Aula de Patologias Da Tireoide - 2018
Aula de Patologias Da Tireoide - 2018
Aula de Patologias Da Tireoide - 2018
da Tireoide
Prof. Erich Pires Lisboa
Universidade Federal do Cariri
Faculdade de Medicina
Módulo de Endocrinologia
2018
Parte I
Objetivos:
1. Conhecer a anatomia, histologia e fisiologia
da Tireoide
2. Conhecer os hormônios tireoidianos e suas
ações em órgãos-alvo
A Tiroide
• Produz hormônios tiroidianos (HT).
o T3 (Tri-iodotironina) e T4 (Tetraiodotironina ou
tiroxina) – substratos do AA tironina.
Gadelha, PS, Azevedo, MF, Montenegro, RM. In Vilar Endocrinologia Clínica. Ed. Guanabara Koogan 2013.
Anatomia - Macroscopia
Anatomia - Microscopia
Hormônios Tireoidianos
Cintilografia tiroidiana
Cintilografia de Tireoide -
Hipertireoidismo
Hipertireoidismo -
tratamento
Controle dos sintomas
ß-bloqueadores
Drogas antitireoidianas
Metimazol(Tapazol® - TPZ)
Propiltiouracil(PTU)
Iodo radioativo
Cirurgia
Tireoidectomia subtotal ou total
Hipertireoidismo – situações
especiais
• Hipertireoidismo subclínico
o Diagnóstico eminentemente laboratorial
o TSH abaixo de 0,4 mUI/L ou suprimido
o Prevalência relativamente alta em idosos
(1-2%)
o Metade dos pacientes (50%) evoluem
para compensação clínica
Hipertireoidismo – situações
especiais
o Oftalmopatia de Graves (OG)
o Presente em 25-50% dos pacientes com DG
o Hipertireoidismo factício
o TSH suprimido e HT normais.
o Hipertireoidismo no idoso
o Quadro clínico atípico (hipertireoidismo apatético)
o Hipertireoidismo na gravidez
o Geralmente melhora no 2º trimestre
Hipotireoidismo
Prof. Erich Pires Lisboa
Universidade Federal do Cariri
Faculdade e Medicina do Cariri
Módulo de Endocrinologia
Hipotireoidismo
Definição
o Produção insuficiente de HT levando à
diminuição do metabolismo basal.
o Tem diferentes expressões na criança e nos
adultos.
Tipos
Subclínico (TSH e T4f normal)
Clínico(TSH e T4f )
Hipotireoidismo
• Epidemiologia
o Mais comum na mulher (10:1)
• Classificação do Hipotireoidismo:
• Secundário (TSH )
• Terciário (TRH )
Hipotireoidismo
• Hipotireoidismo Primário (T3 e T4 estão )
Com bócio
Tireoidite de Hashimoto
Bócio endêmico por deficit de Iodo
Induzido por drogas antitiroidianas
Disormonogênese tiroidiana
Sem bócio
Pós-ablação cirúrgica
Pós-ablação com I¹³¹
Hipotiroidismo congênito atireótico (aplasia de tiroide)
Hipotiroidismo congênito por displasia da tiroide
Tireoidite subaguda
Doenças infiltrativas
Hipotireoidismo Central
• Hipotireoidismo Secundário (TSH )
o Hipopituitarismo por tumor hipofisário
o Hipopituitarismo por RT hipofisária
o Hipopituitarismo por mutações em fatores
de transcrição (Pit-1, Prop-1)
o Destruição hipofisária
• Hipotireoidismo Terciário (TRH )
o Disfunção hipotalâmica (Tumores ou
doenças infiltrativas – sarcoidose e
histiocitose)
Hipotireoidismo
• Hipotireoidismo Transitório (primário)
o Tiroidite subaguda
o Tiroidite pós-parto
o Hipotiroidismo neonatal por
transferência placentária de anticorpo
bloqueador TRAb
• Resistência periférica aos hormônios
tireoidianos
o Sintomas de Hipotireoidismo com TSH e T3 e T4 ↑
Hipotireoidismo –
tireoidite de Hashimoto
Hipotireoidismo – Quadro
Clínico
• Sintomas: • Sinais:
Astenia Anemia
• Na adolescência
o Baixa estatura
o Redução da velocidade de crescimento
o Puberdade precoce
Hipotireoidismo –
Quadro Laboratorial
• TSH
o T4 e T3 baixos.
o T4 livre baixo.
• Pesquisa de auto-anticorpos antitiroidianos
o Antitiroperoxidase (Anti-TPO)
o Antitireoglobulina (Anti-Tg)
o Presentes em mais de 90% dos pacientes com
tiroidite de Hashimoto
o Suas titulações não se associam a gravidade da
doença
Hipotireoidismo –
Diagnóstico diferencial
• Afastar doenças sistêmicas que levam
a anemia, caquexia e ICC, tais como
depressão e miastenia.
