PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO:
VISÕES E PERSPECTIVAS
VOL. 2
PEMBROKE COLLINS
CONSELHO EDITORIAL
PRESIDÊNCIA
Felipe Dutra Asensi
CONSELHEIROS
Adolfo Mamoru Nishiyama (UNIP, São Paulo)
Adriano Moura da Fonseca Pinto (UNESA, Rio de Janeiro)
Adriano Rosa (USU, Rio de Janeiro)
Alessandra T. Bentes Vivas (DPRJ, Rio de Janeiro)
Arthur Bezerra de Souza Junior (UNINOVE, São Paulo)
Aura Helena Peñas Felizzola (Universidad de Santo Tomás, Colômbia)
Carlos Mourão (PGM, São Paulo)
Claudio Joel B. Lossio (Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal)
Coriolano de Almeida Camargo (UPM, São Paulo)
Daniel Giotti de Paula (INTEJUR, Juiz de Fora)
Danielle Medeiro da Silva de Araújo (UFSB, Porto Seguro)
Denise Mercedes N. N. Lopes Salles (UNILASSALE, Niterói)
Diogo de Castro Ferreira (IDT, Juiz de Fora)
Douglas Castro (Foundation for Law and International Affairs, Estados Unidos)
Elaine Teixeira Rabello (UERJ, Rio de Janeiro)
Glaucia Ribeiro (UEA, Manaus)
Isabelle Dias Carneiro Santos (UFMS, Campo Grande)
Jonathan Regis (UNIVALI, Itajaí)
Julian Mora Aliseda (Universidad de Extremadura. Espanha)
Leila Aparecida Chevchuk de Oliveira (TRT 2ª Região, São Paulo)
Luciano Nascimento (UEPB, João Pessoa)
Luiz Renato Telles Otaviano (UFMS, Três Lagoas)
Marcelo Pereira de Almeida (UFF, Niterói)
Marcia Cavalcanti (USU, Rio de Janeiro)
Marcio de Oliveira Caldas (FBT, Porto Alegre)
Matheus Marapodi dos Passos (Universidade de Coimbra, Portugal)
Omar Toledo Toríbio (Universidad Nacional Mayor de San Marcos, Peru)
Ricardo Medeiros Pimenta (IBICT, Rio de Janeiro)
Rogério Borba (UVA, Rio de Janeiro)
Rosangela Tremel (UNISUL, Florianópolis)
Roseni Pinheiro (UERJ, Rio de Janeiro)
Sergio de Souza Salles (UCP, Petrópolis)
Telson Pires (Faculdade Lusófona, Brasil)
Thiago Rodrigues Pereira (Novo Liceu, Portugal)
Vanessa Velasco Brito Reis (UCP, Petrópolis)
Vania Siciliano Aieta (UERJ, Rio de Janeiro)
ORGANIZADOR:
FELIPE ASENSI
PRODUÇÃO DE
CONHECIMENTO: VISÕES E
PERSPECTIVAS
VOL. 2
PEMBROKE COLLINS
Rio de Janeiro, 2021
Copyright © 2021 Felipe Asensi (org.)
Felipe Asensi
Felipe Asensi
REVISÃO Coordenação Editorial Pembroke Collins
PROJETO GRÁFICO E CAPA Diniz Gomes
DIAGRAMAÇÃO Diniz Gomes
DIREÇÃO EDITORIAL
EDIÇÃO E EDITORAÇÃO
DIREITOS RESERVADOS A
PEMBROKE COLLINS
Rua Pedro Primeiro, 07/606
20060-050 / Rio de Janeiro, RJ
info@pembrokecollins.com
www.pembrokecollins.com
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes
sem autorização por escrito da Editora.
FINANCIAMENTO
Este livro foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, pelo
Conselho Internacional de Altos Estudos em Direito (CAED-Jus), pelo Conselho Internacional de
Altos Estudos em Educação (CAEduca) e pela Pembroke Collins.
Todas as obras são submetidas ao processo de peer view em formato double blind pela Editora e, no
caso de Coletânea, também pelos Organizadores.
P964
Produção de conhecimento: visões e perspectivas /
Felipe Asensi (organizador). – Rio de Janeiro: Pembroke
Collins, 2021.
v. 2; 596 p.
ISBN 978-65-87489-87-2
1. Conhecimento. 2. Multidisciplinaridade. 3. Pesquisa
acadêmica. I. Asensi, Felipe (org.).
CDD 370.7
Bibliotecária: Aneli Beloni CRB7 075/19.
ARTIGOS
15
AGROTÓXICOS NO
ANTROPOCENO: ENSAIO
AVALIATIVO SOBRE OS PESTICIDAS
NO CONTEXTO DAS FRONTEIRAS
PLANETÁRIAS
Leon Maximiliano Rodrigues7
1. INTRODUÇÃO
A relação do desenvolvimento da sociedade com o clima é um fato
bem aceito (ROSEN; ROSEN, 2001, 2017). Numa escala mais ampla a prosperidade humana através da agricultura foi possível somente
no Holoceno devido à estabilidade climática dessa época em contraste
com outras épocas e períodos anteriores (COHEN, 2009; KENNETT; MARWAN, 2015). O debate sobre o aparecimento quase simultâneo da domesticação, agricultura e culturas complexas em áreas amplamente dispersas ao redor do mundo, e com ecologias e processos de
colonização humana e histórias demográficas muito diferentes se dá
desde a década de 1960 (ERLANDSON; BRAJE, 2013). (COHEN,
2009) refere-se curiosamente a esse processo como “‘revolução’ do
Holoceno”.
