Ensinando a Anamnese Psiquiátrica para Estudantes
de Medicina através da Inversão de Papéis: Relato de
Experiência
Teaching Psychiatric Anamnesis to Medical
Students through Role Reversal: Experience
Report
Albina Rodrigues TorresI
Sumaia Inaty SmairaI
Aline Paes VellozoI
Érica Vasques TrenchI
Gustavo Bigaton LovadiniI
Maria Cristina Pereira LimaI
RESUMO
Introdução: Tem havido um renovado interesse pela temática da relação médico-paciente e dos valores
humanitários na formação dos estudantes de Medicina, pois a capacidade de sentir empatia pelos pacientes é considerada um dos pilares da boa prática médica. A inversão de papéis é uma técnica derivada do psicodrama que pode favorecer o desenvolvimento da capacidade empática na relação médico-paciente. Objetivo: Relatar a experiência de ensino-aprendizagem da anamnese psiquiátrica no curso
de Semiologia em Psiquiatria com alunos da terceira série do curso médico da Faculdade de Medicina
de Botucatu (Unesp), utilizando a inversão de papéis como principal método pedagógico. Método:
Relato de experiência. A atividade é desenvolvida em cinco etapas distintas, mas inter-relacionadas:
(1) leitura e estudo autônomos da apostila de propedêutica psiquiátrica; (2) realização da anamnese
em três grupos de 15 alunos, em que estes alternam o papel de médico (entrevistador) e paciente (entrevistado); (3) realização de uma anamnese completa com um colega de turma, alternando-se também
o papel de paciente e de médico; (4) realização, pela mesma dupla, da anamnese psiquiátrica com um
paciente internado no hospital geral universitário; (5) discussão das anamneses realizadas, atividade
em que os alunos assumem o papel do paciente entrevistado para relatar, em primeira pessoa, os dados
obtidos na entrevista. Resultados: Os alunos mostram-se colaborativos, participando com interesse
de todas as etapas da atividade, que parece favorecer não apenas o aprendizado específico da anamnese
psiquiátrica, mas também a capacidade empática pelos colegas e pacientes. Nas discussões, atenção
especial é dada às descobertas e dificuldades vivenciadas pelos estudantes nessas atividades práticas,
assim como aos sentimentos experimentados em cada uma das etapas do processo. A atitude do preceptor de ouvir e acolher com respeito todos os relatos, dúvidas e manifestações afetivas dos alunos
procura ser um modelo de postura de acolhimento sem julgamento dos problemas e sentimentos dos
pacientes, postura fundamental para o estabelecimento da aliança terapêutica. Conclusão: A inversão
de papéis pode auxiliar os estudantes de Medicina no aprendizado da anamnese psiquiátrica, assim
como no desenvolvimento da empatia, habilidade essencial à prática médica de boa qualidade.
PALAVRAS-CHAVE
– Educação Médica.
– Anamnese Psiquiátrica.
– Inversão de Papéis.
– Psicodrama.
– Empatia.
– Relação Médico-Paciente.
REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA
43 (2) : 200-207; 2019
I
Faculdade de Medicina de Botucatu, Botucatu, São Paulo, Brasil.
Albina Rodrigues Torres et al.
http://dx.doi.org/10.1590/1981-52712015v43n2RB20180123
ABSTRACT
KEY-WORDS
– Medical Education.
– Psychiatric Anamnesis.
– Role Reversal.
– Empathy.
– Psychodrama.
– Physician-Patient Relationship.
