UFMG - The Federal University of Minas Gerais
POSLIN - Pós-Graduação em Estudos Linguísticos
O presente trabalho discorre sobre os resultados obtidos na pesquisa de iniciação científica que buscou averiguar como as representações das identidades sociais dos brasileiros são constituídas discursivamente em dois livros didáticos de... more
O presente trabalho discorre sobre os resultados obtidos na pesquisa de iniciação científica que buscou averiguar como as representações das identidades sociais dos brasileiros são constituídas discursivamente em dois livros didáticos de ensino de língua portuguesa para estrangeiros (PLE): “Bem-Vindo! A Língua Portuguesa no Mundo da Comunicação” e “Brasil! Língua e Cultura”. Nesses livros, concomitante ao ensino da língua ao público-alvo, são apresentados aspectos da cultura brasileira e de algumas identidades sociais relacionadas a “ser brasileiro”, estabelecendo formas apropriadas de agir e ser na sociedade brasileira. Levando em consideração que qualquer livro didático enuncie a visão do(s) seu(s) autor(es), a língua apresentada nesses livros deixa de ser concebida apenas como um sistema neutro de comunicação e figura como um importante instrumento de veiculação ideológica. Mesmo sabendo das limitações de qualquer livro didático em contemplar toda a complexidade relacionada à cultura e à identidade de um povo, o não reconhecimento dessas questões pode levar os usuários desse material – professores, principalmente, a reproduzirem e legitimarem práticas hegemônicas que desconsideram o caráter plural e dinâmico, tanto do sistema identitário, quanto da cultura brasileira. Para atingir os objetivos da pesquisa, foram utilizadas como principal referencial teórico-metodológico a proposta de Análise Crítica do Discurso de Gee (1999), as reflexões acerca dos Gêneros do Discurso de Bakhtin (1981, 1986, 2003) e a noção de Estereótipo, conforme desenvolvida por Lysardo-Dias (2001, 2006). No que diz respeito à metodologia, foram analisados discursivamente os diversos textos e imagens dos referidos livros, com base em duas categorias de análise. Alguns resultados apontam que a representação de “ser brasileiro” nesses livros está associada a algumas poucas identidades sociais relativas a algumas regiões brasileiras especificas, além de que o discurso dos livros, muitas vezes, conduz seus usuários a uma atitude responsiva negativa em relação ao Brasil.
Dissertação completa. Este trabalho apresenta os resultados da pesquisa que, inscrita na posição epistemológica da Linguística Aplicada Indisciplinar (MOITA LOPES, 2006), buscou propor princípios que dessem subsídio para o planejamento... more
Dissertação completa.
Este trabalho apresenta os resultados da pesquisa que, inscrita na posição epistemológica da Linguística Aplicada Indisciplinar (MOITA LOPES, 2006), buscou propor princípios que dessem subsídio para o planejamento de cursos de Português como Língua de Acolhimento (AMADO, 2013; CABETE, 2010; GROSSO, 2010; LOPEZ & DINIZ, 2016, no prelo; SÃO BERNARDO, 2016) para imigrantes deslocados forçados no Brasil. Na conjuntura internacional, em que existem mais de 65 milhões de pessoas deslocadas forçadamente (ACNUR, 2016) vítimas de diferentes processos de deslocamento forçado ou de crise (AYDOS, 2010; CLOCHARD, 2007), o Brasil destaca-se como país signatário dos principais tratados relacionados a esses migrantes e como receptor de um número crescente de deslocados forçados (CONARE, 2016; MJC, 2016). Partindo do princípio que o português tem um papel essencial no processo de apropriação do território (material e simbolicamente) – do processo de (re)territorialização (BIZON, 2013) – por parte desses imigrantes, este trabalho objetiva contribuir para a organização de cursos de PLAc, com vistas ao fortalecimento da área. Adotamos a metodologia da pesquisa qualitativa (SOUZA, 2014), de cunho etnográfico e interpretativista (BIZON, 2013), gerando registros a partir da observação-participante no contexto de ensino-aprendizagem de PLAc e da aplicação de questionários para dois grupos principais: o primeiro composto por coordenadores, professores e alunos do curso de PLAc do Centro Zanmi e do curso de Português como Língua Estrangeira para Imigrantes em Regime Especial de Permanência, do Centro de Extensão da Faculdade de Letras da UFMG; o segundo, por coordenadores e professores de outras iniciativas em PLAc no Brasil. Os resultados apontam para uma tendência de os profissionais da área em totalizar (MAHER, 2007) os deslocados forçados, significando-os principalmente pelas suas perdas e faltas, colaborando para a construção de uma imagem de desamparo desses imigrantes (AYDOS, 2010). Além disso, grande parte dos imigrantes entende a língua portuguesa como uma necessidade ou uma ferramenta de defesa pessoal, o que indica que seus processos de (re)territorialização (BIZON, 2013) estão, frequentemente, se desenvolvendo precariamente. Por fim, destacamos que alguns desafios no planejamento de cursos de PLAc envolvem: a falta de material didático especializado, a precariedade na formação docente, a falta de assiduidade dos alunos e a flexibilização da carga horária. Assim, os dados apontam que a prática em PLAc têm especificidades que impossibilitam que a entendamos como uma simples adaptação de saberes apriorísticos. Sugerimos que os cursos de PLAc sejam planejados tendo pelo viés da Interculturalidade (MAHER, 2007) e que envolva duas dimensões de ação: o fortalecimento político dos deslocados forçados e a educação do entorno, de modo a contribuir para processos de (re)territorialização (BIZON, 2013) socialmente mais justos e dignos para essa população.
Palavras-chave: Língua Aplicada Indisciplinar; Português como Língua de Acolhimento; Imigrantes Deslocados Forçados; (Re)territorialização; Educação de Grupos Minoritarizados.
