UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
Identidade Ambiental Metropolitana como Instrumento à
Governabilidade
ADRIANE GOMES RODRIGUES BATATA
Tese de Doutorado apresentada ao Instituto de Filosofia e
Ciências Humanas/ Núcleo de Estudos e Pesquisas
Ambientais da Universidade Estadual de Campinas como
requisito parcial para obtenção do título de Doutora em
Ambiente e Sociedade sob a orientação da Profa. Dra. Leila
da Costa Ferreira
CAMPINAS, 2011
ii
iv
AGRADECIMENTOS
Ao término deste trabalho, vejo quantas pessoas contribuíram para que esse
pudesse ser concluído. Por isso, agradeço a todos aqueles que me acompanharam
nessa trajetória.
À minha mãe (Lourdes), à tia Déia e as minhas irmãs (Gisele, Juliane e Caroline),
agradeço pelo carinho e compreensão incondicionais nos momentos de maior
dificuldade.
Ao meu pai José Rodrigues Batata (in memorian) e a minha avó Maria Carolina
Rodrigues Batata (in memorian) que sempre me apoiaram e me incentivaram em
minhas decisões, e
Agradeço à minha orientadora, a Prof. Dra. Leila da Costa Ferreira, pela
confiança, paciência, respeito e apoio em todas as etapas desse trabalho e diante das
surpresas que se colocaram no decorrer do mesmo.
À Profa. Dra. Sônia da Cal Seixas, que além do aprendizado, agradeço pelo
apoio e acolhimento nos momentos difíceis.
À Profa. Dra. Lúcia da Costa Ferreira e aos demais professores que tive a
oportunidade de conviver durante esse período, agradeço pela atenção e aprendizado.
Aos Professores Doutores Daniel Joseph Hogan (in memorian) e Rosana Baeninger,
cuja intervenção inicial contribuiu de forma decisiva para o desenvolvimento do
trabalho.
À Antenora, agradeço pelos momentos de discussões e contribuições ao
trabalho, mas, principalmente pela amizade, carinho, compreensão, confiança e
respeito.
Ao amigo Nelson Santiago (in memorian) pelo incentivo, discussões, imenso
carinho e risadas frouxas.
À Adriana e Juliana, pelos pequenos e grandes gestos de carinho e amizade.
As amigas Sueli, Fátima e Neusinha, secretárias do Programa Ambiente
Sociedade, que me acolheram desde o primeiro momento e se tornaram uma extensão
v
da minha família, dividindo comigo as conquistas e dificuldades sempre com uma
palavra amiga, um sorriso nos lábios e um abraço acolhedor.
Aos colegas do Programa de Doutorado em Ambiente e Sociedade, Flávia Prado
Moi e Alexander Joseph Sá que, assim como os de outros programas, Josimara,
Ronaldo, Cristina Maria, Reynaldo e Luciene que compartilharam minhas inquietações,
proporcionando ambientes de discussão e trocas para a construção do conhecimento
interdisciplinar.
Aos amigos que trouxe e fiz no decorrer dessa trajetória, agradeço pelos
momentos de discussão e descontração, aos que de longe ou de perto estiveram
presentes nesses últimos anos: Luciene, Simone, Rosa, Cristina, Ana Paula, Janaína,
João, Roxane, Ricardo, Daniela, Viviane, Eliana, Fábio, Renata, Adriana, Ana Carolina.
Aos que não se encontram nessa breve lista, agradeço e me desculpo; mas saibam que
nem por isso deixaram de ser lembrados.
Agradeço aos representantes das secretarias/departamentos de meio ambiente
dos municípios de Santana de Parnaíba, Biritiba-Mirim, Juquitiba, Salesópolis, Cotia,
Embu das Artes, Pirapora do Bom Jesus, Francisco Morato, Ferraz de Vasconcelos,
Franco da Rocha, Embu-Guaçu, Mogi das Cruzes, São Caetano do Sul, São Paulo,
Vinhedo, Holambra, Campinas, Paulínia, Nova Odessa, Jaguariúna, Hortolândia, Artur
Nogueira, Santo Antonio de Posse, Monte Mor, que contribuíram para a realização do
trabalho empírico, assim como ao Secretário Executivo do Comitê de Bacia Hidrográfica
do Piracicaba, Cotia e Jundiaí.
À FAPESP (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo) por
conceder-me bolsa, modalidade doutorado no país, que possibilitou o desenvolvimento
desse trabalho.
Enfim, agradeço a todos que direta ou indiretamente participaram da construção
desse trabalho.
vi
Aos meus sobrinhos: Thales, Iago, Cauê e
Gabriel.
vii
viii
(....) acho que só há um caminho para a ciência – ou para a filosofia: encontrar
um problema, ver a sua beleza e apaixonarmo-nos por ele; casarmo-nos com ele,
até que a morte nos separe – a não ser que encontremos outro problema ainda
mais fascinante, ou a não ser que obtenhamos uma solução. Mas ainda que
encontremos uma solução, poderemos descobrir, para nossa satisfação, a
existência de toda uma família de encantadores, se bem que talvez difíceis,
problemas filhos, para cujo bem-estar poderemos trabalhar, com uma finalidade
em vista, até ao fim dos nossos dias. (POPPER, 1997)
ix
x
RESUMO
Os conflitos de âmbito ambiental-urbano têm sido apontados como um dos grandes desafios à
governabilidade metropolitana devido, principalmente, a ausência de canais que possibilitem
legitimar estratégias e instrumentos que ajudem a superar as desigualdades intrametropolitanas e a obter acordos, principalmente em países federalistas como o Brasil.
Contudo, algumas instituições têm implementado novos arranjos entre atores políticos,
econômicos e sociais que possibilitam a obtenção de acordos de caráter ambiental entre os
municípios que constituem espacialidades intermediárias - entre o estado e o município - como
as regiões metropolitanas.
Esses arranjos buscam promover o desenvolvimento e/ou a qualidade de vida de determinada
região e são estruturados a partir de interesses comuns específicos aos municípios que
constituem essa mesma região podendo, em alguns casos, estimular a formação de uma
identidade ambiental.
Enfim, a partir da hipótese de que as instituições responsáveis por criar/ampliar os canais de
governabilidade em questões ambientais podem identificar ou construir identidades ambientais
metropolitanas, e que a existência de uma identidade ambiental específica a cada região resulta
em diversificados modelos de governabilidade para uma mesma questão ambiental entre
diferentes regiões, o trabalho investiga a existência de identidade ambiental em regiões
metropolitanas e sua influência na governabilidade de questões urbano-ambientais e na
qualidade ambiental dessas regiões.
Para buscar evidências que possibilitam responder aos questionamentos propostos foi aplicada
junto a duas regiões metropolitanas paulistas e instituições correspondentes uma metodologia
elaborada a partir de conceitos como Urbanização, Metropolização, Sociedade de Risco/
Vulnerabilidade Sócio-Ambiental, Capital Social.
Os resultados obtidos possibilitam responder parcialmente aos questionamentos, mas apontam
novas perspectivas ao estudo da governabilidade metropolitana em questões ambientais
através da percepção/identificação/construção de identidades.
Palavras-Chave: Região Metropolitana, Governabilidade, Vulnerabilidade Socioambiental,
Capital Social, Identidade Ambiental Metropolitana.
ABSTRACT
Conflicts within the urban environment have been hailed as a major challenge to the
metropolitan governance, mainly due to the absence of channels enabling the legitimation of
strategies and tools to help overcome the intra-metropolitan inequalities and reach agreements,
especially in federalist countries like Brazil. However, some institutions have implemented new
arrangements among political economic and social actors, which enable the achievement of an
environmental nature of agreements between the municipalities that are intermediary spatialities
- between the state and municipality - as the metropolitan areas. These arrangements seek to
promote the development and/or quality of life of a given region and are structured around
common interests that are specific to municipalities which constitute this same region, and may
in some cases stimulate the creation of an environmental identity. Finally, based on the
assumption that the institutions responsible for creating/expanding the channels of governance
on environmental issues can identify or build environmental metropolitan identities, and that the
xi
existence of a specific environmental identity for each region results in diverse models of
governance for a same environmental issue between different regions, the paper investigates
the existence of environmental identity in metropolitan regions and their influence on the
governance of urban environmental issues and on the environmental quality of these regions. To
search for evidence to answer the questions proposed, a methodology developed from concepts
such as urbanization, metropolization, society of risk/socio-environmental vulnerability, social
capital, was applied to two metropolitan regions of São Paulo and corresponding institutions.
The results allowed to partially answer questions, however, they point out new perspectives to
the
study
of
metropolitan
governance
in
environmental
issues
through
awareness/identification/construction of identities.
Key-Words: Metropolitan Regions, Governance, Socio-Environmental Vulnerability, Social
Capital, Environmental Metropolitan Identities.
xii
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ...................................................................................................... v
RESUMO ........................................................................................................................ xi
ABSTRACT..................................................................................................................... xi
SUMÁRIO...................................................................................................................... xiii
LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... xix
LISTA DE GRÁFICOS .................................................................................................. xxi
LISTA DE TABELAS ...................................................................................................x xv
LISTA DE QUADROS ................................................................................................ xxvii
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ............................................................... xxxi
APRESENTAÇÃO .......................................................................................................... 1
OBJETIVO...................................................................................................................... 10
PREMISSAS .................................................................................................................. 10
HIPÓTESE .................................................................................................................... 11
JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 12
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 15
GOVERNABILIDADE OU GOVERNANÇA? ................................................................. 15
Governabilidade metropolitana em questões ambientais .............................................. 19
CAPÍTULO I
1
URBANIZAÇÃO E METROPOLIZAÇÃO ............................................................ 25
1.1
AMÉRICA LATINA: URBANIZAÇÃO DIFERENCIADA ...................................... 25
1.2
URBANIZAÇÃO E AMBIENTE: A GLOBALIZAÇÃO E A SOCIEDADE
DE RISCOS ................................................................................................................... 30
1.3
SOCIEDADE DE RISCOS: JUSTIÇA AMBIENTAL, RISCOS
E VULNERABILIDADE .................................................................................................. 35
1.3.1 Vulnerabilidade ................................................................................................... 38
1.3.1.1 Vulnerabilidade sócio-ambiental em áreas urbanas .......................................... 42
xiii
1.4
REGIÕES METROPOLITANAS: ESCALA INTRAURBANA OU
INTRA-METROPOLITANA? .......................................................................................... 49
CAPÍTULO II
2.1
CAPITAL SOCIAL ............................................................................................... 65
2.1.1 Capital Social e as redes de atores coletivos ..................................................... 69
2.2
IDENTIDADE ...................................................................................................... 81
2.2.1 IDENTIDADE INDIVIDUAL ................................................................................. 82
2.2.2 IDENTIDADE COLETIVA ................................................................................... 88
2.2.3 IDENTIDADE EM TEMPOS DE GLOBALIZAÇÃO ............................................. 91
2.2.3.1 Território ............................................................................................................ 93
2.2.4 TERRITÓRIO E IDENTIDADE............................................................................ 99
2.2.5 IDENTIDADE TERRITORIAL ............................................................................104
2.2.6 IDENTIDADE TERRITORIAL AMBIENTAL .......................................................110
2.2.6.1 Construção de Identidade Territorial Ambiental ...............................................115
2.2.6.1.1 Sentimento de Pertencimento .......................................................................117
2.2.6.1.2 Memória Coletiva ...........................................................................................121
2.2.6.1.2.1 Construção da memória coletiva ................................................................125
2.2.6.1.2.2 Quadros de memória e Identidade ............................................................ 127
2.2.61.3 Patrimonialização da Natureza ...................................................................... 130
2.2.6.1.3.1 Patrimônio Natural Urbano ........................................................................ 133
2.2.7 CONSIDERAÇÕES .......................................................................................... 137
CAPÍTULO III
3
GOVERNABILIDADE METROPOLITANA ........................................................ 139
3.1
O CENÁRIO LATINO-AMERICANO ................................................................. 139
3.2
INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS REGIÕES METROPOLITANAS
BRASILEIRAS E DAS QUESTÕES AMBIENTAIS ..................................................... 143
3.2.1 Configuração das Metrópoles Brasileiras ......................................................... 151
3.2.2 A Política Ambiental no Estado de São Paulo .................................................. 155
xiv
3.3
A MACROMETRÓPOLE .................................................................................. 163
3.4
GOVERNABILIDADE AMBIENTAL METROPOLITANA ATRAVÉS
DAS INSTITUIÇÕES: CETESB, EMPLASA E COMITÊS DE BACIAS
HIDROGRÁFICAS ....................................................................................................... 171
3.4.1
EMPLASA ........................................................................................................ 176
3.4.2
CETESB .......................................................................................................... 184
3.4.3 COMITÊS DE BACIA HIDROGRÁFICA ............................................................189
3.4.3.1 Comitês das Bacias Hidrográficas do Alto Tietê e do
Piracicaba, Capivari e Jundiaí ..................................................................................... 200
CAPÍTULO IV
4
METODOLOGIA: CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE
AMBIENTAL METROPOLITANA. ............................................................................... 227
4.1
METODOLOGIA PARA SELEÇÃO DE MUNICÍPIOS PARA O
ESTUDO DE CASO .................................................................................................... 237
4.1.1
Considerações Iniciais ..................................................................................... 241
4.1.2 Vulnerabilidade sócio ambiental ........................................................................245
4.1.2.1 Vulnerabilidade Sócio-ambiental em Áreas Urbanas ...................................... 246
4.1.3
Elaboração do Indicador de Vulnerabilidade Socioambiental ......................... 249
4.1.3.1 Índice Paulista de Vulnerabilidade Social: uma justificativa ............................ 251
4.1.3.2 Indicador de Vulnerabilidade Ambiental .......................................................... 252
4.1.3.2.1 Vulnerabilidade a exposição à degradação ambiental ................................. 254
4.1.3.2.2 Vulnerabilidade à exposição ao risco ambiental .......................................... 266
4.1.3.3 Indicador de Vulnerabilidade Ambiental: Formulação de Cenários.................. 268
4.1.3.4 Indicador de Vulnerabilidade Socioambiental ................................................. 272
4.1.3.5 Cenários de Vulnerabilidade Socioambiental para os
municípios da Região Metropolitana de São Paulo ..................................................... 274
4.1.3.6 Cenários de Vulnerabilidade Socioambiental para os
municípios da Região Metropolitana de Campinas ..................................................... 281
4.1.4 Seleção dos Municípios para o estudo de caso ............................................... 287
4.2 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA PARA IDENTIFICAÇÃO DE IDENTIDADE
xv
AMBIENTAL METROPOLITANA JUNTO AOS REPRESENTANTES
MUNICIPAIS ................................................................................................................ 294
4.2.1 Identificação do Desempenho Institucional Geral ............................................ 295
4.2.1.1 Tomada de Decisão ........................................................................................ 296
4.2.1.2 Comunicação: Satisfação com a Instituição .................................................... 299
4.2.2
Presença/Construção de Capital Social .......................................................... 304
4.2.2.1 Participação ..................................................................................................... 305
4.2.2.2 Confiança ........................................................................................................ 314
4.2.2.3 Cooperação ..................................................................................................... 317
4.2.2.4 Reciprocidade .................................................................................................. 321
4.2.3 Desempenho Institucional em Questões Ambientais Metropolitanas e a
existência e/ou fomento de uma identidade ambiental metropolitana ........................ 322
4.2.3.1 Comunicação ................................................................................................... 322
4.2.3.2 Percepção Metropolitana ................................................................................. 325
4.2.3.3 Confiança ........................................................................................................ 327
4.2.3.4 Cooperação...................................................................................................... 333
4.2.3.5 Construção da Identidade Ambiental Metropolitana ........................................ 338
4.3
APLICAÇÃO DA METODOLOGIA PARA IDENTIFICAÇÃO DE
IDENTIDADE AMBIENTAL METROPOLITANA: JUNTO AOS SECRETÁRIOS
EXECUTIVOS DOS COMITÊS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS ............................... 344
4.3.1 Identificação de Desempenho Institucional Geral .............................................345
4.3.1.1 Perfil do Representante ................................................................................... 345
4.3.1.2 Conflitos ........................................................................................................... 346
4.3.2 Existência/Construção de Capital Social........................................................... 347
4.3.2.1 Participação ..................................................................................................... 347
4.3.2.2 Participação, Financiamento e Cooperação .................................................... 349
4.3.2.3 Confiança ........................................................................................................ 350
4.3.2.4 Pertencimento ..................................................................................................351
4.3.2.5 Cooperação ..................................................................................................... 351
4.3.3 Desempenho Institucional em Questões Metropolitanas ................................. 353
xvi
4.3.4 Inserção da Questão Metropolitana pela Instituição ......................................... 354
4.4
CONSIDERAÇÕES: RESULTADOS OBTIDOS A PARTIR
DA APLICAÇÃO DA METODOLOGIA ........................................................................ 357
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ..................................................................... 368
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 391
ANEXOS ..................................................................................................................... 423
xvii
xviii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
A Macrometrópole Paulista....................................................................... 164
Figura 2
Os 21 Comitês de Bacias que abrangem as 22 UGRHIs do
Estado de São Paulo, com destaque para as RMSP e RMC .................. 194
Figura 3
Estrutura do Comitê de Bacia Hidrográfica do Alto-Tietê ......................... 204
Figura 4
Estrutura do Comitê de Bacia Hidrográfica do PCJ
(Comitê Estadual Paulista) ....................................................................... 205
Figura 5
Metodologia da construção teórica da hipótese do trabalho..................... 228
Figura 6
Formulação do Indicado de Vulnerabilidade Ambiental ........................... 257
Figura 7
Municípios da RMSP segundo a qualidade da prestação
de serviços urbanos ................................................................................. 262
Figura 8
Municípios da RMC segundo a qualidade da prestação
dos serviços urbanos................................................................................. 263
Figura 9
Indicador de Vulnerabilidade Ambiental: cenários apresentados
pelos Municípios da RMC ........................................................................ 269
Figura 10
Indicador de Vulnerabilidade Ambiental: cenários apresentados
pelos Municípios da RMSP ...................................................................... 270
Figura 11
Indicador de Vulnerabilidade Sócio-Ambiental: cenários
apresentados pelos Municípios da RMSP ............................................... 276
Figura 12
Indicador de Vulnerabilidade Sócio-Ambiental: cenários
apresentados pelos Municípios da RMSP ............................................... 284
Figura 13
Construção da Identidade Ambiental Metropolitana ................................. 358
xix
xx
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Classificação dos trabalhos realizados pela EMPLASA entre
os anos de 1970 e 2005 ......................................................................... 177
Gráfico 2
Participação dos trabalhos referentes ao Saneamento em relação ao
total de trabalhos elaborados pela EMPLASA........................................ 183
Gráfico 3
Distribuição dos trabalhos da CETESB segundo o assunto..................... 185
Gráfico 4
Distribuição dos trabalhos do s Comitês/FEHIDRO
segundo o assunto ................................................................................. 195
Gráfico 5
Percentual de uso da água nas UGRHI 5 e UGRHI 6
segundo categorias ................................................................................ 209
Gráfico 6
Solicitação de financiamento (FEHIDRO) no CBH-AT segundo
tipo de solicitante (1996-2005)................................................................ 221
Gráfico 7
Solicitação de financiamento (FEHIDRO) no CBH-PCJ segundo
tipo de solicitante (1994-2005)................................................................ 222
Gráfico 8
Solicitação de financiamento (FEHIDRO) pelos municípios
do CBH-PCJ segundo os tipos de atividades........................................ 222
Gráfico 9
Solicitação de financiamento (FEHIDRO) pelos municípios
do CBH-AT segundo os tipos de atividades............................................. 223
Gráfico 10 Classificação dos Municípios da RMSP segundo os cenários de
Vulnerabilidade SócioaAmbiental ............................................................. 277
Gráfico 11 Classificação dos Municípios da RMC segundo os cenários
de Vulnerabilidade Sócio-Ambiental.......................................................... 285
Gráfico 12 Percepção dos representantes dos municípios que constituem
as RMSP/AT e RMC/PCJ a respeito da construção da Tomada
de Decisão................................................................................................. 296
Gráfico 13 Percepção dos representantes dos municípios que constituem
as RMSP/AT e RMC/PCJ a respeito do poder de influenciar a
Tomada de Decisão................................................................................... 298
Gráfico 14 Aspectos que podem influenciar a Tomada de Decisão,
segundo os representantes dos municípios que constituem as
xxi
RMSP/AT e RMC/PCJ.............................................................................. 299
Gráfico 15 Satisfação dos representantes dos municípios que constituem
as RMSP/AT e RMC/PCJ a respeito da forma como as informações
são transmitidas........................................................................................ 300
Gráfico 16 Formas de divulgação das atividades do subcomitê/comitê,
Segundo os representantes dos municípios que constituem as
RMSP/AT e RMC/PCJ................................................................................ 301
Gráfico 17 A participação amplia o conhecimento a respeito das
questões ambientais, segundo os representantes dos municípios
que constituem as RMSP/AT e RMC/PCJ ............................................... 302
Gráfico 18 Avaliação dos membros do comitê na deliberação de assuntos,
segundo os representantes dos municípios que constituem as
RMSP/AT e RMC/PCJ.............................................................................. 303
Gráfico 19 Tempo de participação dos representantes dos municípios
que constituem as RMSP e RMC no comitê/subcomitê............................ 306
Gráfico 20 Freqüência de participação dos representantes dos
municípios que constituem as RMSP/AT e RMC/PCJ nas reuniões
comitê/subcomitê....................................................................................... 307
Gráfico 21 Freqüência segundo o tipo de participação dos representantes
dos municípios que constituem as RMSP/AT e RMC/PCJ nas
reuniões comitê/subcomitê........................................................................ 308
Gráfico 22 Participação dos representantes dos municípios que constituem
as RMSP/AT e RMC/PCJ em Câmaras Técnicas .................................... 309
Gráfico 23 Freqüência segundo o tipo de participação dos representantes
dos municípios que constituem as RMSP/AT e RMC/PCJ
nas reuniões comitê/subcomitê................................................................ 310
Gráfico 24 Representantes dos municípios que constituem as RMSP/AT
e RMC/PCJ que participam de grupos de discussões
metropolitanas........................................................................................... 311
Gráfico 25 Percentual de representantes dos municípios das RMSP/AT
e RMC/PCJ participantes em cada instituição/órgão................................ 311
xxii
Gráfico 26 Percentual de municípios das RMSP/AT e RMC/PCJ que
apresentaram projetos ao FEHIDRO....................................................... 312
Gráfico 27 Percentual de projetos solicitados pelos municípios da RMSP/AT
e RMC/PCJ junto ao FEHIDRO segundo o tipo de solicitação................. 313
Gráfico 28 Percepção dos representantes dos municípios da RMSP/AT
e RMC/PCJ a respeito do nível de confiança entre os membros.............. 314
Gráfico 29 Justificativas apontadas pelos representantes dos municípios da
RMSP/AT e RMC/PCJ para explicar os níveis de confiança................... 315
Gráfico 30 Opinião dos representantes dos municípios da RMSP/AT e RMC/PCJ
a respeito da ação do comitê em estimular a cooperação....................... 318
Gráfico 31 Freqüência com que os representantes dos municípios da
RMSP/AT e RMC/PCJ estimulam o desenvolvimento de projetos e
soluções intermunicipais........................................................................... 319
Gráfico 32 Existência de projetos comuns com outros municípios da
RMSP/AT e RMC/PCJ ............................................................................ 320
Gráfico 33 Reciprocidade entre os municípios da RMSP/AT e RMC/PCJ................. 321
Gráfico 34 Qualidade das informações de âmbito metropolitano transmitidas
pelo comitê/subcomitê, segundo os municípios da RMSP/AT
e RMC/PCJ.............................................................................................. 323
Gráfico 35 Tipos de problemas destacados nas reuniões do comitê/subcomitê,
segundo os municípios da RMSP/AT e RMC/PCJ................................... 324
Gráfico 36 Freqüência com que o Sentimento de responsabilidade pela
solução das questões metropolitanas é estimulado pelo
Comitê/subcomitê junto aos municípios da RMSP/AT e RMC/PCJ .......... 325
Gráfico 37 A importância do caráter regional e/ou metropolitano como
aspecto importante para obtenção do FEHIDRO, segundo
os municípios da RMSP/AT e RMC/PCJ ................................................... 326
Gráfico 38 Opinião dos representantes dos municípios das RMs a
respeito da existência de confiabilidade entre os municípios da RM
e do comitê/subcomitê.............................................................................. 328
Gráfico 39 Existência de relação entre o aumento de confiabilidade e o
xxiii
aumento de participação dos representantes dos municípios em
reuniões do comitê/subcomitê................................................................... 329
Gráfico 40 Existência de sentimento de responsabilidade entre
os municípios que constituem as RMs em relação à qualidade
de vida/questões ambientais. ................................................................... 330
Gráfico 41 Nível de confiança dos representantes dos municípios das
RMs nas Instituições/Orgãos. ................................................................. 331
Gráfico 42 Existência de cooperação entre os municípios das RMs para
aprovação de projetos ambientais metropolitanos................................... 333
Gráfico 43 Fatores/Contextos que podem viabilizar a cooperação para
a aprovação de projeto ambiental urbano por representantes dos
municípios das RMs/Estado/Sociedade civil ........................................... 334
Gráfico 44 A qualidade ambiental de toda a RM é resultado, segundo
o Comitê/subcomitê de uma ação conjunta ............................................. 336
Gráfico 45 Freqüência com que o comitê/subcomitê estimula o
desenvolvimento de projetos e soluções de âmbito metropolitano........... 337
Gráfico 46 Organização/instituição apontada como responsável pela ampliação
dos conhecimentos relacionados a questão ambiental metropolitana,
segundo os representantes dos municípios das RMSP e RMC............... 338
Gráfico 47 Problemas da região metropolitana segundo seu grau de
importância,de acordo com os representantes dos municípios
das RMSP/RMC ....................................................................................... 339
Gráfico 48 Problemas tratados como metropolitanos pelo comitê/subcomitê,
segundo os representantes dos municípios das RMs ............................. 340
Gráfico 49 Imagem ambiental da Região Metropolitana segundo os
representantes dos municípios das RMSP/RMC .................................... 342
xxiv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Tipos de demandas de água, segundo UGRHI 5 e UGRHI 6 .................. 208
Tabela 2
Municípios da RMSP que pertencem ao CBH-AT segundo população,
PIB per capita e IDHM............................................................................... 239
Tabela 3
Municípios da RMC que pertencem ao CBH-PJC segundo população,
PIB per capita e IDHM............................................................................... 240
xxv
xxvi
LISTA DE QUADROS
Quadro 1
Perspectivas sobre Capital Social: principais atores e
conseqüências para as políticas públicas ..................................................70
Quadro 2
Relação de interdependência entre as categorias de capital social .......... 72
Quadro 3
Ações do Poder Públicos que impulsionaram a formação das Regiões
Metropolitanas Brasileiras......................................................................... 144
Quadro 4
Marcos e/ou Instrumentos Estaduais Ambientais frente ao
contexto Político Nacional ........................................................................ 158
Quadro 5
Contribuições dos trabalhos elaborados pelo IPEA/IBGE/NESUR
(2002) e Observatório das Metrópoles/ IPARDES/ FASE (2004) .......... 167
Quadro 6
Perfil das instituições Selecionadas ......................................................... 173
Quadro 7
Principais trabalhos elaborados pela EMPLASA ..................................... 178
Quadro 8
Principais trabalhos elaborados pela CETESB ........................................ 186
Quadro 9
Publicações do Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos
do Estado de São Paulo com a participação dos Comitês de
Bacias ...................................................................................................... 193
Quadro 10 Publicações do Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos
do Estado de São Paulo com a participação dos Comitês de
Bacias ....................................................................................................... 196
Quadro 11 Publicações do Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos
do Estado de São Paulo com a participação dos Comitês de
Bacias ...................................................................................................... 196
Quadro 12 Municípios que constituem o Comitê de Bacia Hidrográficas do AT
e do PCJ e concomitantemente as RMs de São Paulo e Campinas ....... 202
Quadro 13 Divisão dos Municípios do CBH-AT, segundo os Subcomitês ................. 203
Quadro 14 Características das UGRHI 5 e UGRHI 6 ................................................. 207
Quadro 15 Percentual dos Municípios por Grupo do IPRS - 2000 ............................. 210
Quadro 16 Objetivos e Metas definidas pelo Plano de Bacia do PCJ........................ 213
Quadro 17 Objetivos e Metas definidas pelo Plano de Bacia do AT .......................... 215
Quadro 18 Solicitação financiamento do CBH-AT junto ao FEHIDRO....................... 220
xxvii
Quadro 19 Solicitação financiamento do CBH-PCJ junto ao FEHIDRO..................... 220
Quadro 20 Municípios do CBH-AT que solicitaram financiamento
junto ao FEHIDRO................................................................................... 224
Quadro 21 Municípios do CBH-PCJ que solicitaram financiamento
junto ao FEHIDRO .................................................................................. 225
Quadro 22 Municípios que compõem simultaneamente as Regiões
Metropolitanas e os Comitês de Bacia Hidrográfica................................. 238
Quadro 23 Contribuições de trabalhos sobre Vulnerabilidade Social
e Ambiental................................................................................................ 247
Quadro 24 Metodologia da construção do IPVS ........................................................ 252
Quadro 25 Parâmetros para classificar a abrangência da prestação dos
serviços de coleta e tratamento de esgoto nos municípios paulistas ...... 258
Quadro 26 Distribuição dos municípios que compõem a RMSP segundo
as categorias de abrangência de prestação dos serviços de coleta
e tratamento de esgoto ............................................................................. 259
Quadro 27 Distribuição dos municípios que compõem a RMC segundo
as categorias de abrangência de prestação dos serviços de coleta
e tratamento de esgoto ........................................................................... 259
Quadro 28 Atribuição de Valores a prestação de serviços de Coleta
e Tratamento de Esgotos ......................................................................... 265
Quadro 29 Atribuição de Valores a prestação de serviços de Disposição
Final de Resíduos Sólidos Domiciliares (Lixo) ......................................... 265
Quadro 30 Classificação do indicador de exposição à degradação segundo os
valores obtidos pelo Resultado do Somatório das Variáveis ................... 266
Quadro 31 Classificações para a dimensão vulnerabilidade
ao risco ambiental................................................................................... 267
Quadro 32 Metodologia para Classificação do Indicador de
Vulnerabilidade Ambiental.......................................................................... 271
Quadro 33 Cenários de Vulnerabilidade Sócio-Ambiental – 18 cenários
agregados segundo vulnerabilidade ambiental alta, média e baixa ......... 272
Quadro 34 Cenários de Vulnerabilidade Sócio-Ambiental desagregados
xxviii
(60 cenários)............................................................................................ 273
Quadro 35 Indicador de Vulnerabilidade Sócio-Ambiental: Distribuição
dos municípios da RMSP segundo a relação entre IVA e IPVS ............... 275
Quadro 36 Indicador de Vulnerabilidade Sócio-Ambiental: Distribuição
dos Municípios da RMC segundo a relação entre IVA e IPVS ............... 283
Quadro 37 Municípios da RMSP (CBH – AT) quanto aos cenários
de Vulnerabilidade Sócio-Ambiental e ao número de financiamentos
obtidos junto ao FEHIDRO (1996-2006) .................................................. 290
Quadro 38 Municípios da RMC (CBH – PJC) quanto aos cenários
de Vulnerabilidade Sócio-Ambiental e ao número de financiamentos
obtidos junto ao FEHIDRO (1996-2006)................................................... 292
Quadro 39 Municípios da RMSP (CBH – AT) e da RMC (CBH – PJC)
selecionados para o estudo de caso......................................................... 293
xxix
xxx
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABES
- Associação Brasileira de Engenharia Sanitária
APA
- Área de Proteção Ambiental
BNDES
- Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CBH - AT
- Comitê de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê
CBH – PCJ - Comitê de Bacia Hidrográfica do Piracicaba, Cotia e Jundiaí
CBH
- Comitê de Bacia Hidrográfica
CETESB
- Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
CIPAA
- Comissão Intermunicipal de Controle de Poluição das Águas e do Ar
COFEHIDRO- Conselho de Orientação do Fundo Estadual de Recursos Hídricos
CONAMA
- Conselho Nacional de Meio Ambiente
CONDEMA - Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente
CONDER
- Companhia de Desenvolvimento do Recôncavo
CONSEMA - Conselho Estadual de Meio Ambiente
CORHI
- Comitê Coordenador do Plano Estadual de Recursos Hídricos
CPDS
- Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável
CRH
- Conselho Estadual de Recursos Hídricos
CT
- Câmaras Técnicas
DAEE
- Departamento de Águas e Energia Elétrica
EIA
- Estudo de Impacto Ambiental
FASE
- Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional
FECOP
- Fundo Estadual de Prevenção e Controle da Poluição
FEHIDRO
- Fundo Estadual de Recursos Hídricos
FESB
- Fomento Estadual de Saneamento Básico
FNMA
- Fundo Nacional de Meio Ambiente
GEGRAM
- Grupo Executivo da Grande São Paulo
EMPLASA
- Empresa Paulista de Planejamento S.A.
GERMET
- Grupo de Estudos da Região Metropolitana
IAB
- Instituto dos Arquitetos do Brasil
xxxi
IBAMA
- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
IBGE
- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH
- Índice de Desenvolvimento Humano
IERSD
- Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares
INPE
- Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IPARDES
- Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social
IPEA
- Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas
IPT
- Instituto de Pesquisas Tecnológicas
NEPO
- Núcleo de Estudos de População/
NESUR
- Núcleo de Economia Social, Urbana e Regional
O/D
- Origem/Destino
OCDE
- Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
ONGs
- Organizações Não-Governamentais
PDC
- Programa de Duração Continuada
PERH
- Plano Estadual de Recursos Hídricos
PIV
- Programa de Inspeção Veicular Ambiental
PLANBUS
- Políticas e Diretrizes para o Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo
na RMSP.
PMSP
- Prefeitura de São Paulo
PNUD
- Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PPA
- Plano Plurianual
PROBIO/SP - Programa para Conservação da Biodiversidade em São Paulo
PROCLIMA - Programa de Prevenção às Mudanças
PROCONVE - Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores
PROCOP
- Programa de Controle de Poluição
PRODAM
- Companhia de Processamento de Dados do Município de São Paulo
PRODESP
- Empresa de Processamento de Dados do Estado de São Paulo
PROMOT
- Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos
Similares
PROZONESP - Programa Estadual de Proteção da Camada de Ozônio
PSTIC
- Programas Setoriais de Tecnologia da Informação e Comunicação
xxxii
RIMA
- Relatório de Impacto ao Meio Ambiente
RMBS
- Região Metropolitana da Baixada Santista
RMC
- Região Metropolitana de Campinas
RMSP
- Região Metropolitana de São Paulo
RSD
- Resíduos Sólidos Domiciliares
RSRH
- Relatório de Situação dos Recursos Hídricos do Estado de São Paulo
SAA
- Secretaria de Agricultura e Abastecimento
SABESP
- Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
SAGMCS
- Sociedade de
Análises
Gráficas
e
Mecanográficas
aplicadas
a
Complexos Sociais
SBPC
- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
SEADE
- Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados
SEMA
- Secretaria do Meio Ambiente
SEMPLA
- Secretaria Municipal de Planejamento
SESAN
- Sistema Estadual de Saneamento
SIGPLAM
- Sistema de Informações Geográficas para o Planejamento
Metropolitano
SIGRH
- Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos
SIPLAM
- Sistema de Informações Técnicas para o Planejamento
Metropolitano
SISTRAN
- Estudo do Sistema de Transportes Urbanos de Passageiros da Região
Metropolitana de São Paulo
SMA
- Secretaria do Meio Ambiente
SUSAM
- Superintendência de Saneamento Ambiental
TAC
- Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta
UC
- Unidade de Conservação
UGRHI
- Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos
VLT
- Veículo Leve sobre Trilhos
xxxiii
xxxiv
APRESENTAÇÃO
As regiões metropolitanas são apontadas como locus dos efeitos mais
dramáticos dos problemas socioambientais oriundos das transformações econômicas
geradas pelos processos de globalização.
Ribeiro (2000) ressalta que são nas regiões metropolitanas, fragmentadas
institucionalmente e desprovidas de aparatos burocráticos destinados ao seu
planejamento e gestão, que se encontram as mais claras manifestações de crise de
governabilidade resultante dos efeitos sociais das transformações econômicas.
São as regiões metropolitanas localizadas em países emergentes, como o Brasil,
aquelas que apresentam as manifestações mais aparentes da crise de governabilidade,
uma vez que são mais suscetíveis aos efeitos perversos da globalização que se
evidenciam em problemas como o aumento da segregação urbana e o aumento da
desigualdade que, por sua vez, resultam na retração da sociedade civil organizada e na
redução dos canais democráticos de
A crise de governabilidade, por outro lado, resulta em políticas macroeconômicas
de ajuste e estabilidade que reinstauraram, na prática, o pacto federalista através da
descentralização que atribui às administrações locais a responsabilidade de gerir as
questões sociais e ambientais, embora mantenha nas mãos do governo central o poder
institucional e financeiro, isto é, o poder efetivo de decisão.
Sendo assim, ainda que as unidades metropolitanas tenham se consolidado nos
últimos anos, faltam, até o presente, instrumentos e mecanismos de gestão condizentes
com as necessidades dessas espacialidades que ao transporem fronteiras político1
administrativas acarretam o confronto entre as autonomias locais, na medida em que
encontram instrumentos de planejamento urbano e ambiental bastante retrógrados.
Enquanto novos instrumentos não são instituídos tem-se, principalmente em
regiões metropolitanas de países federativos, como o Brasil, o constante conflito entre
autonomias decisórias que ocorrem em diferentes níveis (federal, estadual e municipal)
que se relacionam e se enfrentam em uma mesma arena em que não existem regras
(mecanismos de planejamento e gestão), o que dificulta a governabilidade
metropolitana em questões cujos interesses são conflitantes.
Um trabalho desenvolvido por Costa e Braga (2004, p.205-6) aborda a
dificuldade encontrada pelos gestores públicos para articular as demandas ambientais
dos municípios que compõem as RMs e implantar políticas ambientais regionais:
(...) a ausência de políticas metropolitanas freqüentemente frustra a
condução de políticas ambientais locais. Como formular e implementar
políticas urbano-ambientais para uma região metropolitana em um
contexto como o brasileiro de ausência de mecanismos de gestão
metropolitana. O espaço metropolitano no Brasil é um espaço marcado
pelo vazio político, pois não existem instituições legítimas responsáveis
por sua gestão e os governos estaduais vêm se mostrando incapazes de
formular e coordenar políticas para essas áreas. Mesmo regiões
metropolitanas recentemente constituídas, com um aparato de regulação
que atende as exigências contemporâneas de ampla representatividade
da sociedade civil e de instâncias colegiadas de gestão, têm encontrado
dificuldades significativas de estabelecer e de fato formular políticas e
implementar ações de forma integrada.
Tais dificuldades ocorrem, em parte, devido à ausência de instrumentos e
mecanismos de gestão condizentes com as necessidades de tais espacialidades e que,
2
dentre outras, enfrentam dificuldades para distribuir infra-estrutura urbana (saneamento,
transportes, dentre outros) e para administrar conflitos ambientais transfronteiriços. A
ausência desses acarreta ainda a alienação e a reprodução de desigualdade,
segregando uma parcela bastante significativa da população.
Esta situação pode ser observada em políticas urbanas que apresentam
situações em que a lógica do mercado exerce hegemonia, sem nenhuma intervenção
do controle do Estado ou sob a ação do mesmo, e amplia a desigualdade ao fornecer
bens públicos – como por exemplo nos casos em que reduz a distribuição de infraestrutura e serviços urbanos em alguns municípios - os ‘não-preteridos’ pelos
investimentos privados. Tal contexto dá origem a um grupo de municípios mais
vulneráveis aos riscos e impactos socioambientais negativos do que outros,
segregando-os.
Diante dessa realidade, acredita-se que a compreensão do território1, da
produção socioespacial e das relações entre questões sociais e ambientais são fatores
fundamentais
à
elaboração
de
políticas
públicas,
principalmente
aquelas
implementadas em regiões metropolitanas, uma vez que os problemas ambientais e
seus respectivos conflitos tendem a se agravar quando os municípios da RM, com
escalas, realidades e interesses diversos, apresentam-se conurbados, o que gera
impactos transfronteiriços e confronto entre autonomias locais para o equacionamento
dos problemas / conflitos.
1
Mesmo considerando a relação de contradição entre o conceito de território e o de globalização, o
conceito de território é utilizado neste trabalho em razão de que as questões e políticas socioambientais
abordadas, em geral, encontram-se localizadas fisicamente no território.
3
Este contexto dificulta a obtenção de cooperação para construção de acordos
e/ou possíveis consensos que possibilitariam ampliar a governabilidade, tendo em vista
que:
(...) a organização do mundo e a fixação de um consenso a seu respeito
constituem uma função lógica necessária que permite a cultura
dominante numa dada formação social cumprir uma função político
ideológica de legitimar e sancionar um determinado regime de
dominação. O consenso tornou-se ilusão primeira a que conduz
qualquer sistema de regras capazes de ordenar os materiais
significativos de um sistema simbólico (BOURDIEU, 2003, p.XVI).
No caso dos problemas ambientais em áreas metropolitanas, cuja complexidade
e diversidade de realidades dificultam a obtenção de consensos, acredita-se ser
necessário estabelecer uma esfera política na qual a solução para tais questões passa
pela produção de conteúdos de sentido relacionados tanto a questão ambiental e
urbana quanto as questões associadas às lutas pelo poder.
Porém, a produção desses conteúdos está condicionada à redefinição do papel
do Estado que através da elaboração de um novo código comum (Bourdieu, 1998),
baseado em atitudes mais sustentáveis - tanto social quanto ambientalmente -, pode
possibilitar o desenvolvimento de canais de cooperação entre os municípios que
constituem as RMs, além de fundamentar e legitimar estratégias e instrumentos que
permitam ampliar a governabilidade metropolitana em assuntos ambientais.
Diante disso, a ingovernabilidade pode estar intimamente relacionada à redução
do papel do Estado como gestor da sociedade, em detrimento da regulação da
sociedade pelo mercado tendo em vista a estabilidade política.
4
Tal conjuntura dificulta a administração de conflitos, principalmente dos
relacionados às questões ambientais, pois, essas não encontram valor no mercado,
embora se constituam em importantes aspectos para a manutenção da qualidade de
vida da população, sobretudo nas regiões metropolitanas - cuja diversidade e
complexidade de interesses dos municípios que as constituem tendem a dificultar a
equação desses conflitos.
A situação agrava-se, também, diante da necessidade de que os conflitos
ambientais sejam legitimados como problemas cuja solução é imprescindível a
qualidade de vida de todos, e não considerados como um empecilho ao
desenvolvimento.
Segundo Hannigan (1995) a legitimação de um problema ambiental dar-se-á
através de sua validação pela ciência, pela opinião pública e pela política, e pode
resultar na elaboração de políticas públicas relacionadas à qualidade de vida.
Dessa forma, observa-se que a elaboração de políticas públicas deve se
fundamentar em processos complexos de conhecimento construídos a partir da
compreensão da produção dos processos materiais - baseados no conceito de habitus
como modus operandi, que completa o movimento de interiorização das estruturas
exteriores, enquanto que as práticas dos agentes exteriorizam os sistemas de
disposições incorporadas, conforme destacado por Bourdieu (2003):
(....) as práticas resultam da relação dialética entre uma estrutura – por
intermédio do habitus como modus operandi – e uma conjuntura
entendida como as condições de atualização deste habitus que não
passa de um estado particular da estrutura (...). O habitus aparece como
terreno comum em meio ao qual se desenvolvem os empreendimentos
5
de mobilização coletiva cujo êxito depende forçosamente de um certo
grau de coincidência e acordo entre as disposições dos agentes
mobilizadores e as disposições dos grupos ou classes cujas aspirações,
reivindicações e interesses, os primeiros empalmam e expressam
através de uma conduta exemplar ajustada às exigências do habitus e
através de um discurso “novo” que reelabora o código comum que
cimenta tal aliança” (BOURDIEU, 2003, p. XLII).
Portanto, ao possibilitar a reelaboração de um código comum (elaborado
inicialmente sobre o habitus) as práticas podem auxiliar a legitimação de estratégias e
instrumentos fundamentados nesse código de forma a possibilitar acordos que
permitam ampliar a governabilidade em determinadas questões.
No caso das questões ambientais metropolitanas, acreditamos que novos canais
de governabilidade podem ser obtidos com a elaboração de um código comum, uma
identidade ambiental metropolitana comum a todos os municípios da região baseada na
legitimidade dos problemas ambientais coletivos e na forma como os problemas
individuais são identificados e se estruturam na configuração dos problemas coletivos
(metropolitanos).
Frente à urgência em buscar alternativas que possibilitem a superação de
impasses associados à condução do planejamento e gestão ambiental metropolitanos,
acreditamos que a solução de problemas de interesse comum entre os municípios de
uma mesma RM, passe pela construção/percepção de uma identidade ambiental
metropolitana que possa permitir aos municípios se sentirem integrados à dinâmica
socioeconômica-ambiental metropolitana, e possibilitar as instituições responsáveis pelo
planejamento ambiental metropolitano ampliar a governabilidade nessas áreas.
6
Assim como a reelaboração do código comum em Bourdieu (2003) é inicialmente
elaborada sobre um terreno comum (habitus), a construção de identidade, segundo
Castells (1999a), também se baseia em uma estrutura social:
(...) a identidade (...) vale-se da matéria prima fornecida pela história,
geografia, biologia, instituições produtivas e reprodutivas, pela memória
coletiva e por fantasias pessoais, pelos aparatos de poder e revelações
de cunho religioso. Porém, todos esses materiais são processados pelos
indivíduos, grupos sociais, e sociedades, que organizam seu significado
em função de tendências sociais e projetos culturais enraizados em sua
estrutura social, bem como em sua visão de tempo/espaço (...). A
construção social de identidades sempre ocorre em um contexto
marcado por relações de poder (CASTELLS, 1999a, p.24).
Portanto, de acordo com Castells (1999a), a construção social de identidades
estrutura-se a partir de elementos diversificados (geografia, história, memória coletiva,
entre outros) sob forte influência das relações de poder.
A partir dessa premissa, acreditamos que no caso da construção de uma
identidade ambiental metropolitana, o grande desafio reside em construí-la de forma a
abranger a complexidade econômica-socioambiental do conjunto de municípios que
compõem as RMs.
Por isso, além de conhecer os aspectos físico-geográficos e históricos, dentre
outros, faz-se imprescindível o conhecimento da realidade econômica-socioambiental
do conjunto de municípios e da dinâmica de relações de poder que se estabelece entre
os municípios que constituem a região metropolitana analisada. Tal reconhecimento
deve partir da análise de questões como as incertezas associadas aos riscos gerados
7
pela sociedade globalizada, que fundamentam a chamada teoria da sociedade de risco
(BECK, 1998), além de levar em conta a distribuição desses riscos no espaço
intrametropolitano (VILLAÇA, 2001). Outro importante aspecto a ser considerado, é a
existência de canais de cooperação entre os municípios, ou melhor, a presença de
capital social (PUTNAM, 2001, WOOLCOK, 1999, GROOTAERT ET AL 2003) –
implementado e/ou fomentado pelas instituições junto aos municípios metropolitanos que, acreditamos, possa ampliar os mecanismos de governabilidade.
Nesse sentido, tem-se que a compreensão a respeito da forma como os
problemas ambientais metropolitanos são legitimados pela ciência, pela opinião pública
e, principalmente, pela política pode contribuir para a investigação a respeito da
formação de uma identidade ambiental metropolitana, uma vez que segundo Castells
(1999a) a identidade pode ser construída pelas instituições dominantes da sociedade –
nesse caso denominada identidade legitimadora.
O autor salienta que a identidade legitimadora é aquela introduzida pelas
instituições dominantes da sociedade com o objetivo de expandir e racionalizar sua
dominação em relação aos atores sociais, o autor destaca, ainda, que essa identidade
deverá dar origem a uma sociedade civil.
A partir desse contexto, acreditamos na possibilidade de a identidade ambiental
metropolitana ter sua origem, em parte, na identidade criada pelas organizações que
respondem
institucionalmente
aos
conflitos
e
interesses
socioambientais
metropolitanos, na medida em que essas organizações/instituuições ao elaborarem
ações e políticas públicas podem, através dessas, possibilitar a formação de uma
esfera política propícia a gestão de problemas socioambientais, de modo a favorecer
8
discussões e a implementação de projetos que possibilitem desenvolver e ampliar a
governabilidade nas RMs.
Ao considerar a importância da relação entre as instituições governamentais e a
sociedade organizada para a construção da governabilidade, esse trabalho buscou
analisar de que forma se dá a governabilidade metropolitana em assuntos
urbanoambientais, através da ação de seu ‘equipamento institucional’ que, acreditamos
possa estabelecer uma identidade ambiental metropolitana e ampliar a governabilidade.
Diante do amplo escopo de problemas ambientais metropolitanos, optamos por
um recorte operacional em que foi analisada a qualidade do saneamento ambiental, em
especial a questão hídrica (abastecimento e tratamento de esgoto) – a partir da ação
das instituições nesse assunto - em duas regiões metropolitanas, uma vez que essa
questão é apontada como o principal problema urbano ambiental das RMs brasileiras.
9
Objetivo
O trabalho tem como objetivo identificar a existência ou não de uma identidade
ambiental metropolitana, os elementos que a constitui, e a influência dessa identidade
na governabilidade de questões urbanoambientais e na melhora da qualidade ambiental
dessas regiões metropolitanas.
São considerados objetivos específicos desse trabalho:
•
Identificar os principais problemas urbanoambientais metropolitanos,
•
Identificar a presença de capital social institucional,
•
Identificar os diferentes cenários de vulnerabilidade socioambiental que
constituem as RMs,
Premissa
Partimos da premissa de que não existe um único modelo de governabilidade
metropolitana que possa ser utilizado por todas as RMs, pois a configuração
metropolitana e a gestão das cidades que a constitui dependerá de uma série de
antecedentes políticos, econômicos, sociais e históricos de cada país (OCDE, 2001) e,
principalmente, das especificidades econômico-socioambientais e culturais de cada RM.
10
Hipótese
Ao considerar a complexidade e diversidade de realidades encontradas nas
diversas Regiões Metropolitanas (RM) supõe-se que as diferentes abordagens e
respostas dessas regiões a uma mesma questão urbanoambiental procedam da
diferença
de
identidades
ambientais
metropolitanas.
Acreditamos
que
essas
identidades, por sua vez, são construídas através das ações da(s) instituição(ões)
responsável(is) pelo planejamento e/ou qualidade ambiental dos municípios que
constituem cada região, e que as expressam em suas ações, programas e políticas
publicas.
Ao implementar ações, programas e/ou políticas públicas ambientais que
abranjam os municípios da RM, as instituições expressam a(s) identidade(s)
ambiental(is) metropolitana(s) – fundamentada(s) em um código comum elaborado a
partir dos interesses que tais instituições julgam comuns aos municípios da região, de
forma que os municípios se sintam representados e busquem participar das discussões
e tomadas de decisão a respeito da qualidade ambiental da região.
A principal hipótese desse trabalho se fundamenta na existência de uma relação
direta entre a governabilidade metropolitana em questões ambientais e a existência de
uma Identidade Ambiental Metropolitana construída pela instituição responsável pela
gestão de questões ambientais. Nesse contexto, consideramos que a Instituição é a
principal responsável pela construção da identidade ambiental metropolitana na medida
em que essa, através de suas ações, agrega os municípios de uma mesma região
metropolitana tendo em vista a equação de problemas ambientais comuns
11
possibilitando fomentar capital social e estabelecer, a partir das fragilidades e/ou
potencialidades desses municípios, um sentimento de confiança e pertencimento a um
mesmo contexto ambiental metropolitano.
Justificativa
Verifica-se, nas duas últimas décadas, uma crescente demanda por qualidade de
vida nas regiões metropolitanas, consideradas como lócus do desenvolvimento
socioeconômico, embora essas regiões se deparem com a ausência de canais
eficientes de governabilidade metropolitana, principalmente no que tange às questões
ambientais urbanas.
Nesse contexto, o trabalho se justifica pela necessidade de investigar a
importância da instituição fomentar capital social institucional e a influência dessa ação
na forma como as questões ambientais são percebidas pelos municípios e
equacionadas em escala metropolitana, principalmente a importância desse capital na
construção de uma identidade ambiental metropolitana, a qual é considerada como um
canal que possibilita a ampliação da governabilidade metropolitana em questões
ambientais urbanas.
Com vistas à melhor compreensão da formação da identidade ambiental
metropolitana e sua influência na governabilidade de questões ambientais em regiões
metropolitanas, adotamos como áreas de estudo a Região Metropolitana de São Paulo
(RMSP) e a Região Metropolitana de Campinas (RMC), pois ambas se localizam no
Estado de São Paulo e estão submetidas às mesmas políticas públicas, legislação
12
federal e estadual e as ações das mesmas instituições, no caso a EMPLASA e a
CETESB, embora, tais regiões apresentam diferenças estruturais e ambientais que
resultam, também em diferentes formas de equacionar as questões relacionadas à
qualidade de vida/ambiental em cada uma das regiões metropolitanas.
Optou-se, ainda, por acrescentar os Comitês de Bacias Hidrográficas, os quais,
no decorrer do trabalho, mostraram-se como importantes agentes na possível formação
da identidade ambiental nas RMSP e RMC, uma vez que esses têm possibilitado
instaurar a conexão entre a sociedade civil (municípios que compõem as bacias) e o
Estado.
A ampliação do escopo de estudo aos Comitês de Bacias Hidrográficas, em
especial os Comitês de Bacias do Alto Tietê (que reúne a maior parte dos municípios da
RMSP) e do Piracicaba, Capivari e Jundiaí (que abrange todos os municípios da RMC)
deu-se por acreditarmos que esses, assim como as instituições citadas anteriormente,
possibilitam a integração dos municípios que constituem a bacia hidrográfica (e
concomitantemente a uma região metropolitana) em torno de uma questão de interesse
comum, definindo, dessa forma, identidades específicas.
Os três primeiros capítulos apresentam a revisão de literatura que busca
fundamentar e estruturar a discussão a respeito da possibilidade de ampliar a
Governabilidade
Metropolitana
em
Questões
Ambientais
Urbanas
através
do
reconhecimento/ação de uma Identidade Ambiental Metropolitana construída por
determinada instituição portadora de capital social institucional. Essa discussão se
fundamenta em conceitos como o de sociedade de risco, de vulnerabilidade social e
ambiental, de capital social institucional e de identidade.
13
O capítulo três se encerra com a exploração da noção de Identidade Ambiental
Metropolitana, fundamentada em conceitos como os de pertencimento, de memória
coletiva e de patrimonialização da natureza.
O capítulo quatro apresenta a problemática associada à governabilidade
metropolitana a partir do cenário latino-americano, para auxiliar a compreensão do
processo de metropolização e de institucionalização das regiões metropolitanas no
Brasil, assim como contribuir para a análise das regiões metropolitanas de São Paulo e
de Campinas - e os respectivos órgãos/instituições investigadas – EMPLASA, CETESB
e os Comitês de Bacia Hidrográfica –, assim como suas ações frente às questões
ambientais urbanas em escala metropolitana.
O capítulo apresenta, ainda, a elaboração de indicadores de vulnerabilidade
socioambiental que foram utilizados para selecionar os municípios para o estudo de
caso, bem como os resultados obtidos.
Os resultados obtidos são discutidos no quarto capítulo que permite apontar
indícios de uma possível formação de uma identidade ambiental diferenciada para cada
RM e que as instituições podem ter contribuído nesse processo. As considerações
finais e contribuições à elaboração de novas pesquisas encontram-se no quinto
capítulo.
14
INTRODUÇÃO
GOVERNABILIDADE OU GOVERNANÇA?
Nas últimas décadas o processo de globalização disseminou por alguns países a
reestruturação produtiva e a reorganização do estado de Bem-Estar Social (Welfare
State). Esse processo, segundo Ribeiro (2000), caracteriza-se como um período de
transformação do capitalismo mundial que, mais do que em outros períodos de
transição, tem produzido um quadro de incertezas relacionadas ao perfil das
sociedades que dele resultará. Ampliam-se as incertezas pelas disputas intelectuais e
ideológicas ao redor da interpretação de sua natureza e seus impactos.
Os impactos perversos da globalização podem ser vistos, principalmente, nos
países emergentes, onde os problemas encontram-se intrinsecamente relacionados aos
problemas sociais, referentes à concentração de renda e a pobreza, como ressalta
Dupas (2001, p. 137):
A face socialmente perversa exibida pela globalização estimula uma
crise de legitimidade das representações políticas,
introduzindo
importantes tensões referentes à identidade, autoridade e igualdade. O
que obriga, entre outras considerações, que as estratégias de
crescimento especialmente dos grandes países da periferia, contenham
necessariamente políticas redistributivas que enfrentem a questão
crônica da concentração de renda e da pobreza. Nessas circunstâncias
do ponto de vista da democracia o desafio de reconstruir a
governabilidade – o que equivale a reconstruir a própria relação entre o
Estado e a comunidade – passa a ser crítico por causa da deterioração
difusa do tecido social, da criminalidade e da violência urbana
15
crescentes, com conseqüentes surgimentos de espaços onde a
autoridade estatal está ausente.
A ausência de autoridade é resultado da redefinição do Estado ocorrida nos
últimos anos em todo mundo, que teve seus poderes e o seu papel reduzidos, assim
como a soberania econômica, a capacidade de regulação da economia, da informação,
da comunicação e de questões relacionadas ao bem-estar social e ao ambiente natural.
Essa redefinição dificulta, na presença de conflitos, a obtenção de soluções formuladas
democraticamente e, consequentemente, a governabilidade2.
Nesse contexto, cabe destacar algumas definições para o conceito de
governabilidade que foram elaboradas a partir da análise da Reforma do Estado, como
a apresentado por Diniz (1998, p. 22)3 que se fundamenta na sustentabilidade política e
na legitimidade dos fins e por isso se refere:
(...) às condições sistêmicas mais gerais sob as quais se dá o exercício
do poder numa dada sociedade, tais como, as características do regime
político (se democrático ou autoritário), a forma de governo (se
parlamentarismo ou presidencialismo), as relações entre os poderes
(maior ou menor assimetria, por exemplo), os sistemas partidários (se
pluripartidarismo ou bipartidarismo), o sistema de intermediação de
interesses (se corporativista ou pluralista), entre outras. A propósito,
cabe
lembrar
que
não
há
fórmulas
mágicas
para
garantir
2
Tanto a literatura nacional, destacada aqui pelos trabalhos de Araújo (2002), Bresser Pereira (1998),
Diniz (1996), quanto a internacional, baseada em autores como La Porta et al (1999), Fukuyama (1992),
costumam atribuir a Samuel P. Huntington a primeira referência ao termo governabilidade.
3
Diniz (1996) repensa o conceito de governabilidade a partir da análise da reforma do Estado no Brasil.
Essa reforma fundamenta-se na transição de um regime autoritário para o democrático e a considera
como parte de um amplo processo e fortalecimento da governabilidade por meio da
consolidação/institucionalização da democracia em si e da incorporação de setores da sociedade civil no
interior do aparelho do Estado.
16
governabilidade, já que diferentes combinações institucionais podem
produzir condições favoráveis de governabilidade.
Dessa forma a governabilidade, segundo a autora, se configura na somatória dos
instrumentos institucionais, recursos financeiros e meios políticos de execução de
metas definidas.
A Reforma do Estado também é abordada por Bresser Pereira (1998), porém a
partir de um enfoque administrativo – o da Reforma Gerencial do Estado4, através do
qual o autor destaca que o governo brasileiro não carece de ‘governabilidade’, uma vez
que possui legitimidade democrática oriunda da consagração eleitoral e do apoio com
que conta. O autor salienta, contudo, que o Estado enfrenta um grave problema de
governança, pois a sua capacidade de formular/implementar políticas públicas é
limitada pela rigidez e ineficiência de seu aparelho burocrático.
Bresser Pereira (1998) destaca ainda que, em geral, os conceitos de
governabilidade e governança são mal-definidos e, por isso, frequentemente
confundidos. O mesmo acrescenta que “a governabilidade é uma capacidade política de
governar derivada da relação de legitimidade do Estado e do seu governo com a
sociedade; governança é a capacidade financeira e administrativa, em sentido amplo,
de um governo implementar política” (BRESSER PEREIRA, 1998 p. 33).
O conceito de governança relaciona a capacidade de governo do Estado no
sentido lato, envolvendo a sua habilidade de agir na implementação das políticas e
consecução
das
metas
coletivas,
ou
seja,
se
refere
ao
conjunto
dos
4
Nesse enfoque Bresser Pereira usa a teoria do principal-agente; está ligada a teoria da escolha
racional, que pode ser consultado em Bresser Pereira (1998, p. 109)
17
mecanismos/procedimentos que se relacionam com a dimensão participativa e plural da
sociedade, incorporando visões dos seus vários segmentos.
Esclarecidas as diferenças entre os conceitos de governança e governabilidade,
há na definição de governabilidade apresentada por Araújo (2002, p. 6) uma definição
genérica para o termo governabilidade que:
(...) refere-se às próprias condições substantivas/materiais de exercício
do poder e de legitimidade do Estado e do seu governo derivadas da
sua postura diante da sociedade civil e do mercado (em um regime
democrático). Pode ser concebida como a autoridade política do Estado
em si, entendida como a capacidade que este tem para agregar os
múltiplos interesses dispersos pela sociedade e apresentar-lhes um
objetivo comum para o curto, médio e longo prazos. Estas condições
podem ser sumarizadas como o apoio obtido pelo Estado às suas
políticas e à sua capacidade de articular alianças e coalizões/pactos
entre os diferentes grupos sócio-políticos para viabilizar o projeto de
Estado e sociedade a ser implementado.
O conceito apresentado por Araújo (2002), assim como o destacado por Faucher
(1998), salienta que além da atuação e funcionamento do governo, a governabilidade
se refere às relações entre Estado, mercado e sociedade. Essa relação permite
mensurar a capacidade do Estado para implementar políticas públicas, agir de acordo
com as regras previstas de forma a assegurar a ordem. Dessa forma, “(...) o problema
da governabilidade não se limita às democracias, mas há bons argumentos para
sustentar que as democracias têm condições de proporcionar estabilidade por meio de
soluções conciliatórias” (FAUCHER,1998, p. 2).
18
A governabilidade, portanto, tem sua origem nos cidadãos, na cidadania
organizada e no “equipamento institucional” de cada país, uma vez que é através
desses elementos que surgem e se desenvolvem as condições substantivas/materiais
imprescindíveis à ampla governabilidade.
Governabilidade metropolitana em questões ambientais
As recentes discussões a respeito do tema governabilidade, de acordo com
Ribeiro (2000), emergem do desencanto de alguns autores da ciência política com a
relação contraditória entre a ampliação da democracia e a capacidade institucional,
política e financeira dos governos com o objetivo de transformar as crescentes
demandas sociais em políticas públicas e afirma que:
O aprofundamento do debate sobre governabilidade produziu a ruptura
teórica
da
relação
democratização,
sinérgica
credo
entre
sobretudo
crescimento
difundido
pelos
econômico
e
teóricos
do
desenvolvimento. O resultado foi a substituição da preocupação com a
democracia pela preocupação com a estabilidade política, o que em
última instância fundamentou o projeto de desengajamento do Estado
quanto a gestão da sociedade (RIBEIRO, 2000, p.18).
Diante do amplo contexto intelectual no qual se coloca a discussão sobre os
efeitos da globalização na governabilidade das grandes metrópoles, inscrita na tensão
otimismo-pessimismo, o autor aponta ainda que as metrópoles localizadas em países
emergentes são mais suscetíveis aos efeitos perversos das mudanças econômicas,
como os problemas associados ao aumento da segregação urbana e da desigualdade.
19
Essa realidade acarreta o encolhimento da sociedade civil e, consequentemente,
à redução de canais de governabilidade democrática, o que dificulta a ação do Estado
para administrar conflitos em regiões metropolitanas, cuja diversidade e complexidade
de interesses dos municípios que as constitui tendem a dificultar a equação de conflitos
que envolvem questões que contrapõem desenvolvimento econômico e processos de
degradação socioambientais.
Diante dessa situação, inúmeras têm sido as dificuldades encontradas,
principalmente pelos municípios que compõem tais regiões para superarem suas
desigualdades e buscarem estabelecer canais democráticos de governabilidade que
possibilitem a formulação e implementação de políticas públicas de âmbito
metropolitano, especialmente, as de caráter socioambiental relacionadas à qualidade de
vida dessas regiões.
Por isso, os conflitos ambientais em regiões metropolitanas devem ser
analisados a partir de um enfoque espacial diferenciado, pois, segundo Castells (2000),
essas áreas devem ser consideradas como cidades metropolitanas, uma vez que se
constituem em um agrupamento urbano cuja distribuição das atividades encontra-se
mais condicionada às facilidades de comunicação interna – que incluem desde
facilidades de transporte até telecomunicações – do que a aspectos estritamente
geográficos.
O autor salienta que a ‘cidade metropolitana’ se diferencia das grandes cidades,
não apenas por seu tamanho - que resulta de sua estrutura interna, mas também pela
“difusão no espaço das atividades, das funções e dos grupos, e sua interdependência
segundo uma dinâmica social amplamente independente da ligação geográfica”
20
(CASTELLS, 2006, p. 53). Essa interdependência se dá em relação aos aspectos
funcionais e até mesmo a uma hierarquização que pode ocorrer em diversos âmbitos produtivo, administrativo, político, econômico, dentre outros.
Essas características das cidades metropolitanas serviram de ponto de partida
para um aprofundamento conceitual proposto por Villaça (2001) que resultou no termo
espaço intraurbano como uma distinção etimológica e conceitual contra o uso,
considerado errôneo, do termo espaço urbano. Segundo ele, o termo espaço urbano,
como tem sido utilizado, refere-se a processos socioeconômicos circunscritos ao âmbito
regional. O espaço urbano seria um dos principais fatores estruturantes desses
processos, mas não a sua dimensão analítica básica.
Desse modo, acredita-se ser um erro considerar alguns problemas que
ultrapassam essa dimensão como apenas urbanos, como ocorrem com as questões de
caráter ambiental e urbano em regiões metropolitanas que devem ser analisadas a
partir de uma escala diferenciada, a intrametropolitana (VILLAÇA, 2001).
No caso de problemas ambientais/urbanos em regiões metropolitanas essa
diferenciação de escala - de urbana para intraurbana - se faz necessária, pois os
problemas tendem a se agravar quando parte dos municípios que constitui essas
regiões encontra-se em processo de conurbação, o que pode causar impactos
transfronteiriços e acarretar o confronto entre as autonomias locais para o seu
equacionamento e dessa forma dificultar a governabilidade.
Acredita-se que a obtenção de governabilidade em questões urbanoambientais
em regiões metropolitanas se dê pelo estabelecimento de uma esfera política na qual a
solução para essas questões passe pela produção de conteúdos de sentido
21
relacionados tanto com a questão urbana e ambiental, quanto às questões associadas
às lutas pelo poder (BOURDIEU, 2003).
Para isso, faz-se imprescindível a produção de sistemas simbólicos que
permitam ao Estado elaborar tanto os instrumentos de dominação quanto as formas de
acordo/consenso a partir de conteúdos de sentido que relacionem à questão ambiental
e urbana e que, por sua vez, possam resultar na ‘percepção/elaboração’ de uma
identidade ambiental metropolitana.
Nesse contexto, a implementação de políticas públicas urbanoambientais em
região metropolitana está intrinsecamente condicionada à redefinição do papel do
Estado e ao reconhecimento da existência de uma identidade ambiental nessa região,
implementada por determinada(s) instituição(ões) governamental(is) munida(s) de
capital social (capital social institucional) - que, por sua vez, pode fundamentar e
legitimar estratégias e instrumentos que permitam ampliar a governabilidade.
Deve-se ressaltar, porém que tais estratégias e instrumentos, em contraposição
aos fundamentados no desenvolvimento econômico, devem ampliar seu escopo e
considerar também as incertezas associadas à chamada sociedade de risco (Beck,
1998) – que se fundamenta nas dúvidas relacionadas aos riscos gerados pela
sociedade globalizada e pelas conseqüências geradas por esses riscos que,
comumente, são imprevisíveis, incontroláveis e de difícil equação pela ciência e
tecnologia. Há que se ressaltar, ainda, que esses riscos não respeitam qualquer tipo de
fronteiras, na medida em que se distribuem indiscriminadamente, dissociando-se de
quaisquer aspectos como: como as diferenças sociais, econômicas e geográficas.
22
Quando esses riscos se materializam nas áreas urbanas, transformam-se em
geral, devido à sua complexidade, em entraves à governabilidade, agravando-se,
principalmente, nas regiões metropolitanas.
A ausência de instrumentos que regulem e direcionem a gestão metropolitana
faz com que um mesmo problema possa ser respondido de forma diferenciada por cada
região metropolitana, uma vez que cada região apresenta especificidades econômicosocioambientais que resultam em diferentes dinâmicas e, por conseguinte, na
construção de diferentes respostas.
Frente ao contexto apresentado, acredita-se que a diversidade de respostas a
uma mesma questão ambiental-urbana em regiões metropolitanas se encontra
associada à presença de uma identidade ambiental metropolitana, a qual é construída a
partir da relação entre as características do processo de urbanização e metropolização
a que os municípios da região foram e são submetidos, as características e/ou riscos
associados aos problemas ambientais-urbanos intrametropolitanos e a forma como o
Estado e a sociedade civil se articulam para equacionar essas questões através da
presença de capital social.
Para fundamentar a discussão a respeito da relação entre Governabilidade
Metropolitana em Questões Ambientais Urbanas e a presença de Identidade Ambiental
Metropolitana, o próximo item aborda a Urbanização e Metropolização, um dos três
eixos que estruturam essa discussão.
23
24
I. CAPÍTULO
1. URBANIZAÇÃO E METROPOLIZAÇÃO
A urbanização pode ser considerada como a expressão da materialização das
ações da sociedade sobre o ambiente natural. Durante o processo de urbanização são
gestados alguns dos principais conflitos entre o desenvolvimento socioeconômico e a
qualidade ambiental.
No Brasil, assim como nos demais países latino-americanos, o acelerado
processo de urbanização acarretou impactos sociais e ambientais que resultaram em
mudanças estruturais no espaço urbano, pois esse espaço não estava preparado para
as profundas mudanças socioeconômicas que resultam desse processo.
Esse item procura apresentar a relação que se estabeleceu entre o acelerado
processo de urbanização e o de metropolização ocorrido no Brasil nas últimas décadas
e suas consequências na qualidade de vida de suas regiões metropolitanas.
1.1 América Latina: Urbanização Diferenciada
Nos últimos anos a urbanização suscitou o crescente interesse de alguns
pesquisadores, em parte pela importância e especificidade que ela adquiriu nos
chamados países emergentes, contrapondo-se, em alguns aspectos, a realidade da
urbanização ocorrida nos países desenvolvidos.
25
Dentre esses estudos, destaca-se o desenvolvido por Castells (2006, p. 79), que
salienta essa especificidade ao referir-se a urbanização das cidades indianas do século
XX e das européias do século XIX. Afirma que:
A urbanização em curso nas regiões “subdesenvolvidas” não é uma
réplica do processo que atravessam os países industrializados. (...) As
taxas de crescimento das cidades indianas no século XX não é muito
diferente das taxas das cidades européias na segunda metade do século
XIX, mas se fixamos um nível de urbanização para a Índia e para alguns
países ocidentais, a composição da população ativa, no entanto, é
extremamente diferente
Ao apresentar valores relacionados à população ativa nos segmentos da
indústria, da agricultura e de serviços de alguns países
5
Castells (2006) procura
demonstrar a especificidade do processo de urbanização nos países emergentes, que
denominou de hiperurbanização6. Esse processo apresenta um contexto em que o nível
de urbanização é superior ao que poderia ser alcançado ‘normalmente’ a partir do nível
de industrialização.
Ao destacar situações como a de ‘urbanização sem industrialização’ e de
‘hiperurbanização’, Castells (2006) aponta que por serem essas situações típicas dos
5
Castells (2006, p. 80) apresenta dados compilados de Bert e Hoselitz, “The role of urbanization in
economic development. Some internacional comparisons”, in Roy Turner (editor) Indian´s Urban Future,
University of California Press, 1962,pp.157-182
6
Para explicar esse contexto, o autor compara os dados relacionados ao processo de urbanização de
alguns países, como a Noruega que apresentava no ano de 1890 um nível de urbanização de 12%
(população urbana) e um percentual de população ativa na indústria de 22%, 55% na agricultura e 23%
no setor de serviços, e os dados recentes da urbanização Índia (ano de referência 1951) que apresenta
para os mesmos itens os respectivos valores de: 10,7%, 70,6 e 18,7%. Ou seja, apresentam valores
diferenciados para o setor agrícola e de serviços, embora apresentem praticamente, o mesmo nível de
urbanização, uma vez que o valor referente ao nível de urbanização na Índia era de 11,9% - obtido 60
anos após o contexto apresentado pela Noruega. Castells (2006, p. 80)
26
‘países dependentes’ e se configurarem em realidades específicas, não podem ser
analisadas a partir das mesmas teorias e modelos utilizados na análise das cidades
européias e norte-americanas.
O autor destaca ainda a singularidade da urbanização nos países Latinoamericanos que está relacionada a uma identidade específica construída a partir da
formação de sua situação de dependência, resultante da destruição das formações
sociais pela penetração do colonialismo ibérico, ao compará-la com a urbanização dos
países dos ‘países dependentes’ do Terceiro Mundo, como a Índia.
Dessa situação de dependência e pouca/nenhuma particularidade relacionada à
estrutura social pré-existente, surgiram às novas sociedades latino-americanas cuja
diversificação
resulta
das
inúmeras
influências
e
articulações
estabelecidas
regionalmente e/ou da reorganização das relações de dominação – substituição da
dominação ibérica, pela inglesa e depois pela americana. Portanto, a urbanização
Latino Americana, como processo social, pode ser melhor entendida a partir da
trajetória histórica e regional que caracteriza e resulta, segundo Castells (2006), na
chamada urbanização dependente.
O processo de urbanização ocorrido na maior parte dos países da América
Latina ocorreu de forma acelerada a partir da década de 1960, com a migração da
população das áreas rurais para as áreas urbanas, como resultado da industrialização
tardia e conseqüentes transformações econômicas, sociais e políticas.
Assim como os demais países latino-americanos, o Brasil apresentou intenso
processo de urbanização a partir da segunda metade do século XX. Esse processo
ampliou os assentamentos urbanos, na medida em que elevou o percentual da
27
população urbana de 26,3% em 1940 – cerca de 18,8 milhões de habitantes - para
81,2% em 2000 – aproximadamente 138 milhões de habitantes.
A transferência da maior parte da população para as áreas urbanas acarretou
inúmeras transformações econômicas, sociais e políticas que alteraram as estruturas da
sociedade brasileira.
Esse processo de mudanças impulsionadas pelos processos de crescimento e
urbanização resultou, segundo Faria (1991), em “uma sociedade complexa, espacial,
ocupacional e socialmente diversificada, unificada, mas heterogênea, segmentada e,
sobretudo,
profundamente
desigual”
(FARIA,
1998,
p:105).
Essa
sociedade,
consequentemente, fundamentou a estruturação dos espaços urbanos, como ressalta
Deák (2004, p. 11-2):
Em pouco mais de uma geração a partir dos meados deste século, o
Brasil, um país predominantemente agrário, transformou-se em um país
virtualmente urbanizado. Em 1950, tinha uma população de 33 milhões
de camponeses – em crescimento - com 19 milhões de habitantes nas
cidades, ao passo que hoje tem a mesma população no ‘campo’ – agora
diminuindo - e a população urbana sextuplicou para mais de 120
milhões. É claro que as formações quantitativas de tal magnitude
implicam transformações qualitativas profundas. O país, se não está
inteiramente
‘urbanizado’,
tem
seguramente
caráter
preponderantemente urbano. As condições de produção nas áreas
urbanas – nas ‘cidades’ - são agora as da virtual totalidade da economia,
e as condições de vida nas aglomerações são as da maioria da
população. Acima de tudo, as aglomerações urbanas constituem a base
e o palco das transformações futuras da sociedade e também de sua
economia.
28
O processo de urbanização brasileiro, assim como nos demais países latinoamericanos, acarretou impactos sociais e ambientais que resultaram em mudanças
estruturais no espaço urbano, pois os espaços não se encontravam preparados para
mudanças econômicas e sociais tão profundas e bruscas. Diferente do processo de
urbanização ocorrido em outros países, as áreas urbanas brasileiras não apresentavam
infraestrutura e equipamentos urbanos que garantissem qualidade de vida a população
recém-chegada.
Dessa forma, o processo de urbanização no Brasil impactou de forma
diferenciada a população, sendo esse processo denominado por Ferreira (2000) como
‘urbanização desigual’. Segundo a autora os principais exemplos são as “... gigantescas
metrópoles industriais fordistas subdesenvolvidas, concentradoras da produção
industrial e da massa de mão-de-obra disponível e marcadas pela divisão social do
espaço urbano” (FERREIRA, 2000, p.13) e pelo descaso com os impactos ambientais
resultantes desse processo.
Diante desse contexto de desigualdades, ampliam-se nos países emergentes,
como o Brasil, problemas ambientais urbanos que se refletem em diferentes níveis de
vulnerabilidade socioambiental a que as populações urbanas são submetidas, como
será abordado a seguir.
29
1.2 URBANIZAÇÃO E AMBIENTE: A GLOBALIZAÇÃO E A SOCIEDADE DE RISCO
A relação que se estabeleceu entre o acelerado processo de urbanização
brasileiro e os impactos ambientais urbanos suscitou, a partir da segunda metade da
década de 1980 e durante a década 90, inúmeros estudos das mais diversas áreas,
como planejamento urbano, a economia, a sociologia e a geografia.
Esses estudos buscavam investigar as transformações da rede urbana e da
reestruturação do espaço através de perspectivas como os impactos do pós-fordismo e
da globalização nas áreas urbanas, assim como os impactos nas relações sociais e,
consequentemente, no ambiente natural.
Nesse contexto, a questão ambiental passou a ser incluída nos estudos urbanos
na década de 90 a partir de trabalhos que abordavam, inicialmente, os impactos físicos
e materiais (ambientais) resultantes da apropriação e do uso do solo gerados pela
sociedade de produção capitalista e, posteriormente, o processo de transformação da
sociedade de produção capitalista em sociedade globalizada.
A partir desses estudos fundamentados nos impactos ambientais foram lançados
inúmeros apontamentos e soluções que, de acordo com Mendonça (2004), em geral,
apresentavam um enfoque naturalista que abordavam, principalmente, as questões
associadas à degradação hídrica, à poluição do ar e do solo, às inundações, aos
deslizamentos, dentre outras.
Dentre esses trabalhos, destacam-se o desenvolvido por Cunha e Guerra (1996)
que analisa a degradação ambiental ocasionada por processos geomorfológicos
resultantes dos processos associados à expansão urbana e o desenvolvido por Gratão
30
(2005) que examina a degradação resultante da ocupação dos vales fluviais e seus
impactos sobre o meio ambiente, colocando a dimensão social em segundo plano.
Esses estudos demonstram, porém, que não basta apenas identificar os
impactos físico-materiais das transformações do ambiente natural em ambiente
construído, uma vez que esses impactos resultam de diferentes realidades
socioambientais construídas a partir das mudanças estruturais implementadas pela
globalização - que são ao mesmo tempo causa e efeito das mudanças sociais
profundas que vão além da esfera econômica e do mercado de trabalho. Essas
mudanças alteram a percepção da sociedade a respeito das incertezas e dos riscos, os
quais, muitas vezes, são de difícil equacionamento ou irreversíveis.
A noção de risco apresentada nos trabalhos que abordam a sociedade industrial
- primeira modernidade - é considerada e utilizada, segundo Mary Douglas (1992),
como uma forma de avaliar o perigo em termos de probabilidade a partir de uma
situação de incerteza.
No caso dos trabalhos que se referem à sociedade globalizada, que caracteriza a
segunda modernidade ou sociedade de risco, essa noção tem seu escopo de
preocupações ampliado na medida em que retrata uma sociedade mais complexa,
denominada sociedade de risco (BECK, 1992).
A teoria da sociedade de risco, elaborada a partir da teoria da modernização
reflexiva7 (GIDDENS, BECK, LASH, 1997a), baseia-se nas incertezas associadas aos
riscos gerados inicialmente pela sociedade industrial e pelas consequências oriundas
7
A Modernização Reflexiva “(...) significa autoconfrontação com os efeitos da sociedade de risco que não
podem ser tratados e assimilados no sistema da sociedade industrial”. (BECK, 1997a, p.16)
31
de seus riscos, em geral, imprevisíveis, incontroláveis ou de difícil equação pela ciência
e tecnologia e que se distribuem democraticamente na sociedade.
Ressalte-se ainda que alguns tipos de riscos, como os nucleares, os químicos,
os genéticos e os ecológicos, podem apresentar consequências irreversíveis tanto para
a saúde humana quanto para o meio ambiente; assim como os riscos associados ao
processo de globalização, como os econômicos que, ao influenciarem os mercados
financeiros internacionais, atingem a qualidade de vida de milhões de indivíduos, na
medida em que refletem em questões como o mercado de trabalho.
Os riscos associados à globalização, contudo, só foram considerados no trabalho
de Beck (1999, 2000) recentemente, pois nos primeiros trabalhos a respeito da
sociedade de risco, Beck (1992) desconsidera a complexidade inerente à globalização
ao apresentar um enfoque linear e evolutivo entre a sociedade de classes e a
sociedade de risco. Esse enfoque não observa o fato de que no mundo globalizado uma
sociedade pode apresentar características de ambas (sociedade de classes e de risco)
ao mesmo tempo, o que resulta em uma nova dimensão na qual a relação entre
pobreza e riscos deve ser considerada, assim como o potencial agravamento dos riscos
à medida que aumentam as condições de pobreza e suas consequências.
Em trabalhos recentes, Beck (1999, 2000) admite que a questão ambiental e as
questões
associadas
à
classes
sociais
podem
sobrepor-se
e
agravarem-se
reciprocamente, uma vez que existem países que ainda não atingiram algumas
vantagens da industrialização – as chamadas vantagens da primeira modernidade enquanto outros são altamente industrializados e seus diversos setores questionam e
reavaliam os fundamentos e os objetivos da primeira modernidade.
32
Dessa forma, a segunda modernidade ou sociedade de risco caracteriza-se por
ampliar as incertezas associadas ao conjunto de riscos, assim como a escala temporal
de ação desses riscos, uma vez que reconhece que esses podem atingir não apenas as
atuais, como também as gerações futuras.
Beck (1992, 1998) destaca que, enquanto o princípio central da sociedade
industrial era a distribuição dos bens ou bônus, a sociedade de risco tem como questão
central a distribuição dos ônus ou dos perigos a essa mesma sociedade.
Esse cenário de incertezas e irreversibilidade é também identificado nos efeitos
da urbanização e ressaltados por Smolka (1996, p. 136):
(...) decisões quanto ao ambiente construído tomadas em um passado
irrevogável constrangem o presente, e nem sempre podem ser
facilmente revertidas. E o mais grave, essas decisões correntes são
marcadas pelas incertezas quanto ao seu impacto futuro (...) Ademais,
essas mudanças podem, muitas vezes, implicar fenômenos não
antecipados.
A percepção dos riscos ambientais pela sociedade fez com que a questão
ambiental se tornasse, segundo Buttel (2000), uma das forças sociais definidoras da
sociedade moderna, uma vez que possibilita reunir e reproduzir as novas formas de
ação social e os novos
padrões
estruturais das
sociedades modernas e,
consequentemente, de novos padrões de produção e consumo no e do espaço urbano.
Nesse sentido, as questões ambientais e seus conflitos emergem dentre as
preocupações urbanas na medida em que se tornam foco da atenção de parte da
população urbana que, ao buscar qualidade de vida, passa a valorizar a natureza como
33
parte imprescindível a essa realização, além de incluir os riscos ambientais como
parâmetro para a ação social e a ocupação urbana.
Diante desse contexto, tornam-se cada vez mais frequentes os estudos que
associam a problemática ambiental às questões sociais a partir de diversas
perspectivas, ou seja, estudos que buscam analisar a ocorrência de problemas
ambientais graves e complexos e que atingem a maior parte da população urbana
revelando os diversos processos de exclusão e injustiça social, na medida em que
evidenciam as condições de risco e vulnerabilidade socioambiental.
34
1.3 SOCIEDADE
DE
RISCOS:
JUSTIÇA
AMBIENTAL,
RISCOS
E
VULNERABILIDADE
Nas duas últimas décadas os países emergentes têm sido campo fértil para o
crescente número de estudos que analisam a relação entre ambiente natural e a
sociedade, como os que relacionam os problemas ambientais urbanos e a pobreza,
considerados como subprodutos negativos da expansão do capitalismo e da
urbanização.
Alguns estudos têm ampliado o seu escopo de análise à relação que se
estabelece entre as questões ambientais urbanas e a sociedade, fundamentados em
perspectivas de justiça social e ambiental e no conceito de vulnerabilidade - que se
baseia na noção de risco e na teoria da sociedade de risco8, já abordados de forma
sucinta anteriormente.
A noção de justiça ambiental, segundo Acselrad (2000, 2002, 2004) e Herculano
(2002a, 2002b, 2009), se refere ao conjunto de princípios que garante que nenhum
grupo de pessoas – de raças, etnia ou classe – suporte parcela desproporcional de
externalidades ambientais negativas resultantes de operações econômicas, decisões
políticas e de programas locais, estaduais ou federais ou ainda da omissão ou ausência
dessas políticas.
8
A teoria da sociedade de risco se fundamenta na proposta de Beck (1992) para a criação de uma nova
teoria social, a chamada teoria da sociedade global de risco. Beck (1998) afirma que a sociedade de risco
se contrapõe à sociedade industrial na medida em que amplia o escopo de preocupações - que tinham
como foco a produção e distribuição de bens - e torna-se mais complexa, fundamentando-se nas
incertezas associados aos riscos gerados, inicialmente, pela sociedade industrial, bem como pelas
consequências oriundas de seus riscos, em geral, imprevisíveis, incontroláveis ou de difícil equação pela
ciência e tecnologia
35
Esses princípios buscam assegurar tanto o acesso justo e equitativo aos
recursos ambientais do país, quanto o amplo acesso às informações a respeito desses
recursos, favorecendo a formação dos movimentos e sujeitos coletivos na construção
de modelos alternativos e democráticos de desenvolvimento (LOW e GLEESON, 19989)
Porém, no caso dos países emergentes, a idéia de direitos sociais e de
apropriação e uso desigual do território e de seus recursos por determinada parcela da
população encontram-se inseridos em um modelo de desenvolvimento marcado pela
injustiça socioambiental.
Essa conjuntura permite que alguns grupos realizem grandes investimentos e
empreendimentos e se apropriem dos recursos existentes nos territórios ampliando,
dessa forma, sua renda e poder. Ao mesmo tempo, geram externalidades negativas
que atingem a saúde e a integridade de outros grupos, outros ecossistemas
considerados mais vulneráveis aos riscos que se distribuírem indiscriminadamente e,
consequentemente, a maior parcela da população.
Vale ressaltar que em um mundo globalizado o grau de vulnerabilidade de uma
sociedade aos riscos pode resultar, em alguns casos, da associação de características
tanto da sociedade de classe quanto da de risco, como ocorre, por exemplo, em
sociedades nas quais existe uma intrínseca relação entre pobreza e riscos. Verifica-se,
portanto, o potencial agravamento dos riscos à medida que se verifica o aumento das
condições de pobreza e de suas consequências.
