Disciplina_GESTÃO DE PESSOAS
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GESTÃO DE PESSOAS
Unidade 1
Introdução à Gestão de Pessoas: Começando a entender de pessoas
Aula 1
Introdução e importância da atuação estratégica da área de gestão de pessoas
Introdução
GESTÃO DE PESSOAS
Para melhor entender a importância da atuação estratégica da área de Gestão de Pessoas nas
organizações e como funciona o modelo articulado por competências, é preciso voltar um pouco
no tempo e vislumbrar como as organizações foram evoluindo ao longo dos anos. Não
chegamos aonde estamos por acaso, houve uma construção e evolução do pensamento ao
longo das décadas. O histórico da Gestão de Pessoas é classificado em quatro grandes
correntes, que são: 1) Departamento Pessoal, 2) Gestão do Comportamento, 3) Gestão
Estratégica, e 4) Gestão por Competências (FISCHER, 2002).
A administração tradicional foi construída sob a ideia de otimizar os recursos. Nessa época, as
pessoas também eram consideradas recursos (tal qual máquinas, equipamentos, matéria-prima
e materiais diversos), vistas como fatores de produção, ou seja, deveriam ser administradas
como custos, assim como os demais recursos. As prescrições do departamento de pessoas
eram genéricas e serviam para todas as organizações. Não existia uma preocupação legítima
com a natureza da atividade de cada organização e muito menos com o ser humano, pois
administrar recursos humanos significava otimizar a sua produtividade. Esse modelo ficou
conhecido como o Departamento Pessoal.
Com a introdução dos estudos da Psicologia nas organizações, novas descobertas acerca do ser
humano foram realizadas e deixou-se de focalizar apenas a realização das tarefas, custos e
resultados para entender e atuar sobre o comportamento das pessoas. Inicia aqui a Gestão do
Comportamento, conhecida também como a Escola das Relações Humanas. Isso se dá pelo
surgimento do Behaviorismo e de seus instrumentos de avaliação baseados na psicometria, em
teorias motivacionais como a conhecida Hierarquia das Necessidades de Maslow, e a Matriz do
Conhecimento em Gestão, que ressalta a importância dos gestores de linha para o sucesso
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Você deseja saber mais sobre o histórico da área de Gestão de Pessoas e de que forma cada
modelo contribuiu na construção do que hoje as organizações realizam de mais avançado nos
cuidados com seus colaboradores, dentro do cenário de globalização? Então assista à aula que
preparamos com carinho para você!
Saiba mais
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Se você ficou curioso e deseja estudar mais acerca da importância e do histórico de Gestão de
Pessoas, que tal dar uma lida no Capítulo 1 do livro Gestão de Pessoas: enfoque nos papéis
estratégicos, do autor Antônio Carlos Gil, que você encontra na Minha Biblioteca?
GIL, A. C. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis estratégicos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
Referências
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Aula 2
Alinhando estratégia com Gestão por Competências
Introdução
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Quadro 1 | Competências da Inteligência Emocional. Fonte: Goleman e Boyatzis (2017, [s. p.]).
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O início do debate sobre competências se deu com a publicação do artigo Testing for
competence rather than inteligence, escrito por McClelland e publicado em 1973. Neste artigo,
McClelland traz importantes questionamentos sobre a forma como os estudantes eram
submetidos a testes de inteligência para serem aprovados; contudo, a quantidade de inteligência
que eles demonstravam não era um preditivo do sucesso que teriam em suas vidas profissionais.
Ou seja, o autor defende que apenas a quantidade de inteligência que uma pessoa possui não é
suficiente para garantir que sua vida profissional seja bem-sucedida. Se essa era a maneira de
selecionar as pessoas que estava sendo praticada nos EUA, mas não era a melhor forma, o
debate trouxe à tona uma importante falha no processo. A partir desse artigo, o conceito
“competência” surgiu, segundo McClelland, como uma característica pessoal que leva a uma
performance superior na realização de determinada tarefa. Já na década de 1980, Richard
Boyatzis, por meio de pesquisas sobre competências gerenciais, identificou um conjunto de
traços e características que, segundo sua opinião, garantiam uma performance superior (FLEURY,
2002).
Outros importantes autores americanos como Spencer e Spencer (1993), McLagan (1996) e
Mirabile (1997) contribuíram com o debate sobre competências nos EUA. Contudo, a visão
americana de competências ficou conhecida como o conjunto de conhecimentos, habilidades e
atitudes, também chamado de CHA (acrônimo das palavras citadas). Nesta visão, as
competências são um conjunto de capacidades humanas que justificam a alta performance, e a
referência que baliza o conceito de competência é o conjunto de tarefas prescritas num cargo.
Todavia, Lawler (1994) se contrapõe à ideia de que trabalhar com um conjunto de habilidades e
requisitos definidos com base no sistema de cargos, próprio do modelo Taylorista, não atende às
demandas de uma organização complexa, inserida em um mundo globalizado, altamente
mutável. Assim, é possível identificar a falência do conceito de cargo e a emergência do “espaço
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ocupacional” cunhado por Dutra (2012), pois, cada vez menos, as organizações serão capazes de
elencar um conjunto de distintas tarefas que cada colaborador precisará realizar em seu espaço
ocupacional, uma vez que as próprias demandas de trabalho se alteram por conta de seu
contexto.
Dentro deste aspecto, a literatura francesa procura ir além do conceito de qualificação e traz o
conceito de competências ligado ao que Zarifian (2001) define como “noção de evento”, ou seja,
aquilo que ocorre de maneira imprevista e que vem a perturbar o fluxo “normal” do sistema de
produção. Desta forma, a competência não pode estar contida nas precondições da tarefa; é
preciso estar sempre mobilizando recursos para endereçar os novos problemas que surgem no
ambiente de trabalho, cada vez mais mutável e complexo. De acordo com Dutra (2012),
atualmente os autores procuram pensar a competência como o somatório das duas linhas –
francesa e americana – , ou seja, como a entrega e as características da pessoa que a auxiliam a
cooperar com a organização de forma mais facilitada. Quando Dutra (2012) se refere à entrega
realizada pelos colaboradores para a organização, as pessoas atuam como agentes de
transformação de conhecimentos, habilidades e atitudes. Assim ocorre a agregação de valor ao
patrimônio de conhecimentos da organização (MARANGONI, 2014).
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é o financeiro, pois sabemos que é praticamente impossível que uma organização sobreviva sem
ele, seja com investimento próprio ou de terceiros. Contudo, para que a estratégia de uma
organização sobreviva, ela precisa ir além do recurso financeiro: é fundamental que as pessoas
com as competências adequadas estejam disponíveis na organização para realizar as metas e
objetivos estabelecidos. As organizações bem-sucedidas incluem a Gestão de Pessoas no
processo de planejamento da estratégia organizacional, pois, desta forma, ocorre de maneira
mais fluida a transição para o planejamento da força de trabalho (MITCHELL; GAMLEM, 2017).
É muito importante ter em mente que o planejamento da força de trabalho só será passível de ser
implementado/realizado se os diretores derem apoio a esse plano, por isso a importância de
cascatearem do planejamento estratégico da organização. Sendo assim, o planejamento da
força de trabalho é o próximo passo lógico, depois que o planejamento estratégico for
desenvolvido. Como visto na aula passada, atualmente as organizações se estruturam por meio
da Gestão por Competências. Isso implica que o mapeamento e a conscientização sobre
competências auxiliam no gerenciamento da força de trabalho das organizações, contribuindo na
contratação e alocação das pessoas certas, com as competências adequadas nos lugares
certos e orientando, por meio destas competências, o treinamento e o desenvolvimento
(MITCHELL; GAMLEM, 2017). Os modelos com foco em competências se enquadram no
conceito de RH Estratégico e nasceram num contexto de competitividade crescente como uma
maneira inovadora e inteligente de atender às novas demandas das organizações e dos
ambientes onde estão inseridos (CODA, 2016).
Segundo célebre frase de Peter Drucker, as pessoas são contratadas pelas suas habilidades
técnicas, porém, são demitidas pelos seus comportamentos. Em artigo do portal G1 (9 EM
CADA..., 2018), informa-se que nove em cada dez profissionais são contratados pelo perfil
técnico e demitidos pelo comportamento, segundo levantamento da Page Personnel. Ou seja,
90% dos colaboradores são desligados por condutas inadequadas ou inesperadas. Não é difícil
encontrar candidatos com os currículos repletos de hard skills que, contudo, quando vão realizar
a entrevista, acabam não sendo admitidos na vaga em questão. É importante que o candidato
tenha uma forte inteligência emocional e esteja em constante aprimoramento das soft skills
ligadas a relacionamento e comunicação com as pessoas, trabalho em equipe, entre outras.
Não estamos aqui dizendo que as hard skills não sejam importantes; pelo contrário, elas são
importantíssimas para a realização das tarefas associadas a cada espaço ocupacional. Contudo,
é muito mais fácil para as organizações treinar e preparar as pessoas para as hard skills, por
meio de cursos, do que desenvolver as soft skills, que são as competências comportamentais e
demoram mais para ser assimiladas. Assim, faz todo sentido contratar as pessoas com as soft
skills necessárias e, caso as hard skills não estejam latentes, constar no plano de treinamento
desta pessoa para que, assim que ingressar na organização, possa aprender.
De acordo com Coda (2016), uma abordagem de Gestão de Pessoas com base em competências
deve ser transparente e deixar claro o que é preciso ser feito e como é esperado o resultado, para
que o desempenho seja considerado de excelência. Assim, as relações entre os colaboradores e
seus gestores serão mais transparentes, diminuindo tensões e fomentando o profissionalismo.
Uma vez que o colaborador consiga realizar seu pleno potencial na organização, vai contribuir
para a implementação das estratégias, garantindo o alcance da missão e visão no longo prazo.
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Gostou do conteúdo sobre competências e espera saber mais sobre como você pode melhor
desenvolver suas habilidades hard e soft? Então confira a videoaula que preparamos para você!
Saiba mais
Se você deseja saber mais sobre o desenvolvimento de competências, não deixe de ler o Capítulo
14 do livro Recursos Humanos: estratégia e gestão de pessoas na sociedade global, de Antonio
Cesar Amaru Maximiano.
MAXIMIANO, A. C. A. Recursos humanos: estratégia e gestão de pessoas na sociedade global. 1.
ed. Rio de Janeiro: LTC, 2014.
Referências
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Aula 3
Administração de talentos e capital intelectual nas organizações
Introdução
É muito estranho, quase inconcebível, pensar que, durante muito tempo, a contabilidade das
organizações só considerava os recursos materiais como passíveis de serem valorados. Ou seja,
as pessoas, que hoje são vistas como o bem mais importante de qualquer organização, não
eram levadas em consideração nesse cálculo. Atualmente, sabe-se que a informação e o
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Neste sentido, para Prahalad e Hamel (1990), um ativo é, na verdade, apenas a percepção de uma
oportunidade a respeito da qual a maioria das pessoas concorda.
Com a valorização do conhecimento dentro das organizações e o entendimento de que a
inteligência humana e os recursos intelectuais constituem presentemente os ativos mais
valiosos de qualquer empresa (KARLGAARD apud EDVINSSON; MALONE, 1998, p. 2), muitos
autores começaram a questionar se essa maneira de avaliar e contabilizar apenas os ativos
tangíveis de uma organização seria a forma correta de valorar uma empresa. Em 1998, Sveiby
conceituou o que chamamos de ativos intangíveis, de maneira muito similar ao que Stewart
(1998, p.XIII) chamou de capital intelectual: “o Capital Intelectual constitui a matéria intelectual –
conhecimento, informação, propriedade intelectual, experiência – que pode ser utilizada para
gerar riqueza”. Para Sveiby (1998), teórico da organização baseada em conhecimento, a
economia da Era do Conhecimento oferece recursos ilimitados, pois a capacidade humana de
criar conhecimentos é infinita.
Sob esta ótica, os colaboradores são as pessoas-chave no que tange o capital intelectual; porém,
é possível observar diferentes performances dos distintos colaboradores dentro das
organizações. Reconhecer esses talentos é crucial para que as empresas possam identificar os
potenciais futuros líderes e pensar na melhor forma de implementar a sucessão. Mas afinal, o
que são talentos ou high potencials nas organizações? Talentos são, geralmente, definidos como
aqueles colaboradores que demonstram alto nível de contribuições aos valores organizacionais e
têm potencial para subir para uma posição previamente identificada dentro de um determinado
prazo. Os talentos, ou high potencials, são colaboradores capazes de assumir maiores
responsabilidades, pois apresentam alto grau de entrega para a organização e liderança.
Para Stewart (1998), os talentos se diferenciam dos demais colaboradores por desenvolverem
atividades que contribuem para os resultados organizacionais. É uma pessoa que desempenha
papel-chave na organização, por meio de suas competências, e é comprometida com a entrega
dos resultados. Segundo Ready, Conger e Hill (2010, p. 1, tradução livre), os high potencials:
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Apesar de, contabilmente, esse ativo intangível ou capital intelectual não ser corriqueiramente
incluído nos Balanços Patrimoniais, era muito comum que, quando uma empresa fosse vendida,
o valor da negociação fosse maior do que aquele apontado nos Balanços. Para Stewart (1998),
que foi o primeiro autor a definir capital intelectual, quando o mercado avalia uma empresa com
um valor superior ao valor contábil de seus ativos, essa diferença é entendida como o capital
intelectual. Esse capital diz respeito aos ativos intangíveis que, em um ambiente de elevada
complexidade e mudanças descontínuas, serão os principais responsáveis pelo desempenho
financeiro da empresa no futuro. “O Capital Intelectual, em especial, valoriza atividades como a
lealdade dos clientes ou o desenvolvimento da competência dos empregados, que podem não
influir na lucratividade de uma empresa durante anos” (EDVINSSON; MALONE, 1998, p. 10).
O capital intelectual também pode ser identificado por meio de fatores como liderança
tecnológica, treinamento constante dos colaboradores e rapidez de atendimento de pedidos de
clientes, uma vez que ele é visto como a peça central da competitividade. E se, como já vimos, a
velocidade das mudanças está cada vez mais acelerada, o capital intelectual também é visto
como a importante capacidade de uma organização de aprender e se adaptar. É ele que mantém
uma empresa atrativa e sustentável em sua criação de valor. Mas o que é valor? Segundo
Edvinsson e Malone (1998), o valor está nos ativos e, para eles, os ativos se apresentam sob
quatro perspectivas distintas. Três delas são mensuráveis e a quarta é essencialmente não-
mensurável (pelo menos, até que a organização seja vendida e possamos evidenciar essa
diferença no valor contábil). Esta quarta categoria de ativos é mais complicada, uma vez que
representa os ativos intangíveis (aqueles que não possuem uma representação física, porém,
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trazem valor para a empresa). Neste sentido, as pessoas são o principal ativo intangível de uma
organização.
De acordo com os autores Ready, Conger e Hill (2010), um talento sempre entrega fortes
resultados, domina novas expertises e reconhece que o comportamento é muito importante.
Contudo, aquilo que realmente o distingue dos demais colaboradores é o fato de sempre buscar
se destacar na realização de uma tarefa (busca da excelência), possuir uma forte capacidade de
aprendizagem, ter espírito empreendedor e, finalmente, identificar oportunidades e se adaptar a
mudanças. Essas características, os autores denominam como os “fatores X” e ressaltam que,
infelizmente, esses fatores são um pouco intangíveis e geralmente não aparecem em listas de
competências de liderança ou em formulários de avaliação de desempenho.
Mas, se as competências e comportamentos das pessoas consideradas talentos nas
organizações não são fáceis de serem colocadas nos formulários, como é possível me tornar um
talento, ou ser identificado como um? De acordo com Coda (2016), talento é mais que a junção
de conhecimentos e habilidades: são os comportamentos exibidos na realização do seu trabalho.
A partir do modelo de gestão de competências adotado pela organização, é possível identificar
quais competências foram consideradas reveladoras de talentos (porém, as diferentes
organizações avaliam seus talentos de maneiras distintas). Assim, para que uma pessoa seja de
fato um talento dentro da organização, esta precisa ter um alinhamento do gerenciamento de
impulsionadores relacionados ao modelo organizacional, da cultura e do clima, dos sistemas da
direção, da gestão do conhecimento... Enfim, de muitos subsistemas que contribuam para que
este talento possa ser visto e reconhecido como tal.
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Uma conversa com o gestor é sempre bem-vinda para entender como a organização em que
você atua identifica talentos e se ela possui algum programa de desenvolvimento. Porém, é
importante ter em mente que nem todas as empresas deixam claro para os seus colaboradores
quem é visto como um talento. Atualmente, muitas organizações entendem a importância de
gerenciar e aprimorar os talentos que possuem, uma vez que não desejam passar por nenhum
“apagão de talentos” (quando faltam pessoas qualificadas para assumir posições de liderança,
que podem vagar por um líder se aposentar ou trocar de empresa, ou por surgirem novas
oportunidades de negócio e não existir ninguém dentro da organização preparado para assumir
esse novo desafio). Ready e Conger (2007), em artigo da Harvard Business Review, identificaram
empresas que enfrentam o futuro com confiança, não apenas gerenciando talentos, mas
construindo verdadeiras “fábricas de talentos”.
Os autores identificaram que as fábricas de talentos são capazes de desenvolver e reter
colaboradores-chave e, desta forma, conseguem preencher rapidamente as posições de
liderança para atender às necessidades de negócios em evolução e os processos sucessórios.
Se, por um lado, estas organizações possuem processos de talentos rigorosos que suportam
objetivos estratégicos e culturais, por outro, existe um comprometimento emocional por parte da
gerência que é identificado nas ações diárias da empresa. A estes dois aspectos destacados, os
autores dão o nome de “funcionalidade” e “vitalidade”, respectivamente. A funcionalidade “refere-
se aos processos em si, às ferramentas e sistemas que permitem que uma empresa coloque as
pessoas certas com as habilidades certas no lugar certo, na hora certa (...) e vincular claramente
os processos aos objetivos da empresa é igualmente importante” (READY; CONGER, 2007,
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Temos uma videoaula muito especial abordando o capital intelectual e sua importância nas
organizações. Nele, refletimos sobre o que é um talento, como se tornar um e como as
organizações podem realizar processos para reter esses high potencials dentro das suas
organizações e não os perder para o mercado. Vem com a gente?
Saiba mais
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Se você se identificou com o conteúdo e gostaria de saber mais sobre como se tornar um talento
ou gerir os talentos de uma organização, dê uma olhada neste artigo que selecionamos:
CAST, C. Como estimular os seus funcionários excepcionais. Kellogg Insights, 2016.
Referências
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CAST, C. Como estimular os seus funcionários excepcionais. Kellogg Insights, 2016. Disponível
em: https://insight.kellogg.northwestern.edu/pt/article/how-to-nurture-high-potential-employees.
Acesso em: 11 ago 2022.
CODA, R. Competências Comportamentais: como mapear e desenvolver competências pessoais
no trabalho. São Paulo: Atlas, 2016.
