Este artigo busca aprofundar as discussões sobre usos da linguagem em contexto de trabalho para e... more Este artigo busca aprofundar as discussões sobre usos da linguagem em contexto de trabalho para elucidar aspectos importantes no processo de concepção e de execução de propostas educacionais para jovens e adultos trabalhadores. Para tanto, apresenta os principais resultados de uma experiência de educação não escolar em uma indústria petroquímica, elaborada com foco no desenvolvimento de práticas de letramento e de numeramento situadas de acordo com o contexto de vida e de trabalho dos sujeitos envolvidos. Em linhas gerais, este artigo aponta que jovens e adultos trabalhadores possuem vivências e trajetórias de vida que favorecem(eram) o domínio de práticas de letramento e de numeramento próprias a determinadas realidades e que não necessariamente são práticas intercambiáveis, ou seja, aponta a necessidade de aproximação entre propostas formativas e o cotidiano dos sujeitos a que se dirigem.
O presente trabalho discute o potencial da Agroecologia como ponto de confluência e mobilização d... more O presente trabalho discute o potencial da Agroecologia como ponto de confluência e mobilização de diferentes saberes e práticas em contextos educativos diversos, em especial na formação inicial de professores. Para tanto, parte-se da análise de um acontecimento pedagógico envolvendo diferentes turmas de licenciatura em distintas habilitações: Ciências Biológicas e Educação do Campo em Ciências da Natureza e em Linguagens e Códigos. Do ponto de vista teórico, propõe-se o exercício de articular referenciais de distintas comunidades científicas, tendo por foco priorizar posturas dialógicas e ecológicas. As reflexões apresentadas almejam contribuir com um debate mais amplo sobre práticas pedagógicas emancipadoras, sustentáveis e cooperativistas, as quais são aqui compreendidas como importantes na formação cidadã tanto nas escolas do campo quanto nas da cidade.
O trabalho propõe uma análise de relações possíveis entre videogames e construção de sentidos, bu... more O trabalho propõe uma análise de relações possíveis entre videogames e construção de sentidos, buscando discutir diferentes abordagens e perspectivas teóricas que possam contribuir no entendimento do videogame enquanto objeto de estudo acadêmico. Indo além de uma perspectiva que possa restringi-lo a um exemplar contemporâneo de uma noção mais abstrata de jogo, abordo-o enquanto um objeto epistêmico (KNORR CETINA 2001) participante de constelações de saberes (SANTOS ET AL 2005) que podem entrar em conflito entre si. Isso, em uma sociedade em que a primazia do prestígio de práticas e conhecimentos científicos é marcante. Para tanto, busco enfatizar mais especificamente ao menos duas outras dimensões do videogame: sua materialidade enquanto mídia contemporânea e sua potencialidade, enquanto artefato cultural, em gerar efeitos sociais e discursivos específicos. Dentro disso, pontuo elementos que ajudam a problematizar como a especificidade técnica, cultural e de linguagem presente no qu...
