DAS CULTURAS
DA ALIMENTAÇÃO
AO CULTO DOS
ALIMENTOS
volume i
Paula Barata Dias
Wanessa Asfora
Carmen Soares
Allen Grieco
(Coords.)
Série Diaita
Scripta & Realia
ISSN: 2183-6523
Destina-se esta coleção a publicar textos resultantes da investigação de membros da
rede transnacional DIAITA: Património Alimentar da Lusofonia. As obras consistem
em estudos aprofundados e, na maioria das vezes, de carácter interdisciplinar sobre
uma temática fundamental para o desenhar de um património e identidade culturais
comuns à população falante da língua portuguesa: a história e as culturas da alimentação.
A pesquisa incide numa análise científica das fontes, sejam elas escritas, materiais ou
iconográficas. Daí denominar-se a série DIAITA de Scripta - numa alusão tanto à tradução,
ao estudo e à publicação de fontes (quer inéditas quer indisponíveis em português, caso
dos textos clássicos, gregos e latinos, matriciais para o conhecimento do padrão alimentar
mediterrânico), como a monografias. O subtítulo Realia, por seu lado, cobre publicações
elaboradas na sequência de estudos sobre as “materialidades” que permitem conhecer a
história e as culturas da alimentação.
Paula B. Dias dedica-se às áreas da História, Sociedade e Cultura da Antiguidade Tardia e
Alta Idade Média.
Wanessa Asfora investiga sobre História da Alimentação, da Medicina e das Práticas
Intelectuais na Idade Média e no Renascimento.
Carmen Soares atua nas áreas dos Estudos Clássicos e da História e Culturas da
Alimentação, da Dietética e do Património Alimentar.
Allen Grieco, Investigador Emérito de História na Villa I Tatti (Itália), publica sobre a
história cultural da alimentação em Itália dos séculos XIV a XVI.
Série Diaita: Scripta & Realia
Estudos Monográficos
E E
Diaita: Scripta & Realia
Estudos Monográficos
ISSN: 2183-6523
D P
M E
Carmen Soares
Universidade de Coimbra
C C
E B
Andrew Dalby
Ana Paula dos Santos Arnaut
Investigador Independente
Universidade de Coimbra, Portugal
Inmaculada Rodríguez Moreno
Universidad de Cádiz, España
Joaquim Pinheiro
Universidade da Madeira, Portugal
Eliane Morelli
Universidade de Campinas, Brasil
Joana Pellerano
Centro Universitário Senac São Paulo, Brasil
John Wilkins
University of Exeter, UK
Inês de Ornellas e Castro
Universidade Nova de Lisboa, Portugal
Margarida Miranda
Universidade de Coimbra, Portugal
Cilene Ribeiro
Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Brasil
José Luís Brandão
Universidade de Coimbra, Portugal
Adriana Salay Leme
Universidade de São Paulo, Brasil
Maria Cecília Pilla
Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Brasil
Rafaela Basso
Universidade de Campinas, Brasil
Todos os volumes desta série são submetidos a arbitragem científica independente.
DAS CULTURAS
DA ALIMENTAÇÃO
AO CULTO DOS
ALIMENTOS
volume i
Paula Barata Dias
Wanessa Asfora
Carmen Soares
Allen Grieco
(Coords.)
Série DIAITA
Scripta & Realia
Título Title
Das culturas da alimentação ao culto dos alimentos, Volume I
From food cultures to food cults. Volume I
Coords. Eds.
Paula Barata Dias, Wanessa Asfora, Carmen Soares, Allen Grieco
Editores Publishers
Imprensa da Universidade de Coimbra
Coimbra University Press
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ISBN
978-989-26-2361-0
ISBN Digital
978-989-26-2362-7
© Novembro 2022
Imprensa da Universidade de Coimbra
Classica Digitalia Vniversitatis Conimbrigensis
http://classicadigitalia.uc.pt
Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos
da Universidade de Coimbra
DOI
https://doi.org/10.14195/978-989-26-2362-7
Trabalho publicado ao abrigo da Licença This work is licensed under
Creative Commons CC-BY (http://creativecommons.org/licenses/by/3.0/pt/legalcode)
Coords. Eds.
Paula Barata Dias; Wanessa Asfora; Carmen Soares: Allen Grieco
Das Culturas da Alimentação ao Culto dos Alimentos,
Volume I
From Food Cultures to Food Cults.
Volume I I)
Afiliação Affiliation
Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra
Resumo
A presente obra reúne estudos de especialistas de diferentes áreas do conhecimento que se dedicaram a refletir
sobre fenómenos alimentares a partir de dois eixos de análise distintos, porém intercomunicantes: as culturas
alimentares e o culto dos alimentos. Esses eixos organizam a obra do ponto de vista formal e conceptual, pois
revelam o paradoxo expresso pelas culturas alimentares enquanto forças vivas, mas invisíveis participadoras da
construção da cultura (volume I), e, ao mesmo tempo, pelo destaque de alguns alimentos enquanto objetos de
formas diversas de culto, que emergem da invisibilidade para se destacarem enquanto signos dos discursos e
das práticas culturais humanas – religiosa, ética, artística, gastronómica e medicinal (volume II). A riqueza de
temáticas que atravessam tempos e espaços variados e de abordagens multi- e transdisciplinares fazem da obra
mais um contributo importante para a área dos Estudos da Alimentação e das Humanidades, em geral.
Palavras-chave
História da alimentação; Património alimentar; Culturas da alimentação; Ambiente; Sociedade; Saúde.
Abstract
The present work brings together studies by specialists from different areas of knowledge that are dedicated to
reflecting on food phenomena from two distinct but intercommunicating axes of analysis: food cultures and
food cults. These axes organize the book both from the formal and conceptual point of view, since they reveal
the paradox expressed by food cultures as living but invisible forces that participate in the construction of
culture (volume I), and, at the same time, by highlighting some foods as objects of diverse forms of cult that
emerge from invisibility to stand out as signs of discourses and human cultural practices - religious, ethical,
artistic, gastronomic, medicinal (volume II). The richness of the themes that cross varied times and spaces and
the multi- and trans-disciplinary approaches make this work an important contribution to the area of Food
Studies and the Humanities in general.
Keywords
Food history; Food heritage; Food cultures; Environment; Society; Health.
Coordenadores
Paula Barata Dias é professora auxiliar da Universidade de Coimbra, do grupo de Estudos
Clássicos da Faculdade de Letras e investigadora integrada do Centro de Estudos Clássicos
e Humanísticos. Tem desenvolvido investigação e publicado na área da História, Sociedade
e Cultura da Antiguidade Tardia e Alta Idade Média; Religião e Cristianismo Antigo.
É docente do Mestrado Alimentação: Fontes, Cultura e Sociedade e do Doutoramento Patrimónios Alimentares: Culturas e Identidades. Leciona seminários e orienta dissertações de
mestrado no domínio da simbólica alimentar nos discursos artísticos e religiosos e acerca da
ética da alimentação. Destacam-se os títulos: “Quando o doce é corpo: antropomorfismo e
antroponímia na doçaria tradicional portuguesa”; “A grande refeição: metáforas alimentares
na descrição do transcendente religioso na cultura ocidental”; "De Spiritu Gastrimargiae –
distopia alimentar e gula na representação do inferno na tradição moral ocidental.
Wanessa Asfora é Historiadora formada pela Universidade de São Paulo, onde também
concluiu mestrado e doutoramento na área de História Medieval. Foi investigadora de pós-doutoramento do Departamento de História da Universidade de Campinas, com estágio de
pesquisa no The Harvard University Center for Italian Renaissance Studies. Atualmente é
investigadora colaboradora do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade
de Coimbra e coordenadora de área do Laboratório de Teoria e História das Mídias Medievais
da Universidade de São Paulo e da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Correspondente
para América Latina da revista Food&History, os seus objetos de investigação são a História
da Alimentação, da Medicina e das Práticas Intelectuais na Idade Média e no Renascimento.
Carmen Soares é Professora Catedrática da Universidade de Coimbra (Faculdade de Letras).
Tem desenvolvido a sua investigação, ensino e publicações nas áreas das Culturas, Literaturas e
Línguas Clássicas, da História da Grécia Antiga e da História e Culturas da Alimentação e da
Dietética e do Património Alimentar. É autora de traduções do grego antigo para português,
de estudos vários de história e cultura helénicas e de livros e artigos sobre história da alimentação e da dietética antiga e portuguesa. Desempenha funções de Coordenadora Científica do
Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos, de Diretora do doutoramento em “Patrimónios
Alimentares: Culturas e Identidades” da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, de
membro do Conselho Científico do Instituto Europeu de História e Culturas da Alimentação
(IEHCA, Tours, França) e de investigadora corresponsável do projeto DIAITA - Património
Alimentar da Lusofonia (apoiado pela FCT, Capes e Fundação Calouste Gulbenkian).
Allen Grieco é Doutorado pela École des Hautes Études en Sciences Sociales) e Investigador
Associado Sénior (Emérito) em História na Villa I Tatti (The Harvard University Centre for
Italian Renaissance Studies). Publicou extensivamente sobre a história cultural da alimentação em Itália dos séculos XIV a XVI. Actualmente é co-editor chefe de Food & History e
também responsável por um projecto bibliográfico sobre a história da alimentação na Europa
financiado pela Mellon Foundation e pela Bibliothèque Nationale de France. Foi professor
em Harvard, bem como nas Universidades de Florença e Bolonha, e criou um programa de
mestrado em língua inglesa na Università delle Scienze Gastronomiche, Pollenzo (Itália).
Editors
Paula Barata Dias is an Assistant Professor at the University of Coimbra (Faculty of Arts and
Humanities) and an integrated researcher at the Centre for Classical and Humanistic Studies
(CECH). She has developed research and published in the domain of History, Society and
Culture of Late Antiquity and High Middle Ages; Religion and Ancient Christianity. She
teaches at the Master’s in Food: Sources, Culture and Society and at the PhD Food Heritage:
Cultures and Identities, as well as seminars in that area, and supervises master’s and PhD
dissertations on food symbolism in artistic and religious discourses and on the Ethics of Food.
Some examples of her contributions: “When the sweet is the body: anthropomorphism and
anthroponymy in traditional Portuguese sweets”; “The Great Meal: Food Metaphors in the
Description of the Religious Transcendent in Western Culture”; “De Spiritu Gastrimargiae –
Food Dystopia and Gluttony in the Representation of Hell in the Western Moral Tradition.”
Wanessa Asfora is a Historian graduated from University of São Paulo where she also received
her MPhil and my PhD in Medieval History. Between 2014 and 2018, she was a Postdoctorate Research Associate at the Department of History of the University of Campinas
(with a period of research as a visiting Research Associate at The Harvard University Centre
for Italian Renaissance Studies). Currently, she is a Research at the Centre for Classical
and Humanistic Studies at the University of Coimbra and one of the coordinators of the
Laboratory of Theory and History of Medieval Media of the University of São Paulo and
The Federal University of Rio de Janeiro. Latin American correspondent member for the
journal Food & History, her objects of interest include the History of Food, Medicine and
Intellectual Practices in the Middle Ages and Renaissance.