Corporate Leadership Council (CLC). The metrics standard: capability measures. Corporate
Executive Board, 2005.
EDVINSSON, L.; MALONE, M. Capital Intelectual: Descobrindo o valor real de sua empresa pela
identificação de seus valores internos. São Paulo: Makron Books, 1998.
PRAHALAD, C.K.; HAMEL, G. The core competence of the corporation. Harvard Business Review,
Boston, Mass., May/June, 1990.
READY, D. A.; CONGER, J. A. Making your company a talent factory. Harvard Business Review, v.
85, n. 6, 2007. p. 68-77.
READY, D. A.; CONGER, J. A.; HILL, L. A. Are you a high potencial? Harvard Business Review, v. 88,
n. 6, jun. 2010. p. 1-16.
STEWART, T. A. Capital intelectual. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
SVEIBY, K. E. A nova riqueza das organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
Aula 4
Compreendendo a cultura organizacional
Introdução
Disciplina
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Hoje a nossa aula abordará um tema muito importante quando falamos de organizações e
pessoas. Entender a cultura organizacional é fundamental para entender como as coisas são
realizadas dentro das organizações, por que as pessoas pensam como pensam ou se
comportam de tal forma. Os valores organizacionais são centrais quando observamos e
estudamos a cultura de qualquer organização; porém, existem outras formas de observarmos a
cultura: desde aspectos visíveis, como o ambiente, a linguagem dos colaboradores e os produtos
ou serviços ofertados, até aspectos menos visíveis como os rituais, os símbolos e as histórias
contadas nessas organizações. Os valores podem ser traduzidos em um conjunto de diretrizes,
componentes mais formais, como um conjunto de princípios, políticas e processos de Gestão de
Pessoas que interferem nas relações humanas dentro das organizações. Por meio da cultura
organizacional, ocorre também o gerenciamento da diversidade nas organizações, deixando
transparecer aos colaboradores o que a organização preza e valoriza nas pessoas que lá se
encontram.
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Mas o que são pressupostos básicos? São ideias que os membros de um grupo consideram tão
óbvias e certas (certezas profundas) que utilizam e dificilmente se questionam se estão agindo
de acordo com determinado paradigma (FLEURY; SAMPAIO, 2002). Falar de cultura
organizacional é falar de valores. Valores têm sido um conceito central nas Ciências Sociais, pois
são cruciais para explicar as organizações e as transformações sociais e pessoais. De acordo
com Schwartz (2012, p. 63, tradução livre) “os valores são usados para caracterizar grupos
culturais, sociedades e indivíduos, para identificar transformações ao longo do tempo e para
explicar as bases motivacionais de atitudes e comportamentos”.
De maneira geral, podemos dizer que os valores organizacionais são as formas de demonstrar a
identidade da organização, seja para os colaboradores, para seus clientes, mercado e demais
stakeholders. Os princípios são fundamentais na definição da cultura de uma organização. De
acordo com Fischer (2002, p. 17), princípios são “orientações de valor e crenças básicas que
determinam o modelo e são adotadas pela empresa”, assim, o modelo de gestão deverá não só
segui-los e respeitá-los como também reforçar esses valores na cultura da organização
(FISCHER, 2002).
Já as políticas estabelecem diretrizes de atuação, são orientadoras e integradoras dos
processos especificamente voltados para a Gestão de Pessoas. Segundo Fischer (2002, p17), as
políticas “estabelecem diretrizes de atuação que buscam objetivos de médio e longo prazo para
as relações organizacionais”. Por fim, os processos são os elementos mais visíveis do modelo de
Gestão de Pessoas, são aqueles mais estudados e amplamente divulgados. Exemplos de
processos são as ações de recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, avaliação de
desempenho, pesquisa salarial e de clima, diagnóstico de cultura, entre vários outros. Ainda
segundo Fischer (2002, p 17), processos são “cursos de ação previamente determinados, não
podem ultrapassar os princípios e são orientados por políticas”.
Um assunto que está em voga, atualmente, e que deve andar de “mãos dadas” com os valores
organizacionais, é a diversidade. Diversidade significa criar um ambiente de trabalho que abarque
todos os colaboradores, nos mais variados sentidos, desde questões étnicas, culturais, de
gênero, sociais, de necessidades especiais, de orientação sexual, além de formas de pensar e
perfil (entre tantas outras); que favoreça o clima e a convivência entre todos. Assim, não há como
haver diversidade dentro uma organização se isso não for um real valor dela.
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A diversidade pode ser vista em dois níveis distintos. O nível superficial é chamado de “bio-
demográfico” por Horwitz e Horwitz (2007), e contempla todas as características observáveis de
um indivíduo, como o gênero, a etnia, a orientação sexual, sua posição social, entre outros. Por
este ser um nível de fácil observação, é nele que normalmente as pessoas acabam se
comparando e ao qual atribuem um maior peso. Contudo, é no nível mais profundo que o ser
humano realmente se encontra e se conecta com o próximo. O nível profundo, ainda de acordo
com os autores, aborda características pessoais como a cultura, os valores, a educação e a
personalidade. Para que ocorra uma real conexão e identificação nos níveis mais profundos, é
fundamental romper com a primeira barreira de preconceito que o nível superficial pode gerar
(principalmente quando há diferenças). Incluir a diversidade nas organizações não é uma tarefa
simples. É fundamental que ações sejam implementadas no sentido de conscientizar os
colaboradores. Apenas quando uma cultura de diversidade for fomentada por meio de
estratégias organizacionais, a diversidade de fato será aceita e bem-vinda.
Um diagnóstico da cultura organizacional é muito importante, e uma das formas de realizá-lo é
como se mostra na Figura 1, a seguir relacionada. Fleury e Sampaio (2002, p. 291) destacam as
diversas camadas na cultura: começam por fora, com os elementos visíveis da organização,
como o ambiente, os hábitos, os artefatos, a linguagem utilizada pelos colaboradores e os
produtos ou serviços oferecidos pela organização; seguem com uma camada mais intermediária
com os rituais, mitos, histórias, heróis e símbolos; até chegarem à camada mais profunda, que
são os valores e crenças da organização.
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Figura 1 | Níveis de apreensão da cultura organizacional. Fonte: adaptada de Fleury e Sampaio (2002, p. 291).
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práticas vigentes. Os rituais são sequências repetitivas de atividades que expressam e reforçam
os valores fundamentais da organização. Um exemplo de ritual nas organizações são as
confraternizações de final de ano, nas quais os colaboradores se encontram e festejam juntos.
Outro ritual pode ser um jantar de comemoração por metas ou resultados atingidos. Já os
símbolos são objetos, ações ou eventos que transmitem significados aos membros
organizacionais. Esses símbolos estão presentes, por exemplo, no logotipo da marca. O que a
marca de uma empresa passa aos seus clientes? Ela traz orgulho ao colaborador por fazer parte
daquela organização? (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010). Por fim, é possível observar os valores
exercendo um papel bastante central na cultura.
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Quadro 1 | Elementos da cultura organizacional. Fonte: adaptado de Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 501).
O elemento inovação está em voga e, cada vez mais, as organizações buscam construir uma
cultura voltada para isso. Se, por um lado, a inovação está ligada à capacidade de assumir riscos
e permitir o erro dentro da organização, sem que ele seja punido; por outro, ela está ligada à
capacidade de assegurar que pessoas diferentes, com diferentes repertórios, façam parte desta
organização (e tenham prazer em trabalhar lá). A diversidade traz consigo os diferentes olhares e
repertórios que, juntos, são capazes de gerar inovação dentro das organizações. Cabe à cultura
organizacional nortear o entendimento da diversidade, que é visto como um fenômeno recente
nas organizações e que tem ganhado cada vez mais força. Desta forma, as políticas
organizacionais devem ser adaptadas às mais diversas realidades (NISHII; ÖZBILGIN, 2007) e
norteadas para o entendimento da diversidade, criando sistemas flexíveis de conduta para seu
entendimento para conseguir lidar com as diferenças (KOPYTOVA, 2018).
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computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo
para assistir mesmo sem conexão à internet.
Após essa leitura sobre o que é cultura organizacional e diversidade, e por que ambas são tão
importantes de serem entendidas e gerenciadas dentro das organizações, venha assistir a uma
videoaula que preparamos com muito carinho para você!
Esses dois temas são essenciais para a nossa jornada de aprendizagem em Gestão de Pessoas.
Saiba mais
Você se interessou pelo tema da cultura organizacional? Que tal ler Edgar H. Schein, o grande
autor do assunto? Nossa sugestão é o livro Cultura Organizacional e Liderança, disponível em
Minha Biblioteca:
SCHEIN, E. H. Cultura organizacional e liderança. São Paulo: Atlas, 2017.
Boa leitura!
Referências
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Aula 5
Revisão da unidade
Nossa jornada no mundo da Gestão de Pessoas está apenas começando, mas já temos um
alicerce sólido. Sobrevoamos o histórico da área e descobrimos que nem sempre o ser humano
foi valorizado e visto/tratado como o elemento principal das organizações, muito pelo contrário.
Quando o RH era visto apenas como RH, os colaboradores eram tratados como recursos, como
maquinário, mais uma parte do sistema produtivo. Com estudos e novas descobertas, entendeu-
se a importância das relações no ambiente de trabalho, mas estas ainda eram vistas como
possíveis maximizadoras da produção e, consequentemente, do lucro das organizações.
Avançou-se um pouco mais, ao entender que a gestão de pessoas não deveria apenas seguir a
estratégia organizacional, mas influenciá-la; afinal, saber do negócio da organização, sua missão
e valores é indispensável para ter as pessoas certas no lugar certo.
Nesta ótica da valorização da importância do ser humano, surgiu um novo conceito, o de capital
intelectual. As organizações passaram a valer mais que o simples somatório dos seus bens
tangíveis, pois entendeu-se que o maior valor das organizações está justamente naquilo que é
intangível: as pessoas. São elas que detêm conhecimento, habilidades e atitudes em ação, que
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geram os resultados organizacionais. Se as pessoas são o bem mais valioso das organizações,
como gerir essa força de trabalho? A gestão por competências surge para abarcar os diversos
processos de RH, como: seleção, treinamento, desenvolvimento, avaliação de desempenho, entre
tantos outros. São as competências, individuais e organizacionais, que permitem que as
organizações alcancem suas missões e visões.
Atualmente, é muito comum aparecerem os termos soft skills e hard skills. Skills são habilidades
em inglês, mas comumente são utilizadas como sinônimo de competências no mundo do
trabalho. As hard skills, ou competências técnicas, são desejáveis para a realização de tarefas
específicas, ou técnicas; porém, são as soft skills as habilidades mais difíceis de serem
mobilizadas e encontradas nos colaboradores, como: trabalho em equipe, liderança,
comunicação. E, se não é fácil encontrar um colaborador com todas as competências
necessárias a seu espaço ocupacional, quem dirá encontrar e reter um talento dentro das
organizações.
Os talentos, ou high potencials, são pessoas que entregam mais que seus parceiros nas
organizações, que aprendem rápido e possuem o potencial de subir mais que dois níveis por sua
capacidade de adaptação e entrega. Os talentos são pessoas que constantemente buscam
desafios e querem ser desenvolvidos numa velocidade maior que a maioria dos colaboradores.
Por isso, não é tão simples retê-los na organização. É fundamental que a gestão de pessoas crie
um ambiente propício ao seu desenvolvimento.
Outro importante ponto de atenção na Gestão de Pessoas está ligado à gestão da diversidade.
Sabe-se que a diversidade é responsável por criar ambientes mais inovadores e flexíveis, se
culturalmente ela for desejada e viabilizada. A cultura organizacional é a grande teia invisível que
liga os colaboradores aos valores de cada organização. Essa cultura é normalmente iniciada por
seu fundador, e vai se ampliando à medida que os novos membros compartilham desses valores,
da forma de pensar e agir, criando os pressupostos básicos compartilhados.
A Gestão de Pessoas identifica os valores e crenças organizacionais, elabora seus princípios,
políticas e processos (as práticas de RH) e auxilia na manutenção dessa cultura, permitindo,
assim, que a organização esteja alinhada com as estratégias estabelecidas para, por meio de sua
missão, chegar à sua visão.
Que tal agora consolidar todo o conhecimento que você aprendeu nesta Unidade 1 de Gestão de
Pessoas? Preparamos um vídeo que vai trazer esses conteúdos de maneira integrada e
dinâmica. Venha assistir com a gente!
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Estudo de caso
Roberto encontrou você na academia e estava muito contente querendo falar sobre o estágio que
está fazendo na empresa Solis. Ele disse que nunca imaginou que poderia aprender tanto num
ambiente com pessoas tão legais e solícitas: “É incrível com as pessoas são verdadeiras e
transparentes na empresa, existe um clima de confiança!”, comentou.
Desde o primeiro dia trabalho, Márcia, do RH, fez questão de levá-lo a um tour pela organização, e
ele contou que as pessoas ficam em suas próprias mesas, mas numa sala gigante, onde todos
conseguem interagir, o que o ajuda muito, pois, no dia a dia, ele consegue sempre tirar suas
dúvidas com alguém que está próximo. Assim, Robero não se sente só nem desamparado na
organização. “Sabe o que é mais interessante? ”, falou. “Como essa sala é ampla e dá para ver
todos os colaboradores, você percebe que as pessoas lá são bastante diferentes umas das
outras. Tem jovens, pessoas mais velhas, pessoas brancas, negras; até um indiano, o Kabir,
trabalha lá com a gente. E todo mundo se trata com muito respeito”.
Outro detalhe que Roberto contou com orgulho foi que, nesta mesma sala onde eles ficam
trabalhando, mais ao canto, existe um uma espécie de cafeteria, com “comidinhas” saudáveis,
chá, café e outros alimentos que os colaboradores podem livremente consumir. Frequentemente,
ele percebe que grupos de colegas estão lá conversando e tomando um café juntos.
Uma vez, Roberto disse: “Fui para a empresa com o carro do meu pai, achei que as vagas dos
diretores seriam separadas e próximas à entrada, mas que nada! Não existem lugares fixos.
Chegou, parou! E consegui uma vaga maneira, bem pertinho da entrada”.
Roberto estava todo animado em ser estagiário na Solis, não acreditava que uma organização
pudesse ser tão bacana. No fim do mês, quando averiguaram que as metas haviam sido batidas,
foram todos do time convidados para jantar num bom restaurante, a empresa pagou a conta, e
todos comemoraram muito os esforços e resultados atingidos. Roberto achava interessante que,
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GESTÃO DE PESSOAS
apesar de realizar tarefas mais burocráticas, sabia exatamente o que seu trabalho implicava na
entrega do seu time. Tinha a certeza de que seu trabalho era muito importante, apesar de estar
apenas começando por lá.
Roberto contou que o fundador de sua empresa, Sr. Armando, tinha uma história de superação
muito inspiradora, e que, assim como ele, gostaria de alcançar grandes feitos em sua vida.
Achava o logo da Solis, um grande sol brilhante, muito encorajador, pois sentia que todos os dias
eram iluminados e sentia orgulho em trabalhar naquela empresa.
________
Reflita
Roberto acabou de contar a você sobre sua nova experiência como estagiário na Solis. Como é
possível relacionar esses aspectos de cultura organizacional com o que você está aprendendo?
Identifique na fala de Roberto e relate os aspectos visíveis da cultura, como ambiente, os hábitos;
os aspectos mais intermediários, como histórias, rituais, símbolos e heróis; e os aspectos mais
profundos, como os valores. Na fala de Roberto, também é possível identificar sinais da presença
ou não da diversidade nessa organização. Pontue esses sinais.
Vamos correlacionar os pontos levantados do estágio de Roberto com o que você aprendeu em
Gestão de Pessoas:
Elementos visíveis da cultura
Ambiente: Roberto destaca que o ambiente da sua empresa é aberto, tanto no sentido do diálogo
(os colaboradores possuem acesso uns aos outros), quanto fisicamente (as mesas são
próximas, em um ambiente amplo, com fácil acesso e visualização dos membros).”
Hábitos: as pessoas podem desfrutar de um ambiente onde podem tomar juntas um café e
socializar. Outro hábito que Roberto destacou é a acessibilidade às pessoas e a interação entre
elas.
Elementos intermediários da cultura
Histórias: as histórias contadas sobre como Seu Armando fundou a organização trazem
aspectos compartilhados importantes sobre a cultura da Solis.
Heróis: o próprio Seu Armando é um herói nessa organização.
Símbolos: O logotipo destacado por Roberto, como um sol, que brilha e é intenso, faz com ele
sinta identificação e tenha orgulho em pertencer a essa organização.
Rituais: Roberto identifica em sua fala um dos rituais de comemorar as metas alcançadas,
saindo para jantar com seus parceiros do time de trabalho.
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Resumo visual
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Referências
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GESTÃO DE PESSOAS
EDVINSSON, L.; MALONE, M. Capital Intelectual: Descobrindo o valor real de sua empresa pela
identificação de seus valores internos. São Paulo: Makron Books, 1998.
FISCHER, A. L. Um resgate conceitual e histórico dos modelos de gestão de pessoas. In: As
pessoas na organização (p. 11-34). São Paulo: Editora Gente, 2002.
FLEURY, M. T. L.; SAMPAIO, J. D. R. Uma discussão sobre cultura organizacional. In: As pessoas
na organização (p. 283-294). São Paulo: Editora Gente, 2002.
HORWITZ, S. K.; HORWITZ, I. B. The Effects of Team Diversity on Team Outcomes: A Meta
Analytic Review of Team Demography. Journal Of Management, Houston, v. 33, n. 6, dez. 2007. p.
987-1015.
JAQUES, E. The changing culture of a factory. The Dryden Press, 1952.
KOPYTOVA, I. Managemente potencial of organizational culture in resolving business conflicts.
Agricultural And Resource Economics: International Scientific E-Journal, v. 4, n.1, 2018. p. 77-90.
NISHII, L. H.; ÖZBILGIN, M. F. Global diversity management: towards a conceptual framework. The
International Journal of Human Resource Management, v. 18, n. 11, nov. 2007. p. 1.883-1.894.
ROBBINS, S. P; JUDGE, T. A.; SOBRAL, F. Comportamento Organizacional: teoria e prática no
contexto brasileiro. 14a ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.
,
Unidade 2
Plano de Recrutamento e Seleção
Aula 1
Fundamentos e o Planejamento do Recrutamento
Introdução
Agora que você já entende o que é Gestão de Pessoas e para qual finalidade ela existe dentro das
organizações, podemos efetivamente entrar nos principais processos de RH. O primeiro e grande
processo é o recrutamento. Ao identificar uma posição em aberto na organização, o gestor da
área, juntamente com o RH, irá trabalhar para recrutar a melhor pessoa para ocupar essa
posição. Esse processo pode parecer simples, mas existem muitas variáveis e nem sempre a
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
tomada de decisão será simples. Você já sabe quais conjuntos de conhecimentos, habilidades e
atitudes a posição requer? Qual o propósito desta vaga e se ela traz crescimento para a
organização? Seria melhor abrir essa posição internamente, para que os atuais colaboradores
apliquem para ela, ou trazer alguém de fora seria a opção mais acertada? Nesta aula vamos falar
sobre todas estas e outras variáveis e você se tornará um expert em recrutamento! Vamos lá?