Introduction: There has been renewed interest in the doctor-patient relationship and humanitarian
values in the training of medical students, given that the ability to feel empathy for patients is considered
one of the pillars of good medical practice. Role reversal is a technique derived from Psychodrama that
can promote the development of empathic capacity in the doctor-patient relationship. Objective:
to report a teaching-learning experience of psychiatric anamnesis in the course of Semiology in
Psychiatry with 3rd year students of Botucatu Medical School (UNESP), using the technique of
role reversal as the main pedagogical approach. Method: experience report. The activity has been
developed in five distinct but interrelated stages: 1) autonomous reading and studying the psychiatric
propaedeutic courseware; 2) performing the anamnesis in three groups of 15 students, in which
they alternate between the roles of physician (interviewer) and patient (interviewed); 3) performing
a complete anamnesis with a classmate, also alternating the roles of patient and physician; 4) the
same pair of students performs the psychiatric anamnesis with an inpatient of the general university
hospital; 5) discussion of the anamneses performed, an activity in which the students assume the
role of the patient, reporting, in the first person, the data obtained in the interview. Results: the
students have been collaborative, participating with interest in all stages of the activity, which seems
to favour not only the specific learning of psychiatric anamnesis, but also their empathic capacity
towards colleagues and patients. In the discussions, special attention has been given to the discoveries
and difficulties experienced by the students in these practical activities, and the feelings experienced
in each stage of the process. The preceptors’ attitude of respectfully listening to and accepting all
the reports, doubts and affective manifestations of the students provides a model for an accepting
and non-judgemental attitude toward patients’ problems and feelings, which is fundamental for
the development of the therapeutic alliance. Conclusion: Role reversal can be used to help medical
students develop their skills in psychiatric anamnesis, and their empathy, an essential skill for good
quality medical practice.
Recebido em: 25/8/18
Aceito em: 25/9/18
INTRODUÇÃO
A humanização do trabalho em saúde tem sido cada vez mais
valorizada na atualidade em virtude do reconhecimento de
sua importância para a competência profissional, além dos
avanços tecnológicos1. Assim, tem havido um renovado interesse pela temática da relação médico-paciente e dos valores
humanitários, tanto na formação dos estudantes de Medicina
quanto na investigação científica1. Ao lado do conhecimento
técnico, a capacidade de sentir empatia pelos pacientes é considerada um dos pilares da boa prática médica2-4.
A empatia é um conceito complexo e multidimensional,
que engloba aspectos morais, cognitivos, emocionais e comportamentais, sendo um componente essencial de todos os
relacionamentos construtivos2,3,5. O domínio cognitivo da empatia se refere à capacidade de entender as experiências subjetivas e os sentimentos de outra pessoa e de ver o mundo pela
perspectiva dela, enquanto o domínio afetivo envolve a capacidade de compartilhar as experiências e sentimentos do outro5.
A empatia na prática clínica é definida como a capacidade
do profissional da saúde de: entender a situação, a perspectiva
e os sentimentos do paciente; comunicar esse entendimento
e verificar sua acurácia; e atuar de modo útil ou terapêutico
com base nesse entendimento2,3. A empatia é crucial para uma
relação médico-paciente bem-sucedida, pois propicia uma
abordagem centrada nas necessidades do paciente, além de
aumentar a satisfação do médico2,3,6. Assim, é um aspecto determinante do cuidado médico de boa qualidade1,2,7. Gregory
Fricchione, em seu livro “Compassion and Healing in Medicine
and Society” 8, discorre longamente sobre a importância da
empatia e da compaixão para a prática médica. Segundo Caprara e Rodrigues1, estas habilidades são fundamentais para
os profissionais de saúde, uma vez que podem minimizar a
assimetria da relação médico-paciente e melhorar o vínculo
terapêutico e, consequentemente, os resultados do tratamento.
No intuito de trabalhar competências afetivas, como a
empatia, os cursos de Medicina têm sofrido modificações e in-
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corporado estratégias pedagógicas, como, por exemplo, narrativas. Em experiência conduzida numa escola médica, Claro
e Mendes9 descrevem temas que surgiram na análise das narrativas. De acordo com as autoras, os estudantes revelaram
admiração pelos pacientes por sua coragem e generosidade;
compreensão de seus problemas, pontos de vista e experiências e estabelecimento de relações de amizade e cumplicidade
com os pacientes. Os estudantes relataram também certa inibição inicial de abordar os pacientes e receio de incomodá-los,
e dificuldades em lidar com seu sofrimento e com a expressão
de suas emoções, entre outros.
