ANGELA GONÇALVES MARX
Estudo sobre a intervenção fisioterapêutica precoce e
tardia na morbidade de membro superior póstratamento de câncer de mama
Tese apresentada à Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo, para obtenção do título de
Doutor em Ciências.
Área de concentração: Oncologia.
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Renzo Brentani
São Paulo
2006
ANGELA GONÇALVES MARX
Estudo sobre a intervenção fisioterapêutica precoce e
tardia na morbidade de membro superior póstratamento de câncer de mama
Tese apresentada à Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo, para obtenção do título de
Doutora em Ciências.
Área de concentração: Oncologia.
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Renzo Brentani
São Paulo
2006
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Preparada pela Biblioteca da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
∧reprodução autorizada pelo autor
Marx, Angela Gonçalves
Estudo sobre a intervenção fisioterapêutica precoce e tardia na morbidade de
membro superior pós-tratamento de câncer de mama / Angela Gonçalves Marx.
-- São Paulo, 2006.
Tese(doutorado)--Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Departamento de Radiologia.
Área de concentração: Oncologia.
Orientador: Ricardo Renzo Brentana.
Descritores: 1.Neoplasias mamárias/reabilitação 2.Fisioterapia (Especialidade)
3.Extremidade superior/lesões 4.Amplitude de movimento articular
USP/FM/SBD-377/06
As lágrimas, os sorrisos, o olhar deslumbrado e esperançoso,
enlaçam-se na emoção dos pequenos e intensos encontros do
terapeuta com seu paciente. Nos diálogos silenciosos das
mãos tocando o paciente, que anseia conforto e cura. Nos
diálogos com Deus, quando tentamos compreender o
sofrimento
e
a
finitude
de
nossa
existência.
DEDICATÓRIA
Ao meu pai,
Georg (in memorian), por todos os ensinamentos que trago comigo.
A minha mãe,
Isoleta, pelo carinho, dedicação e amor.
Às pacientes,
Por sua eterna esperança de melhor viver.
AGRADECIMENTOS
Deixo registrado aqui meus sinceros agradecimentos a todas as pessoas que tiveram
participação direta ou indireta, próxima ou distante, não só neste estudo, mas em uma
longa jornada acadêmica, profissional e pessoal.
Pela minha iniciação acadêmica, pelos ensinamentos e por momentos que sempre me
lembrarei, agradeço à Pontifícia Universidade Católica de Campinas e seus
professores.
Ao Hospital do Câncer de São Paulo, pela oportunidade de conhecer e conviver
com profissionais excelentes.
A Lor Cury (in memorian), principal incentivadora desta empreitada.
Ao Centro de Estudos do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer, pelo apoio
na realização deste trabalho.
A Ricardo Renzo Brentani – Orientador da minha tese e diretor do Hospital do
Câncer de São Paulo - pela oportunidade.
Ao Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC), por 15 bons anos de
convivência e experiência, como também pela oportunidade de contribuir para uma
melhor qualidade de vida das suas pacientes.
A Véronique Mertens, companheira de lutas, pelas longas conversas e pela
paciência durante a realização deste trabalho.
A Márcia G. Modesto – Médica Nuclear - por sua paciência constante e pelas
nossas longas e deliciosas conversas.
À Equipe de Medicina Nuclear do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer,
A Andréia Gumurski -fisioterapeuta - pela ajuda e carinho demonstrado às
pacientes.
A Milene Bordin - fisioterapeuta - sempre disposta a ajudar na avaliação das
pacientes.
A Márcia Colliri Camargo – fisioterapeuta - pelos bons anos de convivência
pessoal e profissional
A Inês Nishimoto, pela ajuda, preparação e toda a análise estatística.
A Maria Antônia Schmied Abrantes, Elva Karlinda Villalba, Adriana Chufuli,
Andréia Gumurski de Oliveira, Milene Bordin, Carla Maria de Abreu Pereira e
Mayra Sumie Kawano Viera, membros da minha equipe de fisioterapeutas do
IBCC, que me incentivaram e acompanharam em todas as horas.
À equipe do GEF, Márcia, Tomie, Andréia, Véronique, Sonia e Eveli por
compartilharem comigo semanas e meses de trabalho, chatices e alegrias.
Às pacientes do IBCC, às quais sempre tive imenso prazer em ajudar em sua
reabilitação.
Pela possibilidade de poder contribuir para a evolução da ciência e para a melhora da
qualidade de vida das pacientes.
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE TABELAS
RESUMO
SUMMARY
1 INTRODUÇÃO ..........................................................................
1
2 OBJETIVOS ...............................................................................
9
3 CASUÍSTICA E METODOLOGIA .........................................
10
3.1 CASUÍSTICA ...............................................................................
3.2. METODOLOGIA ........................................................................
.....................................................................
3.2.2. Critérios de Exclusão .................................................................
3.3.AVALIAÇÃO ...............................................................................
3.3.1 Morbidades ................................................................................
3.3.2 Perimetria dos membros superiores .............................................
3.3.3 Amplitude de movimento dos membros superiores ........................
3.3.4 Queixas de dor no membro superior ipsilateral à cirurgia ..............
3.4. PROTOCOLO FISIOTERAPÊUTICO .........................................
3.4.1 Autocuidados com o membro superior no pós-operatório ..............
3.4.2 Orientações gerais quanto à prevenção e cuidados ........................
3.4.3 Cinesioterapia ............................................................................
3.4.4 Automassagem de cadeia linfonodal .............................................
10
10
10
11
12
13
14
15
16
17
17
18
18
22
4 VARIÁVEIS DE ESTUDO ........................................................
26
5 ANÁLISE ESTATÍSTICA ........................................................
27
6 RESULTADOS ..........................................................................
28
7 DISCUSSÃO ...............................................................................
62
8 CONCLUSÃO ............................................................................
78
9 ANEXOS .....................................................................................
79
10 REFERÊNCIAS .......................................................................
96
3.2.1. Critérios de Inclusão
LISTA DE ABREVIATURAS
G1 – Grupo Precoce
G15 – Grupo Tardio
IMC – Índice de Massa Corpórea
RT – Radioterapia
B – Branca
NBR – Não Branca
QT – Quimioterapia
ISL – International Society of Lymphology
INCA – Instituto Nacional do Câncer
MCI – Membro Controle Inicial
MPI – Membro Padrão Inicial
MCIM – Membro Controle Imediato
MCP – Membro Controle Pós-Cirúrgico
MCPX – Membro Controle Pós-Cirúrgico Após um ano
A X + – Axila Positiva
EC – Estadiamento Clínico
EA – Esvaziamento Axilar
BLS – Biópsia do Linfonodo Sentinela
L – Invasão Linfática
ABD P – Abdução pré-cirurgia
ABD 1, 2, 3, 4, 5, 6 – Abdução do 1o ao 6o mês
FLEX P – Flexão pré-cirurgia
FLEX 1, 2, 3, 4, 5, 6 – Flexão do 1o ao 6o mês
AT.FIS. – Atividade Física
AVD – Atividades da vida diária
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Perimetria de membros superiores .................................................
14
Figura 2 – Flexão do braço a 90º. .................................................................
19
Figura 3 – Abdução do braço a 90º. ...............................................................
19
Figura 4 – Adução das escápulas e dos ombros. ............................................
19
Figura 5 – Rotação interna do ombro com abdução .........................................
20
Figura 6 – Abdução do braço com flexão do cotovelo .....................................
20
Figura 7 – Movimentos combinados em vários eixos ......................................
21
Figura 8 – Exercício de abdução do braço com flexão de cotovelo ..................
21
Figura 9 – Exercícios de flexão com amplitude total, abdução e inclinação ....
21
Figura 10 – Flexão com amplitude total mais abdução com inclinação ...........
22
Figura 11 – Exercícios de abdução do braço com flexão de cotovelos ............
22
Figura 12 – Esquema da automassagem numa mastectomia à esquerda .........
23
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Distribuição das pacientes do G1 e G15 em relação ao escore de
movimento de abdução (4 = normal, 3 = pouco limitada, 2 =
limitada) na primeira avaliação mensal ........................................
35
Gráfico 2 – Distribuição das pacientes do G1 e G15 em relação ao escore de
movimento de abdução na segunda avaliação mensal .................
36
Gráfico 3 – Distribuição das pacientes do G1 e G15 em relação ao escore de
movimento de abdução na terceira avaliação mensal ..................
37
Gráfico 4 – Distribuição das pacientes do G1 e do G15 em relação ao escore
de movimento de abdução na quarta avaliação ............................
38
Gráfico 5 – Distribuição das pacientes do G1 e G15 em relação ao escore de
movimento de abdução na quinta avaliação .................................
38
Gráfico 6 – Distribuição das pacientes do G1 e G15 em relação ao escore de
movimento de abdução na quinta avaliação .................................
39
Gráfico 7 – Distribuição das pacientes do G1 e G15 de acordo com os
escores de movimento de abdução na sexta avaliação .................
39
Gráfico 8 – Distribuição das pacientes do G1 e G15 de acordo com os
escores de movimento de abdução na reavaliação após um ano ..
42
Gráfico 9 – Distribuição das pacientes do G1 e G15 em relação ao escore de
movimento de flexão (4 = normal, 3 = pouco limitada, 2 =
limitada) na primeira avaliação mensal ........................................
43
Gráfico 10 – Distribuição das pacientes do G1 e G15 em relação ao escore
de movimento de flexão na segunda avaliação ............................
44
Gráfico 11 – Distribuição das pacientes do G1 e G15 em relação aos escores
de movimento de flexão na terceira avaliação .............................
45
Gráfico 12 – Distribuição das pacientes do G1 e G15 de acordo com os
escores de movimento de flexão na quarta reavaliação ...............
45
Gráfico 13 – Distribuição das pacientes do G1 e G15 de acordo com os
escores de movimento de flexão na quinta avaliação ..................
46
Gráfico 14 – Distribuição das pacientes do G1 e G15 de acordo com os
escores de movimento de flexão na sexta avaliação ....................
46
Gráfico 15 – Distribuição das pacientes do G1 e G15 de acordo com os
escores de movimento de flexão na avaliação após um ano ........
48
Gráfico 16 – Distribuição das pacientes de acordo com a cirurgia realizada
(MA = mastectomia e CO = cirurgia conservadora), o momento
da intervenção (1, 2, +) e a recuperação da ADM (amplitude de
movimentos) ................................................................................
49
Gráfico 17 – Associações de variáveis em pacientes que apresentaram
linfedema nos grupos G1 e G15 (RT = radioterapia; IMC > =
índice de massa corpórea maior que o normal: sobrepeso e
obesidade; RL – rotura de cápsula linfonodal; ADM =
amplitude de movimentos menor que o normal; AX+ = axila
positiva e Mast –mastectomia).
50
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Estadiamento do câncer em função das diversas combinações
possíveis pelo sistema TNM ..........................................................
25
Tabela 2 – Distribuição das pacientes de acordo com a idade (em anos), o
peso (em kg) e o IMC nos grupos G1 e G15 .................................
29
Tabela 3 – Distribuição das pacientes de acordo com a cor, profissão,
escolaridade, convênio, membro dominante e atividade física ......
30
Tabela 4 – Distribuição das pacientes de acordo com estadiamento clínico,
tipo de cirurgia e mama operada ....................................................
31
Tabela 5 – Distribuição das pacientes dos Grupos G1 e G15 de acordo com a
realização de biópsia do linfonodo sentinela, esvaziamento axilar,
níveis de axilectomia, quimioterapia, radioterapia, tipo de tumor,
rotura de cápsula linfonodal e axila positiva ....................................
33
Tabela 6 – Distribuição das pacientes de acordo com a evolução do escore de
movimento de abdução do membro superior ipsilateral à cirurgia...
34
Tabela 7 – Distribuição das pacientes de acordo com a evolução do escore de
movimento de flexão do membro superior ipsilateral à cirurgia .....
40
Tabela 8 – Distribuição das pacientes no G1 e G15 de acordo com as
complicações (1= linfedema; 2= fibrose de coletor linfático; 3=
seroma; 4= infecção; 6= metástase e 7= óbito) ..............................
49
Tabela 9 – Comparação entre as medidas A G15 ..............................................
51
Tabela 10 – Comparação entre as medidas A G1 ..............................................
52
Tabela 11 – Comparação entre as medidas B G15 ............................................
53
Tabela 12 - Comparação entre as medidas B G1 ...............................................
53
Tabela 13 - Comparação entre as medidas C G15 .............................................
54
Tabela 14 - Comparação entre as medidas C G1 ...............................................
55
Tabela 15 - Comparação entre as medidas D G15 .............................................
56
Tabela 16 - Comparação entre as medidas D G1 ...............................................
56
Tabela 17 - Comparação entre as medidas E G15 ............................................
57
Tabela 18 - Comparação entre as medidas E G1 ...............................................
58
Tabela 19 - Comparação entre as medidas F G15 .............................................
59
Tabela 20 - Comparação entre as medidas F G1 ...............................................
59
Tabela 21 - Comparação entre as medidas G G15 .............................................
60
Tabela 22 - Comparação entre as medidas G G1 ...............................................
61
RESUMO
Marx, A. Estudo sobre a intervenção fisioterapêutica precoce e
tardia na morbidade de membro superior pós-tratamento de
câncer de mama [tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina,
Universidade de São Paulo; 2006.
INTRODUÇÃO: O tratamento do câncer de mama está associado à morbidade do
membro superior, com complicações que têm um impacto significante na qualidade
de vida das pacientes. O OBJETIVO deste trabalho foi traçar um protocolo de
tratamento fisioterapêutico para prevenir as morbidades após cirurgia de câncer de
mama. CASUÍSTICA E MÉTODOS: Este estudo avaliou 132 mulheres com a
intervenção da fisioterapia em dois momentos: no primeiro pós-operatório (PO) e
entre o 10º - 15º dia do PO. Reavaliações foram feitas nos meses 1, 2, 3, 4, 5, 6 e
após um ano do PO. RESULTADOS: O grupo de intervenção precoce mostrou uma
recuperação mais rápida da amplitude de movimentos e apresentou menor
morbidade em relação ao grupo tardio. CONCLUSÃO: O protocolo fisioterapêutico
preconizado, tanto precoce quanto tardio, é eficaz. A recuperação da função do
membro superior e o menor índice de morbidades mostram que a fisioterapia deve
sempre ser instituída nas pacientes que se submetem à cirurgia de câncer de mama.