Recrutamento estratégico
A competição está presente em todas as organizações e isso não acontece apenas na disputa
por clientes e recursos, mas também se reflete na concorrência por profissionais que agreguem
valor e sejam determinantes no diferencial competitivo e de qualidade nas empresas. Por um
lado, competem as organizações e, por outro, os profissionais. As organizações competem em
termos salariais, condições de trabalho, cultura, benefícios oferecidos e planos de
desenvolvimento. Já os candidatos competem em termos de qualificação pessoal,
personalidade, network e as competências requeridas pela vaga em questão. Uma variável
importante para as organizações é a imagem ou reputação que a empresa projeta no mercado de
trabalho. O próprio processo de recrutamento pode influenciar na imagem que a organização
transmite, pois expõe o grau de profissionalismo com que trata seus colaboradores. Assim, se o
processo for mal conduzido poderá projetar uma imagem negativa (LIMONGI-FRANÇA;
ARELLANO, 2002).
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GESTÃO DE PESSOAS
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aprendizado. A observação é também uma possível metodologia, e pode ser combinada com o
questionário ou a entrevista (MITCHELL; GAMLAM, 2017).
Após a elaboração do job description é necessário escolher a fonte, ou as fontes, de
recrutamento; ou seja, podem ocorrer dentro da organização, com os atuais colaboradores, ou
fora, com novos candidatos. A fonte interna de recrutamento permite que os colaboradores da
organização possam se candidatar às posições abertas – muitas organizações priorizam o
recrutamento interno ao externo. Geralmente estas organizações possuem um sistema, uma
intranet, onde disponibilizam estas vagas. A vantagem de realizar uma contratação interna é que
já se conhece o colaborador, do que ele é capaz, ele já está imerso na cultura da organização e
isso reduz os riscos e incertezas que traria uma nova contratação. Existe ainda a vantagem de
economizar com anúncios externos e com o processo de onboarding que não será necessário,
afinal, ele já conhece a organização. O recrutamento interno aumenta a satisfação do
colaborador e pode se tornar uma excelente ferramenta de retenção (MITCHELL; GAMLAM,
2017).
Na utilização da fonte de recrutamento externa, a organização busca preencher as vagas em
aberto com pessoas que estão fora da organização. As vantagens de contratar novos
colaboradores é trazer novas ideias e vivências, novos talentos e competências para a
organização. Isso pode trazer um conhecimento de outros competidores e aumentar a
diversidade organizacional. Contudo, os custos e o tempo de recrutamento podem aumentar
com esta escolha, seja por meio dos anúncios ou pela realização do onboarding. O fato de o
colaborador ser uma pessoa nova na organização também pode trazer algum risco de a
organização não conhecer realmente o aplicante. A seguir, a comunicação é essencial para o
recrutamento, pois transmite as informações sobre o processo para os potenciais candidatos.
Essa informação deve atrair e manter a atenção dos potenciais candidatos e motivá-los a se
inscreverem no processo de recrutamento. Há muitos meios de comunicação: imprensa, internet
e agências de recrutamento, com variedades. Após o término do processo de recrutamento, a
organização poderá seguir para o processo de seleção (MITCHELL; GAMLAM, 2017).
GESTÃO DE PESSOAS
Quando uma posição fica disponível, seja porque a organização está crescendo ou para
substituir um colaborador que saiu da posição por alguma razão, é importante parar e determinar
o que é necessário para que essa contratação seja bem-sucedida. Muitas vezes, quando é uma
reposição, é comum que os gestores decidam contratar alguém muito parecido com quem
ocupava a vaga previamente. Contudo, talvez essa seja uma boa hora de repensar as
responsabilidades e os requisitos para a vaga. Com a alta velocidade da mudança, as coisas
raramente se mantêm iguais. Assim, faça uma revisão do job description para saber se ele
descreve de maneira acurada a posição e se os fatores de sucesso para a posição estão escritos
da melhor forma. Identifique se outros colaboradores podem assumir algumas das
responsabilidades desta posição e se, de fato, preenchê-la irá ajudar a organização a atingir sua
missão ou contribuir para crescer de alguma maneira.
Observe o orçamento e se existe recurso suficiente para preencher a posição considerada. Talvez
outras opções possam ser levadas em conta, como colaboradores part-time, consultores,
trabalhadores temporários ou até mesmo terceirizados. Colaboradores contratados de maneira
part-time são contratados CLT pelas organizações, porém, possuem uma carga horária menor
que os full-time (40 horas). Esse tipo de contratação pode ocorrer porque o colaborador não
deseja trabalhar no modelo full-time, talvez porque já se aposentou, porque tem filhos pequenos,
pais com cuidados especiais, muitos são os motivos. Com esta contratação, tanto a organização
mantém um talento fundamental, quanto o colaborador consegue realizar todos os seus papéis.
Atualmente, muitas pessoas não almejam trabalhar em uma empresa em tempo integral, elas
querem mais controle sobre o seu tempo e onde gastam sua energia (LIMONGI-FRANÇA;
ARELLANO, 2002).
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Recrutar não é tão simples quanto comumente pensamos, não é mesmo? Para realizar um
recrutamento estratégico precisamos pensar em muitas variáveis para tomarmos as decisões de
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maneira mais assertiva. Se você se interessou no conteúdo, então venha assistir à videoaula que
preparamos com muita pesquisa e atenção nos detalhes para você
Saiba mais
Outras interessantes fontes que abordam o tema do recrutamento e que você pode consultar são
os livros:
ARAÚJO, L. C. G. D.; GARCIA, A. A. Gestão de Pessoas: Estratégias e Integração Organizacional. 2
ed. São Paulo: Atlas, 2014.
DUTRA, J. S.; DUTRA, T. A.; DUTRA, G. A. Gestão de Pessoas: realidade atual e desafios futuros.
São Paulo: Atlas, 2017.
Referências
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Aula 2
Selecionando as pessoas certas
Introdução
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O processo de seleção, de acordo com Maximiano (2014), possui quatro etapas principais: (1)
definir os critérios de seleção; (2) escolher os procedimentos e técnicas de seleção; (3) executar
o processo de seleção, de forma integrada com as etapas do processo de recrutamento, vistos
na aula anterior; (4) avaliar e comparar os candidatos aptos de acordo com o resultado da
seleção. Ao final desse processo, há um grupo de candidatos que são convidados a ingressar na
empresa.
Antes mesmo de começar a olhar os currículos é preciso estar claro o que realmente se está
procurando. O primeiro passo é revisar o job description que já havia sido elaborado na etapa de
recrutamento e buscar identificar os conhecimentos, habilidades e atitudes necessários para o
sucesso da posição. Ter claro quais competências são fundamentais para quem irá ocupar a
posição irá auxiliar na busca pelo melhor candidato, porém, hoje, a seleção não passa apenas
pelo crivo das competências, mas também pelo crivo dos valores. As organizações buscam o fit
cultural, ou seja, o candidato que possui os mesmos valores que a organização ao qual ele está
aplicando.
“O fit cultural é a probabilidade de alguém refletir e/ou ser capaz de se adaptar às principais
crenças, atitudes e comportamentos centrais que compõem a organização” (BOUTON, 2015, [s.
p.]). O fit cultural é, portanto, a cola que mantém a organização unida. Mas ,antes que a equipe de
contratação comece a medir os valores dos candidatos, eles precisam ser capazes de definir e
articular a cultura da organização – seus valores, objetivos e práticas – e, em seguida, tecer esse
entendimento no processo de contratação, como discutido na aula de cultura organizacional.
Ainda na definição dos critérios de seleção, alguns pré-requisitos podem ser necessários para a
posição, como cursos e credenciamentos específicos (inscrições em conselhos de classe, como
psicólogos, médicos, ou exame da Ordem no caso de advogados, CPA-10 para o mundo das
finanças). Domínio de idiomas, diplomas de pós-graduação, habilitações para conduzir veículos
especiais ou para operar equipamentos. É importante também identificar a disposição e
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disponibilidade para atender a demandas da posição como viagens, horas extras, trabalho
noturno ou aos finais de semana.
Com os critérios definidos é possível passar para a próxima etapa do processo de seleção: a
escolha das ferramentas para a avaliação dos candidatos. As técnicas e procedimentos de
seleção são escolhidos em função dos critérios que serão avaliados, uma vez que refletem o job
description da posição. Cada organização utiliza uma combinação particular de técnicas de
seleção, aplicadas ao longo de um período, que pode variar de dias até meses. Geralmente, no
início da seleção, a organização possui muitos candidatos e precisa pensar num grande funil,
para que cheguem nas últimas etapas apenas os candidatos mais qualificados e aderentes à
vaga. A ordem em que são aplicados os procedimentos e técnicas que descreveremos a seguir
depende da decisão de cada empresa.
Apesar de as empresas ainda receberem currículos, enviados por e-mail ou por meio de
colaboradores que desejam indicar algum conhecido, a maior parte do recrutamento ocorre de
maneira online, como visto na aula passada. Então, neste momento, é necessário escolher as
palavras-chave que você deseja encontrar nas aplicações online, para que o algoritmo selecione,
dentre centenas de currículos, aqueles que estejam mais alinhados com a posição em aberto. É
fundamental que os recrutadores tenham a mente aberta no que tange às experiências dos
candidatos, pois é comum que aqueles oriundos das mesmas universidades que eles tenham
mais visibilidade e preferência, por exemplo. Muitos processos chamam de blind review quando
essas informações não são vistas ou não são levadas em conta neste momento da seleção.
Afinal, existe um estereótipo de que as universidades de ponta formam melhores candidatos.
Trazer diversidade para as organizações é também fugir destes padrões e estar aberto às
distintas experiências que os candidatos trazem.
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Quando um candidato aplica para uma organização, ele espera que ela, ao menos, indique que
seu currículo foi recebido. Por meio online, é mais fácil preparar a plataforma para indicar ao
candidato que a sua aplicação foi recebida com sucesso e está em análise. Mesmo que este
candidato não preencha os critérios para esta posição, ele pode concorrer futuramente para
outra vaga, ou ele pode ser um cliente da organização. Tratar bem todos os candidatos e deixá-
los a par do que está acontecendo no processo é um gesto de respeito, que ajuda com que a
pessoa por trás do processo tenha admiração pela organização. Esta fase é chamada de etapa
preliminar por Maximiano (2014), que podemos imaginar como a boca do funil (o lugar mais
largo, onde todos os aplicantes estão juntos). Após esta fase preliminar, alguns candidatos
passarão para a próxima etapa e outros não serão chamados, pois não tiveram os critérios
preenchidos. Quanto mais candidatos uma organização possui nesta fase, possivelmente
melhores serão as chances de encontrar um candidato adequado para preencher a posição.
Dentre as ferramentas mais utilizadas pelas organizações, encontram-se testes, dinâmicas de
grupo, jogos e entrevistas. Existem inúmeros tipos de testes que podem avaliar desde
conhecimentos específicos do candidato, como aptidões, interesses profissionais, valores (para
identificar o fit cultural) e personalidade. Os testes de conhecimento podem avaliar o grau de
conhecimento geral dos candidatos, por meio de uma redação ou por provas com questões de
múltipla escolha, por exemplo. Os testes podem ainda medir um conhecimento específico que
seja essencial para a posição (aqui cabem conhecimentos de matemática financeira, leis, até
conhecimento em mecânica, por exemplo). Os testes psicológicos tentam predizer o
comportamento do candidato, por meio da identificação de sua personalidade (OLIVEIRA, 2018).
GESTÃO DE PESSOAS
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Uma contratação pode ser vista como assertiva quando a pessoa contratada, no exercício de
suas atribuições e responsabilidades, é efetiva. O outro indicador é a permanência da pessoa
escolhida na organização (DUTRA; DUTRA; DUTRA, 2017). Os funcionários que se encaixam bem
com sua organização, colegas de trabalho e supervisor, possuem maior satisfação no trabalho,
são mais propensos a permanecer com sua organização e mostram desempenho superior no
trabalho (BOUTON, 2015). Assim, permanecer na organização é também escolher a pessoa certa,
com as competências, valores, crenças e desejo de pertencer a esta organização. Essas pessoas
que desejam ingressar na organização são facilmente identificadas, pois a conhecem bem,
possuem uma ligação emocional com ela, e normalmente realizam perguntas coerentes sobre
aquilo que não conseguiram descobrir por meio do site ou do contato com colaboradores que
atuam na organização.
O candidato cujo comportamento e valores são consistentes com a organização naturalmente
chegará ao topo do processo seletivo. Porém, é sempre bom ter em mente que o fato de a
pessoa não ser a escolhida pela organização ou o fato de a organização não ser escolhida pela
pessoa não significam que a pessoa seja incompetente ou que a organização seja uma opção
ruim de trabalho. O mais provável é que não haja uma compatibilidade entre ambas. Desse modo,
cada processo seletivo pelo qual a pessoa passa é um grande aprendizado para seu
autoconhecimento e uma oportunidade para conhecer a organização à qual se candidatou
(DUTRA; DUTRA; DUTRA, 2017).
Se você deseja encontrar o candidato ideal, ou ser o candidato escolhido para uma posição,
venha assistir ao vídeo que preparamos para ampliar seu conhecimento. Entender sobre os
processos de seleção e estar preparado é essencial para o sucesso, tanto do processo de
seleção, como da participação em processos seletivos.
Saiba mais
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Para ficar antenado nas novidades dos processos seletivos, separamos dois sites que trazem
informações importantes para você se preparar.
STANGENELLI, M. Jogos e Dinâmicas para R&S: processo seletivo assertivo e com foco em
competências. Leme Consultoria, 2021.
SUTTO, G. Gamificação: recrutadores adotam processo seletivo baseado em jogos; conheça.
Infomoney, 2019.
Referências
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BOUTON, K. Recruiting for Cultural Fit. Harvard Business Review, 2015. Disponível em:
https://hbr.org/2015/07/recruiting-for-cultural-fit?language=pt. Acesso em: 24 ago. 2022.
DUTRA, J. S.; DUTRA, T. A.; DUTRA, G. A. Gestão de Pessoas: realidade atual e desafios futuros.
São Paulo: Atlas, 2017.
MAXIMIANO, A. C. M. Recursos humanos: estratégia e gestão de pessoas na sociedade global.
Rio de Janeiro: LTC, 2014.
OLIVEIRA, L. Y. M. D. et al. Gestão de pessoas. Porto Alegre: SAGAH, 2018.
STANGENELLI, M. Jogos e Dinâmicas para R&S: processo seletivo assertivo e com foco em
competências. Leme Consultoria, 2021. Disponível em:
https://www.lemeconsultoria.com.br/artigos/jogos-e-dinamicas-rs/. Acesso em: 25 ago. 2022:
SUTTO, G. Gamificação: recrutadores adotam processo seletivo baseado em jogos; conheça.
Infomoney, 2019. Disponível em: https://www.infomoney.com.br/carreira/gamificacao-
recrutadores-adotam-processo-seletivo-baseado-em-jogos-conheca/. Acesso em: 25 ago. 2022.’
Aula 3
Como selecionar ou ser selecionado
Introdução
Disciplina
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Agora que ficou claro o processo de seleção que as organizações vivenciam e as diferentes
técnicas, vamos nos aprofundar em três importantes e mais corriqueiras delas: testes, dinâmicas
de grupo e entrevistas. Esta aula vai te ajudar a estar ao lado das organizações auxiliando nos
processos seletivos, mas também trará muitos ensinamentos sobre como você deve se
comportar e o que é esperado de você enquanto candidato. Não existem fórmulas mágicas, mas
o autoconhecimento é a ferramenta que mais te ajudará. Saber das suas experiências, como elas
demonstram as competências avaliadas e como contar a sua história faz total diferença na hora
de participar de um processo seletivo.
GESTÃO DE PESSOAS
Como vimos na aula anterior, o processo de seleção é como um grande funil. Isso porque,
inicialmente, o processo de recrutamento, quando bem realizado, angaria muitos candidatos.
Esse funil, que é o processo de seleção, realiza, segundo Dutra, Dutra e Dutra (2017), atividades
iniciais, intermediárias e finais de triagem para, a cada etapa, reduzir significativamente o número
de candidatos. Na triagem inicial, as atividades mais comuns são aquelas que apresentam um
menor custo, pois a massa de candidatos é muito grande. Nesta etapa, é possível combinar a
análise de currículo com os testes ou jogos, e até mesmo um pequeno vídeo do candidato. Os
testes podem ser de conhecimento, comportamentais, de personalidade, entre outros,
normalmente ocorrem de maneira online e, para facilitar a análise, as organizações podem
utilizar a inteligência artificial (IA). A IA utiliza dados, probabilidades, habilidades e competências
para recomendar os candidatos com os perfis mais compatíveis com a vaga (GUIMARÃES,
2022).
Na triagem intermediária, a quantidade de candidatos diminuiu, mas ainda é grande, em torno de
10 a 30 candidatos, segundo Dutra, Dutra e Dutra (2017). As atividades desta etapa estão,
geralmente, mais conectadas com os aspectos comportamentais dos candidatos e, por este
motivo, a técnica mais utilizada é a dinâmica em grupo. Com esta técnica é possível avaliar
como os candidatos se comportam em situações específicas, que simulam o contexto de
trabalho que eles vivenciarão na organização. Algumas competências como o trabalho em
equipe e valores como respeito e aceitação da diversidade são praxe, ou seja, são sempre
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avaliadas. Porém, outras competências ligadas à vaga em questão também podem estar em
avaliação. “Durante a dinâmica, os candidatos são observados em seu relacionamento, conduta,
expressão corporal, tom de voz etc. Reforçando, essas análises devem estar coerentes com as
das demais atividades” (DUTRA; DUTRA; DUTRA, 2017, p. 98).
A atividade realizada na etapa final da triagem é comumente a entrevista, que pode ocorrer
individualmente ou em grupo. Em geral, os candidatos ficam mais à vontade em realizá-la de
maneira individual. As entrevistas são uma excelente técnica para se aprofundar nas
competências investigadas e conhecer melhor o candidato. Contudo, é a fase mais custosa, já
que implica na utilização do tempo dos entrevistadores e dos gestores. É importante salientar
que nesse processo há uma escolha mútua. A pessoa está escolhendo a organização e a sua
chefia. Finalizadas as triagens, ou o afunilamento, finalmente é possível avaliar e comparar os
candidatos para escolher aquele que melhor se encaixa na posição e na organização.
