É Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e licenciado em Filosofia pela mesma Universidade. Organizador, em conjunto com Martín de Mauro Rucovsky, das edições castelhana (Espanha: Editorial Egales, 2021) e brasileira (Salvador: Editora Devires, 2022) de "Metafísicas sexuais. Canibalismo e devoração de Paul B. Preciado na América Latina". Tem como interesse as disputas centradas na área da Filosofia Política Contemporânea e tem como fio condutor de suas pesquisas a história política da materialidade dos corpos, com ênfase na teoria do filósofo espanhol Paul B. Preciado. A partir disso, os subtemas investigados são: as mutações do capitalismo contemporâneo; sujeição social e servidão maquínica; performatividade; precariedade; cisheteronormatividade compulsória; sexo, gênero e sexualidades; sexopolíticas e farmacopornopolíticas; a farmacopornografia; ontologias políticas e epistemologias dissidentes. Supervisors: Eladio Constantino Pablo Craia
Este artigo investiga as diferentes concepções de “Sujeito” de acordo com o corpus teórico do fil... more Este artigo investiga as diferentes concepções de “Sujeito” de acordo com o corpus teórico do filósofo Paul B. Preciado. As categorias analisadas são: os processos subjetivos e técnicos de sujeição social e servidão maquínica na era farmacopornográfica; o sujeito Playboy e petrosexorracial; a Multidão, seus múltiplos devires e as micropolíticas de resistência à opressão; a metamorfose dos sujeitos em agentes revolucionários e os simbiontes políticos, postulados por Preciado em seu mais recente livro publicado, Dysphoria mundi. Como Preciado articula todas estas concepções, considerando ainda as linhas de fuga da submissão, isto é, o horizonte filosófico de resistência onto-epístemo-política, metamorfose e até a possível superação da dominação capitalística? Os procedimentos metodológicos foram baseados na pesquisa bibliográfica (livros, artigos e crônicas), de modo a evidenciar o contraste, as semelhanças, diferenças e interstícios entre a teoria de Preciado e as suas principais referências. Os resultados obtidos indicam uma linearidade consistente entre-categorias, os desafios em materializar as teorias revolucionárias na realidade cotidiana, bem como estratégias práticas que contribuem para a organização ontopolítica proposta por Preciado.
Sistema Integrado de Bibliotecas – SIBI/PUCPR, 2021
A presente dissertação tem como horizonte de pesquisa o conjunto de postulados e reflexões do fil... more A presente dissertação tem como horizonte de pesquisa o conjunto de postulados e reflexões do filósofo espanhol Paul B. Preciado, a partir do qual este afirma que a noção de Multidão, tal como pensada por Michael Hardt e Antonio Negri, pode ser compreendida em termos de um “devir-revolucionário, multitudinário, constituído por singularidades diferenciadas”. Enquanto movimentos contraculturais, os deslocamentos subversivos onto-epístemo-políticos deflagrados pela Multidão comportam a possibilidade de promover a emancipação das singularidades que os compõem, bem como das políticas identitárias estabelecidas. Neste sentido, a pesquisa propõe investigar como ocorre este processo de emancipação das subjetividades e singularidades, de modo a compreender como de fato é mobilizado o conceito de Multidão na teoria preciadiana, primeiro como “sujeito queer” e, posteriormente, como força des-identitária, isto é, como novo “sujeito político contemporâneo”. Para tal, será necessário estabelecer e analisar como o assujeitamento e a exploração capitalística são compreendidos na atualidade. Será utilizada como ferramenta hermenêutica para tal objetivo certos aspectos do pensamento de Judith Butler que permitem elucidar a produção concreta dos sujeitos, a exigência sistemática de assujeitamento ao cis-heteropatriarcado e a vulnerabilização dos sujeitos-individuados. Além disso, serão utilizados certos aspectos da teoria hardt-negriana que permitem esclarecer quais são as origens do conceito de Multidão e como os autores propõem a completa metamorfose da democracia enquanto plataforma para políticas emancipatórias, enfatizando o poder constituinte da biopolítica afirmativa da Multidão. Esta abertura conceitual possibilita contextualizar o recorte têmporo-espacial salientado por Preciado, a partir do qual fundamenta o conceito de farmacopornografia para identificar as mutações do capitalismo e seus mecanismos de exploração, como a sujeição social e a servidão maquínica. Desse modo, ao se reconhecer os mecanismos de dominação e exploração, torna-se viável a proposição de estratégias de subversão e práticas micropolíticas enquanto linhas de fuga que convergem com o conceito de Multidão, relida como insurgência contrafarmacopornográfica de desestabilização capitalística.
