v.3, n.4, 2023
REVISTA CIENTÍFICA ACERTTE
ISSN 2763-8928
DIFICULDADES NA IMPLEMENTAÇÃO DO CUSTEIO ABC NAS EMPRESAS
DIFFICULTIES IN IMPLEMENTING ABC COSTING IN COMPANIES
DIFICULTADES EN LA IMPLEMENTACIÓN DEL COSTEO ABC EN LAS EMPRESAS
Daniel Soares de Souza1, José Elenilson Cruz2, Josué Pires de Carvalho3, Antônio Ytalo de Souza Silva4
PUBLICADO: 04/2023
e34129
https://doi.org/10.47820/acertte.v3i4.129
RESUMO
Processos de implantação e manutenção do método de Custeio Baseado em Atividades (ABC) nas
empresas são permeados por dificuldades específicas do contexto/realidade de cada negócio, como
mostram estudos do campo. Com base em revisão sistemática de estudos publicados no período de
1998 a 2019 sobre o método do custeio ABC, este trabalho teve por objetivo identificar e sistematizar
os principais fatores dificultadores da implantação e manutenção do custeio ABC nas empresas. Os
resultados indicaram 32 fatores que podem ser agrupados em quatro categorias: 1) determinação dos
direcionadores de custo, 2) nível de controles internos, 3) resistência da média gerência, 4) custo de
implantação e manutenção, e 5) desestímulo da alta gerência. Essas categorias estão interligadas, de
forma que podem ser encadeadas numa estrutura de relações de causa e efeito. A partir desses
achados, futuros estudos podem investigar efeitos das dificuldades na implantação do custeio ABC
em outras variáveis organizacionais, como motivação e comportamento de colaboradores. Apoiados
na aplicação de questionários estruturados, novos estudos podem aplicar análise fatorial exploratória
e regressão linear múltipla para identificar possíveis relações das categorias aqui identificadas com o
sucesso/fracasso da implantação do Custeio ABC nas empresas.
PALAVRAS-CHAVE: Contabilidade de custo. Métodos de custeio. Revisão sistemática de literatura.
ABSTRACT
Processes of implementation and maintenance of the Activity-Based Costing (ABC) method in
companies are permeated by difficulties specific to the context/reality of each business, as shown by
field studies. Based on a systematic review of studies published in the period from 1998 to 2019 on
the ABC costing method, this study aimed to identify and systematize the main factors hindering the
implementation and maintenance of ABC costing in companies. The results indicated 32 factors that
can be grouped into four categories: 1) determination of cost drivers, 2) level of internal controls, 3)
resistance of middle management, 4) cost of implementation and maintenance, and 5)
discouragement of senior management. These categories are interconnected, so that they can be
chained together in a structure of cause-and-effect relationships. Based on these findings, future
studies may investigate the effects of difficulties in the implementation of ABC costing on other
organizational variables, such as employee motivation and behavior. Based on the application of
structured questionnaires, new studies can apply exploratory factor analysis and multiple linear
regression to identify possible relationships of the categories identified here with the success/failure of
the implementation of ABC Costing in companies.
KEYWORDS: Cost accounting. Costing methods. Systematic literature review.
RESUMEN
Los procesos de implementación y mantenimiento del método de Costeo Basado en Actividades
(ABC) en las empresas están permeados por dificultades específicas del contexto/realidad de cada
negocio, como muestran los estudios de campo. Basado en una revisión sistemática de estudios
publicados en el período de 1998 a 2019 sobre el método de costeo ABC, este estudio tuvo como
Mestre em Gestão Pública pela Universidade de Brasília – UnB.
Doutor em Administração pela Universidade de Brasília – UnB.
3 Doutor em Administração pela Universidade de São Paulo – USP.
4 Tecnólogo em Logística pelo Instituto Federal de Brasília – IFB.
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Daniel Soares de Souza, José Elenilson Cruz, Josué Pires de Carvalho, Antônio Ytalo de Souza Silva
objetivo identificar y sistematizar los principales factores que dificultan la implementación y el
mantenimiento del costeo ABC en las empresas. Los resultados indicaron 32 factores que pueden
agruparse en cuatro categorías: 1) determinación de los factores de costo, 2) nivel de controles
internos, 3) resistencia de la gerencia media, 4) costo de implementación y mantenimiento, y 5)
desaliento de la alta gerencia. Estas categorías están interconectadas, de modo que pueden
encadenarse en una estructura de relaciones de causa y efecto. Con base en estos hallazgos, los
estudios futuros pueden investigar los efectos de las dificultades en la implementación del costo ABC
en otras variables organizacionales, como la motivación y el comportamiento de los empleados. A
partir de la aplicación de cuestionarios estructurados, nuevos estudios pueden aplicar el análisis
factorial exploratorio y la regresión lineal múltiple para identificar posibles relaciones de las categorías
aquí identificadas con el éxito/fracaso de la implementación del ABC Costing en las empresas.
