DOI: 10.1590/1413-81232020255.33222019
Teaching work social temporality in a public university and health
Andréa Maria dos Santos Rodrigues (https://orcid.org/0000-0001-8254-341X) 1
Kátia Reis de Souza (https://orcid.org/0000-0002-2084-2606) 2
Liliane Reis Teixeira (https://orcid.org/0000-0003-2460-0767) 2
Ariane Leites Larentis (https://orcid.org/0000-0001-7232-3245) 2
1
Escola Nacional de Saúde
Pública Sérgio Arouca
(ENSP), Fundação Oswaldo
Cruz (Fiocruz). R. Leopoldo
Bulhões 1480, Manguinhos.
21041-210 Rio de Janeiro
RJ Brasil.
andrearodriguesfono@
hotmail.com
2
Centro de Estudos da
Saúde do Trabalhador e
Ecologia Humana, ENSP,
Fiocruz. Rio de Janeiro RJ
Brasil.
Abstract This study aimed to analyze teaching
work’s temporality aspects in their relationship
with health. Qualitative research was conducted
with the participation of ten professors from a
public university. Six meetings called “Worker’s
Health workshops” were held, a research methodology that gathers workers and researchers to
discuss topics related to work and health. The material was analyzed through the content analysis
technique, in the thematic modality. The main
themes were identified from the transcribed materials of the workshops’ dialogues, namely: working time intensification and extension, teacher’s
health, working time and sleep deprivation, and
health advocacy strategies and solutions. We noted that health advocacy strategies are located in
individuals and the workgroup, through cooperation and social time. The theme of an intensive
and extensive combination of working time associated with insecure work conditions was identified. We concluded that teaching work time is
underpinned by rules and social values under the
historical determination of new managerial standards within the public university.
Key words Teachers, Universities, Worker’s
Health
Resumo O objetivo do presente estudo foi analisar aspectos da temporalidade do trabalho docente
em sua relação com a saúde. Realizou-se pesquisa
de caráter qualitativo com a participação de dez
docentes de universidade pública. Efetivaram-se
seis reuniões, denominadas “Oficinas em saúde
do trabalhador”, uma metodologia de investigação que reúne trabalhadores e pesquisadores para
debater temas relacionados ao trabalho e à saúde. A análise do material foi efetuada por meio
da técnica de análise de conteúdo, na modalidade temática. Tomando por base os materiais
transcritos procedentes dos diálogos das oficinas,
identificaram-se os temas principais, a saber: intensificação e prolongamento do tempo de trabalho; saúde docente; tempo de trabalho e privação
do sono; saídas e estratégias de defesa da saúde.
Percebeu-se que as estratégias de defesa da saúde
situam-se no âmbito individual e do grupo de trabalho por meio de cooperação e tempo de convívio.
Identificou-se o tema da combinação intensiva e
extensiva do tempo de trabalho associado à precarização das condições laborais. Concluiu-se que o
tempo de trabalho docente é constituído por regras
e valores sociais sob a determinação histórica de
novos padrões gerenciais no contexto da universidade pública.
Palavras-chave Docentes, Universidades, Saúde
do trabalhador
ARTIGO ARTICLE
A temporalidade social do trabalho docente em universidade
pública e a saúde
1829
Rodrigues AMS et al.
1830
Introdução
Ao final do século XX, precisamente nos anos de
1990, teve início no Brasil uma ampla reforma
de Estado que instituiu um novo modelo de organização das universidades públicas. No plano
estrutural, tratou-se de um novo ciclo de movimentação do capital que exigiu do trabalhador
maior produtividade e flexibilidade para adaptação às novas formas de organização do trabalho e gestão. Essa nova morfologia do trabalho,
na qual sobressaem mudanças tecnológicas e
informacionais, caracteriza a ciência como força
produtiva e geradora de inovação, sob uma lógica
pragmática e instrumental, procedente das regras
e valores de mercado1-3. Esse cenário é legitimado
pela política de austeridade do Estado, que criou
mecanismos jurídicos para privatizar, terceirizar
e restringir gastos com a educação pública, aprofundando o cenário de precarização do trabalho
em universidades. Assim, sob o prisma da constituição de um Estado “gerencial”, as universidades
públicas foram submetidas a uma lógica econômica de controle e restrição4. Estamos diante de
uma tendência internacional que situa a educação como atividade de mercado5.
De fato, a mudança sofrida pela universidade
pública, derivada da reforma de Estado, definiu
a educação como um setor de serviços não exclusivos do Estado, o que significou que a educação deixou de ser concebida como um direito
e passou a ser considerada um serviço que pode
ser privado ou privatizado. Nesse escopo político,
ganhou ênfase a visão organizacional da universidade, isto é, uma nova forma institucional de gestão pública acadêmica, controlada por contratos
de gestão e avaliada por índices de produtividade.
