Leni Ribeiro Leite was born and raised in Rio de Janeiro, Brazil. She holds a BA and Teacher Certification in Portuguese Language and Literature and in Latin Language and Literature from the State University of Rio de Janeiro (UERJ); she also has an M.A. and a Ph.D. in Classics, both from the Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ), Brazil. Between 2009 and 2021, her primary affiliation was with the Federal University of Espírito Santo, Brazil. She has been researching and publishing within the field of Classics, with an interest in poetry of the Flavian Era; the relations within Poetics and Rhetorics; Neolatin; Latin pedagogy and Latin in Colonial America. She is currently an Associate Professor of Classics at the University of Kentucky, USA.
We seek to understand the different meanings attributed to ekphrasis in order to analyze its use,... more We seek to understand the different meanings attributed to ekphrasis in order to analyze its use, as a linguistic resource, in the epic poem Prosopopeia (1601), by Bento Teixeira, whose discourse, outlined by Rhetoric, uses the ekphrasis to legitimize or build an argumentation. In order to do so, particularities about the literate production of Portuguese America are presented, and issues concerning Ancient Rhetoric and, more precisely, the ekphrasis are discussed. The analysis consists of delimitation and discussion of ecfrastic passages present in the poem, so that the ekphrasis is associated with the affiliation to the epic genre and the rhetorical character of Bento Teixeira's verses.
Este artigo busca discutir, a partir dos conceitos de identidade de Woodward e paratopia de Maing... more Este artigo busca discutir, a partir dos conceitos de identidade de Woodward e paratopia de Maingueneau, e da obra de Elias e Scotson, as construções identitárias de Cícero em sua trajetória política. Entendemos que, usando como exemplos os momentos o auge de sua carreira em 63 AEC, quando da Conjuração de Catilina, e do exílio em 58 AEC, podemos observar como Cícero constrói e defende sua própria identidade como pertencente à aristocracia romana – da qual ele por nascimento não fazia parte – a partir do contraste entre os homens virtuosos, membros do grupo senatorial, e os homens viciosos, refletindo este mesmo contraste também ao comparar a si mesmo e seus inimigos políticos.
Prosopopeia (1601), épica luso-brasileira de Bento Teixeira, foi por muito tempo lida como um mer... more Prosopopeia (1601), épica luso-brasileira de Bento Teixeira, foi por muito tempo lida como um mero simulacro camoniano, sem qualidades literárias próprias, devido às semelhanças com Os Lusíadas, de Camões. Neste artigo, busca-se confrontar essa perspectiva, mediante uma leitura do poema em que a emulação de Camões seja encarada como artifício retórico adotado por Bento Teixeira. Abordamos inicialmente a mímesis, que na Renascença se orientou pela imitação de autoridades consagradas pela tradição (SALTARELLI, 2009), para então destacar Camões como arquétipo do gênero épico em contexto lusitano. Bento Teixeira emula o modelo camoniano, ao elaborar Prosopopeia enquanto canto que Proteu deixou de pronunciar em Os Lusíadas, além de retratar os fidalgos da Nova Lusitânia, que, assim como os heróis antecessores, são assinalados na história como exempla dos valores reinóis lusos. Enquanto variação de Os Lusíadas, Prosopopeia apresenta diversas semelhanças e disparidades em relação à épica c...
Diversas estruturas textuais características da épica antiga são retomadas e dispostas no epílio ... more Diversas estruturas textuais características da épica antiga são retomadas e dispostas no epílio de Bento Teixeira, como o uso do metro heroico, a invocação, o concílio dos deuses, a interferência divina nos fatos e a écfrase, esta última, o objeto deste trabalho. Nossa proposta é realizar uma leitura de Prosopopeia, tendo em vista a recepção da écfrase enquanto figura retórica responsável por deslocar componentes textuais de seu aspecto verbal para o não verbal, a partir da visualização das cenas discursivas. A écfrase foi sistematizada nos discursos antigos, e, proveniente da Antiguidade, através de recuperações e modificações, integrou também as produções letradas modernas.
