Transtorno de personalidade histriônica
Transtorno de personalidade histriônica (TPH) é denido pela Associação Americana de Psiquiatria como
um transtorno de personalidade caracterizado por um padrão de emocionalidade excessiva e necessidade de chamar atenção para si mesmo, incluindo a procura de aprovação e comportamento inapropriadamente sedutor, normalmente a partir do início da idade adulta. Tais indivíduos são vívidos, dramáticos, animados, ertadores e
alternam seus estados entre entusiásticos e pessimistas.
Esquemas de diagnósticos diferenciais compreendem
que homens com sintomas similares tendam a ser diagnosticados com transtorno de personalidade narcisista.[2]
Visto que a sintomatologia do quadro coincide com uma
expressão exagerada do estereótipo do sexo feminino,
tem sido considerado o negativo do transtorno de personalidade antissocial, frequentemente associado a uma
expressão exagerada de masculinidade.
Podem ser também inapropriadamente provocativos sexualmente, expressarem emoçffes de uma forma impressionável e facilmente in uenciados por outros.
Entre as principais características relacionadas estão
egocentrismo, desorganização egóica, auto-indulgência,
anseio contínuo por admiração, e comportamento persistente e manipulativo para suprir suas próprias necessidades.
2 Características
1
Pessoas com este transtorno em geral são capazes de conviverem normalmente e às vezes alcançarem sucesso prossional e baixo índice de sucesso social. Indivíduos com
transtorno de personalidade histriônica geralmente possuem bons dotes sociais em um círculo restrito de pessoas e tendem a usá-los para manipular os outros para
tornaram-se o centro das atençffes.[3] Mais além, acabam
por afetar tais relacionamentos sociais, pro ssionais ou
românticos, assim como sua habilidade em lidar com perdas ou fracassos.
Prevalência
Esses indivíduos começam bem relacionamentos, porém,
tendem a hesitar quando profundidade e durabilidade são
necessários, alternando entre extremos de idealização e
desvalorização. São pessoas caracterizadas pela in delidade contumaz e inconsequente em relaçffes amorosas.
Com o m de relaçffes românticas podem buscar tratamento para depressão, embora isto não seja de forma alguma uma característica exclusiva a este transtorno. Inicialmente o TPH pode ser confundido com a mitomania.
Frequentemente não conseguem visualizar sua própria situação pessoal de forma realista e tendem, ao invés disso,
a dramatizar e exagerar suas di culdades. Podem passar
Atos de exibicionismo são indicativos de personalidade histriô- por frequentes mudanças de motivação no trabalho, pois
nica.
entediam-se facilmente e têm problemas em lidar com a
frustração e críticas. Por costumarem ansiar por novidaExistem poucos dados de estudos de prevalência desse des e excitação, podem colocar-se em situaçffes de risco.
transtorno, os que existem indicam uma prevalência na Todos esses fatores podem aumentar o perigo de desenpopulação de cerca de 2-3%. Já em contextos ambula- volvimento de depressão.
toriais e de internação em saúde mental, ao utilizar-se de
Entre os sintomas principais estão:[3]
avaliaçffes mais estruturadas, as taxas foram identi cadas
como cerca de 10 a 15% dos casos.[1]
• Comportamento exibicionista;
Ainda que algumas pesquisas sugiram que a proporção
seja próxima entre os sexos, este diagnóstico tem sido
muito mais frequente em mulheres. Enquanto os homens tenderiam a exibir masculinidade e habilidades físicas, as mulheres tenderiam a exaltar sua feminilidade e
sensualidade.[1]
• Busca constante por apoio ou aprovação;
• Dramatização excessiva com demonstraçffes exageradas de emoção, tais como abraçar alguém que acabou de conhecer ou chorar incontrolavelmente durante um lme ou música triste;[4]
1
2
4 DIAGNÓSTICO
• Sensibilidade excessiva frente a críticas ou desaprovaçffes;
• Orgulho da própria personalidade, relutância em
mudar e qualquer tentativa de mudança é vista como
ameaça;
• Aparência ou comportamento inapropriadamente
sedutor[5] ;
• Sintomas somatoformes, e utilização destes sintomas como meio de chamar atenção;
• Necessidade de ser o centro das atençffes;
• Baixa tolerância à frustração ou à demora por graticação;
• Angústia provocada pela alternância de crença nas
próprias mentiras insustentáveis (mitomania);
• Rápida variação de estados emocionais, que podem
parecer super ciais ou exagerados a outrem;
• Tendência em acreditar que relacionamentos são
mais íntimos do que na realidade o são;
• Decisffes precipitadas.
