DESPERTANDO PARA AS CIÊNCIAS
Awakening to the Sciences
Amanda Nayara Abreu Silva1, Catherine Oliveira Peralta2, Hosane Aparecida Tarôco3,
Júlio Onésio Ferreira Melo4, Eric Marsalha Garcia5, Amauri Geraldo de Souza6
RESUMO
ABSTRACT
Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, a área das
ciências naturais tem como foco a conservação da
natureza e a alfabetização científica, mas atualmente
o ensino possui um enfoque teórico e não fica claro
para os alunos a aplicação diária desse conhecimento.
Com isso o objetivo deste trabalho foi apresentar
uma alternativa metodológica, através de oficinas
experimentais simples, principalmente em Ciências e
Química, para crianças de 07 a 11 anos, mostrando-as
alguns exemplos sobre a importância da ciência e como
ela está presente no cotidiano, de maneira dinâmica e
agradável para o aluno. Para isso, foi montada uma
cartilha com linguagem simples e visual contendo
uma introdução de cada oficina e a metodologia
adequada para a faixa etária. De posse desta cartilha,
foram iniciadas as atividades experimentais, as quais
puderam ser realizadas dentro da própria sala de aula.
No primeiro encontro aplicou-se um questionário que
os alunos responderam, com intuito de avaliar qual
o interesse e conhecimento deles sobre as ciências.
Todos os resultados e discussões foram baseados nestas
respostas e nas oficinas realizadas. As atividades foram
muito promissoras, uma vez que instigaram as crianças
a questionarem os assuntos abordados, mostrando que
compreenderam, memorizam e se identificaram com a
ciência. Assim este projeto é extremamente importante
por mostrar uma alternativa didática e mais interessante
para os alunos, nos conteúdos que podem ser adaptados
a oficinas.
In the early years of elementary school, the natural
sciences area focuses on nature conservation and
scientific literacy, but currently teaching has a
theoretical focus and it is not clear to students the daily
application of this knowledge. Thus, the objective of
this work was to present a methodological alternative,
through simple experimental workshops, mainly in
Science and Chemistry, for children from 7 until 11
years old, showing them some examples about the
importance of science and how it is present in everyday
life, in a dynamic and pleasant way for the student. For
this, a booklet with simple and visual language was
created, containing an introduction to each workshop
and the appropriate methodology for the age group. In
possession of this booklet, the experimental activities
were started, which could be carried out within the
classroom itself. In the first meeting, the students
answered a questionnaire in order to assess their
interest and knowledge about science. All results and
discussions were based on these responses and the
workshops held. The activities were very promising,
as they instigated the children to question the topics
covered, showing that they understood, memorized
and identified with science. So this project is extremely
important for showing a didactic alternative and more
interesting for the students, in the contents that can be
adapted to workshops.
Palavras-chave: Oficinas.
Aprendizagem. Ciência
Ensino
Fundamental.
Keywords: Workshops.
Learning. Science.
1
Elementary
Education.
Discente de Graduação, Universidade Federal de São João Del Rei – MG, Brasil. E-mail: amandanayara7l@
gmail; ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9258-9179.
2
Engenheira de Alimentos, Universidade Federal de São João Del Rei – MG, Brasil. E-mail: catheop@hotmail.
com; ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5726-5147.
3
Doutora, Universidade Federal de São João Del Rei – MG, Brasil. E-mail: hataroco@ufsj.edu.br; ORCID:
https://orcid.org/ 0000-0002-8744-9200.
4
Doutor, Universidade Federal de São João Del Rei – MG, Brasil. E-mail: onesio@ufsj.edu.br; ORCID: https://
orcid.org/0000-0002-7483-0942.
5
Doutor, Universidade Federal de São João Del Rei – MG, Brasil. E-mail: eric@ufsj.edu.br.
6
Doutor, Universidade Federal de São João Del Rei – MG, Brasil. E-mail: amauri.souza@ufsj.edu.br; ORCID:
https://orcid.org/ 0000-0002-7701-0982.
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CATAVENTOS, Cruz Alta, RS
ISSN 2176-4867 | v.13, n.1, p. 48-65, julho/2021
DOI: https://www.doi.org/10.33053/cataventos.v13i1.466
SILVA, A. N. A. | PERALTA, C. O. | TARÔCO, H. A. | MELO, J. O. F. | GARCIA, E. M. | SOUZA, A. G. DE.