Discute-se aqui a necessidade e as possibilidades de inserção de leitura voluntária extensiva noc... more Discute-se aqui a necessidade e as possibilidades de inserção de leitura voluntária extensiva nocontexto brasileiro de ensino de latim. Entende-se a fundamental importância deste tipo de leitura de acordocom as pesquisas em aquisição de segunda língua (SLA), que têm produzido consistentemente evidênciaem favor da hipótese de que uma língua só pode ser adquirida através da exposição a input compreensível.No caso das línguas clássicas, a leitura é a principal forma de input, e o objetivo maior dos alunosinteressados nelas. A maior dificuldade, no entanto, reside naturalmente no exíguo espaço de tempooferecido pelas disciplinas de graduação, situação em que a maior parte do ensino de latim ocorre no Brasil.Interessamo-nos em investigar o que tem sido feito neste sentido, como o uso de metodologias híbridas, eo que mais pode ser feito nesta direção
Trata o presente artigo de uma reflexao acerca dos limites do que se estuda sob a denominacao lit... more Trata o presente artigo de uma reflexao acerca dos limites do que se estuda sob a denominacao literatura brasileira colonial , e os possiveis erros cometidos pela critica acerca deste periodo da producao literaria brasileira. A partir dos conceitos da Analise do Discurso Francesa e da Historia Cultural de Chartier, propomos uma ampliacao dos limites do rotulo, para incluir tambem obras escritas em outras linguas, e uma reavaliacao das interrelacoes entre obras escritas no periodo. PALAVRAS-CHAVE: Literatura Brasileira colonial. Campo literario brasileiro. Literatura Latina seiscentista.
O presente artigo propõe-se uma análise do poema sacro e tragicômico Eustachidos, dado como do Fr... more O presente artigo propõe-se uma análise do poema sacro e tragicômico Eustachidos, dado como do Frei Manuel de Santa Maria Itaparica, tendo em vista a configuração genérica da obra, segundo preceptistas como Torquato Tasso (1964), Giovanni Savio (1601) e Francisco José Freire (1759), e a sua recepção dos modelos épicos clássicos vergilianos das Geórgicas e da Eneida. Atentos aos sistemas práticos de representação que integravam o campo discursivo do Setecentos américo-português, buscamos soluções retórico-poéticas e teológico-políticas para a definição genérica da obra como sendo sacra e tragicômica e para o decoro das res e dos uerba no poema ao emular ora o modelo épico das Geórgicas, ora o modelo épico da Eneida, pondo em cena operações dinamizadas com a tradição, cujos efeitos representativos acreditamos serem análogos ao de um alexandrinismo já previsto nas composições poéticas clássicas. Cremos que o cuidado com esses resíduos chegados até nós, mas ainda relegados de maiores at...
O presente artigo pretende observar a representação da personagem do clérigo dentro dos fabliaux,... more O presente artigo pretende observar a representação da personagem do clérigo dentro dos fabliaux, gênero literário medieval. Tendo como características principais o tom satírico, cômico e erótico, esses textos são um exemplo pouco estudado do discurso poético do medievo, e se inserem dentro da vasta literatura caracterizada como popular, permeada por elementos definidos por Bakhtin (2013) como carnavalescos e grotescos. Além disso, a vocalidade (Zumthor, 1993) e o anticlericalismo serão observados, com uma preocupação de os relacionar com o discurso presente nas narrativas, filtrado pelas regras retórico-políticas do período.
Nas suas Siluae, Estácio trabalha com elementos da tradição literária sua predecessora, retrabalh... more Nas suas Siluae, Estácio trabalha com elementos da tradição literária sua predecessora, retrabalhando-os e ressignificando-os em sua poética. Neste trabalho, pretendemos analisar algumas das Siluae em que a dicotomia entre o espaço urbano e o espaço natural se faz presente, com atenção às continuidades e rupturas entre Estácio e os seus modelos genéricos.
