, \k I Q9> 1,16$
Valtan Timbo Martins Wiendes Furtado

PROCURADOR DA REPUBLICA,
CERTIDAO DE REMESSA
__ __^/
Em /2018, £390 remessa do.s presentes autos, contendp volume(s) e OZanexo/apenso(s), a (ao)
□ Justiga Federal/DF CEpDepartamento de Policit FaêraL0_
Xks y
âvel/Matrlcula
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8.R/DPF/DF
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Ab(s;. 1 / 11 • j •Joestesa^
e<inten!iRr-£)4
'viume(s) e apensoi ;)j
09 fflfti fijnsiar. ou
Esc f si
'licla Fent-i jwte-i IJ
\ i
* ,
CGMCL.USAO
AosQrtj'^vi^.ffljo 6S!S Autos
Coneiusos aAgivifiaiSfic Policial.
I
...
Ucrrio Br'jjc .^diirefra

Escrivao ^•j.lclo Fdlrsl
V—17.C03
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Assinado eletronicamente por: LEONARDO BRUCE MADUREIRA LOPES - 21/05/2019 10:53:17

(i
Num. 55530239 - Pág. 82
SR/PF/DF
FI:
Rub: /

MSP - POLICIA FEDERAL
IPL n° 0871/2018-4 - SR/PF/DF
DESPACHO
1. Considerando que ainda restam pendentes diligencias tidas por

imprescindlveis ao esclarecimento da verdade material (art. 4°, do CPP e art.
2°, §1°, da Lei 12.830/2013) e considerando as disposipoes do
Provimento/COGER n° 37/2009 (TRF 1a Regiao), remetam-se estes autos
ao(a) Ministerio Publico Federal do DF, para fins de controle externo (Art.
129, VII, da CF/88, c/c. p Art. 9°, II, da LC 75/93), solicitando posterior
devolupao para continuidade das investigapoes ou, em caso de apresentagao
ty de pega acusatoria ou promogao de arquivamento, comunicagao formal da
medida adotada a esta Regional, para fins de registro e baixa em sistemas de
controle interno.
Brasilia/DF, 14 de dezembro de 20T8.
JOSE AUGUSTO CAMPOS VERSIANI

Delegado de Pqlipia Federal
Classe Especial - Matricula 17.044
DATA
Ao(s) 14/12/2018, recebi estes autos conclusos do(a) Delegado(a)
JOSE AUGUSTO CAMPOS V ^SJSNfTjhatricula 17.044, com 1
volume(s) e 2 apenso(s). Eu \ _____ ) LEONARDO BRUCE
MADUREIRA LOPES, Escrivao cte'-Petfda Federal, 2a Classe,
Matricula n° 17.933, que o lavrei.
R E M E S S A
Ministerio Publico Federal do DF
AO(S)14/12/2018, fago remessa dos autos. Eu, ____ ______

... LEONARDO BRUCE
MADUREIRA LOPES, Escrivao de Policia Federal, matricula 17.933, que o lavrei.
IPL N° 0871/2018
\
M
MINIS!E RIO PUBLICO FEDERAL
*’ PROCURADORIA DA REPUBLICA NO DISTRITO FEDERAL
- COORDENADOR1A JURiDICA .
DIVISAO CRIMINAL
t
AUTOS: DPF/DF-0871/2018-INQ . ,
CERTIDAO
• Certifico que; em 13/12/2018, deram entrada na Procuradoria da Republica no Distrito Federal os presentes'autos e, nesta data,
conforme regras estabelecidas no Congresso Intemo de 2018 e na Resolu?3o 31/2018, fa9o sua: t
[X] Redistribuiâo ao PRDF 7° Oficio de CCI

# Por distribuigao autom3tica..
O Por correlagao'aos autos:
S Movimentagao ao(a) Procurador(a) da Republica, Dr.(a) Marcus Marcelus Gonzaga Goulart,

O Por ser o(a) titular do PRDF - •. Oficio de CCI, ao qual o prescnte^feito encontra-se distribuido. •
O Por ser o(a) titular do PRDF - Oficio de Meio Ambiente e Patrimonio Cultural, ao qual o presente feito encontra-se ‘
distribuido. • ,
® Por ser o(a) titular do PRDF - 17° Oficio de CCI, substitute nab designado.
o atuando no acervo
do PRDF-
O A pedido.
Ana Rade)le Dauzagier - mat 25657-9

iivisXT
/*
i.
CERTIDAO DE REMESSA
Em 2018, fac® remessa dos presentes'autos, contendo

□ Justiga Federal/DF Kl Departamento de Policia l|&dera □.
4 volume(s) e- nex o/apen sofs). a (ao)
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Respoi savel/Matricula
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18'DEZ 2013
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SR/PK/DF j
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SfRVIQO PUBLICO FgD|RAL

MSP - POLlCIA FEDERAL
SUPiRINTENDfiNCIA RBOIQNAL NQ DISTRITO FEDERAL
SAIS Quadra 7, Lote 23 r Setor Policial Sul - Brasiiia/DF ? CEP 70;610*902
IPL n° 0871/2018^4 - SR/PF/DF
DESPACHO
1. For determinagao do D^legado Regional de Combate ao Crime

Organiâdo (DRCOR/SR/PF7DF), comigo nesta data e somente para este ato;
2. Junte^se o memorando 505/2018-PPF/CGE/PB, o qual encaminha a
oitiva de Davi Andre Farias de Menezes (CPF 424.898.904-25), splicitada no item 04
do Despapho de fl$. 31/32;Q
3. Por restarem eonfiguradas agtoria e materialidade do delito capitulado
no art. 20, §2°, da Lei np 7.716/89, formalize-se o indieiamento indireto de Davi Andre
Farias de Menezes (QPF 424.898.904^5);
4. Apresento relatdrio em 02 (duas) laydas;
5. ixpepa-se Memorando ao Senhor Chefe do Grupo de Identificapao
desta Regional (<3iD/DRiX/SR/DPF/DF), para que prooeda ^ imediata inelusao dos
dados do indiciado nos sistemas eriminais pertinentes, bem eomp a outras pesquisas
de praxe e, em seguida, eneaminhe a respectiva Folha de Antecedentes Crimjnais
para juntada aps autos;
.6. Encartado relatorio pondusivo e feitps os registros eartorarios de estilo,
remetam-se os presentes autos a Justipa Federal do DF, com as cautelas de praxe e
baixa na distribuipô.
Brasllia/DF, 16 de maio de 2019.
VICTOR NEVES ffEITOSA CAMPOS

Delegado dejPolfcia Federal
Classe ispepiaiylMatriculam016,179
.......... DATA ........ .

Ao(s) 16/05/2019, recebi estes autosconsjusos do(a) pelegado(a)
VICTOR NiVES FEITOSA C S, matKicula 16.179, com 1
volume(s) e 02 apenso(s). Eu, Z LEONARDO BRUCE
MADUREIRA LOPES, Escrivô de'PpHtia Federal, I9 Classe
Matrlcula n° 17.933, que o lavret:——
IPL N° 0871/2018
!
23/01/2019 SEI/PF - 7848378 - Memorando
I l m.
\\
■SERVICO PUBLICO FEDERAL

MJSP - POLlCIA FEDERAL
DELEGACIA DE POLlCIA FEDERAL EM CAMPINA GRANDE - DPF/CGE/PB
Memorando n° 505/2018-DPF/CGE/PB
Ao(A) Sr(a) GRCC/DRCOR/SR/PF/DF
DPF VERSIANI
Assunto: Resposta ao memo n° 3029/2018- IPL 871/2018 GRCC/DRCOR/SR/PF/DF- Carta Precatdria.
1. Em atenâo ao expediente em epigrafe, registrado nessa DPF/CGE/PB como CP 0043/2018, encaminho a Vossa
Excelencia o Termo de Declara^Ses de DAVI ANDRE FARIAS DE MENEZES.
2. Esclare?© que os documentos seguirao via SEI somente e caso haja necessidade do envio flsico, solicito entrar em
contato com estes subscritor.
Atenciosamente,
t
sell a
asiinstura
eletfAnlca
1
Documento assinado eletronicamente por LUCIANO MEDEIROS DA CUNHA, Escrivao (a) de Polfda Federal, em 15/08/2018, as
11:54, conforme horario oficial de Brasilia, com fundamento no art. 6s, § l9, do Decreto n9 8.539. de 8 de outubro de 2015.
0_5j 0
i A autenticidade deste documento pode ser conferida no site htto://sei.dpf.eov.br/sei/controlador externo.php?
Ki
Er ft?
j acao=documento conferir&id orsao acesso externo=0. informando o codigo verificador 7848378 e o codigo CRC 8612F41D.
Referencia: Processo nD 08280.012068/2018-81 SEI n° 7848378
II
https://sei.dpf.gov.br/sei/controlador.php?acao=documentojmprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=10163308&infra_siste... 1/1
t.. I
DPF/CGE/PB
fi-M
Rub:
• SERVIQO PUBLICO FEDERAL

MJ- POLICIA FEDERAL
DELEGACIA DE POLICIA FEDERAL EM CAMPINA GRANDE/PB
Av. Severino Bezerra Cabral, s/n- Mirante. CEP 58.407-475. Tel. (83) 3332-9250
TERMO DE DECLARAQOES DE
DAVI ANDRE FARIAS DE MENEZES:
IPL na 871/2018-4 SR/PF/DF
Ao(S) 15 dia(s) do mes de agosto de 2018, nesta DELEGACIA DE POLICIA FEDERAL

EM CAMPINA GRANDE, em Campina Grande/PB, onde se encontrava CARLOS
FELIPE MACIEL COSTA, Delegado de Policia Federal, compareceu DAVI ANDRE
FARIAS DE MENEZES, sexo masculino, nacionalidade brasiieira, separado(a)
judiciaimente, filho(a) de Davi Barbosa de Menezes e Oliveira e Rosalva Farias de
Menezes, nascido(a) aos 12/07/1965, natural de Campina Grande/PB, instrugao ensino
superior graduagao, documento de identidade n° 1013645/SSP/PB.. CPF
424.898.904-25, residente na(o) Chacara Novo Horizonte, Dtvisa Campina Grande /
Lagoa Seca, bairro Distrito de Genipapo, Campina Grande/PB, celuiar (83)987507201.
Cientificado dos seus direitos constitucionais, inclusive o de permanecer em silencio.
Inquiridofa) a respeito dos fatos, RESPONDEU: QUE o declarante inicialmente
esciarece que e jornalista investigastivo (sem formagao academics), atuante na area
ha aproximadamente 30 anos; QUE tomando conhecimento do motivo de sua
intimagao, respondeu que foi o declarante o autor e responsavel pela postagem do
video no enderego da internet http://www.youtube.com/wath?v=jCk-oeSv8ww"? ora
apresentado ao declarante; QUE afirma que e o declarante quern aparece no video
acima referido; QUE o declarante e o gestor do perfii da rede social Facebook
denominado "Grupo de Defesa contra a Invasao de Terra", disponlvel nessa rede
social no enderego
"https;//www.facebook.com/Grupo-de-Defesa-conira-invas%C3%A3o-de-Terra-167300
3012935936/", onde foi publicado o mencionado video; QUE relativamente ao grupo de
rede social suso, o declarante esciarece que destina-se a mostrar e denunciar
invasoes criminosas provocadas pelo MST; QUE o video foi colocado nesse grupo de
rede social apenas pelo fato do mesmo ter muita visualizagao, contudo, os temas nao
se correlacionam; Eô\declarante nega que tenha gravado o video acima
CP N° 0043/2018 fls. 1 / 2
J
DPF/'CGE/PB
FI:
Rub: 1
mencionado com o objetivo de induzir ou incitar a discriminaipao do Islamismo ou os
seus seguidores dessa religiao; QUE o declarante nega que tenha gravado o video
acima mencionado com o objetivo de associar os seguidores do Islamismo ao
Terrorismo; QUE o declarante e convertido ao Judaismo ha 8 anos, sendo inclusive
presidente da associapao judaica "Amigos da Tora"! nesta cidade de Campina Grande;
QUE o declarante esclarece que o foco do seu video foi denunciar a construqao
irregular de uma embaixada de urn povo que nao era considerado uma nagao,
construida fora do setor de embaixadas em terreno doado peia Uniao e com recursos
doados pela Uniao; QUE finalmente, o video foi criado com conotagao absolutamente
poiitica, isto e, a fim de denunciar e alertar a populagao quanto ao man uso do dinheiro
t publico. Nada mais disse e nem She foi perguntado. Foi entao advertido(a) da
obrigatoriedade de comunicagao de eventuais mudangas de enderego em face das
prescrigoes do Art. 224 do CPP. Determinou a autoridade o encerramento isente
que, lido e achado iformeAassina com ooi declarante e comig
LUCIANO MEDEIROS DA
> CUNHA, ^scrivao de Policia Federal, queC e
I
AUTORIDAQ
/ <2, ZD
DECLARANTE
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CP N° 0043/2018 fls.2/2
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MJ - OEPARIAMEHTOOEPOLiaAffDElWL
SR/PB - OELEGACIA EM CAMPINA GRANDE
DOU-FS seresta
CERTIFICO E mento que
c6p\a autgntica do docu
me fol apresentado.
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oaciV-
. !o ooilcta Fed^J-
I
SIRVIOO PUBUieO FEDERAL
MSP - POLiCIA FEDERAL
SUPgRINTiNDSNCIA REGIONAL NO DISTRITO FEDERAL
m$ Quadra 7 • Lete 23 r Setor Policia! Sul - Brasilia/DF ^ CgP 70.810»0O2
Memprando n° 1880/2019 - IPL 0871/2018-4 SR/PF/DF
6m 20clemaiode 2019.
AO{A@enhpr^
Chefe do Qrup© de Identifieapio
GtD/DREX/SR/DPF/DF
Assunto: !PL nc 0871/2018^4 - SR/PF/DF
Visando instryir os autos do IPL n° 0871/2018-4 - SR/PF/DF, solicit© a

Vossa Sanhoria que faga inciuir 0 nom© do(a) naeional abaixo qualifieado(a) nos
sistomas pornpetentes da Policia Federal como incurs© nas penas do art. 20, § 2P, da
Ui np 7.718/89. Bern corn© 0 envi© da FAQ para Juntada aos refpridos autos,
NOME; DAVI ANDRfi FARIAS Di MlNilgS

NAOIONAUPADE: BRASILEiRA
6STADO CIVIL: Separado(a)
PAI: Davi Barbosa de Menaces
MAE: ROSALVA FARIAS DE MENIZiS
DATA DE NASCIMENTO: 12/07/1968
NATURALiPADE: Campina Grande/PB
INSTRUpAO; Ensino Superior - Graduagio
DOCUMENTG Di IDENTIDADE: 1013645 - SSP/PB
QPF : 42489890425
INDiREQO RESIDENCIAL: Chaeara Novo Horizonte, Diviisa Campina Grande/Lagoa
Seea -195 * Genipapo - Campina Grande - PB.
Atencipsamente,
VICTOR NEVES FEltrQSAGAMPOS

Delegade de/pplKiia-Federal
Classe Especial j Matricula n° 16,179
;
% iV)J5M!N!§TÎQ5A^T!gA
Sif^ôioSio H fgj'cHAveiic
R0|*le!A FgPERAi.
INSTIT'MTQ NATIONAL Q8 !p6NT|FIGA?AO
^jjREQISTROPeOERAL.
T?o
ll^BcniEnSiMiDMMe&iSSlS^SJS P9'59
............. !!• *» . , I .■ > i >; - _( I. ^ ■ r _ . .I ■ ■ I * .■ ■ ' i.—r ‘l''i '*^(-
Qg'j PEiegACiA / QROAp IN9TAURA00R DO IRL / PR0CE880 5gJ CIPADB

^ GRCC/SR/PP/DF «2JUF
^J 'NClMgRo'pO iP^Tg '' 00 OA7A!NSTAgRACAO îpt^ JTtC^ ^ |TrT MTA AUTUACAO ' '^J'St'a QiixPEDlCAO DO PROTUARIO
Q71/2018s4 06/07/2016 ^ ~ "^09/07/2018 *^20/05/2019
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I ,a[NSMS COMP^TpDOiNDtCIABp ' :
DAVI ANDRE FARIAS OE MENEZES
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^ ROSAUVA FARIAS Jlg ymm

&, NAS^mSnto 'IJ] LOCAL Dg NA69IMENTQ: ÛP
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^ BRASILEIRA
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* SOCIEDADE SOCIEDAPE/DF
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mThSraOAOPBHAI.
-Art. 20 5? Lei 7716/1989
it 37 | DATA DO FATO gal HQRADO FATO 391 DIA DA SEMANA

H
ÔDSERVACOaa
■=*=**
41 ASSINATURA DO INDIC1AOO
421 NOME COMPLITO DO IOENTIFICAOOR 43 ASSINATURA

!
44] NOME po ESCRIVAO ^jgJ ASSINATURA’
BRUCE
46 NOME OO PRESIOSNTE DO PROQEOIMENTO INVE8TIQAT0RIO 47J ASSINATURA
CAMPOS
I
SR/PF/DF |
Rub: I '
SERVIQO POBUCO FEDERAl

MSP, POLiCIA FEDERAL
SUPERINTiNDfiNCIA REGIONAL NO DISTRITO FEDERAL
SAIS Quadra 7 ^ Lot© g3 * Setor Felicia! Sgl - Brasilisi/DF * CUP 7Q.6-10-902
INQU6RITO POLICIAL N9 0871/2018~4=SR/PF/DF

INSTAURADO EM: 05/07/2018
PRQQ1SSQ N°: 19071020164058201 .M|nist#rio PQblicp Federal dp DF
INCIDfiNCIA PENAL: art, 20, § 2°, da Lei n° 7.716/89

RESUMO DO FATO: apurar suposta pratica de crime previsto no art. 20, § 2°, da Lei n°
7,716/89, em razao de video publicado no "YouTube" por Davi Andre Farias de
Meneses prpferindo expressSes preconceituosas contra o Islamismo, em frente ao
pr^dio da Embaixada da Palestina.
INDIQIADO: Davi Andr§ Farias de Meneses , jnterrogado em 15/08/2018
Senhor Juiz,
O presente inqu^rito foi instaurado por portaria, em 12 do setembro de

2016, atendendo ao Qficio n° 508/2016-P, provonionte da Qomissao de Direitos
Humanos e Mlnorias da Camara dos Doputados (fl, 04 do Aponso I), para apurar
possivel ocorrOncia do delito previsto no artigo 20 da Lei n°7.716/1989, tendo em vista
# a pgblicagao de urn video na rede social Facebook, em 31/08/2015, pelo perfil "Qrupo
de Defesa contra a invasao de Terra", no enderego eletrOnico
!<https://www.faeebook,com/Grupo-de-;Defesa-contra-invas0/pC3%A3p-de-Terra'167300
3012935936/”, no qual urn homem, em frente a Embaixada da Palestina, em Brasilia,
prega a realizagSo de atos contra o pr^dip e contra a religiao islairiica.
A Unidade de Repressao aos Crimes de Odio e Pornografia Infantil na

Internet identificou que a pcigina ^ cpntroiada por Davi Andre Farias de Menezes (CPF
424,898.904-25), que tambem utilize o nome “Davi Bern Avraham" e controle djferentes
perils e p^ginas no Facebook, com conteddos semelhantes ao investigadp no presente
inqu^rito.
Segundo o Memorandp n° 52/2Q16-UIP/DPF/CGE/PB (f|. iOyDavi idre
IPL N? 0871/2018
SR/PF/DF
FI: O
Rub:
Faria? de M^nezes (CPF 424.898.904-25) reside na av. Florida, 195, Bairro das
Nagpes, Campina Grande/PB,
A autoridade policial representou pelp expedite de mandado de busca e
apreensao na re?id#ncia do jnvestigado, mas hquve deciinio de competencia polo jufzo
de Campina Grande, em favor do julzo de Brasilia/DF (f!s, 14/5).
0 inqu6rito fpi entao retpmbado nesta Sgperintend^npia (fl. 31).
Inqiiiride, Davi Andre Farias de Meneze? (CPF 424,898.904-25)

confirmou ?er o agtor do video, mas aiegou que o fez com conotapao politica. Por
restarem cpnfiguradas autoria e materialidgde do deHtp capitulado no art. 20, §2°, da
Lei n° 7.716/89, p investigadp foi formalmente indiciadp.
Assim, dou por encerradas as investigapoes, submetendp o$ presentes
autos a apreciagao de Vossa gxcelencia, para que, depois de ouvido o excelentissimo
membro do MPF, sejam adotadas as medidas no interesse da Justiga.
Qaso p excelentissimo membro do parquet federal yislumbre a
necessidade de continuidade dp feito, utilizandp-se da prerrogativa prevista no artigo
16 do Codigo de Proeesso Penal, esta Autoridade colpca-se, desde ja, ^ disppsigao
para cumprimento imediato de eventual requisigao, solicitando apenas que sejam
expiicitadas, de forma minuciosa, as diligencias faltantes, incluindo-se, em casp da
necessidade de novas oitiyas, as perguntas a serem formuladgs, ou entao, ao menos,
sejam declipados os pbjetivos das inquirigPes.
Brasilia/DF, 16 de maio de2019.
VICTOR NEVES BglTOSA CAMPOS

Delegadade/Policia Federal
Classe EspedlajA Matricula n° 16.179
IPL N° 0871/2018
t
I
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SERA/COAD
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08200.021609/2015-62
I
ii!i:

MJ - DEPARTAMENTO DE POLICIA FEDERAL
CORREGEDORIA-GERAL DE POLICIA FEDERAL
SETOR DE APOIO ADMINISTRATIVO
Memorando n° 826/2015-SAD/COGER/DPF
Em 03 de novembro de 2015.
A: SELP/COGER/DPF
Chefe do SAD/COGER/DPF
Assunto: Encaminha expediente.

Referenda: Msg eletronica s/n° cdh@camara.leg.br; offcio 508/2015-P da Comissao de Direitos
Humanos, de 29/10/2015, Doc.41473.
Encaminho o expediente em referencia para analise e manifestagao, conforme o

/
despacho de n° 9914/2015-GAB/COGER/DPF.
Atenciosamente,
h \
/
)Q\BA SJLVA COELHO
Agente Administrativo
A-KMat. 19757
9b Chefe do SAD/COGER/DPF em exerdcio
■ >.
)
v* X
03/11/2015
T~^\Enviada ein: quinta-feira, 29 de outubro de 2015 19:00
j / Para: marcospaulo.mpccs@dpf.gov.br
or 4>^' Cc: coger@dpf.gov.br
Ui T Assunto: Fw: Oficio do Presidente da Comissao de Direitos Humanos, em anexo
O
»
\ O a.
Prezado Dr. Marcos Paulo,
De ordem, segue para conhecimento, analise e providencias decorrentes.
Atenciosamente,
Leonardo Meireles Ferreira

Chefe de Gabinete Substituto
--------- Mensagem encaminhada----------

Remetente: "Comissao de Direitos Humanos/DECOM" <cdh@,camara.leg.br>
Data:.29/10/2015 18:18 (23:37 boras atras)
Assunto: Oficio do Presidente da Comissao de Direitos Humanos, em anexo
Para; "'cgab@dpf■gov■br’, <cgab@dpf.gov.br>
#
about:blank 2/2
*
03/11/2015
X;V
'ir
fiu^'
\ExpreJss,oLivre - ExpressoMail
Rerr^tente: "marcospaulo.trpccs" <marcospaulo.mpccs@dpf.gov.br>

Para: olavo.ojh@dpf.gov.br
Data: 03/11/2015 16:14 (23:25 boras atras)
Assunto: ENC: Oficio do Presidente da Coirrissao de Direitos Hu manos, emanexo
Anexos: OFPRES_508 - PF - Grupo de Defesa contra lnvasao.pdf (5.1 Mb)
Para providencias.
« j
* t
Atenciosamente,
. i
i-
Marcos Paulo Cardoso Coelho da Silva

*.
Assistente/COGER/DPF
la Classe - Mat. 15.272
(61) 2024-8245 / 9157-2834
De: Chefia de Gabinete - DG/DPF [mailto:cgab@dfijlpv.br] *

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P!c.
|i CAMARA DOS DHPUTADOS
4 mfc. Comissao de Direitos Humanos e Minorias
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Oficio n°508/2015-P
Brasilia, 29 de outubro de 2015.
A Sua Excelencia o Senhor

DPF LEANDRO DAIELLO COIMBRA
Diretor-geral do Departamento de Policia Federal
cgab@dpf.gov.br
SAS Quadra 6, lotes 09/10 - ED.SEDE/DPF
CEP: 70037.900 - Brasilia/DF
Senhor Diretor-Geral,
Na conditâo de Presidente da Comissao de Direitos Humanos e Minorias da

Camara dos Deputados, peQO que o senhor determine a investigaqao do perfil da rede
social Facebook autodenominado “Grupo de Defesa contra invasao de Terra”,
disponivel no endereqo eletronico https://www.facebook.com/Grupo-de-Defesa-contra-
invas%C3%A3o-de-Terra-l673003012935936/. acessado em 22 de outubro de 2015,
cuja impressao segue em anexo.
O proselitismo conservador e com base fantasiosa contido na pagina nao e, em

si, um crime. Trata-se de manifestaqao do direito a liberdade de expressao. Ha, porem,
outros tipos penais em que provavelmente as condutas expressas pelo “Grupo de Defesa
contra invasao de Terra” se enquadram.
Na pagina mencionada ha video publicado em 31/08/2015, em frente a

Embaixada da Palestina em construqao. Na gravaqao um homem prega contra o predio
que considera uma “base terrorista” “para aparelhar o Isla”, “a desgraqa que e o Tsla”.
Para ele, “temos que acabar com isso daqui, embargar essa obra, porque o islamismo vai
entrar no Brasil para destruir o cristianismo”.
^1^ Trata-se de clara associaqao entre os seguidores de uma religiao e o terrorismo, e
de oposiqao ao islamismo, que existira em suposto detrimento do cristianismo.. As
assertivas proferidas pelo autor do video enquadram-se no artigo 20 da Lei n°
7.7T67T9897~qu'e’TTeVe °—cTime^de"praticar,”iriduzir ou' incitar a discfiminaqacTûTZr
Dr^conceito"ânr^3ase'^nMreTimao™ouZDrac^lenciat,B^îohalT5Tra^rse™*HF™cnn^m"
- - ............. ^ ^ __
enquadrado na lei de racismo e, portanto, um dos crimes que nossa Constitmqao trata
mais severamente, considerando-o imprescritivel (artigo 5°, inciso XLU ).
Alem disso, ha diversos anuncios de serviqos prestados aparentemente para

auxilio em despejos ilegais. Veja-se:
“ATUAMOS NA AREA. QUANTO VALE SUAS TERRAS? QUANTO VALE

SUA VIDA??? CABEQA QUENTE NAO RESOLVE. FALE CONOSCO.”
(31/08/2015)
Presidente Camara dos Deputados | Anexo II | Sala 185A | Pavimenlo Superior |CEP 70.160-900 | Brasilia | DF 1 Brasil
(61) 3216-6570 | cdli@:camara.uov.br | http://wvvw.camara.leg.br/cdh
V
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m CAMARA DOS DEPUTADOS
SR Comissao de Direitos Humanos e Minorias
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“PRESTAMOS SERVICOS DE ESTRATEG1AS TATICAS PRA

PROPRIEDADES 1NVADIDAS” (31/08/2015)
“PRESTAMOS ACESSORIA TATICA CONTRA INVASAO DE TERRAS. NOS

CONTATE” (27/07/2015)
“TEMOS SERVICOS ESPECIAUZADOS PARA PROTEGER SUA TERRA E

PROPRIEDADES DE INVASAO.
CONTATE PELO EMAIL: iewsihbat@gmail.com” (26/07/2015)
“PRESTAMOS SERVICOS TATICOS CONTRA INVASAO DE TERRA E

ACOES PREVENTIVAS.
AOS INTERESSADOS
EMAIL: iewishbat@gmail.com” (25/07/2015)
“VOCE QUE TEM PROBLEMAS COM INVASORES DE SUA TERRA, NOS

PODEMOS TER A SOLUCAO, NOS PROCURE VIA EMAIL.” (24/07/2015)
“VOCE VAI ESPERAR MATS O QUE???

CONTACTE-NOS” (23/07/2015)
“QUER SE VER LTVRE DE INVASORES???

NOS CHAMEM PELO EMAIL” (23/07/2015)
“MST PROGRAM INVASAO EM GRANDE ESCALA EM TODO O BRASIL.

GRUPO COM ACOES TERRORISTAS COM IDEOLOGIA MARXCISTA QUE
PREGAM REVOLUCAO ARMADA ATRAVES DO ROUBO DE TERRAS
PRIVADAS.
PROTEJA SUA TERRA. ENTENDA QUE ESTE GRUPO TEM TREINAMENTO
MTLTTAR.
ESTAMOS A DTSPOSICAO CONTATE-NOS
PELO EMAIL.” (23/07/2015)
“VOCE QUE TEM PROBLEMAS COM INVASAO DE TERRAS

NOS PROCURE NOS TEMOS A SOLUCAO.
CONTACTE-NO S VIA EMAIL, SIGILO ABSOLUTO” (23/07/2015)
“SIGILO ABSOLUTO
TODOS OS NOSSO SERVICOS DEVEM SER CONETADOS POR EMAIL.
DIANTE DA CRISE INSTITUCIONAL VIVENCIDA NO PAIS, SE FAZ
NECESSARIOS ACOES QUE VISEM A PROTEGER PROPR1EDADE
PRIVADAS.
CONTAMOS COM SERVIQO ESPECIALIZADO NA AREA.” (23/07/2015)
Ha muitas menaces na pagina do Facebook a ocupaôes de movimentos de

trabalhadores sem-terra (em 12/08/2015; 05/08/2015; 04/08/2015; 30/07/2015;
30/07/2015; 27/07/2015; 26/07/2015; 27/07/2015; 24/07/2015; 23/07/2015) e a
conflitos pela posse de terras tradicionais indigenas (01/09/2015, 31/08/2015 e
04/05/2015).
Presidente Camara dos Deputados | Anexo II | Sala 185A | Pavimento Superior |CEP 70.160-900 | Brasilia | DF (Brasil
(61) 3216-6570 | cdli@camara.aov.br | hup://www.camara.lcg.br/cdh
IMm,
m CAMARA DOS DEPUTADOS
W- Comissao de Direitos Humanos e Minorias
Sao duas as maneiras de se despejar coletividades de propriedades rurais cuja

posse e contestada: ou a policia cumpre mandado judicial de reintegraâo ou ocorrem
despejos ilegais. A logica leva a concluir que os serviiôs anunciados pelo “Grupo de
Defesa contra invasao de Terra” provavelmente se enquadram na categoria de auxilio a
despejos promovidos por particulares, o que, normalmente, e acompanhado do uso de
armas de fogos.
Conforme o artigo 5° da Constituipao, e plena a liberdade de associa<?ao para fins

licitos, vedada a de carater paramilitar (inciso XVII); “e crime inafian9avel e
imprescritivel a aâo de grupos armados. civis ou militares. contra a ordem
constitucional e o Estado Democratico” (XLIV).
A constituiâo de milicia privada e crime previsto no Codigo Penal (artigo 288-

A), que tipifica a conduta de “Constituir, organizar, integral*, manter ou custear
organiza<;ao paramilitar, milicia particular, grupo ou esquadrao com a fmalidade de
praticar quaisquer dos crimes previstos neste Codigo”. A milicia paramilitar_pQde-se__ _
organizar para “fazer iustica^pelas^nrQnr.ias-maQ.s”._ Trata-se do crime de “exercicio
arbitrario das proprias razoes”, previsto no artigo 345 do Codigo Penal.
Considerando que normalmente os despejos organ izados por fazendeiros contam

com grupos paramilitares, e possivel que as a^des divulgadas na pagina do Facebook se
valham de posse irregular de arma de fogo de uso permitido, porte ilegal de arma de
fogo de usb^permitido, posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previstos
nos artigos 12, 1 dlTnraaTei No‘TO^67i5d03'r---------------—— — --------- ------
Senhor Diretor-Geral, a Lei ° 10.446, de 8 de maio de 2002, estabelece a

competencia investigativa do Departamento de Policia Federal do Ministerio da Justiâ
sobre violagoes de direitos humanos que a Republica Federativa do Brasil se
comprometeu a reprimir em decorrencia de tratados intemacionais de que seja parte,
quando houver repercussao interestadual ou internacional que exija repressao uniforme.
E o caso.
O servi?© provavel de milicia armada e anunciado pela rede mundial de

computadores, o que enseja, presentes os outros requisites, competencia federal. Veja-se
a jurisprudencia:
PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME DE RACISMO. INDUZIMENTO E

INSTIGACAO ATRAVES DA INTERNET. INTERNACIONALIDADE.
CONVENCAO INTERNACIONAL SOBRE ELIMINAgAO DE TODAS AS
FORMAS DE DISCRIMINAgAO RACIAL. COMPETENCIA DA JUSTICA
FEDERAL. (ARTS. 109, INCISOS III E V, DA CF). (...) I. Hipotese de crime
perpetrado por meio da rede mundial de computadores (internet), tendo o acusado
criado uma comunidade de cunho racista, intitulada 100% BRANCO, no site de
relacionamento denominado ORKUT, isso atraves de IP localizado no Brasil, o que
possibilitou a propagacao de textos racistas alem das fronteiras do territorio nacional,
vez que o acesso pode-se dar prontamente no estrangeiro. 2. Uso de um site de
relacionamentos de acesso mundial para divulgacao de textos de conteudo racista, sendo
indiscutivel a competencia da Justica Federal, pela previsao da repressao em conven9ao
Presidente Camara dos Deputados | Anexo II | Sala 185A j Pavimento Superior |CEP 70.160-900 [ Brasilia | DF [ Brasil
(61) 3216-6570 | cdlifi-camara.i’ov.bi' | http://www.camara.lcg.br/cdh
Iht
M CAMARA DOS DEPUTADOS
K Comissao de Direitos Humanos e Minorias
3
intemacionai, assim como pela inegavel marca da intemacionalidade. Incidencia do art.

109, inciso V, da CF/88, na previsao quc cstabdece a competcncia da Justi9a Federal
em situa9oes de crimes previstos em tratados ou conven9ao intemacionai, quando,
iniciada a execu9ao no pais, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro.
(...) (PROCESSO: 200881000016774, ACR7738/CE, RELATOR:
DESEMBARGADOR FEDERAL MANGEL ERHARDT, Primeira Turma,
JULGAMENTO: 16/02/2012, PUBLICAQAO: DJE 24/02/2012 - Pagina 140)
A repercussao dos conflitos de terras no Brasil envolvendo milicias armadas nao

e apenas nacional. E intemacionai. Vejam-se, por exemplo, tres materias jomalisticas
sobre o recente assassinate do indigena Semiao Vilhalva no Mato Grosso do Sul,
provavelmente morto por milicia armada: uma em agencia de noticia dos Estados
Unidos (FOX), outra espanhola (EFE) e outra russa (Pravda).
Mais que noticias, a atua9ao de milicias privadas em conflito de terras resultou

ao Brasil denuncias e condena9oes internacionais.
Segundo dados do Conselho Indigenista Missionario, apenas em 2014 foram

registrados 138 assassinates - numero alarmante. Boa parte deles envolve milicias
armadas. No dia 19 de outubro essa situa9ao foi denunciada a Comissao Tnteramericana
de Direitos Flumanos (noticia em anexo)..
O trabalhador Valmir Mota de Oliveira, Keno, foi assassinado em 2007 por

milicia armada que atuava por fachada de empresa de seguran9a, em campo
experimental da multinacional Syngenta, em Santa Tereza do Oeste - PR. Membros do
Parlamento da cidade de Basel, na Suipa, onde fica a sede da empresa, pediram
explicapoes ao Brasil. O caso foi tambem denunciado pela Rede Intemacionai de
Direitos Economicos, Socials ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, em junho de
2008.
O trabalhador Sebastiao Camargo Filho foi assassinado de fevereiro de 1998,

quando uma milicia ligada a ruralistas despejou familias acampadas na Fazenda Boa
Sorte, no Parana. As viola9des dos direitos a vida e as garantias judiciais levaram
a Comissao Tnteramericana de Direitos Humanos a responsabilizar o Estado brasileiro
pelo crime (senten9a em anexo).
Em novembro de 1988 o agricultor Setimo Garibaldi foi assassinado em

operapao realizada por pistoleiros, em despejo ilegal da Fazenda Sao Francisco, no
Parana. A Comissao Interamericana de Direitos Humanos tambem condenou o Brasil
pelo caso (senten9a em anexo).
Aliado a repercussao, tem-se muitas as normas internacionais de direitos

humanos envolvidas no caso.
Comentario Geral n° 7 adotado pelo Comite de Direitos Economicos, Socials e

Culturais da ONU trata do direito a moradia adequada e de despejo for9ado. Segundo o
texto, os despejos for9ados sao incompativeis com as normas do PIDESC - Pacto
Intemacionai de Direitos Economicos, Sociais e Culturais. O PIDESC foi incorporado
Presidcntc Camara dos Deputados | Anexo II | Sala 185A | Pavimento Superior |CEP 70.160-900 | Brasilia | DF j Brasil
(61) 3216-6570 | cdli@;camara.gov.br | http://www.camara.leg.br/cdli
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•i I CAMARA DOS DEPUTADOS ■i.-/

Comissao de Direitos Humands e Minorias
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ao direito brasileiro pelo Decreto n° 591, de 6 de julho de 1992. Os despejos for9ados

violam, em especial, o direito a proteâo da familia (artigo 10), a um nivel de vida
adequando para si proprio e sua familia, inclusive a alimenta9ao, vestimenta e moradia
adequadas (artigo 11) e ao o direito de toda pessoa de desfrutar o mais elevado nivel
possivel de saude fisica e mental (artigo 12). Segundo o PIDESC, cada Estado Parte do
presente Pacto compromete-se a adotar medidas para efetivar seus dispositivos (artigo
2°). Portanto, a nao investiga9ao de anuncio publico de oferecimento de servi90 de
despejo particular viola ffontaimente seus dispositivos e a obriga9ao de o Estado
- brasileiro promover os direitos nele previstos.
Considerando ainda que a pagina do Facebook mencionada apresenta muitas

cita9oes a disputas por terras indigenas - nas quais milicias armadas sao envolvidas
frequentemente - e de se ter em conta a Conven9ao n° 169 da Organiza9ao
Internacional do Trabalho sobre Povos Indigenas e Tribais, incorporada ao Direito
Brasileiro pelo Decreto n° 5.051, de abril 2004. De acordo com o artigo 2° do tratado,
os govemos deverao assumir a responsabilidade de desenvolver uma a9ao coordenada e
sistematica com vistas a proteger os direitos desses povos e a garantir o respeito pela
sua integridade. A nao investiga9ao de milicias armadas que atuam contra esses povos e
uma viola9ao do pacto.
Quanto ao crime de preconceito„por religiao. a Convencao-, IntemacionaLsobre a.

Eliminacao dc todas as Formas de Discriminacao Racial, incorporada ao Direito
îrT^TiTri-rf-t, aNc. f iw, ii> in..- I* ■ Wit r« niu„ > frrtiL
Brasileiro pelo Decreto n° 65.810, de 8 de dezembro de 1969, determina sua puni9ao.
Diante do exposto, considerando a atribui9ao regimental que tern este colegiado

parlamentar de investigar viola9des ou amea9as de viola9oes de direitos humanos, pe90
que Vossa Senhoria determine a investiga9ao da pagina “Grupo de Defesa contra
invasao de Terra”.
Cordialmente,
Deputado PAULO rlMEMTA

f Presidenfe \
Presideiite Camara dos Deputados | Anexo II | Sala 185A ] Pavimento Superior |CEP 70.160*900 | Brasilia | DF \ Brasil
(61) 3216-6570 1 cdhfaicamara.t’ov.br | http://www.camara.lcg.br/cdli
I
21/10/2015 Grupo de Defesa contra invasSo de Terra
I
/
o
Grupa de, Defesa contra

invasao de Terra Curtir Seguir Mensagem
Aeroespacial/defesa
Linha do Tempo | Sobre ■ Fotos Curtidas Videos
A 4.097 pessoas curtiram isso
I
Convidar amigos para curtir esta Regina
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j | Solicitar o enderego de Grupo de Defesa contra

invasao de Terra
| | Perguntarosite de Grupo de Defesa contra

invasSo de Terra
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M BRANCO
21/10/2015 Grupo de Defesa contra invasSode Terra
5 *»
AeronauHca Brasifeira Curtir
L
Portugues
(Brasil) '.Privacidade • Termos • Cookies -Anuncios •
Opg6es de anuncio ■ Mais
Facebook©2015
Si Grupo de Defesa contra invasao de Terra

1 de setembro •
https://www.youtube.com/watch?v=:t4hmStZM4Ms&feature=youtu.be
O PT QUER TOMAR SUA CASA E

OS SEUS BENS
i
!
YOUTUBE.COM
Curtir Comentar Compartilhar
53 pessoas curtiram isso. Maisrecente
47 compartilhamentos
Otto Mendes fora ruralistas! Sao criminosos que destroem o pais e sao os ,
maiores respons£veis pela miseria, corruppao e violencia!
Curtir • Responder • 2 de setembro as 11:06
i UMli Paulo Waack O exemplo disso e sd vercomo estd CUBA atualmente, parou
: no tempo.
I Curtir • Responder • 2 de setembro as 15:24
Escreva um comentario...
J
Grupo de Defesa contra invasao de Terra compartilhou

o video de Guarulhos Direita Conservadora.
31 de agosto •
https://www.facebook.com/GuarulhosDireitaConservadora/videos/963650
547011955/
27.890 visualizagoesGuarulhos Direita Conservadora

31 de agosto-
FUNAI usada para recrutar FALSOS INDiGENAS.
data:text/html;charset=utf-8,%3Cdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margin-bottcxn%3A%208px%3B%20coior%3A%20rgb(20%2C%202... 2/30
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/
/
I
j
j 129 pessoas curtiram isso. Mais recente
; Ver mais 16 comentarios i

I Pedro de Vasconcelos BANDO DE MENTIROSO!!!!
| LEVIANOS!!
Samuel Oliveira Bando de mentiroso !
Levianos!
Curtir - Responder • 1 de setembro as 21:22
j Escreva um comentario...
k.
Grupo de Defesa contra invasao de Terra

31 de agosto •
| ATUAMOS NA AREA. QUANTO VALE SUAS TERRAS? QUANTO VALE

I SUA VIDA??? CABEQA QUENTE NAO RESOLVE. FALE CONOSCO.
! 4 pessoas curtiram isso.
; 2 compartilhamentos
I Escreva um comentario...

. ■
31 de agosto • ! .j.v ’
s--------- '-'Jg ,1V t
VOCE QUE TEM PROBLEMAS COM INVASAO DE SUAS'TERRAS f
! ENTRE EM CONTATO COMIGO. "’
davimeneses@hotmaii.com
j 11 pessoas curtiram isso.
2 compartilhamentos

31 de agosto •
PRESTAMOS SERVIQOS DE ESTRATEGIAS TATICAS PRA

PROPRIEDADES INVADIDAS
10 pessoas curtiram isso. Mais recente
2 compartilhamentos
Otto Mendes Quern invade propriedade e a escoria ruralista!

■ Grupo de Defesa contra invasao de Terra compartilhou

J o video de Zelma Rodrigues Rodrigues.
31 de agosto-
data:text/html;charset=utf-8I%3Cdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margin-bottom%3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%202... 3/30
Hi Si*
mm
21/10/2015 Grupb de Defesa contra invasSo de Terra
F'S.
^71.935 visualizaQoesZelma Rodrigues Rodrigues

10 de agosto •
AGORA RODE COM.PARTiLHAR

!
: 48 pessoas curtiram isso. Mais recente
! Carlos Laurenti Tem mais esta...

[j| Paulo Waack LULA tu 6s um desgragado. For essas coisas 6 que o Brasil
Q| estd no deficit.
»
L.
r.,.. i L. ..j

31 de agosto •
AQUI VOCE RODE DENUNCIAR TUDO QUE OCORRE DE INVASOES

EM TERRAS.
13 pessoas curtiram isso
i 1 comparlilhamento
r
1
1 Grupo de Defesa contra invasao de Terra
31 de agosto •
A TODOS QUE QUEIRAM CONTRIBUIR COM A PERMANENCIA DESTA

PAGINA FOR FAVOR ENTRE EM CONTATO.
TEMOS GUSTOS MENSAIS DE MANUTENQAO E PAGAMENTOS AO
FACEBOOK.
3 compartilhamentos
Renato Pinheiro Dorte So uma dtivida... tbm administro uma pSgina, mas
nao tenho nenhuma despesa.
r
Quais seriam elas?
Curtir • Responder • 2 de setembro as 17:03 i
data:text/html;charset=utf-8,%3Cdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margin-bottom%3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%202... 4/30
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* ^
\ *< s\ ^ ■
• --S, .
\ T
21/10/2015 Grupo de Oefesa contra invasdo de Terra
I
i Escreva um coment^rio...

31 de agosto -
http://g1.globo.com/.../indios-continuam-em-fazenda-S-dias-ap...
r-
Indies continuam em fazenda 5 dias apos invasao em

municipio de MS
Indios proibiram a entrada do propriet4rk>, diz DOF. Grupo bloqueou estradas da
regiSo nessa terga-feira (25).
G1.GLOBO.COM
114 pessoas curfiram isso. Mais recente
Ver mais 9 coment&rios

Mauricio Brotto carcere privado, sequestro, agressSo e nao da nada pois
dizem ser indios, mas cade os indios bobos que o governo diz que tem de
proteger, que sSo todos inocentes , anjinhos, puros, ah ta ai tem dedo da
faegao criminosa tem sim senhor....nSo e s6 os indios mas gente mais
inteligente cavando a midia pra tirar a atenâo do demonio master, da vaca
que tosse e mente pra carvalho
Curtir • Responder • 1 de setembro ds 14:06 ;
Anlbal Marconsini cacetenesses indios sem vergonha coloca eles para
trabalhar
Curtir • Responder • 1 de setembro as 19:36 !
i Escreva um comenterio...
!
Grupo de Oefesa contra invasao de Terra compartilhou

um link.
14 de agosto -
RESPOSTA AO PRESIDENTE DA
CUT
RESPOSTA AO PRESIDENTE DA CUT RELATIVA
AS AMEAQAS QUE O MESMO FEZ CONTRA A
MAIORIA DO POVO POVO BRASLEIRO
v. YOUTUBE.COM
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21/10/2015 Grupo de Defesa contra invasao de Terra
o9E^
Ver mais 14 comentarios
JHH Carlindo Ramos de Farias Esse nojento presidents da CUT, hao vale nada
e urn canalha, com a aprovaijao da presidente do Brasil, que e.outra merda. !
Curtir • Responder • 15 de agosto as 10:00
Henrique Carneiro Aiexsandro Leopoldino
Curtir • Responder ■ 15 de agosto as 11:05
■;

14 de agosto'
https://www.facebook.com/.. ,/o.29216571760.. ,/1629344497304215/..
Curtir Comentar Compartiihar
Fiavio Augusto Asprino Filho curtiu isso.
« Escreva um comentario...
.5
_!

o video de Zelma Rodrigues Rodrigues.
12 de agosto •
v
• ti 4, »
?
/ t: /
f /it
t
?71.935 visualizagoeszelma Rodrigues Rodrigues

10 de agosto •
AGORA RODE COM.PARTILHAR

i

Ricardo De Angelis Marinheiro Marinheiro Bomba neles.
Curtir ■ Responder • 12 de agosto as 22:28
Jneto LA Rosa E A GUERRA CHEGANDO SEM CONTROLE, ATE QUANDO
jj VAMOS AGUENTAR ESSE PARTIDO REPARTIDO O NOSSO PAlS. ATE
GUANDO EMMMMMMMMMMMMMMMM.
Curtir • Responder • 1 ■ 12 de agosto as 23:19
Escreva um comentdrio...
data:text/html;charset=utf-8,%3Cdiv%20ctass%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margirvbottoni%3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%202... 6/305 1
-ii
I
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21/10/2015 Grupo de Defesa contra invasdo de Terra

12 de agosto -
COM A LEI ANTI TERROR, ESTE SERA O FIM DOS QUE O FAZEM...
< ,
ESSA VAI SER A ULTIMA VISAO DOS DO
Ver mais 15 comenterios

Mario AKilio Muitas balinhas para o MSTIII
Curtir • Responder • 13 de agosto ds 13:36 :
;
Antonio de Moraes De-lhes guereiros
Curtir • Responder • 27 de agosto &$ 19:33
Escreva um comenterio...
•a Grupo de Defesa contra invasao de Terra compartilhou

o video de Walter Coelho.
12 de agosto -
https://www.facebook.eom/walter.coelho.71 /videos/687109608004885/?
pnref=story
Walter Coelho
22 de julho de 2014 •
Foi proibido. EntSo assists antes que profbam de novo.
data:text/htmlicharset=utf-8,%Xdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margin-bottom%3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%202... 7/30
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66 pessoas curtiram isso.
j

o video de Demerval Silvestre.
5 de agosto •
QUE SIRVA DE EXEMPLO PRA O BRASIL, VAMOS ARREBENTAR COM

ESTES TERRORISTAS E GOVERNADORES QUE APOIAR BANDIDO
DEVE SER LINCHADO,
t03.427 visualizagoesDemerval Silvestre .

4 de agosto •
OS MARGINAIS DO MST, SAO EXRULSOS DO PREDIo bA'fÊCEITATEDERAL.

EM RONDONIA
'S IQ it
j
j 206 pessoas curtiram isso. Mais recente
■ Ver mais 47 comenterios

Luiz Roberto Martins n§o alisa policia, tern que fazer cumprir a lei, o
pessoal do mst esta fazendo bagunga com o apoio de cima, bala neles
i
Curtir • Responder • 3 • 6 de agosto as 10:01
Amauri Oliveira contra fazendeiros desarmados vao e aterrorizam agora
contra uma forga armada saem "pianinho"; bando de bandidos
Curtir • Responder • 3 - 6 de agosto £s 17:06
J

5 de agosto •
data:text/html;charset= utf-8,%3Cdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margirvbottom %3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%202... 8/30
;
103.427 visualizaôesDemervalSilvestre
4 de agosto •
OS MARGINAIS DO MSI, SAO EXPULSOS DO PREDiO DA RECEllA FEDERAL

EM RONDONIA

J

Ademar Borges Pereira Filho Se o governo nao os tolera ,porque devemos
nos suportalos
!~!| !... 1
j i Escreva urn comentario...
£__ J L...
1 Grupo de Defesa contra invasao de Terra compartiihou

I o video de Adriano Domingos Ferreira.
4 de agosto - Editado •
I FUNAI INVADE PROPRIEDADE PARTICULAR E LEVA INDIOS PRA

A TOMAR O QUE £ DOS OUTROS E USA A FORQA NACIONAL A
GESTAPO PETISTA(TRAIDORES DA PAT RI A)
https;//www.facebook.com/adrianoagronomiauems/videos/vb. 1723442337 «
f10200893219529104/?type=2&theater
504.691 visualizagoesAdriano Domingos Ferreira

3 de agosto •
Politica do PT
: Ver mais 27 comentarios

i Edilson Motta INVASAO DE PROPRIEDADE PRIVADA.UMABSURDO-!!!!!!
Curtir • Responder - 1 - 11 de agosto Ss 15:01
rI Escreva urn comentdrio...

4 de agosto •
http://www1 .foiha.uoi.com.br/.. ./1663790-mst-ocupa-sede-do-mi...
data:text/htm!;charset=utf-8,%3Cdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margin-bottom%3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%202... 9/30
.r—]
^ -r? orv..' :
«
MST ocupa sede do Ministerio da Fazenda em Brasilia

Cerca de 2.000 integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra)
invadiram nesta segunda-feira (3) a sede do Ministerio da Fazenda, em Brasilia.
Eles reivindicam que o governo reveja os cortes do or$amento que afetam...
WWW1.folha.uol.com.br
Ver mais 7 coment£rios

[I Renilson Carvalho vagabundos travestidos de trabalhadores.
Evatdo Oliveira Eles estSo onde recebem
$$$$$$$$$$$$S$$$$$$$$$$$$$$S$$$.
Curtir • Responder • 5 de agosto ds 14:52
f Escreva um comenterio...
Grupo de Defesa
contra invasao de
Terra
4 de agosto -
LEI CONTRA TERRORISM© DEVE CRIMINALIZAR O MST.

A POIS AS AQOES DESTE GRUPO SAO ENQUADRADAS DENTRO DE
^ AQOES TERRORISTAS.

Ricardo De Ange/is Marinheiro Marinheiro MST, grupo terrorists, nSo
plantam , nSo produzem. somente recebem verba a fundo perdido para
compra de votos.
Curtir • Responder • 1 - 4 de agosto as 16:43
npjjSl Pedro O Fumagalli Brombilla A dama de vermelho deve velar, e contra seus
mi asseclas.
Curtir - Responder - 5 de agosto ds 00:29 I
i
Escreva umcomenterio...

4 de agosto -
http://g 1 .globo.com/.. ./manifestantes-do-mst-invadem-predio-d...
data:text/html;charset=utf-8,%Xdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D0/o22margin-bottom%3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%20... 10/30
£Mi**
21/10/2015 Grupo de Defesa contra invas§o de Terra
; Manifestantes do MST invadem predio da Receita

j Federal em SC
I Grupo impediu inicio dos atendimentos as 8h30 desta segunda-feira (3). Orgao
! diz que sao 200 manifestantes; movimento afirma que sao 500.
I G1.GLOBO.COM
I Ver mais 6 ccmentarios

Evaldo Oliveira SAO O EXERCITO DE LULA E DUMA, eles nao consideram
w o Exercito Brasileiro. i
Curtir ■ Responder • 1 - 5 de agosto as 14:53

Ondina Leite Alguem se lembra da fabula da formiga e a cigarra?
Curtir • Responder - 1 • 5 de agosto as 15:49
s
|H j Escreva um comentario...

4 de agosto •
http ://veja.abril.com.br/.../brasil-surrealista-comandante-d.../

1
i Grupo de Defesa contra invasao de Terra

31; dejulho •
A
Eduardo Cunha
Presidents da Camara dos Deputados Federais.
SOLJCITAQAO
Solicit© por meio desta que durante o periodo onde sera votada a lei de
I seguranga nacional antiterror. Que o Senhor se digne em me conceder o
! direito como brasileiro da tribuna por alguns minutos para falar aos
I Senhor Deputados... Ver mais
data:text/html ;charset=utf-8I%3Cdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margin-bottom %3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%20... 11/30
/
/
;
i
!
i
r
Juracy Andrade Senhores Deputados, o que vemos com o PL 2016/15 e que serd
implantado o regime comunista no Brasil, votem contra esse PL. 2016/15.
Curtir • Responder • 2 • 31 de julho Ss 23:16
Escreva um comentirio...

pay 30 de julho -
IMAGINE QUE UM INTEGRANTE DO MSI PEGUE NUMA MAQUINA OU

ARMA DE FOGO PRA ATINGIR A POPULAQAO BRASILEIRA, DEPOIS
DA LEI ANTI TERROR £ ASSIM QUE NOS AGIREMOS COM ESTES
TERRORISTAS DO MST.
https://www.youtube.com/watch?v=jh5hexW5ZF8
t l ■ Terrorista morto a tiros em cima do

IS' trator
k'J |£H Terrorista morto a tiros em cima do trator I
.d
YOUTUBE.COM
k
I
Curtir Comentar ' Compartilhar >-4 t
— 1
1m Helio Bezerra Sanches Sanches Matando todos eles

ifU Curtir • Responder - 30 de julho ds 15:06
Ricardo De Angelis Marinheiro Marinheiro Sem apoio financeiro estes

terroristas somem, o PI sustenta estes vagabundos.
Curtir • Responder • 3-30 de julho 6s 21:48
Escreva um coment6rio...
I ^ Grupo de Defesa contra invasao de Terra

30 de julho •
O BRASIL £ CONTRA TODO TIPO DE TERRORISM© SEJA DO CAMPO

OU SEJA URBANO, EM NOSSO SOLO Nao ACEITAMOS O
TERRORISM© E QUEREMOS QUE SEJA COMBATIDO COM RIGOR,
TODO TERRORISTA QUE INTENTAR CONTRA NOSSAS VIDAS NOS
LEGITIMARA DEFESA COM ARMAS, AFIM DE DEBELAR AS AQOES
TERRORISTAS. SO OS TERRORISTAS SAO CONTRA ESTA LEI.
2 compartilhamentos
JT4I Nelson Parode Concodoo vamos a luta MUDA BRASIL

fla Curtir' Responder - 30 de julho 6s 23:56
Ricardo De Angelis Marinheiro Marinheiro Enquadrar 0 MST urgente.
Curtir- Responder- 31 de julho 6s21:26

30de julho • Edrtado •
COMPAREQA AO CONGRESSO NACIONAL, VAMOS FAZER COM QUE

ESTA LE! SEJA APROVADA, VAMOS ESMAGAR O MSI.
PALESTRA PROFERIDA 15 DE FEVEREIRO DE 2015- ASSUNTO ISLA.
TENHO A HONRA DE APRESENTAR ESTA PROPOSTA QUE
CONTRIBUI EM PALESTRA PROFERIDA ANO PERIODO DE CARNAVAL
DO CORRENTE ANO, NO ENCONTRO JUDAICO AMIGOS DATORA
ONDE ABORDEJ O PERIGO DO CRESCIMENTO DO JIHADISMO
ISLAMICO NO PAIS. NO ENCONTRO QUE SEMPRE £ TRANSMITIDO
PELA NET E ASSISTIDO POR JUDEUS DE MAIS DE 26 RAISES, POIS
BEM LO... Ver mais
IX Encontro Amigos da Torah -

Estado Islamico
IX Encontro Amigos da Torah - Estado islamico
YOUTUBE.COM

i - ■ -a
I Escreva um comentario...
H Grupo de Defesa contra invasao de Terra

30 de julho •
INTERVENQAO CIVIL JAM!!

Me dirijo aos patriotas genuinos e comprometidos apenas com na?ao
brasileira. Que sabem que a unica saida pra o Brasil nao esta na
alternancia de poder entre e PT e o PSDB todos os dois fundadores do
| Foro de Sao Paulo, que hoje e quern define onde e pra onde nosso
j dinheiro e desviado.
Nao pensem os senhores que e so o Pt que desviou toda esta dinheirama
este narcopartido tern uma instituigao comunista por tras chamada FORO
DE SAO PAULO. E £ o foro d...
Continuar lendo
I
I
I
fEM BRANCO 1
21/10/2015 Grupo de Defesa contra invasfio de Terra
16 pessoas curtiram tsso. : > -i ' ."Mais recente
3 compartilhamentos t
i 11r.* i
m Escreva um comentSrio...

30dejulho -
IMPRIMA ESTE MANDATO DE SEGURANQA QUE PODERAM SEREM

MUDADOS OS DADOS AO SEU FAVOR, CASO VOCE TENHA
PROBLEMAS COM MSI.
http://www.bolsonaro.com.br/MANDADO_DE_SEGURANCA-5279-2015....
www.bolsonaro.com.br
bolsonaro.com.br

m
Dora Toledo QUEM ESCREVEU ESTE TEXTO??? ...QUE PODERAM

SEREM MUDADOS??? QUE QUE E ISSO???
Curtir • Responder • 30 de julho &s 15:59
Antdniode Moraes Quern escreveu foi o deputado Jair Bolsonaro ds
vesperas das manifestapoes do dia 16/08/15. Este documento te dd os
poderes de policia para desarmar e prender qualquer cidadio que atente d
sua vida, da sua familia ou sua propriedade.
Curtir - Responder - 27 de agosto ds 19:49
ss Escreva um comenlirio...

isse 29 de julho ■
data:text/html:charset=utf-8.%3Cdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margirvbottom%3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%20... 14/30
? ■ «
2.
J
TA EXPLICADO POR QUE BRASILEIRO E FROUXO E NAO REAGE AO ,o
GOVERNO E NAO ENTENDE 0 QUE LER...
FLUOR QUE VOCE BEBE NA AGUA COLOCADO PELO GOVERNO £ A He.
DROGA DA PASSIVIDADE E AFETA O SEU Ql.
SAIBA, VOCE ESlA SENDO DROGADO. OS NAZISTA FIZERAM ISTO.
VAMOS ACORDAR AIM!!
Os nazistas "ministraram" fluor na dgua dos campos de exterminio, que
agiu como sedative, apaziguando os phsioneiros. Apesar desse
precedente, o uso da dgua fluorada ainda e promovido em diversos
palses. O fluor tam... Ver mais
Lostekpertos
cSnArman?
FLUOR
.funcTonatii
i ' .i %•
l Ml.
^ggg^g^||gj||jg
] | taopwo*i*
Curtir Comentar Compartllhar

i
Ver mais 1 comentdrio

Elza Flor £ $6 o que faltava.
Samara Fiori Caroline Duarte
i

l 29dejulho -
LAVA JATO £ LIGADA A JANOT.
SE ASSIM NAO FORA PORQUE O CHEFE DOS PROMOTORES DE

MORO PREPARA UMA CONTRA O CUNHA?? JANOT QUER FERRAR O
CUNHA, QUEM £ JANOT? FUNCIONARIO DO ESQUEMA DO PT....
Ver mais
data:text/html;charset= utf-8,%3Cdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20s tyle%3D%22margin-bottom %3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%20... 15/30
n’'
"Cunha e principal fator de instabilidade no Pais"

Para presidente da Associacdo de Ciencia Politica, agosto testard estabilidade
nacional com denuncias da Lava Jato e 'Fora Dilma'
cartacapital.com.br
Curtr Comentar Compartilhar

H-
W 3 compartilhamentos

o video de UOL Noticias.
29 de julho - Editado -
LAVA JATO A INTERVENED VERMELHA

ISSO MESMO O QUE VOCE LEU!!!
RODE NAO CONCORDAR MAS LEIA E ANALISE..
.... Ver mais
112.621 visualizapdesuOL Noticias

17 de julho •
Eduardo Cunha diz que juiz S6rgio Fernando Moro se acha "dono do
pais"http://bit.ly/1 Oc75op
56 pessoas curtiram isso. Mais rccente
Ver mais 18 coment6rios

CWa Menoni QUM PENSSA Q £ OONO DO PAIS £ 0 PT
feii Curtir • Responder • 7 de agosto £s 19:37
Bww I " 1
i—-31 I Escreva um comentirio...
■ Z t
data:text/html;charset= utf-81%Xdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margin-bottom %3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%20... 16/30
I
iESU DPIifJr-
££)i SK/Afty

27 de julho • v
PRESTAMOS ACESSORIA TATICA CONTRA INVASAO DE TERRAS.

NOS CONTATE

. t
9 pessoas cuitiram isso. Mais recente
1 compartilhamento
Jose Marcio Caetano DE Afbergaria E QUE CONSIGAM ARMAS PARA

AQUELES QUE JEM TERRAS... PORQUE S6 0 INDIOS E 0 MST....
Curtir • Responder • 29 de julho as 13:03
i
; t
Escreva um comentario... 1
L
V.

' * | o video de Rcidio Banda B.
27 de julho •
m Incendiarios...
■ i
i /
: A
5
57.872 visualizaijoesRadio Banda B

23 de julho • Editado •
Tudo parado. Manifesta<jao bloqueia rodovia que corta Curitiba neste momento:
http://zip.net/brrFTG
24 pessoas cuitiram isso. Mais recente

Grupo de Defesa contra invasao de Terra ESTAMOS A DISPOSIQAO DO
AGRONEGOCIO PRA PRESTAR ACESSORIA TATICA CONTRA
INVASAGAO E REPRESSAO A INVASAO, VIA EMAIL i
i
Curtir • Responder • 3-27 de julho £s 14:05
i
if Cida Menoni SO POLUigAO
Curtir • Responder • 27 de julho ds 17:29
! Escreva um coinentario...
L j

o video de Eder Borges.
27 de julho -
i Criminosos da turba dos sem terra tomam de assalto a cidade...
data:text/html ;charset=utf-8,%3Cdiv%20c!ass%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margirh bottom %3A7o208px%3B%20color%3A%20rgb( 20%2C%20.17/30
#
f4.357 visualiza?6esEder Borges

26 de julho • Editado •
i
MSI toma frati-PR e bloqueia acesso de moradores
No dia 24/07/2015 o MSI e os demats bandidos da extrema esquerda aguardavam
J Dilma num evento em Irati-PR. Os cr...
Ver mats

j
24 pessoas curtiram isso. Mats recente
Ver mats 3 comenterios

Elpidio Alves Torturella nao tem homen nessa cidade abre fogo contra
essas merdas
Curtir • Responder • 1 ■ 27 de julho as 12:58
Nilton Camargo Ramos O MSI e um bando de guerrilhos sob o comando
do lula e do stedille.cadeia nesses marginals.
Curtir • Responder • 1 • 27 dejulho as 18:48
t

26 de julho •
I TEMOS SERVIQOS ESPECIALIZADOS PARA PROTEGER SUA TERRA E

CONTATE PELO EMAIL: jewsihbat@gmail.com
2 compartilhamentos
Amaro Rocha quais sao os estados com maior indice de invasao?

t i Escreva um comentario...

26 de julho •
O POVO ESTA REFfrM.. ATE QUANDO???
http://globotv.globo.com/.../protesto-do-mst-em-dive.../4028114/
data:text/html;charset=utf-8,%3Cdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margirvbottom%3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%20... 18/30
!
i \
J
:
?
1 BkAnu- t
i
21/10/2015 Grupo de Defesa contra invasSo de T erra
Protesto do MST em diversos pontos da Paraiba

Protestosfecharam estradas.
: GLOSOTV.GLOBO.COM
4 compartilhamentos
i
Grupo de Defesa contra invasao de Terra presto acessoria tatitca contra
invasSo e represspao de invas§o
Curtir • Responder • 2 • 27 de julho as 14:04
Grupo de Defesa contra invasao de Terra ESTAMOS A DISPOSIQAO E SO
NOS CONATACTAR PELO EMAIL.
Curtir • Responder • 2-27 de julho as 14:06
1 resposta
i Escreva um comentario...

25 de julho •
PRESTAMOS SERVIQOS TATICOS CONTRA INVASAO DE TERRA E

AQOES PREVENTIVAS.
AOS INTERESSADOS
EMAIL: jewishbat@gmail.com
; 6 pessoas curtiram isso.
1 compartiihamento
j
Grupo de Defesa contra invasao de Terra compartiihou

um link.
24 de julho •
/I
I
Jr;
Stedile volta a ameagar brasileiros contraries aoy

governo petista - “Voces nao se atrevam” |...
Esse foi o a mais nova ameaâ feita pelo Kder do MST, aquele o qual Lula disse
em evento recente ter um “exdrcito’, e deixou claro que estd pronto para
WWW,REVOLTABRASIL.COM.BR | FOR REVOLTA BRASIL
13 companilhamentos

1375? Viviane Rebello S. Reginato Bandido.terrorista
Curtir - Responder - 28 de julho ds 23:08
Cida Menoni S6 FALTA O CHIFRE .
Curtir • Responder • 7 de agosto £s 19:38
Escreva um coment^rio...
; -v
r* 3
i
Grupo de Defesa contra invasao de Terra ^ , . ':
24dejulho- , v...
vagabundo.bandido.sequestrador.ladrao. processar gente de bem. Se

tern recompensa pela cabeca dele e porque ele nao presta. mst tem
dezenas de assassinates
;
t
■y .
•^
••' S'-:; ■ ?;»•*''sf-f*” :;-iV^V; -lir- -
*
: t
i’jj ->y>
ii
dJ?s
ifti & l VS>
ri,1 r
;• •V /
ISTOfi Independente - Brasil

0 llderdo MST JoSo Pedro St6dile OMovimento dosTrabalhadores Sem Terra
(MST) estg solicitando £ Policia Federal e ao Ministdrio da Justipa que apurem
ameapa de morte contra o lider Jo2o Pedro Stedile, divulgada em um post nas...
\
www.istoe.com.br

EH
l
D! m
it

J
Num. 55542547 - Pág. 56
i 3 compartilhamentos
MarcioPianaVagabundo \ ——/T-
!|| Curtir • Responder • 25 de julho as 08:36
■**3 Victor Kaufmann Muito tardiamente esta come?ando a cdih’er o que plantou. £
| Curtir • Responder • 25 de julho ds 17:41
\
\s.
Escreva urn comentdrio...

24 de juiho •
VOCE QUE TEM PROBLEMAS COM INVASORES DE SUA TERRA, NOS

PODEMOS TER A SOLUQAO, NOS PROCURE ViA EMAIL.
; 2 pessoas curtiram isso.

o video de Grupo DeFato.
24 de julho •
invasOes em Areas urbanas estAo acontecendo em todo

paIs
Grupo DeFato
25 de agosto de 2014 •
Popuiaijao que toma atitude!

Vale a penarver a mobilizapao contra alguns 'folgados'
+ videos: http://btt.ly/1k0dyUv
13 pessoas curtiram isso. Mats recente
Gunther Kiekebusch Petralhas a populagao esta cansada desse

desgovemo, esse tipo de manifesta?ao vai comegar, o exercito do MSI do
Stedile que se prepare com balsas, boias de camara de caminhio e peguem
rumo de Cuba.
Curtir • Responder • 25 dejulho as 10:28
3b Escreva um comentario... s
data:text/htm!;charset= utf-8,%3Cdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margirv bottom %3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%20... 21/30
I

a foto de MOSSAD E DEFESAS DE ISRAEL FDI.
24 de julho -
I MOSSAD E DEFESAS DE ISRAEL FDI

1 22 de julho -
Israel's Mossad guarded President Uhuru in his UK visit
JAMBONEWSPOT.COM can now reliably confirm that Israel’s security unit Mossad
played a huge role providln...
Vermais
Vertradugdo
Escreva urn comenterio...'

r
U '-V > •
j;>r.
i • ■
jm Grupo de Defesa.contra invasao de Terra ~
23 de julho •
VOC£ VAI ESPERAR MAIS O QUE???

CONTACTE-NOS
https://www.youtube.com/watch?v=yln\/FOFq_dg
fjr.
MST CONTINUA DESTRUINDO O
Ifi BRASIL.
MST e BLACK BOSTAS sSo sujeira do mesmo
esgoto. Ou o Brasil acaba com esta doenga
'.4 chamada MSTe BLACK BOSTAS ou o MST e os...
&T .
YOUTUBE.COM

m
4 compartilhamentos
Lake Emerald
data:text/html;charset=utf-8,%3Cdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margirvbottom%3A%208px%3B%20color%3A°/o20rgb(20%2C%20... 22/30
I
lif m
mm
Nt
ij; i
Curtir • Responder - 2 • 23 de julho ds 20:16
j Escreva um comentario...

S 23 de julho -
PELO DIREITO DA PROPRIEDADE PRIVADAH!
https://www.youlube.com/watch ?v=hd1-JQ1phkY
Na Venezuela, lider do MST

convoca toda a esquerda para luta
^,^1 contra quern quer o impeachment..
US
Ej GOSTEIAJUDA A Dft/ULGAR. INSCREVA-SE PARA
i,M'*5H5=2Sh3SBRE FA2ER PARTE DO CANAL: http://www.youtube.co...
TtA.llDt? DO MSICSHVOCAIODi YOUTUBE.COM
JIACOHt?* QUEMOtlfS 0 IWPEAt

u
1 compartilhamento
(
gf Escreva um comentirio...
*
* t
—4

23 de julho ■
https://www.youtube.com/watch ?v=-JozR5-yRxO
till
a Lula diz que esta pronto para a
guerra e convoca 'chefe' do MST a
colocar o 'exercito dele na rua'
GOSTEI AJUDA A DIVULGAR. INSCREVA-SE PARA
FAZER PARTE DO CANAL: http:/Avww.youtube.co...
[tMI Mil YOUTU8E.COM
irrr [®]
Curtir Comentar Compartilhar S3

■ Escreva um comenterio...

23 de julho •
https.V/www. youtube.com/watcb?v=az8wlbsFZ8l<
data:text/html;charset=utf-8.%3Cdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margirvbottom %3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%20... 23/30
t
• -.4.' A*
rii Piry
m
I'nM
Revoltado motorista fura bloqueio do MST no trevo de

Dom Aquino
YOUTUBE.COM
Curtir Comentar Compartilhar 3

1 compartilhamento
Escreva umcomentdrio...
<i- -‘W'/ Grupo de Oefesa contra invasao de Terra

23 de julho •
https://www.youtube.com/watch?v=w7AqbucRBMA
;>] POPULAQAO EXPULSA

5|J INVASORES DO MST
Revolta do Rio Vermelho: o dia em que moradores
jiS*: botaram os invasores para correr. Curta:
wr- My
•https://www.facebook.com/CanalDaDireUa =...
SL
YOUTU8E.COM
h- :
2 compartilhamentos

is 23 de julho - Editado -
QUER SE VER LIVRE DE INVASORES???

NOS CHAMEM PELO EMAIL
Curtir Comentar Compartilhar m

Leonilda Da Luz curtiu isso.

23 de julho-
MST PROGRAM INVASAO EM GRANDE ESCALA EM TODO O BRASIL.

GRUPO COM AQOES TERRORISTAS COM IDEOLOGIA MARXCISTA
data:text/html;charset=utf-8,%3Cdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20sty1e%3D%22margirvbottom%3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%20... 24/30,|
* ' J
i ia *
1.4
4
QUE PREGAM REVOLUQAO ARMADA ATRAVEiS DO ROUBO DE
TERRAS PRIVADAS.
PROTEJA SUA TERRA. ENTENDA QUE ESTE GRUPO TEM
TREINAMENTO MILITAR.
ESTAMOS A DISPOSigAO CONTATE-NOS
PELO EMAIL. •
i 4 pessoas curtiram isso. i
■ ' i
: HI Escreva um comentario...
v_
i
23dejulho •
DEFENDENDO O DIREITO DA PROPRiEDADE PRIVADA
Grupo de Defesa contra invasao de

Terra
Aerosspacial/defesa
4.097 curtidas
Curtir Pagina
19 falando sobre isso j
: 3 pessoas curtiram isso.
■J ; ,

23 de julho •

Terra
Aereespacial/defesa
4.097 curtidas
19 faiando sobre isso Curtir Pagina

i..........
L a i
..4

23 de juiho •
https://www.youtube.com/watch ?v=_ANiKmFr3cg
data:text/htm!;charset=utf-8,%3Cdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margirvbottom%3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%20... 25/30
I
i
I
I!
I
21/10/2015 Grupo de Defesa contra invasdo de I erra
Drone espiao HK (Filma e Fotografa)
YOUTUBE.COM
2 pessoas curt ram isso. Maisrecente
Almir Fraga MEU PARTIDO £ 0 BRASIL, MEU CANDIDATO AS FFAA -

"ORDEM E PROGRESSO" £ O NOSSO LEMA - SOMOS UM PAlS LIVRE -
MOBILIZAgAO GERAL DA POPULAgAO PARA ATINGIRMOS O CLAMOR
POPULAR EXIGIDO PARA QUE POSSA HAVER A INTERVENQAO
CONSTITUCIONAL DO POVO, COM APOIO DAS FORQAS ARMADAS. -
APOIAMOS O JUIZ SBRGIO MORO E A POLlCIA FEDERAL - TODOS OS
POLICIAIS MILITARES E OS CAMINHONEIROS DO BRASIL...
Curtir - Responder - 1 ■ 23 de julho ds 19:13
i
jÊscreva um coment^rio...

23 de julho ■ * t
http://g1.globo.com/.../arnaldo-jabor-fala-sobre-os-.../1199792/
Arnaldo Jabor fala sobre os ataques do MST - Jornal da

Globo - Catalogo de Videos
0 comentarista Amaldo Jabor afirmou que o MST teve uma origem legitima. Mas
os pobres viraram marionetes de lideres pseudo-esquerdistas, como StSdile....
G1.GLOBO.COM
Curtir Comentar Compartilhar B

2 pessoas curtram isso. Mais recente
Almir Fraga MEU PARTIDO 6 0 BRASIL, MEU CANDIDATO AS FFAA -

"ORDEM E PROGRESSO’t O NOSSO LEMA - SOMOS UM PAiS LIVRE -
MOBILIZAgAO GERAL DA POPULAgAO PARA ATINGIRMOS O CLAMOR
POPULAR EXIGIDO PARA QUE POSSA HAVER A INTERVENgAO :
CONSTITUCIONAL DO POVO, COM APOIO DAS FOROAS ARMADAS. -
APOIAMOS O JUIZ SERGIO MORO E A POLlCIA FEDERAL - TODOS OS :
data:text/html;charset=utf-8,%Xdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margirK bottom %3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%20... 26/30
:*
/
/
Curtir • Responder • 23 de julho Ss 19:13
Escreva urn comenterio...
f^tErri Grupo de Defesa contra invasao de Terra

23 de julho -
https://www.youtube.com/watch?v=h6-IITyOQTQ
video mostra bandidos do mst

planejando ataque contra cutrale.
K5 23 video mostra bandidos do mst planejando ataque
contra cutrale. eleiqSo 2010 partido politico policia
safado corrupoSo corrupto escandalo mensaldo...
STjw'i YOUIUBE.COM
m
Curtir Comentar Compartilhar W
1 compartilhamento
7M Almir Fraga MEU PARTIDO £ O BRASIL, MED CANDIDATO AS FFAA -

g “ORDEM E PROGRESSO* £ 0 NOSSO LEMA - SOMOS UM PAlS LIVRE -
mobilizaqAo geral da populaqAo PARA ATINGIRMOS 0 CLAMOR
CONSTITUCIONAL DO POVO, COM APOIO DAS FORQAS ARMADAS. •
APOIAMOS O JUIZ SERGIO MORO E A POLlCIA FEDERAL - TODOS OS
Curtir • Responder • 23 de julho £s 19:13
j8§ Escreva urn comentario...
, :• ♦1
ymga Grupo de Defesa contra invasao de Terra

& 23 de julho •
VOCE QUE TEM PROBLEMAS COM INVASAO DE TERRAS

NOS PROCURE NOS TEMOS A SOLUQAO.
CONTACTE-NO S VIA EMAIL, SIGILO ABSOLUTO

3 Grupo de Defesa contra invasao de Terra atualizou a

foto da capa dele.
23 de julho -
data:text/html;charset= utf-8,%3Cdiv%20class%3O%22_2gqx%22%20style%3D%22margin-bottom%3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%20... 27/30
/

1.629 pessoas curtiram isso. Mais recente
Ver mais 41 comentSrios

Marqulnhos Adrlanoll bn dia
Gmpo de Defesa contra invasao de Terra atualizou a

foto do perfil.
23 dejulho -
•;
Curtir Comentar Compartilhar r

•- ffl
4 pessoas curtiram isso. . 'Mais recente
1 compartilhamento
Almir Fraga MED PARTiDO E O BRASIL, MEU CANDIDATO AS FFAA -

“ORDEM E PROGRESSO’ £ 0 NOSSO LEMA - SOMOS UM PAlS LIVRE -
MOBILIZAQAO GERAL DA POPULAQAO PARA ATINGIRMOS 0 CLAMOR
APOIAMOS O JUI2 SERGIO MORO E A POLiCtA FEDERAL - TODOS OS
Curtir • Responder • 23 de julho Ss 19:14

ijpG.SI 23 de julho •
SIGILO ABSOLUTO
TODOS OS NOSSO SERVIÔS DEVEM SER CONETADOS FOR EMAIL.
DIANTE DA CRISE INSTITUCIONAL VIVENCIDA NO PAlS, SE FA2
NECESSARIOS AgOES QUE VISEM A PROTEGER PROPRIEDADE
PRIVADAS.
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Grupo de Defesa contra invasao de Terra adicionou 4
novas fotos.
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Almir Fraga MEU PARTIDO E 0 BRASIL, MEU CANDIDATO AS FFAA -

-^.>1 “ORDEM E PROGRESSO* E O NOSSO LEMA - SOMOS UM PAlS LIVRE -
MOBILIZAQAO GERAL DA POPULACAO PARA ATINGIRMOS 0 CLAMOR
CONSTITUCIONAL DO POVO, COM APOIO DAS FORMAS ARMADAS. -
APOIAMOS 0 JUIZ SERGIO MORO E A POLlCJA FEDERAL - TODOS OS
Curtir • Responder • 1 • 23 dejulho as 19:14
IS jÊscreva um comentario...
J: j

23dejulho '
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Aviio que sobrevoava acampamento sem-tena cai e
deixa dois mortos em Tumiritinga. Local £...
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21/10/2015 Grupo de Defesa contra invasaode Terra
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m Almir Fraga MEU PARTIDO E O BRASIL, MEU CANDIDATO AS FFAA -

|S “ORDEM E PROGRESSO" E O NOSSO LEMA - SOMOS DM PAIS LlVRE -
MOBILIZAQAO GERAL DA POPULAQAO PARA ATINGIRMOS O CLAMOR i

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A VIOLENCIA DO MST NAS
INVASOES
Esse e um dos varies atos de integrantes do MST,
que tiram a total confianga dos brasileiros que possa
existir reforma agraria de verdade no Brasil....
YOU I Ut5fc.COM ' ;

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Almir Fraga MEU PARTIDO £ O BRASIL, MEU CANDIDATO AS FFAA -
“ORDEM E PROGRESSO" E O NOSSO LEMA - SOMOS UM PAIS LIVRE -
MOBILIZAQAO GERAL DA POPULAQAO PARA ATINGIRMOS O CLAMOR
Curtir ■ Responder • 23 de julho as 19:15
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21/10/2015 Grupo de Defesa contra invasSo de T erra
Procure pessoas, colsas e locals Marina Pagina itiicial
OrupQ de, Defesa contra

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Unha do Tempo Sobre Fotos Curtidas Videos
Sobre Grupo de Defesa contra invasSo de Terra
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23/10/2015 Brazilian Indian murdered in land dispute | Fox News Latino
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Brazilian Indian murdered in land dispute FOLLOW FOX NEWS LATINO
Published August 30, 2015 / EFE Ah Get Our Free Newsletter

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Print A Brazilian Guarani Kaiowa Indian was shot to death by gunmen
Curtir /lIGmili Follow @foxnewslatino!
allegedly in the pay of big landowners in a land dispute on the
Email
weekend near the border with Paraguay, indigenous sources said
Share
Sunday.
Share <{~ 14~j
The dead man was identified as Simiao Vilhalva, the brother of a
Tweet] {T]
Guarani leader, and he was gunned down by an armed group trying
j Share
to retake the ranch taken over by Indians a week ago, the
Indigenous Missionary Council, or Cimi, group linked to the Catholic
Church said.
The attack occurred on the Primavera ranch in the town of Antonio

Joao, in the state of Mato Grosso do Sul, which borders on
Paraguay.
Two hours before the attack there had been a mediation attempt
between the Indians and the landowners conducted by officials with
the Funai national Indian foundation, the Justice Ministry and the
police.
Go Now!
The ownership of the disputed land, comprising 9,500 hectares
(about 29,000 acres) has been under review by the Supreme Court
for the past decade. More from Fox News Latino
The Guarani Indians, who claim that the land is sacred, invaded the
ranch a week ago.
Cimi said, in a communique, that the landowners are being aided

by "paramilitary forces" operating in the border region with Jeb Bush's big Senate votes to
revelation: Supergirl block'sanctuary
"impunity" and the "complaisance" of the Brazilian authorities. is 'pretty hot' cities' bill after...
http://latino.foxnews.com/latino/news/2015/08/30/brazilian-indian-murdered-in-land-dispute/ 1/3
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The religious group also said that Vilhalva's death "is related to the
decision of the government of (Brazilian President) Oilma Rousseff
to paralyze" the procedures to protect indigenous lands and by the
slowness of the Supreme Court to rule on the case. EFE
sTBT: Cringe- Mick dagger,
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23/10/2015 Brazil turns to army to quell conflict between Indians, landowners | World | Agencia EFE | www.efe.com
English edition ^ World ^
BRAZIL INDIANS
Brazil turns to army to quell conflict between Indians,

landowners
EFE | Rio dejaneiro | 2 Sep 2015
Indigenous people gather in the Brazilian capital to protest the killing of a Guaranl-Kiowa Indian amid a dispute over land in
the southern state of Mato Grosso do Sul. EF5
f tf in £) Meneame
The Brazilian government on Tuesday authorized the deployment of army troops to an area of the southern state
of Mato Grosso do Sul where indigenous people and settlers are fighting over land, the state government said.
Gov. Reinaldo Azambuja asked President Dilma Rousseff to send soldiers to four municipalities near the
Paraguayan border after the brother of a Guarani-Kiowa leader was fatally shot last Saturday, the Mato Gross do
Sul government said in a statement.
Simiao Vilhava was apparently killed by gunmen hired by landowners trying to expel Guarani-Kiowas from
properties they occupied a week ago, according to the Catholic Indigenous Missionary Council.
The authorization calls for the troops to remain in the conflict zone for at least 30 days.
The state government said it requested the army's help after receiving reports that "the conflict in the region has
reached major proportions."
Content providers.
Contact EFE.
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J RS44O.000.00 1 quar., 23 m*
http://www.efe.com/efe/englishAvorld/brazil-turns-to-army-quell-conflict-between-indians-landowners/50000262-2701767 1/3
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23/10/2015 Brazil turns to army to quell conflict between Indians, landowners | World | Agenda EFE | www.efe.com
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Espinosa's new book
http://www.efe.com/efe/english/world/brazil-turns-to-army-quell-conflict-betweervindians-landowrters/S0000262-2701767 2/3
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23/10/2015 Brazil turns to army to quell conflict between Indians, landowners | World | Agenda EFE | www.efe.com
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Pallarols, Kodama attend EFE’s

50th anniversary photo exhibit
in Argentina
Over 15,000 gay couples get

married in England, Wales
http://www.efe.com/efe/englishAA/orld/brazil-turns-to-army-quell-conflict-between-indians-landowners/50000262-2701767 3/3
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23/10/2015 Brazil: Violence against defenceless indigenous people rife - English pravda.ru
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union
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Society » Real life stories
Brazil: Violence against defenceless indigenous

people rife
08.09.2015
AP Photo
http://english.pravda.ru/society/stories/0&-09-2015/131868-brazil_violence-0/ 1/11
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-------- Brazil: Violence against defenceless indigenous people rife-English pravda.ru ^
23/10/2015
Brazil: Ruralist violence and government omission provoke bloodshed in Mato Grosso do Sul f?c. (Jh\ •Vi
' i ^
In an article, ISA's founding member Marcio Santilli criticizes the neglect of the government—
towards indigenous rights and demands coherent action by the Minister of Justice to solvedand^- ^
conflicts in Mato Grosso do Sul. • 'V >v /
<-1 ]'
v : '4 : "^1 l 1 V. • ’■■'O' • , v ,k , . I V , ■'
Mato Grosso do Sul is the state that concentrates the highest number of murders of Indians each year
and also leads the suicide..6ccurrence. The Indigenous population in the stats, inferior only to the
Amazonas State sums up 70,000 inhabitants, 50,000 being Guarani Kaiowa and Guarani Nandeva.
Despite that, lands designated to,the Indians in Mato Grosso do Sul have area extension per inhabitant
much smaller than the rural land module utilized in agrarian reform and, mostly, are not in complete
possessipn of the Indians,by dint ofjudicial decisions or invasions. 3
Abnormal land concentration

:
The land concentration in the State is abnormal while indigenous lands demarcations are paralyzed
due to inertia of the federal government, which also does not define its position on the right of private
landowners to get compensation by the Union in areas subsequently recognized as indigenous lands.
âst week, another Guarani Kaiowa Indian was murdered by a

ruralist militia, incited by farmer organizations and irresponsible • Print 0
politicians. It has been decided to react to the occupation of farms by version Tweet
indigenous groups who do hot stand any longer to71ive in Jhepf roads • nil
waiting for governmental actions.',; • v ii \jV : -T! i Font Size
• Send to friend
For each murder, federal troopsyêlsent to4he ’State~and''tKe Minister of
i
Justice, Jose Eduardo Cardozo, reformulates his empty torrent of words.
In service for five years, he has not given a solution to any conflict in the state. And now he returns to
the state, in an attempt to get the Federal Prosecution Service in his company, as to minimize his lack
of credibility.
’ •!
Violation of indigenous people's constitutional rights

Meanwhile, political representatives of the ruralists give their best to formulate proposals in the
Congress to violate the constitutional rights of the Indians. Without consulting to them, of course.
They try to multiply obstacles to land demarcation, not bothering with the consequences of
impounding conflicts already crashing and which can lead to an unprecedented bloodshed in the
http://english.pravda.ru/society/stories/08-09-2015/131868-brazil_violence-0/ 2/11
i
f:
23/10/2015 CIMI - Conselho Indigenista Mission^rio
0 Legislative, por sua vez, avan<?a sobre os direitos indigenas com projetos como a Proposta de
Emenda a Constituigao (PEC) 215/00, que transfers do Executive para o Legislative a prerrogativa de
demarcar terras indigenas, titular territorios quilombolas e criar unidades de conservaqao ambiental';--.
ANISriA submetendo decisoes tecnico-administrativas a disputas. politicas e interesses economicos. O Projeto
IHHRUAOQHfil
de Lei 1610/96, que permits a expioraqao mineral em terras indigenas, e outro exemplo de proposta
que ofende os direitos constitucionais dos povos indigenas
t
Impactos do trem na porta de casa
As mats de 300 familias de Piquia de Baixo lutam para conseguir reassentamento em urn novo local,
longe das industrias sideriirgicas, que chegaram ao bairro ha 25 anos, contaminando agua, ar e solo.
As enfermidades mais recorrentes estao associadas a problemas respiratorios, oftalmologicos e de pele
que, inclusive, tern causado a morte de muitas pessoas, especialmente criangas e idosos. Alem disso, o
deposito da escoria (rejeitos) da siderlirgia a poucos metros das residencias vem causando acidentes
em Piquia, inclusive fatais.
Alem do impacto da siderurgia, os moradores tambem convivem com os problemas de contaminagao

causados pelo entreposto de minerios da Vale ao lado do bairro, assim como os provenientes da
Estrada de Ferro Carajas (EFC) - tambem controlada pela empresa - que passa a poucos metros das ;
residencias. Atualmente, os moradores ja conquistaram na Justiga o direito de serem reassentados.
Todavia, e essencial que o Estado deixe de postergar a selegao e a contratagao do projeto de mudanga
dos moradores, entre outras agoes.
[
Em Agailandia, a audiencia da OEA sera transmitida ao vivo na Camara de Vereadores. A concentragao
sera a pariirdas 10h.
'*** .* . ,. ■ y. ;
•<*
.* • Rara a advogada Raphaela Lopes,-da prganizagao Justiga Global, a audiencia sera urn importante
^ " momentd pafa visibilizaf as violencias'que o Estado brasileiro, muitas vezes em associagao com antes
privados, tern cometido contra o direito a terra e ao territorio de grupos indigenas e comunidades. "A
paralisagao nos processes demarcatorios de terras indigenas e urn elemento crucial na perpetragao de
ofensas contra a vida e integridade fisica e psicologica de povos indigenas. Ja a comunidade de Piquia
de Baixo sofre ha muitos anos com a poluigao provocada por empresas sideriirgicas em seu territorio,
que se instalaram depois que a comunidade ja estava la. Estes sao apenas dois exemplos do sacrificio
de direitos de comunidades inteiras em prol de um projeto de desenvolvimento que viola direitos. O
Estado brasileiro precisa ser responsabilizado".
O pedido da audiencia foi feito pelas organizagoes: Associagao Comunitaria dos Moradores do Pequia
(ACMP), Associagao Juizes para a Democracia (AJD), Conselho Indigenista Missionario (Cimi), Rede
de Agao e Informagao "Alimentagao Primeiro” (Fian), Federation International de Derechos Humanos
(FIDH), International Alliance of Inhabitants (IAI), Justiga Global, Justiga nos Trilhos, Plataforma Dhesca
e Vivat International.
A audiencia poderci ser acompanhada ao vivo as 12h15 (horario de Brasilia) por meio do site da
CIDH http://original.livestream.com/OASLive
Mais informagoes, com assessorias de imprensa:
Glaucia Marinho ou Daniels Fichino (Justiga Global) - 21 2544-2320
Patricia Bonilha (CIMI) -61 9979-7059
Larissa Santos (Justiga nos Trilhos) - 99 9205-4411
Foto: Arquivo Cimi
http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=8417&action=read 2/3
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23/10/2015 CfMI - Conselho Indigenista Mission^rio X
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No Brasil Fic.
"O meu povo esta sofrendo genocidio no Brasil”, afirmou lider indigena am audiencia na OEA -Is
Em atividade da CIDH, lideranpase entidades afirmaram qua nao veem “iniciativas do governo brasileiro em investigareipuniras-
milicias contra os indigenas".
Cimi langa Relatorio de Violencia hoje (21), as 14h30, em Washington, nos Estados Unidos
Objetivo do evento 6 denunciar o grave aumento da violfencia e das viola?6es de direitos dos indigenas em todo o pais e, em especial, a
crise humanitaria no Mato Grosso do. Sul. Comunidade do tekoha...
Denuncia £ OEA: Declaragoes feitas por ocasiao da Audiencia "Denuncias Sobre Violencias Contra Povos Indigenas no Brasil”
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Violapoes de direitos cometidas pelo presidente da Camara dos Deputados sao denunciadas d ONU e OEA
Ao trancar manifestantes no plenario da CSmara dos Deputados e impedir a entrada de advogados, Eduardo Cunha, feriu a legislagao
brasileira e os tratados internacionais
O apagao do presidente da Camara dos Deputados

"Eduardo Cunha quis apagarnossa resistencia, veneer nossa paciencia e dignidade", mas a escuridSo a que submeteu os quase 200
manifestantes nao os demoveu da decisao de passara noite em vigilia...
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http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteu(Jo_id=8417&action=read 3/3
23/10/2015 Brasil • Caso 12.310 Sebastiao Camargo Filho • Admissibilidade e M6rito
RELATORIO N° 25/09^
ADMISSIBILIDADE E MERITO (PUBLICACAO)
f CASO 12.310
SEBASTIAO CAMARGO FILHO
BRASIL
19 de margo de 2009
I. RESUMO
1. Em 30 de junho de 2000, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

(MST), a Comissao^PastoraL da^Jerra (CPT), a Rede Nacional Autonoma de Advogados e
Advogadas Populares-jCRENAAP), oTCentro de. Justiga Global (CJG) e o International Human
Rights Law Gropp^(dotavante. i'denbminadbs..-"peticionarios"), apresentaram denuncia a
Comissab Interamerleana jdeibir-eitbi iHum'anps.^dpravante denbminada "Comissao") contra a
Republica Federativa do Braslh(ddravant'e/denpminado "Estado") pela suposta violagao dos
direitos a vida (artigo 4), a integridade pessoal-(artigo 5), as garantias judicials (artigo 8) e a
protegao judicial (artigo 25), juntamente com a violagao da obrigagao de respeitar os direitos
(artigo 1.1), dispostos na. Convengao Americana sobre Direitos Humanos (doravante
denominada "Convengao Americana"), alegadamente ocorridas com relagao ao assassinate de
Sebastiao Camargo Filho, em 7 de fevereiro de 1998, no Estado do Parana.
2. Os peticionarios salientaram que a falta de prevengao e investigagao da morte

do trabalhador rural Sebastiao Camargo Filho comprometia a responsabilidade internacional
do Estado, por nao haver adotado medidas para garantir o direito estabelecido no artigo 4 da
Convengao. Salientaram tambem que, mais de oito anos apos terem sido cometidos os fatos,
o caso permanecia em total impunidade judicial, o que infringe os preceitos dispostos nos
artigos 8 e 25 da Convengao Americana. Com relagao aos requisites de admissibilidade, os
peticionarios alegaram que a demora injustificada na decisao dos recursos judiciais os excluia
do requisite de previo esgotamento dos recursos internes. Os peticionarios alegaram ainda
que apresentaram a petigao dois anos e quatro meses depois de ocorridos os fatos, prazo que
consideraram razoavel tendo em vista a demora judicial.
3. O Estado, por sua vez, alegou que nao houve participagao de agentes estatais
no caso e que seus agentes haviam tornado todas as providencias necessarias para processar
e punir os culpados. O Estado, por conseguinte, solicitou a Comissao que declarasse
improcedentes as petigoes formuladas na denuncia.
4. Ao analisar a admissibilidade do caso, nesse relatorio, a Comissao conclui que

reune os requisites de admissibilidade formal dispostos nos artigos 46 e 47 da Convengao
Americana e decide prosseguir a analise do merito em atendimento ao disposto no artigo 37.3
de seu Regulamento. Do mesmo modo, no presente relatorio, redigido de acordo com o artigo
51 da Convengao, a CIDH tambem conclui que o Estado brasileiro e responsavel pela violagao
do direito a vida, as garantias judiciais e a protegao judicial, consagrados, respectivamente,
nos artigos 4, 8 e 25 da Convengao Americana, todos eles relacionados com a obrigagao que
impoe ao Estado o artigo 1.1 do referido tratado, quanto a respeitar e garantir os direitos
consagrados na Convengao, em detrimento de Sebastiao Camargo Filho e de seus familiares.
5. Em decorrencia das violagoes estabelecidas, a CIDH recomenda ao Estado que

realize uma investigagao seria, imparcial e exaustiva para determinar a responsabilidade de
todos os autores das violagSes mencionadas e que, oportunamente, aplique as sangoes legais
http://www.cidh.oas.org/annualrep/2009porl/Brasil12310port.htm 1/28
t
23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 Sebastiao Camargo Filho - Admissibilidade e Merito
aos culpados. A CIDH recomenda ao Estado que repare adequadamente os familiares ^pelas:/-^^
violates e que adote medidas para evitar a repetigao desse tipo de violagao. -^ x-
63
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II. TRAMITE PERANTE A CIDH
6. Em 30 de junho de 2000, a Comissao recebeu a denuncia, a qual se atribuhj o

numero 12.310. Em 19 de julho de 2000, a Comissao transmitiu a petigao ao Estad<57
concedendo-lhe um prazo de tres meses para que apresentasse suas observagoes. Em 7 de
dezembro de 2000, a Comissao reiterou ao Estado a solicitagao de 19 de julho e concedeu-lhe
45 dias para resposta.
7. Em 10 de Janeiro de 2001, o Estado solicitou prorrogagao de 45 dias para a

apresentagao da resposta. Em 18 de Janeiro de 2001, a CIDH concedeu ao Estado a
prorrogagao de 45 dias para a apresentagao de observagoes. Em 15 de outubro de 2002, no
decorrer de seu 116° Periodo Ordinario de Sessoes, a Comissao convocou as partes para uma
reuniao de trabalho a fim de discutir a possibilidade de se chegar a um acordo de soiugao
amistosa.
8. Em 24 de Janeiro de 2003, a Comissao comunicou ao Estado que, ante a falta de

resposta estatal aos pedidos de informagao realizados em junho e dezembro de 2000, havia
decidido aplicar o disposto no artigo 37.3. de seu Regulamento e diferir o tratamento das
questoes de admissibilidade para considera-las juntamente com as questoes de merito.
Consequentemente, a Comissao solicitou as partes que apresentassem suas observagoes
sobre o merito do assunto num prazo nao superior a dois meses.
9. Em 17 de margp de 2003, os peticionarios solicitaram prorrogagao de 45 dias

para apresentagao de sua resposta.. Em 6 de junho de 2003, a Comissao recebeu as
observagoes dos peticionarios sobre o merito do assunto. Em 14 de outubro de 2003 foi
realizada uma audiencia no decorrer do 118° Periodo Ordinario de Sessoes, ocasiao em que a
Comissao se colocou novamente a disposigao das partes para examinar a possibilidade de um
acordo de soiugao amistosa no caso. Durante a audiencia, o Estado apresentou um documento
a respeito de sua posigao sobre o caso. Em 10 de novembro de 2003, a CIDH recebeu
informagoes adicionais dos peticionarios, que foram encaminhadas ao Estado em 12 de
dezembro do mesmo ano.
III. POSICAO DAS PARTES
A. Posigao dos peticionarios
10. A petigao informa que em maio de 1997 as fazendas Agua da Prata e Dois
Corregos, localizadas no municipio de Marilena, Estado do Parana, foram ocupadas por cerca
de 200 familias pertencentes ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Dias apos a
ocupagao, representantes do Institute Nacional de Colonizagao e Reforma Agraria (INCRA), do
Governo do Estado do Parana e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
celebraram um acordo mediante o qual as familias se comprometiam a desocupar as citadas
fazendas e a se mudar para as fazendas Boa Sorte e Santo Angelo, que seriam declaradas de
"interesse social" pelo Governo.-^- Em 19 de novembro de 1997, as familias ocuparam as
fazendas Boa Sorte e Santo Angelo, alegando que ja haviam sido declaradas de interesse
social.
11. Segundo os peticionarios, em 5 de fevereiro de 1998, os trabalhadores

assentados nas fazendas se dirigiram as autoridades locais para manifestar sua preocupagao
com relagao a informagoes que indicavam que a Uniao Democratica Ruralista (UDR)^-
planejava uma desocupagao violenta nas fazendas da regiao. Os peticionarios alegam que
representantes dos trabalhadores levaram essas denuncias ao Assessor Especial para
Assuntos Agrarios do Governo do Estado do Parana, mas que suas denuncias foram ignoradas
e medida alguma de protegao foi tomada.
12. Os peticionarios ressaltaram que, na madrugada de 7 de fevereiro de

1998, um grupo de aproximadamente 30 pessoas armadas, supostamente contratadas e
lideradas por membros da UDR, iniciaram uma violenta operagao extrajudicial de desocupagao
da fazenda Santo Angelo. Os pistoleiros, que estavam encapuzados e vestidos com camisas
pretas, usaram de violencia para obrigar as familias a desocupar o lugar e a subir em um
caminhao. De la os encapuzados partiram em diregao a fazenda Boa Sorte, onde obrigaram os
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361^
Brasil - Caso 12.310 Sebastiao Camargo Filho - Admissibilidade e Merito
membros de mais de 70 familias a permanecerem no chao, com o rosto voltado para baixo.
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13. Segundo alegatjoes, o campones Sebastiao Camargo Filho, de 65 anos de.
idade, trabalhador rural afro-descendente, pai de dois filhos, sofria de um problema cervical
que o impedia de permanecer agachado com a cabega voltada para baixo. Um homem*
encapuzado que comandava a operagao, ao ver que Sebastiao Camargo Filho nao cumpria sua
ordem, apontou uma escopeta calibre 12 em diregao a sua nuca e disparou contra ele a
menos de um metro de distancia. Os peticionarios alegaram que varias testemunhas dos
camponeses reconhecem o pistoleiro que atentou contra Sebastiao como Marcos Menezes
Prochet, que ocupava na epoca o cargo de Presidente Regional da UDR (Uniao Democratica
Ruralista).
14. Os peticionarios tambem declararam que no mesmo dia 7 de fevereiro de

1998 foram iniciadas as investigagoes policiais sobre a desocupagao e o homiddio de
Sebastiao Camargo Filho. As autoridades encontraram nas fazendas Boa Sorte e Santo Angelo
grande quantidade de armas e munigao utilizadas na desocupagao. No dia seguinte a
desocupagao, com base numa chamada anonima, as autoridades prenderam na fazenda
Figueira, no municipio de Guairaga, sete suspeitos de haver participado dos fatos. Junto com
os suspeitos foi encontrada grande quantidade de armas de grosso calibre e munigao, entre as
quais 100 cartuchos calibre 12 deflagrados, alem de capuzes e camisas pretas sem
identificagao. Nesse mesmo dia, as familias desalojadas ocuparam novamente a fazenda Agua
da Prata, onde encontraram capuzes pretos, duas escopetas calibre 12 e munigao do mesmo
calibre. Os camponeses informaram as autoridades no mesmo dia, mas a policia somente
apreendeu os objetos seis meses depois, em 12 de agosto de 1998.
15. Em 18 de fevereiro de 1998, foi expedida uma ordem de prisao preventiva

contra Osnir Sanches, por sua suposta participagao na contratagao dos pistoleiros e sua
participagao nos acontecimentos do dia 7 de fevereiro de 1998. Osnir Sanches fugiu da justiga,
sendo capturado em 2 de junho de 1998 e posteriormente liberado em 18 de junho de 1998,
em cumprimento a uma ordem de habeas corpus. Os peticionarios alegam que, apesar das
fortes provas contrarias aos sete pistoleiros detidos, eles foram liberados 35 dias apos sua
captura.
16. Os peticionarios sustentam que, nao obstante as multiplas declaragoes

expresses na investigagao policial, que reconheciam Marcos Menezes Prochet como autor do
disparo contra Sebastiao Camargo Filho, em 5 de maio de 2000, foram vinculados a
investigagao criminal somente os senhores Teissin Tina (proprietario da fazenda Boa Sorte) e
Osnir Sanches, pelos crimes de homiddio culposo e formagao de quadrilha. Em 29 de agosto
de 2000, dois anos e seis meses apos a ocorrencia dos fatos, o Ministerio Publico do Estado do
Parana formulou denuncia contra os senhores Teissin Tina e Augusto Barbosa da Costa (um
dos pistoleiros contratados para fazer a desocupagao) pelo homiddio de Sebastiao Camargo
Filho. Em 2 de margo de 2001, foi realizado um aditamento da denuncia e foram incluidos
como co-autores Marcos Menezes Prochet e Osnir Sanches.
17. Os peticionarios alegaram que, em virtude da demora nas investigagoes,

varies dos crimes cometidos na desocupagao prescreveram. Isso ocorreu com os delitos de
ameaga, exerefeio arbitrario das proprias razoes e dano. Os peticionarios alegaram tambem
que outros delitos foram injustificadamente descartados pelo Ministerio Publico. Por exemplo,
em relagao ao delito de porte ilegal de armas, o Promotor de Justiga alegou que nao foi
possiVel conseguir indicios suficientes da autoria para sustentar a denuncia. O Ministerio
Publico aduziu que nao se havia configurado o crime de associagao ilicita. Por outro lado,
deixou-se de investigar o delito de lesoes corporals, uma vez que "nao foi possivel localizar as
vitimas".-^
18. Os peticionarios afirmaram que as autoridades foram negligentes na

condugao da investigagao e no conseqiiente process© contra as pessoas incriminadas. Em
primeiro lugar, os peticionarios alegaram que as autoridades deixaram de produzir provas
chave para a identificagao dos autores dos fatos. Alegaram que as 12 armas calibre 12
apreendidas apos o crime nao foram submetidas a testes de impressao digital. Tampouco foi
requerido ou realizado um exame pericial dos sete detidos, com a finalidade de verificar a
existencia de residues de polvora provenientes de armas de fogo. Em segundo lugar, os
peticionarios aduziram que, apesar do amplo material probatorio constante do expediente
interno, o processo criminal permanecia injustificadamente em fase de instrugao inicial,
ultrapassando os limites estabelecidos pela lei interna. Os peticionarios citaram, por exemplo,
V
23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 SebastiaoCamargo Filho- Admissibilidadee Merito
que; apesar de a lei interna estabelecer o prazo de um mes para a realizagao da investygaâo
policial, neste caso a investigagao policial demorou 25 meses, em que pese o fato de tres.jdosH^
delitos investigados terem prescrito 24 meses depois de ocorridos os fatos. I
19. Com base no argumentado anteriormente, os peticionarios alegaram quâ

demora injustificada na decisao dos mencionados recursos os excetuava do requisite de previfr----- "
esgotamento dos recursos internes, em conformidade com o disposto no artigo 46.2, c, da
Convengao Americana. Os peticionarios alegaram tambem que apresentaram a petigao dois
anos e quatro meses depois de ocorridos os fatos, prazo que consideraram razoavel tendo em
vista a demora judicial.
B. Posigao do Estado
20. O Estado aduziu que deu inicio ao processo n.° 52/2000 perante a Vara
Criminal da Comarca de Nova Londrina, Estado do Parana. O Estado salientou que o
magistrado da causa recebeu a denuncia formal em 10 de margo de 2001 e, levando em conta
que alguns dos depoimentos inicialmente obtidos pelo Ministerio Publico "nao foram
encontrados, o que estendeu demasiadamente o curso do processo", novos depoimentos
foram ordenados pelo magistrado instrutor.
21. Desse modo, segundo o Estado, apesar de o andamento do processo nao ter
tido a rapidez devida, levando em conta que foi necessaria a realizagao de multiplas citagoes
£ para ouvir depoimentos de pessoas residentes em outras comarcas, o processo penal vem
sendo conduzido pela vara criminal de maneira eficaz, no sentido de buscar a verdade dos
fatos para sua conclusao final. O Estado tambem destacou que os principios de contraditorio e
ampla defesa foram adequadamente respeitados, uma vez que os acusados foram
devidamente citados, interrogados e puderam exercer seu direito de defesa.
22. O Estado considerou, por conseguinte, que seus agentes tomaram todas as
providencias necessarias no sentido de processar os acusados pela morte de Sebastiao
Camargo Filho. No entanto, segundo o Estado, a demora na administragao da justiga e um
problema mundial, que afeta principalmente os paises em desenvolvimento, que nao dispSem
de estrutura suficiente para proporcionar atendimento rapido e breve.
23. O Estado aduziu que nao deixava de reconhecer que a investigagao policial
foi demasiado extensa, o que retardou a abertura do caso. No entanto, assegurou que desde
que os acusados foram denunciados foram tomadas medidas destinadas a conclusao do
processo, dentre as quais se destacam os interrogatories de Augusto Barbosa da Costa,
Teissin Tina, Osnir Sanches e Marcos Mehezes Prochet.
24. O Estado afirmou, ademais, que nenhum de seus agentes participou de

£ nenhuma forma do triste episodic da morte de Sebastiao Camargo Filho. Segundo o Estado,
conforme se depreende do expediente judicial, na desocupagao da fazenda Boa Sorte nao
houve participagao da Policia Civil ou da Poltcia Militar nem de nenhum outro agente estatal,
motivo por que nao se origina responsabilidade internacional do Estado nos fatos.
25. Finalmente, o Estado aduziu que ademais dos processes em curso

instaurados contra as pessoas acusadas das mortes de trabalhadores rurais, o Estado do
Parana adotou medidas drasticas para evitar ao maximo a violencia no campo, em especial no
que se refere a processes de desocupagao de terras. Para esse efeito, segundo afirma o
Estado, as ultimas desocupagoes de terras ocupadas por trabalhadores sem terra foram
realizadas durante o dia e com a participagao de um representante do Ministerio Publico e do
Poder Judiciario. Em algumas ocasioes, inclusive, o Procurador-Geral do Estado do Parana
esteve presente para verificar a legalidade das medidas.
26. Em conclusao, o Estado alegou que os acusados da morte de Sebastiao

Camargo Filho foram devidamente processados; nao houve participagao de agentes do Estado
no caso; e o Governo do Estado do Parana vem realizando processes de reintegragao de
terras ocupadas de facto de maneira pacifica, evitando conflitos no campo. Em virtude dessas
conclusoes, o Estado solicitou a Comissao que declarasse improcedentes as petigoes
formuladas na denuncia.
IV. ANALISE DE ADMISSIBILIDADE
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23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 Sebastiao Camargo Filho- Admissibilidade e Merito
27. Levando em conta as normas regulamentares vigentes no momentcpda<=

abertura do caso e as amplas oportunidades que ambas as partes tiveram para argumenfar ^
tanto sobre a admissibilidade quanto sobre o merito do caso, em 24 de Janeiro de 20d37_3'-^
Comissao decidiu aplicar a regra estabelecida no artigo 37.3 de seu Regulamento...
Consequentemente, passara a decidir sobre a admissibilidade e o merito da petigao.
A. Competencia ratione temporis, ratione personae, ratione materia e

ratione loci
28. De acordo com os artigos 44 da Convengao Americana e 23 do Regulamento,

os peticionarios, como entidades nao-governamentais legalmente reconhecidas, estao
habilitados a apresentar petigoes perante a CIDH, referentes a supostas violagoes da
Convengao Americana. No que se refere ao Estado, a Comissao observa que a Republica
Federativa do Brasil e Estado Parte na Convengao Americana, por ele ratificada em 25 de
setembro de 1992. A petigao menciona como suposta vitima Sebastiao Camargo Filho, pessoa
fisica cujos direitos consagrados na Convengao o Brasil se comprometeu a respeitar e
garantir. A Comissao, portanto, tern competencia pessoa! para examinar a denuncia.
29. Na petigao sao denunciadas violagoes de direitos protegidos pela

Convengao Americana. A Comissao, portanto, tern competencia material para examinar a
denuncia.
30. A Comissao tern igualmente competencia temporal, porquanto os fatos

alegados na petigao ocorreram quando a obrigagao de respeitar e garantir os direitos
estabelecidos na Convengao ja se encontrava em vigor para o Estado.
31. Finalmente, a Comissao tern competencia territorial para conhecer desta

petigao, uma vez que nela sao alegadas violagoes de direitos protegidos na Convengao
Americana, que teriam ocorrido no territorio do Estado brasileiro.
B. Outros requisites de admissibilidade da petigao
1. Esgotamento de recursos internos
32. O artigo 46.1 da Convengao Americana estabelece como requisite de

admissibilidade de uma queixa o previo esgotamento dos recursos disponiveis na jurisdigao
interna do Estado. Os peticionarios alegaram que, dois anos e quatro meses apos a ocorrencia
dos fatos, nao havia sido concl.uida a investigagao policial, o que demonstrava um atraso
injustificado do processo, de acordo com o disposto no artigo 46.2, b, da Convengao. O
Estado, por sua vez, nao hegou ou questionou o exposto pelos peticionarios nos 90 dias
estabelecidos pelo entao vigente Regulamento da Comissao para informar sobre os fatos
denunciados. £51 A Corte Interamericana afirmou que "a excegao do nao esgotamento dos
recursos internos, para ser oportuna, deve ser apresentada nas primeiras etapas do
procedimento, uma vez que, na sua ausencia, podera presumir-se a renuncia tacita a faze-la
valer por parte do Estado interessado".^ A Comissao considera, portanto, que o Estado
renunciou tacitamente a alegar a excegao de falta de esgotamento dos recursos da jurisdigao
interna ao nao haver interposto objegao nos prazos dispostos no artigo 30.3 do Regulamento
da Comissao. £21
2. Prazo de apresentaâo
33. O artigo 46.1, b, da Convengao Americana dispoe que toda petigao deve
ser apresentada no prazo de seis meses, contado a partir da data em que o peticionario tenha
sido notificado da sentenga definitive que esgota os recursos internos. Os peticionarios
apresentaram a denuncia em 30 de junho de 2000, depois de transcorridos dois anos e quatro
meses da morte do senhor Sebastiao Camargo Filho. O Regulamento da CIDH dispoe em seu
artigo 32 que “nos casos em que sejam aplicaveis as excegoes ao requisite de esgotamento
previo dos recursos internos, a petigao devera ser apresentada dentro de um prazo razoavel,
a criterio da Comissao. Para tanto a Comissao considerara a data em que haja ocorrido a
presumida violagao dos direitos e as circunstancias de cada caso". Nesse sentido, levando em
conta a data dos fatos alegados e a situagao dos recursos internos no Brasil com relagao aos
fatos especificos levados ao conhecimento da CIDH quanto a este assunto, bem como que o
Estado nao informou sobre a situagao dos recursos internos, a CIDH considera que a petigao
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23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 Sebastiao CamargoFilho- Admissibilidade e Merito A.-
em analise foi apresentada em prazo razoavel. p- /’ll

3. Duplicagao de procedimentos e coisa julgada
34. Nao se depreende do expediente que a petigao apresentada a Comiss'a’o’

Interamericana se encontre atualmente pendente de outro procedimento de solugao
internacional ou reproduza substancialmente alguma petigao ou comunicagao anterior ja
examinada pela Comissao ou outro organism© internacional, conforme dispdem os artigos
46.1, c, e 47, d, respectivamente.
4. Caracterizagao dos fatos alegados
35. Para efeitos de admissibilidade a Comissao deve determinar se os fatos

expostos na petigao tendem a constituir uma violagao dos direitos previstos na Convengao
Americana, conforme determine o artigo 47, b, ou se a petigao, conforme o artigo 47, c, deve
ser descartada por ser "manifestamente infundada" ou por ser "evidente sua total
improcedencia". Os criterios aplicaveis para avaliar esses extremes diferem do necessario
para a definigao do merito de uma petigao.
36. Os peticionarios argumentaram que os fatos que produziram a morte de

Sebastiao Camargo Filho e a falta de investigagao adequada dos fatos configuram violagoes
dos direitos estabelecidos nos artigos 4, 5, 8 e 25 da Convengao Americana. A Comissao
£ considera que prime facie os fatos do caso poderiam gerar a suposta responsabilidade do
Estado pela garantia dos direitos a vida, ao devido process© e a protegao judicial de Sebastiao
Camargo Filho. Por outro lado, a Comissao nota que os peticionarios nao sustentam fatos que
possam chegar a determinar uma violagao independente ao direito a integridade pessoal
contra a suposta vitima. A Comissao, portanto, declarara inadmissivel a petigao quanto a esse
direito.
37. Pelas razoes anteriormente expostas, a Comissao conclui que e

competente para conhecer da presente petigao que, em conformidade com os artigos 46 e 47
da Convengao Americana, e admissive!, nos termos acima mencionados.
V. ANALISE DE MERITO
A. Consideragdes preliminares
38. A Comissao Interamericana observa que os peticionarios alegaram uma

serie de fatos que nao foram contestados pelo Estado. Com efeito, a CIDH encaminhou as
partes pertinentes da denuncia ao Estado em 19 de julho de 2000 e a ele solicitou que
prestasse informagoes sobre os fatos denunciados. O Brasil respondeu em 14 de outubro de
(Q 2003, ocasiao em que se limitou a questionar o esgotamento dos recursos da jurisdigao
interna.
39. Especificamente, a CIDH observa que a resposta do Estado a petigao e a

posigao por ele manifestada na audiencia ante a CIDH demonstra acordo entre as partes
quanto a morte da suposta vitima, bem como quanto a natureza juridica de suas causas e
consequencias. O Estado, no entanto, questionou outros fatos, como a vinculagao entre os atos
praticados e sua autoria e a suposta falta de diligencia de suas autoridades policiais e judiciais
na investigagao da morte.
40. De acordo com o acima exposto, com base nas alegagoes dos
peticionarios, na posigao do Brasil quanto aos fatos alegados, nas copias dos expedientes
judiciais e nas demais provas que tramitam nos autos, assim como na ausencia de outros
elementos de convicgao que pudessem levar a CIDH a concluir o contrario, a Comissao passa
a pronunciar-se sobre os fatos estabelecidos neste caso.
B. Contexto: violencia rural no Brasil e sua impunidade
41. A situagao agraria no Brasil tern se caracterizado nas ultimas decadas por
uma alta concentragao da terra e uma crescente mobilizagao de setores sociais que buscam
melhor distribuigao das propriedades agrarias. A pressao social pela implementagao de urn
processo de reforma agraria provocou reagoes violentas por parte de setores latifundiarios
que, em alguns casos, contaram com a aquiescencia e a conivencia de funcionarios locals. mi
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23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 SebastiaoCamargo Filho- Admissibilidadee Merito O ox.
42. Em seu relatorio de 1997 sobre o Brasil, a CIDH salientou que "oterasiT-^
possui um territorio extenso, com grande capacidade produtiva e de assentamento social-?------
contudo, por razoes historicas, a distribuigao da propriedade das terras e extremadamente
desequilibrada, gerando, em consequencia, condigoes propicias para enfrentamentos sociais e
violagoes de direitos humanos". A CIDH salientou tambem que "a situagao agraria e 'aguda' e
que existem numerosos conflitos e ocupagoes em agosto de 1996, envolvendo 50.000 farmlias
de agricultores instalados em acampamentos precarios nas areas invadidas e enfrentando
problemas de saude, trabalho e educagao, e confrontos com proprietaries e forgas policiais".
IS]
43. Segundo dados da Comissao Pastoral da Terra, no periodo de 1988 a 2000,
1.517 pessoas ligadas a luta pela reforma agraria foram assassinadas. Nos 20 anos de
ditadura militar (1964-1984) foram assassinados 42 trabalhadores rurais por ano. Entre 1985
e 1989 essa cifra triplicou e chegou a 117 assassinates por ano. De 1990 a 1993, morreram 52
pessoas por ano. Entre 1994 e 1997 o numero de mortes anuais chegou a 43. 1101 Em 1998,
ano em que ocorreu a morte de Sebastiao Camargo Filho, 47 pessoas foram assassinadas em
conflitos relacionados com a terra no pais, oito dos quais no Estado do Parana.
44. De acordo com informagoes recebidas pela Comissao, tanto em sua sede
quanto nas visitas in loco, a CIDH nota que no Brasil, no momento em que ocorreram os
fatos, a violencia contra trabalhadores rurais que lutam pela distribuigao equitativa da terra e
sistematica e generalizada. Em alguns estados ha tambem profundas conexoes entre
poderosos proprietaries latifundiarios e autoridades locais, alguns dos quais agem como
mandantes dos assassinates e financiam as desocupagoes forgadas.
45. Na epoca em que ocorreram os fatos era comum a constituigao de grupos

de pistoleiros para a realizagao de desocupagoes forgadas, inclusive no Estado do Parana. Os
segmentos da sociedade ligados ao poder latifundiario intensificaram seus ataques contra
lideres de movimentos rurais mediante a constituigao de milicias privadas e a fundagao de
empresas de seguranga clandestina que dispunham de armamentos pesados e sessoes de
treinamento militar. A esse respeito, a Comissao recebeu ampla informagao acerca da
constituigao e funcionamento de grupos tais como os autodenominados Primeiro Comando
Rural e Primeiro Comando da Capital. mi
46. A Comissao constatou que essa violencia se dirige e se intensifica contra

os lideres dos movimentos, os defensores dos direitos humanos dos trabalhadores rurais e
todo aquele que se destaque na promogao da implementagao de um process© de reforma
agraria. Assim como em outros paises da Regiao que possuem esse tipo de conflito rural, no
Brasil as pessoas que promovem e lideram as reivindicagoes relacionadas com os direitos de
trabalhadores rurais sao as mais afetadas, ao serem identificadas como alvos de ataques que
servem de exemplo para dissuadir as demais pessoas que participam das reivindicagoes. Os
atos de violencia contra essas pessoas sao destinados a causar temor generalizado e, por
conseguinte, desanimar os demais defensores e defensoras de direitos humanos, bem como a
atemorizar e silenciar as denuncias, queixas e reivindicagoes das vitimas.
47. As organizagoes de direitos humanos brasileiras tern insistido em que as

violagoes dos direitos humanos dos defensores de trabalhadores rurais foram inclusive mais
frequentes na epoca dos governos democraticos do que na epoca da ditadura militar, gragas a
criagao e funcionamento das milicias privadas patrocinadas por latifundiarios. A esse respeito,
a Comissao, por intermedio de sua Unidade Funcional de Defensores de Direitos Humanos, de
audiencias gerais e de visitas, recebeu multiplas denuncias nos ultimos anos sobre violagoes
de direitos humanos de lideres rurais e membros de organizagoes tais como o Movimento dos
Trabalhadores Sem Terra, o Movimento de Luta Pela Terra, o Movimento dos Trabalhadores
Rurais Brasileiros, o Movimento Muda Brasil dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, a Comissao
Pastoral da Terra e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, entre varias outras. LL2I
48. A estreita relagao entre os mandantes dos crimes e as estruturas locais de

poder tern garantido a impunidade na quase totalidade dos casos de violencia rural no Brasil.
O problema da impunidade generalizada no Brasil tern sido denunciado por instancias
internacionais como a Relatora Especial sobre Execugpes Extrajudiciais, Sumarias ou
Arbitrarias, das Nagoes Unidas, que, no relatorio sobre a visita que fez ao Brasil ressaltou que
"em alguns casos, os juizes estao sujeitos a pressao de politicos locais ou influentes atores
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23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 Sebastiao Camargo Filho- Admissibilidadee Merito ;0£K/^
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economicos, tais como os latifundiarios".^^ -V''
49. A impunidade das violagoes de direitos humanos cometidas^ contra'3

trabalhadores que lutam pela terra foi tambem denunciada pelo Relator Especial sqbre a
Independencia dos Magistrados e Advogados. Tomando como exemplo a situagao do Estado*do
Para, o Relator mostrou sua preocupagao com os graves indices de impunidade no Brasil,
salientando que
No Estado do Para a situagao e ainda mais grave, com um altissimo indice de

violencia e notoria impunidade. Nos 1.207 casos de trabalhadores rurais
assassinados entre 1985 e margo de 2001, somente 85 pessoas envolvidas
tiveram sentenga definitiva, o que deixa uma media de 95% sem resposta
judicial. No sul e no sudeste do Para, no mesmo periodo, foram assassinados
340 trabalhadores rurais. Do total desses crimes, somente dois foram julgados
de maneira definitiva, ou seja, uma media de 99,4% do total dos assassinates
sem nenhum tipo de resposta judicial, seja de condenagao, seja de absolvigao,
no ambito penal. A impunidade desses crimes e incontestavel.^^
50. A Comissao se referiu em varias ocasides a responsabilidade do Estado

brasileiro pela falta de investigagao adequada de atos de violencia contra trabalhadores rurais
e seus defensores. Desse modo, a Comissao constatou responsabilidade internacional do
A Brasil pela falta de investigagao e sangao dos responsaveis pela morte de Joao Canuto de
Oliveira, Presidente da Uniao de Trabalhadores Rurais de Rio Maria, ocorrida em 18 de
dezembro de 1985 no Estado do Para.-I-^ Igualmente, a Comissao tambem abordou o tema no
caso do Massacre de Corumbiara, em que ressaltou que "o objeto deste [caso] transcende ao
que se refere as situagoes preocupantes sobre a distribuigao da terra no Brasil em geral, bem
como o que diz respeito a situagao especifica dos trabalhadores e trabalhadoras sem terra que
invadiram com suas famflias a fazenda Santa Elina, em agosto de 1995".-^^
C. Fatos estabelecidos
1. Os fatos de 7 de fevereiro de 1998
51. Em 7 de fevereiro de 1998 aproximadamente as cinco horas da manha,

cerca de 60 veiculos, entre automoveis, caminhoes e caminhonetes, organizaram uma
caravana em diregao as fazendas Santo Angelo e Boa Sorte, municipio de Marilena, Estado do
Parana, onde se encontravam assentadas varias famflias do Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra.^^ Fazia parte da caravana um coletivo de passageiros em que era
transportado um grupo de 30 a 40 homens, armados com escopetas calibre 12, encapuzados e
£ vestidos com camisas pretas.
52. Chegaram inicialmente a fazenda Santo Angelo, onde se encontravam

assentadas varias famflias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Os
encapuzados dispararam repetidamente suas armas para o ar. Agrediram varias pessoas,
inclusive criangas, com pontapes, empurroes e golpes de escopeta, obrigando-as a abandonar
a fazenda. Os encapuzados obrigaram as famflias a sair das construgoes rusticas que haviam
levantado, antes de destruf-las juntamente com o que nelas encontravam.
£181 Uma vez que
todas as famflias assentadas na fazenda foram expulsas, os encapuzados as obrigaram a subir
em caminhoes que as levaram para fora da fazenda e, em seguida, se dirigiram a fazenda
Boa Sorte, aonde chegaram aproximadamente a las 7h. ri9i
53. Na fazenda Boa Sorte, os encapuzados realizaram operagao semelhante,

na qual agrediram e destrufram os pertences de mais de 70 famflias. Os pistoleiros tiraram as
famflias a forga de seus ranchos e as levaram ate a porta da fazenda, onde as obrigaram a
deitar-se de brugos e de cabega baixa.^^
54. Sebastiao Camargo Filho, de 65 anos de idade, sofria de uma lesao na

coluna que o obrigava a caminhar curvado. Essa lesao o impedia de adotar a posigao que Ihe
foi ordenada, motive por que tentou sustentar a cabega com as maos para evitar a dor. Um
dos encapuzados, que parecia ser quern comandava a operagao, ordenou-lhe que abaixasse a
cabega, mas Sebastiao nao pode cumprir a ordem. Como reagao a essa impossibilidade, o
t
4XV-7 * v
encapuzado apontou a arma para a cabega do agricultor e disparou contra ele a menos de-um ^
metro de distancia. O disparo produziu uma lesao cranioencefalica que tirou a vibaXde ___
Sebastiao Camargo Filho.^^ Em seguida, os dois encapuzados algaram 0 corpo de Sebastiao ^ ,
ate a caminhonete em que foi levado ao Hospital Santa Teresinha de Nova Londrina, onde /
N
chegou sem vida. 1221
55. Depois de disparar contra Sebastiao, 0 lider dos encapuzados ordenou aos
camponeses que entrassem em um caminhao, no qual foram trasladados, contra sua vontade,
ate 0 municipio de Querencia do Norte.
2. O processo judicial iniciado pelos fatos de 7 de fevereiro de 1998
56. Em 7 de fevereiro de 1998, funcionarios da Poh'cia Militar e Civil se

dirigiram as fazendas Santo Angelo e Boa Sorte onde apreenderam varias armas de fogo
calibre 12, cartuchos de munigao (deflagrados e sem deflagrar), camisetas pretas e capuzes,
entre outros objetos. HU No mesmo dia, as 16h, foi realizada a necropsia do cadaver de
Sebastiao Camargo Filho pelo Institute Medico Legal do Parana. Com essas diligencias deu-se
im'cio a investigagao policial n° 002/98.
57. Em 8 de fevereiro de 1998, 0 Delegado de Policia da 8a Subdivisao da

^ Policia Civil expediu "auto de prisao em flagrante delito" contra Augusto Barbosa da Costa,
0 Joao Alves da Silva, Milton F. Alves Filho, William K. Gomes, Jose Batista Moura, Valdeci Rosa
de Oliveira e Jair Fermino Borracha. Em 10 de fevereiro de 1998, expediu-se ordem de
detengao preventiva contra as pessoas acima citadas e contra Osnir Sanches, apontado no
depoimento de um dos detidos (Augusto Barbosa da Costa) como a pessoa que havia
contratado 0 grupo de pistoleiros por meio de uma empresa de seguranga de sua propriedade
denominada DEPROPAR.^^ ■ ;
58. Nos dias que se seguir'am', a jnvestigagao policial colheu o depoimento de

varios dos trabalhadores sem terra Sssenteidos nas fazendas Santo Angelo e Boa Sorte. Esses
depoimentos descreveram em pormehof as agoes de desocupagao e varios deles salientaram
haver identificado a pessoa que disparou contra Sebastiao Camargo Filho como Marcos
Menezes Prochet.-^^-
59. Entre as provas produzidas e anexadas a investigagao policial encontram-

se os relatorios medico-legais sobre as lesoes de Ademar Sakser, Olivera Franco da Rosa,
Maldecir Schwinn, Milton Dalla Porta, Reginaldo Gomes, Adriana Beatriz Fernandez, Eloi
Citadalla, Adalberto Klos, Ilvo Schwinn, Joceli Machado, Joaquim Gongalves da Silva, Arlindo
_ Daguette, Sandro Gomes, Jorge Pires da Fonseca, Antonia Franca, Rogelio Lotice e Ana Claudia
f) Lotice.
60. Em 2 de abril de 1998, a Juiza de Direito Rosicler Maria Miguel revogou a

ordem de prisao preventiva que recaia sobre Augusto Barbosa da Costa, Joao Alves da Silva,
Milton F. Alves Filho, William K. Gomes, Jose Batista Moura, Valdeci Rosa de Oliveira e Jair
Fermino Borracha. (261
61. Em 2 de junho de 1998, Osnir Sanches se entregou a justiga e foi detido,

em virtude de ordem de captura em vigor. Em 18 de junho de 1998, o Tribunal de Justiga do
Estado do Parana, por meio de um recurso de habeas corpus revogou a ordem de prisao
preventiva contra Osnir Sanches.
62. Em 8 de fevereiro de 2000, a Promotora de Justiga Lucimara Salles Ferro,

encarregada da investigagao, prorrogou em um mes o prazo de conclusao da investigagao
policial, alegando "a necessidade de realizagao de diligencias imprescindiveis para 0
oferecimento da denuncia". Novas prorrogagoes foram concedidas em 28 de fevereiro e em 5
de abril de 2000.
63. Em 5 de maio de 2000, Jairo dos Santos, Delegado de Policia de Nova

Londrina, assinou um relatorio de conclusao da investigagao policial n° 002/98. Nesse
relatorio, solicitou-se ao Ministerio Publico que investigasse a suposta responsabilidade de
Teissin Tina e Osnir Sanches pela co-autoria do delito de homicidio culposo e associagao
ilicita; e a de Toshio Konda, Nelson Tosia Konda e Augusto Barbosa da Costa pelo crime de
http://www.cidh.oas.org/annLialrep/2009port/Brasil12310port.htm 9/28
23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 Sebastiao Camargo Filho- Admissibilidadee Merito
associagao ilicita (formagao de quadrilha).
64. Em 29 de agosto de 2000, o Ministerio Publico apresentou denuncia formal

contra Teissin Tina e Augusto Barbosa da Costa por sua alegada participagao nos fatos deN^de
fevereiro de 1998. Em decisao da mesma data, o Ministerio Publico declarou que os supostbs
delitos de ameaga, exercicio arbitrario das proprias razoes e dano haviam prescrito em 7 de
fevereiro de 2000. Por outro lado, o Ministerio Publico declarou, com respeito aos delitos de
posse de substancia entorpecente e porte ilegal de arma de fogo, que nao havia sido possivei
obter indicios suficientes de sua autoria para sustentar uma denuncia. O Ministerio Publico
tambem se absteve de apresentar denuncia pelo suposto delito de lesoes corporais porque
"nao foi possivei localizar as vitimas”.-^^
65. Em 1° de setembro de 2000, o Juiz de Direito Federico Mendes Junior

decidiu receber a denuncia no que se refere a suposta responsabilidade de Teissin Tina e
Augusto Barbosa da Costa. Ademais, para evitar a possibilidade do arquivamento implicit© da
agio penal por falta de acusagao de todas as pessoas que pudessem ter participado dos fatos,
o juiz decidiu devolver ao Procurador-Geral de Justiga do Parana os autos para que ampliasse
a denuncia.
66. Em 2 de margo de 2001, o Ministerio Publico, ampliou a denuncia contra

Marcos Menezes Prochet e Osnir Sanches, conforme o disposto no artigo 569 do Codigo de
Processo Penal.
67. Em 1° de maio de 2001, a defesa de Augusto Barbosa da Costa solicitou a

realizagao de provas.de defesa. Em 24 de setembro de 2001, a defesa de Marcos Menezes
Prochet apresentou-solicitagao semelhante. Em 20 de novembro de 2001, a Comissao Pastoral
da Terra apresentou informagao para que fosse levada em conta pela autoridade judicial.
68. Em 8 de agosto de 2002, o Juizado procedeu a um levantamento do

material probatorio constante dd expediente e ordenou que fossem substituidos alguns
depoimentos que havia ordenado:, mas que nao haviam sido realizados.
69. Em 3 de janeiro de 2003, prestou declaragao o Delegado de Policia Civil da

data dos fatos. Em 22 de maio de 2003, o Ministerio Publico solicitou ao juiz da causa que
ordenasse a tomada de novos depoimentos.
70. Em 5 de margo de 2004 foi realizada audiencia, em que foram ouvidos os

depoimentos de Edson Luiz Zanini, Armando Chiamulera, Rogelio Luis Lotici, Antonia Franca,
Aparecido Jose Batista e Jose Rodrigues dos Santos.
71. Em 29 de agosto de 2004, foi realizada outra audiencia, em que o juiz

ordenou que fossem citadas novas testemunhas e que se oficiasse a UDR para que esta
associagao apresentasse uma lista de seus filiados em fevereiro de 1998.
72. Em 17 de maio de 2005, a escriva da Vara Criminal, Juliana Nunes Coletti,

deixa consignado que o processo esteve paralisado desde 3 de margo de 2005 por falta de
funcionario judicial que Ihe desse andamento. Em 13 de junho de 2005, realiza-se nova
anotagao indicando a nomeagao de uma juiza substituta.
73. Na data de aprovagao deste relatorio, transcorridos mais de oito anos da

ocorrencia dos fatos, o processo judicial encontra-se em etapa de discussao de primeira
instancia.
D. ANALISE DE DIREITO
74. A Comissao passa a analisar se neste caso foram violados os direitos a

vida, as garantias judicials e a protegao judicial com relagao a obrigagao do Estado de
respeitar e garantir os direitos humanos dispostos nos artigos 1.1, 4, 8 e 25 da Convengao
Americana, por parte do Estado do Brasil, contra a suposta vitima do caso.
1. Violagao do direito a vida (artigo 4)
75. O artigo 4.1 da Convengao dispoe que "toda pessoa tern o direito de que
se respeite sua vida" e que "ninguem pode ser privado da vida arbitrariamente". O direito a
htlp://Www.cidh.oas.org/annualrep/2009port/Brasil12310port.htm 10/28
1
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23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 SebastiaoCamargo Filho- Admissibilidadee Merito —
vida reveste especial importancia porquanto se trata do pressuposto essencial para

realizaâo dos demais direitos. O direito a vida e de importancia fundamental no sistemaC.de [p7
garantias da Convengao Americana, em cujo artigo 27.2 se encontra consagrado como unj d'os___
que nao podem ser suspenses em caso de guerra, perigo publico ou outras ameagas a
independencia ou seguranga dos Estados partes no referido instrumento internacional. \~-
76. A Comissao considera procedente advertir previamente que, de acordo

com a jurisprudencia do sistema interamericano de protegao, para se determinar que houve
uma violagao dos direitos consagrados na Convengao nao e necessario determinar a
culpabilidade de seus autores ou sua intencionalidade, assim como nao e precise identificar
individualmente os agentes a que se atribuem os atos de violagao. No caso Paniagua Morales,
a Corte salientou expressamente que, a fim de estabelecer a responsabilidade internacional do
Estado, basta demonstrar que houve apoio ou tolerancia do poder publico na infragao dos
direitos reconhecidos na Convengao, por um lado, ou que o Estado nao executou as atividades
necessarias, de acordo com seu direito interno, para identificar e, oportunamente, punir os
autores das proprias violagoes.^^
a. Responsabilidade do Estado porfalta de prevenâo
77. A Corte Interamericana salientou que os Estados tern a obrigagao de

garantir a criagao das condigoes necessarias para que nao ocorram violagoes ao direito a vida
e, em especial, o dever de impedir que seus agentes atentem contra esse direito.-^^ A Corte
salientou tambem que o cumprimento das obrigagoes impostas pelo artigo 4 da Convengao
Americana, com relagao ao artigo 1.1 do mesmo instrumento, "nao somente pressupoe que
pessoa alguma seja privada de sua vida arbitrariamente (obrigagao negative), mas que
ademais, a luz de sua obrigagao de garantir o pleno e livre exercicio dos direitos humanos,
requer que os Estados adotem todas as medidas apropriadas para proteger e preserver o
direito a vida (obrigagao positiva). Esta protegao ativa do direito a vida por parte do Estado
nao implica somente seus legisladores, mas toda instituigao do Estado e aqueles que devem
resguardar a seguranga, seja suas forgas policiais, ou suas forgas armadas".-^^- Por
conseguinte, nas palavras da Corte
. *■
os Estados devem adotar as medidas necessarias, nao somente no m'vel

legislative, administrative e judicial, mediante a emissao de normas penais e o
estabelecimento de um sistema de justiga para prevenir, suprimir e castigar a
privagao da vida em consequencia de atos criminosos, mas tambem para
prevenir e proteger os indivi'duos de atos criminosos de outros individuos e
investigar efetivamente essas situagoes.-^^
78. A Corte tambem reconheceu que a responsabilidade internacional do