ABSTRACT:
Affiliated with the epistemological position of Indisciplinary Applied Linguistics (MOITA LOPES, 2006), this study presents the results of a research that proposed guidelines designed to work as a subsidy for planning courses of Portuguese as a Welcoming Language (AMADO, 2013; CABETE, 2010; GROSSO, 2010; LOPEZ & DINIZ, 2016, no prelo; SÃO BERNARDO, 2016) for forced displaced immigrants in Brazil. In the international context, where there are over 65 million forcibly displaced people (UNHCR, 2016) victims of different processes of Forced or Crisis Migration (AYDOS, 2010; CLOCHARD, 2007), Brazil stands out as a country signatory of the most relevant international treaties concerning these migrants, and also as a receiver of a growing number of forcibly displaced people (CONARE, 2016; MJC, 2016). Based on the premise that the Portuguese has an essential role in the process of appropriation of the territory (material and symbolically) by these immigrants – the process of (re)territorialization (BIZON, 2013) –, this work seeks to contribute for the formulation of courses of Portuguese as a Welcoming Language, aiming at the strengthening of this field of study. The adopted methodology was qualitative (SOUZA, 2014), with an ethnographic and interpretive perspective (BIZON, 2013), with a corpus comprehending participant observation in the context of teaching and learning Portuguese as a Welcoming Language, as well as the application of questionnaires for two groups of interest: the first composed by coordinators, teachers, and students from both the course offered by Centro Zanmi, and the course of Portuguese as a Foreign Language for Immigrants with Special Residence Status, offered by the Center of Language Outreach Programs at UFMG; while the second group was composed by coordinators and teachers of other similar initiatives in the country. The results point out to a tendency of the professionals of the area for a totalization (MAHER, 2007) of the forced displaced immigrants, identifying them mainly by their losses and faults, contributing to the construction of a helpless image of these immigrants (AYDOS, 2010). Additionally, we found out that a great number of immigrants understands the knowledge of Portuguese as a need or a self-defense tool, which can indicate that their processes of (re)territorialization (BIZON, 2013) are often held precariously. Finally, we point out that some challenges in planning courses of Portuguese as a Welcoming Language involve: the lack of specialized teaching materials, precariousness in teacher training, lack of student attendance, and flexibilization of the workload. Thus, the data indicate that the practice of Portuguese as a Welcoming Language has particularities that distinguish it from a simple adaptation of priori knowledge. Therefore, we suggest that these courses are planned within the perspective of the Interculturalism (MAHER, 2007), and involve two dimensions of action: the political strengthening of the forcibly displaced immigrants and the surrounding education, in order to foster worthy and more socially just processes of (re)territorialization (BIZON, 2013) for this population.
Este trabalho apresenta os resultados da pesquisa que, inscrita na posição epistemológica da Linguística Aplicada Indisciplinar (MOITA LOPES, 2006), buscou propor princípios que dessem subsídio para o planejamento de cursos de Português como Língua de Acolhimento (AMADO, 2013; CABETE, 2010; GROSSO, 2010; LOPEZ & DINIZ, 2016, no prelo; SÃO BERNARDO, 2016) para imigrantes deslocados forçados no Brasil. Na conjuntura internacional, em que existem mais de 65 milhões de pessoas deslocadas forçadamente (ACNUR, 2016) vítimas de diferentes processos de deslocamento forçado ou de crise (AYDOS, 2010; CLOCHARD, 2007), o Brasil destaca-se como país signatário dos principais tratados relacionados a esses migrantes e como receptor de um número crescente de deslocados forçados (CONARE, 2016; MJC, 2016). Partindo do princípio que o português tem um papel essencial no processo de apropriação do território (material e simbolicamente) – do processo de (re)territorialização (BIZON, 2013) – por parte desses imigrantes, este trabalho objetiva contribuir para a organização de cursos de PLAc, com vistas ao fortalecimento da área. Adotamos a metodologia da pesquisa qualitativa (SOUZA, 2014), de cunho etnográfico e interpretativista (BIZON, 2013), gerando registros a partir da observação-participante no contexto de ensino-aprendizagem de PLAc e da aplicação de questionários para dois grupos principais: o primeiro composto por coordenadores, professores e alunos do curso de PLAc do Centro Zanmi e do curso de Português como Língua Estrangeira para Imigrantes em Regime Especial de Permanência, do Centro de Extensão da Faculdade de Letras da UFMG; o segundo, por coordenadores e professores de outras iniciativas em PLAc no Brasil. Os resultados apontam para uma tendência de os profissionais da área em totalizar (MAHER, 2007) os deslocados forçados, significando-os principalmente pelas suas perdas e faltas, colaborando para a construção de uma imagem de desamparo desses imigrantes (AYDOS, 2010). Além disso, grande parte dos imigrantes entende a língua portuguesa como uma necessidade ou uma ferramenta de defesa pessoal, o que indica que seus processos de (re)territorialização (BIZON, 2013) estão, frequentemente, se desenvolvendo precariamente. Por fim, destacamos que alguns desafios no planejamento de cursos de PLAc envolvem: a falta de material didático especializado, a precariedade na formação docente, a falta de assiduidade dos alunos e a flexibilização da carga horária. Assim, os dados apontam que a prática em PLAc têm especificidades que impossibilitam que a entendamos como uma simples adaptação de saberes apriorísticos. Sugerimos que os cursos de PLAc sejam planejados tendo pelo viés da Interculturalidade (MAHER, 2007) e que envolva duas dimensões de ação: o fortalecimento político dos deslocados forçados e a educação do entorno, de modo a contribuir para processos de (re)territorialização (BIZON, 2013) socialmente mais justos e dignos para essa população.
Palavras-chave: Língua Aplicada Indisciplinar; Português como Língua de Acolhimento; Imigrantes Deslocados Forçados; (Re)territorialização; Educação de Grupos Minoritarizados.