Um cuidado muito importante que deve ser tomado durante todo o processo de recrutamento e
seleção são os vieses inconscientes. Como já mencionado sobre o blind review, de os
recrutadores não se atentarem apenas às suas próprias universidades de origem, existem outros
vieses que podem se apresentar no decorrer do processo. Segundo Robbins, Judge e Sobral
(2010), a maior parte das decisões tomadas em relação ao candidato muda pouco depois de
quatro ou cinco minutos de entrevista, e um bom candidato é caracterizado mais pela ausência
de características desfavoráveis do que pela presença de características favoráveis. Estes dois
pontos apresentados pelos autores mostram vieses inconscientes em ação. Primeiro, devemos
estar atentos ao candidato até o último minuto da entrevista, sempre buscando identificar as
competências requeridas pela posição; e segundo, porque são justamente os critérios pré-
definidos para o recrutamento que permitem que o processo seja mais objetivo e justo.
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São muitos os testes que podem ser aplicados pelas organizações. A escolha vai depender dos
critérios definidos, aquilo que é importante avaliar nos candidatos. Os testes podem avaliar
conhecimentos específicos do candidato, aptidões, interesses profissionais, valores (para
identificar o fit cultural) e personalidade. O candidato deve se preparar para os testes de
conhecimento e ter em mente que, mais à frente do processo, estes conhecimentos podem
novamente ser questionados. Escolher um local adequado para se concentrar e não sofrer
interrupções pode influenciar positivamente em seu resultado.
Outra técnica que tem aparecido bastante nos processos seletivos é a gravação de um vídeo, no
qual o candidato se apresenta. Junto com a apresentação, pode também haver a realização de
alguma tarefa. O candidato precisa sempre realizar a entrega completa do que está sendo
solicitado, para não ser eliminado do processo. A apresentação pessoal pode ocorrer por meio
de vídeo ou pessoalmente na organização. Essas apresentações são conhecidas como Pitch
pessoal. Os responsáveis pela vaga avisam com antecedência que você fará uma apresentação
pessoal em um determinado tempo – normalmente são alguns minutos, pela quantidade de
candidatos que estão participando. O Pitch é muito utilizado em start-ups para vender uma ideia
e conseguir captar recursos. Inspirado nesta ideia, o Pitch pessoal é uma técnica para se
apresentar de maneira objetiva e autêntica (pode ser criativa também, ainda mais se essa for
umas das competências desejadas), para mostrar quem é você e contar um pouco da sua
história. Essa apresentação pode ocorrer por meio da gravação do vídeo ou pessoalmente.
Algumas organizações podem pedir informações específicas que desejam ver/ouvir na
apresentação, outras deixam mais livre para que o candidato defina. De toda forma, o que os
entrevistadores desejam é conhecê-lo. Informações básicas como nome, idade, curso e
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faculdade, mais um pouco da história, que pode ser mostrada numa linha do tempo, com fotos,
mostrando o que aconteceu de mais importante, motivações, diferenciais e curiosidades. Levar
uma apresentação no Power Point® ou no Prezi® com certeza ajuda a mostrar visualmente
aquilo que está sendo contado e mostra que o candidato se preparou. Depois de se apresentar, é
muito interessante que ele mostre que estudou a organização e sinalize como pode contribuir
para ela, bem como de que forma a empresa pode contribuir na construção da sua carreira, e por
qual motivo ele está concorrendo àquela vaga.
Na dinâmica em grupo, os candidatos são separados em times e precisam trabalhar
conjuntamente para realizar alguma entrega. Esta entrega pode ser um produto, uma
apresentação, alguma atividade que foi preparada para que os candidatos em conjunto consigam
solucionar ou criar. Pode ser por meio de um estudo de caso, que os participantes precisarão ler
e tomar decisões para solucioná-lo. Pode ser a montagem de bicicletas, cubos de papel ou
qualquer outro elemento. Além dos comportamentos já mencionados, a dinâmica em grupo é
capaz de mostrar aos avaliadores muitos elementos da personalidade de cada candidato, uma
vez que fica evidente quem planeja, quem executa, quem ouve ou não a ideia dos demais, quais
ideias traz para o grupo, como se comporta se a sua ideia é ou não aceita, enfim, todos esses
comportamentos são analisados e ficam muito evidentes. Quando um candidato decide não
fazer muito, isso atrapalha na observação de suas características e competências, logo, este não
consegue demonstrar as competências necessárias e acaba não permanecendo no processo.
A entrevista por competências é a mais utilizada pelas organizações, pois ela torna o processo
mais objetivo e deixa todos os avaliadores com o mesmo olhar. Porém, é preciso tomar cuidado,
pois uma competência pode ter o mesmo nome com indicadores diferentes. Assim, é preciso
ficar claro, para todos os avaliadores, o que cada competência significa para aquela organização
e as evidências para aquela posição. Em uma entrevista por competências o entrevistador busca
saber do passado do candidato, das suas experiências, busca identificar atitudes que ele já tenha
demonstrado, pois comportamentos passados geralmente predizem comportamentos futuros
(MITCHELL; GAMLEM, 2017). A entrevista também pode ter um enfoque situacional e, neste
caso, pede-se ao candidato que se imagine em situações hipotéticas e descreva o que acredita
que faria.
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No enfoque situacional, não se está avaliando a competência em si, porque o candidato não está
demonstrando que a possui. Ele está apenas falando o que ele acredita que faria ou, em pior
hipótese, o que o avaliador gostaria de ouvir. As questões situacionais são mais utilizadas
quando a perspectiva é a cultural, para identificar comportamentos e condutas que o candidato
teria em situações do trabalho, mas, ainda assim, sem garantias de que o candidato se
comportaria de acordo com sua resposta. As metodologias, como o CAR e o STAR, direcionam
as entrevistas por competências. Na metodologia CAR (contexto, ação e resultado) o
entrevistador pergunta sobre alguma experiência já vivida pelo candidato. O candidato precisa
relatar onde, em que contexto, aconteceu a situação, o que ele fez para resolver aquilo que ele
está narrando e qual o resultado decorrente de sua ação. Na metodologia STAR (situação, tarefa,
ação e resultado) a maneira de identificar se o candidato possui ou não a competência é muito
parecida. Além das questões para coletar informações do candidato, a organização deve
compartilhar informações sobre a organização e a vaga e, por fim, o candidato poderá realizar as
perguntas que tiver interesse.
A grande questão é que todas essas técnicas do processo de seleção existem para que os
avaliadores consigam conhecer melhor os candidatos e tomar a decisão mais acertada para
preencher a vaga. Os bons avaliadores estão desejosos de encontrar em cada candidato a
pessoa ideal e realizam perguntas assertivas para dar oportunidade ao candidato mostrar a que
veio. Já ouvimos falar em avaliadores que destroem o candidato com sua indelicadeza e rispidez,
mas esses avaliadores mostram apenas por que o candidato não deve almejar trabalhar em suas
organizações. Afinal, o processo seletivo já faz parte da experiência de employer branding, que é
uma estratégia de marketing que cria uma concepção positiva sobre uma empresa.
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Todo candidato deve ser tratado como VIP (very important person), seja ele contratado ou não.
Ele pode não ser o candidato ideal para esta posição, mas pode voltar a aplicar para uma
diferente posição no futuro, ou ser cliente da organização. Além disso, com as mídias sociais os
candidatos trocam informações uns com os outros. Para Mitchell e Gamlem (2017, p.75,
tradução livre) “não é difícil tratar bem as pessoas, diga o que você deseja e faça o que você diz”.
Se o RH diz que ligará para um candidato em determinado dia e hora, cumpra. Os candidatos
esperam por respostas dos recrutadores, por isso é importante manter contato.
Outro importante cuidado no processo de recrutamento e seleção é a vigilância para que não
ocorra discriminação. A organização deve explicitar sua posição em relação à diversidade e,
embora a diversidade esteja pautada principalmente em relação a gênero, raça e opção sexual,
vemos outros processos discriminatórios surgindo em nossa sociedade que são mais difíceis de
trabalhar, como faixa etária, peso, condições de saúde, maternidade, etc. Assim como os vieses
inconscientes devem ser evitados, a discriminação deve permanecer constantemente na pauta
das discussões organizacionais para que não ocorra.
Está próximo de realizar um processo seletivo? Seja atuando como avaliador ou no papel do
candidato, preparamos um vídeo que vai te deixar por dentro das principais técnicas utilizadas
nos processos seletivos de grandes empresas.
Saiba mais
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Se você se interessou pelo tema e deseja saber mais sobre as técnicas utilizadas nos processos
seletivos e como se preparar, seja no papel do avaliador ou no papel do candidato, procure pelas
páginas de empresas que realizam esses processos para outras grandes empresas, como Cia.
De Talentos, Gupy, Cia. Do Estágio, entre outras. Nunca deixe de se preparar para um processo
seletivo!
Cia de Talentos:
QUAIS são os tipos de processo seletivo? Canal Conecta, [s.d.].
Gupy:
GUIMARÃES, B. Fit Cultural: descubra o que é e como avaliar o candidato. Gupy Blog, 2022
Referências
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
DUTRA, J. S.; DUTRA, T. A.; DUTRA, G. A. Gestão de Pessoas: realidade atual e desafios futuros.
São Paulo: Atlas, 2017.
GUIMARÃES, B. Fit Cultural: descubra o que é e como avaliar o candidato. Gupy Blog, 2022.
Disponível em: https://www.gupy.io/blog/fit-cultural. Acesso em: 14 set. 2022.
MITCHELL, B.; GAMLEM, C. The Big Book of HR. Wayne: The Career Press, 2017.
QUAIS são os tipos de processo seletivo? Canal Conecta, [s.d.]. Disponível em:
https://canalconecta.com.br/quais-sao-os-tipos-de-processo-seletivo. Acesso em: 14 set. 2022.
ROBBINS, S. P; JUDGE, T. A.; SOBRAL, F. Comportamento Organizacional: teoria e prática no
contexto brasileiro. 14a ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.
Aula 4
Entrevista de desligamento
Introdução
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Algum turnover pode ser positivo para a organização quando, por exemplo, um colaborador
percebe que a cultura da organização não tem um bom fit com seus valores pessoais e isso o faz
pedir demissão. Essa saída permite que a organização preencha a vaga com uma pessoa que
tenha fit cultural e que, possivelmente, ficará mais tempo. O turnover permite que novas pessoas,
com diferentes ideias, talentos, forças, ingressem na organização. Contudo, é possível que a
organização precise demitir um colaborador que não desejaria deixar a empresa. Nesta aula,
vamos estudar como as organizações devem encarar os pedidos de demissão e quais processos
podem realizar para tornar menos impactante e mais respeitoso o momento de demitir alguém.
Preparados? Vamos lá!
O desligamento do colaborador
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
A disciplina está seguindo um curso dos processos de gestão de pessoas; contudo, como
falamos sobre a técnica de entrevista, vamos fazer um pequeno desvio na ordem natural de
contratação para estudarmos sobre o desligamento na organização, ou seja, quando uma pessoa
se desvincula da empresa. Muitos são os motivos para que alguém decida interromper sua
jornada de trabalho em determinada organização e peça demissão, como um novo trabalho,
mudança de cidade ou retorno aos estudos. Mas também pode acontecer de o colaborador ser
desligado da organização por interesse da última. Os motivos de uma organização desejar
rescindir o contrato de trabalho também são inúmeros: o colaborador pode não atender às
expectativas de forma reincidente, a empresa pode passar por um processo de fusão ou
aquisição e os colaboradores ficam em cargos duplicados, o faturamento da organização já não
possibilita o número de colaboradores ora existentes, a finalização de um contrato de trabalho
temporário, entre tantos outros.
É importante que a relação entre colaborador e organização termine da mesma maneira que
começou, com o mesmo nível de cuidado. O processo deve ser realizado de forma leve para a
saída do colaborador. A gestão de pessoas deve comunicar às outras áreas, como TI, segurança
e funções administrativas, para que os pertences da organização, como computador, telefone,
cartão de acesso, chaves e outras propriedades, sejam retornados. Muitas organizações
realizam uma entrevista de desligamento, ou um formulário, que permite que o colaborador
expresse suas opiniões e ideias sobre a sua experiência como empregado. Outras organizações
conduzem entrevistas de desligamento dentro de três a seis meses após a saída do colaborador,
como uma maneira de acompanhar e garantir insights adicionais (MITCHELL; GAMLEM, 2017).
Outro cuidado que a organização pode oferecer ao colaborador que está em processo de
desligamento é o outplacement. Esse é um processo que procura ajudar o profissional demitido
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Um importante checklist
Antes de demitir um colaborador, existe um checklist proposto pelas autoras Mitchell e Gamlem
(2017, p. 335, tradução livre) para auxiliar no processo. Primeiro, nenhum colaborador deve ser
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
sumariamente demitido, principalmente sem ter consciência do motivo pelo qual a demissão
ocorreu. Com isso em mente, as autoras consideram que um gestor deve fazer as seguintes
perguntas a si mesmo:
Quadro 1 | Checklist de demissão. Fonte: Mitchell e Gamlem (2017, p. 335, tradução livre).
Apenas depois de ter coletado e revisado todas as informações relevantes o gestor poderá partir
para a demissão. Muitas organizações, ao demitir os colaboradores, até realizam a entrevista de
demissão, porém acabam prestando mais atenção àquilo que os que pediram demissão
reportam nessas entrevistas. Estas organizações entendem que, se o colaborador foi demitido, o
peso daquilo que ele está reportando é menor, pois pode estar chateado ou com raiva da
organização por ter sido desligado. Porém, muitas vezes, estes colaboradores possuem algo
importante a dizer, e podem não ter expressado antes com medo de retaliação. Uma escuta
atenta se faz necessária nos dois casos, de pedido de demissão ou desligamento pela
organização.
Depois de ter certeza de que a demissão é o caminho a ser tomado, a organização já começa a
se preparar para o processo, principalmente quando ele ocorre internamente. O processo interno
de outplacement possui algumas etapas:
GESTÃO DE PESSOAS
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Mitchell e Gamlem (2017, p. 336, tradução livre) exemplificam algumas questões a serem
realizadas na entrevista de desligamento que as organizações podem incorporar em seus
processos:
Disciplina
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Quadro 2 | Questões para a entrevista de desligamento. Fonte: Mitchell e Gamlem (2017, p. 336, tradução livre).
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colaboradores part-time, consultores, contrato temporário, contrato pessoa jurídica; vale avaliar
cada caso.
O processo de demissão não é fácil e, quanto mais humanizado for, melhor para o profissional e
para a organização. Para auxiliar neste processo, existem algumas ferramentas, como um
checklist para ter certeza de que a demissão é a decisão correta, uma entrevista de desligamento
e o oferecimento do processo de outplacement. Se você ficou interessado neste delicado
assunto, venha conferir a videoaula que preparamos!
Saiba mais
Se deseja saber mais sobre o processo demissional, acesse a página 191 do livro:
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Referências
GESTÃO DE PESSOAS
Aula 5
Revisão da unidade
Na unidade anterior ficou clara a importância das pessoas nas organizações; o quanto suas
competências, conhecimentos, atitudes e valores são extremamente importantes para o
contexto organizacional. Vimos que a diversidade, estrategicamente trabalhada, traz consigo a
inovação, e essa diversidade se encontra nas pessoas. Nesta unidade, fomos um passo além,
pois começamos a estudar os processos de gestão de pessoas, ou seja, o que fazer para que
essas pessoas queiram trabalhar na nossa organização e, uma vez lá, desejem permanecer.
Para encontrar as pessoas certas para cada organização, o primeiro processo a ser realizado é o
recrutamento, que é a fase inicial do preenchimento de uma vaga em aberto, de um espaço
ocupacional vacante. Contratar estrategicamente envolve saber o que determinará o sucesso da
nova contratação, ou seja, quais competências, habilidades e qualidades tiveram as pessoas que
já foram bem-sucedidas nesta posição e o que as fez ser bem-sucedidas. Para tanto, é
necessário que a organização tenha o job description, ou seja, uma descrição acurada da
posição e dos fatores de sucesso para a posição (é a análise do trabalho e não da pessoa que o
está realizando). Após a elaboração do job description é necessário escolher a fonte, ou as
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Deseja saber mais sobre os processos de recrutamento e seleção? Tanto para ser um
profissional expert em RH, quanto para arrasar nos seus próprios processos seletivos,
preparamos um vídeo que vai trazer estes conteúdos de maneira integrada e dinâmica. Venha
assistir com a gente!
Estudo de caso
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Sabendo do seu interesse em começar um trabalho numa empresa, Juliana ligou para você e
avisou que a empresa Contato está com o processo de recrutamento e seleção aberto. Você
entrou no site da empresa e se interessou pela seguinte vaga:
DESCRIÇÃO DA VAGA:
Se você gosta de possibilidades de desenvolvimento pessoal e profissional, além de simplificar e
impulsionar negócios por meio de oportunidades na empresa líder de segmento de pagamentos
eletrônicos na América Latina, seu lugar é junto ao #TimeContato
SEU DESAFIO:
Buscamos pessoas que gostem de trabalhar com muita autonomia e colaboração. Afinal, é
apenas juntos que conseguimos entender ao máximo a necessidade do cliente e entregar os
melhores resultados. O profissional irá atuar no nosso Hub de Inovação, nas frentes de cultura e
governança, contribuindo com a evolução e maturidade da companhia e de seus colaboradores,
sobre o tema de inovação. Contribuirá na ideação e orquestração de iniciativas internas, como
programas e palestras, assim como eventos de engajamento (internos e externos), além de
realizar um trabalho de acompanhamento de métricas para tomadas de decisões que visam a
solidificação de um plano de estratégia de inovação para a companhia.
Vamos juntos fazer acontecer? Vem pro #TimeContato.
RESPONSABILIDADES E ATRIBUIÇÕES:
O dia a dia será fazendo o seguinte:
GESTÃO DE PESSOAS
Capacidade de execução.
Mão na massa.
Trabalho em time.
Conexão com pessoas.
Postura Hands-on.
Facilidade para aprender e colocar em prática.
Capacidade de mobilizar.
Caráter questionador.
Multiplicador de conhecimento.
Você encaminhou seu currículo e foi chamado para a entrevista. Para chegar mais preparado
para ela, você começou a identificar as competências esperadas pela vaga e imaginar as
perguntas que os entrevistadores fariam e as respostas que você daria a cada uma delas.
_______
Reflita
Lembrando que a entrevista por competências utiliza a metodologia CAR – contexto, ação e
resultados, selecione quatro competências destacadas na vaga, escreva a pergunta que seria
realizada para identificar essa competência e como você responderia (pensando na sua
experiência de vida e nas situações que você já vivenciou, dentro do CAR, conte o contexto que
viveu, qual ação você tomou e qual o resultado que sua ação trouxe a esse contexto).
Você precisa escrever quatro perguntas (das competências identificadas na vaga) e sua resposta
para cada uma delas. Lembrando que, para identificar competências, as perguntas se referem ao
passado, algo que o candidato já tenha vivido. 😉
Autonomia
Colaboração / Trabalho em Equipe / Conexão com as pessoas
Hands-on / Mão na Massa / Executor
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Dentre essas competências, o estudante deverá selecionar quatro e elaborar questões que
abordam o passado, como:
Conte-me uma situação que você já viveu, na qual você precisou de autonomia para
resolver um problema.
