Papers by Alice Bezerra de Mello Moura
SUMÁRIO: As populações indígenas de Pernambuco possuem um conhecimento tradicional de cura basead... more SUMÁRIO: As populações indígenas de Pernambuco possuem um conhecimento tradicional de cura baseado em entendimentos xamânicos, suas práticas são passadas de geração para geração através da oralidade, e são praticadas até hoje com base em saberes tradicionais. Esse subprojeto buscou aprofundar o conhecimento sobre as práticas tradicionais de cura entre os Fulni-ô e sua relação com o sistema médico oficial. Assim como identificar de que maneira as especificidades dos saberes e dos conhecimentos ...
Dando enfase a especificidade de megaeventos, em contraste com outros projetos e polos de desenvo... more Dando enfase a especificidade de megaeventos, em contraste com outros projetos e polos de desenvolvimento, este trabalho analisa impactos da Copa do Mundo de Futebol de 2014, na Regiao Me- tropolitana do Recife, Pernambuco. Examina intervencoes urbanas associadas a construcao da Arena e ao evento da FIFA. Foca violacoes de direitos humanos e desapropriacoes decorrentes deste projeto de investimento. Discute a busca de uma imagem positiva internacionalmente e contradicoes no discurso sobre legados. As vantagens enfatizadas pelos promotores do projeto, sao examina- das como frageis. Sao contrapostas as acoes de resistencia dos atingidos na sua busca de mitigacao/compensacao nas suas estrategias de vida cotidiana, danificadas pelo governo. Uma analise do controle do tempo, e seus efeitos deleterios, nas praticas de resistencia dos atingidos, que residiam no Loteamento Sao Francisco, e na sua alianca com o Comite Popular da Copa, mostra as tentativas de resistir as serias violacoes de d...
Sumário: As populações indígenas de Pernambuco possuem um conhecimento tradicional de cura basead... more Sumário: As populações indígenas de Pernambuco possuem um conhecimento tradicional de cura baseado em entendimentos xamânicos, suas práticas são passadas de geração para geração através da oralidade, e são praticadas até hoje com base em saberes tradicionais. Esse subprojeto buscou aprofundar o conhecimento sobre as práticas tradicionais de cura entre os Fulni-ô e sua relação com o sistema médico oficial. Assim como identificar de que maneira as especificidades dos saberes e dos conhecimentos ...
Sumário: As populações indígenas de Pernambuco possuem um conhecimento tradicional de cura basead... more Sumário: As populações indígenas de Pernambuco possuem um conhecimento tradicional de cura baseado em entendimentos xamânicos, suas práticas são passadas de geração para geração através da oralidade, e são praticadas até hoje com base em saberes tradicionais. Esse subprojeto buscou aprofundar o conhecimento sobre as práticas tradicionais de cura entre os Fulni-ô e sua relação com o sistema médico oficial. Assim como identificar de que maneira as especificidades dos saberes e dos conhecimentos ...
Dando ênfase à especificidade de megaeventos, em contraste com outros projetos e polos de desenvo... more Dando ênfase à especificidade de megaeventos, em contraste com outros projetos e polos de desenvolvimento, este trabalho analisa impactos da Copa do Mundo de Futebol de 2014, na Região Metropolitana do Recife, Pernambuco. Examina intervenções urbanas associadas à construção da Arena e ao evento da FIFA. Foca violações de direitos humanos e desapropriações decorrentes deste projeto de investimento. Discute a busca de uma imagem positiva internacionalmente e contradições no discurso sobre legados. As vantagens enfatizadas pelos promotores do projeto, são examinadas como frágeis. São contrapostas às ações de resistência dos atingidos na sua busca de mitigação/compensação nas suas estratégias de vida cotidiana, danificadas pelo governo. Uma análise do controle do tempo, e seus efeitos deletérios, nas práticas de resistência dos atingidos, que residiam no Loteamento São Francisco, e na sua aliança com o Comitê Popular da Copa, mostra as tentativas de resistir as sérias violações de direitos humanos.
