I
A
UNIVERSIDADE FEDERAL DE sANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE Pós-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
CURSO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO; EDUCAÇÃO E TRABALHO
'
1
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A
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PRODUÇÃO AGRÍCOLA INTEGRADA
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DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, SOCIAL E
'
HUMANO
E A EDUCAÇÃO
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ROQUE STRIEDER-
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FLORIANÓPOLIS, AGOSTO/1996
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uN|vERs|DADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
CURSO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO
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“PROD UÇAO AGRIC OLA INTEGRADA DESEN VOL VYMENTO
ECONÓMICO, SOCIAL E H UMANO E A EDUCAÇÃO
V
_
Dissertação submetida ao Colegiado do Curso
de Mestrado em Educação do Centro de
Ciências da Educação em cumprimento parcial
para a obtenção do título de Mestre em
Educação.
~
APROVADO PELA COMISSAO
EXAMINADORA em
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Prof. Dr.
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Prof. Dr. Pe.
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Prof. Dr.
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Norberto Jacob Etges-(O Irentador)
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Prof...
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09/08/96
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er (Examinador)
aetsäšxaminador)
Lauro Carlos
Witt~te)
_.
R
UE STRIEDER
Florianópolis, Santa Catgrina, agosto de 1996.
'
-
III'
AGRADECIMENTOS:
À
Tasi, companheira e esposa, pelo incentivo carinhoso, pela
força e compreensão.
Aos filhos: Charlie, Diovana e Magda, por
terem compreendido as minhas ausências e
pelo carinho de seus sorrisos.
Ao Prof.
Dr. Norberto J. Etges, pelo desapela
.exigência
fio,
rigorosa, na abertura do
fantástico mundo conceitual e de desenvolvi-
mento da
inteligência
humana, mas
e, princi-
pahnente estima e pela grande amizade.
Aos integrados produtores, em especial ao
meu irmão Hilário e aos meus pais, pela beleza
e riqueza das nossas conversas, discussões e,
porque as vossas ações produtivas, altamente
qualificadas, são orgulho e contém o gérrnen
da universalização e da construção de sujeitos
livres e plenos.
Aos amigos e
las críticas.
colegas, pelos debates e pe-
IV
“E na diversidade das condições e dos objetos que
,
.
intervém, que se desenvolve a cultura teórica.
Constitui ela não só um variado conjnmto de representações e conhecimentos mas ainda mobilidade, rapidez e encadeamento das representações
e conhecimentos bem como a compreensão de relações complicadas e universais, etc... No entanto,
o que há de universal e de objetivo no trabalho,
liga-se à abstração que é produzida pela especificidade dos meios e das carências e de que resulta
também a especificação da produção e a divisão
dos trabalhos. Pela divisão, o trabalho do indivíduo torna-se mais simples, aumentando a sua aptidão para o trabalho abstrato bem como a quantidade de sua produção. Esta abstração das aptidões e dos meios completa, ao mesmo tempo, a
dependência mútua dos homens para a satisfação
das outras carências, assim se estabelecendo uma
necossidade total.
suma, a abstração da produção leva a mecanizar cada vez mais o trabalho
Em
e, por fim, é possível que o homem seja excluído e
a máquina o substitua”. HEGEL, G.W.F. Filoso-
fia do Direito, l990:187/88.
ABSTRACT
This dissertation takes as
its
Integrated Agribusiness Sistem.
objetct the productive activites
It tries
in the
to analyze the social, intellectual e ecnomie deve-
new modem
lopment of the Integrated farmer, as he manipulates
engineering and develops
of the small farmer
new forms of
tecnologies, genetic
organization by connecting other sunilar agents
of agricultural production to each other through networks of autonomus associates or as
associates of a
Abstract
new type of independent cooperative
Human Labor
is
the
all
agribusiness
important explaining category, as the objective or-
ganizing principle or force, of the intellectual, technological and organizational revoluti-
on taking place
organizations.
in agricultural
production as
it is
in other areas
The Integrated small farmer does not seem to
ductive structures as
many other subsistence
of industrial and business
resist
modernization of pro-
peasantes do, and he becomes thes a
new
man of
descentralized abilities, a
much more
nomic
with his partners in the community, but with “Strangers” in the
relations, not only
flexible man,
open to
establish
and eco-
social
larger world.