ABSTRACT:
Affiliated with the epistemological position of Indisciplinary Applied Linguistics (MOITA LOPES, 2006), this study presents the results of a research that proposed guidelines designed to work as a subsidy for planning courses of Portuguese as a Welcoming Language (AMADO, 2013; CABETE, 2010; GROSSO, 2010; LOPEZ & DINIZ, 2016, no prelo; SÃO BERNARDO, 2016) for forced displaced immigrants in Brazil. In the international context, where there are over 65 million forcibly displaced people (UNHCR, 2016) victims of different processes of Forced or Crisis Migration (AYDOS, 2010; CLOCHARD, 2007), Brazil stands out as a country signatory of the most relevant international treaties concerning these migrants, and also as a receiver of a growing number of forcibly displaced people (CONARE, 2016; MJC, 2016). Based on the premise that the Portuguese has an essential role in the process of appropriation of the territory (material and symbolically) by these immigrants – the process of (re)territorialization (BIZON, 2013) –, this work seeks to contribute for the formulation of courses of Portuguese as a Welcoming Language, aiming at the strengthening of this field of study. The adopted methodology was qualitative (SOUZA, 2014), with an ethnographic and interpretive perspective (BIZON, 2013), with a corpus comprehending participant observation in the context of teaching and learning Portuguese as a Welcoming Language, as well as the application of questionnaires for two groups of interest: the first composed by coordinators, teachers, and students from both the course offered by Centro Zanmi, and the course of Portuguese as a Foreign Language for Immigrants with Special Residence Status, offered by the Center of Language Outreach Programs at UFMG; while the second group was composed by coordinators and teachers of other similar initiatives in the country. The results point out to a tendency of the professionals of the area for a totalization (MAHER, 2007) of the forced displaced immigrants, identifying them mainly by their losses and faults, contributing to the construction of a helpless image of these immigrants (AYDOS, 2010). Additionally, we found out that a great number of immigrants understands the knowledge of Portuguese as a need or a self-defense tool, which can indicate that their processes of (re)territorialization (BIZON, 2013) are often held precariously. Finally, we point out that some challenges in planning courses of Portuguese as a Welcoming Language involve: the lack of specialized teaching materials, precariousness in teacher training, lack of student attendance, and flexibilization of the workload. Thus, the data indicate that the practice of Portuguese as a Welcoming Language has particularities that distinguish it from a simple adaptation of priori knowledge. Therefore, we suggest that these courses are planned within the perspective of the Interculturalism (MAHER, 2007), and involve two dimensions of action: the political strengthening of the forcibly displaced immigrants and the surrounding education, in order to foster worthy and more socially just processes of (re)territorialization (BIZON, 2013) for this population.
RESUMO: Este artigo revisa alguns resultados obtidos de uma pesquisa de mestrado cujo objetivo foi sugerir princípios para o ensino de Português como Língua de Acolhimento – PLAc – (AMADO, 2013; LOPEZ, 2016; LOPEZ; DINIZ, no prelo; entre... more
RESUMO: Este artigo revisa alguns resultados obtidos de uma pesquisa de
mestrado cujo objetivo foi sugerir princípios para o ensino de Português como
Língua de Acolhimento – PLAc – (AMADO, 2013; LOPEZ, 2016; LOPEZ;
DINIZ, no prelo; entre outros) para imigrantes deslocados forçados no Brasil.
Respaldado pela Linguística Aplicada Indisciplinar (MOITA LOPES, 2006),
este trabalho analisa o discurso de coordenadores, professores e alunos,
destacando suas perspectivas sobre o processo de ensino-aprendizagem de
português neste contexto. Diante dos resultados, sugiro que o ensino de PLAc
seja fundamentado em princípios da Interculturalidade (MAHER, 2007), pautado em duas dimensões de ação principais: o fortalecimento político dos imigrantes
e a educação do entorno.
ABSTRACT: This paper presents some results obtained from a Master’s
research study whose objective was to suggest principles for the teaching of Portuguese as a Welcoming Language – PWLg – (AMADO, 2013; LOPEZ, 2016; LOPEZ & DINIZ, in press; among others) for forcibly displaced immigrants in Brazil. Supported by Indisciplinary Applied Linguistics (MOITA LOPES, 2006), the present work analyzes the discourse of coordinators, teachers, and students in order to highlight their perspectives on the process of teaching and learning Portuguese in this context. Based on the results, I suggest the teaching of PWLg to be based on some principles of Interculturality (MAHER, 2007), established through two main dimensions of action: the immigrants’ political strengthening and the surrounding education.
KEYWORDS: Indisciplinary Applied Linguistics; Portuguese as a Welcoming Language; Forcibly Displaced Immigrants; Territorializations; Interculturality
mestrado cujo objetivo foi sugerir princípios para o ensino de Português como
Língua de Acolhimento – PLAc – (AMADO, 2013; LOPEZ, 2016; LOPEZ;
DINIZ, no prelo; entre outros) para imigrantes deslocados forçados no Brasil.
Respaldado pela Linguística Aplicada Indisciplinar (MOITA LOPES, 2006),
este trabalho analisa o discurso de coordenadores, professores e alunos,
destacando suas perspectivas sobre o processo de ensino-aprendizagem de
português neste contexto. Diante dos resultados, sugiro que o ensino de PLAc
seja fundamentado em princípios da Interculturalidade (MAHER, 2007), pautado em duas dimensões de ação principais: o fortalecimento político dos imigrantes
e a educação do entorno.
ABSTRACT: This paper presents some results obtained from a Master’s
research study whose objective was to suggest principles for the teaching of Portuguese as a Welcoming Language – PWLg – (AMADO, 2013; LOPEZ, 2016; LOPEZ & DINIZ, in press; among others) for forcibly displaced immigrants in Brazil. Supported by Indisciplinary Applied Linguistics (MOITA LOPES, 2006), the present work analyzes the discourse of coordinators, teachers, and students in order to highlight their perspectives on the process of teaching and learning Portuguese in this context. Based on the results, I suggest the teaching of PWLg to be based on some principles of Interculturality (MAHER, 2007), established through two main dimensions of action: the immigrants’ political strengthening and the surrounding education.
KEYWORDS: Indisciplinary Applied Linguistics; Portuguese as a Welcoming Language; Forcibly Displaced Immigrants; Territorializations; Interculturality
RESUMO: Este trabalho busca discutir o ensino-aprendizagem da especialidade de Português como Língua de Acolhimento (PLAc) para imigrantes deslocados forçados no Brasil, com vistas a questionar o caráter de necessidade obrigatória com o... more
RESUMO: Este trabalho busca discutir o ensino-aprendizagem da especialidade de Português como Língua de Acolhimento (PLAc) para imigrantes deslocados forçados no Brasil, com vistas a questionar o caráter de necessidade obrigatória com o qual sua aprendizagem é geralmente associada. Para alcançar tais objetivos, realizaremos uma análise de cunho qualitativo e interpretativista do discurso de profissionais da área – professores e coordenadores de diferentes cursos de PLAc no país –, bem como de alguns imigrantes, no que diz respeito às motivações para se aprender a língua majoritária do Brasil. O artigo está organizado da seguinte maneira: primeiramente, faremos uma breve exposição do cenário da imigração de deslocados forçados, evidenciando a relevância do tema. Em segundo lugar, apresentaremos alguns conceitos pertinentes que respaldam teoricamente as discussões realizadas. Em terceiro lugar, analisaremos o discurso dos participantes da pesquisa, visando discutir como a aprendizagem do PLAc é entendida como uma necessidade obrigatória, e como esse discurso pode oprimir sujeitos deslocados forçados, reforçando sua situação de vulnerabilidade. Finalizaremos nosso texto discorrendo sobre como certas perspectivas de trabalho com o PLAc, indo de encontro à primeira perspectiva, podem colaborar para processos de territorialização não-precária (BIZON, 2013) desses imigrantes.