O território pode ser considerado como o espaço de todas as relações envolvendo o meio físico e s... more O território pode ser considerado como o espaço de todas as relações envolvendo o meio físico e simbólico construídos socialmente pelos grupos envolvidos. Este trabalho analisa os discursos em torno das mudanças territoriais ocorridas com a realização dos Megaeventos Copa das Confederações e Copa do Mundo de 2014 em Pernambuco a partir da construção da Arena e o projeto da Cidade da Copa, nos municípios de Camaragibe, Recife e São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife. Trata-se de recorte da pesquisa “Uma Arena para Pernambuco: impactos e avaliações de promotores, vizinhos, beneficiados, atingidos”, financiada pelo CNPq e realizada pelo grupo de pesquisa Família, Gênero e Sexualidade (FAGES-UFPE). Busca-se pensar a questão territorial através das experiências das desocupações dos espaços para abrigar essas construções, assim como as obras de mobilidade de acesso à Arena. As populações afetadas possuem uma relação de pertencimento/identidade com esses espaços modificados pelas construções. Isso suscita pensar como seus territórios são transformados e que lugar eles ocupam nessa dinâmica de desapropriações e apropriações desses lugares. Um bom exemplo foi a campanha “Nós valemos mais”, feita através de uma parceria entre a The International Exchange (TIE), a agência de publicidade INATA e o Comitê Popular da Copa de Pernambuco, e teve como objetivo dar visibilidade à causa dos atingidos e cobrar uma reavaliação do preço das indenizações pelo governo para que “eles realmente possam ter chances de refazer suas vidas”. Refazer suas vidas significa se territorializar em outros espaços, o que não tem sido fácil devido ao contexto de especulação imobiliária nas cidades sede da Copa. Não houve ações eficientes de planejamento do governo para relocação dessas pessoas atingidas, deixando-as à mercê do baixo valor das indenizações. Como mostra o depoimento de um morador atingido: “A gente não quer dinheiro não, a gente quer um canto pra morar, um chão. Agora não pode ficar na rua, e o dinheiro que tão dando, a gente tá procurando e não tá encontrando.” Os moradores atingidos tentaram por vários caminhos negociar os valores das indenizações com o governo sem sucesso, inclusive a maneira como eles foram comunicados da desapropriação mostra a falta de diálogo direto com o governo. Ficou a cargo de empresas terceirizadas o papel de comunicar às pessoas, sem nenhum documento oficial, apenas um adesivo colado na parede da frente de suas casas.
Os dados dessa pesquisa são frutos de um trabalho de campo que vem sendo realizado desde 2012, acompanhando os processos de desapropriação, tentativas de negociações, protestos e as atividades do Comitê Popular da Copa de Pernambuco, que é uma organização política formada por várias entidades com o objetivo de apoiar as famílias atingidas, assim como monitorar as violações de direitos humanos. Além disso, foram realizadas entrevistas e grupos focais com os moradores e comerciantes atingidos, e, ainda, buscou-se encontrar esses discursos em fontes como reportagens de jornais e documentários realizados com esses segmentos.
É importante salientar que, a menos de oito meses para a realização do megaevento, as negociações ainda estão em processo e muitos atingidos ainda não sabem seu destino.
Palavras chave: grandes projetos, Copa do Mundo, impactos, atingidos, antropologia.