Este relato tem por objetivo divulgar a experiência pedagógica de dez anos do ensino da realização da anamnese
psiquiátrica com alunos da terceira série do curso médico da
Faculdade de Medicina de Botucatu – Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho (FMB-Unesp), baseada fundamentalmente na técnica de inversão de papéis. O método
pedagógico aqui relatado continua sendo utilizado.
CONTEXTO DO RELATO DE EXPERIÊNCIA
O curso de Medicina da FMB-Unesp foi criado em 1963 e oferece 90 vagas anuais para alunos ingressantes. Por estar situada
numa cidade de pequeno porte (cerca de 140 mil habitantes)
no interior do estado, a grande maioria dos estudantes vem
de outras cidades do interior, da capital e de outros estados.
Na atual grade curricular do curso médico da FMB, a disciplina de Psiquiatria tem duas inserções, sendo a primeira no
curso de Semiologia Psiquiátrica da terceira série, e a segunda
no internato, na quinta série do curso.
A disciplina de Semiologia Psiquiátrica é ministrada
no primeiro semestre da terceira série para duas turmas de
aproximadamente 45 alunos (dois períodos por semana para
cada turma). Já o internato (quinta série) é um estágio prático, ministrado de janeiro a dezembro, na forma de rodízio de
aproximadamente quatro semanas, para grupos de sete a oito
alunos cada. Para os alunos de internato interessados, existe a
possibilidade de realizar um estágio optativo de Psiquiatria,
denominado “Transtornos mentais no ciclo da vida”. No internato regular são enfatizados temas de maior prevalência e
importância epidemiológica para a formação do médico generalista (ex.: transtornos depressivos, ansiosos e por uso de
álcool) em contexto ambulatorial. Já no internato optativo o
aluno tem um contato mais amplo com diversos transtornos
mentais e cenários de prática (ex.: hospital-dia e enfermaria
de Psiquiatria, hospital psiquiátrico, centros de atenção psicossocial – CAPS, serviço de álcool e drogas e ambulatórios de
subespecialidades). Como atividade extracurricular, os alunos
podem ainda participar da Liga de Saúde Mental (LISM), cria-
da em 2004, em que se desenvolvem diversas atividades fora
do horário regular de aulas.
Apesar de todas as atividades desenvolvidas, a carga
horária regular da disciplina é considerada pequena, o que
exige que os docentes a utilizem da melhor maneira possível
para maximizar o aprendizado dos alunos. Ressalta-se que a
disciplina tem como objetivo trabalhar não só as habilidades
cognitivas, mas também as afetivas. Deste modo, sempre que
possível, adotamos métodos de ensino-aprendizagem mais
ativos, participativos, práticos e dinâmicos.
A INVERSÃO DE PAPÉIS
A inversão de papéis é uma técnica de role-playing oriunda do
psicodrama, abordagem psicoterápica desenvolvida por Moreno10. Em artigo de revisão de Liberali e Grosseman11, foram
encontrados apenas sete artigos que descrevem o uso do psicodrama na educação médica brasileira no período de 2003 a
2013, sendo que cinco utilizam a técnica de role-playing, e dois,
o sociodrama. Estes dois últimos são relatos de experiências didáticas anteriores com alunos de Medicina da FMB-Unesp12,13.
Tais técnicas favorecem a reflexão crítica, a troca de experiências, o autoconhecimento e o melhor manejo de emoções
como medo e ansiedade, melhorando habilidades clínicas e
de comunicação11. Num destes estudos14, a inversão de papéis
foi utilizada como recurso pedagógico para aprimorar as habilidades de comunicação e escuta durante a relação com o
paciente, alternando-se entre os alunos os papéis de médico,
paciente e observador. Experiência anterior com o uso do psicodrama em estudantes de Medicina foi relatada por Lima15,
num trabalho de grupo psicoprofilático semanal com alunos
da primeira série do curso, para favorecer o adequado desenvolvimento do papel profissional.