1 INTRODUÇÃO
Nos anos iniciais do Ensino Fundamental a ciência ainda não é dividida por áreas como
biologia, química e física, ela traz um foco interdisciplinar (MEC, 1997), voltada à conservação
da natureza e à alfabetização científica, que são os conhecimentos mínimos que toda pessoa
deve possuir. Mas a definição de quais são estes conhecimentos não é muito bem definida,
por isso os conteúdos científicos acabam sendo estudados mais por seu valor cultural do que
pelo seu caráter prático (SCHWARTZMAN; CHRISTOPHE, 2009). Os programas escolares
adquirem melhor aproveitamento pelos alunos quando contextualizados, principalmente porque
assim ganham significado. Quando a aplicação é dinâmica e simplificada, instigando a criança a
discutir, escrever, a leitura, ou seja, explorar o assunto (GRÜNFELD et al., 2018).
Para trazer esse dinamismo, a literatura apresenta algumas técnicas como a experimentação
prática, o questionamento, a discussão dos temas e o trabalho em grupo (SCHWARTZMAN;
CHRISTOPHE, 2009). Para a contextualização podem ser abordados temas como o processo
no preparo de um café, a produção de um alimento antes de chegar ao supermercado, processos
químicos e físicos relacionados à limpeza e higiene, o cuidado na desinfecção de um ferimento,
ou até mesmo para convivência em sociedade (CATANOZI, 2015; MEC, 1997). Assim, após
desenvolver a curiosidade da criança contextualizada em seu cotidiano, aquele conhecimento
passa a ter valor social, retirando o pensamento de “eu não quero estudar isso, porque nunca
vou usar na minha vida”.
É importante identificar o nível de conhecimento do aluno, realizando uma
complementação teórica abrangendo parte de experimentação, aguçando seu senso crítico,
buscando melhor compreensão dos fenômenos observados e sobre tudo aguçá-lo a leitura e
escrita. Dessa forma o papel do professor se resume a corrigir eventuais erros, retirar dúvidas,
estimular o aluno a refletir e dialogar em grupos, para então trazer o aprimoramento técnico,
reforçando a memória e levando-os a uma conclusão (MEC, 1997; SILVA, 2016). Desta maneira,
fornecerá uma base de conhecimento suficiente, preparando o aluno, para alcançar as etapas
futuras com facilidade, criando hipóteses, questionamentos e críticas, de modo que encontre a
explicação e resolução de problemas. Neste sentido, as informações prévias e adquiridas são
extremamente importantes, para que o mesmo saiba onde encontrar a fundamentação de tais
hipóteses, de problemas considerados desconhecidos (SILVA, 2016).
Nesse trabalho a abordagem utilizada baseou-se em atividades práticas, experimentos
químicos, físicos, biológicos e/ou um conjunto deles executado pelos próprios alunos,
levando-os a compreensão dos fenômenos através da explicação de conceitos teóricos simples
(LUCA, 2018). O objetivo foi apresentar a metodologia científica alternativa, através de
oficinas experimentais simples, principalmente em Química, para crianças, mostrando a elas a
importância da Ciência e como ela está presente no cotidiano, de maneira dinâmica e prazerosa
para o aluno.
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2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este trabalho foi executado por duas discentes, orientadas por um docente e
colaboradores da Universidade Federal de São João del-Rei – Campus Sete Lagoas (UFSJ –
CSL). Foi desenvolvido na Escola Estadual João Rodrigues da Silva, a convite da diretora, que
notava o quanto seria promissor apresentar esses conceitos desde os primeiros anos do Ensino
Fundamental. A diretora acompanhou, semanalmente, o desenvolvimento de um projeto piloto
de difusão científica, denominado de “Vivendo Ciências” realizado por docentes e discentes da
UFSJ – CSL, direcionado para os alunos do ensino médio (OLIVEIRA, 2016), o que despertou
o seu interesse e então, sugeriu que fosse desenvolvido para os anos iniciais.
Diante desta solicitação este trabalho foi desenvolvido com o consentimento da referida
diretora e dos professores colaboradores da escola que cederam os horários de aula. O públicoalvo foram crianças do primeiro ao quinto ano escolar, ou seja, com faixa etária entre 7 e
11 anos. Para facilitar o desenvolvimento do projeto, o mesmo foi dividido em três etapas:
reelaboração de uma cartilha, elaboração e aplicação de um questionário e o desenvolvimento
das atividades experimentais com as crianças.
Primeiramente a cartilha foi readaptada para o ensino fundamental. Para isto realizou-se
um levantamento bibliográfico buscando experimentos que chamassem a atenção das crianças,
tomando sempre o cuidado de enfocar os conteúdos que pudessem ser vistos nestas turmas.
Sendo bem ilustrada, com linguagem compreensível e materiais coloridos de diferentes texturas,
a cartilha, denominada “Despertando para as ciências” (Figura 1), fez parte da elaboração do
projeto “Difusão Científica”, em que todos os experimentos foram relacionados as ciências
naturais, principalmente a química, associados com fenômenos naturais ou cotidianos. As
cartilhas foram usadas durante a aplicação das práticas, e depois as cópias foram distribuídas
para os professores e alunos de cada turma, sendo algumas também disponibilizadas na
biblioteca da escola para que as crianças tivessem acesso futuramente.
