UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
Disciplina: FILO0036 – Introdução à Metodologia Científica
Campus São Cristóvão – DFL Professor: Marcelo de Santana Alves Primo
Turma/Matrícula: 06/201410090962 Data: 16/07/2014
Discente: Gabriel Matias Queiroz
ROSSI, Paolo. “Bacon e a Bíblia”. In:_______. A Ciência e a Filosofia dos Modernos. São Paulo: UNESP, 1992.
Entre os séculos XVI e XVII, um grandioso esquema teológico permeava uma parte muito relevante da cultura. Em muitos textos da época estão expressos a ideia do saber como resgate e redenção, como atividades que têm por fim a anulação do ‘maldito pecado de Adão’. Essa tradição antiquíssima presente nos anos da Revolução Científica constituía não o simples resíduo do medievo, mas uma força operante, que fornece à cultura uma série de orientações e pontos de referência e foi abordada de diversas formas e com ênfases e intenções diferentes pelos diversos autores e estudiosos da época.
Dentre esses autores, o capítulo analisado ressalta Francis Bacon. Em suas obras há toda uma série de referências ao texto bíblico e é a partir da Bíblia que Bacon baseia-se para construir alguns de seus pensamentos, como a recusa da cultura grega e da filosofia escolástica. Essa recusa nasceu no plano de uma condenação moral, de uma acusação de impiedade religiosa e de uma contraposição da Bíblia à filosofia de Aristóteles; Foi inserida também no grande esquema teológico, a reforma do saber, pela qual Bacon trabalhou incansavelmente.
A consciência de uma diferente função atribuída ao saber comportava uma ruptura decisiva com uma tradição milenar e atravessa toda a obra de Bacon. Para ele, aquelas filosofias (grega/escolástica) são a expressão de uma atitude moralmente culpada. Em lugar do apreço pela realidade e respeito pela obra do Criador, a tradição filosófica coloca ‘as astúcias do engenho e a obscuridade das palavras’ e ‘uma religião adulterada’. Essas degenerações oriundas de uma soberba intelectual tornaram a filosofia estéril de obras e semelhante a uma mulher incapaz de procriar. A variedade das doutrinas e das filosofias era apenas aparente, na realidade, elas são apenas uma parte da filosofia grega que foi alimentada por séculos.
Essa condenação do pensamento grego vai se entrelaçando com a discussão sobre a queda original e com o motivo da sapiência dos antigos: “Imprimimos inteiramente as marcas da nossa imagem sobre as criaturas e sobre as obras de Deus, ao invés de observar com cuidado e reconhecer nelas as marcas do Criador”. Portanto, confiando-se ao pensamento grego, os homens perpetuaram as consequências do pecado. Havia se renovado na Grécia a soberba pretensão de Adão; a figura de Aristóteles aproxima-se à figura do Anticristo. Deste ponto de vista, explica-se como a filosofia escolástica, que se dedicou principalmente ao estudo aristotélico, parece a Bacon uma forma de impostura religiosa.
Para o pensador, a escolástica carrega, portanto a responsabilidade histórica deste processo de afastamento de Deus e das Escrituras, pois havia incorporado na religião cristã a filosofia aristotélica. Dessa forma, ao confundir as coisas humanas e as coisas divinas, gerou-se uma situação danosa ao progresso do saber, já que nessa filosofia, parecem ter direito de cidadania só as opiniões já difundidas; as novas regiões da ciência e da cultura são vistas com suspeita por parte da religião.
A procura por um saber mais fecundo em resultados, mais respeitoso com a natureza, soma-se com a exigência de um retorno à pureza dos textos sagrados e à simplicidade da fé. Estas ideias tinham atravessado toda a cultura europeia. Em tom e formas diversas, encontramos em inúmeros textos do Humanismo tanto a condenação escolástica quanto aquela exigência de retorno à fé dos Apóstolos, além da tentativa de traçar um quadro histórico das alternâncias do pensamento cristão.
No entanto, Bacon não tinha poupado críticas às atitudes e doutrinas dos Humanistas, como o culto excessivo dos antigos autores, o ódio pela filosofia das escolas, etc. O saber delicado dos Humanistas, feito de vãs afeições, é posto por Bacon no mesmo plano do ‘saber contencioso’ da escolástica e do ‘saber frenético’ dos cultores da magia e alquimia. Bacon rechaça também toda ‘filosofia natural’ que se baseia na leitura alegórica dos textos sagrados. Isto significa afastar-se dos temas do exemplarismo e do simbolismo, tão difundidos na tradição filosófica e ainda comuns no século XVII. A teologia sagrada deve então extrair seu alimento da palavra de Deus, não da teologia natural. Não é, portanto, legítimo, esperar do estudo das coisas materiais qualquer luz sobre a natureza e a vontade divinas.
