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CIÊNCIA E ARTE DO ENCONTRO: O RIO DE BRAÇOS ABERTOS ISBN: 978-85-61702-97-7 ENTRE SUJEITO E OBJETO DE PESQUISA: REFLEXÕES PARCIAIS DE UM CIENTISTA TRANSMASCULINO NAS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS1 Murillo Medeiros Carvalho2 Jaqueline Gomes de Jesus3 Charbel Niño El-Hani4 RESUMO As ciências biológicas têm, ao longo de sua história na ciência ocidental moderna, sofrido dualidades e oposições em relação ao âmbito social, por vezes sendo utilizada como ferramenta de normatização social com base em reducionismos e essencialismos. Por vezes, sendo utilizada como via da validação para a marginalização social, delimitando e categorizando corpos e comportamentos como inferiores ou superiores, naturais ou patológicos. Essa problemática pode nos encaminhar para a discussão sobre uma relação entre ciência e valores sociais dos cientistas e das comunidades acadêmicas. Como um cientista transmasculino nas ciências biológicas, acompanho essa questão de maneira dual: entre sujeito e objeto de pesquisa. Por ter transicionado durante minha trajetória acadêmica, conheci e re-conheci a academia e as ciências biológicas. E é a partir desta posição que busco refletir sobre a possibilidade de encontros e emancipações. Parto de uma análise autoetnográfica unindo uma perspectiva teórica “de cima” - através de referenciais teóricos da filosofia da biologia, teorias de ciência e valores e de referenciais transfeministas - à uma visão “de baixo”, baseada na minha experiência enquanto um cientista trans nas ciências biológicas. Minha análise, ainda em 1 Este artigo é resultado parcial de um projeto de doutorado em andamento. 2 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências da Universidade Federal da Bahia - UFBA, Bolsista CAPES. mrl_medeiros01@outlook.com; 3 Professora de Psicologia do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) e da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ensino de História (ProfHistória) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). jaqueline.jesus@ifrj.edu.br; 4 Professor Adjunto do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia - UFBA, coordenador do Laboratório de Ensino, Filosofia e História da Biologia (LEFHBio) e do INCT em Estudos Interdisciplinares e Transdisciplinares em Ecologia e Evolução (IN-TREE). charbel.elhani@gmail.com. ST 21 - O PACTO NARCÍSICO DA CISGENERIDADE: REFLEXÕES SOBRE A OUTRIDADE E A OFENSA DA NOMEAÇÃO 1583 CIÊNCIA E ARTE DO ENCONTRO: O RIO DE BRAÇOS ABERTOS ISBN: 978-85-61702-97-7 construção, é guiada pelos seguintes questionamentos: quais são os impactos e tensões da presença dos corpos e vivências trans no fazer científico das ciências biológicas? Quais possibilidades de reformulações epistemológicas fomentariam uma produção de conhecimento para além das limitações epistemológicas ciscentradas? Este artigo é fruto de um doutorado em andamento. Palavras-chave: Ciências biológicas, Transgênero, Justiça Epistêmica, Cisnormatividade. ST 21 - O PACTO NARCÍSICO DA CISGENERIDADE: REFLEXÕES SOBRE A OUTRIDADE E A OFENSA DA NOMEAÇÃO 1584 CIÊNCIA E ARTE DO ENCONTRO: O RIO DE BRAÇOS ABERTOS ISBN: 978-85-61702-97-7 UM PONTO DE PARTIDA E RETORNO P ara introduzir este trabalho a fim de expor as causas que me levaram, através das minhas inseguranças, a produzir essa tese com tal temática e metodologia, recordo parte da minha história e seus bordados com as ciências biológicas, enlaçando experiências e memórias. Faço dos meus percursos e trajetos meus pontos de partida e retorno ao longo de todo o texto, traçando conexões entre a experiências e teorias. Não haveria como iniciar essa escrita senão rememorando minha apresentação à biologia, que ocorreu de maneira “oficial” durante minha vida escolar, apesar de viver imerso em nossas relações por ser uma criança curiosa com o mundo à minha volta e conviver com os conhecimentos de minha mãe, que é médica. A biologia sempre foi a disciplina que mais me despertava a curiosidade, mesmo sendo uma criança “transviada”. Talvez seja contraditório à primeira vista, visto que a biologia é uma das principais vias de heterocentrismo, ciscentrismo5 e outras normatividades