O texto da cartilha guiava as atividades experimentais desenvolvidas, iniciando com
uma breve explicação da importância de se aprender ciências, seguida de uma introdução
sobre: 1) o que seria feito, 2) como a ciência explica e, 3) uma vinculação com o que é visto
cotidianamente, esclarecendo a ciência para os alunos.
Em seguida foi elaborado um questionário, o qual foi aplicado no inicio das intervenções
com o intuito de identificar o nível de compreensão das crianças em ciências, sendo possível
verificar a base teórica prévia dos alunos, de maneira que possa trabalhar os conceitos durante
a aplicação das atividades experimentais, além de analisar a aplicabilidade da intervenção
extensionista no ensino básico. E reaplicado no final do projeto, com intuito de avaliar o grau
de conhecimento dos alunos sobre ciências, e levantar dados de quais conteúdos precisavam ser
melhor explorados.
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SILVA, A. N. A. | PERALTA, C. O. | TARÔCO, H. A. | MELO, J. O. F. | GARCIA, E. M. | SOUZA, A. G. DE.
Figura 1 - A) Capa da cartilha elaborada para as crianças. B e C) Exemplo do conteúdo da cartilha.
A)
B)
C)
Fonte: Acervo dos autores (2016).
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As atividades experimentais foram executadas, de setembro de 2016 a abril de 2017,
totalizando seis turmas atendidas, com visitas semanais, alternando-se as turmas de forma a
trabalhar com três delas a cada encontro. Aproximadamente 150 alunos foram atendidos pelas
atividades. Cada turma com cerca de 29 alunos, com exceção da terceira série que tinha duas
turmas com 19 e 20 alunos e a quinta série com 22 alunos. Os conteúdos abordados nas oficinas
foram, densidade, tensão superficial, reações físicas e químicas, estados físicos da matéria,
cromatografia delgada em papel, tempo em horas, processos físicos e químicos.
A primeira fase de cada encontro foi a construção da base metodológica a ser utilizada
e apresentação dos materiais, a segunda, foi a execução da prática, com o intuito de despertar o
interesse pela ciência e mostrar as crianças que ela não é apenas um conteúdo escolar teórico, mas
que tem um embasamento em observações e correlação com a vida humana e do ecossistema,
que pode ser testada e replicada, a terceira fase foi de assimilação do conteúdo.
As práticas utilizaram materiais fáceis de se encontrar em supermercados, papelarias
e lojas de utilitários ou até mesmo em descartes domésticos que pudessem ser manuseados
livremente pelas crianças dentro da própria sala de aula, não sendo necessário um laboratório.
Os discentes foram divididos em grupos, de forma que cada grupo recebeu um kit de materiais
para a prática daquele referido encontro e uma cartilha para cada dois alunos. Todos os grupos
foram orientados pelas alunas responsáveis de como realizar o experimento, os ajudavam a ler,
auxiliando no português. Depois de lerem a cartilha e do entendimento da atividade, executavase a oficina e em seguida, os alunos eram instigados a falar sobre o conteúdo, sobre o que havia
acontecido e o porquê. Ao final, cada aluno recebia um postite para desenhar ou escrever o que
mais gostou na atividade, ou seja, seu feedback da oficina.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A cartilha elaborada nesse trabalho teve a intenção de trazer uma alternativa que
pode solucionar alguns problemas no aprendizado. Com uma linguagem informal e de fácil
compreensão, buscou trazer a linguagem científica de estruturação de texto (introdução, materiais
e métodos) e que instigasse a busca por discutir e compreender os resultados observados de
forma a apresentar a ciência ao nível escolar alvo. As oficinas desenvolvidas foram:
Corrida brilhante: Com a utilização de purpurina e sabão, pode-se demonstrar, a relação
de densidade entre as matérias, ao colocar a purpurina na água observou-se o processo de
flutuação. Entretanto, ao adicionar o detergente a mesma irá impelir para o fundo, por ser mais
denso que a água (MAIA et al., 2013). Neste mesmo sentido, Alves et al. (2017) aplicaram a
mesma oficina para explorar o conteúdo sobre as interações intermoleculares para alunos do
ensino fundamental.
Areia Movediça: Com uma mistura de amido de milho e água é possível simular esse
fenômeno natural, que pode se comportar como líquido ou como sólido por ser um material
com viscosidade não definida, assim sofrem alterações de formato conforme a pressão exercida
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sobre eles (OLIVEIRA, 2016). De acordo com o trabalho de Behring et al. (2004), exploram o
mesmo assunto, mas abordaram a tensão na concentração micelar de surfactantes.
