Lei Maria Da Penha
Lei Maria Da Penha
Lei Maria Da Penha
3 Apresentação
61 Bibliografia consultada
62 Anexo 1 - Uma Lei com bons antecedentes
63 Anexo 2 - Íntegra da Lei Maria da Penha (11.340/2006)
2 Para Implementar a Lei Maria da Penha
APRESENTAÇÃO
Muito já foi falado e escrito sobre essa Lei. Seu conteúdo está nos livros, em
textos acadêmicos, em revistas e na Internet. Algumas destas publicações tra-
duzem não apenas o texto sob o ponto de vista legal, mas também sua essência.
Outras tratam apenas do aspecto legal, sem um olhar mais atento àquela mulher
vítima de violência, para quem a Lei foi dedicada. Estas publicações acabam
priorizando o conjunto de interpretações jurídicas, por vezes incompreensíveis.
Mas, para nós, neste momento buscar, ler e entender o sentido jurídico da Lei
já é um grande avanço.
Para que a Lei Maria da Penha seja realmente colocada em prática, precisa, antes
de mais nada, ser divulgada e comentada, o que é o início para prevenirmos a
violência contra as mulheres. O movimento de mulheres e feminista tem contri-
buído extraordinariamente para isso: cartilhas foram produzidas, entrevistas são
concedidas para televisão e rádio, as promotoras legais populares e militantes
3
feministas distribuem o material disponível ou mesmo divulgam seu conteúdo
no boca-a-boca para as vizinhas e amigas.
Conhecer sua história e suas entrelinhas e saber como incluir a Lei Maria da Penha
no ciclo orçamentário é nosso objetivo para o trabalho que ora apresentamos.
O Capítulo I traz o perfil de Maria da Penha Maia Fernandes, a mulher que se tornou
símbolo da luta contra a impunidade e deu o nome à Lei. Em seguida apresenta
uma visão geral do caminho percorrido pelas mulheres brasileiras para a conquista
de seus direitos por terras nacionais e estrangeiras.
Na linha do tempo
É caminhando
que se faz o caminho
Linha do tempo 5
Maria da Penha:
uma história de luta e transformação
Mas nada aconteceu de repente. Durante todo o tempo em que ficou casada, Maria
da Penha sofreu repetidas agressões e intimidações, sem reagir, temendo uma re-
presália ainda maior contra ela e as três filhas. Depois de ter sido quase assassinada,
por duas vezes, tomou coragem e decidiu fazer uma denúncia pública. A Justiça
condenou Heredia pela dupla tentativa de homicídio, mas graças aos sucessivos
recursos de apelação, ele conseguiu se manter em liberdade.
Marco Antonio Heredia Viveiros foi preso em 2002. Cumpriu dois anos de pena de
prisão e ganhou o regime aberto.
Criação do SOS Mulher para atendimento às vítimas de violência. O serviço, idealizado e mantido pelas organi-
zações de mulheres, começou nas cidades de São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. 1980
Criação dos primeiros Conselhos Estaduais e Municipais de Direitos da Mulher, que são espaços
no Poder Executivo onde organizações de mulheres participam para elaborar, deliberar e fiscalizar
a implementação de políticas públicas para mulheres.
1983
Assinatura, pelo Brasil, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
contra a Mulher (CEDAW), aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1979. A
Convenção é o primeiro instrumento internacional de direitos humanos voltado, especialmente,
1984
para a proteção das mulheres. Tem por objetivo promover a igualdade entre os gêneros e a não-
discriminação contra as mulheres. O artigo 1º, considera discriminação contra a mulher “toda a
distinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou
anular o reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher, independentemente de seu estado civil,
com base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e liberdades fundamentais
nos campos político, econômico, social, cultural e civil ou em qualquer outro campo”.
Criação do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM) e das delegacias especializadas no
atendimento às vítimas de violência (DEAMs), importantes políticas públicas de sensibilização e
combate à violência contra as mulheres.
1985
A atuação do CNDM e dos movimentos de mulheres e feministas
nas discussões da Assembléia Nacional Constituinte (1987-1988) foi
fundamental para garantir, na Constituição da República Federativa
1988
do Brasil de 1988, a igualdade entre os sexos, no inciso I do artigo
5º: “Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”; e a
inclusão do § 8º no artigo 226: “O Estado assegurará a assistência
à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando meca-
nismos para coibir a violência no âmbito de suas relações”.
Linha do tempo 7
1993 Participação do Brasil na Conferência Mundial de Direitos Humanos, em Viena. Esta Conferência
reconhece os direitos das mulheres e meninas como direitos humanos, e a violência contra as
mulheres como violação destes direitos.
1994 Assinatura pelo Brasil da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência
contra a Mulher (Convenção de Belém do Pará), ratificada em 1995, que define a violência contra
a mulher como “qualquer ação ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofri-
mento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado”. Além disso,
estabelece que os países devem promover políticas públicas de prevenção, punição e erradicação
dessa forma de violência.
2001 Realização da III Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e
Intolerância Correlata. Chamada de Declaração de Durban tem o objetivo de promover a igualdade
e a diversidade racial.
2002 Criação da Secretaria de Estado dos Direitos da Mulher (SEDIM) transformada, em 2003, em Secre-
taria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM). Esta é mais uma instância governamental, junto
com o CNDM, para a promoção de programas de erradicação da violência contra as mulheres.
O Estado brasileiro apresenta o seu primeiro Relatório ao Comitê CEDAW, referente ao período
de 1985-2002. Após análise, o Comitê recomendou a adoção, sem demora, de uma lei integral de
combate à violência doméstica contra as mulheres.
2003
A SPM instala o Grupo Interministerial (Decreto 5.030, de 31 de março de 2004), que utilizou como
documento-base, o estudo realizado pelo Consórcio de entidades feministas. 2004
Em julho, a I Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (I CNPM) reafirma a necessidade
da adoção de uma lei integral de prevenção e combate à violência doméstica contra as mulheres.
Em 25 de novembro do mesmo ano, por ocasião do Dia Internacional pelo Fim da Violência contra as
Mulheres, o Executivo encaminha o Projeto de Lei ao Congresso Nacional, que recebe, na Câmara
dos Deputados, o número PL 4.559/2004.
Discussão do Projeto na Câmara dos Deputados com realização de audiências públicas em vários
estados e aprovação na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF), na Comissão de Finan-
ças e Tributação (CFT), na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC). Recebe apoio e
2005
empenho da Bancada Feminina do Congresso Nacional, de parlamentares sensíveis à causa e das
Deputadas relatoras Jandira Feghali (na CSSF); Yeda Crussius (na CFT) e Iriny Lopes (na CCJC).