No primeiro poema de seu terceiro livro, Estacio toma como tema a dedicacao de um templo a Hercul... more No primeiro poema de seu terceiro livro, Estacio toma como tema a dedicacao de um templo a Hercules em Sorrento; o novo templo e cantado em novo modo por um poeta que, escrevendo uma obra caracterizada pela mistura de generos, e identificado pela critica recente como icone de uma mudanca cultural e literaria operada durante o periodo flaviano. Neste trabalho, pretendemos ler o poema 3.1, a celebracao do templo de Hercules, como tambem celebracao da nova poetica imperial.
Partindo das reflexões de Rao, Shulman e Subrahmanyam sobre a textura das narrativas históricas e... more Partindo das reflexões de Rao, Shulman e Subrahmanyam sobre a textura das narrativas históricas e do que aponta Vieira acerca dos princípios da épica romana como textos de caráter eminentemente historiográficos, procuramos neste artigo observar de que forma a Guerra civil de lucano se aproxima mais de uma narrativa historiográfica romana, a partir do que laird chama de “retórica da historiografia romana”, do que da epopeia vergiliana, tomada como exemplar. Para tanto, analisaremos trechos da obra de lucano em contraste com outras, como as de Plínio o Velho, Tito Lívio e Veleio Patérculo. com isso, pretendemos trazer um exemplo de como gêneros entendidos como eminentemente ficcionais, como a epopeia, podem ser considerados historiográficos em outras sociedades. Palavras-chave: Farsália; lucano; épica histórica.
A partir da compreensão de que a écfrase é um elemento retórico cujos limites eram mais amplos no... more A partir da compreensão de que a écfrase é um elemento retórico cujos limites eram mais amplos no mundo antigo do que em nossa contemporaneidade, este artigo tem por objetivo discutir a função da écfrase de objetos cotidianos nas poéticas de Marcial e Estácio como indicativos de mudanças sociais e culturais do período flaviano.
Este trabalho discute o estabelecimento do gênero sátira em Roma a partir das contribuições de Qu... more Este trabalho discute o estabelecimento do gênero sátira em Roma a partir das contribuições de Quinto Horácio Flaco nos Sermones. Ainda que Lucílio tenha sido apontado por Horácio como inventor e modelo da sátira romana, o poeta augustano não encarou o modelo através de limites, resguardando boa quantidade de liberdade e flexibilidade para criar. Horácio promoveu transformações através da redução e do refinamento e, mesmo tendo adotado o estilo e a forma dos poemas de Lucílio, criticou severamente o inventor do gênero. A sátira horaciana é uma invenção consciente e de natureza experimental que se destacou por ter trazido elementos da estética helenística para a sátira luciliana. Horácio constrói em seus Sermones um programa satírico ou um pequeno tratado sobre o gênero e demonstra verdadeira preocupação com o engenho e o estilo, criticando vícios de escrita e sugerindo as maneiras moderadas e pertinentes de compor sátira.
We seek to understand the different meanings attributed to ekphrasis in order to analyze its use,... more We seek to understand the different meanings attributed to ekphrasis in order to analyze its use, as a linguistic resource, in the epic poem Prosopopeia (1601), by Bento Teixeira, whose discourse, outlined by Rhetoric, uses the ekphrasis to legitimize or build an argumentation. In order to do so, particularities about the literate production of Portuguese America are presented, and issues concerning Ancient Rhetoric and, more precisely, the ekphrasis are discussed. The analysis consists of delimitation and discussion of ecfrastic passages present in the poem, so that the ekphrasis is associated with the affiliation to the epic genre and the rhetorical character of Bento Teixeira's verses.