7 Bacharel em Ciências Biológicas (UNISC), mestre em Ecologia (UFRGS). Atua como
consultor ambiental, educador ambiental (Fundação Gaia – Legado Lutzenberger) e técnico de laboratório (UERGS). Possui experiência nos campos da Ecologia, Limnologia,
Biogeoquímica, Análise Ambiental, Agroecologia, Educação Ambiental.
67
P R O D U Ç Ã O D E C O N H E C I M E N TO : V I S Õ E S E P E R S P E C T I VA S – V O L 2
Contudo, a relação entre as variações menores do clima dentro do
Holoceno com o desenvolvimento da sociedade ainda não estão muito
claras (e.g., WEIBERG et al., 2016). Entretanto, o estudo de (KENNETT; MARWAN, 2015) sugere que a formação e rejuvenescimento
de estados regionais centralizados foi favorecido durante regimes climáticos estáveis nos últimos 5 mil anos.
De qualquer forma, estas variações podem ser consideradas relativamente pequenas se comparadas com as variações nos últimos cerca
de 70 milhões de anos (STEFFEN et al., 2011a). A relativa estabilidade
climática experimentada nos últimos 10 ou 12 mil anos durante o Holoceno provavelmente é resultado de uma intrincada e delicada rede de
interações auto-organizada, em que a biodiversidade nos ecossistemas
do planeta respondem através de feedbacks às mudanças climáticas (e
possivelmente outras mudanças) mantendo a variação do clima do planeta dentro de certa faixa de variação.
“A história do sistema climático da Terra, conforme deduzido
do exame forense dos estratos, mostrou uma estabilidade geral de muito longo prazo, que provavelmente foi mantida por
uma complexa interação entre a biosfera, atmosfera, hidrosfera,
criosfera e litosfera. ... As mudanças antropogênicas atuais no
sistema terrestre, particularmente no que diz respeito às mudanças no ciclo do carbono, são geologicamente significativas.
… o Holoceno viu notável estabilidade de temperatura e nível
do mar, mesmo quando comparado com outros períodos interglaciais.” (ZALASIEWICZ; WILLIAMS, 2009, p.139)
Essa hipótese é amplamente aceita e encontra ressonância em uma
teoria bem conhecida, a teoria de Gaia8, proposta por James Lovelock
(LENTON, 2014; LOVELOCK, 1979). A teoria de Gaia propõe que
o sistema da Terra, devido ao componente vivo, a Biosfera, desenvolveu evolutivamente mecanismos de autorregulação baseado em com-
8 O status da ideia da Terra como um grande sistema vivo é controverso. Diversos autores referem-se a essa proposta de diferentes maneiras, eventualmente sendo citada
como uma ‘teoria’, eventualmente como ‘hipótese’.
68
FELIPE ASENSI (ORG.)
plexos feedbacks. Se a teoria está correta, é possível que a estabilidade do
Holoceno resulte de um estágio evolutivo em que a Biosfera como um
todo atingiu um estado de integração de seus processos, fazendo com
que o planeta Terra seja um grande sistema vivo.
No entanto, a prosperidade que a sociedade experimentou inicialmente, sustentada pela agricultura, levou a um aumento da população
humana tanto em número como em complexidade, desenvolvendo
uma cultura tecnológica cada vez mais avançada. Contudo, o crescimento da população da sociedade agrícola foi relativamente lento e
virtualmente linear até a Revolução Industrial do século XVII. A partir
desse período o crescimento sofreu uma aceleração, e em meados da
década de 1940 tem início uma marcha de aceleração exponencial do
crescimento populacional sem precedentes. Esse período vem sendo
denominado a “grande aceleração”, designação dada devido ao fato
de que os diversos indicadores de desenvolvimento social e econômico
e dos sistemas da Terra apresentam a mesma tendência de aumento
exponencial (ROCKSTRÖM et al., 2009b; STEFFEN et al., 2015).
Com nossa capacidade de exploração dos recursos expandida pelos
avanços tecnológicos também potencializamos nossa capacidade de alterar e gerar impactos significativos em sistemas que podem ser importantes para a manutenção das condições do Holoceno (DELLASALA
et al., 2018; STEFFEN; CRUTZEN; MCNEILL, 2007).
“Somos ostensivamente inteligentes o suficiente para inventar
novas tecnologias projetadas para desmatar florestas com mais
eficiência, para abrir caminho para fazendas de gado, empreendimentos, vastas plantações de árvores e palmeiras para produção de óleo; criar plásticos mais duráveis que levarão milhares
de anos para se decompor; e desenvolver formas mais sofisticadas de extrair combustíveis fósseis. Previsivelmente, muitas vezes não temos como compreender antecipadamente as consequências de nossas ações, até que uma usina de gerador elétrico
movida a energia nuclear derreta, ou a biota que habita os lagos
de uma região inteira morra pela chuva ácida, ou até espécies
animais icônicas (muitos da megafauna) estejam à beira da extinção.” (DELLASALA et al., 2018, p. 7)
69
P R O D U Ç Ã O D E C O N H E C I M E N TO : V I S Õ E S E P E R S P E C T I VA S – V O L 2
A prosperidade através da agricultura no Holoceno levou a humanidade a se tornar uma força geológica global por direito próprio
(STEFFEN et al., 2011b), rivalizando com as grandes forças geofísicas
naturais (DELLASALA et al., 2018; STEFFEN; CRUTZEN; MCNEILL, 2007). A Revolução Industrial, com suas origens na Grã-Bretanha em 1700, ou a revolução termo-industrial da civilização
ocidental do século XIX, marcou o fim da agricultura como a atividade humana mais dominante e colocou as espécies do planeta em uma
trajetória muito diferente daquela estabelecida durante a maior parte
do Holoceno (STEFFEN et al., 2011b). As mudanças desencadeadas
pela Revolução Industrial também impulsionaram o desenvolvimento,
imprimindo um ritmo exponencial não só no crescimento da população, mas também nas suas demandas por recursos.
