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Arquitetura e urbanismo: sensibilidade plástica, noção do espaço,
imaginação e memória visual
Diagramação:
Correção:
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Organizador:
Daphynny Pamplona
Gabriel Motomu Teshima
Amanda Kelly da Costa Veiga
Os autores
Pedro Henrique Máximo Pereira
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
A772
Arquitetura e urbanismo: sensibilidade plástica, noção do
espaço, imaginação e memória visual / Organizador
Pedro Henrique Máximo Pereira. – Ponta Grossa - PR:
Atena, 2021.
Formato: PDF
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Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5983-690-1
DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.901212311
1. Arquitetura. 2. Urbanismo. 3. Projetos. I. Pereira,
Pedro Henrique Máximo (Organizador). II. Título.
CDD 720
Elaborado por Bibliotecária Janaina Ramos – CRB-8/9166
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APRESENTAÇÃO
Quais as possibilidades e limites da relação homem-meio? Para indicarmos as
respostas a essa inquietante questão é possível seguir por dois caminhos. De um lado,
temos a potência da produção do espaço, da interferência direta no meio, da modificação
do concreto, da construção material da história. De outro, temos a percepção do produzido
e dos processos de modificação, da ativação do sensível e da apropriação do meio, da
construção de sentidos e significados da vida espacializada.
Ambas, produção e percepção, são atravessadas pela imaginabilidade, pela
construção de memórias coletivas e individuais dos espaços de vida que têm como cenário,
palco e produto a arquitetura e a cidade. Ambas carregam o ensejo da expectativa, da
esperança, da contradição, da luta cotidiana, do trabalho humano, do pertencimento, do
medo e até mesmo da negação. Assim, ambas, em sua latente ambiguidade, são potências
da vida humana. Guardam as possibilidades daquelas experiências recorrentes, cotidianas
e programáveis às experiências inovadoras, inéditas e espontâneas.
Este livro da Atena Editora, intitulado “Arquitetura e urbanismo: sensibilidade plástica,
noção do espaço, imaginação e memória visual” tensiona essas duas possibilidades.
Em seu conjunto de textos há uma diversidade que certamente interessará a leitoras
e leitores. Ilustra, numa visão não estanque, mas imbricada e dinâmica, o tensionamento
entre a produção e a percepção. Assim, a interação entre estes dois campos humanos
proposta neste livro vai da ideação e revisão crítica de uma experiência de jurisdição e
gestão patrimonial em Minas Gerais às respostas arquitetônicas como a expressiva
experiência plástico-formal recente na obra de Santiago Calatrava.
Entre estes dois pontos há um percurso interessante a ser feito: técnicas retrospectivas
e métodos de recuperação de artefatos históricos; apontamentos diversificados sobre a
arquitetura religiosa e relação com a sociedade; notas, relatos e análises da forma urbana,
da morfologia urbana e da história urbana em cidades brasileiras, portuguesas, peruanas,
mexicanas e chilenas; e, por fim, reflexões sobre a cidade contemporânea, sobre o
patrimônio modernista e sobre a legislação urbanística e zoneamento.
Nestes casos aqui expostos produção e percepção se chocam, se unificam, se
diferenciam, se contrapõem e se complementam. Esta diversidade é certamente a beleza de
sua composição e início de um caminho para diálogos, problematizações e o levantamento
de novas possibilidades da experiência única de, ao mesmo tempo, construir e habitar o
mundo.
É ainda digno de nota que este percurso não é linear, mas ziguezagueia. Vai do
micro ao macro e retorna ao micro. Expõe tensões, concordâncias e fraturas.
Assim, estimo, a leitoras e leitores, uma excelente experiência!
Pedro Henrique Máximo Pereira
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 ................................................................................................................. 1
ICMS DE PATRIMÔNIO CULTURAL CONCEITOS, GESTÃO E EFICÁCIA DO MECANISMO
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E TRABALHO: OS OFÍCIOS TRADICIONAIS
Simone de Almeida Ramos
https://doi.org/10.22533/at.ed.9012123111
CAPÍTULO 2 ............................................................................................................... 11
O PÓ CERÂMICO COMO ADITIVO ALTERNATIVO NO RESTAURO DE ARGAMASSAS
HISTÓRICAS: O CASO DA IGREJA DE NOSSA SENHORA DO AMPARO DE SÃO
CRISTÓVÃO SE/BR
Eder D. Silva
Guilherme B. Almeida
Breno A. Franco
Arthur S. Santos
Carla A. Alves
https://doi.org/10.22533/at.ed.9012123112
CAPÍTULO 3 ...............................................................................................................26
LA ARQUITECTURA RELIGIOSA DE TEPIC, NAYARIT. CASO DE ESTUDIO: EL
SANTUARIO DE GUDALUPE
María Elizabeth Loera Beltrán
https://doi.org/10.22533/at.ed.9012123113
CAPÍTULO 4 ...............................................................................................................36
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E TRABALHO: OS OFÍCIOS TRADICIONAIS IDENTIFICAÇÃO
E MAPEAMENTO DAS CORES DO FORRO DA SACRISTIA DO CARMO PEQUENO DE
SÃO CRISTÓVÃO SE/BR
Eder D. Silva
Adriana D. Nogueira
Karoline P. Paulo
Ellen D. A. Paiva
Paulo M. M. Santos
https://doi.org/10.22533/at.ed.9012123114
CAPÍTULO 5 ...............................................................................................................53
O ESTUDO DE ELEMENTOS DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO AO ALCANCE DA
SOCIEDADE: A RELAÇÃO DAS OBRAS RELIGIOSAS ENTRE PORTUGAL E BRASIL, A
INFLUÊNCIA PORTUGUESA
Eleusy Natália Miguel
Alex Fernandes Bohrer
https://doi.org/10.22533/at.ed.9012123115
CAPÍTULO 6 ...............................................................................................................64
RISCOS DE TIPIFICAÇÃO FUNCIONAL EM PATRIMÓNIO MONÁSTICO-CONVENTUAL
SUMÁRIO
DEVOLUTO [ÉVORA, PORTUGAL]
Maria do Céu Simões Tereno
Maria Filomena Mourato Monteiro
António Vitorino Simões Tereno
https://doi.org/10.22533/at.ed.9012123116
CAPÍTULO 7 ...............................................................................................................84
A CIDADE NA CIVILIZAÇÃO INCA – CONQUISTAS E PADRÕES
Caroline Silva de Albergaria
https://doi.org/10.22533/at.ed.9012123117
CAPÍTULO 8 .............................................................................................................101
DESIGUALDADE SOCIOESPACIAL E LEGISLAÇÃO URBANA: ZEIS
PERSPECTIVA PARA A ISONOMIA SOCIAL NA CIDADE DE SÃO PAULO
Sumaya Hamad Chaouk
3
COMO
https://doi.org/10.22533/at.ed.9012123118
CAPÍTULO 9 ............................................................................................................. 114
FORMAS URBANAS EM DOIS LADOS DO ATLÂNTICO
Ricardo Batista Bitencourt
Ramon Fortunato Gomes
https://doi.org/10.22533/at.ed.9012123119
CAPÍTULO 10...........................................................................................................132
INTRODUÇÃO À HISTÓRIA URBANA POTIGUAR: EPÍTOME SOBRE NATAL E
PARNAMIRIM
Lenita Maria dos Santos Fernandes
https://doi.org/10.22533/at.ed.90121231110
CAPÍTULO 11 ...........................................................................................................141
AVENIDA FREI SERAFIM (TERESINA-PI): LEITURAS POSSÍVEIS DO SEU DESENHO
URBANO
Renata Beatriz Alves de Melo
Pamela Krishna Ribeiro Franco Freire
https://doi.org/10.22533/at.ed.90121231111
CAPÍTULO 12...........................................................................................................151
JARDINS DE CHUVA. ESTRATÉGIAS DE BENEFÍCIOS AMBIENTAIS, ECOLÓGICOS E
PAISAGÍSTICOS NA CIDADE CONTEMPORÂNEA
Jane Cecilia Santucci
Samanta Machado de Amorim.