PALAVRAS-CHAVE: Português como Língua de Acolhimento; Imigrantes
Deslocados Forçados; (Re)territorialização; Educação de Grupos Minoritarizados; Vulnerabilidade.
ABSTRACT: The present study seeks to discuss the teaching and learning process of Portuguese as a Welcoming Language for forced displaced immigrants in Brazil (hereinafter referred to as PWLg – or PLAc, in Portuguese), aiming to question the character of obligatory need with which its learning is generally associated to. To achieve such objectives, we will carry out a qualitative and interpretative analysis of the discourse of professionals from the area-teachers and coordinators of different PWLg.
KEY-WORDS: Portuguese as Welcoming Language; Forced Displaced Immigrants; (Re)territorialization; Education for Minoritized Groups; Vulnerability.
PALAVRAS-CHAVE: Português como Língua de Acolhimento; Imigrantes
Deslocados Forçados; (Re)territorialização; Educação de Grupos Minoritarizados; Vulnerabilidade.
ABSTRACT: The present study seeks to discuss the teaching and learning process of Portuguese as a Welcoming Language for forced displaced immigrants in Brazil (hereinafter referred to as PWLg – or PLAc, in Portuguese), aiming to question the character of obligatory need with which its learning is generally associated to. To achieve such objectives, we will carry out a qualitative and interpretative analysis of the discourse of professionals from the area-teachers and coordinators of different PWLg.
KEY-WORDS: Portuguese as Welcoming Language; Forced Displaced Immigrants; (Re)territorialization; Education for Minoritized Groups; Vulnerability.
Nas últimas décadas tem surgido um manifesto interesse pelo ensino do Português enquanto língua não materna. Destacamos, deste modo, o surgimento de múltiplas teorias ligadas à aquisição de segunda e de terceira línguas, bem como outros... more
Nas últimas décadas tem surgido um manifesto interesse pelo ensino do Português enquanto língua não materna. Destacamos, deste modo, o surgimento de múltiplas teorias ligadas à aquisição de segunda e de terceira línguas, bem como outros contributos num plano mais descritivo das línguas não maternas. Contudo, embora muitos relatos pedagógicos tenham vindo a lume, parece-nos que a Academia ainda necessita de mais estudos com vista a uma maior e mais profícua sistematização de metodologias e de estratégias que contribuam decisivamente para abordagens de sucesso na ação didática.
Quando pensámos responder positivamente ao desafio lançado pela AILP (Associação Internacional de Linguística do Português) para uma publicação deste teor, tivemos como pensamento norteador a construção de um livro que compreendesse diferentes abordagens metodológicas, provenientes de diferentes latitudes geográficas e, também, com diferentes enquadramentos epistemológicos. O amplo conjunto de textos aqui reunidos vai, efetivamente, ao encontro desse desiderato.
Trata-se, em nosso entender, de uma obra que reúne práticas diferenciadas, com campos de trabalho complementares e atitudes perante o ensino do português como língua não materna que se solidificam em experiências pedagógicas realizadas pelos próprios autores. De notar que a aposta num caráter mais pragmático das investigações aqui apresentadas não diminuem os investimentos múltiplos sob o ponto de vista teórico aqui delineados.
Resta-nos, assim, agradecer aos autores dos capítulos o valioso contributo e desejarmos aos leitores uma boa receção do trabalho que agora vem a público.
Quando pensámos responder positivamente ao desafio lançado pela AILP (Associação Internacional de Linguística do Português) para uma publicação deste teor, tivemos como pensamento norteador a construção de um livro que compreendesse diferentes abordagens metodológicas, provenientes de diferentes latitudes geográficas e, também, com diferentes enquadramentos epistemológicos. O amplo conjunto de textos aqui reunidos vai, efetivamente, ao encontro desse desiderato.
Trata-se, em nosso entender, de uma obra que reúne práticas diferenciadas, com campos de trabalho complementares e atitudes perante o ensino do português como língua não materna que se solidificam em experiências pedagógicas realizadas pelos próprios autores. De notar que a aposta num caráter mais pragmático das investigações aqui apresentadas não diminuem os investimentos múltiplos sob o ponto de vista teórico aqui delineados.
Resta-nos, assim, agradecer aos autores dos capítulos o valioso contributo e desejarmos aos leitores uma boa receção do trabalho que agora vem a público.
Fui colaboradora desse livreto voltado para professores de Português como Língua de Acolhimento (PLAc), produzido por Marco Aurélio Marinho de Melo (UFMG) sob orientação da profa. MAria Auxiliadora Leal, que teve como base a minha... more
Fui colaboradora desse livreto voltado para professores de Português como Língua de Acolhimento (PLAc), produzido por Marco Aurélio Marinho de Melo (UFMG) sob orientação da profa. MAria Auxiliadora Leal, que teve como base a minha dissertação, defendida em 2016.