• Difamação de pessoas que competem com sua atenção (conjuges de pessoas próximas por exemplo).
3
Causas
Artistas podem exibir traços de personalidade histriônica, mas
estes apenas constituem um transtorno quando são inflexíveis,
socialmente inapropriados e persistentes mesmo quando inadequados e causam prejuízo e sofrimento significativo a si mesmo
ou a outros.[1]
relacionamentos românticos. A medicação tem pouco
efeito neste transtorno de personalidade, mas pode ajudar
A psicoterapia também
A causa deste transtorno é desconhecida, mas eventos da em sintomas como a depressão.
[7]
pode
auxiliar
no
tratamento.
infância como mortes ou doenças de familiares próximos,
que resultam em ansiedade constante, divórcio ou problemas de relacionamento dos pais e principalmente ge4.1 DSM-IV-TR 301.50
nética podem estar envolvidos. Poucas pesquisas foram
realizadas para determinar as fontes biológicas, se é que
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Menexistem, deste transtorno. Teorias psicanalíticas incrimitais (4ª edição, DSM IV-TR), geralmente utilizado para
nam atitudes autoritárias ou distantes por um (principaldiagnosticar transtornos mentais, de ne o transtorno de
mente a mãe) ou ambos os pais, ou os pais desses pais,
personalidade histriônica como:[8]
ou amor baseado em expectativas que a criança jamais
poderia alcançar.[6]
Um padrão predominante de emocionalidade
em excesso e procura por atenção, a partir do
começo da idade adulta e presente em uma va4 Diagnóstico
riedade de contextos, como indicado por cinco
(ou mais) dos seguintes:
O comportamento, aparência e histórico da pessoa, juntamente com uma avaliação psicológica, são normalmente
1. Sente-se desconfortável em situaçffes no qual ele ou
su cientes para estabelecer o diagnóstico. Não há um
ela não é o centro das atençffes;
teste especí co para con rmá-lo. Pelo critério ser subjetivo, algumas pessoas podem ser diagnosticadas errone2. Interação com outrem é frequentemente caracteriamente como sendo portadoras do transtorno, enquanto
zada por comportamento inapropriadamente seduoutras com o transtorno podem ser diagnosticadas como
tor ou provocativo;
não portadoras. Para que seja eliminado o falso positivo, o diagnóstico é baseado no conjunto de caracterís3. Demonstra mudanças rápidas e super ciais de emoticas sintomáticas do indivíduo. O tratamento costuma
çffes e avaliaçffes sobre outrem, principalmente seus
ser consequência da depressão associada à dissolução de
críticos;
3
4. Busca de parceiros simultâneos;
5. Utiliza consistentemente a aparência física e vestimenta (elegante ou ousada), para chamar atenção
para si;
10. Inconformismo com o m de relacionamentos, seguido de TOC -Transtorno Obsessivo Compulsivo
com prevalência à obsessão pelo Déjà-vu na busca
de reeditar relacionamentos que já não existem
mais.