MÉTODO
O curso de Semiologia Psiquiátrica é, ao mesmo tempo, um
curso de Psiquiatria Clínica, pois a anamnese e o exame psíquico são ensinados paralelamente ao conteúdo referente às
principais alterações psicopatológicas e características clínicas
dos diferentes transtornos mentais (a programação completa
do curso está disponível para envio). A seguir, são descritas
cinco etapas dedicadas mais especificamente ao ensino da
anamnese psiquiátrica.
Primeira etapa: leitura e estudo autônomo da apostila de
Propedêutica Psiquiátrica
No primeiro dia do curso, os alunos são informados de que
estão disponíveis na Escola Médica Virtual (ambiente virtual
de aprendizagem SETe – plataforma Moodle) várias apostilas
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e materiais didáticos, incluindo a apostila de Propedêutica
Psiquiátrica (disponível para envio). Em linhas gerais, essa
apostila detalha os dados a serem investigados na entrevista:
queixa atual e duração, história do transtorno mental atual,
constituição e relacionamento familiar, antecedentes mórbidos familiares e pessoais, incluindo desenvolvimento inicial,
comportamento durante a infância e adolescência, escolaridade e conduta na escola, ocupações, antecedentes sexuais e
conjugais, filhos, antecedentes mórbidos gerais e psiquiátricos, uso e abuso de substâncias psicoativas, comportamentos
antissociais, atividades de lazer, religião e condições atuais de
vida. Os alunos são orientados a ler e a estudar esse conteúdo
para a aula seguinte, a ser realizada três dias depois.
Segunda etapa: realização da anamnese entre os alunos
Para essa atividade prática, os estudantes são divididos por
ordem alfabética em três grupos de 15 alunos, tendo cada
grupo um preceptor que coordena a atividade, cuja duração
média é de três horas, com um intervalo de 15 a 20 minutos.
Forma-se um círculo de cadeiras, é feita uma rodada de apresentação e inicia-se a discussão com as dúvidas e comentários
referentes à leitura da apostila de Propedêutica Psiquiátrica,
com ênfase nas semelhanças e diferenças em relação à semiologia da clínica médica geral.
Em seguida, o preceptor informa aos alunos que eles alternarão o papel de médico (entrevistador) e paciente (entrevistado) ao longo da atividade prática. A participação como
entrevistadores é obrigatória, mas a participação como paciente é voluntária. A alternância de papéis se dá a cada item da
anamnese psiquiátrica, para que todos os alunos que assim
desejarem tenham a oportunidade de experimentar os dois
papéis. Os alunos são informados de que, apesar de voluntária, a participação como paciente implica o compromisso
de responder com sinceridade às perguntas feitas pelo entrevistador. Solicita-se também ao grupo todo que assuma o
compromisso de manter respeito e sigilo em relação a todas
as informações pessoais fornecidas pelos colegas no papel de
paciente. Antes de cada item, o preceptor questiona quem gostaria de participar como paciente para responder a respeito
de, por exemplo, acontecimentos relevantes de sua infância.
Assim que o aluno voluntário se apresenta, o preceptor escolhe outro aluno para ser o entrevistador a respeito deste item
específico da anamnese. Solicita-se que o entrevistador evite
ler a apostila durante a entrevista, mas a desenvolva de modo
espontâneo, procurando se lembrar de todos os aspectos importantes a serem investigados, sempre respeitando o ritmo
e os sentimentos do entrevistado. Caso o aluno-entrevistador
esqueça algum aspecto relevante daquele item, o restante do
grupo pode ajudá-lo a complementar as perguntas, questionando diretamente o aluno-paciente, assumindo também o
papel de entrevistador. Isto é repetido sucessivamente para
cada um dos itens da anamnese, mudando-se constantemente
o aluno-paciente e o aluno-entrevistador até se completar a
anamnese.
No final, discute-se com os alunos como foi a experiência
deles em cada um dos papéis, incluindo dúvidas e sentimentos. Além disso, reforça-se o compromisso de sigilo e respeito
em relação aos conteúdos pessoais trazidos pelos colegas.