A construção da arena pernambucana, estádio de futebol e de multieventos, para a Copa do Mundo... more A construção da arena pernambucana, estádio de futebol e de multieventos, para a Copa do Mundo no município de São Lourenço da Mata, Região Metropolitana do Recife, deflagrou uma seqüencia de ações articuladas de planejamento, execução e mitigação, característica geral de grandes obras. A designação de uma porção do espaço urbano como destino de um Grande Projeto de Investimento opera uma ressignificação do tempo vivido, pelos seus planejadores e executores, e pelos que aí residem historicamente. Observação in loco, diálogos com agentes em situações diferentes, acompanhamento de negociações e manifestações mostram a multiplicidade de stakeholders na operação. Foca nas disputas e negociações sobre futuras idealizadas. Identifica-se uma hegemonia das lógicas temporais da implantação de grandes obras, iniciadas com um tempo técnico, de intensa preparação dos idealizadores e de esparsa comunicação com os residentes, que prosseguem com a vivência cotidiana do espaço habitado. Neste tempo os conflitos e resistências estão pouco evidentes, pois os planejadores realizam o seu trabalho com uma equipe de especialistas extra-locais que projetam o espaço urbano de acordo com a sua visão e expectativas de um futuro percebido como melhor e de renovação para quem eles acreditam que possa aproveitá-lo. Residentes e pessoas que estão nas áreas a serem atingidas apenas ocasionalmente sabem alguma coisa sobre os planos, por via de pessoas informadas sobre os processos de planejamento, mas não parecem ser reais e próximos. A execução da obra ocorre num tempo corrido em precárias condições de diálogo, a atenção dos idealizadores/executores voltando para um futuro muito próximo. Desperta os residentes atingidos para a urgência de ampliar a visibilidade das suas perdas e negociar um futuro, que está sendo moldado intensivamente pelo presente. Os conflitos e resistência são muito marcados neste período, pois os cronogramas de realização estão sob monitoramento oficial e a população atingida recebe pressão direta, sendo forçada a se deslocar, a receber indenizações, a simplesmente sair, a depender do que foi planejado (ou não planejado) no período anterior. Conflitos são abertos e tenta-se forçar negociações e mudanças, mesmo em condições de desvantagem. Acusações mútuas ocorrem. Ao alcançar os objetivos delineados no planejamento, os idealizadores operam um processo duplo de instalar um tempo de fuga dos compromissos negociados durante o período de execução, percebidos como custos desnecessários da obra completada, que também implica em uma troca dos atores relevantes na administração cotidiana do espaço para enquadrar novos atores, detentores do desenrolar do traçado do novo futuro dele, aparentemente diferentes que os atores que planejaram e
executaram a obra. Neste período acirram-se as práticas desenhadas a desmerecer o pleito dos mitigados, questionando a sua inteligência, investindo quantias menores em trabalhos de qualidade inferior ao que foi acordado, mudando os interlocutores institucionais de modo que fique difícil de entender com quem se deve dialogar para cobrar o que foi (ou devia ter sido) prometido, ou simplesmente incorporando algumas pessoas em tarefas burocráticas que desviam a sua atenção de questões mais prementes para a mitigação de danos. A accountability prevista nas ações mitigadoras para a população atingida se torna mais imprecisa e a fuga da possibilidade de ter um tempo para eles, cujo futuro é inextricavelmente associado ao fato de terem estado no caminho do projeto.
Sumário: As populações indígenas de Pernambuco possuem um conhecimento tradicional de cura basead... more Sumário: As populações indígenas de Pernambuco possuem um conhecimento tradicional de cura baseado em entendimentos xamânicos, suas práticas são passadas de geração para geração através da oralidade, e são praticadas até hoje com base em saberes tradicionais. Esse subprojeto buscou aprofundar o conhecimento sobre as práticas tradicionais de cura entre os Fulni-ô e sua relação com o sistema médico oficial.
SUMÁRIO: As populações indígenas de Pernambuco possuem um conhecimento tradicional de cura basead... more SUMÁRIO: As populações indígenas de Pernambuco possuem um conhecimento tradicional de cura baseado em entendimentos xamânicos, suas práticas são passadas de geração para geração através da oralidade, e são praticadas até hoje com base em saberes tradicionais. Esse subprojeto buscou aprofundar o conhecimento sobre as práticas tradicionais de cura entre os Fulni-ô e sua relação com o sistema médico oficial.