“Metafísicas sexuais” parte de uma leitura desviada e expropriada.
Como ressituar Paul B. Precia... more “Metafísicas sexuais” parte de uma leitura desviada e expropriada.
Como ressituar Paul B. Preciado em La Pampa, no Sertão e no Caribe, no deserto de Sonora, na selva Lacandona e no Istmo de Tehuantepec? Ainda que talvez seja um livro que rejeita o organismo, o tecido ou a prótese que se pretende implantar. Talvez este seja um daqueles livros que procuram construir um espaço de crítica entre línguas que atenda a tradições oblíquas, opacas e duplamente negadas, como as memórias do Sul, da Mesoamérica e de Abya Yala, de NossAmérica. Quais são os imaginários emancipatórios que, a partir das experiências da velhice cuir, dos corpos gordos, das gorduras trans, dos esgotados e excessivos corpos plebeu-populares da dissidência e da contrassexualidade que se configuram como laboratórios políticos? Como se produzem os corpos sexuais na diáspora e no exílio, em um território dizimado, em uma geografia que é sempre outra?
Uma fala deslinguada e de curtos-circuitos (Rangiñtulwefü em Mapudungún, um estar-entre, na metade, rangintulen ou entre rios), uma fala de corpos mobilizados e em desobediência coletiva (Ometéotl em Náhuatl, energia cósmica e divindade dual). Ou talvez também aconteça que não haja elementos europeus e do Atlântico Norte a serem digeridos, mas sim uma opacidade intraduzível. Desobedecendo às categorias biológicas, raciais e de miscigenação, sem origens ou lugares primitivos, o que buscamos construir é uma espécie de intervenção a partir da situacionalidade da Argentina, Brasil, Chile e México, de qualidade maleável e elástica que nos ajudem a ler e intervir sobre as transformações no mundo que nos rodeia e em que habitamos.
Metafísicas sexuales parte de una lectura desviada y expropiada. ¿Cómo resituar a Paul B. Preciad... more Metafísicas sexuales parte de una lectura desviada y expropiada. ¿Cómo resituar a Paul B. Preciado en La Pampa, el Sertão y en El Caribe, en el desierto de Sonora, la selva Lacandona y el istmo de Tehuantepec? Aunque quizás se trate de un libro que rechaza el organismo, el tejido o la prótesis que se pretende implantar. Acaso este es uno de esos libros que busca construir un espacio de crítica entre lenguas que atienda a tradiciones oblicuas, opacadas y doblemente denegadas, las memorias del Sur, de Mesoamérica y de Abya Yala, de Nuestramérica. ¿Cuáles son los imaginarios emancipatorios que desde las experiencias de la vejez cuir, los cuerpos gordos, las grasas trans, los cuerpos plebeyos-populares gastados y excesivos de la disidencia y la contrasexualidad se configuran como laboratorios políticos? ¿Cómo se producen los cuerpos sexuales en la diáspora y el exilio, en un territorio diezmado, en una geografía que es siempre otra? Un habla deslenguada y de cortorcircuitos (Rangiñtulwefü en mapudungún, un estar entre, en la mitad, rangintulen o entre ríos), un habla de cuerpos movilizados y en desobediencia colectiva (Ometéotl en náhuatl, energía cósmica y divinidad dual). O tal vez suceda también que no existen elementos europeos y noratlánticos que ser digeridos, sino una opacidad intraducible. Desobedeciendo categorías raciales, de mestizaje y biológicas, sin orígenes ni lugares primigenios, lo que se busca construir es un tipo de intervención desde la situacionalidad de Argentina, Brasil, Chile y México, de cualidad maleable y elástica que nos ayuden a leer e intervenir sobre las transformaciones en el mundo que nos rodea y habitamos
Metafísicas sexuais: Canibalismo e devoração de Paul B. Preciado na América Latina, 2022
Se o consumo da pornografia se caracterizava por uma prática solitária e reclusa, utilizando as i... more Se o consumo da pornografia se caracterizava por uma prática solitária e reclusa, utilizando as imagens de maneira instrumental para causar a ejaculação, sob uma duração específica do tipo começo-meio-fim (prólogo-clímax-desfecho; preliminares-penetração-ejaculação), o sexo virtual, ao contrário, é uma prática coletiva e pública, fazendo das imagens que produz e consome não mais a representação de um corpo intangível, mas a própria encarnação/atualização do corpo nas ambiências digitais (isto é, rompem com a distinção entre corpo e imagem), estabelecendo uma temporalidade ininterrupta, constante e virtual (sem começo nem fim, afinal, é possível iniciar uma foda virtual a qualquer momento pois sempre haverá um tecnocorpo online, disponível e a fim) – daí sua condição de paradigma dos modos de produção-consumo do capitalismo pós-industrial, pois, de uma maneira tão soft quanto inesperada, cada corpo e cada imagem utilizados durante o sexo virtual se convertem instantaneamente em lucro (para os criadores e investidores envolvidos nestes recursos) e mais-valia sexual (transmutando tais imagens em valiosas mercadorias on demand), instaurando um novo modelo de produção, publicidade e consumo que beneficiará qualquer área (moda, gastronomia, turismo, entretenimento, mas também a política, a medicina, a arquitetura etc.) que se utilizar dessa ignição excitação-frustração-excitação.