Carmen Soares is a Full Professor (Professora Catedrática) at the University of Coimbra
(Faculty of Arts and Humanities). She has developed her research, lecturing and publishing
in the areas of Culture, Literature and Classical Languages, History of Ancient Greece,
Food History and Cultures, Dietetics History and Food Heritage. She has published several
translations into Portuguese of Ancient Greek texts, books and articles on Greek history and
culture and on ancient and Portuguese food and dietetics history. She is the Scientific Coordinator of the Centre for Classical and Humanistic Studies, Director of the PhD in “Food
Heritage: Cultures and Identities” (Faculty of Arts and Humanities – University of Coimbra),
Member of the Scientific Committee of the European Institute of Food History and Cultures
(IEHCA, Tours, France) and co-responsible researcher of the DIAITA Project - Lusophone
Food Heritage (supported by FCT, Capes and Calouste Gulbenkian Foundation).
Allen Gieco is a PhD École des Hautes Études en Sciences Sociales) and Senior Research
Associate (Emeritus) in History at Villa I Tatti (The Harvard University Centre for Italian
Renaissance Studies). He has published extensively on the cultural history of food in Italy
from the 14th to the 16th centuries. Currently co editor-in-chief of Food & History (Turnhout, Brepols), he is also in charge of a bibliographic project on the history of food in Europe
funded by the Mellon Foundation and the Bibliothèque Nationale de France. He has taught
at Harvard as well as at the Universities of Florence and Bologna, and has created an English-language M.A. program at the Università delle Scienze Gastronomiche, Pollenzo (Italy).
(Página deixada propositadamente em branco)
SUMÁRIO
Volume I
Pprefácio
Foreword
11
16
PARTE I
CULTURAS ALIMENTARES – A HISTÓRIA
1. The use of barley in brewing in Graeco-Roman Egypt: some preliminary remarks
Dimitra Makri
2. Systematisation of a hierarchy of cereals and bread presented by an ancient scientist
in De alimentorvm facvltatibvs I
Nelson Henrique da Silva Ferreira
3. Cenare qvomodo rex: as políticas do javali na Roma de Marcial
Maria José Ferreira Lopes
4. Los cocineros romanos
Almudena Villegas Becerril
5. Elementos do quotidiano alimentar nas praças portuguesas do norte de África
segundo as crónicas quatrocentistas (1415-1471)
Pedro Filipe Fernandes Sebastião
23
47
73
87
107
PARTE 2
COMENSALIDADES – SOCIEDADE E ECONOMIA
6. Das festas em Bruxelas no Genethliacon: “novo instruitur miroque paratu”
[servido com novo e admirável aparato]
Ana Isabel Buescu, Inês de Ornellas e Castro
7. Para uma história da civilização: a polarização da mesa entre a cidade e o campo
Ana Paula Pinto
8. Dos grandes jantares até a criação do chá da academia brasileira de letras:
uma história em torno da comensalidade
Maria Matilde de Magalhães Gomes Martins, Lucia Kurdina Maranha,
Luiz Antônio de Souza, Gláucia Justo
9. Patrimônio gastronômico da quarta colônia de imigração italiana:
dos saberes aos sabores
Raquel Lunardi, Marina Saciloto Frigo, Ana Maria Costa Beber
10. Gastronomia étnica: diálogos com o urbano, o rural e o turismo
Susana Gastal, Ana Maria Costa Beber
11. A comida nua: acerca da gastronomização do ingrediente
Guilherme Lobão de Queiroz
135
163
193
217
233
255
9
PARTE 3
POLÍTICA, AMBIENTE E SAÚDE
12. Organic agriculture as crisis management: a cultural anthropologist’s approach
to a phenomenon of “reflexive modernity”
Peter Hoerz
13. A transformação do conceito de Dieta Mediterrânica: entre a saúde
e a sustentabilidade através da cultura e do património
F. Xavier Medina
14. O culto dos superalimentos: as fronteiras entre alimentos, alimentos funcionais
e medicamentos
Margarida Pinto de Abreu
15. A batalha da alimentação: política alimentaria y promoción institucional
em São Paulo (1983-1987)
Luis Ozmar Pedroza Ortega
10
269
299
313
337
Prefácio
Alimentar-se esteve, desde sempre, entre os esforços mais primordiais,
prementes e presentes da espécie humana. Ao longo da história, o impulso
de lutar contra um estômago vazio tornou-se explícito e evidente, quer para o
indivíduo, quer para a comunidade. Assim, o conhecimento e as estratégias para
lidar com uma natureza e um ambiente fornecedores de recursos alimentares
tornaram-se conscientes e objetos de reflexão: por um lado, aprender e transmitir
as aprendizagens sobre os alimentos progrediam enquanto saberes instrumentais e concretos para uma boa adaptabilidade do homo edens (“o homem que se
alimenta”) à natureza e seus condicionamentos. Por outro lado, a omnipresença
dos processos alimentares no quotidiano da humanidade leva-a a projetar, no
universo da realidade digerível e nas práticas culturais em que se enquadra o seu
acesso, modos de autorreflexão e de construção identitária: símbolos, metáforas,
alegorias, mitos e discursos construídos por meio de referentes alimentares são
produtos do discurso cultural, que refletem não apenas a relação dos homens
com os alimentos mas também a relação entre os homens através dos alimentos.
A linguagem, como forma básica da comunicação humana, enriquece-se com os
signos proporcionados pelas vivências alimentares, para exprimir a complexidade,
os dilemas, as expectativas e as ansiedades humanas.
Conseguir alimentar-se tornou o ser humano engenhoso e empenhado na
diversificação das culturas alimentares enquanto pedra basilar de uma dinâmica
crescente: seleção dos bens comestíveis, fabricação de instrumentos, domínio
do fogo, sedentarização, domesticação dos animais e das plantas, nascimento
das cidades, armazenamento dos excedentes, trocas comerciais, invenção de
formas de registar a informação e de preservar a memória, complexificação dos
sistemas sociais e formalização de modos de coesão identitária, emergência da
simbolização, do pensamento abstrato… Cultivando, ou produzindo alimentos
de modo cada vez mais económico e eficaz, a humanidade cultivou e cultivou-se, cada vez mais disponível para outros focos de interesse. O sucesso do homo
edens proporcionou novos desafios para outras necessidades, assumindo-se o
indivíduo como ser cultural complexo. Diversificando-se nas suas produções e
expressões, o sucesso e a criatividade destas são efeitos da capacidade humana
de se sustentar e de prosperar num espaço, tempo e comunidades diferenciados.
O homo cultor (“o homem que cultiva”) emerge, na riqueza lexical que o termo
proporciona, enquanto ser que aprende como cuidar e produzir os bens de que
se alimenta, mas também o ser que absorveu a latitude de uma cultura enquanto
https://doi.org/10.14195/978-989-26-2362-7_0
Prefácio
expressão circunstanciada das aprendizagens humanas adequadas a uma
sociedade.
Em prosperidade, contudo, o impulso primeiro do esforço pela alimentação
torna-se praticamente invisível e inconsciente. Uma vez dominada a urgência da
quantidade e da qualidade dos alimentos e processos alimentares condicionadores do bem-estar humano, quebra-se a perceção de que foi em torno destes que
se desenvolveram e diversificaram todas as culturas humanas. Mais abundância,
mais qualidade, maior distribuição, menor preço, consumo mais rápido, menor
tempo na sua preparação: o caminhar humano em relação aos alimentos foi conseguido sob a senda da sua progressiva remissão para o instrumental.
De um modo paradoxal, contudo, e graças à primitiva impressão dos alimentos e dos processos alimentares na alvorada da história da linguagem e da
comunicação humanas, num tempo mais caraterizado pelos riscos da escassez
do que pelo conforto da abundância, alguns alimentos tornaram-se, na história
cultural, sujeitos individualizados, valorizados e diferenciados pelas suas qualidades intrínsecas: frequência e inevitabilidade à mesa; facilidade de acesso, valor
nutritivo, disponibilidade material, exotismo, natureza saborosa, representação
simbólica, metáfora religiosa, sendo-lhes, assim, reconhecida uma identidade
essencial, que os resgata do silêncio de um uso puramente instrumental. A gastronomia, a história da sociabilidade, o turismo, a arte, a literatura e a religião são
os campos da intervenção humana em que determinados alimentos e processos
da sua transformação são retirados do seu contexto puramente utilitário, para
emergirem enquanto signos expressivos de realidades humanas complexas que
ultrapassam o plano estritamente alimentar. Alimentos e práticas alimentares são
sujeitos de culto pela arte, rituais religiosos, saúde e bem-estar, estética, ecologia,
turismo, moda, turismo e lazer, num sistema de referentes, evocações e celebrações que ultrapassa a sua consideração enquanto objetos de estritas culturas
alimentares.
Nunca, como hoje, tantos alimentos, individualmente considerados, prometeram a salvação ou ameaçaram o indivíduo ou a humanidade com anúncios de
fim dos tempos. O culto dos superalimentos e da suplementação convive com
a diabolização de alguns bens alimentares que acompanharam desde sempre as
culturas da alimentação da humanidade. O culto dos alimentos manifesta-se
nesta dualidade salvífica ou condenadora, as duas denunciadoras do poder dos
alimentos para condicionar o bem-estar e a felicidade. Uma sociedade de abundância alimentar, teoricamente mais insensível aos aspetos concretos das culturas
alimentares, coexiste, paradoxalmente, com a valorização do alimento e a sua
transformação num objeto de culto.
Na sequência dos volumes anteriores, publicados sob a égide do projeto luso-brasileiro DIAITA Património Alimentar da Lusofonia, reúnem-se nesta obra
coletiva, os contributos para um conhecimento mais apurado dos patrimónios
12
Prefácio
alimentares luso-brasileiros1. O foco e a organização dos volumes visam a caraterização e a análise do paradoxo que exprimimos inicialmente: por um lado, culturas
alimentares enquanto forças vivas mas invisíveis participadoras da construção da
cultura. Por outro lado, o destaque e a visibilidade de alguns alimentos enquanto
objetos das mais diversas formas de culto, que emergem da invisibilidade para
se destacarem enquanto signos dos discursos e das práticas culturais humanas
(religiosa, ética, artística, gastronómica e medicinal). Alimentos que, sem nunca
perderem o seu referente literal, são também integrados enquanto conotações nos
esquemas culturais em que surgem inseridos.
Importa aqui também entender que os estudos sobre as culturas da alimentação convocam, na sua realização, abordagens multi- e transdisciplinares. Neste
sentido, os estudos aqui reunidos estão ordenados pela temática dominante a partir da leitura crítica do propósito dos trabalhos: investigadores das mais variadas
áreas do conhecimento participaram na reflexão, que tem acompanhado a equipa
coordenadora do projeto, acerca dos alimentos e dos processos alimentares no seu
valor cultural de salvaguarda de memória, de saberes e de sentidos.
A presente obra está dividida em dois volumes. O volume I reúne artigos
cujos objetos centrais de investigação se relacionam com fenómenos alimentares
diversos e suas dinâmicas socioculturais (ou seja, aborda a temática que no título
da obra designamos Das culturas da alimentação). Está organizado em três partes.
