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Valores e Atitudes Face A Proteccao Dos Animais em Portugal

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Valores e Atitudes face Proteco dos Animais em Portugal

Inqurito Nacional

Teresa Lbano Monteiro (Coord.) Vernica Policarpo Francisco Vieira da Silva

Maio de 2007

ndice Geral
ndice de Tabelas..................................................................................................... 3 ndice de Figuras ..................................................................................................... 5 Introduo ............................................................................................................... 6 Metodologia do Estudo ............................................................................................. 7

Constituio da amostra.............................................................................. 7 Recolha da Informao ............................................................................... 8 Controle de qualidade ................................................................................. 9 Anlise dos dados......................................................................................10 Contedos e estrutura do questionrio.........................................................10 Caracterizao dos inquiridos......................................................................11
Distribuio dos inquiridos por Regio (NUTS II) e Habitat/dimenso dos agregados populacionais11 Sexo, idade e escolaridade................................................................................................... 13 Grupo scio-profissional e condio perante o trabalho............................................................ 15 Comportamento eleitoral ..................................................................................................... 16 Valores scio-polticos ......................................................................................................... 17

Proteco Legal dos Animais.................................................................................. 21

Opinies face actual proteco legal dos animais em Portugal ......................21 Opinies face a uma nova lei de proteco dos animais..................................26 Opinies face penalizao legal dos maus-tratos em animais........................28
Quem Deve Proteger os Animais? E como? ............................................................ 31

Grau de responsabilizao de diversas entidades...........................................31 As Cmaras Municipais e os Animais Errantes ...............................................33 Atribuio de autoridade s instituies de proteco dos animais ...................38
Utilizao de Animais em Actividades Recreativas, Comrcio e Experincias ......... 42

Actividades recreativas e comrcio ..............................................................42 Experincias em animais ............................................................................46 Animais de quinta .....................................................................................49
Touradas ................................................................................................................ 52 Circos ..58 Concluso .............................................................................................................. 61 Referncias Bibliogrficas...................................................................................... 66 Anexos ................................................................................................................... 68
Anexo 1 Questionrio.................................................................................................... 69 Anexo 2 Tabelas .......................................................................................................... 74

ndice de Tabelas
Tabela 1. Tabela 2. Tabela 3. Tabela 4. Organizao do questionrio - blocos temticos ......................................... 11 Distribuio dos inquiridos por Regio (NUTS II). ....................................... 12 Habitat/Dimenso dos agregados populacionais ......................................... 12 Resposta questo Como classifica o local onde passou a maior parte da sua

infncia e adolescncia at idade adulta? ................................................................. 13 Tabela 5. Tabela 6. Tabela 7. Tabela 8. Tabela 9. Tabela 10. Tabela 11. Tabela 12. Tabela 13. Tabela 14. Tabela 15. Tabela 16. Sexo dos inquiridos ................................................................................ 13 Idade dos inquiridos em escales etrios................................................... 14 Escolaridade (ltimo ano escolar que concluiu)........................................... 14 Ocupao/actividade profissional do inquirido segundo o sexo...................... 15 Situao na profisso .............................................................................. 16 Partido em que votou nas ltimas eleies legislativas ................................ 16 Valores Materialistas/ Ps-Materialistas: EVS, 1999 .................................... 18 Valores Materialistas/ Ps-Materialistas: presente estudo, 2007 ................... 19 Tipologia de valores materialistas/ps-materialistas: presente estudo, 2007.. 20 Opinio sobre a proteco legal dos animais em Portugal ............................ 21 Opinio face proteco legal dos animais em Portugal, por Sexo ................ 21 Opinio sobre a proteco legal dos animais, em Portugal, por escales etrios ..22 Tabela 17. Opinio sobre a proteco legal dos animais, em Portugal, por grau de instruo ..23 Tabela 18. Opinio sobre a proteco legal dos animais, em Portugal, por grupo

profissional e condio perante o trabalho.................................................................... 24 Tabela 19. Tabela 20. Portugal Tabela 21. Portugal Tabela 22. Tabela 23. Opinio sobre a proteco legal dos animais, em Portugal, por regio ........... 25 Opinio sobre a importncia de uma nova lei de proteco dos animais, em 26 Opinio sobre a urgncia de uma nova lei de proteco dos animais, em ..27 Opinies sobre a penalizao legal dos maus-tratos aos animais .................. 28 Em que medida considera que as seguintes entidades deveriam ser

responsveis pela proteco dos animais?.................................................................... 31 Tabela 24. Tabela 25. ndices de Responsabilizao de Entidades Pblicas e Outras Entidades ........ 32 Na sua opinio, o que devem fazer as Cmaras Municipais (em colaborao

com o Governo e com as associaes de proteco dos animais) quanto aos animais abandonados e de rua? (% casos) .............................................................................. 33 Tabela 26. O que devem fazer as Cmaras Municipais em relao aos animais

abandonados e de rua: responsabilizar quem os abandonou, por Escala de Valores PsMaterialistas ..37 Tabela 27. Atribuio de mais autoridade s instituies de proteco dos animais, por

profisso/ocupao do inquirido .................................................................................. 40

Tabela 28.

Em que medida concorda com a proibio de cada uma das seguintes

actividades? ..43 Tabela 29. Proibio do uso de pombos e outros animais para exerccios e provas de

tiro, por Regio 45 Tabela 30. Proibio da venda de peas com plo de animais, por socializao rural/urbana ..46 Tabela 31. Tabela 32. Se concorda com a proibio das experincias em animais, em que casos?.... 48 Concorda com a existncia de leis que protejam os animais de criao

[vacas, porcos, galinhas, ovelhas, cabras, etc.] na forma como so criados, transportados e mortos? Tabela 33. Tabela 34. Tabela 35. 49 Proteco dos animais de quinta, por regio .............................................. 50 Proteco dos animais de quinta, por grau de instruo .............................. 51 Acha que as touradas devem ser proibidas por lei?, por escala de Valores

Ps-Materialistas....................................................................................................... 54 Tabela 36. Tabela 37. animais Tabela 38. Tabela 39. Cidade anti-touradas, por escala de Valores Ps-Materialistas ...................... 57 Opinies sobre a importncia e a urgncia de uma nova lei de proteco dos 75 Responsabilidade pela proteco dos animais (valores mdios) .................... 76 O que devem fazer as Cmaras Municipais quanto aos animais abandonados

e de rua:CAPTUR-LOS, por O que devem fazer as Cmaras Municipais quanto aos animais abandonados e de rua:MAT-LOS (cruzamento) ........................................................... 76 Tabela 40. O que devem fazer as Cmaras Municipais quanto aos animais abandonados

e de rua:CAPTUR-LOS, por O que devem fazer as Cmaras Municipais quanto aos animais abandonados e de rua:PROTEG-LOS EM CANIS E GATIS (cruzamento) .......................... 76 Tabela 41. Tabela 42. Tabela 43. Escala de Valores Materialistas/Ps-Materialistas, por escales etrios .......... 77 Escala de Valores Materialistas/Ps-Materialistas, por grau de instruo ........ 77 Cidade Anti-Touradas por Proibio Legal das Touradas .............................. 77

ndice de Figuras
Figura 1. Figura 2. Materialismo/Ps-Materialismo, EVS 1990 e 1999 (%) ................................ 19 ndice de Medidas a Adoptar pelas Cmaras Municipais para proteco dos animais abandonados e de rua: distribuio percentual das respostas ............................. 34 Figura 3. errantes? Figura 4. Acha que as Cmaras Municipais devem investir na esterilizao dos animais ..37 At que ponto concorda com a atribuio de mais autoridade s instituies de

proteco dos animais para combater os maus-tratos, desde que estivessem preparadas para isso? (n=1064).................................................................................................. 39 Figura 5. Figura 6. Figura 7. Figura 8. Figura 9. Figura 10. Proibio das experincias em animais ...................................................... 47 Proibio das experincias em animais, por sexo do inquirido ...................... 47 Acha que as touradas devem ser proibidas por lei em Portugal? ................... 52 Proibio das Touradas, por sexo do inquirido ............................................ 53 Proibio das Touradas, por Regio .......................................................... 54 Gostaria que a Cmara Municipal da localidade da sua residncia declarasse

esta uma localidade anti-touradas, ou seja, uma localidade onde no seja autorizada a realizao de touradas? ............................................................................................. 55 Figura 11. Figura 12. Figura 13. Cidade Anti-Touradas, por Sexo do Inquirido ............................................. 56 Cidade Anti-Touradas, por Regio............................................................. 57 Gostaria que a Cmara Municipal da localidade da sua residncia declarasse

esta uma localidade livre de sofrimentos nos circos? ................................................... 58 Figura 14. Cidade Livre de Sofrimento nos Circos, por Sexo dos Inquiridos ................... 60

Introduo
O presente relatrio sintetiza os resultados do primeiro estudo realizado em Portugal, escala nacional, sobre os direitos e proteco dos animais. Este estudo foi financiado pela Associao ANIMAL e est sedeado no Centro de Investigao e Estudos de Sociologia (CIES) do ISCTE Instituto Superior de Cincias do Trabalho e da Empresa, com o ttulo Valores e Atitudes face Proteco dos Animais em Portugal1. Foi realizado da um inqurito nacional. por O questionrio, questionrio, a uma amostra e da

representativa

populao

concebido

responsabilidade dos investigadores envolvidos no projecto, foi aplicado pela empresa de estudos de mercado METRIS GFK. O inqurito por questionrio foi aplicado atravs de entrevista telefnica, a uma amostra estatisticamente representativa da populao residente em Portugal (Continente e Regies Autnomas). A amostra constituda por 1064 indivduos, de 18 e mais anos de idade. Este estudo tem como objectivo fazer um levantamento das opinies, valores e atitudes dos portugueses a respeito da proteco e direitos dos animais em Portugal. Esta temtica ser abordada em diversas dimenses, entre as quais a utilizao de animais em comrcio e experincias, a sua utilizao em circos ou outros espectculos, o abandono e os maus-tratos. Pretende-se identificar os valores e atitudes dos portugueses a respeito deste tema, relacionando-os com a escolaridade, o grupo scio-profissional, a condio perante o trabalho, o sexo, a idade, a regio de residncia, a socializao rural/urbana, o comportamento eleitoral e alguns valores socio-polticos. O relatrio que agora se apresenta constitui uma primeira aproximao aos resultados deste inqurito. Pretende-se principalmente uma descrio e uma anlise estatstica do material recolhido, ao mesmo tempo que se procuram avanar algumas pistas de interpretao, de uma perspectiva sociolgica. Este primeiro relatrio no dispensa, no entanto, um posterior aprofundamento, e subsequente discusso cientfica, nos fruns prprios.

http://www.cies.iscte.pt/projectos/ficha.jsp?pkid=306

Metodologia do Estudo
O estudo sobre Valores e Atitudes face Proteco dos Animais em Portugal, encomendado pela Associao Animal, foi desenvolvido pelo CIES Centro de Investigao e Estudos de Sociologia do ISCTE Instituto Superior de Cincias do Trabalho e da Empresa. Tendo em conta os objectivos definidos, a abordagem metodolgica que se considerou mais adequada para a realizao desta investigao foi a extensiva ou quantitativa, pelo que teve como base emprica um Inqurito por Questionrio (cf. Anexo 1 Questionrio) concebido pela equipa de investigao foi constituda por Teresa Lbano Monteiro (coordenadora), Vernica Policarpo e Francisco Vieira da Silva. O inqurito por questionrio elaborado para o efeito foi aplicado a uma amostra estatstica representativa da populao portuguesa, residente no

Continente e Regies Autnomas, com idade igual ou superior a 18 anos. O trabalho de campo decorreu entre 22 de Fevereiro e 6 de Maro de 2007 e foi desenvolvido por uma empresa especializada contratada para o efeito,

nomeadamente, a METRIS GfK2. Apresentam-se, de seguida, as diferentes etapas metodolgicas do estudo, nas quais discutiremos a constituio da amostra, as tcnicas de recolha da informao e anlise de dados escolhidas, controlo de qualidade e a estrutura do questionrio.

CONSTITUIO DA AMOSTRA
Num processo levado a cabo por especialistas da METRIS GfK, a amostra, constituda a partir do universo de indivduos com 18 e mais anos de idade, residentes em Portugal Continental e Regies Autnomas, foi composta por 1.064 entrevistas (inquritos telefnicos). Os inquiridos foram seleccionados atravs do mtodo de quotas, com base numa matriz que cruzou as variveis Sexo, Idade (6 grupos), Instruo (6 grupos),
2 A MetrisGfK uma empresa associada da APODEMO (Associao Portuguesa de Empresas de Estudos de Mercado e Opinio) e os seus directores so membros da ESOMAR (European Society for Opinion and Marketing Research), cujos cdigos deontolgicos internacionais a MetrisGfK subscreve na ntegra, nomeadamente o Cdigo ICC/ESOMAR.

Ocupao (2 grupos), Regio (7 Regies NUTS II)3 e Habitat/Dimenso dos agregados populacionais (5 grupos). Neste processo, as quotas de ocupao foram aplicadas s mulheres e as quotas de instruo aos homens. Tal procedimento est relacionado com a vantagem de no complicar demasiado a seleco dos inquiridos e com o facto de se saber, a partir da experincia com estudos anteriores, que as quotas de ocupao no so muito relevantes para os homens (quando se tem em conta a quota idade) e as quotas de instruo oferecerem uma distribuio bastante fivel nas mulheres (quando se tem presente a quota da ocupao). Assim, a partir de uma matriz inicial cruzando Regio e Habitat, foram seleccionados aleatoriamente um nmero significativo de pontos de amostragem, onde foram realizadas as entrevistas telefnicas, atravs da aplicao das quotas acima referidas. Dentro de cada localidade os entrevistadores tiveram instrues para diversificar a distribuio dos inquiridos. O cruzamento destas variveis garantiu uma distribuio proporcional da amostra em relao populao portuguesa em geral. As quotas foram definidas com base no Recenseamento Geral da Populao (2001) do Instituto nacional de Estatstica (INE).

RECOLHA DA INFORMAO
A informao foi recolhida pela METRIS GfK atravs de entrevista telefnica, pelo sistema CATI (Computer Assisted Telephone Interviewing), com base no questionrio elaborado pela equipa de investigao, no mbito do projecto Valores e Atitudes face Proteco dos Animais em Portugal, do CIES/ISCTE. Os trabalhos de campo foram realizados entre os dias 22 de Fevereiro e 6 de Maro de 2007, por 48 entrevistadores com experincia em estudos telefnicos atravs do sistema CATI (Computer Assisted Telephone Interviewing), recrutados e treinados pela METRIS GfK, onde receberam uma formao adequada s

especificidades deste estudo, atravs de instrues verbais e escritas. A recolha incidiu nos dias teis entre as 18h e as 22h e nos fins-de-semana entre as 15h e as 22h.

Sete Regies: Norte, Grande Porto, Centro, Lisboa, Algarve, Madeira, Aores (NUTS II).

CONTROLE DE QUALIDADE
De acordo com os procedimentos habituais da METRIS GfK, foi realizado um controlo de qualidade do trabalho desenvolvido, respeitando-se as seguintes etapas:

1. Os entrevistadores tiveram formao prvia.

2. As entrevistas foram distribudas por diversos entrevistadores, de forma a evitar que uma percentagem significativa das entrevistas fosse feita somente por um ou dois entrevistadores.

3. Sendo a recolha da informao realizada atravs do sistema CATI (Computer Assisted Telephone Interviewing), o ficheiro de dados foi

automaticamente validado a dois nveis: validao dos cdigos de resposta, pergunta a pergunta e uma validao da articulao entre as perguntas (saltos e filtros), respeitando-se a estrutura do questionrio utilizado.

4. Durante o decorrer da recolha, o trabalho dos entrevistadores foi sempre acompanhado por um Tcnico de Campo da METRIS GfK, que garantiu o respeito das indicaes apresentadas em relao ao mtodo de seleco dos lares e dos entrevistados. Este controlou tambm as condies de realizao da entrevista e tempo de durao da mesma, sendo realizada uma superviso directa do trabalho dos entrevistadores.

5. Aps darem entrada no Departamento de Informtica da METRIS GfK, os questionrios foram revistos de modo a verificar a existncia de eventuais erros ou ausncia de informao. Caso a caso, foi feita uma avaliao dos procedimentos a adoptar, que pode ter ido de um novo contacto com o inquirido (obteno da informao em falta) simples anulao da entrevista (por exemplo quando se verificou uma taxa de no resposta superior a 10% do total das perguntas).

6. Posteriormente, foi realizada uma superviso de cerca de 10% do trabalho de cada entrevistador atravs de um novo contacto telefnico com o entrevistado.

7. No caso das perguntas abertas, foi feita uma transcrio de 100% das respostas (automaticamente, atravs do software de CATI). As respostas abertas 9

foram, posteriormente, analisadas e submetidas a planos de codificao adequados a cada pergunta deste tipo.

8. Aps a codificao das perguntas abertas e validao total do ficheiro informtico, este ficou apto a ser tabulado e tratado com base em software concebido para o efeito.

ANLISE DOS DADOS


Com base nos resultados obtidos atravs da aplicao do inqurito por questionrio foi constituda uma base de dados em SPSS Statistical Package for the Social Sciences, com 1.064 casos e 54 variveis originais. Seguidamente, deu-se incio anlise estatstica (univariada, bivariada e multivariada), que produziu outputs diversos, tais como distribuies de

frequncias das diferentes variveis, cruzamentos entre duas ou mais variveis, e ainda certos tipos de anlises multivariadas, como a anlise factorial em componentes principais. Na apresentao geral dos resultados, privilegiou-se a distribuio das variveis por sexo, escales etrios, escolaridade, ocupao/profisso e regio. Foram ainda desenvolvidas outras anlises que permitiram relacionar entre si os diferentes indicadores, para o tratamento de questes especficas.