In: Ontologia, Política e Psicanálise: Discursos acerca da Alteridade. 1ed.Porto Alegre: Editora ... more In: Ontologia, Política e Psicanálise: Discursos acerca da Alteridade. 1ed.Porto Alegre: Editora Fi, 2018, v. , p. 149-175.
PRECIADO, P. B. Dysphoria mundi. El sonido del mundo derrumbándose. 560 p. Espanha: Editorial Ana... more PRECIADO, P. B. Dysphoria mundi. El sonido del mundo derrumbándose. 560 p. Espanha: Editorial Anagrama, 2022.
Do que estão feitos os nossos corpos? Como estão constituídos os corpos e a sua matéria sexuada? ... more Do que estão feitos os nossos corpos? Como estão constituídos os corpos e a sua matéria sexuada? É possível incluir a biotecnologia dentro do repertório de efeitos performativos de gênero? São algumas das perguntas-problemas com as que Martin de Mauro introduz o corpo em cena, em um contexto singular dominado pela renegociação das normativas de sexo e gênero. Se em certo sentido o corpo – expulsado da história, contido como natureza – constituiu o beco sem saída da teoria feminista, tanto em sua versão da diferença como o construtivismo social de gênero, a muito disseminada recepção tanto de Judith Butler quanto de Paul B. Preciado torna necessário interceptar a função narrativa do mesmo em suas produções teóricas.
O presente artigo foi publicado originalmente como um capítulo de livro na compilação Queer y cui... more O presente artigo foi publicado originalmente como um capítulo de livro na compilação Queer y cuir: políticas de lo irreal (Editorial Fontamara, 2015), organizada por Fernando Lanuza e Raúl Carrasco. A revista Caderno Espaço Feminino agradece à pesquisadora Sayak Valencia por autorizar a publicação desta tradução.
operação que nos interessa destacar gira em torno da zona de problematicidade que ilumina o trab... more operação que nos interessa destacar gira em torno da zona de problematicidade que ilumina o trabalho crítico com materiais culturais e que supõe uma complementaridade conceitual entre os caminhos da biopolítica e da precariedade. Aquilo que essas análises e seu trabalho com materiais indicam, de um modo muito nítido, é um conjunto de dimensões, linhas de indagação e zonas de problematização que não adquirem a suficiente relevância nos debates contemporâneos sobre biopolítica e precariedade. Daí advém a necessidade de elaborar uma ferramenta de trama conceitual que dê conta dos marcadores que codificam uma vida precária. Justamente, este é o ponto cego em comum e, ao mesmo tempo, o espaço de interseção conceitual que nos interessa: os percursos em biopolítica que não tenham considerado os processos de precarização da vida e, em igual medida, as teorizações sobre a condição precária que não tenham pensado em termos estritamente biopolíticos. Denominamos bios-precário a este nó conceitual a partir da conjunção entre a caixa de ferramentas (teóricas) de Judith Butler em relação à ontologia corporal da precariedade e ao cruzamento do percurso biopolítico de Roberto Esposito entre vida impessoal e biopolítica afirmativa. PALAVRAS-CHAVE: Bios-precário; Biopolítica; Precariedade; Judith Butler; Roberto Esposito RESUMEN La operación que nos interesa subrayar gira en torno a la zona de problematicidad que ilumina el trabajo crítico con materiales culturales y que supone una complementariedad conceptual entre los recorridos de la biopolítica y de la precariedad. Lo que estos análisis y su trabajo con materiales indican, de un modo muy nítido, es un conjunto de dimensiones, líneas de indagación y zonas de problematización que no adquieren la suficiente relevancia en los debates contemporáneos sobre biopolítica y sobre precariedad. De allí la necesidad de elaborar una herramienta de entramado conceptual que dé cuenta de los marcadores que codifican una vida precaria. Y justamente, ese es el punto ciego en común y a la vez, el espacio de intersección conceptual que nos interesa: los recorridos en biopolítica que no han considerado los procesos de precarización de la vida y en igual medida, las teorizaciones sobre la condición precaria que no han pensado en términos estrictamente biopolíticos. Denominamos bíos-precario a este nudo conceptual a partir