Esse cenário contribuiu para o aprofundamento
de um problema central, qual seja, a mudança
imposta ao tempo de trabalho docente6.
No arcabouço institucional das universidades, foram aprovados diversas leis e decretos:
em 2004 criou-se o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) e no ano de
2007 instituiu-se o Programa de Apoio a Planos
de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni); isto para citar somente
duas importantes políticas públicas que geraram
impactos na organização do tempo de trabalho
docente. Quanto à última (Reuni), estabelece o
crescimento numérico das universidades no Brasil e a abertura de novas vagas para alunos, sem
a equivalente criação de vagas para docentes e o
suficiente aporte de recursos. Esse conjunto de
reformas contribuiu para a expansão das condi-
ções deterioradas de infraestrutura das universidades7.
No que tange ao processo de trabalho docente, foram introduzidas mudanças na rotina das
atividades. Diferentes atribuições como elaboração de artigos, livros, orientações de alunos, participação em bancas, atividades de pesquisa e de
bancada, trabalho em sala de aula na graduação e
na pós-graduação, exigência de atividades administrativas, entre outras, produzem intensificação e prolongamento do trabalho8. Seguramente,
professores vêm experimentando alterações profundas no tempo de trabalho em universidades,
configurando novas relações na cultura acadêmica. A pressão exercida para aumentar a quantidade de trabalho dentro da jornada de 40 horas
tem se concretizado alicerçada na ideia de que
os docentes devem ser “mais produtivos”9. Sem
dúvida, a produtividade impacta a autonomia
intelectual, suscitando perda do controle sobre o
próprio trabalho e a subsunção do trabalho intelectual e da produção de conhecimento à lógica
do capital.
Complementarmente, Luz10 assevera que
existe um desconhecimento a respeito do processo de trabalho docente, que supõe um ritmo
próprio de operação, de elaboração, de avanços
e pausas durante o desenvolvimento das atividades. Por sua vez, esses professores, cientes da necessidade de atender às exigências institucionais
vigentes quanto ao cumprimento das normas da
“produtividade”, se esforçam para realização de
suas tarefas à exaustão, sacrificando repouso, lazer e férias em favor do trabalho, o que tem gerado consequências para a saúde.
É válido ponderar que o tempo de trabalho
docente não é, somente, um dado objetivo caracterizado pela duração administrativa das horas ou dos anos de trabalho do professor11. Ele é
também um dado subjetivo, no sentido de que
contribui poderosamente para modelar a identidade do trabalhador. Ganha destaque, nessa linha
de interpretação, o ponto referente à experiência
no trabalho e que nos remete ao ângulo de entendimento de que o tempo de trabalho constitui-se
como um processo contínuo e crescente de aquisição de saberes intrínsecos à própria atividade,
demandando estudos específicos da área de saúde coletiva, já que possui efeito protetor à saúde
dos trabalhadores12. Parece acertada a afirmação
segundo a qual o tempo social na atualidade
constitui-se em um tempo tomado por regras e
valores impostos culturalmente pela lógica do
capital.
1831
É precisamente nas páginas d’O Capital que
Marx13 discute a grandeza da jornada de trabalho e distingue dois importantes conceitos a ser
considerados na análise sobre tempo de trabalho: “o trabalho necessário e o mais-trabalho”
13
(p.306). Por definição do próprio Marx13, trabalho necessário refere-se à parte do dia em que
o trabalhador tem necessariamente de trabalhar
para sua sobrevivência material e “autoconservação”, para sua reprodução como força de trabalho. No entanto, em termos concretos, essa parte
do trabalho constitui, somente, uma fração da
jornada real de trabalho, já que a grandeza total da jornada de trabalho varia com a extensão
ou duração do mais-trabalho ou sobretrabalho,
aquele que diz respeito às horas não remuneradas
trabalhadas. Assim, o valor produzido para além
do necessário à reprodução da força de trabalho
constitui-se como mais-valor ou mais-valia. A
produção capitalista é, essencialmente, produção
de mais-trabalho e, consequentemente, de maisvalor, levando conjuntamente à intensificação e
prolongamento da jornada de trabalho, que produz debilitação, desgaste e esgotamento, podendo levar trabalhadores à morte prematura13.