6. Tem um estilo de discurso excessivamente impresÉ exigido pela CID-10 que o diagnóstico de quaisquer
sionável e de ciente em detalhes;
transtornos de personalidade especí cos também satis7. Demonstra dramatização, teatralidade, e expressão faça uma relação de critérios de transtornos de personalidade em geral.
exagerada de emoçffes;
8. É sugestionável, isto é, facilmente in uenciável por
outrem ou circunstâncias;
5 Tratamento
9. Considera os relacionamentos mais íntimos do que
Devido ao relativamente pouco material de pesquisa de
realmente o são;
apoio para trabalho em transtornos de personalidade e
10. Desprezo por diagnósticos e teimosia em julgar-se tratamentos à longo prazo com psicoterapia, as descobertas empíricas do tratamento de tais transtornos perpessoa sã;
manece baseada no método de avaliação de casos, con11. Di culdade de concentração e na leitura de textos junto de sintomas e em ensaios clínicos. Na base da aprelongos, tendendo à supe cialidade intelectual.
sentação do caso, o tratamento de escolha é psicoterapia
e/ou terapia cognitiva-comportamental, focada no autoÉ exigido pelo DSM IV-TR que o diagnóstico de quais- desenvolvimento através da resolução de con itos e no
quer transtornos de personalidade especí cos também sa- avanço de linhas de desenvolvimento inibidas. A terapia
tisfaça uma relação de critérios de transtornos de perso- em grupo pode auxiliar os indivíduos a aprenderem a controlar a exibição de comportamentos excessivamente dranalidade em geral.
máticos,insinuantes ou permissivos, mas devem ser monitoradas com atenção pois podem fornecer ao paciente
uma plateia para que se apresente, perpetuando assim o
4.2 CID-10
comportamento histriônico.[10]
A CID-10 da Organização Mundial da Saúde lista o trans- Os terapeutas especializados sabem que o Transtorno de
torno de personalidade histriônica sob o código F60.4, Personalidade Histriônica (TPH) é retro patológico, o
sendo caracterizado por pelo menos três dos seguintes:[9] que pode agravar o quadro clínico. A permisividade, a
sedução compulsiva e a busca inadequada por ser o cen1. Dramatização, teatralidade, e expressão exagerada tro das atençffes, causam na pessoa portadora desta síndrome o efeito reverso ao desejado nas pessoas que a cerde emoçffes;
cam e instalam na mente do paciente outras patologias
2. Sugestionabilidade, facilmente in uenciável por ou- psicossociais alienantes como o eremitismo (voluntário)
trem ou ambientes;
ou o simples isolamento social (conseqüência) agravando
o histrionismo. Em ambientes terapêuticos, constatou-se
3. Afetividade super cial e instável;
ser este um dos motivos do fracasso nas relaçffes afetivas do portador de TPH. Como em uma relação afetiva
4. Busca contínua por excitação e atividades onde o
não é aceito um comportamento sedutor compulsivo e depaciente é o centro das atençffes;
monstraçffes de sentimentos, permissividades e intimida5. Sedução inapropriada em aparência ou comporta- des inadequados com terceiros, os relacionamentos afetivos tendem ao estado limítrofe entre a super cialidade
mento;
e a cisão.
6. Busca de parceiros simultâneos;
Segundo Gabbard (1988) e Freemann (2007) o achado
[11]
nas mulheres portadoras de
7. Desprezo por diagnósticos, críticas e sugestffes que comum de anorgasmia
TPH
está
parcialmente
relacionado
a um desejo inconsnão coincidam com seu comportamento;
ciente de alcançar o poder de atenção sobre os homens
8. Preocupação excessiva com aparência física, vesti- por meio do ato sexual corriqueiro e inconseqüente. De
maneira inconsciente, a portadora do transtorno de persomenta e acesssórios.