Anais do Encontro Virtual de Documentação em Software Livre e Congresso Internacional de Linguagem e Tecnologia Online, Nov 23, 2020
O objetivo desta apresentação é propor uma reflexão sobre autismo, linguagem e comunicação a part... more O objetivo desta apresentação é propor uma reflexão sobre autismo, linguagem e comunicação a partir de alguns referenciais teóricos tanto quanto de falas de pessoas autistas. Mais especificamente, o presente título é inspirado no texto 'Pode o subalterno falar?' de Spivak (2010), no qual a autora explicita certa armadilha posta para pessoas consideradas subalternas, em que suas falas passam a ser sistematicamente desconsideradas independente das estratégias utilizadas para se fazer ouvir. Além disso, remete-se também ao trabalho 'Autistas falam, mas eles são ouvidos?' de Milton e Bracher (2013). Os autores apontam que, mesmo já existindo uma produção autoral de autistas, é um material que, quando muito, tende a ser tomado na academia por matéria-prima a ser escrutinada externamente por especialistas não autistas. Questiona-se certo imaginário sobre o autismo que tende a se restringir a crianças brancas do sexo masculino que não falam e cujas vidas supostamente se resumiriam a insistir isoladamente em movimentos repetitivos. Imaginário que, academicamente inconsistente e ultrapassado, exclui e invisibiliza a heterogeneidade constitutiva do espectro, a qual inclui falantes, pessoas adultas, pessoas trans, mulheres, pessoas não brancas, entre outras. No que diz respeito à linguagem, remete-se ainda à consideração de Roy Harris (2002) sobre a vigência de certo 'mito da linguagem' e da comunicação. Ou seja, ainda é hegemônica certa visão de transparência comunicacional, na qual um emissor codifica uma mensagem com base em um código fixo universalmente compartilhado e envia a certo receptor que, tendo supostamente domínio do mesmo aparato linguístico, decodifica a mensagem em questão. Uma consequência de tomarmos a linguagem a partir dessa perspectiva é a de considerarmos ingenuamente haver certa 'completude' no código linguístico, o qual existiria em abstrato, para além da contingência das práticas e das relações sempre emergentes. Partir dessa ideia, argumento, é que traz, por consequência, uma visão de que autistas estariam em 'déficit' em termos linguísticos, apenas por utilizarem a linguagem de forma diferente de certas convenções hegemônicas e já decantadas em nossas relações sociais. Além de duas citações de pessoas autistas que servem de ilustração para os questionamentos postos, recupera-se brevemente, ainda, algumas ponderações de Rebeca Woods (2018). Em um trabalho que se debruça sobre autismo no contexto escolar, a autora mostra que a expressividade de autistas tende a ser lida como ruído ou barulho, ou seja, tende a chamar a atenção como algo que foge do esperado para o contexto escolar. Em contrapartida, boa parte da atmosfera ruidosa constitutiva do ambiente escolar e que resulta da expressividade de estudantes não autistas sequer é percebida, ou seja, é um 'barulho' que nem é ouvido, quanto mais percebido enquanto tal. Tendo levado tudo isso em consideração, finalizo argumentando ser necessário colocar em xeque certas noções vigentes de autismo e linguagem, as quais invisibilizam e subalternizam pessoas autistas – sejam elas oralizadas ou não. E, além disso, sugiro a necessidade de se praticar a escuta em relação àquilo que autistas já tem dito publicamente tanto sobre autismo, quanto sobre linguagem.
RESUMO A emergência das licenciaturas em educação do campo em universidades públicas brasileiras,... more RESUMO A emergência das licenciaturas em educação do campo em universidades públicas brasileiras, ocorrida a partir do início do século XXI, mobiliza, na prática, um conjunto de questões pedagógicas, metodológicas, epistemológicas e logísticas de toda uma comunidade vinculada a tal política pública. Em particular, focalizamos o caso da habilitação em linguagens e códigos de um desses cursos, em que atuam os autores do texto. Com o objetivo de refletirmos sobre práticas educativas significativas no contexto apresentado, bem como sobre concepções de língua e linguagem que subjazem tais práticas, descrevemos alguns aspectos da habilitação, pormenorizando elementos de organização curricular tanto quanto práticas que mobilizam visões e posturas particulares. Tal descrição acompanha uma análise sobre aspectos conceituais e práticos sobre linguagem e educação que emergem a partir de nossa atuação no curso em questão. Consideramos que relatos e reflexões sobre experiências e aspectos de um ...
O presente artigo focaliza jogos digitais, salientando sua possível contribuição para a educação ... more O presente artigo focaliza jogos digitais, salientando sua possível contribuição para a educação crítica. Inicialmente, o estudo questiona posições extremas que idealizam ou rejeitam os jogos e analisa, com base na literatura vigente, como os jogos, sendo artefatos culturais, transmitem valores culturais e apóiam visões de mundo específicas. Na seqüência, a pesquisa contempla duas formas alternativas de explorar jogos com fins educacionais: promover uma interação subversiva com jogos de cunho estritamente comercial ou construir jogos voltados para o desenvolvimento da consciência crítica. Em relação ao último, o artigo oferece algumas diretrizes para nortear a construção de jogos cuja preocupação seja a formação do usuários críticos.