PALABRAS CLAVE: Contabilidad de costes. Métodos de cálculo de costes. Revisión sistemática de
la literatura.
INTRODUÇÃO
A contabilidade é a ciência responsável pelo estudo do patrimônio empresarial e instrumento
primordial que auxilia o gestor na tomada de decisões econômicas e financeiras. A contabilidade
auxilia na estruturação financeira da organização e na execução de outras atividades administrativas.
A contabilidade também participa diretamente do processo de tomada de decisão produzindo
relatórios internos para subsidiar o planejamento estratégico, a formulação de políticas globais e os
planos de longo prazo (PEREIRA FILHO; AMARAL, 1998). Neste papel, a contabilidade toma a forma
gerencial, apresentando práticas específicas à composição do conjunto de informações necessárias
à condução das empresas (SOUZA; LISBOA; ROCHA, 2003), como as técnicas de gestão de custos.
A gestão de custos é fundamental à avaliação de estoques, apuração de resultados,
precificação de produtos e definição de margens de lucro (PEREIRA FILHO; AMARAL, 1998). Com a
globalização da economia e o consequentemente acirramento da concorrência, a gestão de custos
se tornou estratégica para a competitividade empresarial, dada a sua relevância para a determinação
de custos (DIAS; PADOVEZE, 2007). No entanto, o tempo mostrou que os métodos de custeio
tradicionais, como o custeio por absorção e o custeio variável, não são precisos o suficiente para
otimizar o desempenho e nem garantir decisões gerenciais a longo prazo (BEUREN; ROEDEL,
2002).
O custeio baseado em atividade (Activity Based Costing) surgiu como alternativa a esses
métodos tradicionais, tendo por objetivos principais (1) gerar informação mais acurada dos custos
dos produtos e/ou serviços e (2) identificar os custos relativos às atividades e as razões de essas
atividades serem empreendidas (KHOURY; ANCELEVICZ, 2000). O custeio ABC possui vários
diferenciais em relação aos custeios tradicionais, vez que busca reduzir sensivelmente as distorções
provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos (MARTINS, 2010), interliga as atividades com a
geração de custos e mensura a relação de causa e efeito do consumo de recursos com as atividades
da empresa (MACHADO et al., 2018). Também se difere dos custeios tradicionais por apresentar
informações relevantes para a tomada de decisão, não somente de caráter financeiro, mas também
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gerenciais e precisas o suficiente para eliminar desperdícios no processo produtivo, como atividades
que não agregam valor aos produtos e serviços (VASCONCELLOS; MARINS; JUNIOR, 2008).
Apesar de o custeio ABC ser adotado por empresas dos mais variados setores, desde
pequenas e grandes indústrias com variados mix de produtos, prestadores de serviços, instituições
de ensino, fundações, clínicas e hospitais (VASCONCELLOS; MARINS; MUNIZ JUNIOR, 2008), sua
implantação exige estudo cauteloso e criterioso da organização (cultura, atividades, processos,
sistemas, pessoas etc.) para delineamento das possíveis etapas de implementação (BEUREN;
ROEDEL, 2002). A complexidade de implantação e de operacionalização do custeio ABC são vistas
por muitas empresas como fatores de rejeição (BEUREN; ROEDEL, 2002).
Estudos sobre o custeio ABC mostram que os processos de implantação e manutenção
desse sistema são permeados por dificuldades específicas a cada contexto/realidade. Considerando
que as dificuldades estão dispersas na literatura e tomando-se por base estudos publicados nos
últimos vinte anos, quais são os principais fatores dificultadores à implantação e manutenção do
custeio ABC nas empresas brasileiras? Este trabalho tem por objetivo identificar e sistematizar os
fatores dificultadores da implantação e manutenção do custeio ABC nas empresas.
A sistematização das dificuldades pode contribuir com futuros estudos sobre o tema e com a
gestão das empresas no que concerne à decisão de adotar o custeio ABC. Para atingir o objetivo,
realizou-se revisão sistemática de literatura de artigos científicos publicados no período de 1998 a
2019 e disponíveis nas bases Spell, Scielo e Google Acadêmico. Foram identificados 32 fatores
dificultadores que podem ser agrupados em cinco categorias: 1) determinação de direcionadores de
custo, 2) alto nível de controles internos, 3) resistência da média gerência, 4) custo de implantação e
manutenção e 5) desestímulo da alta gerência. Essas categorias estão interligadas e encadeadas
numa estrutura de relações de causa e efeito.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Sistemas de custeio
Num contexto de produção em escala, portfólios de produtos variados, logística estruturada e
arranjos produtivos complexos, os sistemas de custeio contribuem para determinar o preço de
produtos e serviços, reduzir custos, eliminar desperdícios e atividades sem valor agregado e melhorar
processos operacionais (ABBAS; GONÇALVES; LEONCINE, 2012) com vistas a maximizar a
eficiência e eficácia do sistema de produção e aumentar, eventualmente, o lucro da empresa
(MEDEIROS; SANTANA; GUIMARÃES, 2017).