Estado pode derivar de atos de violagao de direitos humanos a ele atribuiveis, cometidos por
terceiros ou particulares, no ambito das obrigagoes do Estado de garantir o respeito desses
direitos entre individuos. Quanto a esse aspecto, a Corte ressaltou que
essa responsabilidade internacional tambem pode derivar de atos de

particulares em principio nao atribuiveis ao Estado. Os Estados Partes na
Convengao Americana tern obrigagoes erga omnes de respeitar e fazer respeitar
as normas de protegao e de assegurar a efetividade dos direitos nela
consagrados em toda circunstancia e a respeito de todas as pessoas. Essas
obrigagoes do Estado projetam seus efeitos alem da relagao entre seus agentes
e as pessoas submetidas a sua jurisdigao, pois se manifestam tambem na
obrigagao positiva do Estado de adotar as medidas necessarias para assegurar a
efetiva protegao dos direitos humanos nas relagoes interpessoais. A atribuigao
de responsabilidade ao Estado por atos de particulares pode dar-se em casos
em que o Estado descumpre, por agao ou omissao de seus agentes, quando se
encontrem em posigao de garantes, essas obrigagoes erga omnes constantes
dos artigos 1.1 e 2 da Convengao.-^^-
79. Complementando, em relagao a dito parametro de responsabilidade, a

Corte recentemente salientou que
um Estado nao pode ser responsavel por qualquer violagao de direitos

humanos cometida entre particulares dentro de sua jurisdigao. Com efeito, o
II
:
J
t
carater erga omnes das obrigagoes convencionais de garantia a cargo dos

Estados nao implica uma responsabilidade ilimitada destes frente a qualquer
ato ou agao de particulares, pois seus deveres de adotar medidas de
prevengao e protegao dos particulares em suas relagoes entre si encontram-se
condicionados ao conhecimento de uma situagao de risco real e imediato para
um individuo ou grupo de individuos determinado e as possibilidades razoaveis
de prevenir ou evitar esse risco. Ou seja, ainda que um ato, omissao ou agio
de um particular tenha como consequencia jundica a violagao de determinados
direitos humanos de outro particular, esse ato nao e automaticamente
atribuivel ao Estado, pois deve atender-se as circunstancias particulares do
caso e a efetivagao dessas obrigagoes de garantia.^-^^
80. Para estabelecer essa imputabilidade internacional de atos de terceiros

como violagoes atribufveis ao Estado, a Corte se baseia na doutrina da Corte Europeia,
segundo a qual se pode predicar a responsabilidade estatal de violagoes cometidas por
terceiros quando se demonstra que o Estado tinha conhecimento de uma situagao de risco real
e imediato e nao adotou medidas razoaveis para evita-las. A esse respeito, a Corte
Interamericana cita a jurisprudencia europeia, ao sugerir que
Levando em conta as dificutdades que implicam o planejamento e a adogao de

politicas publicas nas sociedades modernas, a imprevisibilidade da conduta
humana e as escolhas de natureza operacional que devem ser feitas em fungao
de prioridades e recursos, essa obrigagao positiva deve ser interpretada de
maneira a nao impor as autoridades uma carga impossivel ou desproporcional.
Por conseguinte, nem tudo o que se alega como risco a vida impoe as
autoridades a obrigagao convencional de tomar medidas operacionais para
prevenir que aquele risco cheque a materializar-se. Para que surja essa
obrigagao positiva, deve ser estabelecido que no momento dos fatos as
autoridades sabiam, ou deviam saber, da existencia de um risco real e imediato
para a vida de um determinado individuo ou de alguns individuos com respeito a
atos criminosos de terceiros e que tais autoridades nao tomaram as medidas
que teriam a seu alcance que, julgadas razoavelmente, podiam-se esperar para
evitar esse risco (ver a sentenga de Osman [...], p. 3159, par. 116).^^
81. De acordo com esses parametros, a CIDH passa a considerar se os fatos

descritos comprometem a responsabilidade internacional por falta de prevengao. A esse
respeito, a Comissao Interamericana constata, em primeiro lugar, que a situagao descrita na
sessao sobre os fatos estabelecidos coincide com um padrao de violagoes e de impunidade no
Brasil, amplamente documentado por organizagoes locals e internacionais, bem como por
organismos internacionais (paragrafo 48 supra e seguintes). Nesse sentido, tal como
expressou a Comissao
Dado que esta violagao [...] faz parte de um padrao geral de negligencia e falta
de efetividade do Estado para processar e condenar os agressores, considera a
Comissao Interamericana que, nao somente se viola a obrigagao de processar
e condenar, mas tambem a de prevenir essas praticas degradantes. Essa
ineficacia judicial geral e discriminatoria cria um ambiente que facilita a
violencia [...], por nao existirem evidencias socialmente percebidas da vontade
e efetividade do Estado como representante da sociedade para punir esses
atos. 1351
82. No presente caso, esta demonstrada a existencia de um padrao de

impunidade e repetigao de atos de violencia conhecidos peias autoridades estatais e que,
conforme indicou a Comissao, dao origem a um dever de protegao maior por parte do Estado.
Nao obstante isso, o Estado nao demonstrou que na epoca em que ocorreram os fatos
houvesse adotado medidas especificas de prevengao para evitar a violencia.
83. Adicionalmente, a Comissao Interamericana concluiu que o Estado contava

com informagoes sobre o risco real e imediato a vida e integridade pessoal daqueias pessoas
que estavam acampadas nas fazendas Boa Sorte e Santo Angelo e nao adotou nenhum tipo de
medida para protege-las. Da mesma forma, a CIDH constatou que as autoridades, por
diferentes meios, foram informadas da preparagao das operagoes de desocupagao forgada
patrocinadas pelos proprietaries das fazendas da regiao. Especificamente, as autoridades
http://www.cidh.oas.org/anniialrep/2009port/Brasil12310port.htm 12/28
] s t.r «•
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23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 SebastiaoCamargoFilho- Admissibilidadee Merito _
sabiam da iminencia de uma desocupagao forgada das fazendas Boa Sorte e Santo Angelo. \
5 de fevereiro de 1998, as pessoas que estavam acampadas nestas fazendas infornnaram^b ' ^
Assessor Especial para Assuntos Agrarios do Estado do Parana sobre as ameagas de tupa
desocupagao violenta. \
84. Igualmente, a propria Superintendente do INCRA havia solicitado ao,

Comandante do 8° Batalhao de Policia Militar de Paranavai medidas de protegao, mas as
autoridades encarregadas de oferecer protegao nao adotaram nenhuma medida para prevenir
os fatos. Um jornal local citou as declaragoes da funcionaria do INCRA na qual lamentava os
fatos e denunciava te-los levado ao conhecimento da Policia Militar
"Segundo Oliveira, havia denuncias de que os fazendeiros estavam se

armando, contudo, a policia local nao tomou providencias. A Superintendencia
do INCRA disse haver solicitado providencias ao Comandante do 8° Batalhao da
Policia Militar de Paranavai, quando deveria haver falado diretamente com o
Secretario de Seguranga Publica do Parana".
85. Um funcionario da Policia Militar reconheceu perante a imprensa local dias

depois dos fatos que as autoridades tinham conhecimento da contratagao e mobilizagao de
pessoas armadas para a realizagao de desocupagoes. A esse respeito, o jornal Folha de Sao
Paulo publicou depoimento do Subcomandante da Policia Militar, em que se le
"O tenente da PM Clovis Manoel do Nascimento, 27, subcomandante da Policia

Militar em Loanda (PR), disse a Agencia Folha que a PM tinha conhecimento de
que fazendeiros recrutavam segurangas na regiao noroeste do Parana: 'nos
fomos informados pela Secretaria da Seguranga Publica de que fazendeiros
estavam recrutando pessoas nos municipios de Loanda, Querencia do Norte e
Santa Cruz de Monte Castelo, a finalidade seria desapropriar fazendas na
regiao'. Segundo o subcomandante, o batalhao ficou sabendo dos segurangas na
quinta-feira passada. A desocupagao das fazendas Boa Sorte e Santo Angelo por
segurangas armados ocorreu dois dias depois, no sabado de madrugada".» f371
86. Um artigo publicado na imprensa dias depois dos fatos confirma a

informagao acima, citando como fonte o Coordenador Geral da Uniao Democratica Ruralista
”0 Coordenador-Geral da Uniao Democratica Ruralista (UDR), regional

Noroeste, Tarciso Barbosa de Souza, afirmou ontem que, em Paranavai, os
proprietaries de terras rurais da regiao estao preparados para resistir a
possiveis invasoes, podendo utilizar ate mesmo armas de fogo para defender
suas propriedades".-^^
87. Esta informagao e conhecida pelas autoridades encarregadas de fazer a

investigagao, mas nenhuma autoridade estatal foi investigada pela sua omissao. E mais, no
material probatorio constante do processo interne ha depoimentos das proprias autoridades
que indicam nao somente que autoridades locals sabiam da iminencia das desocupagoes, mas
tambem que funcionarios estatais haviam sido coniventes com os autores intelectuais dos
fatos, o que se depreende da declaragao do Delegado de Policia Civil que, ao ser indagado se
tinha tornado conhecimento de pianos de desocupagao na regiao, respondeu
"Que na mesma semana, especificamente na quarta-feira, ja que a invasao se

deu no sabado, no CTG do municipio de Nova Londrina-PR, ocorreu uma reuniao
entre fazendeiros, autoridades locals, integrantes da UDR e algumas pessoas da
sociedade local, ficando ajustado que eles fariam a desocupagao; que o
depoente nao esteve na reuniao mas que na sexta-feira soube dos fatos atraves
de seus funcionarios; que entao o depoente comunicou acerca dos fatos ao
delegado chefe da comarca de Paranavai e este comunicou o Secretario da
Seguranga Publica [...]
Que as pessoas que participaram da reuniao realizada antes da desocupagao

sao o presidente do CTG a epoca, ARLINDO TROIAN, VALDIR TROIAN, ARMANDO
CHIAMULERA, Presidente do Sindicato Patronal Rural, PEDRO PAULO DE MELO,
Vice-Prefeito de Loanda-PR, HUGO ACORSI, Prefeito de Nova Londrina a epoca
dos fatos, JOAO FERNANDES e TARCISO, representante da UDR,,J^.
http://www.cidh.oas.org/annLialrep/2009port/Brasil12310pOTt.htm 13/28
nsp
Hate
mhum
/oG';vV
Das provas anteriormente citadas depreende-se que autoridades federajs,(^) -v
88.
a Policia Civil e a Policia Militar sabiam da iminencia das desocupagoes e que estas seriam- «
realizadas com armas. Nao obstante haver informado as autoridades estatais\eom—^
antecipagao, nenhuma medida de protegao foi adotada. Os camponeses assentados Nias
fazendas ficaram indefesos, a merce dos pistoleiros, apesar de serem amplamente conhecidas
na regiao as condigoes em que seriam realizadas essas desocupagoes ilegais.
89. Nessas circunstancias, a Comissao Interamericana considera que o Estado

nao adotou medidas razoaveis para evitar que fossem cometidas as violagoes de 7 de
fevereiro de 1998, nas fazendas Boa Sorte e Santo Angelo, apesar de que as informagoes em
poder dos orgaos de seguranga do Estado eram Claras em indicar a iminencia de um risco de
violagoes, entre elas do direito a vida das pessoas assentadas nas mencionadas fazendas.
Como era previsivel, a desocupagao gerou consequencias nefastas, dentre as quais se destaca
a execugao extrajudicial de Sebastiao Camargo Filho. Por conseguinte, a Comissao
Interamericana considera que o Estado descumpriu sua obrigagao de adotar medidas para
prevenir o atentado contra a vida de Sebastiao Camargo Filho, com o que violou o artigo 4 da
Convengao Americana, em conexao com o artigo 1.1 desse tratado.
140]
b. Responsabilidade do Estado pela falta de investigagao adequada
90. A jurisprudencia do sistema interamericano tern reiterado que a ausencia

£ de investigagao e punigao constitui descumprimento da obrigagao do Estado de garantir o livre
e pleno exercfcio dos direitos humanos^^ as vitimas e seus familiares e a sociedade o
conhecimento do ocorrido.^^ A falta de investigagao e a impunidade se revestem de especial
gravidade nos casos de violagoes do direito a vida, sobretudo quando acontecem no ambito de
um padrao de violagoes sistematicas dos direitos humanos, ja que propiciam um clima
favoravel a repetigao cronica dessas infragoes.j™^-
91. Essencialmente, a Comissao constata que o Estado nao tern cumprido com
a sua obrigagao de garantir o direito a vida mediantejjma investigagao seria e imparcial. Com
base no material probatorio constante do expediente penal interno, a Comissao
Interamericana considera demonstrado que ha, com relagao ao direito a vida, multiples
indicios que sugerem a participagao ou colaboragao de funcionarios oficiais na operagao de
desocupagao, sendo que nenhum deles foi seriamente investigados pela justiga brasileira.
92. Em primeiro lugar, as provas constantes do expediente judicial interno

demonstram que os fatos de 7 de fevereiro de 1998 tiveram uma fase de planejamento longa
e publica, que incluiu diversas reunioes nas quais teriam participado autoridades civis e que
essas autoridades teriam desempenhado papel fundamental na condugao dessas reunioes.
£ Alem disso, varies depoimentos coincidiram quanto ao fato de que essas mesmas autoridades
participaram dos fatos ou fizeram parte da caravana de veiculos que acompanhou os
pistoleiros. O proprietario de uma das fazendas reiterou essas acusagoes em varios de seus
depoimentos perante a Delegacia de Policia ou do Ministerio Publico, por exemplo, sustentou
que
Dentre as pessoas que iigaram para o Interrogando, a fim de que fosse feita a
manifestagao(passeata), estava o Dr. HUGO, Presidente do Sindicato Patronal
Rural de Loanda-PR, DR. PEDRO PAULO DE MELO, o Sr. JOAO FERNANDES DE
ALMEIDA, Prefeito Municipal, ARLINDO TROIAN^^-.
No dia em que aconteceram estes fatos, por volta das 05:00 horas da manha,
telefonaram na minha casa chamando para fazer uma passeata [...] Quern me
ligou de madrugada, foi o Dr. Paulinho, Presidente do Sindicato Rural [...]
Chegando la havia uns 60 ou 70 carros no trevo. Tinha muita gente. Me lembro
do Sr. Vicente Garcia, que e irmao do Sr. Bolivar da Fazenda Romania. Os dois
estavam la. O Arlindo Troian, o falecido prefeito Joao Fernandes, o Valter
Kondo, o Dr. Armando Chiamulera e acho que tambem Napoleao Chiamulera, o
Antonio Bono, Nelson Bono, Paulo Hara, Camilo e Bento Somenzari, filhos do
Gino Hayashi, Tatsusi Suguawara. Tinha bastante gente de Loanda, o que e
prefeito atualmente que nao me lembro o nome. 145]
fr
lm oiifiiiyy2U
ionnki?**
.
93. Por sua vez, uma das pessoas relacionadas pela testemunha anteriopT^^
declarou as autoridades que havia visto na caravana de veiculos o entao Vice-Prefeitg/-3e r''Ho
No dia dos fatos estava vindo de Loanda em uma comitiva para fazer umi
manifesto no Trevo de Loanda, viemos uns 10 ou 12 automoveis, o organizador
da comitiva era o Sr. Hugo Acorci, Vice-Prefeito de Loanda. 1161
94. Essas versdes foram tambem confirmadas extra-oficialmente por um dos

advogados dos fazendeiros acusados de planejar os fatos e deles participar. No expediente
judicial aparece uma fotocopia de uma reportagem de um jornal local em que sao citadas as
palavras do defensor
0 advogado Lamartine Godoi, de Presidente Prudente, SP, disse ontem que o prefeito
de Nova Londrina, Joao Fernandes de Almeida (PDT) e o Vice-Prefeito de Loanda,
Hugo Acorsi (sem partido) participaram da operagao que desocupou as Fazendas
Santo Angelo e Boa Sorte. £421
95. Nenhuma dessas declaragoes deu lugar a que se investigasse de maneira

seria a possivel participagao de autoridades do Estado no planejamento e pratica dos atos.
£48]
Pelo contrario, mais de oito anos depois de ocorridos os fatos, pareceria que a resposta do
Estado a morte de Sebastiao Camargo Filho mostra um favorecimento a impunidade mais que
a realizagao de uma investigagao transparente que leve ao pleno esclarecimento da identidade
e da responsabilidade de todas as pessoas envolvidas nos fatos. Precisamente em virtude do
Estado nao haver cumprido seu dever de investigagao, nao puderam ser comprovados ou
anulados os multiplos indicios sobre responsabilidade de autoridades do Estado no homicidio
de Sebastiao Camargo Filho.
96. A Comissao Intefamericana nota que desde a ocorrencia dos fatos as

autoridades estatais nao adotaram medidas diligentes e eficazes para seu esclarecimento.
Algumas agoes e omissoes oficiais • pareceriam, inclusive, indicar a aquiescencia das
autoridades com a pratica dos delitos investigados. Por exemplo, ao analisar as declaragoes,
depoimentos e provas derivadas das investigagoes policiais, observa-se que os policiais que
detiveram o caminhao em que eram transportados, contra sua vontade, os camponeses
desalojados, nada fizeram para impedir esse traslado, deter o condutor do veiculo ou buscar
maiores elementos de prova para esclarecer o assassinato. A esse respeito, alguns dos
depoimentos recolhidos pela autoridade policial indicaram
que no trajeto entre a Fazenda e a Cidade de Querencia, policiais rodoviarios do

posto da entrada de Loanda pararam o caminhao, onde nesta oportunidade
varies sem-terra gritavam pedindo socorro, pois estariam sendo sequestrados e
ja havia inclusive um morto; que entao dois policiais rodoviarios mandaram que
o caminhao tocasse destine.
no momento em que passavam pelo Posto da Policia Rodoviaria em Loanda,

ouviu quando uma mulher pediu socorro, tendo inclusive dito que havia um
homem machucado, mas nao foram atendidos.
£501
ao passarem pelo Posto da Policia Rodoviaria de Loanda, o Declarante gritou

para o Policial Rodoviario: 'socorro gente, tern um morto e um ferido la na
Fazenda Boa Sorte! Socorre a gente!'que o Policial Rodoviario entao, atraves de
um gesto, mandou que o motorista continuasse. £511
97. Os policiais de servigo no posto corroboraram essas denuncias. No

relatorio de conclusao da investigagao policial se le que
"foram inquiridos os policiais Jose Alvacir Borges, Sergio Canola e Adenil Lucio
Aleixo, os quais informaram que foi abordado um veiculo Mercedes Benz, no dia
07/02/98, por volta das 8:00 horas, onde havia mais de 50 pessoas, estando
todos muitos agitados, desesperados e com muito medo, onde Ihes foram
relatados que na fazenda de Marilena havia ocorrido tiroteio e mortes, mas nao
Ihes pediram socorro e nem falaram de jagungos, sendo o caminhao liberado
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para evitar confusao".-^^

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98. Assim, apesar de os policiais terem declarado que "todos [os passageiros-
do caminhao] queriam falar e narrar a respeito do acontecido em uma fazenda no Municipjo^
de Marilena-PR, onde teria ocorrido um tiroteio e mortes" e que "estas pessoas estavam
desesperadas e com muito medo", os policiais permitiram que o caminhao continuasse sua
rnarcha.^^- A falta de reagao imediata que isso significou nao foi recriminada disciplinar ou
judicialmente.
99. A investigagao que se seguiu a morte de Sebastiao Camargo Filho,

depois de mais de oito anos de iniciada, nao redundou na punigao de nenhum dos
responsaveis, em que pese as multiplas provas a que tiveram acesso os funcionarios
encarregados da investigagao. Com isso, o caso de Sebastiao Camargo Filho se inclui no
padrao de impunidade de atos violentos cometidos pelos grupos de pistoleiros que operam no
Estado do Parana e em outros estados do Brasil.
100. Com base no exposto, a Comissao considera que o Brasil nao cumpriu as
obrigagoes internacionais que a ele competem, ao nao investigar e punir todos os
responsaveis. O Estado brasileiro nao cumpriu sua obrigagao de investigar devidamente o
paradeiro dos autores intelectuais e materials do assassinate de Sebastiao Camargo Filho,
julga-los e puni-los, nem indenizou os familiares das vftimas. Ademais, o Estado nao
^ corroborou nem anulou os indicios da aquiescencia e conivencia de seus funcionarios com
9 relagao aos fatos.
101. A Comissao conclui que o artigo 4 da Convengao Americana deve ser

interpretado com referencia ao objeto e proposito da Convengao "como um instrumento para a
protegao de seres humanos individuais" que "requer que suas disposigoes sejam interpretadas
e aplicadas de modo que suas garantias se fagam praticas e efetivas".^^ A obrigagao do
Estado de proteger o direito a vida, analisada em conjunto com a obrigagao constante do
artigo 1.1 de respeitar e garantir os direitos estabelecidos na Convengao Americana,
necessariamente requer uma "investigagao oficial efetiva quando pessoas foram assassinados
em decorrencia do uso da forga por parted entre outros, de agentes do Estado".O direito
internacional e regional dos direitos humanos determinou que qualquer violagao do direito a
vida requer que o Estado em questao proceda-a uma investigagao judicial por meio de um
tribunal penal designado para "processar penalmente, julgar e punir aqueles que sejam
considerados responsaveis por essas violagoes".-^^ Essa investigagao, punigao e reparagao
nao foi adotada de maneira seria e exaustiva pelo Estado, o que compromete sua
responsabilidade internacional.
102. A Comissao considera, por conseguinte, que o Estado brasileiro descumpriu

sua obrigagao de garantir o direito a vida de Sebastiao Camargo Filho, por ter deixado de
prevenir a violagao do direito a vida da vitima, apesar de ter tornado conhecimento, por
intermedio de varias de suas autoridades, do risco iminente que corriam os trabalhadores
assentados nas fazendas Boa Sorte e Santo Angelo. Descumpriu tambem sua obrigagao de
garantir o direito a vida, ao deixar de investigar rapidamente os fatos, apesar de sua posigao
de garante, e de punir os responsaveis, apesar dos indicios de aquiescencia que constam do
expediente judicial, tudo isso em violagao do artigo 4.1 da Convengao Americana, com relagao
ao artigo 1.1.
2. Garantias judiciais e protegao judicial (artigo 8 e artigo 25)
103. Conforme a jurisprudencia da Corte Interamericana, toda pessoa afetada por

uma violagao de direitos humanos tern direito de obter dos orgaos competentes do Estado o
esclarecimento dos atos de violagao e o estabelecimento das responsabilidades respectivas,
mediante a investigagao e o julgamento de que tratam os artigos 8 e 25 da Convengao.
£521
104. O artigo 25 da Convengao dispoe que:
1. Toda pessoa tern direito a um recurso simples e rapido ou a qualquer

outro recurso efetivo, perante os juizes ou tribunals competentes, que a
proteja contra atos que violem seus direitos fundamentais reconhecidos
pela constituigao, pela lei ou pela presente Convengao, mesmo quando
htlp://www.cidh.oas.org/annualrep/2009port/Brasil12310port.htm 16/28
i
tal violagao seja cometida por pessoas que estejam atuando no exercicio
de suas fungoes oficiais. O M A
2. Os Estados Partes comprometem-se:
a. a assegurar que a autoridade competente prevista pelo sistema legal

do Estado decida sobre os direitos de toda pessoa que interpuser tal
recurso;
b. a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; e

c. a assegurar o cumprimento, pelas autoridades competentes, de toda
decisao em que se tenha considerado procedente o recurso.
105. Por sua vez, o artigo 8 da Convengao dispoe na parte pertinente:
Toda pessoa tern direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um
prazo razoavel, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial,
estabelecido anteriormente por lei, na apuragao de qualquer acusagao penal
formulada contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigagoes de
natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.
106. A protegao oferecida pelas normas transcritas se ve reforgada pela obrigagao

geral de respeitar os direitos humanos imposta pelo artigo 1.1 da Convengao. A esse respeito,
a Corte estabeleceu expressamente que:
[o] artigo 25, em relagao com o artigo 1.1 da Convengao Americana, obriga o
Estado a gairantir a toda pessoa o acesso a administragao de justiga e, em
particular, a um recurso rapido e simples para conseguir, entre outros
resultados, que os responsaveis pelas violagoes dos direitos humanos sejam
julgados, e para obter uma reparagao pelo dano sofrido... [OJ artigo 25
"constitui um dos pilares basicos, nao somente da Convengao Americana, mas
do proprio Estado de direito em uma sociedade democratica...". Esse artigo
guarda relagao direta com o artigo 8.1 ... que consagra o direito de toda pessoa
a ser ouvida com as devidas garantias ... para a determinagao de seus direitos
de qualquer natureza. £581
107. Os Estados Partes tern, por conseguinte, a obrigagao de tomar todo tipo de
providencia para que ninguem seja privado da protegao judicial e do exercicio do direito a um
recurso simples e eficaz.^^ O Estado tern, nesse ambito, a obrigagao de investigar as
violagoes de direitos humanos, julgar os responsaveis, indenizar as vitimas e evitar a
impunidade. Essa obrigagao adquire conotagoes especiais quando, como no caso especifico, se
trata de atos em que ha indicios da aquiescencia ou conivencia de autoridades civis e militares
e que se enquadram num padrao generalizado de violencia contra trabalhadores rurais.
108. A Comissao, como a Corte, considera que a simples constatagao de que os

responsaveis por violagoes dos direitos humanos nao foram identificados mediante uma
investigagao diligente e, em ultima instancia, punidos por atos judiciais em um process©
devidamente substanciado basta para concluir que o Estado descumpriu o artigo 1.1 da
Convengao.
109. Quanto a obrigagao do Estado de investigar, nao se descumpre somente por

nao existir uma pessoa condenada na causa ou pela circunstancia de que, em que pese os
esforgos envidados, seja impossivel a documentagao dos fatos. No entanto, para que os
orgaos de protegao internacional possam estabelecer de maneira convincente e confiavel que
este resultado nao foi produto da execugao mecanica de certas formalidades processuais, sem
que o Estado tivesse buscado efetivamente a verdade, deve este demonstrar que realizou uma
investigagao imediata, exaustiva, seria e imparcial.
£611 A investigagao judicial deve ser
empreendida de boa-fe, de maneira diligente, integral e justa, e deve se voltar para a analise
de todas as linhas investigativas possiveis, que possibilitem a identificagao dos autores do
delito, para que sejam posteriormente julgados e punidos.
HO. Neste caso, com relagao aos fatos ocorridos em 7 de fevereiro de 1998, nas
fazendas Boa Sorte e Santo Angelo, o Estado tinha o dever de realizar de oficio uma
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23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 SebastiaoCamargo Filho- Admissibilidade e Merito
investigagao judicial efetiva destinada a identificar todos os autores das violagoes, bem como ..
de julga-los e de a eles aplicar as respectivas penalidades legais, para cujo efeito devepiaÔt/f^
promover e incentivar o processo penal ate suas ultimas consequencias. /O rn'O
111. Conforme salientou a CIDH em outros casos,^^- os "Principios relativqsâ^^

uma eficaz prevengao e investigagao das execugoes extrajudiciais, sumarias ou arbitrarias^,
adotados pelo Conselho Economico e Social das Nagoes Unidas mediante a resolugao 1989/65S^
explicam o que e necessario para a investigagao de uma morte suspeita, de acordo com a
norma da devida diligencia.
112. Os principios mencionados dispoem que, em casos como o que ora se

analisa, a investigagao deve ter por objetivo determinar a causa, a forma e o momento da
morte, a pessoa responsavel e o procedimento ou pratica que poderia te-la provocado. Deve-
se, ademais, realizar uma autopsia adequada, compilar e analisar todas as provas materials e
documentais e recolher as declaragoes das testemunhas. A investigagao deve distinguir entre
a morte por causas naturais, a morte por acidente ou suicidio e o homicidio.
113. Os orgaos da ONU complementaram esses principios com o "Manual sobre a

prevengao e investigagao eficazes das execugoes extrajudiciais, sumarias ou arbitrarias",^^-
segundo o qual o objetivo principal de uma investigagao e "descobrir a verdade acerca de
acontecimentos que ocasionaram a morte suspeita de uma vitima". 0 Manual estabelece que
os encarregados do inquerito devem adotar, como mmimo, medidas que visem ao seguinte:
b) Recuperar e conservar meios probatorios relacionados com a morte, a

fim de colaborar, da melhor maneira possivel, com o julgamento dos
responsaveis;
c) Identificar e prender a pessoa ou pessoas que tenham participado da

execugao; ...[e]
9) Submeter o que tenha cometido ou que se suspeite tenha cometido
delito a um tribunal competente criado por lei.
114. A fim de garantir a .investigagao'exaustiva e imparcial de uma execugao

extrajudicial sumaria ou arbitraria, o Manual destaca :que "[u]m dos aspectos mais
importantes e a reuniao e a analise das provas". Por conseguinte, "[a]s pessoas encarregadas
da investigagao de uma suposta execugao extrajudicial devem ter acesso ao lugar em que foi
descoberto o cadaver, bem como ao lugar em que possa ter ocorrido a morte". Segundo os
parametros previstos no Manual, o procedimento de recolhimento da prova deve se ajustar a
determinados criterios, alguns dos quais sao enumerados a seguir:
a) Sera isolada a area adjacente ao cadaver e a ela so terao acesso os

investigadores e seu pessoal;
b) Serao tiradas da vitima fotografias a cores, que, ao serem comparadas

com as fotografias em preto e branco, poderao revelar em mais
pormenores a natureza e as circunstancias da morte;
c) Serao fotografados o lugar (interior e exterior), bem como toda prova

fisica;
(...)
j) Serao recolhidas e preservadas todas as provas da existencia de

armas, tais como armas de fogo, projeteis, balas e estojos ou cartuchos.
Quando for o caso, deverao ser realizados testes de detecgao de
residues de disparos e/ou de metais.
115. Com base nesses parametros, a Comissao considera que a investigagao

policial iniciada para investigar os fatos foi imprecisa, morosa e rica em omissoes. Quanto a
coleta e pratica de testes, a investigagao registrou varias irregularidades. Inexplicavelmente,
as autoridades nao realizaram testes de impressao digital nas 12 armas apreendidas nas
fazendas Boa Sorte e Santo Angelo no dia em que ocorreram os fatos. Tampouco realizaram
testes de absorgao atomica nas sete pessoas detidas, para verificar se haviam disparado
armas de fogo. Outra mostra da falta de diligencia das autoridades foi a demora na apreensao
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23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 SebastiaoCamargo Filho- Admissibilidadee Merito o
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das armas que os trabalhadores sem terra encontraram na fazenda Agua da Prata.
116. Assim, em 20 de fevereiro de 1998 foi assinado um "laudo de examesê

arma de fogo" realizado numa pistola marca Taurus apreendida na operagao em que foram*
detidas sete pessoas em 8 de fevereiro de 1998. Apesar de o relatorio tecnico ter determinado
que "no interior do cano foram observados residues de polvora combusta", nao se fez teste de
impressao digital na arma.
117. A folhas 306-311 do expediente judicial interno aparecem seis "Autos de

Exame de Eficiencia e Prestabilidade de Arma de Fogo" realizados em 9 de dezembro de 1998,
gue correspondem as armas apreendidas em 7 de fevereiro do mesmo ano na fazenda Santo
Angelo. Segundo as conclusoes desses testes, todas as armas examinadas estavam em bom
estado de funcionamento e tinham condigoes de ser disparadas. No entanto, inexplicavelmente
nao foram recolhidas as impressoes digitais dessas armas, com vistas a identificagao das
pessoas que delas haviam feito uso.
118. Ademais, facilmente se comprova que as autoridades encarregadas da

investigagao nao agiram com diligencia no envio das provas, o que se deduz do oficio de 8 de
setembro de 1999, assinado pela Promotora de Justiga encarregada da investigagao, que
assim se expressa:
Tendo em vista que o presente caderno investigatorio encontra-se paralisado

aguardando a resposta de oficios enviados a Delegacia de Policia de Loanda
(oficio n. 342/98-datado de fevereiro/98) e ao Institute de Criminalistica de
Maringa (oficio n. 054/98-datado de agosto/98), ja reiterados pela Delegacia
local (v. fls. 294/295 e 307/308), requer o Ministerio Publico seja oficiado,
atraves deste juizo, aquelas instituigoes a fim de que informem acerca do
cumprimento das diligencias requeridas pela autoridade policial, sob pena de
desobediencia.^^-
119. Deduz-se da comunicagao citada como solicitagoes feitas pelo Ministerio

Publico em fevereiro e agosto de 1998, reiteradas em 8 de dezembro do mesmo ano, nao
haviam sido cumpridas mais de um ano apos terem side e’ncaminhadas. No caso do Institute
de Criminalistica, a Comissao' constata que, em 24 de novembro de 1999, esta instituigao
remeteu um relatorio em resposta a.reiteragao do Ministerio Publico, em que salienta que a
prova tecnica solicitada havia sido realizada em 10 de margo de 1998, mas nao explica a
razao por que o relatorio sobre essa prova foi apresentado as respectivas autoridades mais de
um ano e oito meses apos ter sido ela realizada.
120. Essas graves omissoes nao foram explicadas pelo Estado brasileiro apesar
de serem necessarias para a individualizagao dos autores dos atos. O Estado tampouco
esclareceu a omissao das autoridades de polfcia que detiveram o caminhao em que eram
transportados a forga os camponeses, no que se refere a retengao imediata do veiculo e de
seu condutor.
121. Assim, a investigagao policial foi conduzida com negligencia por um periodo
de mais de dois anos, apesar de as normas internas fixarem um prazo de um mes para sua
realizagao. As proprias autoridades judiciais brasileiras criticaram a maneira por que foi
conduzida a investigagao policial. A esse respeito, o juiz do processo ressaltou que
Dois anos e meio apos o acontecimento deste tragico evento, que culminou na
morte de um trabafhador sem terra, poucas informagoes foram colhidas para a
formagao da opinio delicti, e verdade, mas ainda assim outras pessoas devem
ser denunciadas, com base em indicios que surgiram ao longo da investigagao.
Muito mais poderia ter sido feito: inquirigao de pessoas - referidas inclusive-,
procedimento para reconhecimento, reconstituigao do fato e trajeto percorrido
por supostos agressores, apuragao sobre a idoneidade de testemunhas, enfim,
uma investigagao mais minuciosa, capaz de fornecer ao Promotor de Justiga
"1661
subsidies sobre os fatos, as circunstancias e seus autores".
122. Nessas condigoes, o recurso interno se tornou ineficaz, a ponto de seu

injustificado atraso ter levado a prescrigao de varios dos delitos investigados. Com isso, a
23/10/2015u Brasil*Caso12.310SebastiaoCamargoFilho-AdmissibilidadeeMerito (j~\ *
falta de diligencia das autoridades culminou na* impunidade dos fatos. Tres dos delitoSfs.Jn
investigados tinham pena inferior a um âno, motivo por que, em conformidade com\a
legislagao interna, prescreviam dois anos apos terem sido cometidos. No entanto, somenteva~ ----------
fase inicial de investigagao confiada a Policia Civil superou o prazo de dois anos. Quando asy^
investigagoes chegaram ao conhecimento do Ministerio Publico, os delitos de ameaga,
exercicio de razoes proprias e dano haviam prescrito.
123. As autoridades judiciais dispunham de amplo material probatorio que Ihes

teria possibilitado abordar distintas linhas de investigagao, mas indesculpavelmente nao
fizeram uso oportuno desse material. Por exemplo, dias depois dos fatos, a UDR regional fez
circular uma nota em que se atribuia a desocupagao,-^-^ mas somente em 26 de agosto de
2004 (seis anos depois dos fatos), o juiz da causa solicitou a UDR de Paranavai uma lista dos
fazendeiros filiados a referida organizagao em fevereiro de 1998.
124. Com base nas consideragoes acima, a Comissao conclui que a falta de devida
diligencia no processo de investigagao e coleta de prova essencial, sem a qual os processes
judiciais nao poderiam ser levados adiante, em que incorreu o Brasil caracteriza violagao dos
artigos 8 e 25 da Convengao Americana, com relagao ao artigo 1.1 do mesmo instrumento.
VI. CONCLUSOES
125. Com base nas consideragoes de fato e de direito acima expostas, a Comissao
Interamericana conclui que:
1. tern competencia para conhecer deste caso e que a petigao e admissive!, em

conformidade com os artigos 46 e 47 da Convengao Americana;
2. o Estado brasileiro e responsavel pela violagao do direito a vida, as garantias

judiciais e a protegao judicial, consagrados, respectivamente, nos artigos 4, 8 e 25 da
Convengao Americana, todos eles em conexao com a obrigagao imposta ao Estado pelo artigo
1.1 do referido tratado, relative a respeitar e garantir os direitos consagrados na Convengao,
em detriment© de Sebastiao Camargo Filho.
VII. RECOMENDACQES
126. Com fundame.nto na;ahalise e nas conclusoes deste relatorio, a Comissao

Interamericana de Direitos Humanos recomenda ao Estado brasileiro:
1. realizar una investigagao complete, imparcial e efetiva dos fatos, com o

objetivo de estabelecer e punir a responsabilidade material e intelectual pelo assassinate de
Sebastiao Camargo Filho;
2. reparar plenamente os familiares de Sebastiao Camargo Filho, no aspecto tanto

moral quanto material, pelas violagoes de direitos humanos determinadas neste relatorio;
3. adotar em carater prioritario uma politica global de erradicagao da

violencia rural, que abranja medidas de prevengao e protegao de comunidades em risco e o
fortalecimento das medidas de protegao destinadas a h'deres de movimentos que trabalham
pela distribuigao equitativa da propriedade rural;
4. adotar medidas efetivas destinadas ao desmantelamento dos grupos

ilegais armados que atuam nos conflitos relacionados com a distribuigao da terra;
5. adotar uma politica publica de combate a impunidade das violagoes de

direitos humanos das pessoas envolvidas em conflitos agrarios, que lutam por uma
distribuigao equitativa da terra.
VIII. ATUACOES POSTERIORES AO RELATORIO N° 4/06
127. Em 28 de fevereiro de 2006, durante o 124° periodo de sessoes, a CIDH

aprovou o Relatorio N° 4/06, conforme o artigo 50 da Convengao Americana, o qual foi
notificado ao Estado em 17 de abril de 2006, outorgando-lhe um prazo de dois meses para que
desse cumprimento as recomendagoes estabelecidas nesse relatorio.
http://www .cidh.oas.org/annual rep/2009port/Brasi 112310port.htm 20/28
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23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 Sebastiao Camargo Filho - Admissibilidade e Merito - n.»,
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128. Em 17 de abril de 2006, a CIDH informou aos peticionarios que hay^ ^
aprovado o Relatorio N° 4/06 e Ihes solicitou que num prazo de um mes informassem s^bj:^
sua posigao a respeito do envio do caso a Corte, a posigao da vitima e os fundamentos confr-—A-------
base nos quais consideravam que o caso devia ser encaminhado a Corte. Alem disso, lines. ^
solicitou que remetessem durante o mesmo prazo os dados da vitima; a procuragao que os
credenciava na qualidade de representantes da vitima; prova disponivel adicional a"*-—^
apresentada durante o tramite perante a Comissao; dados de testemunhos e peritos que se
pretendia oferecer a Corte; e as pretensoes em materia de reparagoes e custas.
129. Em 21 de junho de 2006, o Estado apresentou seu primeiro relatorio sobre as

medidas adotadas a fim de cumprir as recomendagoes constantes do Relatorio N° 4/06. Alem
disso, o Estado solicitou a CIDH uma prorrogagao para submeter informagao sobre as
recomendagoes 2 e 4 do referido relatorio de admissibilidade e merito, ja que estas eram
objeto de negociagao entre as partes e de estudos realizados por varies orgaos estatais
envolvidos em sua implementagao.
130. Em 26 de junho de 2006, os peticionarios se manifestaram a favor de que o

caso fosse enviado a Corte Interamericana e informaram os dados dos familiares da vitima.
Alem disso, tendo em conta que a comunicagao da CIDH havia sido recebida de forma tardia,
os peticionarios solicitaram uma prorrogagao de um mes para apresentar seus fundamentos
sobre o envio do caso ao Tribunal, assim como outros dados e documentos requeridos pela
Comissao.
131. Em 5 de julho de 2006, a Comissao concedeu uma prorrogagao de 30 dias

para que o Estado brasileiro apresentasse resposta as recomendagoes 2 e 4 do Relatorio N°
4/06. Na mesma data, foi transmitida aos peticionarios uma copia da comunicagao do Estado
sobre o cumprimento das recomendagoes mencionadas.
132. Em 10 de julho de 2006, o Estado solicitou a Comissao uma ampliagao da

prorrogagao concedida, pelo perfodo de quatro meses, a fim de que pudesse dar cumprimento
as recomendagoes constantes do Relatorio N° 4/06. O Estado assinalou seu entendimento
quanto a suspensao do prazo de tres meses previsto no artigo 51.1 da Convengao Americana.
133. Em 11 de julho de 2006, a CIDH concedeu a prorrogagao de quatro meses

solicitada pelo Estado, para cumprir as recomendagoes do Relatorio N° 4/06. Alem disso, a
Comissao solicitou ao Estado que apresentasse seu relatorio final sobre o cumprimento das
recomendagoes ate 30 de outubro de 2006.
134. Em 27 de outubro de 2006, os peticionarios apresentaram um documento a

respeito de sua posigao sobre o envio do caso a Corte Interamericana, baseada, sobretudo, no
alegado descumprimento das recomendagoes do Relatorio N° 4/06; a posigao e dados dos
£ familiares da vitima; possiveis provas documentais, testemunhas e peritos para o caso; e sua
posigao quanto a reparagoes e custas. Alem disso, apresentaram os documentos que Ihes
outorgavam poderes na qualidade de representantes dos familiares da vitima. Essa
comunicagao foi complementada pelo oficio dos peticionarios de 6 de novembro de 2006, no
qual se indicou um perito adicional.
135. Em 1° de novembro de 2006, o Estado apresentou um relatorio sobre as

medidas adotadas a fim de cumprir as recomendagoes da CIDH. As partes pertinentes desse
relatorio foram transmitidas aos peticionarios em 14 de dezembro de 2006, dando-lhes o
prazo de um mes para apresentar suas observagoes a respeito.
136. Em 13 de novembro de 2006, o Estado solicitou nova prorrogagao, pelo

perfodo de 6 meses, para o cumprimento das recomendagoes do Relatorio N° 4/06. Alem
disso, requereu a Comissao que intermediasse um possfvel acordo com os peticionarios. O
Estado expressou seu entendimento de que, ante a eventual concessao de uma nova
prorrogagao, o prazo previsto no artigo 51.1 da Convengao Americana estaria suspense.
137. Em 17 de novembro de 2006, a Comissao concedeu a prorrogagao de seis

meses solicitada pelo Estado e Ihe solicitou que apresentasse um relatorio sobre o
cumprimento das recomendagoes em 17 de janeiro de 2007. Alem disso, requereu que o
Estado assinalasse uma data para realizar uma reuniao de trabalho entre as partes, com a
participagao da CIDH. O proposito dessa reuniao seria o de discutir um possfvel acordo a
respeito da reparagao aos familiares da vftima.
http://www.cidh.oas.org/annualrepk/2009port/Brasil12310port.htm 21/28
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23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 SebastiaoCamargoFNho-AdmissibilidadeeMerito
138. Em 1° de fevereiro de 2007, a Comissao convocou as partes do caso q^ra

uma reuniao de trabalho, que foi realizada em 1° de marô de 2007, durante o 127° Perijodcr-—
Ordinario de Sessoes.
139. Em 7 de fevereiro de 2007, os peticionarios remeteram suas observagoes

comunicagao do Estado de 1° de novembro de 2006, sobre o cumprimento das recomendagoes
formuladas pela CIDH. Na mesma data, os peticionarios informaram que nao poderiam
comparecer a reuniao de trabalho convocada pela Comissao, ja que nao dispunham dos
recursos materials para cobrir os custos da viagem dos familiares da vitima e seus
representantes. Alem disso, sugeriram que a reuniao de trabalho fosse levada a cabo no
Estado do Parana, ou no seguinte period© de sessoes da CIDH.
140. Em 27 de fevereiro de 2007, os peticionarios manifestaram que uma

representante da organlzagao Justiga Global poderia comparecer a reuniao de trabalho
convocada pela Comissao. Em 1° de margo de 2007 realizou-se a reuniao entre as partes a
fim de discutir um possivel acordo. Nessa reuniao o Estado se comprometeu a que em 20 de
margo de 2007 enviaria um calendario, com a concordancia dos peticionarios, sobre o
cumprimento das recomendagoes, incluindo uma data para realizar uma reuniao de
acompanhamento no Brasil.
141. Em 2 de maio de 2007, a Comissao solicitou as partes informagao sobre as

# medidas acordadas durante a reuniao de trabalho realizada em 1° de margo de 2007, em
especial sobre o calendario de cumprimento das recomendagoes e as medidas adotadas nesse
sentido. Os peticionarios apresentaram informagao a esse respeito em 8 de maio de 2007. No
dia 11 de maio de 2007, a CIDH decidiu nao enviar o presente caso a Corte Interamericana,
tendo em conta questoes referentes a competencia temporal.
142. Em 18 de maio de 2007, o Estado forneceu copia da sentenga de Pronuncia

dos acusados pelo homicidio de Sebastiao Camargo e informou sobre o cumprimento da
recomendagao N° 1, reiacionada com a investigagao dos fatos e sangao dos responsaveis pela
morte da vitima, e a recomendagao N° 2, sobre a reparagao dos familiares da vitima,
constantes do Relatorio N° 4/06.
143. Em 30 de outubro de 2007, os peticionarios remeteram comunicagao sobre

novos fatos de violencia ocorridos nas zonas rurais do Estado do Parana, o que implicaria
descumprimento das recomendagoes da CIDH.
144. Em 8 de fevereiro de 2008, a Comissao solicitou as partes que

apresentassem informagao sobre o cumprimento das recomendagoes do Relatorio N° 4/06,
dentro do prazo de um mes. Os peticionarios responderam a essa solicitagao em 11 de margo
A de 2008. Por sua vez, em 19 de margo de 2008, o Estado solicitou uma prorrogagao de um
^ mes para apresentar a informagao requerida pela Comissao.
145. Em 26 de margo de 2008, a Comissao concedeu novo prazo para que o

Estado apresentasse informagao sobre o cumprimento das medidas constantes do relatorio, o
qual venceria em 26 de abrii de 2008.
146. Em 5 de maio de 2008, o Estado solicitou uma prorrogagao de 15 dias para

apresentar dados sobre o cumprimento das recomendagoes da Comissao. Essa prorrogagao foi
concedida ao Estado em 6 de maio de 2008. Ate a data, o Estado nao apresentou informagao a
esse respeito.
147. Em 18 de julho de 2008, a Comissao Interamericana aprovou o Relatorio N°

33/08 - cujo texto e o que antecede - em conformidade com o artigo 51(1) da Convengao
Americana. Em 5 de agosto de 2008, a CIDH transmitiu o relatorio ao Estado do Brasil e aos
peticionarios, em conformidade com o estipulado no artigo 51(2) da Convengao Americana, e
concedeu ao Estado o prazo de um mes para informar sobre o cumprimento das
recomendagoes indicadas supra (para. 126). O Estado apresentou informagao relative ao
cumprimento das recomendagoes da CIDH no presente caso, em 8 de setembro e 19 de
setembro de 2008. Por sua vez, em 22 de outubro de 2008, os peticionarios apresentaram
informagao sobre as medidas adotadas a fim de cumprir as recomendagoes da Comissao
Interamericana.
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IX. ANALISE DO CUMPRIMENTO DAS RECOMENDACOES
A. Realizacao de uma investigaâo completa, imparcial e efetiva dos fatos,

com o objeto de estabelecer e sancionar a responsabilidade material e -
intelectual do assassinato de Sebastiao Camargo Filho
148. Em 23 de outubro de 2005, a Juiza de Direito da Comarca de Nova Londrina

emitiu decisao de Pronuncia^^ contra os reus Teissin Tina, Augusto Barbosa da Costa, Osnir
Sanches e Marcos Prochet. Os tres primeiros reus nao apelaram da decisao, razao pela qual
poderiam ser levados a julgamento pelo Tribunal do Juri. Contudo, o promotor requereu que o
caso fosse transferido da jurisdigao de Nova Londrina para a jurisdigao de Curitiba, a fim de
garantir a imparcialidade dos jurados. Por sua vez, o reu Marcos Prochet recorreu da referida
decisao mediante recurso em sentido estrito. Adicionalmente, o Estado ressaltou que fora
promovida recentemente uma reforma do Codigo de Process© Penal brasileiro mediante a Lei
11.689, de 9 de junho de 2008, com o fim especial de dar maior celeridade ao procedimento
relative aos crimes de competencia do Tribunal do Juri. Isto nao obstante, a CIDH observa com
pesar que, de acordo com a informagao mais atualizada apresentada pelas partes, tanto o
pedido de transferencia do juizo como o recurso em sentido estrito, mencionados supra, estao
pendentes ate esta data.
B. Plena reparagSo aos familiares de Sebastiao Camargo Filho, incluindo

tanto o aspecto moral como o material, pelas violagdes de direitos
humanos determinadas no relatorio.
149. Ate o momento, os familiares de Sebastiao Camargo Filho nao receberam

reparagao pelas violagoes de direitos humanos indicadas pela CIDH. A respeito, o Estado
afirmou que, apesar dos esforgos do Governo Federal, nao obtivera o compromisso do Estado
do Parana de pagar a indenizagao aos familiares da vitima. Por sua vez, o peticionarios
referiram-se as precarias condigoes de vida dos familiares de Sebastiao Camargo Filho e
destacaram que, conforme o artigo 28 da Convengao Americana, nao podia o governo federal
justificar o nao-cumprimento da presente recomendagao com base na falta de compromisso da
entidade federada de pagar o montante da indenizagao.
C. Adoâo em carater prioritario de uma polftica global de erradicagao da

violencia rural, que contempla medidas de prevengao e protegao
destinadas a lideres de movimentos que trabalham pela distribuigao
equitativa da propriedade rural
150. O Estado adotou uma serie de medidas em cumprimento a esta

recomendagao. Destaque-se a adogao de medidas tais como a criagao da Ouvidoria Agraria
^ Nacional (OAN), instituigao equivalente ao ombudsman, no ambito do Ministerio do
V Desenvolvimento Agrario, que tern procurado facilitar a resolugao de conflitos no campo
mediante audiencias publicas, reunides e interlocugdes com as partes afetadas, autoridades
estaduais competentes e membros da sociedade civil. Segundo o Estado, criaram-se mais de
dez ouvidorias agrarias locals em distintos estados, assim como programas de assistencia
social, jundica e tecnica a familias assentadas. Esses programas sao implementados por
intermedio de organizagoes da sociedade civil, com financiamento do Estado. A OAN tambem
oferece o servigo telefonico gratuito Disque Terra e Paz, por meio do qual e possive! formular
denuncias sobre conflitos agrarios e obter informagao sobre questoes de terras em todo o
territorio brasileiro. No que se refere ao programa Paz no Campo, tambem coordenado pela
OAN, criou-se o escritorio de prevengao de tensao social, encarregado de supervisar e
diagnosticar politicas capazes de ser adotadas pelos distintos poderes do Estado, e de receber
denuncias sobre situagoes especificas. Informa o Estado que, em 2004 e 2005, a OAN atendeu
268.811 farmlias^^. Ademais, foi criada a Comissao de Combate a Violencia no Campo, cujo
proposito principal e a elaboragao do Plano Nacional de Combate a Violencia no Campo, e que
esta em fase de implementagao. O Estado informou que, entre 2001 e 2005, registraram-se
414 homicidios como resultado da violencia no campo. O numero de casos estaria em queda
apos a adogao dessas medidas. Tambem foi apresentada informagao sobre o Plano de Combate
a Violencia na Zona Rural do Parana elaborado pela OAN, as politicas estaduais sobre este tema
e os dados sobre a reforma agraria realizada nesse estado da Federagao. Finalmente, o Estado
mencionou o langamento, em 2004, do Programa Nacional de Protegao aos Defensores dos
Direitos Humanos, que ja foi implementado mediante convenios com os estados do Para,
Pernambuco e Espfrito Santo. O Estado disse tambem que espera para fins de 2008 a
conclusao da implementagao do programa nos estados do Parana e Mato Grosso.
htlp://www.cidh.oas.org/annualrep/2009port/Brasil12310por{.htm 23/28
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151. Por outro lado, os peticionarios sustentaram que o tema da violencia no
campo, sobretudo no Parana, continua a ser urn fator de muita preocupagao. Assinalaram
que, em 2006, ocorreram no Parana 33 casos de agressao, uma ameaga de morte, duas
intimidagoes, quatro mortes em consequencia de conflitos no campo, 55 detengoes, tres
tentativas de homicidio e tres casos de tortura.
D. Adogao de medidas efetivas destinadas a desmantelar os grupos armados

ilegais que atuam nos conflitos relacionados com a distribuigao da terra
152. No cumprimento desta obrigagao, o Estado mencionou algumas medidas

adotadas a fim de combater os grupos armados ilegais que atuam em conflitos agrarios:
especificamente, as operagoes realizadas pela Policia Federal de desmantelamento desses
grupos armados, denominadas Paz no Campo, Faroeste, Margo Branco, Tentaculos e Terra
Limpa. Os peticionarios, por sua vez, deram conta do prosseguimento da ofensiva de grupos
armados ilegais no Parana. Segundo dados da Comissao Pastoral da Terra, o Estado do
Parana ocupa o terceiro lugar entre as unidades federativas em materia de numero de
farmlias vitimas das agdes das milicias armadas.
E. Adogao de uma politica publica de luta contra a impunidade das violagoes

aos direitos humanos das pessoas envolvidas em conflitos agrarios e que
lutam por uma distribuigao equitativa da terra.
153. O Estado argumenta que adotou medidas integrals para combater a

violencia, incluidas no Plano Nacional de Combate a Violencia no Campo, que esta em fase de
implementagao, tais como a criagao de juizados, promotorias e delegacias de policia
especializadas em conflitos agrarios. A respeito, os peticionarios alegaram que a criagao de
juizados e promotorias agrarias nao e suficiente para combater a impunidade das violagoes dos
direitos humanos relacionadas com os conflitos no campo. Ressaltaram, ademais, que a
parcialidade do Poder Judiciario a fator determinante na continuidade da violencia, devido a
falta de investigagao e sangao dos responsaveis por assassinates.
X. PUBLICAÂO
154. A CIDH reconhece que o Estado brasileiro adotou uma serie de medidas para
combater a violencia rural. Nao obstante, a Comissao Interamericana deve assinalar que a
violencia rural nao diminuiu significativamente no Brasil, como tambem nao diminuiu a
impunidade das violagoes aos direitos humanos das pessoas que participam destes conflitos.
As politicas governamentais para erradicar a violencia rural tambem nao tern sido
suficientemente eficazes para conter os grupos armados ilegais envolvidos em conflitos
ligados a distribuigao de terra.
155. Por outro lado, a Comissao Interamericana ressalta que decorreram mais de
dez anos desde o homicidio de Sebastiao Camargo Filho, sem que o Estado haja efetuado uma
investigagao diligente para identificar, processar e julgar os responsaveis por esse crime. Ate
o momento, nao existe decisao definitiva no contexto do process© penal relacionado com o
homicidio da vitima e, conforme a informagao proporcionada pelas partes, nenhum dos reus
foi levado a julgamento perante o Tribunal do Juri. Ademais, a CIDH observa que os
familiares de Sebastiao Camargo Filho nao foram reparados, nem moral nem materialmente,
pelas violagoes de direitos humanos determinadas no presente relatorio.
156. Em conclusao, a Comissao Interamericana reitera que o Estado brasileiro nao

cumpriu sua obrigagao de garantir o direito a vida de Sebastiao Camargo Filho, prevista no
artigo 4 da Convengao Americana, ao nao prevenir a morte da vitima, apesar de conhecer o
risco iminente que corriam os trabalhadores assentados nas fazendas Boa Sorte e Santo
Angelo, e ao deixar de investigar devidamente os fatos e sancionar os responsaveis. Alem
disso, a CIDH reitera que o Estado brasileiro e responsavel pela violagao da garantias judiciais
e a protegao judicial, em conformidade com os artigos 8 e 25 da Convengao Americana, pela
falta de devida diligencia no processo de investigagao e coleta de evidencia, sem a qual os
processes judiciais nao podem ser levados adiante. Finalmente, a Comissao Interamericana
reitera que o Estado nao cumpriu a obrigagao geral estabelecida no artigo 1(1) do mesmo
instrumento.
157. Em virtude das consideragoes que antecedem e do disposto no artigo 51(3)
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23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 SebastiaoCamargo Filho- Admissibilidade e Merito '""x
da Convengao Americana, a CIDH decide reiterar as recomendagoes contidas no paragrafoê

supra e decide dar publicidade a este relatorio e inclui-lo no seu Relatorio Anual a Assemlolîa
Gerat da OEA. A CIDH, no cumprimento do seu mandate, continuara a avaliar as medidS's-^—
adotadas peio Estado do Brasil, ate que as recorriehdagoes hajam sido totalmente cumpridas^______
Dado e assinado na cidade de Washington, D.C., aos 19 dias do mes de margo de 2009^
(Assinado): Luz Patricia Mejia Guerrero, President; Victor E. Abramovich, Primeiro Vice-
Presidente; Sir Clare K. Roberts, Florentin Melendez, Paolo G. Carozza, Membros da Comissao.
t1] O comissario Paulo Sergio Pinheiro, de nacionalidade brasileira, nao participou das deliberagoes e da votagao
sobre este relatorio, em conformidade com o artigo 17.2.a^. do Regulamento da Comissao. Alem disso, o comissario Felioe
Gonzalez nao participou das deliberagoes e da votagao sobre este relatorio, em conformidade com o artigo 17.2.b. do
Regulamento da Comissao.
m A Constituigao Brasileira dispoe em seu artigo 184 que:
Compete a Uniao desapropriar por interesse social, para fins de reforma agraria, o imovel rural que nao esteja
cumprindo sua fungao social, mediante previa e justa indenizagao em titulos da divida agraria, com clausula de
preservagao do valor real, resgataveis no prazo de ate vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissao, e cuja
utilizagao sera definida em lei.
A Uniao Democratica Ruralista (UDR) se autodefine como "uma entidade de classe que se destina a reunir
ruralistas e tern como principio fundamental a preservagao do direito de propriedade e a manutengao da ordem e respeito as
leis do Pais. A entidade teve sua primeira sede regional, fundada em 1985, na cidade de Presidente Prudente - SP, e
posteriormente no ano 1986, na cidade de Goiania, GO foi fundada a primeira UDR Nacional, com sede em Brasilia - DF".
De acordo com sua pagina eletronica, a associagao foi criada porque "os proprietarios rurais sentiram a necessidade de se
mobilizarem para pressionarem o Congresso Nacional. Na epoca, a ala da esquerda da recem nascida "Nova Republica"
queria acabar com o direito de propriedade e os ruralistas decidiram reagir". Cf. http://www.udr.org.br/
Ministerio Publico do Estado do Parana, Promotora de Justiga da Comarca de Nova Londrina, resolugao de 9 de
agosto de 2000.
m O Estado se absteve de apresentar suas observagoes no decorrer desse procedimento, com relagao as questoes
de admissibilidade e merito, apesar das reiteradas.soljcitagoes da Comissao. O unico documento do Estado foi apresentado
na audiencia sobre o caso realizada no 118° Penodp Ordiriario de Sessoes da Comissao, em 14 de outubro de 2003, ou seja,
tres anos e tres meses apos o primeiro tfaslado efetuado pela Comissao. -
Corte Interamericana de Direitos Humanos, Caso Velasquez'Rodriguez, Excegoes Preliminares, Sentenga de 26

de junho de 1987, par. 88
CIDH, Relatorio n° 38/02 (Admissibilidade), Petigao 12.237, Damiao Ximenes Lopes contra o Brasil, 9 de
outubro de 2002, para. 23,
LSI Cf. ONU, Comissao de Direitos Humanos, Relatorio apresentado pelo Relator Especial sobre habitagao
adequada, como parte do direito a urn padrao de vida adequado, Miloon Kothari, Missao ao Brasil, Doc.
E/CN.4/2005/48/Add.3; 18 de fevereiro de 2004, par. 37 e seguintes.
CIDH, Relatorio sobre a Situagao dos Direitos Humanos no Brasil, OEA/Ser.L/V/II.97, Doc. 29 rev.l, 29 de
setembro de 1997, Capitulo VII: A propriedade de terras rurais e os direitos humanos dos trabalhadores rurais.
flOl Dados da Comissao Pastoral da Terra, citados por Bernardo Mancano Fernandes no artigo "Brasil: 500 anos de
luta pela terra", disponivel na pagina oficial do Institute Nacional de Colonizagao e Reforma Agraria_[INCRA),
http://www.incra.gov.br/_htm/serveinf/_htm/pubs/pubs.htm.
Oil Cf. Milicias Privadas: Estrategias para impedir a reforma agraria em defesa do latifundio. Relatorio da Terra
de Direitos, organizagao de defesa dos direitos humanos.
£121 A esse respeito, ver os casos sobre defensores de direitos humanos de trabalhadores rurais compilados nos
relatorios: ”Na Linha de Frente: Defensores de Direitos Humanos no Brasil. 1997-2001", Front Line & Justiga Global; e "Na
Linha de Frente: Defensores de Direitos Humanos no Brasil. 2002-2005", Justiga Global e Terra de Direitos (coordenadores).
(131 ONU, Comissao de Direitos Humanos, Relatorio especial sobre a missao ao Brasil da Relatora Especial sobre
Execugoes Extrajudiciais, Sumarias ou Arbitrarias, Asma Jahanguir, Doc. E/CN.4/2004/7/Add.3, pagina 18 (tradugao nao
oficial).
fl41
ONU, Comissao de Direitos Humanos, Relatorio especial sobre a missao ao Brasil do Relator Especial sobre a
Independencia dos Magistrados e Advogados, Leandro Despouy, Doc. E/CN,4/2005/60/Add.3, pagina 13.
£151 CIDH, Relatorio n° 24/98 (Merito), Caso 11.287, Joao Canute de Oliveira (Brasil), 7 de abril de 1998.
f 161 CIDH, Relatorio n° 32/04 (Merito), Caso 11.556, Corumbiara (Brasil), 11 de margo de 2004.
uzi O proprietario de uma das fazendas declarou perante os tribunais internes que
chegando ao local havia cerca de sessenta vei'cufos, entre caminhoes e automoveis; que entao se dirigiram ate a
Fazenda Santo Angelo [...]
Departamento da Policia Civil do Estado do Parana, Auto de Qualificagao, vida pregressa e interrogatorio de Teissin Tina, 16
de fevereiro de 1998.
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îmmw -; j;
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nsi Cf. Depoimentos de Adalberto Klos, Ademar Sakser, Ilvo Scwinn, Joaquim Gongalves da Silva e Antonia
Engster, no expediente do inquerito policial n° 002/98. U
[191 Uma das pessoas apontadas como membro do grupo de pistoleiros relatou na investigagao judicial:
F!c.
1
"Que naquela oportunidade os outros receberarri armas; mas o interrogado nao; que numa primeira fazenda^q
nao recorda o nome, foi retirado todo mundo, as 05:00 horas sem nenhum incidente; que dai foram paraâ
segunda fazenda por volta dos 07:00 horas da manha; que todas as pessoas foram retiradas do local, sem
problema nenhum, que depois aconteceu esse acidente; que houve disparo de uma arma que atingiu o senhor
Sebastiao; [...] que Osnir distribuiu doze armas para as pessoas que participaram da desocupagao."
Poder Judiciario, Segunda Vara Criminal, Paranavai', Parana, Termo de Interrogatorio, interrogado: Augusto
Barbosa da Costa, 8 de maio de 2001.
1201 Uma das pessoas investigadas nos fatos, por haver contratado os pistoleiros e haver participado da
desocupagao, salientou em sua declaragao perante a Delegacia Policial:
"Que chegaram na fazenda; no clarear do dia e logo comegou o tiroteio para intimidar os invasores da fazenda;
que os tiros eram dados para o alto; que no corre-corre foram efetuados varies disparos havendo noticia que havia
uma pessoa ferida [...] que o interrogado nao estava encapuzado e nem armado; que os outros estavam
encapuzados e trajando camisetas pretas por ordem de Tarcizio, que as armas foram distribufdas no trevo de Nova
Londrina e o interrogado nao tern conhecimento da procedencia"
Poder Judiciario, Segunda Vara Criminal, Paranavai, Parana, Termo de Interrogatorio, interrogado: Osnir Sanches,
8 de maio de 2001.
1211 Cf. Laudo de Exame de Necropsia de Sebastiao Camargo Filho, realizada em 7 de fevereiro de 1998.
£221 Departamento da Polfcia Civil do Estado do Parana, assentada de Valdisa Simao, escrituraria do Hospital
Santa Teresinha, 20 de fevereiro de 1998. Cf. tambem o depoimento de Osnir Sanches perante o Poder Judiciario, Segunda
Vara Criminal Paranavai- PR, Termo de interrogatorio CP. n.° 171/2000, 8 de maio de 2001, onde confessa que ajudou a
algar o corpo de Sebastiao ate o veiculo.
1231Cf. "Atas de recibo de entrega de arma", constantes das folhas 10-20 do process© criminal 52/00 conduzido
pelo Juizado da Vara Criminal da Comarca de Nova Londrina.
f 241
Em seu depoimento, Augusto Ferreira, proprietario da fazenda Agua da Prata, declarou por sua vez que as
armas encontradas em sua propriedade pertenciam a firma DEPROPAR. Cf. Relatorio de conclusao do inquerito policial n.°
002/98, assinado pelo Delegado de Policia Jairo dos Santos, em 5 de maio de 2000, p. 8.
1251 No relatorio conclusivo da investigagao policial, declara-se que "Sandro Gomes Guarezi, acampado da Faz.
Boa Sorte, declarou a fls. 106, que fazia guarda da porteira da fazenda, quando chegou um caminhao cheio de encapuzados,
armados com espingarda cal. 12, sendo agredido com coronhadas, tendo visto Marcos Prochet, que nao estava encapuzado,
mas depois este colocou um capuz". Os depoimentos de Antonia Franca, Eloi Citadalla, Joao Otaviano dos Santos, Joaquim
Gongalves da Silva, Aparecido Jose Batista e Gilson Alcantara sao coincidentes com este depoimento. Cf. Relatorio de
conclusao do inquerito policial n.° 002/98, assinado pelo Delegado de Policia Jairo dos Santos, em 5 de maio de 2000.
1261 Poder Judiciario do Estado do Parana, Pedido de revogagao de prisao preventive n. 11/98, assinado por
Rosicler Maria Miguel, Juiza de Direito, em 2 de abril de 1998.
1221 Resolugao do Ministerio Publico, assinada pela Promotora de Justiga Lucimara Salles Ferro, Autos n.° 036/98,
Nova Londrina, 29 de agosto de 2000.
£281 Corte IDH, Caso Paniagua Morales, Sentenga de merito, de 8 de margo de 1998, par. 91.
£291 Corte IDH, Caso 19 Comerciantes, Sentenga de 5 de julho de 2004. Serie C, n° 109, par. 153.
[30] Corte IDH, Caso do "Massacre de Mapiripan". Sentenga de 15 de setembro de 2005. Serie C, n° 134, par,
232.
£311 Corte IDH, Caso do "Massacre de Pueblo Bello". Sentenga de 31 de Janeiro de 2006, par. 120. (Tradugao livre
do espanhol).
[321
Corte IDH, Caso do "Massacre de Mapiripan". Sentenga de 15 de setembro de 2005. Serie C, n° 134, par.
111. (Tradugao livre do espanhol).
[331
Corte IDH, Caso do "Massacre de Pueblo Bello". Sentenga de 31 de Janeiro de 2006, par. 123. (Tradugao livre
do espanhol).
[341
Cf. European Court of Human Rights, Kilig v. Turkey, judgment of 28 March 2000, Application No. 22492/93,
paras. 62 and 63; Osman v. the United Kingdom, judgment of 28 October 1998, Reports of Judgments and Decisions 1998-
VIII , paras. 115 and 116. Tradugao da Secretaria da Corte Interamericana de Direitos Humanos, Cf. Corte IDH, Caso do
"Massacre de Pueblo Bello". Sentenga de 31 de Janeiro de 2006, par, 124, citagao de pe de pagina 203.
£351
CIDH, Relatorio n° 54/01 (Merito), Caso 12.051, Maria da Penha Maia Fernandes contra o Brasil, 16 de abril
de 2001, par. 54. (Tradugao livre do espanhol).
[361 „
Emogao e revolta no enterro do sem-terra". Jornal Estado do Parana, 12 de fevereiro de 1998; "MST reage a
ataque com invasao no PR", Folha de Sao Paulo, 9 de fevereiro de 1998.
f371 ..
PM sabia sobre recrutamento", Folha de Sao Paulo, 10 de fevereiro de 1998.
£381" Noroeste prepara-se contra invasoes", Gazeta do Parana, 23 de Janeiro de 1998.
[391
Poder Judiciario, Segunda Vara Criminal, Paranavai, Parana, Assentada, testemunho de Eduardo Mady
Barbosa, Delegado de Poli'cia Civil, 30 de Janeiro de 2003.
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23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 Sebastiao Camargo Fiiho- Admissibilidade e Merito
A Comissao Interamericana ja havia constatado a responsabilidade do Brasil pela falta de adogao de medi&as
o
de protecao de pessoas ameacadas. Cf. CIDH, Relatorio n° 24/98 (Merito), Caso 11.287, Joao Canute de Oliveira (BrasjOF.'Z. *7^
de abril de 1998. I ^
Corte I.D.H. Caso Juan Humberto Sanchez, Sentenga de 7 de junho de 2003. Serie C, n°. 99, par. 134,. \(er
tambem CIDH, Resolugao 1/03 sobre Julgamento de Crimes Interhacionais, 24 de outubro de 2003, em CIDH, Relatorio.
Anual da Comissao Interamericana de Direitos Humanos 2003, 29 de dezembro de 2002, Anexo I.
Corte I.D.H. Caso Trujillo Oroza, Reparagdes, (art. 63.1 da Convengao Americana sobre Direitos Humanos).
Sentenga de 27 de fevereiro de 2002. Serie C, n° 92, par. 99-101 e 109; e Caso Bamaca Velasquez. Reparagoes, (art. 63.1
da Convengao Americana sobre Direitos Humanos). Sentenga de 22 de fevereiro de 2002. Serie C, n° 91, par. 74-77.
Corte I.D.H., Caso dos Irmaos Gomez Paquiyauri contra o Peru, Sentenga de 8 de julho de 2004. Serie C, n°
110, par. 132; Caso Myrna Mack Chang, Sentenga de 25 de novembro de 2003. Serie C, n° 101, par. 156.
(441 Departamento da Polfcia Civil do Estado do Parana, auto de qualificagao, vida pregressa e interrogatorio de
Teissin Tina, 16 de fevereiro de 1998.
(451 Poder Judiciario, Estado do Parana, termo de interrogatorio, Teissin Tina, 8 de dezembro de 2000.
(461 Poder Judiciario, Estado do Parana, testemunha (acusagao), Napoleao Augusto Chiamulera, 12 de margo de
2003.
(471 "Advogado de fazendeiros acusa prefeito", Estado do Parana, 12 de fevereiro de 1998. Constante a fls. 553 do
expediente interne.
(481 Outro indicio de suposta participagao de autoridades estatais que nao foi seriamente investigado deduz-se de
uma declaragao constante do processo que salienta
Que alem das pessoas citadas, reconheceu tambem no local do conflito os proprietarios, digo, o proprietario da
Fazenda Santo Angelo e o proprietario da Fazenda Boa Sorte, bem como uma pessoa que declara ser policial, pois vestia
uma camisa com emblema da Policia por debaixo de uma camisa preta; que essa pessoa propositadamente puxava a
camisa preta para que os outros vissem que o mesmo era Policial Militar.
Departamento da Policia Civil do Estado do Parana, Termo de declaragao de Sandro Gomes Guarez, 17 de fevereiro
de 1998.
■), •
Termo de declaragao, prestado por Antonia Franca'em 17 de fevereiro de 1998 ante o Departamento da
Policia Civil do Estado do Parana.
(501
Departamento da Policia Civil do Estado do Parana, Termo de declaragao de Edson Luiz Zanini, 10 de
fevereiro de 1998.
(511
Departamento da Policia Civil do Estado do Parana, Termo de declaragao de Jorge Pires da Fonseca, 19 de
fevereiro de 1998.
1521
Relatorio de conclusao do inquerito policial n.° 002/98, assinado pelo Delegado de Policia Jairo dos Santos,
em 5 de maio de 2000, p. 10.
(531
Departamento da Polfcia Civil do Estado do Parana, Assentada de Jose Alvacir Borges, Policial Militar
Rodoviario, 23 de abril de 1999.
(541
Corte Europeia, Caso McCann e outros contra o Reino Unido (1995), Serie A, n° 324, paragrafo 146 (citagoes
omitidas).
(551
Id., paragrafo 161.
(561
Comite de Direitos Humanos das Nagoes Unidas, Bautista contra a Colombia, Decisao de 27 de outubro de
1995, paragrafo 8.6; 1/erCIDH, Relatorios 28/92 (Argentina), Herrera e outros; e 29/92 (Uruguai), De los Santos Mendoza e
outros, em Relatorio Anual da CIDH 1992-1993, 12 de margo de 1993, p, 35, 154.
£521 Corte IDH, Caso Barrios Altos, Sentenga de 14 de margo de 2001, par. 48.
(581 Corte IDH, Caso Loayza Tamayo, Sentenga de reparagoes de 27 de novembro de 1998, par. 169; Casos
Velasquez Rodriguez, Fairen Garbi e Solis Corrales e Godinez Cruz, Excegoes Preliminares, par. 91, 90 e 93,
respectivamente.
(591
Corte IDH, Caso Barrios Altos, Sentenga de 14 de margo de 2001, par. 43.
(601 Corte I.D.H., Caso Villagran Morales e outros (Caso dos "Meninos de rua""). Sentenga de 19 de novembro de
1999. Serie C, n° 63; par. 228.
(611 CIDH, Relatorio Anual 1997, Relatorio 55/97, Caso 11.137 (Juan Carlos Abella e outros), Argentina, par. 412.
Sobre o mesmo tema, cf.: CIDH, Relatorio Anual 1997, Relatorio 52/97, Caso 11.218 (Arges Sequeira Mangas), Nicaragua,
par. 96 e 97.
7nter a//a, CIDH, Relatorio n° 10/95, Caso 10.580, Manuel Stalin Bolahos, Equador, Relatorio Anual da CIDH
1995, OEA/Ser.L/V/II.91, Doc. 7, rev. 3, 3 de abril de 1996, par. 32 a 34; Relatorio n° 55/97, caso 11.137, Juan Carlos
Abella e outros, Argentina, par. 413 a 424; e Relatorio n° 48/97, Caso 11.411, “Ejido Morelia", Mexico, Relatorio Anual da
CIDH, 1997, OEA/Ser.L/V/II.98, Doc. 7, rev., 13 de abril de 1996. par. 109 a 112.
(631 ONU, documento ST/CSDHA/12.
(641 Ministerio Publico do Estado do Parana, Autos de Inquerito Policial sob n.° 36/98, oficio emitido por Lucimara
Salles, Promotora de Justiga, em 8 de setembro de 1999.
\m mm?h
23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 Sebastiao Camargo Fiiho- Admissibilidade e Merito
resi Departamento da Policia Civil do Estado do Parana, Institute de Criminalistica, oficio assinado por J<^0 -v /a /O
Marineli Franco e Rosaline P.F. Martins ao Juiz de Direito da Comarca de Nova Londrina, em 24 de novembro de 1999.
| F!c._J§
1661Poder Judiciario, Estado do Parana, Condusao de Federico Mendes Junior, Juiz de Direito, 1° de setembro de J
2000, Autos n.52/00, de processo crime. \__
1621 Urn jornal local noticiou a circular nos seguintes termos:
"Nota distribuida pela UDR Regional do Noroeste diz que a desocupagao foi realizada por um grupo de produtores
rurais da regiao, revoltados com a situagao dos proprietarios das fazendas Boa Sorte e Santo Angelo".
"UDR diz que agao foi organizada por produtores rurais", Folha de Londrina, 10 de fevereiro de 1998.
[681
Nos crimes de competencia do Tribunal do Juri, apds a instrugao processual deve o juiz analisar o acervo
probatorio existente no processo penal a fim de verificar a possibilidade de demonstrar a provavel existencia de crime doloso
contra a vida, bem como da respectiva e suposta autoria, Em consequencia, o magistrado elabora decisao de Pronuncia, na
qual afirma a existencia de provas indicativas da materialidade e autoria do crime, e determine o dispositive legal em cuja
sangao entenda haver incidido o reu. Sobre a pronuncia, ver o artigo 413 do Cddigo de Processo Penal brasileiro.
[691
Informa-se tambem sobre um programa de capacitagao de mediadores, que preparou 240 pessoas em distintas
zonas, e sobre o programa de assistencia social, tecnica e juridica as familias acampadas.
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F!c.
CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS
CASO GARIBALDI VS. BRASIL
SENTENCA DE 23 DE SETEMBRO DE 2009
(Excegoes Preliminares, Merito, Reparagoes e Custas)
No caso Garibaldi,
a Corte Interamericana de Direitos Humanos (doravante "a Corte Interamericana", "a

Corte" ou ”o Tribunal"), integrada pelos seguintes juizes:
Cecilia Medina Quiroga, Presidenta;

Diego Garcta-Sayan, Vice-presidente;
Sergio Garcia Ramirez, Juiz;
Manuel E. Ventura Robies, Juiz;
Leonardo A. Franco, Juiz;
Margarette May Macaulay, Juiza;
Rhadys Abreu Blondet, Juiza; e
Roberto de Figueiredo Caldas, Juiz ad hoc;
presentes, ademais,
Pablo Saavedra Alessandri, Secretario, e

Emilia Segares Rodriguez, Secretaria Adjunta,
conforme os artigos 62.3 e 63.1 da Convengao Americana sobre Direitos Humanos

(doravante "a Convengao Americana" ou ”a Convengao") e com os artigos 29, 31, 37.6,
56 e 58 do Regulamento da Corte1 (doravante "o Regulamento"), emite a presente
Sentenga.
I
INTRODUCAO DA CAUSA E OBJETO DA CONTROVERSIA
1. Em 24 de dezembro de 2007, conforme disposto nos artigos 51 e 61 da
Convengao Americana, a Comissao Interamericana de Direitos Humanos (doravante "a
Comissao Interamericana" ou "a Comissao") submeteu a Corte uma demanda contra a
Republica Federative do Brasil (doravante "o Estado", "o Brasil" ou "a Uniao"), a qual se
originou da petigao apresentada em 6 de maio de 2003 pelas organizagoes Justiga
Global, Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (RENAP) e Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em nome de Setimo Garibaldi (doravante
denominado tambem "senhor Garibaldi") e seus familiares. Em 27 de margo de 2007, a
Comissao emitiu o Relatorio de Admissibilidade e Merito No. 13/07 (doravante tambem
"o Relatorio No. 13/07"), nos termos do artigo 50 da Convengao, o qual continha
determinadas recomendagoes para o Estado. Esse relatorio foi notificado ao Brasil em 24
de maio de 2007, sendo-lhe concedido um prazo de dois meses para comunicar as agoes
empreendidas com o proposito de implementar as recomendagoes da Comissao. Apesar
1 De acordo com o artigo 72.2 do Regulamento da Corte Interamericana vigente, cujas ultimas reformas
entraram em vigor a partir de 24 de margo de 2009, ”[o]s casos em curso continuarao tramitando conforme
este Regulamento, com a excegao de aqueles casos em que se tenha convocado a audiencia no momento de
entrada em vigor do presente Regulamento, os quais seguirao tramitando conforme as disposigdes do
Regulamento anterior". Desse modo, o Regulamento da Corte mencionado na presente Sentenga corresponde
ao instrumento aprovado pelo Tribunal em seu XLIX Pen'odo Ordinario de Sessoes, realizado de 16 a 25 de
novembro de 2000, e reformado parcialmente pela Corte em seu LXI Pen'odo Ordinario de Sessoes, celebrado
de 20 de novembro a 4 de dezembro de 2003.
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de uma prorrogagao concedida ao Estado, os prazos para que apresentasse informagao^--------

sobre o cumprimento das recomendagoes transcorreram "sem que a Comissao recebesseN^^ /
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qualquer informagao". Diante da falta de implementagao satisfatoria das recomendagoes
contidas no Relatorio de Admissibilidade e Merito No. 13/07, a Comissao decidiu
submeter o caso a jurisdigao da Corte, considerando que o presente caso representava
uma oportunidade importante para o desenvolvimento da jurisprudencia interamericana
sobre os deveres de investigagao penal do Estado diante das execugoes extrajudiciais,
para a aplicagao de normas e principios de direito internacional e os efeitos do seu
descumprimento a respeito da regularidade do processo penal, assim como a
necessidade de combate a impunidade. A Comissao designou como delegados os
senhores Clare K. Roberts, Comissionado, e Santiago A. Canton, Secretario Executive, e
como assessoras legais as senhoras Elizabeth Abi-Mershed, Secretaria Executive Adjunta,
e Lilly Ching e Andrea Repetto, advogadas.
2. Segundo a Comissao, a demanda se refere a alegada "responsabilidade [do

Estado] decorrente do descumprimento [da] obrigagao de investigar e punir o homiddio
do Senhor Setimo Garibaldi, ocorrido em 27 de novembro de 1998; [durante] uma
operagao extrajudicial de despejo das familias de trabalhadores sem terra, que
ocupavam uma fazenda no Municipio de Querencia do Norte, Estado do Parana".
3. Na demanda, a Comissao solicitou a Corte declarar que, em atengao a sua

competencia temporal, o Estado e responsavei pela vioiagao dos artigos 8 (Garantias
Judiciais) e 25 (Protegao Judicial) da Convengao Americana, com relagao a obrigagao
geral de respeito e garantia dos direitos humanos e ao dever de adotar medidas
legislatives e de outro carater no ambito interno, previstos, respectivamente, nos artigos
1.1 e 2 do referido tratado, tambem em consideragao as diretrizes emergentes da
clausula federal contida no artigo 28 do mesmo instrumento, em prejuizo de Iracema
Cioato Garibaldi, viuva de Setimo Garibaldi, e seus seis filhos. A Comissao solicitou a
Corte que ordene ao Estado a adogao de determinadas medidas de reparagao.
4. Em 11 de abril de 2008, as organizagoes Justiga Global, RENAP, Terra de Direitos,

Comissao Pastoral da Terra (CPT) e MST (doravante denominados "representantes")
apresentaram seu escrito de petigoes, argumentos e provas (doravante denominado
"escrito de petigdes e argumentos"), nos termos do artigo 23 do Regulamento. No
referido escrito, solicitaram ao Tribunal que declare a vioiagao dos direitos a vida e a
integridade pessoal, em prejuizo de Setimo Garibaldi, e as garantias judiciais e a
protegao judicial, em prejuizo de Iracema Garibaldi e de seus seis filhos, previstos,
respectivamente, nos artigos 4, 5, 8 e 25 da Convengao, todos estes em relagao aos
artigos 1.1, 2 e 28 do referido tratado. Em consequencia, requereram a Corte que ordene
diversas medidas de reparagao. Iracema Garibaldi, Darsonia Garibaldi Guiotti, Itamar
Jose Garibaldi, Itacir Caetano Garibaldi e Vanderlei Garibaldi, mediante procuragao
outorgada em 10 de julho de 2007, designaram como suas representantes legais as
advogadas da Justiga Global, senhoras Andressa Caldas, Luciana Silva Garcia, Renata
Veronica Cortes de Lira e Tamara Melo.
5. Em 11 de julho de 2008, o Estado apresentou urn escrito no qual interpos quatro

excegoes preliminares, contestou a demanda e formulou observagoes sobre o escrito de
petigoes e argumentos (doravante denominado "contestagao da demanda"). O Estado
solicitou que a Corte considere fundadas as excegoes preliminares e, em consequencia: i)
reconhega a incompetencia ratione tempohs para examiner supostas violagoes ocorridas
antes do reconhecimento da jurisdigao contenciosa da Corte pelo Brasil; ii) nao admita,
por extemporaneo, o escrito de petigdes e argumentos dos representantes; iii) exclua da
analise do merito o suposto descumprimento do artigo 28 da Convengao; e iv) declare-se
incompetente em razao da falta de esgotamento dos recursos internos.
Subsidiariamente, a respeito do merito, o Brasil alegou que "nao ha nada que indique
que os procedimentos de investigagao tenham sido conduzidos de forma que nao
corresponda aos parametros estabelecidos pelos [artigos] 8 e 25 da Convengao", razao
pela qual nao deve ser imputada ao Estado sua vioiagao. Da mesma maneira, solicitou a
I
3
Corte que tampouco declare que o Brasil descumpriu os artigos 2 e 28 da Convengao5

Americana. O Estado designou o senhor Hildebrando Tadeu Nascimento Valadares como
agente e as senhoras Marcia Maria Adorno Cavalcanti Ramos, Camila Serrano Giunchetti,
Bartira Meira Ramos Nagado e Cristina Timponi Cambiaghi como agentes assistentes.
6. Consoante previsto no artigo 37.4 do Regulamento, em 24 e 27 de agosto de

2008, a Comissao e os representantes apresentaram suas alegagoes sobre as excegoes
preliminares opostas pelo Estado, respectivamente.
II
PROCEDIMENTO PERANTE A CORTE
7. A demanda da Comissao foi notificada ao Estado e aos representantes em 11 de

fevereiro de 20082. Durante o processo perante este Tribunal, alem da apresentagao dos
escritos principais (supra pars. 1, 4 e 5), entre outros remetidos pelas partes, a
Presidenta da Corte (doravante "a Presidenta") ordenou, mediante resoiugao de 20 de
novembro de 2008, o recebimento, atraves de declaragoes rendidas perante um agente
dotado de fe publica (affidavit), as declaragoes de quatro testemunhas, propostas pela
Comissao, pelos representantes e pelo Estado, assim como o parecer de um perito
oferecido pelos representantes3, sobre os quais as partes tiveram oportunidade de
apresentar suas observagoes. Ademais, considerando as circunstancias particulares do
caso, a Presidenta convocou a Comissao, os representantes e o Estado a uma audiencia
publica para escutar os depoimentos de duas testemunhas, uma oferecida pela
Comissao e outra pelo Estado; as declaragoes dos dois peritos, um oferecido pela
Comissao e outro pelo Estado, assim como as alegagoes finais orais das partes sobre as
excegoes preliminares e os eventuais merito, reparagoes e custas4.
8. A audiencia publica foi realizada nos dias 29 e 30 de abril de 2009, durante o

XXXIX Periodo Extraordinario de Sessoes da Corte,/ealizado na cidade de Santiago do
Chile5. ' ’
9. Em 10 de junho de 2009, a Comissao, os representantes e o Estado remeteram

suas alegagoes finais escritas.
10. Em 15 de maio de 2009, o Tribunal recebeu um escrito na qualidade de amicus

curiae da Clmica de Direitos Humanos do Nucleo de Pratica Jundica da Escola de Direito
da Fundagao Getulio Vargas do Rio de Janeiro6, o qual se referiu ao contexto de violencia
2 Em 11 de fevereiro de 2008, os representantes e o Estado receberam a demanda original com seus

anexos, sendo, dessa maneira, notificadas as partes. Antes disso, a demanda da Comissao, sem seus anexos,
foi transmitida ao Estado e aos representantes pela Secretaria da Corte em 6 de fevereiro de 2008. Nessa
mesma data, informou-se ao Estado que podia designar um juiz ad hoc para participar da consideragao do
presente caso. A esse respeito, a Comissao Interamericana havia remetido, em 16 de Janeiro de 2008, o escrito
intitulado "Posigao da Comissao Interamericana de Direitos Humanos sobre a figura do juiz ad hoc". Em 24 de
margo de 2008, depois de uma prorrogagao concedida pela Corte, o Estado designou o senhor Roberto de
Figueiredo Caldas como juiz ad hoc.
3 Cf. Caso Setimo Garibaldi Vs. Brasil. Convocatoria de Audiencia Publica. Resoiugao da Presidenta da
Corte Interamericana de Direitos Humanos de 20 de novembro de 2008, Ponto Resolutivo primeiro.
Cf. Caso Setimo Garibaldi Vs. Brasil. Convocatoria de Audiencia Publica, supra nota 3, Ponto
Resolutivo quarto.
5 A essa audiencia compareceram: a) pela Comissao Interamericana: Felipe Gonzalez, Comissionado;

Lilly Ching Soto e Leonardo Hidaka, assessores legais; b) pelos representantes: Rafael Dias, Renata Lira e
Luciana Garcia, da Justiga Global; Gisele Cassano, da Terra de Direitos, e Teresa Cofre, da RENAP; e c) pelo
Estado: Embaixador Hildebrando Tadeu Nascimento Valadares; Camila Serrano Giunchetti, Cristina Timponi
Cambiaghi, Bartira Meira Ramos Nagado e Raimundo Jorge Santos Seixas.
6 Assinaram o escrito Bernardo Vasconcellos, Bruna Vilar, Carla Tuili, Daniel Arruda, Igor Mosso, Isabella
Gama, Isabela Bueno, Luisa Di Prieto Gongalves, Pablo Sa Domingues e Rinuccia Ruina, alunos da Escola de
Direito da Fundagao Getulio Vargas do Rio de Janeiro.
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4
no campo no Brasi! e ao arquivamento e posterior reabertura do procedimento para-

investigar a morte de Setimo Garibaldi. Do mesmo modo, em 18 de maio de 2009, a
Corte recebeu urn escrito na qualidade de amicus curiae apresentado pela Coordenagao
de Movimentos Socials do Parana7, referente ao contexto de violencia contra
trabalhadores rurais sem terra no Estado do Parana. Finaimente, em 27 de maio de
2009, o Nucleo de Direitos Humanos do Departamento de Direito da Pontificia
Universidade Catolica do Rio de Janeiro8 tambem apresentou um escrito na quaiidade de
amicus curiae, abordando o alcance da protegao do artigo 4 da Convengao Americana no
presente caso.
in
EXCEÔES PRELIMINARES
11. Em seu escrito de contestagao da demanda, o Estado interpos quatro excegdes

preliminares, que a Corte analisara na ordem em que foram apresentadas.
A) Incompetencia "ratione temporis" da Corte para examinar supostas viofagoes

ocorridas antes do reconhecimento da competencia pelo Estado
12. O Estado indicou que, conforme o artigo 62 da Convengao e a jurisprudencia

interamericana, o Tribunal tern competencia para conhecer qualquer caso relacionado
com a interpretagao e aplicagao das disposigoes da Convengao, a partir de que o Estado
tenha reconhecido sua competencia. 0 Brasil reconheceu a jurisdigao obrigatoria da
Corte em 10 de dezembro de 1998, sob reserva de reciprocidade e para os fatos
posteriores a essa data. Ademais, a limitagao temporal ao reconhecimento da
competencia da Corte tambem deriva do prindpio da irretroatividade dos tratados,
previsto no artigo 28 da Convengao de Viena sobre o Direito dos Tratados e reconhecido
pela Corte em sua jurisprudencia. Portanto, considerando que a morte de Setimo
Garibaldi ocorreu em 27 de novembro de 1998, a Corte nao teria competencia para
declarar violagoes a Convengao no presente caso.
13. Adicionalmente, o Brasil indicou que, embora a Comissao tenha alegado apenas o
descumprimento do dever de investigar efetiva e adequadamente o homicidio do senhor
Garibaldi e proporcionar recursos efetivos para sancionar os responsaveis, procurou uma
"condenagao indireta do Estado [...] pela violagao aos artigos 4° (direito a vida) e 5°
(direito a integridade pessoal) da [Convengao], conforme demandam os representantes
das [supostas] vitimas, o que nao seria possivel, uma vez que a morte do senhor Setimo
Garibaldi ocorreu anteriormente ao reconhecimento obrigatorio da jurisdigao [da] Corte
pelo Brasil". Essa conclusao resulta de algumas medidas de reparagao solicitadas pela
Comissao, as quais sao compreensiveis no sentido de pretender responsabilizar ao
Estado pelo homicidio de Setimo Garibaldi. Nesse sentido, resta flagrante a incongruencia
entre os fatos que se alegam violados e as reparagoes solicitadas pela Comissao. Dessa
maneira, as alegagoes de denegagao de justiga, assim como as violagoes relacionadas
com os artigos 1.1, 2 e 28, "representam apenas um artifi'cio ou pretexto" utilizado pela
Comissao para submeter a demanda a jurisdigao da Corte. Em consequencia, solicitou
que a Corte admita esta excegao preliminar.
14. A Comissao considerou que o argumento do Estado e "incorreto no tocante aos

fatos e juridicamente improcedente", haja vista que a demanda e relacionada com o
descumprimento da obrigagao de investigar e sancionar o homicidio do senhor Garibaldi.
Os fatos que nao foram investigados correspondem, com efeito, a mencionada morte,
mas nao e possivel depreender que a Comissao pretenda uma condenagao pela privagao
da vida. O Estado nao pode alegar a inadmissibilidade do caso argumentando uma
Assinou tal documento Silvana Prestes de Araujo, da Coordenagao de Movimentos Socials do Parana.
8 O escrito foi assinado por Marcia Nina Bernardes, professora do Departamento de Direito,
Coordenadora do Nucleo de Direitos Humanos do Departamento de Direito da Pontificia Universidade Catolica
do Rio de Janeiro.
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interpretagao extensiva do expressamente solicitado pela Comissao Interamericana na X
sua demanda a respeito da falta de investigagao. Com base nas conclusoes do Reiatorio
de Admissibilidade e Merito No. 13/07, a Comissao fundamentou sua demanda
unicamente em fatos e omissoes que se consumaram de forma independente depois da
data de aceitagao da competencia da Corte por parte do Estado, tal como a obrigagao de
investigar efetiva e adequadamente e em um prazo razoavel o homicidio do senhor
Garibaldi. Portanto, a demanda se relaciona com a denegagao de justiga que sofreram e
continuam sofrendo na atualidade os familiares de Setimo Garibaldi, para efeitos da
competencia do Tribunal, a partir da data em que o Estado aceitou a jurisdigao
contenciosa da Corte. Finalmente, esclareceu que as reparagoes solicitadas na demanda
sao as que considera adequadas; que o Estado tern informado sobre os esforgos para sua
implementagao durante o procedimento perante a Comissao; e que sera o Tribunal quern
decidara sua pertinencia de acordo com o resolvido sobre o merito do caso. Em razao do
anterior, considerou que a Corte tern competencia ratione temporis para conhecer os
fatos e violagoes expostas na demanda.
15. Os representantes refutaram "os argumentos apresentados pelo [Estado] e

volta[ram] a afirmar que o Estado e responsavel pela morte de Setimo Garibaldi
entendendo que este falhou ao nao realizar uma investigagao exaustiva, [ao] nao
responsabilizar [os] autores e mandantes, [e ao] nao prevenir que fatos similares
voltassem a ocorrer". A violagao nao termina com o mero fato de violar um direito; ao
contrario, persiste ate que se adotem as medidas apropriadas para promover o fim da
mesma, atribuir a responsabilidade por ela e prevenir que nao ocorram violagoes
similares. 0 dever de investigar e um elemento fundamental do direito a vida e, ao nao
promover uma investigagao diligente, o Estado viola o artigo 4 da Convengao, mesmo
nao tendo sido responsavel pela violagao original. As autoridades foram negligentes e
omissas na investigagao realizada e nao se identificou ao responsavel pela execugao de
Setimo Garibaldi.
16. Outrossim, os representantes acrescentaram que a obrigagao estatal de respeitar

os direitos previstos na Convengao ja existia antes da data de reconhecimento da
competencia contenciosa da Corte, posto que o Estado ja era parte na Convengao. O
homicidio originou uma situagao continuada de violagoes com fatos e efeitos posteriores
ao reconhecimento da competencia. Em razao disso, solicitaram que a Corte considere os
argumentos e provas de que o Brasil violou e continua violando os direitos a vida e a
integridade fisica, no presente caso, devendo tambem ser condenado nesse aspecto, na
medida em que foi incapaz de proteger o direito a vida de Setimo Garibaldi.
Particularmente, a respeito da violagao da integridade pessoal, afirmaram que "Setimo
Garibaldi [...] passou por momentos de extreme sofrimento psicologico e moral ate o
momento de sua muerte[,] [r]estando evidenciada a violagao do artigo 5° pelo [Estado]".
Com relagao ao artigo 28 da Convengao de Viena sobre o Direito dos Tratados,
manifestaram que a Corte tern entendido que tern competencia para analisar violagoes
continuadas que se iniciam antes da data de reconhecimento de sua jurisdigao pelo
Estado parte e que persistem depois dessa data. A Corte tern competencia para conhecer
violagoes continuadas sem que seja infringido o principio da irretroatividade. No entanto,
em caso de que a Corte entenda preliminarmente que em virtude da limitagao temporal
imposta pelo Brasil, a morte do senhor Garibaldi nao esta compreendida em sua
jurisdigao, existem elementos suficientes para reafirmar a responsabilidade do Estado na
violagao das garantias judiciais dos familiares de Setimo Garibaldi e demais direitos,
depois de 10 de dezembro de 1998. Adicionalmente, consideraram que o Tribunal
"poderia reconhecer que a violagao do direito a vida e o consequente descumprimento do
dever de resposta oficial e uma violagao continuada dos [a]rtigos 4 e 5 [da Convengao]".
Em razao do exposto, solicitaram que a Corte nao admita a excegao preliminar
apresentada pelo Estado.
17. Embora a Convengao Americana e o Regulamento nao desenvolvam o conceito de

"excegao preliminar", em sua jurisprudencia reiterada a Corte tern afirmado que por esse
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1
meio se questiona a admissibilidade de uma demanda ou a competencia do Tribunal para

conhecer determinado caso ou algum de seus aspectos, em razao da pessoa, da materia,
do tempo ou do lugar9. De tal maneira, o Tribunal tern asseverado que uma excegao
preliminar tern por finalidade obter uma decisao que previna ou impega a analise do
merito do aspecto questionado ou do caso como um todo. Por isso, o argumento deve
satisfazer as caracteristicas jundicas essenciais em conteudo e finalidade que o confiram
o carater de "excegao preliminar". As alegagoes que nao tenham tal natureza, como por
exemplo as que se referem ao merito de um caso, podem ser formuladas mediante
outros atos processuais previstos na Convengao Americana ou no Reguiamento, mas nao
sob a figura de uma excegao preliminar10.
18. No presente caso, as alegagoes do Estado questionando a competencia do Tribunal

para pronunciar-se sobre supostas violagoes a Convengao Americana em razao do
momento em que as mesmas teriam ocorrido constituem, efetivamente, uma excegao
preliminar.
19. De modo geral, para efeito de determiner se tern ou nao competencia para
conhecer sobre um caso ou um aspecto do mesmo, conforme o artigo 62.1 da Convengao
Americana11, a Corte deve tomar em consideragao a data de reconhecimento da
competencia por parte do Estado, os termos em que o mesmo se deu e o principio da
irretroatividade, previsto no artigo 28 da Convengao de Viena sobre o Direito dos
Tratados de 1969, o qual estabelece:
A nao ser que uma intengao diferente se evidencie do tratado, ou seja estabelecida de outra
forma, suas disposigoes nao obrigam uma parte com relagao a um ato ou fato anterior ou a
uma situagao que deixou de existir antes da entrada em vigor do tratado, com relagao a essa
parte.
20. O Brasil reconheceu a competencia contenciosa da Corte em 10 de dezembro de

1998 e em sua declaragao indicou que‘l o Tribunal teria competencia para os "fatos
posteriores" a esse reconhecimento12;.' Com base no anterior e no principio da
irretroatividade, a Corte nao pode exercdr sua competencia contenciosa para aplicar a
Convengao e declarar uma violagao as suas normas quando os fatos alegados ou a
conduta do Estado que possa implicar sua responsabilidade internacional sao anteriores
ao reconhecimento da competencia do Tribunal13.
9 Cf. Caso Las Palmeras Vs. Colombia. Excegoes Preliminares. Sentenga de 4 de fevereiro de 2000.
Serie C No. 67, par. 34; Caso Eschar a outros Vs. Brasil. Excegoes Preliminares, Merito, Reparagoes e Custas.
Sentenga de 6 de julho de 2009. Serie C No. 200, par. 15; e Caso Tristan Donoso l/s. Panama. Excegoes
Preliminares, Merito, Reparagoes e Custas. Sentenga de 27 de Janeiro de 2009. Serie C No. 193, par. 15.
10
Cf. Caso Castaneda Gutman Vs Mexico. Excegoes Preliminares, Merito, Reparagoes e Custas. Sentenga
de 6 de agosto de 2008. Serie C No. 184, par. 39; Caso Eschar e outros, supra nota 9, par. 15; e Caso Tristan
Donoso, supra nota 9, par. 15.
ii
O artigo 62.1 da Convengao estabelece:
Todo Estado parte pode, no momento do deposito do seu instrumento de ratificagao desta convengao
ou de adesao a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar que reconhece como obrigatdria, de
pleno direito e sem convengao especial, a competencia da Corte em todos os cases relatives a
interpretagao ou aplicagao desta Convengao.
12
O reconhecimento de competencia realizado pelo Brasil em 10 de dezembro de 1998 indica que "[o]
Governo da Republica Federativa do Brasil declara que reconhece, por tempo indeterminado, como obrigatdria
e de pleno direito, a competencia da Corte Interamericana de Direitos Humanos, em todos os casos
relacionados com a interpretagao ou aplicagao da Convengao Americana sobre Direitos Humanos, em
conformidade com o artigo 62, sob reserva de reciprocidade e para fatos posteriores a esta declaragao". Cf. B-
32: Convengao Americana sobre Direitos Humanos. 4. Brasil. Reconhecimento da competencia da Corte.
Disponivel em http://www.cidh.oas.orQ/Basicos/PortuQues/d.Convencao Americana Ratif..htm. Acessado em
21 de setembro de 2009.
13
Cf. Caso Cantos Vs. Argentina. Excegoes Preliminares. Sentenga de 7 de setembro de 2001. Serie C
No. 85, par. 36; Caso Heliodoro Portugal Vs. Panama. Excegoes Preliminares, Merito, Reparagoes e Custas.
Sentenga de 12 de agosto de 2008. Serie C No. 186, par. 24; e Caso Nogueira de Carvalho e outro Vs. Brasil.
Excegoes Preliminares e Merito. Sentenga de 28 de Novembro de 2006. Serie C No. 161, par. 44.
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I
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21. Estabeiecido o anterior, corresponde ao Tribunal determinar se pode conhecer os

fatos que fundamentam as alegadas violagoes a Convengao no presente caso, a saber: a) ~
o falecimento do senhor Garibaldi e o sofrimento previo a este, os quais constituiriam a
violagao dos artigos 4 e 5 da Convengao Americana, alegada pelos representantes; b) as
supostas falhas e omissoes na investigagao da morte de Setimo Garibaldi posteriores a
10 de dezembro de 1998, fatos que constituiriam uma violagao dos artigos 8 e 25 da
Convengao Americana, alegada pela Comissao Interamericana e pelos representantes; e
c) com base nas mesmas agoes e omissoes relacionadas a investigagao, a violagao do
artigo 4 da Convengao em sua vertente processual, alegada pelos representantes.
22. As partes coincidem que a morte do senhor Garibaldi ocorreu em 27 de novembro

de 1998, ou seja, com anterioridade ao reconhecimento da competencia contenciosa da
Corte por parte do Estado. A privagao da vida do senhor Garibaldi, a qual foi executada e
se consumou de maneira instantanea nessa data, esta fora da competencia do Tribunal,
pelo que nao se anaiisara a alegada responsabilidade estatal por esse fato. Pela mesma
razao, esta fora da competencia do Tribunal a suposta violagao ao direito a integridade
pessoal em razao do alegado sofrimento previo ao falecimento que teria afetado o senhor
Garibaldi, assim como qualquer outro fato anterior ao reconhecimento da competencia
contenciosa da Corte por parte do Estado (infra par. 147).
23. Por outra parte, a Corte e competente para analisar os fatos e possiveis omissoes
relacionadas com a investigagao da morte do senhor Garibaldi que ocorreram sob a
competencia temporal do Tribunal, ou seja, posteriormente a 10 de dezembro de 1998, a
luz dos artigos 8 e 25, com relagao aos artigos 1.1, 2 e 28 da Convengao. De igual modo,
o Tribunal teria competencia para examinar esses fatos a luz da obrigagao processual
derivada do dever de garantia emanada do artigo 4 da Convengao, com relagao ao artigo
1.1 desse instrumento. Com efeito, o Brasil ratificou a Convengao Americana em 1992,
seis anos antes da morte do senhor Garibaldi. Portanto, o Estado encontrava-se
obrigado, desde essa data, a cumprir a totalidade das obrigagoes emanadas da
Convengao, entre outras, a obrigagao de investigar e, de ser o caso, sancionar a privagao
do direito a vida, ainda que este Tribunal' nao tivesse. competencia para julga-lo por
supostas violagdes a mesma. Entretanto, a Corte pode examinar e pronunciar-se sobre o
eventual descumprimento dessa obrigagao convencional a respeito dos fatos e supostas
omissoes relatives a investigagao a partir de 10 de dezembro de 1998, quando o Estado
aceitou a competencia contenciosa do Tribunal.
24. Contudo, sem prejuizo de que a Corte tenha competencia temporal nos termos
antes indicados, segundo a jurisprudencia do Tribunal, as supostas vftimas devem estar
indicadas na demanda e no relatorio da Comissao com fulcro no artigo 50 da Convengao.
Ademais, conforme o artigo 33.1 do Regulamento, corresponde a Comissao, e nao a este
Tribunal, identificar com precisao e na devida oportunidade processual as supostas
vitimas em um caso perante esta Corte14. Considerando o anterior, fundado em sua
jurisprudencia reiterada, o Tribunal considera como supostas vitimas aquelas que assim
aparecem indicadas no escrito de demanda da Comissao. No presente caso, a Comissao
estabeleceu no Relatorio de Admissibilidade e Merito No. 13/07 a responsabilidade do
Estado pela violagao do artigo 4 da Convengao Americana em prejuizo de Setimo
Garibaldi. Inobstante, a Comissao apontou na demanda como supostas vitimas a senhora
Garibaldi e seus seis filhos pela alegada violagao dos artigos 8 e 25 da Convengao
Americana. Pelo exposto, a Corte se referira somente as alegadas violagoes em prejuizo
das pessoas assinaladas como supostas vitimas pela Comissao em sua demanda.
25. Fundado nas consideragoes precedentes, o Tribunal admite parcialmente esta

excegao preliminar.
14
Cf. Caso dos Massacres de Ituango Vs. Colombia. Excegao Preliminar, Merito, Reparagoes e Custas.
Sentenga de 1° de julho de 2006. Serie C No. 148, par. 98; Caso Kawas Fernandez Vs. Honduras. Merito,
Reparagoes e Custas. Sentenga de 3 de abril de 2009. Serie C No. 196, par. 27; e Caso Perozo e outros Vs.
Venezuela. Excegoes Preliminares, Merito, Reparagoes e Custas. Sentenga de 28 de Janeiro de 2009. Serie C
No. 195, par. 50.
1
8
B) Descumprimento pelos representantes dos prazos previstos no Regulamento da Corte

para apresentar o escrito de petigoes e argumentos e seus anexos
26. O Estado alegou o descumprimento por parte dos representantes dos prazos
estabelecidos nos artigos 26.1 e 36.1 do Regulamento da Corte. Conforme afirmou, com
a reforma do Regulamento que entrou em vigor em 1° de Janeiro de 2004, o tramite
processual passou a ser mais rigoroso com as partes que nao apresentam seus escritos
no prazo previsto no artigo 36.1 do Regulamento. Considerou que se deve preserver o
equilibrio processual e que o mesmo tratamento dispensado a parte demandada deve ser
aplicado aos representantes. Sustentou que, em 6 de fevereiro de 2008, a Corte notificou
a demanda aos representantes, razao pela qual deveram apresentar seu escrito de
petigoes e argumentos no maximo em 6 de abril de 2008, ou seja, dois meses apos a
notificagao. No entanto, a versao nao original desse escrito, sem seus anexos, foi
recebida no Tribunal em 11 de abril de 2008. Em 16 de maio de 2008, os representantes
enviaram a versao original dos escritos com dois dos onze anexos, os quais foram
remetidos ao Estado em 20 de maio seguinte. Nesse mesmo dia, foram recebidos na
Corte outros tres anexos, os quais foram remetidos ao Estado em 23 de maio de 2008.
Ate o presente, os documentos faltantes nao chegaram ao conhecimento do Estado.
Afirmou que, em decorrencia dos atrasos, Ihe foi concedida uma prorrogagao de oficio
ate 11 de julho de 2008 para apresentar sua contestagao da demanda. Porem, essa
prorrogagao foi somente de urn mes e quinze dias, prazo consideravelmente inferior aos
dois meses que Ihe deveriam ser concedidos para analisar todos os escritos dos
representantes, inclusive os anexos, em virtude do previsto no artigo 38 do Regulamento
da Corte, o que acarretou um prejuizd na defesa do Estado. Pelo exposto, aduziu que o
Tribunal deve considerar precluso o direito dos representantes a apresentar seu escrito
de petigoes e argumentos, bem como solicitou que todos os escritos dos representantes
e seus anexos sejam retirados do expediente e desestimados em razao do
descumprimento dos artigos 26 e 38 do Regulamento15.
27. A Comissao nao se referiu a essa alegagao do Estado "uma vez que desconhec[ia]
as datas em que efetivamente foram recebidos os documentos". Considerou que a Corte
valoraria os argumentos do Estado e dos representantes de acordo com sua competencia
e a razoabilidade dos prazos referidos.
28. Os representantes manifestaram que em 6 de fevereiro de 2008 receberam, via

fac-simile, a demanda apresentada pela Comissao. Nao obstante, o escrito original e
seus anexos foram recebidos em 11 de fevereiro de 2008, data que consideraram como o
inicio do compute do prazo improrrogave! de dois meses para o envio de seu escrito de
petigoes e argumentos. Por esse motive, enviaram o mencionado escrito atraves de fac
simile em 11 de abril de 2008. Posteriormente, em 18 de abril de 2008, remeteram a
versao original de seu escrito e seus anexos via correio postal. Indicaram que o prazo de
sete dias previsto no artigo 26.1 do Regulamento refere-se ao "envio" dos documentos
originais e seus anexos, sem estabelecer um limite temporal em que estes devem ser
recebidos pela Corte. Esclareceram que, apesar do envio oportuno dos documentos
realizado em 18 de abril de 2008, a empresa nacional de correios estava em um
processo de regularizagao de suas atividades depois de um longo periodo de greve de
seus servidores, o que causou o atraso do recebimento da correspondencia pelo Tribunal.
Desse modo, o retardo "nao tern qualquer relagao com o empenho e diligencia" dos
representantes, os quais, inclusive, aportaram o recibo emitido pela agenda de correios
da remessa efetuada. Em consequencia, solicitaram a Corte que desestime esse
argumento do Estado.
29. No presente caso, o suposto descumprimento dos representantes dos prazos
15
Infra notas 32 e 44.
NCO
X
X'
9 f F!c.
previstos no Regulamento para apresentar o escrito de petigoes e argumentos e seus

anexos nao sustenta uma excegao preliminar (supra par. 17), pois nao objeta a
admissibilidade da demanda ou impede que o Tribunal conhega o caso. Com efeito, ainda
que hipoteticamente a Corte resolvesse o pedido do Estado de maneira afirmativa, nao
afetaria de forma alguma a competencia do Tribunal para conhecer o merito da
controversia. Em razao do exposto, a Corte rejeita este argumento por nao constituir
propriamente uma excegao preliminar.
30. Sem prejufzo do anterior, a Corte analisara o argumento do Estado relacionado a

admissibilidade do escrito de petigoes e argumentos e seus anexos no capitulo da
presente Sentenga referente a prova (infra pars. 55 a 59).
C) Impossibilidade de alegar violagdes nao consideradas durante o procedimento perante

a Comissao Interamericana
31. O Estado indicou que a Comissao requereu em sua demanda que o Tribunal
declarasse o descumprimento do artigo 28 da Convengao. Igualmente, indicou que os
representantes alegaram esse descumprimento aduzindo que, durante o 130° Periodo
Ordinario de Sessoes da Comissao Interamericana, o representante do Estado afirmou
em uma reuniao de trabalho que havia dificuldades de comunicagao com o Estado do
Parana. Alegou que a jurisprudencia da Corte tern estabelecido que nao e possivel incluir
nesta fase uma violagao nao apreciada durante o procedimento perante a Comissao, pois
se estaria subtraindo ao Estado a oportunidade manifestar-se sobre o tema naquela
instancia, necessariamente anterior ao juigamento por parte da Corte. Acrescentou que o
mencionado dispositive nao estabelece direito ou liberdade alguma, senao regras de
interpretagao e aplicagao da Convengao, e que esse tratado, particularmente nos artigos
48.1 e 63, e claro ao estabelecer que os orgaos do Sistema Interamericano so podem
examinar eventuais violagoes a direitos e liberdades. Pelo exposto, a juizo do Estado a
alegada violagao do artigo 28 da Convengao nao deve ser vaiorada pela Corte.
32. A Comissao argumentou que, nos termos do artigo 28 da Convengao, tanto o

governo federal como o governo estadual devem adotar as medidas necessarias para
assegurar o cumprimento das obrigagoes contidas na Convengao Americana. O
mencionado artigo estabelece obrigagoes cujo cumprimento, de igual forma que as
obrigagoes emanadas dos artigos 1.1 e 2 da Convengao, e suscetivel de verificagao e
pronunciamento pelos orgaos de supervisao do Sistema Interamericano. Da mesma
maneira, indicou que "o Estado - em sua contestagao a demanda - nao neg[ou] ter
utilizado durante a tramitagao perante a [Comissao], como defesa de sua parte, as
supostas dificuldades na coordenagao de trabalho com as autoridades do Estado do
Parana no 130° Periodo Ordinario de Sessoes da Comissao, o que motivou que, ao emitir
seu relatorio sobre o [merito] no presente caso (nao somente no escrito de demanda), a
Comissao se pronunciasse sobre esta questao especifica a luz do artigo 28 da
Convengao". Afirmou que o Tribunal tern a potestade de examinar o cumprimento das
obrigagoes emanadas do artigo 28 convencional e, por conseguinte, solicitou o rechago
da excegao preliminar por improcedente.
33. Os representantes coincidiram substancialmente com a Comissao e acrescentaram

que a Corte reconheceu que "fatos ocorridos posteriormente ao inicio da demanda podem
ser apresentados ao Tribunal ate antes de ser emitida a sentenga. No que se refere a
inclusao de novos artigos[,] a Comissao e os [representantes] possuem legitimidade para
[submete-los a conhecimento da Corte], entendendo [...] que nao admitir esta
possibilidade seria restringir sua condigao de sujeitos de Direito Internacional". Ademais,
a faculdade da Corte de examinar esses dispositivos incluidos com base no principio iura
novit curia tern sido amplamente consolidada na jurisprudencia internacional. Por isso, a
manifestagao do Estado durante uma reuniao de trabalho reaiizada na sede da Comissao
em 11 de outubro de 2007 - de que nao podia apresentar avangos sobre as
recomendagoes realizadas pela Comissao no Relatorio de Admissibilidade e Merito No.
13/07, porque nao havia podido estabelecer contato com as autoridades do Estado do
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10
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Parana - permite concluir que a partir desse momento o Brasil violou o artigo 28 'da
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Convengao. Pelo anterior, solicitaram que a Corte rejeitasse a excegao preliminar.
*
* *
34. O Tribunal observa que a alegagao do Estado corresponde a uma excegao

preliminar, a qual tem por objeto prevenir o conhecimento por parte da Corte do suposto
descumprimento do artigo 28 da Convengao Americana, relative a "clausula federal".
35. Quando se alega como excegao preliminar um questionamento a atuagao da

Comissao concernente ao procedimento seguido perante tal orgao, a Corte tem afirmado
que a Comissao Interamericana tem autonomia e independencia no exercicio de seu
mandato, conforme estabelecido pela Convengao Americana16, e particularmente no
exercicio das fungoes que Ihe competem no procedimento relative ao tramite de petigdes
individuals consoante disposto nos artigos 44 a 51 da Convengao17. Nao obstante, entre
as atribuigoes da Corte encontra-se a de efetuar o controle de legalidade das atuagoes da
Comissao no que se refere ao tramite de assuntos que estejam sob o conhecimento da
propria Corte18. Tem sido um criterio sustentado por este Tribunal que a Convengao
Americana Ihe confere jurisdigao plena sobre todas as questoes relatives a um caso
submetido a seu conhecimento, inclusive sobre os pressupostos processuais nos quais se
funda a possibilidade de que exerga sua competencia19. Isso nao pressupoe
necessariamente revisar o procedimento que se levou a cabo ante a Comissao, salvo em
casos excepcionais em que exista um.erro grave:que vulnere o direito de defesa das
partes20. * •
36. Ademais, a parte que afirma que um atp da Comissao durante o procedimento
ante a mesma foi levado.a cabo mediante um grave erro, que afetou seu direito de
defesa, deve demonstrar efetivamente tal prejuizo21. Por isso, a esse respeito, nao
resulta suficiente uma queixa ou discrepancia de criterios em relagao ao que foi realizado
pela Comissao Interamericana.
37. A Corte observa que nao se infere do expediente o alegado pelo Estado no sentido
de o suposto descumprimento do artigo 28 da Convengao nao haver sido considerado
durante o procedimento ante a Comissao Interamericana, tendo sido incluido na
demanda somente apos uma mengao do Estado em uma reuniao de trabalho relacionada
com o cumprimento das reparagoes do Relatorio de Admissibilidade e Merito No. 13/07.
Durante seu procedimento, a Comissao considerou os fatos do caso a luz do artigo 28 da
16
Cf. Controls de Legalidade no Exercicio das Atribuigoes da Comissao Interamericana de Direitos
Humanos (Arts. 41 e 44 ao 51 da Convengao Americana sobre Direitos Humanos). Opiniao Consultiva OC-
19/05 de 28 de novembro de 2005, Serie A No. 19, Ponto Resolutive primeiro; Caso Escher e outros, supra
nota 9, par. 22; e Caso Castaneda Gutman, supra nota 10, par, 40.
17
Cf. Controle de Legalidade no Exercicio das Atribuigoes da Comissao Interamericana de Direitos
Humanos (Arts. 41 e 44 ao 51 da Convengao Americana sobre Direitos Humanos), supra nota 16, Ponto
Resolutive segundo; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 22; e Caso Castaneda Gutman, supra nota 10,
par. 40.
18
Resolutive terceiro; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 22; e Caso Castaneda Gutman, supra nota 10,
par, 40.
19
Cf. Caso Velasquez Rodriguez l/s. Honduras. Excegoes Preliminares. Sentenga de 26 de junho de
1987. Serie C No. 1, par. 29; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 22; e Caso Castaneda Gutman, supra
nota 10, par. 40.
20 Cf. Caso Trabalhadores Cessados do Congresso (Aguado Alfaro e outros) Vs. Peru. Excegoes
Preliminares, Merito, Reparagoes e Custas. Sentenga de 24 de novembro de 2006. Serie C No. 158, par. 66;
Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 22; e Caso Castaneda Gutman, supra nota 10, par. 40.
21
Cf. Caso Trabalhadores Cessados do Congresso (Aguado Alfaro e outros), supra nota 20, par. 66;
*
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11
Convengao Americana, concluindo no mencionado Relatorio que o Estado descumpriu

com as obrigagoes que se derivam da chamada "clausuia federal" e, por conseguinte>
alegou o suposto descumprimento dessa norma em sua demanda perante este
Tribunal22. Alem disso, o proprio Estado em suas alegagoes sobre o merito na
contestagao da demanda indica que a suposta vioiagao do artigo 28 foi incluida no
Relatorio No. 13/0 723.
38. O Tribunal observa que a Convengao Americana estabelece em seu artigo 46.1 os
requisites necessaries para que uma petigao seja admitida pela Comissao
Interamericana, e o artigo 28 do Regulamento da Comissao dispoe os elementos que
deve conter a petigao no momento de sua apresentagao. Nenhum deles exige que os
peticionarios especifiquem os artigos que consideram violados. De igual modo, o artigo
32.c do Regulamento da Comissao vigente na data de apresentagao da denuncia (atual
artigo 28.f) estabelecia a possibilidade de nao fazer uma referencia especifica ao artigo
supostamente violado24, para que uma denuncia fosse tramitada perante esta. Dessa
maneira, a Comissao determina em sua decisao de admissibilidade as possiveis violagoes
dos direitos consagrados na Convengao Americana, com base nos fatos denunciados pelo
peticionario e nas consideragoes de direito que estima pertinentes.
39. A Corte considera que a inclusao na demanda do suposto descumprimento do

artigo 28 da Convengao Americana, quando o mesmo constava no Relatorio No. 13/07 da
Comissao, nao resulta contraria as disposigoes relevantes da Convengao Americana e do
Regulamento da Comissao. Alem disso, durante o tramite do caso perante a Corte, o
Estado teve a oportunidade de apresentar seus argumentos de defesa sobre esse aspecto
da demanda e nao demonstrou urn prejuizo a seu direito de defesa pelo mencionado ato
da Comissao. Desse modo, a Corte nao encontra elementos para modificar neste caso o
que ja foi resolvido pela Comissao Interamericana.
40. Finalmente, de acordo com o artigo 62.3 da Convengao, "[a] Corte tern
competencia para conhecer de qualquer caso relative a interpretagao e aplicagao das
disposigoes desta Convengao que ihe seja submetido, desde que os Estados Partes no
caso tenham reconhecido ou reconhegam a referida competencia, seja por declaragao
especial, como preveem os incisos anteriores, seja por convengao especial". Da
interpretagao literal dessa norma depreende-se a competencia do Tribunal para
pronunciar-se sobre "as disposigoes" da Convengao, sem limitagao ou diferenciagao como
a mencionada pelo Estado. Portanto, o Tribunal tern competencia para analisar o alegado
descumprimento do artigo 28 da Convengao, independentemente de sua natureza
juridica, seja uma obrigagao geral, urn direito ou uma norma de interpretagao25.
22
A Comissao resolveu incluir em seu Relatorio No. 13/07 a suposta vioiagao a chamada "clausula
federal" ao considerar que o Estado deveria haver: a) tornado as medidas adequadas para evitar a morte de
Setimo Garibaldi; e b) proporcionado a familia do senhor Garibaldi uma investigagao efetiva dos fatos; o
julgamento e sangao dos responsaveis; e uma adequada indenizagao civil; "[ajo nao ter agtdo dessa maneira,
configurou-se o descumprimento do que dispoe o artigo 28 da Convengao". Cf. Relatorio de Admissibilidade e
Merito No. 13/07 de 27 de margo de 2007 (Expediente de anexos a demanda, Tomo II, Apendice 2, folha 740).
23
Cf. Escrito de contestagao da demanda (Expediente de merito, Tomo II, folha 698).
24
Conforme o artigo 32.c do Regulamento da Comissao vigente na data de apresentagao da petigao, as
denuncias apresentadas perante esse orgao deviam incluir: "a indicagao do Estado que o peticionario considera
responsavel, por agao ou por omissao, pela vioiagao de algum dos direitos humanos consagrados na Convengao
Americana sobre Direitos Humanos, no caso dos Estados partes da mesma, embora nao se faga uma referencia
especifica ao artigo supostamente violado". Regulamento da Comissao Interamericana de Direitos Humanos
aprovado no seu 49° Periodo de Sessoes, na 660a sessao, celebrada em 8 de abril de 1980, e modificado em
seu 64° Periodo de Sessoes, na 840a sessao, celebrada em 7 de margo de 1985; em seu 70° Pen'odo de
Sessoes, na 938a sessao, celebrada em 29 de junho de 1987; em seu 90° Periodo de Sessoes, na 1282a
sessao, celebrada em 21 de setembro de 1995; em seu 92° Periodo Extraordinario de Sessoes, na 1311a
sessao, celebrada em 3 de maio de 1996; em seu 96° Periodo Extraordinario de Sessoes, na 1354a sessao,
celebrada em 25 de abril de 1997; e em seu 97° Periodo de Sessoes, na 1366a sessao, celebrada em 15 de
outubro de 1997.
25
Cf. Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 26.
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41. Essa conclusao e refletida na jurisprudencia do Tribunal, o qual expressou

anteriormente que os termos amplos em que esta redigida a Convengao indicam que a
Corte exerce uma jurisdigao plena sobre todos os seus artigos e disposigoes26.
42. Com base no exposto, a Corte rejeita esta excegao preliminar.
D) Falta de esgotamento dos recursos internes
43. O Estado indicou que no momento da apresentagao da denuncia perante a

Comissao, em 23 de maio de 2003, a investigagao policial ainda estava em tramite.
Desde o homicidio de Setimo Garibaldi ate a data indicada, transcorreram
aproximadamente quatro anos e cinco meses, lapse razoavel para a tramitagao do
inquerito policial tendo em consideragao "a complexidade das investigagoes, que
inclu[iam], dentre outras, diligencias em distintas cidades". No inicio do procedimento
perante a Comissao, nao havia indicio algum de que os peticionarios estivessem
impossibilitados de esgotar os recursos internes. Ao contrario, se seu objetivo principal
era obter uma investigagao profunda e eficaz, era possivel sugerir diligencias
complementarias e instar o Ministerio Publico a atuar de outro modo, por meio de uma
simples petigao no ambito da averiguagao policial em tramite. Nao ha evidencia de que
os peticionarios tenham utilizado esse direito. Igualmente, argumentou que, por forga do
18 do Codigo de Processo Penal e os parametros estabelecidos na Sumula 524 do
Supremo Tribunal Federal, o arquivamento do inquerito policial nao produz coisa julgada
e as investigagoes policiais podem ser retomadas em qualquer momento em caso de ter
novas provas, de modo que o arquivamento do inquerito "nao implica a impossibilidade
de esclarecer as circunstancias do fato denunciado". Embora as supostas vitimas tenham
apresentado urn mandado de seguranga com o objeto de reabrir a investigagao, essa
agao foi considerada inadequada e denegada pelo juiz competente. Finalmente, "se [as
supostas vitimas] dispusessem de novas provas reiacionadas aos fatos, tinham a
faculdade de, motu proprio, peticionar; solicitar a reabertura do inquerito policial;
requerer diligencias e indicar irregularidades perante o Ministerio Publico, o que nao foi
feito". Por isso, o Estado conciuiu nao se esgotaram todos os recursos internes
dispom'veis.
44. A Comissao alegou que a excegao preliminar ora examinada tern por base a
insatisfagao do Estado com o que foi decidido oportunamente. Agregou que, em estrito
apego ao principio do contraditorio, recebeu os argumentos de ambas as partes, os quais
foram devidamente analisados e considerados a luz da Convengao, da jurisprudencia do
Sistema Interamericano, das evidencias coletadas e das caracten'sticas do caso
particular. O Estado nao alegou na sua contestagao da demanda que a decisao de
admissibilidade baseou-se em informagao erronea ou resultou de um processo em que as
partes nao atuaram com igualdade de armas ou em que houve violagao do direito a
defesa. Nesse sentido, nao existia fundamento para reexaminar o arrazoado pela
Comissao em materia de admissibilidade, o que e compativel com as disposigoes
importantes da Convengao. Acrescentou que "os fatos do caso que constituem violagoes
dos direitos as garantias judiciais e a ineficacia dos recursos internes, bem como a
razoabilidade do prazo nos processes internes no tocante a complexidade das
investigagoes sao precisamente elementos do [merito] da controversia".
Consequentemente, qualquer discussao sobre o retraso injustificado e a incongruencia
dos processes internes com as obrigagoes convencionais a cargo do Estado devera ser
considerada como parte do merito do caso. Pelo exposto, solicitou a Corte que rejeite a
excegao preliminar interposta pelo Estado por ser infundada.
45. Os representantes alegaram que, no momento da apresentagao da denuncia

perante a Comissao, o inquerito ja se prolongava por quatro anos apesar de que a
legislagao processuai penal interna preve que esse procedimento deve ser concluido em
26
Cf. Caso Velasquez Rodriguez, supra nota 19, par. 29; Caso Acevedo Buendia e outros ("Cessantes e
Aposentados da Controladoria") l/s. Peru. Excegao Preliminar, Merito, Reparagoes e Custas. Sentenc;a de 1° de
julho de 2009. Serie C No. 198, par. 16; e Caso dos 19 Comerciantes Vs. Colombia. Excegao Preliminar.
Sentenga de 12 de junho de 2002. Serie C No. 93, par. 27.
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trinta dias, podendo ser ampliado por igual period©. Apesar da necessidade de reaiizar
diligencias em diferentes cidades, transcorreram mais de quarenta meses de investigagao
policial sem avangos significativos, o que evidencia uma demora injustificada. Com
relagao ao arquivamento do inquerito policial, indicaram que os fortes indicios para a
determinagao da autoria que constavam no expediente foram tratados de maneira
negligente pelo Ministerio Publico. Em uma ultima tentative, interpuseram urn mandado
de seguranga contra a decisao que arquivou a investigagao, o qual foi denegado pelo
Tribunal de Justiga do Estado do Parana. Pelo exposto, solicitaram a Corte que nao
admita a excegao preliminar.
46. A Corte desenvolveu parametros para analisar a excegao de descumprimento da

regra de esgotamento dos recursos internos27. Quanto aos aspectos formais, no
entendimento de que essa excegao e uma defesa dispomvel para o Estado, deverao ser
verificadas as questoes propriamente processuais, tais como o momento processual em
que a excegao tenha sido oposta, os fatos a respeito dos quais se opos e se a parte
# interessada observou que a decisao de admissibilidade se baseou em informagoes
erroneas ou em alguma afetagao de seu direito de defesa. Em relagao aos pressupostos
materials, observar-se-a se foram interpostos e esgotados os recursos da jurisdigao
interna, conforme os principios do Direito Internacional geralmente reconhecidos: em
particular, se o Estado que apresentou essa excegao especificou os recursos internos que
ainda nao tenham sido esgotados, e sera precise demonstrar que esses recursos
encontravam-se disponiveis e eram adequados, idoneos e efetivos. Por tratar-se de uma
questao de admissibilidade de uma petigao perante o Sistema Interamericano, devem ser
verificados os pressupostos dessa regra segundo alegado, ainda que a analise dos
pressupostos formais prevalega sobre a de carater material e, em determinadas ocasioes,
os ultimos podem ter relagao com o merito do assunto28.
47. O Tribunal denota do expediente do caso perante a Comissao Interamericana que,

por nota de 5 de fevereiro de 2004, a Comissao solicitou pela primeira vez ao Estado
que, no prazo de dois meses, apresentasse informagao sobre a petigao, e indicou-lhe que
isso nao prejulgava sobre a decisao de admissibilidade, consoante os artigos 30.2 e 30.3
de seu Regulamento. Em 12 de outubro de 2004, os representantes informaram a
Comissao que, em 18 de maio de 2004, a juiza de direito da Comarca de Loanda
determinou o arquivamento do Inquerito Policial No. 179/98 procedido pela morte de
Setimo Garibaldi. Em razao da falta de resposta do Estado, por nota de 20 de dezembro
de 2004, a Comissao informou-lhe que havia aberto o caso e que adiaria a consideragao
sobre a admissibilidade da petigao ate o debate e a decisao sobre o merito, conforme
disposto no artigo 37.3 do Regulamento da Comissao. Os representantes apresentaram
em 6 de junho de 2005 suas observagoes adicionais de merito. Mediante nota de 5 de
agosto de 2005, em aplicagao do artigo 38.1 do seu Regulamento, a Comissao solicitou
ao Estado que no prazo de dois meses remetesse suas observagoes ao merito do caso.
Em 6 de junho de 2006, o Estado apresentou sua resposta a Comissao Interamericana e
alegou, entre outras consideragoes, a falta de esgotamento dos recursos internos.
48. A Corte nota que o Estado interpos esta excegao preliminar ante a Comissao dois
anos e quatro meses depois de haver sido, pela primeira vez, requerido a apresentar
informagao sobre a petigao. Outrossim, o Brasil o fez depois de uma comunicagao na que
a Comissao, nos termos do artigo 38.1 de seu Regulamento, solicitou-lhe que remetisse
observagoes sobre o merito. Nao obstante, a excegao preliminar de falta de esgotamento
27
Cf. Caso Velasquez Rodriguez, supra nota 19, par. 88; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 28; e
Caso Perozo e outros, supra nota 14, par. 42.
28
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<1
14
dos recursos internes foi interposta previamente ao pronunciamento sobre a

admissibilidade da denuncia por parte da Comissao Interamericana, o qual ocorreu no
Relatorio No. 13/07. Adicionalmente, a Corte observa que a Comissao nao considerou
que a excegao oposta pelo Estado fosse extemporanea. Peio anterior, a Corte conciui que
esta excegao foi apresentada oportunamente.
49. No presente caso, disputa-se o esgotamento dos recursos internos com relagao a
investigagao penal. Em termos gerais, os recursos penats tern por objeto determinar a
existencia de um fato punivei e, de ser o caso, a responsabilidade penal dos supostos
infratores29. No momento em que a Comissao emitiu seu Relatorio No. 13/07, em 27 de
margo de 2007, o inquerito policial pela morte de Setimo Garibaldi ja havia sido
arquivado a pedido do Ministerio Publico e por ordem judicial.
50. Dos argumentos das partes e da prova juntada aos autos, a Corte observa que as
alegagoes do Estado relatives a eficacia e a inexistencia de um retardo injustificado do
inquerito policial versam sobre questoes relacionadas ao merito do caso. Isso porque
controvertem as alegagoes concerneptes a suposta violagao dos artigos 8 e 25 de la
Convengao Americana. '.
51. Com base nas consideragoes precedentes, a Corte desestima esta excegao
preliminar.
IV
COMPETENCIA
52. A Corte Interamericana e competente, nos termos do artigo 62.3 da Convengao,

para conhecer o presente caso, em razao do Brasil ser Estado Parte da Convengao
Americana desde 25 de setembro de 1992 e ter reconhecido a competencia contenciosa
da Corte em 10 de dezembro de 1998.
V
PROVA
53. Com base no estabelecido nos artigos 44 e 45 do Regulamento, assim como em

sua jurisprudencia a respeito da prova e sua apreciagao30, a Corte examinara e valorara
os elementos probatorios documentais remetidos pelas partes em diversas oportunidades
processuais, bem como os testemunhos e os pareceres rendidos mediante declaragao
jurada perante agente dotado de fe publica (affidavit) e na audiencia publica perante a
Corte. Para isso, o Tribunal se atera aos principios da cntica sa, dentro do ambito
normative correspondente31.
54. Antes de realizar esse exame, a Corte anaiisara a alegada extemporaneidade

oposta pelo Estado a respeito da prova apresentada pelos representantes junto com o
escrito de petigoes e argumentos (supra pars. 26 e 30).
A. Prova apresentada pe/os representantes em seu escrito de petigoes e

argumentos
29
30
Cf. Caso da "Pare! Blanca" (Paniagua Morales e outros) Vs. Guatemala. Reparagoes e Custas. Sentenga
de 25 de maio de 2001. Serie C No. 76, par. 50; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 55; e Caso Reveron
Trujillo Vs. Venezuela. Excegao Preliminar, Merito, Reparagoes e Custas. Sentenga de 30 de junho de 2009.
Serie C No. 197, par. 26.
31
Cfr. Caso da "Panel Blanca" (Paniagua Morales e outros) Vs. Guatemala. Merito. Sentenga de 8 de
margo de 1998. Serie C No. 37, par. 76; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 55; e Caso Reveron Trujillo,
supra nota 30, par. 26.
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55. Em primeiro lugar, quanto a aiegagao do Estado sobre o descumprimento pbr;

parte dos representantes dos prazos estabelecidos nos artigos 26.1 e 36.1 do
Regulamento32, o Tribunal considera necessario esclarecer que o escrito original da
demanda e seus anexos foram recebidos por Justiga Global em 11 de fevereiro de 2008.
Essa e a data de notificagao da demanda a partir da qual se deve contar o prazo de dois
meses previsto no artigo 36 do Regulamento33. Dessa forma, ao apresentar seu escrito
de petigoes e argumentos em 11 de abril de 200834, via fac-simile e por correio
eletronico, os representantes o submeteram a Corte no ultimo dia do prazo estabelecido.
Referido escrito foi transmitido oportunamente e foi recebido pelo Estado em 17 de abril
de 200835. Em razao do anterior, a Corte conclui que os representantes cumpriram o
prazo estabelecido no artigo 36.1 do Regulamento.
56. A respeito do envio dos anexos, os representantes remeteram alguns desses

documentos junto com o escrito original de petigoes e argumentos, via correio postal, em
18 de abril de 200836. Diante da demora no recebimento desses documentos e do pedido
da Presidenta para que fossem remetidos com a maior brevidade37, os representantes
enviaram via courier uma nova copia do escrito de petigoes e argumentos e dois anexos,
os quais foram recebidos no Tribunal em 16 de maio de 200838. Em 20 de maio de 2008,
o Estado recebeu esses documentos e a notificagao mediante a qual, de oficio, a
Presidenta havia concedido a prorrogagao ate o dia 11 de julho de 2008 para que o Brasil
apresentasse seu escrito de contestagao da demanda39. Tambem em 20 de maio de
2008, a Corte recebeu a correspondencia enviada pelos representantes por correio
ordinario em 18 de abril de 2008, na qual constava o escrito original de petigoes e
argumentos e cinco dos onze anexos listados em seu texto. Desses anexos recebidos,
dois ja haviam sido apresentados pelos representantes atraves de seu escrito de 16 de
maio de 200840. Ademais, a Corte remeteu o escrito original dos representantes e seus
anexos ao Estado, os quais foram recebidos em 23 de maio de 2008. Da mesma forma, a
Corte reiterou ao Brasil a prorrogagao concedida pela Presidenta para apresentar seu
32
Os artigos 26.1 e 36.1 do Regulamento aplicavel ao presente caso estabeieciam:
Artigo 26. Apresentagao de petigoes.