O presente estudo reflete sobre a possibilidade de desenvolvimento da consciencia critica a parti... more O presente estudo reflete sobre a possibilidade de desenvolvimento da consciencia critica a partir da interacao com jogos digitais. Nessa direcao, a pesquisa reve uma literatura mais geral sobre jogos, apontando diferentes abordagens teoricas e sugere uma analise de videogames a partir de uma perspectiva discursiva. Devido a preocupacao com a reflexao social critica, o estudo examina cinco propostas diferentes realizadas na linha dos jogos serios (serious games). Essa analise e desenvolvida a partir do olhar do proprio pesquisador, enquanto especialista, no ato de interagir com cada jogo. Os resultados obtidos indicam possibilidades e limites das estrategias utilizadas em cada uma dessas propostas para o desenvolvimento da consciencia critica. A pesquisa propoe um esquema para se entender como as vozes sociais se reproduzem tanto no processo de criacao de um videogame, como na interacao entre jogador e maquina. Mostram-se, no trabalho, duas maneiras de se apropriar subversivamente de jogos digitais existentes no mercado, para instigar no jogador um olhar critico sobre seu sistema de crencas e valores. Alem disso, com base no estudo empirico, a dissertacao aventa caminhos possiveis para a producao de videogames engajados com a reflexao critica Abstract
Caso tencionem abarcar práticas de linguagem relacionadas às novas mídias e tecnologias, estudos ... more Caso tencionem abarcar práticas de linguagem relacionadas às novas mídias e tecnologias, estudos sobre letramentos devem estar dispostos a abordar uma realidade complexa que demanda processos particulares construção de sentido e novas formas de troca não redutíveis a relações escolares mais tradicionais. Isso demanda uma reflexão que inclua, ao menos, dois pontos: a ênfase em outros contextos que não o da sala de aula e a percepção de que toda prática letrada sempre será sinestésica e assim deverá ser abordada. Busca-se, nesse trabalho, compreender como práticas ligadas a esses novos contextos têm sido abordadas nos estudos do letramento. Diante disso, defende que tais estudos estejam dentro de uma abordagem política e ética frente à linguagem em uso nas mais diversas esferas sociais e relacionadas a um contexto de distribuição desigual de poder, do qual o ambiente escolar é mais uma instância. Argumenta-se a favor de mais pesquisas que tenham como foco práticas em espaços extraesco...
Este trabalho se propõe analisar como jogos digitais, no ato da interação, veiculam discursos a f... more Este trabalho se propõe analisar como jogos digitais, no ato da interação, veiculam discursos a favor ou contra valores culturais específicos, podendo tanto reproduzir preconceitos e auxiliar a manter situações de desigualdade e opressão como auxiliar a subverter crenças ...
Este artigo busca aprofundar as discussões sobre usos da linguagem em contexto de trabalho para e... more Este artigo busca aprofundar as discussões sobre usos da linguagem em contexto de trabalho para elucidar aspectos importantes no processo de concepção e de execução de propostas educacionais para jovens e adultos trabalhadores. Para tanto, apresenta os principais resultados de uma experiência de educação não escolar em uma indústria petroquímica, elaborada com foco no desenvolvimento de práticas de letramento e de numeramento situadas de acordo com o contexto de vida e de trabalho dos sujeitos envolvidos. Em linhas gerais, este artigo aponta que jovens e adultos trabalhadores possuem vivências e trajetórias de vida que favorecem(eram) o domínio de práticas de letramento e de numeramento próprias a determinadas realidades e que não necessariamente são práticas intercambiáveis, ou seja, aponta a necessidade de aproximação entre propostas formativas e o cotidiano dos sujeitos a que se dirigem.
