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ISSN: 2594-6153 O Fenômeno das Escolas Bilíngues e as Diretrizes Nacionais para a Educação Plurilíngue Silvia Lima Oliveira dos Santos Kayrós Consultoria Acadêmica - São Vicente, SP, Brasil. E-mail: slsantos.adm@gmail.com Resumo: Nos últimos anos evidenciou-se um aumento do número de escolas bilíngues nas grandes cidades e regiões metropolitanas. Este artigo buscou levantar informações sobre o aumento da oferta de escolas bilíngues, e discutir a recente aprovação das Diretrizes Nacionais para a Educação Plurilíngue, por meio de estudos bibliográficos de pesquisadores da área, sites e vídeo conferências. Este estudo apresenta novas perspectivas para a educação em um mundo globalizado e durante um tempo de pandemia. Conclui-se que nos últimos anos houve um acréscimo de escolas bilíngues nas grandes cidades brasileiras, porém pouco se sabe sobre as metodologias que essas escolas utilizam para que se denominem escolas bilíngues. Neste sentido, a aprovação das Diretrizes Nacionais para a Educação Plurilíngue é um avanço, e que pode ser vista não somente como um documento normativo, mas sim um manual, um guia para as boas práticas no ensino bilíngue. Palavras-chave: Ensino Plurilíngue; Escolas Bilíngues; Cultura Multilíngue; Diretrizes Nacionais. The Phenomenon of Bilingual schools and the National Guidelines for Multilingual Education Abstract: In recent years, there has been an increase in the number of bilingual schools in large cities and metropolitan regions. This article sought to gather information on the increase in the supply of bilingual schools, and to discuss the recent approval of the National Guidelines for Plurilingual Education, through bibliographic studies by researchers in the area, websites and video conferences. This study presents new perspectives for education in a globalized world and during a time of pandemic. It is concluded that in the last few years there has been an increase in bilingual schools in large Brazilian cities, but little is known about the methodologies that these schools use to be called bilingual schools. In this sense, the approval of the National Guidelines for Multilingual Education is an advance, and it can be seen not only as a normative document, but as a manual, a guide to good practices in bilingual education. Keywords: Plurilingual teaching; Bilingual Schools; Multilingual Culture; National Guidelines. Introdução Nos últimos anos tem sido noticiado um fenômeno de crescimento da oferta de escolas bilíngues de línguas de prestígio, buscando atender a demanda do mercado educacional. Em uma sociedade globalizada e multicultural, aprender novas línguas não é considerado apenas uma opção ou status, é uma necessidade real. O conhecimento de uma segunda língua pode Anais do Encontro Nacional de Pós-Graduação – IX ENPG Vol.4 (2020) Página 187 ISSN: 2594-6153 fazer diferença no futuro profissional, por isso muitos pais se preocupam com esta questão. Levando em consideração que o Brasil é um país que ainda tem um nível de proficiência muito baixo na língua inglesa, questiona-se a eficiência das escolas de idiomas espalhadas pelo país [1,2,3]. No entanto, não é tão fácil definir o conceito de Educação Bilíngue. Este conceito depende de uma série de aspectos, como por exemplo a comunidade alcançada, os interesses dos agentes nela envolvidos, o status econômico e social dos sujeitos que a compõem, a presença (ou não) de regulamentação para seu funcionamento, o prestígio das línguas utilizadas e como os meios de comunicação compreendem e propagam o fenômeno. Geralmente a Educação Bilíngue é separada em dois grandes domínios: um relacionado com as classes dominantes e línguas de prestígio, o outro com grupos minoritários de línguas nativas, locais ou tradicionais [1,2]. Segundo pesquisadores, o atual crescimento da oferta de escolas bilíngues tem um objetivo de alcançar a demanda do público, mas nem sempre oferecem o que prometem, ou seja, um ensino de qualidade, que forma alunos realmente bilingues. Até este ano, o Brasil não possuía nenhum tipo de regulamentação nacional, definindo como deve ser uma escola bilíngue [1,2]. Porém, em agosto deste ano, foram aprovadas as Diretrizes Nacionais para a Educação Plurilíngue no Brasil. A diretriz tem o objetivo de definir e regulamentar o ensino plurilíngue, e o funcionamento das escolas bilíngues no país, trazendo orientações para escolas e familiares sobre o que é uma escola bilíngue. Entre as regulamentações apresentadas neste projeto estão a quantidade de horas na língua adicional e a formação mínima para o professor da língua adicional. A proposta trouxe polêmica durante a consulta pública, pois alguns atores sociais acreditam que essa nova diretriz poderia beneficiar apenas algumas escolas, principalmente as de grande porte, que podem pagar pelas adequações