Sistemas de custeio podem ser visualizados a partir de uma visão holística utilizando um
conceito da gestão da produção, que envolve entradas, transformação e saídas, como mostra o
Quadro 1.
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Daniel Soares de Souza, José Elenilson Cruz, Josué Pires de Carvalho, Antônio Ytalo de Souza Silva
Quadro 1: Modelo conceitual de funcionamento de um sistema de custeio
Entradas
Processo de Transformação
- Dados e informações de
produção, quantidades, lotes etc.
- Dados de materiais diretos,
indiretos e estoques;
- Dados e informações de mão de
obra direta e indireta;
- Dados de custos diretos, indiretos
e despesas;
- Dados e informações de compras,
material direto e indireto.
- Sistema de custeio utilizado;
- Alocação dos custos diretos e
indiretos;
- Atribuição do custo de MOD nos
produtos;
- Rateios e cálculos baseados em
lotes, atividades etc.
Saídas
- Informações gerenciais;
- Consumo de recursos;
- Custo da MOD por hora;
- Custo dos produtos;
- Informações sobre
rentabilidade de produtos;
- Atividades que agregam
valor ou não;
- Deduções de fisco.
Fonte: os autores
Sistemas de custeio necessitam de entradas, tais como: dados financeiros, unidades
metricamente mensuradas da produção e atividades referentes de cada departamento. A partir das
entradas, os dados coletados são agrupados e analisados para a efetuação de rateios e atribuições
de custos às atividades. Finalmente gera-se relatórios desses processos. Antes, porém, é preciso
definir o método de custeio a priori (DIAS; PADOVEZE, 2007).
Sistemas de custeio tradicionais
Como modalidades de custeios tradicionais tem-se o custeio por absorção e o custeio
variável. O primeiro é intensamente utilizado por indústrias, especialmente para a avaliação de
estoques, e configura-se na alocação dos custos indiretos de fabricação aos produtos por meio de
rateios parametrizados, mas arbitrários. Isso leva a distorções e a falta de precisão nas informações
geradas, uma vez que o rateio é feito com base em direcionadores de custos que possuem pouca ou
nenhuma relação causal com os produtos ou serviços (SOUZA et al., 2008). As consequências são o
desconhecimento do usuário da informação quanto ao que a informação representa e a sua
incapacidade de relacionar a informação obtida com as atividades e tarefas que executa (DURAN;
RADAELLI, 2000).
A falta de protocolo congruente entre rateios e elementos de custeio gera imprecisões e
distorções nos valores obtidos, diminuindo a qualidade da informação gerada. Por consequência,
tem-se decisões equivocadas de preços, de mix de produtos e de promoções que mascaram a
lucratividade da empresa e a leva a promover produtos com margens negativas, a negligenciar
produtos com margens positivas e a perder clientes potencialmente lucrativos (DURAN; RADAELLI,
2000). No entanto, as empresas continuam a usar o custeio por absorção devido às exigências da
legislação e das regulamentações do Fisco.
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Daniel Soares de Souza, José Elenilson Cruz, Josué Pires de Carvalho, Antônio Ytalo de Souza Silva
O custeio variável baseia-se na separação entre custos fixos e variáveis. Apenas os custos
variáveis incorridos no período são alocados aos produtos. Já os custos fixos, tratados como
despesas que não variam com o volume de produção, são lançados contra o resultado na
demonstração de resultado do exercício (MARTINS, 2010). O uso do custeio variável permite
operacionalizar a margem de contribuição (parte do preço de venda destinada à cobertura do custo e
despesas variáveis) e empreender análises de custo/volume/lucro que auxiliam na avaliação de
resultados (considerando as metas estabelecidas) e na identificação do ponto de equilíbrio (nível de
atividade que igualam receita total e custo total, tornando o resultado operacional igual a zero)
(GARCIA, 2019).
Apesar de aspectos positivos, o custeio variável é criticado dos pontos de vista legal e
gerencial. Sob o primeiro, as críticas voltam-se para as restrições de ordem tributárias, já que os
resultados apurados pelo custeio variável não são reconhecidos pela Receita Federal para fins de
cálculo do lucro real (lucro tributável) e, portanto, não coincidem com aqueles de natureza contábil
apresentados aos acionistas ou publicados pela empresa (GARCIA, 2019). Do ponto de vista legal,
as críticas centram-se nas decisões gerenciais tomadas com base na margem de contribuição, uma
vez que na prática a separação de custos fixos e variáveis não é tão clara como parece (existem
custos semivariáveis e semifixos). Então, definições de preço de venda com base na margem de
contribuição podem ignorar gastos imprescindíveis à manutenção das atividades de longo prazo e
comprometer a sobrevivência da empresa (GARCIA, 2019).
Primeira geração do custeio baseado em atividades
O custeio ABC surgiu em meados da década de 1980 em razão da obsolescência dos
métodos de custeio tradicionais e também da necessidade de se obter informações mais acuradas
referentes ao custeamento dos produtos (SINISGALLI; URBINA; ALVES, 2009). A primeira geração
dessa metodologia foi desenvolvida por Robert Kaplan e Robin Cooper, professores da Harvard
Business School (SEMEDO, 2012).
