Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Língua Portuguesa Solução para Dez Desafios Do Professor

Fazer download em pptx, pdf ou txt
Fazer download em pptx, pdf ou txt
Você está na página 1de 87

Sobre a srie

Todo contedo apresentado de forma a facilitar a leitura,


com um projeto grfico atraente, repleto de ilustraes,
fotos, quadros e destaques. A linguagem direta, elaborada
como se fosse um dilogo para auxili-lo a atender as
necessidades de seus alunos. Alm disso, uma comunidade
de prtica na internet (www.comunidadespraticas.com.br)
trar recursos multimdia (fotos, vdeos, animaes, jogos)
e propostas pedaggicas adicionais (planos de aula,
atividades, estudos de caso) relacionados aos temas
abordados nos livros. Desse modo, voc ter um ambiente
on-line exclusivo para trocar ideias e compartilhar suas
experincias com professores de todo o Brasil.

Apresentao
Os captulos 1, 2, 3 esto voltados para o ato de ler:
ativao de conhecimentos prvios, localizao de dados
e informaes e produo de inferncia de sentido,
momentos que configuram a interpretao do texto.
Os captulos 4, 5 e 6 tratam da produo de texto,
abordando-a nos seus aspectos essenciais, como a
motivao para a escrita, a passagem da lngua falada
para a lngua escrita e o exerccio de articulao das
ideias com coerncia.
Os captulos 7 e 8 refletem sobre aspectos lingusticos
especficos: gramtica e ortografia.

Todos os processos at ento desenvolvidos tm um eixo


articulador comum: os gneros textuais, tema
desenvolvido no captulo 9.
O captulo final Projetos de leitura o registro de uma
prtica h muito desenvolvida por ns, autoras, como
uma proposta no s de ampliao do universo cultural e
letrado do aluno, mas tambm de motivao de leituras,
interao entre leitores, e entre leitores e leituras.

1. Leitura: ativao de conhecimento prvios


Como ajudar o aluno a mobilizar o que j sabe

Vivemos em uma poca de muitas informaes, disponveis a


qualquer momento em diferentes meios de comunicao.
Somos atingidos por uma avalanche de imagens que povoam
nosso dia a dia e, frequentemente, privilegiado o texto visual
em detrimento do texto verbal.
Nesse cenrio, em sala de aula, deparamos com alunos
dispersos, com ateno flutuante, dificuldades de concentrao
e avessos s atividades que exijam deles habilidades
necessrias para uma leitura com compreenso.
Diante desse quadro, muitos professores perceberam o quanto
difcil fazer com que o aluno leia e desfrute dessa leitura.

Desafios para ensinar e aprender

De acordo com a posio de especialistas, o aluno no l de


forma eficiente se no houver momentos de antecipao, de
ativao e de mobilizao de conhecimentos prvios. Se os
leitores no ativarem seus conhecimentos de mundo, a
compreenso do texto estar comprometida (Koch; Elias, 2010).
Assim, os canais de comunicao dentre os quais a sala de
aula mais um tentam prender, capturar a ateno de seus
interlocutores. Como mediador qualificado, cabe ao professor
criar estratgias para despertar nos alunos o interesse pela
leitura. Assim, o professor precisar conhecer a natureza do
texto que o objeto da leitura gnero, tipo, tema, autor, autor,
contexto, estrutura textual e escolher as estratgias de
antecipao, ativao e mobilizao de leitura mais adequadas
ao texto dos alunos.

Propostas de atividades
O objetivo destas atividades auxili-lo nos desafios de:
Incentivar o aluno a formular hipteses sobre o texto,
antecipando aspectos que digam respeito ao seu tema e
gnero ( conto, poema, notcia, dirio, fico) e
linguagem (prosa, verso, popular, literria);
Auxiliar o aluno a ativar conhecimentos trazidos de suas
vivncias pessoais, de outras leituras, de informaes
obtidas.
Antes de pensar sobre as estratgias, importante que o
professor conhea bem o texto a ser lido. Sobre A cigarra
e a formiga, tenha em mente que se trata de uma fbula.

1)Textos em linguagem no verbal


O objetivo desta atividade , por meio de imagens, antecipar
na fbula as aes, as falas e os sentimentos dos animais que
se comportam como seres humanos
2) Capas de livros
A leitura de uma capa de livro pode auxiliar a troca de
conhecimentos prvios e incentivar a antecipao de leituras
entre os alunos.
Escolha uma capa cujo ttulo, ilustrao, cores e figuras,
possam antecipar elementos do texto a ser lido.
Apresente-a aos alunos e inicie a explorao pela imagem e
pelas cores. So elas que logo chamam a ateno. Depois, leia
o ttulo e o nome do autor e comente a soluo dada pelo
ilustrador.

3) Jogos
Para favorecer a antecipao de conhecimentos
necessrios leitura da fbula, oportuno ativar
conhecimentos prvios dos alunos para explorar o gnero
fbula que geralmente traz uma moral.
Prepare um jogo de provrbios escritos em tiras de
cartolina cortadas ao meio. Numa delas, escreva a
primeira parte do provrbio e na outra, a segunda parte:
QUEM AMA O FEIO

VALE POR DOIS

UM HOMEM PREVINIDO

BONITO LHE PARECE

QUEM AMA O FEIO

BONITO LHE PARECE

UM HOMEM PREVINIDO

VALE POR DOIS

Embaralhe essas tiras e distribua entre os alunos. A um


sinal, eles saem procura da outra metade do provrbio.
Encontradas as respectivas metades, pea s duplas de
alunos que se manifestem a respeito do sentido e da
interpretao do provrbio que lhes coube.
Sugere-se que os alunos pesquisem vrios provrbios
para serem submetidos a anlise e interpretao.
At aqui tratamos da fbula. Vejamos agora propostas
com outros gneros, como charges, tirinhas e HQs, que
tm inteno humorstica. importante que os alunos
estejam familiarizados com os recursos desses gneros,
muitas vezes apresentados em linguagem no verbal.

