Professor Titular UFRJ (Full Professor) desde 1999 - Graduado em Sciences Politiques - Université de Paris 8 (1984). Mestre em Science Technologie et Société - Conservatoire National des Arts et Métiers (1988). Mestre (1988) e doutor (1993) em História Social - Université de Paris I (Panthéon-Sorbonne) (1986) e doutorado em História Social - Université de Paris I (Panthéon-Sorbonne) (1993). Pós-Doutorado no departamento de Psycho-Social Studies da Birkbeck University de Londres (em 2017-2018). Atualmente é professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, membro da Pós-Graduação da Escola de Comunicação e do Programa em Ciência de Informação (Eco-Ibict), Pesquisador 1 do CNPq, Cientista do Nosso Estado (Faperj), é editor das revistas Lugar comum (1415-8604) e - Multitudes (Paris) (0292-0107).Tem experiência na área de Planejamento Urbano e Regional, com ênfase em Política Urbana, atuando principalmente nos seguintes temas: trabalho, comunicação, globalização, cidade, fordismo e cidadania.Publicou com Antonio Negri o livro GlobAL: Biopoder e lutas em uma América Latina globalizada, (Record:2005), MUNDOBRAZ: o devir-Brasil do mundo e o devir-mundo do Brasil (Record, 2009) e KORPOBRAZ:Por uma política dos corpos (Mauad, 2014). O último livro publicado é New Neoliberalism and the Other. Biopower, Anthropophagy and Living Money,
O trabalho na metrópole contemporânea, ao mesmo tempo, criou novos mecanismos operacionais e prod... more O trabalho na metrópole contemporânea, ao mesmo tempo, criou novos mecanismos operacionais e produziu novas subjetividades antagônicas. No Brasil, junho de 2013, foi configurado como a brecha nacional de uma onda global de rebeliões multidões dentro da grande fábrica pós-moderna: a cidade. É dentro das cidades e da subjetividade que os levantes têm vindo a desenvolver-se no capitalismo pós-fordista, o que nos permite dizer que tanto junho como o marco político imposto pelo estelionato eleitoral em 2014 (bem como o impeachment de 2016), precisam serem analisados na perspectiva desse deslocamento de paradigma. A revolta de Junho incomoda porque não se enquadra em nenhum esquema teórico ou político predefinido e porque é irrepresentável. A frase da manifestante entrevistada no calor dos eventos é sintomática: “escreve lá, eu sou ninguém”. Ela parece resgatar a astúcia de Ulysses, menos pela sua dimensão homérica, como uma certa interpretação agambeniana poderia levar a acreditar, e m...
Abstract 950-12-6562-5. Obra que analiza los cambios políticos de fines del siglo XX y su relació... more Abstract 950-12-6562-5. Obra que analiza los cambios políticos de fines del siglo XX y su relación con el desarrollo en tres países representativos de las condiciones lationoamericanas: Argentina, Brasil y México, en donde no se ha logrado disminuir la ...
Em sintonia com os eventos de Seattle em 1999, de Genova e de Buenos Aires em 2001, e com as suce... more Em sintonia com os eventos de Seattle em 1999, de Genova e de Buenos Aires em 2001, e com as sucessivas edições do Fórum Social Mundial – e seu lema “Um outro mundo é possível”, a iniciativa de realizar a revista Global/Brasil1 foi tomada em dezembro de 2002 por uma rede de estudantes, ativistas de pré-vestibulares, professores, pesquisadores e estudantes universitários, intelectuais e artistas militantes. A Rede Universidade Nômade. Com projeto definido no próprio processo, a revista nasceu de parto prematuro cerca de quinze dias após a decisão de participação no Fórum Social Mundial de Porto Alegre, em janeiro de 2003. Após algumas tentativas equivocadas de torná-la uma revista “como as outras”, os participantes assumiram seu caráter acontecimental. E assim, em sua existência intempestiva, a revista resistiu por dez anos. A intenção era de trabalhar diretamente com os movimentos culturais e sociais ao invés de trabalhar sobre eles promovendo debates com menos mediação jornalística...