In his actual dependency to big agribusiness the small Integrated farmer certainly does
undergo many constraints whichoblige him to work
the same time, there seems to
economic and
produces in his
This,
the infia-structure or the condition of his
social development.
own
ways he was not used
He now
visualizes
property, thus aggregating
ways
much more
new ways of tackling
time/space relations,
a new view of quality production in the
but at
new view of
value to his final products.
new hygienie
interests
to,
to industrialize his agro-
of course, demands new forms of organizational thinking, new
behavior,
tion,
lie-
in
athical atitudes
and
conditions of produc-
of the consumer, and of course, a
new view of man himself, not just as a mere consumer, but as a fully human being, fiee of
alienated work, deserving the best
come,
effectively,
of his
attention. In
a word, the small farmer
a new man in a new and belter world.
may
be-
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
.......................................................................................................
..
CAPITULO I__ ................................... ..¿................................................................
A PRODUÇAO PARA A INTEGRACAO
..
...........................................................
A COLONIZAÇÃO DO OESTE CATARINENSE
A FORMAÇÃO ECONÔMICA DO OESTE CATARINENSE
1.2.6 EM BUSCA DA COMERCIALIZAÇÃO
1.2.I›_ SURGEM AS AGROINDÚSTRIAS
1.3 _ NOVA GENÉTICA; NOVAS FORMAS DE PRODUZIR
1.4 _ PRODUÇÃO AGRÍCOLA EM ESCALA INDUSTRIAL; A NECESSIDADE DA AGROINDUSTRIA
._
011
011
1.1 _
...................................
..
_
.................
..
1.2
_
.........................................
..
.................................................
..
........................ ..
“
.................................................................
1.5 O SURGIMENTO DE TUNAS
1.6 _ CONSTRUÇÃO DA SUBIETIVIDADE
1.7 _ A PEQUENA PROPRIEDADE
1.8 _ A PEQUENA PROPRIEDADE INTEGRADA
_
..
.................................................................. ..
..................................................
..
................................................................
..
........................................
..
CAPÍTULO II _ ................................................................................................
A ESTRUTURAÇÃO PARA UMA PRODUÇÃO CAPITALISTA .................
..
DE OBRA
11.1.15 O TRABALHO DA MULHER E INFANTIL
111.6 UMA FORMA TERCEIRIZADA DE PRODUÇÃO
111.6 _ A FORMA DE PAGAMENTO
111.6 _ O COMPROMISSO DO AGRICULTOR INTEGRADO
11.1 .f_ A PROXIMIDADE COM TECNOLOGIAS PRODUTIVAS E GE11.1.a_MÃO
..
............................................................................
_
................................
_
..
..
.....................
_.
.....................................................
..
............... ..
1I.1.g
_
NETICAS
.....................................................................................
UM AGRICULTOR COM PODER DE DECISÃO
014
014
018
019
023
028
029
031
033
037
038
038
039
040
042
047
048
049
050
052
053
..
......................
004
010
..
CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DOS INTEGRADOS ......................
A INFLUENCIA RELIGIOSA E ESCOLAR ................................
11.1.j. _ O JOGO DO VAI E VEM DA INTEGRAÇÃO ...........................
11.2 _ PRODUÇÃO CAPITALISTA; UM IMPASSE OU UMA1MPOSS1_
BIIDADE AO DESENVOLVIMENTO PLENO ................................................... 055
11.1.11 _
..
I1.1.i _
..
..
INTEGRAÇÃO NOVAS OPORTUNIDADES
_
11.4 A ESTRUTURA DA INTEGRAÇÃO
114.6 _ AVES
11.3 _
..
.......................................
....................................................
II.4.b
_
..
..
.........................................................................................
..
.....................................................................................
..