Enchendo balões: Utilizando-se de materiais como o vinagre e o bicarbonato de sódio
é possível desencadear uma reação de neutralização, obtendo como produto a liberação de
gases, através do processo de vedação do balão. Tornando-se visível na medida que o balão é
preenchido, sendo possível visualizar inclusive que substancias em estado gasoso são matéria,
portanto ocupam espaço (MAIA et al., 2013). Pereira et al. (2013), obtiveram resultados
satisfatórios com as questões relacionadas a mesma prática, demonstrando que é possível
explorar vários conteúdos com um ambiente leve e prazeroso para os alunos.
O segredo das cores das canetinhas: Primeiro é necessário pintar em pequenas faixas
um filtro de papel e depois molhá-lo com álcool, os pigmentos utilizados para criar as cores das
canetinhas vão se separar conforme a afinidade com o papel ou com o álcool, assim é possível
explicar o procedimento físico-químico da cromatografia (MAIA et al., 2013).
Vulcão: O mais conhecido entre eles, também utiliza do processo de neutralização entre
vinagre e bicarbonato de sódio, mas dessa vez com a construção de uma maquete que ajude a
assimilar essa liberação de gases com um fenômeno natural (ALVES, 2019). De acordo com
Rocha et al. (2020), observaram que esta oficina contribuiu para a construção do conhecimento
dos alunos, de acordo com as indagações realizadas.
Relógio de sol: Com um prato e palitos de churrasco é montado um relógio de sol,
depois a criança deve acompanhar as horas e anotá-las ao longo do dia, aprendendo assim a
fazer a leitura de um relógio analógico e entendendo sobre a rotação terrestre (RAMALHO;
FERNANDES, 2012).
Sobe e desce químico: Outra forma de demonstrar a diferença de densidade e a reação
de neutralização é colocando uvas-passa na água e observando elas afundam, então colocar
um comprimido antiácido, que também irá afundar, mas conforme ele reage com a água,
libera bolhas que ficam presas abaixo das uvas, como o ar é menos denso, as uvas irão subir
(MATEUS, 2001).
Maçã doente: Nesse experimento é feito a contaminação de frutas saudáveis, espetando
um palito em uma fruta doente e depois em outra saudável e deixando outra saudável sem
contaminar, são identificadas e armazenadas. Assim após alguns dias ao abrir a maçã é possível
ver a podridão causada principalmente por fungos (RAMALHO; FERNANDES, 2012).
Leveduras: Nesse experimento pode ser observado o desenvolvimento de leveduras, que
são fungos muito utilizados na indústria alimentícia como fermento biológico, sendo possível
explicar que os microrganismos podem ser benéficos (APLEVICZ, 2013).
Separando areia da água: Com um filtro de papel é feito um processo de filtração entre
materiais de diferentes estados físicos, ou seja, heterogêneos, também podem ser colocados
materiais sólidos de diferentes tamanhos, assim utiliza-se o processo de catação (FRIGGI;
CHITOLINA, 2018).
Medidas de condutividade das substâncias e solubilidade: Utilizando sal, açúcar, limão,
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refrigerante e álcool, todos dissolvidos em água e fechando um circuito com fios e uma lâmpada
que irá acender quando colocado em contato com substâncias iônicas (ALMEIDA, 2018).
De olho no repolho: Utilizando um repolho roxo para identificar o pH de diferentes
substâncias, sendo essas o limão, vinagre incolor, bicarbonato de sódio e sabão em pó. Isso
acontece pois, o repolho roxo possui antocianinas que são substâncias que mudam de cor
conforme a acidez do meio, após essa demonstração as crianças podem compreender melhor os
conceitos de ácido e base (FERNANDES, 2021).
As crianças tiveram muitas reações de surpresa em todas as oficinas, mas a prática de
enchendo balões, foi surpreendente, pois ficaram muito eufóricos, de modo que alguns grupos
pediram para repetir a oficina. Um fato ocorrido e importante nesta oficina, foi o estouro de
alguns balões, enquanto outros ficaram praticamente vazios, o que proporcionou explicar a
quantidade de reagentes inseridos e a quantidade de produto formado, fato este relatado por
outros autores (FERREIRA et al., 1997). Mesmo com algumas dificuldades de leituras e com
ajuda na interpretação, as turmas de terceira série desenvolveram as oficinas de forma muito
satisfatória, despertando a curiosidade dos alunos e o interesse pelo conteúdo explorado.