na escola (Lionço e Diniz, 2015; Gaspodini e Jesus, 2020). O ambiente escolar nos apresenta as possibilidades e impossibilidades dos nossos corpos através de pedagogias, por muitas vezes discretas e sutis, mas em maioria muito eficazes (Louro, 2018). Essa educação de nossos corpos está na estrutura dos ambientes educacionais, nas suas administrações e seus currículos. Podemos observar parte desse fenômeno na atribuição de gênero ao óvulo, esperma e aos hormônios estrogênio e testosterona. A biologia acaba por se configurar como um dos grandes agentes de naturalização de certos corpos e comportamentos em detrimento de outros, contingenciando as diversas identidades sociais dos corpos educados e daqueles que os educam (Louro, 2018). Minha controvérsia, talvez, possa ser explicada pela minha “transição de gênero tardia”, que ocorreu após minha entrada na Universidade. Ou, talvez, minha posição de privilégio racial e de classe, que me deslocam da população com taxas mais altas de evasão compulsória de pessoas transgênero e travestis do ambiente escolar (Instituto Internacional sobre Raça, Igualdade e Direitos Humanos, 2021). Em geral, a vida escolar é uma questão sensível para pessoas trans6. Segundo a Associação Nacional de Transexuais e Travestis (2020), cerca de 70% das pessoas trans e travestis não conseguiram concluir o ensino médio no Brasil em 2020, um número alto que atravessa décadas. 5 Cf.: GASPODINI, Icaro Bonamigo; DE JESUS, Jaqueline Gomes. Heterocentrismo e ciscentrismo: crenças de superioridade sobre orientação sexual, sexo e gênero. Revista Universo Psi, v. 1, n. 2, p. 33-51, 2020. 6 O termo trans será utilizado para referir-se a toda e qualquer pessoa que não se identifica com o gênero atribuído ao nascer. ST 21 - O PACTO NARCÍSICO DA CISGENERIDADE: REFLEXÕES SOBRE A OUTRIDADE E A OFENSA DA NOMEAÇÃO 1585 CIÊNCIA E ARTE DO ENCONTRO: O RIO DE BRAÇOS ABERTOS ISBN: 978-85-61702-97-7 A violência faz com que a vida escolar/acadêmica de pessoas trans atue como um gargalo, embarreirando cada vez mais a continuidade da formação educacional, com o índice extremamente baixo de pessoas trans e travestis no ensino superior. Segundo a V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos(as) Graduandos(as) das IFES (ANDIFES, 2019), apenas cerca de 3,4% de pessoas declaradas trans compõem as pessoas graduandas do Brasil em Institutos Federais. Mais especificamente na área do conhecimento das Ciências Biológicas, são 4% de pessoas fora da cisgeneridade (ANDIFES, 2019). Ainda que extremamente baixo, é importante destacar que esses números de 2018 são fruto das políticas afirmativas implementadas a partir de 2016, mas que ainda não são realidade em todas as universidades públicas do Brasil (York, 2020). Esses dados desnudam a realidade da subrepresentação de pesquisadores transgêneros atuando nas ciências biológicas no Brasil. Quando partimos para dados mundiais, segundo Freeman (2018), a maioria dos cientistas LGBTQIA+ nas STEMS sentem-se desconfortáveis em seus departamentos, são sub-representados e são mais propensos a abandonar seus campos de pesquisa. Para pessoas transgênero, a invisibilização é ainda maior. Durante minha jornada com a biologia percorri um caminho que é exceção entre a população trans, algo que pode ser frutífero para análises do que compõe a regra, o possível e o impossível. Em 2014, entrei no percentual de 4% ao ingressar no curso superior em biologia na Universidade Federal da Bahia. Fui uma das poucas pessoas trans no Instituto de Biologia da UFBA em seus 50 anos de história e a primeira pessoa transmasculina a concluir a graduação e o mestrado. Ao decorrer do curso, estive em meio a transmutações, lapsos e catarses causadas pela minha transição de gênero. Minha experiência vivendo enquanto um cientista e professor transmasculino em formação e meu contato com a comunidade trans me estimularam a questionar como entendo o conhecimento que venho me relacionando ao longo desses anos. Transicionei não apenas em relação ao meu gênero, mas também em relação ao meu campo das ideias. Nesse movimento de autoreconhecimento, re-conheci o ambiente acadêmico. Gradualmente, pude perceber como incorporei traços históricos