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Conflito de Casamansa

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conflito de Casamansa

Localização da Casamansa no Senegal
Data 1990-atual
Local Casamansa, Senegal
Desfecho Acordo de paz (2005).[1]
Violência ainda continua esporadicamente.
Beligerantes
Senegal Senegal
Guiné-Bissau Guiné-Bissau
borde MFDC
Comandantes
Senegal A. Diouf (1981-00)
Senegal A. Wade (2000-2012)
Senegal Macky Sall (2012-actual)
borde A. Senghor (1991-07)
Forças
Senegal 3.000 (1995)[2]
Senegal 3.000 (1997)[3]
França 1.200 (2002)[4]
Bandera de Casamance 300-500 (1991)[5]
Bandera de Casamance 2.300 (2002)[6]
Bandera de Casamance 2.000 (2005)[7]
Baixas
3.000[8]-5.000[9]mortos
35.000[3]- 60.000[6]deslocados

O Conflito de Casamansa é uma guerra civil de baixo nível que tem sido travada entre o Governo do Senegal e o Movimento das Forças Democráticas de Casamansa (MFDC) desde 1990, sobre a questão da independência para a região de Casamansa.

Segundo historiadores, o primeiro presidente do Senegal, Leopold Senghor, fez uma promessa aos líderes de Casamansa antes da independência da França em 1960 que se juntassem ao Senegal por 20 anos, teriam sua própria independência posteriormente. Quando o governo não seguiu com a promessa em 1980, manifestações de rua na capital de Casamansa, Ziguinchor, tornaram-se violentas.

O grupo rebelde, o MFDC, foi fundado como um grupo político em 1947 pelos líderes diolas Emile Badiane e Victor Diatta e pelos fulas Édouard Diallo e Ibou Diallo.[10] O MFDC organizava manifestações desde 1982, em 1985 formou seu braço armado diúla chamado Atika que significa guerreiro, teve o apoio do presidente da Guiné-Bissau, João Bernardo Vieira, até sua queda em 1999.

A alta popularidade do MFDC foi somada às denúncias de grupos de direitos humanos da repressão brutal contra os manifestantes que pediam o cumprimento da promessa de Senghor. A região é habitada principalmente pelos diolas que têm uma longa tradição de movimentos de independência. Em 1982, os líderes da organização foram presos, gerando um círculo vicioso de aumento da resistência e, portanto, a repressão do exército senegalês.

Diversos cessar-fogo foram acordados durante a década de 1990, mas nenhum durou, o primeiro foi assinado em 31 de maio de 1991. O padre Augustin Diamacoune Senghor passou a conduzir o MFDC e seguiu uma política de diálogo e reconciliação. No entanto, o governo senegalês recusou-se a considerar a independência da região, e tentou convencer alguns membros do MFDC dividir o grupo e reiniciar a luta.

Em 1996, foram iniciadas as negociações de paz e em 26 de dezembro de 1999 foi assinado outro cessar-fogo, mas cerca de 500 pessoas morreriam em batalhas até março de 2001, quando Senghor e Abdoulaye Wade, o presidente do Senegal, chegaram a um acordo paz. Isto permitiu a libertação de prisioneiros, o regresso dos refugiados e à remoção de minas terrestres, mas não trouxe a independência. Alguns rebeldes viram isso como uma traição da causa o que levou finalmente a divisão do grupo em duas facções, enfrentando entre si a assinatura de um novo cessar-fogo entre Senghor e o governo em dezembro de 2004.

Desde a divisão manteve-se uma guerra de baixa intensidade constante. Em 2005, houve novas negociações, conseguindo a desmobilização parcial dos insurgentes e a violência começou a diminuir,[11] mas em abril do ano seguinte confrontos entre grupos rebeldes e o Exército em junho [12] fizeram 9000 fugirem pela fronteira com Gâmbia.[13] Em janeiro de 2007, Senghor morreu e em maio os confrontos entre diferentes facções foi retomado.

Em 2009, os confrontos ocasionais continuam a ocorrer, entre militares e "rebeldes", mas também entre grupos rivais.[14].