Esse processo levou a alterações nas condições estáveis do Holoceno.
O novo contexto ambiental da Terra tem sido chamado de “Antropoceno” (e.g., CRUTZEN, 2002; FOLEY et al., 2013). Apesar da aceitação
da classificação e o momento em que tem início o Antropoceno estar em
disputa (STEFFEN et al., 2011b), e embora apenas brevemente sustentada
em escalas de tempo geológicas, é provável que a influência antropogênica
na Terra tenha consequências significativas e duradouras, e o Antropoceno, com base nas evidências atuais, parece mostrar uma mudança global
consistente, sugerindo que uma fronteira em escala de época9 foi cruzada
nos últimos dois séculos (ZALASIEWICZ et al., 2011).
De qualquer forma, é indiscutível que as mudanças globais são um
fato e geram uma série de dúvidas sobre a sustentabilidade da vida e
da prosperidade humana como a conhecemos. A aceleração no desenvolvimento e seus impactos não só estão nos empurrando para fora das
condições do Holoceno como estão levando o planeta e a humanidade
em direção aos limites de certos processos fundamentais para a manutenção das condições ambientais do planeta, podendo desestabilizar
estas condições.
9 O termo época aqui tem um sentido especifico em relação à geocronologia estabelecida pela Comissão Internacional sobre Estratigrafia (International Commission on
Stratigraphy, ICS), subcomitê científico da União Internacional de Ciências Geológicas
(International Union of Geological Sciences, IUGS).
70
FELIPE ASENSI (ORG.)
As “fronteiras plantárias” (FPs, planetary boundaries)10, como têm
sido referidas por seus proponentes, incluem 9 processos fundamentas
para a manutenção das condições do Holoceno, sendo que para duas
delas (ciclos biogeoquímicos e integridade da biosfera) já ultrapassamos
um limiar crítico para além dos quais nos encontramos numa zona
de incertezas (ROCKSTRÖM et al., 2009a; STEFFEN et al., 2015).
Além destas, outras duas permanecem com status ainda desconhecidos: a “concentração de aerossóis na atmosfera” e as “entidades novas”
(EntNov), sendo esta última objeto de interesse neste ensaio.
A poluição química (EntNov) foi identificada como um dos limites para os quais os impactos contínuos podem erodir a resiliência
dos ecossistemas e da humanidade (DIAMOND et al., 2015). DIAMOND et al. (2015) também apresentam evidências e sugerem que
os limites para a poluição química (EntNov) já tenha sido ultrapassada
também.
Com relação à tendência da Revolução Industrial, que transferiu o
foco do desenvolvimento para os centros urbanos, estimulando o processo de êxodo rural, a Revolução Verde (RV) no séc. XX deu continuidade a tais tendências, desencadeando uma série de mudanças no
setor rural, inaugurando uma agricultura industrial baseado na noção
de “cadeia produtiva” e intensificando o processo de êxodo rural. O
novo modelo agrícola transformou as propriedades rurais em subsidiárias das indústrias que precisam da matéria-prima produzidas por elas,
principalmente fertilizantes químicos (e.g., GHOSH, 2004) e pesticidas (e.g., SCHREINEMACHERS et al., 2017).
No último século, a agricultura industrial alcançou com sucesso
altos rendimentos agrícolas, porém com um custo ambiental por causa
da alta intensidade de uso de energia, emissões de gases de efeito estufa
(GEEs), consumo de água e o grande uso de agroquímicos, que, além
de serem caros em termos de energia, têm efeitos prejudiciais à saúde
10 As nove PBs atualmente reconhecidos (baseado em Steffen et al., 2015): mudanças climáticas; mudanças na integridade da biosfera; depleção do ozônio estratosférico;
acidificação do oceano; fluxos biogeoquímicos (ciclos do N e P); mudança nos sistemas
terrestres; uso de água doce; carga de aerossol atmosférico; e introdução de “entidades
novas”.
71
P R O D U Ç Ã O D E C O N H E C I M E N TO : V I S Õ E S E P E R S P E C T I VA S – V O L 2
dos organismos, incluindo os humanos (GOMIERO; PIMENTEL;
PAOLETTI, 2011). Além disso, pesquisas e análises científicas têm
documentado ainda uma gama de custos para a saúde humana e de externalidades ambientais dos sistemas de produção agrícola industriais
ou convencionais (VALENZUELA, 2016).
Embora a ampla aplicação de métodos científicos tem sido crucial
para o aumento contínuo na produtividade das safras e a agricultura
convencional de alto insumo possa parecer produtiva, está frequentemente sob deficit de energia quando contabilizado o verdadeiro custo
da irrigação, mecanização e uso de fertilizantes e pesticidas (NEGRUTIU; FROHLICH; HAMANT, 2020). E estudos têm questionado
a sustentabilidade de tais sistemas devido ao seus potenciais impactos
adversos de longo prazo na qualidade do solo, recursos naturais e nas
gerações futuras (VALENZUELA, 2016).
Um aspecto particular do pacote tecnológico introduzido pela RV
são o conjunto de substâncias sintéticas utilizadas para “combater pragas” (pesticidas) que prejudicam a produtividade. Estas, junto com os
plásticos e uma diversidade de substâncias sintéticas introduzidas em
praticamente todas as atividades humanas, compõem o conjunto de
EntNov que, por sua vez, são uma das FPs (DIAMOND et al., 2015;
STEFFEN et al., 2015).
No entanto, os pesticidas têm levado a uma série de impactos
negativos em diferentes aspectos da vida humana (GOMIERO; PIMENTEL; PAOLETTI, 2011; PIMENTEL, 2005), com efeitos deletérios na saúde humana e do ambiente ainda pouco entendidos em
sua dimensão e gravidade, mas já bastante evidenciados em diversas
pesquisas (SMITH; VALENZUELA-PEREZ; NG, 1971). Por isso,
apesar de permanecer com status desconhecido, essa fronteira pode ser
uma das mais importantes para a manutenção de um espaço operacional seguro para a humanidade.