1. A demanda, sua contestagao, o escrito de petigoes, argumentos e provas e as demais petigoes
dirigidas a Corte poderao ser apresentados pessoalmente, via courier, fac-simile, telex, correio ou
qualquer outro meio geralmente utilizado. Em caso de envio por meios eletronicos, os documentos
originals, assim como a prova que os acompanhe, deverao ser remitidos no mais tardar, em um prazo
de sete dias.
Artigo 36. Escrito de petigoes, argumentos e provas.

1. Notificada a demanda a suposta vitima, seus familiares ou seus representantes devidamente
acreditados, estes disporao de um prazo improrrogavel de dois meses para apresentar
autonomamente a Corte suas petigoes, argumentos e provas.
33
Cf. Nota da Secretaria CDH-12.478/033 de 9 de junho de 2008 (Expediente de merito, Tomo I, folha
657).
34
Cf Nota da Secretaria CDH-12.478/019 de 17 de abril de 2008 (Expediente de merito. Tomo I, folha
467).
35
Cf. Nota da Secretaria CDH-12.478/021 de 17 de abril de 2008 (Expediente de merito, Tomo I, folha
470).
36
Cf. Comunicagao dos representantes JG/RJ n,° 075/08 de 5 de maio de 2008 (Expediente de merito,
Tomo I, folhas 480 e 481).
37
Cf. Nota da Secretaria CDH-12.478/023 de 6 de maio de 2008 (Expediente de merito, Tomo I, folha
482).
38
Cf. Comunicagao dos representantes JG/RJ n.° 064/08 de 11 de abril de 2008, recebida na Corte em
16 de maio de 2008, e nota da Secretaria CDH-12.478/026 de 20 de maio de 2008 (Expediente de merito,
Tomo I, folhas 489 e 554),
39
567).
40
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escrito de contestagao da demanda41. Ate o momento, nao foram recebidos no Tribunal

os demais anexos listados no escrito de petigoes e argumentos. ^
57. A Corte adverte que, sem prejuizo do prazo de dois meses estabelecido no artigo
36 do Regulamento para que os representantes apresentem suas petigoes, argumentos e
provas, o artigo 26 do mesmo ordenamento preve que em caso de que seu envio ocorra
por um meio eletronico, o escrito original e a prova que o acompanhe "deverao ser
remetidos", no mais tardar, em um prazo de sete dias42. Sendo assim, resulta possivel
interpretar, como fizeram os representantes, que o mencionado prazo de sete dias se
refere ao ato de envio desses documentos pelas partes, e nao a seu recebimento pelo
Tribunal43. Alem disso, a Corte considera que o escrito original de petigoes e argumentos
e os anexos ao mesmo foram apresentados pelos representantes em observancia dos
prazos indicados nos artigos 26.1 e 36.1 do Regulamento.
58. Igualmente, a Corte observa que, conforme o artigo 38 do Regulamento44, o

Estado contava com um prazo inicial ate 11 de junho de 2008 para apresentar sua
contestagao da demanda e as observagoes ao escrito de petigoes e argumentos. A
contagem do prazo de quatro meses do artigo 38 do Regulamento iniciava a partir da
notificagao da demanda, independentemente da recepgao dos anexos a esta ou do
escrito de petigoes e argumentos45. Ante o atraso no recebimento dos anexos a esse
ultimo escrito, a Presidenta, de oficio, concedeu ao Estado uma prorrogagao ate 11 de
julho de 2008, ou seja, de 30 dias adicionais, para apresentar sua defesa. Por outro lado,
o transcurso entre a data regulamentar em que os representantes deveram enviar seu
escrito original de petigoes e argumentos e os anexos a este, em 18 de abril de 2008, e a
data em que os mesmos foram recebidos pelo;Estado, em 23 de maio de 2008, resultou
em um atraso de 35 dias no tramite do presente casp. Nesse sentido, o prazo adicional
outorgado ao Brasil para apresentar sua contestagao da demanda ate 11 de julho de
2008, resultou de 30 dias, ou seja, foi substancialmente similar ao tempo transcorrido
entre o vencimento do prazo determinado no referido artigo 26.1 e a data na qual o
escrito original e seus anexos foram recebidos pelo Estado.
41
Cf. Nota da Secretaria CDH-12.478/031 de 23 de maio de 2008 (Expediente de merito, Tomo I, folhas
642 a 644).
42
Essa expressao corresponde, nas versoes em espanhot, frances e ingles do Regulamento, a "deberan
ser remitidos", a "doivent etre presentes" e a "shall be submitted", respectivamente.
43
Com a finalidade de evitar eventuais interpretagoes ambiguas desse prazo, o Regulamento da Corte
vigente a partir de 24 de margo de 2009 dispoe:
Artigo 27. Apresentagao de escritos

1. A demanda, sua contestagao, o escrito de petigoes, argumentos e provas e as demais petigoes
dirigidas a Corte poderao ser apresentadas pessoalmente, via courier, fac-simile, telex, correio ou
qualquer outro meio geralmente utilizado. Em caso de apresentagao dos escritos por meios
eletronicos, os originais e a totalidade de seus anexos deverao ser recebidos no Tribunal dentro do
prazo maximo improrrogavel de 21 dias, contados a partir do dia em que venceu o prazo para o envio
do escrito. Para garantir a autenticidade dos documentos, a Corte contara com um protocolo
adequado.
44
O artigo 38 do Regulamento aplicavel ao presente caso estabelecia:
Artigo 38. Contestagao da demanda

O demandado contestara por escrito a demanda dentro do prazo improrrogavel dos quatro meses
seguintes a notificagao da mesma e a contestagao tera os mesmos requisites indicados no artigo 33
deste Regulamento. Esta contestagao sera comunicada pelo Secretario as pessoas mencionadas no
artigo 35.1 do mesmo. Dentro deste mesmo prazo improrrogavel o demandado devera apresentar
suas observagoes ao escrito de petigoes, argumentos e provas. Estas observagoes podem ser
formuladas no mesmo escrito de contestagao da demanda ou em outro separado.
45
O Regulamento da Corte vigente a partir de 24 de margo de 2009 determina:
Artigo 39.1 Contestagao a demanda

O demandado contestara por escrito, conjuntamente, a demanda e o escrito de petigoes, argumentos
e provas, dentro do prazo improrrogavel de 2 meses contado a partir do recebimento desse ultimo
escrito e de seus anexos.
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59. Finalmente, em que pese a afirmagao do Estado de que a suposta inobservanda
dos prazos regulamentares provocou um prejuizo para sua defesa (supra par. 26),
Brasil nao indicou quais foram esses prejuizos nem como o recebimento tardio dos
anexos ao escrito dos representantes pode afetar negativamente a elaboragao de sua
defesa, sobretudo quando Ihe foi concedida uma prorrogagao de um mes para apresentar
sua contestagao da demanda. A Corte ressalta que as alegagoes e razoamentos dos
representantes estao desenvolvidos em seu escrito de petigoes e argumentos, o qual foi
recebido no prazo regulamentar, e nao nos anexos que foram recebidos com demora.
Dessa forma, ao receber a copia do escrito de escrito de petigoes e argumentos em 17 de
abril de 2008, e dado a concessao do prazo adicional de oficio pela Presidenta, o Estado
contou com 30 dias alem do prazo estabelecido no Regulamento. Isso possibilitou a
preparagao antecipada de seus argumentos de defesa ate receber os anexos em 23 de
maio de 2008, data a partir da qual contou com um prazo de 49 dias para apresentar sua
contestagao da demanda e observagoes ao escrito de petigoes e argumentos. Ademais,
deve-se ressaltar que o marco fatico do caso foi estabelecido na demanda da Comissao,
a qual foi notificada ao Estado em 11 de fevereiro de 2008, e que, por sua parte, os
representantes nao podiam incluir outros acontecimentos nem alterar aquele marco
fatico. Por todo o exposto, a Corte nao constata os alegados prejuizos a defesa do
Estado, ao principio do contraditorio ou um desequilibrio entre as partes, razao pela qual
admite o escrito de petigoes e argumentos, as provas que o acompanham e tern por nao
apresentado o restante dos anexos indicados, os quais nao foram juntados pelos
representantes (supra par. 56).
B. Prova documental, testemunhal e pericial
60. O Tribunal recebeu as declaragoes oferecidas pelas testemunhas e peritos que se

indicam na presente segao, sobre os temas que se mencionam a continuagao. O
conteudo dessas declaragoes se inclui no capitulo correspondente:
1) Vanderlei Garibaldi. Filho de Setimo Garibaldi, suposta vitima, proposto pela

Comissao Interamericana. Declarou, entre outros aspectos, sobre a alegada falta
de justiga no presente caso e seus efeitos sobre os familiares do senhor Garibaldi.
2) Giovani Braun46. Diretor do Departamento de Agricultura da Prefeitura de

Querencia do Norte, testemunha proposta pelos representantes. Declarou, entre
outros aspectos, sobre os esforgos da familia Garibaldi para obter a titulagao das
terras em que reside e o acompanhamento das investigagoes relacionadas a
morte do senhor Garibaldi.
3) Rolf Hackbart. Presidente do Institute Nacionai de Colonizagao e Reforma

Agraria, testemunha proposta pelo Estado. Declarou, entre outros aspectos, sobre
a politica de reforma agraria no Brasil e as relagoes do Estado federal com os
movimentos sociais de trabalhadores sem terra.
4) Sadi Pansera. Advogado assessor da Ouvidoria Agraria Nacionai do Ministerio

do Desenvolvimento Agrario, testemunha proposta pelo Estado. Declarou, entre
46
Em 16 de setembro de 2008, os representantes apresentaram seu escrito com a lista definitiva das
testemunhas e perito e solicitaram a substituigao das testemunhas Atilio Martins Mieiro, Carlos Valter da Silva e
Nelson Rodrigues dos Santos, oferecidos no escrito de petigoes e argumentos, por Silvio de Jesus Coelho.
Posteriormente, mediante comunicagao de 2 de outubro de 2008, os representantes solicitaram a substituigao
deste por Giovani Braun. Em 8 de outubro de 2008, o Tribunal informou ao Estado e a Comissao que contavam
com um prazo ate 14 de outubro de 2008 para apresentar suas observagoes ao ultimo pedido dos
representantes. A Comissao manifestou, mediante comunicagao de 9 de outubro de 2008, que nao tinha
observagoes acerca do referido pedido, ao passo que o Estado nao se apresentou objegoes a respeito. Mediante
resolugao de 20 de novembro de 2008, a Presidenta requereu a declaragao jurada perante agente dotado de fe
publica de Giovani Braun. Cf. Caso Setimo Garibaldi Vs. Brasil. Convocatoria da Audiincia Publica, supra nota 3,
Ponto Resolutive primeiro, Adicionalmente, por comunicagao de 19 de margo de 2009, os representantes
solicitaram ao Tribunal que a testemunha Giovani Braun, que ja havia apresentado sua declaragao jurada
perante notario publico, tambem apresentasse sua declaragao na audiencia publica. Conforme a nota da
Secretaria CDH-12.478/075 de 25 de margo de 2009, esse pedido nao foi deferido pela Corte (Expediente de
merito, Tomo II, folha 1077).
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outros aspectos, sobre a politica do Estado de combate a violencia no campo. \.
5) Sergio Sauer. Formado em Filosofia e Teologia, Doutor em Sociologia, perito

proposto pelos representantes. Elaborou pericia, entre outros aspectos, sobre a
situagao dos trabaihadores rurais relativamente ao direito a terra e a alegada
situagao continua de vulnerabilidade diante da violencia, das ameagas a vida e a
integridade fisica, e sobre a suposta ineficacia das politicas publicas de combate a
violencia.
61. Com relagao a prova obtida em audiencia pubiica, a Corte escutou as declaragoes
das seguintes pessoas47:
1) Iracema Garibaldi. Suposta vitima, proposta pela Comissao Interamericana.

Declarou, entre outros aspectos, sobre a investigagao realizada no presente caso,
os alegados obstaculos e impunidade resultante, assim como as consequencias
pessoais para eia e os filhos do senhor Garibaldi.
2) Fabio Andre Guaragni. Testemunha proposta pelo Estado. Declarou, entre

outros aspectos, sobre a regularidade do Inquerito Policial No. 179/98 referente
ao homicidio do senhor Garibaldi.
3) Salo de Carvalho. Perito proposto pela Comissao Interamericana. Elaborou

pericia sobre os aspectos tecnicos do inquerito policial pela morte do senhor
Garibaldi e a suposta impunidade relativa a procedimentos judiciais relacionados
ao assassinate de trabaihadores rurais no Brasil no contexto do confiito agrario.
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C. Valoragao da prova ;
62. No presente caso, como em outros, o Tribunal admite o valor probatorio desses
documentos remetidos pelas partes na devida oportunidade processual, que nao foram
controvertidos nem contestados, nem cuja autenticidade tenha sido colocada em
duvida48.
63. O Tribunal admite os documentos apresentados pelo Estado e pelo perito proposto
pela Comissao no transcurso da audiencia pubiica, porque os considera uteis para esta
causa e, ademais, por que nao foram objetados nem sua autenticidade ou veracidade
colocada em duvida.
64. Com relagao aos depoimentos e laudos prestados peias testemunhas e peritos na
audiencia pubiica e mediante declaragoes juramentadas, a Corte os estima pertinentes
quanto ao que se ajusta ao objeto que foi definido pela Presidenta do Tribunal na
Resolugao na qual ordenou recebe-los, tomando em consideragao as observagoes
apresentadas pelas partes49.
65. A esse respeito, a Comissao indicou que nao tinha observagoes as declaragoes
juradas remetidas pelas partes.
66. Os representantes reaiizaram observagoes a respeito do conteudo dos

testemunhos de Sadi Pansera e Rolf Flackbart50.
47
A perita proposta pelo Estado, Ministra Maria There2a Rocha de Assis Moura, nao compareceu
justificadamente a audiencia pubiica.
43
Cf. Caso Velasquez Rodriguez l/s. Honduras. Merito. Sentenga de 29 de julho de 1988. Serie C No. 4,
par. 140; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 67; e Caso Reveron Trujillo, supra nota 30, par. 29.
49
Cf. Caso Loayza Tamayo Ks. Peru. Merito. Sentenga de 17 de setembro de 1997. Serie C No. 33, par.
43; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 68; e Caso Reveron Trujillo, supra nota 30, par. 30.
50 Quanto ao merito, entre outras consideragoes, os representantes indicaram que a testemunha Rolf
Hackbart realizou "apenas a exposigao de linhas gerais sobre a politica de reforma agraria e os orgaos
responsaveis pela sua execugao[, sem apresentar] dados efetivos sobre os resultados desta politica". A esse
19
67. O Estado realizou observances com relagao ao conteudo dos testemunhos de

Vandertei Garibaldi51 e Giovani Braun52 e da perfcia de Sergio Sauer53.
68. No tocante as observances formuladas pelas partes, em primeiro lugar, o Tribunal

considera, fundado no criterio reiterado em sua jurisprudencia, que os testemunhos das
supostas vitimas, o senhor Vanderlei Garibaldi e a senhora Iracema Garibaldi, nao podem
ser valorados isoladamente, dado que essas pessoas tern urn interesse direto neste caso,
razao pela qua! serao considerados dentro do conjunto das provas do processo54.
69. Adicionalmente, a respeito das observances relativas ao conteudo das

declaragoes, a Corte considerara o alegado pelas partes e as valorara apenas no que se
ajustem ao objeto ordenado na Resolunao da Presidenta e em conjunto com os demais
elementos do acervo probatorio.
70. No que tange aos documentos de imprensa apresentados pelas partes, este
Tribunal considerou que poderao ser levado em conta quando abordem fatos publicos e
notorios ou declaragoes de funcionarios do Estado, ou quando corroborem aspectos
relacionados com o caso55.
respeito, os representantes contrapuseram as afirmagoes da testemunha com os dados indicados na pericia de

Sergio Sauer. Alem disso, assinalaram que a afirmagao de que os familiares de Setimo Garibaldi se
beneficiaram de um programa de reforma agraria nao e certa e a viuva, Iracema Garibaldi, continuava vivendo
em situagao irregular com dois de seus filhos ate o ano de 2007. Sobre o testemunho de Sadi Pansera,
refutaram os dados por ele apresentados acerca da violencia contra trabalhadores sem terra e contrapuseram
os numeros expostos por essa testemunha com 'os da publicagao "Conflitos no Campo - Brasil 2007" da
Comissao Pastoral da Terra. De outra feita, os representantes indicaram que havia "nulidade absoluta" em
ambos testemunhos em virtude da forma como foram prestados, pois nao foram autenticados por um notario
nem foram assinados pelas testemunhas, de modo que nao deveriam ser considerados pela Corte. Cf. Escrito
dos representantes de 16 de margo de 2009 (Expediente de merito, Tomo III, folhas 1104 a 1106), No tocante
a esse ultimo argumento, em 19 de fevereiro de 2009 transmitiu-se aos representantes e a Comissao
Interamericana as copias dos testemunhos recebidas pelo Tribunal em 10 de fevereiro de 2009, Tambem em 19
de fevereiro de 2009, foram recebidos na Corte os dois testemunhos originals, devidamente assinados e
autenticados por notario publico, e identicos aos transmitidos no concernente ao seu conteudo.
51
Entre outras consideragoes, o Estado alegou que ”a testemunha se limit[ou] a relatar os fatos que
deram causa a morte do trabalhador sem terra Setimo Garibaldi e afirmar que tomou conhecimento do
arquivamento do Inquerito policial por uma advogada" sem fazer mengao a existencia de eventuais medidas
adotadas pela familia para procurar sangao ou reparagao, pelo que nao abordou os pontos para os quais o
testemunho foi proposto. Cf. Escrito do Estado de 11 de margo de 2009 (Expediente de merito, Tomo III, folha
1084).
52
Entre outras consideragoes, o Estado alegou que essa pessoa extrapolou o objeto de seu testemunho
em varies aspectos e fez consideragoes que nao correspondem a realidade da situagao atual dos familiares de
Setimo Garibaldi, Indicou que os seguintes pontos nao devem ser considerados por se excederem dos fatos do
caso: a) declaragoes sobre conflitos de terra ocorridos no Parana estranhos ao caso; b) consideragoes sobre a
conduta do Poder Judiciario e sua atuagao ante os "grupos paramilitares na regiao"; e c) comentarios sobre o
suposto assassinate de um trabalhador que nao esta relacionado com o caso. Ademais, contrapos as
informagoes apresentadas por essa testemunha, relacionadas com o assentamento da familia de Setimo
Garibaldi, com o afirmado por Rolf Hackbart, testemunha proposta pelo Brasil e que expbe os beneficios
supostamente concedidos pelo Estado aos familiares de Setimo Garibaldi. Cf. Escrito do Estado de 11 de margo
de 2009, supra nota 51, folhas 1084 e 1085.
53
O Estado rejeitou os comentarios feitos pelo perito sobre a situagao dos trabalhadores rurais e a
suposta tentative de criminalizar os movimentos sociais no Brasil, Durante o procedimento perante a Comissao
apresentou varios "programas e agoes desenvolvidos para a realizagao da reforma agraria e combate a
violencia no campo". Acrescentou que ”o Estado brasileiro nao nega que existam problemas ainda por resolver,
[nao obstante] a reforma agraria encontra-se em curso e os episodios de violencia, se bem combatidos pelo
Estado, por vezes ocorrem". No entanto, nao e possivel aceitar que essas situagoes sejam generalizadas de
forma tal que sejam consideradas o unico que ocorre no pais, em prejuizo das politicas e instituigoes que se
encontram trabalhando com vistas a democratizar o direito de acesso a terra e a proteger os direitos dos
trabalhadores rurais. Cf. Escrito do Estado de 11 de margo de 2009, supra nota 51, folhas 1085 e 1086.
54
Cf. Caso Loayza Tamayo, supra nota 49, par. 43; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 72; e Caso
Reveron Trujillo, supra nota 30, par. 45.
55
Caso Reveron Trujillo, supra nota 30, par. 47.
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20
VI
ARTIGOS 8.1 (GARANTIAS JUDICIAIS)56 e 25.1 (PROTECAO JUDICIAL)57 DA
CONVENCAO AMERICANA, COM RELA£AO AO ARTIGO 1.1 (OBRIGAÂO DE
RESPEITAR OS DIREITOS)58 DA MESMA
71. Conforme estabelecido no Capitulo III desta Sentenga, a Corte analisara os fatos
relacionados com a investigagao do homicidio de Setimo Garibaldi ocorridos com
posterioridade a 10 de dezembro de 1998, data em que o Estado reconheceu a jurisdigao
obrigatoria do Tribunal. Em consequencia, examinara se as supostas falhas e omissoes
nesse procedimento constituiram violagdes dos artigos 8 e 25 da Convengao, com relagao
ao artigo 1.1 do mesmo tratado. Para isso, o Tribunal: A) determinara os fatos que se
encontram provados; B) expora as aiegagoes das partes; e C) fara as consideragoes de
direito pertinentes sobre: i) as supostas falhas e omissoes na investigagao e ii) se esse
procedimento tramitou em urn prazo razoavel.
A) Fatos
A.i) Antecedentes
72. Para a analise da suposta vulneragao dos direitos cons.agrados nos artigos 8.1 e
25.1 da Convengao Americana, como fez em casos anteriores59, este Tribunal expora os
fatos referentes ao homicidio de Setimo Garibaldi e alguns atos dos funcionarios do
Estado sucedidos antes do reconhecimento da competencia contenciosa da Corte,
unicamente para considera-los como antecedentes do caso, pelo que nao determinara
nenhuma consequencia jundica com base nejes.
73. Em 27 de novembro de 1998, Setimo Garibaldi foi privado de sua vida durante
uma operagao de desocupagao. extrajudicial na Fazenda Sao Francisco (doravante "a
Fazenda"), na cidade de Querencia do Norte, Estado do Parana. Na epoca dos fatos, a
Fazenda estava ocupada por cerca de cinquenta familias vinculadas ao MST. Naquele dia,
aproximadamente as cinco horas da manha, um grupo com cerca de vinte homens,
encapuzados e armados, chegou a Fazenda e, efetuando disparos ao ar, ordenaram aos
trabalhadores deixar suas barracas, dirigir-se ao centro do acampamento e permanecer
deitados no chao. Quando o senhor Garibaldi saiu de sua barraca, foi ferido na coxa
esquerda por um projetil de arma de fogo calibre 12, disparado por um individuo
encapuzado. O trabalhador nao resistiu a ferida e faleceu em decorrencia de uma
hemorragia. 0 grupo armado se retirou sem consumara desocupagao60.
56
0 artigo 8.1 da Convengao estabelece:
Toda pessoa tern direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoavel, por um
juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuragao de
qualquer acusagao penal formulada contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigagoes de
57
0 artigo 25.1 da Convengao indica:
Toda pessoa tern direito a um recurso simples e rapido ou a qualquer outro recurso efetivo, perante os
juizes ou tribunals competentes, que a proteja contra atos que violem seus direitos fundamentals
reconhecidos pela constituigao, pela lei ou pela presente Convengao, mesmo quando tal violagao seja
cometida por pessoas que estejam atuando no exercicio de suas fungoes oficiais.
58
Os Estados Partes nesta Convengao comprometem-se a respeitar os direitos e liberdades neia
reconhecidos e a garantir seu livre e pleno exercicio a toda pessoa que esteja sujeita a sua jurisdigao, sem
discriminagao alguma por motivo de raga, cor, sexo, idioma, religiao, opinioes politicas ou de qualquer
outra natureza, origem nacional ou social, posigao economica, nascimento ou qualquer outra condigao
social.
59
Cf Caso Almonacid Arellano e outros l/s. Chile. Excegoes Preliminares, Merito, Reparagoes e Custas.
Sentenga de 26 de setembro de 2006. Serie C No. 154, par. 82; Caso Nogueira de Carvalho e outro, supra nota
13, par. 67; e Caso Garda Prieto e outros Vs. El Salvador. Excegoes Preliminares, Merito, Reparagoes e Custas.
Sentenga de 20 de novembro de 2007. Serie C No. 168, par. 76.
U BDAftir,
;
21
V.
74. Na manha desse mesmo dia, os policiais militares Ademar Bento Mariano e Fabicr
de Oliveira, acompanhados do escrivao Cezar fMapoleao Casimir Ribeiro (doravante
"escrivao Ribeiro")/ compareceram ao lugar do crime. Posteriomente, efetuaram
diligencias a fim de localizar Ailton Lobato, administrador da Fazenda, o qua! haveria sido
reconhecido por testemunhas entre os membros do grupo armado. Quando foi
encontrado na fazenda Monday (tambem identificada nos autos como "Mundai" ou
"Mondai"), o senhor Lobato levava consigo um revolver calibre 38 e, como nao tinha
registro de arma nem licenga para porta-la, foi detido em flagrante por posse ilegal de
arma e levado a Delegacia de Policia Civil de Querencia do Norte (doravante denominada
"a Delegacia"). Antes de sair da fazenda Monday, o escrivao Ribeiro disparou com a arma
apreendida (infra par. 80)61.
75. Nessa mesma data, foi iniciada perante a Delegacia o Inquerito Policial No.
179/98 (doravante denominado tambem "Inquerito Policial" ou "Inquerito") sobre os
fatos do presente caso. Esse procedimento tinha como objetivo averiguar o homicidio de
Setimo Garibaldi e os crimes de posse ilegal de arma e de formagao de quadrilha ou
bando62.
76. No marco do Inquerito, antes de 10 de dezembro de 1998, foram tomadas as

declaragoes de Ademar Bento Mariano e Fabio de Oliveira, policiais que efetuaram a
prisao de Ailton Lobato. Da mesma maneira, foram recebidos os testemunhos de "Atilio
Martins Mieiro, Carlos Valter da Silva e Nelson Rodrigues dos Santos, todos trabalhadores
rurais que estavam no local [do crime]", os quais afirmaram que haviam identificado "o
fazendeiro Morival Favore[t]o e o administrador Ailton Lobato como integrantes do
grupo, pelo fato de terem desvelado seus rostos por alguns instantes durante o
incidente"63. Outras pessoas convocadas a prestar declaragoes afirmaram que "os
elementos chegaram ao local [do crime] com dois caminhoes e uma camionete, [o]s
quais eram pertencentes aos proprietarios da Fazenda"64. 0 Delegado de Policia ordenou
a realizagao de outras diligencias e solicitou a prisao temporaria de Morival Favoreto65.
Em 9 de dezembro de 1998, a Promotora de Justiga Nayani Kelly Garcia (doravante
"promotora Garcia") emitiu parecer a favor do pedido de prisao temporaria e ordenou
que fossem realizadas outras diligencias66.
60
Cf. Contestagao da demanda, supra nota 23, folhas 667 e 668; parecer do Ministerio Publico de 12 de
maio de 2004 (Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folhas 2130 a 2132); e
pedido de desarquivamento do Inquerito Policial No. 179/98 apresentado pelo Ministerio Publico em 20 de abril
de 2009 (Expediente de documentos apresentados na audiencia publica, Tomo Unico, folhas 2582 e 2585).
61
Cf. Escrito de alegagoes finals do Estado (Expediente de merito, Tomo III, folha 1371); parecer do
Ministerio Publico de 12 de maio de 2004, supra nota 60, folhas 2130 a 2132; pedido de desarquivamento do
Inquerito apresentado pelo Ministerio Publico em 20 de abril de 2009, supra nota 60, folha 2581; pedido de
reconsideragao interposto por Ailton Lobato em 16 de dezembro de 1998 (Expediente de anexos a contestagao
da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folhas 2187 a 2190); e perfcia escrita apresentada por Salo de Carvalho
(Expediente de documentos apresentados na audiencia publica, Tomo Unico, folha 2532).
62
Cf. Parecer do Ministerio Publico de 12 de maio de 2004, supra nota 60, folha 2130, e pedido de
desarquivamento do Inquerito apresentado pelo Ministerio Publico em 20 de abril de 2009, supra nota 60,
folhas 2581 e 2582. Alem disso, o Codigo Penal vigente a epoca dos fatos tipificava o crime de formagao de
quadrilha nos seguintes termos: ”[a]ssociarem-se mais de tres pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de
cometer crimes. Pena: reclusao, de um a tres anos. Paragrafo unico - A pena se aplica em dobro se a quadrilha
ou bando e armado" (Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 12, folha 2509).
63
Contestagao da demanda, supra nota 23, folha 668. Cf. Testemunho de Fabio Guaragni na audiencia
publica perante a Corte Interamericana em 29 de abril de 2009; parecer do Ministerio Publico de 12 de maio de
2004, supra nota 60, folha 2130; e escrito de alegagoes finals do Estado, supra nota 61, folha 1371.
64
Parecer do Ministerio Publico de 12 de maio de 2004, supra nota 60, folha 2130.
65
Cf. Escrito de alegagoes finals do Estado, supra nota 61, folha 1371; parecer do Ministerio Publico de
12 de maio de 2004, supra nota 60, folha 2131; e testemunho de Fabio Guaragni na audiencia publica, supra
nota 63.
66
Entre outras diligencias a promotora Garcia ordenou que se realizassem: a) o reconhecimento dos
veiculos F1000 preto e D-20 cinza mencionados pelas testemunhas; b) a comparagao baiistica entre os estojos
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22
A.ii) Fatos posteriores ao reconhecimento da juhsdigao obrigatoria da Corte
77. Em 14 de dezembro de 1998, a jui'za titular da Vara de Loanda, Elisabeth Khater

(doravante denominada "juiza Khater"), decidiu nao decretar o pedido de prisao
temporaria de Morival Favoreto, pois "as testemunhas [eram] divergentes, por ora";
determinou o cumprimento de diligencias ordenadas pelo Ministerio Publico em 9 de
dezembro de 1998 e afirmou que depois se manifestaria sobre o referido pedido de
prisao temporaria67.
78. Em 15 de dezembro de 1998, Morival Favoreto solicitou a Vara de Loanda que

desconsiderasse o pedido de prisao temporaria contra si (supra par. 76); requereu
prestar declaragao na Deiegacia de Policia de Sertanopolis (doravante denominada
"Delegacia de Sertanopolis"); e apresentou, entre outros documentos, o registro do
caminhao branco de placa AEW 7629, no nome da empresa Favoretto Colheitas Agricolas
S/C Ltda. ME (doravante denominada "Favoretto Colheitas"), o qual haveria sido usado
na desocupagao, segundo algumas testemunhas (supra par. 76 e infra pars. 80 e 82); o
contrato social dessa ultima, cujos socios eram Morival Favoreto, Maurilio Favoreto e
Darci Favoreto; e as escrituras publicas das fazendas Sao Francisco e Monday, tambem
de propriedade dessas tres pessoas. Na mesma data, a juiza Khater determinou
interrogar Morival Favoreto na Delegacia de Sertanopolis no prazo de 10 dias68.
79. Em 17 de dezembro de 1998, conforme a determinagao judicial, o Delegado de

Policia Arildo Fulgencio de Almeida (doravante "delegado Almeida") determinou que se
cumprissem as diligencias determinadas pelo Ministerio Publico em 9 de dezembro de
1998 e expediu oficio a Delegacia de Sertanopolis para tomar as declaragoes de Morival
Favoreto69.
80. Em 5 de janeiro de 1999, em resposta ao brdenado pela juiza Khater70, o escrivao

Ribeiro apresentou um relatorio, com data de'17 de dezembro de 1998, no qual indicou,
inter ailia, que: i) no dia do fato "por volta das 06:30 [horas] cheg[ou] ao local do crime
juntamente com os policiais militares". Nessa ocasiao, nenhuma testemunha mencionou
um revolver ou a participagao de Morival Favoreto e Ailton Lobato na operagao, sendo
relatado apenas que o grupo utilizou um caminhao branco de marca Volkswagen; ii) em
seguida, esses policiais seguiram para a fazenda Monday e localizaram a Ailton Lobato,
com quern foi encontrado um revolver; iii) o senhor Lobato nao ofereceu resistencia ou
obstrugao as diligencias policiais, "inclusive mostrando a fazenda e a casa que foi [...]
revistada [pelos policiais]", sem que fosse encontrada nenhuma outra arma de fogo; iv)
o referido caminhao, segundo informou Ailton Lobato, havia sido levado a cidade de
Sertanopolis; v) realizou um disparo com a arma apreendida porque considerou
necessario "quando [estava] na frente do comboio, juntamente com policiais militares
que conduziam os tratoristas na retirada dos tratores da Fazenda [Monday] para evitar
de cartuchos deflagrados encontrados no lugar do crime e a arma apreendida de Ailton Lobato; c) a juntada aos
autos do contrato social da empresa Favoretto Colheitas Agrt'colas S/C Ltda. ME e da escritura publica da
Fazenda; d) o recebimento dos testemunhos de outras pessoas que presenciaram os fatos, assim como dos
empregados de Morival Favoreto e de possiveis suspeitos; e e) uma investigagao sobre se ocorreram fatos
similares na regiao. Cf. Escrito de alegagoes finals do Estado, supra nota 61, folha 1371; ordem do Ministerio
Publico anexa ao oficio emitido pelo Delegado de Policia Arildo Fulgencio de Almeida a Delegacia de Policia de
Sertanopolis em 28 de fevereiro de 2000 (Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico,
Anexo 4, folhas 2030 e 2031).
67
Cf. Decisao da juiza Khater de 14 de dezembro de 1998 (Expediente de anexos a contestagao da
demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folha 1893).
68
Cf. Pedido de desconsideragao do pedido de prisao temporaria de Morival Favoreto de 15 de dezembro
de 1998 e primeiro despacho da juiza Khater de 15 de dezembro de 1998 (Expediente de anexos a contestagao
da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folhas 1895 a 1955).
69
Cf. Ordem e oficio do Delegado Almeida de 17 de dezembro de 1998 (Expediente de anexos a
contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folhas 1957, 1958 e 1962).
70
Cf. Segundo despacho da juiza Khater de 15 de dezembro de 1998 (Expediente de anexos a
contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folha 1894).
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23
quaiquer tipo de represalia por parte do MST, ja que um veiculo havia parado na frente;
e temendo ser algum bloqueio por parte daquele movimento, fora acordado que [ele]
fosse na frente, conduzindo a famflia de Ailton Lobato, e que [se] estivesse bem, fosse
dado um disparo [...] como advertencia de que o comboio deveria seguir"; e vi) que as
decfaragoes das testemunhas na Delegacia na tarde de 27 de novembro de 1998
divergiam do que estas teriam relatado informalmente na manha no lugar do crime71.
81. Em 20 de Janeiro de 1999, em razao do vencimento do prazo legal para concluir o

Inquerito, o delegado Almeida solicitou a Vara de Loanda uma prorrogagao do prazo para
finalizar este procedimento. Em 17 de fevereiro de 1999, a promotora Garcia se
manifestou favoravelmente a prorrogagao requerida e reiterou seu pedido de prisao
temporaria contra Morival Favoreto72.
82. Em 9 de margo 1999, Morival Favoreto prestou sua primeira declaragao, negando
as acusagoes contra si e afirmando que: i) era um dos proprietaries da Fazenda; ii) em
25 de novembro de 1998 se dirigiu a cidade de Sao Bernardo do Campo, Sao Paulo, a fim
de acompanhar seu irmao Darci Favoreto a uma consulta medica com o Dr. Flair Carriiho,
e se hospedou na residencia de seu primo "Eduardo"; iii) tivera uma caminhonete F1000
preta, mas a vendeu antes dos fatos; iv) a empresa Favoretto Colheitas tern um
caminhao Volkswagen 7100, mas "o referido veiculo nao esteve [na] regiao"; v) "embora
ameagado, nao anda armado"; vi) nao sabe quern foi o autor do disparo que causou a
morte do senhor Garibaldi. O declarante ainda apresentou um recibo em seu nome
referente a uma consulta medica de Darci Favoreto, com data de 25 de novembro de
1998, assinado pelo medico Flair Carriiho73.
83. Em 15 de margo de 1999, a juiza Khater enyiou os autos ao Ministerio Publico. Em

4 de agosto de 1999, a promotora Garcia:, i) reite'rbu que fossem realizadas as diligencias
ja ordenadas {supra pars. 76, 77 e 79); ii) requisitou que fossem recebidas as
declaragoes das "pessoas que confirmem o alibi apresentado pelo indiciado Morival
Favoreto para oxdia dos fatos"; e iii) emitiu sua opiniao contraria a prisao temporaria
desse investigado74.
84. Em 13 de agosto de 1999, a Vara de Loanda remeteu o expediente a Delegacia

para o cumprimento das diligencias indicadas pelo Ministerio Publico. Contudo, entre 14
de agosto de 1999 e 22 de fevereiro de 2000, em que pese a reiteragao do pedido de
diligencias pelo Ministerio Publico {supra par. 83) e a prorrogagao concedida em 11 de
fevereiro de 2000 para concluir o Inquerito, nao se realizou nenhuma diligencia relevante
que permitisse seu avango75.
85. Em 23 de fevereiro de 2000, o delegado Almeida emitiu um relatorio no qual

declarou parcialmente cumpridas as diligencias ordenadas pelo Ministerio Publico {supra
71
Cf. Declaragao do escrivao Ribeiro de 17 de dezembro de 1998 (Expediente de anexos a contestagao
da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folhas 1987 e 1988). Adicionalmente, de acordo com a testemunha Fabio
Guaragni, a informagao fornecida pelo escrivao Ribeiro divergia do afirmado pelos dois policiais militares, os
quais tambem ofereceram declaragao no contexto do Inquerito com anterioridade aos fatos do presente caso.
Cf. Testemunho de Fabio Guaragni na audiencia publica, supra nota 63.
72
Cf. Pedido do delegado Almeida de 20 de Janeiro de 1999 e parecer do Ministerio Publico de 17 de
fevereiro de 1999 (Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folhas 1989 e
1992).
73
Cf. Declaragao de Morival Favoreto de 9 de margo de 1999 e recibo de pagamento de consulta medica
em nome de Morival Favoreto (Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folhas
1995 a 1998).
74
Cf. Ordem da juiza Khater de 15 de margo de 1999 e parecer do Ministerio Publico de 4 de agosto de
1999 (Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folhas 1999 e 2003). Na
ocasiao, a promotora Garcia expos que o atraso em sua manifestagao resultava do acumulo de servigo e do
grande numero de processes que tinha a seu cargo, apresentando dados a respeito,
75
Cf. Despacho da juiza Khater de 13 de agosto de 1999; despacho do delegado Almeida de 3 de
setembro de 1999; parecer do Ministerio Publico de 10 de novembro de 1999; pedido do delegado Almeida de 8
de fevereiro de 2000; e parecer do Ministerio Publico de 11 de fevereiro de 2000 (Expediente de anexos a
contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folhas 2004 a 2011).
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24
pars. 76, 77, 79 e 83) e reiterou o pedido ao Institute de Criminah'stica de Maringa

(doravante "Institute de Criminalistica") da pencia da arma apreendida em poder de
Ailton Lobato, inicialmente formulado em 30 de novembro de 1998. Da mesma maneira,
ordenou: i) enviar um oficio a Delegacia de Sertanopolis para que Morival Favoreto
apresentasse, alem de alguns documentos, as caminhonetes F1000 preta e D-20 cinza a
Delegacia de Loanda para reconhecimento; ii) colher as declaragoes de todos os
empregados da Fazenda; e iii) remeter oficios as delegacias de policia competentes para
receber as declaragoes do primo de Morival Favoreto de nome "Eduardo", o qual deveria
indicar quando o indiciado esteve hospedado em sua casa, e do medico Flair Carrilho.
Este deveria confirmar se era sua a assinatura que constava no recibo apresentado pelo
investigado; identificar as pessoas com quern o indiciado compareceu ao seu consultorio,
especificando bora, dia, mes e ano em que se deu a consulta; esclarecer se tinha
assistente ou secretaria; e apresentar o prontuario medico de seu paciente76.
86. Ante novo pedido de prorrogagao, em 15 de maio de 2000 a promotora Garcia

concedeu um prazo de trinta dias para concluir o Inquerito. Em 1° de junho de 2000, se
anexou aos autos o Laudo de Exame de Arma de Fogo do revolver calibre 38 apreendido
a Ailton Lobato, com o objetivo de identificar a numeragao da arma e se esta foi
disparada em momento proximo a data do crime. A pencia concluiu que o revolver
apresentava sinais de adulteragao de seu numero de serie, pelo que nao pode ser
identificado. Ademais, os peritos "se abst[inham] de se pronunciarem quanto a
determinagao da epoca ou data em que uma arma de fogo foi utilizada pela ultima vez
para a deflagragao de cartuchos" por desconhecer dados imprescindiveis, tais como a
conservagao e acondicionamento da arma depois de ser usada77.
87. Em 1° de junho de 2000 foi anexada aos autos a segunda declaragao de Morival
Favoreto, colhida em Sertanopolis em 24 de margo de 2000. Nessa ocasiao, reiterou sua
declaragao anterior, informou os dados completes de seu primo Eduardo Minutoli Junior e
do medico Flair Carrilho e acrescentou, entre outros aspectos, que: i) a caminhonete
F1000 preta que tinha foi vendida a Carlos Eduardo Favoreto da Silva em 27 de agosto
de 1998, que por sua vez a revendeu a outra pessoa em 24 de novembro de 1998; e ii)
nem ele nem seus socios tiveram uma caminhonete D-20 cinza. Alem disso, apresentou
provas das vendas do veiculo F1000, da dissoiugao da empresa Favoretto Colheitas e da
propriedade da Fazenda78.
88. Em 1° de junho de 2000 tambem foram emitidos os oficios as delegacias de Sao

Jose dos Campos e de Sao Paulo, respectivamente, para receber as declaragoes de
Eduardo Minutoli Junior e de Flair Carrilho (supra par. 85)79.
89. Entre 2 de junho de 2000 e 3 de julho de 2001, a Delegacia, atraves do policial

Luiz Alves da Silva (doravante "policial Silva"), reiterou em duas oportunidades os oficios
enviados as Delegacias de Sao Jose dos Campos e de Sao Paulo, e solicitou, em tres
oportunidades, prorrogagoes para a realizagao das diligencias pertinentes ante a falta de
76
Cf. Despacho do delegado Almeida de 23 de fevereiro de 2000; certidao e oficios da Delegacia de
Querencia do Norte de 28 de fevereiro de 2000 ao Institute de Criminalistica e a Delegacia de Sertanopolis
(Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folhas 2012 a 2019).
77
Cf. Pedido do delegado Almeida de 27 de margo de 2000; parecer do Ministerio Publico de 15 de maio
de 2000; certidao da Delegacia de Querencia do Norte de 1° de junho de 2000; e laudo de exame de arma de
fogo emitido pelo Institute de Criminalistica (Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico,
Anexo 4, folhas 2019 a 2026),
78
Cf. Certidao da Delegacia de Querencia do Norte de 1° de junho de 2000; declaragao de Morival
Favoreto de 24 de margo de 2000; documentos de registro do veiculo F1000 preto; autorizagoes de
transferencia do veiculo F1000 preto de 27 de agosto de 1998 e 24 de novembro de 1998; escritura publica da
Fazenda de 25 de julho de 1991; e ata da destituigao da sociedade Favoretto Colheitas (Expediente de anexos
a contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folhas 2022, e 2033 a 2045).
79 Cf. Oficios da Delegacia de Querencia do Norte de 1° de junho de 2000 (Expediente de anexos a

contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folhas 2049 a 2052),
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25
Re. -IqL.
cumprimento das mesmas. Nao foram realizadas outras diligencias nesse penodo e todas
as solicitagoes de prorrogagao foram aprovadas pelo Ministerio Publico80.
90. Em 4 de julho de 2001, o Delegado de Policia Cezar Napoleao Casimir Ribeiro (o

escrivao Ribeiro, supra pars. 74 e 80), que nessa epoca era titular da Delegacia de Santa
Isabel do Ivat, cidade vizinha a Querencia do Norte, assumiu o Inquerito e requisitou a
reiteragao dos oficios pendentes de cumprimento81.
91. Em 5 de julho de 2001, foi ajuntada ao expediente a declaragao colhida perante a

Policia Civil de Sao Jose dos Campos por Eduardo Minutoli Junior na qual afirma somente
que "seu primo Morival Favoreto esteve hospedado em sua casa, em companhia do
irmao Darci Favoreto e da esposa [desse ultimo,] Sandra Favoreto", sem mencionar o
periodo dessa visita. Alem disso, em 10 de julho de 2001 o Delegado de policia Cezar
Napoleao Casimir Ribeiro reiterou o oficio para que fosse colhido o depoimento de Flair
Carrilho82.
92. Entre 11 de julho de 2001 e 11 de setembro de 2002 unicamente se dispuseram o

cumprimento das ordens do Ministerio Publico e a juntada aos autos de documentos
pendentes, sem que efetivamente se levasse a cabo diligencia probatoria alguma. Devido
a isso, no mesmo periodo se solicitaram, em quatro oportunidades distintas,
prorrogagoes para realizar as diligencias que faltavam no Inquerito. Todas as solicitagoes
de prorrogagao foram aprovadas pelo Ministerio Publico, que concedeu prorrogagoes de
ate 90 dias83.
93. Em 12 de setembro de 2002 o Delegado Paulo Cezar da Silva solicitou a Vara de

Loanda que remetesse o revolver apreendido e os dois estojos de cartuchos de calibre 38
encontrados no lugar do crime para que fossem enviados ao Institute de Criminah'stica84.
94. Em 13 de setembro de 2002 foi ajuntado ao Inquerito o depoimento de Flair

Carrilho, tornado em 25 de julho do’’ mesmo ano pelaiTerceira Delegacia de Investigagoes
Interestaduais. A testemunha respondeu, entre outros aspectos, que: i) Darci Favoreto,
que era seu paciente desde 1994, comparecia as consultas medicas acompanhado de sua
esposa e algum familiar; ii) "nao pod[ia] afirmar com certeza se [Morival Favoreto]
esteve ou nao em seu consuitorio em 25 de novembro de 1998"; iii) "com certeza
absolute, o recibo [ja referido] pertence a clmica, a assinatura confere com a utilizada
pelo declarante nos seus documentos da clmica, e de acordo com o prontuario do
paciente, o mesmo esteve neste mesmo dia [25 de novembro de 1998] em seu
80
Cf. Despachos do policial Silva de 30 de junho, 30 de setembro e 11 de dezembro de 2000; oficios do
policial Silva de 11 de setembro e 20 de novembro de 2000; certidao da Delegacia de Querencia do Norte de 15
de junho de 2001; e pareceres do Ministerio Publico de 7 de agosto e 16 de outubro de 2000, e de 23 de maio
de 2001 (Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folhas 2054 a 2068).
81
Cf. Despacho do delegado Cezar Napoleao Casimir Ribeiro de 4 de julho de 2001 (Expediente de
anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folha 2069),
82
Cf. Declaragao de Eduardo Minutoli Junior de 28 de setembro de 2000 e oficio do delegado Cezar
Napoleao Casimir Ribeiro de 10 de julho de 2001 (Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo
Unico, Anexo 4, folhas 2073, 2074 e 2076).
83
Cf. Pedido do delegado Cezar Napoleao Casimir Ribeiro de 13 de julho de 2001; despachos do
delegado Valdir Fernandes de 14 de setembro e 11 de outubro de 2001, e de 8 de abril de 2002; despachos do
delegado Jairo dos Santos de 23 de novembro e de 20 de dezembro de 2001; despachos do delegado Paulo
Cezar da Silva de 10 de maio e de 15 de agosto de 2002; e pareceres do Ministerio Publico de 6 de agosto e 23
de outubro de 2001 e de 22 de fevereiro e 17 de junho de 2002 (Expediente de anexos a contestagao da
demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folhas 2075 a 2089). A promotora explicou que o prazo de 90 dias concedido
era excepcional, em virtude da proximidade das ferias forenses do mes de julho de 2002, assim como porque o
delegado de policia a cargo do Inquerito se encontrava atendendo, alem dos cinco municipios incluidos na
Comarca de Loanda, a Comarca de Santa Isabel do Ivai.
84
Cf. Pedido do delegado Paulo Cezar da Silva de 12 de setembro de 2002 (Expediente de anexos a
contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folha 2092). De acordo com o testemunho de Fabio Guaragni,
os dois estojos de projeteis deflagrados de revolver calibre 38 mencionados foram entregues por uma
testemunha a Delegacia de Querencia do Norte. Cf. Testemunho de Fabio Guaragni na audiencia publica, supra
nota 63.
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Cj
26
consultorio"; e iv) por impedimentos legais nao pode fornecer o prontuario do paciente
Darci Favoreto85.
95. Entre 14 de setembro de 2002 e 9 de agosto de 2003 se solicitaram e

concederam tres prorrogagoes, uma delas novamente por 90 dias, para a conclusao do
Inquerito86.
96. Em 10 de agosto de 2003, o Delegado de Polfcia Pauio Gomes de Souza reiterou o

oficio enviado a Vara de Loanda em 12 de setembro de 2002 referente a arma e as
capsulas apreendidas (supra par. 93). Em 27 de agosto de 2003, a jui'za Khater ordenou
que se cumprisse dita solicitagao87. Nao obstante, em 25 de margo de 2004 o escrivao da
Vara de Loanda certificou que "nao [se] h[avia] dado cumprimento ao antes determinado
posto que a arma nao se encontra[va] n[aqueie] Juizo". Na mesma data, os autos foram
enviados pela juiza Khater ao Ministerio Publico para que emitisse seu parecer88.
97. Em 12 de maio de 2004 o Promotor de Justiga Edmarcio Real solicitou o

arquivamento do Inquerito sem pronunciar-se sobre o fato de que a arma nao havia sido
encontrada. Fundamentou seu parecer nos seguintes argumentos: i) quatro testemunhas
disseram que Morival Favoreto e Ailton Lobato integravam o grupo armado, mas "os
demais integrantes do MST nao menciona[ram] ter visto referidas pessoas"; ii) Morival
Favoreto negou sua participagao no crime e afirmou que se encontrava em Sao Bernardo
do Campo, acompanhando Darci Favoreto em seu tratamento medico. O "medico Flair
[Carrilho] confirm[ou] a presenga de Darci Favoreto em seu consultorio [...] no dia dos
fatos"; iii) Ailton Lobato negou haver participado dos fatos e exerceu seu direito de
permanecer em silencio; iv) o escrivao Ribeiro "mencion[ou] as divergencias nas
declaragoes dos integrantes do MST"; v) foi uma pessoa encapuzada e nao Morival
Favoreto o Ailton Lobato quern disparou contra o senhor Garibaldi; vi) nao se pode
identificar o autor do disparo e nao se apresentaram mais dados para identificar outros
participantes na operagao; vii) nao se pode inferir o consentimento dos outros
integrantes do grupo armado relativamente ao homicidio; viii) o atirador nao teve a
intengao de matar o senhor Garibaldi pois efetuou um disparo contra sua perna; ix) os
integrantes do mencionado grupo abandonaram o lugar dos fatos depois do referido
disparo; x) nao havia ficado amplamente demonstrado que os veiculos utilizados durante
os fatos pertenciam a Morival Favoreto naquele momento; xi) haviam transcorrido quatro
anos desde os fatos, sem que houvesse uma possibilidade clara de determinar a autoria
do delito; xii) nao procedia uma acusagao por formagao de quadrilha, porque nao havia
nenhuma evidencia de que os integrantes do grupo se houvessem unido para cometer
crimes; e xiii) em particular, relativamente a Ailton Lobato, o crime de posse (legal de
arma estava prescrito89.
85
C/\ Certidao da Delegacia de Querencia do Norte de 13 de setembro de 2002 e declaragao do medico
Flair Carrilho de 25 de julho de 2002 (Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 4,
folhas 2091 e 2106).
86
Cf. Pedido do delegado Paulo Cezar da Silva de 10 de outubro de 2002; parecer do Ministerio Publico
de 11 de novembro de 2002; despacho da juiza Khater de 11 de novembro de 2002; parecer do Ministerio
Publico de 13 de margo de 2003; pedido do delegado Flavio de Almeida Medina de 28 de abril de 2003; parecer
do Ministerio Publico de 21 de maio de 2003 (Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico,
Anexo 4, folhas 2109 a 2123); e pedido do delegado Flavio de Almeida Medina de 12 de fevereiro de 2003
(Expediente de anexos ao escrito de petigoes e argumentos, Anexo 8.1.1, folha 1270).
87
Cf. Despacho do delegado Paulo Gomes de Souza de 10 de agosto de 2003; parecer do Ministerio
Publico de 25 de agosto de 2003; e despacho da juiza Khater de 27 de agosto de 2003 (Expediente de anexos a
88
Cf. Certidao da Vara de Loanda de 25 de margo de 2004 e despacho de vista ao Ministerio Publico de
25 de margo de 2004 (Expediente de anexos a contestagao a demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folha 2128).
89
Cf. Parecer do Ministerio Publico de 12 de maio de 2004, supra nota 60, folhas 2130 a 2132.
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98. Em 18 de maio de 2004 a juiza Khater emitiu decisao nos seguintes termos:
"acolho o [referido] parecer [do Ministerio Publico] e, via de consequencia, determinoô
arquivamento destes autos, com as anotagoes de praxe"90.
99. Contra tal decisao, Iracema Garibaldi impetrou urn Mandado de Seguranga em 16
de setembro de 2004, solicitando o desarquivamento do Inquerito. A suposta vitima
argumentou que dita ordem era contraria ao artigo 93, inciso IX, da Constituigao
Federal91. Em 17 de setembro de 2004, o Tribunal de Justiga do Estado do Parana
denegou o recurso por considerar o pedido "incompative! com o ambito cognitive do
[Mandado de Seguranga]", nao existindo um direito liquid© e certo a favor da
impetrante92.
100. Em 20 de abrii de 2009 a Promotora de Justiga Vera de Freitas Mendonga solicitou

a Vara de Loanda a desarquivamento do Inquerito, alegando o surgimento de novas
provas, isto e, as declaragoes de Vanderlei Garibaldi e Giovani Braun tomadas no marco
deste caso ante esta Corte, nos dias 3 e 5 de fevereiro de 2009, respectivamente. Alem
disso, a promotora solicitou, entre outras, a realizagao das seguintes diligencias: i)
receber as declaragoes de Vanderlei Garibaldi e seus cunhados "Darci e Marcelo", que
presenciaram os fatos; Giovani Braun; o escrivao Ribeiro; outros trabalhadores sem terra
presentes no momento do crime; Morival Favoreto e Ailton Lobato; ii) localizar as armas,
os projeteis e cartuchos apreendidos no Inquerito para realizar pencia tecnica no
Institute de Criminalfstica; e iii) verificar se foi identificada alguma milicia privada que
atuou na epoca do homicidio e nos anos posteriores em conflitos armados com
trabalhadores sem terra. Na mesma data, a juiza Carla Melissa Martins Tria, atualmente
titular da Vara de Loanda, estimou que nos ''documentos colacionados pelo Ministerio
Publico ha declaragoes de pessoas que nao foram ouvidas durante [o Inquerito], as quais
trazem elementos novos em relagao ao que ja foi produzido para apurar a morte de
Setimo Garibaldi". Com base no artigo 28 do Codigo de Processo Penal e na Sumula 524
do Supremo Tribunal Federal, determinou o desarquivamento do Inquerito93.
B) A/egagoes das partes
101. A Comissao Interamericana alegou que os Estados sao responsaveis

internacionalmente pela agao ou omissao de quaisquer de seus orgaos ou agentes,
inclusive seus orgaos judiciais e policiais, quando estes violem direitos humanos
reconhecidos na Convengao. Uma finalidade elementar de todo processo penal e
esclarecer o fato investigado. A investigagao judicial deve ser empreendida pelo Estado
de boa fe, de maneira diligente, exaustiva e imparcial, devendo estar orientada a
explorar todas as possiveis linhas investigativas que levem a identificagao dos autores do
delito, para seu posterior julgamento e sangao. No presente caso, isso requeria realizar
todas as diligencias e averiguagoes que fossem necessarias a fim de descobrir a verdade
sobre a morte de Setimo Garibaldi e sancionar os responsaveis. A criterio da Comissao,
as autoridades encarregadas do Inquerito nao consideraram a intervengao de varies
executores materials, concentrando-se nas pessoas de Morival Favoreto e Ailton Lobato;
tampouco levaram em conta os autores intelectuais do crime ou possiveis interessados
na desocupagao. Identificou, entre outras, as seguintes deficiencias no procedimento
investigative: a) nao se investigou nem convocou para declarer aos co-proprietarios da
Fazenda e socios da Favoretto Colheitas; b) alem dos oito testemunhos recebidos, nao se
90
Decisao da juiza Khater de 18 de maio de 2004 (Expediente de anexos a contestagao a demanda,
Tomo Unico, Anexo 4, folha 2134).
91
Cf. Constituigao Federal de 1988 (Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico,
Anexo 5, folha 2230).
Art. 93, inciso IX. [Tjodos os juigamentos dos orgaos do Poder Judiciario serao publicos, e
fundamentadas todas as decisoes, sob pena de nutidade [...].
92
Cf. Extrato do acompanhamento processual e decisao rejeitando o Mandado de Seguranga (Expediente
de anexos a demanda, Tomo I, Anexo 35, folhas 160 a 162).
93
Cf. Pedido de desarquivamento de Inquerito apresentado pelo Ministerio Publico em 20 de abrii de
2009, supra nota 60, folhas 2582 e 2586, e decisao da Vara de Loanda de 20 de abrii de 2009 (Expediente de
documentos apresentados na audiencia publica, Tomo Unico, folhas 2590 e 2591).
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intimou outras pessoas que presenciaram os fatos para prestar deciaragao, apesar de
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que havia aproximadamente 200 pessoas acampadas na Fazenda, nem outros
empregados da propriedade rural ou da sociedade Favoretto Colheitas; c) o escrivao
Ribeiro, que havia prestado informagao nos autos sobre o disparo com a arma
apreendida a Ailton Lobato, atuou posteriormente como delegado de policia a cargo do
Inquerito; d) nao foi verificada a data da suposta estadia de Moriva! Favoreto na
residencia de Eduardo Minutoili Junior; e) nao se cotejou a arma apreendida com as
capsulas de projeteis calibre 38 encontradas no lugar do crime; f) essa arma
desapareceu da Vara de Loanda; g) instado a manifestar-se sobre o desaparecimento da
arma, o Ministerio Publico nao se referiu a esse fato nem adotou medidas investigativas a
respeito, ao contrario solicitou o arquivamento do Inquerito sem que o delegado de
policia o tivesse concluido e apresentado seu relatorio conclusive; e h) houve diversos
lapses nos quais nao se realizou nenhuma atividade substantiva no Inquerito.
Acrescentou que as diversas e graves deficiencias no Inquerito devem ser analisadas
dentro de seu contexto particular, a saber, que se tratava de uma operagao de
desocupagao violenta de uma propriedade privada e os fatos do caso seguem um padrao
comum no Brasil. Ambos os elementos, deveriam facilitar a condugao do Inquerito, pois e
evidente que se obedecia um determinado proposito e um modus operandi que devia ser
conhecido pelas autoridades.
102. A Comissao sustenta que, apesar de haver transcorrido varies anos desde a
aceitagao da competencia da Corte por parte do Estado, "o delito investigado continua
impune, tendo transcorrido um prazo mais que razoavei sem que os orgaos internes do
Estado responsaveis pela investigagao, julgamento e sangao dos fatos produzam
resultados". Ademais, "as caractensticas do fato, a condigao pessoal dos implicados no
processo, o grau de complexidade da causa ou a atividade processual dos interessados
[nao] constituem elementos que excusem o atraso injustificado da administragao de
justiga que teve lugar no caso". A impunidade das violagoes de direitos humanos e
especialmente importante nos casos dos trabalhadores sem terra, ja que e uma das
principals causas de violencia no campo do Brasil. Desse modo, a respeito dos fatos
posteriores a 10 de dezembro de 1998, "a demora e a falta de devida diligencia no
processo de investigagao e coleta de evidencia essencial [...] caracterizam uma violagao
aos artigos 8 e 25 da Convengao Americana, em relagao com o artigo 1(1) do mesmo
instrumento".
103. Os representantes alegaram que existem suficientes elementos que demonstram

a responsabilidade do Estado pela violagao das garantias judicials dos familiares de
Setimo Garibaldi. Sustentaram que o Estado deve atuar diligentemente, de forma a
garantir que as investigagdes sejam realizadas de maneira seria e nao como uma mera
formalidade predestinada a ineficiencia, respeitando os requisites de independencia,
efetividade e celeridade. As vitimas de violagoes de direitos humanos tern direito a uma
solugao rapida dessas transgressoes e que sejam resolvidas pelas autoridades do Estado
em um tempo razoavei. O inquerito objeto do presente caso demorou quase seis anos e
esteve viciada por falhas, bem como pelo descaso e a parcialidade das autoridades
estatais. Apesar de haver elementos suficientes para iniciar o processo penal contra os
suspeitos, o procedimento investigative foi arquivado sem que fossem identificados os
responsaveis da morte do senhor Garibaldi, permanecendo esse crime em absolute
impunidade.
104. Os representantes alegaram, entre outras, as seguintes irregularidades do

Inquerito: a) ao denegar o pedido de prisao temporaria de Morival Favoreto em 14 de
dezembro de 1998, a juiza Khater atuou favorecendo-o, pois nao existiam as
divergencias indicadas pela magistrada em sua decisao; b) a deciaragao de Morival
Favoreto foi recebida somente em 9 de margo de 1999; c) o recibo apresentado por esse
indiciado nao tern numeragao, razao pela qual pode ter sido emitido e assinado em
qualquer data, sem que se possa verificar quando realmente foi expedido; d) o
mencionado recibo e os testemunhos de Eduardo Minutoii Junior e Flair Carrilho nao
comprovam a presenga de Morival Favoreto em Sao Bernardo do Campo em 27 de
novembro de 1998; e) apesar disso e do reconhecimento de Morival Favoreto por
testemunhas, o Ministerio Publico entendeu que nao havia evidencias suficientes para
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esclarecer a autoria do crime e requereu o arquivamento do Inquerito; f) nao forarn

chamados a prestar declaragao Vanderlei Garibaldi, "que estava presente no assassinate^
de Setimo Garibaldi", nem o suposto comprador da caminhonete que Morival Favoreto
teria utilizado durante a operagao de desocupagao; g) o Ministerio Publico nao se
manifestou sobre o desaparecimento da arma apreendida durante as investigagoes; h) as
supostas divergencias nas declaragoes dos trabalhadores sem terra indicadas pelo
escrivao Ribeiro nao existiram, conforme e demonstrado pelas declaragoes dessas
testemunhas e dos policiais militares que compareceram ao iugar do crime e efetuaram a
prisao em flagrante de Ailton Lobato; e i) a juiza Khater nao fundamentou a decisao de
arquivamento do Inquerito. No tocante ao atraso do Inquerito, indicaram que o caso
concreto nao reunia as caractensticas desse procedimento, ja que existia informagao
suficiente sobre os autores intelectuais e os participes do crime, assim como declaragoes
de testemunhas. Com relagao a atividade processual do interessado, mesmo que se
tenha arquivado o Inquerito, Iracema Garibaldi interpos um Mandado de Seguranga para
garantir seu direito a que se continuasse com o Inquerito do homicidio. Sobre a conduta
das autoridades, e evidente a parcialidade e a negligencia com que as autoridades
policiais e judiciais trataram a morte de Setimo Garibaldi. Devido aos fatos citados,
infere-se que nao existe justificativa alguma para a demora do Inquerito Policial, muito
menos para seu arquivamento.
105. Quanto a reabertura do Inquerito, os representantes consideraram que a mesma

constitui uma mostra adicional das irregularidades do procedimento, toda vez que as
supostas novas provas ja constavam no expediente. Essa agao do Estado confirma que
existiam elementos suficientes para sustentar a opinio delicti e, portanto, nao arquivar o
Inquerito. Destacaram que nenhum familiar de Setimo Garibaldi foi chamado a prestar
testemunho perante a policja, pelo que o desarquivamento do Inquerito nao e mais que
uma manobra do Estado para eximir-se das violagoes ocorridas neste caso. Em razao do
anterior, solicitou a Corte que declare que o Estado violou o direito a protegao e as
garantias judiciais em prejuizo dos familiares de Setimo Garibaldi.
106. O Estado alegou que a Corte tern competencia para examinar procedimentos
internes de investigagao e judiciais so quando ocorrem graves irregularidades nos
mesmos, o que nao sucedeu no presente caso. Considerou que o Inquerito nao teve
falhas que pudessem viciar todo o procedimento. A legislagao brasileira preve "um
controle adequado e racional dos procedimentos de arquivo das investigagoes em geral".
O Ministerio Publico tern o controle externo das investigagoes penais conduzidas pela
policia e e o unico orgao que pode solicitar o arquivamento da investigagao ou o inicio da
agao penal ao juiz competente. No Brasil, rege o principio da obrigatoriedade da
persecugao penal e, por isso, existe o dever de iniciar um process© penal perante a
constatagao de indicios de um crime e de sua autoria. Da mesma maneira, com base no
principio da independencia funcional, a Constituigao garante ao Ministerio Publico a
liberdade para formar sua convicgao ao examinar os requisites para formular ou nao uma
denuncia penal. Por outro lado, o arquivamento do Inquerito exige uma exposigao das
razoes que motivam seu pedido e um controle judicial posterior, precisamente dirigido a
evitar o descumprimento do principio da obrigatoriedade da persecugao penal. Alem
disso, tanto a decisao de denunciar como a de arquivar um inquerito sao revisaveis
perante o chefe maximo do Ministerio Publico, a pedido do juiz competente da agao
penal. Adicionalmente, em caso de que surjam provas novas, o Ministerio Publico tern a
capacidade de reabrir as investigagoes. Nesse sentido, as declaragoes rendidas durante o
tramite do presente caso pelas testemunhas Vanderlei Garibaldi e Giovani Braun, com
efeito, foram consideradas como provas novas e, por conseguinte, as investigagoes
forarn reabertas. O reinicio do procedimento aconteceu em uma data proxima a
audiencia publica, pois nao foi senao ate esse momento que o Ministerio Publico
conheceu tais provas. Os representantes podiam enviar essas declaragoes diretamente
ao Ministerio Publico, evitando assim esta demanda.
107. O Estado afirmou, em resposta as supostas irregularidades indicadas na demanda

entre outros aspectos, que: a) realizou uma pericia da arma apreendida, a qual nao foi
conclusiva a respeito do ultimo momento em que a mesma foi disparada; b) o escrivao
Ribeiro, encarregado do Inquerito, efetuou inspegoes na fazenda onde foi detido Ailton
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Lobato em busca de armas, mas nao encontrou nenhuma; c) Morival Favoreto foi
interrogado sobre sua arma e afirmou que nao andava armado; d) Aiiton Lobato foi
interrogado, mas exerceu seu direito constitucional de permanecer em silencio; e) nao se
interrogou sobre os demais integrantes do grupo armado a Moriva! Favoreto porque ele
negou a participagao no crime, nem a Aiiton Lobato, porque exerceu seu direito de
permanecer em silencio; f) nao foram recebidas as declaragoes dos demais proprietaries
da Fazenda, pois estes nao foram indicados pelas testemunhas como participantes da
operagao; g) com relagao a caminhonete F1000, esse fato foi investigado e foi
comprovada sua venda com anterioridade a desocupagao; ademais Morival Favoreto
negou ser proprietario da caminhonete D-20; e h) nao era necessario realizar pericias no
recibo da consulta medica, pois o medico Flair Carrilho confirmou que o havia emitido e
disse que nao tinha registro das pessoas que acompanhavam seus pacientes durante o
atendimento medico. Igualmente, ressaltou que Morival Favoreto declarou duas vezes;
houve deslocamento de policiais ao lugar do crime; receberam-se as declaragoes desde
outras jurisdigoes atraves de cartas precatorias; solicitou-se a prisao temporaria de
Morival Favoreto; realizaram-se pericias e receberam-se diversos testemunhos. For outra
parte, o Estado reconheceu que a comparagao bah'stica entre a arma apreendida e as
capsulas encontradas no lugar do crime, sim poderia haver sido realizada. Desse modo, a
seu criterio, com excegao da falta dessa pencia, nao existiram falhas no Inquerito que
devessem ser sanadas pelo Estado.
108. Ademais, o Brasil indicou que a falta de um relatorio conclusivo nao e uma
irregularidade nas investigagoes policiais, nao existindo disposigao legal alguma que
proiba o arquivo desses procedimentos antes que seja apresentado o relatorio conclusivo
do delegado de policia. A respeito da falta de fundamentagao da decisao do juiz a favor
do arquivamento do Inquerito, trata-se de uma pratica comum quando se esta de acordo
com as razoes expostas pelo Ministerio Publico no respective pedido, a qual tern sido
aceita pela jurisprudencia do Supremo Tribunal Federal. Sobre a declaragao do filho da
vitima, Vanderlei Garibaldi, insistiu que nao estava obrigado a recebe-la, pois o artigo 6°,
inciso IV, do Codigo de Processo Penal determine unicamente que seja escutado o
ofendido, se este estiver vivo. Quanto ao aiegado desaparecimento da arma apreendida
em poder de Aiiton Lobato, informou que essa prova foi enviada ao Institute de
Criminalistica para submete-la a um exame pericial e, apesar da apresentagao do
respectivo laudo em 1° de junho de 2000, nao consta nos autos de que tivesse sido
devolvida a Delegacia de Policia. Por isso, o fato de que a arma nao esteja no juizo "nao
significa [que] tenha sido sonegada, mas sim de que poder[ia] ainda estar sob o dommio
da Policia Civil ou do proprio Institute de Criminalistica, que a submeteu a pencia".
Quanto aos motives dos penodos em que o Inquerito permaneceu sem que se
realizassem diligencias, estes estao expostos nos autos do procedimento, tais como
ferias regulamentares, o acumulo de trabalho e a espera do cumprimento dos oficios
enviados a outras jurisdigoes. A dilagao sucessiva do prazo para concluir uma
investigagao esta prevista no artigo 10, paragrafo 3°, do Codigo de Processo Penal e e
limitada, nesses termos, pelo prazo de prescrigao do crime investigado, o qual
corresponde a 20 anos no crime de homicidio. A juizo do Estado, nao houve desidia na
condugao do Inquerito.
109. Conforme o Estado, no presente caso o promotor sopesou todas as provas

produzidas durante o Inquerito e concluiu que foi uma pessoa encapuzada quern disparou
contra Setimo Garibaldi e nao Morival Favoreto ou Aiiton Lobato. O promotor tambem
expressou em seu parecer que havia contradigoes entre as declaragoes dos trabalhadores
rurais, e que nao se podia inferir que os demais participantes do grupo armado
estivessem de acordo com a pratica do homicidio. Por isso, ao analisar se o material
probatorio era suficiente e razoavel para sustentar a acusagao em juizo, o promotor
atuou com base na sua convicgao pessoal, amparada pelo prinefpio da independencia
funcional, e considerou imprudente apresentar uma denuncia penal. Ademais, esse
promotor manifestou que, pela falta de indicios fornecidos pelas testemunhas que
pudessem identificar os demais integrantes do grupo armado, nao vislumbrava uma
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31
forma de esclarecer a autoria do crime e, portanto, optou peio arquivamento do

Inquerito.
110. Finalmente, o Estado indicou que em outros casos de conflitos agrarios no Estado
do Parana, o Ministerio Publico formulou sua opinio delicti no sentido de promover agoes
penais pelo cometimento de crimes, alguns dos quais haveriam sido cometidos contra
membros do MST. Aduziu que tem uma politica consistente de combate a violencia no
campo, mencionando nesse sentido o Programa Paz no Campo, cujas atividades incluem
o recebimento de denuncias, a mediagao de conflitos e a capacitagao de mediadores em
todo o territorio nacional. Alem disso, destacou que o Programa Nacional de Combate a
Violencia no Campo estabeleceu orgaos jundicos especificos, como as varas, as
promotorias e as delegacies policiais especializadas em investigar conflitos agrarios. Por
todo o exposto, o Estado solicitou a Corte que considere improcedentes as alegagoes
sobre violagoes dos artigos 8 e 25 da Convengao, com relagao ao artigo 1.1 do mesmo
instrumento.
C) Consideragoes de Direito
111. A Corte reconheceu em casos anteriores a necessaria relagao que existe entre o
dever geral de garantia indicado no artigo 1.1 da Convengao e os direitos especificos
protegidos por esse instrument©94. Como consequencia desse dever de garantia, surgem
obrigagoes que recaem sobre o Estado a fim de assegurar o livre e pleno exercicio dos
direitos reconhecidos na Convengao a toda pessoa sujeita a sua jurisdigao95. Esse dever
de garantia, ao estar vinculado com direitos especificos, pode ser cumprido de diferentes
maneiras, dependendo do direito que o Estado deva garantir e da situagao particular do
caso96.
112. A obrigagao de investigar violagoes de direitos humanos esta inciuida nas medidas
positives que devem adotar os Estados para garantir os direitos reconhecidos na
Convengao97. A Corte tem sustentadd que, para cumprir a obrigagao de garantia, os
Estados devem nao so' prevenir, mas tambem investigar as violagoes dos direitos
humanos reconhecidos nesse instrumento, como as aiegadas no presente caso, e
procurar, ademais, o restabelecimento, se e possivel, do direito infringido e, se for o
caso, a reparagao dos danos produzidos pelas violagoes dos direitos humanos98.
113. E pertinente destacar que o dever de investigar e uma obrigagao de meios, e nao
de resultado. No entanto, deve ser assumida pelo Estado como um dever jundico proprio
e nao como uma simples formalidade condenada de antemao a ser ineficaz", ou como
uma mera gestao de interesses particulares, que dependa da iniciativa processual das
vitimas ou de seus familiares ou do aporte privado de elementos probatorios100.
94
Cf. Caso Vargas Areco l/s. Paraguai. Merito, Reparagdes e Custas. Sentenga de 26 de setembro de
2006, Serie C No. 155, par. 73; e Caso Garcia Prieto e outros, supra nota 59, par. 98.
95
Cf. Caso Velasquez Rodriguez, supra nota 19, par. 91; Caso Kawas Fernandez, supra nota 14, pars. 74
e 110; e Caso Valle Jaramillo e outros Vs. Colombia. Merito, Reparagdes e Costas. Sentenga de 27 de novembro
de 2008. Serie C No. 192, par. 97.
95
Cf. Caso Vargas Areco, supra nota 94, par. 73; Caso Heliodoro Portugal, supra nota 13, par. 141; e
Caso Valle Jaramillo e outros, supra nota 95, par. 97.
97
Cf. Caso Velasquez Rodriguez, supra nota 48, pars. 166 e 176; Caso Reveron Trujillo, supra nota 30,
par. 146; e Caso Valle Jaramillo e outros, supra nota 95, par. 98.
98
Cf. Caso Velasquez Rodriguez, supra nota 48, par. 166; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 194;
e Caso Ticona Estrada e outros Vs. Bolivia. Merito, Reparagdes e Custas. Sentenga de 27 de novembro de 2008.
99
e Caso Kawas Fernandez, supra nota 14, par. 101.
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32
114. A luz desse dever, quando se trata da investigagao de uma morte violenta, como
no presente caso, uma vez que as autoridades estatais tenham conhecimento do fato,
devem iniciar ex officio e sem demora, uma investigagao seria, impartial e efetiva101.
Essa investigagao deve ser realizada por todos os meios legais disponiveis e orientada a
determinagao da verdade.
115. Esta Corte Interamericana tern especificado os principios norteadores de uma

investigagao quando se esta diante de uma morte violenta. Conforme a jurisprudencia do
Tribunal, as autoridades estatais que conduzem uma investigagao desse tipo devem
tentar no mmimo, inter alia: a) identificar a vitima; b) recuperar e preservar o material
probatorio relacionado com a morte, com o fim de ajudar em qualquer potencial
investigagao penal dos responsaveis; c) identificar possiveis testemunhas e obter suas
declaragoes com relagao a morte que se investiga; d) determiner a causa, forma, iugar e
momento da morte, assim como qualquer padrao ou pratica que possa ter causado a
morte; e e) distinguir entre morte natural, morte acidental, suicidio e homicidio.
Ademais, e necessario investigar exaustivamente a cena do crime e realizar autopsias e
analises dos restos humanos de forma rigorosa, por profissionais competentes e
empregando os procedimentos mais apropriados102.
116. De outra feita, este Tribunal tern se referido ao direito que assiste aos familiares
das supostas vitimas de conhecer o que sucedeu e saber quern foram os responsaveis
dos fatos. A esse respeito, a Corte tambem indicou que do artigo 8 da Convengao se
depreende que as vitimas de vioiagoes de direitos humanos, ou seus familiares, devem
contar com amplas possibilidades de ser ouvidos e atuar nos respectivos processes, em
busca tanto do esclarecimento dos fatos e da sangao dos responsaveis, como de uma
devida reparagao103. Nesse r sentido, a Corte afirmou que em um caso de execugao
extrajudicial os direitos afetados cortespp'ndem aos familiares da vitima falecida, que sao
a parte interessada na busca 'por^justiga e a quern o Estado deve prover recursos
efetivos para garantir-lhes o acesso a justiga, a investigagao e a eventual sangao, de ser
o caso, dos responsaveis e a reparagao integral das consequencias das vioiagoes104.
117. Consequentemente, pela jurisprudencia desse Tribunal, os familiares das vitimas

tern o direito, e os Estados a obrigagao, a que o sucedido a estas seja efetivamente
investigado pelas autoridades estatais; seja seguido um processo contra os provaveis
100
e Caso Tristan Donoso, supra nota 9, par. 146.
101
Cf. Caso dos Irmaos Gomez Paquiyauri Vs. Peru. Merito, Reparagdes e Custas. Sentenga de 8 de julho
de 2004. Serie C No. 110, par. 146; Caso Kawas Fernandez, supra nota 14, par. 101; e Caso Perozo e outros,
102
Cf. Caso Juan Humberto Sanchez Vs. Honduras. Excegao Preliminar, Merito, Reparagdes e Custas.
Sentenâ de 7 de junho de 2003. Serie C No. 99, par. 127; Caso Kawas Fernandez, supra nota 14, par. 102; e
Caso Zambrano Velez e outros l/s. Equador. Merito, Reparagdes e Custas. Sentenga de 4 de julho de 2007.
Serie C No. 166, par. 121. Outrossim, conforme disposto no Manual das Nagoes Unidas sobre a Prevengao e
Investigagao de Execugoes Extrajudiciais, Arbitrarias e Sumarias, pode resultar necessario, dependendo das
circunstancias do caso, outras medidas tais como: manter informados os familiares da pessoa falecida e seus
representantes legais das audiencias que sejam realizadas, as quais terao acesso, assim como a toda
informagao pertinente relacionada a investigagao, e terao direito a apresentar outras provas; redigir, em um
prazo razoavel, um reiatorio escrito sobre os metodos e as conclusoes das investigagoes, entre outras. Cf.
Manual das Nagoes Unidas sobre a Prevengao e Investigagao de Execugoes Extrajudiciais, Arbitrarias e
Sumarias, Doc. E/ST/CSDHA/.12 (1991).
103
Cf. Caso dos "Men/nos de Rua" (Villagran Morales e outros) l/s. Guatemala. Merito. Sentenga de 19 de
novembro de 1999. Serie C No. 63, par. 227; Caso Garcia Prieto e outros, supra nota 59, par. 102; e Caso das
Irmas Serrano Cruz l/s. El Salvador. Merito, Reparagdes e Custas. Sentenga de 1° de margo de 2005. Serie C
No. 120, par. 63.
104
Cf. Caso Valle Jaramillo e outros, supra nota 95, par. 170, e Caso Kawas Fernandez, supra nota 14,
par. 120.
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responsaveis desses ilicitos e, se for o caso, Ihes imponham as sangdes pertinentes; ‘'e.
reparem os danos e prejuizos que esses familiares sofreram105.
118. Da mesma maneira, a Corte indicou que a obrigagao de investigar e o direito dos
familiares nao somente se depreendem das normas convencionais de Direito
Internacional imperativas para os Estados Parte, mas tambem se derivam da legisiagao
interna que faz referenda ao dever de investigar de oficio certas condutas ilfcitas e das
normas que permitem que as vitimas ou seus familiares denunciem ou apresentem
querelas, provas ou petigoes ou qualquer outra diligencia, com a finalidade de participar
processualmente na investigagao penal com a pretensao de estabelecer a verdade dos
fatos106.
119. O Codigo de Processo Penal do Brasil, vigente no momento dos fatos, estabelece:
i) no artigo 5° que "[n]os crimes de agao [penal] publica o inquerito policial sera iniciado:
I- de oficio; II- mediante requisigao [...] do ofendido ou de quern tiver qualidade para
representa-lo"107; ii) no artigo 14 que "[o] ofendido, ou seu representante legal, e o
indiciado poderao requerer qualquer diligencia, que sera realizada, ou nao, a juizo da
autoridade"108; e iii) no artigo 27 que ”[q]ualquer pessoa do povo podera provocar a
iniciativa do Ministerio Publico, nos casos em que caiba a agao [penal] publica,
fornecendo-lhe, por escrito, informagoes sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o
lugar e os elementos de convicgao"109. Por outra parte, embora o artigo 129 da
Constituigao Federal determine como fungao do Ministerio Publico promover,
privativamente, a agao penal publica110, o artigo 268 do ordenamento processual penal
preve que o ofendido ou seu representante legal ou, em sua ausencia, seu conjuge,
ascendente, descendente ou irmao poderao intervir como assistentes do Ministerio
Publico na agao penal publica111.
*
* *
120. Consoante exposto, este Tribunal deve determiner se o Estado incorreu em

violagdes dos direitos reconhecidos nos artigos 8.1 e 25.1 da Convengao, em relagao
com o artigo 1.1 desse tratado. Para esse efeito, a Corte estabeleceu que o
10S
Cf. Durand e Ugarte Vs. Peru. Merito. Sentenga de 16 de agosto de 2000. Serie C No. 68, par. 130;
Caso Ticona Estrada e outros, supra nota 98, par. 81; e Caso Heliodoro Portugal, supra nota 13, par. 146.
106
Cf. Caso Garda Prieto e outros, supra nota 59, par. 104; Caso Kawas Fernandez, supra nota 14, par,
77; e Caso Valle Jaramillo, supra nota 95, par. 99.
107
Codigo de Processo Penal (Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 11,
folha 2339).
Art. 5°. Nos crimes de agao publica o inquerito policial sera iniciado:
I - de oficio; II - mediante requisigao da autoridade judiciaria ou do Ministerio Publico, ou a
requerimento do ofendido ou de quern tiver qualidade para representa-lo. [...]
308
Codigo de Processo Penal, supra nota 107, folha 2340.
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderao requerer qualquer diligencia,
que sera realizada, ou nao, a juizo da autoridade.
109
Art. 27. Qualquer pessoa do povo podera provocar a iniciativa do Ministerio Publico, nos casos em que
caiba a agao publica, fornecendo-lhe, por escrito, informagoes sobre o fato e a autoria e indicando o
tempo, o lugar e os elementos de convicgao.
110
Cf. Constituigao Federal de 1988, supra nota 91, folha 2238.
Art. 129. Sao fungoes institucionais do Ministerio Publico:
I - promover, privativamente, a agao penal publica, na forma da lei; [...]
in Cf. Codigo de Processo Penal, supra nota 107, folhas 2342 e 2370.
Art. 268. Em todos os termos da agao publica, podera intervir, como assistente do Ministerio Publico, o
ofendido ou seu representante legal ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas no artigo 31.
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisao judicial, o direito de
oferecer queixa ou prosseguir na agao passara ao cdnjuge, ascendente, descendente ou irmao.
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esclarecimento de se o Estado violou ou nao suas obrigagoes internacionais pelas

atuagdes de seus orgaos podem conduzir o Tribunal a ocupar-se do exame d'os
respectivos processes judicials internes112. Para tanto, dependendo das circunstancias do
caso, a Corte pode ter que anaiisar os procedimentos que vinculam ou constituem o
pressuposto de um process© judicial, particularmente, as tarefas de investigagao de cujo
resultado depende o inicio e o avango do mesmo. For esse motivo, a Corte examinara as
alegagoes sobre o Inquerito Policial No. 179/98, particularmente com relagao aos atos e
omissoes ocorridos depois de 10 de dezembro de 1998, e determinara se existiram
violagoes aos direitos as garantias e a protegao judiciais nesse procedimento interne.
C.i) Falhas e omissoes do Inquerito Policial No. 179/98
121. Previamente a analise das alegadas falhas e omissoes no Inquerito Policial No.
179/98, a Corte se referira ao arrazoado dos representantes sobre a suposta
parcialidade da juiza Khater ao denegar o pedido de prisao temporaria de Morival
Favoreto. Os representantes afirmaram que essa decisao se fundou nas supostas
divergencias nos testemunhos as quais nao existiram, de maneira tal que a juiza Khater
favoreceu indevidamente a esse indiciado. 0 Tribunal adverte que para anaiisar esse
arrazoado deveria examinar as declaragoes testemunhais que foram rendidas antes de
10 de dezembro de 1998 e compara-las com a medida judicial questionada. Devido a
que essas declaragoes estao fora da competencia temporal da Corte, nao podem ser
analisadas nem delas se pode extrair consequencias jundicas a respeito da
responsabilidade do Estado. A Corte nao conta com outros elementos que sustentem
este argument© dos representantes.
Faita de recebimento de testemunhos "prima facie" indispensaveis

t
122. A Corte observa que nao foram recebidas as declaragoes testemunhais que prima
facie poderiam ter resultado indispensaveis para esclarecer os fatos. Entre as pessoas
que nao foram convocadas para declarar estava Vanderlei Garibaldi, que teria
presenciado a operagao de desocupagao e comunicado o homicidio para a policia, e seu
cunhado Marcelo, que estava com o senhor Garibaldi no momento de sua morte113.
Apesar de Vanderlei Garibaldi nao ter comparecido espontaneamente a Delegacia a fim
de oferecer sua declaragao, cabia as autoridades estatais convoca-lo para que se
apresentasse, uma vez que o Inquerito devia ter sido conduzido de oficio pelo Estado e
nao dependia do impulso dos familiares do ofendido. Alem do mais, a Corte observa que
de acordo com a atuagao posterior do Estado, tal era a importancia do testemunho de
Vanderlei Garibaldi que, mesmo depois de varios anos, sua declaragao ante a Corte
Interamericana levou o Ministerio Publico a solicitar o desarquivamento do Inquerito.
Portanto, o Tribunal considera que nao se procurou identificar de maneira exaustiva as
possiveis testemunhas e obter declaragoes que permitiram esclarecer os fatos em
relagao a morte de Setimo Garibaldi.
Faita de esclarecimento de contradigoes nos testemunhos
123. Da mesma maneira, conforme indicado pelo Estado e pela testemunha perante
este Tribunal Fabio Guaragni114, a petigao de arquivamento formuiada pelo Ministerio
Publico foi baseada principalmente na informagao oferecida pelo escrivao Ribeiro de que
112
Cf. Caso dos "Meninos de Rua" (Villagran Morales e outros), supra nota 103, par. 222; Caso Heliodoro
Portugal, supra nota 13, par. 126; e Caso Tristan Donoso, supra nota 9, par. 145.
113
Cf. Declaragao de Vanderlei Garibaldi prestada ante notario publico em 3 de fevereiro de 2009
(Expedients de merito, Tomo II, folhas 1048 e 1049), e pericia escrita apresentada por Salo de Carvalho, supra
nota 61, folha 2532. O fato de que Vanderlei Garibaldi foi quem comunicou o homicidio a policia nao foi
contestado pelo Estado.
114
Cf. Escrito de alegagdes finais do Estado, supra nota 61, folha 1374; testemunho de Fabio Guaragni
na audiencia publics, supra nota 63,
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existiriam divergencias entre as declaragoes das testemunhas {supra pars. 97 e 109').
Diante das eventuais discrepancias, nao se realizou nenhuma agao para tentar"------^
esclarece-las, tais como uma acareagao entre as pessoas cujas declaragoes eram
supostamente contraditorias115; tampouco procurou receber outros testemunhos que
pudessem esclarecer essas supostas diferengas.
InutiUzagao e omissoes com relagao a prova
124. A Corte Interamericana adverte que a inadequada manipulagao da arma

apreendida poderia ter causado a inutilizagao de uma prova importante. Resulta
contrario as normas de uma investigagao adequada que o escrivao Ribeiro utilizasse a
arma de um dos indiciados, o qual estava detendo em momentos posteriores ao fato.
Alem disso, carece de todo fundamento racional que esse disparo tenha sido utilizado
como uma forma de comunicagao com outras pessoas {supra par. 80). Desse modo,
foram alterados o estado e as condigoes da arma, tornando impossivel que a pericia que
procurava determinar se a mesma havia sido disparada recentemente fosse util ao
Inquerito {supra par. 86)116.
125. Ademais, tambem relacionado com essa arma, o Tribunal observa que o Estado
reconheceu que a falta de pericia de comparagao balistica, entre os estojos de projeteis
de revolver calibre 38 encontrados no lugar da desocupagao e a arma do mesmo calibre
apreendida a um indiciado, constituiu uma falha no Inquerito {supra par. 107). A
reievancia desse estudo foi confirmada pela testemunha Fabio Guaragni, o perito Salo de
Carvalho e a promotora Vera de Freitas Mendonga117, quern ordenou sua realizagao
depois da reabertura do procedimento investigative em abril de 2009. Essa pericia
poderia ter resultado util para comprovar a participagao de um dos indiciados na
operagao de desocupagao118.
Prova perdida
126. O Tribunal adverte que nao esta determinado com exatidao onde se encontra a
arma apreendida que estava sob custodia do Estado. Nao consta que essa prova, nem os
estojos de calibre 38 encontrados no lugar do fato, acompanhasse o expediente do
Inquerito, apesar do previsto no artigo 11 do Codigo de Processo Penal119. Tampouco se
115
Consoante mencionado peio Tribunal (supra nota 71), a testemunha Fabio Guaragni afirmou existir
divergencias entre as declaragoes dos policiais militares e do escrivao Ribeiro. Ademais, consoante disposto no
Codigo de Processo Penal vigente na epoca dos fatos, supra nota 107, folha 2339 e 2366:
Art. 6. Logo que tiver conhecimento da pratica da infragao penal, a autoridade policial devera: [...]
VI -proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareagoes; [...]
Art. 229. A acareagao sera admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas,
entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que
divergirem, em suas declaragoes, sobre fatos ou circunstancias relevantes.
Paragrafo unico. Os acareados serao reperguntados, para que expliquem os pontos de divergencias,
reduzindo-se a termo o ato de acareagao.
116
Nao consta no expediente que tal conduta tenha sido investigada pelos superiores do escrivao Ribeiro,
peio Ministerio Publico ou pela juiza que estiveram a cargo do Inquerito. Ao contrario, em julho de 2001, o
escrivao Ribeiro, quern nessa epoca exercia a fungao de delegado de policia, assumiu o Inquerito.
117
Cf. Testemunho de Fabio Guaragni na audiencia publica, supra nota 63; pericia escrita apresentada por
Salo de Carvalho, supra nota 61, folha 2532; e pedido de desarquivamento do Inquerito apresentado peio
Ministerio Publico em 20 de abril de 2009, supra nota 60, folha 2597.
118
A Corte observa que tampouco foram solicitados aos orgaos competentes a lista de armas registradas
no nome dos empregados ou proprietaries da Fazenda, nem consta que se tenham realizado inspegoes em suas
residencias.
119
Cf. Codigo de Processo Penal, supra nota 107, folha 2340.
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem a prova, acompanharao os
autos do inquerito.
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deixou constancia no expediente sobre aonde teria sido remetida a prova. Ademais,
apesar da afirmagao do Brasil de que a arma nao estava extraviada, mas que poderia
estar na Delegacia ou no Institute de Criminali'stica, a Corte observa que o proprio
Estado nao forneceu informagao precisa a respeito. Por outra parte, dois delegados de
policia diferentes que estiveram a cargo do Inquerito em datas distintas, solicitaram o
revolver a Vara de Loanda, nao sendo provavel que houvessem atuado dessa forma se a
prova procurada estivesse na Delegacia (supra pars. 93 e 96). Diante da falta dessa
informagao, quando foi instado a manifestar-se a respeito, o Ministerio Publico nao
considerou essa situagao e procedeu a solicitar o arquivamento do Inquerito.
Falta de cumprimento de diligencias ordenadas
127. O Tribunal tambem adverte a falta de cumprimento de algumas diligencias

ordenadas pelo delegado de policia e o Ministerio Publico. Com efeito, nao foi realizada a
ordem do delegado Almeida que requeria a apresentagao dos veiculos que teriam sido
utilizados em tal agao, para o reconhecimento por parte das testemunhas, nem a ordem
do Ministerio Publico de que fosse feito "o reconhecimento dos veiculos F1000 pret[o] e
D-20 cinza, mencionados pelas testemunhas ^120 (supra pars. 76 e 85). Do mesmo modo,
outras diligencias requeridas pela promotora Garcia e reiteradas por diversos delegados
tampouco se realizaram na investigagao, tais como realizar a pencia de comparagao
balistica entre a arma apreendida com Ailton Lobato e as capsulas de cartuchos
deflagrados encontradas no lugar do crime; receber as declaragoes de outras
testemunhas presenciais, de empregados de Morival Favoreto e de outros possiveis
suspeitos, e averiguar a ocorrencia de fatos semelhantes na regiao. Chama a atengao
que, a pesar do disposto pela promotora Garcia, nao foram convocadas outras
testemunhas do fato, particularmente, tendo em consideragao a natureza da operagao
que se dirigiu contra aproximadamente cinquenta familias, que se encontravam na
Fazenda durante a desocupagao; de igual maneira, nao deixa de estranhar que tampouco
fosse cumprida a ordem de convocar para prestar declaragao os empregados da Fazenda
(supra pars. 76 e 85). Igualmente, depreende-se do expediente que foi realizado de
forma parcial a produgao de algumas provas requeridas pelo delegado Almeida e pela
promotora Garcia121.
Erro na petigao de arquivamento do Inquerito
128. Adicionalmente, o pedido do Ministerio Publico de arquivamento do Inquerito se

fundou, entre outras razoes, em que "Morival Favoreto neg[ou] a participagao nos fatos,
aduzindo que se encontrava na cidade de Sao Bernardo do Campo [...] acompanhando
seu irmao Darci Favoreto em uma consulta medica" e que o medico Flair Carrilho
"confirm[ou] a presenga de Darci Favoreto em seu consultorio, na cidade [supracitada],
no dia dos fatos" (supra par. 97). A respeito, a Corte faz notar que, ao contrario do
manifestado pelo promotor de justiga, a testemunha Flair Carrilho afirmou que atendeu a
Darci Favoreto em 25 de novembro de 1998 e que era sua a assinatura no recibo com a
120
Nesse sentido: i) nao se intimou o novo proprietario da caminhonete F1000 a apresenta-la perante a
autoridade policial; ii) o caminhao branco de propriedade da empresa Favoretto Colheitas nao foi submetido ao
reconhecimento por parte das testemunhas, e tampouco foi procurado comprovar que esse veiculo nao estava
em Querencia do Norte no momento dos fatos (supra pars. 80 e 82); e iii) nao se verificou perante os orgaos
publicos competentes a lista dos veiculos registrados na epoca do homicidio no nome dos empregados e
proprietarios da Fazenda ou dos familiares mais proximos desses ultimos.
121
A respeito, apesar das instrugdes indicadas na ordem do delegado Almeida para tomar o testemunho
de Eduardo Minutoli Junior (supra pars. 85 e 91), este nao foi interrogado sobre a data na qual Morival
Favoreto esteve hospedado em sua residencia a fim de acompanhar seu irmao a uma consulta medica.
Segundo expressado pela testemunha Fabio Guaragni perante esta Corte, aquele testemunho foi "laconico" e
"havia perguntas necessarias que nao foram feitas [ao declarante]". Testemunho de Fabio Guaragni na
audiencia publica, supra nota 63. Do mesmo modo, nao se perguntou a testemunha Flair Carrilho sobre todas
as questoes indicadas pelo delegado Almeida em seu pedido (supra pars. 85 e 94). Em virtude do anterior,
tampouco se cumpriu com o requerido pela promotora Garcia no sentido de que se "confirm[asse] o alibi
apresentado pelo indiciado Morival Favoreto para o dia dos fatos" (supra par. 83). Em todo caso, a eventual
presenga de Morival Favoreto em outra cidade, em 25 de novembro de 1998, nao oferece uma explicagao a
respeito de um fato ocorrido dois dias depois.
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37
mesma data e que, portanto, nao confirmou a presenga de Darci Favoreto ou do seu
irmao Morival no seu consultorio em 27 de novembro de 1998, a data dos fatos.
129. Ao solicitar o arquivamento do Inquerito, o Ministerio Publico nao considerou a

possibilidade de ordenar as diligencias mencionadas nos paragrafos anteriores com
relagao aos testemunhos, os vefculos e as armas utiiizadas no despejo (supra pars. 122
a 127). Independentemente da convicgao pessoal do promotor, adverte-se que este
aceitou como verdadeiras e certas as informagoes indicadas pelo escrivao Ribeiro e
Morival Favoreto, sem buscar sua comprovagao, nem coteja-las com outras provas
constantes no expediente, renunciando assim a potestade punitiva do Estado. Por sua
parte, a decisao de arquivamento do Inquerito ditada pela juiza Khater unicamente
acatou o parecer do Ministerio Publico sem valorar o atuado nem oferecer fundamentos
que justificassem sua decisao. Nesse sentido, ao decidir sobre o arquivo do
procedimento investigative, a magistrada nao realizou um controle judicial efetivo sobre
tal solicitagao, a qual, como ja expos o Tribunal, apresentava diversas omissoes e
irregularidades.
130. A Corte considera que os orgaos estatais encarregados da investigagao

relacionada com a morte violenta de uma pessoa, cujo objetivo e a determinagao dos
fatos, a identificagao dos responsaveis e sua possivel sangao, devem realizar sua tarefa
de forma diligente e exaustiva. O bem jundico sobre o qual recai a investigagao obriga a
redobrar esforgos nas medidas que devam ser praticadas para cumprir seu objetivo. A
atuagao omissa ou negligente dos orgaos estatais nao resulta compativel com as
obrigagoes emanadas da Convengao- Americana, com maior razao se esta em jogo um
dos bens essenciais da pessoa.
131. De outra feita, embora a Corte valore o desarquivamento do Inquerito ocorrido

em 2009, destaca que o pedido de reabertura desse procedimento evidencia a
necessidade de adotar medidas investigativas para esclarecer os fatos que se haviam
omitido anteriormente, algumas das quais foram apontadas nesta segao. A respeito, o
Ministerio Publico estimou necessario realizar, entre outras, as seguintes diligencias: i)
escutar Vanderlei Garibaldi e dois de seus cunhados, quern presenciaram os fatos; ii)
receber as declaragoes de outras pessoas do acampamento presentes na operagao de
desocupagao e de Giovani Braun; iii) escutar o escrivao Ribeiro para esclarecer a
informagao que aportou ao Inquerito; iv) receber as declaragoes de Morival Favoreto e
Ailton Lobato, a quem se devera perguntar onde estavam no momento do crime,
"[d]estacando-se que [o recibo da consulta medica] refere a data anterior aos fatos, qual
seja, dia 25/11/1998"; e v) localizar e enviar a arma apreendida, assim como as
capsulas e projeteis apreendidos, para exame de comparagao balistica.
132. Diante do exposto, a Corte indica que a falta de resposta estatal e um elemento
determinante ao avaliar se tern descumprido os artigos 8.1 e 25.1 da Convengao
Americana, pois tern relagao direta com o principio de efetividade que deve caracterizar
o desenvolvimento de tais investigagoes122. No presente caso, as falhas e omissoes
apontadas pelo Tribunal demonstram que as autoridades estatais nao atuaram com a
devida diligencia nem em consonancia com as obrigagoes derivadas dos artigos
mencionados.
C.ii) Prazo do Inquerito
133. Este Tribunal tern asseverado que o direito de acesso a justiga deve assegurar,
em um tempo razoavel, o direito das supostas vitimas ou seus familiares a que seja feito
todo o necessario para conhecer a verdade do sucedido e sejam sancionados os
122
Cf. Caso Garcia Prieto e outros, supra nota 59, par. 115; Caso Escher e outros, supra nota 9, par.
206; e Caso Ticona Estrada e outros, supra nota 98, par. 79.
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38
responsaveis123. A falta de razoabilidade no prazo para o desenvolvimento

investigagao constitui, em principio, por si mesma, uma violagao das garantias
judiciais124. Nesse sentido, a Corte tem considerado quatro elementos para determinar a
razoabilidade do prazo: a) comptexidade do assunto, b) atividade processual do
interessado, c) conduta das autoridades judiciais125, e d) o efeito gerado na situagao
juridica da pessoa envolvida no processo126.
134. A Corte adverte que a demora no desenvolvimento do Inquerito nao pode ser
justificada em razao da complexidade do assunto. Com efeito, o presente caso se tratou
de um so fato, ocorrido diante de numerosas testemunhas, a respeito de uma unica
vitima claramente identificada. Ademais, desde o inicio do Inquerito poderiam existir
indicios sobre a possivel autoria e motivo do fato, os quais podiam guiar o procedimento
e suas diligencias.
135. No que concerne ao segundo dos elementos a ser considerado, o Tribunal adverte
que o delito de homicidio deve ser investigado de oficio pelo Estado, conforme este
mesmo ja o explicou e a legislagao nacional (supra pars. 106 e 119), e a atividade
processual dos familiares do senhor Garibaldi em nenhum momento maculou o
Inquerito.
136. Sobre a conduta das autoridades responsaveis, a Corte ja expos a demora das
autoridades em receber as declaragoes de um indiciado e de testemunhas, tal como
ocorreu com as declaragoes de Morival Favoreto, Eduardo Minutoli Junior e Flair Carrilho;
em cumprir as diligencias ordenadas pelo Ministerio Publico e os delegados de policia,
como sucedeu com as diligencias para identificar determinados vefeuios; e em aportar ao
expediente outros elementos probatorios, ,como a pencia da arma apreendida e a
demora para esclarecer a localizagao da mesma. Adicionalmente, pelo menos em cinco
oportunidades durante o Inquerito, transcorreram perfodos de tempo, desde tres meses
ate mais de um ano e seis meses, sem que fosse realizada nenhuma atividade de coleta
ou produgao de provas alem do mero pedido ou reiteragao para praticar alguma
diligencia (supra parrs. 84 a 86, 89, 92, e 95 a 97). Por exemplo, de 2 de junho de 2000
ate 3 de julho de 2001, as unicas atuagoes no expediente foram tres petigoes e
concessoes de prorrogagao do prazo para concluir o Inquerito, e duas reiteragoes de
pedidos de provas (supra par. 89). Igualmente, depois do recebimento do testemunho
de Eduardo Minutoli Junior, em 5 de julho de 2001, nao se praticou nenhuma outra
diligencia, a nao ser solicitar a declaragao do medico Flair Carrilho, ate 12 de setembro
de 2002 (supra pars. 91 e 92). Depois de que finalmente foi recebida a declaragao do
mencionado medico, em 13 de setembro de 2002, ate o pedido de arquivamento do
Inquerito, em 12 de maio de 2004, a unica atuagao voltada ao avango do Inquerito foi a
reiteragao do pedido de envio da arma apreendida, que foi finalmente respondida em 25
de margo de 2004 (supra pars. 94 a 96). Por ultimo, no decorrer dos quase seis anos
que durou o Inquerito, em treze oportunidades foram solicitadas e outorgadas
prorrogagoes para conclui-lo. Dessa forma, considerando o penodo transcorrido entre 10
de dezembro de 1998, quando apenas se iniciava o Inquerito, ate a ordem de
arquivamento em maio de 2004, a Corte considera que esse procedimento demorou o
123
Cf. Caso Bulacio Vs. Argentina. Merito, Reparagoes e Custas. Sentenga de 18 de setembro de 2003.
Serie C No. 100, par. 114; Caso Kawas Fernandez, supra nota 14, par. 112; e Caso Ticona Estrada e outros,
124
Cf. Caso Hilaire, Constantine e Benjamin e outros Vs. Trinidad e Tobago. Merito, Reparagoes e Custas.
Sentenga de 21 de junho de 2002. Serie C No. 94, par. 145; Caso Valle Jaramillo e outros, supra nota 95, par.
154; e Caso Heliodoro Portugal, supra nota 13, par. 148.
125
Cf. Caso Genie Lacayo Vs. Nicaragua. Merito, Reparagoes e Custas. Sentenga de 29 de Janeiro de
1997. Serie C No. 30, par. 77; Caso Kawas Fernandez, supra nota 14, par. 112; e Caso Valle Jaramillo e outros,
126
par. 112.
I
39 O
F.z.
equivalente a mais de sessenta vezes o prazo legal de trinta dias estabelecido no artigo
10 do Codigo de Processo Penal127.
137. O Brasil alegou que a duragao do Inquerito decorreu das ferias regulamentares de
alguns funcionarios publicos, da realizagao de diligencias em outras jurisdigoes e do
acumuio de procedimentos a cargo das autoridades estatais. A Corte lembra, como ja foi
estabelecido na presente Sentenga, que existe uma obrigagao internacional do Estado
em investigar fatos como os do presente caso e, por isso, nao e possivel alegar
obstaculos internes, tais como a falta de infra-estrutura ou de pessoal para conduzir os
processes investigativos, para eximir-se de uma obrigagao internacional.
138. Acerca do quarto elemento, a Corte tern afirmado que, para determiner a
razoabilidade do prazo, deve-se tomar em conta os efeitos gerados pela duragao do
procedimento na situagao jundica da pessoa envolvida no mesmo, considerando, entre
outros elementos, a materia objeto de controversia. Assim, o Tribunal tern estabelecido
que se o lapso temporal incide de maneira relevante na situagao jundica do individuo,
resultara necessario que o procedimento tramite com uma maior diligencia a fim de que
o caso se resolva em um tempo breve128. No presente caso, a Corte considera que nao e
necessario analisar esse elemento para determinar a razoabilidade do prazo da
investigagao iniciada pela morte do senhor Garibaldi.
139. Pelo exposto, o Tribunal conclui que o lapso de mais de cinco anos que demorou o
procedimento interne apen'as na fase de investigagao dos fatos ultrapassa
excessivamente um prazo que possa ser considerado razoavel para que o Estado realize
as correspondentes diligencias investigativas, bem como constitui uma denegagao de
justiga em prejufzo dos familiares de Setimo Garibaldi.
*
* *
140. A Corte conclui que as autoridades estatais nao atuaram com a devida diligencia
no Inquerito da morte de Setimo Garibaldi, o quai, ademais, excedeu um prazo razoavel.
Por isso, o Estado vioiou os direitos as garantias e a protegao judiciais previstos nos
artigos 8.1 e 25.1 da Convengao Americana, em relagao com o artigo 1.1 da mesma, em
prejufzo de Iracema Garibaldi, Darsonia Garibaldi, Vanderlei Garibaldi, Fernando
Garibaldi, Itamar Garibaldi, Itacir Garibaldi e Alexandre Garibaldi.
141. A Corte nao pode deixar de expressar sua preocupagao pelas graves falhas e
demoras no inquerito do presente caso, que afetaram vftimas que pertencem a um
grupo considerado vulneravel. Como ja foi manifestado reiteradamente por este
Tribunal, a impunidade propicia a repetigao cronica das violagoes de direitos humanos129.
VII
130
ARTIGO 28 (CLAUSULA FEDERAL)
127
Cr. Codigo de Processo Penal, supra nota 107, folha 2340.
Art. 10. O inquerito devera terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante,
ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipotese, a partir do dia em que se executar
a ordem de prisao, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fianga ou sem ela.
[...]
§ 3s Quando o fato for de dificil elucidagao, e o indiciado estiver solto, a autoridade podera requerer
ao juiz a devolugao dos autos, para ulteriores diligencias, que serao realizadas no prazo marcado pelo
juiz.
128
Cf. Caso Valle Jaramillo y otros, supra nota 95, par. 155; e Caso Kawas Fernandez, supra nota 14, par.
115.
129
Cf. Caso da "Panel Blanca" (Paniagua Morales e outros), supra nota 31, par. 173; Caso Kawas
Fernandez, supra nota 14, par. 190; e Caso Valle Jaramillo e outros, supra nota 95, par. 100.
130
O Artigo 28 da Convengao Americana estabelece;
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3 ’■ ,ivi. S-
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COM RELAÂO AOS ARTIGOS 1.1 E 2 DA CONVEN£AO AMERICANA -4 .
142. A Comissao alegou que, em cumprimento do artigo 28 da Convengao Americana,
independentemente da divisao interna de competencias, o Brasil deveu adotar: i)
medidas adequadas para que Setimo Garibaldi nao fosse assassinado por um grupo
armado a servigo de fazendeiros do Estado do Parana que tentava praticar uma
desocupagao clandestina, assim como proporcionar aos seus familiares uma efetiva
investigagao dos fatos, julgamento e sangao dos responsaveis, junto com uma adequada
indenizagao civil; e ii) medidas eficazes com o fim de evitar a proliferagao de grupos
armados que pratiquem desocupagoes clandestinas violentas. A forma federal do governo
procura dar maior autonomia e uma ampla margem de gestao aos Estados que compoem
a Uniao, enquanto o estado federal conserve algumas fungoes basicas. Conforme o artigo
23, inciso I, da Constituigao Federal, compete conjuntamente a Uniao, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municipios velar pela guarda da Constituigao e das leis. Em razao
de que "os mecanismos resuitaram inoperantes, o Estado [...] nao pode argumentar em
nenhum caso, sua falta de responsabilidade". As unidades federativas, por serem partes
do estado federal, encontram-se igualmente vinculadas pelo disposto nos tratados
internacionais ratificados por esse ultimo. Por outro lado, o artigo 28 da Convengao
Americana estabelece obrigagdes cujo cumprimento, da forma que o das obrigagoes
emanadas dos artigos 1.1 e 2 da Convengao, e suscetfvel de verificagao e
pronunciamento pelos orgaos de supervisao do Sistema Interamericano. Com efeito, "o
dever de adotar disposigoes de direito interne exige dos Estados Partes nao somente
expedir e implementar medidas de carater legislative, mas tambem de todas as medidas
necessarias para assegurar o pleno e efetivo gozo dos direitos e liberdades garantidos
pela Convengao Americana a todas as pessoas sujeitas a sua jurisdigao". Com base nas
consideragoes anteriores, solicitou que a Corte declare o descumprimento pelo Brasil das
normas convencionais referidas.
143. Os representantes sustentaram que por tratar-se de um estado federal, o Brasil

tern a responsabilidade de cumprir todas as disposigoes da Convengao Americana,
inclusive o artigo 28 e que nao pode eximir-se de sua responsabilidade pela negative dos
Estados que integram a Uniao. Particularmente, indicaram que durante o procedimento
perante a Comissao em uma reuniao de trabalho realizada em 11 de outubro de 2007, o
Estado informou que "nao conseguiram estabelecer contato com as autoridades do
Estado do Parana e por isso nao [era] possivel trazer informag[ao] sobre o cumprimento
das recomendagoes" incluidas no Relatorio No. 13/07 da Comissao. Essa atitude, a seu
juizo, e uma prova das omissoes do Estado. Mesmo que se negue a assumir sua
responsabilidade pelas violagoes cometidas no presente caso, alegando discrepancias
entre o estado federal e o ente estadual, o Brasil nao estaria observando sua obrigagao
internacional de garantir e fazer cumprir a Convengao. Independentemente de sua
estrutura federal, o Estado devia respeitar sua obrigagao internacional de adotar medidas
adequadas para garantir os direitos das pessoas que estao sob sua jurisdigao. 0 Estado
descumpriu as disposigoes do artigo 28 da Convengao ao nao possibilitar uma
investigagao completa, imparcial e efetiva dos fatos, responsabilizando os autores do
crime; ao nao reparar plenamente os familiares da vitima, e ao nao prevenir a morte de
trabalhadores rurais. Por isso, consideraram que existem elementos probatorios
suficientes para condenar o Estado pela violagao do referido artigo.
1. Quando se tratar de um Estado Parte constituido como Estado federal, o governo nacional do
aludido Estado Parte cumprira todas as disposigoes da presente Convengao, relacionadas com as
materias sobre as quais exerce competencia legislativa e judicial.
2. No tocante as disposigoes relatives as materias que correspondem a competencia das entidades

componentes da federagao, o governo nacional deve tomar imediatamente as medidas pertinentes, em
conformidade com sua constituigao e suas leis, a fim de que as autoridades competentes das referidas
entidades possam adotar as disposigoes cabiveis para o cumprimento desta Convengao. [...]
;
41 • •• j ^*
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144. O Estado afirmou que a Comissao e os representantes nao lograram demonstrar---------------

com precisao as agoes que o Brasil devia ter realizado para evitar a violagao do artigo
da Convengao Americana e entendeu que nao e possivel saber as dimensoes dessa
suposta violagao, ja que somente fizeram acusagoes em termos genericos. Esclareceu
que a informagao que apresentou a respeito do presente caso, na mencionada reuniao de
trabalho na Comissao, foi oferecida de boa fe e pretendia indicar as razoes pelas quais o
Estado demorou em cumprir o conjunto de recomendagoes que a Comissao
Interamericana efetuou em seu Relatorio de Admissibilidade e Merito. De outra feita,
arguiu que o artigo 28 da Convengao Americana e uma norma de carater procedimental
que nao altera a substancia dos direitos individuals em questao. Em suas alegagoes finais
escritas, o Brasil acrescentou que a Comissao, "[a]o alegar a violagao dos artigos 2° e 28
da Convengao pela suposta ausencia de politicas que pudessem prevenir o homicidio de
Setimo Garibaldi", buscou um caminho que pudesse levar a submeter a Corte a suposta
responsabilidade do Estado por esse homicidio. Como o Estado nao pode ser
responsabilizado pelos fatos ocorridos antes do reconhecimento expresso da competencia
do Tribunal, e evidente que a suposta omissao na implementagao de uma polftica
preventive somente podia ocorrer em um momento anterior a morte de Setimo Garibaldi.
Desde o tramite perante a Comissao, assim como na contestagao a demanda, o Estado
tern informado sobre suas politicas .publjcas de combate a violencia no campo e de
promogao da reforma; agraria desenvolvidas pela Uniao, pelo que refutou que estivesse
utilizando sua estrutura federal como justificative para nao cumprir as disposigoes dos
artigos 2 e 28 da Convengao. Finalmente, aduziu'.que com base nos artigos 48.1 e 63 da
Convengao Americana, somente os direitos e;as liberdades estabelecidos nesse tratado
podem ser objeto de exame tanto pela Comissao como pelo Tribunal, a quern solicitou
que julgue improcedentes as pretensoes das partes relacionadas ao artigo 28 da
Convengao.
* *
145. Conforme ja expressado (supra par. 40), a Corte Interamericana tern competencia
para interpretar e aplicar todas as disposigoes da Convengao Americana, nao somente as
que reconhecem direitos especificos, mas tambem as que estabelecem obrigagoes de
carater geral como as que se derivam dos artigos 1 e 2 do tratado, habitualmente
interpretadas e aplicadas pelo Tribunal; assim como outras disposigoes, dentre as quais
figuram as normas de interpretagao previstas no artigo 29 do mesmo instrumento.
146. No que concerne a denominada "clausula federal" estabelecida no artigo 28 da

Convengao Americana, em ocasioes anteriores a Corte teve a oportunidade de referir-se
ao alcance das obrigagoes internacionais de direitos humanos dos Estados federais.
Recentemente, no Caso Escher e outros, o Tribunal aduziu que, em sua competencia
contenciosa, tern estabelecido claramente que "segundo jurisprudencia centenaria e que
nao variou ate agora, um Estado nao pode alegar sua estrutura federal para deixar de
cumprir uma obrigagao internacional"131. Essa questao tambem foi abordada em sua
competencia consultiva, ao determiner que "as disposigoes internacionais concernentes a
protegao dos direitos humanos nos Estados americanos [...] devem ser respeitadas pelos
Estados americanos Partes nas respectivas convengoes, independentemente de sua
estrutura federal ou unitaria"132. Dessa maneira, a Corte considera que os Estados Partes
131
Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 219. Cf. Caso Garrido e Baigorria l/s, Argentina. Reparagoes e
Custas. Sentenga de 27 de agosto de 1998. Serie C No. 39, par. 46.
132
O Direito a Informagao sobre a Assistencia Consular no Ambito das Garantias do Devido Processo
Legal. Opiniao Consultiva OC-16/99 de 1° de outubro de 1999. Serie A No. 16, par. 140. Em medidas
provisorias, o Tribunal se pronunciou em sentido similar: "o Brasil e um Estado federal e [..,] a Penitenciaria
Urso Branco se localiza numa de suas unidades federativas, o que, no entanto, nao exime o Estado do
cumprimento de suas obrigagoes de protegao. [...] 0 Estado deve organizar-se internamente e adotar as
providencias que se fagam necessarias, segundo sua organizagao polftico-administrativa, para cumprir essas
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devem assegurar 0 respeito e a garantia de todos os direitos reconhecidos na Convengao^

Americana a todas as pessoas sob sua jurisdigao, sem limitagao nem excegao alguma
com base na referida organizagao interna. 0 sistema normative e as praticas das
entidades que formam um estado federal Parte da Convengao devem conformar-se com
a mesma133.
147. No presente caso, a Comissao e os representantes alegaram 0 descumprimento

dos artigos 2 e 28 da Convengao pela suposta ausencia de politicas publicas que
pudessem ter prevenido, por um lado, 0 homicidio do senhor Garibaldi e, por outro, a
proliferagao de grupos armados que praticam desocupagoes clandestinas. A respeito,
este Tribunal ja determinou (supra pars. 20 e 22) que esta fora da competencia
temporal da Corte todo fato anterior a aceitagao da competencia contenciosa por parte
do Estado, ou seja, anterior a 10 de dezembro de 1998. Por conseguinte, a Corte
tampouco e competente para analisar se 0 Brasil implementou com antecipagao a morte
de Setimo Garibaldi as medidas necessarias para prevenir esse fato. Noutro diapasao,
consoante a demanda apresentada pela Comissao Interamericana, o objeto do presente
caso se constitui das falhas e omissoes no Inquerito Policial da morte do senhor
Garibaldi, em violagao dos artigos 8 e 25 da Convengao, e nao a situagao das
desocupagoes no Estado do Parana.
148. Por outra parte e finalmente, -.a. Corte considera, como 0 fez no Caso Eschar a
outros134, que o arrazoado sobre a eventual inobservancia das obrigagoes emanadas do
artigo 28 da Convengao deve referir-se a um fato com um valor suficiente para ser
considerado como um verdadeiro descumprimento. No presente caso, a manifestagao do
Estado em uma reuniao de trabalho sobre as dificuldades na comunicagao com uma
entidade componente do Estado Federal nao significa, nem carrega por si mesma, um
descumprimento a essa norma. A Corte adverte que, no tramite perante si, o Estado nao
apresentou sua estrutura federal como escusa para descumprir uma obrigagao
internacional. Segundo afirmado pelo Estado, e nao desvirtuado pela Comissao nem
pelos representantes, essas expressoes constituiram uma explicagao sobre a marcha da
implantagao das recomendagoes do Relatorio No. 13/07 da Comissao.
149. Pelo exposto, 0 Tribunal nao constata que o Estado tenha descumprido as
obrigagoes emergentes do artigo 28 da Convengao Americana, com relagao aos artigos 1
e 2 do mesmo tratado.
VIII
REPARACOES
(Aplicagao do Artigo 63.1 da Convengao Americana)135
150. E um principio de Direito Internacional que toda violagao de uma obrigagao

internacional que tenha produzido dano comporta 0 dever de repara-lo
adequadamente136. Essa obrigagao de reparar e regulada em todos os aspectos pelo
medidas provisorias". Assunto da Penitenciaria Urso Branco. Medidas Provisorias a respeito do Brasil. Resolugao
da Corte Interamericana de Direitos Humanos de 2 de maio 2008, Considerando decimo quarto.
133
134
135
O artigo 63.1 da Convengao dispoe:
Quando decidir que houve violagao de um direito ou liberdade protegidos nesta Convengao, a Corte
determinara que se assegure ao prejudicado o gozo de seu direito ou liberdade violados, Determinara
tambem, se isso for procedente, que sejam reparadas as consequencias da medida ou situagao que
haja configurado a violagao desses direitos, bem como o pagamento de indenizagao justa a parte
lesada.
136
Cf. Caso Velasquez Rodriguez l/s. Honduras. Reparagoes e Custas. Sentenga de 21 de julho de 1989.
Serie C No. 7, par. 25; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 221; e Caso Reveron Trujillo, supra nota 30,
par, 155.
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43
Direito Internacional 137 . Em suas decisoes, a Corte tem se baseado no artigo 63.1 da
Convengao Americana.
151. De acordo com as consideragoes sobre o meritd e as violagoes a Convengao

deciaradas nos capitulos correspondentes, assim como em virtude dos criterios
estabelecidos na jurisprudencia do Tribunal quanto a natureza e ao alcance da obrigagao
de reparar138, a Corte passara a analisar tanto as pretensoes apresentadas peia
Comissao e pelos representantes, como os argumentos do Estado a esse respeito, com o
objetivo de estabelecer as medidas tendentes a reparar as mencionadas violagoes.
A) Partes lesionadas
152. O Tribunal considera parte lesionada, nos termos do artigo 63.1 da Convengao, a
quern foi declarado vitima da violagao de algum direito consagrado na mesma. No
presente caso, a Corte entendeu que o Estado violou os direitos humanos das seguintes
pessoas: Iracema Garibaldi, Darsonia Garibaldi, Vanderlei Garibaldi, Fernando Garibaldi,
Itamar Garibaldi, Itacir Garibaldi e Alexandre Garibaldi (supra par. 140), a quern, por
conseguinte, considera como "partes lesionadas" e beneficiarios das reparagoes que
ordena a continuagao.
B) Medidas de satisfagao e garantias de nao repetigao
153. Nesta segao, o Tribunal determinara as medidas de satisfagao que buscam

reparar o dano imaterial e que nao tern natureza pecuniaria e dispora sobre as medidas
de alcance ou repercussao publica.
i) Obrigagao de public'ar a Sentenga

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154. A Comissao solicitou', a este Tribunal que ordene ao Estado a publicagao da

presente Sentenga em um meio de xifculagao hacional como medida de satisfagao das
vitimas. ' “V
155. Os representantes, em seu escrito vde alegagoes finai.s, soiicitaram, como uma
forma de reparagao simbolica, que o Estado publfque.a Sentenga em um jornal de grande
circulagao nacional.
156. O Estado nao apresentou alegagoes adicionais a esse respeito.
157, Como dispos a Corte em outros casos139, o Estado devera publicar no Diario
Oficial, em outro diario de ampla circulagao nacional, e em um jornal de ampla circulagao
no Estado do Parana, por uma unica vez, a pagina de rosto, os Capitulos I, VI e VII, sem
as notas de rodape, e a parte resoiutiva da presente Sentenga, como medida de
satisfagao. Adicionalmente, como foi ordenado pelo Tribunal em ocasioes anteriores140, a
presente Sentenga devera ser publicada integralmente, no rmnimo por um ano, em uma
pagina web oficial adequada da Uniao e do Estado do Parana, tomando em conta as
caractensticas da publicagao que se ordena realizar. Para concretizar essas publicagoes
137
Cf. Caso Aloeboetoe e outros Vs. Suriname. Reparagoes e Custas. Sentenga de 10 de setembro de
1993. Serie C No. 15, par. 44; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 221; e Caso Perozo e outros, supra
nota 14, par. 404.
138
Cf. Caso Velasquez Rodriguez, supra nota 136, pars. 25 a 27; Caso Escher e outros, supra nota 9, par.
222, e Caso Reveron Trujillo, supra nota 30, par. 156.
139
Cf. Caso Barrios Altos l/s. Peru. Reparagoes e Custas. Sentenga de 30 de novembro de 2001. Serie C
No. 87, Ponto Resolutivo 5 d); Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 239; e Caso Kawas Fernandez, supra
nota 14, par. 199.
140
Cf. Caso das Irmas Serrano Cruz, supra nota 103, par. 195; Caso Escher e outros, supra nota 9, par.
239; e Caso Palamara Iribarne Vs. Chile. Merito, Reparagoes e Custas. Sentenga de 22 de novembro de 2005.
Serie C No. 135, par. 252,
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nos jornais e na Internet, a Corte fixa os prazos de seis e dois meses, respectivamente,
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contados a partir da notificagao da presente Sentenga.
ii) Reconhecimento publico da responsabilidade internacional
158. A Comissao solicitou a este Tribunal que ordene ao Estado o reconhecimento

publico de sua responsabilidade internacional pelo dano causado e pelas violates
ocorridas.
159. Os representantes, em seu escrito de petigoes e argumentos, solicitaram que se

promova um ato de reconhecimento publico do Estado sobre sua responsabilidade sobre
os fatos. No escrito de alegagoes finais acrescentaram que o Estado deve realizar uma
homenagem (in memoriam) a Setimo Garibaldi atraves da inauguragao, com a presenga
de autoridades publicas e de seus familiares, de uma escola publica na cidade de
Querencia do Norte com seu nome.
160. O Estado nao apresentou alegagoes adicionais a esse respeito.
161. A Corte tern determinado a realizagao de atos de reconhecimento publico de

responsabilidade internacional como garantia de nao repetigao dos fatos, geralmente,
ainda que nao exclusivamente, com o objeto de reparar violagoes aos direitos a vida, a
integridade e a liberdade pessoais141. No presente caso, o Tribunal nao se pronunciou
sobre a responsabilidade do Estado pela violagao a algum dos mencionados direitos em
prejuizo das vitimas. Nesse sentido, a Corte nao constata uma relagao entre a medida de
reparagao solicitada e a violagao declarada no presente caso pelas falhas e omissoes no
Inquerito Policial. Por outra parte, o Tribunal considera que a presente Sentenga, assim
como as medidas de reparagao ordenadas, constituem importantes e suficientes medidas
para reparar as violagoes as garantias e a protegao judiciais declaradas no presente
caso.
Hi) Dever de investigar, julgar e sancionar os responsaveis do homicfdio de Setimo

Garibaldi
162. A Comissao entendeu que, enquanto nao seja realizada uma investigagao
imparcial e efetiva dos fatos, existe uma violagao do direito de acesso a justiga. Agregou
que, conforme a jurisprudencia da Corte, uma reparagao integral exige que o Estado
investigue com a devida diligencia os fatos, com o fim de julgar e sancionar os
m responsaveis pela morte do senhor Garibaldi. As vitimas deverao ter pleno acesso e
capacidade de atuar em todas as etapas e instancias dessas investigagoes, nos termos
da lei interna e da Convengao, e o Estado devera assegurar o cumprimento efetivo das
decisoes que adotem os tribunals internes. Reconheceu os esforgos estatais para o
desarquivamento do Inquerito Policial e entendeu, nesse sentido, que e fundamental que
o Estado cumpra seu dever de evitar e combater a impunidade atraves da realizagao de
uma investigagao seria, exaustiva, imparcial e efetiva da morte de Setimo Garibaldi.
163. Os representantes solicitaram a Corte ordenar ao Estado investigar e sancionar

penalmente os autores materials e intelectuais da morte de Setimo Garibaldi.
164. O Estado indicou no escrito de alegagoes finais que, desde o ano 2004, quando se
deu o arquivamento do Inquerito, nao havia sido levada a conhecimento do Ministerio
Publico uma nova prova que motivasse sua reabertura. No entanto, dos testemunhos de
Vanderlei Garibaldi e de Giovani Braun no processo ante a Corte Interamericana, o
Ministerio Publico considerou que haviam surgido provas substancialmente novas e
solicitou em 20 de abril de 2009 o desarquivamento do Inquerito, o que foi deferido esse
mesmo dia pelo juizo da Comarca de Loanda. Essa medida atende ao primeiro pedido da
Comissao e dos representantes. Portanto, a seu juizo, o desarquivamento do Inquerito
Policial acarretou a perda do objeto desse pedido.
141
Cf. Caso Castaneda Gutman, supra nota 10, par, 239; e Caso Eschere outros, supra nota 9, par. 243.
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45
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165. A Corte constatou nesta Sentenga que o Inquerito seguido no presente caso nao—* ~ '
tem constituido um recurso efetivo para garantir um verdadeiro acesso a justiga por
parte das vitimas, dentro de um prazo razoavel, que abarque o esclarecimento dos fatos,
a investigagao e, se for o caso, a sangao dos responsaveis pelo homicidio de Setimo
Garibaldi.
166. A Corte vaiora positivamente o desarquivamento do Inquerito. Todavia, considera

que, embora tai medida resulte em um avango inicial importante, a reabertura do
procedimento investigative devera ser seguida pela realizagao efetiva das diligencias
necessarias para a elucidagao dos fatos e o estabelecimento das responsabilidades
correspondentes, conforme exposto nesta Sentenga (supra pars. 122 a 127).
167. O Tribunal reitera que o Estado esta obrigado a combater essa situagao de
impunidade por todos os meios dispom'veis, ja que esta propicia a repetigao cronica das
violagoes de direitos humanos e a total indefensibilidade das vitimas e de seus familiares,
que tem direito a conhecer a verdade dos fatos142. O reconhecimento e o exercicio do
direito a conhecer a verdade em uma situagao concreta constitui um meio de
reparagao143. Portanto, no presente caso, o direito a conhecer a verdade da lugar a uma
expectativa das vitimas que o Estado deve satisfazer144.
168. Alem disso, o Tribunal considera que uma das formas mais relevantes para
combater a situagao de impunidade em casos como o presente, e investigar a atuagao
dos agentes estatais envolvidos nas violagoes estabelecidas na Sentenga, sejam policiais,
membros do Ministerio Publico, juizes e servidores em geral, o que deve ser realizado na
jurisdigao interna por intermedio das instituigoes publicas competentes.
169. Considerando o anterior, assim como a jurisprudencia deste Tribunal145, a Corte

dispoe que o Estado deve conduzir eficazmente e dentro de um prazo razoavel o
Inquerito e qualquer processo que chegar a abrir, como consequencia deste, para
identificar, julgar e, eventualmente, sancionar os autores da morte do senhor Garibaldi.
Do mesmo modo, o Estado deve investigar e, se for o-caso, sancionar as eventuais faltas
funcionais nas quais poderiam ter incorrido os funcionarios publicos a cargo do Inquerito.
Adicionalmente, tal e como tem sido indicado pela Corte146, as vitimas ou seus
representantes deverao ter acesso e capacidade de atuar em todas as etapas e instancias
dos processes internes instaurados no presente caso, de acordo com a lei interna e a
m 170.
iv) Revogagao da Lei No. 15.662/07
Os representantes solicitaram a Corte que ordene ao Estado revocar a Lei No.