Diante desse contexto, admite-se que as questões ambientais e as associadas
às classes sociais podem se sobrepuser e se agravarem mutuamente, pois existem
9
Verificar também: LYNCH, B. D. Instituições Internacionais para a Proteção Ambiental: suas implicações
para a justiça ambiental em cidades latino-americanas. In: A Duração das Cidades: sustentabilidade e
risco nas políticas urbanas, Henri Acselrad (org.) Rio de Janeiro: De Paulo Editora, 2001, pp. 57 – 82
36
países que ainda não atingiram algumas vantagens da industrialização característica da
sociedade de classes, embora apresentem características da sociedade de risco.
Essa situação pode ser aferida em sociedades como a brasileira que apresenta,
simultaneamente, problemas associados à escassez, intrinsecamente relacionados à
desigualdade de distribuição de renda entre as classes sociais – típicos de países que
ainda estão na primeira modernidade – que coexistem com os problemas
característicos da sociedade de risco – segunda modernidade.
A associação dessas realidades tende a potencializar os riscos, como pode ser
aferido nos trabalhos desenvolvidos por Fuks (1997, 1998), Acselrad (1999, 2004,
2005), Machado (2004) e Herculano (2002a), que se fundamentam no conceito de
justiça ambiental e social para analisar os conflitos ambientais e sociais.
A noção de risco também fundamenta trabalhos como o desenvolvido por Torres
(1997) que ao analisar alguns aspectos associados aos riscos conclui que esses
apresentam um caráter dinâmico, uma vez que a percepção do risco muda de um grupo
social para outro e se altera ao longo do tempo. Ele aponta ainda alguns problemas e
dificuldades relacionadas à detecção da origem dos riscos que, muitas vezes,
apresentam certa complexidade, pois muitos dos riscos ambientais resultam da
associação de outros riscos (social, econômico, cultural, dentre outros), por isso os
riscos podem se tornar acumulativos.
A ‘acumulação’ de riscos pode ser verificada em casos como o de populações
que constroem, precariamente, suas habitações em áreas apontadas como de riscos
ambientais (próxima de lixões, sujeitas a inundações e desmoronamentos). Na maioria
das vezes, essas áreas são as únicas acessíveis às populações de mais baixa renda
37
que, ao fixar-se nessas áreas, ampliam suas condições de vulnerabilidade10 ao risco à
medida que associam as condições precárias da área às condições precárias de
habitação, saúde, alimentação, ausência de infraestrutura básica, dentre outros
problemas.
1.3.1 Vulnerabilidade
Segundo Hogan e Marandola (2005) nas últimas duas décadas os estudos
relacionados à vulnerabilidade - fundamentados no uso da categoria de ‘risco’
associada à de ‘perigo’ - têm ganhado relevância nas pesquisas acadêmicas em
diversos campos de estudo, como o campo do direito, do meio ambiente, da segurança
alimentar, dos efeitos das transformações macroeconômicas, da medicina e prevenção
de desastres naturais.
Essas pesquisas têm produzido resultados positivos em
inúmeras concepções e formas de entendimento e, assim, colaborado de diversas
formas para o diagnóstico das conseqüências e impactos sociais e ambientais.
Mesmo diante da diversidade de concepções e formas de entendimento, Moser
(1998) destaca que há um consenso em relação ao fato da vulnerabilidade estar
associada a três componentes: o risco, a incapacidade de reagir a ele e a inabilidade
para adaptar-se diante da materialização do risco.
O risco e a vulnerabilidade são abordados também nos trabalhos desenvolvidos
pelo Grupo de pesquisa Urban Growth, Vulnerability and Adaptation desenvolvido no
10
A noção de vulnerabilidade, segundo Cutter (1996), se fundamenta nos estudos sobre desastres
naturais e avaliação de risco, oriundos do campo da geografia que, inicialmente, analisavam os perigos
naturais em si, apontando para um amplo conjunto de questões e de soluções, ajustamentos e percepção
dos riscos e dos perigos, bem como alternativas para gestão e planejamento do perigo de suas causas e
danos.
38
Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (NEPAM) e no Núcleo de Estudos de
População (NEPO) na Universidade de Campinas (UNICAMP).
Dentre os trabalhos desenvolvidos por esse grupo se destacam os de Ferreira e
Martins (2009, 2010, 2010a, 2010b) e Ferreira et al (2011) que investigam a relação
entre o meio urbano (cidades) e as mudanças climáticas, com o intuito de explorar os
elementos e estratégias políticas que possibilitem a ampliação da governança local em
questões relacionadas às mudanças climáticas. Para isso os autores abordam a
atuação dos governos locais em promover a governança local através de políticas,
estratégias e ações relacionadas às mudanças climáticas, fundamentadas nos riscos e
vulnerabilidades inerentes ao ambiente urbano e nas inúmeras dimensões de
indicadores relacionados a sustentabilidade das áreas urbanas.
O trabalho desenvolvido por Seixas et al (2010), dentro do mesmo grupo de
pesquisa, investiga as consequências das mudanças climáticas na saúde das
populações urbanas. Tal investigação dá-se a partir de uma avaliação sobre a
vulnerabilidade epidemiológica no município de Caraguatatuba (Litoral Norte Paulista),
através da incidência de doenças - respiratórias, dengue, malária, cólera e leishmaniose
tegumentar - cuja ocorrência está associada às mudanças dos padrões climáticos.
A vulnerabilidade e os riscos fundamentam o trabalho desenvolvido por Pessoa e
Seixas (2009, 2010) que busca entender de que forma a problemática ambiental
interfere na produção das desigualdades socioespaciais na Região Metropolitana de
Natal (RMN). As autoras constatam que a apreensão dos problemas socioambientais
na RMN é parcial, pois ocorre a partir da escala local e não da metropolitana, o que
dificulta a obtenção de acordos e ações que contemplem as peculiaridades
39
socioespaciais e possibilitem ampliar a percepção da população a respeito dessa
realidade, bem como a ação dos gestores públicos.
Segundo Alves (2006) a noção de vulnerabilidade ganhou maior visibilidade
através de estudos sobre vulnerabilidade social elaborados pela ação de organismos
internacionais, como as Nações Unidas, o Banco Mundial, o BIRD (Banco Internacional
para Reconstrução e Desenvolvimento), o CELADE (Centro Latino-Americano e
Caribenho de Demografia). Esses estudos surgiram em resposta à insatisfação com a
abordagem tradicional dada as questões relacionadas à pobreza, cuja metodologia se
fundamentava, principalmente, em critérios como o nível de renda e em limites como a
linha de pobreza.
Frente a essa realidade, Hogan (2005) destaca que os estudos relacionados à
vulnerabilidade social passaram a agregar aspectos como à insegurança e a exposição
a riscos e perturbações provocadas por acontecimentos ou mudanças econômicas, o
que possibilitou ampliar o enfoque sobre as condições de vida dos grupos sociais mais
pobres e, simultaneamente, considerar a disponibilidade de recursos e estratégias
desses grupos para enfrentarem os impactos a que são submetidos.
Devido às características urbanas dos países latino-americanos, Hogan (2005)
destaca a necessidade de examinar as questões associadas à vulnerabilidade social a
partir de fatores que apresentem sérios impactos ao bem-estar dessas populações, tais
como o acesso limitado a serviços de saneamento (água tratada, coleta e tratamento de
esgotos, a coleta e disposição final do lixo, pavimentação de ruas), a susceptibilidade a
inundações e a deslizamentos, e a poluição do ar.
40
Esses fatores representam tanto situações de ameaça à vida humana quanto
situações de exposição a um conjunto de doenças associadas à má qualidade do ar e
da água, além do impacto causado aos demais ecossistemas.
Hogan (2006) enfatiza que o conceito de vulnerabilidade ainda se encontra em
formação e tem buscado a robustez desejada na confluência de várias tendências de
estudo da vulnerabilidade:
(...) a incorporação de diferentes elementos na estrutura de causalidade
da vulnerabilidade, desde diferentes escalas (local, regional, global) até
as diferentes dimensões dos fenômenos (social, política, econômica,
tecnológica demográfica cultural) contribuem para uma visão mais
complexa da vulnerabilidade. (HOGAN, 2006, p. 40)
Essa
complexidade
resulta
em
estudos
como
os
de
vulnerabilidade
socioambiental que associam a análise de questões relacionadas à vulnerabilidade
social - utilizada nas abordagens sociológicas, como a vulnerabilidade em relação aos
indivíduos, as famílias ou grupos sociais (MOSER, 1998) e a vulnerabilidade ambiental
– abordagens relacionadas às análises geográficas e aos estudos sobre riscos e
desastres naturais, além de discutir a questão da vulnerabilidade em termos territoriais
(CUTTER, 1996).
A partir da associação das dimensões social e ambiental tem-se a noção de
vulnerabilidade socioambiental, que pretende unir as duas dimensões na elaboração de
estudos que procurem identificar e caracterizar populações em situação de
vulnerabilidade ao mesmo tempo social e ambiental. Esses estudos se agrupam a partir
41
de dois grandes temas - as questões relacionadas à pobreza, exclusão e
marginalização e aquelas que se referem à problemática ambiental.
Frente a esse contexto, Alves (2006) destaca que a vulnerabilidade
socioambiental pode ser definida como a coexistência ou sobreposição espacial entre
grupos populacionais muito pobres e com alta privação (vulnerabilidade social) e áreas
de risco ou degradação ambiental (vulnerabilidade ambiental).
Em se tratando especificamente da vulnerabilidade associada às questões
urbanas, assim como os riscos urbanos, uma gama de implicações sociais,
econômicas, tecnológicas, culturais, ambientais e políticas estão diretamente vinculadas
à condição de pobreza de uma parcela representativa da população, como será
abordado no próximo item.
1.3.1.1 Vulnerabilidade socioambiental em áreas urbanas
Os problemas ambientais urbanos foram tratados, por algum tempo, sob o
enfoque dos estudos de impactos ambientais, a partir dos quais foram lançados
inúmeros apontamentos e soluções. De acordo com Mendonça (2004), esses estudos
apresentavam, comumente, uma abordagem naturalista, principalmente em relação às
questões associadas à degradação hídrica, do ar, do solo, inundações, deslizamentos,
dentre outras
Contudo, nos últimos anos têm sido cada vez mais frequentes os estudos que
abordam a problemática ambiental urbana relacionando-a as questões sociais e
econômicas, a partir de diferentes perspectivas que procuram analisar a ocorrência de
42
problemas ambientais graves e complexos – como os impactos relacionados a
fenômenos naturais, tecnológicos ou sociais que, segundo Hogan et al (2001), Alves
(2006) e Cunha (2004), atingem, em geral, a maior parte da população urbana,
revelando os diversos processos de exclusão e injustiça social e evidenciando as
condições de risco e vulnerabilidade socioambiental.
Ao evidenciar as condições de vulnerabilidade socioambiental em áreas urbanas,
estudos desenvolvidos por Hogan (2005), Hogan et al (2001, 2006), Alves (2006),
Torres (1997) e Alves e Torres (2005), Fundação SEADE (2000), Cunha (2004),
Ferreira e D’Almeida (2009, 2010, 2010a, 2010b) e Ferreira et al (2011) ressaltam que
existem diferentes níveis de vulnerabilidade a que os membros de uma mesma
população encontram-se expostos,
uma vez que os problemas ambientais e suas
consequências não são percebidos igualmente pelos diferentes grupos sociais, nem
são sentidos de maneira uniforme por todo o território. Por isso faz-se necessário em
áreas urbanas ampliar a análise aos inúmeros aspectos relacionados à vulnerabilidade
social e ambiental.
Dentre os estudos desenvolvidos para a análise da vulnerabilidade social e
ambiental em áreas urbanas, destaca-se o desenvolvido por Hogan (2005) que analisa
os impactos da migração sobre o meio ambiente e, diante dos sinais de escassez de
água presentes em muitas regiões (fator considerado como limitante ao crescimento),
aponta a necessidade de analisar o impacto do padrão de distribuição da população e
de suas atividades econômicas sobre o espaço regional.
Em outro trabalho, Hogan et al (2006) apresentam um enfoque diferenciado
sobre estudo de vulnerabilidade em áreas urbanas ao investigarem a sobreposição da
43
vulnerabilidade ambiental à vulnerabilidade sociodemográfica e constatarem que essa
sobreposição resulta em um amplo conjunto de perigos que atingem de forma
diferenciada as pessoas e os lugares.
A sobreposição de situações de vulnerabilidade também é apresentada no
trabalho desenvolvido por Alves (2006) que identifica e caracteriza populações em
situação de vulnerabilidade socioambiental através da construção de indicadores
ambientais que se fundamentam na vulnerabilidade ambiental como a coexistência ou
sobreposição espacial entre grupos populacionais muito pobres e com alta privação
(vulnerabilidade social) e áreas de risco ou degradação ambiental (vulnerabilidade
ambiental). Ele conclui que mesmo no interior dos setores censitários de alta
vulnerabilidade
social
existem
diferenças
significativas
entre
as
condições
socioeconômicas e demográficas dos grupos populacionais e as diferentes categorias
de vulnerabilidade ambiental.
Um enfoque diferenciado foi adotado pelo estudo realizado pelo Observatório
das Metrópoles/IPARDES/FASE (2005) que se fundamenta na noção de vulnerabilidade
como situação de risco que bloqueia ou veta os segmentos sociais mais fragilizados de
obterem os recursos necessários a sua inserção plena na sociedade.
O trabalho realizado pelo Observatório das Metrópoles/IPARDES/FASE (2005)
salienta que para uma completa integração social faz-se necessária a obtenção de
integração entre as três esferas da sociedade: o mercado, o Estado e a
comunidade/família, uma vez que ao tomarem forma (tangível ou intangível) os
recursos gerados por essas esferas proporcionam aos indivíduos condições materiais,
sociais e morais necessárias à integração social.
44
Diante
desse
contexto,
consideram-se
como
territórios
metropolitanos
vulneráveis aquelas parcelas das metrópoles que apresentam sinais de crise do regime
coletivo de riscos associados à fragilização das famílias e das estruturas sociais no
plano do bairro (comunidade).
O trabalho apresenta, ainda, a construção de tipologias sociais - baseadas nos
15 núcleos urbanos brasileiros identificados como áreas metropolitanas - que
identificam e classificam as áreas vulneráveis, além de demonstrar o crescente papel
da segregação residencial na explicação das desigualdades de oportunidades e apontar
as crianças e os jovens como segmentos mais vulnerabilizados diante dos impactos das
transformações econômicas nas grandes cidades.
As dimensões espaciais da vulnerabilidade socioambiental são abordadas no
trabalho desenvolvido por Hogan et al (2006a) que considera a vulnerabilidade como
processo que envolve tanto a dinâmica social quanto as condições ambientais.
O estudo investiga, ainda, a relação entre as características sociodemográficas
de determinada população e sua localização dentro da malha urbana e enfatiza que a
inacessibilidade da população ao mercado de consumo é acompanhada pela falta de
acesso a serviços de infra-estrutura, o que leva essa população a ocupar as áreas
periféricas de maior risco dentro das cidades. Isso reforça as dimensões sociais da
degradação ambiental.
As dimensões sociais da degradação ambiental são abordadas na maior parte
dos trabalhos que enfocam a vulnerabilidade em países emergentes como o Brasil, em
cujos trabalhos se destaca o desenvolvido por Torres (1997) que aborda a localização
45
das populações em áreas vulneráveis do município de São Paulo a partir da relação
entre condições socioeconômicas e pobreza.
Torres (1997) aponta a tendência dos grupos de baixa renda de residirem em
áreas com más condições urbanísticas e sanitárias e em situações de risco e
degradação ambiental (como, por exemplo, terrenos próximos de cursos d’água e de
lixões ou com alta declividade) e constata que a situação se dá, em geral, pelo fato
dessas áreas se constituírem como as únicas acessíveis à população mais pobre, seja
por se tratarem de áreas públicas e/ou de preservação (invadidas), seja em razão de
serem áreas muito desvalorizadas no mercado de terras e, por isso, pouco propícias à
ocupação, devido às características de risco e à falta de infraestrutura urbana.
A relação entre vulnerabilidade e infraestrutura também é analisada por Jacobi
(1995) que aponta a existência de uma relação direta entre exposição a riscos
ambientais e a precariedade de acesso a serviços públicos. O autor ressalta que a
ausência de infra-estrutura urbana (água, esgoto, coleta de lixo, canalização de
córregos, dentre outras), está intrinsecamente relacionada à exposição das populações
residentes nessas áreas aos riscos ambientais e a doenças de veiculação hídrica.
Além da diversidade de perspectivas, a análise dos trabalhos abordados
anteriormente permite verificar que existe uma intersecção entre os processos
espaciais, socioeconômicos, demográficos e de acesso à infraestrutura e poissibilita
constatar também que a distribuição desigual dos serviços urbanos encontra-se no
cerne dos estudos referentes à vulnerabilidade socioambiental em áreas urbanas.
Diante da complexidade dos problemas socioambientais urbanos em parte
resultantes do acelerado processo de globalização, principalmente nas duas ultimas
46
décadas, e dos diferentes níveis de vulnerabilidade a que os diversos grupos de uma
mesma população encontram-se expostos, visto que os problemas ambientais e suas
consequências não são percebidos com a mesma intensidade pelos diferentes grupos
sociais, nem sentidos de maneira uniforme por todo o território. Ou seja, não é por
acaso que as áreas de risco e degradação ambiental são, em geral, áreas de privação
social e pobreza e vice-versa.
Existe, portanto, uma relação intrínseca entre problemas ambientais e sociais,
uma vez que os diferentes graus de vulnerabilidade associado à pobreza e a privação
social de uma população a serviços urbanos básicos podem ser considerados como
fatores relevantes na configuração da distribuição espacial das situações de riscos
sociais e ambientais.
Nesse sentido vê-se que no Brasil os problemas socioambientais urbanos estão
intimamente relacionados à incapacidade institucional e financeira dos governos locais
de solucionarem as necessidades básicas da população, como: saneamento ambiental,
transporte público de qualidade, habitação, de saúde, segurança, para as quais a
eficiência administrativa pautada na equidade e na democracia na alocação de recursos
é questão fundamental para garantir a qualidade de vida nos municípios e,
consequentemente, nas regiões metropolitanas.
Todavia, ressaltamos que a qualidade de vida nas regiões metropolitanas, onde
as relações sociais, econômicas e de uso do solo estão fortemente vinculadas,
depende, em grande parte, da equação e/ou minimização dos inúmeros conflitos
ambientais oriundos de situações em que os problemas ambientais ultrapassam as
47
fronteiras administrativas municipais, devendo ser discutidas e equacionadas no âmbito
intrametropolitano.
Diante dessa realidade e tendo em vista à urgência em buscar alternativas que
possibilitem a superação dos impasses associados à condução do planejamento e
gestão metropolitanos, acredita-se que a solução de problemas ambientais de interesse
comum entre os municípios de uma mesma RM passe pela determinação de uma
identidade ambiental metropolitana que permita aos municípios se sentirem integrados
à dinâmica socioeconômica-ambiental intrametropolitana (Villaça, 2001), o que
possibilita, desta forma, ampliar a governabilidade nessas áreas.
Essa perspectiva será apresentada no próximo item.
48
1.4 REGIÕES
METROPOLITANAS:
ESCALA
INTRAURBANA
OU
INTRAMETROPOLITANA?
O espaço urbano globalizado se caracteriza pela constante e acelerada mudança
das relações sociais, econômicas e culturais (SANTOS, 1994) que reflete na relação
entre sociedade e ambiente natural e, consequentemente, na estruturação do território
e nas formas de como analisá-lo.
Lima e Mendonça (2001) afirmam que o avanço da urbanização, sua escala e
velocidade, não seriam considerados problemas se não fosse à forma como tal
processo ocorreu. Destacam que a sustentabilidade do aglomerado urbano, em seu
componente físico-urbanístico, encontra-se intrinsecamente relacionado às variáveis
associadas ao território, tais como a forma como ocorreu a ocupação do território, a
disponibilidade de insumos para seu funcionamento (disponibilidade de água), a
descarga de resíduos (destino e tratamento de esgoto e lixo), o grau de mobilidade da
população no espaço urbano (qualidade do transporte público de massa), a oferta e o
atendimento às necessidades da população por moradia, equipamentos sociais e
serviços e, por último, a qualidade dos espaços públicos.
Dessa forma, os autores salientam que, no que se refere ao modo de fazer
‘cidade’, as especificidades regionais pouco influenciaram no padrão de urbanização11
imposto às metrópoles, uma vez que essas espacialidades apresentam duas
características
comuns:
a
primeira
é
a
existência
de
componentes
de
11
Esse padrão de urbanização resultou de projetos desarticulados de extensão da cidade em que
prevaleceu a difusão do padrão periférico, condutor da urbanização do território metropolitano,
perpetuando, assim, o loteamento ilegal, a casa autoconstruída e os distantes conjuntos habitacionais
populares de produção pública, como seus principais propulsores.
49
‘insustentabilidade’ associados aos processos de expansão da área urbana e de
transformação e modernização dos espaços intraurbanos; a segunda é o fato de tais
espacialidades proporcionarem baixa qualidade de vida urbana a maior parte da
população.
Nas últimas três décadas o padrão de urbanização se alterou, influenciando o
padrão
imposto
às metrópoles,
transformando
as metrópoles
modernas
em
contemporâneas.
Segundo Castells (1999, 2006) o espaço metropolitano contemporâneo resulta
da transição do modo de produção industrial (mecânico) para um modo de produção
pós-industrial (tecnológico) e têm na tecnologia informacional seu principal marco, uma
vez que essa possibilitou transformar o modo de produção e a economia globalizada e
alterar o espaço urbano globalizado.
A tecnologia informacional permitiu acelerar a circulação de informação mediada
pela tecnologia, principalmente pelas novas formas de telecomunicação e comunicação
através de computadores (redes) que constituem a ‘base material’ do ‘espaço de
fluxos’12 e encontram-se no cerne do processo de reestruturação do espaço e do
território metropolitano contemporâneo.
Se por um lado a metrópole moderna resultou de um processo de articulação do
tecido urbano (território) e tem no processo de conurbação13 sua principal
12
O conceito de espaço de fluxos reflete uma característica essencial da metrópole: a contiguidade física
do território (Castells 1999) além de garantir a articulação entre trechos urbanos aparentemente
descontínuos e desarticulados. Essa realidade levou autores como Castells (1996) a definir a sociedade
atual como uma sociedade-rede ou ainda meio técnico-científico informacional, segundo Milton Santos
(1985, 1994).
13
Esse processo integra os diferentes núcleos e cidades através da unificação de suas malhas urbanas e
respeitando a hierarquia de funções que se estabelece nesse território único - expandido, multifacetado e
setorizado.
50
característica, em contrapartida, na metrópole contemporânea a forma e a continuidade
do território deixam de ser aspectos fundamentais para se tornarem condicionantes.
Sendo assim, na metrópole contemporânea existe uma tendência do território em
romper as continuidades urbanas tradicionais (fragmentação) podendo resultar em
núcleos isolados e dispersos, pois tanto a contiguidade espacial quanto a continuidade
territorial podem ser proporcionadas por meios que dispensam o suporte material e
territorial, ou seja, o espaço urbano convencional.
Embora consideremos a realidade complexa das regiões metropolitanas
contemporâneas - como os riscos e vulnerabilidades associados à sociedade de rede nesse trabalho adotamos o conceito de território fundamentado no espaço urbano
convencional. O território a que nos referimos nesse trabalho, portanto, se fundamenta
na relação entre o espaço geográfico físico (paisagens, marcos naturais, limites
geográfico-administrativos)
e
nas
características
socioeconômicas
e
culturais
específicas de determinada população.
Essa opção deu-se em razão de que buscamos nesse trabalho investigar a
existência de identidade ambiental metropolitana. Acreditamos que ela pode se
constituir a partir de um sentimento comum a respeito de elemento físico da paisagem
e/ou de determinada paisagem, de um problema ambiental entre outros, que é ou se
torna perceptível ou, ainda, é construída a partir de ações da(s) instituição(ões)
responsável(is) pelo planejamento urbano e/ou qualidade ambiental dos municípios que
constituem o território metropolitano - articulado, conurbado e administrativamente
fragmentado.
51
Nesse contexto, cabe salientar a contribuição de alguns autores na definição do
território, como a de Santos (2000) que afirma que a noção de território se constrói a
partir da associação entre o espaço geográfico e os usos que seus habitantes fazem
dele:
O território não é apenas o resultado da superposição de um conjunto de
sistemas naturais e um conjunto de sistemas de coisas criadas pelo
homem. O território é o chão e mais a população, isto é uma identidade,
o fato e o sentimento de pertencer àquilo que nos pertence. O território é
a base do trabalho, da residência, das trocas materiais e espirituais e da
vida sobre as quais ele influi. Quando se fala em território deve-se, pois,
de logo entender que se está falando do território usado, utilizado por
uma dada população. (SANTOS, 2000, p.96-7)
O território se constitui, portanto, a partir do vínculo que se estabelece entre o
conjunto de objetos arranjados no espaço geográfico e a construção de uma identidade
coletiva da população que o ocupa, imprimindo-lhe características socioeconômicas e
culturais específicas e, dessa forma, cada território se diferencia dos demais de outros
territórios.
Augé (1994)14 apresenta uma análise semelhante ao destacar os territórios intraurbanos em sua investigação sobre as categorias semânticas do termo “lugar, e afirmar
ser o território um lugar antropológico definido como identitário, relacional e histórico, no
qual as articulações ocorrem através de aspectos sociológicos do espaço, como os
processos de segregação, proteção, dominação e exploração.
14
Em seu trabalho sobre os Não-lugares Augé (1994) apresentadas três categorias que abrangem os
principais contextos para o termo “lugar”: (a) o lugar aristotélico; (b) o lugar antropológico e; (c) o lugar
transcontextual ou o não-lugar. O autor associa cada uma destas categorias a diferentes categorias de
relacionamentos ou localizações.
52
A identificação e investigação das interações sociais da população ocorridas no
território se encontram no cerne das análises da estrutura intra-urbana, uma vez que
essa se configura a partir dos inter-relacionamentos entre os diversos territórios.
O
conceito
de
“estrutura
intra-urbana”
elaborado
por
Villaça
(2001),
fundamentado nas formulações de Bastide (1971), considera que o termo estrutura
“corresponde a um todo constituído de elementos que se relacionam entre si de tal
forma que a alteração de um elemento ou de uma relação altera todos os demais
elementos e todas as demais relações” (VILLAÇA, 2001, p. 12).
A formulação do conceito de espaço intra-urbano elaborado por Villaça (2001)
apresenta algumas semelhanças com a formulação de Bourdieu (1996, p. 19) para a
teoria do espaço social que, segundo o autor:
(...) é constituído de tal modo que os agentes ou grupos são aí
distribuídos em função de sua posição nas distribuições estatísticas de
acordo com os princípios de diferenciação que, em sociedades mais
desenvolvidas, como os Estados Unidos, o Japão ou a França, são sem
dúvida, os mais eficientes - o capital econômico e o capital cultural.
Segue-se que os agentes têm tanto mais em comum quanto mais
próximos estejam nessas duas dimensões, e tanto menos quanto mais
distantes estejam nelas. As distâncias espaciais no papel equivalem a
distâncias sociais.
Tem-se, portanto, os agentes sociais15 como elementos estruturantes do espaço,
na medida em que o espaço é a expressão da interação entres os agentes que o
15
Os agentes sociais se constituem concomitantemente em e pela relação com um espaço social, assim
como os demais objetos na medida em que os agentes deles se apropriam (relação de propriedade).
(BOURDIEU, 1998, p. 160).
53
constitui. Tais agentes estão situados em um lugar do espaço social que se caracteriza
por sua posição em relação a outros lugares (localização) e pela distância que o separa
deles.
Dessa forma, o espaço social é definido pela recíproca exclusão (ou
diferenciação) das posições que o constitui, ou melhor, como estrutura de justaposição
de posições sociais (BOURDIEU, 1998). Por outro lado, o espaço urbano resulta da
transformação do espaço social através da apropriação pelos agentes sociais de
posições no espaço - que ocorre de acordo com a “quantidade” de formas de capital
(cultural, simbólico, social, econômico, dentre outros) disponíveis para cada agente ou
grupo social. Essa quantidade de formas de capital confere aos agentes atribuições
legítimas em termos de apropriação e uso do espaço em detrimento dos demais
agentes sociais, e essas atribuições, por sua vez, legitimam e reproduzem a hegemonia
de certos agentes ou grupos sociais sobre determinadas localizações no espaço, que
resulta no espaço urbano:
(....) o espaço social reificado (isto é, fisicamente realizado ou
objetivado) se apresenta, assim, como a distribuição no espaço físico de
diferentes espécies de bens ou de serviços e também de agentes
individuais e de grupos fisicamente localizados (enquanto corpos ligados
a um lugar permanente) e dotados de oportunidades de apropriação
desses bens e desses serviços mais ou menos importantes (em função
de seu capital e também da distância física desses bens, que depende
também de seu capital). É na relação entre a distribuição dos agentes e
a distribuição dos bens no espaço que se define o valor das diferentes
regiões do espaço social reificado (BOURDIEU, 1998, p. 161).
54
Assim como a teoria do espaço social de Bourdieu (1998), o conceito de espaço
intra-urbano proposto por Villaça (2001), também se estrutura por elementos como os
fluxos (denominados agentes sociais por Bourdieu) e as localizações (caracterizado
pela relação entre lugares em Bourdieu16) que se refere aos:
(...) locais onde os produtos são produzidos e consumidos (...) é relação
a outros objetos ou conjuntos de objetos e a localização urbana é um
tipo específico de localização: aquela na qual as relações não podem
existir sem um tipo particular de contato: aquele que envolve
deslocamentos dos produtores e dos consumidores entre os locais de
moradia e os de produção e consumo (VILLAÇA (2001, p. 23).
Nesse contexto Villaça (2001) destaca que a estruturação do espaço intraurbano, ao contrário da estruturação do espaço regional17 ocorre principalmente pelas
condições de deslocamento do ser humano18 como portador da mercadoria força de
trabalho ou, ainda, como consumidor.
O espaço intra-urbano se caracteriza e se estrutura pelo deslocamento espacial
cotidiano de seres humanos que extrapola os limites territoriais e estabelece um novo
enfoque de análise, na medida em que relaciona a distribuição da população, suas
características, suas atividades e deslocamentos cotidianos sobre um território urbano
16
Praticamente todos os elementos propostos por Villaça encontram-se na formulação de Bourdieu para
espaço social: a localização num espaço cujas características são determinadas justamente por sua
posição relativa às outras localizações; os fluxos estruturantes do espaço, que em Bourdieu encontra-se
expressa pela interação entre os agentes que nele atuam.
17
Villaça (2001, p. 20) destaca que a estruturação do espaço regional resulta, principalmente, do
deslocamento das informações, da energia, do capital constante e das mercadorias em geral,
eventualmente até da mercadoria força de trabalho, enquanto a estruturação do espaço intra-urbano está
relacionada à distribuição da população e seus deslocamentos cotidianos sobre um território urbano
contínuo.
18
O transporte de seres humanos no espaço intra-urbano ou intra-metropolitano apresentam custos
heterogêneos (variam conforme a localização), por isso os efeitos do transporte influenciam na
estruturação do espaço intra-urbano.
55
contínuo articulado pela diferenciação de funções que produzem ou pela atração de
fluxos (de pessoas, energia, mercadorias). Ou seja, refere-se a um espaço socialmente
construído, em que as localizações apresentam maior importância em detrimento dos
locais.
Para Villaça (2001) a localização no espaço intra-urbano diz respeito a um local
(lugar) em que há a disponibilidade de uma rede de infra-estrutura urbana articulada
que permite manter os fluxos (principalmente de pessoas) que cruzam o espaço intraurbano de um local a outro, de forma a permitir a otimização no tempo dos
deslocamentos no interior desse espaço.
Nesse sentido, ressalte-se que a distinção de uma localização frente às demais
se dá pela comparação entre a posição relativa que essa ocupa no interior do espaço
intraurbano, posição que pode valorizá-la ou desvalorizá-la.
A valorização de algumas localizações em detrimento de outras pode
desencadear o processo de segregação, que de acordo com Villaça (2001, p.142) “é o
processo segundo o qual diferentes camadas ou classes sociais tendem a se
concentrar cada vez mais em diferentes regiões gerais ou conjunto de bairros da
metrópole”. O autor salienta ainda que em algumas situações a segregação, tendo o
espaço como instrumento de dominação, torna-se um processo necessário à
dominação social, econômica e política.
Ao contrário do ocorrido nas cidades norte-americanas,19 em que a segregação
ocorre principalmente em relação à raça e à religião da população, no Brasil, embora a
19
Em estudo sobre a segregação, Marcuse (1997) identificou algumas categorias territoriais intraurbanas
nas cidades norte-americanas como o Gueto, o Enclave e a Cidadela, em que suas características estão
mais fundamentadas na relação entre a raça e a religião da população.
56
raça e a religião também influenciem, a segregação por classes sociais é apontada por
Villaça (2001) como a principal estruturadora do espaço intraurbano.
Logo, o espaço intraurbano resulta da produção e reprodução da estrutura
determinada pelos interesses da classe dominante, uma vez que essa (estrutura?)
controla a economia, o Estado e a política. Por isso quanto maior a desigualdade da
estrutura socioeconômica de uma sociedade, mais desigual será seu poder político e,
consequentemente, maior a desigualdade e a segregação no espaço intraurbano.
Esse contexto configura um espaço intraurbano marcado por periferias extensas
e carentes de assistência social e econômica que evidenciam as desigualdades entre
segmentos populacionais que o constituem.
As desigualdades do espaço intraurbano resultam da apropriação das
localizações por diferentes segmentos da população que se estruturam a partir das
mediações de conflitos relacionados principalmente às condições de acessibilidade fator determinante para a otimização das localizações no espaço intraurbano, uma vez
que esse é o valor de uso mais importante para a terra urbana.
Essas desigualdades estão no cerne do estudo desenvolvido por Villaça (2001)
que analisa a estrutura intraurbana através da investigação do conjunto da cidade (a
estrutura) e da articulação entre suas diversas áreas funcionais.
Na análise das inter-relações socioespaciais entre os diferentes elementos que
compõem esta estrutura, Villaça (2001) destaca que não considera as áreas
metropolitanas como regiões, e sim como um tipo particular de cidade, uma vez que:
(...) são elas, assentamentos, ou compartimentos territoriais estruturados
pelos deslocamentos de seres humanos enquanto consumidores ou
57
portadores da matéria força de trabalho; são, por isso, cidades – por
maior e mais importantes e globais que sejam, e por mais que incluam
vários municípios (VILLAÇA, 2001, p. 26).
A dimensão intraurbana (Villaça, 2001), portanto, não se refere à limitação
administrativa da cidade, mas a cidade metropolitana (Castells, 1986) que se
consolidou nos últimos cinquenta anos como a área onde ocorrem os processos que
organizam e comandam um território amplo e não necessariamente contínuo.
Essa perspectiva possibilita, a partir do conceito de estrutura, investigar como as
partes ou elementos estão organizados dentro de um todo (o espaço intraurbano) e de
que forma se relacionam em termos de seu arranjo espacial e das interrelações que
esses elementos apresentam, o que permite determinar a natureza, as características e
o funcionamento das áreas metropolitanas e dessa forma analisar o território
metropolitano a partir das interrelações socioespaciais entre os diferentes elementos
que compõem sua estrutura.
A análise dessas interrelações estão no cerne dos estudos intraurbanos que tem
nas metrópoles ou áreas metropolitanas seu principal foco de interesses. Destacam-se,
nesses estudos, autores como Villaça (2001), Cunha (2001), Oliveira (2002), Sobreira
(2005), Torres (1997), Pasternak e Bógus (2008).
O trabalho desenvolvido por Cunha (2001) se fundamenta no conceito de espaço
intraurbano para explicar a importância que a migração interna desempenhou no
processo de crescimento e expansão das áreas metropolitanas. Ele demonstra que a
migração
intrametropolitana
potencializou
o
crescimento
da
mancha
urbana
metropolitana.
58
Esse crescimento deu-se pela ocupação das áreas periféricas em direção as
áreas dos municípios vizinhos e, posteriormente, em direção aos municípios mais
distantes, incorporando-os a dinâmica metropolitana, conforme destaca o autor: “Tratase, portanto, não de um movimento de transferência populacional de um território para
outro, mas da incorporação desses últimos ao processo de formação da ‘grande cidade’
metropolitana” (CUNHA, 2001, p. 33).
O conceito de espaço intraurbano também foi abordado no trabalho desenvolvido
por Sobreira (2005) que apresenta algumas proposições empíricas e teóricas
fundamentadas no conceito de espaço intraurbano e de espaço social para analisar a
mobilidade pendular nas regiões metropolitanas. O autor destaca a importância de
adotar um enfoque amplo capaz de explicar o fenômeno da mobilidade pendular e da
distribuição desses fluxos ao longo dos espaços e as razões que levam determinadas
áreas a ganhar ou perder contingente populacional.
Oliveira (2002), por sua vez, aborda estrutura intraurbana através da
investigação sobre o conjunto da cidade e sobre a articulação entre suas várias áreas
funcionais sem perder de vista os arranjos que os municípios vizinhos formam com a
região intraurbana. A partir dessa abordagem, o autor procura analisar o processo de
configuração e expansão do município e suas consequências nas questões
sociodemográficas, principalmente em relação à transformação das características dos
subespaços em razão da troca da população, crescimento demográfico, mudanças na
composição socioeconômica, dentre outros
A partir das mudanças ocorridas no padrão redistributivo da população e das
atividades econômicas no espaço intrametropolitano, o trabalho desenvolvido por
59
Pasternak e Bógus (2008) analisa as novas configurações da dinâmica socioespacial da
região metropolitana de São Paulo na ultima década.
Para isso, a análise fundamenta-se em uma hierarquia sócio-ocupacional
construída a partir de um conjunto de categorias sócio-ocupacionais que possibilitou as
autoras concluírem que a tipologia socioespacial intrametropolitana apresenta um
padrão ‘mancha de óleo’, na qual os tipos de ocupação superiores (profissionais de
nível superior e empregadores) se localizam nas áreas mais centrais, sendo essas
circundadas por tipos hierarquicamente inferiores.
O espaço intrametropolitano também é salientado no trabalho de Oliveira (2001)
que aponta a importância de avaliar alguns aspectos físicos na análise da formação dos
espaços intraurbanos, como as relações dessa formação com os municípios
emergentes, as áreas de influência, a área metropolitana e regiões de planejamento
institucionais.
No que se refere às áreas metropolitanas, o autor aponta ser imprescindível
considerar aspectos como a interação entre o município sede e os municípios
conurbados e a interação desses últimos com o crescimento intraurbano, uma vez que
a expansão territorial dos núcleos urbanos pode acarretar conflitos que envolvem os
limites políticos e administrativos municipais, como os conflitos sociais e/ou ambientais.
Em geral, a otimização das localizações no espaço intraurbano está no centro
dos principais conflitos relacionados à posse da terra urbana (Villaça, 2001) e por isso
pode ser apontada como uma das responsáveis pela ocupação ilegal de áreas de risco
e/ou proteção ambiental, uma vez que, em alguns casos, apresentam boa localização e
60
preços acessíveis a população de baixa renda, como demonstra o trabalho
desenvolvido por Torres (1997).
A relação entre pobreza e degradação ambiental fundamenta o trabalho de
Torres (1997) que investiga a desigualdade ambiental a partir da dinâmica
socioeconômica e demonstra que os grupos que apresentam as piores condições
socioeconômicas são os que se encontram, comumente, sujeitos a riscos ambientais.
Além de identificar a existência de desigualdade ambiental, o autor busca mensurar a
desigualdade - se aumenta ou reduz - e onde se localizam espacialmente (distribuição
espacial), sendo levado a concluir que as populações das áreas de risco na periferia
estavam crescendo a taxas superiores ao total da população da metrópole de São
Paulo.
A questão socioambiental em área metropolitana é abordada no trabalho
desenvolvido por Alves et al (2008) que, tendo em vista a escala intraurbana, relaciona
os processos de expansão urbana (periferização e periurbanização) com as situações
de vulnerabilidade socioambiental e as interrelações entre esses dois fenômenos em
uma região hiperperiférica da Metrópole de São Paulo.
Os autores constataram que a expansão urbana – que envolve tanto a dispersão
espacial de grupos de baixa renda, quanto de grupos de média e alta renda - associada
ao forte crescimento demográfico em áreas periféricas e periurbanas, têm intensificado
nessas áreas situações de vulnerabilidade socioambiental, uma vez que apresentam
sobreposição e acúmulo de problemas e riscos sociais e ambientais.
Nesse contexto, surgem e se expandem os loteamentos irregulares e favelas em
áreas de risco e em áreas protegidas por legislação ambiental, que acarreta a
61
exposição dessa parcela da população a inúmeros tipos de riscos, tais como enchentes,
deslizamentos de terra, contato com doenças de veiculação hídrica, e degradação
ambiental, dentre outros.
Os trabalhos citados demonstram ser a escala intraurbana ou intrametropolitana
a mais apropriada para investigar os problemas que extrapolam os limites políticoadministrativos nas metrópoles ou nas áreas metropolitanas, na medida em que
possibilita investigar as interrelações socioespaciais entre as partes e o todo
metropolitano.
Ao considerar que as questões e/ou problemas em áreas metropolitanas, em
geral, ultrapassam os limites político-administrativos, acredita-se que, em resposta a
esses problemas, podem ser estabelecidos e/ou se estreitar canais de relacionamento
entre os municípios atingidos, na medida em que permite que se estabeleça um
sentimento de pertencimento a uma mesma unidade.
Parte-se da hipótese, nesse contexto, de que uma questão, problema ou
paisagem ambiental (físico-geográfica) comum aos municípios que constitui o território
intrametropolitano pode se constituir na base de uma identidade ambiental para esse
mesmo território.
A identidade ambiental metropolitana, portanto, pode ser construída a partir das
interrelações que ocorrem no interior da região metropolitana considerada como área
metropolitana – segundo a concepção de Villaça (2001). Nesse trabalho, contudo, serão
considerados todos os territórios que constituem a área metropolitana institucionalizada
e não apenas o território contínuo formado a partir de territórios conurbados.
62
O próximo capítulo busca compreender teoricamente a noção de capital social
institucional, considerada como instrumento para a construção da identidade ambiental
em região metropolitana, assim como a noção de Identidade Territorial Ambiental que
acreditamos encontrar-se no cerne da governabilidade metropolitana em questões
ambientais.
.
63
64
CAPÍTULO II
2.1 CAPITAL SOCIAL
Nos últimos anos, o conceito de capital social tem se difundido entre os
estudiosos ligados à área de desenvolvimento - como sociólogos, economistas e
cientistas políticos. Esse conceito, porém, não é recente.
Segundo Putnam (2001), ao longo do século XX o termo ‘capital social’ foi
inventado e reinventado diversas vezes a partir de diferentes enfoques. O autor destaca
os enfoques apresentados por Jane Jacobs em 1961, os quais se referem à vida
urbana; por Pierre Bourdieu, em 1983, em relação à teoria social e o apresentado por
James Coleman, em 2000, que se refere ao contexto social da educação.
O conceito de capital social tem sido usado em vários projetos de
desenvolvimento local financiados pelo Banco Mundial, sendo ‘adotado’ por essa e,
também, por outras instituições como a OCDE (OCDE, 2001) e o Banco Interamericano
de Desenvolvimento (BID, 2002) que passaram a sistematizar as informações
existentes sobre esse tema e a estimular novos estudos, principalmente no que
concerne à sua criação, medição e relação com o desenvolvimento econômico e
redução da pobreza.
Segundo Cunha (2004), a hipótese de que a participação e o envolvimento de
pessoas em grupos podem conduzir a resultados individuais e coletivos positivos, já
havia sido apontada por autores como Hume em 1740 (2001), Durkheim em 1893
(1995) e Tocqueville em 1835 (1977) como um dos principais motivos pelo bom
65
desempenho da democracia na América do Norte. Nesse sentido Tocqueville no livro
‘Democracia na América’, cujo primeiro volume foi publicado em 1835, destaca:
Os americanos de todas as idades, de todas as condições de todos os
espíritos se unem sem cessar. Não apenas têm associações comerciais
e industriais em que todos participam, mas possuem além destas mil
outras: religiosas, morais, graves, fúteis, muito e muito particulares,
imensas e minúsculas; os americanos se associam para dar festas,
fundar seminários, construir albergues, erguer igrejas, difundir livros,
enviar missionários aos antípodas; criam desta maneira hospitais,
prisões, escolas, de todas as condições de todos os espíritos se unem
sem cessar. Não apenas têm associações comerciais e industriais em
que todos participam, mas possuem além destas mil outras: religiosas,
morais, graves, fúteis, muito e muito particulares, imensas e minúsculas;
os americanos se associam para dar festas, fundar seminários, construir
albergues, erguer igrejas, difundir livros, enviar missionários aos
antípodas; criam desta maneira hospitais, prisões, escolas. Enfim,
sempre que se trata de pôr em evidência uma verdade ou desenvolver
um sentimento com o apoio de um grande exemplo eles se associam
(TOCQUEVILLE, 1977, p. 391-2).
O conceito de capital social foi resgatado mais de um século depois, a partir do
trabalho de James Coleman (1987), e posteriormente por Peter Evans (1996) e Robert
Putnam (1993), entre outros. No entanto, o recente conceito de capital social é atribuído
ao sociólogo James Coleman, a partir do trabalho Social Capital in the Creation of
Human Capital, em 1988.
Woolcock (1998) afirma, porém, que foi Jane Jacobs, em 1961, com a obra The
Life and Death of Great American Cities, quem forneceu o sentido contemporâneo de
capital social:
66
Podem ser apontados vários outros candidatos plausíveis a fundadores
do conteúdo e do espírito do capital social, mas no sentido
contemporâneo no qual o termo é usado, a passagem seguinte de
Jacobs […] parece ser a que mais se aproxima: “As redes de relações
são o capital social insubstituível de uma cidade. Se este capital se
perde, por quaisquer razões, sua renda desaparece para não mais
retornar, até que um capital novo tenha a chance de ser lentamente
acumulado” (WOOLCOCK, 1998).
Portes (1998), por sua vez, salienta que o primeiro conceito formal a respeito de
capital social foi elaborado por Bourdieu (1985, p. 248): “the aggregate of the actual or
potential resources which are linked to possession of a durable network of more or less
institutionalized relationships of mutual acquaintance or recognition.”
Ao considerar que o conceito de capital social a ser adotado nesse trabalho está
associado à importância das relações sociais nos processos de desenvolvimento cabe,
inicialmente, defini-lo.
Segundo autores, como Putnam (1993), Ostrom (1990), Colemam (1998) e
Bourdieu (1985), o conceito de capital social consiste na habilidade que os atores
desenvolvem para garantir benefícios através de associação em redes de relações
sociais ou outras estruturas sociais baseadas em confiança mútua, normas e costumes.
Refere-se a amálgama que mantém as instituições coesas e as associa ao cidadão com
o objetivo de produzir o bem coletivo. Além disso, recentemente, os efeitos positivos
produzidos pelo capital social têm levado alguns economistas a suporem que os
aspectos sociais, culturais e mesmo psicológicos podem resultar em ganhos ou efeitos
materiais significativos.
67
Nos últimos anos, o conceito de capital social tem se difundido entre os
estudiosos ligados à área de desenvolvimento que se agrupam segundo duas grandes
linhas teóricas.
A primeira linha apresenta uma visão individualizada sobre o capital social, na
medida em que se fundamenta nas relações diretas ou indiretas que um ator mantém
com outro(s) ator(es). Nesse caso, segundo Bourdieu (1985), Coleman (1988) e Portes
(1998), o conceito de capital social relaciona-se aos recursos e benefícios potenciais
que um ator possui ao participar de uma rede de relações pessoais sólidas e duráveis.
Em contrapartida, a segunda linha apresenta um enfoque amplo – fundamentado
na articulação por meio de redes sociais e, portanto, mais adequado à análise de
grupos sociais. Essa linha de estudo se baseia nas relações internas e externas de uma
organização, ou seja, apreende o conceito de capital social como uma parte significativa
das relações e vínculos internos que estruturam as bases da ação coletiva garantindo a
coerência necessária para a obtenção dos resultados almejados (WOOLCOCK, 1998;
PUTNAM, 1996; FUKUYAMA, 1995).
Ao utilizar-se dessa última categoria, Putnam (1996) constata em sua pesquisa
em diferentes regiões da Itália que as regiões que apresentam maior êxito no
desempenho institucional e, consequentemente, condições de maior governabilidade e
qualidade de vida são, também, as que apresentam padrões e sistemas de
engajamento cívico – maior capital social – enquanto as regiões que apresentam
situação oposta – política verticalmente estruturada, fundamentadas em uma vida social
caracterizada pela fragmentação e isolamento e uma cultura baseada na desconfiança
68
– apresentam baixo desempenho institucional que atinge negativamente a qualidade de
vida de sua população, reduzindo as condições de governabilidade.
O próximo item aborda a segunda linha teórica, uma vez que essa se apresenta
como fundamento para o desenvolvimento desse trabalho.
2.1.1 Capital Social e as redes de atores coletivos
O enfoque a ser desenvolvido nesse item é o mais difundido entre os
economistas do desenvolvimento e cientistas políticos, e busca analisar o capital social
a partir das redes de atores coletivos, tendo em vista que alguns trabalhos têm
demonstrado a importância de considerar a inserção da dimensão social – como
normas, valores, costumes, cultura, solidariedade ou motivação – nos estudos
relacionados ao desenvolvimento, pois a presença dessa dimensão em geral apresenta
bons resultados.
Por isso faz-se necessário, inicialmente, compreender o que é capital social, uma
vez que, de acordo com Uphoff (2000), a maioria das formulações sobre esse conceito
tem se restringido mais a mostrar os efeitos do que a construir um aparato conceitual
consistente. Esse conceito, portanto, ainda é palco de discussões.
Dentre os conceitos de capital social comumente utilizados, destacam-se dois: o
primeiro apresentado por Putnam (1993) que considera o capital social como um bem
social que resulta das conexões e acessos dos atores sociais aos recursos existentes
nas redes ou grupos dos quais participam. O segundo conceito é apresentado por
Uphoff (2000) e Krishna (2000) e se refere ao conjunto de bens sociais, cognitivos,
69
psicológicos e institucionais que tornam possível à produção de comportamento
cooperativo reciprocamente benéfico.
Tendo em vista a formulação de um conceito de capital social mais consistente, o
Grupo de Capital Social, uma ação do Banco Mundial iniciada em 1999, define o
conceito de capital social a partir de três categorias, como pode ser visto no quadro 1,
cujas informações foram sistematizadas por Woolcock e Narayan (1999).
Quadro 1: Perspectivas sobre Capital Social: principais atores e consequências para as
políticas públicas
Perspectiva
Tipo Capital Social
Visão
bonding capital social refere-se
Comunitária
a capacidade aglutinadora dos
Associações
membros de um grupo social
locais
Visão de
brindging capital social refereRedes Laços
se a capacidade dos grupos
intra (fortes) e
estabelecerem pontes
inter (fracos)
comunitários
Agrega o bonding capital social
Visão
e o brindging capital social
Institucional
Redes
refere-se ao acesso e a
comunitárias e
interferência que os grupos
sociais têm sobre organizações
relações
formais como o governo,
Estadosistema judiciário ou empresas.
sociedade
Fonte: Woolcock e Narayan (1999)
Principais atores
Políticas públicas
Sociedade civil
Voluntariado
Grupos Comunitários
“Small is beautifull”
Valorização do
voluntariado
Empreendedores
Grupos de negócio
‘Gestores de
informação’
Grupos comunitários
Descentralização
Criação de áreas de
negócios
Federação da
Sociedade Civil
Setores público e
privado
Estruturas sociais,
governança
Regras formais e
informais
Co-produção,
complementaridade,
cidadania,
accountability,
participação,
sinergia
Putnam (1993) enfatiza que a presença de capital social pode ser observada a
partir de dois aspectos principais: as formas de organização horizontal e/ou em redes
sociais - que demonstram a predisposição cívica dos indivíduos - e a existência de
confiança mútua e reciprocidade entre os indivíduos.
70
Esses aspectos caracterizam as duas categorias de capital social: a estrutural e
a cognitiva, na medida em que se distribui quantitativamente em maior ou menor
proporção entre elas.
O capital social estrutural, segundo Uphoff (2000), se refere às diferentes formas
de organização social e de instituições locais – tanto as formais quanto as informais –
que operam como instrumentos para o desenvolvimento comunitário - regras e
procedimentos - da mesma forma que as redes de relações sociais que propiciam a
cooperação. Essa categoria de capital é estabelecida através das associações
horizontais e redes sociais que mantêm processos de tomada de decisão transparentes
e coletivos, lideranças responsáveis e práticas coletivas.
Esses elementos beneficiam a cooperação e, consequentemente, o desempenho
institucional, pois na medida em que estabelecem padrões de comportamento e de
interações que possibilitam a ação coletiva, reduzem os custos associados à transação.
Por outro lado, a categoria de capital social cognitivo se estrutura a partir dos
processos mentais reforçados pela cultura e ideologia de um grupo, sobretudo por
normas sociais, valores, atitudes e crenças que colaboram para o comportamento
cooperativo (UPHOFF, 2000). Dá racionalidade à ação coletiva.
Dentre os valores que criam condições para que os indivíduos associados ao
grupo trabalhem em prol do bem coletivo, o autor destaca que a confiança, a
solidariedade e a reciprocidade ampliam a predisposição à cooperação, na medida em
que os valores são amplamente compartilhados, o que reduz as incertezas associadas
ao comportamento individual.
71
Uphoff (2000) salienta que mesmo que no plano das idéias exista a possibilidade
de uma categoria existir independente da outra, na prática tal situação se mostra
improvável em longo prazo, pois ambas encontram-se intrinsecamente conectadas, em
razão de que tanto os aspectos estruturais quanto os cognitivos têm sua origem nos
processos cognitivos. Essa interdependência pode ser aferida no Quadro 2, elaborado
por Krishna (2000).
Quadro 2: Relação de interdependência entre as categorias de capital social
Fortes
Fracos
Fortes
(1)
Alto capital social
Desafio: estender o escopo das
atividades
(2)
Organizações fortes
Desafio: legitimação, estruturação das
relações.
Fracos
Aspectos Estruturais
Aspectos Cognitivos
(3)
Associações tradicionais
Desafio: introdução de normas, regras
e procedimentos.
(4)
Anêmico, amoral, atomizado
Desafio: auxiliar no estabelecimento de
de normas e estruturas
Fonte: Krishna (2000).
A forma como o conceito de capital social se encontra estruturado na figura 2
possibilita constatar que esse é um fenômeno bidimensional que explica a ação coletiva
a partir de uma perspectiva que reduz a distância entre os aspectos racionalistas e
culturalistas, ao mesmo tempo em que demonstra que o comportamento motivador de
tais ações raramente resulta apenas de aspectos cognitivos ou estruturais e, assim
como o comportamento humano, resultam da interação de ambos os aspectos.
Os trabalhos desenvolvidos por Krishna (2000) e Uphoff (2000) destacam a
importância de analisar o termo capital social a luz das ciências econômicas. O conceito
72
de capital social é analisado, então, a partir da abordagem clássica das ciências
econômicas e no conceito de capital considerado como a existência de estoque de
determinados bens que irão produzir um fluxo de benefícios.
Embora o termo capital se associe ao conceito de estoque - podendo ser
mensurado e identificado pelo fluxo de benefícios -, ele não deve ser igualado ao
conceito de estoque, pois nesse caso o fluxo encontra-se intrinsecamente relacionados
aos benefícios produzidos pela presença de estoque de capital social.
Putnam (1993) e Fukuyama (1995) também destacam haver uma relação direta,
proporcional e invariável entre a produção de benefícios resultantes da presença de
capital social em determinado local e a quantidade de estoque, isto é, quanto maior o
estoque de capital social maiores serão os fluxos de benefícios e vice-versa.
Frente a esse contexto, Krishna (2000) e Uphoff (2000) argumentam que quanto
mais equitativa for à distribuição do capital social entre os aspectos cognitivo e
estrutural, maiores serão os fluxos de benefícios coletivos gerados ou maior será a
probabilidade de haver comportamento de cooperação em prol do bem comum.
O comportamento de cooperação, de acordo com Cunha (2004), resulta de
confiança. O autor ressalta que as pessoas se tornam confiáveis porque isso lhes
assegura benefícios dentro de seu círculo social. Nesse caso, poder-se-ia argumentar
que a frequência de cooperação é proporcional à intensidade das regras, dos costumes
e procedimentos, bem como das normas, valores, crenças, atitudes e interações em um
determinado grupo de pessoas, tendo em vista que a repetição desse padrão de
comportamento amplia a confiança entre os indivíduos.
73
A confiança, as normas e os sistemas, segundo Putnan (1996), são aspectos da
organização social que dizem respeito ao capital social e contribuem para ampliar a
eficiência da sociedade, na medida em que facilitam as ações coordenadas.
Dessa forma o capital social fundamenta-se na importância das relações sociais
nos processos de desenvolvimento, sobretudo a cooperação social.
Dentre os trabalhos mais relevantes a respeito da impossibilidade de obtenção
de cooperação social, destacam-se: a tragédia dos comuns (HARDIN, 1968), o dilema
do prisioneiro (AXELROD, 1984) e a lógica da ação coletiva de (OLSON, 1999) que
formulam, cada um a sua maneira, situações em que os indivíduos encontram
dificuldades em empreendem ações coletivas.
Ostrom (1990) afirma que os conceitos introduzidos nesses trabalhos
compartilham em suas premissas do problema conhecido como carona (free-rider).
Esse problema se refere à situação em que o indivíduo, sempre que não puder ser
excluído dos benefícios gerados por outros, se sentirá estimulado a não colaborar
coletivamente e sim a ‘pegar carona’ nos esforços dos demais. Se todos os indivíduos
agissem pensando em ‘pegar carona’, o benefício coletivo não seria produzido.
Diante dessa lógica, Cunha (2004) destaca que, devido à ocorrência de
comportamentos do tipo free-rider, os problemas ambientais não poderiam ser
equacionados por meio de soluções fundamentadas na cooperação entre atores, uma
vez que o uso daqueles recursos naturais em que existe a dificuldade de excluir outros
usuários, e cujo uso coletivo acarreta sua redução e mesmo sua extinção, favoreceriam
entre os indivíduos o comportamento do tipo free-rider.
74
Com vistas ao gerenciamento desse tipo de recurso, autores como Ostrom
(1990) e Hardin (1968) argumentam que o equacionamento dessa questão estaria
associado ao uso de métodos de coerção regulamentados pelo Estado ou através da
privatização dos recursos, o que eliminaria a questão dos recursos ‘comuns’.
Contudo, Ostrom (1990) afirma que uma regulamentação externa encarregada
de definir a taxa de apropriação de cada indivíduo e as punições para os que não
agirem de forma cooperativa, apenas atingiria o ótimo na alocação e na apropriação
desse recurso. Ou seja, mesmo que o órgão responsável pela regulação possuísse
informações perfeitas sobre o comportamento de cada um dos indivíduos, e capacidade
de puni-los (capacidade de comando e controle) – há que se destacar que, em geral, a
punição não ocorre. A ausência de instrumentos e ações punitivas leva o órgão ao
descrédito e, consequentemente, os indivíduos a não cooperarem, na expectativa de
obterem um retorno individual maior.
A privatização dos recursos naturais, segundo a autora, também não seria uma
solução adequada, embora o sistema privado elimine a ineficiência do uso coletivo do
recurso (‘o que é coletivo não é de ninguém’). Ela não esclarece, porém, como a
privatização seria realizada, uma vez que alguns dos recursos naturais como a água
não é simples de dividir e dar posse aos indivíduos como, por exemplo, as áreas
geográficas (áreas verdes).
Todavia, se o raciocínio de Ostrom (1999) for aplicado aos recursos naturais,
poderá ser obtido certo grau de cooperação, pois os recursos naturais são bens
comuns cujo consumo de uma unidade por um indivíduo exclui o consumo da mesma
unidade por outros indivíduos, além do fato dos recursos tenderem ao esgotamento.
75
Por isso, os indivíduos que dependem desse recurso para sua sobrevivência se
preocupam com os demais consumidores, com a quantidade de recursos por eles
consumidos e com a frequência que consomem, além da tecnologia utilizada na sua
extração.
Outro aspecto considerado positivo para a preservação dos recursos refere-se às
facilidades de acesso a eles, ou seja, maiores serão as chances de preservação dos
recursos quanto menor for o custo de preservação e mais fácil for o controle de acesso.
Caso contrário, os indivíduos deverão estabelecer novas regras e novos arranjos
institucionais que possibilitem orientar a ação coletiva.
Logo, a ação coletiva com vista à obtenção de benefícios coletivos somente será
possível na medida em que os indivíduos que se encontram em uma situação de
interdependência com relação ao uso de um bem coletivo consigam promover a autoorganização e a auto-regulação e superem a tentação de adotar comportamentos do
tipo “carona” (free-rider).
A cooperação, de acordo com Ostrom (1990), passa, impreterivelmente, pela
capacidade dos indivíduos estabelecerem regras e normas de conduta. É por meio
dessas regras ou instituições – definidas e contratadas coletivamente, consideradas
como limitadoras das ações humanas e responsáveis pela definição prévia dos custos
individuais e dos benefícios coletivos - que os grupos de indivíduos têm se mostrado
capazes de autogerirem os recursos naturais com certa eficiência e por um longo
período de tempo.
76
O conceito de ação coletiva e de arena (OSTROM, 1990, 1994) encontram-se no
cerne dos trabalhos desenvolvidos por Ferreira et al (2001, 2003, 2004, 2007) a
respeito das dinâmicas socioambientais em áreas protegidas no Brasil.
Dentre os trabalhos se destaca o estudo que investiga a possibilidade da
organização social em áreas protegidas na Amazônia brasileira resultar, principalmente,
de identidades orientadas subjetiva ou politicamente ou de interesses individuais e/ou
coletivos orientados por situações de conflitos sociais.
Nesse trabalho parte-se da hipótese de que os conflitos são os principais
responsáveis pelas mudanças na organização do uso dos recursos naturais e não a
associação de sujeitos ao redor de uma identidade conservacionista ou projeto de
sociedade sustentável, como aponta a literatura especializada no assunto.
Foi constatado, no entanto, que o sucesso das políticas de conservação de
biodiversidade depende muito mais da ação coletiva nos subsistemas social e político
dos atores em situação de conflito – que é possibilitada pela interpenetração
sociocultural entre diferentes grupos e estimulada pela participação na arena ambiental
produzida pela criação das áreas protegidas - do que da existência de uma identidade
conservacionista a respeito dos recursos a serem preservados, pois, em geral, os
atores definem suas prioridades conforme a orientação da política pública e não oposta
a ela.
É através dos padrões de comportamento, portanto, que a ação coletiva permite
que indivíduos de determinado grupo consigam agir de forma cooperada e coordenada,
tornando possível a obtenção de acordos a respeito de determinada questão em que
tanto os custos quanto os benefícios sejam igualmente distribuídos.
77
Acreditamos que essa lógica possa ser aplicada também na relação entre os
municípios de uma mesma região que apresentam problemas socioambientais
associados ao uso comum dos recursos naturais, o que acaba gerando disputas entre
as administrações – em razão da distribuição assimétrica entre os custos e benefícios
obtidos por cada município. Frente a esse contexto, o desenvolvimento de canais que
possibilitem a cooperação entre os municípios pode motivar e/ou resultar da elaboração
de instrumentos político-institucionais e ações que possibilitem a obtenção de
benefícios a todos os municípios que compõem a região.
Nesse caso, as instituições responsáveis pelo planejamento e qualidade de vida
nas
regiões
metropolitanas
podem
ser
consideradas
responsáveis
pela
formulação/implementação de políticas associadas à qualidade ambiental cujos
principais atores são o Estado (governo do estado, as administrações municipais,
comitês de bacia, dentre outros) e a sociedade civil (ONGs, associações e a população
em geral), e essas podem ampliar a governabilidade metropolitana. Considera-se, pois,
que a governabilidade metropolitana pode ser implementada por instituições que
promovam padrões de comportamento que possibilitem a ação coletiva através de
relações de cooperação entre os municípios que a constituem.
Nesse sentido, acredita-se que a promoção dar-se-á pela existência de capital
social de conexão que, segundo Grootaert et al (2003), associa os dois tipos de capital
social: o bonding capital social20 e o bridging capital social21, ou seja, o capital social de
conexão (linking capital social), também chamado de capital institucional:
20
Bonding Social Capital: “... também chamado de comunitária, associa capital social a organizações
locais, grupos cívicos, e redes informais que nutrem as normas de confiança e reciprocidade, necessárias
para o comportamento cooperativo. Neste sentido, a coesão interna do grupo é sinal de um maior capital
social, (..)ou seja, refere-se a capacidade aglutinadora dos membros de um grupo social. A dimensão
78
(..) agrega aos dois primeiros aspectos políticos e sociais que vão
moldar a estrutura social e permitir que as normas de cooperação e
reciprocidade
se
desenvolvam.
Essa
categoria
refere-se
especificamente ao acesso e interferência que os grupos sociais têm
sobre organizações formais como o governo, sistema judiciário ou
empresas. Esta categoria assume que, além de coesão interna e da
capacidade de interagir para além das suas fronteiras, o engajamento
com instituições formais é crucial para aumentar a capacidade do grupo
social agir em prol de seus interesses coletivos (WOOLCOCK, 1999, p.
11).
Acredita-se que a existência de capital social institucional pode auxiliar, por
conseguinte, as organizações/instituições que respondem institucionalmente aos
conflitos e interesses coletivos a constituírem uma esfera política propícia a gestão
desses interesses, como ocorre com os interesses metropolitanos.
No caso dos conflitos e interesses ambientais metropolitanos, parte-se do
pressuposto de que a presença de capital social institucional – personificado, nesse
caso, pelas instituições responsáveis pela administração dessas questões em escala
metropolitana – pode auxiliar através de ações e políticas públicas na construção de
uma identidade ambiental para a RM.
Essa construção dar-se-á na medida em que ações e políticas dessas
instituições procurem estabelecer sentimentos de pertencimento e compromisso em
quantitativa adotada por essa categoria baseia-se na simples densidade associativa, como clubes de
serviço, grupos comunitários, associações de bairro e outros grupos sociais.” (Woolcock, 1999).
21
Bridging Social Capital: “... agrega a primeira a importância das ligações tanto verticais quanto
horizontais entre pessoas de um mesmo grupo quanto com outros grupos. A idéia aqui implícita é a
capacidade dos grupos em estabelecer pontes. As pontes com outros grupos configuram a capacidade
de interlocução com realidades diferentes, permitindo que um determinado grupo acesse fontes de
recursos externas a sua composição.” (Woolcock, 1999).
79
prol do bem estar coletivo, isto é, uma identidade ambiental comum a todos os
municípios
que
constituem
a
RM
ampliando,
dessa
forma,
os
canais
de
governabilidade.
Acredita-se haver, então, uma relação intrínseca entre a presença de capital
social institucional (de conexão) e a formação de identidade ambiental metropolitana, o
que resulta na criação e/ou ampliação dos canais de governabilidade metropolitana em
questões ambientais urbanas.
Definidos alguns dos aparatos teóricos que fundamentam o trabalho, o próximo
item encerra a revisão de literatura com a discussão sobre identidade, tendo em vista a
construção de uma noção de identidade ambiental metropolitana que possa ser
construída a partir das inter-relações que ocorrem no interior da região metropolitana
considerada como área metropolitana – segundo a concepção de Villaça (2001) –
embora nesse trabalho sejam considerados todos os territórios que constituem a área
metropolitana institucionalizada e não apenas o território contínuo formado a partir de
territórios conurbados.
80
2.2 IDENTIDADE
Nas últimas décadas, a questão da identidade22 tem sido amplamente discutida
na teoria social, a partir do argumento de que: “... as velhas identidades, que por tanto
tempo estabilizaram o mundo social, estão em declínio, fazendo surgir novas
identidades e fragmentando o individuo moderno, até então visto como um sujeito
unificado” (HALL, 1998, p. 7).
O declínio das ‘velhas identidades’ fundamenta o que o autor denomina de ‘crise
de identidade’, considerada como parte de um amplo processo de mudança que veio
abalar os quadros de referência que estabilizam os indivíduos no mundo social, na
medida em que desloca as estruturas e processos centrais das sociedades modernas.
Nesse contexto se insere a discussão sobre a construção da noção de
identidade ambiental que será abordada nesse item. Inicialmente são apresentadas
algumas reflexões a respeito da questão da identidade individual no campo da
sociologia, embora se reconheça a importância de autores da antropologia, como
Goodenough (1963), Moerman (1965), Barth (1969) destacados por Oliveira (2001).
22
A teoria da identidade surge na tradição sociológica a partir da pragmática do eu discutida inicialmente
por William James (1842-1910). Cf. Bottomore e Outhwaite, 1996. Ver também: Shook, 2002. (ARAÚJO,
2007, p. 23)
81
2.2.1 IDENTIDADE INDIVIDUAL
A teoria da identidade surge na sociologia como objeto de estudo da pragmática
do eu discutida em 1890 por William James (1990), mas foi a partir do trabalho de Kant
(1994) que a questão ganhou novo impulso, na medida em que esse aponta a
individualização como uma questão de caráter social e acrescenta que a identidade do
indivíduo é constituída por sua experiência enquanto ser pensante no mundo.
O indivíduo (o sujeito) também é o ponto de partida de Hall (2006) que destaca
que a relação entre o sujeito e a sociedade se encontra no centro dos conceitos de
identidade tanto para o sujeito sociológico, quanto para o sujeito pós-moderno23. Para
Hall (2006, p. 13) a identidade do sujeito pós-moderno:
(...)
“torna-se uma celebração móvel,
formada e transformada
continuamente em relação às formas pelas quais somos representados
ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam. (....) O sujeito
assume identidades diferentes em diferentes momentos, identidades
que não são unificadas ao redor de um ‘eu’ coerente. Dentro de nós há
identidades contraditórias empurrando em diferentes direções, de tal
modo
que
nossas
identificações
estão
sendo
continuamente
deslocadas”.
A identidade é considerada o resultado da interação contínua entre o indivíduo e
o mundo de idéias diversificadas, como uma construção social.
23
Para Hall (2006) o sujeito sociológico é definido pela complexidade do mundo moderno e constituído
através das relações com outros sujeitos e suas interações com os acontecimentos históricos e a
identidade como resultado da interação entre o sujeito (eu) e a sociedade. Por outro lado, o sujeito pósmoderno se apresenta fragmentado, descentrado e constituído por inúmeras identidades, por isso sua
identidade é móvel, na medida em que se forma e se transforma constantemente em resposta as
representações que influenciam o sujeito nos sistemas sociais e culturais.
82
Bauman (2005) também analisa a identidade a partir de um enfoque pósmoderno. Destaca que a identidade é uma autodeterminação24, uma vez que reproduz
a forma como os indivíduos se enxergam ou gostariam de ser enxergados, e enxergam
uns aos outros no mundo, o qual emerge no contexto das comunidades de idéias, na
medida em que ninguém está exposto a apenas uma comunidade de idéias.
Nesse sentido as comunidades são apontadas pelo autor como entidades que
definem a identidade e ‘arena’ na qual as certezas dão lugar à instabilidade e
volatilidade próprias do que o autor denomina ‘sujeito líquido’ (sujeito da pósmodernidade25) que resulta em uma identidade em permanente desconstrução e
transformação.
O processo de construção da identidade, segundo Bauman (2005), se
assemelha a montagem de um quebra-cabeça. O encaixe de peças, todavia, não
resultará em uma imagem pré-definida, compreensível e significativa, uma vez que a
identidade não é uma imagem que se conheça antecipadamente. É construída a partir
de escolhas fundamentadas nas peças que lhe vêm à mão. A imagem a ser construída
resulta do agrupamento de peças escolhidas dentre as disponíveis no momento.
O caráter mutável da identidade, assim como a importância das representações
que os indivíduos fazem da realidade social e de suas divisões utilizadas em sua
construção, é salientado por Cuche (1999):
A construção da identidade se faz no interior de contextos sociais que
determinam a posição dos agentes e por isso mesmo orientam suas
24
Na medida em que você escolhe a identidade “que quer seguir” (pg. 21-2).
A concepção de pós-modernidade vela a subjetividade pós-moderna (contemporânea) pressuposta em
um estado de fluidez (BAUMAN, 2001), algo que vem depois, uma ruptura, um deslocamento. Isto é
baseado em um devir; um sujeito inacabado, líquido e plástico.
25
83
representações e suas escolhas. (...) Deve-se considerar que a
identidade se constrói e se reconstrói constantemente no interior das
trocas sociais (CUCHE, 1999, p. 181-3).
As trocas a que o autor se refere, diz respeito ao que Dubar (1997, p. 105)
denomina de processos relacionais e que fundamentam a identidade que: “(...) não é
nada mais que o resultado simultaneamente estável e provisório, individual e coletivo,
biográfico e estrutural, dos diversos processos de socialização que, em conjunto,
constroem os indivíduos e definem as instituições.”
Os processos de socialização aos quais se refere o autor resultam do
cruzamento de processos relacionais - que consistem na forma como o sujeito é
analisado pelo outro a partir dos contextos sociais nos quais se encontram inseridos;
biográficos – revelados pela história e projetos pessoais do indivíduo.
A diversidade de combinações entre processos relacionais e biográficos
constroem o caráter dinâmico da identidade na sociedade contemporânea, na medida
em que é “formada e transformada continuamente em relação às formas pelas quais
somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam” (HALL,
1992 [2003, p. 13]).
Ao investigar as relações que configuram o mundo contemporâneo a partir de
reflexões a respeito da chamada sociedade de rede, Castells (1999) afirma que a
construção de identidades:
(...) vale-se da matéria-prima fornecida pela história, geografia, biologia,
instituições produtivas e reprodutivas, pela memória coletiva e por
fantasias pessoais, pelos aparatos de poder e revelações de cunho
religioso. Porém, todos esses materiais são processados pelos
84
indivíduos, grupos sociais e sociedades, que reorganizam o seu
significado em função de tendências sociais e projetos culturais
enraizados em sua estrutura social, bem como em sua visão de
tempo/espaço. (CASTELLS, 1999, p. 23).
Diante da complexidade da construção de identidades, o autor afirma que toda
identidade é uma construção social, embora geralmente o conceito identidade seja
abordado na sociologia a partir de um enfoque cultural (CUCHE, 1999; HALL, 1992
[2003]) e/ou social (CUCHE, 1999, NORTON 2000; MOITA LOPES 2003, 2002, 1999).
A diferença entre esses enfoques é apontada por Cuche (1999) ao salientar que
a identidade cultural é um dos componentes da identidade social e se fundamenta na
diferença, uma vez que diferentes identidades culturais inseridas em diferentes culturas
são assimiladas pelo indivíduo e se tornam parte de suas identidades sociais. Em razão
dessa formação, as identidades culturais são múltiplas, fragmentadas, contraditórias e
fluidas, assim como as identidades sociais.
Cuche (1999) acrescenta que a identidade social resulta das diversas interações
entre o indivíduo e o ambiente social próximo ou distante, ou seja, emerge das práticas
sociais e/ou discursivas dos atores sociais.
Nesse caso as identidades sociais assumem papéis diferentes em sociedades
diferentes, uma vez que são constituídas a partir de matéria prima diversificada, pois
cada sociedade tem seus padrões culturais para gênero, raça, sexualidade dentre
outros.
A identidade social de um indivíduo se caracteriza, portanto, pelo conjunto de
suas relações em um sistema social através de suas articulações com um ou com
diversos grupos (sexual, étnico, de classe, de gênero, dentre outros). A identidade
85
possibilita ao indivíduo localizar-se no interior de um sistema social, localizar-se
socialmente ou ainda identificar um grupo e distingui-lo dos demais.
Ao discutir a questão do discurso e das práticas sociais em processos de
construção das identidades sociais (gênero, sexualidade e raça) Moita Lopes (2003,
2002, 1999) aponta três características inerentes às identidades sociais: a
fragmentação26, a contradição27 e a fluidez28 que implicam na forma como os sujeitos se
posicionam ou são posicionados no mundo, através das diversas práticas discursivas
nas quais se encontram inseridos.
Nesse sentido as identidades sociais são plurais, múltiplas e se transformam
constantemente, podendo ainda se apresentar como identidades contraditórias, isso
devido ao fato do sujeito se constituir através de inúmeras identidades que muitas
vezes apresentam ideologias contrárias.
Louro (2000) afirma que o sujeito se reconhece em uma identidade na medida
em que estabelece um sentimento de pertencimento a determinado grupo social:
Reconhecer-se numa identidade supõe, pois, responder afirmativamente
a uma interpelação e estabelecer um sentido de pertencimento a um
grupo social de referência. Nada há de simples ou de estável nisso tudo,
pois essas múltiplas identidades podem cobrar, ao mesmo tempo,
lealdades distintas, divergentes ou até contraditórias. [...] Essas muitas
identidades sociais podem ser, também, provisoriamente atraentes e,
depois, nos parecem descartáveis; elas podem ser, então, rejeitadas e
26
São fragmentadas por não poderem ser definidas a partir apenas de uma única característica (sexo,
raça, religião etc) ou homogeneizadas. Um indivíduo possui múltiplas identidades. (Moita Lopes, 1998, p.
310)
27
Ao agrupar diversas identidades sociais, o indivíduo pode apresentar contradição devido às relações
de poder existentes na sociedade (FOUCAULT, 1979 [2001]; 1975 [2000]) e à posição que essa pessoa
ocupa em determinadas práticas sociais. (Tílio, 2009)
28
As identidades sociais são fluídas (BAUMAN, 2003), são transitórias na medida em que estão em
constante construção e reconstrução.
86
abandonadas. Somos sujeitos de identidades transitórias e contingentes
(LOURO, 2001, p.12).
Dessa forma a identidade, assim como as relações de pertencimento, é
construída e reconstruída ao longo da vida do indivíduo na medida em que ele faz
escolhas e toma decisões. Mas é preciso ressaltar que no processo de escolha e de
tomada de decisões o indivíduo se depara, em alguns momentos, com situações
dialéticas e se submete aos interesses, muitas vezes opostos aos seus, de determinado
grupo com o objetivo de continuar inserido em grupo maior que lhe possibilita manter
um sentimento de segurança de pertencimento ou ainda de resistência à exclusão.
Esses sentimentos se misturam e se enfrentam na formação da identidade, como
afirma Bauman (2005, p. 48): “a identidade é uma luta simultânea contra a dissolução e
a fragmentação, uma intenção de devorar e ao mesmo tempo uma recusa resoluta a
ser devorado”.
O processo de construção de identidade, segundo Bauman (2005) e Hall (2005),
ocorre no interior das comunidades29 que são ambientes, não apenas físicos, mas
também psicossociais.
As comunidades são ‘arenas’ de constante negociação entre preferências
individuais, nas quais as certezas dão lugar à instabilidade, e volatilidade próprias do
sujeito, principalmente do sujeito da pós-modernidade30, o que possibilita a construção
de identidades coletivas.
29
As comunidades “...são na verdade fruto de uma autêntica construção coletiva, num jogo constante de
sugestões e induções que constitui a própria dinâmica da sociedade.” (Costa,2005, p.236)
30
A concepção de pós-modernidade vela a subjetividade pós-moderna (contemporânea) pressuposta em
um estado de fluidez (Bauman, 2001), algo que vem depois, uma ruptura, um deslocamento. Isso é,
baseado em um devir; um sujeito inacabado, líquido e plástico.
87
2.2.2 IDENTIDADE COLETIVA
Os estudos a respeito da questão da identidade coletiva emergem a partir da
década de 1960 com Erving Goffman (1959) que investigou as interações entre atores
sociais na vida cotidiana e as construções que resultam dessas interações.
Esses estudos trouxeram um novo enfoque para a questão, o que possibilitou
constatar que os indivíduos constroem suas identidades e que a conservação delas
depende do processo de manutenção das interações desses indivíduos ao
compreenderem a si e sua relação no grupo e da forma como interferem na realidade.
Nesse sentido, as identidades coletivas passaram a ser compreendidas como
uma associação de interações sociais e da razão político-estratégica de atores sociais.
Segundo alguns autores, como Wagner (1975) e Hobsbawm e Ranger (1983), as
identidades coletivas são construídas e reconstruídas a partir de interesses específicos.
A afirmação desses autores fundamentou, nas últimas três décadas, um quase
senso comum a respeito da idéia de que identidades coletivas são construções sociais
e políticas, isto é, são baseadas em relações de poder. Isso suscita duas questões: a
que interesses servem a construção das identidades coletivas e quem são os excluídos
desse processo?
Diante de questões como essas, é preciso ter em vista que as identidades
coletivas emergem das práticas sociais e discursivas dos atores sociais e, por isso,
determinadas identidades sociais - como de etnia, de gênero, de classe – quando
expostas a contextos sociais, históricos e econômicos, estão sujeitas a relações de
88
poder que são reforçadas e reproduzidas nas interações cotidianas e, segundo Norton
(2000), diferenciam quem tem poder sobre quem.
Castells (1999) afirma que a construção social da identidade coletiva sempre
ocorre em um cenário marcado por relações de poder e salienta que a identidade
coletiva é construída através de contrastes, sendo o conteúdo simbólico e seus
significados aspectos determinantes para identificar aqueles que dela se incluem ou se
excluem.
Cuche (1999, p. 186), fundamentado em Bourdieu, afirma que: “somente os que
dispõem de autoridade legítima, ou seja, de autoridade conferida pelo poder, podem
impor suas próprias definições de si mesmos e dos outros”.
As relações de poder são destacadas também por Isin e Wood (1999, p.15) que
afirmam que as “identidades não são apenas formadas por grupos buscando
reconhecimento, mas também por grupos buscando dominação”.
No caso da cultura da classe dominante, que tende a se impor sobre as demais
manifestações culturais, Castells (1999) afirma que as identidades podem e, em alguns
casos, são formadas a partir de instituições dominantes que possibilitam reformular e
até mesmo manipular identidades, como ocorre com a construção da identidade
legitimadora, uma das três formas de construção de identidade apontadas pelo autor.
A identidade legitimadora, segundo Castells (1999), tem sua origem e difusão
através das instituições dominantes e tem como objetivo a manutenção da dominação
por determinado grupo.
O autor aponta ainda outras duas formas de origem e construção de identidades,
a saber, a identidade de resistência e a identidade de projeto.
89
A identidade de resistência tem como principal característica o fato de se
constituir a partir de movimentos de resistência à identidade dominante (legitimadora).
Por outro lado, a identidade de projeto supera a identidade de resistência na
medida em que, além de resistir e negar a identidade dominante, apresenta uma
proposta de nova identidade para substituir a identidade dominante.
Castells (1999) aponta ainda alguns questionamentos que devem nortear os
estudos a respeito da identidade. São eles: de que forma essa identidade é construída,
a partir de quê, por quem e para quê isso acontece.
Os questionamentos serão retomados adiante, uma vez que o presente trabalho
constrói a discussão da identidade socioambiental (territorial-ambiental) a partir do
conceito de identidade legitimadora. Antes, porém, faz-se necessário abordarmos a
formação das identidades territoriais coletivas em um mundo globalizado.
90
2.2.3 IDENTIDADE EM TEMPOS DE GLOBALIZAÇÃO
Segundo Giddens (1990) a globalização é um dos aspectos que não pode ser
desprezado na formação das identidades uma vez que, impulsiona um movimento de
distanciamento da idéia sociológica clássica da ‘sociedade’ como um sistema bem
delimitado e a substitui por uma perspectiva que se concentra na maneira como a vida
social se organiza ao longo do tempo e do espaço. As novas características temporais e
espaciais estão entre os aspectos mais importantes da globalização e se referem à
compressão de distâncias e de escalas temporais.
A ‘compressão espaço-tempo’, apontada por Hall (2006) em seu trabalho, que
busca investigar o impacto da globalização sobre as identidades nacionais, cria a
sensação de compressão das distâncias (o mundo é menor e as distâncias mais curtas)
e de que os eventos em um determinado lugar têm um impacto imediato sobre pessoas
e lugares geograficamente muito distantes.
O autor destaca que, em geral, os processos associados à globalização têm sido
responsáveis pelo enfraquecimento das formas nacionais de identidade cultural, ainda
que as identidades nacionais permaneçam fortes, principalmente no que se refere às
questões relacionadas aos direitos legais e a cidadania e ao crescimento da
importância das identidades locais, regionais e comunitárias.
Diante dessa realidade, Castells (2000b) salienta que a globalização definiu
novas identidades pessoais, profissionais, nacionais e supranacionais, conferindo a
outra escala novas regras e novos procedimentos para a resolução dos conflitos
inseridos na esfera da sociedade do conhecimento e do capitalismo informacional, ao
91
mesmo tempo em que fez surgir um caráter defensivo de muitas práticas identitárias
contra a globalização, os processos de formação de redes e de flexibilização:
Quando o mundo se torna grande demais para ser controlado, os atores
sociais passam a ter como objetivo fazê-lo retornar ao tamanho
compatível com o que podem conceber. Quando as redes dissolvem o
tempo e o espaço, as pessoas se agarram a espaços físicos, recorrendo
à sua memória histórica. (CASTELLS, 1999, p. 85).
Ao analisar a formação das identidades, Castells (2002) aponta que o processo
de globalização contribuiu para reordenar as questões de identidade através de dois
movimentos: a(s) identidade(s) utilizada(s) como forma de resistência sociocultural à
homogeneização – as identidades de resistência - e a(s) identidade(s) como projeto de
futuro – identidades de projeto. Ambas encontram-se intrinsecamente vinculadas ao
histórico particular de cada grupo e podem se desenvolver em campos demarcados por
relações de poder que tem origem em diferentes processos de criação.
Dessa forma, a construção de identidades em tempos de globalização deve
considerar aspectos como as transformações nas relações espaço-tempo e os
crescentes processos homogeneizantes impostos pelo processo de globalização.
Ao analisar o impacto da globalização sobre as identidades, Albagli (2006) e Le
Bossé (2004) destacam que desse contexto resultam situações de identidades mais
integradas, interconectadas ou híbridas em detrimento de identidades mais isoladas e
estáveis.
Le Bossé (2004) afirma que devido a revolução das comunicações não existe
uma homogeneização das diversas identidades culturais, pois, em geral, as identidades
culturais persistem e se afirmam, principalmente nas escalas locais ou regionais.
92
Se por um lado o processo de globalização acarretou a relativização do conceito
de identidade, uma vez que esse se encontra cada vez mais desvinculado de seus
lugares, regiões e territórios históricos, como afirmam Chelotti e Pessoa (2009), em
contrapartida, segundo Castells (1999) e Hall (1998), observa-se em alguns casos, o
fortalecimento de determinadas identidades locais como espaços de resistência diante
da lógica global dominante ou ainda a produção de novas identidades.
Chelotti e Pessoa (2009) afirmam que o processo de globalização não eliminou
parte dos elementos indicadores de identidades coletivas, como algumas características
socioespaciais, por isso, em alguns casos, a identificação de certos grupos sociais dáse através de uma determinada espacialidade (território, região, lugar) e de suas
representações simbólicas. Nesses casos a identidade fundamenta-se, principalmente,
em uma perspectiva territorial. Diante desse contexto, faz-se necessário definir o
conceito de território.
2.2.3.1 Território
O conceito de território, segundo Haesbaert (2007) surgiu na geografia política
no século XIX – período de consolidação dos Estados Nações – e define o território
como um espaço de poder demarcado, controlado e governado, ou seja, um:
(...) conceito capaz de aprender uma das principais dimensões do
espaço geográfico, a sua dimensão política ou vinculada às relações de
poder dentro das diferentes perspectivas. Desse modo, o território,
político por natureza, contrasta e se cruza com outros conceitos, como
região, paisagem e lugar (HAESBAERTH, 2007, p. 36-7).