Como aparece a pornografia como um discurso e saber sobre o corpo? Qual é a relação que existe en... more Como aparece a pornografia como um discurso e saber sobre o corpo? Qual é a relação que existe entre pornografia e a produção de subjetividade? Como funciona a pornografia dentro dos mecanismos políticos de normalização do corpo e da visão na cidade moderna? Esta pesquisa muito rápida trata de realizar uma análise dos primeiros apontamentos feitos em Testo yonqui (2008) e que antecedem ao Pornotopía (2010), em que em um primeiro momento se faz a proposta de uma releitura dos termos presentes no debate pornográfico (sujeito, olhar, representação, prazer...), assim como das suas relações com a história da arte e as suas estratégias biopolíticas de controle do corpo e de produção de prazer através do olhar. Em um segundo momento, tenta-se aqui mostrar como e por qual razão a pornografia é uma forma de produção cultural que concerne ao museu, em como o museu produz uma categoria de lixo urbano a partir da pornografia como um amplo dispositivo biopolítico de controle e privatização da sexualidade na cidade moderna e, ao fim, por qual razão a pornografia se converteu, a partir dos anos setenta, em um espaço de análise, em uma ferramenta crítica e de reapropriação para as micropolíticas de gênero, sexo, raça e sexualidade.
XVI Congresso de Filosofia Contemporânea da PUCPR: O Futuro das Humanidades, 2018
Esta interlocução tem como objetivo trazer elementos da teoria de Paul B. Preciado para introduzi... more Esta interlocução tem como objetivo trazer elementos da teoria de Paul B. Preciado para introduzir suas revisões conceituais e conceitos originais.
Anais do "V Congreso Género y Sociedad. 'Desarticular entramados de exclusión y violencias, tramar emancipaciones colectivas", 2018
A partir de nossa chave de leitura, isto é, a Ditadura Militar brasileira (1964-1958), podemos re... more A partir de nossa chave de leitura, isto é, a Ditadura Militar brasileira (1964-1958), podemos retornar à década de 50 para entender o contexto LGBTTTIQA+ anterior à ditadura e o que houve com as pessoas transviadas ao longo e após a ditadura militar. Na totalidade de nosso projeto, temos o seguinte problema: como ocorreu à época, a partir do triunvirato formado pela política, poderes jurídicos e pelas tecnologias midiáticas, a produção de subjetividades heteronormativas que, consequentemente, significou a gestão biopolítica, necropolítica e farmacopornográfica dos corpos, vidas, identidades e práticas das pessoas transviadas?
Este artigo investiga as diferentes concepções de “Sujeito” de acordo com o corpus teórico do fil... more Este artigo investiga as diferentes concepções de “Sujeito” de acordo com o corpus teórico do filósofo Paul B. Preciado. As categorias analisadas são: os processos subjetivos e técnicos de sujeição social e servidão maquínica na era farmacopornográfica; o sujeito Playboy e petrosexorracial; a Multidão, seus múltiplos devires e as micropolíticas de resistência à opressão; a metamorfose dos sujeitos em agentes revolucionários e os simbiontes políticos, postulados por Preciado em seu mais recente livro publicado, Dysphoria mundi. Como Preciado articula todas estas concepções, considerando ainda as linhas de fuga da submissão, isto é, o horizonte filosófico de resistência onto-epístemo-política, metamorfose e até a possível superação da dominação capitalística? Os procedimentos metodológicos foram baseados na pesquisa bibliográfica (livros, artigos e crônicas), de modo a evidenciar o contraste, as semelhanças, diferenças e interstícios entre a teoria de Preciado e as suas principais referências. Os resultados obtidos indicam uma linearidade consistente entre-categorias, os desafios em materializar as teorias revolucionárias na realidade cotidiana, bem como estratégias práticas que contribuem para a organização ontopolítica proposta por Preciado.