do pensamento cartesiano, paulatinamente me enrijecendo em um sistema de perguntas pouco centradas numa reflexividade crítica do mundo social no qual a biologia se insere. Percebi que em meio a teorias sobre o mundo biológico e a natureza, o contato com questões que atravessam a origem, trajetória e relação das ciências biológicas com o meio social foi pouco explorado. Essa relação entre biologia e sociedade é algo que passei a examinar mais atentamente após minha transição, em especial quanto ao conceito de sexo ST 21 - O PACTO NARCÍSICO DA CISGENERIDADE: REFLEXÕES SOBRE A OUTRIDADE E A OFENSA DA NOMEAÇÃO 1586 CIÊNCIA E ARTE DO ENCONTRO: O RIO DE BRAÇOS ABERTOS ISBN: 978-85-61702-97-7 biológico, o qual sempre me remeteu à estabilidade e fixidez, intimamente relacionado às categorias homem e mulher (Nascimento, 2021; Simakawa, 2015). Principalmente através do constrangimento e estímulo proveniente da comunidade trans, a qual comecei a transitar, emergiram complexas questões envolvendo a autoridade científica, a neutralidade e a responsabilidade social dos cientistas. Seria eu um traidor da comunidade trans ao envolver-me tão intimamente com as ciências biológicas? Percebi que essa visão limitada e pouco crítica, que não sei até que ponto é parte da minha própria falta de reflexividade, de aceitação passiva à autoridade do pensamento científico ou de busca de certeza sobre as coisas, limitou meu conhecimento sobre mim mesmo. Essa questão, que ainda está sendo elaborada no meu processo de doutorado, foi infiltrada e alimentada por mim de tal forma que moldou meu próprio entendimento sobre minha identidade. Não somente, meu desacoplamento com o mundo social me afastou de ferramentas necessárias para refletir e perguntar sobre minha própria atuação enquanto licenciado em ciências biológicas, posteriormente enquanto pesquisador e mais ainda, enquanto um pesquisador fora das normativas construídas com amparo do campo científico em que atuo. Percebi, ao longo do meu processo de formação enquanto pesquisador, que a deslegitimação das minhas competências persistiriam durante toda minha trajetória científica. Meu corpo está comigo em todos os momentos, inclusive naqueles em que atuo como cientista, e junto com ele as pressões da cisnormatividade também se fazem presentes. Minha existência enquanto um cientista transmasculino evoca contradições e me transforma no exótico acadêmico, no outro (Pfeil e Pfeil, 2022). Tal condição não localiza apenas corpos não-cisgêneros no ambiente acadêmico, mas é uma via de mão dupla ao localizar a cisgeneridade. No entanto, muitas vezes, essa quebra de neutralidade desperta a rejeição e a negação do reconhecimento do lugar social que os acadêmicos cisgêneros ocupam (Pfeil e Pfeil, 2022). Portanto, ser um cientista trans me exige constantemente a busca pela quebra do silêncio e o questionamento. Diante disso, busco nesta tese responder as perguntas que emergiram do meu (re)encontro com as ciências biológicas. Objetivo neste trabalho identificar e analisar as pressões normativas sobre as diversidades corporais e os possíveis caminhos para emancipações e justiça epistêmicas para corpos transgêneros na biologia. Para isso, faz-se necessário analisar quais os impactos da presença de corpos e vivências transgêneras, em particular na produção de conhecimento e ensino no campo do saber que contribui com a marginalização desses corpos; e ST 21 - O PACTO NARCÍSICO DA CISGENERIDADE: REFLEXÕES SOBRE A OUTRIDADE E A OFENSA DA NOMEAÇÃO 1587 CIÊNCIA E ARTE DO ENCONTRO: O RIO DE BRAÇOS ABERTOS ISBN: 978-85-61702-97-7 avaliar as possibilidades de produção de conhecimentos emancipatórios, recusando às limitações dominantes. UMA AUTOENOGRAFIA PARA (TRANS)POR O NORMAL Ao adotar a autoetnografia, cria-se a possibilidade de um tipo de colaboração entre leitor e público na criação de significado. Ao passo que escrevo sobre minhas experiências, dúvidas e formulações, convido o leitor a que reflita sobre si como parte (ou à parte) da comunidade acadêmica. Desta forma, ao evocar a autoreflexividade, busco a compreensão dos outros (a comunidade acadêmica da biologia) por meio de mim mesmo (Chang, 2016. pgn 53). Como autoetnógrafo, recorro