A primeira delas dedica-se às culturas alimentares em momentos diferentes da
história humana. A tratar do tópico no mundo antigo, temos os artigos sobre
os usos da cevada para confeção de cerveja no Egito greco-romano (cap.1); a
sistematização da hierarquia de cereais e pães presente na obra galénica De alimentorum facultatibus I (cap. 2); o consumo da carne de javali na Roma Imperial
do primeiro século, a partir na análise da obra de Marcial (cap. 3); e, finalmente,
o ofício dos cozinheiros profissionais na antiga Roma e seu papel social (cap.4).
Encerra esta primeira parte, um estudo acerca do abastecimento e do cotidiano
alimentar nas praças portuguesas do norte da África no século XV (cap. 5).
Na segunda parte, encontram-se trabalhos devotados às expressões diversas
da comensalidade, a começar pelas reflexões sobre o poema latino que relata e
1
C. Soares, I.C. Macedo (coords.), Ensaios sobre o Património Alimentar Luso-Brasileiro;
Studies on Luso-Brazilian Food Heritage, Imprensa da Universidade de Coimbra-Annablume
Série DIAITA: Scripta & Realia (Coimbra, São Paulo 2014; C. J. Ribeiro, C. Soares (coords.),
Odisseia de Sabores da Lusofonia; Lusophone Food Odissey. Imprensa da Universidade de Coimbra, Editora Universitária Champagnat, Série DIAITA: Scripta et Realia (Coimbra, Curitiba,
2015); C. Soares, C. Ribeiro (coords.), Mesas Luso-Brasileiras: Alimentação, Saúde & Cultura;
Lusophone Tables: Food, Health & Culture, 2 vols. Imprensa da Universidade de Coimbra,
Editora Universitária Champagnat, Série DIAITA: Scripta et Realia (Coimbra, Curitiba,
2018); C. Soares, A. J. T. Silveira & B. Laurioux (coords.), Mesa dos Sentidos & Sentidos da Mesa;
Table of Senses and Senses of the Table, 2 vols. Imprensa da Universidade de Coimbra (Coimbra
2021); C. Ribeiro, M. C. Amorim Pilla & C. Soares (coords.), Mesas luso-brasileiras: Patrimônio
Alimentar, Turismo Sustentável e Saúde. PUC Press (Curitiba 2021).
13
Prefácio
celebra os festejos do nascimento do príncipe português D. Manuel I (cap. 6).
Seguem-se as análises do papel da mesa e do enfartamento a partir da comparação de duas obras de Eça de Queiroz, Civilização e A Cidade e as Serras (cap.
7); os jantares e o célebre chá da Academia Brasileira de Letras (cap. 8); bem
como dois estudos de caso ligados a territórios da região sul do Brasil: a histórica
quarta colónia de imigração italiana (cap. 9) e o município de Antônio Prado
(cap. 10). O último capítulo debruça-se sobre a relação entre o fenómeno da
“gastronomização” de ingredientes e imaginário da alimentação na hipermodernidade (cap.11).
A terceira e última parte do volume I aborda questões ambientais, no sentido lato que carrega o termo ambiente. Assente numa perspetiva antropológica,
o primeiro trabalho reflete sobre a interação complexa entre ambiente, saúde e
política, subjacente à opção pela agricultura orgânica na modernidade (cap. 12).
Seguem-se dois estudos que propõem uma análise mais verticalizada da relação
entre ambiente e medicina; o primeiro deles debruça-se sobre os processos de
transferência histórico-cultural envolvidos na concetualização de dieta mediterrânica (cap. 13), e o segundo investiga as fronteiras entre alimentos e medicamentos a partir do caso dos chamados superalimentos (cap. 14). O último capítulo
desta parte trata especificamente da proposta de políticas públicas alimentares
a partir da investigação histórica de algumas iniciativas do governo paulista ao
longo da década de 1980 (cap. 15).
O volume II concentra trabalhos dedicados ao protagonismo de certos
alimentos ao longo da história em diferentes culturas e espaços geográficos,
explicitando a temática da segunda proposição do título da obra - “Culto dos Alimentos”). Está organizado em três partes: a primeira está dedicada à alimentação
e ao património. O pão, poderoso alimento, é estudado como marcador cultural
e social na longa duração histórica, compreendida entre a Antiguidade Clássica
e os primeiros séculos da América Portuguesa (cap. 1), assim como o consumo
de pão integral, na Bélgica do início do século XX (cap. 2). O contexto cultural
do consumo de migas e açordas por famílias de origem portuguesa é objeto do
artigo seguinte (cap. 3). Seguem-se dois trabalhos sobre importantes referências
do património alimentar português: a canja de galinha, a partir da observação de
suas variações na diacronia portuguesa (cap. 4) e o óleo de fígado de bacalhau,
a partir das ideias norteadoras de políticas de saúde do Estado Novo português
(cap. 5). Esta primeira parte do vol. II comporta igualmente uma discussão sobre
as problemáticas em torno do processo de patrimonialização de um alimento
específico, o queijo artesanal do Serro, produzido em Minas Gerais (cap. 6) e,
por fim, uma reflexão teórico-metodológica sobre a construção de um repertório
museológico centrado na cozinha e em seus artefactos, projetado para um museu
de história brasileiro (cap. 7).
A segunda parte está consagrada à investigação das representações dos alimentos e sua expressão através da língua, arte e literatura. As problemáticas sobre
14
Prefácio
a significação social dos alimentos revelam-se intrincadas, não só pela escolha
de seus ingredientes, mas também pelas designações e pelas formas que assume,
como mostra o estudo de uma recolha linguística da onomástica associada aos
pães no Arquipélago da Madeira (cap. 8). A literatura, mais especificamente,
encontra espaço no estudo do banquete de “trovas-iguarias” descritas no célebre
texto que descreve o banquete que Luís de Camões ofereceu a fidalgos na Índia
(cap. 9). O seguinte estudo congrega o estudo da imagética e da literatura na
análise das frutas, a partir da alegorização dos elementos naturais e de espiritualidade, como aparecem descritas na obra da religiosa e poetisa barroca portuguesa Sóror Maria do Céu (cap. 10). Na participação seguinte, são analisadas as
representações da comida e a sua relação com a memória no romance Nihonjin
do escritor brasileiro, de origem japonesa, Oscar Nakasato (cap. 11). Já o uso
de referências a alimentos e à alimentação nas artes plásticas constitui o foco
de interesse do estudo centrado na obra do artista polaco Jerzy Berés (cap. 12).
Os memes, dispositivos comunicativos emblemáticos dos média na contemporaneidade, são o ponto de partida para a investigação do tratamento que recebe
a cozinha tradicional portuguesa em revistas de culinária de supermercados de
Portugal (cap. 13).
A terceira e última parte do volume reúne trabalhos dedicados a alimentos
relacionados com festividades e manifestações diferentes de religiosidade. Inicia-se com uma reflexão sobre o papel simbólico e potencial comunicativo do pão
em contextos festivos da religiosidade popular portuguesa (cap. 14). Ainda sobre
o território português, o capítulo seguinte faz uma análise do papel simbólico
dos banquetes da festa do Imperador de Eiras, consagrada ao culto do Espírito
Santo ao longo da história de Portugal (cap. 15), seguido pela investigação sobre
as fogaças oferecidas como devoção a Nossa Senhora de Vila Viçosa (cap. 16).
O último título deste volume debruça-se sobre as (re)significações culturais de
dois rituais alimentares ligados a celebrações brasileiras: os banquetes da mineira
Festa do Rosário do Serro entre o séculos XVIII e XX (cap. 17).
15
Prefácio
Foreword
Eating has always been among the most primordial, pressing, and immediate efforts of the human species. Throughout history, the urge to overcome the
despair of an empty stomach has become explicit and clear, both to the individual
and to the community. Thus, knowledge and strategies to deal with nature and
environment – the providers of food resources – grew into being part of human
conscience and objects of reflection: on the one hand, the learning and the
transmission of learning about food progressed as an instrumental and concrete
knowledge for a good adaptability of homo edens (“the man who eats”) to nature
and its conditioning; on the other hand, the omnipresence of food processes
in daily human life led to the projection of ways of self-reflection and identity
construction onto the universe of digestible reality and the cultural practices
in which it is accessed. Symbols, metaphors, allegories, myths and discourses
constructed through food references are products of the cultural discourse, which
reflects the relationship not only between people and food, but also between
people through food. Language, as a basic form of human communication, is
enriched by the signs provided by food experiences to express human complexity,
dilemmas, expectations and anxieties.
Being able to feed themselves has made human beings ingenious and
committed to diversifying food crops as the cornerstone of a growing dynamic:
selection of edible goods, manufacturing of tools, mastery of fire, human settling,
domestication of animals and plants, birth of cities, storage of surpluses, trading,
invention of ways to record information and preserve memory, complexity of
social systems, and formalisation of ways of identity cohesion, emergence of
symbolisation, abstract thought.... By growing, or producing, food in an increasingly economic and efficient way, humanity has also contributed to its own
growth, becoming increasingly available for other focuses of interest. The success
of homo edens provided new challenges for different needs, assuming the individual as a complex cultural being, with a wide range of production and expression,
with success and creativity as the result of the human capacity to support itself
and prosper in multiple spaces, time and communities. The homo cultor (“the
man who grows crops”) emerges, within the lexical richness of the term, as the
individual who learns how to care for and produce the goods of which he feeds
himself, but also as the individual who has absorbed the length of a culture that
expresses the human learning experiences born out of the circumstances of a
specific society.
16
Prefácio
In times of prosperity, however, the primitive struggle for food becomes
practically invisible and unconscious. Once the urgency to get abundant and
quality food and food processes that condition human well-being is mastered,
the perception that it was around them that all human cultures have developed
and diversified breaks down. More abundance, more quality, greater distribution,
lower prices, faster consumption, less time in preparation: the human journey
related to food has been made by progressively relegating it to being instrumental.
Paradoxically, however, and thanks to the primitive role of food and food
processes at the dawn of the history of human language and communication, in a
time more characterised by the risks of scarcity than by the comfort of abundance,
some food products have become, in cultural history, individualised subjects,
valued and differentiated by their intrinsic qualities: frequency and inevitability
at the table; ease of access, nutritional value, material availability, exoticism, tasty
nature, symbolic representation, religious metaphor, all with their own identity,
beyond a purely instrumental use. Gastronomy, the history of sociability, tourism,
art, literature and religion are the fields of human intervention in which certain
foods and their transformation processes are taken out of their purely utilitarian
context to emerge as expressive signs of complex human realities that go beyond
the strictly food-related level. Food and food practices are cult subjects for art,
religious rituals, health and well-being, aesthetics, ecology, tourism, fashion, tourism and leisure, within a system of referents, evocations and celebrations that
transcend their assertion as mere objects of food cultures.
Never like today, have so many individual food items promised salvation or
threatened humanity with the end of times. The cult of superfood and supplements coexists with the demonisation of some food products that were always
part of humanity’s food cultures. The cult of food manifests itself in this duality
between salvation or condemnation, both of which denounce the power of food
to condition well-being and happiness. A society of food abundance, theoretically
more insensitive to the specific aspects of food cultures, paradoxically coexists
with the appreciation of food and its transformation into cult objects.