Larissa Santos de Paula
https://doi.org/10.22533/at.ed.90121231112
CAPÍTULO 13...........................................................................................................157
TALLER DE DISEÑO URBANO EN UNA POBLACIÓN VULNERABLE DE SANTIAGO
SUMÁRIO
DE CHILE
María Isabel Matas
https://doi.org/10.22533/at.ed.90121231113
CAPÍTULO 14...........................................................................................................167
PARQUE GUINLE E LOUVEIRA: DUAS VARIAÇÕES DO BLOCO SOBRE PILOTIS
Nathalia Cantergiani Fagundes de Oliveira
https://doi.org/10.22533/at.ed.90121231114
CAPÍTULO 15...........................................................................................................181
ESPACIALIDADE E ESTRUTURA, A CONFORMIDADE DE AMBOS NOS PROJETOS DE
SANTIAGO CALATRAVA
João Gabriel Voss Quattrucci
Valéria Cassia dos Santos Fialho
https://doi.org/10.22533/at.ed.90121231115
SOBRE O ORGANIZADOR .....................................................................................190
ÍNDICE REMISSIVO .................................................................................................191
SUMÁRIO
CAPÍTULO 6
RISCOS DE TIPIFICAÇÃO FUNCIONAL EM
PATRIMÓNIO MONÁSTICO-CONVENTUAL
DEVOLUTO [ÉVORA, PORTUGAL]
Data de aceite: 01/11/2021
Maria do Céu Simões Tereno
Universidade de Évora, Departamento de
Arquitetura, Escola de Artes, Universidade de
Évora, CHAIA (Centro de História de Arte e
Investigação Artística).
Arquiteta, Professora Auxiliar, Departamento
de Arquitetura da Universidade de Évora.
Licenciada em Arquitetura pela Escola Superior
de Belas-Artes de Lisboa. Doutorada pela
Universidade de Évora em Conservação do
Património Arquitetónico, especialidade de
Edifícios e Conjuntos Históricos
Maria Filomena Mourato Monteiro
Doutorada em Arquitetura (2011), mestre em
Recuperação do Património nas vertentes
Arquitetónico e Paisagístico (1991), duas pósgraduações respetivamente em Engenharia
Municipal (1988) e Equipamentos Coletivos
(1984), licenciada em Arquitetura (1977).
Arquiteta na Câmara Municipal do Seixal
(1978-1983) e Câmara Municipal de Évora
(1983-2021) onde chefiou o Gabinete de
Projetos e a Divisão de Iniciativas Urbanísticas
Municipais
António Vitorino Simões Tereno
Professor, Doutorando em História: mudança
e continuidade num mundo global PIUDH,
pelo Instituto de Ciências Sociais e Faculdade
de Letras da Universidade de Lisboa, ISCTEIUL, Universidade Católica e Universidade
de Évora. Pós-graduado em Estudos
Avançados de História Contemporânea:
Curso de Doutoramento do Programa de
Doutoramento em História: mudança e
continuidade num mundo global PIUDH.
Investigador Não Doutorado Integrado no
Centro de História da Universidade de Lisboa
nos grupos de pesquisa de Cultural Encounters
and Intersecting Societies; Military History.
Mestre em Ensino de História e Geografia
do 3.º Ciclo e Ensino Secundário, pelo
Instituto de Educação, Instituto de Geografia
e Ordenamento do Território, Faculdade
de Belas-Artes, Faculdade de Ciências e
Faculdade de Letras da Universidade de
Lisboa. Mestre em História e Cultura Europeia
Contemporâneas, pela Faculdade de Letras
da Universidade de Lisboa. Pós-graduado em
História Contemporânea, pela Faculdade de
Letras da Universidade de Lisboa. Licenciado
em História, pela Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa
RESUMO: As cidades de génese muito antiga,
caso de Évora, contêm inúmeros conjuntos de
edifícios patrimoniais, contributo das sucessivas
gerações que as ocuparam. Tais edifícios,
maioritariamente, foram inicialmente destinados
a programas muito específicos. Com o passar
do tempo, estas construções tornaram-se
demasiado grandes, ou inadequadas, às novas
funções atribuídas. No sentido de contribuir
para a conservação deste valioso património,
analisou-se através do estudo comparativo
soluções aplicadas ao vasto conjunto monásticoconventual edificado da cidade de Évora e
quais as intervenções que melhor, até hoje, o
conseguiram preservar. As refuncionalizações,
quando deficientemente fundamentadas a nível
de novos programas de utilização, podem expor
qualquer acervo edificado a riscos de perda
Arquitetura e urbanismo Sensibilidade plástica, noção do espaço, imaginação e
memória visual
Capítulo 6
64
do interesse histórico patrimonial, pelas descaracterizações a que poderão ficar sujeitos.
Procurar-se-ão alertar os futuros intervenientes para os perigos da tipificação deste tipo de
património, que devido à sua vasta dimensão e bom estado de conservação, se torna muito
procurado para utilizações menos adequadas.
PALAVRAS-CHAVE:
Conventos;
Mosteiros;
Cartografia
histórica;
Iconografia;
Refuncionalização; Tipificação funcional.
RISKS OF FUNCTIONAL TYPIFICATION IN VACANT MONASTIC-CONVENTUAL
HERITAGE [ÉVORA, PORTUGAL]
ABSTRACT: The cities of very ancient origin, as Évora, contain many sets of heritage
buildings, contribution from the successive generations that inhabited them, originally
intended for very specific applications. In order to contribute to the conservation of this
valuable heritage, a comparative study was developed regarding the solutions applied to the
vast monastic-conventual complex built in the city of Évora and which interventions have
best preserved it until today. Refunctionalisations, when poorly grounded in terms of new use
programs, can expose any built collection to risks of loss of historical heritage interest, due to
the mischaracterizations to which they may be subject. Attempts will be made to alert future
stakeholders to the dangers of the typification of this type of heritage, which due to its vast size
and good state of conservation, becomes very popular for less suitable uses.
KEYWORDS: Convents; Monasteries; Historic Cartography; Iconography; Refunctionalisation;
Functional typification.
RIESGOS DE LA TIPIFICACIÓN FUNCIONAL EN EL PATRIMONIO MONÁSTICOCONVENTUAL DEVOLUTO [ÉVORA, PORTUGAL]
RESUMEN: Évora, ciudade de génesis antigua, contiene muchos edificios patrimoniales,
contribución de generaciones sucesivas que los ocupaban. La mayoría de estos edificios
fueron inicialmente destinados a programas muy específicos. Con el tiempo, estas
construcciones se han vuelto demasiado grandes o inadecuadas para las nuevas funciones
asignadas. Como una contribución a la conservación de este patrimonio, se analizó a través
de estudios comparativos el conjunto monástico-conventual de Évora y qué intervenciones
lo han conservado mejor hasta la actualidad. Las refuncionalizaciones, cuando mal
fundamentadas en términos de programas de nuevos usos, pueden exponer cualquier
colección construida a riesgos de pérdida de interés del patrimonio histórico, debido a las
caracterizaciones erróneas a las que pueden estar sujetas. Se intentará alertar a los futuros
actores de los peligros de la tipificación de este tipo de patrimonio, que por su gran extensión
y buen estado de conservación, se vuelve muy popular para usos inadecuados.
PALABRAS CLAVE: Conventos; Monasterios; Cartografía histórica; Iconografía;
Refuncionalización; Tipificación funcional.
1 | INTRODUÇÃO
A cidade de Évora conta com um vasto conjunto de edifícios de caráter religioso que,
com a extinção das ordens religiosas em 1834, ficaram devolutos. O volume de edifícios
Arquitetura e urbanismo Sensibilidade plástica, noção do espaço, imaginação e
memória visual
Capítulo 6
65
nestas circunstâncias foi de dimensão muito substancial, e o Estado viu-se na contingência
de vender algum desse património, de demolir e atribuir funções a outros tantos, interferindo
muitas vezes com a organização funcional primitiva, adaptando-os às necessidades da
época. Nesta cidade, podem encontrar-se exemplos dos casos citados, nos diversos
âmbitos. Foram arrasados os Mosteiros de Santa Catarina de Sena e de Nossa Senhora do
Paraíso, tendo sido parcialmente demolidos os Mosteiros de Santa Mónica e Mercês assim
como os Conventos de S. Francisco e quase na totalidade o de S. Domingos. Outros foram
convertidos em escolas, quartéis e pousadas.
