Possui Bacharelado em História pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo - FFLCH-USP (1989); Licenciatura em História pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo - FE-USP (1989); Mestrado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP (2002) e Doutorado em Educação, ambos na área de especialização em História da Educação, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP (2006); Pós-doutorado no Instituto de Educação da Universidade de Lisboa (2017); Pós-doutorado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP (2016-2017). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Ensino Superior, atuando principalmente com os temas de História da Educação e Ensino de História. Atualmente é Professor Assistente Doutor no Departamento de Educação da Faculdade de Ciências da UNESP, campus de Bauru. É professor permanente do Programa de Pós-graduação em Docência para a Educação Básica, da Faculdade de Ciências da UNESP, campus de Bauru. É professor permanente do Programa de Pós-graduação em Educação, da Faculdade de Filosofia e Ciências da UNESP, campus de Marília, lecionando e pesquisando nestes dois programas nas áreas de História da Educação, Ensino de História e Teorias e Métodos das Ciências Humanas. E-mail: macioniro.celeste@unesp.br - http://orcid.org/0000-0001-8798-9891 - https://unesp.academia.edu/MacioniroCelesteFilho
Resumo: Em 1935, no início do Estado Novo em Portugal, na principal instituição formadora de prof... more Resumo: Em 1935, no início do Estado Novo em Portugal, na principal instituição formadora de professores do país, a Escola do Magistério Primário de Lisboa, uma aluna secundarista, Carmina de Santa Clara Pinto Ferreira, apresentou conferência na qual defendia um ensino da História em patamares que propiciassem uma visão democrática de mundo. Ela criticou Alfredo Pimenta, historiador ligado ao regime, e foi expulsa dessa escola. É objetivo deste trabalho possibilitar a compreensão de visões de História e, portanto, de sociedade, que conviviam, em meados da década de 1930, com a concepção autoritária de mundo, em implantação crescente pelo Estado Novo. A metodologia utilizada foi a de análise dos poucos textos encontrados sobre o ocorrido. As lacunas documentais foram preenchidas com fontes secundárias, como a imprensa da época e cartas de um dos protagonistas. Isso, em paralelo à pesquisa bibliográfica que deu suporte à compreensão do tema. Palavras-chave: ensino de história; formação de professores; educação autoritária; história da educação.
O artigo estuda a concepção de educação rural formulada por Renato Sêneca Fleury em meados da déc... more O artigo estuda a concepção de educação rural formulada por Renato Sêneca Fleury em meados da década de 1930. Este autor de vasta obra didática não via contradições entre a educação escolarizada no campo e os princípios de educação ativa da Escola Nova. Assim, a sua abordagem constitui-se como possibilidade interpretativa de uma Escola Nova rural. É objetivo do atual estudo compreender como formulações educacionais envolvendo o homem do campo tiveram em Renato Fleury uma concepção alternativa para a educação rural brasileira. Os procedimentos metodológicos utilizados privilegiaram a análise de sua principal obra teórica sobre o tema, o livro Educação rural, de 1936. Com propósitos ilustrativos, o artigo exemplifica como isto ocorreu em partes do instrumento de letramento publicado por ele em 1935, o livro Na roça: cartilha rural para alfabetização rápida. Os textos de outros autores que estudaram a produção de Renato Fleury subsidiaram a análise aqui executada.
RESUMO O trabalho aborda as concepções divergentes que os organismos internacionais dedicaram à e... more RESUMO O trabalho aborda as concepções divergentes que os organismos internacionais dedicaram à educação rural nas décadas de 1960 e 70. Apresenta as concepções ideais que a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e a Organização dos Estados Americanos (OEA) dispensaram ao tema. Verifica como os economistas assessores da Unesco definiram a educação rural hegemonicamente nesse organismo. É enfatizada a preponderância do pensamento dos economistas ligados à Unesco como assessores na implantação de projetos de educação rural nos anos de 1960 e 70. Diferenciando-se desses economistas, o debate sobre a educação rural promovido pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) na década de 1970 tratou dessa temática de maneira inovadora. Finalizando o texto, são apresentadas concepções que a educação rural encontrou em órgãos governamentais brasileiros nas décadas de 1960 e 70. A pesquisa teve por objetivo diferenciar as possíveis influ...
Em 1934, no começo do Estado Novo em Portugal, foi proposta a implantação da Escola Nova nas esco... more Em 1934, no começo do Estado Novo em Portugal, foi proposta a implantação da Escola Nova nas escolas portuguesas. A concepção dessa Escola Nova foi então instrumentalizada para se adaptar a um regime autoritário, em processo de consolidação nesse país. Concebia-se, então, uma Escola Nova autoritária. É propósito deste artigo apresentar contextualizadamente a campanha pela Escola Nova divulgada pelo jornal Diário da Manhã, órgão do regime salazarista. A metodologia utilizada foi a de pesquisa e análise documental, tendo como fonte privilegiada os editoriais sobre o tema publicados no Diário da Manhã. É objetivo deste trabalho compreender e elucidar os processos de ressignificação autoritária que as ideias da Escola Nova tiveram no início do Estado Novo em Portugal.
Resumo: Em 1934, no começo do Estado Novo em Portugal, foi proposta a implantação da Escola Nova ... more Resumo: Em 1934, no começo do Estado Novo em Portugal, foi proposta a implantação da Escola Nova nas escolas portuguesas. A concepção dessa Escola Nova foi então instrumentalizada para se adaptar a um regime autoritário, em processo de consolidação nesse país. Concebia-se, então, uma Escola Nova autoritária. É propósito deste artigo apresentar contextualizadamente a campanha pela Escola Nova divulgada pelo jornal Diário da Manhã, órgão do regime salazarista. A metodologia utilizada foi a de pesquisa e análise documental, tendo como fonte privilegiada os editoriais sobre o tema publicados no Diário da Manhã. É objetivo deste trabalho compreender e elucidar os processos de ressignificação autoritária que as ideias da Escola Nova tiveram no início do Estado Novo em Portugal. Palavras-chave: história da educação; educação e autoritarismo; Escola Nova em Portugal.
Ritur Revista Iberoamericana De Turismo, Aug 9, 2012
Resumo Este texto trata do surgimento dos cursos superiores de Turismo no Brasil. Para tanto, est... more Resumo Este texto trata do surgimento dos cursos superiores de Turismo no Brasil. Para tanto, estudou-se a criação dos currículos sobre o tema no Conselho Federal de Educação e o surgimento dos cursos superiores de Turismo em faculdades privadas. Destaca-se a criação do primeiro curso de Turismo numa universidade pública brasileira no início da década de 1970,
Revista Brasileira De Historia Da Educacao, Feb 14, 2012
Este trabalho apresentará a discussão sobre os destinos das Faculdades de Filosofia, Ciên-cias e ... more Este trabalho apresentará a discussão sobre os destinos das Faculdades de Filosofia, Ciên-cias e Letras na década de 1960 como ponto crucial da Reforma Universitária brasileira. Além dos debates no Conselho Federal de Educação, utilizou-se como fonte privilegiada os relatos registrados pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – instituição que tratou dos interesses de algumas áreas científicas durante o processo de reformulação universitária. A criação das Faculdades de Educação será tema final deste texto, tratada como decorrência dos embates anteriormente mencionados.
Revista Brasileira De Historia Da Educacao, May 21, 2012
De 1933 a 1944, as 21 Delegacias Regionais de Ensino do Estado de São Paulo elaboraram relatórios... more De 1933 a 1944, as 21 Delegacias Regionais de Ensino do Estado de São Paulo elaboraram relatórios inventariando as escolas paulistas inspecionadas no período. Ao menos 68 destes relatórios foram preservados no Arquivo Público do Estado de São Paulo. O atual artigo apresenta parte deste acervo como importante fonte de pesquisa para a História da Educação. Ao dividir esta documentação entre fontes visuais e fontes escritas, o texto privilegiará as fontes visuais. Serão debatidas as dificuldades metodológicas do uso deste tipo de fonte. Na sequência, será exemplificada parte das informações visuais que estes documentos possibilitam aos pesquisadores. O artigo se encerra com uma breve amostragem das informações textuais que os relatórios fornecem aos historiadores.
En las primeras décadas del siglo pasado, los intelectuales brasileños ejercían papel prominente ... more En las primeras décadas del siglo pasado, los intelectuales brasileños ejercían papel prominente en la nueva configuración que el país alcanzó. Brasil ha pasado entonces por rápido proceso de modernización. El campo educativo fue lugar de disputa entre corrientes distintas de intelectuales. La idea era crear una nueva sociedad a través de la llamada Escuela Nueva. En Brasil, la mayoría de la población no tenía acceso a la escuela. Así que la Escuela Nueva no tuvo el propósito de criticar el sistema escolar existente, pero la construcción en efecto de la educación global de los niños brasileños. Por lo tanto, fueron creadas las bibliotecas pedagógicas en los grupos escolares urbanos, con el propósito de mejorar la formación de los maestros en las ideas pedagógicas de la Escuela Nueva. Este trabajo tiene por objetivo entender los conflictos entre los intelectuales brasi-
Revista Brasileira De Historia Da Educacao, Feb 14, 2012
Este trabalho apresentará a discussão sobre os destinos das Faculdades de Filosofia, Ciên-cias e ... more Este trabalho apresentará a discussão sobre os destinos das Faculdades de Filosofia, Ciên-cias e Letras na década de 1960 como ponto crucial da Reforma Universitária brasileira. Além dos debates no Conselho Federal de Educação, utilizou-se como fonte privilegiada os relatos registrados pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – instituição que tratou dos interesses de algumas áreas científicas durante o processo de reformulação universitária. A criação das Faculdades de Educação será tema final deste texto, tratada como decorrência dos embates anteriormente mencionados.