à narrativa e à contação de histórias para relatar experiências e criar relações entre passado e presente, escritor e leitores, contador e audiências (Adams, Jones e Ellis, 2015). Mais do que uma autonarrativa ou biografia, o método aqui adotado possui natureza analítica e interpretativa, prioriza a transparência na localização das identidades sociais, incluindo e interrogando experiências ligadas a diferenças culturais, colocando em primeiro plano as maneiras pelas quais tais identidades influenciam o processo de pesquisa (Lionnet-McCumber, 1993). Ao autoetnografar há uma dupla posicionalidade entre objetividade e subjetividade: a primeira presente na sistematização, coleta, análise e interpretação de dados, e a segunda na inclusão da interpretação pessoal no processo de pesquisa (Chang, 2016. pg 46). Nessa dupla posicionalidade, conecta-se uma “visão de cima” presente nas teorias e nos dados sistemáticos à uma “visão no nível do solo” a partir de observações, memórias e relatos documentais, relacionando o “eu” e os “outros”, o verbal e o não-verbal (Adams, Jones e Ellis, 2015). Este gênero, nas palavras de Simakawa (2015), é designado frequentemente a relações de pesquisa em que “a pessoa pesquisadora é uma insider completa por ser ‘nativa’”, posição que é tida como uma perspectiva epistemologicamente privilegiada. Neste sentido: Os potenciais do método autoetnográfico para se pensar e diversidades corporais e de identidades de gênero estão localizados significativamente nos diálogos entre os protagonismos destas vozes diversas (ausentes ou constrangidas, nos processos produtivos de conhecimentos) com a fundamentação da autoetnografia em uma proposta que procura “reconhecer que a presença dos pontos de vista de quem pesquisa pode favorecer a captação de experiências não acessíveis desde outra perspectiva” (Scribano & Sena, 2009 apud Simakawa, 2015). ST 21 - O PACTO NARCÍSICO DA CISGENERIDADE: REFLEXÕES SOBRE A OUTRIDADE E A OFENSA DA NOMEAÇÃO 1588 CIÊNCIA E ARTE DO ENCONTRO: O RIO DE BRAÇOS ABERTOS ISBN: 978-85-61702-97-7 O método considera que a subjetividade também significa confrontar a ausência ou o apagamento dos corpos do pesquisador e/ou dos participantes no trabalho etnográfico, reconhecendo modos individuais de ver, ou pontos de vista, e valorizando múltiplas perspectivas (Adams, Jones e Ellis, 2015). É importante partir dos seguintes questionamentos: quais aspectos do eu são filtros mais importantes através dos quais se percebe o mundo e, mais particularmente, o tópico que está sendo estudado? Quem tem voz e quem é silenciado pelo discurso acadêmico neste tópico? (Adams, Jones e Ellis, 2015). OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE Para evocar memórias e insights da minha jornada acadêmica, estou acompanhando a rotina de parte das atividades do Instituto de Biologia na Universidade Federal da Bahia entre março de 2023 e março de 2024. As atividades acompanhadas caracterizam-se em eventos do Instituto, as atividades dos grupos de pesquisa que este autoetnógrafo é integrante e são coordenados pelo orientador deste pesquisador, as disciplinas cursadas e acompanhadas por monitoria e outros eventos cotidianos que ocorrerem no Instituto de Biologia. A participação junto ao campo de pesquisa tem feito com que seja uma relação “face-a-face” com os/as/es observados/as/es (Raimondi, 2019). Durante o período de 12 meses, acompanharei a rotina das atividades na posição de monitor/pesquisador/discente para o registro das observações, impressões, reflexões, sentimentos, intuições e memórias acionadas. Para o registro está sendo utilizado um diário de campo (Farrell et al., 2015; Raimondi, 2019) com, se necessário, caracterização respeitando o anonimato e confidencialidade dos sujeitos e instituições com a utilização de pseudônimos. São/Serão participantes todes discentes, docentes e usuáries nos diversos espaços do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia, do Programa de Pós-Graduação que faço parte, do Laboratório de Ensino, História e Filosofia da Biologia e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estudos Interdisciplinares e Transdisciplinares em Ecologia e Evolução. Todos os quais