Linha do tempo 9
CAPÍTULO 2
Entendendo a Lei
Além disso, a Lei busca promover uma real mudança nos valores sociais,
que naturalizam a violência que ocorre nas relações domésticas e familiares,
em que os padrões de supremacia masculina e subordinação feminina, durante
séculos, foram aceitos por toda a sociedade. Neste cenário é que a Lei apresenta,
de maneira detalhada, os conceitos e as diferentes formas de violência contra a
mulher, pretendendo ser um instrumento de mudança política, jurídica e cultural.
Entendendo a Lei 11
Por que uma Lei especial
de enfrentamento à violência doméstica
e familiar contra as mulheres?
Os dados de pesquisas nacionais e internacionais indicam que as mu-
lheres são as maiores vítimas de violência dentro da própria casa. Esta
realidade, perto de nós, tem rostos, nomes e histórias de vida. Tem os
nomes de Maria da Penha, de Roseni, Sandra, Margarida e de tantas
outras mulheres.
Segundo a Sociedade No dia 2 de dezembro de 2005, João Xavier Ribeiro Filho, 50 anos, deu
Mundial de Vitimologia um tiro fatal no professor Elídio José Gonçalves e disparou mais cinco
(IVW) ligada ao governo contra a estudante e sua ex-mulher Roseni Pereira de Miranda Ribeiro,
38 anos, no estacionamento de uma universidade em Brasília. O profes-
da Holanda e a ONU, o
sor morreu e Roseni ficou com seqüelas nas cordas vocais. O advogado
Brasil é o país que mais
de João Xavier defendeu, em Júri Popular, que seu cliente agiu em le-
sofre com a violência gítima defesa da honra. O julgamento foi acompanhado por militantes
doméstica: 23% das do movimento de mulheres de Brasília. João Xavier foi condenado a 19
mulheres brasileiras anos e 4 meses de reclusão.
estão sujeitas a este tipo
de violência. Os resultados das pesquisas e os exemplos acima demonstram que a vio-
lência doméstica e familiar contra as mulheres é a tradução real do poder
e da força física masculina e da história de desigualdades culturais entre
homens e mulheres. As agressões são similares e recorrentes, estando
presentes em famílias, independentemente da raça, classe social, idade
ou da orientação sexual de seus componentes. No entanto, o impacto
maior desta violência atinge as mulheres negras e pobres. Essa é uma
violência baseada no gênero, e também de raça e classe, que discrimina
e impede as mulheres de usufruírem seus mais simples direitos.
estabelecia, como circunstância agra- Por meio desta categoria, foi possível perceber que as mulheres são
vante da pena, as agressões praticadas discriminadas na sociedade e que sofrem violência apenas por terem
contra pais, filhos, irmãos ou cônjuges. nascido mulheres. Elas seriam tidas como “frágeis e dóceis”, enquanto
No entanto, a Justiça nem sempre consi- os homens seriam “viris, fortes e provedores”. O estereótipo vem de
longa data, sendo, desde sempre, mais ou menos presente em cada
derava este artigo que, por sua vez, não
momento e comunidade.
continha a complexidade da violência
doméstica em seus diversos aspectos e Esta imposição de papéis criou uma hierarquização de poder, subor-
tipos de relações interpessoais. dinando as mulheres aos homens. A violência de gênero é uma das
expressões dessa divisão de poderes que limita, não só a vida das
mulheres, mas também a dos homens quando, por exemplo, restringe
Com a Lei 9.099/1995, que criou os sua possibilidade de manifestar seus sentimentos, através do choro,
Juizados Especiais Cíveis e Criminais, a da suavidade ou da beleza, de cuidar dos filhos e da casa.
situação se agravou mais ainda. Esta lei
considera infração de menor potencial
ofensivo os crimes com pena de até dois anos. Como a maior parte dos
crimes contra a mulher – lesão corporal leve, ameaça, injúria, calúnia –
têm pena de até dois anos, os casos passaram a ser encaminhados para
os Juizados Especiais Criminais (JECRIMs) e julgados da mesma forma
que os crimes de trânsito e brigas entre vizinhos, isto é, sem considerar
a sua complexidade e a lesão causada a integridade física e psicológica
e a dignidade das mulheres.
Entendendo a Lei 13
Em 2005, 95% das Em 2004 foi aprovada a Lei nº 10.886 que alterou o crime de lesão
entrevistadas desejavam corporal para criar a modalidade de violência doméstica. Porém a
uma Lei específica para situação pouco mudou, pois os casos de violência doméstica contra as
proteger as mulheres mulheres continuaram sendo julgados sob o manto da Lei 9.099/1995
e as medidas de prevenção e proteção não foram previstas.
da violência doméstica.
Em 2007, 54% das
Este cenário, aliado aos compromissos internacionais assumidos pelo
entrevistadas acham Estado brasileiro e as determinações da Constituição Federal, eviden-
que a Lei Maria da ciava a urgência da criação de uma lei integral de enfrentamento à
Penha é um mecanismo violência doméstica e familiar contra as mulheres.
que protege total
ou parcialmente as A Lei 11.340/2006 – Lei Maria da Penha - é a resposta para essa de-
mulheres. manda. Pode ser vista como um microssistema de direitos por criar
(Violência contra a Mulher.
mecanismos para coibir e prevenir este tipo de violência; dispor sobre
Pesquisa DataSenado 2005 e 2007, a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra as
respectivamente) Mulheres, com competência cível e criminal; além de estabelecer me-
didas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência
(artigo 1º).
A Lei 11.340/2006 diz que toda mulher tem direito “à vida, à segurança,
à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso
à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à
dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária” (artigo
3º). É bom lembrar que todos esses direitos já estavam consagrados
na Declaração Universal dos Direitos Humanos. O artigo 4º garante
que na interpretação da Lei devem ser considerados os fins sociais
a que ela se destina e as condições particulares das mulheres em
situação de risco.
Entendendo a Lei 15
Mais de um bilhão de O artigo 6º traz uma importante mudança ao considerar a violência
mulheres no mundo doméstica e familiar como violação dos direitos humanos e não mais
como um crime de menor potencial ofensivo.
(uma em cada três)
foram espancadas, Já o artigo 7º, de caráter notadamente didático, tira da invisibilidade as
forçadas a manterem diversas formas de violência doméstica. O ato de violência é mostrado
relações sexuais ou sem nenhuma artimanha, de forma nua e crua, como pode ser verificado
sofreram outro tipo de na leitura deste artigo:
abuso, quase sempre
cometido por amigo ou Art. 7º...
parente.
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda
(Relatório Está em nossas mãos.