93
Destarte, o território foi definido originalmente como resultado da complexa
relação entre os aspectos que constituem o espaço geográfico e as relações de poder,
porém com a globalização as questões intrínsecas ao território adquiriram nova
importância, impulsionando diversos estudos das mais variadas áreas e ampliando a
noção de território para além dos limites do campo da Geografia.
Nesse sentido, Costa (2004) salienta que os estudos a respeito do território se
estenderam a campos como os da Ciência Política - através dos trabalhos relacionados
às relações de poder, comumente associados à concepção do Estado; da Economia –
em que território é preterido em relação à noção de espaço, considerado como fator
locacional ou base produtiva; da Antropologia – que analisa a dimensão simbólica do
território, principalmente no estudo das sociedades apontadas como tradicionais e da
Sociologia em que o território é analisado a partir de sua ampla intervenção nas
relações sociais.
No campo da sociologia as discussões a respeito do território ressurgem a partir
da perspectiva da pós-modernidade e dos processos associados à desconstrução dos
territórios, ou seja, se desenvolve um debate sobre o possível desaparecimento do
território enquanto uma manifestação fixa, como pode ser aferido nos trabalhos de
Giddens (1991, 2003) e de Castells (1999).
As discussões destacam um novo fortalecimento da categoria do espaço em
detrimento do tempo e apontam, principalmente, as divergentes e desiguais
transformações dos territórios que, segundo Giddens (1991), resultam do desencaixe31
dessas categorias. O desencaixe se refere não somente ao ‘espaço’ genérico que se
31
O desencaixe se refere ao “deslocamento das relações sociais dos contextos locais de interação e sua
reestruturação através de extensões indefinidas de tempo-espaço. (GIDDENS, 2002, p. 29).
94
estende e/ou se comprime e rompe com a continuidade espaço-tempo, mas a um
espaço que se fragmenta podendo apresentar diferentes características de acordo com
a dimensão priorizada (econômica, política ou cultural) e influencia nas estruturas
sociais e culturais e, consequentemente, nos territórios.
Para Giddens (2003) o território é o espaço da Ação Social no qual se concretiza
o subjetivo (intencional) e o objetivo racional e se constrói relações de poder
influenciadas pela estrutura social e cultural, ou seja, representa um espaço de ação
que efetiva as relações entre pessoas e ambientes. É um cenário de interação.
Castells (1999), por sua vez, analisa o território a partir do processo de sua
desconstrução desencadeado pela globalização e pelo enfraquecimento do ‘EstadoNação’ enquanto gestor e também o seu reordenamento para a configuração dos
‘territórios-rede’. Investiga, por conseguinte, a desconstrução do ‘território-área’
(território geográfico) e o reordenamento dos territórios e o faz fundamentado no espaço
de fluxos proporcionado pela criação da infraestrutura de telecomunicações e nas
novas tecnologias de informação32, como a internet, que resultam na configuração dos
‘territórios-rede’ e se encontra no cerne das discussões a respeito da sociedade em
rede.
O território é visto, portanto, como uma dimensão mediadora da relação de poder
que se estabelece entre sujeitos ou grupos sociais. Nesse contexto, aspectos culturais
e simbólicos se associam intrinsecamente a fatores políticos e dessa forma o território
32
Segundo Castells (1999) as novas tecnologias de informação constituem a base material para a
expansão de redes em toda a sociedade, uma vez que a articulação espacial das funções dominantes na
sociedade em rede ocorrem dentro de redes de interação que se viabilizam pelo uso de equipamentos de
telecomunicação.
95
passa a ser elemento de identidade, na medida em que assegura as especificidades de
um grupo ou de indivíduos com seu espaço de convivência e de ação política.
Segundo Castells (1999) o território possui uma relação política. É uma relação
entre grupos sociais mediada pelo espaço territorializado, sendo que o limite territorial é
uma informação comunicada, no caso da atuação política mediatizada pela identidade.
Ao conjugar tais aspectos na construção do território, Haesbaert (2007) ressalta
a importância de considerar o processo de territorialização que, a partir do conceito de
territorialidade, considera a dimensão simbólico-cultural do território, principalmente no
que se refere aos processos de identificação territorial.
Para Souza (1995, p.99) a territorialidade consiste naquilo “... que faz de
qualquer território um território, isto é, relações de poder espacialmente delimitadas e
operando sobre um substrato referencial”.
Esse contexto demonstra a importância de ampliar a visão a respeito das
múltiplas e complexas territorialidades que constituem território, uma vez que de acordo
com Haesbaert (2004), o território pode ser constituído a partir da intrínseca associação
das múltiplas relações de poder – tanto do poder material (relações econômicopolíticas) quanto do poder mais simbólico (relações de ordem estritamente cultural)
Dessa forma, o território pode ser considerado como uma espécie de continuum
desde os territórios mais concretos – fundamentados em relações de poder no sentido
funcional nas quais predominam processos de ‘dominação’ (definidos por Lefebvre33,
33
Os processos de dominação estão no centro da discussão da produção do espaço – que responde aos
processos de reprodução das relações capitalista de produção – pois segundo Lefebvre (1992, p. 349) a
produção do espaço envolve poder e o poder significa controle e dominação. O espaço se caracteriza por
ser “politicamente instrumental, facilitando, com isso, o controle da sociedade”, porém essa dimensão
tende a ser encoberta, pois “assume uma aparência externa de neutralidade, de insignificância, de
destituição semiótica e de vazio (ou ausência).”
96
1986), até os mais simbólicos – fundamentados no poder no sentido simbólico em que
se destacam dinâmicas efetivas de apropriação. Em suma, para Haesbaert (1997, p.42)
o território:
(...) envolve sempre, ao mesmo tempo (...), uma dimensão simbólica,
cultural, através de uma identidade territorial atribuída pelos grupos
sociais, como forma de “controle simbólico” sobre o espaço onde vivem
(sendo também, portanto, uma forma de apropriação) e uma dimensão
mais concreta, de caráter político disciplinar [e político-econômico,
podemos acrescentar]: a apropriação e ordenação do espaço como
forma de domínio e disciplinarização dos indivíduos.
Mesmo considerando que o território se constitui a partir do jogo que se
estabelece entre o material e o imaterial, o funcional e o simbólico, entre o espaço
geográfico e as relações de poder, o autor afirma que os dualismos devem ser evitados.
O território se destaca, portanto, como ente de transformação sociopolítica e
econômica, na medida em que se constitui no lócus para o estabelecimento de
solidariedade, parceria e cooperação entre os diversos agentes sociais, econômicos e
políticos. Por isso sua identificação e valorização por parte de seus habitantes se faz
imprescindível à construção de uma identidade territorial, da mesma forma a relação
entre as diferentes e múltiplas identidades e seus efeitos na estruturação do território e
no contexto político.
Diante do objetivo do presente trabalho, optamos em construir a discussão a
partir do conceito de território que resulta da relação entre os aspectos que constituem
o espaço geográfico (região, lugar, paisagem) e as relações de poder.
97
A construção da relação entre identidade e território, assim como a construção
de identidade territorial são abordadas a seguir, a partir de uma breve revisão de
literatura.
98
2.2.4 TERRITÓRIO E IDENTIDADE
Nas últimas três décadas têm sido inúmeros os estudos que abordam a relação
território e identidade realizados por diversas áreas de conhecimento - como a
sociologia, a antropologia, a geografia e a história - dentre os quais se destacam os
realizados por Castells (1999), Haesbaert (1988, 2007), Albagli (2004), Flores (2006),
Pires et al (2006) e Vargas (2006).
A relação entre território, identidade e desenvolvimento local é abordada nos
trabalhos desenvolvidos por Pires et al (2006), Flores (2006), Vargas (2006) e por
Albagli (2004) através de diferentes perspectivas, sendo que o primeiro se estrutura a
partir de uma ampla revisão bibliográfica sobre os conceitos, normas e tipologias que
constroem essa relação.
Para Pires et al (2006) o território é considerado como a espacialização do
comportamento social que se constitui a partir de critérios “objetivos” e “subjetivos” da
identidade local ou regional, entre outros, enquanto que o desenvolvimento local é
entendido como processo de mudança social incentivado por situações localizadas
territorialmente e geradoras de cidadania.
A partir da análise da governança territorial local os autores destacam que a
relação entre território34, identidade local e desenvolvimento pode conduzir a ações
34
A partir de Bourdieu (1989), os autores afirmam que a “construção de território não se limita aos
aspectos econômicos e políticos, mas compreende também a procura de critérios ‘objetivos’ e ‘subjetivos’
de identidade local ou regional, que podem ser objetos das lutas pelo poder de representações mentais,
materiais e de manifestações sociais” (Bourdieu, 1989). A construção de identidades coletivas depende
em grande medida dos determinantes do conteúdo simbólico dessa identidade, bem como seu significado
para aqueles que com ela se identificam ou se excluem.
99
coletivas intencionais que influenciam instituições, organizações e o setor empresarial
de forma a possibilitar a construção de canais de regulação social.
Identidade, território e desenvolvimento também são os pontos centrais do
trabalho desenvolvido por Flores (2006) que busca discutir conceitos e noções que
levam a constituição do território com forte identidade cultural e, nesse caso, de que
forma se estabelecem políticas ou ações de desenvolvimento e de valorização dos
produtos e serviços para esse tipo de território.
O trabalho destaca as relações que se estabelecem entre as estratégias de
desenvolvimento do território com identidade e a sustentabilidade do processo de
desenvolvimento (econômico, social, ecológico, cultural) e possibilita ao autor afirmar
que toda construção territorial precisa de apoio através de ações ou de políticas
públicas que as fortaleçam, sem que sua base social seja descaracterizada.
A relação entre território, identidade e desenvolvimento é investigada por Albagli
(2004) a partir de uma perspectiva histórica e de conceitos como o de território e
territorialidade, assim como suas várias escalas geográficas e dimensões física,
política, organizacional, econômica e simbólica.
Ao considerar o território como suporte e produto na formação de identidades
individuais e coletivas, Albagli (2004) afirma ser a territorialidade uma forma de
valorização
e
desenvolvimento
local.
Ela
conclui
que
o
fortalecimento
das
territorialidades dá-se através do estímulo de laços de identidade e cooperação
fundamentados no interesse comum de proteger, valorizar e capitalizar elementos
específicos do território que atuam como entes de transformação sociopolíticaeconômica na medida em que se constitui como locus para o estabelecimento de
100
solidariedade, parceria e cooperação entre os diversos agentes sociais, econômicos e
políticos e formas de operacionalizar o desenvolvimento local.
A relação entre território, identidade e desenvolvimento também é abordada no
trabalho desenvolvido por Vargas (2006) que se fundamenta no pensamento complexo
e nos referenciais teóricos da geografia cultural35. O trabalho analisa os conflitos e
embates resultantes dos processos de gestão do território e da paisagem do Pantanal
Mato-Grossense a partir dos debates ocorridos no Parque Natural Regional do
Pantanal.
Para investigar o jogo de interesses que permeia as perspectivas do discurso da
sustentabilidade ambiental a autora adota como categorias centrais de análise alguns
referenciais teóricos, como o território36, a identidade, o sentimento de pertencimento, o
processo de patrimonialização, a sustentabilidade, além da governança, principalmente
a denominada governança ambiental.
Essas categorias são utilizadas para analisar as identidades pantaneiras, tendo
em vista abranger a complexidade das relações sociedade-natureza e possibilitar a
aproximação entre os saberes científicos e os saberes locais.
Nesse sentido vê-se a identidade como parte do complexo sistema territóriopaisagem e importante fator para a efetiva implantação de qualquer projeto de gestão
de áreas protegidas.
35
A geografia cultural é considerada por Vargas (2006) a melhor perspectiva a ser adotada tanto para
fundamentar análises que abranjam os lugares como as pessoas que ali vivem, na medida em que
possibilita considerar as experiências e sentidos que essas pessoas dão aos seus espaços vividos.
36
O território como base das relações socioambientais, do espaço onde se materializam as práticas
sociais; a identidade que explica a relação de indivíduos ou grupos com o território; o sentimento de
pertencimento, elemento fundamental para a construção da territorialidade; o processo de
patrimonialização que segundo a autora tem se consolidado através da atribuição de títulos a paisagens
específicas, a sustentabilidade, além da governança, principalmente a chamada governança ambiental,
que envolve gestão local, relação entre o nível local e os demais níveis, gestão integrada, democracia
local e participativa, e descentralização do poder.
101
Ao analisar a consolidação da identidade a partir do sistema território-paisagem
Vargas (2006) destaca a importância da identificação e valoração simbólica do território
por seus habitantes, além de apontar as transformações que incidem nas relações
sociais e interferem de forma direta nas relações sociedade-natureza no Pantanal
influenciando a gestão nessa área.
Um enfoque diferenciado foi utilizado por Haesbaert (2007) para analisar a
mudança nas formas de relação entre território e identidade, fundamentado nas
territorialidades móveis e com múltiplas características que resultam da crescente
mobilidade e da complexidade das relações espaço-tempo contemporâneas.
Ao considerar que o caráter múltiplo, híbrido e flexível do território acarreta num
verdadeiro hibridismo identitário e na intensificação dos fenômenos das identidades
multiterritoriais, o autor salienta que, em razão da multiplicidade de realidades e da
convivência que se estabelece entre elas, não se pode apontar uma forma geral de
identificação territorial.
Mas salienta que a relação entre identidade e território, assim como a concepção
de identidade territorial, decorre de relações de poder que apresentam múltiplas
características e não se restringem as figuras centralizadoras do Estado ou das classes
dominantes.
Essa relação de poder pode ou não se constituir a partir das classes dominantes
e se estender por todas as escalas/esferas da sociedade, assim como as reações que
também advêm de múltiplas ordens, escalas/esferas.
Ao analisar o poder, Haesbaert (2007) considera principalmente a dimensão
política, mas ressalta que o território carrega toda a complexidade com que se
102
constroem as relações de poder, um poder que além de centralizado e identificável é
difuso e multifacetado e com base sólida, podendo se propagar de forma mais visível e
material - como através das instituições formais - ao poder ‘invisível’ e simbólico do
imaginário e das representações dos diferentes grupos culturais.
A identidade coletiva também é analisada por Castells (1999) ao investigar a
relação entre território e identidade – que, por sua vez, se insere na discussão do poder
da identidade a partir das transformações das bases materiais da vida implementadas
pela globalização e seus reflexos na sociedade. O autor define três tipos de identidade identidade legitimadora, de resistência e de projeto - embora afirme que tanto os atores
individuais quanto os coletivos possam apresentar múltiplas identidades e destaca que
a identidade pode ser considerada como um núcleo de resistência frente às
transformações resultantes da globalização, principalmente as identidades territoriais.
Para Castells (1999) a identidade territorial está na base dos governos locais e
regionais que despontam em todo o mundo como atores importantes, tanto em termos
de representação como de intervenção, por estarem mais bem posicionados para se
ajustarem as impensantes variações dos fluxos globais.
Os trabalhos citados nesse item possibilitam destacar que as atuais identidades
territoriais (complexas e múltiplas) estão intrinsecamente relacionadas ao processo de
globalização e dessa forma são configuradas tanto em relação ao passado, a memória
e a imaginação - a dimensão histórica, como em relação ao presente – ao contexto
sócio-cultural (sociedade em rede) e espacial - a dimensão geográfica.
Essa discussão será desenvolvida no próximo item que explora a construção e
análise das identidades territoriais.
103
2.2.5 IDENTIDADE TERRITORIAL
Como foi salientado anteriormente, toda a identidade territorial é uma identidade
social definida, principalmente através do território (real ou imaginário) ou de uma parte
do espaço geográfico - determinado e que determina o comportamento do grupo.
A construção de identidades territoriais é abordada em alguns dos trabalhos
citados no item anterior, dentre os quais se destacam os de Castells (1999) e Haesbaert
(1999, 2007), que abordam a construção da identidade a partir das relações de poder.
Para Haesbaert (2007) conceitos como o de identidade territorial encontram-se
fundamentados muito mais em interseções e ambivalências do que em limites definidos.
Por isso, ao analisar o elo indissociável entre território e identidade, o autor aponta a
necessidade de considerar a ocorrência de (re)significações ou (re)identificações, uma
vez que essas:
(...) estão mergulhadas em relações de poder e, deste modo, sujeitas
aos mais diversos jogos, ora mais impositivos, ora mais abertos, que
esse poder implica dentro de uma sociedade profundamente desigual e
marcada por múltiplos processos de dominação. Se identificar-se é de
alguma forma classificar(-se) é também, de alguma forma, classificar,
essas classificações com que re-significamos o mundo, nós e os outros,
inclusive através dos territórios, são objetos de intensas disputas entre
aqueles que têm o poder de formular e mesmo de fixar estas
classificações (HAESBAERTH, 2007, p. 37).
Nesse contexto é possível apontar que as classificações podem construir e/ou
reconstruir a identidade territorial a partir da escolha dos espaços e tempos, geografias
104
e histórias, que possibilita aos habitantes de um determinado território se reconhecerem
como participantes de um espaço e de uma sociedade comuns.
Haesbaert (1999) afirma que normalmente não há território sem algum tipo de
identificação e valoração simbólica (positiva ou negativa) do espaço por seus
habitantes, por isso cada território tem suas paisagens características, baseadas em
‘imagens e representações’ que constituem uma identidade.
Essas imagens e representações não se referem apenas a geografias
‘imaginárias’, uma vez que a ‘territorialidade’ pode se situar tanto em um campo
eminentemente simbólico, como pode levar a ações plenas na construção e/ou na
defesa e/ou na manutenção material do espaço37 da identidade. Por isso Haesbaert
(2007) destaca que a identidade territorial só se constitui realmente quando um
elemento espacial se torna o componente central para a identificação e para ação
política de determinado grupo.
Nesse contexto, as identidades territoriais, enquanto identidades coletivas, são
produzidas a partir do significado (objetivo e subjetivo) e sentimento de pertencimento
que cada grupo social expressa em uma determinada porção do espaço geográfico
(região, lugar, território) mediante ao estabelecimento de relações de poder.
Haesbaert (2007) aponta que, mesmo em crise, a identidade Nacional é a
identidade territorial mais difundida em seu arrimo político identitário básico, uma vez
que a idéia de nação está intrinsecamente associada à idéia de Estado, que por sua
37
Haesbart (2007) se refere ao espaço – em sua dimensão material – como a principal referência na
constituição de identidades territoriais que, segundo Machado et al (2005), pode interferir na intensidade
e longevidade da dinâmica identitária.
105
vez é essencialmente territorial e se torna mais do que uma ‘comunidade imaginada38’
na medida em que para ser construída se estrutura a partir de uma referência ou uma
base espacial-territorial.
Por isso o Estado-Nação (espaço-tempo nacional) é considerado como
referencial identitário de território básico, embora Haesbaert (2007) aponte que, em
tempos de pós-modernidade, o Estado-Nação se encontra em crise devido ao contexto
de fragilidade e/ou ambiguidade das fronteiras e, consequentemente, da dificuldade em
definir situações de inclusão/exclusão que resultam na fragilização do nacionalismo e
das fronteiras.
Essa realidade possibilita ainda aumentar a importância dos espaços-tempo
global e local na constituição de ‘novas’ identidades territoriais, como as identidades de
bairro, de municípios, de regiões que se apresentam ora múltiplas, híbridas, em outras
estáveis e unas.
A crise do Estado-Nação também é apontada por Castells (1999) como um fator
de influência na construção da identidade territorial, pois essa acarreta o esvaziamento
das instituições e organizações da sociedade civil em torno do Estado democrático e do
contrato social entre capital e trabalho, podendo ainda acarretar o surgimento de
identidades territoriais construídas a partir de identidades de resistência, em detrimento
de identidades legitimadoras, pois:
38
O termo Comunidade Imaginada é proposto por Anderson (1999, p. 6) a partir da definição de nação
como comunidade política imaginada. O autor usa o termo ‘imaginada’ por considerar o fato de que
mesmo os membros da menor das nações não se conhecem todos uns aos outros, embora cada
indivíduo que constitui uma nação, independente de sua dimensão, seja capaz de imaginar os demais
membros que a constitui e de criar e imaginar fronteiras, mesmo que não existam limites empíricos (reais)
dessa comunidade ou nação.
106
A identidade legitimadora parece ter entrado em uma crise estrutural
dada a rápida desintegração da sociedade civil herdada da era industrial
e do desaparecimento gradativo do Estado–Nação, a principal fonte de
legitimidade. Com efeito, as comunidades culturais articuladoras da nova
resistência surgem como fontes de identidade ao se dissociarem das
sociedades civis e instituições do Estado de onde se originaram, como
no caso (...) dos movimentos nacionalistas, desafiando o Estado–Nação
e as instituições do Estado das sociedades em que surgiram
(CASTELLS, 1999, P. 86).
Para o autor as instituições e organizações da sociedade civil relacionadas ao
Estado democrático se transformaram, de modo geral, em estruturas cada vez menos
aptas a manter um vínculo com as vidas e valores dos indivíduos da maior parte das
sociedades.
Diante dessa conjuntura, Castells (1999, p.79) afirma que a identidade territorial
surge a partir das comunas culturais de cunho territorial fundamentadas nos
movimentos urbanos, ou seja, nos “processos de mobilização social com finalidade
preestabelecida, organizados em um determinado território e visando objetivos
urbanos”.
Segundo o autor, esses movimentos estariam associados às diferentes
combinações entre os três conjuntos de metas: necessidades urbanas de condições de
vida e consumo coletivo, afirmação da identidade cultural local e participação na
qualidade de cidadãos, que produz algum significado e/ou identidade, não apenas para
os atores sociais, mas para toda a comunidade:
As comunidades locais construídas por meio da ação coletiva e
preservadas pela memória coletiva constituem fontes específicas de
107
identidades. Essas identidades, no entanto, consistem em reações
defensivas contra as condições impostas pela desordem global e pelas
transformações, incontáveis e em ritmo acelerado. (CASTELLS, 1999, p.
84)
Nessa conjuntura, as comunas territoriais são, em geral, reações defensivas
contra as ameaças, como a globalização e a formação de redes de flexibilidade
encontradas em todas as sociedades pela maior parte da humanidade. São essas
reações que se tornam fontes de significado e identidade que, ao construírem novos
códigos culturais a partir da matéria prima fornecida pela história, contribuem para a
construção da identidade territorial.
Essa identidade territorial, portanto, está na base dos governos locais e regionais
que despontam no mundo todo como atores importantes tanto em termos de
representação como de intervenção por estarem mais bem posicionados para se
ajustarem as impensantes variações dos fluxos globais.
Frente a esse contexto, o autor acredita que a identidade territorial surge a partir
das comunas culturais de cunho territorial, uma vez que dessas comunas podem
emergir novos sujeitos/agentes coletivos de transformação social que poderão construir
novos significados em torno de uma identidade de resistência que, posteriormente,
pode se transformar em uma identidade de projeto.
Assim como as demais identidades, a identidade territorial também é uma
identidade construída que, segundo Machado et al (2005), tem o espaço em sua
dimensão material como sua principal referência constitutiva, podendo interferir na
intensidade e longevidade da dinâmica identitária.
108
A construção e/ou o fortalecimento das identidades territoriais em suas mais
diversas escalas resultam de situações de disputa pelo poder, assim como a construção
e/ou fortalecimento de identidades territoriais ambientais, abordadas a seguir.
109
2.2.6 IDENTIDADE TERRITORIAL AMBIENTAL
Historicamente as sociedades construíram identidades territoriais próprias a partir
de disputas pelo poder, estabelecimento de significados específicos do homem versus
meio (natural, cultural, social), na medida em que essas sociedades se edificam sobre
uma base espacial que se diferencia segundo alguns aspectos, tais como seus recursos
biofísicos e humanos, relações sociais, modos de produção e a sua cultura com seus
signos, símbolos e pertencimentos.
As identidades territoriais são construídas a partir de significados, de sentimento
de pertencimento e estabelecimento de relações de poder que identificam um grupo
social localizado em determinada porção do espaço geográfico e dessa forma
possibilita aos habitantes de um determinado território se reconheçam como
participantes de um espaço e de uma sociedade comuns.
A identidade territorial, dessa forma, só se constitui realmente quando um
elemento espacial se torna o componente central para a identificação e a ação política
de determinado grupo. Constitui-se quando a apropriação do espaço é considerada em
primeiro plano, a partir da vinculação territorial e onde essa vinculação pode ser
ativada, em diferentes momentos, como instrumento de reivindicação política.
Como já referido anteriormente, a construção e/ou o fortalecimento das
identidades territoriais em diferentes escalas resultam de contextos de disputa pelo
poder, assim como as demais relações identitárias materiais e/ou simbólicas que estão
imersas em relações assimétricas de poder, como pode ocorrer com a construção e/ou
fortalecimento da identidade territorial ambiental.
110
As identidades territoriais ambientais que se constituem a partir da relação que
se estabelece entre o território, a sociedade e o meio natural têm, aos poucos,
despertado o interesse de alguns autores, como Clayton e Opotow (2004), Vargas
(2006), Brocaneli (2007) e Salort e Rodrigues (2009).
Ao analisar a importância do ressurgimento dos corpos d’água na paisagem
paulistana, o trabalho desenvolvido por Brocaneli et al (2007, p. 3) aponta a identidade
ambiental de um determinado território como elemento de integração na relação entre o
homem e a natureza, e assinala que “... a identidade ambiental é entendida como um
conjunto de fatores ambientais que oferece ao local uma paisagem diferenciada das
demais, por vezes única no mundo.”
A identidade ambiental se constitui, portanto, a partir da percepção do indivíduo a
respeito do conjunto de características inatas à paisagem natural, suficientes para
possibilitar a leitura da paisagem nativa (original), ou seja, a identidade ambiental
decorre da relação entre a sociedade e o ambiente natural.
A relação entre a sociedade e o meio ambiente (natural, cultural ou social),
considerado como patrimônio e relacionado a tudo que circunda o sujeito, fundamenta a
discussão de Salort e Rodrigues (2009) a respeito da influência da identidade dos
indivíduos na preservação da memória coletiva, considerada elemento formador de
identidade e do meio ambiente.
Nesse sentido os autores afirmam que a preservação do meio ambiente está
intrinsecamente relacionada à formação de uma identidade ambiental, na medida em
que:
111
(...) a mudança na relação de sujeito com o meio forma uma identidade
ambiental, em que o sentimento de pertencimento age como um dos
fatores primordiais para que os sujeitos preservem o meio em que
vivem, e não apenas o que lhes pertence por posse (SALORT e
RODRIGUES, 2009).
Segundo os autores, o sentimento de pertencimento, memória coletiva e a
‘patrimonialização’ do meio ambiente são os principais aspectos que fundamentam a
construção da identidade ambiental por seus habitantes ou ‘usuários’.
Esses aspectos também estão na base do trabalho desenvolvido por Vargas
(2006) que analisa os conflitos e debates resultantes dos processos de gestão do
território e da paisagem no Parque Natural Regional do Pantanal (MT) a partir da
relação que se estabelece entre território, identidade e paisagem que, segundo a
autora, constitui as identidades da paisagem pantaneira.
Para isso, a autora fundamenta o trabalho na perspectiva da geografia cultural e
no modus vivendi do pantaneiro, um diálogo entre os saberes científicos e os locais, e
estabelece a paisagem pantaneira como síntese da relação território-territorialidade.
Deve-se ressaltar que nesse trabalho o território é considerado como base das relações
socioambientais no Pantanal - espaço onde se materializam as práticas sociais – e a
territorialidade, como a concretização do processo de produção nesse espaço
(Pantanal). A autora salienta que:
(...) território e pertencimento são categorias que constroem a relação
paisagem identidade no Pantanal. Reconheço a importância do papel
dos conceitos de território, identidade e paisagem no Pantanal. Trata-se
de processos em aberto, em eterna construção, até porque no Pantanal
é muito difícil estabelecer fronteiras, o Pantanal com suas águas se
112
espraia, não aceita réguas como bem escreveu Manuel de Barros
(VARGAS, 2006, p. 246)
Nesse contexto a identidade é considerada como parte do complexo sistema
território-paisagem em que o território se consolida pela identificação e valoração
simbólica as quais são atribuídas por seus habitantes, além de apontar as
transformações que incidem nas relações sociais e interferem de forma direta nas
relações sociedade-natureza no Pantanal.
O conceito de paisagem também está no centro do estudo realizado na faixa de
fronteira brasileira por Machado et al (2005) que, a partir da relação escalar entre o
espaço representado e a representação do espaço, destaca as diversas origens dos
espaços de referência na construção de identidades territoriais/regionais. O mesmo
estudo aponta alguns tipos de identidade em que as paisagens são configuradas de
forma diferenciada como símbolos da identidade regional. São elas a região-paisagem
e a paisagem-símbolo. Serão abordadas mais adiante.
Ao destacar as diferentes origens dos espaços de referência na construção de
identidades territoriais/regionais, Machado et al (2005) apontam alguns tipos de
identidade a partir da relação escalar entre o espaço representado e a representação
do espaço, fundamentados na patrimonialização da paisagem39.
39
Segundo Domingues (2001, p: 10,11) a patrimonialização da paisagem (a atribuição de valor
patrimonial a paisagem) se reduz, muitas vezes, “a um exercício de cenografia descolado das condições
intrínsecas de produção e de evolução dessas paisagens, e que sobrevaloriza os elementos pitorescos
tradicionais (socalcos, muros, arquiteturas vernaculares, ruínas, sítios arqueológicos, lugares
excepcionais, simbologias, mitos...) convertidos em ícones de uma ‘autenticidade cultural perdida’ e em
imagens de modos de vida supostamente harmoniosos e bucólicos.”
113
O espaço representado se refere à relação escalar mais direta, denominada
pelos autores como relação região-paisagem, enquanto a relação indireta é
determinada como relação paisagem-símbolo.
A paisagem é configurada, em ambas as relações, como símbolo da identidade
regional, mas de forma diferenciada.
Na relação região-paisagem, a paisagem parece se confundir com a própria área
da região, como ocorre no caso da Amazônia em que toda a área parece ser
representada pelo binômio rio-floresta, enquanto que na relação paisagem-símbolo é a
paisagem que é transformada em símbolo de toda uma área, como ocorre com o Pão
de Açúcar e o Corcovado para a cidade do Rio de Janeiro.
Nesse contexto Haesbaert (2007, p.45) afirma que ao lado da paisagem,
carregada de atributos ‘naturais’ (comumente salientados pela abrangência de sua
manifestação geográfica) existe associado o ‘tempo espacial’ (Santos, 1996) que
possibilita detectar, além dos referenciais identitários geográficos, também os históricos.
O autor destaca ainda que a identidade territorial fundamenta-se em um contexto
mais complexo do que a simples paisagem, na medida em que se articula a aspectos
como a realidade socioeconômica e cultural dos espaços, as institucionalidades e
divisões político-administrativas previamente existentes, que constituem a ‘densidade
histórica’, e os diferentes níveis de mobilidade da população (migração) que se constitui
como importante aspecto para a construção (multi)identitária.
A partir dos trabalhos citados, acredita-se que a identidade territorial ambiental
resulte das relações de poder que se estabelecem entre território, sociedade e
114
ambiente natural (paisagem) a partir da percepção do sujeito a respeito do conjunto de
características da paisagem nativa/transformada.
Diante dessa realidade parti-se do pressuposto que a identidade territorial
ambiental se estabelece a partir de relações de poder que decorrem de um processo de
patrimonialização e/ou de um sentimento de pertencimento que se estabelece na
relação entre o indivíduo, a sociedade e o ambiente natural e age como um dos fatores
primordiais para que os sujeitos valorizem e preservem o meio em que vivem.
A seguir procuramos investigar as formas pelas quais a identidade territorial pode
ser construída, tendo em vista analisar, posteriormente, a identidade ambiental
metropolitana.
2.2.6.1 Construção da Identidade Territorial Ambiental
A construção da identidade, segundo Haesbaert (2007, p. 36), passa pela
intrínseca e indissociável relação de ‘identificação’ e ‘diferenciação’, ou seja, é
produzida “na relação com aquele que é estabelecido como seu outro”. Dessa forma,
não há identificação sem diferenciação.
No processo de identificação e diferenciação, considera-se ainda que a
construção de identidade fundamenta-se tanto em símbolos quanto nas relações sociais
e, como destaca Woodward (2000, p. 10) ”(...) a luta para afirmar as diferentes
identidades tem causas e consequências materiais”.
Nesse contexto Haesbaert (2007, p. 43) afirma que “as causas e consequências
materiais” se referem de forma indireta tanto aos objetos do cotidiano quanto aos
115
amplos espaços geográficos que se tornam referenciais simbólicos por meio dos quais
os grupos se identificam a partir de um processo de reconhecimento e afirmação de sua
identidade.
Dessa forma a consistência e eficácia do poder simbólico na construção de uma
identidade ambiental tem nas referências espaciais, no caso o território, um de seus
principais fundamentos.
Ao considerar que a identidade territorial explica a relação de indivíduos e grupos
com o território, acredita-se que a construção e/ou ressignificação da identidade
ambiental deva fundamentar-se na identificação/diferenciação das relações de poder
que se estabelecem entre sociedade (território) e ambiente natural (paisagem) e nos
conceitos que, segundo Clayton e Opotow (2004) Vargas (2006), Brocaneli (2007) e
Salort e Rodrigues (2009), encontram-se inseridos na construção da identidade
ambiental.
Dentre esses conceitos, além do conceito de território discutido no item anterior,
destacam-se os de memória coletiva, de patrimonialização40 da natureza e de
sentimento de pertencimento, abordados a seguir.
Inicialmente, cabe destacar que a definição de território adotada no presente
trabalho fundamenta-se na apresentada por Haesbaert (1997, p. 42), que afirma que o
território:
(...) envolve sempre, ao mesmo tempo (...), uma dimensão simbólica,
cultural, através de uma identidade territorial atribuída pelos grupos
40
O processo de patrimonialização articula um duplo processo social. O primeiro ligado a um ato de
legitimação que confere um valor artístico, histórico, cultural, ideal ou simbólico a uma construção, um
objeto, uma prática ou um espaço. O segundo repousa em um ‘mise en valeu’ social de uma certa
entidade reconhecendo-lhe por isso um interesse local, nacional ou transnacional.” (Frias, 2001)
116
sociais, como forma de “controle simbólico” sobre o espaço onde vivem
(sendo também, portanto, uma forma de apropriação) e uma dimensão
mais concreta, de caráter político disciplinar [e político-econômico,
podemos acrescentar]: a apropriação e ordenação do espaço como
forma de domínio e disciplinarização dos indivíduos.
O território, portanto, deve ser considerado como resultado da relação entre o
conteúdo material e o imaterial (simbólico), entre o espaço geográfico e as relações de
poder.
Em relação à identidade ambiental, o território é considerado como o lócus e
base onde se articulam as relações socioambientais. É o espaço onde se materializam
as práticas sociais e ambientais cujos elementos, como sentimento de pertencimento,
memória coletiva e patrimonialização, se relacionam na formação da identidade.
2.2.6.1.1 Sentimento de Pertencimento
O sentimento de pertencimento é um tema que tem sua origem nos estudos de
antropologia e de sociologia e buscam explicar processos de socialização, bem como
as formas de organização e funcionamento da sociedade.
Para Sousa (2006) o sentimento de pertencimento é um conceito que se associa
ao de comunidade através da ação social e, por isso, pode ser explicado a partir da
comunidade. Nesse contexto, o autor cita o conceito de comunidade de Weber (1973, p.
140):
Chamamos comunidade a uma relação social quando a atitude na ação
social inspira-se no sentimento subjetivo (afetivo ou tradicional) dos
117
partícipes da constituição de um todo.... Chamamos sociedade a uma
relação social quando a atitude na ação social inspira-se numa
compensação de interesses por motivos racionais (de fins ou valores) ou
então numa união de interesses com idêntica motivação.
Portanto, a dimensão motivadora subjetiva é o próprio sentimento que quando
associado à participação no todo se realiza enquanto pertencimento. Dessa forma o
sentimento de pertencimento pode ser gerado pelo sentimento motivador (subjetivo)
quando esse se articula à participação e aos interesses comuns.
O sentimento de pertencimento, segundo Sousa (2006), se amplia e se
diversifica em suas significações ao mesmo tempo em que se amplia o sentimento de
comunidade, na medida em que se desloca da visão inicial de comunitarismo
(organizacional e relacional) para outra forma de ‘estar presente’ e inserido na vida
social (sociedade).
O autor acrescenta que os diferentes processos de inserção na vida social
podem ser aferidos no campo da socialização política, no campo da cidadania, na
discussão sobre as condições de acesso e de uso dos direitos, uma vez que:
A reivindicação (e o reconhecimento) de direitos supõe, em princípio,
que os atores sociais se sintam parte de uma sociedade política mais
abrangente do que aquela definida pelo seu pertencimento à rede de
sociabilidades primárias (família, etnia, religião, etc.). No entanto, talvez
esteja aí um dos nós górdios da questão da democracia do mundo
contemporâneo: o enfraquecimento da capacidade dos sistemas
democráticos de gerar sentimento de pertencimento às coletividades
mais abstratas organizadas em torno do reconhecimento de direitos
(MONTEIRO, 1996, p. 104)
118
Nesse sentido a investigação do objeto de interesse, como por exemplo o
reconhecimento de direitos que motiva e/ou gera o sentimento de pertencimento, passa
a ser fundamental na caracterização desse sentimento ora definido como todo, como
comum, ou ainda como fim da ação social.
Dessa forma faz-se imprescindível a investigação das diversas motivações que
levam a construção do sentimento de pertencimento.
De acordo com Sousa (2006), esse sentimento apresenta inúmeras significações
que se articulam, ora a questões da identidade ou do consumo, ora a expressão na
esfera simbólica da necessidade do estar junto ou ainda a dimensão política presente
nas questões da cidadania.
Ao relacionar a cidadania ao conceito de pertencimento Dagnino (1994, p. 109)
destaca que:
(...) a nova cidadania transcende uma referência central do conceito
liberal
que
é
reivindicação
de
acesso,
inclusão,
membership,
‘pertencimento’ (belonging) ao sistema político na medida em que o que
está de fato em jogo é o direito de participar efetivamente da própria
definição desse sistema, o direito de definir aquilo no qual queremos ser
incluídos, a invenção de uma nova sociedade.
A
redefinição
e/ou
reconstruçãodo
senso
de
pertencimento
e,
consequentemente, o redimensionamento das instituições e dos circuitos de exercício
do público, a reformulação dos padrões de convivência urbanos e a preocupação com a
qualidade de vida, podem, portanto, resultar na redefinição e/ou na reconstrução da
identidade e de uma nova sociedade.
119
Nesse processo de redefinição e/ou reconstrução do senso de pertencimento, o
discurso identitário se constitui como instrumento, conforme destaca Denis-Constant
Martin (1996, p. 23):
A função do discurso identitário é de orientar estas escolhas, de tornar
normal, lógico, necessário, inevitável, o sentimento de pertencer, com
uma forte intensidade, a um grupo. Ele se dirige à emotividade, se
esforça por impressionar, por emocionar, a fim de que este sentimento
de pertencimento impulsione, caso a situação o exija, a agir: impelido
pelo sentimento de pertencimento torna insuportável a recusa de defesa.
A fim de criar as condições desta adesão, o discurso identitário tem por
tarefa definir o grupo, fazer passar do estado latente àquele de
‘comunidade’ em que os membros são persuadidos a ter interesses
comuns, a ter alguma coisa a defender juntos.
Dessa forma o discurso identitário pode propiciar a construção de sentimento de
pertencimento, que segundo Reis (1998, 2000), é fundamental para que ocorra uma
ação coletiva que possibilite ultrapassar interesses particulares em detrimento de
interesses coletivos. Porém, a autora salienta as diversas condições de vida também
produzem diferenças nas orientações cognitivas e por isso os sentimentos de
pertencimento não podem se constituir simplesmente sem que tais diferenças sejam
consideradas.
A partir desse contexto, acreditamos que a constituição/análise/identificação do
sentimento de pertencimento em determinada sociedade faz-se imprescindível para
análise e identificação da existência ou não de uma identidade ambiental metropolitana
(identidade coletiva), na medida em que esse sentimento encontra-se no cerne de
120
outros aspectos nos quais se fundamentam a noção de identidade ambiental
metropolitana, como a noção de memória coletiva.
2.2.6.1.2 Memória Coletiva
Observa-se, a partir da década de 1980, um crescente número de estudos sobre
a memória coletiva, principalmente entre os cientistas políticos, em razão desse
conceito se confundir com o de representação ou identidade coletiva.
Segundo Santos (1998, p. 12-3) comumente, “... essas abordagens identificam a
memória coletiva a construções simbólicas, rompendo com as dicotomias entre
indivíduo e sociedade, por um lado, e passado e presente por outro.”
Dentre os trabalhos a respeito de memória coletiva destacam-se o de Benjamin
(1968), sobre a memória involuntária, o de Bergson41 (1985), que aborda a
possibilidade da memória associar-se a diferentes formas de percepção do passado
através do reconhecimento de imagens do passado a partir da semelhança entre elas
e/ou da percepção que estava presente em hábitos da vida cotidiana; o trabalho
desenvolvido por Connerton (1989)42 que investiga a memória como resultado das
lembranças encontradas nas comemorações, - nas quais os significados são mantidos
ao longo do tempo - e o de Maurice Halbwachs (1925, 1939, 1941 e 1950) que busca
41
Bergson (1985, p. 83-96) atribuiu à memória a capacidade de unir estes dois planos de experiência;
creditou à memória a capacidade de nos permitir uma consciência espaço-temporal.
42
Para Connerton (1989, p. 3) a memória pode ser assimilada a faculdade constituinte da identidade
pessoal que permite ao sujeito se pensar detentor de uma essência que permanece estável no tempo, ou
de pensar que o grupo ao qual pertence é detentor de uma essência tendo a mesma propriedade. É uma
regra implícita, sustenta o autor, que os membros de não importa qual ordem social, devam pressupor a
existência de uma memória compartilhada.
121
estabelecer princípios para uma teoria sobre a memória coletiva e formular sobre ela
um conceito sociológico.
Os trabalhos desenvolvidos por Halbwachs (1925, 1939, 1941 e 1950)
fundamentaram diversos estudos, como o do historiador Pierre Nora (1984), o de
Pollack (1989), o de Santos (1998) e de Silva (2002) que procuravam romper com a
dualidade entre indivíduo e sociedade, além de outros que buscam apoio teórico para
investigar processos interativos responsáveis pela construção de identidades coletivas.
Halbwachs (1925, 1939, 1941, 1950) baseia-se no conceito de fato social de
Durkheim (1978) para estabelecer princípios fundamentais para uma teoria sobre a
memória coletiva e formular o conceito sociológico de memória coletiva.
Para o autor a memória não é apenas um fenômeno de interiorização individual
é, principalmente, uma construção social e um fenômeno coletivo, uma vez que a
memória individual refere- se a “um ponto de vista sobre a memória coletiva” e, por isso,
ao ser analisada, deve considerar o lugar ocupado pelo sujeito no interior do grupo e
das relações desse com outros meios (HALBWACHS, 2004).
Esse autor afirma, ainda, que são as relações e vivências ocorridas no interior do
grupo que possibilitam reconstruir ou simular lembranças e, dessa forma, permitem criar
representações do passado baseadas na percepção de outros indivíduos, seja através
do que imaginamos ter acontecido ou pela internalização de representações de uma
memória histórica.
A lembrança, de acordo com Halbwachs (2004, p. 75-6), “é uma imagem
engajada em outras imagens”, ou ainda:
122
(...) é em larga medida uma reconstrução do passado com a ajuda de
dados emprestados do presente e, além disso, preparada por outras
reconstruções feitas em épocas anteriores e de onde a imagem de
outrora manifestou-se já bem alterada.
A simulação de lembranças pode resultar do contato entre as lembranças de um
indivíduo e a de outros indivíduos de seu grupo sobre pontos comuns. Essa relação
permite expandir a percepção do passado na medida em que os indivíduos de um
mesmo grupo inserem e compartilham novas informações, ou seja, as lembranças,
assim como as reflexões, sentimentos e idéias são constituídas a partir de influências
do grupo.
Nesse contexto, ao referir-se a memória, Halbwachs (1925) afirma que quaisquer
que sejam as lembranças individuais que possamos ter do passado, por mais que
pareçam resultados de sentimentos, pensamentos e experiência, será sempre
reconstruída de acordo com tensões, normas e situações do presente.
Portanto, as nossas lembranças relacionam-se a quadros sociais mais amplos e
as lembranças do passado são hoje ‘reconstruídas’ a partir de estruturas ou
configurações sociais do presente fundamentado no ‘passado vivido’ e nas percepções
que são acrescentadas pela memória histórica – compreendida, segundo Halbwachs
(2004), como a sucessão de acontecimentos marcantes na história de um país.
O autor apresenta uma distinção entre memória coletiva e memória histórica ao
destacar que a memória coletiva é uma memória viva, enquanto a memória histórica
emerge a partir da recordação do passado distante. Porém, afirma que na medida em
123
que a memória social se apaga ou se decompõe, ela tende a se transformar em
memória histórica43.
Em contrapartida, Santos (1998) destaca que não se deve diferenciar história e
memória, uma vez que:
(...) tanto o estudo de memórias coletivas pode ser compreendido como
histórico, pois sempre há um grau de arbitrariedade na abordagem das
redes de sociabilidade, como abordagens históricas podem ser
legitimadas apesar do caráter arbitrário e impessoal de suas
interpretações, uma vez que qualquer atividade interpretativa reflete não
apenas o presente, mas também as heranças do passado que convivem
e determinam o presente.
Frente a esse contexto, vê-se que o indivíduo constrói seu passado
fundamentado em situações estabelecidas no presente, mas isso não quer dizer que
esse presente esteja baseado em um passado totalmente conhecido. Por isso faz-se
imprescindível respeitar os limites de cada abordagem teórica – história e memória.
A relação entre história e memória foi também estudada por Nora (1984) que, ao
contrário de Halbwachs (1929), afirma que as lembranças são incorporadas a história
na medida em essas deixam de existir ou que os grupos que a sustentavam deixam de
existir. Salienta, a partir de uma ampla perspectiva, que a categoria memória deixa de
existir quando passa a ser reivindicada pelo discurso histórico.
43
A história de uma nação pode ser entendida como a síntese dos fatos mais relevantes a um conjunto
de cidadãos, mas encontra-se muito distante das percepções do indivíduo, daí a diferenciação
estabelecida por Halbwachs entre Memória e História (HALBWACHS, 2004, p. 84). A memória coletiva é
pautada na continuidade e deve ser vista sempre no plural (memórias coletivas). Ora, justamente porque
a memória de um indivíduo ou de um país está na base da formulação de uma identidade, que a
continuidade é vista como característica marcante
124
A partir de outra perspectiva, Pollak (1989) salienta que a relação entre história e
memória e memória oficial (nacional) e as chamadas ‘memórias subterrâneas’
(relacionadas às camadas populares marginalizadas) faz surgir novas possibilidades
para a História Oral, na medida em que permite emergir memórias que “prosseguem
seu trabalho de subversão no silêncio e de maneira quase imperceptível” e que
“afloram em momentos de crise em sobressaltos bruscos e exacerbados” (POLLAK,
1989, p. 3-15).
O autor afirma ainda que a emergência destas memórias tem acarretado uma
disputa entre memórias ou um embate entre a memória oficial e as memórias
subterrâneas, que nada mais é do que a disputa pela afirmação de uma identidade que,
por pertencer a uma minoria, encontra-se marginalizada e silenciada.
Os trabalhos abordados nesse item possibilitam afirmar que a memória coletiva é
uma construção social que se fundamenta na intrínseca relação entre história e
memória, como será abordado a seguir.
2.2.6.1.2.1 Construção da memória coletiva
Segundo Halbwachs (1925) o indivíduo constrói suas memórias a partir da sua
participação em determinados grupos sociais e nesse processo se utiliza das
convenções sociais que lhes são disponíveis.
O autor salienta que a memória apresenta um caráter social e interativo, na
medida em que as memórias mais íntimas não são exclusivamente individuais. Dessa
forma a construção da memória se estrutura a partir das lembranças do indivíduo que,
125
por sua vez, necessita da lembrança de outros indivíduos para confirmarem ou
negarem suas lembranças e legitimá-las.
Para Halbwachs (1925), todas as nossas lembranças relacionam-se com a vida
material e moral das sociedades, localizam-se em algum lugar específico no tempo e no
espaço e se fortalecem pelas narrativas coletivas reforçadas pelas comemorações
públicas de acontecimentos que marcaram a história coletiva.
Mesmo reconhecendo que a reconstituição do passado é realizada por grupos
sociais, Halbwachs (1925) procurou salientar que as construções coletivas deveriam se
localizar na investigação dos quadros sociais da memória, considerando que os
indivíduos se relacionam com diferentes quadros sociais da memória durante suas
vidas e que esses quadros se encontram em contínuo movimento e reestruturação.
Outro aspecto a ser considerado é o de que cada indivíduo traz consigo uma
composição singular de inúmeras experiências, por isso a antecedência de quadros
sociais da memória não implica na imposição de uma representação coletiva, única e
homogênea.
Os múltiplos quadros sociais resultam, portanto, das várias representações
coletivas conflituosas e das constantes transformações que relacionam diferentes
grupos. É por meio dessas constantes transformações que os indivíduos se socializam
e constroem suas identidades e memórias ao longo de suas vidas.
Esses quadros se encontram em contínuo movimento e reestruturação e devem
ser pensados sempre em contínua transformação e sujeitos a múltiplas apropriações
conforme tensões e conflitos inerentes à sociedade.
126
Ao considerar que a memória coletiva é pautada na continuidade e na
diversidade de memórias que a constitui, Santos (1998) afirma que a memória coletiva
deve ser considerada sempre no plural como memórias coletivas, encontradas na base
da formulação dos quadros da memória e das identidades.
2.2.6.1.2.1.2 Quadros de memória e Identidade
Antes de abordarmos a questão da memória coletiva e dos quadros de memória
na formação da identidade, é preciso esclarecer que os quadros sociais da memória,
segundo Halbwachs (1925), são instrumentos de que a memória coletiva se utiliza para
reconstruir uma imagem do passado que se combina, a cada época, com os
pensamentos dominantes da sociedade.
O autor aponta ainda a importância dos quadros de memória como instrumentos
nos processos de lembranças e esquecimentos e afirma que eles não são apenas
produto da reflexividade de atores no presente.
Santos (1998) afirma que essa reflexão se faz pertinente e deve ser considerada
em toda abordagem de construção contemporânea de identidade ou de memória
coletiva, uma vez que o ‘monitoramento reflexivo’ de nossas lembranças pode ignorar o
fato de que nossas escolhas, reações, hábitos foram constituídos a partir de nosso
relacionamento com representações coletivas.
O trabalho desenvolvido por Halbwachs (1925) - La topographie – abordou a
questão da identidade e da memória a partir de uma nova perspectiva definida pelo
127
autor como sociológica e não histórica, contribuindo para os estudos de políticas de
identidade.
O autor fundamenta-se em questões como os lugares da memória para explicar
a tese de que a Terra Santa apresentada na Bíblia foi um território imaginado e
construído pelos cristãos europeus durante a Idade Média e, posteriormente,
sobreposta ao território da Palestina. Ele afirma que a Terra Santa nada mais é do que
o resultado da projeção do imaginário dos cristãos sobre determinado lugar e não uma
descoberta.
Esses lugares da memória, segundo o autor, apresentam um poder — que se
expressam em pedras, monumentos e construções arquitetônicas, assim como em
rituais e comemorações — que pode tanto impor a representação de um grupo sobre
outros, como possibilitar o fortalecimento das identidades de grupos oprimidos mediante
a recuperação de traços da memória.
Nesse trabalho as imagens da Palestina foram desconstruídas e o autor
observou que os lugares considerados santificados pelos peregrinos cristãos, em sua
maior parte, já eram considerados sagrados pelos judeus.
Dessa forma o autor constatou que os lugares da memória por ele pesquisados
foram palco de disputas travadas por diferentes grupos sociais e conclui que as
peregrinações à Terra Santa desempenharam o papel fundamental para dar
continuidade e estabilidade à tradição religiosa cristã.
128
A partir dessa observação, ele salientou ainda que o quadro social da memória44
judaica marcava a estrutura mais profunda da memória e essa, por sua vez, era capaz
de inspirar a escolha dos lugares da memória cristã.
Fundamentado nessa constatação, o autor mostra a importância dos lugares da
memória e destaca que a memória pode existir em relação às estruturas espaciais
procedentes de construções sociais.
O estudo desenvolvido por Halbwachs (1925) permitiu compreender que os
lugares da memória apresentam um poder, como já foi dito, capaz tanto de impor a
representação de um grupo sobre outros, quanto de abrir um espaço para que grupos
oprimidos fortaleçam suas identidades mediante a recuperação de traços da memória.
Ao referir-se ao processo de construção de memórias coletivas, Halbwachs
(1925) afirma que, em geral, esse processo prioriza a análise de quadros sociais da
memória ou representações coletivas e, algumas vezes, privilegia em suas análises o
componente social, negligenciando a possibilidade de investigação das ações e
interações sociais45, como ocorreu em La topographie.
O presente trabalho, assim como o desenvolvido por Halbwachs (1925), busca
através da antecedência dos quadros sociais da memória e da presença de lugares da
memória
coletiva,
analisar
a
construção
da
identidade
ambiental
territorial
(metropolitana). Porém, diferente de Halbwachs (1925), são consideradas também as
44
A importância dos quadros sociais da memória, segundo Santos, 1987 está no fato desses fornecerem
uma imagem de permanência e estabilidade essencial a inserção do indivíduo ou grupo no mundo, na
medida em que as memórias (individuais, coletivas ou nacionais) são construídas tendo em vista um
complexo conjunto da vida moral e material das sociedades.
45
Segundo Oliveira (1988, 1995) e Oliveira & Rossetti-Ferreira (1993). As interações sociais são ações
partilhadas e interdependentes que se estabelecem entre as pessoas que originam as relações sociais
que, por sua vez, são continuamente construídas e reconstruídas. Tais ações são articuladas através da
coordenação de papéis, que envolve ações culturalmente recortadas, as quais constituem papéis
relacionados a contra – papéis, que podem ser assumidos, negados e/ou recriados pelos participantes.
129
ações e interações sociais (implementadas pelas instituições analisadas) que
acreditamos podem implementar, de certa forma, a coesão no grupo através do
sentimento de persuasão46.
O próximo item apresenta o terceiro elemento que fundamenta a construção da
identidade ambiental metropolitana, a chamada patrimonialização da natureza.
2.2.6.1.3 Patrimonialização da Natureza
Inicialmente cabe apresentar a definição clássica de patrimônio que, segundo
Garcia (1998), se refere a um legado, uma herança recebida dos nossos antepassados
que deve ser transmitida às futuras gerações.
Segundo o autor essa herança contribui para a estabilidade, permanência e
continuidade
das
referências
culturais
que,
simultaneamente,
possibilitam
o
estabelecimento de uma ponte simbólica entre o passado, o presente e o futuro e
promovem um sentimento de pertencimento e filiação aos membros do coletivo social.
No decorrer do século XX o conceito de patrimônio teve seu escopo de estudo
estendido para os mais diversos campos, como a antropologia, a sociologia, a
geografia, o urbanismo, o turismo, dentre outros, adquirindo maior importância, como
salienta Zanirato e Ribeiro (2006) e resultou na valorização de aspectos que definem a
cultura de um povo e que necessitam ser salvaguardados, como a língua, os
instrumentos de comunicação, as relações sociais, os ritos, os comportamentos
46
O sentimento de persuasão, segundo HALBWACHS (2004: pp.51-2) é o que garante, de certa forma, a
coesão no grupo, esta unidade coletiva, concebida pelo pensador como o espaço de conflitos e
influências entre uns e outros. Ele atribui a antecedência de quadros sociais da memória e aos processos
de sua construção a função de coesão social.
130
coletivos, os sistemas de valores e crenças, as paisagens, áreas de interesse cultural
que passaram a ser vistos como referências culturais, assim como áreas de interesse
ecológico e ambiental (patrimônio natural).
Anico (2004) destaca que o patrimônio surge com o advento das sociedades
modernas, sendo considerado como a construção de um coletivo social, um instrumento
de formação de identidade que permite afirmar e legitimar grupos sociais, assim como
estabelecer estratégias para avaliações socioeconômicas e políticas públicas.
A autora aponta ainda o patrimônio como um artifício voltado ao fortalecimento
de um sentimento de pertencimento a um mesmo espaço simbólico, isto é, define o
patrimônio como uma síntese simbólica de valores identitários que contribuem para um
sentimento de pertencimento e de identificação de um coletivo social.
Quanto ao patrimônio natural, Zanirato e Ribeiro (2006, p. 251) destacam que ele
apresenta um amplo escopo, uma vez que, em geral, o conjunto a ser patrimonializado
busca preservar desde os recursos materiais até os relacionados ao conhecimento
tradicional a respeito dos usos dos recursos naturais/ambientais, de forma a garantir a
qualidade de vida da população.
Além desses, os autores identificam outros interesses relacionados à
conservação do patrimônio natural, principalmente a intenção de armazenar informação
genética nas áreas protegidas para uso futuro.
Gravari-Barbas (2003) salienta que a produção do patrimônio se constitui de
maneira emocional, intelectual e, principalmente, dinâmica, adaptando-se sempre aos
desejos, às sensibilidades, às interrogações, como também aos interesses da
sociedade envolvida.
131
Nesse campo dá-se a produção do patrimônio que se fundamenta nas
legitimidades históricas ou geográficas, embora a autora destaque que são os
produtores do patrimônio47 que elegem os elementos a serem patrimonializados. Esses
produtores tornam compreensível, visível e desejável a determinada coletividade a
emergência de tais elementos a patrimônio.
Segundo Santana (1998) pensar em patrimônio implica, pensar em identidades,
na medida em que patrimônio pode ser definido como uma síntese simbólica de valores
identitários que contribuem para um sentimento de pertença e de identificação de um
coletivo social.
A construção da identificação coletiva, as escolhas desse grupo (a vontade
pública) e a definição das políticas públicas através da ação dos ‘empreendedores do
patrimônio’ são questões inseridas no trabalho de Gravari-Barbas (2003). Ele analisa a
emergência de um elemento ao status de patrimônio a partir da articulação entre a
sensibilidade da sociedade em determinada época e as escolhas efetuadas pelos
‘empreendedores do patrimônio’, uma vez que são os empreededores que decodificam
a vontade pública e, a partir dela, formulam as políticas públicas definindo os emblemas
e símbolos representativos dessa sociedade.
Vargas (2006) investiga as disputas que se encontram por trás dos discursos de
sustentabilidade ambiental no Pantanal através dos inúmeros conflitos de interesses
estabelecidos nesse território, dentre os quais destacam-se: os desejos de
desenvolvimento, a presença de cultura tradicional e a patrimonialização da natureza.
47
Esses ‘empreendedores do patrimônio’, segundo Gravari-Barbas (2003) são responsáveis pela
seleção, triagem, demonstração, de explicação e interpretação do elemento a ser patimonializado. Esses
‘empreendedores’ podem ser homens do Estado ou de letras, artistas escritores, cujos papéis, implícitos
ou explícitos, são de definirem um primeiro corpus de patrimônio nacional.
132
Ao analisar a questão da patrimonialização da natureza, a autora salienta que o
patrimônio é uma construção histórica e política e afirma que o processo de construção
do patrimônio pode estar intrinsecamente associado ao processo de construção
territorial, tendo em vista que a construção patrimonial ocorre, em geral, a partir de
objetivos territoriais (territorialização, reterritorialização, desterritorialização).
A relação entre patrimônio, natureza e território pode fundamentar a identidade
ambiental metropolitana e será abordada no próximo item.
2.2.6.1.3.1 Patrimônio Natural Urbano
A noção de patrimônio natural, segundo Paes-Luchiari (2007), inovou ao
possibilitar a compreensão da natureza como parte da vida humana, como memória
coletiva, porém, para que esse entendimento se generalizasse, foi preciso superar a
visão do patrimônio como o monumento grandioso e intocável, distante da vida social.
Essa noção possibilitou ampliar o enfoque de estudos, como o apresentado por
Zanirato e Ribeiro (2006, p. 256), que aponta o patrimônio natural como uma área
natural que possui características singulares, como “... beleza cênica ou, ainda, ser
fundamental para o desenvolvimento de processos naturais, como ocorre com o
mangue, responsável pela reprodução de microrganismos que servem de base da
cadeia alimentar. que registram eventos do passado e a ocorrência de espécies
endêmicas.”
Nesse contexto, a inserção da natureza como parte da vida humana possibilitou
compreender que as características singulares de um patrimônio natural podem ser
133
definidas não apenas por símbolos ambientais, mas também por símbolos culturais que
atestam o caráter singular a uma determinada comunidade, possibilitando a construção
de um sentimento de pertencimento e de um ideal ambiental coletivo.
O sentimento de pertencimento ambiental e/ou cultural se constitui a partir do
vínculo social básico que une e identifica uma população a partir de seus referentes
ambientais e/ou culturais, que podem conduzir à patrimonialização48.
A patrimonialização é abordada no trabalho desenvolvido por Paes-Luchiari
(2007, p. 27) a partir do pressuposto que “... a compreensão de que o patrimônio
natural, material ou imaterial é, sempre dinâmica, mas a patrimonialização da natureza
é uma ação política e cultural”.
Portanto, é através do tombamento, considerado um fato político, que os
recursos naturais, os bens da produção material ou os bens intangíveis são eleitos
patrimônios culturais. Nesse contexto:
(...) quem elege determinadas paisagens naturais, bens tangíveis ou
intangíveis como possuidores do status para tombamento é a esfera
cultural e sociopolítica determinada por cada período histórico e
formação socioespacial. É esse processo que imprimi um novo valor as
paisagens naturais tornadas culturais. (PAES-LUCHIARI, 2007, p. 27)
Dessa forma, a construção do patrimônio natural dar-se-á pela valoração das
paisagens naturais que, segundo Vargas (2006), fundamentam a redefinição e
ressignificação do território/paisagem.
48
A patrimonialização da natureza é um fenômeno relativamente recente e tem se consolidado na
Europa, principalmente na França com a ressignificação das paisagens rurais.
134
Há de se ressaltar que cada patrimônio deve ser valorado quanto as suas
especificidades e singularidades e também deve ser considerada a relação de
identidade que os grupos sociais estabelecem com seus lugares referenciais.
Dessa forma, a relação de valoração não é a mesma para todos os bens, uma
vez que o que determinados grupos valorizam pode não ser valorizados por outros,
como afirma Paes-Luchiari (2007, p. 110):
(...) a discussão do patrimônio natural como memória da natureza e da
sociedade não pode estabelecer-se a partir de uma escala hierárquica
de valores baseada no quanto a área foi ou não transformada pelo
homem. O que importa em última instância é a relação de identidade
estabelecida entre os grupos e os lugares e, para isso, cada caso é um
caso de igual valor como patrimônio. Um maciço de eucalipto de Rio
Claro é tão importante quanto a Mata Atlântica da serra do Mar ou a
Floresta Amazônica, em função de constituírem-se portadores de
memória e identidade com os grupos sociais.
Diante desse contexto, a noção de patrimônio ambiental urbano deve ser
pensada a partir de um amplo escopo, na medida em que a idéia de patrimônio natural
se amplia para além dos testemunhos de uma beleza natural excepcional e inclui valor
em expressões de uma natureza transformada e apropriada socialmente. Essa natureza
‘comum’ e transformada em parques e áreas verdes urbanas, por exemplo, passam, em
razão de seu amplo uso, a constituir a memória e a identidade de grupos sociais e,
portanto, a possuir um amplo significado social baseado no reconhecimento de seus
valores sociais e afetivos.
Cabe ressaltar que, em geral, a valoração das paisagens naturais resulta da
ação dos poderes políticos, pois em uma sociedade plural a ativação patrimonial resulta
135
de um processo complexo de negociação entre os inúmeros atores sociais - dentre os
quais se destacam a população local, os técnicos, os acadêmicos e os políticos embora se reconheça que a ativação do patrimônio dependa, principalmente, da
atuação dos poderes políticos.
O Estado é o principal responsável pela maior parte dos processos de
patrimonialização de caráter territorial (local/regional), pois detém os meios para a
elaboração e veiculação de um repertório discursivo patrimonial e também é o principal
responsável por sua manutenção.
Dessa forma o Estado influencia diretamente na dinâmica socioeconômica
local/regional do território patrimonializado, na medida em que institui um conjunto de
normas e legislações para garantir sua proteção, estabelecendo/reforçando e/ou
definindo a identidade ambiental do território abrangido. Nesse contexto faz-se
necessário estabelecer um processo de negociação constante entre poder político instâncias regionais e locais - e sociedade tendo em vista estabelecer formas de
manutenção do elemento patrimonializado e de desenvolvimento das regiões.
A presença de um patrimônio natural inserido em região metropolitana influencia
diretamente em sua identidade ambiental, na medida em que a legislação que o protege
altera tanto a dinâmica socioeconômica dos municípios que a constitui quanto de toda
região.
136
2.7 CONSIDERAÇÕES
A revisão bibliográfica apresentada possibilitou delinear a construção teórica do
trabalho. No primeiro capítulo buscou-se contextualizar a questão ambiental
metropolitana frente à complexidade da sociedade de riscos e identificou-se a escala
mais apropriada ao desenvolvimento do trabalho.
O segundo capítulo buscou construir teoricamente a noção de capital social
institucional
considerada
como
um
dos
aspectos
essenciais
para
a
identificação/construção da identidade em regiões metropolitanas, assim como a noção
de Identidade Territorial Ambiental que acreditamos encontrar-se no cerne da
governabilidade metropolitana em questões ambientais.
A partir das definições obtidas, o terceiro capítulo apresenta o contexto em que
se insere a questão da governabilidade metropolitana em questões ambientais no Brasil
e apresenta a seleção e a análise das Regiões Metropolitanas, assim como as
instituições
que
acreditamos
serem
as
principais
responsáveis
pela
identificação/construção das identidades ambientais metropolitanas.
137
138
CAPÍTULO III
3. GOVERNABILIDADE METROPOLITANA
Este capítulo aborda os problemas associados à governabilidade em regiões
metropolitanas brasileiras e a influência dos órgãos/instituições na formação de uma
identidade ambiental metropolitana. É necessário, inicialmente, fazer a contextualização
da governabilidade metropolitana no cenário latino-americano que pode auxiliar a
compreensão do processo de metropolização e de institucionalização das regiões
metropolitanas no Brasil e, posteriormente, na análise dos órgãos/instituições
selecionadas.
3.1 O CENÁRIO LATINO-AMERICANO
Como abordado anteriormente, inúmeras foram as transformações urbanas
ocorridas nos países Latino-americanos durante o século XX que resultaram no que
Castells
(2006)
denominou
urbanização
dependente.
O
rápido
crescimento
demográfico, socioeconômico e espacial das aglomerações urbanas metropolitanas na
América Latina, estruturou-se a partir da associação de um governo centralizado forte e
de estratégias autoritárias de desenvolvimento nacional com pouca ou nenhuma
participação dos atores locais. Esse contexto se evidenciou a partir da Segunda Guerra
Mundial, como destaca Klink (2003, p. 154):
139
(...) A partir de la Segunda Guerra Mundial, se hizo cada vez más
evidente que la transición rural-urbana había ocurrido relativamente
rápido en Latinoamérica y que la mayoría de las ciudades de la región
había
sido
escenario
de
intensas
contradicciones
sociales
y
ambientales, dando lugar a potencialidades imprevistas en materia de
generación de empleo, ingreso y riqueza. Dada la escasez de recursos
humanos y financieros disponibles, las estrategias de industrialización y
desarrollo se concentraron espacialmente en unos pocos centros
urbanos que rápidamente se convirtieron en regiones metropolitanas.
Devido ao rápido processo de metropolização ocorrido nos países latinoamericanos, as regiões metropolitanas se configuraram em espacilialidades cujo
conjunto
de
municípios
apresenta
realidades
socioeconômicas
e
culturais
diversificadas. As diversas realidades municipais podem ser aferidas em questões
como os diferentes níveis de prestação e de eficiência dos serviços de infraestrutura e
outros serviços urbanos, em muitos casos impróprios para suprir as necessidades do
rápido aumento da população urbana e para subsidiar o desenvolvimento de suas
atividades econômicas, assim como a qualidade de vida dessa população.
Se por um lado, na década de 1960, as regiões metropolitanas adquiriram
grande importância na estratégia econômica, por outro se tornaram o locus dos mais
graves problemas sociais e ambientais resultantes do rápido e desequilibrado
crescimento estrutural. Esses problemas levaram vários países a buscarem formas de
construir canais de governabilidade nessas regiões através de iniciativas de caráter
vertical, as quais, para esse contexto, mostraram-se inadequadas.
140
Foi somente a partir da década de 1980 que os estudos a respeito da
governabilidade metropolitana ampliaram as discussões sobre as diferentes funções
das regiões metropolitanas e das cidades região frente a uma economia globalizada,
como destaca Klink (2003, p. 154):
A partir de la década de 1980, comenzó un nuevo impulso del debate
sobre gobernabilidad metropolitana en Latinoamérica, pero esta vez
dentro de una configuración socioeconómica e institucional distinta. En
adición y complementariedad a los procesos de descentralización y
democratización (....), las partes directamente interesadas del sector
privado, la sociedad civil y las ONGs están reclamando nuevas
funciones
dentro
del
programa
de
política
de
las
ciudades
metropolitanas y regiones latinoamericanas.
A globalização ocorrida a partir da década de 1980 acarretou fortes mudanças
nas regiões metropolitanas latino-americanas, segundo Klink (2003), uma vez que
essas refletiram de forma mais dramática as mudanças socioeconômicas do novo
modelo de desenvolvimento econômico e, consequentemente, influenciaram na
governabilidade metropolitana, na medida em que:
(...) el nuevo liderazgo democrático de las metrópolis latinoamericanas
tiene ante si la responsabilidad de resolver varias de las necesidades
más apremiantes como son el desempleo y la reducción de los niveles
de ingreso, el deterioro de la calidad de vida y del medioambiente, y la
polarización social. (STREN, 2000).
141
Mas o que se verifica no caso latino-americano é ausência ou ineficiência de
estruturas de gestão, institucionais e financeiras condizentes com as necessidades das
espacialidades. Em geral as estruturas formais para a governabilidade metropolitana,
quando existem, encontram-se inseridas em regimes autoritários e centralizadores e
são implementadas a partir de uma estrutura vertical com pouca participação das partes
diretamente interessadas, embora os movimentos de democratização tenham
possibilitado a alguns países ampliar os canais de governabilidade metropolitana.
Dentre as experiências latino-americanas de governabilidade metropolitana, Klink
(2003) destaca as de Santiago do Chile, Buenos Aires e São Paulo, além da Cidade do
México, como casos emblemáticos que apontam para a necessidade de um novo
programa de governabilidade metropolitana para a próxima década.
Contudo, para o desenvolvimento desse programa faz-se necessário ampliar os
conhecimentos
associados
à
formação
e
à
institucionalização
das
regiões
metropolitanas, uma vez que de acordo com a OCDE (2001) não existe um único
modelo de governabilidade metropolitana que possa ser utilizado por todas as RMs,
pois a configuração metropolitana e a gestão das cidades que a constitui dependerá de
uma série de antecedentes políticos, econômicos, sociais e históricos de cada país.
O item a seguir busca apresentar essas informações para as regiões
metropolitanas brasileiras.
142
3.2 INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS REGIÕES METROPOLITANAS BRASILEIRAS E
DAS QUESTÕES AMBIENTAIS
Assim como em alguns dos países da América Latina, as primeiras discussões a
respeito das questões metropolitanas brasileiras ocorreram na década de 1960.
Essas discussões tiveram origem em reuniões técnicas cujo principal enfoque
era analisar o fenômeno da metropolização e buscar soluções específicas para as
questões de âmbito metropolitano, dentre as quais destacam-se o Seminário de
Habitação e Reforma Urbana realizado em 1963 pelo Instituto de Arquitetos do Brasil
(IAB) em que foram apresentadas as experiências realizadas em alguns estados. A
partir dessas foi proposta a criação de Órgãos de administração que consorciassem as
municipalidades para os problemas comuns, tendo em vista a governabilidade
metropolitana (Azevedo et al, 2000).
Nesse mesmo período o Poder Público de alguns Estados, como o Rio Grande
do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia, já reconheciam a importância
de criar canais de gestão intermunicipal e colocaram em prática algumas dessas
experiências, conforme o Quadro 3:
143
Quadro 3: Ações do Poder Público que impulsionaram a formação das Regiões
Metropolitanas Brasileiras
Região metropolitana
Ação do Poder Público
O diagnóstico da cidade elaborado pela Sociedade de Análises
Gráficas e Mecanográficas Aplicadas a Complexos Sociais
(SAGMCS) registrou a existência e necessidade de equacionar
algumas questões de âmbito metropolitano. Esse diagnóstico
resultou na institucionalização, pelo governo estadual, de um grupo
São Paulo
para desenvolver um estudo sobre metropolização - o Grupo
Executivo da Grande São Paulo (GEGRAM). Criado na década de
1960, o GEGRAM associou-se aos órgãos setoriais de âmbito
metropolitano (abastecimento de água e distribuição de alimentos)
para cumprir o seu objetivo.
Na década de 1960 a área metropolitana do Rio de Janeiro abrangia
Rio de Janeiro
territórios de dois Estados. Por esse motivo o Governo Federal criou
o Grupo de Estudos da Área Metropolitana (GERMET).
No final da década de 1950 a questão metropolitana já havia sido
diagnosticada por estudo realizado pela Sociedade de Análises
Belo Horizonte
Gráficas e Mecanográficas Aplicadas a Complexos Sociais
(SAGMCS) que resultou na elaboração do Plano Preliminar da
Região Metropolitana de Belo Horizonte.
A Companhia de Desenvolvimento do Recôncavo (CONDER) foi
Salvador
criada na década de 1960, pelo Governo do Estado, com o objetivo
de atuar na região metropolitana de Salvador.
Fonte: elaborada pelo autor
As experiências citadas no Quadro 3 certamente contribuíram para a inclusão da
questão metropolitana na Constituição Federal de 1967, promulgada durante o Regime
Militar. Essa Constituição incorporou a questão metropolitana tornando-a objeto de
estudos para a definição de critérios para delimitação e organização administrativa das
regiões metropolitanas.
A partir daí os estudos resultaram na Lei Complementar no14 de 1973 que levou
a institucionalização das regiões metropolitanas49. Inicialmente foram criadas as RMs
de São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, Belém e
49
A Lei Complementar Federal n. º 14, de 8 de junho de 1973 define regiões metropolitanas como “um
conjunto de municípios contíguos e integrados social e economicamente a uma cidade central, com
serviços públicos e infraestrutura comuns”. (Moura et al, 2004)
144
Fortaleza. A Região Metropolitana do Rio de Janeiro foi criada por Lei Complementar
Federal no 20 em 1974.
A Lei Complementar no14 impunha a participação compulsória dos municípios
que constituem a região metropolitana nos assuntos de caráter regional, ou seja, nos
assuntos como a realização de serviços comuns de interesse metropolitano
(saneamento básico, planejamento integrado de desenvolvimento social e econômico,
controle de poluição ambiental, transportes, sistema viário etc.).
Essa lei, porém, desconsiderava as especificidades regionais na medida em que
dispensava a todas as regiões metropolitanas um tratamento homogêneo. Por conta
dessa homogeneização, muitas das experiências bem encaminhadas e que estavam
em curso tiveram que ser abandonadas.
Segundo Fernandes Junior (1984), ao estabelecer um tratamento homogêneo
para as questões metropolitanas, a Lei Complementar no14 atribui a gestão
metropolitana a um conselho deliberativo50 e a um conselho consultivo51, os quais
deveriam ser apoiados por entidades técnicas de planejamento criadas pelo governo do
Estado com o objetivo de implementar políticas de desenvolvimento dessas regiões.
Contudo, os conselhos eram constituídos, em sua maioria, por funcionários nomeados
pelo governo do Estado que, de certa forma, limitava a implementação de ações
compartilhadas.
50
O conselho deliberativo, que detinha algum poder de decisão, era presidido e tinha a maior parte de
seus membros escolhido pelo governo do Estado, o que limitava as ações compartilhadas.
51
O conselho consultivo era constituído por representantes de todos os municípios, porém esses
municípios não tinham poder de decisão, apenas uma representação simbólica em que os municípios
poderiam apresentar sugestões. (Azevedo e Guia, 2000)
145
Outro aspecto a ser destacado refere-se ao fato de que a Lei não previa
mecanismos financeiros, nem autonomia administrativa que permitisse viabilizar a ação
desses conselhos.
Mesmo apresentando alguns problemas, a Lei Complementar no14 possibilitou
abordar duas questões importantes: definiu e esclareceu o conceito de interesse
comum metropolitano – confirmando em nível nacional a importância da escala
metropolitana para a equação de problemas comuns e ampliou a preocupação com o
ordenamento do uso e da ocupação do solo.
Vale ressaltar que as primeiras regiões metropolitanas foram institucionalizadas
durante o Regime Militar e se consolidaram como locus do processo de produção
industrial, pois foram criadas no cerne de uma política nacional de desenvolvimento
urbano intrinsecamente associada à expansão das multinacionais como forma de
produção industrial.
Moura et al (2004) destaca que esse período foi marcado pela centralização
político-financeira da União, cabendo aos Estados federados a responsabilidade formal
na implementação da gestão metropolitana, em detrimento dos municípios, ou seja, foi
criado um modelo que além de centralizador era autoritário. Contudo, o modelo permitia
a implementação de vários projetos de interesse metropolitano, como os de
saneamento, de transporte coletivo e de tráfego urbano, uma vez que esse modelo
apresentava estrutura institucional e disponibilidade de recursos federais.
Esse período, segundo Moura et al (2004), refere-se a primeira das três fases
distintas que marcaram o processo de implementação das regiões metropolitanas no
Brasil.
146
Durante esse período, o governo Federal buscou atrair novas indústrias para o
país através de um modelo de desenvolvimento que se baseava na exploração
predatória dos recursos naturais considerados infinitos e em sistemas industriais muito
poluentes. Essa posição foi ratificada durante a Conferência de Estocolmo em 1972 na
qual o Brasil se destacou como um dos principais países a se prontificar para receber
indústrias poluentes vindas dos países do Norte, o que contrariava o contexto
internacional que reconhecia a importância da minimização e equacionamento dos
problemas ambientais oriundos dos processos industriais.
Porém, o inicio do processo de redemocratização - que fortaleceu os novos
atores sociais, principalmente as prefeituras e os movimentos populares cujas
demandas não eram contempladas pelas agendas das entidades metropolitanas; e a
crise financeira - que estancou os investimentos federais nas regiões metropolitanas
acarretando o desmonte dos organismos federais que atuavam na promoção do
desenvolvimento urbano, tornaram visíveis às brechas institucionais e a fragilidade do
sistema de planejamento metropolitano.
Esses fatores marcaram o início da segunda fase do processo de implementação
das regiões metropolitanas no Brasil que se caracteriza pelo reconhecimento da
autonomia municipal por parte da Constituição Federal de 1988. A partir desse
momento a responsabilidade pela implementação é transferida para os Estados
Federados em detrimento da União, conforme o Artigo 25 da Constituição Federal, que
estabelece que: “(...) os Estados poderão mediante a lei complementar instituir regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões constituídas por agrupamentos
147
de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de
funções públicas de interesse comum” (MARES GUIA, 1993).
Ao atribuir aos Estados a competência para criar regiões metropolitanas e definirlhes um modelo institucional que lhes dará sustentação, a Constituição Federal de 1988
possibilitou o estabelecimento de um novo acordo político institucional entre os diversos
atores que constituem o cenário metropolitano, permitindo o surgimento de estruturas
mais flexíveis que puderam se adequar às especificidades de cada região.
O novo modelo institucional metropolitano foi estruturado, portanto, a partir da
celebração de um novo pacto federativo que institucionalizou mecanismos de
descentralização e democratização da gestão, o que ampliou a autonomia financeira
dos Estados e principalmente a autonomia dos municípios.
Essa fase se caracterizou pela hegemonia da retórica municipalista, dentro da
qual a questão metropolitana era identificada com os desmandos do governo militar, o
que induz a resistência explícita dos municípios à gestão metropolitana.
Deve-se destacar ainda que o destino das agências e órgãos metropolitanos
ficou, nesse contexto, sob a responsabilidade de seus respectivos governos estaduais,
o que levou a extinção e/ou enfraquecimento de alguns órgãos e agências
metropolitanas, uma vez que, segundo Azevedo e Guia (2000, não havia em boa parte
dos municípios que constituíam as regiões uma consciência metropolitana, o que
dificultou ou impossibilitou as ações de cunho regional.
Ao analisar as constituições estaduais, Azevedo et al (2002) salientam que essas
legislações pouco têm contribuído com as questões relacionadas à governabilidade
metropolitana e apontam que alguns dos Estados, como Acre, Roraima, Tocantins, Rio
148
Grande do Norte, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul sequer mencionam o tema,
enquanto outros reproduzem apenas as mesmas cláusulas da Constituição Federal.
Quanto à questão ambiental durante esse período, o governo tentou construir
uma imagem de país ambientalmente responsável através de ações como a criação do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA) e a elaboração
de um capítulo inovador e avançado para a questão de meio ambiente na Constituição
de 1988 – principal marco da ação pública para a área ambiental.
Porém, essas ações pouco influenciaram na qualidade ambiental dos municípios,
quiçá das regiões metropolitanas.
Posteriormente, na década de 90, o governo brasileiro tentou concluir a mudança
iniciada na área ambiental no final dos anos 80. Para tanto, visou uma política exterior
responsável com relação aos problemas ambientais globais, com o objetivo de
fortalecer a imagem do Brasil como um país ambientalmente responsável.
Contudo, com o impeachment de Collor em 1992, houve uma crise geral de
governabilidade no país que provocou uma séria crise de continuidade na política
ambiental. A questão de desenvolvimento socioeconômico está vinculada, desde a crise
de 92 até os dias atuais, aos problemas de degradação ambiental, embora, segundo
Ferreira (1996), vários acontecimentos na área das políticas ambientais possam ser
considerados relevantes na história brasileira recente, principalmente as que ocorrem
no âmbito local.
Esse período coincide com a terceira fase do processo de implementação das
regiões metropolitanas iniciada nos anos 90, com a reforma do Estado e o processo de
privatização.
149
A terceira fase, de acordo com Moura et al (2004), caracteriza-se pela celebração
de parcerias e consórcios entre municípios metropolitanos, pelo envolvimento dos
consórcios intermunicipais e pela formação de convênios em regiões conurbadas que
buscavam resolver os problemas associados ao saneamento ambiental e a gestão dos
recursos hídricos.
Observa-se, também, o surgimento de iniciativas embrionárias de formação de
redes nacionais com o objetivo de discutir as questões metropolitanas e de associações
civis de várias matizes e de representações da iniciativa privada em conselhos e
manifestações públicas, algumas, inclusive, de caráter socioambiental.
Mesmo tendo sua existência reconhecida pela Constituição Federal, as regiões
metropolitanas não configuram unidade federativa ou entidade autônoma de governo,
uma vez que a experiência de poder no Brasil inclui definições precisas de esferas
administrativas – federal, estadual ou municipal – ou seja, não contempla instâncias
intermediárias, o que acaba por gerar um vazio institucional.
Essa problemática é também observada pelo o Ministério das Cidades (2003) ao
enfatizar que o atual desenho institucional de gestão metropolitana contém problemas
de natureza institucional, política e de financiamento e, consequentemente, não
apresenta mecanismos claros de enfrentamento dos problemas metropolitanos, além de
acrescentar a necessidade de repactuação da federação em torno da questão
metropolitana, assim como a necessidade de se implementar uma identidade ou
percepção da dimensão metropolitana, de forma que possibilite ampliar as demandas
para a criação e implementação de programas e políticas públicas condizentes com
essa dimensão.
150
Devido à ausência de uma fonte de recursos permanente que apóie uma política
nacional metropolitana, o que temos hoje são mecanismos de cooperação entre
municípios com problemas institucionais e de financiamento ou ainda soluções
adotadas isoladamente por municípios que, muitas vezes, são impróprias às exigências
regionais.
Essa situação ocorre devido à fragmentação governamental, associada à
dispersão de agências e estruturas setoriais responsáveis pelo planejamento e
execução das funções públicas de interesse comum – saneamento ambiental,
transporte, educação, entre outras. A superposição de leis e decretos tem dificultado e
comumente inviabilizado a eficácia do planejamento e gestão de questões
metropolitanas, desafiando a governabilidade nessas regiões.
3.2.1 Configuração das Metrópoles Brasileiras
Nos anos 1990, Santos (1993) apontava uma tendência à aceleração do
fenômeno da urbanização no Brasil assim como a expansão da metropolização e a
consolidação de novas aglomerações. Esse cenário se confirmou na década seguinte
conforme o estudo realizado pelo IPEA (2002) que apontou a existência de 49
aglomerações, sendo que 12 polarizadas por metrópoles, cuja principal característica é
a dissolução da fronteira entre os municípios (conurbação).
Essa
realidade
já
havia
sido
detectada
em
estudo
realizado
pelo
IPEA/IBGE/NESUR (1999) que destacava diferentes tipos (formas) de regiões
metropolitanas, como as que foram instituídas a partir de 1973 por iniciativa Federal
151
durante o regime militar e as criadas a partir de 1994 pela iniciativa dos Estados,
fundamentadas nos termos de política urbana que a Constituição de 1988 delegou aos
governos de unidades da federação.
Dentre as metrópoles instituídas recentemente, algumas diferenças podem ser
salientadas quando comparadas com as instituídas no período anterior, como o fato de
que algumas não atingiram um milhão de habitantes ou mais e de nem todas serem o
centro, uma capital de estado, mas abrangerem espaços sub-regionais e cidades não
capitais.
Alguns autores, como Davidovich (2001), questionam a legitimidade das
metrópoles instituídas pela ação do Estado, ou seja, questionam até que ponto elas
podem ser identificadas nessa categoria, visto que algumas delas não estariam em
conformação com os critérios que usualmente caracterizam as aglomerações
classificadas como metrópoles. Dentre esses critérios pode-se destacar a densidade
demográfica e econômica da população que compõem a metrópole, a presença de
migração pendular e de acessibilidade.
A questão que Davidovich (2001, p. 62) coloca diz respeito ao significado das
atuais políticas de concentração urbana adotadas pelas unidades da federação. Nesse
sentido, a autora questiona até que ponto:
(...) as novas regiões metropolitanas, mesmo aquelas que correspondam
a políticas de legitimação e de elevação do “status” do executivo
Estadual atendem a intencionalidade de “recriação” de forças de
aglomeração, que tem sido fator de crescimento econômico e de
valorização do capital. É válido, além disso, considerar a adoção de
152
exemplos bem sucedidos de consórcios intermunicipais na obtenção de
recursos federais (seguro desemprego, habitação, ensino e outros.
Acredita-se que a multiplicação de regiões metropolitanas por todo o país esteja
associada à captação de excedentes e da disputa de recursos em um contexto de
escassez. Dessa forma se estabelecem diferentes categorias de grandeza cuja
importância se reflete na diversidade de tamanhos das regiões metropolitanas, assim
como nas especificidades inerentes a cada dimensão.