CONTEDOS E ESTRUTURA DO QUESTIONRIO


O questionrio concebido para o efeito seguiu as regras estabelecidas para a tcnica em questo (inqurito por questionrio com perguntas fechadas, na modalidade de entrevista telefnica). O questionrio contou com 16 perguntas contendo alneas que remetem para questes relacionadas com valores e atitudes face questo da proteco dos animais em Portugal e ainda com 10 perguntas de caracterizao do inquirido e do Habitat/Regio. Para facilitar a resposta e situar o inquirido nos temas abordados, as perguntas foram agrupadas em blocos temticos que apresentamos na Tabela 1.

10

Tabela 1.

Organizao do questionrio - blocos temticos NR. DE QUESTES


10 4 2 2 8 26

BLOCO TEMTICO
OPINIO FACE PROTECO LEGAL DOS ANIMAIS UTILIZAO DE ANIMAIS EM COMRCIO E EXPERINCIAS CIDADES ANTI-TOURADAS E LIVRE DE SOFRIMENTO NO CIRCO VALORES E COMPORTAMENTOS POLTICOS DADOS DE CARACTERIZAO DO INQUIRIDO E DO HABITAT TOTAL

CARACTERIZAO DOS INQUIRIDOS


Passamos, agora, apresentao das variveis de caracterizao que nos permitiro analisar a populao estudada sob diferentes perspectivas. Nos captulos seguintes, os resultados deste estudo sero apresentados tendo em conta o cruzamento de diferentes distribuies estatsticas relativas a valores e atitudes dos inquiridos, com sucessivas variveis de caracterizao como o sexo, a idade, a escolaridade, a condio perante o trabalho, o grupo scio-profissional, a situao na profisso, a regio de residncia, o tipo de habitat (definido a partir da dimenso do agregado populacional em que o inquirido est inserido) e o tipo de localidade em que o inquirido passou a maior parte da infncia e adolescncia, at idade adulta.

Distribuio

dos

inquiridos

por

Regio

(NUTS

II)

Habitat/dimenso dos agregados populacionais

No que diz respeito distribuio geogrfica dos inquiridos a amostra foi constituda por indivduos residentes no Continente e Regies autnomas tendo a sua seleco sido feita a partir de uma matriz que cruzou a Regio (NUTS II)4 e

NUTS - Nomenclaturas de Unidades Territoriais para Fins Estatsticos. Correspondem diviso e classificao do territrio nacional em unidades territoriais estatsticas equivalentes s dos outros Estados Membros da Unio Europeia. Esta nomenclatura composta por 3 nveis hierrquicos: NUTS I, NUTS II e NUTS III. A base para seleco dos pontos de amostragem, neste estudo, forma as NUTS II que passamos a especificar: NORTE (Minho-Lima, Cavado, Ave, Grande Porto, Tmega, Entre Douro e Vouga, Douro, Alto Trs-os-Montes); CENTRO (Baixo Vouga, Baixo Mondego, Pinhal Litoral, Pinhal Interior) Norte (Do-Lafes, Pinhal Interior Sul, Serra da Estrela, Beira Interior Norte, Beira Interior Sul, Cova da Beira, Oeste, Mdio Tejo); LISBOA, (Lisboa, Pennsula de Setbal); ALENTEJO (Alentejo Litoral, Alto Alentejo, Alentejo Central, Baixo Alentejo, Lezria do Tejo); ALGARVE; Regio Autnoma dos AORES; Regio Autnoma da MADEIRA. Fonte: http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:L:2007:039:0001:01:PT:HTML.

11

Habitat (dimenso do agregado populacional). Em de cada Regio (NUTS II) foram seleccionados aleatoriamente pontos de amostragem onde foram realizadas as entrevistas telefnicas.

A distribuio dos inquiridos por Regio, reflectindo os dados conhecidos a partir dos Censos de 2001 do INE relativamente populao portuguesa, pode ser observada na Tabela 2. Tabela 2. Regio
NORTE
5

Distribuio dos inquiridos por Regio (NUTS II). N


219 130 230 262 76 101 24 22 1064

Percentagem
20,6 12,2 21,6 24,6 7,1 9,5 2,3 2,1 100,0

Grande Porto CENTRO LISBOA ALENTEJO ALGARVE MADEIRA AORES TOTAL


6

Com o intuito de aumentar a qualidade da amostra, foi tido em conta, no processo de seleco dos pontos de amostragem, a dimenso dos agregados populacionais tendo sido considerados 5 grupos. Mais uma vez baseada nos dados conhecidos relativamente populao em geral, a partir dos Censos de 2001 do INE, a distribuio dos inquiridos que constituem a amostra por tipo de Habitat pode ser observada na Tabela 3. Tabela 3. Habitat/Dimenso dos agregados populacionais N
461 186 280 50 59 28 1064

Dimenso dos agregados populacionais


MENOS DE 2.000 2.000 A 9.999 10.000 A 99.999 100.000 E MAIS CIDADE DE LISBOA CIDADE DO PORTO Total

%
43,3 17,5 26,3 4,7 5,5 2,6 100,0

5 6

Grande Porto analisado separadamente. A Regio do Algarve encontra-se, nesta amostra, propositadamente sobre-representada em relao ao peso que tem no total da populao portuguesa.

12

Ainda que no constitua uma varivel de caracterizao de base objectiva, foi colocada aos inquiridos uma questo relativamente forma como classificariam o tipo de local onde passaram a maior parte da sua infncia e adolescncia at idade adulta. A incluso desta pergunta no questionrio prende-se com a hiptese de que o tipo de socializao (em meio rural ou urbano) e o tipo de experincias vividas pode influenciar valores e atitudes. Como opo de resposta os inquiridos dispunham de trs categorias, nomeadamente Aldeia, Vila ou Cidade. A partir das respostas obtidas, registadas na Tabela 4, observa-se que Aldeia a resposta modal, sendo 43,1% os inquiridos que afirmam ter passado a maior parte da sua infncia ou adolescncia nesse tipo de local. Uma percentagem aproximada, 39,7%, refere a Cidade como local onde passou esse perodo da vida e os restantes inquiridos, 17,2%, referiram a Vila. Tabela 4. Resposta questo Como classifica o local onde passou a maior parte da sua infncia e adolescncia at idade adulta?
N ALDEIA VILA CIDADE TOTAL 459 183 422 1064 Percentagem 43,1 17,2 39,7 100,0

Sexo, idade e escolaridade


No que diz respeito varivel sexo dos inquiridos, a amostra, qual foi aplicado o inqurito por questionrio, foi constituda por 1.064 indivduos, tendo sido entrevistados 505 homens e 559 mulheres. A distribuio dos inquiridos em termos percentuais pode ser observada na Tabela 5. Tabela 5. Sexo dos inquiridos

N MASCULINO FEMININO Total 505 559 1064

Percentagem 47,5% 52,5% 100,0%

Sendo a amostra constituda por indivduos com 18 ou mais anos, os inquiridos foram agrupados, para efeitos de anlise, em 6 escales etrios. Para

13

observar a sua distribuio, em termos de frequncia e valores percentuais cf. a Tabela 6. Tabela 6. Idade dos inquiridos em escales etrios
Percentagem 13,1% 18,8% 17,9% 16,2% 13,5% 20,6% 100,0% Percentagem acumulada 13,1 31,9 49,7 65,9 79,4 100,0 -

Frequncia 18-24 ANOS 25-34 ANOS 35-44 ANOS 45-54 ANOS 55-64 ANOS 65 ANOS E MAIS Total 139 200 190 172 144 219 1064

A escolaridade dos inquiridos foi registada tendo em conta o ltimo ano de escolaridade concludo. Assim, e de acordo com as tendncias globais conhecidas face populao portuguesa em geral, pode observar-se na Tabela 7 que 7,0% dos inquiridos na amostra possuem um nvel de escolaridade inferior a 4 anos (antiga 4. classe, actual primeiro ciclo do ensino bsico). A percentagem de inquiridos com 4 ou 6 anos de escolaridade (actual 1. ciclo do ensino bsico ou actual 2. ciclo do ensino bsico completos) 27,1%. Com o actual 3. ciclo do ensino bsico completo (antigo 5. ano ou 9. ano unificado), ou com o 10. e 11. anos do ensino secundrio temos 21,1%. O 12. ano (ensino secundrio actual, completo) ou o ensino mdio foi completado por 22,8% dos inquiridos na amostra. A frequncia do ensino superior sem concluso de curso (licenciatura ou bacharelato), foi registada entre 6,2% da populao. Com estudos superiores completos (licenciatura, mestrado ou doutoramento), encontramos 15,8% da amostra. Tabela 7. Escolaridade (ltimo ano escolar que concluiu)
N MENOS DO QUE A 4 CLASSE 4 CLASSE ANTIGA, 6 CLASSE OU CICLO PREPARATRIO RECENTES 5 ANO ANTIGO OU 9 ANO UNIFICADO, 10, 11 ANO 7 ANO ANTIGO, ANO PROPEDUTICO, 12 ANO RECENTE OU CURSO MDIO FREQUNCIA DA UNIVERSIDADE OU BACHARELATO LICENCIATURA, MESTRADO OU DOUTORAMENTO Total 75 288 224 243 66 168 1064 % 7,0% 27,1% 21,1% 22,8% 6,2% 15,8% 100,0%

14

Grupo scio-profissional e condio perante o trabalho


Reflectindo as tendncias conhecidas sobre a populao portuguesa em geral, na Tabela 8 podemos observar a distribuio dos inquiridos que constituem a amostra, homens e mulheres, relativamente condio perante o trabalho (activos e inactivos, v.g. estudantes, domsticas, reformados e desempregados) e ao grupo scio-profissional. As profisses dos inquiridos que exercem uma actividade profissional foram categorizadas em 9 grandes grupos, de acordo com a Classificao Nacional das Profisses7. Tabela 8. Ocupao/actividade profissional do inquirido segundo o sexo
Homens Mulheres Total

Ocupao ou actividade profissional Quadros Superiores da Administrao Pblica, Dirigentes e Quadros Superiores de Empresa Especialistas das Profisses Intelectuais e Cientficas Tcnicos e Profissionais de Nvel Intermdio Pessoal Administrativo e Similares Pessoal dos Servios e Vendedores Agricultores e Trabalhadores Qualificados da Agricultura e Pescas Operrios, Artfices e Trabalhadores Similares Operadores de Instalaes e Mquinas e Trabalhadores da Montagem Trabalhadores No Qualificados Estudantes Domsticas Reformados Desempregados TOTAL

6,4% 9,4% 6,6% 8,4% 8,8% 2,0% 11,7% 3,1% 3,7% 9,4% 0,0% 25,2% 5,3% 100,0%

2,4% 8,7% 5,8% 8,5% 5,6% 0,0% 5,6% 0,4% 5,8% 7,6% 15,9% 25,7% 8,0% 100,0%

4,2 9,0 6,2 8,5 7,1 1,0 8,5 1,6 4,8 8,5 8,5 25,5 6,7 100,0%

http://portal.iefp.pt/pls/gov_portal_iefp/url/PAGE/PORTAL_IEFP_INTERNET/CPROFISSIONAL/CNP/

15

Uma varivel que acrescenta informao qualitativa categoria profissional em que um indivduo se insere diz respeito situao na profisso. A partir desta informao possvel saber em que regime o inquirido exerce a sua actividade profissional. Assim, e como pode ser observado na Tabela 9, entre os inquiridos que responderam exercer actividade, 79,2% f-lo por conta de outrem e 20,8% por conta prpria. Tabela 9.
N CONTA DE OUTRM CONTA PRPRIA TOTAL 435 114 549

Situao na profisso
Percentagem 79,2% 20,8% 100.0%

Comportamento eleitoral

Procurou-se tambm conhecer em que partido poltico os inquiridos votaram nas ltimas eleies legislativas. As respostas podem ser observadas na Tabela 10. Ainda que uma percentagem significativa dos inquiridos tenha optado pela No Resposta (NS/NR = 25,6%), verifica-se que a moda recai sobre o PS - Partido Socialista, sendo o PSD - Partido Social Democrata o segundo mais referido.

Tabela 10.

Partido em que votou nas ltimas eleies legislativas


N Percentagem 1,7 16,6 25,2 3,3 3,1 0,7 1,0 22,8 74,4 25,6 100,0

PP [PARTIDO POPULAR] PSD [PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA] PS [PARTIDO SOCIALISTA] PCP [PARTIDO COMUNISTA PORTUGUS] BE [BLOCO DE ESQUERDA] OUTRO VOTOU EM BRANCO NO FOI VOTAR Total NS/NR TOTAL

18 177 268 35 33 7 11 243 792 272 1064

16

Valores scio-polticos

Apresenta-se

por

fim

uma

varivel

construda

que,

no

sendo

de

caracterizao, tem como objectivo conhecer melhor o perfil dos inquiridos em termos de valores. Foi construda com base numa pergunta sobre os valores sciopolticos que pode merecer, no contexto deste estudo, particular ateno. Esta pergunta, replicada do questionrio do European Values Survey, baseia-se na proposta de Ronald Inglehart (1990) sobre a escala de valores materialistas/psmaterialistas. Segundo Inglehart (1990: 66), a mudana de valores que caracteriza as sociedades ocidentais, e que se traduz numa prevalncia progressiva dos valores ps-materialistas, ocorre num contexto mais alargado de mudana cultural intergeracional, e implica a valorizao da qualidade de vida e da auto-expresso, em detrimento dos valores tradicionais. Esta proposta desdobra-se em duas hipteses de trabalho: a hiptese da escassez e a hiptese da socializao. Segundo a primeira, as prioridades dos indivduos reflectem o seu ambiente scio-econmico, sendo que os bens que apresentam escassa oferta so aqueles a que os indivduos atribuem maior valor subjectivo. J a hiptese de socializao prev que, uma vez que os valores dos indivduos reflectem as condies que caracterizavam o ambiente em que estes viveram ao longo da sua socializao primria, a relao entre desenvolvimento econmico e valores no pode ser imediata (Inglehart, 1990: 68). De facto, se acompanharmos os diversos cohortes ao longo dos anos, verifica-se que os seus valores se mantm mais ou menos estveis, ou seja, os indivduos pensam mais ou menos da mesma maneira, o que refuta a hiptese de que, em lugar de um efeito de socializao, estivssemos perante um efeito de ciclo de vida (Inglehart, 1990: 72). Em suma, a emergncia dos valores ps-materialistas encontra razes, segundo este autor, num sentimento crescente de segurana, que diminui a necessidade de normas absolutas, sofrendo estas uma eroso e relativizao (Inglehart, 1990: 180). Os valores ps-materialistas reflectem este sentimento de segurana, econmica, fsica e poltica. So partilhados por indivduos que foram socializados em ambiente de paz e prosperidade econmica e que, por essa razo, sentem relativamente pouca falta de segurana e previsibilidade, dadas pela existncia de regras rgidas, absolutas e inflexveis. Em contraste, os indivduos que atravessaram o essencial da sua socializao em ambiente caracterizado pela insegurana fsica, econmica e poltica (v.g. em perodos de guerra, de depresses econmicas) tendem a apresentar valores tradicionais, que se baseiam em regras

17

absolutas e que reflectem o seu maior sentimento de insegurana (Inglehart, 1990: 180 e ss.). Deste modo, entre os valores ps-materialistas, encontramos aspectos como a defesa da liberdade de expresso, o desejo de atribuio de mais participao dos cidados nas decises politicas, preocupaes estticas e intelectuais, assim como a defesa do ambiente e da qualidade de vida. neste sentido que uma das nossas hipteses se prende exactamente com a relao entre a prevalncia de valores psmaterialistas e a defesa dos direitos e da proteco dos animais. Como foi dito atrs, alguns indicadores da escala de R. Inglehart foram integrados no European Values Survey, estudo sobre valores conduzido

transversalmente em diversos pases da Europa, e no qual Portugal participou em 1990 e 1999. Entre os indicadores de valores materialistas incluem-se manter a ordem no pas e combater o aumento dos preos. Entre os indicadores de valores ps-materialistas incluem-se: dar aos cidados maior capacidade de participao nas decises do Governo e defender a liberdade de expresso. Na Tabela 11 podemos observar a distribuio percentual das respostas dos inquiridos deste estudo, em 1999, a estes indicadores e, na Tabela 12, as respostas aos mesmos indicadores por parte dos inquiridos do presente estudo, realizado em 2007. Tabela 11. Valores Materialistas/ Ps-Materialistas: EVS, 1999
Se tivesse que escolher, qual dos seguintes objectivos consideraria o mais importante 1999 Manter a ordem no pas Dar aos cidados maior capacidade de participao nas decises do Governo Combater o aumento dos preos Defender a liberdade de expresso Total N 319 248 312 89 968 % 33,0% 25,6% 32,2% 9,2% 100,0% N 263 213 314 161 951 E qual o segundo mais importante % 27,6% 22,4% 33,0% 17,0% 100,0%

18

Tabela 12.