Terceira etapa: realização de anamnese completa com um
colega de turma
Nesta etapa, solicita-se aos alunos de cada subgrupo que formem duplas, de livre escolha, para realizarem anamneses
completas entre si, alternando-se também o papel de paciente
e de médico. Esta anamnese (modelo disponível para envio)
pode ser feita em local e horário que considerarem mais adequados, visando a maior privacidade e dedicação exclusiva à
atividade.
Quarta etapa: realização de anamnese psiquiátrica com um
paciente hospitalizado
Nesta etapa, a mesma dupla que fez a anamnese entre si deve
realizar uma anamnese psiquiátrica completa com um paciente internado no hospital universitário por qualquer problema
de saúde. O paciente deve, evidentemente, estar em condições clínicas de responder à entrevista completa e livremente concordar em participar. Orientam-se os alunos para que
consultem antecipadamente o paciente, assim como peçam
autorização do médico responsável pelo paciente para realizar a entrevista. Obtidas essas duas anuências, combina-se o
melhor horário para a realização da anamnese, que, na maioria dos casos, é realizada pelos dois alunos à beira do leito, no
mesmo dia.
Quinta etapa: discussão das anamneses realizadas
Nesta etapa final, que ocorre aproximadamente um mês após
o início do curso, é realizada outra atividade prática com os
três subgrupos de aproximadamente 15 alunos e um preceptor. Inicialmente, é conduzida uma discussão aberta sobre as
eventuais dúvidas e dificuldades encontradas na realização
das anamneses, bem como sobre os sentimentos experimentados por eles, tanto no papel de entrevistador do colega e do
paciente, como no papel de paciente. Solicita-se então aos alunos que, se necessário, releiam brevemente a anamnese que
fizeram em duplas para recordar alguns dados de história do
paciente entrevistado antes de entregar o trabalho (apenas a
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anamnese realizada com o paciente do hospital é recolhida; a
anamnese realizada com o colega é devolvida a ele).
Em seguida, pede-se aos alunos que fechem os olhos brevemente para que assumam o papel do paciente entrevistado
na enfermaria e relatem, em primeira pessoa, as informações
obtidas na anamnese. Cada paciente real terá dois alunos representando-o, de modo que eles possam complementar ou
corrigir as informações fornecidas pelo colega, caso necessário. Neste momento da atividade, o preceptor assume o papel
de entrevistador e passa a entrevistar os diferentes pacientes
em relação a todos os itens da anamnese psiquiátrica, incluindo dados sobre o problema de saúde que motivou a internação (sintomas, diagnóstico, tempo de doença e de hospitalização, exames e procedimentos diagnósticos ou terapêuticos
a que já se submeteu ou a que deve se submeter, sentimentos
em relação à doença e ao tratamento, etc.). Cada um dos itens
da anamnese psiquiátrica é investigado (dados sociodemográficos, cidade de origem, ocupação, constituição familiar, dados
relevantes de história de vida, antecedentes psiquiátricos pessoais e familiares), mas de forma livre e aberta, incentivando-se a comunicação entre os alunos, sempre no papel de pacientes. Concluída essa entrevista em grupo, quando a história de
vida de todos os pacientes já é suficientemente conhecida por
todos, solicita-se aos alunos que fechem novamente os olhos
por alguns segundos e saiam do papel do paciente para discutirem a experiência.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nas discussões sobre a anamnese psiquiátrica, atenção especial é dada às dificuldades e descobertas vividas por meio destas experiências práticas, assim como aos sentimentos experimentados em cada uma das etapas do processo. Ao ouvir e
acolher com respeito todos os relatos, dúvidas e manifestações
afetivas dos alunos, o preceptor procura ser um modelo de
postura de acolhimento sem julgamento dos problemas e sentimentos dos pacientes, postura fundamental ao desenvolvimento da aliança terapêutica em qualquer cenário e contexto
da prática médica.