Bacon considerava que deviam manter-se separados os dois campos da teologia e da ciência. Para ele, as preocupações dos religiosos diante do desenvolvimento da ciência não tinha nenhuma razão de ser. A ‘queda’ inicial que selou o destino do homem não depende da ciência natural das criaturas, mas da pretensão humana à ciência do bem e do mal. Mediante a religião e a fé, o homem poderia recuperar o estado de justiça no qual Deus o tinha criado; mediante as artes e obras poderia conquistar novamente o seu domínio sobre as coisas. Depois da maldição divina, o mundo não tinha tornado-se completamente rebelde, pois com o suor o homem poderia submetê-lo novamente à sua utilidade. Para recuperar a iluminação do intelecto perdida com a maldição, seria necessária uma reforma da atitude do homem diante do mundo (reforma do conhecimento).
Assim, a ciência e o conhecimento são uma tentativa de reconquistar aquilo que o pecado nos arrebatou: “O verdadeiro fim do conhecimento é a restituição e a restauração do homem à soberania e ao poder que ele tinha no primeiro estágio da criação [...]”. Ou seja, o homem pode, mediante as obras, redimir-se do pecado e reconquistar o poder perdido sobre o mundo. Aquilo que se pede à religião, isto é, que a fé seja demonstrada pelas obras, vale também para a filosofia original. A luz da ciência é pura e sem malefício enquanto desejo de descoberta, praticada em espírito de caridade.
Bacon tinha a esperança de que sua doutrina se mostrasse capaz de construir uma reviravolta na história humana, selando o fim de uma cultura e o início de uma nova época da qual ele se sentia o arauto. Em uma série de obras inéditas, ele tinha exposto os conceitos fundamentais de seu programa de reforma e que insistiam no conceito de que o saber anterior era totalmente transviado, afirmando a necessidade de um ponto de vista radicalmente novo. Em síntese, são elementos essenciais do programa de Bacon: a recusa do princípio aristotélico da abstração como base para a classificação do saber, a negação de qualquer possibilidade de passagem da física à metafísica como ‘discurso em torno da natureza de Deus’, oposição à escolástica, que concebe o mundo natural como imagem e manifestação viva de Deus, rejeição à mistura teologia-filosofia e a crença da superstição, mascarada de religiosidade, como um dos maiores obstáculos ao avanço do saber.
Bacon serviu-se amplamente dos textos bíblicos e a partir deles, fez derivar teses inovadoras e revolucionárias. Seus conceitos inseridos em um contexto mais amplo iam mudando de significado e ganhando expressão nos séculos sucessivos. Sua ideia da separação entre filosofia e teologia era o registro do nascimento da autonomia da pesquisa científica, por exemplo. Assim, pode-se dizer que Bacon e seus conceitos esquematizados dentro de um esquema teológico, foram precursores de mudanças significativas na sociedade e cultura que viriam à frente.
A base do Abaís, no extremo sul de Sergipe, fica entre as praias da Caueira, em Itaporanga D’Ajuda, e a do Abaís, que pertence ao município de Estância. Monitora 36Km de praias, desde a foz do rio Real, ao sul, até o Vasa Barris, ao norte. Está inserida na APA Estadual do Litoral Sul (Decreto N0 13.468 de 21/01/1993).
Nas praias de Boa Viagem, Abaís e Caueira registra-se intensa atividade reprodutiva das espécies oliva (Lepidochelys olivacea) e cabeçuda (Caretta caretta) e de pente (Eretmochelys imbricata) - as duas últimas em menor proporção. As praias não têm pedras ou costões, facilitando o monitoramento e a localização de cerca de 1.500 desovas que geram 65 mil filhotes a cada temporada reprodutiva.
A região sofre com a especulação imobiliária, que potencializa as ameaças
às tartarugas marinhas, especialmente através das construções irregulares, com descaracterização do ambiente costeiro e consequente utilização de iluminação artificial.
A vegetação de restinga arbustiva é principalmente constituída por plantas que apresentam cerca de 1 metro a 5 metros de altura, com possibilidade de ocorrência de estratificação, epífitas, trepadeiras e acúmulo de serapilheira.
Apresenta geralmente maior diversidade de flores do que a vegetação de restinga subarbustiva e pode ser encontrada em áreas bem drenadas ou paludosas. Ocorre principalmente em dunas semi-fixas e fixas, depressões, cordões arenosos, planícies e terraços arenosos.
O manguezal é considerado um ecossistema costeiro de transição entre os ambientes terrestre e marinho. Característico de regiões tropicais e subtropicais, está sujeito ao regime das marés, dominado por espécies vegetais típicas, às quais se associam a outros componentes vegetais e animais.
O ecossistema manguezal está associado às margens de baías, barras, enseadas, desembocaduras de rios, lagunas e reentrâncias costeiras, onde haja encontro de águas de rios com a do mar, ou diretamente expostos à linha da costa. A cobertura vegetal, ao contrário do que acontece nas praias arenosas e nas dunas, instala-se em substratos de vasa de formação recente, de pequena declividade, sob a ação diária das marés de água salgada ou, pelo menos, salobra.
A riqueza biológica dos ecossistemas costeiros faz com que essas áreas sejam os grandes "berçários" naturais, tanto para as espécies características desses ambientes, como para peixes e outros animais que migram para as áreas costeiras durante, pelo menos, uma fase do ciclo de sua vida.