Casamansa, anteriormente uma das regiões mais prósperas do país, foi profundamente traumatizada pela violência. Atualmente trabalha para reconstruir e restaurar sua imagem, especialmente como destino turístico.

Referências

  1. Casamance: la reconstrucción después de un conflicto 22 de enero de 2010.
  2. Africa South of the Sahara 2004, Europa Publications, pp. 930, Routledge, 2003
  3. a b Senegal. República de Senegal pp. 14
  4. Armed forces - Senegal En 2002 las Fuerzas Armadas de Senegal se componía de un ejército de 8.000 hombres, la marina de 600 y una fuerza aérea de 800 a los que se les suman 5.800 gendarmes y tropas francesas.
  5. Uppsala conflict data expansion. Non-state actor information. Codebook pp. 308.
  6. a b Movement of Democratic Forces in the Casamance (MFDC)
  7. Armed Conflicts Report - Senegal
  8. Anuario 2007 de los Procesos de Paz. ECP, pp. 33
  9. Casamance: treinta años de guerra y la paz se resiste - GuinGuinBali.com 13 de enero de 2011.
  10. Linda J. Beck, Patrimonial democrats in a culturally plural society : democratization and political accommodation in the patronage politics of Senegal, University of Wisconsin, Madison, 1996, vol. 2, p. 239
  11. BBC NEWS | Africa | Senegal to sign Casamance accord 30 de diciembre de 2004.
  12. Africa South of the Sahara 2004, Europa Publications, pp. 931, Routledge, 2003.
  13. IRIN Africa | SENEGAL Attacks in Casamance despite peace move | Senegal | Other 5 de diciembre de 2006.
  14. « Casamance : Ni guerre ni paix », in Jeune Afrique, Predefinição:Numéro2549, du 15 au 21 novembre 2009, p. 32-34
  • (em alemão) Katja Salomon, Instabile Staatlichkeit am Beispiel Senegal : Rebellenkonflikte und die Handlungsautonomie des Staates, Marburg, Tectum-Verlag, 2005, 146 p. (d'après un travail universitaire à l'Université de Marburg, 2004) ISBN 3-8288-8888-7
  • (em francês) Collectif, Sénégal. La terreur en Casamance : le rapport d’Amnesty International, 1999 ISBN 2876660946
  • (em francês) Séverine Awenengo, « À qui appartient la paix ? Résolution du conflit, compétitions et recompositions identitaires en Casamance (Sénégal) », Journal des Anthropologues, 2006, n° 104-105, p. 79-108
  • (em francês) Jean-Marie François Biagui, Trois Manifestes pour la paix en Casamance, 1994, 85 p. ISBN 2907999257
  • (em francês) Jean-Marie François Biagui, De l’indépendance de la Casamance en question, 1994, 62 p. ISBN 2907999273
  • (em francês) Jean-Marie François Biagui, Pourquoi la Casamance n'est pas indépendante : une introspection prospective, Éditions Clairafrique, Dakar, 2008, 51 p.
  • (em francês) Boucounta Diallo, La crise casamançaise : problématique et voies de solutions, L'Harmattan, Paris, 2009, 153 p. ISBN 978-2-296-09884-8
  • (em francês) Moustapha Gueye, Pluralisme et rôle des médias dans les conflits en Afrique de l'ouest dans les années 1990 : Le cas spécifique de la Casamance (Sénégal), Université Paris 2, 2008, 381 p. (thèse de doctorat de Sciences de l'information)
  • (em francês) Jean-Claude Marut, Le conflit de Casamance. Ce que disent les armes, Karthala, Paris, 2010, 420 p. ISBN 9782811103538
  • (em francês) Abdourahmane Ndiaye, La Terreur en Casamance. Les convoyeurs d’armes, L’Harmattan, Encres Noires, 1994, 160 p. ISBN 2-7384-2563-1
  • (em francês) Nelly Robin, « Le déracinement des populations en Casamance. Un défi pour l'État de droit », Revue européenne des migrations internationales, 2006, vol. 22, n° 1, p. 153-181
  • (em francês) Assane Seck, Sénégal, émergence d'une démocratie moderne (1945-2005) : Un itinéraire politique, Paris, Karthala, 2005, 360 p. ISBN 2845865058

Ligações externas

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