Capítulo 1 (pp.17-39) do livro "LÍNGUA DE ACOLHIMENTO: EXPERIÊNCIAS NO BRASIL E NO MUNDO", organizado por Luciane Corrêa Ferreira (Universidade Federal de Minas Gerais), Cristina Perna (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do... more
Capítulo 1 (pp.17-39) do livro "LÍNGUA DE ACOLHIMENTO: EXPERIÊNCIAS NO BRASIL E NO MUNDO", organizado por Luciane Corrêa Ferreira (Universidade Federal de Minas Gerais), Cristina Perna (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), Ricardo Gualda (Universidade Federal da Bahia) e Eulália Vera Lúcia Fraga Leurquin (Universidade Federal do Ceará)
Resumo: O Brasil figura como país receptor de vítimas da chamada migração de crise (CLOCHARD, 2007; SANTOS, 2014). De 2010 a 2017, foram reconhecidos 10.145 refugiados no país (CONARE, 2018), representantes de cerca de 80 nacionalidades... more
Resumo: O Brasil figura como país receptor de vítimas da chamada migração de crise (CLOCHARD, 2007; SANTOS, 2014). De 2010 a 2017, foram reconhecidos 10.145 refugiados no país (CONARE, 2018), representantes de cerca de 80 nacionalidades diferentes. A população haitiana reconhecida no Brasil, por sua vez, pode chegar a 85 mil habitantes (MJSP, 2016). É sobre essa conjuntura que se detém o presente artigo, que, inicialmente, traça um panorama dos principais marcos na legislação brasileira concernentes aos deslocados forçados. Em seguida, são elencadas iniciativas de diferentes instituições de ensino superior referentes à especialidade que tem sido denominada Português como Língua de Acolhimentoe a outras ações de ensino, pesquisa e extensão, além de medidas voltadas para o acesso a essas instituições por parte dos imigrantes e para a validação de seus diplomas. Destaca-se que ações como essas, em conjunto com a educação do entorno, podem contribuir sobremaneira para o empoderamento desses grupos minoritarizados (MAHER, 2007). Palavra-chave: migração de crise; deslocados forçados; legislação brasileira; Instituições de Ensino Superior; Português como Língua de Acolhimento. ABSTRACT: Brazil features as the host country of victims of the so-called crisis migration (CLOCHARD, 2007; SANTOS, 2014). From 2010 to 2017, there were 10,145 recognized refugees in the country (CONARE, 2018), representatives of approximately 80 nationalities. In addition, the number of Haitian inhabitants recognized in Brazil can reach 85,000 (MJSP, 2016). It is on this conjuncture that this article concentrates, initially providing an overview of the major instruments of the Brazilian legislation concerning forced-displaced migrants. Afterwards, initiatives from various higher education institutions regarding the specialty which has been referred to as Portuguese as a Welcoming Language, and other educational, research and outreach activities are listed, as well as measures related to the access to these institutions by the immigrants and to their degree validation. Such actions, in conjunction with the surrounding education, may contribute greatly to the empowerment of these minoritized groups (MAHER, 2007). Language. Considerações iniciais Na esteira de diferentes conflitos econômicos, políticos, étnicos e humanitários que assolam o cenário mundial-alguns mais recentes, outros que se estendem há décadas-, fortalece-se a chamada migração de crise (CLOCHARD, 2007; SANTOS, 2014). Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR, 2018), 68,5 milhões de pessoas foram obrigadas a se deslocarem decorrência de perseguições, conflitos, violência generalizada ou violações dosdireitos humanos no mundo todo. Esse é o maior número registrado pelo ACNUR até hoje. Dentre os países que têm recepcionado as vítimas de diferentes processos de migração de crise ao redor do globo, encontra-se o Brasil. Conforme dados do Departamento de Polícia Federal apresentadosno relatório do Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE, 2016; 2018), o número de solicitações de refúgio no Brasil foi de 966 em 2010 e de 33.866 em 2017, o que representa um aumento de mais de 3000%. Entre 2010 e 2017, o país recebeu 126.102 solicitações de reconhecimento da condição de refugiado (CONARE, 2018). O Brasil é, hoje, um destino de 10.145[1] refugiados vindos de diferentes países, principalmente Síria, República Democrática do Congo, Colômbia, Palestina e Paquistão (ibidem, p. 22). Além dos refugiados, o Brasil também tem recebido imigrantes advindos de outros processos de migração de crise[2]. Particularmente expressiva é a imigração de haitianos e de venezuelanos. No caso dos haitianos, são reconhecidos, oficialmente, cerca de 50 mil no país (CONARE, 2016), embora o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) tenha afirmado, em uma nota direcionada para a imprensa em setembro de 2016, que haveria aproximadamente 85 mil nacionais do Haiti no Brasil (MJSP, 2016). No que diz respeito aos venezuelanos, até julho de 2017, foram contabilizados cerca de 30.000 imigrantes no Brasil, em situação irregular, dentre outros casos (CONARE, 2018, p. 6). Atualmente, a estimativa é que existem aproximadamente 58.000 venezuelanos no país[3]. É importante ressaltar que, apesar de muitos haitianos e venezuelanos solicitarem refúgio[4] quando adentram o país, aos primeiros são concedidos vistos de caráter humanitário, processados segundo a Resolução Normativa n.º 97/12 do Conselho Nacional de Imigração (CNIg, 2012)-primeiro instrumento de regulamentação da imigração haitiana no país, enquanto os venezuelanos podem pleitear residência temporária conforme os termos da Resolução Normativa n.º 126/17 (CNIg, 2017). É sobre essa conjuntura que nos detemos neste artigo, que tem como principal objetivo traçar um panorama das iniciativas brasileiras de acolhimento aos deslocados forçados, nos âmbitos jurídico e acadêmico. Ao usarmos essa designação, estamos considerando tanto os refugiados-termo amplamente utilizado pelo ACNUR em seus relatórios (cf. ACNUR, 2018)-quanto os demais imigrantes procedentes de diferentes processos de migração de crise, inclusive aqueles que recebem vistos humanitários no Brasil.