Esta dissertação trata do surgimento dos cursos superiores de Turismo
no Brasil. Para tanto, est... more Esta dissertação trata do surgimento dos cursos superiores de Turismo
no Brasil. Para tanto, estudou-se a criação dos currículos sobre o tema no Conselho Federal de Educação; a disputa pela competência em normatizar conteúdos educacionais entre órgãos públicos no Estado de São Paulo; e o surgimento dos cursos superiores de Turismo em faculdades privadas. Destaca-se, nesta pesquisa, a criação do primeiro curso de Turismo numa universidade pública brasileira no início da década de 1970, na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Apresenta-se também o corpo docente e os diversos currículos dos primeiros cursos do setor.
O trabalho aborda as concepções divergentes que os organismos internacionais dedicaram à educação... more O trabalho aborda as concepções divergentes que os organismos internacionais dedicaram à educação rural nas décadas de 1960 e 70. Apresenta as concepções ideais que a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e a Organização dos Estados Americanos (OEA) dispensaram ao tema. Verifica como os economistas assessores da Unesco definiram a educação rural hegemonicamente nesse organismo. É enfatizada a preponderância do pensamento dos economistas ligados à Unesco como assessores na implantação de projetos de educação rural nos anos de 1960 e 70. Diferenciando-se desses economistas, o debate sobre a educação rural promovido pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) na década de 1970 tratou dessa temática de maneira inovadora. Finalizando o texto, são apresentadas concepções que a educação rural encontrou em órgãos governamentais brasileiros nas décadas de 1960 e 70. A pesquisa teve por objetivo diferenciar as possíveis influências do debate internacional sobre a educação rural nos anos 1960 e 70 e suas interfaces com a discussão desse tema no Brasil no mesmo período. The paper deals with the divergent conceptions that international organisms dedicated to rural education in the 1960s and 1970s. It presents the ideal conceptions that United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Unesco) and the Organization of American States (OAS) have dedicated to the theme. It highlights how Unesco’s advisory economists have defined rural education hegemonically in this organization, as well as emphasizes the preponderance of the thinking of UNESCO’s economists as advisors in the implementation of rural education projects in the 1960s and 1970s. Differentiating from Unesco-related economists, the debate on rural education promoted by Economic Commission for Latin America and the Caribbean (Eclac) in the 1970s will deal with this issue in an innovative way. Finally, the conceptions that rural education found in Brazilian government agencies in the 1960s and 1970s will be presented. The research aimed to differentiate the possible influences of the international debate on rural education in the 1960s and 1970s and their interfaces with the discussion of this theme in Brazil in the same period.
Resumo O artigo estuda a concepção de educação rural formulada por Renato Sêneca Fleury em mea-do... more Resumo O artigo estuda a concepção de educação rural formulada por Renato Sêneca Fleury em mea-dos da década de 1930. Autor de vasta obra didática, não via contradições entre a educação escolarizada no campo e os princípios de educação ativa da Escola Nova. Assim, a sua abor-dagem constitui-se como possibilidade interpretativa de uma Escola Nova rural. É objetivo do atual trabalho apresentar analiticamente as propostas educacionais sobre a educação rural brasileira, envolvendo o homem do campo, concebidas por Renato Fleury. Os procedimentos metodológicos utilizados privilegiaram a análise de sua principal obra teórica sobre o tema, o livro Educação rural, de 1936. Com propósitos ilustrativos, o artigo exemplifica como isto ocorreu em trechos do instrumento de letramento publicado por ele em 1935, o livro Na roça: cartilha rural para alfabetização rápida. Os textos de outros autores que estudaram a produção de Renato Fleury subsidiaram a análise aqui executada. Palavras-chave: Educação rural. História da educação. Cartilha de alfabetização. Escola Nova no campo. The rural education conceived by Renato Sêneca Fleury in the mid-1930s Abstract The article studies the conception of rural education formulated by Renato Sêneca Fleury in the mid-1930s. Author of a vast didactic work, he saw no contradiction between school-based education in the countryside and the principles of active education of the New School. Thus, his approach constitutes the interpretative possibility of a rural New Education. The objective of the present work is to present analytically the educational proposals about the Brazilian rural education, involving the country man, conceived by Renato Fleury about. The methodological procedures used here favored the analysis of his main theoretical work on the subject, the book Rural education, of 1936. For illustrative purposes, the article exemplifies how this occurred in excerpts of the literary instrument published by Renato Fleury in 1935, the book In the countryside: rural booklet for fast literacy. Texts of other authors who studied the production of Renato Fleury subsidized the analysis performed here.
Lourenço Filho foi um dos mais importantes intelectuais a influenciar os rumos da educação brasil... more Lourenço Filho foi um dos mais importantes intelectuais a influenciar os rumos da educação brasileira no século XX. Nas décadas de 1950 e 1960, atuando em organismos internacionais como a Organização dos Estados Americanos (OEA), ele analisou a trajetória da educação rural nas Américas. Em 1962, Lourenço Filho escreveu um estudo para a OEA sobre a educação rural, que não foi publicado no Brasil. É propósito do atual trabalho apresentar o que este intelectual abordou da educação rural brasileira neste texto enviado à OEA. A metodologia utilizada foi a de análise documental sobre o texto de Lourenço Filho. Tem-se por objetivo apresentar a contribuição inédita em publicações brasileiras deste autor ao tratar a educação rural no início da década de 1960.
Lourenço Filho was one of the most important intellectuals to influence the direction of Brazilian education in the 20th century. In the 1950s and 1960s, working in international organizations such as the Organization of American States (OAS), he analyzed the trajectory of rural education in the Americas. In 1962, Lourenço Filho wrote a study for the OAS on rural education, which was not published in Brazil. It is the purpose of the present work to present what this intellectual approached Brazilian rural education in this text sent to the OAS. The methodology used was the documentary analysis on the text of Lourenço Filho. The objective is to present the unpublished contribution in Brazilian publications of this author when dealing with rural education in the early 1960s.
No Brasil, as ideias da Escola Nova foram apresentadas como propícias a um
país moderno. Contudo,... more No Brasil, as ideias da Escola Nova foram apresentadas como propícias a um país moderno. Contudo, o que se entendia por Escola Nova? Na configuração da Escola Nova, dois grupos ganharam nitidez: o dos intelectuais com uma postura leiga face à sociedade e o dos intelectuais ligados à Igreja Católica. Duas obras de formação pedagógica, de 1932, são exemplares das divergências políticas em disputa. No atual trabalho, será abordada a concepção de Escola Nova leiga contida no livro Escola Moderna, de Maria dos Reis Campos. A concepção católica será tratada com o livro A Escola Nova, de Jonathas Serrano. A metodologia utilizada foi a de análise documental dos dois livros a serem abordados. O objetivo do trabalho foi de propiciar a compreensão do contexto histórico quando das divergências intelectuais e institucionais sobre a conceituação de Escola Nova no Brasil da década de 1930.
Com a reforma universitária de 1968, a Universidade de São Paulo debateu diversas propostas de re... more Com a reforma universitária de 1968, a Universidade de São Paulo debateu diversas propostas de reorganização que não eram consensuais. Em várias unidades que compunham a USP, foram organizadas comissões de professores, alunos e funcionários, com representação equivalente entre seus membros, para formular propostas de como a USP deveria se constituir. Tais propostas tinham algo em comum: concebiam uma universidade integrada, na qual os currículos seriam flexíveis. Acreditavam ser viável efetivar a substituição de todas as faculdades da USP por institutos. A Câmara Curricular seria criada para organizar a reforma e se constituir como um de seus pilares. Neste artigo, analisam-se as diversas propostas de universidade formuladas pela comunidade acadêmica da USP em 1968.
During the 1968 university reform, the University of São Paulo discussed several proposals for its reorganization, albeit disagreement was rife. In several units of USP committees of teachers, students and staff, with equal representations, were urged to formulate proposals and give suggestions on how USP should be. Their proposals had a common basis: they conceived an integrated university and the establishment of flexible curricula. They believed it was viable to replace all the USP faculties by institutes. A Curriculum Board would be established to organize the reform and to be one of its basis. Current research analyzes the different proposals made by the USP academic community in 1968.
De 1933 a 1944, as 21 Delegacias Regionais de Ensino do Estado de São Paulo elaboraram relatórios... more De 1933 a 1944, as 21 Delegacias Regionais de Ensino do Estado de São Paulo elaboraram relatórios inventariando as escolas paulistas inspecionadas no período. Ao menos 68 destes relatórios foram preservados no Arquivo Público do Estado de São Paulo. O atual artigo apresenta parte deste acervo como importante fonte de pesquisa para a História da Educação. Ao dividir esta documentação entre fontes visuais e fontes escritas, o texto privilegiará as fontes visuais. Serão debatidas as dificuldades metodológicas do uso deste tipo de fonte. Na sequência, será exemplificada parte das informações visuais que estes documentos possibilitam aos pesquisadores. O artigo se encerra com uma breve amostragem das informações textuais que os relatórios fornecem aos historiadores.
A criação da Universidade de São Paulo (USP) no início da década de 1930 comportou disputas de pr... more A criação da Universidade de São Paulo (USP) no início da década de 1930 comportou disputas de projetos quanto à sua organização. A Escola Politécnica de São Paulo pretendia tornar-se o núcleo da futura instituição. No entanto, a opção adotada em 1934 atribuiu essa incumbência à recém-criada Faculdade de Filosofi a, Ciências e Letras. Isso provocou forte reação das antigas unidades profi ssionalizantes incorporadas à universidade, em especial na Escola Politécnica. O atual trabalho pretende acompanhar os confl itos entre a Escola Politécnica e a Faculdade de Filosofi a, Ciências e Letras nos tumultuados primórdios da USP. Abstract The foundation of São Paulo University, in the beginning of the decade of 1930, suffered disputes of projects for its organization. The São Paulo Polytechnic School intended to become the nucleus of the coming institution. Meanwhile, the option adopted in 1934 imputed this duty to the newly created Faculty of Philosophy, Sciences and Literature, which provoked a strong reaction of the early professionalizing units that were connected to the university, specially in Polytechnic School. The present text intends to study the confl icts between São Paulo Polytechnic School and Faculty of Philosophy, Sciences and Literature during the tumultuous beginnings of São Paulo University.