Marx formulou importantes parâmetros
teóricos acerca da “intensificação do trabalho”13(p.481). Segundo esse pensador, o aumento
da velocidade e do ritmo de trabalho suscita a
intensidade do trabalho. Para o capital interessa
que o trabalhador “seja capaz de produzir mais
com maior dispêndio de trabalho no mesmo
tempo”13(p.482). Isto significa redução da porosidade de pausas ou descanso, o que impõe um
maior dispêndio de trabalho e de pressão sobre
a força de trabalho. Importa também considerar
que o prolongamento do tempo da jornada de
trabalho constitui-se, igualmente, na intensificação laboral. Assim sendo, a extensão do tempo
de trabalho pós-jornada formal (como “horas
extras”) ao lado da intensificação da cadência no
tempo formal de trabalho, predetermina duplamente a intensificação do trabalho.
Convém lembrar que foi ao final do século
XIX e início do século XX que ocorreu a disseminação da ideologia do trabalho em fábricas como
modelo dominante de organização e controle do
tempo de trabalho, não somente nos ambientes
industriais, mas também em escolas, hospitais,
entre outras instituições sociais. Com efeito, o
tempo passou a ser administrado pela organização (científica) do trabalho para controle dos
trabalhadores, pelo chamado padrão de produção taylorista/fordista, com fortes repercussões
na subjetividade e valores constitutivos da classe
trabalhadora. Nele, reduz-se o tempo e amplia-se
o ritmo de trabalho, intensificando a opressão e
submissão do trabalhador para assegurar a regularidade da produção e continuidade da extração
de mais-valor. No entanto, o tempo social não
flui de maneira uniforme e está sujeito a descontinuidades sob a ação do próprio homem14.
Assim, ao final dos anos de 1960, a resistência dos trabalhadores atingiu seu epicentro pelo
movimento de questionamento crítico ao controle social da produção, trazendo a questão dos
limites entre tempo de trabalho e tempo livre.
Esse cenário ganhou notoriedade na explosão do
operário-massa, “parcela hegemônica do proletariado que atuava no universo concentrado do
espaço produtivo”3(p.42).
A partir de meados dos anos de 1970, o capital colocou-se na ofensiva, isto é, contra a diminuição da duração da jornada de trabalho. Desde
então, a tendência dominante e universal é a de
combinar aumento da produtividade e da intensificação do trabalho com o prolongamento da
jornada de trabalho, uma junção extremamente
nociva à saúde dos trabalhadores15.
Na história do capitalismo contemporâneo,
chama atenção transformações ocorridas no
mundo do trabalho com o advento do toyotismo,
que infundiu o caráter flexível às jornadas de trabalho. Para Basso16, há uma tendência universal
de deterioração das condições de trabalho e de
vida para a massa dos trabalhadores assalariados
pela instauração de jornadas antigas em tempos
modernos. Nesse sentido, assegura que o receituário neoliberal caracteriza-se por relações de
trabalho cada vez mais baseadas na precariedade,
em forjar formas e métodos de pressão no trabalho, tornar incertas as fronteiras entre tempo de
trabalho e tempo global da vida, possibilitando
reunir velhos e novos riscos para a saúde dos trabalhadores. Nessa mesma linha de compreensão,
Alves17 assegura que foi precisamente pelo método Toyota que se deu a nova morfologia social
do capitalismo, produzindo a corrosão da pessoa
humana por meio da “vida reduzida”17(p.124),
ou seja, pela invasão do tempo de vida livre pelo
tempo de trabalho. O traço essencial do capitalismo global é a precarização estrutural do trabalho
e o adoecimento da subjetividade, um cenário de
sofrimento e degradação da saúde do trabalhador no qual ganha ênfase a manipulação de capacidades emocionais. Constatação semelhante
é mencionada por Dal Rosso18 ao afirmar que o
Ciência & Saúde Coletiva, 25(5):1829-1838, 2020
Notas sobre a temporalidade social do
trabalho sob o capitalismo
Rodrigues AMS et al.
1832
método toyotista talvez seja aquele, sob o capitalismo, que mais mobilize a inteligência e o engajamento emocional na atividade de trabalho com
controle da autonomia e liberdade dos trabalhadores. Para esse mesmo autor, o trabalho contemporâneo apresenta características distintas de
outras épocas e está concentrado em atividades
de serviços, sendo necessário analisar o trabalho
a partir da visão de quem trabalha18.
Diante do exposto, teve-se como objetivo
deste estudo: Analisar aspectos da temporalidade
do trabalho docente em uma universidade pública, em sua relação com a saúde, com base na
experiência dos próprios professores.