Do conjunto de antigas casas religiosas atualmente existentes na cidade, duas
encontram-se devolutas, os Mosteiros de Santa Helena do Monte Calvário e o de S. José da
Esperança, e em situação expectante os Mosteiros de Santa Maria Scala Coeli (Cartuxa) e de
S. Bento de Cástris. Como exemplo de casos de intervenções mais recentes de reabilitação,
os Conventos de Nossa Senhora dos Remédios e de Nossa Senhora do Espinheiro. De
salientar que os conjuntos existentes, contêm um assinalável acervo patrimonial de azulejaria,
talha dourada, pintura e escultura, de qualidade inegável, que é de todo o interesse preservar
in situ e estar acessível à população em geral.
Pretende realizar-se uma análise do vasto conjunto monástico-conventual da cidade
de Évora e áreas envolventes, da sua evolução morfo-cronológica, das vicissitudes que
sofreram ao longo da sua história, das intervenções que ocorreram após a extinção das
ordens religiosas e das ocupações que atualmente lhes foram atribuídas. Serão efetuadas
comparações entre as intervenções atuais, e consequências destas no mesmo. Para a
realização do presente trabalho, foram fundamentais a consulta e utilização de cartografia,
iconografia, documentos fotográficos e escritos e outra informação considerada relevante.
Fig. 1 ‒ Portugal. Évora. Localizações da cidade e de algumas casas monástico conventuais na área
envolvente à cidade e ao seu núcleo amuralhado.
Arquitetura e urbanismo Sensibilidade plástica, noção do espaço, imaginação e
memória visual
Capítulo 6
66
CASAS MONÁSTICO-CONVENTUAIS DEMOLIDAS:
1. Mosteiro de Santa Catarina de Sena [séc. XVI, 2.ª Ordem dos Pregadores]
Após a exclaustração das Ordens Religiosas e o falecimento da última monja
residente neste mosteiro, este transitou para o Estado Português. O espaço edificado,
foi reutilizado como posto médico e ocupado pelo Comando Geral da 4.ª Região Militar.
Demolido na integra no ano de 1902, para este espaço foram propostos alguns projetos
não executados, dos quais se salienta já em 1945 no anteplano de Étienne de Gröer.
Entretanto nele funcionou um cinema ao ar livre, sendo que posteriormente o espaço foi
urbanizado tendo a construção sido concluído em 19921. Nele foi edificado um condomínio
habitacional onde está incluído área comercial a nível do piso térreo e estacionamento
em piso em cave. Refira-se que nas escavações arqueológicas que precederam o início
da construção foi identificada ermida que poderia ter antecedido, no local, a fundação do
mosteiro. Os acertos na estrutura viária que se realizaram foram concretizados através da
desanexação de áreas pertencentes ao extinto mosteiro permitindo assim um aumento no
perfil transversal da principal via que ladeava esta casa religiosa.
Do espólio artístico não restou nada in situ estando sim este disperso por diferentes
espaços museológicos e casas particulares.
Classificação de proteção: sem classificação específica.
2. Mosteiro de Nossa Senhora do Paraíso [séc. XV, 2.ª Ordem dos Pregadores]
Após o falecimento da última monja, este conjunto monástico foi demolido em 1900,
para execução de um jardim público através da terraplanagem de grande parte da área e
a constituição de uma plataforma com os entulhos da demolição. No espaço sobrante foi
posteriormente implementado diferenciado tipo de equipamento coletivo nomeadamente
centro de saúde e creche/jardim de infância. Realizaram-se ao longo dos limites do antigo
espaço monástico alguns acertos nos perfis transversais das vias circundantes, os quais
foram realizados imediatamente após a demolição.
Tendo possuído um riquíssimo espólio artístico este encontra-se disperso por
algumas casas particulares e museus. A delicadeza do património existente, à data da
desocupação, está patente, por exemplo, na pintura dos madeiramentos de tetos reutilizados
em habitações particulares na cidade ou na perfeição e minúcia de trabalho da “virgem” em
marfim atualmente no Museu de Évora. Refira-se que alguma da azulejaria resgatada dos
entulhos foi aplicada na fachada de edifício habitacional, situado anexo ao espaço, formando
pequenos painéis decorativos com as peças que o então proprietário conseguiu resgatar dos
entulhos. Trata-se da única memória quase in situ que, embora despercebida, nos elucida de
alguns dos padrões que terão decorado as paredes deste mosteiro.
1 Refira-se que nas escavações arqueológicas que precederam o início da construção foi identificada ermida que poderia ter precedido, no local, a fundação do mosteiro.
Arquitetura e urbanismo Sensibilidade plástica, noção do espaço, imaginação e
memória visual
Capítulo 6
67
Classificação de proteção: sem classificação específica.
Fig. 2 ‒ Évora. Casas monástico-conventuais demolidas: espaços e património (Mosteiros de Santa
Catarina de Sena e de Nossa Senhora do Paraíso).
CASAS MONÁSTICO-CONVENTUAIS PARCIALMENTE DEMOLIDAS E
REUTILIZADAS:
3. Mosteiro de Santa Mónica [séc. XIV, Ordem dos Eremitas de Sto. Agostinho]
Em 1881, o mosteiro foi extinto com a morte da última religiosa. No início do século
XX, alegadamente devido ao estado de ruína, a igreja, parte do claustro, a torre de fresco
e a caixa de água do Aqueduto da Água da Prata, adossada à fachada da igreja, foram
demolidos perdendo-se grande parte do património artístico deste mosteiro. Posteriormente,
na construção restante, entretanto remodelada e ampliada, foi instalado equipamento
escolar. Em 1992, a Universidade de Évora, adquiriu parte do edifício instalando aí os seus
serviços académicos. No piso térreo, propriedade da Câmara Municipal de Évora, continuou
a funcionar uma escola primária tendo como espaços livres a cerca pequena e o que resta
do claustro do antigo mosteiro.
A cerca grande, em parte limitada pela muralha medieval, foi loteada e nela edificada
habitações unifamiliares sendo que, por insolvência da empresa construtora, as obras foram
interrompidas, resultando a vandalização de espaço e edificações. Quando das escavações
arqueológicas, que precederam a construção, num dos extremos da cerca foi identificada
capela com pinturas sobre estuque, único testemunho artístico, in situ, deste mosteiro. O
restante espólio, artístico e documental, encontra-se dispersa por casas particulares, Museu
de Évora, Biblioteca Publica, Arquivo Distrital e igreja de S. Francisco. Refira-se, como nota,
que da igreja monástica, a capela de S. Jordão aí situada, forrada a azulejaria, apenas
Arquitetura e urbanismo Sensibilidade plástica, noção do espaço, imaginação e
memória visual
Capítulo 6
68
foi preservado o conjunto escultórico do “Batismo de Jesus” que quando da demolição foi
transferido para a igreja de S. Francisco de Évora2.
Classificação de proteção: Monumento Nacional muralhas e fossos que limitam
parte da cerca monástica (decreto n.º 8229, DG n.º 133 de 04-07-1922; decreto n.º 11:773,
1ª série DG n.º 135 de 25-6-1926).
4. Convento de S. Francisco [séc. XIII, Ordem dos Frades Menores]
A igreja deste conjunto manteve-se sempre em funções, chegando a sede de
paróquia. Entre 1892-1895 grande parte do arruinado convento foi vendido em hasta pública,
tendo sido aí construída habitação. Atualmente parte dessa habitação mantem-se sendo que
houve edifícios reutilizados para serviços públicos, creche e jardim de infância. Em fração
da cerca conventual foram executadas terraplanagens3 tendo sido alvo de demolição a
caixa de água do Aqueduto da Água da Prata, em estilo neoclássico, situada em espaço
fronteiro à igreja. Esta demolição, nefasta a nível patrimonial, viabilizou a execução de
vias e estacionamento público. Na restante área foi edificado mercado municipal, jardim
público, este último inaugurado em 1863, e quartel o qual foi posteriormente reconvertido em
instalações para a Universidade de Évora. Já em finais do século XX foi construído, na zona
tardoz da cerca, um outro edifício por esta instituição.