Contudo, essas regiões metropolitanas apresentam comumente fragilidades
associadas a sua ‘construção’, uma vez que em geral não possuem ‘forças cumulativas’
para absorção das inovações e para a atração de capitais. Por isso as regiões
metropolitanas recentes não apresentam uma situação consolidada e, por conseguinte,
têm força de atração de investimentos e confiabilidade reduzidas, se comparadas as
metrópoles antigas. (IPEA, 2002)
A
formação
dos
aglomerados
metropolitanos
é
abordada
em
estudo
desenvolvido pelo IPEA (2002) a partir de temas como a hierarquia de espaços urbanos
e a identificação de aglomerações de caráter metropolitano e não metropolitano. Esse
estudo
afirma
que
a
aglomeração
metropolitana
resulta
da
dinâmica
das
transformações geradas pelo município sede que extrapola o perímetro urbano e
engloba os centros urbanos vizinhos originando novos centros e reconfigurando, dessa
forma, os limites de abrangência da aglomeração metropolitana.
O estudo analisa ainda as aglomerações metropolitanas a partir de suas
diferenças estruturais e aponta que essas diferenças estão relacionadas a
153
características como densidade, topologia e a configuração hierárquica da rede de
cidades.
As diferenças estruturais fundamentam também o estudo desenvolvido pelo
Observatório das Metrópoles/ IPARDES/ FASE (2004) que se refere ao processo de
individualização dos espaços metropolitanos e destaca que esses se estruturam a partir
da posição estratégica que o espaço urbano ocupa no interior da rede urbana, tendo em
vista a complexidade de funções urbanas que ela apresenta.
O estudo aponta ainda que a individualização dos espaços metropolitanos dá-se
através da relação entre os municípios que compõem o espaço metropolitano e seu
município sede e da relação identificada a partir da noção de centralidade que se
fundamenta em indicadores relacionados ao grau de importância de cada espaço
urbano que constitui a região e não apenas do município pólo.
Tais indicadores se baseiam na complexidade, na diversidade de funções e na
sua abrangência espacial, no papel de comando e coordenação em relação à rede
urbana, no tamanho populacional e econômico, na diversidade do mercado de trabalho,
na concentração de perícia, conhecimentos e serviços avançados e no progresso
tecnológico - dimensões que qualificam as principais aglomerações urbanas de um
país.
Portanto, cada Região Metropolitana apresenta dinâmicas e características
socioeconômico-culturais e ambientais que as individualiza, ou melhor, que constitui
uma identidade. Diante da diversidade estrutural das RMs, o presente trabalho parte do
pressuposto de que, quando duas ou mais RMs são expostas a um mesmo problema
ambiental, mesmo que submetidas a mesma legislação e políticas públicas,
154
apresentarão respostas individualizadas em razão de suas diferentes identidades
ambientais metropolitanas
Tendo em vista investigar essa hipótese, buscamos reduzir as variáveis que
pudessem ampliar as diferenças, como por exemplo duas regiões metropolitanas com
legislações ambientais estaduais diferentes.
Optamos, diante desse contexto, por um recorte operacional em que serão
analisadas duas regiões metropolitanas, no caso a Região Metropolitana de São Paulo
(RMSP) e a Região Metropolitana de Campinas (RMC), ambas localizadas no Estado
de São Paulo e submetidas às mesmas políticas públicas, legislação federal e estadual
e as ações das mesmas instituições.
Tendo em vista que tais órgãos/instituições serão analisados a partir de suas
atuações nas políticas referentes à questão ambiental na RMSP na RMC, faz-se
conveniente contextualizar a emergência da questão ambiental no estado de São
Paulo.
3.2.2 A Política Ambiental no Estado de São Paulo
As primeiras ações do governo do Estado de São Paulo relacionadas ao meio
ambiente que deram origem, posteriormente, à política ambiental estadual estão
relacionadas basicamente à qualidade da água e do ar e têm como marco a
constituição da Comissão Intermunicipal de Controle da Poluição das Águas e do Ar,
em 1965, que reuniu para esse fim a participação de diversos setores da sociedade
preocupados com a questão ambiental (FERREIRA, 1992).
155
A década de 70 foi marcada por inúmeras ações referentes à questão ambiental,
principalmente em relação à poluição do ar e das águas, tanto as oriundas do governo
estadual, como as da sociedade civil e de intelectuais.
Uma série de manifestações explícitas contra os caminhos tomados pela política
ambiental no âmbito estadual e federal marcou os anos 80. No âmbito do estado de
São Paulo, Ferreira (1992) ressalta algumas críticas a capacidade limitada da
Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) em promover a
melhoria da qualidade de vida da população do estado e denuncia estratégias que
resultaram em movimentos sociais de apoio a questão ambiental, pois enfocavam a
questão ambiental apenas sob o aspecto da poluição.
Também durante a década de 1980, as entidades ecológicas sofreram
significativas transformações relacionadas à sua politização e a capacidade de
incluírem outros segmentos da sociedade, como a introdução dos profissionais liberais
e promotores públicos que criaram a Curadoria do Meio Ambiente no estado.
Contudo, foi somente no final da década de 1990, que o governo do estado
demonstrou real interesse pela qualidade ambiental de seus municípios, através da
implementação de alguns mecanismos (como o Licenciamento Ambiental) e
instrumentos (dentre os quais o Termo de Ajustamento de Condutas e o EIA/RIMA) e
ações baseadas na legislação ambiental estadual. Até a década de 1990, a Política de
Meio Ambiente e Recursos Naturais do Estado de São Paulo, assim como as políticas
ambientais dos demais estados, em maior ou menor grau, priorizavam ações voltadas
aos aspectos mais conservacionistas da questão ambiental e as questões que não
envolviam conflitos mais significativos entre os diversos atores sociais envolvidos.
156
Alguns dos principais marcos relacionados à política ambiental no Estado de São
Paulo ocorridos entre as décadas de 1960 e 2010 podem ser verificados no Quadro 4,
juntamente com alguns marcos políticos:
157
Quadro 4: Marcos e/ou Instrumentos Estaduais Ambientais frente ao contexto Político Nacional
REGIME DITATORIAL-MILITAR (1964 – 1989)
CONTEXTO POLITICO NACIONAL
Fase 1: constituição do regime político ditatorialmilitar (governos Castello Branco e Costa e
Silva)
• 1964 - Golpe de Estado
• 1965 - Extinção dos partidos políticos e a eleição
de Presidente da República é tornada indireta;
• 1967- Nova Constituição e posse de Costa e Silva
e início da luta armada.
• 1968 - Início dos protestos estudantis e aumento da
repressão política.
Fase 2: consolidação do regime ditatorial-militar
• 1969 – Costa e Silva adoece e Junta Militar
assume o governo. Médici é escolhido Presidente da
República. Nova Constituição
• 1973 - Refluxo da luta armada e Médici anuncia
seu sucessor
• 1974 - Eleição congressual (indireta) Geisel
ANO
1965
1970
1971
1973
1974
Fase 3: transformação do regime ditatorial-militar
• 1974 - Posse de Geisel e é anunciada a política de
modificação do regime
• 1974 - Vitória do MDB nas eleições senatoriais;
• 1977 - Geisel fecha o Congresso Nacional e
demissão do Ministro do Exército
• 1979 - Revogação do Ato Institucional n. 5
1975
Fase 4: desagregação do regime ditatorial-militar
(governo Figueiredo)
• 1979 - Posse de Figueiredo e extinção dos partidos
políticos Arena e MDB
1976
MARCOS/Instrumentos Estaduais
Constituição da Comissão Intermunicipal de controle da poluição das águas e do ar
(CIPAA) – visava o monitoramento da qualidade das águas e do ar no ABC e Mauá,
foi constituído por diversos setores preocupados com a questão ambiental.
Formulação do Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado com o objetivo de
direcionar o crescimento da capital, a fim de minimizar o risco de poluição de água e
proteger os mananciais, além de combater a poluição ambiental.
Prioridade dos programas de controle da poluição atmosférica nas regiões da Grande
São Paulo, ABC e em Cubatão.
Instituído o Fomento Estadual de Saneamento Básico (FESB) que incorpora a CIPAA,
e posteriormente a CETESB
Criação da Superintendência de Saneamento Ambiental (SUSAM) da Secretária de
Saúde, responsável pela execução do programa de saneamento ambiental em todo o
Estado de São Paulo, além de assumir o controle da poluição atmosférica
incorporando patrimônio, direitos e atribuições da CIPAA
Implantação da CETESB (Companhia Estadual de tecnologia de Saneamento Básico
e de Controle de Poluição das Águas), com o objetivo de controlar a poluição das
águas e serviços de engenharia sanitária
Ocorrência de importantes eventos associados à questão ambiental dentro da
comunidade científica
Poluição hídrica em Santana do Parnaíba (invasão de espuma pela utilização de
detergentes não biodegradáveis) que trouxe a questão da poluição ao conhecimento
da opinião pública.
Legislação de Proteção dos Mananciais para a RM - Disciplinou o uso do solo para a
proteção dos mananciais, cursos e reservatórios de águas e demais recursos hídricos
da Região Metropolitana da Grande São Paulo, em cumprimento à Lei nº 94, de
29/5/74. Primeira lei específica de proteção às represas e outros corpos d'água da
Região Metropolitana. Foi precursora da LPM instituída em 1997.
Instituição da Comissão Técnica de Meio Ambiente na Assembléia Legislativa e a
Proposição de Planos de Controle Ambiental pela SEMA e CETESB,
158
Quadro 4 (cont.): Marcos e/ou Instrumentos Estaduais Ambientais frente ao contexto Político Nacional
CONTEXTO POLITICO NACIONAL
ANO
REGIME DITATORIAL-MILITAR (1964 – 1989)
1980
Fase 4: desagregação do regime ditatorialmilitar (governo Figueiredo)
• 1980 - Greves operárias São Paulo)
• 1981 – Golbery pede demissão do governo
• 1982 - Eleições diretas para governadores dos
estados; maioria oposicionista na Câmara dos
Deputados
• 1984 - Derrotada a emenda das eleições diretas
• 1985 - Vitória da oposição na eleição para
Presidente da República e posse de José Sarney
Fase 5: transição, sob tutela militar, para o
regime liberal-democrático (governo Sarney)
• 1985 – Falece Tancredo Neves; emenda
constitucional restabelece eleições diretas para
Presidente da República)
• 1986 – Anunciado o Plano Cruzado contra a
inflação e vitória do PMDB nas eleições gerais
• 1988 - Promulgada nova Constituição;
• 1989 - Início da campanha para as eleições
presidenciais) e Collor de Mello vence as eleições
presidenciais)
1982
1983
1984
1985
1986
1989
MARCOS/Instrumentos Estaduais
Conscientização do poder executivo estadual a respeito da questão da poluição no município de
Cubatão
Intervenção Federal no caso de Cubatão, através da criação de uma Comissão interministerial
para tratar a prevenção ambiental na cidade.
Grupo de trabalho da SBPC propõe avaliar as atividades dos órgãos estaduais e federais em
relação à Cubatão, e constata que as informações sobre os lançamentos de substâncias
poluentes no ar estavam sendo minimizadas pelos meios oficiais
Mobilização da comunidade acadêmica, em razão das controvérsias em torno do uso de
pesticidas na agricultura
Criação do CONSEMA (Conselho Estadual do Meio Ambiente) que permitiu ampliar a
representatividade, por ser constituído por órgãos governamentais envolvidos com a questão
ambiental e pela sociedade civil e a criação dos Conselhos Municipais de Defesa do Meio
Ambiente (CONDEMA)
voltado a
empresas e consórcios que precisem investir na redução de poluição, e tratamento de resíduos,
seja para comprar equipamentos, ampliar ou manter estas operações.
Cetesb anuncia Plano de Ação para o Controle da Poluição Ambiental de Cubatão;Aprovação da
Política Estadual do Meio Ambiente que fixa prioridades e estipula prazos variáveis que esses
sejam executados.
O Ministério Público aprova lei que cria a ação civil pública em defesa do meio ambiente e a
Procuradoria Geral cria a coordenação da Curadoria de meio Ambiente.
Implantação da Secretaria do Meio Ambiente - que posteriormente, agrega a CETESB – e a
criação do Sistema Estadual do Meio Ambiente
A Constituição Estadual de controle de Poluição Ambiental que estabelece regras conciliatórias
do desenvolvimento sócio-econômico-urbanístico com a preservação do Patrimônio ambiental e
cultural.
159
Quadro 4 (cont.): Marcos e/ou Instrumentos Estaduais Ambientais frente ao contexto Político Nacional
REGIME LIBERAL DEMOCRÁTICO (1989 –
2010)
CONTEXTO POLITICO NACIONAL
Fase 6: consolidação do regime liberaldemocrático (governos Collor, Itamar Franco e
Fernando Henrique Cardoso)
ANO
1991
• 1990 - Posse do Presidente eleito, Fernando
Collor de Mello; anunciado o Plano Collor
• 1991 - Anunciado o Plano Collor II;
• 1992 – impedimento do Presidente Collor; o vicePresidente Itamar Franco assume a Presidência
da República;
• 1994 - Lançado o Plano Real;
1992
1994
MARCOS/Instrumentos Estaduais
Implantação da política que disciplina o uso e a gestão dos recursos hídricos no Brasil.
Estabelecer uma política pública significa ter metas claras do que se quer atingir e implantar
estrutura institucional para tratar da questão. Com relação à água, significa garantir sua
qualidade e a quantidade para atender às demandas sociais, econômicas e recursos financeiros
para possibilitar essas condições. Todos esses princípios estão expressos na Lei 7663 de 1991.
O “Pacto das Águas - São Paulo” tem como proposta radicalizar a participação, a
descentralização e o alcance de metas estratégicas para que tenhamos uma melhora sensível
em relação à qualidade e quantidade das águas dezembro o movimento se estenda a todos os
municípios paulistas.
Fundo Estadual de Recursos Hídricos -
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Política Estadual de Recursos Hídricos - Assegura o direito ao uso da água em padrões de
qualidade satisfatórios, por seus atuais usuários e pelas gerações futuras, em todo o Estado.
Essa política possibilitou a implantação do Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos
Hídricos e a elaboração, implantação e atualização permanente do Plano Estadual de Recursos
Hídricos.
Programa Guarapiranga - Visa à recuperação ambiental da Bacia do Guarapiranga, envolvendo
obras de urbanização de favelas e em loteamentos irregulares, a serem realizadas em conjunto
com órgãos estaduais.
Comitê Metropolitano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê - Fomentar a discussão a respeito do
futuro das águas das bacias que compõe a RMSP, de forma a gerenciá-las adequadamente e
implementar mecanismos de participação da sociedade. Contudo somente a partir de 1996
foram iniciados efetivamente os trabalhos.
160
Quadro 4 (cont.): Marcos e/ou Instrumentos Estaduais Ambientais frente ao contexto Político Nacional
CONTEXTO POLITICO NACIONAL
REGIME LIBERAL DEMOCRÁTICO (1989 – 2010)
Fase 6: consolidação do regime liberaldemocrático (governos Collor, Itamar
Franco e Fernando Henrique Cardoso)
ANO
1995
• 1995 - Posse do Presidente eleito, Fernando
Henrique Cardoso;1997 - Aprovada a emenda
que permite a reeleição do Presidente da
1997
República e dos titulares dos poderes
Executivos municipais e estaduais
• 1999 - Posse do Presidente reeleito,
Fernando Henrique Cardoso.
1998
2002
• 2000 – Vitória dos partidos de oposição nas
eleições municipais
• 2002 - Início da campanha para as eleições
presidenciais
• 2003 - Posse do Presidente eleito, Luís
Inácio Lula da Silva
2003
2005
MARCOS/Instrumentos Estaduais
Instituído o Programa Estadual de Mudanças Climáticas – Proclima, por meio da Resolução SMA nº
22/95, sob a coordenação da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB, como o
objetivo de estudar e discutir os efeitos das mudanças climáticas no âmbito da Secretaria do Meio
Ambiente do Estado de São Paulo.
Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares (IERSD) - Avaliar e monitorar anualmente a
situação da disposição final dos resíduos sólidos domiciliares nos municípios do Estado de São Paulo
- através da avaliação das condições do Índice de Qualidade de Aterro de Resíduos Sólidos
Domiciliares e do Índice de Qualidade de Usina de Compostagem - com o objetivo de obter melhorias
com relação à disposição final dos RS.
Nova Lei de proteção aos mananciais - Prever a proteção, inserir a recuperação aos mananciais,
descentralizando e regionalizando a discussão em torno do planejamento e a gestão das bacias
hidrográficas, tendo em vista o Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental.
Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental - Planejar ações que visem proteção da qualidade
ambiental e recuperação de mananciais por bacia ou por sub-bacia hidrografia, devendo ser
renovado a cada 4 anos.
Licenciamento ambiental&
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Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) - Estabelece obrigações e condicionantes técnicas que
deverão ser rigorosamente cumpridas pelo infrator de modo a prevenir, cessar, adaptar, recompor,
corrigir ou minimizar os efeitos negativos da ação sobre o meio ambiente. É um instrumento com
força de título executivo extrajudicial.
Plano Diretor de Resíduos Sólidos para o Estado de São Paulo - Estabelecer diretrizes e normas para
o correto gerenciamento dos resíduos sólidos em nível estadual.
Instituído o Fórum Paulista de Mudanças Climáticas Globais e Biodiversidade, presidido pelo
governador. Dentre seus objetivos está colaborar com a elaboração de uma Política Estadual de
Mudanças Climáticas, ressaltando a importância do tema para o Estado de São Paulo
Promulgada em 29/12/2005 e regulamentada em 30/03/2006 pelo Decreto 50.667, a Lei 12.183, que
estabelece a cobrança pelo uso da água de domínio do Estado
Fonte: Ferreira, 1992, Codato (2005), CETESB, 2008, SEMA, 2008
161
Dentre os documentos elaborados pelo governo de São Paulo, destaca-se a
“Agenda 21 em São Paulo” que apresenta um diagnóstico da situação ambiental no
Estado e, ainda que ‘timidamente’, reconhece a necessidade de incorporar a questão
ambiental aos programas de desenvolvimento, além do Relatório de Qualidade
Ambiental do Estado de São Paulo (publicado em 2003) que apresenta um quadro
conciso da situação ambiental no Estado, passando a servir de referência para as
ações a serem empreendidas e para a verificação dos resultados das medidas já
implementadas.
Em se tratando dos serviços de saneamento ambiental, como o abastecimento
de água, a coleta e tratamento de esgoto, a coleta e tratamento de resíduos e a
drenagem urbana - imprescindíveis a qualidade de vida urbana – devemos destacar
que, embora haja a necessidade de equacioná-los de forma compartilhada, são, ainda,
restritas as ações e instrumentos que possam auxiliar a atuação. Dentre essas se
destacam: o Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO), a Política Estadual de
Recursos Hídricos, o Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares (IERSD), o
Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental, o Licenciamento ambiental, o Termo
de Ajuste de Conduta (TAC) e o Plano Diretor de Resíduos Sólidos para o Estado de
São Paulo. Serão abordados posteriormente.
O próximo item apresenta as duas Regiões Metropolitanas Paulistas que foram
selecionadas para o estudo de caso.
162
3.3 A MACROMETRÓPOLE
Segundo a Emplasa (2011), Macrometrópole Paulista abrange as três Regiões
Metropolitanas – constituídas por 9 municípios que formam a da Baixada Santista, 19
que constituem a de Campinas e os 39 da Região Metropolitana de São Paulo - e os
Aglomerados Urbanos de Piracicaba-Limeira (12 municípios), São José dos Campos
(10 municípios) e de Sorocaba-Jundiaí (13 municípios).
Dos 65 municípios que se encontram no eixo São Paulo-Campinas, 39 fazem
parte da RMSP, 19 da RMC e 7 do Aglomerado Urbano de Sorocaba-Jundiaí. Esse
conjunto de municípios é responsável por 65,3% do PIB do Estado, como poder ser
aferido na Figura 1.
163
Fonte: EMPLASA, 2008
Figura 1: A Macrometrópole Paulista
Mesmo considerando a complexidade dos problemas urbano-ambientais
macrometropolitanos, o presente trabalho analisa apenas as RMSP e a RMC em razão
de concentrarem juntas a maior parte da população do Estado - cerca de 54,5%
(EMPLASA, 2006) e estruturarem um importante eixo econômico-cultural, uma vez que
produzem cerca de 65% do PIB do Estado, além de concentrar importantes centros de
educação, pesquisa e tecnologia.
Essas regiões foram escolhidas dentre as demais RM brasileiras para o estudo
de caso em razão de que ambas estão submetidas às mesmas políticas públicas,
164
legislação federal e estadual e as ações das mesmas instituições, embora apresentem
diferenças estruturais e ambientais que influenciam nas diferentes formas de
equacionar as questões relacionadas à qualidade de vida/ambiental em cada uma das
regiões metropolitanas.
Tendo em vista que a questão do abastecimento hídrico (quantidade e qualidade
das águas) é um problema que atinge, em menor ou maior escala, ambas as RMs
selecionadas, optamos em analisar as instituições a partir do viés da questão do
saneamento ambiental que influencia diretamente a qualidade das águas e deve ser
foco das ações, políticas e programas elaborados por essas instituições.
A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) se constitui no maior aglomerado
urbano brasileiro, sendo a cidade de São Paulo (município sede) classificada como
metrópole mundial e a principal metrópole da América do Sul. A RMSP é constituída por
39 municípios conurbados distribuídos em uma área de 8.051Km2 e, segundo a
Fundação Seade (2003), com cerca de 18.600.384 milhões de habitantes, cerca de
11% do total da população do país.
Segundo IPEA (2002) a RMSP apresenta a maior parte dos municípios mais
populosos do Estado, como o município de São Paulo com 10.615.844 habitantes
(Fundação Seade, 2003), Guarulhos com mais de 1 milhão de habitantes, e apenas
quatro municípios com população inferior a 20 mil habitantes: Guararema, Pirapora do
Bom Jesus, Salesópolis e São Lourenço.
Essa região abriga as sedes das maiores empresas e se destaca como o
principal centro industrial do país, além de abrigar os setores mais complexos da
estrutura industrial nacional que, de acordo com IPEA (2002), é responsável por mais
165
de 20% da produção industrial e possui expressiva taxa de crescimento com maior
diversificação e sofisticação que a encontrada no interior do estado.
A diversidade e complexidade das atividades na RMSP impossibilitam a distinção
entre a metrópole, o núcleo tradicional (a capital) e a periferia metropolitana (demais
municípios).
A região metropolitana de Campinas foi institucionalizada pela Lei Complementar
Estadual no 870, de 19 de junho de 2000, e ocupa uma área de 3.673 km2. Abriga em
seus 19 municípios uma população total de 2.476.436 habitantes (FUNDAÇÃO SEADE,
2003).
O trabalho ¨Caracterização e Tendências da Rede Urbana do Brasil”,
desenvolvido pelo IPEA/IBGE/NESUR (2002), salienta que a RMC possui, além do
município de Campinas com mais de 1 milhão de habitantes, outros 6 municípios com
mais de 100 mil habitantes. São eles: Americana (167 mil), Mogi-Guaçu (114 mil),
Hortolândia (115 mil), Indaiatuba (121 mil), Santa Bárbara D’Oeste (160 mil) e Sumaré
(167 mil).
A caracterização da rede socioeconômica e urbana das regiões metropolitanas
de São Paulo e de Campinas pode ser aferida no Quadro 5 que apresenta,
resumidamente, as contribuições de dois importantes estudos realizados pelo
IPEA/IBGE/NESUR (2002) e Observatório das Metrópoles/ IPARDES/ FASE (2004)
para a análise das RMs brasileiras.
166
Quadro 5: Contribuições dos trabalhos elaborados pelo IPEA/IBGE/NESUR (2002) e
Observatório das Metrópoles/ IPARDES/ FASE (2004)
Região
Metropolitana
São Paulo
TRABALHOS
IPEA (2002)
A RMSP concentra funções distintas que
exprimem a sua primazia e apresenta
importantes funções no sistema urbano, na
medida em que abriga as sedes das maiores
empresas e se constitui no principal centro
industrial do país – que abriga os setores mais
complexos da estrutura industrial nacional. Essa
RM abriga o maior centro financeiro da América
do Sul e a Bolsa de Valores de maior movimento
na América do Sul, além de uma das maiores
Bolsas de Valores e de Operações de
Commodities do mundo.
Na RMSP, localiza-se o primeiro aeroporto
internacional em movimento de passageiros e
cargas e dois dos três principais aeroportos em
movimento de passageiros nacionais.
A PEA (População Economicamente Ativa)
urbana, na maior parte dos municípios da RM ,
ultrapassa os 90%, exceto nos municípios de
Guararema (78,6%), Salesópolis (65,7%) e
Biritiba–Mirim (32,1%). Apresenta ainda o maior
e mais sofisticado setor terciário, cuja taxa de
crescimento ainda é bastante significativa. Esse
processo de terceirização da metrópole tem
modificado sua inserção e articulação com a rede
urbana. Nessa região, o município de São Paulo
apresenta o nível máximo de centralidade no
país, seguido pelos municípios de São Bernardo,
Santo André, Osasco e Mogi das Cruzes que
apresentam nível forte/médio, enquanto os
municípios de Cotia, Suzano e Taboão da Serra
apresentam nível médio fraco, conforme o estudo
sobre as Regiões de Influência das Cidades
(Regic) desenvolvido pelo IBGE.
Observatório das Metrópoles/
IPARDES/ FASE (2004)
Considerada o grande centro
urbano da rede urbana brasileira e
a maior e mais complexa RM do
país. Impulsionou, de forma quase
imediata, a densificação da rede
urbana em seu entorno,
concentrando em seu território
mais de 19 milhões de pessoas
em 39 municípios com alto grau
de integração, que se materializa
no elevado número de pessoas
(cerca de 1.179.375 habitantes)
que realizam movimento pendular.
Dentre os municípios da RMSP,
apenas Juquitiba, Guararema,
Biritiba-Mirim e Salesópolis, os
mais afastados do núcleo
metropolitano, apresentam baixos
índices de integração a dinâmica
metropolitana. Na área de maior
integração estão localizadas 178
sedes das 500 maiores empresas
do país, 2.202 agências bancárias
e 574.988 empregos formais em
atividades de ponta. Em relação à
classificação dos municípios,
segundo a condição social, essa
região não apresenta municípios
em condição ruim e muito ruim.
Dentre os municípios, 7
apresentam situação muito boa,
22 situação boa e os 10 restantes
apresentam situação média.
167
Quadro 5: Contribuições dos trabalhos elaborados pelo IPEA/IBGE/NESUR (2002) e
Observatório das Metrópoles/ IPARDES/ FASE (2004)
TRABALHOS
Região
Metropolitana
Campinas
IPEA (2002)
Classificada como metrópole nacional, essa RM
supera diversas áreas metropolitanas em
critérios populacionais e econômicos. A área de
influência do município de Campinas é
constituída por uma rede densa e articulada,
tendo em vista a grande facilidade de acesso,
pelas curtas distancias e pela boa qualidade do
sistema viário, o que torna a região fortemente
integrada. Destaca-se por apresentar uma
estrutura industrial moderna, diversificada e
dinâmica, associada a um sistema universitário e
de institutos públicos de pesquisa importantes.
De acordo com a classificação do Regic, existem
nessa RM sete municípios que apresentam nível
de centralidade que variam de muito forte a
médio/fraco: Campinas – muito forte, São João
da Boa Vista – forte médio; Americana – médio e
outros quatro municípios com avaliação médiofraco.
Observatório das Metrópoles/
IPARDES/ FASE (2004)
Localiza-se em área densamente
urbanizada, próxima a RMSP, e
apresenta altos índices de
densidade demográfica. É
constituída por 19 municípios, dos
quais 3 (Engenheiro Coelho,
Holambra e Santo Antônio de
Posse) apresentam baixa
integração a dinâmica da RM. A
área que apresenta valores de
maior integração,concentra cerca
de 2.540.290 habitantes, 17 sedes
das 500 maiores empresas do
país, 273 agência bancárias,
78.870 empregos formais em
atividades de ponta. Dos 19
municípios que compõe essa RM,
13 se encontram em condição
social muito boa e 6 em condição
boa.
Fonte: IPEA (2002), Observatório das Metrópoles/ IPARDES/ FASE (2004)
Os dados apresentados possibilitam aferir a importância dessas regiões para a
dinâmica socioeconômica do estado e do país e definir um perfil urbano dessas regiões,
além de contribuir para a compreensão de como a questão ambiental é considerada em
cada uma dessas regiões pelas instituições/órgãos responsáveis pelo seu planejamento
e gestão ambiental.
Vale salientar que essas regiões apresentam problemas urbano-ambientais
resultantes do rápido processo de urbanização a que foram submetidas.
Segundo o “Painel da Qualidade Ambiental” (2009), elaborado pela Secretaria
Estadual do Meio Ambiente, as RMs apresentam os maiores índices de degradação da
qualidade do ar, em virtude de sua vocação industrial e da grande circulação de
veículos, porém as questões relacionadas à qualidade e quantidade de água disponível
168
para o abastecimento dessa região tem sido apontada como o grande conflito a ser
equacionado nos próximos anos.
De acordo com o “Atlas Regiões Metropolitanas” elaborado pela Agência
Nacional de Águas e pelo governo de São Paulo em 2009, as redes de produção,
infraestrutura, serviços e transportes das Regiões Metropolitanas Paulistas apresentam
alto grau de complexidade e de interdependência, por isso os problemas urbanos e
ambientais, como o da oferta e do abastecimento público de água nessas regiões,
exigem estratégias e soluções integradas e diferenciadas, assim como novas políticas e
arranjos institucionais.
No caso das Regiões Metropolitanas Paulistas os conflitos e disputas pelo uso
da água entre os municípios são evidentes na medida em que essas regiões dependem
das mesmas fontes hídricas e não haverá solução sem que acordos sejam realizados
entre todos os setores. Os conflitos e acordos relacionados à questão hídrica se
referem à transferência de água entre as Bacias do Alto Tietê e Piracicaba-CapivariJundiaí (Sistema Cantareira) e entre as Bacias do Alto Tietê e da Baixada Santista
(reversão da Billings).
Ao elaborar estudos e/ou políticas para as Regiões Metropolitanas (RMs), as
instituições/órgãos constroem em suas metodologias uma identidade para cada RM a
partir das diferenças estruturais e das diferentes relações que se estabelecem entre
órgãos e/ou instituições, as administrações/instituições municipais e a sociedade civil de
cada RM.
169
Por isso acreditamos que a identidade ambiental de cada RM pode ser extraída
desses documentos e da análise dos órgãos/e ou instituições por eles responsáveis,
como será abordada no próximo item
170
3.4 GOVERNABILIDADE
AMBIENTAL
METROPOLITANA
ATRAVÉS
DAS
INSTITUIÇÕES: CETESB, EMPLASA E COMITÊS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS
Diante da hipótese de que a governabilidade metropolitana em questões
ambientais possa resultar da existência ou não de uma identidade ambiental
metropolitana, esse item busca analisar as instituições que podem fomentar a
identidade ambiental nas RMs de São Paulo e Campinas.
Nesse sentido, as instituições foram selecionadas tendo em vista as funções que
exercem em questões urbanas e/ou ambientais junto as Regiões Metropolitanas
selecionadas.
A seleção resultou na escolha da EMPLASA, da CETESB e dos Comitês de
Bacias Hidrográficas (o do Alto Tietê e do Piracicaba/Capivari/Jundiaí), para as quais
foram traçados os perfis individuais a partir da pesquisa documental em que foram
coletadas informações. Destacam-se a localização da instituição na estrutura
administrativa, os objetivos da instituição, a principal forma da instituição abordar as
questões urbanas e as questões ambientais em seus documentos, a eficiência de
conexão com outras instituições, as principais ações realizadas, a participação da
sociedade civil na elaboração/discussão das ações e políticas da instituição e a
abrangência das ações propostas e implantadas.
Tendo em vista uma maior coerência na análise dos dados a serem coletados e
tratados, foi realizado um recorte temporal que abrange o período desde a fundação do
órgão/instituição até o ano de 2005, isto é, o período posterior a realização da ECO 92,
171
considerado um período de importantes discussões e reflexões entre o Estado e a
sociedade civil, em relação a implementação de ações referentes ao meio ambiente.
Os documentos analisados foram consultados nos sites oficiais que as
instituições (EMPLASA, CETESB e Comitês de Bacia Hidrográficas) mantêm na World
Wide Web (rede de alcance mundial), pois acredita-se que nos sites as instituições
definem seu perfil à sociedade.
No caso dos Comitês de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê e do Piracicaba,
Capivari e Jundiaí, optamos em analisar, para permitir a comparabilidade entre eles,
apenas as atas, deliberações e os planos de bacia, que são documentos comuns.
Essa análise busca identificar a(s) instituição (ões) mais influente(s) no trato das
questões ambientais metropolitanas, como as questões associadas ao saneamento
ambiental que se mostrou relevante no caso das metrópoles brasileiras, uma vez que a
qualidade de vida nessas regiões está intrinsecamente relacionada à qualidade da
prestação desses serviços.
O desempenho de tais instituições pode, possivelmente, ampliar o conhecimento
dos municípios das RMs à respeito da qualidade ambiental metropolitana e fomentar o
capital social institucional (de conexão) e, consequentemente, constribior para a
construção de uma identidade ambiental para essas espacialidades.
Tendo em vista traçar o perfil de cada órgão, inicialmente foram coletados dados
relacionados ao histórico dos três órgãos EMPLASA, CETESB e Comitês de Bacia,
conforme o quadro
172
Quadro 6: Perfil das instituições Selecionadas
Ano de fundação
Localização na
estrutura
administrativa
(vínculo)
EMPLASA - 1975
Secretaria de Economia e
Planejamento do Governo do
Estado
CETESB - 1968
Secretaria do Meio Ambiente
Objetivo
Formular diretrizes básicas para
o desenvolvimento, à
compatibilização de integração dos
programas setoriais do Estado e da
metrópole e à manutenção do
planejamento, considerado como
instrumento para o desenvolvimento
Realizar exames de laboratório, estudos,
pesquisas e treinamento de técnicos para a
área de engenharia sanitária. Teve suas
atribuições ampliadas, incluindo ações de
prevenção e controle de emissões e
assimilação de resíduos poluidores que
colocassem em risco a qualidade das águas,
do ar, do solo em todo o estado e,
posteriormente, passou a cuidar de todos os
aspectos técnicos relacionados à tecnologia
e ao saneamento ambiental do estado
Principal
abordagem
Planejamento urbano com vistas
ao desenvolvimento econômico
Aspectos relacionados à tecnologia e ao
saneamento e qualidade ambiental.
Abordagem da
questão
ambiental em
seus documentos
Considerada recurso e avaliado
em função do seu uso no contexto da Considerada recurso a ser protegido
estrutura regional
Conexão com
outras
instituições
Realiza trabalhos em conjunto
com instituições como o DAEE,
CETESB, entre outros
Realiza trabalhos em conjunto com
instituições como o DAEE, SABESP, SEMA,
ABES, EMPLASA, Comitês de Bacias, etc.
além de
*
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+
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COMITÊS DE BACIA - 1993
Conselho Estadual de Recursos
Hídricos
Possui atribuições normativas,
deliberativas e consultivas com o
objetivo de gerenciar a água de
forma descentralizada, integrada e
com a participação da sociedade
Questões relacionadas à
qualidade e gestão das águas e,
consequentemente ao saneamento
ambiental.
Considerada recurso a ser
gerenciado
Realiza trabalhos em conjunto
com DAEE, SABESP, SMA, ABES,
CETESB, Secretaria de Recursos
Hídricos, Saneamento e Obras.
173
Quadro 6 (cont.): Perfil das instituições Selecionadas
Ano de fundação
Principais ações
Participação da
sociedade civil na
elaboração/discussão
das ações e políticas
EMPLASA - 1975
•
Elaboração de planos, projetos
e estudos para as Regiões
Metropolitanas do Estado
•
Levantamento, tratamento e
atualização das informações
estatísticas, cartográficas e
institucionais
•
Consultoria e assistência
técnica aos municípios na
elaboração de cadastros
técnicos municipais, planos
diretores municipais, plantas de
valores genéricos de terrenos e
edificações, planos regionais e
sub-regionais, etc
•
Serviços de atendimento ao
público
Não há a participação da
sociedade civil
CETESB - 1968
• Licenciamento e fiscalização de
fontes fixas de poluição
• Fiscalização de fontes móveis
• Monitoramento da qualidade do ar,
das águas superficiais interiores, das
águas subterrâneas e da
balneabilidade das praias, inclusive as
interiores
Há a participação da sociedade civil,
principalmente nas Câmaras Técnicas
Municipal e metropolitano
(município sede, ou municípios
Municipal e Unidades de bacia
Abrangência das
mais importantes, para o
hidrográfica
ações
desenvolvimento econômico das
regiões metropolitanas)
Fonte: CETESB (2005), EMPLASA (2005), CBH-PCJ (2008), CBH-AT (2008) .
COMITÊS DE BACIA - 1993
• Promover debates sobre as
questões de interesse das bacias
articulando a participação dos
agentes envolvidos;
• Elaboração de planos, projetos e
estudos para as regiões em que se
localizam as bacias.
• Articular as políticas de recursos
hídricos com as políticas ambiental,
socioeconômicas e de uso do solo,
entre outras;
• Arbitrar, em primeira instância
administrativa, conflitos, já
instalados, pelo uso da água;
• Acompanhar o processo de
elaboração do Plano de Recursos
Hídricos para a Bacia,
• Defini instrumentos de cobrança
pelo uso da água
• Desenvolve e apóia iniciativas
voltadas a questões de educação
ambiental.
Há a participação da sociedade
civil, nos Fóruns de Discussão, nas
Câmaras Técnicas
Unidades de Bacia Hidrográfica e
municípios que a constituem.
174
Para definir o perfil desses órgãos/instituições foram analisados os itens
apresentados no Quadro 6, assim como os principais trabalhos/documentos destacados
por tais órgãos/instituições em publicações comemorativas e disponibilizadas nos sites
desses órgãos entre os anos em que foram instituídas até o ano de 200552. Essa
análise fez-se imprescindível uma vez que se entendeu que a identidade dessas
instituições/orgãos - a forma pela qual ela se apresenta a sociedade civil – pode
influenciar na elaboração de suas ações, políticas e programas elaborados para cada
RM e pode ser extraída desse material/publicações.
Após a definição dos perfis das instituições, foram analisados os principais
trabalhos elencados nos sites por cada uma das instituições. Os trabalhos consultados
foram analisados a partir de 3 aspectos:
•
Escala de abrangência do enfoque do trabalho (estadual, metropolitana,
regional, municipal, bacia hidrográfica, entre outras);
•
Conteúdo abordado no trabalho (Saneamento, qualidade do ar, educação
ambiental, planejamento, gestão, entre outros);
•
Abrangência
do
conteúdo
(econômica,
social,
ambiental,
desenvolvimentista, cultural, entre outros).
Deve-se destacar que no caso da EMPLASA e da CETESB os trabalhos
elencados no site foram, posteriormente, consultados na biblioteca de cada uma das
instituições, enquanto os trabalhos citados pelos Comitês de Bacia Hidrográfica foram
52
Os dados se referem até o ano de 2005 em razão de que quando os dados foram coletados, estavam
atualizados no site da EMPLASA apenas até essa data. Por isso optou-se em adotá-la tendo em vista
homogeneizar os dados de ambas as instituições para um mesmo período.
175
consultados no próprio site dos Comitês, uma vez que esses se encontram
integralmente disponíveis na World Wide Web (rede de alcance mundial).
3.4.1 EMPLASA
A EMPLASA foi instituída no ano de 1975, vinculada a Secretaria de Economia e
Planejamento do Governo do Estado, cuja prioridade é o desenvolvimento econômico,
como poder ser aferido em sua produção de 2500 títulos distribuídos em 564 trabalhos
considerados como principais53 e que se agregam em cinco grandes grupos: Ações de
Planejamento, Planejamento Estratégico, Planejamento Global, Informações e Outros
(uso do solo, políticas, informações, recursos hídricos e saneamento ambiental,
indústria, finanças, sistemas viários e transportes, tributos/impostos, teoria do
planejamento, urbanismo, ecologia, meio ambiente, habitação, regiões metropolitanas,
patrimônio histórico, comércio/mercado e condição de vida, aspirações da população).
Essa distribuição pode ser aferida no Gráfico 1
53
Os 2500 títulos se referem a estudos, relatórios, boletins informativos, sumário de dados, pesquisas de
campo, propostas , estudos metodológicos etc. Encontram-se agrupados em 564 trabalhos considerados
principais e catalogados na biblioteca da instituição.
176
Gráfico 1: - Classificação dos trabalhos realizados pela EMPLASA entre os anos de
1970 e 2005
Classificação dos Trabalhos realizados pela
EMPLASA
11%
8%
46%
20%
Informações
Planejamento Estratégico
15%
Planejamento Global
Ações
Outros
Fonte: EMPLASA (2007)
Os trabalhos/publicações apresentados no Quadro 7 foram selecionados dentre
os trabalhos/publicações mais significativas elaborados pela EMPLASA entre os anos
de 1975 e 2005. Essa seleção deu-se a partir da consulta ao Catálogo Eletrônico da
Biblioteca Virtual (2005) l54, e posterior análise desses trabalhos/publicações na
biblioteca física da instituição, que possibilitou aferir o perfil de alguns dos
trabalhos/publicações produzidos por esse órgão.
54
Inicialmente consultamos o Catálogo Virtual da Biblioteca da Emplasa e, posteriormente, analisamos
cada documento na biblioteca física da instituição. Catálogo Virtual. Consultado em março de 2005.
Disponível em: http://www.enerweb.emplasa.sp.gov.br/catalogo/catalogo.asp .
177
Quadro 7: Principais trabalhos elaborados pela EMPLASA
1975-1980
PERIODO
TRABALHOS ELABORADOS
• Política Estadual de Desenvolvimento Urbano - 1975
• Bens Culturais Arquitetônicos
• Filmotecas na Grande São Paulo
• Sumário de Dados da Grande São Paulo 1977/1978/1979/1980/1981/1982
• Sistema Cartográfico Metropolitano
• Região Metropolitana de São Paulo – Proteção dos Mananciais
• Geocodificação – aplicação e prática
• SISTRAN – Estudo do Sistema de Transportes Urbanos
• Plano Diretor de Mineração
• Cadastros Técnicos Municipais
• SIPLAM – Sistemas de Informações Técnicas para Planejamento Metropolitano
• Leis de Uso e Ocupação do Solo
• Seminário Paulista das Sociedades Amigos de Bairros – Anais
• Participação Comunitária – Documentos
• Diretrizes para os Sistemas de Água/ Esgoto/ Resíduos Sólidos/ Localização
Habitacional e Industrial
Desafio Metropolitano – Documentos
• Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado II (Revisão e atualização)
• Legislação Básica para a Região da Grande São Paulo
• Consolidação dos Planos Diretores de Drenagem
• Estudos de Desconcentração da Grande São Paulo e Implantação de Pólos
Alternativos de Desenvolvimento Urbano no Estado de São Paulo
• Proposta para a Disposição Final de Resíduos Sólidos – 1982
• Plano Diretor de Mineração (1981)
• Estudos Regionais e Recuperação de Áreas Degradadas
• Grande São Paulo – Dados e Análises dos anos 70
• Análise da evolução do Setor de Comércio na Grande São Paulo
• Zoneamento Industrial Metropolitano
• Plano Metropolitano de Transportes
• Programa Metropolitano para Veículos de duas rodas
• Cinturão Verde na Grande São Paulo
• São Paulo de Piratininga em 1560 – Reconstituição da Memória Estatística da
Grande São Paulo
• Variações sobre o papel do Estado – Uma interpretação político-econômica.
• Reconstituição da memória Estatística - V. 2.
• Planos Diretores Municipais
• Plano Metropolitano de Transporte.
• Projeto ASSURB – Estoque de terra Urbana/Acompanhamento Urbano
• A Grande São Paulo Hoje
• Cadastros Técnicos Municipais
• Contribuição à História dos Movimentos Sociais na Grande São Paulo
• Aglomerações Urbanas de Campinas e Santos
• Planos Diretores Municipais
• Leis de Uso do Solo
• Lei de Proteção da Serra de Itapeti
178
Quadro 7 (cont.): Principais trabalhos elaborados pela EMPLASA
1981-1990
PERIODO
TRABALHOS ELABORADOS
• PLANBUS – Política e Diretrizes para Ordenamento de Uso e Ocupação do Solo na
RMSP
• Estimativa de Consumidores de Serviços de Água e Coleta de Esgotos na RMSP –
Projeto SABESP
• Monitoramento e Desenvolvimento Regional da Região Metropolitana de São Paulo
• Diretrizes de Uso e Ocupação do Solo para a Área Macrometropolitana
• Sumario de Dados da Grande São Paulo 1983/1984/1985/1986
• Projeto / Diagnóstico da área de Proteção Ambiental de Cajamar/ APA Cajamar
• Recursos Hídricos 1984
• Plano Diretor de Mineração – Estudos sobre Pedreiras
• Programa Metropolitano de Resíduos Sólidos
• Anteprojeto de Leis de Uso do Solo pra Várzea do Rio Tietê
• Ações Complementares à Política Metropolitana de usos do Solo. Programa Piloto em
Áreas da Bacia do Guarapiranga
• Diretrizes para o Estabelecimento de uma política relativa ao Meio Ambiente do
Espaço Macrometropolitano.
• Programa Cultural Metropolitano
• Programa Emergencial de Controle de Enchentes na Região Metropolitana de
São Paulo -1986 – Sub-região Sudoeste
• Cartografia Geotécnica aplicada ao Planejamento na Grande São Paulo
• II Seminário Paulista de Amigos da Sociedade de Bairro (Anais)
• Potencialidades Espaciais para Cultura
• Localização Industrial e a Proteção Ambiental no Estado de São Paulo
• Cadastro das Sociedades Amigos de Bairros da Grande São Paulo
• Legislação Estadual de Controle e Parcelamento do Solo
• Cadastro Técnico Municipal
• PROMOVA – Programa de Modernização e Valorização dos Municípios da RMSP
• Planos Diretores Municipais
• Legislação Básica de Interesse Metropolitano
• Diretrizes de Uso e Ocupação do Solo: Vetor Leste e Norte da Região
Metropolitana de São Paulo.
• Plano Metropolitano da Grande São Paulo - 1994/2010
• Tombamento da Serra do Mar e Paranapiacaba
• Organização Regional do Estado de São Paulo
• Projeto Cajamar
• Projeto Juqueri
• Plano Integrado de Preservação e Revitalização da Vila Ferroviária de Paranapiacaba
• APA Piracicaba/Juqueri-Mirim – Área II –Pólo Ecotecnológico
• Plano Diretor de Mineração – Parque Pedreira São João de Itapevi, Águas Minerais
da Região Metropolitana de São Paulo e Planos Diretores Municipais de Mineração
• APA da Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba e Juqueri
• Seminário Internacional – São Paulo Metrópole Planejamento e Gestão
• Projeto Ladrão – Adequar a Metrópole para o Próximo Século.
• EIA/RIMA para Aterro Sanitário Embu/Itapevi
• Programa de Pólos Habitacionais – 1988-1990
179
Quadro 7 (cont.): Principais trabalhos elaborados pela EMPLASA
TRABALHOS ELABORADOS
1981-1990
PERIODO
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Indicadores para decisão de Prioridades Orçamentárias Metropolitanas
Levantamento do Sistema Viário de Caráter Regional na Grande São Paulo
Inundação, Erosão e Deslizamento
Projeto Executivo de Aterros Sanitários
Estudos de Disposição final de Resíduos Sólidos na Região Metropolitana de
São Paulo
Grande São Paulo – Indicadores Básicos -1998
Sumário de Dados da Grande São Paulo – 1987/1988/1989/1990.
Sistema de Cadastro de Áreas Críticas do Município de São Paulo e RMSP
Cadastros Técnicos Municipais
Planos Diretores Municipais
Programa de Informatização Municipal
Convênio, Ação e Apoio EMPLASA/ DAEE
Sumário de Dados da Baixada Santista 1998/1999
Desestabilização do Macrozoneamento Ambiental da Baixada Santista
• Reurbanização da Orla Ferroviária
• Sumário de Dados da Grande São Paulo1999
• Região Metropolitana da Baixada Santista – Marco Zero
• Grande São Paulo Reurbanização de Áreas de Interesse Metropolitanos – Campo de
Marte/Carandiru
• Convênio Ações e Apoio – EMPLASA/DAEE
• Projeto Mora Leste
• Plano de Adequação e Requalificação Urbanística das Áreas sob Impacto da
Implantação do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos)
• Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado da Baixada Santista
• Atlas Temático da Sub-Região do Alto Tietê-Cabeceiras
• Recuperação Ambiental de Áreas Degradadas – Alto Tietê-Pinheiros-Pirapora.
• Estudos Jurídico-Institucionais
• PITU 2002 – Campinas
• Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental da Bacia do Guarapiranga
• Plano Estratégico de Negócios- PEN
• Planos Diretores Municipais
• Planta de Valores Genéricos de Terrenos/ Recadastramento Imobiliário
• Por Dentro da Região Metropolitana de Campinas 2001/ 2002
• Elaboração da Base Planialtimétrica da Região Metropolitana de Campinas
• Sumário de Dados da Grande São Paulo 2000/ 2001/ 2002
• Complexo Metropolitano Expandido
• Sumário de Dados da Baixada Santista 2002
• Pesquisa O/D - 2003
• Rodoanel de São Paulo
• Por Dentro do Município de São Paulo 2000
• Elaboração de insumos técnicos para PPA 2004/2007
2001-2005
PERIODO
•
•
180
Quadro 7 (cont.): Principais trabalhos elaborados pela EMPLASA
TRABALHOS ELABORADOS
2001-2005
PERIODO
• Encontros Sub-Regionais 2004
• Encontros Temáticos 2004
• Agenda de Ações Estratégicas para o Desenvolvimento da Região
Metropolitana de São Paulo
• SIGPLAN – Sistema de Acompanhamento e Análise
• Indicadores Metropolitanos da Baixada Santista 2003/ 2004
• Potencial dos Municípios de São Paulo 2005 – Levantamento das Oportunidades
Econômicas Sociais e de Turismo
• Mapeamento do Uso e Ocupação do Solo da Região Metropolitana de São
Paulo
• Planos Diretores Municipais
• Recadastramento Imobiliário
• Por Dentro das Regiões Metropolitanas do Brasil
• Desenvolvimento Turístico do Grande ABC
• Evolução da estrutura Urbana - Região Metropolitana de Campinas
• Indústria Metropolitana da Baixada Santista 2004/05
• Estudos Jurídico-Institucionais
• Conferência Estadual de Cidades
• Fórum Metropolitano
• Por Dentro da Grande São Paulo-2006
• Representação e Participação no Comitê de Qualidade da Gestão Pública
• Plano Setorial de Tecnologia da Informação e Comunicação – PSTIC
• Vocação Turística do Grande ABC
• Elaboração do Site da EMPLASA
Fonte: EMPLASA (2007)
Por se tratar de um órgão submetido à Secretaria de Economia e Planejamento
do Governo do Estado, cuja prioridade é o desenvolvimento econômico, a EMPLASA
apresenta o mesmo perfil e, portanto, a maior parcela dos trabalhos elaborados por ela
priorizam projetos e ações para os municípios que poderão proporcionar benefícios
relacionados ao desenvolvimento econômico municipal, bem como são esses, também,
os priorizados nos trabalhos e nas análises e diretrizes referentes à qualidade
ambiental.
A partir da análise dos documentos que se propunham a abordar questões de
caráter metropolitano (em negrito no Quadro 7), foi possível constatar que a EMPLASA
não institui uma identidade metropolitana, uma vez que ao elaborar seus trabalhos,
181
utiliza-se da escala municipal e, mesmo quando se refere a região metropolitana,
prioriza alguns municípios considerados mais importantes economicamente em
detrimento dos demais.
Essa situação pode ser aferida também nos trabalhos desenvolvidos a partir do
enfoque ambiental, como o intitulado ‘Diretrizes para o Estabelecimento de uma Política
Relativa ao Meio Ambiente na Região Metropolitana da Grande São Paulo’ finalizado no
ano de 1984, e os mais recentes, como o ‘Atlas Temático da Sub-Região Alto TietêCabeceiras’55 e o ‘Levantamento do Quadro Ambiental da RMSP’56 que apresentam
estudos e dados representativos a respeito do mapeamento da questão ambiental na
RMSP em que o município sede é priorizado em detrimento aos demais.
Embora os trabalhos demonstrem certo interesse relacionado à inserção da
questão ambiental na qualidade de vida da RMSP, eles apresentam apenas
diagnósticos sobre a questão ambiental. Ainda que enfatizem os problemas associados
à questão hídrica e apontem algumas diretrizes, os trabalhos não apontam propostas
concretas a serem implementadas na escala metropolitana.
Pelo fato da RMC ter sido instituída apenas na década de 2000, poucos foram os
trabalhos elaborados no período entre 2000 e 2005. Mesmo assim, destacamos: ‘Por
Dentro da Região Metropolitana de Campinas 2001/ 2002’ (2001), ‘Elaboração da Base
Planialtimétrica da Região Metropolitana de Campinas’ (2002), ‘Evolução da Estrutura
55
Atlas Temático da Sub-Região Alto Tietê-Cabeceiras que apresenta informações sobre: expansão da
mancha urbana (de 1930 e 2000), aptidão física ao assentamento, geologia, hidrografia e qualidade das
águas, águas subterrâneas, infra-estrutura de saneamento básico (abastecimento de água, esgotamento
sanitário e resíduos sólidos), doenças de veiculação hídrica e áreas críticas de ocorrência de inundações
e processos erosivos. (EMPLASA, 2002)
56
Levantamento do Quadro Ambiental da RMSP - documento que contém uma análise dos dados e
informações pertinentes à questão ambiental na Região Metropolitana de São Paulo, abordando
problemas e tendências de sua evolução, além de recomendações para linhas de ação governamental
para sua resolução. (EMPLASA, 1997)
182
Urbana - Região Metropolitana de Campinas’. Em todos os citados, o município-sede é
o principal enfoque. Em nenhum desses trabalhos há a presença de preocupações com
a questão ambiental metropolitana.
Em relação à elaboração de programas, políticas e ações relacionadas à questão
do Saneamento, o que se verifica é um descaso com essa questão, como pode ser
aferido no Gráfico 2, mesmo considerando a importância desses programas, políticas e
ações para a qualidade de vida de ambas as regiões metropolitanas.
Gráfico 2: - Participação dos trabalhos referentes ao Saneamento em relação ao total
de trabalhos elaborados pela EMPLASA
Trabalhos referentes ao Saneamento x
Total de Trabalhos elaborados
4%
96%
saneamento
total de trabalhos
Fonte: EMPLASA (2007)
183
3.4.2 CETESB
A CETESB foi criada em 1968 como um centro tecnológico vinculado a
Secretaria do Meio Ambiente. Teve suas atribuições ampliadas no decorrer dos anos e
atualmente passou a cuidar de todos os aspectos técnicos relacionados à tecnologia e
ao saneamento ambiental do Estado.
As atribuições são confiadas a CETESB pela legislação e permitem que se
possa desenvolver uma política de controle, corretiva e preventiva da qualidade
ambiental, envolvendo planejamento para que as ações técnicas se traduzam em
resultados efetivos.
Até o ano de 2005 o órgão elaborou cerca de cerca de 6590 trabalhos que foram
agrupados em 9 assuntos relacionados ao saneamento e qualidade ambiental, os quais
são: Abastecimento de Água, Água e Recursos Hídricos, Poluição da Água, Águas
Residuárias, Ar, Ciências do Ambiente e Ciências e Tecnologias Aplicadas à
Engenharia Sanitária e Ambiental, Engenharia Sanitária e Ambiental, Resíduos Sólidos
e Limpeza Urbana, Saúde Ambiental e Saneamento e, finalmente, Saúde do
Trabalhador. Essa distribuição pode ser aferida no Gráfico 3.
184
Gráfico 3: Distribuição dos trabalhos da CETESB segundo o assunto
Distribuição dos trabalhos da CETESB segundo o assunto
2%
2%
7%
0%
6%
13%
33%
17%
8%
Abastecimento de Água
Poluição da Água
ar
engenharia sanitaria
saude
12%
agua recursos
agua rsiduárias
tecnologia
Resíduos Sólidos e Limpeza Urbana
trabalhados
Fonte: CETESB (2007)
Além desses trabalhos, a CETESB ainda apresenta cerca de 660 normas
elaboradas junto a ABNT que buscam manter a qualidade dos serviços associados ao
saneamento ambiental e 43 vídeos institucionais que abordam diversos assuntos
relacionados ao saneamento e a qualidade ambiental.
O Quadro 8 apresenta alguns dos principais trabalhos elaborados pela CETESB
entre os anos de 1970-2005, segundo informações coletados no site e verificadas e
analisados na bibilioteca da instituição.
185
1970-1980
PERIODO
Monitoramento da qualidade do ar
Operação inverno
Licenciamento Ambiental
Programa de Controle da Poluição (PROCOP)
1981-1990
Programa Primário de Controle Ambiental de Cubatão
Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores- PROCONVE
Projetos de Educação Ambiental - Praia Limpa, Campos Limpos do Jordão
Operação Alerta II
Cubatão – Uma mudança de ares
O ar que respiramos (livro)
Programa de Controle e Poluição Ambiental para a RMSP (1986)
1991-2000
Projeto Tietê (1º Fase)
Diagnóstico da Poluição Ambiental no Interior de São Paulo
Programa de Controle da Poluição Sonora - (Resolução CONAMA)
Projeto Recuperação do Solo e das águas Subterrâneas
Criação das Câmaras Ambientais da Atividade Produtiva (Câmaras Técnicas)
Programa Estadual de Prevenção à Destruição da Camada de Ozônio - PROZONESP
Programa Estadual de Mudanças Climáticas Globais (PROCLIMA)
Projeto ‘Gerenciamento das Bacias Hidrografias 2000’
Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Urbanos (1ª Publicação – realizado anualmente)
Programa de Produção Mais Limpa
Projeto de Assistência Técnica para ao Controle no Estado de São Paulo
Relatório de Qualidade das Águas Interiores do Estado de São Paulo
Relatório de Qualidade das Águas Litorâneas do Estado de São Paulo
A proteção ambiental está no ar
Respira São Paulo – Operação Rodízio
A Cetesb aqui muda os ares da história
CODEL – Recomendações Ambientais
Prevenção e gerenciamento de Riscos
Relatório Anual da CETESB
Plano Diretor de Resíduos Sólidos da RMSP
2001-2005
PERIODO
Quadro 8: Principais trabalhos elaborados pela CETESB
Programa de Qualidade de Vida no Trabalho
Relatório de Qualidade das Águas Subterrâneas
Relatório de Estabelecimento de Valores Orientadores para Solos e Águas Subterrâneas
no Estado de São Paulo
Relatório de qualidade do ar no Estado de São Paulo
‘Agenda 21 em São Paulo’ - SMA
Projeto Tietê (2º Fase)
Programa de Controle d Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares – PROMOT
Relatório de Relação de Áreas Contaminadas
Relatório Operação Inverno
Programa de Despoluição do rio Pinheiros (acompanhamento)
Relatório de atendimento a acidentes ambientais em postos e sistemas retalhistas de
combustíveis - 1984 a 2004
Relatório de atendimento a acidentes ambientais no transporte rodoviário de produtos
perigosos - 1983 a 2004
São Paulo – Manual de informação de um Programa de Prevenção à Poluição
Fonte: CETESB (2007)
186
Deve-se ressaltar que em algumas ações como as de Monitoramento da
Qualidade das Águas do Rio Tietê, o acompanhamento do programa de despoluição do
Rio Pinheiros e a de Monitoramento de qualidade do ar abrangem a RMSP, embora não
sejam ações específicas para a RM.
Existem trabalhos temáticos, estudos de viabilidade e relatórios que se propõem
a abordar a escala metropolitana, como o Programa de Controle e Poluição Ambiental
para a RMSP (1986), o Plano Diretor de Resíduos Sólidos da RMSP e respectivo
EIA/RIMA: Projeto Tiete (1993). Porém,são trabalhos em que a questão metropolitana é
tratada a partir de levantamentos municipais realizados individualmente em que o
município sede da RM, em geral, é o foco principal. Constatamos que o período
estudado não existem trabalhos/ documentos específicos para a RMC.
Assim como a EMPLASA, a CETESB também não institui uma identidade
metropolitana ao elaborar estudos e políticas associadas à qualidade ambiental, uma
vez que a escala de estudo ambiental adotada por essa instituição se refere à escala
municipal ou no máximo a escala de bacias hidrográficas, além de considerar em menor
proporção as relações socioeconômicas intrinsecamente associadas à questão
ambiental.
Essa ênfase resulta possivelmente do fato desse órgão estar vinculado a
Secretaria do Meio Ambiente e de colaborar com a Secretaria em importantes projetos,
programas e na fiscalização de inúmeras questões relacionadas à qualidade ambiental,
dentre as quais as referentes ao Saneamento Ambiental.
Cada um dos órgãos adquire, portanto, em linhas gerais, o perfil da Secretaria a
que está vinculada.
187
Através da análise dos principais trabalhos57 elaborados pela EMPLASA e
CETESB para as RMSP e RMC, consideradas nesse trabalho como as ações e
políticas relacionadas ao saneamento ambiental, constatou-se que esses órgãos não
contribuem para a formação de uma identidade metropolitana ambiental que possibilite
a implementação de políticas públicas adequadas às diversidades socioeconômicas e
ambientais de cada RM. Esses órgãos abordam a questão metropolitana através de
ações e políticas de âmbito municipal ou estadual, devido à ausência de aparato
legislativo que respalde as políticas e ações metropolitanas.
Optamos, diante disso, por acrescentar ao trabalho a ação dos comitês de bacias
hidrográficas como agentes na formação da identidade ambiental metropolitana
ambiental para as RMs paulistas, uma vez que segundo Novais e Jacobi (2002), as
instituições/órgãos têm possibilitado instaurar a conexão entre o Estado, a sociedade
civil e as administrações dos municípios que constituem as bacias.
57
Foram considerados como os mais importantes os trabalhos citados em publicações comemorativas
dessas instituições, como livros, CDs, folders, etc, além de receberem destaque no site dessas
instituições.
188
3.4.3 COMITÊS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS
Ampliação do escopo de estudo aos Comitês de Bacias Hidrográficas, em
especial daqueles que abrangem as RMSP e RMC, deu-se em razão de acreditarmos
que eles possibilitam a integração dos municípios que constituem a bacia hidrográfica e,
concomitantemente, uma mesma região metropolitana em torno de uma questão de
interesse comum.
Ao desenvolver um trabalho em bacias hidrográficas que abrangem municípios
que constitui uma mesma RM, o Comitê de Bacia possibilita aos municípios se
enxergarem como parte da RM a partir dos problemas urbano-ambientais associados
aos recursos naturais, principalmente os hídricos.
Os Comitês de Bacias Hidrográficas são órgãos colegiados com atribuições
normativas, deliberativas e consultivas que foram instituídos no Brasil a partir da Lei
Federal 9433/97 e que resultou de um longo processo de negociação entre os diversos
setores envolvidos na gestão de recursos hídricos. Ao instituir a Política Nacional de
Recursos Hídricos e criar o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,
essa Lei estabeleceu um marco fundamental na implementação dos comitês de bacia
no Brasil.
No Estado de São Paulo os Comitês de Bacias Hidrográficas foram criados no
inicio da década de 1990 através da Lei 7.663/91 que também instituiu a Política
Estadual de Recursos Hídricos (PERH) e criou Fundo Estadual de Recursos Hídricos –
FEHIDRO - mecanismos financeiros necessários à implementação dos planos de
bacias e ao suporte dos comitês e do próprio sistema de gestão.
189
Nesse caso o território paulista foi dividido em 22 Unidades de Gerenciamento de
Recursos Hídricos (UGRHI) que são administradas por 21 Comitês, sendo que 2
abrangem as principais RMs Paulistas, são eles: o CBH do Alto Tietê – que abrange a
RMSP e CBH do Piracicaba, Capivari, Jundiaí - que abrange a RMC, como apresentado
na Figura 2
Fonte: Comitê da Bacia Hidrográfica do PCJ (2010)
Figura 2: Os 21 Comitês de Bacias que abrangem as 22 UGRHIs do Estado de São
Paulo, com destaque para as RMSP e RMC
190
Tanto os Comitês de Bacia quanto a Plano Estadual de Recursos Hídricos
(PERH) encontram-se inseridos no Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos
de São Paulo e estão vinculados ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CRH)58.
Rocha (1998, p.2) afirma que o funcionamento desse sistema:
É um processo contínuo e interativo das três instâncias: os comitês de
bacia que definem as prioridades regionais, que são sistematizadas no
plano estadual e, posteriormente, transformadas em lei, enquanto que
os recursos financeiros são destinados às bacias e administrados por
uma agência local, conforme as diretrizes definidas pelos respectivos
comitês.
É um sistema que busca eficiência, na medida em que define as prioridades,
elabora leis e financia essas prioridades.
Os Comitês têm como objetivo gerenciar a água de forma descentralizada,
integrada e com a participação da sociedade.
Tendo em vista garantir a todos os integrantes do colegiado os mesmos direitos
e poderes nas tomadas de decisões que poderão influenciar na melhoria da qualidade
de vida da região e no desenvolvimento sustentado da bacia, os comitês foram
constituídos como colegiados tripartites compostos por representantes de municípios
58
É um órgão deliberativo, com participação dos grupos interessados do estado, dos municípios e da
sociedade civil. É responsável pela supervisão e regulamentação do Sistema de Gestão de Recursos
Hídricos do Estado. A Secretaria Executiva do CRH é a Comissão Coordenadora do Plano Estadual de
Recursos Hídricos (CORHI). O CRH depende do conhecimento técnico especializado e do apoio
administrativo do CORHI, que também coordena a revisão do plano estadual de recursos hídricos a cada
quatro anos
191
(prefeitos), de órgãos estaduais e de entidades representativas da sociedade civil
(ONGs, universidades, associações) em igual número.
Além da Política Estadual de Recursos Hídricos59 e da participação da sociedade
nos processos decisórios, a Lei 7.663/91 instituiu diretrizes para atualização periódica
do Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH) e determinou:
•
O reconhecimento da água como um bem público de valor econômico
•
A
adoção
da
bacia
hidrográfica
como
unidade físico
territorial de
planejamento; o gerenciamento integrado, descentralizado e participativo
•
A harmonização do gerenciamento dos recursos hídricos com a proteção do
meio ambiente e desenvolvimento sustentável.
Os Comitês de Bacia encontram-se inseridos, portanto, em um sistema marcado
pela organização e integração desses com os órgãos e entidades estaduais e
municipais a nível regional e pela participação das organizações da sociedade civil no
processo. Essa integração pode ser aferida em alguns dos trabalhos publicados no
âmbito do Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo
com a participação dos Comitês de Bacias, conforme o Quadro 9.
A Política Estadual de Recursos Hídricos tem como objetivo assegurar que a água, recurso natural
essencial à vida, ao desenvolvimento econômico e ao bem-estar social, possa ser controlada e utilizada,
em padrões de qualidade satisfatórios, por seus usuários atuais e pelas gerações futuras, em todo o
território paulista.
59
192
Quadro 9: Publicações do Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos do
Estado de São Paulo com a participação dos Comitês de Bacias
1991-2000
TRABALHOS ELABORADOS – COMITÊ/FEHIDRO/SIGRH
• Primeiro Plano do Estado de SÃO PAULO – 1990
• Plano Estadual de Recursos Hídricos 2004-2007 (SP)
• HIDROPLAN: "Plano Integrado de Aproveitamento e Controle dos Recursos Hídricos das
Bacias do Alto Tietê, Piracicaba e Baixada Santista" - Síntese, Mar/1997.
• Estudo da Cobrança - Simulação da Cobrança pelo CORHI – 1997
• Plano Estadual de Recursos Hídricos 2000 – 2003
• Relatório de Situação dos Recursos Hídricos no Estado de São Paulo (2004)
2001-2005
PERÍODO
•
Comunicados da SECOFEHIDRO 13/02/03
•
Relatório de Situação dos Recursos Hídricos no Estado de São Paulo (2004)
•
Relatório FEHIDRO: 10 anos de contratações- Data do relatório: 06/12/05
•
FLUXOGRAMA DO FEHIDRO - OUTUBRO/2003
•
Manual de Custeio do FEHIDRO - 20.12.02
•
Manual de Procedimentos Operacionais do FEHIDRO
•
Operacionais do FEHIDRO. Data do relatório: 25/03/03
•
Manual de “EDUCAÇÃO AMBIENTAL - Elaboração de Projetos FEHIDRO” - Elaborado
pela Coordenadoria de Planejamento Ambiental Estratégico e Educação Ambiental da
Secretaria do Meio Ambiente, 2003.
•
Roteiro para elaboração de Projetos de Produção de Mudas e Recuperação Florestal
para o Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO) - Elaborado pela Fundação
Florestal; 2003.
•
Manual de Procedimentos Operacionais do FEHIDRO (2003)
•
Relatórios de Atividades do FEHIDRO
•
Relatório de Atividades do FEHIDRO - Exercício de 2004
•
Roteiro para Navegação do FEHIDRO no SIGRH
•
Fluxo de Operações 2004 - Data do Relatório: 16/01/04. Fluxo de Operações para
Obtenção de Auxílio Financeiro do FEHIDRO
•
Cobrança pelo Uso dos Recursos Hídricos – Regulamentação, 2005
•
Relatórios do Plano Estadual de Recursos Hídricos 2004/2007
•
Plano Estadual de Recursos Hídricos 2004/2007
Fonte: Comitê de Bacia (2007)
Ressalte-se que o número de trabalhos publicados pelos 21 Comitês no Estado
de São Paulo entre o ano em que foram criados até o ano de 2005 é bem maior que os
citados no Quadro 9, pois esses se referem, em linhas gerais, a produção publicada
pelo SIGRH/Comitê/FEHIDRO em âmbito Estadual e não a publicação realizada por um
Comitê específico.
193
Segundo dados coletados no site do SIGRH no ano de 2009, foram publicados
2210 documentos pelos 21 Comitês de Bacias Hidrográficas entre os anos de 1990 a
2005, sendo que esses são divididos em 3 grandes grupos: Atas, Deliberações e
Documentos.
Para possibilitar maior visibilidade dos tipos de publicação elaboradas pelos
Comitês de Bacia, subdividiu-se esses 3 grupos em: Atas e Deliberações (2020
documentos), Planos de Bacia (11), Relatórios de Situação (9), Estatutos e Regimentos
(5), Relatório Zero (15), Agenda 21 (2) e Outros (Monções, cobranças, manuais,
EIA/RIMA, Plano Diretor) (147).
O Gráfico 4 apresenta o percentual de participação desses documentos no total
de publicações dos Comitês. Mas no gráfico 4 foi excluída a participação das Atas e
Deliberações, uma vez que os documentos se referem a 92% dos documentos /
publicações produzidos e apresentados pelos CBH, pois dificultaria a visualização da
participação dos demais grupos percentuais no Gráfico.
194
Gráfico 4: Distribuição dos trabalhos dos Comitês/FEHIDRO/ segundo o assunto
Distribuição dos trabalhos dos CBH segundo o assunto
6%
5% 3%
8%
1%
1%
76%
Plano de Bacia
Relatórios de Situação
Esatuto e Regimento
Relatório Zero
Diagnóstico de Situação
Agenda 21
Outros (Monções, cobranças, manuais, EIA/RIMA, Plano Diretor)
Fonte: SIGRH, 2009
Quanto ao conteúdo desses trabalhos, todos se referem à questão dos recursos
hídricos – principalmente a qualidade e a quantidade das águas - sendo que alguns
apresentam um amplo diagnóstico socioambiental como o ‘Relatório de Situação dos
Recursos Hídricos no Estado de São Paulo’ (2000) e o ‘Plano Estadual de Recursos
Hídricos’ (1990), enquanto outros apresentam conteúdos técnicos, como o ‘Manual de
Procedimentos Operacionais do FEHIDRO’ (2003).
Nos trabalhos desenvolvidos pelos Comitês do Alto Tietê, que abrange a maior
parte dos municípios que constituem a RMSP, e do Comitê do Piracicaba, Capivari e
Jundiaí que abrange todos os municípios da RMC, a bacia hidrográfica é a unidade de
escala para discussão de problemas ambientais, como pode ser aferido no caso do
Comitê de Bacia do Alto Tietê (RMSP) e do Comitê de Bacia do PCJ (RMC), conforme
os quadros 10 e 11.
195
Quadro 10: Publicações do Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos do
Estado de São Paulo com a participação dos Comitês de Bacias
2001-2005
PERÍODO
1991-2000
TRABALHOS ELABORADOS – COMITÊ ALTO TIETÊ
• Estatuto do CBH-AT - 2000
• Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê
• DOCUMENTA 7- Relatório: 31/12/02 - Secretaria Executiva - Seminário - Rodoanel e
Mananciais
• Manual de Procedimentos Operacionais - Data do relatório: 31/12/02 - Autor:
SECOFEHIDRO
• Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê - Relatório Final
• Plano da Bacia do Alto Tietê Versão 2.0 Setembro/2002 - Data do relatório: 30/09/02 Data de publicação: 01/10/02 - Autor: FUSP
Fonte: Comitê de Bacia do AT (2007)
Quadro 11: Publicações do Sistema Integrado de Gestão de Recursos Hídricos do
Estado de São Paulo com a participação dos Comitês de Bacias
PERÍODO
1991-2000
TRABALHOS ELABORADOS – COMITÊ PCJ
•
•
•
•
•
•
Relatório de Situação 1993/1994/1995
Deliberações do COFEHIDRO (1994 a 2000)
Minuta do Plano de Bacias 1994-1995
Plano de Bacias 2000-2003
Relatório de Situação 2000-2001: "Relatório 0"
Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia do Ribeirão Quilombo. 2000
2001-2005
• Boletim @guas.sp (nº1, nº2, nº3, nº4, nº5)
• Relatório de Situação 2002-2003
• Plano de Bacias 2004-2007
• Cartilha "Preservação de Nascentes: Água e Vida"- Elaborada pelos membros da
Câmara Técnica de Conservação e Proteção de Recursos Naturais (CT-RN) dos
Comitês das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Comitês
PCJ); 1ª Edição, Piracicaba/SP/Brasil, 2004
• PDCs
• Plano Diretor para Recomposição Florestal Visando a Produção de Água nas
Bacias Hidrográficas dos Rios Piraicaba, Capivari e Jundiaí. 2002
Fonte: Comitê de Bacia do PCJ (2007)
196
Dessa forma os Comitês também não instituem uma identidade metropolitana,
assim como a EMPLASA e a CETESB, ao elaborar estudos e políticas associadas à
qualidade ambiental.
Ao analisar os dados coletados junto aos órgãos/instituições escolhidas para as
Regiões Metropolitanas de São Paulo e de Campinas se constatou que, em suas
produções (ações, publicações, entre outros), esses órgãos/instituições não possibilitam
instituir uma identidade metropolitana, pois abordam a questão metropolitana através de
ações e políticas de âmbito municipal, estadual ou ainda utilizando a unidade de bacia.
Em razão das regiões metropolitanas não configurarem uma entidade autônoma
de governo, não existe aparato legislativo que respalde as políticas e ações nessa
escala.
Contudo, acreditamos que os Comitês podem ser considerados mais eficientes
do que os primeiros órgãos no trato de questões ambientais metropolitanas inseridas
em conflitos com interesses socioeconômicos quando a maior parte dos municípios que
constitui a RM encontra-se inserida em uma mesma bacia hidrográfica e, portanto, sob
as ações de um mesmo Comitê que possibilita ampliar o conhecimento e as discussões
a respeito das questões ambientais de âmbito metropolitano e, nesse contexto,
fomentar soluções na escala metropolitana.
Nesse caso, acreditamos que os Comitês de Bacia do Alto Tietê e do Piracicaba,
Capivari e Jundiaí podem ser importantes agentes para o planejamento ambiental
urbano, respectivamente, das RMSP e RMC e para a formação de uma identidade
ambiental metropolitana, embora em geral as ações por eles realizadas envolvam a
bacia como um todo.
197
Vale salientar ainda que a eficiência no trato de questões que associam relações
socioeconômicas e ambientais resulte do fato dos comitês terem sido criados dentro de
um sistema tripartite em que um de seus objetivos é a gestão dos recursos hídricos de
forma a assegurar que possam ser utilizados satisfatoriamente, tanto em atividades
econômicas quanto nas associadas ao bem-estar social, a partir de padrões de
consumo que possibilitam seu uso pelas atuais e futuras gerações.
Para Novaes e Jacobi (2002) a eficiência dos Comitês se estabelece em razão
desses se constituírem em um fórum democrático, pluralista e participativo.
Os Comitês apontam a importância estratégica das dimensões democrática e
participativa para alcançar melhores resultados tanto na gestão hídrica, como nos
outros objetivos que a instituição possa ter, como por exemplo as questões associadas
ao saneamento ambiental e a qualidade de vida da população das bacias hidrográficas.
Essa ênfase resulta possivelmente do fato desse órgão constituir, segundo
Novaes e Jacobi (2002), a base e a linha de frente desse novo sistema de gestão e
apresentar alguns desafios comuns. Segundo os autores,
(...) a fragilidade dos mecanismos voltados para garantir a efetiva
participação e representatividade da sociedade civil e usuários; a baixa
capacidade de resolução de conflitos de interesse entre diferentes
organismos de bacia; e a dificuldade para se por em prática mecanismos
legais e institucionais que permitam e operacionalizem a cobrança pelo
uso da água.
198
Nesse contexto deve-se ressaltar que, embora os desafios sejam comuns, existe
certa heterogeneidade na capacidade dos diferentes Comitês de Bacia Hidrográfica
(CBH) em responder e equacionar conflitos e, por isso, determinados Comitês são
considerados mais eficientes do que outros60.
Essa eficiência está intrinsecamente relacionada à existência de capital social de
conexão61, considerado nesse trabalho como fundamental para a elaboração de uma
identidade ambiental metropolitana.
A bacia hídrica foi apontada por Novais e Jacobi (2002) como a unidade de
escala mais adequada para a análise de questões regionais, sendo, por isso, bastante
utilizada pelos órgãos/instituições governamentais na elaboração de ações e políticas
públicas de âmbito regional associada à existência de redes sociais.
Nesse sentido as redes sociais podem ampliar as discussões e a participação da
sociedade civil na elaboração e produção de diferentes respostas às demandas
ambientais dos municípios de uma mesma RM em conjunto com os órgãos/instituições
governamentais e, dessa forma, legitimar a formação de uma identidade ambiental
metropolitana.
O estudo dos Comitês de Bacia Hidrográfica, em especial daqueles que
abrangem as RMs, dá-se em razão de acreditarmos que ele possibilita a integração dos
60
Novais e Jacobi (2002) salientam que a literatura institucionalista e neo-institucionalista aponta para
dois conjuntos de variáveis que devem ser consideradas como possíveis condicionantes da eficiência
institucional: as especificidades do arranjo institucional e o nível de articulação interna da sociedade civil
local (o capital social).
61
Capital social de conexão ou institucional: agrega os aspectos políticos e sociais que vão moldar a
estrutura social e permitir que as normas de cooperação e reciprocidade se desenvolvam. Essa categoria
refere-se especificamente ao acesso e interferência que os grupos sociais têm sobre organizações
formais como o governo, sistema judiciário ou empresas. Esta categoria assume que, além de coesão
interna e da capacidade de interagir para além das suas fronteiras, o engajamento com instituições
formais é crucial para aumentar a capacidade do grupo social agir em prol de seus interesses coletivos.
(Woolcock, 1999)
199
municípios que constituem a bacia hidrográfica (e concomitantemente uma região
metropolitana) em torno de uma questão de interesse comum.
Nesse contexto a elaboração de uma identidade ambiental construída através da
relação entre o Estado (representado no Comitê de Bacia) e os municípios que
compõem ao mesmo tempo determinada bacia hidrográfica e determinada região
metropolitana, pode permitir maior governabilidade em questões de interesse comum,
como o saneamento ambiental.
O próximo item apresenta os Comitês de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê e do
Piracicaba, Capivari e Jundiaí e a metodologia que fundamenta a análise da relação
entre esses e as respectivas RMs.
3.4.3.1 Comitês das Bacias Hidrográficas do Alto Tietê e do Piracicaba, Capivari e
Jundiaí
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ) foi
o primeiro Comitê de Bacia Hidrográfica a ser instalado através da Lei Paulista de
Recursos Hídricos (n. 7.663), promulgada em 1992, e instituído em 1993,
apresentando-se como modelo organizacional para os comitês que surgiram depois.
De acordo com o Relatório de Situação 2000-200262, a área de abrangência das
Bacias PCJ é de 15.303,67 km2, sendo 92,6% no Estado de São Paulo (61 municípios)
e 7,4% no Estado de Minas Gerais (4 municípios).
62
Relatório de situação 2000-2002 - Relatório Zero - CBH – PCJ Comitê das Bacias Hidrográficas dos
Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí Relatório de Situação dos Recursos Hídricos da UGRHI 5
200
Na parte paulista, o CBH-PCJ abrange 61 municípios pertencentes à UGRHI 05,
sendo que 19 desses municípios constituem a RMC.
O processo de formação do CBH-PCJ foi gradual e bastante negociado devido à
sua estrutura tripartite e também por implicar uma alteração das relações de poder
existentes e das formas de resolução dos problemas hídricos da região –
implementadas e já consolidadas pelo Consórcio PCJ – que exigiu negociação para que
os papéis de cada ator fossem definidos para a gestão dos recursos hídricos.
Embora o Comitê de Bacia do PCJ e o Consórcio PCJ tenham importante papel
nos debates e negociações relacionados à gestão dos recursos hídricos na região, é
verdade que eles possuem atuação diferenciada.
De acordo com Barbi (2007), cabe ao Comitê um papel mais administrativo, com
um poder de decisão relativamente grande, enquanto ao consórcio cabe uma maior
capacidade para executar programas e projetos, pois possui autonomia financeira,
equipe técnica e equipamentos próprios, capacidade de contratação de serviços, entre
outras funções. Porém, as ações se restringem ao conjunto de associados.
Nesse sentido cabe ressaltar que a estrutura do CBH-PCJ é diferente dos
demais comitês, uma vez que nesses comitês tanto as funções administrativas quanto
as funções técnicas e de execução cabem ao comitê, como ocorre no CBH-AT.
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (CBH-AT) foi o segundo comitê a
ser implantado no estado de São Paulo, instituído em 1994, e compreende UGRHI 06.
A UGRHI 06 corresponde à área drenada pelo rio Tietê, desde suas nascentes
em Salesópolis até a barragem de Rasgão, sendo integrada por 34 municípios. O
território dessa UGRHI abrange a maior parte do território da RMSP, exceto os
municípios de Guararema, Santa Isabel e Juquitiba.
201
Os municípios que constituem os Comitês de Bacia do PCJ e AT, e ao mesmo
tempo, as RMC e a RMSP podem ser verificados no Quadro 12.
Quadro 12: Municípios que constituem o Comitê de Bacia Hidrográficas do AT e do PCJ
e concomitantemente as RMs de São Paulo e Campinas.
COMITÊ DE BACIA
HIDROGRÁFICA DO ALTO
TIETÊ
Municípios que constituem as Regiões
Metropolitanas
Arujá, Barueri, Biritiba Mirim,Caieiras,
Cajamar, Carapicuíba, Cotia, Diadema,
Embu, Embu-Guaçu, Ferraz de
Vasconcelos, Francisco Morato, Franco da
Rocha, Guarulhos, Itapecerica da Serra,
Itapevi, Itaquaquecetuba, Jandira,
Juquitiba, Mairiporã, Mauá, Pirapora do
Bom Jesus, Rio Grande da Serra,
Salesópolis, Santana de Parnaíba, Santo
André, São Bernardo do Campo, São
Caetano do Sul, São Lourenço da Serra,
São Paulo, Suzano, Taboão da Serra
COMITÊ DE BACIA HIDROGRÁFICA DO
PIRACICABA, COTIA E JUNDIAÍ
Municípios que constituem os Comitês
de Bacia Hidrográfica
Arujá, Barueri, Biritiba Mirim, Caieiras,
Cajamar, Carapicuíba, Cotia, Diadema,
Embu, Embu-Guaçu, Ferraz de
Vasconcelos, Francisco Morato, Franco da
Rocha, Guarulhos, Itapecerica da Serra,
Itapevi, Itaquaquecetuba, Jandira,
Mairiporã, Mauá, Mogi das Cruzes, Osasco,
Pirapora do Bom Jesus, Poá, Ribeirão
Pires, Rio Grande da Serra, Salesópolis,
Santana de Parnaíba, Santo André, São
Bernardo do Campo, São Caetano do Sul,
São Paulo, Suzano, Taboão da Serra,
Juquitiba e São Lourenço da Serra.
Águas de São Pedro, Dois Córregos,
Mairiporã, Rio das Pedras, Americana, Elias
Fausto, Mogi Mirim, Saltinho, Amparo,
Holambra, Mombuca, Salto, Analândia,
Hortolândia, Monte Alegre do Sul, anta
Bárbara d´Oeste, Artur Nogueira,
Indaiatuba, Monte Mor, Santa Gertrudes,
Atibaia, Ipeúna, Morungaba, Santa Maria
da Serra, Bom Jesus dos Perdões,
Iracemápolis, Nazaré Paulista, Santo
Antonio de Posse, Bragança Paulista,
Itatiba, Nova Odessa, São Pedro,
Cabreúva, Itu, Paulínia, Socorro,Campinas,
Itupeva, Pedra Bela, Sumaré, Campo
Limpo Paulista, Jaguariúna, Pedreira,
Torrinha, Capivari, Jarinú, Pinhalzinho,
Tuiuti, Charqueada, Joanópolis, Piracaia,
Valinhos, Cordeirópolis, Jundiaí, Piracicaba,
Vargem, Corumbataí, Limeira, Rafard,
Várzea Paulista, Cosmópolis, Louveira, Rio
Claro, Vinhedo
Fonte: SIGRH, 2009
Americana, Artur Nogueira, Campinas,
Cosmópolis, Holambra, Hortolândia,
Indaiatuba, Itatiba, Jaguariúna, Monte Mor,
Nova Odessa, Paulínia, Pedreira, Santa
Barbara d'Oeste, Santo Antonio de Posse,
Sumaré, Valinhos, Vinhedo.
Outra diferença estrutural a ser destacada, refere-se ao fato do CBH-AT ser
dividido em subcomitês com o objetivo de tornar o gerenciamento dos Recursos
202
Hídricos da Bacia do Alto Tietê mais eficiente, na medida em que possibilita ampliar as
discussões a respeito de tal recurso em escalas menores, assim como dos recursos
naturais relacionados.
O quadro 13 apresenta os 5 subcomitês em que se divide o Comitê do Alto Tietê:
o Tietê-Cabeceiras, o Juqueri-Cantareira, o Cotia-Guarapiranga, o Billings-Tamanduateí
e o Pinheiros-Pirapora.
Quadro 13: Divisão dos Municípios do CBH-AT segundo os Subcomitês
SUBCOMITÊS
Juquerí/Cantareira
Tietê/Cabeceiras
Cotia /Guarapiranga
Billings/Tamanduateí
Pinheiros Pirapora
MUNICÍPIOS
Caieiras, Cajamar, Francisco Morato, Franco da Rocha, Mairiporã;
São Paulo
Arujá, Biritiba Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guarulhos,
Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis, Suzano, São
Paulo
Embu, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, Juquitiba, São Lourenço
da Serra, Taboão da Serra, São Paulo
Diadema, Maua, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Santo André,
São Bernardo, São Caetano, São Paulo
Barueri, Carapicuíba, Itapevi, Jandira, Osasco, Santana de
Parnaíba, Pirapora do Bom Jesus, São Paulo
Fonte: SIGRH, 2009
Cada um dos subcomitês, a partir de seus interesses, institui Câmaras Técnicas
onde as questões são discutidas e propostas e posições são fechadas, apresentadas
ao Colegiado e, posteriormente, ao Comitê, como pode ser verificado na Figura 3
Nesse contexto, o Colegiado das Câmaras Técnicas é o grande fórum de
discussões na medida em que esse possibilita a integração entre as Câmaras Técnicas,
que por sua vez se constituem em importantes arenas de discussão tanto para as
questões que abrangem toda a Bacia, quanto para as que abrangem as Sub-bacias. A
Figura 3 e a Figura 4 apresentam a estrutura dos Comitês da Bacia do Alto Tietê e do
PCJ e as respectivas Câmaras Técnicas.