Valores Materialistas/ Ps-Materialistas: presente estudo, 2007


P.17.1 Se tivesse que escolher, qual dos seguintes objectivos consideraria o mais importante P.17.2 E qual o segundo mais importante N 268 249 313 234 1064 % 25,2% 23,4% 29,4% 22,0% 100,0%

2007 Manter a ordem no pas Dar aos cidados maior capacidade de participao nas decises do Governo Combater o aumento dos preos Defender a liberdade de expresso Total

N 331 298 213 222 1064

% 31,1% 28,0% 20,0% 20,9% 100,0%

Se compararmos as duas tabelas, constatamos que ao longo dos 8 anos que separam os dois estudos, se verifica um aumento da percentagem de inquiridos que escolhem os valores ps-materialistas, quer como primeira, quer como segunda opo. Inversamente, diminuiu a percentagem de inquiridos que escolhem os indicadores de valores materialistas, quer como primeira, quer como segunda escolha. A partir destas respostas, possvel construir uma nova varivel, com trs pontos: materialistas (quando o inquirido escolhe valores materialistas, na primeira e na segunda escolhas); mistos (quando o inquirido escolhe um valor de cada); e ps-materialistas (quando ambas as escolhas do inquirido recaem sobre indicadores de ps-materialismo). A Figura 1 apresenta os resultados desta escala para os dados do European Values Survey, quer de 1990, quer de 1999. Figura 1. Materialismo/Ps-Materialismo, EVS 1990 e 1999 (%)
11 11

22

18

51

54 56 60

38

35

22 EU 1990 Mistos Ps-Materialistas

22 EU 1999

Portugal 1990

Portugal 1999 Materialistas

in Atitudes Sociais dos Portugueses, Instituto de Cincias Sociais da Universidade de Lisboa, Boletim de Divulgao n 4, Maro 2001.

19

Verifica-se que, no espao dos 9 anos considerados, no se registaram alteraes significativas na sociedade portuguesa quanto adopo de um ou outro tipo de valores. No presente estudo, os valores relativos a esta escala so algo diferentes, sendo menor a percentagem de indivduos classificados como

materialistas (21,8%) e maior a percentagem classificada como ps-materialistas (16,1%). Note-se ainda um aumento da percentagem dos indivduos classificados como mistos (62,1%) (cf. Tabela 13). Estes valores aproximam-se mais dos da mdia europeia encontrada em 1999. Tabela 13. Tipo de valores
MATERIALISTAS MISTOS PS-MATERIALISTAS TOTAL

Tipologia de valores materialistas/ps-materialistas: presente estudo, 2007 N


232 661 171 1064

%
21,8 62,1 16,1 100,0

20

Proteco Legal dos Animais


OPINIES FACE ACTUAL PROTECO LEGAL DOS ANIMAIS EM PORTUGAL
Uma das primeiras questes do nosso estudo refere-se opinio dos inquiridos sobre o grau de proteco legal dos animais em Portugal. Ressalta das respostas obtidas que 21,3% dos portugueses declaram que a legislao

portuguesa no protege nada os animais, ou os protege pouco (65,8%) (cf. Tabela 14). Tabela 14. Opinio sobre a proteco legal dos animais em Portugal
Em que medida pensa que, em Portugal, os animais so protegidos pela lei? 1 - NADA PROTEGIDOS 2 - POUCO PROTEGIDOS 3 - MUITO PROTEGIDOS NS/NR N 21,3% 65,8% 5,9% 7,0% 1064

Se aproximarmos o nosso olhar, podemos saber quem so estes inquiridos. Se tivermos em conta apenas os inquiridos que responderam a esta questo, so principalmente as mulheres quem considera que os animais no esto protegidos por lei em Portugal, como se pode observar pela tabela que se segue8. Tabela 15. Opinio face proteco legal dos animais em Portugal, por Sexo
P.1 Em que medida pensa que, em Portugal, os animais so protegidos pela lei? NADA POUCO MUITO PROTEGIDOS PROTEGIDOS PROTEGIDOS SEXO MASCULINO FEMININO
n=990;

18,5% 26,9%

72,7% 68,9%

8,8% 4,2%

2(2)=16,406; p<0,001; Phi=0,129

Uma outra varivel que pode ter efeitos importantes nos valores e atitudes a idade dos inquiridos. Verificamos que so os inquiridos mais jovens quem mais

Diferenas estatisticamente significativas.

21

considera que os animais so pouco e nada protegidos por lei. Em contraste, entre os inquiridos mais velhos que encontramos aqueles que mais consideram que os animais esto muito protegidos (cf. Tabela 16). Ainda assim, saliente-se como, mesmo entre os mais velhos, so poucos aqueles que consideram que os animais esto protegidos em Portugal (por exemplo, 11,4% dos indivduos com 65 ou mais anos). Torna-se assim evidente o consenso existente na sociedade portuguesa a respeito desta questo, e que atravessa as diferentes geraes, visvel nas percentagens muito elevadas da coluna pouco protegidos, contra as percentagens muito baixas da coluna muito protegidos9. Pensamos que este facto pode estar relacionado com o proporcionalmente maior grau de instruo, informao e conhecimento entre o grupo dos inquiridos mais jovens. Tabela 16. Opinio sobre a proteco legal dos animais, em Portugal, por escales etrios
P.1 Em que medida pensa que, em Portugal, os animais so protegidos pela lei NADA PROTEGIDOS IDADE 18-24 ANOS 25-34 ANOS 35-44 ANOS 45-54 ANOS 55-64 ANOS 65 E MAIS
n=990

POUCO PROTEGIDOS 83,6% 73,0% 76,7% 68,5% 61,1% 62,9%

MUITO PROTEGIDOS 3,0% 2,6% 5,8% 7,4% 6,9% 11,4%

13,4% 24,3% 17,4% 24,1% 32,1% 25,7%

Vejamos agora em que medida o grau de instruo pode influenciar as respostas a esta pergunta. Proporcionalmente, verificamos que so os indivduos com os mais baixos nveis de instruo (abaixo da 4 classe) quem mais partilha da ideia de que os animais so muito protegidos10 (cf. Tabela 17). Estes resultados so consistentes com os apresentados anteriormente, uma vez que existe uma estreita correlao entre a idade dos inquiridos e o seu grau de instruo: medida que um aumenta, o outro diminui, ou seja, variam na razo inversa11. Dito de uma forma mais simples, sabemos que os mais jovens em Portugal so tambm os mais

Como revela o teste estatstico, no existem diferenas significativas nas medianas dos diferentes grupos 10 tambm neste grupo que encontramos as mais elevadas percentagens de no-respostas, o que se compreende se pensarmos que os baixos nveis de instruo esto geralmente associados a um sentimento que leva frequentemente os indivduos a no se sentirem habilitados para produzir uma opinio prpria. 11 Correlao estatisticamente significativa: Rho de Spearman=-0,487; p<0,001

22

instrudos, o que se deve generalizao do acesso escola a partir dos anos 70 (Almeida et al., 1994). Tabela 17. Opinio sobre a proteco legal dos animais, em Portugal, por grau de instruo
P.1 Em que medida pensa que, em Portugal, os animais so protegidos pela lei NADA PROTEGIDOS Menos do que a 4 classe LTIMO ANO ESCOLAR QUE CONCLUIU 4 classe antiga, 6 classe ou ciclo preparatrio recentes 5 ano antigo ou 9 ano unificado, 10, 11 ano 7 ano antigo, ano propedutico, 12 ano recente ou curso mdio Frequncia da universidade ou bacharelato Licenciatura, mestrado ou doutoramento
n=990; 2(10)= 30,210; p<0,01;

POUCO PROTEGIDOS 53,0% 68,8% 72,2% 71,7% 76,2% 76,0%

MUITO PROTEGIDOS 19,7% 7,1% 3,8% 6,9% 1,6% 4,0%

27,3% 24,1% 24,1% 21,5% 22,2% 20,0%

instruo devemos acrescentar a profisso e ocupao do inquirido, enquanto importantes agentes de socializao secundria dos indivduos,

contribuindo para influenciar decisivamente a sua maneira de pensar. Verifica-se que as maiores diferenas12 se encontram entre os estudantes, que tendem mais a considerar os animais pouco protegidos, e os reformados, que tendem menos a escolher esta opo, relativamente. Estes resultados so consistentes com os que vimos anteriormente a respeito da idade e do grau de instruo dos inquiridos. Por outro lado, os agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e pescas tendem a considerar que os animais so muito protegidos, mais do que seria estatisticamente esperado.

12

Valores dos resduos estandartizados ajustados.

23

Tabela 18.

Opinio sobre a proteco legal dos animais, em Portugal, por grupo profissional e condio perante o trabalho
Em que medida pensa que, em Portugal, os animais so protegidos pela lei? NADA POUCO MUITO PROTEGIDOS PROTEGIDOS PROTEGIDOS

OCUPAO OU ACTIVIDADE PROFISSIONAL ACTUAL

Quadros Superiores da Administrao Publica, Dirigentes e Quadros Superiores de Empresas Especialistas das Profisses Intelectuais e Cientficas Tcnicos e Profissionais de Nvel Intermdio Pessoal Administrativo e Similares Pessoal dos Servios e Vendedores Agricultores e Trabalhadores Qualificados da Agricultura e Pescas Operrios, Artfices e Trabalhadores Similares Operadores de Instalaes e Mquinas e Trabalhadores da Montagem Trabalhadores No Qualificados Estudantes Domsticas Reformados Desempregados
n=990; 2(24)= 44,979; p<0,01; V de Cramer=0,153

16,2%

78,4%

5,4%

21,3% 26,3% 24,7% 25,4% 22,2% 22,0% 30,8% 28,0% 10,5% 18,8% 27,2% 25,8%

76,4% 70,2% 69,1% 70,4% 44,4% 74,4% 61,5% 64,0% 84,9% 77,5% 61,4% 69,7%

2,2% 3,5% 6,2% 4,2% 33,3% 3,7% 7,7% 8,0% 4,7% 3,8% 11,4% 4,5%

Outra varivel que se pode considerar relevante para a compreenso das opinies a respeito deste tema a regio em que o inquirido habita. Como se pode constatar na Tabela 19, so os inquiridos do Alentejo e dos Aores quem mais considera que os animais so muito protegidos em Portugal. Ainda assim, estes no deixam de ser uma minoria, visto que mesmo nestas regies, Alentejo e Aores, a grande maioria considera que eles so nada ou pouco protegidos (82,2% e 79%, respectivamente, se somarmos as categorias nada protegidos e protegidos)13. Estes resultados devem ser contextualizados tendo em conta a importncia da explorao agrcola e pecuria nestas regies.

Note-se que, muito embora exista uma influncia da regio de residncia sobre o posicionamento em relao a esta questo, o facto de essa relao ser fraca (o valor da medida de associao, V de Cramer, baixo; cf. Pestana e Gageiro, 2003: 153) indica que essa diferena muito menos acentuada do que o senso comum costuma fazer crer. Ou seja, os dados revelam-nos que h mais aorianos e alentejanos que pensam como no resto do pas, isto , que os animais so pouco protegidos em Portugal.

13

24

Tabela 19.

Opinio sobre a proteco legal dos animais, em Portugal, por regio


P.1 Em que medida pensa que, em Portugal, os animais so protegidos pela lei NADA POUCO MUITO PROTEGIDOS PROTEGIDOS PROTEGIDOS

NORTE GRANDE PORTO CENTRO REGIO LISBOA ALENTEJO ALGARVE MADEIRA AORES
2

22,0% 26,7% 18,3% 26,3% 21,9% 24,7% 21,7% 15,8%

73,0% 68,3% 75,8% 69,1% 60,3% 68,8% 78,3% 63,2%

5,0% 5,0% 5,9% 4,5% 17,8% 6,5% 0,0% 21,1%

N=990; (14) = 32,577; p<0,01; V de Cramer=0,128

Quando cruzamos esta pergunta com o comportamento eleitoral nas ltimas eleies, verificamos no existir qualquer relao significativa entre o voto dos inquiridos e as suas respostas a esta questo14, ou seja, o voto num determinado partido poltico no parece influenciar, partida, a opinio face proteco legal dos animais em Portugal. Em nosso entender, este resultado aponta para a transversalidade da problemtica dos direitos dos animais no espectro das preferncias polticas. Note-se porm que falamos da perspectiva dos inquiridos, enquanto eleitores, e no da posio oficial dos partidos polticos em relao a esta temtica. Em suma, pode afirmar-se que a grande maioria dos portugueses considera que os animais so pouco protegidos em Portugal. Ainda que tratando-se de uma populao heterognea, nesse grande conjunto encontramos uma maior

representao dos inquiridos mais jovens e mais instrudos, do sexo feminino, e residentes em qualquer das regies do pas. Inversamente, na minoria que considera que os animais so muito protegidos em Portugal, encontramos uma maior representao dos inquiridos com baixos nveis de instruo, mais velhos, do sexo masculino e principalmente residentes nas regies do Alentejo e dos Aores.

14

N=1064; 2(14) = 17,496.

25

OPINIES FACE A UMA NOVA LEI DE PROTECO DOS ANIMAIS


Um segundo aspecto relativo proteco legal dos animais prende-se com a eventual necessidade de uma nova lei que assegure essa proteco. Quando interrogados acerca desta questo, a esmagadora maioria dos inquiridos (cerca de 90%) considerou ser importante ou muito importante ter uma tal lei, sendo que mais de metade (50,5%) considerou mesmo ser muito importante. Mais uma vez, parece existir grande consenso na populao portuguesa quanto necessidade de proteger os animais, do ponto de vista legal (cf. Tabela 20). Estes resultados so consistentes com os anteriores; se a maioria dos portugueses pensa que os animais so pouco protegidos por lei, ento faz sentido que considerem importante melhorar esse dispositivo legal. Tabela 20. Opinio sobre a importncia de uma nova lei de proteco dos animais, em Portugal

Em que medida seria importante ter uma nova lei que protegesse todos os animais em Portugal? N 1 - NADA IMPORTANTE 2 - POUCO IMPORTANTE 3 - IMPORTANTE 4 - MUITO IMPORTANTE NS/NR Total 15 35 422 537 55 1064 % 1,4% 3,3% 39,7% 50,5% 5,2% 100,0%

Com excepo dos inquiridos que consideraram nada importante obter uma nova lei, foi perguntado a todos os restantes em que medida a mesma seria urgente. Mais uma vez, a maioria dos inquiridos que responderam a esta questo consideraram o assunto urgente ou muito urgente (59,6% e 28,9%,

respectivamente), como se pode constatar pela Tabela 21.

26

Tabela 21.

Opinio sobre a urgncia de uma nova lei de proteco dos animais, em Portugal

Obter esta nova lei seria, em sua opinio... N 1 - NADA URGENTE 2 - POUCO URGENTE 3 - URGENTE 4 - MUITO URGENTE NS/NR Total 6 96 592 287 13 994 % 0,6% 9,7% 59,6% 28,9% 1,3% 100,0%

Vejamos, ento, quem so os portugueses que mais tendem a considerar importante e urgente a existncia de uma tal lei. Para as anlises que se seguem, tomaram-se em conta apenas os inquiridos que responderam a estas questes e agregaram-se as categorias de resposta, opondo os que consideram importante e muito importante aos que a consideram pouco ou nada importante; e os que consideram urgente ou muito urgente, aos que a consideram pouco ou nada urgente. Verifica-se uma grande homogeneidade das respostas, que se concentram largamente nas categorias importante e muito importante, e urgente e muito urgente) (cf. Anexo 2, Tabela 37, Opinies sobre a importncia e a urgncia de uma nova lei de proteco dos animais). Dos factores considerados, apenas o sexo dos inquiridos (masculino ou feminino) revela uma relao estatisticamente significativa com a necessidade de uma nova lei. De facto, so principalmente mulheres quem considera importante obter uma tal lei (97,2% das mulheres, e 92,6% dos homens15). Quanto ao grau de urgncia atribudo a uma nova lei de proteco dos animais (P5, cf. Anexo 1, Questionrio), no existem diferenas significativas em funo das variveis consideradas (sexo, idade, grau de instruo, regio, local onde passou a infncia e adolescncia, partido em que votou nas ltimas eleies, valores socio-polticos). Se tivermos em conta que a esta pergunta s responderam aqueles que, na pergunta anterior, haviam atribudo algum grau de importncia a este assunto, a homogeneidade das respostas relativas ao grau de urgncia de uma nova lei vem reforar a importncia que lhe atribuda (medida na P4, cf. Anexo 1, Questionrio).

A relao estatisticamente significativa, ainda que fraca. N=1009; 2(1)= 11,494; p<0,01. V de Cramer=0,107.

