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O FAMALIÁ A criação de um Famaliá, ou diabinho da garrafa, é uma Prática muito popular no Brasil e em Portugal, mas antes de explicar essa prática á luz da Magia do Caos, exponho antes dois textos muito populares na internet: “Depois de alguns anos de cotidianas visitas aos poleiros, afinal o candidato a posse de um famaliá encontra um ovo de galo (hermafrodita). Toma-o com cuidado e espera a quaresma entrar. E, na primeira sexta-feira, dirige-se para uma encruzilhada, onde permanece até que os ventos das horas mortas chegam a soprar-lhe o rosto. Nesse momento, então, coloca o ovo debaixo do braço esquerdo, ruma para casa e deita-se na cama. Já está com febre! Ao fim de quarenta dias, precisamente à meia-noite, sente partir o ovo, dele saindo um capetinha de quinze a vinte centímetros de altura, o famaliá, que é logo encarcerado numa garrafa preta e conservado em segredo. No correr da vida, o diabinho ajuda seu padrasto, dando-lhe dinheiro, mas animando-o nos vícios. Depois, carrega-lhe a alma para o reino das trevas. Há fazendeiros norte-mineiros, do vale do rio São Francisco, moradores no município de Januária, que possuem elevado número de famaliás, todos muito bem guardados. Com efeito, só pacto com o demônio justificaria o aparecimento de suas fortunas e as maneiras esdrúxulas que assinalam seus atos na vida social.” Martins, Saul. "O famaliá". Diário de Minas. Belo Horizonte, 31 de dezembro de 1950) + “Famaliá nos sertões mineiros é o mesmo diabinho familiar que as crônicas de Portugal nos contam e que São Cipriano ensinava como fazê-lo com os olhos de um gato preto colocados dentro de um ovo de galinha preta e posto para chocar na esterqueira. Há também umas palavras dirigidas a Lúcifer para sua obtenção. Em 1591, já era assinalada sua presença na Bahia. O nome, na mudança para o interior e na viagem através do tempo, deixou de ser Familiar, para ser Famaliá. - Você viu aquela garrafa preta guardada no oratório? - Não. Estava tão escuro que foi difícil distinguir o que estava dentro dela. Ainda bem. Acho que ela foi escondida pelo seu dono. - Ali é que o fazendeiro guarda o seu Famaliá. - Famaliá? Mas o que vem a ser isso? - Você não usa um pé de coelho para dar sorte? Não tem em casa uma ferradura atrás da porta? Estou vendo pendurada nessa corrente uma figa. Para que essa figa? - Para afastar os maus olhados, para dar sorte. - Cada qual com seu amuleto. Pois o Famaliá também é para ajudar, para se conseguir riqueza, enfim tudo o que se queira. Mas, há condições... - Como posso conseguir um Famaliá? - Bem, posso contar, mas é difícil para se conseguir. Aqui no vale do Alto São Francisco – contou o compadre Saul Martins – são poucos os possuidores, mas conseguem, depois de muita luta e perseverança, o seu Famaliá. A demora para se conseguir às vezes é de anos. Quem deseja ter o seu Famaliá deve procurar nos galinheiros um ovo de galo. - Mas é por isso que é difícil. O ovo de galo é pequenino, do tamanho de ovo de uma pomba juriti. - É bem pequeno e precisa tomar todo o cuidado quando encontrá-lo. Leva-se para casa e espera-se a quaresma chegar. Na primeira sexta-feira da quaresma, vai-se a uma encruzilhada de caminhos. É bom que não haja luz por perto. À noite, quando vai adiantada, nas horas mortas, quando bater a viração, coloque cuidadosamente o ovo debaixo do braço esquerdo, na axila. Já pode ir para casa deitar-se porque uma febre ataca. A febre ajuda a chocar o ovo. Fique deitado durante quarenta dias, pois à meia-noite, no final da quaresma, o oco picará. Mas não espere que venha um pinto, o que vem é um diabinho de mais ou menos um palmo de tamanho. Cuidadosamente mete-se o diabinho numa garrafa preta, arrolha-se bem e guarda-se em segredo, de preferência num oratório velho e que ninguém bula a não ser o dono da casa, o fazendeiro que o chocou. - E o que faz o Famaliá? - Bem, faz tudo o que se quer: ele traz riquezas, boa situação social. O seu dono coloca-o na palma da mão e lhe faz o pedido. Imediatamente é atendido. Depois guarda-o arrolhando bem a garrafa preta. - E traz é felicidade? - Bem, esse é outro problema. Será que dinheiro, posição social, êxito é felicidade? - O que não se deve esquecer, e ia me esquecendo, é que para se obter um Famaliá, faz-se um pacto com o diabo. - Então nesse caso o diabo sempre ganha...” O que seria esse Famaliá senão um Elemental artificial, um servidor? No livro de São Cipriano, são descritas as seguintes formas de criar um Famaliá: MÁGICA DO GATO PRETO E A MANEIRA DE GERAR UM DIABINHO COM OS OLHOS DE GATO Este feitiço é uma das duas formas de gerar um diabinho descritas no livro de São Cipriano. Surpreendentemente, a maneira de gerar esse diabinho é muito parecida com a descrita pelos antigos alquimistas para gerar uma criatura artificial chamada de homúnculus. Matar um gato preto e depois de morto tirar seus olhos e mete-los dentro de um ovo de galinha preta mas notando-se que cada olho deve ficar separado em cada ovo. Depois de feita essa operação , metê-los dentro de uma pilha de estrume de cavalo ainda bem fresco para ali ser gerado o diabinho. Diz São Cipriano que se