203
PLENÁRIO DO COMITÊ
DA BACIA
Secretaria
Executiva
Câmaras Técnicas (CT):
•
•
•
•
•
Águas Subterrâneas
Drenagem, Aproveitamento Hidráulico e
Regras Operativas
Planejamento e Gestão
Saneamento Ambiental
Educação Ambiental
Juquery/ Cantareira
Tietê/ Cabeceiras
• CT Regras
Operativas
• CT Lei Específica
• CT Compensação
Hídrica
• CT Planejamento e
Gestão
• CT Saneamento
Ambiental
• CT Mananciais
• CT Gestão e
Planejamento
Fonte: SIGRH, 2009
Subcomitês
Cotia/
Guarapiranga
Billings/
Tamanduateí
• CT Licenciamento e
Fiscalização
• CT Saneamento
Ambiental
• CT Planejamento e
Gestão
Pinheiros/ Pirapora
• CT Planejamento e
Gestão
Figura 3: Estrutura do Comitê de Bacia Hidrográfica do Alto-Tietê
204
PLENÁRIO DO COMITÊ
DA BACIA
Diretoria
Fundação Agência
das Bacias PCJ
Secretaria
Executiva
Câmara Técnica de Planejamento
(membros do Plenário)
CT-AS
Águas
Subterrâneas
CT-EA
Educação
Ambiental
CT-ID
Integração
de Difusão e
Pesquisas e
Tecnologias
CT-OL
Outorgas e
Licenças
CT-Industria
Uso e
Conservação de
Água na
Indústria
CT-PB
Plano de
Bacia
CT-RN
Proteção e
Conservação
dos Recursos
Naturais
CT-AS
Saneamento
CT-SAM
Saúde
Ambiental
CT-Rural
Uso e
Conservação de
Água no
Meio Rural
Fonte: SIGRH, 2009
Figura 4: Estrutura do Comitê de Bacia Hidrográfica do PCJ (Comitê Estadual Paulista)
.
205
Como verificado nas Figuras 3 e 4, os CBH-AT e o CBH-PCJ apresentem
diferenças estruturais.
Além das diferenças estruturais, as áreas abrangidas pelos Comitês, a UGRHI 6
(CBH-AT) e a UGRH 5 (CBH-PCJ), que compreendem as regiões mais populosas do
Estado de São Paulo, a RMSP e a RMC (e os municípios de Piracicaba, Jundiaí e
Limeira), essas áreas apresentam diferenças relacionadas a aspectos como densidade
demográfica, a dimensão da área de drenagem, o tipo de uso do solo e dos recursos
hídricos, assim como os relacionado às atividades econômicas localizadas nas
UGRHIs, conforme o Quadro14.
206
Quadro 14: Características das UGRHI 5 e UGRHI 6
UGRHI 5 – RMC*
Área de drenagem
Municípios Abrangidos
Uso do solo
Uso da água
Principais atividades
2
2
UGRHI 6 – RMSP**
2
15.320 km . (14.040 km no Estado de São Paulo e 1.280 km no
Estado de Minas Gerais
Águas de São Pedro, Americana, Amparo, Analândia, Artur Nogueira,
Atibaia, Bom Jesus dos Perdões, Bragança Paulista, Cabreúva /Jacaré
e Bom F.B.Jesus, Campinas, Campo Limpo Paulista, Capivari,
Charqueada, Cordeirópolis, Corumbataí, Cosmópolis, Elias Fausto,
Holambra, Hortolândia, Indaiatuba, Ipeúna, Iracemápolis, Itatiba,
Itupeva, Jaguariúna, Jarinu, Joanópolis, Jundiaí, Limeira, Louveira,
Mombuca, Monte Alegre do Sul, Monte Mor, Morungaba, Nazaré
Paulista, Nova Odessa, Paulínia, Pedra Bela, Pedreira, Pinhalzinho,
Piracaia, Piracicaba, Rafard, Rio Claro, Rio das Pedras, Saltinho, Salto,
Santa Bárbara D'Oeste, Santa Gertrudes, Santa Maria da Serra, Santo
Antonio da Posse, São Pedro, Sumaré, Tuiuti, Valinhos, Vargem,
Várzea Paulista, Vinhedo
5.868 Km
2
Arujá, Barueri, Biritiba-Mirim, Caieiras, Cajamar,
Carapicuíba, Cotia, Diadema, Embu, Embu-Guaçu,
Ferraz de Vasconcelos, Francisco Morato, Franco
da Rocha, Guarulhos, Itapecerica da Serra, Itapevi,
Itaquaquecetuba, Jandira, Mairiporã, Mauá, Mogi
das Cruzes, Osasco, Pirapora do Bom Jesus, Poá,
Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Salesópolis,
Santana do Parnaíba, Santo André, São Bernardo
do Campo, São Caetano do Sul, São Paulo,
Suzano, Taboão da Serra.
As áreas ao Norte e ao Sul as áreas onde estão
localizados os reservatórios destinados ao
A maior parte do território dessa UGRH (41,5%) é protegido por Leis e
abastecimento público existem Unidades de
medidas específicas, por se tratarem de áreas de APAs, áreas naturais,
Conservação protegidas pela Lei de Proteção de
estações ecológicas e áreas naturais tombadas.
Mananciais.
A maior parte do solo das sub-bacias do Piracicaba e Jundiaí é ocupada
Na área das cabeceiras do rio Tietê predominam a
por plantações de cana de açúcar (33,6%), enquanto as pastagens
produção hortifrutigranjeira, a silvicultura e a
(39,06%) ocupam as demais sub-bacias.
mineração de não metálicos para a construção civil.
A área urbana ocupa cerca de 6% das bacias e a área de vegetação
A produção industrial tem maior expressão nos
nativa apenas 7,93%.
municípios de Santo André, São Bernardo, São
Caetano, Diadema, Mauá e Guarulhos.
Abastecimento público – no qual se inclui a quantidade transposta pelo Abastecimento público e industrial, recepção de
efluentes domésticos e industriais, geração de
sistema Cantareira –, o uso industrial e o uso no meio rural (sendo que
energia, pesca, irrigação e recreação.
a maior parcela, cerca de 90% é utilizada para irrigação)
Serviços, indústrias com acentuado conteúdo tecnológico (produtoras
de componentes para os setores de telecomunicação e informática),
Serviços e indústrias metalúrgicas, farmacêuticas,
além de montadoras de automóveis, refinaria de petróleo, fábricas de
papel e celulose, indústrias alimentícias e usinas sucroalcooleiras.
automobilísticas, químicas, têxteis, entre outras.
A atividade primária é variada, sendo a cana-de-açúcar a cultura
predominante, além da hortifruticultura e a citricultura.
4.303.000 habitantes
17.516.166 habitantes
94,4
96,9
300,6
2.926,7
População (2000)
Grau de Urbanização (%)
2
Densidade Demográfica (hb/km )
Fonte: Cetesb, 2006, SEADE/SABESP, 2003 - (*) abrange todos os municípios que constituem a RMC / (**) abrange 34 dos 39 municípios que
constituem a RMCSP.
207
Mesmo diante de tantas diferenças, as UGRHIs encontram-se inseridas em um
mesmo contexto de disputas pelo uso da água, uma vez que parte dos recursos
hídricos de superfície das bacias que compõem a UGRHI 5 (CBH-PCJ), em particular
parte da água da bacia do Piracicaba, é transferida, via Sistema Cantareira, para a
RMSP.
A Bacia do Piracicaba é responsável por aproximadamente 50% do
abastecimento da população da RMSP, cuja maior parte dos municípios constitui a
UGRHI 6 (CBH-AT).
Outra diferença que ajuda a traçar o perfil econômico das UGRHIs, segundo o
Plano Estadual de Recursos Hídricos 2004-2007 (DAEE, 2006), refere-se as diferenças
entre os tipos de demanda por água apresentada por cada UGRHI, conforme Tabela 1.
Tabela 1: Tipos de demandas de água, segundo UGRHI 5 e UGRHI 6.
Categoria de Uso
Urbano
Industrial
Irrigação
Total
Fonte: DAEE, 2006
Demanda UGRHI 5
(m3/s)
Demanda UGRHI 6
(m3/s)
15,06
17,97
7,80
40,83
68,50
14,33
3,59
86,42
Se consideradas as demandas totais das duas UGRHIs, vale ressaltar que a
UGRHI 6 demanda o dobro de água da UGRHI 5, ou seja, a UGRHI 5 produz o dobro
do que demanda para poder transferir, via Sistema Cantareira, 50% desse volume para
abastecer a UGRHI 6, tendo em vista que cerca de 79,27 % da água demandada para
essa UGRHI, é destinada ao abastecimento dos municípios que a constituem.
208
As diferentes demandas de uso para os recursos hídricos em cada UGRHI
possibilita ainda perceber os diferentes interesses que fundamentam as discussões dos
Comitês de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê e do Piracicaba, Capivari e Jundiaí e,
possivelmente, o peso atribuído aos diferentes interesses das respectivas RMs nesse
contexto.
O Gráfico 5 apresenta a participação de cada tipo de uso dos recursos no total
da quantidade de água demandada, ou seja, o peso que cada tipo de uso tem para
cada UGRHI.
Gráfico 5: Percentual de uso da água nas UGRHI 5 e UGRHI 6 segundo categorias
Categorias de Uso - UGRH 5
Categorias de Uso - UGRH 6
4%
19%
17%
37%
79%
44%
Urbano
Industrial
Irrigação
Urbano
Industrial
Irrigação
Fonte: DAEE, 2006
Quanto às condições socioeconômicas dos municípios que constituem essas
UGRHIs, segundo os dados do Índice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS)63,
ambas tem a maior parte de seus municípios classificadas nos níveis 1 e 2, ou seja,
63
Índice elaborado pela Fundação SEADE (2000) para mensurar o grau de desenvolvimento social e
econômico dos municípios do Estado de São Paulo, a partir dos níveis de riqueza municipal, escolaridade
e longevidade.
209
apresentam altos escores nas três dimensões analisadas pelo IPRS, como pode ser
aferido no Quadro 15.
Quadro 15 – Percentual dos Municípios por Grupo do IPRS - 2000
Grupos
Grupos Categorias
% de
Municípios
da UGRHI 5
(RMC)
Alta riqueza, alta longevidade e média escolaridade
Alta riqueza, alta longevidade e alta escolaridade
1
40,4
Alta riqueza, média longevidade e média escolaridade
Alta riqueza, média longevidade e alta escolaridade
Alta riqueza, baixa longevidade e baixa escolaridade
Alta riqueza, baixa longevidade e média escolaridade
2
15,8
Alta riqueza, baixa longevidade e alta escolaridade
Alta riqueza, média longevidade e baixa escolaridade
Alta riqueza, alta longevidade e baixa escolaridade
Baixa riqueza, alta longevidade e alta escolaridade
Baixa riqueza, alta longevidade e média escolaridade
3
10,5
Baixa riqueza, média longevidade e alta escolaridade
Baixa riqueza, média longevidade e média
escolaridade
Baixa riqueza, baixa longevidade e média
escolaridade
Baixa riqueza, baixa longevidade e alta escolaridade
4
15,8
Baixa riqueza, média longevidade e baixa
escolaridade
Baixa riqueza, alta longevidade e baixa escolaridade
Baixa riqueza, baixa longevidade e baixa
5
17,5
escolaridade
Fonte: Fundação Seade. Índice Paulista de Responsabilidade Social – IPRS (2000)
% de
Municípios
da UGRHI 6
(RMSP)
29,4
52,9
0,1
8,8
8,8
De acordo com os valores do IPRS, cerca de 40,4% dos municípios que
compõem a UGRHI 5 encontram-se classificados nos Grupos 1 e 2, 33,3% dos
municípios estão nos Grupos 4 e 5, enquanto os demais municípios, 26,3%, estão
distribuídos em Grupos com condições de IPRS intermediárias.
Assim como os municípios da UGRHI 5, os municípios que constituem a UGRHI
6, também têm sua maior parcela, 82,3%, classificada nos Grupos 1 e 2, sendo que a
210
52,9% estão no Grupo 2. As piores condições, classificadas nos grupos 4 e 5, são
encontradas em cerca de 17,6% dos municípios.
A UGRHI 6 possui então um percentual maior de municípios que apresentam as
melhores condições socioeconômicas do que a UGRHI 5.
Quanto à questão ambiental, destaca-se a quantidade e qualidade da água como
o principal problema a ser administrado nessas UGRHIs, uma vez que a qualidade de
vida da população da UGRHI 6 depende da água transposta pelo sistema Cantareira e
retirada da UGRHI 5.
Dentre os principais problemas que afetam a qualidade das águas nessas
UGRHIs, destacam-se os associados à contaminação do solo, assim como a disposição
inadequada de resíduos sólidos, contaminação por efluentes industriais e por postos de
combustíveis, problemas associados à contaminação por esgotos e a drenagem, entre
outros.
Ressalte-se que as áreas de ocorrência desses problemas nessas UGRHIs
coincidem com as áreas ocupadas pelos pólos de desenvolvimento, ou seja, abrangem
as regiões mais populosas do Estado de São Paulo, a RMSP e a RMC (e os municípios
de Piracicaba, Jundiaí e Limeira). Por isso, a maior parte das ações planejadas e
implementadas para essas UGRHIs pelos Comitês tem como principal objetivo a
manutenção da qualidade dos recursos hídricos, da mesma forma que as ações
relacionadas às demais questões ambientais inseridas no contexto hídrico.
Nesse sentido, tanto o Comitê de Bacias do Piracicaba, Capivari e Jundiaí,
quanto o Comitê da Bacia do AT se esforçam em produzir instrumentos de análise e
configurar prioridades e metas para as bacias, criando suporte para que esses se
211
concretizem, dentre os quais se destacam o Relatório Zero64, o Plano de Bacia65 e a
Agência de Bacia. A partir desses instrumentos os Comitês contribuem para promover e
ampliar a conscientização entre a população da Bacia a respeito da realidade dos
recursos hídricos e naturais como um todo e a necessidade de contribuir para a
melhoria da qualidade ambiental.
Dentre os mecanismos de gestão adotados pelo CBH-AT, destacam-se a
configuração dos Subcomitês e das Câmaras Técnicas que têm contribuído na
elaboração de estudos e debates relacionados aos planos e programas e possibilitado a
discussão e configuração, aplicação e alocação de recursos financeiros para a
execução de ações, programas anuais e plurianuais de serviços e obras de interesse
das Sub-Bacias. Esses mecanismos resultam em benefícios a toda a Bacia.
Para o CBH-PCJ a gestão se dá de forma mais direta, uma vez que as
discussões e acordos se realizam sem a mediação de subcomitês (instâncias
intermediárias), embora os instrumentos sejam os mesmos.
Esse contexto pode ser aferido nas diretrizes apontadas nos Planos de Bacia do
ano de 2000 elaborado pelos respectivos Comitês de Bacia, como pode ser aferido nos
Quadros 16 e 17.
64
Relatório de Situação dos Recursos Hídricos ou Relatório Zero é elaborado anualmente. Esse aponta
a forma de uso e ocupação do solo desordenada da Região metropolitana de São Paulo como um dos
principais problemas para o setor de recursos hídricos, e apresenta recomendações como a necessidade
de participação de setores indiretamente relacionados à qualidade e quantidade da água, e para tanto
indica a necessidade de forma de gestão que deve contar com a participação de setores que influenciam
direta ou indiretamente, o quadro dos recursos hídricos
65
Plano de Bacia do Alto Tietê é elaborado quadrianualmente, como responsabilidade do Comitê.
Relatório Final foi apresentado em outubro de 2001, pela FUSP (Fundação da Universidade de São
Paulo), contém grande quantidade de dados para caracterizar a Bacia em termos técnicos.
212
Quadro 16: Objetivos e Metas definidas pelo Plano de Bacia do PCJ
AÇÕES DE GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
OBJETIVOS
Desenvolvimento
Institucional
Organização e
capacitação
Planejamento
dos Recursos
Hídricos
Gerenciamento
dos Recursos
Hídricos
Bases Técnicas
para o
Gerenciamento
METAS
Curto Prazo
•
Organizar e capacitar órgão de
coordenação e integração participativa; órgãos e
entidades de gestão de recursos hídricos e
Entidades civis de recursos hídricos;
•
Desenvolver tecnologia e recursos
humanos;
•
Desenvolver legislação e mecanismos
econômico-financeiros;
•
Organização e capacitação Educação
Ambiental.
•
Levantar dados e elaborar estudos; planos
de recursos hídricos e estudos de viabilidade;
•
Enquadrar os corpos de água em classe de
uso.
•
Desenvolver Sistemas de outorga e
cobrança;
•
Controlar e fiscalizar fontes industriais;
•
Racionalizar o uso dos recursos hídricos.
•
Desenvolver Rede hidrológica e de
monitoramento da qualidade das águas;
•
Desenvolver Sistema de informações sobre
os recursos hídricos e meio ambiente.
Médio e Longo Prazos
• Manutenção dos órgãos de coordenação e integração
participativa; das entidades de gestão de recursos hídricos e das
entidades civis de recursos hídricos;
• Adequar os programas de desenvolvimento tecnológico e de
recursos humanos, em função dos resultados obtidos;
• Analisar da legislação e mecanismos econômico-financeiros
vigentes;
• Dar continuidade ao programa de educação ambiental,
• Promover a conscientização da sociedade, através de cursos,
seminários, campanhas de divulgação etc.
• Fornecer dados atualizados, para manutenção e melhoria dos
centros de documentação;
• Serviços de consultoria para caracterizações das situações e
adequações dos planos e programas;
• Reenquadrar dos corpos de águas em classes de uso, através
de controle e avaliações das qualidades das águas, ampliando e
melhorando a rede de monitoramento de qualidade das mesmas.
• Manter e melhorar o sistema de outorga e cobrança, com
fiscalização e controle quantitativos e qualitativos dos usos das
águas;
• Controlar e fiscalizar as fontes poluidoras industriais com as
outorgas;
• Manter o programa de racionalização do uso dos recursos
hídricos, com a divulgação de técnicas adequadas de uso para a
redução das pressões de demanda e conservação dos recursos
hídricos.
• Manter e adquirir novas informações da base de dados suporte
para a rede hidrológica e de monitoramento da qualidade das
águas;
• Agilizar a disponibilização de dados e a alimentação do sistema
de informações sobre os recursos hídricos e meio ambiente.
213
Quadro 16 (cont.): Objetivos e Metas definidas pelo Plano de Bacia do PCJ
AÇÕES EM SERVIÇOS E OBRAS
AÇÕES DE
GESTÃO DOS
RECURSOS
HÍDRICOS
OBJETIVOS
Proteção e
Conservação
Ambiental
Estudos,
Projetos e
Programas
Serviços e
Obras de
Recursos
Hídricos
Serviços e
Obras
Correlatas
METAS
Curto Prazo
• Desenvolver programas: de proteção de mananciais
de águas superficiais e subterrâneas; de Proteção e
conservação de ecossistemas aquáticos, de
Reflorestamento e recomposição de vegetação ciliar e
áreas degradadas com conservação do solo; de controle
das fontes difusas de poluição das águas, de
Zoneamento Agroambiental
• Desenvolver ações integradas para melhoria da
“produção” de água.
• Definir
características
peculiares,
custos
e
programações físico-financeiras de empreendimentos
em: sistemas de esgotos sanitários, abastecimento de
água,
efluentes
industriais,
resíduos
sólidos,
conservação do solo, assoreamento de cursos de água,
drenagem urbana, áreas degradadas e recuperação de
represas; programas ambientais ligados a resíduos
sólidos.
• Desenvolver obras de aproveitamento múltiplos; de
recuperação e preservação de represas; de conservação
e recuperação da qualidade das águas abrangendo
sistemas de transporte e tratamento de esgotos urbanos
e efluentes industriais;
• Desenvolver obras de drenagem urbana e controle
de cheias e erosões, de recuperação e conservação da
quantidade de água abrangendo projetos integrados
reflorestamentos e conservação do solo.
• Desenvolver serviços e obras abrangendo: coleta de
esgotos urbanos; produção, distribuição e perdas em
sistemas de abastecimento de água; disposição de
resíduos domésticos, hospitalares, e industriais;
recuperação de áreas degradadas; e, preservação e
melhoria de produção de mananciais.
Médio e Longo Prazos
• Manter e melhorar os programas de proteção de
mananciais de águas superficiais e subterrâneas; de
proteção e conservação de ecossistemas aquáticos; de
reflorestamento e recomposição de vegetação ciliar e
áreas degradadas e do controle das fontes difusas de
poluição das águas, Zoneamento Agroambiental e
conservação do solo.
• Revisão das características peculiares, custos e
programações físico-financeiras de empreendimentos
em: sistemas de esgotos sanitários, abastecimento de
água, efluentes industriais, resíduos sólidos,
assoreamento de cursos de água, drenagem urbana,
áreas degradadas e recuperação de represas;
• Monitoramento dos programas ambientais ligados a
resíduos sólidos.
• Seguir o programa de obras de recuperação e
preservação de represas, e o de conservação e
recuperação da qualidade das águas, que abrange
sistemas de transporte e tratamento de esgotos urbanos
e efluentes industriais e os programas de obras de
drenagem urbana e controle de cheias e erosões, e
recuperação e conservação da quantidade da água.
• Prosseguir o programa de serviços e obras que
abrange: coleta de esgotos urbanos; produção,
distribuição e perdas em sistemas de abastecimento de
água; disposição de resíduos domésticos, hospitalares, e
industriais; recuperação de áreas degradadas; e,
proteção e melhoria de produção de mananciais.
Fonte: Plano de Bacia do PCJ
214
Quadro 17: Objetivos e Metas definidas pelo Plano de Bacia do AT
METAS
AÇÕES DE GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
OBJETIVOS
Desenvolvimento
Institucional
Planejamento
Gestão
e
Principais
•
Desenvolver órgãos e entidades de gestão de
recursos hídricos: esse programa de ações tem como
prioridade básica estruturar e implantar A Agência de
Bacia, criar a Câmara Técnica de Articulação Regional Urbana.
•
Desenvolver legislação e instrumentos de gestão,
como a criação do sistema de Licenciamento Urbano e
Ambiental,
•
Desenvolver tecnologia e capacidade técnica para
implementar a capacitação em Gestão de Recursos
Hídricos, Outorga e Fiscalização.
•
Implementar a comunicação social e educação
ambiental através da implementação de programas
destinados aos usuários de água superficial e
subterrânea.
•
Levantamento vinculado a Modelagem de
Qualidade das Águas, com levantamento das cargas
poluidoras, pontuais e difusas.
•
Estudos sobre a avaliação e riscos de
contaminação das águas subterrâneas e o
desenvolvimento de soluções alternativas de
recuperação da qualidade das águas em reservatórios
de retenção (piscinões).
•
Monitoramento da quantidade e qualidade das
águas dos organismos estatais e privados
•
Levantamentos e estudos com vistas a
implementar o sistema de outorga e cobrança para as
águas superficiais e subterrâneas.
Secundárias
•
Fomentar a capacitação gerencial das entidades
colegiadas do Comitê da Bacia, tais como a criação da
Unidade de Gerenciamento do Plano da Bacia do Alto Tietê e
apoiar os Sub-Comitês e Câmaras Técnicas.
•
Desenvolver o Modelo Institucional para a Gestão das
Águas Subterrâneas e dos recursos hídricos utilizados em
Plano da Bacia, Plano de Ação e Irrigação,
•
Realizar estudos setoriais e de projetos de lei,
•
Contemplar ações voltadas a apoiar a institucionalização
do setor de saneamento.
•
Desenvolver tecnologia para o Uso Racional da Água, o
Reuso e o Tratamento Não Convencional de Esgotos.
•
Implementar ações voltadas para a comunidade
relacionando a importância da Drenagem Urbana, a Proteção
dos Mananciais, o Manejo dos Resíduos Sólidos e do uso
racional da Água Subterrânea
•
Identificar Lixões, Aterros Sanitários esgotados e em
operação e identificação de novas áreas para a disposição de
Resíduos Sólidos,
•
Estimar a recarga dos aqüíferos sedimentares, e a
parametrização do clima e dos solos irrigados na região das
cabeceiras do rio Tietê.
•
Atualizar cadastro de usuários de recursos hídricos,
desenvolvimento
•
Melhorar a capacidade de controle e fiscalização urbana
e ambiental e a fiscalização de outorgas.
215
Quadro 17 (cont.): Objetivos e Metas definidas pelo Plano de Bacia do AT
AÇÕES EM SERVIÇOS E OBRAS
AÇÕES DE
GESTÃO DOS
RECURSOS
HÍDRICOS
OBJETIVOS
Plano da Bacia
Hidrográfica
Plano de Ação
Ações e
projetos em
Serviços e
Obras de
Recursos
Hídricos e
Saneamento,
METAS
Principais
Secundárias
• Implementar sistema de informações urbanas, de águas
subterrâneas e sobre a quantidade e qualidade das águas da bacia.
• Acompanhar e atualizar os planos setoriais;
• Atualizar os planos de Macrodrenagem, o de águas e o plano
diretor de esgotos, e a atualização do PDPA do Guarapiranga.
• Elaboração do Plano Diretor de Resíduos
Sólidos do Alto Tietê.
• Sistemas de abastecimento de água: obras destinadas a
produção de água
• Sistemas de coleta e afastamento de esgotos sanitários,
• Sistemas de transporte e interceptação de esgotos
• Ampliação e fortalecimento ao serviço "Caça Esgoto".
• Obras de controle de cheias (macrodrenagem): relacionadas às
obras e serviços na Calha do rio Tietê,
• Obras de detenção do escoamento superficial nas sub-bacias do
Alto Tietê.
• Obras de drenagem urbana (microdrenagem): atualização
cadastral e criação do banco de dados
• Georeferenciamento de drenagem urbana para a cidade de São
Paulo.
• Obras de utilização múltipla dos recursos hídricos: Sistema
Produtor Alto Tietê e a operação integrada das obras hidráulicas da
bacia,
• Sistemas de resíduos sólidos: a limpeza dos reservatórios de
detenção associado a melhoria dos sistemas de coleta de lixos e de
varrição das vias públicas
• Obras de adução e distribuição de água
• Obras de controle de cheias
• Melhoria de galerias pluviais na bacia
hidrográfica do rio Pirajussara e a adequação
das galerias de águas pluviais nas áreas
centrais do Município de São Paulo.
• Obras de recuperação das áreas de
disposição final de lixo e de monitoramento de
depósitos clandestinos de resíduos sólidos
216
Quadro 17 (cont.): Objetivos e Metas definidas pelo Plano de Bacia do AT
AÇÕES EM SERVIÇOS E OBRAS
OBJETIVOS
Ações de
proteção e
conservação
ambiental
METAS
Principais
• Obras de recuperação da qualidade das águas:
complementação e ampliação das ETEs previstas no
Plano Diretor de Esgotos e nos Sistemas Isolados
• Implementação de soluções não convencionais, como
os reservatórios de retenção.
• Conservação dos recursos hídricos e promoção de
seu uso racional: combate ao desperdício de água,
• Estudo, projetos e obras de saneamento em áreas
protegidas por lei tendo em vista o melhoramento da
qualidade dessas áreas;
• Recuperação de áreas degradadas e recomposição
nativa tendo em vista o controle, a recuperação e
O programa de
proteção da qualidade dos mananciais de abastecimento
ações de
de água
compensação
• O plano da bacia hidrográfica do Alto Tietê, orientado
dos municípios
pela "política para a gestão dos recursos hídricos", busca
assegurar água de adequada qualidade e quantidade à
toda população,
Recuperar e conservar a qualidade dos corpos de água
da bacia e implantar sistemas eficientes de drenagem e
controle de cheias.
Fonte: Plano de Bacia do AT (2002)
Secundárias
•
As intervenções localizadas com tratamento convencional
•
Controle de erosão, assoreamento e exploração mineral: o
diagnóstico,
•
Controle e monitoramento das perdas de solo tendo em
vista a melhoria da quantidade e qualidade dos recursos hídricos
na bacia hidrográfica.
•
Controle de fontes difusas de poluição das águas: o
controle de cobertura de fossas sépticas e de descartes de
limpeza de fossas, a primeira e a segunda
•
Controle de poluição em áreas rurais por agroquímicos e
fertilizantes
•
Obras de controle e redução de perdas, racionalização de
uso da água de irrigação.
• Programa de fomento ao reuso da água.
217
Os objetivos traçados para as UGRHIs 5 e 6 em seus respectivos Planos de
Bacia se estruturam a partir de dois conjuntos de objetivos: Ações de Gestão dos
Recursos Hídricos e Ações em Serviços e Obras. Subdividem-se, contudo, de forma
diferenciada nos Planos elaborados por cada Comitê de Bacia Hidrográfica, em razão
das diferentes realidades apresentadas por cada uma das UGRHIs.
Dentro dos 2 conjuntos de ações, cada Comitê apresenta em seu Plano de Bacia
alguns objetivos e metas diferenciadas.
O Comitê da Bacia Hidrográfica do AT, através do Plano de Bacia, apresenta
objetivos específicos para a UGRHI 6, os quais são: o Desenvolvimento Institucional; o
Planejamento e Gestão; o Plano da Bacia Hidrográfica; o Plano de Ação, as Ações e
projetos em Serviços e Obras de Recursos Hídricos e Saneamento, as Ações de
proteção e conservação ambiental, o programa de ações de compensação dos
municípios, para os quais são traçadas metas específicas, conforme o Quadro 17.
O mesmo ocorre para a UGRHI 5, o Comitê da Bacia Hidrográfica do PCJ, que
através do Plano de Bacia traçou metas para cada um dos objetivos: Desenvolvimento
Institucional Organização e capacitação, Planejamento dos Recursos Hídricos,
Gerenciamento dos Recursos Hídricos, Bases Técnicas para o Gerenciamento,
Proteção e Conservação Ambiental, Estudos, Projetos e Programas, Serviços e Obras
de Recursos Hídricos, Serviços e Obras Correlatas.
A consulta e análise de documentos como Relatórios, Planos de Bacia e Atas
possibilitou aferir que os Comitês das Bacias Hidrográficas do AT e do PCJ buscam
ampliar o conhecimento e as discussões a respeito dos recursos hídricos junto aos
municípios, assim como das questões ambientais que permeiam a qualidade e
quantidade desses recursos.
218
O resultado das ações dos Comitês para a ampliação do escopo de
conhecimento das questões ambientais (recursos naturais) pelos municípios e demais
membros e/ou participantes66 pode ser aferido através dos tipos de solicitação que
esses apresentam junto ao FEHIDRO, conforme os Quadros 18 e 19.
66
Os recursos financeiros do Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FEHIDRO - devem ser utilizados
para a execução dos programas, projetos, serviços e obras previstos no Plano Estadual de Recursos
Hídricos e nos Planos de Bacia Hidrográfica. Podem ser disponibilizados para empreendimentos
indicados pelos CBHs e pelo CORHI, e não necessariamente apresentados por membros (municípios,
entidades e instituições) que constituem os CBHs. (COFEHIDRO, 2010)
219
Quadro 18: Solicitação financiamento do CBH-AT junto ao FEHIDRO
Solicitante Projeto
Ano
Consorcio
intermunicipal
(1)
-
Município
ONG
Instituição
Estadual
Outros
Ed.
Ambiental
Técnico
Água
1996
1
1
2
2
1997
12
5
2
6
7
11
1998
2 (*)
16
11
12
28
24
9
1999
1 (*)
20
9
11
9
18
5
2000
2 (*)
2
2
4
5
3
5
2001
2 (*)
9
3
8
3
6
5
2002
2003
12
3
12
4
10
5
2004
1 (**)
14
15
19
12
15
12
2005
1 (***)
10
23
14
7
8
18
Fonte: CBH-AT, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005
(*) Consórcio Intermunicipal do ABC /(**) Consórcio intermunicipal das Bacias Tamanduateí e
sanitário/ (****) Consórcio intermunicipal da Bacia do Juqueri
Área
Saneamento
Esgoto Lixo Drenagem
1
2
5
8
1
1
2
5
Proteção
Ambiental
Outros
6
9
15
4
6
11
15
16
3
1
1
1
3
1
3
3
1
1
2
1
1
5
1
2
3
4
1
1
3
3
3
1
3
6
12
2
Billings / (***) Consórcio intermunicipal para aterro
Quadro 19: Solicitação financiamento do CBH-PCJ junto ao FEHIDRO
Ano
Consorcio
intermunicipal
Solicitante Projeto
Instituição
Município ONG
Estadual
14
4
Outros
Ed.
Ambiental
Técnico
1994
1995
1996
13
3
1997
1
7
1
1998
2
10
3
1
1999
7
2
2000
1
10
3
2001
3
2
21
1
2002
1
13
2
1
1
2003
4
16
2
1
2004
2
15
8
1
1
Fonte: CBH-PCJ, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005
Água
3
1
2
1
2
1
1
4
Área
Saneamento
Esgoto Lixo Drenagem
13
13
6
6
4
7
11
5
11
14
1
1
3
2
7
1
Proteção
Ambiental
Outros
2
2
1
2
2
2
6
6
7
5
4
5
1
2
220
Os quadros 18 e 19 (acima) possibilitam aferir em números absolutos a
diversidade de tipos de solicitação apresentadas ao FEHIDRO segundo as áreas, assim
como a diversidade de solicitantes.
As informações podem ser verificadas separadamente nos Gráficos 6 e 7 que
apresentam as solicitações de financiamento junto ao FEHIDRO segundo o tipo de
solicitante dos Comitês de Bacia do AT e PCJ.
Gráfico 6: Solicitação de financiamento (FEHIDRO) no CBH-AT segundo tipo de
solicitante (1996-2005).
CBH-PCJ - Financiamento segundo
tipo de solicitante (1994-2005)
1% 8%
28%
0%
63%
Consorcio intermunicipal
ONG
Outros
Município
Instituição Estadual
Fonte: CBH-PCJ, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001,
2002, 2003, 2004, 2005
221
Gráfico 7: Solicitação de financiamento (FEHIDRO) no CBH-PCJ segundo tipo de
solicitante (1994-2005).
CBH-AT - Financiamento segundo
tipo de solicitante (1996-2005)
3%
22%
28%
25%
22%
Consorcio intermunicipal
ONG
Outros
Município
Instituição Estadual
Fonte: CBH-PCJ, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001,
2002, 2003, 2004, 2005
Os Gráficos 8 e 9 apresentam as áreas contempladas através das solicitações de
financiamentos junto ao FEHIDRO pelos Comitês de Bacia do AT e do PCJ.
Gráfico 8: Solicitação de financiamento (FEHIDRO) pelos municípios do CBH-PCJ
segundo os tipos de atividades.
Solicitação de Financiamento por Atividade
24%
28%
9%
4%
21%
4%
3%
Ed. Ambiental
Esgoto
Proteção Ambiental
7%
Técnico
Lixo
Outros
Água
Drenagem
Fonte: CBH-PCJ, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001,
2002, 2003, 2004, 2005
222
Gráfico 9: Solicitação de financiamento (FEHIDRO) pelos municípios do CBH-AT
segundo os tipos de atividades.
Solicitação de Financiamento por Atividade
2%
22%
11%
7%
7%
0,5%
Técnico
Lixo
Outros
51%
Água
Drenagem
Esgoto
Proteção Ambiental
Fonte: CBH-AT, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001,
2002, 2003, 2004, 2005
Diante da diversidade de áreas contempladas por solicitações junto ao FEHIDRO
acredita-se que os Comitês de Bacia Hidrográfica podem ser responsáveis pela
ampliação do conhecimento de seus membros e/ou participantes a respeito das
questões ambientais, uma vez que as solicitações em geral resultam do conhecimento
do solicitante sobre os problemas da bacia e, possivelmente, dos problemas ambientais
da RM em que a bacia está inserida.
Embora os municípios sejam responsáveis pela maior parte das solicitações, há
que se ressaltar a presença de outros agentes como as Instituições Estaduais (no PCJ
e no AT) e as ONGs no Comitê de Bacia do AT. Existe uma participação bastante
diversificada de agentes que solicitam financiamento para projetos associados às
questões ambientais.
223
Ainda em relação aos municípios, eles têm participado de forma diferenciada na
solicitação de financiamento junto ao FEHIDRO. Como pode ser aferido no Quadro 20
que apresenta a participação dos municípios no CBH-AT e o Quadro 21 que apresenta
as mesmas informações para os municípios no CBH-PCJ.
Quadro 20: Municípios do CBH-AT que solicitaram financiamento junto ao FEHIDRO
Ano
1996
Município
Embu das Artes
Biritiba-Mirim, Salesópolis, Guarulhos, Franco da Rocha, Mairiporã, Itapecerica da Serra,
1997 Juquitiba, São Paulo, São Lourenço da Serra, Cotia, Embu–Guaçú, Ribeirão Pires, Diadema,
São Caetano, Itapevi, Santana do Parnaíba.
Biritiba-Mirim, Salesópolis, Guarulhos, Franco da Rocha, Mairiporã, Consócio do ABC,
Itaquaquecetuba, Suzano, Itapecerica da Serra, Santana do Parnaíba, Pirapora do Bom Jesus,
1998
Salesópolis, Diadema, Itapecerica da Serra, São Paulo, São Lourenço da Serra, Embu das
Artes, Embu –Guaçú, Itapevi, Osasco
Biritiba-Mirim, Franco da Rocha, Mairiporã, Itapecerica da Serra, São Paulo, São Lourenço da
1999 Serra, Embu–Guaçú, Ribeirão Pires, Consócio do ABC e Diadema, Itapevi, Jandira, Osasco,
Mogi-Guaçu, São Bernardo do Campo
2000 Arujá, Santana do Parnaíba.
2001 Salesópolis, Mairiporã, Mogi-Guaçu, Itaquaquecetuba, Suzano, Embu –Guaçú, Itapevi,
2002 (PROBLEMAS ADMINISTRATIVOS)
Francisco Morato, Franco da Rocha, Caieiras, Salesópolis, Mairiporã, Consócio do ABC,
Itaquaquecetuba, Suzano, Itapecerica da Serra, Santana do Parnaíba, Pirapora do Bom Jesus,
2003
Diadema, Itapecerica da Serra, São Paulo, São Lourenço da Serra, Embu das Artes, Embu –
Guaçú, Itapevi, Osasco
Francisco Morato, Franco da Rocha, Salesópolis, Suzano, Itapecerica da Serra, Pirapora do
2004
Bom Jesus, São Lourenço da Serra, Embu –Guaçú, Itapevi, Carapicuíba, Mogi-Guaçu, Juquitiba
Poá, Francisco Morato, Franco da Rocha, Salesópolis, Pirapora do Bom Jesus, Embu–Guaçú,
2005
Biritiba-Mirim, Santo André, Osasco, Taboão da Serra.
Fonte: Elaborada pelo Autor
224
Quadro 21: Municípios do CBH-PCJ que solicitaram financiamento junto ao FEHIDRO
Ano
Município
Iracemápolis, Artur Nogueira, Americana, Valinhos, Corumbataí, Rio Claro, Pedreira, Campinas,
1994
Piracicaba, Limeira, Bom Jesus dos Perdões,
1995 (PROBLEMAS ADMINISTRATIVOS)
Americana, Piracicaba, Atibaia, Salto, Santa Barbara, Capivari, Sumaré, Jundiaí, Amparo,
1996
Holambra, Pedreira, Várzea Paulista, Rio das Pedras, Monte Alegre do Sul.
1997 Piracicaba, Saltinho, Santa Barbara, Holambra, Valinhos, Nova Odessa, Campinas
Americana, Santa Barbara, Campinas, Valinhos, Santa Gertrudes, Elias Fausto, Limeira,
1998
Jundiaí, Rafard
1999 Elias Fausto, Limeira, Piracaia, Americana, Campinas, Nova Odessa, Capivari
Limeira, Bragança Paulista, Charqueada, Piracicaba, Americana, Santa Barbara, Joanópolis,
2000
Santa Gertrudes, Rafard, Analândia.
Campinas, Itapeúna, Limeira, Hortolândia, Charqueada, Campo Limpo, Elias Fausto,
2001 Iracemápolis, Itupeva, Capivari, Santo Antônio de Posse, Piracicaba, Morungaba, Santa
Barbara, Americana, Atibaia, Bom Jesus dos Perdões, Rio Claro, Atibaia.
Campinas, Limeira, Charqueada, Campo Limpo, Piracicaba, Santa Barbara, Nova Odessa, Rio
2002
Claro, Itatiba, Salto, Santa Gertrudes.
Santa Gertrudes, Santa Barbara, Rio Claro, Nova Odessa, Charqueada, Saltinho, São Pedro,
2003
Louveira, Bom Jesus dos Perdões, Artur Nogueira, Valinhos, Atibaia, Rio das Pedras, Pedreira
Santa Gertrudes, Santa Barbara, Rio Claro, Nova Odessa, Charqueada, Saltinho, São Pedro,
2004
Louveira, Bom Jesus dos Perdões, Artur Nogueira, Valinhos, Atibaia, Rio das Pedras, Pedreira
Rio Claro, Nova Odessa, Saltinho, Atibaia, Rio das Pedras, Americana, Capivari, Campo Limpo,
2005
Cosmópolis, Limeira, Salto, Itatiba, Pedreira, Amparo, Campinas, Piracaia.
Fonte: Elaborada pelo Autor
Quanto à participação dos municípios que constituem os Comitês e,
concomitantemente, uma das Regiões Metropolitanas, as informações contidas nos
quadros 20 e 21 possibilitam verificar a maior participação de uns municípios em
detrimento de outros, assim como a ausência de alguns, como no caso do município de
Paulínia do CBH-PCJ.
A frequente participação desses municípios na solicitação de recursos junto ao
FEHIDRO pode ser um dos indicativos de que o Comitê de Bacia amplie os
conhecimentos dos municípios a respeito da realidade ambiental da RM de que fazem
parte e de que as ações e discussões fomentadas pelo Comitê podem vir a constituir
uma consciência ambiental da realidade metropolitana e, possivelmente, resultar em
uma identidade ambiental metropolitana.
225
A importância da ação/desempenho dos Comitês Hidrográficos do AT e do PCJ
na possível formação de identidade ambiental para as RMs de São Paulo e Campinas é
analisada no próximo capítulo que apresenta a metodologia utilizada para identificar a
existência de identidade ambiental metropolitana, assim como a metodologia adotada
para a seleção dos municípios a serem estudados.
226
CAPÍTULO IV
4. METODOLOGIA: CONSTRUÇÃO/IDENTIFICAÇÃO DA IDENTIDADE
AMBIENTAL METROPOLITANA.
Os dois primeiros capítulos apresentaram a base teórica que fundamenta esse
trabalho, assim como a metodologia a ser desenvolvida nesse capítulo.
Os conteúdos subsidiam a discussão da hipótese de que existe uma relação
direta entre a Governabilidade Metropolitana em Questões Ambientais Urbanas e a
existência de Identidade Ambiental Metropolitana, cuja formação se estrutura pela ação
de determinada instituição partir de três eixos de igual importância: Urbanização e
Metropolização
(contexto
socioeconômico
e
político),
Sociedade
de
Riscos
(vulnerabilidade aos riscos) e a presença de Capital Social Institucional (capital social
de conexão).
A Figura 5 apresenta, resumidamente, a construção teórica dessa hipótese.
227
GOVERNABILIDADE METROPOLITANA EM
QUESTÕES AMBIENTAIS
IDENTIDADE AMBIENTAL
METROPOLITANA
(Desempenho Institucional)
Processo de Urbanização e
Metropolização
(Perspectiva sócio-econômicapolitica/Normas)
Sociedade de Riscos
(relação ambiente e sociedade)
Capital Social
Institucional
Instituição /Municípios
Fonte: Elaborada pelo autor
Figura 5: Metodologia da construção teórica da hipótese do trabalho
O capítulo 3 apresentou o perfil das instituições analisadas no estudo de caso e
identificou a mais apropriada ao desenvolvimento da hipótese de que a ampliação da
governabilidade metropolitana e a solução de problemas ambientais de interesse
comum entre os municípios de uma mesma RM, passa pela percepção/construção de
um código comum, uma identidade que possibilita aos municípios se sentirem
integrados à dinâmica socioeconômico-ambiental metropolitana.
Nesse contexto, o grande desafio é identificar e/ou construir essa identidade
ambiental metropolitana de forma a contemplar a complexidade econômicasocioambiental do conjunto de municípios que compõem as RMs e possibilitar o
surgimento de canais eficientes de governabilidade pautados na equidade e na
democracia, uma vez que “a construção social de identidades sempre ocorre em um
contexto marcado por relações de poder”. (CASTELLS, 1999, p.24)
228
Construção da Metodologia
Como abordado anteriormente, esse trabalho fundamenta-se no conceito de
identidade legitimadora, definida por Castells (1999), que se refere àquela introduzida
pelas instituições dominantes da sociedade com o objetivo de expandir e racionalizar
sua dominação em relação aos atores sociais. O autor destaca ainda que a identidade
legitimadora deverá dar origem a uma sociedade civil, conforme o amplo conceito
formulado por Gramsci69, ou seja, a “(...) um conjunto de instituições e organizações,
bem como uma série de atores sociais organizados que, embora às vezes de forma
conflitante, reproduzem a identidade que racionaliza as fontes de dominação estrutural”
(CASTELLS, 1999, p.24)
Diante desse contexto, acreditamos haver uma relação direta entre a existência
de uma identidade ambiental metropolitana – construída pela instituição responsável
pela gestão de questões ambientais na região metropolitana (identidade legitimadora) e ampliação da governabilidade metropolitana em questões ambientais.
A partir dessa hipótese, a instituição é considerada como a principal responsável
pela construção da identidade ambiental metropolitana, uma vez que acreditamos que a
instituição estimule a construção dessa identidade ao elaborar ações e políticas
públicas - fundamentadas na forma como a instituição compreende e constrói a
realidade urbana e ambiental dessa região. Ou seja, a maneira como a instituição
responde aos conflitos e interesses ambientais e urbanos nas Regiões Metropolitanas.
69
O conceito de sociedade civil formulado por Gramsci destaca que é constituída de uma série de
aparatos como a(s) Igreja(s), sindicatos, partidos, cooperativas, entidades cívicas, entre outras, que se
por um lado prolongam a dinâmica do Estado, por outro estão profundamente arraigados às pessoas.
229
Dessa forma, acreditamos que a instituição constrói a identidade a partir de sua
interpretação da relação que se estabelece entre a sociedade e o ambiente natural.
Para analisarmos essa hipótese, inicialmente verificamos a existência ou não de
uma identidade ambiental metropolitana construída a partir de ações realizadas pela
instituição. Nesse contexto o desempenho institucional é investigado segundo a
percepção dos representantes dos municípios que constituem as RMs e participam das
reuniões/ações da instituição.
Acreditamos portanto, na possibilidade de a identidade resultar da relação entre
a instituição e os municípios metropolitanos, contexto no qual a instituição pode ser
considerada um agente importante na formação da identidade ambiental metropolitana
para a RM uma vez que, através de seu desempenho, a instituição pode fomentar o
capital social entre os municípios que constituem uma mesma RM e contribuir para
ampliação do conhecimento das administrações municipais a respeito das questões
ambientais metropolitanas. Esses aspectos, supomos, podem ser imprescindíveis para
estruturar uma identidade ambiental em RM.
Portanto, a metodologia utilizada para investigarmos a ação da instituição na
identificação ou formação de uma identidade ambiental metropolitana se fundamentou
na percepção dos representantes dos municípios metropolitanos sobre o desempenho
da instituição em construir essa identidade, bem como da intenção/percepção da
instituição em construí-la.
Nesse sentido, as instituições foram analisadas pelos representantes dos
municípios a partir de aspectos associados às suas ações em fomentar capital social
(no caso, o linking capital social) e em ampliar o conhecimento dos municípios a
respeito
das
fragilidades
e
potencialidades
econômicas
e
socioambientais
230
metropolitanas - questões urbano ambientais associadas à metropolização, a
urbanização e aos riscos (sociedade de riscos). Além desses aspectos, foram
analisados alguns elementos que podem contribuir à construção de identidade, como o
sentimento de pertencimento, a formação de memória coletiva e os processos de
patrimonialização, abordados no capítulo 3 que possibilitou a fundamentação teórica da
metodologia.
A escolha em analisar a percepção do representante de cada administração
municipal que participa das reuniões da instituição ocorreu em razão desse
representante, possivelmente, exercer influência tanto nas ações/decisões da
administração de seu município a serem implementadas localmente – como legislação,
políticas publicas, entre outros -, quanto nas ações/tomadas de decisão que seu
município encaminha às reuniões da instituição podendo influenciar as decisões
regionais (bacia e/ou metropolitanas).
São esses representantes que transmitem as informações do município para a
instituição e vice-versa, além de estabelecerem canais de confiança e cooperação com
os demais parceiros (municípios, ONGs, organizações, etc.) que participam das
reuniões/atividades da instituição. Tais representantes são os “porta-vozes” dos seus
municípios
junto
à
instituição,
da
mesma
forma
em
que
transmitem
as
informações/decisões da instituição a seus municípios 67.
Quanto à escolha da instituição, conforme justificado no capítulo 3, acreditamos
que o Comitê de Bacia Hidrográfica possa ser o agente responsável pela
67
Em geral os prefeitos não participam de todas as reuniões do subcomitês/comitês, apenas das
reuniões deliberativas mais importantes, e cuja decisão se fundamenta nas informações transmitidas pelo
representante do município nessas reuniões.
231
identificação/construção de uma identidade ambiental metropolitana nas RMs
selecionadas.
Diante do contexto apresentado, a realização de uma pesquisa qualitativa se
mostrou mais adequada aos objetivos desse trabalho cuja amostra para o estudo de
caso abrange os representantes dos municípios das RMC e RMSP e os representantes
dos respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica que abrange esses municípios - o do
Piracicaba, Capivari e Jundiaí e o do Alto Tietê -, como destacado no capítulo anterior.
Contudo, há que se ressaltar que por questões de operacionalização68, a
amostra de municípios a serem analisados foi reduzida para 10 municípios da RMC e
14 da RMSP. Os parâmetros utilizados para esse recorte são apresentados no próximo
item 4.1 que apresenta uma metodologia para seleção de municípios a serem
estudados.
Para coletarmos as informações necessárias a análise da hipótese e
alcançarmos o objetivo, além das informações obtidas através da revisão bibliográfica,
foram coletados dados secundários - junto a instituições governamentais – e dados
primários junto aos representantes dos municípios que constituem a RMSP e a RMC
que participam das reuniões/atividades dos Comitês de Bacia Hidrográfica, e junto aos
Secretários Executivos dos dois Comitês de Bacia Hidrográfica (PCJ e AT).
Os dados secundários possibilitaram identificar os principais problemas
urbanoambientais
metropolitanos
e
os
diferentes
cenários
de
vulnerabilidade
68
O fato de grande parte dos representantes dos municípios que participavam nas reuniões/ações dos
comitês desde o inicio de suas atividades até o ano de 2005 não fazerem parte efetiva do quadro das
administrações municipais - não eram funcionários concursados – nos gerou grande dificuldade em
contatá-los para a aplicação do questionário. Frente a essa realidade optamos em agrupar os municípios
segundo cenários de vulnerabilidade socioambiental e selecionar apenas um município de cada grupo
(um representante de município) para o estudo de caso, embora reconheçamos a importância de cada
município no contexto metropolitano.
232
socioambiental dos municípios que constituem as RMs. A partir dessas informações,
obtidas junto as instituições governamentais, foi possível desenvolver uma metodologia
específica e identificar os diferentes cenários de vulnerabilidade socioambiental para os
municípios das RMSP e RMC apresentada posteriormente.
A hipótese e o objetivo principal do trabalho tiveram na coleta dos dados
primários sua principal fonte de informação. A coleta de dados foi realizada a partir da
aplicação de três diferentes tipos de questionários, como pode ser verificado no
Apêndice, sendo que dois foram aplicados junto aos representantes dos municípios nas
reuniões/ações da instituição analisada e o terceiro questionário foi aplicado junto ao
representante da instituição.
A
necessidade
de
aplicarmos
dois
tipos
de
questionários
junto
aos
representantes dos municípios que constituem uma mesma RM deu-se em razão da
existência de 2 grupos de municípios: o grupo de municípios cujos representantes
participavam efetivamente das reuniões e atividades da instituição e o de municípios
cujos representantes participaram uma vez ou nunca participaram.
Ao aplicarmos o questionário ao primeiro grupo buscamos identificar, através de
questões abertas, fechadas e de múltipla escolha, a percepção dos representantes dos
municípios de uma mesma RM a respeito do desempenho da instituição em construir
uma identidade ambiental metropolitana. Para isso as questões buscaram analisar as
ações da instituição em fomentar capital social e em ampliar o conhecimento dos
municípios a respeito de questões ambientais e urbanas na RM.
O primeiro questionário foi aplicado a 9 municípios da RMC e 13 municípios da
RMSP - ao que participam das atividades do comitê/subcomitê - e se estrutura em 3
partes, sendo que a primeira busca investigar o desempenho institucional em articular
233
os municípios inseridos em uma mesma RM e conscientizá-los quanto a sua
importância na qualidade de vida de toda a RM através de questões associadas à
urbanização/metropolização. A primeira parte está organizada em 3 conjuntos de
perguntas relacionadas aos seguintes tópicos:
•
Satisfação e influência das administrações municipais no processo de
tomada de decisão e definição de prioridades69;
•
Sistema
de
informação
eficiente70
entre
a
instituição
e
as
administrações municipais, de maneira a facilitar e possibilitar a
coordenação de ações coletivas;
•
Participação nas atividades da Instituição como forma a ampliar o
conhecimento a respeito dos problemas ambientais e as discussões a
respeito desses problemas.
A segunda parte investiga a existência de capital social e/ou a construção desse
capital pela instituição a partir de 3 grupos de questões que se estruturam a partir de
atributos, como confiança, cooperação e reciprocidade. Destacamos que nesse grupo
algumas questões se referem à escala metropolitana, introduzindo o assunto da terceira
parte do questionário.
A responsabilidade da Instituição na percepção dos representantes dos
municípios a respeito da realidade e problemas ambientais da região metropolitana –
69
Processos de tomada de decisão: a capacidade que determinada instituição possui para planejar suas
ações coletivas tendo em vista contemplar os municípios envolvidos e cujos resultados influenciam
diretamente o seu desempenho. Se uma instituição tem conhecimento de como as decisões são tomadas
e deixam claras a todos os parceiros as regras e procedimentos, então conseguirá e avaliar melhor suas
atividades.
70
A instituição deve ser capaz de manter informados a respeito dos assuntos internos e externos
relativos aos temas de interesse comum todos os participantes, uma vez que possibilita coordenar melhor
as ações. Ou seja, a existência de sistemas de comunicação eficiente entre os membros de um grupo
facilita e permite que as ações coletivas tenham melhor êxito.
234
fundamentado no conceito de sociedade de risco - e a existência de uma identidade
ambiental metropolitana construída a partir de uma questão ambiental comum e sob a
influência da instituição é investigada a partir de alguns aspectos. Ei-los: a Identificação
dos problemas ambientais metropolitanos, Sentimento de Pertencimento, Consciência
Coletiva, Patrimonialização e a Percepção de Identidade Ambiental Metropolitana;
constituem a terceira parte do questionário.
O segundo tipo de questionário apresenta a mesma estrutura do primeiro
questionário e foi aplicado aos municípios que constituem a mesma RM do grupo
anterior (analisado pelo primeiro questionário) e não participavam ou participaram
apenas uma vez das atividades/reuniões da instituição. Esse questionário procurou
investigar o motivo que levou os municípios a não participarem das atividades da
instituição e como essa ausência influenciou ou não na percepção desses municípios a
respeito da existência ou não de uma identidade ambiental metropolitana.
Embora tais informações sejam importantes para compreensão da relação que
se estabelece entre os municípios e a instituição, os resultados da aplicação do
questionário encontram-se no APÊNDICE e as informações mais relevantes
contribuíram na análise e construção dos resultados, assim como nas Considerações
Finais do presente trabalho.
O terceiro questionário deveria ter sido aplicado junto aos Secretários Executivos
dos Comitês das Bacias Hidrográficas do Piracicaba, Capivari e Jundiaí e do Alto Tietê,
contudo, apenas o primeiro (Secretário Executivo do CBH-PCJ) se disponibilizou a
respondê-lo, embora inúmeras tenham sido as tentativas de realizar a entrevista ou de
enviar o questionário para que fosse respondido pelo Secretário Executivo do Comitê
da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê.
235
As informações coletadas no terceiro questionário buscaram identificar as ações
da instituição (a partir da percepção de seu representante) junto aos municípios tendo
em vista ampliar o conhecimentos/informações dos representantes municipais em
relação às questões de âmbito ambiental metropolitana, bem como as possíveis ações
da instituição no sentido de construir uma identidade comum aos municípios de uma
mesma RM.
Procura investigar, ainda, se o representante da instituição acredita que as ações
da instituição junto aos municípios possibilitam a construção de uma identidade
ambiental metropolitana na medida em que a instituição insere (ou não) a questão
ambiental metropolitana em suas discussões, resoluções e programas. Outro aspecto
investigado
através
das
questões
desse
questionário
é
a
intenção/interesse/preocupação da instituição em elaborar/reforçar uma identidade
ambiental para toda a RM.
O questionário aplicado ao Secretário Executivo do Comitê de Bacia Hidrográfica
do Piracicaba, Capivari e Jundiaí é constituído por 40 questões (abertas, fechadas e de
múltipla escolha) e foi dividido em três partes, sendo que a primeira investiga o
desempenho institucional em questões ambientais gerais e a percepção do
representante a respeito da relação entre a instituição e os municípios.
A percepção do representante da instituição a respeito da formação de capital
social de conexão é verificada através de atributos como confiança, participação e
cooperação, presentes no segundo grupo de questões.
O terceiro grupo de questões investiga se existe a intenção/responsabilidade da
instituição em ampliar a percepção dos representantes dos municípios a respeito da
236
realidade e problemas ambientais da região metropolitana, que acreditamos pode
contribuir para a formação de uma identidade ambiental metropolitana.
As especificidades de cada tipo de questionário podem ser verificadas no
APÊNDICE.
O próximo item apresenta a construção e aplicação da metodologia elaborada
para seleção dos municípios das RMC e RMSP – regiões selecionadas para o estudo
de caso e cujos mapas com a divisão político-administrativa podem ser aferidos no
APENDICE – a partir da definição de cenários de vulnerabilidade socioambiental. Após
a seleção dos municípios, são apresentados os parâmetros para avaliação das
questões investigadas, assim como os resultados da aplicação de questionário junto
aos representantes dos municípios e ao Secretário Executivo do Comitê da Bacia
Hidrográfica do Piracicaba, Capivari e Jundiaí, que representa a RMC.
4.1 METODOLOGIA PARA SELEÇÃO DE MUNICÍPIOS PARA O ESTUDO DE CASO
Para selecionar os municípios metropolitanos para o estudo de caso foi
elaborada uma metodologia que se fundamenta no conceito de vulnerabilidade social e
ambiental. A metodologia consiste na definição de cenários de vulnerabilidade sócioambiental a partir da realidade do conjunto de municípios que constituem as Regiões
Metropolitanas de São Paulo e de Campinas.
Nesse sentido, serão considerados na seleção dos municípios para estudo de
caso apenas os municípis que fazem parte ao mesmo tempo do Comitê de Bacias e de
uma das RMs. Para a RMSP - constituída por 39 municípios - serão considerados
apenas os 34 municípios que fazem parte do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê
237
e do Comitê da Bacia Hidrográfica do Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PJC) serão
abordados 18 municípios, dentre os 19 municípios, que constituem a RMC, no conjunto
dos 61 municípios que constituem o CBH-PJC no Estado de São Paulo, os mesmos
podem ser observados nos no Quadro 22.
Quadro 22: Municípios que compõem simultaneamente as Regiões Metropolitanas e os
Comitês de Bacia Hidrográfica
REGIÃO METROPOLITANA/
COMITES
Região Metropolitana de São
Paulo/ Bacia Hidrográfica do Alto
Tietê
Região Metropolitana de
Campinas/ Bacia Hidrográfica do
Piracicaba, Capivari, Jundiaí
MUNICÍPIOS QUE PERTENCEM
CONCOMITANTEMENTE AO COMITÊ E A RM
Arujá,
Barueri,
Biritiba-Mirim,
Caieiras,
Cajamar,
Carapicuíba, Cotia, Diadema, Embu, Embu-Guaçu, Ferraz
de Vasconcelos, Francisco Morato, Franco da Rocha,
Guarulhos, Itapecerica da Serra, Itapevi, Itaquaquecetuba,
Jandira, Mairiporã, Mauá, Mogi das Cruzes, Osasco,
Pirapora do Bom Jesus, Poá, Ribeirão Pires, Rio Grande da
Serra, Salesópolis, Santana de Parnaíba, Santo André, São
Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, São Paulo,
Suzano, Taboão da Serra, Juquitiba e São Lourenço da
Serra.
Americana, Artur Nogueira, Campinas, Cosmópolis,
Holambra, Hortolândia, Indaiatuba, Itatiba, Jaguariúna,
Monte Mor, Nova Odessa, Paulínia, Pedreira, Santa
Bárbara d'Oeste, Santo Antonio de Posse, Sumaré,
Valinhos, Vinhedo
Fonte: CBH-AT, CBH-PJC (2008)
Diante da diversidade de realidades socioeconômicas municipais encontradas no
interior da RMSP e da RMC – como mostram os dados relacionados à população, PIB
per capita71 e IDHM72 contidos nas Tabelas 2 e 3 – foi difícil agrupar os municípios a
partir de critérios demográficos e/ou econômicos, por isso optamos por agrupá-los
71
PIB per capita: Total dos bens e serviços produzidos pelas unidades produtoras, ou seja, a soma dos
valores adicionados acrescida dos impostos, dividido pela população da respectiva agregação geográfica.
(IBGE, 2003)
72
IDHM: Indicador que focaliza o município como unidade de análise, a partir das dimensões de
longevidade, educação e renda, que participam com pesos iguais na sua determinação. Em relação à
Longevidade, o índice utiliza a esperança de vida ao nascer. No aspecto educação, considera o número
médio dos anos de estudo e a taxa de analfabetismo. Em relação à renda, considera a renda familiar per
capita. Todos os indicadores são obtidos a partir do Censo Demográfico do IBGE. O IDHM se situa entre
0 (zero) e 1 (um), os valores mais altos indicando níveis superiores de desenvolvimento humano. Para
referência, segundo classificação do PNUD, os valores distribuem-se em 3 categorias: Baixo, Médio e
Alto. (FUNDAÇÃO SEADE, 2000)
238
segundo cenários de vulnerabilidade socioambiental, uma vez que a identificação
desses contextos possibilita agregar os municípios a partir de problemas comuns entre
eles, independente de outros critérios, como escala, PIB, renda; essa forma de agregálos também contribuiu para que os objetivos desse trabalho fossem alcançados.
Tabela 2: Municípios da RMSP que pertencem ao CBH-AT segundo população, PIB per
capita e IDHM
POPULAÇÂO
PIB per capita
IDHM (2000)
(2000)
(2003)
Arujá
9.637,17
0,788
58.933
Barueri
57.285,83
0,826
207.372
Biritiba Mirim
24.579
5.671,83
0,75
Caieiras
70.825
10.220,81
0,813
Cajamar
50.568
27.677,23
0,786
Carapicuíba
343.962
4.379,32
0,793
Cotia
148.519
13.729,50
0,826
Diadema
356.535
13.616,83
0,79
Embu
207.103
6.063,98
0,772
Embu-Guaçu
56.671
4.558,64
0,811
Ferraz de Vasconcelos
141.852
3.989,92
0,772
Francisco Morato
133.143
2.705,69
0,738
Franco da Rocha
107.883
10.603,90
0,778
Guarulhos
1.069.609
13.123,74
0,798
Itapecerica da Serra
129.180
6.842,70
0,783
Itapevi
161.810
9.605,50
0,759
Itaquaquecetuba
271.649
4.377,67
0,744
Jandira
91.478
7.940,93
0,801
Juquitiba
26.388
6.156,88
0,754
Mairiporã
59.883
7.456,89
0,803
Mauá
362.676
10.861,59
0,781
Mogi das Cruzes
329.653
10.089,55
0,801
Osasco
651.736
18.535,28
0,818
Pirapora do Bom Jesus
12.344
5.655,81
0,767
Poá
95.597
12.072,71
0,806
Ribeirão Pires
104.305
7.719,79
0,807
Rio Grande da Serra
37.015
4.164,34
0,764
Salesópolis
14.326
6.694,20
0,748
Santana de Parnaíba
74.343
16.923,68
0,853
Santo André
649.000
15.146,31
0,835
São Bernardo do Campo
701.756
20.900,07
0,834
São Caetano do Sul
140.241
37.505,09
0,919
São Lourenço da Serra
12.145
9.261,02
0,771
São Paulo
10.426.384
19.494,23
0,841
Suzano
227.917
13.395,15
0,775
Taboão da Serra
9.920,86
0,809
197.247
Fonte: Informações dos Municípios Paulistas - Fundação SEADE (2000), IBGE (2003)
Municípios
239
Tabela 3: Municípios da RMC que pertencem ao CBH-PJC segundo população, PIB per
capita e IDHM
POPULAÇÂO
PIB per capita
IDHM (2000)
(2000)
(2003)
Americana
182.300
18.704,29
0,84
Artur Nogueira
32.965
6.078,83
0,796
Campinas
968.160
15.805,10
0,852
Cosmópolis
44.250
10.222,72
0,799
Holambra
7.195
39.515,20
0,827
Hortolândia
6.848,03
0,79
151.697
Indaiatuba
14.766,90
0,829
146.530
Itatiba
18.416,28
0,828
80.987
Jaguariúna
47.061,16
0,829
29.533
Monte Mor
12.895,53
0,783
37.207
Nova Odessa
15.083,44
0,826
41.987
Paulínia
109.963,06
0,847
51.163
Pedreira
7.611,57
0,81
35.141
Santa Bárbara d'Oeste
169.818
10.119,48
0,819
Santo Antonio de Posse
18.074
9.080,61
0,79
Sumaré
196.099
12.578,87
0,8
Valinhos
82.817
18.608,34
0,842
Vinhedo
47.065
30.098,25
0,857
Fonte: Informações dos Municípios Paulistas - Fundação SEADE (2000), IBGE (2003)
Municípios
Abramovay (2002) salienta em trabalho desenvolvido para o BID que existe uma
relação intrínseca entre a redução da vulnerabilidade social e de suas consequências e
a promoção e/ou fortalecimento do capital social, uma vez que o segundo pode
impulsionar a participação da sociedade na formulação, implementação e avaliação das
estratégias de desenvolvimento e de políticas para minimização e/ou equacionamento
de questões associadas à vulnerabilidade social fundamentadas na percepção
integrada sobre os problemas sociais e suas múltiplas causa e efeitos, como a questão
ambiental.
Nesse contexto, pode-se considerar a hipótese de que os municípios que
apresentam
as melhores
condições de vulnerabilidade
socioambiental (baixa
vulnerabilidade) são os que apresentam maior capital social e maior conhecimento e
240
percepção a respeito dos problemas socioambientais metropolitanos, o que resultaria
na percepção de uma identidade ambiental metropolitana.
Para confirmar essa hipótese, optoamos por um recorte operacional, devido à
diversidade e complexidade das RMs, tendo em vista selecionar para cada RM um
grupo de municípios com diferentes condições de vulnerabilidade e de participação
junto ao comitê de Bacia, a qual é contabilizada pela obtenção de financiamento junto a
FEHIDRO, considerando que maior é a participação de um município junto à instituição
quanto maior o número de financiamentos obtidos junto ao FEHIDRO.
O próximo item apresenta a construção e aplicação dessa metodologia utilizada.
4.1.1 Considerações Iniciais
A implementação e/ou manutenção da qualidade de vida em regiões
metropolitanas, onde as relações sociais, econômicas e de uso do solo estão
fortemente vinculadas, depende, em grande parte, da equação e/ou minimização dos
inúmeros conflitos sociais e ambientais oriundos ou resultantes de situações em que os
problemas ambientais ultrapassam as fronteiras administrativas municipais. Por isso a
administração desses conflitos se constitui em um dos maiores desafios à construção
de qualidade vida nessas regiões.
Nesse sentido, a compreensão do território, da produção socioespacial e das
relações entre questões sociais e ambientais são fatores fundamentais à elaboração de
políticas públicas, principalmente aquelas a serem implementadas nessas regiões, uma
vez que os problemas ambientais e seus respectivos conflitos tendem a se agravar
quando os municípios de uma RM – com escalas, realidades e interesses diversos – se
241
apresentam conturbados, o que resulta em impactos transfronteiriços e em problemas
de governabilidade.
Costa e Braga (2004) apontam algumas das dificuldades encontradas pelos
gestores públicos para articular as demandas ambientais dos municípios que compõem
as RMs e implantar políticas ambientais regionais:
(....) a ausência de políticas metropolitanas freqüentemente frustra a
condução de políticas ambientais locais. Como formular e implementar
políticas urbano-ambientais para uma região metropolitana em um
contexto como o brasileiro de ausência de mecanismos de gestão
metropolitana. O espaço metropolitano no Brasil é um espaço marcado
pelo vazio político, pois não existem instituições legítimas responsáveis
por sua gestão e os governos estaduais vêm se mostrando incapazes de
formular e coordenar políticas para essas áreas. Mesmo regiões
metropolitanas recentemente constituídas, com um aparato de regulação
que atende as exigências contemporâneas de ampla representatividade
da sociedade civil e de instâncias colegiadas de gestão, têm encontrado
dificuldades significativas de estabelecer e de fato formular políticas e
implementar ações de forma integrada (COSTA E BRAGA, 2004. p.2056).
As dificuldades ocorrem, em parte, devido à ausência de instrumentos e
mecanismos de gestão condizentes com as necessidades das espacialidades e que,
dentre outras, enfrentam dificuldades para distribuir infraestrutura urbana (saneamento,
transportes etc.), para administrar conflitos ambientais transfronteiriços, além de
242
acarretar a reprodução de desigualdades, segregando uma parcela bastante
significativa da população que, em geral, encontra-se nos municípios que apresentam
maior vulnerabilidade social e econômica.
A reprodução de desigualdades em regiões metropolitanas pode ser observada
em políticas urbanas que apresentam situações em que a lógica do mercado exerce
hegemonia, sem nenhuma intervenção ou controle do Estado ou, ainda, mesmo sob
sua ação, ampliando a desigualdade ao fornecer bens públicos. Podemos citar como
exemplo os casos em que o Estado reduz a distribuição de infraestrutura e serviços
urbanos em alguns municípios (os ‘não preteridos’ pelos investimentos privados) em
detrimento de outros dando origem a um grupo de municípios mais vulneráveis aos
riscos e impactos socioambientais negativos do que outros, segregando-os.
Nesse contexto se inserem os estudos relacionados à vulnerabilidade que se
agrupam a partir de dois grandes temas: questões relacionadas à pobreza, exclusão e
marginalização e as associadas à problemática ambiental. Essas questões têm
ganhado relevância nas pesquisas acadêmicas e colaborado de diversas formas no
diagnóstico de consequências e impactos sociais e ambientais.
Por isso o conceito de vulnerabilidade, sobretudo os conceitos de populações
socialmente vulneráveis e vulnerabilidade ambiental, é utilizado como base para a
elaboração de indicadores de vulnerabilidade socioambiental construídos a partir da
realidade dos municípios localizados em regiões metropolitanas, cujas especificidades
relacionadas à dinâmica socioeconômica regional os diferenciam dos demais
municípios.
A identificação do tipo de vulnerabilidade socioambiental de determinado
município (maior vulnerabilidade associada a fatores sociais do que aos ambientais) é
243
essencial à elaboração de políticas públicas metropolitanas, uma vez que permite, ao
mesmo tempo, uma visão particular e do conjunto de municípios, tanto pelos
planejadores estaduais e pelas instituições metropolitanas (formuladoras de políticas
públicas), quanto pelos próprios municípios.
O conhecimento construído pelas informações pode contribuir para ampliar a
governabilidade metropolitana, na medida em que possibilita identificar as condições de
vulnerabilidade de cada município que compõem determinada Região Metropolitana e,
dessa forma, elaborar políticas públicas que contemple a escala metropolitana, de
forma a minimizar as desigualdades socioambientais metropolitanas.
Nesse trabalho os indicadores são utilizados para identificar e agrupar os
municípios segundo o nível de vulnerabilidade socioambiental, tendo em vista a seleção
dos municípios mais representativos para a análise desenvolvida junto a Região
Metropolitana de São Paulo e a Região Metropolitana de Campinas.
O item a seguir procura construir o conceito de Vulnerabilidade em que se baseia
a construção dos indicadores de Vulnerabilidade Socioambiental.
244
4.1.2 Vulnerabilidade socioambiental
No Brasil a formação do conceito de vulnerabilidade tem proporcionado uma
discussão sistemática, sendo analisado e utilizado por diferentes disciplinas, como a
sociologia, a geografia e a demografia que, nos últimos anos, têm apresentado estudos
que analisam situações em que a interação entre o ambiente natural e os fatores
sociais e econômicos expõe as populações a riscos, como enchentes e deslizamentos
nas áreas urbanas.
Esses riscos têm gerado estudos relacionados à vulnerabilidade socioambiental,
que se desenvolvem a partir de trabalhos fundamentados no conceito de
vulnerabilidade social (Moser, 1998) e no conceito de vulnerabilidade ambiental (Cutter,
1996).
A noção de vulnerabilidade socioambiental pretende unir as dimensões social e
ambiental tendo em vista identificar e caracterizar populações em situação de
vulnerabilidade socioambiental, que se agrupam a partir de dois grandes temas, como a
pobreza, a exclusão e a marginalização e as que se referem à problemática ambiental.
Nesse sentido Alves (2006) destaca que a vulnerabilidade socioambiental pode
ser definida como a coexistência ou a sobreposição espacial entre grupos populacionais
muito pobres e com alta privação (vulnerabilidade social) e áreas de risco ou
degradação ambiental (vulnerabilidade ambiental).
Quanto à vulnerabilidade socioambiental associada às questões urbanas, assim
como na formulação dos riscos urbanos, vale destacar a existência de uma gama de
implicações sociais, econômicas, tecnológicas, culturais, ambientais e políticas que
245
estão vinculadas diretamente à condição de pobreza de uma parcela representativa da
população, com será abordado no próximo item.
4.1.2.1 Vulnerabilidade Socioambiental em Áreas Urbanas
Ao analisarem a ocorrência de problemas ambientais graves e complexos que
atingem a maior parte da população urbana, Hogan et al (2001), Alves (2006) e Cunha
(2004) revelam os diferentes processos de exclusão e injustiça social e evidenciam as
condições de risco e vulnerabilidade socioambientais a que essas populações se
encontram submetidas.
Diante da complexidade dos problemas socioambientais urbanos e dos
diferentes níveis de vulnerabilidade a que os diversos grupos de uma mesma população
encontram-se expostos, uma vez que a complexidade dos problemas ambientais e suas
conseqüências não são percebidas com a mesma intensidade pelos diferentes grupos
sociais, nem sentidas de maneira uniforme por todo o território, faz-se necessário aferir,
dentre os inúmeros estudos recentes apresentados no quadro 23, alguns dos
indicadores e variáveis comumente utilizados para mensurar a vulnerabilidade social e
ambiental em áreas urbanas no Brasil.
246
Quadro 23: Contribuições de trabalhos sobre Vulnerabilidade Social e Ambiental
AUTOR
Alves
(2006)
Hogan et
al
(2006)
Hogan et
al
(2001)
Hogan
(2000)
Cunha
(2004)
Fundação
Seade
–
(2000)
IPVS
Torres
(1997)
INDICADORES: VARIÁVEIS
Indicadores socioeconômicos e demográficos: Número de domicílios, População residente,
Distribuição dos domicílios, Distribuição da população; Cobertura da rede de água e da rede de
esgoto; coleta de lixo, Baixa escolaridade do chefe do domicílio; Número médio de anos de estudo
do chefe do domicílio; chefes de domicílio segundo número de salários mínimos; Renda média do
chefe de domicílio; população segundo faixa etária; densidade domiciliar.
Indicadores Ambientais: Proximidade a cursos d’água e cobertura da rede de esgoto
Indicador Socioambiental: Percepção de riscos e da própria vulnerabilidade pela população no
seu meio: descrição da forma pela qual o indivíduo apreende a paisagem, decodifica os riscos a
que estão expostos e a origem dos mesmos.
Indicadores Dimensões ambientais físicas: relevo, informações sobre as áreas sujeitas à
inundação; áreas sujeitas à erosão e deslizamento,
Indicadores Dimensão Social: caracterização das condições do município, avaliação da infraestrutura (esgotamento sanitário, água e coleta de lixo)
Indicadores Distribuição de serviços urbanos: Infraestrutura sanitária do domicílio, disposição do
lixo, áreas de risco de inundação
Indicadores Sociais: Crescimento populacional, população segundo grupo etário; escolaridade e
renda.
Capital Físico: Densidade de moradores por cômodo, chefes de família com renda de 0 a 2
salários mínimos (%); pessoas morando em domicílio do tipo casa (%); pessoas morando em
domicílio do tipo cômodo (%); pessoas morando em domicílios ‘próprios em aquisição’ (%);
pessoas morando em domicílios ‘alugados’ (%); pessoas morando em domicílios sem canalização
de água (%); pessoas morando em domicílios sem banheiro (%);pessoas morando em domicílios
com 2 ou mais banheiros (%); pessoas morando em domicílios sem rede geral de esgotos (%);
pessoas morando em domicílios sem coleta de lixo (%);
Capital Humano: pessoas analfabetas com 15 ou mais anos de idade (%); chefes de família com
menos de 4 anos de escolaridade; razão de dependência.
Capital Social: chefes de família do sexo feminino, com 10 a 19 anos de idade; tamanho médio da
família principal; pessoas agregadas da família (%); pessoas ocupadas sem carteira de trabalho
assinada, com mais de 14 anos (%); crianças de 7 e 14 anos que não freqüentam escola ou
creche (%); famílias com renda não proveniente do trabalho (%).
Condições Socioeconômicas: Nível de escolaridade do responsável pelo domicílio: porcentagem
de responsáveis pelo domicílio alfabetizados no total de responsáveis do setor censitário;
porcentagem de responsáveis pelo domicílio com ensino fundamental completo no total dos
responsáveis do setor censitário; anos médios de estudo do responsável pelo domicílio; Renda:
rendimento nominal médio do responsável pelo domicílio, porcentagem dos responsáveis com
rendimentos de até 3 salários mínimos no total de responsáveis do setor censitário;
Ciclo de Vidas das famílias: porcentagem de responsáveis pelo domicílio com idade entre 10 e 29
anos no total de responsáveis pelo setor censitário; idade média do responsável pelo domicílio,
porcentagem de crianças de 0 a 4 anos no total da população residente no setor censitário.
Distância dos cursos da água e do centro do município de São Paulo, em relação a: população da
Zona Leste (ZL), ao número de habitantes por domicílio (na ZL); a taxa de crescimento anual do
número de domicílios (na ZL), a taxa de crescimento anual da população infantil (na ZL),
população com menos de cinco anos ;
Indicadores Sociodemográficos: Domiciliares (% Domicílios em Favela, % Casas de Cômodos,
%Dom. sem água encanada, % Dom. sem esgoto, % Dom. se coleta de lixo, % Dom. joga lixo na
água, % Dom. Alugados)
Indicadores Demográficos: % população de 0 a 4 anos, % população de 5 a 19 anos; %
população de 20 a 60 anos; % população de 60 anos e mais; % analfabetos de 10 a 14 anos
Indicadores de Renda do Chefe do Domicílio: % de chefes com renda de 0 - 2 salários mínimos
(sm), % de chefes com renda de 2 - 5 sm; % de chefes com renda de 5 - 10 sm; % de chefes com
renda de 10 - 15 sm; % de chefes com renda de 15 – 20 sm; % de chefes com renda de 20 sm e
mais.
Fonte: Elaborado a partir de Hogan (2005), Hogan et al. (2001, 2006), Alves (2006), Torres (1997) e
Alves e Torres (2005), Fundação SEADE (2000), Cunha (2004).
247
Os indicadores e as variáveis apresentados no Quadro 23 permitem aferir que
muitos dos aspectos analisados nos estudos sobre a vulnerabilidade social e/ou
ambiental em áreas urbanas realizados no Brasil encontram-se, intrinsecamente,
relacionados às condições de vida da população, a distribuição de serviços de
infraestrutura urbana e ao acesso ao ambiente ecologicamente seguro (áreas não
vulneráveis a inundações, a deslizamentos ou a erosão).
A partir da análise desses trabalhos entende-se, portanto, que não é por acaso
que as áreas de risco e degradação ambiental são, em geral, áreas de privação social e
pobreza e vice-versa e que as condições de vida de determinada parcela da população
(grau de vulnerabilidade associada à pobreza e privação social) pode ser considerada
como um fator relevante na configuração da distribuição espacial das situações de risco
ambiental nos municípios e, consequentemente, nas regiões metropolitanas.
Torres (1997), Hogan (2000), Hogan et al (2001), Cunha (2004) e Alves (2006)
ressaltam que a construção de indicadores de vulnerabilidade socioambiental,
principalmente para os países em desenvolvimento, deve se fundamentar em uma
gama de variáveis sociais - em geral relacionadas à pobreza - e nas que relacionam de
forma intrínseca pobreza e degradação ambiental, como os aspectos associados ao
saneamento, a localização de habitações em área de risco e/ou inadequadas.
Diante disso, a vulnerabilidade socioambiental pode ser captada e traduzida
através de fenômenos de sobreposição espacial e da interação entre os problemas
sociais
e
ambientais,
como
demonstrou
alguns
dos
trabalhos
apresentados
anteriormente e, por isso a vulnerabilidade se apresenta como uma categoria adequada
para a análise da dimensão socioambiental em municípios que compõem as RMs, uma
248
vez que possibilita agrupá-los a partir do tipo de vulnerabilidade socioambiental
apresentada.
4.1.3 Elaboração do Indicador de Vulnerabilidade Socioambiental
Até a década de 1970, a tomada de decisões nos diversos setores da sociedade
fundamentava-se principalmente em métodos monocriteriais, baseados em critérios
econômico e/ou financeiro, que apresentavam dificuldades para incluir aspectos
subjetivos – qualitativos e /ou quantitativos – levando, muitas vezes, a escolha de uma
alternativa inadequada ao problema apresentado por determinada comunidade.
Lucena (2008) ressalta que a partir desse período as pressões para conter os
gastos governamentais e buscar formas de preservação dos recursos naturais levaram
os planejadores a ampliar os critérios a serem analisados na tomada de decisão e,
dessa forma, responder as novas exigências da sociedade moderna. Para isso foram
incluídos nas metodologias de análise para tomada de decisão tanto os aspectos
tangíveis (definidos através de valores monetários) como os intangíveis (qualidade
ambiental, saúde, valores culturais, entre outros) que fundamentam alguns dos modelos
de análise multicriterial de tomada de decisão.
O surgimento de métodos multicriteriais tornou possível a construção de modelos
que se aproximam mais da realidade, pois permitem considerar todas as inter-relações
possíveis e necessárias à avaliação e construção de alternativas de solução para o
problema.
Eles possibilitam ainda analisar as múltiplas questões associadas a um
determinado problema utilizando múltiplos critérios com vistas à identificação e a
249
seleção da melhor opção para a resolução do mesmo, além de considerar que a
escolha por uma determinada ação afeta de forma diferenciada os diversos grupos
envolvidos – a existência de diferentes níveis de vulnerabilidade. Por isso, esses
métodos permitem a análise e administração de questões complexas, como a
identificação de níveis diferenciados de vulnerabilidade socioambiental.
A partir da análise dos indicadores e variáveis utilizados nos trabalhos realizados
por Torres (1997), Fundação Seade (2000), Hogan (2000), Hogan et al (2001), Cunha
(2004) e Alves (2006), citados resumidamente no Quadro 4, foi possível verificar um
consenso entre os autores, ao afirmarem que a vulnerabilidade socioambiental,
principalmente nos países emergentes, se fundamenta na relação intrínseca entre as
múltiplas dimensões da pobreza e a exposição aos riscos e a degradação ambiental,
uma vez que os diferentes arranjos de suas variáveis expõem os indivíduos de uma
determinada sociedade a diferentes graus de vulnerabilidade social e ambiental
Nesse contexto, os autores destacam ser imprescindível a análise de variáveis
sociais, como as relacionadas à renda, à escolaridade e ao ciclo de vida familiar,
embora seja importante ressaltar que, além dessas, aspectos como a influência da
segregação espacial nos centros urbanos e a forma como essa segregação contribui
para a permanência dos padrões de desigualdade social de algumas localidades, são
também de extrema importância para a análise da vulnerabilidade socioambiental.
Porém, nesse trabalho foram consideradas somente as variáveis sociais que
fundamentam o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (Fundação SEADE, 2000),
cuja associação com o Indicador de Vulnerabilidade Ambiental resulta no Indicador de
Vulnerabilidade Socioambiental.
250
4.1.3.1 Índice Paulista de Vulnerabilidade Social: uma justificativa
A escolha em utilizar o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social73 (IPVS), ao
invés de elaborar um novo indicador social, deu-se em razão do IPVS adequar-se aos
objetivos desse trabalho, na medida em que possibilita mensurar as condições
socioeconômicas da população que compõe cada um dos municípios das regiões
metropolitanas estudadas, além de identificar e localizar espacialmente as áreas que
abrigam os segmentos populacionais mais vulneráveis à pobreza.
Dessa forma, o IPVS se apresenta como um importante instrumento para a
avaliação de políticas públicas nos municípios paulistas, os quais se encontram
submetidos a uma realidade construída a partir de uma mesma legislação e programas
estaduais, além de ser de fácil acesso e compreensão tanto pelos gestores públicos
quanto pela sociedade.
A metodologia utilizada pela Fundação SEADE (2000) para a construção do
IPVS possibilita identificar os diferentes graus de vulnerabilidade da população
residente e a localização dessa população no município. Nesse sentido, o IPVS indica
as áreas prioritárias para o direcionamento de políticas públicas, em especial as de
combate à pobreza. Os graus de vulnerabilidade e as dimensões consideradas na
construção dos mesmos podem ser aferidos no Quadro 24:
73
Mais informações sobre a metodologia verificar: http://www.al.sp.gov.br/web/ipvs/index_ipvs.htm
251
Quadro 24: Metodologia da construção do IPVS
Índice Paulista de Vulnerabilidade Social
Dimensões
IPVS
Socioeconômica
Ciclo de Vida Familiar
Muito Alta
Famílias Jovens, Adultas ou Idosas
Nenhuma Vulnerabilidade
Média ou Alta
Famílias Idosas
Vulnerabilidade Muito Baixa
Alta
Famílias Jovens e Adultas
Vulnerabilidade Baixa
Média
Famílias Adultas
Média
Famílias Jovens
Vulnerabilidade Média
Baixa
Famílias Adultas e Idosas
Vulnerabilidade Alta
Muito Baixa
Famílias Jovens
Vulnerabilidade Muito Alta
Fonte: Fundação SEADE (2000)
4.1.3.2 Indicador de Vulnerabilidade Ambiental
Para a elaboração do Indicador de Vulnerabilidade Ambiental, assim como no
trabalho desenvolvido por Alves (2006), foram consideradas duas dimensões de
análise: a exposição ao risco ambiental e a exposição à degradação ambiental, contudo
as variáveis a serem analisadas foram ampliadas, tendo em vista a melhor
compreensão da realidade das Regiões Metropolitanas de São Paulo (RMSP) e de
Campinas (RMC) e de seus respectivos municípios.