Following the previous volumes published under the Luso-Brazilian project
DIAITA Lusophony Food Heritage, this collective work gathers contributions
for a more refined knowledge of Luso-Brazilian food heritages.2 Its focus and
organisation is based on the description and analysis of the paradox we initially
2
C. Soares & I. C. Macedo (coords.) (2014), Ensaios sobre o Património Alimentar Luso-Brasileiro; Studies on Luso-Brazilian Food Heritage, Imprensa da Universidade de Coimbra-Annablume; C. J. Ribeiro & C. Soares (coords.) (2015), Odisseia de Sabores da Lusofonia; Lusophone
Food Odissey. Imprensa da Universidade de Coimbra-Editora Universitária Champagnat; C.
Soares & C. Ribeiro (coords.) (2018), Mesas Luso-Brasileiras: Alimentação, Saúde & Cultura;
Lusophone Tables: Food, Health & Culture, Imprensa da Universidade de Coimbra-Editora
Universitária Champagnat; C. Soares, A. J. T. Silveira & B. Laurioux (coords.) (2021), Mesa dos
Sentidos & Sentidos da Mesa; Table of Senses and Senses of the Table, Imprensa da Universidade de
17
Prefácio
expressed: on the one hand, food cultures as living but invisible forces participating in the construction of culture, on the other hand, the highlighting of some
food products as objects of different cult forms, which emerge from invisibility
to stand out as signs of human cultural discourses and practices (religious, ethical,
artistic, gastronomic and medicinal). These food products, without ever losing
their literal references, are also linked to the cultural schemes in which they
appear.
It is also important to understand that studies on the cultures of food call
for multi and transdisciplinary approaches. In this sense, the studies brought
together here are part of a critical approach to the main theme. Together with the
project’s coordinating team, researchers from different areas of knowledge have
contributed to the reflection on food and food processes and their cultural value
regarding the safeguarding of memory, knowledge and meanings.
This publication is divided in two volumes. Volume I gathers articles related
to various food phenomena and their sociocultural dynamics (i.e., it addresses the
theme From Food Cultures). It has three parts. The first is dedicated to food cultures in different periods of human history, and includes contributions on the use
of barley for brewing beer in Graeco-Roman Egypt (Ch. 1), the systematization
of a hierarchy of cereals and bread in the galenic work De alimentorum facultatibus
I (Ch. 2), the consumption of boar meat in first century Imperial Rome, based
on an analysis of Martial’s work (Ch. 3), and the trade of professional cooks in
ancient Rome and their social role (Ch. 4). This first part ends with a study of
food supply and daily life in the Portuguese cities of North Africa in the fifteenth
century (Ch. 5).
In the second part, we find contributions devoted to the various expressions
of dining, starting with a reflection on the Latin poem that relates and celebrates
the festivities on the occasion of the birth of the Portuguese prince Dom Manuel
I (Ch. 6). This is followed by the analyses of: the role of the table and of eating
two works by Eça de Queiroz, Civilização and A Cidade e as Serras (Ch. 7); the
dinners and the famous tea of the Brazilian Academy of Letters (Ch. 8); and
two case studies linked to specific territories in the southern region of Brazil:
the historic fourth colony of Italian immigration (Ch. 9) and the municipality
of Antônio Prado (Ch. 10). The last chapter focuses on the relationship between
the phenomenon of “gastronomisation” of ingredients and the imaginary of food
in hypermodernity (Ch. 11).
The third and final part of volume I addresses environmental issues, in the
broad sense of the term “environment”. From an anthropological perspective,
the first study reflects on the complex interaction between environment, health,
Coimbra; C. Ribeiro, M. C. Amorim Pilla & C. Soares (coords.) (2021), Mesas luso-brasileiras:
Patrimônio Alimentar, Turismo Sustentável e Saúde, PUC Press.
18
Prefácio
and politics, underlying the choice of organic agriculture in modern times (Ch.
12). This is followed by two contributions that propose a more vertical analysis of the relationship between environment and medicine: the first looks at
the historical-cultural transfer processes involved in the conceptualisation of
the Mediterranean diet (Ch. 13), and the second investigates the boundaries
between food and medicine from the point of view of the so-called superfoods
(Ch. 14). The last chapter is about the proposal of public food policies based on
historical research regarding some initiatives of the São Paulo state government
implemented during the 1980s (Ch. 15).
Volume II brings together papers dedicated to the role of specific food products throughout history in different cultures and geographic areas (thus covering the theme of Food Cults). It is subdivided into three parts, the first dedicated
to food and heritage. Bread, a particularly important food, is studied as a cultural
and social marker in the long historical period going from Classical Antiquity to
the first centuries of Portuguese America (Ch. 1), as well as its consumption in
the form of whole meal bread in Belgium at the beginning of the 20th century
(Ch. 2). The cultural context of the consumption of “migas” and “açordas” by
families of Portuguese origin is the subject of the following article (Ch. 3). Two
papers acknowledge important food references of Portuguese heritage: “canja de
galinha” (chicken broth), and its variations through time (Ch. 4), and cod liver
oil, as part of the ideology that guided Portuguese health policies of the Estado
Novo (Ch. 5). This first part of the second volume also includes a discussion of
the issues surrounding the process of turning a specific food, the Queijo Artesanal do Serro, produced in Minas Gerais (Ch. 6), into a food heritage item,
and, finally, a theoretical and methodological reflection on the construction of a
repertoire designed for a Brazilian history museum centered on the kitchen and
its artifacts (Ch. 7).
The second part of the volume focuses on the research regarding the representations of food and its expression in language, art, and literature. The problems
related to food’s social significance are intricate, not only due to the choice of its
ingredients, but also because of the names and forms it assumes, as it is shown
in the study of the linguistic onomastic collection associated with bread in the
Archipelago of Madeira (Ch. 8). Literature finds expression in the study of the
banquet of “trovas-iguarias” present in the famous text describing the banquet
that Luís de Camões offered to noblemen in India (Ch. 9). The analysis that
follows brings together studies on fruit, from a double perspective based on
image and literature, derived from the allegorisation of natural elements and
spirituality, as described in the work of the Portuguese Baroque nun and poet
Sóror Maria do Céu (Ch. 10). Art and literature, more specifically, find space
in the study of representations of food and its relationship with memory in the
novel Nihonjin by the Brazilian writer of Japanese origin Oscar Nakasato (Ch.
11). The use of references to food and food in the visual arts is the focus of
19
Prefácio
interest of the Polish artist Jerzy Berés’ work (Ch. 12). Memes and all the media
emblematic communicative devices in contemporaneity, are the starting point
for the research on how traditional Portuguese cuisine is reflected in the cooking
magazines issued by supermarkets (Ch. 13).
The third and final part of the volume brings together papers dedicated to
food associated with different religious festivities and events. To begin with, a
reflection on the symbolic role and communicative potential of bread in festive
contexts of popular Portuguese religiosity (Ch. 14). The following contribution,
also in Portuguese territory, analyses the symbolic role of the banquets of the
Emperor of Eiras festivity dedicated to the cult of the Holy Spirit throughout
the history of Portugal (Ch. 15), followed up by a study of the “fogaças”, offered
as a symbol of devotion to Our Lady of Vila Viçosa (Ch. 16). The last chapter of
the volume focuses on the cultural (re)meanings of two food rituals of a Brazilian
celebration: the banquets of the Festa do Rosário do Serro in Minas Gerais,
between the 18th and 20th centuries (Ch. 17).
20
4. Los cocineros romanos
The roman cooks
Almudena Villegas Becerril
Universidad de Córdoba, DBTA
0000-0002-2646-2268
z42vibea@uco.es
Resumen
Considerar el mundo de los cocineros como una parte de la historia de la alimentación en
Roma es fundamental para comprender su complejidad. Los cocineros entendidos como
grupo social, como profesionales puestos al servicio de la alta gastronomía, y también como
expertos en el conocimiento de productos, técnicas y desarrollo culinario. Las fuentes griegas
y romanas hacen referencia a ellos desde distintos puntos de vista que van del sarcasmo a la
comedia. Sin embargo, es cierto que cuando la sociedad romana se hizo culturalmente más
compleja, también paralelamente la gastronomía conoció idéntico progreso. Los antiguos
tiempos de la primera República en los que la esposa del cabeza de familia se hacía cargo de
la cocina, habían terminado. A partir del s. II a.C., las tareas de cocinado y servicio de mesa
estaban a cargo de profesionales, que solían conocer muy bien su labor.
Palabras clave
Cocinero; Cocina; Gastronomía; Historia de la alimentación; Culinario; Elites; Roma;
Alimento; Alimentación.
Abstract
Considering the world of cooks as a part of food history in Rome is fundamental to
recognising its complexity. Cooks understood as a social group, as professionals put at
the service of haute cuisine, and also as experts in the knowledge of products, techniques
and culinary development. Greek and Roman sources refer to them from different
points of view, from sarcasm to comedy. However, it is true that as Roman society
becomes culturally more complex, gastronomy demonstrates an analogous progress. The
old days of the first Republic when the household head wife took over the kitchen were
over. From the 2nd century BC onwards, the tasks of cooking and table service were
carried out by professionals who used to know their job very well.
Keywords
Cook; Cuisine; Gastronomy; Food history; Culinary; Elites; Roma; Food; Feeding.
https://doi.org/10.14195/978-989-26-2362-7_4
Almudena Villegas Becerril
INTRODUCCIÓN
El análisis de la alimentación en el mundo romano requiere un conocimiento
multidisciplinar. Es necesario dominar diversos campos de conocimiento1 como
el desarrollo de las técnicas de cocina, el uso de instrumentos y los detalles de
diversas elaboraciones, desde los sencillos puls a los platos complejos en los que
se requería tener conocimientos específicos y técnicos, y que eran propios de
la alta cocina. Todo ello nos conduce a reflexionar sobre los artífices de dichos
cometidos y sus capacidades profesionales. Si bien las fuentes hablan de la presencia de platos y preparaciones de todo tipo, son de especial interés las que
corresponden al servicio de las élites, ya que nos muestran tanto la complejidad
como el conocimiento del comportamiento de los alimentos, incluso sus reacciones fisicoquímicas, y a través de ellos es posible observar el desarrollo tecnológico
culinario.
La presencia de cocineros expertos, como profesionales bien valorados, se
corresponde con el planteamiento vital y también gastronómico de los ricos aristócratas romanos, o mejor, con el de los grupos privilegiados. Como parece natural, era precisamente a estas mesas y no a las sencillas, a las que se destinaba el uso
de recursos para disfrutar de todos los placeres vinculados con el buen comer: la
atractiva presentación de una mesa en su conjunto y la presentación de platos de
calidad requerían la profesionalidad del servicio de sala tanto como el buen hacer
del cocinero. Eran las élites quienes podían disfrutar de los servicios de cocineros
profesionales y de sus complejos equipos, así como de entretenimiento durante
los banquetes, de espacios destinados a funcionar como comedores de invierno o
de verano. Y también de servicio doméstico especializado para servir la mesa, con
cometidos específicos cada uno de ellos, y de mesas elegantes dotadas de vajillas y
cristalerías de lujo. Este, por tanto, es el grupo social con el que se vincularon los
cocineros, y el que disfrutó de esta faceta de la alta gastronomía.
