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Orientação À Queixa Escolar - Uma Proposta Crítica de Atendimento Psicológico A Crianças e Jovens em Dificuldades Na Escolarização 2

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Orientação à queixa escolar: uma

proposta crítica de atendimento


psicológico a crianças e jovens em
dificuldades na escolarização

Beatriz de Paula Souza


Instituto de Psicologia
Universidade de São Paulo
2018
A exclusão da escola nos atendimentos a
queixas escolares
● Contatos do psicólogos com escolas nos
atendimentos a crianças e adolescentes de 6 a 14
anos, em Unidades de Saúde
Queixas Contato com
Ano
escolares a escola
1993 65% 7%
2005 77% 5%
Fonte: SOUZA, M. P. R. ; BRAGA, S. G. (2015) Da Educação para a Saúde: trajetória dos
encaminhamentos escolares de 1989 a 2005. In: Elaine T. Dal Mas Dias; Liliana Pereira Lima
Azevedo. (Org.). PSICOLOGIA ESCOLAR E EDUCACIONAL: PESQUISAS, PERCURSOS E
INTERVENÇÕES. 1ª. ed. Jundiaí: Paco Editorial, 2014, v. 1
Qual a importância de incluir a escola na
compreensão e atuação frente às queixas
escolares? Como está o nosso ensino?
Níveis de adequação em leitura e
escrita no 3º ano do Ensino
Fundamental*
Brasil 32%
Santa Catarina 41%
(+alto)
Sergipe 17%
(+baixo)
São Paulo 38%

*de acordo com a Avaliação Nacional de Alfabetização de 2016


Alguns funcionamentos do sistema escolar que
produzem dificuldades e sofrimento
● Dos órgão centrais:
○ Burocracia criando rupturas no vínculo professor-
classe
○ Políticas públicas implantadas de maneira
autoritária e desorganizada
● Das Unidades Escolares:
○ Ausência de espaços sistemáticos e organizados de
reflexão
○ Ausência de projeto político-pedagógico da escola
○ Falta de apoio e orientação
○ Saber desconsiderado
(...) Alguns funcionamentos do sistema escolar
que produzem dificuldades e sofrimento
● Da relação escola-pais:
○ Exclusão de decisões sobre seus filhos
○ Alvo de mitos e preconceitos
○ Tratados como usuários de favores x sujeitos de
direitos

● Da sala de aula:
○ Homogeneidade como princípio de trabalho
pedagógico
○ Pedagogia repetitiva e desinteressante
○ Encaminhamentos a especialistas
(...) Alguns funcionamentos do sistema escolar
que produzem dificuldades e sofrimento

Obs: a escola também é lugar de vida, desenvolvimento,


aprendizagem, amor…!
Compreendendo as queixas escolares
● Queixas Escolares são aquelas que têm, em seu
centro, o processo de escolarização. São
emergentes de uma rede de relações que tem, como
participantes principais, via de regra, a
criança/adolescente, sua escola e sua família
● Constituem-se ao longo de uma história que lhe dá
sentidos
Orientação à queixa escolar
● Tem, como sujeito de investigação e intervenção, a
rede de relações da qual a queixa escolar emerge, ao
longo de uma história que lhe dá sentido
● Tem, como objetivo, conquistar uma movimentação
desta rede dinâmica, que se direcione no sentido do
desenvolvimento de todos os seus participantes e das
relações entre eles e se sustente sem mais
necessidade da OQE
Alguns princípios
● Oferecer espaços de expressão potentes para que
uma comunicação significativa possa acontecer
● Abrir espaço para que as potências possam emergir
e serem apropriadas e intensificadas, retomando
ou fortalecendo desenvolvimento e saúde
● Colher a versão de cada participante e promover o
pensar sobre ela, seu processo de constituição e
significados
(...) Alguns princípios
● Promover a circulação/encontro de versões e
informações, de modo ético, entre os participantes
da rede
● Cuidar/potencializar as relações entre os
participantes da rede
● Atenção à singularidade, não há procedimentos
padronizados
● Abordagem (terapia) breve e focal
Percurso geral mais comum na OQE - 1
● Inscrição
● Triagem de orientação (T.O.) e destinos posteriores
possíveis:
○ Prosseguir no processo de OQE,
○ Aguardar
○ Encaminhamento(s), a especialistas de saúde
ou não
○ Encerramento