Resumo: Em 1935, no início do Estado Novo em Portugal, na principal instituição formadora de prof... more Resumo: Em 1935, no início do Estado Novo em Portugal, na principal instituição formadora de professores do país, a Escola do Magistério Primário de Lisboa, uma aluna secundarista, Carmina de Santa Clara Pinto Ferreira, apresentou conferência na qual defendia um ensino da História em patamares que propiciassem uma visão democrática de mundo. Ela criticou Alfredo Pimenta, historiador ligado ao regime, e foi expulsa dessa escola. É objetivo deste trabalho possibilitar a compreensão de visões de História e, portanto, de sociedade, que conviviam, em meados da década de 1930, com a concepção autoritária de mundo, em implantação crescente pelo Estado Novo. A metodologia utilizada foi a de análise dos poucos textos encontrados sobre o ocorrido. As lacunas documentais foram preenchidas com fontes secundárias, como a imprensa da época e cartas de um dos protagonistas. Isso, em paralelo à pesquisa bibliográfica que deu suporte à compreensão do tema. Palavras-chave: ensino de história; formação de professores; educação autoritária; história da educação.
O artigo estuda a concepção de educação rural formulada por Renato Sêneca Fleury em meados da déc... more O artigo estuda a concepção de educação rural formulada por Renato Sêneca Fleury em meados da década de 1930. Este autor de vasta obra didática não via contradições entre a educação escolarizada no campo e os princípios de educação ativa da Escola Nova. Assim, a sua abordagem constitui-se como possibilidade interpretativa de uma Escola Nova rural. É objetivo do atual estudo compreender como formulações educacionais envolvendo o homem do campo tiveram em Renato Fleury uma concepção alternativa para a educação rural brasileira. Os procedimentos metodológicos utilizados privilegiaram a análise de sua principal obra teórica sobre o tema, o livro Educação rural, de 1936. Com propósitos ilustrativos, o artigo exemplifica como isto ocorreu em partes do instrumento de letramento publicado por ele em 1935, o livro Na roça: cartilha rural para alfabetização rápida. Os textos de outros autores que estudaram a produção de Renato Fleury subsidiaram a análise aqui executada.
RESUMO O trabalho aborda as concepções divergentes que os organismos internacionais dedicaram à e... more RESUMO O trabalho aborda as concepções divergentes que os organismos internacionais dedicaram à educação rural nas décadas de 1960 e 70. Apresenta as concepções ideais que a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e a Organização dos Estados Americanos (OEA) dispensaram ao tema. Verifica como os economistas assessores da Unesco definiram a educação rural hegemonicamente nesse organismo. É enfatizada a preponderância do pensamento dos economistas ligados à Unesco como assessores na implantação de projetos de educação rural nos anos de 1960 e 70. Diferenciando-se desses economistas, o debate sobre a educação rural promovido pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) na década de 1970 tratou dessa temática de maneira inovadora. Finalizando o texto, são apresentadas concepções que a educação rural encontrou em órgãos governamentais brasileiros nas décadas de 1960 e 70. A pesquisa teve por objetivo diferenciar as possíveis influ...
Em 1934, no começo do Estado Novo em Portugal, foi proposta a implantação da Escola Nova nas esco... more Em 1934, no começo do Estado Novo em Portugal, foi proposta a implantação da Escola Nova nas escolas portuguesas. A concepção dessa Escola Nova foi então instrumentalizada para se adaptar a um regime autoritário, em processo de consolidação nesse país. Concebia-se, então, uma Escola Nova autoritária. É propósito deste artigo apresentar contextualizadamente a campanha pela Escola Nova divulgada pelo jornal Diário da Manhã, órgão do regime salazarista. A metodologia utilizada foi a de pesquisa e análise documental, tendo como fonte privilegiada os editoriais sobre o tema publicados no Diário da Manhã. É objetivo deste trabalho compreender e elucidar os processos de ressignificação autoritária que as ideias da Escola Nova tiveram no início do Estado Novo em Portugal.
Resumo: Em 1934, no começo do Estado Novo em Portugal, foi proposta a implantação da Escola Nova ... more Resumo: Em 1934, no começo do Estado Novo em Portugal, foi proposta a implantação da Escola Nova nas escolas portuguesas. A concepção dessa Escola Nova foi então instrumentalizada para se adaptar a um regime autoritário, em processo de consolidação nesse país. Concebia-se, então, uma Escola Nova autoritária. É propósito deste artigo apresentar contextualizadamente a campanha pela Escola Nova divulgada pelo jornal Diário da Manhã, órgão do regime salazarista. A metodologia utilizada foi a de pesquisa e análise documental, tendo como fonte privilegiada os editoriais sobre o tema publicados no Diário da Manhã. É objetivo deste trabalho compreender e elucidar os processos de ressignificação autoritária que as ideias da Escola Nova tiveram no início do Estado Novo em Portugal. Palavras-chave: história da educação; educação e autoritarismo; Escola Nova em Portugal.
Ritur Revista Iberoamericana De Turismo, Aug 9, 2012
Resumo Este texto trata do surgimento dos cursos superiores de Turismo no Brasil. Para tanto, est... more Resumo Este texto trata do surgimento dos cursos superiores de Turismo no Brasil. Para tanto, estudou-se a criação dos currículos sobre o tema no Conselho Federal de Educação e o surgimento dos cursos superiores de Turismo em faculdades privadas. Destaca-se a criação do primeiro curso de Turismo numa universidade pública brasileira no início da década de 1970,
Revista Brasileira De Historia Da Educacao, Feb 14, 2012
Este trabalho apresentará a discussão sobre os destinos das Faculdades de Filosofia, Ciên-cias e ... more Este trabalho apresentará a discussão sobre os destinos das Faculdades de Filosofia, Ciên-cias e Letras na década de 1960 como ponto crucial da Reforma Universitária brasileira. Além dos debates no Conselho Federal de Educação, utilizou-se como fonte privilegiada os relatos registrados pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – instituição que tratou dos interesses de algumas áreas científicas durante o processo de reformulação universitária. A criação das Faculdades de Educação será tema final deste texto, tratada como decorrência dos embates anteriormente mencionados.
Revista Brasileira De Historia Da Educacao, May 21, 2012
De 1933 a 1944, as 21 Delegacias Regionais de Ensino do Estado de São Paulo elaboraram relatórios... more De 1933 a 1944, as 21 Delegacias Regionais de Ensino do Estado de São Paulo elaboraram relatórios inventariando as escolas paulistas inspecionadas no período. Ao menos 68 destes relatórios foram preservados no Arquivo Público do Estado de São Paulo. O atual artigo apresenta parte deste acervo como importante fonte de pesquisa para a História da Educação. Ao dividir esta documentação entre fontes visuais e fontes escritas, o texto privilegiará as fontes visuais. Serão debatidas as dificuldades metodológicas do uso deste tipo de fonte. Na sequência, será exemplificada parte das informações visuais que estes documentos possibilitam aos pesquisadores. O artigo se encerra com uma breve amostragem das informações textuais que os relatórios fornecem aos historiadores.
En las primeras décadas del siglo pasado, los intelectuales brasileños ejercían papel prominente ... more En las primeras décadas del siglo pasado, los intelectuales brasileños ejercían papel prominente en la nueva configuración que el país alcanzó. Brasil ha pasado entonces por rápido proceso de modernización. El campo educativo fue lugar de disputa entre corrientes distintas de intelectuales. La idea era crear una nueva sociedad a través de la llamada Escuela Nueva. En Brasil, la mayoría de la población no tenía acceso a la escuela. Así que la Escuela Nueva no tuvo el propósito de criticar el sistema escolar existente, pero la construcción en efecto de la educación global de los niños brasileños. Por lo tanto, fueron creadas las bibliotecas pedagógicas en los grupos escolares urbanos, con el propósito de mejorar la formación de los maestros en las ideas pedagógicas de la Escuela Nueva. Este trabajo tiene por objetivo entender los conflictos entre los intelectuales brasi-
Revista Brasileira De Historia Da Educacao, Feb 14, 2012
Este trabalho apresentará a discussão sobre os destinos das Faculdades de Filosofia, Ciên-cias e ... more Este trabalho apresentará a discussão sobre os destinos das Faculdades de Filosofia, Ciên-cias e Letras na década de 1960 como ponto crucial da Reforma Universitária brasileira. Além dos debates no Conselho Federal de Educação, utilizou-se como fonte privilegiada os relatos registrados pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – instituição que tratou dos interesses de algumas áreas científicas durante o processo de reformulação universitária. A criação das Faculdades de Educação será tema final deste texto, tratada como decorrência dos embates anteriormente mencionados.
Esta dissertação trata do surgimento dos cursos superiores de Turismo
no Brasil. Para tanto, est... more Esta dissertação trata do surgimento dos cursos superiores de Turismo
no Brasil. Para tanto, estudou-se a criação dos currículos sobre o tema no Conselho Federal de Educação; a disputa pela competência em normatizar conteúdos educacionais entre órgãos públicos no Estado de São Paulo; e o surgimento dos cursos superiores de Turismo em faculdades privadas. Destaca-se, nesta pesquisa, a criação do primeiro curso de Turismo numa universidade pública brasileira no início da década de 1970, na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Apresenta-se também o corpo docente e os diversos currículos dos primeiros cursos do setor.