deve ir todos os dias junto a dita pilha de estrume pelo espaço de um mês tempo em que deve nascer o diabinho. PALAVRAS QUE DEVEM SER DITAS JUNTO DO MONTE DE ESTRUME ONDE ESTÁ O DIABINHO “o grande lucifer eu te entrego estes dois olhos de um gato preto para que tu meu grande amigo lucifer me sejas favoravel nesta apelacao que faco a teus pes. Meu grande ministro e amigo satanas e barrabas eu vos entrego a magica preta para ser posto todo o vosso poder virtude e astucias que vos foram dadas por jesus cristo pois eu vos entrego estes dois olhos de um gato preto para deles nascer um diabinho para ser eternamente minha para deles nascer um diabinho para ser eternamente minha companhia. Minha magica negra eu te entrego a Maria Padilha a toda a sua família a todos e a tudo quanto for infernal para que daqui nascam dois diabinhos para me darem dinheiro. Quero dinheiro pelo poder de Lúcifer meu amigo e companheiro por toda a minha vida.” Fazer tudo isto que acabamos de indicar e no fim de um mês mais dia menos dia nascerão dois diabinhos com a figura de um lagarto pequeno. Logo que tiver nascido o diabinho mete-lo dentro de um canudinho de marfim ou bucho dando-lhe de comer ferro ou aço moído. Quando estiver senhor dos dois diabinhos fazer tudo que lhe agradar por exemplo: Deseja dinheiro: basta abrir o canudo e dizer assim: ”eu quero dinheiro já aqui.” imediatamente ele aparecerá com a condição única de que você não pode dar esmolas aos pobres nem mandar dizer missas com dinheiro dado pelo demônio. COMO FAZER UM PACTO COM O DEMÔNIO E CRIAR UM DIABINHO Essa fórmula aparece em praticamente todos os livros de São Cipriano, onde narram até um episódio em que Cipriano abre seu tubo de prata e ordena ao diabinho para que faça aparecer uma barreira ao redor dele para se salvar de seus inimigos: Escrever uma escritura num pergaminho virgem, com seu próprio sangue: "Eu, com o meu próprio sangue do meu dedo mínimo, faço a escritura a Lúcifer, imperador do inferno, para que ele me faça tudo quanto eu desejar nesta vida, e, se isto me falhar, lhe deixarei de pertencer" - em seguida, deve-se assinar o nome. Depois deve-se escrever o mesmo texto num ovo de uma galinha preta, castiçada por um galo da mesma cor. Depois, abrir um buraco no ovo e deixar cair uma gota de sangue do dedo mínimo da mão direita. Embrulhar o ovo em algodão em rama e colocá-lo sob um monte de estrume ou sob uma galinha preta. Deste ovo nascerá um diabinho que deverá ser guardado dentro de uma caixa de prata, com pó de prata. Todos os sábados deve-se introduzir o dedo mínimo dentro da caixa para o diabinho beber sangue. Quem conseguir possuir o demônio dessa forma, conseguirá tudo o que deseja na vida. Sobre esta prática, São Cipriano alerta em seu livro: "Todo filho de Deus que entregar sua alma ao demônio, será na mesma hora amaldiçoado porque o criou e lhe deu o ser, que foi Nosso Senhor Jesus Cristo. Não devemos interpretar estas palavras literalmente, para explicar melhor a mecânica do Famaliá ou diabinho garrafa, cito um trecho do Livro SS, de Krystos Meyer: Na idade média havia uma crença de que as bruxas e bruxos possuíam espíritos de demônios dados a eles pelo diabo em pessoa. É uma coisa um tanto quanto cômica, mas, como toda forma de lenda, guarda um sentido. O tempo todo nossas mentes estão se concentrando em determinadas coisas, a maior parte do tempo em coisas nada boas, e isto é um fato. E esta concentração cria mudanças na “atmosfera psíquica”, projetando o que se costuma chamar de Elementais. Os Elementais são construções da mente, feitas a partir da concentração em uma imagem ou idéia. Os Elementares são os poderes que criam os elementais, os quatro elementos. (...) Os Servidores podem ser vistos como um sistema de computador, sempre podendo ser ampliado por aquele que tem a chave para acessá-lo. Esta ampliação torna-se a especialização do Servidor criado, e ele passa a atuar de maneira a provocar mudanças. Ao contrário do Sigilo, o lembrar da existência do Servidor lhe dá mais força, por isso ele é adequado para desejos obsessivos e contínuos. Muitos dos espíritos encontrados em livros de Magia foram criados desta maneira, e o uso contínuo deles por um longo período fez com que eles se especializassem cada vez mais, adquirindo mais poder de atuação, e um campo de atuação maior. Mas estes espíritos antigos correspondem a determinadas leis, a determinados símbolos. Por isso, aquele que os evoca de suas moradas, deve ser cauteloso e ter um amplo conhecimento dos gostos e das aversões que um determinado espírito possui. Os livros dizem que aqueles que lhes evocam a presença sem ter o devido conhecimento estão prestes a ser lançados dentro das profundezas do inferno; simbolicamente isto quer dizer que, sem conhecer seus símbolos e nomes e o que eles significam, a pessoa pode ser tornar presa do próprio inconsciente (inferno). Criando os seus próprios seres você estará no controle da situação. Conhecerá os nomes, os símbolos, e saberá os rituais de evocação adequados. Além disto você estará no controle, já que eles são aspectos interiores seus ou de um determinado grupo (sim, eles podem ser criados por um