Esse método permitiu agregar mais informações no âmbito da gestão de custos, dando nova
perspectiva relacionada ao consumo de recursos e sua relação com as atividades. Partindo da ideia
de dividir as atividades funcionais de acordo com os departamentos da organização, o custeio ABC
atribuiu custos às atividades e obteve uma estrutura lógica a ser seguida para a alocação de custos.
O método foi bem recebido por gestores, já que crescia a participação dos custos indiretos (overhead
costs) no custo total das empresas (GALAMBA; PAMPLONA, 2008).
O custeio ABC parte do princípio de que as atividades consomem recursos, logo os custos
devem ser distribuídos e alocados entre elas. Criam-se, então, os direcionadores de custos, que
atuam como indicadores que devem estar associados diretamente às atividades. Assim, os custos
são alocados e atribuídos às atividades através de direcionadores, possibilitando que a organização
visualize quantitativamente os recursos que cada atividade está consumindo, conforme palavras de
Vasconcellos, Martins e Muniz Júnior (2008):
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“[...] O método ABC tem como base conceitual o entendimento de que as
atividades consomem recursos, e os produtos por sua vez, demandam atividades. O
custeio baseado em atividades parte do princípio de que as atividades geram os
custos e que através do controle das atividades a empresa conseguirá gerenciar os
custos de produção. A partir do momento que se identificam as atividades e os seus
direcionadores de custos, torna-se possível entender o comportamento dos custos,
e quais acrescentam ou não valor ao produto[...]” (VASCONCELLOS; MARINS;
MUNIZ JUNIOR, 2008, p. 327).
Pela perspectiva de concentrar o consumo dos recursos nas atividades, os custos indiretos e
diretos são absorvidos ou consumidos pelas atividades. Essa atribuição é feita conforme são
escolhidas as atividades e os direcionadores de custos, e estes, por sua vez, devem estar
fundamentados nas atividades que são desenvolvidas no processo de produção de bens e serviços
(VASCONCELLOS; MARINS; MUNIZ JUNIOR (2008).
Segunda geração do custeio baseado em atividades
A segunda geração do custeio ABC aborda as atividades para além da visão financeira, sob a
perspectiva gerencial, voltada para a qualidade dos processos e suas melhorias. Essa geração
proveu informações para o melhoramento contínuo, como também para a evolução do desempenho.
As informações sobre os custos dos produtos também são geradas, mas a ênfase não recai sobre
elas (GONÇALVES; SILVA, 2007).
A implantação do custeio ABC passou a ser realizada a partir da visão horizontal de
aperfeiçoamento de processos – a que reconhece o processo como uma sequência de atividades
encadeadas e exercidas em vários departamentos da empresa (MARTINS, 2010). Nessa visão, há a
necessidade de se mapear as atividades ligadas diretamente ao produto, as quais resultam em fluxos
de processos desempenhados também nos demais departamentos, mas que integram toda a cadeia
produtiva (MARTINS, 2010).
Assim, torna-se possível distinguir e reformular as atividades relevantes para a organização
visando possível padronização ou até mesmo extinguir atividades que não contribuem para o bom
desempenho da empresa (STEFANO, 2011). A premissa é a de que a organização é um grupo de
processos compostos por atividades inter-relacionadas, viabilizadas pela análise de valor, e
confrontadas pelas necessidades e expectativas do cliente (BRUNSTEIN; ALMEIDA, 1999).
Tem-se, assim, o espectro qualitativo do processo de implantação do custeio ABC que deixa
de transparecer o aspecto financeiro e passa a externalizar finalidades gerenciais. Há ainda a
possibilidade de utilização de sistemas de custeamento híbridos por meio de uma combinação de
métodos para proporcionar maior informação e complementar a tomada de decisão, utilizando
também outras fontes de informação para o auxílio gerencial (BANDEIRA et al., 2017). O Quadro 2
mostra algumas diferenças entre a primeira e a segunda geração do custeio ABC.
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Quadro 2 - Diferenças entre a primeira e segunda geração do custeio ABC
Primeira Geração
Segunda Geração
- Atribuição de custos indiretos e diretos às
atividades;
- Consumo de recursos pelas atividades;
- Utilização de Cost-drivers para direcionar custos
às atividades.
- Visão gerencial voltada à qualidade dos
processos e suas melhorias;
- Possibilidade de identificar e eliminar atividades
que não agregam valor;
- Mapeamento de atividades que são executadas
sequencialmente em outros departamentos.
Fonte: os autores
Implementação do custeio ABC nas organizações
O custeio ABC é recomendado para uso em organizações com diversas linhas de produtos,
alta parcela de custos indiretos e elevado grau tecnológico (DIEHL; SOUZA, 2008), além das
empresas de serviço (PASSOS; SILVA, 2015), e sua implantação tem ocorrido em organizações
grandes e pequenas de diversos segmentos. No entanto, dado ao volume de informações
nitidamente maior comparado com os sistemas de custeio tradicionais, para a implantação do custeio
ABC, a organização deve dispor de sistema informatizado para reunir e armazenar as informações
(BARSANTI; SOUZA, 2018).