Resposta: o estudante deverá contar uma situação em que, sozinho ou por iniciativa dele,
precisou fazer algo que resolveu uma situação e contar qual foi o resultado de sua ação.
Como são quatro competências, ele ou ela deverá escrever quatro perguntas com quatro
respostas.
Resumo visual
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Referências
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Unidade 3
Programa de Integração
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Aula 1
Programa de Integração (Onboarding)
Introdução
GESTÃO DE PESSOAS
Depois de tomar a decisão sobre o candidato que está apto a ingressar na organização, realizar a
proposta formal e ele aceitar o trabalho, o processo de onboarding começa. Onboarding é o
processo de integração que visa introduzir o colaborador na organização, reforçando a missão, a
visão e seus valores, bem como apresentá-lo aos departamentos e seus times. Seu objetivo é
transmitir os conhecimentos e ferramentas necessárias para o bom desempenho de uma nova
função. Aos recém-chegados, será o momento da socialização, capacitação e aculturação
(ARINS, 2022).
Machado (2007, p. 79) aborda que:
Estudando os diversos autores que tratam do onboarding, identifica-se que muitas são as
maneiras de denominar este processo. Machado chama este período de adaptação de processo
de socialização. Já Gil (2001) se refere ao onboarding como integração, ao qual define como um
processo educacional em curto prazo que amplia a capacidade do indivíduo para exercer suas
atividades relacionadas ao espaço ocupacional a ser ocupado na empresa.
Para Van Maanen (1976) a socialização organizacional é o processo pelo qual a pessoa aprende
valores, normas e comportamentos esperados, que lhe permitem participar de um processo
contínuo durante sua carreira dentro de uma organização. De acordo com Marras (2003) a
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
integração é o elo entre políticas, diretrizes e ações formais e informais que regem as relações
organizacionais enquanto indicadores da cultura organizacional.
Segundo Scatena (2010, p. 175) a integração é vista como um treinamento introdutório e que
pode ser definido como parte inicial do processo de socialização:
GESTÃO DE PESSOAS
GESTÃO DE PESSOAS
Estabelecendo as expectativas
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
O contrato psicológico é um contrato tácito, ou seja, ele está presente mesmo que
não esteja formalizado ou que as partes tenham consciência dele. O contrato
psicológico entre as pessoas e a organização está sempre presente e define as
expectativas na relação entre ambos.
Para criar um bom clima e atender as expectativas iniciais, algumas empresas encaminham kits
para o novo colaborador, com copos, cadernos, canetas, petiscos ou bebidas, mochila. Enfim, um
kit de boas-vindas. Principalmente se o trabalho será realizado de maneira on-line. Se o trabalho
for presencial, é possível decorar o escritório do novo membro com plantas, flores e chocolates e
também oferecer um café ou almoço de boas-vindas, introduzindo o novo colaborador. Anunciá-
lo no website da organização. Também pode ser interessante criar uma força tarefa e incluí-lo
para que conheça os demais membros da equipe e crie laços com eles.
A forma como as organizações trazem o novo profissional para seu contexto é crítico para o
sucesso e contribuição do crescimento da empresa. O objetivo de qualquer processo de
onboarding é assegurar que a nova contratação seja tão produtiva possível no curto período e
que ele (a) fez uma grande escolha ao ingressar na organização. Processos de onboarding
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Se ainda ficou alguma dúvida sobre os termos: integração, socialização, treinamento introdutório
e ambientação, assista à videoaula que foi preparada com muitas informações sobre o tema de
onboarding.
Saiba mais
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Deseja saber mais sobre o processo de onboarding? Então acesse o site da Great Place to Work
(GPTW) e entenda o que as organizações estão fazendo.
ARINS, B. Programa de Onboarding: como a integração impacta o colaborador. GPTW, 2019.
Referências
Disciplina
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Aula 2
Treinamento e desenvolvimento
Introdução
GESTÃO DE PESSOAS
GESTÃO DE PESSOAS
possui um carácter mais longevo e agrega valor para a organização e para a carreira do
colaborador; pois o desenvolvimento da pessoa é permanente. Já o treinamento possui um
caráter de curto prazo, são procedimentos mais metódicos, atividades que têm o intuito de
treinar para o espaço ocupacional, para a realização de uma tarefa específica, ou um conjunto de
atividades (MARRAS, 2009). De acordo com Maximiano (2014, p. 305), treinamento:
De acordo com Marras (2009, p. 167), “o treinamento prepara o homem para a realização de
tarefas específicas, enquanto um programa de desenvolvimento gerencial oferece ao treinando
uma macrovisão do business, preparando-o para voos mais altos, a médio e longo prazo”. Para
que o processo de T&D seja bem-sucedido é necessário que haja seu gerenciamento. Maximiano
(2014) considera o processo de T&D como um ciclo de quatro etapas: (1) definição e análise de
necessidades, (2) planejamento de atividades educacionais, (3) execução das atividades e (4)
avaliação e revisão das atividades. Nesta última etapa de avaliação, será introduzido o modelo de
avaliação Kirkpatrick (1994) que utiliza quatro níveis de avaliação: reação, aprendizado,
comportamento e resultados.
GESTÃO DE PESSOAS
A gestão dos processos de T&D começa pela identificação e análise de necessidades, que se
originam da organização, dos cargos e dos indivíduos. Das necessidades da organização podem
ser destacadas a formação continuada de quadros técnicos e liderança, tanto para a sucessão,
quanto para o preenchimento de uma vaga, para as promoções, as transferências e para outras
movimentações; assim como programas regulares de trainee em grandes empresas. No que
tange às necessidades dos cargos, a formação de pessoas para determinados espaços na
estrutura organizacional (existentes ou em processo de criação), implantação de novas
tecnologias produtivas e gerenciais, mudanças tecnológicas, nas normas ou nos procedimentos,
novas exigências legais (situações que possam alterar o conteúdo e as competências dos
cargos). Já as necessidades dos indivíduos podem ser vistas como atividades para suprir
lacunas entre o desempenho real e o desejado; preparação para assumir outras posições;
licenças remuneradas para atividades de desenvolvimento; ou programas de outplacement
(MAXIMIANO, 2014).
Depois de identificar as necessidades organizacionais, do cargo ou individuais, é chegada a hora
de a gestão de pessoas (2) planejar as atividades de T&D. Existe um planejamento mais amplo
de todos os programas da organização, no qual ocorre a definição de quais programas serão
realizados, em que momento, qual o custo e se contará com parceiros externos. Neste
planejamento global elabora-se o calendário e o orçamento estimado de T&D com o horizonte de
um ano (geralmente). Depois de planejar globalmente, é necessário planejar de maneira
individual, cada um dos programas de T&D, que podem possuir os mais diversos formatos:
cursos presenciais, on-line, congressos, workshops, atividades práticas orientadas; dependendo
do objetivo de aprendizagem de cada programa.
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Após planejar, ocorre a (3) execução dos programas de T&D, que envolve a aquisição,
mobilização e ativação de recursos como instalações, materiais didáticos, facilitadores, pessoal
de apoio e equipamentos (estrutura técnica). A execução pode variar muito, a depender da
quantidade de pessoas, do formato escolhido (on-line ou presencial), do tamanho do orçamento,
entre outros fatores. Para não haver maiores contratempos, tudo deve estar previsto no
planejamento dos programas de T&D e contar com uma coordenação de qualidade.
Como parte final do ciclo, chegou o momento da (4) avaliação e revisão das atividades e dos
papéis desempenhados pelos membros que executaram o programa. Ou seja, além de avaliar se
o programa cumpriu seu papel no treinamento dos colaboradores e se atingiu seu objetivo,
cumpre também avaliar se o time que planejou e executou o programa o realizou da melhor
forma. A avaliação e revisão dos programas deve ocorrer continuamente, pois retroalimentam o
ciclo de gestão, que deve se repetir indefinidamente.
Maximiano (2014) sugere a figura a seguir para a visualização gráfica deste ciclo do processo de
T&D:
GESTÃO DE PESSOAS
No que tange a avaliação da eficácia do treinamento, o modelo mais amplamente utilizado pelas
organizações é o Kirkpatrick (1994). Este modelo de avaliação foi criado pelo professor Donald
Kirkpatrick para medir o impacto em programas tradicionais de treinamento. Seu método utiliza
quatro níveis de avaliação: reação, aprendizado, comportamento e resultados.
GESTÃO DE PESSOAS
Os dois primeiros níveis do modelo são os mais amplamente utilizados pelas organizações,
muitas vezes, focando-se apenas no nível da reação (ÉBOLI, 2015), isso porque são mais fáceis
de avaliar. No Brasil, enquanto 73% das empresas que possuem programas de educação
corporativa avaliam sempre seus treinamentos em relação ao primeiro nível, 18% sempre avaliam
o segundo e apenas 6% e 4% sempre avaliam os níveis 3 e 4, respectivamente (ÉBOLI, 2015). Os
dois últimos níveis são mais difíceis de avaliar, muitas vezes pela ausência de suporte da gestão,
tempo, alto custo e falta de conhecimento e de expertise dos profissionais de treinamento sobre
como avaliá-los.
Mesmo com o processo de T&D estruturado, é importante não esquecer que as pessoas
entregam o que a organização necessita de formas diferentes, porque são diferentes na maneira
de articular seus conhecimentos, suas habilidades e suas atitudes, no contexto organizacional.
Assim, cada pessoa vai entregar a competência exigida pela organização de um jeito bem
particular. Logo, não há uma forma padrão para o desenvolvimento de determinada competência
e se deve respeitar a individualidade de cada pessoa. Pensar em T&D significa dialogar com o
colaborador e entender quais são as ações que podem ajudá-lo a entregar a competência
requerida. Desta forma, é possível ajudar os colaboradores a se desenvolverem a partir deles
mesmos e valorizar as pessoas como elas são, preservando a sua identidade e criando um
comprometimento deles com seu próprio desenvolvimento (DUTRA; DUTRA; DUTRA, 2017).
GESTÃO DE PESSOAS
Saiba mais
Ficou curioso para entender melhor o conceito de complexidade cunhado por Dutra; Dutra e Dutra
(2017)? Acesse Minha Biblioteca e descubra mais como é possível se desenvolver por meio do
aumento de complexidade:
Minha Biblioteca: Gestão de Pessoas
Caso queira aprofundar no planejamento dos programas de T&D, acesse Maximiano (2014, p.
308), disponível em Minha Biblioteca: Minha Biblioteca: Recursos Humanos: Estratégia e Gestão
de Pessoas na Sociedade Global
Sobre o modelo Kirkpatrick (1994), acesse:
Modelo Kirkpatrick: o que é e como usar para fazer avaliação? (micropowerglobal.com)
Modelo de avaliação Kirkpatrick: conheça as principais características (questionpro.com)
Referências
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Aula 3
Desenvolvimento
Introdução
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Tornar-se uma organização atrativa e desejada não é algo simples, mas cada vez mais, as
organizações estão apostando em programas de desenvolvimento. O desenvolvimento auxilia na
atração e retenção de talentos na organização. Reter um colaborador qualificado é um desafio
para a maioria das empresas. Outro desafio é engajar os colaboradores e algumas estratégias
como treinamento, coach, mentoria, treinamento on-the-job e job rotation vem sendo aplicado
com sucesso pelas organizações. O código de ética, que vincula o colaborador aos valores e
crenças, são outra aposta das organizações para engajar e reter os colaboradores; pois mais que
apenas um documento, assegura que as regras e os princípios definam a conduta dos
colaboradores.
A importância do desenvolvimento
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Na aula passada, vimos a diferença entre desenvolvimento e treinamento e ficou explícito que o
desenvolvimento é a capacidade da pessoa em agregar valor para a organização (DUTRA;
DUTRA; DUTRA, 2017). Ainda segundo os autores, o processo de desenvolvimento de cada
pessoa pode ser acompanhado pelo nível de complexidade em que o colaborador se encontra.
Pois, um maior nível de complexidade implica em agregar mais valor para a organização. Quanto
maior a capacidade de uma pessoa de compreender as demandas do contexto que ela vive,
maior será sua capacidade em lidar com situações complexas. A esse fenômeno de
compreender o contexto, Dutra; Dutra; Dutra (2017) denominam ‘nível de abstração’:
Caso uma pessoa seja desafiada a enfrentar uma situação mais exigente e mais
complexa, só conseguirá seu intento se passar a compreender o contexto com maior
profundidade. Ao fazê-lo habilita-se a lidar com maior complexidade. Portanto, se
uma pessoa lida com um determinado nível de complexidade, ela tem um nível de
abstração correspondente.
Os autores apontam que é possível desenvolver o nível de abstração por meio da experiência e
da formação. Ao investir em formação, o profissional acelera seu desenvolvimento por meio da
experiência, ou seja, ela permite que o aprendizado seja potencializado ao colocá-lo em prática.
Assim, a experiência e a formação estão intimamente ligadas ao desenvolvimento pessoal.
O desenvolvimento dos colaboradores não é crítico apenas para o crescimento da organização,
mas ainda mais crucial para a atração, para o engajamento e para a retenção dos talentos que a
organização já possua, ou ainda deseja contratar. De acordo com Mitchell & Gamlem (2017) as
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
organizações possuem algumas opções para prover o desenvolvimento para seus colaboradores,
como: treinamento, coaching (processo de realizar perguntas poderosas que extraiam as
respostas do próprio colaborador), mentoria (a mentoria, diferente do coaching, pode expor
ideias e contar sobre situações do passado que possam auxiliar o mentee), treinamento on-the-
job (na prática do trabalho) e job rotation.
O job rotation é uma das maneiras que as organizações utilizam para desenvolver os
colaboradores, por meio da prática de rotação em postos ou áreas de trabalho horizontalmente.
Lacombe afirma que (2020, p. 131):
Outra importante forma de reter e engajar os colaboradores é por meio da cultura, pois é
fundamental que os colaboradores estejam alinhados com os valores e o propósito da
organização, como já vimos, aqui trataremos mais especificamente sobre o Código de Ética. O
Código de Ética é apresentado como um documento formal, com os valores básicos e as regras
éticas da organização que os colaboradores devem seguir (ROBBINS; DECENZO; WOLTER, 2021).
O código deve ser bastante específico para guiar os colaboradores, mas ele é mais do que isso,
também busca engajar e inspirar os colaboradores a serem melhores profissionais e pessoas, se
dedicarem ao trabalho, entregarem um resultado excepcional e gerar confiança.
GESTÃO DE PESSOAS
Para Aguilar (1996), quando a empresa desenvolve o senso ético ela preserva as relações
internas incentivando naturalmente os colaboradores a agirem de maneira íntegra e serem
empáticos na tomada de decisões. Ele ressalta ainda que “empresas conhecidas por conduta
honrada provavelmente atrairão pessoas que adotam fortes valores morais” (AGUILAR, 1996, p.
114). Possuir um código de ética e aplicá-lo na prática, potencializa os princípios éticos da
organização, desestimula os desvios morais e fortalece a cultura da organização. Uma
organização ética tem maior probabilidade de atrair e reter colaboradores de bom caráter.
De acordo com Jordano; Uemura; Guedes (2020) job rotation são transferências horizontais ou
laterais de colaboradores entre postos de trabalho. O job rotation não é o mesmo que a
promoção, que se refere a uma mudança para um degrau acima na hierarquia organizacional,
com mudança de status, responsabilidades e grau de comando, além do aumento de salário e/ou
benefícios. Os autores identificaram os benefícios do job rotation para o desenvolvimento dos
colaboradores, os mecanismos pelos quais a prática desenvolve as competências. Dos
benefícios:
Além disso, os autores identificaram que o job rotation é um método de aprendizado mais eficaz
do que treinamentos formais, por tratar do aprendizado na prática (JORDANO; UEMURA; GUEDES,
2020).
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
GESTÃO DE PESSOAS
Segundo Dutra; Dutra; Dutra (2017) as pessoas se desenvolvem mobilizando seus pontos, ou
seja, desenvolvendo o que elas já têm facilidade em realizar. Ao investir nos pontos fortes, os
resultados de desenvolvimento são melhores do que quando se resolve investir nos pontos
fracos, que são regiões de desconforto profissional. Quando se investe no ponto fraco além de
os resultados serem medíocres, a pessoa opera com grande sacrifício. Desta forma, o
autoconhecimento é fundamental para que o profissional saiba onde opera com facilidade e
quais são os seus pontos fortes, assim ele mesmo consegue proporcionar desenvolvimento
nestes pontos e auxilia a organização a desenvolvê-lo. Os pontos fracos devem ser objeto de
atenção quando eles atrapalham os pontos fortes, mas não devem ser a prioridade de
desenvolvimento. É crítico que os colaboradores saibam que eles são responsáveis pelo seu
próprio desenvolvimento. Certamente as organizações podem ajudá-los, promovendo
oportunidades para aprender e crescer, mas os colaboradores que devem estar em busca
constante de desenvolver suas competências.
Na medida em que seu desenvolvimento é sustentado e explicado por seu nível de abstração, a
pessoa não retrocede no seu nível de compreensão do contexto e nem em sua capacidade de
lidar com determinado nível de complexidade. Ou seja, o desenvolvimento da pessoa passa a se
constituir em um patrimônio que a mesma levará para onde for (DUTRA; DUTRA; DUTRA, 2017).
Para aumentar o grau de abstração e se desenvolver é necessário sair da zona de conforto e se
colocar à prova, em situações de desafio. Uma pessoa que seja continuamente desafiada no
limite de sua capacidade, terá um desenvolvimento contínuo e consistente. Lembra dos talentos
ou high potencials? Eles sentem constantemente essa necessidade de se desenvolver e por isso,
se sentem atraídos em ambientes com desafios constantes (pois sabem que estes desafios é o
que os desenvolve).
Se, por um lado, desenvolver o colaborador é entregar mais valor para a organização, por outro, o
colaborador também está se tornando um melhor profissional, cidadão, membro de família e
melhor pessoa, pois ao compreender o contexto, está compreendendo sua relação nas várias
dimensões de sua vida. Além desses dois aspectos que já são extremamente importantes, o
desenvolvimento ainda é capaz de aumentar o engajamento e a retenção, diminuindo o turnover.
O custo de perder um bom colaborador é alto, mais do que apenas o financeiro. Pense no
impacto que perder um colaborador valioso tem sobre os membros de uma equipe, a
produtividade irá sofrer até ajustar um novo membro; além, dos custos de contratar uma nova
pessoa e treiná-la para a posição. Assim, faz muito sentido pensar no desenvolvimento como
uma forma de retenção estratégica. Sabe-se que é impossível ter alguém em uma organização
para sempre, principalmente os Millennials, mas o esforço de mantê-los o máximo possível
compensa.
Videoaula: Desenvolvimento
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
O desenvolvimento é o maior recurso que uma organização pode contar para atrair, reter e
engajar um colaborador, e depende muito da postura dos gestores. Preparamos uma videoaula
especial para você continuar se aprofundando no tema de desenvolvimento. Vem assistir?