Mais recentemente, foram realizadas obras de reabilitação que restauraram a
totalidade da igreja, sacristia, “capela dos ossos” e áreas anexas, abrangendo também todo o
rico espólio artístico. Seguiu-se a remodelação do piso superior, onde se localizavam as celas
dos frades, e onde foi criado um museu com vasto acervo constituído por muitas das peças
de arte sacra e documental deste convento. Não obstante, muito do seu vasto património
artístico continua disperso pelo Museu Nacional de Arte Antiga, Museu de Évora, Biblioteca
Pública e Arquivo Distrital, entre outros locais.
Classificação de proteção: Monumento Nacional a igreja conventual (DG n.º 136 de
23-6-1910; DG de 16-6-1910).
2 Da capela de S. Jordão, forrada a azulejaria do século XVIII, apenas foi preservado o conjunto escultórico do “Batismo
de Jesus” que quando da demolição foi transferido para a igreja de S. Francisco de Évora.
3 Foi alvo de demolição a caixa de água do Aqueduto da Água da Prata, em estilo neoclássico situada na cerca do
convento em espaço fronteiro à igreja.
Arquitetura e urbanismo Sensibilidade plástica, noção do espaço, imaginação e
memória visual
Capítulo 6
69
Fig. 3 ‒ Évora. Casas monástico-conventuais parcialmente demolidas e reutilizadas: espaços e
património (mosteiro de Santa Mónica e convento de S. Francisco).
5. Mosteiro de Nossa Senhora das Mercês [séc. XVII, Ordem dos Eremitas de
Sto. Agostinho]
Sendo casa masculina passou, logo em 1834, para a posse da Fazenda Nacional.
Em 1956, após obras de conservação e restauro, foi aí inaugurado o núcleo de Artes
Decorativas Religiosas. Em espaço anexo (antiga cerca), situou-se a primeira Praça de
Touros de Évora. O espaço foi posteriormente edificado tendo sido ocupado por serviços,
nomeadamente oficina de automóveis. Mais recentemente, com o “boom” do turismo na
cidade, a referida construção foi demolida tendo sido aí edificada unidade hoteleira. Quando
desta obra, que incluiu a abertura em solo granítico de caves destinadas a estacionamento
da unidade hoteleira, verificaram-se graves danos na igreja conventual, ficando esta
danificada com rachaduras, notórias, na fachada.
Refira-se que a igreja possui um espólio artístico de realce tanto a nível de talha
dourada, azulejaria e arte sacra, património esse que atualmente se encontra em deficientes
condições de segurança tendo em atenção o estado estrutural da igreja.
Classificação de proteção: Monumento Nacional a igreja do convento (DR, 2ª serie,
nº 1 de 3-1-1986).
6. Convento de S. Domingos [séc. XIII, Ordem dos Pregadores]
Em 1836 ocorreu a demolição da igreja conventual e de grande parte da restante
edificação. O amplo espaço livre daí resultante deu origem à abertura de uma praça pública
e à construção do Teatro Garcia de Resende. Nesta edificação trabalharam artistas de artes
decorativas de relevo, que conceberam e executaram um programa decorativo de grande
qualidade até hoje conservado, devido a obras de manutenção regulares levadas a cabo pelo
Arquitetura e urbanismo Sensibilidade plástica, noção do espaço, imaginação e
memória visual
Capítulo 6
70
município eborense responsável pelo edifício.
Em meados do século XX, uma área da antiga construção conventual, foi ocupada por
oficina para automóveis e a única ala que persistiu, de um dos claustros mais recentes, foi
integrada em loja de vinhos entretanto desativada. Já em finais do século XX foi elaborado
loteamento municipal para parte da ampla cerca, propriedade da Câmara Municipal de Évora,
viabilizando a construção de habitação coletiva, serviços, comércio e estacionamento em
cave. Refira-se que um pequeno troço do claustro medieval integrou, neste empreendimento,
espaço comercial. Após esta construção resta ainda uma outra parte da vasta cerca onde
está a funcionar estacionamento provisório. Refira-se que para este espaço existe estudo
que preconiza a constituição de área de construção adstrita ao teatro Garcia de Resende
funcionando como área de apoio. Memórias do antigo convento in situ limitam-se a
apontamentos arquitetónicos que ficaram integrados nas novas edificações. Quanto ao vasto
património artístico que embelezava este amplo conjunto conventual encontra-se disperso
por diferentes cidades e instituições
Classificação de proteção: Monumento Nacional muralhas e fossos que se situam
próximos do limite da cerca conventual (decreto n.º 8229, DG n.º 133 de 04-07-1922; decreto
n.º 11:773, 1ª série DG n.º 135 de 25-6-1926).
7. Mosteiro do Salvador do Mundo [séc. XVI, 2.ª Ordem dos Frades Menores]
O Mosteiro foi extinto em 1886 pela morte da última religiosa. Posteriormente ocupado
pelo Grupo de Artilharia de Montanha foi, durante a década de 60 do século XX, ocupado
pela Direção Regional de Edifícios e Monumentos do Sul que se instalou no piso superior
e na torre de fresco onde funcionou o arquivo geral deste serviço. Com a sua extinção
o espaço ficou adstrito à Direção Regional de Cultura do Alentejo, com sede em espaço
próximo, enquanto que a igreja e área anexa continuou adstrita à Igreja. À presente data
encontra-se desativado grande parte do espaço edificado, existindo uma área expositiva
ligado à igreja do mosteiro. Refira-se que foi elaborado projeto para ocupação do conjunto,
que não foi implementado, e onde seriam instalados arquivos históricos relacionados com
o património religioso da Arquidiocese de Évora. No início da década XX foi levado a cabo
restauro conservativo de muitas das peças situadas na igreja e coro baixo tendo sido objeto
de estudo, entre outras peças, diversos relicários, nomeadamente bustos-relicários de
grande qualidade artística e significado religioso.
Classificação de proteção: Monumento Nacional a torre sineira do mosteiro, existindo
simultaneamente uma Zona Especial de Proteção e a muralha romano goda cujo traçado
atravessa a área da antiga casa religiosa (D G, n.º 8252 de 10-7-1922; DR, 2ª serie n.º 815
de 11-8-1951; decreto n.º 8229, DG n.º 133 de 04-07-1922; decreto n.º 11:773, 1ª série DG
n.º 135 de 25-6-1926 ).
Arquitetura e urbanismo Sensibilidade plástica, noção do espaço, imaginação e
memória visual
Capítulo 6
71
Fig. 4 ‒ Évora. Casas monástico-conventuais parcialmente demolidas e reutilizadas: espaços e
património (Mosteiro de Nossa Senhora das Mercês, Convento de S. Domingos e Mosteiro do Salvador
do Mundo).
CASAS MONÁSTICO-CONVENTUAIS CONVERTIDAS EM ESCOLAS,
QUARTÉIS E POUSADAS:
8. Mosteiro de Santa Clara [séc. XV, 2.ª Ordem dos Frades Menores]
Em 1903, ocorreu a morte da última religiosa, o que determinou a extinção do
mosteiro. Foram efetuadas entre 1949-1952 obras de adaptação do edifício a Escola
Industrial e Comercial. Mais tarde foi convertido em Escola Básica de Santa Clara tendo
ficado sob a responsabilidade do Município, inclusive duas das três torres de fresco
atualmente existentes. A igreja e áreas anexas continuam ligadas a atividades religiosas,
e estão adstritas à igreja de St.º Antão a qual cedeu os espaços temporariamente a
associação religiosa tendo nela sido instalada área expositiva. A torre sineira, transformada
em torre de fresco, tem acesso através de área anexa à igreja. São de salientar o belo
claustro, alguma azulejaria, apontamentos de pintura mural numa das torres de fresco,
o coro baixo assim como a igreja onde existem frescos de grande qualidade assim como
pintura, escultura e talha dourada4. Na arte retabular refira-se o retábulo colateral da igreja.