Metodologia
Este estudo faz parte de uma pesquisa em processo no campo da saúde do trabalhador, que
teve início no ano de 2013 por meio da formação de um grupo de pesquisa interdisciplinar e
multicêntrico composto por pesquisadores e
professores universitários. A proposta principal
do grupo de pesquisa consiste no desenvolvimento de tecnologias pedagógicas de produção
de conhecimento e de intervenção participativa
sobre a saúde e o trabalho de docentes de universidades públicas. Elaboraram-se três ferramentas de investigação, uma de caráter quantitativo
(inquérito epidemiológico) e duas de natureza
qualitativa: “cadernetas de saúde e trabalho”19 e
“oficinas em saúde do trabalhador”20. Neste estudo apresentam-se, exclusivamente, resultados e
discussão procedentes das “oficinas em saúde do
trabalhador” que são concebidas como:
espaços onde trabalhadores e pesquisadores
reunidos discutem temas de trabalho relacionados
à saúde, pautados em elementos da investigação
participativa e da pedagogia freireana21 bem como
dos fundamentos do campo da saúde do trabalhador12,22 construindo um processo que, por meio do
diálogo, venha possibilitar produção de conhecimento e ação educativa com vistas ao fortalecimento dos coletivos de trabalho e à defesa da saúde.20
Entende-se que esse tipo de pesquisa possibilita construção da prática coletiva de produção
de conhecimento, sob uma perspectiva que combina interação pedagógica e ação social. Efetivase a partir de processo gradativo que demanda
certo tempo para surgimento de interação e participação ativa entre os sujeitos23. Esse processo
ainda permite a compreensão e problematização
da realidade que se vive, pois, através da reflexão
como ação, vão surgindo respostas e novas ques-
tões, provocando o crescimento crítico de todos
os envolvidos21,24.
No que concerne ao desenvolvimento das oficinas, foram realizadas seis reuniões com duração
de duas horas aproximadamente, nas dependências do Instituto de uma Instituição Federal de
Ensino Superior (IFES), localizada no estado do
Rio de Janeiro. As reuniões aconteceram entre os
anos de 2015 e 2018, em duas fases metodológicas distintas, a saber: a primeira constituiu-se por
quatro reuniões realizadas entre os anos de 2015
e 2016, designadas como “oficinas temáticas”, que
têm como propósito principal o levantamento de
“temas geradores”21 que podem ser compreendidos como unidades de registro primárias para o
diálogo e a análise qualitativa do conteúdo das
discussões. Nesse enfoque, os temas surgem espontaneamente, não existindo um roteiro prescrito de questões. Postula-se que é por meio do
diálogo que se tem acesso aos dados de investigação, sendo possível, a partir do seu conteúdo,
a identificação de temas geradores21. A segunda
fase das oficinas, denominada “validação consensual”, constituiu-se por duas reuniões realizadas
durante o segundo semestre de 2018, cuja preocupação central foi o diálogo crítico a respeito
daqueles temas levantados na primeira fase, ou
seja, debateram-se os temas mais relevantes discutidos durante as oficinas temáticas; entre eles,
sobressaiu a temática da temporalidade do trabalho docente. De acordo com Oddone et al.22, o
processo de validação consensual realiza-se pela
confrontação entre as observações espontâneas e
as críticas de cada sujeito envolvido a respeito do
trabalho; refere-se ao julgamento coletivo, quando os integrantes do grupo trocam ideias e experiências, privilegiando certos temas e tornando
o processo de produção de conhecimentos com
maior potencial de reflexão para a ação19.
Quanto ao perfil dos sujeitos do estudo, participaram dez docentes, do sexo masculino e
feminino, na faixa de idade entre 30 e 50 anos,
todos com vínculo de trabalho estável, regime de
trabalho de 40 horas semanais e título de doutor.
Em termos de experiência, atuam na graduação e
na pós-graduação entre 05 a 10 anos; todos estão
na prática como professores há mais de 10 anos.
A realização do estudo no Instituto foi uma demanda dos próprios docentes. O critério de seleção foi pertencerem ao mesmo grupo homogêneo de trabalho, respeitando pressuposto presente no campo da saúde do trabalhador22 e aqueles
que aceitassem participar do estudo. O critério
de inclusão foi ser docente ativo e pertencer ao
mesmo Instituto da IFES. O critério de exclusão
1833
Resultados e discussão
Intensificação e prolongamento do tempo
de trabalho
O aumento da demanda de trabalho e a pressão para cumprir metas de produtividade vão
reconfigurar o trabalho docente na educação superior que ultrapassa o limite físico e temporal
da universidade, tornando-se presente nos finais
de semana, férias e nos períodos de interrupção
do ano letivo:
A ciência não é uma indústria. As pessoas trabalham final de semana, as pessoas, às vezes, têm
que estar aqui 6 horas da manhã ou sair daqui 10
horas da noite. [...] A gente acaba vivendo a ciência, hoje em dia, como se fosse uma indústria. Você
tem que dar um produto final. (OT, P2).