Obs: não trabalhamos de modo padronizado, os percursos e


procedimentos variam
Percurso na OQE - 2
Para os que prosseguem em OQE após a T.O:
● Encontros com a criança/adolescente(+- 10)
● Encontros com os responsáveis, formais e
informais
● Contatos com a escola (questionário e visita)
● Contato(s) com outras instituições, pessoas e
profissionais envolvidos significativamente
Percurso na OQE - 3
● Encerramento
○ sem encaminhamento
○ com encaminhamento(s)
■ a especialistas de saúde
■ a outros
● Acompanhamento
○ Contato telefônico com todos os participantes da
rede cerca de 3 meses após o encerramento (vide
roteiro em Materiais no site da OQE)
Encontros com a criança/ adolescente
● Colher a versão da criança sobre a queixa que se tem a
respeito dela
● Favorecer a manifestação e utilização de suas
capacidades e potencialidades, cognitivas e afetivas
● Perceber e acolher suas necessidades, instaurando a
esperança
● Propiciar a conquista e/ou valorização de sua condição
de sujeito de sua própria história, que percebe, pensa e
intervém (ex.: constrói junto com o psicólogo o que se
vai levar para pais e professores)
● Avaliar de modo adaptado às características singulares
do sujeito (não são utilizados testes padronizados)
(...) Encontros com a criança/ adolescente
● Tornar pensáveis os sofrimentos impensáveis, inclusive
o escolar
● Oferecer espaço para expressar e pensar a vida escolar,
inclusive conteúdos escolares, principalmente a escrita, e
sua relação com eles
● Múltiplas possibilidades de linguagem: jogos,
brincadeiras, cadernos
● Lugar de experimentações que pode ajudar a escola,
gerando sugestões de manejos e conhecimentos sobre
sentidos, potenciais e dificuldades, para professores e
pais
Encontros com responsáveis
● Funcionamentos e sentimentos comuns das
responsáveis femininas: culpa, olhar e relação com o
filho marcados pelo sofrimento escolar. Sobrecarga
produzida por escolas, psicólogos e outros, que as
responsabilizam pela vida escolar do filho. Relatos de
deixarem de trabalhar para assumirem o ensino de seus
filhos
● Funcionamentos e sentimentos comuns dos
responsáveis masculinos: olhar e relação com o filho
menos adoecido e capturado pelo discurso escolar. Criar
manejos para trazer e manter esses responsáveis, como
a valorização de sua participação no atendimento
(...) Encontros com responsáveis
● É comum os responsáveis revelarem-se vítimas de
preconceitos, sendo acusados injustamente de
negligência e desinteresse da vida escolar de seus filhos
e de formarem famílias desestruturadas
● Grupos de responsáveis: potentes para compartilhar a
vergonha, o desgaste, o afastamento da escola, a culpa e
sua crítica
Encontros com a escola
● Conquistar uma relação horizontal com os educadores.
Para isso, é importante despirmo-nos dos frequentes
preconceitos negativos acerca dos professores, levando
em conta as condições em que estes geralmente
desenvolvem seus trabalhos;
● Colher sua versão e as informações que nos trazem a
respeito da queixa, dialogando com elas;
● Fazer perguntas que ajudem a esclarecê-la e pensá-la,
valorizando o saber do professor;
● Identificar e valorizar seus recursos e esforços
(...) Encontros com a escola
● Levar informações e sugestões. Ir à escola no momento
em que isso é possível
● Levar a história da criança/adolescente e sua família,
inclusive a história escolar, que pode dar sentido ao que
o professor vive e observa com seu aluno e inspirar
práticas
Comparando resultados entre OQE e práticas
de psicodiagnósticos em clínicas-escola
OQE Clínicas-escola – diagn.
(2008 - 2012) (Souza, 1996)
Demanda Escolar 90% 75%
Desistência pós-
7% 38%
triagem
Encaminhados
a especialistas de
20% 100%
saúde

Fonte: SOUZA, Marilene Proença Rebello. A queixa escolar e a formação


do psicólogo. Tese (Doutorado em Psicologia) – Instituto de Psicologia,
Universidade de São Paulo, 1996. p. 366
Para se aprofundar: veja no Portal OQE
● Referências bibliográficas
● Vídeos
● Materiais (roteiros e questionários)

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