O Fortuna é um poema que faz parte dos manuscritos de Carmina Burana, criado aproximadamente entre os anos de 1100 e 1200. Este poema é dedicado à Fortuna, deusa romana da sorte e da esperança. O poema foi escrito em latim medieval sem levar a métrica latina clássica; ao invés disso, foi escrito com um estilo originado do alto alemão: o Vagantenlieder, um estilo típico dos goliardos. Sua fama atual em todo o mundo se deve a Carl Orff ter composto a música para este poema e ter colocado como parte de sua cantata Carmina Burana.[1]
O Fortuna em Latim
Tradução
O Fortuna*
velut luna
statu variabilis,
semper crescis
aut decrescis;
vita detestabilis
nunc obdurat
et tunc curat
ludo mentis aciem,
egestatem,
potestatem
dissolvit ut glaciem.
Sors immanis
et inanis,
rota tu volubilis,
status malus,
vana salus
semper dissolubilis,
obumbrata
et velata
mihi quoque niteris;
nunc per ludum
dorsum nudum
fero tui sceleris.
Sors salutis
et virtutis
mihi nunc contraria,
est affectus
et defectus
semper in angaria.
Hac in hora
sine mora
corde pulsum tangite;
quod per sortem
sternit fortem,
mecum omnes plangite!
Ó Sorte
és como a Lua
variável de estado,
sempre aumentas
e diminuis;
vida detestável
ora oprime
e ora cura
brinca com a mente;
a miséria,
o poder,
ela os funde como gelo.
Destino monstruoso
e vazio,
tu — roda volúvel —
és má,
vã é a felicidade
sempre dissolúvel,
sombria
e velada
também a mim contagias;
agora por brincadeira
o dorso nu
entrego à tua perversidade.
A sorte na saúde
e virtude
agora está contra mim.
dá
e tira
mantendo sempre escravizado.
nesta hora
sem demora
tange a corda vibrante;
porque a sorte
abate o forte,
chorais todos comigo!
*Os homônimos "fortuna" do latim e do português são cognatos por terem a mesma origem, embora tenham divergido em seus significados. Em latim, fortuna significa "sorte", e fortunae, por sua vez, quer dizer riqueza material.