se pode observar, de forma participante, as experiências vividas nas intersecções do “eu” na cultura acadêmica. Para análise, as informações registradas no diário de campo serão, inicialmente, agrupadas em grupos de sentidos similares. Essas “categorias” serão, posteriormente, agrupadas em “categorias principais”, das quais emergirão os temas centrais de cada sessão de resultados e discussão (Farrell et al., 2015; Adams; Jones; Ellis, 2015). ST 21 - O PACTO NARCÍSICO DA CISGENERIDADE: REFLEXÕES SOBRE A OUTRIDADE E A OFENSA DA NOMEAÇÃO 1589 CIÊNCIA E ARTE DO ENCONTRO: O RIO DE BRAÇOS ABERTOS ISBN: 978-85-61702-97-7 Além da observação participante, foi feito um levantamento de documentos públicos, fotos, artigos, cadernos de campo e entrevistas públicas que dialoguem com a trajetória deste pesquisador entre 2014 e 2022 para posterior análise autoetnográfica. A partir da observação participante e do resgate documental, parto para a etnografia e teorização a partir de referenciais da filosofia e história da ciência feministas, transfeministas, Queer e decoloniais (Nascimento, 2021; Preciado, 2020; Simakawa, 2015). QUESTÕES ÉTICAS Este trabalho foi submetido e aprovado no Conselho de Ética da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia sob o número do Parecer: 5.800.528 . OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE Agradeço a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo financiamento através da concessão da minha bolsa de doutorado. REFERÊNCIAS ADAMS, E Tony.; JONES, Stacy Holman; ELLIS, Carolyn. Autoethnography: Understanding Qualtative Research. 1ª Edição. Oxford University Press. 2014. ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE DIRIGENTES DAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO SUPERIOR (ANDIFES). V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) Graduandos (as) das IFES - 2018. Brasília, DF: ANDIFES, 2019. CHANG, Heewon. Autoethnography as method. Routledge, 2016. FARRELL L, Bourgeois-Law G, Regehr G, Ajjawi R. Autoethnography: introducing ‘I’into medical education research. Med Educ [Internet]. 2015;49(10):974–82. https://doi.org/10.1111/medu.12761. FREEMAN, J. LGBTQ scientists are still left out. Nature, 559(7712), 27–28. 2018. doi:10.1038/d41586-018-05587-y ST 21 - O PACTO NARCÍSICO DA CISGENERIDADE: REFLEXÕES SOBRE A OUTRIDADE E A OFENSA DA NOMEAÇÃO 1590 CIÊNCIA E ARTE DO ENCONTRO: O RIO DE BRAÇOS ABERTOS ISBN: 978-85-61702-97-7 GASPODINI, Icaro Bonamigo; JESUS, Jaqueline Gomes de. Heterocentrismo e Ciscentrismo: Crenças de superioridade sobre orientação sexual, sexo e gênero. Revista Universo Psi, v. 1, n. 2, p. 33-51, 2020. INSTITUTO INTERNACIONAL SOBRE RAÇA, IGUALDADE E DIREITOS HUMANOS; Revista Estudos Transviades. A dor e a delícia das transmasculinidades no Brasil: das invisibilidades às demandas. Orgs.: Bruno Pfeil e Kaio Lemos. Rio de Janeiro: Instituto Internacional sobre Raça, Igualdade e Direitos Humanos, 2021. LIONÇO, Tatiana; DINIZ, Débora. Homofobia, Silêncio e Naturalização: por uma narrativa da diversidade. Revista Psicologia Política, 2008. LOURO, Guacira Lopes. O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Autêntica, 2018. NASCIMENTO, Letícia. Transfeminismo. Editora Jandaíra, 2021. PFEIL, Bruno Latini; PFEIL, Cello Latini. A CISGENERIDADE EM NEGAÇÃO: APRESENTANDO O CONCEITO DE OFENSA DA NOMEAÇÃO. Revista de Estudos em Educação e Diversidade-REED, v. 3, n. 9, p. 1-24, 2022. PRECIADO, Paul B. Um apartamento em Urano: crônicas da travessia. Editora Schwarcz-Companhia das Letras, 2020. RAIMONDI, Gustavo Antonio. Corpos que (não) importam na prática médica: uma autoetnografia performática sobre o corpo gay na escola médica = Bodies that do (not) matter in medical practice: a performance autoethnography about gay body in medical school. 2019. 1 recurso online (247 p.) Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas, Campinas, SP. Disponível em: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1638496. Acesso em: 20 out. 2023. SIMAKAWA, Viviane. Por inflexões decoloniais de corpos e identidades de gênero-inconformes: uma análise autoetnográfica da cisgeneridade como normatividade. 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