Sistema Integrado de Bibliotecas – SIBI/PUCPR, 2021
A presente dissertação tem como horizonte de pesquisa o conjunto de postulados e reflexões do fil... more A presente dissertação tem como horizonte de pesquisa o conjunto de postulados e reflexões do filósofo espanhol Paul B. Preciado, a partir do qual este afirma que a noção de Multidão, tal como pensada por Michael Hardt e Antonio Negri, pode ser compreendida em termos de um “devir-revolucionário, multitudinário, constituído por singularidades diferenciadas”. Enquanto movimentos contraculturais, os deslocamentos subversivos onto-epístemo-políticos deflagrados pela Multidão comportam a possibilidade de promover a emancipação das singularidades que os compõem, bem como das políticas identitárias estabelecidas. Neste sentido, a pesquisa propõe investigar como ocorre este processo de emancipação das subjetividades e singularidades, de modo a compreender como de fato é mobilizado o conceito de Multidão na teoria preciadiana, primeiro como “sujeito queer” e, posteriormente, como força des-identitária, isto é, como novo “sujeito político contemporâneo”. Para tal, será necessário estabelecer e analisar como o assujeitamento e a exploração capitalística são compreendidos na atualidade. Será utilizada como ferramenta hermenêutica para tal objetivo certos aspectos do pensamento de Judith Butler que permitem elucidar a produção concreta dos sujeitos, a exigência sistemática de assujeitamento ao cis-heteropatriarcado e a vulnerabilização dos sujeitos-individuados. Além disso, serão utilizados certos aspectos da teoria hardt-negriana que permitem esclarecer quais são as origens do conceito de Multidão e como os autores propõem a completa metamorfose da democracia enquanto plataforma para políticas emancipatórias, enfatizando o poder constituinte da biopolítica afirmativa da Multidão. Esta abertura conceitual possibilita contextualizar o recorte têmporo-espacial salientado por Preciado, a partir do qual fundamenta o conceito de farmacopornografia para identificar as mutações do capitalismo e seus mecanismos de exploração, como a sujeição social e a servidão maquínica. Desse modo, ao se reconhecer os mecanismos de dominação e exploração, torna-se viável a proposição de estratégias de subversão e práticas micropolíticas enquanto linhas de fuga que convergem com o conceito de Multidão, relida como insurgência contrafarmacopornográfica de desestabilização capitalística.
“Metafísicas sexuais” parte de uma leitura desviada e expropriada.
Como ressituar Paul B. Precia... more “Metafísicas sexuais” parte de uma leitura desviada e expropriada.
Como ressituar Paul B. Preciado em La Pampa, no Sertão e no Caribe, no deserto de Sonora, na selva Lacandona e no Istmo de Tehuantepec? Ainda que talvez seja um livro que rejeita o organismo, o tecido ou a prótese que se pretende implantar. Talvez este seja um daqueles livros que procuram construir um espaço de crítica entre línguas que atenda a tradições oblíquas, opacas e duplamente negadas, como as memórias do Sul, da Mesoamérica e de Abya Yala, de NossAmérica. Quais são os imaginários emancipatórios que, a partir das experiências da velhice cuir, dos corpos gordos, das gorduras trans, dos esgotados e excessivos corpos plebeu-populares da dissidência e da contrassexualidade que se configuram como laboratórios políticos? Como se produzem os corpos sexuais na diáspora e no exílio, em um território dizimado, em uma geografia que é sempre outra?
Uma fala deslinguada e de curtos-circuitos (Rangiñtulwefü em Mapudungún, um estar-entre, na metade, rangintulen ou entre rios), uma fala de corpos mobilizados e em desobediência coletiva (Ometéotl em Náhuatl, energia cósmica e divindade dual). Ou talvez também aconteça que não haja elementos europeus e do Atlântico Norte a serem digeridos, mas sim uma opacidade intraduzível. Desobedecendo às categorias biológicas, raciais e de miscigenação, sem origens ou lugares primitivos, o que buscamos construir é uma espécie de intervenção a partir da situacionalidade da Argentina, Brasil, Chile e México, de qualidade maleável e elástica que nos ajudem a ler e intervir sobre as transformações no mundo que nos rodeia e em que habitamos.