Empresas do ramo de serviço têm se destacado na implantação do custeio ABC.
Organizações hospitalares, por exemplo, que têm atividade altamente padronizada, são apropriadas
ao uso e teste adequados da metodologia ABC (BARSANTI; SOUZA, 2018). O custeio ABC também
tem grande aderência nas empresas logísticas, cuja maior parte dos custos é constituída por custos
indiretos relacionados às atividades de movimentação interna, manutenção de equipamentos,
depreciação e mão-de-obra indireta (GALAMBA; PAMPLONA, 2008). Sendo os custos logísticos
basicamente formados por custos de serviços, o ABC é o método de custeio mais apropriado para
mapeá-los e determina-los especificamente (GIENTORSKI, 2002).
O custeio ABC também tem sido implantado com relativo sucesso em centros de ensino e em
universidades, dadas as características das atividades desenvolvidas nessas instituições (RAMOS,
2013). A natureza dos serviços públicos também concorre para facilitar a implementação do ABC no
setor público. E nesse caso, o sistema ABC tem a finalidade de aumentar o desempenho e a
eficiência dos processos executados pelos órgãos (RAUPP, 2011), vez que a apuração dos gastos
públicos e sua prestação de contas são importantes instrumentos de controle social e permitem aos
diferentes usuários a avaliação da eficiência dos serviços prestados (RAUPP, 2011).
Dificuldades e desafios de implantação do custeio ABC
Nas empresas privadas a implantação do custeio ABC exige um conjunto de esforços de
distintas naturezas para que a operação tenha sucesso. Num primeiro momento, a implantação
requer atenção especial da organização devido ao nível elevado de organização e de controles
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internos, que exigem revisões constantes (PASSOS; SILVA, 2015). Há também a necessidade de
mapeamento das atividades relevantes que impactam o bem produzido, como as produtivas, que
precisam ser identificadas a priori visando o rastreamento do consumo de gastos diretos e indiretos
para a sua execução (SINISGALLI; URBINA; ALVES, 2009).
A subjetividade na definição das variáveis de controle que se relacionam diretamente aos
custos é outro aspecto que merece atenção (BEUREN; ROEDEL 2002), pois os custos só podem ser
vinculados às atividades por intermédio dessas variáveis, que são chamados de direcionadores de
custos (SINISGALLI; URBINA; ALVES, 2009). Cabe ainda à empresa analisar as dificuldades de
mensuração ou de determinação exata de alguns custos, que podem elevar o custo de implantação
do custeio ABC e inviabilizar sua relação custo x benefício (COGAN, 1999). É possível ainda que o
sistema ABC seja visto como de complexa operacionalização e de difícil manutenção (KHOURY;
ANCELEVICZ, 1999; BEUREN; ROEDEL 2002). A implantação do ABC também requer da empresa
capacidade de motivar a equipe funcional e a alta gerência e de lidar com a incerteza de o sistema
não corresponder às expectativas (SINISGALLI; URBINA; ALVES, 2009).
As organizações públicas enfrentam parte dos problemas relatados anteriormente e outros
com características peculiares, uma vez que os sistemas de custeio no setor público têm fins de
controle e obtenção de maior eficiência na execução das atividades. O interesse dos servidores do
órgão e do departamento financeiro, a necessidade de servidores capacitados tecnicamente no
assunto e o maior tempo de implantação são fatores dificultadores da implantação do custeio ABC
em órgãos públicos (RAUPP, 2011). Além disso, o elevado volume de informações requerido pelo
custeio ABC exige o uso de um sistema de informação integrado e capaz de compilar todas as
informações pertinentes, visando a geração de relatórios gerenciais relevantes à tomada de decisões
no setor público (SILVA; COSTA, 2010).
MÉTODO
Classificação da Pesquisa e Protocolo de Coleta de Dados
O presente estudo, quanto ao objetivo, é descritivo (GIL, 2002) porque procura identificar e
sistematizar os fatores dificultares da implantação e manutenção do custeio ABC nas empresas
Quanto ao procedimento trata-se de estudo bibliográfico (GIL, 2002), uma vez que foi realizado a
partir de revisão sistemática de literatura visando externar o estado da arte sobre o tema (BOTELHO;
CUNHA; MACEDO, 2011), combinando estudos de diferentes bases de dados e sistematizando os
resultados encontrados. O objetivo dessa técnica é reunir, avaliar criticamente e conduzir uma
síntese dos resultados de múltiplos estudos primários (CORDEIRO et al., 2007). Para desenvolvê-la
é necessária clareza no estabelecimento do problema de pesquisa e seguir meticulosamente as
etapas pré-definidas no protocolo de realização (BOTELHO; CUNHA; MACEDO, 2011).