Além disso, eu acho que a gente tem que ter
um pouquinho de paz, um pouquinho de condições
para ter criatividade no que a gente faz. Esse monte
de atribuições, as mil e uma coisas que a gente faz,
você fica tão estressado de ter que fazer, de ter que
estar se ocupando mesmo com as coisas e, às vezes,
se ‘pré-ocupando’ também, né? [...] a palavra preocupação é muito boa, porque é mesmo uma pré-ocupação. (OT, P3).
As atividades de trabalho do docente universitário são caracterizadas por reunirem “monte
de atribuições” e “produtos”, além da exigência de
qualificação, atualização constante e a cobrança
na qualidade do ensino. A demanda de trabalho
não se encerra somente na sala de aula; exige-se
uma dedicação constante à produção científica,
participação em projetos, entre outras “mil e
uma coisas”. Essas múltiplas ocupações geram,
no ponto de vista docente, “preocupação”, sentimento de inquietação, ansiedade e estresse, o que
contrasta com a necessidade de foco e concentração próprias ao seu processo de trabalho. De fato,
a combinação de condições de trabalho precárias
e sobrecarga de trabalho contribui para a intensificação e prolongamento da jornada de trabalho do professor, configurando uma nova temporalidade laboral com possíveis consequências
à saúde desses trabalhadores. Harvey26 chama
atenção para a manipulação social da temporalidade do trabalho como um traço fundamental
do capitalismo. Segundo o autor, sob a lógica da
produtividade, o trabalho não é medido por um
dia real de trabalho, mas, sim, pela quantidade de
produtos.
Adicionalmente, os participantes observaram
que as más condições de trabalho na universidade são geradoras do aumento da jornada de trabalho:
[...] a falta de condições que a gente tem, que eu
acho que isso acarreta e muito o aumento da nossa
jornada de trabalho. Porque, muitas vezes, o que
você poderia fazer no tempo que você tá aqui dentro da instituição, você não consegue fazer porque a
instituição não te dá condições pra você fazer. E aí
você chega em casa, você vai fazer aquilo que você
deveria ter feito aqui e você não consegue fazer, né?
(VC, P3).
E você mistura o pessoal com o profissional.
(VC, P2).
Exatamente. Aí você chega em casa, aí vai corrigir um trabalho porque aqui você não teve condições, não tem um lugar estruturado pra você se
concentrar e fazer aqui. (VC, P3).
Os diálogos evidenciam que quando não
é possível executar as tarefas no espaço universitário, a tendência é levar para casa aquilo que
não “deu para cumprir” dentro da jornada for-
Ciência & Saúde Coletiva, 25(5):1829-1838, 2020
foi ser docente em situação de afastamento por
motivo de licença ou férias.
A análise do material foi efetuada por meio
da técnica de análise de conteúdo, na modalidade
temática. Compuseram o processo de análise dos
dados as etapas utilizadas na operacionalização
das análises de conteúdo: pré-análise, exploração do material, e tratamento e interpretação
dos resultados obtidos25. Identificaram-se grupos
temáticos, tomando por base os materiais transcritos procedentes dos diálogos das oficinas. Tais
grupos constituíram-se através da classificação
de excertos dos diálogos por critério de similaridade e frequência e relevância em relação ao
objetivo do estudo, possibilitando a identificação dos temas principais, a saber: intensificação
e prolongamento do tempo de trabalho, saúde
docente, tempo de trabalho e privação do sono,
saídas e estratégias de defesa da saúde.
No que diz respeito à apresentação dos resultados, convencionou-se a utilização das iniciais
OT (Oficinas Temáticas) e VC (Oficinas de validação consensual) para designar, respectivamente, as reuniões realizadas na primeira e segunda
fase do estudo. Para a caracterização dos relatos
dos sujeitos, foi usada a letra P (Professor) acompanhada de um número dimensionado a partir
da sequência de escuta das transcrições das reuniões.
Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública
Sérgio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz, e
pela Instituição coparticipante.
Rodrigues AMS et al.
1834
mal de trabalho. A falta de condições traduz-se
na ideia de precariedade sob diversos aspectos,
entre eles: infraestrutura predial deteriorada, déficit de equipamentos e material, falta de suporte
do setor administrativo, ambiente de trabalho
inadequado com ausência de postos de trabalho
individuais, entre outros. A combinação de tais
elementos sugere fortes impactos sobre a saúde
em seus aspectos físico, emocional e cognitivo27.