Metafísicas sexuales parte de una lectura desviada y expropiada. ¿Cómo resituar a Paul B. Preciad... more Metafísicas sexuales parte de una lectura desviada y expropiada. ¿Cómo resituar a Paul B. Preciado en La Pampa, el Sertão y en El Caribe, en el desierto de Sonora, la selva Lacandona y el istmo de Tehuantepec? Aunque quizás se trate de un libro que rechaza el organismo, el tejido o la prótesis que se pretende implantar. Acaso este es uno de esos libros que busca construir un espacio de crítica entre lenguas que atienda a tradiciones oblicuas, opacadas y doblemente denegadas, las memorias del Sur, de Mesoamérica y de Abya Yala, de Nuestramérica. ¿Cuáles son los imaginarios emancipatorios que desde las experiencias de la vejez cuir, los cuerpos gordos, las grasas trans, los cuerpos plebeyos-populares gastados y excesivos de la disidencia y la contrasexualidad se configuran como laboratorios políticos? ¿Cómo se producen los cuerpos sexuales en la diáspora y el exilio, en un territorio diezmado, en una geografía que es siempre otra? Un habla deslenguada y de cortorcircuitos (Rangiñtulwefü en mapudungún, un estar entre, en la mitad, rangintulen o entre ríos), un habla de cuerpos movilizados y en desobediencia colectiva (Ometéotl en náhuatl, energía cósmica y divinidad dual). O tal vez suceda también que no existen elementos europeos y noratlánticos que ser digeridos, sino una opacidad intraducible. Desobedeciendo categorías raciales, de mestizaje y biológicas, sin orígenes ni lugares primigenios, lo que se busca construir es un tipo de intervención desde la situacionalidad de Argentina, Brasil, Chile y México, de cualidad maleable y elástica que nos ayuden a leer e intervenir sobre las transformaciones en el mundo que nos rodea y habitamos
Metafísicas sexuais: Canibalismo e devoração de Paul B. Preciado na América Latina, 2022
Se o consumo da pornografia se caracterizava por uma prática solitária e reclusa, utilizando as i... more Se o consumo da pornografia se caracterizava por uma prática solitária e reclusa, utilizando as imagens de maneira instrumental para causar a ejaculação, sob uma duração específica do tipo começo-meio-fim (prólogo-clímax-desfecho; preliminares-penetração-ejaculação), o sexo virtual, ao contrário, é uma prática coletiva e pública, fazendo das imagens que produz e consome não mais a representação de um corpo intangível, mas a própria encarnação/atualização do corpo nas ambiências digitais (isto é, rompem com a distinção entre corpo e imagem), estabelecendo uma temporalidade ininterrupta, constante e virtual (sem começo nem fim, afinal, é possível iniciar uma foda virtual a qualquer momento pois sempre haverá um tecnocorpo online, disponível e a fim) – daí sua condição de paradigma dos modos de produção-consumo do capitalismo pós-industrial, pois, de uma maneira tão soft quanto inesperada, cada corpo e cada imagem utilizados durante o sexo virtual se convertem instantaneamente em lucro (para os criadores e investidores envolvidos nestes recursos) e mais-valia sexual (transmutando tais imagens em valiosas mercadorias on demand), instaurando um novo modelo de produção, publicidade e consumo que beneficiará qualquer área (moda, gastronomia, turismo, entretenimento, mas também a política, a medicina, a arquitetura etc.) que se utilizar dessa ignição excitação-frustração-excitação.
In: Ontologia, Política e Psicanálise: Discursos acerca da Alteridade. 1ed.Porto Alegre: Editora ... more In: Ontologia, Política e Psicanálise: Discursos acerca da Alteridade. 1ed.Porto Alegre: Editora Fi, 2018, v. , p. 149-175.
PRECIADO, P. B. Dysphoria mundi. El sonido del mundo derrumbándose. 560 p. Espanha: Editorial Ana... more PRECIADO, P. B. Dysphoria mundi. El sonido del mundo derrumbándose. 560 p. Espanha: Editorial Anagrama, 2022.
Do que estão feitos os nossos corpos? Como estão constituídos os corpos e a sua matéria sexuada? ... more Do que estão feitos os nossos corpos? Como estão constituídos os corpos e a sua matéria sexuada? É possível incluir a biotecnologia dentro do repertório de efeitos performativos de gênero? São algumas das perguntas-problemas com as que Martin de Mauro introduz o corpo em cena, em um contexto singular dominado pela renegociação das normativas de sexo e gênero. Se em certo sentido o corpo – expulsado da história, contido como natureza – constituiu o beco sem saída da teoria feminista, tanto em sua versão da diferença como o construtivismo social de gênero, a muito disseminada recepção tanto de Judith Butler quanto de Paul B. Preciado torna necessário interceptar a função narrativa do mesmo em suas produções teóricas.