El profundo sentido aristocrático en la vida cotidiana romana, la estratificación social, la relevancia que tenía el que las personas se distinguieran como
miembros de las élites, y la existencia de diversos escalones socialmente reconocidos, se vio reflejado en muchas actividades, y entre ellos, desde luego, se encuentra
la alimentación. El conocimiento tanto del entramado de hábitos alimentarios de
conducta como de su ambiente nos habla también de una cierta iniciación por
parte de aquellos que disfrutaban de los privilegios de su entorno social2. Como
resulta evidente, en Roma existieron una serie de jerarquías sociales vinculadas
con la alimentación. Así, tenemos el consumo de productos concretos que se
destinaban a la alimentación cotidiana de ricos o pobres. Las diferencias entre
la alimentación de ambos grupos la podemos ver constantemente reflejada en
1
2
88
Villegas Becerril 2001: 29-34.
Para Corbier 1999: 128-134.
4. Los cocineros romanos
la literatura, por ejemplo, en la obra de Marcial, y así las ollas plebeyas, y las
habas de los menestrales se contraponen a esos esturiones que engalanan los
manjares divinos (de élite): Inbue plebeias Clisinis pultibus ollas y: …et faba fabrorum prototomique rudes3. Y en el sentido contrario: Ad Palatinas acipensem mittite
mensas: ambrosias ornent munera rara dapes4. También en la mesa se marcaban las
divergencias: por un lado, con respecto a la cantidad de comida, y por otro en la
calidad de esta, e incluso en relación con la porción seleccionada. Por ejemplo, la
gente corriente consumía morcillas, gruesas albóndigas o cabezas de oveja, mientras que las mejores chuletas, las pechugas de ave o las lenguas de flamenco eran
bocados exquisitos destinados a la oligarquía. Sin duda, el acceso a las comidas
elaboradas también imprimía su sello en la jerarquía social. Este aspecto es evidente al observar las disparidades en lo relativo a las infraestructuras domésticas,
al personal de servicio -y en particular los cocineros y los siervos de sala-, en la
disposición de las cocinas y su equipación, así como de las mesas… todas estas
cuestiones dejan patente que la existencia de una jerarquía social tenía un reflejo
directo en la mesa.
La existencia de unas reglas de protocolo y urbanidad fueron algunos de
los rasgos distintivos de los iniciados, que conocían una serie de normas que
reglamentaban este Sistema alimentario. El conocimiento de estas peculiaridades
determinaba las diferencias, promovía la distinción de los individuos dentro del
grupo y facilitaba el camino a los que trataban de sobresalir. Incluso la calidad del
espacio del banquete y su entorno, el mobiliario, los triclinia, las vajillas y mantelerías y también los esclavos, tuvieron una relación directa con el prestigio del
dueño y, en consecuencia, su calidad se vinculaba directamente con la reputación
de la familia y su poder económico, con su influencia social y política.
Por estos motivos, las necesidades de actitudes de previsión para el disfrute
de una gastronomía de lujo eran muy elevadas. Era necesario disponer de equipos de cocineros, de cocinas adecuadamente provistas de buenas estructuras, así
como de comedores, unas y otros dotados de bien surtidos conjuntos de enseres
e instrumentos. Era necesario igualmente acomodar despensas bien equipadas,
disponer de bodegas perfectamente abastecidas y tener alimentos de cualquier
clase; todo esto formaba parte del lujo de una vida a la que no todos tenían
acceso. Y todo este complejo doméstico requería previsión, organización y recursos. Además de la previsión, era necesaria una minuciosa planificación con el fin
de disfrutar de una buena comida en cualquier momento, y tanto el consumo
inmediato como el diferido requerían personal especializado y de un sistema de
trabajo que lo llevara a cabo.
3
4
Mart. Epigr. 13.8, 10, 48, 16.
Ibid. 13.91.
89
Almudena Villegas Becerril
L A FIGURA DEL COCINERO
Los cocineros comenzaron a adquirir progresivamente importancia a
partir de los s. II y I a.C. En relación con la importancia que fue adquiriendo
la gastronomía, podemos observar en una época anterior, desde la República
temprana hasta el s. II a.C., cómo lo que entonces prevalecía era la simplicidad
de las comidas. Unas comidas caracterizadas por ser anticuadas y simples, y
que no requerían de un profesional para su elaboración, ni casi infraestructuras
domésticas especializadas. Lo habitual era que la madre de familia o alguno de
los esclavos cocinara en el atrio cualquier guiso: platos como un estofado, o una
olla de puls, las gachas que más o menos elaboradas formaron parte de la primitiva alimentación romana5. Este puls, que representaba la cocina más simple,
era una papilla preparada con agua y cereales o legumbres trituradas, en especial
habas y guisantes, o almortas, y cocida lentamente hasta que la mezcla espesaba
adecuadamente6. Esta era la comida corriente de campesinos y sectores sociales
modestos, un tipo de gachas nutritivas y económicas, aunque también podían
enriquecerse con otros ingredientes, como huevos y miel, en el caso concreto de
la puls púnica. Esta sencilla preparación, y platos similares, se guisaban en el atrio,
donde solía haber una zona destinada al fuego, y desde luego, ninguna de estas
elaboraciones necesitaba una mano experta ni un conocedor de las técnicas más
complejas.
La zona destinada a los fogones se fue haciendo más compleja de forma
paralela al desarrollo de la propia cultura romana, y su cocina, y el emplazamiento
del hogar, que durante los primeros tiempos de la República se ubicaba en el
atrio, se terminó trasladando hasta la parte posterior de la casa, donde adquiriría
un espacio propio7. La modificación de la situación de la cocina en el entorno
doméstico constata un proceso que transformó paralelamente la alimentación.
Esta se había iniciado partiendo de la primitiva cocina de supervivencia para llegar a convertirse en una actividad refinada y compleja. Probablemente, en aquella
5
Sobre la primitiva alimentación romana y sus raíces ver Sassatelli 1999:108. Con respecto
al instrumento en el que se elaboraban, denominado pultarius ver Villegas Becerril 2001: 44;
53-54 y 253. Según Donelly 2015:142-144, dicho instrumento se cita en De re coquinaria tres
veces, y parece ser el recipiente exacto para hervir puls, aunque Apicio también lo usa para hacer
una salsa o para cocinar unas aves, lo que proporciona unos prácticos usos polivalentes de la
cacerola, más allá de la fabricación del propio puls.
6
La Lathyrus sativa es una semilla comestible de la planta leguminosa del mismo nombre.
Son de forma redondeada y con depresiones que le dan la apariencia de una muela por lo que
se ha llamado también “diente de muerto”. Con las almortas se ha elaborado tradicionalmente
una harina de aspecto irregular, utilizada en la preparación de las populares gachas, panes o
tortas. A pesar de ser una legumbre con alto contenido en proteína vegetal, actualmente apenas
se utiliza, en parte por la enfermedad que puede causar, el latirismo, una afección del sistema
nervioso producida cuando más del treinta por ciento de la dieta está constituida durante más
de tres meses por almortas.
7
Fernández Vega 1999: 227 ss.
90
4. Los cocineros romanos
primera época en la que se cocinaba en el atrio, no había un esclavo especializado
en las labores de cocina, y muy probablemente era necesario contratar a un profesional para ocasiones especiales.
El paso del tiempo provocó la necesidad de un espacio no solamente diferenciado, sino más amplio, que respondía a unas mayores necesidades debido a
las continuas celebraciones y banquetes y, por tanto, también a un mayor número
de cocineros. Y junto a todas estas nuevas circunstancias, aparecieron multitud de
especialidades en el contexto de las labores generales de cocina. Las ocupaciones
de los cocineros eran heterogéneas, e iban desde atender las comidas diarias de
la familia y los esclavos de la casa hasta las labores casi profesionales que eran
necesarias para la elaboración de un banquete. De este tipo de contratación nos
deja referencia Plinio, así como de las diferencias entre un tiempo anterior a él,
en el cual las amas de casa hacían su propio pan de forma doméstica8. Incluso,
comenta Plinio, que no hubo panaderos en Roma hasta la época de la guerra con
el rey Perseo, durante la Tercera Guerra Macedónica, entre el 171 y el 168 a.C.,
una época en la que tampoco había en la casa cocineros especializados, por lo que
era necesario recurrir al mercado para contratar sus servicios.
Fueron los años posteriores a la época de la Guerra contra Antíoco III el
Grande (finalizada en el 188 a.C.), el momento en el que los cocineros comenzaron a ser muy apreciados, una época que marcó un auténtico hito en los precios
de este colectivo. Se trata de un momento histórico en el cual podemos datar la
aparición de un profundo cambio cultural y social que afectó a la alimentación, y
en la que hicieron su aparición los cocineros profesionales. Un tiempo en el que
su profesión comenzó a ser valorada como un arte9. Este cambio estuvo marcado
por la llegada de las legiones tras las campañas bélicas, con ellos también llegaron
las nuevas costumbres del este, acompañadas del famoso lujo oriental, novedades
que terminaron provocando importantes cambios en la sociedad y la alimentación romanas. Desde Asia Menor se importaron productos, pero también platos,
se desarrolló un recetario más elaborado, aparecieron nuevas costumbres y sobre
todo, cocineros profesionales, lo que supuso una auténtica revolución para la
tradicional cultura alimentaria romana.
L AS DENOMINACIONES DEL COCINERO
El cocinero, en latín, es el coquus o cocus, ya que podemos encontrar ambas
formas en inscripciones epigráficas y en la literatura. Incluso podemos encontrar
pequeñas variantes de ambos términos, y así Plauto hace referencia en Aulularia
8
9
Plin. N.H. 18.108.
André 1981: 216; Liv. Ab Urb. 39.6, 9.
91
Almudena Villegas Becerril
a los quoqui, y Petronio habla del coctor10. Incluso tenemos un diminutivo usado
por Varrón, cocula, en referencia a un cocinero llamando Nonium11. Además, en
distintos textos se hace referencia al magirus o al archimagirus, que es el cocinero
profesional, pero entendidos ambos como cocinero jefe, o jefe de los cocineros,
expresión que reafirma cómo la característica estratificación romana se producía
en todos los ámbitos sociales. El cocinero más importante o archimagirus era una
figura recogida por Juvenal y Sidonio Apolinar, de auténtico peso en la cocina12.
Era casi un sacerdote de los fogones, mientras que el magirus desarrollaba
su trabajo en casas no tan importantes, y era sencillamente el jefe de cocina,
término de origen griego13 que recuerda al primitivo estadio en el cual las tres
funciones de sacrificador, carnicero y cocinero las realizaba la misma persona. Los
cocineros profesionales eran de origen griego, a su vez presentaban influencia
persa, y su primera obligación era conocer los gustos de su patrón, como señala
Marcial14. El segundo cocinero, a las órdenes del anterior, era el vicario supra
cocos15.
Profesionalidad de los cocineros
La preparación de las comidas en las mesas aristocráticas requirió recursos
materiales en primer lugar: espacios como cocinas, despensas y bodegas, dotadas
de zonas en las que trabajar. También eran necesarios instrumentos, envases,
materia prima y todos sus complementos. Además, era necesario disponer de
suficiente personal para llevar a cabo todas estas acciones, siempre bajo la dirección de un jefe de cocina, que coordinaba tanto el trabajo de los fogones como
las labores de despensa y mesa. Por eso, una de las necesidades básicas de la
organización propia de una cocina de élite era una adecuada actitud previsora
y ordenada. No se podía improvisar un banquete ya que era una reunión que
requería una preparación laboriosa. Se necesitaba tiempo para localizar todos
los ingredientes precisos para desarrollar una receta, y también para organizar
el material de cocina o para preparar con antelación las salsas que era necesario
tener previstas antes del banquete. También era imprescindible que el fuego
alcanzara el punto justo en el momento oportuno, para lo cual había que preparar
la leña, y con ella, un fuego poderoso del que saldrían, finalmente, las brasas, que
son una fuente de calor más adecuada para usar en la cocina que el fuego vivo.