grupo).” Qualquer um pode criar esse tipo de servidor, quanto a aparência e o objetivo do Famaliá, use a sua criatividade e esperteza, além da meta-crença, principais ferramentas do feiticeiro do Caos. SÃO CIPRIANO- O HOMEM, O MITO A LENDA Eu particularmente não acredito que São Cipriano, tal como é descrito em seus livros, tenha realmente existido, talvez fosse um sacerdote pagão que se converteu ao cristianismo, que anos mais tarde relatos sobre ele tenham sido exagerados, fazendo dele um Santo. Mas isso não faz a menor diferença, como Mago do Caos, sou devoto fervoroso de são Cipriano. Todos os magos do Caos que forem trabalhar com um determinado panteão, devem conhecer o mínimo de sua mitologia inerente. Descrevo aqui, de forma resumida, a história de São Cipriano: São Cipriano O Mago dos Magos, o santo de Deus Tascius Caecilius Cyprianus, nasceu na cidade de Antioquia. Antioquia era uma cidade antiga erguida na margem esquerda do rio Orontes, na Turquia. Foi nesta cidade que, quando o Cristianismo era apenas uma pequena seita religiosa, Paulo pregou o seu primeiro sermão numa Sinagoga, e foi também aqui que os seguidores de Jesus foram chamados de Cristãos pela primeira vez. Historicamente, há quem defenda que São Cipriano Bispo de Cartago, ( Cartago, o coração do grande império fenício que existiu no Norte de Africa e que rivalizou com o império romano pelo controlo do mediterrâneo) e são Cipriano de Antioquia,( de cognome «o feiticeiro», ou «o mago dos magos»), nascido na cidade que existiu na zona entre Turquia e Síria, e que era chama «a mais bela cidade do oriente», são figuras históricas totalmente distintas. Ao contrario, muitas outras fontes afirmam que São Cipriano o Bispo de Cartago, e São Cipriano «o Feiticeiro», se tratam da mesma figura histórica, sendo que por motivos de ocultação da vida pecaminosa de São Cipriano antes da sua conversão, se procurou criar a ideia que o São Cipriano santificado era uma figura totalmente distinta do São Cipriano o bruxo, assim retirando de São Cipriano o Bispo e o Santo, a pesada macula de todos os seus anteriores pecados. São teses históricas, umas mais defensáveis que outras, mas que de qualquer das formas são unânimes em confirmar a existência de São Cipriano. Cremos pessoalmente, que tal como afirmam as mais ilustres obras que versam sobre São Cipriano, que Cipriano o Bispo de Cartago, e Cipriano o Bruxo, são a mesma pessoa. Quanto a São Cipriano de Antioquia, o bruxo e santo: antiquoiaAntioquia era a terceira maior cidade do império romano, conhecida pela sua depravação. Nesta metrópole conhecida por "Antioquia, a bela", ou a "rainha do Oriente", ( tal era a beleza da arte romana e do luxo oriental que se fundiam num cenário deslumbrante), a população era maioritariamente romano -helénica, e o culto dos deuses era a religião oficial. Alguns dos cultos religiosos estavam associados a deusas do amor e da fertilidade, pelo que a lascívia, perversão e a libertinagem eram famosas nesta cidade. Foi neste ambiente religioso e cultural que Cipriano nasceu, havendo sido admitido num dos templos sagrados da cidade para realizar os seus estudos sacerdotais e místicos. Filho de Edeso, ( pai), e Cledónia , ( mãe), Cipriano nutria uma verdadeira vocação e gosto pelos estudos místicos e religiosos. Assim, Cipriano dedicou a sua vida ao estudo das ciências ocultas, sendo que ficou conhecido pelo epíteto de o «feiticeiro». Cipriano alcançou grande fama e o seu nome foi reconhecido enquanto um poderoso feiticeiro, capaz de grandes prodígios. Cipriano nasceu em 250 d.C. Era descendente de uma prospera família e filho de pais abastados e crentes das divindades pagas , que cedo o entregaram ao sacerdócio de Deuses. Cipriano entrou assim em contacto com as ciências ocultas, e aprofundou afincadamente os seus estudos de feitiçaria, rituais sacrificiais e invocações de espíritos, astrologia, numerologia, etc. Cipriano é por isso conhecido pelo «mago da fenícia», ou o grande mago «fenício», pois que é nas artes da magia fenícia que Cipriano é instruído, e são essas artes de magia fenícia que são ministradas a Cipriano, ou seja, Cipriano fica desde jovem conhecedor dos segredos do culto aos Deuses fenícios conforme eles eram ministrados nos templos pagãos da Fenícia, templos esses a quem até Salomão havia prestado culto e aprendido com os seus segredos ocultos. Cipriano não se limita aos seus estudos no sacerdócio de magia fenícia, e desejando aprofundar os seus estudos ocultos,viaja pelo Egipto e pela Grécia, angariando conhecimento com vários mestres e sacerdotes místicos; Cipriano estuda desde as mais ancestrais técnicas astrológicas, á numerologia hebraica, e demais artes místicas e mistérios sacrificiais. A sede de conhecimento místico de Cipriano era insaciável, e por isso contam-se historias lendárias de como ainda sendo bruxo, Cipriano – não hesitando em fazer o que quer que fosse para aprender segredos místicos – Cipriano fez-se passar por clérigo para obter conseguir obter segredos mágicos de fieis tementes a Deus, numa sede imparável por saber oculto que não se refreava diante de nada para aprofundar o saber místico. Cipriano é conhecido no seu