O conceito central da fronteira planetária para poluição química,
as EntNov, é que a Terra tem uma capacidade assimilativa finita para o
conjunto dos diversos poluentes químicos, que ameaçam a viabilidade
dos ecossistemas e a saúde humana (DIAMOND et al., 2015). Contudo, a operacionalização da fronteira planetária das EntNov é desafiadora devido ao número extremamente grande de produtos químicos ou
72
FELIPE ASENSI (ORG.)
misturas de produtos químicos comerciais que causam uma miríade
de efeitos adversos a inúmeras espécies e ecossistemas, além das ligações complexas entre emissões, concentrações ambientais, exposições
e efeitos adversos (DIAMOND et al., 2015). Ademais, é preciso levar
em conta a possibilidade de efeitos sinérgicos e secundários que estas
substâncias podem desencadear ao serem liberadas no ambiente. Assim, a avaliação dos problemas ambientais e de saúde associados aos
pesticidas torna-se mais difícil pela complexidade dos problemas e pela
escassez de dados (PIMENTEL, 2013).
A agricultura, portanto, se tornou uma das principais — senão a
principal — formas pelas quais a sociedade tem modificado a superfície do planeta, impactando virtualmente em todas FPs (CAMPBELL
et al., 2017). E os pesticidas se tornaram um problema de amplitude
global (STEHLE; SCHULZ, 2015), sendo talvez o grupo mais importante de EntNov, a fronteira planetária mais desafiadora para a ciência.
Assim, temos um cenário no qual um dos problemas ambientais mais
importantes da história é ao mesmo tempo um dos menos entendidos
e merece atenção.
Buscando explorar um pouco mais este contexto, pretendemos,
através deste ensaio, contextualizar o grupo dos pesticidas como um
componente importante a ser endereçado para o avanço do conhecimento sobre as fronteiras planetárias.
2. UMA POPULAÇÃO CRESCENTE COM DEMANDAS
CRESCENTEMENTE NUM PLANETA COM RECURSOS
FINITOS: AS FRONTEIRAS PLANETÁRIAS
Até o advento da Revolução Industrial o crescimento da população humana era relativamente lento e praticamente linear. A partir da
Revolução Industrial o desenvolvimento e o crescimento da população
sofreu uma aceleração, adquirindo um perfil exponencial a partir da
década de 1940. Junto com o crescimento as demandas aumentaram,
porém, com um aumento ainda maior das demandas por indivíduos.
O crescimento acelerado da história recente não é só fruto de melhores condições ambientais e tecnológicas. Há também um estímulo
intencional ao crescimento. No século XVII as perdas populacionais
73
P R O D U Ç Ã O D E C O N H E C I M E N TO : V I S Õ E S E P E R S P E C T I VA S – V O L 2
decorrentes da guerra com a Alemanha, por exemplo, levou a França a
adotar uma política de estímulo ao crescimento populacional, mentalidade que foi progressivamente adotada por outros países também em
função da ideia da necessidade de força de trabalho para um mundo em
processo de mercantilização (SACOVICH; CAZACU, 2020).
Essa mentalidade permanece impregnada no cerne da noção de
desenvolvimento da sociedade contemporânea. Basta notarmos que
sempre que nos deparamos com notícias sobre economia e desenvolvimento, o conceito por trás dos indicadores trás sempre a noção de
crescimento (e.g., crescimento do PIP, da economia, da produção, da
exportação, etc.). De fato o PIB (Produto Interno Bruto) tem sido o
principal indicador usado para avaliar o desempenho do desenvolvimento de um país, muito embora o IDH (Índice de Desenvolvimento
Humano) vem gradativamente assumindo esse papel.
No entanto, a preocupação com o crescimento acelerado da população já ocupa o esforço intelectual da humanidade há mais tempo. Os
notáveis pensadores gregos da época, Sócrates, Platão e Aristóteles já
demonstravam preocupação com o perigo de crescimento populacional excessivo que periodicamente surgia nos estados do mundo antigo
(SACOVICH; CAZACU, 2020).
Entretanto, a ideia de crescimento encontra barreiras físicas claras no campo das Ciências Naturais. O foco da teoria malthusiana de
população (MALTHUS, 1798), que consiste num dos principais argumentos do movimento ambiental desde suas origens, reside no problema dos recursos limitados da Terra. Uma das principais premissas
dessa teoria era a afirmação da impossibilidade de aumentar os meios
de subsistência no mesmo ritmo que é característico da população em
crescimento.
Em primeiro lugar, os recursos da Terra são limitados e, em segundo lugar, os investimentos adicionais de trabalho e capital na terra
proporcionarão um aumento cada vez menor da produção, já que com
o crescimento da população, terras de pior qualidade passam a ser envolvidas no cultivo, que dão menos e menos retorno11 (SACOVICH;
11 Esta teoria é chamada de teoria da “diminuição da fertilidade do solo”, que era um
protótipo da teoria da “produtividade marginal decrescente”.
74
FELIPE ASENSI (ORG.)
CAZACU, 2020). Assim, uma noção de que devemos desacelerar o
crescimento aproxima-se cada vez mais de ser um consenso.