15

27

OPINIES FACE PENALIZAO LEGAL DOS MAUS-TRATOS EM ANIMAIS


Outra dimenso do estudo das opinies a respeito da proteco legal dos animais prende-se com a penalizao dos maus-tratos, da organizao e

participao em lutas de ces e ainda da utilizao de ces como arma. Verifica-se que as opinies diferem em funo do tipo de acto que est a ser avaliado. Assim, a maioria dos inquiridos declara que o abandono e os maus-tratos devem ser principalmente punidos com coima (69,1% e 58,9%, respectivamente) (cf. Tabela 22). Tabela 22. Opinies sobre a penalizao legal dos maus-tratos aos animais
PENA DE PRISO AT 1 ANO 14,4% 18,4% 19,5% 21,1% 20,2% PENA DE PRISO AT 4 ANOS 12,0% 17,4% 48,1% 40,6% 38,8%

COIMA [MULTA] P.8.1 O que deve acontecer a quem ABANDONE UM ANIMAL P.8.2 O que deve acontecer a quem MALTRATE UM ANIMAL P.8.3 O que deve acontecer a quem ORGANIZE LUTAS DE CES P.8.4 O que deve acontecer a quem PARTICIPE EM LUTAS DE CES P.8.5 O que deve acontecer a quem UTILIZE CES COMO UMA ARMA
N=1064

NS/NR 4,5% 5,3% 5,7% 5,9% 10,2%

69,1% 58,9% 26,7% 32,4% 30,8%

Ainda assim, os inquiridos hierarquizam estes dois actos, na medida em que uma parte significativa da populao (18,4% + 17,4% = 35,8%) entende que aqueles que praticam maus-tratos sobre um animal devem sofrer uma pena de priso (de 1 ano ou de 4 anos, respectivamente). J o abandono recolhe menos declaraes a favor da pena de priso (14,4% at 1 ano, e 12% at 4 anos, ou seja, 26,4%). Esta hierarquizao torna-se ainda mais visvel quando analisamos as respostas relativas aos restantes itens. De facto, as respostas dos inquiridos concentram-se na escolha da pena de priso, quer at 1 ano, quer at 4 anos, para os seguintes casos: organizao de lutas de ces (19,5% at 1 ano, e 48,1% at 4 anos, ou seja, 67,6%), participao em lutas de ces (21,1% at 1 ano, e 40,6% at 4 anos, ou seja, 61,7%) e utilizao de ces como arma (20,2% at 1 ano, e 38,8% at 4 anos, ou seja, 59%). Note-se ainda que o acto mais penalizado nas respostas dos inquiridos a organizao de lutas de ces. Em nosso entender, estas diferenas esto relacionadas com as representaes sociais de cada um

28

destes fenmenos, partilhadas pelos inquiridos. Apenas estudos qualitativos (v.g. entrevistas em profundidade, individuais e em grupo) nos permitiriam explorar estes sistemas de representaes na sociedade portuguesa, e compreender as razes da escolha da coima no caso do abandono e dos maus-tratos, e da pena de priso, para os restantes casos. No entanto, pensamos que uma pista possvel de explorao destas diferenas possa estar ligada forma como os media (principalmente a televiso, mas tambm a imprensa) tm tratado a questo dos animais, dando maior visibilidade a fenmenos como as lutas de ces, como capazes de pr em risco pessoas, bens e outros animais. Neste sentido, a organizao e participao em lutas de ces, assim como da a sua utilizao social, como armas, alguns vistos como de

potencialmente

disruptivos

ordem

cumprem

critrios

noticiabilidade (Wolf, 1999), o que faz com que sejam seleccionados para constituir notcia, integrando a agenda meditica. Por outro lado, h que ter em conta que a exposio aos contedos mediticos, ao longo do tempo, produz efeitos cognitivos, ou seja, sobre a forma como as pessoas organizam o seu conhecimento sobre a realidade (Saperas, 1993). Mais especificamente, no dizendo s pessoas o que pensar, mas sim sobre o que pensar, os media do prioridade a determinados temas sobre outros (nomeadamente a luta de ces, sobre o abandono) (Saperas, 1993). Proporcionalmente, so os indivduos dos escales etrios mais elevados que tendem mais a escolher a coima, e os indivduos mais jovens que tendem principalmente a escolher a pena de priso, nomeadamente at um ano. Isto vlido para as respostas a respeito do que deve acontecer a quem abandone um animal16, a quem maltrate um animal17, a quem organize lutas de ces18, a quem participe em lutas de ces19 e a quem utilize ces como uma arma20. Quanto ao grau de instruo dos inquiridos, verifica-se que so os inquiridos menos instrudos (menos que a 4 classe ou at ao ciclo preparatrio) que tendem mais a escolher a coima, enquanto os inquiridos mais instrudos (acima da frequncia universitria) tendem mais a escolher a pena de priso, nomeadamente at 1 ano. Isto vlido para as respostas relativas ao que deve acontecer a quem maltrate um animal21, a quem organize lutas de ces22, a quem participe em lutas de ces23 e a quem utilize ces como arma24. Estes resultados so consistentes com

16 17 18 19 20 21 22 23

n=1016; 2(10)= 40,420; p<0,001. Eta=0,107. n=1008; 2(10)= 52,353; p<0,001. Eta=0,180. n=1003; 2(10)= 51,871; p<0,001. Eta=0,214 n=1001; 2(10)= 56,609; p<0,001. Eta=0,191 n=956; 2(10)= 50,335; p<0,001. Eta=0,204 n=1008; 2(10)= 40,735; p<0,001. Eta=0,125 n=1003; 2(10)= 50,665; p<0,001. Eta=0,179 n=1001; 2(10)= 41,051; p<0,001. Eta=0,168

29

os obtidos em relao idade dos inquiridos, uma vez que, como vimos, se verifica uma correlao entre estes dois factores, ou seja, os mais novos so, em regra, mais instrudos.

24

n=956; 2(10)= 64,769; p<0,001. Eta=0,207

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Quem Deve Proteger os Animais? E como?


GRAU DE RESPONSABILIZAO DE DIVERSAS ENTIDADES
Considerou-se importante saber o que pensam os portugueses sobre quais devem ser as entidades responsveis pela proteco dos animais, e em que termos essa responsabilidade deve ser exercida. Como se pode constatar pela Tabela 23, a grande maioria dos portugueses inquiridos considera que os cidados, as instituies de proteco dos animais, as autoridades veterinrias e as cmaras municipais devem ser muito responsabilizadas pela proteco dos animais. Quanto ao Governo, essa percentagem menor, mas ainda assim constitui a maioria, ultrapassando os 50%. Abaixo deste limiar permanecem a Assembleia da Repblica e as Polcias, com 45% e 35,9% dos portugueses, respectivamente, a considerarem que estas entidades devem ser muito responsabilizadas. Porm, se tivermos tambm em conta os portugueses que consideram que as entidades referidas devem ser responsabilizadas, ainda que no num grau to elevado (categoria algo), os valores situam-se todos em nveis substancialmente mais altos, ainda que se mantenha a mesma hierarquia de responsabilizao (cidados, 94,8%; instituies de proteco dos animais, 92,4%; autoridades veterinrias, 90,9%; cmaras municipais, 90,1%; Governo, 80,1%; Assembleia da Repblica, 69,9%; polcias, 68,4%25). Tabela 23. Em que medida considera que as seguintes entidades deveriam ser responsveis pela proteco dos animais?
NADA Polcias Autoridades veterinrias Cmaras municipais Governo Assembleia da repblica Instituies de proteco dos animais Cidados
N=1064

POUCO 17,2% 4,6% 5,2% 9,8% 12,4% 3,8% 3,4%

ALGO 32,5% 17,2% 21,3% 27,7% 24,9% 12,0% 12,3%

MUITO 35,9% 73,7% 68,8% 52,4% 45,0% 80,4% 82,5%

NS/NR 3,2% 2,2% 1,8% 2,6% 5,4% 2,3% 1,0%

11,2% 2,3% 2,9% 7,4% 12,3% 1,6% 0,8%

Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%

25

Estes valores so obtidos pela soma das categorias de resposta algo e muito responsveis.

31

Tendo em conta apenas os inquiridos que responderam a esta questo26, uma anlise factorial em componentes principais permitiu agrupar estas entidades em dois grupos27: as entidades pblicas (reunindo as Polcias, as Cmaras Municipais, o Governo e a Assembleia da Repblica); e outras entidades (as autoridades veterinrias, as instituies de proteco dos animais e os cidados). Ainda que as autoridades veterinrias tenham igualmente poderes pblicos, a verdade que as respostas dos inquiridos a seu respeito surgem associadas s relativas a outras entidades, v.g. os cidados e as instituies de proteco dos animais. Este resultado pode estar relacionado com a forma como a expresso autoridades veterinrias foi interpretada pelos inquiridos: possvel que esta expresso tenha sido entendida enquanto veterinrios em geral (v.g. privados), com os quais a familiaridade social maior, e no como veterinrios municipais, cuja existncia e actividade parece ser mais desconhecida. Deste modo, e tendo em conta apenas os inquiridos que responderam a todas estas questes, foi possvel construir duas novas variveis: um ndice de responsabilizao das autoridades pblicas e um ndice de responsabilizao de outras entidades (cf. Tabela 24).

Tabela 24.

ndices de Responsabilizao de Entidades Pblicas e Outras Entidades


Desvio Padro 0,70

Escala: de 1 (Nada) a 4 (Muito) ndice de Responsabilizao de Entidades Pblicas (Polcias, Cmaras Municipais, Governo, Assembleia da Repblica) = 0,74 ndice de Responsabilizao de Outras Entidades (Autoridades Veterinrias, Instituies de Proteco dos Animais, Cidados) = 0,56

N 973

Mdia 3,25

1021

3,73

0,44

Os valores mdios bastante elevados e prximos do valor mximo da escala (4, significando muito responsveis) destes dois ndices indicam que o grau de responsabilidade atribuda pelos portugueses s diversas entidades referidas elevado. A este respeito, parece existir uma grande homogeneidade de respostas, apesar da heterogeneidade das caractersticas da populao. Mais uma vez, este parece ser um assunto em relao ao qual existe um razovel consenso na sociedade portuguesa. De facto, quando cruzamos estes ndices com diversas caractersticas dos inquiridos, verificamos no serem significativas as diferenas
26 27

Ou seja, excluindo as no-respostas. Anlise factorial em componentes principais, com rotao Varimax. Teste de KMO=0,793, p<0,001, que revela uma consistncia mdia.

32

entre homens e mulheres, inquiridos mais jovens ou mais idosos, com maior ou menor grau de instruo, exeram profisso (v.g. diversos grupos scio-

profissionais) ou no (v.g. reformado, desempregado, estudante, domstica), com uma socializao mais rural ou mais urbana, residindo em diferentes regies do pas ou ainda que tenham votado em diferentes partidos polticos.

AS CMARAS MUNICIPAIS E OS ANIMAIS ERRANTES


Perguntou-se tambm aos portugueses a sua opinio sobre a forma como as Cmaras Municipais devem agir em relao aos animais abandonados e de rua. As respostas dos inquiridos distribuem-se conforme se apresenta na tabela seguinte28. Tabela 25. Na sua opinio, o que devem fazer as Cmaras Municipais (em colaborao com o Governo e com as associaes de proteco dos animais) quanto aos animais abandonados e de rua? (% casos)
n Proteg-los em canis e gatis Responsabilizar quem os abandonou Encaminh-los para adopo Esteriliz-los Proteg-los nas ruas Captur-los Mat-los Outras respostas Ns/nr
N=1064

% 69,5 69,5 66,1 30,5 28,6 25,9 4,6 1,4 0,8

739 739 703 324 304 276 49 15 8

Da leitura da Tabela 25, desenham-se trs grandes grupos de respostas em funo da percentagem de inquiridos que escolheu as diversas opes. Em primeiro lugar, renem um grande consenso a proteco dos animais abandonados em canis e gatis (69,5%), a responsabilizao de quem os abandonou (69,5%) e o seu encaminhamento para adopo (66,1%). De facto, estas respostas do primeiro grupo exprimem duas preocupaes fundamentais: a de proteger os animais abandonados (garantindo-lhes cuidados em instalaes prprias para o efeito, ou reencaminhando-os para novos donos) e a de responsabilizar quem os abandonou.

28 Esta era uma pergunta mltipla, o que significa que os inquiridos poderiam dar mais do que uma resposta. Em virtude de existirem bastantes itens de resposta, a leitura dos mesmos pelos inquiridores foi rodada, ou seja, em relao a cada inquirido a sua leitura comeou num ponto diferente. (cf. Anexo 1 Questionrio).

33

O segundo grupo de respostas, ainda que no rena um consenso to elevado, vem complementar este desejo de proteco dos animais, atravs da sua esterilizao (30,5%), da sua proteco nas ruas (28,6%) e da sua captura (25,9%). De facto, importante constatar que cerca de 90% dos inquiridos que escolheram esta opo escolheram tambm a opo proteg-los em canis e gatis (cf. Tabela 40), o que significa que a escolha da captura uma escolha que visa a proteco dos animais e no o seu abate. Muitssimo distante destas escolhas, e francamente minoritria, surge a opo mat-los (4,6%). Podemos construir uma nova varivel somando as respostas dos inquiridos, quando estes escolheram alguma das seis primeiras opes apresentadas na Tabela 25, ou seja, alguma das seis opes que traduzem atitudes de proteco dos animais29. A figura que se segue apresenta a distribuio percentual dos inquiridos neste ndice.

Figura 2. ndice de Medidas a Adoptar pelas Cmaras Municipais para proteco dos animais abandonados e de rua: distribuio percentual das respostas

25%

20%

Percentagem

15%

10%

5%

1%
0

22%
1

26%
2

18%
3

10%
4

14%
5

9%
6

N=1064

Verifica-se que apenas 1% dos inquiridos da amostra no escolheram nenhuma das referidas medidas. Em contraste, metade da amostra escolheu 3 ou mais destas medidas. Este resultado indica que, face a esta questo, os portugueses so da opinio que o poder local deve adoptar preferencialmente solues integradas, e no apoiar-se exclusivamente num tipo nico de medidas. Este resultado revela, de alguma forma, a conscincia por parte dos inquiridos da complexidade do problema social dos animais abandonados e errantes, na sociedade portuguesa.
29

Fica assim excluda a opo mat-los, assim como as outras respostas e as no respostas.

34

Quando cruzamos estas respostas com diversas variveis de caracterizao scio-demogrfica, verificamos alguns efeitos a assinalar. Por um lado, distinguemse as respostas em funo do sexo dos inquiridos. So as mulheres, mais do que os homens, que escolhem a opo de esterilizao para os animais abandonados e errantes (34,9% versus 25,5%)30. Estas diferenas podem, em nosso entender, ser explicadas pela forma como a experincia de gnero (masculino ou feminino) influencia os valores e atitudes em geral, e esta temtica dos animais abandonados em particular. Um dos aspectos especficos da condio da mulher ,

biologicamente, a possibilidade da gravidez. Do ponto de vista cultural e social, soma-se especificidade biolgica a responsabilizao pelo cuidado com as crianas (Giddens, 2004). De facto, preciso distinguir entre sexo e gnero. Se o primeiro diz respeito s diferenas fsicas e biolgicas, j o segundo reporta s dimenses psicolgicas, sociais e culturais, que estabelecem as diferenas, de forma varivel, entre o masculino e o feminino (Almeida et al., 1994: 154). Socialmente, as expectativas que recaem sobre o papel da mulher incluem as funes de cuidadora (v.g. das crianas, dos doentes, dos idosos). Ao longo da sua educao, as mulheres interiorizam estas expectativas, conformando o seu comportamento no sentido de as cumprir. A condio feminina pode influenciar no sentido de uma maior sensibilidade ao cenrio de uma fmea grvida ou at j com as crias (v.g. uma cadela, uma gata), em situao de abandono e de grande vulnerabilidade. Assim, no nos surpreende que surjam mais mulheres a sentir a necessidade de esterilizao dos animais de rua, na medida em que essa soluo poderia evitar tais cenrios. Tal no impede, porm, que 1 em cada 4 portugueses do sexo masculino deseje igualmente a esterilizao dos animais abandonados (alm de outras solues de proteco). Outra soluo em que se evidencia o efeito de gnero a da proteco dos animais nas ruas, soluo escolhida por 31,3% das mulheres inquiridas e por 25,5% dos homens inquiridos31. Tambm neste caso podemos relacionar estas diferenas com o facto de, socialmente, serem principalmente atribudas s mulheres as tarefas de prestao de cuidados com as crianas e com os idosos, na sociedade portuguesa (Torres, Silva, Monteiro e Cabrita, 2004: 119). O mesmo efeito de gnero faz-se ainda sentir em relao necessidade (69,6% do

reencaminhamento dos animais abandonados para 62,2%) .


32

adopo

versus

Verifica-se, ainda, um efeito da idade dos inquiridos e do seu grau de instruo, aspectos que, como j foi dito, esto intimamente relacionados (v.g. os
30 31 32

N=1064; 2(1) = 10,927; p<0,01; Phi= 0,101 N=1064; 2(1) = 4,315; p<0,05; Phi= 0,064 N=1064; 2(1) = 6,499; p<0,01; Phi= 0,078

35

mais jovens so, em regra, tambm os mais instrudos, na sociedade portuguesa). De facto, proporcionalmente, entre os mais jovens e instrudos que encontramos as percentagens mais elevadas de escolha das seguintes solues:

encaminhamento para adopo (91,8% dos inquiridos entre os 18 e os 24 anos versus 52,1% dos inquiridos com 65 anos ou mais)33; responsabilizar quem os abandonou (96,5% dos inquiridos entre os 18 e os 24 anos versus 60,7% dos inquiridos com 65 anos ou mais)34. tambm entre os mais instrudos que estas solues surgem, principalmente, como uma escolha: encaminh-los para a adopo (73,2% dos inquiridos com licenciatura, mestrado ou doutoramento, versus 50,7% dos inquiridos com menos do que a 4 classe)35 e responsabilizar quem os abandonou (75% dos inquiridos com licenciatura, mestrado ou

doutoramento versus 52,1% dos inquiridos com menos do que a 4 classe)36. Como explicar a sobre-representao dos jovens e dos mais instrudos entre os que escolhem as solues de responsabilizar quem abandona e de

reencaminhamento para adopo? De facto, so tambm os mais jovens que tendem a manifestar valores ps-materialistas, ou seja, a privilegiar a participao dos cidados nas decises polticas e a liberdade de expresso (Inglehart, 1990) (cf. Anexo 2 Tabelas, Tabela 41 e Tabela 42). Segundo R. Inglehart (1990), estas preferncias em termos de valores e de atitudes podem ser explicadas pelo facto de certas geraes terem sido socializadas num ambiente de paz e prosperidade. Por esta razo, no valorizam tanto a segurana material e poltica, ao contrrio das geraes cujas vidas foram atravessadas pelas grandes guerras. Em Portugal, um marco importante de diferenciao das condies de socializao o 25 de Abril de 1974, sendo que as geraes que cresceram aps esta data tendem a aproximar-se, em termos de contexto, das condies que propiciam, segundo Inglehart, o desenvolvimento dos valores ps-materialistas. Esta matriz de valores, que implica liberdade com integral assuno da responsabilidade, que leva os cidados a exigir maior participao nas decises polticas leva-os, tambm, a exigir aos donos dos animais a assuno completa das suas responsabilidades. De facto, os indivduos com valores ps-materialistas escolhem a opo responsabilizar quem os abandonou (80,1%), mais do que os indivduos com valores materialistas (61,2%) e mistos (68,6%)37 (cf. Tabela 26).