Este artigo busca discutir, a partir dos conceitos de identidade de Woodward e paratopia de Maing... more Este artigo busca discutir, a partir dos conceitos de identidade de Woodward e paratopia de Maingueneau, e da obra de Elias e Scotson, as construções identitárias de Cícero em sua trajetória política. Entendemos que, usando como exemplos os momentos o auge de sua carreira em 63 AEC, quando da Conjuração de Catilina, e do exílio em 58 AEC, podemos observar como Cícero constrói e defende sua própria identidade como pertencente à aristocracia romana – da qual ele por nascimento não fazia parte – a partir do contraste entre os homens virtuosos, membros do grupo senatorial, e os homens viciosos, refletindo este mesmo contraste também ao comparar a si mesmo e seus inimigos políticos.
Prosopopeia (1601), épica luso-brasileira de Bento Teixeira, foi por muito tempo lida como um mer... more Prosopopeia (1601), épica luso-brasileira de Bento Teixeira, foi por muito tempo lida como um mero simulacro camoniano, sem qualidades literárias próprias, devido às semelhanças com Os Lusíadas, de Camões. Neste artigo, busca-se confrontar essa perspectiva, mediante uma leitura do poema em que a emulação de Camões seja encarada como artifício retórico adotado por Bento Teixeira. Abordamos inicialmente a mímesis, que na Renascença se orientou pela imitação de autoridades consagradas pela tradição (SALTARELLI, 2009), para então destacar Camões como arquétipo do gênero épico em contexto lusitano. Bento Teixeira emula o modelo camoniano, ao elaborar Prosopopeia enquanto canto que Proteu deixou de pronunciar em Os Lusíadas, além de retratar os fidalgos da Nova Lusitânia, que, assim como os heróis antecessores, são assinalados na história como exempla dos valores reinóis lusos. Enquanto variação de Os Lusíadas, Prosopopeia apresenta diversas semelhanças e disparidades em relação à épica c...
Diversas estruturas textuais características da épica antiga são retomadas e dispostas no epílio ... more Diversas estruturas textuais características da épica antiga são retomadas e dispostas no epílio de Bento Teixeira, como o uso do metro heroico, a invocação, o concílio dos deuses, a interferência divina nos fatos e a écfrase, esta última, o objeto deste trabalho. Nossa proposta é realizar uma leitura de Prosopopeia, tendo em vista a recepção da écfrase enquanto figura retórica responsável por deslocar componentes textuais de seu aspecto verbal para o não verbal, a partir da visualização das cenas discursivas. A écfrase foi sistematizada nos discursos antigos, e, proveniente da Antiguidade, através de recuperações e modificações, integrou também as produções letradas modernas.
Discute-se aqui a necessidade e as possibilidades de inserção de leitura voluntária extensiva noc... more Discute-se aqui a necessidade e as possibilidades de inserção de leitura voluntária extensiva nocontexto brasileiro de ensino de latim. Entende-se a fundamental importância deste tipo de leitura de acordocom as pesquisas em aquisição de segunda língua (SLA), que têm produzido consistentemente evidênciaem favor da hipótese de que uma língua só pode ser adquirida através da exposição a input compreensível.No caso das línguas clássicas, a leitura é a principal forma de input, e o objetivo maior dos alunosinteressados nelas. A maior dificuldade, no entanto, reside naturalmente no exíguo espaço de tempooferecido pelas disciplinas de graduação, situação em que a maior parte do ensino de latim ocorre no Brasil.Interessamo-nos em investigar o que tem sido feito neste sentido, como o uso de metodologias híbridas, eo que mais pode ser feito nesta direção
Trata o presente artigo de uma reflexao acerca dos limites do que se estuda sob a denominacao lit... more Trata o presente artigo de uma reflexao acerca dos limites do que se estuda sob a denominacao literatura brasileira colonial , e os possiveis erros cometidos pela critica acerca deste periodo da producao literaria brasileira. A partir dos conceitos da Analise do Discurso Francesa e da Historia Cultural de Chartier, propomos uma ampliacao dos limites do rotulo, para incluir tambem obras escritas em outras linguas, e uma reavaliacao das interrelacoes entre obras escritas no periodo. PALAVRAS-CHAVE: Literatura Brasileira colonial. Campo literario brasileiro. Literatura Latina seiscentista.