10
11
12
13
14
15
92
Plaut. Aulul. 346; Petron. Satyr. 95.
Varro. Ling. Lat. 531-532.
Iuv. Sat. 9, 109; Sid. Apol. Epist. 2, 9.
Dosi & Schnell 1992b: 8-10.
Mart. Epigr. 14.220.
André 1981: 216-17; CIL, VI, 9361.
4. Los cocineros romanos
Incluso había que disponer de los instrumentos precisos, y en alguna ocasión fue
necesario fabricarlos, como cuenta Juvenal. El poeta narra que se había capturado
en las costas romanas un rodaballo gigante, con el cual se agasajó al emperador,
y que el famoso glotón Montano sugirió construir una fuente a medida para que
Domiciano pudiera disfrutar de este magnífico pescado entero y no troceado16.
Tenerlo todo listo en el momento oportuno era la obligación principal
del jefe de cocina. Y requería una gran previsión, en primer lugar, era necesario
organizar el menú cada día, pero además era necesario organizar la compra,
el transporte de los alimentos y la preparación de la comida17. En las casas de
personas excepcionalmente ricas y sibaritas, la necesidad de organización era
extraordinaria, era necesario tener una estructura de trabajo y de equipo muy
sólida, que sirviera incluso poder improvisar. Para que, por ejemplo, en casa de
Lúculo se pudieran comer cosas distintas, y servir en cada uno de los menús de
los comedores cenas diferentes, con presupuestos distintos y con ambientación
diversa, incluso de forma improvisada18. Pero claro, el caso de Lúculo era singular,
en su casa las costumbres gastronómicas eran excepcionales, producto de una
gran fortuna y de una forma gastronómica de entender la vida, lo que constata
Plutarco19.
Efectivamente, en aquellas cocinas se necesitaron muchas manos en relación
con las actividades para el desarrollo de los menús. Especialmente en aquellas
en las que había que dar de comer a muchas personas, muy a menudo y preparar
platos muy elaborados. Para ello fue necesario poner en práctica diversas técnicas
culinarias como: pelar, cortar, picar, triturar, rallar… Todas estas operaciones
requerían una gran cantidad de mano de obra especializada y con tiempo para
dedicarlo a estos quehaceres. Las masas debían fermentar, operación que requiere
un tiempo, las maceraciones, escabeches y asados también necesitaron un
reposo… Las cocinas de las casas de élite exigieron un gran número de personas
16
Rodaballos que debían ser de gran tamaño, incluso Marcial señala que no cabían en las
fuentes normales de servicio, por amplias que estas fueran, Mart., Epigr., 13.81; Iuv., Sat., 4,
130 ss.
17
Para la preparación de todos los ingredientes, no hay más que revisar el capítulo de De
re coquinaria, Excerpta, que es una lista de productos que debe tener un buen cocinero en su
despensa.
18
Vitrubio presenta la localización considerada entonces más adecuada de los comedores,
como deben ser su aspecto y proporciones, así como la decoración de las áreas destinadas a esta
actividad. Por su parte, Varrón, proporciona la descripción de los términos y sus usos. Vitr., De
arch., 6.3, 2; 8, 11; 6.4-5; Varro, Ling., 5.161-162.
19
Lúculo fue, sin lugar a duda, un gran gourmet. Para Landolfi 1990: 103-105, además
hay que tener en cuenta que la famosa anécdota se corresponde con una escandalosa disipación
propia del personaje, que desde luego es un capítulo muy debatido, y para él: “Tuttavia non
possiamo ritenere un fenómeno accidentale quello per cui dell´intera condotta sregolata di
un personaggio alla ribalta si accusi particularmente l´indole crapulona, giacché, fra tutte le
forme di dissipazione, il sumptus conviviale resta sempre la più futile e fine a se stessa…”. Plut.,
Luc., 41.
93
Almudena Villegas Becerril
trabajando en ellas, independientemente del contingente de esclavos destinados
al servicio de mesa, que además de conocer sus obligaciones eran por lo general
jóvenes y bellos, de lo que nos deja constancia la literatura20.
En un extremo sarcástico y ficticio, claro, la obra de Petronio nos muestra a
los cocineros de Trimalción, exagerados hasta el límite de lo posible, pero desde
luego parecen expertos profesionales, capaces de preparar en sus cacerolas cualquier cosa, incluso terneros enteros, acción que, más allá de ser verídica o no,
simboliza el máximo prestigio o calidad en la mesa del famosísimo liberto21. Pero
no es la ficción, sino la obra de Ateneo la que refleja, en un parlamento extraído
de la obra de Dionisio, Legislador, cuáles debían ser las habilidades del cocinero:
“El cocinero debe saber siempre para quiénes va a disponer el banquete, mucho
antes de ponerse a prepararlo. Pues si uno se fija en esta única cosa, en cómo
tiene que elaborar el plato como es debido y, en cambio, no prevé ni se preocupa
de cómo tiene que servirlo, o cuándo o cómo aderezarlo, no es un cocinero, sino
alguien que hace comidas… Conocer el lugar, la época del año, al anfitrión, al
invitado… cuándo y qué pescado hay que mercar…” En realidad, Ateneo explica
muy claramente que: “Un cocinero es un general, que sabe qué hay que hacer en
los momentos difíciles, y no un elaborador de comidas”22 . Y con ello nos muestra
la necesidad de que fuera un auténtico profesional el que desarrollara todas las
labores vinculadas con la cocina, así como lo minuciosas que eran todas estas
ocupaciones.
En cuanto a la aparición de la mujer en el entorno de la cocina, podemos
decir que, en las primeras etapas de la historia de Roma, las labores femeninas y
masculinas estaban bien diferenciadas en lo relativo a la obtención y preparación
de alimentos. Más adelante, las ocupaciones domésticas que habían sido propias
de la mujer en el entorno privilegiado se dejaron en manos de esclavos, algo que
en principio no estuvo bien visto por la sociedad romana. Fue entonces cuando
el trabajo doméstico de cocina y mesa, así como todo lo relativo al ajuar casero,
recayeron sobre manos serviles. Como ha sucedido en otras culturas, la mujer de
origen aristocrático no pisaba las cocinas: había dejado en manos de cocineros
profesionales -y de sexo masculino- las labores vinculadas con los fogones23. Se
terminó valorando especialmente la pericia de los cocineros, en especial a los de
origen griego, o a aquellos cuyo conocimiento estuviera avalado por las costumbres helenas. Eran ellos quienes organizaban el universo de las cocinas, quienes
D´Arms 1991: 173-174.
Petron. Satyr. 47.11.
22
Athen., Deipnos. 404F-405A: 224.
23
Digesto señala: Et mulieres quae panem coquant, disctintes des pistores et des molitores. Quedaba así, perfectamente definida, la actividad profesional masculina de la eventual o doméstica,
de carácter femenino, en lo relativo a la elaboración del pan, mostrando un paralelismo claro en
referencia a la cocina. Dig. 33.7.12.
20
21
94
4. Los cocineros romanos
hacían y deshacían, y en sus manos quedaban los recursos, el conocimiento y la
disposición de la economía culinaria. Según Plinio, quién ya hemos visto que
proporciona fechas concretas, fue a partir del 171 a.C. cuando los cocineros
comenzaron a llegar a Roma ya que, con anterioridad a esta época no existía esta
ocupación específica entre los siervos domésticos24. Hasta entonces, para preparar
los grandes banquetes, era necesario alquilar los servicios de los carniceros, especialmente cuando en dichos banquetes la carne era el ingrediente principal, lo
que no resulta extraño dado el prestigio de este producto25. En la vida diaria, para
el trabajo de cocina se contaba, como hemos visto, con los esclavos domésticos,
que no estaban especializados en el servicio de mesa. Esta época señalada por
Plinio fue también el momento en el que se separaron las labores de repostería de
las de cocina, así que, en definitiva, en lo relativo a la alimentación fue un tiempo
de profundos cambios.
Por otro lado, es muy acusada la raíz griega de este oficio, un origen que
afectó tanto a los cocineros como a las técnicas que utilizaban, y que empezaban a
conocerse en Roma26. Con los cocineros griegos llegaron sus técnicas y su pericia,
y promoviendo una serie de novedades que destacaron un momento clave en la
evolución de la alimentación romana. Desde entonces las manos se multiplicaron,
apareciendo en la cocina una estratificación y especialización propias de la sociedad romana27. Así, los jefes de cocina, en las cocinas importantes dirigían a los
numerosos especialistas en cada uno de los quehaceres: trinchadores, pasteleros,
panaderos, despenseros, ayudantes, pinches… en lo que era realmente un mundo
completo junto a los fogones, que necesitó de alguien que lo organizara y encauzara según unas directrices concretas. Al mando del cocinero jefe había dos tipos
de ocupaciones, en primer lugar, las desarrolladas por los menos cualificados28.
Por otra parte, estaban aquellos cocineros especializados en tareas concretas,
Fecha confirmada por André 1981: 62.
Plin., N.H., 18, 97.
26
André 1981: 216 y 218. Como señala este autor, la cocina romana es en gran parte
heredera del mundo griego, tanto en lo relativo a la tecnología culinaria como en las recetas.
El propio tratado de Apicio está impregnado de esta herencia, lo que es visible en los términos
utilizados, como son: Authepsa, clibanus, thermospodium, tyropatina, tyrotarichum, tisana, también
nombres de salsas: Embamma, hypotrimma, hydrogarum aenogarum, oxygarum. Pero no solo en
los instrumentos, también los cocineros griegos fueron muy reconocidos, hasta el punto de serlo
por su propio nombre, como recoge Ateneo que a su vez señala Eufrón: Nero de Quíos, Caríades
de Atenas, Aftoneto, Eutino y Aristón, Athen. Deipnos. 379D-E: 147.
27
El cocinero jefe o archimagirus, Iuv. Sat. 9, 109; Sid., Apol., Epist., 2, 9. También señaladas
sus ocupaciones por Dosi & Schnell 1992: 8-10. El segundo cocinero era el vicario supra cocos,
CIL, VI, 9361. Ver André 1981: 216-17.
28
Los marmitones, o coci, cuyo trabajo es más impreciso. André 1981: 217.
24
25
95
Almudena Villegas Becerril
como panaderos, camareros, despenseros o reposteros, cuya presencia podemos
observar en el imaginario Satyricon, muy bien descritas por Petronio29.