33 34 35 36 37

N=1064; N=1064; N=1064; N=1064; N=1064;

2(5) 2(5) 2(5) 2(5) 2(2)

= 40,188; p<0,001; Eta=0,194 = 22,523; p<0,001; Eta=0,145 = 16,188; p<0,01; Eta=0,123 = 17,618; p<0,01; Eta=0,129 16,608; p<0,001; V de Cramer=0,125

36

Tabela 26.

O que devem fazer as Cmaras Municipais em relao aos animais abandonados e de rua: responsabilizar quem os abandonou, por Escala de Valores Ps-Materialistas
RESPONSABILIZAR QUEM OS ABANDONOU No Sim 61,2% 69,6% 80,1%

Valores Materialistas/PsMaterialistas

Materialistas Mistos Ps-Materialistas

38,8% 30,4% 19,9%

N=1064; 2(2) = 16,608; p<0,001; V de Cramer=0,125

Ao mesmo tempo, o reencaminhamento para adopo vem revelar outra dimenso da matriz de valores dos mais jovens e mais instrudos. No basta responsabilizar quem abandonou, h que garantir ao animal abandonado a sua proteco nas melhores condies.

Ainda a respeito da abordagem do problema dos animais errantes pelo poder local, perguntou-se aos inquiridos se consideram que as cmaras municipais devem investir na esterilizao desses animais. Como se pode observar no grfico que se segue, mais de 3 em cada 4 inquiridos (78,2%), colocados concretamente face ao problema da reproduo indiscriminada dos animais errantes, responderam que as cmaras municipais devem investir na sua esterilizao. Em contraste, apenas 16% consideram que essa medida no deve ser adoptada.

Figura 3. Acha que as Cmaras Municipais devem investir na esterilizao dos animais errantes?
100

78,2%
80

60

%
40

20

16,0% 5,8%

0 SIM NO NS/NR

Acha que as Cmaras Municipais devem investir na esterilizao dos animais errantes

37

No entanto, se tivermos em conta apenas os inquiridos que responderam a esta questo, excluindo assim as no respostas38, a percentagem que concorda com esta medida sobe para 83%. Mais uma vez, so principalmente as mulheres (87,7%), em relao aos homens (77,8%)39 quem prefere esta soluo, o que pode ser interpretado no quadro dos efeitos do papel de gnero feminino atrs avanados.

ATRIBUIO DE AUTORIDADE S INSTITUIES DE PROTECO DOS ANIMAIS


Vimos atrs que cerca de 80% dos inquiridos considera que as instituies de proteco dos animais devem ser muito responsabilizadas pela sua proteco (cf. Tabela 23). Importa agora saber at que ponto concordaro com a atribuio de mais autoridade s mesmas, para a prossecuo dos seus objectivos, nomeadamente para combater os maus-tratos. Como se pode observar no grfico que se segue, a esmagadora maioria dos inquiridos concorda e concorda totalmente com esta medida (90,2%, se juntarmos estas duas categorias). Mais uma vez, estas respostas exprimem a forma como a preocupao com a proteco dos animais atravessa de modo consensual quase toda a amostra, e neste caso, com o facto de os animais poderem ser vtimas de maus-tratos. Ao mesmo tempo, estas respostas indicam que s instituies de proteco dos animais reconhecida toda a legitimidade para a prossecuo deste fim.

38 39

n=1002 N=1002; 2(1) 17,172; p<0,001; Phi=-0,131

38

Figura 4. At que ponto concorda com a atribuio de mais autoridade s instituies de proteco dos animais para combater os maus-tratos, desde que estivessem preparadas para isso? (n=1064)

1,3

0,8 2,5% 5,2%

1 - DISCORDO TOTALMENTE 2 - DISCORDO 3 - NO CONCORDO NEM DISCORDO 4 - CONCORDO 5 - CONCORDO TOTALMENTE NS/NR

48,7% 41,5%

Importa ento saber quem so os inquiridos que mais sentem a necessidade de atribuir mais autoridade s instituies de proteco dos animais, como forma de combater os maus-tratos. Verifica-se uma relao estatisticamente significativa entre a profisso actual dos inquiridos, ou a sua ocupao, e as respostas a esta pergunta. De facto, como se pode constatar pela Tabela 27, h ligeiras diferenas nas respostas em funo da profisso do inquirido. No entanto, o aspecto mais importante a salientar talvez a do enorme consenso que esta questo rene, uma vez que indivduos pertencentes a grupos scio-profissionais ou condio perante o trabalho bastante diferentes (v.g. estudantes, domsticas, reformados,

desempregados) tendem esmagadoramente a concordar com a medida proposta. o caso dos trabalhadores no qualificados (98%), do pessoal administrativo e similares (95,5%) e dos quadros superiores da Administrao Pblica (93,2%). Por outras palavras, o posicionamento em relao a este assunto surge como transversal em relao a grupos scio-profissionais entre os quais costuma haver diferenas visveis nos modos de pensar. De facto, do ponto de vista sociolgico, a profisso, enquanto componente do lugar que os indivduos ocupam na estrutura social, torna-se decisiva para compreender a matriz de valores e representaes dos indivduos (Almeida, Machado e Costa, 2006). Estes seriam no fundo os efeitos de classe em sentido forte, isto , apelando manifestao de eventuais 39

predisposies especficas de cada subcultura poltica de classe - sobre um conjunto de valores, atitudes e comportamentos polticos, nomeadamente ante o exerccio da cidadania (Cabral, 2006: 39). Tabela 27. Atribuio de mais autoridade s instituies de proteco dos animais, por profisso/ocupao do inquirido
Concorda com a atribuio de mais autoridade s instituies de proteco dos animais para combater os maus-tratos? Discorda No Concorda Concorda e Concorda Totalmente e nem Discorda Totalmente Discorda Quadros Superiores da Administrao Pblica, Dirigentes e Quadros Superiores de Empresa Especialistas das Profisses Intelectuais e Cientficas Tcnicos e Profissionais de Nvel Intermdio Pessoal Administrativo e Similares Pessoal dos Servios e Vendedores Agricultores e Trabalhadores Qualificados da Agricultura e Pescas Operrios, Artfices e Trabalhadores Similares Operadores de Instalaes e Mquinas e Trabalhadores da Montagem Trabalhadores No Qualificados Estudantes Domsticas Reformados Desempregados 4,5% 2,2% 9,7% 1,1% 4,1% 0,0% 3,4% 0,0% 2,0% 0,0% 0,0% 5,0% 2,9% 2,3% 5,4% 1,6% 3,4% 12,3% 10,0% 3,4% 11,8% 0,0% 5,7% 8,1% 4,2% 1,4% 93,2% 92,5% 88,7% 95,5% 83,6% 90,0% 93,2% 88,2% 98,0% 94,3% 91,9% 90,7% 95,7%

OCUPAO OU ACTIVIDADE PROFISSIONAL ACTUAL

N=1050; 2(24) 40,481; p<0,05; V de Cramer=0,140

Ora o que acontece em relao questo da atribuio de mais autoridade s instituies de proteco dos animais que o consenso que ela rene transversal aos diversos grupos scio-profissionais, bem como a activos e inactivos. Vemos aqui um efeito raro do ponto de vista sociolgico, uma vez que indivduos oriundos de grupos scio-profissionais diferentes, bem como domsticas,

desempregados e estudantes concordam com a necessidade de prevenir os maus-

40

tratos em animais, atravs da medida proposta. Assim sendo, a necessidade de resolver este problema social no um motivo de divergncia entre os portugueses, mas sim de coeso social.

41

Utilizao de Animais em Actividades Recreativas, Comrcio e Experincias


O questionrio que serve de base a este estudo inclui ainda um conjunto de questes com vista a conhecer os valores e as atitudes dos portugueses em relao utilizao de animais num conjunto diversificado de actividades. Mais

concretamente, pretende-se conhecer em que medida os portugueses esto de acordo com a proibio de tais actividades. Estas desdobram-se em trs dimenses: actividades recreativas, comrcio e experincias.

ACTIVIDADES RECREATIVAS E COMRCIO


Na Tabela 28 podemos observar a distribuio percentual das respostas dos inquiridos s questes relativas proibio da utilizao de animais em actividades recreativas e comerciais, depois de agregadas as categorias Concordo totalmente e concordo, por um lado, e Discordo totalmente e discordo, por outro lado.

42

Tabela 28.

Em que medida concorda com a proibio de cada uma das seguintes actividades?
Concorda e Concorda Totalmente 34,4% No Concorda nem Discorda 26,9% Discorda Totalmente e Discorda 36,6%

Escala: de 1(Discordo Totalmente) a 5 (Concordo Totalmente) P.9.1 Concorda com a proibio da UTILIZAO DE ANIMAIS EM CIRCOS? P.9.2 Concorda com a proibio do USO DE POMBOS E OUTROS ANIMAIS PARA EXERCCIOS E PROVAS DE TIRO? P.9.3 Concorda com a proibio do USO DE PNEIS E OUTROS ANIMAIS EM CARROSIS DE ANIMAIS VIVOS? P.11.1 Concorda com a proibio da EXPOSIO E VENDA DE ANIMAIS EM LOJAS, FEIRAS E MERCADOS? P.11.2 Concorda com a proibio da VENDA E POSSE DE ANIMAIS SELVAGENS COMO ANIMAIS DE ESTIMAO [EX: COBRAS, GUIAS...]? P.11.3 Concorda com a proibio da CRIAO E MORTE DE ANIMAIS COM O OBJECTIVO DE UTILIZAR O SEU PLO [VISONS, RAPOSAS, FOCAS, COELHOS]? P.11.4 Concorda com a proibio da VENDA DE CASACOS, ACESSRIOS E PEAS COM PLO DE ANIMAIS [EX: VISONS, RAPOSAS, FOCAS, COELHOS]?
N=1064

Ns/Nr 2,2%

48,8%

8,7%

39,0%

3,5%

37,0%

18,7%

39,4%

4,9%

34,6%

21,6%

40,9%

2,9%

50,7%

8,6%

39,1%

1,6%

50,9%

6,9%

39,8%

2,3%

47,6%

11,7%

38,7%

2,1%

Verifica-se

que

em

duas

das

actividades

que

constam

da

lista,

percentagem de inquiridos que concorda com a sua proibio superior aos 50%: o caso da criao e morte de animais com o objectivo de utilizar o seu plo (50,9%), e da venda e posse de animais selvagens como animais de estimao (50,7%). Alm disso, e ainda que no atingindo os 50%, h uma maioria relativa de inquiridos que concordam, quer com a proibio do uso de pombos e outros animais para o exerccio de provas de tiro (48,8% versus 39% que discordam), quer com a proibio da venda de casacos, acessrios e peas com plo de animais (47,6% versus 38,7% que discordam). Por outro lado, aspectos h em que esta situao se inverte. No caso da exposio e venda de animais em lojas, feiras e mercados, 40,9% dos inquiridos discordam da proibio, contra 34,6% que com ela concordam. O mesmo acontece com a proibio do uso de pneis e outros animais em carrossis (em relao

43

qual 39,4% dos inquiridos discordam, contra 37% que concordam) e a utilizao de animais em circos (36,6% contra 34,4%). Constata-se, ento, que se desenham nas respostas a esta pergunta dois grandes grupos. O primeiro, que expressa a concordncia com a proibio das actividades indicadas nos itens P.9.2. Concorda com a proibio do uso de pombos e outros animais para exerccios e provas de tiro?, P.11.2 concorda com a proibio da venda e posse de animais selvagens como animais de estimao [ex: cobras, guias...]?, P.11.3 concorda com a proibio da criao e morte de animais com o objectivo de utilizar o seu plo [visons, raposas, focas, coelhos]? e P.11.4 concorda com a proibio da venda de casacos, acessrios e peas com plo de animais [ex: visons, raposas, focas, coelhos]?, e um segundo grupo que manifesta uma maior discordncia da proibio das actividades descritas nos itens P9.1. concorda com a proibio da utilizao de animais em circos?, P.9.3 concorda com a proibio do uso de pneis e outros animais em carrossis de animais vivos? e P.11.1 concorda com a proibio da exposio e venda de animais em lojas, feiras e mercados? no entanto, a magnitude das diferenas entre aqueles que concordam e os que discordam da proibio destas actividades diferente em cada um destes grupos: se no primeiro caso essa diferena se situa entre o 9% e os 12%, j no segundo caso ela situa-se entre os 2% e os 6%. Estes resultados tambm devem ser interpretados luz das percentagens mais elevadas da categoria neutra (no concorda nem discorda), ou seja, dos inquiridos que no conseguiram ou no quiseram posicionar-se em relao ao tema dos circos (26,9%), da exposio e venda de animais em comrcios (21,6%) e dos carrossis de animais vivos (18,7%). Quando cruzamos as respostas a esta pergunta com algumas variveis de caracterizao dos inquiridos verificamos que no existem relaes estatisticamente significativas na maior parte dos casos. Com algumas excepes. Por um lado, encontramos uma relao entre a regio onde residem os inquiridos e a sua posio em relao a todas as questes colocadas e que constam na tabela anterior (com excepo da utilizao de animais em circos e com o uso de pneis e de outros animais em carrossis de animais vivos). Na Tabela 29 encontramos as distribuies das respostas a uma das questes colocadas, cruzadas com a regio40.

40

Para consultar as tabelas relativas aos restantes cruzamentos, cf. Anexo 2 Tabelas).

44

Tabela 29.

Proibio do uso de pombos e outros animais para exerccios e provas de tiro, por Regio

Concorda com a proibio do USO DE POMBOS E OUTROS ANIMAIS PARA EXERCCIOS E PROVAS DE TIRO? Discorda Totalmente e Discorda REGIO NORTE GRANDE PORTO CENTRO LISBOA ALENTEJO ALGARVE MADEIRA AORES 32,5% 42,4% 40,2% 37,5% 57,3% 40,8% 43,5% 77,3% No Concorda Nem Discorda 8,1% 5,6% 11,6% 10,8% 13,3% 3,1% 0,0% 13,6% Concorda e Concorda Totalmente 59,3% 52,0% 48,2% 51,8% 29,3% 56,1% 56,5% 9,1%

N=1027; 2(14) 47,388; p<0,001; V de Cramer=0,152

Como se pode constatar, em quase todas as regies a maioria dos inquiridos que responderam a esta questo concordam com a proibio desta actividade. Por ordem decrescente, temos nesta situao a regio do Norte (59,3%), a Madeira (56,5%), o Algarve (56,1%), o Grande Porto (52%), Lisboa (51,8%) e o Centro (48,2%). Em contraste, esta situao inverte-se nas regies dos Aores e Alentejo, em que uma percentagem elevada de inquiridos discorda da proibio desta actividade (77,3% e 57,3%, respectivamente). Por outro lado, importa tambm sublinhar que uma percentagem elevada dos inquiridos, quer tenham tido uma socializao primria rural ou urbana, concorda com a proibio da venda de casacos, acessrios e peas com plo de animais. Apesar disso, possvel registar algumas diferenas. Verifica-se que so os inquiridos que cresceram em aldeias os que mais tendem a discordar da proibio da venda de casacos e acessrios com plo de animais (41,9%, versus 37,4% dos que cresceram em vilas e 37,9% dos que cresceram em cidades). Pelo contrrio, so os inquiridos que cresceram nas vilas e cidades que mais tendem a concordar com esta medida (cf. Tabela 30).

45

Tabela 30.

Proibio da venda de peas com plo de animais, por socializao rural/urbana


Concorda com a proibio da VENDA DE CASACOS, ACESSRIOS E PEAS COM PLO DE ANIMAIS [EX: VISONS, RAPOSAS, FOCAS, COELHOS] Discorda No Concorda Concorda e Totalmente e nem Concorda Discorda Discorda Totalmente 41,9% 37,4% 37,9%
N=1042; 2(4) 9,944; p<0,05; V de Cramer=0,069

Como classifica o local em que passou a maior parte da sua infncia e adolescncia, at idade adulta? ALDEIA VILA CIDADE

14,6% 9,9% 9,9%

43,5% 52,7% 52,2%

Ressalta deste resultado a importncia da interiorizao de um habitus rural (Bourdieu, 1980: 87-109), enquanto sistema de disposies durveis adquiridos pelos indivduos no curso do seu processo de socializao, mais concretamente atravs da interiorizao progressiva das condies objectivas de vida dos indivduos. Este mecanismo de interiorizao garante que os valores e

comportamentos aprendidos passem a ser percebidos como naturais e quase instintivos (Bonnewitz, 1997: 62).

EXPERINCIAS EM ANIMAIS
Perguntou-se tambm aos portugueses se concordavam com a proibio das experincias em animais e, se sim, em que circunstncias. A maioria, ainda que relativa, dos inquiridos declarou no estar de acordo com tal proibio (44,9%). Ao mesmo tempo, 37,8% entendem que as experincias em animais devem ser proibidas por lei em Portugal. Note-se que, em relao a esta questo, h uma percentagem considervel de inquiridos que no souberam ou no quiseram responder (17,3%)41. Apenas uma abordagem metodolgica qualitativa poderia ajudar-nos a compreender as razes que levam a que os indivduos no se posicionem nesta questo. Podemos, entretanto, levantar algumas pistas de interpretao, entre as quais a falta de informao e o desconhecimento desta realidade, a eventual associao da necessidade de experincias com animais para o avano da cincia e da medicina ou ainda um possvel sentimento de ilegitimidade ou insegurana por parte dos inquiridos para se pronunciarem sobre questes que

41 Esta percentagem de no respostas bastante mais elevada do que nas restantes perguntas do questionrio.

46

eles representem como dilemas ticos neste caso o conflito entre o desejo de respeitar a vida e o bem-estar animal e a necessidade de avano da cincia, em princpio portadora de benefcios universais. Figura 5. Proibio das experincias em animais
100

80

60

44,9% 37,8%
40

20

17,3%

0 SIM NO NS/NR

Acha que as experincias em animais devem ser proibidas por lei, em Portugal

Dos inquiridos que responderam a esta questo, so as mulheres, mais do que os homens, que tendem a concordar com a proibio das experincias em animais (50,3% e 41%, respectivamente)42 (cf. Figura 6). Mais uma vez, as mulheres se evidenciam como os inquiridos, que na nossa amostra, mais se preocupam com a proteco e os direitos dos animais.