Sugestes adicionais

Piada um gnero que favorece a mobilizao de conhecimentos


dos alunos. Sem o repertrio necessrio, as relaes de humor
so impossveis. Leia e observe:
A me v o filho rezando no quarto e preocupada, pergunta:
- Por que voc est rezando, meu filho?
- Estou rezando para que o rio Amazonas v para a Bahia.
- Mas por qu?
- Porque foi isso que eu escrevi na prova de Geografia.

impossvel chegar ao riso se no houver conhecimento prvio


sobre a localizao geogrfica do rio e do Estado citados.
A mediao para a ativao de conhecimentos prvios pressupe
sempre sua interveno com estratgias para que o aluno produza
relaes de sentido mais pertinentes para a leitura a ser feita.

Como saber se o aluno aprendeu


Observe a participao dos alunos e avalie se as atividades
propostas efetivamente correspondem s necessidades e
ao nveis de desenvolvimento deles. Muitas vezes, essas
atividades esto muito alm de seu universo cultural, por
isso ser necessrio que voc as amplie com informaes
complementares (vdeos, msicas, trechos de reportagens,
informaes de outros livros, enciclopdias, outras
leituras etc.). Nem sempre a falta de participao deve-se
desmotivao. Pode ocorrer por desconhecimento total
sobre determinado assunto.

2. Leitura: compreenso do texto


Como auxiliar o aluno a localizar informaes no texto

Aprender a ler apropriar-se de um conjunto de


habilidades especficas resultantes de atividades
cognitivas a serem trabalhadas sistematicamente com os
alunos com o objetivo especfico de ensinar a ler:
antecipar leituras, mobilizar conhecimentos prvios,
identificar dados e informaes, compreender
literalmente o que se l, inferir sentidos do texto no
contexto da leitura, produzir novos sentidos, relacionar o
texto lido com outros textos (intertextualidade).

Desafios para ensinar e aprender


A partir dos anos iniciais so comuns as queixas sobre
fracasso dos alunos por no saberem ler, por no
compreenderem o que leem.
Ao ler e entender o enunciado de um problema de
matemtica, por exemplo, que passos o aluno deve
exercitar para chegar a inferir/deduzir uma resoluo?
Vejamos:
Uma equipe de basquete marcou 40 pontos no primeiro
tempo e 50 pontos no segundo tempo. Quantos pontos fez
a equipe no jogo todo? Qual foi a diferena de pontos
entre os dois tempos? (Dante, 2008, p. 74).
A compreenso desse problema supe:

1) Mobilizao de conhecimentos prvios: o que e como


se realiza um jogo de basquete.
2) Localizao de informaes relevantes no texto:
quantidade de pontos marcados pelas equipes,
compreenso literal das perguntas, sabendo traduzilas, isto , explicar em linguagem prpria o que
entendeu.
3) Deduo ou inferncias resoluo.

1.

Leitura da tira humorstica

A tira humorstica acima pertence a um gnero textual


cuja inteno principal divertir os leitores. Entretanto,
para rir, o que o leitor precisa saber?

I. Mobilizar conhecimentos prvios.


. Saber o que uma tira humorstica (conhecimento sobre
o gnero

Conhecer os hbitos dos gatos: gostam de fazer suas


necessidades em areia ou terra, pois cobrem-nas em
seguida.
.
Contexto: observar que os gatos esto navegando,
relacionar a frase Terra a vista, geralmente empregada na
navegao, com a fala Areia a vista.
II. Localizar informaes no texto.
O critrio predominante para questes/atividades de
localizao de informaes o de as respostas serem
encontradas em dados explcitos no texto.

Sugestes para o desenvolvimento dessa habilidade


Quem so as personagens? Os gatos.
Onde eles esto? Em uma embarcao.
Mostre na imagem, o elemento que comprova onde os gatos esto.
Aponte o parapeito, as cordas, o tipo de assoalho, a gua ao redor.
O que houve para que um dos gatos gritasse a frase Areia a vista?
Do parapeito do barco, o gato v que se aproximam da terra.
O que h de comum na posio dos gatos na tirinha? Todos esto
com as patas cruzadas.
Qual o sinal de pontuao no final da frase Areia vista! e por
que ele foi empregado? O ponto de exclamao indica tratar-se de
um grito, de um berro, de uma frase dita sob certa emoo. O
significado possvel produzido pela repetio desse ponto e a
inteno sero inferncias de sentidos possveis apenas depois da
localizao de dados.

2. Leitura de grfico
A leitura do gnero grfico exige a habilidade de
localizao de informaes precisas, essencial nos dias
de hoje.
Observe a situao: um professor trouxe uma caixa com
livros e gibis para uma classe com 31 alunos 16
meninas e 15 meninos. Depois que cada aluno escolheu
o que gostaria de ler, o resultado foi o seguinte:

3. Leitura de mapa
Mapa um texto no verbal que exige o exerccio de
leitura de traados, cores, cdigos, smbolos para que o
leitor se aproprie das informaes nele contidas. No se
trata aqui da iniciao cartogrfica propriamente, mas da
localizao de dados, informaes.
Oriente a leitura do mapa com perguntas para observao
e localizao das informaes. um exerccio que
favorece o desenvolvimento do conhecimento
cartogrfico.
Observar o mapa e a legenda, as diferentes cores e as
informaes que representam:

Que cor indica a fronteira do


Brasil
com
outros
pases?
Vermelha.
O que indicam os traados de
fronteira em azul? As fronteiras
entre os Estados brasileiros.
Que pases da Amrica do Sul
fazem fronteira com o Brasil?
Circule todos eles.
Quantos so? So dez (Argentina,
Bolvia,
Colmbia,
Guiana,
Guiana Francesa, Paraguai, Peru,
Suriname, Uruguai e Venezuela).
Que pases da Amrica do Sul no
fazem fronteira com o Brasil?
Chile e Equador.

