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Principios e Regras

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A normatividade dos princpios constitucionais

A dogmtica moderna avaliza o entendimento de que as normas jurdicas, em geral, e as normas constitucionais, em particular, podem ser enquadradas em duas categorias diversas:

As normas-princpios e as normas-disposio. As normas-disposio, tambm referidas como regras, tm eficcia restrita s situaes especficas as quais se dirigem. J as normasprincpio, ou simplesmente princpios, tm, normalmente, maior teor de abstrao e uma finalidade mais destacada dentro do sistema.

E qual seria a diferena entre regras e princpios? A resposta no simples, mas com a ajuda de doutrinadores podemos chegar a uma distino satisfatria. Para CANOTILHO, saber como distinguir, no mbito do conceito norma, entre regras e princpios, uma tarefa particularmente complexa, podendo, porm, ser utilizado os seguintes critrios por ele sugeridos:

a) O grau de abstrao: os princpios so normas com um grau de abstrao relativamente elevado; de modo diverso, as regras possuem uma abstrao relativamente reduzida. b) Grau de determinabilidade na aplicao do caso concreto: os princpios, por serem vagos e indeterminados, carecem de mediaes concretizadoras (do legislador? do juiz?), enquanto as regras so susceptveis de aplicao direta. c) Carter de fundamentalidade no sistema de fontes de direito: os princpios so normas de natureza ou com um papel fundamental no ordenamento jurdico devido sua posio hierrquica no sistema das fontes (ex: princpios constitucionais) ou sua importncia estruturante dentro do sistema jurdico (ex: princpio do Estado de Direito).

d) Proximidade da idia de direito`: os princpios so Standards` juridicamente vinculantes radicados nas exigncias de justia` (DWORKIN) ou na idia de direito` (LARENZ); as regras podem ser normas vinculantes com um contedo meramente formal. e) Natureza normogentica: os princpios so fundamento de regras, isto , so normas que esto na base ou constituem a ratio de regras jurdicas, desempenhando, por isso, uma funo normogentica fundamentante.

Em outras palavras: a) as regras descrevem uma situao jurdica, ou melhor, vinculam fatos hipotticos especficos, que, preenchidos os pressupostos por ela descrito, exigem, probem ou permitem algo em termos definitivos;

b) os princpios, por sua vez, expressam um valor ou uma diretriz, sem descrever uma situao jurdica, nem se reportar a um fato particular, exigindo, porm, a realizao de algo, da melhor maneira possvel, observadas as possibilidades fticas e jurdicas. Possuem um maior grau de abstrao e, portanto, irradiam-se por diferentes partes do sistemas, informando a compreenso das regras, dando unidade e harmonia ao sistema normativo;

Como se observa, a diferena entre os princpios e as regras so quantitativas e qualitativas.

Pode-se dizer, assim, que as regras so concrees dos princpios, e estes so mandamentos de otimizao das regras. Afinal, por trs de toda regra h um princpio que a fundamenta. a natureza normogentica dos princpios. Importante salientar que tanto as regras quanto os princpios so necessrios composio do sistema jurdico. Assim , os princpios, ao lado das regras, so normas jurdicas. E mais: os princpios, cuja ambincia natural a Constituio, so normas jurdicas com um grau mximo de juridicidade, cuja normatividade , por conseguinte, potencializada.

Segundo Robert Alexy os princpios e as regras podem ser diferenciados pelo critrio da dimenso, que por sua vez subdivide-se em dimenso de validade e dimenso de importncia. Enquanto os princpios e as regras possuem dimenso de validade, apenas os princpios possuem dimenso da importncia. No campo da validade todas as normas do ordenamento jurdico podem entrar em conflito, ou seja, pode haver conflito entre princpios, entre regras ou at entre regras e princpios. Assim, sob a dimenso de validade, havendo conflito umas das normas dever ser invalidada.

J no campo da dimenso da importncia h conflito apenas entre os Princpios, e neste caso no se invalida um dos princpios, pois parte-se do pressuposto de que os todos os princpios so validos, portanto no h antinomia entre eles, mas sim uma coliso no campo da importncia, o que ser solucionado pelo juzo de ponderao aplicado a cada caso em concreto, isto , o juiz verificar qual princpio tem mais valor, mais importncia para determinado caso real.

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