O presente artigo foi publicado originalmente como um capítulo de livro na compilação Queer y cui... more O presente artigo foi publicado originalmente como um capítulo de livro na compilação Queer y cuir: políticas de lo irreal (Editorial Fontamara, 2015), organizada por Fernando Lanuza e Raúl Carrasco. A revista Caderno Espaço Feminino agradece à pesquisadora Sayak Valencia por autorizar a publicação desta tradução.
operação que nos interessa destacar gira em torno da zona de problematicidade que ilumina o trab... more operação que nos interessa destacar gira em torno da zona de problematicidade que ilumina o trabalho crítico com materiais culturais e que supõe uma complementaridade conceitual entre os caminhos da biopolítica e da precariedade. Aquilo que essas análises e seu trabalho com materiais indicam, de um modo muito nítido, é um conjunto de dimensões, linhas de indagação e zonas de problematização que não adquirem a suficiente relevância nos debates contemporâneos sobre biopolítica e precariedade. Daí advém a necessidade de elaborar uma ferramenta de trama conceitual que dê conta dos marcadores que codificam uma vida precária. Justamente, este é o ponto cego em comum e, ao mesmo tempo, o espaço de interseção conceitual que nos interessa: os percursos em biopolítica que não tenham considerado os processos de precarização da vida e, em igual medida, as teorizações sobre a condição precária que não tenham pensado em termos estritamente biopolíticos. Denominamos bios-precário a este nó conceitual a partir da conjunção entre a caixa de ferramentas (teóricas) de Judith Butler em relação à ontologia corporal da precariedade e ao cruzamento do percurso biopolítico de Roberto Esposito entre vida impessoal e biopolítica afirmativa. PALAVRAS-CHAVE: Bios-precário; Biopolítica; Precariedade; Judith Butler; Roberto Esposito RESUMEN La operación que nos interesa subrayar gira en torno a la zona de problematicidad que ilumina el trabajo crítico con materiales culturales y que supone una complementariedad conceptual entre los recorridos de la biopolítica y de la precariedad. Lo que estos análisis y su trabajo con materiales indican, de un modo muy nítido, es un conjunto de dimensiones, líneas de indagación y zonas de problematización que no adquieren la suficiente relevancia en los debates contemporáneos sobre biopolítica y sobre precariedad. De allí la necesidad de elaborar una herramienta de entramado conceptual que dé cuenta de los marcadores que codifican una vida precaria. Y justamente, ese es el punto ciego en común y a la vez, el espacio de intersección conceptual que nos interesa: los recorridos en biopolítica que no han considerado los procesos de precarización de la vida y en igual medida, las teorizaciones sobre la condición precaria que no han pensado en términos estrictamente biopolíticos. Denominamos bíos-precario a este nudo conceptual a partir
Como aparece a pornografia como um discurso e saber sobre o corpo? Qual é a relação que existe en... more Como aparece a pornografia como um discurso e saber sobre o corpo? Qual é a relação que existe entre pornografia e a produção de subjetividade? Como funciona a pornografia dentro dos mecanismos políticos de normalização do corpo e da visão na cidade moderna? Esta pesquisa muito rápida trata de realizar uma análise dos primeiros apontamentos feitos em Testo yonqui (2008) e que antecedem ao Pornotopía (2010), em que em um primeiro momento se faz a proposta de uma releitura dos termos presentes no debate pornográfico (sujeito, olhar, representação, prazer...), assim como das suas relações com a história da arte e as suas estratégias biopolíticas de controle do corpo e de produção de prazer através do olhar. Em um segundo momento, tenta-se aqui mostrar como e por qual razão a pornografia é uma forma de produção cultural que concerne ao museu, em como o museu produz uma categoria de lixo urbano a partir da pornografia como um amplo dispositivo biopolítico de controle e privatização da sexualidade na cidade moderna e, ao fim, por qual razão a pornografia se converteu, a partir dos anos setenta, em um espaço de análise, em uma ferramenta crítica e de reapropriação para as micropolíticas de gênero, sexo, raça e sexualidade.