O presente artigo propõe-se uma análise do poema sacro e tragicômico Eustachidos, dado como do Fr... more O presente artigo propõe-se uma análise do poema sacro e tragicômico Eustachidos, dado como do Frei Manuel de Santa Maria Itaparica, tendo em vista a configuração genérica da obra, segundo preceptistas como Torquato Tasso (1964), Giovanni Savio (1601) e Francisco José Freire (1759), e a sua recepção dos modelos épicos clássicos vergilianos das Geórgicas e da Eneida. Atentos aos sistemas práticos de representação que integravam o campo discursivo do Setecentos américo-português, buscamos soluções retórico-poéticas e teológico-políticas para a definição genérica da obra como sendo sacra e tragicômica e para o decoro das res e dos uerba no poema ao emular ora o modelo épico das Geórgicas, ora o modelo épico da Eneida, pondo em cena operações dinamizadas com a tradição, cujos efeitos representativos acreditamos serem análogos ao de um alexandrinismo já previsto nas composições poéticas clássicas. Cremos que o cuidado com esses resíduos chegados até nós, mas ainda relegados de maiores at...
O presente artigo pretende observar a representação da personagem do clérigo dentro dos fabliaux,... more O presente artigo pretende observar a representação da personagem do clérigo dentro dos fabliaux, gênero literário medieval. Tendo como características principais o tom satírico, cômico e erótico, esses textos são um exemplo pouco estudado do discurso poético do medievo, e se inserem dentro da vasta literatura caracterizada como popular, permeada por elementos definidos por Bakhtin (2013) como carnavalescos e grotescos. Além disso, a vocalidade (Zumthor, 1993) e o anticlericalismo serão observados, com uma preocupação de os relacionar com o discurso presente nas narrativas, filtrado pelas regras retórico-políticas do período.
Nas suas Siluae, Estácio trabalha com elementos da tradição literária sua predecessora, retrabalh... more Nas suas Siluae, Estácio trabalha com elementos da tradição literária sua predecessora, retrabalhando-os e ressignificando-os em sua poética. Neste trabalho, pretendemos analisar algumas das Siluae em que a dicotomia entre o espaço urbano e o espaço natural se faz presente, com atenção às continuidades e rupturas entre Estácio e os seus modelos genéricos.
No primeiro poema de seu terceiro livro, Estacio toma como tema a dedicacao de um templo a Hercul... more No primeiro poema de seu terceiro livro, Estacio toma como tema a dedicacao de um templo a Hercules em Sorrento; o novo templo e cantado em novo modo por um poeta que, escrevendo uma obra caracterizada pela mistura de generos, e identificado pela critica recente como icone de uma mudanca cultural e literaria operada durante o periodo flaviano. Neste trabalho, pretendemos ler o poema 3.1, a celebracao do templo de Hercules, como tambem celebracao da nova poetica imperial.
Partindo das reflexões de Rao, Shulman e Subrahmanyam sobre a textura das narrativas históricas e... more Partindo das reflexões de Rao, Shulman e Subrahmanyam sobre a textura das narrativas históricas e do que aponta Vieira acerca dos princípios da épica romana como textos de caráter eminentemente historiográficos, procuramos neste artigo observar de que forma a Guerra civil de lucano se aproxima mais de uma narrativa historiográfica romana, a partir do que laird chama de “retórica da historiografia romana”, do que da epopeia vergiliana, tomada como exemplar. Para tanto, analisaremos trechos da obra de lucano em contraste com outras, como as de Plínio o Velho, Tito Lívio e Veleio Patérculo. com isso, pretendemos trazer um exemplo de como gêneros entendidos como eminentemente ficcionais, como a epopeia, podem ser considerados historiográficos em outras sociedades. Palavras-chave: Farsália; lucano; épica histórica.