4. Leitura da fbula A cigarra e a formiga


No captulo anterior, a leitura da fbula A cigarra e a
formiga sugeriu o desenvolvimento de atividades de
antecipao da leitura e de mobilizao de
conhecimentos prvios dos alunos.
Vamos ret-la com a finalidade de localizar dados e
informaes mais explcitos no texto.
De incio, o aluno deve identificar elementos sobre o
gnero: uma fbula, narrativa de fico; narrador,
enredo, espao e personagens geralmente animais
so elementos que estruturam a narrativa. H uma
moral, uma lio a ser aprendida. Assim, podem ser
feitas as questes a seguir:

Quem so as personagens? A cigarra e a formiga.


Quando acontece o fato? Em tempo indeterminado, durante o inverno.
Onde acontece o fato? Em lugar no identificado.
Quem conta o fato? Um narrador que no se mostra (narrador em 3
pessoa).
Quais so as etapas da histria?
Situao inicial: a cigarra e a formiga em seus afazeres.
Complicao da situao inicial: chegada do inverno.
Clmax: confronto entre elas.
Desfecho: final da histria.

Alm da localizao desses elementos no texto, os alunos devem


construir o conceito do gnero fbula: narrativa curta em que
geralmente o comportamento dos animais representa o de seres
humanos. Geralmente, h uma lio, uma moral da histria.

3. Leitura: ler e inferir


Como auxiliar o aluno a realizar inferncias de sentido

Ao afirmar que ler produzir sentidos para o texto, a


professora Ingedore Villaa Kock oferece uma das
definies mais ricas, e ao mesmo tempo mais
complexas, sobre o que significa ler.
Complexa porque essa construo/produo de sentidos
exige do leitor o domnio de habilidades muito alm do
processo de mera decodificao de palavras e frases ou de
uma compreenso literal superficial do texto. Ler
plenamente significa buscar sentidos implcitos nas
entrelinhas do texto completa a referida professora.

Desafios para ensinar e aprender


Para o desenvolvimento da proficincia em leitura, uma das
habilidades fundamentais estabelecer relaes e chegar a
dedues e concluses processo que pressupe atividades
cognitivas. Nosso desafio sistematizar esse processo.
Estabelecer relaes permite ao leitor interpretar mais
plenamente o texto: estabelecer um dilogo entre seus
conhecimentos prvios e os oferecidos pelo texto, entre
esses e os outros textos intertextos -, entre o texto e o
universo cultural dele. Assim, pode construir novos
significados para o texto: inferncias de sentido, dedues,
concluses, descoberta de implcitos, compreenso de
subentendidos, entrelinhas que o texto favorece.

A poesia
Veja a seguir o trecho de um poema. Leia-o
com ateno, em voz alta, para perceber a
sonoridade.
Observe as inferncia de sentido
possveis:
O efeito produzido pela repetio do
som /x/ pode corresponder ao barulho, ao
ritmo da chuva. Pergunte aos alunos se o
chiado produzido ao pronunciar os versos
do a sensao de uma tempestade. Esse
recurso sonoro, chamado aliterao
repetio de sons de consoantes -, produz
tambm um efeito de linguagem mais
coloquial.

A chuva
A chuva cai
Em cachoeira
e faz chu.
Chia a chaleira
Sobre a chapa
do fub.
DINORAH, Maria.
Poesia sapeca. Porto
Alegre: L&PM, 1989.

4. Produo de textos: incentivo escrita


Maneiras de tornar a atividade prazerosa e obter resultados
positivos

Se o assunto produo de texto, sabemos que os alunos


precisam percorrer um longo caminho que lhes permita
desenvolver a autonomia da escrita com qualidade.
Sabemos tambm que a prtica comum solicitar aos
alunos a produo de um texto sobre um tema, que eles
entregam esperando que o professor leia, aponte os erros
e devolva com uma nota ou conceito. Isso pode ser
improdutivo, porque nem sempre traz os resultados
esperados de melhoria da escrita.

Diante de um texto, assumimos diferentes posies. Como


ouvintes, acompanhamos a leitura de outro; como leitores,
procuramos compreender e construir sentido para o que
lemos; como produtores, temos que fazer escolhas para
atender aos nossos propsitos. Qualquer uma dessas
posies exige nosso desempenho, nossa participao.
Desafios para ensinar e aprender
Carlos Drummond de Andrade escreveu:
Gastei uma hora pensando um verso / que a pena no quer
escrever.
A propsito dessa dificuldade, possvel pensar em dois
grandes momentos para o produtor de texto: o antes de
escrever e o processo de produo.

Antes de escrever a etapa que pressupe uma reflexo


sobre as condies de produo de um texto para depois
tomar decises de escrita. Alm disso, necessria a
motivao, o envolvimento com a atividade, a alimentao
com bons modelos, o repertrio j adquirido, o
conhecimento dos diferentes gneros, o contexto de escrita,
o domnio da lngua.
Propostas de atividades
conveniente que os alunos sejam solicitados a participar
de diferentes atividades de escrita, com diferentes
finalidades, nas diferentes disciplinas. Pode-se favorecer a
produo de textos em situaes mais ldicas para tornar a
atividade mai prazerosa e criativa.

1) Escrita cooperativa: uma histria maluca

Esta atividade tem o objetivo de estimular o trabalho


cooperativo e ldico, com nfase nos momentos da
narrativa. Os alunos devem trabalhar em grupos de
quatro, munidos de uma folha de sulfite. Oriente a tarefa
de cada um:
. o primeiro escreve o incio da histria, dobra a folha
para que seu texto no seja lido e passa-a para o
segundo;
. o segundo e o terceiro escrevem o que acontece o
desenrolar da histria como se soubessem o incio;
tambm dobram a folha para que os alunos no vejam;
. o quadro escreve o final da histria.