XVI Congresso de Filosofia Contemporânea da PUCPR: O Futuro das Humanidades, 2018
Esta interlocução tem como objetivo trazer elementos da teoria de Paul B. Preciado para introduzi... more Esta interlocução tem como objetivo trazer elementos da teoria de Paul B. Preciado para introduzir suas revisões conceituais e conceitos originais.
Anais do "V Congreso Género y Sociedad. 'Desarticular entramados de exclusión y violencias, tramar emancipaciones colectivas", 2018
A partir de nossa chave de leitura, isto é, a Ditadura Militar brasileira (1964-1958), podemos re... more A partir de nossa chave de leitura, isto é, a Ditadura Militar brasileira (1964-1958), podemos retornar à década de 50 para entender o contexto LGBTTTIQA+ anterior à ditadura e o que houve com as pessoas transviadas ao longo e após a ditadura militar. Na totalidade de nosso projeto, temos o seguinte problema: como ocorreu à época, a partir do triunvirato formado pela política, poderes jurídicos e pelas tecnologias midiáticas, a produção de subjetividades heteronormativas que, consequentemente, significou a gestão biopolítica, necropolítica e farmacopornográfica dos corpos, vidas, identidades e práticas das pessoas transviadas?
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Como ressituar Paul B. Preciado em La Pampa, no Sertão e no Caribe, no deserto de Sonora, na selva Lacandona e no Istmo de Tehuantepec? Ainda que talvez seja um livro que rejeita o organismo, o tecido ou a prótese que se pretende implantar. Talvez este seja um daqueles livros que procuram construir um espaço de crítica entre línguas que atenda a tradições oblíquas, opacas e duplamente negadas, como as memórias do Sul, da Mesoamérica e de Abya Yala, de NossAmérica. Quais são os imaginários emancipatórios que, a partir das experiências da velhice cuir, dos corpos gordos, das gorduras trans, dos esgotados e excessivos corpos plebeu-populares da dissidência e da contrassexualidade que se configuram como laboratórios políticos? Como se produzem os corpos sexuais na diáspora e no exílio, em um território dizimado, em uma geografia que é sempre outra?
Uma fala deslinguada e de curtos-circuitos (Rangiñtulwefü em Mapudungún, um estar-entre, na metade, rangintulen ou entre rios), uma fala de corpos mobilizados e em desobediência coletiva (Ometéotl em Náhuatl, energia cósmica e divindade dual). Ou talvez também aconteça que não haja elementos europeus e do Atlântico Norte a serem digeridos, mas sim uma opacidade intraduzível. Desobedecendo às categorias biológicas, raciais e de miscigenação, sem origens ou lugares primitivos, o que buscamos construir é uma espécie de intervenção a partir da situacionalidade da Argentina, Brasil, Chile e México, de qualidade maleável e elástica que nos ajudem a ler e intervir sobre as transformações no mundo que nos rodeia e em que habitamos.
Como ressituar Paul B. Preciado em La Pampa, no Sertão e no Caribe, no deserto de Sonora, na selva Lacandona e no Istmo de Tehuantepec? Ainda que talvez seja um livro que rejeita o organismo, o tecido ou a prótese que se pretende implantar. Talvez este seja um daqueles livros que procuram construir um espaço de crítica entre línguas que atenda a tradições oblíquas, opacas e duplamente negadas, como as memórias do Sul, da Mesoamérica e de Abya Yala, de NossAmérica. Quais são os imaginários emancipatórios que, a partir das experiências da velhice cuir, dos corpos gordos, das gorduras trans, dos esgotados e excessivos corpos plebeu-populares da dissidência e da contrassexualidade que se configuram como laboratórios políticos? Como se produzem os corpos sexuais na diáspora e no exílio, em um território dizimado, em uma geografia que é sempre outra?
Uma fala deslinguada e de curtos-circuitos (Rangiñtulwefü em Mapudungún, um estar-entre, na metade, rangintulen ou entre rios), uma fala de corpos mobilizados e em desobediência coletiva (Ometéotl em Náhuatl, energia cósmica e divindade dual). Ou talvez também aconteça que não haja elementos europeus e do Atlântico Norte a serem digeridos, mas sim uma opacidade intraduzível. Desobedecendo às categorias biológicas, raciais e de miscigenação, sem origens ou lugares primitivos, o que buscamos construir é uma espécie de intervenção a partir da situacionalidade da Argentina, Brasil, Chile e México, de qualidade maleável e elástica que nos ajudem a ler e intervir sobre as transformações no mundo que nos rodeia e em que habitamos.