Saúde docente
Tomando por base o aporte teórico do campo
da saúde do trabalhador, afirma-se que a análise
sobre a saúde deve fundamentar-se no estudo do
contexto no qual o trabalho acontece. Nessa direção, foi mencionado que, diante de condições
não ideais para se trabalhar, emergem sentimentos de frustração, cobrança, culpa e depressão:
Conheço colegas meus que trabalham em outras instituições, mas que já adoeceram, já entraram em depressão em função de problemas profissionais e muitos desses problemas é exatamente
essa questão de estar em uma situação física ou em
condições que não é condição ideal para que se trabalhe, para que exerça o que a pessoa quer e aí ela
acaba se frustrando. Geralmente são pessoas que
se cobram muito mais e não conseguem lidar bem
com essa dificuldade e aí acabam entrando em depressão. (OT, P3).
E que podem tomar para si alguma culpa, né?
Quem se cobra muito. Acho que tem a ver com toda
a relação com o trabalho. (OT, P4).
Exatamente. Isso é uma prevalência muito
grande no nosso meio, das pessoas que têm esses
problemas de saúde, às vezes nem percebem que
estão vivendo esse problema. Muitos até se recusam
a aceitar que pode ser um problema, mas quando
procuram buscar ajuda se deparam com essa situação, que é um quadro que é proveniente das condições de tudo isso que a gente vive. (OT, P3).
No decurso das oficinas, os professores ressaltaram uma cadeia de impedimentos, de natureza
organizacional, que está em contradição com o
efetivo engajamento no trabalho. Estudos evidenciados pela Ergonomia da Atividade no Brasil, como os de Jackson Filho28, mostram que esses impedimentos colocam em risco a saúde dos
trabalhadores. De fato, ouviram-se diálogos que
destacaram sentimentos de desânimo, frustração
e culpa vivenciados em termos coletivos. Nessa
linha de interpretação, é válido mencionar que
tanto na literatura nacional quanto internacional
sobressaem referências à saúde mental desta categoria profissional, sendo citados agravos como:
estresse, estado permanente de cansaço, depressão e até mesmo o suicídio9,29-32.
Cabe mencionar que, junto aos fatores relacionados à saúde mental, somam-se, ainda, distúrbios osteomusculares e vocais33,34. Nas oficinas, os professores relacionam este último ponto
(saúde vocal) ao sobre-esforço de fala em sala de
aula, já que grande parte da jornada de trabalho
realiza-se normalmente em condições de trabalho precarizadas devido às restrições orçamentárias por que passam as universidades públicas,
em ambientes físicos inapropriados, sem acústica, com um número excessivo de alunos. De
acordo com Alves et al.34, as alterações vocais levam frequentemente às situações de afastamento
e incapacidade para o desempenho das funções
docentes.
Tenho que ter cuidado com a minha voz, porque vira e mexe eu fico, eu perco quase que totalmente a voz. Isso já aconteceu umas duas ou três
vezes esse ano. (VC, P1).
Mas assim do nada? Ou ela vai diminuindo?
(VC, P2).
[...] ela vai diminuindo e aí [...] some. Tem, sei
lá, um mês e pouco, dois meses que eu fiquei assim,
eu fiquei sem voz. [...] eu tô tomando cuidado, mas
assim, um cuidado de sempre levar água, pra toda
hora estar bebendo [...]. (VC, P1).
Adicionalmente, o estudo de Santana35 aponta que são eminentes ocorrências de doenças
coronarianas e acidentes vasculares cerebrais
(hemorrágico e isquêmico), que podem estar
associadas ao número elevado de atribuições, à
pressão para a intensa produção científica e ao
prolongamento da jornada de trabalho. Outras
questões que também se relacionam à manifestação desses quadros é a falta de dieta equilibrada,
de atividades físicas regulares e ausência de visitas médicas, justificadas pela falta de tempo em
decorrência da sobrecarga de trabalho.
Tempo de trabalho e privação do sono
A organização do tempo de trabalho dos professores universitários demonstra outras faces do
conceito de “sociedade 24 horas”, segundo a qual
um número crescente de pessoas depara-se com
a exigência de trabalho em horários não diurnos
e fins de semana36. Verificou-se por meio dos diálogos nas oficinas que os professores vivenciam
um quadro de excesso de demandas no trabalho.
Trata-se de um conjunto de solicitações que, sob
a ótica dos docentes, precisam ser cumpridas ainda que ultrapassem o horário formal de trabalho.