Quando tiverem terminado, leia para eles as histrias


escritas para que se divirtam e pensem no que pode estar
faltando para dar coerncia.
A partir da verso inicial, o momento de eles retornarem
e reescreverem suas histrias.
Uma variante possvel no dobrar o papel e estipular um
tempo para que o aluno seguinte leia. O objetivo ento
passa a ser a continuidade da narrativa, o que gera maior
desafio e maior solidariedade no compartilhamento da
escrita. Ao final, importante que os grupos
compartilhem as narrativas (leitura em voz alta),
envolvendo a sala toda.

2) Histrias com lacunas


O objetivo desta atividade completar o texto, dando-lhe
sentido. Trata-se de um conto que enfoca elementos e
momentos da narrativa.
3) Produo de texto a partir de texto lido
Convm oferecer aos alunos bons e diferentes modelos e
gneros de texto. Os alunos tero oportunidade de observar
diferentes nos textos de acordo com a inteno de fazer rir,
informar, instruir, emocionar. Observe o poema de Castro
Alves e a verso de um aluno para o mesmo poema.

Leia-o em voz alta, com os alunos, verso a verso.


Explore a estrutura e a organizao em versos, as escolhas e
combinaes feitas, a disposio das rimas: AA
(unidas/nascidas), BB (arrebol/sol), CC (galho/orvalho).
4) Produo a partir de gnero textual

Nesta proposta o ponto de partida o estudo de um gnero


textual especfico: o verbete, texto informativo.
A seguir, um exemplo de verbete enciclopdico:
Peixe-de-briga (Betta slendens) o corpo mede em geral 5cm
e a cauda em vu. Apresenta cores brilhantes que vo do
vermelho ao azul. Habita na ndia e a Malsia e frequente-mente criado em aqurio por sua beleza , por ser combatente e
pelas curiosas bolas de ar que confecciona para se exibir para
fmea.

Contextualize a produo, sempre que possvel, em projetos de


escrita. O envolvimento dos alunos ser mais intenso e criativo, as
parcerias ajudaro nas etapas do percurso e passar a ser um
trabalho cooperativo. o caso, por exemplo, da escrita de um
livro de poemas, da organizao de um sarau, de um catlogo de
verbetes ou de um blogue.
Como saber se o aluno aprendeu

A avaliao do texto escrito deve estar associada ao processo de


reviso e reescrita. Gradativamente, o aluno deve adquirir
autonomia de reviso. A princpio e sob sua orientao, faa uma
reviso coletiva, depois colaborativa e, no futuro, individualizada.
Observe o grau de compreenso e crtica do aluno a respeito da
clareza e compreenso do prprio texto; da linguagem adequada
ao propsito desejado; contexto da escrita o qu, para quem,
com que inteno e da correo de linguagem.

5. Produo textual: oralidade e escrita


Como ajudar seu aluno a perceber que nem sempre escrevemos
como falamos

A tira acima ilustra o que a criana pensa sobre a escrita:


escreve-se como se fala.
Fala e escrita so atividades de uso real da lngua em prticas
sociais de comunicao. As possveis diferenas entre elas
resultam das diferentes condies de produo em que
ocorrem: o contexto scio-histrico, a circunstncia, a
inteno.

impossvel desvincular a produo textual dessas condies de


produo que envolvem tema, inteno, pblico-alvo, escolhas de
linguagem e efeitos de sentido.
Por considerar que a fala uma habilidade j incorporada pela
criana ao vir para a escola, a relao entre a lngua falada e a lngua
escrita no sistematicamente trabalhada nas atividades escolares.
A nfase didtica na escrita refora o uso das convenes
gramaticais. Por isso, o aluno considera a produo de texto escrito
difcil, cheia de armadilhas.
Desafios para ensinar e aprender

Considerando que fala e escrita so prticas comunicativas inseridas


em situaes especficas de comunicao, uma forma de minimizar
o n de fazer da escrita a transcrio da fala garantir que o projeto
de ensino-aprendizagem da produo de texto contemple:

O trabalho sistemtico tambm da produo oral em sala


de aula;
A passagem da lngua falada para a lngua escrita como
parte significativa das atividades com o objetivo de formar
o sujeito como leitor e produtor de texto proficiente.
Propostas de atividade

As atividades aqui propostas so sugestes de mediao do


processo de produo de texto oral e escrito.
1) Atividade de produo de texto oral

Dispense produo oral o mesmo cuidado que se tem


com a produo de texto escrito, criando situaes
comunicativa em que a fala sistematicamente utilizada.
Alguns exemplos:

Escuta de bons modelos de textos orais de diferentes gneros,


tais como aqueles presentes em sesses de contao de
histrias, em dilogos teatralizados, em leituras expressivas de
poemas, em entrevistas ou na exposio oral de um contedo
estudado, bem como em um debate com mediao do
professor para que se respeitem os turnos de fala;
Para a produo de poemas jogos de palavras que rimam.
Siga as etapas:
1) Junto com seus alunos, dobre uma folha de sulfite, de cima
para baixo, duas vezes, e depois de um lado a outro uma vez,
marcando bem as dobras.

2) Estimule-os a buscar nos poemas lidos pares de palavras


que rimem, ou mesmo a criar outros pares de rimas,
escrevendo-os nos espaos demarcados na folha.

Assim, cada aluno ter um baralho de 8 cartas:

3) Organize grupos com cinco alunos e pea-lhes que


misturem as cartas, formando um baralho de 40 cartas para
cada grupo.

4) Depois de embaralhadas as cartas, d o sinal para o jogo


comear:
O aluno distribui todas as cartas entre os membros do
grupo;
Os jogadores arrumam as cartas abertas sua frente,
para que todos os participantes possam l-las;
O jogador que distribui as cartas coloca uma carta no
centro da mesa e todos os participantes procuram, entre
as prprias cartas, o par rimado.
Procede-se assim at que se forme um tapete de pares
rimados. Vence o grupo que formar o primeiro tapete de
rimas.