No final de cada oficina para fazer a fixação e avaliar o conteúdo e o grau de envolvimento
dos alunos, foi dado a eles um postite para fazer uma avaliação da experiência. Nestes postites
foram confecionados desenhos, frases de atividades que mais gostaram, de maneira que
demonstraram e transmitiram muitos dos sentimentos no momento. Alguns destes postites são
demonstrados nas figuras 2 A-D.
Nas figuras 2A e 2B, foi possível notar e interpretar pequenos detalhes dos materiais,
observados pelas crianças, como a graduação dos béqueres, as estrias na tampa de um bico
dosador, a representação de balões estourando e as cotas pingando nos objetos, fatos que
demonstraram a sutileza de observações das crianças e memorização de detalhes. Outro fato
que chamou a atenção foi um autorretrato, em que foram identificados como pessoas fazendo
parte da ciência, com participação ativa e o despertar deles para a construção do conhecimento
científico.
Observou-se em alguns desenhos, além do autorretrato, que as crianças desenharam as
discentes universitárias que conduziram os trabalhos, demonstrando que foi criado um vínculo
entre a universidade e a escola primária. Durante o decorrer das atividades, diálogos sobre o
curso de graduação realizado pelas discentes e as razões pelas quais escolheram aquela área,
incentivaram as crianças. Muitas crianças diziam querer estudar enquanto outras se perguntavam
se seria possível. Nesse sentido, Santos (2020) observou diálogos semelhantes em seu trabalho
de extensão em uma escola municipal em que apresentou atividades práticas de cartografia a
crianças de 10 a 12 anos, demonstrando que muitas delas se interessavam pela universidade e
os cursos disponíveis, e utilizavam dessa proximidade para tirar dúvidas sobre a graduação e o
vestibular.
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Figura 2 - Desenhos e relatos das crianças após a execução das oficinas.
A)
B)
C)
D)
Fonte: Acervo dos autores (2017).
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As mensagens dos postites demonstraram que o papel do educador é fundamental e
influencia muito na concretização e formação do conhecimento transmitido. Por isto que os
educadores de um modo geral, devem sempre repensar sua didática, de forma a melhorar
cada vez mais sua forma de transmitir o conteúdo, com alternativas mais interativas, porque
muitos educadores servirão de exemplos para muitos alunos, e principalmente das crianças que
participaram do projeto.
Enfim, todas as respostas dadas pelos postites e durante as indagações no decorrer das
oficinas evidenciaram o envolvimento e o interesse dos alunos pelas atividades, bem como a
construção e consolidação do processo de ensino-aprendizagem. Considera-se que as atividades
serviram para despertar e incentivar as crianças pelo estudo de ciências e colaborou para a
compreensão dos conteúdos abordados.
Em relação ao questionário aplicado antes da execução das atividades, o mesmo foi
iniciado pela terceira série. Contudo, esta turma apresentou dificuldade na interpretação do
texto e escrita, fato este ocorrido também com a quarta série. Ambas as turmas tinham as
mesmas dificuldades, por isso não responderam o questionário de forma satisfatória. Nessa
fase de desenvolvimento é comum a discrepância, em relação a alfabetização, entre os alunos,
pois segundo Oliveira (2017, p. 10) “a leitura e a escrita são atividades que dependem muito
de estímulos internos e externos [...]” que devem ser instigado pelos professores conforme as
necessidades dos alunos como indivíduos e como parte de um grupo social. Como o processo
de aprendizado não era o foco deste trabalho, então não foi realizado nenhuma atividade
voltada a esse âmbito, apenas feita a retirada do questionário nas turmas que apresentaram
maior dificuldade e nas demais houve o auxilio das universitárias na leitura e escrita.
Entretanto, com a quinta série o nível de compreensão e leitura era muito melhor e
foi possível aplicar o questionário e observar a discrepância na compreensão dos conceitos
abordados com relação a terceira e quarta séries. O questionário não foi aplicado no final do
projeto, para fins comparativos, dada essa dificuldade dos alunos e também pelo prazo para
execução das atividades, conforme realidade relatada por Oliveira (2017). Neste sentido, os
discentes precisam perceber a necessidade de escrever, como algo crucial, assim como a leitura,
para que estas oficinas vividas sejam algo de reflexão no ambiente escolar e no cotidiano: “ o
vivido é, portanto, o ponto de partida para a reflexação” (GERALDI, 1993, p. 163).