Este trabalho objetiva discutir os possíveis efeitos retroativos (PINHEIRO; QUEVEDO-CAMARGO, 2017; SCARAMUCCI, 2004; WALL, 1997) do Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe-Bras) no design de unidades... more
Este trabalho objetiva discutir os possíveis efeitos retroativos (PINHEIRO; QUEVEDO-CAMARGO, 2017; SCARAMUCCI, 2004; WALL, 1997) do Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe-Bras) no design de unidades didáticas elaboradas no curso de Português Língua Adicional (PLA) preparatório para Programa Estudante-Convênio de Graduação em uma universidade pública brasileira. Partimos do princípio de que o principal efeito desse exame, no contexto analisado, reflete em uma abordagem sob a perspectiva dos Multiletramentos (COPE; KALANTZIS, 2000; KALANTZIS; COPE, 2012). Para cumprir tal objetivo, propomos discutir, a partir de uma análise qualitativa e interpretativista (FLICK, 2009), uma unidade didática organizada por uma equipe de professores do referido curso, a fim de investigar o impacto do exame sobre o design deste material. didática aqui analisada, ao se orientar pelos pressupostos do Celpe-Bras, apresenta-se fundamentada na Pedagogia dos Multiletramentos, superando a noção tradicionalista de trabalho com a linguagem, de cunho marcadamente situacional e estruturalista de que trata Bizon (2013). Ao buscar promover a aprendizagem contextualizada, situada e reflexiva para os aprendizes em questão, a unidade corrobora para afirmação de que os efeitos retroativos do exame podem se manifestar de maneira majoritariamente positiva (SCARAMUCCI, 2004), neste caso, em materiais didáticos para o ensino de PLA.
RESUMO: Com o Brasil figurando, cada vez mais, nas rotas de migração de crise (CLOCHARD, 2007; BAENINGER; PERES, 2017; CAMARGO, 2019), escancaram-se lacunas no sistema de acolhimento dos migrantes no país. Diante disso, a sociedade civil,... more
RESUMO: Com o Brasil figurando, cada vez mais, nas rotas de migração de crise (CLOCHARD,
2007; BAENINGER; PERES, 2017; CAMARGO, 2019), escancaram-se lacunas no sistema de acolhimento
dos migrantes no país. Diante disso, a sociedade civil, por meio de ONGs, associações,
pastorais, entre outras entidades, assumem um papel de levar a cabo políticas de acolhimento importantes
que deveriam ser promovidas pelo Estado, dentre elas o ensino da língua portuguesa para
migrantes, área denominada Português como Língua de Acolhimento (PLAc). A discussão que realizamos
aqui procura demonstrar como é a prática e a formação do professor de PLAc, um processo
entre o ativismo e a precarização. Com base numa metodologia de cunho interpretativista (SOUZA,
2014), analisamos o discurso de 20 professores de PLAc coletados via questionário online. Os registros
apontam que o lado ativista desse docente está no fato de atuarem no voluntariado, na tentativa de
cobrir as lacunas deixadas pela falta de institucionalização de políticas linguísticas para os migrantes.
Ao mesmo tempo, a dimensão do voluntariado e a falta de formação docente específica colaboram
para a precarização da atividade profissional desse docente.
PALAVRAS-CHAVE: Formação de professores; Português como Língua Adicional; Português
como Língua de Acolhimento; Precarização docente; Voluntariado.
2007; BAENINGER; PERES, 2017; CAMARGO, 2019), escancaram-se lacunas no sistema de acolhimento
dos migrantes no país. Diante disso, a sociedade civil, por meio de ONGs, associações,
pastorais, entre outras entidades, assumem um papel de levar a cabo políticas de acolhimento importantes
que deveriam ser promovidas pelo Estado, dentre elas o ensino da língua portuguesa para
migrantes, área denominada Português como Língua de Acolhimento (PLAc). A discussão que realizamos
aqui procura demonstrar como é a prática e a formação do professor de PLAc, um processo
entre o ativismo e a precarização. Com base numa metodologia de cunho interpretativista (SOUZA,
2014), analisamos o discurso de 20 professores de PLAc coletados via questionário online. Os registros
apontam que o lado ativista desse docente está no fato de atuarem no voluntariado, na tentativa de
cobrir as lacunas deixadas pela falta de institucionalização de políticas linguísticas para os migrantes.
Ao mesmo tempo, a dimensão do voluntariado e a falta de formação docente específica colaboram
para a precarização da atividade profissional desse docente.
PALAVRAS-CHAVE: Formação de professores; Português como Língua Adicional; Português
como Língua de Acolhimento; Precarização docente; Voluntariado.
Resumo: As migrações transnacionais do século XXI (GUARNIZO; PORTES; HALLER, 2003), marcadas fortemente pelo caráter de “crise” (BAENINGER; PERES, 2017; BIZON; CAMARGO, 2018), têm impactado a dinâmica demográfica de muitos países,... more
Resumo: As migrações transnacionais do século XXI (GUARNIZO; PORTES; HALLER, 2003), marcadas fortemente pelo caráter de “crise” (BAENINGER; PERES, 2017; BIZON; CAMARGO, 2018), têm impactado a dinâmica demográfica de muitos países, inclusive do Brasil. Um dos aspectos que tem se demonstrado crítico no nosso país no que diz respeito aos migrantes de crise (CLOCHARD, 2007) é a questão do ensino-aprendizagem da língua portuguesa para esse público. O Brasil ainda não conta com uma política de acolhimento ampla que englobe política(s) linguística(s) (CAMARGO, 2019; SOUSA, 2015) e, não apenas mas também por isso, o português, enquanto língua oficial e majoritária no país, se apresenta, muitas vezes, como um dificultador no processo de territorialização (BIZON, 2013) dos migrantes e, consequentemente, como um meio de opressão dessas pessoas (LOPEZ, 2018). Diante disso, é preciso questionar o que vem sendo entendido por Português como Língua de Acolhimento (PLAc), que é como vem sendo conhecida a especialidade da área de Português como Língua Adicional que trata do ensino-aprendizagem do português pelos migrantes de crise no Brasil. Assim, este trabalho buscará refletir sobre perspectivas referentes ao uso do termo PLAc nas pesquisas acadêmicas brasileiras, por meio de uma análise interpretativista de alguns conceitos que vêm sendo estabelecidos para essa sigla. Defenderemos o uso do termo PLAc ao mesmo tempo em que, assim com outros autores (ANUNCIAÇÃO, 2017; 2018; BIZON; CAMARGO, 2017; CAMARGO, 2018; 2019; DINIZ; NEVES, 2018; dentre outros), sugeriremos uma mudança de paradigma no senso comum sobre o PLAc, com o intuito de contribuir para a construção de políticas linguísticas mais inclusivas, socialmente justas e que não colaborem para a assimilação ou opressão dos migrantes no Brasil.
Palavras-chave: Migração de crise. Português como Língua de Acolhimento. Português como Língua Adicional. Linguística Aplicada Crítica. Ensino.