5) Oriente os alunos para que cada participante:


Escolha um par de rima de que tenha gostado;
Escreva, em tiras de papel, duas frases terminadas pelas
palavras escolhidas. Assim:
mel

Isto doce como o mel

cu

Gosto de olhar para o


cu

Leia as frases criadas para o seu grupo, colocando-as no


centro da mesa. Chame a ateno para escritas diferentes
e mesmo som (cu/mel).
6) Oriente os grupos para que:
Arrumem as frases de modo a dar sentido ao texto
poduzido;

Procurem a combinao sonora mais adequada,


mudando palavras para conseguir concordncia entre
elas (masculino/feminino ou singular/plural nos nomes,
tempo presente/passado/futuro nos verbos) utilizando
sinais de pontuao para dar ou ampliar a
expressividade;
Montem o poema final reunindo os dez versos,
separados ou no em estrofes;
Virem as tiras de modo a deixar a parte em branco para
cima;
Emendem uma tira na outra com fita adesiva;
Exponham o poema produzido.

7) Organize uma apresentao oral para que os alunos


faam uma leitura expressiva, jogralizada ou no dos
poemas produzidos.
Enfatize a articulao clara sem a articulao clara sem a
artificializao da pronncia. D destaque para as pausas
expressivas, ritmo da fala, entonao associada aos
sentidos do texto.
Estimule sempre a reflexo sobre as diferenas entre fala
e escrita para as escolhas de linguagem do aluno em suas
futuras produes de texto.

Como saber se o aluno aprendeu


No avalie a produo do seu aluno pelo nmero de
erros e sim pelo nmero de acertos. Voc ver que
todos acertam mais do que erram.
Oriente os alunos para a elaborao de um portflio da
sua produo de textos escritos e reescritos. Com que
finalidade? Para observarem: o domnio crescente das
marcas de escrita; o desenvolvimento de habilidades de
estruturao do texto, de acordo com a situao
comunicativa proposta; e como a reflexo sobre a escrita
e, consequentemente, a reescrita do texto so os melhores
procedimentos para quem quiser ser um leitor/escritor
competente.

6. Produo textual: coerncia


Estratgias para auxiliar o aluno a escrever com coerncia

A coerncia entre as partes um dos fatores fundamentais


para que o leitor construa sentidos ao produzir um texto
ou para que sua escrita cumpra sua funo comunicativa.
Ela pode e deve ser estudada em sala de aula.
Desafios para ensinar e aprender

De forma geral, h coerncia em textos de alunos de 4 e


5 anos se:
Existe relao entre as partes e o sentido geral do texto;
H seleo do que relevante no texto, sem fugir ao
tema;

H continuidade das ideias;


H relaes lgicas entre as ideias;
No h contradies; por exemplo, o aluno afirma alguma
coisa e depois escreve uma ideia ou fato que a contrarie.
Sugestes de atividades
1) O que se fala e o que se l

Distribua aos alunos, em duplas, o texto 1.


Depois de ler, os alunos devem conversar sobre o que
entenderam.
Em seguida, cada dupla comenta o que entendeu.
Terminada essa etapa, distribua o texto 2 para que faam
as comparaes.

Depois de l-lo, as duplas dizem o que no correspondeu


ao que entenderam inicialmente.

2) Manter o tema garante o foco do texto

Muitas vezes, a incoerncia decorre do uso de termos


desnecessrios, de mudanas bruscas, da falta de
fidelidade ao assunto com consequente mudana do foco.
s vezes, o aluno inicia a escrita de um conto e, ao longo
do texto termina escrevendo um relato pessoal.
O aluno deve ser orientado a delimitar o foco do texto a a
partir

O aluno deve ser orientado a delimitar o foco do texto a


partir do reconhecimento do gnero, do tema/assunto das
intenes, da situao comunicativa.
Texto lacunado: coerncia e tempos verbais

Apresente um texto com lacunas para o aluno preencher


com os verbos indicados no infinito.
Os alunos reescrevero o texto, fazendo os acertos
necessrios de modo a torn-lo coerente: se o fato inicia
no passado, esse tempo verbal dever dar unidade ao
texto.
Era uma vez um sapo que ______(morar) em um brejo.
Certo dia, _______(ver) um boi e ______(querer) ficar
daquele tamanho. _______(comear) a beber gua e mais
gua at que ______ (explodir).

Os alunos devem ler e observar a presena de outros


marcadores temporais que remetem o fato ao passado. A
coerncia temporal vir do uso do pretrito.
Escolha o que combina

Os alunos completaro este bilhete com palavras e


expresses coerentes com o texto, escolhendo-as na lista
da direita.

Organizando o texto
Apresente aos alunos um texto em que faltem articuladores,
conexes que tornem mais compreensvel.
Oriente-os a escolher palavras que possam fazer as ligaes
adequadas.
Sugesto: escolha na lista os elementos de ligao para o texto.

Sugestes adicionais
Oriente os alunos a lerem em voz alta o prprio texto, de modo a
perceber o que foge lgica e compreenso. Ajude-os a observar
se h conexo entre as partes, se no h contradio e omisso de
informaes e se o texto est adequado situao comunicativa, ao
interlocutor e ao contexto.
Proponha atividades coletivas de correo e reescrita.
Auxilie os alunos a checar estes itens em sua releitura ou
autoavaliao:
A verso final do texto corresponde ao que eu queria escrever
(inteno)?
Todas as informaes necessrias esto presentes?
Minhas ideias esto claras para quem vai ler?
H alguma palavra que no lembro como se escreve?
O texto est de acordo com o gnero que escolhi?