O trabalho na metrópole contemporânea, ao mesmo tempo, criou novos mecanismos operacionais e prod... more O trabalho na metrópole contemporânea, ao mesmo tempo, criou novos mecanismos operacionais e produziu novas subjetividades antagônicas. No Brasil, junho de 2013, foi configurado como a brecha nacional de uma onda global de rebeliões multidões dentro da grande fábrica pós-moderna: a cidade. É dentro das cidades e da subjetividade que os levantes têm vindo a desenvolver-se no capitalismo pós-fordista, o que nos permite dizer que tanto junho como o marco político imposto pelo estelionato eleitoral em 2014 (bem como o impeachment de 2016), precisam serem analisados na perspectiva desse deslocamento de paradigma. A revolta de Junho incomoda porque não se enquadra em nenhum esquema teórico ou político predefinido e porque é irrepresentável. A frase da manifestante entrevistada no calor dos eventos é sintomática: “escreve lá, eu sou ninguém”. Ela parece resgatar a astúcia de Ulysses, menos pela sua dimensão homérica, como uma certa interpretação agambeniana poderia levar a acreditar, e m...
Abstract 950-12-6562-5. Obra que analiza los cambios políticos de fines del siglo XX y su relació... more Abstract 950-12-6562-5. Obra que analiza los cambios políticos de fines del siglo XX y su relación con el desarrollo en tres países representativos de las condiciones lationoamericanas: Argentina, Brasil y México, en donde no se ha logrado disminuir la ...
Em sintonia com os eventos de Seattle em 1999, de Genova e de Buenos Aires em 2001, e com as suce... more Em sintonia com os eventos de Seattle em 1999, de Genova e de Buenos Aires em 2001, e com as sucessivas edições do Fórum Social Mundial – e seu lema “Um outro mundo é possível”, a iniciativa de realizar a revista Global/Brasil1 foi tomada em dezembro de 2002 por uma rede de estudantes, ativistas de pré-vestibulares, professores, pesquisadores e estudantes universitários, intelectuais e artistas militantes. A Rede Universidade Nômade. Com projeto definido no próprio processo, a revista nasceu de parto prematuro cerca de quinze dias após a decisão de participação no Fórum Social Mundial de Porto Alegre, em janeiro de 2003. Após algumas tentativas equivocadas de torná-la uma revista “como as outras”, os participantes assumiram seu caráter acontecimental. E assim, em sua existência intempestiva, a revista resistiu por dez anos. A intenção era de trabalhar diretamente com os movimentos culturais e sociais ao invés de trabalhar sobre eles promovendo debates com menos mediação jornalística...
Esse artigo sobre conjuntura pós-eleitoral foi escrito em junho de 2015 a pedido de editores do J... more Esse artigo sobre conjuntura pós-eleitoral foi escrito em junho de 2015 a pedido de editores do JLACS e não foi publicado em seguida, com base em uma resenha que não "gostou"da análise política aqui produzida. Mais de um ano depois, me parece que é interessante divulgar o artigo - em português.
The Outside beyond Dialectical Transition or Multiculturalist Translation.
In the 1990s, two the... more The Outside beyond Dialectical Transition or Multiculturalist Translation. In the 1990s, two theses were noted for diagnosing the new spirit of the time after the fall of the Berlin Wall. On the one hand, Francis Fukuyama foresaw the end of history, the end of the horizon of class struggle, at a moment when all horizons converged to the triumph of modern liberal democracies, within a globalized market economy, in which a breach becomes impossible. The end of capitalism becomes unthinkable. On the other hand, Samuel Huntington announced the convulsive period of the clash of civilizations , which would define the geopolitical lines after the disaster of real socialism. The large gap between political-economic systems no longer exists; we are now dealing with blocks of values, identities, and religions competing with each other. For Fukuyama, in turn, there are no more nations in the antechamber of history, since we have already crossed the entire lounge, arriving at the white bedroom of post-history, where conflicts become local and territorial problems under the logic of global security management and market surveillance by the global institutions of financial capitalism. For Huntington, we still have a long way to go if the process of globalization is to be resolved in some kind of Pax Kapital, with geopolitical forces and whole armies entrenched around different civilizational axes, in an open conflict for hegemony that will define the future of Earth.
