Kalpa (tempo)
Kalpa é uma palavra em sânscrito (कल्प kalpa) que designa um aeon ou éon, ou um longo periodo de tempo na Cosmologia hindu e na cosmologia budista. O conceito foi mencionado pela primeira vez no Mahabharata. A definição de kalpa é equivalente a cerca de 4,32 bilhões de anos, encontrado nos Puranas mais especificamente no Vishnu Purana e Bhagavata Purana.
Budismo
[editar | editar código-fonte]Segundo o Visuddhimagga, existem varias explicações para os tipos de kalpas e sua duração. A primeira delas diz que existem quatro tipos:
1. Ayu-Kalpa - um período de tempo variável que representa a expectativa típica de vida de um ser humano em uma determinada época ou yuga. Podendo ser tão alta quanto um Asankya ou tão pequenas quanto 10 anos. Este número é diretamente proporcional ao nível de virtudes das pessoas em uma determinada época. Atualmente, esse valor oscila em torno de 100 anos e continuamente está a diminuir.
2. Antah-Kalpa - tempo necessário para uma Ayu-Kalpa, contando-se a partir de 10 anos até um Asankya e voltando para 10 anos. O fim de um Antah-Kalpa (ou massa de extinção) pode acontecer de três maneiras onde a maioria da população humana fica extinta:
1. Sashthrantha-Kalpa - Extinção em massa por guerras. 2. Durbhikshantha-Kalpa - Extinção em massa por fome. 3. Rogantha-Kalpa - Extinção em massa por peste.
3. Asankya-Kalpa - intervalo de tempo de 20 Antah-Kalpas. Um deles é equivalente a um quarto de 'Maha-Kalpa.
4. Maha-Kalpa - A maior unidade de tempo no Budismo. O final de um Maha-Kalpa pode se dar em três maneiras: fogo, água e vento. É dividido em quatro-quartos cada um equivalendo a um Asankya-Kalpa.
1. Primeiro quarto - tempo necessário para este mundo se formar 2. Segundo quarto - duração estável deste mundo, onde todos os seres vivos podem prosperar. 3. Terceiro quarto - tempo necessário para a destruição deste mundo. 4. Quarto quarto - período de tempo vazio.
Em uma outra explicação mais simples, existem 4 tipos diferentes de duração de kalpas. Um kalpa regular tem aproximadamente 16 milhões de anos 16,798,000 anos[1]), e um kalpa pequeno tem por volta de 1000 kalpas regulares, ou 16 bilhões de anos. Além disso, um kalpa medio tem 320 bilhões de anos, o equivalente a 20 kalpas pequenos. um kalpa grande tem 4 kalpas médios, ou 1.28 trilhões de anos.
Não há registros da duração exata do Maha-kalpa dita por Buda em número de anos. No entanto, ele deu várias analogias surpreendentes para compreendê-lo. Exemplos:
1. Imagine um cubo enorme vazio no início de um kalpa, cerca de 16 quilômetros em cada lado. Uma vez a cada 100 anos, se insere uma pequena semente de mostarda no cubo. De acordo com Buda, o cubo enorme será preenchido antes mesmo do fim do Maha-kalpa.
2. Imagine uma montanha rochosa gigante no começo do Maha-kalpa, aproximadamente 26 x 26 x 26 kilometros (exemplo Monte Everest). Agora pegue um pequeno pedaço de seda e limpe a montanha uma vez a cada 100 anos. De acordo com o Buda, a montanha vai estar completamente limpa antes mesmo do Maha-kalpa terminar. Em uma situação, alguns discípulos queriam saber quantos kalpas já se passaram até então (época de Buda, Séc V a.C). Buda deu uma analogia:
3. Se você contar o número total de partículas de areia no fundo do rio Ganges, desde a sua nascente ate o seu deságue no mar, mesmo assim o numero contado, será menor do que o número de kalpas passados.[2]
Hinduísmo
[editar | editar código-fonte]No Hinduísmo (cf. Tempo cíclico Hindu), um kalpa é equivalente a 4.32 billhões de anos, um "dia de Brahma" ou mil mahayugas,[3] medição da duração do mundo (cientistas estimam que a idade da Terra é de 4.54 bilhões de anos).[4] Cada kalpa é divido em 14 períodos de tempos chamados manvantara, cada um durando 71 ciclos de yuga (306,720,000 anos). Procedendo desde o primeiro e seguindo cada periodo de manvatara a uma junção (sandhya) de tempo de um Satya-yuga (1,728,000) anos.[5] Dois kalpas constituem um dia e noite de Brahma.O "mês de Brahma" é contêm 30 dias (incluindo noites), ou 259,2 bilhões anos. De acordo com o Mahabharata, 12 meses de Brahma (= 360 dias) constituem o seu ano, e 100 anos o ciclo de vida do universo. Cinqüenta anos de Brahma é suposto ter decorrido, e agora estamos na 'shvetavaraha-kalpa' do quinquagésimo primeiro, no final de um Kalpa o mundo será aniquilado.