Durante todos esses anos de experiência com o uso da
inversão de papéis para realização da anamnese, observamos
que os alunos participam ativamente e com interesse de todas as etapas da atividade e frequentemente se emocionam
ao relatarem suas experiências pessoais e ao ouvirem o relato das experiências dos colegas e dos pacientes. Apesar de
alguns alunos eventualmente manifestarem certa ansiedade
no início das atividades, nunca tivemos problemas de recusa
de participação, dificuldades em relação aos temas discutidos ou conhecimento de quebra do sigilo sobre as atividades.
Pelo contrário, os alunos se mostram colaborativos e reportam
como sendo de grande importância este espaço de discussão
para trabalhar melhor mitos e tabus, como, por exemplo, o receio de indagar o paciente sobre ideação suicida ou aspectos
relacionados à sexualidade. A atividade desenvolvida com o
colega parece possibilitar maior aproximação entre eles, como
mostram alguns relatos (obtidos de forma anônima e livre,
com a finalidade de avaliação da atividade didática):
Achei muito interessante o modo abordado, pois pudemos,
além de aprender os passos de uma anamnese psiquiátrica,
conhecer mais sobre nossos colegas e criar um vínculo maior.
(relato sobre a segunda etapa)
É um recurso para trabalharmos o “ouvir” o próximo, além
de ser um momento de conhecermos nossos amigos. (terceira
etapa)
O treinamento da anamnese com o colega me deixou mais
preparada para conversar com o paciente posteriormente.
(terceira etapa)
Nas aulas subsequentes, outros pacientes ambulatoriais
que concordam livremente em participar são entrevistados
após as aulas teóricas, e a anamnese é conduzida pelo grupo
de alunos, com a coordenação e apoio do preceptor, que é sempre o médico responsável pelo tratamento daquele paciente.
Os relatos dos alunos parecem apontar ainda que as atividades têm potencial para promover a empatia na relação com
o paciente:
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O fato de nós, alunos, ao mesmo tempo sermos o médico e
o paciente nos ajuda a, ao mesmo tempo, entender como o
paciente se sente na entrevista e como nós, como médicos, devemos perguntar aos pacientes sem deixá-los constrangidos.
(segunda etapa)
Ser o paciente nos faz priorizar o sentimento do indivíduo
que iremos entrevistar. Cria em nós uma empatia pela capacidade das pessoas em expor livremente sobre suas vidas. Ser o
entrevistador com colegas treina nossa capacidade de dosar as
palavras para uma anamnese real. (terceira etapa)
Foi interessante também se colocar no lugar do paciente para
enriquecer a discussão e exercitar a empatia. (terceira etapa)
Foi ótimo no sentido de favorecer a empatia com o paciente.
(terceira etapa)
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Passar pela experiência do paciente, respondendo às perguntas possivelmente íntimas ou constrangedoras, é importante
para quando estivermos entrevistando pacientes e sabermos
formas mais adequadas e confortáveis de perguntar. (terceira
etapa)
Realizar a anamnese diretamente com o paciente é muito produtivo para o aprendizado. Além disso, a discussão em sala
(de aula) de nós mesmos interpretando os pacientes é muito
interessante. (quarta e quinta etapas)
Foi um momento muito importante para treinar as competências vistas em sala (de aula) ao longo do curso. Fica evidente que na anamnese psiquiátrica a conexão com o paciente é
ainda mais importante e essencial. (quarta e quinta etapas)
Vários estudos demonstram que a maior capacidade empática do médico aumenta sua capacidade de fazer diagnósticos acurados e melhora a resposta dos pacientes a intervenções psicológicas e farmacológicas2,3. Assim, associa-se com
melhores desfechos clínicos de diversos tipos16-19. O comportamento empático do médico melhoraria também a comunicação com o paciente, estimularia o relato deste de seus sintomas
e preocupações, sua participação, adesão e satisfação com o
tratamento, diminuiria seu sofrimento, melhoraria sua qualidade de vida e até mesmo sua resposta imunológica18.