Aplicou-se o protocolo de Cronin, Ryan e Coughlan (2008), composto das seguintes etapas:
formulação da questão de pesquisa, estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão, seleção e
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acesso à literatura, avaliação da qualidade da literatura, análise, síntese e disseminação do
resultado. As etapas são mostradas na Figura 1:
Figura 1: Etapas da revisão sistemática de literatura empregadas neste estudo
Fonte: Adaptada de Cronin, Ryan e Coughlan (2008)
Critérios de Seleção da Literatura
Definição de critérios de inclusão e exclusão: as orientações de inclusão e exclusão nas
bases de dados pesquisadas são: título e subtítulo, palavras-chave, resumo, introdução,
considerações finais, intervalos de pesquisa e operadores booleanos. A pesquisa foi realizada
utilizando a ferramenta “busca avançada” nas bases Spell, Scielo e Google Acadêmico, que são
plataformas de acesso gratuito. Utilizou-se o operador booleano and (inclusão) e priorizou-se artigos
científicos publicados no período de 1998 a 2019 que contivessem as palavras chaves “custeio ABC”,
“ABC”, “Activity Based Costing” e “Custeio ABC” relacionados às áreas de estudo contabilidade,
administração e engenharia de produção. Esses critérios buscaram evidenciar pesquisas ligadas
somente ao sistema de custeio ABC, excluindo qualquer outro assunto que não esteja correlacionado
a esse tema.
Seleção e acesso à literatura: as buscas nas três bases retornaram 78 artigos, sendo 19 na
Spell, 23 na Scielo e 36 no Google Acadêmico. Para melhor organização das informações, elaborouse planilha para agrupar os dados relativos à metodologia utilizada.
Avaliação da qualidade da literatura: todos os artigos retornados na fase anterior passaram
por dois filtros de análise para exclusão daqueles que não se adequavam ao propósito do trabalho.
Dos 78 artigos retornados, 19 foram excluídos no primeiro filtro e 24 no segundo. Restaram 35
estudos (14 da Spell, 16 da Sciello e 5 do Google Acadêmico) para leitura completa do texto.
Análise e síntese dos resultados: Após leitura completa dos 35 estudos selecionados,
constatou-se que 13 estudos (7 da Spell, 5 da Sciello e 1 do Google Acadêmico) contribuíam
efetivamente para o alcance do objetivo proposto, o quais estão descritos no Quadro 3.
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Quadro 3: Estudos que contribuíram para a resposta ao problema de pesquisa
Base
Scielo
Scielo
Scielo
Título
Gerenciamento de custos em pequenas
empresas prestadoras de serviço utilizando o
Activity Based Costing (ABC)
A importância do custeio baseado em
atividade e suas disparidades com os métodos
tradicionais
Práticas de contabilidade gerencial adotadas
por subsidiárias brasileiras de empresas
multinacionais
Scielo
O uso do custeio baseado em atividades nas
maiores empresas de santa Catarina
Scielo
A utilização do sistema de custos ABC no
Brasil
Spell
Custeio baseado em atividades: o que revelam
os estudos brasileiros?
Spell
Spell
Spell
Spell
Spell
Spell
Google
Acadêmico
Autores e Ano
Abordagem
Metodológica
Stefano (2011)
Estudo de campo
Passos e Silva
(2015)
Revisão de
literatura
Souza, Lisboa e
Rocha (2003)
Estudo de campo
Beuren e Roedel
(2002)
Estudo de campo
Khoury e
Ancelevicz
(1999)
Estudo de campo
Machado et al.
(2018)
Revisão de
literatura
Gestão de custos no legislativo municipal
como instrumento de prestação de contas: um
Raupp (2011)
comparativo entre o custeio por absorção e o
custeio baseado em atividades
Publicações sobre o custeio baseado em
Diehl e Souza,
atividades (ABC) em congressos brasileiros de
(2008)
custos no período de 1997 a 2006
Proposta de aplicação do custeio baseado em
Silva e Costa
atividade (ABC) em uma instituição de ensino
(2010)
superior
Custeio baseado em atividades (ABC) e
custeio baseado em atividade e tempo
Abbas et al.
(TDABC) em organizações hospitalares: uma
(2017)
análise descritiva da literatura nacional e
internacional
A qualidade da informação de custo
Gonçalves e
considerando-se diferentes necessidades e
Silva (2007)
diferentes métodos de custeio
Uma análise da implantação do custeio
Souza et al.
baseado em atividades em uma empresa de
(2008)
produção por encomenda
Implantação do sistema de custeio ABC no
Galamba;
setor de logística de entrada de uma indústria Pamplona (2008)
Fonte: os autores.
Estudo de caso
Revisão de
literatura
Estudo de caso
Revisão de
literatura
Revisão de
literatura
Estudo de caso
Estudo de caso
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DIFICULDADES NA IMPLEMENTAÇÃO DO CUSTEIO ABC NAS EMPRESAS
Daniel Soares de Souza, José Elenilson Cruz, Josué Pires de Carvalho, Antônio Ytalo de Souza Silva
ANÁLISE DOS RESULTADOS
Dificuldades na Implantação do Custeio ABC
Os problemas reais ou dificuldades de implantação do custeio ABC nas empresas são
destacados no Quadro 4.