Pare a violência contra a mulher.
sua integridade ou saúde corporal;
Anistia Internacional, 2004)
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe
cause dano emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudi-
que e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou contro-
lar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância
constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização,
exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que
lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
Calúnia (art. 138) - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime.
Assim, dizer que alguém cometeu um fato considerado crime, sem que isto tenha sido verdade é calúnia. Por exemplo:
chamar a mulher de ladra, sem ter provas. A pena para esse crime é detenção de 6 meses a 2 anos e multa.
Difamação (art. 139) - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação.
Desta forma, falar mal de alguém, dizendo que seu comportamento não é correto; ofender a reputação de alguém, com
críticas mentirosas é considerado crime de difamação. Um exemplo é dizer em público que a mulher é “safada” ou “pira-
nha”. A pena é detenção de 3 meses a 1 ano e multa.
A apuração para estes três tipos de crime só pode ser feita com autorização da própria vítima ou, em caso de menores
ou incapazes, pelos seus representantes legais.
Entendendo a Lei 17
Políticas públicas e o papel do Estado
A Lei Maria da Penha estabelece para o Estado a adoção de políticas
públicas de prevenção, assistência e repressão à violência, capazes de
promover mudanças para a superação da desigualdade entre homens
e mulheres.
Entendendo a Lei 19
III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de saúde e cen-
tros de perícia médico-legal especializados no atendimento à mulher
em situação de violência doméstica e familiar;
IV - programas e campanhas de enfrentamento da violência doméstica
e familiar;
V - centros de educação e de reabilitação para os agressores.
Para que todos os serviços sejam criados, formando uma rede integrada
entre as várias áreas e poderes (art. 8º, inciso I), são necessários recursos
financeiros devidamente previstos no planejamento governamental. Por
isso, a Lei determina que União, Distrito Federal, estados e municípios
devem promover a adaptação de seus órgãos e programas, e incluir
recursos específicos em seus orçamentos anuais (artigos 36 e 39).
No Capítulo III, a partir da Para reforçar essa determinação a Lei Maria da Penha também estabeleceu
página 40, você vai saber no artigo 40 que as obrigações previstas para o poder público não excluem
como funciona o planejamento obrigações elencadas em outras legislações. Tudo isso para a política de
governamental da União,
enfrentamento à violência doméstica e familiar se tornar realidade.
estados e municípios e como
incidir para priorizar e destinar
recursos para a implantação
dos programas elencados na Assistência social, saúde
Lei Maria da Penha. e segurança pública
Art. 9º. “A assistência à mulher em situação de violência doméstica e
familiar será prestada de forma articulada e conforme os princípios e as
diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único
de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e
políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso”.
Entendendo a Lei 21
Alguns programas assistenciais já existentes podem prestar este
atendimento. As mulheres vítimas de violência podem ser beneficia-
das pelo Bolsa Família, Fome Zero, inclusão Produtiva, entre outros
programas de enfrentamento à pobreza. Existem estados e municípios
que contam com programas assistenciais próprios.
Uma das providências é a prisão em flagrante pela autoridade po- Em quase todos os casos
licial. Esta medida deve ser tomada no caso concreto da violência, de violência, mais da
na possibilidade de que ela venha a acontecer. metade das mulheres
não pede ajuda. Somente
O artigo 11 propõe um atendimento acolhedor e humanizado pelo/a em casos considerados
policial e detalha as primeiras providências que ele/a deve tomar:
mais graves como
» garantir proteção à vítima e seus familiares;
ameaças com armas de
» comunicar imediatamente o que aconteceu ao Ministério Pú-
blico e ao Poder Judiciário, agilizando a adoção das medidas fogo e espancamento
protetivas de urgência e evitando danos ainda maiores; com marcas, cortes ou
» encaminhar a mulher ao hospital, posto de saúde ou Instituto fraturas, pouco mais da
Médico Legal, se for o caso. metade das mulheres
» quando houver risco de vida, levá-la, junto com seus depen- pede ajuda a alguém,
dentes, para um abrigo ou local seguro, antes mesmo da ordem em geral a outra mulher
do Juiz. da família - mãe, irmã ou
amiga mais próxima.
Acontece, com muita freqüência, de a mulher vítima de violência sair
(A mulher brasileira nos
apressadamente de casa, deixando seus pertences e não voltando
espaços públicos e privados.
para resgatá-los com medo de represálias. A Lei Maria da Penha veio Fundação Perseu Abramo, 2001)
garantir seu retorno ao lar, acompanhada da autoridade policial.
Caso o agressor esteja solto, a mulher não deve de forma alguma
voltar para casa desacompanhada.
Entendendo a Lei 23
É importante que A Lei determina ainda no artigo 11 que as mulheres devem ser infor-
a mulher exija que madas de seus direitos. Isso é essencial para que:
a ocorrência seja » tenham conhecimento dos serviços disponíveis;
registrada e que não » decidam sobre as medidas protetivas que podem requerer;
tenha vergonha de » decidam se irão ou não oferecer representação (confirmar a de-
núncia);
contar toda a agressão
» informem-se dos procedimentos judiciais para não perderem prazos;
sofrida. Ela também deve
» tomem atitudes ativas nas audiências;
buscar guardar as provas » resolvam se querem ou não interromper uma gravidez decorrente
do crime como, por de violência sexual.
exemplo, não se lavar em
caso de estupro, mostrar O artigo12 estabelece, de forma minuciosa, o que a autoridade policial
a roupa rasgada e as deve fazer depois de registrar a ocorrência.
marcas no seu corpo.
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a repre-
sentação a termo, se apresentada;
II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato
e de suas circunstâncias;
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apar-
tado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas
protetivas de urgência;
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida
e requisitar outros exames periciais necessários;
V - ouvir o agressor e as testemunhas;
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua
folha de antecedentes criminais, indicando a existência de mandado
de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele;
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e
ao Ministério Público.
O artigo 12 estabelece também que as mulheres não são mais obrigadas Os casos de denúncia
a procurar apenas o Instituto Médico Legal (IML) para fazer os exames pública são bem mais
de corpo de delito, podendo ir diretamente a um hospital ou Posto de raros, ocorrendo
Saúde (que tenha ou não um serviço especializado para mulheres principalmente diante
vítimas de violência). Lá, serão atendidas e examinadas, recebendo da ameaça por
o laudo médico ou o próprio prontuário do atendimento, que servirá
armas de fogo (31%),
como meio de prova, evitando, desta forma, longos deslocamentos,
espancamento com
principalmente em municípios onde não exista serviço médico legal.