Además del gran conocimiento de las técnicas y de los alimentos, los
cocineros fueron capaces de desarrollar una eficaz organización. Pero una de las
habilidades más apreciadas por sus dueños fue el arte de la dosificación, la capacidad de administrar con armonía los numerosos condimentos conocidos30. Se
apreciaba singularmente que el cocinero supiera cómo proporcionar a las salsas
un toque exótico, lo que se conseguía con una mezcla precisa y exacta de diversos
ingredientes. Al comensal de élite le gustaba dejarse sorprender, hasta el punto
de que se le presentaban platos cuyos ingredientes no eran reconocibles, el convidado desconocía que estaba comiendo, como recuerda Apicio: Ad mensam nemo
agnoscet quid manducet31. De ahí que tanto la experiencia como la habilidad en
condimentar fueran cualidades imprescindibles para un cocinero32. El comensal
anhelaba dejarse sorprender, probar platos y productos nuevos, y hacer de ello una
demostración de poder y riqueza, que con frecuencia llegaba al despilfarro. Esta
actividad culinaria, que a veces parece ser delirante, encontraba una explicación
de carácter sociológico: era una clara intención de demostración de poder.
Por otro lado, no debemos olvidar la vinculación entre el amo y el cocinero.
Este último era normalmente un esclavo, o en cualquier caso estaba a las órdenes
directas del primero. Así que era imprescindible darle gusto, al fin y al cabo,
los banquetes no se ofrecían en un restaurante, sino en viviendas particulares en
las que, quién invitaba, era el propietario. Así que el cocinero debía desarrollar
la intuición y la habilidad de adaptar sus recetas al gusto del amo, que a fin de
cuentas era su dueño, o la persona que pagaba sus servicios: Non satis est ars
sola coco: servire palatum nolo. cocus domini debet habere gulam33. Observamos a
un modelo de cocinero que era también un fino catador, su paladar debía estar
acostumbrado a probar exquisiteces, a conocer las diferencias entre distintas calidades de alimentos y entre las texturas, debía ser capaz de percibir el mejor punto
de una cocción o la combinación entre condimentos. Por todas estas cualidades
personales, por la formación que debían tener, y porque la gastronomía se puso de
moda, los cocineros llegaran a costar verdaderas fortunas. Plinio34 se quejaba de
29
Petron. Satyr. 47.11-13. En cuanto a las distintas especialidades, conocemos obras destinadas a los cocineros especializados, mencionadas por Ateneo y cuyo contenido se ha perdido.
Entre ellas, El arte del pastelero. Athen. Deipnos. 647C, 648A, 648B. También Columela recoge
algunos de estos títulos relacionados con ocupaciones específicas y especializadas en la cocina,
Col, R.R., 12, 44. Entre ellos: El cocinero, El repostero y El despensero, indicándonos con ello la
minuciosidad de las distintas labores y como las respectivas responsabilidades eran diferentes.
30
Dosi & Schnell 1992a: 43.
31
Apic. De re coq. 139.
32
Athen. Deipnos. 68A.
33
Mart. Epigr. 14.220.
34
Plin. N.H. 9.67.
96
4. Los cocineros romanos
lo desorbitado de sus precios en el pasado, además de la absurda cotización que
tuvieron en su época. Para J. André, la Guerra contra Antíoco III el Grande la que
marcó un hito en los precios de este colectivo, momento en el que comenzaron a
ser muy apreciados como auténticos artistas, más que artesanos35.
Desde luego, todos ellos debían cumplir ciertas reglas, algunas de las cuales adoptaron formas religiosas y supersticiosas y que respondían básicamente
a hábitos de higiene en el trabajo. Por ejemplo, si un panadero, cocinero o
bodeguero violaba una de estas reglas relativas a la incontinencia, se tenía que
purificar bañándose en agua corriente antes de reanudar su trabajo36. La higiene,
especialmente en las personas que se ocupaban de gestionar aspectos vinculados
con los alimentos, estaba relacionada con aspectos morales y de castidad. El propio Columela hace una reflexión sobre este aspecto, indicando que las personas
que estaban al cargo de cuestiones relacionadas con los alimentos, tanto en su
preparación como en la confección de conservas, debían ser castos. Por esto, para
él resultaba fundamental que las cosas de comer o beber solamente las tocara un
impúber o personas que guardaran la castidad y que siempre se lavaran en agua
corriente antes de manejar los alimentos:
His autem omnibus placuit eum, qui rerum harum officium susceperit, castum esse
continentemque oportere, quoniam totum in eo sit, ne contrectentur pocula uel cibi
nisi aut inpubi aut certe abstinentissimo rebus veneriis; quibus si fuerit operatus uel
vir uel femina, debere eos flumine aut perenni aqua, priusquam penora contingant,
ablui; propter quod his necessarium esse pueri uel virginis ministerium, per quos
promantur, quae usus postulaverit.37
Observamos en estas normas y en su aplicación, la intención de aplicar unas
pautas claramente enfocadas en mantener la máxima higiene alimentaria y personal, no solo de los alimentos, sino de los elaboradores de comidas, y con ello, la
prevención de enfermedades.
EL TRABAJO DE LA COCINA
En cuanto a sus obligaciones, los cocineros tuvieron un papel muy importante en la alimentación de las élites. Como hemos visto, su cometido era muy
diverso: incluía organizar y administrar el contenido de las despensas, dar salida a
los productos perecederos, controlar las conservas y saber cuáles eran los tiempos
de consumo de cada una de ellas, para evitar que se estropearan. Y además de
35
36
37
André 1981: 216.
Robert 1999: 19.
Col. R.R. 12.4.
97
Almudena Villegas Becerril
todo ello, ocuparse de que los encargados de las diferentes labores cotidianas
fueran eficientes y no interrumpieran la cadena de trabajo. También era necesario
organizar la limpieza personal de sus ayudantes y la propia, y que la cocina y los
instrumentos estuvieran siempre a punto, preparados para su uso. Pero, sobre
todo, que los imprevistos estuvieran bajo control en la celebración de los banquetes. Su oficio era complejo y necesitaba tener cubiertos diferentes frentes de
batalla para que todo resultara como los anfitriones esperaban. Hasta tal punto
era compleja su labor que Ateneo recoge las palabras de Nicomedes, que señalaba
que: “En nada difiere el cocinero del poeta, pues la inteligencia es el arte de cada
uno de ellos”38.
Por otro lado, y en cuanto a las actividades del anfitrión y del cocinero, en
el mundo romano ningún anfitrión era a la vez el encargado de cocinar para sus
invitados, siempre se contaba con servicio destinado a esta actividad. Sin embargo,
esto no había sido siempre así, y hubo una época en la que, según la visión de
Ateneo, desde el s. II-III d.C., el propio anfitrión cocinaba, pero aquellos tiempos
relatados por este autor parecen ser muy remotos. En concreto, Ateneo se refería
a los banquetes griegos arcaicos, en el entorno de un mundo más rudimentario,
y que podemos observar narrado en las páginas de la Ilíada y la Odisea39. A pesar
de la ficción poética que es propia de esta obra, hay ciertos hábitos cotidianos
que describe y que reflejan la situación real de la sociedad. En ellos observamos
cómo siempre que las cenas se celebraban fuera del hogar, el acto de cocinar era
una ocupación masculina, y la técnica que usaban los hombres era la del asado40.
Por eso, para los míticos héroes griegos no era un desdoro preparar asados,
cuyo producto principal era la carne. Desde luego, tampoco las primitivas técnicas
griegas eran tan complejas como lo serían siglos después, en Roma, y las técnicas
de cocinado eran simples, básicas, fáciles de llevar a la práctica. Su objetivo era
sencillo: consistía en que el alimento, que era cualquier tipo de carne, pasara por la
acción del fuego. Los héroes griegos solo ponían en práctica el asado, el anticuado
y milenario asado del que se ocupaban los hombres en esas ocasiones especiales,
y de ello hacían casi un honor, como Ulises, presumiendo de ser el mejor preparando una hoguera, así como trinchando y asando el alimento41. También Aquiles
y Patroclo preparaban la comida a sus huéspedes, la cual consistía principalmente
en carne asada que, bien trinchada y ensartada en brochetas, se asaba sobre las
brasas de la hoguera. Eran banquetes en los que el pan, la carne y el vino eran los
Aten. Deipnos. 7F: 92.
Sobre estos aspectos del banquete, Cfr. Grace 1999: 39-48, quién los describe bien en
el capítulo: “Mangiando con gli eroi di Omero”. También García Soler 2001: 29 ss., señala el
papel destacado de las citas de Homero, quién según palabras de la autora “…destacan particularmente las (citas) de Homero, donde… trata de definir los rasgos característicos de la forma
de vida de los héroes”.
40
Athen. Deipnos. 18A.
41
Hom. Od. 15.321.
38
39
98
4. Los cocineros romanos
alimentos principales, y no había salsas, ni preparaciones complejas, ni nada que
reflejara la presencia y las habilidades de un cocinero profesional. Estas formas de
cocinar eran casi fórmulas de supervivencia, en las que el rol masculino jugó un
papel protagonista, y que fueron un “juego de hombres”, en los que la mujer no
tuvo ninguna aparición, ni siquiera como comensal42.
Pero los héroes griegos de época antigua no fueron los únicos que preparaban sus propias comidas, y así vemos cómo el cómico Alexis, retratado siglos
después por Ateneo, no quería que sus alimentos pasaran por las manos de los
cocineros. Los magníficos manjares que menciona los preparaba él mismo, y no
permitía que ningún profesional de los fogones se acercara a ellos. Así, Alexis,
además de cocinar, organizaba también la mesa, hablando sin ningún pudor de
la calidad de su arte y ofreciéndose para enseñarlo43. También sin pudor, como su
autor, cocinaba el personaje de Alexis en Asclepioclides consiguiendo que con su
habilidad “los comensales lancen sus dientes sobre las cazuelas de puro placer”44.
Pero esto formaba parte de la casuística, de la vida singular de un cómico y por
supuesto, no lo vemos repetido en ningún otro caso en el entorno de las élites.
ESPECIALIDADES PROFESIONALES
Dentro del oficio de cocinero sabemos que existieron varias especialidades:
“panaderos, reposteros, trinchadores, cocineros”, mencionados por Ateneo45.
También, del mismo autor: “Amasaderas, Redondos46, Sazonadores, Trincheros,
Sazona-cabritos, Lechoncitos, Sésamos”47. Todos estos son términos relacionados
con las actividades de cocina que se realizaban en Delos y que recoge Ateneo.
Incluso observamos la especialización en la elaboración de condimentos, como el
karykee, un tipo de aderezo que se elaboraba con judías verdes48.
Debido a la gran especialización de los cocineros de élite, las intromisiones
profesionales no estaban bien consideradas, censurándose severamente a aquellos
cocineros que además de su actividad específica se dedicaban, por ejemplo, a la
repostería49. Los conocimientos del cocinero, como vemos, eran muy concretos y
especializados y no sólo eso, también ellos ejercían un férreo control sobre todos
42
En realidad, la posición de la mujer en el mundo griego tuvo una relación estrecha con su
rol dentro de la familia. Ver: Patterson 1998: 56-62; Pomeroy 1999: 97-111.
43
Athen. Deipnos. 107B-E.
44
Ibid. 169D: 97.
45
Ibid. 172C.
46
Término que identificaba a los panaderos que preparaban panes redondos.
47
Athen. Deipnos. 173A: 252.
48
Tanto para J. André como para A. Dosi & F. Schnell, para el cocinero resultaba vital el
conocimiento de las especias y la condimentación. André 1981: 320; Dosi & F. Schnell 1992b:
15-19. Athen. Deipnos. 173D.