O trabalho aborda as concepções divergentes que os organismos internacionais dedicaram à educação... more O trabalho aborda as concepções divergentes que os organismos internacionais dedicaram à educação rural nas décadas de 1960 e 70. Apresenta as concepções ideais que a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e a Organização dos Estados Americanos (OEA) dispensaram ao tema. Verifica como os economistas assessores da Unesco definiram a educação rural hegemonicamente nesse organismo. É enfatizada a preponderância do pensamento dos economistas ligados à Unesco como assessores na implantação de projetos de educação rural nos anos de 1960 e 70. Diferenciando-se desses economistas, o debate sobre a educação rural promovido pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) na década de 1970 tratou dessa temática de maneira inovadora. Finalizando o texto, são apresentadas concepções que a educação rural encontrou em órgãos governamentais brasileiros nas décadas de 1960 e 70. A pesquisa teve por objetivo diferenciar as possíveis influências do debate internacional sobre a educação rural nos anos 1960 e 70 e suas interfaces com a discussão desse tema no Brasil no mesmo período. The paper deals with the divergent conceptions that international organisms dedicated to rural education in the 1960s and 1970s. It presents the ideal conceptions that United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Unesco) and the Organization of American States (OAS) have dedicated to the theme. It highlights how Unesco’s advisory economists have defined rural education hegemonically in this organization, as well as emphasizes the preponderance of the thinking of UNESCO’s economists as advisors in the implementation of rural education projects in the 1960s and 1970s. Differentiating from Unesco-related economists, the debate on rural education promoted by Economic Commission for Latin America and the Caribbean (Eclac) in the 1970s will deal with this issue in an innovative way. Finally, the conceptions that rural education found in Brazilian government agencies in the 1960s and 1970s will be presented. The research aimed to differentiate the possible influences of the international debate on rural education in the 1960s and 1970s and their interfaces with the discussion of this theme in Brazil in the same period.
Resumo O artigo estuda a concepção de educação rural formulada por Renato Sêneca Fleury em mea-do... more Resumo O artigo estuda a concepção de educação rural formulada por Renato Sêneca Fleury em mea-dos da década de 1930. Autor de vasta obra didática, não via contradições entre a educação escolarizada no campo e os princípios de educação ativa da Escola Nova. Assim, a sua abor-dagem constitui-se como possibilidade interpretativa de uma Escola Nova rural. É objetivo do atual trabalho apresentar analiticamente as propostas educacionais sobre a educação rural brasileira, envolvendo o homem do campo, concebidas por Renato Fleury. Os procedimentos metodológicos utilizados privilegiaram a análise de sua principal obra teórica sobre o tema, o livro Educação rural, de 1936. Com propósitos ilustrativos, o artigo exemplifica como isto ocorreu em trechos do instrumento de letramento publicado por ele em 1935, o livro Na roça: cartilha rural para alfabetização rápida. Os textos de outros autores que estudaram a produção de Renato Fleury subsidiaram a análise aqui executada. Palavras-chave: Educação rural. História da educação. Cartilha de alfabetização. Escola Nova no campo. The rural education conceived by Renato Sêneca Fleury in the mid-1930s Abstract The article studies the conception of rural education formulated by Renato Sêneca Fleury in the mid-1930s. Author of a vast didactic work, he saw no contradiction between school-based education in the countryside and the principles of active education of the New School. Thus, his approach constitutes the interpretative possibility of a rural New Education. The objective of the present work is to present analytically the educational proposals about the Brazilian rural education, involving the country man, conceived by Renato Fleury about. The methodological procedures used here favored the analysis of his main theoretical work on the subject, the book Rural education, of 1936. For illustrative purposes, the article exemplifies how this occurred in excerpts of the literary instrument published by Renato Fleury in 1935, the book In the countryside: rural booklet for fast literacy. Texts of other authors who studied the production of Renato Fleury subsidized the analysis performed here.
Lourenço Filho foi um dos mais importantes intelectuais a influenciar os rumos da educação brasil... more Lourenço Filho foi um dos mais importantes intelectuais a influenciar os rumos da educação brasileira no século XX. Nas décadas de 1950 e 1960, atuando em organismos internacionais como a Organização dos Estados Americanos (OEA), ele analisou a trajetória da educação rural nas Américas. Em 1962, Lourenço Filho escreveu um estudo para a OEA sobre a educação rural, que não foi publicado no Brasil. É propósito do atual trabalho apresentar o que este intelectual abordou da educação rural brasileira neste texto enviado à OEA. A metodologia utilizada foi a de análise documental sobre o texto de Lourenço Filho. Tem-se por objetivo apresentar a contribuição inédita em publicações brasileiras deste autor ao tratar a educação rural no início da década de 1960.
Lourenço Filho was one of the most important intellectuals to influence the direction of Brazilian education in the 20th century. In the 1950s and 1960s, working in international organizations such as the Organization of American States (OAS), he analyzed the trajectory of rural education in the Americas. In 1962, Lourenço Filho wrote a study for the OAS on rural education, which was not published in Brazil. It is the purpose of the present work to present what this intellectual approached Brazilian rural education in this text sent to the OAS. The methodology used was the documentary analysis on the text of Lourenço Filho. The objective is to present the unpublished contribution in Brazilian publications of this author when dealing with rural education in the early 1960s.
No Brasil, as ideias da Escola Nova foram apresentadas como propícias a um
país moderno. Contudo,... more No Brasil, as ideias da Escola Nova foram apresentadas como propícias a um país moderno. Contudo, o que se entendia por Escola Nova? Na configuração da Escola Nova, dois grupos ganharam nitidez: o dos intelectuais com uma postura leiga face à sociedade e o dos intelectuais ligados à Igreja Católica. Duas obras de formação pedagógica, de 1932, são exemplares das divergências políticas em disputa. No atual trabalho, será abordada a concepção de Escola Nova leiga contida no livro Escola Moderna, de Maria dos Reis Campos. A concepção católica será tratada com o livro A Escola Nova, de Jonathas Serrano. A metodologia utilizada foi a de análise documental dos dois livros a serem abordados. O objetivo do trabalho foi de propiciar a compreensão do contexto histórico quando das divergências intelectuais e institucionais sobre a conceituação de Escola Nova no Brasil da década de 1930.
Com a reforma universitária de 1968, a Universidade de São Paulo debateu diversas propostas de re... more Com a reforma universitária de 1968, a Universidade de São Paulo debateu diversas propostas de reorganização que não eram consensuais. Em várias unidades que compunham a USP, foram organizadas comissões de professores, alunos e funcionários, com representação equivalente entre seus membros, para formular propostas de como a USP deveria se constituir. Tais propostas tinham algo em comum: concebiam uma universidade integrada, na qual os currículos seriam flexíveis. Acreditavam ser viável efetivar a substituição de todas as faculdades da USP por institutos. A Câmara Curricular seria criada para organizar a reforma e se constituir como um de seus pilares. Neste artigo, analisam-se as diversas propostas de universidade formuladas pela comunidade acadêmica da USP em 1968.
During the 1968 university reform, the University of São Paulo discussed several proposals for its reorganization, albeit disagreement was rife. In several units of USP committees of teachers, students and staff, with equal representations, were urged to formulate proposals and give suggestions on how USP should be. Their proposals had a common basis: they conceived an integrated university and the establishment of flexible curricula. They believed it was viable to replace all the USP faculties by institutes. A Curriculum Board would be established to organize the reform and to be one of its basis. Current research analyzes the different proposals made by the USP academic community in 1968.
De 1933 a 1944, as 21 Delegacias Regionais de Ensino do Estado de São Paulo elaboraram relatórios... more De 1933 a 1944, as 21 Delegacias Regionais de Ensino do Estado de São Paulo elaboraram relatórios inventariando as escolas paulistas inspecionadas no período. Ao menos 68 destes relatórios foram preservados no Arquivo Público do Estado de São Paulo. O atual artigo apresenta parte deste acervo como importante fonte de pesquisa para a História da Educação. Ao dividir esta documentação entre fontes visuais e fontes escritas, o texto privilegiará as fontes visuais. Serão debatidas as dificuldades metodológicas do uso deste tipo de fonte. Na sequência, será exemplificada parte das informações visuais que estes documentos possibilitam aos pesquisadores. O artigo se encerra com uma breve amostragem das informações textuais que os relatórios fornecem aos historiadores.
A criação da Universidade de São Paulo (USP) no início da década de 1930 comportou disputas de pr... more A criação da Universidade de São Paulo (USP) no início da década de 1930 comportou disputas de projetos quanto à sua organização. A Escola Politécnica de São Paulo pretendia tornar-se o núcleo da futura instituição. No entanto, a opção adotada em 1934 atribuiu essa incumbência à recém-criada Faculdade de Filosofi a, Ciências e Letras. Isso provocou forte reação das antigas unidades profi ssionalizantes incorporadas à universidade, em especial na Escola Politécnica. O atual trabalho pretende acompanhar os confl itos entre a Escola Politécnica e a Faculdade de Filosofi a, Ciências e Letras nos tumultuados primórdios da USP. Abstract The foundation of São Paulo University, in the beginning of the decade of 1930, suffered disputes of projects for its organization. The São Paulo Polytechnic School intended to become the nucleus of the coming institution. Meanwhile, the option adopted in 1934 imputed this duty to the newly created Faculty of Philosophy, Sciences and Literature, which provoked a strong reaction of the early professionalizing units that were connected to the university, specially in Polytechnic School. The present text intends to study the confl icts between São Paulo Polytechnic School and Faculty of Philosophy, Sciences and Literature during the tumultuous beginnings of São Paulo University.
Crianças em deslocamentos: infâncias, migração e refúgio, 2022
Trata de crianças refugiadas e em deslocamentos pelo mundo contemporâneo. No capítulo em questão,... more Trata de crianças refugiadas e em deslocamentos pelo mundo contemporâneo. No capítulo em questão, foram abordadas crianças da colônia japonesa em Pinhal, interior do Estado de São Paulo, Brasil.