Ao realizar as entrevistas com base no roteiro da anamnese psiquiátrica, diferentemente da anamnese clínica, o aluno tem a oportunidade de escutar sobre os aspectos afetivos
e sociais da vida do paciente, de seus colegas e de si mesmo,
o que suscita diversas reflexões: como lidar com os diversos
sentimentos despertados (empatia, vergonha, ansiedade, irritação) no contato com o paciente, provocando-o a pensar
em como manejar essa dimensão afetiva na prática clínica; a
construção da narrativa sobre a biografia do paciente permite
que ambos, aluno-médico e paciente, reflitam sobre a conexão
entre os fatos de sua vida e seu processo de adoecimento, além
de exercitarem como é estar no lugar do paciente, o que faz o
aluno pensar que deve tratar e cuidar dos pacientes da mesma
forma que gostaria de ser tratado.
Assim, essa atividade possibilita que o aluno reconheça
a importância das dimensões afetivas e sociais do paciente,
frequentemente esquecidas ou pouco valorizadas na prática
clínica geral, o que resulta na construção de um olhar enriquecido, singularizado e humanizado do paciente, que passa a ser
visto como um sujeito, para além de sua doença.
De fato, numa revisão sistemática sobre a efetividade da
empatia na prática médica geral, Derksen et al.20 concluíram
que este é um aspecto de importância inquestionável, uma vez
que melhora a relação médico-paciente, aumenta a satisfação
e diminui a ansiedade e o sofrimento do paciente, resultando
em melhores desfechos clínicos.
Acredita-se, portanto, que essa atividade, embora realizada durante o curso de Psiquiatria, contribua com a melhora da
prática clínica médica geral, já que, ao incorporar na escuta do
médico essas dimensões, singulariza o olhar sobre o paciente
e incrementa a empatia do estudante de Medicina e do futuro
clínico.
No artigo de revisão de Shapiro4, a autora destaca que
uma das principais tarefas dos educadores médicos é ajudar
os alunos a manter ou aumentar a empatia pelos pacientes, ao
lado de outros valores humanitários. A Associação Americana
das Faculdades de Medicina estabelece que a capacidade empática é um dos objetivos essenciais do ensino médico, uma
vez que melhora a acurácia diagnóstica, a adesão e a resposta ao tratamento, assim como a satisfação do paciente e do
médico3.
Infelizmente, no entanto, alguns estudos mostram que a
empatia tende a declinar ao longo da formação médica, sendo
usualmente maior nos anos pré-clínicos do que nos anos clínicos, em que o aluno tem mais contato direto com os pacientes e nos quais, portanto, a empatia é mais necessária3,4,6,18,21-24.
Este declínio estaria associado às pesadas demandas físicas
e emocionais do curso, assim como ao contato com práticas
informais inerentes à cultura da medicina, que favoreceriam
o burnout, a supressão emocional e o distanciamento dos
pacientes24.
Assim, a empatia é influenciada por fatores situacionais7,
sendo passível de aprendizado e mudança também para melhor ao longo do curso2,3. Segundo Pfeiffer et al.25, inovações
pedagógicas que integram disciplinas de humanidades motivariam o estudante a se tornar um profissional mais reflexivo,
empoderado, engajado, sensível e cuidadoso com o paciente
e seus familiares. Considerar o paciente não apenas do ponto
de vista biológico, mas em sua integralidade física, psíquica e
social demanda maior sensibilidade diante do sofrimento da
doença1. A prática médica exigiria uma “competência narrativa”, ou seja, a habilidade humanística de reconhecer, absorver,
interpretar e agir sobre as histórias e dificuldades do outro,
conhecida como “Medicina Narrativa”26. Assim, na formação
da identidade profissional, estas ferramentas que incluem diferentes vozes e enfatizam a reflexão pessoal e a crítica social
favoreceriam a empatia e, consequentemente, os resultados do
tratamento25.
Num estudo qualitativo com 42 médicos sobre fatores
que, na visão deles, influenciam o desenvolvimento da em-
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patia durante a formação27, seis temas foram identificados.
Entre os que favorecem a empatia estariam a interação com
os pacientes, o reconhecimento das dimensões psicossociais
do cuidado e o autodesenvolvimento por meio de práticas
reflexivas.