A partir da compreensão de que a écfrase é um elemento retórico cujos limites eram mais amplos no... more A partir da compreensão de que a écfrase é um elemento retórico cujos limites eram mais amplos no mundo antigo do que em nossa contemporaneidade, este artigo tem por objetivo discutir a função da écfrase de objetos cotidianos nas poéticas de Marcial e Estácio como indicativos de mudanças sociais e culturais do período flaviano.
Este trabalho discute o estabelecimento do gênero sátira em Roma a partir das contribuições de Qu... more Este trabalho discute o estabelecimento do gênero sátira em Roma a partir das contribuições de Quinto Horácio Flaco nos Sermones. Ainda que Lucílio tenha sido apontado por Horácio como inventor e modelo da sátira romana, o poeta augustano não encarou o modelo através de limites, resguardando boa quantidade de liberdade e flexibilidade para criar. Horácio promoveu transformações através da redução e do refinamento e, mesmo tendo adotado o estilo e a forma dos poemas de Lucílio, criticou severamente o inventor do gênero. A sátira horaciana é uma invenção consciente e de natureza experimental que se destacou por ter trazido elementos da estética helenística para a sátira luciliana. Horácio constrói em seus Sermones um programa satírico ou um pequeno tratado sobre o gênero e demonstra verdadeira preocupação com o engenho e o estilo, criticando vícios de escrita e sugerindo as maneiras moderadas e pertinentes de compor sátira.
Estudos em Tradução e Recepção dos Clássicos, 2020
Este volume congrega pesquisadores de diversas universidades e institutos de ensino superior do p... more Este volume congrega pesquisadores de diversas universidades e institutos de ensino superior do país, que buscaram refletir sobre a maneira pela qual os temas e motivos das sociedades clássicas foram recepcionados e traduzidos desde a própria Antiguidade, passando por todo o Medievo ocidental, pelas Modernidades, chegando até as plagas do Brasil contemporâneo e suas diversas variações linguísticas.
Tendo como ferramentas a tradução das cartas e seu estudo a partir de referenciais da Análise do ... more Tendo como ferramentas a tradução das cartas e seu estudo a partir de referenciais da Análise do Discurso e da História Cultural, além das próprias concepções antigas sobre epistolografia e epidítico, nosso objetivo foi examinar de que modo e com quais funções Plínio, o Jovem, utiliza, em sua correspondência, o elogio dirigido a alguns de seus contemporâneos ainda vivos. Para isso, discutimos a inserção do autor na tradição epistolográfica antiga, assim como as conceituações e práticas do elogio na Antiguidade, o que permitiu observar elementos que compõem o estilo e a linguagem de Plínio. Nesta leitura, selecionamos, entre os nove primeiros livros que compõem a coleção epistolar pliniana, um total de treze missivas. Os textos selecionados têm por tema principal o elogio a um contemporâneo do autor e apresentam algumas estruturas próprias do discurso epidítico descrito pela retórica.
Tendo em vista a dupla função do ensino superior, a saber, a formação profissional e a pesquisa, ... more Tendo em vista a dupla função do ensino superior, a saber, a formação profissional e a pesquisa, a VI Jornada de Estudos Clássicos da Ufes, entre os dias 08 e 09 de junho de 2017, teve como objetivos principais favorecer o diálogo entre professores e estudantes de diversos cursos da Ufes que têm as antiguidades grega e romana como objeto de estudo; ser um fórum para o intercâmbio científico entre os pesquisadores da Ufes e de outras universidades brasileiras; apresentar aos alunos de graduação e de pós-graduação uma prática de estudo interdisciplinar; propiciar o contato de alunos e professores do Espírito Santo com a produção científica gerada por pesquisadores da Ufes e de outras universidades brasileiras na área dos Estudos Clássicos. Acreditando que a mesma tenha sido bem-sucedida, a presente obra deriva das conferências e comunicações apresentadas nesta Jornada, evento organizado pelos Programas de Pós-Graduação em Letras e em História da Universidade Federal do Espírito Santo. Nesta edição, a VI Jornada de Estudos Clássicos congregou pesquisadores de diversas universidades e institutos de ensino superior do País, que buscaram refletir sobre a maneira pela qual as sociedades grega e romana, em suas diferentes configurações desde o século VII a.C. até o V d.C., davam conta da importância dos ludi em sua complexidade, seja por intermédio das competições esportivas e dos espetáculos, dos jogos metapoéticos ou do sistema educacional: aqui estão seus trabalhos.