Cadernos de Docencia VIII: tendências e inovações educacionais, 2021
O livro está situado no contexto da pandemia de Covid-19 e seus capítulos foram escritos na condi... more O livro está situado no contexto da pandemia de Covid-19 e seus capítulos foram escritos na condição de isolamento social e o fechamento das escolas. Essa condição motivou uma série de ações e aprendizados no sentido da reinvenção das práticas pedagógicas. Pensando desse modo, essa obra realiza uma reflexão aprofundada sobre as práticas pedagógicas cuja tendência crescente para uma revisita de formas mais ativas de ensino e aprendizagem parece ter tomado conteúdo e forma delineados em decorrência da urgência e emergência dos dias. Ora, como a educação demanda um tempo para além das urgências, muitas mudanças seguem sendo objeto de reflexão. Assim, desde a sala de aula invertida até a condição de uma gestão educacional atenta às expectativas, os pares e leitores poderão conhecer relevantes vivências analisadas desde a mirada para a Educação Infantil e as crianças desse tempo, o ensino fundamental em seus processos de letramento, o ensino médio com suas especificidades e movimentos para um protagonismo juvenil ou, ainda, as modalidades. Dentre as modalidades, a educação especial figura de modo relevante e implica outras mudanças em termos de métodos e práticas educacionais que estão descritos e, certamente, conduzirão a outras reflexões. Assim, a leitura se mostra necessária por apresentar plausibilidade e viabilidade para todos aqueles que pavimentam, cotidianamente, o caminho para uma educação pública com a qualidade que esse tempo requer e demandará de todos.
Cadernos de Docência da Educação Básica VIII: tendências e inovações educacionais, 2021
O conceito de informática educacional defende a ideia de que não devemos aprender a utilizar os r... more O conceito de informática educacional defende a ideia de que não devemos aprender a utilizar os recursos tecnológicos somente com um olhar técnico, mas que esses conhecimentos sirvam de ferramentas para o aprendizado de outros conteúdos estudados, por meio da realização de pesquisas, assistindo a vídeos educacionais, utilizando jogos educacionais, entre outros, e assim adquirindo habilidades e desenvolvendo competências. Nessa perspectiva, este texto tem por propósito identificar e analisar as relações existentes entre o processo de ensino e aprendizagem apoiadas nas metodologias ativas e o desenvolvimento de jogos educacionais digitais.
Esta obra tem por tema a configuração da educação rural brasileira num período de rápida transfor... more Esta obra tem por tema a configuração da educação rural brasileira num período de rápida transformação das relações entre o campo e a cidade em nosso país. Aqui você vai encontrar resultados do projeto de pesquisa financiado pelo CNPq intitulado Formação e Trabalho de Professoras e Professores Rurais no Brasil: RS, PR, SP, MG, RJ, MS, MT, MA, PE, PI, SE, PB, RO (décadas de 40 a 70 do século XX). Essa pesquisa analisou a profissionalização docente no Brasil, as políticas públicas empreendidas em âmbito nacional e estadual para a formação do magistério rural e as formas de recrutamento, carreira, salários e condições de trabalho dos docentes que atuaram nas escolas primárias rurais. Decorrência de estudos sobre a emergência da educação rural no século XX, esta obra coletiva organiza-se a partir de quatro eixos: Balanço bibliográfico sobre a educação rural; Referenciais externos e circulação de modelos sobre a educação rural; A formação de professores rurais; Memórias e representações sobre a docência nas escolas primárias rurais, tecendo a história e a memória da educação rural no período. Como compreender o processo de escolarização da infância, as políticas de expansão, os modelos educativos de destaque, os referenciais externos, as práticas de transmissão da cultura e a realidade ainda pouco conhecida e explorada dos docentes que atuaram entre as décadas de 1940 e 1970 nas escolas rurais brasileiras? Este livro procura responder estas questões pela mobilização de uma diversidade de fontes históricas, envolvendo, entre outras, fontes orais, correspondências, relatórios de governo, sinopses estatísticas, legislação educacional, periódicos educacionais e recomendações de organismos internacionais. Ao responder estas e outras importantes questões, esta obra contribui para o alargamento do campo sócio-histórico da educação. A feitura deste livro é expressão do interesse em avançar na produção do conhecimento histórico, na preservação da memória e do patrimônio educativo rural brasileiro.
Inovação educacional e formação de professores: a experiência contemporânea dos municípios de Duartina e Ubirajara, 2020
No projeto que deu origem a esta obra, pretendia-se tratar coletivamente com outros professores p... more No projeto que deu origem a esta obra, pretendia-se tratar coletivamente com outros professores processos de inovação educacionais. O termo inovação foi se tornando uma palavra muito usada, cujo sentido ampliou-se até se tornar um verbete velho, batido, comum e distante do conceito de realizar algo que não havia sido feito antes. Pretendia-se aqui recuperar um pouco do frescor que inovar sempre traz aos processos de aprendizagem. A situação incomum da recente pandemia nos forçou a inovar bem mais do que se pretendia originalmente. Reflexões como “inovar é a única saída”relacionam os processos de inovação às transformações na vida e na educação não só devido à pandemia, mas ao agravamento das iniquidades sociais precedentes a ela. A psicomotricidade na Educação Infantil revela o experimentar como possibilidade de inovar, ao trabalhar a coordenação motora, o equilíbrio, o esquema corporal, a lateralidade, as organizações espacial e temporal de maneira criativa. Você vai encontrar também exemplos ilustrados de práticas didáticas que estimulam o desenvolvimento do espírito científico nas crianças, a partir do “movimento maker” ou “faça você mesmo”. A inovação também está presente quando uma mostra pedagógica faz a ponte entre escola e família, com a função de cuidar e educar. Ou quando os espaços para o lúdico vão além da aprendizagem na sala de aula: o quintal da casa, o banco da praça, o rodopio no poste... O que há de inovador em “aprender a ler imagens como um grande aliado do professor”? Você vai descobrir e acompanhar reflexões valiosas sobre o processo de ensino e aprendizagem para a nova geração de “nativos digitais”, que vão além das quatro paredes da sala de aula, em espaços não formais e inovadores. Se atrair a atenção de todos para o aprendizado era um grande desafio já em salas de aula presenciais, como inovar no contexto do ensino híbrido nesta época de isolamento social? Ou quando as crianças acessam uma programação de computador, o que pode ocorrer com o ensino e a aprendizagem? Como estreitar a familiaridade dos profissionais de educação com softwares de realidade aumentada e realidade virtual? Isso tudo e mais uma análise criteriosa das vivências no ensino de conteúdos de História e de Geografia na Educação Básica fecha o ciclo para demonstrar que é vital revisitar e reinventar princípios independentemente das etapas da escolarização.
Inovação educacional e formação de professores: a experiência contemporânea dos municípios de Duartina e Ubirajara, 2020
RESUMO: O presente trabalho pretende refletir sobre a busca, no processo de formação docente, de ... more RESUMO: O presente trabalho pretende refletir sobre a busca, no processo de formação docente, de conteúdos pré-definidos para o ensino de Geografia e História nas séries iniciais do ensino fundamental. Esta ânsia por clareza em torno dos conteúdos apropriados para as diversas séries freqüentemente ofusca a necessidade realmente prioritária de se esclarecer quais os objetivos que se pretende alcançar com o ensino deste ou daquele conteúdo. É necessário, na formação docente, retomar e contextualizar historicamente esta busca por conteúdos curriculares. O risco que se corre ao priorizar a discussão sobre conteúdos é transformar os conteúdos em si em objetivos do ensino. Reificar os conteúdos contribui para o comum processo de se desconectar ensino de aprendizagem. Neste caso, o processo educacional transforma-se numa gincana de ensinar conteúdos, sendo secundário se eles sejam aprendidos ou não pelos alunos, o que torna a educação em algo extremamente conservador. Este fenômeno tem suas origens, na década de 1970, nas discussão curriculares das diversas áreas do conhecimento escolar. Desde então, progressivamente, questionou-se a concepção de transposição didática, na qual os currículos escolares eram concebidos como adaptação didática para níveis inferiores do saber científico elaborado nas universidades, local do ensino superior. Os saberes escolares, desde a década de 1970, são vistos como autônomos. Isto é, em diálogo com a ciência universitária, mas com especificidades típicas do ensino em sistemas escolares. Se o currículo de ensinos fundamental e médio não é fruto da transposição didática, de quais conteúdos ele deveria ser composto? O atual texto aborda tal questão, mas a subordina a questões mais relevantes sobre os propósitos da aprendizagem em conexão indivisível com o ensino. Palavras-chave: Currículo; Ensino de Geografia; Ensino de História. ABSTRACT: This paper intends to reflect on the search, in the process of teaching formation, of pre-defined contents for the teaching of Geography and History in the series of primary school. This desire for clarity about the appropriated contents for the various series often overshadows the real need to clarify what is the goal of teaching this or that content. It is necessary, in the teacher training, resume and historically contextualize this search for curriculum contents. The risk of prioritizing the discussion about contents is transforming the contents itself into the content goals of education. Reifying the contents contributes to the common process of disconnect teaching from learning. In this case, the educational process becomes a contest of teaching contents, not bothering if these contents were or not learned by the students, which makes education extremely conservative. This phenomenon has it origins in the 1970s, during the curriculum discussions of the various areas of school knowledge. Since then, the concept of didactic transposition has been questioned progressively, in which the curricula were designed as adapted teaching to lower levels of scientific knowledge produced in universities – the place for higher education. The school knowledge, since the 1970s, is considered as autonomous. In other words, knowledge in dialogue with university science, but with typical characteristics of education in school systems. If the curriculum of primary and secondary educations is not the result of the didactic transposition, what content it should be made of? The current paper touches this issue, but subordinates it to most relevant questions about the purposes of learning in inseparable connection with teaching. Key words: Curriculum; Teaching of Geography; Teaching of History.
Cadernos de Docência na Educação Básica VII: políticas educacionais, formação de professores e prática pedagógica - contribuições da pesquisa, 2020
Este texto tem por propósito contextualizar o surgimento da fotografia e a sua constituição como ... more Este texto tem por propósito contextualizar o surgimento da fotografia e a sua constituição como sistema representativo da modernidade, entendendo como a emergência dessa modalidade imagética relaciona-se com o mundo contemporâneo e com o surgimento da escola. O trabalho teve por objetivo compreender o processo de nascimento simultâneo da fotografia e da educação escolar no Ocidente contemporâneo como dois processos da consolidação da mesma modernidade industrial. São apresentados como dois lados da mesma moeda de construção das representações sociais contemporâneas.