“Os principais mecanismos têm sido o ritmo acelerado de inovação tecnológica e social, acumulação de capital humano e a
conversão de recursos e capital natural em formas mais valiosas
de capital produzido. No entanto, há evidências emergentes de
que este modelo pode estar se aproximando dos limites ambientais e planetários, e que a conversão de capital precisa desacelerar rapidamente e depois ser revertida.” (HEPBURN et
al., 2014, p. 76)
O crescimento acelerado da população e principalmente das demandas fez a sociedade ir em direção aos limites do planeta, colocando em risco os sistemas que mantém a estabilidade das condições do
Holoceno necessárias para prosperidade humana como a conhecemos
(e.g., KENNETT; MARWAN, 2015; ORTLOFF; KOLATA, 1993).
Entendido o significado do Antropoceno, o conceito de “fronteiras
planetárias” (FPc) dá o próximo passo ao olhar para o sistema da Terra
como um sistema único, complexo e integrado, e identificando um
domínio de estabilidade que oferece um espaço operacional seguro em
que a humanidade pode prosseguir seu desenvolvimento e evolução
(STEFFEN et al., 2011b).
Entretanto, as mudanças antropogênicas nos sistemas da Terra são
atualmente tão grandes e tão rápidas que o conceito de Antropoceno tem
sido amplamente e seriamente debatido, e parece mostram mudanças
globais consistentes com a sugestão de que um limite de escala de época
foi cruzado nos últimos dois séculos (ZALASIEWICZ et al., 2011). Por
isso, corremos o risco de estar conduzindo a humanidade para fora dos
limites das condições estáveis e hospitaleiras do Holoceno.
“Tem havido considerável interesse acadêmico em torno do
conceito de fronteiras planetárias. O corpo da literatura engajado está se desenvolvendo ao longo de temas coerentes, nos
quais as dimensões sociais estão entrando num foco mais cla-
75
P R O D U Ç Ã O D E C O N H E C I M E N TO : V I S Õ E S E P E R S P E C T I VA S – V O L 2
ro, e o PBc12 é cada vez mais apresentado como a personificação do Antropoceno e da agenda global de sustentabilidade.”
(DOWNING et al., 2019, p. 8)
Dentre todas as formas de intervenção humana nos sistemas da
Terra a agricultura é muito provavelmente a principal forma pela qual a
sociedade altera o ambiente e a paisagem. Segundo estudo de (CAMPBELL et al., 2017) sobre seu papel como fator controlador das FPs, a
agricultura é um contribuinte significante ou mesmo principal para a
mudança de muitas dessas fronteiras planetárias, ao mesmo tempo em
que o “melhoramento” da agricultura e do sistema alimentar em geral
é corretamente percebida como sendo um passo significativo em direção ao desenvolvimento sustentável do nosso planeta.
Duas FPs foram totalmente transgredidas, ou seja, estão em alto
risco, sendo elas a integridade da biosfera e os fluxos biogeoquímicos
(N e P) (STEFFEN et al., 2015). Para estas duas fronteiras a agricultura tem sido o principal impulsionador da transgressão (CAMPBELL et
al., 2017). E dentre as duas cujo status permanece desconhecido (ROCKSTRÖM et al., 2009a; STEFFEN et al., 2015), as “entidades novas”
(EntNov) constituem uma das marcas registradas da sociedade industrial e da agricultura no Antropoceno. As EntNov são o conjunto de
substâncias sintéticas inventadas pelo ser humano e liberadas no ambiente
e introduzidas na alimentação e em outras atividades humanas.
Ainda não há uma análise agregada em nível global da poluição
química na qual basear uma variável de controle ou um valor limite planetário, e também pode ser de pouco propósito definir valores
de fronteira e variáveis de controle para uma fronteira planetária desta
complexidade (STEFFEN et al., 2015).
3. O DESAFIO DA FRONTEIRA DAS ENTIDADES
NOVAS E DOS AGROTÓXICOS
Ao mesmo tempo em que as EntNov constituem uma lacuna
de solução difícil, é justamente nessa fronteira que se concentrou a
12 Conceito de fronteiras planetárias, do inglês planetary boundaries concept (PBc).
76
FELIPE ASENSI (ORG.)
atenção inicial do movimento ambiental, com foco especial nos diversos pesticidas agrícolas ou agrotóxicos. O primeiro alerta emerge
em 1962, através do livro Silent Spring, de Rachel Carson (CARSON,
1962). O segundo surge em 1996, pelo livro The Stolen Future, de Theo
Colborn, Dianne Dumanoski e John Peterson Myers (COLBORN;
DUMANOSKI; MYERS, 1997). Se os alertas dados em 1962 e em
1996 estão corretos, e o que indica a literatura dispersa mais recente
corroboram para os primeiros alertas, é possível que esteja ocorrendo
uma expansão e intensificação de diversas doenças antes raras ou incomuns, configurando algo como uma espécie de “pandemia silenciosa
de amplo espectro e longa duração”.
Através da Revolução Verde, os sistemas de alimentação das nações foram transformados em grandes processos industriais difusos na
paisagem.
“O fornecimento de comida e água começou a tirar quantidades cada vez maiores de terras dos ecossistemas naturais,
dispondo-as para a produção agrícola e industrial. As estradas
foram criadas para dar acesso a todos os cantos mais remotos do
mundo. Produtos químicos agrícolas (fertilizantes e pesticidas)
facilitaram a “Revolução Verde”, que ajudou a alimentar a população humana mundial, mas com o terrível preço de poluir a
terra e o mar.” (DELLASALA et al., 2018, p. 3)
Após mais ou menos 8 décadas muitos efeitos deletérios dos
agrotóxicos se tornaram conhecidos tanto na biodiversidade como
no ser humano (BRIDI et al., 2017; COLBORN; DUMANOSKI;
MYERS, 1997; SAMSEL; SENEFF, 2015). Além dos efeitos mais conhecidos, como câncer e problemas no sistema nervoso, muitas relações novas entre diferentes substâncias e doenças e disfunções na saúde
humana, além de efeitos na biodiversidade, vem sendo objeto de novas
publicações (e.g., SAMSEL; SENEFF, 2015).