O presente artigo tem como objetivo refletir sobre o
modo como são pensadas e efetivadas as polít... more O presente artigo tem como objetivo refletir sobre o modo como são pensadas e efetivadas as políticas públicas para educação de jovens e adultos no Brasil. Concentra-se em analisar a atual conjuntura de EJA de modo a questionar a funcionalidade de apenas um modelo de currículo que se impõe a todo o universo da EJA. Práticas pedagógicas com base em uma perspectiva de letramento, transformações no projeto político-pedagógico das escolas e investimentos em políticas públicas para a modalidade são alguns caminhos discutidos para orientar a elaboração de novas propostas curriculares para EJA. Pretende-se, com isso, argumentar a favor de um olhar voltado para propostas que se descolem do modelo convencional de escola e que atentem a fatores sociais, culturais e históricos que constituem os sujeitos da EJA.
Este artigo busca aprofundar as discussões sobre usos da linguagem em contexto de trabalho para e... more Este artigo busca aprofundar as discussões sobre usos da linguagem em contexto de trabalho para elucidar aspectos importantes no processo de concepção e de execução de propostas educacionais para jovens e adultos trabalhadores. Para tanto, apresenta os principais resultados de uma experiência de educação não escolar em uma indústria petroquímica, elaborada com foco no desenvolvimento de práticas de letramento e de numeramento situadas de acordo com o contexto de vida e de trabalho dos sujeitos envolvidos. Em linhas gerais, este artigo aponta que jovens e adultos trabalhadores possuem vivências e trajetórias de vida que favorecem(eram) o domínio de práticas de letramento e de numeramento próprias a determinadas realidades e que não necessariamente são práticas intercambiáveis, ou seja, aponta a necessidade de aproximação entre propostas formativas e o cotidiano dos sujeitos a que se dirigem.
O presente trabalho discute o potencial da Agroecologia como ponto de confluência e mobilização d... more O presente trabalho discute o potencial da Agroecologia como ponto de confluência e mobilização de diferentes saberes e práticas em contextos educativos diversos, em especial na formação inicial de professores. Para tanto, parte-se da análise de um acontecimento pedagógico envolvendo diferentes turmas de licenciatura em distintas habilitações: Ciências Biológicas e Educação do Campo em Ciências da Natureza e em Linguagens e Códigos. Do ponto de vista teórico, propõe-se o exercício de articular referenciais de distintas comunidades científicas, tendo por foco priorizar posturas dialógicas e ecológicas. As reflexões apresentadas almejam contribuir com um debate mais amplo sobre práticas pedagógicas emancipadoras, sustentáveis e cooperativistas, as quais são aqui compreendidas como importantes na formação cidadã tanto nas escolas do campo quanto nas da cidade.
O trabalho propõe uma análise de relações possíveis entre videogames e construção de sentidos, bu... more O trabalho propõe uma análise de relações possíveis entre videogames e construção de sentidos, buscando discutir diferentes abordagens e perspectivas teóricas que possam contribuir no entendimento do videogame enquanto objeto de estudo acadêmico. Indo além de uma perspectiva que possa restringi-lo a um exemplar contemporâneo de uma noção mais abstrata de jogo, abordo-o enquanto um objeto epistêmico (KNORR CETINA 2001) participante de constelações de saberes (SANTOS ET AL 2005) que podem entrar em conflito entre si. Isso, em uma sociedade em que a primazia do prestígio de práticas e conhecimentos científicos é marcante. Para tanto, busco enfatizar mais especificamente ao menos duas outras dimensões do videogame: sua materialidade enquanto mídia contemporânea e sua potencialidade, enquanto artefato cultural, em gerar efeitos sociais e discursivos específicos. Dentro disso, pontuo elementos que ajudam a problematizar como a especificidade técnica, cultural e de linguagem presente no qu...