"Marcial e o livro" cativa o interesse do leitor tanto pelo que informa sobre o universo... more "Marcial e o livro" cativa o interesse do leitor tanto pelo que informa sobre o universo que cerca a propagação da escrita literária na Roma antiga quanto pelo que acrescenta ao conhecimento que normalmente se tem do poeta Marcial, um poeta do século I a.C., que se fez conhecido na história literária pela sua verve fescenina e sua dicção invectiva, destiladas em epigramas, um dos gêneros literários mais saborosos que a Antiguidade nos legou. Este livro surpreende, revelando, com linguagem clara e precisa, que a poesia – aqui de Marcial – dialoga com o suporte de sua escrita, e, assim, o que pareceria secundário numa obra poética, toma corpo e vulto, e ficamos todos convencidos de que o livro, na poesia de Marcial, ganha contornos de personagem autônomo. Com o livro, esse objeto tátil, Marcial convive e dialoga.
As obras de que aqui trataremos foram todas escritas durante o
primeiro e o segundo séculos da Er... more As obras de que aqui trataremos foram todas escritas durante o primeiro e o segundo séculos da Era Cristã – contam-se, portanto, cerca de dois mil anos entre o seu aparecimento e o nosso. Ainda que tanto tempo tenha já transcorrido, as palavras daqueles homens que viveram os primeiros anos do Império Romano continuam despertando interesse e atraindo olhos leitores, como demonstra de forma eloquente a sua própria permanência, através de muitos manuscritos e muitas mãos, passando em cadeia ininterrupta de textos até os dias atuais. Seja nas nuanças ovidianas do texto shakespeariano, seja nas inúmeras releituras do mito de Jasão, seja nos filmes de temática clássica que lotam as salas de cinema no mundo todo, a literatura antiga ainda fala com o leitor atual, de forma muito próxima e muito urgente.
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Papers by Leni Ribeiro Leite
proveniente da Antiguidade, através de recuperações e modificações, integrou também as produções letradas modernas.
proveniente da Antiguidade, através de recuperações e modificações, integrou também as produções letradas modernas.
do autor na tradição epistolográfica antiga, assim como as conceituações e práticas do elogio na Antiguidade, o que permitiu observar elementos que compõem o estilo e a linguagem de Plínio. Nesta leitura, selecionamos, entre os nove primeiros livros que compõem a coleção epistolar pliniana, um total de treze missivas. Os textos selecionados têm por tema principal o elogio a um contemporâneo do autor e apresentam algumas estruturas próprias do discurso epidítico descrito pela retórica.
ficamos todos convencidos de que o livro, na poesia de Marcial, ganha contornos de personagem autônomo. Com o livro, esse objeto tátil, Marcial convive e dialoga.
primeiro e o segundo séculos da Era Cristã – contam-se, portanto,
cerca de dois mil anos entre o seu aparecimento e o nosso.
Ainda que tanto tempo tenha já transcorrido, as palavras
daqueles homens que viveram os primeiros anos do Império
Romano continuam despertando interesse e atraindo olhos leitores,
como demonstra de forma eloquente a sua própria permanência,
através de muitos manuscritos e muitas mãos, passando
em cadeia ininterrupta de textos até os dias atuais. Seja
nas nuanças ovidianas do texto shakespeariano, seja nas inúmeras
releituras do mito de Jasão, seja nos filmes de temática clássica
que lotam as salas de cinema no mundo todo, a literatura
antiga ainda fala com o leitor atual, de forma muito próxima e
muito urgente.