Saiba mais
Ficou interessado em saber como se desafiar? Ou por que você não curte tanto um desafio? Uma
leitura muito interessante que trata desse tema é sobre mindset. Fica a sugestão o livro da Carol
Dweck, que explica sobre os dois diferentes tipos de mindset: fixo e de crescimento. Pessoas
com o mindset de crescimento aceitam os desafios e sabem que a nossa quantidade de
inteligência não é limitada.
Caso não tenha acesso ao livro, segue um resumo, acessível em:
APRIMORESUAMENTE. Carol Dweck: Um Resumo Sobre o Mindset e o Poder De Acreditar Que
Você Pode Melhorar. 2019.
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Referências
AGUILAR, F. J. A ética nas empresas / Francis j. Aguilar; tradução Ruy Jung Mann. – Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1996.
DUTRA, J. S.; DUTRA, T. A.; DUTRA, G. A. Gestão de pessoas: realidade atual e desafios futuros.
São Paulo: Atlas, 2017.
JORDANO, P. I. S.; UEMURA, M. R. B.; GUEDES, L. V. O job rotation como mecanismo para
desenvolver competências. R. Adm. FACES Journal, Belo Horizonte v. 19, n. 4, p. 55-73, out./dez.
2020. ISSN 1984-6975 (online).
LACOMBE, F. J. M. Recursos humanos. 3. ed. Editora Saraiva, 2020. Disponível em: Minha
Biblioteca: Recursos humanos. Acesso em: 27 set. 2022.
MITCHELL, B.; GAMLAM, C. The Big Book of HR. Wayne: The Career Press, 2017.
ROBBINS, S. P.; DECENZO, D. A.; WOLTER, R. M. A nova administração. 2. ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2021.
Aula 4
Educação corporativa
Introdução
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
A educação corporativa é uma prática que agrega a gestão por competências com a gestão do
conhecimento. Esta integração é voltada para estratégias de longo prazo que vão muito além de
um simples treinamento corporativo de rotina. As universidades corporativas são derivadas dos
conceitos de educação corporativa, consideradas o braço educacional das organizações que
planejam e executam o desenvolvimento dos colaboradores, com foco nas competências
individuais necessárias para assegurar as competências essenciais do negócio. Das principais
tendências da educação corporativa é possível identificar: microlearning, gamification, mobile
learning, big data, trilhas de aprendizagem, aprendizagem social, treinamento personalizado e
inteligência artificial.
Educação corporativa
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
GESTÃO DE PESSOAS
Figura 1 | Educação corporativa: conectividade para competitividade. Fonte: Éboli (2002, p. 189).
GESTÃO DE PESSOAS
GESTÃO DE PESSOAS
GESTÃO DE PESSOAS
Figura 2 | Educação coorporativa: articulação dos conceitos de competência, gestão do conhecimento e aprendizagem. Fonte:
Éboli (2002, p. 193).
GESTÃO DE PESSOAS
Em linhas gerais, a educação corporativa é uma prática que agrega a gestão por competências
com a gestão do conhecimento. Esta integração é voltada para estratégias de longo prazo que
vão muito além de um simples treinamento corporativo de rotina. Das principais tendências da
educação corporativa, é possível identificar algumas práticas. O microlearning é uma das
principais tendências na educação corporativa, envolve o uso de conteúdos de curta duração e
busca reduzir a quantidade de informações disseminadas; uma vez que o foco humano e a sua
capacidade de concentração são limitados. Uma estratégia é transmitir pequenos trechos (que
podem ser por vídeos ou textos) intercalados com questionários que ajudam no envolvimento do
estudante e na retenção de informações, pois permite que os colaboradores tenham acesso ao
conteúdo aos poucos e tenham tempo para refletir e assimilá-lo.
O gamification é outra forte tendência na gestão de pessoas e gestão do conhecimento, pois é
uma técnica capaz de tornar a aprendizagem mais atrativa e divertida. O gamification pode estar
presente nas atividades do dia a dia com pontuações, desafios e missões a serem cumpridas ou
estar presente nos esforços de e-Learning, por meio de um jogo, por exemplo. Com o
gamification os colaboradores percebem sua evolução no desbloqueio de conquistas e
recebimento de um crachá ou botom na conclusão bem-sucedida. É possível ainda incorporar
certa concorrência ao segmento, com uma tabela de classificação pública (aqui é preciso
cuidado para que a competição não extrapole a cooperação).
Mobile learning, como o nome já diz, é o aprendizado por meio da utilização de smartphones e
tablets. Permite que o colaborador acesse em qualquer lugar e pode se tornar mais atrativo,
apresentar o conteúdo por meio de aplicativos, além de estar sempre com o material dos
treinamentos consigo. A big data envolve a geração de índices e indicadores de resultados
obtidos no ambiente de trabalho para auxiliar na análise específica do que a organização
necessita e, por conseguinte, direcionar os cursos de maneira mais específica. Após analisar as
lacunas entre as competências reais dos colaboradores e as desejadas pela organização, são
criadas as trilhas de aprendizagem, para que o colaborador desenvolva novas habilidades e
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
aplique as já existentes no seu dia a dia. A aprendizagem social é uma novidade na educação
corporativa, pois é possível aprender com blogs, fóruns de discussão, vídeos e outras mídias
sociais, aumentar o engajamento e desempenhar um papel fundamental na qualificação dos
colaboradores.
Os treinamentos personalizados são aqueles que não ocorrem de forma indiscriminada, mas de
maneira direcionada para os colaboradores, de acordo com suas necessidades específicas de
desenvolvimento. Podem ocorrer presencialmente ou por meio do EAD (educação a distância),
sempre com o foco no ritmo de aprendizado e nas competências a serem desenvolvidas por
cada colaborador. Por fim, a utilização da Inteligência Artificial (IA) vem sendo cada vez mais
difundida nas organizações, pois permite o oferecimento de conteúdos que atendam aos
interesses dos colaboradores com base em seu histórico de pesquisas. A IA possibilita a criação
de materiais interativos, respeita o ritmo de aprendizagem individual e aumenta o engajamento
dos participantes ao fornecer indicações de materiais ligados ao interesse de cada pessoa.
A universidade corporativa busca atender o desenvolvimento contínuo e não é uma substituta da
educação formal, mas, eventualmente, pode agir em complemento à educação formal, suprindo
certas lacunas do processo educativo. A universidade corporativa não deve ser vista como mais
um departamento da organização, mas deve estar integrada à gestão de pessoas ou à pesquisa
e desenvolvimento e permear toda a organização, como um guarda-chuva estratégico para
desenvolver e educar colaboradores, clientes, fornecedores e comunidade.
A educação corporativa é mais do que simplesmente um nome diferenciado para T&D. Educação
corporativa está ligada à estratégia organizacional e visa o desenvolvimento dos colaboradores
para alcançar os objetivos. Se você se interessou pelo tema, venha assistir a videoaula que
preparamos com muito carinho!
Saiba mais
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Se você deseja se aprofundar mais na gestão do conhecimento, sugerimos a leitura de Nonaka &
Takeushi (2008), disponível em Minha Biblioteca:
Minha Biblioteca: Gestão do Conhecimento
Referências
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Aula 5
Revisão da unidade
GESTÃO DE PESSOAS
GESTÃO DE PESSOAS
avaliação, que usualmente ocorre por meio do modelo Kirkpatrick. Este modelo é utilizado para
avaliar a eficácia do treinamento.
O desenvolvimento auxilia na atração e retenção de talentos na organização. Reter um
colaborador qualificado vem sendo um desafio para a maioria das empresas. Outro desafio é
engajar os colaboradores e algumas estratégias como treinamento, coach, mentoria, treinamento
on-the-job e job rotation vem sendo aplicado com sucesso pelas organizações. O código de ética,
que vincula o colaborador aos valores e às crenças, é uma outra aposta das organizações para
engajar e reter os colaboradores; pois mais que apenas um documento, assegura que as regras e
os princípios definem a conduta dos colaboradores. Grandes organizações, que possuem
esforços voltados para o desenvolvimento dos colaboradores possuem universidades
corporativas. A educação corporativa é uma prática que agrega a gestão por competências com
a gestão do conhecimento. Esta integração é voltada para estratégias de longo prazo que vão
muito além de um simples treinamento corporativo de rotina.
Deseja saber mais sobre integração, treinamento, desenvolvimento e educação corporativa, seja
para aplicar na sua empresa ou para entender o processo natural de desenvolvimento e subir no
patamar de complexidade e abstração?! Preparamos um vídeo que vai trazer estes conteúdos de
maneira integrada e dinâmica. Vem assistir com a gente!
Estudo de caso
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Rafaela entrou na organização em que você é gestor da área de vendas há seis meses. Ela disse
que gostaria de ter uma conversa de carreira com você. Por conta disso, uma conversa foi
agendada e se encontraram. Nessa reunião Rafaela falou que está muito feliz em fazer parte da
empresa e que já está se relacionando bem com os membros de sua equipe e com os
colaboradores de outras áreas, mas gostaria de saber o que deveria fazer para subir na carreira.
Assim como qualquer jovem da idade de Rafaela, eles desejam rapidamente subir para posições
mais estratégicas, e perguntou se a empresa possui um plano de carreira. Você a elogiou por sua
iniciativa e explicou que cada vez menos as organizações possuem planos estruturados de
carreira, e hoje as carreiras vistas como modernas, possuem um autogerenciamento muito
grande do colaborador, mas que você como líder dela, gostaria de ajudá-la a pensar
estrategicamente em como ela pode se desenvolver e galgar novos percursos dentro da
empresa. Rafaela é recém-formada em administração de empresas e nunca cursou uma pós-
graduação, pois assim que se formou foi contratada para trabalhar na sua empresa. Você sugeriu
que esse poderia ser um dos caminhos de desenvolvimento, ingressar na educação formal.
Sugeriu ainda que ela poderia realizar um job rotation, afinal a empresa é grande e possui muitas
áreas que ela poderia aprender e ter outros gestores com perfis diferentes, que também
agregaria conhecimento e novas relações interpessoais. Você também mencionou que juntos,
poderiam pensar em uma trilha de aprendizagem e acionar a educação corporativa da
organização para que conteúdos de vendas, dos produtos e outros conteúdos pertinentes
possam ser liberados e inseridos em uma trilha personalizada para a Rafaela. Você até contou
que essa trilha, atualmente, é realizada por mobile learning.
_______
Reflita
Rafaela ficou muito animada ao perceber que foi bem recebida por você em sua demanda, mas
ficou um pouco confusa. Como ela ainda é jovem e possui pouco tempo de casa, gostaria que
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
você explicasse como cada uma dessas ações sugeridas funcionam e podem auxiliar em seu
desenvolvimento.
Explique o que é a pós-graduação e como a educação formal auxilia no desenvolvimento do
profissional e seus benefícios. Faça o mesmo para o job rotation e a trilha de aprendizagem e
explique o que é mobile learning e quais seus benefícios.
Um modelo para diálogos de desenvolvimento:
BONAVITO, C. Um modelo para diálogos de desenvolvimento. OIPÉ, 2020.
Uma pós-graduação, assim como um MBA, são ações de educação formal que auxiliam no
desenvolvimento profissional e pessoal, pois é possível desenvolver o nível de abstração por
meio da experiência e da formação. Ao investir em formação, o profissional acelera seu
desenvolvimento por meio da experiência, ou seja, esta permite que o aprendizado seja
potencializado ao colocá-lo em prática. Assim, a experiência e a formação estão intimamente
ligadas ao desenvolvimento pessoal. Aprender diferentes conteúdos na educação formal permite
que o colaborador leve um novo repertório para o ambiente de trabalho e consiga colocar em
prática novas atividades e realizar sugestões valiosas para a organização.
O job rotation é uma prática que as organizações utilizam para desenvolver os colaboradores por
meio da rotação do profissional em postos ou áreas de trabalho horizontalmente. Novas funções
representam oportunidades de novos aprendizados, que podem ser tanto do trabalho em si,
como da organização, proporcionando uma visão mais sistêmica, ou de aprendizagem de
relacionamento interpessoal, uma vez que o colaborador terá um novo gestor e novos membros
diretos em sua equipe. Dos benefícios proporcionados pelo job rotation é possível identificar:
O job rotation é um método de aprendizado mais eficaz do que treinamentos formais, por tratar
do aprendizado na prática.
As trilhas de aprendizagem são caminhos que de aprendizagem que o colaborador irá percorrer,
após serem analisadas as lacunas entre as competências reais dos colaboradores e as
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
desejadas pela organização, para que o colaborador desenvolva novas habilidades e aplique as já
existentes no seu dia a dia. Mobile learning, como o nome já diz, é o aprendizado por meio da
utilização de smartphones e tablets. Permite que o colaborador acesse em qualquer lugar e pode
se tornar mais atrativo apresentar o conteúdo por meio de aplicativos, além de estar sempre com
o material dos treinamentos consigo. Sempre com o foco no ritmo de aprendizado e nas
competências a serem desenvolvidas por cada colaborador.
Resumo visual
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Referências
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
DUTRA, J. S.; DUTRA, T. A.; DUTRA, G. A. Gestão de Pessoas: realidade atual e desafios futuros.
São Paulo: Atlas, 2017.
KIRKPATRICK, D.L. Evaluating training programs: the four levels. San Francisco: Berret-Koehler,
1994.
,
Unidade 4
Pesquisa de Clima Organizacional (PCO)
Aula 1
A importância da pesquisa de clima organizacional
Introdução
Caro estudante,
O envolvimento com o trabalho, os valores organizacionais e a entrega de um colaborador estão
intimamente ligados a sua satisfação no ambiente, uma vez que afetam seus sentimentos e
disposições futuras. Os níveis de satisfação no trabalho podem ser investigados por meio da
pesquisa de clima organizacional. Contudo, essa pesquisa vai além de simplesmente mediar a
satisfação do colaborador, entrando em outras importantes searas como a compreensão de
como as políticas e práticas afetam os colaboradores, a concordância (ou não) com o
direcionamento estratégico do negócio, aspectos de liderança, entre outros. A pesquisa de clima
organizacional é importante não apenas como um termômetro das percepções dos
colaboradores, mas por auxiliar na tomada de decisões em relação a problemas e divergências
que podem estar ocorrendo na organização.
GESTÃO DE PESSOAS
Em um contexto em que as mudanças ocorrem com uma alta velocidade é fundamental que as
organizações tenham a capacidade de manter um clima positivo e ajudem seus colaboradores a
focar nos objetivos organizacionais, traduzindo-os a partir dessas mudanças. A fim de manter o
clima positivo, é necessário que, de tempos em tempos, ocorra uma pesquisa sobre a percepção
dos colaboradores em relação ao ambiente no qual estão inseridos, para corrigir disfunções e
manter uma atmosfera harmoniosa na organização, permitindo que eles realizem seu trabalho
com efetividade (DUTRA; DUTRA; DUTRA, 2017).
O clima organizacional pode ser desenvolvido por três fontes distintas: 1) exposição dos
colaboradores à estrutura; 2) os processos e práticas organizacionais; 3) o compartilhamento de
significados por meio da interação social. A pesquisa de clima organizacional é um levantamento
que se faz sobre a opinião dos colaboradores sobre aspectos do ambiente de trabalho. Segundo
Coda (2016, p. 92):
Para Fischer (1996, in: DUTRA; DUTRA; DUTRA, 2017), o objetivo da pesquisa de clima
organizacional consiste em compreender como estão as relações entre a organização e seus
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
membros, não apenas do ponto de vista da satisfação e da motivação, mas também de aspectos
relacionados à compreensão das políticas, concordância com o direcionamento estratégico do
negócio, entre outros. Assim, é possível afirmar que o clima organizacional é formado por meio
dos sentimentos compartilhados pelos colaboradores, em relação à organização em que atuam.
Esses sentimentos podem ser positivos ou negativos e influenciam no comportamento das
pessoas e, por conseguinte, em seus desempenhos (DUTRA; DUTRA; DUTRA, 2017).
Em algum momento, é possível que haja uma confusão entre cultura e clima. Já estudamos
cultura organizacional e sua importância, e vimos que a cultura é formada por valores, crenças,
códigos e regras de natureza coletiva que determinam as normas comportamentais das
organizações e são compartilhadas por todos os colaboradores. A cultura, comparada ao clima,
possui um caráter mais estável, enquanto o clima possui uma natureza mais temporária. A
pesquisa de clima retrata, como uma fotografia, o que as pessoas acreditam que está
acontecendo, ou não, no ambiente de trabalho em um determinado momento. Assim, é um
mapeamento das percepções dos colaboradores e ajuda a diagnosticar uma situação para
levantar problemas que mereçam ser corrigidos (CODA, 2016). Segundo Dutra (DUTRA; DUTRA;
DUTRA, 2017, p. 350): “tanto o Clima quanto a Cultura Organizacional referem-se à forma pela
qual os membros de uma organização atribuem sentido ao ambiente em que atuam”.
A pesquisa de clima organizacional deve ser constantemente realizada nas organizações para
que se possa identificar como os colaboradores estão se sentindo e compreender os seus
comportamentos no ambiente de trabalho. É possível que os gestores estejam enxergando uma
realidade diferente daquela vivenciada e sentida pelos demais membros da organização. A
pesquisa de clima pode ser realizada pela Gestão de Pessoas da própria organização, desde a
elaboração e a aplicação do questionário, ou pode-se contratar uma empresa terceira para
realizá-la.
GESTÃO DE PESSOAS
A pesquisa de clima é uma ferramenta valiosa para que os gestores possam identificar aspectos
estruturais importantes a serem considerados no planejamento e desenvolvimento de
estratégias organizacionais, uma vez que fornece apoio às decisões que devem ser tomadas
considerando políticas de valorização e retenção dos colaboradores. Desta forma, fica clara a
importância de os gestores cuidarem do ambiente de trabalho, das políticas vigentes de gestão
de pessoas e oportunidades de carreira, comprovando na prática o discurso de valorização do
capital humano. A base conceitual para estruturar uma pesquisa de clima, segundo Coda (2016),
envolve três pontos básicos:
As atitudes, ainda segundo o autor, exercem um impacto sobre o modo pelo qual os integrantes
de uma organização percebem e julgam seu ambiente de trabalho. Atitudes positivas podem ser
vistas como o resultado da contínua construção do clima, que apoia e valoriza os colaboradores
como diferenciais competitivos. A pesquisa de clima, assim como qualquer outra pesquisa,
precisa de indicadores de validade e confiabilidade. A confiabilidade é definida como a
capacidade de produzir resultados consistentes. Ela permite que as variações nos resultados
sejam vistas como reais, e não oriundas de diferenças na aplicação. Já a validade é a pesquisa
conseguir medir aquilo a que se propõe. Contudo, os construtos presentes na pesquisa de clima
são complexos e dificultam a criação de indicadores que sejam respondidos com precisão.