O património móvel do mosteiro era imenso e diversificado5, refira-se por exemplo o Livro
das Receitas de Doces e Cozinhados Vários deste Convento de Santa Clara d´Évora 1729.
Sóror Maria Leocácia do Monte do Carmo. Abadessa. O vasto património móvel encontrase disperso por diversos locais e instituições.
4 De referir o retábulo colateral da igreja que é descrito por Francisco Lameira e Artur Goulart, em Retábulos na Arquidiocese de Évora, Universidade do Algarve, 2015, p. 149.
5 Refira-se por exemplo: Livro das Receitas de Doces e Cozinhados Vários deste Convento de Santa Clara d´Évora
1729. Sóror Maria Leocácia do Monte do Carmo. Abadessa.
Arquitetura e urbanismo Sensibilidade plástica, noção do espaço, imaginação e
memória visual
Capítulo 6
72
Classificação de proteção: Monumento Nacional o Aqueduto da Água da Prata que
abastecia esta casa religiosa, e o conjunto do mosteiro (DG n.º 8217 de 29-6-1922; DG n.º
136 de 23-6-1910).
9. Convento de Nossa Senhora da Graça [séc. XVI, Ordem dos Eremitas
Calçados de Sto. Agostinho]
Após a extinção das Ordens Religiosas, este convento foi adaptado em 1858 a fábrica
de rolhas de cortiça. Mais tarde, a partir de 1884, esteve ocupado por uma Brigada de Infantaria
sendo que em 1965, foi novamente adaptado, desta vez a Messe Militar e Cooperativa dos
Oficiais do Exército. O conjunto sofreu ao longo do tempo várias reformulações, nas quais
fizeram parte demolições de parte da área edificada antiga para adequação às várias funções
para aí preconizadas, ou em fase mais recente, menos drasticamente, para modernização
de instalações.
Do que resta da antiga casa religiosa, após tais obras, saliente-se como de interesse
patrimonial, a cisterna existente no também interessante claustro, assim como algumas
janelas nas quais foram incluídas peças com delicado trabalho de cantaria em mármore,
nomeadamente a nível de capiteis e dos fustes canelados. Refira-se também o conjunto
escultórico em granito, patente na fachada da igreja, o qual carateriza este antigo convento,
identificando-o pela singularidade figurativa pouco comum em Portugal. O que restou da
cerca, de pequenas dimensões permitiu o alargamento das vias circundantes. Atualmente o
espaço sobrante da cerca, é utilizado como estacionamento privado do Exército.
Classificação de proteção: Monumento Nacional a igreja conventual existindo
simultaneamente uma Zona Especial de Proteção (DG de 16-6-1910; DR, 2.ª serie n.º 249
de 21-10-1952).
Fig. 5 ‒ Évora. Casas monástico-conventuais convertidas em escolas, quartéis e pousadas: espaços e
património (Mosteiro de Santa Clara e Convento de Nossa Senhora da Graça).
Arquitetura e urbanismo Sensibilidade plástica, noção do espaço, imaginação e
memória visual
Capítulo 6
73
10. Convento de S. João Evangelista (Lóios) [séc. XV, Congregação dos
Cónegos Seculares de S. João Batista]
Extinto em 1834, foi desativado tendo ficado devoluto por longo período. Manteve-se
na posse da Casa Cadaval até 1917, altura em que foi expropriado para a Biblioteca Pública
e Arquivo Distrital. Mais tarde, em 1937, foi adaptado para sede da Direção dos Monumentos
do Sul tendo sofrido obras em 1944 para instalação do Arquivo Distrital de Évora. Em 1957 foi
dado início a projeto para a reconversão do edifício em pousada, a qual foi inaugurada no ano
de 1965. Após esta fase, durante a qual fez parte das Pousadas de Portugal, passou a ser
gerida por entidade particular que procedeu a remodelações e ao restauro, menos cuidado,
de algum do património magnifico que decora certas celas.
De realçar, nesta área ocupada por equipamento de hotelaria, o belo lavabo em
mármore situada no claustro que era abastecida pelo Aqueduto da Água da Prata, a casa
capitular assim como um troço da muralha romano-goda que limita, em parte, a pequena
cerca conventual. Quanto à igreja, e respetiva sacristia, tendo sido edificada com ligação
entre o convento e o palácio, com o objetivo de servir de panteão à família nobre continua na
sua posse. A qualidade do património ainda existente na igreja é notável da qual se destaca
o retábulo em talha dourada do altar-mor, estelas funerárias e alguma escultura religiosa. Na
nave da igreja existe a abertura de um poço/cisterna que nos permite constatar que, embora
a uma cota altimétrica elevada, o nível aquífero no local é notavelmente elevado.
Classificação de proteção: Monumento Nacional o Aqueduto da Água da Prata, que
abastecia o convento, o “convento e a sua igreja” e a muralha romana-goda, que limita parte
da cerca conventual (DG n.º 136 de 23-6-1910; DG n.º 8217 de 29-6-1922 e de 16-6-1910;
decreto n.º 8229, DG n.º 133 de 04-07-1922; decreto n.º 11:773, 1ª série DG n.º 135 de 256-1926).
11. Convento de Santo António da Piedade [séc. XVI, Ordem dos Capuchos]
Após a extinção de 1834, a cerca deste convento e o forte serviram durante cinco
anos de cemitério público o qual foi transferido para a cerca do Convento dos Remédios em
1839. No século XX, o convento foi adquirido pelo Seminário Maior de Évora passando a nele
funcionar um externato. Posteriormente foi adaptado para aí funcionar a Casa Sacerdotal da
Arquidiocese de Évora sendo que atualmente está instalado no local o Seminário Missionário
Arquidiocesano Redemptoris Mater de Évora. Nele encontra-se algumas das peças de arte
retiradas de outras casas religiosas e que, por falta de condições, para aí foram transferidas
para embelezamento dos espaços.
A ampla cerca, circunscrita pelo Forte de St.º António, possui um troço do Aqueduto
da Água da Prata, em arcaria, e caixa de água muito singela. Era a partir desta caixa que a
água, conduzida através do aqueduto desde a Graça do Divor, derivava para um tanque de
dimensões consideráveis, atualmente com área de estar com vista sobranceira à cidade, e
para as áreas de serviço do espaço edificado do convento. Para além deste abastecimento o
Arquitetura e urbanismo Sensibilidade plástica, noção do espaço, imaginação e
memória visual
Capítulo 6
74
convento possui, ainda hoje, uma nora de dimensões assinaláveis e grande riqueza aquífera.
Classificação de proteção: Monumento Nacional o Aqueduto da Água da Prata, que
abastecia o convento e como Imóvel de Interesse Publico o Forte de Santo António, o qual
circunscreve o convento (DG n.º 136 de 23-6-1910; DR, 2º serie, n.º 41191 de 18-7-1957).
Fig. 6 ‒ Évora. Casas monástico-conventuais convertidas em escolas, quartéis e pousadas: espaços e
património (conventos de S. João Evangelista e Santo António da Piedade).
CASAS MONÁSTICO-CONVENTUAIS ALVO DE MAIS RECENTES
INTERVENÇÕES DE REABILITAÇÃO
12. Convento de Nossa Senhora dos Remédios [séc. XVII, Ordem dos
Carmelitas Descalços]
Depois da extinção das Ordens Religiosas o conjunto do antigo convento,
nomeadamente “igreja e cerca”, foi cedido à Câmara Municipal de Évora, para instalação
dos serviços cemiteriais os quais ocupam, até à presente data, parte do espaço então
cedido. Aí foram instaladas algumas das peças escultóricas provenientes do extinto
convento de S. Domingos, nomeadamente o portal em mármore assim como as esculturas
religiosas graníticas que ocupam os centros dos talhões cemiteriais.