Outro fato que impediu a aplicação do questionário final, foi o período de uma greve,
entre novembro e fevereiro. Assim, algumas turmas foram aglutinadas e a escola tinha que repor
a greve, o que dificultou a finalização do projeto. Apesar da escola incentivar a execução de
projetos que trazem o ensino fora do padrão expositivo de conteúdo, outros tipos de didáticas não
são considerados prioridade, nem foram incluídos no calendário escolar. Viecheneski e Carletto
(2013) identificaram que alguns professores não consideram importante para a formação do
cidadão ou não reconhecem a necessidade de ensinar as ciências naturais nos anos iniciais, mas se
sentem inseguros de fazer atividades sistemáticas que podem ajudar a construir o conhecimento
de forma continuada devido a idade das crianças e por isso acabam utilizando o livro didático
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como base e se limitando as sugestões deste. Geraldi (1993), percebeu a necessidade de uma
melhor preparação por parte dos docentes para a construção deste conhecimento e trabalhar
melhor a escrita por parte dos alunos, explicando que a falta de apoio entre os colaboradores da
escola no preparo do planejamento pedagógico e no desenvolvimento das atividades agravam
a dificuldade em se instalar metodologias de experimentação (VIECHENESKI; CARLETO,
2013).
Com isso, torna-se necessário enfatizar não apenas aos alunos, mas aos diretores e
professores da escola que há inúmeras atividades que podem ser utilizadas e trazem algum
conhecimento científico aplicável a sociedade, conforme Santos (2007, p. 480) discute:
Assim, uma pessoa funcionalmente letrada em ciência e tecnologia saberia, por
exemplo, preparar adequadamente diluições de produtos domissanitários; compreender
satisfatoriamente as especificações de uma bula de um medicamento; adotar profilaxia
para evitar doenças básicas que afetam a saúde pública; exigir que as mercadorias
atendam às exigências legais de comercialização, como especificação de sua data de
validade, cuidados técnicos de manuseio, indicação dos componentes ativos; operar
produtos eletroeletrônicos etc. (SANTOS, 2007, p.480).
Assim, a conclusão dele, de que o letramento científico das escolas hoje é apenas
voltado a ler e repetir fórmulas, nomenclaturas e termos técnicos sem a compreensão da real
necessidade em se entender a informação transmitida se aplica a situação vivenciada pelas
crianças e universitárias.
Dados as adversidades acima citadas, a discussão dos resultados baseou-se nos dados
obtidos com os questionários respondidos e dos postites confeccionados por todos alunos após
cada dia de oficina. Na figura 3A observa-se que na terceira série 31% dos alunos apontaram
dificuldade em matemática, quando foram questionados sobre a matéria mais difícil e somente
2% dos alunos afirmaram ter dificuldade em ciências. Vale ressaltar que, nessa turma 26% dos
alunos afirmaram não ter dificuldade em nenhuma disciplina e 28% não souberam informar.
Destes, 23% não souberam dizer por qual disciplina tem preferência (Figura 3B), e apenas 5%
deles disseram não ter preferência por qualquer disciplina. Apesar do alto número de alunos
com dificuldade em matemática, 18% da turma tem a matemática como favorita. Dessa forma
as respostas demonstram que na terceira série as crianças não se identificam com as disciplinas,
seja pelo nível de dificuldade ou pelo interesse. Tal indiferença pode resultar em desmotivação
no aprendizado, o que implica na reduzida aplicação das práticas que foram desenvolvidas
posteriormente, que trazem satisfação e autodeterminação pelo conhecimento e os objetivos
da aprendizagem se tornam tangíveis (KNÜPPE, 2006), considerou-se então este momento
propício para intervenção com projetos universitários.
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Despertando para as ciências
Figura 3 - Resposta dos alunos da 3ª série. A) matérias mais difíceis. B) matéria favoritas.
A
B
Fonte: Elaborado pelos autores (2017).
A figura 3B apresenta 38% dos alunos com preferência em ciências e apesar disso ao
questionar “o que é química?” a maioria das crianças não souberam responder e outras ainda
agregaram adjetivos sobre seu interesse ou dificuldade, mostrando que o conceito ainda não
está bem definido para a terceira série. Grunfeld et al. (2018), demonstraram que os alunos
ainda não têm consciência do que seja a química, fato que pode ser associado com a faixa etária
ou falta de informação, demonstrando mais uma vez a importância de uma intervenção com
oficinas desta natureza, estendida as demais áreas, e principalmente para estimular a leitura.
Outros estudos, também relatam a mesma dificuldade dos alunos, mas discutiram que a mesma
pode estar associada a didática usada e o formato como o conteúdo é ministrado, atrelando este
fato a responsabilidade do professor (LUCA, 2018; SCHWAETZMAN; CHRISTOPHE, 2009).
Diante desta dificuldade de leitura, conhecimento e interpretação, é necessário que as atividades
com crianças no ensino fundamental, sejam com esse enfoque, principalmente a leitura.
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SILVA, A. N. A. | PERALTA, C. O. | TARÔCO, H. A. | MELO, J. O. F. | GARCIA, E. M. | SOUZA, A. G. DE.