O autocuidado e o equilíbrio saudável entre as atividades
do curso e de vida pessoal favoreceriam atitudes e comportamentos humanísticos, altruísticos e pró-sociais nos estudantes24. Por outro lado, estresse, falta de tempo e condições
adversas de trabalho prejudicariam a capacidade empática27.
Durante o curso de Semiologia Psiquiátrica, é comum que
alguns alunos se sintam motivados a procurar o Serviço de
Apoio à Saúde Mental do Estudante (Seapes) da FMB ou outros serviços de saúde mental da cidade, para se submeterem
a tratamento psicoterápico e/ou psiquiátrico.
Workshops para o desenvolvimento da habilidade de
comunicação com os pacientes também teriam grande impacto positivo na dimensão comportamental da empatia3.
No entanto, é preciso investigar a efetividade de programas
educacionais que visem desenvolver ou fomentar a empatia
nos estudantes de Medicina1,3,21,27. Pesquisas quantitativas e
qualitativas de natureza interdisciplinar são necessárias neste
campo, dada a complexidade e a multidimensionalidade da
habilidade de empatia3,7.
Interessantemente, Neumann et al.7 relatam que as experiências biográficas influenciam o comportamento empático do
profissional, devendo ser integradas às atividades que visam
promover a empatia na educação médica, para garantir um
cuidado de alta qualidade aos pacientes. A “competência narrativa” implicaria a capacidade humanística de se juntar ao
paciente em sua doença e de reconhecer a própria trajetória
pessoal e profissional, aproximando o médico do paciente, de
si mesmo, dos colegas e da sociedade como um todo26. Assim,
se colocar “na pele do paciente” – ou, em inglês, “walking in the
patient’s shoes” – é uma habilidade fundamental a ser desenvolvida no curso médico4. Nesse sentido, a técnica de inversão de papéis é um instrumento que pode ser de grande valia
no desenvolvimento das habilidades relacionais de empatia e
compaixão do estudante de Medicina, devendo ser objeto de
futuras investigações empíricas.
Como educadores de futuros médicos, buscar dar um modelo de acolhimento respeitoso e sem julgamento aos relatos,
dúvidas e sentimentos dos estudantes durante as várias etapas desta atividade tem sido uma experiência por vezes desafiadora e comovente, mas sempre rica e gratificante.
CONCLUSÃO
A inversão de papéis é um método proveniente do psicodrama
que pode favorecer não apenas o aprendizado da técnica da
entrevista psiquiátrica, mas também a capacidade de empatia,
ao fazer com que o aluno se coloque no lugar do paciente e
tente experimentar o mundo através de seus olhos. Estudos
empíricos, no entanto, são necessários para comprovar se esta
técnica pedagógica de fato favorece tal habilidade humanística, que é essencial à prática médica de boa qualidade.
AGRADECIMENTOS
“Aos colegas da Disciplina de Psiquiatria Ana Maria Tiosso e
Ricardo Cezar Torresan, que também participam desta atividade didática de maneira regular e dedicada.”
“Ao Dr. Miguel Perez Navarro (in memoriam) por ter sido supervisor da equipe de Saúde Mental da FMB-Unesp por 15
anos e por ter sempre nos incentivado a utilizar técnicas psicodramáticas no ensino de graduação.”
REFERÊNCIAS
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CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES
Todos os autores participaram da concepção deste estudo. Albina Rodrigues Torres redigiu a primeira versão do manuscrito, e todos os autores contribuíram para sua elaboração e
reviram a versão final, aprovando-a para publicação.
CONFLITO DE INTERESSES
Não há conflito de interesses.
ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA
Albina Rodrigues Torres
Departamento de Neurologia, Psicologia e Psiquiatria
Faculdade de Medicina de Botucatu – Unesp
Av. Professor Mário Rubens Guimarães Montenegro, s/nº
Distrito de Rubião Jr. – Botucatu
CEP 18618-687 – SP
E-mail: albinatorres@gmail.com / albina.torres@unesp.br
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