Segundo Coda (2016, p. 97), para aumentar a confiabilidade e validade da pesquisa, são
necessários alguns cuidados antes do início do levantamento dos dados:
Quando a pesquisa é desenvolvida e aplicada pela própria organização, além destes cuidados
especificados, é necessário também levar em consideração a elaboração do construto. Realizar
uma pesquisa de clima não é apenas fazer um conjunto de perguntas que os responsáveis pela
Gestão de Pessoas consideram importantes. A pesquisa, como já mencionado, é estratégica
para a organização e, como tal, deve ser tratada com muita seriedade, dentro dos aspectos
metodológicos válidos. Assim, os objetivos da criação de um instrumento de pesquisa de clima
devem:
GESTÃO DE PESSOAS
Como construir um questionário validado de pesquisa vai além do escopo da presente aula,
vamos trazer um instrumento já validado para melhor entender como se dá a pesquisa de clima e
quais dimensões são pesquisadas. O IMCO – Instrumento Multidimensional de Clima
Organizacional (Coda, 2016) é composto por quinze dimensões divididas em cinco vetores:
Motivação, Liderança, Filosofia de Gestão, Gestão de Pessoas e Natureza do Trabalho. As
dimensões são: Reconhecimento, Comprometimento, Desenvolvimento Profissional, Estilo
Gerencial, Competição no Trabalho, Clareza Organizacional, Comunicação, Estruturas, Regras e
Conformidade, Compensação, Imagem da área de RH, Perspectiva de Carreira, Treinamento e
Desenvolvimento, Conteúdo do Trabalho e Volume do Trabalho. Esses vetores e dimensões
podem ser melhor identificados no quadro que segue:
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
De acordo com Coda (2016), esses vetores fornecem um importante subsídio para a melhoria da
satisfação dos colaboradores, pois ajudam a caracterizar variáveis efetivamente intervenientes
no clima da organização. Cada uma destas 15 dimensões apresenta 84 questões (indicadores)
para os colaboradores responderem, que são aderentes à teoria de clima organizacional. Estas
questões devem ser utilizadas pelos profissionais de Gestão de Pessoas não apenas na
aplicação da pesquisa, mas também para criar um plano de ação voltado para a melhoria de
aspectos identificados como necessários a serem corrigidos. Os resultados da pesquisa de
clima organizacional são analisados objetivamente, apesar de, segundo Dutra, Dutra e Dutra
(2017), serem mais intuitivos do que necessariamente empíricos. Vale registrar que realizar uma
pesquisa de clima pode parecer algo simples, porém, na prática, vai além de convidar os
colaboradores para participarem. Podem ocorrer muitos erros desde o planejamento da
pesquisa, a execução e a tabulação dos resultados, limitando ou até mesmo invalidando a
pesquisa.
A vantagem de utilizar empresas terceiras para a execução da pesquisa de clima é que os
colaboradores podem se sentir mais confortáveis com o sigilo de suas respostas e,
consequentemente, ser mais honestos em suas respostas, pois entendem que não serão
pessoalmente implicados por elas. Isso porque muitas organizações utilizam esta ferramenta
para realizar o que chamamos de “caça às bruxas”, ou seja, para saber o que cada colaborador
pensa e eliminar aqueles que se manifestam contrários ao que acontece na organização. Por
outro lado, existem empresas especializadas que, além de aplicar a pesquisa de clima, também
certificam a organização como um bom lugar para se trabalhar, o que pode ser visto como mais
um ponto vantajoso da contratação de terceiros para a aplicação da pesquisa de clima
organizacional.
Seja pela realização interna da pesquisa de clima, ou por meio de contratação de empresas
terceiras, segundo Dutra, Dutra e Dutra (2017), é comprovada a relação entre o clima
organizacional e os resultados do negócio. O conceito de clima é um fenômeno complexo e em
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
A pesquisa de clima é fundamental dentro das organizações para medir as percepções dos
colaboradores, assim como o termômetro é essencial na prática médica. Quer saber mais sobre
essa importante prática de Gestão de Pessoas? Venha assistir à videoaula que preparamos para
você!
Saiba mais
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Se você se interessou pela pesquisa de clima organizacional e deseja saber mais sobre as 84
questões que compõem o IMCO, no livro Competências Comportamentais, do professor Roberto
Coda, você encontra o instrumento na íntegra (p. 111).
CODA, R. Competências Comportamentais: como mapear e desenvolver competências pessoais
no trabalho. São Paulo: Atlas, 2016
Referências
Aula 2
Análise, apresentação e ações referentes aos resultados encontrados na pesquisa de clima
organizacional
Introdução
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Caro estudante,
Depois de entender os diferentes tipos de pesquisa de clima, que variam de acordo com a
frequência com que a organização deseja implementar a pesquisa e escolher os temas que
serão abordados, chegou a hora de aplicar a pesquisa. Para que o engajamento seja alto, é
preciso que haja uma boa comunicação com os colaboradores sobre a importância da pesquisa,
o que ela é e o que será feito com ela. Deixar claro o prazo para responder a pesquisa, colocar-se
à disposição para eventuais dúvidas ou ansiedades também fazem parte da rotina do RH. Após a
aplicação da pesquisa e com os dados em mãos, chegou a hora de realizar a análise dos
resultados. As análises podem ser feitas com o auxílio de tabelas e gráficos que ajudam na
exposição dos resultados, primeiramente aos gestores e depois para todos os colaboradores. A
comunicação e o planejamento dos planos de ações, das mudanças que a pesquisa indica que
são necessários, são fundamentais para haja ciclicidade no processo de pesquisa de clima e
implantação das ações.
GESTÃO DE PESSOAS
Existem diferentes tipos de pesquisa de clima organizacional. A principal diferença entre elas é
em relação à frequência com a qual são aplicadas, que pode ser: anual, semestral, trimestral ou
contínua. Escolher o tipo de pesquisa a ser aplicado em cada organização sempre traz um
tradeoff entre frequência e a quantidade de perguntas. Quando a pesquisa é realizada com maior
frequência na organização, a quantidade de perguntas precisa ser menor. Já se ela é realizada
anualmente, é possível inserir mais assertivas. Isso acontece porque existe um limite de tempo
durante o qual o ser humano é capaz de se concentrar nas perguntas e respondê-las com
seriedade e confiabilidade. Segundo Dutra, Dutra e Dutra (2017), há um consenso de que, após 15
minutos respondendo a um questionário, as pessoas passam a perder sua concentração. Assim,
a quantidade de questões deve variar entre 50 e 65, se pensarmos nos questionários de pesquisa
anual.
A pesquisa de clima pode ser realizada anualmente, semestralmente, trimestralmente ou de
forma contínua. A escolha da frequência vai variar de organização para organização. As
informações oriundas da pesquisa de clima são um importante insumo para o direcionamento
das tomadas de decisões da gestão de pessoas, já que a organização tem uma ideia de como é
vista pelos colaboradores em diferentes perspectivas. Normalmente, o que se deseja investigar é
definido previamente, uma vez que não é possível perguntar tudo, pois a quantidade de questões
é limitada. Os temas escolhidos pela organização são aqueles ligados às preocupações
existentes em relação aos colaboradores (DUTRA; DUTRA; DUTRA, 2017).
Diante da limitação de questões, é importante determinar previamente aquilo que é mais
relevante para a organização por meio do levantamento dos temas com a direção e depois
validar com o conjunto de gestores. Essa validação é necessária para que os resultados sejam
posteriormente discutidos com os gestores (dentro dos temas que foram priorizados na
pesquisa). Na aula anterior, vimos o instrumento de pesquisa de clima denominado IMCO. O
IMCO foi estatisticamente validado como um construto capaz de medir e identificar as
dimensões a que se propõe do clima organizacional. Entretanto, nem toda organização consegue
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
operacionalizar uma pesquisa com 84 assertivas (questões), uma vez que isso pode deixar o
questionário muito extenso. É possível que nem todas as dimensões sejam relevantes para a
organização, e um desmembramento do questionário com escolha das dimensões relevantes
seja necessário, contribuindo para facilitar a logística do levantamento e a redução de tempo de
coleta de dados. Outro ponto é a proposição de dimensões não abordadas no IMCO; contudo, se
a organização optar por abarcar novas dimensões, o cuidado estatístico e metodológico se fará
necessário para que a pesquisa mantenha sua validade e confiabilidade.
Após a realização da pesquisa, com os dados em mãos, chega a vez de realizar a análise dos
resultados obtidos. Essa análise deve gerar um plano de ação para trabalhar nos pontos que
foram identificados como insatisfatórios pelos colaboradores. É possível que, após as questões
quantitativas, sejam deixados espaços para que o colaborador possa se manifestar
qualitativamente sobre os pontos com os quais não está satisfeito, respondendo, assim, o
porquê de não estar satisfeito. As ações gerenciais para melhorar o clima devem ser manejadas
por meio de consultas aos colaboradores – podem ser por reuniões, questionários de follow-up e
criação de indicadores das ações implantadas. Com as ações implantadas, nas novas pesquisas
de clima o resultado já deve aparecer.
A pesquisa anual tem a vantagem de poder entrar nos detalhes, por conter uma maior
quantidade de assertivas; porém, como a validade das percepções coletadas na pesquisa varia
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
entre três e quatro meses, ela acaba ficando obsoleta. Depois desse tempo, as informações
captadas já não possuem validade e precisam ser atualizadas com uma nova pesquisa, uma vez
que a organização fica descoberta no restante do tempo. Optar por realizar a pesquisa
semestralmente implica em diminuir um pouco o número de questões abordadas, mas as
vantagens e desvantagens se parecem com as das pesquisas anuais, pois ambas proporcionam
profundidade, porém pecam no prazo de validade dos dados coletados, devido ao tempo de
aplicação entre uma rodada e outra.
Na pesquisa trimestral, a quantidade de perguntas diminui, mas existem perguntas que não
vencem mais, uma vez que o tempo de aplicação entre uma pesquisa e outra está no prazo em
que as percepções dos colaboradores estão atuais. Com a quantidade de assertivas da pesquisa
trimestral, os colaboradores não gastam muito tempo para responder ao questionário e, ainda
assim, a pesquisa possui uma boa profundidade (não como a pesquisa anual, mas compatível
com os temas mais relevantes). Com a frequência de quatro pesquisas por ano, é possível
manter o banco de dados atualizado com informações que não perdem mais a validade no
tempo. Esta seria a frequência mais adequada para as organizações que desejam
constantemente avaliar a percepção de seus colaboradores, sem que elas fiquem obsoletas;
como uma prática orgânica.
As pesquisas contínuas acontecem na frequência que varia entre uma vez por semana e uma vez
por mês. Sua grande vantagem é o feedback, que é recebido constantemente; contudo, não é
possível se aprofundar com essa frequência. Com a pesquisa contínua, não se podem abordar
todos os temas de uma vez; é preciso escolher qual tema será abordado em cada semana e
rotacioná-los. Em uma semana pode-se abordar a liderança, em outra o ambiente de trabalho, em
outra as políticas... e assim sucessivamente. A vantagem é que a organização está sempre
dialogando com os colaboradores; a desvantagem é que, como as perguntas são sempre sobre
temas diferentes, não é possível realizar comparações sobre os dados coletados, uma vez que
estão alternando. O engajamento também diminui quando o tempo de aplicação fica menor entre
as pesquisas.
Existem ainda as pesquisas ditas de censo, realizadas independentemente da área e da função
do colaborador. Já as pesquisas de follow-up são aquelas realizadas para identificar se as ações
determinadas nos planos de ação de pesquisas anteriores estão sendo tomadas e se os
colaboradores percebem as mudanças indicadas como necessárias. Essas pesquisas não
precisam ser realizadas com toda a organização, mas em pequenos grupos, ou áreas
organizacionais, para identificar se as melhorias de fato estão surtindo o efeito desejado.
GESTÃO DE PESSOAS
De acordo com Dutra, Dutra e Dutra (2017), as pesquisas podem ser recortadas por unidade de
negócio e por áreas, com o objetivo de localizar onde existem os maiores níveis de insatisfação.
Elas também podem ser recortadas por faixa etária, tempo de casa, gênero, nível de instrução,
etc. É importante, todavia, que as assertivas se mantenham ao longo do tempo, para que séries
históricas sejam construídas e mostrem como a organização está evoluindo; ou seja, as
perguntas serão sempre repetidas, em todas as pesquisas de clima que a organização realizar.
Esses recortes ajudam a explicar os resultados da pesquisa e segmentos da organização que
devem receber maior atenção.
Existem duas linhas de análise principais: uma para entender, de maneira geral, onde a empresa
pode ser vista, em quais categorias ela pode ter uma nota baixa e se existe um padrão; outra por
meio das equipes, visualizando quais delas têm menor engajamento. Para divulgar os resultados
de pesquisa, o ideal é que os líderes da organização – o CFO para a área de finanças, o head de
RH na área de Gestão de Pessoas e assim sucessivamente – apresentem os dados de suas
áreas, primeiro com uma visão geral da área e depois podendo entrar em questões mais
específicas. Após apresentar os dados coletados, cada gestor apresenta e/ou constrói junto com
os colaboradores um plano de ação, visando minimizar ou resolver os problemas que foram
apresentados. É mais difícil apresentar a pesquisa de clima considerando toda a empresa de
uma vez, pois pode-se perder de vista a realidade de cada colaborador. Por outro lado, se a
análise for segmentada por times muito específicos, como o “contas a pagar”, o recorte pode ser
muito pequeno e não fazer sentido para o todo. O que traz mais valor é olhar para cada
departamento/área para se ter mais insights e gerar mais ações.
É fundamental que as respostas não sejam punidas e que os gestores não tirem satisfação com
o seu time pelas respostas dadas. A gestão de pessoas precisa ser muito cautelosa na
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
apresentação dos resultados aos gestores, para que não fique evidente quem deu a resposta.
Assim, é preciso muitas vezes tratar o assunto de maneira geral, preservando o colaborador que
respondeu à pesquisa (que é sigilosa). Caso isso não aconteça, a confiança será quebrada e os
colaboradores não serão mais sinceros em suas respostas. Os resultados, além de serem
apresentados aos gestores, precisam também ser apresentados aos colaboradores, que tiveram
o trabalho e engajamento de responder à pesquisa (por melhores ou piores que tenham sido
suas respostas) e gerar uma discussão saudável. Após a apresentação, é imprescindível
apresentar os planos de ação que serão implementados e fazer um follow-up da implementação,
caso contrário os colaboradores pensarão que de nada serviu responder à pesquisa de clima.
A pesquisa de clima organizacional, se bem planejada, aplicada e analisada, gera uma riqueza de
informações que permite ações da Gestão de Pessoas, atuando nas situações críticas em
relação aos objetivos estratégicos da organização. A pesquisa é benéfica para auxiliar na
identificação de problemas que podem estar impactando diretamente no desempenho dos
colaboradores e nas necessidades de treinamento e desenvolvimento. Assim, a pesquisa é
fundamental para auxiliar na orientação de ações de desenvolvimento dos colaboradores e
lideranças, sistemas de carreira, processos sucessórios, políticas e práticas de movimentação de
pessoas e sistemas de remuneração e recompensas; ou seja, em todos os processos de RH.
Ficou interessado em entender melhor sobre como decidir o tipo de pesquisa, analisar os
resultados e comunicar e implementar o plano de ação? Venha assistir à videoaula que
preparamos para você!
Saiba mais
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GESTÃO DE PESSOAS
Quer saber mais sobre pesquisa de clima e sua importância no contexto organizacional?
Sugerimos a leitura do Capítulo 17: Gestão do clima e satisfação das pessoas do livro do
professor Joel Dutra, disponível em Minha Biblioteca: Minha Biblioteca: Gestão de Pessoas.
DUTRA, J. S.; DUTRA, T. A.; DUTRA, G. A. Gestão de Pessoas: realidade atual e desafios futuros.
São Paulo: Atlas, 2017.
Referências
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GESTÃO DE PESSOAS
Aula 3
Avaliação de desempenho
Introdução
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Caro estudante,
O propósito de toda gestão de desempenho deve ser assegurar que os colaboradores e a
organização estão fazendo o seu melhor: seu melhor trabalho, seu melhor produto/serviço. Gerir
a performance de cada colaborador é um processo que começa na clara definição dos papéis,
responsabilidades, num job description documentado, com metas e objetivos que devem ser
discutidos e estar claros e bem definidos. A avaliação de desempenho requer uma contínua
atenção sobre cada colaborador, monitorando e avaliando sua performance em relação ao que
foi acordado (expectativas). O feedback deve ser contínuo, pois permite que o colaborador saiba
que está realizando uma contribuição valiosa para a organização, e é isso que retém e engaja as
pessoas.
A gestão de desempenho
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
[a] visão predominante é que a avaliação de desempenho não é apenas uma forma de
mensuração dos resultados ou a verificação do quanto o profissional se adapta aos
objetivos da empresa e às exigências do trabalho, mas é também um processo que
objetiva, principalmente, o desenvolvimento dos profissionais e que promova o
engajamento aos objetivos do negócio para o direcionamento e alcance dos
resultados.
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
A avaliação pode investigar diferentes critérios, além das metas e resultados, como o
desenvolvimento, o comportamento e o perfil/potencial. A clareza do propósito da avaliação é
fundamental para que haja coerência na construção do instrumento que será utilizado pela
organização: fluxo, escala, avaliadores, períodos, formatos etc. O processo de avaliação ocorre
comumente de maneira anual nas organizações, mas, com a velocidade das mudanças, cada vez
mais as organizações sentem necessidade de encurtar os ciclos avaliativos e muitas já praticam
ciclos semestrais e até trimestrais. Isso ocorre porque é cada vez mais difícil definir metas e
objetivos para um ano inteiro em organizações mais dinâmicas.
A avaliação de desempenho é uma ferramenta de análise, porém, porém é também uma
ferramenta de desenvolvimento. Para que o desenvolvimento do colaborador ocorra, é
necessário que ele receba feedback do seu desempenho. O feedback de desempenho são
“informações que deixam um funcionário saber como está fazendo seu trabalho; pode ser
intrínseco (fornecido pelo próprio trabalho) ou extrínseco (fornecido por um superior ou outra
fonte)” (ROBBINS; DECENZO; WOLTER, 2020, p. 400). O ideal é que o feedback seja contínuo
dentro da organização e não apenas uma obrigação por fazer parte do ciclo avaliativo. Assim, é
imprescindível que as lideranças estejam sempre atentas a seus colaboradores e preparadas
para oferecer o feedback contínuo que, além de direcionar o colaborador, é muito importante para
o seu desenvolvimento.
GESTÃO DE PESSOAS
Figura 1 | Elementos da gestão de desempenho. Fonte: adaptada da aula Gestão de Desempenho do professor Cassiano
Machado Silva (FIA).
As finalidades da gestão de desempenho podem ser vistas como: 1) básica, quando o escopo é a
melhoria de desempenho; 2) estratégica, quando a intenção é direcionar esforços para a
estratégia, meritocracia, reforçar e modelar a cultura organizacional, fazer gestão de talentos e
embasar as decisões de gestão de pessoas; 3) integradora, quando define as consequências das
decisões e previne os possíveis vieses do processo de avaliação.