É dever da autoridade policial acompanhar a vítima a estes serviços, marcas, fraturas ou
quando for evidente sua necessidade, e não apenas entregar-lhe uma cortes (21%) e ameaças
guia de encaminhamento. de espancamento à
própria mulher ou aos
filhos (19%).O órgão
Atendimento pela autoridade judicial público mais utilizado
para denúncias é a
Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas cíveis e cri- delegacia de polícia.
minais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a
mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos de Processo Penal e Processo A Delegacia da Mulher
Civil e da legislação específica relativa à criança, ao adolescente e ao é mais utilizada nos
idoso que não conflitarem com o estabelecido nesta Lei. casos de espancamento
com marcas, fraturas ou
A Lei Maria da Penha prevê novas regras para julgar os casos de cortes, mas, ainda assim,
violência doméstica e familiar, mas também determina que além dos só por 5% das mulheres.
procedimentos judiciais específicos serão aplicadas, de forma com- (A mulher brasileira nos
plementar, as normas dos Códigos de Processo Penal e Processo Civil, espaços públicos e privados.
do Estatuto da Criança e do Adolescente, Estatuto do Idoso, naquilo Fundação Perseu Abramo/2001)
que não conflitarem com esta Lei.
Entendendo a Lei 25
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher,
órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão
ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos
Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas decor-
rentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher.
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em ho-
rário noturno, conforme dispuserem as normas de organização
judiciária.
A criação dos Juizados é essencial para que a Lei seja realmente efetivada.
Neles, as mulheres vão encontrar atendimento humanizado por parte de
juiz(a), promotor(a) e defensor(a) público(a), devidamente capacitados
para resolver questão tão complexa.
Entendendo a Lei 27
64% acham que o argumentação, na área policial e judicial, para não tratar o fato com
homem que agride a a seriedade devida. A desistência ocorre, principalmente, quando a
mulher deve ser preso vítima depende financeira e emocionalmente do agressor, ou quando
(opinião de homens e teme uma represália ainda maior. Também contribui para isso o fato
de que muitas mulheres que sofrem violência e buscam a Justiça não
mulheres), 21%, que
desejam, na verdade, separar-se do marido ou companheiro ou vê-los
deve prestar trabalho
presos, mas somente interromper o ciclo de agressões.
comunitário, e 12%, que
deve doar cesta básica. A partir de agora, a situação pode mudar um pouco, já que a renúncia
(Percepção e reações da sociedade à representação por parte da vítima só será admitida perante o juiz, em
sobre a violência contra a mulher. audiência especialmente designada para este fim, antes do recebimento
Ibope/Instituto Patrícia Galvão,2006)* da denúncia e ouvido o Ministério Público. Assim, a mulher terá mais
*A pesquisa foi realizada antes da
tempo para pensar e, com as medidas protetivas de urgência assegu-
promulgação da Lei Maria da Penha
radas, poderá seguir com a denúncia até o final.
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo Quase metade das
juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida. mulheres assassinadas
§ 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de ime- são mortas pelo marido,
diato, independentemente de audiência das partes e de manifestação namorado atual ou ex.
do Ministério Público, devendo este ser prontamente comunicado.
(Informe Mundial sobre Violência
§ 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou
e Saúde. OMS, 2002)
cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo por
outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei
forem ameaçados ou violados.
§ 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido
da ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgência ou rever
aquelas já concedidas, se entender necessário à proteção da ofendida,
de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público.
Aqui temos mais uma inovação da Lei Maria da Penha para atender
as reivindicações das mulheres que viveram ou estão vivendo uma
situação de violência.
Entendendo a Lei 29
As medidas protetivas de urgência são ações necessárias contra as
conseqüências da violência e para evitar prejuízos iminentes. Para
tanto oferece condições à vítima de prosseguir com a demanda judicial,
de permanecer em seu lar, de exercer o direito de ir e vir, de continuar
trabalhando. Estas medidas podem ser requeridas pela própria mulher
ofendida, diretamente na Delegacia, ou pelo Ministério Público. O juiz, ao
receber o pedido de medidas protetivas de urgência encaminhado pelo/a
delegada/o, vai examiná-lo e resolver sobre o caso no prazo de 48 horas,
determinando, se necessário, o encaminhamento da ofendida à assistência
judiciária e comunicando o fato ao Ministério Público. Pode também
conceder as medidas imediatamente, sem precisar ouvir as partes em
audiência pública ou esperar a manifestação do Ministério Público. Mas
o Ministério Público deverá ser prontamente comunicado.
Existem várias medidas protetivas de urgência que não são fixas e nem
têm um prazo certo. O juiz pode aplicar uma ou mais medidas de uma
só vez; pode mudá-las, suspendê-las ou acrescentar outras que não estão
elencadas nesta Lei. Para que sejam aplicadas novas medidas, é necessário
que a mulher ofendida ou o Ministério Público solicite ao juiz. O Minis-
tério Público também deve ser ouvido no caso de alguma mudança.
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais relativos ao
agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem
prejuízo da intimação do advogado constituído ou do defensor público.
Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intimação ou no-
tificação ao agressor.
Entendendo a Lei 31
A Lei 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) trata de registro, posse
e comercialização de armas de fogo e munição; do Sistema Nacional de
Armas (SINARM); define crimes e dá outras providências. A posse de
armas está regulamentada no artigo 5º e consiste na autorização que o
proprietário da arma possui para mantê-la exclusivamente no interior
de sua residência ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele
o titular ou o responsável legal pela empresa.
Além das medidas estabelecidas nesta Lei, o juiz pode aplicar outras
previstas na legislação em vigor, sempre que a mulher agredida neces-
site, para sua segurança ou de sua família. A aplicação ou mudança das
medidas de segurança deve ser comunicada ao Ministério Público.
mais graves já foram cometidos (tentativa de homicídio, queimaduras, Ibope/Instituto Patrícia Galvão, 2006)
sexo forçado), sem ter que sacrificar sua rotina de vida e a relação com
filhos, parentes e amigos. Os programas oficiais ou comunitários de pro-
teção e atendimento incluem as casas-abrigo, o Programa de Proteção a
Vítimas e Testemunhas Ameaçadas (Provita), os Centros de Referências
e outros existentes no Estado ou município onde a mulher resida.
Devem ser criadas condições para que seja exceção a ida da mulher
para uma casa-abrigo ou mesmo para a casa de algum parente em outra
cidade. Daí a importância do afastamento do agressor e da aplicação das
medidas que asseguram a permanência da mulher em seu lar. E mesmo
que a mulher precise se afastar da residência deverão ser garantidos os
direitos relativos aos bens, aos alimentos e à guarda dos filhos.