15.662/07 que concedeu a juiza Elisabeth Khater o titulo de cidada honoraria do Estado
do Parana.
171. A Comissao nao apresentou alegagoes adicionais a esse respeito.
142 Cr. Caso Velasquez Rodriguez, supra nota 48, par. 174; Caso Bueno Alves Vs. Argentina. Merito,
Reparagoes e Custas. Sentenga de 11 de maio de 2007. Serie C No. 164, par. 90; e Caso do Penal Miguel
Castro Castro Vs. Peru. Merito, Reparagoes e Custas. Sentenga de 25 de novembro de 2006. Serie C No. 160,
par. 440.
143
Cf. Caso Escue Zapata Vs. Colombia. Merito, Reparagoes e Custas. Sentenga de 4 de julho de 2007.
144 Cf. Caso Castillo Paez Vs. Peru. Merito. Sentenga de 3 de novembro de 1997. Serie C No. 34, par. 90;
Caso La Cantuta Vs. Peru. Merito, Reparagoes e Custas. Sentenga de 29 de novembro de 2006. Serie C No.
162, par. 222; e Caso do Pena! Miguel Castro Castro, supra nota 142, par. 440.
145 Cf. Caso Baldeon Garcia l/s. Peru. Merito, Reparagoes e Custas. Sentenga de 6 de abril de 2006. Serie
C No. 147, par. 199; Caso Kawas Fernandez, supra nota 14, par. 191; e Caso Perozo e outros, supra nota 14,
par. 414.
146 Cf. Caso do "Caracazo" Vs. Venezuela. Reparagoes e Custas. Sentenga de 29 de agosto de 2002. Serie
C No. 95, par. 118; Caso Kawas Fernandez, supra nota 14, par, 194; e Caso Valle Jaramillo e outros, supra
nota 95, par. 233.
oXV'
46 )
172. O Estado refutou a pertinencia do pedido de derrogagao da lei do Estado do

Parana que concedeu o titulo de cidada honoraria a juiza Elisabeth Khater. O Brasil
sustentou que resta dificil imaginar o efeito que teria essa medida sobre os resultados do
Inquerito.
173. A Corte e competente para ordenar a um Estado que deixe sem efeito uma lei
interna quando seus termos sejam violatorios dos direitos previstos na Convengao e, por
isso, contrarios ao artigo 2 do mesmo tratado, o que nao foi alegado nem demonstrado
pelos representantes no presente caso. Com base no exposto, o Tribunal nao acolhe o
pedido formulado pelos representantes.
v) Implementagao do artigo 10 do Codigo de Processo Penal
174. a Comissao solicitou que a Corte ordene ao Brasil a adogao e instrumentagao de

medidas necessarias para uma efetiva implementagao da disposigao contida no artigo 10
do Codigo Processo Penal (supra nota 127) em todo inquerito policial, assim como o
julgamento de fatos puniveis relacionados com despejos forga^dos em assentamentos de
trabalhadores sem terra com consequencias de morte, de maneira a ajustarem-se com
os parametros do Sistema Interamericano. -
175. Os representantes nao apresentaram alegagoes especificas a respeito.
176. O Estado alegou que o prazo das investigagoes policiais se rege pelo principio da
razoabilidade. Nesse sentido, o termino do referido procedimento podera estar
condicionado a efetiva disposigao de recursos materiais indispensaveis ao cumprimento
da norma legal, bem corrio as circunstancias particulares do caso. Em virtude disso, o
artigo 10, paragrafo 3°, do Codigo de Processo Penal preve a possibiiidade de uma maior
duragao do inquerito quando o fato seja de dificil elucidagao.
177. A Corte declarou neste caso que o periodo no qual transcorreu o Inquerito nao
correspondeu a um prazo razoavei, ordenando que tal procedimento fosse seguido
respeitando-se o determinado nos artigos 8 e 25 da Gohvengao. Nesse sentido, o Estado
devera conduzir o Inquerito recem reaberto conforme o artigo 10 do Codigo de Processo
Penal e os demais criterios aludidos pelo Tribunal nesta Decisao. Acerca do cumprimento
do referido dispositive em todos os procedimentos investigativos iniciados no Brasil, a
Corte nao pode pronunciar-se sobre eventuais investigagoes das quais nao tenha
conhecimento sobre seus meritos e circunstancias, razao pela qua! nao ordena esta
medida de reparagao.
vi) Outras pretensoes de reparagao
178. A Comissao alegou que para prevenir violagoes aos direitos humanos no future, a
Corte devia ordenar ao Estado adotar medidas: a) necessarias para que sejam
observados os direitos humanos nas poh'ticas governamentais que tratem sobre a
ocupagao de terras, segundo o artigo 28 da Convengao Americana em relagao ao artigo
1.1 da mesma; e b) adequadas para os funcionarios de justiga e da policia, a fim de
evitar a proliferagao de grupos armados que realizem desocupagoes arbitrarias e
violentas.
179. Os representantes solicitaram que se ordene ao Estado: a) tomar as medidas

necessarias para garantir que nao haja desocupagoes violentas; b) adotar medidas
eficazes para proteger os direitos dos trabalhadores rurais criando um orgao eficaz de
mediagao dos conflitos agrarios; e c) nao "editar qualquer norma que profba a vistoria
em imovel rural de dominio publico ou particular que tenha sido objeto de ocupagao por
qualquer periodo de tempo ou outra razao e que as normas ja existentes a este respeito
sejam imediatamente revogadas".
/00^6./C> \
47
180. O Estado assinalou que desenvolveu medidas para que sejam observados os
direitos humanos nas polfticas governamentais que versam sobre assuntos de ocupagao
de terras, como por exemplo, a criagao da Ouvidoria Agraria National, para prevenir
conflitos agrarios; o Programa Paz no Campo e o Plano Nacional de Combate a Violencia
no Campo. Tudo isso demonstra a preocupagao do Estado em implementar urn sistema
de protegao de direitos humanos e observa-los em suas polfticas governamentais que
tratam da ocupagao de terras. Da mesma maneira, elaborou um Plano de Execugao de
Mandados Judiciais de Reintegragao de Posse Coletiva e, no ambito deste, um Manual de
Diretrizes Nacionais para a Execugao de Mandados Judiciais de Manutengao e
Reintegragao de Posse Coietiva, cujo objetivo principal e evitar os embates fundiarios
decorrentes do cumprimento de ordens judiciais, assim como auxiliar as autoridades
publicas encarregadas de garantir e aplicar a lei nos casos concretos, de natureza
agraria, levados ao conhecimento e julgamento do Poder Judiciario. Igualmente, alegou
que nao existe correiagao evidente entre o pedido dos representantes referente a nao
promulgagao de leis que profbam a verificagao em imoveis rurais e o objeto desta
demanda e, ademais, nao encontra respaido em nenhum direito consagrado na
Convengao.
181. A Corte observa que essas medidas de reparagao soiicitadas pela Comissao e pelos
representantes tern como objetivo que o Estado adote uma serie de medidas em reiagao
a situagao dos trabalhadores rurais no Brasil, particuiarmente no contexto das ocupagoes
de terra e desocupagoes extrajudiciais. Apesar de que nao resultam indiferentes os
argumentos sobre a alegada vulnerabilidade dos trabalhadores sem terra, devido a falta
de competencia temporal sobre os fatos relacionados com a desocupagao que culminou
na morte do senhor Garibaldi, o Tribunal nao se pronunciara sobre as medidas soiicitadas
que tern por objeto.fatos que restaram fora do exame no presente caso pelos motives
antes indicados. ; •
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<i . .i. .
C) Dano Materia/, Dane Imateriai, Custas e Gastos
i) Dano Material
182. A Corte desenvolveu em sua jurisprudencia o conceito de dano material e os

pressupostos nos quais corresponde indenizar147.
183. A Comissao estabeleceu os principles gerais sobre a materia e destacou que "as
vftimas realizaram esforgos economicos com a finalidade de conseguir justiga no nfvel
domestico" e superar as consequencias que as agoes do Estado ihes ocasionaram.
Ademais, requereu que, sem prejufzo das pretensSes que expusessem os representantes,
o Tribunal fixe, em equidade, a quantia da indenizagao por dano emergente e lucro
cessante.
184. Os representantes expuseram que a familia do senhor Garibaldi sofreu perdas

economicas causadas pelos fatos. Depois da morte de seu marido, Iracema Garibaldi
ficou como unica responsavei dos seis fiihos de ambos, dois dos quais eram menores de
idade. Atualmente, a senhora Garibaldi, que recebe um salario minimo mensal por sua
aposentadoria, para poder subsistir precisa trabalhar junto com alguns membros de sua
familia, que sao pequenos produtores rurais. Nao obstante, sua renda mensal resulta
insuficiente para o sustento de toda a familia. O dano economico foi irreparave! ja que
nunca poderao regressar as condigoes de vida existentes antes dos fatos. Em particular,
os representantes solicitaram ao Tribunal que ordene a entrega a familia Garibaldi da
147
Este Tribunal tem estabelecido que o dano material supoe ”a perda ou detrimento dos ingressos das
vftimas, os gastos efetuados com motive dos fatos e as consequencias de carater pecuniario que tenham um
nexo causal com os fatos do caso", Caso Bamaca Velasquez l/s. Guatemala. Reparagdes e Custas. Sentenga de
22 de fevereiro de 2002. Serie C No. 91, par. 43; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 224; e Caso Kawas
Fernandez, supra nota 14, par. 162.
48
quantidade de US$ 10.000,00 (dez mil dolares dos Estados Unidos da America) para
compensar os danos emergentes gerados por: a) o transporte de Iracema Garibaldi entre
Querencia do Norte, Parana, e os municipios de Caxias e Vacaria no Rio Grande do Sul
"para visitar familiares e [procurar oj apoio destes"; b) o funeral de Setimo Garibaldi; e
c) os litfgios perante instancias nacionais e internacionais, incluidos transporte,
hospedagem e alimentagao. Da mesma maneira, consideraram a indenizagao por
conceito de lucro cessante na quantidade de R$ 212.040,00 (duzentos e doze mil e
quarenta reals), considerando que Setimo Garibaldi tinha 52 anos quando foi
assassinado, que a expectativa de vida no Estado do Parana e de 71 anos, pelo que teria
trabalhado por mais 19 anos, e que seu ingresso mensal como agricultor era de
aproximadamente R$ 930,00 (novecentos e trinta reals).
185. O Estado, no que concerne aos danos emergentes, sustentou que o titular da agao
penal e o Ministerio Publico e que as vitimas nao realizam gastos com o tramite do
processo no ambito interno. Adicionalmente, tanto no ambito civil como em sede penal, o
Estado garante o livre acesso ao sistema judiciario, por meio de assistencia jun'dica ou a
concessao do beneficio de gratuidade da justiga. Portanto, nao se pode falar de gastos na
tramitagao do caso no ambito interno. Porem, se a Corte entender adequado ordenar
algum pagamento, a quantia devera ser limitada a compensagao pelos danos
efetivamente demonstrados e os gastos devidamente comprovados como consequencia
dos fatos. O Estado acrescentou que nem a Comissao nem os representantes juntaram
prova dos gastos supostamente realizados na tramitagao do processo nas instancias
internas, nem dos alegados danos sofridos pelas vitimas. Por outra parte, o Brasil
agregou que por nao haver violagao por parte do Estado dos artigos 4 e 5 da Convengao,
"nao h[averia] que se falar em indenizagao dos danos materiais relacionada aos lucres
cessantes, pois as perdas economicas que foram ocasionadas pela morte do Senhor
Garibaldi nao pode[ria]m ser atribuidas ao Estado". No que tange ao lucro cessante como
produto de possiveis violagoes dos artigos 8 e 25 da Convengao, o Estado arguiu que
"eventuais equivocos que possam ter ocasionado o arquivamento do [IJnquerito [PJolicial
[...] nao teriam o condao de diminuir os ingressos economicos das supostas vitimas;
tampouco [o] eventual descumprimento das obrigagoes previstas nos artigos 1.1, 2 e 28
[da Convengao] pode ser alegado ‘como gerador de lucros cessantes, visto que tais
dispositivos tratam de obrigagoes genericas".
186. Como foi indicado pelo Tribunal, as reparagoes devem ter urn nexo causal com os
fatos do caso, as violagoes alegadas, os danos demonstrados, bem como com as medidas
solicitadas para reparar os danos respectivos. Portanto, a Corte devera observar a
concorrencia desses requisites para pronunciar-se devidamente e conforme o direito148.
No presente caso, o Tribunal nao analisou a responsabilidade estatai pela morte de
Setimo Garibaldi, em razao de que estava fora da sua competencia temporal (supra par.
22), pelo que nao pode ordenar medidas que se dirijam a reparar os prejuizos
relacionados com o falecimento do senhor Garibaldi. As medidas de reparagao devem ter
relagao com os fatos violatorios declarados na presente Sentenga, quais sejam, as falhas
e omissoes no Inquerito Policial.
187. Considerando o anterior, quanto aos gastos de transporte e de gestoes os quais

teria despendido Iracema Garibaldi em procura de apoio de seus familiares em outras
localidades, a Corte fixa por equidade o montante de US$ 1.000,00 (um mil dolares dos
Estados Unidos da America) em favor dessa vitima.
188. Com relagao aos gastos de litigio nacional e internacional alegados pelos
representantes, como ja tern feito em casos anteriores, a Corte os considerara na segao
correspondente as custas e gastos149.
148
Cf. Caso Ticona Estrada e outros, supra nota 98, par. 110.
F
49
ii) Dano Imaterial
189. A Corte desenvoiveu o conceito de dano imaterial e os pressupostos nos quais

corresponde indenizar150.
190. A Comissao afirmou que, no presente caso, "as vitimas padeceram sofrimento
psicologico, angustia, incerteza e alteragao de vida em virtude da negagao de justiga peio
homicidio do Senhor Setimo Garibaldi". Portanto, solicitou a Corte que fixe em equidade
a quantia de uma indenizagao por danos imateriais.
191. Os representantes, em seu escrito de petigoes e argumentos, afirmaram que o

dano causado a familia do senhor Garibaldi e irreparavel sob o ponto de vista economico,
ja que nunca poderao regressar as condigoes de vida existentes antes dos fatos. A
indenizagao economica, em conjunto com outras formas de reparagao, poderia ajudar na
construgao de um novo projeto de vida para a familia. Indicaram que a Corte considera
os familiares como vitimas quando e lesado seu direito a integridade fisica e moral
produto de violagoes cometidas contra seus entes queridos, assim como a continuidade
do sofrimento promovido quando os agentes do Estado, por agao ou omissao, nao
investigam nem responsabilizam os agressores dos fatos. No escrito de alegagoes finals,
solicitaram a quantidade de US$ 280.000,00 (duzentps e oitenta mil dolares dos Estados
Unidos da America), para ser dividida em partes proporcionais entre os familiares do
senhor Garibaldi.
192. O Estado afirmou que a propria sentenga da Corte constituiria por si mesma, uma
forma de satisfagao moral, nao sendo oportuno dispor uma compensagao monetaria.
193. Este Tribunal tern estabelecido. reiteradamente que uma sentenga declaratoria da
existencia de violagao constjtui, per. se, uma forma de reparagao151. Entretanto,
considerando as circunstancias-do caso e as consequencias que a violagao cometida
causou as vitimas, particularmente,' a impunidade pela morte do senhor Garibaldi, a
Corte estima pertinente determinar o pagamento de uma compensagao, fixada
equitativamente, por conceito de danos imateriais em favor daqueles familiares
considerados vitimas da violagao dos artigos 8.1 e 25.1 da Convengao Americana, com
relagao ao artigo 1.1 da mesma (supra par. 140). Em consequencia, o Tribunal ordena ao
Estado pagar a quantidade de US$ 50.000,00 (cinquenta mil dolares dos Estados Unidos
da America) a favor de Iracema Garibaldi e US$ 20.000,00 (vinte mil dolares dos Estados
Unidos da America) a favor de cada uma das seguintes vitimas: Darsonia Garibaldi,
Vanderlei Garibaldi, Fernando Garibaldi, Itamar Garibaldi, Itacir Garibaldi e Alexandre
Garibaldi.
Hi) Custas e gastos
149
Cf. Caso Kimel Vs. Argentina. Mehto, Reparagoes e Custas. Sentenga de 2 de maio de 2008. Serie C
Mo. 177, par. 109; Caso Tristan Donoso, supra nota 9, par. 184; e Caso Ticona Estrada e outros, supra nota
98, par. 124.
150 Este Tribunal afirmou que o dano imaterial "pode compreender tanto os sofrimentos e as afligoes
causadas a vi'tima direta e aos que Ihe sao proximos, como o menosprezo de valores muito significativos para
as pessoas, e outras perturbagoes que nao sao suscetiveis de medigao pecuniaria". Caso dos "Meninos de Rua"
(VUIagran Morales e outros) Vs. Guatemala. Reparagoes e Custas. Sentenga de 26 de maio de 2001. Serie C
No. 77, par. 84; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 229, e Caso Reveron Trujillo, supra nota 30, par. 175.
151 Cf. Caso Neira Alegria e outros Vs. Peru. Reparagoes e Custas. Sentenga de 19 de setembro de 1996.
Serie C No. 29, par. 56; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 233; e Caso Kawas Fernandez, supra nota 14,
par. 184.
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J.
Num. 55542549 - Pág. 116
50
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194. Como ja indicado pela Corte em oportunidades anteriores, as custas e os gastos
estao compreendidos dentro do conceito de reparagao consagrado no artigo 63.1 da
Convengao Americana152.
195. A Comissao Interamericana solicitou a este Tribunal que ordene ao Estado "o
pagamento das custas e gastos razoaveis e necessari[o]s devidamente comprovados,
que se tenham originado e venham a originar-se da tramitagao deste caso, tanto no
ambito interne como junto ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos".
196. Os representantes solicitaram a Corte que ordene ao Estado pagar as custas da

tramitagao interna e internacional do caso. Lembraram que mesmo com o acesso
gratuito a justiga, os famiiiares do senhor Garibaldi incorreram em varies gastos durante
o transcurso do Inquerito, incluindo gastos de comunicagao telefonica, correio,
transporte, entre outros. Esses dispendios que a familia assumiu durante o penodo do
Inquerito deveriam ser pagos pelo Estado.
197. No escrito de alegagoes finais, os representantes afirmaram que "incorreram em

despesas significativas, mas razoaveis, por prov[er as vitimasj com servigos legais
competentes, no valor de US$ 20.000,00 (vinte mil dolares [dos Estados Unidos de
America]), [o que] inclui custos de: [v]iagens, [e]stadia, [a]dvogados, [d]eslocamento
dos advogados [e de] testemunhas pobres, [f]otocopias, [c]orreio, telefone, fax,
cartorios, Internet [e o] [p]rocesso de litigio internacional". Agregaram que "[a]s
organizagoes peticionarias representam os famiiiares de Setimo Garibaldi como urn
servigo pro bono, portanto nao esperam nenhuma compensagao de sua parte[ e, entao,]
solicitaram a quantidade de US$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil dolares [dos Estados
Unidos da America]) que incluem US$ 20.000,00 (vinte mil dolares [dos Estados Unidos
da America]) como restituigao pelos custos envolvidos na demanda e US$ 25.000,00
(vinte e cinco mil dolares [dos Estados Unidos da America]) pelos honorarios relatives ao
tempo e trabalho de seus advogados durante os anos de tramite deste caso perante o
Sistema Interamericano".
198. O Estado alegou que nenhum dos processos no ambito interne gerou gastos as
vitimas, pois tanto no ambito penaKcomo no civil eram beneficiarias de justiga gratuita e
o Inquerito foi movido por impulse estatal, independentemente da atividade dos
particulares. Nesse sentido, asseverou que nem a Comissao nem os representantes
apresentaram comprovantes de gastos nos mementos processuais oportunos. Portanto,
rechagou a necessidade de uma reparagao por conceito de custas e gastos.
199. O Tribunal indicou que "as pretensdes das vitimas ou de seus representantes em
materia de custas e gastos, e as provas que as sustentam, devem ser apresentadas a
Corte no primeiro momento processual concedido, isto e, no escrito de petigoes e
argumentos, sem prejuizo de que tais pretensdes se atualizem em um momento
posterior, conforme as novas custas e gastos em que tenham incorrido em virtude do
procedimento ante esta Corte"153. Os representantes das vitimas, em seu escrito de
petigoes e argumentos ou em nenhuma oportunidade posterior, nao forneceram
elementos probatorios que comprovassem os gastos supostamente efetuados. De outra
feita, com relagao ao Inquerito Policial, a Corte adverte que, como indicado pelo Brasil,
esse procedimento foi impulsionado por orgaos estatais. No ambito internacional,
conforme foi indicado pelos representantes, estes tampouco teriam incorrido em gastos
a titulo de assistencia jundica, visto que atuaram pro bono. No entanto, a Corte tambem
1S2
Cf. Caso Garrido e Baigorria, supra nota 131, par. 79; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 255; e
153
Caso Chaparro Alvarez e Lapo fniguez Vs. Equador. Excegoes Preliminares, Merito, Reparagoes e
Custas. Sentenga de 21 de novembro de 2007. Serie C No. 170, par. 275; Caso Escher e outros, supra nota 9,
par. 259; e Caso Tristan Donoso, supra nota 9, par, 215.
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aponta que os representantes das vitimas incorreram em gastos para assistir a audieracia
publica do caso realizada na cidade de Santiago, Chile, assim como gastos relatives ao’
exercicio de sua representagao legal, tais como a remissao de seus escritos, gastos de
comunicagao, entre outros, durante o processo perante este Tribunal. Tendo em conta o
anterior e ante a falta de comprovantes desses gastos, a Corte determina, em equidade,
que o Estado deve entregar a quantia de US$ 8.000,00 (oito mil dolares dos Estados
Unidos da America) a titulo de custas e gastos. Essa quantia inclui os gastos futures em
que possam incorrer as vitimas durante a supervisao do cumprimento desta Sentenga e
devera ser entregue dentro de um ano a partir da notificagao da presente Sentenga a
senhora Iracema Garibaldi, quern entregara, se for o caso, a quantidade que considere
adequada para seus representantes no foro interne e no processo perante o Sistema
Interamericano.
iv) Modalidade de cumprimento dos pagamentos ordenados
200. O pagamento da indenizagao por dano imaterial e a restituigao de custas e gastos

estabelecidos na presente Sentenga serao realizados diretamente as pessoas
mencionadas na mesma, no prazo de um ano, contado a partir da notificagao da
presente Sentenga, considerando o indicado nos paragrafos 187, 193 e 199 da mesma.
Em caso de falecimento com anterioridade ao pagamento das quantias respectivas, estas
serao entregues aos seus herdeiros, consoante o direito interne aplicavel.
201. O Estado devera cumprir as obrigagoes monetarias mediante o pagamento em

dolares dos Estados Unidos da America ou seu equivalente em moeda nacional,
utiiizando para o calculo respective o tipo de cambio que se encontre vigente na bolsa de
Nova York, no dia anterior ao pagamento.
202. Se por causas atribuiveis aos beneficiarios das indenizagoes ou a seus herdeiros
nao for possivel o pagamento das quantidades determinadas dentro do prazo indicado, o
Estado consignara esse montante a favor daquelas pessoas em uma conta ou certificado
de deposito em uma instituigao financeira brasileira solvente, em dolares
estadounidenses, e nas condigoes financeiras mais favoraveis que permitam a legislagao
e a pratica bancaria. Se ao cabo de dez anos a quantia designada nao tiver sido
reclamada, sera devolvida ao Estado com os juros gerados.
203. Caso o Estado incorra em mora, devera pagar juros sobre a quantia devida,
correspondente aos juros bancarios de mora no Brasil.
IX
PONTOS RESOLUTIVOS
204. Portanto,
A CORTE
DECIDE,
por unanimidade:
1. Declarar parcialmente admissive! a excegao preliminar de competencia ratione

temporis interposta pelo Estado, conforme os paragrafos 12 a 25 da presente Sentenga.
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2. Rejeitar as demais excegoes preliminares interpostas pelo Estado, nos termos dos
paragrafos 26 a 51 da presente Sentenga.
DECLARA,
por unanimidade, que:
3. O Estado violou os direitos as garantias judiciais e a protegao judicial

reconhecidos nos artigos 8.1 e 25.1 da Convengao Americana, em relagao com o artigo
1.1 da mesma, em prejuizo de Iracema Garibaldi, Darsonia Garibaldi, Vanderlei
Garibaldi, Fernando Garibaldi, Itamar Garibaldi, Itacir Garibaldi e Alexandre Garibaldi,
nos termos dos paragrafos 111 a 141 da presente Sentenga.
4. O Estado nao descumpriu a clausula federal estabelecida no artigo 28 da

Convengao Americana, em relagao com os artigos 1.1 e 2 da mesma, em prejuizo de
Iracema Garibaldi, Darsonia Garibaldi, Vanderlei Garibaldi, Fernando Garibaldi, Itamar
Garibaldi, Itacir Garibaldi e Alexandre Garibaldi, nos termos dos paragrafos 145 a 149 da
presente Sentenga.
E DISPOE,
5. Esta Sentenga cbnstitui perse uma forma de reparagao.
6. O Estado deve publicar no Diario Oficial, em outro jornal de ampla circulagao

nacional, e em urn jornal de ampla-.circulagao no Estado do Parana, uma unica vez, a
pagina de rosto, os Capitulos I, VI e VII, sem as notas de rodape, e a parte resolutiva da
presente Sentenga, bem como deve publicar de forma Integra a presente Decisao, por no
minimo urn ano, em uma pagina web oficial adequada da Uniao e do Estado do Parana,
tomando em conta as caracterfsticas da pubiicagao que se ordena realizar. As
publicagoes nos jornais e na internet deverao realizar-se nos prazos de seis e dois
meses, respectivamente, contados a partir da notificagao da presente Sentenga, nos
termos do paragrafo 157 da mesma.
7. 0 Estado deve conduzir eficazmente e dentro de urn prazo razoavel o Inquerito e

qualquer process© que chegar a abrir, como consequencia deste, para identificar, julgar
e, eventualmente, sancionar os autores da morte do senhor Garibaldi. Da mesma
maneira, o Estado deve investigar e, se for o caso, sancionar as eventuais faltas
funcionais nas quais poderiam ter incorrido os funcionarios publicos a cargo do Inquerito,
8. O Estado deve pagar a Iracema Garibaldi, Darsonia Garibaldi, Vanderlei Garibaldi,

Fernando Garibaldi, Itamar Garibaldi, Itacir Garibaldi e Alexandre Garibaldi, os
montantes fixados no paragrafos 187 e 193 da presente Sentenga a titulo de dano
material e imaterial, dentro do prazo de um ano, contado a partir da notificagao da
mesma, e conforme as modalidades especificadas nos paragrafos 200 a 203 desta
Decisao.
9. 0 Estado deve pagar a Iracema Garibaldi o montante fixado no paragrafo 199 da

presente Sentenga por restituigao de custas e gastos, dentro do prazo de um ano
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53
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contado a partir da notificagao da mesma e conforme as modalidades especificadas nos
paragrafos 200 a 203 desta Decisao.
10. A Corte supervisara o cumprimento mtegro desta Sentenga, em exercicio de suas

atribuigoes e em cumprimento dos seus deveres conforme a Convengao Americana, e
dara por conclufdo o presente caso uma vez que o Estado tenha dado cabal cumprimento
ao disposto na mesma. O Estado devera, dentro do prazo de um ano contado a partir da
notificagao desta Sentenga, apresentar ao Tribunal um relatorio sobre as medidas
adotadas para cumprir a mesma.
O juiz Roberto de Figueiredo Caldas levou ao conhecimento da Corte seu voto

concordante e fundamentado, o qual acompanha esta Sentenga.
Redigida em espanhol, portugues e ingles, fazendo fe os textos em espanhol e

portugues, em San Jose, Costa Rica, em 23 de setembro de 2009.
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Cecilia Medina Quiroga

Presidenta
Diego Garcia-Sayan Sergio Garcia Ramirez
Manuel Ventura Robles Leonardo A. Franco
Margarette May Macaulay Rhadys Abreu Blondet
Roberto de Figueiredo Caldas

Juiz Ad hoc
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Pablo Saavedra Alessandri

Secretario
Comunique-se e execute-se,

Presidenta

Secretario
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VOTO FUNDAMENTADO DO JUIZ AD HOC ROBERTO DE FIGUEIREDO CALDAS COM

RELACAO A SENTENCA DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS NO
CASO GARIBALDI VS. BRASIL, PROFERIDA EM 23 DE SETEMBRO DE 2009.
I - Introduâo
1. Mesmo de pleno acordo com os proprios termos da sentenga, construida

coletivamente em boa tecnica que visa o consenso, apresento este voto de fundamentagao
propria na esperanga de que possa servir para profunda reflexao pelo Brasil e demais paises
jurisdicionados: os Estados vem sendo condenados repetidas vezes nesta Corte por
descumprimento do prazo razoavel de solugao de litfgios judicials, sem que encontrem solugao
preventive ou definitive.
2. A violagao aos direitos as garantias judiciais e a protegao judicial, estabelecidos nos

artigos 8.1 e 25.1 da Convengao Americana de Direitos Humanos, tem se mostrado senao
permanente, uma constante realidade.
3. A Corte tem o procedimento de procurar atuar e sentenciar levando em consideragao

apenas os casos concretos e precisamente naquele momento em que sao submetidos a sua
jurisdigao. Evita fazer analises gerais da conjuntura de direitos humanos sobre o Estado sub
judice. A ideia e que a prociamagao do julgamento e sua fundamentagao sirvam ao Estado
para urn reexame de seus proprios passos para a corregao de rumo, bem como para os outros
Estados jurisdicionados do Sistema Interamericano de Direitos Humanos fazerem seus
autodiagnosticos de cumprimento da Convengao.
4. Vale dizer, as sentengas da Corte tem a vocagao de ser exemplificativas e

paradigmaticas para o comportamento dos Estados. E destes se espera o comprometimento
com as decisoes, o respeito a elas independentemente de se foram proferidas contra si ou
contra outro Estado. ‘ • ' .
5. No entanto, como o caso cuida de demora excessiva do sistema judiciario e

consequente impunidade, males cronicos que andam sempre juntos e quanto aos quais parece
nao ter havido ainda no nosso Continente enfrentamento adequado para o atingimento dos
objetivos convencionados, vale a pena a tentativa de se iluminar o caminho para aqueles que o
venham a seguir.
6. 0 proposito aqui e nao apenas punir a violagao inconvencional, mas atuar

preventivamente para que nao ocorra o violador e injusto atraso. E nao deixar que a situagao
cheque a uma quebra na Convengao, pois antes disso, preventivamente, todo o sistema deve
funcionar de tal forma que o atraso nao ocorra ou seja acontecimento episodic©, jamais
costumeiro.
7. A meta fundamental deve ser o atendimento ao "prazo razoavel" (art. 8.1) e ao

processo "simples e rapido" (art. 25.1). Como fazer isso? Essa e a pergunta que as Nagoes
americanas devem tomar em suas maos para responder.
8. E neste voto se quer tragar urn singelo modelo capaz de, se for devidamente seguido
pelos Estados, criar as condigoes para uma resolugao definitiva do atraso judiciario de maneira
simples, rapida e barata.
9. Apesar da profundidade do tema e pretensao desta manifestagao, como o voto judicial

deve tambem guardar as caractensticas que deve ter o processo, "simples e rapido", alem de
poder ser entendido pelo jurisdicionado de escolaridade mais simples, nao sera apresentada
uma digressao, nem explicagao historica ou filosofica a respeito.
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II - Por um modelo distributive para o Poder Judiciario
10. Entao, e momento de voltar aquela indagagao langada: o que se deve fazer para
alcangar uma Justiga simples e rapida?
11. Resposta: mudar a concepgao (modelo ou principios) utilizada de Justiga retributiva -

vigente em quase todo o Continente - para distributiva.
12. Nao ha nenhuma criagao ou novidade nisso. Esses dois principios foram descritos
iniciaimente por Aristoteles, na Grecia Antiga, ha mais de dois milenios. Mais recentemente,
John Rawls incumbiu-se da smtese contemporanea1, influenciadora de diversas reformas de
poderes judiciarios.
13. Sao exatamente aquelas duas as tipologias de Justiga seguidas pelos judiciarios
contemporaneos: retributiva (tambem chamada comutativa, devolutiva, retificadora, corretiva,
equiparadora, sinalagmatica ou aritmetica) e distributiva (tambem conhecida como
proporcional ou geometrica).
14. O modelo retributive e o que condena o infrator da lei, o devedor, a pagar ao lesado, o
credor, apenas aquilo que Ihe foi retirado. Ou seja, faz a retribuigao, a devolugao, levando em
consideragao apenas os fatos, atos, coisas ou servigos em questao, com total desconsideragao
quanto as pessoas envolvidas, em uma proporgao meramente aritmetica e em valores mais
modicos. Ha um grande numero de causas no Judiciario, a violagao ao prazo razoavel e a
impunidade sao constantes.
15. O modelo distributive, por sua vez, e o que condena o infrator da lei, o devedor, a
pagar ao lesado, o credor, mais (ou muito mais) que o bem que Ihe foi retirado ou lesao
sofrlda. Ou seja, alem da necessaria devolugao, condena a pagar aigo mais, levando em
consideragao nao apenas os fatos, atos, coisas ou servigos litigados, mas o valor ou merito das
pessoas envolvidas na contenda, na medida em que se desigualam, como por exemplo a plena
ciencia do ato/ deiitUqso/ou lesio'nador, intengao de pratica-lo, sabenga de que foi culpado,
vontade de jprotelar-.'o. .pagamento ao credor, capacidade financeira, bens, direitos,
escolaridade, fungab^/cargoi/Ou seja;\os- fatores pessoais podem agravar ou minorar a
condenagao. Nesse modelo, ha-a 'possibiljdade de uma proporgao geometrica, em valores
consequentemente maiores.
16. No modelo distributive, coibe-se a pratica de iitigancia de ma-fe e se Ihe pune quando
isso ocorre. Ha um temor da Justiga pelo credor. Por essa razao, e mais eficaz em prevenir os
litigios e diminuir muito o numero de causas em juizo, especialmente aquelas disputas
artificials de meras cobrangas, repetitivas aos milhares, de baixa litigiosidade real, existentes
apenas porque o devedor quer postergar sua divida e usufruir bem que e de outro.
17. Numa mirada panoramica mundial, em geral, pode-se afirmar que nos paises onde o
Judiciario e rapido e respeitado pela sociedade, temido por infratores e criminosos, onde a
punibilidade prevaiece, o numero de causas e baixo e o pais e em regra desenvolvido, o
modelo e distributive.
18. Judiciario distributive e o apropriado para paises que querem se desenvoiver, veneer a
demora da tramitagao dos processes, a corrupgao e a impunidade.
19. Se o Continente americano mudar o seu modelo e o seu costume de julgar, diminuira
muito o excessivo numero de demandas judiciais, o aumento de gastos com o judiciario, a
Em 1967, com seu artigo "Distributive Justice", melhor assentado em seu classico tratado "A Theory of Justice",
de 1971.
■ 7*
1
\.
(O ^\\
Rc. i
construgao de novos predios, informatizagao acelerada, e reformas processuais. Nao o

fazendo, a cronica e tragica situagao dos Judiciaries dos nossos paises so se fara agravar.
20. E preciso mudar o enfoque tambem das reformas de Judiciario, pois nao basta diminuir
em apenas um tergo, por exemplo, o tempo de tramitagao dos processes, pois o sistema ja
esta colapsado. E preciso reduzir muito mais, dez ou vinte vezes, o tempo de retengao do
processo na Justiga, visando atender os preceitos de rapida tramitagao, tornando os recursos
efetivamente simples e rapidos e passar a respeitar ao menos um prazo razoavel. Senao, a
consequencia e que a Corte Interamericana continuara condenando indefinidamente pela
lentidao do processo.
21. E preciso que se garanta ao jurisdicionado o acesso a Justiga real, substancial. Nao um
acesso a Justiga meramente teorico, retorico, simboiico, irreal, virtual, nominal, parciai,
relative.
22. Na expressao de Bobbio, "una sociedad en la que el gobierno adopte medidas de

justicia distributiva que conviertan a los ciudadanos en iguales no solo formalmente o frente a
la ley, como se suele decir, sino tambien sustancialmente"2.
Ill - Protegao Internacional ao Direito Humano de

Prestaâo Jurisdicional em Prazo Razoavel
23. Convem lembrar oragao do discurso pronunciado em 1920 por Ruy Barbosa, memoravel
jurista brasileiro cujo busto ornamenta o salao de entrada da Corte Interamericana de Direitos
Humanos (ao lado do Venezuelan© Andres Bello), segundo o qual "justiga atrasada nao e
justiga, senao injustiga quaiificada e manifesta"3. Talvez esta seja uma bem eiaborada versao
do aforismo juridico universal1 repetido em varias Imguas, por exemplo: 'justice delayed is
justice denied", 'justice differee est justice refusee", "justicia atrasada es justicia denegada",
ou seja, "justiga atrasada e justiga denegada".
24. Inconcebivel a ideia -de;,Justiga realizada se o individuo lesado nao tern a pronta
reparagao ou, ao menos, que a pbtenha em um prazo razoavel, variavel de um ramo judiciario
para outro. Enquanto pendente a causa.;em juizo, nenhuma das partes sente-se justigada.
25. A morosidade e fator de desestimulo a procura do Judiciario para solucionar

controversia (com grave repercussao no proprio direito de acesso ao Judiciario) e fator de
estimulo para o descumpridor dos deveres sociais e o delinquente agirem, sem se
preocuparem muito se irao ou nao ser processados, pois a maioria nao o e ou encontra a falta
prescrita.
26. Nao por outra razao, e direito humano consagrado o acesso ao Judiciario e a soiugao da
controversia em tempo razoavel, desde a Declaragao Universal dos Direitos Humanos, de
1948:
"Artigo VIII - Toda pessoa tern o direito de receber dos tribunals nacionais competentes recurso efetivo para
os atos que violem os direitos fundamentals que Ihe sejam reconhecidos pela Constituigao ou pela lei." (grifos
do autor).
"Artigo X - Toda pessoa tern direito, em plena igualdade, a uma audiencia justa e publica por parte de um
tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer
acusagao criminal contra ela."
2
BOBBIO, Norberto. De la ideologia democratica a los orocedimientos universales. Rev. Juridica Boletin
Mexicano de Derecho Comparado, n°. 103, jan-abr de 2002. Dispomvel em
<http://www.iuridicas.unam.mx/Dublica/rev/boletin/cont/lQ3/inf/inflO.htm>. Acesso em: 14 nov. 2007.
3
BARBOSA, RUY. Oragao aos mogos. Sao Paulo: Russel, 2004, p. 47.
V
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•- •£ A •• j ■»
4
27. Da Deciaragao Americana dos Direitos e Deveres do Homem, tambem de 1948, colhem-
se termos similares relativamente ao acesso ao Judiciario e letras mais claras quanto a
garantia de celeridade na apreciagao da controversia pelo Judiciario e pela administragao
publica:
"Artigo XVIII. Direito a Justiga.Toda pessoa pode recorrer aos tribunals para fazer respeitar os seus direitos.
Deve poder contar, outrossim, com processo simples e breve, mediante o qua! a justiga a proteja contra
atos de autoridade que violem, em seu'prejuizo, qualquer dos direitos fundamentals consagrados
constitucionalmente." (grifos do autor).
"Artigo XXIV. Direito de petigao.Toda pessoa tern o direito de apresentar petigoes respeitosas a qualquer
autoridade competente, quer por motive de interesse geral, quer de interesse particular, assim como o de
obter uma solugao rapida". (grifos do autor).
28. A indicar a omissao do Estado como violadora dos direitos de seus cidadaos
jurisdicionados, busca-se ainda o teor da Convengao Americana sobre Direitos Humanos (Pacto
de Sao Jose da Costa Rica), adotada no ambito da Organizagao dos Estados Americanos - OEA
em 22/11/69, havendo entrado em vigor internacional em 18/7/78, conforme seu artigo 74, §
2°.
29. Para o Brasil, a vigencia internacional da importante norma iniciou-se em 25/9/92,
quando se realizou o deposito da Carta de Adesao perante a OEA, e a vigencia interna somente
se deu em 9/11/92, com a publicagao no Diario Oficial da Uniao4 do Decreto presidencial que a
tornou erga omnes.
30. Sao os seguintes os termos conyencionais, em seus artigos 8 e 25:
"Art. 8°. Garantias Judiciais. -• .! ' ■ ; ; ’ •

1. Toda pessoa tern direito a ser ouvida, com as!devidas garantias e dentro de um prazo razoavel, por urn
natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.[...]" (grifos do autor).
"Art. 25. Protegao Judicial.

1. Toda pessoa tern direito a um recurso simples e rapido ou a qualquer outro recurso efetivo, perante os
cometida por pessoas que estejam atuando no exercicio de suas fungdes oficiais. [...]" (grifos do autor).
31. Mostra-se clara a protegao normatlva internacional ao rapido julgamento, em no

maximo um prazo razoavel, o que evidentemente esta sendo descumprido pelo Brasil, por
tudo quanto antes relatado.
32. De extrema importancia o fato de a jurisprudencia da Corte Interamericana de Direitos

Humanos ja ha muito estar firme neste sentido, conforme se verifica das duas primeiras
sentengas neste sentido, de 1997, sendo a primeira o Caso Genie Lacayo Vs. Nicaragua, de 29
de Janeiro de 1997.
33. Em seguida, ainda naquele ano, no Caso Suarez Rosero Vs. Equador, sessao pela
primeira vez presidida pelo Juiz Antonio Augusto Cangado Trindade, que com sua
argumentagao minuciosa e farta, fixou posicionamento por unanimidade.
34. A decisao citada na realidade harmoniza-se com a jurisprudencia da Corte Europeia de

Direitos Humanos, onde ha varies precedentes no mesmo sentido, ja ha mais tempo.
Diario Oficial da Uniao de 9/11/92, Segao I, pag. 15.562/15.567,
O <4c-
O
Fit.
5
35. Por tudo isso, demonstrado resta que a exigencia de celeridade do processo judiciaknao
e atuai, remontando instrumentos normativos os mais importantes de protegao aos direitos—
humanos, que devem se tornar efetivos no Brasil5 e em todo o Continente.
IV - Conclusao
36. A Corte chegou a conclusao de violagao pelo Estado brasileiro dos artigos 8.1 e 25.1 da
Convengao, o que deve suscitar cuidados pelos Estados participes do Sistema Interamericano
de Direitos Humanos no sentido de fazerem reformas dos poderes judiciaries para adequarem
a tramitagao do processo ao tempo querido pela norma e pelos cidadaos continentals,
superando a fase de descumprimento cronico de prazos legais pelo Judiciario e pelo restante
do sistema, como a policia, no presente caso, em cuja investigagao demorou sessenta vezes
mais que o prazo legal de trinta dias para findar o inquerito.
37. A demora inscreve-se entre os erros judiciarios mais graves praticados pelo Estado,
indenizaveis segundo a normative internacional. A rapidez processual gera fluidez e respeito
nas relagoes sociais, propicias ao patamar de desenvolvimento que as Nagoes americanas
tanto querem experimentar.
f 11,
»■
'; y f -!' jfru:

:: x*Y
' b; ' l h>
‘ Roberto Figueiredo Caldas
* >. Juiz Ad Hoc

Secretario
5 Conforme preceito inserido na Constituigao pela Emenda Constitucional n° 45, de 2004: "Art. 5°. (...) LXXVIII -
a todos, no ambito judicial e administrative, sao assegurados a razoavei duragao do processo e os meios que
garantam a celeridade de sua tramitagao”.
^ V

GABINETE DE ASSISTENCIA/COGER/DPF
DESPACHO N°. 9914/2015 - GAB/COGER/DPF DATA: 03/11/2015
REFERENCIA: OFICIO N° 508/2015-P

i
ASSUNTO: GRUPO DE DEFESA CONTRA INVASAO DE TERRA
INTERESSADO: PAULO PIMENTA - DEPUTADO FEDERAL
DESTINO: SELP/COGER/DPF
1. Conhec^do^pediente;
2. EFr6aminhe-se ao SELP/COGER/DPF para analise e manifestagao.
ROBERTO MARIO DA CUNHA CORDEIRO

Classe Especial - Mat. 6061
CORREGEDOR-GERAL
SEL^P/CGCOR/fij
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F,sw 01
I CAMARA DOS DEPUTADOS
*■ Comissao de Direitos Humanos e Minorias
^âb/dpT]
I
ftubf
Oficio n°507/2015-P
Brasilia, 29 de outubro de 2015.
A Sua Excelencia o Senhor

JOSE EDUARDO CARDOZO
Ministro de Estado da Justiga
cheriadegabinete@mi.gov.br
aspar@mi.gov.br
Senhor Ministro.
Na condi9ao de Presidente da Comissao de Direitos Humanos e Minorias da

>•
Camara dos Deputados, pepo que o senhor detennine a investigagao do perfil da rede
social Facebook autodenominado “Grupo de Defesa contra invasao de Terra”,
disponivel no enderego eletronico httDs://www.facebook.com/Gmpo-de-Defesa-contra-
mvas%C3%A30“de-Terra-l 673003012935936/' acessado em 22 de outubro de 2015,
cuja impressao segue em anexo.
O proselitismo conservador e com base fantasiosa contido na pagina nao e, em

si, um crime. Trata-se de manifestagao do direito a liberdade de expressao. Ha,.porem,
outros tipos penais em que provavelmente as condutas expressas pelo “Grupo de Defesa
contra invasao de Terra” se enquadram.
Na pagina -mencionada ha video publicado em 31/08/2015, em frente a

Embaixada da Palestina em construgao. Na gravagao um homem prega contra o predio
que considera uma “base terrorista” “para aparelhar o Isla”, “a desgraga que e o Isla”.
Para ele, “temos que acabar com isso daqui, embargar essa obra, porque o islamismo vai
entrar no Brasil para destruir o cristianismo”.
Trata-se de clara associagao entre os seguidores de uma religiao e o terrorismo, e

de oposigao ao islamismo, que existira em suposto detrimento do cristianismo. As
. assertivas proferidas pelo autor do video enquadram-se no artigo 20 da Lei n°
7.716/1989, que preve o crime de praticar, induzir ou incitar a discriminagao ou
preconceito com base em religiao ou procedencia nacionaf. Trata-se de crime
enquadrado na lei de racismo e, portanto, um dos crimes que nossa Constituigao trata
mais severamente, considerando-o imprescritivel (artigo 5°, inciso XLII).
Alem disso, ha diversos anuncios de servigos prestados aparentemente para

auxilio em despejos ilegais. Veja-se:
“ATUAMOS NA AREA. QUANTO VALE SUAS TERRAS? QUANTO VALE

SUA VIDA??? CABEQA QUENTE NAO RESOLVE. FALE CONOSCO.”
(31/08/2015)
“PRESTAMOS SERVIQOS DE ESTRATEG1AS TAT1CAS PRA

PROPRIEDADES INVADIDAS” (31/08/2015)
Presidente Camara dos Deputados | Anexo II | Sala 185A | Paviinento Superior |CEP 70.160-900 | Brasilia | DF | Brasil
(61) 3216-0570 | cdh@camara.gov.br j http://vvww.canuira.leg.br/cdh
f
leM BRANCC
W CAMARA DOS DEPUTADOS
P Comissao de Direitos Humanos e Minorias
“PRESTAMOS ACESSORIA TATICA CONTRA INVASAO DE TERRAS. NOS

CONTATE” (27/07/2015)
“TEMOS SERVIQOS ESPECIALIZADOS PARA PROTEGER SUA TERRA E

CONTATE PELO EMAIL: iewsihbat@amail.com” (26/07/2015)
“PRESTAMOS SERVIQOS TAT1COS CONTRA INVASAO DE TERRA E

AQDES PREVENT1VAS.
AOS INTERESSADOS
EMAIL: iewishbat@gmail.com” (25/07/2015)
“VOCE QUE TEM PROBLEMAS COM TNVASORES DE SUA TERRA, NOS

PODEMOS TER A SOLUCAO, NOS PROCURE VIA EMAIL.” (24/07/2015)
“VOCE VAIESPERAR MAIS O QUE???

CONTACTE-NOS” (23/07/2015)
“QUER SE VER LIVRE DE INVASORES???

NOS CHAMEM PELO EMAIL” (23/07/2015)
“MST PROGRAM INVASAO EM GRANDE ESCALA EM TODO O BRASIL.

GRUPO COM AQOES TERRORJSTAS COM IDEOLOGIA MARXCISTA QUE
PREGAM REVOLUQAO ARMADA ATRAVES DO ROUBO DE TERRAS
PRIVADAS.
PROTEJA SUA TERRA. ENTENDA QUE ESTE GRUPO TEM TREINAMENTO
MILITAR.
ESTAMOS A DISPOSIQAO CONTATE-NOS
PELO EMAIL.” (23/07/2015)
“VOCE QUE TEM PROBLEMAS COM INVASAO DE TERRAS

CONTACTE-NO S VIA EMAIL, SIGILO ABSOLUTO” (23/07/2015)
“SIGILO ABSOLUTO
TODOS OS NOSSO SERVIQOS DEVEM SER CONETADOS POR EMAIL.
DIANTE DA CR.ISE INST1TUCIONAL VIVENCIDA NO PAIS, SE FAZ
NECESSARIOS AQOES QUE VISEM A PROTEGER PROPRIEDADE
PRIVADAS.
CONTAMOS COM SERVIQO ESPECIALIZADO NA AREA.” (23/07/2015)
Ha muitas mengoes na pagina do Facebook a ocupapoes de movimentos de

trabalhadores sem-terra (em 12/08/2015; 05/08/2015; 04/08/2015; 30/07/2015;
30/07/2015; 27/07/2015; 26/07/2015; 27/07/2015; 24/07/2015; 23/07/2015) e a
conflitos pela posse de terras tradicionais indlgenas (01/09/2015, 31/08/2015 e
. 04/05/2015).
Sao duas as maneiras de se despejar coletividades de propriedades rurais cuja

posse e contestada: ou a policia cumpre mandado judicial de reintegrapao on ocorrem
despejos ilegais. A logica leva a concluir que os servipos anunciados pelo “Grupo de .
Presidents Camara dos Deputados | Anexo II | Sala 1K.5A | Paviinento Superior |CEP 70.160-900 | Brasilia | DF | Brasil
(61) 3216-6570 | cdhfr^cam.ira.aov-.hr \ litlp://wwvv.camara.leg.br/cdli
Op(c
S£RA/C ys-
FIs. 05
M CAMARA DOS DEPUTADOS
iSF Comissao de Direitos Humanos e Minorias
Defesa contra invasao de Terra” provavelmente se enquadram na categoria de auxflio a

despejos promovidos por particulares, 0 que, nonnalmente, e acompanhado do uso de
armas de fogos.
Conforme 0 artigo 5° da Constituipao, e plena a Hberdade de associapao para fins

licitos, vedada a de carater paramilitar (inciso XVII); “e crime inafianpavel e
imprescritfvel a apao de grupos armados, civis ou militates, contra a ordem
constitucional e 0 Estado Democratico” (XL1V).
A constitute de milicia privada e crime previsto no Codigo Penal (artigo 288-

A), que tipifica a conduta de “Constituir, organizar, integrar, manter ou custear
organizaqao paramilitar, milicia particular, grupo ou esquadrao com a finalidade de
praticar quaisquer. dos crimes previstos neste Codigo”. A milicia paramilitar pode se
organizar para “fazer justiqa pelas proprias maos”. Trata-se do crime de “exercicio
arbitrario das proprias razoes”, previsto no artigo 345 do Codigo Penal.
Considerando que nonnalmente os despejos organizados por fazendeiros contam

com grupos paramilitares, e possivel que as aôes divulgadas na pagina do Facebook se
valham de posse irregular de arma de fogo de uso pennitido, porte ilegal de anna de
fogo de uso permitido, posse 011 porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previstos
nos artigos 12, 14 e 16 da Lei N° 10.826/2003.
Senhor Ministro, a Lei0 10.446, de 8 de maio de 2002, estabelece a competencia

investigativa do Departamento de Policia Federal do Ministerio da Justiqa sobre
violaqoes de direitos humanos que a Reptiblica Federativa do Brasil se comprometeu a
reprimir em decorrencia de tratados intemacionais de que seja parte, quando houver
repercussao interestadual ou intemacional que exijarepressao uniforme. E 0 caso.
O serviqo provavel de milicia armada e anunciado pela rede mundial de

computadores, 0 que enseja, presentes os outros requisitos, competencia federal. Veja-se
ajurisprudencia:
PENAL E PROCESSUAL-PENAL. CRIME DE RAC1SMO. INDUZIMENTO E

1NSTIGACAO ATRAVES DA INTERNET. INTERNACIONALIDADE.
CONVENCAO INTERNACIONAL SOBRE ELIMINACAO DE TODAS AS
FORMAS DE DISCRIMINAÂO RACIAL. COMPETENCIA DA JUSTICA
FEDERAL. (ARTS. 109, INCISOS III E V, DA CF). (...) 1. Hipotese de crime
perpetrado por meio da rede mundial de computadores (internet), tendo 0 acusado
criado uma comunidade de cunho racista, intitulada 100% BRANCO, no site de
relacionamento denominado ORKXJT, isso atraves de IP: localizado no Brasil, o que
possibilitou a propagaâo de textos racistas alem das fronteiras do territorio nacional,
vez que o acesso pode-se dar prontamente no estrangeiro. 2. Uso de um site de
relacionamentos de acesso mundial para divulgaâo de textos de conteudo racista, sendo
indiscutivel a competencia da Justiâ Federal, pela previsao da repressao em convenâo
intemacional, assim como pela inegavel marca da intemacionalidade. Incidencia do ait.
109, inciso V, da CF/88, na previsao que estabelece a competencia da Justipa Federal
em situates de crimes previstos em tratados ou convenqao intemacional, quando,
iniciada a execute no pais, 0 resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro.
President Camara dos Deputados j Anexo II | Sala 185A | Pavimento Superior |CEP 71). IiSO-DOO | Brasilia | DP | Brasil
(61) 3216-6570 | cdli@i;iirmira.i»ov.br | http://www.camara.leg.br/cdli
NCC
opf
/ ''S c^COAD
/
F/s.
1
CAMARA DOS DEPUTADOS
Comissao de Direitos Humanbs e Minorias Rubrfa
(...) (PROCESSO: 200881Q00016774, ACR7738/CE, RELATOR:

DESEMBARGADOR FEDERAL MANGEL ERHARDT, Primeira Turma,
JULGAMENTO: 16/02/2012, PUBLICACAO: DJE 24/02/2012 - Pagina 140)
A repercussao dos conflitos de terras no Brasil envolvendo milicias annadas nao

e apenas nacional. E intemacional. Vejam-se, por exemplo, tres materias jomah'sticas
sobre o recente assassinate do indigena Semiao Vilhalva no Mato Grosso do Sul,
provavelmente morto por milicia armada: uma em agencia de noticia dos Estados
Unidos (FOX), outra espanhola (EFE) e outra russa (Pravda).
Mais que noticias, a atuaâo de milicias privadas em conflito de terras resnltou

ao Brasil demincias e condena^Ses internacionais.
Segundo dados do Conselho Indigenista Missionario, apenas em 2014 foram

registrados 138 assassinates - numero alarmante. Boa parte deles envolve milicias
annadas. No dia 19 de outubro essa situaâo foi dennneiada a Comissao interamericana
de Direitos Humanos (noticia em anexo).
O trabalhador Valmir Mota de Oliveira, Keno, foi assassinado em 2007 por

milicia armada que atuava por fachada de empresa de seguranâ, em campo
experimental da multinacional Syngenta, em Santa Tereza do Oeste - PR. Membros do
Parlamento da cidade de Basel, na Suipa, onde fica a sede da empresa, pediram
explicates ao Brasil. O caso foi tambem denunciado pela Rede Intemacional de
Direitos Economicos, Sociais ao Conselho de Direitos Humanos da ONU,. emjunho de
2008.
O trabalhador Sebastiao Camargo Filho foi assassinado de fevereiro de 1998,

quando uma milicia ligada a ruralistas despejou familias acampadas na Fazenda Boa
Sorte, no Parana. As viola9oes dos direitos a vida e as garantias judiciais levaram
a Comissao Interamericana de Direitos Humanos a responsabilizar o Estado brasileiro
pelo crime (sentenâ em anexo).
Em novembro de 1988 o agricultor Setimo Garibaldi foi assassinado em

operate realizada por pistoleiros, em despejo ilegal da Fazenda Sao Francisco, no
Parana. A Comissao Interamericana de Direitos Humanos tambem condenou o Brasil
pelo caso (sentenpa em anexo).
Aliado a repercussao, tem-se muitas as normas internacionais de direitos

humanos envoividas no caso.
Comentario Geral n° 7 adotado pelo Comite de Direitos Economicos, Sociais e

Culturais da ONU trata do direito a moradia adequada e de despejo forpado. Segundo o
texto, os despejos forpados sao incompativeis com as normas do PIDESC — Pacto
Intemacional de Direitos Economicos, Sociais e Culturais. O PIDESC foi incorporado
ao direito brasileiro pelo Decreto n° 591, de 6 de julho de 1992. Os despejos forpados
violam, em especial, o direito a protepao da familia (artigo 10), a urn nivel de vida
adequando para si proprio e sua familia, inclusive a alimentapao, vestimenta e moradia
I’residente Camara dos Deputados | Anexo II | Sala 1H5A | Pavimento Superior |CEP 70.160-900 | Brasilia | DF | Brasil
(61) 3216-6570 | cdh@camara.pov.br | http://www.camara.leg.br/cdh
m BMiNCCl
n CAMARA DOS DEPOTADOS
IP''. Comissao de Direitos Humanos e Minorias X. Riiibrica
adequadas (artigo 11) e ao o direito de toda pessoa de desfrutar o mais elevado m'vel
possi'vel de saude fisica e mental (artigo 12). Segundo o PIDESC, cada Estado Parte do
presente Facto compromete-se a adotar medidas para efetivar sens dispositivos (artigo
2°). Portanto, a nao investigate de anuncio publico de oferecimento de servipo de
despejo particular viola frontalmente seus dispositivos e a obrigapao de o Estado
brasileiro promover os direitos nele previstos.
Considerando ainda que a pagina do Facebook mencionada apresenta muitas

citapoes a disputas por terras indigenas - nas quais milicias anuadas sao envolvidas
frequentemente - e de se ter em conta a Convento n° 169 da Organizaâo
Intemacional. do Trabalho sobre Povos Indigenas e Tribais, incorporada ao Direito
Brasileiro pelo Decreto n° 5.051, de abril 2004. De acordo com o artigo 2° do tratado,
os govemos deverao assumir a responsabilidade de desenvolver uma ato coordenada e
sistematica com vistas a proteger os direitos desses povos e a garantir o respeito pela
sua integridade. A nao investigate de milicias armadas que atuam contra esses povos e
uma violato do pacto.
Quanto ao crime de preconceito por religiao, a Convent© Intemacional sobre a

Eliminapao de todas as Formas de Discriminato Racial, incorporada ao Direito
Brasileiro pelo Decreto n° 65.810, de 8 de dezembro de 1969, detennina sua punigao.
Diante do exposto, considerando a atribuipao regimental que tern este colegiado

parlamentar de investigar violates on amea9as de violates de direitos humanos, pepo
que Vossa Senhoria determine a investigate da pagina “Grupo de Defesa contra
invasao de Terra”.
Cordialmente,
Presidente
Presidents Camara cios Deputados | Anexo II j Sala 185A | Pavnnento Superior |CEP 70.160-900 | Brasilia | DF | Brasil
(61) 3216-6570 j cdhfecamara.tiov.br | http://www.camara.leg.br/cdli
DPF
SERA/COAD',\
Rs. 06 *
fubrica 7
. V '•
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Grupo de. Defesa contra

f mvasao de Terra Curtir Seguir Mensagem
jSjj Aeroespacial/defesa
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21/10/2015 Grupo de Defesa contra invasSo de Terra DPF
SERA/COAD
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Facebook©2015
Grupo de Defesa contra invasdo de Terra

1 de setembro -
https://www.youtube.com/watch?v=t4hmStZM4Ms&feature=youtu.be
O PT QUER TOMAR SUA CASA E

OS SEUS BENS
VOUTUBE.COM

Si
53 pessoas cudiram isso. Mais recente
m Otto Mendes fora ruralisias! SSo criminosos que destroem o pais e s3o os
maiores respons^veis pela mis^ria. corrupgdo e viol&ncia!
Curtir' Responder - 2 de setembro as 11:06
M PauloWaack O exemplo disso 6 s6 ver como esta CUBA atualmente, parou
2 no tempo.
Curtir • Responder • 2 de setembro Ss 15:24
5 Escreva urn comenterio...

o video de Guarulhos Direita Conservadora.
31 de agosto -
https://www.facebook.com/GuarulhosDireitaConservadora/videos/963650
547011955/
27.690 visualizagdesGuarulhos Direita Conservadora

31 de agosto -
FUNAI usada para recrutar FALSOS INDlGENAS.

□
data:text/html;charset=utf-8.%3Cdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margin-bottom%3A%208px%38%20color%3A%20rgb(20%2C%202... 2/30
DPF
SERA/COAD'\
Fis-—.c2.y
i
l 129 pessoas curtiram Isso. Mals recente
4L./ .r

Pedro de Vasconcelos BANDO DE MENTIROSO!!!!
LEVIANOSI!
Curtir • Responder • 1 de setembro £$ 21:14
Samuel Oliveira Bando de menliroso !
Levianos I
Curtir • Responder • 1 de setembro ds 21:22
Escreva urn comentSrio...

I 31 de agosto •
ATUAMOS NA AREA. QUANTO VALE SUAS TERRAS? QUANTO VALE

i SUA VIDA??? CABEQA QUENTE NAO RESOLVE. FALE CONOSCO.)
2 comparlilhamentos
JjEscreva um comentdrio...
z:i
31 de agosto -
VOCE QUE TEM PROBLEMAS COM INVASAO DE SUAS TERRAS

ENTRE EM CONTATO COMIGO.
i davimeneses@hotmail.com
Curtir Comentar Com partilhar
2 compartilhainentos
fgmm Grupo de Defesa contra invasao de Terra

ffITSi 31 de agosto •
PRESTAMOS SERVIQOS DE ESTRATEGIAS TATICAS PRA

PROPRIEDADES INVADIDAS
2 comparlilhamentos
Otto Mendes Quern invade propriedade 6 a escdria ruralista!

Curtir • Responder • 2 de setembro £s 11:06
|~Escreva um coment^rio...
------ 1

31 de agosto •
data:text/html;charset=utf-8,%Xdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margin-bottom %3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%202... 3/30
r
Dpf
21/10/2015 Grupo de Oefesa contra invasSo de Terra
SERa/COAD
271.935 visualiza0eszelma Rodrigues Rodrigues

10 de agosto ■
Curtlr Comentar Com partilhar

□
i
Carlos Laurent! Tem mais esta...
Curtlr' Responder -1 de setembro ds 00:27
bjilfl Paulo. Waack LULA tu um desgragado. For essas coisas 6 que o Brasil
est£ no deficit.
Curtir • Responder • 1 de setembro Ss 10:18
lik Escreva um comentdrio...

31 de agosto -
AQUI VOCE RODE DENUNCIAR TUDO QUE OCORRE DE INVASOES

EM TERRAS.

I
I 1 compartilhamento
j^screva um comentario...
55*
fgmm Grupo de Defesa contra invasao de Terra

31 de agosto •
A TODOS QUE QUEIRAM CONTRIBUiR COM A PERMANENCIA DESTA

PAGINA POR FAVOR ENTRE EM CONTATO.
TEMOS CUSTOS MENSAIS DE MANUTENCAO E PAGAMENTOS AO
FACEBOOK.

m
3 compartilhamentos
Renato Plnhelro Dorte S6 uma duvida... Ibm administro uma pdgina, mas
nSo tenho nenhuma despesa..
Quaisseriamelas?
Curtir • Responder • 2 de setembro ds 17:03
data:text/html;charset=utf-8,%Xdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margin-bottom%3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%202... 4/30
DPF
'SEFWCOAD
i ; Escreva um comentario...
L... . Riprica
!i r
■ Grupo de Defesa contra invasao de Terra
9 31 de agosto -
http://g 1 .globo.com/.. ./indios-continuam-em-fazenda-S-dias-ap...
t,
|i ; Indies continuam em fazenda 5 dias apos invasao em

i!
II
j municipio de MS
Indies proibiram a entrada do propriet£rio, diz OOF. Grupo bloqueou estradas da
regiSo nessa terpa-feira (25).
G1.GLOBO.COM
114 pessoas curtiram isso. Mais recenle
50 compartilhamenios
Ver mais 9 comentdrios

Mauricio Brotto carcere privado, sequeslro, agressSo e nSo da nada pois
dizem ser indios, mas cade os indios bobos que o governo diz que tem de
proteger, que sSo todos inocentes. anjinhos. puros, ah ta ai tem dedo da
faegdo criminosa tem sim senhor... ndo 6 s6 os indios mas gente mais
inteligente cavando a midia pra tirar a atengSo do demdnio master, da vaca
que tosse e mente pra carvalho
Curtir • Responder • 1 de setembro 5s 14:06
Anlbal Marconsinl cacetenesses indios sem vergonha coloca eles para
trabaihar \
Curtir ■ Responder • 1 de setembro 5s 19:36
: ••
t- i Escreva umcoment5rio...
•0

um link.
14 de agosto- <
}
RESPOSTA AO PRESIDENTE DA
CUT i
i
RESPOSTA AO PRESIDENTE DA CUT RELATIVA i
AS AMEAQAS QUE O MESMO FEZ CONTRA A
MAIORIA DO POVO POVO BRASILEIRO
YOUTUBE.COM
bl

m
;
116 pessoas curtiram isso. Mais recenie
da1a:text/html;charset=utf-8,%Xdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margin-bottom%3A%208px%38%20color%3A%20rgb(20%2C%202... 5/30
dpf
114 compartilhamentos SERA/COad
Ver mais 14 coment^rios
P. Carlindo Ramos de Farias Esse nojento presidente da CUT, ngo vale nada,
6 urn canalha, com a aprovap§o da presidente do Brasil, que & out/a merda.
Curtir - Responder' 15de agostods 10:00
Henrique Carneiro Alexsandro Leopoldlno
Curtir - Responder ■ 15 de agosto ds 11:05
i Escreva um comentSrio...
j Grupo de Defesa contra invasao de Terra

I 14 de agosto -
https://www.facebook.com/.. ./o.29216571760.. ./1629344497304215/...

S3
Flavio Augusto Asprino Filho curtiu isso.
■J Grupo de Defesa contra invasao de Terra compartilhou

12 de agosto -
271.935 visualizagdeszelma Rodrigues Rodrigues

10 de agosto -

Ricardo De Angelis Marinhelro Marlnhelro Bomba neles.
Curtir - Responder -12 de agosto ds 22:26
Jneto LA Rosa E A GUERRA CHEGANDO SEM CONTROLE, ATE QUANDO
VAMOS AGUENTAR ESSE PARTIDO REPARTIDO O NOSSO PAlS, ATE
GUANDO EMMMMMMMMMMMMMMMM.
Curtir • Responder - 1 • 12 de agosto £s 23:19
m Escreva um comenterio...
r
data:text/html:charset=utf-8,%3Cdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margirvbottom%3A%208px%38%20color%3A%20rgb{20%2C%202... 6/30

12 de agosto •
COM A LEI ANTI TERROR, ESTE SERA 0 FIM DOS QUE O FAZEM...
ESSA VAI SER A ULTIMA VISAO DOS
#*1
Curtir Comentar Compartilhor
E-

Mario Aliilio Muitas balinhas para o MSTItl
ft Curtir • Responder ■ 13 de agosto Ss 13-36
Antonio do Moraes D6-lhes guereiros
Curtir • Responder • 27 de agosto Ss 19:33 i
;
l Escreva um comentario...

o video de Walter Coelho.
12 de agosto-
https://wv/w.facebook.com/walter.coelho.71/videos/687109608004885/?
pnref=story
Walter Coelho
22dejuho de 2014 •
Foi proibido. EntSo assista antes que proibam de novo.
data:text/html;charset=utf-8,%3Ccfiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margin-bottom%3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%202... 7/30
21/10/2015 Grupo de Defesa contra invasto de Terra
Curtlr Comentar Compartllhar m DPP

oERA/COAD
66 pessoas curtiram isso. Rs. J-Z>
t R^bSca
i
\W [ Escreva um comentirio...
J
Grupo de Defe&a contra invasao de Terra compartilhou
5 de agosto -
QUE SIRVA DE EXEMPLO PRA 0 BRASIL, VAMOS ARREBENTAR COM

ESTES TERRORISTAS E GOVERNADORES QUE APOIAR BANDIDO
DEVE SER LINCHADO,
103.427 visualizatfesDemerval Sitvestre

4 de agosto -
OS MARGINAIS DO MST. SAO EXPULSOS DO PRSDIO DA RECEITA FEDERAL

EM RONDONIA
Curtlr Comentar ■ Compartllhar

0-

Luiz Roberto Martins nSo alisa policia. tem que fazer cumprir a lei, o
pessoal do mst est£ fazendo bagunga com o apoio de cima, bala neles
Curtir • Responder • 3 • 6 de agosto is 10:01
, I Amauri Oliveira contra fazendeiros desaimados v3o e aterrorizam agora
contra uma forga armada saem "pianinho*; bando de bandidos
Curtir - Responder - 3 • 6 de agosto £s 17:06
S3S' Escreva um comenterio...

2U&

5de agosto -
! data:text/html;charset=utf-8.%Xdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20styte%3D%22margin-bottom%3A%208px%3B%20color%3A%20rgb{20%2C%202... 8/30
f
' uv \
CEPa/COAD
Rt/! >
MST ocupa sede do Ministerio da Fazenda em Brasilia

| Cerca de 2.000 integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra)
I invadiram nesta segunda-feira (3) a sede do Minis&rio da Fazenda, em Brasilia.
E es reivindicam que o governo reveja os codes do orgamento que afetam...
I WWW1.FOLHA.UOLCOM.BR
Curtlr Comentar Compartilhar

□
Ver mais 7 comentirios

r-'
Renllson Carvalho vagabundos travestidos de trabalhadores.
I Curtir - Responder' 5 de agosto ds 08:46
m Evaldo Oliveira Eles estSo onde recebem

j $$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$.
Curtir • Responder • 5 de agosto £s 14:52
■ Grupo de Defesa
| contra invasao de
Terra
i
4 de agosto -
f LEI CONTRA TERRORISM© DEVE CRIMINALIZAR O MST.

- POIS AS AQOES DESTE GRUPO SAO ENQUADRADAS DENTRO DE
AQOES TERRORISTAS.

□
[
Ricardo Oe Angelis Marinheiro Marinheiro MST, grupo terrorista, nSo

plantam , n9o produzem. somente recebem verba a fundo perdido para
compra de votos.
Curtir • Responder • 1 • 4 de agosto 9s 18:43
ai | Pedro O Fumagalll Brombilla A dama de vermeiho deve velar. 6 contra seus

j asseclas.
Curtir • Responder • 5 de agosto 9s 00:29
S Escreva urn coment9rio...
r
mb Grupo de Defesa contra invasao de Terra i
i i
4 de agosto -
i http://g 1 .globo.com/.../manifestantes-do-mst-invadem-predio-d...
i i
data:text/html;charset=utf-8.%3Cdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margin-bottom%3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%20... 10/30
\
Dpf
21/10/2015 Grupo de Defesa contra invasao de Terra ^SERA/cOAu
V____ * >
i Manifestantes do MST invadem predio da Receita

Federal em SC
. Grupo impediu inicio dos atendrmentos &s 8h30 desta segunda-feira (3). Org§o
diz que sao 200 manifestantes; movimento afirma que s3o 500.
: G1.GLOBO.COM
11 compartiihamentos
Ver mais 6 comentcirios
Evaido Oliveira SAO 0 EXERCITO DE LULA E DILMA, eles nSo consideram

;
IJj^j o Exdrcilo Brasileiro.
Curtir • Responder • 1 • 5 de agosto £s 14:53
KfjPI Ondirta Leite Alguem se lembra da fcibuia da formiga e a cigarra?

Hill Curtir • Responder - 1 • 5 de agosto £s 15:49
H . Escreva um comentario...
r
* 4 de agosto •
http://veja.abnl.com.br/.../brasil-surrealista-comandante-d.../
i Curtir Comentar Compartilhar
tJi ; Escreva um comentario...

PP;
S Grupo de Defesa contra invasao de Terra

IHI 31 de julho •
A
Eduardo Cunha
Presidente da Camara dos Deputados Federais.
SOLICITAQAO
Solicito por meio desta que durante o periodo onde sera votada a lei de
seguran<?a nacional antiterror. Que o Senhor se digne em me conceder o
direito como brasileiro da tribuna por alguns minutos para falar aos
Senhor Deputados.... Ver mais
: 26 pessoas curtiram isso. Mais recente
: 15 compartiihamentos
data:text/htm!;charset=utf-8,%3Cdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margin-bottom%3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%20... 11/30
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JAVAMflAO ra OOOJ«3^ OMA AdlfOTOR^ A^TCOJAq U3 IU2:flTt*o? '
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ORO^ thvrzA* rÛ ?oq eJcniwio c-g’uftsm emu mol chSie? .w ; ; # i
owl e 3 H .OAW'I C/J EO

o5#t.-’*i..^. jrO
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. s
21/10/2015 Grupo de Defesa contra invas§o de Terra
DPh
' TA EXPLICADO POR QUE 8RASILEIRO E FROUXO E NAO REAGE AO
! GOVERNO E NAO ENTENDE O QUE LER...
SERa/coad
FLUOR QUE VOCE 8EBE NA AGUA COLOCADO PELO GOVERNO £ A
I DROGA DA PASSIVIDADE E AFETA O SEU Ql.
SAIBA, VOCE ESTA SENDO DROGADO. OS NAZISTA FIZERAM ISTO.
VAMOS ACORDAR AIM!!
Os nazistas "ministraram" fluor na dgua dos campos de extermlnio, que
l agiu como sedative, apaziguando os prisioneiros. Apesar desse
I
precedente, o uso da dgua fluorada ainda 6 promovido em diversos
paises. O fluor tam... Ver mais
Los expertos
confirman:
*
ei FLUOR
♦♦ • funciona!!
- TAxleo
• Sadxnto
- esTupioiZANte
I - Producto P6ll{jro*o do doaeohoo
- AoumUaUvo
• Coum Ostooporoata
i - Csuao darV> r«nal
X • Doaoalellioa to* dl«nt*« y
I provooa mis dafkw qu* laa oar(«a
. H‘ V
I
Curtir Comentar Com partilhar □

21 pessoascurtiramisso. Mais recenle
Ver mais 1 comenterio
15 Elza Flor £ s6 o que faltava.

Curtir • Responder • 13 de agosto &s 03:03
m Samara Fiori Caroline Duarte

Curtir • Responder • 21 de agosto &s 17:15
# Q Escreva umcomentdrio...
r
29 dejulho •
i
LAVA JATO £ LIGADA A JANOT.
I SE ASSIM NAO FORA PORQUE 0 CHEFE DOS PROMOTORES DE

MORO PREPARA UMA CONTRA O CUNHA?? JANOT QUER FERRAR O
CUNHA, GUEM £ JANOT? FUNCIONARIO DO ESQUEMA DO PT....
1 Ver mais
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BRANCC!
. 21/10/2015 Grupp de Defesa contra invas§o de Terra X • Dpf \
±as^... ■ Httirk *_ ;••••• ■ 'SERa/COAD''
IlliS
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Ru^Ca
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!<S» T
"Cunha 6 principal fator de instabilidade no Pais"
Para presidente da AssociapSo'de Cifincia Polltica, agosto testard estabilidade
nacional com denuncias da Lava Jato e 'Fora Dilma1
cartacapitalcom.br . , ' .
Curtir Comentar Compartilhar '

~ig3...
3 compartilhamentos
||dj|(X' Escreva um coment^rio... I*
aSaH Grupo de Defesa contra.invasao de Terra compartilhou -

mm o video de UOL Nollcias.
’29 de julho • Editado •
LAVA JATO A INTERVENQAO VERMELHA

ISSO MESMO. O QUE VOCE LEU!!!
RODE NAO CONCORDAR MAS LEIA E ANALISE..
.... Vermais
112.621 vfsualizagdesuOLNoticias
17 de julho •
Eduardo Cunha diz que juiz S6rgio Fernando Moro se acha "dono do
pafs"http://bil.ly/10c75op
Curtir Comentar. Compartilhar

US

Cida Menonl QUM PENSSA Q £ DONO DO PAIS £ O PT
Ikj&j Curtir ■ Responder • 7 de agosto Ss 19:37
Escreva um comentarioi..
• data:text/html;charset=utf-8,%Xdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margin-bottom %3A%208px%3B%20cdpr%3A%20rgb(20%2C%20... 16/30
s
21/10/2015 Grupo de Defesa contra invasao de Terra dpf
SERVCOAD
m 27 de julho •
l
PRESTAMOS ACESSORIA TATICA CONTRA INVASAO DE TERRAS. -ftu'/iea j’
i
NOS CONTATE
1 compartilhamento
Jos6 Marcio Gaetano DE Albergaria E QUE CONSIGAM ARMAS PARA

AQUELES QUE TEM TERRAS... PORQUE S6 0 INDIOS E 0 MST...
Curtir • Responder ■ 29 de julho as 13:03

o video de Radio Banda B.
27 dejulho •
Incendiarios...
97.872 visualizapoesRadio Banda B

23 dejulho • Editado -
Tudo parado. Manifeslapao bloqueia rodovia que corta Curitiba neste momento:
http://zip.net/brrFTG
; 24 pessoas curtiram isso. Mais recente
: Ver mais 3 comentarios

Grupo de Defesa contra invasao de Terra ESTAMOS A DISPOSIQAO DO
AGRONEGOCiO PRA PRESTAR ACESSORIA TATICA CONTRA
INVASAgAO E REPRESSAO A INVASAO, VIA EMAIL i
Curtir - Responder • 3 -27 dejulho as 14:05
l|fj Cida Menoni SO POLUIQAO
Curtir • Responder ■ 27 dejuiho as 17:29
i.
|||Z1 Grupo de Defesa contra invasao de Terra compartilhou

jllflfl o video de Eder Borges.
27 de julho •
Criminosos da turba dos sem terra tomam de assalto a cidade...
data:text/html;charset=utf-8,%3Cdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margin-bottom %3A%208px%3B%20cdor%3A%20rgb(20%2C%20... 17/30 .
n
21/10/2015 Grupo de Defesa contra invasao de T erra
5
74.357 visualiza?6esEder Borges
| 26dejulho • Editado •
S
MSI toma Irati-PR e bloqueia acesso de moradores

No dia 24/07/2015 o MSI e os demais bandidos da extrema esquerda aguardavarn
Dilma num evento em Irati-PR Os cr...
Vermais
5
i
3 Curtir Comentar Compartilhar
24 pessoas atrtiram isso. Mais recente
Ver mais 3 comentertos

7|gi Elpidio Alves Torturella nao tem homen nessa cidade abre fogo contra
essas merdas
lit
Curtir • Responder • 1-27 de julho 3s 12:58
Nilton Camargo Ramos O MST e urn bando de guerrilhos sob o comando

do lula e do stediile.cadeia nesses marginals.
Curtir • Responder • 1 • 27 dejuiho &s 18:48
‘M s Escreva um coment^rio...
i j
.t z. t * rs ^ ^ i»* v»*'
I
26 de julho -
s
j TEMOS SERVIQOS ESPECIALIZADOS PARA PROTEGER SUA TERRA E
l PROPRIEDADES DE INVASAO.
CONTATE PELO EMAIL: jewsihbat@gmail.com
s
I 6 pessoas curtiram isso. Mais recente
2 compartilhamentos
Amaro Rocha quais sao os estados com maior indice de invasSo?.

y i Escreva um comehtario...
i

26 de juiho •
O POVO ESTA REFEM.. AT£ QUANGO???
http://globotv.globo.com/.. ./protesto-do-mst-em-dive.. 74028114/
i
data:text/html;charset=utf-8,%3Cdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20styie%3D%22margirvbottom%3A%208px%3B%20cdor%3A%20rgb(20%2C%20... 18/30
dhf
SERA/COAL
/
»ss
Protesto do MST em diversos pontos da Paralba

Protestos fecharam estradas.
I
GLOBOTV.GLOBO.COM

I
4 compartilhamentos
Ver mals 4 comentdrios

Grupo de Defesa contra invasdo de Terra presto acessoria tatilca contra
mt invasSo e represspao de invasdo
Curtir • Responder • 2 • 27 de julho as 14:04
Grupo de Defesa contra invasSo de Terra ESTAMOS A DISPOSICAO E SO
NOS CONATACTAR PELO EMAIL.
Curtir • Responder • 2 • 27 de julho Ss 14:06
1 resposta
f '
^9 25 de julho-
PRESTAMOS SERVIQOS TATICOS CONTRA INVASAO DE TERRA E

AQOES PREVENTIVAS.
i AOSINTERESSADOS
EMAIL: jewishbat@gmail.com
i
Curtir Comentar Compartilhar □
1 compartilhamento
Escreva um comentPrio...

um link.
i
24 de julho •
data:text/html;charset=utf-8,%Xdiv%20class%3D%22_2gqx%22% 20s tyle%3D%22margirvbottom %3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%20... 19/30
21/10/2015 Grupode Defesa contra invasdode Terra dpf
'SERA/COAD
Fts--l2sr
Stedile volta a ameagar brasileiros contranos ao

governo petista - “Voces nao se atrevam” |... !
Esse fol o a mais nova ameaga feita pelo llder do MSI, aquele o qual Lula disse
em evento recente ter um “ex^rcito*. e deixou claro que estd pronto para
WWW.REVOLTABRASIL.COM.br I FOR REVOLTA BRASIL'

i3
11 pessoas curtiram isso. Mals recente

[TCX1 Vivlane Rebello S. Reglnato Bandido.terrorista
Curtir • Responder • 28 dejulho Ss 23:08
Clda Menoni S6 FALTA 0 CHIFRE .
S3 Curtir • Responder • 7 de agosto ds 19:38
Escreva um comenliirio...

24 de julho •
vagabundo.bandido.sequestrador.ladrao. processar gente de bem. Se

tem recompensa pela cabeca dele e porque ele nao presta. mst tern,
dezenas de assassinates
ISTOE Independente - Brasil

O llder do MST Jo§o Pedro Stedile 0 Movimento dos Trabathadores Sem Terra :
(MST) estd solicitando a Policia Federal e ao Minist6rio da Justiga que apurem I
ameaca de morte contra o llder JoSo Pedro Stedile, divulgada em um post nas... •
1
WWW.ISTOE.COM.BR )
:

data:text/html;charset= utf-8,%Xdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margirv bottom %3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%20... 20/30
3 compartNhamentos
: MTT Marcio Piana Vagabundo

: | Curtir • Responder • 25 de julho as 08:36
■ Victor Kaufmann Muito tardiamente estd comegando a colhero que plantou.

: iwbi Curtir • Responder • 25 de julho as 17:41

24 de julho •
VOCE QUE TEM PROBLEMAS COM iNVASORES DE SUA TERRA, NOS

PODEMOS TER A SOLUgAO, NOS PROCURE VIA EMAIL.
2 pessoascurtiram isso.
«

IIIPI o video de Grupo DeFato.
24 de julho •
invasOes em Areas urbanas estAo acontecendo em todo

PAlS 1
!
t
1
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!
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1
Grupo DeFato
25 de agosio de 2014
Populagao que ioma atitude!

Vale a penar ver a mobilizapao contra alguns ’folgados' !
+ videos: http://bit.ly/1k0dyUv
j
13 pessoascurtiram isso. Mais recente
Gunther Kiekebusch Petralhas a populapao esta cansada desse

desgoverno, esse tipo de manifestagao vai comegar, o ex^rcito do MST do
Stbdile que se prepare com balsas, boias de camara de caminhSo e peguem
rumo de Cuba.
data:text/htmt;charset=utf-8,%3Cdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margin-bottom %3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%20... 21/30
<1
i
21/10/2015 Grupo de Oefesa contra invasSo de Terra

a foto de MOSSAD E DEFESAS DE ISRAEL FDI.
24 de julho •
MOSSAD E DEFESAS DE ISRAEL FDI

22 de julho •
Israel's Mossad guarded President Uhuru in his UK visit
JAMBONEWSPOT.COM can now reliably confirm that Israel’s security unit Mossad
played a huge role providin...
Ver mais
VertradupSo
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! Escreva um coment^rio...

23 de julho -
VOC£ VAI'ESPERAR MAIS O QUE???

CONTACTE-NOS
https.7/www.youtube.com/walch?v-ylnVFOFq_dg
MST CONTINUA DESTRUINDO 0

BRASIL.
MST e BLACK BOSTA3 s3o sujeira do mesmo
esgoto. Ou o Brasil acaba com esta doenga
chamada MSTe BLACK BOSTAS ou o MSTe os...
YOUTUBE.COM
Curtir Comentar Com pa rtilhar
4 comparUlhamentos
Lake Emerald
data:text/html;charset=utf-8,%Xdiv%20dass%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22marg;n-tottom%3A%208px%38%20color%3A%20rgb(20%2C%20... 22/30
21/10/2015 Grupo de Defesa contra invas3o de Terra Off
t fssto iimjôuE vod urn 3EP//c0ad
fARA AS CKUNCAS 00 CRASH?
Rd.i £
CurUr ■ Responder • 2'23dejulho 3s 20:16

1
23 dejulho •
PELO DIREITO DA PROPRIEDADE PRIVADA!!!

hltps://www.youtube.com/watch?v=hd1 -JQ1 phkY
I Na Venezuela, Mder do MST

* convoca toda a esquerda para luta
contra quem quer o impeachment..
GOSTEIAJUDA A DIVULGAR. INSCREVA-SE PARA
FAZER PARTE DO CANAL: httpÂvww.youtube.CO...
UUfotEOOMSJCQWiiaiOD, 1
YOUTUBE.COM
Ifj COMRA 0'J[M0jlR0t^(i(
i
4 pessoas curliram isso.
• 1 compartilhamento
Escreva urn comenlArio...

23dejulho •
hUps://www.youtube.com/watch?v=-JozR5-yRxO
I
Lula diz que esta pronto para a
guerra e convoca 'chefe' do MST a
colocar o 'exercito dele na rua'
-* GOSTEI AJUDA A DIVULGAR. INSCREVA-SE PARA
FAZER PARTE DO CANAL: httpJAvww.youtube.co...
i
10 PARA. A GUERRA t COtfVDCA YOUTUBE.COM
jUIO'EHRCIIOOilHtt m1
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fta
Zmmm Grupo de Defesa contra invasao de Terra

**•3 23 dejulho-
i
https:/Avww.youtube.com/walch?v=azBwlbsFZ8k
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data:text/html:charset=utf-8,%3Cdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margir>-bottom%3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%20... 23/30
Se^/COAD
&
Revoltado motorista fura bloqueio do MST no trevo de

Dom Aquino
YOUTUBE.COM
I
Curtir Comentar Compartllhar □
*
■ 3 pessoas curliram isso.
1 compartilhamento
Escreva um comenl^rio...

23 de julho •
i
https://www.youtube.com/watch?v=w7AqbucRBMA
X. I
POPULAQAO EXPULSA
’6 INVASORES DO MST
Revolta do Rio Vermelho: o dia em que moradores
botaram os invasores para correr. Curta:
! "*https:/Avww.facebook.com/CanalDaDireita =...
-i
YOUTUbE.COM
2 compartilhamentos
u Escreva um coment6rio...

23 de julho - Editado -
QUER SE VER UVRE DE INVASORES???

NOS CHAMEM PELO EMAIL
Curtir Comentar Compartllhar E2
Leonilda Da Luz curtiu isso.
Eg Escreva um comentario...
r Grupo de Defesa contra invasao de Terra i

3 23 de julho-
MST PROGRAM INVASAO EM GRANDE ESCALA EM TODO 0 BRASIL.

GRUPO COM AQOES TERRORISTAS COM IDEOLOGIA MARXCISTA i
data:text/html;charset=utf-8.%3Cdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margii>bottom%3A%208px%3B%20coior%3A%20rgb(20%2C%20... 24/30
21/10/2015 Grupo de Defesa contra invasSo de Terra Df-r*
^SHR/^CCAD
QUE PREGAM REVOLU(?AO ARMADA ATRAV^S DO ROUBO DE
TERRAS PRIVADAS. JO
PROTEJA SUA TERRA. ENTENDA QUE ESTE GRUPO TEM
TREINAMENTO MILITAR. b/xkj-
ESTAMOS A DISPOSIQAO CONTATE-NOS
PELO EMAIL.

□
i Escreva um cotnen&rio...
----- f
Grupo de Defesa contra invasao de Terra I
23 de julho- i
DEFENDENDO O DIREITO DA PROPRIEDADE PRIVADA
I
Terra
Aeroospacial/dofosa t
:
4.097 curtidas
j Curtlr Pdgina j i
19 falando sobre isso i
i
Curtlr Comentar Compartilhar 5 i
l Escreva umcomentdrio...

23 de julho •

Terra
Aeroespacial/defesa
4.097 curtidas
Curtlr PSgina J
19 falando sobre isso

□
Escreva um comenldrio...
r
jWfIMW
ygg 23 de julho-
https://www.youtube.com/watch ?v=_XNiKmFr3cg
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t
t
t
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m BRANCO
21/10/2015 Grupo de Defesa conlra invasSo de Terra
Drone espiao HK (Filma e Fotografa)
YOUTU8e.COM
2 pessoas curliram isso. Mais recente
Almir Fraga MEU PARTIDO £ 0 BRASIL. MEU CANDIDATO AS FFAA -

EB “ORDEM E PROGRESSO* £ O NOSSO LEMA - SOMOS UM PAiS UVRE -
APOIAMOS 0 JUIZ SERGIO MORO E A POLlCIA FEDERAL - TODOS OS
Curtir • Responder • 1-23 de julhoas 19:13
Escreva um comentSrio...

23 de julho •
http://g 1 .globo.com/.. ./arnaldo-jabor-fala-sobre-os-.. ./1199792/ i
Arnaldo Jabor fala sobre os ataques do MST - Jornal da

Globo - Catalogo de Videos
0 comentarista Arnaldo Jabor afimnou que o MST teve uma origem legllima. Mas
os pobres viraram marionetes de llderes pseudo-esquerdistas, como St6dile....
(i1.OLO8O.C0M
2 pessoas curliram isso. Mais recente

“ORDEM E PROGRESSO" E O NOSSO LEMA - SOMOS UM PAiS LIVRE -
MOBILIZAQAO GERAL DA POPULAgAO PARA ATINGIRMOS 0 CLAMOR
CONSTITUCIONAL DO POVO. COM APOIO DAS FORQAS ARMADAS. -
data:text/html;charset=ulf-8.%3Cdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margirvbottom%3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%20... 26/30
h
POLICIAIS MILltARES E OS CAMINHONEIROS DO BRASIL... .
Curtir-Responder • 23 dejulho Ss 19:13 . •
Escreva umcomentfirio...
Grupo de Defesa contra invas3o de Terra

23 de julho •
hltps://www.youtube.com/watch?v=h6-IITyOQTQ
mostra bandidos do mst

planejando ataque contra cutrale.
sSS . video mostra bandidosdo'mst planejando ataque-
i> 3 ■ lFiy.
contra cutrale. eleiijSo 2010 partldo politico policia
safado corruppSo corrupto escandalo rriensaiao...
1 m YOUTUBE.COM .
• Curtir Comentar Compartilhar m

1 compartilhamento
Almir Fraga MEU PARTIDO S 0 BRASIL, MEU CANDIDATO AS FFAA-

“ORDEM E PROGRESSO* £ O NOSSO LEMA - SOMOS UM PAlS LIVRE -
MOBILIZAQAO GERAL DA POPULAgAO PARA ATINGIRMOS 0 CLAMOR
POPULAR EXIGIDO PARA QUE POSSA HAVER A INTERVENQAO .
APOIAMOS O JUI2 S6RGIO MORO E A POLlCIA FEDERAL - TODOS OS
Curtir • Responder - 23 de julho Ss 19:13
[ Escreva um comenterio...
rrcrt'm Grupo de Defesa contra invasao de Terra

23 de julho-
VOCE QUE TEM PROBLEMAS COM INVASAO DE TERRAS

CONTACTE-NO S VIA EMAIL, SIGILO ABSOLUTO
......“US' ■
KT Grupo de Defesa contra invasao de Terra atualizou a

foto da capa dele.'
• u 23 de julho •
data:text/html;charset=utf-8,%Xdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margirv bottom %3A%208px%3B%20cdor%3A%20rgb(20%2C%20... 27/30
IcM BRANCC
•-~av&AD\.
1.629 pessoas curtiram isso. Mais recente
Vermais41 comenterios
Marquinhos Adrlanoll bn dia
Curtir • Responder • 23 de agosto ds 07:16
mill Escreva um comentdrio...
Grupo de Defesa contra invasao de Terra atualizou a

foto do perfil.
23dejulho-
*rt'
.?r ; iiu: 'Z'i

US''
.. --^1
4 pessoas curtiram isso. ' Mais recente
1 compartilhamento
F^n Almir Fraga MEU PARTIDO £ 0 BRASIL, MEU CANDIDATO AS FFAA -

£§ ;"ORDEM E PROGRESSO’ £ O NOSSO LEMA - SOMOS UM PAlS LiVRE -
MOBILIZACAO GERAL DA POPUlAgAO PARA ATINGIRMOS O CLAMOR
POPULAR EXIGIDO PARA QUE POSSA HAVER A INTERVENCAO
- POLICIAIS MILITARES E OS CAMINHONEIROS DO.BRASIL...
•Curtir • Responder • 23 de julho ds 19:14

23 de julho-
SIGILO ABSOLUTO
TODOS OS NOSSO SERVIQOS DEVEM SER CONETADOS POR EMAIL.
DIANTE DA CRISE INSTITUCIONAL VIVENCIDA NO PAlS, SE FAZ
NECESSARIOS AQOES QUE VISEM A PROTEGER PROPRIEDADE
PRIVADAS.
CONTAMOS COM SERVIQO ESPECIALIZADO NA AREA.

...... IS...
data:text/html:charset=utf-8,%Xdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20style%3D%22margin-bottom%3A%208px%3B%20color%3A%20rgb{20%2C%20... 28/30
21/10/2015 Grupo de Defesa contca invasSo de Terra
r- -
— Grupo de Defesa contra invasao de Terra adicionou 4
1 novas fotos.
23dejulho •
.1
4 pessoas curtiram isso. Maisrecente
2 compartilhamenlos

“ORDEM E PROGRESSO” £ O NOSSO LEMA - SOMOS UM PAiS LIVRE -
MOBILIZAQAO GERAL DA POPULAÂO PARA ATINGIRMOS 0 CLAMOR
APOIAMOS O JUI2 SERGIO MORO E A POLlCIA FEDERAL - TODOS OS
Curtir • Responder • 1 • 23dejulhoSs19rl4
□ Escreva umcomentSrio...
H 23 dejulho •
NAO PERMITA QUE FATOS COMO ESTE ACONTECAM NA SUA

PROPRIEDADE, CONTACTE-NOS.
TEMOS A SOLUQAO PARA COIBIR INVASOES CRIMINOSAS.
... Ver mais
Veja imagens do aviao que caiu em

Tumiritinga, na Regiao do Vale do
Rio Doce
Aviso que sobrevoava acampamento sem-lerra cal e
deixa dois mortos en Tumiritinga. Local S...
YOUIUUh.COM
data:text/html;charset=utf-8,%3Cdiv%20class%3D%22_2gqx%22%20s ty!e%3D%22margir>-boltom%3A%208px%3B%20color%3A%20rgb(20%2C%20... 29/30
t
Leonilda Da Luz curtiu isso. Maisrecente
i
1 compartilhamento
I Atmlr Fraga MED PARTIDO E 0 BRASIL. MEU CANDIDATO AS FFAA -

“ORDEM E PROGRESSO" £ O NOSSO LEMA - SOMOS UM PAlS LIVRE -
I CONSTITUCIONAL DO POVO. COM APOIO DAS FORQAS ARMADAS. -
I POLICIAIS MILITARES E OS CAMINHONEIROS DO BRASIL...
Curtir • Responder - 23 de julho ds 19:15
t

3 23 de Julho-
Diante dos problemas causados pelos invasores de terras particulares no

Brasil. Criamos este grupo que tern por finalidade dar apoio logistico e de
defesa aos donos de terras que foram invadidos de forma criminosa.
Atrav6s de estrategias coibiremos toda invas3o ilegal e ataques a
fazendas e agronegdcios, Dispomos de t&cnicas e estratggias unicas no
centric brasifeiro.
Contate-nos e tenha sua terra de volta.
Todo interessado poder£ nos acessar... Ver mais
A VIOLENCIA DO MST NAS

INVASOES
Esse 6 um dos vdrios atos de integrantes do MST,
que tiram a total confian$a dos brasileiros que possa
exislir reforma agrdria de verdade no Brasil....
YOU I UBt.CUM
Curtir Cpmentar Compartilhar

—m-
| 2 pessoas curtiram isso. Mais recente
j Almir Fraga MEU PARTIDO EO BRASIL, MEU CANDIDATO AS FFAA-

“ORDEM E PROGRESSO" £ O NOSSO LEMA - SOMOS UM PAiS LIVRE -
i
mobilizaqAo geral da populaqAo para atingirmos o clamor
i
I POLICIAIS MILITARES E OS CAMINHONEIROS DO BRASIL...
l Curtir • Responder • 23 de julho 6s 19:15
Escreva um coment^rio...
I
21/10/2015 Grupo de Defesa contra invasSo de Terra DPF
Aer ^COAD
Procure pessoas, coisas e locals Q Maiinfl Piginn inlcfal
\ 3C
Rl ,/7^'
Grupo de, D&fesa contra

mvasao de Terra Cunlr Segulr Monaagem j
Aeroespacial/defesa
Linha do Tempo Sob re Fotos Curtidas Videos
Sobre Grupo de Defesa contra InvasSo de Terra
Informacfies da Pdgina informaqGes da pAgina
DescrlcSo curia GARANTIA da propriedaoe privada.
DeclaracSo de auloria Dlspomos nossos services para todos OS proprleiSrios de

terra, que foram invadidos.
Atrav6s de apoes Idticas de defesas. e e... Ver mals
DescritAo Longa garantimos sigilo assoluto.

PRESTAMOS SERVIQO EM TOGO TERRITORIO
NACIONAL.
CONTATO PELO EMAIL: jewshbat@gmail.com
Missdo Defender a propriedade privada
Produtos services: Operagoes, tatlcas. defesa. estrateglas e

logistica contra invasdes.
' Telefone 66 999030995
E-mail jewlshbat@gmail.com
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lorrom HAUNTED HOUSE

Stv it aimu alivo^ SHARK thf st'an1!
Go now
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I < t
Brazilian Indian murdered in land dispute FOLLOW FOX NEWS LATINO
Published August 30.2015 / EFE Get Our Free Newsletter

"Site Enter Emai Address | Sign Up]
Print A Brazilian Guarani Katowa Indian was shot to death by gunmen
Currr ^ 116 mil Follow @toxngwe!ntlno
allegedly in the pay of big landowners in a land dispute on the
Email
weekend near the border with Paraguay, indigenous sources said
Share
Sunday.
M:. io :■<]
The dead man was identified as Simi3o Vilhalva, the brother of a
Tweet 5
Guarani leader, and he was gunned down by an armed group trying
to retake the ranch taken over by Indians a week ago, the
Indigenous Missionary Council, or Cimi, group linked to the Catholic
Church said.
The attack occurred on the Primavera ranch in the town of Ant6nio

Jo3o. in the state of Mato Grosso do Sul, which borders on
Paraguay.
FOX^BUSINESS
Two hours before the attack there had been a mediation attempt TRENDING
between the Indians and the landowners conducted by officials with
I
the Funai national Indian foundation, the Justice Ministry and the i
police.
Gn Now'
The ownership of the disputed land, comprising 9,500 hectares
(about 29,000 acres) has been under review by the Supreme Court
for the past decade. More from Fox News Latino
The Guarani Indians, who claim that the land is sacred, invaded the
ranch a week ago.
Cimi said, in a communique, that the landowners are being aided

by "paramilitary forces" operating in the border region with Jeb Bush's big Senate votes to
revelation: Supergirl block'sanctuary
"impunity" and the "complaisance" of the Brazilian authorities. is 'pretty hot' cities' bill after...
http://latino.foxnews.com/latino/news/2015/08/30/brazilian-indian-murdered-in-land-dispute/ 1/3
The religious group also said that Vilhalva's death "is related to the
decision of the government of (Brazilian President) Dilma Rousseff
to paralyze" the procedures to protect indigenous lands and by the
slowness of the Supreme Court to rule on the case. EFE
#TBT: Cringe- Mick dagger,
worthy video shows Rihanna and other
YOU MIGHT LIKE Bill Cosby eying... celebrities live the...
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23/10/2015 Brazil lurns to army to quell conflict between Indians, landowners | Wald | Agenda EFE | www.efe.com
English edition World ^
BRAZIL INDIANS
Brazil turns to army to quell conflict between Indians,

landowners
EFE | Rio de Janeiro | 2 Sep 2015
Indigenous people gather In the Brazilian capital to protest the killing of a Guarani-Klowa Indian amid a dispute over land in
the southern state of Mato Grosso do Sul. EFE
f * 8* in © Meneame
The Brazilian government on Tuesday authorized the deployment of army troops to an area of the southern state
of Mato Grosso do Sul where indigenous people and settlers are fighting over land, the state government said.
Gov. Reinaldo Azambuja asked President Dilma Rousseff to send soldiers to four municipalities near the
Paraguayan border after the brother of a Guarani-Kiowa leader was fatally shot last Saturday, the Mato Gross do
Sul government said in a statement.
Simiao Vilhava was apparently killed by gunmen hired by landowners trying to expel Guarani-Kiowas from
properties they occupied a week ago, according to the Catholic Indigenous Missionary Council.
The authorization calls for the troops to remain in the conflict zone for at least 30 days.
The state government said it requested the army's help after receiving reports that "the conflict in the region has
reached major proportions."
Content providers.
Contact EFE.
Advenlsenwii
• > RIO DE JANEIRO/RJ '<d:

RS440,000.00 1 quar.,23m*
http://www.efe.com/efe/erglisiWvald/brazil-turre-to-army-quell-conflict-betweerHndians-lanclowners/50000262-2701767 1/3
23/10/2015 Brazil turns to army to quell conflict between Indians, landavners | World | Agenda EFE | www.efe.com
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feature in chef Leonor
Espinosa's new book
t4tp7Avww.efe.cam/efe/english/worlcl/brazil-turns-toarmy-quell-conflict-betweeivindians-landowners/50000262-2701767 2/3
r
23/10/2015 Brazil turns to army to quell conflict between Indians, landowners | World | Agencia EFE | www.efe.com
Video channel
moo Sofia of Spa...
Pallarols, Kodama attend EFE's

50th anniversary photo exhibit
in Argentina
Over 15,000 gay couples get

married in England, Wales
http://www.efe.com/efe/engtishAworld/brazil-turns-to-army-quell-conflict-between-indians-landcw/ners/50000262-2701767 3/3
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23/10/2015 Brazil: Violence against defenceless indigenous people rife • English pravda.ru
• ENG
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• ITA
Mail @pravda.ru
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• Russia
• World
• Science
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Society » Real life stories
Brazil: Violence against defenceless indigenous

people rife
08.09.2015
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httpi/english.pravda.ru/society/stories/08-09-20l5/l3l868-brazil_violence-0/ 1/11
Brazil: Ruralist violence and government omission provoke bloodshed in Mato Grosso do Sul
In an article, ISA's founding member Marcio Santilli criticizes the neglect of the governmentL__
towards indigenous rights and demands coherent action by the Minister of Justice to solve land
conflicts in Mato Grosso do Sul.
Mato Grosso do Sul is the state that concentrates the highest number of murders of Indians each year
and also leads the suicide occurrence. The Indigenous population in the stats, inferior only to the
Amazonas State sums up 70,000 inhabitants, 50,000 being Guarani Kaiowa and Guarani Nandeva.
Despite that, lands designated to the Indians in Mato Grosso do Sul have area extension per inhabitant
much smaller than the rural land module utilized in agrarian reform and, mostly, are not in complete
possession of the Indians by dint of judicial decisions or invasions.
Abnormal land concentration

The land concentration in the State is abnormal while indigenous lands demarcations are paralyzed
• due to inertia of the federal government, which also does not define its position on the right of private
landowners to get compensation by the Union in areas subsequently recognized as indigenous lands.
Last week, another Guarani Kaiowa Indian was murdered by a

ruralist militia, incited by farmer organizations and irresponsible • Print
politicians. It has been decided to react to the occupation of farms by version Tweet .
indigenous groups who do not stand any longer to live in the of roads
waiting for governmental actions. Font Size
• Send to friend
For each murder, federal troops are sent to the state and the Minister of
Justice, Jose Eduardo Cardozo, reformulates his empty torrent of words.
In service for five years, he has not given a solution to any conflict in the state. And now he returns to
the state, in ah attempt to get the Federal Prosecution Service in his company, as to minimize his lack
of credibility. ‘
Violation of indigenous people’s constitutional rights

Meanwhile, political representatives of the ruralists give their best to formulate proposals in the
Congress to violate, the constitutional rights of the Indians. Without consulting to them, of course.
They try to multiply obstacles to land demarcation, not bothering with the consequences of
impounding conflicts already crashing and which can lead to an unprecedented bloodshed in the
http://english.pravda.ru/society/stories/08-09-2015/131868-bfazil_violence-0/ 2/11
'S£RA/COA^
\
recent history of the state. F's~~Jz?S~ t
/
' - The Minister of Justice has to understand, urgently, that his empty rhetoric just confributes'EtS^;/
£
aggravating the situation and that is necessary to define promptly the legal and financial instruments'1"
for compensating the owners of legitimate titles of property overlapping Indigenous Lands, and to
make them work. The ruralists should abstain from trying to transform the legitimate rights of these
owners in an industry of undue compensations and in an explosive bomb in the fiscal point of view,
when claiming cash payments despite knowing that never has never been money to this end.
Time is running out. Blood is flowing. In the political marsh that the country is in, in the absence of
government and in the excess of aggressive and unqualified parlamentarian gangs, indigenous peoples
are paying an enormous price, beyond that which they already pay as other Brazilians".
Source
Translated from the Portuguese version of Pravda.Ru
By Olga Santos
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ReddiuLi l
"Read Pravda.Ru in Russian via Google Translate"
http://english.pravda.ru/society/stories/08-09-2015/131868-brazil_violence-0/ 3/11
23/10/2015 CIMI - Conselho Indigenista Missiondrio
Conselho Indigenista
A/tissionario ----- <«nc Quern Somos Contato Pesqulsar.rr
0>sire«w wmUm* i Ctrtmitw oat Qmm» M kaal - CMM
12 0 4 5 6
> Notlcias » No Brasil

Pagtna Irvoial
Estado brasileiro respondera, amanha, na OEA, sobre massacre de indigenas em
Clmi
seus territories
Regional*
Inserldopor: Administrador em 19/10/2015. ^ 13
Fonto da noticia: Assessorias de Comunicagdo do Clmi. da Justipa Global e Justipa nos Trllhos
Terms Indigenas
O Estado brasileiro ter£ que
Asso&soria JurkJice responder publicamente sobre
i
. o massacre de indigenas
Ass^ssorict Teol6(]lca
durante audiencia da
Poliliai Indigenisia
Y- Comissio interamericana de
f. '. Direitos Humanos (CIDH), da
Povos Indigenas f\ OrganteapSo dos Estados
Americanos (OEA). AI6m de
Jornal Porantim se manifestar sobre as
violapdes aos direitos dos
Mundoque nos Rodeia
^.i povos indigenas, o Brasil
a tamb&m terd que se explicar
Boletim •V
" sobre o descaso no
Boletim o Mundo que nos Rodeia -I reassentamento dos 1.100
Digite seu email

remover e-mal
© moradores de Piquid de Baixo, em ApailBndia (MA), que hS 25 anos lutam para evitar a contaminag§o
causada por usinas siderurgicas, que integram a cadeia de minerapSo, comandada pela mega empresa
Vale em seu territbrio. A audibneia ocorrerb nesta terpa-feira, dia 20, em Washington, nos Estados
Unidos, 3s 12H15 (hor3rio de Brasilia).
No caso dos indigenas, as organteapbes da sociedade civil mostrarSo como o Estado 6 conivente com
a morte desses povos. Apenas em 2014, o Relatbrio Viotencia Contra os Povos Indigenas, publicado
CeNTRO DE pelo Conselho Indigenista Missiondrio (Cimi), registrou 138 assassinates e 135 casos de suicidios. Mais
fORMACAO uma vez, o Mato Grosso do Sul foi destaque, em ambas estatisticas: foram 41 assassinates e 48
VICENTE CANAS
suicidios. O alto indice de mortalidade na infSncia tambbm 6 preocupante. Dados deste mesmo ano da
Secretaria Especial de Saude Indigena (Sesai) apontam urn total de 785 modes de crianpas entre 0 e 5
anos. Em Altamira, no Par3, municipio atingido pelas obras da hidrelbtrica de Belo Monte, a taxa de
mortalidade na infdncia chegou a 141,84 por mil.
O Cimi tambbm registrou, no ano passado, 118 casos de omiss5o e morosidade na regulamentap§o de
terras indigenas. No ParB, estado com o maior numero de casos, o n3o reconhecimento destas terras
tradicionais estb diretamente tigado 3s intenpbes do governo federal em construir grandes hidrelbtricas,
como 3 o caso da usina S3o Luiz do Tapajbs.
Recomendamos
Outros elementos da ofensiva aos direitos indigenas tambfem aparecem na atuap5o do Judiciario, como
£Jdliai Mmlonirlii nas recentes decisbes da 2a Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que anulam atos
---------------------------------- -------M
administrativos, do Poder Executive, de demarcapSo das terras indigenas Guyrarokpb, do povo

Paulo Suess Guarani-Katowb, e Lim3o Verde, dos Terena, no Mato Grosso do Sul, e Porquinhos, do povos Canela-
Apaniekra, no MaranhSo.
http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=8417&aclion=read 1/3
DPF
CIMI - Conselho Indigenista Missioncirio i
3tR,.VGOAD
23/10/2015
O Legislative, por sua vez, avanca sobre os direitos indigenas com projetos como a Proposta d\—
■ Emenda a Constituigao (PEC) 215/00, que transfere do Executive para o Legislativo a prerrogativa*de^
demarcar terras indigenas, titular territdrios quilombolas e criar unidades de conservagao ambiental,
submetendo decisoes tecnico-administrativas a disputes poiiticas e interesses economicos. 0 Projeto
de Lei 1610/96, que permits a expioragao mineral em terras indigenas, 6 outro exemplo de proposta
que ofende os direitos constitucionais dos povos indigenas
Impactos do trem na porta de casa
As mais de 300 familias de Piquia de Baixo lutam para conseguir reassentamento em urn novo local,
longe das industrias siderurgicas, que chegaram ao bairro ha 25 anos, contaminando agua, ar e solo.
As enfermidades mais recorrentes estao assbeiadas a probiemas respiratdrios, oftalmologicos e de pele
que, inclusive, tern causado a morte de muitas pessoas, especialmente criangas e idosos. Alem disso, o
deposito da escoria (rejeitos) da siderurgia a poucos metros das residencias vem causando acidentes
em Piquia, inclusive fatais.
Alem do impacto da siderurgia, os moradores tambem convivem com os probiemas de contaminagao

causados pelo entreposto de minerios da Vale ao lado do bairro, assim como os provenientes da
Estrada de Ferro Carajas (EFC) - tambem controlada pela empresa - que passa a poucos metros das
residencias. Atualmente, os moradores ja conquistaram na Justiga o direito de serem reassentados.
Todavia, 6 essencial que o Estado deixe de postergar a selegao e a contratagao do projeto de mudanga
dos moradores, entre outras agoes.
Em Agailandia, a audiencia da OEA sera transmitida ao vivo na Camara de Vereadores. A concentragao

sera a partirdas 10h.
Para a advogada Raphaela Lopes, da organizagao Justiga Global, a audiencia sera urn importante
moment© para visibilizar as violences que o Estado brasileiro, muitas vezes em associagao com entes
privados, tern cometido contra o direito a terra e ao territdrio de grupos indigenas e comunidades. "A
paralisagao nos processes demarcatorios de terras indigenas e urn elemento crucial na perpetragao de
ofensas contra a vida e integridade fisica e psicologica de povos indigenas. Ja a comunidade de Piquia
de Baixo sofre ha muitos anos com a poluigao provocada por empresas siderurgicas em seu territdrio,
que se instalaram depois que a comunidade ja estava la. Estes sao apenas dois exemplos do sacrificio
de direitos de comunidades inteiras em prol de urn projeto de desenvolvimento que viola direitos. O
Estado brasileiro precisa ser responsabilizado”.
O pedido da audiencia foi feito pelas organizagoes: Associagao Comunitciria dos Moradores do Pequici
(ACMP), Associagao Juizes para a Democracia (AJD), Conselho Indigenista Missionario (Cimi), Rede
de Agao e Informagao “Alimentagao Primeiro” (Fian), Federacidn International de Derechos Humanos
(FIDH), International Alliance of Inhabitants (IAI), Justiga Global, Justiga nos Trilhos, Plataforma Dhesca
e Vivat International.
A audiencia podera ser acompanhada ao vivo as 12h15 (horario de Brasilia) por meio do site da
CIDH http://original.livestream.com/OASLive
Mais informagdes, com assessorias de imprensa:
Glaucia Marinho ou Daniela Fichino (Justiga Global) - 21 2544-2320
Patricia Bonilha (CIMI) - 61 9979-7059
Larissa Santos (Justiga nos Trilhos) - 99 9205-4411
Foto: Arquivo Cimi
http://www.ci mi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=8417&action=read 2/3
23/10/2015 CIMI - Conselho Indigenista Missionario
No Brasil
“O men povo estd sofrendo genocidio no Brasil", afirmou lider indigena em audiencia na OEA
Em atividade da CIDH, lideranâs e enlidades afirmaram que nao veem “iniciativas do governo brasileiro em investigar e punir as
mil Idas contra os indigenes".
Cimi langa Relatbriode Violencia hoje (21), bs 14h30, em Washington, nos Estados Unidos
Objetivo do evento 6 denunciar o grave aumento da violencia e das violaijoes de direitos dos indigenas em todo o pais e, em especial, a
crise humanitbria no Mato Grosso do Sul. Comunidade do tekoha...
Denuncla & OEA: Declaragoes feitas por ocaslao da Audiencia “DenGnclas Sobre Violbnclas Contra Povos Indigenas no Brasil”
Declaragoes de representantes dos povos Terena e Guarani-Kaiowb, e do Conselho Indigenista Missionbrio
Violapoes de direitos cometidas pelo presidente da C§mara dos Deputados sao denunciadas b ONU e OEA
Ao trancar manifestantes no plenbrio da Cbmara dos Deputados e impedir a entrada de advogados, Eduardo Cunha, feriu a legislaâo
brasileira e os tratados internacionais
O apagao do presidente da CSmara dos Deputados

'Eduardo Cunha quis apagar nossa resist&ncia, veneer nossa paci&ncia e dignidade", mas a escuridSo a que submeteu os quase 200
manifestantes n§o os demoveu da decisSo de passar a noite em vigilia...
Total de Resultados: 379
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Brasil • Case 12.310 Sebastiao Camargo Filho - Admissibilidade e Mbrito
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23/10/2015
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Orânizaô dos Estodos AmaricDnos
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RELATORIO N° 25/09^
ADMISSIBILIDADE E MERITO (PUBLICAQAO)
CASO 12.310
SEBASTIAO CAMARGO FILHO
BRASIL
19 de margo de 2009
I. RESUMO
1. Em 30 de junho de 2000, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

. (MST), a Comissao Pastoral da Terra (CPT), a Rede Nacional Autonoma de Advogados e
Advogadas Populares (RENAAP), o Centro de Justiga Global (CJG) e o International Human
Rights Law Group (doravante denominados "peticionarios"), apresentaram denuncia a
Comissao Interamericana de Direitos Humanos (doravante denominada "Comissao") contra a
Republica Federativa do Brasil (doravante denominado "Estado") pela suposta violagao dos
direitos a vida (artigo 4), a integridade pessoal (artigo 5), as garantias judiciais (artigo 8) e a
protegao judicial (artigo 25), juntamente com a violagao da obrigagao de respeitar os direitos
(artigo 1.1), dispostos na Convengao Americana sobre Direitos Humanos (doravante
denominada "Convengao Americana"), alegadamente ocorridas com relagao ao assassinate de
Sebastiao Camargo Filho, em 7 de fevereiro de 1998, no Estado do Parana.
2. Os peticionarios salientaram que a falta de prevengao e investigagao da morte

do trabalhador rural Sebastiao Camargo Filho comprometia a responsabilidade internacional
do Estado, por nao haver adotado medidas para garantir o direito estabelecido no artigo 4 da
Convengao. Salientaram tambem que, mais de oito anos apos terem sido cometidos os fatos,
o caso permanecia em total irhpunidade judicial, o que infringe os preceitos dispostos nos
artigos 8 e 25 da Convengao Americana. Com relagao aos requisites de admissibilidade, os
peticionarios alegaram que a demora injustificada na decisao dos recursos judiciais os excluia
do requisite de previo esgotamento dos recursos internes. Os peticionarios alegaram ainda
que apresentaram a petigao dois anos e quatro meses depois de ocorridos os fatos, prazo que
consideraram razoavel tendo em vista a demora judicial.
3. O Estado, por sua vez, alegou que nao houve participagao de agentes estatais
no caso e que seus agentes haviam tornado todas as providencias necessarias para processar
e punir os culpados. O Estado, por conseguinte, solicitou a Comissao que declarasse
improcedentes as petigoes formuladas na denuncia.
4. Ao analisar a admissibilidade do caso, nesse relatorio, a Comissao conclui que

reune os requisites de admissibilidade formal dispostos nos artigos 46 e 47 da Convengao
Americana e decide prosseguir a analise do merito em atendimento ao disposto no artigo 37.3
de seu Regulamento. Do mesmo mode, no presente relatorio, redigido de acordo com o artigo
51 da Convengao, a CIDH tambem conclui que o Estado brasileiro e responsavel pela violagao
do direito a vida, as garantias judiciais e a protegao judicial, consagrados, respectivamente,
nos artigos 4, 8 e 25 da Convengao Americana, todos eles relacionados com a obrigagao que
impoe ao Estado o artigo 1.1 do referido tratado, quanto a respeitar e garantir os direitos
consagrados na Convengao, em detrimento de Sebastiao Camargo Filho e de seus familiares.
5. Em decorrencia das violagoes estabelecidas, a CIDH recomenda ao Estado que

realize uma investigagao seria, imparcial e exaustiva para determiner a responsabilidade de
todos os autores das violagoes mencionadas e que, oportunamente, aplique as sangoes legais
h{tp:/Avww.cidh.oas.org/annua!fep/2009porl/Brasil12310porl.htm 1/28
23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 Sebastiao Camargo Filho- AdmissibilidadeeMerito
L
aos culpados. A CIDH recomenda ao Estado que repare adequadamente os familiares pelas^' •' ^
violagoes e que adote medidas para evitar a repetigao desse tipo de violagao. / *
as._
ii. TRAMITE PERANTE A CIDH \
\ f\Ll ■ X-
6. Em 30 de junho de 2000, a Comissao recebeu a denuncia, a qual se atribumV
numero 12.310. Em 19 de julho de 2000, a Comissao transmitiu a petigao ao Estado,
concedendo-ihe urn prazo de tres meses para que apresentasse suas observagoes. Em 7 de
dezembro de 2000, a Comissao reiterou ao Estado a solicitagao de 19 de julho e concedeu-lhe
45 dias para resposta.
7. Em 10 de Janeiro de 2001, o Estado solicitou prorrogagao de 45 dias para a

apresentagao da resposta. Em 18 de Janeiro de 2001, a CIDH concedeu ao Estado a
prorrogagao de 45 dias para a apresentagao de observagoes. Em 15 de outubro de 2002, no
decorrer de seu 116° Periodo Ordinario de Sessoes, a Comissao convocou as partes para uma
reuniao de trabalho a fim de discutir a possibilidade de se chegar a um acordo de solugao
amistosa.
8. Em 24 de Janeiro de 2003, a Comissao comunicou ao Estado que, ante a fatta de

resposta estatal aos pedidos de informagao realizados em junho e dezembro de 2000, havia
decidido aplicar o disposto no artigo 37.3 de seu Regulamento e diferir o tratamento das
questoes de admissibilidade para considera-las juntamente com as questoes de merito.
Consequentemente, a Comissao solicitou as partes que apresentassem suas observagoes
sobre o merito do assunto num prazo nao superior a dois meses.
9. Em 17 de margo de 2003, os peticionarios solicitaram prorrogagao de 45 dias

para apresentagao de sua resposta. Em 6 de junho de 2003, a Comissao recebeu as
observagoes dos peticionarios sobre o merito do assunto. Em 14 de outubro de 2003 foi
realizada uma audiencia no decorrer do 118° Periodo Ordinario de Sessoes, ocasiao em que a
Comissao se colocou novamente a disposigao das partes para examinar a possibilidade de um
acordo de solugao amistosa no caso. Durante a audiencia, o Estado apresentou um document©
a respeito de sua posigao sobre o caso. Em 10 de novembro de 2003, a CIDH recebeu
informagoes adicionais dos peticionarios, que foram encaminhadas ao Estado em 12 de
dezembro do mesmo ano. i
III. POSigAO DAS PARTES
A. Posigao dos peticionarios
10. A petigao informa que em maio de 1997 as fazendas Agua da Prata e Dois
Corregos, localizadas no municipio de Marilena, Estado do Parana, foram ocupadas por cerca
de 200 famiiias pertencentes ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Dias apos a
ocupagao, representantes do Institute Nacional de Colonizagao e Reforma Agraria (INCRA), do
Governo do Estado do Parana e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
celebraram um acordo mediante o qual as famiiias se comprometiam a desocupar as citadas
fazendas e a se mudar para as fazendas Boa Sorte e Santo Angelo, que seriam declaradas de
"interesse social" pelo Governo.^ Em 19 de novembro de 1997, as famiiias ocuparam as
fazendas Boa Sorte e Santo Angelo, alegando que ja haviam sido declaradas de interesse
social.
11. Segundo os peticionarios, em 5 de fevereiro de 1998, os trabalhadores

assentados nas fazendas se dirigiram as autoridades locals para manifestar sua preocupagao
com relagao a informagoes que indicavam que a Uniao Democratica Ruralista (UDR)-^
planejava uma desocupagao violenta nas fazendas da regiao. Os peticionarios alegam que
representantes dos trabalhadores levaram essas denuncias ao Assessor Especial para
Assuntos Agrarios do Governo do Estado do Parana, mas que suas denuncias foram ignoradas
e medida aiguma de protegao foi tomada.
12. Os peticionarios ressaltaram que, na madrugada de 7 de fevereiro de

1998, um grupo de aproximadamente 30 pessoas armadas, supostamente contratadas e
lideradas por membros da DDR, iniciaram uma violenta operagao extrajudicial de desocupagao
da fazenda Santo Angelo. Os pistoleiros, que estavam encapuzados e vestidos com camisas
pretas, usaram de violencia para obrigar as famiiias a desocupar o lugar e a subir em um
caminhao. De la os encapuzados partiram em diregao a fazenda Boa Sorte, onde obrigaram os
http://www.cidh.oas.org/annualrGp/2009porl/Brasil12310port.htm 2/28
r
-r.-' ^ •
membros de mais de 70 famitias a permanecerem no chao, com o rosto vottado para baixo.
13.
\-
'Segundo alegagoes, o campones Sebastiao Camargo Filho, de 65 anos de
r
idade, trabalhador rural afro-descendente, pai de dois filhos, sofria de um problema cervical"-
que o impedia de permanecer agachado com a cabega voltada para baixo. Um homem
encapuzado que comandava a operagao, ao ver que Sebastiao Camargo Filho nao cumpria sua
ordem, apontou uma escopeta calibre 12 em diregao a sua nuca e disparou contra ele a
menos de um metro de distancia. Os peticionarios alegaram que varies testemunhas dos
camponeses reconhecem o pistoleiro que atentou contra Sebastiao como Marcos Menezes
Prochet, que ocupava na epoca o cargo de Presidente Regional da UDR (Uniao Democratica
Ruralista).
14. Os peticionarios tambem declararam que no mesmo dia 7 de fevereiro de

1998 foram iniciadas as investigagoes policiais sobre a desocupagao e o homicidio de
Sebastiao Camargo Filho. As autoridades encontraram nas fazendas Boa Sorte e Santo Angelo
grande quantidade de armas e munigao utilizadas na desocupagao. No dia seguinte a
desocupagao, com base numa chamada anonima, as autoridades prenderam na fazenda
Figueira, no municipio de Guairaga, sete suspeitos de haver participado dos fatos. Junto com
os suspeitos foi encontrada grande quantidade de armas de grosso calibre e munigao, entre as
quais 100 cartuchos calibre 12 deflagrados, alem de capuzes e camisas pretas sem
identificagao. Nesse mesmo dia, as familias desalojadas ocuparam novamente a fazenda Agua
da Prata, onde encontraram capuzes pretos, duas escopetas calibre 12 e munigao do mesmo
calibre. Os camponeses informaram as autoridades no mesmo dia, mas a policia somente
apreendeu os objetos seis meses depois, em 12 de agosto de 1998.
15. Em 18 de fevereiro de 1998, foi expedida uma ordem de prisao preventiva

contra Osnir Sanches, por sua suposta participagao na contratagao dos pistoleiros e sua
participagao nos acontecimentos do dia 7 de fevereiro de 1998. Osnir Sanches fugiu da justiga,
sendo capturado em 2 de junho de 1998 e posteriormente liberado em 18 de junho de 1998,
em cumprimento a uma ordem de habeas corpus. Os peticionarios alegam que, apesar das
fortes provas contrarias aos sete pistoleiros detidos, eles foram liberados 35 dias apos sua
captura.
16. Os peticionarios sustentam que, nao obstante as muitiplas declaragoes

expresses na investigagao policial, que reconheciam Marcos Menezes Prochet como autor do
disparo contra Sebastiao Camargo Filho, em 5 de maio de 2000, foram vinculados a
investigagao criminal somente os senhores Teissin Tina (proprietario da fazenda Boa Sorte) e
Osnir Sanches, pelos crimes de homicidio culposo e formagao de quadrilha. Em 29 de agosto
de 2000, dois anos e seis meses apos a ocorrencia dos fatos, o Ministerio Publico do Estado do
Parana formulou denuncia contra os senhores Teissin Tina e Augusto Barbosa da Costa (um
dos pistoleiros contratados para fazer a desocupagao) pelo homicidio de Sebastiao Camargo
Filho. Em 2 de margo de 2001, foi realizado um aditamento da denuncia e foram incluidos
como co-autores Marcos Menezes Prochet e Osnir Sanches.
17. Os peticionarios alegaram que, em virtude da demora nas investigagoes,

varies dos crimes cometidos na desocupagao prescreveram. Isso ocorreu com os delitos de
ameaga, exercicio arbitrario das proprias razoes e dano. Os peticionarios alegaram tambem
que outros delitos foram injustificadamente descartados pelo Ministerio Publico. Por exemplo,
em relagao ao delito de porte ilegal de armas, o Promotor de Justiga alegou que nao foi
possivel conseguir indicios suficientes da autoria para sustentar a denuncia. O Ministerio
Publico aduziu que nao se havia configurado o crime de associagao ilicita. Por outro lado,
deixou-se de investigar o delito de lesoes corporals, uma vez que "nao foi possivel localizar as
vitimas".-^
18. Os peticionarios afirmaram que as autoridades foram negligentes na

condugao da investigagao e no consequente processo contra as pessoas incriminadas. Em
primeiro lugar, os peticionarios alegaram que as autoridades deixaram de produzir provas
chave para a identificagao dos autores dos fatos. Alegaram que as 12 armas calibre 12
apreendidas apos o crime nao foram submetidas a testes de impressao digital. Tampouco foi
requerido ou realizado um exame periciai dos sete detidos, com a finalidade de verificar a
existencia de residues de polvora provenientes de armas de fogo. Em segundo lugar, os
peticionarios aduziram que, apesar do amplo material probatorio constante do expediente
interno, o processo criminal permanecia injustificadamente em fase de instrugao inicial,
ultrapassando os limites estabelecidos peia lei interna. Os peticionarios citaram, por exemplo,
http://www.ddh.oas.org/annualrep/2009port/Brasil12310port.htm 3/28
r
que, apesar de a lei interna estabelecer o prazo de um mes para a realizagao da investigagao
policial, neste caso a investigagao policial demorou 25 meses, em que pese o fato de tres /
tw
delitos investigados terem prescrito 24 meses depois de ocorridos os fatos.
19. Com base no argumentado anteriormente, os peticionarios alegaram auda b

demora injustificada na decisao dos mencionados recursos os excetuava do requisito de previo.ft/
esgotamento dos recursos internes, em conformidade com o disposto no artigo 46.2, c, da^***—-
Convengao Americana. Os peticionarios alegaram tambem que apresentaram a petigao dois
anos e quatro meses depois de ocorridos os fatos, prazo que consideraram razoavel tendo em
vista a demora judicial.
B. Posigao do Estado
20. 0 Estado aduziu que deu inicio ao process© n.° 52/2000 perante a Vara
Criminal da Comarca de Nova Londrina, Estado do Parana. O Estado salientou que o
magistrado da causa recebeu a denuncia formal em 10 de margo de 2001 e, levando em conta
que alguns dos depoimentos inicialmente obtidos pelo Ministerio Publico "nao foram
encontrados, o que estendeu demasiadamente o curso do processo", novos depoimentos
foram ordenados pelo magistrado instrutor.
21. Desse modo, segundo o Estado, apesar de o andamento do processo nao ter
tido a rapidez devida, levando em conta que foi necessaria a realizagao de multiplas citagoes
para ouvir depoimentos de pessoas residentes em outras comarcas, o processo penal vem
sendo conduzido pela vara criminal de maneira eficaz, no sentido de buscar a verdade dos
fatos para sua conclusao final. O Estado tambem destacou que os principios de contraditorio e
ampla defesa foram adequadamente respeitados, uma vez que ps acusados foram
devidamente citados, interrogados e puderam exercer seu direito de defesa.
22. O Estado considerou, por conseguinte, que seus agentes tomaram todas as
providencias necessarias no sentido de processar os acusados pela morte de Sebastiao
Camargo Filho. No entanto, segundo o Estado, a demora na administragao da justiga e um
problema mondial, que afeta principalmente os paises em desenvolvimento, que nao dispoem
de estrutura suficiente para proporcionar atendimento rapido e breve.
23. O Estado aduziu que nao deixava de reconhecer que a investigagao policial
foi demasiado extensa, o que retardou a abertura do caso. No entanto, assegurou que desde
que os acusados foram denunciados foram tomadas medidas destinadas a conclusao do
processo, dentre as quais se destacam os interrogatorios de Augusto Barbosa da Costa,
Teissin Tina, Osnir Sanches e Marcos Menezes Prochet.
24. O Estado afirmou, ademais, que nenhum de seus agentes participou de

nenhuma forma do triste episodio da morte de Sebastiao Camargo Filho. Segundo o Estado,
conforme se depreende do expediente judicial, na desocupagao da fazenda Boa Sorte nao
houve participagao da Policia Civil ou da Policia Militar nem de nenhum outro agente estatal,
motivo por que nao se origi.na responsabilidade internacional do Estado nos fatos.
25. Finalmente, o Estado aduziu que ademais dos processes em curso

instaurados contra as pessoas acusadas das mortes de trabalhadores rurais, o Estado do
Parana adotou medidas drasticas para evitar ao maximo a violencia no campo, em especial no
que se refere a processes de desocupagao de terras. Para esse efeito, segundo afirma o
Estado, as ultimas desocupagoes de terras ocupadas por trabalhadores sem terra foram
realizadas durante o dia e com a participagao de um representante do Ministerio Publico e do
Poder Judiciario. Em algumas ocasioes, inclusive, o Procurador-Geral do Estado do Parana
esteve presente para verificar a legalidade das medidas.
26. Em conclusao, o Estado alegou que os acusados da morte. de Sebastiao

Camargo Filho foram devidamente processados; nao houve participagao de agentes do Estado
no caso; e o Governo do Estado do Parana vem realizando processes de reintegragao de
terras ocupadas de facto de maneira pacifica, evitando conflitos no campo. Em virtude dessas
conclusoes, o Estado solicitou a Comissao que declarasse improcedentes as petigoes
formuladas na denuncia.
IV. ANALISE DE ADMISSIBILIDADE
http://www.cidh.cas.org/annualrep/2009port/Brasil12310port.htm 4/28
27. Levando em conta as normas regulamentares vigentes no momento da

abertura do caso e as ampias oportunidades que ambas as partes tiveram para argumentar
tanto sobre a admissibilidade quanto sobre o merito do caso, em 24 de Janeiro de 2003, ,a
i-i
Comissao decidiu aplicar a regra estabelecida no artigo 37.3 de seu Regulamento.
Consequentemente, passara a decidir sobre a admissibilidade e o merito da petigao. /
R. £fj' ‘
t i
A. Competencia ratione temporis, ratione personae, ratione materia e_ /

ratione loci \ 1
***^M’«-"'*
28. De acordo com os artigos 44 da Convengao Americana e 23 do Regulamento,

os peticionarios, como entidades nao-governamentais legalmente reconhecidas, estao
habilitados a, apresentar petigoes perante a CIDH, referentes a supostas viotagoes da
Convengao Americana. No que se refere ao Estado, a Comissao observa que a Republica
Federative do Brasil e Estado Parte na Convengao Americana, por e!e ratificada em 25 de
setembro de 1992. A petigao menciona como suposta vftima Sebastiao Camargo Filho, pessoa
flsica cujos direitos consagrados na Convengao o Brasil se comprometeu a respeitar e
garantir. A Comissao, portanto, tern competencia pessoal para examinar a denuncia.
29. Na petigao sao denunciadas violagoes de direitos protegidos pela

Convengao Americana. A Comissao, portanto, tern competencia material para examinar a
denuncia.
30. A Comissao tern igualmente competencia temporal, porquanto os fatos

alegados na petigao ocorreram quando a obrigagao de respeitar e garantir os direitos
estabelecidos na Convengao ja se encontrava em vigor para o Estado.
31. Finalmente, a Comissao tern competencia territorial para conhecer desta

petigao, uma vez que nela sao alegadas violagoes de direitos protegidos na Convengao
Americana, que teriam ocorrido no territorio do Estado brasileiro.
B. Outros requisites de admissibilidade da petigao
1. Esgotamento de recursos internos
32. O artigo 46.1 da Convengao Americana estabelece como requisite de

admissibilidade de uma queixa o previo esgotamento dos recursos disponiveis na jurisdigao
interna do Estado. Os peticionarios alegaram que, dois anos e quatro meses apos a ocorrencia
dos fatos, nao havia sido concluida a investigagao policial, o que demonstrava um atraso
injustificado do processo, de acordo com o disposto no artigo 46.2, b, da Convengao. O
Estado, por sua vez, nao negou ou questionou o exposto pelos peticionarios nos 90 dias
estabelecidos pelo entao vigente Regulamento da Comissao para informar sobre os fatos
denunciados.-^- A Corte Interamericana afirmou que "a excegao do nao esgotamento dos
recursos internos, para ser oportuna, deve ser apresentada nas primeiras etapas do
procedimento, uma vez que, na sua ausencia, podera presumir-se a renuncia tacita a faze-la
valer por parte do Estado interessado".-^ A Comissao considera, portanto, que o Estado
renunciou tacitamente a alegar a excegao de falta de esgotamento dos recursos da jurisdigao
interna ao nao haver interposto objegao nos prazos dispostos no artigo 30.3 do Regulamento
da Comissao. Ill
2. Prazo de apresentagao
33. O artigo 46.1, b, da Convengao Americana dispoe que toda petigao deve
ser apresentada no prazo de seis meses, contado a partir da data em que o peticionario tenha
sido notificado da sentenga definitive que esgota os recursos internos. Os peticionarios
apresentaram a denuncia em 30 de junho de 2000, depois de transcorridos dois anos e quatro
meses da morte do senhor Sebastiao Camargo Filho. O Regulamento da CIDH dispoe em seu
artigo 32 que ”nos casos em que sejam aplicaveis as excegoes ao requisite de esgotamento
previo dos recursos internos, a petigao devera ser apresentada dentro de um prazo razoavel,
a criterio da Comissao. Para tanto a Comissao considerara a data em que haja ocorrido a
presumida violagao dos direitos e as circunstancias de cada caso". Nesse sentido, levando em
conta a data dos fatos alegados e a situagao dos recursos internos no Brasil com relagao aos
fatos especificos levados ao conhecimento da CIDH quanto a este assunto, bem como que o
Estado nao informou sobre a situagao dos recursos internos, a CIDH considera que a petigao
http://www.ddh.oas.org/annuairep/2009port/Brasil12310port.htm 5/28
f
em analise foi apresentada em prazo razoavel.
3. Duplicapao de procedimentos e coisa julgada

Vv .i.
34. Nao se depreende do expediente que a petigao apresentada a Comissao

Interamericana se encontre atualmente pendente de outro procedimento de solugao
internacional ou reproduza substancialmente alguma petigao ou comunicagao anterior ja
examinada pela Comissao ou outro organismo internacional, conforms dispoem os artigos
46.1, c, e 47, d, respectivamente.
4. Caracterizagao dos fatos alegados
35. Para efeitos de admissibilidade a Comissao deve determinar se os fatos

expostos na petigao tendem a constituir uma violagao dos direitos previstos na Convengao
Americana, conforms determina o artigo 47, b, ou se a petigao, conforms o artigo 47, c, deve
ser descartada por ser "manifestamente infundada" ou por ser "evidente sua total
improcedencia". Os criterios aplicaveis para avaliar esses extremes diferem do necessario
para a definigao do merito de uma petigao.
36. Os peticionarios argumentaram que os fatos que produziram a morte de