É muito comum as pessoas entenderem que o feedback é dizer o que se pensa da performance
dos outros, porém existem alguns problemas nesta abordagem. Para Buckingham e Goodall
(2019), no artigo A falácia do feedback da revista Harvard Business Review, nós pensamos que
somos bons avaliadores da performance alheia, mas não somos. Acabamos sendo muito
subjetivos na nossa percepção. Como lidar com a subjetividade? Não é apenas uma avaliação,
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
mas uma gestão de desempenho. Uma das formas clássicas de minimizar a parte qualitativa é
esclarecendo as expectativas, pois as prioridades podem estar mudando nas empresas. O que a
empresa e o líder esperam dos colaboradores e como estas expectativas vão sendo atendidas ao
longo do tempo. Segundo, a crítica inibe a habilidade do cérebro de aprender. Neurologicamente,
nós crescemos mais nas áreas em que temos grandes habilidades, e isso está relacionado com
o que já vimos, de apostar nosso desenvolvimento naquilo em que naturalmente somos bons e
temos facilidade, pois o cérebro continua se desenvolvendo ao longo da vida.
As pessoas se sentem motivadas pelas coisas que fazem bem. Gradativamente também
aprendem a evitar as coisas que não fazem bem; mas, sem um feedback claro, podem agarrar-se
a ilusões sobre si mesmas que podem levá-las a constantes fracassos. Novos desafios são
importantes para que os colaboradores se desenvolvam, mas precisam estar acompanhados de
feedbacks constantes. Novos desafios são importantes tanto para a organização, pois podem
revelar talentos latentes ou ocultos que simplesmente não tiveram a oportunidade de se
manifestar mais cedo, quanto para o desenvolvimento do profissional (GREENBERG; MCKONE-
SWEET; WILSON, 2011). Por fim, a excelência não pode ser definida com antecedência, e não é
oposta ao fracasso. A excelência não é única, ela é algo bastante pessoal, pois é a expressão da
personalidade individual de cada um (BUCKINGHAM; GOODALL, 2019).
GESTÃO DE PESSOAS
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Quer conhecer mais sobre a gestão de desempenho e como fornecer um feedback poderoso
dentro da sua organização? Venha assistir à aula que preparamos com muito carinho para você!
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Referências
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Aula 4
Crescendo dentro da organização
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Introdução
Caro estudante,
A sucessão é um acontecimento que está sempre presente nas organizações, estando ele
estruturado em processos ou não. Cada vez mais, as organizações percebem que não podem
colocar o negócio ou a estratégia em risco por falta de pessoas preparadas para assumir
posições de liderança. Assim, tem-se conscientizado sobre o assunto e organizado os processos
de sucessão, uma vez que sabe-se que os líderes não nascem prontos, mas são desenvolvidos
pelas organizações. As lideranças são essenciais para engajar e reter os talentos, uma vez que
mais de 80% dos profissionais que pedem demissão estão se demitindo do seu gestor, e não
necessariamente da organização. Entender as características necessárias a um ótimo líder é o
primeiro passo para se tornar um
GESTÃO DE PESSOAS
O processo sucessório dentro das organizações é de suma importância, para que não ocorra a
falta de profissionais preparados para assumir posições críticas. Acontece que, na maior parte
dos casos, a sucessão é administrada de maneira intuitiva sem o conhecimento dos
colaboradores. Com o ambiente extremamente competitivo, as organizações tomam consciência
de que não podem colocar o seu negócio ou a estratégia em risco por não contarem com
pessoas qualificadas no momento certo. A gestão de competências é o grande alicerce que
sustenta os programas de processos sucessórios e de desenvolvimento de lideranças. Pensar
nas competências é também investigar como as organizações estão escolhendo e preparando
suas futuras lideranças e quais critérios são utilizados (DUTRA; DUTRA; DUTRA, 2017).
De acordo com DUTRA; DUTRA; DUTRA (2017, p. 413), as organizações brasileiras pesquisadas
trabalham o processo de sucessão em duas partes, como se fossem dois processos dialógicos:
o mapa sucessório e o desenvolvimento de talentos (pessoas capazes de assumir posições de
maior nível de complexidade). O mapa sucessório é um exercício estratégico que auxilia a
organização a enxergar sua capacidade de repor pessoas em posições críticas para o negócio.
Por conter um conjunto de informações e posicionamentos que podem se alterar no decorrer do
tempo, esse processo é confidencial. Imagine que três colaboradores estão prontos para
determinada posição e já existe uma ordem estabelecida entre eles; porém, no momento da
sucessão ocorreram mudanças no contexto e os critérios que haviam sido utilizados
anteriormente no mapa sucessório precisaram ser alterados. Caso os colaboradores soubessem
de suas posições no mapa, isso geraria frustração naquele que deixou de ser indicado. Assim, é
muito importante trabalhar com esse sigilo (DUTRA; DUTRA; DUTRA, 2017).
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Conhecendo a liderança
A discussão sobre liderança começou no início dos anos 1900, quando Stogdill observou por
mais de 40 anos (1904-1948) um grupo de crianças na escola primária, durante seu recreio.
Nesta época, acreditava-se que o líder possuía um conjunto de traços de personalidade especiais
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
e nascia com elas. Era um retrato estático do líder eficaz. Por falta de evidência empírica, esta
teoria não resistiu; afinal, é possível encontrar os mesmos traços dos ditos líderes em pessoas
que não estavam em posição de liderança, ou diferentes traços em diferentes líderes. Olhar
apenas para os traços de personalidade é uma visão míope, pois deixa de considerar
importantes dimensões como a tarefa, o subordinado, o contexto, entre outras.
Surge então a teoria dos estilos de liderança, que é considerada um prolongamento da
personalidade de cada líder e retrata as diferenças comportamentais entre cada pessoa. As
diferenças de estilos são retratadas pelas características intelectuais, experiências vividas,
expectativas pessoais, emocionais e motivação. Segundo a teoria dos estilos, as pessoas podem
ser treinadas, pois aprendem a ser líderes. Nas décadas de 50 e 60, começa finalmente a
aparecer a figura do subordinado como parte importante do processo de liderança. Por meio de
estudos pioneiros realizados por Ohio State University e Michigan University, foram identificados
dois tipos de vínculos entre os líderes e seus subordinados: tarefas e pessoas. O líder centrado
em tarefas tem uma forte tendência a enfatizar os aspectos técnicos e as tarefas do trabalho,
enquanto o líder centrado nas pessoas enfatiza as relações interpessoais com aqueles que lidera
(ROBBINS; DECENZO; WOLTER, 2020, p. 304). Para melhor entender essas dimensões, os autores
elaboraram a figura a seguir relacionada.
GESTÃO DE PESSOAS
Hersey e Blanchart (1988) propõem que o estilo de liderança deva “mudar” conforme o nível de
maturidade e autodeterminação do grupo que esteja liderando, ou seja, deve se ajustar a
situações específicas. A liderança situacional, segundo os autores, é a capacidade de refletir as
necessidades dos subordinados. O líder deve estar mais próximo dos seus seguidores,
favorecendo seu livre acesso a ele, por meio de portas abertas e notória informalidade.
Apesar de os esforços acadêmicos não terem sidos suficientes para conseguir isolar os traços
de liderança, existe um conjunto de características, segundo Kirkpatrick e Locke (1991), que
estão presentes nas pessoas bem-sucedidas em influenciar as demais. De acordo com os
autores, são oito: impulso, desejo de influenciar os outros, propensão à extroversão, honestidade
e caráter moral, autoconfiança, inteligência, propensão a sentir culpa e conhecimento relevante.
Em 2008, o Google começou uma pesquisa interna para entender se os gestores eram
importantes dentro da organização, ao que chamaram de Project Oxygen. Por ser uma empresa
composta em sua maioria por engenheiros, a dúvida era se, de fato, os gestores faziam diferença
em um time.
Pautados em dados do People Analytics, foi possível demonstrar a relação entre os indicadores
de desempenho, satisfação e retenção de pessoas e a qualidade dos gestores. Assim, como já
vimos, se o colaborador não entrega o esperado, nem sempre a culpa é apenas dele. Afinal, a
liderança ruim desengaja os colaboradores e prejudica a produtividade, aumentando o turnover.
Partindo desta pesquisa, o Google elencou os dez “oxigênios” necessários para que um líder seja
ótimo (isso para o contexto do Google; vale considerar as diferentes organizações, mas já é uma
excelente pesquisa para entendermos mais sobre liderança):
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GESTÃO DE PESSOAS
O estudo, além de concluir que os líderes fazem a diferença em um time, elaborou um mapa para
identificar quais colaboradores são mais aptos a exercer a função, que exige uma combinação de
competências comportamentais (softskills) e competências técnicas (hardskills). O mapa
sucessório é um exercício estratégico que visa verificar: 1) quais pessoas estão prontas para
assumir atribuições e responsabilidades em maiores níveis de complexidade; 2) a capacidade da
organização de desenvolver as pessoas para subir de nível; e 3) possíveis fragilidades no
processo de sucessão para posições críticas da organização. A base para a construção do mapa
sucessório é a clareza sobre as competências exigidas e os critérios de valorização das futuras
lideranças pela organização (DUTRA; DUTRA; DUTRA, 2017).
A essa altura, já compreendemos que os processos de Gestão de Pessoas estão todos
interligados. Para pensar o processo sucessório, o processo de avaliação de desempenho se faz
necessário, pois auxilia na indicação de sucessores. Assim, ambos os processos – sucessão e
avaliação – se influenciam mutuamente, criando um círculo virtuoso. O desenvolvimento
também precisa estar alinhado a estes processos, em uma discussão contínua sobre a
necessidade do aprimoramento do perfil dos futuros líderes da organização, sob uma análise
mais profunda dos aspectos a serem desenvolvidos nas pessoas (DUTRA; DUTRA; DUTRA,
2017). Organizar uma gestão por competências, em que todos os processos estejam integrados
entre si e alinhados com as estratégias organizacionais, é fundamental para que qualquer
organização prospere.
O processo de sucessão é fundamental dentro das organizações para que não ocorra um apagão
de talentos, e faltem líderes capazes de assumir determinada posição. Quer saber um pouco
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mais? Venha assistir à videoaula que preparamos sobre o tema para você!
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Você se interessou pelo tema da liderança e deseja aprender ainda mais? Que tal apreciar uma
leitura inspiradora sobre a trajetória de Renan Dal Zotto? Ele escreveu um livro sobre sua carreira
e te ensina a construir uma trajetória de sucesso com liderança, por meio de seis princípios.
ZOTTO, R. D. Ninguém é campeão por acaso: os 6 princípios inegociáveis para o alto rendimento.
São Paulo: Benvirá, 2019
Referências
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GESTÃO DE PESSOAS
DUTRA, J.S.; DUTRA, T. A.; DUTRA, G. A. Gestão de Pessoas: realidade atual e desafios futuros.
São Paulo: Atlas, 2017.
HERSEY, P.; BLANCHARD, K. Management of organization behavior: utilizing human resources. 5
ed. Upper Saddle River, NJ: Prenticfe Hall, 1988.
JUDGE, T. A. et al. Personality and leadership: a qualitative e quantitative review. Journal of
Applied Psychology, ago. 2002, p. 765-780.
KIRKPATRICK, S. A.; LOCKE, E. A. Leardership: do traits matter? Academy of Management
Executive, v.5, n.2, maio 1991, p. 48-60.
ROBBINS, S. P.; DECENZO, D. A.; WOLTER, R. M. A nova administração. 2ª ed. São Paulo: Saraiva,
2020.
STODGILL, R. M.; COONS, A. E. Leader behavior: its description and measerument. Research
Monograph, n. 88, Columbus, OH, Ohio State University, Bureau of Business Research, 1951.
ZOTTO, R. D. Ninguém é campeão por acaso: os 6 princípios inegociáveis para o alto rendimento.
São Paulo: Benvirá, 2019.
Aula 5
Revisão da unidade
GESTÃO DE PESSOAS
GESTÃO DE PESSOAS
Por um lado, é importante entender as percepções dos colaboradores para melhor gerir o
ambiente de trabalho, a fim de gerar maior satisfação; por outro, avaliar o desempenho do
colaborador também é estritamente necessário. A gestão de desempenho é o processo de
gestão de expectativas sobre a atuação e/ou resultados dos indivíduos, da organização e de
suas unidades constituintes e dos indivíduos. Existem algumas dimensões para avaliar a
contribuição do profissional à organização e, dessa forma, devem ser monitoradas: avaliação de
metas e resultados, análise comportamental, análise do perfil/potencial e desenvolvimento. O
feedback é uma ferramenta importante quando se trata de desempenho e desenvolvimento.
Pensar em desempenho é pensar também em seus outros fatores condicionantes como:
capacidade/desenvolvimento, esforço/motivação e ambiente/oportunidade. Gerenciar o
desempenho é também gerar um ambiente propício para que o protagonismo do colaborador
seja aceito e incentivado. O ambiente organizacional é influenciado principalmente por seus
líderes. As lideranças são essenciais para engajar e reter os talentos, uma vez que mais de 80%
dos profissionais que pedem demissão estão se demitindo do seu gestor, e não necessariamente
da organização. Desenvolver líderes nas organizações é fundamental para a manutenção das
entregas almejadas.
Agora que já passamos pelos importantes conteúdos de clima organizacional, pesquisa de clima,
avaliação de desempenho e liderança, que tal assistir à videoaula que preparamos com todos
esses conteúdos?
Estudo de caso
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Mariana foi recentemente contratada para ser gestora da área de marketing da empresa Cactus.
Ela nunca havia assumido uma posição de liderança antes, mas aceitou o desafio pois entendia
que poderia facilmente assumir esta posição na nova organização, afinal, passou anos na
posição de analista vendo o que seus chefes faziam, e era muito boa nas entregas técnicas da
área de MKT. Ela pensava: “eu sei fazer bem, vou saber ajudar os outros a fazerem bem também”.
No primeiro ciclo avaliativo anual da empresa Cactus, Mariana precisou avaliar seus
subordinados. Preencheu a avaliação, conversou com a Gestão de Pessoas, passou pelo
processo de calibração e encaminhou a avaliação por e-mail, para cada um dos seus liderados.
Muitos deles, após o recebimento do e-mail, vieram por iniciativa própria conversar com Mariana,
mas a especialista Fernanda não fez esse movimento. Mariana foi percebendo que sua relação
com Fernanda era diferente, mais estranha do que o habitual. Com receio de que Fernanda
estivesse com algum problema, passou a acompanhar mais de perto o trabalho de Fernanda e
até microgerenciá-la, para ter certeza de que ela estava fazendo o trabalho da maneira certa e
conseguiria entregar no prazo estipulado. Fernanda comentou com seus pares que nunca havia
passado por aquela situação, pois não fazia ideia de como Mariana se sentia com o trabalho dela
e que a pouca relação que elas tinham, assim que Mariana assumiu a área, havia esfriado.
Fernanda adorava a empresa Cactus, não gostaria de sair de lá, mas também não estava feliz no
ambiente de trabalho, pois sentia que não estava se desenvolvendo. Um dos colegas, Rodrigo,
disse que se sentia da mesma forma, estava desmotivado para trabalhar na empresa, uma vez
que, nas demais companhias em que já havia trabalhado, a área de MKT era bem diferente.
Rodrigo levantou a hipótese de que o grande problema deles fosse o estilo de liderança de
Mariana e sugeriu a Fernanda que fossem conversar com o gestor da área de pessoas.
________
Reflita
Você é o gestor da área de pessoas da empresa Cactus e ficou surpreso quando Fernanda e
Rodrigo bateram juntos na sua porta e perguntaram se poderiam conversar. Você disse que sim,
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
que poderiam entrar e se sentar. Você serviu um café para eles, que puderam contar tudo o que
estava acontecendo e seu mal estar em relação à liderança de Mariana. Compreendendo a
situação, você disse que conversaria com Mariana e passaria a mentorá-la em suas ações.
Na qualidade de gestor da área de RH, você chamou Mariana para uma conversa e explicou
sobre o mal estar presente na área de MKT. Percebeu que Mariana tinha pouco repertório como
liderança e disse que a ajudaria a conduzir melhor a sua área. Diante do exposto por Rodrigo e
Fernanda, que ações você sugere para que Mariana possa performar melhor como líder?
1. Sobre uma pesquisa de clima focada na área de MKT, para que serviria? Como realizar?
Quais temas parecem ser mais relevantes?
2. Faltou feedback da parte de Mariana quando da avaliação de desempenho. O que você
explicaria para ela sobre a avaliação e forma de conduzir o feedback? Qual o melhor tipo de
feedback?
3. A pesquisa Google Oxigênio traz grandes insights sobre como ser um melhor líder. Traga
quatro pontos para analisar com Mariana que melhor se encaixem na vivência dela com
seus subordinados.
É muito comum as organizações pensarem que a transição para um cargo de liderança é natural.
Mas de natural ela não tem nada. A liderança precisa ser desenvolvida pelas organizações,
pensando no processo sucessório. Mariana veio de outra empresa e nunca havia vivenciado uma
posição de liderança. Apesar de entender que teria facilidade de executá-la por ser boa
tecnicamente, desatentou-se de que uma posição de liderança vai muito além das capacidades
técnicas de qualquer área. Liderar é influenciar, e fazer com que os outros executem, tão bem ou
até melhor do ela mesma era capaz de executar. Ser líder é ter uma escuta ativa, empatia, ser
coach. Retomando o que vimos na pesquisa Google Oxigênio, bons líderes:
1. São bons coaches. Ser coach, conforme o primeiro “oxigênio” do Google, é ser capaz de
estar sempre fazendo as perguntas corretas, levar seu liderado a chegar sozinho nas
melhores respostas, e não simplesmente fornecer as respostas que ele busca.
2. Empoderam (empower) seus times e não praticam microgerenciamento. Empoderar seu
time é permitir que ele tome decisões e não microgerenciar é não ficar em cima do
colaborador a todo momento para verificar o que ele está fazendo e como está fazendo,
sem liberdade e confiança.
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GESTÃO DE PESSOAS
A pesquisa de clima, dentro do contexto acima relacionado, seria importante para se ter uma
visão mais ampla daquilo que os subordinados de Mariana estão sentindo em relação à sua
forma de liderar, ao ambiente de trabalho e até ao trabalho em si. Estas podem ser importantes
dimensões para serem questionadas na pesquisa de clima. A partir dos resultados, é possível
estabelecer planos de ação condizentes com as demandas apresentadas.
Você ainda precisa explicar melhor para a Mariana sobre a avaliação de desempenho e como dar
feedback para os seus subordinados. O feedback é fundamental para que o colaborador entenda
como está sendo visto pela organização, para repactuar as expectativas de ambas as partes. O
feedback deve ser constante e não apenas uma etapa da avaliação de desempenho. Você deve
explicar para Mariana a importância das conversas individuais com seus colaboradores.
Resumo visual
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
Referências
Disciplina
GESTÃO DE PESSOAS
HARRELL, M; BARBATO, L. Great managers still matter: the evolution of Google’s Project Oxygen.
Re:work, 2018. Disponível em: https://rework.withgoogle.com/blog/the-evolution-of-project-
oxygen/. Acesso em: 8 nov. 2022.