Portanto, muitos professores trabalham mais que
1835
Ambiguidades do trabalho docente e a
defesa da saúde
Evidencia-se por meio dos diálogos nas oficinas que os professores desenvolvem diferentes
estratégias de defesa da saúde. Os trabalhadores
desenvolvem esse tipo de mecanismo como uma
forma de amenizar o sofrimento frente aos aspectos relacionados às situações e condições de
trabalho, principalmente no que se refere à saúde mental39. Essas estratégias de proteção à saúde possibilitam a transformação e mudança da
percepção que os trabalhadores possuem da realidade, sobretudo aquelas que podem causar sofrimento; estas seriam respostas da “relação subjetiva com as pressões patogênicas”. Os trabalhadores de “vítimas passivas colocam-se na posição
de agentes ativos de um desafio, de uma atitude
provocadora ou de uma minimização diante da
pressão patogênica”41(p.128). Como evidenciado
no diálogo abaixo:
[...] É porque as nossas condições não são boas
mesmo. Então você depende de seu estado emocional para resistir, né? Na verdade, é resistência. Eu
acho que a gente resiste e teima de fazer a pesquisa
[...]. Eu passo por cima dessas coisas, meus alunos
são ótimos, o grupo de professores se dá muito bem,
colaboram. Então, acaba que essas coisas me alimentam mais do que a parte negativa. (OT, P5).
Então assim, se você tem um grupo que tá todo
mundo coeso [...] \quer trabalhar bem, fazer bem.
Fazer o melhor dentro das condições que se tem.
Ótimo! Tá todo mundo focado naquela direção.
(OT, P3).
Eu sinto isso muito. Eu acho que o nosso grupo
é unido nesse sentido e se reforça nas coisas boas e
vai para frente. (OT, P5).
Através de atitudes que geram prazer, o docente procura equilíbrio com as situações que
geram sofrimento em sua rotina de trabalho. Na
perspectiva da psicodinâmica do trabalho, prazer
e sofrimento são vivências subjetivas: cada um
vive uma situação de uma maneira diferenciada.
Contudo, se várias pessoas experimentam a mesma situação, elas são capazes de unir seus esforços para construir uma estratégia defensiva coletiva41. Ao observar o diálogo acima, identificamse fatores que geram prazer, como, por exemplo,
os alunos comprometidos, e principalmente a
boa relação e a união entre os docentes, sendo
percebidos como facilitadores que “alimentam”
o cotidiano de trabalho do professor de maneira
positiva. O mal-estar docente pode ser abrandado pelo uso de estratégias de mediação contra o
sofrimento. Tais estratégias seriam maneiras utilizadas pelos professores diante das exigências do
trabalho, criando uma compensação através de
vivências de prazer41.
Nas oficinas, os docentes validaram formas
de resistência às condições desfavoráveis do trabalho, entre elas: a insistência em continuar a
Ciência & Saúde Coletiva, 25(5):1829-1838, 2020
o número de horas semanais previstas em lei e
o fazem durante o horário noturno, deixando de
lado a família e o descanso necessário para a nova
jornada de trabalho que se reinicia no dia seguinte37,38, conforme relato abaixo:
Eu tenho que entregar no prazo x, vou fazer de
tudo para entregar naquele prazo x, nem que eu
tenha que virar a noite, eu vou fazer aquilo, principalmente quando tem outras pessoas envolvidas.
Eu não acho justo eu atrapalhar o trabalho do outro por uma coisa que eu assumi e não estou dando
conta. Eu sempre usei muito a madrugada para
dar conta de tudo aquilo que eu assumi, do compromisso. (OT, P2).
Em estudo conduzido por Rotenberg e Carlos39, distingue-se a ideia de aceleração do trabalho entre professores universitários. Os achados
mostram que os docentes sentem-se em constante dívida profissional, levando-os a trabalhar
após a jornada formal. Este comportamento faz
com que o trabalhador tenha um ciclo vigíliasono irregular, o que é acompanhado de privação parcial do sono, acarretando consequências
negativas para a saúde e para o desempenho no
trabalho40.
Eu não consigo relaxar para dormir, por exemplo, tem pessoas que quando têm que entregar alguma coisa no dia seguinte e que não terminou,
preferem dormir, acordar bem mais cedo, tipo quatro horas da manhã. Eu não consigo porque eu não
relaxo. Enquanto eu não terminar aquilo, eu não
consigo dormir. (OT, P2).
[...] Você tem uma memória pior. Que eu acho
que está muito relacionado com o sono. Que a gente chama de privação de sono. Porque, na verdade,
eu acho que a classe docente, pesquisador, a gente
deve dormir menos do que normalmente a gente
precisa. [...] Eu vivo cansada. Não é nem com sono,
é cansada e a memória ruim. (OT, P4).