Descritores:1.Neoplasias mamárias/reabilitação 2.Fisioterapia
(Especialidade)3.Extremidade superior/lesões 4.Amplitude de
movimento articular
SUMMARY
MARX, A. The physiotherapy intervention in the morbidities after
breast cancer treatment. [Thesis]. São Paulo: Faculdade de
Medicina, Universidade de São Paulo; 2006, ...p.
INTRODUCTION: The breast cancer treatment is always linked with the morbidity
of the upper limb with complications that will have an enormous impact in the
quality of life of the patients submitted to breast cancer treatment. Objective : the
objective of this study was to develop a physiotherapy protocol in order to prevent
morbidities after breast cancer treatment METHODS: This study evaluated 132
patients submitted to physiotherapy sessions in two different moments: 1st day post
surgery and at the 10-15th day . Follow-ups were made on months 1, 2, 3, 4, 5, 6 and
after a year. RESULTS: The earlier group showed a faster recovery of arm range of
motion and had less arm morbidity. CONCLUSÃO: O RESULTS: G1 showed a
faster flexion and abduction ROM recovery and had less morbidity as compared to
the other group. The arm circumferences in the early intervention group had lower
values as compared to the late intervention group. CONCLUSION: The
physiotherapy protocol used in the study showed its efficacy. The upper arm ROM
was recovered and both groups had less arm morbidity.
Key words: -Breast neoplasms/rehabilitation 2-Physical therapy 3Upper extremity/injuries 4- Joint range of motion
1
1
INTRODUÇÃO
A incidência de câncer de mama tem aumentado mundialmente,
especialmente em nações em desenvolvimento. No Brasil, o câncer de mama é o que
mais causa mortes entre as mulheres. A expectativa é que dentre os 472.050 novos
casos de câncer estimados para 2006, o câncer de mama será o principal a atingir a
população feminina, sendo responsável por 48.930 novos casos (INCA29).
Parte deste aumento de incidência é atribuído à detecção precoce, provida
pela disponibilidade de serviços de triagem em centros de atenção à saúde da mulher.
Atualmente uma em cada nove ou dez mulheres desenvolverá câncer de
mama, das quais 70-80% sobreviverão pelo menos cinco anos2, 3. O risco de se
desenvolver câncer de mama é alto em mulheres acima de 60 anos, sendo que a
maioria ocorre em mulheres acima de 50 anos. O câncer de mama em mulheres
abaixo de 35 anos é raro.
De forma semelhante a outros locais do corpo atingidos pelo câncer, o câncer
de mama é classificado de acordo com o TNM4.
As alterações mais importantes realizadas pela Sociedade Brasileira de
Mastologia (SBM) foram referentes à classificação do status linfonodal axilar. Os
linfonodos supraclaviculares não são mais considerados doença metastática e o
linfonodo sentinela não foi incorporado à classificação patológica.
O tratamento do câncer de mama é baseado na extensão da doença, como por
exemplo: câncer de mama localizado (estádios I e II) câncer de mama localmente
avançado (estádio III) ou câncer metastático (estádio IV).
2
Atualmente o tratamento do câncer de mama é, na maioria das vezes,
realizado através de uma combinação de cirurgia, radioterapia, quimioterapia e/ou
hormônio-terapia.
TRATAMENTO DO CÂNCER DE MAMA
Atualmente, apresentam-se duas opções de tratamento local para as pacientes
com câncer de mama: a cirurgia conservadora da mama e a cirurgia não
conservadora da mama.
a.
Cirurgia não conservadora da mama – é a remoção em bloco de
toda a glândula mamária simples, associada ou não à retirada de linfonodos axilares
com retirada de um ou dos dois músculos peitorais.
b.
Cirurgia conservadora da mama – consiste na preservação cirúrgica
da mama, por meio da retirada de um quadrante da mama (quadrantectomia) ou do
tumor (tumorectomia) juntamente com a avaliação do linfonodo sentinela ou
dissecção linfonodal axilar. A cirurgia é seguida de radioterapia.
A escolha sobre qual tipo de tratamento cirúrgico é o mais indicado depende
basicamente do tamanho e da localização do tumor, bem como do tamanho da mama
da paciente e de vários outros fatores.
A radioterapia da mama é realizada nos casos de cirurgias conservadoras e
pode ou não ser indicada uma dose boost. Além da radiação da mama, é indicada a
3
radiação da parede torácica, quando as margens de ressecção cirúrgica do tecido
mamário ressecado estejam envolvidas pelo tumor ou quando o tumor de mama é
classificado como um tumor T4. A radiação regional é indicada quando houver mais
de quatro linfonodos positivos ou envolvimento dos linfonodos apicais.
Nas mastectomias, a indicação da radioterapia ainda é controversa26 e vários
fatores devem ser levados em consideração.
A radioterapia adicional, realizada na axila, pode aumentar a morbidade do
membro superior pela lesão tecidual tardia23, 24, 25, 26, 27. Este tipo de lesão levou a
uma redução da dose de radiação e a um aumento do fracionamento das doses28,29. A
partir dos anos setenta, o tratamento padrão era a radioterapia em doses moderadas
na mama e drenagem linfática loco-regional (como a axila e fossa supraclavicular,
com altas doses limitadas somente ao leito tumoral28).
A radioterapia, realizada somente na mama, não aumentou a incidência de
linfedema de membro superior29.
Terapia sistêmica adjuvante
Muitas mulheres com câncer de mama nos estádios I e II requerem tratamento
sistêmico adjuvante, seja com quimioterapia ou hormônio-terapia. O objetivo do
tratamento sistêmico realizado após a intervenção cirúrgica é eliminar ou retardar o
aparecimento subseqüente de micrometástases clinicamente ausentes.
A quimioterapia para o câncer de mama geralmente é feita com uma
combinação de drogas, pois essa combinação mostrou-se mais eficaz do que o uso de
4
uma droga isoladamente. Assim, as poliquimioterapias com as drogas AC
(adriblastina-ciclofosfamida), FAC (fluororacil-adriblastina e ciclofosfamida), TAC
(taxotere-adriblastina
e
ciclofosfamida),
CMF
(ciclofosfamida-metrotrexate–
fluororacil) ou FEC (fluororacil-epirubicina-ciclofosfamida) são as combinações
mais indicadas 26.
A hormônioterapia é realizada baseada na presença ou ausência dos
receptores hormonais de estrogênio ou progesterona nas células tumorais da mama.
A hormônioterapia com tamoxifeno 20mg/dia por cinco anos19 tem sua eficácia
largamente estudada e provada12 e é indicada em caso de positividade dos receptores
hormonais.
Diagnóstico e tratamento dos linfonodos axilares
Os objetivos da ressecção dos linfonodos axilares são: otimizar o controle
regional do tumor e estadiar os linfonodos para a complementação com terapia
sistêmica ou loco-regional. Além disso, a linfadenectomia axilar é um procedimento
que permite fazer um prognóstico, traçar um diagnóstico e estabelecer o tratamento
complementar mais adequado. A linfadenectomia axilar consiste na retirada de pelo
menos 10 linfonodos dos níveis I e II 6, 22, 26 para serem examinados.
Associa-se a linfadenectomia axilar à morbidade de membro superior como:
linfedema, dor, limitação da amplitude de movimentos, dormência e perda de força
muscular7, 9, 22.
5
A biópsia do linfonodo sentinela começou a ser realizada com o objetivo de
estadiar a axila e reduzir a linfadenectomia axilar. O linfonodo sentinela é o primeiro
linfonodo axilar que recebe a drenagem linfática do tumor. Esta nova abordagem
envolve ainda o uso da linfocintilografia e uma técnica cirúrgica minimamente
invasiva. O objetivo da linfocintilografia é traçar uma imagem para demonstrar a
localização da drenagem linfática do tumor. Há duas técnicas para se localizar o
linfonodo sentinela durante a cirurgia: visualmente ou guiada por instrumentos.
O mapeamento guiado por instrumentos inicia-se com a administração de um
radiotraçador no tumor. Através de um instrumento denominado “gamma probe”
observa-se a captação do radiotraçador no linfonodo.
A outra técnica utiliza um corante ("patent blue") que é injetado no tumor e
ao seu redor. A seguir, a região é massageada durante vários minutos, de forma a
aumentar o fluxo linfático. A partir do momento que o sistema linfático absorve o
corante, pode-se observar visualmente sua localização e, em seguida, dissecar a axila
à procura do linfonodo corado10.
O linfonodo é examinado e, se positivo, é feita a dissecção linfonodal axilar11.
Morbidade relacionada ao tratamento
O tratamento do câncer de mama está associado à morbidade do membro
superior, como dor, dormência, rigidez, diminuição de força, limitação da amplitude
de movimentos e linfedema13, 14. Essa morbidade terá um impacto significante na
vida diária das pacientes submetidas ao tratamento de câncer de mama.
6
Tanto a morbidade precoce como a tardia podem interferir nas atividades da
vida diária e na qualidade de vida. No entanto, ainda não está clara a relação entre a
morbidade tardia (dor, limitação de movimentos, dormência e fraqueza muscular) e
as atividades da vida diária com a qualidade de vida.
Foi Halsted quem primeiro realizou a mastectomia radical, em 1894, e foi
também quem primeiro relatou a morbidade do membro superior após tratamento de
câncer de mama13.
Com a introdução da mastectomia radical modificada, preconizando a
preservação dos músculos peitorais, por volta dos anos setenta, houve uma redução
acentuada da incidência de morbidade de membro superior15,16. Apesar de as técnicas
cirúrgicas estarem cada vez menos extensas e mais conservadoras, a combinação de
dissecção linfonodal axilar e radioterapia ainda provoca a morbidade de membro
superior em um número considerável de pacientes7, 17, 18.
A linfadenectomia axilar de per si já provoca alterações nos movimentos do
ombro e, eventualmente, linfedema de membro superior7,
8, 19, 22
. Além disso, a
radioterapia, pelo seu efeito tardio sobre os tecidos, é um fator adicional ao
aparecimento de morbidade de membro superior14, 18, 20, 21.
Tanto a radioterapia quanto a quimioterapia podem causar um impacto nos
componentes musculares, levando à atrofia e à diminuição da habilidade de gerar
força. Em mulheres que realizaram quimioterapia, já foi descrita uma perda de massa
muscular no tronco e nos membros inferiores.
A incidência de morbidade após tratamento do câncer de mama, como a
redução da amplitude de movimentos do membro superior, varia enormemente nas
pesquisas analisadas de acordo com o procedimento cirúrgico e, na radioterapia, com
7
a dose de radiação e fracionamento, idade, lado operado versus membro dominante e
depende, principalmente, dos métodos de avaliação empregados.
Já a prevalência do linfedema varia muito, principalmente devido ao
desconhecimento do problema, às várias técnicas para sua mensuração e à falta de
uma definição sobre qual grau de edema constitui um linfedema. Apesar de o
aumento do volume ser a característica mais óbvia do linfedema, deve-se considerar
também a morbidade física e psicológica. A avaliação do linfedema pode ser
realizada com medidas da circunferência em pontos específicos ao longo do braço e
comparadas com as medidas do outro membro. Essas medidas devem, então, ser
transformadas em volume, por meio da fórmula do cone truncado. Vários autores
consideram uma diferença de 200 ml como linfedema. No entanto, muitas questões
permanecem sem resposta. Por que algumas mulheres desenvolvem linfedema e
outras não, como explicar o período de latência para o estabelecimento do linfedema
e por que algumas regiões do braço são poupadas do linfedema.
Poucos são os artigos revistos na literatura que mostram resultados com a
intervenção da fisioterapia na redução, tratamento ou mesmo prevenção das
morbidades acima relacionadas. As abordagens da fisioterapia, quando realizadas,
também mostram aspectos controversos. Alguns autores relatam intervenções tardias,
após a 26ª semana pós-operatória82; outros já intervêm no pré-operatório e outros,
ainda, no pós-operatório imediato. Há autores que preconizam a imobilização do
ombro imediatamente após a cirurgia, outros que liberam uma amplitude total de
movimentos desde o primeiro pós-operatório e outros ainda, que limitam a amplitude
de movimentos do ombro do lado operado.
8
Como não foram encontrados dados na literatura que esclarecessem qual o
melhor momento para a intervenção da fisioterapia e nem tampouco protocolos
precisos para tal abordagem, decidiu-se pela realização deste estudo.
9
2
OBJETIVOS
Os objetivos do presente estudo são:
1. Avaliar a eficácia da intervenção da fisioterapia na prevenção de
morbidades de membro superior após cirurgia de câncer de mama;
2. Identificar qual o melhor momento para a intervenção da fisioterapia após
a cirurgia de câncer de mama;
3. Identificar a presença de linfedema subclínico precocemente;
4. Traçar um protocolo de tratamento fisioterapêutico.
10
3
CASUÍSTICA E METODOLOGIA
3.1
CASUÍSTICA
Estudamos prospectivamente as pacientes com indicação cirúrgica de
remoção de câncer de mama registradas no Instituto Brasileiro de Controle do
Câncer (IBCC) e no Serviço de Fisioterapia deste mesmo hospital, no período de
abril de 2004 a abril de 2006. Nesse período, cento e trinta e duas pacientes
preencheram os critérios de inclusão.
3.2
METODOLOGIA
As pacientes foram selecionadas de acordo com os critérios de inclusão e
exclusão.
3.2.1 Critérios de Inclusão:
•
Consentimento livre e esclarecido em participar do estudo;
•
Ter sido submetida à linfadenectomia axilar nos três níveis;
•
Pacientes que se submeteram a cirurgias radicais (mastectomias) e a
cirurgias conservadoras da mama.
11
3.2.2 Critérios de Exclusão
•
Apresentar lesões ortopédicas ou reumáticas ou outros sintomas no
membro superior ipsilateral à cirurgia;
•
Apresentar sinais clínicos de linfedema de membro superior antes da
cirurgia;
•
Ter realizado cirurgia bilateral.
No total, foram inicialmente avaliadas 337 com indicação de cirurgia de
câncer de mama. Destas, 109 não foram posteriormente submetidas a esvaziamento
axilar, 25 apresentaram lesões ortopédicas e reumáticas (bursite, síndrome de
Duplay, periartrite, capsulite adesiva, tendinite) no membro superior; 16 já
apresentaram sinais evidentes clínicos de linfedema, 6 foram a óbito no período de
internação e 49 foram excluídas por abandono de tratamento.