Sebastiao Camargo Filho e a falta de investigagao adequada dos fatos configuram violagoes
dos direitos estabelecidos nos artigos 4, 5, 8 e 25 da Convengao Americana. A Comissao
considera que prima facie os fatos do caso poderiam gerar a suposta responsabilidade do
Estado pela garantia dos direitos a vida, ao devido processo e a protegao judicial de Sebastiao
Camargo Filho. Por outro lado, a Comissao nota que os peticionarios nao sustentam fatos que
possam chegar a determinar uma violagao independente ao direito a integridade pessoal
contra a suposta vitima. A Comissao, portanto, declarara inadmissivel a petigao quanto a esse
direito.
37. Pelas razoes anteriormente expostas, a Comissao conclui que e

competente para conhecer da presente petigao que, em conformidade com os artigos 46 e 47
da Convengao Americana, e admissivel, nos termos acima mencionados.
V. ANALISE DE MERITO
A. Consideragoes preliminares
38. A Comissao Interamericana observa que os peticionarios alegaram uma

serie de fatos que nao foram contestados pelo Estado. Com efeito, a CIDH encaminhou as
partes pertinentes da denuncia ao Estado em 19 de julho de 2000 e a ele solicitou que
prestasse informagdes sobre os fatos denunciados. O Brasil respondeu em 14 de outubro de
2003, ocasiao em que se limitou a questionar o esgotamento dos recursos da jurisdigao
interna.
39. Especificamente, a CIDH observa que a resposta do Estado a petigao e a

posigao por ele manifestada na audiencia ante a CIDH demonstra acordo entre as partes
quanto a morte da suposta vitima, bem como quanto a natureza jundica de suas causas e
consequencias. O Estado, no entanto, questionou outros fatos, como a vinculagao entre os atos
praticados e sua autoria e a suposta falta de diligencia de suas autoridades policiais e judicials
na investigagao da morte.
40. De acordo com o acima exposto, com base nas alegagoes dos
peticionarios, na posigao do Brasil quanto aos fatos alegados, nas copias dos expedientes
judiciais e nas demais provas que tramitam nos autos, assim como na ausencia de outros
elementos de convicgao que pudessem levar a CIDH a concluir o contrario, a Comissao passa
a pronunciar-se sobre os fatos estabelecidos neste caso.
B. Contexto: violencia rural no Brasil e sua impunidade
41. A situagao agraria no Brasil tern se caracterizado nas ultimas decadas por
uma alta concentragao da terra e uma crescente mobilizagao de setores sociais que buscam
melhor distribuigao das propriedades agrarias. A pressao social pela implementagao de um
processo de reforma agraria provocou reagoes violentas por parte de setores latifundiarios
que, em alguns casos, contaram com a aquiescencia e a conivencia de funcionarios locals.-^
http://www.cidh.oas.org/annualrep/2009port/Brasil123l0port.htm 6/28
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42. Em seu relatorio de 1997 sobre o Brasil, a CIDH salientou que "o Brasil
possui um territorio extenso, com grande capacidade produtiva e de assentamento social;
contudo, por razoes historicas, a distribuigao da propriedade das terras e extremadamente
desequilibrada, gerando, em consequencia, condigoes propicias para enfrentamentos sociais e
violagoes de direitos humanos". A CIDH salientou tambem que "a situagao agraria e 'aguda' e
que existem numerosos conflitos e ocupagoes em agosto de 1996, envolvendo 50.000 familias
de agricultores instalados em acampamentos precarios nas areas invadidas e enfrentando
problemas de saude, trabalho e educagao, e confrontos com proprietaries e forgas policiais".
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43. Segundo dados da Comissao Pastoral da Terra, no periodo de 1988 a 2000,
1.517 pessoas ligadas a luta pela reforma agraria foram assassinadas. Nos 20 anos de
ditadura militar (1964-1984) foram assassinados 42 trabalhadores rurais por ano. Entre 1985
e 1989 essa cifra triplicou e chegou a 117 assassinatos por ano. De 1990 a 1993, morreram 52
pessoas por ano. Entre 1994 e 1997 o numero de mortes anuais chegou a 43. noi Em 1998,
ano em que ocorreu a morte de Sebastiao Camargo Filho, 47 pessoas foram assassinadas em
conflitos relacionados com a terra no pais, oito dos quais no Estado do Parana.
44. De acordo com informagoes recebidas pela Comissao, tanto em sua sede
quanto nas visitas in loco, a CIDH nota que no Brasil, no momento em que ocorreram os
fatos, a violencia contra trabalhadores rurais que lutam pela distribuigao equitativa da terra e
sistematica e generalizada. Em alguns estados ha tambem profundas conexoes entre
poderosos proprietarios latifundiarios e autoridades locals, alguns dos quais agem como
mandantes dos assassinatos e financiam as desocupagoes forgadas.
45. Na epoca em que ocorreram os fatos era comum a constituigao de grupos

de pistoleiros para a realizagao de desocupagoes forgadas, inclusive no Estado do Parana. Os
segmentos da sociedade ligados ao poder latifundiario intensificaram seus ataques contra
lideres de movimentos rurais mediante a constituigao de milicias privadas e a fundagao de
empresas de seguranga clandestina que dispunham de armamentos pesados e sessoes de
treinamento militar. A esse respeito, a Comissao recebeu ampla informagao acerca da
constituigao e funcionamento de grupos tais como os autodenominados Primeiro Comando
Rural e Primeiro Comando da Capital.
46. A Comissao constatou que essa violencia se dirige e se intensifica contra

os lideres dos movimentos, os defensores dos direitos humanos dos trabalhadores rurais e
todo aquele que se destaque na promogao da implementagao de um processo de reforma
agraria. Assim como em outros paises da Regiao que possuem esse tipo de conflito rural, no
Brasil as pessoas que promovem e lideram as reivindicagoes relacionadas com os direitos de
trabalhadores rurais sao as mais afetadas, ao serem identificadas como alvos de ataques que
servem de exemplo para dissuadir as demais pessoas que participam das reivindicagoes. Os
atos de violencia contra essas pessoas sao destinados a causar temor generalizado e, por
conseguinte, desanimar os demais defensores e defensoras de direitos humanos, bem como a
atemorizar e silenciar as denuncias, queixas e reivindicagoes das vitimas.
47. As organizagoes de direitos humanos brasileiras tern insistido em que as

violagoes dos direitos humanos dos defensores de trabalhadores rurais foram inclusive mais
frequentes na epoca dos governos democraticos do que na epoca da ditadura militar, gragas a
criagao e funcionamento das milicias privadas patrocinadas por latifundiarios. A esse respeito,
a Comissao, por intermedio de sua Unidade Funcional de Defensores de Direitos Humanos, de
audiencias gerais e de visitas, recebeu multiples denuncias nos ultimos anos sobre violagoes
de direitos humanos de lideres rurais e membros de organizagoes tais como o Movimento dos
Trabalhadores Sem Terra, o Movimento de Luta Pela Terra, o Movimento dos Trabalhadores
Rurais Brasileiros, o Movimento Muda Brasil dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, a Comissao
Pastoral da Terra e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, entre varias outras.^-^-
48. A estreita relagao entre os mandantes dos crimes e as estruturas locals de

poder tern garantido a impunidade na quase totalidade dos casos de violencia rural no Brasil.
O problema da impunidade generalizada no Brasil tern sido denunciado por instancias
internacionais como a Relatora Especial sobre Execugoes Extrajudiciais, Sumarias ou
Arbitrarias, das Nagoes Unidas, que, no relatorio sobre a visita que fez ao Brasil ressaltou que
"em alguns casos, os juizes estao sujeitos a pressao de politicos locals ou influentes atores
r 0,-f
n*-i
23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 Sebastian Camargo Filho- Admissibilidade e Merito
econotnicos, tais como os latifundiarios".-^^-
49. A impunidade das violagoes de direitos humanos cometidas contra

trabalhadores que lutam pela terra foi tambem denunciada pelo Relator Especial sobre a
Independencia dos Magistrados e Advogados. Tomando como exemplo a situagao do Estado do
Para, o Relator mostrou sua preocupagao com os graves indices de impunidade no Brasil,
salientando que
No Estado do Para a situagao e ainda mats grave, com um altissimo indice de

violencia e notoria impunidade. Nos 1.207 casos de trabalhadores rurais
assassinados entre 1985 e margo de 2001, somente 85 pessoas envolvidas
tiveram sentenga definitiva, o que deixa uma media de 95% sem resposta
judicial. No sul e no sudeste do Para, no mesmo periodo, foram assassinados
340 trabalhadores rurais. Do total desses crimes, somente dois foram julgados
de maneira definitiva, ou seja, uma media de 99,4% do total dos assassinates
sem nenhum tipo de resposta judicial, seja de condenagao, seja de absolvigao,
no ambito penal. A impunidade desses crimes e incontestavel.-^^
50. A Comissao se referiu em varias ocasioes a responsabilidade do Estado

brasileiro pela falta de investigagao adequada de atos de violencia contra trabalhadores rurais
e seus defensores. Desse modo, a Comissao constatou responsabilidade internacional do
Brasil pela falta de investigagao e sangao dos responsaveis pela morte de Joao Canute de
Oliveira, Presidente da Uniao de Trabalhadores Rurais de Rio Maria, ocorrida em 18 de
dezembro de 1985 no Estado do Para.-^^ Igualmente, a Comissao tambem abordou o tema no
caso do Massacre de Corumbiara, em que ressaltou que "o objeto deste [caso] transcende ao
que se refere as situagoes preocupantes sobre a distribuigao da terra no Brasil em geral, bem
como o que diz respeito a situagao especifica dos trabalhadores e trabalhadoras sem terra que
invadiram com suas farmlias a fazenda Santa Elina, em agosto de 1995".
C. Fatos estabelecidos
1. Os fatos de 7 de fevereiro de 1998
51. Em 7 de fevereiro de 1998 aproximadamente as cinco horas da manha,

cerca de 60 veiculos, entre automoveis, caminhoes e caminhonetes, organizaram uma
caravana em diregao as fazendas Santo Angelo e Boa Sorte, municipio de Marilena, Estado do
Parana, onde se encontravam assentadas varias familias do Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra.-^^ Fazia parte da caravana um coletivo de passageiros em que era
transportado um grupo de 30 a 40 homens, armados com escopetas calibre 12, encapuzados e
vestidos com camisas pretas.
52. Chegaram inicialmente a fazenda Santo Angelo, onde se encontravam

assentadas varias familias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Os
encapuzados dispararam repetidamente suas armas para o ar. Agrediram varias pessoas,
inclusive criangas, com pontapes, empurroes e golpes de escopeta, obrigando-as a abandonar
a fazenda. Os encapuzados obrigaram as familias a sair das construgoes rusticas que haviam
levantado, antes de destrui-las juntamente com o que nelas encontravam. ri81 Uma vez que
todas as familias assentadas na fazenda foram expulsas, os encapuzados as obrigaram a subir
em caminhoes que as levaram para fora da fazenda e, em seguida, se dirigiram a fazenda
Boa Sorte, aonde chegaram aproximadamente a las 7h. Q91
53. Na fazenda Boa Sorte, os encapuzados realizaram operagao semelhante,

na qual agrediram e destruiram os pertences de mais de 70 familias. Os pistoleiros tiraram as
familias a forga de seus ranchos e as levaram ate a porta da fazenda, onde as obrigaram a
deitar-se de brugos e de cabega baixa. 1201
54. Sebastiao Camargo Filho, de 65 anos de idade, sofria de uma lesao na

coluna que o obrigava a caminhar curvado. Essa lesao o impedia de adotar a posigao que Ihe
foi ordenada, motive por que tentou sustentar a cabega com as maos para evitar a dor. Um
dos encapuzados, que parecia ser quern comandava a operagao, ordenou-lhe que abaixasse a
cabega, mas Sebastiao nao pode cumprir a ordem. Como reagao a essa impossibilidade, o
IcH BRANCC
23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 Sebasliao Camargo Filho - Admissibilidade e Merito
encapuzado apontou a arma para a cabega do agricultor e disparou contra ele a menos de um
metro de distancia. 0 disparo produziu uma lesao cranioencefalica que tirou a vida :de
Sebastiao Camargo Filho.Em seguida, os dois encapuzados algaram o corpo de Sebastiad^^ Oi
ate a caminhonete em que foi levado ao Hospital Santa Teresinha de Nova Londrina, ondeEP.VCCAD
chegou sem vida. L22I Ffs._ £~p~
55. Depois de disparar contra Sebastiao, o Ifder dos encapuzados ordenou aos~ —J
camponeses que entrassem em um caminhao, no qual foram trasladados, contra sua vontade,^
ate o municipio de Querencia do Norte.
2. O processo judicial iniciado pelos fatos de 7 de fevereiro de 1998
56. Em 7 de fevereiro de 1998, funcionarios da Policia Militar e Civil se

dirigiram as fazendas Santo Angelo e Boa Sorte onde apreenderam varias armas de fogo
calibre 12, cartuchos de munigao (deflagrados e sem deflagrar), camisetas pretas e capuzes,
entre outros objetos.-^^ No mesmo dia, as 16h, foi realizada a necropsia do cadaver de
Sebastiao Camargo Filho pelo Institute Medico Legal do Parana. Com essas diligencias deu-se
inicio a investigagao policial n° 002/98.
57. Em 8 de fevereiro de 1998, o Delegado de Policia da 8a Subdivisao da

Policia Civil expediu "auto de prisao em flagrante delito" contra Augusto Barbosa da Costa,
Joao Alves da Silva, Milton F. Alves Filho, William K. Gomes, Jose Batista Moura, Valdeci Rosa
de Oliveira e Jair Fermino Borracha. Em 10 de fevereiro de 1998, expediu-se ordem de
detengao preventiva contra as pessoas acima citadas e contra Osnir Sanches, apontado no
depoimento de um dos detidos (Augusto Barbosa da Costa) como a pessoa que havia
contratado o grupo de pistoieiros por meio de uma empresa de seguranga de sua propriedade
denominada DEPROPAR.-^^
58. Nos dias que se seguiram, a investigagao policial colheu o depoimento de

varies dos trabaihadores sem terra assentados nas fazendas Santo Angelo e Boa Sorte. Esses
depoimentos descreveram em pormenor as agoes de desocupagao e varies deles salientaram
haver identificado a pessoa que disparou contra Sebastiao Camargo Filho como Marcos
Menezes Prochet.-^^
59. Entre as provas produzidas e anexadas a investigagao policial encontram-

se os relatorios medico-legais sobre as lesoes de Ademar Sakser, Olivera Franco da- Rosa,
Maldecir Schwinn, Milton Dalla Porta, Reginaldo Gomes, Adriana Beatriz Fernandez, Eloi
Citadalla, Adalberto Klos, Ilvo Schwinn, Joceli Machado, Joaquim Gongalves da Silva, Arlindo
Daguette, Sandro Gomes, Jorge Pires da Fonseca, Antonia Franca, Rogelio Lotice e Ana Claudia
Lotice.
60. Em 2 de abril de 1998, a Juiza de Direito Rosicler Maria Miguel revogou a

ordem de prisao preventiva que recaia sobre Augusto Barbosa da Costa, Joao Alves da Silva,
Milton F. Alves Filho, William K. Gomes, Jose Batista Moura, Valdeci Rosa de Oliveira e Jair
Fermino Borracha. F261
61. Em 2 de junho de 1998, Osnir Sanches se entregou a justiga e foi detido,

em virtude de ordem de captura em vigor. Em 18 de junho de 1998, o Tribunal de Justiga do
Estado do Parana, por meio de um recurso de habeas corpus revogou a ordem de prisao
preventiva contra Osnir Sanches.
62. Em 8 de fevereiro de 2000, a Promotora de Justiga Lucimara Salles Ferro,

encarregada da investigagao, prorrogou em um mes o prazo de conclusao da investigagao
policial, alegando ”a necessidade de realizagao de diligencias imprescindiveis para o
oferecimento da denuncia". Novas prorrogagoes foram concedidas em 28 de fevereiro e em 5
de abril de 2000.
63. Em 5 de maio de 2000, Jairo dos Santos, Delegado de Policia de Nova

Londrina, assinou um relatorio de conclusao da investigagao policial n° 002/98. Nesse
relatorio, solicitou-se ao Ministerio Publico que investigasse a suposta responsabilidade de
Teissin Tina e Osnir Sanches pela co-autoria do delito de homicidio culposo e associagao
ilfcita; e a de Toshio Konda, Nelson Tosia Konda e Augusto Barbosa da Costa pelo crime de
http://www.cidh.oas.org/annualrep/2009port/Brasil12310port.htrh 9/28
/ ut 1
'oZPSJCQAD
23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 Sebastiao Camargo Filho - Admissibilidade e Mdrito
associagao ilfcita (formagao de quadrilha).

ik_^3L_
64. Em 29 de agosto de 2000, o Ministerio Publico apresentou denuncia

contra Teissin Tina e Augusto Barbosa da Costa por sua alegada participagao nos fatos de 7 de
fevereiro de 1998. Em decisao da mesma data, o Ministerio Publico declarou que os supostos
delitos de armeaga, exercicio arbitrario das proprias razoes e dano haviam prescrito em 7 de
fevereiro de 2000. Por outro lado, o Ministerio Publico declarou, com respeito aos delitos de
posse de substancia entorpecente e porte ilegai de arma de fogo, que nao havia sido possivel
obter indicios suficientes de sua autoria para sustentar uma denuncia. O Ministerio Publico
tambem se absteve de apresentar denuncia pelo suposto delito de lesoes corporais porque
"nao foi possivel localizar as vftimas".-^^-
65. Em 1° de setembro de 2000, o Juiz de Direito Federico Mendes Junior

decidiu receber a denuncia no que se refere a suposta responsabilidade de Teissin Tina e
Augusto Barbosa da Costa. Ademais, para evitar a possibilidade do arquivamento imph'cito da
agao penal por falta de acusagao de todas as pessoas que pudessem ter participado dos fatos,
o juiz decidiu devolver ao Procurador-Geral de Justiga do Parana os autos para que ampliasse
a denuncia.
66. Em 2 de margo de 2001, o Ministerio Publico, ampliou a denuncia contra

Marcos Menezes Prochet e Osnir Sanches, conforme o disposto no artigo 569 do Codigo de
Processo Penal.
67. Em 1° de maio de 2001, a defesa de Augusto Barbosa da Costa solicitou a

realizagao de provas de defesa. Em 24 de setembro de 2001, a defesa de Marcos Menezes
Prochet apresentou solicitagao semelhante. Em 20 de novembro de 2001, a Comissao Pastoral
da Terra apresentou informagao para que fosse levada em conta pela autoridade judicial.
68. Em 8 de agosto de 2002, o Juizado procedeu a urn levantamento do

material probatorio constante do expediente e ordenou que fossem substituidos alguns
depoimentos que havia ordenado, mas que nao haviam sido realizados.
69. Em 3 de Janeiro de 2003, prestou dedaragao o Deiegado de Poh'cia Civil da

data dos fatos. Em 22 de maio de 2003, o Ministerio Publico solicitou ao juiz da causa que
ordenasse a tomada de novos depoimentos.
70. Em 5 de margo de 2004 foi realizada audiencia, em que foram ouvidos os

depoimentos de Edson Luiz Zanini, Armando Chiamulera, Rogelio Luis Lotici, Antonia Franca,
Aparecido Jose Batista e Jose Rodrigues dos Santos.
71. Em 29 de agosto de 2004, foi realizada outra audiencia, em que o juiz

ordenou que fossem citadas novas testemunhas e que se oficiasse a UDR para que esta
associagao apresentasse uma lista de seus filiados em fevereiro de 1998.
72. Em 17 de maio de 2005, a escriva da Vara Criminal, Juliana Nunes Coletti,

deixa consignado que o processo esteve paralisado desde 3 de margo de 2005 por falta de
funcionario judicial que Ihe desse andamento. Em 13 de junho de 2005, realiza-se nova
anotagao indicando a nomeagao de uma juiza substituta.
73. Na data de aprovagao deste relatorio, transcorridos mais de oito anos da

ocorrencia dos fatos, o processo judicial encontra-se em etapa de discussao de primeira
instancia.
D. ANALISE DE DIREITO
74. A Comissao passa a analisar se neste caso foram violados os direitos a

vida, as garantias judiciais e a protegao judicial com relagao a obrigagao do Estado de
respeitar e garantir os direitos humanos dispostos nos artigos 1.1, 4, 8 e 25 da Convengao
Americana, por parte do Estado do Brasil, contra a suposta vitima do caso.
1. Violagao do direito a vida (artigo 4)
75. O artigo 4.1 da Convengao dispoe que "toda pessoa tern o direito de que
se respeite sua vida" e que "ninguem pode ser privado da vida arbitrariamente”. O direito a
23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 Sebastiao Camargo Filho- Admissibilidadee M6rito
vida reveste especial importancia porquanto se trata do pressuposto essencial para a

realizagao dos demais direitos. 0 direito a vida e de importancia fundamental no sistema de
garantias da Convengao Americana, em cujo artigo 27.2 se encontra consagrado como um dos^—-
que nao podem ser suspenses em caso de guerra, perigo publico ou outras ameagas'a l. .
independencia ou seguranga dos Estados partes no referido instrumento InternacionaL
76. A Comissao considera procedente advertir previamente que, de acordo

com a jurisprudencia do sistema interamericano de protegao, para se determinar que houvei- -XL
uma violagao dos direitos consagrados na Convengao nao e necessario determinar ‘a.^* ^
culpabilidade de seus autores ou sua intencionalidade, assim como nao e precise identificar
individualmente os agentes a que se atribuem os atos de violagao. No caso Paniagua Morales,
a Corte salientou expressamente que, a fim de estabelecer a responsabilidade internacionai do
Estado, basta demonstrar que houve apoio ou tolerancia do poder publico na infragao dos
direitos reconhegidos na Convengao, por um lado, ou que o Estado nao executou as atividades
necessaries, de acordo com seu direito interno, para identificar e, oportunamente, punir os
autores das proprias violagoes. £281
a. Responsabilidade do Estado por falta de prevengao
77. A Corte Interamericana salientou que os Estados tern a obrigagao de

garantir a criagao das condigoes necessarias para que nao ocorram violagoes ao direito a vida
e, em especial, o dever de impedir que seus agentes atentem contra esse direito. f291 A Corte
salientou tambem que o cumprimento das obrigagoes impostas pelo artigo 4 da Convengao
Americana, com relagao ao artigo 1.1 do mesmo instrumento, "nao somente pressupoe que
pessoa alguma seja privada de sua vida arbitrariamente (obrigagao negative), mas que
ademais, a luz de sua obrigagao de garantir o pleno e iivre exerefeio dos direitos humanos,
requer que os Estados adotem todas as medidas apropriadas para proteger e preserver o
direito a vida (obrigagao positiva). Esta protegao ativa do direito a vida por parte do Estado
nao impiica somente seus legisladores, mas toda instituigao do Estado e aqueles que devem
resguardar a seguranga, seja suas forgas policiais, ou suas forgas armadas".Por
conseguinte, nas palavras da Corte
os Estados devem adotar as medidas necessarias, nao somente no nivel

legislative, administrative e judicial, mediante a emissao de normas penais e o
estabelecimento de um sistema de justiga para prevenir, suprimir e castigar a
privagao da vida em consequencia de atos criminosos, mas tambem para
prevenir e proteger os individuos de atos criminosos de outros individuos e
investigar efetivamente essas situagoes. rsn
78. A Corte tambem reconheceu que a responsabilidade internacionai do

Estado pode derivar de atos de violagao de direitos humanos a eie atribuiveis, cometidos por
terceiros ou particulares, no ambito das obrigagoes do Estado de garantir o respeito desses
direitos entre individuos. Quanto a esse aspecto, a Corte ressaltou que
essa responsabilidade internacionai tambem pode derivar de atos de

particulares em principle nao atribuiveis ao Estado. Os Estados Partes na
Convengao Americana tern obrigagoes erga omnes de respeitar e fazer respeitar
as normas de protegao e de assegurar a efetividade dos direitos nela
consagrados em toda circunstancia e a respeito de todas as pessoas. Essas
obrigagoes do Estado projetam seus efeitos alem da relagao entre seus agentes
e as pessoas submetidas a sua jurisdigao, pois se manifestam tambem na
obrigagao positiva do Estado de adotar as medidas necessarias para assegurar a
efetiva protegao dos direitos humanos nas relagoes interpessoais. A atribuigao
de responsabilidade ao Estado por atos de particulares pode dar-se em casos
em que o Estado descumpre, por agao ou omissao de seus agentes, quando se
encontrem em posigao de garantes, essas obrigagoes erga omnes constantes
dos artigos 1.1 e 2 da Convengao.-^^
79. Complementando, em relagao a dito parametro de responsabilidade, a

Corte recentemente salientou que
um Estado nao pode ser responsavel por qualquer violagao de direitos

humanos cometida entre particulares dentro de sua jurisdigao. Com efeito, o
http://www.cidh.oas.org/anniialrep/2009port/Brasil I23l0port.htm 11/28
J
k
f
carater erga omnes das obrigagoes convencionais de garantia a cargo dos
Estados nao implica uma responsabilidade ilimitada destes frente a qualquer
ato ou agao de particulares, pois seus deveres de adotar medidas de
prevengao e protegao dos particulares em suas reiagoes entre si encontram-se V
condicionados ao conhecimento de uma situagao de risco real e imediato para
urn individuo ou grupo de individuos determinado e as possibilidades razoaveis
de prevenir ou evitar esse risco. Ou seja, ainda que um ato, omissao ou agao
de um particular tenha como consequencia juridica a vioiagao de determinados
direitos humanos de outro particular, esse ato nao e automaticamente
atribuivel ao Estado, pois deve atender-se as circunstancias particulares do
caso e a efetivagao dessas obrigagdes de garantia.-^^
80. Para estabelecer essa imputabilidade internacional de atos de terceiros

como violagoes atribuiveis ao Estado, a Corte se baseia na doutrina da Corte Europeia,
segundo a qual se pode predicar a responsabilidade estatal de violagoes cometidas por
terceiros quando se demonstra que o Estado tinha conhecimento de uma situagao de risco real
e imediato e nao adotou medidas razoaveis para evita-las. A esse respeito, a Corte
Interamericana cita a jurisprudencia europeia, ao sugerir que
Levando em conta as dificuldades que implicam o planejamento e a adogao de

politicas publicas nas sociedades modernas, a imprevisibilidade da conduta
humana e as escolhas de natureza operacional que devem ser feitas em fungao
de prioridades e recursos, essa obrigagao positive deve ser interpretada de
maneira a nao impor as autoridades uma carga impossivel ou desproporcional.
Por conseguinte, nem tudo o que se alega como risco a vida impoe as
autoridades a obrigagao convencionai de tomar medidas operacionais para
prevenir que aquele risco cheque a materializar-se. Para que surja essa
obrigagao positiva, deve ser estabelecido que no momento dos fatos as
autoridades sabiam, ou deviam saber, da existencia de um risco real e imediato
para a vida de um determinado individuo ou de alguns individuos com respeito a
atos criminosos de terceiros e que tais autoridades nao tomaram as medidas
que teriam a seu alcance que, julgadas razoavelmente, podiam-se esperar para
evitar esse risco (ver a sentenga de Osman [...], p. 3159, par. 116). 041
81. De acordo com esses parametros, a CIDH passa a considerar se os fatos

descritos comprometem a responsabilidade internacional por fatta de prevengao. A esse
respeito, a Comissao Interamericana constata, em primeiro lugar, que a situagao descrita na
sessao sobre os fatos estabelecidos coincide com um padrao de violagoes e de impunidade no
Brasil, amplamente documentado por organizagoes locals e internacionais, bem como por
organismos internacionais (paragrafo 48 supra e seguintes). Nesse sentido, tal como
expressou a Comissao
Dado que esta vioiagao [...] faz parte de um padrao geral de negligencia e falta
de efetividade do Estado para processar e condenar os agressores, considera a
Comissao Interamericana que, nao somente se viola a obrigagao de processar
e condenar, mas tambem a de prevenir essas praticas degradantes. Essa
ineficacia judicial geral e discriminatoria cria um ambiente que facilita a
violencia [...], por nao existirem evidencias socialmente percebidas da vontade
e efetividade do Estado como representante da sociedade para punir esses
atos. £351
82. No presente caso, esta demonstrada a existencia de um padrao de

impunidade e repetigao de atos de violencia conhecidos pelas autoridades estatais e que,
conforme indicou a Comissao, dao origem a um dever de protegao maior por parte do Estado.
Nao obstante isso, o Estado nao demonstrou que na epoca em que ocorreram os fatos
houvesse adotado medidas especificas de prevengao para evitar a violencia.
83. Adicionalmente, a Comissao Interamericana concluiu que o Estado contava

com informagoes sobre o risco real e imediato a vida e integridade pessoal daquelas pessoas
que estavam acampadas nas fazendas Boa Sorte e Santo Angelo e nao adotou nenhum tipo de
medida para protege-las. Da mesma forma, a CIDH constatou que as autoridades, por
diferentes meios, foram informadas da preparagao das operagoes de desocupagao forgada
patrocinadas pelos proprietarios das fazendas da regiao. Especificamente, as autoridades
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J SF.P ‘ /CCAu
23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 SebastiaoCamargo Filho- Admissibilidadee Merito fis._£7
sabiam da iminencia de uma desocupagao forgada das fazendas Boa Sorte e Santo Angelo. >Em
5 de fevereiro de 1998, as pessoas que estavam acampadas nestas fazendas informaramv'b-^^^
Assessor Especial para Assuntos Agrarios do Estado do Parana sobre as ameagas de uma*-’
desocupagao violenta.
84. Igualmente, a propria Superintendente do INCRA havia solicitado ao

Comandante do 8° Batalhao de Policia Militar de Paranavai medidas de protegao, mas as
autoridades encarregadas de oferecer protegao nao adotaram nenhuma medida para prevenir
os fatos. Urn jornal local citou as declaragoes da funcionaria do INCRA na qual lamentava os
fatos e denunciava te-los levado ao conhecimento da Policia Militar
"Segundo Oliveira havia denuncias de que os fazendeiros estavam se

armando, contudo, a policia local nao tomou providencias. A Superintendencia
do INCRA disse haver solicitado providencias ao Comandante do 8° Batalhao da
Policia Militar de Paranavai, quando deveria haver falado diretamente com o
Secretario de Seguranga Publica do Parana".
85. Dm funcionario da Policia Militar reconheceu perante a imprensa local dias

depois dos fatos que as autoridades tinham conhecimento da contratagao e mobilizagao de
pessoas armadas para a realizagao de desocupagoes. A esse respeito, o jornal Folha de Sao
Paulo publicou depoimento do Subcomandante da Policia Militar, em que se le
"0 tenente da PM Clovis Manoel do Nascimento, 27, subcomandante da Policia

Militar em Loanda (PR), disse a Agencia Folha que a PM tinha conhecimento de
que fazendeiros recrutavam segurangas na regiao noroeste do Parana: 'nos
fomos informados pela Secretaria da Seguranga Publica de que fazendeiros
estavam recrutando pessoas nos municipios de Loanda, Querencia do Norte e
Santa Cruz de Monte Castelo, a finalidade seria desapropriar fazendas na
regiao'. Segundo o subcomandante, o batalhao ficou sabendo dos segurangas na
quinta-feira passada. A desocupagao das fazendas Boa Sorte e Santo Angelo por
segurangas armados ocorreu dois dias depois, no sabado de madrugada".-^^
86. Urn artigo publicado na imprensa dias depois dos fatos confirma a
informagao acima, citando como fonte o Coordenador Gera! da Uniao Democratica Ruralista
"O Coordenador-Geral da Uniao Democratica Ruralista (UDR), regional

Noroeste, Tarciso Barbosa de Souza, afirmou ontem que, em Paranavai, os
proprietaries de terras rurais da regiao estao preparados para resistir a
possiveis invasoes, podendo utilizar ate mesmo armas de fogo para defender
suas propriedades".-^!
87. Esta informagao e conhecida pelas autoridades encarregadas de fazer a

investigagao, mas nenhuma autoridade estatal foi investigada pela sua omissao. E mais, no
material probatorio constante do processo interne ha depoimentos das proprias autoridades
que indicam nao somente que autoridades locais sabiam da iminencia das desocupagoes, mas
tambem que funcionarios estatais haviam sido coniventes com os autores intelectuais dos
fatos, o que se depreende da declaragao do Delegado de Policia Civil que, ao ser indagado se
tinha tornado conhecimento de pianos de desocupagao na regiao, respondeu
"Que na mesma semana, especificamente na quarta-feira, ja que a invasao se

deu no sabado, no CTG do municipio de Nova Londrina-PR, ocorreu uma reuniao
entre fazendeiros, autoridades locais, integrantes da UDR e algumas pessoas da
sociedade local, ficando ajustado que eles fariam a desocupagao; que o
depoente nao esteve na reuniao mas que na sexta-feira soube dos fatos atraves
de seus funcionarios; que entao o depoente comunicou acerca dos fatos ao
delegado chefe da comarca de Paranavai e este comunicou o Secretario da
Seguranga Publica [...]
Que as pessoas que participaram da reuniao realizada antes da desocupagao

sao o presidente do CTG a epoca, ARLINDO TROIAN, VALDIR TROIAN, ARMANDO
CHIAMULERA, Presidente do Sindicato Patronal Rural, PEDRO PAULO DE MELO,
Vice-Prefeito de Loanda-PR, HUGO ACORSI, Prefeito de Nova Londrina a epoca
dos fatos, JOAO FERNANDES e TARCISO, representante da UDR"^£
http://www.cidh.oas.org/annualrep/2009port/Brasil12310port.htrti 13/28
BRANCO
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88. Das provas anteriormente citadas depreende-se que autoridades federais, ^ ^

a Policia Civil e a Policia Miiitar sabiam da iminencia das desocupagoes e que estas seriam
realizadas com armas. Nao obstante haver informado as autoridades estatais com
antecipagao, nenhuma medida de protegao foi adotada. Os camponeses assentados nas
fazendas ficaram indefesos, a merce dos pistoleiros, apesar de serem amplamente conhecidas
na regiao as condigoes em que seriam realizadas essas desocupagoes ilegais.
89. Nessas circunstancias, a Comissao Interamericana considera que o Estado

nao adotou medidas razoaveis para evitar que fossem cometidas as violagoes de 7 de
fevereiro de 1998, nas fazendas Boa Sorte e Santo Angelo, apesar de que as informagoes em
poder dos orgaos de seguranga do Estado eram ciaras em indicar a iminencia de um risco de
violagoes, entre elas do direito a vida das pessoas assentadas nas mencionadas fazendas.
Como era previsivel, a desocupagao gerou consequencias nefastas, dentre as quais se destaca
a execugao extrajudicial de Sebastiao Camargo Filho. Por conseguinte, a Comissao
Interamericana considera que o Estado descumpriu sua obrigagao de adotar medidas para
prevenir o atentado contra a vida de Sebastiao Camargo Filho, com o que violou o artigo 4 da
Convengao Americana, em conexao com o artigo 1.1 desse tratado. I4QI
b. Responsabilidade do Estado pela falta de investigagao adequada
90. A jurisprudencia do sistema interamericano tern reiterado que a ausencia

de investigagao e punigao constitui descumprimento da obrigagao do Estado de garantir o livre
e pleno exercicio dos direitos humanos-^-^- as vitimas e seus familiares e a sociedade o
conhecimento do ocorrido.-^^-A falta de investigagao e a impunidade se revestem de especial
gravidade nos casos de violagoes do direito a vida, sobretudo quando acontecem no ambito de
um padrao de violagoes sistematicas dos direitos humanos, ja que propiciam um clima
favoravel a repetigao cronica dessas infragoes.-^l
91. Essencialmente, a Comissao constata que o Estado nao tern cumprido com
a sua obrigagao de garantir o direito a vida mediante uma investigagao seria e imparcial. Com
base no material probatorio constante do expediente penal interno, a Comissao
Interamericana considera demonstrado que ha, com relagao ao direito a vida, multiples
indteios que sugerem a participagao ou colaboragao de funcionarios oficiais na operagao de
desocupagao, sendo que nenhum deles foi seriamente investigados pela justiga brasileira.
92. Em primeiro lugar, as provas constantes do expediente judicial interno

demonstram que os fatos de 7 de fevereiro de 1998 tiveram uma fase de planejamento longa
e publica, que inciuiu diversas reunioes nas quais teriam participado autoridades civis e que
essas autoridades' teriam desempenhado pape! fundamental na condugao dessas reunioes.
Alem disso, varios depoimentos coincidiram quanto ao fato de que essas mesmas autoridades
participaram dos fatos ou fizeram parte da caravana de veiculos que acompanhou os
pistoleiros. O proprietario de uma das fazendas reiterou essas acusagoes em varios de seus
depoimentos perante a Delegacia de Policia ou do Ministerio Publico, por exemplo, sustentou
que
Dentre as pessoas que ligaram para o Interrogando, a fim de que fosse feita a
manifestagao(passeata), estava o Dr. HUGO, Presidente do Sindicato Patronal
Rural de Loanda-PR, DR. PEDRO PAULO DE MELO, o Sr. JOAO FERNANDES DE
ALMEIDA, Prefeito Municipal, ARLINDO TROIAN^^.
No dia em que aconteceram estes fatos, por volta das 05:00 horas da manha,
telefonaram na minha casa chamando para fazer uma passeata [...] Quern me
ligou de madrugada, foi o Dr. Paulinho, Presidente do Sindicato Rural [...]
Chegando la havia uns 60 ou 70 carros no trevo. Tinha muita gente. Me lembro
do Sr. Vicente Garcia, que e irmao do Sr. Bolivar da Fazenda Romania. Os dois
estavam la. O Arlindo Troian, o falecido prefeito Joao Fernandes, o Valter
Kondo, o Dr. Armando Chiamulera e acho que tambem Napoleao Chiamulera, o
Antonio Bono, Nelson Bono, Paulo Hara, Camilo e Bento Somenzari, filhos do
Gino Hayashi, Tatsusi Suguawara. Tinha bastante gente de Loanda, o que e
prefeito atualmente que nao me lembro o nome. 1451
m BRANCC
ijt
■ ^RAyCCAD
23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 Sebastiao Camargo Filho - Admissibilidade e Merito -is.__63_
93. Por sua vez, uma das pessoas relacionadas pela testemunha anterior______ P
declarou as autoridades que havia visto na caravana de veiculos o entao Vice-Prefeito de F/'lca
Loanda. Essa testemunha declara que
No dia dos fatos estava vindo de Loanda em uma comitiva para fazer um
manifesto no Trevo de Loanda, viemos uns 10 ou 12 automoveis, o organizador
da comitiva era o Sr. Hugo Acorci, Vice-Prefeito de Loanda. £461
94. Essas versoes foram tambem confirmadas extra-oficialmente por um dos

advogados dos fazendeiros acusados de pianejar os fatos e deles participar. No expediente
judicial aparece uma fotocopia de uma reportagem de um jornal local em que sao citadas as
palavras do defensor
O advogado Lamartine Godoi, de Presidente Prudente, SP, disse ontem que o prefeito
de Nova Londrina, Joao Fernandes de Almeida (PDT) e o Vice-Prefeito de Loanda,
Hugo Acorsi (sem partido) participaram da operagao que, desocupou as Fazendas
Santo Angelo e Boa Sorte. I4ZI
95. Nenhuma dessas declaragoes deu lugar a que se investigasse de maneira

seria a possive! participagao de autoridades do Estado no planejamento e pratica dos atos.-^^-
Pelo contrario, mais de oito anos depois de ocorridos os fatos, pareceria que a resposta do
Estado a morte de Sebastiao Camargo Filho mostra um favorecimento a impunidade mais que
a realizagao de uma investigagao transparente que leve ao pleno esclarecimento da identidade
e da responsabilidade de todas as pessoas envolvidas nos fatos. Precisamente em virtude do
Estado nao haver cumprido seu dever de investigagao, nao puderam ser comprovados ou
anulados os multiples indicios sobre responsabilidade de autoridades do Estado no homicidio
de Sebastiao Camargo Filho.
96. A Comissao Interamericana nota que desde a ocorrencia dos fatos as

autoridades estatais nao adotaram medidas diligentes e eficazes para seu esclarecimento.
Algumas agoes e omissoes oficiais pareceriam, inclusive, indicar a aquiescencia das
autoridades com a pratica dos delitos investigados. Por exemplo, ao analisar as declaragoes,
depoimentbs e provas derivadas das investigagoes policiais, observa-se que os policiais que
detiveram o caminhao em que eram transportados, contra sua vontade, os camponeses
desalojados, nada fizeram para impedir esse traslado, deter o condutor do veiculo ou buscar
maiores elementos de prova para esclarecer o assassinate. A esse respeito, alguns dos
depoimentos recolhidos pela autoridade policial indicaram
que no trajeto entre a Fazenda e a Cidade de Querencia, policiais rodoviarios do

posto da entrada de Loanda pararam o caminhao, onde nesta oportunidade
varies sem-terra gritavam pedindo socorro, pois estariam sendo sequestrados e
ja havia inclusive um morto; que entao dois policiais rodoviarios mandaram que
o caminhao tocasse destino.^^
no momento em que passavam pelo Posto da Poh'cia Rodoviaria em Loanda,

ouviu quando uma mulher pediu socorro, tendo inclusive dito que havia um
homem machucado, mas nao foram atendidos.-^^
ao passarem pelo Posto da Policia Rodoviaria de Loanda, o Declarante gritou

para o Policial Rodoviario:.'socorro gente, tern um morto e um ferido la na
Fazenda Boa Sorte! Socorre a gente!' que o Policial Rodoviario entao, atraves de
um gesto, mandou que o motorista continuasse. £511
97. Os policiais de servigo no posto corroboraram essas denuncias. No

relatorio de conclusao da investigagao policial se ie que
"foram inquiridos os policiais Jose Alvacir Borges, Sergio Canola e Adenil Lucio
Aleixo, os quais informaram que foi abordado um veiculo Mercedes Benz, no dia
07/02/98, por volta das-8:00 horas, onde havia mais de 50 pessoas, estando
todos muitos agitados, desesperados e com muito medo, onde Ihes foram
relatados que na fazenda de Marilena havia ocorrido tiroteio e mortes, mas nao
Ihes pediram socorro e nem falaram de jagungos, sendo o caminhao liberado
http://www.cidh.oas.org/annualrep/2009port/Brasil1231 Oporthtm 15/28
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23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 Sebastiao Camargo Filho- Admissibilidadee Merito *'rT>*'cc';. nut Is
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para evitar confusao".-^^
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98. Assim, apesar de os policiais terem dederado que "todos [os passageiros . ^
do caminhao] queriam falar e narrar a respeito do acontecido em uma fazenda no Municipio .
de Mariiena-PR, onde teria ocorrido um tiroteio e mortes" e que "estas pessoas estavam
desesperadas e com muito medo", os policiais permitiram que o caminhao continuasse sua
marcha. F531 A falta de reagao imediata que isso significou nao foi recriminada disciplinar ou
judicialmente.
99. A investigagao que se seguiu a morte de Sebastiao Camargo Filho,
depois de mais de oito.anos de iniciada, nao redundou na punigao de nenhum dos
responsaveis, em que pese as multiplas provas a que tiveram acesso os funcionarios
encarregados da investigagao. Com isso, o caso de Sebastiao Camargo Filho se inclui no
padrao de impunidade de atos violentos cometidos pelos grupos de pistoleiros que operam no
Estado do Parana e em outros estados do Brasil.
100. Com base no exposto, a Comissao considera que o Brasil nao cumpriu as
obrigagoes internacionais que a ele competem, ao nao investigar e punir todos os
responsaveis. 0 Estado brasileiro nao cumpriu sua obrigagao de investigar devidamente o
.paradeiro dos autores intelectuais e materiais do assassinate de Sebastiao Camargo Filho,
julga-los e puni-los, nem indenizou os familiares das vitimas. Ademais, o Estado nao
corroborou nem anulou os indicios da aquiescencia e conivencia de seus funcionarios com
relagao aos fatos.
101. A Comissao conclui que o artigo 4 da Convengao Americana deve ser

interpretado com referencia ao objeto e proposito da Convengao "como um instrumento para a
protegao de seres humanos individuais" que "requer que suas disposigoes sejam interpretadas
e aplicadas de modo que suas garantias se fagam praticas e efetivas".-^-^- A obrigagao do
Estado de proteger o direito a vida, analisada em conjunto com a obrigagao constante do
artigo 1.1 de respeitar e garantir os direitos estabelecidos na Convengao Americana,
necessariamente requer uma "investigagao oficial efetiva quando pessoas foram assassinados
em decorrencia do uso da forga por parte, entre outros, de agentes do Estado".O direito
internacional e regional dos direitos humanos determinou que qualquer violagao do direito a
vida requer que o Estado em questao proceda a uma investigagao judicial por meio de um
tribunal penal designado para "processar penalmente, julgar e punir aqueles que sejam
considerados responsaveis por essas violagoes".-^^ Essa investigagao, punigao e reparagao
nao foi adotada de maneira seria e exaustiva pelo Estado, o que compromete sua
responsabilidade internacional.
102. A Comissao considera, por conseguinte, que o Estado brasileiro descumpriu

sua obrigagao de garantir o direito a vida de Sebastiao Camargo Filho, por ter deixado de
prevenir a violagao do direito a vida da vitima, apesar de ter tornado conhecimento, por
intermedio de varias de suas autoridades, do risco iminente que corriam os trabalhadores
assentados nas fazendas Boa Sorte e Santo Angelo. Descumpriu tambem sua obrigagao de
garantir o direito a vida, ao deixar de investigar rapidamente os fatos, apesar de sua posigao
de garante, e de punir os responsaveis, apesar dos indicios de aquiescencia que constam do
expediente judicial, tudo isso em violagao do artigo 4.1 da Convengao Americana, com relagao
ao artigo 1.1.
2. Garantias judiciais e protegao judicial (artigo 8 e artigo 25)
103. Conforme a jurisprudencia da Corte Interamericana, toda pessoa afetada por

uma violagao de direitos humanos tern direito de obter dos orgaos competentes do Estado o
esclarecimento dos atos de violagao e o estabelecimento das responsabilidades respectivas,
mediante a investigagao e o julgamento de que tratam os artigos 8 e 25 da Convengao.
104. O artigo 25 da Convengao dispoe que:
1. Toda pessoa tern direito a um recurso simples e rapido ou a qualquer

outro recurso efetivo, perante os juizes ou tribunals competentes, que a
proteja contra atos que violem seus direitos fundamentals reconhecidos
pela constituigao, pela lei ou pela presente Convengao, mesmo quando
23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 SebastiaoCamargo Filho- Admissibilidade e M£rito
tal violagao seja cometida por pessoas que estejam atuando no exercicio
de suas fungoes oficiais.
2. Os Estados Partes comprometem-se:
a. a assegurar que a autoridade competente prevista pelo sistema legal

do Estado decida sobre os direitos de toda pessoa que interpuser tal
recurso;
b. a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; e

c. a assegurar o cu'mprimento, pelas autoridades competentes, de toda
decisao em que se tenha considerado procedente o recurso.
105. Por sua vez, o artigo 8 da Convengao dispoe na parte pertinente;
Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um
prazo razoavel, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial,
estabeiecido anteriormente por lei, na apuragao de qualquer acusagao penal
formulada contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigagoes de
106. A protegao oferecida pelas normas transcritas se ve reforgada pela obrigagao

gerai de respeitar os direitos humanos imposta pelo artigo 1.1 da Convengao. A esse respeito,
a Corte estabeleceu expressamente que:
[o] artigo 25, em relagao com o artigo 1.1 da Convengao Americana, obriga o
Estado a garantir a toda pessoa o acesso a administragao de justiga e, em
particular, a um recurso rapido e simples para conseguir, entre outros
resultados, que os responsaveis pelas violagoes dos direitos humanos sejam
julgados, e para obter uma reparagao pelo dano sofrido... [O] artigo 25
"constitui um dos pilares basicos, nao somente da Convengao Americana, mas
do proprio Estado de direito em uma sociedade democratica...". Esse artigo
guarda relagao direta com o artigo 8.1 ... que consagra o direito de toda pessoa
a ser ouvida com as devidas garantias ... para a determinagao de seus direitos
de qualquer natureza. £58]
107. Os Estados Partes tem, por conseguinte, a obrigagao de tomar todo tipo de
providencia para que ninguem seja privado da protegao judicial e do exercicio do direito a um
recurso simples e eficaz.^^ O Estado tem, nesse ambito, a obrigagao de investigar as
violagoes de direitos humanos, julgar os responsaveis, indenizar as vitimas e evitar a
impunidade. Essa obrigagao adquire conotagoes especiais quando, como no caso especifico, se
trata de atos em que ha indicios da aquiescencia ou conivencia de autoridades civis e militares
e que se enquadram num padrao generalizado de violencia contra trabalhadores rurais.
108. A Comissao, como a Corte, considera que a simples constatagao de que os

responsaveis por violagoes dos direitos humanos nao foram identificados mediante uma
investigagao diligente e, em ultima instancia, punidos por atos judiciais em um process©
devidamente substanciado basta para concluir que o Estado descumpriu o artigo 1.1 da
Convengao.
109. Quanto a obrigagao do Estado de investigar, nao se descumpre somente por

nao existir uma pessoa condenada na causa ou pela circunstancia de que, em que pese os
esforgos envidados, seja impossivel a documentagao dos fatos. No entanto, para que os
orgaos de protegao internacional possam estabelecer de maneira convincente e confiavel que
este resultado nao foi produto da execugao mecanica de certas formalidades processuais, sem
que o Estado tivesse buscado efetivamente a verdade, deve este demonstrar que realizou uma
investigagao imediata, exaustiva, seria e imparciai. ren A investigagao judicial deve . ser
empreendida de boa-fe, de maneira diligente, integral e justa, e deve se voltar para a analise
de todas as iinhas investigativas possiveis, que possibilitem a identificagao dos autores do
delito, para que sejam posteriormente julgados e punidos.
HO. Neste caso, com relagao aos fatos ocorridos em 7 de fevereiro de 1998, nas
fazendas Boa Sorte e Santo Angelo, o Estado tinha o dever de realizar de oficio uma
I
investigagao judicial efetiva destinada a identificar todos os autores das violagoes, bem como OHr
de julga-los e de a eles apiicar as respectivas penalidades legais, para cujo efeito devenERA/CQAD
promover e incentivar o processo penal ate suas ultimas consequencias. Rs.
111. Conforme salientou a CIDH em outros casos,^^ os "Principios relatives

uma eficaz prevengao e investigagao das execugoes extrajudiciais, sumarias ou arbitrariasVs*-l—-
adotados pelo Conselho Economico e Social das Nagoes Unidas mediante a resolugao 1989/65, .
explicam o que e necessario para a investigagao de uma morte suspeita, de acordo com a
norma da devida diligencia.
112. Os principios mencionados dispoem que, em casos como o que ora se

analisa, a investigagao deve ter por objetivo determiner a causa, a forma e o momento da
morte, a pessoa responsavei e o procedimento ou pratica que poderia te-la provocado. Deve-
se, ademais, realizar uma autopsia adequada, compilar e analisar todas as provas materials e
documentais e recolher as declaragoes das testemunhas. A investigagao deve distinguir entre
a morte por causas naturais, a morte por acidente ou suicidio e o homicidio.
113. Os orgaos da ONU complementaram esses principios com o "Manual sobre a

prevengao e investigagao eficazes das execugoes extrajudiciais, sumarias ou arbitrarias",^^
segundo o qual o objetivo principal de uma investigagao e "descobrir a verdade acerca de
acontecimentos que ocasionaram a morte suspeita de uma vitima". 0 Manual estabelece que
os encarregados do inquerito devem adotar, como minimo, medidas que visem ao seguinte:
b) Recuperar e conservar meios probatorios relacionados com a morte, a

firrv de colaborar, da melhor maneira possivel, com o julgamento dos
responsaveis;
c) Identificar e prender a pessoa ou pessoas que tenham participado da

execugao; ...[e]
g) Submeter o que tenha cometido ou que se suspeite tenha cometido
delito a urn tribunal competente criado por lei.
114. A fim de garantir a investigagao exaustiva e imparcial de uma execugao

extrajudicial sumaria ou arbitraria, o Manual destaca que "[u]m dos aspectos mais
importantes e a reuniao e a analise das provas". Por conseguinte, "[a]s pessoas encarregadas
da investigagao de uma suposta execugao extrajudicial devem ter acesso ao lugar em que foi
descoberto o cadaver, bem como ao lugar em que possa ter ocorrido a morte". Segundo os
parametros previstos no Manual, o procedimento de recolhimento da prova deve se ajustar a
determinados criterios, alguns dos quais sao enumerados a seguir:
a) Sera isolada a area adjacente ao cadaver e a ela so terao acesso os

investigadores e seu pessoal;
b) Serao tiradas da vitima fotografias a cores, que, ao serem comparadas

com as fotografias em preto e branco, poderao revelar em mais
pormenores a natureza e as circunstancias da morte;
c) Serao fotografados o lugar (interior e exterior), bem como toda prova

fisica;
(...)
j) Serao recolhidas e preservadas todas as provas da existencia de

armas, tais como armas de fogo, projeteis, balas e estojos ou cartuchos.
Quando for o caso, deverao ser realizados testes de deteegao de
residues de disparos e/ou de metais.
115. Com base nesses parametros, a Comissao considera que a investigagao

policial iniciada para investigar os fatos foi imprecisa, morosa e rica em omissoes. Quanto a
coleta e pratica de testes, a investigagao registrou varias irregularidades. Inexplicavelmente,
as autoridades nao realizaram testes de impressao digital nas 12 armas apreendidas nas
fazendas Boa Sorte e Santo Angelo no dia em que ocorreram os fatos. Tampouco realizaram
testes de absorgao atomica.nas sete pessoas detidas, para verificar se haviam disparado
armas de fogo. Outra mostra da falta de diligencia das autoridades foi a demora na apreensao
I
i.r'n ‘
. 23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 Sebastiao Camargo Filho- Admissibilidade e Merito
F!s.
das arnnas que os trabalhadores sem terra encontraram na fazenda Agua da Prata.
116. Assim, em 20 de fevereiro de 1998 foi assinado um "laudo de exameyd^ f

arma de fogo" realizado numa pistola marca Taurus apreendida na operagao em que forariY1—
detidas sete pessoas em 8 de fevereiro de 1998. Apesar de o relatorio tecnico ter determinado
que "no interior do cano foram observados residues de polvora combusta", nao se fez teste de
impressao digital na arma.
117. A folhas 306-311 do expediente judicial interno aparecem seis "Autos de

Exame de Eficiencia e Prestabilidade de Arma de Fogo" realizados em 9 de dezembro de 1998,
que correspondem as armas apreendidas em 7 de fevereiro do mesmo ano na fazenda Santo
Angelo. Segundo as conclusoes desses testes, todas as armas examinadas estavam em bom
estado de funcionamento e tinham condigoes de ser disparadas. No entanto, inexplicavelmente
nao foram recolhidas as impressoes digitais dessas armas, com vistas a identificagao das
pessoas que delas haviam feito uso.
118. Ademais, faciimente se comprova que as autoridades encarregadas da

investigagao nao agiram com diligencia no envio das provas, o que se deduz do oficio de 8 de
setembro de 1999, assinado pela Promotora de Justiga encarregada da investigagao, que
assim se expressa:
Tendo em vista que o presente caderno investigatorio encontra-se paralisado

aguardando a resposta de oficios enviados a Delegacia de Policia de Loanda
(oficio n. 342/98-datado de fevereiro/98) e ao Institute de Criminalistica de
Maringa (oficio n. 054/98-datado de agosto/98), ja reiterados pela Delegacia
local (v. fls. 294/295 e 307/308), requer o Ministerio Publico seja oficiado,
atraves deste juizo, aquelas instituigoes a fim de que informem acerca do
cumprimento das diligencias requeridas pela autoridade policial, sob pena de
desobediencia.-^l
119. Deduz-se da comunicagao citada como solicitagoes feitas pelo Ministerio

Publico em fevereiro e agosto de 1998, reiteradas em 8 de dezembro do mesmo ano, nao
haviam sido cumpridas mais de um ano apos terem sido encaminhadas. No caso do Institute
de Criminalistica, a Comissao constata que, em 24 de novembro de 1999, esta instituigao
remeteu um relatorio em resposta a reiteragao do Ministerio Publico, em que salienta que a
prova tecnica solicitada havia sido realizada em 10 de margo de 1998, mas nao explica a
razao por que o relatorio sobre essa prova foi apresentado as respectivas autoridades mais de
um ano e oito meses apos ter sido ela realizada.-^^-
120. Essas graves omissoes nao foram expiicadas pelo Estado brasileiro apesar
de serem necessarias para a individualizagao dos autores dos atos. O Estado tampouco
esclareceu a omissao das autoridades de policia que detiveram o caminhao em que eram
transportados a forga os camponeses, no que se refere a retengao imediata do veiculo e de
seu condutor.
121. Assim, a investigagao policial foi conduzida com negligencia por um periodo
de mais de dois anos, apesar de as normas internas fixarem um prazo de um mes para sua
realizagao. As proprias autoridades judiciais brasileiras criticaram a maneira por que foi
conduzida a investigagao policial. A esse respeito, o juiz do processo ressaltou que
Dois anos e meio apos o acontecimento deste tragico evento, que culminou na
morte de um trabalhador sem terra, poucas informagoes foram colhidas para a
formagao da opinio delicti, e verdade, mas ainda assim outras pessoas devem
ser denunciadas, com base em indicios que surgiram ao longo da investigagao.
Muito mais poderia ter sido feito: inquirigao de pessoas - referidas inclusive-,
procedimento para reconhecimento, reconstituigao do fato e trajeto percorrido
por supostos agressores, apuragao sobre a idoneidade de testemunhas, enfim,
uma investigagao mais minuciosa, capaz de fornecer ao Promotor de Justiga
subsidies sobre os fatos, as-circunstancias e seus autores".
122. Nessas condigoes, o recurso interno se tornou ineficaz, a ponto de seu

injustificado atraso ter levado a prescrigao de varios dos delitos investigados. Com isso, a
http://www.cidh.oas.org/annualrep/2009port/Brasil12310port.htm 19/28,
23/10/2015 Brasil - Case 12.310 Sebastiao Camargo Filho- Admissibilidade e Merito
falta de diligencia das autoridades culminou na impunidade dos fatos. Tres dos delitos
investigados tinham pena inferior a um ano, motive por que, em conformidade com a
iegislagao interna, prescreviam dois anos apos terem sido cometidos. No entanto, somente a
fase inicial de investigate confiada a Policia Civil superou o prazo de dois anos. Quando as^Qp^ ^^
investigagoes chegaram ao conhecimento do Ministerio Publico, os delitos de ameag'a,p{^2.v/QOAD
exercicio de razoes proprias e dano haviam prescrito. /
; ii-is.__
.___
123. As autoridades judiciais dispunham de ample material probatorio que I lies 4*

teria possibilitado abordar distintas linhas de investigagao, mas indesculpavelmente nao„ P&ca
fizeram uso oportuno desse material. Por exemplo, dias depois dos fatos, a UDR regional fez
circular uma nota em que se atribuia a desocupagao,^^ mas somente em 26 de agosto de
2004 (seis anos depois dos fatos), o juiz da causa solicitou a UDR de Paranavai uma lista dos
fazendeiros filiados a referida organizagao em fevereiro de 1998.
124. Com base nas consideragoes acima, a Comissao conclui que a falta de devida
diligencia no processo de investigagao e coleta de prova essencial, sem a qual os processes
judiciais nao poderiam ser levados adiante, em que incorreu o Brasil caracteriza violagao dos
artigos 8 e 25 da Convengao Americana, com relagao ao artigo 1.1 do mesmo instrumento.
VI. CONCLUSOES
125. Com base nas consideragoes de fato e de direito acima expostas, a Comissao
Interamericana conclui que:
1. tern competencia para conhecer deste caso e que a petigao e admissivel, em

conformidade com os artigos 46 e 47 da Convengao Americana;
2. o Estado brasileiro e responsavel pela violagao do direito a vida, as garantias

judiciais e a protegao judicial, consagrados, respectivamente, nos artigos 4, 8 e 25 da
Convengao Americana, todos eles em conexao com a obrigagao imposta ao Estado pelo artigo
1.1 do referido tratado, relativa a respeitar e garantir os direitos consagrados na Convengao,
em detrimento de Sebastiao Camargo Filho.
VII. RECOMENDAGOES
126. Com fundamento na analise e nas conclusoes deste relatorio, a Comissao

Interamericana de Direitos Humanos recomenda ao Estado brasileiro:
1. realizar una investigagao completa, imparcial e efetiva dos fatos, com o

objetivo de estabelecer e punir a responsabilidade material e intelectual pelo assassinate de
Sebastiao Camargo Filho;
2. reparar plenamente os familiares de Sebastiao Camargo Filho, no aspecto tanto

moral quanto material, pelas violagoes de direitos humanos determinadas neste relatorio;
3. adotar em carater prioritario uma politica global de erradicagao da

violencia rural, que abranja medidas de prevengao e protegao de comunidades em risco e o
fortalecimento das medidas de protegao destinadas a lideres de movimentos que trabalham
pela distribuigao equitativa da propriedade rural;
4. adotar medidas efetivas destinadas ao desmantelamento dos grupos

ilegais armados que atuam nos conflitos relacionados com a distribuigao da terra;
5. adotar uma politica publica de combate a impunidade das violagoes de

direitos humanos das pessoas envolvidas em conflitos agrarios, que lutam por • uma
distribuigao equitativa da terra.
VIII. ATUAGOES POSTERIORES AO RELATORIO N° 4/06
127. Em 28 de fevereiro de 2006, durante o 124° periodo de sessoes, a CIDH

aprovou o Relatorio N° 4/06, conforme o artigo 50 da Convengao Americana, o qual foi
notificado ao Estado em 17 de abril de 2006, outorgando-lhe um prazo de dois meses para que
desse cumprimento as recomendagoes estabelecidas nesse relatorio.
http://www.cidh.oas.org/annualrep/2009port/BrasiM2310port.htm 20/28
#
• 23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 Sebastiao Camargo Fllho - Admissibilidade e Merito
128. Em 17 de abril de 2006, a CIDH informou aos peticionarios que havia

aprovado o Relatorio N° 4/06 e Ihes solicitou que num prazo de urn mes informassem sobre
sua posigao a respeito do envio do caso a Corte, a posigao da vitima e os fundamentos com
base nos quais consideravam que o caso devia ser encaminhado a Corte. Alem disso, Ihes
solicitou que remetessem durante o mesmo prazo os dados da vitima; a procuragao que os^^-----
credenciava na qualidade de representantes da vitima; prova disponivel adicional 'a *• - .
apresentada durante o tramite perante a Comissao; dados de testemunhos e peritos que^se-- •• v-,‘w \
pretendia oferecer a Corte; e as pretensdes em materia de reparagoes e custas.
129. Em 21 de junho de 2006, o Estado apresentou seu primeiro relatorio sobre\as-

medidas adotadas a fim de cumprir as recomendagoes constantes do Relatorio N° 4/06. Alehi.'^V^*--
disso, o Estado solicitou a CIDH uma prorrogagao para submeter informagao sobre as
recomendagoes 2 e 4 do referido relatorio de admissibilidade e merito, ja que estas eram
objeto de negociagao entre as partes e de estudos realizados por varies orgaos estatais
envolvidos em sua implementagao.
130. Em 26 de junho de 2006, os peticionarios se manifestaram a favor de que o

caso fosse enviado a Corte Interamericana e informaram os dados dos familiares da vitima.
Alem disso, tendo em conta que a comunicagao da CIDH havia sido recebida de forma tardia,
os peticionarios solicitaram uma prorrogagao de urn mes para apresentar seus fundamentos
sobre o envio do caso ao Tribunal, assim como outros dados e documentos requeridos pela
Comissao.
131. Em 5 de julho de 2006, a Comissao concedeu uma prorrogagao de 30 dias

para que o Estado brasileiro apresentasse resposta as recomendagoes 2 e 4 do Relatorio N°
4/06. Na mesma data, foi transmitida aos peticionarios uma copia da comunicagao do Estado
sobre o cumprimento das recomendagdes mencionadas.
132. Em 10 de julho de 2006, o Estado solicitou a Comissao uma ampliagao da

prorrogagao concedida, pelo periodo de quatro meses, a fim de que pudesse dar cumprimento
as recomendagoes constantes do Relatorio N° 4/06. O Estado assinalou seu entendimento
quanto a suspensao do prazo de tres meses previsto no artigo 51.1 da Convengao Americana.
133. Em 11 de julho de 2006, a CIDH concedeu a prorrogagao de quatro meses .

solicitada pelo Estado, para cumprir as recomendagoes do Relatorio N° 4/06. Alem disso, a
Comissao solicitou ao Estado que apresentasse seu relatorio final sobre o cumprimento das
recomendagoes ate 30 de outubro de 2006.
134. Em 27 de outubro de 2006, os peticionarios apresentaram um documento a

respeito de sua posigao sobre o envio do caso a Corte Interamericana, baseada, sobretudo, no
alegado descumprimento das recomendagoes do Relatorio N° 4/06; a posigao e dados dos
familiares da vitima; possiveis provas documentais, testemunhas e peritos para o caso; e sua
posigao quanto a reparagoes e custas. Alem disso, apresentaram os documentos que Ihes
outorgavam poderes na qualidade de representantes dos familiares da vitima. Essa
comunicagao foi complementada pelo oficio dos peticionarios de 6 de novembro de 2006, no
qual se indicou um perito adicional.
135. Em 1° de novembro de 2006, o Estado apresentou um relatorio sobre as

medidas adotadas a fim de cumprir as recomendagoes da CIDH. As partes pertinentes desse
relatorio foram transmitidas aos peticionarios em 14 de dezembro de 2006, dando-lhes o
prazo de um mes para apresentar suas observagoes a respeito.
136. Em 13 de novembro de 2006, o Estado solicitou nova prorrogagao, pelo

periodo de 6 meses, para o cumprimento das recomendagoes do Relatorio N° 4/06. Alem
disso, requereu a Comissao que intermediasse um possivel acordo com os peticionarios. O
Estado expressou seu entendimento de que, ante a eventual concessao de uma nova
prorrogagao, o prazo previsto no artigo 51.1 da Convengao Americana estaria suspenso.
137. Em 17 de novembro de 2006, a Comissao concedeu a prorrogagao de seis

meses solicitada pelo Estado e Ihe solicitou que apresentasse um relatorio sobre o
cumprimento das recomendagoes em 17 de janeiro de 2007. Alem disso, requereu que o
Estado assinalasse uma data para realizar uma reuniao de trabalho entre as partes, com a
participagao da CIDH. O proposito dessa reuniao seria o de discutir um possivel acordo a
respeito da reparagao aos familiares da vitima.
http://www.cidh.cas.org/annualrep/2009port/Brasil 123l0port.htm 21/28
. 23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 Sebastiao Camargo Filho- Admissibilidade e Merito
138. Em 1° de fevereiro de 2007, a Comissao convocou as partes do caso para

uma reuniao de trabalho, que foi realizada em 1° de margo de 2007, durante o 127° Periodp ” ^
Ordinario de Sessoes. 1
139. Em 7 de fevereiro de 2007, os peticionarios remeteram suas observagoes a

comunicagao do Estado de 1° de novembro de 2006, sobre o cumprimento das recomendagoes^ /
formuladas peia CIDH. Na mesma data, os peticionarios informaram que nao poderiam
comparecer a reuniao de trabalho convocada pela Comissao, ja que nao dispunham dos
recursos materials para cobrir os custos da viagem dos familiares da vitima e seus .
representantes. Alem disso, sugeriram que a reuniao de trabalho fosse levada a cabo no
Estado do Parana, ou no seguinte periodo de sessoes da CIDH.
140. Em 27 de fevereiro de 2007, os peticionarios manifestaram que uma

representante da organizagao Justiga Global poderia comparecer a reuniao de trabalho
convocada pela Comissao. Em 1° de margo de 2007 reaiizou-se a reuniao entre as partes a
fim de discutir um possivel acordo, Nessa reuniao o Estado se comprometeu a que em 20 de
margo de 2007 enviaria um calendario, com a concordancia dos peticionarios, sobre o
cumprimento das recomendagoes, incluindo uma data para realizar uma reuniao de
acompanhamento no Brasil.
141. Em 2 de maio de 2007, a Comissao solicitou as partes informagao sobre as

medidas acordadas durante a reuniao de trabalho realizada em 1° de margo de 2007, em
especial sobre o calendario de cumprimento das recomendagoes e as medidas adotadas nesse
sentido. Os peticionarios apresentaram informagao a esse respeito em 8 de maio de 2007. No
dia 11 de maio de 2007, a CIDH decidiu nao enviar o presente caso a Corte Interamericana,
tendo em conta questoes referentes a competencia temporal.
142. Em 18 de maio de 2007, o Estado forneceu copia da sentenga de Pronuncia

dos acusados pelo homicidio de Sebastiao Camargo e informou sobre o cumprimento da
recomendagao N° 1, relacionada com a investigagao dos fatos e sangao dos responsaveis pela
morte da vitima, e a recomendagao N° 2, sobre a reparagao dos familiares da vitima,
constantes do Reiatorio N° 4/06.
143. Em 30.de outubro de 2007, os peticionarios remeteram comunicagao sobre

novos fatos de violencia ocorridos nas zonas rurais do Estado do Parana, o que implicaria
descumprimento das recomendagoes da CIDH.
144. Em 8 de fevereiro de 2008, a Comissao solicitou as partes que

apresentassem informagao sobre o cumprimento das recomendagoes do Reiatorio N° 4/06,
dentro do prazo de um mes. Os peticionarios responderam a essa solicitagao em 11 de margo
de 2008. Por sua vez, em 19 de margo de 2008, o Estado solicitou uma prorrogagao de um
mes para apresentar a informagao requerida pela Comissao.
145. Em 26 de margo de 2008, a Comissao concedeu novo prazo para que o

Estado apresentasse informagao sobre o cumprimento das medidas constantes do reiatorio, o
qual venceria em 26 de abril de 2008.
146. Em 5 de maio de 2008, o Estado solicitou uma prorrogagao de 15 dias para

apresentar dados sobre o cumprimento das recomendagoes da Comissao. Essa prorrogagao foi
concedida ao Estado em 6 de maio de 2008. Ate a data, o Estado nao apresentou informagao a
esse respeito.
147. Em 18 de julho de 2008, a Comissao Interamericana aprovou o Reiatorio N°

33/08 - cujo texto e o que antecede - em conformidade com o artigo 51(1) da Convengao
Americana. Em 5 de agosto de 2008, a CIDH transmitiu o reiatorio ao Estado do Brasil e aos
peticionarios, em conformidade com o estipulado no artigo 51(2) da Convengao Americana, e
concedeu ao Estado o prazo de um mes para informar sobre o cumprimento das
recomendagoes indicadas supra (para. 126). O Estado apresentou informagao relativa ao
cumprimento das recomendagoes da CIDH no presente caso, em 8 de setembro e 19 de
setembro de 2008. Por sua vez, em 22 de outubro de 2008, os peticionarios apresentaram
informagao sobre as medidas adotadas a fim de cumprir as recomendagoes da Comissao
Interamericana.
/
ter' ■
, 23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 SebastiaoCamargo Filho- Admissibilidade e Merito

IX. ANALISE DO CUMPRIMENTO DAS RECOMENDAQOES
A. Realizagao de uma investigagao completa, imparcial e efetiva dos fatos, ^ \

com o objeto de estabeiecer e sancionar a responsabilidade material e ^
- ‘ Vi
intelectual do assassinato de Sebastiao Camargo Filho
148. Em 23 de outubro de 2005, a Juiza de Direito da Comarca de Nova Londri;na_

emitiu decisao de Pronuncia^-^ contra os reus Teissin Tina, Augusto Barbosa da Costa, Osnir-^
Sanches e Marcos Prochet. Os tres primeiros reus nao apeiaram da decisao, razao peia qual
poderiam ser levados a julgamento pelo Tribunal do Juri. Contudo, o promoter requereu que o
caso fosse transferido da jurisdigao de Nova Londrina para a jurisdigao de Curitiba, a fim de
garantir a imparcialidade dos jurados. Por sua vez, o reu Marcos Prochet recorreu da referida
decisao mediante recurso em sentido estrito. Adicionalmente, o Estado ressaltou que fora
promovida recentemente uma reforma do Codigo de Processo Penal brasileiro mediante a Lei
11.689, de 9 de junho de 2008, com o fim especial de dar maior celeridade ao procedimento
relative aos crimes de competencia do Tribunal do Juri. Isto nao obstante, a CIDH observa com
pesar que, de acordo com a informagao mais atualizada apresentada pelas partes, tanto o
pedido de transferencia do juizo como o recurso em sentido estrito, mencionados supra, estao
pendentes ate esta data.
B. Plena reparagao aos familiares de Sebastiao Camargo Filho, incluindo

tanto o aspecto moral como o material, pelas violagdes de direitos
humanos determinadas no relatorio.
149. Ate o momento, os familiares de Sebastiao Camargo Filho nao receberam

reparagao pelas violagoes de direitos humanos indicadas pela CIDH. A respeito, o Estado
afirmou que, apesar dos esforgos do Governo Federal, nao obtivera o compromisso do Estado
do Parana de pagar a indenizagao aos familiares da vitima. Por sua vez, o peticionarios
referiram-se as precarias condigoes de vida dos familiares de Sebastiao Camargo Filho e
destacaram que, conforme o artigo 28 da Convengao Americana, nao podia o governo federal
justificar o nao-cumprimento da presente recomendagao com base na falta de compromisso da
entidade federada de pagar o montante da indenizagao.
C. Adogao em carater prioritario de uma politica global de erradicagao da

violencia rural, que contempla medidas de prevengao e protegao
destinadas a lideres de movimentos que trabalham pela distribuigao
equitativa da propriedade rural
150. O Estado adotou uma serie de medidas em cumprimento a esta

recomendagao. Destaque-se a adogao de medidas tais como a criagao da Ouvidoria Agraria
Nacional (OAN), instituigao equivalente ao ombudsman, no ambito do Ministerio do
Desenvolvimento Agrario, que tern procurado facilitar a resolugao de conflitos no campo
mediante audiencias publicas, reunioes e interlocugoes com as partes afetadas, autoridades
estaduais competentes e membros da sociedade civil. Segundo o Estado, criaram-se mais de
dez ouvidorias agrarias locais em distintos estados, assim como programas de assistencia
social, jundica e tecnica a familias assentadas. Esses programas sao impiementados por
intermedio de organizagoes da sociedade civil, com financiamento do Estado. A OAN tambem
oferece o servigo telefonico gratuito Disque Terra e Paz, por meio do qual e possivel formular
denuncias sobre conflitos agrarios e obter informagao sobre questoes de terras em todo o
territorio brasileiro. No que se refere ao programa Paz no Campo, tambem coordenado pela
OAN, criou-se o escritorio de prevengao de tensao social, encarregado de supervisar e
diagnosticar politicas capazes de ser adotadas pelos distintos poderes do Estado, e de receber
denuncias sobre situagoes especificas. Informa o Estado que, em 2004 e 2005, a OAN atendeu
268.811 familias^^. Ademais, foi criada a Comissao de Combate a Violencia no Campo, cujo
proposito principal e a elaboragao do Plano Nacional de Combate a Violencia no Campo, e que
esta em fase de implementagao. O Estado informou que, entre 2001 e 2005, registraram-se
414 homicidios como resultado da violencia no campo. O numero de casos estaria em queda
apos a adogao dessas medidas. Tambem foi apresentada informagao sobre o Plano de Combate
a Violencia na Zona Rural do Parana elaborado pela OAN, as politicas estaduais sobre este tema
e os dados sobre a reforma agraria realizada nesse estado da Federagao. Finalmente, o Estado
mencionou o langamento, em 2004, do Programa Nacional de Protegao aos Defensores dos
Direitos Humanos, que ja foi implementado mediante convenios com os estados do Para,
Pernambuco e Espirito Santo. O Estado disse tambem que espera para fins de 2008 a
conclusao da implementagao do programa nos estados do Parana e Mato Grosso.
#
23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 SebastiaoCamargo Filho- Admissibiiidadee Merito
151. Por outro lado, os peticionarios sustentaram que o tema da violencia no

campo, sobretudo no Parana, continua a ser um fator de muita preocupagao. Assinalaram
que, em 2006, ocorreram no Parana 33 casos de agressao, uma ameaga de morte, duas
intimidagoes, quatro mortes em consequencia de conflitos no campo, 55 detengoes, tres
tentativas de homicidio e tres casos de tortura. 72
D. Adogao de medidas efetivas destinadas a desmantelar os grupos armados
ilegais que atuam nos conflitos relacionados com a distribuigao da terra
f !
152. No cumprimento desta obrigagao, o Estado mencionou algumas medidas

adotadas a fim de combater os grupos armados ilegais que atuam em conflitos agrarios:
especificamente, as operagoes realizadas peia Pollcia Federal de desmantelamento desses
grupos armados, denominadas Paz no Campo, Faroeste, Margo Branco, Tentaculos e Terra
Limpa. Os peticionarios, por sua vez, deram conta do prosseguimento da ofensiva de grupos
armados ilegais no Parana. Segundo dados da Comissao Pastoral da Terra, o Estado do
Parana ocupa o terceiro lugar entre as unidades federativas em materia de numero de
famtlias vitimas das agoes das milfcias armadas.
E. Adogao de uma politica publica de luta contra a impunidade das violagdes

aos direitos humanos das pessoas envoividas em conflitos agrarios e que
lutam por uma distribuigao equitativa da terra.
153. O Estado argumenta que adotou medidas integrals para combater a

violencia, incluidas no Plano Nacional de Combate a Violencia no Campo, que esta em fase de
implementagao, tais como a criagao de juizados, promotorias e delegacias de policia
especializadas em conflitos agrarios. A respeito, os peticionarios alegaram que a criagao de
juizados e promotorias agrarias nao e suficiente para combater a impunidade das violagdes dos
direitos humanos relacionadas com os conflitos no campo. Ressaltaram, ademais, que a
parcialidade do Poder Judiciario a fator determinante na continuidade da violencia, devido a
falta de investigagao e sangao dos responsaveis por assassinates.
X. RUBLE CA£AO
154. A CIDH reconhece que o Estado brasileiro adotou uma serie de medidas para
combater a violencia rural. Nao obstante, a Comissao Interamericana deve assinalar que a
violencia rural nao diminuiu significativamente no Brasil, como tambem nao diminuiu a
impunidade das violagdes aos direitos humanos das pessoas que participam destes conflitos.
As politicas governamentais para erradicar a violencia rural tambem nao tern sido
suficientemente eficazes para center os grupos armados ilegais envolvidos em conflitos
ligados a distribuigao de terra.
155. Por outro lado, a Comissao Interamericana ressalta que decorreram mais de
dez anos desde o homicidio de Sebastiao Camargo Filho, sem que o Estado haja efetuado uma
investigagao diiigente para identificar, processar e julgar os responsaveis por esse crime. Ate
o momento, nao existe decisao definitiva no contexto do processo penal relacionado com o
homicidio da vitima e, conforme a informagao proporcionada pelas partes, nenhum dos reus
foi levado a juigamento perante o Tribunal do Juri. Ademais, a CIDH observa que os
familiares de Sebastiao Camargo Filho nao foram reparados, nem moral nem materialmente,
pelas violagdes de direitos humanos determinadas no presente relatorio.
156. Em conclusao, a Comissao Interamericana reitera que o Estado brasileiro nao

cumpriu sua obrigagao de garantir o direito a vida de Sebastiao Camargo Filho, prevista no
artigo 4 da Convengao Americana, ao nao prevenir a morte da vitima, apesar de conhecer o
risco iminente que corriam os trabalhadores assentados nas fazendas Boa Sorte e Santo
Angelo, e ao deixar de investigar devidamente os fatos e sancionar os responsaveis. Alem
disso, a CIDH reitera que o Estado brasileiro e responsave! pela violagao da garantias judiciais
e a protegao judicial, em conformidade com os artigos 8 e 25 da Convengao Americana, pela
falta de devida diligencia no processo de investigagao e coleta de evidencia, sem a qua! os
processes judiciais nao podem ser levados adiante. Finalmente, a Comissao Interamericana
reitera que o Estado nao cumpriu a obrigagao geral estabeiecida no artigo 1(1) do mesmo
instrumento.
157. Em virtude das consideragoes que antecedem e do disposto no artigo 51(3)
http://www.cidh.oas.org/annualrep/2009port/Brasii12310port.htm 24/28
... 23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 SebastiaoCamargo Filho- Admissibilidadee Merito
da Convengao Americana, a CIDH decide reiterar as recomendagoes contidas no paragrafo 126

supra e decide dar publicidade a este reiatorio e indui-lo no seu Relatorio Anual a Assembleia ,
Geral da OEA. A CIDH, no cumprimento do seu mandate, continuara a avaliar as medidas
adotadas peto Estado do Brasil, ate que as recomendagoes hajam sido totaimente cumpridas.
Dado e assinado na cidade de Washington, D.C., aos 19 dias do mes de margo de 2009.
(Assinado): Luz Patricia Mejia Guerrero, President; Victor E. Abramovich, Primeiro Vice-.^^***^.
Presidente; Sir Clare K. Roberts, Florentin Melendez, Paolo G. Carozza, Membros da Comissaq/^ u*V
/ oCrkvCOAD
I
Fis. 7?
V
/
Rujiica ./
i1! O comissario Paulo Sergio Pinheiro, de nacionalidade brasileira, nao participou das deliberagoes e da votagao-
sobre este relatorio, em conformidade com o artigo 17.2.a^. do Regulamento da Comissao. Alem disso, o comissario Felloe
Gonzalez nao participou das deliberagoes e da votagao sobre este relatorio, em conformidade com o artigo 17.2.b. do
Regulamento da Comissao.
£21 A Constituigao Brasileira dispoe em seu artigo 184 que:
Compete a Uniao desapropriar por interesse social, para fins de reforma agraria, o imovel rural que nao esteja
cumprindo sua fungao social, mediante previa e justa indenizagao em titulos da divida agraria, com clausula de
preservagao do valor real, resgataveis no prazo de ate vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissao, e cuja
utilizagao sera definida em lei.
131 A Uniao Democratica Ruralista (UDR) se autodefine como "uma entidade de classe que se destina a reunir
ruralistas e tern como principio fundamental a preservagao do direito de propriedade e a manutengao da ordem e respeito as
leis do Pais. A entidade teve sua primeira sede regional, fundada em 1985, na cidade de Presidente Prudente - SP, e
posteriormente no ano 1986, na cidade de Goiania, GO foi fundada a primeira UDR Nacional, com sede em Brasilia - DF".
De acordo com sua pagina eletronica, a associagao foi criada porque "os proprietarios rurais sentiram a necessidade de se
mobilizarem para pressionarem o Congresso Nacional. Na epoca, a ala da esquerda da recem nascida "Nova Republica"
queria acabar com o direito de propriedade e os ruralistas decidiram reagir". Cf. http://www.udr.org.br/
^ Ministerio Publico do Estado do Parana, Promotora de Justiga da Comarca de Nova Londrina, resolugao de 9 de
agosto de 2000.
151 0 Estado se absteve de apresentar suas observagoes no decorrer desse procedimento, com relagao as questoes
de admissibilidade e merito, apesar das reiteradas solicitagoes da Comissao. 0 unico documento do Estado foi apresentado
na audiencia sobre o caso realizada no 118° Periodo Ordinario de Sessoes da Comissao, em 14 de outubro de 2003, ou seja,
tres anos e tres meses apos o primeiro traslado efetuado pela Comissao.
mi Corte Interamericana de Direitos Humanos, Caso Velasquez Rodriguez, Excegoes Preliminares, Sentenga de 26
de junho de 1987, par. 88
121 CIDH, Relatorio n° -38/02 (Admissibilidade), Petigao 12.237, Damiao Ximenes Lopes contra o Brasil, 9 de
outubro de 2002, para. 23.
miCf. ONU, Comissao de Direitos Humanos, Relatorio apresentado pelo Relator Especial sobre habitagao
adequada, como parte do direito a um padrao de vida adequado, Miloon Kothari, Missao ao Brasil Doc.
E/CN.4/2005/48/Add.3; 18 de fevereiro de 2004, par. -37 e seguintes.
lil CIDH, Relatorio sobre a Situagao dos Direitos Humanos no Brasil, OEA/Ser.L/V/II.97, Doc. 29 rev.l, 29 de
setembro de 1997, Capitulo VII; A propriedade de terras rurais e os direitos humanos dos trabalhadores rurais.
1101 Dados da Comissao Pastoral da Terra, citados por Bernardo Mancano Fernandes no artigo "Brasil: 500 anos de
luta pela terra", disponivel na pagina oficial do Institute Nacional de Colonizagao e Reforma Agraria_(.INCRA),
http://www.incra.gov, br/_htm/serveinf/_htm/pubs/pubs.htm.
mi Cf. Milicias Privadas: Estrategias para impedir a reforma agraria em defesa do latifundio. Relatorio da Terra
de Direitos, organizagao de defesa dos direitos humanos.
mi A esse respeito, ver os casos sobre defensores de direitos humanos de trabalhadores rurais compilados nos
relatorios: "Na Linha de Frente: Defensores de Direitos Humanos no Brasil. 1997-2001", Front Line & Justiga Global; e "Na
Linha de Frente: Defensores de Direitos Humanos no Brasil. 2002-2005", Justiga Global e Terra de Direitos (coordenadores).
mi ONU, Comissao de Direitos Humanos, Relatorio especial sobre a missao ao Brasil da Relatora Especial sobre
Execugoes Extrajudiciais, Sumarias ou Arbitrarias, Asma Jahanguir, Doc. E/CN.4/2004/7/Add.3, pagina 18 (tradugao nao
oficial).
1141 ONU, Comissao de Direitos Humanos, Relatbrio especial sobre a missao ao Brasil do Relator Especial sobre a
Independencia dos Magistrados e Advogados, Leandro Despouy, Doc. E/CN.4/2005/60/Add.3, pagina 13.
mi CIDH, Relatorio n° 24/98 (Merito), Caso 11.287, Joao Canute de Oliveira (Brasil), 7 de abril de 1998.
nei CIDH, Relatorio n° 32/04 (Merito), Caso 11.556, Corumbiara (Brasil), 11 de margo de 2004.
UZ1 O proprietario de uma das fazendas declarou perante os tribunals internes que
chegando ao local havia cerca de sessenta vefculos, entre caminhoes e automoveis; que entao se dirigiram ate a
Fazenda Santo Angelo [...] 1
Departamento da Policia Civil do Estado do Parana, Auto de Qualificagao, vida pregressa e interrogatorio de Teissin Tina, 16
de fevereiro de 1998.
i’+
.. 23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 Sebastiao Camargo Fifho- Admissibilidade e Merito
U81 Cf. Depoimentos de Adalberto Klos, Ademar Sakser, Ilvo Scwinn, Joaquim Gongalves da Silva e Antonia Di'H
Engster, no expediente do inquerito policial n° 002/98. 1 *Jl. .ra/ocad
1191 Uma das pessoas apontadas como membra do grupd de pistoleiros relatou na investigaâo judicial:
"Que naquela oportunidade os outros receberam armas, mas o interrogado nao; que numa primeira fazenda,\que_^_tl___
nao recorda o nome, foi retirado todo mundo, as 05:00 boras sem nenhum incidents; que dai foram para.a
segunda fazenda por volta dos 07:00 boras da manha; que todas as pessoas foram retiradas do local, sern**-—.
problema nenhum, que depois aconteceu esse acidente; que houve disparo de uma arma que atingiu o senhor
Sebastiao; [...] que Osnir distribuiu doze armas para as pessoas que participaram da desocupagao."
Poder Judiciario, Segunda Vara Criminal, Paranavai, Parana, Termo de Interrogatorio, interrogado: Augusto
Barbosa da Costa, 8 de maio de 2001.
1201
Uma das pessoas investigadas nos fatos, por haver contratado os pistoleiros e haver participado da
desocupagao, salientou em sua declaragao perante a Delegacia Policial:
"Que chegaram na fazenda; no clarear do dia e logo comegou o tiroteio para intimidar os invasores da fazenda;
que os tiros eram dados para o alto; que no corre-corre foram efetuados varies disparos havendo noticia que havia
uma pessoa ferida [...] que o interrogado nao estava encapuzado e nem armado; que os outros estavam
encapuzados e trajando camisetas pretas por ordem de Tarcizio, que as armas foram distribuidas no trevo de Nova
Londrina e o interrogado nao tem conhecirriento da procedencia''
Poder Judiciario, Segunda Vara Criminal, Paranavai, Parana, Termo de Interrogatorio, interrogado: Osnir Sanches,
8 de maio de 2001.
1211 Cf. Laudo de Exame de Necropsia de Sebastiao Camargo Filho, realizada em 7 de fevereiro de 1998.
021 Departamento da Policia Civil do Estado do Parana, assentada de Vaidisa Simao, escrituraria do Hospital
Santa Teresinha, 20 de fevereiro de 1998. Cf. tambem o depoimento de Osnir Sanches perante o Poder Judiciario, Segunda
Vara Criminal Paranavai- PR, Termo de interrogatorio CP. n.° 171/2000, 8 de maio de 2001, onde confessa que ajudou a
algar o corpo de Sebastiao ate o veiculo.
OH Cf. "Atas de recibo de entrega de arma", constantes das folhas 10-20 do processo criminal 52/00 conduzido
pelo Juizado da Vara Criminal da Comarca de Nova Londrina.
—I'Em seu depoimento, Augusto Femeira, proprietario da fazenda Agua da Prata, declarou por sua vez que as
armas encontradas em sua propriedade pertenciam a firma DEPROPAR. Cf. Relatorio de conclusao do inquerito policial n.°
002/98, assinado pelo Delegado de Policia Jairo dos Santos, em 5 de maio de 2000, p. 8.
OH No relatorio conclusive da investigagao policial, declara-se que "Sandro Gomes Guarezi, acampado da Faz.
Boa Sorte, declarou a fls. 106, que fazia guarda da porteira da fazenda, quando chegou urn caminhao cheio de encapuzados,
armados com espingarda cal. 12, sendo agredido com coronhadas, tendo visto Marcos Prochet, que nao estava encapuzado,
mas depois este colocou urn capuz". Os depoimentos de Antonia Franca, Eloi Citadalla, Joao Otaviano dos Santos, Joaquim
Gongalves da Silva, Aparecido Jose Batista e Gilson Alcantara sao coincidentes com este depoimento. Cf. Relatorio de
conclusao do inquerito policial n.° 002/98, assinado pelo Delegado de Policia Jairo dos Santos, em 5 de maio de 2000.
F261
Poder Judiciario do Estado do Parana, Pedido de revogagao de prisao preventiva n. 11/98, assinado por
Rosicler Maria Miguel, Juiza de Direito, em 2 de abril de 1998.
[271
Resolugao do Ministerio Publico, assinada pela Promotora de Justiga Lucimara Salles Ferro, Autos n.° 036/98,
Nova Londrina, 29 de agosto de 2000.
[281
Corte IDH, Caso Paniagua Morales, Sentenga de merito, de 8 de margo de 1998, par. 91.
[291
Corte IDH, Caso 19 Comerciantes, Sentenga de 5 de julho de 2004. Serie C, n° 109, par. 153.
[30] Corte IDH, Caso do “Massacre de Mapinpan". Sentenga de 15 de setembro de 2005. Serie C, n° 134, par.
232.
L311 Corte IDH, Caso do “Massacre de Pueblo Bello". Sentenga de 31 de Janeiro de 2006, par. 120. (Tradugao livre
do espanhol).
[321
Corte IDH, Caso do “Massacre de Mapiripan". Sentenga de 15 de setembro de 2005. Serie C, n° 134, par. ,
111. (Tradugao livre do espanhol).
1331 Corte IDH, Caso do "Massacre de Pueblo Bello". Sentenga de 31 de Janeiro de 2006, par. 123. (Tradugao livre
do espanhol).
[341
Cf. European Court of Human Rights, Kilig v. Turkey, judgment of 28 March 2000, Application No. 22492/93,
paras. 62 and 63; Osman v. the United Kingdom, judgment of 28 October 1998, Reports of Judgments and Decisions 1998-
VIII , paras. 115 and 116. Tradugao da Secretaria da Corte Interamericana de Direitos Humanos, Cf. Corte IDH, Caso do
"Massacre de Pueblo Bello". Sentenga de 31 de Janeiro de 2006, par. 124, citagao de pe de peigina 203.
F351 CIDH, Relatorio n° 54/01 (Merito), Caso 12.051, Maria da Penha Maia Fernandes contra o Brasil, 16 de abril
de 2001, par. 54. (Tradugao livre do espanhol)'.
[361 .. Emogao e revolta no enterro do sem-terra". Jomal Estado do Parana, 12 de fevereiro de 1998; "MST reage a
ataque com invasao no PR", Folha de Sao Paulo, 9 de fevereiro de 1998.
1321» PM sabia sobre recrutamento", Folha de Sao Paulo, 10 de fevereiro de 1998.
[361 „ Noroeste prepara-se contra invasoes", Gazeta do Parana, 23 de Janeiro de 1998.
[391 Poder Judiciario, Segunda Vara Criminal, Paranavai, Parana, Assentada, testemunho de Eduardo Mady
Barbosa, Delegado de Policia Civil, 30 de Janeiro de 2003.
/
/ DPF
. 23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 SebastiaoCamargo Filho- Admissibilidade e Merito /SERA/COAD
A Comissao Interamericana ja havia constatado a responsabilidade do Brasil pela falta de adogao de medidS^‘< 5T
de protegao de pessoas ameagadas. Cf. CIDH, Relatorio n° 24/98 (Merito), Caso 11.287, Joao Canute de Oliveira (Brasil)-; 7
de abril de 1998. —
£411
Corte I.D.H. Caso Juan Humberto Sanchez, Sentehga de 7 de junho de 2003. Serie C, n°. 99, par. 134,. Ver
tambem CIDH, Resolugao 1/03 sobre Julgamento de Crimes Internacionais, 24 de outubro de 2003, em CIDH, Relatorio
Anual da Comissao Interamericana de Direitos Humanos 2003, 29 de dezembro de 2002, Anexo I.
1421
Corte I.D.H. Caso Trujillo Oroza, Reparagoes, (art. 63.1 da Convengao Americana sobre Direitos Humanos).
Sent'enga de 27 de fevereiro de 2002. Serie C, n° 92, par. 99-101 e 109; e Caso Bamaca Velasquez. Reparagoes, (art. 63.1
da Convengao Americana sobre Direitos Humanos). Sentenga de 22 de fevereiro de 2002. Serie C, n° 91, par. 74-77.
£431
Corte I.D.H., Caso dos Irmaos Gomez Paquiyauri contra o Peru, Sentenga de 8 de julho de 2004. Serie C, n°
110, par. 132; Caso Myrna Mack Chang, Sentenga de 25 de novembro de 2003. Serie C, n0 101, par. 156.
£441
Departamento da Poiicia Civil do Estado do Parana,.auto de qualificagao, vida pregressa e interrogatbrio de
Teissin Tina, 16 de fevereiro de 1998.
£451 Poder Judiciario, Estado do Parana, termo de interrogatbrio, Teissin Tina, 8 de dezembro de 2000.
£461 Poder Judiciario, Estado do Parana, testemunha (acusagao), Napoleao Augusto Chiamulera, 12 de margo de
2003.
£421« Advogado de fazendeiros acusa prefeito", Estado do Parana, 12 de fevereiro de 1998. Constante a fls. 553 do
expediente interno.
[481
Outro indicio de suposta participagao de autoridades estatais que nao foi seriamente investigado deduz-se de
uma declaragao constante do processo que salienta
Que alem das pessoas citadas, reconheceu tambem no local do conflito os proprietarios, digo, o proprietario da
Fazenda Santo Angelo e o proprietario da Fazenda Boa Sorte, bem como uma pessoa que declara ser policial, pois vestia
uma camisa com emblema da Poiicia por debaixo de uma camisa preta; que essa pessoa propositadamente puxava a
camisa preta para que os outros vissem que o mesmo era Policial Militar.
Departamento da Poiicia Civil do Estado do Parana, Termo de declaragao de Sandro Gomes Guarez, 17 de fevereiro
de 1998.
[491
Termo de declaragao, prestado por Antonia Franca em 17 de fevereiro de 1998 ante o Departamento da
Poiicia Civil do Estado do Parana.
[501
Departamento da Poiicia Civil do Estado do Parana, Termo de declaragao de Edson Luiz Zanini, 10 de
fevereiro de 1998.
mi Departamento da Poiicia Civil do Estado do Parana, Termo de declaragao de Jorge Pires da Fonseca, 19 de
fevereiro de 1998.
£521 Relatorio de conclusao do inquerito policial n.° 002/98, assinado pelo Delegado de Poiicia Jairq dos Santos,
em 5 de maio de 2000, p, 10.
mi Departamento da Poiicia Civil do Estado do Parana, Assentada de Jose Alvacir Borges, Policial Militar
Rodoviario, 23 de abril de 1999.
mi Corte Europeia, Caso McCann e outros contra o Reino Unido (1995), Serie A, n° 324, paragrafo 146 (citagoes
omitidas).
[551
Id., paragrafo 161.
[561
Comite de Direitos Humanos das Nagoes Unidas, Bautista contra a Colombia, Decisao de 27 de outubro de
1995, paragrafo 8.6; Ver CIDH, Relatbrios 28/92 (Argentina), Herrera e outros; e 29/92 (Uruguai), De los Santos Mendoza e
outros, em Relatorio Anual da CIDH 1992-1993, 12 de margo de 1993, p. 35, 154.
£571
[581
Corte IDH, Caso Loayza Tamayo, Sentenga de reparagoes de 27 de novembro de 1998, par. 169; Casos
Velasquez Rodriguez, Fairen Garbi e Soils Corrales e Godinez Cruz, Excegoes Preliminares, par. 91, 90 e 93,
respectivamente.
[591
[601
Corte I.D.H., Caso Viilagran Morales e outros (Caso dos "Meninos de rua"”). Sentenga de 19 de novembro de
1999. Serie C, n° 63; par. 228.
[611 CIDH, Retatbrio Anual 1997, Relatorio 55/97, Caso 11.137 (Juan Carlos Abella e outros), Argentina, par. 412.
Sobre o mesmo tema, cl.: CIDH, Relatorio Anual 1997, Relatorio 52/97, Caso 11.218 (Arges Sequeira Mangas), Nicaragua,
par. 96 e 97.
[621 Inter alia, CIDH, Relatorio n° 10/95, Caso 10.580, Manuel Stalin Bolahos, Equador, Relatorio Anual da CIDH
1995, OEA/Ser.L/V/II.91, Doc. 7, rev. 3, 3 de abril de 1996, par. 32 a 34; Relatorio n° 55/97, caso 11.137, Juan Carlos
Abella e outros, Argentina, par. 413 a 424; e Relatorio n° 48/97, Caso 11.411, "Ejido Morelia", Mexico, Relatorio Anual da
CIDH, 1997, OEA/Ser.L/V/II.98, Doc. 7, rev., 13 de abril de 1996. par. 109 a 112.
[631 ONU, documento ST/CSDHA/12.
[641
Ministerio Publico do Estado do Parana, Autos de Inquerito Policial sob n.° 36/98, oficio emitido por Lucimara
Salles, Promotora de Justiga, em 8 de setembro de 1999.
http://www.cidh.oas.org/annualrep/2009port/Brasii12310port.htm 27/28
:-
23/10/2015 Brasil - Caso 12.310 SebastiaoCamargo Filho- Admissibilidadee Merito .
r 65i
Departamento da Policia Civil do Estado do Parana, Institute de Criminalistica, oficio assinado por Hello
Marineli Franco e Rosaline P.F. Martins ao Juiz de Direito da Comarca de Nova Londrina, em 24 de novembro de 1999. |')pp 'V
Poder Judiciario, Estado do Parana, Conclusao de Federico Mendes Junior, Juiz de Direito, 1° de setembro deSbRA/COAD
2000, Autos n.52/00, de processo crime. j! Q,
1671 . i ^-----*'~
Um jornal local noticiou a circular nos seguintes termos: y’
"Nota distribuida pela DDR Regional do Noroeste diz que a desocupagao foi realizada por um grupo de produtores~‘^^v^T^^—
rurais da regiao, revoltados com a situagao dos proprietarios das fazendas Boa Sorte e Santo Angelo".
"UDR diz que agao foi organizada por produtores rurais", Folha de Londrina, 10 de fevereiro de 1998.
1681 Nos crimes de competencia do Tribunal do Juri, apos a instrugao processual deve o juiz analisar o acervo
probatorio existente no processo penal a fim de verificar a possibilidade de demonstrar a provavel existencia de crime doloso
contra a vida, bem como da respectiva e suposta autoria. Em consequencia, o magistrado elabora decisao de Pronuncia, na
qual afirma a existencia de provas indicativas da materialidade e autoria do crime, e determina o dispositive legal em cuja
sangao entenda haver incidido o reu. Sobre a pronuncia, ver o artigo 413 do Codigo de Processo Penal brasileiro.
IM Informa-se tambem sobre um programa de capacitagao de mediadores, que preparou 240 pessoas em distintas
zonas, e sobre o programa de assistencia social, tecnica e juridica as familias acampadas.
DPF
'SERA/COAD
V"
CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS RuMsa-
CASO GARIBALDI VS. BRASIL
SENTENCA DE 23 DE SETEMBRO DE 2009
(Excegoes Preliminares, Merito, Reparagoes e Custas)
No caso Garibaldi,
a Corte Interamericana de Direitos Humanos (doravante "a Corte Interamericana", "a

Corte" ou "o Tribunal"), integrada pelos seguintes juizes:
Cecilia Medina Quiroga, Presidenta;

Diego Garcia-Sayan, Vice-presidente;
Sergio Garcia Ramirez, Juiz;
Manuel E. Ventura Robles, Juiz;
Leonardo A. Franco, Juiz;
Margarette May Macaulay, Juiza;
Rhadys Abreu 6londet, Juiza; e
Roberto de Figueiredo Caldas, Juiz ad hoc;
presentes, ademais,
• Pablo Saavedra Alessandri, Secretario, e

Emilia Segares Rodriguez, Secretaria Adjunta,
conforme os artigos 62.3 e 63.1 da Convengao Americana sobre Direitos Humanos

(doravante "a Convengao Americana" ou ''a Convengao") e com os artigos 29, 31, 37.6,
56 e 58 do Regulamento da Corte1 (doravante "o Regulamento"), emite a presente
Sentenga,
I
INTRODUCAO DA CAUSA E OBJETO DA CONTROVERSIA
1. Em 24 de dezembro de 2007, conforme disposto nos artigos 51 e 61 da

Convengao Americana, a Comissao Interamericana de Direitos Humanos (doravante "a
Comissao Interamericana" ou "a Comissao") submeteu a Corte uma demanda contra a
Republica Federative do Brasil (doravante "o Estado", "o Brasil" ou "a Uniao"), a qual se
originou da petigao apresentada em 6 de maio de 2003 pelas organizagoes Justiga
Global, Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (RENAP) e Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em nome de Setimo Garibaldi (doravante
denominado tambem "senhor Garibaldi") e seus familiares. Em 27 de margo de 2007, a
Comissao emitiu o Relatorio de. Admissibilidade e Merito No. 13/07 (doravante tambem
"o Relatorio No. 13/07"), nos termos do artigo 50 da Convengao, o qual continha
determinadas recomendagoes para o Estado. Esse relatorio foi notificado ao Brasil em 24
de maio de 2007, sendo-lhe concedido um prazo de dois meses para comunicar as agoes
empreendidas com o proposito de implementar as recomendagoes da Comissao. Apesar
1 De acordo com o artigo 72.2 do Regulamento da Corte Interamericana vigente, cujas ultimas reformas
entraram em vigor a partir de 24 de margo de 2009, "[o]s casos em curso continuarao tramitando conforme
este Regulamento, com a excegao de aqueles casos em que se tenha convocado a audiencia no momento de
entrada em vigor do presente Regulamento, os quais seguirao tramitando conforme as disposigSes' do
Regulamento anterior". Desse modo, o Regulamento da Corte mencionado na presente Sentenga corresponde
ao instrumento aprovado pelo Tribunal em seu XLIX Periodo Ordinario de Sessoes, realizado de 16 a 25 de
novembro de 2000, e reformado parcialmente pela Corte em seu LXI Periodo Ordinario de Sessoes, celebrado
de 20 de novembro a 4 de dezembro de 2003.
1
2
I
\
de uma prorrogagao concedida ao Estado, os prazos para que apresentasse informagao : ‘"a
sobre o cumprimento das recomendagoes transcorreram "sem que a Comissao recebesse
qualquer informagao". Diante da falta de implementagao satisfatoria das recomendagoes
contidas no Relatorio de Admissibilidade e Merito No. 13/07, a Comissao decidiu
submeter o caso a jurisdigao da Corte, considerando que o presente caso representava
uma oportunidade importante para o desenvolvimento da jurisprudencia interamericana
sobre os deveres de investigagao penal do Estado diante das execugoes extrajudiciais,
para a aplicagao de normas e principios de direito internacional e os efeitos do seu
descumprimento a respeito da regularidade do processo penal, assim como a
necessidade de combate a impunidade. A Comissao designou como delegados os
senhores Clare K. Roberts, Comissionado, e Santiago A. Canton, Secretario Executive, e
como assessoras legais as senhoras Elizabeth Abi-Mershed, Secretaria Executive Adjunta,
e Lilly Ching e Andrea Repetto, advogadas.
2. Segundo a Comissao, a demanda se refere a aiegada "responsabilidade [do

Estado] decorrente do descumprimento [da] obrigagao de investigar e punir o homicidio
do Senhor Setimo Garibaldi, ocorrido em 27 de novembro de 1998; [durante] uma
operagao extrajudicial de despejo das familias de trabalhadores sem terra, que
ocupavam uma fazenda no Municipio de Querencia do Norte, Estado do Parana7'..
3. Na demanda, a Comissao solicitou a Corte declarar que, em atengao a sua

' competencia temporal, o Estado e responsave! pela violagao dos artigos 8 (Garantias
Judiciais) e 25 (Protegao Judicial) da Convengao Americana, com relagao a obrigagao
geral de respeito e garantia dos direitos humanos e ao dever de adotar medidas
legislativas e de outro carater no ambito interne, previstos, respectivamente, nos artigos
1.1 e 2 do referido tratado, tambem em consideragao as diretrizes emergentes da
clausula federal contida no artigo 28 do mesmo instrumento, em prejuizo de Iracema
Cioato Garibaldi, viuva de Setimo Garibaldi, e seus seis filhos. A Comissao solicitou a
Corte que ordene ao Estado a adogao de determinadas medidas de reparagao.
4. Em 11 de abril de 2008, as organizagoes Justiga Global, RENAP, Terra de Direitos,

Comissao Pastoral da Terra (CPT) e MST (doravante denominados "representantes")
apresentaram seu escrito de petigoes, argumentos e provas (doravante denominado
"escrito de petigoes e argumentos"), nos termos do artigo 23 do Regulamento. No
referido escrito, solicitaram. ao Tribunal que declare a violagao dos direitos a vida e a
integridade pessoal, em prejuizo de Setimo Garibaldi, e as garantias judiciais e a
protegao judicial, em prejuizo de Iracema Garibaldi e de seus seis filhos, previstos,
respectivamente, nos artigos 4, 5, 8 e 25 da Convengao, todos estes em relagao aos
artigos 1.1, 2 e 28 do referido tratado. Em consequencia, requereram a Corte que ordene
diversas medidas de reparagao. Iracema Garibaldi, Darsonia Garibaldi Guiotti, Itamar
Jose Garibaldi, Itacir Caetano Garibaldi e Vanderlei Garibaldi, mediante procuragao
outorgada em 10 de julho de 2007, designaram como suas representantes legais as
advogadas da Justiga Global, senhoras Andressa Caldas, Luciana Silva Garcia, Renata
Veronica Cortes de Lira e Tamara Melo.
5. Em 11 de julho de 2008, o Estado apresentou um escrito no qual interpos quatro

excegoes preliminares, contestou a demanda e formulou observagoes sobre o escrito de
petigoes e argumentos (doravante denominado "contestagao da demanda"). O Estado
solicitou que a Corte considere fundadas as excegoes preliminares e, em consequencia: i)
reconhega a incompetencia ratione temporis para examinar supostas violagSes ocorridas
antes do reconhecimento da jurisdigao contenciosa da Corte peio Brasil; ii) nao admita,
por extemporaneo, o escrito de petigoes e argumentos dos representantes; iii) exclua da
analise do merito o suposto descumprimento do artigo 28 da Convengao; e iv) declare-se
incompetente em razao da falta de esgotamento dos recursos internes.
Subsidiariamente, a respeito do merito, o Brasil alegou que "nao ha nada que indique
que os procedimentos de investigagao tenham sido conduzidos de forma que nao
corresponda aos parametros estabelecidos pelos [artigos] 8 e 25 da Convengao", razao
pela qual nao deve ser imputada ao Estado sua violagao. Da mesma maneira, solicitou a
4
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Corte que tampouco declare que o Brasil descumpriu os artigos 2 e 28 da Convengao --------
Americana. O Estado designou o senhor Hildebrando Tadeu Nascimento Valadares como
agente e as senhoras Marcia Maria Adorno Cavalcanti Ramos, Camila Serrano Giunchetti,
Bartira Meira Ramos Nagado e Cristina Timponi Cambiaghi como agentes assistentes.
6. Consoante previsto no artigo 37.4 do Regulamento, em 24 e 27 de agosto de

2008, a Comissao e os representantes apresentaram suas alegagoes sobre as excegoes
preliminares opostas pelo Estado, respectivamente.
II
PROCEDIMENTO PERANTE A CORTE
7. A demanda da Comissao foi notificada ao Estado e aos representantes em 11 de

fevereiro de 20082. Durante o processo perante este Tribunal, alem da apresentagao dos
escritos principais (supra pars. 1, 4 e 5), entre outros remetidos pelas partes, a
Presidenta da Corte (doravante "a Presidenta") ordenou, mediante resolugao de 20 de
novembro de 2008, o recebimento, atraves de declaragoes rendidas perante um agente
dotado de fe publica (affidavit), as declaragoes de quatro testemunhas, propostas pela
Comissao, pelos representantes e pelo Estado, assim como o parecer de um perito
oferecido pelos representantes3, sobre os quais as partes tiveram oportunidade de
apresentar suas observagoes. Ademais, considerando as circunstancias particulares do
caso, a Presidenta convocou a Comissao, os representantes e o Estado a uma audiencia
publica para escutar os depoimentos de duas testemunhas, uma oferecida pela
Comissao e outra pelo Estado; as declaragoes dos dois peritos, um oferecido pela
Comissao e outro pelo Estado, assim como as alegagoes finals orais das partes sobre as
excegoes preliminares e os eventuais merito, reparagoes e custas4.
8. A audiencia publica foi realizada nos dias 29 e 30 de abril de 2009, durante o

XXXIX Penodo Extraordinario de Sessoes da Corte, realizado na cidade de Santiago do
Chile5.
9. Em 10 de junho de 2009, a Comissao, os representantes e o Estado remeteram

suas alegagoes finals escritas.
10. Em 15 de maio de 2009, o Tribunal recebeu um escrito na qualidade de amicus

curiae da Cltnica de Direitos Humanos do Nucleo de Pratica Jun'dica da Escola de Direito
da Fundagao Getulio Vargas do Rio de Janeiro6, o qual se referiu ao contexto de violencia
2 Em 11 de fevereiro de 2008, os representantes e o Estado receberam a demanda original com seus
anexos, sendo, dessa maneira, notificadas as partes. Antes disso, a demanda da Comissao, sem seus anexos,
foi transmitida ao Estado e aos representantes pela Secretaria da Corte em 6 de fevereiro de 2008. Nessa
mesma data, informou-se ao Estado que podia designer um juiz ad hoc para participar da consideragao do
presente caso. A esse respeito, a Comissao Interamericana havia remetido, em 16 de Janeiro de 2008, o escrito
intituiado "Posigao da Comissao Interamericana de Direitos Humanos sobre a figura do juiz ad hoc". Em 24 de
margo de 2008, depois de uma prorrogagao concedida pela Corte, o Estado designou o senhor Roberto de
Figueiredo Caldas como juiz ad hoc.
3 Cf. Caso Setimo Garibaldi l/s. Brasil. Convocatoria de Audiencia Publica. Resolugao da Presidenta da
Corte Interamericana de Direitos Humanos de 20 de novembro de 2008, Ponto Resolutivo primeiro.
Cf. Caso Setimo Garibaldi Vs. Brasil. Convocatoria de Audiencia Publica, supra nota 3, Ponto
Resolutivo quarto.
5 A essa audiencia compareceram: a) pela Comissao Interamericana: Fetipe Gonzalez, Comissionado;

Lilly Ching Soto e Leonardo Hidaka, assessores legais; b) pelos representantes: Rafael Dias, Renata Lira e
Luciana Garcia, da lustiga Global; Gisele Cassano, da Terra de Direitos, e Teresa Cofre, da RENAP; e c) pelo
Estado: Embaixador Hildebrando Tadeu1 Nascimento Valadares; Camila Serrano Giunchetti, Cristina Timponi
Cambiaghi, Bartira Meira Ramos Nagado e Raimundo Jorge Santos Seixas.
6 Assinaram o escrito Bernardo Vasconcellos, Bruna Vilar, Carla Tulli, Daniel Arruda, Igor Mosso, Isabella
Gama, Isabela Bueno, Luisa Di Prieto Gongalves, Pablo Sa Domingues e Rinuccia Ruina, alunos da Escola de
Direito da Fundagao Getulio Vargas do Rio de Janeiro.
;
4
no campo no Brasil e ao arquivamento e posterior reabertura do procedimento para

investigar a morte de Setimo Garibaldi. Do mesmo modo, em 18 de maio de 2009, a
Corte recebeu um escrito na qualidade de amicus curiae apresentado pela Coordenagao
de Movimentos Sociais do Parana7, referente ao contexto de vioiencia contra
trabalhadores rurais sem terra no Estado do Parana. Finalmente, em 27 de maio de
2009, o Nucleo de Direitos Humanos do Departamento de Direito da Pontificia
Universidade Catolica do Rio de Janeiro8 tambem apresentou um escrito na qualidade de
amicus curiae, abordando o alcance da protegao do artigo 4 da Convengao Americana no
presente caso.
Ill
EXCEQOES PRELIMINARES
11. Em seu escrito de contestagao da demanda, o Estado interpos quatro excegoes

preliminares, que a Corte analisara na ordem em que foram apresentadas.
A) Incompetencia "ratione temporis" da Corte para examinar supostas violagoes

ocorridas antes do reconhecimento da competencia pelo Estado
12. 0 Estado indicou que, conforme o artigo 62 da Convengao e a jurisprudencia

interamericana, o Tribunal tern competencia para conhecer qualquer caso relacionado
com a interpretagao e aplicagao das disposigoes da Convengao, a partir de que o Estado
tenha reconhecido sua competencia. 0 Brasil reconheceu a jurisdigao obrigatoria da
Corte em 10 de dezembro de 1998, sob reserva de reciprocidade e para os fatos
posteriores a essa data. Ademais, a limitagao temporal ao reconhecimento da
competencia da Corte tambem deriva do principio da irretroatividade dos tratados,
previsto no artigo 28 da Convengao de Viena sobre o Direito dos Tratados e reconhecido
pela Corte em sua jurisprudencia. Portanto, considerando que a morte de Setimo
Garibaldi ocorreu em 27 de novembro de 1998, a Corte nao teria competencia para
declarar violagoes a Convengao no presente caso.
13. Adicionalmente, o Brasil indicou que, embora a Comissao tenha alegado apenas o
descumprimento do dever de investigar efetiva e adequadamente o homicidio do senhor
Garibaldi e proporcionar recursos efetivos para sancionar os responsaveis, procurou uma
"condenagao indireta do Estado [...] pela vioiagao aos artigos 4° (direito a vida) e 5°
(direito a integridade pessoal) da [Convengao], conforme demandam os representantes
das [supostas] vitimas, o que nao seria possfvel, uma vez que a morte do senhor Setimo
Garibaldi ocorreu anteriormente ao reconhecimento obrigatorio da jurisdigao [da] Corte
pelo Brasil". Essa conclusao resulta de algumas medidas de reparagao solicitadas pela
Comissao, as quais sao compreensiveis no sentido de pretender responsabilizar ao
Estado pelo homicidio de Setimo Garibaldi. Nesse sentido, resta flagrante a incongruencia
entre os fatos que se alegam violados e as reparagoes solicitadas pela Comissao. Dessa
maneira, as alegagoes de denegagao de justiga, assim como as violagoes relacionadas
com os artigos 1.1, 2 e 28, "representam apenas um artificio ou pretexto" utilizado pela
Comissao para submeter a demanda a jurisdigao da Corte. Em consequencia, solicitou
que a Corte admita esta excegao preliminar.
14. A Comissao considerou que o argumento do Estado e "incorreto no tocante aos

fatos e juridicamente improcedente", haja vista que a demanda e relacionada com o
descumprimento da obrigagao de investigar e sancionar o homicidio do senhor Garibaldi.
Os fatos que nao foram investigados correspondem, com efeito, a mencionada morte,
mas nao e possive! depreender que a Comissao pretenda uma condenagao pela privagao
da vida. O Estado nao pode alegar a inadmissibilidade do caso argumentando uma
Assinou tal documento Silvana Prestes de Araujo, da Coordenagao de Movimentos Sociais do Parana.
8 O escrito foi assinado por Marcia Nina Bernardes, professora do Departamento de Direito,
Coordenadora do Nucleo de Direitos Humanos do Departamento de Direito da Pontificia Universidade Catolica
do Rio de Janeiro.
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5 Si
interpretagao extensiva do expressamente solicitado pela Comissao Interamericana na '
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sua demanda a respeito da falta de investigagao. Com base nas conciusoes do Relatorio
de Admissibilidade e Merito No. 13/07, a Comissao fundamentou sua demanda
unicamente em fatos e omissdes que se consumaram de forma independente depois da
data de aceitagao da competencia da Corte por parte do Estado, tal como a obrigagao de
investigar efetiva e adequadamente e em um prazo razoavel o homicidio do senhor
Garibaidi. Portanto, a demanda se retaciona com a denegagao de justiga que sofreram e
continuam sofrendo na atualidade os familiares de Setimo Garibaldi, para efeitos da
competencia do Tribunal, a partir da data em que o Estado aceitou a jurisdigao
contenciosa da Corte. Finalmente, esclareceu que as reparagoes solicitadas na demanda
sao as que considera adequadas; que o Estado tern informado sobre os esforgos para sua
implementagao durante o procedimento perante a Comissao; e que sera o Tribunal quern
decidara sua pertinencia de acordo com o resolvido sobre o merito do caso. Em razao do
anterior, considerou que a Corte tern competencia ratione temporis para conhecer os
fatos e violagoes expostas na demanda.
15. Os representantes refutaram "os argumentos apresentados pelo [Estado] e

volta[ram] a afirmar que o Estado e responsavel pela morte de Setimo Garibaldi
entendendo que este falhou ao nao realizar uma investigagao exaustiva, [ao] nao
responsabilizar [os] autores e mandantes, [e ao] nao prevenir que fatos similares
voltassem a ocorrer". A violagao nao termina com o mero fato de violar um direito; ao
contrario, persiste ate que se adotem as medidas apropriadas para promover o fim da
mesma, atribuir a responsabilidade por ela e prevenir que nao ocorram violagoes
similares. 0 dever de investigar e um elemento fundamental do direito a vida e, ao nao
promover uma investigagao diligente, o Estado viola o artigo 4 da Convengao, mesmo
nao tendo sido responsavel pela violagao original. As autoridades foram negligentes e
omissas na investigagao realizada e nao se identificou ao responsavel pela execugao de
Setimo Garibaldi.
16. Outrossim, os representantes acrescentaram que a obrigagao estatal de respeitar

os direitos previstos na Convengao ja existia antes da data de reconhecimento da
competencia contenciosa da Corte, posto que o Estado ja era parte na Convengao. O
homicidio originou uma situagao continuada de violagoes com fatos e efeitos posteriores
ao reconhecimento da competencia. Em razao disso, solicitaram que a Corte considere os
argumentos e provas de que o Brasil violou e continua violando os direitos a vida e a
integridade fisica, no presente caso, devendo tambem ser condenado nesse aspecto, na
medida em que foi incapaz de proteger o direito a vida de Setimo Garibaldi.
Particularmente, a respeito da violagao da integridade pessoal, afirmaram que "Setimo
Garibaldi [...] passou por mementos de extreme sofrimento psicologico e moral ate o
momento de sua muerte[,] [r]estando evidenciada a violagao do artigo 5° pelo [Estado]",
Com relagao ao artigo 28 da Convengao de Viena sobre o Direito dos Tratados,
manifestaram que a Corte tern entendido que tern competencia para analisar violagoes
continuadas que se iniciam antes da data de reconhecimento de sua jurisdigao pelo
Estado parte e que persistem depois dessa data. A Corte tern competencia para conhecer
violagoes continuadas sem que seja infringido o principio da irretroatividade. No entanto,
em caso de que a Corte entenda preliminarmente que em virtude da limitagao temporal
imposta pelo Brasil, a morte do senhor Garibaldi nao esta compreendida em sua
jurisdigao, existem elementos suficientes para reafirmar a responsabilidade do Estado na
violagao das garantias judiciais dos familiares de Setimo Garibaldi e demais direitos,
depois de 10 de dezembro de 1998. Adicionalmente, consideraram que o Tribunal
"poderia reconhecer que a violagao do direito a vida e o consequente descumprimento do
dever de resposta oficial e uma violagao continuada dos [a]rtigos 4 e 5 [da Convengao]".
Em razao do exposto, solicitaram que a Corte nao admita a excegao preliminar
apresentada pelo Estado.
17. Embora a Convengao Americana e o Regulamento nao desenvolvam o conceito de

"excegao preliminar", em sua jurisprudencia reiterada a Corte tern afirmado que por esse
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meio se questiona a admissibilidade de uma demanda ou a competencia do Tribunal para

conhecer determinado caso ou algum de seus aspectos, em razao da pessoa, da materia,
do tempo ou do lugar9. De tal maneira, o Tribunal tern asseverado que uma excegao
preliminar tern por finalidade obter uma decisao que previna ou impega a analise do
merito do aspecto questionado ou do caso como um todo. Por isso, o argumento deve
satisfazer as caractensticas jundicas essenciais em conteudo e finalidade que o confiram
o carater de "excegao preliminar". As alegagoes que nao tenham tal natureza, como por
exemplo as que se referem ao merito de um caso, podem ser formuladas mediante
outros atos processuais previstos na Convengao Americana ou no Regulamento, mas nao
sob a figura de uma excegao preliminar10.
18. No presente caso, as alegagoes do Estado questionando a competencia do Tribunal

para pronunciar-se sobre supostas violagoes a Convengao Americana em razao do
momento em que as mesmas teriam ocorrido constituem, efetivamente, uma excegao
preliminar.
19. De modo geral, para efeito de determiner se tern ou nao competencia para
conhecer sobre um caso ou um aspecto do mesmo, conforme o artigo 62.1 da Convengao
Americana11, a Corte deve tomar em consideragao a data de reconhecimento da
competencia por parte do Estado, os termos em que o mesmo se deu e o principio da
irretroatividade, previsto no artigo 28 da Convengao de Viena sobre o Direito dos
Tratados de 1969, o qual estabelece:
A nao ser que uma intengao diferente se evidencie do tratado, ou seja estabelecida de outra
forma, suas disposigoes nao obrigam uma parte com relagao a um ato ou fato anterior ou a
uma situagao que deixou de existir antes da entrada em vigor do tratado, com relagao a essa
parte,
20. 0 Brasil reconheceu a competencia contenciosa da Corte em 10 de dezembro de

1998 e em sua declaragao indicou que o Tribunal teria competencia para os "fatos
posteriores" a esse reconhecimento12. Com base no anterior e no principio da
irretroatividade, a Corte nao pode exercer sua competencia contenciosa para aplicar a
Convengao e dedarar uma violagao as suas normas quando os fatos alegados ou a
conduta do Estado que possa implicar sua responsabilidade internaciona! sao anteriores
ao reconhecimento da competencia do Tribunal13.
9
Cf. Caso Las Palmeras Vs. Colombia. Excegoes Preliminares. Sentenga de 4 de fevereiro de 2000.
Serie C No. 67, par. 34; Caso Eschar e outros Vs. Brasil. Excegoes Preliminares, Merito, Reparagoes e Custas.
Sentenga de 6 de julho de 2009. Serie C No. 200, par. 15; e Caso Tristan Donoso Vs. Panama. Excegoes
Preliminares, Merito, Reparagoes e Custas. Sentenga de 27 de Janeiro de 2009. Serie C No. 193, par. 15.
10
Cf. Caso Castaneda Gutman Vs Mexico. Excegoes Preliminares, Merito, Reparagoes e Custas. Sentenga
de 6 de agosto de 2008. Serie C No. 184, par. 39; Caso Eschar e outros, supra nota 9, par. 15; e Caso Tristan
Donoso, supra nota 9, par. 15.
11
Todo Estado parte pode, no momento do deposito do seu instrumento de ratificagao desta convengao
ou de adesao a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar que reconhece como obrigatoria, de
pleno direito e sem convengao especial, a competencia da Corte em todos os casos relatives a
interpretagao ou aplicagao desta Convengao.
12
O reconhecimento de competencia realizado pelo Brasil em 10 de dezembro de 1998 indica que "[o]
Governo da Republica Federativa do Brasil declara que reconhece, por tempo indeterminado, como obrigatoria
e de pieno direito, a competencia da Corte Interamericana de Direitos Humanos, em todos os casos
relacionados com a interpretagao ou aplicagao da Convengao Americana sobre Direitos Humanos, em
conformidade com o artigo 62, sob reserva de reciprocidade e para fatos posteriores a esta declaragao". Cf. B-
32: Convengao Americana sobre Direitos Humanos. 4. Brasil. Reconhecimento da competencia da Corte.
Disponivel em http://www.cidh.oas,orq/Ba5icos/Portuques/d.Convencao Americana Ratif..htm. Acessado em
21 de setembro de 2009.
13
Cf. Caso Cantos Vs. Argentina. Excegoes Preliminares. Sentenga de 7 de setembro de 2001. Serie C
No. 85, par. 36; Caso Heliodoro Portugal Vs. Panama. Excegoes Preliminares, Merito, Reparagoes e Custas.
Sentenga de 12 de agosto de 2008. Serie C No. 186, par. 24; e Caso Nogueira de Carvalho e outro Vs. Brasil.
Excegoes Preliminares e Merito. Sentenga de 28 de Novembro de 2006. Serie C No. 161, par. 44.
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7
21. Estabelecido o anterior, corresponde ao Tribunal determinar se pode conhecer os

fatos que fundamentam as alegadas violagoes a Convengao no presente caso, a saber: a)
o falecimento do senhor Garibaldi e o sofrimento previo a este, os quais constituiriam a
violagao dos artigos 4 e 5 da Cohvengao Americana, alegada pelos representantes; b) as
supostas falhas e omissoes na investigagao da morte de Setimo Garibaldi posteriores a
10 de dezembro de 1998, fatos que constituiriam uma violagao dos artigos 8 e 25 da
Convengao Americana, alegada pela Comissao Interamericana e pelos representantes; e
c) com base nas mesmas agdes e omissoes relacionadas a investigagao, a violagao do
artigo 4 da Convengao em sua vertente processual, alegada pelos representantes.
22. As partes coincidem que a morte do senhor Garibaldi ocorreu em 27 de novembro

de 1998, ou seja, com anterioridade ao reconhecimento da competencia contenciosa da
Corte por parte do Estado. A privagao da vida do senhor Garibaldi, a qual foi executada e
se consumou de maneira instantanea nessa data, esta fora da competencia do Tribunal,
pelo que nao se analisara a alegada responsabilidade estatal por esse fato. Pela mesma
razao, esta fora da competencia do Tribunal a suposta violagao ao direito a integridade
pessoal em razao do alegado sofrimento previo ao falecimento que teria afetado o senhor
Garibaldi, assim como qualquer outro fato anterior ao reconhecimento da competencia
contenciosa da Corte por parte do Estado (infra par. 147).
23. Por outra parte, a Corte e competente para analisar os fatos e possiveis omissoes
relacionadas com a investigagao da morte do senhor Garibaldi que ocorreram sob a
competencia temporal do Tribunal, ou seja, posteriormente a 10 de dezembro de 1998, a
luz dos artigos 8 e 25, com relagao aos artigos 1.1, 2 e 28 da Convengao. De igual modo,
o Tribunal teria competencia para examinar esses fatos a luz da obrigagao processual
derivada do dever de garantia emanada do artigo 4 da Convengao, com relagao ao artigo
1.1 desse instrumento. Com efeito, o Brasil ratificou a Convengao Americana em 1992,
seis. anos antes da morte do senhor Garibaldi. Portanto, o Estado encontrava-se
obrigado, desde essa data, a cumprir a totalidade das obrigagoes emanadas da
Convengao, entre outras, a obrigagao de investigar e, de ser o caso, sancionar a privagao
do direito a vida, ainda que este Tribunal nao tivesse competencia para julga-lo por
supostas violagoes a mesma. Entretanto, a Corte pode examinar e pronunciar-se sobre o
eventual descumprimento dessa obrigagao convencional a respeito dos fatos e supostas
omissoes relatives a investigagao a partir de 10 de dezembro de 1998, quando o Estado
aceitou a competencia contenciosa do Tribunal.
24. Contudo, sem prejuizo de que a Corte tenha competencia temporal nos termos
antes indicados, segundo a jurisprudencia do Tribunal, as supostas vitimas devem estar
indicadas na demands e no relatorio da Comissao com fulcro no artigo 50 da Convengao,
Ademais, conforme o artigo 33.1 do Regulamento, corresponde a Comissao, e nao a este
Tribunal, identificar com precisao e na devida oportunidade processual as supostas
vitimas em um caso perante esta Corte14. Considerando o anterior, fundado em sua
jurisprudencia reiterada, o Tribunal considers como supostas vitimas aquelas que assim
aparecem indicadas no escrito de demands da Comissao. No presente caso, a Comissao
estabeleceu no Relatorio de Admissibilidade e Merito No. 13/07 a responsabilidade do
Estado pela violagao do artigo 4 da Convengao Americana em prejuizo de Setimo
Garibaldi. Inobstante, a Comissao apontou na demands como supostas vitimas a senhora
Garibaldi e seus seis filhos pela alegada violagao dos artigos 8 e 25 da Convengao
Americana. Pelo exposto, a Corte se referira somente as alegadas violagoes em prejuizo
das pessoas assinaladas como supostas vitimas pela Comissao em sua demands.
25. Fundado nas consideragoes precedentes, o Tribunal admite parcialmente esta

excegao preliminar.
14
Cf. Case dos Massacres de Ituango Vs. Colombia. Excegao Preliminar, Merito, Reparagdes e Custas.
Sentenga de 1° de julho de 2006. Serie C No. 148, par. 98; Caso Kawas Fernandez Vs. Honduras. Merito,
Reparagoes e Custas. Sentenga de 3 de abril de 2009. Serie C No. 196, par. 27; e Caso Perozo e outros Vs.
Venezuela. Excegoes Preliminares, Merito, Reparagdes e Custas. Sentenga de 28 de Janeiro de 2009. Serie C
No. 195, par. 50.
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8
B) Descumprimento pelos representantes dos prazos previstos no Regulamento da Corte

para apresentar o escrito de petigdes e argumentos e seus anexos
26. 0 Estado alegou o descumprimento por parte dos representantes dos prazos
estabelecidos nos artigos 26.1 e 36.1 do Regulamento da Corte. Conforme afirmou, com
a reforma do Regulamento que entrou em vigor em 1° de Janeiro de 2004, o tramite
processual passou a ser mais rigoroso com as partes que nao apresentam seus escritos
no prazo previsto no artigo 36.1 do Regulamento. Considerou que se deve preserver o
equilibrio processual e que o mesmo tratamento dispensado a parte demandada deve ser
aplicado aos representantes. Sustentou que, em 6 de fevereiro de 2008, a Corte notificou
a demanda aos representantes, razao pela qual deveram apresentar seu escrito de
petigoes e argumentos no maximo em 6 de abril de 2008, ou seja, dois meses apos a
notificagao. No entanto, a versao nao original desse escrito, sem seus anexos, foi
recebida no Tribunal em 11 de abril de 2008. Em 16 de maio de 2008, os representantes
enviaram a versao original dos escritos com dois dos onze anexos, os quais foram
remetidos ao Estado em 20 de maio seguinte. Nesse mesmo dia, foram recebidos na
Corte outros tres anexos, os quais foram remetidos ao Estado em 23 de maio de 2008.
Ate o presente, os documentos faltantes nao chegaram ao conhecimento do Estado.
Afirmou que, em decorrencia dos atrasos, the foi concedida uma prorrogagao de oficio
ate 11 de juiho de 2008 para apresentar sua contestagao da demanda. Porem, essa
prorrogagao foi somente de um mes e quinze dias, prazo consideravelmente inferior aos
dois meses que Ihe deveriam ser concedidos para analisar todos os escritos dos
representantes, inclusive os anexos, em virtude do previsto no artigo 38 do Regulamento
da Corte, o que acarretou um prejuizo na defesa do Estado. Pelo exposto, aduziu que o
Tribunal deve considerar precluso o direito dos representantes a apresentar seu escrito
de petigoes e argumentos, bem como solicitou que todos os escritos dos representantes
e seus anexos sejam retirados do expediente e desestimados em razao do
descumprimento dos artigos 26 e 38 do Regulamento15.
27. A Comissao nao se referiu a essa alegagao do Estado "uma vez que desconhec[ia]
as datas em que efetivamente foram recebidos os documentos". Considerou que a Corte
valoraria os argumentos do Estado e dos representantes de acordo com sua competencia
e a razoabilidade dos prazos referidos.
28. Os representantes manifestaram que em 6 de fevereiro de 2008 receberam, via

fac-simile, a demanda apresentada pela Comissao. Nao obstante, o escrito original e
seus anexos foram recebidos em 11 de fevereiro de 2008, data que consideraram como o
inicio do compute do prazo improrrogavel de dois meses para o envio de seu escrito de
petigoes e argumentos. Por esse motivo, enviaram o mencionado escrito atraves de fac
simile em 11 de abril de 2008. Posteriormente, em 18 de abril de 2008, remeteram a
versao original de seu escrito e seus anexos via correio postal. Indicaram que o prazo de
sete dias previsto no artigo 26.1 do Regulamento refere-se ao "envio" dos documentos
originais e seus anexos, sem estabelecer um limite temporal em que estes devem ser
recebidos pela Corte. Esclareceram que, apesar do envio oportuno dos documentos
realizado em 18 de abril de 2008, a empresa nacionai de correios estava em um
processo de regularizagao de suas atividades depois de um longo penodo de greve de
seus servidores, o que causou o atraso do recebimento da correspondencia pelo Tribunal.
Desse modo, o retardo "nao tern qualquer relagao com o empenho e diligencia" dos
representantes, os quais, inclusive, aportaram o recibo emitido pela agenda de correios
da remessa efetuada. Em consequencia, solicitaram a Corte que desestime esse
argumento do Estado.
29. No presente caso, o suposto descumprimento dos representantes dos prazos
15
Infra notas 32 e 44.
I
9
previstos no Regulamento para apresentar o escrito de petigoes e argumentos e seus

anexos nao sustenta uma excegao preliminar (supra par. 17), pois nao objeta a
admissibilidade da demanda ou impede que o Tribunal conhega o caso. Com efeito, ainda
que hipoteticamente a Corte resolvesse o pedido do Estado de maneira afirmativa, nao
afetaria de forma alguma a competencia do Tribunal para conhecer o merito da
controversia. Em razao do exposto, a Corte rejeita este argumento por nao constituir
propriamente uma excegao preliminar.
30. Sem prejuizo do anterior, a Corte analisara o argumento do Estado relacionado a

admissibilidade do escrito de petigoes e argumentos e seus anexos no capftulo da
presente Sentenga referente a prova (infra pars. 55 a 59).
C) Impossibilidade de alegar violagoes nao consideradas durante o procedimento perante

a Comissao Interamericaâ
31. 0 Estado indicou que a Comissao requereu em sua demanda que o Tribunal
declarasse o descumprimento do artigo 28 da Convengao. Igualmente, indicou que os
representantes alegaram esse descumprimento aduzindo que, durante o 130° Periodo
Ordinario de Sessoes da Comissao Interamericana, o representante do Estado afirmou
em uma reuniao de trabalho que havia dificuldades de comunicagao com o Estado do
Parana. Alegou que a jurisprudencia da Corte tern estabelecido que nao e possivel incluir
nesta fase uma violagao nao apreciada durante o procedimento perante a Comissao, pois
se estaria subtraindo ao Estado a oportunidade manifestar-se sobre o tema naquela
instancia, necessariamente anterior ao julgamento por parte da Corte. Acrescentou que o
mencionado dispositive nao estabelece direito ou liberdade alguma, senao regras de
interpretagao e aplicagao da Convengao, e que esse tratado, particularmente nos artigos
48.1 e 63, e claro ao estabelecer que os orgaos do Sistema Interamericano so podem
examinar eventuais violagoes a direitos e liberdades. Peio exposto, a juizo do .Estado a
alegada violagao do artigo 28 da Convengao nao deve ser valorada pela Corte.
32. A Comissao argumentou que, nos termos do artigo 28 da Convengao, tanto o

governo federal como o governo estadual devem adotar as medidas necessarias para
assegurar o cumprimento das obrigagoes contidas na Convengao Americana. O
mencionado artigo estabelece obrigagoes cujo cumprimento, de igual forma que as
obrigagoes emanadas dos artigos 1.1 e 2 da Convengao, e suscetfve! de verificagao e
pronunciamento pelos orgaos de supervisao do Sistema Interamericano. Da mesma
maneira, indicou que "o Estado - em sua contestagao a demanda - nao neg[ou] ter
utilizado durante a tramitagao perante a [Comissao], como defesa de sua parte, as
supostas dificuldades na coordenagao de trabalho com as autoridades do Estado do
Parana no 130° Penodo Ordinario de Sessoes da Comissao, o que motivou que, ao emitir
seu relatorio sobre o [merito] no presente caso (nao somente no escrito de demanda), a
Comissao se pronunciasse sobre esta questao especifica a luz do artigo 28 da
Convengao". Afirmou que o Tribunal tern a potestade de examinar o cumprimento das
obrigagoes emanadas do artigo 28 convencional e, por conseguinte, solicitou o rechago
da excegao preliminar por improcedente.
33. Os representantes coincidiram substancialmente com a Comissao e acrescentaram

que a Corte reconheceu que "fatos ocorridos posteriormente ao inicio da demanda podem
ser apresentados ao Tribunal ate antes de ser emitida a sentenga. No que se refere a
inclusao de novos artigos[,] a Comissao e os [representantes] possuem legitimidade para
[submete-ios a conhecimento da Corte], entendendo [...] que nao admitir esta
possibilidade seria restringir sua condigao de sujeitos de Direito Internacional". Ademais,
a faculdade da Corte de examinar esses dispositivos incluidos com base no principio iura
novit curia tern sido amplamente consolidada na jurisprudencia internacional. Por isso, a
manifestagao do Estado durante uma reuniao de trabalho realizada na sede da Comissao
em 11 de outubro de 2007 - de que nao podia apresentar avangos sobre as
recomendagoes realizadas pela Comissao no Relatorio de Admissibilidade e Merito No.
13/07, porque nao havia podido estabelecer contato com as autoridades do Estado do
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Parana - permite concluir que a partir desse momento o Brasil violou o artigo 28 da'v
Convengao. Pelo anterior, solicitaram que a Corte rejeitasse a excegao preliminar.
*
* *
34. 0 Tribunal observa que a alegagao do Estado corresponde a uma excegao

preliminar, a qual tem por objeto prevenir o conhecimento por parte da Corte do suposto
descumprimento do artigo 28 da Convengao Americana, relative a "clausula federal".
35. Quando se alega como excegao preliminar um questionamento a atuagao da