Então, porque desde que Poul Hermann Müller descobriu a aplicação do DDT como inseticida (BROWN, 1953; GUNTHER, 1945)
o uso dos pesticidas continua sendo a norma?
77
P R O D U Ç Ã O D E C O N H E C I M E N TO : V I S Õ E S E P E R S P E C T I VA S – V O L 2
“Mais de 50 anos atrás, Silent Spring despertou o mundo para
os riscos ambientais e à saúde humana dos pesticidas da época.
A indústria recuou, mas eventualmente muitos desses produtos químicos foram proibidos. Embora tenha sido uma vitória,
batalhas semelhantes acontecem cada vez que surgem evidências sobre os danos potenciais de novos agroquímicos. … Silent
Spring foi publicado há 58 anos, e o movimento ambientalista
continua vigorosamente, aumentando a visibilidade e fazendo
campanha contra uma variedade de desafios ambientais, talvez principalmente a mudança climática. Mas, perpetuada por
uma cultura de irresponsabilidade corporativa, a preocupação
que deu início a tudo, sobretudo os pesticidas, continua sem
solução. … No entanto, o formidável lobby, marketing e manipulação de evidências científicas pela indústria agroquímica
exerce pressão contra qualquer movimento para reduzir o uso
de pesticidas, e os padrões de aumento do número de aplicações de pesticidas por área sugere que a indústria está ganhando. (GOULSON, 2020, p. 302, 304)
E no caso do Brasil, apesar da falta de informações, o problema
parece ser mais grave. Segundo PALAEZ et al. (2016), o consumo de
agrotóxicos no mundo aumentou 220% entre 2000 e 2013, e o Brasil,
a partir de 2012, se converteu no maior importador de agrotóxicos e
segundo maior consumidor, sendo responsável por 19% do consumo
mundial, fincando atrás somente dos Estados Unidos (27%).
Talvez a escassez de conhecimentos sobre as EntNov, em geral, e
sobre os agrotóxicos, em particular, sejam uma das razões, pois permite todo tipo de especulação em qualquer debate. Por outro lado,
por que sabemos ainda tão pouco sobre os efeitos dessas substâncias na
saúde humana e na biodiversidade? Talvez a resposta a estas perguntas
devam considerar o grau de complexidade da fronteira das EntNov e
dos pesticidas.
Tal complexidade se deve a diferentes feições do problema. As EntNov compreendem um conjunto de muitos tipos de substâncias com
estruturas e características químicas muito diversas. Trata-se de um
problema difuso e amplamente disperso, o que dificulta observações
78
FELIPE ASENSI (ORG.)
e experimentos. A maioria dos problemas de saúde relacionados com
as EntNov são doenças e síndromes sistêmicas ainda pouco entendidas
pela ciência, principalmente relacionadas aos sistemas integradores do
organismo: sistema nervoso, sistema endócrino e sistema imunológico
(e.g., SAMSEL; SENEFF, 2017, 2013; SMITH; VERA; BHANDARI, 2019).
Além disso, o número de publicações com registros na base de dados da Web of Science, entre 1945 e 202013, que abordam o tópico “pesticidas” (pesticides) é de 116.326 publicações. Deste total, 6.044 (5,2%)
relacionam os tópicos “pesticidas” e “saúde humana” (human health) e
2.982 (2,6%) relacionam “pesticidas” e “qualidade ambiental” (environmental quality). Porém, quando relacionamos “pesticidas” e “fronteiras planetárias”, a quantidade de publicações cai para 10 (0,009%).
Estes dados simples nos fornecem um vislumbre grosseiro do quão estamos distantes de estabelecer um status para as EntNov, especialmente
se considerarmos que os dados compreendem apenas um grupo de um
conjunto muito mais diversos de substâncias.
Enquanto, por um lado, podemos estar vivenciando um problema
de saúde pública silencioso sem precedentes, por outro, sabemos muito
pouco ainda sobre o assunto. Estudá-lo é importante e exigirá um esforço multidisciplinar devido a sua amplitude e complexidade. Sequer
ainda existe uma estimativa do número de substância com que estamos
lidando, mesmo em se tratando de pesticidas.
4. Considerações Finais
Apesar da aceitação e momento em que tem início o Antropoceno
estar em disputa, é indiscutível que as mudanças globais são um fato e
geram uma série de dúvidas sobre a sustentabilidade da vida e da prosperidade humana como a conhecemos. Algumas questões emergem do
debate sobre as fronteiras planetárias (PBs) e o Antropoceno: (1) Por que
chegamos nesse ponto? (2) Como estabelecer o status das EntNov? (3) Por
que é importante entender as PBs, em geral, e as EntNov, em particular?
13 Considerar o período até agosto de 2020, data em que foram extraídos os dados da
plataforma Web of Science.
79
P R O D U Ç Ã O D E C O N H E C I M E N TO : V I S Õ E S E P E R S P E C T I VA S – V O L 2
Antes de tentar responder tais questões, se faz necessário um esforço para sintetizar as informações disponíveis na literatura e bases
de dados pertinente visando encontrar os padrões principais e as conexões entres os componentes do problema para entender: (3) O que
a Ciência descobriu depois de “O Futuro Roubado”?; (4) O que há
em comum na literatura dispersa?; (5) Quais áreas da vida humana e
da ecologia estão sendo afetadas?; e (6) Como e em que medida isso
prejudica a prosperidade humana e da biodiversidade? Um esforço
nesse sentido é fundamental para (1) definir uma ou mais variáveis
controle do status das EntNov. Também permitirá (2) visualizar possibilidades de direcionamentos para estudos futuros de uma forma
mais assertiva. E tal esforço deve ser compatível com a complexidade
do problema.