Foi analisado, então, um total de 132 pacientes do Serviço de Mama do IBCC
divididas em dois grupos, escolhidos de forma randomizada. A randomização foi
feita, considerando-se que as pacientes que se submeteram a cirurgias realizadas nas
semanas ímpares, pertenciam ao denominado grupo precoce G1, e as pacientes
operadas nas semanas pares, pertenciam ao denominado grupo tardio G15.
O estudo foi realizado em 132 pacientes que preencheram os critérios de
inclusão, sendo 66 pacientes do G1 e 66 pacientes do G15.
Todas as pacientes foram avaliadas no pré-operatório e submetidas a um
mesmo protocolo de intervenção fisioterapêutica.
O grupo precoce (G1) iniciou a fisioterapia no primeiro dia pós-operatório.
12
O grupo tardio (G15) iniciou a fisioterapia entre o décimo e o décimo-quinto
dia do pós-operatório.
3.3
AVALIAÇÃO
As pacientes dos dois grupos foram avaliadas pelas fisioterapeutas do Serviço
de Fisioterapia do IBCC, no pré-operatório, quanto a:
•
Perimetria dos membros superiores;
•
Amplitude de movimentos dos membros superiores;
•
Queixas de dor no membro superior ipsilateral à cirurgia.
As pacientes do G1 receberam informações e orientações já no primeiro dia
pós-operatório e as pacientes do G15 receberam as mesmas informações somente
entre o décimo e o décimo-quinto dia do pós-operatório.
Todas as pacientes de ambos os grupos, G1 e G15, foram submetidas a uma
intervenção fisioterapêutica semanal, por um período de oito semanas. Após as oito
semanas de intervenção, elas foram reavaliadas mensalmente até o sexto mês e após
um ano.
As reavaliações mensais eram realizadas sempre pela mesma fisioterapeuta
que realizou a primeira avaliação. Foram reavaliadas a perimetria do membro
ipslateral à cirurgia, a graduação da amplitude de movimentos de flexão e abdução e
realizada a avaliação clínica, para se detectar qualquer morbidade presente.
13
3.3.1 Morbidades
As morbidades presentes nas reavaliações serão classificadas como:
1. Linfedema – será considerado linfedema o membro cuja diferença na
perimetria seja superior a 2 cm;
2. Fibrose de coletor linfático – a fibrose de coletor linfático será definida
pela presença de cordão linfático na axila e na face medial do braço;
3. Seroma – definido pela presença de líquido no tecido subcutâneo;
4. Infecção – na cicatriz cirúrgica ou no membro superior;
5. Linfocele – presença de encapsulamento de seroma;
6. Metástase – análise de prontuário;
7. Óbito.
De modo a garantir que todas as pacientes recebessem as mesmas
informações e exercícios, a equipe de fisioterapeutas foi treinada a seguir um mesmo
roteiro. Este roteiro estabelecia informações sobre higiene, cuidados com o braço e
local da cirurgia, atividades da vida diária, exercícios e automassagem. As sessões de
fisioterapia durante as oito semanas eram sempre realizadas em grupo, fossem as
pacientes pertencentes ao G1 ou ao G15. Não foi aplicada terapia individual. Todas
as pacientes eram estimuladas e orientadas a realizar os exercícios e automassagem
também em casa.
14
3.3.2 Perimetria dos membros superiores
As medidas de circunferência foram realizadas, no pré-operatório e no pósoperatório imediato, em todas as pacientes. Nos dois grupos foi realizada a
perimetria mensalmente até o sexto mês e após um ano da cirurgia.
As medidas de circunferência, em centímetros, foram tomadas em sete locais
discriminados dos membros controle e estudo, para análise quantitativa. A medição
era realizada sempre pelo mesmo fisioterapeuta. A prega anterior do cotovelo foi
considerada como ponto zero para a marcação das medidas. Estas foram tomadas a
cada 7 cm em três pontos abaixo da prega do cotovelo, com o membro apoiado e
relaxado e na posição de supinação, e a cada 7 cm em três pontos acima da prega do
cotovelo. As três primeiras medidas foram tomadas a partir da medida mais próxima
da axila. A quarta medida foi tomada exatamente sobre a prega anterior do cotovelo.
As últimas três medidas foram tomadas da prega do cotovelo para baixo. Os locais
das medidas foram denominados A, B, C, D, E, F e G (Figura 1).
Figura 1 - Perimetria de membros superiores.
15
3.3.3
Amplitude de movimentos dos membros superiores
A amplitude articular dos movimentos foi medida com um goniômetro
manual, e graduada em escores de 0 a 4, evitando-se movimentos compensatórios e
nos seguintes eixos de movimentos do ombro: abdução e flexão anterior.
A amplitude de movimentos de flexão e abdução do membro controle foi
considerada como amplitude padrão.
Considerou-se:
Escore 0 - amplitude de movimento extremamente limitada (amplitude com
limitação maior de 75,9% do normal);
Escore 1 - amplitude de movimento muito limitada (amplitude com limitação
de 55,9% a 75% do normal);
Escore 2 - amplitude de movimento limitada (amplitude com limitação de
30,99% a 55% do normal);
Escore 3 - amplitude de movimento pouco limitada (amplitude com limitação
de 10% a 30% do normal);
Escore 4 – amplitude normal de movimentos (amplitude igual ao membro
controle).
Foram considerados os seguintes ângulos para se saber em qual escore a
paciente se classificava:
Abdução: ângulo normal – 180o.
Amplitude normal – ângulo de 170º. a 180º. 4;
16
Amplitude pouco limitada – ângulo de 126º. a 162º. – 3;
Amplitude limitada – ângulo de 81º. a 125º. -2;
Amplitude muito limitada – ângulo de 45º. a 80º.– 1;
Amplitude extremamente limitada – ângulo < de 45º. - 0
Flexão anterior: ângulo normal – 180º.
Amplitude normal – ângulo de 170º. a 180º. 4;
Amplitude pouco limitada – ângulo de 126º. a 162º. – 3;
Amplitude limitada – ângulo de 81º. a 125º. -2;
Amplitude muito limitada – ângulo de 45º. a 80º.– 1;
Amplitude extremamente limitada – ângulo < de 45º.- 0
3.3.4 Queixas de dor no membro superior ipsilateral à cirurgia
No exame fisioterapêutico foi avaliado e questionado à paciente se ela tinha
algum tipo de lesão ou trauma ou dor no membro superior ipsilateral à cirurgia que
pudesse comprometer a amplitude de movimentos e sua recuperação.
17
3.4
PROTOCOLO FISIOTERAPÊUTICO
O protocolo fisioterapêutico foi instituído para todas as pacientes de ambos os
grupos e apresenta os seguintes itens:
•
Autocuidados com o membro superior no pós-operatório;
•
Orientações gerais quanto à prevenção e cuidados gerais;
•
Cinesioterapia (10 exercícios pré-definidos);
•
Automassagem.
3.4.1 Autocuidados com o membro superior no pós-operatório
Recomendou-se às pacientes:
1. Restrição da amplitude articular do ombro ipslateral nos movimentos de
abdução e flexão anterior a 90º, até a retirada dos pontos;
2. Restrição relativa dos movimentos do membro superior ipsilateral à
cirurgia nas atividades laborativas, de lazer, esportivas ou profissionais
(atividades da vida diária - AVD) até a retirada dos pontos;
3. Cuidados para a manutenção do dreno em boa posição;
4. Evitar dormir em decúbito lateral do lado ipsilateral à cirurgia;
5. Realização da automassagem diariamente por 5 minutos;
6. Realização dos exercícios recomendados nessa fase;
7. Explanação sobre sinais e sintomas normais no pós-operatório imediato;
8. Orientações sobre uso de prótese externa e de sutiã.
18
3.4.2 Orientações gerais quanto à prevenção e cuidados
1. Prevenção de complicações pós-operatórias e linfedema;
2. Orientações nas atividades domésticas;
3. Orientações no retorno das atividades profissionais e de lazer;
4. Orientações sobre higiene pessoal e cuidados com a pele;
5. Realização e orientação de cinesioterapia (exercícios) para recuperação da
mobilidade articular do membro superior e cintura escapular;
6. Estimular e explicar à paciente a realização de automassagem, inguinal e
axilar;
7. Manutenção dos exercícios orientados nessa fase;
8. Preparação articular para iniciar RT (quando indicado);
9. Explanação sobre sinais e sintomas normais no pós-operatório tardio;
10. Orientações sobre uso de prótese externa e de sutiã.
3.4.3 Cinesioterapia
Foram predeterminados cinco exercícios com amplitude de até 90º até a
retirada dos pontos e do dreno e cinco exercícios para a fase seguinte, sem restrição
da amplitude de movimentos.
Os exercícios com amplitude limitada visaram manter íntegras as articulações
do ombro, não tracionar em demasia as bordas cirúrgicas e, principalmente, preparar
as pacientes que eventualmente tivessem tratamento complementar com radioterapia.
Os eixos de movimentos mais estimulados foram: flexão anterior, rotações externa e
19
interna do ombro e abdução, conforme se vê nas Figuras abaixo (Figuras 2, 3, 4, 5 e
6).
Figura 2 – Flexão do braço a 90º
Figura 3 – Abdução do braço a 90º.
Figura 4 – Adução das escápulas e dos ombros.
20
Figura 5 – Rotação interna do ombro com abdução.
O
Figura 6 – Abdução do braço com flexão do cotovelo.
Os exercícios com liberação de amplitude, realizados após a retirada dos
pontos e do dreno, visaram restaurar a amplitude articular perdida após a cirurgia,
prevenir retrações cicatriciais, retomar a força muscular e fazer com que a paciente
retornasse o mais rapidamente possível às suas atividades da vida diária. Todos os
eixos de movimento foram estimulados, com ênfase nos movimentos de flexão
anterior, rotações e abdução, conforme podemos observar nas Figuras abaixo
(Figuras 7, 8, 9, 10 e 11).
21
Figura 7 - Movimentos combinados em vários eixos.
Figura 8 - Exercício de abdução do braço com flexão de cotovelo.
Figura 9 - Exercícios de flexão com amplitude total, abdução e inclinação.
22
Figura 10 – Flexão com amplitude total mais abdução com inclinação.
Figura 11 - Exercícios de abdução do braço com flexão de cotovelos.
3.4.4 Automassagem de cadeia linfonodal
A orientação da automassagem seguiu os seguintes passos:
A automassagem deve ser realizada diariamente por 5 minutos nas seguintes
cadeias linfonodais:
23
A. Manobras de drenagem linfática, em movimentos circulares, na axila
oposta ao lado operado, repetindo o movimento vinte vezes;
B. Manobras de drenagem linfática, em movimentos circulares na região
inguinal ipsilateral à cirurgia, repetindo o movimento vinte vezes;
C. Manobras de drenagem linfática, com movimentos semicirculares,
realizados na região torácica anterior interaxilar, indo da axila do lado não
operado em direção à axila do lado operado, repetindo o movimento vinte
vezes;
D. Manobras de drenagem linfática, com movimentos semicirculares,
realizados na região lateral do tórax, indo da região inguinal ipsilateral ao
membro com linfedema até a axila, repetindo o movimento vinte vezes.
O total desses movimentos de massagem deverá perfazer um total de 5
minutos.
O esquema da automassagem para, por exemplo, mastectomia à esquerda, é
mostrado na Figura 12 abaixo.
Figura 12 – Esquema da automassagem numa mastectomia à esquerda.
24
Para avaliação do índice de massa corpórea (IMC) foi feita a seguinte
equação: peso (em kg) dividido pela altura ao quadrado.
Magra – IMC de 15 a 19,9;
Normal – IMC de 20 a 24,9;
Sobrepeso – IMC de 25 a 29,9;
Obesidade - IMC de 30 a 34,9.
Todas as pacientes tiveram seu prontuário médico avaliado, de onde foram
obtidos os seguintes dados:
Do exame anatomopatológico:
a. Invasão linfática;
b. Linfonodo axilar;
c. Tipo de tumor;
d. Nível de linfonodos dissecados;
e. Rotura de cápsula linfonodal;
f. Estadiamento;
Foi considerada invasão linfática pelo tumor como positiva ou negativa (IL +
ou -).
Quanto à característica de linfonodo axilar, considerou-se AX+ a existência
de linfonodo com metástase e AX- a ausência de metástase.
Classificou-se o tipo de tumor da seguinte forma:
1 = ductal invasivo;
2 = lobular invasivo;
3 = outros.
25
Quanto ao nível de linfonodos axilares dissecados, foram considerados os
níveis I, II e III.
A rotura de cápsula linfonodal foi considerada R+ (positiva) ou R–
(negativa).
Para a classificação quanto ao estadiamento clínico da paciente, considerouse a classificação do Consenso da Sociedade Brasileira de Mastologia (Tabela 1):
Tabela 1 - Estadiamento do câncer em função das diversas combinações possíveis
pelo sistema TNM5.
Estádio 0
Tis
N0
M0
Estádio I
T1
T0
T1
T2
T2
T3
T0
T1
T2
T3
T4
Qualquer T
Qualquer T
N0
N1
N1
N0
N1
N0
N2
N2
N2
N1, N2
Qualquer N
N3
Qualquer N
M0
M0
M0
M0
M0
M0
M0
M0
M0
M0
M0
M0
M1
Estádio Iia
Estádio Iib
Estádio IIIa
Estádio IIIb
Estádio IV
Quanto ao tipo de cirurgia realizada classificou-se da seguinte forma:
1 = mastectomia;
2 = quadrantectomia;
3 = setorectomia ou tumorectomia.
26
4
VARIÁVEIS DE ESTUDO
•
Idade em anos;
•
Cor: branca, não branca;
•
Profissão: dona de casa, doméstica, escritório, outros;
•
Nível de linfonodos axilares dissecados: I, II, III;
•
Membro dominante: D e E;
•
Axila positiva: sim, não;
•
Invasão linfática: sim, não;
•
Grau de aumento do membro afetado em relação ao membro controle, em
cm;
•
Índice de massa corpórea (IMC);
•
Atividade física: sim ou não;
•
Tipo de tumor: ductal, lobular, in situ, outros;
•
Cirurgia realizada: mastectomia radical, quadrantectomia, setorectomia;
•
Radioterapia: sim, não;
•
Quimioterapia: sim, não;
•
Estadiamento clínico: 0, I, IIA, IIB, III e IV;
•
Invasão linfática; sim, não;
•
Amplitude de movimentos: flexão e extensão em escores;
•
Circunferência do membro afetado (em cm) antes e depois da cirurgia nos
locais A, B, C, D, E, F e G.