No final do séc. XX, a Câmara Municipal promoveu obras de recuperação neste
conjunto edificado, à exceção dos espaços da igreja e respetiva sacristia. Estes dois
espaços são de grande qualidade artística nomeadamente a nível do vasto espólio aí
existente, aguardando à data intervenção de restauro e conservação. São exemplo dessa,
por vezes singularidade artística, peças escultóricas, pinturas, talha dourada, relicários e
órgão de tubos de autor italiano prestigiado, entre outras aí situadas. Parte da área de
Arquitetura e urbanismo Sensibilidade plástica, noção do espaço, imaginação e
memória visual
Capítulo 6
75
construção disponível, incluindo igreja e sacristia, foi cedida à associação Eborae Musica
que simultaneamente inclui o Conservatório Regional de Musica estando a área restante
adstrita a serviços da Câmara Municipal de Évora relacionados com o estudo, proteção
e divulgação do Património eborense. A existência de uma sala destinada ao restauro
de peças deste convento é uma mais valia de realce pois progressivamente podem vir
a ser restauradas in situ tão valiosíssimo espólio. Outras peças encontram-se dispersas,
maioritariamente em depósito, por diversos locais e instituições como por exemplo o Museu
de Évora, Biblioteca Pública de Évora, Arquivo Distrital de Évora, Universidade de Évora e
Torre do Tombo.
Classificação de proteção: Monumento de Interesse Público a igreja e Convento de
Nossa Senhora dos Remédios incluindo Zona Especial de Proteção (DR, 2.ª série, n.º 172,
3-9-2015).
13. Convento de Nossa Senhora do Espinheiro [séc. XV, Ordem de S. Jerónimo]
Após a desocupação deste convento masculino, este foi vendido pelo Estado
a particular. Este, contudo, não realizou no conjunto edificado as necessárias obras
indispensáveis pelo que foi somente após ter sido novamente transacionado que sofreu
as necessárias obras inerentes às então condições de decadência. O restauro então foi
notório. Posteriormente o espaço foi novamente transacionado tendo sido nele instalado uma
unidade hoteleira. Refira-se que esse projeto autorizou a edificação de volumetrias para mais
alojamento que pouco se enquadra com o conjunto, desvirtuando-o. A reutilização de alguns
espaços do antigo convento com áreas de hotelaria específicas pouco dignificam a solução
implementada.
Do património artístico da antiga casa religiosa realce-se a igreja com a magnifica talha
dourada, azulejaria e alguma pintura assim como a pequena ermida, de grande interesse
formal, existente na antiga cerca e onde se situa a pedra tumular do cronista eborense Garcia
de Resende.
Classificação de proteção: Monumento Nacional a capela de Nossa Senhora do
Espinheiro (DG, 1.ª série, n.º 1033, decreto 7:667 de 11-8-1921).
Arquitetura e urbanismo Sensibilidade plástica, noção do espaço, imaginação e
memória visual
Capítulo 6
76
Fig.
7 ‒ Évora. Casas monástico-conventuais alvo de mais recentes intervenções de reabilitação: espaços e
património (Conventos de Nossa Senhora dos Remédios e Nossa Senhora do Espinheiro).
CASAS MONÁSTICO-CONVENTUAIS EM SITUAÇÃO DEVOLUTA/
EXPECTANTE
14. Convento de Nossa Senhora do Carmo [séc. XVII, Ordem dos Carmelitas
Calçados]
Este convento masculino foi extinto em 1834, juntamente com todas as Ordens
Religiosas em Portugal, voltando então à posse da Casa de Bragança pois no local
situara-se o Paço, em Évora, dos duques de Bragança. Á data da desocupação, esta
casa religiosa faltava-lhe o fecho do claustro, com a edificação de duas das suas alas,
e as torres sineiras da igreja. Foi ocupado pelo Seminário Maior da Arquidiocese que
posteriormente passou para o atual espaço. Tendo transitado para a posse de particular
foi cedido temporariamente para as Irmãs Doroteias da Purificação que aí instalaram um
colégio. Em 1914, o espaço foi expropriado e nele instalado o Paço Arquiepiscopal tendo
á data passado para a posse da Arquidiocese de Évora. No final do século XX o edifício
ficou devoluto tendo votado para a posse de particular que o alugou á Universidade de
Évora para a instalação do Departamento de Música e Teatro. Este serviço foi subdividido
e relocalizado respetivamente na rua de Machede e na antiga fábrica dos Leões então
remodelada, ficando assim o conjunto novamente devoluto. A igreja e área complementar
mantiveram-se sempre na posse da arquidiocese estando aberta ao culto.
Do que resta do antigo paço em Évora dos duques de Bragança refira-se o crucifixo
em pedra aposto entre as escadas de acesso ao adro da igreja assim como o emolduramento
da porta com motivos em nós de cordas. No portão gradeado que fecha o acesso ao adro
Arquitetura e urbanismo Sensibilidade plástica, noção do espaço, imaginação e
memória visual
Capítulo 6
77
de referir o trabalho de ferragem que existe no fecho de correr do gradeamento. Na igreja,
refira-se a qualidade dos retábulos em talha dourada, a azulejaria, a escultura religiosa e
a decoração de alguns espaços abobadados. Já em espaço anexo é de realçar sala com
decoração em estuque.
Classificação de proteção: sem proteção específica.
15. Mosteiro de Santa Helena do Monte Calvário [séc. XVI, 2.ª Ordem dos
Frades Menores]
Com a extinção das Ordens Religiosas e a morte da última religiosa que aí professara
o mosteiro é fechado em 1889. Em 1910, o Estado, na posse do edifício, autorizou que
este passasse a ter uma função social permitindo que aqui fossem acolhidas mulheres sem
quaisquer votos religiosos para aprenderem a ler e a realizar trabalhos domésticos.
Mais tarde, mantendo este espírito de ação social passou a funcionar aí, uma casa
para acolhimento de jovens em risco, dirigida por Religiosas da Congregação das Adoradoras
Escravas do Santíssimo Sacramento e da Caridade. Encerrada em 2007 quando, por ordem
superior da Congregação, a madre superior foi enviada para o Brasil para aí fundar convento
de raiz, e as restantes religiosas colocadas em casa da congregação situada no centro
histórico de Évora. Atualmente funcionam, tanto nas duas cercas como na parte edificada
do antigo mosteiro, alguns serviços arquidiocesanos ligados ao Movimento dos Cursos
de Cristandade e ao Corpo Nacional de Escutas. Na igreja continuam a realizar-se ofícios
religiosos.
O conjunto edificado encontra-se em razoável estado de conservação mantendo o
traçado original. Numa das cercas existe ainda pequena ermida, com restos de pintura na
abobada e paredes, assim como dois tanques, enquanto que na outra se situa um poço
em granito seguramente muito antigo. Refira-se a singularidade de pedra, com inscrição,
assinalando a passagem da tubagem da água do Aqueduto da Água da Prata na parede.
Quanto às torres de fresco assinalam-se a defensiva, que integra a muralha medieval, e uma
outra com decoração especifica e um historial romântico pois funcionou como esconderijo. As
pequenas celas individualizadas que pontuam os telhados em redor do claustro, e utilizadas
como recolhimento, possuem um revestimento em azulejaria notável. A igreja e sacristia,
com a talha dourada, azulejaria, pintura e escultura religiosa, são de grande qualidade assim
como a grade do couro baixo, património inestimável. A casa do capítulo, posteriormente à
saída das religiosas em 2007, foi despojada das pinturas que a decoravam, por razões de
segurança, tendo estas sido deslocadas para as paredes da nave central da Sé de Évora.
Classificação de proteção: Monumento Nacional o Aqueduto da Água da Prata com
ramal adoçada à muralha que limita a cerca (DG n.º 136 de 23-6-1910; decreto n.º 8229, DG
n.º 133 de 04-07-1922; decreto n.º 11:773, 1ª série DG n.º 135 de 25-6-1926).