Anais do Encontro Virtual de Documentação em Software Livre e Congresso Internacional de Linguagem e Tecnologia Online, Nov 23, 2020
O objetivo desta apresentação é propor uma reflexão sobre autismo, linguagem e comunicação a part... more O objetivo desta apresentação é propor uma reflexão sobre autismo, linguagem e comunicação a partir de alguns referenciais teóricos tanto quanto de falas de pessoas autistas. Mais especificamente, o presente título é inspirado no texto 'Pode o subalterno falar?' de Spivak (2010), no qual a autora explicita certa armadilha posta para pessoas consideradas subalternas, em que suas falas passam a ser sistematicamente desconsideradas independente das estratégias utilizadas para se fazer ouvir. Além disso, remete-se também ao trabalho 'Autistas falam, mas eles são ouvidos?' de Milton e Bracher (2013). Os autores apontam que, mesmo já existindo uma produção autoral de autistas, é um material que, quando muito, tende a ser tomado na academia por matéria-prima a ser escrutinada externamente por especialistas não autistas. Questiona-se certo imaginário sobre o autismo que tende a se restringir a crianças brancas do sexo masculino que não falam e cujas vidas supostamente se resumiriam a insistir isoladamente em movimentos repetitivos. Imaginário que, academicamente inconsistente e ultrapassado, exclui e invisibiliza a heterogeneidade constitutiva do espectro, a qual inclui falantes, pessoas adultas, pessoas trans, mulheres, pessoas não brancas, entre outras. No que diz respeito à linguagem, remete-se ainda à consideração de Roy Harris (2002) sobre a vigência de certo 'mito da linguagem' e da comunicação. Ou seja, ainda é hegemônica certa visão de transparência comunicacional, na qual um emissor codifica uma mensagem com base em um código fixo universalmente compartilhado e envia a certo receptor que, tendo supostamente domínio do mesmo aparato linguístico, decodifica a mensagem em questão. Uma consequência de tomarmos a linguagem a partir dessa perspectiva é a de considerarmos ingenuamente haver certa 'completude' no código linguístico, o qual existiria em abstrato, para além da contingência das práticas e das relações sempre emergentes. Partir dessa ideia, argumento, é que traz, por consequência, uma visão de que autistas estariam em 'déficit' em termos linguísticos, apenas por utilizarem a linguagem de forma diferente de certas convenções hegemônicas e já decantadas em nossas relações sociais. Além de duas citações de pessoas autistas que servem de ilustração para os questionamentos postos, recupera-se brevemente, ainda, algumas ponderações de Rebeca Woods (2018). Em um trabalho que se debruça sobre autismo no contexto escolar, a autora mostra que a expressividade de autistas tende a ser lida como ruído ou barulho, ou seja, tende a chamar a atenção como algo que foge do esperado para o contexto escolar. Em contrapartida, boa parte da atmosfera ruidosa constitutiva do ambiente escolar e que resulta da expressividade de estudantes não autistas sequer é percebida, ou seja, é um 'barulho' que nem é ouvido, quanto mais percebido enquanto tal. Tendo levado tudo isso em consideração, finalizo argumentando ser necessário colocar em xeque certas noções vigentes de autismo e linguagem, as quais invisibilizam e subalternizam pessoas autistas – sejam elas oralizadas ou não. E, além disso, sugiro a necessidade de se praticar a escuta em relação àquilo que autistas já tem dito publicamente tanto sobre autismo, quanto sobre linguagem.
RESUMO A emergência das licenciaturas em educação do campo em universidades públicas brasileiras,... more RESUMO A emergência das licenciaturas em educação do campo em universidades públicas brasileiras, ocorrida a partir do início do século XXI, mobiliza, na prática, um conjunto de questões pedagógicas, metodológicas, epistemológicas e logísticas de toda uma comunidade vinculada a tal política pública. Em particular, focalizamos o caso da habilitação em linguagens e códigos de um desses cursos, em que atuam os autores do texto. Com o objetivo de refletirmos sobre práticas educativas significativas no contexto apresentado, bem como sobre concepções de língua e linguagem que subjazem tais práticas, descrevemos alguns aspectos da habilitação, pormenorizando elementos de organização curricular tanto quanto práticas que mobilizam visões e posturas particulares. Tal descrição acompanha uma análise sobre aspectos conceituais e práticos sobre linguagem e educação que emergem a partir de nossa atuação no curso em questão. Consideramos que relatos e reflexões sobre experiências e aspectos de um ...