Capitulo 3 (Giuseppe Cocco, Korpobraz, por uma política dos corpos, Mauad, 2014) A potencia do Po... more Capitulo 3 (Giuseppe Cocco, Korpobraz, por uma política dos corpos, Mauad, 2014) A potencia do Pobres entre a autenticidade e as margens 3.1 Autenticidade e Potencia do Pobre: Glauber e Pasolini Uma boa introdução à complexidade e ambigüidade da obra de Pier Paolo Pasolini é talvez a apresentação que Gilles Deleuze faz da proposta pasoliniana de trabalhar sore a "modulação" enquanto operação do "Real" que "não cessa de reconstruir a identidade da imagem e do objeto". A complexidade da abordagem de Pasolini corre o risco de ser mal compreendida, como no caso do Umberto Eco que o acusava de cair numa "engenharia semiótica". Assim, diz Deleuze, "é o destino da astúcia de parecer demasiadamente naïve aos naïfs demasiadamente cultos" 1 e dessa maneira não ver que Pasolini queria ir mais longe que os semiólogos, ou seja fazer com o cinema seja uma língua, "a língua da realidade" 2. O cineasta, poeta e escritor Pier Paolo Pasolini intrigava-da mesma maneira que toda a produção do neo-realismo italiano do segundo pós-guerra-também Glauber Rocha. Por um lado, Glauber enxergava a relação cabal entre sucesso do neo-realismo italiano e pobreza italiano que ele representava. Pelo outro, ele era particularmente interessado por Pasolini que da questão dos pobres tinha feito quase que uma obsessão. O cineasta baiano era fascinado e ao mesmo tempo incomodado pela relação entre a obra e a vivência de Pasolini, pela sua aposta numa escrita que não era mais "engajamento" mas vida, um jogar seu próprio corpo na luta, algo como um desesperado "body-artista" que fazia do corpo uma "máquina sadiana" 3. Era essa centralidade dos pobres e do corpo que interessava Glauber em suas analises e críticas de Pier Paolo Pasolini. A luta do artista italiano era contra a homologação dos pobres que ele definia como um "presente absoluto sem mais alternativas". O último lugar onde vive a realidade era, para ele, o corpo, o corpo popular, o corpo dos pobres. Pasquale Voza diz: "Pier Paolo Pasolini pode ser considerado o intelectual-artista que com mais tenacidade, e de maneira extremista, interrogou nos anos 1970 a ligação corpo-poder", ou seja "o universo horrível do biopoder" 4. A sua luta era, pois, contra o desaparecimento do corpo, da corporeidade popular: "o último lugar onde mora a realidade" 5. 3.1.1. Pier Paolo Pasolini e o maio de 1968 na Itália: a batalha de Valle Giulia Sabemos que a especificidade do 1968 italiano foi sua dimensão fortemente operária, em particular com seu desdobramento no "autunno caldo" de 1969 e o longo ciclo de lutas operárias que inaugurara (e só fecharia com a reestruturação da Fiat em 1980). Um mês antes do maio 1968 explodir nos grandes boulevards do Quartier Latin parisiense, os estudantes romanos que imprimem ao movimento uma forte radicalização. No dia 1 o de março, em Valle Giulia, dentro da universidade La Spazienza de Roma, eles enfrentam duramente com as forças de polícia. Pela primeira vez, os manifestantes não se limitam a fugir e apanhar e mostram determinação de resistir à repressão policial. As palavras da canção composta por Paolo Pietrangeli e Giovanna Marini enfatizam exatamente esse "fato novo": "Hanno impugnato i manganelli / ed han picchiato come fanno sempre loro/ma all'improvviso è poi successo/ un fatto nuovo, un fatto nuovo, un fatto nuovo/non siam scappati più, non siam scappati più!". Aconteceu um fato novo: não fugimos mais. O balanço foi de uma batalha campal, com centenas de feridos entre policiais e manifestantes, centenas de prisões. O episódio ficou conhecido como a "Battaglia di Valle