Quadro 4: Fatores dificultadores da implantação do Custeio ABC nas organizações
N°
Descrição do problema/dificuldade
Obra
Passos e
Silva (2015)
1
Detalhamento inadequado de processos e atividades
2
Identificação inadequada dos direcionadores de custos
3
Falta de medidas objetivas para mensurar os benefícios do sistema
4
Baixa relação custo-benefício
5
Elevado volume de informações
6
Inadequação de aplicação em nível macro de análise
7
Melhoria de sistemas atuais proporciona os mesmos benefícios do custeio
ABC
8
Discordância de gerentes gerais em investir em novo sistema
9
Dificuldade em persuadir os gerentes de departamentos
10
Alto custo de manutenção
11
Dificuldade na alocação de custos e despesas de atividades aos produtos
12
Complexidade em dividir os custos de produção por unidades de negócios
13
Dificuldade de implementação e operacionalização do sistema
14
Custo de implantação elevado
15
Subjetividade acerca da alocação dos custos indiretos
16
Dificuldade de determinar os Cost drivers
17
Impossibilidade de direcionamento de custos de atividades de forma direta
pelo ABC
18
Razoável grau de subjetividade dos resultados
19
Método dispendioso e de difícil implementação
20
Método que exige mais tempo de implantação
Raupp (2011)
Necessidade de sistema de informação que integre todas os departamentos
da empresa
Dificuldade de identificação de recursos às atividades e a utilização deles em
diferentes períodos de tempo
Silva e Costa
(2010)
Gonçalves e
Silva (2007)
Abbas,
Gonçalves e
Leoncines
21
22
23
Processo de entrevista e coleta de dados demorado e caro
24
Uso de dados subjetivos e difícil mensuração
Souza, Lisboa
e Rocha
(2003)
Stefano
(2011)
Diehl e Souza
(2008)
Beuren e
Roedel (2002)
Khoury e
Ancelevicz
(2002)
Machado et
al. (2018)
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Daniel Soares de Souza, José Elenilson Cruz, Josué Pires de Carvalho, Antônio Ytalo de Souza Silva
25
Armazenamento, processamento e apresentação de dados dispendiosos
26
Foco em processos específicos e falta visão de oportunidades de lucro para
toda a empresa
27
Baixa flexibilidade em termos de adaptação às mudanças
28
Desconsideração de possibilidades de capacidade ociosa levando a erros
teóricos
29
Alocações de custo arbitrárias e subjetivas
30
Desconsideração de gargalos e restrições de restrições de recursos
31
Pressuposição de relação linear entre o nível de atividade e o consumo de
recursos
32
Recursos de tempo, mão de obra e investimentos insuficientes
(2012)
Souza et al.
(2008)
Galamba e
Pamplona
(2008)
Fonte: os autores
Como visto, são diversos os fatores dificultadores à implementação e operacionalização do
Custeio ABC. Considerando as características semelhantes, esses fatores podem ser agrupados em
cinco categoriais:
a) Determinação dos Direcionadores de Custos
•
Identificação inadequada dos direcionadores de custos;
•
Subjetividade acerca da alocação dos custos indiretos;
•
Dificuldade na alocação de custos e despesas de atividades aos produtos;
•
Impossibilidade de direcionamento de custos de atividades de forma direta pelo ABC;
•
Dificuldade de determinar os Cost drivers;
•
Dificuldade de identificação de recursos às atividades e a utilização deles em diferentes
períodos;
•
Uso de dados subjetivos e difícil mensuração;
•
Alocações de custo arbitrárias e subjetivas.
b) Alto nível de Controles Internos
•
Detalhamento inadequado de processos e atividades;
•
Elevado volume de informações;
•
Necessidade de sistema de informação que integre todas os departamentos da empresa;
•
Complexidade em dividir os custos de produção por unidades de negócios;
•
Desconsideração de gargalos e restrições de restrições de recursos.
c) Resistência da Média Gerência
•
Inadequação de aplicação em nível macro de análise;
•
Melhoria de sistemas atuais proporciona os mesmos benefícios do custeio ABC;
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•
Foco em processos específicos e falta visão de oportunidades de lucro para toda a empresa;
•
Pressuposição de relação linear entre o nível de atividade e o consumo de recursos;
•
Baixa flexibilidade em termos de adaptação às mudanças;
•
Dificuldade de implementação e operacionalização do sistema.
d) Custo de implantação de manutenção
•
Baixa relação custo-benefício;
•
Alto custo de manutenção;
•
Custo de implantação elevado;
•
Método dispendioso e de difícil implementação;
•
Recursos de tempo, mão de obra e investimentos insuficientes;
•
Processo de entrevista e coleta de dados demorado e caro;
•
Armazenamento, processamento e apresentação de dados dispendiosos.
e) Desestímulo da alta gerência
•
Falta de medidas objetivas para mensurar os benefícios do sistema;
•
Discordância de gerentes gerais em investir em novo sistema;
•
Dificuldade em persuadir os gerentes de departamentos;
•
Razoável grau de subjetividade dos resultados;
•
Método que exige mais tempo de implantação;
•
Desconsideração de possibilidades de capacidade ociosa levando a erros teóricos.