27
5
ANÁLISE ESTATÍSTICA
As medidas de tendência central e de variabilidade foram aplicadas para
descrever as variáveis numéricas e a distribuição de freqüências para as variáveis
categóricas.
Para verificar a associação entre os grupos e as variáveis categóricas o teste
de freqüências do qui-quadrado foi adotado e em Tabelas 2x2, onde pelo menos uma
freqüência esperada foi menor do que 5 o teste exato de Fisher foi adotado.
O teste t de Student foi aplicado para verificar a associação entre os grupos e
as medidas, e o teste t de Student pareado foi aplicado para comparar as medidas
obtidas para cada paciente com relação ao controle (MPI) ou ao lado oposto controle
(MCI).
Para todos os testes considerou-se o nível de significância de 5%.
28
6
RESULTADOS
Das cento e trinta e duas pacientes que iniciaram o estudo, somente 89
fizeram todas as avaliações, sendo 44 do G1 e 45 do G15. Encontramos seis
pacientes que vieram a óbito, sendo cinco do G1 e somente uma paciente do G15.
Nove pacientes apresentaram metástase com doença terminal e não mais puderam
comparecer. Dentre as causas de abandono das 22 pacientes restantes, a mais
importante foi a falta de condições financeiras para retornar ao hospital, visto que
várias moravam fora do município de São Paulo. Mesmo assim, elas abandonaram o
tratamento entre o primeiro e o segundo mês após a cirurgia, quando a maioria já
apresentava recuperação total da amplitude de movimentos.
Na Tabela 2, observa-se a distribuição das pacientes de acordo com a idade
(em anos), o peso (em kg) e o IMC. A idade variou de 26 a 91 anos no G1 (mediana
de 56,5 e média de 57,7) e de 27 a 80 anos no G15 (mediana de 56 e média de 56,3).
O IMC (índice de massa corpórea) mostrou no G1 uma variação de 18 a 38,
tendo uma mediana de 26 e uma média de 26,3. Já no G15, o IMC mostrou uma
variação de 20 a 36, com uma mediana de 27 e uma média de 26,6.
29
Tabela 2 - Distribuição das pacientes de acordo com a idade (em anos), o peso (em
kg) e o IMC nos grupos G1 e G15.
Variável
Categoria/
Medidas
Grupo (n%)
G1
G15
medidas
medidas
p-valor
26 – 91
56,5
57,7 (13,8)
27 – 80
56,0
56,3 (12,6)
0,5322
Idade (anos)
Variação
Mediana
Média (desvio
padrão)
43 – 95
66
67,1 (11,1)
42 – 100
67,0
67,6 (11,2)
0,7913
Peso
Variação
Mediana
Média (desvio
padrão)
Variação
Mediana
Média (desvio
padrão)
1,42 – 1,85
1,60
1,60 (0,08)
1,40 – 1,74
1,60
1,59 (0,07)
0,7235
18 – 38
26
26,3 (3,9)
20 – 36
27
26,6 (3,8)
0,6088
Altura
Variação
Mediana
IMC
Média (desvio
padrão)
p - valor obtido pelo teste t de Student
Quanto à etnia, observou-se que a maioria das pacientes em ambos os grupos
era de cor branca (61 pacientes no G1 e 56 no G15) e de cor não branca (cinco
pacientes no G1 e nove pacientes no G15). No que se refere à profissão, a maioria
das pacientes era dona de casa e, em segundo lugar, autônomas.
Quanto à escolaridade, em ambos os grupos, 47 pacientes possuíam o nível
primário, 16 o nível secundário e três pacientes em cada grupo possuíam o nível
superior.
Somente duas pacientes em cada grupo eram canhotas, sendo que as demais
eram destras.
30
A quase totalidade da amostra em ambos os grupos não realizava a prática de
atividade física regular.
Somente uma paciente do G15 não foi internada pelo SUS.
A Tabela 3 mostra a distribuição das pacientes de acordo com a cor (branca
ou não branca), profissão (do lar, doméstica, escritório e autônoma), nível de
escolaridade (primário, secundário, superior), convênio (SUS, convênio), membro
dominante (E e D) e prática de atividade física.
Tabela 3 – Distribuição das pacientes de acordo com a cor, profissão, escolaridade,
convênio, membro dominante e atividade física.
Variável
Cor
Categoria
Grupo n(%)
G1
G15
p-valor
Branca
Não Branca
61 (52,2)
5 (33,3)
56 (47,8)
10 (66,7)
0,170
38 (46,9)
13 (81,2)
1 (50,0)
14 (42,4)
43 (53,1)
3 (18,8)
1 (50,0)
19 (57,6)
NA
Profissão
Do Lar
Doméstica
Escritório
Autônoma
1
2
3
47 (50,0)
16 (50,0)
3 (50,0)
47 (50,0)
16 (50,0)
3 (50,0)
NA
Escolaridade
Convênio
SUS
Convênio
66 (50,4)
0 (0,0)
65 (49,6)
1 (100,0)
NA
Membro
Dominante
Direito
Esquerdo
64 (50,0)
2 (50,0)
64 (50,0)
2 (50,0)
0,999 *
Atividade Física
Não
Sim
65 (50,4)
1 (33,3)
64 (49,6)
2 (66,7)
0,999 *
p - valor obtido pelo teste do qui-quadrado.
* p - valor obtido pelo teste exato de Fish.
31
Na Tabela 4 observa-se a distribuição das pacientes de acordo com o
estadiamento clínico (0, I, IIA, IIB, IIIA, IIIB). Cerca de dois terços das pacientes
dos dois grupos G1 e G15 tinham estadiamento igual ou maior que IIB.
Quanto à cirurgia realizada, também se observou que a maioria realizou
cirurgia radical (mastectomia) em ambos os grupos, sendo 58 pacientes no G1 e 57
no G15. A cirurgia conservadora (quadrantectomia ou setorectomia) foi realizada em
oito pacientes do G1 e em nove pacientes do G15.
A distribuição do lado da mama operada mostrou-se equilibrada em ambos os
grupos e sem relevância estatística.
Tabela 4 – Distribuição das pacientes de acordo com estadiamento clínico, tipo de
cirurgia e mama operada.
Variável
Estadiamento
Clínico
Cirurgia
Categoria
0
I
IIA
IIB
IIIA
IIIB
Mastectomia
Quadrantectomia
Setorectomia,
Tumorectomia
Direita
Esquerda
p-valor obtido pelo teste do qui-quadrado.
Mama Operada
Grupo n(%)
G1
G15
4 (100,0)
0 (0,0)
9 (56,2)
7 (43,8)
15 (48,4)
16 (51,6)
11 (33,3)
22 (66,7)
13 (48,2)
14 (51,8)
14 (66,7)
7 (33,3)
p-valor
NA
58 (50,4)
3 (27,3)
5 (83,3)
57 (49,6)
8 (72,7)
1 (16,7)
NA
27 (50,0)
39 (50,0)
27 (50,0)
39 (50,0)
0,999
Verificou-se que a biópsia do linfonodo sentinela foi realizada em 10
pacientes do G1 e oito pacientes do G 15. Porém, todas as pacientes foram
posteriormente submetidas à linfadenectomia axilar complementar.
32
A maioria das pacientes teve a linfadenectomia axilar realizada nos três
níveis, com uma média de 16 linfonodos dissecados em ambos os grupos.
Em relação à realização de tratamento complementar com quimioterapia, 55
pacientes do G1 e 59 do G 15 foram submetidas ao mesmo. A radioterapia adjuvante
à cirurgia foi realizada em 46 pacientes do G1 e em 54 pacientes do G15.
Quanto ao tipo de tumor, verificou-se, em ambos os grupos, uma
predominância de tumor do tipo ductal invasivo, em 58 pacientes do G1 e 53 do G15,
seguida de tumor tipo lobular invasivo em seis pacientes do G1 e em 10 pacientes do
G15. Constatou-se a rotura de cápsula linfonodal em 51 pacientes do G1 e em 37 do
G15. Quanto à axila positiva, foi a mesma observada em 45 pacientes do G1 e em 39
pacientes do G15 (Tabela 5).
33
Tabela 5 – Distribuição das pacientes dos Grupos G1 e G15 de acordo com a
realização de biópsia do linfonodo sentinela, esvaziamento axilar, níveis
de axilectomia, quimioterapia, radioterapia, tipo de tumor, rotura de
cápsula linfonodal e axila positiva.
Grupo n (%)
G1
G15
Variável
Categoria
Biópsia do
Linfonodo
Não
Sentinela
Sim
10 (55,6)
8 (44,4)
AX+
Não
Sim
21 (43,8)
45 (53,6)
27 (56,2)
39 (46,4)
0,278
Quimioterapia
Não
Sim
11 (61,1)
55 (48,2)
7 (38,9)
59 (51,8)
0,310
Ductal Invasivo
Lobular Invasivo
Outros
58 (52,2)
6 (37,5)
2 (40,0)
53 (47,8)
10 (62,5)
3 (60,0)
NA
Não
Sim
20 (62,5)
46 (46,0)
12 (37,5)
54 (54,0)
0,104
Não
Sim
15 (34,1)
51 (57,9)
29 (65,9)
37 (42,1)
0,010
Tumor
Radioterapia
Rotura de Cápsula
56 (49,2)
58 (50,8)
p-valor
0,612
p-valor obtido pelo teste do qui-quadrado
Na avaliação pré-operatória todas as pacientes de ambos os grupos mostraram
uma amplitude de movimentos normal na abdução do membro superior. Diferenças
significantes foram encontradas nas reavaliações do primeiro ao terceiro mês em
relação à abdução do membro superior ipsilateral à cirurgia, quando se mostrou que
os melhores escores de movimento eram obtidos no G1 em relação ao G15. Somente
a partir da quarta reavaliação mensal, os escores mostraram distribuição equilibrada
entre os dois grupos (Tabela 6).
34
Tabela 6 – Distribuição das pacientes de acordo com a evolução do escore de
movimento de abdução do membro superior ipsilateral à cirurgia
Grupo (n%)
G1
G15
Variável
Categoria
p-valor
ABD in
4
66 (50,0)
66 (50,0)
2
3
4
5 (35,7)
23 (31,5)
38 (84,4)
9 (64,3)
50 (68,5)
7 (15,6)
<0,001 *
ABD 1
1 (100,0)
2 (40,0)
15 (34,1)
47 (58,0)
0 (0,0)
3 (60,0)
29 (65,9)
34 (42,0)
NA
ABD 2
1
2
3
4
2
3
4
1 (50,0)
6 (30,0)
52 (50,5)
1 (50,0)
14 (70,0)
51 (49,5)
NA
ABD 3
ABD 4
3
4
2 (28,6)
50 (49,5)
5 (71,4)
51 (50,5)
0,440
ABD 5
3
4
4 (66,7)
46 (50,0)
2 (33,3)
46 (50,0)
0,678
ABD 6
3
4
4 (80,0)
45 (48,9)
1 (20,0)
47 (51,1)
0,362
1
1 (100,0)
2
1 (100,0)
ABDX
3
5 (71,4)
4
38 (48,1)
p-valor obtido pelo teste exato de Fisher
* p-valor obtido pelo teste do qui-quadrado
0 (0,0)
0 (0,0)
2 (28,6)
41 (51,9)
NA
Na reavaliação do primeiro mês (ABD1) observou-se que somente sete
pacientes do G15 mostraram amplitude normal de abdução (escore 4) em
comparação ao G1 que mostrou 38 pacientes. Por outro lado, somente 15 pacientes
do G1 tiveram escore 3 (amplitude pouco limitada), enquanto que no G15 esse
número foi de 29 (p< 0,001) (Gráfico 1).
35
ABD 1
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
2
3
G1
4
G15
Gráfico 1 – Distribuição das pacientes do G1 e G15 em relação ao escore de
movimento de abdução (4 = normal, 3 = pouco limitada, 2 = limitada)
na primeira avaliação mensal.
Na reavaliação do segundo mês, ainda observou-se diferença nos escores,
sendo que o G1 mostrou 15 pacientes com escore 3, contra 29 pacientes do G15.
Quanto ao escore 4, encontraram-se 47 pacientes do G1 e 34 pacientes do G15
(Gráfico 2).
36
ABD 2
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
1
2
3
G1
4
G15
Gráfico 2 – Distribuição das pacientes do G1 e G15 em relação ao escore de
movimento de abdução na segunda avaliação mensal.
Na terceira avaliação observou-se que no escore 4 os dois grupos mostraram
números semelhantes, com 52 pacientes no G1 e 51 no G15. Com o escore 3, foram
encontradas 6 pacientes no G1 e 14 no G15.
37
ABD 3
60
50
40
30
20
10
0
2
3
G1
4
G15
Gráfico 3 – Distribuição das pacientes do G1 e do G15 em relação ao escore de
movimento de abdução na terceira avaliação mensal.
A partir da quarta reavaliação mensal não foram observadas diferenças
significativas em relação ao movimento de abdução em ambos os grupos, conforme
se verifica nos Gráficos 4, 5, 6 e 7.
38
ABD 4
60
50
40
30
20
10
0
3
4
G1
G15
Gráfico 4 – Distribuição das pacientes do G1 e do G15 em relação com o escore de
movimento de abdução na quarta avaliação.
ABD 5
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
3
4
G1
G15
Gráfico 5 - Distribuição das pacientes do G1 e G15 em relação com o escore de
movimento de abdução na quinta avaliação.
39
ABD 6
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
3
4
G1
G15
Gráfico 6 – Distribuição das pacientes do G1 e G15 de acordo com os escores de
movimento de abdução na sexta avaliação.
ABD X
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
1
2
3
G1
4
G15
Gráfico 7 – Distribuição das pacientes do G1 e G15 de acordo com os escores de
movimento de abdução na avaliação após um ano.
40
Em relação ao movimento de flexão anterior do membro superior ipsilateral à
cirurgia, observou-se na avaliação pré-operatória somente uma paciente do G15 com
escore menor do que o normal, porém sem achados ortopédicos, reumáticos ou
trauma no membro em questão e associou-se esse dado à tensão e ao estresse préoperatório. As demais pacientes tiveram escores normais do movimento de flexão,
em ambos os grupos.
De forma bastante similar ao movimento de abdução, a flexão mostrou
diferenças de escores entre os grupos, estatisticamente significativas nas primeiras
três reavaliações e mostrou distribuição uniforme a partir da quarta reavaliação
(Tabela 7).