Palavras-chave: Migração de crise. Português como Língua de Acolhimento. Português como Língua Adicional. Linguística Aplicada Crítica. Ensino.
Causadas pela face perversa da globalização (CAMARGO, 2019; SANTOS, 2001), as diversas mazelas sociais e ambientais que atingem, principalmente, os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento levaram, nos últimos anos, a um aumento... more
Causadas pela face perversa da globalização (CAMARGO, 2019; SANTOS, 2001), as diversas mazelas sociais e ambientais
que atingem, principalmente, os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento levaram, nos últimos anos, a um aumento significativo dos deslocamentos populacionais. As chamadas migrações de crise
(BAENINGER; PERER, 2017; CLO
CAPÍTULO 8
O programa Idiomas sem Fronteiras – Português
como possibilidade de acolhimento a migrantes
de crise no ensino superior brasileiro
Larissa Fonseca e Silva
1
Ana Paula de Araujo Lopez
2
1. Introdução
C
ausadas pela face perversa da globalização (CAMARGO, 2019; SANTOS, 2001), as diversas mazelas sociais e ambientais
que atingem, principalmente, os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento levaram, nos últimos anos, a um au
-
mento significativo dos deslocamentos populacionais. As chamadas
migrações de crise
(BAENINGER; PERES, 2017; CLOCHARD, 2007) são foco de um debate mundial: segundo os dados mais recentes do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), em 2019, no mundo, eram 79,5 milhões de migrantes de crise — entre eles, 26 milhões de
refugiados, 4,2 m
A partir dessas constatações, e levando-se em conta o contexto brasileiro, neste capítulo, em primeiro lugar, pretendemos trazer um breve panorama das discussões acerca do Português como Língua de Acolhimento (PLAc). Em seguida,apresentaremos o programa Idiomas sem Fronteiras (IsF) – Português e discutiremos o tipo de contribuição que ele, enquanto um programa de âmbito nacional, pode oferecer ao processo de ensino/aprendizagem da língua portuguesa para os migrantes de crise no Brasil. Apesar de o IsF ter sido encerrado em dezembro de 2019, a essência da rede de especialistas que se formou se manteve e, com o apoio dos idealizadores do programa, seu núcleo gestor está trabalhando para sua reestruturação, agora como Rede Andifes Nacional de Especialistas.
que atingem, principalmente, os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento levaram, nos últimos anos, a um aumento significativo dos deslocamentos populacionais. As chamadas migrações de crise
(BAENINGER; PERER, 2017; CLO
CAPÍTULO 8
O programa Idiomas sem Fronteiras – Português
como possibilidade de acolhimento a migrantes
de crise no ensino superior brasileiro
Larissa Fonseca e Silva
1
Ana Paula de Araujo Lopez
2
1. Introdução
C
ausadas pela face perversa da globalização (CAMARGO, 2019; SANTOS, 2001), as diversas mazelas sociais e ambientais
que atingem, principalmente, os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento levaram, nos últimos anos, a um au
-
mento significativo dos deslocamentos populacionais. As chamadas
migrações de crise
(BAENINGER; PERES, 2017; CLOCHARD, 2007) são foco de um debate mundial: segundo os dados mais recentes do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), em 2019, no mundo, eram 79,5 milhões de migrantes de crise — entre eles, 26 milhões de
refugiados, 4,2 m
A partir dessas constatações, e levando-se em conta o contexto brasileiro, neste capítulo, em primeiro lugar, pretendemos trazer um breve panorama das discussões acerca do Português como Língua de Acolhimento (PLAc). Em seguida,apresentaremos o programa Idiomas sem Fronteiras (IsF) – Português e discutiremos o tipo de contribuição que ele, enquanto um programa de âmbito nacional, pode oferecer ao processo de ensino/aprendizagem da língua portuguesa para os migrantes de crise no Brasil. Apesar de o IsF ter sido encerrado em dezembro de 2019, a essência da rede de especialistas que se formou se manteve e, com o apoio dos idealizadores do programa, seu núcleo gestor está trabalhando para sua reestruturação, agora como Rede Andifes Nacional de Especialistas.
Apesar de o termo PLAc, comumente empregado para se referir ao ensino de PLA a migrantes de crise, ter surgido inicialmente em Portugal, de forma atrelada a políticas linguísticas de teor assimilacionista (ANUNCIAÇÃO, 2017; CAMARGO,... more
Apesar de o termo PLAc, comumente empregado para se referir ao ensino de PLA a migrantes de crise, ter surgido inicialmente em Portugal, de forma atrelada a políticas linguísticas de teor assimilacionista (ANUNCIAÇÃO, 2017; CAMARGO, 2019), pesquisadores brasileiros (ANUNCIAÇÃO, 2017, 2018; BIZON; CAMARGO, 2018; LOPEZ, 2016; LOPEZ; DINIZ, 2018) têm defendido a necessidade de pautar o PLAc no Brasil a partir de uma perspectiva crítica de ensino, que seja culturalmente sensível e que reconheça as relações de poder e de saber que constituem a língua(gem). Entendemos, portanto, acolhimento como um termo atrelado a políticas e a direitos e não à benevolência ou fraternidade que, embora sejam características, muitas vezes, necessárias, principalmente manda tratando das práticas de Acolhimento a migrantes realizadas pela sociedade civil - contando com pouquíssimo ou nenhum respaldo do poder público -, autorizam o lugar do voluntariado nesse contexto e perpetuam o "discurso da falta" (DINIZ, NEVES, 2018) A nosso ver, tal discurso precisa ser combatido, pois, frequentemente, estereotipifica e racializa migrantes de crise (ANUNCIACAO, 2017, 2018), perpetuando preconceitos e xenofobia.