Segundo o Relatório de Qualidade Ambiental do Estado de São Paulo 2005
(CETESB, 2006), um dos principais problemas ambientais apresentados pelos
municípios que constituem a RMSP e a RMC se refere à qualidade das águas
(superficiais e subterrâneas) que está intimamente relacionada à significativa
concentração urbana e industrial.
Diante da importância que os recursos hídricos assumem na qualidade de vida e
ambiental dos municípios que constituem a RMSP e a RMC, para a análise da
exposição à degradação ambiental, foi considerado um conjunto de variáveis
252
relacionadas à prestação de serviços urbanos que influenciam diretamente a qualidade
das águas (superficiais e subterrâneas), como a coleta e tratamento de esgotos e a
coleta e tratamento de resíduos sólidos (RS).
A escolha das variáveis se baseou no Relatório de Qualidade Ambiental do
Estado de São Paulo 2005 (CETESB, 2006) que destaca que tanto as águas
superficiais quanto as subterrâneas estão sujeitas à contaminação resultante da ação
antrópica, sendo que as águas superficiais têm na ausência de tratamento de esgoto
(domésticos e industriais) seu principal agente poluidor, enquanto as águas
subterrâneas são atingidas principalmente pela contaminação oriunda da construção
inadequada de poços, da contaminação associada à infiltração de esgotos não tratados
e a disposição inadequada de lixo (resíduos sólidos).
Para verificar a exposição ao risco ambiental, assim como no trabalho
desenvolvido por Alves (2006), foram são analisadas variáveis relacionadas à
proximidade dos domicílios em relação aos cursos d’água, uma vez que essa
localização torna parte da população mais vulnerável a riscos, assim como a existência
de pontos de inundação no município, como será abordado no próximo item.
Os parâmetros definidos para mensurar as variáveis ambientais se baseiam nos
trabalhos apresentados no Quadro 4, em especial nos parâmetros adotados por Alves
(2006), uma vez que os valores apresentados nas pesquisas obtidas pelo Sistema
Nacional de Informações sobre Saneamento (Ministério das Cidades, 2004) não são
adequados à realidade apresentada pelos municípios paulistas, pois os índices médios
apontados para a prestação de alguns serviços se referem à diversificada realidade
nacional.
253
A seguir serão apresentados os parâmetros para as variáveis que compõem as
dimensões de vulnerabilidade a exposição à degradação ambiental e a de exposição ao
risco ambiental.
4.1.3.2.1 Vulnerabilidade a exposição à degradação ambiental
Tendo em vista que normalmente a exposição à degradação ambiental está
intrinsecamente relacionada à ação antrópica (CUNHA e GUERRA, 1996), essa
dimensão é aqui mensurada a partir de variáveis como a prestação de serviços urbanos
cuja ineficiência e/ou ausência influenciam a qualidade ambiental, degradando o
ambiente ao mesmo tempo em que atinge negativamente a qualidade de vida da
população.
Essas variáveis são comumente utilizadas em trabalhos que analisam a relação
entre qualidade de vida urbana e meio ambiente, como pode ser aferido nos trabalhos
desenvolvidos por Torres (1997), Hogan (2000), Hogan et al (2001) e Cunha (2004).
Contudo, ressaltamos que nesse trabalho os parâmetros para a análise de tais
variáveis para as RMSP e RMC são definidos a partir da realidade do conjunto de
municípios paulistas, pois esses apresentam especificidades quando comparados às
diversas realidades apresentadas pelos municípios dos demais estados brasileiros.
De acordo com o Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos (MINISTÉRIO
DAS CIDADES, 2003), a prestação de serviços de coleta de esgoto nos municípios
brasileiros é bastante precária e apresenta um índice médio nacional de 50,6%. O
diagnóstico aponta valores mais preocupantes para os serviços de tratamento de
esgoto gerado em área urbana, cujo índice médio nacional é de 28,2%.
254
No caso dos municípios paulistas, o percentual de tratamento de esgotos é
também bastante deficiente. Entre os municípios paulistas (645 municípios), a média de
abrangência de serviços de coleta de esgotos é de 87,1% (FUNDAÇÃO SEADE, 2000),
enquanto a média de esgoto tratado é de 48,4% (FUNDAÇÃO SEADE, 2003).
Quanto à abrangência do atendimento de serviços de coleta de esgotos entre os
municípios da RMSP essa é, em média, de 52,5% (FUNDAÇÃO SEADE, 2000) e o
valor referente aos serviços de tratamento de esgoto coletado é de 25,2% (FUNDAÇÃO
SEADE, 2003); para os municípios da RMC, os valores encontrados são,
respectivamente, 79,68% e 21,73%.
Ao considerar a importância da ampla e adequada prestação dos serviços à
qualidade de vida dos municípios e, consequentemente, da região em que se localizam,
a atribuição de parâmetros para a dimensão de vulnerabilidade a exposição à
degradação ambiental parte da premissa de que quanto maior o percentual de
domicílios abastecidos por serviços de coleta e tratamento de esgotos e de coleta de
resíduos sólidos (RS) e a utilização de áreas adequadas à disposição de RS (aterros)
nos municípios, menor a exposição à degradação ambiental.
A condição ideal (inexistência de exposição à degradação ambiental) é obtida,
portanto, quando o total de domicílios (100% dos domicílios) é provido de tais serviços e
o município utiliza o aterro sanitário como área de disposição final de RS.
A partir dessa realidade optamos pela elaboração de uma metodologia para
avaliar a prestação de tais serviços nas RMSP e RMC, como pode ser aferida a seguir.
255
a) Metodologia para avaliação das variáveis e aplicação aos municípios da RMSP e
RMC
Como apresentado anteriormente, a metodologia para a seleção das variáveis
consideradas na elaboração dos indicadores ambientais, cuja associação com o IPVS
resulta no Indicador de Vulnerabilidade Socioambiental, parte da revisão da literatura
sobre vulnerabilidade urbana e socioambiental no Brasil, conforme resumo apresentado
no Quadro 4 que possibilitou mapear as duas principais dimensões da vulnerabilidade
ambiental em países emergentes como o Brasil.
Dessa literatura foram retiradas as variáveis consideradas mais relevantes para a
construção das duas dimensões - vulnerabilidade a exposição ao risco ambiental e a
vulnerabilidade a exposição à degradação ambiental - como podem ser aferidas na
Figura 6, que apresenta o organograma da formulação do Indicador de Vulnerabilidade
Ambiental.
A escolha das variáveis citadas no organograma deu-se em razão dessas se
adequarem aos objetivos da investigação proposta, além de poderem ser obtidas
através de fontes confiáveis e de fácil acesso e serem variáveis amplamente utilizados
pelos formuladores das mais diversas políticas públicas.
256
INDICADOR DE
VULNERABILIDADE
AMBIENTAL
Dimensão de Vulnerabilidade
a exposição à degradação
ambiental
Prestação de
serviços de
coleta de
Esgoto
Prestação de
serviços de
tratamento de
Esgoto
Tipo do serviço de
Disposição Final
de Resíduos
Sólidos
Domiciliares
Dimensão de
Vulnerabilidade a
exposição ao risco
ambiental
Risco de
Inundação
Fonte: Elaborado pelo autor
Figura 6: Formulação do Indicador de Vulnerabilidade Ambiental
Após a seleção das variáveis mais relevantes para a formulação das dimensões
de Vulnerabilidade, conforme o organograma da Figura 6, foram definidas categorias e
os parâmetros para cada variável e, posteriormente, atribuídos os seus valores.
Para a prestação dos serviços de coleta e tratamento de esgoto foram
estabelecidas cinco categorias com parâmetros e seus respectivos valores, conforme o
nível de abrangência dos serviços encontrados para a realidade dos municípios
paulistas, uma vez que os municípios brasileiros apresentam realidades diversas e,
portanto, diferentes níveis de abrangência de prestação desses serviços, como
apontado anteriormente.
257
O Quadro 25 apresenta os parâmetros adotados para avaliar a abrangência da
prestação dos serviços de coleta e tratamento de esgoto nos municípios que compõem
a RMSP e a RMC, classificando-os em 5 categorias.
Quadro 25: Parâmetros para classificar a abrangência da prestação dos serviços de
coleta e tratamento de esgoto nos municípios paulistas.
Categorias
1 – Alta
2 - Média Alta
3 – Média Baixa
4 – Baixa
5 – Nenhuma
Fonte: Elaborado pelo autor
Abrangência da Prestação dos serviços
(%)
75,01-100
50,01-75
25,01-50
0,01-25
0
A divisão da categoria Média em Média Alta e Média Baixa deu-se em razão
dessa divisão expressar de forma mais clara a qualidade da prestação dos serviços –
se existe uma tendência de melhora (Média Alta) ou piora (Média Baixa) da qualidade
de prestação dos serviços - uma vez que a utilização do termo Média não possibilita
identificar essa tendência.
Para o caso dos municípios que compõem a RMSP e RMC, cujos dados
resumidos são apresentados respectivamente nos quadros 26 e 27 – integralmente nos
Quadros 1 e 2 no ANEXO 1 - essa classificação permite verificar que para todos os
municípios de ambas as regiões metropolitanas não existe a situação de ausência de
serviço de coleta de esgotos, ou seja, a pior situação para esse serviço tanto nos da
RMSP quanto nos da RMC é a situação classificada como Baixa. Porém, a mesma
situação não se aplica ao serviço de tratamento de esgoto, tendo em vista que 56,4%
258
dos municípios da RMS e 47,37% dos municípios da RMC, de acordo com os dados
presentes nos mesmos quadros, não possuem tratamento algum.
Nessa etapa do trabalho optamos por classificar e analisar todos os municípios
que constituem as RMs com o objetivo de construir um perfil da diversidade dessas
regiões. Posteriormente serão analisados apenas os municípios que constituem
concomitantemente as RMSP e o CBH-AT e RMC e o CB-PJC.
Quadro 26: Distribuição dos municípios que compõem a RMSP segundo as categorias
de abrangência de prestação dos serviços de coleta e tratamento de esgoto.
Categorias
Prestação do
serviço
(%)
1 – Alta
75,01-100
2 - Média Alta
50,01-75
3 – Média Baixa
25,01-50
4 – Baixa
0,01-25
5 – Nenhuma
0
Total
Fonte: Fundação SEADE (2000, 2003)
Coleta de Esgoto
Número de
Municípios
13
15
8
3
0
39
Municípios
(%)
33,33
38,46
20,51
7,69
0
100
Tratamento de Esgoto
Número de
Municípios
6
5
1
5
22
39
Municípios
(%)
15,4
12,8
2,6
12,8
56,4
100
Quadro 27: Distribuição dos municípios que compõem a RMC segundo as categorias de
abrangência de prestação dos serviços de coleta e tratamento de esgoto.
Categorias
Prestação do
serviço
(%)
Coleta de Esgoto
Número de
Municípios
16
0
1
2
0
19
Municípios
(%)
84,21
0
5,26
10,52
0
100,00
Tratamento de Esgoto
Número de
Municípios
Municípios
(%)
21,05
1 – Alta
75,01-100
4
2 - Média Alta
50,01-75
0
3 – Média Baixa
25,01-50
0
4 – Baixa
0,01-25
6
31,58
(*)
5 – Nenhuma
0
9
47,37
Total
19
100,00
Fonte: Fundação SEADE (2000, 2003)
(*)
Nota: Foi considerada a categoria nenhuma prestação de serviços de tratamento de esgoto para 7 dos
municípios que declararam fenômeno inexistente e 2 não disponibilizaram a informação.
259
Os valores relacionados à prestação de serviços de coleta e tratamento de
esgoto, presentes nos Quadros 26 e 27, possibilitam aferir a diversidade de situações
encontradas nas RMSP a RMC, cujos municípios se distribuem de forma desigual entre
as 5 categorias definidas para classificar a abrangência de cobertura desses serviços.
Com relação à prestação de serviço de tratamento de esgoto entre os municípios
que compõe a RMSP, cerca de 56,4% dos municípios (22 municípios) classificados na
categoria 5 (nenhuma prestação do serviço) em detrimento de 15,4% (6 municípios)
classificados na categoria 1 (Alta abrangência de prestação do serviço). Os 10
municípios restantes se distribuem entre as 3 categorias remanescentes - Média Alta (5
municípios), Média Baixa (um município) e Baixa (5 municípios).
A RMC apresenta situação semelhante à RMSP embora com menor variabilidade
de categorias, pois a maior parte de seus municípios, cerca de 47,37% (9 municípios),
encontram-se na categoria Nenhuma (não apresentam prestação de serviço de
tratamento de esgoto), 31,58% (6 municípios) na categoria Baixa e sua menor parcela,
21,05% (4 municípios), com alto percentual de serviço prestado (categoria Alta).
A abrangência da prestação dos serviços de coleta de esgotos nos municípios da
RMSP apresenta uma variabilidade menor quando comparada à avaliação da qualidade
dos serviços de tratamento de esgoto, uma vez que nesses municípios tais serviços
encontram-se agrupados em apenas 4 categorias: Alta (13 municípios), Média Alta (15
municípios), Média Baixa (8 municípios) e Baixa (3 municípios).
A RMC apresenta, ainda, menor variabilidade de resultados de categorias na
classificação da abrangência de prestação do serviço de coleta de esgoto do que a
RMSP. São 16 municípios classificados na categoria Alta prestação do serviço de
coleta de esgoto, um município na Média Baixa e 2 na categoria Baixa.
260
Mesmo considerando a importância de analisar as variáveis de abrangência dos
serviços de coleta de resíduos sólidos (lixo) e de qualidade do tipo de área de
disposição final de resíduos sólidos, para o caso dos municípios da RMSP e da RMC foi
mantida apenas a variável relacionada à qualidade do tipo da área de disposição final,
uma vez que os valores referentes aos serviços de coleta de RS, segundo dados da
Fundação SEADE (2003), apresentam pouca variabilidade entre os municípios – a
cobertura do serviço entre os municípios de ambas as Regiões Metropolitanas
apresenta valores que variam entre 95% e 100%.
Para a variável relacionada à qualidade do tipo de área de disposição final de
resíduos sólidos domiciliares, foi estabelecida como parâmetro para a melhor situação
aquela em que o município dispõe os resíduos sólidos em aterro sanitário (condição
adequada); para a situação média a disposição ocorre em aterro controlado e a
disposição em lixão é considerada a pior situação. Tal critério é adotado pela CETESB
desde o ano de 1997 para avaliar as áreas de disposição final de RS nos municípios do
Estado de São Paulo, cujos resultados encontram-se compilados no Inventário Estadual
de Resíduos Sólidos Domiciliares elaborados anualmente desde 1997.
A abrangência da prestação dos serviços de coleta e tratamento de esgoto e a
qualidade do tipo de disposição final de resíduos sólidos nos municípios da RMSP e da
RMC, segundo dados fornecidos pela Fundação SEADE (2000, 2003) e CETESB
(2004), podem ser aferidos nas Figuras 7 e 8, respectivamente.
261
Prestação do serviço de Tratamento de Esgoto
Fonte: Elaborado a partir da metodologia
Figura 7: Municípios da RMSP segundo a qualidade da prestação de serviços urbanos.
262
Fonte: Elaborado a partir da metodologia
Figura 8: Municípios da RMC segundo a qualidade da prestação dos serviços urbanos.
A variedade de combinações apresentadas nas Figuras 7 e 8 permitem refletir
sobre os diferentes cenários de vulnerabilidade, relacionando a exposição à
degradação ambiental que se formam a partir da associação dessas três variáveis e
sobre qual o peso que cada uma das variáveis adquire na formação dos diferentes
263
graus de exposição à degradação ambiental de cada uma dessas Regiões
Metropolitanas.
Nesse sentido, ressalte-se que para cada região a maior vulnerabilidade a
exposição à degradação ambiental poderá estar diretamente relacionada à qualidade
da prestação de um tipo específico de serviço em detrimento dos demais.
Para as Regiões Metropolitanas estudadas (São Paulo e Campinas), o Relatório
de Qualidade Ambiental do Estado de São Paulo 2005 (CETESB, 2006) aponta a
ineficiência de tratamento de esgoto nos municípios como o principal fator de exposição
das RMs à degradação dos recursos hídricos, tratamento imprescindível à
sustentabilidade dessas regiões, tendo em vista os problemas associados a
abastecimento dos municípios dessas RMs.
Diante da importância que a prestação dos serviços de tratamento de esgoto
assume para a qualidade ambiental das RMs escolhidas, considera-se necessária a
atribuição de um peso diferenciado a essa variável em relação às demais na avaliação
da dimensão de vulnerabilidade de exposição à degradação ambiental.
Nesse caso foi atribuído peso 2 (valor igual a 2) para a melhor situação de
prestação do serviço de tratamento de esgoto (alto percentual de prestação do serviço)
e valor 1 para a melhor situação de prestação de serviços de coleta de esgoto, assim
como para a situação adequada de disposição final de resíduos sólidos. As escalas de
categorias, parâmetros e atribuição de valores para a prestação de cada tipo de serviço
urbano podem ser aferidas nos Quadros 28 e 29.
264
Quadro 28: Atribuição de Valores a prestação de serviços de Coleta e Tratamento de
Esgotos
Categorias
Prestação do serviço
(%)
1 – Alta
75,01-100
2 - Média Alta
50,01-75
3 – Média Baixa
25,01-50
4 – Baixa
0-25
5 – Nenhuma
0
Fonte: Elaborado a partir da metodologia
Valores atribuídos a
serviço de Coleta de
Esgoto
1
0,75
0,50
0,25
0
Valores atribuídos a
serviço de Tratamento de
Esgoto
2
1,5
1
0,5
0
Quadro 29: Atribuição de Valores a prestação de serviços de Disposição Final de
Resíduos Sólidos Domiciliares (Lixo)
Categorias
Valores atribuídos ao serviço
Adequado
1
Controlado
0,5
Inadequado
0
Fonte: Elaborado a partir da metodologia
As classificações podem ser verificadas para os municípios da RMSP e para a
RMC nas Figuras 2 e 3.
O Quadro 30 apresenta a classificação do indicador de exposição à degradação
ambiental que resulta do somatório dos valores atribuídos as variáveis de abrangência
dos serviços de coleta e tratamento de esgoto e ao tipo de disposição final de resíduos
sólidos em cinco categorias, que agrupam valores entre zero e 4,0 pontos.
265
Quadro 30: Classificação do indicador de exposição à degradação segundo os valores
obtidos pelo Resultado do Somatório das Variáveis
Categorias
Intervalo de Valores
Alta
0 – 0,8
média alta
0,81 – 1,60
Média
1,61 – 2,4
média baixa
2,41 – 3,20
Baixa
3,21 – 4,00
Fonte: Elaborado a partir da metodologia
A atribuição de valores relacionados à prestação dos serviços de coleta e
tratamento de esgoto e a qualidade do tipo de área de disposição final de resíduos
sólidos por município da RMSP e da RMC podem ser aferidos respectivamente nos
Quadros 3 e 4 no ANEXO 1.
4.1.3.2.2 Vulnerabilidade à exposição ao risco ambiental
Para analisar a dimensão vulnerabilidade à exposição ao risco ambiental foram
observados aspectos que expõem a população ao risco: a localização de área urbana
próxima aos cursos d’água e/ou a localização de pontos de inundação em área urbana,
fatores que tornam parte da população residente no município mais vulnerável aos
riscos associados às enchentes, a deslizamentos, além de expô-la a doenças de
veiculação hídrica.
A maior ou menor vulnerabilidade a exposição a tais riscos está intrinsecamente
relacionada a outras variáveis como a renda, escolaridade, condições precárias de
domicílio, entre outras que foram consideradas na elaboração do mapa da
266
vulnerabilidade social da população da cidade de São Paulo, elaborado pelo CEMCEBRAP/SAS-PMSP (2004) e utilizado no trabalho realizado por Alves (2006)74.
O trabalho de Alves (2006) identifica e caracteriza as populações em situação de
vulnerabilidade socioambiental no município de São Paulo através da análise dos
setores censitários considerados proxy de áreas com alta vulnerabilidade ambiental
(localizadas às margens de cursos d’água e com baixa cobertura de esgoto).
Nesse
trabalho,
diferente
do
trabalho
realizado
por
Alves
(2006),
a
vulnerabilidade à exposição ao risco ambiental é analisada de forma ampla, uma vez
que a unidade de análise é todo o município.
Por isso o município é considerado exposto ao risco ambiental, ou seja,
classificado como de Alta Vulnerabilidade ao risco ambiental, quando apresenta corpos
d’água contidos em área urbana e/ou pontos de inundação em área urbana ou ainda
apresenta habitações em áreas de risco, em contrapartida aos que não apresentam
nenhuma dessas variáveis, sendo o município classificado como de Baixa
Vulnerabilidade ao risco, como pode ser aferido no Quadro 31.
Quadro 31: Classificações para a dimensão vulnerabilidade ao risco ambiental
Categorias
Situação encontrada
Alta
Existência de exposição ao risco
Baixa
Ausência de exposição ao risco
Fonte: Elaborado a partir da metodologia
74
No trabalho desenvolvido por Alves (2006) a população exposta à degradação ambiental no município
de São Paulo foi calculada a partir da quantificação de domicílios inseridos em uma faixa de 50 metros
nas duas margens de todos os cursos d’água localizados no interior do grupo de setores censitários de
alta vulnerabilidade social, segundo o mapa da vulnerabilidade social da população da cidade de São
Paulo (CEM-CEBRAP/SAS-PMSP, 2004). Ele concluiu que existem grandes diferenças nas condições
socioeconômicas e demográficas, relacionadas às diversas categorias de vulnerabilidade ambiental.
267
A aplicação dessa classificação aos municípios da RMSP e da RMC pode ser
aferida nos Quadros 5 e 6 no ANEXO 1.
4.1.3.3 Indicador de Vulnerabilidade Ambiental: a formulação de Cenários
Como abordado anteriormente, o Indicador de Vulnerabilidade Ambiental
formulado nesse trabalho sobrepõe às dimensões de vulnerabilidade a exposição à
degradação ambiental e a de vulnerabilidade à exposição ao risco ambiental resultando
em diversificados cenários.
Esses cenários podem ser verificados nas Figuras 9 e 10 que apresentam a
sobreposição das dimensões nos município que constituem a RMSP e a RMC
268
Fonte: Elaborado a partir da metodologia
Figura 9: Indicador de Vulnerabilidade Ambiental: cenários apresentados pelos
Municípios da RMC
269
Fonte: Elaborado a partir da metodologia
Figura 10: Indicador de Vulnerabilidade Ambiental: cenários apresentados pelos
Municípios da RMSP
Ao considerar a diversidade de cenários de vulnerabilidade apresentados nas
Figuras 9 e 10 e a importância que uma dimensão assume quando sobreposta a outra podendo potencializá-la ou minimizá-la - optou-se por associar ao invés de agregar as
dimensões. Em um cenário de vulnerabilidade cujo município apresente exposição à
degradação ambiental classificada como Média-Alta e Alta exposição ao risco,
considera-se que há uma potencialização para um cenário de Alta Vulnerabilidade
Ambiental, ou há ainda casos em que o município apresenta exposição à degradação
270
ambiental classificada como Média-Baixa e Alta exposição ao risco, levando a um
cenário de Média Vulnerabilidade Ambiental.
A associação das dimensões de vulnerabilidade a exposição à degradação
ambiental e a de vulnerabilidade à exposição ao risco ambiental resultou em dez
possíveis cenários, que se agrupam em cinco categorias de Vulnerabilidade Ambiental,
como pode ser observado no Quadro 32.
Vulnerabilidade a Degradação
Ambiental
Quadro 32: Metodologia para Classificação do Indicador de Vulnerabilidade Ambiental
Alta
Média Alta
Média
Média Baixa
Baixa
Vulnerabilidade a
Exposição ao
Risco
Alta
Baixa
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Fonte: Elaborado a partir da metodologia
Cenários Possíveis
Alta degradação e Alto risco
Alta degradação e Baixo risco
Média-Alta degradação e Alto risco
Média-Alta degradação e Baixo
risco
Média degradação e Alto risco
Média degradação e Baixo risco
Média-Baixa degradação e Alto
risco
Média- Baixa degradação e Baixo
risco
Baixa degradação e Alto risco
Baixa degradação e Baixo risco
Indicador de
Vulnerabilidade
Ambiental
Alta
Média
Alta
Média
Média-Alta
Média-Baixa
Média
Baixa
Média
Baixa
Os resultados finais da classificação do Indicador de Vulnerabilidade Ambiental,
avaliação de cada município que constituem a RMSP e a RMC, segundo as dimensões
de vulnerabilidade de exposição ao risco e de exposição à degradação ambiental,
podem ser aferidos nos Quadros 5 e 6 no ANEXO 1.
271
4.1.3.4 Indicador de Vulnerabilidade Socioambiental
Como abordado anteriormente, o Indicador de Vulnerabilidade Socioambiental
(IVSA) desenvolvido nesse trabalho se fundamenta na associação das seis categorias
de Vulnerabilidade Social, ou seja, os seis níveis de vulnerabilidade social definidos
pelo IPVS e das cinco subcategorias (Baixa, Média Baixa, Média, Média Alta e Alta) de
Vulnerabilidade Ambiental (IVA).
Como pode ser aferido nos Quadros 33 e 34, ao associar as categorias do IPVS
(FUNDAÇÃO SEADE, 2000) e as categorias do IVA, foram obtidos 60 cenários
agrupados em 18 cenários amplos que procuram abranger as diversas realidades e
níveis de Vulnerabilidade Socioambiental (IVSA).
Quadro 33: Cenários de Vulnerabilidade Socioambiental – 18 cenários agregados
segundo vulnerabilidade ambiental alta, média e baixa
IVA
Médio
IPVS
Nenhuma
Vulnerabilidade
Vulnerabilidade
Muito Baixa
Vulnerabilidade
Baixa
Vulnerabilidade
Média
Vulnerabilidade
Alta
Vulnerabilidade
Muito Alta
Alta degradação e
Alto risco
Média Alta
degradação e
Alto risco
Média
degradação e
Alto risco
Alta degradação e
Baixo Risco
Alto
Média Degradação e
Alto risco
Média Baixa
degradação e
Alto risco
Média Alta
degradação e
Baixo risco
Média
degradação e
Baixo risco
Média degradação e
Baixo risco
Média Baixa
degradação e
Baixo risco
Baixa degradação
e Alto risco
Baixa degradação.
e Baixo risco
Baixo
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
Fonte: Elaborado a partir da metodologia
272
Quadro 34: Cenários de Vulnerabilidade Socioambiental desagregados (60 cenários)
IVA
Médio
(2)
Média Baixa
degradação e
Baixo risco
Média
degradação e
Baixo risco
Média Alta
degradação e
Baixo risco
Média Baixa
degradação e
Alto risco
Média
degradação e
Alto risco
Média Alta
degradação e
Alto risco
Alta degradação e
Baixo Risco
Alta degradação e
Alto risco
Média Degradação e
Alto risco
Baixa degradação
e Alto risco
Nenhuma
Vulnerabilidade
Vulnerabilidade
Muito Baixa
Vulnerabilidade
Baixa
Vulnerabilidade
Média
Vulnerabilidade
Alta
Vulnerabilidade
Muito Alta
Média degradação e
Baixo risco
Alto
(3)
Baixa degradação.
e Baixo risco
IPVS
Baixo
(1)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
54
55
56
57
58
59
60
Fonte: Elaborado a partir da metodologia
O Quadro 34 destaca os oito cenários (no qual se desmembra o IVA Médio) que
refletem as diferentes combinações entre as dimensões de vulnerabilidade à
degradação ambiental e de vulnerabilidade a exposição ao risco que constituem a
categoria Média Vulnerabilidade Ambiental. A associação desses oito cenários de
Vulnerabilidade Ambiental com os seis cenários de Vulnerabilidade Social resultam em
quarenta e oito cenários de Média Vulnerabilidade Socioambiental, como por exemplo o
Cenário de número 46, constituído por Vulnerabilidade Social Alta e Média
Vulnerabilidade Ambiental (degradação média baixa e alto risco).
A aplicação dessa metodologia possibilitou classificar os municípios de acordo
com tais cenários, permitindo, dessa forma, selecionar os municípios considerados mais
apropriados ao estudo de caso, como será apresentado.
273
4.1.3.5 Cenários de Vulnerabilidade Socioambiental para os municípios da Região
Metropolitana de São Paulo
A seguir são apresentados os cenários resultantes para os municípios da RMSP
no Quadro 35 e na Figura 11, seguidos de algumas considerações. No próximo item
são apresentados os cenários obtidos para a os municípios da RMC, no Quadro 36 e na
Figura 12.
274
Quadro 35: Indicador de Vulnerabilidade Socioambiental: Distribuição dos municípios da RMSP segundo a relação entre
IVA e IPVS
IVA
Média
Alta degradação e
Alto risco
Média Alta
degradação e
Alto risco
Média
degradação e
Alto risco
Alta degradação e
Baixo Risco
Alta
Média Degradação e Alto risco
Média Baixa
degradação e
Alto risco
Média Alta
degradação e
Baixo risco
Média
degradação e
Baixo risco
Média degradação e Baixo
risco
Média Baixa
degradação e
Baixo risco
Baixa degradação
e Alto risco
Baixa degradação.
e Baixo risco
Baixa
IPVS
Nenhuma
Vulnerabilidade
Vulnerabilidade
Muito Baixa
- São
Paulo
- São
Bernardo
do Campo
- São
Caetano do
Sul
Vulnerabilidade
Baixa
- Poá
Ribeirão
Pires
- Mairiporã
Vulnerabilidade
Média
- Rio
Grande
da Serra
Vulnerabilidade
Alta
Salesópolis
Vulnerabilidade
Muito Alta
- Suzano
- Juquitiba
- Santa Isabel
- São
Lourenço da
Serra
- Santo André
- Embu-Guaçu
- Mauá
- Mogi das Cruzes
- Osasco
- Caieiras
- Cajamar
- Carapicuíba
- Diadema
- Guarulhos
- Itapevi
- Itaquaquecetuba
- Jandira
- Taboão da Serra
- Arujá
- Barueri
- Ferraz de
Vasconcelos
- Franco da
Rocha
- Cotia
- Embu
- Itapecerica da
Serra
- Vargem
Grande Paulista
- Biritiba Mirim
- Guararema
- Francisco
Morato
- Pirapora do
Bom Jesus
- Santana do
Parnaíba
Fonte: Elaborado a partir da metodologia
275
Fonte: Elaborado a partir da metodologia
Figura 11: Indicador de Vulnerabilidade Socioambiental: cenários apresentados pelos
Municípios da RMSP
As informações contidas no Quadro 35 e representadas na Figura 11 possibilitam
tecer algumas considerações a respeito da Vulnerabilidade Socioambiental nos
municípios que constituem a Região Metropolitana de São Paulo.
A Vulnerabilidade Socioambiental na RMSP apresenta 17 diferentes cenários
(dentre os sessenta grandes cenários possíveis) nos quais os trinta e nove municípios
276
se distribuem de forma desigual, embora possam ser agrupados em nove, conforme o
Gráfico 10.
Gráfico 10: Classificação dos Municípios da RMSP segundo os cenários de
Vulnerabilidade Socioambiental.
10%
10%
10%
3%
3%
3%
38%
5%
Muito Baixa Vuln. Social + Média Vuln.
Ambiental
Média Vuln. Social + Média Vuln.
Ambiental
Baixa Vuln. Social + Média Vuln.
Ambiental
Muito Alta Vuln. Social+ Média Vuln.
Ambiental
Alta Vuln. Social + Baixa Vuln. Ambiental
Alta Vuln. Social + Alta Vuln. Ambiental
18%
Muito Alta Vuln. Social + Alta Vuln.
Ambiental
Alta Vuln. Social+ Média Vuln. Ambiental
Média Vuln. Social + Alta Vuln. Ambiental
Fonte: Elaborado a partir da metodologia
O Gráfico 10 possibilita aferir os cenários e o percentual de municípios que
constitui cada um, permitindo constatar que na RMSP a maior parte dos municípios
(38%) se encontra na faixa de Média Vulnerabilidade Socioambiental, pois apresentam
IPVS classificado como Média Vulnerabilidade e o IVA também classificado como de
Média Vulnerabilidade75.
75
A Média Vulnerabilidade Ambiental abrange oito cenários que refletem as diferentes combinações entre
as dimensões de vulnerabilidade a degradação ambiental e de vulnerabilidade a exposição ao risco. A
277
Esse grupo reúne os municípios que apresentam realidades socioeconômicas e
escalas bastante diversificadas, como o município de Guarulhos, um dos maiores
municípios da RMSP com 1.069.609 habitantes, e Rio Grande da Serra (37.015
habitantes), um dos menores. Apresentam ainda valores de PIB per capita bastante
diferenciados, respectivamente 0,789 e 0,764, embora os valores relacionados ao IDHM
sejam semelhantes.
Os municípios que se diferenciam por completo, como os municípios de Barueri
(importante pólo empresarial e financeiro) com o maior PIB per capita da RMSP e
Ferraz de Vasconcelos com um dos menores PIB per capita da RMSP, assim como em
relação à escala e ao valor do IDHM, como pode ser aferido nos dados apresentados
na Tabela 2.
O segundo maior agrupamento de municípios, constituído por sete municípios
(18%), apresenta aqueles cujo Indicador de Vulnerabilidade Socioambiental associa a
Baixa Vulnerabilidade Social e Média Vulnerabilidade Ambiental e se constitui em um
grupo mais homogêneo do que o anterior, principalmente se considerado os valores do
IDHM.
Os municípios de São Paulo, Santo André, São Bernardo e São Caetano (10%
dos municípios da RMSP) constituem um grupo com perfil socioeconômico semelhante.
Encontram-se entre os oito maiores PIBs per capita da RMSP e como um dos maiores
valores de IDHM dessa RM. Nesse grupo o Indicador de Vulnerabilidade
Socioambiental
associa
Vulnerabilidade
Social
Muito
Baixa
(IPVS)
e
Média
associação desses nove cenários de Vulnerabilidade Ambiental, com os seis de Vulnerabilidade Social
resultam em quarenta e oito cenários de Média Vulnerabilidade Socioambiental.
278
Vulnerabilidade Ambiental, com três diferentes combinações entre as dimensões de
vulnerabilidade a degradação ambiental e de vulnerabilidade a exposição ao risco.
Outros dois cenários também agrupam, separadamente, 10% dos municípios da
RMSP, sendo que um deles é constituído pelos municípios de Juquitiba, Santa Isabel,
São Lourenço da Serra e Biritiba-Mirim, os quais apresentam condições de
vulnerabilidade mais preocupantes do que o grupo citado anteriormente. São
municípios classificados como de Alta Vulnerabilidade Social (IPVS) e de Média
Vulnerabilidade Ambiental (IVA), ou seja, a condição de Alta Vulnerabilidade Social
tende a agravar ainda mais a qualidade ambiental nesses municípios. Apresentam
valores de PIB per capita inferiores ao valor médio dos municípios que compõem a
RMSP76, assim como os menores valores de IDHM da região.
O outro cenário que abrange 10% dos municípios da RMSP (Cotia, Embu,
Itapecerica da Serra e Vargem Grande Paulista) associa as situações de Alta
Vulnerabilidade Ambiental (alta degradação ambiental e alta exposição ao risco) e
Média Vulnerabilidade Social. Os PIBs per capita desse grupo de municípios são
superiores aos apresentados pelo agrupamento de municípios anterior (superior a R$
5.700,00), da mesma forma que os valores associados ao IDHM.
A condição de Média Vulnerabilidade Ambiental é ainda encontrada nos
municípios de Francisco Morato e Pirapora do Bom Jesus, contudo ambos apresentam
uma das piores condições de Vulnerabilidade Social da RMSP. De acordo com o IPVS
esses municípios apresentam Vulnerabilidade Social classificada como Muito Alta, além
76
O valor médio foi calculado a partir dos valores dos PIBs per capita dos municípios que constituem a
RMSP, exceto o valor do PIB per capita do município de Barueri, uma vez que apresenta valor bastante
elevado, mesmo para essa região, que segundo a Fundação SEADE é de R$10.788,91, enquanto o valor
médio do PIB per capita entre os municípios do estado de São Paulo é de R$10.517,21.
279
de valores de PIBs per capita considerados baixos para os padrões médios dos
municípios da RMSP (abaixo de R$ 5.700,00) e baixos valores de IDHM (pior IDHM da
RMSP é apresentado pelo município de Francisco Morato). Esse contexto contribui para
o fato desses municípios estarem dentre os que apresentam os piores cenários
associados à Vulnerabilidade Socioambiental.
As piores condições de Vulnerabilidade Socioambiental encontradas para os
municípios da RMSP são verificadas nos municípios de Guararema, que apresenta Alta
Vulnerabilidade Social associada à Alta Vulnerabilidade Ambiental, e no município de
Santana do Parnaíba, que apresenta o pior cenário de Vulnerabilidade Socioambiental
da RMSP, ao associar Vulnerabilidade Social Muito Alta e Vulnerabilidade Ambiental
Alta, embora, segundo a Fundação SEADE (2003), apresente um dos maiores PIBs per
capita entre os municípios da RMSP (R$ 16.923,68) e alto valor de IDHM (alto
desenvolvimento humano).
O último cenário de Vulnerabilidade Socioambiental encontrado na RMSP é
composto apenas pelo município de Salesópolis que apresenta condição de Baixa
Vulnerabilidade Ambiental associada a uma situação de Alta Vulnerabilidade Social, um
cenário bastante diferenciado dos demais, uma vez que apresenta valores de IVA e
IPVS contraditórios, opostos a premissa de que alta vulnerabilidade ambiental encontrase intrinsecamente relacionada com alta vulnerabilidade social.
Acredita-se que o bom resultado para o IVA se deva ao fato de o município ter
parte de sua área inserida em áreas protegidas, como a Área de Proteção Ambiental da
Várzea do Tietê, os Parques Estaduais da Serra do Mar e Nascente do Rio Tietê, as
Áreas Naturais Tombadas: Nascente do Rio Tietê e Serra do Mar e Paranapiacaba e o
280
Parque do Pinheirinho (Área de Unidade de Conservação), que resultariam em
cuidados e restrições em relação ao uso do solo.
Em contrapartida, a Alta Vulnerabilidade Social apontada pelo IPVS, segundo a
Fundação SEADE (2000) deve-se as precárias condições socioeconômicas e de vida
da maior parte de sua população, uma vez que o PIB per capita do município está entre
os 15 menores da RMSP (é de R$ 6.694,20) e apresenta um dos menores valores de
IDHM da RMSP, segundo a Tabela 2.
A maior parte dos municípios da RMSP encontra-se, portanto, inserida em
cenários de Média Vulnerabilidade Socioambiental construídos a partir das mais
diversas combinações de condições de Vulnerabilidade Social e de Vulnerabilidade
Ambiental, exceto os municípios de Guararema e Santana do Parnaíba que
apresentam, respectivamente, cenários que associam Alta Vulnerabilidade Social e Alta
Vulnerabilidade Ambiental e Vulnerabilidade Social Muito Alta e Alta Vulnerabilidade
Ambiental e o município de Salesópolis que apresenta Baixa Vulnerabilidade Ambiental
associada à Alta Vulnerabilidade Social.
4.1.3.6 Cenários de Vulnerabilidade Socioambiental para os municípios da Região
Metropolitana de Campinas
Os municípios da RMC foram agrupados em quinze dos sessenta cenários de
Vulnerabilidade Socioambiental (Indicador de Vulnerabilidade Socioambiental), como
pode ser aferido no Quadro 36 na Figura 12, que apresentam a associação entre os
cenários do IPVS e os do IVA.
281
Porém, considere-se o fato de que catorze dos cenários apresentados resultam de
variações de cenários de Média Vulnerabilidade Ambiental associados aos diversos
cenários de IPVS, que são apresentados na Figura 12 e resumidamente no Gráfico 11
282
Quadro 36: Indicador de Vulnerabilidade Socioambiental: Distribuição dos Municípios da RMC segundo a relação entre
IVA e IPVS
IVA
Média
IPVS
Nenhuma
Vulnerabilidade
Vulnerabilidade
Muito Baixa
Vulnerabilidade
Baixa
Vulnerabilidade
Média
Vulnerabilidade
Alta
Vulnerabilidade
Muito Alta
- Americana
- Holambra
- Vinhedo
- Itatiba
- Campinas
- Cosmópolis
- Hortolândia
- Artur
Nogueira
- Engenheiro
Coelho
Alta degradação e
Alto risco
Média Alta
degradação e
Alto risco
Média
degradação e
Alto risco
- Paulínia
- Santa
Barbara
d'Oeste
- Jaguariúna
- Nova
Odessa
Alta degradação e
Baixo Risco
Alta
Média Degradação e Alto risco
Média Baixa
degradação e
Alto risco
Média Alta
degradação e
Baixo risco
Média
degradação e
Baixo risco
Média degradação e Baixo
risco
Média Baixa
degradação e
Baixo risco
Baixa degradação
e Alto risco
Baixa degradação.
e Baixo risco
Baixa
- Pedreira
- Valinhos
- Indaiatuba
- Sumaré
- Monte Mor
- Santo
Antonio de
Posse
Fonte: Elaborado a partir da metodologia
283
Fonte: Elaborado a partir da metodologia
Figura 12: Indicador de Vulnerabilidade Socioambiental: cenários apresentados
pelos Municípios da RMC
Os 19 municípios da RMC encontram-se agrupados em cinco grandes
cenários, sendo que a maior parte dos municípios é classificada como de
Vulnerabilidade Social Muito Baixa associada à Média Vulnerabilidade Ambiental
(31% dos municípios).
Gráfico 11: Classificação dos Municípios da RMC segundo os cenários de
Vulnerabilidade Socioambiental.
21%
31%
Média Vuln. Social + Média Vuln.
Ambiental
21%
11%
Baixa Vuln. Social + Média Vuln.
Ambiental
Muito Alta Vuln. Social+ Média
Vuln. Ambiental
Baixa Vuln. Social + Baixa Vuln.
Ambiental
16%
Muito Baixa Vuln. Social + Média
Vuln. Ambiental
Fonte: Elaborado a partir da metodologia
O grupo de Vulnerabilidade Social Muito Baixa associada à Média
Vulnerabilidade Ambiental apresenta diferenças importantes, como as relacionadas
à escala, uma vez que apresenta municípios que possuem uma população que varia
de 35.141 habitantes (município de Pedreira) a 968.160 (no município de Campinas)
e ao PIB per capita que nesse grupo varia entre R$ 7.611,57 (município de Pedreira)
e R$ 109.963,06 (município de Paulínia - possui o maior PIB per capita em relação
ao PIB per capita Estadual). Apesar das diferenças, apresenta um contexto
homogêneo quando verificados os valores dos IDHMs, que classifica todos os
municípios desse grupo como de alto desenvolvimento humano, como pode ser
aferido no Quadro 36.
O Quadro 36 e a Figura 12 possibilitam verificar os grupos formados pela
associação das categorias Média Vulnerabilidade Social e Média Vulnerabilidade
Ambiental e das categorias de Baixa Vulnerabilidade Social associada à Média
285
Vulnerabilidade Ambiental que apresentam quatro municípios (21% dos municípios)
cada uma, embora com características bastante diferenciadas.
O primeiro grupo apresenta municípios com escalas próximas, exceto o
município de Artur Nogueira que apresenta uma população muito inferior a dos
demais municípios, como pode ser verificado na Tabela 3. Nesse grupo parece
existir alguma relação entre os valores de PIB per capita e aos valores do IDHM,
uma vez que os municípios com os menores PIBs per capita são também os que
apresentam os menores valores de IDHM, sendo classificados como municípios de
médio desenvolvimento humano.
A associação das categorias Baixa Vulnerabilidade Social e Média
Vulnerabilidade Ambiental constitui um grupo que abrange quatro municípios (21%
dos municípios) com população entre 29.533 habitantes (município de Jaguariúna) e
82.817 habitantes (município de Valinhos). Nesse grupo apenas o município de
Cosmópolis apresenta IDHM classificado como médio, o restante apresenta Alto
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal e PIBs per capita que variam de R$
10.222,72 (município de Cosmópolis) a R$ 47.061,16 (município de Jaguariúna).
O menor agrupamento é constituído pelos municípios de Holambra e Vinhedo
que apresentam escalas diferentes (7.195 habitantes e 47.065 habitantes,
respectivamente), embora os valores associados ao PIB per capita e ao IDHM sejam
semelhantes, conforme dados na Tabela 3. Dentre os municípios que constituem a
RMC, esses são os que apresentam condições de menor Vulnerabilidade Social e
Ambiental, (Baixa Vulnerabilidade Ambiental e Baixa Vulnerabilidade Social).
O conjunto de cenários de vulnerabilidade Socioambiental obtidos pra cada
uma das RMs (Campinas e São Paulo) possibilita traçar um perfil de Vulnerabilidade
Socioambiental de cada RM e, dessa forma, permite a seleção de alguns municípios
286
para a investigação da existência de uma identidade ambiental metropolitana
construída através de capital social institucional, como será abordado adiante.
4.1.4 Seleção dos Municípios para o estudo de caso
Como abordado anteriormente, a hipótese que direciona esse trabalho aponta
as instituições como agentes responsáveis pela construção de uma identidade
ambiental metropolitana. Essa construção dar-se-á através da promoção e/ou
fortalecimento do capital social junto aos municípios, acarretando a ampliação de
conhecimento desses a respeito da realidade socioambiental da RM em que se
encontram inseridos.
Acreditamos que a ampliação desse conhecimento pode ocasionar aos
municípios um sentimento de pertencimento, levando-os a se agrupar através da
percepção de problemas comuns a todos que constituem a mesma RM, no caso os
problemas ambientais, induzindo-os a discutirem as questões com vistas a minimizálas ou solucioná-las a partir de soluções que considerem a escala regional
metropolitana.
Nesse sentido, os municípios da RMSP e RMC foram agrupados segundo
cenários de vulnerabilidade socioambiental, uma vez que a metodologia adotada
possibilita agrupá-los a partir de questões socioambientais comuns, como pode ser
aferido nos Quadros 35 e 36, e resultou em nove cenários para a RMSP e cinco
para a RMC.
Diante dos objetivos desse trabalho, optamos por um recorte operacional,
tendo em vista selecionar para cada RM um grupo de municípios com diferentes
condições de vulnerabilidade e de participação junto ao respectivo Comitê de Bacia.
287
Para efetuar esse recorte, foi considerado como indicador de participação do
município junto ao Comitê de Bacia a variável obtenção de financiamento junto a
FEHIDRO, o qual demonstra que tem participado de reuniões e discussões junto ao
Comitê. Nesse contexto, considera-se que maior é a participação de um município
junto à instituição quanto maior o número de financiamentos obtidos pela
administração municipal junto ao FEHIDRO.
Portanto, quando possível, foram selecionados dois municípios com
diferentes níveis de participação no interior de cada cenário de vulnerabilidade
socioambiental de ambas as RMs, sendo que um dos municípios com alta
participação e outro com baixa ou nenhuma participação junto ao respectivo Comitê
de Bacia.
Consideramos como de alta participação no Comitê o município que obteve,
dentre os que compõem o cenário, o maior número de financiamentos concedidos
pelo FEHIDRO e o município com baixa participação aquele que obteve o menor
número ou nenhum financiamento concedido pelo FEHIDRO dentre os demais
municípios que compõem o cenário.
No caso em que dois ou mais municípios, inseridos em um mesmo cenário,
apresentarem o mesmo número de financiamentos concedidos pelo FEHIDRO,
optar-se-á pela seleção do município de maior participação por aquele que
apresenta o maior valor de IDHM e, para a situação oposta – seleção do município
que apresenta o menor valor de IDHM – será considerado o município que
apresenta o menor valor de IDH.
A aplicação desse critério aos municípios pode ser aferida nos Quadros 18 e
19, que apresentam, respectivamente, os municípios da RMSP que constituem o
CBH - AT e os municípios da RMC que fazem parte do CBH-PJC - quanto aos
288
cenários de Vulnerabilidade Socioambiental e ao número de financiamentos obtidos
junto ao FEHIDRO. Os dados desagregados que deram origem a esses quadros
encontram-se no ANEXO 2.
289
Quadro 37: Municípios da RMSP (CBH – AT) quanto aos cenários de
Vulnerabilidade Socioambiental e ao número de financiamentos obtidos junto ao
FEHIDRO (1996-2006)
Municípios
Santana de
Parnaíba
Biritiba Mirim
Juquitiba
Salesópolis
Cotia
Embu
Itapecerica da
Serra
Francisco Morato
Pirapora do Bom
Jesus
Arujá
Barueri
Caieiras
Cajamar
Carapicuíba
Diadema
Ferraz de
Vasconcelos
Franco da Rocha
Guarulhos
Itapevi
Itaquaquecetuba
Jandira
Rio Grande da
Serra
CENÁRIOS
Vulnerabilidade Social Muito Alta e
Alta Vulnerabilidade Ambiental
Alta Vulnerabilidade Social e Média
Vulnerabilidade Ambiental
Alta Vulnerabilidade Social e Média
Vulnerabilidade Ambiental
Alta Vulnerabilidade Social e Baixa
Vulnerabilidade Ambiental
Média Vulnerabilidade Social e Alta
Vulnerabilidade Ambiental
Média Vulnerabilidade Social e Alta
Vulnerabilidade Ambiental
Média Vulnerabilidade Social e Alta
Vulnerabilidade Ambiental
Vulnerabilidade Social Muito Alta e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Vulnerabilidade Social Muito Alta e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Média Vulnerabilidade Social e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Média Vulnerabilidade Social e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Média Vulnerabilidade Social e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Média Vulnerabilidade Social e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Média Vulnerabilidade Social e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Média Vulnerabilidade Social e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Média Vulnerabilidade Social e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Média Vulnerabilidade Social e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Média Vulnerabilidade Social e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Média Vulnerabilidade Social e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Média Vulnerabilidade Social e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Média Vulnerabilidade Social e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Média Vulnerabilidade Social e
Média Vulnerabilidade Ambiental
FEHIDRO
o
(N de
Financiamentos)
IDHM
2
,-./
3
,0.
2
,0.1
7
,01-
1
,-23
4
,002
3
,0-/
3
,0/-
4
,030
1
,0--
1
,-23
1
,-4/
1
,0-3
3
,05/
1
,05
0
,002
6
,00-
1
,05-
6
,0.5
1
,011
3
,-,4
1
,031
290
Quadro 37 (cont.): Municípios da RMSP (CBH – AT) quanto aos cenários de
Vulnerabilidade Socioambiental e ao número de financiamentos obtidos junto ao
FEHIDRO (1996-2006)
Municípios
CENÁRIOS
FEHIDRO
o
(N de
Financiamentos)
IDHM
Média Vulnerabilidade Social e
3
,00.
Média Vulnerabilidade Ambiental
Média Vulnerabilidade Social e
1
Taboão da Serra
,-,5
Média Vulnerabilidade Ambiental
São Lourenço da
Média Vulnerabilidade Social e
3
,004
Serra
Média Vulnerabilidade Ambiental
Baixa Vulnerabilidade Social e
8
Embu-Guaçu
,-44
Média Vulnerabilidade Ambiental
Baixa Vulnerabilidade Social e
Mairiporã
3
,-,/
Média Vulnerabilidade Ambiental
Baixa Vulnerabilidade Social e
Mauá
1
,0-4
Média Vulnerabilidade Ambiental
Média Vulnerabilidade Social e
1
Taboão da Serra
,-,5
Média Vulnerabilidade Ambiental
São Lourenço da
Média Vulnerabilidade Social e
3
,004
Serra
Média Vulnerabilidade Ambiental
Baixa Vulnerabilidade Social e
Embu-Guaçu
8
,-44
Média Vulnerabilidade Ambiental
Baixa Vulnerabilidade Social e
Mairiporã
3
,-,/
Média Vulnerabilidade Ambiental
Vulnerabilidade Social Muito Baixa
Santo André
2
,-/.
e Média Vulnerabilidade Ambiental
São Bernardo do
Vulnerabilidade Social Muito Baixa
1
,-/1
Campo
e Média Vulnerabilidade Ambiental
São Caetano do
Vulnerabilidade Social Muito Baixa
1
,545
Sul
e Média Vulnerabilidade Ambiental
Vulnerabilidade Social Muito Baixa
São Paulo
7
,-14
e Média Vulnerabilidade Ambiental
Fonte: Deliberações CBH-AT (1996, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006)
Suzano
291
Quadro 38: Municípios da RMC (CBH – PJC) quanto aos cenários de
Vulnerabilidade Socioambiental e ao número de financiamentos obtidos junto ao
FEHIDRO (1996-2006)
Municípios
Vinhedo
Holambra
Campinas
Santa Barbara d'Oeste
Americana
Itatiba
Pedreira
Paulínia
Nova Odessa
Valinhos
Cosmópolis
Jaguariúna
Indaiatuba
Hortolândia
Sumaré
Artur Nogueira
Engenheiro Coelho
Santo Antonio de Posse
CENÁRIOS
Baixa Vulnerabilidade Social e Baixa
Vulnerabilidade Ambiental
Baixa Vulnerabilidade Social e Baixa
Vulnerabilidade Ambiental
Vulnerabilidade Social Muito Baixa e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Vulnerabilidade Social Muito Baixa e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Vulnerabilidade Social Muito Baixa e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Vulnerabilidade Social Muito Baixa e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Vulnerabilidade Social Muito Baixa e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Vulnerabilidade Social Muito Baixa e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Baixa Vulnerabilidade Social e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Baixa Vulnerabilidade Social e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Baixa Vulnerabilidade Social e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Baixa Vulnerabilidade Social e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Média Vulnerabilidade Social e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Média Vulnerabilidade Social e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Média Vulnerabilidade Social e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Média Vulnerabilidade Social e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Vulnerabilidade Social Muito Alta e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Vulnerabilidade Social Muito Alta e
Média Vulnerabilidade Ambiental
Vulnerabilidade Social Muito Alta e
Média Vulnerabilidade Ambiental
FEHIDRO
o
(N de
Financiamentos)
IDHM (2000)
0
,-.0
3
,-20
11
,-.2
9
,-45
7
,-1
2
,-2-
6
,-4
0
,-10
6
,-23
5
,-12
2
,055
0
,-25
1
,-25
1
,05
2
,-
2
,053
0
,05
1
,05
0
,0-/
Monte Mor
Fonte: Deliberações CBH-PJC (1996, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006)
De acordo com a metodologia descrita, foram selecionados como amostras
para o estudo de caso, dez municípios da RMC e catorze municípios da RMSP,
conforme apresentado no Quadro 39.
292
Quadro 39: Municípios da RMSP (CBH – AT) e da RMC (CBH – PJC) selecionados
para o estudo de caso
Municípios
REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO
PAULO
Santana de Parnaíba
Biritiba Mirim
Juquitiba
Salesópolis
Cenários de Vulnerabilidade Socioambiental
Vulnerabilidade Social Muito Alta e Alta Vulnerabilidade
Ambiental
Alta Vulnerabilidade Social e Média Vulnerabilidade
Ambiental
Alta Vulnerabilidade Social e Baixa Vulnerabilidade
Ambiental
Média Vulnerabilidade Social e Alta Vulnerabilidade
Ambiental
Vulnerabilidade Social Muito Alta e Média Vulnerabilidade
Ambiental
Média Vulnerabilidade Social e Média Vulnerabilidade
Ambiental
Baixa Vulnerabilidade Social e Média Vulnerabilidade
Ambiental
REGIÃO
METROPOLITANA DE
CAMPINAS
Cotia
Embu
Pirapora do Bom Jesus
Francisco Morato
Ferraz de Vasconcelos
Franco da Rocha
Embu-Guaçu
Mauá/ Mogi das Cruzes (*)
São Bernardo do Campo/
Vulnerabilidade Social Muito Baixa e Média Vulnerabilidade
São Caetano do Sul (*)
Ambiental
São Paulo
Baixa Vulnerabilidade Social e Baixa Vulnerabilidade Ambiental
Vinhedo
Baixa Vulnerabilidade Social e Baixa Vulnerabilidade Ambiental
Holambra
Campinas
Vulnerabilidade Social Muito Baixa e Média Vulnerabilidade
Ambiental
Paulínia
Nova Odessa
Baixa Vulnerabilidade Social e Média Vulnerabilidade Ambiental
Jaguariúna
Hortolândia
Média Vulnerabilidade Social e Média Vulnerabilidade Ambiental
Artur Nogueira
Santo Antonio de Posse
Vulnerabilidade Social Muito Alta e Média Vulnerabilidade Ambiental
Monte Mor
Fonte: Elaborado pelo autor
(*) Devido a impossibilidade de contatar os representantes dos municípios de Mauá e São Bernardo
do Campo os mesmos foram substituídos na pesquisa pelos municípios de Mogi das Cruzes e São
Caetano do Sul que, segundo a metodologia, apresentam realidades semelhantes a dos primeiros
municípios.
A partir da seleção dos municípios, foi realizada uma análise documental dos
planos diretores, planos de desenvolvimento e documentos relacionados à questão
ambiental, como pode ser aferido nos Quadros 1 a 8, no ANEXO 3.
293
4.2 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA PARA IDENTIFICAÇÃO DE IDENTIDADE
AMBIENTAL METROPOLITANA JUNTO AOS REPRESENTANTES MUNICIPAIS
Após a seleção dos municípios, listados segundo o Quadro 39, foi aplicado
um questionário junto aos representantes dos municípios (administração municipal)
tendo em vista investigar a hipótese, abordada anteriormente, buscamos verificar a
existência ou não de uma identidade ambiental metropolitana construída a partir de
ações realizadas pela instituição.
Para isso investigamos o desempenho institucional segundo a percepção dos
representantes dos municípios que constituem as RMs e participam das
reuniões/ações da instituição. Nesse contexto, consideramos que desempenho
institucional é construído a partir da ampliação dos conhecimentos dos municípios a
respeito da relação ambiente e sociedade fundamentada em processos de
urbanização/metropolização e na sociedade de risco e na existência de capital social
institucional .
Há que se ressaltar que, diante da dinâmica que se estabelece na RMSP,
optamos por abordar os subcomitês em detrimento do Comitê de Bacia Hidrográfica
do Alto Tietê, uma vez que é nessa instância que as administrações municipais
conseguem participar efetivamente.
Inicialmente o questionário foi aplicado a 9 representantes das administrações
dos municípios que constituem a RMC e participam das reuniões/atividades do CBHPCJ e 13 representantes das administrações dos municípios da RMSP e que
participam dos Subcomitês do AT. O município de Paulínia (RMC) e Embú das Artes
(RMSP) responderam a outro questionário que pode ser aferido no APENDICE.
294
Dentre os municípios selecionados para a pesquisa na RMSP, houve a
necessidade de substituição, pois inúmeras tentativas de contato junto aos
representantes dos municípios São Bernardo do Campo e Mauá, para a aplicação
do
questionário, e não
obtivemos
sucesso. Por isso foram
substituídos
respectivamente pelos municípios de São Caetano do Sul e Mogi das Cruzes, que
se encontram inseridos nos mesmos cenários dos municípios a que substituíram.
4.2.1 Identificação do Desempenho Institucional Geral
O Desempenho Institucional em articular os municípios de uma mesma RM e
conscientizá-los quanto a sua importância na qualidade de vida de toda a RM a
partir de questões associadas à urbanização/metropolização é analisado nesse
primeiro conjunto de questões. Para essa análise foram elencados alguns elementos
relacionados ao desenvolvimento da comunidade e das redes de relações sociais,
como a satisfação em relação aos processos de tomada de decisão, o poder de
influência e responsabilidade da instituição através dos níveis de satisfação com as
ações relacionadas à comunicação entre a instituição e seus membros. Para cada
uma das questões foram estabelecidos alguns parâmetros que variam da situação
considerada a mais apropriada (a melhor) para a inapropriada (a pior) para o tema.
O primeiro questionário foi subdivido em 3 partes, sendo que a primeira busca
investigar o desempenho institucional em articular os municípios inseridos em uma
mesma RM e conscientizá-los quanto a sua importância na qualidade de vida de
toda a RM através de questões associadas à urbanização/metropolização. A
primeira parte está organizada em 3 conjuntos de perguntas relacionadas aos
seguintes tópicos:
295
Em razão de que nesse trabalho não se pretende mensurar o desempenho da
instituição e a quantidade de capital social, mas identificar o tipo de situação
apresentada para cada tema e elaborar cenários, optamos em classificar as
situações através de uma escala de cinza, que varia da melhor situação (cinza mais
claro) para a pior (cinza mais escuro) e as cores branca para situação nula (não sei)
e preta para a situação de não respondeu. Alguns dos parâmetros adotados foram
definidos a partir do trabalho desenvolvido por Cunha (2004).
4.2.1.1 Tomada de Decisão
Esse conjunto de perguntas busca analisar a percepção do representante do
município a respeito da participação e do poder de influência do município no
processo de tomada de decisão da instituição, assim como de seu grau confiança e
satisfação com a forma com que esse processo ocorre.
1) A decisão tomada pelo comitê é resultado de:
Gráfico 12: Percepção dos representantes dos municípios que constituem as
RMSP/AT e RMC/PCJ a respeito da construção da Tomada de Decisão.
Decisões fechadas nos
subcomitês.
90%
78%
80%
Votação sem discussão
prévia
70%
60%
50%
43%
43%
40%
30%
22%
20%
7%
10%
7%
Votação após articulação
entre os segmentos ou
membros
Votação após consenso
entre os membros
Consenso após discussão
entre os membros
0%
PCJ
AT
296
Legenda: Parâmetros para avaliação, segundo grau de importância
Situação
Decisões fechadas no subcomitês/consenso após discussão
Votação após consenso
Votação após articulação entre segmentos ou membros
Votação sem discussão prévia
Importância
Ao verificar visualmente os dois casos, destaca-se que para os municípios
que constituem o PCJ existe uma busca por consenso na tomada de decisão
(consenso é a palavra de ordem), enquanto para o AT as decisões são fechadas no
subcomitê e a tomada de decisões passa pela articulação junto aos membros e
demais segmentos.
Esse contexto se estabelece em razão de que entre os municípios que
constituem o PCJ as decisões são “fechadas” no Comitê, em contrapartida, no caso
dos municípios do AT, as decisões fechadas nos subcomitês nem sempre são
definitivas, uma vez que essas são estabelecidas definitivamente em instância
superior, nas Reuniões do Comitê de Bacia do Alto Tietê que, em geral, segundo os
representantes dos municípios, são decisões de cunho político e restritas aos
prefeitos que não participam das reuniões dos subcomitês.
2) Você acredita que, de modo geral, as administrações municipais, em especial a
sua, podem (tem capacidade de) influenciar no processo de tomada de decisão do
comitê/subcomitê?
297
Gráfico 13: Percepção dos representantes dos municípios que constituem as
RMSP/AT e RMC/PCJ a respeito do poder de influenciar a Tomada de Decisão
90%
80%
78%
70%
64%
Acredito
60%
Em alguns casos
50%
Raramente
40%
Não sei
30%
20%
22%
11% 11%
10%
7%
7%
0%
PCJ
AT
Legenda: Parâmetros para avaliação, segundo grau de importância
Situação
Acredito
Em alguns casos
Raramente
Não sei
Importância
Os municípios que constituem o PCJ fazem parte do grupo que mais acredita
poder influenciar no processo de tomada de decisões, porém em menor percentual,
a maior parte dos municípios que constitui o AT também acredita poder influenciar a
tomada de decisão.
3) Em caso afirmativo, a que você atribui a capacidade dos municípios de
influenciar nas tomadas de decisão nos subcomitês e nos comitês? Ou seja, o que
facilita?
298
Gráfico 14: Aspectos que podem influenciar a Tomada de Decisão, segundo os
representantes dos municípios que constituem as RMSP/AT e RMC/PCJ.
80%
67%
70%
57%
60%
Capacidade Técnica
50%
Articulação com
outros membros
Capacidade de
liderança
Não sei
40%
30%
20%
10%
22%
22%
11%
7% 7% 7%
Não respondeu
0%
PCJ
AT
Legenda: Parâmetros para avaliação, segundo grau de importância
Situação
Articulação entre os membros
Capacidade de Liderança
Capacidade Técnica
Não sei
Não respondeu
Importância
Tanto os municípios que constituem o PCJ quanto os do AT acreditam que a
capacidade dos municípios em influenciar a tomada de decisão resulta da
Articulação entre os membros do Comitê/subcomitê. Porém, o segundo aspecto
mais apontado é diversificado. Para aos municípios do PCJ, a capacidade de
liderança é apontada como o segundo aspecto mais importante, enquanto que para
os municípios do AT é a capacidade técnica o fator que facilita e influencia a tomada
de decisão.
4.2.1.2 Comunicação: Satisfação com a Instituição
Segundo Oliveira (1999) a adequada tomada de decisão é resultado do
conjunto de informações relevantes e apropriadas que fundamentarão a ação do
agente decisor.
299
A qualidade da informação é mensurada pelo poder que tem de motivar a
ação do indivíduo/grupo e contribuir para a tomada de decisão. A qualidade dessa
informação pode ainda ser mensurada pelo grau de satisfação do decisor com o
resultado desse sistema de informação. Nesse sentido, a informação tem valor na
medida em que pode afetar a decisão ou ação, sendo valorado dentro de um
contexto específico de tomada de decisão.
Por isso nesse item são analisadas questões como a qualidade e a forma
como tais informações são transmitidas aos membros do Comitê/Subcomitê e a
sociedade civil (divulgação externa), da mesma forma em que se investiga também
se a informação transmitida pela instituição possibilita ampliar o conhecimento a
respeito de outras questões de âmbito ambiental e metropolitano (associadas ao
processo de urbanização/metropolização).
4) A forma como as informações são transmitidas pelo subcomitê/Comitê é:
Gráfico 15: Satisfação dos representantes dos municípios que constituem as
RMSP/AT e RMC/PCJ a respeito da forma como as informações são transmitidas.
90%
80%
78%
71%
70%
60%
Muito boa
50%
Boa
40%
29%
30%
20%
Insatisfatória
11% 11%
10%
0%
PCJ
AT
Legenda: Parâmetros para avaliação segundo grau de importância
Situação
Muito Boa
Boa
Insatisfatória
Importância
300
Os dados a respeito da qualidade das informações transmitidas pelo
comitê/subcomitês, segundo os representantes municipais, possibilitaram constatar
que a maior parte dos municípios que constituem o PCJ está satisfeita com a forma
como a instituição transmite as informações (78% define como muito boa), enquanto
para a maior parte dos municípios que constituem o AT a forma como as
informações são transmitidas pelos subcomitês é boa. Há que se destacar que
alguns dos representantes do AT citaram receber mais informações do PCJ do que
dos AT.
5) Em geral de que forma as atividades do subcomitê/comitê são divulgadas a
sociedade civil (divulgação externa)?
Gráfico 16: Formas de divulgação das atividades do subcomitê/comitê, segundo os
representantes dos municípios que constituem as RMSP/AT e RMC/PCJ.
80%
70%
67%
60%
Boletim impresso do comitê
50%
Correio eletrônico
30%
20%
Site na internet
36%
29%
40%
Jornal
Não divulga
22%
Não respondeu
14%
11%
7% 7%
10%
7%
0%
PCJ
AT
Legenda: Parâmetros para avaliação segundo grau de importância
Conteúdo
Boletim impresso do comitê
Jornal
Correio eletrônico
Site na internet
Não divulga
Não respondeu
Importância
301
Os representantes dos municípios do PCJ apontam existir um sistema de
informação bastante estruturado para divulgar suas atividades a sociedade civil, em
contrapartida aos municípios que constituem os subcomitês do AT.
6) A participação junto ao comitê/subcomitê possibilitou ampliar o conhecimento a
respeito das questões ambientais ou se restringiu apenas as questões hídricas?
Gráfico 17: Relação entre a participação e ampliação do conhecimento a respeito
das questões ambientais, segundo os representantes dos municípios que constituem
as RMSP/AT e RMC/PCJ.
120%
100%
100%
86%
80%
SIM
60%
NÃO
40%
14%
20%
0%
PCJ
AT
As informações coletadas junto às administrações municipais demonstraram
que as instituições possibilitam ampliar a discussão das questões hídricas (seu
principal objetivo) para as demais questões ambientais, como pode ser aferido nas
respostas dos representantes dos municípios no Comitê do PCJ (100%) e da maior
parte dos municípios dos subcomitês do AT (86%).
302
7) Ao deliberar sobre determinados assuntos, você acredita que os membros do
comitê/subcomitê:
Gráfico 18: Avaliação dos membros do comitê na deliberação de assuntos, segundo
os representantes dos municípios que constituem as RMSP/AT e RMC/PCJ.
90%
80%
78%
Estão bem informados
sobre o ass unto e,
portanto preparados
para opinar e votar
Estão bem informados
sobre o ass unto
70%
60%
50%
36%36%
40%
30%
20%
11%11%
14%14%
10%
Estão pouco
informados sobre o
assunto
Não estão informados
sobre o ass unto
0%
PCJ
AT
Legenda: Parâmetros para avaliação segundo grau de importância
Situação
Estão bem informados sobre o assunto e, portanto, preparados para votar
Estão bem informados sobre o assunto
Estão pouco informados sobre o assunto
Não estão informados sobre o assunto
Importância
A confiança nas informações transmitidas pela instituição aos representantes
é mapeada nessa questão através da forma como esses acreditam que essa
informação será utilizada no processo de tomada de decisão. Nesse contexto, os
representantes dos municípios do PCJ são os que mais confiam na formação de
seus membros pela informação construída pelo comitê (78%) em detrimento aos
municípios que constituem os subcomitês do AT.
A maior confiança entre os membros do PCJ se deve ao fato haver maior
tempo de permanência do representante no cargo (membros), por isso os
303
representantes
municipais
se
mostram
mais
comprometidos
com
as
ações/discussões do comitê.
4.2.2 Presença/Construção de Capital Social
Putnam (1993) salienta que a presença de capital social pode ser identificada
a partir de duas categorias: capital social estrutural (a associação em redes) e o
capital social cognitivo (existência de confiança mútua e reciprocidade). Essas
categorias também fundamentam a identificação de capital social institucional
(linking capital social), que segundo WoolcocK (1999) e Grootaert et al (2003),
agrega o bonding capital social e o bridging capital social.
Para Uphoff (2000) (capítulo 2) o capital social estrutural se refere às formas
de organização social e de instituições locais – associativismo - que funcionam como
instrumentos para o desenvolvimento da comunidade, assim como as redes de
relações sociais que propiciam a cooperação e, consequentemente, o bom
desempenho institucional.
O autor destaca também que o Capital Social Cognitivo se estrutura a partir
de processos mentais reforçados pela cultura e ideologia de um grupo e se
materializa através de normas sociais, valores, atitudes e crenças que estruturam o
comportamento cooperativo e implementam a ação coletiva.
Nesse sentido o autor aponta ainda alguns valores que devem ser
considerados na análise/construção de capital social, como a confiança, a
reciprocidade e a solidariedade, uma vez que criam condições para que se
estabeleça a cooperação entre indivíduos de determinado grupo em prol do bem
coletivo.
304
As questões a seguir analisam aspectos associados à presença de capital
social cognitivo, como a participação, a confiança, a cooperação e a reciprocidade,
que podem contribuir para a construção de comportamentos que implementem
ações coletivas; posteriormente são analisadas as questões relacionadas ao
associativismo (capital social estrutural).
4.2.2.1 Participação
Segundo Bandeira (1999), o estabelecimento de mecanismos sólidos de
participação no âmbito regional exige esforço de construção institucional que
possibilite o surgimento e à consolidação de organizações que se dediquem, em
caráter permanente, a conscientizar a comunidade sobre a natureza dos
problemas/conflitos regionais buscando, simultaneamente, envolvê-la na formulação
e na implementação de ações voltadas para a superação desses problemas.
Nesse contexto, esse bloco de questões busca investigar o quanto a
instituição contribui na construção de envolvimento dos municípios em questões
ambientais de âmbito local e/ou metropolitano através da participação.
As questões a seguir buscam analisar a efetiva participação dos
representantes municipais através de perguntas relacionadas ao tempo e frequência
de participação nas reuniões e nas formas de participação dos representantes.
Nesse caso, o maior tempo e frequência de participação e a maior
diversidade de formas de participação, são considerados ‘indicativos’ de
envolvimento e participação dos representantes municipais em relação às atividades
desenvolvidas no Comitê/subcomitê.
305
Acreditamos que a participação do representante municipal em câmaras
técnicas, além de ampliar o conhecimento a respeito das questões associadas à
bacia e outras correlatas, possibilita aos membros estabelecer e fortalecer relações
de confiança e cooperação. Dessa forma, as Câmaras Técnicas são consideradas
mecanismos da instituição para ampliar a discussão sobre os problemas comuns e
buscar a construção de consensos.
Acreditamos que tais aspectos influenciam na construção de uma rede de
confiabilidade e cooperação entre os membros, por isso, quanto maior o percentual
de participação, maior a presença de capital social de conexão.
8) Há quanto tempo você participa do Comitê/subcomitê representando o município?
Gráfico 19: Tempo de participação dos representantes dos municípios que
constituem as RMSP e RMC no comitê/subcomitê
60%
50%
50%
44% 44%
40%
36%
30%
20%
14%
11%
10%
0%
PCJ
até 2 anos
AT
2-4 anos
mais de 4 anos
Legenda: Parâmetros para avaliação segundo grau de importância
Situação
Mais de 4 anos
2 – 4 anos
Até 2 anos
Importância
306
A partir da inspeção visual pode-se constatar que o AT possui o maior número
de representantes que participam das reuniões do comitê/subcomitê há mais de
quatro anos, mas também possui o maior percentual de representante que
participam há menos de dois anos. Em contrapartida, o PCJ apresenta o maior
número de representantes com mais de dois anos de participação (88%) em relação
ao PCJ (64%).
O AT possui o maior número de novos representantes, que resulta em um
grupo menos homogêneo que o dos municípios que constituem o CBH-PCJ.
9) Com que frequência você participava das reuniões do comitê/subcomitê?
Gráfico 20: Frequência de participação dos representantes dos municípios que
constituem as RMSP/AT e RMC/PCJ nas reuniões comitê/subcomitê
90%
80%
78%
70%
64%
60%
Sempre
50%
Às vezes
40%
30%
Raramente
22%
21%
20%
15%
10%
0%
PCJ
AT
Legenda: Parâmetros para avaliação segundo grau de importância
Situação
Sempre
Às vezes
Raramente
A
frequência
Importância
de
participação
dos
representantes
nas
reuniões
do
comitê/subcomitê também é maior no comitê PCJ (78%) do que dos representantes
307
nas reuniões dos subcomitês do AT (64%), sendo que o segundo apresenta, ainda,
um percentual de representantes que raramente participam (15%).
10) Como você avalia as formas de participação do seu município (administração
municipal) junto ao comitê/subcomitê ?
Gráfico 21: Frequência segundo o tipo de participação dos representantes dos
municípios que constituem as RMSP/AT e RMC/PCJ nas reuniões comitê/subcomitê
100%
89%
90%
80%
70%
60%
50%
58%
64%
42%
40%
66% 64%
66%
55%
55%
AT Às vezes
44%
36%
AT Sempre
PCJ Sempre
36%
PCJ Às vezes
30%
20%
10%
0%
Participa de
Expressa
Apresenta Participa de
reuniões
opiniões nas propostas
grupos ou
reuniões nas reuniões comissões
de trabalho
Participa de
Câmaras
técnicas
Legenda: Parâmetros para avaliação segundo grau de importância
Situação
Sempre
Às vezes
Nunca
Importância
Essa questão busca verificar as formas pelas quais se dá a participação e o
envolvimento dos representantes junto à instituição através das reuniões do
comitê/subcomitê.
Devido à diversidade das formas que isso pode acontecer, optamos em
analisar apenas as três atividades que apresentaram os maiores valores na
308
classificação de frequência (sempre, às vezes e nunca) para o Comitê PCJ e para
os subcomitês do AT.
Nesse sentido há que se ressaltar que em ambos os casos os representantes
apontaram sempre participar das reuniões (58% dos municípios do AT e 89 % dos
municípios do PCJ).
Os representantes do Alto Tietê apontaram ainda como ações mais
frequentes (sempre) expressar opiniões em reuniões (64%) e apresentar propostas
em reuniões (64%). Tais ações também foram apontadas pelos representantes do
AT como as que ocorrem esporadicamente (os municípios que não apontaram as
ações como as mais frequentes, apontaram que essas ocorrem às vezes).
Porém, há que se ressaltar a diferença quanto à diversidade de formas de
participação dos representantes do Comitê PCJ (cinco formas de participação)
quando comparada as formas utilizadas pelos subcomitês do AT (três formas).
11) Além das reuniões do comitê/subcomitê, o município que você representa
participava (ou participa) de alguma Câmara Técnica do Comitê/Subcomitê?
Gráfico 22: Participação dos representantes dos municípios que constituem as
RMSP/AT e RMC/PCJ em Câmaras Técnicas.
100%
89%
77%
80%
60%
sim
33%
40%
20%
não
11%
0%
PCJ
AT
309
Ao considerarmos que as Câmaras Técnicas são mecanismos da instituição
para ampliar a cooperação e confiança entre os membros e, consequentemente,
ampliar a discussão sobre os problemas comuns e solução de conflitos, acreditamos
que quanto maior o percentual de participação maior a presença de capital social de
conexão. Nesse caso, o comitê do PCJ apresenta maior percentual de participação
de seus membros (89%), quando comparado com os subcomitês do AT (77%).
12) Qual o principal benefício de participar das reuniões e Câmaras técnicas do
Comitê/Subcomitê?
Gráfico 23: Tipos de Benefícios obtidos através da participação dos representantes
nas reuniões comitê/subcomitê, segundo os representantes dos municípios que
constituem as RMSP/AT e RMC/PCJ
Informação e capacitação
50%
45%
40%
35%
Informação e Integração (trabalho
coletivo)/informação e cooperação para
o planejamento e intervenção.
Não existe benefício
44%
35%
33%
29%
30%
Obtenção de recursos
25%
20%
15%
11%11%
Subsidiar decisões e análise de
projetos
14%
10%
7% 7% 7%
5%
Troca de experiências
Defender os interesses do município
0%
PCJ
AT
Não participa
Legenda: Parâmetros para avaliação segundo grau de importância
Situação
Informação e Integração /Informação e cooperação para planejamento e intervenção
Informação e Capacitação
Subsidiar decisões e análise de projetos
Troca de experiências
Defender interesses do município
Obtenção de recursos
Não participa
Não existe benefício
Importância
310
A maior parte dos municípios do subcomitê AT (35%) destacou a importância
desses espaços de discussão para ampliar a informação e cooperação entre os
membros. Tal benefício foi apontado em segundo lugar pelos municípios do Comitê
do PCJ (33%), sendo que o primeiro benefício apontado por esses se refere à
informação e capacitação (44%).
13) O município participa de grupos de discussão de questões metropolitanas?
Quais? (relação ambiente sociedade)
Gráfico 24: Representantes dos municípios que constituem as RMSP/AT e
RMC/PCJ que participam de grupos de discussões metropolitanas.
120%
100%
100%
89%
80%
sim
60%
não
40%
21%
20%
0%
PCJ
AT
Gráfico 25: Percentual de representantes dos municípios das RMSP/AT e RMC/PCJ
que participam em cada instituição/órgão.
120%
100%
100%
80%
60%
36%
40%
14%
20%
7%
7%
7%
7%
PCJ
não sei quais
Plano
Habitacional,
Disposição de
Resíduos
Sabesp,
CETESB,
IBAMA, DPRN
Os do Comitê,
DAEE, Sec.
Seg Pública
AMAT
EMPLASA
AGEMCAMP
0%
AT
311
Quando o assunto são as questões metropolitanas, os municípios dos
Subcomitês do AT participam em uma maior diversidade de grupos de discussão em
diferentes instituições – como pode ser aferido no gráfico - em contrapartida aos
municípios do Comitê PCJ, cuja participação se restringe aos grupos da
AGEMCAMP (100%), possivelmente porque a RMC é bastante recente, assim com a
discussão a respeito de seus problemas.
14) O município já apresentou projetos para concorrer ao FEHIDRO, se sim em que
área(s)?
Gráfico 26: Percentual de municípios das RMSP/AT e RMC/PCJ que apresentaram
projetos ao FEHIDRO
100%
89%
90%
80%
70%
54%
60%
50%
36%
40%
Não
Sim
30%
20%
10%
11%
0%
PCJ
AT
312
Gráfico 27: Percentual de projetos solicitados pelos municípios da RMSP/AT e
RMC/PCJ junto ao FEHIDRO segundo o tipo de solicitação
35%
33%
32%
28%
30%
23%
25%
20%
15%
15%
11%
15%
15%
11%
10%
6%
6%
6%
5%
PCJ
A
apresentação
de
projetos
Outros
Levantamento
de dados/
Relatórios
sobre o
Educação
ambiental
Tratamento e
disposição de
lixo
Drenagem
Estação de
Tratamento
de Água
Estação de
Tratamento
de Esgoto
0%
AT
junto
ao
FEHIDRO
demanda
envolvimento/participação junto ao Comitê/subcomitê e, por isso é considerado um
aspecto importante a ser investigado. Da mesma forma que consideramos
importante investigar em quais áreas se encontram essas demandas, uma vez que
essa informação pode indicar que a participação nas atividades da instituição
possibilite ampliar o conhecimento dos representantes a respeito de outras questões
relacionadas ao ambiente e a sociedade.
Nesse contexto, temos que a participação dos representantes do PCJ é maior
que a dos municípios do AT, uma vez que os representantes do PCJ apresentam
mais projetos para concorrer ao FEHIDRO (89%) do que os municípios do AT (54%),
assim como maior diversidade no conteúdo de suas solicitações.
313
4.2.2.2 Confiança
Segundo Putnam (1999), a existência de laços de confiança mútua reforça os
mecanismos de cooperação entre os indivíduos e favorece o desempenho das
instituições, ao mesmo tempo em que o eficiente desempenho institucional atua
positivamente sobre o contexto, reduzindo as incertezas e reforçando os níveis de
confiança e cooperação no interior do grupo.
As questões contidas nesse conjunto busca analisar a confiança que os
representantes municipais depositam na instituição e nos demais membros que a
constitui, principalmente, em assuntos de caráter metropolitano.
15) Você acredita que nos últimos anos o nível de confiança entre os membros do
comitê? A que você atribui esse comportamento?
Gráfico 28: Percepção dos representantes dos municípios da RMSP/AT e RMC/PCJ
a respeito do nível de confiança entre os membros.
70%
67%
Aumentou
60%
50%
40%
43%
33%
36%
30%
Permaneceu
o mesmo
Diminuiu
Não sei
20%
14%
7%
10%
0%
PCJ
AT
Legenda: Parâmetros para avaliação segundo grau de importância
Situação
Aumentou
Permaneceu o mesmo
Diminuiu
Não sei
Importância
314
Gráfico 29: Justificativas apontadas pelos representantes dos municípios da
RMSP/AT e RMC/PCJ para explicar os níveis de confiança.
50%
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
44%
44%
29%
29%
21%
12%
14%
7%
PCJ
AT
Há muita interação entre os indivíduos
Há um sentimento de comprometimento entre os membros
Pouca interação entre os indivíduos
Não há sentimento de comprometimento entre os membros
Não sei
Legenda: Parâmetros para avaliação segundo grau de importância
Situação
Há muita interação entre os municípios
Há um sentimento de comprometimento entre os membros
Pouca interação entre os indivíduos
Não há sentimento de comprometimento entre os membros
Não sei
Importância
Sendo a confiança um dos elementos que fundamentam a construção do
capital social cognitivo, a análise do nível de confiança entre os membros é um
aspecto bastante importante. Essa questão analisa o nível de confiança que se
estabeleceu entre os membros e seu comitê/subcomitê, a partir da percepção dos
representantes dos municípios.
A maior parte dos representantes dos municípios do Comitê do PCJ (68%)
acredita que nos últimos anos o nível de confiança entre os membros aumentou e os
demais (33%) acreditam que continuou o mesmo, enquanto no caso dos
representantes do AT o cenário é bastante diversificado: 43% acreditam que
aumentou, 36% acreditam que permaneceu o mesmo e 14% apontaram que o nível
de confiança diminuiu.
315
Quando questionados a respeito desse comportamento, os cenários que se
desenharam, de certa forma, acompanharam o cenário definido anteriormente.
Os representantes dos municípios do PCJ apontaram como principais fatores
a existência de muita interação entre os indivíduos (44%) e o sentimento de
comprometimento entre os membros (44%). O restante dos representantes (12 %)
apontou pouca interação entre os membros.
Entre os representantes dos municípios do AT, os principais fatores
apontados (ambos com 29%) também foram a existência de muita interação entre os
indivíduos e o sentimento de comprometimento entre os membros. Em seguida
foram apontadas a falta de comprometimentos dos membros (21%) e a pouca
interação entre os membros (14%).
316
4.2.2.3 Cooperação
Ao considerar que a cooperação resulta da confiança que, segundo Cunha
(2004), se estrutura a partir do interesse do indivíduo em garantir benefícios dentro
de seu círculo social, o autor destaca que: “a cooperação é tanto mais frequente,
quanto mais fortes forem os costumes, regras, valores, procedimentos, assim como
as normas, valores e atitudes, crenças e interações dentre um determinado grupo de
pessoas, uma vez que o exercício repetido desses padrões de comportamento
aumenta a confiança entre os indivíduos”.
As questões abordadas a seguir buscam investigar se a instituição estimula,
de alguma forma, a cooperação entre seus membros em assunto de interesse
comum.
As questões abordadas a seguir buscam investigar se a instituição estimula
de alguma forma, a cooperação entre seus membros em assunto de interesse
comum.
16) Qual sua opinião a respeito de: O comitê/subcomitê procura estimular a
cooperação entre os municípios
317
Gráfico 30: Opinião dos representantes dos municípios da RMSP/AT e RMC/PCJ a
respeito da ação do comitê em estimular a cooperação.
60%
55%
Concordo
totalmente
Concordo
50%
43%
40%
36%
Discordo
30%
22%
20%
10%
11%
11%
14%
Discordo
Totalmente
Não sei
7%
0%
PCJ
AT
Legenda: Parâmetros para avaliação segundo grau de importância
Situação
Concordo Totalmente
Concordo
Discordo
Discordo Totalmente
Não sei
Importância
Essa questão investiga a percepção do representante municipal a respeito da
ação da instituição como promotora de cooperação entre seus membros a partir de
sua opinião em relação à afirmação de que: O comitê/subcomitê procura estimular a
cooperação entre os municípios.
Diante disso, temos para os dois casos situações opostas, uma vez que os
representantes dos municípios do PCJ em sua maior parte (55%) discordam da
afirmativa de que: o comitê/subcomitê procura estimular a cooperação entre os
municípios, em detrimento de um pequeno grupo (11%) que concorda com tal
afirmativa. Em contrapartida, a maior parte dos representantes dos municípios do AT
(43%) concorda com essa afirmativa e 14% discordam.
318
17) O Comitê/subcomitê estimula o desenvolvimento de projetos e soluções
intermunicipais?
Gráfico 31: Frequência com que os representantes dos municípios da RMSP/AT e
RMC/PCJ estimulam o desenvolvimento de projetos e soluções intermunicipais.
100%
90%
88%
Sempre
80%
Às vezes
70%
Raramente
60%
50%
Não
43%
40%
29%
30%
20%
14% 14%
11%
10%
0%
PCJ
AT
Legenda: Parâmetros para avaliação segundo grau de importância
Situação
Importância
Sempre
Às vezes
Raramente
Não
Assim como a questão anterior, essa busca investigar a percepção dos
representantes municipais a respeito da ação do comitê/subcomitê em relação à
cooperação, nesse caso o estímulo a cooperação no desenvolvimento de projetos e
soluções intermunicipais.