7. Gramtica: o qu? Como? Por qu?


O papel dos estudos gramaticais na formao do leitor e do
produtor de textos

A partir de 1970, avanos nos estudos em Lingustica,


seguidos por pesquisas em Sociolingustica, Lingustica
Textual, Anlise do Discurso e outras cincias/disciplinas da
linguagem e da comunicao trouxeram novos enfoques
sobre ensinar e aprender a lngua portuguesa. Acrescentem-se
as contribuies relevantes, para o ensino-aprendizagem da
lngua, trazidas pela psicognese Piaget e Emilia Ferreiro
e por Vygotsky sobre linguagem, pensamento e interao.
Ensinar ou no gramtica? E depois: que o papel ela pode
desempenhar na formao do leitor e do produtor de textos?

Antes mesmo de estudar regras, o falante da lngua


materna lana mo de conhecimentos de uma gramtica
internalizada, um conjunto de regras no explicitadas,
mas incorporadas pelo uso (Travaglia, 2002).
Observe estes usos:
a) Ns vimos os estragos causados pela chuva. (uso mais
formal)
b) A gente viu os estragos da chuva. (uso mais informal)
Ambas as frases so vlidas, pois so resultados de usos
ou escolhas do falante em razo de seus hbitos de
linguagem, do meio em que interage ou da necessidade
de adequao da linguagem s circunstncias sociais e
s suas intenes comunicativas.

Estudar gramtica, mais do que aprender um conjunto de


regras, compreender o modo de organizao dos
enunciados supostos nos diversos usos da lngua.
1) Estudo gramatical e produo de sentidos para o texto
Apresente uma tira ou quadrinho, gneros em que a
pontuao geralmente tem forte carga de expressividade.
Pea a dois alunos que leiam dramatizando e interpretando
as personagens. Chame a ateno para expressividades
possveis na fala de cada personagem. Os alunos precisam
observar, por exemplo, que o mesmo, que o mesmo ponto
de exclamao pode indicar entonaes expressivas e
sentidos diferentes. interessante que mais de uma dupla
leia os quadrinhos, cada uma delas imprimindo a
expressividade que considerar mais adequada ao contexto .

Pea aos alunos que pintem todos os pontos de exclamao


das falas das personagens. Pergunte a eles se todos os
pontos de exclamao foram empregados com a inteno de
expressar o mesmo tipo de sentimento ou emoo.
Depois das leituras dramatizadas, estimule os alunos a
refletir sobre as nuances ou a intensificao dos sentidos
que os pontos de exclamao acrescentam s falas.

2) Emprego de contedo estudado pontuao


Apresente textos curtos, de circulao social. Sugerem-se
fbulas, anedotas, histrias curtas, trechos de notcias.
Os alunos devem reescrever este trecho, a partir da
discusso sobre pontuao final e organizao do pargrafo.

Sugestes Adicionais
Relacione os estudos gramaticais a situaes reais de uso.
Traga para esses estudos os usos que os alunos j fazem da
lngua, suas experincias lingusticas, para que o aprendizado
ganhe sentido. Cuide para que nenhum uso seja objeto de
preconceito ou discriminao, pois os alunos devem aprender
a analisar a diversidade lingustica como um patrimnio
cultural a ser compreendido e respeitado.
Como saber se o aluno aprendeu
Importante: os estudos gramaticais devem ser um instrumento
de apoio que fortalea a capacidade de o aluno fazer escolhas
lingusticas, tornando-se mais autnomo no emprego da
lngua, em interpretao e produo de textos orais ou escritos.

8. Ortografia
Ensinar ortografia: atividade mecnica ou reflexiva?

- Professora, como se escreve piscina?


- Por que piscina se escreve com SC?
- Vacina tambm com SC? Por que no?
Voc j deve ter ouvido perguntas semelhantes a essas de
alunos de 4 e 5 anos que j tenham alcanado a escrita
alfabtica. Esses alunos, antes voltados para a
apropriao da escrita alfabtica, passam a dar ateno s
palavras e a tentar entender por que se escreve de um
jeito e no de outro.

Os pais so os primeiros informantes e nem sempre do conta


dessas dvidas. O professor deve ser o informante autorizado,
qualificado no s para responder dvidas ou ajudar a
construir um conhecimento sobre as convenes ortogrficas.
Desafios para ensinar e aprender

No incio da alfabetizao, o professor direciona a


observao do aluno para a grafia das palavras, para as
relaes simples: consoante + vogal = slaba. O aluno
estabelece um sistema de regras simples a a partir desse
conhecimento.
O domnio ortogrfico s se adquire por meio de exerccios
sobre as hipteses dos alunos, sistematizao de
regularidades e irregularidades de escrita percebidas.

um processo que desafia o aluno a confrontar


sistematicamente a fala com a escrita da palavra. No se trata
de escrever cinco vezes a palavra piscina com o intuito de
aprender a escrev-la corretamente. O exerccio no deve ser
mecnico, pois supe um aluno que opere sobre a lngua.
Sugestes de atividade
1) Construa regras simples para os casos de regularidade

Selecione uma dificuldade e construa regras simples.


Participar da construo de regras dar ao aluno segurana na
escrita.
1. Ditado gostoso

Esta atividade ligada categoria gramatical da palavra.


As terminaes oso/-osa dos adjetivos so sempre escritas
com S.

Escreva o ttulo ditado gostoso e desafio os alunos a se


escrever palavras adjetivos derivados de substantivos
que rimem com gostoso:
raiva

raivoso

dengo

dengoso

talento

talentoso

Construa com os alunos uma regra simples:


Gostoso, bondoso, cheiroso e outros adjetivos
semelhantes derivados de substantivos so
sempre escritos com S.

Varie esse tipo de ditado a partir de outra regularidades:


Ditado francesa: adjetivos que indicam lugar de origem
e terminam com esa so sempre escritos co S. Exemplo:
Maria nasceu em Portugal. Ela portuguesa.