Other by Alice Bezerra de Mello Moura
Thesis Chapters by Alice Bezerra de Mello Moura
O objetivo desta dissertação é compreender os significados atribuídos à moradia pelas famílias do... more O objetivo desta dissertação é compreender os significados atribuídos à moradia pelas famílias do bairro Loteamento São Francisco, no município de Camaragibe –PE, que tiveram suas casas demolidas por causa do grande projeto de investimento associado à realização da Copa do Mundo de 2014. O processo pelo qual os indivíduos e as suas famílias constituem seu lugar para morar é o cerne da nossa análise. Perante a intervenção estatal que reduziu suas casas a um valor em dinheiro, as famílias teceram múltiplas estratégias para reestruturarem suas vidas diante dos recursos disponíveis. Nesse contexto desencadeador de diversas inseguranças, veremos como o significado dado a suas casas é ampliado através de um emaranhado de elementos que compõe as nuances da moradia.
Uploads
Papers by Alice Bezerra de Mello Moura
Os dados dessa pesquisa são frutos de um trabalho de campo que vem sendo realizado desde 2012, acompanhando os processos de desapropriação, tentativas de negociações, protestos e as atividades do Comitê Popular da Copa de Pernambuco, que é uma organização política formada por várias entidades com o objetivo de apoiar as famílias atingidas, assim como monitorar as violações de direitos humanos. Além disso, foram realizadas entrevistas e grupos focais com os moradores e comerciantes atingidos, e, ainda, buscou-se encontrar esses discursos em fontes como reportagens de jornais e documentários realizados com esses segmentos.
É importante salientar que, a menos de oito meses para a realização do megaevento, as negociações ainda estão em processo e muitos atingidos ainda não sabem seu destino.
Palavras chave: grandes projetos, Copa do Mundo, impactos, atingidos, antropologia.
executaram a obra. Neste período acirram-se as práticas desenhadas a desmerecer o pleito dos mitigados, questionando a sua inteligência, investindo quantias menores em trabalhos de qualidade inferior ao que foi acordado, mudando os interlocutores institucionais de modo que fique difícil de entender com quem se deve dialogar para cobrar o que foi (ou devia ter sido) prometido, ou simplesmente incorporando algumas pessoas em tarefas burocráticas que desviam a sua atenção de questões mais prementes para a mitigação de danos. A accountability prevista nas ações mitigadoras para a população atingida se torna mais imprecisa e a fuga da possibilidade de ter um tempo para eles, cujo futuro é inextricavelmente associado ao fato de terem estado no caminho do projeto.
Other by Alice Bezerra de Mello Moura
Thesis Chapters by Alice Bezerra de Mello Moura
Os dados dessa pesquisa são frutos de um trabalho de campo que vem sendo realizado desde 2012, acompanhando os processos de desapropriação, tentativas de negociações, protestos e as atividades do Comitê Popular da Copa de Pernambuco, que é uma organização política formada por várias entidades com o objetivo de apoiar as famílias atingidas, assim como monitorar as violações de direitos humanos. Além disso, foram realizadas entrevistas e grupos focais com os moradores e comerciantes atingidos, e, ainda, buscou-se encontrar esses discursos em fontes como reportagens de jornais e documentários realizados com esses segmentos.
É importante salientar que, a menos de oito meses para a realização do megaevento, as negociações ainda estão em processo e muitos atingidos ainda não sabem seu destino.
Palavras chave: grandes projetos, Copa do Mundo, impactos, atingidos, antropologia.
executaram a obra. Neste período acirram-se as práticas desenhadas a desmerecer o pleito dos mitigados, questionando a sua inteligência, investindo quantias menores em trabalhos de qualidade inferior ao que foi acordado, mudando os interlocutores institucionais de modo que fique difícil de entender com quem se deve dialogar para cobrar o que foi (ou devia ter sido) prometido, ou simplesmente incorporando algumas pessoas em tarefas burocráticas que desviam a sua atenção de questões mais prementes para a mitigação de danos. A accountability prevista nas ações mitigadoras para a população atingida se torna mais imprecisa e a fuga da possibilidade de ter um tempo para eles, cujo futuro é inextricavelmente associado ao fato de terem estado no caminho do projeto.