Os representantes dos municípios do AT, como sinalizado na questão
anterior, destacaram que os subcomitês sempre (43%) estimulam o desenvolvimento
de projetos e soluções intermunicipais.
O mesmo cenário não se definiu para os representantes dos municípios do
comitê do PCJ que, de certa forma, contrariou a resposta atribuída na questão
319
anterior (11% concordam que o Comitê procura estimular a cooperação entre os
municípios), uma vez que 88% dos representantes dos municípios apontam que o
subcomitê estimula o desenvolvimento de projetos e soluções intermunicipais.
18) O município tem projetos comuns com outros municípios – que apresentam
características diferenciadas (população, PIB, etc.)?
Gráfico 32: Existência de projetos comuns com outros municípios da RMSP/AT e
RMC/PCJ
90%
80%
78%
78%
70%
60%
sim
50%
não
40%
não sei
30%
20%
22%
11% 11%
10%
0%
PCJ
AT
Legenda: Parâmetros para avaliação segundo grau de importância
Situação
Sim
Não
Não sei
Importância
Acreditamos que o fato do município apresentar projetos em comum com
diferentes municípios, sem a intervenção do Comitê/subcomitê, demonstra uma
predisposição a cooperação nas questões apresentadas pelo comitê/subcomitê.
Nesse caso, pode-se observar que tanto os municípios do PCJ (78%) quanto
os dos subcomitês do AT (78%) estão predispostos a cooperação.
320
4.2.2.4 Reciprocidade
A reciprocidade a que nos referimos diz respeito ao sentimento de confiança
que os municípios têm em seus pares tendo em vista a cooperação, ou seja, o
sentimento de “de poder contar com”.
Para responder a essa questão os representantes municipais foram
questionados a respeito de possíveis parceiros nas votações. Foram considerados
como respostas de reciprocidades os municípios que mutuamente se indicaram.
19) No comitê, quais os principais aliados nas discussões e votações nas decisões?
Cite 3.
Gráfico 33: Reciprocidade entre os municípios da RMSP/AT e RMC/PCJ.
35%
31%
30%
25%
22%
20%
15%
10%
5%
0%
PCJ
AT
HOLAMBRA E ARTHUR NOGUEIRA
BIRITIBA/SALESÓPOLIS, BIRITIBA/MOGI DAS CRUZES, SALESÓPOLIS/MOGI DAS
CRUZES, FRANCISCO MORATO/FRANCO DA ROCHA
Quanto à existência de reciprocidade (sentimento de confiança mútua para
cooperação), dos municípios do PCJ apenas dois municípios (22%) se indicaram
mutuamente como aliados/parceiros, enquanto dentre os municípios do AT, quatro
foram os municípios (31%) que se indicaram mutuamente como aliados/parceiros.
Nesse contexto os municípios dos subcomitês do AT apresentam maior
reciprocidade do que os do Comitê do PCJ.
321
4.2.3 Desempenho Institucional em Questões Ambientiais Metropolitanas e a
existência e/ou fomento de uma identidade ambiental metropolitana
Esse conjunto de questões busca analisar a responsabilidade dos
Comitê/subcomitês na percepção dos representantes dos municípios a respeito da
dos problemas ambientais da região metropolitana – associados a sociedade de
riscos – o desempenho da instituição em detectar e/ou construir uma identidade
ambiental metropolitana através de suas atividades/ações relacionadas as questões
de âmbito ambiental metropolitano e a presença de capital social. Para isso são
investigadas pela instituição, segundo a percepção dos representantes municipais,
questões como a comunicação, percepção da questão metropolitana, assim como a
construção de confiança, cooperação, sentimento de pertencimento e consciência
coletiva em assuntos metropolitanos.
4.2.3.1 Comunicação
As questões seguintes buscam investigar o desempenho da instituição em
transmitir informações a respeito das questões de âmbito metropolitano aos
representantes dos municípios. Essa investigação se dá através da análise da
qualidade e da forma como essas são disponibilizadas aos municípios membros da
instituição.
20) A forma como as informações a respeito das questões de âmbito metropolitano
são transmitidas pelo Comitê/subcomitê é:
322
Gráfico 34: Forma como as informações de âmbito metropolitano são transmitidas
pelo comitê/subcomitê, segundo os municípios da RMSP/AT e RMC/PCJ.
50%
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
43%
33%
Muito boa
29%
22% 22% 22%
21%
Boa
Satisfatória
Insatisfatória
7%
PCJ
AT
Legenda: Parâmetros para avaliação segundo grau de importância
Situação
Importância
Muito Boa
Boa
Satisfatória
Não
Segundo a maior parte os representantes dos municípios das RMC/PCJ
(33%), as informações de âmbito metropolitano são transmitidas de forma muito boa,
em contrapartida a situação apontada pela maior parte dos representantes dos
municípios das RMSP/AT (43%) que destacaram ser satisfatória a forma como as
informações são transmitidas.
21) Os problemas ambientais metropolitanos são destacados nas reuniões do
Comitê/subcomitês ou esses ressaltam apenas os problemas ambientais da bacia?
323
Gráfico 35: Tipos de problemas destacados nas reuniões do comitê/subcomitê,
segundo os municípios da RMSP/AT e RMC/PCJ.
90%
80%
78%
77%
são
destacados
apenas os
problemas da
bacia
70%
60%
50%
40%
30%
22%
23%
os problemas
ambientais são
destacados
20%
10%
0%
PCJ
AT
Legenda: Parâmetros para avaliação segundo grau de importância
Situação
Os problemas ambientais são destacados
São destacados apenas da Bacia
Importância
O fato da questão ambiental metropolitana ser abordada nas reuniões do
comitê/subcomitês é um indício de que a instituição busca ampliar o escopo de
informação/discussões junto aos seus membros, possibilitando aos representantes
municipais uma ampla visão da realidade ambiental da RM. Esse contexto ocorre
principalmente nos subcomitês do AT, uma vez que abrangem a maior parte dos
municípios que constituem concomitantemente a RMSP e por esse motivo estão
imersos em problemas ambientais bastante complexos.
O comitê PCJ também apresenta algumas questões ambientais regionais,
contudo a abordagem das questões ambientais de âmbito metropolitano ainda não é
representativa dentre os assuntos abordados.
324
4.2.3.2 Percepção Metropolitana
22) A forma como as informações a respeito das questões de âmbito metropolitano
são transmitidas pelo Comitê/subcomitê faz com os municípios se sintam
responsáveis pela solução das questões metropolitanas?
Gráfico 36: Frequência com que o Sentimento de responsabilidade pela solução das
questões metropolitanas é estimulado pelo Comitê/subcomitê junto aos municípios
da RMSP/AT e RMC/PCJ.
90%
80%
78%
70%
64%
60%
Sempre
50%
Às vezes
40%
30%
Raramente
22%
21%
20%
15%
10%
0%
PCJ
AT
Legenda: Parâmetros para avaliação segundo grau de importância
Situação
Importância
Sempre
Às vezes
Raramente
Essa
questão
considera
que
as
informações
transmitidas
pelo
comitê/subcomitê aos municípios das RMs podem estimular o sentimento de
responsabilidade e esse, por sua vez, pode implementar o sentimento de
pertencimento entre os municípios de uma mesma região.
Dessa forma, mesmo sendo menos frequente no Comitê PCJ, a maior parte
dos representantes de seus municípios (78%) aponta que a forma como as
informações a respeito das questões de âmbito ambiental metropolitano são
325
transmitidas impulsionam um sentimento de responsabilidade entre os membros que
constituem o comitê de bacia e ao mesmo tempo a RMC, em contrapartida a 22%
que salientaram que tal fato ocorre ‘às vezes’.
No caso dos municípios dos subcomitês do AT em que as informações a
respeito das questões ambientais metropolitanas são transmitidas com mais
frequência, a maior parte dos representantes também destacou que a forma como
são transmitidas as informações sempre impulsionam um sentimento de
responsabilidade pela solução das questões (64%), porém apresentou também um
percentual de representantes que acreditam que raramente tal situação ocorra
(15%).
23) Você acredita que o fato do projeto apresentar caráter regional e/ou
metropolitano seja um aspecto importante para obtenção do FEHIDRO?
Gráfico 37: A importância do caráter regional e/ou metropolitano como aspecto
importante para obtenção do FEHIDRO, segundo os municípios da RMSP/AT e
RMC/PCJ.
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
100%
64%
22%
7%
PCJ
Sim
Talvez
7%
AT
Não
Não sabe
326
Legenda: Parâmetros para avaliação segundo grau de importância
Situação
Sim
Talvez
Não
Não sabe
Importância
Essa questão possibilita identificar a percepção da importância da dimensão
metropolitana para os representantes dos municípios. A maior parte dos
representantes dos municípios dos subcomitês do AT (64%) acredita que a questão
metropolitana é importante e deve ser considerada nos projetos apresentados ao
FEHIDRO, uma vez que nessa bacia as questões ambientais/hídricas estão
intrinsecamente relacionadas às metropolitanas.
O mesmo cenário não é compartilhado pelos municípios do Comitê PCJ, uma
vez que existe unanimidade na resposta (talvez), ou seja, é um forte indicador de
que a relação entre qualidade ambiental e qualidade de vida RMC ainda não foi
percebida pelos representantes.
4.2.3.3 Confiança
24) Qual sua opinião a respeito da afirmativa: Os representantes dos municípios
que constituem o Comitê/Subcomitê e ao mesmo tempo a RM são confiáveis.
327
Gráfico 38: Opinião dos representantes dos municípios das RMs a respeito da
existência de confiabilidade entre os municípios da RM e do comitê/subcomitê.
70%
65%
60%
56%
50%
Concordo totalmente
40%
Concordo
Discordo
30%
Discordo Totalmente
22%
20%
Não sei
14%
11% 11%
7% 7% 7%
10%
0%
PCJ
AT
Legenda: Parâmetros para avaliação segundo grau de importância
Situação
Concordo Totalmente
Concordo
Discordo
Discordo Totalmente
Não sei
Importância
A existência de confiabilidade entre os membros que constituem o
Comitê/subcomitê concomitantemente as RMs, é apontada pela maior parte dos
representantes dos municípios dos Subcomitês do AT (65%). Em contrapartida, a
maior parte dos representantes dos municípios do Comitê PCJ (56%) discorda, ou
seja, não acredita que os representantes dos municípios que constitui o Comitê e ao
mesmo tempo a RMC sejam confiáveis.
25) Você acredita que o grau de confiabilidade entre os municípios da RM
aumentou com a participação deles nas reuniões do comitê/subcomitê?
328
Gráfico 39: Existência de relação entre o aumento de confiabilidade entre os
representantes dos municípios das RMs e o aumento de participação desses em
reuniões do comitê/subcomitê
90%
80%
78%
71%
70%
60%
sim
50%
não
40%
não sei
30%
20%
21%
11% 11%
7%
10%
0%
PCJ
AT
Legenda: Parâmetros para avaliação segundo grau de importância
Resposta
Sim
Não
Não sei
Importância
A maior parte dos representantes dos municípios da RMSP/AT (71%) e da
RMC/PCJ (78%) aponta existir uma relação intrínseca entre o aumento da
participação dos representantes dos municípios que constituem a RM em reuniões e
atividades da instituição e o aumento de confiança entre eles.
26) Você acredita que os municípios que constituem a Região Metropolitana se
sintam responsáveis uns pela qualidade de vida dos outros, ou seja, consideram as
questões ambientais, como a qualidade das águas, responsabilidade de todas as
administrações municipais?
329
Gráfico 40: Existência de sentimento de responsabilidade entre os municípios que
constituem as RMs em relação à qualidade de vida/questões ambientais.
90%
80%
78%
70%
60%
50%
43%
43%
40%
Talvez
Não
30%
20%
Sim
11%
11%
14%
10%
0%
PCJ
AT
Legenda: Parâmetros para avaliação segundo grau de importância
Resposta
Sim
Talvez
Não
Importância
O principal aspecto investigado nessa questão é a confiança entre os
municípios que constituem concomitantemente as RMs e os Comitê/subcomitês em
situações relacionadas ao bem comum. A maior parte dos representantes municipais
acredita que a confiabilidade entre os municípios da RM aumentou com a
participação dos representantes nas reuniões do comitê, conforme a questão
anterior.
No caso dos representantes dos municípios do PCJ, assim como na questão
anterior, o mesmo percentual dos representantes dos municípios (78%) acredita que
os municípios que constituem a RM se sintam responsáveis uns pela qualidade de
vida dos demais municípios da região.
Isso, no entanto, não se aplica aos representantes dos municípios do AT. Se
na questão anterior 71% demonstraram acreditar que a sua participação nas
reuniões possibilitou ampliar a confiabilidade entre os municípios que constituem as
330
RMs, quando questionados a respeito da crença de que os municípios que
constituem a RM se sintam responsáveis uns pela qualidade de vida dos demais
municípios da região, as respostas foram parcialmente contraditórias, uma vez que
43% dos representantes destacaram acreditar nessa possibilidade e 43%
salientaram não acreditar. Podemos afirmar que existe um baixo sentimento de
confiança.
27) O quanto você confia no poder de resolução adequada dessas instituições
quando o problema ambiental atinge mais de um município da Região
Metropolitana?
Gráfico 41: Nível de confiança dos representantes dos municípios das RMs nas
Instituições/Orgãos.
70%
64%
55%
60%
50%
55%
44% 44%
43%
40%
33% 33%
30%
20%
11%
11%
43% 43%
36%
29%
11%
14%
14%
7%
10%
7%
0%
Muito
Médio
Pouco
Não Sei
PCJ
Muito
Médio
Pouco
Não Sei
AT
EMPLASA
CETESB
Subcomitê/Comitê de Bacia
Legenda: Parâmetros para avaliação segundo grau de importância
Resposta
Muito
Médio
Pouco
Não sei
Importância
331
O grau de confiança dos representantes dos municípios nas instituições
estudadas anteriormente (EMPLASA. CETESB e Comitê/Subcomitês) em situações
em que existe conflito/problema ambiental nas RMs é investigado nessa questão.
De acordo com os representantes dos municípios do PCJ, em casos como
esse, existe um mesmo grau de confiabilidade na ação da CETESB e do Comitê de
Bacia, uma vez que 44% dos entrevistados confiam muito nessas instituições/órgão,
embora a CETESB tenha menor rejeição (pouca confiança) se comparada ao
Comitê (11%).
No caso dos representantes dos municípios que constituem os subcomitês do
AT, esses apontaram que confiam muito na ação da CETESB (64%) – que
apresentou o menor percentual de rejeição (7%). Quanto à ação dos Subcomitês,
esse é considerado o segundo mais confiável, isto é, 43% dos representantes
confiam muito na ação dos Subcomitês, contudo apresenta o mesmo percentual de
rejeição – 43% dos representantes municiais declararam confiar pouco na ação dos
Subcomitês.
Quanto a EMPLASA, a maior parte dos representantes dos municípios que
constituem o CBH-PCJ (55%) não sabe se confia nesse órgão e, dentre esses,
metade desconhece o trabalho o realizado. Dentre os representantes dos municípios
do CBH-AT, cerca de 43%, a maior parte portanto, conhece o trabalho realizado pela
EMPLASA, mas confia pouco na sua efetividade.
332
4.2.3.4 Cooperação
As questões seguintes buscam investigar a existência de cooperação entre os
municípios que constituem o subcomitê/comitê em relação as questões de âmbito
metropolitano.
28) Você acredita que conseguiria apoio da maior parte dos municípios do
Comitê/subcomitê de bacia para aprovar uma proposta de um projeto ambiental (não
associado, exclusivamente, aos recursos hídricos) de caráter metropolitano?
Gráfico 42: Existência de cooperação entre os municípios das RMs para aprovação
de projetos ambientais metropolitanos.
100%
90%
89%
86%
80%
70%
60%
sim
50%
não
40%
não sei
30%
20%
11%
14%
10%
0%
PCJ
AT
Legenda: Parâmetros para avaliação segundo grau de importância
Resposta
Sim
Não
Não sei
Importância
Essa questão busca investigar a existência de percepção a respeito do
sentimento de cooperação entre os municípios que constituem o Comitê/subcomitê,
333
independente de fazerem parte das RMs, em assuntos de caráter ambiental em
escala regional/metropolitana.
Tanto os representantes dos municípios do Comitê PCJ (89%), quanto os
representantes dos subcomitês do AT (86%) acreditam que conseguiriam apoio da
maior parte dos municípios do Comitê/subcomitê de bacia para aprovar uma
proposta ambiental de caráter metropolitano. Eles acreditam que haja cooperação
em questões de âmbito metropolitano, mesmo entre os membros que não fazem
parte da RM.
29) Se o
Comitê/subcomitês
apresenta
um projeto
de
caráter
ambiental
metropolitano que beneficia a maior parte dos municípios, mas sua a aprovação
depender de uma ação conjunta entre Estado, Sociedade civil e prefeituras, você
acredita que:
Gráfico 43: Fatores/Contextos que podem viabilizar a cooperação para aprovação de
projeto ambiental urbano por representantes dos municípios das RMs, Estado e
Sociedade civil
100%
90%
80%
78%
64%
70%
60%
50%
40%
30%
22%
22%
14%
20%
10%
0%
PCJ
AT
Devido à ausência de cooperação, o projeto não se viabiliza.
Devido à forte cooperação entre os segmentos, o projeto se viabiliza.
Não Sei
334
Legenda: Parâmetros para avaliação segundo grau de importância
Resposta
Devido à forte cooperação o projeto se viabiliza
Devido à ausência de cooperação o projeto não se viabiliza
Não sei
Importância
Ao considerar a importância de cooperação entre todos os membros - não
apenas entre os municípios que constituem o comitê/subcomitês - para que se
desenvolvam os sentimentos de confiança e reciprocidade, é importante que se
verifique a percepção do representante municipal a respeito da existência dessa
rede.
Os representantes dos municípios do PCJ acreditam haver um forte
sentimento de cooperação entre os diferentes segmentos do Comitê (78%) de forma
a possibilitar a viabilização de determinado projeto, em contrapartida os
representantes dos municípios dos subcomitês do AT não acreditam haver
cooperação para que os projetos se viabilizem (64%). A maior parte dos
representantes dos municípios dos subcomitês AT, portanto, não acredita que haja
cooperação entre os diferentes segmentos.
30) O Comitê/subcomitê salienta que a qualidade ambiental de toda a região
metropolitana e, consequentemente, de cada município que a constitui é resultado
de uma ação conjunta?
335
Gráfico 44: A qualidade ambiental de toda a região metropolitana é resultado,
segundo Comitê/subcomitê, de uma ação conjunta.
100%
90%
89%
80%
65%
70%
60%
sim
50%
não
40%
20%
não sei
29%
30%
11%
7%
10%
0%
PCJ
AT
Legenda: Parâmetros para avaliação segundo grau de importância
Resposta
Sim
Não
Não sei
Importância
Essa questão busca investigar se a instituição amplia a informação sobre a
responsabilidade dos municípios na qualidade ambiental da região metropolitana em
que estão inseridos. Para isso, analisa a atuação da instituição em conscientizar os
municípios da intrínseca relação entre qualidade ambiental da região metropolitana e
a necessidade de cooperação entre os municípios que a constitui.
Para 89% dos representantes dos municípios do comitê do PCJ e para 65%
dos representantes dos municípios dos subcomitês do AT, as instituições citadas
cumprem o papel de conscientizar os municípios a respeito da importância da ação
conjunta entre municípios para a qualidade ambiental/de vida de toda a região
metropolitana.
336
31) O Comitê/subcomitê estimula o desenvolvimento de projetos e soluções de
âmbito metropolitano?
Gráfico 45: Frequência com que o comitê/subcomitê estimula o desenvolvimento de
projetos e soluções de âmbito metropolitano
100%
90%
89%
Sempre
Às vezes
80%
Raramente
70%
Não
60%
50%
Não respondeu
43%
40%
30%
20%
22%
11%
14% 14%
7%
10%
0%
PCJ
AT
Legenda: Parâmetros para avaliação segundo grau de importância
Resposta
Sempre
Às vezes
Raramente
Não
Não sei
Importância
Ao considerar o impacto (socioeconômico-ambiental) que as RMs exercem
sobre as bacias em que estão inseridas, acreditamos que cabe a instituição
estimular o desenvolvimento de projetos e soluções que abranjam tal escala de
forma a minimizar esses impactos. Nesse sentido, buscamos aferir o desempenho
da instituição em estimular os municípios a desenvolverem as ações.
A maior parte dos representantes dos municípios do PCJ (89%) apontou que
o comitê do PCJ estimula o desenvolvimento dessas ações, assim como no caso
dos representantes dos municípios dos subcomitês do AT (43%). Esses últimos,
porém, apontaram um cenário mais diversificado, uma vez que 22 % destacaram
337
que tal fato não ocorre e 14% destacaram que ocorre às vezes e o mesmo
percentual (14%) afirmou que ocorre raramente.
4.2.3.5 Construção da Identidade Ambiental Metropolitana
32) Na sua opinião, qual a organização ou instituição é a principal responsável pela
ampliação dos conhecimentos (informações) relacionadas a questão ambiental
metropolitana?
Gráfico 46: Organização/instituição apontada como responsável pela ampliação dos
conhecimentos relacionados à questão ambiental metropolitana, segundo os
representantes dos municípios das RMSP e RMC
50%
45%
43%
44%
40%
SMA
33%
35%
Comitê
30%
25%
Sabesp
DAEE
22%
Agência de Bacia
20%
14%
15%
10%
14% 14%
7%7%
outros
Não sei
5%
0%
PCJ
AT
Essa questão aberta busca verificar a instituição/órgão apontada(o) pelo
representante como responsável pela ampliação dos conhecimentos relacionados
aos problemas ambientais metropolitanos.
Nesse caso, há que se destacar que a Secretaria do Meio Ambiente foi
apontada como o principal órgão responsável, tanto pelos representantes dos
municípios do PCJ (44%), como pelos representantes dos municípios do AT (43%).
338
Os Comitê/subcomitês de bacia aparecem em segundo lugar para os
representantes dos municípios dos subcomitês do AT (14% e para os do Comitê do
PCJ (22%), uma vez que a segunda maior indicação se refere à categoria Outros um grupo constituído por instituições/associações/organizações, como entidades de
classe, associações, ONGs, Universidades, dentre outras.
Destaque-se, no entanto, que a CETESB e a Emplasa não foram citadas.
33) Dos temas abaixo, quais se constituem em problemas da região metropolitana?
Enumere os temas conforme sua importância ou prioridade.
Gráfico 47: Problemas da região metropolitana segundo seu grau de importância, de
acordo com os representantes dos municípios das RMSP/RMC.
50%
45%
40%
35%
30%
46%
33% 33%
31% 31%
1
22%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
2
3
PCJ
AT
Legenda: Parâmetros para avaliação segundo grau de importância
PCJ
AT
2º
3º
1º
2º
3º
1º
posição posição posição posição posição posição
Poluição da água
Saneamento (coleta e tratamento
de esgoto)
Coleta e disposição final de lixo/
Desmatamento e degradação dos
mananciais
Escassez de água
339
34) Os problemas assinalados acima em algum momento foram tratados pelo
comitê/subcomitê como metropolitanos?
Gráfico 48: Problemas tratados como metropolitanos pelo comitê/subcomitê,
segundo os representantes dos municípios das RMs.
50%
46%
45%
45%
38%
40%
35%
33%
33%
31%
30%
1
25%
2
20%
3
15%
10%
5%
0%
PCJ
AT
Legenda: Ranking dos 3 principais problemas assinalados
PCJ
AT
1º
2º
3º
1º
2º
3º
posição posição posição posição posição posição
Poluição da água
Saneamento (coleta e tratamento de
esgoto)
Enchentes
Escassez de água/ Desmatamento e
degradação dos mananciais
As duas questões acima buscam investigar a percepção/conhecimento dos
representantes dos municípios no comitê/subcomitê a respeito dos problemas da
região metropolitana a que pertence seu município e verificar se os problemas foram
tratados como tal pelo comitê/subcomitê (existência de feedback)
A percepção dos representantes municipais a respeito dos tipos de problemas
ambientais encontrados na região metropolitana a que o município pertence, é
abordada na primeira questão. Porém, em razão da diversidade de combinações de
340
respostas proporcionada pela enumeração segundo prioridades, optamos em
analisar apenas os temas classificados nas três primeiras posições.
A poluição das águas é apontada como o principal problema que atinge as
RMs, tanto para os representantes dos municípios que constituem o RMC (33%) e,
concomitantemente, o comitê de Bacia do PCJ, como para os que constituem a
RMSP (46%) e os subcomitês do AT. O mesmo é apontado como o principal
problema ambiental metropolitano pelos comitê/subcomitês para a RMC (45%) e a
RMSP (46%).
Há que se ressaltar ainda que para os representantes dos municípios do PCJ,
o saneamento também foi apontado como o segundo principal problema, embora
destaquem que esse é o segundo problema mais abordado pelo Comitê como uma
questão metropolitana, assim como os problemas associados às enchentes.
Para os representantes dos municípios dos subcomitês do AT o saneamento
(31%) e a escassez de água (31%) são citados como o segundo problema ambiental
da região metropolitana de São Paulo, embora os representantes salientem que nas
reuniões dos subcomitês o saneamento (38%) é apontado como o segundo
problema, de acordo com o grau de prioridade, sendo seguido pela a escassez de
água e as enchentes (31%).
Os representantes dos municípios do PCJ, embora não conste no gráfico 47,
apontaram a Coleta e disposição final de lixo/Desmatamento e degradação dos
mananciais (22%), como uma questão importante e, segundo eles não foi destacado
nas reuniões do Comitê.
35) Assim como floresta amazônica é considerada pela maior parte dos países do
mundo como a imagem ambiental do Brasil, o cerrado a imagem ambiental do Brasil
341
central, o pantanal a imagem ambiental do Mato Grosso, os pampas a imagem
ambiental do Rio Grande do Sul. No caso da RMC/RMSP, o que você apontaria
como a imagem ambiental que represente essa região como um todo? Ou seja, um
tema ambiental, um conflito ambiental, um marco geográfico (rio, floresta, entre
outros) que identifica a RM?
Gráfico 49: Imagem ambiental da Região Metropolitana segundo os representantes
dos municípios das RMSP/RMC
6
5
5
5
5
4
4
3
3
2
2
2
2
1
1
0
PCJ
AT
Disposição de resíduos sólidos
recursos hídricos -qualidade e quantidade das águas
Poluição do ar
ocupação desordenada/impacto ambiental
Rio Tietê
Mata Atlântica
Degradação/Poluição Ambiental
Essa questão aberta busca investigar qual a imagem ambiental que os
representantes
dos
municípios
que
constituem
o
Comitê/subcomitê
e
concomitantemente a RM (RMC ou RMSP) têm de sua região metropolitana. Devese ressaltar que os valores apresentados no gráfico estão em número absoluto
(respostas dos representantes dos municípios) e que houve casos em que
representantes destacaram duas imagens associadas, por isso entre os 9
representantes dos municípios da RMC foram apresentadas 11 imagens, e para os
13 representantes da RMSP foram apresentadas 18 imagens.
342
Diante dos gráficos foi possível constatar que tanto para a RMC, quanto para
a RMSP, a questão hídrica está no cerne da imagem ambiental que os
representantes têm da RM a que pertencem.
No caso da RMSP, os dois grupos de respostas mais significantes
destacaram o Rio Tietê e a qualidade das águas. Durante as entrevistas foi possível
constatar que o Rio Tietê estrutura toda a RMSP, seja por restringir atividades
agrícolas (Salesópolis) seja por se constituir em um símbolo da metrópole industrial
e poluída que além da paisagem degradada – que atravessa a cidade de São Paulo
- ainda acarreta problema às atividades de turismo em cidades como Santana do
Parnaíba.
No caso dos representantes dos municípios do PCJ, a degradação da
qualidade das águas que abastecem a RMC foi apontada como a imagem
ambiental, assim como a ocupação desordenada do solo, ou seja, a imagem
ambiental dessa região ainda é ‘desfocada’, assim como a identidade da própria
RMC. Isso se deve possivelmente pelo fato de que o reconhecimento dessa RM ser
recente.
Essa afirmação pode ser melhor compreendida ao confrontarmos as
respostas emitidas pelo Secretário Executivo dos Comitês.
343
4.3 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA PARA IDENTIFICAÇÃO DE IDENTIDADE
AMBIENTAL METROPOLITANA JUNTO AOS SECRETÁRIOS EXECUTIVOS DOS
COMITÊS DE BACIAS
O terceiro questionário consta de 40 questões e foi aplicado junto aos
Secretários Executivos dos Comitês das Bacias Hidrográficas, porém apenas o
Secretário Executivo do Comitê da Bacia Hidrográfica do Piracicaba, Capivari e
Jundiaí se disponibilizou a respondê-lo.
Inúmeras tentativas foram feitas para realizar a entrevista e/ou enviar o
questionário para que fosse respondido pelo Secretário Executivo do Comitê da
Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, mas não obtivemos sucesso.
Por isso, os dados apresentados a seguir se referem apenas as informações
obtidas junto ao Secretário Executivo do Comitê da Bacia Hidrográfica do
Piracicaba, Capivari e Jundiaí.
O questionário tem como objetivo investigar a percepção do representante da
instituição em relação ao desempenho da instituição junto aos representantes
municipais
tendo
em
vista
ampliar
o
conhecimentos/informações
desses
representantes em relação às questões de âmbito ambiental metropolitana, na
medida em que questões ambientais associadas à RM abrangida pela Bacia
Hidrográfica são inseridas nas discussões do Comitê/subcomitê. Além desse
objetivo, o questionário busca aferir se a instituição possibilita fomentar/construir
capital social e verificar se a associação desses aspectos pode contribuir para a
construção de uma identidade ambiental metropolitana.
Buscamos, então, aferir se o representante da instituição acredita que nas
discussões, resoluções e programas, o Comitê demonstra interesse/preocupação
344
com a questão ambiental metropolitana, de forma a estimular a elaboração e/ou
reforçar a identidade da ambiental metropolitana.
Ao
confrontar
as
respostas
do
Secretário
Executivo
com
as
dos
representantes municipais, buscamos aferir se existe a intenção do comitê em
ampliar o conhecimento desses municípios a respeito de questões de âmbito
ambiental metropolitano e se esse conhecimento possibilita a formação/construção
de uma identidade ambiental metropolitana.
Para essa investigação, analisamos apenas 19 questões consideradas as
mais representativas dentre as 40 questões aplicadas. O questionário está
estruturado em três partes, como pode ser visto a seguir.
4.3.1 Identificação de Desempenho Institucional Geral
4.3.1.1 Perfil do Representante
O primeiro conjunto de questões busca investigar o envolvimento do
representante com as atividades do Comitê e seu funcionamento. Para isso foram
analisadas questões associadas ao tempo de participação e envolvimento nas
atividades do comitê, pois acreditamos que quanto maior o tempo de participação,
maior o envolvimento e conhecimento do secretário a respeito do Comitê.
1) Há quanto tempo você participa do Comitê de bacia? E há quanto tempo ocupa o
cargo de Secretário Executivo?
O Secretário destacou a sua participação em ações associadas à formação
do Comitê de Bacia anterior a 1999, antes da instituição do Comitê, e ocupa o cargo
345
de Secretário há 10 anos. Ele acompanhou todos os conflitos e resoluções desde a
instituição do comitê, o que nos leva a crer que seja bem informado a respeito do
funcionamento da instituição.
4.3.1.2 Conflitos
O conjunto de questões a seguir busca identificar a percepção dos secretários
a respeito dos problemas/conflitos destacados nas reuniões e atividades do Comitê.
Para isso investigamos o conhecimento do Secretário a respeito dos conflitos
localizados na bacia e, concomitantemente, na RM.
2) Quais os tipos de conflitos mais frequentes no comitê?
Segundo o Secretário Executivo do Comitê do PCJ, os conflitos mais
frequentes ocorrem entre os seguintes segmentos: Abastecimento humano X uso
industrial; Abastecimento humano X uso agrícola; Especulação Imobiliária x
preservação ambiental; Projetos de desenvolvimento (Estado) x áreas de
preservação. A maior parte dos conflitos apontados demonstra a forte presença da
relação ambiente urbano x ambiente natural.
3) Há alguma diferença entre os tipos de problemas ambientais apontados pelos
municípios e pelos demais membros?
346
O Grupo formado por ambientalistas, segundo o Secretário, em geral
apontam problemas associados ao desmatamento, enquanto os municípios apontam
questões associadas à qualidade e a escassez de água.
4.3.2 Existência/Construção de Capital Social
Como salientado anteriormente, ao analisamos a presença/formação de
Capital Social, alguns valores devem ser considerados, como a participação, a
confiança, a cooperação e a reciprocidade, uma vez que esses criam condições
para que se estabeleçam comportamentos que implementam ações coletivas em
prol do bem comum.
Nesse contexto, será investigado se a Secretaria Executiva acredita que o
Comitê fomente/constrói capital social.
Para isso, é investigada a construção de confiança, sentimento de
pertencimento e cooperação em assuntos gerais e também nos metropolitanos pela
instituição a partir da percepção do Secretário Executivo, ou seja, é analisada a
percepção do Comitê a respeito de questões metropolitanas inseridas na bacia.
4.3.2.1 Participação
A percepção do Secretário em relação à participação dos municípios é
apontada nesse conjunto de questões, as quais buscam identificar e aferir a
percepção da participação dos municípios nas reuniões e atividades/discussões
fomentadas pelo Comitê como possível subsídio de fomento à construção de
confiança e cooperação entre os municípios.
347
Um dos elementos utilizados para verificar a participação dos membros nas
reuniões e atividades do Comitê foi a solicitação de recursos ao FEHIDRO.
A percepção do Secretário a respeito da participação dos municípios em
discussões/atividades relacionadas às questões metropolitanas e suas demandas
também é analisada nesse item.
4) Qual
o
segmento
que
mais
participa
das
discussões
(município/Estado/ONGs/outros)?
O secretário destaca que existe uma participação igualitária de todos os
segmentos: municípios, Estado, ONGs, Universidades, ou seja, nenhum dos
segmentos se sobressai diante dos demais.
5) Você acredita que, em geral e mesmo indiretamente, a participação nas
atividades do comitê possibilita ampliar o conhecimento dos membros a respeito das
questões ambientais ou se restringe apenas as questões hídricas?
As questões ambientais que tangenciam a qualidade das águas são
abordadas nas reuniões e atividades do Comitê, como destacado pelo Secretário.
Este afirma que através da participação nessas reuniões/atividades, o comitê amplia
o conhecimento dos membros a respeito das questões ambientais.
6) Quais são os municípios da RM que mais participam das reuniões/discussões do
Comitê? São os mesmos que apresentam o maior número de projetos para
concorrer ao FEHIDRO? O que demanda a maior parte desses projetos?
348
Para o Secretário não há diferenciação significativa entre a participação dos
municípios metropolitanos e dos demais municípios que constituem a bacia. Ele
salienta que não sabe se os municípios metropolitanos se destacam na
apresentação de projetos para concorrer ao FEHIDRO, nem tampouco o conteúdo
dos projetos por eles apresentados, uma vez que a escala comumente adotada
nesses projetos é a de bacia hidrográfica.
7) Quais os atores (município/Estado/ONGs/instituições) que mais demandam
financiamento para projetos e/ou ações específicas para a Região Metropolitana?
Quais os tipos de demanda metropolitana são as mais atendidas?
O Secretário afirma que no Comitê do PCJ ainda não existe a demanda por
discussões e solicitação de financiamento para projetos na escala metropolitana.
4.3.2.2 Participação, Financiamento e Cooperação
Ainda em relação à participação, acreditamos que a solicitação de
financiamento pode ser um indicador de participação dos diferentes segmentos e
pode ainda estimular a cooperação entre os municípios, na medida em que se
agrupam para solicitar um serviço em prol do bem-estar comum. A partir desse
contexto, a relação participação/financiamento/cooperação é investigada a seguir.
8) Qual
o
segmento
que
solicita
mais
financiamento
para
projetos
-
municípios/ONGs/Instituições? Quais as principais demandas? A maior parte dos
projetos que busca financiamento é de caráter individual ou coletivo?
349
Os municípios foram apontados como o segmento que mais solicita
financiamento e em sua maior parte são financiamentos individuais que demandam
projetos de tratamento de esgoto e de controle de perdas de água.
Porém,
de
acordo
com
o
secretário,
existem
casos
em
que
os
municípios/instituições/ONGs se reúnem para solicitar financiamento para uma
demanda comum. Nesse caso as obras são consideradas prioritárias, pois existe por
parte do Comitê o interesse para que se estabeleça a cooperação entre os
membros.
4.3.2.3 Confiança
Analisar a percepção do representante do Comitê em relação ao grau de
confiança
dos
municípios
que
constituem
a
Bacia
Hidrográfica
e,
concomitantemente, uma RM.
9) Você acha que nos últimos anos o nível de confiança entre os membros do
comitê aumentou, diminuiu, permaneceu o mesmo? A que você atribui esse
comportamento?
O Secretário afirma que o nível de confiança entre os membros do Comitê
aumentou
em
razão,
principalmente,
da
continuidade
dos
membros
na
representação do município junto ao Comitê, isto é, a permanência dos membros no
cargo.
350
4.3.2.4 Pertencimento
A próxima questão busca, através da percepção do representante do Comitê,
identificar e analisar a existência de sentimento de pertencimento e de
responsabilidade dos municípios da RM em relação à qualidade ambiental da Bacia
e da RM.
10) Você acredita que os municípios que constituem a Região Metropolitana se
sintam responsáveis uns pela qualidade de vida dos outros, ou seja, consideram as
questões ambientais, como a qualidade das águas, responsabilidade de todas as
administrações municipais?
O Secretário afirma que acredita que os municípios que constituem uma
mesma Região ou Bacia se sintam responsáveis uns pela qualidade de vida dos
outros e que essa atitude resulta da ampliação da consciência sobre a coresponsabilidade de todos em relação à qualidade de vida do grupo. No caso
específico do Comitê, salienta que a ação conjunta realizada na bacia reflete na RM.
4.4.2.5 Cooperação
Ao considerar que a cooperação resulta da confiança, as questões abordadas
a seguir buscam investigar se a instituição estimula o estabelecimento de confiança
entre os membros e, consequentemente, a cooperação em assuntos de interesse
comum entre os municípios da RM, tendo em vista melhorar a qualidade ambiental
da Bacia.
351
11) Você acha que o grau de confiabilidade entre os municípios da RM aumentou
com a participação desses municípios nas reuniões do comitê?
Quanto à confiabilidade entre os municípios que constitui a RM e
concomitantemente o Comitê, o Secretário diz não saber se isso ocorre.
12) Você acredita que a forma como as informações a respeito das questões de
âmbito metropolitano são transmitidas pelo Comitê faz com os municípios se sintam
responsáveis pela solução das questões metropolitanas?
As informações a respeito das questões de âmbito metropolitano não são
transmitidas nas reuniões e atividades do Comitê. Segundo o Secretário, as
informações transmitidas pelo Comitê se restringem a escala de Bacia Hidrográfica.
13) O Comitê salienta que a qualidade ambiental de toda a região metropolitana e,
consequentemente, de cada município que a constitui, é resultado de uma ação
conjunta. O Comitê estimula o desenvolvimento de projetos e soluções em escala
metropolitana?
O Secretário destaca que a qualidade ambiental é resultado de uma ação
conjunta entre os municípios que constituem a Bacia e, nesse contexto, ressalta que
a Região Metropolitana não é destacada e que o Comitê estimula soluções coletivas
em qualquer escala, ou melhor, que a escala é, nesse caso, apenas um detalhe.
352
4.3.3 Desempenho Institucional em Questões Metropolitanas
O conjunto de questões a seguir investiga a partir da percepção do Secretário
se existe a intenção/responsabilidade da instituição em ampliar a percepção dos
representantes dos municípios a respeito da realidade e problemas ambientais
metropolitanos, que acreditamos pode contribuir para a formação de uma identidade
ambiental metropolitana.
Nesse sentido, são analisados aspectos como a influência que os problemas
metropolitanos inseridos na Bacia podem acarretar ao funcionamento (ações,
programas, projetos, entre outros) e, por conseguinte, no desempenho do Comitê.
14) As questões metropolitanas estão na pauta de discussão do Comitê? Quando
foram inseridas e por quê? Quais os segmentos que solicitam mais financiamento
para projetos metropolitanos?
Conforme foi destacado pelo Secretário, as questões metropolitanas não
entraram na pauta de discussão do Comitê. Até o ano de 2009, só eram tratadas as
questões referentes à bacia e, em alguns casos, as questões de âmbito regional. Ele
salientou que nunca houve solicitação junto ao Comitê de Bacia do PCJ e/ou
FEHIDRO para financiamento de projetos a serem implementados em escala
metropolitana.
15) Você acredita que as questões metropolitanas podem influenciar no
funcionamento dos Comitês? E as questões ambientais metropolitanas podem
influenciar em decisões importantes do Comitê?
353
Secretário afirma que nunca percebeu nenhuma influência de questões
metropolitanas no funcionamento do Comitê, porém acrescenta que as questões
ambientais metropolitanas podem influenciar decisões importantes do Comitê, na
medida em que as mesmas sejam levadas a discussão, uma vez que essas atingem
a Bacia.
4.3.3.1 Inserção da Questão Metropolitana pela Instituição
O conjunto de questões apresentadas a seguir busca analisar a ação do
Comitê em identificar e apresentar aos seus membros as questões comuns entre a
bacia e a RM, as fragilidades e potencialidades ambientais da RM.
16) Em sua opinião quais dos temas abaixo se constituem em problemas da região
metropolitana e ao mesmo tempo são ou poderão vir a serem problemas da bacia e,
portanto, de responsabilidade do comitê. Enumere os temas conforme sua
importância, ou grau de prioridade e assinale dentre eles os que em algum momento
foram tratados pelo comitê como metropolitanos. Existem Grupos de Trabalho ou
Câmaras Técnicas para a discussão de questões metropolitanas? Quais?
Essa questão busca analisar a percepção do Secretário a respeito da
influência das questões ambientais metropolitanas ou da possibilidade dessas
influenciarem na qualidade ambiental da bacia e identificar dentre essas quais já
foram abordadas pelo Comitê. O Secretário elencou seis questões segundo grau de
importância: poluição da água, saneamento (coleta e tratamento de esgoto),
354
escassez de água, enchentes, coleta e disposição final de lixo, desmatamento e
degradação dos mananciais. Salientou que nenhuma delas foi tratada pelo comitê a
partir de uma perspectiva metropolitana e afirmou que não existem Grupos de
Trabalho ou Câmaras Técnicas que abordem questões metropolitanas.
17) Existe alguma especificidade entre os problemas apontados pelos municípios
que constituem a RM?
Para o representante do Comitê (Secretário Executivo) existe certa
especificidade em relação à posição do município na bacia, sendo que os municípios
de cabeceira apresentam problemas associados às restrições ambientais nas
nascentes; os municípios do Rio Quilombo apontam problemas associados às
inundações (problemas de drenagem). Nesse grupo se inserem alguns dos
municípios da RMC.
18) Ao apresentar as informações a respeito dos problemas e projetos da bacia, o
Comitê destaca que alguns deles são ao mesmo tempo questões metropolitanas?
O Secretário afirma que nas reuniões/atividades os municípios não são
informados a respeito dos problemas e projetos que abrangem ao mesmo tempo a
Bacia e a RM, porém salienta que essa relação é abordada no Plano de Bacias, no
item de contextualização da bacia.
355
19) Você acredita que as atividades realizadas pelo Comitê (reuniões, Câmaras
Técnicas, etc.) possibilitam ampliar o conhecimento a respeito das fragilidades e
potencialidades da região metropolitana?
Mesmo que as questões ambientais não sejam abordadas pelo Comitê a
partir da escala metropolitana, mas na escala de bacia hidrográfica, o secretário
salienta que as atividades realizadas pelo Comitê possibilitam, indiretamente,
ampliar o conhecimento a respeito das fragilidades e potencialidades da região
metropolitana inserida na bacia.
356
4.4 CONSIDERAÇÕES: RESULTADOS OBTIDOS A PARTIR DA APLICAÇÃO DA
METODOLOGIA
Após a aplicação dos questionários junto aos representantes municipais e ao
Secretário Executivo do Comitê de Bacia Hidrográfica do PCJ, focamos a investigação
no principal objetivo do presente trabalho: investigar a existência ou não de uma
identidade ambiental metropolitana que, acreditamos, pode resultar do desempenho de
determinada instituição/organização em relação às questões ambientais metropolitanas
e da presença de capital social institucional. Esse contexto, por sua vez, pode contribuir
para ampliação da governabilidade metropolitana em questões urbanoambientais e
possibilitar a melhora da qualidade ambiental dessas regiões.
Dessa forma, a Identidade Ambiental Metropolitana poderia se constituir a partir
do desempenho da instituição junto aos representantes (municípios, ONGs, de demais
membros) ao atuar em assuntos relacionados às questões urbanoambientais
metropolitanas – investigadas através da ampliação de canais de participação e de
influência dos municípios na tomada de decisão, de eficientes canais de comunicação
interna e externa, e da ampla difusão de conhecimento a respeito das questões
ambientais metropolitanas - e da Presença de Capital Social Institucional - analisaa a
partir de questões como a participação, cooperação, confiança. A construção do
objetivo pode ser aferida na figura 13.
357
Figura 13: Construção da Identidade Ambiental Metropolitana
Identidade Ambiental
Metropolitana
Desempenho Institucional
(geral e ambiental metropolitano)
Capital Social Institucional
Fonte: Elaborado pelo autor
Para a construção do objetivo, foram suprimidas cinco questões que abordavam
de forma geral o Desempenho Institucional e o Capital Social Institucional, sendo duas
no conjunto de questões a respeito do Desempenho Institucional, duas dentre as
associadas ao Capital Social Institucional e uma questão com enfoque ambiental e/ou
metropolitanos, consideradas menos relevantes.
Há que se destacar que, embora algumas questões tenham sido suprimidas, as
informações nelas contidas contribuíram nas discussões dos resultados finais.
Ao analisarmos o desempenho geral das instituições, constatamos que os
representantes municipais de ambas as RMs acreditam que podem influenciar na
tomada de decisões e que isso ocorre devido à articulação entre os membros. Os
representantes dos municípios que constituem as RMs destacaram ainda a importância
das informações transmitidas pelo comitê/subcomitê no processo de tomada de
decisão.
Dessa forma, tanto os representantes dos municípios da RMC como os da RMSP
acreditam que a participação nas atividades do comitê/subcomitê possibilita ampliar o
conhecimento a respeito das questões ambientais e contribui na tomada decisões.
358
Quanto à presença/construção de capital social, essa foi analisada a partir de
aspectos como a participação dos representantes municipais das RMs em
reuniões/câmaras técnicas/grupos de discussão, cooperação, confiança, sentimento de
pertencimento e reciprocidade de forma ampla e, também, em relação á questão
ambiental metropolitana (relação ambiente e sociedade).
Os representantes dos municípios das RMs apontaram estar satisfeitos com o
desempenho da instituição (comitê/subcomitê) em estimular a formação de capital
social e destacaram a presença desse capital em situações associadas à participação,
a confiança, a cooperação, ao sentimento de pertencimento e de reciprocidade.
Ao aferirmos a participação dos representantes municipais nas reuniões e
câmaras técnicas, foi possível constatar que em ambos os casos maior parte dos
representantes de ambas as RMs participam das reuniões e câmaras técnicas. Os
representantes destacaram que essa participação possibilita aumentar a confiança e
cooperação entre os membros, assim como a diversidade de informações, que por sua
vez amplia a discussão a diversas questões ambientais, embora os recursos hídricos
ainda sejam os mais abordados.
No caso dos municípios da RMSP, os representantes apontaram maior
diversidade de questões ambientais abordadas nas reuniões/câmaras técnicas pelo
subcomitê em detrimento dos municípios da RMC, possivelmente em razão da grande
complexidade ambiental resultante do intenso processo de urbanização.
A maior parte dos representantes da RMC/CBH-PCJ e RMSP/CBH-AT destacou
que a ampliação da confiança dá-se principalmente pela interação e pelo sentimento de
comprometimento os membros.
359
Ressalte-se ainda que a confiança dos representantes dos municípios da RMC e
da RMSP no poder do comitê/subcomitê de influenciar os acordos em situações de
conflitos ambientais entre os municípios se mostra maior entre os municípios da RMSP
(destacam confiar muito) se comparado aos municípios da RMC que, em sua maior
parcela, apresentam um nível médio de confiança.
A confiança depositada no comitê/subcomitê pelos representantes das RMs
fomenta os demais aspectos, como o sentimento de pertencimento, a reciprocidade e a
cooperação.
O sentimento de pertencimento foi analisado a partir do sentimento de
responsabilidade implementado pela ação do comitê/subcomitê em transmitir
informações aos representantes municipais a respeito de questões metropolitanas.
Acreditamos que, ao se sentirem responsáveis pelos problemas metropolitanos –
problemas comuns - os municípios estabelecem um sentimento de pertencimento a RM.
Nesse contexto, a maior parte dos representantes dos municípios de ambas as
RMs destacaram que sempre que as informações a respeito da questão metropolitana
são transmitidas, estabelece-se um sentimento de responsabilidade em relação às
questões metropolitanas, embora em menor grau na RMC, pois tais informações são
pouco ou nunca são divulgadas.
Ao investigar a existência de reciprocidade entre os municípios observamos que
embora os representantes dos municípios afirmem existir confiabilidade entre os
membros, ao aferirmos a presença de reciprocidade (confiança mútua), o percentual
obtido foi baixo (menor que 35%), ou seja, existe pouca confiança.
Quanto à cooperação, segundo pouco mais da metade dos representantes dos
municípios da RMC, é estimulada pelo Comitê do PCJ. Os representantes salientam
360
que o Comitê busca fomentar o desenvolvimento de projetos e soluções intermunicipais
e destaca que a qualidade ambiental de toda a RM é resultado de uma ação conjunta,
embora a questão metropolitana não seja diretamente contemplada.
Segundo os representantes da RMC, esse contexto cria um ambiente favorável à
cooperação entre os municípios para o encaminhamento/aprovação de projetos de
caráter ambiental metropolitano (não associados exclusivamente aos recursos hídricos),
e possibilita a cooperação entre Sociedade Civil, Estado e Municípios, mesmo que os
projetos abranjam apenas parte dos municípios da RM.
O mesmo contexto de estímulo a cooperação é encontrado entre os subcomitês
representados no Alto Tietê e nos municípios da RMSP, contudo o percentual de
municípios que afirmaram que os subcomitês sempre estimulam a cooperação em
projetos e soluções metropolitanas é inferior a 50%, ou seja, há uma grande diversidade
de respostas para esse quesito entre os municípios de RMSP.
Os subcomitês do Alto Tietê, assim como o Comitê PCJ, criam um contexto
favorável à cooperação, na medida em que estimulam o desenvolvimento de projetos e
soluções intermunicipais, fomentam o encaminhamento/aprovação de projetos de
caráter ambiental metropolitano, assim como a ação conjunta entre Sociedade Civil,
Estado e Municípios em questões que atinjam mais de um município da RM.
Outro aspecto analisado foi o conhecimento da realidade ambiental da RM por
parte dos representantes dos municípios que constituem as RMs, o que possibilitou
aferir quais são os problemas tratados pelo comitê/subcomitê e dentre esses quais
abrangem a escala metropolitana, ou seja, se a instituição se apropria da escala
metropolitana em algum momento para discutir ou propor soluções.
361
Nesse contexto, os representantes dos municípios elencaram os problemas
ambientais metropolitanos, segundo seu grau de importância. Para ambos os conjuntos
de municípios das RMC e RMSP, a poluição dos recursos hídricos é o principal
problema ambiental metropolitano sendo apontado também pelo Secretário do Comitê
da Bacia do PCJ em relação a RMC.
Porém, quando aferidos o segundo e terceiro principais problemas apontados
pelos municípios do RMSP - coleta e disposição de resíduos sólidos e escassez de
água - e os apontados pelos municípios da RMC – questões associadas ao
saneamento e a coleta e disposição de resíduos - e comparados aos problemas que,
segundo os mesmos municípios, são tratados como metropolitanos pela instituição
verificamos que, ainda que as ações da instituição possibilitem ampliar as informações
a respeito das questões ambientais, a questão hídrica ainda se destaca como a
principal questão a ser tratada em escala metropolitana, uma vez que a qualidade e
quantidade desse recurso podem afetar a qualidade de vida em toda a região.
O Desempenho do comitê/subcomitê em questões metropolitanas foi analisado a
partir das ações da instituição frente a questões ambientais metropolitanas, segundo a
percepção do representante do município.
Esse contexto foi investigado a partir do grau de satisfação dos representantes
dos municípios quanto ao desempenho das instituições em relação à qualidade e a
forma como as informações relacionadas às questões de âmbito metropolitano são
disponibilizadas aos municípios.
A maior parte dos representantes dos municípios de ambas as RMs afirmou estar
satisfeito com a forma como as informações a respeito das questões Metropolitanas são
362
divulgadas, porém se faz necessário ressaltar que ambos os grupos (RMSP e RMC)
são constituídos por menos de 50% dos municípios de cada RM.
Porém, quando questionados sobre a eficiência do Comitê/Subcomitê em ampliar
o escopo de informações a respeito dos recursos naturais transmitidas em suas
reuniões - não se restringindo apenas aos recursos hídricos - os representantes dos
municípios das duas RMs apresentaram realidades contrárias. A maior parte dos
municípios da RMSP salientou que nas reuniões dos subcomitês da bacia hidrográfica
do Alto Tietê os problemas ambientais metropolitanos são destacados/abordados. Em
contrapartida os municípios representantes da RMC nas reuniões do Comitê do PCJ,
em sua maior parte, salientaram que nas reuniões são destacadas apenas as questões
relacionadas à Bacia Hidrográfica.
Mesmo apresentando algumas diferenças, a maior parte dos representantes dos
municípios das RMC e RMSP afirmou que o Comitê/subcomitê possibilita a formação
de um sentimento de responsabilidade em relação às questões metropolitanas
Quando solicitado aos representantes que indicassem instituição/órgão em que
participavam de discussões metropolitanas, a maior parte dos representantes dos
municípios da RMSP indicou em primeiro lugar a EMPLASA, seguida pelo Comitê de
Bacias e pela Associação dos Municípios do Alto Tietê (AMAT), enquanto o total de
representantes dos municípios da RMC indicou a AGENCAMP.
Porém, vemos que as discussões metropolitanas implementadas pela EMPLASA
e pela AGENCAMP são relativamente recentes – tem ocorrido de forma mais efetiva
após 2002 para a RMC (Instituição de Câmaras Técnicas pela AGENCAMP) e 2007
para RMSP (Encontros Metropolitanos realizados pela EMPLASA). Nesse caso, as
discussões
são
norteadas
por
questões
associadas,
preferencialmente
ao
363
desenvolvimento econômico. Ou seja, mesmo que a AGENCAMP apresente como
objetivo principal o desenvolvimento econômico da RMC, desde de 2007 a instituição
tem ampliado sua perspectiva às questões ambientais da RMC através de Seminários e
Fóruns, como o I Seminário RMC do Meio Ambiente realizada no ano de 2007 e o
Fórum de Desenvolvimento Integrado e Sustentável da RMC realizado em 2008.
Mesmo apresentando um perfil associado ao desenvolvimento econômico da RMC, a
AGENCAMP tem possibilitado ampliar o conhecimento e as discussões a respeito das
questões ambientais entre os municípios que constituem essa região.
Os representantes dos municípios das RMs não apontaram o comitê/subcomitê
como principal responsável pela ampliação do conhecimento dos representantes
municipais a respeito das questões ambientais metropolitanas e sim a Secretaria do
Meio Ambiente. O comitê/subcomitê foi apontado pelos representantes de ambas as
RMs como a segunda instituição mais importante.
Nesse contexto, cabe destacar a Secretaria do Meio Ambiente, apontada pela
maior parte dos representantes das duas RMs como a instituição que possibilita ampliar
o conhecimento a respeito das questões metropolitanas77.
Essa instituição passou por uma reforma administrativa e instituiu em 2009 o
Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA), que funcionou durante 26 anos
como provisório, sendo transformado em um órgão normativo e recursal do Sistema
Estadual de Meio Ambiente adquirindo o poder de instalar Câmaras Regionais junto às
bacias hidrográficas do estado, facilitando dessa forma a participação da sociedade civil
e dos poderes locais nos processos de decisão da política paulista de meio ambiente.
77
O Comitê de Bacia Hidrográfica foi apontado como a segunda instituição que possibilita ampliar o
conhecimento a respeito da RM, segundo os representantes municipais das RMs.
364
Diante de sua estrutura, atribuições e poderes o CONSEMA pode vir a se tornar
uma arena propícia para ao fomento de identidades ambientais regionais, como a
metropolitana.
Embora a gestão de questões de âmbito metropolitano não seja o objetivo do
comitê/subcomitês, segundo a maior parte dos representantes dos municípios
entrevistados, a instituição possibilita ampliar as discussões ambientais entre os
municípios que constituem a mesma bacia e a mesma Região Metropolitana, na medida
em que essa última estabelece arenas de discussão a respeito de questões ambientais
metropolitanas, principalmente no caso do CBH-AT.
Dessa forma, mesmo sem intenção, o comitê/subcomitês pode ampliar a
discussão a respeito de questões ambientais metropolitanas, como ocorre no caso da
RMSP em que o Comitê de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê é constituído, em sua maior
parte por municípios que constituem essa RM e, por isso, os problemas ambientais
metropolitanos são os mesmos da bacia, ou estão intrinsecamente relacionados a eles.
Na RMSP os problemas ambientais urbanos encontram nos subcomitês, a arena
ideal para a discussão e construção de soluções para os problemas ambientais que
atingem simultaneamente a RM e a bacia, segundo os representantes dos municípios.
Porém, segundo os representantes dos municípios que constituem a RMC e o
Secretário do Comitê de Bacia Hidrográfica do PCJ (CBH-PCJ), a mesma situação não
ocorre entre os municípios que constituem a RMC e o CBH-PCJ, uma vez que o Comitê
aborda prioritariamente as questões relacionadas à bacia hidrográfica.
Acreditamos que esse contexto resulte do fato de que as questões hídricas
sempre estiveram no centro das discussões nessa região, mesmo antes da formação
do Comitê da Bacia Hidrográfica do PCJ em 1992, quando as resoluções de problemas
365
ambientais localizados na bacia do PCJ eram implementadas e consolidadas pelo
Consórcio PCJ.
Outro aspecto que contribui para explicar essa realidade é o fato da RMC ter sido
instituída recentemente e por isso poucos são os municípios metropolitanos que
conhecem a realidade ambiental da RM em que estão inseridos e se reconhecem
efetivamente como parte dela e co-responsáveis por sua manutenção; por essa razão
não solicitam nas reuniões/discussões do Comitê ações específicas para tal
espacialidade.
Há que se destacar ainda que os municípios que constituem a RMC, que
poderiam ser protagonistas de tais ações, representam cerca de 1/3 dos municípios que
constituem o CBH-PCJ, ou seja, o comitê apresenta ampla variedade de problemas a
serem equacionados que não inclui necessariamente os da RM, em oposição ao
contexto da RMSP/CBH-AT.
Os representantes dos municípios das RMC e RMSP destacam a questão hídrica
como a principal imagem ambiental de sua RM, sendo que no caso da RMSP essa
questão, mais especificamente o Rio Tietê (citado pelos representantes), estrutura toda
a região influenciando na dinâmica socioeconômica dos municípios ou sendo
influenciada por ela.
Essa influência se dá na medida em que em cada município na presença do Rio
Tietê restringe ou potencializa atividades socioeconômicas, como por exemplo, nos
municípios localizados na nascente, como Salesópolis em que as atividades
econômicas associadas à instalação de indústrias são restritas; nos municípios como
Santana do Parnaíba e Pirapora do Bom Jesus, onde a atividade turística é afetada
pela poluição do rio, ou ainda em municípios considerados susceptíveis a enchentes
366
devido às ocupações irregulares a margem do rio, como nos municípios de São Paulo,
Guarulhos, Mauá e Embu.
O contexto apresentado pelos representantes municipais, nos leva a crer que a
maior parte dos municípios da RMSP constrói sua identidade ambiental a partir da
relação que se estabelece entre Rio Tietê e o meio urbano, fundamentada em aspectos
como a consciência coletiva, o sentimento de pertencimento e a patrimonialização que,
acreditamos, são motivados pela ação dos subcomitês da Bacia Hidrográfica do Alto
Tietê, embora não possamos confirmar a intenção da instituição em estimular tal
conduta devido a ausência de devolutiva do Secretário Executivo do Comitê da Bacia
Hidrográfica do Alto Tietê em participar dessa pesquisa.
Quanto a RMC tal situação não ocorre, tendo em vista que não detectamos junto
aos representantes dos municípios da RMC e ao Secretário Executivo uma questão
/imagem/patrimônio ambiental com a qual a maior parte dos municípios se identifique
ou se estruture de forma a influenciar a dinâmica socioeconômica metropolitana e de
fazê-los se sentirem parte da mesma RM.
A discussão a respeito da existência e/ou construção de uma identidade
ambiental metropolitana pela instituição é desenvolvida a seguir nas considerações
finais.
367
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Inúmeras são as dificuldades encontradas pelos gestores de municípios
que constituem uma mesma região metropolitana para e buscar canais de
governabilidade que possibilitem acordos em conflitos ambientais que extrapolam
as fronteiras político-administrativas e acarretam situações de confronto entre
administrações municipais. Essa realidade dificulta acordos e soluções em escala
metropolitana, principalmente quando as questões em conflito contrapõem o
desenvolvimento econômico e os processos associados à qualidade do ambiente
natural.
Frente a esse contexto, a tese apresentada buscou contribuir à discussão
da governabilidade metropolitana através da investigação da existência de uma
identidade ambiental metropolitana como um possível instrumento capaz de
estabelecer canais de governabilidade em questões ambientais entre o Estado e
os municípios que constituem uma mesma região metropolitana, principalmente
nas regiões localizadas em países federativos, como o Brasil, em que a tomada de
decisão ocorre em níveis federal, estadual e municipal, impossibilitando acordos
em instâncias intermediárias, como a metropolitana.
Consideramos que a existência de uma identidade ambiental metropolitana
pode se constituir em um canal para governabilidade legitimado e construído a
partir de ações e/ou políticas públicas baseadas em questões ambientais coletivas
– fundamentadas em interesses comuns aos municípios que constituem uma
mesma região – ou ainda pode ser extraída e/ou identificada através das
368
ações/políticas públicas implementada(s) pela(s) instituição(ões) responsável(is)
pelo planejamento e/ou qualidade ambiental para essa região.
Diante desse contexto, partimos da hipótese de que existe uma relação
direta entre a governabilidade metropolitana em questões ambientais e a
existência de uma Identidade Ambiental Metropolitana construída pela instituição
responsável pela gestão de questões ambientais através do desempenho
institucional e da presença de capital social institucional.
A discussão desenvolvida no trabalho se estruturou a partir da investigação
da existência ou não de uma identidade ambiental metropolitana construída ou
identificada pelas instituições de gestão urbana e/ou ambiental (aparato
institucional do Estado) junto aos municípios que constituem uma mesma região
metropolitana e da forma como essa identificação/construção é realizada pela
instituição. A partir dessa investigação procuramos identificar a possível influência
dessa identidade na governabilidade em questões ambientais nas duas regiões
metropolitanas escolhidas para o estudo de caso, as Regiões Metropolitanas de
São Paulo e a de Campinas.
No desenvolvimento do trabalho apresentamos inicialmente uma reflexão a
respeito dos processos de urbanização e metropolização e suas consequências
para a qualidade de vida dos municípios que constituem regiões metropolitanas.
Destacamos ainda as relações de desigualdades e vulnerabilidades resultantes,
em parte, dos impactos da globalização, principalmente em regiões metropolitanas
localizadas
em
países
emergentes,
em
que
os
problemas
ambientais
metropolitanos, em geral, estão associados ao processo de urbanização
descontrolado - que associa situações de pobreza, exclusão e marginalização as
369
de degradação ambiental – e são potencializados pelos impactos ambientais
proporcionados pela sociedade de risco.
Dessa forma, o conjunto de impactos ambientais proporcionados pela
sociedade de risco tende a potencializar os impactos associados ao processo de
urbanização, resultando em contextos de vulnerabilidade social e ambiental como
abordado no primeiro capítulo a partir de autores como Cutter (1996), Moser
(1998), Torrres (1997), Hogan et al (2001, 2006) Ferreira e Martins (2009, 2009,
2010), Ferreira et al (2011) e Pessoa e Seixas (2009, 2010).
Dentre
os
principais
problemas
urbano-ambientais
das
metrópoles
emergentes, os autores apontaram os associados à exposição das populações
dessas regiões a degradação ambiental, resultantes do acesso limitado aos
serviços de saneamento (tratamento de água, coleta e tratamento de esgotos,
coleta e disposição final de resíduos sólidos e drenagem) e da poluição do ar,
além dos associados a exposição da população ao risco ambiental, como a
susceptibilidade as inundações e aos deslizamentos.
O contexto apresentado no primeiro capítulo possibilitou, a partir de autores
como Villaça (2001), Cunha (2001), Oliveira (2002) Sobreira (2005), Torres (1997),
Pasternak e Bógus (2008), definir a escala intraurbana, mais especificamente a
intrametropolitana, como a mais apropriada aos objetivos desse trabalho, pois
permitui investigar questões que extrapolam os limites político-administrativos nas
áreas metropolitanas. O uso da escala intrametropolitana permitiu identificar a
relação que se estabelece entre os municípios e a região metropolitana em que
estão inseridos através de questões socioambientais construídas a partir da
identificação de características socioeconômicas e ambientais comuns.
370
A investigação a partir da perspectiva intrametropolitana possibilitou, ainda,
identificar a forma como as questões ambientais extrapolam os limites políticoadministrativos municipais e desenvolvem entre os municípios um sentimento de
identificação/ pertencimento/ cooperação a uma mesma região metropolitana,
estruturando-a ou sendo estruturada por sua realidade através do capital social
institucional (WOOLCOCK, 1998) fomentado por instituições/órgãos.
A identificação do capital social institucional, assim como dos demais tipos
de capital social e de aspectos associados a sua construção, formas de
investigação e análise, foram destacados a partir dos trabalhos de Putnan (1996,
2001), Fukuyama (1995), Uphoff (2000), Krishna (2000), Woolcock e Narayan
(1999), Grottaert et al (2003) e Woolcock (1998).
Esses trabalhos contribuíram na construção do pressuposto de que o
capital social institucional estimula a coesão interna e a ampliação da capacidade
de interação entre os municípios que constituem uma mesma RM e as instituições
governamentais
em prol da
governabilidade metropolitana em questões
ambientais de interesse comum.
Esse pressuposto fundamentou a metodologia para verificar a existência de
identidade ambiental metropolitana, que por sua vez foi estruturada a partir de
reflexões a respeito dos conceitos de identidade apresentados por autores como
Hall (1998), Giddens (1990), Bauman (2005), Haesbaerth (2003) e Castells (1999),
que resultou na escolha do conceito de Identidade Legitimadora como o mais
apropriado ao desenvolvimento desse trabalho.
Contudo, a construção da noção de Identidade Ambiental Metropolitana,
suscitou a inserção de conceitos, como o de território (Haesbaert, 2003), uma vez
371
que na construção/investigação da identidade ambiental todos os territórios que
constituem a área metropolitana institucionalizada foram considerados importantes
e não apenas os territórios conurbados.
Dessa forma, a identidade ambiental metropolitana foi abordada a partir de
uma perspectiva intrametropolitana, na qual foram inseridos elementos da
geografia, pois, em geral, a governabilidade em Regiões Metropolitanas está
intrinsecamente relacionada a aspectos como os limites geográficos e as
restrições político-administrativas desses territórios.
Por isso o território metropolitano foi considerado nesse trabalho como
resultado da relação entre o conteúdo material (espaço geográfico) e o imaterial
(relações de poder), ou seja, como o lócus e base material onde se articulam e se
materializam as práticas sociais e ambientais a partir de elementos como o
sentimento de pertencimento, a memória coletiva e a patrimonialização. A interrelação desses elementos fundamenta a identidade ambiental metropolitana,
construída a partir da ação das instituições dominantes em ampliar o
conhecimento dos municípios envolvidos e fomentar capital social e, dessa forma,
possibilitar a ampliação dos canais de governabilidade.
Esse contexto foi investigado a partir da realidade de duas das regiões
metropolitanas de inegável representatividade tanto na conjuntura estadual quanto
na nacional, a Região Metropolitana de São Paulo e a Região Metropolitana de
Campinas.
Outro aspecto considerado nessa seleção refere-se ao fato de ambas
estarem localizadas no mesmo Estado e, portanto, sob a influência das mesmas
372
políticas públicas, legislação federal e estadual, e das ações das mesmas
instituições - a EMPLASA, CETESB e os Comitês de Bacias Hidrográficas.
O contexto político-legislativo mais homogêneo possibilitou que as
diferenças se destacassem na medida em que cada região metropolitana
apresentou suas especificidades estruturais e ambientais resultantes da
associação das diferentes realidades socioeconômicas e ambientais dos
municípios que a constitui e da ação das instituições.
A análise dessas instituições, realizada a partir de consulta aos sites das
instituições – informações que demonstram como cada instituição se apresenta à
sociedade – e de pesquisa documental (documentos elaborados pela instituição)
possibilitou traçar o perfil de cada instituição, assim como os tipos de ações,
políticas públicas e programas que as instituições elaboram para as RMs,
conforme apresentado no Capítulo 3.
A partir das informações obtidas, constatamos que no período de
abrangência da pesquisa (da criação da instituição até primeiro semestre do ano
de 200778) a EMPLASA e CETESB não estimulavam ações e políticas públicas
adequadas à diversidade socioeconômica e ambiental de cada RM.
Ou melhor, essas instituições não buscaram ampliar o conhecimento dos
municípios, assim como dos demais membros, a respeito da realidade ambiental
metropolitana, nem estimularam a formação de arenas de discussão que
pudessem contribuir para a ampliação do conhecimento dos municípios a respeito
78
No final do ano de 2007 a EMPLASA começou a realizar os Encontros Metropolitanos - Reunião
de Secretários de Planejamento e Gestores Municipais da Região Metropolitana de São Paulo,
com o objetivo de que os profissionais responsáveis pela gestão pública nos municípios
metropolitanos tenham a oportunidade de trocar experiências e conhecer novas soluções para as
suas localidades.
373
desse contexto. A participação em arenas de discussão pode estimular o
surgimento de capital social institucional e de um sentimento de pertencimento, e
fomentar o surgimento de uma identidade, como a identidade legitimadora definida
por Casttels (1999) construída pela instituição e transmitida aos membros
participantes dessa arena, ou ainda o surgimento de identidades de resistência
(Castells, 1999).
A EMPLASA e a CETESB não possibilitam a formação de um sentimento
de pertencimento e de identificação dos municípios que constituem uma mesma
RM em relação as questões de âmbito ambiental metropolitano, e dessa forma
não contribuem para a formação de uma identidade ambiental metropolitana.
Embora os Comitês de Bacia Hidrográfica também não elaborem estudos e
políticas públicas associadas à qualidade ambiental metropolitana de forma direta,
conforme documentos publicados no site, os planos de bacias, atas e deliberações
analisados, a estrutura da instituição possibilita a formação de uma arena
(constituída por diversos membros da sociedade civil) em que as discussões a
respeito das questões que abrangem a bacia, podem ser estendidas as questões
ambientais metropolitanas, como ocorre no caso do Comitê de Bacia Hidrográfica
do Alto Tiête, que abrange os municípios da RMSP.
A relação estabelecida entre a instituição e os municípios que constituem
uma mesma RM possibilitou a ampliação do conhecimento desses representantes
municipais a respeito das questões de âmbito ambiental e/ou ambiental
metropolitano, principalmente na RMSP, e permitiu o desenvolvimento de capital
social institucional.
374
Diante do contexto apresentado, os comitês de bacias foram considerados
como possíveis agentes na formação da identidade ambiental para as RMs, pois,
segundo os dados relacionados à obtenção de financiamento junto ao FEHIDRO,
há uma grande diversidade de áreas contempladas com financiamento, e não
apenas os projetos associados aos recursos hídricos. Por isso, acreditamos que
essa instituição têm possibilitado instaurar a conexão entre a sociedade civil municípios que constituem a bacia, ONGs, associações - e o Estado em prol da
qualidade de vida de toda a região metropolitana abrangida pela bacia.
Frente a esse contexto, os comitês de bacias hidrográficas foram
considerados mais apropriados ao estudo de caso do que a EMPLASA e a
CETESB, na medida em que ampliam o conhecimento de seus membros a
respeito das questões que ambientais e possibilitam a formação de arenas
propícias às discussões entre o Estado e os municípios de uma mesma região,
Para verificarmos a hipótese do trabalho foram selecionados os Comitês
das Bacias Hidrográficas do Alto Tietê (AT) e do Piracicaba, Capivari e Jundiaí
(PCJ), que abrangem respectivamente a maior parte dos municípios da RMSP e
os municípios da RMC.
Assim, como na maior parte das regiões metropolitanas de países
emergentes, os problemas ambientais detectados nas Regiões Metropolitanas de
Campinas e de São Paulo relacionam de forma intrínseca as múltiplas dimensões
da pobreza e a exposição à degradação e aos riscos ambientais, como o acesso
limitado ao saneamento ambiental e os problemas associados a inundações e
deslizamentos.
375
Contudo, segundo a “Agenda 21 em São Paulo – 1992-2002” (SÃO
PAULO, 2002), o principal problema urbano-ambiental das RMC e RMSP está
associado à disponibilidade hídrica - qualidade e a quantidade das águas
(subterrâneas e superficiais) - que resulta da concentração urbana e industrial
nessas regiões, embora se apresente de forma diferenciada em cada RM devido
às diversas realidades de seus municípios.
O documento destaca que no caso da RMSP, a qualidade inadequada dos
recursos hídricos, e a crescente demanda acarreta conflitos associados à
quantidade de recursos para o abastecimento urbano. Para atender a essa
crescente demanda, a RMSP traz água de regiões vizinhas, principalmente da
bacia hidrográfica formada pelos rios Piracicaba/Capivari/Jundiaí. Porém, essa
solução não é mais viável, uma vez que as regiões vizinhas, dentre as quais a
RMC também passa por processo de aumento da demanda por água, gerando
uma competição regional.
Segundo o “Relatório de qualidade das águas superficiais no estado de São
Paulo 2009” (CETESB, 2010), as UGRHIs 5 – Piracicaba/Capivari/Jundiaí (RMC)
- e 6 – Alto Tietê (RMSP) - foram as únicas em todo o estado de São Paulo a
apresentarem corpos d’água na categoria Péssima, e elevadas porcentagens de
corpos d’água na categoria Ruim. O documento atribui esses resultados ao fato
dessas UGRHIs serem intensamente industrializadas e possuírem elevada
densidade populacional associada à ineficiência/ausência dos serviços de coleta e
tratamento de esgoto.
376
Embora a questão hídrica seja um denominador comum as duas RMs, cada
RM,
em
seu
conjunto
de
municípios,
apresenta
diferentes
realidades
socioeconômicas e ambientais.
Essas diferenças puderam ser aferidas a partir de sessenta cenários de
vulnerabilidade
socioambiental
construídos
através
de
indicadores
de
vulnerabilidades socioambiental fundamentados na realidade apresentada pelo
conjunto de municípios que constitui as regiões metropolitanas de São Paulo e de
Campinas. Os trinta e nove municípios que constituem a RMSP se agruparam em
nove dos sessenta grandes cenários e os dezenove municípios que constituem a
RMC em cinco, a partir dos quais foram selecionados os municípios mais
representativos entre os que constituem as RMs e, concomitantemente, participam
das
reuniões
do
comitê/subcomitê,
segundo
os
critérios
apontados na
metodologia.
A classificação dos municípios segundo os cenários de vulnerabilidade
socioambiental possibilitou que tivéssemos uma visão particular de cada município
que constitui as RMs e, ao mesmo tempo, uma ampla visão da realidade
socioambiental de cada RM.
Definidos os atores para o trabalho empírico, sendo catorze municípios da
RMSP, dez municípios da RMC e os representantes dos CBH-AT e CBH-PCJ, a
investigação da existência de uma identidade ambiental metropolitana instituída
pelos comitês/subcomitês foi realizada a partir da aplicação de questionários que
buscou investigar a existência de uma identidade ambiental metropolitana
construída pela instituição.
377
Nesse trabalho consideramos que construção da identidade ambiental
metropolitana, assim como das identidades coletivas abordadas por Castells
(1999), ocorre em um cenário marcado por relações de poder e na forma como
essas relações se estabelecem nas RMs estudadas. As relações de poder
influenciam diretamente na relação entre os municípios das RMs e seus
respectivos CBHs e, consequentemente, nas possibilidades de formação da
identidade por essas instituições.
Essa investigação se fundamentou na percepção dos representantes dos
municípios que constituem uma mesma região metropolitana a respeito do
desempenho da instituição em construir uma identidade ambiental metropolitana,
bem como na percepção/intenção das instituições (CBH-AT e CBH-PCJ) segundo
seus representantes (os Secretários Executivos dos Comitês) a respeito da
construção/identificação de uma identidade para determinada RM.
Em ambos os grupos, os de representantes municipais e os de
representantes das instituições, a ação da instituição em construir identidade
ambiental metropolitana foi analisada a partir de aspectos associados a ampliação
do conhecimento dos municípios a respeito da realidade socioambiental
metropolitana - questões urbanoambientais associadas à urbanização, a
metropolização e aos riscos urbanos e/ou ambientais - e em ações que
possibilitam fomentar/construir capital social institucional.
Tanto os aspectos associados à ampliação do conhecimento dos
municípios a respeito da realidade socioambiental metropolitana quanto os
associados às ações que possibilitam a construção de capital social institucional
têm na participação um de seus principais elementos de fomento.
378
A partir desse contexto, a análise da ampliação do conhecimento dos
municípios a respeito da realidade socioambiental metropolitana pelas instituições
foi realizada junto aos representantes dos municípios da RMSP e da RMC através
de questões relacionadas à comunicação das informações – satisfação,
abrangência e instrumentos - tanto as informações que se referem às questões
ambientais em geral e as da bacia quanto as específicas das regiões
metropolitanas.
O bom desempenho da instituição (comitê/subcomitê) em ampliar o
conhecimento dos membros a respeito das questões ambientais - analisado a
partir de questões associadas à satisfação, a forma e a abrangência da divulgação
das informações - foi destacado pela maior parte dos representantes municipais
de ambas as RMs. Os representantes dos municípios das duas RMs salientaram
que a ampliação das informações a respeito das questões ambientais auxilia na
tomada de decisões, embora, o maior percentual de satisfação tenha sido aferido
junto aos representantes da RMC.
Essa investigação possibilitou verificar que as informações relacionadas às
questões ambientais metropolitanas são mais abordadas pelo CBH-AT junto aos
municípios da RMSP, do que pelo CBH-PCJ junto aos municípios da RMC.
Segundo os representantes municipais da RMC e o Secretário Executivo do CBHPCJ a instituição destaca principalmente as questões ambientais relacionadas à
bacia e enfatiza recursos hídricos.
No caso da Região Metropolitana de Campinas/CBH-PCJ, tanto os
representantes municipais quanto o Secretário Executivo destacaram que escala
metropolitana nunca foi abordada nas discussões, grupos de trabalho, câmaras
379
técnicas, ações, entre outros, embora em documentos como o Plano de Bacia do
Piracicaba, Capivari e Jundiaí, a preocupação com o impacto da RMC na Bacia se
faça presente.
A ausência de ações/discussões de âmbito metropolitano entre os
municípios da RMC pode ser explicada pelo fato de que RMC foi instituída
recentemente, no ano de 2002, e por isso, para a maior parte dos municípios que
a constitui, as questões metropolitanas não são identificadas/consideradas como
de interesse comum a todos os municípios da região, quiçá as de âmbito
ambiental metropolitano.
Essa realidade foi confirmada pelo Secretário Executivo do CBH-PCJ ao
afirmar que a prioridade do Comitê são os assuntos relacionados à Bacia e, sendo
a RMC parte da Bacia, quando se fizer necessário, tais assuntos poderão ser
inseridos na pauta de discussões e contar com o apoio dos demais membros. O
Secretário salientou que tal apoio será possível devido ao fato da instituição ter
conseguido, através de seu desempenho na gestão da bacia, estabelecer canais
de confiança e cooperação entre seus membros, que podem ser ampliados a
questões e escalas mais amplas.
No caso da Região Metropolitana de São Paulo, a demanda por ações
metropolitanas já existia antes da instituição do Comitê da Bacia Hidrográfica do
Alto Tietê, uma vez que a RM foi instituída antes do Comitê. Dessa forma as
discussões a respeito das questões metropolitanas já eram frequentemente
abordadas pela EMPLASA, contudo sob uma perspectiva associada ao
desenvolvimento econômico e com abrangência restrita aos municípios mais
representativos para tais objetivos. Posteriormente, essas discussões encontraram
380
nos subcomitês/comitê arenas propícias ao desenvolvimento de ações de âmbito
ambiental metropolitano.
Outro elemento que pode ter contribuído para essa situação é o fato do
CBH-AT ser formado apenas pelos municípios que constituem a RMSP, por isso
os problemas ambientais apontados nas reuniões/ações da instituição são os
mesmos da RMSP sendo, portanto, do interesse de todos os municípios da bacia.
Nesse contexto a solicitação por demandas/discussão relacionadas as
questões ambientais metropolitanas se revezam entre os municípios – que
constituem, simultaneamente, a RMSP e o CBH-AT - as ONGs e os demais atores
ou ainda, pelo Comitê/subcomitês AT. Essa alternância de protagonismo resulta
da ampla participação de diversos segmentos da sociedade, que pode ser aferida
nos dados relacionados à solicitação e obtenção de recursos junto a FEHIDRO,
conforme Anexo 2.
O resultado das ações da instituição em ampliar o conhecimento está
intrinsecamente relacionado a aspectos como a tomada de decisão e a
participação, uma vez que segundo os representantes das RMSP e RMC, os
principais benefícios da participação nas atividades da instituição são a obtenção
de informação e capacitação e a informação e integração/informação e
cooperação.
A percepção do representante a respeito de sua influência na tomada de
decisão influencia na sua relação com a instituição. Nesse sentido, parece haver
uma relação direta entre a participação e influência na tomada de decisão, uma
vez que o percentual de representantes dos municípios que acreditam ter o poder
de influência nas decisões tomadas nas reuniões do comitê/subcomitê é o mesmo
381
dos que participam efetivamente das reuniões e, possivelmente os que
estabelecem atitudes de confiança e cooperação. São esses representantes
municipais que, de forma ampla, avaliam o desempenho da instituição como bom.
Contudo, os representantes dos municípios da RMSP se mostraram menos
confiantes em seu poder de tomada de decisão do que os da RMC. Tal situação
se deve ao fato dos conflitos ambientais entre os municípios da RMSP serem
discutidos e negociados nos subcomitês, enquanto as decisões mais importantes,
que afetam toda a bacia e concomitantemente a RM, serem efetivamente
fechadas em instância superior (reunião do Comitê) da qual participam apenas os
prefeitos, pois são contextos em que os acordos políticos têm maior peso,
segundo destacado por alguns representantes municipais, uma vez que as
decisões afetam diretamente a dinâmica metropolitana.
Ou seja, muitas das decisões tomadas nos subcomitês são renegociadas e
alteradas nas reuniões do comitê, reduzindo a confiança dos representantes em
seu poder de influenciar a tomada de decisão.
O poder de influenciar a tomada de decisão, segundo Cunha (2004), reflete
diretamente na relação entre a instituição e seus membros – no caso os
representantes municipais – e influencia na participação, na confiança e na
cooperação, imprescindíveis ao desempenho da instituição em ampliar o
conhecimento e fomentar capital social.
As informações coletadas junto aos representantes dos municípios das
RMSP/CBH-AT e RMC/ CBH-PCJ, possibilitaram constatar que, de modo geral, os
dois grupos de representantes municipais estão satisfeitos com o desempenho da
instituição no cumprimento de suas funções – gestão da bacia – e no caso dos
382
representantes dos municípios da RMSP, a satisfação se estende a ação do CBHAT em ampliar o conhecimento e/ou discussões a respeito das questões
ambientais de âmbito metropolitano.
A satisfação dos representantes dos municípios com a instituição contribuiu
para fomentar capital social entre as duas RMs e seus respectivos comitês, na
medida em que permitiu ampliar a confiança e a cooperação entre os municípios e
a instituição, principalmente em assuntos relacionados à bacia. No caso da RMSP
esse contexto se expandiu a questões de âmbito metropolitano.
Segundo Woolcock (1999), a presença de capital social institucional em
determinado grupo possibilita que as normas de cooperação e reciprocidade se
desenvolvam, proporciona coesão interna e a capacidade de interagir para além
das fronteiras do grupo, pois permite a interação do grupo com as instituições
formais tendo em vista os interesses coletivos.
Em ambas as RMs constatamos que o capital social institucional parece
estar bem estruturado, uma vez que, segundo a maior parte dos representantes, a
confiança e cooperação entre os representantes dos municípios que participam
das atividades da instituição se mantiveram nos mesmos níveis ou aumentaram.
Os representantes municipais atribuem esse contexto, também, a presença de
sentimento de comprometimento estimulado entre os membros pela instituição.
Porém, a presença de capital social implementado pela instituição apresenta
resultados mais positivos entre os representantes da RMC, que demonstraram a
presença de mais confiança e cooperação entre seus membros - do que os
apresentados pelos representantes da RMSP.
383
Essa resposta positiva resulta do fato do CBH-PCJ ter sido instituído há
mais tempo, que possibilitou aos seus membros maior tempo de participação nas
atividades do comitê, aumentando, dessa forma, a oportunidade de que se
estabeleçam confiança e cooperação entre eles. Além da participação, deve ser
acrescentado o fato dos representantes municipais da RMC se sentirem mais
influentes na tomada de decisão em questões discutidas nas reuniões do Comitê
do que ocorre com os da RMSP, com já foi abordado.
Quanto a RMSP, a confiança e cooperação entre os municípios que
constituem essa região se formaram a partir da participação desses municípios
nas reuniões dos subcomitês. Originalmente essas reuniões se constituíram como
arenas de discussão das questões hídricas e foram ampliadas às questões
ambientais ocorridas na bacia e aos problemas urbanos intrinsecamente
associados a elas e, posteriormente, abrangeu o contexto ambiental metropolitano
relacionado à qualidade da bacia.
Nesse contexto, a instituição possibilitou ampliar o conhecimento de seus
membros a respeito da realidade ambiental metropolitana e fomentar capital social
entre os municípios da RMSP e a instituição. Os representantes municipais
encontraram nas reuniões do subcomitê uma arena propícia para as discussões e
o desenvolvimento do capital social através de elementos com confiança,
cooperação, do fortalecimento do sentimento de pertencimento, a consciência
coletiva, a valoração do ambiente natural e o estabelecimento de uma relação de
identidade entre os municípios e o bem/paisagem natural (patrimonialização da
natureza). Como abordado no capítulo 2, esses aspectos podem fundamentar a
construção de uma identidade ambiental metropolitana.
384
No caso da Região Metropolitana de São Paulo, a ação do Comitê de Bacia
Hidrográfica do Alto Tietê, através do trabalho realizado em seus subcomitês,
possibilitou a percepção de elementos e/ou conflitos ambientais comuns pelos
representantes municipais a partir da relação que se estabeleceu entre o meio
urbano e a natureza, dentre os quais se destacou o Rio Tietê e os diversos
problemas associados a ele.
A relação entre os municípios e o rio Tietê e a qualidade de vida de toda a
RM, é reconhecida pela maior parte dos municípios da RMSP que participaram da
pesquisa, uma vez que a presença do rio Tietê restringe e/ou impossibilita
atividades econômicas em alguns municípios tendo em vista a qualidade de vida
de toda a RM.