tempo como o «mago da fenícia», ou «o grande mago fenício». O império fenício era um império essencialmente de natureza marítima e comercial, sendo que os fenícios eram os maiores e mais prósperos comerciantes do seu tempo. O império fenício expandiu-se em rotas comerciais que vão desde a antiga Canaã – nas zonas litorais do Líbano, Síria e norte de Israel – mais para norte – até Chipre e Turquia – e mais a sul por toda a costa mediterrânica, passando pelo litoral Egípcio, por Cartago, pela Itália, pela Grécia, por Marrocos, estendendo-se até á península hibérnica. O alfabeto fonético fenício é considerado o ancestral de todos os alfabetos modernos, assim se demonstrando o grau de elevação cultural deste povo. A civilização fenícia – tal como a Canaanita – era conhecedora de grande e profundos conhecimentos esotéricos, religiosos e místicos, sendo as mais conhecidas das suas cidades aquelas mencionadas na Bíblia, ou seja: Tiro, Sídon e Biblos. Os deuses fenícios foram adorados também pelo rei hebraico Salomão, que se diz ter ficado – tal como Cipriano – detentor dos seus segredos, e assim ter sido o mais próspero rei do seu tempo. Serve isto para explicar o meio histórico e religioso em que Cipriano viveu, e que lhe permitiu ter acesso aos grandes segredos místicos dos Fenícios, dos seus deuses e das suas práticas esotéricas e religiosas. sao_ciprianoPor volta dos seus 30 anos, Cipriano encontra-se estabelecido na Babilónia, onde encontra a bruxa Èvora. Estudando com ela, Cipriano desenvolve as artes da bruxaria segundo as tradições místicas dos Caldeus. Após o falecimento da Bruxa Évora, Cipriano herda os manuscritos esotéricos da Bruxa Évora, dos quais extrai muita da sua sabedoria oculta. Ao fim de algum tempo, Cipriano já domina as artes das ciências de magia negra, contactando demónios. Diz-se que se tornou amigo íntimo de Lúcifer e Satanás, para os quais conseguia angariar a perdição de muitas belas e jovens mulheres, o que muito agradava aos diabos, que em troca lhe concediam grandes poderes sobrenaturais. (Sobre como um bruxo ou bruxa se tornam servos do demónio, consultar Bruxas e Demónios, assim como o Malleus Maleficarum e Sabbath), Com os poderes infernais que lhe advinham que dialogar directamente com os demónio e pedir-lhes a concretização de favores, Cipriano construiu uma carreira de bruxo com grande fama, produzindo grandes feitos, o que lhe valeu uma imprecedível reputação de grande feiticeiro ou mago. Muitas pessoas de todos os quadrantes geográficos procuravam os seus serviços místicos e os seus ganhos financeiros eram assinaláveis. São Cipriano viveu assim uma vida de bruxarias e riquezas, sendo que dizem certas lendas que São Cipriano foi dono de um fabuloso tesouro, onde se encontravam tanto os seus manuscritos secretos sobre assuntos místicos e bruxaria, como uma fortuna financeira incalculável, adquirida através do exercício das suas artes esotéricas. Cipriano foi autor de diversas obras e tratados místicos, e era já um feiticeiro respeitado, reputado e temido, quando foi contactado por um rapaz de nome «Aglaide», ( ou Adelaide). O rapaz estava ardentemente apaixonado por uma belíssima donzela Cristã de nome Justina. Aglaide tinha encontrado o consentimento dos pais de Justina quanto a um casamento com ela, contudo a donzela professava uma forte fé cristã e desejava manter a sua pureza, oferecendo a sua virgindade a Deus. Por esse motivo, Justina recusou-se casar. Desgostoso mas com forte determinação em possuir Justine, Adelaide encomendou os serviços de Cipriano, o «mago dos magos», grande estudioso e sabedor dos conhecimentos do oculto. Cipriano usou de toda a extensão da sua bruxaria para fazer Justine cair nas tentações carnais, levando-a a abrir-se e oferecer-se a Aglaide, ao passo que renunciando á sua fé Cristã. Cipriano fez uso de diversos trabalhos malignos, e contudo nenhum deles surtiu qualquer efeito. Para espanto de Cipriano, todo o batalhão de feitiços que usava era repelido pela jovem rapariga apenas através do sinal da cruz e das suas orações Acostumado a fazer belas moças cair na tentação da carne e assim a leva-las a entrar pelos caminhos da luxúria, conquistando-as para si mesmo, ( a favor do diabo, a quem com a perversão lhes vendia as almas ), ou para as abrir a quem lhe encomendava os serviços de feitiçaria, Cipriano não consegue entender o que se estava a passar. Ele encontrou muitas dificuldades, sendo que pediu ao demónio que perseguisse a jovem e bela Justina, ora lançando-lhe forte tentação e inflamando-a se desejo carnal, ora atormentando-a com visões e aparições, ora tentando-a vergar com todo um ardil diabólico, que ia de doenças, a todo o tipo de enfermidade. Noite após noite, a pedido de Cipriano, o demónio visitava a jovem Justina com a sua infernal quantidade de seduções e castigos. Nada resultou. Cipriano desiludiu-se profundamente com as suas artes místicas que ate então tinham funcionado tão forte e infalivelmente, para agora se verem derrotadas por uma mera donzela com fé em Deus e em Cristo. Aconselhado por Eusébio, ( um amigo seu), e observando o poder da fé de Justine, Cipriano concerteu-se ao Cristianismo. s_cipriano