A educação como diálogo intercultural e sua relação com as políticas públicas, 2020
Com a reforma universitária de 1968, a Universidade
de São Paulo debateu diversas propostas de re... more Com a reforma universitária de 1968, a Universidade de São Paulo debateu diversas propostas de reorganização que não eram consensuais. Em várias unidades que compunham a USP, foram organizadas comissões de professores, alunos e funcionários, com representação equivalente entre seus membros, para formular propostas de como a USP deveria se constituir. Tais propostas tinham algo em comum: concebiam uma universidade integrada, na qual os currículos seriam flexíveis. Acreditavam ser viável efetivar a substituição de todas as faculdades da USP por institutos. A Câmara Curricular seria criada para organizar a reforma e se constituir como um de seus pilares. Neste artigo, analisam-se as diversas propostas de universidade formuladas pela comunidade acadêmica da USP em 1968.
Formación de élites y Educación Superior en Iberoamérica (séculos XVI-XXI), 2012
Para auxiliar na compreensão dos Departamentos e dos Institutos universitários atuais, frente pos... more Para auxiliar na compreensão dos Departamentos e dos Institutos universitários atuais, frente possíveis propostas de reformulação e aprimoramento de suas funções na universidade brasileira, é importante conhecer as condições de sua criação meio século atrás. Na década de 1960, quando da configuração das idéias básicas sobre a Reforma Universitária, duas concepções tornaram-se gradativamente consensuais entre os intelectuais brasileiros: a necessidade de substituição das cátedras pelos departamentos e a transformação das Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras em Institutos especializados em ciências. Até então, sua maior preocupação destinava-se à formação profissional, inclusive nas Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras, que, segundo seus críticos, deveriam ter mudado isto desde a década de 1930. Nesta visão, a universidade como conglomerado de escolas e faculdades de formação profissional não era coesa e nem tinha a produção da ciência como meta prioritária. Há incisivo esforço de transformar a universidade em produtora de ciência. Com a substituição do sistema de cátedras pelos departamentos, o caminho para a produção científica seria melhor adaptado. Esta nova configuração universitária deveria contaminar as demais escolas superiores de formação profissional, transformando-as também em algo integrado e coeso à nova universidade. Neste trabalho será apresentado como a proposta de substituição das cátedras pelos departamentos e a transformação das Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras em Institutos científicos foi tratada nos periódicos acadêmicos da década de 1960. To assist the comprehension of university departments and institutes today, facing the possible proposals to reformulation and improvement of their functions in the Brazilian university, it is important to know the conditions of their creation half a century ago. In the 1960s, when the configuration of the basic ideas on university reform, two concepts have become gradually consensual among Brazilian intellectuals: the need for replacement of the chairs by the departments and the transformation of the Faculties of Philosophy, Sciences and Literature in specialized sciences institutes. Until then, their biggest concern was for the professional formation, including the Faculties of Philosophy, Sciences and Literature which, their critics say should have changed it since the 1930s. In this vision, the university as a conglomerate of schools and colleges for vocational training was neither cohesive nor had the production of science as a priority target. There is incisive effort to transform the university in a producer of science. With the replacement of the chairs for the departments, the path to scientific production would be better suited. This new configuration must contaminate the other university colleges of higher vocational training, also turning them into something cohesive and integrated to the new university. In this paper will be presented how the proposal for replacement of the chairs by the departments and the transformation of the Faculty of Philosophy, Sciences and Literature in scientific institutes was handled in the academic journals of the 1960s.
No final da década de 1960, em plena escalada autoritária do regime mi-litar brasileiro, sob pres... more No final da década de 1960, em plena escalada autoritária do regime mi-litar brasileiro, sob pressão dos Estados Unidos, a Organização dos Estados Americanos propõe que os livros de História de nosso país passassem por uma revisão, para que deles fossem retiradas referências desabonadoras aos atos de nosso grande vizinho do norte. Em outras palavras, é proposta por um organismo internacional a censura aos conteúdos dos livros de História editados no Brasil. O propósito original desta censura era o controle dos li-vros didáticos de História destinados ao ensino primário e secundário. No entanto, os ditadores de então logo perceberam a oportunidade de censura a quaisquer outros livros de História, não importando a qual nível educa-cional estivessem destinados, inclusive o universitário. Como foi possível tal conjunção de interesses? Qual o caminho para que uma importante nação democrática como os Estados Unidos pudesse se articular com a ditadura brasileira, tendo como vetor a Organização dos Estados Americanos, e que dessa junção de interesses resultasse em uma proposta de censura governamental aos livros de História no Brasil?
É objetivo deste trabalho possibilitar a compreensão da Reforma Universitária ocorrida no final d... more É objetivo deste trabalho possibilitar a compreensão da Reforma Universitária ocorrida no final da década de 1960 e sua implementação pela Universidade de São Paulo. Para tanto, na pesquisa que resultou neste texto foram formuladas três questões básicas. Ocorrida no final da década de 1960, a Reforma Universitária deve ter sido resultado de um acúmulo de críticas à universidade do período e também de soluções destinadas ao que se criticava. Neste caso, na década de 1960, quais os diagnósticos formulados por intelectuais ligados ao ensino superior sobre a universidade de então? E quais as saídas apontadas? A Reforma Universitária, com a elaboração de sua lei no decisivo ano de 1968, e o desfecho dos conflitos políticos do período com o AI 5, editado duas semanas depois da sanção da Lei 5.540/68, são acontecimentos que estavam relacionados? Como se implantou concretamente a Reforma Universitária em ao menos uma universidade? No caso, optou-se pelo estudo da Universidade de São Paulo. Estas três questões resultaram nas três partes distintas e complementares deste trabalho e também no uso de três tipos de fontes documentais diferentes para cada uma destas partes. O primeiro capítulo trata das discussões da intelectualidade brasileira na década de 1960 sobre os caminhos que a universidade deveria tomar. Utilizou-se como fonte documental desta questão os periódicos acadêmicos do período. As possibilidades de recorte do tema eram muitas, pois os textos encontrados tratavam dos mais diversos assuntos quando se referiam à necessidade de Reforma Universitária. Somente após a consulta da ampla variedade de abordagens se decidiu por dois temas condutores das discussões que possibilitassem coerência às diversas propostas então formuladas. O primeiro tema selecionado trata das críticas ao sistema de cátedras então em vigor e a proposta de sua substituição pelos departamentos. O outro tema aborda o fracasso das Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras em seu propósito de dar coesão à universidade e a proposta de sua substituição por Institutos de ciência básica. Este capítulo intitula-se “Os Departamentos e os Institutos”. A formação de um consenso em grande parte da intelectualidade da década de 1960 em torno destes dois temas possibilitou as bases para a elaboração da Lei de Reforma Universitária. O segundo capítulo intitula-se “A Reforma Universitária e a ditadura militar”. Este capítulo trata das discussões parlamentares em torno da elaboração da lei de Reforma Universitária. Os debates parlamentares sobre o tema ocorreram em pleno processo de acirramento dos conflitos estudantis e de escalada autoritária da ditadura militar, que culminará no AI 5. Utilizou-se privilegiadamente como fonte documental os Anais da Câmara dos Deputados. Decidiu-se por acompanhar os debates parlamentares sobre a Reforma Universitária nos anos de 1967 e 1968, quando o assunto chega a seu auge. O terceiro capítulo, intitulado “A reforma da Universidade de São Paulo”, estuda o caso concreto de reforma da principal universidade do país. O que ocorreu na USP não pode ser generalizado para as demais universidades brasileiras. No entanto, o estudo de um caso específico demonstra como a Reforma Universitária se processou numa instituição de importante referência para o ensino superior brasileiro. As fontes documentais privilegiadas neste capítulo foram as atas de reunião da Congregação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP – principal unidade afetada pela reforma – e a atas de reunião do Conselho Universitário da Universidade de São Paulo, onde se debateu a reforma da instituição. Para este capítulo, também se recorreu a algumas entrevistas. Porém, não se pretendeu nada relacionado à história oral. A história oral é sempre uma história do tempo presente. Ela trabalha com a memória, que difere dos procedimentos metodológicos que têm como objetivo principal o passado, mesmo que recente. As entrevistas foram usadas como complemento aos documentos escritos no período dos acontecimentos aqui narrados. Serviram para elucidar dúvidas sobre a documentação. Os entrevistados tiveram acesso prévio aos documentos sobre os quais eram questionados, ou às versões iniciais do texto que tratavam de acontecimentos que os envolviam. A parte intermediária do trabalho – com o capítulo denominado “A Reforma Universitária e a ditadura militar” – está carregada de imbricações políticas do período. Isto não quer dizer que as demais partes não estejam. Porém, o foco utilizado para aproximação com o tema provoca visões diferentes das relações entre a Reforma Universitária e a luta política de então. Não se pretende, ao enfocar discussões acadêmicas ou a vida institucional de uma universidade, separar conflitos aí existentes dos confrontos políticos simultâneos. No entanto, às vezes, podem ser percebidos como camadas diferentes das renhidas e radicais disputas ocorridas nos conturbados anos sessenta do século passado.
In the 1930s and 1940s, the school system was consolidated into a new institutional organization ... more In the 1930s and 1940s, the school system was consolidated into a new institutional organization in the State of São Paulo, Brazil. School administrators and the regional teaching delegates organized a new level for primary education in this period. In urban areas, school groups were the model to be followed. However, how were the rural schools fairing? This chapter will present the vision of these teaching delegates and the calamitous situation of the rural education in São Paulo during this period. This chapter will address the conflict between the everyday reality of the feasible school system and the targeted ideal for rural education in São Paulo. The source material utilized for this study contemplates the reports of the school administrators preserved in the public archives of the State of São Paulo.