Tabela 7 - Distribuição das pacientes de acordo com a evolução do escore de
movimento de flexão do membro superior ipsilateral à cirurgia.
Variável
Categoria
Grupo n(%)
G1
G15
p-valor
FLE in
3
4
0 (0,0)
66 (50,4)
1 (100,0)
65 (49,6)
NA
2
3
4
5 (35,7)
24 (32,4)
37 (84,1)
9 (64,3)
50 (67,6)
7 (15,9)
<0,001 *
FLE 1
1 (100,0)
2 (40,0)
14 (32,6)
48 (58,5)
0 (0,0)
3 (60,0)
29 (67,4)
34 (41,5)
NA
FLE 2
1
2
3
4
2
3
4
1 (50,0)
5 (26,3)
53 (51,0)
1 (50,0)
14 (73,7)
51 (49,0)
NA
FLE 3
continua
41
Tabela 7 - Distribuição das pacientes de acordo com a evolução do escore de
movimento de flexão do membro superior ipsilateral à cirurgia
(continuação).
Variável
Grupo (n%)
Categoria
p – valor
G1
G15
3
2 (33,3)
4 (66,6)
4
50 (49,5)
51 (50,5)
FLE 5
3
4
4 (66,7)
46 (50,0)
2 (33,3)
46 (50,0)
0,678
FLE 6
3
4
4 (80,0)
45 (48,9)
1 (20,0)
47 (51,1)
0,362
1 (100,0)
1 (100,0)
4 (66,7)
38 (48,1)
0 (0,0)
0 (0,0)
2 (33,3)
41 (51,9)
NA
FLEX
1
2
3
4
FLE 4
0,679
p - valor obtido pelo teste exato de Fisher.
*p-valor obtido pelo teste do qui-quadrado.
Na reavaliação do primeiro mês (FLE1), observou-se que somente sete
pacientes do G15 mostraram amplitude normal de abdução (escore 4) em
comparação ao G1 que mostrou 37 pacientes. Por outro lado, somente 24 pacientes
do G1 tiveram escore 3 (amplitude pouco limitada), enquanto que no G15 esse
número foi de 50 (p<0,001) (Gráfico 8).
42
FLE 1
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
2
3
G1
4
G15
Gráfico 8 – Distribuição das pacientes do G1 e G15 em relação ao escore de
movimento de flexão (4 = normal, 3 = pouco limitada, 2 = limitada) na
primeira avaliação mensal.
Na reavaliação do segundo mês, ainda observou-se diferença nos escores,
sendo que o G1 mostrou 14 pacientes com escore 3, contra 29 pacientes do G15.
Quanto ao escore 4, encontraram-se 48 pacientes do G1 e 34 pacientes do G15
(Gráfico 9).
43
FLE 2
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
1
2
3
G1
4
G15
Gráfico 9 – Distribuição das pacientes do G1 e G15 em relação aos escores de
movimento de flexão na segunda avaliação
Na terceira avaliação, observou-se que no escore 4 os dois grupos mostraram
números semelhantes, com 53 pacientes no G1 e 51 no G15. Com o escore 3, foram
encontradas 5 pacientes no G1 e 14 no G15 (Gráfico 10).
44
FLE 3
60
50
40
30
20
10
0
2
3
G1
4
G15
Gráfico 10 – Distribuição das pacientes do G1 e G15 em relação aos escores de
movimento de flexão na terceira avaliação.
A partir da quarta reavaliação mensal, não se observaram diferenças
significantes em relação ao movimento de flexão em ambos os grupos, conforme se
verifica nos Gráficos 11, 12, 13 e 14.
45
FLE 4
60
50
40
30
20
10
0
3
4
G1
G15
Gráfico 11 – Distribuição das pacientes do G1 e G15 de acordo com os escores de
movimento de flexão na quarta reavaliação.
FLE 5
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
3
4
G1
G15
Gráfico 12 – Distribuição das pacientes do G1 e G15 de acordo com os escores de
movimento de flexão na quinta avaliação.
46
FLE 6
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
3
4
G1
G15
Gráfico 13 – Distribuição das pacientes do G1 e G15 de acordo com os escores de
movimento de flexão na sexta avaliação.
FLE X
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
1
2
3
G1
4
G15
Gráfico 14 – Distribuição das pacientes do G1 e G15 de acordo com os escores de
movimento de flexão na avaliação após um ano
47
Outro achado interessante foi no cruzamento de dados quando as pacientes
foram separadas quanto ao tipo de cirurgia e à amplitude de movimentos de flexão e
abdução; encontrou-se que no G1, das oito pacientes submetidas à cirurgia
conservadora, sete recuperaram o movimento de flexão e de abdução na avaliação do
primeiro mês e somente uma na avaliação do segundo mês. Já no G15, das nove
pacientes submetidas à cirurgia conservadora, a recuperação da amplitude dos
movimentos de flexão e abdução em sete delas ocorreu somente no segundo mês de
avaliação e, em duas pacientes, somente na avaliação do quarto mês.
Observou-se também, de forma similar, que 41 das pacientes que se
submeteram à mastectomia no G1 recuperaram a amplitude de movimentos de flexão
e abdução no primeiro mês de avaliação, enquanto que no G15, somente sete das
pacientes no primeiro mês e 25 a partir do segundo mês. O restante das pacientes
teve a recuperação dos movimentos após o segundo mês de avaliação. No Gráfico
15, vê-se a distribuição das pacientes.
48
Recuperação da ADM
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
G1
G15
MA1
CO1
MA2
CO2
MA+
CO+
Gráfico 15 – Distribuição das pacientes de acordo com a cirurgia realizada (MA =
mastectomia e CO = cirurgia conservadora), o momento da
intervenção (1, 2, +) e a recuperação da ADM (amplitude de
movimentos).
Em relação às complicações, encontramos oito pacientes com linfedema no
G1 e nove pacientes no G15. Quanto à presença de fibrose de coletor linfático, o G15
apresentou nove pacientes e o G1 somente uma paciente. A presença de seroma
ocorreu somente em uma paciente do G1 e em duas do G15. Somente uma paciente
do G15 teve infecção na cicatriz. Nove pacientes tiveram metástase, sendo cinco do
G1 e quatro do G15, e seis pacientes vieram a óbito, das quais cinco do G1 e uma do
G15. A Tabela 8 abaixo mostra a distribuição das complicações comparativamente
nos dois grupos.
49
Tabela 8 – Distribuição das pacientes no G1 e no G15 de acordo com as
complicações (1 = linfedema; 2 = fibrose de coletor linfático; 3 =
seroma; 4 = infecção; 6 = metástase e 7 = óbito).
Variável
Grupo (n%)
Categoria
G1
p - valor
G15
1
8 (47,0)
2
1 (10,0)
3
1 (25,0)
Compl
6
5 (55,6)
7
5 (83,5)
4
0 (0,0)
p - valor obtido pelo teste do qui-quadrado.
9 (53,0)
9 (90,0)
2(75,0)
4 (44,4)
1 (16,5)
1 (100,0)
NA
Observamos no Gráfico 16 a distribuição das complicações nos dois grupos.
9
8
7
6
5
4
G1
3
G15
2
1
0
LF
FL
SE
IN
ME
OB
Compl
Gráfico 16 – Distribuição das complicações nos dois grupos G1 e G15 (LF –
linfedema; FL = fibrose de coletor linfático SE = seroma; IN=
infecção; ME= metástase; OB = óbito).
Constatou-se que todas as pacientes dos dois grupos, que apresentaram
linfedema, haviam sido submetidas à mastectomia. Por outro lado, chamou a atenção
50
que entre as pacientes do G15, a ADM mostrava-se diminuída em sete delas,
enquanto que no G1, tal diminuição foi constatada em somente duas. Quanto ao
índice de massa corpórea, encontraram-se seis pacientes de cada grupo com IMC
compatível com sobrepeso ou obesidade (IMC>25). As outras associações
mostraram distribuição relativamente equilibrada (Gráfico 17).
Linfedema
9
8
7
6
5
G1
4
G15
3
2
1
0
RT
IMC >
RL
Adm <
AX+
Mast
Gráfico 17 – Associações de variáveis em pacientes que apresentaram linfedema nos
grupos G1 e G15 (RT = radioterapia; IMC> = índice de massa corpórea
maior que o normal: sobrepeso e obesidade; RL – rotura de cápsula
linfonodal; ADM = amplitude de movimentos menor que a normal;
AX+ = axila positiva e Mast – mastectomia).
Em relação às medidas de circunferência dos membros superiores dos dois
grupos, tomadas em vários locais (A, B, C, D, E, F e G) em vários momentos (1, 2, 3,
4, 5, 6, X), notou-se uma tendência de resultado estatisticamente significante no G15
em comparação ao G1 em alguns locais e em alguns momentos. Todos esses achados
estão descritos nas tabelas abaixo.
51
Quando se observaram as medidas do local A, nos grupos G1 e G15,
verificou-se que não houve, em nenhum momento da análise, diferença
estatisticamente significante, conforme se verifica nas Tabelas 9 e 10 abaixo.
Tabela 9 - Comparação entre as medidas A G15
Variável
n
Média
Desvio
padrão
p - valor
MCI
66
33,3
4,1
referência
MCI 3,4
50
33,7
3,8
MPI
66
33,3
4,2
0,8216
MCP1
66
33,7
4,0
0,1082
MCP2
57
33,6
3,8
0,4441
MCP3
50
33,5
4,0
0,4404
MCP4
46
33,4
4,0
0,1123
MCP5
45
33,3
4,1
0,0669
MCP6
44
33,3
4,1
0,1253
MCPX
44
34,1
4,2
0,1914
MCI 5,6,X
(falta?)
52
Tabela 10 - Comparação entre as medidas A do G1
Variável
n
Média
32,9
33,4
33,5
Desvio
padrão
4,5
4,4
4,2
MCI
MCI 3,4
MCI 5,6,X
66
51
46
referência
MPI
MCIM
MCP1
MCP2
MCP3
MCP4
MCP5
MCP6
MCPX
66
66
65
56
51
48
46
46
45
32,5
33,4
32,4
33,9
32,9
33,0
32,8
32,9
33,4
4,3
4,7
4,1
4,0
4,1
4,0
3,7
3,8
4,1
0,0810
<0,0001
0,1878
0,3315
0,0883
0,1723
0,0340
0,0652
0,7419
p-valor
No entanto, quando se analisaram as medidas do local B, nos grupos G1 e
G15, observou-se que no G15, no momento X, a diferença foi estatisticamente
significante, conforme demonstram as Tabelas 11 e 12 abaixo.
53
Tabela 11 - Comparação entre as medidas B do G15
Variável
n
Média
Desvio
padrão
p valor
MCI
66
29,8
3,8
referência
MCI 3,4,5,6,X
50
30,2
3,5
MPI
66
30,0
4,2
0,1758
MCP1
66
29,8
4,0
0,9708
MCP2
57
30,0
3,8
0,9449
MCP3
50
30,1
3,8
0,7063
MCP4
46
30,3
3,6
0,9641
45
30,4
3,8
0,7668
MCP6
44
30,3
3,7
0,8737
MCPX
44
31,2
3,9
0,0021
MCP5
Tabela 12 - Comparação entre as medidas B do G1
Variável
n
Média
Desvio
padrão
p - valor
referência
MCI
66
29,4
4,0
MCI 3,4,5,6,X
51
29,8
4,0
MPI
66
28,9
3,9
0,0310
MCP1
65
29,2
3,9
0,3745
MCP2
56
29,6
4,0
0,8524
MCP3
51
29,6
4,0
0,4534
MCP4
48
29,5
3,8
0,2676
MCP5
46
29,4
3,6
0,0907
MCP6
46
29,5
3,7
0,2082
MCPX
45
30,2
3,9
0,1544
54
Na comparação das medidas do local C, entre os grupos G1 e G15, nota-se
que, de forma similar à medida B, no momento X do G15, têm-se significância
estatística, conforme as tabelas 13 e 14 abaixo.
Tabela 13 - Comparação entre as medidas C do G15
Variável
n
Média
Desvio
padrão
p - valor
MCI
66
26,8
3,2
referência
MCI 3,4,5,6,X
50
27,2
2,9
MPI
66
26,9
3,4
0,4882
MCP1
66
26,8
3,3
0,9999
MCP2
57
26,9
3,3
0,8412
MCP3
50
27,0
3,3
0,6719
MCP4
46
27,2
3,4
0,6645
MCP5
45
27,3
3,5
0,9736
MCP6
44
27,3
3,2
0,8364
MCPX
44
28,1
3,3
0,0105
55
Tabela 14 - Comparação entre as medidas C do G1
Variável
n
Média
Desvio
padrão
p-valor
referência
MCI
66
26,5
3,3
MCI 3,4,5,6,X
51
26,8
3,3
MPI
66
26,4
3,4
0,5390
MCP1
65
26,6
3,4
0,8130
MCP2
56
26,6
3,2
0,4321
MCP3
51
26,6
3,3
0,4436
MCP4
48
26,7
3,2
0,9600
MCP5
46
26,5
3,1
0,4229
MCP6
46
26,7
2,9
0,9999
MCPX
45
27,5
3,4
0,043
Em relação às medidas do local D, nota-se também no momento X do G15
uma diferença estatisticamente significante, conforme se verifica nas tabelas 15 e 16
abaixo.
56
Tabela 15 - Comparação entre as medidas D do G15
Variável
n
Média
Desvio
padrão
p-valor
MCI
66
23,9
2,3
referência
MCI 3,4,5,6,X
50
24,2
2,2
MPI
66
24,0
2,4
0,8135
MCP1
66
23,7
2,3
0,3336
MCP2
57
24,0
2,2
0,8129
MCP3
50
24,1
2,3
0,9675
MCP4
46
24,3
2,4
0,7646
MCP5
45
24,0
2,5
0,4999
MCP6
44
24,3
2,8
0,7605
MCPX
44
25,1
2,7
0,0035
Tabela 16 - Comparação entre as medidas D do G1
Variável
n
Média
Desvio
padrão
p-valor
MCI
66
23,7
2,2
referência
MCI 3,4,5,6,X
51
24,0
2,2
MPI
66
23,8
2,3
0,8766
MCP1
65
23,7
2,5
0,9999
MCP2
56
23,8
2,5
0,5822
MCP3
51
23,9
2,4
0,4985
MCP4
48
23,8
2,4
0,4763
MCP5
46
23,8
2,2
0,5146
MCP6
46
24,1
2,3
0,8583
MCPX
46
24,6
2,4
0,0255
57
Por outro lado, na medida E, em ambos os grupos G1 e G15, nota-se que
houve tendência à significância estatística nos momentos 1, 2, 3 e 4 do G15, o que
não se confirmou nos momentos seguintes. Enquanto que no G1 também houve
tendência à significância, mas que não se confirmou em todos os momentos,
conforme se verifica nas tabelas 17 e 18 abaixo.