Arquitetura e urbanismo Sensibilidade plástica, noção do espaço, imaginação e
memória visual
Capítulo 6
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Fig. 8 ‒ Évora. Casas monástico-conventuais em situação devoluta/expectante: espaços e património
(Convento de Nossa Senhora do Carmo e Mosteiro de Santa Helena do Monte Calvário).
16. Mosteiro de S. José da Esperança (Novo) [séc. XVII, Ordem das Irmãs
Descalças de Nª. Sra. do Carmo]
Com a sua extinção por morte da última religiosa em 1886, o conjunto ficou devoluto
e foi entregue ao Batalhão n.º 4 da Guarda-Fiscal. Mais tarde, em 1889, foi cedido à Casa
Pia tendo permanecido ocupada por esta instituição. Em inícios do século XX passou a ser
adstrito à secção feminina da Casa Pia que repartiu o espaço com o Asilo da Mendicidade
até 1919. Nos anos quarenta desse século foi ocupado pelas Religiosas da Ordem Salesiana
as quais educavam crianças do sexo feminino sem recursos. Em 2008 as religiosas foram
desalojadas do espaço sendo as crianças sido deslocadas para instituição pública de ação
social. O espaço ficou devoluto por algum tempo tendo posteriormente, e por muito pouco
tempo, servido de apoio a jovens com parcos recursos que aí ficaram alojadas. O conjunto
encontra-se devoluto, já há alguns anos, mantendo-se a igreja ainda em função.
A riqueza e qualidade artística do património da igreja é notável, tanto a nível de
azulejaria, como de talha dourada, como ainda de pintura. O claustro, com fonte abastecida
de água pelo Aqueduto da Água da Prata, assim como o espaço da portaria lajeada em
granito e sob a qual se situa uma enorme cisterna que drena e armazena a água proveniente
do subsolo da igreja.
Classificação de proteção: Monumento Nacional o Aqueduto da Água da Prata, que
abastecia o mosteiro (DG n.º 136 de 23-6-1910).
17. Mosteiro de Santa Maria Scala Coeli (Cartuxa) [séc. XVI, Ordem dos
Cartuxos ou S. Bruno]
Depois da extinção deste mosteiro masculino foi instalado, entre 1852-1869, no
Arquitetura e urbanismo Sensibilidade plástica, noção do espaço, imaginação e
memória visual
Capítulo 6
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conjunto edificado e na sua ampla cerca, a Escola Agrícola Regional. Em 1871 a família
Eugénio de Almeida adquiriu o mosteiro então já em ruínas, sendo que em meados do século
XX, o engenheiro Eugénio de Almeida decidiu restaurar o mosteiro e devolvê-lo à Ordem de
São Bruno. A comunidade masculina cartuxa instalou-se no local em 1960, aí permanecendo
até 2019 data em que os quatro monges aí residentes foram deslocados, por vontade da
Ordem da Cartuxa e da Fundação Eugénio de Almeida, para outras casas da mesma Ordem
situadas além-fronteiras.
Deste mosteiro salienta-se a igreja principal com fachada marmórea, o seu património
nomeadamente de talha em madeira, a capela com pintura religiosa, o enorme claustro
centrado em tanque de dimensões assinaláveis, a fonte abastecida com água do Aqueduto
da Água da Prata, os complexos das celas que rodeiam o claustro com os seus pequenos
pátios e muros encimados pelo canal de água, a magnífica caixa de água situada na cerca
e onde ainda são visíveis algumas pinceladas de frei Miguel, o monge pintor que tão bem
soube preservar na memória os seus companheiros de clausura. A enorme nora em granito
que se situa muito perto dos muros das celas é outro património de relevo.
Classificação de proteção: Monumento Nacional o Aqueduto da Água da Prata e a
igreja do mosteiro (DG n.º 136 de 23-6-1910; DG de 16-6-1910).
18. Mosteiro S. Bento de Cástris [séc. XIII, 2.ª Ordem de Cister]
Neste conjunto monástico, atualmente devoluto, realizam-se desde há alguns anos,
as “Residências Cistercienses”, única atividade cultural com programação anual que se
desenvolve essencialmente na igreja monástica. Todo o conjunto com exceção da igreja
ainda sacralizada e da ampla cerca, encontram-se desativadas, desde 2005 com a saída da
seção masculina da Casa Pia. Foram feitas algumas propostas de reutilização entre finais
do século XX, e inícios do XXI, como por exemplo a criação do “Sphera Castris ‒ centro para
as artes, ciência e tecnologia” o qual funcionaria essencialmente na parte edificada do antigo
mosteiro.
Como património de realce ainda existente no antigo mosteiro refira-se, a igreja com
os seus magníficos painéis de azulejaria, pintura religiosa, talha dourada dos retábulos,
abobada nervurada, decorada com elementos figurativos, que cobre a nave do templo assim
como o claustro de dimensão assinalável. Na ampla cerca refira-se o sistema hidráulico
composto por extensos túneis, e os tanques com áreas de estar.
Classificação de proteção: Monumento Nacional o Aqueduto o antigo mosteiro,
incluindo zona especial de proteção totalmente vedada a novas construções (DG n.º 8218 de
29-6-1922; DR, 2ª série, n.º 210 de 6-9-1962).
Arquitetura e urbanismo Sensibilidade plástica, noção do espaço, imaginação e
memória visual
Capítulo 6
80
Fig. 9 ‒ Évora: Casas monástico-conventuais em situação devoluta/expectante: espaços e património
(mosteiros de S. José da Esperança ou Novo, de Santa Maria Scala Coeli ou Cartuxa e de S. Bento de
Cástris).
ANÁLISE COMPARATIVA E CRÍTICA DAS SITUAÇÕES/INTERVENÇÕES
EXISTENTES
Tabela 1 ‒ Évora. Quadro analítico de algumas das casas monástico conventuais.
CONCLUSÕES
Para a análise realizada aos edifícios monástico-conventuais da cidade de
Évora, elaborou-se um quadro síntese, com parâmetros considerados relevantes para o
Arquitetura e urbanismo Sensibilidade plástica, noção do espaço, imaginação e
memória visual
Capítulo 6
81
presente estudo. Nele foram consideradas a situação atual, a função que detém, o estado
de conservação e a adequação das intervenções efetuadas expresso naquilo que se
considerou de maior realce, ou seja, a memória do conjunto. Esta síntese permitiu verificar,
que naturalmente onde a memória do que foram estas casas religiosas, se mantém quase
inalterada são os que atualmente se encontram em situação expectante. Por essa razão,
se alerta para a delicadeza a ter na intervenção, e na tipologia proposta para as mesmas.
De um universo de dezoito conjuntos religiosos, verifica-se que três foram adaptados
a unidades hoteleiras, correspondentes às intervenções ocorridas desde a segunda metade
do século XX.
A transformação em áreas maioritariamente habitacionais ocorreu em três de outros
conjuntos. Das casas monástico-conventuais, sete foram reutilizadas maioritariamente
como equipamentos coletivos.
Em consequência das novas políticas das condições sanitárias, aplicáveis às
cidades em finais do século XIX, foram totalmente demolidos os Mosteiros de Santa
Catarina de Sena e Nossa Senhora do Paraíso, tendo sido parcialmente demolidos os de
Santa Mónica, os de S. Francisco e Mercês, e quase na totalidade o de S. Domingos, com
a intenção de dotar a cidade de espaços livres e equipamentos, modernizando-a.
Existindo na cidade de Évora uma ampla oferta na área da hotelaria, que incorpora
três das antigas casas religiosas, e atendendo à atual situação de pandemia, que se
prolongará por tempo indeterminado com as naturais consequências no paradigma do
turismo atual, julga-se que o futuro destas construções em situação expectante deveria ser
cuidadosamente considerado quanto a refuncionalizações futuras.
De salientar que os conjuntos existentes, contêm um assinalável acervo patrimonial
de azulejaria, talha dourada, pintura e escultura, de qualidade inegável, como se pode
observar ao longo desta apresentação, que é de todo o interesse preservar in situ, e
acessível à população em geral.