Na quinta série 50% das crianças apontaram dificuldade em matemática, como mostra
a figura 4A, ainda assim é a matéria favorita de 27% dos alunos (Figura 4B). A dificuldade dos
alunos em ciências foi de 23% e português passou a ter maior destaque com 14% das crianças.
Na turma, o número de alunos que tinham preferência por ciências (Figura 4B) aumentou em
comparação com a terceira série, chegando a 41% das crianças, comparando as diferentes
idades notou-se também que a quinta série teve um decréscimo na porcentagem de alunos que
não sentiram dificuldade em nenhuma matéria (9%) ou que não souberam informar (4%). O
mesmo aconteceu com as disciplinas favoritas, em que poucos (5%) não souberam definir, mas
os demais afirmaram ter alguma preferência por alguma disciplina. Esse resultado demonstra
que na quinta série as crianças já começaram a fazer uma identificação pessoal com cada área de
estudo, o que se torna um incentivo à busca pelo conhecimento, facilitando a absorção de ideias.
É o momento para instigar as crianças ao questionamento e comparação de novas informações
com as anteriores (KNÜPPE, 2006).
Figura 4 - Resposta dos alunos da 5ª série. A) matérias mais difíceis. B) matéria favoritas.
A
B
Fonte: Elaborado pelos autores (2017).
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No questionamento sobre a definição de Química com a quinta série, as respostas já
ficaram mais diversificadas e, somente cinco crianças não souberam responder, reduzindo de
69% para 22% entre as séries. Apesar de haver mais respostas, elas apresentavam conceitos
e não estavam relacionadas com o cotidiano. Este fato permitiu observar que realmente em
apenas dois anos é possível agregar valores e conhecimentos, que refletem no comportamento
dos alunos, de alguma forma, por isto devem ser muito bem trabalhados (CAMPOS; CAMPOS,
2017).
Nesta questão muitas das crianças de ambas as idades procuraram as discentes
universitárias pedindo explicação sobre o que é Química, como foi perceptível para maioria
da turma, as alunas então, explicavam de forma bem didática, de modo que todos tivessem
condições de responder a pergunta que estava sendo feita no questionário. Neste sentido,
foi perceptível que o papel do educador é essencial para a construção do conhecimento e
aprendizado dos alunos (CAMPOS, 2017; GRÜNFELD et al., 2018). Como as crianças foram
capazes de passar a explicação para o papel, apesar de receber essa influência, percebeu-se que
os alunos tinham uma base inicial para compreensão, faltando apenas abranger os conceitos e
aplicações em sala de aula.
Pela crescente dificuldade nas disciplinas, é necessário uma mudança na metodologia
de ensino, de maneira a facilitar o entendimento das crianças, principalmente nas ciências
naturais, instigar a curiosidade, aguçar o conhecimento e senso crítico. Tudo isto faz parte da
construção do conhecimento, por isso o modelo atual de ensino deve ser repensado de modo
a facilitar o processo de ensino-aprendizagem e não dificultá-lo, buscando dinâmicas mais
interativas e práticas (ALMEIDA et al., 2018). Assim, o ensino fica defasado e com o passar
dos anos a assimilação do conteúdo se reduz, causando o desconforto ao estudar, reduzindo
o aproveitamento. Esta é uma das causas agravantes no crescimento das taxas de reprovação
e abandono da escola nos ensinos fundamental e médio, tendo redução muito alta, no início
de um novo ciclo, ou seja, no sexto ano do Ensino fundamental e no primeiro ano do Ensino
Médio (INEP, 2019). Outra possível causa desse abandono é apontada por Cima (2017), que
discute as causas do desinteresse dos estudantes na disciplina de Física na transição do ensino
fundamental para o médio, que tem grande influência pela forma como a disciplina é ministrada
pelo método de ensino anterior.
Entretanto, para aguçar a curiosidade no aluno, a disciplina deve ser transmitida,
mostrando-a como parte integrante da ciência, para que o aluno não a coloque somente para
aplicação no vestibular. É importante ressaltar que a física, assim como a química, apresentada
apenas de forma teórica, sem significado prático, sem participação ativa do aluno, é causa desta
evasão e desinteresse. Neste mesmo sentido, as Ciências como um todo devem ser melhor
ensinadas, buscando alternativas que despertem mais o interesse dos alunos.