• Outras causas de doenças endócrinas
o Hipopituitarismo
o Hipocortisolismo
o Hipossomatropismo
o Hipogonadismo
o Síndrome de Hoffman
o Síndrome de Schimidt – autoimune
(Hipotiroidismo, IA e miopatia)
Hipotireoidismo
• Condições especiais
o Hipotiroidismo subclínico
o Hipotiroidismo grave no RN e no adulto
o Cretinismo e Coma mixedematoso
o Hipotiroidismo congênito decorrente de mutações
nos genes TPO, NIS, TG, THOX2 e PDS
o Defeitos de desenvolvimento da glândula tiroide
secundários a mutações nos genes PAX8, NKX2.5
o Síndrome de sensibilidade reduzida aos HT
decorrentes de mutações nos genes TR-β, MCT-8
Hipotireoidismo
situações Clínicas Especiais
Hipotiroidismo
Hipotireoidismo
subclínico (HSC)
• TSH entre 4,5-10 mUI/L com níveis de T4
livre normais.
• Sem sintomas
• Diagnóstico laboratorial
Níveis
normais
Hipotireoidismo
Normal subclínico
Hipotireoidismo
Hipotireoidismo
congênito (HC)
• Cretinismo
o RN de áreas endêmicas pobre em I¹³¹
o Está em desuso
Nód tireoide e câncer diferenc de tireoide: atual Cons bras. Arq Bras Endocrinol Metab. 2013;57(4):240-64
Nódulos tireoidianos
o Exames subsidiários (imagem):
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Nódulos tireoidianos
• Achados à US associados a maior risco de
malignidade do nódulo:
o Hipoecogenicidade (principalmente se acentuada)
o Microcalcificações
o Margens irregulares
o Diâmetro anteroposterior maior que o transverso
o Linfonodos cervicais com características suspeitas
o Vascularização predominante ou exclusivamente central
o A avaliação da elasticidade do nódulo (elastografia), maior
rigidez nas lesões malignas, mas não substitui a US.
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Cintilografia de tireoide
normal
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Nódulos tireoidianos
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Nódulos tireoidianos
Lesão
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Nódulos tireoidianos
• Recomendações de acordo com os
achados da citologia:
o Cirurgia é recomendada se a citologia for
suspeita para malignidade (Bethesda V) ou
maligna (Bethesda VI )
o Quando a citologia sugere neoplasia folicular
(Bethesda IV ), a cintilografia com I¹³¹ é útil.
• Nódulo hipercaptante não retirar
• Nódulo hipocaptante ainda constitui uma
indicação de cirurgia
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Bócio Multinodular
Tireoidiano
Nódulos tireoidianos
o Lesão folicular ou atipia de significado
indeterminado (Bethesda III), repetir PAAF entre 3-6
meses.
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Nódulos tireoidianos
o Se a amostra for inadequada para análise
citológica (categoria I de Bethesda), repetir PAAF
com intervalo de 3-6 meses, sempre guiada por US.
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Nódulos tireoidianos
o Marcadores moleculares auxiliam na definição
da natureza do nódulo tireoidiano,
particularmente com citologia indeterminada
(categorias III e IV de Bethesda)
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Nódulos tireoidianos
• Indicações cirúrgicas nos nódulos
tireoidianos:
o A tireoidectomia total é o procedimento
recomendado:
• Quando a doença nodular é bilateral
• Quando está associada a radiação
• Quando a citologia é suspeita para malignidade
• Quando a citologia é indeterminada e o nódulo
> 4 cm ou ≤ 4 cm com alta suspeita clínica ou
ultrassonográfica de câncer
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Nódulos tireoidianos
• Tratamento clínico dos nódulos tireoidianos:
o O tratamento supressivo com L-T4 não é recomendado
na doença nodular benigna da tireoide
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Nódulos tireoidianos
• Seguimento clínico dos nódulos tireoidianos:
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Nódulos tireoidianos
• Seguimento clínico dos nódulos
tireoidianos:
o Cirurgia deve ser considerada em
nódulos com progressão durante o
acompanhamento, cuja citologia inicial
foi indeterminada ou insatisfatória
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Tumores
Tireoidianos
Prof. Erich Pires Lisboa
Universidade Federal do Cariri
Faculdade e Medicina do Cariri
Módulo de Endocrinologia
Câncer de Tireoide
• Raros (1% dos casos de todos os carcinomas)
• Três tipos de células de origem
o Foliculares (90% dos cânceres):
• Os diferenciados respondem por mais de 95% dos casos