Figura 6. Proibio das experincias em animais, por sexo do inquirido


59,0 50,3 41,0 49,7

SIM Homens Mulheres

NO

42

N=880; 2(1) = 7,796; p<0,01; Phi= -0,094

47

Considerando apenas o conjunto daqueles que concordam com a proibio das experincias em animais, perguntou-se a que casos se aplicaria a dita proibio (Cf. Tabela 31).

Tabela 31.

Se concorda com a proibio das experincias em animais, em que casos?


%

Apenas em primatas [ex: gorilas, chimpanzs e macacos] Apenas em primatas, ces e gatos Em todos os animais Ns/nr Total
N=402

6,2 13,2 73,9 6,7 100,0

Constata-se que dos que concordam com a proibio das experincias em animais, a grande maioria dos inquiridos (praticamente, 3 em cada 4), considera que essa proibio se deve aplicar em relao a todos os animais. Este valor revela que quem de opinio que tais experincias devem ser proibidas no pensa que se deva hierarquizar o tipo de animais que se possam submeter experimentao, estendendo a proibio a todos os animais e no orientando a sua escolha, por exemplo, por um critrio de proximidade em relao ao ser humano (vg., as experincias s devem ser proibidas em primatas). A resposta maioritria entre aqueles que escolhem a proibio que consta do quadro parece revelar, assim, valores universalistas, no sentido de que o respeito pela vida de todos os animais prevalece sobre a sua hierarquizao. Se esta ltima fosse o critrio principal, os valores da tabela anterior decresceriam, em lugar de crescer de 6,2% at 73,9%. Ao mesmo tempo, o facto de a nica categoria que inclui animais domsticos (ces e gatos) no ter valores elevados (13,2%) aponta igualmente para o referido universalismo, uma vez que se privilegiam os direitos de todos, em lugar de favorecer apenas os direitos dos meus ou dos nossos animais domsticos.

48

ANIMAIS DE QUINTA
Uma outra dimenso diz respeito s condies de vida dos animais de quinta. Perguntou-se aos inquiridos se concordam com a existncia de leis que protejam os animais de criao, na forma como so criados, transportados e mortos. A distribuio percentual das respostas apresenta-se na Tabela 32.

Tabela 32.

Concorda com a existncia de leis que protejam os animais de criao [vacas, porcos, galinhas, ovelhas, cabras, etc.] na forma como so criados, transportados e mortos?
N % 1,9 6,8 7,5 41,5 38,4 3,9 100,0

1 - DISCORDO TOTALMENTE 2 DISCORDO 3 - NO CONCORDO NEM DISCORDO 4 - CONCORDO 5 - CONCORDO TOTALMENTE NS/NR Total

20 72 80 442 409 41 1064

Verifica-se que a esmagadora maioria dos inquiridos concorda ou concorda totalmente com esta medida (79,9%, se agregarmos estas duas categorias, contra 8,7% que dela discorda ou discorda totalmente). Por detrs desta maioria encontram-se, possivelmente, motivaes diversificadas: se por um lado devero estar aqui representadas as pessoas cujo mbil principal o do bem-estar animal, nomeadamente as condies da sua criao, transporte e abate, por outro no devero deixar de estar aqui representados todos aqueles cuja preocupao principal a da qualidade dos alimentos a consumir. De qualquer forma, no nos surpreende que este valor elevado revele preocupao substancial com o bem-estar animal, se o cotejarmos com o avanado pelo Eurobarmetro de 2005. Neste estudo, 88% dos portugueses concordaram com a afirmao de que se devem proteger os direitos dos animais, independentemente do custo (Comisso Europeia, 2005: 26). Alis, Portugal surge mesmo, neste estudo europeu e neste indicador, acima da mdia europeia (82%). Fica por resolver, porm, a distncia entre as expectativas e os valores dos portugueses a este respeito e a situao objectiva das condies de criao, transporte e abate dos animais Quando cruzamos as respostas pergunta Concorda com a existncia de leis que protejam os animais de criao [vacas, porcos, galinhas, ovelhas, cabras, etc.] na forma como so criados, transportados e mortos?, com diversas

49

caractersticas scio-demogrficas dos inquiridos, verifica-se que o grau de instruo e a regio revelam relaes estatisticamente significativas com as mesmas. Quanto regio, a distribuio das respostas segue uma ordem semelhante registada para outras perguntas do questionrio, em que o Norte, o Grande Porto, a Madeira, o Algarve, Lisboa e o Centro tm os valores mais elevados de concordncia com esta medida, entre 90,9% e 78,1% (cf. Tabela 33).

Tabela 33.

Proteco dos animais de quinta, por regio

P.14 Concorda com a existncia de leis que protejam os animais de criao [vacas, porcos, galinhas, ovelhas, cabras, etc.] na forma como so criados, transportados e mortos? Discorda Totalmente e No Concorda nem Concorda e Concorda Discorda Discorda Totalmente REGIO NORTE GRANDE PORTO CENTRO LISBOA ALENTEJO ALGARVE MADEIRA AORES 4,8% 8,1% 10,5% 6,8% 22,2% 11,3% 8,3% 10,0% 4,3% 4,8% 11,4% 9,2% 8,3% 5,2% 4,2% 20,0% 90,9% 87,1% 78,1% 84,0% 69,4% 83,5% 87,5% 70,0%

N=1023; 2(14) = 39,407; p<0,001; V de Cramer=0,139

Mais uma vez, so os inquiridos que residem no Alentejo que revelam menor preocupao com a proteco dos animais, neste caso com 22,2% dos inquiridos a discordarem da existncia de legislao que protejam os animais de criao. Ainda assim, as percentagens daqueles que concordam com uma tal medida so bastante elevados em todas as regies, at mesmo para o Alentejo (69,4%). Estes dados vm reforar a hiptese atrs avanada de que podero estar aqui representados no s o grupo dos que tm como motivao principal para apoiar esta medida a preocupao com o bem-estar animal, mas tambm todos aqueles que se preocupam principalmente com a qualidade da alimentao de origem animal e com outros problemas que possam surgir da falta de regulamentao da criao, transporte e abate dos animais de quinta. Tambm a instruo apresenta relao estatisticamente significativa com as respostas a esta pergunta (cf. Tabela 34).

50

Tabela 34.

Proteco dos animais de quinta, por grau de instruo


P.14 Concorda com a existncia de leis que protejam os animais de criao [vacas, porcos, galinhas, ovelhas, cabras, etc.] na forma como so criados, transportados e mortos? Discorda Concorda e No Concorda Totalmente e Concorda nem Discorda Discorda Totalmente

Menos do que a 4 classe LTIMO ANO ESCOLAR QUE CONCLUIU 4 classe antiga, 6 classe ou ciclo preparatrio recentes 5 ano antigo ou 9 ano unificado, 10, 11 ano 7 ano antigo, ano propedutico, 12 ano recente ou curso mdio Frequncia da universidade ou bacharelato Licenciatura, mestrado ou doutoramento

20,3% 13,0% 7,4% 7,7% 7,6% 1,8%

7,2% 10,5% 10,7% 5,1% 3,0% 5,5%

72,5% 76,4% 81,9% 87,2% 89,4% 92,6%

N=1023; 2(10) = 40,332; p<0,001; V de Cramer=0,140

Verifica-se que a concordncia com a regulamentao da criao, transporte e abate dos animais de quinta maior entre os inquiridos com graus de instruo mais elevados. Inversamente, discordam mais de uma tal regulamentao os inquiridos com nveis de instruo mais baixos (v.g. 20,3% daqueles que tm menos do que a 4 classe). Em nosso entender, possvel que este resultado esteja relacionado com o facto de indivduos com mais elevados nveis de instruo poderem estar mais despertos para a importncia da regulamentao legal e para os problemas que podem advir da falta dessa regulamentao.

51

Touradas
Nos ltimos anos, um dos temas relativos proteco dos animais que tem suscitado mais polmica nos meios de comunicao portugueses , sem dvida, a realizao de touradas, que tm oposto aficcionados das touradas e defensores dos direitos dos animais. No entanto, pouco se tem investigado recentemente sobre a opinio dos portugueses a respeito desta temtica. Neste estudo, foram,

finalmente, includas duas perguntas que nos permitem aceder, em parte, a este universo de valores e atitudes. Quando inquiridos sobre o cenrio da proibio legal das touradas em Portugal, os inquiridos posicionam-se claramente a favor dessa proibio. Como se pode constatar pela figura que se segue, cerca de metade da amostra (50,5%) concorda com esta medida, sendo que 39,5% se ope a essa proibio. Cerca de 10% no souberam ou no quiseram responder. Este valor indica que algumas pessoas no se conseguem posicionar face a esta questo, ou no querem fazlo43. Figura 7. Acha que as touradas devem ser proibidas por lei em Portugal?
100

80

60

50,5% 39,5%

%
40

10,1%
20

0 SIM NO NS/NR

Porm, se considerarmos apenas os indivduos que responderam a esta questo, so 56,1% os que concordam com a proibio legal das touradas, e 43,9% que dela discordam.

43

Algumas outras questes acompanham esta tendncia: o que deve acontecer a quem utilize ces como arma, em que 10,2% dos inquiridos no responderam; ou a proibio das experincias em animais, em que 17,3% no responderam.

52

Quem so os que mais concordam com a proibio das touradas em Portugal? So principalmente as mulheres (63,8%) em relao aos homens (47,9%)44, os indivduos que residem na Madeira (87%), no Grande Porto (73,6%), no Norte (61,1%), no Algarve (57,4%), na regio de Lisboa (55,7%) e os Aores (55%)45; os indivduos que cresceram em vilas (64,9%) e cidades (57,7%)46; e os indivduos que tendem a defender valores ps-materialistas (58,9%), como a liberdade de expresso e a atribuio, aos cidados, de maior capacidade de participao nas decises importantes do Governo (Inglehart, 1990). Em contraste, quem so os que menos concordam com esta medida? So principalmente os homens (52,1%), mais do que as mulheres (36,2%); os indivduos que residem no Alentejo (28,8%) e no Centro do pas (47,3%); os indivduos que cresceram em aldeias (49%); e os indivduos que tendem a defender valores materialistas, isto , de segurana econmica e social (combater o aumento dos preos e manter a ordem no pas) (Inglehart, 1990). Figura 8. Proibio das Touradas, por sexo do inquirido
63,80% 47,90% 52,10% 36,20%

HOMENS SIM NO

MULHERES

44 45 46

N=957; 2(1) = 24,280; p<0,001; Phi= -0,159 N=957; 2(7) = 54,512; p<0,001; V de Cramer=0,239 N=957; 2(2) = 9,972; p<0,01; V de Cramer= 0,102

53

Figura 9. Proibio das Touradas, por Regio


87,0 73,6 61,1 52,7 47,3 38,9 26,4 55,7 44,3 28,8 13,0 71,2 57,4 42,6 55,0 45,0

AL EN TE JO

C EN TR O

PO R TO

AD EI R A

AR VE

R TE

AL G

AN DE

AN D E

SIM

NO

importante sublinhar que os resultados encontrados relativamente Regio dos Aores nesta questo nos suscitam alguma estranheza, na medida em que no acompanham exactamente o perfil desta regio nas respostas s restantes perguntas do questionrio. Por exemplo, vimos atrs que, ainda que a maioria dos inquiridos nos Aores pense que os animais so pouco protegidos por lei, tambm nesta regio (quando comparada com as restantes) que encontramos a

percentagem mais elevada de inquiridos que considera que os animais so muito protegidos (21,1%) (cf. Tabela 19).

Tabela 35.

Acha que as touradas devem ser proibidas por lei?, por escala de Valores PsMaterialistas
Acha que as touradas devem ser proibidas por lei, em Portugal? SIM NO 54,8% 40,8% 41,1%

Valores Materialistas/PsMaterialistas

Materialistas Mistos Ps-Materialistas

45,2% 59,2% 58,9%

Note-se ainda que a idade dos inquiridos, o seu grau de instruo e o partido poltico em que votaram no revelam relaes estatisticamente significativas com as respostas a esta pergunta, o que indica que a atitude em relao proibio das touradas no se diferencia em funo destas variveis, sendo transversal aos diversos escales etrios, nveis de instruo e opes de voto.

A O R

LI SB

N O

ES

54

Esta temtica foi ainda abordada numa outra pergunta do questionrio, em que se indagava sobre o desejo de que a zona de residncia do inquirido fosse declarada uma localidade anti-touradas. Verifica-se que mais de metade dos inquiridos (52,4%) responderam afirmativamente a esta questo. Em contraste, foram 36,8% aqueles que afirmaram no gostar que assim acontecesse, enquanto 10,7% dos inquiridos decidiram no se posicionar.

Figura 10.

Gostaria que a Cmara Municipal da localidade da sua residncia declarasse esta uma localidade anti-touradas, ou seja, uma localidade onde no seja autorizada a realizao de touradas?
100

80

60

52,4%

40

36,8%

20

10,7%

0 SIM NO NS/NR

Quando comparamos estas percentagens com as apresentadas na figura anterior, relativas ao cenrio da proibio legal das touradas em Portugal, verificamos ligeiras diferenas, sendo mais os inquiridos que gostariam que a sua localidade fosse declarada anti-touradas (52,4%) do que aqueles que declararam concordar com a proibio legal das touradas em Portugal (50,5%). Ao mesmo tempo, menor a percentagem de indivduos que, nesta pergunta, responde negativamente (36,8%), em relao que se declara contra a proibio legal das touradas (39,5%)47. Note-se ainda que esta diferena no se construiu custa de uma alterao das no-respostas de uma pergunta para a outra, ou seja, custa do no posicionamento dos inquiridos. A que se devero, ento estas diferenas48? Uma hiptese a de que os inquiridos que fazem esta diferena, ainda que no tenham aderido formulao proibicionista da pergunta sobre as touradas (cf.

47

Note-se que as duas perguntas foram colocadas em lugares diferentes do questionrio, o que previne contra a eventual influncia das respostas a uma pergunta pela forma como se respondeu pergunta anterior, o que nos garante um maior controlo da qualidade das respostas. 48 As respostas a estas duas questes esto muito correlacionadas entre si. Cf. Anexo 2 Tabelas, Tabela 14).

55

Anexo 1 Questionrio, P.10), respondendo no concordar com a proibio legal das mesmas, gostariam que a sua localidade fosse declarada anti-touradas. De entre aqueles que responderam a esta questo (957 inquiridos), quem so, ento, os que mais manifestam o desejo de que a sua localidade seja declarada anti-touradas? semelhana do que acontecia na questo relativa proibio legal das touradas, so preferencialmente as mulheres (64,2%), mais do que os homens (53%)49, como se pode constatar na figura que se segue.

Figura 11.

Cidade Anti-Touradas, por Sexo do Inquirido


64,2

53,0 47,0 35,8

Homens SIM NO

Mulheres

So tambm os inquiridos que passaram a sua infncia em vilas (64%) e cidades (61,8%), mais do que aqueles que a passaram em aldeias (53,7%)50, assim como aqueles que residem na Madeira (87,5%), no Grande Porto (77,8%), no Algarve (66,3%), no Norte Litoral (64,5%), Lisboa (58%) e nos Aores (55%), mais do que os que residem no Centro (44,1%) e no Alentejo (36,8%)51, como se pode constar no grfico que se segue. Mais uma vez, em relao a esta questo, os resultados da regio dos Aores suscitam-nos estranheza que em relao pergunta sobre a proibio legal das touradas, pelos motivos j adiantados. Deste modo, consideramos que eles merecem posterior aprofundamento e confirmao.

49 50 51

N=950; 2(1) = 12,242; p<0,001; Phi= -0,114 N=950; 2(2) = 7,559; p<0,05; V de Cramer= 0,089 N=950; 2(7) = 62,159; p<0,001; V de Cramer= 0,256

56

Figura 12.

Cidade Anti-Touradas, por Regio

87,5% 77,8% 64,5% 55,9% 44,1% 35,5% 22,2% 12,5% 58,0% 42,0% 63,2% 66,3% 55,0% 45,0% 36,8% 33,7%

NORTE

GRANDE PORTO

CENTRO

LISBOA

ALENTEJO

ALGARVE

MADEIRA

AORES

SIM

NO

Finalmente, encontramos entre os que gostariam que a sua localidade fosse declarada anti-touradas preferencialmente os inquiridos que mais tendem a defender valores ps-materialistas, como a liberdade de expresso e a atribuio de maior liberdade de deciso aos cidados nas decises polticas (62,2%)52 (cf. Tabela 36). Tabela 36. Cidade anti-touradas, por escala de Valores Ps-Materialistas
P.15 Gostaria que a CM da localidade da sua residncia declarasse esta uma localidade onde no seja autorizada a realizao de touradas? SIM NO Valores Materialistas/PsMaterialistas Materialistas Mistos Ps-Materialistas 50,5% 60,7% 62,2% 49,5% 39,3% 37,8%

semelhana do que acontece na questo relativa proibio das touradas, a idade, o grau de instruo dos inquiridos e o ltimo partido em que estes votaram no revelam relaes estatisticamente significativas com as respostas a esta pergunta.