nalidade histriônica possui antagonismologia patológica
9. Em casos extremos, pode insinuar-se para depois ser e pode ser diagnosticada como erotopata, praticante de
receptiva ao assédio do sexo oposto, mesmo que de permissividade sexual, ou vulgaridade patológica, instapessoas com pouca ou nenhuma intimidade;
lando a contradição mental que atinge sua ferida narcí-
4
6 REFERÊNCIAS
sica e retro alimenta a patologia. Conforme o Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (4ª edição, DSM IV-TR)), pela sua sugestionabilidade e pelas
suas características fenomenológicas, a paciente portadora de TPH é manipuladora, mas deve ser convencida
pelo terapeuta que, por explicitar estas características,
pode também ser facilmente manipulada de forma ardilosa por outrem, provocando a satisfação de suas dependências patológicas (manipulação egóica) como assédios
constantes, elogios à sua aparência e comentários que a
façam sentir-se o centro das atençffes. O manipulador
cativa a portadora de TPH para depois atingir seus objetivos escusos. Existe também uma abordagem de terapia
cognitivo-comportamental voltada para o tratamento de
transtornos de personalidade conhecida como Terapia do
esquema desenvolvida por Je rey Young em 1995. Nesta
psicoterapia o psicólogo ensina o paciente a[12] :
1. Perceber os prejuízos e sofrimentos que seu esquema mal adaptativo resulta em sua vida e na dos
outros, caracterizado por Transtorno de Personalidade Dissocial (Código: F60.2).;
2. Identi car os desencadeadores de seus comportamentos não saudáveis de agir;
3. Identi car os danos à sua própria imagem;
4. Desenvolver testes para veri cação de crenças irrealistas;
5. Desenvolver comportamentos alternativos mais saudáveis e e cientes.
6 Referências
[1] http://virtualpsy.locaweb.com.br/dsm_janela.php?cod=
159
[2] Seligman, Martin E.P (1984). “11”. Abnormal Psychology. W. W. Norton & Company. ISBN 039394459X
[3] “Histrionic personality disorder”. The Cleveland Clinic
[4] Cloninger, C. R., Svrakic, D.M., Przybeck, T.R. (2006)
Can personality assessment predict future depression? A
twelve-month follow-up of 631 subjects. “J A ective Disorder”, 92 (1), 35-44.
[5] Cloninger, C. R., Svrakic, D.M., Przybeck, T.R. (2006)
Can personality assessment predict future depression? A
twelve-month follow-up of 631 subjects. “J A ective Disorder”, 92 (1), 35-44.
[6] “Histrionic Personality Disorder”. Personality Disorders.
WebMD
[7] “Psych Central: Histrionic Personality Disorder Treatment”
[8] “Transtorno de personalidade histriônica”. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Associação
Americana de Psiquiatria (2000) (em inglês)
[9] “Histrionic personality disorder”. International Statistical
Classification of Diseases and Related Health Problems.
10th Revision (ICD-10)
[10] “Histrionic Personality Disorder”.
Network (2006)
Armenian Medical
[11] a-Prática-da-Psiquiatria,-Psicodinâmica-e-Psicologia-
Ao contrário de outras pessoas que sofrem de transtornos
Médica-64029707-Centro de Estudos Psiquiátricos]
(2008) (em português)
de personalidade, histriônicos são mais rápidos a procurar tratamento, exageram seus sintomas, gostam de con[12] http://www.nj-act.org/schema.html
tar suas di culdades e problemas, apreciam a atenção
provocada e gostam de ser observadas e examinadas por
médicos e psicólogos. Nesses casos o terapeuta não deve
se permitir ser a tela branca para as projeçffes do paciente. Comportamentos auto-destrutivos e ameaças de
suicídio devem ser levadas a sério, cabendo ao terapeuta
fazer um acordo para que o paciente telefone antes de cometer atos seriamente irresponsáveis ou auto-destrutivos.
O terapeuta frequentemente deve ser cético, racional e
paciente, estimulando que o paciente também desenvolva
essas qualidades. Como estes pacientes também tendem
a ter baixa auto-estima e ser mais emocionalmente carentes, muitas vezes desenvolvem vínculos ctícios afetivos
e íntimos com médicos, psicólogos e psiquiatras, agendando consultas desnecessárias e tornando-se relutantes
em iniciar e depois em encerrar a terapia.[1] Outro elemento muito importante, sempre presente no tratamento
de pacientes portadores de TPH e com ampla repercussão
no funcionamento mental deles, é a luta (pré-consciente)
contra a própria (e freqüentemente também do ambiente)
estigmatização. Essa empreitada costuma gerar sintomas secundários como a dissimulação e a mitomania para
atender uma certa necessidade de se mostrar normal.
5
7
Fontes, contribuidores e licenças de texto e imagem
7.1 Texto
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