Para saber qual a pretensão de profissão a ser seguida pelas crianças foi feita a pergunta
“o que você quer ser quando crescer?”. Tanto na terceira série quanto na quinta série, as respostas
foram muitas, alguns utilizavam a imaginação e outros se inspiravam em alguém conhecido,
como um membro da família, que desempenha importante papel social e influencia a criança
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tanto no interesse profissional, quanto nos estudos, o que se torna relevante o acompanhamento
da família no processo de aprendizado (LIMA, 2007). Na terceira série, sete do total de 39
alunos (cerca de 18%), responderam que gostariam de ser cientistas e na quinta série foram
dois alunos (cerca de 9%), de um total de 22. Além destes, muitas outras crianças gostariam de
fazer carreira em profissões que estão relacionadas com as ciências naturais, como médico (13%
na terceira série e 14% na quinta série), veterinário (3% na terceira série e 5% na quinta série),
dentista (3% na terceira série e sem interesse na quinta série) e professor (5% na terceira série
e 9% na quinta série). Considerando essas áreas afins, observa-se que não houve desinteresse
pelo tema, apenas uma maior maturidade dos alunos da quinta série que responderam sobre
profissões específicas que envolvem a ciência, enquanto na terceira série as respostas são
voltadas a ciência mas sem especificação de sua aplicabilidade.
A dificuldade das crianças em interpretar as questões foi grande, como é possível notar
na discrepância entre o número total de alunos e o total de respostas. Assim, as demais perguntas
realizadas não serão apresentadas aqui, pois não foram respondidas de forma satisfatória.
A maioria foi entregue em branco, com desenhos, ou foram totalmente influenciadas pelas
discentes universitárias. Outro fato que deve ser melhor repensado em um projeto futuro é criar
questionários mais ilustrativos do que descritivos, por exemplo, com alternativas de resposta,
substituindo as respostas dissertativas.
Ao final do projeto, ou seja, no último dia de visita a escola e fechamento dos trabalhos,
foram levados quebra-cabeças para uma competição, de forma que quem montasse primeiro
ganharia um prêmio (caixa de bombom). Os temas abordados foram: cientista químico, relação
ser humano e planeta, reciclagem e descarte correto do lixo. Explicando para eles a importância
da conservação do meio ambiente (Figura 5), tema principal de ciências naturais nos primeiros
anos do ensino fundamental (MEC, 1997), e o primeiro passo para formação socioambiental,
criando senso crítico em relação a preservação ambiental (BEHLING, 2020). Neste dia também
foi entregue a eles um brinde, além dos ganhadores da caixa de bombom, apenas para marcar
a presença da universidade e incentivá-los a participar de outros projetos propostos pela
Universidade Federal de São João Del Rei.
Figura 5 - Crianças ouvindo as explicações sobre a importância da reciclagem.
Fonte: Acervo dos autores (2017).
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As oficinas foram de extrema importância para que os alunos pudessem entender melhor
o que estudaram na teoria, o significado de alguns conceitos cotidianos, indo ao encontro dos
objetivos da direção e demais professores. Vale ressaltar, que para a realização das atividades
não foi necessário um local específico (laboratório), sendo realizado na própria sala de aula.
Os alunos não tiveram resistência em participar das atividades, por ser algo diferente
da rotina de aulas deles, pois eles demonstraram muito interesse durante os encontros e todos
se dispunham a participar, utilizando os materiais disponíveis e trabalhando em conjunto. O
intuito principal foi atingido, de forma que o trabalho auxiliou no rendimento escolar dos
alunos participantes do projeto e na melhor familiarização da ciência à acontecimentos diários.
Com esta intervenção estes alunos poderão ingressar no ensino médio e ensino superior com
uma bagagem diferenciada do público atual, que não tiveram esta oportunidade, por isto a
necessidade de mais trabalhos desta natureza.
Este trabalho também demonstrou que o papel do educador é de extrema importância,
pois o mesmo pode influenciar nas decisões e conceitos por parte dos alunos, sendo fundamental
na formação dos discentes de qualquer faixa etária.
Outro fato que deve ser repensado em um próximo trabalho, é a criação de questionários
mais ilustrativos do que descritivos, de forma que facilite o entendimento das crianças para
responder as questões referentes a oficina. Para isto, deve-se utilizar termos mais simples,
fechando o leque de respostas com alternativas, através de símbolos e imagens. Notou-se a
necessidade de aplicar questionários após a realização das oficinas para comparar o nível de
aprendizado.
O trabalho foi muito enriquecedor e promissor, tanto para a comunidade escolar, como
para os demais envolvidos, pois permitiu a troca de conhecimentos, além da interação entre
as instituições (escola e UFSJ). Diante do exposto, e da importância social, este trabalho
continuará abrangendo outras escolas e séries, oportunizando momentos de estudos e reflexões,
estimulando novos alunos e levando a todos os envolvidos o conhecimento científico.
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Recebido em: 25/03/2021
Aceito em: 28/07/2021
Publicado em: 07/2021
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