Ditado beleza: substantivos derivados de adjetivos que


terminam com eza so sempre escritos com Z. Exemplo:
Ele vive na pobreza.
Outras regularidades: -s, como em francs; -al, como em
cafezal; -ice, como em meninice.
2. Listagem comparativa de palavras

D trs palavras, por exemplo: ROTA CARRO


GENRO. Pea os alunos que pesquisem palavras
observando o mesmo tipo de ocorrncia. A partir das listas
discuta como o som /r/ forte est presente em cada palavra.
A partir da comparao, em duplas, os alunos devem
levantar hipteses que comtemplem as trs ocorrncias.
Coletivamente, a partir delas, delas, devem ser formuladas
regras gerais. Exemplo, o R forte:

No incio da palavra: riso;


No meio da palavra, depois de um som nasal com a letra
N: tenro;
Duplicada no meio da palavra, entre duas vogais:berro.
Casos de irregularidade
2) Jogando e aprendendo

Como para as irregularidades no h regras, o objetivo


auxiliar o aluno a memorizar palavras que no tm
princpio gerativo. Ou ele recorre ao dicionrio, ou pode
memorizar as palavras por meio de jogos.

Jogo do G
Em duplas, desafie os alunos a encontrar, no menor tempo
possvel, os nomes das figuras no caa-palavras.
Ganha a dupla que primeiro encontrar as palavras e copiar
corretamente embaixo de cada figura.

3) Famlias de palavras

Fazer listagens de palavras derivadas de uma primitiva (famlia


etimolgica) ajuda o aluno a perceber que a escrita da base de
significado da palavra (radical) geralmente se repete: ferro,
ferroso, ferradura, ferrar, ferreiro, ferrugem, frreo.

9. Gneros textuais na sala de aula


O papel dos gneros textuais na formao do leitor e do
produtor de textos

Atualmente, enfatiza-se o papel dos gneros textuais


como um dos eixos fundamentais para o ensino de lngua
portuguesa e formao do leitor e do produtor de textos.
Por que tanto nfase em gneros textuais?
Ao escolher o que assistir na TV, o espectador escolhe o
formato que atende a sua expectativa: jornal, entrevista,
filme, novela. Cada um dos programas estruturado de
modo diferente e atende a uma inteno diferente:
informar, divertir, debater.

O espectador geralmente conhece, mesmo sem preciso, o


que estrutura cada um. Ao saber o que esperar de cada
programa, certamente ter mais condies de
compreender os propsitos de cada um deles, pois no
assistir entrevista de um mdico esperando o mesmo
suspense e emoo de um filme de mistrio. Ao ter um
conhecimento prvio sobre cada gnero televisivo, o
espectador amplia sua condio de compreender esses
gneros.
As prticas sociais em que as pessoas se envolvem no
cotidiano lhes permitem distinguir um bate-papo informal
de uma palestra, um bilhete de um convite formal, um
poema de um romance. um conhecimento incorporado
por meio dessas prticas.

Cada situao comunicativa concretiza-se em


textos/enunciados verbais orais ou escritos resultantes
da seleo e escolha de formas de construo, de
intenes dos interlocutores. Esses enunciados
organizam-se e se concretizam seguindo formatos ou
modelos de comunicao socialmente estabelecidos, isto
, modelados pelo uso: so os diferentes gneros textuais.
Desafios para ensinar e aprender

Segundo Bakhtin (1997), a quantidade de gneros


quase infinita. So textos verbais falados ou escritos
que circulam nas vrias esferas sociais em que os seres
humanos se relacionam: trabalho, famlia, escola.

So socialmente motivados pelas necessidades e intenes


fazer rir, emocionar, convencer dos sujeitos que se
comunicam; inserem-se em contextos scio-histricos
determinados e em situaes comunicativas especficas. A
cada circunstncia diferente, a cada inteno
particularizada, a cada pblico a que o texto ser
destinado, a cada mudana de veculo/suporte, vo se
alterar
as
configuraes
de
linguagem
e,
consequentemente, o gnero alterado.

Propostas de atividade
O esquema a seguir traz, de forma didatizada, os elementos
constitutivos dos gneros discursivos:
Gneros do discurso

Veja como esses elementos contribuem para a melhor


compreenso de um texto.

1) Notcia de jornal
Os cinco meses de separao de Dengo e Elza,
casal de lees do Zoolgico de Niteri (ZooNit),
chegaram ontem ao fim. (...) Dengo foi levado
para o Jardim Zoolgico de Braslia, onde Elza
est desde fevereiro. Depois da partida da leoa
(por determinao do Ibama), Dengo passou a
ficar a maior parte do tempo deitado na jaula
O
precisa
teroito
emanos.
menteAt
osperdeu
elementos
para
queprofessor
dividiu com
ela por
a
os
quais vai voltar o olhar dos alunos, a fim de que
fome.
Adaptadode
de notcia,
O Globo, mesmo
22
eles construam o conceito
sem
jul. 2011, p. 19.

empregar a nomenclatura especfica desse gnero.

Esses elementos so as condies gerais de produo


desse gnero.
Ao se apropriar desses elementos como parte de seu
universo ou de seu conhecimento textual, o leitor estar
mais instrumentalizado para ler outras notcias, isto ,
ter proficincia maior compreender e interpretar textos
desse gnero.
D ateno aos novos gneros gerados pelas diversas
mdias: Twitter, e-mail, novelas, propaganda e
publicidade, entrevistas, clipes. necessrio que os
alunos conheam e saibam interagir com os novos
formatos de linguagem que compem o universo das
comunicaes.

10. Projeto de leitura


Uma proposta para ampliar o universo letrado do aluno

No lugar da leitura de livros, geralmente os alunos


preferem vivenciar as aventuras e as emoes das
narrativas ainda que muitas vezes empobrecidas e
estereotipadas por meio de desenhos animados. HQs,
filmes e at mesmo jogos de computador.
Como consequencia didtica estruturada sobre leitura
literria, os projetos de leitura podem ser uma soluo
para esse n da educao: formar leitores capazes de fruir
textos de linguagem esttica.