O presente artigo focaliza jogos digitais, salientando sua possível contribuição para a educação ... more O presente artigo focaliza jogos digitais, salientando sua possível contribuição para a educação crítica. Inicialmente, o estudo questiona posições extremas que idealizam ou rejeitam os jogos e analisa, com base na literatura vigente, como os jogos, sendo artefatos culturais, transmitem valores culturais e apóiam visões de mundo específicas. Na seqüência, a pesquisa contempla duas formas alternativas de explorar jogos com fins educacionais: promover uma interação subversiva com jogos de cunho estritamente comercial ou construir jogos voltados para o desenvolvimento da consciência crítica. Em relação ao último, o artigo oferece algumas diretrizes para nortear a construção de jogos cuja preocupação seja a formação do usuários críticos.
O presente estudo reflete sobre a possibilidade de desenvolvimento da consciencia critica a parti... more O presente estudo reflete sobre a possibilidade de desenvolvimento da consciencia critica a partir da interacao com jogos digitais. Nessa direcao, a pesquisa reve uma literatura mais geral sobre jogos, apontando diferentes abordagens teoricas e sugere uma analise de videogames a partir de uma perspectiva discursiva. Devido a preocupacao com a reflexao social critica, o estudo examina cinco propostas diferentes realizadas na linha dos jogos serios (serious games). Essa analise e desenvolvida a partir do olhar do proprio pesquisador, enquanto especialista, no ato de interagir com cada jogo. Os resultados obtidos indicam possibilidades e limites das estrategias utilizadas em cada uma dessas propostas para o desenvolvimento da consciencia critica. A pesquisa propoe um esquema para se entender como as vozes sociais se reproduzem tanto no processo de criacao de um videogame, como na interacao entre jogador e maquina. Mostram-se, no trabalho, duas maneiras de se apropriar subversivamente de jogos digitais existentes no mercado, para instigar no jogador um olhar critico sobre seu sistema de crencas e valores. Alem disso, com base no estudo empirico, a dissertacao aventa caminhos possiveis para a producao de videogames engajados com a reflexao critica Abstract
Caso tencionem abarcar práticas de linguagem relacionadas às novas mídias e tecnologias, estudos ... more Caso tencionem abarcar práticas de linguagem relacionadas às novas mídias e tecnologias, estudos sobre letramentos devem estar dispostos a abordar uma realidade complexa que demanda processos particulares construção de sentido e novas formas de troca não redutíveis a relações escolares mais tradicionais. Isso demanda uma reflexão que inclua, ao menos, dois pontos: a ênfase em outros contextos que não o da sala de aula e a percepção de que toda prática letrada sempre será sinestésica e assim deverá ser abordada. Busca-se, nesse trabalho, compreender como práticas ligadas a esses novos contextos têm sido abordadas nos estudos do letramento. Diante disso, defende que tais estudos estejam dentro de uma abordagem política e ética frente à linguagem em uso nas mais diversas esferas sociais e relacionadas a um contexto de distribuição desigual de poder, do qual o ambiente escolar é mais uma instância. Argumenta-se a favor de mais pesquisas que tenham como foco práticas em espaços extraesco...
Este trabalho se propõe analisar como jogos digitais, no ato da interação, veiculam discursos a f... more Este trabalho se propõe analisar como jogos digitais, no ato da interação, veiculam discursos a favor ou contra valores culturais específicos, podendo tanto reproduzir preconceitos e auxiliar a manter situações de desigualdade e opressão como auxiliar a subverter crenças ...
Este artigo busca aprofundar as discussões sobre usos da linguagem em contexto de trabalho para e... more Este artigo busca aprofundar as discussões sobre usos da linguagem em contexto de trabalho para elucidar aspectos importantes no processo de concepção e de execução de propostas educacionais para jovens e adultos trabalhadores. Para tanto, apresenta os principais resultados de uma experiência de educação não escolar em uma indústria petroquímica, elaborada com foco no desenvolvimento de práticas de letramento e de numeramento situadas de acordo com o contexto de vida e de trabalho dos sujeitos envolvidos. Em linhas gerais, este artigo aponta que jovens e adultos trabalhadores possuem vivências e trajetórias de vida que favorecem(eram) o domínio de práticas de letramento e de numeramento próprias a determinadas realidades e que não necessariamente são práticas intercambiáveis, ou seja, aponta a necessidade de aproximação entre propostas formativas e o cotidiano dos sujeitos a que se dirigem.