Entendendo a Lei 33
compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa
autorização judicial;
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por
perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica
e familiar contra a ofendida.
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os
fins previstos nos incisos II e III deste artigo.
Entendendo a Lei 35
A presença de advogado/a é importante não só para fazer uma de-
fesa qualificada, como para dar a mulher a sensação de segurança e
tranqüilidade. Ela tem direito de ser acompanhada por um advogado/a
tanto na Delegacia quanto no Juizado de Violência Doméstica. A Lei
apresenta uma exceção no artigo 19, quando permite a mulher solicitar
as medidas protetivas de urgência, mesmo sem estar acompanhada de
um/a advogado/a.
2. Agravamento da pena
O artigo 61 do Código Penal estabelece as circunstâncias que agravam
3. Aumento da pena
O artigo 44 altera o § 9º do artigo 129 do Código Penal, que trata
da lesão corporal na modalidade de violência doméstica, para au-
mentar a pena.
Entendendo a Lei 37
O artigo 152 da Lei de Execução Penal permite que sejam ministrados
ao condenado cursos e palestras, ou atribuídas atividades educativas
durante o tempo que permanecer na instituição – indicada pelo juiz
para cumprir a pena restritiva de direito de limitação de fim de semana.
Este tipo de pena consiste na obrigação do agressor de permanecer, aos
sábados e domingos, por cinco horas diárias, em casa de albergado ou
outro estabelecimento adequado.
Entendendo a Lei 39
CAPÍTULO 3
Na prática, porém, a União tem mais poder por deter a maior parte da
receita orçamentária e ter competência para legislar sobre a grande
maioria das matérias. Em 2005, por exemplo, a receita dos três entes
foi de R$ 1.602,7 bilhões, sendo que 72,45% pertence a União, 17,20%
aos 26 Estados e 10,35% aos 5.565 municípios. Já a distribuição de
responsabilidades na prestação dos serviços à população não costuma
acontecer na mesma escala da distribuição dos recursos, o que gera
fortes tensões no pacto federativo.
Nível
Executivo Legislativo Judiciário
de Governo
Governo
Assembléia Legislativa, Tribunal e Juízes dos Estados.
do Estado
Estadual onde atuam os/as No Distrito Federal, este Poder é organizado
(Governador/a
Deputados/as Estaduais. e mantido pela União.
do Estado)
Há correspondência entre o
período do ciclo orçamentário
da União, dos estados e do
PPA LDO LOA
Distrito Federal. O próximo
2008/2011 2008 2008
ciclo, por exemplo, tem início
com a elaboração do PPA em
2007 e valerá de 2008 a 2011.
2009 2009
Nos municípios, esse período
é diferente, devido às eleições
municipais. O próximo PPA
2010 2010
dos municípios será elaborado
em 2009 e valerá de 2010
a 2013. 2011 2011
31 de agosto
31 de agosto
do primeiro 15 de abril de
ELABORAÇÃO Executivo Executivo de todos Executivo
ano de todos os anos.
os anos
mandato.
Durante os
últimos 3 Ministérios,
Ministérios, Durante a Ministérios, 1o de janeiro
anos de um secretarias
secretarias e elaboração secretarias e a 31 de
EXECUÇÃO governo e o e outros
outros órgãos da LOA e o outros órgãos dezembro do
primeiro ano órgãos do
do Executivo. ano seguinte. do Executivo. ano seguinte.
do governo Executivo.
seguinte.
Os prazos são semelhantes nos estados e nos municípios, com algumas variações de data, conforme determinam a Constituição Estadual e
o Regimento Interno da Assembléia Legislativa ou a Lei Orgânica do Município e o Regimento Interno da Câmara Municipal.
Fonte: O orçamento ao seu alcance. Inesc, 2006. (atualizado)
A Constituição Federal define, ainda, que é no PPA que devem ser estabe-
lecidos os objetivos e metas da administração pública (federal, estadual
ou municipal) para cada ano de gestão. Nenhum investimento, que a
execução ultrapasse um exercício financeiro, poderá ser iniciado sem
sua prévia inclusão no Plano ou sem uma lei que autorize esta inclusão.
Em resumo, não há como acrescentar programas e ações na Lei de Di-
retrizes ou na Lei Orçamentária que não estejam previstos no PPA.
Objetivo: prevenir e combater, de forma sistemática, as diferentes formas de violência contras as mulheres (física, sexual,
doméstica, psicológica e violência simbólica), e dar suporte àquelas em situação de violência ou risco.
Indicador: coeficientes de DEAMs, Taxas de Estados com Conselhos, Grau de Evolução de Violência.
Atividades:
Ação Título
6243 Capacitação de profissionais de instituições públicas atuantes no combate à violência contra as mulheres.
0790 Apoio a abrigos para mulheres em situação de risco.
0911 Apoio a serviços especializados no atendimento às mulheres em situação de risco.
Apoiar a promoção Artigos 8º, inciso Poder Executivo Produto: pesquisas, O objetivo é a sistematização de dados
de estudos, II, e 38 (Federal, estudos e estatísticas a serem unificados nacionalmente, e a
pesquisas e dados Estadual, sobre violência e sis- avaliação periódica dos resultados das
estatísticos em Distrito Federal tematização de dados medidas adotadas.
relação às causas, e Municipal), referentes às causas e
às conseqüências Ministério conseqüências da vio-
e à freqüência da Publico, Poder lência contra a mulher
violência doméstica Judiciário. realizados.
e familiar contra Meta: X pesquisas,
a mulher, com a estudos e dados esta-
perspectiva de raça tísticos produzidos.
ou etnia.
Apoiar e realizar Artigos 35, inciso Poder Executivo Produto: campanhas, Os municípios e estados poderão esta-
campanhas e IV, e 8º, incisos V (Federal, projetos educativos e belecer parcerias com organizações da
projetos educativos e VIII Estadual, difusão da lei reali- sociedade civil e com o Governo Federal
e culturais de Distrito Federal zados. através de convênios com a SPM, SEDH
prevenção à e Municipal) Meta: X campanhas, e Ministérios da Cultura e da Educação.
violência doméstica projetos educativos e
e familiar contra difusão da lei reali-
a mulher, para o zados.
público escolar, e
difusão da lei.
Apoiar e realizar Artigos 35, inciso Poder Executivo Produto: campanhas, Idem ao anterior
campanhas e IV, e 8º, inciso V (Federal, projetos educativos e
projetos educativos Estadual, difusão da lei reali-
e culturais de Distrito Federal zados.
prevenção à e Municipal) Meta: X campanhas,
violência doméstica Poder Judiciário, projetos educativos e
e familiar contra Ministério difusão da lei reali-
a mulher, para a Público e zados.
sociedade em geral, Defensoria
e difusão da lei. Pública.