52

N=950; 2(2) = 7,404; p<0,05; Phi= 0,088

57

Circos
Tal como acontece em relao s touradas, embora com uma menor dimenso, a realizao de circos com animais tem vindo a suscitar alguma polmica na sociedade portuguesa, em parte pela aco das instituies de proteco e defesa dos animais, acabando por figurar na agenda meditica e pblica. Deste modo, o questionrio que serve de base ao presente estudo inclua algumas perguntas que visavam conhecer os valores e atitudes dos portugueses face a esta temtica. Vimos atrs que, ao contrrio do que acontece em relao a muitos outros assuntos, as atitudes dos portugueses se dividem no que respeita proibio da utilizao dos animais em circos, entre os 35,1% que concordam com a mesma, e 37,4% que dela discordam (cf. Actividades recreativas e comrcio, Tabela 28). Acresce que a percentagem da categoria neutra (no concordo nem discordo) bastante elevada (27,5%), o que significa que muitos inquiridos no souberam, quiseram ou conseguiram posicionar-se face a esta questo, revelando assim alguma ambiguidade e dvida a este respeito. Perguntou-se tambm aos inquiridos se gostariam que a localidade da sua residncia fosse declarada livre de sofrimento nos circos (cf. Figura 13).

Figura 13.

Gostaria que a Cmara Municipal da localidade da sua residncia declarasse esta uma localidade livre de sofrimentos nos circos?
100

80

60

49,1% 38,3%

%
40

12,7%
20

0 SIM NO NS/NR

Constata-se que a maioria, ainda que relativa, dos inquiridos respondeu negativamente a esta questo, rejeitando assim a ideia de que na sua localidade no fosse autorizada a presena e actividade de circos com animais: 49,1%, contra 58

38,3% que exprimiu esse desejo. Se compararmos estas respostas com as obtidas na questo relativa proibio da utilizao de animais em circos (cf. Tabela 28, P.9.1), encontramos uma diferena importante entre os que nesta ltima discordaram dessa utilizao (36,6%) e os que aqui respondem no estar de acordo com a declarao da sua localidade como livre de sofrimento nos circos (49,1%). Pensamos que esta diferena de 12,5% pode ser atribuda distribuio dos inquiridos que na P.9.1 resolveram no se posicionar (escolhendo assim a categoria neutra), e que perfaziam 26,9%. De facto, os inquiridos que escolheram a categoria neutra nessa pergunta parecem ter-se distribudo na presente questo, contribuindo principalmente para o incremento da resposta que rejeita a converso da sua localidade em livre de sofrimento nos circos (em 12,5%) e para as no respostas (em 10,5%), e apenas de forma minoritria para as respostas afirmativas (3,9%). Deste modo, face ao cenrio proposto, os ambivalentes da pergunta anterior (P9.1.) converteram-se principalmente em respostas negativas e no-respostas. Mais uma vez, apenas uma metodologia qualitativa (v.g. focus group) nos permitir avanar com mais segurana as razes pelas quais isto acontece. De qualquer forma, no podemos deixar de sublinhar que o facto de os circos surgirem associados a uma actividade recreativa familiar, em regra na poca natalcia, pode induzir as pessoas em dissonncia cognitiva, por no conseguirem conciliar estas duas imagens discrepantes: a do circo da alegria e do riso das crianas, por um lado; e, por outro, a do sofrimento a que os animais so sujeitos para actuar no espectculo. Por ltimo, e quando cruzamos esta pergunta com diversas variveis, verificamos que so, novamente, as mulheres que mais se revelam defensoras da proteco dos animais, ao declararem-se, mais do que os homens, a favor de que na sua localidade no se realizem espectculos de circo com animais (49,5% das mulheres, contra 37,6% dos inquiridos do sexo masculino)53 (cf. Figura 14).

53

N=950; 2(2) = 13,271; p<0,001; Phi= 0,120

59

Figura 14.

Cidade Livre de Sofrimento nos Circos, por Sexo dos Inquiridos


62,4 49,5 37,6 50,5

SIM Homens Mulheres

NO

60

Concluso
Neste relatrio apresentaram-se os principais resultados de um inqurito nacional sobre Valores e Atitudes face Proteco dos Animais em Portugal. Ao longo deste estudo, foi-se tornando visvel a existncia de um grande consenso entre os portugueses no que se refere aos valores relativos proteco dos animais. De facto, a esmagadora maioria dos inquiridos pensa que os animais so pouco ou nada protegidos em Portugal. Quando se perguntou aos inquiridos em que medida, em Portugal, os animais so protegidos por lei, 21,3% declararam que a legislao existente no protege nada os animais e 65,8% que os protege pouco. Nesta populao heterognea, encontramos, proporcionalmente, inquiridos mais jovens e mais instrudos, bem como mais mulheres. Este consenso atravessa todas as regies do pas, ainda que o Alentejo e os Aores se destaquem ao longo do estudo como aderindo, menos do que as restantes regies, aos valores de proteco e defesa dos direitos dos animais. Inversamente, na minoria que considera que os animais so muito protegidos em Portugal (5,9%), encontramos uma maior representao dos inquiridos com baixos nveis de instruo, mais velhos, do sexo masculino e principalmente residentes no Alentejo e nos Aores. O mesmo consenso foi encontrado relativamente importncia e urgncia de uma nova lei de proteco dos animais em Portugal. A maioria dos inquiridos considera a existncia de uma tal lei muito importante e importante (50,5% e 39,7%, respectivamente), enquanto so 59,6% aqueles que defendem que essa lei urgente e 28,9% os que defendem que ela muito urgente. Uma outra dimenso do estudo prendeu-se com a penalizao dos maustratos aos animais, da organizao e participao em lutas de ces e ainda da utilizao de ces como arma. Verifica-se que as opinies diferem em funo do tipo de acto que est a ser avaliado. Assim, a maioria dos inquiridos declara que o abandono e os maus-tratos devem ser principalmente punidos com coima (69,1% e 58,9%, respectivamente). Ainda assim, os inquiridos hierarquizam estes dois actos, na medida em que uma parte significativa da populao (18,4% + 17,4% = 35,8%) entende que aqueles que praticam maus-tratos sobre um animal devem sofrer uma pena de priso (de 1 ano ou de 4 anos, respectivamente). J o abandono recolhe menos declaraes a favor da pena de priso (14,4% at 1 ano, e 12% at 4 anos, ou seja, 26,4%).

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No que respeita s entidades que, na opinio dos portugueses, devem ser responsveis pela proteco dos animais, a grande maioria dos portugueses inquiridos considera que os cidados, as instituies de proteco dos animais, as autoridades veterinrias e as cmaras municipais devem ser muito

responsabilizadas. Quanto ao Governo, essa percentagem menor, mas ainda assim constitui a maioria, ultrapassando os 50%. Abaixo deste limiar permanecem a Assembleia da Repblica e as Polcias, com 45% e 35,9% dos portugueses, respectivamente, a considerarem que estas entidades devem ser muito

responsabilizadas. Porm, se tivermos tambm em conta os portugueses que consideram que as entidades referidas devem ser responsabilizadas, ainda que no num grau to elevado (categoria algo), os valores situam-se todos em nveis substancialmente mais altos, ainda que se mantenha a mesma hierarquia de responsabilizao. Perguntou-se tambm aos portugueses a sua opinio sobre a forma como as Cmaras Municipais devem agir em relao aos animais abandonados e de rua. A este respeito, desenham-se trs grandes grupos de respostas. Em primeiro lugar, renem um grande consenso a proteco dos animais abandonados em canis e gatis (69,5%), a responsabilizao de quem os abandonou (69,5%) e o seu encaminhamento para adopo (66,1%). O segundo grupo de respostas, ainda que no rena um consenso to elevado, vem complementar o desejo de proteco dos animais, atravs da sua esterilizao (30,5%), da sua proteco nas ruas (28,6%) e da sua captura (25,9%). Sabemos tambm que cerca de 90% dos inquiridos que escolheram a opo captur-los escolheram tambm a opo proteg-los em canis e gatis, o que significa que a escolha da captura visa a proteco dos animais e no o seu abate. A confirmar o que foi dito, a opo mat-los surge como francamente minoritria (4,6%). Acresce que cerca de metade dos inquiridos escolheu 3 ou mais destas medidas. Este resultado indica que, face a esta questo, os portugueses so da opinio que o poder local deve adoptar preferencialmente solues integradas, e no apoiar-se exclusivamente num tipo nico de medidas. Colocados concretamente face ao problema da reproduo indiscriminada dos animais errantes, mais de 3 em cada 4 inquiridos (78,2%) so de opinio que as cmaras municipais devem investir na sua esterilizao. Em contraste, apenas 16% consideram que essa medida no deve ser adoptada. A respeito da atribuio de mais autoridade s instituies de proteco dos animais para combater os maus-tratos, a esmagadora maioria dos inquiridos declarou concordar e concordar totalmente com essa medida (90,2%, se juntarmos estas duas categorias). Mais uma vez, estas respostas exprimem a forma como a preocupao com a proteco dos animais atravessa de modo consensual quase

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toda a amostra e, neste caso, com o facto de os animais poderem ser vtimas de maus-tratos. Ao mesmo tempo, indicam que s instituies de proteco dos animais reconhecida toda a legitimidade para a prossecuo deste fim. Assim sendo, a necessidade de resolver o problema dos animais errantes surge, no como um motivo de divergncia entre os portugueses, mas sim de consenso e coeso social. Pretendeu-se tambm com este estudo conhecer o grau de concordncia dos portugueses com a proibio da utilizao de animais em actividades recreativas, comrcio e experincias. No que respeita s actividades recreativas e de comrcio, verificou-se ser superior aos 50% a percentagem de inquiridos que concorda com a proibio da criao e morte de animais com o objectivo de utilizar o seu plo (50,9%) e da venda e posse de animais selvagens como animais de estimao (50,7%). Alm disso, e ainda que no atingindo os 50%, h uma maioria relativa de inquiridos que concordam, quer com a proibio do uso de pombos e outros animais para o exerccio de provas de tiro (48,8% versus 39% que discordam), quer com a proibio da venda de casacos, acessrios e peas com plo de animais (47,6% versus 38,7% que discordam). No entanto, esta situao inverte-se em relao a alguns aspectos. No caso da exposio e venda de animais em lojas, feiras e mercados, 40,9% dos inquiridos discordam da proibio, contra 34,6% que com ela concordam. O mesmo acontece com a proibio do uso de pneis e outros animais em carrossis (em relao qual 39,4% dos inquiridos discordam, contra 37% que concordam) e a utilizao de animais em circos (36,6% contra 34,4%). Porm, estes resultados devem tambm ser interpretados luz das percentagens mais elevadas da categoria neutra (no concorda nem discorda) nestes itens, ou seja, dos inquiridos que no conseguiram ou no quiseram posicionar-se em relao ao tema dos circos (26,9%), da exposio e venda de animais em comrcios (21,6%) e dos carrossis de animais vivos (18,7%). Quanto s experincias em animais, a maioria, ainda que relativa, dos inquiridos declarou no estar de acordo com tal proibio (44,9%). Porm, e ao mesmo tempo, 37,8% entendem que as experincias em animais devem ser proibidas por lei em Portugal. Note-se que, em relao a esta questo, h uma percentagem considervel de inquiridos que no souberam ou no quiseram responder (17,3%). Considerando apenas o conjunto daqueles que concordam com a proibio das experincias em animais, perguntou-se a que casos se aplicaria a dita proibio. A grande maioria (praticamente, 3 em cada 4) considera que essa

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proibio se deve aplicar em relao a todos os animais. Este valor revela que quem de opinio que tais experincias devem ser proibidas no pensa que se deva hierarquizar o tipo de animais que se podem submeter experimentao, estendendo a proibio a todos e no orientando a sua escolha, por exemplo, por um critrio de proximidade em relao ao ser humano (v.g., as experincias s devem ser proibidas em primatas). Ao privilegiar os direitos de todos, em lugar de favorecer apenas os direitos dos meus ou dos nossos animais (v.g. domsticos) as respostas dos inquiridos a esta questo revelam valores universalistas. Uma outra dimenso deste estudo diz respeito s condies de vida dos animais de quinta. Perguntou-se aos inquiridos se concordam com a existncia de leis que protejam os animais de criao, na forma como so criados, transportados e mortos. A esmagadora maioria concorda ou concorda totalmente com esta medida (79,9%, se agregarmos estas duas categorias, contra 8,7% que dela discorda ou discorda totalmente). Por detrs desta maioria encontram-se,

possivelmente, motivaes diversificadas: se por um lado devero estar aqui representadas as pessoas cujo mbil principal o do bem-estar animal, nomeadamente as condies da sua criao, transporte e abate, por outro no devero deixar de estar aqui representados todos aqueles cuja preocupao principal a da qualidade dos alimentos a consumir. Uma outra dimenso importante do estudo diz respeito realizao de touradas em Portugal. Quando inquiridos sobre o cenrio da proibio legal das mesmas, os inquiridos posicionam-se a favor dessa proibio: cerca de metade da amostra (50,5%) concorda com esta medida, sendo que 39,5% se ope a essa proibio e cerca de 10% no souberam ou no quiseram responder. Quem so os que mais concordam com a proibio das touradas em Portugal? So principalmente as mulheres (63,8%) em relao aos homens (47,9%), os indivduos que residem no Grande Porto (73,6%), no Norte (61,1%), no Algarve (57,4%) e na regio de Lisboa (55,7%); os indivduos que cresceram em vilas (64,9%) e cidades (57,7%); e os indivduos que tendem a defender valores ps-materialistas (58,9%), como a liberdade de expresso e a atribuio, aos cidados, de maior capacidade de participao nas decises importantes do Governo (Inglehart, 1990). No mesmo sentido, quando indagados sobre o desejo de que a sua zona de residncia fosse declarada uma localidade anti-touradas, mais de metade dos inquiridos (52,4%) responderam afirmativamente. Em contraste, foram 36,8% aqueles que afirmaram no gostar que assim acontecesse, enquanto 10,7% decidiram no se posicionar.

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Quem so, ento, os que mais manifestam este desejo? semelhana do que acontecia na questo relativa proibio legal, so preferencialmente as mulheres (64,2%), mais do que os homens (53%), os inquiridos que passaram a sua infncia em vilas (64%) e cidades (61,8%), mais do que aqueles que a passaram em aldeias (53,7%), assim como aqueles que residem no Grande Porto (77,8%), no Algarve (66,3%), no Norte Litoral (64,5%), Lisboa (58%), mais do que os que residem no Centro (44,1%) e no Alentejo (36,8%). Em suma, pode afirmar-se que ao longo deste estudo as opinies dos portugueses a respeito da proteco dos animais se recortaram em torno de dois grandes eixos. Por um lado, encontramos um enorme consenso a respeito de questes tais como a necessidade e a urgncia de proteco legal, e efectiva, dos animais. Por outro lado, as opinies dividem-se em relao a questes como a utilizao de animais em actividades recreativas, comrcio e experincias, seja no sentido de estar de acordo com a proibio das mesmas, seja no sentido oposto. O mesmo se verifica em relao s touradas e aos circos. tambm em relao a estes temas que encontramos as percentagens mais elevadas de inquiridos que, quando possvel, no se posicionam. Parece-nos que este , em si mesmo, um resultado a explorar, em futuros trabalhos, nomeadamente atravs da utilizao de metodologias qualitativas (v.g. entrevistas focus group) que nos permitam aproximar o nosso olhar das razes e dos contextos de construo destes modos de pensar.