O presente artigo tem como objetivo refletir sobre o
modo como são pensadas e efetivadas as polít... more O presente artigo tem como objetivo refletir sobre o modo como são pensadas e efetivadas as políticas públicas para educação de jovens e adultos no Brasil. Concentra-se em analisar a atual conjuntura de EJA de modo a questionar a funcionalidade de apenas um modelo de currículo que se impõe a todo o universo da EJA. Práticas pedagógicas com base em uma perspectiva de letramento, transformações no projeto político-pedagógico das escolas e investimentos em políticas públicas para a modalidade são alguns caminhos discutidos para orientar a elaboração de novas propostas curriculares para EJA. Pretende-se, com isso, argumentar a favor de um olhar voltado para propostas que se descolem do modelo convencional de escola e que atentem a fatores sociais, culturais e históricos que constituem os sujeitos da EJA.
O trabalho propõe uma análise de relações possíveis entre videogames e construção de sentidos, bu... more O trabalho propõe uma análise de relações possíveis entre videogames e construção de sentidos, buscando discutir diferentes abordagens e perspectivas teóricas que possam contribuir no entendimento do videogame enquanto objeto de estudo acadêmico. Indo além de uma perspectiva que possa restringi-lo a um exemplar contemporâneo de uma noção mais abstrata de jogo, abordo-o enquanto um objeto epistêmico (KNORR CETINA 2001) participante de constelações de saberes (SANTOS ET AL 2005) que podem entrar em conflito entre si. Isso, em uma sociedade em que a primazia do prestígio de práticas e conhecimentos científicos é marcante. Para tanto, busco enfatizar mais especificamente ao menos duas outras dimensões do videogame: sua materialidade enquanto mídia contemporânea e sua potencialidade, enquanto artefato cultural, em gerar efeitos sociais e discursivos específicos. Dentro disso, pontuo elementos que ajudam a problematizar como a especificidade técnica, cultural e de linguagem presente no que se entende atualmente como videogame pode dar formas a saberes e sentidos construídos na contingência do uso de tal artefato por seus jogadores. Essa questão mais ampla se efetivou em estudos exploratórios por meio de duas formas de análise: a observação de registros escritos em um fórum de fãs de futebol a respeito, basicamente, de um simulador do esporte (o Football Manager); entrevistas com quatro participantes desse fórum que tinham ou tiveram no uso do videogame em questão uma prática corrente. Isso, tendo como norte, principalmente, os seguintes pontos: i) de que modo a experiência situada e específica com o videogame pode se tornar pública ou manifesta em outros contextos; ii) que relações o jogador pode perceber, defender ou estabelecer contrapondo saberes e sentidos surgidos de uma interação com o videogame com saberes mais canônicos e esperados em contextos públicos e comunitários do qual participa iii) qual a função ou efeito essas experiências com videogames – quando compartilhadas em situações concretas, socialmente inseridas, mas que não a de sua prática – podem vir a exercer em comunidades mais amplas (ou seja, que envolvam sujeitos que não são jogadores de videogame). Tais estudos indicam que o videogame é percebido e utilizado por seus jogadores como um espaço diferenciado do futebol profissional, que seu uso enquanto fonte de saber na comunidade analisada é concreto embora não seja consensualmente validado e que essa falta de consenso não o impede de ser uma forma de conhecimento defendida e utilizada por diversos membros do grupo, influenciando as opiniões e perspectivas em debate no espaço em questão. Assim, deve-se considerar que videogames podem ter papel na construção das realidades que envolvem o sujeito, o que não resulta em confusão entre a prática de interagir com videogames e a prática social em outros contextos.