Compreende-se que a “privação do sono”,
expressão mencionada e partilhada nas oficinas,
constitui-se em uma clara alusão à intensificação
do trabalho de professores, considerando que o
tempo fora da jornada deveria ser, majoritariamente, dedicado ao alívio de tensões, descanso e
recuperação do cansaço acumulado. Além disso,
houve relatos segundo os quais a falta de tempo
afeta laços familiares e relações pessoais.
Rodrigues AMS et al.
1836
realização de pesquisas e formação de alunos, resistindo às adversidades; o pertencimento a um
grupo de professores colaborativo e coeso, encontrando, nesse caso, um suporte afetivo e coletivo de trabalho; pausas geradas pelo convívio
social, sobretudo com a família, e a “paixão” em
continuar fazendo o que gosta.
Não obstante, deve-se ter presente que os diálogos nas oficinas foram marcados por significados conflitantes, tais como entusiasmo e tristeza;
paixão e desprazer. Foi possível identificar visões
ambivalentes no que se refere à vivência subjetiva
do trabalho, interpretadas por alguns participantes por sentimentos extremos e colidentes, como
“ou a gente é maluco ou gosta do que faz”.
Por certo, as defesas aqui relatadas foram
produzidas em contexto de precarização, intensificação e prolongamento do tempo de trabalho
em universidades. Assim, assumem um caráter
conflitante, já que preservam certa normalidade,
mas não efetivam mudanças concretas. Trata-se
de estilos de resistência docente a serem mais
bem compreendidos e aprofundados no trabalho
em universidades.
Considerações finais
Em termos históricos, verifica-se que, 152 anos
após a época de Marx, a classe trabalhadora ainda
resiste no sentido de consolidação da jornada de
trabalho nos marcos civilizatórios universais do
trabalho. Portanto, os aspectos estruturais aqui
identificados, que levam à intensificação e ao
prolongamento da jornada de trabalho docente,
são antigos para o capital e novos em configurações organizacionais do trabalho em universidades públicas, suscitando novas consequências
coletivas para a saúde dos seus trabalhadores.
Essa nova organização do tempo de trabalho em universidades públicas materializa-se,
invariavelmente, pela obtenção desmedida de
produtos, transformando pensamentos e ideias
em mercadorias. Assim, embora o professor de
ensino superior seja um grupo qualificado e
considerado como elite social, pode-se constatar
precarização, intensificação e prolongamento da
jornada de trabalho que se processa sob parâmetros da organização gerencial do trabalho. Observaram-se, no decurso das oficinas, relatos de sofrimentos e queixas alusivas à saúde física e mental. Constataram-se sobrecarga laboral e falta de
tempo para descanso e lazer; em consequência,
os trabalhadores referenciaram privação do sono,
cansaço constante e falta de memória. Identificou-se, centralmente, o tema da combinação intensiva e extensiva do trabalho docente associado
à precarização das condições de trabalho.
De acordo com Santos42, a “temporalidade”
refere-se às formas particulares de utilização do
tempo de cada agente, classe ou grupo social. De
acordo com o autor, trata-se de formas práticas
de se viver e que ganham concretude por meio
da sua interpretação na vida real em cada lugar
e espaço.
Adicionalmente, cabe observar que, na atualidade, o tempo de trabalho no setor de serviços
educacionais está submetido às novas formas de
organização e controle. De acordo com Dejours43, toda organização do trabalho leva ao tema
da pluralidade do real do trabalho, o que faz surgir por seu próprio funcionamento a questão das
diferentes maneiras de sua realização. Percebeuse que as estratégias de defesa da saúde situam-se
no âmbito individual e no próprio grupo de trabalho com a valorização da cooperação, coesão e
tempo de convívio. Assim, parece acertado afirmar a importância de se gerar mudanças em caráter coletivo, por meio da resistência, de modo a
se produzir políticas e intervenções institucionais
nas universidades de caráter participativo, o que
inclui o apoio da organização sindical docente.
Nessa perspectiva, lutar contra o tempo invasivo
do trabalho implica lutar contra a dominação e o
controle da vida, resgatando o verdadeiro sentido
do trabalho docente que deveria significar autonomia, criação, liberdade e emancipação humana e social.
1837
Referências
AMS Rodrigues e KR Souza participaram da
concepção do estudo, pesquisa de campo, análise
dos dados, redação do manuscrito e aprovação
da versão final do artigo. LR Teixeira e AL Larentis contribuíram com redação do manuscrito, revisão crítica e aprovação da versão final.
1.
Agradecimentos
O presente trabalho foi realizado com apoio da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES), e com apoio de financiamento do Edital Inova ENSP/FIOCRUZ, do
ano de 2013.
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Artigo apresentado em 30/05/2019
Aprovado em 07/08/2019
Versão final apresentada em 13/11/2019
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