RESUMO: Este estudo tem por objetivo investigar as metáforas presentes em narrativas de aprendizagem de alunos de português como língua adicional em uma universidade pública brasileira. Dessa maneira, também objetivamos melhor compreender... more
RESUMO: Este estudo tem por objetivo investigar as metáforas presentes em narrativas de aprendizagem de alunos de português como língua adicional em uma universidade pública brasileira. Dessa maneira, também objetivamos melhor compreender como esses aprendizes conceptualizam seu processo de aprendizagem da língua. O corpus deste estudo é composto por dezenove narrativas disponíveis no site do projeto AMFALE (Aprendendo com Memórias de Falantes e Aprendizes de Língua Estrangeira), o qual é um repositório para narrativas de aprendizes de diversas línguas. Os aprendizes de português como língua adicional responderam a uma série de perguntas relativas às suas motivações para aprenderem a língua, suas dificuldades e estratégias de aprendizagem e à maneira como o processo de aprendizagem tem ocorrido. Por meio de suas respostas foi possível realizar um análise top-down (do pensamento para a linguagem) e bottom-up (a partir das expressões metafóricas) para identificar as metáforas utilizadas e o que elas revelam sobre a maneira como os aprendizes conceptualizam o processo de aprendizagem. Entre as metáforas conceptuais que emergiram das narrativas estão APRENDIZAGEM DE PORTUGUÊS É UMA VIAGEM e APRENDIZAGEM DE PORTUGUÊS É PONTE, as quais revelam interessantes aspectos sobre a experiência dos aprendizes. PALAVRAS-CHAVE: metáforas; aprendizagem; português como língua adicional ABSTRACT: This study aims to investigate the metaphors present in the learning narratives of students of Portuguese as an additional language at a Brazilian public university. By doing so, we seek to better understand how learners conceptualize their language learning process. The corpus for this study is composed of nineteen learning narratives available on the AMFALE (Aprendendo com Memórias de Falantes e Aprendizes de Língua Estrangeira) website, which stores learning narratives of students of various languages. The Portuguese learners answered to a set of questions relative to their motivations to study the language, their learning difficulties and strategies, and what the learning process has been like. As we examined their answers, we did a top-down (from thought to language) and a bottom-up (from the metaphorical expressions to thought) analysis in order to identify what metaphors had been used and what they can reveal about the learners' conceptualization of the learning process. Conceptual Metaphors such as LEARNING PORTUGUESE IS A JOURNEY and LEARNING PORTUGUESE IS A 1 POSLIN, Universidade Federal de Minas Gerais, MG. 2 POSLIN, Universidade Federal de Minas Gerais, MG.
Neste artigo, propomos reflexoes sobre como o “corpo diferente”, o que nao atende as regulacoes da norma hegemonica, e representado discursivamente nas praticas midiaticas jornalisticas digitais sob a perspectiva dos estudos discursivos... more
Neste artigo, propomos reflexoes sobre como o “corpo diferente”, o que nao atende as regulacoes da norma hegemonica, e representado discursivamente nas praticas midiaticas jornalisticas digitais sob a perspectiva dos estudos discursivos criticos (FAIRCLOUGH, 2001; 2003). Selecionamos cinco titulos de noticias e seus respectivos titulos auxiliares, os quais informaram a morte da travesti Luana Muniz, em 06 de maio de 2017. A analise dos titulos e de seus subtitulos sera desenvolvida a partir de subsidios fornecidos pela Analise do Discurso Textualmente Orientada (FAIRCLOUGH, 2001) e pela Teoria da Representacao dos Atores Sociais (VAN LEEUWEN, 1996), com o objetivo de compreender como se constroem os discursos sobre as identidades travestis e, principalmente, quais sao as representacoes desses corpos dissidentes nas praticas midiaticas jornalisticas digitais. Por fim, a partir das macrocategorias de inclusao e exclusao (VAN LEEUWEN, 1996), buscaremos analisar como os atores envolvido...
Número temático da Revista do Gel, com o tema "Letramentos Acadêmicos, Internet e Mundialização" organizado em três eixos: (i) análise crítica dos modelos de escrita científica promulgados por políticas de internacionalização; (ii)... more
Número temático da Revista do Gel, com o tema "Letramentos Acadêmicos, Internet e Mundialização" organizado em três eixos: (i) análise crítica dos modelos de escrita científica promulgados por políticas de internacionalização; (ii) práticas sociais letradas acadêmicas e seus objetos relacionados, nos diferentes níveis de ensino; (iii) (novas) abordagens didático-pedagógicas que visam à promoção de autonomia no processo de aprendizagem de escrita acadêmica em línguas, em contraposição a abordagens formativas clássicas, para os quais colaboraram pesquisadores de universidades brasileiras (UEM, UFMG, UFSCar, UNESP, UNICAMP, UNIR) e estrangeira (Université de Chlef, Argélia).
- by Juliana A Assis and +4
- •
- Literacy, Academic Writing
The purpose of this research was to identify whether the nominalizations terminating in-TION in the academic discourse of native English speakers contain the arguments required by their input verbs. In the perspective of functional... more
The purpose of this research was to identify whether the nominalizations terminating in-TION in the academic discourse of native English speakers contain the arguments required by their input verbs. In the perspective of functional linguistics, ideational metaphors, with nominalization as their most pervasive realization, are lexically dense, and therefore frequent in formal texts. Ideational metaphors allow the academic genre to instantiate objectification, de-personalization, and the ability to construct a chain of arguments. The valence of those nouns present in nominalizations tends to maintain the same elements of the valence from its original verbs, but these arguments are not always expressed. The initial hypothesis was that these arguments would also be present alongside the nominalizations, through anaphora or cataphora. In this study, a qualitative analysis of the occurrences of the five more frequent nominalized terminations in-TION in academic texts was accomplished, and thus a verification of the occurrences of the arguments required by the original verbs. The assembling of the concordance lines was done through COCA (Corpus of Contemporary American English). After identifying the five most frequent nominalizations (attention, action, participation, instruction, intervention), the concordance lines were selected at random to be analyzed, assuring the representativeness and reliability of the sample. It was possible to verify, in all the analyzed instances, the presence of arguments. In most instances, the arguments were not expressed, but recoverable, either in the context or in the shared knowledge among the interactants. It was concluded that the realizations of the arguments which were not expressed alongside the nominalizations are part of a continuum, starting from the immediate context with anaphora and cataphora; up to a knowledge shared outside the text, such as specific area knowledge. The study also has implications for the teaching of academic writing, especially with regards to the impact of nominalizations on the thematic and informational flow of the text. Grammatical metaphors are essential to academic writing, hence acknowledging the occurrence of its arguments is paramount to achieve linguistic awareness and the writing prestige required by the academy.