49
Athen. Deipnos. 172A.
99
Almudena Villegas Becerril
los aspectos relativos a su oficio. Era necesario, por ejemplo, que el cocinero
diferenciara los distintos tipos de pescado, y que incluso supiera cuál era el mejor
momento para tomarlos, ya que su calidad varía según la época del año, y ellos
conocían perfectamente este hecho. Entre sus obligaciones se encontraba ofrecer
cada alimento en el momento exacto de sazón, para que fuera realmente sabroso,
lo que nos muestra la importancia que tenía para ellos la variedad estacional y
el punto óptimo de maduración50. Esta enorme, incluso excesiva atención por
cada uno de los detalles terminaría provocando diferencias entre los cocineros
de distintas generaciones. Por ejemplo, los mayores censuraban que los cocineros
jóvenes desconocieran aspectos sobre la elaboración de salmueras con pescados
de sabores opuestos entre sí. O incluso que prepararan las muy mal vistas mezclas
de salmuera con sésamo, propias de “cocineros modernos”, expresión usada por
Ateneo51. Las responsabilidades de los cocineros más expertos eran complejas y
estrictas, como vemos, y consistían en supervisar que cada producto se preparara
del mejor modo posible, que el fuego fuera homogéneo y constante y que cada
plato llegara en el momento oportuno a la mesa. Además de la organización y
revisión de la organización y del personal de cocina, su propia capacidad en los
fogones era la primera obligación. Y por ello, tenían que especiar adecuadamente
y procurar que los alimentos quedaran sabrosos, respetando las proporciones
entre distintos ingredientes. La capacidad y responsabilidades de los cocineros
de las grandes casas no era tanto realizar cada trabajo directamente sino ocuparse de mantener una extrema calidad en el mismo. Los marmitones, cocineros
secundarios y el resto del personal se ocupaban de cosas tan necesarias, pero poco
cualificadas como lavar platos o fregar el suelo.
Según las fuentes, en una demostración que parece no solo excesiva, sino
sarcástica, el cocinero debía ser un hombre culto, letrado y buen conocedor de
la filosofía y no ser sólo un lector de obras menores52. Y para que el banquete
no perdiera unidad, ellos disponían la organización de las mesas, decían cuando
había que presentar los alimentos y componían el menú conforme a un estricto
protocolo y a un ritmo previamente pactado con el amo. Eran dueños y señores
de las cocinas, y decidían tiránicamente las horas de comienzo de las cenas, adelantándolas o retrasándolas a voluntad53.
Y aunque durante la comida los esclavos servían la mesa, en ocasiones era
el propio cocinero quién presentaba algunas de sus elaboraciones, lo que hacía
Ibid. 102C.
Ibid. 102 E-F.
52
«Por eso, cuando veas un cocinero iletrado / que no se haya leído de cabo a rabo a Demócrito, / o, mejor, que no se lo sepa de memoria, búrlate de él como de un inútil. / Y si conoce el
“Canon” de Epicuro, despídelo con desprecio». Athen. Deipnos. 102B-103A: 84.
53
Ibid. 134F.
50
51
100
4. Los cocineros romanos
especialmente con los platos estrella y las novedades, como recuerda Ateneo54.
Aunque, por supuesto, en las mesas existían esclavos encargados que se ocupaban
de prepararlas antes del banquete, de lavar los enseres, preparar las lámparas y
de hacer las libaciones, así como de desarrollar otras tareas relacionadas con su
puesto55.
Pero esta labor de especialización no solamente se da en Roma, y así, en el
mundo antiguo encontramos, en diferentes momentos y lugares, personas que
desarrollan labores técnicas concretas en el despliegue del banquete, y de los
que probablemente heredó Roma la especialización y el conocimiento técnico56.
Podemos observar este fenómeno en los syssitia, o comidas en común propias
de los espartiatas, que eran de carácter comunitario. Y en ellos, una de las tareas
de los cocineros era indicar quiénes aportaban algo para el banquete común de
las personas que festejaban, para que todos los comensales lo supieran57. Y todos
debían aportar algo a la mesa en común, hasta el punto de que, si alguno no lo
hacía, perdía los derechos políticos y hasta el estatus de espartiata58.
En otros banquetes, los arcadios, y de nuevo según Ateneo, la ciudad era la
encargada de suministrar al cocinero ciertas cosas como: un aguador, mesas, bancos y todos los útiles propios del oficio59. Según este autor, era corriente alquilar
la vajilla necesaria para el banquete, si en la casa donde se iba a celebrar no había
o era insuficiente, una labor que realizaban los propios cocineros al amanecer60.
Por tanto, en muchos lugares y tiempos, la variedad de la actividad del cocinero
no se limitaba a controlar los fogones, sino a dirigir todo un mundo culinario.
Un universo que disponía de su propio protocolo y que requirió innumerables
conocimientos, desde los estrictamente culinarios, a los higiénico-sanitarios; y
por supuesto capacidad de dirección e incluso conocimientos de carácter más
lúdico, como la capacidad de presentar los platos ante los comensales, actuando
en algunos casos casi como actores gastronómicos.
Este papel de cocinero-pantomima lo observamos exagerado hasta el absurdo
en el ficticio banquete de Trimalción61. La anécdota al respecto se desarrollaba
en el pasaje en el que Trimalción concedió un papel de protagonista a su cocinero, en un inesperado juego que tuvo lugar ante sus invitados, y finalmente se
Ibid. 136D.
Ibid. 170D.
56
Como señala García Soler 2001: 35 ss. “En el gran mosaico de la gastronomía griega que
nos ayudan a componer los autores antiguos apreciamos notables variaciones relacionadas con el
momento histórico, la posición social o la zona geográfica a la que se hace referencia”.
57
Athen. Deipnos. 141E.
58
Sobre las comidas espartiatas, ver Fornis & Casillas 1997: 44, donde señalan que la
principal función de estas comidas era funcionar como herramientas para identificar y reforzar
la elite sociopolítica espartiata.
59
Athen. Deipnos. 149A.
60
Ibid. 164F.
61
Petron. Satyr. 49.1-10.
54
55
101
Almudena Villegas Becerril
permitió que el actor-cocinero, que había sido premiado con una corona de plata,
pudo quedarse a beber junto a los huéspedes, usando incluso una copa de buena
calidad62. Desde luego, aquella escena sólo podría ocurrir en una mesa de libertos,
como el caso de Trimalción, lo que nos habla de la aceptación del cocinero como
un igual entre el tosco grupo de libertos invitados al banquete. Esta situación
hubiera sido imposible en otro entorno de élites, más allá del mundo singular de
los libertos enriquecidos.
Según Arquéstrato, los sibaritas más ricos, que eran los únicos que podían
permitirse estos lujos, seguían los consejos de los grandes cocineros, especialmente de los griegos. Estos cocineros trataban de conseguir que el banquete fuera
un momento de goce total, y en alusión a todos los sentidos que participaban
en el disfrute gastronómico, los comensales se cubrían la cabeza con coronas de
flores, se limpiaban el cabello con aromas y también perfumaban el ambiente del
comedor con mirra e incienso. Y a la hora de beber, según este autor, se llevaban
ante los comensales –con el fin de que el exceso de bebida no les perjudicaraciertos alimentos como el estómago y la matriz de cerda preparados con salsa de
comino y silphium, o pajaritos asados63. Pero en cualquier caso nada de seguir la
costumbre de Siracusa de época de Ateneo, cuando las personas bebían “como
ranas”64, sin comer nada. Esta costumbre de beber sin comer representaba un
exceso sin sentido desde el punto de vista gastronómico. Desde luego, Arquéstrato recomendaba, según recoge Ateneo, no comer alimentos destinados a los
más humildes, cosas como garbanzos, habas, manzanas e higos secos, pero sí
los famosísimos y populares pasteles de miel de Atenas65. Costumbres refinadas,
conocimiento de las técnicas, sí; pero además, el cocinero griego – al que posteriormente copiarían los romanos- debía ser algo más que un simple mecánico
de los fogones según Ateneo: debía ser un experto conocedor de los banquetes
suntuosos, un introductor de la mejor gastronomía de la época, que podríamos
comparar con la nouvelle cuisine de la época66.
La que fuera en principio pulcritud y distinción de los cocineros, se terminó
llevando al exceso a lo largo del desarrollo histórico del banquete. Incluso fueron
cualidades que no siempre estuvieron bien consideradas, juzgándose a veces la
sofisticación con criterios morales, como una cualidad decadente y perversa. Es
por este excesivo refinamiento, que un cocinero llegó a ser azotado, anécdota
Ibid. 50.1-2.
“Y cuida tu cabellera con buenos perfumes destilados. Sobre la blanda ceniza del fuego
lanza todo el día mirra e incienso, fragante fruto de Siria. Y cuando bebas, que te traigan golosinas como éstas: comino, acre vinagre y jugo de silphio; y la tierna raza de los pajaritos asados…”
Athen. Deipnos. 101C: 82.
64
Ibid. 101D: 82.
65
Ibid. 101B-E.
66
Symons 2000: 44.
62
63
102
4. Los cocineros romanos
descrita por Ateneo67. El delito de aquel cocinero consistió en haber preparado
una carne como si fuera salazón de pescado, considerando las autoridades que
con este proceder había engañado al comensal68.
El cocinero como indicador social
La presencia de cocineros de lujo en casas aristocráticas fue, por todo lo
señalado, un indicador social. Como lo fueron otros aspectos del Sistema alimentario, que en cualquier caso cumplían el papel de expresar estatus a través
de las muestras de refinamiento. La alimentación es en sí misma un indicador
de estatus y posición en una sociedad, y esa construcción de la realidad en Roma
englobaba distintos intérpretes, estando entre ellos el cocinero69. Estos no fueron
solamente especialistas en la preparación de una serie de recetas, organizadores
de las cocinas o expertos en técnicas culinarias. También representaron algo más,
un aspecto del rango y la categoría de la domus a la que pertenecían y, en definitiva, de la familia que depositó en ellos sus aspiraciones elitistas en los aspectos
gastronómicos70.
No podríamos concebir la gastronomía sin estos personajes que cumplían
el papel de sacerdotes-sacrificadores, y que tan bien conocían su cometido. Los
cocineros eran conscientes de su valor, de su capacidad y de lo necesarios que
eran en ese cometido, que no solo proveía de gastronomía de primera categoría
las casas en que servían, sino de ese sentido tan propiamente romano de categoría
social, de diferenciación social y de estratificación. Sin duda, podemos decir que
formaron parte de una forma de vivir propia de las élites.
BIBLIOGRAFÍA
Fuentes
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Athen. Deipnos. 137F.
Una de las recetas que hemos analizado anteriormente, y que hemos recogido en el conjunto de adulteraciones. Algunas de ellas están recogidas en la obra de Apicio, y como vemos, no
siempre fueron bien apreciadas.
69
Symons 2000: 102-103.
70
Para Wallace-Hadrill 1988: 52, en cuanto a la relación con el rango o estatus y el propio
espacio doméstico: “Roman domestic architecture is obsessionally concerned with distinctions
of social rank”. En cuanto al rango, el espacio doméstico y la alimentación, Foss 1994: 50-52.
67
68
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