Assim fazendo-o, o feiticeiro destruiu grande parte das suas obras esotéricas e tratados de magia negra, assim como ofereceu e distribuiu todos os seus bens materiais e riquezas aos pobres. Depois de se converter, Cipriano ainda foi fortemente atormentado por espíritos de bruxas que o perseguiam, mas teve fé e assim afastou de si tais aparições que apenas o pretendiam reconduzir aos caminhos da feitiçaria. Cipriano viveu uma vida de castidade e virtude, vindo a ser ordenado sacerdote, e mais tarde alcançado a posição de Bispo de Cartagena. A fama de Cipriano era contudo grande e as notícias da sua conversão ao cristianismo chegaram á corte do Imperador Diocleciano que á data tinha fixado residência na Nicomédia. Cipriano e Justina foram perseguidos, aprisionados e lavados ao imperador, diante do qual foram forçados a negar a sua fé. Naquele tempo, muitas das perseguições contra os cristãos visavam fazer os fiéis abjurar, ou seja, renunciar á fé em Cristo. A esses cristãos, cuja a vida era poupada, chamavam-se: lapsi Consta que Justina e Cipriano, foram por isso violentamente torturados, na tentativa de os levar á «abjuração». Justina foi despida e chicoteada, ao passo que Cipriano foi martirizado com um açoite de pentes de ferro. Mesmo com a carne arrancada do corpo a cada flagelação do chicote com dentes de ferro, Cipriano não renegou a sua fé, e Justina manteve-se sofredoramente fiel a Deus. Conta a lenda, que outros grandes tormentos foram infligidos a Cipriano e Justina, sendo que ambos saíram ilesos, por obra de um milagre de Deus. Perante a recusa de Cipriano e Justina em renunciar á sua fé, e enraivecido perante o milagre que teimava em salvar Cipriano e Justina das torturas, o imperador ordenou a sua condenação á morte. Cipriano e Justina foram decapitados a 26 de Setembro de 304 d.C, juntamente com um outro mártir de nome Teotiso. Aceitaram a sua execução com grande fé e serenidade, tendo falecido com coragem e dignidade. Os seus corpos nem sequer foram sepultados, e ficaram expostos por 6 dias. Um grupo de cristãos comovidos pela barbaridade, recolheu-os. Mais tarde, o imperador Cristão Constantino, (272 – 337 d.C. ), ouviu falar de São Cipriano. O imperador Constatino foi o primeiro imperador Romano a confirmar o cristianismo como religião oficial. Diz a lenda que na noite antes de uma batalha decisiva ás portas de Roma, o imperador sonhou com uma cruz e ouviu uma voz que lhe disse:«sob este símbolo vencerás». Constantino interpretou o sonho como uma mensagem de Deus, e de facto venceu a batalha e conquistou o mais alto cargo de poder do império romano. Governou o império ate morrer. Foi Constantino que convocou o concilio de Niceia, onde se fixou a data da Páscoa crista, assim como se decidiu sobre a natureza divina de Jesus. Foi também Constantino que através do Èdito de Constantino, fixou o domingo como dia de descanso cristão, o correspondente ao Sabbath judaico. Constantino ordenou que os restos mortais de Cipriano fossem sepultados na Basílica de São João Latrão, localizada na praça com o mesmo nome em Roma, que é a catedral do Bispo de Roma, ou seja: o papa. A basílica de São João de Latrão, (Archibasilica Sanctissimi Salvatoris), é a «mãe» de todas as igrejas, aquela na qual o Santo Padre exerce o seu mais alto oficio divino. A Basílica de São João de Latrão encontra-se localizada na praça de mesmo nome em Roma e é a Catedral do Bispo de Roma: o Papa. O seu nome oficial é «Arquibasílica do Santíssimo Salvador», e é considerada a "mãe” de todas as igrejas do mundo. Foi na «Omnium Urbis et Orbis Ecclesiarum Mater et Caput», ( mãe e cabeça de todas as igrejas do mundo), que São Cipriano, o santo e mártir, encontrou o seu eterno repouso. Muitos dizem: Na verdade Cipriano apenas se converteu a Deus para se livrar do falhanço das suas artes no caso de Justina. A esses respondemos: é verdade que as suas artes falharam com Justina, e que isso muito desiludiu o santo. E porem: as artes do santo falharam com Justina porque ela era uma santa destinada á santidade – conforme o acabou sendo – mas resultaram com Clotilde, com Adelaide , com Elvira, e com tantas outras centenas de casos historicamente documentados. Então: o santo não se entregou aos caminhos de Deus por hipocrisia, mas sim por ter entendido que Deus é o Senhor de todas as obras do espirito, e por isso Cipriano entendeu que com Deus todas as artes e caminhos do espirito são possíveis, e porem sem Deus não há nada que neste mundo possa vencer nem prevalecer. Por isso se afirma: Todo percurso de São Cipriano é um verdadeiro hino á vida humana no maior esplendor da sua existência, assim como toda a vida de são Cipriano é uma vida inteiramente dedicada ás obras do espirito e ao mistério da paixão pelos caminhos do espirito, e por isso olhai: do Diabo a Deus, dos anjos aos demónios, da feitiçaria é fé crista, da magia negra á magia branca, em tudo São Cipriano mergulhou, estudou e viveu. Do pecado á virtude, da luxúria á santidade, da riqueza á pobreza, do poder á martirização, se alguém é digno de um percurso existência completo, rico e enriquecedor, eis que este santo assim o representa. Controverso e