“Portanto, uma combinação de abordagens é recomendada
como segue: desenvolver indicadores de poluição química, tanto para variáveis de controle quanto de resposta, que ajudarão a
quantificar a(s) fronteira(s) planetária para a poluição química e
medir o progresso na redução da poluição química; desenvolver
novas tecnologias e abordagens técnicas e sociais para mitigar
a poluição química global que enfatize uma abordagem preventiva; coordenar o controle da poluição e os esforços de sustentabilidade; e facilitar a implementação de esforços múltiplos
(e potencialmente descentralizados) de controle envolvendo
cientistas, sociedade civil, governo, organizações não-governamentais e organismos internacionais”. (DIAMOND et al.,
2015, p. 8)
Por isso, é necessário identificar as possibilidades de gestão do problema em diferentes esferas (e.g., saúde, educação, governança, meio
ambiente, etc.). Seja qual for o caminho, está claro que a grande abrangência e complexidade do objeto de interesse tem sido a principal barreira para o avanço na compreensão e gestão do problema. E qualquer
estratégia para lidar com as EntNov e os agrotóxicos deve ser compatível com tal complexidade.
80
FELIPE ASENSI (ORG.)
5. Bibliografia
BRIDI, Daiane et al. Glyphosate and Roundup® alter morphology
and behavior in zebrafish. Toxicology, [S. l.], v. 392, p. 32–39,
2017.
BROWN, A. W. A. The Control of Insects by Chemicals on JSTOR.
Canadian Journal of Public Health, [S. l.], v. 44, n. 1, p. 1–8,
1953.
CAMPBELL, Bruce M. et al. Agriculture production as a major driver of the earth system exceeding planetary boundaries. Ecology
and Society, [S. l.], v. 22, n. 4, p. 8, 2017.
CARSON, Rachel. Silent Spring. Boston, MA: Houghton Mifflin,
1962.
COHEN, Mark Nathan. Introduction: Rethinking the origins of
agriculture. Current Anthropology, [S. l.], v. 50, n. 5, p. 591–
595, 2009.
COLBORN, Theo; DUMANOSKI, Dianne; MYERS, Jonh Peterson. O Futuro Roubado. Porto Alegre, RS: L&PM, 1997.
CRUTZEN, Paul J. The “anthropocene”. Journal de Physique IV,
[S. l.], v. 12, n. 10, p. 1–5, 2002.
DELLASALA, D. A. et al. The Anthropocene: How the Great Acceleration Is Transforming the Planet at Unprecedented Levels.
In: Encyclopedia of the Anthropocene. [S. l.]: Elsevier Inc.,
2018. p. 1–7.
DIAMOND, Miriam L. et al. Exploring the planetary boundary for
chemical pollution. Environment International, [S. l.], v. 78,
p. 8–15, 2015.
DOWNING, Andrea S. et al. Matching scope, purpose and uses of
planetary boundaries science. Environmental Research Letters, [S. l.], v. 14, n. 7, p. 073005, 2019.
81
P R O D U Ç Ã O D E C O N H E C I M E N TO : V I S Õ E S E P E R S P E C T I VA S – V O L 2
ERLANDSON, Jon M.; BRAJE, Todd J. Archeology and the Anthropocene. Anthropocene, [S. l.], v. 4, p. 1–7, 2013.
FOLEY, Stephen F. et al. The Palaeoanthropocene – The beginnings
of anthropogenic environmental change. Anthropocene, [S. l.],
v. 3, p. 83–88, 2013.
GHOSH, Nilabja. Reducing dependence on chemical fertilizers and
its financial implications for farmers in India. Ecological Oconomics, [S. l.], v. 49, p. 149–162, 2004.
GOMIERO, Tiziano; PIMENTEL, David; PAOLETTI, Maurizio
G. Environmental Impact of Different Agricultural Management
Practices : Conventional vs . Organic Agriculture. Critical Reviews in Plant Sciences, [S. l.], v. 30, p. 95–124, 2011.
GOULSON, Dave. Pesticides, Corporate Irresponsibility, and the
Fate of Our Planet. One Earth, [S. l.], v. 2, n. 4, p. 302–305,
2020.
GUNTHER, Francis A. Aspects of the chemistry of DDT. Journal
of Chemical Education, [S. l.], v. 22, n. 5, p. 238–242, 1945.
HEPBURN, Cameron et al. Resilient and Inclusive Prosperity within
Planetary Boundaries. China & World Economy, [S. l.], v. 22,
n. 5, p. 76–92, 2014.
KENNETT, Douglas J.; MARWAN, Norbert. Climatic volatility,
agricultural uncertainty, and the formation, consolidation and
breakdown of preindustrial agrarian states. Philosophical Transactions of the Royal Society A, [S. l.], v. 373, p. 20140458:
1-17, 2015.
LENTON, Tim. Earth systems: No place like home. [S. l.]: Nature Publishing Group, 2014.
LOVELOCK, James. Gaia: A new look at life on Earth. New
York, NY: Oxford University Press, 1979.
MALTHUS, Thomas Robert. An Essay on the Principle of Population As it affects the future improvement of society with
82
FELIPE ASENSI (ORG.)
remarks on the speculations of Mr. Godwin, M. Condorcet, and other writers. London: J. Johnson, 1798.
NEGRUTIU, Ioan; FROHLICH, Michael W.; HAMANT, Olivier. Flowering Plants in the Anthropocene: A Political Agenda.
Trends in plant science, [S. l.], v. 25, n. 4, p. 349–368, 2020.
ORTLOFF, Charles; KOLATA, Alan L. Climate and collapse: Agro-ecological perspectives on the decline of the Tiwanaku State.
Journal of Archaeological Science, [S. l.], v. 20, p. 195–221,
1993.