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Papers by Macioniro Celeste Filho
no Brasil. Para tanto, estudou-se a criação dos currículos sobre o tema no Conselho Federal de Educação; a disputa pela competência em normatizar conteúdos educacionais entre órgãos públicos no Estado de São Paulo; e o surgimento dos cursos superiores de Turismo em faculdades privadas. Destaca-se, nesta pesquisa, a criação do primeiro curso de Turismo numa universidade pública brasileira no início da década de 1970, na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Apresenta-se também o corpo docente e os diversos currículos dos primeiros cursos do setor.
The paper deals with the divergent conceptions that international organisms dedicated to rural education in the 1960s and 1970s. It presents the ideal conceptions that United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Unesco) and the Organization of American States (OAS) have dedicated to the theme. It highlights how Unesco’s advisory economists have defined rural education hegemonically in this organization, as well as emphasizes the preponderance of the thinking of UNESCO’s economists as advisors in the implementation of rural education projects in the 1960s and 1970s. Differentiating from Unesco-related economists, the debate on rural education promoted by Economic Commission for Latin America and the Caribbean (Eclac) in the 1970s will deal with this issue in an innovative way. Finally, the conceptions that rural education found in Brazilian government agencies in the 1960s and 1970s will be presented. The research aimed to differentiate the possible influences of the international debate on rural education in the 1960s and 1970s and their interfaces with the discussion of this theme in Brazil in the same period.
Lourenço Filho was one of the most important intellectuals to influence the direction of Brazilian education in the 20th century. In the 1950s and 1960s, working in international organizations such as the Organization of American States (OAS), he analyzed the trajectory of rural education in the Americas. In 1962, Lourenço Filho wrote a study for the OAS on rural education, which was not published in Brazil. It is the purpose of the present work to present what this intellectual approached Brazilian rural education in this text sent to the OAS. The methodology used was the documentary analysis on the text of Lourenço Filho. The objective is to present the unpublished contribution in Brazilian publications of this author when dealing with rural education in the early 1960s.
país moderno. Contudo, o que se entendia por Escola Nova? Na configuração da
Escola Nova, dois grupos ganharam nitidez: o dos intelectuais com uma postura
leiga face à sociedade e o dos intelectuais ligados à Igreja Católica. Duas obras de
formação pedagógica, de 1932, são exemplares das divergências políticas em
disputa. No atual trabalho, será abordada a concepção de Escola Nova leiga contida
no livro Escola Moderna, de Maria dos Reis Campos. A concepção católica será
tratada com o livro A Escola Nova, de Jonathas Serrano. A metodologia utilizada foi
a de análise documental dos dois livros a serem abordados. O objetivo do trabalho
foi de propiciar a compreensão do contexto histórico quando das divergências
intelectuais e institucionais sobre a conceituação de Escola Nova no Brasil da
década de 1930.
During the 1968 university reform, the University of São Paulo discussed several proposals for its reorganization, albeit disagreement was rife. In several units of USP committees of teachers, students and staff, with equal representations, were urged to formulate proposals and give suggestions on how USP should be. Their proposals had a common basis: they conceived an integrated university and the establishment of flexible curricula. They believed it was viable to replace all the USP faculties by institutes. A Curriculum Board would be established to organize the reform and to be one of its basis. Current research analyzes the different proposals made by the USP academic community in 1968.
Abstract
The foundation of São Paulo University, in the beginning of the decade of 1930, suffered disputes of projects for its organization. The São Paulo Polytechnic School intended to become the nucleus of the coming institution. Meanwhile, the option adopted in 1934 imputed this duty to the newly created Faculty of Philosophy, Sciences and Literature, which provoked a strong reaction of the early professionalizing units that were connected to the university, specially in Polytechnic School. The present text intends to study the confl icts between São Paulo Polytechnic School and Faculty of Philosophy, Sciences and Literature during the tumultuous beginnings of São Paulo University.
no Brasil. Para tanto, estudou-se a criação dos currículos sobre o tema no Conselho Federal de Educação; a disputa pela competência em normatizar conteúdos educacionais entre órgãos públicos no Estado de São Paulo; e o surgimento dos cursos superiores de Turismo em faculdades privadas. Destaca-se, nesta pesquisa, a criação do primeiro curso de Turismo numa universidade pública brasileira no início da década de 1970, na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Apresenta-se também o corpo docente e os diversos currículos dos primeiros cursos do setor.
The paper deals with the divergent conceptions that international organisms dedicated to rural education in the 1960s and 1970s. It presents the ideal conceptions that United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Unesco) and the Organization of American States (OAS) have dedicated to the theme. It highlights how Unesco’s advisory economists have defined rural education hegemonically in this organization, as well as emphasizes the preponderance of the thinking of UNESCO’s economists as advisors in the implementation of rural education projects in the 1960s and 1970s. Differentiating from Unesco-related economists, the debate on rural education promoted by Economic Commission for Latin America and the Caribbean (Eclac) in the 1970s will deal with this issue in an innovative way. Finally, the conceptions that rural education found in Brazilian government agencies in the 1960s and 1970s will be presented. The research aimed to differentiate the possible influences of the international debate on rural education in the 1960s and 1970s and their interfaces with the discussion of this theme in Brazil in the same period.
Lourenço Filho was one of the most important intellectuals to influence the direction of Brazilian education in the 20th century. In the 1950s and 1960s, working in international organizations such as the Organization of American States (OAS), he analyzed the trajectory of rural education in the Americas. In 1962, Lourenço Filho wrote a study for the OAS on rural education, which was not published in Brazil. It is the purpose of the present work to present what this intellectual approached Brazilian rural education in this text sent to the OAS. The methodology used was the documentary analysis on the text of Lourenço Filho. The objective is to present the unpublished contribution in Brazilian publications of this author when dealing with rural education in the early 1960s.
país moderno. Contudo, o que se entendia por Escola Nova? Na configuração da
Escola Nova, dois grupos ganharam nitidez: o dos intelectuais com uma postura
leiga face à sociedade e o dos intelectuais ligados à Igreja Católica. Duas obras de
formação pedagógica, de 1932, são exemplares das divergências políticas em
disputa. No atual trabalho, será abordada a concepção de Escola Nova leiga contida
no livro Escola Moderna, de Maria dos Reis Campos. A concepção católica será
tratada com o livro A Escola Nova, de Jonathas Serrano. A metodologia utilizada foi
a de análise documental dos dois livros a serem abordados. O objetivo do trabalho
foi de propiciar a compreensão do contexto histórico quando das divergências
intelectuais e institucionais sobre a conceituação de Escola Nova no Brasil da
década de 1930.
During the 1968 university reform, the University of São Paulo discussed several proposals for its reorganization, albeit disagreement was rife. In several units of USP committees of teachers, students and staff, with equal representations, were urged to formulate proposals and give suggestions on how USP should be. Their proposals had a common basis: they conceived an integrated university and the establishment of flexible curricula. They believed it was viable to replace all the USP faculties by institutes. A Curriculum Board would be established to organize the reform and to be one of its basis. Current research analyzes the different proposals made by the USP academic community in 1968.
Abstract
The foundation of São Paulo University, in the beginning of the decade of 1930, suffered disputes of projects for its organization. The São Paulo Polytechnic School intended to become the nucleus of the coming institution. Meanwhile, the option adopted in 1934 imputed this duty to the newly created Faculty of Philosophy, Sciences and Literature, which provoked a strong reaction of the early professionalizing units that were connected to the university, specially in Polytechnic School. The present text intends to study the confl icts between São Paulo Polytechnic School and Faculty of Philosophy, Sciences and Literature during the tumultuous beginnings of São Paulo University.
e desenvolvendo competências. Nessa perspectiva, este texto tem por propósito identificar e analisar as relações existentes entre o processo de ensino e aprendizagem apoiadas nas metodologias ativas e o desenvolvimento de jogos educacionais digitais.
Decorrência de estudos sobre a emergência da educação rural no século XX, esta obra coletiva organiza-se a partir de quatro eixos: Balanço bibliográfico sobre a educação rural; Referenciais externos e circulação de modelos sobre a educação rural; A formação de professores rurais; Memórias e representações sobre a docência nas escolas primárias rurais, tecendo a história e a memória da educação rural no período.
Como compreender o processo de escolarização da infância, as políticas de expansão, os modelos educativos de destaque, os referenciais externos, as práticas de transmissão da cultura e a realidade ainda pouco conhecida e explorada dos docentes que atuaram entre as décadas de 1940 e 1970 nas escolas rurais brasileiras? Este livro procura responder estas questões pela mobilização de uma diversidade de fontes históricas, envolvendo, entre outras, fontes orais, correspondências, relatórios de governo, sinopses estatísticas, legislação educacional, periódicos educacionais e recomendações de organismos internacionais.
Ao responder estas e outras importantes questões, esta obra contribui para o alargamento do campo sócio-histórico da educação. A feitura deste livro é expressão do interesse em avançar na produção do conhecimento histórico, na preservação da memória e do patrimônio educativo rural brasileiro.
Reflexões como “inovar é a única saída”relacionam os processos de inovação às transformações na vida e na educação não só devido à pandemia, mas ao agravamento das iniquidades sociais precedentes a ela.
A psicomotricidade na Educação Infantil revela o experimentar como possibilidade de inovar, ao trabalhar a coordenação motora, o equilíbrio, o esquema corporal, a lateralidade, as organizações espacial e temporal de maneira criativa. Você vai encontrar também exemplos ilustrados de práticas didáticas que estimulam o desenvolvimento do espírito científico nas crianças, a partir do “movimento maker” ou “faça você mesmo”.
A inovação também está presente quando uma mostra pedagógica faz a ponte entre escola e família, com a função de cuidar e educar. Ou quando os espaços para o lúdico vão além da aprendizagem na sala de aula: o quintal da casa, o banco da praça, o rodopio no poste...