Por isso, esses municípios apontaram o rio Tietê como a identidade
ambiental da RMSP, na medida em que desenvolve junto aos municípios
(população local) o sentimento de pertencimento e a valoração do próprio rio como
importante recurso a qualidade de vida da RM, além do valor afetivo que alguns
dos representantes municipais demonstraram ao justificar tal escolha.
Deve-se ressaltar que a identificação do rio Tietê79 como elemento de
identidade ambiental da RMSP pela maior parte dos representantes dos
municípios pode estar intrinsecamente relacionada primeiramente à memória
coletiva, destacada por Halbwachs (1925, 1939, 1941, 1950) e não a um
sentimento de pertencimento e identificação com as questões ambientais
metropolitanas.
79
A maior parte dos representantes dos municípios da RMSP apontou as questões hídricas com a
identidade ambiental metropolitana, e dentre essas questões as mais apontadas foram as
associadas ao Rio Tietê.
385
Ou melhor, em razão dos conflitos relacionados ao rio Tietê serem
amplamente divulgados pela mídia, a escolha do rio Tietê pode ser o resultado da
memória individual dos representantes que está impregnada por representações
baseadas na percepção de outros indivíduos do passado – época em que o rio era
limpo e balneável - reconstruídos de acordo com as tensões normas e situações
do presente – memória coletiva - ou simplesmente citado, sem nenhum tipo de
envolvimento.
Quanto a RMC, a pesquisa demonstrou que não existe um elemento e/ou
conflito ambiental que identifique essa região metropolitana. Acreditamos que a
ausência de um elemento que identifique a questão ambiental nessa região se
deva ao fato de que ela foi instituída recentemente e ainda não se construiu
sequer uma identidade metropolitana, pois a maior parte dos municípios da RMC
não conhece a realidade dos demais municípios, quiçá as fragilidades e
potencialidades associadas à realidade ambiental da RM.
Por isso acreditamos que os municípios da RMC devam construir primeiro o
sentimento de pertencimento e identidade metropolitana e, posteriormente e/ou
concomitantemente incorporar a questão ambiental.
Embora a estrutura do Comitê de Bacia Hidrográfica possibilite que se
estabeleça uma arena profícua ao desenvolvimento de uma identidade ambiental,
ressalte-se que as informações coletadas junto aos representantes dos municípios
possibilitou aferir que no caso da RMC, outras instituições poderão estimular a
construção dessa identidade, como a AGEMCAMP.
Embora
a
AGEMCAMP
apresente
como
objetivo
principal
o
desenvolvimento econômico da RMC, os representantes dos municípios da RMC
386
destacaram que essa tem possibilitado ampliar o conhecimento e as discussões a
respeito das questões ambientais entre os municípios que constituem a RMC,
além de fomentar os sentimentos de confiança e cooperação entre os membros.
Nesse contexto, cabe destacar ainda a Secretaria do Meio Ambiente (SMA),
apontada pela maior parte dos representantes das duas RMs como a instituição,
que possibilita ampliar o conhecimento a respeito das questões metropolitanas e
que poderá contribuir ainda mais através do Conselho Estadual do Meio
Ambiente80 que adquiriu uma nova estrutura que possibilita estabelecer uma arena
propícia as discussões e ao fomento de identidades ambientais regionais, como a
metropolitana.
Embora ambas as RMs se encontrem sob a mesma legislação e políticas
públicas estaduais e federais, o contexto apresentado pela RMC difere bastante
daquele da RMSP, o que explica o fato de não conseguirmos determinar sequer
um elemento que identificasse a RMC, como aconteceu com a RMSP.
No caso da RMSP, o rio Tietê pode ser considerado um elemento no qual
parte dos municípios da RM – menos de 50%, mas a maior parte entre os
entrevistados - se identifica, seja por apresentarem fragilidades ou potencialidades
associadas à presença do rio. Por isso, mesmo que esse elemento não se
constitua em uma identidade ambiental metropolitana reconhecida pela maior
parte dos representantes, segundo os representantes dos municípios, ele pode,
futuramente, se fortalecer e vir a se tornar uma identidade ambiental metropolitana
80
CONSEMA foi instituído em 2009 e transformado em um órgão normativo e recursal do Sistema
Estadual de Meio Ambiente com o poder de instalar Câmaras Regionais junto às bacias
hidrográficas do estado, facilitando dessa forma a participação da sociedade civil e dos poderes
locais nos processos de tomada de decisão da política ambiental paulista.
387
ou estruturar uma identidade construída por uma instituição e/ou órgão –
considerando a noção de identidade legitimadora (Castells, 1999).
A intenção da instituição em contribuir para a formação e/ou construir uma
identidade ambiental metropolitana foi analisada para a RMC, cujo resultado
demonstrou que não há nenhuma intenção da instituição em abordar questões
metropolitanas. Porém, essa investigação não foi possível para a RMSP devido às
inúmeras negativas do Secretário Executivo do Comitê da Bacia Hidrográfica do
Alto Tietê em participar da pesquisa.
Frente ao contexto que se delineou no estudo de caso da RMSP não
obtivemos o feedback da relação entre a os representantes municipais, a
instituição (o Comitê de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê) e as questões ambientais
metropolitanas tendo em vista a construção e identidade. Essa situação
impossibilitou que verificássemos a possível relação entre governabilidade
metropolitana e a existência de uma identidade ambiental metropolitana
construída a partir da ação da instituição.
Os resultados obtidos permitiram constatar que não existe uma identidade
ambiental metropolitana construída a partir da ação dos Comitês de Bacia
Hidrográfica para as regiões estudadas - a RMSP e a RMC. Mas apontaram
outras instituições que poderiam implementar/construir identidades, como a
AGEMCAMP, o CONSEMA, a SMA.
Diante dessa questão apontamos como contribuição a trabalhos futuros
uma possível solução relacionada à forma de legitimar uma identidade em
contextos semelhantes aos abordados nessa pesquisa, em que a identidade é
considerada como resultado da relação entre a percepção dos representantes
388
municipais e a instituição. Nesses casos acreditamos que a ampliação da
investigação a outros grupos amostrais inseridos no mesmo contexto (mesma
instituição) pode contribuir para legitimar a existência ou não dessa identidade
ambiental metropolitana.
No caso da RMSP a investigação da existência de identidade ambiental
metropolitana iria abranger não apenas a percepção da instituição e dos
representantes municipais, mas também a percepção dos representantes de todos
os grupos de atores que participam das reuniões e ações da instituição - ou seja,
representantes de municípios, de ONGs, de Universidades, de Associações, entre
outros.
Dessa forma poderíamos ampliar e diversificar o feedback a respeito do
desempenho da instituição, da existência de capital social e da existência de uma
identidade ambiental metropolitana construída a partir de diferentes perspectivas.
Além de identificarmos possíveis elementos que poderiam ser a base para a
construção de uma ou de diversas identidades, uma vez que resultaria de
diferentes grupos com interesses diversos.
A tese investiga a existência de uma identidade ambiental metropolitana
considerada como um possível instrumento capaz de auxiliar a governabilidade
em questões ambientais em RMs e buscou contribuir aos estudos que abordam a
gestão de questões urbanoambientais em regiões metropolitanas a partir de uma
ampla
reflexão
do
processo
de
construção
de
identidades
ambientais
metropolitanas.
Além das contribuições associadas as informações que foram levantadas
para a elaboração dessa tese, foi desenvolvido para esse trabalho um indicador
389
de vulnerabilidade socioambiental construído a partir de uma a metodologia que
busca identificar e classificar os diferentes cenários de vulnerabilidade
socioambiental em que se inserem os municípios de uma mesma região, podendo
ser utilizado em estudos regionais, não necessariamente metropolitanos.
390
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421
ANEXOS
ANEXO 1
Quadro 1: Valores das variáveis de exposição à degradação ambiental para os
municípios da RMSP
Municípios
VARIÁVEIS DE EXPOSIÇÃO À DEGRADAÇÃO AMBIENTAL
Prestação de Serviços
Prestação de Serviços relacionados
de aos Resíduos Sólidos
ao Esgoto
Domiciliares (RSD)
Coleta (2000)
Tratamento (2003)
Tipo de Disposição Final
(%)
(%)
(2003)
Arujá
28,15
0
controlada
Barueri
79,33
0
inadequada
Biritiba Mirim
43,48
0
controlada
Caieiras
71,56
0
adequada
Cajamar
68,83
0
adequada
Carapicuíba
73,59
6
controlada
Cotia
50,14
0
inadequada
Diadema
92,22
0
adequada
Embu
57,82
0
controlada
Embu-Guaçu
14,13
100
inadequada
74,3
56
controlada
Francisco Morato
26,86
0
adequada
Franco da Rocha
63,76
0
adequada
Guararema
47,96
0
inadequada
Guarulhos
77,09
0
adequada
Itapecerica
24,88
0
controlada
Itapevi
51,53
0
adequada
Itaquaquecetuba
67,38
7
controlada
Jandira
77,14
0
adequada
Juquitiba
15,26
100
inadequada
Mairiporã
30,73
62
controlada
Mauá
75,44
0
adequada
Mogi das Cruzes
80,05
42
inadequada
70,7
10
controlada
Pirapora do Bom Jesus
61,76
0
adequada
Poá
87,43
93
controlada
Ribeirão Pires
81,34
70
adequada
Rio Grande da Serra
59,34
85
adequada
Salesópolis
72,96
90
controlada
Santa Isabel
73,24
0
adequada
Santana de Parnaíba
33,69
0
inadequada
Santo André
90,32
0
adequada
São Bernardo do Campo
87,11
1
adequada
São Caetano do Sul
99,44
25
adequada
Ferraz de Vasconcelos
Osasco
Quadro 1 (cont.): Valores das variáveis de exposição à degradação ambiental
para os municípios da RMSP
Municípios
São Lourenço da Serra
São Paulo
Suzano
Taboão da Serra
VARIÁVEIS DE EXPOSIÇÃO À DEGRADAÇÃO AMBIENTAL
Prestação de Serviços
Prestação de Serviços relacionados
de aos Resíduos Sólidos
ao Esgoto
Domiciliares (RSD)
Coleta (2000)
Tratamento (2003)
Tipo de Disposição Final
(%)
(%)
(2003)
15,5
100
controlada
89,01
66
adequada
66,06
70
controlada
84,78
Vargem Grande Paulista
46,16
Fonte: Fundação SEADE (2000, 2003), CESTESB (2004)
0
adequada
0
inadequada
Quadro 2: Valores das variáveis de exposição à degradação ambiental para os
municípios da RMC
Municípios
VARIÁVEIS DE EXPOSIÇÃO À DEGRADAÇÃO AMBIENTAL
Prestação de Serviços
Prestação de Serviços relacionados
de aos Resíduos Sólidos
ao Esgoto
Domiciliares (RSD)
Coleta (2000)
Tratamento (2003)
Tipo de Disposição Final
(%)
(%)
(2003)
Americana
93,93
82
adequado
Artur Nogueira
97,49
-
inadequado
Campinas
86,45
12
adequado
Cosmópolis
91,51
9
inadequado
Engenheiro Coelho
96,66
...
controlado
Holambra
83,18
95
controlado
1,9
100
adequado
Indaiatuba
91,93
8
adequado
Itatiba
96,79
Jaguariuna
95,01
-
adequado
Monte Mor
44,37
-
controlado
Nova Odessa
97,78
7
controlado
Paulinia
84,84
-
adequado
Pedreira
95,96
-
inadequado
Santa Barbara d'Oeste
97,52
1
controlado
Santo Antonio de Posse
19,45
...
inadequado
Sumare
77,48
14
adequado
Valinhos
85,82
-
controlado
85
adequado
Hortolandia
Vinhedo
75,83
Fonte: Fundação SEADE (2000, 2003), CESTESB (2004)
controlado
Quadro 3: Atribuição de valores as variáveis de exposição à degradação ambiental
para os municípios da RMSP
Municípios
Arujá
ATRIBUIÇÃO DE VALORES AS VARIÁVEIS
Esgotamento
Resíduos Sólidos
Valor
Sanitário
Domiciliares
Classificação
Total
Coleta Tratamento Tipo de Disposição Final
0,5
0
0,5
1 Média alta
1
0
0
1 Média alta
0,5
0
0,5
1 Média alta
Caieiras
0,75
0
1
1,75 Média
Cajamar
0,75
0
1
1,75 Média
Carapicuíba
0,75
0,5
0,5
1,75 Média
Cotia
0,75
0
0
1
0
1
Embu
0,75
0
0,5
Embu-Guaçu
0,25
2
0
2,25 Média
Ferraz de Vasconcelos
0,75
1
0,5
2,25 Média
Francisco Morato
0,5
0
1
Franco da Rocha
0,75
0
1
1,75 Média
0,5
0
0
0,5 alta
Guarulhos
1
0
1
Itapecerica
0,25
0
0,5
Itapevi
0,75
0
1
1,75 Média
Itaquaquecetuba
0,75
0,5
0,5
1,75 Média
1
0
1
2 Média
Juquitiba
0,25
2
0
2,25 Média
Mairiporã
0,5
1,5
0,5
1
0
1
Barueri
Biritiba Mirim
Diadema
Guararema
Jandira
Mauá
Mogi das Cruzes
0,75 alta
2 Média
1,25 Média alta
1,5 Média alta
2 Média
0,75 alta
2,5 Média baixa
2 Média
1
1
0
2 Média
Osasco
0,75
0,5
0,5
1,75 Média
Pirapora do Bom Jesus
0,75
0
1
1,75 Média
Poá
1
2
0,5
3,5 Baixa
Ribeirão Pires
1
1,5
1
3,5 Baixa
Rio Grande da Serra
0,75
2
1
3,75 Baixa
Salesópolis
0,75
2
0,5
3,25 Baixa
Santa Isabel
0,75
0
1
1,75 Média
0,5 alta
Santana de Parnaíba
0,5
0
0
Santo André
1
0
1
2 Média
São Bernardo do Campo
1
1
1
3 Média baixa
São Caetano do Sul
1
0,5
1
2,5 Média baixa
0,25
2
0,5
2,75 Média baixa
São Lourenço da Serra
Quadro 3: Atribuição de valores as variáveis de exposição à degradação ambiental
para os municípios da RMSP
Municípios
São Paulo
Suzano
Taboão da Serra
ATRIBUIÇÃO DE VALORES AS VARIÁVEIS
Esgotamento
Resíduos Sólidos
Valor
Sanitário
Domiciliares
Classificação
Total
Coleta Tratamento Tipo de Disposição Final
1
1,5
1
0,75
1,5
0,5
1
0
1
0
0
Vargem Grande Paulista
0,5
Fonte: Elaborado a partir da metodologia
3,5 Baixa
2,75 Média baixa
2 Média
0,5 alta
Quadro 4: Atribuição de valores as variáveis de exposição à degradação ambiental
para os municípios da RMC
Municípios
Americana
ATRIBUIÇÃO DE VALORES AS VARIÁVEIS
Esgotamento
Resíduos Sólidos
Valor
Sanitário
Domiciliares
Classificação
Total
Coleta Tratamento Tipo de Disposição Final
1
2
1
4
Baixa
Artur Nogueira
1
0
1
Média alta
Campinas
1
Cosmópolis
1
0,5
1
2,5
Média baixa
0,5
0
1,5
Média alta
Engenheiro Coelho
1
0,5
1,5
Média alta
Holambra
1
2
0,5
3,5
Baixa
0,25
2
1
3,25
Baixa
Indaiatuba
1
0,5
1
2,5
Média baixa
Itatiba
Jaguariuna
1
1
0,5
0,5
1
0,5
1,5
2
1
Média alta
Média
Média alta
Hortolandia
Monte Mor
Nova Odessa
1
0,5
2
Média
Paulínia
1
1
2
Média
Pedreira
1
0
1
Média alta
Santa Barbara d'Oeste
1
0,5
2
Média
0
1
0,5
1
0,25
2,5
1,5
4
Alta
Média baixa
Média alta
Baixa
0,25
1
1
Valinhos
Vinhedo
1
Fonte: Elaborado a partir da metodologia
Santo Antonio de Posse
Sumare
0,5
0,5
0,5
2
Quadro 5: Exposição ao risco: Existência de Áreas de Risco com Moradias e
Existência de Pontos de Inundação nos municípios da RMSP
MUNICÍPIOS
Aruja
Barueri
Biritiba Mirim
Caieiras
Cajamar
Carapicuiba
Cotia
Diadema
Embu
Embu-Guacu
Ferraz de Vasconcelos
Francisco Morato
Franco da Rocha
Guararema
Guarulhos
Itapevi
Itapecerica
Itaquaquecetuba*
Jandira
Juquitiba
Mairipora
Maua
Moji das Cruzes
Osasco
Pirapora do Bom Jesus
Poa
Ribeirao Pires
Rio Grande da Serra
Salesopolis
Santa Isabel
Santana de Parnaíba
Santo Andre
Sao Bernardo do Campo
Sao Caetano do Sul
Sao Lourenço da Serra
Sao Paulo
Suzano
Taboao da Serra
Vargem Grande Paulista
EXPOSIÇÃO AO RISCO
Existência de Áreas de Risco com
Existência de Pontos de
Moradias (2003)
inundação (1995)
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
6
6
7
7
7
7
6
7
7
7
7
7
7
6
7
7
7
7
7
6
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Fonte: Fonte: EMPLASA/HIDROPLAN (1995)/ Fundação Seade (2008)
Quadro 6: : Exposição ao risco: Existência de Áreas de Risco com Moradias e
Existência de Pontos de Inundação nos municípios da RMC
Municípios
EXPOSIÇÃO AO RISCO
Existência de Áreas de Risco
Existência de Pontos de
com Moradias (2003)
inundação (2008)
Americana
Sim
Sim
Artur Nogueira
Não
Não
Campinas
Sim
Sim
Cosmópolis
Sim
Não
Engenheiro Coelho
Não
Não
Holambra
Sim
Não
Hortolândia
Sim
Sim
Indaiatuba
Sim
Sim
Itatiba
Não
Não
Jaguariúna
Não
Sim
Monte Mor
Não
Sim
Nova Odessa
Não
Sim
Paulínia
Não
Não
Pedreira
Não
Sim
Santa Barbara d'Oeste
Sim
Sim
Santo Antonio de Posse
Sim
Não
Sumaré
Sim
Sim
Valinhos
Sim
Sim
Vinhedo
Não
Não
Fonte: Fundação Seade (2008), Defesa Civil Campinas (2008)
Quadro 7: Indicador de Vulnerabilidade Ambiental: cenários resultantes da
sobreposição das dimensões de vulnerabilidade a degradação ambiental e
vulnerabilidade a exposição ao risco para os municípios da RMSP
INDICADOR DE VULNERABILIDADE AMBIENTAL
MUNICÍPIOS
DIMENSÕES DE VULNERABILIDADE
Exposição a
degradação
Exposição ao risco
CLASSIFICAÇÃO
FINAL
Arujá
Média alta
Alta
Alta
Barueri
Média alta
Alta
Alta
Biritiba Mirim
Média alta
Alta
Alta
Caieiras
Média
Alta
Média alta
Cajamar
Média
Alta
Média alta
Carapicuíba
Média
Alta
Média alta
Alta
Alta
Alta
Cotia
Diadema
Média
Alta
Média alta
Média alta
Alta
Alta
Embu-Guaçu
Média
Alta
Média alta
Ferraz de Vasconcelos
Média
Alta
Média alta
Francisco Morato
Média alta
Alta
Alta
Franco da Rocha
Média
Alta
Média alta
Guararema
Alta
Alta
Alta
Guarulhos
Média
Alta
Média alta
Embu
Itapecerica
Alta
Alta
Alta
Itapevi
Média
Alta
Média alta
Itaquaquecetuba
Média
Alta
Média alta
Jandira
Média
Alta
Média alta
Juquitiba
Média
Baixa
Média baixa
Mairiporã
Média baixa
Alta
Média
Mauá
Média
Alta
Média alta
Mogi das Cruzes
Média
Alta
Média alta
Osasco
Média
Alta
Média alta
Pirapora do Bom Jesus
Média
Alta
Média alta
Poá
Baixa
Alta
Média
Ribeirão Pires
Baixa
Alta
Média
Rio Grande da Serra
Baixa
Alta
Média
Salesópolis
Baixa
Baixa
Baixa
Santa Isabel
Média
Baixa
Média baixa
Alta
Alta
Alta
Média
Alta
Média alta
Média baixa
Alta
Santana de Parnaíba
Santo André
São Bernardo do Campo
Média
(continua)
Quadro 7 (cont.): Indicador de Vulnerabilidade Ambiental: cenários resultantes da
sobreposição das dimensões de vulnerabilidade a degradação ambiental e
vulnerabilidade a exposição ao risco para os municípios da RMSP
INDICADOR DE VULNERABILIDADE AMBIENTAL
MUNICÍPIOS
DIMENSÕES DE VULNERABILIDADE
Exposição a
degradação
Exposição ao risco
CLASSIFICAÇÃO
FINAL
São Caetano do Sul
Média baixa
Alta
Média
São Lourenço da Serra
Média baixa
Baixa
Baixa
Baixa
Alta
Média
Média baixa
Alta
Média
Média
Alta
Média alta
Alta
Alta
Alta
São Paulo
Suzano
Taboão da Serra
Vargem Grande Paulista
Fonte: Elaborado a partir da metodologia
Quadro 8: Indicador de Vulnerabilidade Ambiental: cenários resultantes da
sobreposição das dimensões de vulnerabilidade a degradação ambiental e
vulnerabilidade a exposição ao risco para os municípios da RMC
INDICADOR DE VULNERABILIDADE AMBIENTAL
MUNICÍPIOS
Americana
Artur Nogueira
DIMENSÕES
Exposição a
Existência de
degradação
exposição ao risco
Baixa
Alta
CLASSIFICAÇÃO
FINAL
Média
Média alta
Baixa
Média
Média baixa
Alta
Média
Cosmópolis
Média alta
Baixa
Média
Engenheiro Coelho
Campinas
Média alta
Baixa
Média
Holambra
Baixa
Baixa
Baixa
Hortolandia
Baixa
Alta
Média
Média baixa
Alta
Média
Média alta
Baixa
Média
Jaguariuna
Média
Alta
Média alta
Monte Mor
Média alta
Alta
Alta
Média
Alta
Média alta
Paulinia
Média
Baixa
Média baixa
Pedreira
Média alta
Alta
Alta
Média
Alta
Média alta
Alta
Baixa
Média
Média baixa
Alta
Média
Média alta
Alta
Alta
Baixa
Baixa
Indaiatuba
Itatiba
Nova Odessa
Santa Barbara d'Oeste
Santo Antonio de Posse
Sumare
Valinhos
Vinhedo
Fonte: Elaborado a partir da metodologia
Baixa
Quadro 9: Indicador de Vulnerabilidade Sócio-Ambiental: cenários resultantes da
sobreposição das dimensões de vulnerabilidade a degradação ambiental e
vulnerabilidade a exposição ao risco para os municípios da RMSP
MUNICÍPIOS
IPVS
Aruja
Médio
Barueri
Médio
Biritiba Mirim
Alto
Caieiras
Médio
Cajamar
Médio
Carapicuiba
Médio
Cotia
Médio
Diadema
Médio
Embu
Médio
Embu-Guacu
Baixo
Ferraz de Vasconcelos
Médio
Francisco Morato
Muito alto
Franco da Rocha
Médio
Guararema
Alto
Guarulhos
Médio
Itapevi
Médio
Itapecerica
Médio
Itaquaquecetuba*
Medio
Jandira
Médio
Juquitiba
Alto
Mairipora
Baixo
Maua
Baixo
Moji das Cruzes
Baixo
Osasco
Médio
Pirapora do Bom Jesus
Muito alto
Poa
Baixo
Ribeirao Pires
Baixo
Rio Grande da Serra
Médio
Salesopolis
Alto
Santa Isabel
Alto
Santana de Parnaíba
Muito alto
Santo Andre
Muito baixo
Sao Bernardo do Campo
Muito baixo
Sao Caetano do Sul
Muito baixo
Sao Lourenço da Serra
Alto
Sao Paulo
Muito baixo
Suzano
Médio
Taboao da Serra
Médio
Vargem Grande Paulista
Médio
Fonte: Elaborado a partir da metodologia
IVA
Alto
Alto
Alto
Médio alto
Médio alto
Média alta
Alto
Médio alto
Alto
Médio alto
Médio alto
Alto
Médio alto
Alto
Médio alto
Alto
Médio alto
Médio alto
Médio alto
Média baixa
Médio
Médio alto
Médio alto
Médio alto
Médio alto
Médio
Médio
Médio
Baixo
Média baixa
Alto
Médio alto
Médio
Médio
Baixo
Médio
Médio
Médio alto
Alto
Quadro 10: Indicador de Vulnerabilidade Sócio-Ambiental: cenários resultantes da
sobreposição das dimensões de vulnerabilidade a degradação ambiental e
vulnerabilidade a exposição ao risco para os municípios da RMSP
MUNICÍPIOS
IPVS
Americana
Muito baixa
Artur Nogueira
Média
Campinas
Muito baixa
Cosmópolis
Baixa
Engenheiro Coelho
Muito alta
Holambra
Baixa
Hortolandia
Média
Indaiatuba
Média
Itatiba
Muito baixa
Jaguariuna
Baixa
Monte Mor
Muito alta
Nova Odessa
Baixa
Paulinia
Baixa
Pedreira
Baixa
Santa Barbara d'Oeste
Baixa
Santo Antonio de Posse
Muito alta
Sumare
Media
Valinhos
Baixa
Vinhedo
Baixa
Fonte: Elaborado a partir da metodologia
IVA
Média
Média
Média
Média
Média
Baixa
Média
Média
Média
Média alta
Alta
Média alta
Média baixa
Alta
Média alta
Média
Média
Alta
Baixa
ANEXO 2
Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê
Quadro 1: Número de Financiamentos concedidos pelo FEHIDRO por instituição
Ano
Consórcio
Interminicpal
0
0
1
1
0
2
Município ONG
Instituição
Estadual
4
7
6
22
8
9
Outros
1996
1
1
1
1997
13
4
7
1998
10
8
9
1999
6
10
11
2000
2
3
3
2001
9
2
3
2002
0
2003
12
6
11
9
1
2004
14
18
19
9
1
2005
13
24
11
7
1
2006
15
17
11
6
Fonte: Deliberações CBH-AT (1996, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006
Quadro 2: Número de Financiamentos concedidos pelo FEHIDRO segundo área do
projeto
Ano
Ed.
Ambiental
Água
Esgoto
Lixo
Drenagem Proteção
Outros
1996
2
1
1
1
2
1997
4
1
1
4
3
18
1998
14
1
0
2
3
4
10
1999
14
6
0
1
3
2
24
2000
2
1
1
3
9
2001
4
0
0
2
1
5
13
2002
2003
11
4
3
0
6
14
2004
15
2
1
3
1
12
27
2005
7
4
1
2
3
3
36
2006
5
7
2
3
3
5
25
Fonte: Deliberações CBH-AT (1996, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006
Quadro 3: Número de financiamentos concedidos pelo FEHIDRO por
(1996-2006)
Município
Número de Projetos
Embu-Guaçu
8
Salesópolis
7
São Paulo
7
Franco da Rocha
6
Itapevi
6
Osasco
5
Embu
4
Pirapora do Bom Jesus
4
Biritiba Mirim
3
Carapicuíba
3
Francisco Morato
3
Itapecerica
3
Jandira
3
Mairiporã
3
Ribeirão Pires
3
São Lourenço da Serra
3
Suzano
3
Juquitiba
2
Mogi das Cruzes
2
Santana de Parnaíba
2
Santo André
2
Arujá
1
Barueri
1
Caieiras
1
Cajamar
1
Cotia
1
Diadema
1
Guarulhos
1
Itaquaquecetuba
1
Poá
1
São Bernardo do Campo
1
São Caetano do Sul
1
Taboão da Serra
1
Ferraz de Vasconcelos
0
Guararema
0
Mauá
0
Rio Grande da Serra
0
Santa Isabel
0
Vargem Grande Paulista
0
Fonte: Deliberações CBH-AT (1996, 1997, 1998, 1999, 2000,
2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006)
município
Quadro 4: Número de financiamentos concedidos pelo FEHIDRO segundo a área do projeto e a instituição tomadora (1996-2006)
Solicitante Projeto
Ano
Consorcio
intermunicipal
(1)
-
Município
ONG
Instituição
Estadual
Outros
Ed.
Ambiental
Técnico
Água
Área
Saneamento
Esgoto Lixo Drenagem
Proteção
Ambiental
Outros
1996
1
1
2
2
1
1
1
1997
12
5
2
6
7
11
2
1
3
6
1998
2 (*)
16
11
12
28
24
9
5
3
3
3
5
9
1999
1 (*)
20
9
11
9
18
5
8
1
1
1
1
15
2000
2 (*)
2
2
4
5
3
5
1
2
4
2001
2 (*)
9
3
8
3
6
5
1
1
2
1
3
6
2002
2003
12
3
12
4
10
5
4
3
6
11
2004
1 (**)
14
15
19
12
15
12
2
1
3
1
12
15
2005
1 (***)
10
23
14
7
8
18
5
1
3
3
2
16
2006
1 (****)
16
17
11
4
4
14
7
1
4
2
5
11
(*) Consórcio Intermunicipal do ABC /(**) Consórcio intermunicipal das Bacias Tamanduateí e Billings / (***) Consórcio intermunicipal para aterro sanitário/
(****) Consórcio intermunicipal da Bacia do Juqueri
Fonte: Deliberações CBH-AT (1996, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006)
Quadro 5: Municípios do CBH-AT que solicitaram financiamento junto ao FEHIDRO
Ano
1996
1997
1998
1999
2000
2001
Município
Embu
Biritiba-Mirim, Salesópolis, Guarulhos, Franco da Rocha, Mairiporã, Itapecerica da Serra, Juquitiba, São Paulo, São Lourenço da Serra, Cotia, Embu –
Guaçú, Ribeirão Pires, Diadema, São Caetano, Itapevi, Santana do Parnaíba.
Biritiba-Mirim, Salesópolis, Guarulhos, Franco da Rocha, Mairiporã, Consócio do ABC, Itaquaquecetuba, Suzano, Itapecerica da Serra, Santana do
Parnaíba, Pirapora do Bom Jesus, Salesópolis, Diadema, Itapecerica da Serra, São Paulo, São Lourenço da Serra, Embu, Embu –Guaçú, Itapevi,
Osasco
Biritiba-Mirim, Franco da Rocha, Mairiporã, Itapecerica da Serra, São Paulo, São Lourenço da Serra, Embu–Guaçú, Ribeirão Pires, Consócio do ABC e
Diadema, Itapevi, Jandira, Osasco, Mogi-Guaçu, São Bernardo do Campo
Arujá, Santana do Parnaíba.
Salesópolis, Mairiporã, Mogi-Guaçu, Itaquaquecetuba, Suzano, Embu –Guaçú, Itapevi,
Quadro 5: Municípios do CBH-AT que solicitaram financiamento junto ao FEHIDRO
Ano
2002
Município
(Francisco Morato, Franco da Rocha, Caieiras), Salesópolis, Mairiporã, Consócio do ABC, Itaquaquecetuba, Suzano, Itapecerica da Serra, Santana do
Parnaíba, Pirapora do Bom Jesus, Diadema, Itapecerica da Serra, São Paulo, São Lourenço da Serra, Embu, Embu –Guaçú, Itapevi, Osasco
(Francisco Morato, Franco da Rocha), Salesópolis, Suzano, Itapecerica da Serra, Pirapora do Bom Jesus, São Lourenço da Serra, Embu –Guaçú,
2004
Itapevi, Carapicuíba, Mogi-Guaçu, Juquitiba
2005 Poá, Francisco Morato, Franco da Rocha, Salesópolis, Pirapora do Bom Jesus, Embu–Guaçú, Biritiba-Mirim, Santo André, Osasco, Taboão da Serra.
2006 Suzano, Pirapora do Bom Jesus, São Paulo, Embu, Embu –Guaçú, Osasco, São Bernardo do Campo, Carapicuíba, Jandira, Cajamar, Ribeirão Pires
Fonte: Deliberações CBH-AT (1996, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006)
2003
Comitê da Bacia Hidrográfica do Piracicaba, Capivari e
Jundiaí
Quadro 1: Número de Financiamentos concedidos pelo FEHIDRO por instituição
Ano
1994
1995
1996
1997
1998
1999
Consórcio
Município ONG
Intermunicipal
0
14
0
0
0
0
0
13
0
1
7
0
2
0
10
7
0
0
Instituição
Outros
Estadual
4
0
0
0
3
0
1
0
3
2
0
0
1
10
0
3
0
2000
2001
3
2
0
21
0
1
13
0
2
1
2002
4
16
0
2
0
2003
2
15
0
8
1
2004
0
20
0
5
4
2005
Fonte: Deliberações CBH-PCJ (1994, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001,
2002, 2003, 2004, 2005)
Quadro 2: Número de Financiamentos concedidos pelo FEHIDRO segundo área
do projeto
Ano
Ed.
Água
Ambiental
Esgoto
Lixo
Drenagem Proteção Outros
0
3
13
0
0
0
2
1994
0
0
0
0
0
0
0
1995
0
1
13
0
0
0
2
1996
0
2
6
0
0
0
1
1997
0
1
6
0
1
4
3
1998
0
0
4
0
3
0
2
1999
0
2
7
1
2
0
2
2000
0
1
11
0
7
0
7
2001
0
0
5
0
0
5
7
2002
0
1
11
0
1
1
8
2003
0
4
14
0
0
2
6
2004
0
7
11
0
0
2
9
2005
Fonte: Deliberações CBH-PCJ (1994, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003,
2004, 2005)
Quadro 3: Número de Projetos contemplados por município da RMC
Município
Campinas
Santa Barbara d'Oeste
Americana
Pedreira
Nova Odessa
Valinhos
Holambra
Sumare
Itatiba
Cosmópolis
Artur Nogueira
Santo Antonio de Posse
Indaiatuba
Hortolandia
Vinhedo
Paulinia
Monte Mor
Jaguariuna
Engenheiro Coelho
Número de Projetos
11
9
7
6
6
5
3
2
2
2
2
1
1
1
0
0
0
0
0
Fonte: Deliberações CBH-PCJ (1994, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004,
2005)
ANEXO 3
Quadro 1: Existência de Instrumentos de Política Urbano-Ambiental nos
municípios da RMSP selecionados para estudo de caso
Política Urbano-Ambiental (2003)
Existência de Lei de
Existência de Leis
Município
Zoneamento Especial de
Específicas para Proteção
Interesse Ambiental
ou Controle Ambiental
Biritiba Mirim
Não
Não
Cotia
Sim
Não
Embu
Sim
Não
Embu-Guaçu
Não
Não
Ferraz de Vasconcelos
Não
Não
Francisco Morato
Não
Não
Franco da Rocha
Não
Não
Juquitiba
Não
Não
Mauá
Sim
Sim
Pirapora do Bom Jesus
...
Não
Salesópolis
Não
Não
Santana de Parnaíba
Não
Não
São Bernardo do Campo
Não
Sim
São Paulo
Sim
Sim
Fonte: Informações dos Municípios Paulistas - Fundação SEADE (2003)
Quadro 2: Existência de Instrumentos de Política Urbano-Ambiental nos
municípios da RMSP selecionados para estudo de caso
Política Urbano-Ambiental (2003)
Existência de
Existência
Total de Consórcios
Consórcios
de Conselho
Município
Intermunicipais
Intermunicipais
Municipal de
Relacionados a Meio
Relacionados a Meio
Meio
Ambiente
Ambiente
Ambiente
Biritiba Mirim
Sim
Não
Cotia
Sim
Não
Embu
Sim
Não
Embu-Guaçu
Não
Sim
1
Ferraz de Vasconcelos
Não
Não
Francisco Morato
Não
Não
Franco da Rocha
Não
Não
Juquitiba
Não
Sim
2
Mauá
Sim
Sim
1
Pirapora do Bom Jesus
Sim
Sim
1
Salesópolis
Sim
Sim
2
Santana de Parnaíba
Sim
Não
São Bernardo do Campo
Sim
Sim
1
São Paulo
Sim
Não
Fonte: Informações dos Municípios Paulistas - Fundação SEADE (2003)
Quadro 3: Existência de Instrumentos de Política Urbano-Ambiental nos
municípios da RMSP selecionados para estudo de caso
Política Urbano-Ambiental (2003)
Meio Ambiente - Existência
Meio Ambiente - Total de
Município
de Unidades de
Unidades de Conservação
Conservação Ambiental
Ambiental Municipais
Municipais
Biritiba Mirim
Não
Cotia
Não
Diadema
Não
Embu
Sim
3
Embu-Guaçu
Não
Ferraz de Vasconcelos
Não
Francisco Morato
Não
Franco da Rocha
Não
Juquitiba
Sim
2
Mauá
Sim
2
Pirapora do Bom Jesus
Não
Salesópolis
Não
Santana de Parnaíba
Sim
4
São Bernardo do Campo
Não
São Paulo
Sim
36
Fonte: Informações dos Municípios Paulistas - Fundação SEADE (2003)
Quadro 4: Existência de Instrumentos de Política Urbano-Ambiental nos
municípios da RMC selecionados para estudo de caso
Política Urbano-Ambiental (2003)
Existência de Lei de
Existência de Leis
Município
Zoneamento Especial de
Específicas para Proteção
Interesse Ambiental
ou Controle Ambiental
Artur Nogueira
Não
Sim
Campinas
Sim
Sim
Holambra
Sim
Sim
Hortolândia
Não
Sim
Jaguariúna
Sim
Sim
Monte Mor
Sim
Sim
Nova Odessa
Sim
Sim
Paulínia
Sim
Sim
Santo Antonio de Posse
Não
Sim
Valinhos
Sim
Sim
Fonte: Informações dos Municípios Paulistas - Fundação SEADE (2003)
Quadro 5: Existência de Instrumentos de Política Urbano-Ambiental nos
municípios da RMC selecionados para estudo de caso
Política Urbano-Ambiental (2003)
Existência de
Existência de
Total de Consórcios
Consórcios
Município
Intermunicipais
Conselho
Intermunicipais
Relacionados a
Municipal de Meio
Relacionados a
Meio Ambiente
Ambiente
Meio Ambiente
Artur Nogueira
Não
Sim
2
Campinas
Sim
Sim
2
Holambra
Sim
Sim
2
Hortolândia
Não
Sim
2
Jaguariúna
Sim
Sim
2
Monte Mor
Sim
Sim
1
Nova Odessa
Sim
Sim
1
Paulínia
Sim
Sim
1
Santo Antonio de Posse
Não
Sim
1
Valinhos
Sim
Sim
2
Fonte: Informações dos Municípios Paulistas - Fundação SEADE (2003)
Quadro 6 : Existência de Instrumentos de Política Urbano-Ambiental nos
municípios da RMC selecionados para estudo de caso
Política Urbano-Ambiental (2003)
Meio Ambiente - Existência
Meio Ambiente - Total de
Município
de Unidades de
Unidades de Conservação
Conservação Ambiental
Ambiental Municipais
Municipais
Artur Nogueira
Não
Campinas
Sim
3
Holambra
Não
Hortolândia
Não
Jaguariúna
Não
Monte Mor
Não
Nova Odessa
Não
Paulínia
Não
Santo Antonio de Posse
Não
Valinhos
Não
Fonte: Informações dos Municípios Paulistas - Fundação SEADE (2003)
Quadro 7: Existência de Instrumentos de Política Urbana nos municípios da RMSP
selecionados para estudo de caso
Política Urbana - Existência de Lei de Plano
Diretor (2005)
Biritiba Mirim
Sim
Cotia
Sim
Embu
Sim
Embu-Guaçu
Sim
Ferraz de Vasconcelos
Sim
Francisco Morato
Sim
Franco da Rocha
Sim
Juquitiba
Sim
Mauá
Sim
Pirapora do Bom Jesus
Sim
Salesópolis
Sim
Santana de Parnaíba
Sim
São Bernardo do Campo
Sim
São Paulo
Sim
Fonte: Informações dos Municípios Paulistas - Fundação SEADE (2003)
Município
Quadro 8: Existência de Instrumentos de Política Urbana nos municípios da RMC
selecionados para estudo de caso
Política Urbana - Existência de Lei de Plano Diretor
(2005)
Artur Nogueira
Sim
Campinas
Sim
Holambra
Não
Hortolândia
Sim
Jaguariúna
Sim
Monte Mor
Sim
Nova Odessa
Sim
Paulínia
Sim
Santo Antonio de Posse
Sim
Valinhos
Sim
Fonte: Informações dos Municípios Paulistas - Fundação SEADE (2003)
Município
APÊNDICE
Mapa com Divisão Político-administrativa da Região
Metropolitana de São Paulo
Fonte: Observatório de Políticas Urbanas e Gestão Municipal. IPPUR/UFRJ-FASE, 2002
Mapa com Divisão Político-administrativa da Região
Metropolitana de Campinas
Fonte: Observatório de Políticas Urbanas e Gestão Municipal. IPPUR/UFRJ-FASE, 2002
Questionários: Informações sobre o Município
1)Quanto tempo você participa do Subcomitê/ Comitê de bacia do Alto Tietê?
Desde que começou, em 1997.
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
2)Marque com X o seu grau de escolaridade
a) Primeiro grau incompleto
b) Primeiro grau completo
c) Segundo grau incompleto
d) Segundo grau completo
e) Curso Técnico incompleto
f) Curso Técnico completo
g) Curso Superior incompleto
h) Curso Superior completo
i) Especialização/ Pós graduação
X
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
3)No período em que você representou o município de Embu-Guaçu junto ao subcomitê
Cotia-Guarapiranga você, em algum momento, foi escolhido (a) para representar o
subcomitê nas reuniões do Comitê?
( ) Sim
( ) Não
Se sim, por quanto tempo. Se não, quem representava o município junto ao comitê.
______.
4) Quais os municípios do subcomitê a que seu município pertence tinham assento
(direito a voto) no Comitê do Alto Tietê durante o período em que você participou?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
Nas questões abaixo, responda com X apenas na coluna referente a seu tipo de
representação no subcomitê e/ou no comitê (no caso de ter representado a ambos,
marcar nas duas colunas)
5)Com que freqüência você participava das reuniões do subcomitê e do comitê?
Subcomitê
Comitê
a) Sempre
b) Às vezes
c) Raramente
d) Nunca
e) Não sabe
f) Não respondeu
6)A decisão tomada pelo subcomitê é resultado:
a) (
b) (
c) (
d) (
e) (
f) (
) de votação sem discussão prévia
) de votação após articulação entre os segmentos ou membros
) de votação após consenso entre os membros
) de consenso após discussão entre os membros
) Não sei
) Não respondeu
7)A decisão tomada pelo comitê é resultado:
a) (
b) (
c) (
d) (
e) (
f) (
g) (
) de decisões fechadas nos subcomitês.
) de votação sem discussão prévia*
) votação após articulação entre os segmentos ou membros*
) de votação após consenso entre os membros
) de consenso após discussão entre os membros
) Não sei
) Não respondeu
8)Qual o seu grau de satisfação com relação a forma com que as decisões são tomadas
no subcomitê e no comitê:
Subcomitê
a) Muito satisfeito
b) Satisfeito
c) Insatisfeito
d) Muito insatisfeito
e) Não sabe
f) Não respondeu
Comitê
9)Você acredita que, de modo geral, as administrações municipais, em especial a sua,
podem (tem capacidade de) influenciar no processo de tomada de decisão do subcomitê
e do comitê?
Subcomitê
Comitê
a) Acredito
b) Em alguns casos
c) Raramente
d) Nunca
e) Não sei
f) Não respondeu
10)Em caso afirmativo, a que você atribui a capacidade dos municípios de influenciar nas
tomadas de decisão nos subcomitês e nos comitês? Ou seja, o que facilita?
Subcomitê Comitê
a) Capacidade Técnica
b) Articulação com outros membros
c) Capacidade de liderança
d) Não sei
e) Não respondeu
11)
O quanto situações como as citadas abaixo influenciam no funcionamento dos
subcomitês?
Nem um
pouco
Um
pouco
Bastante
a) Diferenças quanto aos interesses regionais
b) Diferenças quanto aos interesses setoriais
c) Diferenças quanto ao acesso à informação
d) Diferenças quanto ao conhecimento técnico
e) Diferenças quanto a visões sobre a gestão da
bacia
f) Diferenças quanto a visões político partidárias
12)
O quanto situações como as citadas abaixo influenciam no funcionamento dos
comitês?
Nem um
pouco
a) Diferenças quanto aos interesses regionais
b) Diferenças quanto aos interesses setoriais
c) Diferenças quanto ao acesso à informação
d) Diferenças quanto ao conhecimento técnico
e) Diferenças quanto a visões sobre a gestão da
bacia
f) Diferenças quanto a visões político partidárias
Um
pouco
Bastante
13)
Como você avalia a participação do seu município (administração municipal) junto
ao subcomitê?
Sempre
Às
vezes
Nunca
Não
sabe
(NS)
Não
respondeu
(NR)
a) Participa de reuniões
b) Expressa opiniões nas reuniões
c) Apresenta propostas nas reuniões
d) Participa de grupos ou comissões de
trabalho
e) Participa de Câmaras técnicas
f) Modera conflitos entre membros
g) Promove parcerias
h) Participa de atividades externas do Comitê
i) Escreve documentos ou faz pareceres
técnicos
j) Representa o Comitê em outros fóruns
l) Levanta recursos financeiros e materiais
para as atividades do comitê
14)
Como você avalia a participação do seu município (administração municipal) junto
ao comitê?
Sempre
a) Participa de reuniões
b) Expressa opiniões nas reuniões
c) Apresenta propostas nas reuniões
d) Participa de grupos ou comissões de trabalho
e) Participa de Câmaras técnicas
f) Modera conflitos entre membros
g) Promove parcerias
h) Participa de atividades externas do Comitê
i) Escreve documentos ou faz pareceres técnicos
j) Representa o Comitê em outros fóruns
l) Levanta recursos financeiros e materiais para
as atividades do comitê
Às
vezes
Nunca
NS
NR
15)
O município já apresentou projetos para concorrer ao FEHIDRO, se sim em que
área(s)?
( ) Não
( ) Sim
a) Estação de Tratamento de Água
b) Estação de Tratamento de Esgoto
c) Drenagem
d) Tratamento e disposição de lixo
e) Coleta seletiva de lixo
f) Educação ambiental
g) Levantamento de dados/ Relatórios sobre o município
h) Outros - saúde
16)
O município já teve algum(s) projeto(s) financiado(s) pelo FEHIDRO, se sim em
que área(s)?
( ) Não
( ) Sim
a) Estação de Tratamento de Água
b) Estação de Tratamento de Esgoto
c) Drenagem
d) Tratamento e disposição de lixo
e) Coleta seletiva de lixo
f) Educação ambiental
g) Levantamento de dados/ Relatórios sobre o município
h) Outros
17)
Você sabe quais os critérios utilizados pelo Sub-comitê e/ou pelo Comitê para
selecionar os projetos que concorrerão aos recursos do FEHIDRO?
Subcomitê
a) Não existem critérios definidos
b) Critérios políticos
c) São divididos por áreas
d) Selecionados por critérios técnicos
e) Selecionados segundo prioridades definidas pelo SCBH
f) Mudam com freqüência
g) Não sabe
h) Não respondeu
Comitê
18)
Acredita que o fato do projeto apresentar caráter regional e/ou metropolitano seja
um aspecto importante para obtenção do FEHIDRO?
a) Sim
b) Talvez
c) Não
d) Não sabe
e) Não respondeu
19)
Com relação ao acompanhamento da utilização dos recursos do FEHIDRO, você
acredita que:
a) O acompanhamento é ótimo
b) O acompanhamento é bom
c) O acompanhamento é razoável
d) Não há nenhum acompanhamento
e) Não sei
f) Não responde
20)Como você avalia a aplicação dos recursos do FEHIDRO nas regiões metropolitanas
(cujos trabalhos são identificados como de cunho metropolitano)?
a) São mal-aplicados
b) São bem aplicados, mas são insuficientes.
c) São bem aplicados e são suficientes
d) Não sabe
e) Não respondeu
21)
Como você avalia a aplicação dos recursos do FEHIDRO na bacia?
a) São mal-aplicados
b) São bem aplicados, mas são insuficientes.
c) São bem aplicados e são suficientes
d) Não sabe
e) Não respondeu
22)
Qual a principal pauta discutida no:
Subcomitê
a) Funcionamento e organização do Comitê
b) Levantamento e avaliação dos problemas
relacionados às águas da Bacia
c) Levantamento e avaliação dos problemas
relacionados à região metropolitana
d) Soluções para os problemas das águas da bacia
e) A gestão de recursos hídricos em geral
f) Não sabe
g) Não respondeu
h) Outros
específicos
específicos
Comitê
23) A forma como as informações são transmitidas pelo Subcomitê e pelo Comitê é:
Subcomitê
Comitê
a) Muito boa
b) Boa
c) Satisfatória
d) Insatisfatória
e) Não sabe
f) Não respondeu
24) A qualidade das informações a respeito dos eventos, atividades e programas
realizados por outros municípios da Bacia são transmitidos pelo Subcomitê e pelo Comitê
de forma:
Subcomitê
Comitê
a) Muito boa, avisa de todos os eventos
b) Boa, avisa a respeito da maior parte dos eventos
c) Satisfatória, avisa de poucos eventos
d) Insatisfatória, não avisa de nenhum evento.
e) Não sabe
f) Não respondeu
25) A qualidade das informações a respeito dos eventos, atividades e programas
realizados pela sociedade civil (ONGs, associações etc.) são transmitidos pelo Subcomitê
e pelo Comitê de forma:
Subcomitê
Comitê
a) Muito boa, avisa de todos os eventos
b) Boa, avisa a respeito da maior parte dos eventos
c) Satisfatória, avisa de poucos eventos
d) Insatisfatória, não avisa de nenhum evento.
e) Não sabe
f) Não respondeu
26) A qualidade das informações a respeito dos eventos, atividades e programas
realizados pelo Governo do Estado são transmitidos pelo Subcomitê e pelo Comitê de
forma:
a) Muito boa, avisa de todos os eventos
b) Boa, avisa a respeito da maior parte dos eventos
c) Satisfatória, avisa de poucos eventos
d) Insatisfatória, não avisa de nenhum evento.
e) Não sabe
f) Não respondeu
Subcomitê
Comitê
x
x
27) A qualidade das informações a respeito dos eventos, atividades e programas
realizados pelo Governo Federal são transmitidos pelo Sub-Comitê e pelo Comitê de
forma:
Subcomitê
Comitê
a) Muito boa, avisa de todos os eventos
b) Boa, avisa a respeito da maior parte dos eventos
c) Satisfatória, avisa de poucos eventos
d) Insatisfatória, não avisa de nenhum evento.
e) Não sabe
f) Não respondeu
28) A forma como as informações a respeito das questões de âmbito metropolitano são
transmitidas Sub-Comitê e pelo Comitê é:
Subcomitê
Comitê
a) Muito boa
b) Boa
c) Satisfatória
d) Insatisfatória
e) Não sabe
f) Não respondeu
29)A forma como as informações a respeito das questões de âmbito metropolitano são
transmitidas Sub-Comitê e pelo Comitê faz com os municípios se sintam responsáveis
pela solução das questões metropolitanas?
Subcomitê
Comitê
a) Sempre
b) Às vezes
c) Raramente
d) Não
e) Não sabe
f) Não respondeu
30)Como você fica sabendo das reuniões e convocações do subcomitê e/ou do Comitê?
Subcomitê
a) Por telefone
b) Via correio
c) Correio eletrônico (e-mail)
d) Boca a boca
e) Jornal
f) Boletim impresso do subcomitê
g) Outro
h) Não sabe
i) Não respondeu
Comitê
31) O Subcomitê e/ou Comitê estimula o desenvolvimento de projetos e soluções
intermunicipais (consórcios)?
Subcomitê
Comitê
a) Sempre
b) Às vezes
c) Raramente
d) Não
e) Não sabe
f) Não respondeu
32) O Comitê estimula o desenvolvimento de projetos e soluções de âmbito
metropolitano?
Subcomitê
Comitê
a) Sempre
b) Às vezes
c) Raramente
d) Não
e) Não sabe
f) Não respondeu
33) Em caso de dúvidas e informações a respeito da gestão de recursos hídricos, você
recorria a:
Sim
a) Representantes Municipais
b) Representantes do Estado
c) Associação de usuários de água para consumo
d) Associação de usuários de água para atividade
industrial
e) Associação de usuários de água para atividade
agrícola
f) Associação de usuários de água para atividades
de turismo e lazer
g) Associação e/ou ONGs de defesa do Meio
Ambiente
h) Associações técnicas
i) Associações científicas
j) Organizações Sindicais
l) Não procura ninguém
m) Outros:
Não
Não Sei
(NS)
Não Respondeu
(NR)
34) Em geral de que forma as atividades do subcomitê são divulgadas a sociedade civil
(divulgação externa)?
a) Boletim impresso do subcomitê
b) Correio eletrônico
c) Site na internet
d) Rádio
e) Jornal
f) Outro
g) Não divulga
h) Não sei
i) Não respondeu
35) Quanto às atividades do Comitê, como são divulgadas para a sociedade civil
(divulgação externa)?
a) Boletim impresso do comitê
b) Em nota no boletim impresso do subcomitê
c) Nas reuniões do subcomitê
d) Correio eletrônico
e) Site na internet
f) Rádio
g) Jornal
l) Outro
m) Não divulga
n) Não sei
o) Não respondeu
36)
Ao deliberar sobre determinados assuntos, você acredita que os membros do
subcomitê e/ou do comitê
Subcomitê
a) Estão bem informados sobre o assunto e, portanto preparados
para opinar e votar
b) Estão bem informados sobre o assunto
c) Estão pouco informados sobre o assunto
d) Não estão informados sobre o assunto (desconhecem o
assunto)
e) Não sei
f) Não respondeu
Comitê
37)
Em sua opinião que temas abaixo se constituem em problemas da sub-bacia e,
conseqüentemente, são de responsabilidade do subcomitê e do comitê. Enumere os
temas conforme sua importância, ou grau de prioridade,.
Prioridade
NR
NS
a) Poluição do ar
b) Poluição da água
c) Saneamento (coleta e tratamento de esgoto)
d) Enchentes
e) Escassez de água
f) Coleta e disposição final de lixo
g) Lixo industrial
h)
Desmatamento
e
degradação
dos
mananciais
i) Uso de agrotóxicos
j) Qualidade da água encanada
l) Outros, quais?
NS= Não sei
NR= Não respondeu
38)
Dos temas abaixo quais se constituem em problemas da região metropolitana?
Enumere os temas conforme sua importância ou prioridade.
Prioridade NS
a) Poluição do ar
b) Poluição da água
c) Saneamento (coleta e tratamento de esgoto)
d) Enchentes
e) Escassez de água
f) Coleta e disposição final de lixo
g) Lixo industrial
h) Desmatamento e degradação dos mananciais
i) Uso de agrotóxicos
j) Qualidade da água encanada
m) Outros
1a crescimento desordenado
NR
39)
Os problemas assinalados acima em algum momento foram tratados pelos subcomitê e comitê como metropolitanos?
Sub-comitê
Comitê
a) Poluição do ar
b) Poluição da água
c) Saneamento (coleta e tratamento de esgoto)
d) Enchentes
e) Escassez de água
f) Coleta e disposição final de lixo
g) Lixo industrial
h) Desmatamento e degradação dos mananciais
i) Uso de agrotóxicos
j) Qualidade da água encanada
l) Outros
m) Não sei
n) Não respondeu
40)
Os problemas apontados acima geram debates e discordâncias?
a) Sempre
b) Às vezes
c) Raramente
d) Não
e) Não sabe
f) Não respondeu
41)
Em caso afirmativo, as discordâncias chegam a se constituir em conflitos?
a) Sempre
b) Às vezes
c) Raramente
d) Não
e) Não sabe
f) Não respondeu
42)
Quais os tipos de conflitos mais freqüentes no subcomitê/comitê a que o município
pertence?
Subcomitê Comitê
a) Abastecimento humano X uso industrial
b) Abastecimento humano X uso agrícola
c) Moradia irregular X área de preservação
d) Especulação Imobiliária x preservação ambiental
e) Projetos de desenvolvimento (Estado) x áreas de preservação
f) Outros
g) Não sei
h) Não respondeu
43)
Em geral esses conflitos ocorrem entre os seguintes seguimentos:
a) Município e Município
b) Sociedade Civil e Sociedade Civil (entre 2 organizações)
c) Estado e Municípios
d) Estado e Sociedade Civil
e) Municípios e Sociedade Civil
f) Não há conflito
g) Não sei
h) Não respondeu
44) Em geral como são resolvidos esses conflitos?
a) Através de votação após negociação entre as partes
b) Através de votação sem negociação entre as partes
c) Através de consenso ou acordo entre as partes
d) Não são resolvidos
e) Não há conflito
f) Não sei
g) Não respondeu
45)Com relação à forma como os conflitos são resolvidos, você está:
a) Muito Satisfeito
b) Satisfeito
c) Satisfação Média
d) Insatisfeito
e) Muito Insatisfeito
f) Não sei
g) Não respondeu
46)
Qual a principal dificuldade para o funcionamento do subcomitê/ Comitê?
Subcomitê
Comitê
a) Conflitos entre segmentos (administração municipal, poder
público Estadual, Sociedade civil e usuários de água)
b) Conflitos entre entidades específicas
c) Falta de apoio técnico
d) Falta de recursos financeiros
e) Falta de conhecimento sobre a área por parte dos membros
f) Falta de interesse e motivação por parte dos membros
g) Outros
47)
Você acha que nos últimos anos o nível de confiança entre os membros do
subcomitê/comitê:
Subcomitê
Comitê
a) Aumentou
b) Permaneceu o mesmo
c) Diminuiu
d) Não sei
e) Não respondeu
48)
A que você atribui esse comportamento?
Subcomitê
Comitê
a) Há muita interação entre os indivíduos
b) Há um sentimento de comprometimento entre os membros
c) Pouca interação entre os indivíduos
d) Não há sentimento de comprometimento entre os
membros
e) Não sei
f) Não respondeu
49)
Tendo em vista questões hídricas e outras de caráter ambiental metropolitano, o
quanto você confia nas ações das instituições abaixo:
Muito Médio Pouco NS
NR
a) No subcomitê que seu município faz parte
b) No Comitê Alto Tietê
c) Na Agência de Bacia do AT
d) Na secretaria de Recursos Hídricos
e) No Conselho Estadual de Recursos Hídricos
f) No Cofehidro
g) Na Cetesb
h) Na Emplasa
i) Na Secretaria de Meio Ambiente
50)
No caso de um problema ambiental cujas conseqüências atingem mais municípios
da Região Metropolitana, você procura qual instituição?
a) Os municípios atingidos
b) O Comitê Alto Tietê
c) A Agência de Bacia do AT
d) A secretaria de Recursos Hídricos
e) O Conselho Estadual de Recursos Hídricos
f) O Cofehidro
g) A Cetesb
h) A Emplasa
51)
O quanto você confia nas instâncias do seu subcomitê/Comitê listadas abaixo?
Muito Médio Pouco NS
NR
a) Câmara técnica /Grupo de trabalho
b) Orgãos do governo
c) Entidades empresariais
d) Organizações da sociedade civil
e) Consultoria contratada por usuários
f) Consultoria contratada pelo Comitê
g) Secretaria executiva
h) Prefeituras
52)
O quanto você confia no poder de resolução adequada dessas instituições quando
o problema ambiental atinge mais de um município da Região Metropolitana?
Muito
Médio
Pouco
NS
NR
a) EMPLASA
b) CETESB
c) Comitê de Bacia
53)
O seu município já organizou e/ou participou (ou participa) de algum projeto ou
programa com outro (s) município(s) que trouxe benefício a ambos?
a) Sim
b) Não
c) Não Sei
d) Não respondeu
54)
O seu município já organizou e/ou participou (ou participa) de algum projeto ou
programa de âmbito metropolitano com outro (s) município(s) que trouxe benefício a
ambos?
a) Sim
b) Não
c) Não Sei
d) Não respondeu
55)
Se um projeto de caráter ambiental-metropolitano
exclusivamente, aos recursos hídricos) apresentado em reunião do
beneficia diretamente alguns municípios, mas a maior parte dos
metropolitana você acredita que essa proposta é aprovada
municípios?
56)
Subcomitê Comitê
a) Sim
x
b) Talvez
c) Não
d) Não Sei
e) Não respondeu
(e não associado,
subcomitê/comitê não
municípios da região
também por esses
57)
Se um projeto de caráter ambiental metropolitano apresentado pelo Comitê
beneficia a maior parte dos municípios e a aprovação desse projeto depender de uma
ação conjunta entre Estado, Sociedade civil e prefeituras para ser aprovado, você acredita
que:
a) Devido à ausência de cooperação, o projeto não se viabiliza
b) Devido à forte cooperação entre os segmentos, o projeto se viabiliza
c) Não Sei
d) Não respondeu
58)
Já ocorreram casos em que na ausência de cooperação, o projeto não se
viabilizou? Você lembra qual (is) era(m) o(s) projeto(s)?
a) Sim
b) Não
c) Não Sei
d) Não respondeu
Projetos:
59)
Você acredita que os municípios que constituem a Região Metropolitana se sintam
responsáveis uns pela qualidade de vida dos outros, ou seja, consideram as questões
ambientais, como a qualidade das águas, responsabilidade de todas as administrações
municipais?
a) Sim
b) Talvez
c) Não
d) Não Sei
e) Não respondeu
60)
No subcomitê e no comitê, quais os principais aliados nas discussões e votações
nas decisões? Cite para o subcomitê e para o comitê 3 de cada segmento
ESTADO
SUBCOMITÊ
SOCIEDADE CIVIL
MUNICÍPIOS
1.
1.
1.
2.
2.
2.
3.
3.
3.
ESTADO
COMITÊ
SOCIEDADE CIVIL
MUNICÍPIOS
1.
1.
1.
2.
2.
2.
3.
3.
3.
60) Qual sua opinião a respeito de:
CT C
a) Os representantes dos municípios que constitui o
Comitê e ao mesmo tempo a RM são confiáveis.
b) Os representantes dos municípios que constitui o
Comitê e ao mesmo tempo a RM se preocupam apenas
com assuntos de seu interesse.
c) O comitê procura estimular a cooperação entre os
municípios
d) O comitê procura destacara a importância de ações
de âmbito regional, no caso na escala metropolitana.
CT - Concordo totalmente
C - Concordo
D - Discordo
DT - Discordo Totalmente
NS – Não sei
NR – Não respondeu
D
DT NS NR
Questões Abertas:
1) A participação no subcomitê/ comitê possibilitou ampliar o conhecimento a respeito
das questões ambientais ou se restringiu apenas as questões hídricas?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
2) Os conhecimentos adquiridos junto ao subcomitê/Comitê influenciaram na elaboração
do Plano Diretor do município?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
3) Os conhecimentos adquiridos junto ao subcomitê/Comitê influenciaram na elaboração
de leis ambientais municipais?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
4) Havia entre você (representante no subcomitê) e os demais departamentos ou
secretarias do município a troca de informações, tendo em vista a inserção das questões
ambientais no planejamento urbano?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
5) Há um sentimento de pertencimento do município como parte de uma região
metropolitana e um “comprometimento” com os problemas comuns?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
6)
O município tem projetos comuns com outros municípios – que apresentam
características diferenciadas (população, PIB, etc.)?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
7)
O município tem ou já teve algum conflito com outro município que compõe a
Região Metropolitana e o subcomitê/ Comitê?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
8)
Se sim, como o Comitê arbitrou nesse caso?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
9) Você acredita que as questões ambientais metropolitanas podem influenciar em
decisões importantes no seu município?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
10) As questões tratadas nas reuniões do subcomitê/Comitê influenciam nas políticas
públicas municipais?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
11) Seu município faz parte de algum Consórcio o para a equação de problemas
comuns?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
12) A formação de tal (is) consórcio(s) foi influenciada ou apoiada de alguma forma pelo
subcomitê/Comitê da bacia?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
13) Seu município interage com a maior parte dos municípios da Região metropolitana de
São Paulo?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
14) Você acredita que conseguiria apoio da maior parte dos municípios do Comitê de
bacia para aprovar uma proposta de um projeto ambiental de caráter metropolitano?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
15)
O Comitê salienta que a qualidade ambiental de toda a região metropolitana e,
conseqüentemente, de cada município que a constitui é resultado de uma ação conjunta?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
Você acha que o grau de confiabilidade entre os municípios da Região Metropolitana
aumentou com a participação dos mesmos nas reuniões do comitê/subcomitê?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
16)
Além de você, quem mais do município participava das reuniões do comitê?
(a sociedade civil?)
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
17)
Os problemas ambientais metropolitanos são destacados nas reuniões do
subcomitê/Comitê ou esses ressaltam apenas os problemas ambientais da bacia?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
18)
Além das reuniões do subcomitê/comitê o município que você representa
participava (ou participa) de alguma câmara técnica?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
19)
Qual o principal benefício de participar das reuniões e Câmaras técnicas do
Comitê?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
20) O município participa de grupos de discussão de questões metropolitanas? Quais?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
21) Ao apresentar as informações a respeito dos problemas e projetos da bacia, o
subcomitê/Comitê destacam que esses problemas são ao mesmo tempo questões
metropolitanas?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
22) Você acredita que a participação junto ao subcomitê e ao Comitê possibilita ampliar o
conhecimento a respeito das fragilidades e potencialidades da região metropolitana?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
23) Na sua opinião, que organização ou instituição é o principal responsável pela
ampliação dos
conhecimentos
(informações) relacionadas
a questão ambiental
metropolitana?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
24) Assim como floresta amazônica é considerada pela maior parte dos países do mundo
como a imagem ambiental do Brasil, o cerrado a imagem ambiental do Brasil central, o
pantanal a imagem ambiental do Mato Grosso, os pampas do Rio grande a do sul. No
caso da Região Metropolitana de São Paulo, o que você apontaria como a imagem
ambiental que represente essa região como um todo? Ou seja, um tema ambiental,
um conflito ambiental, um marco geográfico (rio, floresta, etc.)
Questionário Secretários Executivos dos Comitês de Bacia
Hidrográfica
1) Há quanto tempo você participa do Subcomitê/ Comitê de bacia?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
2) Há quanto tempo você é secretário?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
3) Já esteve na secretaria do comitê em outro momento?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
4) Você sabe quais foram os principais problemas ambientais diagnosticados na Bacia no
período de instituição do Comitê?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
5) Quem apontou esses problemas?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
6) Como foram tratados pelo Comitê?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
7) Nos últimos quatro anos, quais os principais problemas ambientais diagnosticados na
Bacia? Apontados por quem? Como estão sendo ou serão tratados pelo Comitê?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
8) Há alguma diferença entre os tipos de problemas ambientais apontados pelos
municípios e pelos demais membros?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
9) Existe alguma especificidade entre os problemas apontados pelos municípios que
constituem a RM.
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
10) Qual
o
segmento
que
(município/Estado/ONGs/outros)?
mais
participa
das
discussões
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
11) Quais as principais demandas para financiamento?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
12) Qual o segmento que solicita mais financiamento para projetos (municípios/ONGs/
Instituições)?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
13) Quais os segmentos que solicitam mais financiamento para projetos metropolitanos?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
14) Existem casos em que os municípios/instituições/ONGs se reúnem para solicitar
financiamento para uma demanda comum?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
15) Há preocupação por parte do Comitê em arbitrar em favor de soluções coletivas
(compartilhadas) para os problemas ambientais?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
16) Em geral qual o segmento que
(Comitê/Municípios/Agencia Financiadora)?
propõe
as
ações
compartilhadas
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
17) A maior parte dos projetos que buscam financiamento é de caráter individual ou
coletivo?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
18) Quais os segmentos são os principais proponentes dos projetos coletivos
(município/Estado/ONGs/instituições)?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
19) Como os problemas são tratados pelo comitê? Soluções individuais ou coletivas?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
20) As questões metropolitanas entraram na pauta de discussão do Comitê? Quando e
por quê?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
21) Quais são os municípios da RM que mais participam das discussões?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
22) São os mesmo que apresentam maior número de projetos? A maior parte desses
projetos demandam o que?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
23) E quais os tipos de demanda de abrangência metropolitana são as mais atendidas?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
24) Os municípios que mais participam e apresentam projetos são os que obtêm o maior
número de financiamentos?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
25) Quais os atores (município/Estado/ONGs/instituições) que mais demandam
financiamento para projetos e/ou ações específicas para a Região Metropolitana?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
26) As questões de âmbito metropolitano influenciam no funcionamento dos comitês?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
27) Você acredita que, mesmo indiretamente, a participação nas atividades comitê
possibilita ampliar o conhecimento a respeito das questões ambientais em geral ou se
restringi apenas as questões hídricas?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
28) Os problemas ambientais metropolitanos são destacados nas reuniões do Comitê ou
esses ressaltam apenas os problemas ambientais da bacia?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
29) Você acredita que a forma como as informações a respeito das questões de âmbito
metropolitano são transmitidas pelo Comitê faz com os municípios se sintam
responsáveis pela solução das questões metropolitanas?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
30) O Comitê tem algum GT ou CT para a discussão de questões metropolitanas?
Quais?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
31) Você acha que nos últimos anos o nível de confiança entre os membros do comitê
aumentou, diminuiu, permaneceu o mesmo? A que você atribui esse comportamento?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
32) Você acha que o grau de confiabilidade entre os municípios da RM aumentou com a
participação dos mesmos nas reuniões do comitê?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
33) O Comitê estimula o desenvolvimento de projetos e soluções em escala
metropolitana?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
34) Você acredita que as questões ambientais metropolitanas podem influenciar em
decisões importantes do Comitê?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
35) Você acredita que os municípios que constituem a Região Metropolitana se sintam
responsáveis uns pela qualidade de vida dos outros, ou seja, consideram as questões
ambientais, como a qualidade das águas, responsabilidade de todas as
administrações municipais?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
36) O Comitê salienta que a qualidade ambiental de toda a região metropolitana e,
conseqüentemente, de cada município que a constitui é resultado de uma ação
conjunta?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
37) Em sua opinião que temas abaixo se constituem em problemas da região
metropolitana e ao mesmo tempo são ou poderão vir a ser problemas da bacia e,
consequentemente, do comitê. Enumere os temas conforme sua importância, ou grau
de prioridade.
a) Poluição do ar
b) Poluição da água
c) Saneamento (coleta e tratamento de esgoto)
d) Enchentes
e) Escassez de água
f) Coleta e disposição final de lixo
g) Lixo industrial
h) Desmatamento e degradação dos mananciais
i) Uso de agrotóxicos
j) Qualidade da água encanada
l) Outros, quais?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
38) Os problemas assinalados acima em algum momento foram tratados pelo comitê
como metropolitanos?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
39) Ao apresentar as informações a respeito dos problemas e projetos da bacia, o Comitê
destaca que alguns deles são ao mesmo tempo questões metropolitanas?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
40) Você acredita que as atividades realizadas pelo Comitê (reuniões, Câmaras
Técnicas, etc.) possibilitam ampliar o conhecimento a respeito das fragilidades e
potencialidades da região metropolitana?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
41) Quais os tipos de conflitos mais freqüentes no comitê/subcomitê?
a) Abastecimento humano X uso industrial
b) Abastecimento humano X uso agrícola
c) Moradia irregular X área de preservação
d) Especulação Imobiliária x preservação ambiental
e) Projetos de desenvolvimento (Estado) x áreas de preservação
f) Outros
g) Não sei
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
Cenário definido pelos municípios não participantes
Este material se refere ao segundo questionário que buscou analisar a
hipótese de que os motivos pelos quais alguns municípios “não participam” das
reuniões/atividades do Comitê/subcomitê – no caso os municípios de Paulínia
(RMC/Comitê de Bacia do PCJ) e Embu das Artes (RMSP/Subcomitês do AT) estão associados ao desempenho da instituição. Para isso, foi aplicado junto aos
representantes desses municípios um questionário com questões abertas e
fechadas cujas respostas são apresentadas a seguir.
IDENTIFICAÇÃO DO DESEMPENHO INSTITUCIONAL
Para analisarmos a percepção dos representantes dos municípios que não
participam
das
reuniões/atividades
do
Comitê/subcomitê
a
respeito
do
Desempenho Institucional foram utilizados alguns dos aspectos relacionados ao
desenvolvimento da comunidade e das redes de relações sociais – utilizados na
análise do grupo de representantes anterior. Tal investigação é realizada a partir
do grau de satisfação dos representantes com as ações relacionadas à tomada de
decisão e comunicação entre a instituição e seus membros.
Tomada de Decisão
As questões a seguir buscam analisar a percepção do representante do
município a respeito de sua influência na tomada de decisões da Instituição.
1) Mesmo não tendo participado, você acredita que, de modo geral, as
administrações municipais que participam do subcomitê/comitê podem (tem
capacidade de) influenciar no processo de tomada de decisão nessas instâncias
(subcomitê e do comitê)?
O representante do município de Paulínia diz “não saber” se acredita no
fato de que seu município possa influenciar no processo de tomada de decisão,
em contraposição ao município de Embú das Artes (Subcomitê do AT), que afirma
acreditar nessa possibilidade.
2) Em caso afirmativo, a que você atribui a capacidade dos municípios de
influenciar na tomada de decisão nos subcomitês e nos comitês? Ou seja, o que
facilita?
Como apenas o representante do município de Embu das Artes respondeu
afirmativamente a questão anterior, há que se ressaltar que o mesmo atribuiu essa
capacidade - do município influenciar no processo de tomada de decisão no
subcomitê/comitê – ao fato do mesmo possui Capacidade Técnica e Articulação
com outros membros do comitê/subcomitê.
Comunicação: Satisfação com a Instituição
As informações obtidas nesse conjunto de questões procura investigar a
eficiência da circulação das informações disponibilizadas pela instituição aos
representantes de forma a contribuir com a efetiva participação dos mesmos nas
reuniões, assim como as disponibilizadas a sociedade civil em geral.
3) Mesmo não participando, o município recebe informações sobre as reuniões do
Subcomitê/Comitê?
Ambos os municípios revelaram receber informações a respeito das
atividades/reuniões do comitê/subcomitês, ou seja, são bem informados a respeito
das atividades do comitê/subcomitê.
4 )A forma como as informações a respeito das questões de âmbito metropolitano
são transmitidas Sub-Comitê e/ou Comitê faz com os municípios se sintam
responsáveis pela solução das questões metropolitanas?
Para o representante do município Embu das Artes, a forma como as
informações a respeito de questões de âmbito metropolitano são transmitidas pelo
subcomitê não possibilitam que os mesmos se sintam responsáveis pela solução
das questões de âmbito metropolitano. Em contrapartida, o representante do
Município de Paulínia (que nunca participou de nenhuma reunião ou atividade)
afirma que as informações sobre questões de âmbito metropolitano transmitidas
pelo comitê faz com que os municípios se sintam “sempre” responsáveis pela
solução dessas questões.
IDENTIFICAÇÃO DE PRESENÇA DE CAPITAL SOCIAL
Assim
como
na
avaliação
dos
municípios
que
participam
das
reuniões/atividades do Comitê/Subcomitê, a percepção da presença de capital
social pelos municípios que não participam é investigada a partir de aspectos
como a participação e a confiança, uma vez que esses criam condições para que
se estabeleça a cooperação entre municípios de um determinado grupo em prol
do bem comum.
Participação
Acreditamos
que
a
participação
do
representante
municipal
nas
reuniões/atividades do Comitê/subcomitê possibilita ampliar o conhecimento a
respeito das questões associadas à bacia e outras correlatas, além de estabelecer
e fortalecer relações de confiança e cooperação entre seus membros e, dessa
forma, ampliar a presença de capital social de conexão.
Nesse contexto procuramos investigar o que leva o município a não
participar e se esse fato tem algum impacto na relação desse com os demais
municípios da RM/Bacia, verificado a partir da participação desse município em
outras atividades em grupo (metropolitanas)
As questões que se seguem tiveram suas repostas agrupadas, por se
tratarem da investigação dos motivos que levaram os municípios a não
participarem das atividades/reuniões do Comitê/Subcomitê através de perguntas
relacionadas ao tempo e freqüência de participação nas reuniões e nas formas de
participação dos representantes.
5) Em algum momento, você participou de reunião ou atividade do subcomitê e/ou
do Comitê a que seu município pertence?
Você conhece o trabalho dos subcomitês/comitês?
Qual a principal razão da ausência de participação do município que você
representava nas reuniões do subcomitê e/ou Comitê a que seu município
pertence?
Ambos os municípios revelaram conhecer o trabalho realizado pelo
Comitê/Subcomitê, embora o representante do município de Paulínia nunca tenha
freqüentado uma reunião/atividade.
Os mesmos afirmaram que não acreditam na eficiência do mesmo em
equacionar problemas. O representante do município de Paulínia destacou que
não participa por acreditar que as discussões desenvolvidas pela instituição “não
resolvem nada”, enquanto que o representante de Embu das Artes revelou já ter
participado de reunião/atividade do Subcomitê/comitê, por isso afirma que:
“acredita
que
a
solução
de
problemas
por
meio
da
participação
no
subcomitê/comitê é muito “enrolada” e por isso demora mais que o necessário”.
6) O município participa de grupos de discussão de questões metropolitanas?
Quais?
A participação em outros grupos de discussão pode possibilitar a ampliação
do conhecimento a respeito de determinado assunto e a ampliação do círculo de
parceiros de forma a aumentar a possibilidade de cooperação entre os municípios.
O representante de Paulínia destacou que apenas recentemente (últimos 4
anos) o município tem participado de grupos de discussão sobre questões
metropolitanas implementados pela AGENCAMP.
Quanto ao município de Embu das Artes, o representante afirmou que o
município não participa de nenhum grupo de discussão/Câmara técnica que
aborde questões de âmbito metropolitano.
Confiança
Ao considerar que a presença de laços de confiança mútua reforçam os
mecanismos de cooperação entre os municípios que constituem determinada RM
e Bacia Hidrográfica, e que tal processo pode ser implementado/conduzido por
uma instituição/organização, no caso o Comitê/subcomitê, as questões contidas
abaixo buscam analisar se os representantes que não participam das
reuniões/atividades do Comitê/Subcomitê acreditam nessa relação. Ou seja,
acreditam que a instituição pode estimular a confiança e a cooperação e ampliar o
conhecimento a respeito das questões de relacionadas a questão ambiental
metropolitana.
Analisar a confiança que os representantes municipais depositam na
instituição e nos membros que a constituem em assuntos de caráter ambiental
metropolitano.
7) Qual sua opinião (Concordo totalmente/ Concordo/ Discordo/ Discordo
Totalmente/ Não sei/ Não respondeu) a respeito de: Os representantes dos
municípios que constitui o Comitê e ao mesmo tempo a RM são confiáveis.
Essa questão busca identificar se os representantes dos municípios que
constitui a RM e, concomitantemente, ao Comitê/Subcomitê podem ser
considerados confiáveis por seus pares, mesmo por aqueles eu não participam
das reuniões do Comitê/subcomitê.
Nesse caso, o representante do município de Embu das Artes (RMSP)
concorda com essa afirmativa, enquanto o representante do município de Paulínia
(RMC) destacou não saber se tal afirmativa pode ser considerada verdadeira.
8)Você acredita que os municípios que constituem a Região Metropolitana se
sintam responsáveis uns pela qualidade de vida dos outros, ou seja, consideram
as questões ambientais, como a qualidade das águas, responsabilidade de todas
as administrações municipais?
O principal aspecto investigado nessa questão é a confiança entre os
municípios que constituem concomitantemente as RMs e os Comitê/subcomitês
em situações relacionadas ao bem comum, tendo em vista a obtenção de
cooperação.
O representante do município de Paulínia destaca acreditar que tal situação
talvez possa acontecer, ou seja, não confia plenamente nessa ocorrência, em
contrapartida, o representante do município de Embú das Artes que acredita que
possa haver cooperação em casos como o citado.
Cooperação
Ao considerar que os municípios analisados nesse conjunto de questões
não participam das atividades/reuniões do Comitê/subcomitê, esse conjunto de
questões busca analisar a percepção dos mesmos a respeito da presença de
cooperação entre os municípios que constituem uma RM e, concomitantemente, o
Comitê/subcomitê.
9) O seu município já organizou e/ou participou (ou participa) de algum projeto ou
programa com outro (s) município(s) que trouxe benefício a ambos?
Essa questão busca investigar a disposição do município em cooperar com
os demais em assuntos de interesse comum. Nesse contexto o município de
Embú das Artes destacou ter participado/organizado algum projeto/programa com
outros municípios, em contrapartida ao município de Paulínia que salientou o fato
do município possuir “verba” para implementar as ações necessárias sem precisar
se associar a outro.
10) Seu município interage com a maior parte dos municípios da Região
metropolitana?
Diante do fato dos municípios de Embu das Artes e de Paulínia não
participarem das reuniões/atividades do Comitê/Subcomitê, inicialmente buscamos
aferir se os mesmos, em geral, interagem com a maior parte dos municípios que
constituem ao mesmo tempo a RM e o Comitê/Subcomitê.
Segundo o representante do município de Paulínia, o mesmo interage com
os demais municípios da RMC e do Comitê de Bacia do PCJ.
O mesmo não ocorre, com o município de Embu das Artes, pois de acordo
com seu representante, o município interage apenas com os municípios mais
próximos.
11) Qual
sua
opinião
(Concordo
totalmente/Concordo/Discordo/Discordo
Totalmente/Não sei/Não respondeu) a respeito de: “Os representantes dos
municípios que constitui o Comitê e ao mesmo tempo a RM se preocupam apenas
com assuntos de seu interesse.”
Essa questão busca aferir a percepção que os representantes dos
municípios que não participam têm a respeito do grupo de municípios que
constituem a RM e, concomitantemente, o Comitê/subcomitê. Ambos os
representantes dos municípios - Paulínia e Embu das Artes – acreditam que exista
certo grau de cooperação entre os municípios que constituem a RM e o Comitê a
que seu município pertence. Ou seja, discordam da afirmação de que os
representantes dos municípios que constitui o Comitê e ao mesmo tempo a RM se
preocupam apenas com assuntos de seu interesse.
Sentimento de Pertencimento
O sentimento de pertencimento é analisado como importante elemento que,
acreditamos, possibilita ao município se sentir parte de um todo (de uma RM e/ou
Bacia) de forma a ampliar a disposição desse em cooperar com os demais
municípios tendo em vista o bem comum.
12) Você acredita que há um sentimento de pertencimento do município como
parte de uma região metropolitana e um “comprometimento” com os problemas
comuns?
Embora os municípios de Embu das Artes e Paulínia não participem das
reuniões/atividades do Comitê/Subcomitê, ambos acreditam na existência de
sentimento de pertencimento entre os municípios que constituem uma mesma RM
e o mesmo Comitê/subcomitê.
13) Você acredita que a qualidade ambiental de toda a região metropolitana e,
conseqüentemente, de cada município que a constitui é resultado de uma ação
conjunta?
Ambos os municípios acreditam que a qualidade ambiental da região
metropolitana/bacia hidrográfica a que pertencem é resultado de uma ação
conjunta entre todos os membros da RM e do mesmo comitê/subcomitê.
PERCEPÇÃO
E
IDENTIFICAÇÃO
DE
PROBLEMAS
AMBIENTAIS:
CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE AMBIENTAL METROPOLITANA
As questões contidas nesse item procuram investigar a forma pela qual os
municípios que não participam das reuniões percebem e identificam os
temas/problemas ambientais metropolitanos. Os mesmo apontam ainda a
instituição responsável pela ampliação do conhecimento a respeito desses temas
e problemas, e o que pode, a partir de sua percepção, ser considerada a
identidade ambiental da RM em que estão inseridos.
14) Em sua opinião que temas abaixo se constituem em problemas da região
metropolitana? Enumere os temas conforme sua importância ou prioridade.
Essa questão busca investigar a percepção do representante do município
com as questões ambientais da região metropolitana a que pertence.
Quadro: Os cinco principais problemas elencados pelos municípios
1º
Paulínia (RMC)
2º
3º
4º
5º
6º
1º
Embu das Artes (RMSP)
2º
3º
4º
5º
6º
Poluição do ar
Poluição da água
Saneamento (coleta e
tratamento de
esgoto)
Enchentes
Escassez de água
Coleta e disposição
final de lixo
Lixo industrial
Desmatamento e
degradação dos
mananciais
Uso de agrotóxicos
Qualidade da água
encanada
Legenda: Grau de importância
1º lugar
2 º lugar
3 º lugar
4 º lugar
5 º lugar
6 º lugar
Quadro: Os três principais problemas elencados pelos municípios, segundo grau
de importância
PCJ
1º
2º
AT
3º
1º
2º
3º
Poluição da água
Saneamento (coleta e tratamento de esgoto)
Coleta e disposição final de lixo/desmatamento e degradação
dos mananciais
Escassez de água
Ao compararmos os 3 principais problemas elencados pelo representante
do município de Paulínia e os apresentados pelos representantes dos outros
municípios do Comitê PCJ, observamos que 2 deles se repetem em ambos os
contextos. O mesmo ocorre com o município de Embu das Artes, em que as 3
alternativas se repetem. Contudo, há que se ressaltar que o representante do
município de Embu apresentou mais de uma alternativa para cada posição, o que
aumenta a probabilidade de coincidência entre os 2 contextos (Embu e os
municípios da RMSP/Subcomitês do AT).
15) Na sua opinião, qual a organização ou instituição é a principal responsável
pela ampliação dos conhecimentos (informações) relacionadas as questões
ambientais metropolitanas
O representante de Paulínia apontou a Agencamp, como sendo essa
instituição, porém, ressaltou também que a sua ação é bastante recente, pois foi
criada em 2003.
Para o representante do município de Embu das Artes, a função de ampliar
o conhecimento a respeito das questões de âmbito metropolitano está nas mãos
do Estado, uma vez que esse apontou 2 instituições Estaduais, a CETESB e a
Secretaria do Meio Ambiente.
16) Você acredita que a participação junto ao subcomitê/Comitê possibilita ampliar
o conhecimento a respeito das fragilidades e potencialidades da região
metropolitana?
Essa questão busca analisar a percepção do representante do município a
respeito dos possíveis benefícios da participação do município junto a instituição,
considerando que essa pode ser responsável pela identificação e legitimação das
fragilidades e potencialidades os problemas ambientais metropolitanos. Nesse
sentido, ambos os representantes municipais – Paulínia e Embu das Artes –
afirmam acreditar na importância da participação junto co Comitê/subcomitê para
ampliar o conhecimento a respeito das regiões metropolitanas.
17) Assim como floresta amazônica é considerada pela maior parte dos países do
mundo como a imagem ambiental do Brasil, o cerrado a imagem ambiental do
Brasil central, o pantanal a imagem ambiental do Mato Grosso, os pampas do Rio
grande a do sul. No caso da Região Metropolitana de São Paulo, o que você
apontaria como a imagem ambiental que represente essa região como um todo?
Ou seja, um tema ambiental, um conflito ambiental, um marco geográfico (rio,
floresta, etc.)
Os
representantes
dos
municípios
que
não
participam
das
reuniões/atividades do Comitê/Subcomitê apontaram imagens semelhantes as já
destacadas
pelos
representantes
dos
municípios
que
participam
das
atividades/reuniões do Comitê/subcomitê. Para o representante do município de
Paulina, a imagem ambiental que representaria a RMC é a de Recuperação do rio
Piracicaba e seus contribuintes – que se insere no que agrupamos como
qualidade e quantidade dos recursos hídricos. O conflito entre o meio urbano e as
áreas de manancial é apontado como imagem ambiental metropolitana para o
representante do município de Embu das Artes.