PELAEZ, Victor et al. A dinâmica do comércio internacional de agrotóxicos. Revista de Política Agrícola, [S. l.], v. 25, n. 2, p.
39–52, 2016.
PIMENTEL, David. Environmental and economic costs of the applications of pesticides primarily in the United States. Environment, Development and Sustainability, [S. l.], v. 7, p. 229–
252, 2005.
PIMENTEL, David. Agricultural Invasions. In: LEVIN, Simon (org.).
Encyclopedia of Biodiversity. 2. ed. Ithaca, NY: Elsevier Inc.,
2013. v. 1p. 75–84.
ROCKSTRÖM, Johan et al. Planetary Boundaries: Exploring the
Safe Operating Space for Humanity. Ecology and Society, [S.
l.], v. 14, n. 2, p. art32, 2009 a.
ROCKSTRÖM, Johan et al. A safe operating space for humanity.
Nature, [S. l.], v. 461, n. 24, p. 472–475, 2009 b.
ROSEN, Arlene M.; ROSEN, Steven A. Determinism or not Determinism?: Climate, Environment, and Archaeological Explanation in the Levant. In: WOLFF, Samuel R. (org.). Studies in
the Archaeology of Israel and Neighboring Lands. Chicago:
Oriental Institute, University of Chicago, 2001. v. 5p. 535–554.
ROSEN, Arlene M.; ROSEN, Steven A. Environmental Change and
Society in Holocen
83
P R O D U Ç Ã O D E C O N H E C I M E N TO : V I S Õ E S E P E R S P E C T I VA S – V O L 2
e Prehistory. In: ENZEL, Yehouda; BAR-YOSEF, Ofer (org.). Quaternary of the Levant: Environments, Climate Change and
Humans. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 2017.
p. 761–766.
SACOVICH, Vasile; CAZACU, Vitalie. Integrational processes and
global economy: The problem of food supply in the historical discourse of demographic policy. Revistă ştiinţifico-practică, [S. l.],
n. 1, p. 184–193, 2020.
SAMSEL, A.; SENEFF, S. Glyphosate, pathways to modern diseases
IV: cancer and related pathologies. Journal of Biological Physics and Chemistry, [S. l.], v. 15, n. 3, p. 121–159, 2015.
SAMSEL, A.; SENEFF, S. Glyphosate pathways to modern diseases
VI: Prions, amyloidoses and autoimmune neurological diseases.
Journal of Biological Physics and Chemistry, [S. l.], v. 17, n.
1, p. 8–32, 2017.
SAMSEL, Anthony; SENEFF, Stephanie. Glyphosate, pathways to
modern diseases II: Celiac sprue and gluten intolerance. Interdisciplinary toxicology, [S. l.], v. 6, n. 4, p. 159–184, 2013.
SCHREINEMACHERS, Pepijn et al. Too much to handle? Pesticide dependence of smallholder vegetable farmers in Southeast
Asia. Science of the Total Environment, [S. l.], v. 593–594,
p. 470–477, 2017.
SMITH, Chelsea M.; VERA, Madeline K. M.; BHANDARI, Ramji
K. Developmental and epigenetic effects of Roundup and glyphosate exposure on Japanese medaka (Oryzias latipes). Aquatic Toxicology, [S. l.], v. 210, p. 215–226, 2019.
SMITH, J. E.; VALENZUELA-PEREZ, J.; NG, W. S. Changes in
activities of the embden-meyerhof-parnas and pentose phosphate
pathways during the growth cycle of Aspergillus niger. Transactions of the British Mycological Society, [S. l.], v. 57, n. 1, p.
93–101, 1971.
84
FELIPE ASENSI (ORG.)
STEFFEN, Will et al. The anthropocene: From global change to planetary stewardship. Ambio, [S. l.], v. 40, n. 7, p. 739–761, 2011 a.
STEFFEN, Will et al. The anthropocene: Conceptual and historical
perspectives. Philosophical Transactions of the Royal Society A, [S. l.], v. 369, n. 1938, p. 842–867, 2011 b.
STEFFEN, Will et al. Planetary boundaries: Guiding human development on a changing planet. Science, [S. l.], v. 347, n. 6223, p.
1217– c, 2015.
STEFFEN, Will; CRUTZEN, Paul J.; MCNEILL, John R. The anthropocene: Are humans now overwhelming the great forces of
nature? Ambio, [S. l.], v. 36, n. 8, p. 614–621, 2007.
STEHLE, Sebastian; SCHULZ, Ralf. Agricultural insecticides threaten surface waters at the global scale. PNAS, [S. l.], v. 112, n. 18,
p. 5750–5755, 2015.
VALENZUELA, Hector. Agroecology: A Global Paradigm to
Challenge Mainstream Industrial Agriculture. Horticulturae,
[S. l.], v. 2, n. 1, p. 2, 2016.
WEIBERG, Erika et al. The socio-environmental history of the Peloponnese during the Holocene: Towards an integrated understanding of the past. Quaternary Science Reviews, [S. l.], v. 136,
p. 40–65, 2016.
ZALASIEWICZ, Jan et al. The Anthropocene: a new epoch of geological time? Philosophical Transactions of the Royal Society,
[S. l.], v. 369, p. 835–841, 2011.
ZALASIEWICZ, Jan; WILLIAMS, Mark. A Geological History of
Climate Change. In: LETCHER, Trevor M. (org.). Climate
Change: Observed Impacts on Planet Earth. Amsterdã: Elsevier B.V., 2009. p. 127–142.
85
PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO:
VISÕES E PERSPECTIVAS – VOL 2
Felipe Asensi (org.)
Tipografias utilizadas:
Família Museo Sans (títulos e subtítulos)
Bergamo Std (corpo de texto)
Papel: Offset 75 g/m2
Impresso na gráfica Trio Studio
Janeiro de 2021