Não nos cabendo fazer propostas para os edifícios em causa, alertamos, todavia
para riscos de tipificação funcional no património monástico-conventual que se encontra
devoluto. Poderia ser de interesse instalar, a título de exemplo, num desses conjuntos, um
centro de restauro de património móvel, que é riquíssimo nesta área, e que com intervenções
pouco danosas, na memória do edificado, poderia contribuir para a preservação futura de
um património que temos o dever de transmitir às gerações vindouras, em boas condições
de conservação.
Classificação de proteção que abrange todas as antigas casas religiosas: como
conjunto inscrito na Lista do Património Mundial da UNESCO, ao abrigo do n.º 7 do art.º
15.º da Lei n.º 107/2001, encontra-se classificado como MN.
REFERÊNCIAS
ESPANCA, Túlio Espanca ─ Inventário Artístico de Portugal. Lisboa: 1966.
Arquitetura e urbanismo Sensibilidade plástica, noção do espaço, imaginação e
memória visual
Capítulo 6
82
FRANCO, Padre António ─ Évora Ilustrada – Extraída da Obra do Mesmo Nome do Padre Manuel
Fialho. Évora: 1945.
LAMEIRA, Francisco; GOULART Artur ─ Retábulos na Arquidiocese de Évora. Coleção Promontoria
Monográfica, História de Arte. 09. Edição: Departamento de Artes e Humanidades da Universidade do
Algarve. Faro: 2015.
MONTEIRO, Maria Filomena Mourato ─ Sistema monástico-conventual e desenvolvimento urbano de
Évora na Baixa Idade Média. Universidade de Évora (policopiado). Évora: 2010.
MONTEIRO, Maria Filomena Mourato ─ O Aqueduto da Água da Prata em Évora. Bases para uma
proposta de recuperação e valorização. Universidade de Évora (policopiado). Évora: 1995.
QUEIMADO, José Manuel ─ Alentejo Glorioso – Évora suas ruas e conventos. Évora: 1975.
V.A. ─ A Reforma Teresiana em Portugal. Congresso Internacional 2015. Editora: Edições Carmelo.
Marco de Canaveses: 2017. Túlio Espanca, “Inventário Artístico de Portugal “, Lisboa, 1966.
Arquitetura e urbanismo Sensibilidade plástica, noção do espaço, imaginação e
memória visual
Capítulo 6
83
SOBRE O ORGANIZADOR
PEDRO HENRIQUE MÁXIMO PEREIRA - Doutor (2019) e Mestre (2014) em Arquitetura e
Urbanismo pela Universidade de Brasília. Arquiteto e Urbanista pela Universidade Estadual de
Goiás (2011), Artista Visual Universidade Federal de Goiás (2014) e especialista em Educação
(AME) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2021). É pesquisador e
pofessor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Goiás, professor
Assistente I do curso de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de
Goiás (PUC-Goiás). Atua também como professor convidado da Universidade Evangélica
de Goiás (UniEVANGÉLICA). É vencedor do Prêmio Brasília 60 anos de Tese (2020), com
a trabalho: O entre-Metrópoles Goiânia-Brasília: história e metropolização. Participa dos
Grupos de Pesquisa Novas Cidades e Topos - Paisagem, Projeto e Planejamento, ambos da
Universidade de Brasília; e do Grupo de Pesquisa CIMPARQ da PUC-Goiás. É membro da
CTAA (INEP/MEC), da Área de Artes e Humanidades. Tem experiência na área de Arquitetura,
Urbanismo e Artes Visuais, com ênfase em Teoria e/de Projeto.
Arquitetura e urbanismo Sensibilidade plástica, noção do espaço, imaginação e
memória visual
Sobre o organizador
190
ÍNDICE REMISSIVO
A
Acessibilidade 2, 61, 63, 106, 118, 174
Arquitetura 11, 12, 13, 15, 16, 25, 26, 36, 42, 53, 55, 56, 57, 63, 64, 84, 85, 86, 87, 99, 100,
101, 113, 121, 122, 125, 130, 131, 148, 149, 151, 152, 167, 168, 169, 178, 179, 180, 181,
182, 183, 184, 186, 187, 188, 189, 190
Arquitetura religiosa 13, 26, 42, 53, 55, 56
C
Catas altas 53, 54, 55, 57, 58, 59, 62
Centro histórico 38, 78, 121, 123, 124, 127, 128, 130
Chan Chan 84, 86, 87, 93, 94, 95, 98, 99, 100
Cidade contemporânea 9, 122, 127, 130, 151, 168
Cidades 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10, 26, 53, 57, 59, 64, 71, 82, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 93, 94, 95,
97, 98, 99, 103, 107, 110, 112, 113, 114, 115, 116, 117, 118, 121, 125, 129, 131, 132, 133,
137, 146, 147, 149, 151, 152, 155, 167, 168, 179, 190
Cidades brasileiras 113, 129, 131, 167, 179
Civilização inca 84, 85
Convento do Carmo Pequeno 36
Cusco 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 92, 94, 95, 96, 98, 99
D
Desenho urbano 106, 130, 141, 142, 143, 146
Desigualdade socioespacial 101, 112
E
Edifício louveira 167, 169, 170, 173, 175, 180
Évora 52, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 81, 82
F
Formação urbana 132, 133, 134
H
História da cidade 63, 114, 135, 141, 147, 148
História urbana 132
Arquitetura e urbanismo Sensibilidade plástica, noção do espaço, imaginação e
memória visual
Índice Remissivo
191
I
Itabirito 53, 54, 55, 57, 58, 59, 62
J
Jardim de chuva 151, 153, 155
L
Legislação urbanística 104, 105
M
Machu Pichu 84, 86, 88, 90, 91, 92, 93, 95, 98, 99
Morfologia urbana 84, 114, 117, 130, 131, 141, 142, 143, 150
N
Natal 111, 132, 133, 134, 135, 136, 137, 138, 139, 140
Nossa Senhora do Amparo de São Cristóvão 11, 12
P
Pachacamac 84, 86, 88, 95, 96, 97, 98, 99, 100
Paisagem 37, 117, 123, 124, 131, 141, 143, 149, 151, 152, 154, 155, 156, 168, 176, 190
Paisagem urbana 37, 124, 141, 149, 152, 155, 156
Paraty 114, 117, 122, 123, 124, 127, 129, 130
Parnamirim 132, 133, 135, 136, 137, 138, 139, 140
Parque Guinle 167, 169, 170, 171, 172, 173, 174, 175, 176, 177, 179
Patrimônio 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 15, 16, 24, 36, 39, 51, 53, 54, 55, 58, 60, 61,
62, 63, 90, 117, 123, 130, 141, 142, 143, 147, 148, 150, 170, 179
Patrimônio histórico 2, 8, 10, 15, 24, 39, 51, 60, 63, 123, 170, 179
Planejamento urbano e regional 131
R
Restauração 11, 21, 25, 36, 40, 51
S
Santiago calatrava 181, 182, 183, 186, 188
São Cristóvão 11, 12, 14, 15, 16, 23, 36, 37, 38, 43, 51, 52
São Paulo 10, 25, 51, 52, 63, 99, 101, 102, 105, 106, 107, 108, 109, 110, 112, 113, 130,
131, 149, 150, 151, 155, 156, 169, 170, 178, 179, 180, 189
Sustentabilidade 1, 111, 113, 151, 156
Arquitetura e urbanismo Sensibilidade plástica, noção do espaço, imaginação e
memória visual
Índice Remissivo
192
T
Técnicas construtivas 11, 16, 62
Tepic 26, 27, 31, 34
Teresina 141, 142, 143, 144, 145, 146, 148, 149, 150
Tombamento 5, 7, 8, 9, 170
U
Urbanismo 11, 35, 36, 84, 85, 86, 87, 88, 93, 98, 99, 100, 101, 102, 106, 113, 122, 129, 130,
131, 149, 157, 179, 180, 181, 190
V
Vila real de santo antônio 114, 117, 125, 129
Arquitetura e urbanismo Sensibilidade plástica, noção do espaço, imaginação e
memória visual
Índice Remissivo
193