Kalpa e outros periodos de tempo
[editar | editar código-fonte]"A duração do mundo material é limitado. Ele se manifesta em ciclos de kalpas. Kalpas são os dias de Brahmā, e um de dia Brahmā consiste em mil ciclos de quatro yugas, ou eras: Satya, Treta, Dvapara e Kali. O ciclo de Satya é caracterizada pela sabedoria, virtude e religião, não tendo practicamente nenhuma ignorância ou vicío, e o yuga dura 1,728,000 anos. No Tretā-yuga o vicío é introduzido, e este yuga dura 1,296,000 years. No Dvāpara-yuga a um declínio ainda maior na virtude e na religião, o vício aumenta, e este yuga dura 864,000 anos. E finalmente na Kali-yuga (A yuga a qual a humanidade experimenta atualmente, e que já dura cerca de 5,000 anos) a uma abundância de conflitos, ignorância, irreligião e vício, e a virtude verdadeira do ser praticamente não existe, e este yuga dura 432,000 anos. Na Kali-yuga o vício chega a tal ponto que no fim deste yuga o Senhor Supremo nele mesmo aparecera como o Kalki avatar, varrendo os demonios, salvando seus devotos, e começando outra Satya-yuga. Assim o processo é posto novamente em giro. Estes quatro yugas, girando mil vezes, consiste em um dia Brahmā, e o mesmo numero consiste em uma noite. Brahmā vive cem de tais anos e então morre. Estes "cem anos" tem no total 311 trilhões e 40 bilhões de anos terrestres (311,040,000,000,000). Por este calculo a vida de Brahmā parece ser fantástica e interminável, mas a partir deste ponto de vista a eternidade é um breve flash de luz. No Oceano causal existem inúmeros Brahmas surgindo e desaparecendo como bolhas no Atlântico. Brahma e sua criação são todos parte do universo material, e, portanto, eles estão em fluxo constante. "(Bhagavad-gita Como Ele É 8.17) [1]
Nomes de Kalpas
[editar | editar código-fonte]Os nomes dos 30 Kalpas são encontrados no Matsya Purana (290.3-12). Eles são:[6]
- Śveta
- Nīlalohita
- Vāmadeva
- Rathantara
- Raurava
- Deva
- Vṛhat
- Kandarpa
- Sadya
- Iśāna
- Tamah
- Sārasvata
- Udāna
- Gāruda
- Kaurma
- Nārasiṁha
- Samāna
- Āgneya
- Soma
- Mānava
- Tatpumān
- Vaikuṇṭha
- Lakṣmī
- Sāvitrī
- Aghora
- Varāha
- Vairaja
- Gaurī
- Māheśvara and
- Pitṛ
O Vayu Purana no capítulo 21 dá uma listagem diferente de 28 kalpas. É também mencionado mais 5 kalpas no capítulo seguinte.
Veja também
[editar | editar código-fonte]Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ Epstein, Ronald B.(2002). Buddhist Text Translation Society's Buddhism A to Z p. 204. Buddhist Text Translation Society. ISBN 0881393533, 9780881393538.
- ↑ Epstein, Ronald (2003). Buddhism A to Z. Burlingame, California, United States.: The Buddhist Text Translation Society. ISBN 0-88139-353-3
- ↑ Johnson, W.J. (2009). A Dictionary of Hinduism. [S.l.]: Oxford University Press. p. 165. ISBN 978-0-19-861025-0
- ↑ http://pubs.usgs.gov/gip/geotime/age.html
- ↑ Cremo, M.A., 1999. Puranic time and the archaeological record. In T. Murray (ed.), Time and Archaeology 38-48. London: Routledge. http://catalogue.nla.gov.au/Record/379479
- ↑ Vasu, S.C. & others (1972). The Matsya Puranam, Part II, Delhi: Oriental Publishers, p.366