Tabela 17 - Comparação entre as medidas E do G15
Variável
n
Média
Desvio
padrão
p-valor
MCI
66
23,2
2,5
referência
MCI 4,5,6,X
46
23,6
2,1
MPI
66
23,2
2,5
0,6457
MCP1
66
22,5
2,6
0,0001
MCP2
57
22,6
2,5
0,0019
MCP3
50
22,7
2,6
0,0025
MCP4
46
22,8
2,7
0,0024
MCP5
45
22,9
2,8
0,0131
MCP6
44
23,1
2,7
0,0422
MCPX
44
24,1
2,7
0,0614
58
Tabela 18 - Comparação entre as medidas E do G1
Variável
n
Média
Desvio
padrão
p-valor
MCI
66
22,9
2,5
referência
MCI 3,4,6,X
51
23,1
2,4
MPI
66
22,9
2,7
0,7540
MCP1
65
22,3
2,6
0,0035
MCP2
56
22,4
2,7
0,0016
MCP3
51
22,7
3,0
0,1640
MCP4
48
22,4
2,6
0,0105
MCP5
46
22,4
2,5
0,0017
MCP6
46
22,6
2,6
0,0216
MCPX
45
23,5
2,9
0,1823
Comparando as medidas do local F nos dois grupos, verifica-se que no G1
não houve, em nenhum momento, diferença significante, enquanto que no G15
houve diferença significante estatisticamente em alguns momentos (1, 2, 3, 4), mas
que não se confirmou nos momentos seguintes, conforme se verifica nas tabelas 19 e
20 abaixo.
59
Tabela 19 - Comparação entre as medidas F do G15
Variável
n
Média
Desvio
padrão
p-valor
MCI
66
18,5
2,3
referência
MCI 3,4
50
18,9
2,2
MCI 5,6,X
44
19,1
2,0
MPI
66
18,5
2,3
0,7334
MCP1
66
17,8
2,2
0,0002
MCP2
57
18,2
2,1
0,0124
MCP3
50
18,2
2,2
0,0012
MCP4
46
18,2
2,5
0,0009
MCP5
45
18,4
2,5
0,0194
MCP6
44
18,6
2,4
0,0415
MCPX
44
19,2
2,5
0,6820
Tabela 20 - Comparação entre as medidas F do G1
Variável
n
Média
Desvio
padrão
p-valor
MCI
66
18,3
2,6
referência
MCI 3,4,5,6,X
51
18,5
2,7
MPI
66
18,1
2,3
0,4387
MCP1
65
17,7
2,5
0,0153
MCP2
56
18,1
2,6
0,1487
MCP3
51
18,0
2,5
0,0916
MCP4
48
18,1
2,5
0,2296
MCP5
46
18,2
2,5
0,3267
MCP6
46
18,3
2,5
0,5855
MCPX
45
18,8
2,6
0,6306
60
No que se refere às medidas do local G, nenhum dos grupos mostrou
diferença estatisticamente relevante, conforme se verifica nas Tabelas 21 e 22
abaixo.
Tabela 21 - Comparação entre as medidas G do G15
Variável
n
Média
Desvio
padrão
p-valor
MCI
66
15,1
1,6
referência
MCI 3,4,5,6,X
46
15,4
1,2
MPI
66
15,3
1,8
0,1105
MCP1
66
14,7
1,6
0,0200
MCP2
57
15,1
1,6
0,4321
MCP3
50
15,1
1,7
0,4095
MCP4
46
15,1
1,6
0,1239
MCP5
45
15,2
1,6
0,2453
MCP6
44
15,4
1,5
0,9007
MCPX
44
15,8
1,6
0,0568
61
Tabela 22 - Comparação entre as medidas G do G1
Variável
n
Média
Desvio
padrão
p-valor
MCI
66
14,9
1,6
referência
MCI 3,4,5,6,X
51
15,1
1,5
MPI
66
15,0
1,5
0,3210
MCP1
65
14,8
1,8
0,6767
MCP2
56
15,0
1,9
0,8104
MCP3
51
15,1
1,9
0,8482
MCP4
48
15,2
1,8
0,6452
MCP5
46
15,2
1,8
0,7582
MCP6
46
15,3
1,7
0,2958
MCPX
45
15,7
1,8
0,0084
Para as tabelas acima, todas as associações foram verificadas utilizando o
teste t de Student pareado.
62
7
DISCUSSÃO
O presente estudo, controlado e randomizado, claramente demonstrou que as
pacientes operadas de câncer de mama recuperam a função do ombro mais
rapidamente, quando iniciam a fisioterapia precocemente, com uma equipe de
fisioterapeutas bem instruída e treinada. O estudo também demonstrou que mesmo
quando a fisioterapia foi instituída tardiamente, após o 10º-15º dia da cirurgia, a
função do ombro foi restabelecida.
Acredita-se que muitos sejam os fatores que possam causar morbidades após
intervenção cirúrgica do câncer de mama. Dentre eles, citam-se a linfadenectomia
axilar, o tipo de cirurgia, a radioterapia, a idade da paciente e o tratamento adjuvante
(Pissas et al.)30, 31, 32, 33.
Neste estudo, a randomização assegurou uma distribuição uniforme desses
fatores.
Os vários estudos sobre a mobilidade do ombro da paciente operada de câncer
de mama associada ao tratamento com fisioterapia, descrevem a instituição da
fisioterapia na primeira semana, mas não mostram um seguimento prolongado.
Outros mostram um seguimento de somente alguns meses, quando o tratamento
complementar ainda está sendo realizado, o que pode alterar os resultados; outros
ainda, somente citam a fisioterapia e as morbidades presentes após a cirurgia, mas
não definem as intervenções.
63
A maior parte dos estudos concernentes à aplicação da fisioterapia, tem seu
foco principal nas várias formas de tratamento do linfedema, pois esta é a morbidade
que ainda representa maior incidência e a que leva à maior incapacidade. Entretanto,
poucos são os trabalhos que discorrem sobre a prevenção e detecção precoce do
linfedema. As outras morbidades pós-cirúrgicas de câncer de mama têm uma
incidência variada, de acordo com os estudos realizados por vários autores. Neste
trabalho, observou-se que com a intervenção da fisioterapia, a recuperação funcional
foi mais rápida e a incidência de complicações foi compatível com os resultados
encontrados na literatura. Por outro lado, o diagnóstico precoce das complicações
permitiu a intervenção, também precoce, além da recuperação mais rápida. No
entanto, as pacientes, deste estudo, que apresentaram linfedema, haviam sido
submetidas à mastectomia e apresentavam estadiamento mais avançado com
linfonodos comprometidos e rotura de cápsula linfonodal. Acreditou-se então, que o
aparecimento do linfedema, nessas pacientes, tinha relação com o estado oncológico
da paciente. Os relatos da literatura não estabelecem a relação do aparecimento do
linfedema com o estado linfonodal e nem tampouco com o estadiamento clínico. Os
resultados deste estudo mostraram que tais dados são citados pela primeira vez na
literatura.
Tomando como base esses resultados, estabelecem-se as grandes questões
propostas pela literatura: por que algumas pacientes operadas de câncer de mama
apresentam linfedema somente em partes do membro superior; por que a mão, muitas
vezes, é poupada, por que a raiz do membro é afetada e em outras, ainda, por que o
linfedema apresenta-se somente nos terços médios do braço na face lateral?
64
Modi et al.34, 35 acreditam que a definição de que o linfedema relacionado ao
câncer de mama é o resultado simples e direto da abordagem cirúrgica e da obstrução
mecânica dos linfáticos axilares, parece ser incompleta, pois partes do membro
edemaciado permanecem não edemaciadas. Os autores mostram, pelos resultados
obtidos com a linfocintilografia em pacientes operadas de câncer de mama e
portadoras de linfedema de membro superior, que o “clearence” linfático é menor no
antebraço, mas encontra-se normal na mão, indicando diferenças na função linfática.
Concluem, pela primeira vez, que existe uma diferença sistemática na drenagem
linfática ao longo do eixo do antebraço, mostrando, também, que existe uma
correlação entre edema epifascial e subfascial.
Por outro lado, Stanton et al. 36, 37, 38 mostram uma correlação entre a lesão na
drenagem subfascial e o edema de membro superior epifascial, e acreditam que
ambos dependem da gravidade da lesão axilar, ou que a perda da função nos
linfáticos subfasciais altera a drenagem linfática do sistema epifascial para o
subfascial. No linfedema de membro superior secundário à cirurgia axilar e à
radioterapia (após câncer de mama), o edema maior encontra-se epifascial e o fluxo
linfático por unidade encontra-se diminuído.
Já Pain et al.37, 39 realizam a linfocintilografia em pacientes com linfedema de
membro superior pós-câncer de mama e observam que no lado afetado pelo
linfedema, a velocidade de absorção foi menor do que no lado não afetado,
coincidindo com os resultados obtidos por Marx 66. No entanto, os autores encontram
diferenças significantes entre as pacientes com linfedema que tinham ou não as mãos
também edemaciadas e observaram uma variação da função linfática também do
65
braço não edemaciado, levantando com isso a possibilidade de que o risco de se
desenvolver linfedema também pode ser, em parte, pré-determinado.
Lane et al.38, 40, em dois estudos utilizando a linfocintilografia, relatam que o
exercício regular estimula de 2-3 vezes o fluxo linfático de repouso, ao invés de ser
um fator de risco para o desenvolvimento de linfedema pós-cirurgia de câncer de
mama. Embora exista a crença de que a lesão provocada pela cirurgia e pelo
tratamento complementar com radioterapia resultaria numa obstrução primária ao
fluxo linfático (presente em 27-49% das mulheres que sofreram câncer de mama) e
conseqüente linfedema, os autores mostram que a etiologia e a fisiopatologia do
linfedema pós-câncer de mama parecem ser multifatoriais, e estudos recentes
demonstram que a realização de exercícios vigorosos com o membro superior não
está relacionada com um aumento do volume do membro.
Observou-se, neste estudo, um aumento de algumas medidas de perimetria do
membro superior do lado operado, principalmente na avaliação de um ano, no grupo
G15 que iniciou a fisioterapia tardiamente. Porém, não se pode afirmar que essas
pacientes apresentavam linfedema, pois a diferença entre os membros não era
superior a 2 cm, conforme definição preconizada pela literatura. Entretanto, esse
aumento das medidas poderia indicar um linfedema subclínico. Considera-se ideal o
seguimento dessas pacientes por tempo mais prolongado, para a continuação da
avaliação das medidas. Outro dado interessante encontrado, diz respeito ao local das
medidas que se mostraram alteradas, correspondendo aos terços médio e distal do
braço e cotovelo, coincidindo com os achados da clínica de linfedema de membro
superior pós-cirurgia de câncer de mama41, 42, 43, 44, 45.
66
Kärki et al.46, 47, 48, 49, descrevem que as morbidades mais comuns do membro
superior e do tronco, após seis meses da cirurgia, são a rigidez da axila e da cicatriz,
o edema axilar e dor no ombro e pescoço e, após um ano, o edema de axila. Citam
também, no mesmo estudo que, no seguimento de um ano, a rigidez do braço e da
cicatriz diminui, mas a dor aumenta. No questionário elaborado no trabalho e na
avaliação realizados, os autores observam que a resposta das pacientes foi de queixa
de piora dos sintomas após elevação e carregamento de objetos, limitação das
atividades de lazer e diminuição da capacidade de trabalho e propõem a necessidade
urgente de se desenvolver um protocolo de reabilitação para pacientes operadas de
câncer de mama.
Por outro lado, Ververs et al.50 avaliam 400 pacientes e concluem que 63%
tinham, pelo menos, uma queixa de sintoma físico, como dor, edema, rigidez,
dormência e linfedema, sendo que esses sintomas não melhoraram com o passar do
tempo e que cerca de 25-35% das pacientes relataram dificuldades na realização das
atividades da vida diária.
Outros autores concluem que dentre os fatores de risco para o linfedema estão
a dissecção axilar e radioterapia na axila e na fossa supraclavicular51, 52, 53. Observam,
também, que as pacientes com maior índice educacional, realizavam os exercícios
com mais assiduidade, não encontrando ressonância com os achados de Burak et
al.54,
Kwan et al.55, baseados em um questionário e na avaliação clínica, concluem
que os sintomas no membro superior afetam a qualidade de vida das pacientes
operadas de câncer de mama, mesmo dois anos após a cirurgia. O estudo mostra uma
porcentagem substancial de pacientes com linfedema e sintomas persistentes no
67
ombro e braço dois anos após a cirurgia. Os autores citam que a combinação de
dissecção linfonodal e radioterapia é um risco maior para o aparecimento de
sintomas e de linfedema, sendo que as pacientes com sintomas apresentavam uma
pior qualidade de vida. Sugerem que estudos futuros devem levar em consideração
não somente o controle loco-regional e a sobrevida livre da doença, mas também
devem monitorar a morbidade no membro superior. Outros estudos
56, 57, 58, 59, 61
relatam achados semelhantes.
Kakuda et al.62,
63, 64, 65
avaliam quantitativamente 95 pacientes quanto à
morbidade a longo prazo de pacientes que se submeteram à dissecção axilar por
câncer de mama, quanto ao edema de braço, dor torácica, diminuição da mobilidade
e fraqueza. Os autores observam que cerca de 70% das pacientes apresentavam, pelo
menos, um queixa, sendo 18% com queixas de moderadas a graves. Vinte e um por
cento das pacientes apresentavam diminuição acentuada da força muscular ou da
amplitude de movimentos, 9,3% apresentaram linfedema e 6,4 % mudaram de
atividade profissional por causa da morbidade pós-cirúrgica e um número
considerável de pacientes tinha incapacidade persistente. Os autores afirmam,
também, que talvez os médicos subestimem a morbidade pós-operatória devido ao
fato de os achados objetivos serem menos comuns.