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Papers by Luiz Henrique Magnani
modo como são pensadas e efetivadas as políticas públicas
para educação de jovens e adultos no Brasil. Concentra-se
em analisar a atual conjuntura de EJA de modo a questionar
a funcionalidade de apenas um modelo de currículo que se
impõe a todo o universo da EJA. Práticas pedagógicas com
base em uma perspectiva de letramento, transformações no
projeto político-pedagógico das escolas e investimentos em
políticas públicas para a modalidade são alguns caminhos
discutidos para orientar a elaboração de novas propostas
curriculares para EJA. Pretende-se, com isso, argumentar a
favor de um olhar voltado para propostas que se descolem
do modelo convencional de escola e que atentem a fatores
sociais, culturais e históricos que constituem os sujeitos da
EJA.
modo como são pensadas e efetivadas as políticas públicas
para educação de jovens e adultos no Brasil. Concentra-se
em analisar a atual conjuntura de EJA de modo a questionar
a funcionalidade de apenas um modelo de currículo que se
impõe a todo o universo da EJA. Práticas pedagógicas com
base em uma perspectiva de letramento, transformações no
projeto político-pedagógico das escolas e investimentos em
políticas públicas para a modalidade são alguns caminhos
discutidos para orientar a elaboração de novas propostas
curriculares para EJA. Pretende-se, com isso, argumentar a
favor de um olhar voltado para propostas que se descolem
do modelo convencional de escola e que atentem a fatores
sociais, culturais e históricos que constituem os sujeitos da
EJA.
Indo além de uma perspectiva que possa restringi-lo a um exemplar contemporâneo de uma noção mais abstrata de jogo, abordo-o enquanto um objeto epistêmico (KNORR CETINA 2001) participante de constelações de saberes
(SANTOS ET AL 2005) que podem entrar em conflito entre si. Isso, em uma sociedade em que a primazia do prestígio de práticas e conhecimentos científicos é marcante. Para tanto, busco enfatizar mais especificamente ao menos duas outras dimensões do videogame: sua materialidade enquanto
mídia contemporânea e sua potencialidade, enquanto artefato cultural, em gerar efeitos sociais e discursivos específicos.
Dentro disso, pontuo elementos que ajudam a problematizar como a especificidade técnica, cultural e de linguagem presente no que se entende atualmente como videogame pode dar formas a saberes e sentidos construídos na contingência do uso de tal artefato por seus jogadores. Essa questão mais ampla se efetivou em estudos exploratórios por meio de duas formas de análise: a observação de registros escritos em um fórum de fãs de futebol a respeito, basicamente, de um simulador do esporte (o Football Manager); entrevistas com quatro participantes desse fórum que tinham ou tiveram no uso do videogame em questão uma prática corrente.
Isso, tendo como norte, principalmente, os seguintes pontos: i) de que modo a experiência situada e específica com o videogame pode se tornar pública ou manifesta em outros contextos; ii) que relações o jogador pode perceber, defender ou estabelecer contrapondo saberes e sentidos surgidos de uma interação com o videogame com saberes mais canônicos e esperados em contextos públicos e comunitários do qual participa iii) qual a função ou efeito essas experiências com
videogames – quando compartilhadas em situações concretas, socialmente inseridas, mas que não a de sua prática – podem vir a exercer em comunidades mais amplas (ou seja, que envolvam sujeitos que não são jogadores de videogame).
Tais estudos indicam que o videogame é percebido e utilizado por seus jogadores como um espaço diferenciado do futebol profissional, que seu uso enquanto fonte de saber na comunidade analisada é concreto embora não seja consensualmente validado e que essa falta de consenso não o impede de ser uma forma de conhecimento defendida e
utilizada por diversos membros do grupo, influenciando as opiniões e perspectivas em debate no espaço em questão. Assim, deve-se considerar que videogames podem ter papel na construção das realidades que envolvem o sujeito, o que não resulta em confusão entre a prática de interagir com videogames e a prática social em outros contextos.