necessárias para continuar usando a denominação de escola bilíngue [3,4] Objetivos Este artigo buscou levantar informações sobre o aumento da oferta de escolas bilíngues, e discutir a recente aprovação das Diretrizes Nacionais para a Educação Plurilíngue, por meio de estudos de pesquisadores da área e notícias veiculadas. Anais do Encontro Nacional de Pós-Graduação – IX ENPG Vol.4 (2020) Página 188 ISSN: 2594-6153 Material e Métodos Para alcançar o objetivo proposto foi realizado uma pesquisa bibliográfica, em sites, artigos científicos, palestras e webinares, uma vez que a pesquisa foi realizada durante o período da pandemia do novo Coronavírus (COVID-19). Resultados e Discussão Para discutir as propostas das Diretrizes Nacionais para a Educação Plurilíngue e participar da sua elaboração foram convidados as universidades e seus pesquisadores, além de escolas e a sociedade civil mais ampla. Houve também uma consulta pública, e devido ao momento de restrições impostas pela pandemia, com o afastamento social, foram realizados webinars de esclarecimento aos interessados [4]. Um ponto importante é a formação do professor, pois é necessário que o profissional que trabalha com educação bilíngue esteja ciente de todo o processo aquisição da linguagem, seja ela materna ou adicional, assim como se a sua formação contempla metodologias para o ensino bilíngue. Muito além de ter proficiência ou de ter um diploma em pedagogia ou letras, o profissional que forma um aluno bilíngue precisa compreender como indivíduo adquire novas linguagens. Segundo Megale (2020) [5] a formação do professor é fundamental, pois ela requer conhecimentos que não podem ser apenas aprendidos na prática do exercício de sua função, é preciso investir na qualidade da formação pedagógica do profissional educador. Este profissional deve não somente compreender o tema de sua área de atuação, mas também dominar as didáticas referentes aos conteúdos que trabalha com seus alunos, ou seja, saber como ensinar, principalmente em ensino bilíngue, que utiliza a língua adicional como meio de instrução. Uma vez que o professor é aquele que tem um objetivo de levar o aluno à aprendizagem, de forma intencional, dentro de um contexto, sua prática pedagógica deve estar alinhada ao contexto cultural local, ou seja, sua maneira de ensinar deve ser adequada para o tipo de pensamento e cultura dos alunos que ensina [5]. Pesquisadores acreditam que estas diretrizes podem ser um ponto de partida para que a educação bilíngue deixe de ser vista como elitizada, e que haja uma expansão na inclusão de escolas públicas que utilizem metodologia de ensino bilíngue. Atualmente já existem algumas iniciativas espalhadas pelo Brasil, porém é necessário avançar para que a educação pública Anais do Encontro Nacional de Pós-Graduação – IX ENPG Vol.4 (2020) Página 189 ISSN: 2594-6153 seja mais inclusiva e cultural, oferecendo um ensino de qualidade, mais completo e atualizado com as necessidades do contexto social em que os alunos brasileiros estão inseridos [1,4] Conclusões Conclui-se que nos últimos anos houve um acréscimo considerável de escolas bilíngues nas grandes cidades brasileiras, porém pouco se sabe sobre as metodologias que essas escolas utilizam para que se denominem escolas bilíngues. Neste sentido a aprovação das Diretrizes Nacionais para a Educação Plurilíngue é um avanço, servindo para levantar cada vez mais a discussão sobre a temática, que para além de uma regulamentação, seja um manual, um guia para as boas práticas no ensino bilíngue. Por fim, pode-se dizer que diante do exposto, é preciso estruturar uma educação bilíngue que seja mais do que mero ensino de idiomas, uma educação bilíngue que seja inclusiva e prepare o aluno para uma sociedade multicultural e plurilíngue. Referências 1. Costa, ACD . Sobre a expansão do ensino bilíngue no Brasil: reflexões oportunas. Anais Eletrônicos do IV Seminário Formação de Professores e Ensino de Língua Inglesa. V. 4, 2018. 28 A 30 DE MAIO DE 2018, SÃO CRISTÓVÃO/SE, UFS. ISSN: 2236-2061 2. Megale, A. Bilinguismo e Educação Bilíngue. In: MEGALE, Antonieta (organização) Educação bilíngue no Brasil. São Paulo: Fundação Santillana, 2019. 3. Megale, A; Lanari, L; Ribeiro, J; Cecília, A. Webinar - Cenários e demandas da Educação Bilíngue no Brasil. Setembro 2020. Instituto Singularidades. Disponível em: https://youtu.be/s_23XTnw4mI Acesso em: 30 set. 2020. 4. Lorenzo, B; Siqueira, I; Costa, A, Moura, S. GREAT Talks - Diretrizes para Educação Bilíngue no Brasil. Agosto de 2020. UK in Brazil. Disponível em: https://youtu.be/bE5XBnlJBk0 Acesso em: 05 out. 2020. 5. Megale, A. FuturED - Saberes Necessários para a Docência em Escolas Bilíngues no Brasil. Julho 2020. Casa Thomas Jefferson. Disponível em: https://youtu.be/9OQGbvkIgFE Acesso em: 05 out. 2020. Anais do Encontro Nacional de Pós-Graduação – IX ENPG Vol.4 (2020) Página 190