Implantar e manter, Artigos 8º, inciso Poder Executivo Produto: Sistema Na- Ao Ministério Público de cada Estado
no Sistema Nacional II, 26, inciso III, e Federal, cional de Estatística cabe cadastrar os casos de violência que
de Estatística, de 38, caput e pará- Ministério implantado e atualiza- atender. De acordo com o § único do artigo
Segurança Pública grafo único Público e Poder do (Banco de Dados). 38, as Secretarias de Segurança Pública
e Justiça Criminal, Judiciário Informações estaduais dos Estados e do Distrito Federal poderão
informações sobre a mantidas e atualizadas remeter as informações criminais para a
violência doméstica no Sistema Nacional. base de dados do Ministério da Justiça.
e familiar contra a Meta: X % das ocor- A Recomendação nº 09 do CNJ (ver
mulher. rências de violência p.51) também remete essa ação para o
contra as mulheres ca- Poder Judiciário. É importante que todos
dastradas no Sistema os dados produzidos sejam enviados ao
Nacional. Sistema Nacional.
Capacitar agentes Artigo 8º, inciso Poder Executivo Produto: polícias ci- Os estados e municípios poderão estabe-
públicos em direitos VII (Estadual, vil e militar, guarda lecer parcerias com o Executivo Federal
humanos, gênero, Distrito Federal municipal, corpo de através de convênios.
raça e etnia e Municipal), bombeiros, magistra- A Recomendação nº 09 do CNJ também
Poder Judiciário, dos/as, promotores/ estabelece a promoção de cursos de ca-
Ministério as, defensores público pacitação em direitos humanos/violência
Público e e profissionais da área de gênero, para operadores do Direito,
Defensoria de saúde, assistên- em especial magistrados.
Pública cia social, educação,
trabalho e habitação
capacitados.
Meta: X agentes públi-
cos capacitados per-
manentemente.
Apoiar e criar Artigo 35, inciso I Poder Executivo Produto: centros de Nos municípios, a criação dos centros
centros de (Estadual, atendimento integral e de atendimento poderá ser apoiada pelo
atendimento integral Distrito Federal multidisciplinar apoia- Poder Executivo Estadual e/ou Federal.
e multidisciplinar e Municipal) dos e implantados.
para mulheres e Meta: X centros de
seus dependentes atendimento integral
(centros de implantados.
referência)
Apoiar a criação Artigo 35, inciso Poder Executivo Produto: casas-abrigo O Poder Executivo Federal e Estadual
de casas-abrigo II (Distrito Federal apoiadas e implanta- poderá apoiar a criação de casas-abrigo
para mulheres e e Municipal) das. nos municípios e no Distrito Federal
seus dependentes Meta: X casas-abrigo (Executivo Federal), mediante convênio.
menores em situação implantadas. A Lei Complementar nº 119/2005 incluiu
de risco a manutenção de casas-abrigo entre os
serviços a serem financiados pelo Fundo
Penitenciário Nacional (FUNPEN).
Apoiar e criar Artigos 35, inciso Defensorias Produto: núcleos de Com a Emenda Constitucional nº
núcleos de III, e 28 Públicas defensoria pública es- 45/2004, a Defensoria Pública ganhou
defensoria pública (Estadual e pecializados apoiados autonomia funcional e administrativa,
especializados do Distrito e implantados. podendo elaborar sua proposta orça-
no atendimento Federal) Meta: X núcleos de mentária.
às mulheres defensorias públicas O Poder Executivo da União pode apoiar
em situação de implantados. a criação deste serviço, por meio de
violência doméstica convênios com a Secretaria Especial
e familiar de Políticas para as Mulheres (SPM),
o Ministério da Justiça e a Secretaria
Especial de Direitos Humanos (SEDH).
Apoiar e criar Artigos 35, inciso Poder Produto: delegacias da O Poder Executivo da União pode
delegacias III, e 8º, inciso Executivo mulher/DEAMs e /ou apoiar a criação e manutenção desses
especializadas IV (Estadual e sessões especializa- serviços, por meio de convênios com
de atendimento à do Distrito das para atendimento a SPM, Secretaria Nacional de Justiça
mulher e/ou sessões Federal) à mulher criadas e (SNJ) e Secretaria Nacional de Segu-
especializadas reaparelhadas. rança Pública (Senasp), vinculadas ao
Meta: X delegacias Ministério da Justiça.
implantadas.
Apoiar e criar Artigo 35, Poder Produto: centros de O Poder Executivo da União pode
centros de inciso V Executivo educação e de reabili- apoiar a criação e manutenção desses
educação e de (Estadual, tação para agressores serviços, por meio de convênios com
reabilitação para Distrito Federal apoiados e implan- a SPM e o Ministério da Justiça. De
agressores e Municipal) tados. acordo com o artigo 45 da Lei Maria
Meta: X centros de da Penha, o juiz, após a condenação,
educação e reabilita- poderá determinar o comparecimento
ção implantados obrigatório do agressor a programas de
recuperação e reeducação.
Apoiar e criar Artigos 25, 26 Ministério Produto: curadorias A Lei Maria da Penha atribuiu ao Minis-
curadorias e 34 Público (promotorias especia- tério Público um papel muito importante,
(promotorias lizadas) apoiadas e por isso é necessário que esta instituição
especializadas) implantadas tenha promotores/as e instâncias espe-
para atuar junto Meta: X curadorias cializadas na temática da violência.
aos Juizados de (promotorias especia-
Violência Doméstica lizadas) implantadas
e Familiar contra a
Mulher
Criar o serviço de Artigos 28 e 34 Defensorias Produto: assistência O direito à assistência jurídica gratuita
assistência jurídica Públicas jurídica apoiada e im- é assegurado pela Constituição Federal
em sede policial e (Estadual e plantada. e deve ser prestado pela Defensoria
judicial do Distrito Meta: X serviços de Pública. Os núcleos de prática jurídica
Federal) assistência jurídica universitários e organizações não gover-
implantados. namentais também podem prestar esse
tipo de serviço.
Apoiar e criar Artigos 14 e 39 Poder Judiciário Produto: Juizados de No Distrito Federal, os Juizados serão
os Juizados de (Estados e Violência Doméstica e criados pela União, a quem o Poder
Violência Doméstica Distrito Federal) Familiar implantados. Judiciário está vinculado.
e Familiar contra a Meta: X serviços im- O Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
Mulher (nas capitais plantados. editou a Recomendação n° 09 de
e no interior) 08/03/2007, que estabelece as medidas
a serem adotadas pelos Tribunais de
Justiça dos Estados e Distrito Federal,
para a implementação da Lei Maria da
Penha. A implantação dos Juizados é
uma delas.