polémico, em São Cipriano a própria noção de evolução espiritual através da profunda vivência das mais diversas realidades espirituais, ( do mais profano excesso, á mais sacrificada ascese), encontra corpo na vida e obra deste feiticeiro e mártir. Outras figuras houveram como ele ao longo da história: Maria Madalena amava profundamente a luxúria e era prostituta, uma mulher totalmente entregue ao prazer da carne, da vaidade e da luxúria, e que mais tarde viria a ser Santa; Paulo perseguia a matava homens e mulheres inocentes apenas por serem cristãos. Era um sanguinário predador de homens, um assassino que assistiu á morte de São Estêvão, (o primeiro mártir), e que perseguiu e matou cristãos na estrada que conduzia a Damasco, e que depois ascendeu a Santo; Maria Egípcia, viveu na Alexandria, ( Egipto), onde se tornou prostituta. Não vendia o corpo pensando em dinheiro, mas apenas pelo vício do prazer. A quem lhe queria pagar, ela recusava o dinheiro e dizia que se prostituía apenas para ter quantos homens fosse possível, fazendo de graça o que lhe dava prazer. Também ela se tornou Santa Maria do Egipto, a ermitã. A história está repleta de santos que foram pecadores, e de grandes pecadores que se tornaram santos. São Cipriano é também um desses exemplos da natureza humana em toda a sua complexa extensão: - de pecador dedicado á feitiçaria, considerado o «mago dos magos», apelidado como o «discípulo preferido do Diabo», conquistando pela bruxaria belas mulheres para as entregar ás mãos do Diabo e da luxúria, e construindo fortuna com fundamento na pratica do ocultismo, chegou a santo na mais devota e redentora assunção do termo. Muito mais que apenas um feiticeiro, ou apenas um santo: é um símbolo da mais íntima natureza humana, na sua ampla dualidade. São Cipriano, foi bruxo de grande poder, bispo de grande sabedoria e santo de grande nobreza. Por tudo isso, ( e tal como Maria Madalena, que foi pecadora e encontrou a luz em Cristo), São Cipriano foi um exemplo que redenção e salvação. Os seus saberes contudo, abrem as portas á magia negra mais poderosa, ou á magia branca mais celestial. Cabe a cada um de nós, usar os saberes de São Cipriano em consciência, e de acordo com as nossas escolhas. São Cipriano ficou famoso tanto pela sua vida de escândalos e luxúria, como pela pratica da mais poderosa bruxaria, ( que aprendeu tanto nos templos das Deusas da fertilidade, como com a famosa Bruxa Évora), como pelos muitos milagres que fez depois de se converter ao cristianismo, ( o que o levou a ser um dos mais bem sucedidos evangelizadores do seu tempo), e por ultimo pela sua morte como mártir em nome da Fé. Contam as lendas que São Cipriano, através dos conhecimentos obtidos com a bruxa Évora, terá feito um pacto com um demónio. Por causa desse pacto, São Cipriano ter-se-ia entregue a uma vida de luxúria e pecado, por forma a satisfazer o demónio, entregando belas mulheres á perdição e perversão das seduções carnais. Desse pacto demoníaco celebrado por São Cipriano, conta-se que lhe advieram os extensos poderes mágicos com os quais o bruxo realizou incontáveis trabalhos místicos, que lhe renderam uma fama sem precedentes. Dizem algumas fontes, que os manuscritos de São Cipriano ainda existentes, (que podem ser usados tanto para o bem, como para o mal), encontram-se conservados na Biblioteca do Vaticano, e que os livros que presentemente existem no mercado são excertos retirados dessas obras originais. Nos saberes de São Cipriano, é claro de embora Cipriano haja renunciado á prática das artes da feitiçaria, ele por vezes podia ensina-la a quem se encontrava em perigo ou tormentos, a fim de auxiliar essa pessoa, se assim fazendo-o então o santo conquistasse mais uma alma para a salvação da cristandade, o que apenas atesta que magia usada para operar em Deus e a bem da salvação de uma alma cristã, é uma coisa boa e virtuosa. Seja como for, São Cipriano é um Santo e Bruxo milagreiro, cujas as graças já favoreceram milhares de sofredores por todo o mundo, em todo o tipo de situações mais desesperadas. O dia de São Cipriano é celebrado a 2 de Outubro, sendo que na última noite desse mesmo mês, a 31 Outubro( para 1 Novembro, a noite mais longa do ano), é celebrado o dia dos mortos, ou o dia das bruxas. O mês 9 de todos os anos, é um mês de profunda tradição na bruxaria. E sobre são Cipriano, eis que muitos por isso perguntam: Deve-se venerar a são Cipriano «antes» ou «depois» da sua conversão? Responde-se: Deve-se olhar a são Cipriano no seu «todo», ou seja, deve-se olhar para «todo» o homem e para «toda» a vida do santo, pois que da mesma forma que não é possível partir um homem ao meio, então também não é possível conhecer ao santo dividindo-o em dois. E por isso: Como se poderá alguma vez compreender a mensagem e o ensinamento do santo, se não se olhar a «toda» a sua vida, e a «toda» a sua vivencia? Acaso será possível ter vinho negando as uvas? Ou acaso será possível fazer o pão desprezando ao grão da farinha? Como podereis edificar uma grande casa sem o pequeno tijolo?, pois acaso não é necessário um para construir ao outro? E então: como podereis entender á vida de um santo se não olhardes