Comissao concernente ao procedimento seguido perante tal orgao, a Corte tem afirmado
que a Cpmissao Interamericana tem autonomia e independencia no exercicio de seu
mandate, conforme estabelecido pela Convengao Americana16, e particularmente no
exercicio das fungoes que Ihe competem no procedimento relative ao tramite de petigoes
individuals consoante disposto nos artigos 44 a 51 da Convengao17. Nao obstante, entre
as atribuigoes da Corte encontra-se a de efetuar o controle de legalidade das atuagoes da
Comissao no que se refere ao tramite de assuntos que estejam sob o conhecimento da
propria Corte18. Tem sido um criterio sustentado por este Tribunal que a Convengao
Americana Ihe confere jurisdigao plena sobre todas as questoes relativas a um caso-
submetido a seu conhecimento, inclusive sobre os pressupostos processuais nos quais se
funda a possibilidade de que exerga sua competencia19. Isso nao pressupoe
necessariamente revisar o procedimento que se levou a cabo ante a Comissao, salvo em
casos excepcionais em que exista um erro grave que vulnere o direito de defesa das
partes20.
36. Ademais, a parte que afirma que um ato da Comissao durante o procedimento
ante a mesma foi levado a cabo mediante um grave erro, que afetou seu direito de
defesa, deve demonstrar efetivamente tal prejuizo21. Por isso, a esse respeito, nao
resulta suficiente uma queixa ou discrepancia de criterios em relagao ao que foi realizado
pela Comissao Interamericana.
37. A Corte observa que nao se infere do expediente o alegado pelo Estado no sentido
de o suposto descumprimento do artigo 28 da Convengao nao haver sido considerado
durante o procedimento ante a Comissao Interamericana, tendo sido inclufdo na
demanda somente apos uma mengao do Estado em uma reuniao de trabalho relacionada
com o cumprimento das reparagoes do Relatorio de Admissibilidade e Merito No. 13/07.
Durante seu procedimento, a Comissao considerou os fatos do caso a luz do artigo 28 da
16
Cf, Controle de Legalidade no Exercicio das Atribuigoes da Comissao Interamericana de Direitos
Humanos (Arts. 41 e 44 ao 51 da Convengao Americana sobre Direitos Humanos). Opiniao Consultiva OC-
19/05 de 28 de novembro de 2005. Serie A Mo. 19, Ponto Resolutive primeiro; Caso Escher e outros, supra
nota 9, par. 22; e Caso Castaneda Gutman, supra nota 10, par. 40.
17
Resolutivo segundo; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 22; e Caso Castaneda Gutman, supra nota 10,
par. 40.
18
•Resolutivo terceiro; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 22; e Caso Castaneda Gutman, supra nota 10,
par. 40.
19
Cf. Caso Velasquez Rodriguez Vs. Honduras. Excegoes Preliminares. Sentenga de 26 de junho de
1987. Serie C No. 1, par. 29; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 22; e Caso Castaneda Gutman, supra
nota 10, par. 40.
20
Cf. Caso Trabalhadores Cessados do Congresso (Aguado Alfaro e outros) Vs. Peru. Excegoes
Preliminares, Merito, Reparagoes e Custas. Sentenga de 24 de novembro de 2006. Serie C No. 158, par. 66;
21
Cf. Caso Trabalhadores Cessados do Congresso (Aguado Alfaro e outros), supra nota 20, par. 66;
t
11 \
;
Convengao Americana, concluindo no mencionado Relatorio que o Estado descumpriu /

com as obrigagoes que se derivam da chamada "clausula federal" e, por conseguinte,
alegou o suposto descumprimento dessa norma em sua demanda perante este
Tribunal22. Alem disso, o proprio Estado em suas alegagdes sobre o merito na
contestagao da demanda indica que a suposta violagao do artigo 28 foi incluida no
Relatorio No. 13/0723.
38. O Tribunal observa que a Convengao Americana estabelece em seu artigo 46.1 os
requisites necessarios para que uma petigao seja admitida pela Comissao
Interamericana, e o artigo 28 do^ Regulamento da Comissao dispoe os elementos que
deve confer a petigao no momento de sua apresentagao. Nenhum deles exige que os
peticionarios especifiquem os artigos que consideram violados. De igual modo, o artigo .
32.c do Regulamento da Comissao vigente na data de apresentagao da denuncia (atual
artigo 28.f) estabelecia a possibilidade de nao fazer uma referencia espedfica ao artigo
supostamente violado24, para que uma denuncia fosse tramitada perante esta. Dessa
maneira, a Comissao determine em sua decisao de admissibilidade as possfveis violagoes
dos direitos consagrados na Convengao Americana, com base nos fatos denunciados pelo
peticionario e nas consideragoes de direito que estima pertinentes.
39. A Corte considera que a inclusao na demanda do suposto descumprimento do

artigo 28 da Convengao Americana, quando o mesmo constava no Relatorio No. 13/07 da
Comissao, nao resulta contraria as disposigoes relevantes da Convengao Americana e do
Regulamento da Comissao. Alem disso, durante o tramite do caso perante a Corte, o
Estado teve a oportunidade de apresentar seus argumentos de defesa sobre esse aspecto
da demanda e nao demonstrou um prejuizo a seu direito de defesa pelo mencionado ato
da Comissao. Desse modo, a Corte nao encontra elementos para modificar neste caso o
que ja foi resolvido pela Comissao Interamericana.
40. Finalmente, de acordo com o artigo 62.3 da Convengao, "[a] Corte tern
competencia para conhecer de qualquer caso relative a interpretagao e aplicagao das
disposigoes desta Convengao que Ihe seja submetido, desde que os Estados Partes no
caso tenham reconhecido ou reconhegam a referida competencia, seja por declaragao
especial, como preveem os incisos anteriores, seja por convengao especial". Da
interpretagao literal dessa norma depreende-se a competencia do Tribunal para
pronunciar-se sobre "as disposigoes" da Convengao, sem limitagao ou diferenciagao como
a mencionada pelo Estado. Portanto, o Tribunal tern competencia para analisar o alegado
descumprimento do artigo 28 da Convengao, independentemente de sua natureza
juridica, seja uma obrigagao geral, um direito ou uma norma de interpretagao25.
22
A Comissao resolveu incluir em seu Relatorio No. 13/07 a suposta violagao a chamada "clausula
federal’' ao considerar que o Estado deveria haver: a) tornado as medidas adequadas para evitar a morte de
Setimo Garibaldi; e b) proporcionado a familia do senhor Garibaldi uma investigagao efetiva dos fatos; o
julgamento e sangao dos responsaveis; e uma adequada indenizagao civil; "[ajo nao ter agido dessa maneira,
configurou-se o descumprimento do que dispoe o artigo 28 da Convengao". Cf. Relatorio de Admissibilidade e
Merito No. 13/07 de 27 de margo de 2007 (Expediente de anexos a demanda, Tomo II, Apendice 2, folha 740).
23
Cf. Escrito de contestagao da demanda (Expediente de merito, Tomo II, folha 698).
24
Conforme o artigo 32.c do Regulamento da Comissao vigente na data de apresentagao da petigao, as
denunclas apresentadas perante esse orgao deviam incluir: "a indicagao do Estado que o peticionario considera
responsavei, por agao ou por omissao, pela violagao de algum dos direitos humanos consagrados na Convengao
Americana sobre Direitos Humanos, no caso dos Estados partes da mesma, embora nao se faga uma referencia
especifica ao artigo supostamente violado". Regulamento da Comissao Interamericana de Direitos Humanos
aprovado no seu 49° Periodo de Sessoes, na 660a sessao, celebrada em 8 de abri! de 1980, e modificado em
seu 64° Periodo de Sessoes, na 840a sessao, celebrada em 7 de margo de 1985; em seu 70° Periodo de
Sessoes, na 938a sessao, celebrada em 29 de junho de 1987; em seu 90° Periodo de Sessoes, na 1282a
sessao, celebrada em 21 de setembro de 1995; em seu 92° Periodo Extraordinario de Sessoes, na 1311a
sessao, celebrada em 3 de maio de 1996; em seu 96° Periodo Extraordinario de Sessoes, na 1354a sessao,
celebrada em 25 de abril de 1997; e em seu 97° Periodo de Sessoes, na 1366a sessao, celebrada em 15 de
outubro de 1997.
25
Cf Caso Eschar e outros, supra nota 9, par. 26.
12
41. Essa conclusao e refletida na jurisprudencia do Tribunal, o qual expressou

anteriormente que os termos amplos em que esta redigida a Convengao indicam que a
Corte exerce uma jurisdigao plena sobre todos os seus artigos e disposigoes26.
42. Com base no exposto, a Corte rejeita esta excegao preliminar.
D) Falta de esgotamento dos recursos internos
43. 0 Estado indicou que no momento da apresentagao da denuncia perante a

Comissao, em 23 de maio de 2003, a investigagao policial ainda estava em tramite.
Desde o homicidio de Setimo Garibaldi ate a data indicada, transcorreram
aproximadamente quatro anos e cinco meses, lapse razoavel para a tramitagao do
inquerito policial tendo em consideragao "a complexidade das investigagoes, que
inclufiam], dentre outras, diligencias em distintas cidades". No inicio do procedimento
perante a Comissao, nao havia indicio algum de que os peticionarios estivessem
impossibilitados de esgotar os recursos internos. Ao contrario, se seu objetivo principal
era obter uma investigagao profunda e eficaz, era possivel sugerir diligencias
complementarias e instar o Ministerio Publico a atuar de outro modo, por meio de uma
simples petigao no ambito da averiguagao policial em tramite. Nao ha evidencia de que
os peticionarios tenham utilizado esse direito. Igualmente, argumentou que, por forga do
18 do Codigo de Process© Penal e os parametros estabelecidos na Sumula 524 do
Supremo Tribunal Federal, o arquivamento do inquerito policial nao produz coisa julgada
e as investigagbes policiais podem ser retomadas em qualquer momento em caso de ter
novas provas, de modo que o arquivamento do inquerito "nao implica a impossibilidade
de esclarecer as circunstancias do fato denunciado". Embora as supostas vitimas tenham
apresentado um mandado de seguranga com o objeto de reabrir a investigagao, essa
agao foi considerada inadequada e denegada pelo juiz competente. Finalmente, "se [as
supostas vitimas] dispusessem de novas provas relacionadas aos fatos, tinham a
faculdade de, motu proprio, peticionar; solicitar a reabertura do inquerito policial;
requerer diligencias e indicar irreguiaridades perante o Ministerio Publico, o que nao foi
feito". Por isso, o Estado concluiu nao se esgotaram todos os recursos internos
disponiveis.
44. A Comissao alegou que-a excegao preliminar ora examinada tern por base a
insatisfagao do Estado com o que foi decidido oportunamente. Agregou que, em estrito
apego ao principio do contraditorio, recebeu os argumentos de ambas as partes, os quais
foram devidamente analisados e considerados a luz da Convengao, da jurisprudencia do
Sistema Interamericano, das evidencias coletadas e das caractensticas do caso
particular. 0 Estado nao alegou na sua contestagao da demanda que a decisao de
admissibilidade baseou-se em informagao erronea ou resultou de um processo em que as
partes nao atuaram com igualdade de armas ou em que houve violagao do direito a
defesa. Nesse sentido, nao existia fundamento para reexaminar o arrazoado pela
Comissao em materia de admissibilidade, o que e compativei com as disposigoes
importantes da Convengao. Acrescentou que "os fatos do caso que constituem violagoes
dos direitos as garantias judiciais e a ineficacia dos recursos internos, bem como a
razoabilidade do prazo nos processes internos no tocante a complexidade das
investigagoes sao precisamente elementos do [merito] da controversia".
Consequentemente, qualquer discussao sobre o retraso injustificado e a incongruencia
dos processes internos com as obrigagoes convencionais a cargo do Estado devera ser
considerada como parte do merito do caso. Pelo exposto, solicitou a Corte que rejeite a
excegao preliminar interposta pelo Estado por ser infundada.
45. Os representantes alegaram que, no momento da apresentagao da denuncia

perante a Comissao, o inquerito ja se prolongava por quatro anos apesar de que a
legislagao processual penal interna preve que esse procedimento deve ser concluido em
26
a. Caso Velasquez Rodriguez, supra nota 19, par. 29; Caso Acevedo Buendia e outros ("Cessartes e
Aposentados da Controladoria") Vs. Peru. Excegao Preliminar, Merito, Reparagoes e Custas. Sentenga de 1° de
julho de 2009. Serie C No. 198, par. 16; e Caso dos 19 Comerciantes Vs. Colombia. Excegao Preliminar.
Sentenga de 12 de junho de 2002. Serie C No. 93, par. 27.
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trinta dias, podendo sen ampliado por igua! penodo. Apesar da necessidade de realizar L.^
diligencias em diferentes cidades, transcorreram mais de quarenta meses de investigagao
policial sem avangos sig'nificativos, o que evidencia uma demora injustificada. Com
relagao ao arquivamento do inquerito policial, indicaram que os fortes indicios para a
determinagao da autoria que constavam no expediente foram tratados de maneira
negligente pelo Ministerio Publico. Em uma ultima tentativa, interpuseram um mandado
de seguranga contra a decisao que arquivou a investigagao, o qual foi denegado pelo
Tribunal de Justiga do Estado do Parana. Pelo exposto, solicitaram a Corte que nao
admita a excegao preliminar.
*
* *
46. A Corte desenvolveu parametros para analisar a excegao de descumprimento da

regra de esgotamento dos recursos internes27. Quanto aos aspectos formais, no
entendimento de que essa excegao e uma defesa disponivel para o Estado, deverao ser
verificadas as questoes propriamente processuais, tais como o momento processual em
que a excegao tenha sido oposta, os fatos a respeito dos quais se opos e se a parte
interessada observou que a decisao de admissibilidade se baseou em informagoes
erroneas ou em alguma afetagao de seu direito de defesa. Em relagao aos pressupostos
materials, observar-se-a se foram interpostos e esgotados os recursos da jurisdigao
interna, conforme os principles do Direito Internacional geralmente reconhecidos: em
particular, se o Estado que apresentou essa excegao especificou os recursos internes que
ainda nao tenham sido esgotados, e sera precise demonstrar que esses recursos
encontravam-se disponiveis e eram adequados, idoneos e efetivos. Por tratar-se de uma
questao de admissibilidade de uma petigao perante o Sistema Interamericano, devem ser
verificados os pressupostos dessa regra segundo alegado, ainda que a anaiise dos
pressupostos formais prevalega sobre a de carater material e, em determinadas ocasides,
os ultimos podem ter relagao com o merito do assunto28.
47. 0 Tribunal denota do expediente do caso perante a Comissao Interamericana que,

por nota de 5 de fevereiro de 2004, a Comissao solicitou peia primeira vez ao Estado
que, no prazo de dois meses, apresentasse informagao sobre a petigao, e indicou-lhe que
isso nao prejulgava sobre a decisao de admissibilidade, consoante os artigos 30.2 e 30.3
de seu Regulamento. Em 12 de outubro de 2004, os representantes informaram a
Comissao que, em 18 de maio de '2004, a juiza de direito da Comarca de Loanda
determinou o arquivamento do Inquerito Policial No. 179/98 procedido pela morte de
Setimo Garibaldi. Em razao da falta de resposta do Estado, por nota de 20 de dezembro
de 2004, a Comissao informou-lhe que havia aberto o caso e que adiaria a consideragao
sobre a admissibilidade da petigao ate o debate e a decisao sobre o merito, conforme
disposto no artigo 37.3 do Regulamento da Comissao. Os representantes apresentaram
em 6 de junho de 2005 suas observagoes adicionais de merito. Mediante nota de 5 de
agosto de 2005, em aplicagao do artigo 38.1 do seu Regulamento, a Comissao solicitou
ao Estado que no prazo de dois meses remetesse suas observagoes ao merito do caso.
Em 6 de junho de 2006, o Estado apresentou sua resposta a Comissao Interamericana e
alegou, entre outras consideragoes, a falta de esgotamento dos recursos internes.
48. A Corte nota que o Estado interpos esta excegao preliminar ante a Comissao dois
anos e quatro meses depois de haver sido, pela primeira vez, requerido a apresentar
informagao sobre a petigao. Outrossim, o Brasil o fez depois de uma comunicagao na que
a Comissao, nos termos do artigo 38.1 de seu Regulamento, solicitou-lhe que remetisse
observagoes sobre o merito. Nao obstante, a excegao preliminar de falta de esgotamento
27
Cf. Caso Velasquez Rodriguez, supra nota 19, par. 88; Caso Eschar e outros, supra nota 9, par. 28; e
20
BRANCC
14
dos recursos internos foi interposta previamente ao pronunciamento sobre a

admissibilidade da denuncia por parte da Comissao Interamericana, o qual ocorreu no
Relatorio No. 13/07. Adicionaimente, a Corte observa que a Comissao nao considerou
que a excegao oposta pelo Estado fosse extemporanea. Pelo anterior, a Corte conclui que
esta excegao foi apresentada oportunamente.
49. No presente caso, disputa-se o esgotamento dos recursos internos com relagao a
investigagao penal. Em termos gerais, os recursos penais tern por objeto deternhinar a
existencia de um fato punivel e, de ser o caso, a responsabilidade penal dos supostos
infratores29. No momento em que a Comissao emitiu seu Relatorio No. 13/07, em 27 de
margo de 2007, o inquerito policial pela morte de Setimo Garibaldi ja havia sido
arquivado a pedido do Ministerio Publico e por ordem judicial.
50. Dos argumentos das partes e da prova juntada aos autos, a Corte observa que as
alegagoes do Estado relatives a eficacia e a inexistencia de um retardo injustificado do
inquerito policial versam sobre questoes relacionadas ao merito do caso. Isso porque
controvertem as alegagoes concernentes a suposta vioiagao dos artigos 8 e 25 de la
51. Com base nas consideragoes precedentes, a Corte desestima esta excegao
preliminar.
IV
COMPETENCIA
52. A Corte Interamericana e competente, nos termos do artigo 62.3 da Convengao,

para conhecer o presente caso, em razao do Brasil ser Estado Parte da Convengao
Americana desde 25 de setembro de 1992 e ter reconhecido a competencia .contenciosa
da Corte em 10 de dezembro de 1998.
V
PROVA
53. Com base no estabelecido. nos artigos 44 e 45 do Regulamento, assim como em

sua jurisprudencia a respeito da prova e sua apreciagao30, a Corte examinara e valorara
os elementos probatorios documentais remetidos pelas partes em diversas oportunidades
processuais, bem como os testemunhos e os pareceres rendidos mediante declaragao
jurada perante agente dotado de fe publica (affidavit) e na audiencia publica perante a
Corte. Para isso, o Tribunal se atera aos principios da crftica sa, dentro do ambito
normative correspondente31.
54. Antes de realizar esse exame, a Corte analisara a aiegada extemporaneidade

oposta pelo Estado a respeito da prova apresentada pelos representantes junto com o
escrito de petigoes e argumentos (supra pars. 26 e 30).
A. Prova apresentada pelos representantes em seu escrito de petigoes e

argumentos
29
30
Cf. Caso da "Panel Blanca" (Paniagua Morales e outros) Vs. Guatemala. Reparagoes e Custas. Sentenga
de 25 de maio de 2001. Serie C No, 76,' par. 50; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 55; e Caso Reveron
Trujillo Vs. Venezuela. Excegao Preliminar, Merito, Reparagoes e Custas. Sentenga de 30 de junho de 2009.
31
Cfr. Caso da "Panel Blanca" (Paniagua Morales e outros) Vs. Guatemala. Merito. Sentenga de 8 de
margo de 1998. Serie C No. 37, par. 76; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 55; e Caso Reveron Trujillo,
BRANCO
15 Df'K ^
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55. Em primeiro Sugar, quanto a alegagao do Estado sobre o descumprimento por
11 --iv
parte dos representantes dos prazos estabelecidos nos artigos 26.1 e 36.1 do--—:
Regulamento32, o Tribunal considera necessario esclarecer que o escrito original da
demanda e seus anexos foram recebidos por Justiga Global em 11 de fevereiro de 2008.
Essa e a data de notificagao da demanda a partir da qual se deve contar o prazo de dois
meses previsto no artigo 36 do Regulamento33. Dessa forma, ao apresentar seu escrito
de petigoes e argumentos em 11 de abril de 200834, via fac-simile e por correio
eletronico, os representantes o submeteram a Corte no ultimo dia do prazo estabelecido.
Referido escrito foi transmitido oportunamente e foi recebido pelo Estado em 17 de abril
de 200835. Em razao do anterior, a Corte conclui que os representantes cumpriram.o
prazo estabelecido no artigo 36.1 do Regulamento.
56. A respeito do envio dos anexos, os representantes remeteram alguns desses

documentos junto com o escrito original de petigoes e argumentos, via correio postal, em
18 de abril de 200836. Diante da demora no recebimento desses documentos e do pedido
da Presidenta para que fossem remetidos com a maior brevidade37, os representantes
enviaram via courier uma nova copia do escrito de petigoes e argumentos e dois anexos,
os quais foram recebidos no Tribunal em 16 de maio de 200838. Em 20 de maio de 2008,
o Estado recebeu esses documentos e a notificagao mediante a qual, de oficio, a
Presidenta havia concedido a prorrogagao ate o dia 11 de julho de 2008 para que o Brasil
apresentasse seu escrito de contestagao da demanda39. Tambem em 20 de maio de
2008, a Corte recebeu a correspondencia enviada pelos representantes por correio
ordinario em 18 de abril de 2008, na qual constava o escrito original de petigoes e
argumentos e cinco dos onze anexos listados em seu texto. Desses anexos recebidos,
dois ja haviam sido apresentados pelos representantes atraves de seu escrito de 16 de
maio de 200840. Ademais, a Corte remeteu o escrito original dos representantes e seus
anexos ao Estado, os quais foram recebidos em 23 de maio de 2008. Da mesma forma, a
Corte reiterou ao Brasil a prorrogagao concedida pela Presidenta para apresentar seu
32
Os artigos 26.1 e 36.1 do Regulamento aplicavel ao presente caso estabeleciam:
Artigo 26. Apresentagao de petigoes.

• 1. A demanda, sua contestagao, o escrito de petigoes, argumentos e provas e as demais petigoes
dirigidas a Corte poderao ser apresentados pessoalmente, via courier, fac-simile, telex, correio ou
' qualquer outro meio geralmente utilizado. Em caso de envio por meios eletronicos, os documentos
originals, assim como a prova que os acompanhe, deverao ser remitidos no mais tardar, em um prazo
de sete dias.
Artigo 36. Escrito de petigoes, argumentos e provas.

1. Notificada a demanda a suposta vitima, seus familiares ou seus representantes devidamente
acreditados estes disporao de um prazo improrrogiive! de dois meses para apresentar
autonomamente a Corte suas petigoes, argumentos e provas.
33
Cf Nota da Secretaria CDH-12.478/033 de 9 de junho de 2008 (Expediente de merito, Tomo I, folha
657).
34
Cf. Nota da Secretaria CDH-12.478/019 de 17 de abril de 2008 (Expediente de merito, Tomo I, folha
467).
35
Cf Nota da Secretaria CDH-12.478/021 de 17 de abril de 2008 (Expediente de merito, Tomo I, folha
470).
36
Cf. Comunicagao dos representantes JG/RJ n.° 075/08 de 5 de maio de 2008 (Expediente de merito,
37
Cf Nota da Secretaria CDH-12.478/023 de 6 de maio de 2008 (Expediente de merito, Tomo I, folha
482).
!
38
Cf Comunicagao dos representantes JG/RJ n.° 064/08 de 11 de abril de 2008, recebida na Corte em
16 de maio de 2008, e nota da Secretaria CDH-12.478/026 de 20 de maio de 2008 (Expediente de merito,
39
567).
40
633).
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16 \
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escrito de contestagao da demanda41. Ate o momento, nao foram recebidos no Tribunal
os demais anexos listados no escrito de petigoes e argumentos.
57. A Corte adverte que, sem prejuizo do prazo de dois meses estabelecido no artigo
36 do Regulamento para que os representantes apresentem suas petigoes, argumentos e
provas, o artigo 26 do mesmo ordenamento preve que em caso de que seu envio ocorra
por um meio eletronico, o escrito original e a prova que o acompanhe "deverao ser
remetidos", no mais tardar, em um prazo de sete dias42. Sendo assim, resulta possivel
interpretar, como fizeram os representantes, que o mencionado prazo de sete dias se
refere ao ato de envio desses documentos pelas partes, e nao a seu recebimento pelo
Tribunal43. Alem disso, a Corte considera que o escrito original de petigoes e argumentos
e os anexos ao mesmo foram apresentados pelos representantes em observancia dos
prazos indicados nos artigos 26.1 e 36.1 do Regulamento.
58. Igualmente, a Corte observa que, conforme o artigo 38 do Regulamento44, o

Estado contava com um prazo inicial ate 11 de junho de 2008 para apresentar sua
contestagao da demanda e as'observagoes ao escrito de petigoes e argumentos. A
contagem do prazo de quatro meses do artigo 38 do Regulamento iniciava a partir da
notificagao da demanda, independentemente da recepgao dos anexos a esta ou do
escrito de petigoes e argumentos45. Ante o atraso no recebimento dos anexos a esse
ultimo escrito, a Presidenta, de oficio, concedeu ao Estado uma prorrogagao ate 11 de
julho de 2008, ou seja, de 30 dias adicionais, para apresentar sua defesa. Por outro lado,
o transcurso entre a data regulamentar em que os representantes deveram enviar seu
escrito original de petigdes e argumentos e os anexos a este, em 18 de abri! de 2008, e a
data' em que os mesmos foram recebidos pelo Estado, em 23 de maio de 2008, resultou
em um atraso de 35 dias no tramite do presente caso. Nesse sentido, o prazo adicional
outorgado ao Brasil para apresentar sua contestagao da demanda ate 11 de julho de
2008, resultou de 30 dias, ou seja, foi substancialmente similar ao tempo transcorrido
entre o vencimento do prazo determinado no referido artigo 26.1 e a data na qual o
escrito original e seus anexos foram recebidos pelo Estado.
41
Cf. N.ota da Secretaria CDH-12.478/031 de 23 de maio de 2008 (Expediente de merito, Tomo I, folhas
642 a 644).
42
Essa expressao corresponde, nas versoes em espanhol, frances e ingles do Regulamento, a "deberan
ser remitidos", a "doivent etre presences" e a "shall be submitted", respectivamente.
43
Com a finalidade de evitar eventuais interpretagoes ambiguas desse prazo, o Regulamento da Corte
vigente a partir de 24 de margo de 2009 dispoe;
Artigo 27. Apresentagao de escritos

1. A demanda, sua contestagao, o escrito de petigdes, argumentos e provas e as demais petigoes
dirigidas a Corte poderao ser apresentadas pessoalmente, via courier, fac-simiie, telex, correio ou
qualquer outro meio geralmente utilizado. Em caso de apresentagao dos escritos por meios
eletronicos, os originals e a totalidade de seus anexos deverao ser recebidos no Tribunal dentro do
prazo maximo improrrogavei de 21 dias, contados a partir do dia em que venceu o prazo para o envio
do escrito. Para garantir a autenticidade dos documentos, a Corte contara com um protocolo
adequado. •
44
O artigo 38 do Regulamento aplicave! ao presente caso estabelecia:
Artigo 38. Contestagao da demanda

O demandado contestara por escrito a demanda dentro do prazo improrrogavei dos quatro meses
'seguintes a notificagao da mesma e a contestagao tera os mesmos requisites indicados no artigo 33
deste Regulamento. Esta contestagao sera comunicada pelo Secretario as pessoas mencionadas no
artigo 35.1 do mesmo. Dentro deste mesmo prazo improrrogavei o demandado devera apresentar
suas observagoes ao escrito de petigoes, argumentos e provas. Estas observagoes podem ser
formuladas no mesmo escrito de contestagao da demanda ou em outro separado.
45
O Regulamento da Corte vigente a partir de 24 de margo de 2009 determina:
Artigo 39.1 Contestagao a demanda

O demandado contestara por escrito, conjuntamente, a demanda e o escrito de petigoes, argumentos
e provas, dentro do prazo improrrogavei de 2 meses contado a partir do recebimento desse ultimo
escrito e de seus anexos.
X
4
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• V V
17
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\‘ *
59. Finalmente, em que pese a afirmagao do Estado de que a suposta inobservancia

dos prazos regulamentares provocou um prejuizo para sua defesa (supra par. 26), o
Brasil nao indicou quais foram esses prejuizos nem como o recebimento tardio dos
anexos ao escrito dos representantes pode afetar negativamente a elaboragao de sua
defesa, sobretudo quando Ihe foi concedida uma prorrogagao de um mes para apresentar
sua contestagao da demanda. A Corte ressalta que as aiegagoes e razoamentos dos
representantes estao desenvolvidos em seu escrito de petigoes e argumentos, o qual foi
recebido no prazo regulamentar, e nao nos anexos que foram recebidos com demora.
Dessa forma, ao receber a copia do escrito de escrito de petigoes e argumentos em 17 de
abril de 2008, e dado a concessao do prazo adicional de oficio pela Presidenta, o Estado
contou com 30 dias alem do prazo estabelecido no Regulamento. Isso possibilitou a
preparagao antecipada de seus argumentos de defesa ate receber os anexos em 23 de
maio de 2008, data a partir da qual contou com um prazo de 49 dias para apresentar sua
contestagao da demanda e observagoes ao escrito de petigoes e argumentos. Ademais,
deve-se ressaltar que o marco fatico do caso foi estabelecido na demanda da Comissao,
a qual foi notificada ao Estado em 11 de fevereiro de 2008, e que, por sua parte, os
representantes nao podiam incluir outros acontecimentos nem alterar aquele marco
fatico. Por todo o exposto, a Corte nao constata os alegados prejuizos a defesa do
Estado, ao principio do contraditorio ou um desequiiibrio entre as partes, razao pela qual
admite o escrito de petigoes e argumentos, as provas que o acompanham e tern por nao
apresentado o restante dos anexos indicados, os quais nao foram juntados pelos
representantes (supra par. 56).
B. Prova documental, testemunhal e perietal
60. O Tribunal recebeu as declaragoes oferecidas pelas testemunhas e peritos que se

indicam na presente segao, sobre os temas que se mencionam a continuagao. O
conteudo dessas declaragoes se inclui no capftulo correspondente:
1) Vanderlei Garibaldi. Filho de Setimo Garibaldi, suposta vitima, proposto peia

Comissao Interamericana. Declarou, entre outros aspectos, sobre a alegada falta
de justiga no presente caso e seus efeitos sobre os familiares do senhor Garibaldi.
2) Giovani Braun46. Diretor do Departamento de Agricultura da Prefeitura de

Querencia do Norte, testemunha proposta pelos representantes. Declarou, entre
outros aspectos, sobre os esforgos da familia Garibaldi para obter a titulagao das
terras em que reside e o acompanhamento das investigagoes relacionadas a
morte do senhor Garibaldi.
3) Rolf Hackbart. Presidente do Institute Nacional de Colonizagao e Reforma

Agraria, testemunha proposta pelo Estado. Declarou, entre outros aspectos, sobre
a politica de reforma agraria no Brasil e as relagoes do Estado federal com os
movimentos sociais de trabalhadores sem terra.
4) Sadi Pansera. Advogado assessor da Ouvidoria Agraria Nacional do Ministerio

do Desenvolvimento Agrario, testemunha proposta pelo Estado. Declarou, entre
<16
Em 16 de setembro de 2008, os representantes apresentaram seu escrito com a lista definitiva das
testemunhas e perito e solicitaram a substituigao das testemunhas Atilio Martins Mieiro, Carlos Valter da Silva e
Nelson Rodrigues dos Santos, oferecidos no escrito de petigoes e argumentos, por Silvio de Jesus Coelho.
Posteriormente, mediante comunicagao de 2 de outubro de 2008, os representantes solicitaram a substituigao
deste por Giovani Braun. Em 8 de outubro de 2008, o Tribunal informou ao Estado e a Comissao que contavam
com um prazo ate 14 de outubro de 2008 para apresentar suas observagoes ao ultimo pedido dos
representantes. A Comissao manifestou, mediante comunicagao de 9 de outubro de 2008, que nao tinha
observagoes acerca do referido pedido, ao passo que o Estado nao se apresentou objegoes a respeito. Mediante
resolugao de 20 de novembro de 2008, a Presidenta requereu a dedaragao jurada perante agente dotado de fe
publica de Giovani Braun. Cf. Caso Setimo Garibaldi Vs. Brasil. Convocatoria da Audiencia Publica, supra nota 3,
Ponto Resolutivo primeiro. Adicionalmente, por comunicagao de 19 de margo de 2009, os representantes
solicitaram ao Tribunal que a testemunha Giovani Braun, que ja havia apresentado sua dedaragao jurada
perante notario publico, tambem apresentasse sua dedaragao na audiencia publica. Conforme a nota da
Secretaria CDH-12.478/075 de 25 de margo de 2009, esse pedido nao foi deferido pela Corte (Expediente de
merito, Tomo II, folha 1077).
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outros aspectos, sobre a politica do Estado de combate a violencia no campo.
___^
5) Sergio Sauer. Formado em Filosofia e Teologia, Doutor em Sociologia, perito
proposto pelos representantes. Elaborou pencia, entre outros aspectos, sobre a
situagao dos trabaihadores rurais relativamente ao direito a terra e a alegada
situagao continua de vulnerabilidade diante da violencia, das ameagas a vida e a
integridade fisica, e sobre a suposta ineficacia das politicas publicas de combate a
violencia.
61. Com relagao a prova obtida em audiencia publica, a Corte escutou as declaragoes
das seguintes pessoas47:
1) Iracema Garibaldi. Suposta vitima, proposta pela Comissao Interamericana.

Declarou, entre outros aspectos, sobre a investigagao realizada no presente caso,
os alegados obstaculos e impunidade resultante, assim como as consequencias
pessoais para ela e os filhos do senhor Garibaldi.
2) Fabio Andre Guaragni. Testemunha proposta pelo Estado. Declarou, entre

outros aspectos, sobre a regularidade do Inquerito Policial No. 179/98 referente
ao homicidio do senhor Garibaldi.
3) Saio de Carvalho. Perito proposto pela Comissao Interamericana. Elaborou

pericia sobre os aspectos tecnicos do inquerito policial pela morte do senhor
Garibaldi e a suposta impunidade relativa a procedimentos judiciais relacionados
ao assassinate de trabaihadores rurais no Brasil no contexto do conflito agrario.
C. Valoragao da prova
62. No presente caso, como em outros, o Tribunal admite o valor probatorio desses
documentos remetidos pelas partes na devida oportunidade processual, que nao foram
controvertidos nem contestados, nem cuja autenticidade tenha sido colocada em
duvida48.
63. 0 Tribunal admite os documentos apresentados pelo Estado e pelo perito proposto
pela Comissao no transcurso da audiencia publica, porque os considera uteis para esta
causa e, ademais, por que nao'foram objetados nem sua autenticidade ou veracidade
colocada em duvida.
64. Com relagao aos depoimentos e iaudos prestados pelas testemunhas e peritos na
audiencia publica e mediante declaragoes juramentadas, a Corte os estima pertinentes
quanto ao que se ajusta ao objeto que foi definido pela Presidenta do Tribunal na
Resolugao na qual ordenou recebe-los, tomando em consideragao as observagoes
apresentadas pelas partes49.
65. A esse respeito, a Comissao indicou que nao tinha observagoes as declaragoes
juradas reme.tidas pelas partes.
66. Os representantes realizaram observagoes a respeito do conteudo dos

testemunhos de Sadi Pansera e Rolf Hackbart50.
47
A perita proposta pelo Estado, Ministra Maria Thereza Rocha de Assts Moura, nao compareceu
justificadamente a audiencia publica.
48
Cf. Caso Velasquez Rodriguez Vs. Honduras. Merito. Sentenga de 29 de julho de 1988. Serie C No. 4,
par. 140; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 67; e Caso Reveron Trujillo, supra nota 30, par. 29.
49
Cf. Caso Loayza Tamayo t/s. Peru. Merito. Sentenga de 17 de setembro de 1997. Serie C No. 33, par.
43; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 68; e Caso Reveron Trujillo, supra nota 30, par. 30.
50
Quanto ao merito, entre outras consideragoes, os representantes indicaram que a testemunha Rolf
Hackbart realizou "apenas a exposigao de linhas gerais sobre a politica de reforma agraria e os orgaos
responsaveis pela sua execugao[, sem apresentar] dados efetivos sobre os resultados desta politica". A esse
19
67. O Estado realizou observances com relagao ao conteudo dos testemunhos de

Vanderlei Garibaldi51 e Giovani Braun52 e da pericia de Sergio Sauer53.
68. No tocante as observances formuladas pelas partes, em primeiro lugar, o Tribunal

considera, fundado no criterio reiterado em sua jurisprudencia, que os testemunhos das
supostas vitimas, o senhor Vanderlei Garibaldi e a senhora Iracema Garibaldi, nao podem
ser valorados isoiadamente, dado que essas pessoas tern urn interesse direto neste caso,
razao pela qual serao considerados dentro do conjunto das provas do processo54.
69. Adicionalmente, a respeito das observances relativas ao conteudo das

declaranoes, a Corte considerara o alegado pelas partes e as valorara apenas no que se
ajustem ao objeto ordenado na Resolunao da Presidenta e em conjunto com os demais
elementos do acervo probatorio.
70. No que tange aos documentos de imprensa apresentados pelas partes, este
Tribunal considerou que poderao ser levado em conta quando abordem fatos publicos e
notorios ou declaranoes de funcionarios do Estado, ou quando corroborem aspectos
relacionados com o caso55.
respeito, os representantes contrapuseram as afirmagoes da testemunha com os dados indicados na pericia de

Sergio Sauer. Alem disso, assinalaram que a afirmagao de que os familiares de Setimo Garibaldi se
beneficiaram de um programa de reforma agraria nao e certa e a viuva, Iracema Garibaldi, continuava vivendo
em situagao irregular com dois de seus filhos ate o ano de 2007. Sobre o testemunho de Sadi Pansera,
refutaram os dados por ele apresentados acerca da violencia contra trabalhadores sem terra e contrapuseram
os numeros expostos por essa testemunha com os da publicagao "Confiitos no Campo - Brasil 2007" da
Comissao Pastoral da Terra. De outra feita, os representantes indicaram que havia "nulidade absoluta" em
ambos testemunhos em virtude da forma como foram prestados, pois nao foram autenticados por um notario
nem foram assinados pelas testemunhas, de modo que nao deveriam ser considerados pela Corte. Cf. Escrito
dos representantes de 16 de margo de 2009 (Expediente de merito, Tomo III, folhas 1104 a 1106). No tocante
a esse ultimo argumento, em 19 de fevereiro de 2009 transmitiu-se aos representantes e a Comissao
Interamericana as copias dos testemunhos recebidas pelo Tribunal em 10 de fevereiro de 2009. Tambem em 19
de fevereiro de 2009, foram recebidos na Corte os dois testemunhos originals, devidamente assinados e
autenticados por notario publico, e identicos aos transmitidos no concernente ao seu conteudo.
SI
Entre outras consideragoes, o Estado alegou que "a testemunha se limit[ou] a relatar os fatos que
deram causa a morte do trabalhador sem terra Setimo Garibaldi e afirmar que tomou conhecimento do
arquivamento do Inquerito policial por uma advogada" sem fazer mengao a existencia de eventuais medidas
adotadas pela familia para procurar sangao ou reparagao, pelo que nao abordou os pontos para os quais o
testemunho foi proposto. Cf. Escrito do Estado de 11 de margo de 2009 (Expediente de merito, Tomo III, folha
1084).
52 Entre outras consideragoes, o Estado alegou que essa pessoa extrapolou o objeto de seu testemunho
em varios aspectos e fez consideragoes que nao correspondem a realidade da situagao atual dos familiares de
Setimo Garibaldi. Indicou que os seguintes pontos nao devem ser considerados por se excederem dos fatos do
caso: a) declaragoes sobre confiitos de terra ocorridos no Parana estranhos ao caso; b) consideragoes sobre a
conduta do Poder Judiciario e sua atuagao ante os "grupos paramilitares na regiao"; e c) comentarios sobre o
suposto assassinato de um trabalhador que nao esta relacionado com o caso. Ademais, contrapos as
informagoes apresentadas por essa testemunha, relacionadas com o assentamento da familia de Setimo
Garibaldi, com o afirmado por Rolf Hackbart, testemunha proposta pelo Brasil e que expoe os beneficios
supostamente concedidos pelo Estado aos familiares de Setimo Garibaldi. Cf. Escrito do Estado de 11 de margo
de 2009, supra nota 51, folhas 1084 e 1085.
53
O Estado rejeitou os comentarios feitos pelo perito sobre a situagao dos trabalhadores rurais e a
suposta tentative de criminalizar os movimentos sociais no Brasil. Durante o procedimento perante a Comissao
apresentou varios "programas e agoes desenvolvidos para a realizagao da reforma agraria e combate a
violencia no campo". Acrescentou que "o Estado brasiieiro nao nega que existam problemas ainda por resolver,
[nao obstante] a reforma agraria encontra-se em curso e os episodios de violencia, se bem combatidos pelo
Estado, por vezes ocorrem". No entanto, nao e possivel aceitar que essas situagoes sejam generallzadas de
forma tal que sejam consideradas o unico que ocorre no pais, em prejuizo das politicas e instituigoes que se
encontram trabalhando com vistas a democratizar o direito de acesso a terra e a proteger os direitos dos
trabalhadores rurais. Cf. Escrito do Estado de 11 de margo de 2009, supra nota 51, folhas 1085 e 1086.
54
Cf. Caso Loayza Tamayo, supra nota 49, par. 43; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 72; e Caso
Reveron Trujillo, supra nota 30, par. 45.-
55
Caso Reveron Trujillo, supra nota 30, par. 47.
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20 l i-
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/
VI
ARTIGOS 8.1 (GARANTIAS JUDICIAIS)56 e 25.1 (PROTECAO JUDICIAL)57 DA
CONVENCAO AMERICANA, COM RELA£AO AO ARTIGO 1.1 (OBRIGAÂO DE
RESPEITAR OS DIREITOS)58 DA MESMA
71. Conforme estabelecido no Capitulo III desta Sentenga, a Corte analisara os fatos
relacionados com a investigagao do homicidio de Setimo Garibaldi ocorridos com
posterioridade a 10 de dezembro de 1998, data em que o Estado reconheceu a jurisdigao
obrigatoria do Tribunal. Em consequencia, examinara se as supostas faihas e omissoes
nesse procedimento constituiram violagoes dos artigos 8 e 25 da Convengao, com relagao
ao artigo 1.1 do mesmo tratado. Para isso, o Tribunal: A) determinara os fatos que se
encontram provados; B) expora as aiegagoes das partes; e C) fara as consideragoes de
direito pertinentes sobre: i) as supostas faihas e omissoes na investigagao e ii) se esse
procedimento tramitou em urn prazo razoavel.
A) Fatos
A.i) Antecedentes
72. Para a analise da 'suposta vulneragao dos direitos consagrados nos artigos 8.1 e
25.1 da Convengao Americana, como fez em casos anteriores59, este Tribunal expora os
fatos referentes ao homicidio de Setimo Garibaldi e alguns atos dos funcionarios do
Estado sucedidos antes do reconhecimento da competencia contenciosa da Corte,
unicamente para considera-los como antecedentes do caso, pelo que nao determinara
nenhuma consequencia juridica com base neles.
73. Em 27 de novembro de 1998, Setimo Garibaldi foi privado de sua vida durante
uma operagao de desocupagao extrajudicial na Fazenda Sao Francisco (doravante "a
Fazenda"), na cidade de Querencia do Norte, Estado do Parana. Na epoca dos fatos, a
Fazenda estava ocupada por cerca de cinquenta familias vinculadas ao MST. Naquele dia,
aproximadamente as cinco horas da manha, um grupo com cerca de vinte homens,
encapuzados e armados, chegou a Fazenda e, efetuando disparos ao ar, ordenaram aos
trabalhadores deixar suas barracas, dirigir-se ao centro do acampamento e permanecer
deitados no chao. Quando o senhor Garibaldi saiu de sua barraca, foi ferido na coxa
esquerda por um projetil de arma de fogo calibre 12, disparado por um individuo
encapuzado. O trabalhador nao resistiu a ferida e faleceu em decorrencia de uma
hemorragia. 0 grupo armado se retirou sem consumar a desocupagao60.
56
Toda pessoa tern direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoavel, por um
57
0 artigo 25.1 da Convengao indica:
Toda pessoa tern direito a um recurso simples e rapido ou a qualquer outro recurso efetivo, perante os
cometida por pessoas que estejam atuando no exercicio de suas fungoes oficiais.
58
Os Estados Partes nesta Convengao comprometem-se a respeitar os direitos e liberdades nela
reconhecidos e a garantir seu livre e pleno exercicio a toda pessoa que esteja sujeita a sua jurisdigao, sem
discriminagao alguma por motive de raga, cor, sexo, idioma, religiao, opinioes politicas ou de qualquer
outra natureza, origem nacional ou social, posigao economica, nascimento ou qualquer outra condigao
social.
.59
Cf. Caso Almonacid Arellano e outros Vs. Chile. Excegoes Preliminares, Merito, Reparagoes e Cusfas,
Sentenga de 26 de setembro de 2006. Serie C No. 154, par. 82; Caso Nogueira de Carvalho e outro, supra nota
13, par. 67; e Caso Garda Prieto e outros Vs. El Salvador. Excegoes Preliminares, Merito, Reparagoes e Custas.
Sentenga de 20 de novembro de 2007. Serie C No. 168, par. 76.
21
74. Na manha desse mesmo dia, os policiais militares Ademar Bento Mariano e Fabio
de Oliveira, acompanhados do escrivao Cezar Napoleao Casimir Ribeiro (doravante
"escrivao Ribeiro"), compareceram ao lugar do crime. Posteriomente, efetuaram
diligencias a fim de localizar Ailton Lobato, administrador da Fazenda, o qual haveria sido
reconhecido por testemunhas entre os membros do grupo armado. Quando foi
encontrado na fazenda Monday (tambem identificada nos autos como "Mundai" ou
"Mondai"), o senhor Lobato levava consigo urn revolver calibre 38 e, como nao tinha
registro de arma nem licenga para porta-la, foi detido em flagrante por posse ilegal de
arma e levado a Delegacia de Policia Civil de Querencia do Norte (doravante denominada
”a Delegacia"). Antes de sair da fazenda Monday, o escrivao Ribeiro disparou com a arma
apreendida (infra par. 80)61.
75. Nessa mesma data, foi iniciada perante a Delegacia o Inquerito Policial No.
179/98 (doravante denominado tambem "Inquerito Policial" ou "Inquerito") sobre os
fatos do presente caso. Esse procedimento tinha como objetivo averiguar o homicidio de
Setimo Garibaidi e os crimes de posse ilegal de arma e de formacao de quadrilha ou
bando62.
76. No marco do Inquerito, antes de 10 de dezembro de 1998, foram tomadas as

declaragoes de Ademar Bento Mariano e Fabio de Oliveira, policiais que efetuaram a
prisao de Ailton Lobato. Da mesma maneira, foram recebidos os testemunhos de "Atilio
Martins Mieiro, Carlos Valter da Silva e Nelson Rodrigues dos Santos, todos trabalhadores
rurais que estavam no local [do crime]", os quais afirmaram que haviam identificado ”o
fazendeiro Morival Favore[t]o e o administrador Ailton Lobato como integrantes do
grupo, pelo fato de terem desvelado seus rostos por alguns instantes durante o
incidente"63. Outras pessoas convocadas a prestar declaragoes afirmaram que "os
elementos chegaram ao local [do crime] com dois caminhoes e uma camionete, [o]s
quais eram pertencentes aos proprietarios da Fazenda"64. O Delegado de Policia ordenou
a realizagao de outras diligencias e solicitou a prisao temporaria de Morival Favoreto65.
Em 9 de dezembro de 1998, a Promotora de Justiga Nayani Kelly Garcia (doravante
"promotora Garcia") emitiu parecer a favor do pedido de prisao temporaria e ordenou
que fossem realizadas outras diligencias66.
60
Cf. Contestagao da demanda, supra nota 23, folhas 667 e 668;_parecer do Ministerio Publico de 12 de
maio de 2004 (Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folhas 2130 a 2132); e
pedido de desarquivamento do Inquerito Policial No. 179/98 apresentado pelo Ministerio Publico em 20 de abril
de 2009 {Expediente de documentos apresentados na audiencia publica, Tomo Unico, folhas 2582 e 2585).
61
Cf. Escrito de alegagoes finals do Estado (Expediente de merito, Tomo III, folha 1371); parecer do
Ministerio Publico de 12 de maio de 2004, supra nota 60, folhas 2130 a 2132; pedido de desarquivamento do
Inquerito apresentado pelo Ministerio Publico em 20 de abril de 2009, supra nota 60, folha 2581; pedido de
reconsideragao interposto por Ailton Lobato em 16 de dezembro de 1998 (Expediente de anexos a contestagao
da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folhas 2187 a 2190); e perfcia escrita apresentada por Salo de Carvalho
(Expediente de documentos apresentados na audiencia publica, Tomo Unico, folha 2532).
62
Cf. Parecer do Ministerio Publico de 12 de maio de 2004, supra nota 60, folha 2130, e pedido de
desarquivamento do Inquerito apresentado pelo Ministerio Publico em 20 de abrii de 2009, supra nota 60,
folhas 2581 e 2582. Alem disso, o Codigo Penal vigente a epoca dos fatos tipificava o crime de formagao de
quadrilha nos seguintes termos: "[a]ssociarem-se mats de tres pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de
cometer crimes. Pena: reclusao, de urn a tres anos. Paragrafo unico - A pena se aplica em dobro se a quadriiha
ou bando e armado" (Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 12, folha 2509).
63
Contestagao da demanda, supra nota 23, folha 668. Cf. Testemunho de Fabio Guaragni na audiencia
publica perante a Corte Interamericana em 29 de abril de 2009; parecer do Ministerio Publico de 12 de maio de
2004, supra nota 60, folha 2130; e escrito de alegagoes finals do Estado, supra nota 61, folha 1371.
64
Parecer do Ministerio Publico de 12 de maio de 2004, supra nota 60, folha 2130.
65
Cf. Escrito de alegagoes finals do Estado, supra nota 61, folha 1371; parecer do Ministerio Publico de
12 de maio de 2004, supra nota 60, folha 2131; e testemunho de Fabio Guaragni na audiencia publica, supra
nota 63.
66
Entre outras diligencias a promotora Garcia ordenou que se realizassem: a) o reconhecimento dos
veiculos F1000 preto e D-20 cinza mencionados pelas testemunhas; b) a comparagao balistica entre os estojos
22 9^
\'
s.
f
A.ii) Fatos posteriores ao reconhecimento da jurisdigao obrigatoria da Corte
77. Em 14 de dezembro de 1998, a juiza titular da Vara de Loanda, Elisabeth Khater

(doravante denominada "juiza Khater"), decidiu nao decretar o pedido de prisao
temporaria de Morival Favoreto, pois "as testemunhas [eram] divergentes, por ora";
determinou o cumprimento de diligencias ordenadas pelo Ministerio Publico em 9 de
dezembro de 1998 e afirmou que depois se manifestaria sobre o referido pedido de
prisao temporaria67.
78. Em 15 de dezembro de 1998, Morival Favoreto solicitou a Vara de Loanda que

desconsiderasse o pedido de prisao temporaria contra si (supra par. 76); requereu
prestar declaragao na Delegacia de Policia de Sertanopolis (doravante denominada
"Delegacia de Sertanopolis"); e apresentou, entre outros documentos, o registro do
caminhao branco de placa AEW 7629, no nome da empresa Favoretto Colheitas Agncolas
S/C Ltda. ME (doravante denominada "Favoretto Colheitas"), o qual haveria sido usado
na desocupagao, segundo algumas testemunhas (supra par. 76 e infra pars. 80 e 82); o-
contrato social dessa ultima, cujos socios eram Morival Favoreto, Maurilio Favoreto e
Darci Favoreto; e as escrituras publicas das fazendas Sao Francisco e Monday, tambem
de propriedade dessas tres pessoas. Na mesma data, a juiza Khater determinou
interrogar Morival Favoreto na Delegacia de Sertanopolis no prazo de 10 dias68.
79. Em 17 de dezembro de 1998, conforme a determinagao judicial, o Delegado de

Policia Arildo Fulgencio de Almeida (doravante "delegado Almeida") determinou que se
cumprissem as diligencias determinadas pelo Ministerio Publico em 9 de dezembro de
1998 e expediu oficio a Delegacia de Sertanopolis para tomar as declaragoes de Morival
Favoreto69,
80. Em 5 de Janeiro de 1999, em resposta ao ordenado pela juiza Khater70, o escrivao

Ribeiro apresentou um reiatorio, com data de 17 de dezembro de 1998, no qual indicou,
inter aliia, que: i) no dia do fato "por volta das 06:30 [horas] cheg[ou] ao local do crime
juntamente com os policiais militares". Nessa ocasiao, nenhuma testemunha mencionou
um revolver ou a participagao de Morival Favoreto e Ailton Lobato na operagao, sendo
relatado apenas que o grupo utilizou um caminhao branco de marca Volkswagen; ii) em
seguida, esses policiais seguiram para a fazenda Monday e localizaram a Ailton Lobato,
com quern foi encontrado um revolver; iii) o senhor Lobato nao ofereceu resistencia ou
obstrugao as diligencias policiais, "inclusive mostrando a fazenda e a casa que foi [...]
revistada [pelos policiais]", sem que fosse encontrada nenhuma outra arma de fogo; iv)
o referido caminhao, segundo informou Ailton Lobato, havia sido levado a cidade de
Sertanopolis; v) realizou um disparo com a arma apreendida porque considerou
necessario "quando [estava] na frente do comboio, juntamente com policiais militares
que conduziam os tratoristas na retirada dos tratores da Fazenda [Monday] para evitar
de cartuchos deflagrados encontrados no lugar do crime e a arma apreendida de Ailton Lobato; c) a juntada aos
autos do contrato social da empresa Favoretto Colheitas Agricolas S/C Ltda. ME e da escritura publica da
Fazenda; d) o recebimento dos testemunhos de outras pessoas que presenciaram os fatos, assim como dos
empregados de Morival Favoreto e de possiveis suspeitos; e e) uma investigagao sobre se ocorreram fatos
similares na regiao. Cf. Escrito de aiegagoes finais do Estado, supra nota 61, folha 1371; ordem do Ministerio
Publico anexa ao oficio emitido pelo Delegado de Policia Arildo Fulgencio de Almeida a Delegacia de Policia de
Sertanopolis em 28 de fevereiro de 2000 (Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico,
Anexo 4, folhas 2030 e 2031).
67
Cf. Decisao da juiza Khater de 14 de dezembro de 1998 (Expediente de anexos a contestagao da
demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folha 1893).
6B
Cf. Pedido de desconsideragao do pedido de prisao temporaria de Morival Favoreto de 15 de dezembro
de 1998 e primeiro despacho da juiza Khater de 15 de dezembro de 1998 (Expediente de anexos a contestagao
da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folhas 1895 a 1955).
69
Cf. Ordem e oficio do Delegado Almeida de 17 de dezembro de 1998 (Expediente de anexos a
contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folhas 1957, 1958 e 1962).
70
Cf. Segundo despacho da juiza Khater de 15 de dezembro de 1998 (Expediente de anexos a
contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folha 1894).
J
f
23
qualquer tipo de represalia por parte do MST, ja que um veiculo havia parado na frente,
e temendo ser algum bloqueio por parte daqueie movimento, fora acordado que [ele]
fosse na frente, conduzindo a familia de Ailton Lobato, e que [se] estivesse bem, fosse
dado um disparo [...] como advertencia de que o comboio deveria seguir"; e vi) que as
declaragoes das testemunhas na Delegacia na tarde de 27 de novembro de 1998
divergiam do que estas teriam relatado informaimente na manha no lugar do crime71.
81. Em 20 de Janeiro de 1999, em razao do vencimento do prazo legal para concluir o

Inquerito, o delegado Almeida solicitou a Vara de Loanda uma prorrogagao do prazo para
finalizar este procedimento. Em 17 de fevereiro de 1999, a promotora Garcia se
manifestou favoravelmente a prorrogagao requerida e reiterou seu pedido de prisao
temporaria contra Morival Favoreto72.
82. Em 9 de margo 1999, Morival Favoreto prestou sua primeira declaragao, negando
as acusagoes contra si e afirmando que: i) era um dos proprietarios da Fazenda; ii) em
25 de novembro de 1998 se dirigiu a cidade de Sao Bernardo do Campo, Sao Paulo, a fim
de acompanhar seu irmao Darci Favoreto a uma consulta medica com o Dr. Flair Carrilho,
e se hospedou na residencia de seu primo "Eduardo"; iii) tivera uma caminhonete F1000
preta, mas a vendeu antes dos fatos; iv) a empresa Favoretto Colheitas tern um
caminhao Volkswagen 7100, mas "o referido veiculo nao esteve [na] regiao"; v) "embora
ameagado, nao anda armado"; vi) nao sabe quern foi o autor do disparo que causou a
morte do senhor Garibaldi. 0 declarante ainda apresentou um recibo em seu nome
referente a uma consulta medica de Darci Favoreto, com data de 25 de novembro de
1998, assinado pelo medico Flair Carrilho73.
83. Em 15 de margo de 1999, a juiza Khater enviou os autos ao Ministerio Publico. Em

4 de agosto de 1999, a promotora Garcia: i) reiterou que fossem realizadas as diligencias
ja ordenadas (supra pars. 76, 77 e 79); ii) requisitou que fossem recebidas as
declaragoes das "pessoas que confirmem o alibi apresentado pelo indiciado Morival
Favoreto para o dia dos fatos"; e iii) emitiu sua opiniao contraria a prisao temporaria
desse investigado74.
84. Em 13 de agosto de 1999, a Vara de Loanda remeteu o expediente a Delegacia

para o cumprimento das diligencias indicadas pelo Ministerio Publico. Contudo, entre 14
de agosto de 1999 e 22 de fevereiro de 2000, em que pese a reiteragao do pedido de
diligencias pelo Ministerio Publico (supra par. 83) e a prorrogagao concedida em 11 de
fevereiro de 2000 para concluir o Inquerito, nao se realizou nenhuma diligencia relevante
que permitisse seu avango75.
85. Em 23 de fevereiro de 2000, o delegado Almeida emitiu um reiatorio no qual

deciarou parcialmente cumpridas as diligencias ordenadas pelo Ministerio Publico (supra
71
Cf. Declaragao do escrivao Ribeiro de 17 de dezembro de 1998 (Expediente de anexos a contestagao
da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folhas 1987 e 1988). Adicionalmente, de acordo com a testemunha Fabio
Guaragni, a informagao fornecida peio escrivao Ribeiro divergia do afirmado pelos dois policiais militares, os
quais tambem ofereceram declaragao no contexto do Inquerito com anterioridade aos fatos do presente caso.
Cf. Testemunho de Fabio Guaragni na audiencia publica, supra nota 63.
72
Cf. Pedido do delegado Almeida de 20 de Janeiro de 1999 e parecer do Ministerio Publico de 17 de
fevereiro de 1999 (Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folhas 1989 e
1992).
73
Cf. Declaragao de Morival Favoreto de 9 de margo de 1999 e recibo de pagamento de consulta medica
em nome de Morival Favoreto (Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folhas
1995 a 1998).
74
Cf. Ordem da juiza Khater de 15 de margo de 1999 e parecer do Ministerio Publico de 4 de agosto de
1999 (Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folhas 1999 e 2003). Na
ocasiao, a promotora Garcia expos que o atraso em sua manifestagao resultava do acumulo de servigo e do
grande numero de processes que tinha a seu cargo, apresentando dados a respeito.
7S
Cf. Despacho da juiza Khater de 13 de agosto de 1999; despacho do delegado Almeida de 3 de
setembro de 1999; parecer do Ministerio Publico de 10 de novembro de 1999; pedido do delegado Almeida de 8
de fevereiro de 2000; e parecer do Ministerio Publico de 11 de fevereiro de 2000 (Expediente de anexos a
NCO
jo-2
24
pars, 76, 77, 79 e 83) e reiterou o pedido ao Institute de Criminalistica de Maringa

(doravante "Institute de Criminalistica") da pencia da arma apreendida em poder de
Ailton Lobato, inicialmente formulado em 30 de novembro de 1998. Da mesma maneira,
ordenou: i) enviar urn oficio a Delegacia de Sertanopolis para que Morival Favoreto
apresentasse, alem de alguns documentos, as caminhonetes F1000 preta e D-20 cinza a
Delegacia de Loanda para reconhecimento; ii) colher as declaragoes de todos os
empregados da Fazenda; e iii) remeter oficios as delegacias de policia competentes para
receber as declaragoes do prime de Morival Favoreto de nome "Eduardo", o qual deveria
indicar quando o indiciado esteve hospedado em sua casa, e do medico Flair Carrilho.
Este deveria confirmar se era sua a assinatura que constava no recibo apresentado pelo
investigado; identificar as pessoas com quern o indiciado compareceu ao seu consultorio,
especificando hora, dia, mes e ano em que se deu a consulta; esclarecer se tinha
assistente ou secretaria; e apresentar o prontuario medico de seu paciente76.
86. Ante novo pedido de prorrogagao, em 15 de maio de 2000 a promotora Garcia

concedeu urn prazo de trinta dias para concluir o Inquerito. Em 1° de junho de 2000, se
anexou aos autos o Laudo de Exame de Arma de Fogo do revolver calibre 38 apreendido
a Ailton Lobato, com o objetivo de identificar a numeragao da arma e se esta foi
disparada em momento proximo a data do crime. A pericia concluiu que o revolver,
apresentava sinais de adulteragao de seu numero de serie, pelo que nao pode ser
identificado. Ademais, os peritos "se abst[inham] de se pronunciarem quanto a
determinagao da epoca ou data em que uma arma de fogo foi utilizada pela ultima vez
para a deflagragao de cartuchos" por desconhecer dados imprescindiveis, tais como a
conservagao e acondicionamento da arma depois de ser usada77.
87. Em 1° de junho de 2000 foi anexada aos autos a segunda declaragao de Morival
Favoreto, colhida em Sertanopolis em 24 de margo de 2000. Nessa ocasiao, reiterou sua
declaragao anterior, informou os dados completes de seu primo Eduardo Minutoli Junior e
do medico Flair Carrilho e acrescentou, entre outros aspectos, que: i) a caminhonete
F1000 preta que tinha foi vendida a Carlos Eduardo Favoreto da Silva em 27 de agosto
de 1998, que por sua vez a revendeu a outra pessoa em 24 de novembro de 1998; e ii)
nem ele nem seus socios tiveram uma caminhonete D-20 cinza. Alem disso, apresentou
provas das vendas do veiculo F1000, da dissolugao da empresa Favoretto Colheitas e da
propriedade da Fazenda78.
88. Em 1° de junho de 2000 tambem foram emitidos os oficios as delegacias de Sao

Jose dos Campos e de Sao Paulo, respectivamente, para receber as declaragoes de
Eduardo Minutoli Junior e de Flair Carrilho {supra par. 85 ) 79.
89. Entre 2 de junho de 2000 e 3 de julho de 2001, a Delegacia, atraves do policial

Luiz Alves da Silva (doravante "policial Silva"), reiterou em duas oportunidades os oficios
enviados as Delegacias de Sao Jose dos Campos e de Sao Paulo, e solicitou, em tres
oportunidades, prorrogagoes para a realizagao das diligencias pertinentes ante a falta de
76 Cf. Despacho do delegado Almeida de 23 de fevereiro de 2000; certidao e oficios da Delegacia de

Querencia do Norte de 28 de fevereiro de 2000 ao Instituto de Criminalistica e a Delegacia de Sertanopolis
(Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folhas 2012 a 2019).
77
Cf. Pedido do delegado Almeida de 27 de margo de 2000; parecer do Ministerio Publico de 15 de maio
de 2000; certidao da Delegacia de Querencia do Norte de 1° de junho de 2000; e laudo de exame de arma de
fogo emitido pelo Instituto de Criminalistica (Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico,
Anexo 4, folhas 2019 a 2026).
76
Cf. Certidao da Delegacia de Querencia dp Norte de 1° de junho de 2000; declaragao de Morival
Favoreto de 24 de margo de 2000; documentos de registro do veiculo F1000 preto; autorizagdes de
transferencia do veiculo F1000 preto de 27 de agosto de 1998 e 24 de novembro de 1998; escritura publica da
Fazenda de 25 de julho de 1991; e ata da destituigao da sociedade Favoretto Colheitas (Expediente de anexos
a contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folhas 2022, e 2033 a 2045).
79
Cf. Oficios da Delegacy de Querencia do Norte de 1° de junho de 2000 (Expediente de anexos a
i
BRANCO
25
JO!
cumprimento das mesmas. Nao foram realizadas outras diligencias nesse penodo e todas-*
as solicitagoes de prorrogagao foram aprovadas pelo Ministerio Publico80.
90. Em 4 de julho de 2001, o Delegado de Poiicia Cezar Napoleao Casimir Ribeiro (o

escrivao Ribeiro, supra pars. 74 e 80), que nessa epoca era titular da Delegacia de Santa
Isabel do Ivai, cidade vizinha a Querencia do Norte, assumiu o Inquerito e requisitou a
reiteragao dos oficios pendentes de cumprimento81.
91. Em 5 de julho de 2001, foi ajuntada ao expediente a declaragao colhida perante a

Poiicia Civil de Sao Jose dos Campos por Eduardo Minutoli Junior na qual afirma somente
que "seu primo Morival Favoreto esteve hospedado em sua casa, em companhia do
irmao Darci Favoreto e da esposa [desse ultimo,] Sandra Favoreto", sem mencionar o
penodo dessa visita. Alem disso, em 10 de julho de 2001 o Delegado de poiicia Cezar
Napoleao Casimir Ribeiro reiterou o oficio para que fosse colhido o depoimento de Flair
Carrilho82.
92. Entre 11 de julho de 2001 e 11 de setembro de 2002 unicamente se dispuseram o

cumprimento das ordens do Ministerio Publico e a juntada aos autos de documentos
pendentes, sem que efetivamente se levasse a cabo diligencia probatoria alguma. Devido
a isso, no mesmo penodo se solicitaram, em quatro oportunidades distintas,
prorrogagoes para realizar as diligencias que faltavam no Inquerito. Todas as solicitagoes
de prorrogagao foram aprovadas pelo Ministerio Publico, que concedeu prorrogagSes de
ate 90 dias83.
93. Em 12 de setembro de 2002 o Delegado Paulo Cezar da Silva solicitou a Vara de

Loanda que remetesse o revolver apreendido e os dois estojos de cartuchos de calibre 38
encontrados no lugar do crime para que fossem enviados ao Institute de Criminalfstica84.
94. Em 13 de setembro de 2002 foi ajuntado ao Inquerito o depoimento de Flair

Carrilho, tornado em 25 de julho do mesmo ano pela Terceira Delegacia de Investigagoes
Interestaduais. A testemunha respondeu, entre outros aspectos, que: i) Darci Favoreto,
que era seu paciente desde 1994, comparecia as consultas medicas acompanhado de sua
esposa e algum familiar; ii) "nao pod[ia] afirmar com certeza se [Morival Favoreto]
esteve ou nao em seu consultorio em 25 de novembro de 1998"; iii) "com certeza
absoluta, o recibo [ja referido] pertence a clinica, a assinatura confere com a utilizada
pelo declarante nos seus documentos da clinica, e de acordo com o prontuario do
paciente, o mesmo esteve neste mesmo dia [25 de novembro de 1998] em seu
80
Cf. Despachos do policial Silva de 30 de junho, 30 de setembro e 11 de dezembro de 2000; oficios do
policial Silva de 11 de setembro e 20 de novembro de 2000; certidao da Delegacia de Querencia do Norte de 15
de junho de 2001; e pareceres do Ministerio Pubiico de 7 de agosto e 16 de outubro de 2000, e de 23 de maio
de 2001 (Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folhas 2054 a 2068).
81 Cf. Despacho do delegado Cezar Napoleao Casimir Ribeiro de 4 de julho de 2001 (Expediente de
anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folha 2069).
82
Cf. Declaragao de Eduardo Minutoli Junior de 28 de setembro de 2000 e oficio do delegado Cezar
Napoleao Casimir Ribeiro de 10 de julho de 2001 (Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo
Unico, Anexo 4, folhas 2073, 2074 e 2076).
83
Cf. Pedido do deiegado Cezar Napoleao Casimir Ribeiro de 13 de julho de 2001; despachos do
delegado Valdir Fernandes de 14 de setembro e 11 de outubro de 2001, e de 8 de abril de 2002; despachos do
delegado Jairo dos Santos de 23 de novembro e de 20 de dezembro de 2001; despachos do delegado Paulo
Cezar da Silva de 10 de maio e de 15 de agosto de 2002; e pareceres do Ministerio Publico de 6 de agosto e 23
de outubro de 2001 e de 22 de fevereiro e 17 de junho de 2002 (Expediente de anexos a contestagao da
demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folhas 2075 a 2089). A promotora explicou que o prazo de 90 dias concedido
era excepcional, em virtude da proximidade das ferias forenses do mes de julho de 2002, assim como porque o
delegado de poiicia a cargo do Inquerito se encontrava atendendo, alem dos cinco municipios incluidos na
Comarca de Loanda, a Comarca de Santa Isabel do Ivai.
84
Cf. Pedido do delegado Paulo Cezar da Silva de 12 de setembro de 2002 (Expediente de anexos a
contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folha 2092). De acordo com o testemunho de Fabio Guaragni,
os dois estojos de projeteis deflagrados de revolver calibre 38 mencionados foram entregues por uma
testemunha a Delegacia de Querencia do Norte. Cf. Testemunho de Fabio Guaragni na audiencia publica, supra
nota 63.
X\
26 ,J02L
consultorio"; e iv) por impedimentos legais nao pode fornecer o prontuario do pacienteX,
Darci Favoreto85.
95. Entre 14 de setembro de 2002 e 9 de agosto de 2003 se solicitaram e

concederam tres prorrogagoes, uma delas novamente por 90 dias, para a conciusao do
Inquerito86.
96. Em 10 de agosto de 2003, o Delegado de Policia Paulo Gomes de Souza reiterou o

oficio enviado a Vara de Loanda em 12 de setembro de 2002 referente a arma e as
capsulas apreendidas (supra par. 93). Em 27 de agosto de 2003, a juiza Khater ordenou
que se cumprisse dita solicitagao87. Nao obstante, em 25 de margo de 2004 o escrivao da
Vara de Loanda certificou que "nao [se] h[avia] dado cumprimento ao antes determinado
posto que a arma nao se encontra[va] n[aquele] Juizo". Na mesma data, os autos foram
enviados pela juiza Khater ao Ministerio Publico para que emitisse seu parecer88.
97. Em 12 de maio de 2004 o Promotor de Justiga Edmarcio Real solicitou o

arquivamento do Inquerito sem pronunciar-se sobre o fato de que a arma nao havia sido
encontrada. Fundamentou seu parecer nos seguintes argumentos: i) quatro testemunhas
disseram que Morival Favoreto e Ailton Lobato integravam o grupo armado, mas "os
demais integrantes do MST nao menciona[ram] ter visto referidas pessoas"; ii) Morival
Favoreto negou sua participagao no crime e afirmou que se encontrava em Sao Bernardo
do Campo, acompanhando Darci Favoreto em seu tratamento medico. O "medico Flair
[Carrilho] confirm[ou] a presenga de Darci Favoreto em seu consultorio [...] no dia dos
fatos"; iii) Ailton Lobato negou haver participado dos fatos e exerceu seu direito de
permanecer em silencio; iv) o escrivao Ribeiro "mencion[ou] as divergencias nas
declaragoes dos integrantes do MST"; v) foi uma pessoa encapuzada e nao Morival
Favoreto o Ailton Lobato quern disparou contra o senhor Garibaldi; vi) nao se pode
identificar o autor do disparo e nao se apresentaram mais dados para identificar outros
participantes na operagao; vii) nao se pode inferir o consentimento dos outros
integrantes do grupo armado relativamente ao homicidio; viii) o atirador nao teve a
intengao de matar o senhor Garibaldi pois efetuou um disparo contra sua perna; ix) os
integrantes do mencionado grupo abandonaram o lugar dos fatos depois do referido
disparo; x) nao havia ficado amplamente demonstrado que os veiculos utilizados durante
os fatos pertenciam a Morival Favoreto naquele momento; xi) haviam transcorrido quatro
anos desde os fatos, sem que houvesse uma possibilidade clara de determinar a autoria
do delito; xii) nao procedia uma acusagao por formagao de quadrilha, porque nao havia
nenhuma evidencia de que os integrantes do grupo se houvessem unido para cometer
crimes; e xiii) em particular, relativamente a Ailton Lobato, o crime de posse ilegal de
arma estava prescrito89.
85
Cf. Certidao da Delegacia de Querencia do Norte de 13 de setembro de 2002 e declaragao do medico
Flair Carrilho de 25 de julho de 2002 {Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 4,
folhas 2091 e 2106).
86
Cf. Pedido do delegado Paulo Cezar da Silva de 10 de outubro de 2002; parecer do Ministerio Publico
de 11 de novembro de 2002; despacho da juiza Khater de 11 de novembro de 2002; parecer do Ministerio
Publico de 13 de margo de 2003; pedido do delegado Flavio de Almeida Medina de 28 de abril de 2003; parecer
do Ministerio Publico de 21 de maio de 2003 (Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico,
Anexo 4, folhas 2109 a 2123); e pedido do delegado Flavio de Almeida Medina de 12 de fevereiro de 2003
(Expediente de anexos ao escrito de petigdes e argumentos, Anexo 8.1.1, folha 1270).
87
Cf. Despacho do delegado Paulo Gomes de Souza de 10 de agosto de 2003; parecer do Ministerio
Publico de 25 de agosto de 2003; e despacho da juiza Khater de 27 de agosto de 2003 (Expediente de anexos a
88
Cf. Certidao da Vara de Loanda de 25 de margo de 2004 e despacho de vista ao Ministerio Publico de
25 de margo de 2004 (Expediente de anexos a contestagao a demanda, Tomo Unico, Anexo 4, folha 2128).
89
Cf. Parecer do Ministerio Publico de 12 de maio de 2004, supra nota 60, folhas 2130 a 2132.
m BRANCO
27 (
Em 18 de maio de 2004 a jufza Khater emitiu decisao nos seguintes termos:

\
98.
"acolho o [referido] parecer [do Ministerio Publico] e, via de consequencia, determine o
arquivamento destes autos, com as anotagoes de praxe"90.
99. Contra tal decisao, Iracema Garibaldi impetrou um Mandado de Seguranga em 16

de setembro de 2004, solicitando o desarquivamento do Inquerito. A suposta vitima
argumentou que dita ordem era contraria ao artigo 93, inciso IX, da Constituigao
Federal91. Em 17 de setembro de 2004, o Tribunal de Justiga do Estado do Parana
denegou o recurso por considerar o pedido "incompativel com o ambito cognitivo do
[Mandado de Seguranga]", nao existindo um direito iiquido e certo a favor da
impetrante92.
100. Em 20 de abril de 2009 a Promotora de Justiga Vera de Freitas Mendonga solicitou

a Vara de Loanda a desarquivamento do Inquerito, alegando o surgimento de novas
provas, isto e, as declaragoes de Vanderlei Garibaldi e Giovani Braun tomadas no marco
deste caso ante esta Corte, nos dias 3 e 5 de fevereiro de 2009, respectivamente. Alem
disso, a promotora solicitou, entre outras, a realizagao das seguintes diligencias: i)
receber as declaragoes de Vanderlei Garibaldi e seus cunhados "Darci e Marcelo", que
presenciaram os fatos; Giovani Braun; o escrivao Ribeiro; outros trabalhadores sem terra
presentes no momento do crime; Morival Favoreto e Ailton Lobato; ii) localizar as armas,
os projeteis e cartuchos apreendidos no Inquerito para realizar pencia tecnica no
Institute de Criminalistica; e iii) verificar se foi identificada alguma miiicia privada que
atuou na epoca do homiddio e nos anos posteriores em conflitos armados com
trabalhadores sem terra. Na mesma data, a juiza Carla Melissa Martins Tria, atualmente
titular da Vara de Loanda, estimou que nos "documentos colacionados pelo Ministerio
Publico ha declaragoes de pessoas que nao foram ouvidas durante [o Inquerito], as quais
trazem elementos novos em relagao ao que ja foi produzido para apurar a morte de
Setimo Garibaldi". Com base no artigo 28 do Codigo de Processo Penal e na Sumula 524
do Supremo Tribunal Federal, determinou o desarquivamento do Inquerito93.
B) Alegagoes das partes
101. A Comissao Interamericana alegou que os Estados sao responsaveis

internacionalmente pela agao ou omissao de quaisquer de seus orgaos ou agentes,
inclusive seus orgaos judiciais e policiais, quando estes violem direitos humanos
reconhecidos • na Convengao. Uma finalidade elementar de todo processo penal e
esclarecer o fato investigado. A investigagao judicial deve ser empreendida pelo Estado
de boa fe, de maneira diligente, exaustiva e imparcial, devendo estar orientada a
explorar todas as possiveis linhas investigativas que levem a identificagao dos autores do
delito, para seu posterior julgamento e sangao. No presente caso, isso requeria realizar
todas as diligencias e averiguagoes que fossem necessarias a fim de descobrir a verdade
sobre a morte de Setimo Garibaldi e sancionar os responsaveis. A criterio da Comissao,
as autoridades encarregadas do Inquerito nao consideraram a intervengao de varios
executores materiais, concentrando-se nas pessoas de Morival Favoreto e Ailton Lobato;
tampouco levaram em conta os autores intelectuais do crime ou possiveis interessados
na desocupagao. Identificou, entre outras, as seguintes deficiencias no procedimento
investigative: a) nao se investigou nem convocou para declarar aos co-proprietarios da
Fazenda e socios da Favoretto Colheitas; b) alem dos oito testemunhos recebidos, nao se
90
Decisao da juiza Khater de 18 de maio de 2004 (Expediente de anexos a contestagao a demanda,
Tomo Unico, Anexo 4, folha 2134).
91
Cf. Constituigao Federal de 1988 (Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico,
Anexo 5, folha 2230).
Art. 93, inciso IX. [T]odos os julgamentos dos orgaos do Poder Judiciario serao pubiicos, e
fundamentadas todas as decisoes, sob pena de nulidade
92
Cf. Extrato do acompanhamento processual e decisao rejeitando o Mandado de Seguranga (Expediente
de anexos a demanda, Tomo I, Anexo 35, folhas 160 a 162).
93
Cf. Pedido de desarquivamento de Inquerito apresentado pelo Ministerio Publico em 20 de abril de
2009, supra nota 60, folhas 2582 e 2586, e decisao da Vara de Loanda de 20 de abril de 2009 (Expediente de
documentos apresentados na audiencia publica, Tomo Unico, foihas 2590 e 2591).
28
intimou outras pessoas que presenciaram os fatos para prestar declaragao, apesar de
que havia aproximadamente 200 pessoas acampadas na Fazenda, nem outros
empregados da propriedade rural ou da sociedade Favoretto Colheitas; c) o escrivao
Ribeiro, que havia prestado informagao nos autos sobre o disparo com a arma
apreendida a Ailton Lobato, atuou posteriormente como delegado de policia a cargo do
. Inquerito; d) nao foi verificada a data da suposta estadia de Morival Favoreto na
residencia de Eduardo Minutolli Junior; e) nao se cotejou a arma apreendida com as
capsulas de projeteis calibre 38 encontradas no lugar do crime; f) essa arma
desapareceu da Vara de Loanda; g) instado a manifestar-se sobre o desaparecimento da
arma, o Ministerio Publico nao se referiu a esse fato nem adotou medidas investigativas a
respeito, ao contrario solicitou o arquivamento do Inquerito sem que o delegado de
policia o tivesse concluido e apresentado seu relatorio conclusive; e h) houve diversos
lapses nos quais nao se realizou nenhuma atividade substantive no Inquerito.
Acrescentou que as diversas e graves deficiencias no Inquerito devem ser analisadas
dentro de seu contexto particular, a saber, que se tratava de uma operagao de
desocupagao violenta de uma propriedade privada e os fatos do caso seguem um padrao
comum no Brasil. Ambos os elementos, deveriam facilitar a condugao do Inquerito, pois e
evidente que se obedecia um determinado proposito e um modus operand! que devia ser
conhecido pelas autoridades.
102. A Comissao sustenta que, apesar de haver transcorrido varies anos desde a
aceitagao da competencia da Corte por parte do Estado, "o delito investigado continua
impune, tendo transcorrido um prazo mais que razoavei sem que os orgaos internos do
Estado responsaveis pela investigagao, julgamento e sangao dos fatos produzam
resultados". Ademais, "as caracteristicas do fato, a condigao pessoal dos implicados no
process©, o grau de complexidade da causa ou a atividade processual dos interessados
[nao] constituem elementos que excusem o atraso injustificado da administragao de
justiga que teve lugar no caso". A impiinidade das violagoes de direitos humanos e
especialmente importante nos casos dos trabalhadores sem terra, ja que e uma das
principals causas de violencia no campo do Brasil. Desse modo, a respeito dos fatos
posteriores a 10 de dezembro de 1998, "a demora e a falta de devida diligencia no
processo de investigagao e coleta de evidencia essencia! [...] caracterizam uma violagao
aos artigos 8 e 25 da Convengao Americana, em relagao com o artigo 1(1) do mesmo
instrumento".
103. Os representantes alegaram que existem suficientes elementos que demonstram

a responsabilidade do Estado pela violagao das garantias judiciais dos familiares de
Setimo Garibaldi. Sustentaram que o Estado deve atuar diligentemente, de forma a
garantir que as investigagoes sejam realizadas de maneira seria e nao como uma mera
formalidade predestinada a ineficiencia, respeitando os requisites de independencia,
efetividade e celeridade. As vitimas de violagoes de direitos humanos tern direito a uma
solugao rapida dessas transgressoes e que sejam resolvidas pelas autoridades do Estado
em um tempo razoavei. O inquerito objeto do presente caso demorou quase seis anos e
esteve viciada por falhas, bem como peio descaso e a parcialidade das autoridades
estatais. Apesar de haver elementos suficientes para iniciar o processo penal contra os
suspeitos, o procedimento investigative foi arquivado sem que fossem identificados os
responsaveis da morte do senhor Garibaldi, permanecendo esse crime em absoluta
impunidade.
104. Os representantes alegaram, entre outras, as seguintes irregularidades do

Inquerito: a) ao denegar o pedido de prisao temporaria de Morival Favoreto em 14 de
dezembro de 1998, a juiza Khater atuou favorecendo-o, pois nao existiam as
divergencias indicadas pela magistrada em sua decisao; b) a declaragao de Morival
Favoreto foi recebida somente em 9 de margo de 1999; c) o recibo apresentado por esse
indiciado nao tern numeragao, razao pela qua! pode ter sido emitido e assinado em
qualquer data, sem que se possa verificar quando realmente foi expedido; d) o
mencionado recibo e os testemunhos de Eduardo Minutoli Junior e Flair Carrilho nao
comprovam a presenga de Morival Favoreto em Sao Bernardo do Campo em 27 de
novembro de 1998; e) apesar disso e do reconhecimento de Morival Favoreto por
testemunhas, o Ministerio Publico entendeu que nao havia evidencias suficientes para
29 JoS ,
f
esclarecer a autoria do crime e requereu o arquivamento do Inquerito; f) nao foram
chamados a prestar declaragao Vanderlei Garibaldi, "que estava presente no assassinate
de Setimo Garibaldi", nem o suposto comprador da caminhonete que Morivai Favoreto
teria utilizado durante a operagao de desocupagao; g) o Ministerio Publico nao se
manifestou sobre o desaparecimento da arma apreendida durante as investigagoes; h) as
supostas divergencias nas declaragoes dos trabalhadores sem terra indicadas peio
escrivao Ribeiro nao existiram, conforme e demonstrado pelas declaragoes dessas
testemunhas e dos policiais militares que compareceram ao lugar do crime e efetuaram a
prisao em flagrante de Ailton Lobato; e i) a juiza Khater nao fundamentou a decisao de
arquivamento do Inquerito. No tocante ao atraso do Inquerito, indicaram que o caso
concreto nao reunia as caractensticas desse procedimento, ja que existia informagao
suficiente sobre os autores intelectuais e os participes do crime, assim como declaragoes
de testemunhas. Com relagao a atividade processual do interessado, mesmo que se
tenha arquivado o Inquerito, Iracema Garibaldi interpos um Mandado de Seguranga para
garantir seu direito a que se continuasse com o Inquerito do homicidio. Sobre a conduta
das autoridades, e evidente a parcialidade e a negligencia com que as autoridades
policiais e judiciais trataram a morte de Setimo Garibaldi. Devido aos fatos citados,
infere-se que nao existe justificative alguma para a demora do Inquerito Policial, muito
menos para seu arquivamento.
105. Quanto a reabertura do Inquerito, os representantes consideraram que a mesma

constitui uma mostra adicional das irregularidades do procedimento, toda vez que as
supostas novas provas ja constavam no expediente. Essa agao do Estado confirma que
existiam elementos suficientes para sustentar a opinio delicti e, portanto, nao arquivar o
Inquerito. Destacaram que nenhum familiar de Setimo Garibaldi foi chamado a prestar
testemunho perante a policia, pelo que o desarquivamento do Inquerito nao e mais que
uma manobra do Estado para eximir-se das violagoes ocorridas neste caso. Em razao do
anterior, solicitou a Corte que declare que o Estado violou o direito a protegao e as
garantias judiciais em prejuizo dos familiares de Setimo Garibaldi.
106. 0 Estado alegou que a Corte tern competencia para examinar procedimentos
internos de investigagao e judiciais so quando ocorrem graves irregularidades nos
mesmos, o que nao sucedeu no presente caso. Considerou que o Inquerito nao teve
falhas que pudessem viciar todo o procedimento. A legislagao brasileira preve "um
controle adequado e racional dos procedimentos de arquivo das investigagoes em gerai".
O Ministerio Publico tern o controle externo das investigagoes penais conduzidas pela
policia e e o unico orgao que pode solicitar o arquivamento da investigagao ou o inicio da
agao penal ao juiz competente. No Brasil, rege o principio da obrigatoriedade da
persecugao penal e, por isso, existe o dever de iniciar um processo penal perante a
constatagao de indidos de um crime e de sua autoria. Da mesma maneira, com base no
principio da independencia funcional, a Constituigao garante ao Ministerio Publico a
liberdade para formar sua convicgao ao examinar os requisites para formular ou nao uma
denuncia penal. Por outro lado, o arquivamento do Inquerito exige uma exposigao das
razoes que motivam seu pedido e um controle judicial posterior, precisamente dirigido a
evitar o descumprimento do principio da obrigatoriedade da persecugao penal. Alem
disso, tanto a decisao de denunciar como a de arquivar um inquerito sao revisaveis
perante o chefe maximo do Ministerio Publico, a pedido do juiz competente da agao
penal. Adicionalmente, em caso de que surjam provas novas, o Ministerio Publico tern a
capacidade de reabrir as investigagoes. Nesse sentido, as declaragoes rendidas durante o
tramite do presente caso pelas testemunhas Vanderlei Garibaldi e Giovani Braun, com
efeito, foram consideradas como provas novas e, por conseguinte, as investigagoes
foram reabertas. O reinicio do procedimento aconteceu em uma data proxima a
audiencia pubiica, pois nao foi senao ate esse momento que o Ministerio Publico
conheceu tais provas. Os representantes podiam enviar essas declaragoes diretamente
ao Ministerio Publico, evitando assim esta demanda.
107. O Estado afirmou, em resposta as supostas irregularidades indicadas na demanda,

entre outros aspectos, que: a) realizou uma pericia da arma apreendida, a qual nao foi
conclusiva a respeito do ultimo momento em que a mesma foi disparada; b) o escrivao
Ribeiro, encarregado do Inquerito, efetuou inspegoes na fazenda onde foi detido Ailton
30
Lobato em busca de armas, mas nao encontrou nenhuma; c) Morivai Favoreto foi
interrogado sobre sua arma e afirmou que nao andava armado; d) Ailton Lobato foi
interrogado, mas exerceu seu direito constitucional de permanecer em siiencio; e) nao se
interrpgou sobre os demais integrantes do grupo armado a Morivai Favoreto porque ele
negou a participagao no crime, nem a Ailton Lobato, porque exerceu seu direito de
permanecer em siiencio; f) nao foram recebidas as declaragoes dos demais proprietarios
da Fazenda, pois estes nao foram indicados pelas testemunhas como participantes da
operagao; g) com relagao a caminhonete F1000, esse fato foi investigado e foi
comprovada sua venda com anterioridade a desocupagao; ademais Morivai Favoreto
negou ser proprietario da caminhonete D-20; e h) nao era necessario realizar pericias no
recibo da consulta medica, pois o medico Flair Carrilho confirmou que o havia emitido e
disse que nao tinha registro das pessoas que acompanhavam seus pacientes durante o
atendimento medico. Igualmente, ressaltou que Morivai Favoreto declarou duas vezes;
houve deslocamento de policiais ao lugar do crime; receberam-se as declaragoes desde
outras jurisdlgoes atraves de cartas precatorias; solicitou-se a prisao temporaria de .
Morivai Favoreto; realizaram-se pericias e receberam-se diversos testemunhos. Por outra
parte, o Estado reconheceu que a comparagao balistica entre a arma apreendida e as
capsulas encontradas no lugar do crime, sim poderia haver sido realizada. Desse modo, a
seu criterio, com excegao da falta dessa pericia, nao existiram falhas no Inquerito que
devessem ser sanadas pelo Estado.
108. Ademais, o Brasil indicou que a falta de urn relatorio conclusive nao e uma
irregularidade nas investigagoes policiais, nao existindo disposigao legal alguma que
proiba o arquivo desses procedimentos antes que seja apresentado o relatorio conclusivo
do delegado de policia. A respeito da falta de fundamentagao da decisao do juiz a favor
do arquivamento do Inquerito, trata-se de uma pratica comum quando se esta de acordo
com as razoes expostas pelo Ministerio Publico no respective pedido, a qual tern sido
aceita pela jurisprudencia do Supremo Tribunal Federal. Sobre a declaragao do filho da
vitima, Vanderlei Garibaldi, insistiu que nao estava obrigado a recebe-la, pois o artigo 6°,
inciso IV, do Codigo de Processo Penal determine unicamente que seja escutado o
ofendido, se este estiver vivo. Quanto ao alegado desaparecimento da arma apreendida
em poder de Ailton Lobato, informou que essa prova foi enviada ao Institute de
Criminaiistica para submete-la a um exame pericial e, apesar da apresentagao do
respective laudo em 1° de junho de 2000, nao consta nos autos de que tivesse sido
devolvida a Deiegacia de Policia. Por isso, o fato de que a arma nao esteja no juizo "nao
significa [que] tenha sido sonegada, mas sim de que poderfia] ainda estar sob o dornmio
da Policia Civil ou do proprio Institute de Criminaiistica, que a submeteu a pericia".
Quanto aos motives dos penodos em que o Inquerito permaneceu sem que se
realizassem diligencias, estes estao expostos nos autos do procedimento, tais como
ferias regulamentares, o acumulo de trabalho e a espera do cumprimento dos oficios
enviados a outras jurisdigdes. A dilagao sucessiva do prazo para concluir uma
investigagao esta prevista no artigo 10, paragrafo 3°, do Codigo de Processo Penal e e
limitada, nesses termos, pelo prazo de prescrigao do crime investigado, o qual
corresponde a 20 anos no crime de homicidio. A juizo do Estado, nao houve desidia na
condugao do Inquerito.
109. Conforme o Estado, no presente caso o promotor sopesou todas as proves

produzidas durante o Inquerito e concluiu que foi uma pessoa encapuzada quern disparou
contra Setimo Garibaldi e nao Morivai Favoreto ou Ailton Lobato. O promotor tambem
expressou em seu parecer que havia contradigoes entre as declaragoes dos trabalhadores
rurais, e que nao se podia inferir que os demais participantes do grupo armado
estivessem de acordo com a pratica do homicidio. Por isso, ao analisar se o material
probatorio era suficiente e razoavel para sustentar a acusagao em juizo, o promotor
atuou com base na sua convicgao‘pessoal, amparada pelo principio da independencia
funcional, e considerou imprudente apresentar uma denuncia penal. Ademais, esse
promotor manifestou que, pela falta de indicios fornecidos pelas testemunhas que
pudessem identificar os demais integrantes do grupo armado, nao vislumbrava uma
s\l-
31 FIs. J0>
forma de esclarecer a autoria do crime e, portanto, optou pelo arquivamento

Inquerito.
110. Finalmente, o Estado indicou que em outros casos de conflitos agrarios no Estado
do Parana, o Ministerio Publico formulou sua opinio delicti no sentido de promover agoes
penais peio cometimento de crimes, alguns dos quais haveriam sido cometidos contra
membros do MST. Aduziu que tern uma politica consistente de combate a violencia no
campo, mencionando nesse sentido o Programa Paz no Campo, cujas atividades incluem
o recebimento de denuncias, a mediagao de conflitos e a capacitagao de mediadores em
todo o territorio nacional. Alem disso, destacou que o Programa Nacional de Combate a
Violencia no Campo estabeleceu orgaos jundicos especificos, como as varas, as
promotorias e as delegacias policiais especializadas em investigar conflitos agrarios. Por
todo o exposto, o Estado solicitou a Corte que considere improcedentes as alegagoes
sobre violagoes dos artigos 8 e 25 da Convengao, com relagao ao artigo 1.1 do mesmo
instrumento.
C) Consideragoes de Direito
111. A Corte reconheceu em casos anteriores a necessaria relagao que existe entre o
dever geral de garantia indicado no artigo 1.1 da Convengao e os direitos especificos
protegidos por esse instrumento94. Como consequencia desse dever de garantia, surgem
obrigagoes que recaem sobre o Estado a fim de assegurar o livre e pleno exercicio dos
direitos reconhecidos na Convengao a toda pessoa sujeita a sua jurisdigao95. Esse dever
de garantia, ao estar vinculado com direitos especificos, pode ser cumprido de diferentes
maneiras, dependendo do direito que o Estado deva garantir e da situagao particular do
caso96.
112. A obrigagao de investigar violagoes de direitos humanos esta incluida nas medidas
positives que devem adotar os Estados para garantir os direitos reconhecidos na
Convengao97. A Corte tern sustentado que, para cumprir a obrigagao de garantia, os
Estados devem nao so prevenir, mas tambem investigar as violagoes dos direitos
humanos reconhecidos nesse instrumento, como as alegadas no presente caso, e
procurar, ademais, o restabelecimento, se e possivel, do direito infringido e, se for o
caso, a reparagao dos danos produzidos pelas violagoes dos direitos humanos98.
113. E pertinente destacar que o dever de investigar e uma obrigagao de meios, e nao
de resultado. No entanto, deve ser assumida pelo Estado como urn dever juridico proprio
e nao como uma simples formalidade condenada de antemao a ser ineficaz", ou como
uma mera gestao de interesses particulares, que dependa da iniciativa processual das
vitimas ou de seus familiares ou .do aporte privado de elementos probatorios100.
94
Cf. Caso Vargas Areco Vs. Paraguai. Merito, Reparagdes e Custas. Sentenga de 26 de setembro de
2006. Serie C Mo. 155, par. 73; e Caso Garda Prieto e outros, supra nota 59, par. 98.
95
Cf. Caso Velasquez Rodriguez, supra nota 19, par. 91; Caso Kawas Fernandez, supra nota 14, pars. 74
e 110; e Caso Valle Jaramillo e outros l/s. Colombia. Merito, Reparagoes e Costas. Sentenga de 27 de novembro
de 2008. Serie C No. 192, par. 97.
96
Cf. Caso Vargas Areco, supra nota 94, par. 73; Caso He/iodoro Portugal, supra nota 13, par. 141; e
Caso Valle Jaramillo e outros, supra nota 95, par. 97.
97
Cf. Caso Velasquez Rodriguez, supra nota 48, pars. 166 e 176; Caso Reveron Trujillo, supra nota 30
par. 146; e Caso Valle Jaramillo e outros, supra nota 95, par. 98.
98
e Caso Ticona Estrada e outros Vs. Bolivia. Merito, Reparagoes e Custas. Sentenga de 27 de novembro de 2008.
Serie C No. 191, par. 78. .
99
e Caso Kawas Fernandez, supra nota 14, par. 101.
>
32
114. A luz desse dever, quando se trata da investigagao de uma morte violenta, como
no presente caso, uma vez que as autoridades estatais tenham conhecimento do fato,
devem iniciar ex officio e sem demora, uma investigagao seria, imparciai e efetiva101.
Essa investigagao deve ser realizada por todos os meios legais disponiveis e orientada a
determinagao da verdade.
115. Esta Corte Interamericana tem especificado os principios norteadores de uma

investigagao qua.ndo se esta diante de uma morte violenta. Conforme a jurisprudencia do
Tribunal, as autoridades estatais que conduzem uma investigagao desse tipo devem
tentar no mmimo, inter alia: a) identificar a vitima; b) recuperar e preservar o material
probatorio relacionado com a morte, com o fim de ajudar em qualquer potencial
investigagao penal dos responsaveis; c) identificar possiveis testemunhas e obter suas
declaragoes com relagao a morte que se investiga; d) determiner a causa, forma, lugar e
momento da morte, assim como qualquer padrao ou pratica que possa ter causado a
morte; e e) distinguir entre morte natural, morte acidental, suicidio e homicidio.
Ademais, e necessario investigar exaustivamente a cena do crime e realizar autopsias e
analises dos restos humanos de forma rigorosa, por profissionais competentes e
empregando os procedimentos mais apropriados102.
116. De outra feita, este Tribunal tem se referido ao direito que assiste aos familiares
das supostas vitimas de conhecer o que sucedeu e saber quern foram os responsaveis
dos fatos. A esse respeito, a Corte tambem indicou que do artigo 8 da Convengao se
depreende que as vitimas de violagqes de direitos humanos, ou seus familiares, devem
contar com amplas possibilidades de ser ouvidos e atuar nos respectivos processes, em
busca tanto do esclarecimento dos fatos e da sangao dos responsaveis, como de uma
devida reparagao103. Nesse sentido, a Corte afirmou que em um caso de execugao
extrajudicial os direitos afetados correspondem aos familiares da vitima falecida, que sao
a parte interessada na busca por justiga e a quern o Estado deve prover recursos
efetivos para garantir-lhes o acesso a justiga, a investigagao e a eventual sangao, de ser
o caso, dos responsaveis e a reparagao integral das consequencias das violagoes104.
117. Consequentemente, pela jurisprudencia desse Tribunal, os familiares das vitimas

tem o direito, e os Estados a obrigagao, a que o sucedido a estas seja efetivamente
investigado pelas autoridades estatais; seja seguido um processo contra os provaveis
100
e Caso Tristan Donoso, supra nota 9, par. 146.
101
Cf. Caso dos Irmaos Gomez Paquiyauri Vs. Peru. Merito, Reparagoes e Custas. Sentenga de 8 de julho
de 2004. Serie C No. 110, par. 146; Caso Kawas Fernandez, supra nota 14, par. 101; e Caso Perozo e outros,
102
Cf. Caso Juan Humberto Sanchez Vs. Honduras. Excegao Preliminar, Merito, Reparagoes e Custas.
Sentenga de 7 de junho de 2003. Serie C No. 99, par. 127; Caso Kawas Fernandez, supra nota 14, par. 102; e
Caso Zambrano Velez e outros Vs. Equador. Merito, Reparagoes e Custas. Sentenga de 4 de julho de 2007.
Serie C No. 166, par. 121. Outrossim, conforme disposto no Manual das Nagoes Unidas sobre a Prevengao e
Investigagao de Execugoes Extrajudiciais, Arbitrarias e Sumarias, pode resultar necessario, dependendo das
circunstancias do caso, outras medidas tais como: manter informados os familiares da pessoa falecida e seus
representantes legais das audiencias que sejam realizadas, as quais terao acesso, assim como a toda
informagao pertinente relacionada a investigagao, e terao direito a apresentar outras provas; redigir, em um
prazo razoavel, um relatorio escrito sobre os metodos e as conclusoes das investigagSes, entre outras. Cf.
Manual das Nagoes Unidas sobre a Prevengao e Investigagao de ExecugSes Extrajudiciais, Arbitrarias e
Sumarias, Doc. E/ST/CSDHA/.12 (1991).
103
Cf. Caso dos "Meninos de Rua" (Villagran Morales e outros) Vs. Guatemala. Merito. Sentenga de 19 d'e
novembro de 1999. Serie C No. 63, par. 227; Caso Garcia Prieto e outros, supra nota 59, par. 102; e Caso das
Irmas Serrano Cruz Vs. El Salvador. Merito, Reparagoes e Custas. Sentenga de 1° de margo de 2005. Serie C
No. 120, par. 63.
104
par. 120.
I
L\ r
wCAo\
33 FIs. 409
*• /
responsaveis desses illcitos e, se for o caso, Ihes imponham as sangoes pertinentes; e
reparem os danos e prejuizos que esses familiares sofreram105.
lb
118. Da mesma maneira, a Corte indicou que a obrigagao de investigar e o direito dos
familiares nao somente se depreendem das normas convencionais de Direito
Internacional imperativas para os Estados Parte, mas tambem se derivam da legislagao
interna que faz referencia ao dever de investigar de oficio certas condutas ilicitas e das
normas que permitem que as vftimas ou seus familiares denunciem ou apresentem
querelas, provas ou petigoes ou qualquer outra diligencia, com a finalidade de participar
processualmente na investigagao penal com a pretensao de estabelecer a verdade dos
fatos106.
119. O Codigo de Processo Penal do Brasil, vigente no momento dos fatos, estabelece:
i) no artigo 5° que "[n]os crimes de agao [penal] publica o inquerito policial sera iniciado:
I- de oficio; II- mediante requisigao [...] do ofendido ou de quern tiver qualidade para
representa-io"107; ii) no artigo 14 que ”[o] ofendido, ou seu representante legal, e o
indiciado poderao requerer qualquer diligencia, que sera realizada, ou nao, a juizo da
autoridade"108; e iii) no artigo 27 que "[qjualquer pessoa do povo podera provocar a
iniciativa do Ministerio Publico, nos casos em que caiba a agao [penal] publica,
fornecendo^lhe, por escrito, informagoes sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o
lugar e os eiementos de convicgao"109. Por outra parte, embora o artigo 129 da
Constituigao Federal determine como fungao do Ministerio Publico promover,
privativamente, a agao penal publica110, o artigo 268 do ordenamento processual penal
preve que o ofendido ou seu representante legal ou, em sua ausencia, seu conjuge,
ascendente, descendente ou irmao poderao intervir como assistentes do Ministerio
Publico na agao penal publica111.
*
* *
120. Consoante exposto, este Tribunal deve determinar se o Estado incorreu em

violagoes dos direitos reconhecidos nos artigos 8.1 e 25.1 da Convengao, em reiagao
com o artigo 1.1 desse tratado. Para esse efeito, a Corte estabeleceu que o
10S
CF. Durand e Ugarte Vs. Peru. Merito. Sentenga de 16 de agosto de 2000. Serie C No. 68, par. 130;
Caso Ticona Estrada e outros, supra nota 98, par. 81; e Caso Heliodoro Portugal, supra nota 13, par. 146.
106
Cf. Caso Garda Prieto e outros, supra nota 59, par. 104; Caso Kawas Fernandez, supra nota 14, par.
77; e Caso Valle Jaramillo, supra nota 95, par. 99.
107
Codigo de Processo Penal (Expediente de anexos a contestagao da demanda, Tomo Unico, Anexo 11,
folha 2339).
Art. 5°. Nos crimes de agao publica o inquerito policial sera iniciado:
I - de oficio; II - mediante requisigao da autoridade judiciaria ou do Ministerio Publico, ou a
requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representa-io. [...]
108
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderao requerer qualquer diligencia,
que sera realizada, ou nao, a juizo da autoridade.
109
Art. 27. Qualquer pessoa do povo podera provocar a iniciativa do Ministerio Publico, nos casos em que
caiba a agao publica, fornecendo-lhe, por escrito, informagoes sobre o fato e a autoria e indicando o
tempo, o lugar e os eiementos de convicgao.
110
Cf. Constituigao Federal de 1988, supra nota 91, folha 2238.
Art. 129. Sao fungoes institucionais do Ministerio Publico:
I - promover, privativamente, a agao penal publica, na forma da lei; [...]
in
Cf. Codigo de Processo Penal, supra nota 107, folhas 2342 e 2370.
Art. 268. Em todos os termos da agao publica, podera intervir, como assistente do Ministerio Publico, o
ofendido ou seu representante legal ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas no artigo 31.
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisao judicial, o direito de
oferecer queixa ou prosseguir na agao passara ao conjuge, ascendente, descendente ou irmao.
V
34
esctarecimento de se o Estado .violou ou nao suas obrigagoes internacionais pelas

atuagoes de seus orgaos podem conduzir o Tribunal a ocupar-se do exame dos
respectivos processes judiciais internos112. Para tanto, dependendo das circunstancias do
caso, a Corte pode ter que analisar os procedimentos que vinculam ou constituem o
pressuposto de um processo judicial, parti.cularmente, as tarefas de investigagao de cujo
resultado depende o inicio e'o avango do mesmo. Por esse motive, a Corte examinara as
alegagoes sobre o Inquerito Policial No. 179/98, particularmente com relagao aos atos e
omissoes ocorridos depois de 10 de dezembro de 1998, e determinara se existiram
violagoes aos direitos as garantias e a protegao judiciais nesse procedimento interno.
C.i) Falhas e omissoes do Inquerito Policial No. 179/98
121. Previamente a analise das alegadas falhas e omissoes no Inquerito Policial No.
179/98, a Corte se referira ao arrazoado dos representantes sobre a suposta
parcialidade da juiza • Khater ao denegar o pedido de prisao temporaria de Morival
Favoreto. Os representantes afirmaram que essa decisao se fundou nas supostas
divergencias nos testemunhos as quais nao existiram, de maneira tal que a juiza Khater
favoreceu indevidamente a esse indiciado. O Tribunal adverte que para analisar esse
arrazoado deveria examinar as declaragoes testemunhais que foram rendidas antes de
10 de dezembro de 1998 e compara-ias com a medida judicial questionada. Devido a
que essas declaragoes estao fora da competencia temporal da Corte, nao podem ser
analisadas nem delas se pode extrair consequencias jundicas a respeito da
responsabilidade do Estado. A Corte nao conta com outros elementos que sustentem
este argumento dos representantes.
Faita de recebimento de testemunhos "prima facie" indispensaveis
122. A Corte observa que nao foram recebidas as declaragoes testemunhais que prima
facie poderiam ter resultado indispensaveis para esclarecer os fatos. Entre as pessoas
que nao foram convocadas para declarer estava Vanderlei Garibaldi, que teria
presenciado a operagao de desocupagao e comunicado o homicfdio para a policia, e seu
cunhado Marcelo, que estava com o senhor Garibaldi no momento de sua morte113.
Apesar de Vanderlei Garibaldi nao ter comparecido espontaneamente a Delegacia a fim
de oferecer sua declaragao, cabia as autoridades estatais convoca-lo para que se
apresentasse, uma vez que o Inquerito devia ter sido conduzido de oficio pelo Estado e
nao dependia do impulse dos familiares do ofendido. Alem do mais, a Corte observa que
de acordo com a atuagao posterior do Estado, tal era a importancia do testemunho de
Vanderlei Garibaldi que, mesmo depois de varios anos, sua declaragao ante a Corte
Interamericana levou o Ministerio Publico a solicitar o desarquivamento do Inquerito.
Portanto, o Tribunal considera que nao se procurou identificar de maneira exaustiva as
possiveis testemunhas e obter declaragoes que permitiram esclarecer os fatos em
relagao a morte de Setimo Garibaldi.
Faita de esciarecimento de contradigoes nos testemunhos
123. Da mesma maneira, conforme indicado pelo Estado e pela testemunha perante
este Tribunal Fabio Guaragni114, a petigao de arquivamento formulada pelo Ministerio
Publico foi baseada principalmente na informagao oferecida pelo escrivao Ribeiro de que
112
Cf. Caso dos "Meninos de Rua" (VMagran Morales e outros), supra nota 103, par. 222; Caso Heliodoro
Portugal, supra nota 13, par. 126; e Caso Tristan Donoso, supra nota 9, par. 145.
113
Cf. Declaragao de Vanderlei Garibaldi prestada ante notario publico em 3 de fevereiro de 2009
(Expediente de merito, Tomo II, folhas 1048 e 1049), e pericia escrita apresentada por Salo de Carvalho, supra
nota 61, folha 2532. O fato de que Vanderlei Garibaldi foi quern comunicou o homicidio a policia nao foi
contestado pelo Estado.
114
Cf Escrito de alegagoes finals do Estado, supra nota 61, folha 1374; testemunho de Fabio Guaragni
na audiencia publica, supra nota 63.
r
35
existiriam divergencias entre as declaragoes das testemunhas {supra pars. 97 e 109).

Diante das eventuais discrepancias, nao se realizou nenhuma agao para tentar
esclarece-las, tais como uma acareagao entre as pessoas cujas declaragoes eram
supostamente contraditorias115; tampouco procurou receber outros testemunhos que
pudessem esclarecer essas supostas diferengas.
Inutilizagao e omissoes com relagao a prova
124. A Corte Interamericana adverte que a inadequada manipulagao da arma

apreendida poderia ter causado a inutilizagao de uma prova importante. Resulta
contrario as normas de uma investigagao adequada que o escrivao Ribeiro utilizasse a
arma de um dos indiciados, o qual estava detendo em momentos posteriores ao fato.
Alem disso, carece de todo fundamento racional que esse disparo tenha sido utilizado
como uma forma de comunicagao com outras pessoas {supra par. 80). Desse modo,
foram alterados o estado e as condigoes da arma, tornando impossivel que a pencia que
procurava determinar se a mesma havia sido disparada recentemente fosse util ao
Inquerito {supra par. 86)116.
125. Ademais, tambem relacionado com essa arma, o Tribunal observa que o Estado
reconheceu que a falta de pericia de comparagao balistica, entre os estojos de projeteis
de revolver calibre 38 encontrados no lugar da desocupagao e a arma do mesmo calibre
apreendida a um indiciado, constituiu uma falha no Inquerito {supra par. 107). A
relevancia desse estudo foi confirmada pela testemunha Fabio Guaragni, o perito Salo de
Carvalho e a promotora Vera de Freitas Mendonga117, quern ordenou sua realizagao
depois da reabertura do procedimento investigative em abril de 2009. Essa pericia
poderia ter resultado util para comprovar a participagao de um dos indiciados na
operagao de desocupagao118.
Prova perdida
126. O Tribunal adverte que nao esta determinado com exatidao onde se encontra a
arma apreendida que estava sob custodia do Estado. Nao consta que essa prova, nem os
estojos de calibre 38 encontrados no lugar do fato, acompanhasse o expediente do
Inquerito, apesar do previsto no artigo 11 do Codigo de Processo Penal119. Tampouco se
115
Consoante mencionado pelo Tribunal (supra nota 71), a testemunha Fabio Guaragni afirmou existir
divergencias entre as declaragoes dos policiais militares e do escrivao Ribeiro. Ademais, consoante disposto no
Codigo de Processo Penal vigente na epoca dos fatos, supra nota 107, folha 2339 e 2366:
Art. 6. Logo que tiver conhecimento da pratica da infragao penal, a autoridade policial devera: [...]
VI -proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareagoes; [...]
Art. 229. A acareagao sera admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas,
entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que
divergirem, em suas declaragoes, sobre fatos ou circunstancias relevantes.
Paragrafo unico. Os acareados serao reperguntados, para que expliquem os pontos de divergencias,
reduzindo-se a termo o ato de acareagao.
116
Nao consta no expediente que tal conduta tenha sido investigada peios superiores do escrivao Ribeiro,
pelo Ministerio Publico ou pela juiza que estiveranva cargo do Inquerito. Ao contrario, em julho de 2001, o
escrivao Ribeiro, quern nessa epoca exercia a fungao de delegado de policia, assumiu o Inquerito.
117
Cf. Testemunho de Fabio Guaragni na audiencia publica, supra nota 63; pericia escrita apresentada por
Salo de Carvalho, supra nota 61, folha 2532; e pedido de desarquivamento do Inquerito apresentado peio
• Ministerio Publico em 20 de abril de 2009, supra nota 60, folha 2597.
118
A Corte observa que tampouco foram solicitados aos orgaos competentes a lista de armas registradas
no nome dos empregados ou proprietarios da Fazenda, nem consta que se tenham realizado inspegoes em suas
residencias.
119
Cf. Codigo de Processo Penal, supra nota 107, folha 2340.
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem a prova, acompanharao os
autos do inquerito.
36
deixou constancia no expediente sobre aonde teria sido remetida a prova. Ademais,
apesar da afirmagao do Brasil de que a arma nao estava extraviada, mas que poderia
estar na Delegacia ou no Institute de Criminalistica, a Corte observa que o proprio
Estado nao forneceu informagao precisa a respeito. Por outra parte, dois delegados de
policia diferentes que estiveram a cargo do Inquerito em datas distintas, solicitaram o
revolver a Vara de Loanda, nao sendo provavel que houvessem atuado dessa forma se a
prova procurada estivesse na Delegacia (supra pars. 93 e 96). Diante da falta dessa
informagao, quando foi instado a manifestar-se a respeito, o Ministerio Publico nao
considerou essa situagao e procedeu a solicitar o arquivamento do Inquerito.
Falta de cumphmento de diligencias ordenadas
127. 0 Tribunal tambem adverte a falta de cumprimento de algumas diligencias

ordenadas pelo delegado de policia e o Ministerio Publico. Com efeito, nao foi realizada a
ordem do delegado Almeida que requeria a apresentagao dos veiculos que teriam sido
utiiizados em tal agao, para o reconhecimento por parte das testemunhas, nem a ordem
do Ministerio Publico de que fosse feito "o reconhecimento dos veiculos F1000 pret[o] e
D-20 cinza, mencionados pelas testemunhas «120 (supra pars. 76 e 85). Do mesmo modo,
outras diligencias requeridas pela promotora Garcia e reiteradas por diversos delegados
tampouco se realizaram na investigagao, tais como realizar a pencia de comparagao
balistica entre a arma apreendida com Ailton Lobato e as capsulas de cartuchos
deflagrados encontradas no lugar do crime; receber as declaragoes de outras
testemunhas presenciais, de empregados de Morival Favoreto e de outros possiveis
suspeitos, e averiguar a ocorrencia de fates semelhantes na regiao. Chama a atengao
que, a pesar do disposto pela promotora Garcia, nao foram convocadas outras
testemunhas do fate, particularmente, tendo em consideragao a natureza da operagao
que se dirigiu contra aproximadamente cinquenta famiiias, que se encontravam na
Fazenda durante a desocupagao; de igual maneira, nao deixa de estranhar que tampouco
fosse cumprida a ordem de convocar para prestar declaragao os empregados da Fazenda
(supra pars. 76 e 85). Igualmente, depreende-se do expediente que foi realizado de
forma parcial a produgao de algumas provas requeridas pelo delegado Almeida e pela
promotora Garcia121.
Erro na petigao de arquivamento do Inquerito
128. Adicionalmente, o pedido do Ministerio Publico de arquivamento do Inquerito se

fundou, entre outras razoes, em que "Moriva! Favoreto neg[ou] a participagao nos fates,
aduzindo que se encontrava na cidade de Sao Bernardo do Campo [...] acompanhando
seu irmao Darci Favoreto em uma consulta medica" e que o medico Flair Carrilho
"confirm[ou] a presenga de Darci Favoreto em seu consultorio, na cidade [supracitada],
no dia dos fates" (supra par. 97). A respeito, a Corte faz notar que, ao contrario do
manifestado pelo promoter de justiga, a testemunha Flair Carrilho afirmou que atendeu a
Darci Favoreto em 25 de novembro de 1998 e que era sua a assinatura no recibo com a
120
Nesse sentido: i) nao se intimou o novo proprietario da caminhonete F1000 a apresenta-la perante a
autoridade policial; ii) o caminhao branco de propriedade da empresa Favoretto Colheitas nao foi submetido ao
reconhecimento por parte das testemunhas, e tampouco foi procurado comprovarque esse veiculo nao estava
em Querencia do Norte no momento dos fatos (supra pars. 80 e 82); e iii) nao se verificou perante os orgaos
publicos competentes a lista dos veiculos registrados na epoca do homicidio no nome dos empregados e
proprietaries da Fazenda ou dos familiares mais proximos desses ultimos.
121
A respeito, apesar das instrugoes indicadas na ordem do delegado Almeida para tomar o testemunho
de Eduardo Minutoli Junior (supra pars. 85 e 91), este nao foi interrogado sobre a data na qual Morival
Favoreto esteve hospedado em sua residencia a fim de acompanhar seu irmao a uma consulta medica.
Segundo expressado pela testemunha Fabio Guaragni perante esta Corte, aquele testemunho foi "laconico" e
"havia perguntas necessarias que nao foram feitas [ao declarante]". Testemunho de Fabio Guaragni na
audiencia publica, supra nota 63. Do mesmo modo, nao se perguntou a testemunha Flair Carrilho sobre todas
as questoes indicadas pelo delegado Almeida em seu pedido (supra pars. 85 e 94). Em virtude do anterior,
tampouco se cumpriu com o requerido peia promotora Garcia no sentido de que se "confirm[asse] o alibi
apresentado pelo indiciado Morival Favoreto para o dia dos fatos" (supra par. 83). Em todo caso, a eventual
presenga de Morival Favoreto em outra cidade, em 25 de novembro de 1998, nao oferece uma explicagao a
respeito de um fato ocorrido dois dias depois.
37
mesma data e que, portanto, nao confirmou a presenga de Darci Favoreto ou do seuN^
irmao Morival no seu consultorio em 27 de novembro de 1998, a data dos fatos.
129. Ao solicitar o arquivamento do Inquerito, o Ministerio Publico nao considerou a

possibilidade de ordenar as diligencias mencionadas nos paragrafos anteriores com
relagao aos testemunhos, os veiculos e as armas utilizadas no despejo (supra pars. 122
a 127). Independentemente da convicgao pessoal do promotor, adverte-se que este
aceitou como verdadeiras e certas as informagoes indicadas pelo escrivao Ribeiro e
Morival Favoreto, sem buscar sua comprovagao, nem coteja-las com outras provas
constantes no expediente, renunciando assim a potestade punitiva do Estado. Por sua
parte, a decisao de arquivamento do Inquerito ditada pela juiza Khater unicamente
acatou o parecer do Ministerio Publico sem valorar o atuado nem oferecer fundamentos
que justificassem sua decisao. Nesse sentido, ao decidir sobre o arquivo do
procedimento investigative, a magistrada nao realizou um controle judicial efetivo sobre
tal solicitagao, a qua!, como ja expos o Tribunal, apresentava diversas omissoes e
irregularidades.
130. A Corte considera que os orgaos estatais encarregados da investigagao

relacionada com a morte violenta de uma pessoa, cujo objetivo e a determinagao dos
fatos, a identificagao dos responsaveis e sua possivel sangao, devem realizar sua tarefa
de forma diligente e exaustiva. O bem jundico sobre o qual recai a investigagao obriga a
redobrar esforgos nas medidas que devam ser praticadas para cumprir seu objetivo. A
atuagao omissa ou negligente dos orgaos estatais nao resulta compativel com as
obrigagoes emanadas da Convengao Americana, com maior razao se esta em jogo um
dos bens essenciais da pessoa.
131. De outra feita, embora a Corte valore o desarquivamento do Inquerito ocorrido

em 2009, destaca que o pedido de reabertura desse procedimento evidencia a
necessidade de adotar medidas investigativas para esclarecer os fatos que se haviam
omitido anteriormente, algumas das quais foram apontadas nesta segao. A respeito, o
Ministerio Publico estimou necessario realizar, entre outras, as seguintes diligencias: i)
escutar Vanderlei Garibaldi e dois de seus cunhados, quern presenciaram os fatos; ii)
receber as declaragoes .de outras pessoas do acampamento presentes na operagao de
desocupagao e de Giovani Braun; iii) escutar o escrivao Ribeiro para esclarecer a
informagao que aportou ao Inquerito; iv) receber as declaragoes de Morival Favoreto e
Ailton Lobato, a quern se devera perguntar onde estavam no momento do crime,
"[d]estacando-se que [o recibo da consulta medica] refere a data anterior aos fatos, qual
seja, dia 25/11/1998"; e v) localizar e enviar a arma apreendida, assim como as
capsulas e projeteis apreendidos, para exame de comparagao bah'stica.
132. Diante do exposto, a Corte indica que a falta de resposta estatal e um elemento
determinante ao avaliar se tern descumprido os artigos 8.1 e 25.1 da Convengao
Americana, pois tern relagao direta com o principio de efetividade que deve caracterizar
o desenvolvimento de tais investigagoes122. No presente caso, as falhas e omissoes
apontadas pelo Tribunal demonstram que as autoridades estatais nao atuaram com a
devida diligencia nem em consonancia com as obrigagoes derivadas dos artigos
mencionados.
C.ii) Prazo do Inquerito
133. Este Tribunal tern asseverado que o direito de acesso a justiga deve assegurar,
em um tempo razoavel, o direito das supostas vitimas ou seus familiares a que seja feito
todo o necessario para conhecer a verdade do sucedido e sejam sancionados os
122
Cf. Caso Garda Prieto e outros, supra nota 59, par. 115; Caso Escher e outros, supra nota 9, par.
206; e Caso Ticona Estrada e outros, supra nota 98, par. 79.
L'
38
responsaveis123. A falta de razoabilidade no prazo para o desenvolvimento

investigagao constitui, em principio, por si mesma, uma vioiagao das garantias
judicials124. Nesse sentido, a Corte tem considerado quatro elementos para determiner a
razoabilidade do prazo: a) complexidade do assunto, b) atividade processual do
interessado, c) conduta das autoridades judiciais125, e d) o efeito gerado na situagao
juridica da pessoa envolvida no processo126.
134. A Corte adverte que a demora no desenvolvimento do Inquerito nao pode ser
justificada em razao da complexidade do assunto. Com efeito, o presente caso se tratou
de um so fato, ocorrido diante de numerosas testemunhas, a respeito de uma unica
vitima claramente identificada. Ademais, desde o im'cio do Inquerito poderiam existir
indicios sobre a possivel autoria e motivo do fato, os quais podiam guiar o procedimento
e suas diligencias.
135. No que concerne ao segundo dos elementos a ser considerado, o Tribunal adverte
que o delito de homicidio deve ser investigado de oficio pelo Estado, conforme este
mesmo ja o explicou e a legislagao nacional (supra pars. 106 e 119), e a atividade
processual dos familiares do senhor Garibaldi em nenhum momento maculou o
Inquerito.
136. Sobre a conduta das autoridades responsaveis, a Corte ja expos a demora das
autoridades em receber as declaragoes de um indiciado e de testemunhas, tal como
ocorreu com as declaragoes de Morival Favoreto, Eduardo Minutoli Junior e Flair Carrilho;
em cumprir as diligencias ordenadas pelo Ministerio Publico e os delegados de policia,
como sucedeu com as diligencias para identificar determinados veiculos; e em aportar ao
expediente outros elementos probatorios, como a pericia da arma apreendida e a
demora para esclarecer a localizagao da mesma. Adicionalmente, pelo menos em cinco
oportunidades durante o Inquerito, transcorreram periodos de tempo, desde tres meses
ate mais de um ano e seis meses, sem que fosse realizada nenhuma atividade de coleta
ou produgao de provas alem do mero pedido ou reiteragao para praticar alguma
diligencia (supra parrs. 84 a 86, 89, 92, e 95 a 97). Por exemplo, de 2 de junho de 2000
ate 3 de julho de 2001, as unicas atuagoes no expediente foram tres petigoes e
concessSes de prorrogagao do prazo para concluir o Inquerito, e duas reiteragoes de
pedidos de provas (supra par. 89). Igualmente, depois do recebimento do testemunho
de Eduardo Minutoli Junior, em 5 de julho de 2001, nao se praticou nenhuma outra
diligencia, a nao ser solicitar a declaragao do medico Flair Carrilho, ate 12 de setembro
de 2002 (supra pars. 91 e 92). Depois de que finalmente foi recebida a declaragao do
mencionado medico, em 13 de setembro de 2002, ate o pedido de arquivamento do
Inquerito, em 12 de maio de 2004, a unica atuagao voltada ao avango do Inquerito foi a
reiteragao do pedido de envio da arma apreendida, que foi finalmente respondida em 25
de margo de 2004 (supra pars. 94 a 96). Por ultimo, no decorrer dos quase seis anos
que durou o Inquerito, em treze . oportunidades foram solicitadas e outorgadas
prorrogagoes para conclui-lo. Dessa forma, considerando o pen'odo transcorrido entre 10
de dezembro de 1998, quando apenas se iniciava o Inquerito, ate a ordem de
arquivamento em maio de 2004, a Corte considera que esse procedimento demorou o
123
Cf. Caso Bulacio Vs. Argentina. Merito, Reparagoes e Custas. Sentenga de 18 de setembro de 2003.
Serie C No. 100, par. 114; Caso Kawas Fernandez, supra nota 14, par. 112; e Caso Ticona Estrada e outros,
124
Cf. Caso Hilaire, Constantine e Benjamin e outros Vs. Trinidad e Tobago. Merito, Reparagoes e Custas.
Sentenga de 21 de junho de 2002. Serie C No. 94, par. 145; Caso Valle Jaramillo e outros, supra nota 95, par.
154; e Caso Heliodoro Portugal, supra nota 13, par. 148.
125
Cf. Caso Genie Lacayo Vs. Nicaragua. Merito, Reparagoes e Custas. Sentenga de 29 de Janeiro de
1997. Serie C No. 30, par. 77; Caso Kawas Fernandez, supra nota 14, par. 112; e Caso Valle Jaramillo e outros,
126
par. 112.
V
s U r
S&{AfL
. WiD
39
«
equivalente a mais de sessenta vezes o prazo legal de trinta dias estabelecido no artigo
10 do Codigo de Processo Penal127.
137. 0 Brasil alegou que a duragao do Inquerito decorreu das ferias regulamentares de
alguns funcionarios publicos, da realizagao de diligencias em outras jurisdigoes e do
acumulo de procedimentos a cargo das autoridades estatais. A Corte lembra; como ja foi
estabelecido na presente Sentenga, que existe uma obrigagao internacional do Estado
em investigar fatos como os do presente caso e, por isso, nao e possivel alegar
obstaculos internes, tais como a falta de infra-estrutura ou de pessoal para conduzir os
processes investigativos, para eximir-se de uma obrigagao internacional.
138. Acerca do quarto elemento, a Corte tern afirmado que, para determinar a
razoabilidade do prazo, deve-se tomar em conta os efeitos gerados pela duragao do
procedimento na situagao jundica da pessoa envolvida no mesmo, considerando, entre
outros elementos, a materia objeto de controversia. Assim, o Tribunal tern estabelecido
que se o lapso temporal incide de maneira relevante na situagao jundica do individuo,
resultara necessario que o procedimento tramite com uma maior diligencia a fim de que
o caso se resolva em urn tempo breve128. No presente caso, a Corte considera que nao e
necessario analisar esse elemento para determinar a razoabilidade do prazo da
investigagao iniciada pela morte do senhor Garibaldi.
139. Pelo exposto, o Tribunal conclui que o lapso de mais de cinco anos que demorou o
procedimento interne apenas na fase de investigagao dos fatos ultrapassa
excessivamente um prazo que possa ser considerado razoavel para que o Estado realize
as correspondentes diligencias investigativas, bem como constitui uma denegagao de
justiga em prejuizo dos familiares de Setimo Garibaldi.
140. A Corte conclui que as autoridades estatais nao atuaram com a devida diligencia
no Inquerito da morte de Setimo Garibaldi, o qual, ademais, excedeu um prazo razoavel.
Por isso, o Estado violou os direitos as garantias e a protegao judiciais previstos nos
artigos 8.1 e 25.1 da Convengao Americana, em relagao com o artigo 1.1 da mesma, em
prejuizo de Iracema Garibaldi, Darsonia Garibaldi, Vanderlei Garibaldi, Fernando
Garibaldi, Itamar Garibaldi, Itacir Garibaldi e Alexandre Garibaldi.
141. A Corte nao pode deixar de expressar sua preocupagao pelas graves falhas e
demoras no inquerito do presente caso, que afetaram vitimas que pertencem a um
grupo considerado vulneravel. Como ja foi manifestado reiteradamente por este
Tribunal, a impunidade propicia a repetigao cronica das violagoes de direitos humanos129.
VII
130
ARTIGO 28 (CLAUSULA FEDERAL)
127
Cf. Codigo de Processo Penal, supra nota 107, foiha 2340.
Art. 10. O inquerito devera terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante,
ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipotese, a partir do dia em que se executar
a ordem de prisao, ou no prazo de 30 dias, quando estiver soito, mediante fianga ou sem eia.
[-]
§ 3C Quando o fato for de dificil elucidagao, e o indiciado estiver soito, a autoridade podera requerer
ao juiz a devolugao dos autos, para uiteriores diligencias, que serao realizadas no prazo marcado pelo
juiz.
128
Cf. Caso Vaile Jaramillo y otros, supra nota 95, par. 155; e Caso Kawas Fernandez, supra nota 14, par.
115.
129
Cf. Caso da "Panel Blanca" (Paniagua Morales e outros), supra nota 31, par. 173; Caso Kawas
Fernandez, supra nota 14, par. 190; e Caso Valle Jaramillo e outros, supra nota 95, par. 100.
130
O Artigo.28 da Convengao Americana estabelece:
40 J/6
COM RELACAO AOS ARTIGOS 1.1 E 2 DA CONVEN£AO AMERICANA

\ r
142. A Comissao alegou que, em cumprimento do artigo 28 da Convengao Americana,
independentemente da divisao interna de competencias, o Brasil deveu adotar: i)
medidas adequadas para que Setimo Garibaldi nao fosse assassinado por urn grupo
armado a servigo de fazendeiros do Estado do Parana que tentava praticar uma
desocupagao clandestine, assim como proporcionar aos seus familiares uma efetiva
investigagao dos fatos, julgamento e sangao dos responsaveis, junto com uma adequada
indenizagao civil; e ii) medidas eficazes com o fim de evitar a proliferagao de grupos
armados que pratiquem desocupagoes clandestinas violentas. A forma federal do governo
procura dar maior autonomia e uma ampla margem de gestao aos Estados que compoem
a Uniao, enquanto o estado federal conserve algumas fungoes basicas. Conforme o artigo
23, inciso I, da Constituigao Federal, compete conjuntamente a Uniao, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municipios velar pela guarda da Constituigao e das leis, Em razao
de que "os mecanismos resultaram inoperantes, o Estado [...] nao pode argumentar em
nenhum caso, sua falta de responsabilidade". As unidades federativas, por serem partes
do estado federal, encontram-se iguaimente vinculadas pelo disposto nos tratados
internacionais ratificados por esse ultimo. Por outro lado, o artigo 28 da Convengao
Americana estabelece obrigagoes cujo cumprimento, da forma que o das obrigagoes
emanadas dos artigos 1.1 e 2 da Convengao, e suscetivel de verificagao e
pronunciamento pelos orgaos de supervisao do Sistema Interamericano. Com efeito, "o
dever de adotar disposigdes de direito interne exige dos Estados Partes nao somente
expedir e implementar medidas de carater legislative, mas tambem de todas as medidas
necessarias para assegurar o pleno e efetivo gozo dos direitos e liberdades garantidos
pela Convengao Americana a todas as pessoas sujeitas a sua jurisdigao". Com base nas
consideragoes anteriores, solicitou que a Corte declare o descumprimento pelo Brasil das
normas convencionais referidas.
143. Os representantes sustentaram que por tratar-se de um estado federal, o Brasil

tern a responsabilidade de cumprir todas as disposigoes da Convengao Americana,
inclusive o artigo 28 e que nao pode eximir-se de sua responsabilidade pela negativa dos
Estados que integram a Uniao. Particularmente, indicaram que durante o procedimento
perante a Comissao em uma reuniao de trabalho realizada em 11 de outubro de 2007, o
Estado informou que "nao conseguiram estabelecer contato com as autoridades do
Estado do Parana e por isso nao [era] possivel trazer informag[ao] sobre o cumprimento
das recomendagoes" incluidas no Relatorio No. 13/07 da Comissao. Essa atitude, a seu
juizo, e uma prova das omissoes do Estado. Mesmo que se negue a assumir sua
responsabilidade pelas vioiagoes cometidas no presente caso, alegando discrepancies
entre o estado federal e o ente estadual, o Brasil nao estaria observando sua obrigagao
internacional de garantir e fazer cumprir a Convengao. Independentemente de sua
estrutura federal, o Estado devia respeitar sua obrigagao internacional de adotar medidas
adequadas para garantir os direitos das pessoas que estao sob sua jurisdigao. 0 Estado
descumpriu as disposigoes do artigo 28 da Convengao ao nao possibilitar uma
investigagao completa, imparcial e efetiva dos fatos, responsabilizando os autores do
crime; ao nao reparar plenamente os familiares da vitima, e ao nao prevenir a morte de
trabalhadores rurais. Por isso, consideraram que existem eiementos probatorios
suficientes para condenar o Estado pela violagao do referido artigo.
1. Quando se tratar de um Estado Parte constitindo como Estado federal, o governo nacional do
aludido Estado Parte cumprira todas as disposigoes da presente Convengao, relacionadas com as
materias sobre as quais exerce competencia legisiativa e judicial.
2. No tocante as disposigoes relatives as materias que correspondem a competencia das entidades

componentes da federagao, o governo nacional deve tomar imediatamente as medidas pertinentes, em
conformidade com sua constituigao e suas leis, a fim de que as autoridades competentes das referidas
entidades possam adotar as disposigdes cabiveis para o cumprimento desta Convengao. [...]
41
... Jjl
*-
144. 0 Estado afirmou que a Comissao e os representantes nao lograram demonstrar

com precisao as agoes que o Brasil devia ter realizado para evitar a violagao do artigo 28
da Convengao Americana e entendeu que nao e possivel saber as dimensoes dessa
suposta violagao, ja que somente fizeram acusagoes em termos genericos. Esclareceu
que a informagao que apresentou a respeito do presente caso, na mencionada reuniao de
trabalho na Comissao, foi oferecida de boa fe e pretendia indicar as razoes pelas quais o
Estado demorou em cumprir o conjunto de recomendagoes que a Comissao
Interamericana efetuou em seu Relatorio de Admissibilidade e Merito. De outra feita,
arguiu que o artigo 28 da Convengao Americana e uma norma de carater procedimental
que nao altera a substancia dos direitos individuals em questao. Em suas alegagoes finals
escritas, o Brasil acrescentou que a Comissao, "[a]o alegar a violagao dos artigos 2° e 28
da Convengao pela suposta ausencia de politicas que pudessem prevenir o homicidio de
Setimo Garibaldi", buscou um caminho que pudesse levar a submeter a Corte a suposta
responsabilidade do Estado por esse homicidio. Como o Estado nao pode ser
responsabilizado pelos fatos ocorridos antes do reconhecimento expresso da competencia
do Tribunal, e evidente que a suposta omissao na impiementagao de uma politica
preventive somente podia ocorrer em um momento anterior a morte de Setimo Garibaldi.
Desde o tramite perante a Comissao, assim como na contestagao a demanda, o Estado
tern informado sobre suas politicas publicas de combate a violencia no campo e de
promogao da reforma agraria desenvolvidas pela Uniao, pelo que refutou que estivesse
utilizando sua estrutura federal como justificativa para nao cumprir as disposigoes dos
artigos 2 e 28 da Convengao. Finalmente, aduziu que com base nos artigos 48.1 e 63 da
Convengao Americana, somente os direitos e as liberdades estabelecidos nesse tratado
podem ser objeto de exame tanto pela Comissao como pelo Tribunal, a quern solicitou
que julgue improcedentes as pretensoes das partes relacionadas ao artigo 28 da
Convengao.
145. Conforme ja expressado (supra par. 40), a Corte Interamericana tern competencia
para interpretar e aplicar todas as disposigoes da Convengao Americana, nao somente as
que reconhecem direitos especificos, mas tambem as que estabelecem obrigagoes de
carater geral como as que se derivam dos artigos 1 e 2 do tratado, habitualmente
interpretadas e aplicadas pelo Tribunal; assim como outras disposigoes, dentre as quais
figuram as normas de interpretagao previstas no artigo 29 do mesmo instrumento.
146. No que concerne a denominada "clausula federal" estabelecida no artigo 28 da