• Divide-se em papilíferos (70%) e foliculares (20-40%)
o Parafoliculares (carcinoma medular) – produzem
calcitonina
• Associado a NEM2 (tipo 2A e 2B)
o Células não-tiroidianas
• Linfomas
• Sarcomas
• Teratomas
• Hemangioendoteliomas
• metástases
Câncer de Tireoide
• Carcinoma papilífero (CPT)
o Atinge os jovens (3ª-4ª década), inclusive crianças
o Frequente – 40-70% dos casos
o Crescimento lento e baixo grau de malignidade
o Bom prognóstico, com sobrevida alta(80% após 10ª
anos do diagnóstico)
o Disseminação linfática intraglandular
(multicêntrica)
o 20% tem invasão extratireoidiana
o 25% metástases cervicais
o 5% com metástases à distância
Câncer de Tireoide
• Carcinoma folicular (CFT)
o Faixa etária mais elevada (> 5ª década)
o Comum nas mulheres
o Responde por 20 – 40% dos casos
o Prevalente nas áreas iodo deficiente
o Surge como nódulo único ou de crescimento
rápido em BMN antigo ou Mx à distância
o Disseminação hemática (pulmões e ossos)
Câncer de Tireoide
• Exames subsidiários:
o US de região cervical
• Observar achados de suspeita de malignidade
• Investigar invasões linfonodais e para órgãos
adjacentes
o PAAF
• 5% das punções
• Principal diagnóstico é o CPT
• Lesões foliculares são observadas em (15-30% das
citologias) e são suspeitas
• 20 – 30% das lesões suspeitas são malignas
• Diferenciação apenas no histopatológico
Câncer de Tiroide –
Tratamento
• O tratamento de escolha é a cirurgia
o Tireodectomia total
• Pacientes com baixa expectativa de vida por uma
doença grave associada podem ser poupados
desse procedimento, reservando a esses indivíduos
terapias paliativas em caso de doença avançada
ou progressiva
o Mulheres com diagnóstico no início da gestação
podem ser apenas acompanhadas com US se o tumor
permanece estável, com cirurgia apenas após o parto
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Câncer de Tiroide –
Tratamento
• Seguimento pós-cirúrgico
o Radioiodoablação (I¹³¹) dos remanescentes (micro ou
macroscópicos)
o Nas possíveis MTx (ESTIMULADA PELO TSH > 30 mUI/L).
o PCI nos casos suspeitos (tecido remanescente ou MTx.)
o Pacientes de muito baixo ou baixo risco dispensam PCI
e/ou ablação (avaliar caso)
o A Tg é um marcador tumoral importante
• Observar Anti-Tg
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Pesquisa de Corpo Interiro com I¹³¹ - Controle 5
anos pós-Tireoidectomia e RI¹³¹ ablação
MES, paciente de ambulatório do HRFB, Ouricuri – PE.
Controle pós-terapia. 2018. Arquivo pessoal.
Câncer de Tiroide –
Tratamento
• Seguimento pós-cirúrgico
o Indica-se a radioiodoablação (I¹³¹) dos
remanescentes (micro ou macroscópicos)
e/ou possíveis MTx (100-150 mCi).
o PCI quando há casos suspeitos de tecido
remanescente ou MTx doses mais elevadas
naqueles sabidamente com MTx à distância
(200 mCi).
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Câncer de Tiroide –
Tratamento
• Seguimento pós-cirúrgico
o Paciente com dados clínicos, histológicos e
radiológicos suficientes para decidir pela
ablação/terapia com ¹³¹I, esta deve ser
realizada em até 4 semanas.
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Câncer de Tiroide –
Tratamento
• Seguimento pós-cirúrgico
o Radioterapia externa deve ser considerada
em pacientes com ressecção tumoral
incompleta, não candidatos a reintervenção
cirúrgica, quando o tecido tumoral
remanescente exibe baixa captação de ¹³¹I.
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Câncer de Tiroide –
Tratamento
• Seguimento pós-cirúrgico
o Dose de L-T4 deve ser suficiente para
supressão do TSH, pois tem o papel de
inibição do crescimento tumoral e progressão
da doença.
o Paciente com níveis de Tg elevada sem
doença aparente podem apresentar
negativação da mesma a longo prazo
o Também nos casos aparentemente livres de
doença, mas com alto risco para recorrência,
a manutenção do TSH suprimido está
associada a melhor desfecho.
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Câncer de Tiroide –
Tratamento
• Seguimento pós-cirúrgico
o Deve-se ter cuidados com os efeitos da
supressão do TSH a longo prazo (eventos CV e
osteoporose em mulheres menopausadas)
• Nestes casos, deve-se realizar monitorização
cardíaca e osteometabólica.
• Para evitar longos períodos fora do alvo,
recomenda-se que o TSH seja dosado 6-8
semanas.
o Em seguida, a cada 6 meses quando o paciente estiver
com níveis desejados de TSH e a dose for mantida
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