Apoiar a estruturação Artigos 29 e 32 Poder Judiciário Produto: equipes mul- Idem ao anterior
da equipe de (Estados e tidisciplinares criadas
atendimento Distrito Federal) e capacitadas
multidisciplinar Meta: X equipes estru-
(serviço auxiliar turadas
dos Juizados de
Violência)
Apoiar serviços de Artigos 9º, § 3°, e Poder Executivo Produto: serviços de Os serviços públicos de Saúde, As-
saúde especializados 35, inciso III (Estadual, saúde especializados sistência Social e Segurança Pública
no atendimento à Distrito Federal instalados serão prestados, de forma articulada, às
mulher vítima de e Municipal) Meta: X serviços ins- mulheres vitimas de violência.
violência doméstica e talados O Executivo Federal, por meio do Minis-
familiar. tério da Saúde, poderá apoiar a criação
desses serviços.
Apoiar centros de Artigos 9º e 35, Poder Executivo Produto: centros de Em geral, os centros de perícia estão
perícia médico-legal inciso III (Estadual e do perícia médico-legal ligados às Secretarias de Segurança
especializados Distrito Federal) especializados no Pública dos Estados.
no atendimento à atendimento à mulher
mulher vítima de vítima de violência ins-
violência talados
Meta: X serviços im-
plantados
Obs: As metas foram quantificadas pelo número de serviços apoiados. Podem, também, ser quantificadas pelo número de mulheres (público-alvo)
atendidas nos serviços implantados.
Quadro VII – Programa de Prevenção e Combate à Violência contra as Mulheres (LDO, 2006)
Desafio 9: Promover a redução das desigualdades de gênero, com ênfase na valorização das diferentes identidades
Prioridade / Meta
É uma lei de caráter autorizativo, quer dizer, o Poder Executivo não tem
obrigação de cumpri-la da forma que foi aprovada, podendo modificá-
la no decorrer do ano.
Quadro VIII – Programa de Prevenção e Combate à Violência contra as Mulheres (execução 2006)
Para que o Presidente da A sociedade civil pode e deve monitorar, avaliar e controlar a execução
República, governadores e dos recursos, evitando o descumprimento da Lei Orçamentária, o des-
prefeitos afirmem que em perdício e o desvio de dinheiro para outra finalidade que não a planejada.
sua gestão o enfrentamento à É o que chamamos de controle social, um direito do/a cidadão/ã no
violência contra as mulheres
sentido de influenciar as decisões e tornar o processo de gestão pública
é política prioritária e que
mais transparente.
estão implementando a
Lei 11.340/06, precisam
apresentar programas e ações O Controle social pode ser feito por meio do monitoramneto e da ava-
específicas, destinar recursos liação das políticas. O monitoramento e a avaliação caminham juntos.
e executá-los. Monitoramento é o acompanhamento do processo de execução das
ações governamentais, em que a sociedade busca informações para
identificar e corrigir problemas, de forma a promover decisões junto
ao Poder Público. A avaliação remete ao processo de levantamento e
análise sistemática das informações sobre características, processos
e impactos das soluções implementadas pelos governos, levando em
conta critérios de eficiência, eficácia e efetividade.
CORTÊS, Iaris Ramalho; RODRIGUES, Almira (Orgs.). Os direitos das mulheres na legislação
brasileira pós-constituinte. Centro Feminista de Estudos e Assessoria – CFEMEA. Brasília: Letras
Livres, 2006.
DIAS, Maria Berenice. A lei Maria da Penha na justiça: A efetividade da Lei 11.340/2006 de combate
à violência contra a mulher. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007.
MATOS, Myllena Calasans de. “Advocacy por uma lei integral de enfrentamento à violência
doméstica e familiar contra as mulheres”. Artigo apresentado no Seminário “Validación del modelo
de leys y políticas sobre violência intrafamiliar contra las mujeres”, promovido pela OPAS, 6-8 de
setembro de 2005, Washington D.C, mimeo.
SOUZA, Sergio Ricardo de. Comentários à Lei de Combate à Violência contra a Mulher: Lei Maria
da Penha 11.340/2006. Curitiba: Juruá, 2007.
Bibliografia consultada 61
ANEXO 1
UMA LEI COM BONS ANTECEDENTES
Nos últimos cinco anos, o combate à violência contra as mulheres ganhou destaque na agenda do Congresso Nacional, com a
aprovação de novas leis e alteração de artigos e parágrafos de leis em vigor.
Lei 10.224, de maio de 2001 A inobservância pelos profissionais de saúde ao que a Lei
Altera o Código Penal para acrescentar o Art. 216-A, que determina constitui infração da legislação sanitária, sem
trata do crime de assédio sexual: “Constranger alguém prejuízo das sanções penais cabíveis.
com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual,
prevalecendo-se o agente da sua condição de superior Coube ao Ministério da Saúde regulamentar e implementar a
hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de lei. A ficha de notificação foi elaborada, testada e está sendo
emprego, cargo ou função”. A pena de detenção vai de 1 (um) utilizada em alguns municípios.
a 2 (dois) anos.
Lei nº 10.886, de 17 de junho de 2004
Lei nº 10.455, de 13 de maio de 2002 Acrescenta parágrafos ao Art. 129 do Código Penal, criando
Modifica o parágrafo único do Art. 69 (sobre o procedimento o item “Violência Doméstica”: O § 9 diz: “Se a lesão for
da autoridade policial ao tomar conhecimento da ocorrência) praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou
da Lei no 9.099/1995, que criou os Juizados Especiais companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou,
Cíveis e Criminais, estabelecendo que em caso de violência ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de
doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, coabitação ou de hospitalidade”. Pena: 6 meses a 1 ano.
o afastamento do agressor do lar, domicílio ou local de
convivência com a vítima. Lei nº 11.106, de 28 de março de 2005
Altera ou modifica alguns artigos do Código Penal, que tratam dos
Lei nº 10.714, de 13 de agosto de 2003 crimes contra os costumes (delitos sexuais), retirando a expressão
Autoriza o Poder Executivo a disponibilizar, em âmbito discriminatória “mulher honesta”. Revoga os incisos que permitiam
nacional, um número telefônico para atender denúncias de a extinção da punibilidade nos crimes contra os costumes quando
violência contra a mulher. A Secretaria Especial de Políticas a vítima se casasse com o agente (agressor) ou com terceiro, e,
para as Mulheres (SPM) criou a Central de Atendimento à ainda, os crimes de adultério, sedução e rapto.