Convengao Americana, em ocasioes anteriores a Corte teve a oportunidade de referir-se
ao alcance das obrigagoes internacionais de direitos humanos dos Estados federais.
Recentemente, no Caso Escher e outros, o Tribunal aduziu que, em sua competencia
contenciosa, tern estabelecido claramente que "segundo jurisprudencia centenaria e que
nao variou ate agora, um Estado nao pode alegar sua estrutura federal para deixar de
cumprir uma obrigagao internacional"131. Essa questao tambem foi abordada em sua
competencia consultiva, ao determinar que "as disposigoes internacionais concernentes a
protegao dos direitos humanos nos Estados americanos [...] devem ser respeitadas pelos
Estados americanos Partes nas respectivas convengoes, independentemente de sua
estrutura federal ou unitaria"132. Dessa maneira, a Corte considera que os Estados Partes
131
Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 219. Cf. Caso Garrido e Baigorria Vs. Argentina. Reparagoes e
Custas. Sentenga de 27 de agosto de 1998. Serie C No. 39, par. 46.
132
0 Direito a Informagao sobre a Assistencia Consular no Ambito das Garantias do Devido Processo
Legal. Opiniao Consultiva OC-16/99 de 1° de outubro de 1999. Serie A No. 16, par. 140, Em medidas
provisorias, o Tribunal se pronunciou em sentido simiiar: ”o Brasil e um Estado federal e [...] a Penitenciaria
Urso Branco se localiza numa de suas unidades federativas, o que, no entanto, nao exime o Estado do
cumprimento de suas obrigagoes de protegao. [...] 0 Estado deve organizar-se internamente e adotar as
providencias que se fagam necessarias, segundo sua organizagao politico-administrativa, para cumprir essas
N\
opr
r SERA/COAL- '•
FIs.
43 ■:
Rub'ica ..
137
Direito Internacional . Em suas decisSes, a Corte tern se baseado no artigo 63.1 da
151. De acordo com as consideragoes sobre o merito e as violagoes a Convengao

declaradas nos capitulos correspondentes, assim como em virtude dos criterios
estabelecidos na jurisprudencia do Tribunal quanto a natureza e ao alcance da obrigagao
de reparar138, a Corte passara a analisar tanto as pretensoes apresentadas peia
Comissao e pelos representantes, como os argumentos do Estado a esse respeito, com o
objetivo de estabelecer as medidas tendentes a reparar as mencionadas violagoes.
A) Partes lesionadas
152. 0 Tribunal considera parte lesionada, nos termos do artigo 63.1 da Convengao, a
quern foi declarado vitima da violagao de aigum direito consagrado na mesma, No
presente caso, a Corte entendeu que o Estado violou os direitos humanos das seguintes
pessoas: Iracema Garibaldi, Darsonia Garibaldi, Vanderlei Garibaldi, Fernando Garibaldi,
Itamar Garibaldi, Itacir Garibaldi e Alexandre Garibaldi (supra par. 140), a quern, por
conseguinte, considera como "partes lesionadas" e beneficiaries das reparagoes que
ordena a continuagao.
B) Medidas de satisfagao e garantias de nao repetigao
153. Nesta segao, o Tribunal determinara as medidas de satisfagao que buscam

reparar o dano imaterial e que nao tern natureza pecuniaria e dispora sobre as medidas
de alcance ou repercussao publica.
i) Obrigagao de publicar a Sentenga
154. A Comissao solicitou a este Tribunal que ordene ao Estado a publicagao da

presente Sentenga em um melo de circulagao nacional como medida de satisfagao das
vltimas.
155. Os representantes, em seu escrito de alegagoes finais, solicitaram, como uma

forma de reparagao simbolica, que o Estado publique a Sentenga em um jornal de grande
circulagao nacional.
156. 0 Estado nao apresentou alegagoes adicionais a esse respeito.
157. Como dispos a Corte em outros casos139, o Estado devera publicar no Diario
Oficial, em outro diario de ampia circulagao nacional, e em um jornal de ampia circulagao
no Estado do Parana, por uma unica vez, a pagina de rosto, os Capitulos I, VI e VII, sem
as notas .de rodape, e a parte resolutiva da presente Sentenga, como medida de
satisfagao. Adicionalmente, como foi ordenado pelo Tribunal em ocasioes anteriores140, a
presente Sentenga devera ser publicada integralmente, no mmimo por um ano, em uma
pagina web oficial adequada da Uniao e do Estado do Parana, tomando em conta as
caractensticas da publicagao que se ordena realizar. Para concretizar essas publicagoes
137
Cf. Caso Aloeboetoe e outros l/s. Suriname. Reparagoes e Custas. Sentenga de 10 de setembro de
1993. Serie C No. 15, par. 44; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 221; e Caso Perozo e outros, supra
nota 14, par. 404.
138
Cf. Caso Velasquez Rodriguez, supra nota 136, pars. 25 a 27; Caso Escher e outros, supra nota 9, par.
222, e Caso Reveron Trujillo, supra nota 30, par. 156.
139
Cf. Caso Barrios Altos Vs. Peru. Reparagoes e Custas. Sentenga de 30 de novembro de 2001. Serie C
No. 87, Ponto Resolutive 5 d); Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 239; e Caso Kawas Fernandez, supra
nota 14, par. 199.
140
Cf. Caso das Irmas Serrano Cruz, supra nota 103, par. 195; Caso Escher e outros, supra nota 9, par.
239; e Caso Palamara Iribarne Vs. Chile. Merito, Reparagoes e Custas. Sentenga de 22 de novembro de 2005.
44
nos jornais e na Internet, a Corte fixa os prazos de seis e dois meses, respectivamente,
contados a partir da notificagao da presente Sentenga.
ii) Reconhecimento publico da responsabilidade internacional
158. A Comissao solicitou a este Tribunal que ordene ao Estado o reconhecimento

publico de sua responsabilidade internacional pelo dano causado e pelas violagoes
ocorridas.
159. Os representantes, em seu escrito de petigoes e argumentos, solicitaram que se

promova urn ato de reconhecimento publico do Estado sobre sua responsabilidade sobre
os fatos. No escrito de alegagoes finals acrescentaram que o Estado deve realizar uma
homenagem (in memoriam) a Setimo Garibaldi atraves da inauguragao, com a presenga
de autoridades publicas e de seus familiares, de uma escola publica na cidade de
Querencia do Norte com seu nome.
160. 0 Estado nao apresentou alegagoes adicionais a esse respeito.
161. A Corte tern determinado a realizagao de atos de reconhecimento publico de

responsabilidade internacional como garantia de nao repetigao dos fatos, geralmente,
ainda que nao exclusivamente, com o objeto de reparar violagoes aos direitos a vida, a
integridade e a liberdade pessoais141. No presente caso, o Tribunal nao se pronunciou
sobre a responsabilidade do Estado pela violagao a algum dos mencionados direitos em
prejuizo das vitimas. Nesse sentido, a Corte nao constata uma relagao entre a medida de
reparagao solicitada e a violagao deciarada no presente caso pelas falhas e omissoes no
Inquerito Policial. Por outra parte, o Tribunal considera que a presente Sentenga, assim
como as medidas de reparagao ordenadas, constituem importantes e suficientes medidas
para reparar as violagoes as garantias e a protegao judicials declaradas no presente
caso.
Hi) Dever de investigar, juigar e sancionar os responsaveis do homiddio de Setimo

Garibaldi
162. A Comissao entendeu que, enquanto nao seja realizada uma investigagao
imparcial e efetiva dos fatos, existe uma violagao do direito de acesso a justiga, Agregou
que, conforme a jurisprudencia da Corte, uma reparagao integral exige que o Estado
investigue com a devida diligencia os fatos, com o fim de juigar e sancionar os
responsaveis pela morte do senhor Garibaldi. As vitimas deverao ter pleno acesso e
capacidade de atuar em todas as etapas e instancias dessas investigagoes, nos termos
da lei interna e da Convengao, e o Estado devera assegurar o cumprimento efetivo das
decisoes que adotem os tribunals internes. Reconheceu os esforgos estatais para o
desarquivamento do Inquerito Policial e entendeu, nesse sentido, que e fundamental que
o Estado cumpra seu dever de evitar e combater a impunidade atraves da realizagao de
uma investigagao seria, exaustiva, imparcial e efetiva da morte de Setimo Garibaldi.
163. Os representantes solicitaram a Corte ordenar ao Estado investigar e sancionar

penaimente os autores materiais e intelectuais da morte de Setimo Garibaldi.
164. O Estado indicou no escrito de alegagoes finals que, desde o ano 2004, quando se
deu o arquivamento do Inquerito, nao havia- sido levada a conhecimento do Ministerio
Publico uma nova prova que motivasse sua reabertura. No entanto, dos testemunhos de
Vanderlei Garibaldi e de Giovani Braun no processo ante a Corte Interamericana, o
Ministerio Publico considerou que haviam surgido provas substancialmente novas e
solicitou em 20 de abril de 2009 o desarquivamento do Inquerito, o que foi deferido esse
mesmo dia pelo juizo da Comarca de Loanda. Essa medida atende ao primeiro pedido da
Comissao e dos representantes. Portanto, a seu juizo, o desarquivamento do Inquerito
Policial acarretou a perda do objeto desse pedido.
141
Cf. Caso Castaneda Gutman, supra nota 10, par. 239; e Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 243.
NCC
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ÂD\
R3-—)
42
V.
devem assegurar o respeito e a garantia de todos os direitos reconhecidos na Conveogao
Americana a todas as pessoas sob sua jurisdigao, sem limitagao nem excegao alguma
com base na referida organizagao interna. O sistema normative e as praticas das
entidades que formam urn estado federal Parte da Convengao devem conformar-se com
a mesma133.
147. No presente caso, a Comissao e os representantes alegaram o descumprimento

dos artigos 2 e 28 da Convengao pela suposta ausencia de politicas publicas que
pudessem ter prevenido, por um lado, o homicidio do senhor Garibaldi e, por outro, a
proliferagao de grupos armados que praticam desocupagoes clandestinas. A respeito,
este Tribunal ja determinou (supra pars. 20 e 22) que esta fora da competencia
temporal da Corte todo fato anterior a aceitagao da competencia contenciosa por parte
do Estado, ou seja, anterior a 10 de dezembro de 1998. Por conseguinte, a Corte
tampouco e competente para analisar se o Brasil implementou com antecipagao a morte
de Setimo Garibaldi as medidas necessaries para prevenir esse fato. Noutro diapasao,
consoante a demanda apresentada pela Comissao Interamericana, o objeto do presente
caso se constitui das falhas e omissSes no Inquerito Policial da morte do senhor
Garibaldi, em violagao dos artigos 8 e 25 da Convengao, e nao a situagao das
desocupagoes no Estado do Parana.
148. Por outra parte e finalmente, a Corte considera, como o fez no Caso Eschar e
outros134, que o arrazoado sobre a eventual inobservancia das obrigagoes emanadas do
artigo 28 da Convengao deve referir-se a um fato com um valor suficiente para ser
considerado como um verdadeiro descumprimento. No presente caso, a manifestagao do
Estado em uma reuniao de trabalho sobre as dificuldades na comunicagao com uma
entidade componente do Estado Federal nao significa, nem carrega por si mesma, um
descumprimento a essa norma. A Corte adverte que, no tramite perante si, o Estado nao
apresentou sua estrutura federal como escusa para descumprir uma obrigagao
internacional. Segundo afirmado pelo Estado, e nao desvirtuado pela Comissao nem
pelos representantes, essas expressoes constitulram uma explicagao sobre a marcha da
implantagao das recomendagoes do Relatorio No. 13/07 da Comissao.
149. Pelo exposto, o Tribunal nao constata que o Estado tenha descumprido as
obrigagoes emergentes do artigo 28 da Convengao Americana, com relagao aos artigos 1
e 2 do mesmo tratado.
VIII
REPARACOES
(Aplicagao do Artigo 63.1 da Convengao Americana)135
150. E um principio de Direito Internacional que toda violagao de uma obrigagao

internacional que tenha produzido dano comporta o dever de repara-lo
adequadamente136. Essa' obrigagao de reparar e regulada em todos os aspectos pelo
medidas provisorias". Assunto da Penitenciaria Urso Branco. Medidas Provisorias a respeito do Brasil. Resolugao
da Corte Interamericana de Direitos Humanos de 2 de maio 2008, Considerando decimo quarto.
133
Cf. Caso Eschar e outros, supra nota 9, par. 219.
13d
135
O artigo 63.1 da Convengao dispoe:
Quando decidir que houve violagao de um direito ou liberdade protegidos nesta Convengao, a Corte
determinara que se assegure ao prejudicado o gozo de seu direito ou liberdade violados. Determinara
tambem, se isso for procedente, que sejam reparadas as consequencias da medida ou situagao que
haja configurado a violagao desses direitos, bem como o pagamento de indenizagao justa a parte
iesada.
136
Cf. Caso Velasquez Rodriguez Vs. Honduras. Reparagoes e Custas. Sentenga de 21 de julho de 1989.
Serie C No. 7, par. 25; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 221; e Caso Reveron Trujillo, supra nota 30,
par. 155.
/
45
►s
165. A Corte constatou nesta Sentenga que o Inquerito seguido no presente caso nao
tem constituido um. recurso efetivo para garantir um verdadeiro acesso a justiga por
parte das vitimas, dentro de um prazo razoavel, que abarque o esciarecimento dos fatos,
a investigagao e, se for o caso, a sangao dos responsaveis pelo homicidio de Setimo
Garibaidi.
166. A Corte valora positivamente o desarquivamento do Inquerito. Todavia, considera

que, embora tal medida resuite em um avango inicial importante, a reabertura do
procedimento investigative devera ser seguida pela realizagao efetiva das diligencias
necessarias para a elucidagao dos fatos e o estabelecimento das responsabilidades
correspondentes, conforme exposto nesta Sentenga {supra pars. 122 a 127).
167. 0 Tribunal reitera que o Estado esta obrigado a combater essa situagao de
impunidade por todos os meios disponiveis, ja que esta propicia a repetigao cronica das
violagoes de direitos humanos e a total indefensibilidade das vitimas e de seus familiares,
que tem direito a conhecer a verdade dos fatos142. 0 reconhecimento e o exercicio do
direito a conhecer a verdade em uma situagao concreta constitui um meio de
reparagao143. Portanto, no presente caso, o direito a conhecer a verdade da lugar a uma
expectativa das vitimas que o Estado deve satisfazer144.
168. Alem disso, o Tribunal considera que uma das formas mais relevantes para
combater a situagao de impunidade em casos como o presente, e investigar a atuagao
dos agentes estatais envolvidos nas violagoes estabeiecidas na Sentenga, sejam policiais,
membros do Ministerio Publico, juizes e servidores em geral, o que deve ser realizado na
jurisdigao interna por intermedio das instituigoes publicas competentes.
169. Considerando o anterior, assim como a jurisprudencia deste Tribunal145, a Corte

dispoe que o Estado deve conduzir eficazmente e dentro de um prazo razoavel o
Inquerito ’e qualquer processo que chegar a abrir, como consequencia deste, para
identificar, julgar e, eventualmente, sancionar os autores da morte do senhor Garibaldi.
Do mesmo modo, o Estado deve investigar e, se for o caso, sancionar as eventuais faltas
funcio.nais nas quais poderiam ter incorrido os funcionarios publicos a cargo do Inquerito.
Adicionalmente, tal e como tem sido indicado pela Corte146, as vitimas ou seus
representantes deverao ter acesso e capacidade de atuar em todas as etapas e instancias
dos processes internos instaurados no presente caso, de acordo com a lei interna e a
iv) Revogagao da Lei No. 15.662/07
170. Os representantes solicitaram a Corte que ordene ao Estado revocar a Lei No.
15.662/07 que concedeu a juiza Elisabeth Khater o titulo de cidada honoraria do Estado
do Parana.
171. A Comissao nao apresentou alegagoes adicionais a esse respeito.
142
Cr. Caso Velasquez Rodriguez, supra nota 48, par. 174; Caso Bueno Alves l/s. Argentina. Merito,
Reparagoes e Custas. Sentenga de 11 de maio de 2007. Serie C No. 164, par. 90; e Caso do Penal Miguel
Castro Castro l/s. Peru. Merito, Reparagoes e Custas. Sentenga de 25 de novembro de 2006. Serie C No. 160,
par. 440.
143
Cf. Caso Escue Zapata Vs. Colombia. Merito, Reparagdes e Custas. Sentenga de 4 de julho de 2007.
144
Cf. Caso Castillo Paez Vs. Peru. Merito. Sentenga de 3 de novembro de 1997. Serie C No. 34, par. 90;
Caso La Cantuta Vs. Peru. Merito, Reparagdes e Custas. Sentenga de 29 de novembro de 2006. Serie C No.
162, par. 222; e Caso do Penal Miguel Castro Castro, supra nota 142, par. 440.
145
Cf. Caso Baldeon Garcia Vs. Peru. Merito, Reparagdes e Custas. Sentenga de 6 de abril de 2006. Serie
C No. 147, par. 199; Caso Kawas Fernandez, supra nota 14, par. 191; e Caso Perozo e outros, supra nota 14,
par. 414.
146
Cf. Caso do "Caracazo" Vs. Venezuela. Reparagdes e Custas. Sentenga de 29 de agosto de 2002. Serie
C No. 95, par. 118; Caso Kawas Fernandez, supra nota 14, par. 194; e Caso Valle Jaramillo e outros, supra
nota 95, par. 233.
;
!
------1
46
172. 0 Estado refutou a pertinencia do pedido de derrogagao da lei do Estado do

Parana que concedeu o titulo de cidada honoraria a juiza Elisabeth Khater. O Brasil
sustentou que resta dificil imaginar o efeito que teria essa medida sobre os resultados do
Inquerito.
173. A Corte e competente para ordenar a um Estado que deixe sem efeito uma lei
interna quando seus termos sejam violatorios dos direitos previstos na Convengao e, por
isso, contrarios ao artigo 2 do mesmo tratado, o que nao foi alegado nerm demonstrado
pelos representantes no presente caso. Com base no exposto, o Tribunal nao acolhe o
pedido formulado pelos representantes.
v) Implementagao do artigo 10 do Codigo de Processo Penal
174. A Comissao solicitou que a Corte ordene ao Brasil a adogao e instrumentagao de

medidas necessarias para uma efetiva implementagao da disposigao contida no artigo 10
do Codigo Processo Penal {supra nota 127) em todo inquerito policial, assim como o
julgamento de fatos puniveis relacionados com despejos forgados em assentamentos de
trabalhadores sem terra com consequencias de morte, de maneira a ajustarem-se com
os parametros do Sistema Interamericano.
175. Os representantes nao apresentaram alegagoes especificas a respelto.
176. O Estado alegou que o prazo das investigagoes policiais se rege pelo principio da
razoabilidade. Nesse sentido, o termino do referido procedimento podera estar
condicionado a efetiva disposigao de recursos materiais indispensaveis ao cumprimento
da norma legal, bem como as circunstancias particulares do caso. Em virtude disso, o
artigo 10, paragrafo 3°, do Codigo de Processo Penal preve a possibilidade de uma maior
duragao do inquerito quando o fato seja de dificil elucidagao.
177. A Corte declarou neste caso que o penodo no qual transcorreu o Inquerito nao
correspondeu a um prazo razoavel, ordenando que tal procedimento fosse seguido
respeitando-se o determinado nos artigos 8 e 25 da Convengao. Nesse sentido, o Estado
devera conduzir o Inquerito recem reaberto conforme o artigo 10 do Codigo de Processo
Pena! e os demais criterios aludidos pelo Tribunal nesta Decisao. Acerca do cumprimento
do referido dispositive em todos os procedimentos investigativos iniciados no Brasil, a
Corte nao pode pronunciar-se sobre eventuais investigagoes das quais nao tenha
conhecimento sobre seus meritos e circunstancias, razao pela qual nao ordena esta
medida de reparagao.
vi) Outras pretensoes de reparagao
178. A Comissao alegou que para prevenir violagoes aos direitos humanos no futuro, a
Corte devia ordenar ao Estado adotar medidas: a) necessarias para que sejam
observados os direitos humanos nas politicas governamentais que tratem sobre a
ocupagao de terras, segundo o artigo 28 da Convengao Americana em relagao ao artigo
1.1 da mesma; e b) adequadas para os funcionarios de justiga e da policia, a fim de
evitar a proliferagao de grupos armados que realizem desocupagoes arbitrarias e
violentas.
179. Os representantes soiicitaram que se ordene ao Estado: a) tomar as medidas

necessarias para garantir que nao haja desocupagoes violentas; b) adotar medidas
eficazes para proteger os direitos dos trabalhadores rurais criando um orgao eficaz de
med.iagao dos conflitos agrarios; e c) nao "editar qualquer norma que proiba a vistoria
em. imovel rural de dommio publico ou particular que tenha sido objeto de ocupagao por
qualquer penodo de tempo ou outra razao e que as normas ja existentes a este respeito
sejam imediatamente revogadas".
/
https://pje1g.trf1.jus.br:443/consultapublica/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=19052110531794300000055032637 /
47
180. O Estado assinalou que desenvolveu medidas para que sejam observados os
direitos humanos nas politicas governamentais que versam sobre assuntos de ocupagao
de terras, como por exemplo, a criagao da Ouvidoria Agraria Nacional, para prevenir
conflitos agrarios; o Programa Paz no Campo e o Plano Nacional de Combate a Violencia
no Campo. Tudo isso demonstra a preocupagao do Estado em implementar urn sistema
de protegao de direitos humanos e observa-los em suas politicas governamentais que
tratam da ocupagao de terras. Da mesma maneira, elaborou urn Plano de Execugao de
Mandados Judiciais de Reintegragao de Posse Coletiva e, no ambito deste, um Manual de
Diretrizes Nacionais para a Execugao de Mandados Judiciais de Manutengao e
Reintegragao de Posse Coletiva, cujo objetivo principal e evitar os embates fundiarios
decorrentes do cumprimento de ordens judiciais, assim como auxiliar as autoridades
publicas encarregadas de garantir e aplicar a lei nos casos concretes, de natureza
agraria, levados ao conhecimento e julgamento do Poder Judiciario. Igualmente, alegou
que nao existe correlagao evidente entre o pedido dos representantes referente a nao
promulgagao de leis que proibam a verificagao em imoveis rurais e o objeto desta
demanda e, ademais, nao encontra respaldo em nenhum direito consagrado na
Convengao.
181. A Corte observa que essas medidas de reparagao solicitadas pela Comissao e pelos
representantes tern como objetivo que o Estado adote uma serie de medidas em relagao
a situagao dos trabalhadores rurais no Brasil, particularmente no contexto das ocupagoes
de terra e desocupagoes extrajudiciais. Apesar de que nao resultam indiferentes os
argumentos sobre a alegada vulnerabiiidade dos trabalhadores sem terra, devido a falta
de competencia temporal sobre os fatos relacionados com a desocupagao que culminou
na morte do senhor Garibaldi, o Tribunal nao se pronunciara sobre as medidas solicitadas
que tern por objeto fatos que restaram fora do exame no presente caso pelos motives
antes indicados.
C) Dano Material, Dano Imaterial, Custas e Gastos
i) Dano Material
182. A Corte desenvolveu em sua jurisprudencia o conceito de dano material e os

pressupostos nos quais corresponde indenizar147.
183. A Comissao estabeleceu os principios gerais sobre a materia e destacou que "as
vitimas realizaram esforgos economicos com a finalidade de conseguir justiga no nivel
domestico" e superar as consequencias que as agoes do Estado Ihes ocasionaram.
Ademais, requereu que, sem prejuizo das pretensoes que expusessem os representantes,
o Tribunal fixe, em equidade, a quantia da indenizagao por dano emergente e lucro
cessante.
184. Os representantes expuseram que a familia do senhor Garibaldi sofreu perdas

economicas causadas pelos fatos. Depois da morte de seu marido, Iracema Garibaldi
ficou como unica responsavel dos seis filhos de ambos, dois dos quais eram menores de
idade. Atualmente, a senhora Garibaldi, que recebe um salario minimo mensal por sua
aposentadoria, para poder subsistir precisa trabalhar junto com alguns membros de sua
familia, que sao pequenos produtores rurais. Nao obstante, sua renda mensal resulta
insuficiente para o sustento de toda a familia. O dano economico foi irreparavel ja que
nunca poderao regressar as condigoes de vida existentes antes dos fatos. Em particular,
os representantes soiicitaram ao Tribunal que ordene a entrega a familia Garibaldi da
147
Este Tribunal tem estabelecido que o dano material supoe ”a perda ou detrimento dos ingressos das
vftirrias, os gastos efetuados com motivo dos fatos e as consequencias de carater pecuniario que tenham um
nexo causal com os fatos do caso". Caso Bamaca Velasquez Vs. Guatemala. Reparaôes e Custas. Sentenga de
22 de fevereiro de 2002. Serie C No. 91, par. 43; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 224; e Caso Kawas
Fernandez, supra nota 14, par. 162.
48
quantidade de US$ 10.000,00 (dez mil dolares dos Estados Unidos da America) para'”
compensar os danos emergentes gerados por: a) o transporte de Iracema Garibaldi entre
Querencia do Norte, Parana, e os municipios de Caxias e Vacaria no Rio Grande do Sul
"para visitar familiares e [procurar o] apoio destes"; b) o funeral de Setimo Garibaldi; e
c) os litfgios perante instancias nacionais e internacionais, incluidos transporte,
hospedagem e alimentagao. Da mesma maneira, consideraram a indenizagao por
conceito de lucro cessante na quantidade de R$ 212.040,00 (duzentos e doze mil e
quarenta reals), considerando que Setimo Garibaldi tinha 52 anos quando foi
assassinado, que a expectativa de vida no Estado do Parana e de 71 anos, pelo que teria
trabalhado por mais 19 anos, e que seu ingresso mensal como agricultor era de
aproximadamente R$ 930,00 (novecentos e trinta reals).
185. O Estado, no que concerne aos danos emergentes, sustentou que o titular da agao
penal e o Ministerio Publico e que as vitimas nao realizam gastos com o tramite do
processo no ambito interno. Adicionalmente, tanto no ambito civil como em sede penal, o
Estado garante o livre acesso ao sistema judiciario, por meio de assistencia jundica ou a
concessao do beneffcio de gratuidade da justiga. Portanto, nao se pode falar de gastos na
tramitagao do caso no ambito interno. Porem, se a Corte entender adequado ordenar
algum pagamento, a quantia devera ser limitada a compensagao pelos danos
efetivamente demonstrados e os gastos devidamente comprovados como consequencia
dos fatos. O Estado acrescentou que nem a Comissao nem os representantes juntaram
prova dos gastos supostamente realizados na tramitagao do processo nas instancias
internas, nem dos alegados danos sofridos pelas vitimas. Por outra parte, o Brasil
agregou que por nao haver vioiagao por parte do Estado dos artigos 4 e 5 da Convengao,
"nao h[averia] que se falar em indenizagao dos danos materiais relacionada aos lucres
cessantes, pois as perdas economicas que foram ocasionadas pela morte do Senhor
Garibaldi nao pode[ria]m ser atribuidas ao Estado". No que tange ao lucro cessante como
produto de possiveis violagoes dos artigos 8 e 25 da Convengao, o Estado arguiu que
"eventuais equivocos que possam ter ocasionado o arquivamento do [IJnquerito [PJolicial
[...] nao teriam o condao de diminuir os ingressos economicos das supostas vitimas;
tampouco [o] eventual descumprimento das obrigagoes previstas nos artigos 1.1, 2 e 28
[da Convengao] pode ser alegado como gerador de lucres cessantes, visto que tais
dispositivos tratam de obrigagoes genericas".
186. Como foi indicado pelo Tribunal, as reparagoes devem ter um nexo causal com os
fatos do caso, as violagoes alegadas, os danos demonstrados, bem como com as medidas
solicitadas para reparar os danos respectivos. Portanto, a Corte devera observar a
concorrencia desses requisites para pronunciar-se devidamente e conforme o direito148.
No presente caso, o Tribunal nao analisou a responsabilidade estatal pela morte de
Setimo Garibaldi, em razao de que estava fora da sua competencia temporal (supra par.
22), pelo que nao pode ordenar medidas que se dirijam a reparar os prejuizos
relacionados com o falecimento do senhor Garibaldi. As medidas de reparagao devem ter
relagao com os fatos violatorios declarados na presente Sentenga, quais sejam, as falhas
e omissoes no Inquerito Policial.
187. Considerando o anterior, quanto aos gastos de transporte e de gestoes os quais

teria despendido Iracema Garibaldi em procura de apoio de seus familiares em outras
localidades, a Corte fixa por equidade o montante de US$ 1.000,00 (um mil dolares dos
Estados Unidos da America) em favor dessa vitima.
188. Com relagao aos gastos de litfgio nacional e internacional alegados pelos
representantes, como ja tern feito em casos anteriores, a Corte os considerara na segao
correspondente as custas e gastos149.
! 43
Cf. Caso Ticona Estrada e outros, supra nota 98, par. 110.
1.
?IA
49
ii) Dano Imaterial
189. A Corte desenvolveu o conceito de dano imaterial e os pressupostos nos quais

corresponde indenizar150.
190. A Comissao afirmou que, no presente caso, “as vitimas padeceram sofrimento
psicoiogico, angustia, incerteza e alteragao de vida em virtude da negagao de justiga pelo
homicidio do Senhor Setimo Garibaldi". Portanto, solicitou a Corte que fixe em equidade
a quantia de uma indenizagao pordanos imateriais.
191. Os representantes, em seu escrito de petigoes e argumentos, afirmaram que o

dano causado a familia do senhor Garibaldi e irreparavel sob o ponto de vista economico,
ja que nunca poderao regressar as condigoes de vida existentes antes dos fatos. A
indenizagao economica, em conjunto com outras formas de reparagao, poderia ajudar na
construgao de um novo projeto de vida para a familia. Indicaram que a Corte considera
os familiares como vitimas quando e lesado seu direito a integridade fisica e moral
produto de violagoes cometidas contra seus entes queridos, assim como a continuidade
do sofrimento promovido quando os agentes do Estado, por agao ou omissao, nao
investigam nem responsabilizam os agressores dos fatos. No escrito de alegagoes finais,
solicitaram a quantidade de US$ 280.000,00 (duzentos e oitenta mil doiares dos Estados
Unidos da America), para ser dividida em partes proporcionais entre os familiares do
senhor Garibaldi.
192. O Estado afirmou que a propria sentenga da Corte constituiria por si mesma, uma
forma de satisfagao moral, nao sendo oportuno dispor uma compensagao monetaria.
193. Este Tribunal tern estabelecido reiteradamente que uma sentenga declaratoria da
existencia de violagao constitui, per se, uma forma de reparagao151. Entretanto,
considerando as circunstancias do caso e as consequencias que a violagao cometida
causou as vitimas, particularmente, a impunidade pela morte do senhor Garibaldi, a
Corte estima pertinente determiner o pagamento de uma compensagao, fixada.
equitativamente, por conceito de danos imateriais em favor daqueles familiares
considerados vitimas da violagao dos artigos 8.1 e 25.1 da Convengao Americana, com
relagao ao artigo 1.1 da mesma (supra par. 140). Em consequencia, o Tribunal ordena ao
Estado pagar a quantidade de US$ 50.000,00 (cinquenta mil doiares dos Estados Unidos
da America) a favor de Iracema Garibaldi e US$ 20.000,00 (vinte mil doiares dos Estados
Unidos da America) a favor de cada uma das seguintes vitimas: Darsonia Garibaldi,
Vanderlei Garibaldi, Fernando Garibaldi, Itamar Garibaldi, Itacir Garibaldi e Alexandre
Garibaldi.
Hi) Custas e gastos
149
Cf. Caso Kimel Vs. Argentina. Merito, Reparagoes e Custas. Sentenga de 2 de maio de 2008. Serie C
No. 177, par. 109; Caso Tristan Donoso, supra nota 9, par. 184; e Caso Ticona Estrada e outros, supra nota
98, par. 124.
150 Este Tribunal afirmou que o dano imaterial "pode compreender tanto os sofrimentos e as afligoes
causadas a vitima direta e aos que Ihe sao proximos, como o menosprezo de valores muito significativos para
as pessoas, e outras perturbagoes que nao sao suscetiveis de medigao pecuniaria". Caso dos "Meninos de Rua"
(Villagran Morales e outros) Vs. Guatemala. Reparagoes e Custas. Sentenga de 26 de maio de 2001. Serie C
No. 77, par. 84; Caso Eschere outros, supra nota 9, par. 229, e Caso Reveron Trujillo, supra nota 30, par. 175.
151
Cf. Caso Neira Alegrla e outros Vs. Peru. Reparagoes e Custas. Sentenga de 19 de setembro de 1996.
Serie C No. 29, par. 56; Caso Eschere outros, supra nota 9, par. 233; e Caso Kawas Fernandez, supra nota 14,
par. 184.
iem mm
50
194. Como ja indicado pela Corte em oportunidades anteriores, as custas e os gastos

estao compreendidos dentro do conceito de reparagao consagrado no artigo 63.1 da
Convengao Americana152.
195. A Comissao Interamericana solicitou a este Tribunal que ordene ao Estado "o
pagamento das custas e gastos razoaveis e necessari[o]s devidamente comprovados,
que se tenham originado e venham a originar-se da tramitagao deste caso, tanto no
ambito interno como junto ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos".
196. Os representantes solicitaram a Corte que ordene ao Estado pagar as custas da

tramitagao interna e internacional do caso. Lembraram que mesmo com o acesso
gratuito a justiga, os familiares do senhor Garibaldi incorreram em varies gastos durante
o transcurso do Inquerito, incluindo gastos de comunicagao telefonica, correio,
transporte, entre outros. Esses dispendios que a familia assumiu durante o periodo do
Inquerito deveriam ser pagos pelo Estado.
197. No escrito de alegagoes finais, os representantes afirmaram que "incorreram em

despesas significativas, mas razoaveis, por prov[er as vitimas] com servigos legais
competentes, no valor de US$ 20.000,00 (vinte mil dolares [dos Estados Unidos de
America]), [o que] inclui custos de: [v]iagens, [ejstadia, [a]dvogados, [d]eslocamento
dos advogados [e de] testemunhas pobres, [f]otoc6pias, [cjorreio, telefone, fax,
cartorios, Internet [e o] [p]rocesso de litigio internacional". Agregaram que "[a]s
organizagoes peticionarias representam os familiares de Setimo Garibaldi como urn
servigo pro bono, portanto nao esperam nenhuma compensagao de sua parte[ e, entao,]
solicitaram a quantidade de US$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil dolares [dos Estados
Unidos da America]) que incluem US$ 20.000,00 (vinte mil dolares [dos Estados Unidos
da America]) como restituigao pelos custos envolvidos na demanda e US$ 25.000,00
(vinte e cinco mil dolares [dos Estados Unidos da America]) pelos honorarios relatives ao
tempo e trabalho de seus advogados durante os anos de tramite deste caso perante o
Sistema Interamericano".
198. O Estado alegou que nenhum dos processes no ambito interno gerou gastos as
vitimas, pois tanto no ambito penal como no civil eram beneficiarias de justiga gratuita e
o Inquerito foi movido por impulso estatal, independentemente da atividade dos
particulares. Nesse sentido, asseverou que nem a Comissao nem os representantes
apresentaram comprovantes de gastos nos momentos processuais oportunos. Portanto,
rechagou a necessidade de uma reparagao por conceito de custas e gastos.
199. O Tribunal indicou que "as pretensoes das vitimas ou de seus representantes em
materia de custas e gastos, e as provas que as sustentam, devem ser apresentadas a
Corte no primeiro momento processuai concedido, isto e, no escrito de petigoes e
argumentos, sem prejuizo de que tais pretensoes se atualizem em um momento
posterior, conforme as novas custas e gastos em que tenham incorrido em virtude do
procedimento ante esta Corte"153. Os representantes das vitimas, em seu escrito de
petigoes e argumentos ou em nenhuma oportunidade posterior, nao forneceram
elementos probatorios que comprovassem os gastos supostamente efetuados. De outra
feita, com relagao ao Inquerito Policial, a Corte adverte que, como indicado pelo Brasil,
esse procedimento foi impulsionado por orgaos estatais. No ambito internacional,
conforme foi indicado pelos representantes, estes tampouco teriam incorrido em gastos
a titulo de. assistencia juridica, visto que atuaram pro bono. No entanto, a Corte tambem
J 52 Cf. Caso Garrido e Baigorria, supra nota 131, par. 79; Caso Escher e outros, supra nota 9, par. 255; e
153 Caso Chaparro Alvarez e Lapo Iniguez Vs. Equador. Excegoes Preliminares, Merito, Reparagoes e
Custas. Sentenga de 21 de novembro de 2007. Serie C No. 170, par. 275; Caso Escher e outros, supra nota 9,
par. 259; e Caso Tristan Donoso, supra nota 9, par. 215.
L
51
\ Rubric^ ,
aponta que os representantes das vitimas incorreram em. gastos para assistira audiencia
publica do caso realizada na cidade de Santiago, Chile, assim como gastos relatives ao
exercicio de sua representagao legal, tais como a remissao de seus escritos, gastos de
comunicagao, entre outros, durante o processo perante este Tribunal. Tendo em conta o
. anterior e ante a falta de comprovantes desses gastos, a Corte determine, em equidade,
que o Estado deve entregar a quantia de US$ 8.000,00 (oito mil dolares dos Estados
Unidos da America) a titulo de custas e gastos. Essa quantia inclui os gastos futures em
que possam incorrer as,vitimas durante a supervisao do cumprimento desta Sentenga e
devera ser entregue dentro de um ano a partir da notificagao da presente Sentenga a
senhora Iracema Garibaldi, quern entregara, se for o caso, a quantidade que considefe '
adequada para seus representantes no foro interno e no processo perante o Sistema
Interamericano.
iv) Modalidade de cumprimento dos pagamentos ordenados
200. O pagamento da indenizagao por dano imaterial e a restituigao de custas e gastos

estabelecidos na presente Sentenga serao realizados diretamente as pessoas
mencionadas na mesma, no prazo de um ano, contado a partir da notificagao da
presente Sentenga, considerando o indicado nos paragrafos 187, 193 e 199 da mesma.
Em caso de falecimento com anterioridade ao pagamento das quantias respectivas, estas
serao entregues aos seus herdeiros, consoante o direito interno aplicavel.
201. O Estado devera cumprir as obrigagoes; monetarias mediante o pagamento em

dolares dos Estados Unidos da America ou seu equivalente em moeda nacional,
utilizando para o calculo respective o tipo de cambio que se encontre vigente na bolsa de
Nova York, no dia anterior ao pagamento.
202. Se.por causas atribufveis aos beneficiaries das indenizagoes ou a seus herdeiros
nao for possivel o pagamento das quantidades determinadas dentro do prazo indicado, o.
Estado consignara esse montante a favor daquelas pessoas em uma conta ou certificado
de deposito em uma instituigao financeira brasileira solvente, . em dolares
estadounidenses, e nas condigoes financeiras mais favoraveis que permitam a legislagao
e a pratica bancaria. Se ao cabo de dez anos a quantia designada nao tiver sido
reclamada, sera devolvida ao Estado com os juros gerados.
203. Caso o Estado incorra em mora, devera pagar juros sobre a quantia devida,
correspondente aos juros bancarios de mora no Brasil.
IX
PONTOS RESOLUTIVOS
204. Portanto
A CORTE
DECIDE,
por unanimidade:
1. Declarar parcialmente admissive! a excegao preliminar de competencia rations

temporis interposta pelo Estado, conforme os paragrafos 12 a 25 da presente Sentenga.
DPF
fSeR,VCOADN
52
Fte.._
\
2. Rejeitar as demais excegoes preliminares interpostas pelo Estado, nos termos dos
paragrafos 26 a 51 da presente Sentenga.
DECLARA,
3. 0 Estado violou os direitos as garantias judicials . e a protegao judicial

reconhecidos nos artigos 8.1 e 25.1 da Convengao Americana, em relagao com o artigo
1.1 da mesma, em prejuizo de Iracema Garibaldi, Darsonia Garibaldi, Vanderiei
Garibaldi, Fernando Garibaldi, Itamar Garibaldi, Itacir Garibaldi e Alexandre Garibaldi,
nos termos dos paragrafos 111a 141 da presente Sentenga.
4. 0 Estado nao descumpriu a clausula federal estabelecida no artigo 28 da

Convengao Americana, em relagao com os artigos 1.1 e 2 da mesma, em prejuizo de
Iracema Garibaldi, Darsonia Garibaldi, Vanderiei Garibaldi, Fernando Garibaldi, Itamar
Garibaldi, Itacir Garibaldi e Alexandre Garibaldi, nos termos dos paragrafos 145 a 149 da
presente Sentenga.
E DISPOE,
5. Esta Sentenga constitui per se uma forma de reparagao.
6. 0 Estado deve publicar no Diario Oficial, em outrp jornal de ampia circulagao

nacional, e em urn jornal de ampia circulagao no Estado do Parana, uma unica vez, a
pagina de rosto, os Capitulos I, VI e VII, sem as notas de rodape, e a parte resolutiva da
presente Sentenga, bem como deve publicar de forma Integra a presente Decisao, por no
mmimo um ano, em uma pagina web oficial adequada da Uniao e do Estado do Parana,
tomando em conta as caractensticas da publicagao que se ordena realizar. As
publicagoes nos jornais e na internet deverao realizar-se nos prazos de seis e dois
meses, respectivamente, contados a partir da notificagao da presente Sentenga, nos
termos do paragrafo 157 da mesma.
7. O Estado deve conduzir eficazmente e dentro de um prazo razoavel o Inquerito e

qualquer process© que chegar a abrir, como consequencia deste, para identificar, julgar
e, eventualmente, sancionar.os autores da morte do senhor Garibaldi. Da mesma
maneira, o Estado deve investigar e, se for o caso, sancionar as eventuais faltas
funcionais nas quais poderiam ter incorrido os funcionarios publicos a cargo do Inquerito,
8. O Estado deve pagar a Iracema Garibaldi, Darsonia Garibaldi, Vanderiei Garibaldi,

Fernando Garibaldi, Itamar Garibaldi, Itacir Garibaldi e Alexandre Garibaldi, os
montantes fixados no paragrafos 187 e 193 da presente Sentenga a tltuio de dano
material e imaterial, dentro do prazo de um ano, contado a partir da notificagao da
mesma, e conforme as modalidades especificadas nos paragrafos 200 a 203 desta
Decisao.
9. O Estado deve pagar a Iracema Garibaldi o montante fixado no paragrafo 199 da

presente Sentenga por restituigao de custas e gastos, dentro do prazo de um ano
DP? \
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3ERA/C0ADS|
53
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contado a partir da notificagao da mesma e conforme as modalidades especificadas nos
paragrafos 200 a 203 desta Decisao.
10. A Corte supervisara o cumprimento integro desta Sentenga, em exercicio de suas

atribuigoes e em cumprimento dos seus deveres conforme a Convengao Americana, e
dara por concluido o presente caso uma vez que o Estado tenha dado cabal cumprimento
ao disposto na mesma. 0 Estado devera, dentro do prazo de um ano contado a partir da
notificagao desta Sentenga, apresentar ao Tribunal um relatorio sobre as medidas
adotadas para cumprir a mesma.
O juiz Roberto de Figueiredo Caldas ievou ao conhecimento da Corte seu voto

concordante e fundamentado, o ’qual acompanha esta Sentenga.
Redigida em espanhol, portugues e ingles, fazendo fe os textos em espanhol e

portugues, em San Jose, Costa Rica, em 23 de setembro de 2009.

Presidenta
Diego Gara'a-Sayan Sergio Garcia Ramirez •
Manuel Ventura Robles Leonardo A. Franco
Margarette May Macaulay Rhadys Abreu Blondet
Roberto de Figueiredo Caldas

Juiz Ad hoc
f DPr
'SERA/oo^
54 FIS.__ iio
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Pablo Saavedra Alessandri.
Secretario
Comunique-se e execute-se,

Presidehta

.Secretario
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Srp-'CCADS
FIs. I'll
Rj/.'ra
VOTO FUNDAMENTADO DO JUIZ AD HOC ROBERTO DE FIGUEIREDO CALDAS COM
RELAQAO A SENTENCA DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS NO
CASO GARIBALDI VS. BRASIL, PROFERIDA EM 23 DE SETEMBRO DE 2009.
I - Introduâo
1. Mesmo de pleno acordo com os proprios termos da sentenga, construida

coletivamente em boa tecnica que visa o consenso, apresento este voto de fundamentagao
propria na esperanga de que possa servir para profunda reflexao pelo Brasil e demais paises
jurisdicionados; os Estados vem sendo condenados repetidas vezes nesta Corte por
descumprimento do prazo razoavel de solugao de litigios judiciais, sem que encontrem solugao
preventive ou definitiva.
2. A violagao aos direitos as garantias judiciais e a protegao judicial, estabelecidos nos

artigos 8.1 e 25.1 da Convengao Americana de Direitos Humanos, tern se mostrado senao
permanente, uma constante realidade.
3. A Corte tern o procedimento de procurar atuar e sentenciar levando em consideragao

apenas os casos concretes e precisamente naquele momento em que sao submetidos a sua
jurisdigao. Evita fazer analises gerais da conjuntura de direitos humanos sobre o Estado sub
judice. A ideia e que a proclamagao do julgamento e sua fundamentagao sirvam ao Estado
para um reexame de seus proprios passes para a corregao de rumo, bem como para os outros
Estados jurisdicionados do Sistema Interamericano de Direitos Humanos fazerem seus
autodiagnosticos de cumprimento da Convengao.
4. Vale dizer, as sentengas da Corte tern a vocagao de ser exemplificativas e

paradigmaticas para o comportamento dos Estados. E destes se espera o comprometimento
com as decisoes, o respeito a elas independentemente de se foram proferidas contra si ou
contra outro Estado.
5. No entanto, como o caso cuida de demora excessiva do sistema judiciario e

consequente impunidade, males cronicos que andam sempre juntos e quanto aos quais parece
nao ter havido ainda no nosso Continente enfrentamento adequado para o atingimento dos
objetivos convencionados, vale a pena a tentative de se iluminar o caminho para aqueles que o
venham a seguir.
6. O proposito aqui e nao apenas punir a violagao inconvencional, mas atuar

preventivamente para que nao ocorra o violador e injusto atraso. E nao deixar que a situagao
cheque a uma quebra na Convengao, pois antes disso, preventivamente, todo o sistema deve
funcionar de tal forma que o atraso nao ocorra ou seja acontecimento episodico, jamais
costumeiro.
7. A meta fundamental deve ser o atendimento ao "prazo razoavel" (art. 8.1) e ao

processo "simples e rapido" (art. 25.1). Como fazer isso? Essa e a pergunta que as Nagoes
americanas devem tomar em suas maos para responder.
8. E neste voto se quer tragar um singelo modelo capaz de, se for devidamente seguido
pelos Estados, criar as condigoes para uma resolugao definitiva do atraso judiciario de maneira
simples, rapida e barata.
9. Apesar da profundidade do tema e pretensao desta manifestagao, como o voto judicial

deve tambem guardar as caracteristicas que deve ter o processo, "simples e rapido", alem de
poder ser entendido pelo jurisdicionado de escolaridade mais simples, nao sera apresentada
uma digressao, nem explicagao historica ou filosofica a respeito.
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II - For um modelo distributive para o Poder Judiciario
10. Entao, e momento de voltar aquela indagagao langada: o que se deve fazer para'
alcangar uma Justiga simples e rapida?
11. Resposta: mudar a concepgao (modelo ou principios) utilizada de Justiga retributiva - •

vigente em quase todo o Continente - para distributiva.
12. Nao ha nenhuma criagao ou novidade nisso. Esses dois principios foram descritos
inicialmente por Aristoteles, na Grecia Antiga, ha mais de dois milenios. Mais recentemente,
John Rawls incumbiu-se da smtese contemporanea1, influenciadora de diversas reformas de
poderes judiciarios.
13. Sao exatamente aquelas duas as tipologias de Justiga seguidas peios judiciarios
contemporaneos: retributiva (tambem chamada comutativa, devolutiva, retificadora, corretiva,
equiparadora, sinalagmatica ou aritmetica) e distributiva (tambem conhecida como
proporcional ou geometrica).
14. O modelo retributive e o que condena o infrator da lei, o devedor, a pagar ao lesado, o
credor, apenas aquilo que Ihe foi retirado. Ou seja, faz a retribuigao, a devolugao, levando em
consideragao apenas os fatos, atos, coisas ou servigos em questao, com total desconsideragao
quanto as pessoas envolvidas, em uma proporgao meramente aritmetica e em valores mais
modicos. Ha um grande numero de causas no Judiciario, a violagao ao prazo razoavel e a
impunidade sao constantes.
15. O modelo distributive, por sua vez, e o que condena o infrator da lei, o devedor, a
pagar ao lesado, o credor, mais (ou muito mais) que o bem que Ihe foi retirado ou lesao
sofrida. Ou seja, alem da necessaria devolugao, condena a pagar algo mais, levando em
consideragao nao apenas os fatos, atos, coisas ou servigos litigados, mas o valor ou merito das
pessoas envolvidas na contenda, na medida em que se desigualam, como por exemplo a plena
ciencia do ato deiituoso ou lesionador, intengao de pratica-lo, sabenga de que foi culpado,
vontade de protelar o pagamento ao credor, capacidade financeira, bens, direitos,
escolaridade, fungao, cargo. Ou seja, os fatores pessoais podem agravar ou minorar a
condenagao. Nesse modelo, ha a possibilidade de uma proporgao geometrica, em valores
consequentemente maiores.
16. No modelo distributive, coibe-se a pratica de litigancia de ma-fe e se Ihe pune quando
isso ocorre. Ha um temor da Justiga pelo credor. Por essa razao, e mais eficaz em prevenir os
litigios e diminuir muito o numero de causas em juizo, especialmente aquelas disputes
artificials de meras cobrangas, repetitivas aps milhares, de baixa litigiosidade real, existentes
apenas porque o devedor quer postergar sua dfvida e usufruir bem que e de outro.
17. Numa mirada panoramica mundial, em geral, pode-se afirmar que nos paises onde o
Judiciario e rapido e respeitado pela sociedade, temido por infratores e criminosos, onde a
punibilidade prevalece, o numero de causas e baixo e o pais e em regra desenvolvido, o
modelo e distributivo.
18. Judiciario distributivo e o apropriado para paises que querem se desenvolver, veneer a
demora da tramitagao dos processes, a corrupgao e a impunidade.
19. Se o Continente americano mudar o seu modelo e o seu costume de julgar, diminuira
muito o excessive numero de demandas judiciais, o aumento de gastos com o Judiciario, a
Em 1967, com seu artigo "Distributive Justice", melhor assentado em seu classico tratado "A Theory of Justice",
de 1971.
0
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3
construgao de novos predios, informatizagao acelerada, e reformas processuais. Nao o

fazendo, a cronica e tragica situagao dos Judiciarios dos nossos paises so se fara agravar.
20. E precise mudar o enfoque tambem das reformas de Judiciario, pois nao basta diminuir
em apenas um tergo, por exemplo, o tempo de tramitagao dos processes, pois o sistema ja
esta colapsado. E preciso reduzir muito mais, dez ou vinte vezes, o tempo de retengao do
process© na Justiga, visando atender os preceitos de rapida tramitagao, tornando os recursos
efetivamente simples e rapidos e passar a respeitar ao menos um prazo razoavel. Senao, a
consequencia e que a Corte Interamericana continuara condenando indefinidamente pela
lentidao do processo.
21. E preciso que se garanta ao jurisdicionado o acesso a Justiga real, substancial. Nao um
acesso a Justiga meramente teorico, retorico, simbolico, irreal, virtual, nominal, parcial,
relative.
22. Na expressao de Bobbio, "una sociedad en la que el gobierno adopte medidas de

justicia disthbutiva que conviertan a los ciudadanos en iguales no solo formalmente o frente a
la ley, como se suele decir, sino tambien sustandahnente"2.
Ill - Protegao Internacional ao Direito Humano de

Prestagao Jurisdicional em Prazo Razoavel
23. Convem lembrar oragao do discurso pronunciado em 1920 por Ruy Barbosa, memoravel
jurista brasileiro cujo busto ornamenta o salao de entrada da Corte Interamericana de Direitos
Humanos (ao lado do venezuelano Andres Bello), segundo o qual "justiga atrasada nao e
justiga, senao injustiga quaiificada e manifesta"3. Talvez esta seja uma bem elaborada versao
do aforismo jundico universal repetido em varias linguas, por exemplo: "justice delayed is
justice denied", 'justice differee est justice refusee", 'justicia atrasada es justicia denegada",
ou seja, "justiga atrasada e justiga denegada".
24. Inconcebi'vel a ideia de Justiga realizada se o individuo lesado nao tern a pronta
reparagao ou, ao menos, que a obtenha em um prazo razoavel, variavei de um ramo judiciario
para outro. Enquanto pendente a causa em juizo, nenhuma das partes sente-se justigada.
25. A morosidade e fator de desestimulo a procura do Judiciario para solucionar

controversia (com grave repercussao no proprio direito de acesso ao Judiciario) e fator de
estfmulo para o descumpridor dos deveres sociais e o delinquente agirem, sem se
preocuparem muito se irao ou nao ser processados, pois a maioria nao o e ou encontra a falta
prescrita.
26. Nao por outra razao, e direito humano consagrado o acesso ao Judiciario e a solugao da
controversia em tempo razoavel, desde a Declaragao Universal dos Direitos Humanos, de
1948:
"Artigo VIII - Toda pessoa tern o direito de receber dos tribunais nacionais competentes recurso efetivo para
os atos que violem os direitos fundamentais que Ihe sejam reconhecidos pela Constituigao ou pela lei." (grifos
do autor).
"Artigo X - Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiencia justa e pubiica por parte de um
tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer
acusagao criminal contra ela."
BOBBIO. Norberto. De ia ideoloaia democratica a los orocedimientos universales. Rev. Juridica Boletin
Mexicano de Derecho Comparado n0. 103, jan-abr de 2002. Disponfvel . em
<htto://www.iuridica5.unam.mx/pubiica/rev/boietin/cont/103/inf/infl0.htm>. Acesso em: 14 nov. 2007.
BARBOSA, RUY. Oragao aos mogos. Sao Paulo: Russel, 2004, p. 47.
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35. Por tudo isso, demonstrado resta que a exigencia de celeridade do processo judicial nao
e atual, remontando instrumentos normativos os mais importantes de protegao aos direitos ;
humanos, que devem se tornar efetivos no Brasil5 e em todo o Continente.
IV - Conclusao
36. A Corte chegou a conclusao de violagao pelo Estado brasileiro dos artigos 8.1 e 25.1 da
Convengao, o que deve suscitar cuidados pelos Estados participes do Sistema Interamericano
de Direitos Humanos no sentido de fazerem reformas dos poderes judiciarios para adequarem
a tramitagao do processo ao tempo querido pela norma e pelos cidadaos continentais,
superando a fase de descumprimento cronico de prazos' fegais pelo Judiciario e pelo restante
do sistema, comp a policia, no presente caso, em cuja investigagao demorou sessenta vezes
mais que o prazo legal de trinta dias para findar o inquerito.
37. A demora inscreve-se entre os erros judiciarios mais graves praticados pelo Estado,
indenizaveis segundo a normative internacional. A rapidez processual gera fluidez e respeito
nas relagoes sociais, propicias ao patamar de desenvolvimento que as Nagoes americanas
tanto querem experimentar.
Roberto Figueiredo Caldas

Juiz M Hoc

Secretario
5 Conforms preceito inserido na Constituigao pela Emenda Constitucional n° 45, de 2004: "Art. 5°. (...) LXXVIII -
a todos, no arrib/to judicial e administrative, sao assegurados a razoavel duragao do processo e os meios que
garantam a celeridade de sua tramitagao".
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:: SEI / MJ - 1340837 - Despacho de Encaminhamento do Ministro :: Pagina 1 dej_
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1340837 08001.006745/2015-79
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SETM/CDAO*
MINISTERIO DA JUSTIÂ
GABINETE DO MINISTRO
Despacho n° 4647/2015/GM
Assunto: Solicitaâo de investigafao.
Destinatario: Ao Senhor Chefe de Gabinete do Diretor-Geral do Departamento de PoHcia Federal.
C/c.: A Senhora Chefe de Gabinete do Secretario de Assuntos Legislativos.
Com meus cordials cumprimentos, encaminho a Vossa Senhoria, para analise e

adopao das providencias cabiveis, o Oficio n° 507/2015-P, de 29 de outubro de 2015, por meio do
qual a Comissao de Direitos Humanos e Minorias da Camara dos Deputados solicita a
investigapao do perfil de rede social Facebook autodenominado "Grupo de Defesa Contra Invasao
de Terra".
Atenciosamente,
MARCIO LOPES DE FREITAS FILHO

Chefe de Gabinete do Ministro
Documento assinado eletronicamente por MARCIO LOPES DE FREITAS FILHO, Chefe

* r
! ast-irtatufa l-
de Gabinete do Ministro de Estado da Justâ, em 04/11/2015, as 19:10, conforme o § 2°
! eteifortiw do art. 10 da Medida Provisoria n° 2.200/01.
A autenticidade do documento pode ser conferida no site

rsTEIJilll http://sei.mi.gov.br/sei/controlador extemo.php?
ra&g? acao=documento conferir&id orgao acesso externo=0 informando o codigo verificador
1340837 e o codigo CRC B6232A5C
r O tramite deste documento pode ser acompanhado pelo site http://www.iustica.gov:br/acesso-
0 a-sistemas/protoco 1 o e tern validade de prova de registro de protocolo no Ministerio da
Justifa.
Referenda: Processo n2 08001.006745/2015-79 SEI n9 1340837
http://sei.mj.gov.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_orige... 05/11/2015
, SEAPR0/GA3/DG/0PF
0 5 NOV 2015 lf
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DIREgAO-GERAL
DESPACHO N° 5204/2015-GAB/DPF
Bras[|ia-DF, 05 de novembro de 2015.
REFERENCIA: Ofido n° 507 - Camara dos Deputados - Comissao de Direitos

Humanos e Minorias, de 29/10/2015.
Pnotocolo n° 08001.006745/2015-79.
ASSUNTO: Denunda. "Grupo de Defesa contra invasao de Terra".

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INTERESSADO:' L; v . ' Deputado,.PAULOPIMENTA.

i'-, '
DESPACHO:
De ondem, encaminhe-se a COGER/DPF para analise, manifesta$ao

e remessa a unidade oompetente, nos termos do Item 1 da IN 11/2001-DG/DPF,
com nedagao dada pelo artigo 1° da IN 11/2007-DG/DPF.
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FABRiaO SCHOMMER KtRBER
'^Delegado de Policia Federal
cKefe.de Gabinete7
Sislciru'i SCD - MARCO.MABR - MARCO.MABR
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^^-GORREGEDORIA-ÊRAL DE POLICIA FEDERAL
GABINETE.DE ASSISTENCIA/COGER/DPF
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DESPACHO N°. 10154/2015 - GAB/COG ER/DPF DATA: 09/11/2015
/ / /
REFERENCIA: Desp. 5204/2015-G^B/DPF, de 05.11.2015, OF. 507/2015 - P Comisâo',de
Direitos ^lumanos e Minoria/5.D-rCie 05/10/2015; Protocolo: 08001 .^067^/20,1.5^79; DOC:
41473. ------ --------
ASSUNTO: Solicita investigar o perfil da rede social Facebook autodenominada - Grupo de
Defesa Contra Invasao de Terra.
INTERESSADO: Deputado Paulo Pimenta - Presidente.
DESTINO: SELP/COGER/DPF
1. Conhego do expediente;
2. Encaminhecse-au SEI COGER/DPF, para juntada ao expediente
protocolizado sob'n°~08200.021609/2015-62, poPsetratar de documentagao de igual teor.

Classe Especial - Mat 6061
CORREGEDOR-GERAL
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rSELP/CGCORyCOGER

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Num. 55542555 - Pág. 7
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SELP/COQER \.
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SERVING PUBLICO FEDERAL

COGER-SERVICO DE ESTUDOS, LEGISLAÂO E PARECERES
PARECER N° 220/2016-SELP/ COGER
Ref.: Protocolo n° 08200.021609/2015-62-SERA/CGAD. DOC 41.473 - SAD/COGER.

Despacho n° 10.154/2015-GAB/COGER/DPF. Recebido no SEEP em 11/11/2015. Despacho
SIGEPOL n° 5.458/2016.
Assunto: Solicita investigaâo do perfil da rede social facebook autodenominado “Grupo de

Defesa contra Invasdo de Terra”.
Interessado: Deputado Federal Paulo Pimenta - Presidente.
1. Trata-se de oficio oriundo da Comissao de Direitos Humanos e Minorias da

Camara dos Deputados, que requer a investigaqao do perfil da rede social facebook
autodenominado “Grupo de Defesa contra Invasdo de Terra”.
2. Afirma-se, em sintese, que “as asseriivas proferidas oelo autor do video
enguadram-se no artieo 20 da Lei n° 7.716/1989. que preve o crime de praticar. induzir ou incitar
a discriminacdo ou preconceito com base em relipido e procedendo nacional (...) a constituigdo
de milicia privada e crime previsto no Codigo Penal (...) e possivel que as agoes divulgadas na
pdgina do Facebook se valham de posse irregular de arma de fogo de uso permitido, porte ilegal
de arma de fogo de uso permitido ”
3. Em razao da materia, sugere-se o envio deste expediente ao Grupo Especial
de Combate aos Crimes de Odio e a Pornografia Infantil na internet (GECOP/DDH/CGDI/DICOR)
para conhecimento e adoqao das medidasbue eventualmente entender cabiveis.
Encaminhe-se ao Exmo. Sr. Coordenador-Geral d&Corneigoes para ciencia e apds,
ao Exmo. Sr. Corregedor-Geral, para apreciagao./ / / n
Bksilm/DF, 14 de jimho da^zOl
BRi FONT>
'ejeg; re. ici eral
& 7C/0GER/DPF
/
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v~;.

COORDENAQAO-GERAL DE CORREIQOES
DESPACHO N°. 5465/2016 - CGCOR/COGER/PF DATA: 14/06/2016
REFERENCIA: Desp. 5204/2015-GAB/DPF, de 05.11.2015, OF. 507/2015 - P Comissao de

Direitos Humanos e Minoria/CD, de 05/10/2015; Protocolo: 08001.006745/2015-79; DOC:
41473.
Defesa Contra invasao de Terra.
INTERESSADO: Deputado Paulo Pimenta - Presidente.
DESTINO: Corregedor-Geral
1. Conhego do expediente.
2. Ciente do teor do Parecer n° 220/2016, sugiro seu acolhimento e o envio
deste expediente ao Grupo Especial de Combate aos Crimes de Odio e a Pornografia
Infantil na internet (GECOP/DDH/CGDI/DICOR) para conhecimento e adogao das
medidas que eventualmente entender cabiveis.
3. Encaminhe-se ao Exmo. Sr. Corregedor-Geral para decisao.
E/dLLA
JAfRO'SOUZA DA SILVA
Dele^Slo de Policia Federal
Coorcfenador Geral de Correigoes
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pP.jjj r\ n
...........
i .
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MJ-POUCIA FEDERAL
GABINETE DE ASSISTENCIA/COGER/DPF
DESPACHO N°. 5654/2016 - GAB/COGER/PF DATA: 17/06/2016
REFERENCIA: Desp. 5204/2015-GAB/DPF, de 05.11.2015, OF. 507/2015- P Comlssao de

Direitos Humanos e Minoria/CD, de 05/10/2015; Protocolo: 08001.006745/2015-79; DOC:
41473.
Defesa Contra Invasao de Terra.
INTERESSADO: Deputado Paulo Pimenta - Presidents.
« DESTINO: SAD/COGER/PF '
1. Aprovo o Despacho n° 5465/2016-CGCOR/COGER/PF (fl. 140), assim

como acolho o. êrn°220® g/COGER/PF (fl. 139), por seus fundamentos;
jr 2. Encaminhe-se ao Grupo Especial de Combats aos Crimes de Odio e a
Pornqfgrafia Infantil na internet (GECOP/DDH/CGDiTEHCOR) para conhecimento e adogao
das didas que eventualmente entender cabiveis. \

CORREGEDOR-GERAL
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MJ-POUCIA FEDERAL
COORDENAQAO-GERAL DE POLiCIA fazendAria
UNIDADE DE REPRESSAO AOS CRIMES DE ODIO E A PORNOGRAFIA INFANTIL NA INTERNET
DESPACHO N°. 63/2016 - URCOP/SRCC/CGPFAZ/DICOR/PF DATA: 30/06/2016
REFERENCIA: Memorando n° 82/2016-SAD/COGER / Oficio n° 508/2015-P

(08200.021609/2015-62)
ASSUNTO: facebook “Grupo de Defesa Contra Invasao de Terra"
INTERESSADO: Deputado Federal Paulo Pimenta - Presidente da Comissao de Direltos

Humanos e Minorias
DESTINO: Chefe do SRCC/CGPFAZ/DICOR
Trata-se de Oficio assinado pelo Deputado Federal Paulo Pimenta, Presidente da

Comissao de Direitos Humanos e Minorias, solicitando "investigagao do perfil da rede
social Facebook 'Grupo de Defesa contra Invasao de Terra1". O requerente afirma que em
31/08/2015 foi postado urn video no qual urn homem aparece em frente ao predio em
construgao que abrigara a Embaixada da Palestina em Brasilia, no curso do qual teria
proferido expressoes preconceituosas contra o Islamismo, o que caracterizaria o crime de
racismo previsto no Art. 20 da Lei 7.716/89.
A pagina (e nao perfil) em questao esta ativa e pode ser vista em
https://www.facebook.com/Grupo-de-Defesa-contra-invasao-de-T erra-1673003012935936/
O conteudo em geral e bastante critico ao PT (partido do requerente), ao
Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) e, por obvio, as invasoes de propriedades
privadas.
O video citado pelo requerente, postado no dia 31/08/2015, foi salvo na midia
anexa. Na verdade essa postagem e o compartilhamento do video postado em 10/08/2015
no perfil facebook.com/zelmarodrigues.rodrigues.5
Foi possivel identificar que a pagina em questao e controlada por Davi Andre Farias
de Meneses (CPF 424.898.904-25), que tambem utiliza o nome “Davi Ben Avraham". Esse
individuo controla diferentes perfis e paginas, entre eles:
https://www.facebook.com/davi.andre.503 (perfil)
https://www.facebook.com/Ben-Avraham-903010743087750/ (pagina)
https://www.facebook.com/daviben.avraham (perfil)
Esse ultimo perfil e utilizado para postar conteudo semelhante ao do "Grupo de
Defesa...”, muitas vezes neste grupo sao replicadas postagens daquele perfil. Inclusive, no
dia 29/06/2016, urn link para o mesmo video sobre a Embaixada Palestina foi postado no
perfil facebook.com/daviben.avraham . 0 link remete a urn video postado em 17/08/2015
pelo perfil “Marlon Luciano” (youtube.com/channel/UCYn2AZahP__blgzyv9LVLF3Ado). O
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MJ-POLiCIA FEDERAL
COORDENAQAO-GERAL DE POLICIA FAZENDARIA
UNIDADE DE REPRESSAO AOS CRIMES DE 0DIO E A PORNOGRAFIA INFANTIL NA INTERNET
link original do video no youtube e https://www.youtube.com/watch?v=jCk-oeSv8ww .
Analisando o conteudo do video, gravado pelo proprio Davi (em modo “selfie”),
podemos observar as seguintes falas (transcrigao parcial):
“O terreno foi doado por Lula... quern esta na frente da Palestina e o grupo terrorista
chamado Hamas... e o Hamas esta construindo aqui (...) uma base terroristaque eles chamam de
embaixada. Na verdade e uma base terrorista que da imunidade ao Hamas, para trazer armas, para
aparelhar o Isla dentro do Pais... nos temos que acabar com isso daqui, temos que embargar essa
obra porque o Islamismo vai entrar no Brasil para destruiro Cristianismo (...)
Se nao bastasse toda a desgraga que e o governo do PT nos temos ainda a desgraga que e
o Isla, representado aqui por essa embaixada da Palestina, que na verdade nada mais e do que o
QG dos terroristas do Hamas no Brasil (...) montado, doado pelo PT... o terrorismo no Brasil
patrocinado pelo PT (...)
Se com o PT ja e ruim, com o Islamismo sera o inferno (...) logo vocesvao sentir as bombas
de Ala nas Igrejas, os tiros de AK-47 matando cristaos, tudo porque Lula doou essa porra, essa
merda, que diz que e embaixada, mas na verdade e o QG que da imunidade diplomatica para eles
encherem isso aqui de bomba, de AK-47 e distribuirem pelas celulas ISIS espalhadas pelo Brasil.
Alem disso, o Islamismo 75% nao e pacifico, apoia sim os terroristas (...)"
Pela transcrigao acima e possivel perceber que o alvo principal das criticas e o PT
e o grupo Hamas, ao qua! ele se refere como “grupo terrorista’’1. Ao final o narrador afirma
que “75% do Islamismo apoia os terroristas” [s/c]. Do contexto, parece que nao ha
discriminacao a uma coletividade de pessoas por motives exclusivamente religiosos, mas
sim criticas a urn partido politico (PT) e a um grupo politico e religiose que governa a
Palestina.
A definigao nos dicionarios do termo "discriminar" e "colocar a parte; tratar de forma

injusta ou desigual''. Apresentar criticas quanto a determinados grupos nao e "tratar de
forma injusta ou desigual", mas sim a mera manifestagao de uma opiniao, albergada pela
liberdade de expressao (Art. 5°, IV, da CR/88). A discriminagao tipificada na Lei 7.716/89
pressupoe a aplicagao (ou a incitagao) de tratamento negative a certo grupo de pessoas
em razao de sua raga, cor, etnia, religiao ou procedencia nacional. O narrador nao diz que
os mugulmanos (seguidores do Islamismo) em geral devem receber algum tratamento
injusto. O foco e a critica ao PT, nos dizeres do autor do video, como “patrocinador de
terroristas do Hamas”.
Os demais apontamentos do requerente indicam que “ha diversos anuncios de
servigos prestados aparentemente para auxilio em despejos ilegais”, os quais foram
transcritos as fls. 04/05, e que de fato correspondem a postagens existentes na pagina.
Extrair a pratica de condutas criminosas desses “anuncios" constitui, s.m.j, exercicio de
ilagao, sem qualquer indicativo empirico. Nao ha noticia de um unico caso em que o
“anunciante” tenha de fato prestado esse tipo de “servigo", muito menos atraves de
praticas criminosas. E ainda que houvesse, a apuragao de tal fato caberia aos orgaos
Estaduais, visto que nao parece razoavel considerar um mero “anuncio” postado no
1 Retirado da Wikipedia: "O Hamas e considerado como organizagao terrorista pelos Estados Unidos,[2] Uniao Europeia,[3]
Japao.[4] lsrael[5) e Canada.[6] A Australia)?) e o Reino Unido[8) consideram como organizagao terrorista o brago militar da
organizagao - as Brigades Izz ad-Din al-Qassam.[9] [10] Outros paises. como a Africa do Sul.[11] a Russia.[12] a Noruega[13] e
o Brasil[carece de fontes] nao consideram o Hamas como organizagao terrorista."
£ hUT,

MJ-POLiCIA FEDERAL
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UNIDADE DE REPRESSAO AOS CRIMES DE ODIO E A PORNOGRAFIA INFANTIL NA INTERNET
Facebook como “viola?ao a direitos humanos que a Republica Federativa do Brasil se

comprometeu a reprimir em decorrencia de tratados internacionais de que seja parte", com
repercussao interestadual ou internacional, como exige a Lei 10.446/2002. Os casos de
conflitos armados citados no Oflcio nao guardam nenhuma relapao logica ou aparente com
os “anuncios” ou com o responsavel pela pagina.
Submeto as considerapoes acima a analise da Chefia, sugerindo o
encaminhamento a COGER, a quern cabe a manifestapao final sobre notificas de infrapoes
penais (Item 1 da IN 11/2001).
Caso se entenda pela existencia de indicios de mfrapao penal cuja atribuipao caiba
a PF, sugiro a remessa do procedimento a DPF/CGE/PB, visto que o autor aparenta residir
no municipio de Campina Grande.
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PABLO BARCELLOS BERGWIANN
Chefeda URCOP/SRCC/CGPFAZ/DICOR
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Print obtido em 30/06/2016 da pagina

https://www.facebook.com/Grupo-de-Defesa-cpntra:invas%C3%A3o-de-Terra-1673003012935936/

q 31 de agosto de 2015 - ^
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https://www.facebook.com/6rupo-de-Defesa-contra-invas9oC3%A3o-de-Terr3-1673003012935936/

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https://www.facebook.com/daviben.avraham ocorreu no dia 28/06/2016.
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29/06/2016 brazilmineral.blogs pot.com.br/p/qeum.html
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29/06/2016 Governo da Paraiba
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Sisarte Nome Completo: Cidade: AGUA BRANCA
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Davi Andre Farias de Menezes
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0 Artesanato Paraibano encanta

peta beleza, surpreende pela
diversidade de elementos de uso do
nosso cotidiano, parte da membria
coletiva da nossa gente, revelando
as reterencias culturais da Paraiba
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© 2005/2006 - Governo do Estado da Paraiba. CreditOS
I http;//codata.pb.gov.br/apps/sisarte/servletconsultaartesao?artesao:::Davi%20Andr%E9%2QFarias%20deu/o20Menezes

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Num. 55542555 - Pág. 33

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SINPA1 - CP331990 -12/07/1965 - DAVI ANDRE FARtAS DE MENE.SES
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Origem: SINPA1 Ocvttara
r-Dados Pessoais:
Nome QfiVIftNDRE FARIASOEMENESES@0C t *
Data Nascimento 12/07/1965
Sexo MASCULINO
Nome Pai OAV1SAR3OSADEMEOEIRO$EOLIVE:RA©0B t ❖
Nome Mae RCSAIVAFARIASDE MENESES@0B t ♦
Local Nascimento CAM PIN A GRANDE-P 8-8RAS<t
Nacionalidade SRASiL
Estado Civil CASADO
CPF 42469890425 ® 0 ^ ft ®
Doc. Identidade 1013&A5 -SSP/PB Exp:17/12/2003
End. Residential AVEN1DA FLORIDA 195 - NA.COES, CAM PINA GRANDE • PB, 5S103-2C5 Is
Tdefone 0333A 29257 @ 0B
r Passaporte:
h\nn iMi'impm iFvnprfirtrtr iFmiccSn K/aliiiarip lîru^rSn If ai
CiVz CNE -12608980000199 - DAVI ANDRE FARIAS DE MENEZES ME
Ongem: CNE Ocultor O'.
Cadastre NacionaJ de Empresas- JuntasComerciais- MDK • De2/2012

— Dados Empresa:-------------------------------------------------------------
Empresa OAVi ANDRE FARIAS DE MENEZES ME@0
CNP1 12608920000199 @ 0 ’C1 ft
NIRE 25100385590 d0
Endereô RUAFLORIDA 195 FRENTE - NACOES, CAMPINA GRANDE - PB, 53100-000'^
Situate REGSSTRO AT5VC
Dados Consituicao: 03/10/S7 * iniao: 05/10/S7 • Capiat RS 50CC.C0 • Porte: ME
— Responsavel:
Nome OAVI ANDRE FARIAS DE MENESES©0 B t ^
CPF 42489890425 © 0 * ft ©
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SERVigO PUBLICO federal
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coordenaqAo-geral de polIcia fazendAria
SERVIQO DE REPRESSAO A CRIMES CIBERNETICOS
DESPACHO N°. 183/2016 - SRCC/CGPFAZ/DICOR/PF DATA: 30/06/2016

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REFERENCIA: 08200.021609/2015-62
ASSUNTO: Grupo de Defesa Contra Invasao de Terra
INTERESSADO: Paulo Pimenta - Deputado Federal
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DESTINO: Secretaria URCOP/SRCC
1. De acordo com a manifestagao de fls. 142-144, da lavra do Senhor Chefe

da URCOP/SRCC/CGPFAZ/DICOR/PF;
2. Encaminhe-se o expediente ao Senhor Coordenador Geral de PolIcia
Fazendaria, para apreciagao.
MARCO AURELIO DE MACEDO COELHO

Delegado de PolIcia Federal
Chefe do SRCC/CGPFAZ/DICOR/PF
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SERVIQO pOblico federal
MJ - POLlCIA FEDERAL
superintend£ncia REGIONAL NA PARAlBA
GABINETE DA SR/DPF/PB
DESPACHO N°. 1717/2016 - GAB/SR/PF/PB DATA: 12/07/2016

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REFERENCIA: Despacho 183/2016-SRCC/CGPFAZ/DICOR/PF
Protocolo n° 08200.021609/2015-52
ASSUNTO: Grupo de Defesa Contra Invasao de Terra.
INTERESSADO: Deputado Federal PAULO PIMENTA
DESTINO: Chefe da DPF/CGE/PB
1. Trata-se de encaminhamento do Oflcio n° 508/2015-P, oriundo da Comissao dos

Direitos Humanos e Minorias da Camara dos Deputados, que solicita Investigaâo
da pagina do Facebook denominada "Grupo de Defesa Contra Invasao de Terra".
2. Considerando a sugestao contida no ’ Despacho h0J ^ 63/2016-
URCOP/SRCC/CGPFAZ/DICOR/PF, de fls. 142/144, encaminhe^se'ao Chefe da
DPF/CGE/PB, para ado?ao das providencias cabiveis.
JOSE OLEGAI ÊREIRA NUNES

Delegado^ ,policia Federal 'V
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Delegado de Pd3fc/a Federal
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Justiga Federal - 5a. Regiao Emitido em 28/09/2016 15:19
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Segao Judiciaria da Paraiba
Termo de Autuagao
Campina Grande, 28 de setembro de 2016, nesta Secretaria da 6 a. VARA FEDERAL autuo

os documentos adiante, em folha(s), com 0 apenso(s), na seguinte conformidade:
Process©.................... 0001911-47.2016.4.05.8201
Classe do processo. .. : 157 - PEDIDO DE BUSCA E APREENSAO CRIMINAL
1. Data do Protocolo...... : 27/09/2016 17:38:00
2. Numerd de volumes... 1
3. Nro. do processo adm
4. Valor de execute.....
5. Observapoes.............
6. Vara........................... : 6 a. VARA FEDERAL-Juiz Substitute
7. Tipo de distribuipao.... Distribuipao por Dependencia
8. Data/Hora distribuipao....: 28/09/2016 15:17
9. Distr. lanpada por.../ : TERCIUS GONDIM MAIA
10. Usuario ult. alterapao....: TERCIUS GONDIM MAIA
11. Data ultima alterapao....: 28/09/2016 15:17
12. Processo Prevento : 0001907-10.2016.4.05.8201AUTOR: DELEGADO DA POLICIA FEDERAL x INDI
SEQ- Tipo Parte Nome das Partes do Processo Caracterlstica

1-REQUERENTE DELEGADO DA POLICIA FEDERAL ; ;■ ;
2-PROCURADOR RICARDO VASCONCELOS MELO V*
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Para constar, lavro e assino o presente.
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/Diretor da Secretaria •- l
m Uvio Augusio M. C. Carvalho

Diretorde Secretaria
6a Vara Federal
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DPF/CGE/PB
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EXCELENTISSIMO SR. JUIZ FEDERAL DA _ VARA FEDERAL SUBSEgAO

JUDICIARIA DE CAMPINA GRANDE/PB .
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REF: IPL 329/16 1 ^ !
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Vara 64198-07.2016.4.01.3400 I <fi
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fundamento nos artigos 240, §1°, “e”, “h”, 241, 245 e seguintes, jdo C^fgo d^ l
Processo Penal, bem como no art 20, §3°, I da Lei 7.716/89 vem, a presenga c^/ossa '
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Excelencia, representar pela expedigao de MANDADO DE BUSCA E APREENSAOsrj
bem como a respectiva AUTORIZAgAO DE ACESSO AOS DADOS* EXIsfiNTE'S
nos equipamentos eletronicos arrecadados, no enderego ao final descrito, pelos
motives doravante consignados:
DOS FATOS
Tramita nesta Delegacia o Inquerito Policial Federal n°
329/16, instaurado a partir do que consta na noticia-crime de lavra do Presidents da
Comissao de Direitos Humanos e Minorias, Deputado Federal Paulo Pimenta,
solicitando "investigagao do perfil da rede social Facebook 'Grupo de Defesa contra
Invasao de Terra'", em virtude de ter sido postado, em 31/08/2015, um video no qual o
individuo de nome DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES aparece em frente ao predio
em construgao que abrigara a Embaixada da Palestina em Brasilia, no curso do qual
teria proferido expressoes preconceituosas contra o Islamismo.
Segundo consta no levantamento realizado pela Unidade de
Repressao aos Crimes de Odio e Pornografia Infantil na internet (fls 142), Davi Andre
Farias de Meneses (CPF 424.898.904-25) tambem utilize o nome “Davi Ben Avraham"
e 6 responsavel pelo controle de diferentes perfis e paginas sociais da internet, onde
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DPF/CGE/PB
FI:
Rub:
costumeiramente posta conteudo semelhante ao do “Grupo de Defesa...".

0 link original do video ora investigado ainda encontra-se
em atividade e pode ser acessado atraves do enderego eletronico do YOUTUBE
https-//www youtube nnm/watch?v=iCk-oeSv8wvi.
Analisando o conteudo do video em questao, gravado pelo
proprio Davi (em modo “Selfie"), pode-se observar as seguintes falas (transcrigao
parcial):
“0 terreno foi doado por Lula... quern esta na frente da
Palestina e o grupo terrorista chamado Hamas... e o Hamas esta construindo aqui (...)
uma base terrorista que eles chamam de Embaixada, Na verdade e uma base
terrorista que da imunidade ao Hamas, para trazer armas, para aparelhar o Isia dentro
do Pais... nos temos que acabar com isso daqui, temos que embargar essa obra
porque o Islamismo vai entrar no Brasil para destruir o Cristianismo (...) Se nao
bastasse toda a desgraga que e o governo do PT nos temos ainda a desgraga que e o
Isla representado aqui por essa embaixada da Palestina, que na verdade nada mais e
do que o QG dos terroristas do Hamas no Brasil (...) montado, doado pelo PT... o
terrorismo no Brasil patrocinado pelo PT (....) Se com o PTja e ruim, com o Islamismo
sera o inferno (...) logo voces vao sentir as bombas de Ala nas Igrejas, os tiros de
AK-47 matando cristaos tudo porque Lula doou essa porra, essa merda que diz que e
embaixada, mas na verdade e o QG que da imunidade diplomatica para eles encherem
isso aqui de bomba, de AK-47 e distribuirem pelas celulas ISIS espalhadas pelo Brasil
Alem disso, o islamismo 75% nao e pacifico, apoia Sim os terroristas (...)”
Considerando que a fala em questao pode configurar delito
previsto no artigo 20, § 2° da Lei 7.716/89 {Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a
discriminagao ou preconceito de raga, cor, etnia, religiao ou procedencia nacional. §2°
Se qualquer dos crimes previstos no caput e cometido por intermedio dos meios de
comunicagao social ou publicagao de qualquer natureza), imediatamente foi
determinada a realizagao de diligencia velada no enderego do investigado, obtendo-se
a confirmagao de que o mesmo esta residindo na Av Florida, n° 195, bairro das
Nagoes, Campina Grande/PB.
Destarte, considerando que o video e respectiva postagem
no YOUTUBE certamente foi realizada por meio de aparelho celular do tipo
smartphone ou aparelho de camera fotografica/filmadora, provavelmente pertencente
ao investigado, este subscritor entende ser necessario a apreensao de tais
equipamentos a fim de serem periciados, o que robustecera a autoria e materialidade
delituosa.
DPF/CGE/PB
FI:
Rub:
Assim, e com base nas razoes supracitadas 6

imprescindivel para o sucesso das investigagoes o deferimento da medida excepcional
de busca e apreensao.
DO PEDIDO
Ante o exposto, e considerando os fatos acima expostos,
que configuram, em tese, a ocorrencia de pratica delituosa capitulada no art 20, §2° da
Lei 7.716/86, este subscritor representa:
a) pela expedigao de mandado de busca e apreensao para 0
enderego Av Florida, n° 195, bairro das Magdas, Campina
Grande/PB, a fim de se buscar a apreender tablet, aparelho
celular. computador. camera fotografica. filmadora ou
gualquer equipamento que possibilite a gravagao e edigao de
video postado na internet, alem da respectiva autorizagao
judicial para analise de seu conteudo. a fim de averiguar se de
fato a postagem partiu dos equipamentos a serem apreendidos,
observando-se 0 disposto no artigo 241 do Codigo de Processo
Penal;
b) que seja determinada, com fundamento no art 20, §3°, III da Lei
7.716/89, a imediata cessagao do video constante no enderego
eletronico https-//www vniitiihR cnm/watch?v=jCk-n&Sv8w\fl, ,
devendo 0 GOOGLE Brasil ser imediatamente oficiado para que
proceda com sua exclusao.
Pede Deferimento.
Campina Grande/PB, 20 de setembro de 2016

1
RICARDO VA3C0NCEL0S MELO

\
Remessa
Nests) data, fsco renvissa dos presenies autos 6°
Vara/SjPB
Campina Grande. ^f,c^ 12016
. Seiôde bisff'buifac/SAJCG
D A T r\
R e « e b i os p r e bant <.:• it .-i t. o s
a 0 s t a data.
C. Grande,
PODER JUDICIARIO
6a VARA FEDERAL
PROCESSO N2 0001911-47.2016.4.05.8201 CLASSE 157 .

PEDIDO DE BUSCA E APREENSAO CRIMINAL
REQUERENTE: DELEGADO DA POLICIA FEDERAL
CERTIDAO DE JUNTADA
Certifico que, nesta data, fago juntar aos presentes autos o(a)
expediente/petigao registrado(a) sob o nQ 2016.0062.016928-7, que segue adiante.

VANINA OLIVEIRA SOUSA

Servidor(a)

CEP 58410-0S2 - Fone (83) 2101-9113
www.ifDb.ius.br - diretor6v@jfpb.jus.br
!
I
1
m JL
Procuradoria da Republica no Municipio de Campina Grande
EXCELENTiSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA

£
VARA FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
5
Cr
I"
Ref.: Inquerito Policial n. 329/2106

Manifestagao n. 36%2 /2016 - MPF/PRM-CG/PB p
SIGILOSO
s
CO
igi
■nQ
0 MINISTERIO PUBLICO FEDERAL, pelo Procurador da Republica ~

e
signatario, no uso de suas atribuigoes constitucionais e legais, vem a presenga §

co
de Vossa Excelencia, exarar o presente 5
ce
er*
5
>c
J'f I'Wn?- PARECER ..'■L;..:.:i)i'4h ilJl •m'.j-init ;4:ii

S3
no
W
CO
CO
ga
pelos seguintes fundamentos.
Trata-se de Representagao Policial objetivando a expedigao de Mandado

de Busca e Apreensao, com o proposito de arrecadar aparelhos eletronicos que 5
S
i
"0
possibilitem a gravagao e edigao de videos postados na internet, assim como §

autorizagao para examina-los e analisar o seu conteudo, em desfavor de DAVI ?
ANDRE FARIAS DE MENESES, a ser cumprido em imovel localizado na Avenida S
,
is
i
Florida 195, Bairro das Nagoes, Campina Grande/PB.
Narra que, em 31 de agosto de 2015, teria sido postado, na rede social

facebook, na pagina “Grupo de Defesa contra invasao de terra”, video no qual o
representado aparece em frente ao predio em construgao da Embaixada da
r
OS

Palestina, em Brasilia, ocasiao em que teria proferido discurso discriminatorio ao

islamismo, fazendo alusao,. dentre outras coisas, ao fato de 75% dos
mugulmanos serem favoraveis ao terrorismo.
Aduz que o fato, em tese, configuraria o crime disposto no art. 20, da Lei
n. 7.716/89.
A Representagao Policial foi encaminhada diretamente ao MPF, e segue

em anexo.
E a smtese.
Sem adentrar ao merito da presente Representagao Policial, isto e, se

haveria indicios minimos de materialidade e autoria do crime de discriminagao
religiose a justificar o deferimento da medida cautelar probatoria requerida, ha de
ser suscitada a incompetencia territorial deste Juizo para processar e julgar
eventual Agao Penal referente ao fato em questao.
Isto porque o video ora em analise foi gravado em Brasilia/DF, em frente a

Embaixada da Palestina, tendo os autos sido remetidos a Policia Federal em
Campina Grande/PB, em razao de o investigado residir nesta localidade.
Como se sabe, o domidlio do investigado/reu nao e o primeiro criterio de

fixagao da competencia territorial, mas sim o local onde o crime consumou-se
(art. 70, CPP).
Dessa forma, considerando-se que o video indiscutivelmente foi gravado

em Brasilia/DF, valendo-se aparentemente de urn aparelho tablet, o que ja o
consumaria, para fins das elementares do caput, e tambem bastante provavel
que o video tenha sido compartilhado na rede social instantaneamente1, razao
1 Com efeito, em que pese inexista a informagao a respeito do IP utilizado para postagem do
video (o que nao foi providenciado pela Policia Federal do Distrito Federai), nao e crivel que
X.
.»?• •
09

pela qual a consumagao do crime em sua forma qualificada (paragrafo segundo)

tambem teria ocorrido em Brasilia.
Ante o exposto, o Ministerio Publico Federal requer que seja reconhecida

a incompetencia territorial deste Juizo para processar e julgar eventual Agao
Penal, remetendo os autos a Justiga Federal no Distrito Federal/DF, para a
adogao das medidas que entender pertinentes.
Em caso de discordancia, requer-se a aplicagao, por analogia, da regra

inserta no art. 28, do Codigo de Processo Penal, haja vista tratar-se do
denominado “arquivamento indireto”.
Campina Grande, 26 de setembro de 2016

7
bruRO barros deassunqao
Procurador da Republica
um ativista atuante nas redes socials grave um video em Brasilia/DF, por intermedio de um
aparelho que permite acesso a internet e so venha a compartilha-lo dias depois, ja em
Campina Grande/PB.
PODER JUDIQARIO
6a VARA FEDERAL
PROCESSO N° 0001911-47.2016.4.05.8201
CLASSE 157 - PEDIDO DE BUSCA E APREENSAO CRIMINAL
CONCLUSAO
Nesta data, fago conclusos os presentes autos ao MM.

VANINA OLIVEIRA FERREIRA DE SOUSA

Servidor(a)

CEP 58410-052 - Fone (83) 2101-9113
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PODER JUDIQARIO
6a VARA FEDERAL
PROCESSO N° 0001907-10.2016.4.05.8201
CLASSE 120 - INQUERITO POLICIAL
INDICIA DO: SEM INDICIADO
CONCLUSAO
Nesta data, fago conclusos os presentes autos ao MM.

VANINA OLIVEIRA SOUSA

Servidor(a)

CEP 58410-052 - Fone (83) 2101-9113
i
I
I
PODER JUDICIARIO
SUBSECAO JUDIOARIA DE CAMPINA GRANDE
6a VARA FEDERAL
PROCESSO N° 0001911*47.2016.4.05.8201
CLASSE 157 - PED1DO DE BUSCA E APREENSAO CRIMINAL
REQUERENTE: DELEGADO DA POLICZA FEDERAL
DECISAO
1. Trata-se de pedido de busca e apreensao formulado pela Autoridade

Policial, a fim de instruir as investigates realizadas no bojo do Inquerito
Policial n.° 0001907-10.2016.4.05.8201 (IPL n.° 329/2016), instaurado a partir
de noticia crime do Presidente da Comissao de Direitos Humanos e Minorias,
Deputado Federal Paulo Pimenta, solicitando "investigagao do perfil da rede
social Facebook 'Grupo de Defesa contra Invasao de Terra7", em virtude de ter
sido postado um video, em 31/08/2015, no qual DAVI ANDRE FARIAS DE
MENEZES aparece em frente ao predio em construgao que abrigara a
Embaixada da Palestina em Brasilia, proferindo discurso discriminatorio contra o
Islamismo, o que em tese caracterizaria o delito do art. 20, da Lei n.° 7.716/89.
2. O IPL n.° 329/2016 e presente represehtagao foram distribuidos
perante esta Unidade Judiciaria (fl. 02), acompanhados de parecer ministerial,
as fls. 07/09, pugnando pelo reconhecimento da incompetencia territorial deste
Juizo, em razao do crime ter se consumado em Brasilia/DF, local onde o video
objeto da conduta discriminatoria foi gravado e que possivelmente foi
compartilhado na rede social acima indicada.
3. E o que cumpre relatar, decido.
4. Assiste razao ao MPF. A teor do que dispoe o art. 70, do CPP, a
fixagao da competencia para processar e julgar, na esfera pemal, de regra, e
determinada pelo lugar em que se consume a infragao. A competencia so sera
firmada pelo domicilio ou residencia do reu, quando n^tqnhecido o lugar da
infragao (art. 72, CPP). \ \

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www,ifpb.ius.br - diretor6v(a)jfpb.jus.br
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PODER JUDICIARIO
JUSTigA FEDERAL NA PARAIBA
6a VARA FEDERAL
5. 0 crime de discriminagao religiosa tipificado no art. 20, da Lei n.°

7.716/89 consuma-se no momento em que o agente pratica, induz ou incita a
discriminagao ou preconceito de raga, cor, etnia, religiao ou procedencia
nacional.
6. No caso, ainda que o domicilio do investigado esteja abrangido pela
jurisdigao desta Subsegao Judiciaria, os elementos de informagao constantes
dos autos demonstram que o fato objeto de investigagao foi consumado em
Brasilia/DF, local onde teria sido praticada a conduta discriminatoria contra o
Islamismo, com a produgao do video em frente ao predio em construgao da
Embaixada da Palestina em Brasilia.
7. Decerto, mesmo que tal video tenha sido disponibilizado depois por
meio da rede social facebook, o que levaria a aplicagao tambem da forma
qualificada do referido crime (§ 2.°, do art. 20, Lei n.° 7.716/89), tal fato nao
desnatura o local da consumagao, que no caso se deu no momento da
produgao do video.
8. Ante o exposto, acolho o requerimento ministerial e declino da
competencia para a Segao Judiciaria do Distrito Federal, em
Brasilia/DF.
9. Ciencia ao MPF. Comunique-se a Autoridade Policial.
10. Em seguida, de-se baixa na distribuigao e remetam-se os autos ao
juizo competente.
Campi nde/Pg, retembTi 2016.
^TAVCyqE PAIVA GADELHA

uiz Federal Titular da 6a Vara/PB
DATA
) data, rasbi C6 presates^ct
Giande..y /0? /2Q16.
ra
V&iG\
CEP 58410-052 - Fone (83) 2101-9113
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PODER JUDICIARIO
SUBSEgAO JUDICIARIA DE CAMPINA GRANDE
68 VARA

RE(U)(S):
CERTIDAO
Certifico que, nesta data, expedi o(a)(s) OPE.0006.000804-0/2016 (ao DPF),
em cumprimento a(o) despacho/decisao/senten?a/ato ordinatorlo de fl(s). 12/13.
TELM 'IS XAVIER

Servldor(a)

CEP 58410-052 - Fone (83) 2101-9113
Hi
PODER JUDICIARIO
6a VARA FEDERAL

TERMO DE INTIMAQAO/VISTA FOR REMESSA
Pelo presente, de ordem do Dr. GUSTAVO DE PAIVA GADELHA, Juiz

Federal Titular da 6a Vara da Subseâo Judiciaria de Campina Grande, fica
o(a) MINISTERIO PUBLICO FEDERAL INnMADO(A), na pessoa de seu
representante legal, mediante remessa dos presentes autos, do ato judicial proferido
a(s) fl(s). 12/13 ressaltando-se que o referido prazo tera inicio a partir
do recebimento dos autos nessa Procuradoria.
TELIWDE MORAIS XAVIER

i / Servidor(a)
Recebi em /___ / 2016. Ciente.
7 Ciente e renuncia ao prazo recursal.
Campina Grande/PB, ^ / 2016.
Bruno
preS^fS^QrlSor
Servidor Responsavel pelo Recebimento
Carimbo e Assinatura Carimbo e Assinatura

CEP 58410-052 - Fone (83) 2101-9113
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i* t. n
Q 3 OUT. 2016
ttwssssssnzisw:
DATA
ftecebJ ■ os presentes autos
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F1.M_
PODER JUDICIARIO
-\£P^ ss>.

6a VARA FEDERAL

CERTIDAODEJUNTADA
Certlfico que, nesta data, fago juntar aos presentes autos o(a)
expediente/petigao registrado(a) sob o n? OPE.0006.000804-0/2016
(2016.0006.001437-2), que segue adiante.

ANDRE RICARDO VIANA FREIRE

Servidor(a)

CEP 58410-052 - Fone (83) 2101-9113
www.ifob.ius.br - diretor6v@jfpb.jus.br
143?-Z
| SEGREDO'oi: I
JUSTIC^l
n
PODER JUDIClARIO
r
6a VARA FEDERAL
OFZCIO N° OPE.0006.000804-0/2016
Senhor(a) Delegado(a),
De ordem do MM. Juiz Federal Titular da 6a Vara/PB, Dr. GUSTAVO

DE PAIVA GADELHA, encaminho a Vossa Senhoria, em anexo, copia da decisao de fls. 12/13,
que declinou da competencia deste Juizo para processar os autos PEDIDO DE BUSCA E
APREENSAO CRIMINAL n° 0001911-47.2016.4.05.8201, bem como determinou a remessa
dos referidos autos para a Segao Judiciaria do Distrito Federal, em Brasilia/DF.
Atenciosamente, s
£
O
5
o .
LIVIO AUGU^TO MONTALVAO COSTA CARVALHO 5E

Diretor de Secretaria da 6a Vara Federal/PB 3
• ‘3
CM
I—
■cr
3
S ■
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CM
^4
£
3
Ilustnssimo(a) Senhor(a)
RICARDO VASCONCELOS MELO
DELEGADO DA POLICIA FEDERAL
Departamento de Policia Federal
Campina Grande/PB
Rua Edgard Vilarim Meira, s/n, UbeT&ado—Gefnpina Grande/PB

CEP 58410-052 - Fone (83) 2101-9113
i Assinado eletronicamente por: LEONARDO BRUCE MADUREIRA LOPES - 21/05/2019 10:53:18

Num. 55542556 - Pág. 31
■f *
CERTIDAO
Certifico e dou fe que entreguei o presente offcio,

em maos, ao Delegado de Polfcia Federal, Dr.
Gustavo Vieira de Castro, em virtude da ausencia,
no momento, do Dr. Ricardo Vasconcelos Melo.
Campina Grande- , 04 de outubro de 2016.
Jose Milton Moraes Oliveira

Oficial de Justiga Avaliador Federal
<<\sa Fetv
FI. 1$
59 >
PODER JUDICIARIO
6a VARA FEDERAL

TERMO DE REMESSA
Remeto, nesta data, os presentes autos para o setor de distribuiâo

para fins de BAIXA E REMESA.
yfw/'-
andr£ ricardoI Viana freire
Servidor(a)
1
CEP 58410*052 - Fone (83) 2101-9113
PR0CESS0 if 000:!.9:l.:L--47„ 2016„^„<)5, B20:i. .- • PRDT = 27/09/20:l.6 '
CLABSE ;; :i. *57 pedtdo di::: busca hi: wp VARA: 6S
requeiî;-HTi;;:« di:;:l.egadc:? da !;;iol:!:c:!:a eedeeal cpegcuiâdgr tr .
- I:E!:CARD0 VAB(:;QNa;i:!...Dî Hliil-.o)
Baixa Definitiva em 05/10/2016 lis48 Remetido a Co) i
- Pacotes BAIXA E BEVOLUQAD -

Usu^rios ANA CRISTINE MINA PINTO
}
|i OBJETOS CsEnPOwCy C::r:i.mes Reûltante dcs-Prwconceito
dc-v Ra<;:a ou Car (l...ai 7„716/89) -• Criaaa
:i.ta<;? na i...ag :i.•••>la(;:&p !:•;x ti•■•avaqan ta •••• F'eria 1 \
r
Remessa
Nesta data, faco remessa dos preserves autos a 6s
VararSJPB
Campina Grande. QS I J<Q / 2015
1 PlSrsb
Secao de Distnbuipao/SAJCG
s
FIs.
Rub.- IP
> PODER JUDICIARIO
SECAO JUDICIARIA DO DISTRITO FEDERAL
12a VARA FEDERAL
AUTOS N° 64198-07.2016.4.01.3400
TERMO DE RECEBJMENTO
Recebi, nesta data, os presentes autos da distribuiâo, razao

porque lavrb este termo.
Brasilia, 04 de noyembrOde 2016.
Cristiana Vel< Bj is von Sperling

T^cnica-'fudjdaria
rT2.211
CONCLUSAO
i
Nesta data, fago conclusos ao Dr. MARCUS VINICJUS REIS BASTOS, MM. Juiz
Federal da 12a Vara do Distrito Federal, os presentes autos, razao por que lavro este
termo.
Brasflia/DF,^ *7 / i f /2016.
✓
©tavioôse'B iclides Franco
s' /
^Diretor de Secretaria
\ DESPACHO
Vista ao Ministerio Publico Federal.
Brasflia/DF, D$ I ff / 2016. <■
IS BASTOS
\ / V
'l
\
A 12° Vara Fedoral, nesta data faz

remessa doa presentee autos ao:
\ Up) MPF; ( ) DPU; ' ( ) DPF;
( jV) OUTROS, .com
voJufno(s) o. apenso{s).
pjira ccnstsr iavrei este termo.
Brasilia / ^ j&
<
O'
1
A
VJ \
;
V 4
* J
,N /
/
i
I
. % ✓ >
\
MINISTERIO PUBLICO FEBERAL .

PROCURADOR.IA DA REPUBLICA NO DISTRITO FEDERAL /
COORDENADORIA JURJDICA
DIVISAO CRIMINAL
x
AUTOS: JF-DF-0064198-07.2016.4.01.3400-MCBA -\2‘ VF /
«
CERTIDAO .»
Certifico que, em 17/11/2016, deram entrada na Procuradoria da Republica-no Distrito Federal os presentes autos e, nesta
data, confonne regras estabelecidas no Congresso Ihterno de 2014, fa?o sua:
IE) Distribuigao ao PRDF - 7° dficio, -
® Pordistribui9ao automatica. • _ ' * . .
O Por correlatjao aos autos.de n°. . . . ',
[X] Movimentaâo ao(a) Procurador(a) da Republica, Dr.(a) Valtan limbo Martins Mendes Furtado,
Por ser o(a) titular do PRDF - 7° Oficio, ao'qual o presente feito encontra-se distribuido.
O Por ser o(a) titular do PRDF - Oficio, substiluto n2o designado.
o atuando no acervo do
PRDF - Oficio.
o Caso nao seja •
verificada a necessidade de adoijao de medidas urgentes, os presentes autos poderSb ser encaminhados ao gabinete do
oficio titular. o:;. (
1
Brasilia, l1\ll/2016.
"?"r
i- .i ;
'1
Alexandra Ma de Fatima ValenteVlenezes - mat 23042:1
DIVISAO CRIMINAL
Kn
VC
-r
V
CERTIDAO DEREMESSA
V\ OC/201^faco remessa dos presentes autos, contendo Qj. volume(s) e Jânexo/apenso(s)
Em , a'(ao)
[^Justipa Federal/DF □ Departamento de Policia TaL-bJ
JJA
Respqrisavel/Matricuia
i
>
IS
i
SR/DPF/DF
:? FI:
Rub:
SERVIQO POBUCO FEDERAL

MJ - POUCIA FEDERAL
SUPERINTENDfiNCiA RiQIONAL NO DISTRITO FEDERAL
SAIS Quadra 7, Lots 23 - SelQftPpljci^Sul, Brasilia/DF - CEP 70.610-902
DESPACHO n0 7659/2017
Protocolo: 08280,017752/201 M9...

............. ...........
Referencias: !-IF^n0 239/2C)16^ SR/PF/PB - Campina Grande
Despacho n° 6944/2017 . PELEfAZ/DRCOR/SR/pF/DF
Assunto: Instauracao delnquerltQ Policial
1. Considerando o Despacho datado de 23/11/2017, da lavra da DPF

SUZANE PAES PE VASQONGELQS, restitua-se o presente expediente a
DRQOR/SR/PF/DF, com sugestao de redistribulâo ao GRCC, uma vez que se trata
de apuragao de crime cuja atribui$#o Investigatdria e daquele grupo.
2. Proceda-se as atyalfeagdes de registro e baixa no SINPRO, SjAPRO

SISCARTe SEI.
Brasilia/DF, 29 de novembro de 2017.
JJUGO DE BARR0S CORREIA

Deiegado de Policia Federal
Chefe da PELEFAZ/SR/PPF/PF
c :
i
!
I
T.
9R/DPF/DP
FI;
Rub:
SERVIQO PCjBUCQ FEDBRAL

MJ ■; POUCLA FEDERAL
SUPiRINTENDlNQIA RiQIONAL NO DISTRITO FEDERAL
SAIS Quadra 7 - lm 23. §etor Policial Syl, Brasilia/DF, CgP 70.610-902
pROTpeows & QQMQmmQ/tQiwa - sr/pf/df

PESPA0HO
(decliriacap de atribnipSo de DELEQACIA)
Bxwq Brnhor Ohefe da PELEFAZ,
1. Coiigiderandp p tlf ipvestipbfto em ambos os expedientes acima,

vislumbraê eiararpente tratar^se de mat^’ia rdacionada | ppsslyel crime cornetido
pela Internet, mais especificamente por meio de REPE SOCIAL Fac^jboqJt up perfil
IGnipp,pela peaaoa de PAYI anprE
FARIAS PE MENESES. ao postar video de eunbo supostamente preconceituoso
contra o "Islamismo" e Embalxada Pakatina no Rr.gsil, Em representac&o, presente no
expedients n° os^SO-OiTTSS/goi.Tê sonata qwe PAYI • BEN AVRAHAM sem
outrp nopie usaclQ pelp mesmo investigado, p qual deteria varies perfis socials e
p^ginas na Internet com conteudo semelhante ao ora sob anSlisp, Inclusive, o
levantamentp da p^gjqa foi realiâdo pela UNW.4PF JOE HEPRESSAO AOS
CHIMES OE dBJQ E PQBNQQMFlA WEANTH OA INTERNET,
2. Pelo acima expostp, e tratar*-se de posslvel crime de 6dio/cibern^tico,
H a conviccap por parte desta autoridade policial que o IPL deve ser encaminhado
ao GRUPO PE REPRESSAO AOS CRIMES eiBERN^TICOS . GRCC desta
Unidade, subordinado h DRCOR, Ressaltevse ainda a existencia do SERVICE) DE
REPRESSAO A CRIMES CIBERNgTICpS , SRCC, na. sede da Polfcia Federal em
Rrasilia-PF, coprdenandp o assunto.
3. Pqr Em! registrerse que, esta autoridade conta hoje com cerca de 300
IpJ's em andamento (e outros para ipstauracô), bem comp, participa de sobreavisos e
operaedes, sendo respong^ve) por carga da DELEGACY PE CRIMES
FAZENDARIOS. Fede-*se baixa dostes expedientes na pargg da suhscritora. o
qual e^ta para lnstaiiracao /retombamentp).
?
Bnisflia/DF, %$ m novembro de 2017.
SUZANE %mm VASCQNCELOS

Delegada de PoHcia Federal
r Class/- Matncula nQ WMB
*■
'/ *
t
V t-s-y
• z
SR/DPF/DF
FI:
Rub:

SAIS Quadra 7 ■ Lote 23 - Setor Policial Sul - Brasilia/DF - CEP 70.610-902
DESPACHO n° 6944/2017
Protocolo: 08280.017752/2017-79
Referencias: Memorando n° 45/2017-DRCOR/SR/PF/DF
Despacho n° 5301/2017-CQR/SR/PF/DF
Assunto: Analise de Correlacao
1. Encaminherse o presente expediente a DPF SUZANE PAES DE

VASCONCELOS, para analise da correlacao deste expediente com p de protocolo n°
08280.013337/2017-46, que se encontra aos seus cuidados.
2. Proceda-se as atualizapoes de registro e baixa no SINPRO, SIAPRO,

SISCARTe SEI;
Brasilia/DF, 31 de outubro de 2017.
>HJGO DE BARROS CORREIA

Chefe da DELEFAZ/SR/DPF/DF
•% •• *
T o,:
18/10/2017 :: SEI / PF - 4368749 ■ Memorando ::
i
'i-
SERVING PUBLICO FEDERAL .

MJSP - POLICIA FEDERAL ,
DELEGACIA REGIONAL DE INVESTIGAgAO E COMBATE AO CRIME ORGSl
DRCOR/SRyPF/DF
Memorando n° 45/2017-DRCOR/SR/PF/DF
Ao(A) CHEFE DA DELEFAZ/SR/DF
Assunto: pedido de busca e apreensao.
1. De ordem do DRCOR/SR/DF, DPF KEL LUCIO, encaminho o presente expediente para

analise quanto a conexao deste com os fatos noticiados no expediente de protocolo n° 08280.013337/2017-
46, o qual se econtra nesta delegacia.
Atenciosamente,
Documento assinado eletronicamente por HELBERTO ROBSON OLIVEIRA DE ARAUJO, Escrivao de

assilftaturs [ ?
Policia Federal, em 18/10/2017, as 18:50, conforme horario oficial de Brasilia, com fundamento no
eietrdfika art. 69, § l9, do Decreto n9 8.539. de 8 de outubro de 2015.
I A autenticidade deste documento pode ser conferida no site

i http://sei.dDf.gov.br/sei/controlador externo.php?
acao=documento conferir&id orgao acesso externo=0. informando o codigo verificador 4368749 e
o codigo CRC 12B1AC05.
y
Referenda: Processo n° 08280.017752/2017-79 SEI n0 4368749
https://sei.dpf.gov.br/sei/controlador.php?acao=documento_impnmir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=5755476&infra_sistem... 1/1
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SR/DPF/DF
FI:
Rub:
SERVIQO pOBLICO FEDERAL

MJ - POLlCiA FEDERAL
SUPERINTEND&NCIA REGIONAL NO DISTRITO FEDERAL
SAIS Quadra 7 - Lots 23 - Setor Policial Sul - Brasilia/DF - CEP 70.610-902
DESPACHO np 5301/2017-COR/SR/PF/DF
\
Protocolo: 08280.017752/2017-79
Referencias: Process© n° 64198^07;20i6.4.0lV3400 - 12a VF/DF
Processo n? 1911-47,2016.4.05.8201 -6^ VF/SJ/PB
IP n° 329/2016, SR/PF/PB
Assunto: Pedido de busca e apreensao
Encamiphe-se a DRCOR/SR/PF/DF para anîl|se da correlapao deste

expediente com o de protocolo n° 08280.013337/2017*46, que se encontra aos seus
cuidados, devolvendg-o a esta COR/SR/DF em caso negative. Sendo
juntadp/apensado ao procedimento, providencie o destinatario a atualizapSo nos
sistemas SISCART e SEI.
BrasHia/DF, 24 de agosto de 2017.
Alvaro ricardo palharini

Delegado dar Pplicia Federal
Correg/dor Regional
4-
i r ' N
SERVigO pOblico federal
SUPERINTENDENCE REGIONAL NO DISTRITO FEDERAL
SAlS Quadra 7 - Lote 23 - Setor Policial Sul - Brasilia/DF - CEP 70.610-902
IPL n° 0871/2018-4 - SR/PF/DF
. ;
Ao(s) 10 dia(s) do mes de julho de 2018, nesta SUPERINTENDENCIA REGIONAL DE

POLICIA FEDERAL NO DISTRITO FEDERAL em Brasilia/DF, em cumprimento ao
.# Despacho de fl. 31/32, procedo a abertura deste APENSO II, VOLUME I do IPL.n0
0871/2018-4 ( o expediente encaminhado pelo processo SEI 08280.017752/2017-79,
que se trata de representaâo pela concessao de Mandadb de Busca e Apreensao
relativa ao IPL n° 0329/2016 - 4 - DPF/CGE/PB, origem destes autos)
LEONAR do BRUCE MA0UREIRA LOPES

Escnv§o-de''Policia Federal
2a Classe - Matrlcula n° 17.933
9k
IPL N° 0871/2018 fls. 1 /1
I
I
SR/DPF/DF
FI:
Rub:
serviqo pObuco federal

MJ-POLlCIA FEDERAL
SUPERINTENDlNOIA REGIONAL NO DISTRITO FEDERAL
SAIS Quadra 7 - lots 23 * Setor Felieial Sul ■ Brasllia/PF - CEP 70,@10*902
Frotocolo 08280.017752/2017*79
Refereneias IPL 239/2016-SR/FF/PB
Daspache: 7659/2017-DELEFAZ/SR/DF
Proeasso; ^98072016,4,01,3400
Assimto Retombaminto de IPL
Interessado Andr6 Farias'deMeheises soutrbs"
DESPACHO N® 7037/?017 - PJ%C0R/SR/PPF/X>F
1. Encaminhe o present© expedients ao Chafe do GRCC, em razfto da materia, para

RETOMBAMENTQ de Inqu6rito Polieial,
2- A autoridade polieial deverd preeeder aos registros no niddulo Desvio de Reeursos Publioos *
DRP (Sistenms Corporativos DPF) e a alinientagSo do campo "Valor a apurar" no modulo
"Inqpdritos", dp Siscart, de acordo com a ietra iW do Memo, 301/2012-DICOR,
3. Eneaminhe a portaria de instaym NUCART,
Brasilia/DF, 05 de dezerabro de 2017.
KEL LtoOXNAtel liE SOUZA

DelegaVo ue|P©MeWFederal
Chefe da DRCOkMbFF/DF
fig. 1 /1
PODER JUDICIÁRIO
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL
1013056-39.2019.4.01.3400
INQUÉRITO POLICIAL (279)
AUTORIDADE: POLÍCIA FEDERAL NO DISTRITO FEDERAL (PROCESSOS CRIMINAIS)
REQUERIDO: DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES
CONCLUSÃO
Nesta data, faço conclusão dos presentes autos ao MM. Juiz Federal.
Brasília, 22/05/2019.
Assinado digitalmente
Assinado eletronicamente por: LADINILSON DE OLIVEIRA CARVALHO - 22/05/2019 13:50:04 Num. 55961088 - Pág. 1
Seção Judiciária do Distrito Federal
15ª Vara Federal Criminal da SJDF
PROCESSO: 1013056-39.2019.4.01.3400
CLASSE: INQUÉRITO POLICIAL (279)
DESPACHO
Nos termos do art. 211, §§1º e 2º, do Provimento COGER nº 129/2016,

remetam-se os autos à Procuradoria da República no Distrito Federal para as
providências pertinentes, tendo em vista a apresentação do Relatório Final pela
autoridade policial.
Brasília/DF, (datado eletronicamente).
FRANCISCO CODEVILA
Juiz Federal da 15ª Vara
Assinado eletronicamente por: FRANCISCO RENATO CODEVILA PINHEIRO FILHO - 22/05/2019 18:17:04 Num. 55996153 - Pág. 1
PODER JUDICIÁRIO
PROCESSO : 1013056-39.2019.4.01.3400
CLASSE : INQUÉRITO POLICIAL (279)
AUTOR : AUTORIDADE: POLÍCIA FEDERAL NO DISTRITO FEDERAL (PROCESSOS CRIMINAIS)
RÉU
_
CERTIDÃO
CERTIFICO que nesta data promovo a baixa e o encaminhamento deste processo para
tramitação entre a MPF e a Polícia Federal, nos termos do art. 211, do Provimento COGER
129/2016.
Brasília-DF, 24/05/2019.
assinado digitalmente
PROCESSO: 15ª Vara Federal Criminal da SJDF

INTIMAÇÃO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Intimo V.Ex.ª a respeito de ato judicial proferido nos autos, para ciência ou manifestação. Prazo: 05 dias.
Brasília, 24 de maio de 2019.
LADINILSON DE OLIVEIRA CARVALHO
Servidor da 15ª Vara Federal Criminal da SJDF.
Assinado eletronicamente por: Usuário do sistema - 24/05/2019 15:48:33 Num. 56691232 - Pág. 1
PR-DF-MANIFESTAÇÃO-13420/2019
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Documento assinado via Token digitalmente por VALTAN TIMBO MARTINS MENDES FURTADO, em 03/06/2019 14:30. Para verificar a assinatura acesse
PROCURADORIA DA REPUBLICA - DISTRITO FEDERAL
7º OFÍCIO DE COMBATE AO CRIME E À IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
EXMO. SR. JUIZ FEDERAL DA 15ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO

FEDERAL
Ref: 10130563920194013400
O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por intermédio do Procurador da

República infra, vem, respeitosamente, requerer que seja remetido ofício à il. Autoridade
Policial, para que proceda à juntada do arquivo contendo o vídeo que constitui prova da
http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave B40E3F56.16FFD6D8.4738D58E.B647CE13

materialidade do crime sob análise.
(assinado digitalmente)
VALTAN TIMBO MARTINS MENDES FURTADO
PROCURADOR DA REPUBLICA
Página 1 de 1
Assinado eletronicamente por: VALTAN TIMBO MARTINS MENDES FURTADO - 03/06/2019 14:30:47 Num. 58962586 - Pág. 1
Vídeo solicitado pela Manifestação Ministerial - PR-DF-MANIFESTAÇÃO-13420/2019
17/06/2019 16:16
Lula doa terreno para terroristas do grupo Islã - from youTube
Tipo de documento: Inquérito policial

Descrição do documento: Lula doa terreno para terroristas do grupo Islã - from youTube
Id: 62654091
Data da assinatura: 17/06/2019
Atenção
Por motivo técnico, este documento não pode ser adicionado à compilação selecionada pelo usuário. Todavia, seu conteúdo pode
ser acessado nos 'Autos Digitais' e no menu 'Documentos'.
Num. 62654091 - Pág. 1

Documento assinado via Token digitalmente por CAROLINA MARTINS MIRANDA DE OLIVEIRA, em 05/10/2021 13:40. Para verificar a assinatura acesse
PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO DISTRITO FEDERAL
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(ÍZA) FEDERAL DA 15a VARA

FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL
JF-DF-1013056-39.2019.4.01.3400-INQ
http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 722ae371.716188b8.8bec9ce6.50f812da

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pela Procuradora da República
signatária, vem perante Vossa Excelência se manifestar nos seguintes termos.
Trata-se de inquérito policial instaurado para apurar a publicação, em
31/08/2015, na rede social Youtube, de um vídeo filmado em frente ao edifício em construção
que abrigaria a Embaixada da Palestina em Brasília, induzindo ou incitando a discriminação
contra a religião islâmica e seus praticantes.
No referido vídeo, DAVI ANDRÉ FARIAS DE MENEZES aduz:
Tô aqui em Brasília, aqui é a embaixada da Palestina, está sendo construída

num terreno que foi doado por Lula, tá, quem está à frente da Palestina é o
grupo terrorista chamado Hamas e o Hamas tá construindo aqui, ao lado da
Procuradoria da Justiça Militar, uma base terrorista que eles chamam de
embaixada.
Na verdade é uma base terrorista que dá imunidade ao Hamas para trazer
armas para aparelhar o islã dentro do País. Nós temos que acabar com isso
aqui. Temos que embargar essa obra, porque o islamismo vai entrar no
Brasil pra destruir o cristianismo
Então você que é cristão, presta bem atenção: tá vendo esse terreno aqui?
Foi doado por Lula. Lula achou pouco e ainda doou 25 milhões pra eles
construírem isso aqui. Isso aqui vai trazer o terror pro Brasil em pouco
tempo, tá? Projeto do islã é dominar o país em 15 anos. Se não bastasse toda
a desgraça que é o governo do PT, nós temos ainda a desgraça que é o islã,
Sgas, Q. 603/604, Lote 23, Asa Sul - Cep 70200640 - Brasília-DF
(61)33135115/5414 www.mpf.mp.br/mpfservicos prdf-7cci@mpf.mp.br
Página 1 de 7
Assinado eletronicamente por: CAROLINA MARTINS MIRANDA DE OLIVEIRA - 05/10/2021 13:40:07 Num. 761879465 - Pág. 1
representado aqui por esta embaixada da Palestina que, na verdade, nada
mais é do que o QG dos terroristas do Hamas no Brasil.
Vergonha nacional. Montado, doado pelo PT, patrocinado pelo PT, o
terrorismo no Brasil patrocinado pelo PT.
Fica aqui registrado, tá? Que ninguém esqueça disso. Nós estamos avisando.
Que daqui a 15 anos, se com o PT já é ruim, com o islamismo será o
inferno. Vocês aguardem, que logo, logo, vocês vão sentir as bombas de Alá
nas igrejas, os tiros de metralhadora AK47 matando cristãos... tudo porque
Lula doou esta porra aqui desta merda, que diz que é uma embaixada, que
na verdade é um QG que dá imunidade diplomática pra eles encherem aqui
de bomba, de AK47 e distribuir pelas células ISIS espalhados pelo país
inteiro, tá bom?
Além disso, o islamismo, 75% não é pacífico. Apoia, sim, os terroristas.
Então nós estamos com mais uma bomba na mão, que é esta droga,
simbolizando a mesquita Al-Aqsa , na verdade é a sede do Hamas no Brasil,
tá bom? Infelizmente, é vergonhoso, é triste de ver uma coisa dessa.
Lamentável. Lamentável.
Em seu depoimento perante a autoridade policial, por seu turno, DAVI

ANDRÉ FARIAS DE MENEZES nega qualquer intenção discriminatória e afirma que (fls.
46 e ss):

Página 2 de 7

Página 3 de 7
Assim, está claro que o investigado incorreu no seguinte tipo previsto na Lei nº
7.716/89:
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça,

cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº
9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de um a três anos e multa.
(...)
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio
dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer
natureza: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
Ainda que DAVI ANDRÉ argumente que não tinha intenção discriminatória, o
seu dolo específico é visível quando incita o público a "acabar com isso aqui" porque
"porque o islamismo vai entrar no Brasil pra destruir o cristianismo" e que, em breve, "vocês
vão sentir as bombas de Alá nas igrejas, os tiros de metralhadora AK47 matando cristãos".
Além disso, é nítida, no discurso propagado, a associação direta e imediata
entre o islamismo, a Palestina, o terrorismo e a ruína do Brasil e do cristianismo. Conforme
Página 4 de 7
transcrição acima, fica claro que tal associação não se dá apenas com o intuito de diminuir o
valor da cultura islâmica, mas também com o nítido propósito de fomentar a revolta pública
contra a mencionada religião, seus praticantes e os palestinos que vivem no Brasil.
Atente-se para o fato de que DAVI ANDRÉ , em seu vídeo, transcende, e
muito, o discurso meramente proselitista, como analisado pelo STF no seguinte precedente:
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL.
CRIME DE RACISMO RELIGIOSO. INÉPCIA DA DENÚNCIA.
INOCORRÊNCIA. IMPRESCRITIBILIDADE. PREVISÃO
CONSTITUCIONAL EXPRESSA. LIVRO. PUBLICAÇÃO.
PROSELITISMO COMO NÚCLEO ESSENCIAL DA LIBERDADE DE
EXPRESSÃO RELIGIOSA. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL.
(...)
3. A liberdade religiosa e a de expressão constituem elementos fundantes da
ordem constitucional e devem ser exercidas com observância dos demais
direitos e garantias fundamentais, não alcançando, nessa ótica, condutas
reveladoras de discriminação.
4. No que toca especificamente à liberdade de expressão religiosa, cumpre

reconhecer, nas hipóteses de religiões que se alçam a universais, que o
discurso proselitista é da essência de seu integral exercício. De tal modo, a
finalidade de alcançar o outro, mediante persuasão, configura
comportamento intrínseco a religiões de tal natureza. Para a consecução de
tal objetivo, não se revela ilícito, por si só, a comparação entre diversas
religiões, inclusive com explicitação de certa hierarquização ou animosidade
entre elas.
5. O discurso discriminatório criminoso somente se materializa após
ultrapassadas três etapas indispensáveis. Uma de caráter cognitivo, em que
atestada a desigualdade entre grupos e/ou indivíduos; outra de viés
valorativo, em que se assenta suposta relação de superioridade entre eles e,
por fim; uma terceira, em que o agente, a partir das fases anteriores, supõe
legítima a dominação, exploração, escravização, eliminação, supressão ou
redução de direitos fundamentais do diferente que compreende inferior.
(STF. RECURSO ORDINÁRIO E M HABEAS CORPUS 134.682 BAHIA.
Primeira Turma. Relator MIN. EDSON FACHIN. 29/11/2016).
Nesse contexto, conquanto a liberdade de expressão seja um direito

fundamental básico em qualquer Estado Democrático de Direito, a vida em sociedade não
comporta direitos absolutos, ante a inevitável colisão entre direitos e interesses de mesma
estatura.
É tranquila, na jurisprudência, a possibilidade de limitação da liberdade de
expressão quando se está diante de discursos de ódio, que promovem ou incitam a
discriminação e a violência contra determinados grupos sociais. Nesse sentido:

Página 5 de 7
HABEAS-CORPUS. PUBLICAÇÃO DE LIVROS: ANTI-SEMITISMO.
RACISMO. CRIME IMPRESCRITÍVEL. CONCEITUAÇÃO.
ABRANGÊNCIA CONSTITUCIONAL. LIBERDADE DE EXPRESSÃO.
LIMITES. ORDEM DENEGADA.
(...)
13. Liberdade de expressão. Garantia constitucional que não se tem como
absoluta. Limites morais e jurídicos. O direito à livre expressão não pode
abrigar, em sua abrangência, manifestações de conteúdo imoral que
implicam ilicitude penal. 14. As liberdades públicas não são incondicionais,
por isso devem ser exercidas de maneira harmônica, observados os limites
definidos na própria Constituição Federal (CF, artigo 5º, § 2º, primeira
parte). O preceito fundamental de liberdade de expressão não consagra o
"direito à incitação ao racismo", dado que um direito individual não pode
constituir-se em salvaguarda de condutas ilícitas, como sucede com os
delitos contra a honra. Prevalência dos princípios da dignidade da pessoa
humana e da igualdade jurídica.
(STF. HC 82424. Tribunal Pleno. Relator(a): Min. MOREIRA
ALVES. Redator(a) do acórdão: Min. MAURÍCIO CORRÊA
Julgamento: 17/09/2003, Publicação: 19/03/2004).

Reclamação. 2. Liberdade de expressão. 3. Decisões reclamadas que
restringem difusão de conteúdo audiovisual em que formuladas sátiras a
elementos religiosos inerentes ao Cristianismo. 4. Ofensa à autoridade de
decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal nos julgamentos da ADPF
130 e da ADI 2.404. 5. Limites da liberdade artística. 6. Importância da livre
circulação de ideias em um Estado democrático. Proibição de divulgação de
determinado conteúdo deve-se dar apenas em casos excepcionalíssimos,
como na hipótese de configurar ocorrência de prática ilícita, de incitação à
violência ou à discriminação, bem como de propagação de discurso de ódio.
7. Distinção entre intolerância religiosa e crítica religiosa. Obra que não
incita violência contra grupos religiosos, mas constitui mera crítica,
realizada por meio de sátira, a elementos caros ao Cristianismo. 8.
Reclamação julgada procedente.
(STF. Rcl 38782. Segunda Turma. Relator(a): Min. GILMAR
MENDES. Julgamento: 03/11/2020. Publicação: 24/02/2021).
Dessa feita, o Parquet reputa comprovadas a autoria e materialidade delitivas

e, porque preenchidos os pressupostos objetivos e subjetivos estampados no art. 28-A do
Código de Processo Penal, expediu notificação ao investigado a fim de consultá-lo sobre
eventual interesse na celebração da avença (anexo).
De todo o modo, a par disso, considerando que o vídeo publicado pelo
investigado permanece disponível na rede mundial de computadores, já contando com mais
de 40 mil visualizações, a fim de evitar a replicação e propagação do discurso

Página 6 de 7
discriminatório, impõe-se a suspensão de sua veiculação, em caráter cautelar, e,
posteriormente, a sua completa exclusão.
Tal providência é expressamente albergada pela Lei nº 7.716/89, in verbis:
Art. 20 (...)
§2º (...)
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o
Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob
pena de desobediência:
II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, televisivas,
eletrônicas ou da publicação por qualquer meio;
III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na
rede mundial de computadores.
Nesse cenário, o Ministério Público Federal vem requerer a imediata suspensão

de acesso ao vídeo publicado na URL https://www.youtube.com/watch?v=jCk-
oeSv8ww&t=68 e, após o cumprimento do acordo de não persecução penal eventualmente

celebrado entre as partes, ou, ainda, após o trânsito em julgado de eventual condenação (acaso
não aceitos os termos da proposta ministerial e consequente oferecimento de denúncia), a
retirada do ar do mencionado vídeo.
Brasília/DF, data da assinatura eletrônica.
CAROLINA MARTINS MIRANDA DE OLIVEIRA

PROCURADORA DA REPÚBLICA

Página 7 de 7
PR-DF-00092885/2021

NOTIFICAÇÃO Nº 285/2021-GAB/CMMO/PRDF/MPF
Ao Senhor
DAVI ANDRÉ FARIAS DE MENEZES
AVENIDA FLORIDA, 195, DAS NAÇÕES, CAMPINA GRANDE - PB, CEP: 58402-666
AVENIDA PRESIDENTE GETÚLIO VARGAS, 164, ANDAR 1, CENTRO, CAMPINA
GRANDE - PB, CEP: 58400-052
RUA OTACILIO DE ALBUQUERQUE, 98, CENTRO, CAMPINA GRANDE - PB - CEP:
58400- 275
RUA JUIZ GAMA E MELO, 305, ROGER, JOÃO PESSOA - PB, CEP: 58020-220
RUA GENERAL RENATO PIRES FERREIRA, 392, POÇO, CABEDELO - PB, CEP:
58101-545
TELEFONES: (83) 9118-1166; (83) 8750-7201; (86) 99903-0995; (83) 3322-1341
EMAIL: msdecor@ig.com.br
Assunto: Notificação de Acordo de Não Persecução Penal

Referência: JF-DF-1013056-39.2019.4.01.3400-INQ
Prezado Senhor,
O Ministério Público Federal, servindo-se desta notificação, comunica a
possibilidade de celebrar acordo de não persecução penal em relação aos fatos que são objeto
do inquérito policial em epígrafe (cópia integral disponível no Sistema PJE - 1o grau - Justiça
Federal no Distrito Federal).
Referido inquérito foi instaurado para apurar a publicação, em 31/08/2015, na
rede social Youtube, de um vídeo filmado em frente ao edifício em construção que abrigaria a
Embaixada da Palestina em Brasília, induzindo ou incitando a discriminação contra a religião

(61)33135115/5414 prdf-7cci@mpf.mp.br
Página 1 de 3
islâmica e seus praticantes.
A prática do crime está devidamente comprovada pela publicação do vídeo,
que permanece disponível na internet (https://www.youtube.com/watch?v=jCk-
oeSv8ww&t=68s), bem assim por seu depoimento prestado à Delegacia de Polícia Federal em
Campina Grande/PB, em 15 de agosto de 2018, oportunidade na qual o senhor confirmou ser
o autor do vídeo e da postagem.
O acordo de não persecução penal, caso seja de seu interesse, visa a evitar o
ajuizamento de uma ação penal pela prática do crime previsto no art. 20, §2º da Lei nº
7.716/89, punido com reclusão de dois a cinco anos e multa.
Além de eventuais outras obrigações a serem ajustadas entre as partes, o
acordo de não persecução penal ficará necessariamente condicionado à:
(i) confissão dos fatos investigados;
(ii) pagamento de prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), à entidade pública ou de
interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, ou prestação de serviço à comunidade
ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito
praticado diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução.
Informo ainda que:
(i) caso aceito, celebrado e cumprido o acordo, o fato não constará em certidão
de antecedentes criminais, exceto para os fins de impossibilidade de novo oferecimento de
benefício despenalizador, dentro do prazo de 05 (cinco) anos;
(ii) o senhor e seus advogados deverão se cadastrar no sistema de
Peticionamento Eletrônico do MPF (por meio do link https://apps.mpf.mp.br/spe/login) para
que possam assinar a o acordo e eventuais outros documentos relativos a ele;
(iii) iniciadas as tratativas, é dever do investigado comunicar imediatamente
eventual mudança de endereço, número de telefone e e-mail, atendendo, dentro do prazo, as
requisições legais do MPF, sob pena do imediato prosseguimento da ação;
(iv) o acordo, caso firmado, ficará sujeito à homologação da Seção Judiciária
do Distrito Federal.
A resposta a esta notificação deverá ocorrer no prazo máximo de 20 (vinte)
dias corridos, em formato eletrônico, por meio do Pedido de informação processual na Sala
de Atendimento ao Cidadão, acessível pelo canal www.mpf.mp.br/mpfservicos. Nesta
ocasião, caso haja interesse no acordo, o senhor deverá apresentar:
(i) Cópia digitalizada de seu documento de identificação, incluindo CPF;

(61)33135115/5414 prdf-7cci@mpf.mp.br
Página 2 de 3
(ii) Comprovante de residência;
(iii) Endereços de e-mail (próprio e de seu advogado/defensor);
(iv) Questionário sócio-econômico (formulário anexo), devidamente
preenchido e assinado;
(v) Certidões criminais negativas, 1ª e 2ª instância, do Tribunal de Justiça do
Distrito Federal e do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, bem como do Tribunal de
Justiça e do Tribunal Regional Federal com jurisdição sobre seu local de domicílio.
Saliento que eventual silêncio frente à presente notificação será interpretado
como desinteresse na celebração da avença, de modo que o Ministério Público prosseguirá
com o ajuizamento de ação penal.
Caso persista alguma dúvida, o senhor poderá entrar em contato através do
endereço prdf-7cci@mpf.mp.br.
Atenciosamente,


(61)33135115/5414 prdf-7cci@mpf.mp.br
Página 3 de 3
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL
DETINATÁRIO
Polícia Federal no Distrito Federal (PROCESSOS CRIMINAIS)
CIÊNCIA AUTOMÁTICA
O sistema Processo Judicial Eletrônico cientifica V.Ex.ª a respeito da inclusão de documento no INQUÉRITO POLICIAL
(279) n. 1013056-39.2019.4.01.3400, nesta data.
BRASíLIA, 5 de outubro de 2021.
Assinado eletronicamente por: Usuário do sistema - 05/10/2021 13:40:32, Usuário do sistema - 05/10/2021 13:40:32 Num. 761879468 - Pág. 1
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRO GRAU
15ª VARA FEDERAL
1013056-39.2019.4.01.3400
CONCLUSÃO
Brasília, 07/10/2021
Luciana Troina da Fonseca
Analista Judiciário
Assinado eletronicamente por: LUCIANA TROINA DA FONSECA - 07/10/2021 15:45:26 Num. 765982545 - Pág. 1
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL
PROCESSO: 1013056-39.2019.4.01.3400
POLO ATIVO: Polícia Federal no Distrito Federal (PROCESSOS CRIMINAIS)
POLO PASSIVO:DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES
DESPACHO
Intime-se o MPF para manifestar se permanece o interesse no pleito veiculado na manifestação

de Id 761879465, uma vez que ao acessar-se o link referido na petição, na página do YouTube
(https://www.youtube.com/watch?v=jCk- oeSv8ww&t=68), a mensagem exibida é de "vídeo
indisponível'.
BRASÍLIA, datado eletronicamente.
FRANCISCO CODEVILA
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL
PROCESSO: 15ª Vara Federal Criminal da SJDF

INTIMAÇÃO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Intimo V.Ex.ª a respeito de ato judicial proferido nos autos, para ciência ou manifestação. Prazo: 5 dias.
Brasília, 20 de outubro de 2021.
VIVIANE DE OLIVEIRA COSTA
Servidor da 15ª Vara Federal Criminal da SJDF.

JF-DF-1013056-39.2019.4.01.3400-INQ

signatária, em atenção ao ID 774367046 - Despacho, vem perante Vossa Excelência
http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave e4a30448.0cb3430a.cfa0e086.347e121a

RATIFICAR o pedido lançado no ID 761879465 - Pedido do MP, que objetiva a retirada de
vídeo publicado na plataforma Youtube.
Com efeito, persiste o interesse do Ministério Público no pedido, porquanto,
conforme demonstram as imagens em anexo, o vídeo, indexado pelo título "Lula doa terreno
para terroristas do grupo Islã", permanece disponível na internet através do link
"www.youtube.com/watch?v=jCk-oeSv8ww".


