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Juca Pirama

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Anlise de I-Juca

Pirama, de
gonalves dias
Prof. Dra Clia Sebastiana
Silva - UFG

Gonalves Dias e Romantismo


Gonalves
Dias
no
contexto
do
Romantismo
As geraes da poesia romnticas
A poesia indianista
Para A. Herculano, em 1846: a poesia
de G Dias a verdadeira poesia
nacional do Brasil.
I-Juca Pirama: publicada em 1851, em
ltimos cantos.

O ttulo I-Juca Pirama


Refere-se no ao nome do heri,
mas indicao de seu destino: o
que h de morrer, o que digno
de ser morto. Ao longo da narrao,
o protagonista recebe apenas o
qualificativo de sua tribo. o tupi
(tal como o chefe que o captura o
timbira).

Gnero
Poema narrativo de inegvel alcance
pico. Microepopeia estilizada
Narrativa em verso de uma aventura
singular;
poder
de
significao
transcendente ou alegrica; heri
com fora fsica, astcia e carter
notvel; costumes e tradies de um
povo; tica na ao das personagens.

Estrutura

Ritmo
No s de ressonncias
picas, mas de valor
sugestivo: a cadncia batida
pode lembrar os tambores
festivos dos indgenas.
Cada fala tem o seu metro
mais adequado ao assunto.

Dez sees ou cantos


1 PARTE
CANTO I
Descrio do ambiente da nao
timbira; preparao do ritual de
sacrifcio do prisioneiro mais nobre
o guerreiro tupi Descende por certo
dum povo gentil
Verso hendecasslabo (11)

CANTO II
Apresentao dos rituais para o
festim antropofgico e, logo, voz
pica interpela o prisioneiro sobre a
sua
perturbao;
encoraja-o,
justificando
que a desgraa s
atinge os grandes.
Decassilabo (10)e tetrassilabo (4)

CANTO III
O chefe da tribo, a
quem cabe a execuo,
insta
o
prisioneiro
a
contar a sua histria.
(decasslabo,
com
irregularidade)

CANTO IV
O guerreiro tupi, com
voz prpria, rememora a
sua histria. Ao faz-lo,
comove-se
com
a
lembrana
do
pai
indefeso.

Chorando, implora um acordo: os


timbiras o deixariam viver at que o
pai expirasse; ele retornaria assim
que isso sucedesse, para oferecer-se
morte devida pelas leis da guerra e
domnio de territrio.
Redondilha menor (5)

CANTO V
O chefe ordena que o prisioneiro
seja libertado, no pelo trato, mas
por ter se tornado indigno da
cerimnia, ao revelar-se medroso e
covarde. O heri hesita, mas aceita a
infmia para voltar para o pai.
Decasslabo e v. livres

2 PARTE

CANTO VI

Retorno do jovem para junto do pai


que percebe, pelas tintas que lhe
cobrem o corpo, pela ausncia de
cabelos e pelo nimo, que o filho fora
capturado e escapara com vida.
Presumindo que os timbiras o haviam
libertado por gentileza para com um
velho, resolve devolver o prisioneiro
para que o executem.
Decasslabo e v. livres

CANTO VII
O velho tupi patenteia a infrao do
filho ao cdigo de tica guerreira; o
chefe timbira conta a causa da
libertao do prisioneiro e humilha o
guerreiro. Enfurecido, o velho renega
o descendente.
Redondilha maior (7)

CANTO VIII

O pai, em 1 pessoa,
amaldioa o filho, que
declara indigno de si.
Eneasslabo (9)

CANTO IX
Momento de reconhecimento e
redeno. O jovem tupi pe-se em
luta desigual com os timbiras,
dizimando-os, at que o chefe
timbira o aceita como vtima digna
de se oferecer em sacrifcio.
Reconciliao de pai e filho.
Decasslabo

Canto x
Testemunha presencial do episdio,
o velho Timbira rende-se ao poder do
tupi e diz a clebre frase: "meninos,
eu vi
Eneasslabo
(11)
e
redondilha
menor(5)

Heri
Annimo,
quebra
a
unidimensionalidade do padro. um
pouco vazio de histria, mas
dotado de psicologia e funciona
como lugar de atualizao dos
valores ticos conflitantes e da
sucesso de emoes, o que o torna
mais
moderno.
(sujeita-se
ao
sacrifcio de renunciar glria em
nome de um valor mais alto).

Personagens
Jovem tupi: heri sentimental.
Destaca-se do ambiente moral em
que est. Sujeito de herosmo bem
particular,
ao
subordinar
suas
escolhas piedade e ao respeito
pelo pai. Renuncia aos prprios
afetos para atender ao bem comum.
Pai: personificao dos valores
cavaleirescos que ordenam o mundo
heroico. Reiterao dos valores
guerreiros e adeso irrestrita ao
cdigo de honra.

Multiplicidade de
discursos e pontos de
vista
Deslocamento do ponto de vista
narrativo
Longos trechos dialogados
Passagens com discurso isolado
Voz pica (narrador), o velho
timbira, o prprio jovem tupi, o pai.

Isso provoca
grande tenso do poema
clima dramtico
expectativa do desfecho
multiplicidade de vozes
corresponde a variedade de
metros e formas estrficas, o
que
ocasiona
um
colorido
rtmico ao poema.

Tema
Herosmo guerreiro; amor
filial e os conflitos entre lei
e afeio.
Para o jovem tupi, maior
que a honra pessoal o
amor pelo pai e o senso do
dever filial.
Honra
subordinada
ao
dever

Em nome do pai
A honra guerreira e a
morte do jovem tupi so
sacrifcios oferecidos ao
pai.

De pai para filho


Palavras finais: Este,
sim, que meu filho
muito amado. (intertexto
bblico
do
evangelho
segundo Mateus, 17, 5:
Este o meu filho amado
em quem me comprazo).

Enfim...
Poema narrativo que mobiliza
amplos recursos poticos e
coloca em cena, num tempo e
espao de cor americana, um
drama em que os valores
heroicos
triunfam
sobre
os
sentimentos ingnuos.
Para A. Candido: I-Juca Pirama
a obra prima da poesia
indianista.

Referncias
DIAS, Gonalves, I-Juca Pirama. In:
TEIXEIRA, Ivan (org.) Multiclssicos
picos. So Paulo: Edusp, 2008.
FRANCHETTI, Paulo. O triunfo do
Romantismo: indianismo e estilizao
pica
em
Gonalves
Dias.
In:
TEIXEIRA, Ivan (org.) Multiclssicos
picos. So Paulo: Edusp, 2008.
CANDIDO, Antonio. Formao da
Literatura Brasileira (vol.2). Rio de
Janeiro: Itatiaia, 1997.

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