a «toda» a sua vida?, e como podereis compreender á mensagem de um santo se não observardes «toda» a sua vivencia?, da mesma forma que como podereis entender um livro se apenas lerdes metade dele, e deitardes fora a outra metade do livro? E na verdade: como poderia são Cipriano verdadeiramente ter compreendido que no mundo do espírito não há Senhor acima de Deus, se o santo não se aprofundasse nas mais obscuras e ocultas vivencias místicas?, de forma a em certo momento entender que até o Diabo, ( ele assim o confessou a são Cipriano), é um anjo submetido ao poder de Deus?, e que nem o poder do maior anjo ou do maior demónio conseguem vencer ao poder de Deus?, e que todas as coisas estão submissas e submetidas a Deus?, e que nada sucederá neste mundo se Deus não o permitir?, pois que o poder de Deus suplanta e supera todos os demais poderes? E por isso: toda a vida do santo deve ser olhada, pois que o santo nem negou ás coisas do espírito, nem negou ás coisas da santidade; E o santo não negou nem ás coisas místicas, nem negou ás coisas de Deus; E antes porem, o santo tudo isso viveu, e tudo isso vivenciou, para deixar ao mundo um legado e uma mensagem de fé, e essa mensagem foi tal conforme já nas escrituras é anunciado, onde assim está escrito: o SENHOR DOS ESPIRITOS (…) se manifestou 2 Macabeus 3,24 Pois então: Deus é «Senhor dos espíritos», e «Deus» é «Senhor» de «todos os espíritos», e «Deus» é «Senhor» de «todas» as coisas do «mundo do espírito», e por isso no «mundo do espírito» nada dará fruto se Deus não quiser, e com Deus tudo dará fruto. E no fundo, era esta uma das mensagens de são Cipriano, pois que ele que tantos prodígios conseguiu alcançar com as suas magias, porem acabou concluindo que as suas mais poderosas magias apenas davam fruto quando Deus permitia, e porem quando Deus não permitia então não havia fruto possível. E por isso, eis que assim são Cipriano acabou observando na sua obra: «(…) Disse o demónio - Infelizmente nada possa fazer contra o Deus todo poderoso (…) que se quiser poderá nos impedir de qualquer movimento» Obra de S. Cipriano – Pag 22, Capitulo «Nascimento, vida e Morte de S. Cipriano; Cipriano e Clotilde» Pois então: Se não fosse «toda» a vida do santo, tanto antes como após a sua conversão, então jamais tamanha «chave» lhe teria sido dada, para que se lhe permitisse verdadeiramente vislumbrar as leis do mundo do espírito, e assim deixar um legado de sabedoria inigualável. E por isso, assim se pode entender da mensagem de são Cipriano: «Deus» é espírito, e «Deus» é o «Senhor» dos espíritos, e por isso todas as «coisas do espírito» são de «Deus», e todas as coisas do «mundo do espírito» são as coisas do «reino de Deus»; E por isso, todas as coisas do espírito são boas se vividas em Deus, e todas as coisas do espírito dão fruto se vividas com Deus, e porem sem Deus não há prodígios possíveis, e fora de Deus não há maravilhas. E por isso, são Cipriano falando das suas artes mágicas e místicas, assim disse na sua obra: «(…) havemos de notar que tudo quanto fazemos é em nome de Jesus Cristo» Obra de são Cipriano; Instruções a todos os religiosos, Pag. 36 Ou seja: assumiu são Cipriano que tudo quanto foi feito na sua obra, ( seja magia branca, ou magia negra, ou encantamento, ou feitiço, ou conjuração, ou invocação), tudo é feito em Deus, e com Deus; assume por isso são Cipriano, que a «magia» é coisa do «espírito», e que por isso toda a coisa da «magia» sendo coisa do «espírito» é coisa do «mundo do espírito», e o «mundo do espírito» é o «reino de Deus», e por isso não há «magia» que possa dar fruto fora de «Deus», e com «Deus» toda a «magia» é invencível. Ou seja, sobre as artes do espírito, e sobre a magia, e sobre os misticismos, eis que são Cipriano acabou ensinando tal conforme assim está escrito: tudo o que Deus criou é bom, e nada é desprezível se tomado com acção de graças, porque é santificado pela Palavra de Deus e pela oração 1 Timóteo 4,1;4 Pois então: todas as coisas do mundo do espírito são boas e nenhuma é desprezível, se elas foram vividas em Deus, e se praticadas com Deus. E por isso, a todos aqueles que acusando o santo por causa das suas sabedorias místicas e do espírito, então julgam poder dividi-lo em «antes» e «depois» da sua conversão, então a esses as próprias escrituras lhes respondem como assim está revelado: Todas as coisas Te servem a Ti Salmo 119,91 Pois então: Deus é Senhor de todas as coisas, e por isso todas as coisas servem a Deus, e por isso todas as artes do espírito serão desaconselhadas se praticadas fora de Deus, e porem todas as artes do espírito, ( sejam elas de magias «negras», ou magias «brancas», ou qual for a sua «cor»), eis que todas as artes do espírito são boas e virtuosas se praticadas com Deus, e em Deus. E assim sendo: São Cipriano jamais renegou ás magias e aos portentosos prodígios que delas podem nascer; porem são Cipriano também não negou a Deus, e converteu-se, e morreu mártir pela fé em Cristo. E por isso, a lição do santo foi: as magias existem, e são coisas do espírito, e elas darão bom fruto se forem operadas na fé em Deus, por Deus, e jamais fora de Deus, pois que fora de Deus não há maravilhas