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PODER JUDICIÁRIO
15ª VARA FEDERAL
1013056-39.2019.4.01.3400
CONCLUSÃO
Luciana Troina da Fonseca
Analista Judiciário

IPL nº 1013056.39.2019.4.01.3400
O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pela Procuradora da República que
http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 13ede616.f65a64ae.58bb5f34.43b27f4f

esta subscreve, no exercício de suas atribuições institucionais, com fulcro no art. 129, I da
Constituição Federal e no art. 41 do Código de Processo Penal, vem perante Vossa
Excelência apresentar DENÚNCIA em face de:
DAVI ANDRÉ FARIAS DE MENEZES, CPF 424.898.904-25, RG

1013645 - SSP/PB, nascido em 12/07/1965, filho(a) de ROSALVA
FARIAS DE MENESES e DAVI BARBOSA DE MENESES E
OLIVEIRA, com endereço na Av. Flórida, nº 195, Bairro das Nações,
Campina Grande/PB CEP: 58402-666 (e outros, cf. anexo);
pelos fatos adiante narrados.
1. DOS FATOS E DA IMPUTAÇÃO
Conforme restou apurado no inquérito em epígrafe, DAVI ANDRÉ FARIAS

DE MENEZES, com consciência e vontade, em 31/08/2015, nesta Capital, praticou, induziu e
incitou a discriminação ou preconceito contra a religião islâmica e seus praticantes.
Na data antes referida, o denunciado realizou a filmagem de um vídeo,
publicado na rede social Youtube, em frente ao edifício em construção que abrigaria a
Embaixada da Palestina em Brasília, por meio do qual proferiu o seguinte discurso:
Sgas, Q. 603/604, Lote 23, Asa Sul - CEP 70200640 - Brasília-DF

(61)33135115 http://www.mpf.mp.br/mpfservicos prdf-7cci@mpf.mp.br
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Tô aqui em Brasília, aqui é a embaixada da Palestina, está sendo construída
num terreno que foi doado por Lula, tá, quem está à frente da Palestina é o
grupo terrorista chamado Hamas e o Hamas tá construindo aqui, ao lado da
Procuradoria da Justiça Militar, uma base terrorista que eles chamam de
embaixada.
Na verdade é uma base terrorista que dá imunidade ao Hamas para
trazer armas para aparelhar o islã dentro do País. Nós temos que
acabar com isso aqui. Temos que embargar essa obra, porque o
islamismo vai entrar no Brasil pra destruir o cristianismo.
Então você que é cristão, presta bem atenção: tá vendo esse terreno aqui?
Foi doado por Lula. Lula achou pouco e ainda doou 25 milhões pra eles
construírem isso aqui. Isso aqui vai trazer o terror pro Brasil em pouco
tempo, tá? Projeto do islã é dominar o país em 15 anos. Se não bastasse
toda a desgraça que é o governo do PT, nós temos ainda a desgraça que
é o islã, representado aqui por esta embaixada da Palestina que, na
verdade, nada mais é do que o QG dos terroristas do Hamas no Brasil.
Vergonha nacional. Montado, doado pelo PT, patrocinado pelo PT, o
terrorismo no Brasil patrocinado pelo PT.
Fica aqui registrado, tá? Que ninguém esqueça disso. Nós estamos

avisando. Que daqui a 15 anos, se com o PT já é ruim, com o islamismo
será o inferno. Vocês aguardem, que logo, logo, vocês vão sentir as
bombas de Alá nas igrejas, os tiros de metralhadora AK47 matando
cristãos... tudo porque Lula doou esta porra aqui desta merda, que diz que é
uma embaixada, que na verdade é um QG que dá imunidade diplomática pra
eles encherem aqui de bomba, de AK47 e distribuir pelas células ISIS
espalhados pelo país inteiro, tá bom?
Além disso, o islamismo, 75% não é pacífico. Apoia, sim, os terroristas.
Então nós estamos com mais uma bomba na mão, que é esta droga,
simbolizando a mesquita Al-Aqsa , na verdade é a sede do Hamas no Brasil,
tá bom? Infelizmente, é vergonhoso, é triste de ver uma coisa dessa.
Lamentável. Lamentável.
A conduta praticada encontra adequação típica no art. 20, caput c/c §2º da Lei
nº 7.716/89, pois DAVI, assim agindo, praticou, induziu ou incitou a discriminação ou
preconceito contra determinada religião, publicando o indigitado vídeo na
internet (www.youtube.com/watch?v=jCk-oeSv8ww e anexo).
A autoria e materialidade estão demonstradas pelos seguintes elementos:
(i) vídeo publicado na plataforma eletrônica Youtube (anexo);

(ii) depoimento do denunciado em sede policial, ocasião em que confirmou ter

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sido o autor e responsável pela postagem.
A consciência e vontade de praticar o injusto são certas. Ainda que DAVI

ANDRÉ argumente, como o fez em seu depoimento à Policia Federal, que não tinha intenção
discriminatória, o seu dolo específico é visível quando incita o público a "acabar com isso
aqui" porque "o islamismo vai entrar no Brasil pra destruir o cristianismo" e que, em breve,
"vocês vão sentir as bombas de Alá nas igrejas, os tiros de metralhadora AK47 matando
cristãos".
Além disso, é nítida, no discurso propagado, a associação direta e imediata
entre o islamismo, a Palestina, o terrorismo e a ruína do Brasil e do cristianismo.
Conforme transcrição acima, fica claro que tal associação não se dá apenas com o intuito de
diminuir o valor da cultura islâmica, mas também com o nítido propósito de fomentar a
revolta pública contra a mencionada religião, seus praticantes e os palestinos que vivem no
Brasil.
Diante disso, conclui-se que o denunciado praticou fato típico, ilícito e
culpável (art. 20, caput c/c §2º da Lei nº 7.716/89).

2. CONCLUSÃO E REQUERIMENTO
Ante o exposto, provada a materialidade e presentes os indícios de autoria, o

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL denuncia DAVI ANDRÉ FARIAS DE MENEZES
como incurso nas penas do art. 20, caput c/c §2º da Lei nº 7.716/86.
Diante disso, o Órgão Ministerial requer o recebimento e a autuação desta
denúncia, prosseguindo-se pelo rito previsto no art. 394, § 1º, I, do Código de Processo Penal
(rito comum ordinário), promovendo-se a citação do acusado para oferecer resposta escrita à
acusação, prosseguindo o processo em seus ulteriores termos, até final julgamento e
condenação.


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COTA À DENÚNCIA
Conforme anexos, o Parquet empreendeu medidas para tentar a celebração de

acordo de não persecução penal com o denunciado, as quais restaram infrutíferas.
Diante disso, não restou alternativa senão o ajuizamento da presente denúncia.

Procuradora da República

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27 de Setembro de 2021
Relatório de Pesquisa
3250/2021
Unidade Solicitante: PROCURADORIA DA Autoridade Requerente: Excelentíssima Senhora

REPUBLICA - DISTRITO FEDERAL Procuradora da República Dra. CAROLINA MARTINS
MIRANDA DE OLIVEIRA
Ementa: No interesse da instrução do Processo/Procedimento. Nº 1013056-39.2019.4.01.3400 - Pesquisa sobre DAVI

ANDRÉ FARIAS DE MENEZES, CPF 424.898.904-25, 1013645 - SSP/PB
Solicitação de Pesquisa:
Cumprimentando-a, em atendimento a solicitação de Vossa Excelência contida no Pedido de Pesquisa Nº

1445/2021, encaminhada eletronicamente por intermédio do Sistema Nacional de Pesquisa e Análise - SNP/SINASSPA
em 27/09/2021, apresentamos o levantamento das pesquisas coligidas a respeito de DAVI ANDRÉ FARIAS DE
MENEZES, CPF 424.898.904-25, 1013645 - SSP/PB.
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Página 1 de 3

PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA
SECRETARIA DE PERÍCIA, PESQUISA E ANÁLISE
QUALIFICAÇÃO
De acordo com os dados obtidos nos sistemas da Receita Federal e no Departamento Nacional de Trânsito, o(a)
pesquisado(a) DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES está registrado(a) no CPF com o número 424.898.904-25 (situação
REGULAR), nasceu em 12/07/1965, é filho(a) de ROSALVA FARIAS DE MENESES e DAVI BARBOSA DE MENESES E
OLIVEIRA.
De acordo com informações encontradas no sistema do DENATRAN- RENACH:
Nome: DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES

Mãe: ROSALVA FARIAS DE MENESES
Pai: DAVI BARBOSA DE MENESES E OLIVEIRA
Data de Nascimento: 12/07/1965
CPF: 42489890425
Sexo: MASCULINO
Nacionalidade: BRASILEIRO
Número do documento: 1013645/SSP-PB
Data Primeira Habilitação: 08/09/1987
Categoria Atual: AB
Número do registro CNH: 03259558873
Data de Validade CNH: 08/08/2024
Fonte: DENATRAN - RENACH, informação obtida em
27/09/2021
ENDEREÇO
1) AVENIDA FLORIDA, 195, DAS NAÇÕES, CAMPINA GRANDE - PB, CEP: 58402-666 (Fontes: Ministério da
Economia, Sinesp - Denatran/Renach, Base de dados do TSE - ELEITOR, CADSUS - CNS, SPC - Brasil, Serasa e
Correios)
2) AVENIDA PRESIDENTE GETÚLIO VARGAS, 164, ANDAR 1, CENTRO, CAMPINA GRANDE - PB, CEP: 58400-052
(Fontes: Serasa e Correios)
3) RUA OTACILIO DE ALBUQUERQUE, 98, CENTRO, CAMPINA GRANDE - PB - CEP: 58400- 275 (Fontes: Serasa e
Correios)
4) RUA JUIZ GAMA E MELO, 305, ROGER, JOÃO PESSOA - PB, CEP: 58020-220 (Fontes: Serasa e Correios)
6) RUA GENERAL RENATO PIRES FERREIRA, 392, POÇO, CABEDELO - PB, CEP: 58101-545 (Fontes: Serasa e
Correios)
TELEFONE)s)
(83) 9118-1166
(Fonte: Ministério da Economia)
(83) 8750-7201
(Fonte: Base de dados do TSE - ELEITOR)
(86) 99903-0995
(83) 3322-1341

(Fonte: SPC - Brasil)
(83) 9118-1166
(Fonte: CADSUS - CNS)
(83) 3246-6896
(83) 98659-5810
(86) 98100-6331
(Fonte: Serasa)
E-MAIL
msdecor@ig.com.br
INFORMAÇÕES CRIMINAIS
Seguem anexas telas de consultas extraídas do Sistema Nacional de Informações Criminais – SINIC -banco de dados
administrado pelo Ministério da Justiça, os registros de informações criminais para o nome pesquisado.
Por fim, consultamos o Sistema da Rede Infoseg/Sinesp - Índice Nacional - Indivíduos - banco de dados
também administrado pelo Ministério da Justiça, e não foram localizados registros de informações criminais para o nome
pesquisado.
Respeitosamente,
___________________________________________
Matrícula do Pesquisador: 25825
ASSESSORIA DE PESQUISA E ANÁLISE

Data de emissão do relatório: 27/09/2021
Anexos
ANEXO_SINIC.pdf (SHA1: 0988270870ef3fce2e461c947ca946d9037e67c5)

*-----------------------------------------------------------------------------*
27/09/2021 SISTEMA NACIONAL DE INFORMACOES CRIMINAIS 16:26:22
SICP157 * * FOLHA DE ANTECEDENTES * * MPF/DF
REGISTRO FEDERAL: 004282381-1 258253
+---------------------------------------------------------------------------+
| A T E N C A O |
+---------------------------------------------------------------------------+
| R E S T R I T O :ESTA INFORMACAO E VALIDA SOMENTE PARA A AUTORIDADE|
| JUDICIAL - NAO DEVENDO CONSTAR EM ATESTADO DE ANTECEDENTES - |
| ART. 709 E ART. 748 DO CPP - ART. 163 E ART. 202 DA LEP. |
| O DESCUMPRIMENTO DESTES ARTIGOS SUJEITARA SEUS AUTORES AS SANCOES LEGAIS. |
|INCIDENCIA NUMERO 001 (**) |
| CHAVE-BIC.......: 90007000984201970 |
| NOME: DAVI ANDRE FARIAS DE MENEZES |
| NOME DO PAI: DAVI BARBOSA DE MENEZES |
| NOME DA MAE: ROSALVA FARIAS DE MENEZES |
| DATA NASCIMENTO: 12.07.1965 SEXO: MASCULINO |
| DOCUMENTO.......: RG 1013645 SSPPB |
| LOCAL DE NASCIMENTO : CAMPINA GRANDE - PB |
--------------------------------------------------documento de uso interno----
PF3 NOVA CONSULTA PF8 PROXIMA PAGINA PF12 MENU PRINC. PA2 ENCERRA
*-----------------------------------------------------------------------------*
MENS ==>: CONTINUA.
clebiapaiva @ PRDFP16010328 2021-09-27 16:26:09
*-----------------------------------------------------------------------------*
| INQUERITO POLICIAL OU PROCESSO NUMERO: 00000000000000000871 |

| INSTAURADO PELA: GRCC BRASILIA -DF|
| EM: 05.07.2018, COMO INCURSO NO(S) |
| ART 20 PAR 2 LEI 7716/89 |
+---------------------------------------------------------------------------+
(**) O ARQUIVO DATILOSCOPICO DEIXOU DE SER CONSULTADO EM VIRTUDE

DESTE INSTITUTO NAO HAVER RECEBIDO IMPRESSOES DIGITAIS DA
REFERIDA PESSOA.

*-----------------------------------------------------------------------------*
MENS ==>: FIM.
SECRETARIA DE PERÍCIA, N.º Único
PESQUISA E ANÁLISE PGR-00410939/2021
RESERVADO
Assinado com certificado digital por PATRICIA SUMIE HAYAKAWA, em 12/11/2021 13:50. Para verificar a autenticidade acesse
Laudo Técnico
1291/2021
http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 626794A5.7FB6E48B.B3051AF0.1025C0E2

Referência: Ementa:
JF-DF-1013056-39.2019.4.01.3400-INQ
Unidade ou órgão requerente:

PROCURADORIA DA REPÚBLICA - DISTRITO
FEDERAL / DF
Autoridade requerente:
Dra. CAROLINA MARTINS MIRANDA DE
Auto sigiloso
OLIVEIRA, Procuradora da República
Solicitação pericial:
3229/2021
Quantidade de páginas do documento,
incluindo-se a capa:
07
Ministério Público Federal

Procuradoria-Geral da República
Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise 1
RESERVADO
1. INTRODUÇÃO
Aos dez dias do mês de novembro de dois mil e vinte e um, em Brasília/DF, na
Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise da Procuradoria-Geral da República, foi designada
pelo Secretário da SPPEA, Procurador da República Dr. Paulo Rubens Carvalho Marques, a
Analista do MPU Patricia Sumie Hayakawa (mat. 17547) para proceder nas respostas dos
quesitos registrados mediante a solicitação pericial 3229/2021.
1.1 Objetivos

A atividade pericial registrada por este documento objetivou a coleta e a
manutenção da cadeia de custódia de vídeo disponibilizado na plataforma YOUTUBE.
Ademais, este laudo visa responder os seguintes quesitos:
Solicite-se à ASSPA, no prazo de 5 (cinco) dias, o download e armazenamento
do vídeo disponível no link www.youtube.com/watch?v=jCk-oeSv8ww,
intitulado "Lula doa terreno para terroristas do grupo Islã".
1.2 Ferramentas Utilizadas
Ao longo desta atividade pericial foram utilizadas as seguintes ferramentas de

apoio:
 Google Chrome, versão 94.0.4606.81 (Versão oficial) 64 bits;
 ByClick Downloader1, versão 2.3.13;
 Slavasoft Fsum, versão 2.52.00337;
 7-Zip, versão 19.00.
1 Disponível pelo link https://www.byclickdownloader.com/pt/. Acessado em 10/Novembro/2021.

RESERVADO
1.3 Histórico (Reconhecimento, Isolamento, Fixação e Coleta)
No dia 10/11/2021, aproximadamente às 15h 30m (UTC -3), a subscrevente

executou o aplicativo ByClick para download do vídeo contido no link
https://www.youtube.com/watch?v=jCk-oeSv8ww, ajustando sua configuração para o
formato MP4 com alta qualidade.
Figura 1 – Captura de tela com a publicação de interesse no Youtube.

RESERVADO
Figura 2 – Captura da janela do aplicativo ByClick após conclusão da coleta.
Adicionalmente, usando o browser Google Chrome, acessou-se o link para

salvar o código fonte da página em questão. Para isso, usou-se a opção “Salvar como...”, com
o formato "Página da web, somente o HTML".
O conteúdo coletado está detalhado na Certidão de Coleta de Vestígios
Digitais (PGR-00410497/2021), sendo que foi utilizado o aplicativo FSUM, da SlavaSoft,
para o cálculo do hashes lá registrados2.
2 A saída do FSUM foi salva no arquivo “hashes_calculados.txt”. O hash SHA-256 deste arquivo é:
23239bb79b08a6a4bdf703163c93c8f59e4990d290040d98a4403c4ff5f00dfb
RESERVADO
2. EXAME (Processamento)
Para a extração dos metadados contidos na URL

https://www.youtube.com/watch?v=jCk-oeSv8ww, em 10/Novembro/2021, fez-se uso dos
seguintes serviços online3:
• https://mattw.io/youtube-metadata/
• https://tools.digitalmethods.net/netvizz/youtube/mod_video_info.php
Segue o registro de alguns metadados, obtidos a partir dos dois serviços

supracitados, considerados relevantes por esta subscrevente para subsidiar eventual pedido

judicial:
id: jCk-oeSv8ww
publishedAt: 2015-08-17T18:20:56Z
published_unix (timestamp): 1439835656
channelId: UCYn2AZahP_blgzyv9LVLF3A
channelTitle: marlon soares
title: Lula doa terreno para terroristas do grupo Islã
description: Terreno que terá base no Brasil de terrorista do grupo Islã e mais
25 milhões ainda galera esse aqui é meu face adiciona ou
segue:https://m.facebook.com/#~!/marlonsoaresss?ref=bookmarks galera por
favor se escrevam no meu canal vocês vão Ta me ajudando a postar mais
vídeos e incentivando eu a produzir outros vídeos que tem no canal vlw 👍
duration: 2M47S
Por fim, todo o conteúdo coletado (vídeo e código fonte) e seus metadados
foram compactados e protegidos com senha, usando a solução 7-Zip, no arquivo
“SP_3229_2021_Youtube.7z”. A senha deste arquivo está registrada no documento PGR-
00410497/2021.
3 Os metadados obtidos por esses serviços foram salvos em seus respectivos subdiretórios criados na
pasta “metadados\”.
RESERVADO
Para comprovação de integridade do arquivo com os dados coletados, foi

calculado o valor de hash SHA-256 e MD5 desse arquivo .7z, conforme a seguir:
Quadro 1: Valor de Hash do Arquivo “SP_3229_2021_Youtube.7z”.
Valor hash SHA-256 calculado pelo
Item Descrição do item
subscrevente
8e92ab0539e0f90a
64093953e698d4b7
SHA-256
SP_3229_2021_Youtube.7z Arquivo compactado com e1555534c6a1b5ee
todos os dados coletados 4a71aeac98528e93
a969c352be965feb
MD5
144a13e5da60a30e

RESERVADO
3. CONCLUSÕES
Em resposta à solicitação pericial 3229/2021, seguem novamente os quesitos e

as considerações finais:
Solicite-se à ASSPA, no prazo de 5 (cinco) dias, o download e armazenamento
do vídeo disponível no link www.youtube.com/watch?v=jCk-oeSv8ww,
Todo o procedimento de coleta do vídeo contido em

https://www.youtube.com/watch?v=jCk-oeSv8ww consta aqui registrado, prezando pela

manutenção da cadeia de custódia, e sua Certidão de Coleta de Vestígios Digitais está
identificada pela etiqueta PGR-00410497/2021, no Sistema UNICO do MPF.
Todos os dados coletados, bem como os metadados obtidos via serviços online,
foram compactados e protegido com senha no arquivo SP_3229_2021_Youtube.7z. Este
arquivo foi disponibilizado ao membro demandante no Sistema UNICO como arquivo
complementar ao presente laudo (aba “Íntegra”), sendo que a senha está registrada no
documento PGR-00410497/2021.
Caso o membro julgue necessária a preservação do objeto de interesse, bem
como de outras informações do canal onde consta essa postagem, o membro poderá solicitá-la
pela URL http://lers.google.com. Outras formas de contato com a GOOGLE constam em
https://portal.mpf.mp.br/eevidence/empresas/provedores/google-gmail-youtube.
É o Laudo.
Brasília/DF, em data conforme assinatura digital.
Patricia Sumie Hayakawa

Analista do MPU/Suporte e
Infraestrutura de TIC

Registro de Arquivo Complementar

(Gerado automaticamente pelo sistema)
Expediente:
PGR-00410939/2021 - LAUDO TÉCNICO nº 1291-2021
Complementar - Arquivos Diversos - PARTE 1
Este arquivo complementar poderá ser acessado pelo link abaixo:

3229_2021_Youtube.7z
Registro de Documento Sigiloso

(Gerado automaticamente pelo Sistema Único)
Expediente: PGR-00410497/2021 - CERTIDÃO

Este documento possui visibilidade restrita.
PR-DF-00103685/2021
Assinado com login e senha por CAROLINA MARTINS MIRANDA DE OLIVEIRA, em 04/11/2021 12:15. Para verificar a autenticidade acesse
Despacho nº 32415/2021/GAB/PRDF
Referência: 1013056-39.2019.4.01.3400 - INQ
http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave D19206B1.4C5073C9.C08423AC.13DFF3C7

Com vistas a instruir o feito em epígrafe e preservar elementos de
materialidade delitiva, solicite-se à ASSPA, no prazo de 5 (cinco) dias, o download e
armazenamento do vídeo disponível no link www.youtube.com/watch?v=jCk-oeSv8ww,

Página 1 de 1
Assinatura/Certificação do documento PR-DF-00108354/2021 RELATÓRIO
Signatário(a): SONIA MARIA PINHEIRO TORRES TEIXEIRA DE MELLO

Data e Hora: 10/11/2021 15:17:05
Autenticado com login e senha
Acesse http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave e74886f9.cff39cfd.515eee4a.c2ef9f4a
MPF - Pericial https://portal.mpf.mp.br/pericial/pericia/detalhar/3229/2021/imprimir
1 of 2 10/11/2021 15:19
MPF - Pericial https://portal.mpf.mp.br/pericial/pericia/detalhar/3229/2021/imprimir
2 of 2 10/11/2021 15:19
Assinatura/Certificação do documento PR-DF-00108362/2021 REQUISIÇÃO DE PERÍCIA
Signatário(a): SONIA MARIA PINHEIRO TORRES TEIXEIRA DE MELLO

Data e Hora: 10/11/2021 15:21:55
Autenticado com login e senha
Acesse http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 0ae5024c.a4696576.2f45733d.0c59539b
PR-DF-00092885/2021
NOTIFICAÇÃO Nº 285/2021-GAB/CMMO/PRDF/MPF
Ao Senhor
http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave D691E001.D2BFFBA1.40F3B4A6.6871BCF2

DAVI ANDRÉ FARIAS DE MENEZES
AVENIDA FLORIDA, 195, DAS NAÇÕES, CAMPINA GRANDE - PB, CEP: 58402-666
AVENIDA PRESIDENTE GETÚLIO VARGAS, 164, ANDAR 1, CENTRO, CAMPINA
GRANDE - PB, CEP: 58400-052
RUA OTACILIO DE ALBUQUERQUE, 98, CENTRO, CAMPINA GRANDE - PB - CEP:
58400- 275
RUA JUIZ GAMA E MELO, 305, ROGER, JOÃO PESSOA - PB, CEP: 58020-220
RUA GENERAL RENATO PIRES FERREIRA, 392, POÇO, CABEDELO - PB, CEP:
58101-545
TELEFONES: (83) 9118-1166; (83) 8750-7201; (86) 99903-0995; (83) 3322-1341
EMAIL: msdecor@ig.com.br
Assunto: Notificação de Acordo de Não Persecução Penal

Referência: JF-DF-1013056-39.2019.4.01.3400-INQ
Prezado Senhor,
O Ministério Público Federal, servindo-se desta notificação, comunica a
possibilidade de celebrar acordo de não persecução penal em relação aos fatos que são objeto
do inquérito policial em epígrafe (cópia integral disponível no Sistema PJE - 1o grau - Justiça
Federal no Distrito Federal).
Referido inquérito foi instaurado para apurar a publicação, em 31/08/2015, na
rede social Youtube, de um vídeo filmado em frente ao edifício em construção que abrigaria a
Embaixada da Palestina em Brasília, induzindo ou incitando a discriminação contra a religião

(61)33135115/5414 prdf-7cci@mpf.mp.br
Página 1 de 3
islâmica e seus praticantes.
A prática do crime está devidamente comprovada pela publicação do vídeo,
que permanece disponível na internet (https://www.youtube.com/watch?v=jCk-
oeSv8ww&t=68s), bem assim por seu depoimento prestado à Delegacia de Polícia Federal em
Campina Grande/PB, em 15 de agosto de 2018, oportunidade na qual o senhor confirmou ser
o autor do vídeo e da postagem.
O acordo de não persecução penal, caso seja de seu interesse, visa a evitar o
ajuizamento de uma ação penal pela prática do crime previsto no art. 20, §2º da Lei nº
7.716/89, punido com reclusão de dois a cinco anos e multa.
Além de eventuais outras obrigações a serem ajustadas entre as partes, o
acordo de não persecução penal ficará necessariamente condicionado à:
(i) confissão dos fatos investigados;
(ii) pagamento de prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45

do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), à entidade pública ou de
interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, ou prestação de serviço à comunidade
ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito
praticado diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução.
Informo ainda que:
(i) caso aceito, celebrado e cumprido o acordo, o fato não constará em certidão
de antecedentes criminais, exceto para os fins de impossibilidade de novo oferecimento de
benefício despenalizador, dentro do prazo de 05 (cinco) anos;
(ii) o senhor e seus advogados deverão se cadastrar no sistema de
Peticionamento Eletrônico do MPF (por meio do link https://apps.mpf.mp.br/spe/login) para
que possam assinar a o acordo e eventuais outros documentos relativos a ele;
(iii) iniciadas as tratativas, é dever do investigado comunicar imediatamente
eventual mudança de endereço, número de telefone e e-mail, atendendo, dentro do prazo, as
requisições legais do MPF, sob pena do imediato prosseguimento da ação;
(iv) o acordo, caso firmado, ficará sujeito à homologação da Seção Judiciária
do Distrito Federal.
A resposta a esta notificação deverá ocorrer no prazo máximo de 20 (vinte)
dias corridos, em formato eletrônico, por meio do Pedido de informação processual na Sala
de Atendimento ao Cidadão, acessível pelo canal www.mpf.mp.br/mpfservicos. Nesta
ocasião, caso haja interesse no acordo, o senhor deverá apresentar:
(i) Cópia digitalizada de seu documento de identificação, incluindo CPF;

(61)33135115/5414 prdf-7cci@mpf.mp.br
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(ii) Comprovante de residência;
(iii) Endereços de e-mail (próprio e de seu advogado/defensor);
(iv) Questionário sócio-econômico (formulário anexo), devidamente
preenchido e assinado;
(v) Certidões criminais negativas, 1ª e 2ª instância, do Tribunal de Justiça do
Distrito Federal e do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, bem como do Tribunal de
Justiça e do Tribunal Regional Federal com jurisdição sobre seu local de domicílio.
Saliento que eventual silêncio frente à presente notificação será interpretado
como desinteresse na celebração da avença, de modo que o Ministério Público prosseguirá
com o ajuizamento de ação penal.
Caso persista alguma dúvida, o senhor poderá entrar em contato através do
endereço prdf-7cci@mpf.mp.br.

Atenciosamente,


(61)33135115/5414 prdf-7cci@mpf.mp.br
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QUESTIONÁRIO SÓCIO-ECONÔMICO
O preenchimento deste questionário é voluntário e as informações, mantido o

sigilo, serão utilizadas pelo MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL exclusivamente na presente
celebração, conforme previsto no artigo 28-A, do Código de Processo Penal.
O interessado em celebrar o acordo não está obrigado a fornecer as informações

solicitadas. Todavia, caso opte por não prestar informações sobre sua situação econômica, não será
possível a celebração de acordo que envolva prestação pecuniária, restando somente a possibilidade
de acordo com prestação de serviços à comunidade.
O interessado pode substituir esse questionário pela apresentação de cópia

completa da declaração anual de ajuste do imposto de renda pessoa física doúltimo exercício
fiscal.
Favor responda as questões abaixo, rubricando todas as páginas e assinando a

declaração ao final:
1) Prestou declaração de imposto de renda relativa ao último exercício?
2) Forneça seu endereço completo, telefone e e-mails atualizados.
3) Reside em imóvel próprio? Qual o valor estimado do imóvel?
4) Tem carro próprio? Outros membros do núcleo familiar tem carro próprio? Por favor,indique
modelo, ano e valor estimado dos veículos.
5) Tem outros bens como imóveis, ações, cotas de fundos, participações em empresas,saldo em
banco? Qual o valor aproximado destes bens?
6) Exerce qual profissão? É autônomo, empregado, empresário ou tem outra ocupação?
7) Qual sua renda mensal?
8) Tem filhos? Quantos? Idades? São dependentes econômicos?
9) É casado? Paga pensão alimentícia? O cônjuge trabalha? Qual a profissão docônjuge? Qual a
renda mensal?
10) Forneça outras informações que julgue relevantes.
Declaro que as informações lançadas neste questionário são verdadeiras, sob pena de
responsabilidade criminal, e foram fornecidas voluntariamente.
Brasília/DF, de de 20 .
Assinatura
CPF :
ADVOGADO OU DEFENSOR PÚBLICO
3250/2021

MIRANDA DE OLIVEIRA
Ementa: No interesse da instrução do Processo/Procedimento. Nº 1013056-39.2019.4.01.3400 - Pesquisa sobre DAVI

ANDRÉ FARIAS DE MENEZES, CPF 424.898.904-25, 1013645 - SSP/PB

em 27/09/2021, apresentamos o levantamento das pesquisas coligidas a respeito de DAVI ANDRÉ FARIAS DE
MENEZES, CPF 424.898.904-25, 1013645 - SSP/PB.

QUALIFICAÇÃO
De acordo com os dados obtidos nos sistemas da Receita Federal e no Departamento Nacional de Trânsito, o(a)
OLIVEIRA.
De acordo com informações encontradas no sistema do DENATRAN- RENACH:

CPF: 42489890425
Sexo: MASCULINO
Categoria Atual: AB
27/09/2021
ENDEREÇO
1) AVENIDA FLORIDA, 195, DAS NAÇÕES, CAMPINA GRANDE - PB, CEP: 58402-666 (Fontes: Ministério da
Economia, Sinesp - Denatran/Renach, Base de dados do TSE - ELEITOR, CADSUS - CNS, SPC - Brasil, Serasa e
Correios)
2) AVENIDA PRESIDENTE GETÚLIO VARGAS, 164, ANDAR 1, CENTRO, CAMPINA GRANDE - PB, CEP: 58400-052
(Fontes: Serasa e Correios)
3) RUA OTACILIO DE ALBUQUERQUE, 98, CENTRO, CAMPINA GRANDE - PB - CEP: 58400- 275 (Fontes: Serasa e
Correios)
4) RUA JUIZ GAMA E MELO, 305, ROGER, JOÃO PESSOA - PB, CEP: 58020-220 (Fontes: Serasa e Correios)
6) RUA GENERAL RENATO PIRES FERREIRA, 392, POÇO, CABEDELO - PB, CEP: 58101-545 (Fontes: Serasa e
Correios)
TELEFONE)s)
(83) 9118-1166
(Fonte: Ministério da Economia)
(83) 8750-7201
(Fonte: Base de dados do TSE - ELEITOR)
(86) 99903-0995
(83) 3322-1341

(83) 9118-1166
(Fonte: CADSUS - CNS)
(83) 3246-6896
(83) 98659-5810
(86) 98100-6331
(Fonte: Serasa)
E-MAIL
msdecor@ig.com.br
INFORMAÇÕES CRIMINAIS
Seguem anexas telas de consultas extraídas do Sistema Nacional de Informações Criminais – SINIC -banco de dados
administrado pelo Ministério da Justiça, os registros de informações criminais para o nome pesquisado.
Por fim, consultamos o Sistema da Rede Infoseg/Sinesp - Índice Nacional - Indivíduos - banco de dados
também administrado pelo Ministério da Justiça, e não foram localizados registros de informações criminais para o nome
pesquisado.
Respeitosamente,
___________________________________________

Anexos
ANEXO_SINIC.pdf (SHA1: 0988270870ef3fce2e461c947ca946d9037e67c5)

*-----------------------------------------------------------------------------*
+---------------------------------------------------------------------------+
| A T E N C A O |
+---------------------------------------------------------------------------+
| R E S T R I T O :ESTA INFORMACAO E VALIDA SOMENTE PARA A AUTORIDADE|
| JUDICIAL - NAO DEVENDO CONSTAR EM ATESTADO DE ANTECEDENTES - |
| ART. 709 E ART. 748 DO CPP - ART. 163 E ART. 202 DA LEP. |
| O DESCUMPRIMENTO DESTES ARTIGOS SUJEITARA SEUS AUTORES AS SANCOES LEGAIS. |
|INCIDENCIA NUMERO 001 (**) |
| CHAVE-BIC.......: 90007000984201970 |
| NOME: DAVI ANDRE FARIAS DE MENEZES |
| NOME DO PAI: DAVI BARBOSA DE MENEZES |
| NOME DA MAE: ROSALVA FARIAS DE MENEZES |
| DATA NASCIMENTO: 12.07.1965 SEXO: MASCULINO |
| DOCUMENTO.......: RG 1013645 SSPPB |
| LOCAL DE NASCIMENTO : CAMPINA GRANDE - PB |
*-----------------------------------------------------------------------------*
MENS ==>: CONTINUA.
*-----------------------------------------------------------------------------*
| INQUERITO POLICIAL OU PROCESSO NUMERO: 00000000000000000871 |

| INSTAURADO PELA: GRCC BRASILIA -DF|
| EM: 05.07.2018, COMO INCURSO NO(S) |
| ART 20 PAR 2 LEI 7716/89 |
+---------------------------------------------------------------------------+
(**) O ARQUIVO DATILOSCOPICO DEIXOU DE SER CONSULTADO EM VIRTUDE

DESTE INSTITUTO NAO HAVER RECEBIDO IMPRESSOES DIGITAIS DA
REFERIDA PESSOA.

*-----------------------------------------------------------------------------*
MENS ==>: FIM.
PR-DF-00095490/2021
Assinado com login e senha por SONIA MARIA PINHEIRO TORRES TEIXEIRA DE MELLO, em 06/10/2021 14:48. Para verificar a autenticidade acesse
Notificação 285/2021
CERTIDÃO nº 27985/2021/GAB/CMMO/PRDF
http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave E877C2A2.C50E45D5.7D816878.3DFEBBC3

CERTIFICO que a cópia da Notificação 285/2021 encaminhada para o e-mail
do investigado (msdecor@ig.com.br) foi devolvida.
Brasília, 6 de outubro de 2021.
SONIA MARIA PINHEIRO TORRES TEIXEIRA DE MELLO

ASSISTENTE NÍVEL II
SGAS QUADRA 604, LOTE 23, GAB 111, BRASÍLIA/DF

PRDF Telefone: 61 -3313 5414
Email: prdf-7cci@mpf.mp.br
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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL
DETINATÁRIO
Polícia Federal no Distrito Federal (PROCESSOS CRIMINAIS)
CIÊNCIA AUTOMÁTICA
O sistema Processo Judicial Eletrônico cientifica V.Ex.ª a respeito da inclusão de documento no INQUÉRITO POLICIAL
(279) n. 1013056-39.2019.4.01.3400, nesta data.
BRASíLIA, 23 de novembro de 2021.
Encaminho os arquivos anexos para juntada aos autos.
Informo que o documento de número 1 (vídeo de whatsApp), apesar de ter sido anexado à
denúncia no sistema do MPF, não consta como anexo à denúncia no sistema PJE.
Em relação aos documentos de números 2 e 3, foram juntados como anexos em manifestação

anterior do MPF mas também não constam nos autos eletrônicos do sistema PJE.
Brasília, data da assinatura eletrônica.
Carolina Martins Miranda de Oliveira
Procuradoria da República
23/11/2021 18:22
WhatsApp Video 2021-11-23 at 14.31.28
Tipo de documento: Arquivo de vídeo

Descrição do documento: WhatsApp Video 2021-11-23 at 14.31.28
Id: 828070202
Data da assinatura: 24/11/2021
Atenção
Por motivo técnico, este documento não pode ser adicionado à compilação selecionada pelo usuário. Todavia, seu conteúdo pode
ser acessado nos 'Autos Digitais' e no menu 'Documentos'.
Num. 828070202 - Pág. 1

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL
PROCESSO: 1013056-39.2019.4.01.3400
POLO ATIVO: Polícia Federal no Distrito Federal (PROCESSOS CRIMINAIS)
DECISÃO
Cuida-se de inquérito policial instaurado para apurar a publicação, em

31/08/2015, na rede social Youtube, de um vídeo filmado em frente ao edifício em
construção que abrigaria a Embaixada da Palestina em Brasília, induzindo ou incitando a
discriminação contra a religião islâmica e seus praticantes.
No Id 761879465, o Ministério Público Federal requereu:
“Nesse cenário, o Ministério Público Federal vem requerer a imediata suspensão de

acesso ao vídeo publicado na URL https://www.youtube.com/watch?v=jCk-
oeSv8ww&t=68 e, após o cumprimento do acordo de não persecução penal
eventualmente celebrado entre as partes, ou, ainda, após o trânsito em julgado de
eventual condenação (acaso não aceitos os termos da proposta ministerial e
consequente oferecimento de denúncia), a retirada do ar do mencionado vídeo.”
Após insucesso na tentativa de celebração de Acordo de Não Persecução

Penal, o MPF oferece denúncia em desfavor de DAVI ANDRÉ FARIAS DE MENEZES
como incurso nas penas do art. 20, caput c/c §2º da Lei nº 7.716/86.
É o relato. Decido.
A inicial acusatória descreve os seguintes fatos:
“Conforme restou apurado no inquérito em epígrafe, DAVI ANDRÉ FARIAS DE

MENEZES, com consciência e vontade, em 31/08/2015, nesta Capital, praticou,
induziu e incitou a discriminação ou preconceito contra a religião islâmica e seus
praticantes.
Na data antes referida, o denunciado realizou a filmagem de um vídeo, publicado na

rede social Youtube, em frente ao edifício em construção que abrigaria a Embaixada
da Palestina em Brasília, por meio do qual proferiu o seguinte discurso:
(...)
A conduta praticada encontra adequação típica no art. 20, caput c/c §2º da Lei nº
7.716/89, pois DAVI, assim agindo, praticou, induziu ou incitou a discriminação ou
preconceito contra determinada religião, publicando o indigitado vídeo na internet
(www.youtube.com/watch?v=jCk-oeSv8ww e anexo).”
Em consonância com o disposto no art. 396, do CPP, passo ao juízo de

admissibilidade da peça acusatória.
Na hipótese, entendo que a denúncia atende aos requisitos do art. 41, CPP,
pois, contém: a) a exposição satisfatória do(s) fato(s) criminoso(s) e suas circunstâncias;
b) a qualificação do(s) acusado(s); c) e a classificação do(s) crime(s).
Ademais, a denúncia não incorre em qualquer dos vícios descritos no art.

395, CPP. Encontram-se presentes os pressupostos processuais e condições da ação,
podendo-se extrair de todo o arrazoado, e do conjunto probatório reunido até o presente
momento, elementos que evidenciam a materialidade do(s) crime(s) e indícios de autoria,
os quais justificam a instauração do processo penal.
Não é o caso, portanto, de rejeição liminar.
Com efeito, recebo a denúncia oferecida em desfavor de DAVI ANDRÉ

FARIAS DE MENEZES pela prática, em tese, do crime disposto no art. 20, caput c/c §2º
da Lei nº 7.716/86.
Com relação ao pleito de suspensão de acesso ao vídeo reputado ofensivo,

tenho que assiste razão ao MPF, pois, a liberdade religiosa não possui caráter absoluto,
devendo ser exercitada de forma harmoniosa com os demais direitos e garantias
fundamentais protegidos pela Constituição Federal, no caso, o repúdio ao racismo (art. 4º,
VIII e art. 5º, XLII).
Assim, a aparente liberdade religiosa que o indivíduo tem, embora possa ser
exercida como uma forma de liberdade para fazer proselitismo e de explicitar os atos
próprios de sua religiosidade, deve obedecer a limites, que no caso, aparentemente,
foram extrapolados.
Em sendo assim, com amparo, ainda, no art. 20§,2º e 3º, da Lei nº 7.716/86,
DETERMINO, por ora, A SUSPENSÃO DE ACESSO ao vídeo publicado na URL
https://www.youtube.com/watch?v=jCk- oeSv8ww&t=68.
Cite(m)-se o(s) denunciado(s), para que, nos termos do art. 396, CPP,
responda(m) à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias, ocasião em que
poderá/poderão arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer
documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas,
qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário.
Não citado(s) o(s) réu(s), dê-se vista da certidão negativa ao MPF, a fim de
que este forneça o endereço atual. Apresentado o novo endereço, promova-se a citação.
Citado(s) o(s) réu(s) e decorrido o prazo sem oferecimento da resposta à
acusação ou verificada a ausência de condições financeiras, certifique-se e remetam-
se os autos à DPU, para que esta assuma a defesa.
Providências a cargo da Secretaria da Vara:
a) Oficie-se o YOUTUBE para suspender, no prazo de 10 dias, o acesso ao

vídeo publicado na URL https://www.youtube.com/watch?v=jCk- oeSv8ww&t=68 e
www.youtube.com/watch?v=jCk-oeSv8ww.
b) expeça(m)-se o(s) mandado(s) de citação;
c) desnecessário o preenchimento da certidão de prescrição, ante a

imprescritibilidade do delito em questão;
d) proceda-se com a reclassificação do feito para a classe ação penal, nos

termos dos artigos 367, §4º e 368, do Provimento COGER 10126799/2020;
e) oficie-se à SR/DPF/DF para inclusão dos dados relativos ao presente feito

no Sistema Nacional de Identificação Criminal - SINIC, nos termos do art. 809 do CPP.
Cientifique-se o MPF.
Brasília-DF, datado eletronicamente.
FRANCISCO CODEVILA
PODER JUDICIÁRIO
JUÍZO FEDERAL DA 15ª VARA CRIMINAL
SEPN Qd. 510, Bl. C, Prédio da Justiça Federal, Ed. Sede III, 5º Andar – Brasília/DF – CEP: 70750-523 – Fone: 3521-3629 –
Email: 15vara.df@trf1.jus.br
PROCESSO: 1013056-39.2019.4.01.3400
CLASSE: AÇÃO PENAL - PROCEDIMENTO ORDINÁRIO (283)
AUTORIDADE: MINISTERIO PUBLICO FEDERAL
DENUNCIADO: DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES
CERTIDÃO
CERTIFICO que RECLASSIFIQUEI este processo para a classe Ação Penal, em cumprimento
a Decisão que recebeu a denúncia, nos termos do art. 368, do Provimento COGER 10126799.
Assinado eletronicamente por: CLEIDE MARIA DE MELO - 04/03/2022 18:51:08 Num. 960703161 - Pág. 1
7º OFÍCIO
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(ÍZA) FEDERAL DA 15 a VARA

JF-DF-1013056-39.2019.4.01.3400-INQ
O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL manifesta-se ciente da decisão que

recebeu a denúncia, ao tempo em que aguarda as providências a cargo da Secretaria para os
http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave a24298d0.2c9a71fc.2f1ba2b5.291d50f9

fins de expedição de ofício ao YOUTUBE a fim de que proceda à suspensão do acesso ao
vídeo que é objeto da ação penal.


(61)33135115/5414/5630 www.mpf.mp.br/mpfservicos prdf-7oficio@mpf.mp.br
Página 1 de 1
CERTIDÃO
Certifico e dou fé que inclui no SINIC, o Boletim de Distribuição Judicial conforme se

segue.
Brasília- DF, 21 de março de 2022
Marlúcia Soares Silva
Técnico Judiciário
Assinado eletronicamente por: MARLUCIA SOARES SILVA - 21/03/2022 16:15:31 Num. 988315186 - Pág. 1
PODER JUDICIÁRIO
15ª VARA FEDERAL
PROCESSO: 1013056-39.2019.4.01.3400
CERTIDÃO
Certifico e dou fé que, nesta data, faço juntada de cálculo de prescrição da pretensão punitiva.
Brasília, 8 de abril de 2022.
Técnico(a) Judiciário(a)
Assinado eletronicamente por: VIVIANE DE OLIVEIRA COSTA - 08/04/2022 23:27:00 Num. 1022678281 - Pág. 1
08/04/2022 23:25 CALCULADORA DE PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA
CALCULADORA DE PRESCRIÇÃO DA
PRETENSÃO PUNITIVA
Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema
Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas - DMF
DADOS GERAIS
Nome do Acusado: DAVI ANDRÉ FARIAS DE MENEZES
Número do Processo: 1013056-39.2019.4.01.3400
Data de Nascimento: 12/07/1965 Idade Atual: 56 anos
Espécie de Prescrição da Pretensão Punitiva: Prescrição da Pretensão Punitiva em Abstrato
Máximo da Pena Prevista em Abstrato: 5a0m0d
Há causas especiais de aumento de pena?: Não
Há causas especiais de diminuição de pena,
Não
à exceção da tentativa?:
O crime é tentado?: Não
Data do Fato: 31/08/2015 - Idade nesta data: 50 anos
Data do Recebimento da Denúncia ou
17/02/2022
Queixa:
O processo permaneceu suspenso?: Não
O processo segue o procedimento do
Não
Tribunal do Juri?:
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA

Período Decorrido
Período de Desde o Último Marco,
Marco Interruptivo Data Situação
Suspensão deduzido Período de
Suspensão
Data do Fato 31/08/2015 0a0m0d 0a0m0d Válida
Data do Recebimento da Denúncia ou
17/02/2022 0a0m0d 6a5m17d Válida
Queixa
Data Atual 08/04/2022 0a0m0d 0a1m22d Válida
Pena em Abstrato: 5a0m0d
Faixa Etária: Entre 21 anos e 70 anos
Prazo Prescricional: 12a0m0d
Data Provável: 16/02/2034
Observação:
Data: 08/04/2022
Elaborado Por:
https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/calculadoras/calculadora_prescricao_prentensao_punitiva.html 1/1
PODER JUDICIÁRIO
SEPN Qd. 510, Bl. C, Prédio da Justiça Federal, Ed. Sede III, 5º Andar – Brasília/DF – CEP: 70750-523 – Fone: 3521-3629 – Email:
15vara.df@trf1.jus.br
CARTA PRECATÓRIA CRIMINAL Nº 132/2022
Processo Judicial Eletrônico nº 1013056-39.2019.4.01.3400
Classe:AÇÃO PENAL - PROCEDIMENTO ORDINÁRIO (283).
DEPRECANTE: JUÍZO FEDERAL DA 15ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO

FEDERAL
DEPRECADO: JUÍZO FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CAMPINA GRANDE-PB
FINALIDADE:
1. CITAR o acusado DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES CPF: 424.898.904-25 , residente na

Av. Flórida, nº 195, Bairro das Nações, Campina Grande/PB CEP: 58402-666, 2) AVENIDA
PRESIDENTE GETÚLIO VARGAS, 164, ANDAR 1, CENTRO, CAMPINA GRANDE - PB, CEP:
58400-052; 3) RUA OTACILIO DE ALBUQUERQUE, 98, CENTRO, CAMPINA GRANDE - PB -
CEP: 58400- 275 para apresentar reposta à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias, a
contar da efetiva ciência, nos termos da Súmula 710 do STF, oportunidade em que poderá arguir
preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações,
especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo suas
intimações, quando necessário, em face do disposto nos artigos 396 e 396-A da Lei n° 11.719/08.
2. INTIMAR de que a resposta escrita deverá ser subscrita por advogados regularmente
constituído; b) não sendo apresentada a resposta escrita no prazo de 10 (dez) dias ou não tendo
condições financeiras para constituir advogado, fica nomeada por este Juízo a Defensoria Pública
da União, ou , na sua falta, qualquer outro órgão de assistência judiciária local, para atuar na sua
defesa durante o curso do processo.
3. NOTIFICAR a declarar se possui condições financeiras para contratar advogado de confiança

para atuar em sua defesa.
OBSERVAÇÕES:
1. Solicito que determine ao Sr. Oficial de Justiça certificar, sob pena de repetição da diligência, a
resposta do citando acerca de sua condição financeira para constituir advogado (item 3). Nesse
caso, deverá orientá-lo a se dirigir ao serviço da Defensoria Pública da União ou qualquer outro
órgão de assistência judiciária local, para receber adequada orientação jurídica.
2. O processo digital está disponível na página da internet do Tribunal. As peças processuais

podem ser consultadas, mediante a utilização da chaves de acesso, no seguinte endereço:"
https://pje1g.trf1.jus.br/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam".
ANEXOS:
828258580 - Denúncia
934423172 - Decisão
CHAVES DE ACESSO:
Documentos associados ao processo
Título Tipo Chave de acesso**

Petição inicial Petição inicial 19052110531705600000055019237
ipl 871-18
Inquérito policial 19052110531719700000055019272
principal
ipl 871-18
apenso I 1ª parte
ipl 871-18
apenso I 2ª parte
ipl 871-18
apenso I 3ª parte
ipl 871-18
apenso I 4ª parte
ipl 871-18
apenso I 5ª parte
ipl 871-18 Inquérito policial 19052110531814200000055032638
apenso I 6ª parte
ipl 871-18
apenso II Vol. I
Certidão Certidão 19052213500450400000055446158
Despacho Despacho 19052218170465700000055479186
Intimação -
Intimação - Usuário do
Usuário do 19052415483376200000056185643
Sistema
Sistema
Parecer Parecer 19060315310578600000058403669
Outras peças Outras peças 19061716185692600000062043155
Lula doa terreno
para terroristas
do grupo Islã -
from youTube
Pedido do MP ao
JUIZ em Pedido do MP ao JUIZ em
21100513402947000000754715148
Procedimento Procedimento Investigatório
Investigatório
Documento
Documento Comprobatório 21100513402956300000754715149
Comprobatório
Intimação -
Usuário do 21100513403203000000754715151
Sistema
Sistema
Intimação -
Usuário do 21102017540923400000775760672
Sistema
Sistema
Parecer Parecer 21102617235225400000784199645
Denúncia Denúncia 21112317365517600000820523763
Documento
Comprobatório
Documento
Comprobatório
Documento
Comprobatório
Documento
Comprobatório
Intimação -
Usuário do 21112317365701600000820523768
Sistema
Sistema
Arquivo de vídeo Arquivo de vídeo 21112416045539400000820621747
WhatsApp Video
2021-11-23 at Arquivo de vídeo 21112416045581000000820621765
14.31.28
1 Arquivo de imagem 21112416045651700000821650244
Decisão Decisão 22021716534253100000925915359
Petição
Petição intercorrente 22031816004119700000976201874
intercorrente
SINIC Certidão 22032116153132300000979307367
PRESCRIÇÃO Certidão 22040823270060700001013346476
DAVI ANDRÉ Documento Comprobatório 22040823270080200001013346478
Sob as cominações legais, o que se cumpra. Dado e passado nesta cidade de

Brasília/DF, em 10 de abril de 2022. Eu, VOC, matrícula: , digitei.
FRANCISCO CODEVILA
Juiz Federal da 15ª Vara Criminal da SJDF
PODER JUDICIÁRIO
SEPN Qd. 510, Bl. C, Ed. Cidade do Cabo Frio, 5º Andar – Brasília/DF – CEP: 70750-523 – Fone: 3521-3628 – Email: 15vara.df@trf1.jus.br
Ofício/Sec-15 nº148/2022 Brasília-DF, 18 de abril de 2022
Referente: Processo nº. 1013056-39.2019.4.01.3400
Assunto: Comunica determinação judicial.
Senhor Diretor,
Cumprimentado Vossa Senhoria, comunico que, nos autos do processo acima indicado, foi
proferida decisão determinando a suspensão de acesso ao vídeo publicado na URL
https://www.youtube.com/watch?v=jCk- oeSv8ww&t=68.
Desta feita, nos termos da decisão anexa, determino que seja suspenso, o acesso ao
vídeo publicado na URL https://www.youtube.com/watch?v=jCk- oeSv8ww&t=68 e
www.youtube.com/watch?v=jCk-oeSv8ww.
Atenciosamente,
Renato Coelho Borelli
Juiz Federal Substituto da 15ª Vara
Assinado eletronicamente por: RENATO COELHO BORELLI - 18/04/2022 15:54:41 Num. 1031030762 - Pág. 1
Ilustríssimo Senhor
Diretor-Geral da Empresa Youtube Brasil

Avenida Brigadeiro Faria Lima 3477, 18º andar – Itaim Bibi
CEP 04538-133 – São Paulo/SP
Assinado eletronicamente por: RENATO COELHO BORELLI - 18/04/2022 15:54:41 Num. 1031030762 - Pág. 2
PODER JUDICIÁRIO
CERTIDÃO
Certifico que encaminhei o Ofício nº 148/2022

conforme se segue.
Brasília-DF, 20/04/2022.
Marlúcia Soares Silva

Técnico Judiciário
AVISO DE AGÊNCIA CONTRATO
RECEBIMENTO
DESTINATÁRIO : CARIMBO e UNIDADE
Diretor-Geral da Empresa Youtube Brasil DE ENTREGA
TENTATIVAS DE ENTREGA
Avenida Brigadeiro Faria Lima 3477, 18º andar - ITAIM BIBI 1ª h

:
04538-133 SÃO PAULO - SP
2ª : h
3ª : h
ATENÇÃO
Após 3(três) tentativas de entrega, devolver o objeto.
ENDEREÇO PARA DEVOLUÇÃO DO AR
MOTIVOS DA DEVOLUÇÃO
1 Mudou-se 5 Recusado
SAS Quadra 04, Bloco D, Lote 07, 3º Andar - Ed. Sede II - Setor de Autarquias Su
2 Endereço Insuficiente 6 Não Procurado
70070-901 BRASILIA - DF RUBRICA E MATRICULA
3 Não Existe o Número 7 Ausente
DO CARTEIRO
DECLARAÇÃO DO CONTEÚDO
15VARA OFÍCIO - 1013056-39.2019/2022 - ofício 148/2022 4 Desconhecido 8 Falecido
9 Outros
ASSINATURA DO RECEBEDOR DATA DE ENTREGA
NOME LEGIVEL DO RECEBEDOR Nº DOCUMENTO DE IDENTIDADE
PODER JUDICIÁRIO
15ª VARA FEDERAL
PROCESSO: 1013056-39.2019.4.01.3400
CERTIDÃO
Certifico e dou fé que, nesta data, faço remessa da CP 132/2022, via malote digital, à Subseção
Judiciária de Campina Grande-PB.
Técnico(a) Judiciário(a)
02/05/2022 19:24 https://malotedigital.cjf.jus.br/malotedigital/popup.jsf
Impresso em: 02/05/2022 às 19:24
RECIBO DE DOCUMENTO ENVIADO E NÃO LIDO

Código de
401202210081653
rastreabilidade:
Documento: CP 132.pdf
Remetente: SJDF - 15ª VARA ( Viviane de Oliveira Costa S. Campos )
Destinatário: Distribuição das Varas Comuns de Campina Grande ( TRF5 )
Data de Envio: 02/05/2022 19:22:51
Ciência e cumprimento da CP 132/2022, para CITAÇÃO, processo NOSSO 1013056-
Assunto:
39.2019.4.01.3400.
Código de
401202210081655
rastreabilidade:
Documento: DECISÃO DAVI ANDRE.pdf
Data de Envio: 02/05/2022 19:22:51
Assunto:
39.2019.4.01.3400.
Código de
401202210081654
rastreabilidade:
Documento: DENUNCIA DAVI ANDRE.pdf
Data de Envio: 02/05/2022 19:22:51
Assunto:
39.2019.4.01.3400.
https://malotedigital.cjf.jus.br/malotedigital/popup.jsf 1/1
PODER JUDICIÁRIO
15ª VARA FEDERAL
PROCESSO: 1013056-39.2019.4.01.3400
JUNTADA
Nesta data, faço juntada dos documentos que seguem.
datado e assinado digitalmente
Assinado eletronicamente por: IOLANGELA IZIDORIO DE FARIA - 19/05/2022 11:20:57 Num. 1089805782 - Pág. 1
PODER JUDICIÁRIO
15ª VARA FEDERAL
PROCESSO: 1013056-39.2019.4.01.3400
JUNTADA
PODER JUDICIÁRIO
15ª VARA FEDERAL
PROCESSO: 1013056-39.2019.4.01.3400
JUNTADA
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
PODER JUDICIÁRIO
MALOTE DIGITAL
Tipo de documento: Informações Processuais

Código de rastreabilidade: 405202210333952
Nome original: Carta Precatória n. 0800954-03.2022.4.05.8201.pdf
Data: 22/06/2022 11:38:31
Remetente:
Vania
SJPB - Diretoria da 4ª Vara
Tribunal Regional Federal da 5ª Região
Prioridade: Normal.
Motivo de envio: Para conhecimento.
Assunto: Devolução da carta precatória n. 0800954-03.2022.4.05.8201 referente à ação pena
l n. 1013056-39.2019.4.01.3400
Consulta Processual
22/06/2022
Número: 0800954-03.2022.4.05.8201
Classe: CARTA PRECATÓRIA CRIMINAL
Partes
Tipo Nome
DEPRECANTE MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
DEPRECADO DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES
DEPRECANTE JUÍZO FEDERAL DA 15ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO
FEDERAL
Documentos
Id. Data/Hora Documento Tipo
4058201.1019661 21/06/2022 Certidão de expediente físico Certidão de expediente físico
6 15:03
4058201.1019661 21/06/2022 MANDADO Id.4058201.9892701 Documento de Comprovação
7 15:03
4058201.9963171 16/05/2022 Despacho Inspeção - 720 - INSPEÇÃO GERAL Despacho Inspeção
20:38 ORDINÁRIA - 2022
4058201.9892701 03/05/2022 Mandado Expediente
15:32
4058201.9892396 03/05/2022 Certidão de Distribuição Certidão
12:48
4058201.9892390 03/05/2022 Certidão de Protocolo Petição Inicial
12:48
4058201.9892391 03/05/2022 CP 132 Documento de Comprovação
12:48
4058201.9892392 03/05/2022 DENUNCIA DAVI ANDRE Documento de Comprovação
12:48
4058201.9892394 03/05/2022 DECISÃO DAVI ANDRE Documento de Comprovação
12:48
PROCESSO Nº: 0800954-03.2022.4.05.8201 - CARTA PRECATÓRIA CRIMINAL
DEPRECANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
DEPRECADO: DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES
4ª VARA FEDERAL - PB (JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO)
CERTIDÃO
Certifico que compareci aos 3 endereços indicados no mandado por inúmeras vezes e não logrei êxito,
pois:
1) Na Av. Flórida (também conhecida por Av. Bélgica), 195, bairro das Nações, Campina
Grande/PB , fui informado por um senhor (que disse se chamar Ivan Fábio) de que ali atualmente não
mora pessoa de nome DAVI ANDRÉ FARIAS DE MENEZES e nem me disse onde poderia encontrá-lo
afirmando não saber;
2) Na Av. Pres. Getúlio Vargas, 164, Centro, Campina Grande/PB , fui informado de que atualmente
não mora pessoa de nome DAVI ANDRÉ FARIAS DE MENEZES e nem me disse onde poderia
encontrá-lo afirmando não saber. Fui informado de que aquele primeiro andar hoje é ocupado por uma
movelaria (com frente para a rua de trás) e os funcionários dessa movelaria também disseram não
conhecer pessoa de nome DAVI ANDRÉ FARIAS DE MENEZES;
3) Na Rua Otacílio de Albuquerque, 98, Centro, Campina Grande/PB, vi que hoje se trata de um
estacionamento rotativo que só funciona nesse mês e no período noturno (próximo ao Parque do Povo
onde acontece "o Maior São João do Mundo" durante 30 dias de festa). Também os funcionários disseram
não conhecer pessoa de nome DAVI ANDRÉ FARIAS DE MENEZES;
Assim,como não consegui localizar o citando, diante das informações recebidas, devolvo o mandado para
os fins devidos no aguardo de novas determinações.
Assinado eletronicamente
Oficial de Justiça Avaliador Federal
Processo: 0800954-03.2022.4.05.8201
Assinado eletronicamente por:
ALEXANDRE DANTAS - Oficial de Justiça Distribuidor
22062114510196200000010227121
Data e hora da assinatura: 21/06/2022 15:03:42
Identificador: 4058201.10196616
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfpb.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 1/1
1/2
Processo: 0800954-03.2022.4.05.8201
ALEXANDRE DANTAS - Oficial de Justiça Distribuidor
22062115025467700000010227122
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL NA PARAÍBA
4ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DA PARAÍBA
SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CAMPINA GRANDE
INSPEÇÃO GERAL ORDINÁRIA
16 a 20 de maio de 2022
VISTOS EM INSPEÇÃO.
PROCESSO EM ORDEM.
Campina Grande/PB, data da validação no sistema.
VINÍCIUS COSTA VIDOR
JUIZ FEDERAL TITULAR DA 4ª VARA/PB
Processo: 0800954-03.2022.4.05.8201
VINICIUS COSTA VIDOR - Magistrado
22051621124858800000009991715
PODER JUDICIÁRIO
QUARTA VARA FEDERAL

4ª VARA FEDERAL - PB (JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO)
MANDADO DE CITAÇÃO
A Doutora KATHERINE BEZERRA CARVALHO DE MELO , JUÍZA FEDERAL SUBSTITUTA NO EXERCÍCIO DA

TITULARIDADE DA 4ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DA PARAÍBA, SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CAMPINA
GRANDE/PB , na forma da lei etc.
MANDA a qualquer Oficial de Justiça Avaliador deste Juízo a quem for este apresentado, passado nos autos em epígrafe que, em
seu cumprimento, CITE :
DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES CPF: 424.898.904-25 , podendo ser encontrado na:
Av. FLÓRIDA, nº 195, BAIRRO DAS NAÇÕES, CAMPINA GRANDE - PB, CEP: 58402-666,
AVENIDA PRESIDENTE GETÚLIO VARGAS, 164, ANDAR 1, CENTRO, CAMPINA GRANDE - PB, CEP:
58400-052;
RUA OTACILIO DE ALBUQUERQUE, 98, CENTRO, CAMPINA GRANDE - PB -CEP: 58400- 275
para responder à acusação nos AUTOS DA AÇÃO PENAL N. 1013056-39.2019.4.01.3400, EM TRÂMITE NA 15ª VARA DA
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL , por escrito, no prazo de 10 (dez) dias , a contar da efetiva ciência, nos
termos da Súmula 710 do STF, oportunidade em que poderá arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa,
oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo suas
INTIMAR de que a resposta escrita deverá ser subscrita por advogados regularmente constituído; b) não sendo apresentada a
resposta escrita no prazo de 10 (dez) dias ou não tendo condições financeiras para constituir advogado, fica nomeada por este
Juízo a Defensoria Pública da União, ou , na sua falta, qualquer outro órgão de assistência judiciária local, para atuar na sua defesa
durante o curso do processo.
NOTIFICAR a declarar se possui condições financeiras para contratar advogado de confiança para atuar em sua defesa.
Fica(m), ainda, o(s) réu(s) advertido(s) que a presente ação foi distribuída através do Sistema de Processo Judicial
Eletrônico. Diante disso, a resposta a esta ação, por meio de advogado devidamente habilitado, também terá que ser feita
de modo eletrônico, conforme Ato n. 276 do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, de 15 de junho de 2010.
1/2
ANEXO(S): cópia da carta precatória de ID n. 9892391, da decisão de ID n. 9892394 e da denúncia de ID n. 9892392.
Cientifique-se que este juízo funciona no Fórum da Justiça Federal, localizado na Rua Edgard Vilarim Meira, s/n, Liberdade,
Campina Grande/PB, com expediente no horário das 09h00 às 16h00, de segunda a sexta-feira.
CUMPRA-SE na forma e sob as penas da lei. Dado e passado pela Secretaria da 4ª Vara Federal, na cidade de Campina
Grande/PB. Eu, Vania Karina Mangueira Martins Coutinho, Técnica Judiciária, o digitei. E eu, Diretor de Secretaria, o conferi e
assino por ordem do Juiz, nos termos do artigo 250, VI, do Código de Processo Civil.
ANRY HERMAN SOUZA DE LIMA

DIRETOR DE SECRETARIA DA 4ª VARA/PB
FÓRUM JUIZ FEDERAL NEREU SANTOS - Rua Edgard Vilarim Meira, s/n, Liberdade - Campina Grande/PB - CEP 58410-052
Fone (83) 98125-2103 / (83) 2101-9100 - www.jfpb.jus.br - 4vara@jfpb.jus.br
Processo: 0800954-03.2022.4.05.8201
ANRY HERMAN SOUZA DE LIMA - Diretor de Secretaria
22050313482733600000009920717
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL 5ª REGIÃO
PROCESSO Nº: 0800954-03.2022.4.05.8201
CLASSE: CARTA PRECATÓRIA CRIMINAL
Certidão de Distribuição
Tipo da Distribuição: Sorteio.

Concorreu(ram): 4ª VARA FEDERAL, 6ª VARA FEDERAL.
Impedido(s): -
Distribuído para: 4ª VARA FEDERAL.
Processo: 0800954-03.2022.4.05.8201
Data e hora da inclusão: 03/05/2022 12:48:55
1/1
Carta Precatória Criminal 132/2022, expedida nos autos da Ação Penal n .1013056-39.2019.4.01.3400,
com a finalidade de promover a CITAÇÃO do acusado DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES.
Processo: 0800954-03.2022.4.05.8201
CARLOS ALBERTO DE LIMA - Servidor Cadastrador
22050312441271000000009920405
PODER JUDICIÁRIO

FEDERAL
FINALIDADE:
1. CITAR o acusado DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES CPF: 424.898.904-25 , residente na

Av. Flórida, nº 195, Bairro das Nações, Campina Grande/PB CEP: 58402-666, 2) AVENIDA
PRESIDENTE GETÚLIO VARGAS, 164, ANDAR 1, CENTRO, CAMPINA GRANDE - PB, CEP:
58400-052; 3) RUA OTACILIO DE ALBUQUERQUE, 98, CENTRO, CAMPINA GRANDE - PB -
CEP: 58400- 275 para apresentar reposta à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias, a
contar da efetiva ciência, nos termos da Súmula 710 do STF, oportunidade em que poderá arguir
preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações,
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22041214294986500001013918472
3/6
especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo suas
2. INTIMAR de que a resposta escrita deverá ser subscrita por advogados regularmente
constituído; b) não sendo apresentada a resposta escrita no prazo de 10 (dez) dias ou não tendo
condições financeiras para constituir advogado, fica nomeada por este Juízo a Defensoria Pública
da União, ou , na sua falta, qualquer outro órgão de assistência judiciária local, para atuar na sua
defesa durante o curso do processo.
3. NOTIFICAR a declarar se possui condições financeiras para contratar advogado de confiança

para atuar em sua defesa.
OBSERVAÇÕES:
1. Solicito que determine ao Sr. Oficial de Justiça certificar, sob pena de repetição da diligência, a
resposta do citando acerca de sua condição financeira para constituir advogado (item 3). Nesse
caso, deverá orientá-lo a se dirigir ao serviço da Defensoria Pública da União ou qualquer outro
órgão de assistência judiciária local, para receber adequada orientação jurídica.
2. O processo digital está disponível na página da internet do Tribunal. As peças processuais

podem ser consultadas, mediante a utilização da chaves de acesso, no seguinte endereço:"
ANEXOS:
828258580 - Denúncia
934423172 - Decisão
CHAVES DE ACESSO:

ipl 871-18
principal
ipl 871-18
apenso I 1ª parte
ipl 871-18
apenso I 2ª parte
ipl 871-18
apenso I 3ª parte
ipl 871-18
apenso I 4ª parte
ipl 871-18
apenso I 5ª parte
ipl 871-18 Inquérito policial 19052110531814200000055032638
4/6
apenso I 6ª parte
ipl 871-18
apenso II Vol. I
Intimação -
Usuário do 19052415483376200000056185643
Sistema
Sistema
Parecer Parecer 19060315310578600000058403669
Lula doa terreno
para terroristas
do grupo Islã -
from youTube
Pedido do MP ao
21100513402947000000754715148
Investigatório
Documento
Comprobatório
Intimação -
Usuário do 21100513403203000000754715151
Sistema
Sistema
Intimação -
Usuário do 21102017540923400000775760672
Sistema
Sistema
Parecer Parecer 21102617235225400000784199645
Documento
Comprobatório
Documento
Comprobatório
Documento
Comprobatório
Documento
Comprobatório
Intimação -
Usuário do 21112317365701600000820523768
Sistema
Sistema
WhatsApp Video
14.31.28
Decisão Decisão 22021716534253100000925915359
Petição
intercorrente
SINIC Certidão 22032116153132300000979307367
5/6

Brasília/DF, em 10 de abril de 2022. Eu, VOC, matrícula: , digitei.
FRANCISCO CODEVILA
Processo: 0800954-03.2022.4.05.8201
AssinadoALBERTO
CARLOS eletronicamente
DE LIMApor:-FRANCISCO RENATO CODEVILA PINHEIRO FILHO - 12/04/2022 14:29:49
Servidor Cadastrador Num. 1023253789 - Pág. 4
22050312463744800000009920406
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL
MANDADO DE INTIMAÇÃO
VIA SISTEMA
PROCESSO: 1013056-39.2019.4.01.3400
POLO ATIVO: MINISTERIO PUBLICO FEDERAL
INTIMAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
FINALIDADE: Intimar o MPF acerca do(a) ato ordinatório/despacho/decisão/sentença proferido(a) nos autos do
processo em epígrafe.
OBSERVAÇÃO 1: DA COMUNICAÇÃO ELETRÔNICA DOS ATOS PROCESSUAIS (art. 5º, § 3º, da Lei n. 11.419/06:
A consulta referida nos §§ 1o e 2o deste artigo deverá ser feita em até 10 (dez) dias corridos contados da data
do envio da intimação, sob pena de considerar-se a intimação automaticamente realizada na data do término
desse prazo).
OBSERVAÇÃO 2: Quando da resposta a este expediente, deve ser selecionada a intimação a que ela se refere no
campo “Marque os expedientes que pretende responder com esta petição”, sob pena de o sistema não vincular a
petição de resposta à intimação, com o consequente lançamento de decurso de prazo. Para maiores informações, favor
consultar o Manual do PJe para Advogados e Procuradores em http://portal.trf1.jus.br/portaltrf1/processual/processo-
judicial-eletronico/pje/tutoriais.
BRASÍLIA, 27 de junho de 2022.
Diretor(a) de Secretaria do(a) 15ª Vara Federal Criminal da SJDF

7º OFÍCIO
Documento assinado via Token digitalmente por PETERSON DE PAULA PEREIRA, em 01/07/2022 13:41. Para verificar a assinatura acesse
JF-DF-1013056-39.2019.4.01.3400-APN
O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, em atenção ao ID 1170874276 -

Intimação Ministério Público, e tendo em vista tudo o que consta do ID 1163581748 - Carta
precatória devolvida, vem requerer sejam expedidas cartas precatórias para a citação do
http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 114bcc56.ef84f8f2.4aedcc00.8cdd5170

denunciado nos seguintes endereços, cf. indicados no anexo relatório de pesquisa:
1) CONJUNTO WILSON MARTINS FILHO, CASA 30, QUADRA 13,

VALE DO GAVIÃO, TERESINA - PI, CEP: 64069-130;
2) AV SAPÉ, Nº 1800, APT 302, MANAÍRA, JOÃO PESSOA - PB, CEP:
58038-382.
Na mesma oportunidade, o Parquet informa os seguintes números de telefone

e e-mail, através dos quais poderá ser tentada a comunicação com o réu:
1) Telefones: (86) 999030995 e (83) 3322-1341;
2) E-mail: kline_c.silva@hotmail.com
PETERSON DE PAULA PEREIRA

PROCURADOR DA REPÚBLICA
(Em substituição)

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Assinado eletronicamente por: PETERSON DE PAULA PEREIRA - 01/07/2022 13:41:40 Num. 1180828750 - Pág. 1
30 de Junho de 2022
1472/2022
Unidade Solicitante: PROCURADORIA DA Autoridade Requerente: Excelentíssimo Senhor

REPUBLICA - DISTRITO FEDERAL Procurador da República Dr. PETERSON DE PAULA
PEREIRA
Ementa: No interesse da instrução do Processo/Procedimento. Nº 1013056.39.2019.4.01.3400 - Pesquisa sobre DAVI

ANDRE FARIAS DE MENESES, CPF 424.898.904-25
Cumprimentando-o, em atendimento a solicitação de Vossa Excelência contida no Pedido de Pesquisa Nº

em 30/06/2022, apresentamos o levantamento das pesquisas coligidas a respeito de DAVI ANDRE FARIAS DE
MENESES, CPF 424.898.904-25.

30 de Junho de 2022
QUALIFICAÇÃO
1. De acordo com os dados obtidos nos sistemas da Receita Federal e no Departamento Nacional de Trânsito, o(a)
OLIVEIRA.
Fonte: Base da Receita Federal/CPF, atualizada em 04/04/09 e enviada ao MPF pelo SERPRO em 23/07/21; e do
DENATRAN-RENACH, atualizada em 09/08/2019.
2. De acordo com informações encontradas no sistema do DENATRAN- RENACH:

CPF: 42489890425
Sexo: MASCULINO
Categoria Atual: AB
30/06/2022
ENDEREÇO
1) AVENIDA FLORIDA 195, NAÇÕES, CAMPINA GRANDE, PB, CEP: 58103203
Telefone: (0083) 91181166 / (83) 8750-7201
(Fontes: Ministério da Economia-SERPRO, Ministério da Justiça-Sinesp-Renach, base de dados mantida pela
SPPEA/PGR/MPF - TSE Eleitores/ CADSUS, Credilink e sítio dos Correios)
2) CONJUNTO WILSON MARTINS FILHO CASA 30 QUADRA 13, VALE DO GAVIÃO, TERESINA - PI, CEP: 64069-130
Telefone: 86 999030995 / 83 33221341
E-mail: kline_c.silva@hotmail.com
(Fontes: SPC Brasil e sítio dos Correios)
3) AV SAPÉ 1800 APT 302, MANAÍRA, JOÃO PESSOA - PB, CEP: 58038-382
(Fontes: Credilink e sítio dos Correios)

30 de Junho de 2022
RASTREAMENTO SOCIETÁRIO
Na base de dados da Receita Federal, o CPF pesquisado consta no quadro societário de 2 pessoas jurídicas:
1. MEXENDO COM SONHOS PROMOCOES E EVENTOS LTDA / CNPJ: 00848121000198

Situação: BAIXADA em 09/02/15
Endereço: LOTEAMENTO JARDIM CAMBOINHA, número SN, QD 44 LT 07 CAMBOINHA, CABEDELO-PB, CEP:
58100100
SOCIO com 50.00% de participação na pessoa jurídica. A partir de: 10/10/1995
Telefone primário: 83 32461566
Telefone secundário: NÃO ESPECIFICADO
2. ASSOCIACAO JUDAICA AMIGOS DA TORA / CNPJ: 10629116000148
Situação: INAPTA em 02/10/18
Endereço: RUA FLORIDA, número 195, DAS NACOES, CAMPINA GRANDE-PB, CEP: 58402666
PRESIDENTE com 0.00% de participação na pessoa jurídica. A partir de: 10/02/2009
Responsabilidades
No sistema da Receita Federal consta que o CPF pesquisado é responsável por 3 entidade(s):
ASSOCIACAO JUDAICA AMIGOS DA TORA (10.629.116/0001-48)

Situação cadastral: Inapta
CONGREGACAO JUDAICO-MESSIANICA ''BEIT TESHUVA'' (08.758.160/0001-06)

Situação cadastral: Inapta
DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES (12.608.980/0001-99)

Situação cadastral: Baixada
VÍNCULOS EMPREGATÍCIOS
Segue anexa relação de vínculos empregatícios do pesquisado consultada no Cadastro Nacional de Informações Sociais
– CNIS.
Obs.: Não localizamos vínculo empregatício atual do pesquisado.
Respeitosamente,
___________________________________________

Anexos
30 de Junho de 2022
ANEXO_CNIS.pdf (SHA1: 33abbb53c4c4ec81a4f32b08cdcccc39f5d1ed37)

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Assinado eletronicamente por: PETERSON DE PAULA PEREIRA - 01/07/2022 13:41:40

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Num. 1180828751 - Pág. 5
Petição em anexo.
Assinado eletronicamente por: EVERSON COELHO DE LIMA - 01/07/2022 16:10:33 Num. 1181201278 - Pág. 1
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE
DIREITO DA 15ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO
DISTRITO FEDERAL – DF.
Autos n°. 1013056-39.2019.4.01.3400
Davi André Farias de Meneses, devidamente

qualificado nos autos em epígrafe, através do seu advogado e bastante
procurador “in fine” assinado, vem respeitosamente a presença de Vossa
Excelência, requerer que Everson Coelho de Lima, inscrito na OAB/PB sob
o n° 20.294, conforme procuração em anexo, seja habilitado no presente
feito, passando a receber todas as intimações e comunicações de estilo,
tudo por ser de direito e Justiça.
N. Termos,
P. Deferimento.
Brasília/DF, 01 de julho de 2022.
Everson Coelho de Lima

OAB/PB 20.294
Rua: Antônio de Souza Leão, nº. 204, Jardim Oceania, João Pessoa/PB, Contato: (83) 9.8898-2343
email: everson_cl@hotmail.com
PODER JUDICIÁRIO
PROCESSO: 1013056-39.2019.4.01.3400
CERTIDÃO
CERTIFICO que, em cumprimento ao ato judicial, cadastrei o(s) advogado(s) constante da
procuração id 1181212277. Do que para constar, lavrei o presente termo.
Brasília/DF, 04/07/2022.
PODER JUDICIÁRIO
15ª VARA FEDERAL
PROCESSO: 1013056-39.2019.4.01.3400
ATO ORDINATÓRIO
Em face da delegação atribuída ao diretor de secretaria, nos termos dos artigos 220 e 221 do Provimento
COGER 10126799, de 28/04/2020, e Portarias nºs. 001, de 30.05.2006 publicada em 02.06.2006 e nº. 001, de
07.01.2009, publicadas em 21.01.2009:
Observação:
- Secretaria: Cumprir o(s) item(ns) numerados na ordem indicada.
- Partes: Este ato serve como mandado de intimação de todo o teor do processo quando certificada a intimação
via sistema.
PRIORIDADE: (-) Réu preso (-) Idoso (-) Doença Grave (-) Urgente (-) Meta 2-CNJ
- Aguarde-se a audiência designada.
Aguarde-se o decurso de prazo do MPF ou DPU ou Defesa ou Polícia ou apresentação de
- manifestação. Após, faça-se concluso para (-) decisão (-) despacho.
- À SECAJ para atendimento do despacho / decisão / sentença id XXXXX.
- À Secretaria para promover a associação entre os processos, conforme requerido.
- Atualize(m)-se o(s) sistema(s) (-) SINIC (-) BNMP 2.0.
Cadastre(m)-se e habilite(m)-se o(s) advogado(s) de defesa, conforme procura çã o /
x substabelecimento id 1181212277, nos termos do despacho/decisão id 934423172. Intime(m)-
se. Registro que a nova intimação não modifica eventual prazo em andamento ou decorrido.
- Cumpra-se com urgência. Processo com (-) audiência próxima (-) meta 2/CNJ (-) réu preso
- Devolva-se ao arquivo.
- Devolva-se a presente carta precatória ao juízo deprecante.
Diligencie-se, para cumprimento do(a) desp/dec/sent id XXXXXX, junto a Secretaria da XXª
Vara para informar se os bens apreendidos estão acautelado naquela unidade. Se a
- resposta for negativa, diligencie-se junto à PF/DF para informar a localização do bens.
Não sendo localizados os bens, faça-se vista ao MPF.
Diligencie-se junto ao juízo deprecado solicitando informações quanto ao cumprimento da
- carta precatória id XXXXXX.
Disponibilize-se os arquivos das mídias digitais acauteladas no juízo através de link do
- onedrive, conforme requerido no id XXXXX. Uma vez disponível, intime(m)-se.
Efetue-se o upload dos arquivos das mídias digitais apresentadas no id XXXXXX para pasta W
- e registre-se no sistema de controle deste juízo.
IPL registrado, nos termos do art. 361, do Provimento Geral 10126799, com pedido de
- prazo ou com Relatório Final. Vista ao MPF. Prazo: 15 dias.
Intime-se a Autoridade Polícia para cumprimento / manifestação sobre id XXXXXX. Prazo: 05
- dias.
Intime(m)-se, por publicação, o(s) advogados da procuração id XXXX para
- providenciar(em) cadastro junto ao PJe para acesso e acompanhamento do processo.
Conforme Manifestação do MPF, intime-se a Polícia Federal para continuidade das
- investigações. Após, promova-se a baixa para tramitação direta entre o MPF e a Polícia
Federal.
- Reitere(m)-se o ofício / e-mail / malote digital id XXXXX.
Registre-se os dados do(s) réu(s) no controle deste juízo e no BNMP 2.0. Anote-se no
- processo com a ferramenta etiqueta.
- Registro petição protocolada após início do prazo em andamento.
Registre(m)-se os bem(ns) apreendido(s) id XXXX, no controle deste juízo e no sistema
- Bens apreendidos do CNJ. Anote-se no processo com a ferramenta "etiqueta".
Registro que o(s) documento(s) id(s) XXXXXXXXX foi(ram) protocolado(s) como sigiloso(s),
-
sem visibilidade para parte contrária, polícia e serventuários da justiça.
- Vista a Defesa. Prazo: 05 dias.
Vista a DPU, nos termos do decisão id XXXXXX, para assumir a defesa do
- réu XXXXXXXXXXX e promover resposta a acusação. Prazo: 10 dias.
- Vista a DPU. Prazo: 05 dias.
- Vista ao MPF. Prazo: 05 dias
- Vista ao MPF. Prazo: 15 dias
Vista ao MPF sobre pedido de acesso formulado por advogado(a): ( ) acesso/habilitação ( )
- outros pedidos. Prazo: 05 dias.
- Vista ao MPF para Correição, nos termos do Despacho anexo a este ato.
Datado e assinado digitalmente
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL
PROCESSO: 1013056-39.2019.4.01.3400
REPRESENTANTES POLO PASSIVO: EVERSON COELHO DE LIMA - PB20294
INTIMAÇÃO DAS PARTES
Ato ordinatório de ID 1185613255
Partes intimadas do ato proferido:
DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES:

Meio: Sistema
Prazo: 5 dias
Ato ordinatório ficará disponível para visualização pelo(s) destinatário(s) acima somente
após o registro da ciência (tácita ou expressa) - Lei 11.419/2006.
Para os demais usuários (não indicados acima), o documento ficará disponível após o
registro de ciência por todos os destinatários indicados.
BRASÍLIA, 6 de julho de 2022.
Resposta à Acusação_Davi André Farias de Meneses em PDF Anexo.
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA 15ª
VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL – DF.
Autos n°. 1013056-39.2019.4.01.3400
Davi André Farias de Meneses, devidamente qualificado nos

autos em epígrafe, por intermédio do seu advogado legalmente constituído, vem
respeitosamente a presença de Vossa Excelência, apresentar
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
Com fundamento no artigo 396 e 396-A do Código de Processo

Penal, pelos fatos e fundamento a seguir expostos:
I – BREVE SINOPSE PROCESSUAL
O Ministério Público Federal ofereceu denúncia em face do

acusado, imputando-lhe a conduta delituosa previstas no artigo 20, § 2º, da Lei
7.716/89. Segundo consta da denúncia, que o acusado teria por intermédio de
publicação de um vídeo em rede social (you tube), emitido comentários em que
supostamente, praticou, induziu e incitou a discriminação ou preconceito contra a
religião islâmica e seus praticantes.
O citado vídeo foi produzido na data 31.08.2015, em frente à um

edifício em construção que abrigaria a Embaixada da Palestina em Brasília/DF, sendo
postado na rede social (You tube), por meio do qual teria proferido discurso com
conteúdo ofensivo, a detratar a comunidade Islâmica, e com a finalidade de induzir ou
incitar terceiros a fazer o mesmo. Conforme se depreende da simples leitura da
denúncia constate nos autos.
II – DO DIREITO
Todavia, a peça inicial acusatória, se refere a um vídeo veiculado

em um rede social, onde foram emitidas opiniões e, pontos de vistas acerca de tema
bastante controverso, haja vista que o acusado se referiu a um seleto grupo radical
islâmico “HAMAS”, conhecido no mundo inteiro como um grupo terrorista, que se
utiliza de práticas violentas, e, cuja finalidade é lutar contra o Estado democrático de
Israel, conforme ilustração de pesquisa extraída da internet, a seguir:
Imagens 01 extraída do Site: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/hamas.htm
Imagens 02 extraída do Site: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/hamas.htm
Conforme acima demonstrado, a informação descrita pelo
Ministério Público na referida Denúncia, é amplamente divulgada nos grandes
veículos de comunicação televisa e digital do mundo inteiro, no entanto, não se trata
de uma informação vaga e isolada pronunciada apenas pelo Denunciado, por esse
motivo, não merecem prosperar a denúncia ora imputada em desfavor de Davi André
Farias de Meneses.
A impossibilidade jurídica esta demonstrada no fato de a denúncia

estar fundada em fato manifestamente atípico, ou seja, não guarda subsunção a
qualquer tipo penal em vigor e não configura nem ao menos, em tese, a prática de um
delito, posto que, o acusado apenas emitiu uma opinião, com base em informações
facilmente encontrada na Internet, portanto, conforme preceitua os princípios
constitucionais constantes em nosso ordenamento jurídico a seguir:
Artigo 5º, inciso IV da Constituição Federal Brasileira:
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer

natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.
A conduta praticada pelo denunciado, está legalmente amparada

na garantia constitucional da liberdade de expressão, direito que foi exercido de modo
razoável, sem violar outros valores constitucionalmente garantidos, feito nos limites
de outras tantas opiniões atualmente exaradas por outros cidadãos, não apenas em
redes sociais, como também nos mais diversos meios de comunicações existentes.
Outrossim, presume-se que não houve por parte do Acusado

qualquer intenção de provocar eventuais atos discriminatórios, vejamos trecho do
relatório final do inquérito policial:
Imagem 01 extraída do IPL nº. 871/2018-4 SR/DF/PF
Imagem 02 extraída do IPL nº. 871/2018-4 SR/DF/PF
Nesse contexto, está demonstrado nitidamente o equívoco

contido na peça inicial acusatória a considerar as informação como uma infração
penal, quando na verdade o denunciado emitiu uma opinião com a intenções de alerta
a população brasileira, acerca do mau uso de dinheiro público, tanto é verdade, que
não houve manifestações, ou mesmo movimentos alusivos à práticas de
discriminação de grupo religioso, o que comprova na prática que o citado vídeo não
gerou qualquer repercussão social, logo, percebe-se que não há elementos
comprobatórios que atestem de fato, que o bem jurídico protegido pela norma
supostamente violada, tenha sido ofendido.
Destarte, salvo melhor e mais aprimorado conhecimento técnico

jurídico de Vossa Excelência, não há como extrair certeza desse contexto todo, a
ponto de encontrar claramente aberto o caminho ao acolhimento da Peça Exordial
Acusatória, pelo que deve ser de plano rejeitada por douto Juízo, conforme preceitua
o artigo 395, Inc. III, do Código de Processo Penal, haja vista faltar justa causa para o
exercício da ação penal.
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada

pela Lei nº 11.719, de 2008).
III – faltar justa causa para o exercício da ação penal. (Incluído pela Lei
nº 11.719, de 2008).
Como regra geral, Sabe-se que a prova judiciária, tem um claro,

claríssimo objetivo, qual seja, a reconstrução dos fatos investigados no processo,
buscando a maior coincidência possível com a realidade histórica, isto é, com a
verdade dos fatos. No caso em comento, a prova produzida apresentada não é
suficiente para dar seguimento uma ação penal, deve-se, por isso, absolver o acusado
sumariamente, nos termos art. 397, inciso III, do Código de Processo Penal.
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos,

deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando
verificar: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou (Incluído
pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer-se:
a) Seja recebida a presente resposta à acusação, para que surta
os efeitos legais, bem como, a anulação da peça exordial acusatória por falta de justa
causa para o exercício da ação penal, o que se faz com fulcro nos termos do artigo
395, Inc. III, do Código de Processo Penal;
b) Caso não seja o entendimento de Vossa Excelência, deve-se

absolver o acusado sumariamente, nos termos art. 397, inciso III, do Código de
Processo Penal, pelos motivos acima expostos.
Protesta provar o alegado por todas as provas em direito

admitidas, inclusive oitiva da testemunha que serão arroladas em momento oportuno,
tudo por ser de direito e mais salutar Justiça.
N. Termos,
P. Deferimento.
Brasília/DF, 10 de julho de 2022.
Everson Coelho de Lima

OAB/PB 20.294
PODER JUDICIÁRIO
1013056-39.2019.4.01.3400
AÇÃO PENAL - PROCEDIMENTO ORDINÁRIO (283)
CONCLUSÃO
Brasília, 11/07/2022.
PROCESSO : 1013056-39.2019.4.01.3400
CLASSE : AÇÃO PENAL - PROCEDIMENTO ORDINÁRIO (283)
AUTOR : AUTORIDADE: MINISTERIO PUBLICO FEDERAL
RÉU DENUNCIADO: DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES
DESPACHO
Remetam-se os autos à Procuradoria da República no Distrito Federal para análise

e manifestação, considerando as argumentações apresentadas pelo denunciado na resposta à
acusação (id 1202053747).
Após, conclusos para deliberação.
Brasília-DF, datado eletronicamente
Diego Câmara Alves
Juiz Federal Substituto da 17ª Vara Federal/SJDF
Respondendo pela 15ª Vara
Assinado eletronicamente por: DIEGO CAMARA ALVES - 11/07/2022 18:06:12 Num. 1204258289 - Pág. 1
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL
VIA SISTEMA
PROCESSO: 1013056-39.2019.4.01.3400
desse prazo).
BRASÍLIA, 19 de julho de 2022.
MM. Juiz Federal,
Na resposta à acusação o denunciado postula sua absolvição sumária e a anulação da

peça acusatória por meio de dois argumentos:
a) ausência de justa causa; e
b) manifesta atipicidade da conduta;
Acerca da justa causa, que se constitui no lastro probatório mínimo para o ajuizamento
da ação penal, este órgão do MPF reitera o seguinte ponto da denúncia:
"A autoria e materialidade estão demonstradas pelos seguintes elementos:
(i) vídeo publicado na plataforma eletrônica Youtube (anexo);
(ii) depoimento do denunciado em sede policial, ocasião em que confirmou ter sido o autor e
responsável pela postagem."
Vê-se, pois que a acusação não é fruto de um devaneio do MPF, mas de uma prova
cabal publicada pelo próprio denunciado e devidamente anexada aos autos. Registre-
se que o réu sequer contesta a publicação do vídeo objeto da denúncia.
Quanto à alegação de que a denúncia está "fundada em fato manifestamente atípico,
(...) posto que o acusado apenas emitiu uma opinião", pede-se vênia para reproduzir
os argumentos já lançados no parecer de Id 761879465, mormente o seguinte:
"Ainda que DAVI ANDRÉ argumente que não tinha intenção discriminatória, o seu dolo específico
é visível quando incita o público a "acabar com isso aqui" porque "porque o islamismo vai entrar
no Brasil pra destruir o cristianismo" e que, em breve, "vocês vão sentir as bombas de Alá nas
igrejas, os tiros de metralhadora AK47 matando cristãos".
Além disso, é nítida, no discurso propagado, a associação direta e imediata entre o islamismo, a
Palestina, o terrorismo e a ruína do Brasil e do cristianismo. Conforme transcrição acima, fica
claro que tal associação não se dá apenas com o intuito de diminuir o valor da cultura islâmica,
mas também com o nítido propósito de fomentar a revolta pública contra a mencionada religião,
seus praticantes e os palestinos que vivem no Brasil.
Atente-se para o fato de que DAVI ANDRÉ , em seu vídeo, transcende, e muito, o discurso
meramente proselitista, como analisado pelo STF no seguinte precedente:
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. CRIME DE RACISMO RELIGIOSO. INÉPCIA DA
DENÚNCIA. INOCORRÊNCIA. IMPRESCRITIBILIDADE. PREVISÃO CONSTITUCIONAL EXPRESSA. LIVRO.
PUBLICAÇÃO. PROSELITISMO COMO NÚCLEO ESSENCIAL DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO RELIGIOSA.
TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. (...) 3. A liberdade religiosa e a de expressão constituem elementos fundantes da
ordem constitucional e devem ser exercidas com observância dos demais direitos e garantias fundamentais, não
Assinado eletronicamente por: MARCUS MARCELUS GONZAGA GOULART - 22/07/2022 16:46:03 Num. 1230900292 - Pág. 1
alcançando, nessa ótica, condutas reveladoras de discriminação. 4. No que toca especificamente à liberdade de
expressão religiosa, cumpre reconhecer, nas hipóteses de religiões que se alçam a universais, que o discurso
proselitista é da essência de seu integral exercício. De tal modo, a finalidade de alcançar o outro, mediante persuasão,
configura comportamento intrínseco a religiões de tal natureza. Para a consecução de tal objetivo, não se revela ilícito,
por si só, a comparação entre diversas religiões, inclusive com explicitação de certa hierarquização ou animosidade
entre elas. 5. O discurso discriminatório criminoso somente se materializa após ultrapassadas três etapas
indispensáveis. Uma de caráter cognitivo, em que atestada a desigualdade entre grupos e/ou indivíduos; outra de viés
valorativo, em que se assenta suposta relação de superioridade entre eles e, por fim; uma terceira, em que o agente, a
partir das fases anteriores, supõe legítima a dominação, exploração, escravização, eliminação, supressão ou redução de
direitos fundamentais do diferente que compreende inferior. (STF. RECURSO ORDINÁRIO E M HABEAS CORPUS
134.682 BAHIA. Primeira Turma. Relator MIN. EDSON FACHIN. 29/11/2016).
Nesse contexto, conquanto a liberdade de expressão seja um direito fundamental básico em

qualquer Estado Democrático de Direito, a vida em sociedade não comporta direitos absolutos,
ante a inevitável colisão entre direitos e interesses de mesma estatura."
Há, portanto, fortes razões de que o fato narrado na denúncia efetivamente se amolda
ao disposto no art. 20 § 2º da Lei 7.716/89.
A discussão sobre os limites da liberdade de expressão e de opinião constitui
justamente a essência do mérito do processo, o que só reforça a necessidade de
rejeitar a absolvição sumária e proceder à instrução probatória.
Em vista do exposto, manifesta o MPF pelo prosseguimento da presente ação penal.
Assinado eletronicamente por: MARCUS MARCELUS GONZAGA GOULART - 22/07/2022 16:46:03 Num. 1230900292 - Pág. 2
PODER JUDICIÁRIO
1013056-39.2019.4.01.3400
CONCLUSÃO
Brasília, 25/07/2022.
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL
PROCESSO: 1013056-39.2019.4.01.3400
DECISÃO
Cuida-se de ação penal movida pelo Ministério Público Federal em desfavor de

DAVI ANDRÉ FARIAS DE MENEZES pela suposta prática da conduta típica descrita no art. 20,
caput c/c §2º da Lei nº 7.716/1989.
Não foram arroladas testemunhas de acusação.
A denúncia foi recebida em 17/02/2022 (Id 934423172).
O réu apresentou resposta a acusação no Id 1202053747, na qual sustentou a

atipicidade do fato, ausência de dolo e de justa causa. Não arrolou testemunhas.
Com vista dos autos, o MPF manifestou-se no Id 1230900292.
É o relato necessário. DECIDO.
A atipicidade de fato e ausência de dolo são matérias concernentes ao mérito da

ação penal, demandando dilação probatória.
Por sua vez, a justa causa para fins de deflagração da ação penal se revela pela
existência de suporte probatório mínimo apto a demonstrar, ainda que de modo indiciário, a
efetiva realização do tipo penal pelos denunciados (HC n. 88.601/CE, Segunda Turma, Rel. Min.
Gilmar Mendes, DJU de 22/06/2007).
No caso, a denúncia veio acompanhada de documentos que contém substanciosos

elementos acerca da suposta prática criminosa, tudo a conferir plausibilidade à pretensão
punitiva, cabendo destacar que para esta fase processual não se mostra imprescindível a
obtenção de um juízo de certeza acerca da autoria e materialidade delitivas, as quais se fazem
necessárias apenas em caso de eventual julgamento do mérito.
Dito isso, rejeito a alegação de falta de justa causa.
Dessarte, inexistindo causa para absolvição sumária (art. 397, I a IV, CPP),
mantenho o recebimento da denúncia e DESIGNO o dia 16/03/2023, às 16h30min, para a
audiência de instrução, oportunidade em que será interrogado o réu, a ser realizada pela
ferramenta Microsoft Teams, com a devida observância da Resolução nº 329/2020 do CNJ.
Providências a cargo da Secretaria da Vara:
a) Intimem-se, com a antecedência necessária, o(s) réu(s).
b) Viabilizar a audiência pelo aplicativo Microsoft Teams;
Deverá constar dos expedientes o link para acesso à audiência e a advertência de

que, no cumprimento do mandado, o Oficial de Justiça deverá certificar o endereço de e-mail,
telefone e contato de whatsapp atualizados do(s) intimando(s), a fim de que seja viabilizada a
audiência pelo aplicativo Teams.
Intimem-se.
Cientifique-se o MPF.
Brasília – DF, datado eletronicamente.
FRANCISCO CODEVILA
PODER JUDICIÁRIO
PROCESSO: 1013056-39.2019.4.01.3400
CERTIDÃO
CERTIFICO que a audiência retro foi registrada no aplicativo TEAMS. Segue link e Qr Code de
acesso:
h t t p s : / / t e a m s . m i c r o s o f t . c o m / l / m e e t u p -
join/19%3ameeting_YjdiOGYwZjgtYzJjMi00MjRkLTk0OWYtNGNkY2RlMzBhNDM3%40thread.v2/
0?context=%7b%22Tid%22%3a%22963819f6-e1a3-491c-a1cc-
5096f914cf4b%22%2c%22Oid%22%3a%227ff1e104-4e30-4337-9aca-90825e7e3591%22%7d
Juliana Rabelo
Técnica Judiciária
Assinado eletronicamente por: JULIANA MARTINS RABELO DE OLIVEIRA - 30/11/2022 09:59:37 Num. 1415178806 - Pág. 1
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL
VIA SISTEMA
PROCESSO: 1013056-39.2019.4.01.3400
SEGUE LINK E QR CODE DE ACESSO:
desse prazo).
BRASÍLIA, 30 de novembro de 2022.
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL
INTIMAÇÃO VIA SISTEMA PJe
(ADVOGADO)
PROCESSO: 1013056-39.2019.4.01.3400
FINALIDADE: Intimar o advogado da parte RÉ acerca do(a) ato ordinatório / despacho / decisão / sentença
proferido(a) nos autos do processo em epígrafe.
SEGUE LINK E QR CODE DE ACESSO:
desse prazo).
BRASÍLIA, 30 de novembro de 2022.
PODER JUDICIÁRIO
Classe: AÇÃO PENAL - PROCEDIMENTO ORDINÁRIO (283).

FEDERAL
FINALIDADE: INTIMAR o acusado DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES, com endereço à AV.
FLÓRIDA, Nº195, BAIRRO DAS NAÇÕES, CAMPINA GRANDE-PB, CEP 58402-666O, para
participar da audiência, a qual ocorrerá em meio virtual, através do aplicativo TEAMS, no
dia 16/03/2023, às 16:30. O acesso à audiência se dará, no dia e horário designados,
através do link e Qr Code abaixo:
ADVERTÊNCIA: O OFICIAL DE JUSTIÇA DEVERÁ CERTIFICAR OS DADOS DE E-MAIL E

WHATSAPP ATUALIZADOS DO ACUSADO PARA CASO A SECRETARIA DA 15ª
NECESSITE DE ENVIAR-LHE O LINK DE ACESSO À AUDIÊNCIA ANTECIPADAMENTE.
OBSERVAÇÃO: O processo digital está disponível na página da internet do Tribunal. As

peças processuais podem ser consultadas, mediante a utilização das chaves de acesso, no
s e g u i n t e e n d e r e ç o : " h t t p s : / / p j e 1 g . t r f 1 . j u s . b r / p j e -
web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam".
CHAVES DE ACESSO:

ipl 871-18
principal
ipl 871-18 apenso
I 1ª parte
ipl 871-18 apenso
I 2ª parte
ipl 871-18 apenso
I 3ª parte
ipl 871-18 apenso
I 4ª parte
ipl 871-18 apenso
I 5ª parte
ipl 871-18 apenso
I 6ª parte
ipl 871-18 apenso
II Vol. I
Intimação - Intimação - Usuário do
19052415483376200000056185643
Usuário do Sistema
Sistema
Parecer Parecer 19060315310578600000058403669
Lula doa terreno
para terroristas do
grupo Islã - from
youTube
Pedido do MP ao
21100513402947000000754715148
Investigatório
Documento
Comprobatório
Intimação -
Usuário do 21100513403203000000754715151
Sistema
Sistema
Intimação -
Usuário do 21102017540923400000775760672
Sistema
Sistema
Parecer Parecer 21102617235225400000784199645
Documento
Comprobatório
Documento
Comprobatório
Documento
Comprobatório
Documento
Comprobatório
Intimação -
Usuário do 21112317365701600000820523768
Sistema
Sistema
WhatsApp Video
14.31.28
Decisão Decisão 22021716534253100000925915359
Petição
intercorrente
SINIC Certidão 22032116153132300000979307367
Carta Precatória Carta Precatória 22041214294986500001013918472
Ofício Ofício 22041815544115500001021629460
aR ENVIADO Documento Comprobatório 22042014231717300001026915978
gUIA de
encaminhamento
REMESSA CP
Certidão 22050219253251000001044966950
132/2022
MALOTE CP 132
CAMPINA Comunicações 22050219253264200001044966951
GRANDE PB
Certidão de
Certidão 22051911205770900001080028959
juntada de AR
1013056-39.2019
Aviso de Recebimento 22051911205788000001080028965
AR
Certidão de
juntada de petição Certidão 22052414261673000001088566477
do Google
1013056-39.2019
petição Google
Certidão de
juntada de carta
carta precatória Certidão 22062315371891300001153425966
132/2022 não
cumprida
1013056-39.2019
CP 132-2022 NÃO Carta precatória devolvida 22062315383438400001153425968
CUMPRIDA
Intimação
Intimação Ministério Público 22062721440211000001160744476
Ministério Público
Manifestação Manifestação 22070114333077500001170695933
Documento
Comprobatório
Procuração/Habilitação 22070116060064600001171075431
Pedido de
Habilitação_Davi Outras peças 22070116072079100001171075473
André
Procuração Procuração 22070116095050500001171090930
Ato ordinatório Ato ordinatório 22070410435801900001175487975
Resposta à
Resposta à acusação 22071009490545100001191900429
acusação
Resposta à
Acusação_Davi Resposta à acusação 22071009511577500001191900430
André
Intimação
Parecer Parecer 22072216172126400001220570440
Decisão Decisão 22080119194807000001236483945
Intimação
Intimação polo
Intimação polo passivo 22113010014253500001403260949
passivo
Brasília/DF, em 30 de novembro de 2022. Eu, JMRO, matrícula: DF1400297, digitei.
Francisco Codevila
PODER JUDICIÁRIO
PROCESSO: 1013056-39.2019.4.01.3400
CERTIDÃO
CERTIFICO que remeti a CP 766/2022 à Subseção Judiciária de Campina Grande-PB, via malote
digital, conforme comprovante em anexo.
Juliana Rabelo
Impresso em: 05/12/2022 às 18:12

Código de
401202211028003
rastreabilidade:
Documento: 1013056.pdf
Remetente: SJDF - 15ª VARA ( JULIANA MARTINS RABELO DE OLIVEIRA )
Data de Envio: 05/12/2022 18:11:51
CP 766/2022 para intimação de audiência virtual.O OFICIAL DE JUSTIÇA DEVERÁ CERTIFICAR OS CONTATOS
Assunto: DE E-MAIL E WHATSAPP ATUALIZADOS DOS ACUSADOS PARA CASO A SECRETARIA DA 15ª NECESSITE
ENVIAR OS LINKS DE ACESSO À AUDIÊNCIA ANTECIPADAMENTE.
Código de
401202211028002
rastreabilidade:
Documento: 766.pdf
Remetente: SJDF - 15ª VARA ( JULIANA MARTINS RABELO DE OLIVEIRA )
Data de Envio: 05/12/2022 18:11:51
CP 766/2022 para intimação de audiência virtual.O OFICIAL DE JUSTIÇA DEVERÁ CERTIFICAR OS CONTATOS
Assunto: DE E-MAIL E WHATSAPP ATUALIZADOS DOS ACUSADOS PARA CASO A SECRETARIA DA 15ª NECESSITE
ENVIAR OS LINKS DE ACESSO À AUDIÊNCIA ANTECIPADAMENTE.
7º OFÍCIO
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA 15ª VARA DA SEÇÃO

JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL
JF-DF-1013056-39.2019.4.01.3400-APN
O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL manifesta-se ciente da manutenção
http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 5f64a4c9.2b8b7513.1a31900b.16dffa70

do recebimento da denúncia, bem como da designação de audiência virtual para o dia
16/03/2023, às 16h30min.

Sgas, Q. 603/604, Lote 23, Asa Sul - CEP 70200640 - Brasília-DF http://www.mpf.mp.br/mpfservicos
prdf-7oficio@mpf.mp.br (61) 3313-5115/5414/5630
Página 1 de 1
PODER JUDICIÁRIO
15ª VARA FEDERAL
PROCESSO: 1013056-39.2019.4.01.3400
JUNTADA
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
PODER JUDICIÁRIO
MALOTE DIGITAL
Tipo de documento: Informações Processuais

Código de rastreabilidade: 405202311184300
Nome original: Precatória - devolução.pdf
Data: 01/02/2023 09:04:24
Remetente:
ANTONIO
SJPB - Diretoria da 4ª Vara
Prioridade: Normal.
Motivo de envio: Para conhecimento.
Assunto: Devolução de carta precatória
Consulta Processual
01/02/2023
Número: 0802720-91.2022.4.05.8201
Classe: CARTA PRECATÓRIA CRIMINAL
Partes
Tipo Nome
DEPRECANTE MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
DEPRECADO DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES
DEPRECANTE JUÍZO FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL
Documentos
Id. Data/Hora Documento Tipo
4058201.1115430 31/01/2023 Certidão de expediente físico Certidão de expediente físico
2 20:03
4058201.1107091 10/01/2023 Certidão de Redistribuição Certidão
7 14:20
4058201.1107091 10/01/2023 Ato Ordinatório Ato Ordinatório
5 14:20
4058201.1100063 14/12/2022 Intimação Expediente
6 14:52
4058201.1099244 13/12/2022 Despacho Despacho
7 11:31
4058201.1099202 12/12/2022 Certidão de Distribuição Certidão
5 13:34
4058201.1099202 12/12/2022 766 Documento de Comprovação
3 13:34
4058201.1099202 12/12/2022 1013056 Documento de Comprovação
4 13:34
4058201.1099202 12/12/2022 Certidão de Protocolo Petição Inicial
2 13:34
CERTIDÃO
Certifico, em cumprimento ao Mandado de ID 4058201.11000636, que deixei de

cumprir os atos determinados, tendo em vista que compareci ao endereço contido no mandado e
constatei que o(a) Sr(a). DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES , não reside no local indicado. Como
não obtive notícias, entre vizinhos da referida região, acerca da atual localização da referida pessoa,
estando, portanto, para este Oficial de Justiça Avaliador Federal, em "local incerto e não sabido". Diante
do exposto, devolvo o presente mandado, ficando no aguardo de novas determinações deste juiz federal.
O referido é verdade, dou fé.
Processo: 0802720-91.2022.4.05.8201
FRANCISCO VERAS LOBO FILHO - Oficial de Justiça Distribuidor
23013120025239600000011194408
PROCESSO Nº: 0802720-91.2022.4.05.8201
Certidão de Redistribuição

Concorreu(ram): 4ª VARA FEDERAL.
Impedido(s): -
Redistribuído para: 4ª VARA FEDERAL.
Processo: 0802720-91.2022.4.05.8201
1/1
6ª VARA FEDERAL - PB (JUIZ FEDERAL TITULAR)
ATO ORDINATÓRIO
De ordem do MM. Juiz Federal Titular da 6ª Vara/PB e com base n a Resolução Pleno n.º 18, de 30 de novembro de 2022, que
dispõe sobre a mudança de competência das 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 6ª, 9ª e 10ª Varas Federais da Seção Judiciária da Paraíba,
redistribuam-se os presentes autos.
Campina Grande/PB, data de validação no sistema.
Processo: 0802720-91.2022.4.05.8201
ELZA MARCIA TORRES BRAZ - Diretor de Secretaria
23011014201329900000011110374
PODER JUDICIÁRIO
6ª VARA FEDERAL

O(A) JUIZ(ÍZA) FEDERAL TITULAR DA 6ª VARA DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CAMPINA GRANDE/PB , na forma da lei etc.
MANDA a qualquer Oficial de Justiça Avaliador deste Juízo a quem for este apresentado, passado nos autos em epígrafe que, em seu cumprimento, INTIME o(a)(s)
Sr(a)(s).:
DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES , podendo ser localizado na A V. FLÓRIDA, n.º195, BAIRRO DAS NAÇÕES, CAMPINA GRANDE-PB, CEP 58402-666,
para participar da audiência, nos autos do Processo n.º 1013056-39.2019.4.01.3400, que tramita na 15ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do Distrito
Federal, a qual ocorrerá em meio virtual, através do aplicativo TEAMS, no dia 16/03/2023, às 16h30min . O acesso à audiência se dará, no dia e horário
designados, através do link e Qr Code indicados na carta precatória, cuja cópia segue em anexo.
ADVERTÊNCIA: O OFICIAL DE JUSTIÇA DEVERÁ CERTIFICAR OS DADOS DE E-MAIL E WHATSAPP ATUALIZADOS DO ACUSADO PARA
CASO A SECRETARIA DO JUÍZO DEPRECANTE NECESSITE DE ENVIAR-LHE O LINK DE ACESSO À AUDIÊNCIA ANTECIPADAMENTE.
Cintifique-se, ainda que o processo digital está disponível na página da internet do Tribunal. As peças processuais podem ser consultadas, mediante a utilização das
chaves de acesso, indicadas na precatória em anexo, no seguinte endereço:
" https://pje1g.trf1.jus.br/pjeweb/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam".
Cientifique-se também que este juízo funciona no Fórum da Justiça Federal, localizado na Rua Edgard Vilarim Meira, s/n, Liberdade, Campina Grande/PB, com
expediente no horário das 09h00 às 16h00, de segunda a sexta-feira.
CUMPRA-SE , na forma e sob as penas da lei. Dado e passado pela Secretaria da 6ª Vara Federal, aos 13 de Dezembro de 2022. Eu, VANINA OLIVEIRA FERREIRA
DE SOUSA, Servidor(a), o digitei. E eu, Diretor de Secretaria da 6ª Vara, o conferi e assino por ordem do juiz, nos termos do artigo 250, VI, do Código de Processo
Civil.
ASSINADO ELETRONICAMENTE
LÍVIO AUGUSTO MONTALVÃO COSTA CARVALHO

Diretor de Secretaria da 6ª Vara Federal/PB
Processo: 0802720-91.2022.4.05.8201
LIVIO AUGUSTO MONTALVÃO COSTA CARVALHO - Diretor de Secretaria
22121319543514800000011039348
DESPACHO
1. Cumpra-se conforme deprecado.
2. Cumprido o ato deprecado, devolvam-se os autos, por meio de malote digital, após baixa.
Campina Grande/PB, data de validação no sistema.
ASSINADO ELETRONICAMENTE
GUSTAVO DE PAIVA GADELHA

Juiz Federal Titular da 6ª Vara/PB
Processo: 0802720-91.2022.4.05.8201
GUSTAVO DE PAIVA GADELHA - Magistrado
22121214315695600000011031037
PROCESSO Nº: 0802720-91.2022.4.05.8201
Certidão de Distribuição

Concorreu(ram): 6ª VARA FEDERAL, 4ª VARA FEDERAL.
Impedido(s): -
Distribuído para: 6ª VARA FEDERAL.
Processo: 0802720-91.2022.4.05.8201
1/1
PODER JUDICIÁRIO

FEDERAL
FLÓRIDA, Nº195, BAIRRO DAS NAÇÕES, CAMPINA GRANDE-PB, CEP 58402-666O, para
participar da audiência, a qual ocorrerá em meio virtual, através do aplicativo TEAMS, no
dia 16/03/2023, às 16:30. O acesso à audiência se dará, no dia e horário designados,
através do link e Qr Code abaixo:
3/7
ADVERTÊNCIA: O OFICIAL DE JUSTIÇA DEVERÁ CERTIFICAR OS DADOS DE E-MAIL E

WHATSAPP ATUALIZADOS DO ACUSADO PARA CASO A SECRETARIA DA 15ª
NECESSITE DE ENVIAR-LHE O LINK DE ACESSO À AUDIÊNCIA ANTECIPADAMENTE.

CHAVES DE ACESSO:

ipl 871-18
principal
ipl 871-18 apenso
I 1ª parte
ipl 871-18 apenso
I 2ª parte
ipl 871-18 apenso
I 3ª parte
ipl 871-18 apenso
I 4ª parte
ipl 871-18 apenso
I 5ª parte
ipl 871-18 apenso
I 6ª parte
ipl 871-18 apenso
II Vol. I
19052415483376200000056185643
Usuário do Sistema
4/7
Sistema
Parecer Parecer 19060315310578600000058403669
Lula doa terreno
para terroristas do
grupo Islã - from
youTube
Pedido do MP ao
21100513402947000000754715148
Investigatório
Documento
Comprobatório
Intimação -
Usuário do 21100513403203000000754715151
Sistema
Sistema
Intimação -
Usuário do 21102017540923400000775760672
Sistema
Sistema
Parecer Parecer 21102617235225400000784199645
Documento
Comprobatório
Documento
Comprobatório
Documento
Comprobatório
Documento
Comprobatório
Intimação -
Usuário do 21112317365701600000820523768
Sistema
Sistema
WhatsApp Video
14.31.28
Decisão Decisão 22021716534253100000925915359
Petição
intercorrente
SINIC Certidão 22032116153132300000979307367
Ofício Ofício 22041815544115500001021629460
gUIA de
encaminhamento
5/7
REMESSA CP
Certidão 22050219253251000001044966950
132/2022
MALOTE CP 132
GRANDE PB
Certidão de
Certidão 22051911205770900001080028959
juntada de AR
1013056-39.2019
AR
Certidão de
do Google
1013056-39.2019
petição Google
Certidão de
juntada de carta
132/2022 não
cumprida
1013056-39.2019
CUMPRIDA
Intimação
Documento
Comprobatório
Pedido de
André
Resposta à
acusação
Resposta à
André
Intimação
Parecer Parecer 22072216172126400001220570440
Decisão Decisão 22080119194807000001236483945
Intimação
Intimação polo
passivo
6/7
Brasília/DF, em 30 de novembro de 2022. Eu, JMRO, matrícula: DF1400297, digitei.
Francisco Codevila
Processo: 0802720-91.2022.4.05.8201
AssinadoALBERTO
CARLOS eletronicamente
DE LIMApor:-FRANCISCO RENATO CODEVILA PINHEIRO FILHO - 30/11/2022 16:16:06
Servidor Cadastrador Num. 1415229791 - Pág. 5
22121213340934800000011030607
Carta Precatória, expedida nos autos da Ação Penal n. 1013056-39.2019.4.01.3400.
Audiência : 16/03/2023, às 16:30h.
Processo: 0802720-91.2022.4.05.8201
CARLOS ALBERTO DE LIMA - Servidor Cadastrador
22121213332013500000011030606
PODER JUDICIÁRIO
1013056-39.2019.4.01.3400
CONCLUSÃO
Brasília, 09/02/2023.
PROCESSO : 1013056-39.2019.4.01.3400
CLASSE : AÇÃO PENAL - PROCEDIMENTO ORDINÁRIO (283)
AUTOR : AUTORIDADE: MINISTERIO PUBLICO FEDERAL
RÉU DENUNCIADO: DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES
DESPACHO
1. Vista ao MPF e a defesa do réu, para informar, no prazo de 5 (cinco) dias, o

endereço em que o acusado poderá ser encontrado, considerando que não foi localizado nos
endereços informados nos autos.
2. Cumpra-se com prioridade, haja vista a proximidade da audiência de instrução.
3. Com a resposta, havendo endereços novos ainda não diligenciados, proceda a

Secretaria da Vara à intimação do réu.
Brasília-DF, datado eletronicamente
Francisco Codevila
Juiz Federal
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL
INTIMAÇÃO VIA SISTEMA PJe
(ADVOGADO)
PROCESSO: 1013056-39.2019.4.01.3400
FINALIDADE: Intimar o advogado da parte RÉ acerca do(a) ato ordinatório / despacho / decisão / sentença
proferido(a) nos autos do processo em epígrafe.
desse prazo).
BRASÍLIA, 10 de fevereiro de 2023.
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL
VIA SISTEMA
PROCESSO: 1013056-39.2019.4.01.3400
desse prazo).
BRASÍLIA, 10 de fevereiro de 2023.
7º OFÍCIO

JF-DF-1013056-39.2019.4.01.3400-APN

signatária, vem perante Vossa Excelência assim se manifestar.
http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave e7cdac43.c7e554d4.10ed906e.f0f11cb5

Cuida-se de ação penal ajuizada contra DAVI ANDRE FARIAS DE
MENESES pela prática do crime previsto no art. 20, caput c/c §2º da Lei nº 7.716/86.
A denúncia foi recebida em 17/02/2022 (Num. 934423172 - Pág. 2).
Na tentativa de citar o réu pessoalmente, expediu-se carta precatória para
Campina Grande/PB, tendo a diligência sido frustrada, na medida em que não encontrado o
denunciado (Num. 1163581748 - Carta precatória devolvida).
Vieram aos autos a procuração por meio da qual o réu constituiu patrono para
atuar na presente causa (Num. 1181212277 - Pág. 1) e, em seguida, a respectiva resposta à
acusação (Num. 1202053747 - Pág. 1-6).
Seguiu-se a designação de audiência de instrução para o próximo
dia 16/03/2023, às 16h30min (Num. 124697427).
Na tentativa de intimação do réu acerca da designação da audiência de
instrução, expediu-se nova precatória para Campina Grande/PB, igualmente infrutífera (Num.
1476977380 - Carta precatória devolvida).
É a síntese do necessário.
Sem embargo da constituição de advogado particular na presente causa, o
Ministério Público informa que não localizou, nestes autos, a tentativa de citação pessoal do
réu nos endereços declinados no evento Num. 1180828750 - Pág. 1, quais sejam:

Página 1 de 2
1) CONJUNTO WILSON MARTINS FILHO, CASA 30, QUADRA 13,
VALE DO GAVIÃO, TERESINA - PI, CEP: 64069-130;
2) AV SAPÉ, Nº 1800, APT 302, MANAÍRA, JOÃO PESSOA - PB, CEP:
58038-382.
Visando a evitar mácula de qualquer espécie na presente ação, o Parquet
requer, assim, seja tentada a citação pessoal do réu nos referidos endereços.

http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave e7cdac43.c7e554d4.10ed906e.f0f11cb5

Página 2 de 2
14 de Fevereiro de 2023
420/2023

MIRANDA DE OLIVEIRA
Ementa: No interesse da instrução do Processo/Procedimento. Nº JF-DF-1013056-39.2019.4.01.3400-APN - Pesquisa

sobre DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES, CPF 424.898.904-25

em 13/02/2023, apresentamos o levantamento das pesquisas coligidas a respeito de DAVI ANDRE FARIAS DE
MENESES, CPF 424.898.904-25.

QUALIFICAÇÃO
1. De acordo com os dados obtidos nos sistemas da Receita Federal e no Departamento Nacional de Trânsito, o(a)
OLIVEIRA.
Fonte: Base da Receita Federal/CPF, atualizada em 12/09/22 e enviada ao MPF pelo SERPRO em 23/07/21; e do
DENATRAN-RENACH, atualizada em 09/08/2019.
2. De acordo com informações encontradas no sistema do DENATRAN- RENACH:

CPF: 42489890425
Sexo: MASCULINO
Categoria Atual: AB
13/02/2023
ENDEREÇO
1) AV FLÓRIDA, 195, NAÇÕES, CAMPINA GRANDE, PB, CEP: 58402666
Telefone: (83) 91181166 / (83) 8750-7201
(Fontes: Ministério da Economia-SERPRO, Ministério da Justiça-Sinesp-Renach, base de dados mantida pela
SPPEA/PGR/MPF - TSE Eleitores /CADSUS, Credilink e sítio dos Correios)
2) CONJUNTO WILSON MARTINS FILHO CASA 30 Q 13, VALE DO GAVIÃO, TERESINA - PI, CEP: 64069-130
Telefone: 86 999030995 / 83 33221341
(Fontes: SPC Brasil e sítio dos Correios)
3) AV SAPÉ 1800 APT 302, MANAÍRA, JOÃO PESSOA - PB- CEP: 58038-381
(Fontes: Credilink e sítio dos Correios)

RASTREAMENTO SOCIETÁRIO
Na base de dados da Receita Federal, o CPF pesquisado consta no quadro societário de 2 pessoas jurídicas:
1. MEXENDO COM SONHOS PROMOCOES E EVENTOS LTDA / CNPJ: 00848121000198

Situação: BAIXADA em 09/02/15
Endereço: LOTEAMENTO JARDIM CAMBOINHA, número SN, QD 44 LT 07 CAMBOINHA, CABEDELO-PB, CEP:
58100100
SOCIO com 50.00% de participação na pessoa jurídica. A partir de: 10/10/1995
2. ASSOCIACAO JUDAICA AMIGOS DA TORA / CNPJ: 10629116000148
Situação: INAPTA em 02/10/18
Endereço: RUA FLORIDA, número 195, DAS NACOES, CAMPINA GRANDE-PB, CEP: 58402666
PRESIDENTE com 0.00% de participação na pessoa jurídica. A partir de: 10/02/2009
Responsabilidades
No sistema da Receita Federal consta que o CPF pesquisado é responsável por 3 entidade(s):
DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES (12.608.980/0001-99)

Situação cadastral: BAIXADA
RUA FLORIDA, 195, FRENTE, NACOES, 58103203, CAMPINA GRANDE - PB
ASSOCIACAO JUDAICA AMIGOS DA TORA (10.629.116/0001-48)

Situação cadastral: INAPTA
RUA FLORIDA, 195, DAS NACOES, 58402666, CAMPINA GRANDE - PB
Telefone: (83) 3341-4200
CONGREGACAO JUDAICO-MESSIANICA ''BEIT TESHUVA'' (08.758.160/0001-06)

Situação cadastral: INAPTA
RUA FLORIDA, 195, BAIRRO DAS NACOES, 58103203, CAMPINA GRANDE - PB
Telefone:(83) 3341-2016 83 91181166
E-mail: BEITESHUVA@HOTMAIL.COM
VÍNCULOS EMPREGATÍCIOS
No Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS, constam os seguintes vínculos empregatícios para o pesquisado:

Como pode-se observar, não consta vínculo atual.
Respeitosamente,
___________________________________________


PODER JUDICIÁRIO
SEPN Qd. 510, Bl. C, Prédio da Justiça Federal, Ed. Sede III, 5º Andar – Brasília/DF – CEP: 70750-523 – whatsapp: (61) 98625-6925 - Fone:
3521-3629 – email: 15vara.df@trf1.jus.br
INTIMAÇÃO DE: DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES,
Endereço: CONJUNTO WILSON MARTINS FILHO, CASA 30, QUADRA 13, VALE DO GAVIÃO, TERESINA-PI
FINALIDADE: INTIMAR o acusado para participar da Audiência de Instrução e Julgamento no dia 16/03/2023, às
16:30,que ocorrerá em ambiente virtual, por meio do aplicativo microsoft teams, através de acesso ao seguinte link:
ADVERTÊNCIAS:
1. O Oficial de Justiça deverá informar o e-mail e whatsapp atualizados do acusado para que a secretaria possa
enviar antecipadamente o link de acesso à audiência.
2. Para participar da audiência, o acusado deverá inserir em seu dispositivo o link acima transcrito ou proceder à leitura
do Código QR informado, na data e horário designados para o início do ato.

ipl 871-18
principal
ipl 871-18 apenso
I 1ª parte
ipl 871-18 apenso
I 2ª parte
ipl 871-18 apenso
I 3ª parte
ipl 871-18 apenso
I 4ª parte
ipl 871-18 apenso
I 5ª parte
ipl 871-18 apenso
I 6ª parte
ipl 871-18 apenso
II Vol. I
Intimação -
Usuário do 19052415483376200000056185643
Sistema
Sistema
Parecer Parecer 19060315310578600000058403669
Lula doa terreno
para terroristas do
grupo Islã - from
youTube
Pedido do MP ao
21100513402947000000754715148
Investigatório
Documento
Comprobatório
Intimação -
Usuário do 21100513403203000000754715151
Sistema
Sistema
Intimação -
Usuário do 21102017540923400000775760672
Sistema
Sistema
Parecer Parecer 21102617235225400000784199645
Documento
Comprobatório
Documento
Comprobatório
Documento
Comprobatório
Documento
Comprobatório
Intimação -
Usuário do 21112317365701600000820523768
Sistema
Sistema
WhatsApp Video
14.31.28
Decisão Decisão 22021716534253100000925915359
Petição
intercorrente
SINIC Certidão 22032116153132300000979307367
Ofício Ofício 22041815544115500001021629460
gUIA de
encaminhamento
REMESSA CP
Certidão 22050219253251000001044966950
132/2022
MALOTE CP 132 Comunicações 22050219253264200001044966951
CAMPINA
GRANDE PB
Certidão de
Certidão 22051911205770900001080028959
juntada de AR
1013056-39.2019
AR
Certidão de
do Google
1013056-39.2019
petição Google
Certidão de
juntada de carta
132/2022 não
cumprida
1013056-39.2019
CUMPRIDA
Intimação
Documento
Comprobatório
Pedido de
André
Resposta à
acusação
Resposta à
André
Intimação
Parecer Parecer 22072216172126400001220570440
Decisão Decisão 22080119194807000001236483945
Intimação
Intimação polo
passivo
malote 1013 Documento Comprobatório 22120518141929800001409564469
Petição
intercorrente
Certidão de carta
precatória
Certidão 23020209421830400001463998063
766/2022 não
cumprida
1013056-39.2019
CP 766-2022 não Carta precatória devolvida 23020213084918300001464478054
cumprida
Intimação polo
passivo
Intimação
Documento
Comprobatório
OBSERVAÇÃO: O processo digital está disponível na página da internet do Tribunal. As peças processuais
podem ser consultadas, mediante a utilização da chaves de acesso no seguinte endereço: "
Eu, JMRO, Técnico Judiciário, digitei e conferi este mandado, que segue subscrito pelo Diretor de Secretaria.
Brasília/DF, 16 de fevereiro de 2023.
(assinado eletronicamente)
Diretor de Secretaria da 15ª Vara Federal Criminal
PROCESSO: 1013056-39.2019.4.01.3400
DESTINATÁRIO: DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES
CERTIDÃO
Certifico que promovo o recolhimento do presente mandado de intimação para
redistribuição, a pedido da supervisão da Central de Mandados (CEMAN/SJPI).
Teresina (PI), 16 de fevereiro de 2023.
ANTONIO SARMENTO DE ARAUJO COSTA JUNIOR
Oficial de Justiça
Assinado eletronicamente por: ANTONIO SARMENTO DE ARAUJO COSTA JUNIOR - 16/02/2023 19:33:55 Num. 1497704352 - Pág. 1
PODER JUDICIÁRIO

FEDERAL
DEPRECADO: JUÍZO FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE JOÃO PESSOA-PB
SAPÉ, Nº1800, APT 302, MANAÍRA, JOÃO PESSOA, CEP 58038-382, para participar da
audiência, a qual ocorrerá em meio virtual através do aplicativo TEAMS, no dia 16/03/2023,
às 16:30. O acesso à audiência se dará no dia e horário designados através do link ou QR
Code abaixo:
Assinado eletronicamente por: FREDERICO BOTELHO DE BARROS VIANA - 16/02/2023 22:37:55 Num. 1496633866 - Pág. 1
ADVERTÊNCIA: O OFICIAL DE JUSTIÇA DEVERÁ CERTIFICAR O E-MAIL E WHATSAPP
ATUALIZADOS DA TESTEMUNHA PARA CASO A SECRETARIA NECESSITE ENVIAR O
LINK DE ACESSO À AUDIÊNCIA ANTECIPADAMENTE.

CHAVES DE ACESSO:

ipl 871-18
principal
ipl 871-18 apenso
I 1ª parte
ipl 871-18 apenso
I 2ª parte
ipl 871-18 apenso
I 3ª parte
ipl 871-18 apenso
I 4ª parte
ipl 871-18 apenso
I 5ª parte
ipl 871-18 apenso
I 6ª parte
ipl 871-18 apenso
II Vol. I
19052415483376200000056185643
Usuário do Sistema
Sistema
Parecer Parecer 19060315310578600000058403669
Lula doa terreno
para terroristas do
grupo Islã - from
youTube
Pedido do MP ao
21100513402947000000754715148
Investigatório
Documento
Comprobatório
Intimação -
Usuário do 21100513403203000000754715151
Sistema
Sistema
Intimação -
Usuário do 21102017540923400000775760672
Sistema
Sistema
Parecer Parecer 21102617235225400000784199645
Documento
Comprobatório
Documento
Comprobatório
Documento
Comprobatório
Documento
Comprobatório
Intimação -
Usuário do 21112317365701600000820523768
Sistema
Sistema
WhatsApp Video
14.31.28
Decisão Decisão 22021716534253100000925915359
Petição
intercorrente
SINIC Certidão 22032116153132300000979307367
Ofício Ofício 22041815544115500001021629460
gUIA de
encaminhamento
REMESSA CP
Certidão 22050219253251000001044966950
132/2022
MALOTE CP 132
GRANDE PB
Certidão de
Certidão 22051911205770900001080028959
juntada de AR
1013056-39.2019
AR
Certidão de
do Google
1013056-39.2019
petição Google
Certidão de
juntada de carta
132/2022 não
cumprida
1013056-39.2019
CUMPRIDA
Intimação
Documento
Comprobatório
Pedido de
André
Resposta à
acusação
Resposta à
André
Intimação
Parecer Parecer 22072216172126400001220570440
Decisão Decisão 22080119194807000001236483945
Intimação
Intimação polo
passivo
malote 1013 Documento Comprobatório 22120518141929800001409564469
Petição
intercorrente
Certidão de carta
precatória
Certidão 23020209421830400001463998063
766/2022 não
cumprida
1013056-39.2019
CP 766-2022 não Carta precatória devolvida 23020213084918300001464478054
cumprida
Intimação polo
passivo
Intimação
Documento
Comprobatório
Intimação Intimação 23021612060397300001483927555

Brasília/DF, em 16 de fevereiro de 2023. Eu, JMRO, matrícula: DF1400297, digitei.
Frederico Botelho de Barros Viana
Juiz Federal Substituto da 15ª Vara Criminal da SJDF
PODER JUDICIÁRIO
PROCESSO: 1013056-39.2019.4.01.3400
CERTIDÃO
CERTIFICO que remeti a CP 69/2023 à Seção Judiciária de João Pessoa-PB, via malote digital,
conforme comprovante em anexo.
Juliana Rabelo
Impresso em: 22/02/2023 às 21:01

Código de
401202311248319
rastreabilidade:
Documento: 1013056.pdf
Remetente: SJDF - 15ª VARA ( Juliana Martins Rabelo de Oliveira )
Destinatário: SJPB - Distribuição das Varas Comuns ( TRF5 )
Data de Envio: 22/02/2023 20:59:26
CP 69/2023 para intimação de audiência virtual.O OFICIAL DE JUSTIÇA DEVERÁ CERTIFICAR O E-MAIL E
Assunto: WHATSAPP ATUALIZADOS DA TESTEMUNHA PARA CASO A SECRETARIA NECESSITE ENVIAR O LINK DE
ACESSO À AUDIÊNCIA ANTECIPADAMENTE.
Código de
401202311248318
rastreabilidade:
Documento: 69.pdf
Remetente: SJDF - 15ª VARA ( Juliana Martins Rabelo de Oliveira )
Destinatário: SJPB - Distribuição das Varas Comuns ( TRF5 )
Data de Envio: 22/02/2023 20:59:26
CP 69/2023 para intimação de audiência virtual.O OFICIAL DE JUSTIÇA DEVERÁ CERTIFICAR O E-MAIL E
Assunto: WHATSAPP ATUALIZADOS DA TESTEMUNHA PARA CASO A SECRETARIA NECESSITE ENVIAR O LINK DE
ACESSO À AUDIÊNCIA ANTECIPADAMENTE.
PROCESSO: 1013056-39.2019.4.01.3400
DESTINATÁRIO: DAVI ANDRE FARIAS DE MENESES
CERTIDÃO
Certifico que, em cumprimento ao r. mandado retro, extraído do processo

eletrônico em epígrafe, desloquei-me no dia 25 de fevereiro de 2023, às 10:00 horas, até o
Conjunto Wilson Martins Filho, Quadra 13, Casa 30, Vale do Gavião e, lá estando, constatei
residir no imóvel atualmente a senhora Taila, juntamente com sua família. Referida inquilina
afirmou residir no local há cerca de 03 anos, desconhecendo a pessoa de DAVI ANDRE FARIAS
DE MENESES ora procurado. Por fim, forneceu o telefone de contato do proprietário do imóvel,
de nome Antônio Francisco (86 9.9939-0990). Ainda neste mesmo dia liguei para o suposto
proprietário do imóvel diligenciado, entretanto, ele afirmou também desconhecer a pessoa do
denunciado.
Assim, tendo em conta o relatado acima, estando o denunciado DAVI ANDRE

FARIAS DE MENESES atualmente em local não sabido por este Oficial de Justiça, não logrei
êxito na intimação determinada, motivo pelo qual devolvo o mandado retro para análise. O
referido é verdade e dou fé.
Teresina (PI), 25/02/2023 .
MARCIO SERGIO BEZERRA DA SILVA

Oficial de Justiça Avaliador Federal
Assinado eletronicamente por: MARCIO SERGIO BEZERRA DA SILVA - 25/02/2023 18:32:38 Num. 1505200853 - Pág. 1

Número: 1013056-39.2019.4.01.3400

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Justiça Federal da 1ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

INQUÉRITO POLICIAL Nº 0871/2018-4-SR/PF/DF

INSTAURADO EM: 05/07/2018

PROCESSO Nº: 19071020164058201-Ministério Público Federal do DF

INCIDÊNCIA PENAL: art. 20, § 2º, da Lei nº 7.716/89

INDICIADO: Davi André Farias de Meneses , interrogado em 15/08/2018

A autoridade policial representou pela expedição de mandado de busca e apreensão na residência do

Brasília/DF, 16 de maio de 2019.

VICTOR NEVES FEITOSA CAMPOS

Delegado de Polícia Federal

Classe Especial - Matrícula nº 16.179

Campina Grande, 28 de setembro de 2016, nesta Secretaria da 6 a. VARA FEDERAL autuo

SEQ- Tipo Parte Nome das Partes do Processo Caracterlstica

Para constar, lavro e assino o presente.

SERVIQO PUBLICO FEDERAL

IPL N° 0329/2016-4 - DPF/CGE/PB

Autuada esta, determine as seguintes providencias:

1. Proceda-se com os registros necessaries no SINPRO e no Livro

Campina Grande/PB, 12 de seyembro de 2016.

SERVigO PUBLICO FEDERAL

Ao(S) 14 dia(s) do mes de setembro de 2016, nesta DELEGACIA DE POLICIA

SERVIQO PUBLICO FEDERAL

Oficio nQ 1553/2016 - IPL 0329/2016-4 DPF/CGE/PB

Campina Grande/PB, 14 de setembro de 2016.

A Sua Excelencia o(a) Senhor(a)

Assunto: comunica instauragao de IPL

Senhor Procurador da Republica,

De ordem do Delegado de Policia Federal RICARDO VASCONCELOS

LUIZ ERNANESAMPAIO MUNIZ

SERVIQO PUBLICO FEDERAL

Ao(S) 14 dia(s) do mes de setembro de 2016, nesta DELEGACIA DE POLICIA

Nada mais havendo, determinou a autoridade o encerramento do pres' £ que, lido e

IPL N? 0329/2016 fls. 1 /1

SERVIQO PUBLICO FEDERAL

Memorando nQ 1402/2016 - IPL 0329/2016-4 DPF/CGE/PB

Ao: Responsavel pelo DEPOSITO - DPF/CGE/PB

Encaminho a Vossa Senhorla, para guarda, o material/documento abaixo

LUIZ ERN\NE SAMPAIO MUNIZ

SERVIQO PUBLICO FEDERAL

Memorando ns 1403/2016 - IPL 0329/2016-4 DPF/CGE/PB -

Assunto: localizagao de pessoa.

De ordem do DPF RICARDO VASCONCELOS MELO, e a fim de instruir

LUIZ ERNAN^SAMPAIO MUNIZ

SERVIQO PUBLICO FEDERAL

1. Junte-se aos autos o memo 52/2016-UIP/DPF/CGE/PB;

2. Encaminhar representagao que oferego em separado em envelope

Campina Grande/PB, 20 de setembro de 2016.

Ao(S) 20 dia(s) do'mes de setembro de 201 fcebi estes autos com o

Campina Grande/PB, 20 de setembro de 2016.

Que, b acesso a residencia do senhor Davi Andre Farias de Menezes, se

Fotografia do acesso da casa do senhor Davi pela Avenida Brasil.

MPF - PRM/ Campina Grande

Ayrton oa^tNd Neto

PROCESSO N° 0001907-10.2016.4.05.8201 CLASSE 120

Certifico que, nesta data, no Setor de Protocolo e Distribuigao da Justiga

Certifico, ainda, que o referido volume (Volume I) apresenta folhas

Certifico, por fim, que o processo foi recebido acompanhado de 01 (urn)

Campina Grande/PB, 28 de setembro de 2016.