O que há de inovador em “aprender a ler imagens como um grande aliado do professor”? Você vai descobrir e acompanhar reflexões valiosas sobre o processo de ensino e aprendizagem para a nova geração de “nativos digitais”, que vão além das quatro paredes da sala de aula, em espaços não formais e inovadores.
Se atrair a atenção de todos para o aprendizado era um grande desafio já em salas de aula presenciais, como inovar no contexto do ensino híbrido nesta época de isolamento social? Ou quando as crianças acessam uma programação de computador, o que pode ocorrer com o ensino e a aprendizagem? Como estreitar a familiaridade dos profissionais de educação com softwares de realidade aumentada e realidade virtual?
Isso tudo e mais uma análise criteriosa das vivências no ensino de conteúdos de História e de Geografia na Educação Básica fecha o ciclo para demonstrar que é vital revisitar e reinventar princípios independentemente das etapas da escolarização.
ensino de Geografia e História nas séries iniciais do ensino fundamental. Esta ânsia por clareza em torno dos conteúdos apropriados
para as diversas séries freqüentemente ofusca a necessidade realmente prioritária de se esclarecer quais os objetivos que se pretende
alcançar com o ensino deste ou daquele conteúdo. É necessário, na formação docente, retomar e contextualizar historicamente esta
busca por conteúdos curriculares. O risco que se corre ao priorizar a discussão sobre conteúdos é transformar os conteúdos em si em
objetivos do ensino. Reificar os conteúdos contribui para o comum processo de se desconectar ensino de aprendizagem. Neste caso,
o processo educacional transforma-se numa gincana de ensinar conteúdos, sendo secundário se eles sejam aprendidos ou não pelos
alunos, o que torna a educação em algo extremamente conservador. Este fenômeno tem suas origens, na década de 1970, nas discussão
curriculares das diversas áreas do conhecimento escolar. Desde então, progressivamente, questionou-se a concepção de transposição
didática, na qual os currículos escolares eram concebidos como adaptação didática para níveis inferiores do saber científico elaborado
nas universidades, local do ensino superior. Os saberes escolares, desde a década de 1970, são vistos como autônomos. Isto é, em
diálogo com a ciência universitária, mas com especificidades típicas do ensino em sistemas escolares. Se o currículo de ensinos
fundamental e médio não é fruto da transposição didática, de quais conteúdos ele deveria ser composto? O atual texto aborda tal
questão, mas a subordina a questões mais relevantes sobre os propósitos da aprendizagem em conexão indivisível com o ensino.
Palavras-chave: Currículo; Ensino de Geografia; Ensino de História.
ABSTRACT: This paper intends to reflect on the search, in the process of teaching formation, of pre-defined contents for the teaching
of Geography and History in the series of primary school. This desire for clarity about the appropriated contents for the various series
often overshadows the real need to clarify what is the goal of teaching this or that content. It is necessary, in the teacher training, resume
and historically contextualize this search for curriculum contents. The risk of prioritizing the discussion about contents is transforming
the contents itself into the content goals of education. Reifying the contents contributes to the common process of disconnect teaching
from learning. In this case, the educational process becomes a contest of teaching contents, not bothering if these contents were or
not learned by the students, which makes education extremely conservative. This phenomenon has it origins in the 1970s, during the
curriculum discussions of the various areas of school knowledge. Since then, the concept of didactic transposition has been questioned
progressively, in which the curricula were designed as adapted teaching to lower levels of scientific knowledge produced in universities
– the place for higher education. The school knowledge, since the 1970s, is considered as autonomous. In other words, knowledge
in dialogue with university science, but with typical characteristics of education in school systems. If the curriculum of primary and
secondary educations is not the result of the didactic transposition, what content it should be made of? The current paper touches this
issue, but subordinates it to most relevant questions about the purposes of learning in inseparable connection with teaching.
Key words: Curriculum; Teaching of Geography; Teaching of History.
de São Paulo debateu diversas propostas de reorganização que
não eram consensuais. Em várias unidades que compunham a
USP, foram organizadas comissões de professores, alunos e
funcionários, com representação equivalente entre seus
membros, para formular propostas de como a USP deveria se
constituir. Tais propostas tinham algo em comum: concebiam
uma universidade integrada, na qual os currículos seriam
flexíveis. Acreditavam ser viável efetivar a substituição de todas
as faculdades da USP por institutos. A Câmara Curricular seria
criada para organizar a reforma e se constituir como um de seus
pilares. Neste artigo, analisam-se as diversas propostas de
universidade formuladas pela comunidade acadêmica da USP
em 1968.
To assist the comprehension of university departments and institutes today, facing the possible proposals to reformulation and improvement of their functions in the Brazilian university, it is important to know the conditions of their creation half a century ago. In the 1960s, when the configuration of the basic ideas on university reform, two concepts have become gradually consensual among Brazilian intellectuals: the need for replacement of the chairs by the departments and the transformation of the Faculties of Philosophy, Sciences and Literature in specialized sciences institutes. Until then, their biggest concern was for the professional formation, including the Faculties of Philosophy, Sciences and Literature which, their critics say should have changed it since the 1930s. In this vision, the university as a conglomerate of schools and colleges for vocational training was neither cohesive nor had the production of science as a priority target. There is incisive effort to transform the university in a producer of science. With the replacement of the chairs for the departments, the path to scientific production would be better suited. This new configuration must contaminate the other university colleges of higher vocational training, also turning them into something cohesive and integrated to the new university. In this paper will be presented how the proposal for replacement of the chairs by the departments and the transformation of the Faculty of Philosophy, Sciences and Literature in scientific institutes was handled in the academic journals of the 1960s.
Ocorrida no final da década de 1960, a Reforma Universitária deve ter sido resultado de um acúmulo de críticas à universidade do período e também de soluções destinadas ao que se criticava. Neste caso, na década de 1960, quais os diagnósticos formulados por intelectuais ligados ao ensino superior sobre a universidade de então? E quais as saídas apontadas?
A Reforma Universitária, com a elaboração de sua lei no decisivo ano de 1968, e o desfecho dos conflitos políticos do período com o AI 5, editado duas semanas depois da sanção da Lei 5.540/68, são acontecimentos que estavam relacionados?
Como se implantou concretamente a Reforma Universitária em ao menos uma universidade? No caso, optou-se pelo estudo da Universidade de São Paulo.
Estas três questões resultaram nas três partes distintas e complementares deste trabalho e também no uso de três tipos de fontes documentais diferentes para cada uma destas partes.
O primeiro capítulo trata das discussões da intelectualidade brasileira na década de 1960 sobre os caminhos que a universidade deveria tomar. Utilizou-se como fonte documental desta questão os periódicos acadêmicos do período. As possibilidades de recorte do tema eram muitas, pois os textos encontrados tratavam dos mais diversos assuntos quando se referiam à necessidade de Reforma Universitária. Somente após a consulta da ampla variedade de abordagens se decidiu por dois temas condutores das discussões que possibilitassem coerência às diversas propostas então formuladas. O primeiro tema selecionado trata das críticas ao sistema de cátedras então em vigor e a proposta de sua substituição pelos departamentos. O outro tema aborda o fracasso das Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras em seu propósito de dar coesão à universidade e a proposta de sua substituição por Institutos de ciência básica. Este capítulo intitula-se “Os Departamentos e os Institutos”. A formação de um consenso em grande parte da intelectualidade da década de 1960 em torno destes dois temas possibilitou as bases para a elaboração da Lei de Reforma Universitária.
O segundo capítulo intitula-se “A Reforma Universitária e a ditadura militar”. Este capítulo trata das discussões parlamentares em torno da elaboração da lei de Reforma Universitária. Os debates parlamentares sobre o tema ocorreram em pleno processo de acirramento dos conflitos estudantis e de escalada autoritária da ditadura militar, que culminará no AI 5. Utilizou-se privilegiadamente como fonte documental os Anais da Câmara dos Deputados. Decidiu-se por acompanhar os debates parlamentares sobre a Reforma Universitária nos anos de 1967 e 1968, quando o assunto chega a seu auge.
O terceiro capítulo, intitulado “A reforma da Universidade de São Paulo”, estuda o caso concreto de reforma da principal universidade do país. O que ocorreu na USP não pode ser generalizado para as demais universidades brasileiras. No entanto, o estudo de um caso específico demonstra como a Reforma Universitária se processou numa instituição de importante referência para o ensino superior brasileiro. As fontes documentais privilegiadas neste capítulo foram as atas de reunião da Congregação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP – principal unidade afetada pela reforma – e a atas de reunião do Conselho Universitário da Universidade de São Paulo, onde se debateu a reforma da instituição. Para este capítulo, também se recorreu a algumas entrevistas. Porém, não se pretendeu nada relacionado à história oral. A história oral é sempre uma história do tempo presente. Ela trabalha com a memória, que difere dos procedimentos metodológicos que têm como objetivo principal o passado, mesmo que recente. As entrevistas foram usadas como complemento aos documentos escritos no período dos acontecimentos aqui narrados. Serviram para elucidar dúvidas sobre a documentação. Os entrevistados tiveram acesso prévio aos documentos sobre os quais eram questionados, ou às versões iniciais do texto que tratavam de acontecimentos que os envolviam.
A parte intermediária do trabalho – com o capítulo denominado “A Reforma Universitária e a ditadura militar” – está carregada de imbricações políticas do período. Isto não quer dizer que as demais partes não estejam. Porém, o foco utilizado para aproximação com o tema provoca visões diferentes das relações entre a Reforma Universitária e a luta política de então. Não se pretende, ao enfocar discussões acadêmicas ou a vida institucional de uma universidade, separar conflitos aí existentes dos confrontos políticos simultâneos. No entanto, às vezes, podem ser percebidos como camadas diferentes das renhidas e radicais disputas ocorridas nos conturbados anos sessenta do século passado.