Mulher - Ligue 180. Funciona 24 horas por dia, de segunda à
domingo, inclusive feriados, com ligação gratuita. Reconhece o estupro marital, ao estabelecer que quando os crimes
sexuais forem praticados por “ascendente, padrasto ou madrasta,
Lei nº 10.778, de 24 de novembro de 2003 tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou
“Estabelece a notificação compulsória, no território nacional, empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade
do caso de violência contra a mulher que for atendida em sobre ela” a pena pode ser acrescida da metade.
serviços de saúde públicos ou privados”.
Acrescenta o Art. 231-A, sobre o crime de tráfico interno
Conceitua a violência contra a mulher como sendo “qualquer de pessoas: “Promover, intermediar ou facilitar, no território
ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano nacional, o recrutamento, o transporte, a transferência, o
ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no alojamento ou o acolhimento da pessoa que venha exercer a
âmbito público como no privado”. prostituição”. A pena vai de três a oito anos de prisão, além
do pagamento de multa.
A notificação tem caráter sigiloso e a identificação da vítima de
violência, fora do âmbito dos serviços de saúde, só poderá ser Lei Complementar nº 119, de 19 de outubro de 2005
feita “em caráter excepcional, em caso de risco à comunidade Acrescenta inciso XIV ao Art. 3º da Lei Complementar nº 79/1994,
ou à própria vítima, a juízo da autoridade sanitária e com que cria o Fundo Penitenciário Nacional/Funpen, para incluir a
conhecimento prévio da vítima ou do seu responsável”. manutenção das casas-abrigos para mulheres vítimas de violência.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Anexos 63
desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas IV - a implementação de atendimento policial especializado
ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante para as mulheres, em particular nas Delegacias de
ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, Atendimento à Mulher;
isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, V - a promoção e a realização de campanhas educativas
insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação de prevenção da violência doméstica e familiar contra
do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause a mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade
prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a proteção aos direitos humanos das mulheres;
constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos
sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou outros instrumentos de promoção de parceria entre
ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, órgãos governamentais ou entre estes e entidades não-
de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar governamentais, tendo por objetivo a implementação
qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, de programas de erradicação da violência doméstica e
à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, familiar contra a mulher;
chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar,
o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas
que configure retenção, subtração, destruição parcial ou enunciados no inciso I quanto às questões de gênero e
total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos de raça ou etnia;
pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, VIII- a promoção de programas educacionais que disseminem
incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça
configure calúnia, difamação ou injúria. ou etnia;
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de
ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos,
TÍTULO III - DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE à eqüidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR da violência doméstica e familiar contra a mulher.
Anexos 65
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as qualquer meio de comunicação;
medidas protetivas de urgência; c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de integridade física e psicológica da ofendida;
assistência judiciária, quando for o caso; IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes
III - comunicar ao Ministério Público para que adote as menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar
providências cabíveis. ou serviço similar;
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público § 1 o As medidas referidas neste artigo não impedem
ou a pedido da ofendida. a aplicação de outras previstas na legislação em
§ 1o As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as
de imediato, independentemente de audiência das partes circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser
e de manifestação do Ministério Público, devendo este ser comunicada ao Ministério Público.
prontamente comunicado. § 2o Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o
§ 2o As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada agressor nas condições mencionadas no caput e incisos
ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003,
tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos o juiz comunicará ao respectivo órgão, corporação ou
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados. instituição as medidas protetivas de urgência concedidas
§ 3o Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a e determinará a restrição do porte de armas, ficando
pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas o superior imediato do agressor responsável pelo
de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender cumprimento da determinação judicial, sob pena de
necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobediência,
de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público. conforme o caso.
Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução § 3o Para garantir a efetividade das medidas protetivas de
criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento,
pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou auxílio da força policial.
mediante representação da autoridade policial. § 4o Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, couber, o disposto no caput e nos §§ 5o e 6º do art.
no curso do processo, verificar a falta de motivo para que 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código
subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem de Processo Civil).
razões que a justifiquem. Seção III - Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de
relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao outras medidas:
ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa
do advogado constituído ou do defensor público. oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento;
Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intimação ou II - determinar a recondução da ofendida e a de seus
notificação ao agressor. dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento
Seção II - Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam do agressor;
o Agressor III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;
contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, IV - determinar a separação de corpos.
de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade
as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras: conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher,
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes
comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei no medidas, entre outras:
10.826, de 22 de dezembro de 2003; I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com à ofendida;
a ofendida; II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: de compra, venda e locação de propriedade em comum,
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das salvo expressa autorização judicial;
testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao
estes e o agressor; agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial,
Anexos 67
Parágrafo único. O requisito da pré-constituição poderá 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa
ser dispensado pelo juiz quando entender que não há a vigorar com a seguinte redação:
outra entidade com representatividade adequada para o “Art. 61. ..................................................
ajuizamento da demanda coletiva. .................................................................
Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e familiar II - ............................................................
contra a mulher serão incluídas nas bases de dados dos .................................................................
órgãos oficiais do Sistema de Justiça e Segurança a fim f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações
de subsidiar o sistema nacional de dados e informações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com
relativo às mulheres. violência contra a mulher na forma da lei específica;
Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Pública dos ........................................................... ” (NR)
Estados e do Distrito Federal poderão remeter suas Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
informações criminais para a base de dados do Ministério de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes
da Justiça. alterações:
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, “Art. 129. ..................................................
no limite de suas competências e nos termos das ..................................................................
respectivas leis de diretrizes orçamentárias, poderão § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente,
estabelecer dotações orçamentárias específicas, em cada irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou
exercício financeiro, para a implementação das medidas tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das
estabelecidas nesta Lei. relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:
Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem outras Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
decorrentes dos princípios por ela adotados. ..................................................................
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica § 11. Na hipótese do § 9 deste artigo, a pena será aumentada
e familiar contra a mulher, independentemente da de um terço se o crime for cometido contra pessoa
pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de portadora de deficiência.” (NR)
setembro de 1995. Art. 45. O art. 152 da Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984
Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro (Lei de Execução Penal), passa a vigorar com a seguinte
de 1941 (Código de Processo Penal), passa a vigorar redação:
acrescido do seguinte inciso IV: “Art. 152. ...................................................
“Art. 313. ................................................. Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica contra
................................................................ a mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento
IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra obrigatório do agressor a programas de recuperação e
a mulher, nos termos da lei específica, para garantir a reeducação.” (NR)
execução das medidas protetivas de urgência.” (NR) Art. 46. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias após
Art. 43. A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei no sua publicação.