Desafios para ensinar e aprender

Para que um projeto de leitura crie condies para o


conhecimento sem abandonar a fruio do texto,
necessrio desenvolver estratgias que:
1. Assegurem uma leitura significativa. Para isso,
necessrio que:
As etapas inerentes ao processo de leitura sejam
cuidadosamente estruturadas: ativao de conhecimentos
prvios, compreenso literal, interpretao e inferncias;
A interao entre leitores e suas leituras pressuponha
atividades ldicas e troca de leituras mediada pelo
professor;

Os alunos participem de uma produo interativa de textos


orais e escritos como resultado do desenvolvimento do
projeto com funo comunicativa autntica, mediante a troca
de ideias e de opinies, alm de exercitar a ateno e o
respeito falta do outro.
Seja garantida uma abordagem interdisciplinar da leitura de
modo a relacionar conceitos, procedimentos e atitudes
comuns a outras reas do conhecimento.
2. Sensibilizem o leitor para o esttico:
Estimular a sensibilidade esttica dos alunos para a literatura
e para as demais manifestaes artsticas desafia escolas e
professores. A recepo e a fruio do esttico exigem
respeito ao tempo de que cada um necessita para as muitas
idas e vindas exigidas pela linguagem da arte, sempre mais
elaborada que a do cotidiano.

Propostas de atividade

Pensando no desafio de envolver leitores em processo de


formao com textos de carter mais esttico,
apresentamos este projeto de leitura que prioriza a fruio
da poesia.
1) Plulas poticas: um projeto de leitura
Justificativa

Se nas estantes das bibliotecas grande o acervo de


livros de poesia, nas escolas tambm grande a
dificuldade dos professores para motivar os alunos a ler
poesia como fruio. Por isso, talvez sejam poucos os
projetos de leitura dessa natureza.
Pesquisas (Paiva, Maciel e Cosson, 2010) apontam as
dificuldades da escola em lidar com a poesia.

Quando no lembrada apenas em datas comemorativas,


vira pretexto para ensinar gramtica, medir slabas,
circular verbos, destacar substantivos.
A linguagem potica carregada de significados exige do
leitor habilidades de leitura e de produo de texto
altamente sofisticadas, o que justifica plenamente um
projeto voltado para o exerccio dessas habilidades.
Objetivos
Estimular a percepo das possibilidades semnticas e
sonoras das palavras.
Desafiar descobertas de mltiplos sentidos no texto
potico.
Vivenciar o efeito teraputico da arte.

Exercitar a leitura e a escrita como prticas de letramento.


Concretizar, por meio de plulas poticas, a ideia de que os
versos de um poema so vitaminas para a leitura.
Material
Livros de poemas, tiras de papel sulfite, lpis, cpsulas vazias,
cola branca, palito de dente e tesoura.

Etapas
Conquiste leitores para a poesia:
Escolha poemas que possam sensibilizar seus alunos.
Faa diariamente a leitura expressiva de alguns deles.
Motive e sensibilize seus alunos para que:
Verbalizem o que sentiram ao ouvir o poema;
Representem o que sentem em outras linguagens visual,
musical, gestual.

2) Leitura de poemas e selees de versos

Distribua os livros de poesia para cada grupo de alunos.


Oriente a leitura dos poemas de tal maneira que os alunos
selecionem os versos que:
Mais os emocionaram e, portanto, consideram que podem
emocionar outros leitores;
Julguem tornar os leitores mais bem-dispostos os
versos so remdios ou mais fortes, com mais
energia os versos so vitaminas.
3) Cpia dos versos selecionados pelos alunos

Distribua tiras de papel em branco para os alunos.

Oriente a cpia dos versos escolhidos por eles por eles


com estes dados:
Nome do autor do poema;
Nome do livro consultado;
Nome do selecionador dos versos o aluno que receita
o remdio ou a vitamina: o mdico digamos assim.
Recolha as tiras de papel para que passem pelo controle
de qualidade do produto antes de sua reproduo.
Confira se o texto e os dados autorais esto corretos,
antes de digit-los.
Digite os textos, deixando entre eles um outro espao
suficiente para o corte de cada tirinha.

4) Montagem das plulas poticas

Agende uma data para a oficina de montagem das plulas


poticas.
Divididos em trs grandes grupos, os alunos se
encarregam de:
Produzir as tiras com os versos selecionados (grupo 1);
Cortar os palitos de dente ao meio e abrir as cpsulas
(grupo2);
Colar a ponta do palito na tira, enrol-la e coloc-la na
cpsula.
5) Confeco do bulrio potico e do vidro de plulas

Imprima uma cpia a mais de cada folha digitada.

Prenda as folhas em uma pasta cujo ttulo seja:


Bulrio potico
(turma e ano do calendrio)
(escola)

Recolha as plulas produzidas e rena-as em um pote


plstico transparente.
Identifique o pote com a etiqueta.
Plulas poticas
Indicao: nas carncias de emoo
Posologia: tomar vontade
Poesia um santo remdio

Concluso
Formar alunos que leiam com proficincia, com
autonomia, que produzam seus prprio textos orais ou
escritos na medida de suas necessidades de
comunicao um desafio que cabe escola enfrentar.
O ensino de lngua portuguesa, a par do desenvolvimento
de contedos especficos, estrutura-se sobre a
sistematizao de processos que envolvem o domnio de
habilidades para ler e para produzir textos. Como
sistematizar esses processos sem nos tornarmos
mecanicistas? Essa foi uma das preocupaes no
desenvolvimento desta obra.

Que o processo de ensino-aprendizagem da lngua


portuguesa seja, para ns e para nossos alunos,
possibilidades que os versos finais do poema Ler pelo
no de Leminski sugerem:
Desler, tresler, contraler,
enlear-se nos ritmos da matria,
no fora, ver o dentro e, no dentro, o fora,
navegar em direo s ndias
e descobrir a Amrica.
Paulo Leminski, Ler pelo no

Você também pode gostar