Kuehn et al.33, em um estudo retrospectivo, avaliam a qualidade de vida a
longo prazo de 396 pacientes em relação aos possíveis fatores que possam
influenciar o aparecimento de sintomas após a cirurgia de mama com dissecção
axilar, por meio de um questionário e de um exame clínico. Foram avaliados os
sintomas dormência, dor, edema, força muscular e mobilidade do braço. A avaliação
subjetiva, proposta pelos autores, compara o grau de intensidade do sintoma com as
68
medidas objetivas. Os autores avaliam a extensão da cirurgia (número de linfonodos
dissecados, nível de dissecção) e outros fatores (oncológicos e medidas adjuvantes:
idade, tempo pós-cirúrgico, número de linfonodos afetados e quimioterapia). Eles
também relatam que a morbidade do ombro e do braço e o medo da recidiva do
câncer estavam entre as fontes de estresse mais importantes a longo prazo após a
cirurgia de câncer de mama, e que a extensão da cirurgia não teve influência na
morbidade a longo prazo. A intensidade dos sintomas avaliados foi relatada como
sendo mais grave na avaliação subjetiva do paciente, do que o resultado da avaliação
clínica. Os autores concluem que a morbidade do ombro após dissecção axilar é uma
doença polissintomática e que parece ser pouco afetada por medidas terapêuticas. A
linfadenectomia axilar com a remoção de mais de 10 linfonodos parece decisiva no
aparecimento de síndromes pós-cirúrgicas e que a presença de linfonodos positivos
não piora a morbidade a longo prazo.
Bentzen24,
25, 23, 27, 28
, afirma que a morbidade mais incapacitante, após a
cirurgia e a radioterapia para câncer de mama, está relacionada com a abordagem da
axila, incluindo o linfedema, diminuição da mobilidade do ombro e plexopatia
braquial. Esse estudo mostra que a morbidade após radioterapia é fortemente
influenciada pela cirurgia e quimioterapia, além de outros fatores exógenos como a
idade da paciente e a obesidade, no caso de linfedema.. Achados semelhantes foram
relatados por Geller60 Wedgwood57.
Ernst et al.71 avaliam pacientes em vários momentos do pós-operatório quanto
aos seguintes itens: a medida da ADM, força e dor. Os resultados mostram uma
diferença de mais de 20º na abdução, flexão anterior ou extensão em 12% das
pacientes, tanto nas que se submeteram à cirurgia conservadora quanto à radical, no
69
período de 6-12 meses e entre 5 anos após a cirurgia. Concluem que as queixas de
dor, limitação de movimentos e diminuição de força são comuns após dissecção
axilar e parecem não ter relação e ser independentes do período pós-operatório ou do
tipo de cirurgia.
Kwan W et al.72,73 observam, em um estudo feito com questionário e
avaliação física, que cerca de metade das pacientes era sintomática e 12,5%
apresentavam linfedema A dissecção axilar, assim como a radioterapia após a
dissecção eram significantes estatisticamente, relacionadas à ocorrência de sintomas
no braço e, tanto as pacientes sintomáticas quanto as com linfedema apresentaram
qualidade de vida pior, se comparadas às pacientes assintomáticas. Os autores
concluem que a morbidade do braço deve ser cuidadosamente monitorada, com
estudos, no futuro, sobre a influência várias modalidades de tratamento de câncer de
mama.
Torna-se assim relevante, com base nos dados coletados neste estudo e com
os estudos realizados por outros autores com o uso da linfocintilografia, que se
estabeleçam meios que possam sugerir precocemente o diagnóstico de linfedema, de
forma que, também, se possam instituir precocemente procedimentos terapêuticos
eficientes.
Com relação à presença de outra morbidade denominada cordão linfático,
síndrome axilar web ou ainda fibrose de coletor linfático, que é uma morbidade
acompanhada de dor intensa e grande limitação de movimentos, observou-se uma
maior incidência no G15 que iniciou a fisioterapia tardiamente. Poucos são os
autores que citam a recuperação dessa síndrome com a intervenção da fisioterapia e
os que o fazem não esclarecem como essa abordagem é realizada.
70
Pesquisadores (Kepics el al.74, Moskovitz et al.75, Leidenius et al.76) sugerem
que a síndrome axilar web seja o resultado da interrupção dos canais linfáticos
axilares durante a dissecção linfonodal e que pode ser uma variante de doença de
Mondor (sintomas clínicos de dor, retração da pele ao longo do coletor linfático
trombosado, cordão fibroso ou massa palpável).
Neste estudo observou-se que, ao comparar os dois grupos, o G1 mostrou
uma incidência muito menor do que o G15. Acreditou-se que o diagnóstico precoce e
a intervenção da fisioterapia com exercícios, manipulações e orientações dadas,
tenham interferido nesse resultado.
Quanto à presença de seroma, observa-se discordância na literatura: Dawson
et al.77, 78, 79 mostram, em seu estudo, que o exercício precoce apresenta maior ganho
de amplitude e em menor tempo. No entanto, citam que, quando se imobiliza o
membro de um grupo de pacientes, por cinco dias no pós-operatório, diminui-se a
drenagem e o seroma e, conseqüentemente, não recomendam exercícios precoces.
Por outro lado, Schultz78 descreve uma incidência significantemente maior de
seroma em pacientes que iniciaram a fisioterapia precocemente (38%) em
comparação ao grupo que iniciou a fisioterapia no sétimo dia (22%) (p<0.05). Não
havia diferença significante em relação à função do ombro entre os grupos. Conclui
que a incidência de seromas após mastectomia pode ser reduzida, aplicando-se os
exercícios de fisioterapia uma semana após a cirurgia e que a fisioterapia precoce não
é necessária para evitar a disfunção do ombro.
Chen et al.80,
81, 82, 83, 84
descrevem um estudo, no qual são realizados
exercícios em três momentos diferentes: no terceiro dia do pós-operatório, a partir do
sexto dia do pós-operatório e somente após a retirada dos drenos. Os autores
71
observam que a quantidade de líquidos drenada da fossa axilar foi significantemente
menor nas pacientes do terceiro grupo, quando comparadas aos outros grupos
precoces. No entanto, não houve diferença no dreno torácico ou no número de
punções de seroma nos três grupos. Os autores mostram, também, que a ADM dos
ombros do terceiro grupo apresentou-se mais limitada no primeiro mês e retornou ao
normal após três meses, sendo que nenhuma diferença foi encontrada após seis meses
Assim, eles concluem que os exercícios podem ter início após a remoção dos drenos
e que esse atraso não limita a função do braço após seis meses da cirurgia.
Comparando os resultados, observa-se que somente um volume maior de
drenagem não prova que pacientes desenvolvam seroma. Neste trabalho, não houve
diferença entre os dois grupos quanto à presença de seroma, o que sugere que o
momento da intervenção fisioterapêutica, por meio de orientações e exercícios com
amplitude limitada até a retirada de drenos e pontos, é adequada para a recuperação
precoce da amplitude de movimentos, sem aumentar a incidência de seroma. Nesse
sentido, discorda-se dos autores relacionados acima, pois quanto mais precoce a
recuperação da amplitude de movimentos, mais rapidamente a mulher reassume suas
atividades diárias e melhora sua qualidade de vida.
Quanto ao aparecimento de linfedema, este estudo mostrou uma incidência
semelhante nos dois grupos (oito pacientes no G1 e nove no G15). Acreditou-se que,
dentre outros fatores, o estadiamento avançado da maioria das pacientes e a invasão
linfática, associada à rotura de cápsula linfonodal, tenham sido importantes para tal
diagnóstico, além da limitação da ADM (Hladiuk et al.31).
Em um estudo clássico, Wingate85, 86, 87, 88 demonstra que, em pacientes que
realizaram a fisioterapia no pós-operatório imediato, as medidas goniométricas eram
72
melhores no grupo que realizou fisioterapia do que entre as que não a realizaram,da
mesma forma que nos movimentos de flexão e abdução. O autor observa, também,
que a recuperação dos movimentos do lado dominante era mais rápida do que no
lado não dominante, no grupo que recebeu fisioterapia até o quinto dia. E observa
também que a fisioterapia precoce feita nos primeiros cinco dias do pós-operatório
não aumentou a incidência de complicações pós-operatórias.
Por outro lado, Hayes89 descreve a influência das características do
tratamento dado ao membro superior, seis meses após intervenção cirúrgica. Houve
evidência de relação entre a medida de flexibilidade, o tratamento com radioterapia e
o lado dominante. Esse estudo mostra a relevância de se levar em consideração o
lado dominante quando se avalia a incapacidade funcional do membro superior das
pacientes operadas de câncer de mama.
A aderência ao tratamento preconizado e os retornos para seguimento se
deram em um total de 90 das 132 pacientes que iniciaram o tratamento. Não se
observou relevância estatística com relação a: profissão, lado dominante,
escolaridade ou atividade física e presença de morbidades. O protocolo
fisioterapêutico proposto neste estudo mostrou-se de fácil assimilação pelas
pacientes.
Quando se faz a revisão dos estudos da literatura relativos à intervenção da
fisioterapia pós-cirurgia de câncer de mama, nota-se que ainda não há consenso sobre
qual o melhor momento, nem tampouco sobre qual o tratamento preconizado.
Estudos prospectivos demonstram que pacientes que receberam fisioterapia
estruturada adquirem melhor mobilidade do ombro do que aquelas que não
realizaram fisioterapia.
73
Tasmuth et al.90, 91, em um estudo prospectivo, acompanharam, por um ano,
pacientes com cirurgias conservadoras e radicais, em relação aos seus sintomas, e
mostraram que cerca de 50% das pacientes avaliadas queixavam-se de dor,
dormência e rigidez, num período de 10-58 meses após a cirurgia. Cerca de um terço
das pacientes apresentava edema quando examinadas, mesmo naquelas que não
apresentavam queixas de edema. A incidência dos sintomas não estava
correlacionada com o estadiamento da paciente. Tendo em vista que a mobilidade
dos membros superiores de suas pacientes era maior do que a relatada por outros
pesquisadores, os autores acreditam que isso pode ser o resultado da fisioterapia ativa
realizada pelas suas pacientes.
Gosselink et al e outros autores92, 93, 94, avaliando a circunferência, a AVD e a
mobilidade do membro superior em momentos diferentes do pós-operatório,
concluem que a radioterapia axilar e o tipo de cirurgia contribuíram para a
recuperação do membro superior e recomenda a continuação da fisioterapia para
restaurar a função normal desse membro.
Nagel et al.32 mediram o linfedema, a mobilidade do ombro e a sensação
axilar. Verificaram linfedema em 13% das pacientes, a restrição da mobilidade do
ombro em 24% das pacientes que se submeteram à radioterapia, enquanto 93% das
pacientes tinham uma sensação de alteração de sensibilidade na região axilar.
Lauridsen et al.95,
93
estudaram pacientes pós-operadas de câncer de mama,
submetidas à realização da fisioterapia em vários momentos do pós-operatório.
Concluíram que a função do braço melhora em todos os momentos, mas o grupo com
melhor resultado foi o tratado mais precocemente. A função do braço restabeleceu-se
74
mais rapidamente no grupo que realizou cirurgia conservadora do que no das
pacientes submetidas à mastectomia.
Kärki et al.46, em um outro estudo, mostram que as informações mais
importantes dadas pela fisioterapia no pós-operatório para as pacientes, foram as
referentes à mobilidade do ombro, à retomada das atividades de vida diária e à
prevenção do linfedema.
Todd
97
cita, em seu estudo, que existe uma grande variabilidade de
recomendações refentes ao início dos exercícios após a cirurgia de câncer de mama.
Em seu estudo realizado em várias instituições, ele observa que há diferenças quanto
aos exercícios recomendados, à sua freqüência e intensidade e quanto ao início da
fisioterapia. Cerca de 59% das pacientes haviam sido recomendadas a iniciarem os
exercícios após o sétimo dia do pós-operatório, ainda com amplitude limitada. As
41% restantes foram orientadas a iniciar os exercícios antes disso, e o autor conclui
que não houve consenso sobre as informações dadas por escrito para as pacientes,
apesar de haver uma pequena tendência de iniciar os exercícios somente após o
sétimo dia do pós-operatório.
Morimoto et al98 propõem um programa precoce de reabilitação pósoperatória de câncer de mama, mas não descrevem como era elaborado esse
programa, que incluía exercícios e orientações. No entanto, mostram que a
recuperação da AVD e da amplitude de movimentos do lado operado foi adequada
no grupo que realizou o programa.
Johansson99 demonstra que pacientes de câncer de mama que não realizaram
fisioterapia pós-operatória, tinham a amplitude de movimentos limitada três meses
após o tratamento de câncer de mama quando comparados com pacientes que
75
realizaram exercícios ativos e atividades funcionais. Já Lauridsen95 mostra que
também os exercícios tardios, iniciados até seis meses após a cirurgia, melhoravam a
função do ombro de forma significante.
Campbell96 mostra, em outro estudo, que a fisioterapia precoce, após
dissecção axilar, não aumenta a incidência de linfedema e que a recuperação é mais
rápida em relação ao grupo que inicia tardiamente a fisioterapia O autor limita a
ADM, com exercícios do ombro indo de 45- 90º de flexão e abdução até a retirada de
dreno e pontos, sendo que após a retirada de pontos e dreno, os exercícios são
realizados com amplitude livre.
Wingate85 relata pequena alteração da circunferência nos dias subseqüentes à
cirurgia e após três meses da mesma, considerando normal uma diferença de 1,5 cm
entre os membros dominante e operado. Concluiu que as pacientes que receberam
fisioterapia adquiriram o retorno da função muito mais cedo do que as pacientes que
não a receberam.
Box68,
69, 70, 101, 102, 103
investigou as mudanças nos movimentos do ombro,
após cirurgia para câncer de mama, em vários momentos do pós-operatório, para
determinar o efeito da intervenção precoce da fisioterapia. Um grupo de pacientes
recebeu somente informações por escrito e, o outro, realizou fisioterapia. A
conclusão do autor foi que o grupo que realizou fisioterapia recuperou muito mais
rápido a função do membro superior e apresentou uma incidência menor de
linfedema (11% contra 30% do grupo não-tratado).