A crítica das máquinas antropológicas da modernidade ocidental Nos capítulos precedentes, tentamo... more A crítica das máquinas antropológicas da modernidade ocidental Nos capítulos precedentes, tentamos balizar alguns dos impasses e desafios que caracterizam, desde o ponto de vista do Brasil, a cisão/ruptura que marca a passagem do moderno ao pós-moderno, do paradigma da grande indústria para um processo de valorização articulado à hibridização das dinâmicas de circulação com as de produção e dessas com as que tradicionalmente são atribuídas às atividades reprodutivas. O debate que conduzimos exige mais uma série de aprofundamentos. Esses aprofundamentos dizem respeito à necessidade de articular a crise do paradigma da "produção"-ou, mais especificamente, do paradigma industrial da organização disciplinar da sociedade-com a reflexão filosófica e antropológica sobre o esgotamento da cisão ocidental entre cultura e natureza, à qual está atrelada a noção de produção como relação necessitada entre sujeito e objeto e, mais em geral, entre o criador e a criatura. Esse aprofundamento é o correlato da própria dinâmica dessa passagem nos termos usados por Marx: na subsunção da sociedade sob o capital, a fábrica se difunde socialmente e, em retorno, ela tende a desaparecer. Da mesma maneira, podemos dizer, com Jean-Luc Nancy (2002:15), que o "Ocidente chegou a cobrir o mundo e, nesse mesmo movimento, desapareceu enquanto norteador da marcha desse mundo". Foucault formulava essa passagem nesses termos: "O que não vai demorar para morrer, o que já está morrendo em nós-é o homem dialecticus-o ser da partida, do retorno e do tempo, o animal que perde a verdade e a reencontra iluminada, o estrangeiro a si que volta a ser familiar. Esse homem que foi o sujeito soberano e o objeto servo de todos os discursos * Capítulo 3 de Mundobraz: o devir-Brasil do mundo e o devir-mundo do Brasil, Record, Rio de Janeiro, 2009.
O que ocorre no Brasil a partir das mobilizações de 2013? Por que os protestos de massa marcaram ... more O que ocorre no Brasil a partir das mobilizações de 2013? Por que os protestos de massa marcaram um giro na história recente do país? Existe uma continuidade entre os governos do Partido dos Trabalhadores, de Dilma (2010-2016), e aquele conduzido por Temer, entre 2016 e 2018? Como compreender a chegada ao poder de Bolsonaro? Quais foram as razões de sua vitória? E agora? Qual situação se prefigura para o Brasil e o continente latino-americano? Quais mobilizações emergiram no Brasil com o assassinato de Marielle Franco? Questões abordadas nessa entrevista com Giuseppe Cocco, militante da autonomia italiana dos anos 1970 e atualmente Professor e pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
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Mais de um ano depois, me parece que é interessante divulgar o artigo - em português.
In the 1990s, two theses were noted for diagnosing the new spirit of the time after the fall of the Berlin Wall. On the one hand, Francis Fukuyama foresaw the end of history, the end of the horizon of class struggle, at a moment when all horizons converged to the triumph of modern liberal democracies, within a globalized market economy, in which a breach becomes impossible. The end of capitalism becomes unthinkable. On the other hand, Samuel Huntington announced the convulsive period of the clash of civilizations , which would define the geopolitical lines after the disaster of real socialism. The large gap between political-economic systems no longer exists; we are now dealing with blocks of values, identities, and religions competing with each other. For Fukuyama, in turn, there are no more nations in the antechamber of history, since we have already crossed the entire lounge, arriving at the white bedroom of post-history, where conflicts become local and territorial problems under the logic of global security management and market surveillance by the global institutions of financial capitalism. For Huntington, we still have a long way to go if the process of globalization is to be resolved in some kind of Pax Kapital, with geopolitical forces and whole armies entrenched around different civilizational axes, in an open conflict for hegemony that will define the future of Earth.
Cocco, militante da autonomia italiana dos anos 1970 e atualmente Professor e pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).