do espírito. São Cipriano veio assim servir um novo e diverso pão de esperança, e o santo veio oferecer um novo e amplo vinho de espiritualidade, e todo esse novo fruto reside no ensinamento de são Cipriano, e o ensinamento deve ser olhado no «todo» e não apenas na «parte». Nalgumas doutrinas, são Cipriano é apontado enquanto o santo Padroeiro de magos, magas, bruxos, bruxas, necromantes, feiticeiras, espíritas, e de todos aqueles homens de fé que operam nas artes do espírito e do oculto. Sendo o santo protector desta classe de homens de fé e ocultistas, são Cipriano assume-se como o santo protector dessas artes e de seus artificies, sendo que a são Cipriano se pede protecção e intercedência em todos os empreendimentos místicos e obras do espírito, procurando sempre que através da intercedência do santo, todos os processos espirituais sejam bem sucedidos, e porem sempre norteados pela luz de Deus, pois que como são Cipriano descobriu: com Deus tudo é possível edificar no espírito, e sem Deus nenhum fruto florescerá no espírito. LIVRO DE SÃO CIPRIANO- O GRIMÓRIO, O MITO, A LENDA O famoso Livro de São Cipriano (ou como eu prefiro chamar, LIBER SANCTUM CYPRIANUS) foi redigido antes de sua conversão. Uma parte dos manuscritos foi queimada por ele mesmo. A questão é que não se sabe quando, e por quem os registros foram reunidos e traduzidos do hebraico para o latim, e posteriormente levados para diversas partes do mundo. No decorrer dos anos, o conteúdo sofreu alterações significativas, além da adequação necessária na tradução para os vários idiomas. Esses fatores colocam em dúvida a fidelidade das versões recentes, se comparadas às mais antigas. Atualmente, não é possível falar do Livro, mas sim dos Livros de São Cipriano. As edições capa preta e capa de aço ou aquelas intituladas como o autêntico, o verdadeiro ou o único, enfatizam um mesmo acervo mágico central, e ainda exaltam o cristianismo e a vitória do bem sobre o mal. Porém, existem grandes diferenças no conteúdo. Enquanto alguns exemplares apresentam histórias e rituais inofensivos, outros apelam para campos negativistas e destrutivos da magia. Num aspecto geral, encontra-se instruções aos religiosos para tratar de uma moléstia, além de cartomancia, esconjurações e exorcismos. A Oração da Cabra Preta, Oração do Anjo Custódio e outras da crença popular também são inclusas (Magnificat, Cruz de São Bartolomeu, rezar bravas,Oração para Assistir aos Enfermos na Hora da Morte etc.). Além dos rituais de como obter um pacto com o demônio, como desmanchar um casamento e o da caveira iluminada com velas de sebo. Há ainda os mitos, que o cercam: muitos consideram ser pecado possuí-lo ou simplesmente tocá-lo. De qualquer forma, o tema São Cipriano e tudo que o cerca, é um campo de estudo e pesquisa muito interessante para os catimbozeiros, ocultistas, religiosos e aventureiros. Eu particularmente não acredito que o livro (ou os livros) de São Cipriano tenham realmente sido escritos por ele, são apenas compilações de feitiços populares da penisula Ibérica do seculo XVII anexados com os feitiços populares Brasileiros. Mas isso torna o livro inútil? De forma alguma! Os feitiços descritos nos livros de são Cipriano são perfeitamente funcionais, vários feiticeiros populares os utilizam, mas ocultistas “sérios” o ridicularizam, dizendo que não passam de crendice popular, superstições e mitos. Para esses ocultistas, só tenho uma resposta: meta-crença. A meta-crença é o meio na qual os magos do Caos podem colher bons frutos desses livros, nada é real, tudo é permitido. Na minha opinião o livro de São Cipriano não é inferior ao Líber Aba, ou o Ars Goetia, ou “O livro da magia Sagrada de Abramelin”, são apenas livros descrevendo rituais teatrais e teorias metafísicas. O que faz os ocultistas acharem que seus livros são superiores? O fato é que foi criada uma egrégora em cima do próprio livro de são Cipriano, que geraram um relicário de lendas ao seu redor, dentre as quais: "Este livro não poderá ser emprestado a ninguém; deverá pertencer exclusivamente a quem o adquiriu, não podendo fazer uso dele nenhuma outra pessoa, nem mesmo por parentesco de sangue ou que resida na mesma casa. Se esta advertência não for seguida à risca, nenhum benefício lhe será dado". Esta advertência de São Cipriano é compreensível, se levarmos em consideração que na época em que viveu, fornecia seus conhecimentos mediante consulta. Portanto, este livro representa EXCLUSIVAMENTE UMA CONSULTA DA PESSOA QUE O ADQUIRIU. É aconselhável que, após ter sido feito o uso necessário do mesmo, ele seja destruído ou então conservado em lugar inviolável. O livro desenvolve vontade própria, e cria um laço energético com o feiticeiro que o possui, deve-se ter muita cautela ao usá-lo, é recomendável sempre guardá-lo em alguma arca ou algum local escondido. Bem, é melhor seguir todas estas advertências, pois “seguro morreu de velho”. Cipriano fez escola, e foram publicados 2 livros com a mesma sistemática da Magia Cipriânica: “O livro da Bruxa ou a Feiticeira de Évora”, que segundo a tradição foi mestra de Cipriano, e “O Livro do Feiticeiro Athanásio”, que foi discípulo de Cipriano.