Em outro estudo, Box101 sugere que o estabelecimento do linfedema pode ser
afetado pelo grau de regeneração dos coletores linfáticos axilares interrompidos e da
eficácia dos mecanismos de compensação do sistema linfático. Foldi et al.67 sugerem
76
que as possíveis conexões veno-linfáticas dos linfáticos interrompidos na axila
podem ser reduzidas na presença de seromas, irradiação ou movimento precoce não
habilidoso. Vários estudos enfatizam a necessidade de se otimizar a recuperação do
movimento do ombro no pós-operatório; no entanto, o exercício vigoroso após a
cirurgia pode afetar o desenvolvimento do sistema linfático de mecanismos
compensatórios. Os autores defendem um plano fisioterapêutico com intervenção
precoce e observam que o grupo tratado apresentou uma diferença de incidência de
linfedema de 11% contra 30% do grupo não tratado. O protocolo de tratamento
incluiu minimização do risco para o desenvolvimento do linfedema e tratamento
precoce quando identificado.
Acreditou-se que este trabalho tenha possibilitado parâmetros bem definidos
para se estabelecer um protocolo fisioterapêutico, através da intervenção precoce da
fisioterapia para a prevenção, diminuição da incidência e tratamento das morbidades
relacionadas ao tratamento cirúrgico e complementar do câncer de mama.
Dessa forma, o futuro para pacientes com câncer de mama parece conter
muito mais atividades físicas e menos passividade do que antigamente.
O protocolo fisioterapêutico investigado neste estudo objetivou ajudar cada
paciente a obter conhecimento sobre as causas das morbidades, dentre elas o
linfedema e sua prevenção, e fornecer meios educacionais para permitir o retorno às
atividades de vida diária e assim permitir que cada paciente tenha uma melhor
qualidade de vida.
Preconizou-se, no presente trabalho, a realização de exercícios em casa e
seguimentos e controles contínuos com a fisioterapia. A automassagem das cadeias
linfonodais foi incorporada pelas pacientes. Com a prescrição da radioterapia, os
77
exercícios para ganho e manutenção da ADM foram importantes para evitar a
formação de contraturas e provocar limitações de movimento. A cinesioterapia teve
um papel fundamental e é um componente estratégico da fisioterapia no
recrutamento da circulação linfática colateral ou superficial. Essas estratégias podem
reduzir o linfedema secundário e ajudar a diminuir outras morbidades linfáticas e
também reduzir o impacto psicológico que essas patologias causam nas pacientes.
78
8
CONCLUSÃO
Observou-se que a fisioterapia diminui a incidência de morbidade de membro
superior pós-cirurgia de câncer de mama
A recuperação da amplitude dos movimentos de flexão anterior e abdução do
membro superior do lado operado deu-se em menos tempo com a intervenção
precoce da fisioterapia quando comparada à intervenção tardia..
Não houve diferença relevante em nenhuma das medidas de circunferência
dos membros superiores em nenhum dos dois grupos que justificassem a presença de
edema subclínico.
79
9
ANEXOS
Anexo A – Medidas iniciais do membro padrão
Grupo
Variável
MPia
MPib
MPic
MPid
MPie
MPif
MPig
Medidas
p-valor
G1
medidas
G15
medidas
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
24,0 – 41,0
32,2
32,5
4,3
24,0 – 41,0
33,5
33,3
4,2
0,2459
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
19,0 – 36,0
29,0
28,9
3,9
20,0 – 40,0
30,0
30,0
4,2
0,1125
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
18,0 – 32,5
26,7
26,4
3,4
18,0 – 34,5
27,0
26,9
3,4
0,4394
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
18,0 – 28,5
24,0
23,7
2,3
19,0 – 30,0
24,0
24,0
2,4
0,6160
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
14,0 – 27,0
23,0
22,9
2,7
17,5 – 28,5
23,2
23,2
2,5
0,5263
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
12,0 – 22,0
18,0
18,1
2,3
14,0 – 24,0
18,0
18,5
2,3
0,4266
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
11,5 – 18,0
15,0
15,0
1,5
11,0 – 19,0
15,0
15,2
1,8
0,3483
p - valor obtido pelo teste t de Student
80
Anexo B – Medidas iniciais do membro controle
Grupo
Variável
MCia
Mcib
Mcic
Mcid
Mcie
Mcif
Mcig
Medidas
G1
medidas
p-valor
G15
medidas
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
23,5 – 43,0
32,0
32,9
4,5
26,0 – 41,5
33,0
33,3
4,1
0,5630
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
20,0 – 36,0
29,5
29,4
4,0
22,0 – 38,0
30,0
29,8
3,8
0,5836
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
18,0 – 32,5
27,0
26,5
3,3
20,0 – 33,5
27,0
26,8
3,2
0,6405
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
18,0 – 28,5
24,0
23,7
2,2
19,0 – 29,0
24,0
23,9
2,3
0,6335
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
17,0 – 27,5
23,0
22,9
2,5
18,0 – 29,0
23,0
23,2
2,5
0,4842
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
12,5 – 28,0
18,5
18,3
2,6
14,0 – 25,5
18,2
18,5
2,3
0,6216
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
11,0 – 18,5
15,0
14,9
1,6
10,0 – 19,0
15,0
15,1
1,6
0,5280
p - valor obtido pelo teste t de Student
81
Anexo –C – Medidas do membro controle no pós-operatório imediato
Grupo
Variável
Mcima
Mcimb
Mcimc
Mcimd
Mcime
Mcimf
Mcimg
Medidas
p-valor
G1
medidas
G15
medidas
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
24,0 – 43,0
33,0
33,4
4,7
26,0 – 42,0
33,8
33,6
4,0
0,7738
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
20,0 – 39,0
30,0
29,8
4,2
22,0 – 38,0
30,0
30,0
3,8
0,7684
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
18,0 – 34,0
27,0
26,9
3,5
20,0 – 33,5
27,5
27,0
3,3
0,8582
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
18,0 – 28,5
24,0
24,0
2,4
19,5 – 29,0
24,0
24,0
2,2
0,9850
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
17,0 – 27,5
23,2
23,0
2,5
18,0 – 30,0
23,0
23,3
2,6
0,5407
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
12,5 – 23,0
18,5
18,3
2,4
14,0 – 25,0
18,0
18,5
2,2
0,5271
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
11,0 – 19,0
15,0
15,0
1,7
10,0 – 19,0
15,0
15,2
1,6
0,4717
p - valor obtido pelo teste t de Student
82
Anexo D – Medidas do membro controle na avaliação de 1 mês
Grupo
Variável
Mcpla
Mcp1b
Mcp1c
Mcp1d
Mcp1e
Mcp1f
Mcp1g
Medidas
p-valor
G1
medidas
G15
medidas
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
24,0 – 41,5
32,0
32,4
4,1
26,0 – 42,0
33,5
33,7
4,0
0,0860
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
21,0 – 39,5
29,0
29,2
3,9
21,0 – 37,0
30,0
29,7
4,0
0,4151
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
20,0 – 37,5
26,0
26,6
3,4
19,0 – 34,0
27,0
26,8
3,3
0,7129
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
17,0 – 29,0
24,0
23,7
2,5
19,0 – 30,0
24,0
23,7
2,3
0,9633
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
16,0 – 28,0
22,0
22,3
2,6
15,0 – 30,0
22,5
22,5
2,6
0,7751
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
12,0 – 23,0
18,0
17,7
2,5
14,0 – 25,5
18,0
17,8
2,2
0,7575
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
11,0 – 19,0
15,0
14,8
1,8
11,0 – 18,0
14,5
14,8
1,6
0,7877
p - valor obtido pelo teste t de Student
83
Anexo E - Medidas do membro controle na avaliação de 2 mêses
Grupo
Variável
Mcp2a
Mcp2b
Mcp2c
Mcp2d
Mcp2e
Mcp2f
Mcp2g
Medidas
p-valor
G1
medidas
G15
medidas
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
24,0 – 41,0
33,0
32,9
4,0
26,0 – 41,0
34,0
33,6
3,8
0,3253
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
21,0 – 39,5
29,2
29,6
4,0
21,0 – 37,0
30,0
3,0
3,8
0,6527
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
20,0 – 33,0
26,8
26,6
3,2
20,0 – 34,0
27,0
26,9
3,3
0,6091
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
17,0 – 29,5
24,0
23,8
2,5
19,5 – 29,0
24,0
24,0
2,3
0,7511
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
16,0 – 28,0
22,2
22,4
2,7
18,0 – 29,5
22,5
22,6
2,5
0,6532
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
12,0 – 25,5
18,0
18,1
2,6
14,0 – 24,5
18,0
18,2
2,2
0,7434
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
11,0 – 19,5
15,0
15,0
1,9
11,0 – 18,5
15,0
15,1
1,6
0,7336
p - valor obtido pelo teste t de Student
84
Anexo F - Medidas do membro controle na avaliação de 3 mêses
Grupo
Variável
Mcp3a
Mcp3b
Mcp3c
Mcp3d
Mcp3e
Mcp3f
Mcp3g
Medidas
p-valor
G1
medidas
G15
medidas
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
23,0 – 40,0
33,0
32,9
4,1
24,0 – 41,0
34,0
33,5
4,0
0,4731
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
21,0 – 39,0
29,5
29,6
4,0
20,5 – 37,5
30,0
30,1
3,8
0,5170
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
20,0 – 33,0
27,0
26,6
3,3
19,0 – 34,0
27,0
27,0
3,3
0,4999
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
17,0 – 28,5
24,0
23,9
2,4
19,0 – 29,5
24,0
24,1
2,3
0,5388
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
16,0 – 34,5
23,0
22,7
3,0
17,0 – 30,0
23,0
22,7
2,6
0,9947
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
12,0 – 25,5
18,0
18,0
2,5
14,0 – 25,0
18,0
18,2
2,2
0,8134
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
11,0 – 19,5
15,0
15,1
1,9
10,0 – 18,0
15,0
15,1
1,7
0,9394
p - valor obtido pelo teste t de Student
85
Anexo G - Medidas do membro controle na avaliação de 4 mêses
Grupo
Variável
p-valor
G1
medidas
G15
medidas
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
23,0 – 40,0
33,0
33,0
4,0
24,0 – 41,0
34,0
33,4
4,0
0,6638
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
20,0 – 35,0
30,0
29,5
3,8
20,5 – 38,0
30,0
30,3
3,6
0,2691
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
19,5 – 33,5
27,0
26,7
3,2
19,0 – 37,5
27,0
27,2
3,4
0,4979
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
18,0 – 29,5
23,8
23,8
2,4
19,0 – 30,0
24,5
24,3
2,4
0,2555
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
14,0 – 26,5
23,0
22,4
2,6
17,0 – 30,5
23,0
22,8
2,7
0,4836
12,0 – 26,0
18,0
18,1
2,5
14,0 – 26,0
18,0
18,3
2,5
0,8088
Mcp4f
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
11,0 – 19,5
15,0
15,2
1,8
11,0 – 18,0
15,0
15,1
1,6
0,8741
Mcp4g
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
Mcp4a
Mcp4b
Mcp4c
Mcp4d
Mcp4e
Medidas
p - valor obtido pelo teste t de Student
86
Anexo H - Medidas do membro controle na avaliação de 5 mêses
Grupo
Variável
Medidas
p-valor
G1
medidas
G15
medidas
24,0 – 40,0
33,0
32,8
3,7
24,0 – 41,0
34,0
33,3
4,2
0,5498
Mcp5a
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
20,0 – 35,5
29,2
29,4
3,6
21,0 – 38,0
31,0
30,4
3,8
0,2140
Mcp5b
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
20,0 – 33,5
26,0
26,5
3,1
19,0 – 37,5
27,0
27,3
3,5
0,2698
Mcp5c
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
18,0 – 28,5
24,0
23,8
2,2
18,0 – 30,0
24,0
24,0
2,5
0,6958
Mcp5d
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
14,0 – 27,0
22,5
22,4
2,5
18,0 – 30,5
23,0
22,9
2,8
0,3285
Mcp5e
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
12,0 – 26,0
18,0
18,2
2,5
14,0 – 26,0
18,0
18,4
2,5
0,7283
Mcp5f
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
12,0 – 21,0
15,0
15,2
1,8
11,0 – 18,0
15,0
15,2
1,6
0,9609
Mcp5g
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
p - valor obtido pelo teste t de Student
87
Anexo I - Medidas do membro controle na avaliação de 6 mêses
Grupo
Variável
Medidas
p-valor
G1
medidas
G15
medidas
24,5 – 39,5
33,0
32,9
3,8
24,0 – 41,0
33,5
33,3
4,1
0,6874
Mcp6a
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
21,0 – 35,5
29,5
29,5
3,7
21,0 – 37,0
31,0
30,3
3,7
0,3023
Mcp6b
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
21,0 – 34,0
27,0
26,7
3,0
20,0 – 35,0
27,0
27,3
3,2
0,3949
18,5 – 28,5
24,0
24,1
2,3
18,0 – 32,0
24,0
24,3
2,8
0,6087
Mcp6d
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
14,0 – 28,0
22,5
22,6
2,6
18,0 – 30,5
23,2
23,1
2,7
0,3727
Mcp6e
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
12,5 – 26,0
18,0
18,4
2,5
14,0 – 26,5
18,0
18,6
2,4
0,6851
Mcp6f
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
12,0 – 21,0
15,0
15,3
1,7
11,0 – 19,0
15,0
15,4
1,5
0,7111
Mcp6g
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
Mcp6c
p - valor obtido pelo teste t de Student
88
Anexo J - Medidas do membro controle na avaliação de 1 ano
Grupo
Variável
Medidas
p-valor
G1
medidas
G15
medidas
25,0 – 39,5
33,5
33,4
4,1
25,0 – 42,5
35,0
34,1
4,2
0,4772
Mcpxa
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
22,0 – 37,0
30,0
30,2
3,9
22,0 – 38,0
31,0
31,2
3,9
0,2225
Mcpxb
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
21,0 – 34,5
27,5
27,6
3,4
21,0 – 35,0
28,2
28,1
3,3
0,4227
Mcpxc
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
19,0 – 28,5
24,5
24,6
2,4
18,0 – 31,0
24,5
25,1
2,7
0,3328
Mcpxd
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
15,0 – 28,5
24,0
23,5
2,9
19,0 – 31,0
24,0
24,1
2,7
0,3364
Mcpxe
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
12,5 – 26,0
18,0
18,8
2,6
15,0 – 26,5
19,0
19,2
2,5
0,4652
Variação
Mediana
Média
Desvio padrão
12,0 – 20,0
15,0
15,7
1,8
13,0 – 19,5
15,5
15,8
1,6
0,7662
Mcpxf
Mcpxg
p - valor obtido pelo teste t de Student
89
10
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