A determinação de direcionadores de custos acurados exige captação de informações
confiáveis que não prejudiquem a precisão dos resultados (GALAMBA; PAMPLONA, 2008). Apesar
de esta tarefa exigir conhecimento aprofundado de processos e atividades da empresa, a
subjetividade permanece presente. Esta é a principal categoria de dificuldade indicada no trabalho de
Galamba e Pamplona (2008). Já o nível de controles internos deve ser proporcional ao tamanho das
operações executadas na organização, pois incide diretamente no tempo de implementação, nos
custos de manutenção e na acuracidade dos direcionadores de custo (STEFANO, 2011).
A minimização da resistência da média gerência, que ocorre devido a fatores operacionais e
ao interesse na manutenção de custeios tradicionais é um aspecto central para o sucesso da
implantação do custeio ABC, pois a média gerência pode facilitar ou dificultar o processo de captação
de informações (STEFANO, 2011). Por sua vez, o custo de implantação e de manutenção do custeio
ABC pode ser mais elevado à medida que funcionários necessitam ser capacitados para a tarefa de
coleta de dados (inputs), elaboração de controles internos e geração de informações relevantes. Há
também o custo com alterações de processos, de fluxos de atividades, alimentação e
armazenamento de dados, além do investimento em software ERP, rede e em outros aspectos de
infraestrutura física e de sistema necessários.
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Portanto, além de estar atenta à escassez de tempo e à complexidade de implantação do
sistema, cabe a alta administração garantir a participação e o engajamento da média gerência nos
processos de implantação e de manutenção do custeio ABC. Esses aspectos somados à falta de
medidas objetivas para mensurar os resultados do sistema e à percepção de sua baixa relação
custo-benefício em curto prazo geram desestímulo da alta gerência na implantação e manutenção do
custeio ABC. Essas categorias estão interligadas, conforme mostra a Figura 2.
Determinação dos
direcionadores de custo
Alto nível de controles
internos
Resistência da média
gerência
Custo de implantação e de
manutenção
Desestímulo da Alta
Gerência
Figura 2: Encadeamento das dificuldades na implantação do Custeio ABC nas organizações
Fonte: os autores
CONSIDERAÇÕES
O presente estudo teve por objetivo identificar e sistematizar os fatores dificultadores da
implantação e manutenção do custeio ABC nas empresas, vez que esses apontamentos estão
fragmentados em diversos estudos. Utilizou-se o método da revisão sistemática de literatura apoiado
no protocolo de Cronin, Ryan e Coughlan (2008). Buscou-se por artigos científicos nas bases Spell,
Scielo e Google Acadêmico, publicados no período de 1998 a 2019. As buscas retornaram 78 artigos,
e após a aplicação dos filtros de análise, identificou-se 13 trabalhos (7 da Spell, 5 da Sciello e 1 do
Google Acadêmico) que contribuíram efetivamente para o alcance do propósito deste estudo.
Os 32 fatores dificultadores da implantação do custeio ABC nas organizações, identificados
na amostra final dos 13 estudos foram agrupados em cinco categorias: 1) determinação de
direcionadores de custo, 2) nível de controles internos, 3) resistência da média gerência, 4) custo de
implantação e manutenção e 5) desestimula da alta gerência. Essas categorias estão interligadas e
foram encadeadas numa estrutura de relações de causa e efeito.
A limitação deste estudo está no baixo número de trabalhos que compõem a amostra final.
Este fato reflete a manutenção de um padrão nos estudos sobre o custeio ABC, tanto em pesquisas
bibliométricas quanto em estudos de caso, que é o de não enfocar dificuldades ou problemas
enfrentados na implantação do sistema, mas o de enfatizar cases de sucesso.
Os resultados deste estudo abrem caminhos para novos estudos aprofundarem investigação
sobre o efeito das dificuldades na implantação do Custeio ABC na motivação e no comportamento de
colaboradores, a partir de análises em nível individual e do grupo. Podem também investigar como a
equipe de colaboradores lida com a quantidade de informações produzida pela implantação do ABC,
e como essas informações são aplicadas nas tomadas de decisão.
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Aos pesquisadores que desejarem avançar em estudos descritivos, as dificuldades relatadas
neste trabalho podem ser reanalisadas, haja vista haver sobreposição entre algumas, e investigadas
por meio da aplicação questionário. Assim, é possível aplicar análises fatoriais exploratórias e
confirmatórias e análise de regressão para identificar possíveis relações das categorias aqui
identificadas com o sucesso ou o fracasso da implantação do Custeio ABC nas empresas.
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