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Referncias Bibliogrficas
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Anexos

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ANEXO 1 QUESTIONRIO

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ESTUDO DE OPINIO SOBRE A PROTECO DOS ANIMAIS EM PORTUGAL

QUESTIONRIO N ________________

Bom dia / tarde / noite! Sou um entrevistador de uma empresa de Estudos de Mercado, a MetrisGfK, e estamos a realizar um estudo para saber as ideias e atitudes dos portugueses em relao aos direitos dos animais em Portugal. No h respostas certas nem erradas, por isso peo-lhe que d a sua opinio em relao s perguntas que lhe vou fazer, na certeza de que tudo o que me disser totalmente confidencial. O inqurito annimo e as suas respostas sero utilizadas apenas para fins estatsticos. Agradeo-lhe desde j a ateno dispensada. OPINIES FACE PROTECO LEGAL DOS ANIMAIS P.1) Em que medida pensa que, em Portugal, os animais so protegidos pela lei? (LER AS HIPTESES DE RESPOSTA) (UMA S RESPOSTA) MUITO PROTEGIDOS ........................................................3 POUCO PROTEGIDOS ........................................................2 NADA PROTEGIDOS ..........................................................1 NS/NR ........................................................................9 P.2) Em que medida considera que as seguintes entidades deveriam ser responsveis pela proteco dos animais? (LER AS ENTIDADES UMA A UMA E REGISTAR UMA RESPOSTA PARA CADA) (RODAR AS ENTIDADES) MUITO ALGO POUCO NADA NS/NR 1. POLCIAS ....................................................... 4 ..................3.................. 2 ..................1 ................. 9 2. AUTORIDADES VETERINRIAS ............................... 4 ..................3.................. 2 ..................1 ................. 9 3. CMARAS MUNICIPAIS ....................................... 4 ..................3.................. 2 ..................1 ................. 9 4. GOVERNO ...................................................... 4 ..................3.................. 2 ..................1 ................. 9 5. ASSEMBLEIA DA REPBLICA ................................. 4 ..................3.................. 2 ..................1 ................. 9 6. INSTITUIES DE PROTECO DOS ANIMAIS ............. 4 ..................3.................. 2 ..................1 ................. 9 7. CIDADOS ..................................................... 4 ..................3.................. 2 ..................1 ................. 9 P.3) At que ponto concorda com a atribuio de mais autoridade s instituies de proteco dos animais para combater os maus-tratos, desde que estivessem preparadas para isso? (LER AS HIPTESES DE RESPOSTA) (UMA S RESPOSTA) CONCORDO TOTALMENTE ..................................................5 CONCORDO ...................................................................4 NO CONCORDO NEM DISCORDO ..........................................3 DISCORDO ....................................................................2 DISCORDO TOTALMENTE ...................................................1 NS/NR ........................................................................9 P.4) Na sua opinio, em que medida seria importante ter uma nova lei que protegesse todos os animais em Portugal? (LER AS HIPTESES DE RESPOSTA) (UMA S RESPOSTA) MUITO IMPORTANTE ........................................................4 IMPORTANTE .................................................................3 POUCO IMPORTANTE ........................................................2 NADA IMPORTANTE ..........................................................1 NS/NR ........................................................................9 P.5) Obter esta nova lei seria, em sua opinio ? (LER AS HIPTESES DE RESPOSTA) (UMA S RESPOSTA) MUITO URGENTE ............................................................4 URGENTE .....................................................................3 POUCO URGENTE ............................................................2 NADA URGENTE ..............................................................1 NS/NR ........................................................................9 P.6) Na sua opinio, o que devem fazer as Cmaras Municipais (em colaborao com o Governo e com as associaes de proteco dos animais) quanto aos animais abandonados e de rua? (LER AS HIPTESES DE RESPOSTA) (RODAR LEITURA DOS ITENS) (PODE REGISTAR MAIS DO QUE UMA RESPOSTA) CAPTUR-LOS ......................................................................... 01 MAT-LOS ............................................................................. 02 ESTERILIZ-LOS ...................................................................... 03 PROTEG-LOS NAS RUAS ............................................................ 04 PROTEG-LOS EM CANIS E GATIS ................................................... 05 ENCAMINH-LOS PARA ADOPO ................................................... 06 RESPONSABILIZAR QUEM OS ABANDONOU ........................................ 07 OUTRA (QUAL)?: ___________________________________ ..... 98 NS/ NR ................................................................................ 99

P.6 P.6

P.7) Acha que as Cmaras Municipais devem investir na esterilizao dos animais errantes (oper-los para que no tenham mais crias), para evitar que estes se reproduzam continuamente? (UMA S RESPOSTA) SIM ............................................................................1 NO ...........................................................................2 NS/ NR .......................................................................9 P.8) Na sua opinio, o que deve acontecer a quem? (LER AS ENTIDADES UMA A UMA E REGISTAR UMA RESPOSTA PARA CADA) (RODAR AS ENTIDADES) COIMA PENA DE PRISO PENA DE PRISO (MULTA) AT 1 ANO AT 4 ANOS NS/NR 1. ABANDONE UM ANIMAL............................. 1 .................... 2 .................................. 3 .. ...................... 9 2. MALTRATE UM ANIMAL ............................. 1 .................... 2 .................................. 3 ......................... 9 3. ORGANIZE LUTAS DE CES ......................... 1 .................... 2 .................................. 3 ......................... 9 4. PARTICIPE EM LUTAS DE CES .................... 1 .................... 2 .................................. 3 ......................... 9 5. UTILIZE CES COMO UMA ARMA .................. 1 .................... 2 .................................. 3 .. ...................... 9 P.9) Em que medida concorda com a proibio de cada uma das seguintes actividades? (LER AS MEDIDAS UMA A UMA E REGISTAR UMA RESPOSTA PARA CADA) (RODAR AS MEDIDAS) NS/NR 1. UTILIZAO DE ANIMAIS EM CIRCOS .........................................5................4.......................... 3 .......................2.....................1.....................9 2. USO DE POMBOS E OUTROS ANIMAIS PARA EXERCCIOS E PROVAS DE TIRO ..............................5................4.......................... 3 .......................2.....................1.....................9 3. USO DE PNEIS E OUTROS ANIMAIS EM CARROSIS DE ANIMAIS VIVOS ...............................5................4.......................... 3 .......................2.....................1.....................9
NEM DISCORDO

CONCORDO TOTALMENTE

NO CONCORDO CONCORDO DISCORDO

DISCORDO TOTALMENTE

P.10) Acha que as touradas devem ser proibidas por lei, em Portugal? (UMA S RESPOSTA) SIM ............................................................................1 NO ...........................................................................2 NS/ NR .......................................................................9 UTILIZAO DE ANIMAIS EM COMRCIO E EXPERINCIAS P.11) Em que medida concorda com a proibio de cada uma das seguintes actividades? (LER AS MEDIDAS UMA A UMA E REGISTAR UMA RESPOSTA PARA CADA) (RODAR AS MEDIDAS)
CONCORDO TOTALMENTE CONCORDO NO CONCORDO NEM DISCORDO DISCORDO DISCORDO TOTALMENTE NS/NR

1. EXPOSIO E VENDA DE ANIMAIS EM LOJAS, FEIRAS E MERCADOS ............5.................. 4 .................... 3 ..........................2.................. 1 .......................9 2. VENDA E POSSE DE ANIMAIS SELVAGENS COMO ANIMAIS DE ESTIMAO (EX: COBRAS, GUIAS) ....................5.................. 4 .................... 3 ..........................2.................. 1 .......................9 3. CRIAO E MORTE DE ANIMAIS COM O OBJECTIVO DE UTILIZAR O SEU PLO (VISONS, RAPOSAS, FOCAS, COELHOS) ....5.................. 4 .................... 3 ..........................2.................. 1 .......................9 4. VENDA DE CASACOS, ACESSRIOS E PEAS COM PLO DE ANIMAIS (EX: VISONS, RAPOSAS, FOCAS, COELHOS) .....5.................. 4 .................... 3 ..........................2.................. 1 .......................9 P.12) Acha que as experincias em animais devem ser proibidas por lei, em Portugal? (UMA S RESPOSTA) SIM ............................................................................1 NO ...........................................................................2 NS/ NR .......................................................................9 P.14 P.14

P.13) Se sim, em que casos? (LER AS HIPTESES DE RESPOSTA) (UMA S RESPOSTA) APENAS EM PRIMATAS (EX: GORILAS, CHIMPANZS E MACACOS) ....................................1 APENAS EM PRIMATAS, CES E GATOS ...................................................................2 EM TODOS OS ANIMAIS ....................................................................................3 NS/ NR ......................................................................................................9

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P.14) Concorda com a existncia de leis que protejam os animais de criao (vacas, porcos, galinhas, ovelhas, cabras, etc.) na forma como so criados, transportados e mortos? (LER AS HIPTESES DE RESPOSTA) (UMA S RESPOSTA) CONCORDO TOTALMENTE ..................................................5 CONCORDO ...................................................................4 NO CONCORDO NEM DISCORDO ..........................................3 DISCORDO ....................................................................2 DISCORDO TOTALMENTE ...................................................1 NS/ NR .......................................................................9 CIDADES ANTI-TOURADAS E LIVRE DE SOFRIMENTO NO CIRCO P.15) Gostaria que a Cmara Municipal da localidade da sua residncia declarasse esta uma localidade anti-touradas, ou seja, uma localidade onde no seja autorizada a realizao de touradas? (UMA S RESPOSTA) SIM ............................................................................1 NO ...........................................................................2 NS/ NR .......................................................................9 P.16) Gostaria que a Cmara Municipal da localidade da sua residncia declarasse esta uma localidade livre de sofrimento nos circos, ou seja, uma localidade onde no sejam autorizadas a presena e actividade de circos com animais? (UMA S RESPOSTA) SIM ............................................................................1 NO ...........................................................................2 NS/ NR .......................................................................9 P.17) Fala-se muito nos objectivos que Portugal dever alcanar nos prximos 10 anos. Se tivesse que escolher, qual dos seguintes objectivos consideraria o mais importante? E qual o segundo mais importante? (LER E REGISTAR AS DUAS RESPOSTAS DADAS) 1 ESCOLHA 2 ESCOLHA 1. MANTER A ORDEM NO PAS ............................................................ 1 ...................................................1 2. DAR AOS CIDADOS MAIOR CAPACIDADE DE PARTICIPAO NAS DECISES IMPORTANTES DO GOVERNO .......................... 2 ...................................................2 3. COMBATER O AUMENTO DOS PREOS ................................................ 3 ...................................................3 4. DEFENDER A LIBERDADE DE EXPRESSO ............................................. 4 ...................................................4 P.18) Para finalizar, importa-se de me dizer nas ltimas eleies legislativas, qual foi o partido poltico em que votou? (LER AS HIPTESES DE RESPOSTA) (UMA S RESPOSTA) PP (PARTIDO POPULAR) .......................................................................... 01 PSD (PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA) ........................................................... 02 PS (PARTIDO SOCIALISTA) ........................................................................ 03 PCP (PARTIDO COMUNISTA PORTUGUS)....................................................... 04 BE (BLOCO DE ESQUERDA)........................................................................ 05 OUTRO: ___________________________________________________ ... 06 NO FOI VOTAR ...................................................................................... 98 NS/ NR ............................................................................................... 99

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DADOS DE CARACTERIZAO

D.1) REGISTAR O SEXO MASCULINO ........................................... 1 FEMININO ............................................. 2 D.2) Diga-me por favor qual a sua idade? ________ ANOS
D.3) Importa-se de me dizer qual foi o ltimo ano escolar que concluiu? MENOS DO QUE A 4 CLASSE ...................................................................... 1 4 CLASSE ANTIGA, 6 CLASSE OU CICLO PREPARATRIO RECENTES ......................... 2 5 ANO ANTIGO OU 9 ANO UNIFICADO, 10, 11 ANO ...................................... 3 7 ANO ANTIGO, ANO PROPEDUTICO, 12 ANO RECENTE OU CURSO MDIO ............... 4 FREQUNCIA DA UNIVERSIDADE OU BACHARELATO .............................................. 5 LICENCIATURA, MESTRADO OU DOUTORAMENTO ................................................. 6 D.4) Importa-se de me dizer qual exactamente a sua ocupao ou actividade profissional actual? (INSISTIR PARA QUE A
RESPOSTA SEJA O MAIS DETALHADA POSSVEL INCLUSIVAMENTE SE A ACTIVIDADE MENCIONADA POR CONTA PRPRIA OU DE OUTRM)

______________________________________________________________________________________ CONTA PRPRIA .................... X CONTA DOUTREM ................... X D.5) Como classifica o local em que passou a maior parte da sua infncia e adolescncia, at idade adulta? (LER) (UMA S RESPOSTA) ALDEIA ........................................1 VILA ............................................2 CIDADE ........................................3
ENTREVISTADO: NOME: _______________________________________________ TELEFONE: _______________________________

D.6) Por fim, diga-me por favor, est disponvel para ser contactado(a) no mbito de reunies de grupo que podero vir a ser realizadas? SIM, EST DISPONVEL.......................1 NO EST DISPONVEL .......................2 AGRADECER E TERMINAR A ENTREVISTA D.7) REGIO: NORTE LITORAL......................................... 1 GRANDE PORTO ......................................... 2 CENTRO ................................................. 3 GRANDE LISBOA ........................................ 4 ALENTEJO ................................................ 5 ALGARVE ................................................. 6 MADEIRA ................................................. 7 AORES .................................................. 8
ENTREVISTADOR: NOME: _______________________________________________ NMERO: ________________ DATA: ___ / ___ / 2007

D.8) HABITAT: MENOS DE 2.000...................................... 1 2.000 A 9.999 ........................................ 2 10.000 A 99.999..................................... 3 100.000 E MAIS ....................................... 4 CIDADE DE LISBOA ..................................... 5 CIDADE DO PORTO..................................... 6

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ANEXO 2 TABELAS

Tabela 37.

Opinies sobre a importncia e a urgncia de uma nova lei de proteco dos animais
% que considera uma nova lei importante ou muito importante (***) 54 86,3 93,6 (n.s.) 92,0 92,4 91,5 91,4 86,4 83,3 (n.s.) 95,7 90,0 87,4 92,4 88,9 88,1 (*) 55 91,7 91,8 87,7 (n.s.) 87,2 90,8 89,1 91,6 92,1 89,1 95,8 100,0 (n.s.) 88,9 87,6 91,4 94,3 97,0 100,0 81,8 90,9 (n.s.) 87,1 90,8 91,8 % que considera uma nova lei urgente ou muito urgente (n.s.) 87,3 89,4 (n.s.) 88,6 90,8 88,0 85,8 86,7 89,7 (n.s.) 88,3 86,7 93,1 85,5 91,6 86,5 (n.s.) 89,7 91,4 85,7 (n.s.) 89,1 92,6 89,3 83,8 94,4 88,2 87,0 86,4 (n.s.) 100,0 88,5 91,7 84,8 84,4 100,0 100,0 82,2 (n.s.) 84,0 89,4 90,7

Sexo Masculino Feminino Instruo Menos do que a 4 classe 4 classe antiga, 6 classe ou ciclo preparatrio recentes 5 ano antigo ou 9 ano unificado, 10, 11 ano 7 ano antigo, ano propedutico, 12 ano recente ou curso mdio frequncia da universidade ou bacharelato licenciatura, mestrado ou doutoramento Idade 18-24 anos 25-34 anos 35-44 anos 45-54 anos 55-64 anos 65 e mais Local onde passou infncia e adolescncia Aldeia Vila Cidade Regio Norte litoral Grande porto Centro Lisboa Alentejo Algarve Madeira Aores Partido em que votou nas ltimas eleies PP (Partido Popular) PSD (Partido Social Democrata) PS (Partido Socialista) PCP (Partido Comunista Portugus) BE (Bloco de Esquerda) Outro Votou em Branco No foi votar Valores scio-polticos Materialistas Mistos Ps-Materialistas

N=1064; * p<0,05; **p<0,01; ***p<0,001 n.s.=no significativo Foram realizados testes de Qui-Quadrado, tendo em conta o total de respondentes a cada pergunta (incluindo as no respostas).

55

N=1064; 2(2) = 16,267; p<0,001; Phi=0,124 N=1064; 2(4) = 12,386; p<0,05; V de Cramer=0,076

54

75

Tabela 38.

Responsabilidade pela proteco dos animais (valores mdios)


N 1030 1041 1045 1036 1007 1040 1053 952 Mdia 2,96 3,66 3,59 3,29 3,08 3,75 3,78 Desvio Padro 1,005 0,681 0,725 0,929 1,059 0,602 0,532

Escala: 1 (Nada) a 4 (Muito) POLCIAS AUTORIDADES VETERINRIAS CMARAS MUNICIPAIS GOVERNO ASSEMBLEIA DA REPBLICA INSTITUIES DE PROTECO DOS ANIMAIS CIDADOS Valid N (listwise)

Tabela 39.

O que devem fazer as Cmaras Municipais quanto aos animais abandonados e de rua:CAPTUR-LOS, por O que devem fazer as Cmaras Municipais quanto aos animais abandonados e de rua:MAT-LOS (cruzamento)
P.6 O que devem fazer as Cmaras Municipais quanto aos animais abandonados e de rua:MAT-LOS No Sim 2,0% 12,0%

P.6 O que devem fazer as Cmaras Municipais quanto aos animais abandonados e de rua:CAPTURLOS

NO SIM

98,0% 88,0%

N=1064; 2(1) = 45,843; p<0,001; Phi=0,208

Tabela 40.

O que devem fazer as Cmaras Municipais quanto aos animais abandonados e de rua:CAPTUR-LOS, por O que devem fazer as Cmaras Municipais quanto aos animais abandonados e de rua:PROTEG-LOS EM CANIS E GATIS (cruzamento)
P.6 O que devem fazer as Cmaras Municipais quanto aos animais abandonados e de rua:PROTEGLOS EM CANIS E GATIS

NO P.6 O que devem fazer as Cmaras Municipais quanto aos animais abandonados e de rua:CAPTUR-LOS NO 37,8% SIM 9,8%

SIM 62,2% 90,2%

N=1064; 2(1) = 75,725; p<0,001; Phi=0,267

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Tabela 41.

Escala de Valores Materialistas/Ps-Materialistas, por escales etrios


Valores Materialistas/Ps-Materialistas Materialistas 18-24 ANOS 25-34 ANOS 35-44 ANOS 45-54 ANOS 55-64 ANOS 65 E MAIS 12,9% 15,0% 17,9% 23,8% 27,8% 31,5% Mistos 61,9% 65,0% 62,6% 56,4% 63,2% 63,0% PsMaterialistas 25,2% 20,0% 19,5% 19,8% 9,0% 5,5%

IDADE

N=1064; 2(10) = 55,613; p<0,001; V de Cramer=0,162

Tabela 42.

Escala de Valores Materialistas/Ps-Materialistas, por grau de instruo


Valores Materialistas/Ps-Materialistas Materialistas MENOS DO QUE A 4 CLASSE 4 CLASSE ANTIGA, 6 CLASSE OU CICLO PREPARATRIO RECENTES 5 ANO ANTIGO OU 9 ANO UNIFICADO, 10, 11 ANO 7 ANO ANTIGO, ANO PROPEDUTICO, 12 ANO RECENTE OU CURSO M FREQUNCIA DA UNIVERSIDADE OU BACHARELATO LICENCIATURA, MESTRADO OU DOUTORAMENTO 42,7% Mistos 52,0% PsMaterialistas 5,3%

29,2%

63,9%

6,9%

19,6%

62,5%

17,9%

LTIMO ANO ESCOLAR QUE CONCLUIU

14,8%

65,4%

19,8%

18,2%

57,6%

24,2%

14,3%

60,1%

25,6%

N=1064; 2(10) = 69,976; p<0,001; V de Cramer=0,181

Tabela 43.

Cidade Anti-Touradas por Proibio Legal das Touradas


Gostaria que a CM da localidade da sua residncia declarasse esta uma localidade onde no seja autorizada a realizao de touradas

SIM P.10 Acha que as touradas devem ser proibidas por lei, em Portugal SIM NO 89,9% 15,7%

NO 10,1% 84,3%

N=897; 2(1) = 496,652; p<0,001; Phi=0,744

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