SUÍNOS
II.4.I›.1 _
11.4.62
_
1I.4.b.3
_
UPL _ UNIDADE DE PRODUÇÃO DE LEITÕES
TERMINAÇÃO
INTEGRADO- DE CICLO COMPLETO
..............
.... _.
..........................................
....................
_.
..
057
058
059
059
059
061
062
CAPÍTULO III _ ...................... ......................................................................... 066
A REORGANIZAÇÃO ECONÓMICAz DE AGRICULTOR PARA PRODUTOR,
..
UMA GLOBALIZAÇÃO
111.1 _
ZAÇÃO
...................................................................................... ..
DA GLOBALIZAÇÃO PARA A SUBMISSÃO, PARA A GLOBAL1_
.................................................................................................................
_
111.2
111.3 _
DE SUBALTERNO PARA PRODUTOR PLENO
BUSCANDO A UNIVERSALIZAÇÃO
1113.6 _ PRODUTOR HISTÓRICO
..
................................
..
.................................................
..
.......................................................
CAPÍTULO IV _ ...................................................................................................
..
067
067
074
084
086
091
..
1
VII
CONSTRUÇÃO DO CONCEITO DE TRABALHO HUMANO ABSTRATO
IV.1 - A OÊNESE DO TRABALHO HUMANO ABSTRATO
IV.1.a - A PRODUÇÃO ARTESANAL
IV.1.1› - MANUPATURAz DIVISÃO DO TRABALHO E PLANEJA-
092
092
093
...... ..
......................... ..
..................
............................ ..
MENTO DO PROCESSO
IV.1.c A MERCADORIA FORÇA DE TRABALHO
IV.1.d TRABALHO, VALOR DE USO E VALOR DE TROCA
IV.1.e MÁQUINAS E REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
IV.1_.`f- PRODUÇÃO INPORMATIZADA
......................................................... ..
Ç
-
.......................... ..
-
..... ._
'-
_
.........................
094
096
09s
100
103
104
..
............................................ ..
4
IV.2
_
TRABALHO HUMANO ABSTRATO
IV.2.a - O PRESSUPOSTO DO TRABALHO HUMANO ABSTRATO
IV.2.1› - UMA ABSTRAÇÃOz VALOR DE TROCA
IV.2.z - A OBJETIVIDADE DO TRABALHO HUMANO ABSTRATO
IV.2.d - TRABALHO HUMANO ABSTRATO, UM DEVIR HUMA-
.................................................. ..
`
.................................................................................
».
............................ ..
...................................................................................
IV.3
-
NO
............................ .; ............................................................ ..
ATIVIDADE DE NÍVEL SUPERIOR;
NO
_.
UM TRABALHADOR PLE
.........................................................................................................
..
CAPÍTULO V - ..................................................................................................
SISTEMA DE INTEGRAÇÃO: DE AORICULTOR A PRODUTOR PLENO
V.1 - REORGANIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS ....................
V.2 - CIÊNCIAS E TECNOLOGIA: NOVOS CONCEITOS DE ESPAÇO E
..
..... ..
_.
,DE TEMPO
TEMPO E ESPAÇO E As NOVAS NECESSIDADES DE UMA
EXISTÊNCIA MAIS PLENA
V.4 _ A NOVA PONTE DE VALOR
V.5 - SUPERANDO IMPASSES E EOUIVOCOS
V.ó _ PERSPECTIVAS DE PRODUÇÃO DE NOVAS ESTRUTURAS DE
AÇÃO
_
V.7 DIALETICA DAS ESTRUTURAS DE AÇÃO E, AUTONOMIA
V.s _ O TRABALHO HUMANO ABSTRATO, PÕE O SUJEITO COM
TEMPO LIVRE
CONCLUSÃO
............................................... .L ......................................... ..
›
V.3
106
108
110
111
113
11s
1 19
119
120
-
..............
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...................................................................................................
..
...... ..
.................................................................................... ..
....................................................................................................
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................
..
..
124
127
132
137
140
144
149
154
4
RESUMO
~
O presente trabalho,
ma de Integração,
vimento
toma como objeto de investigação a prática produtiva no
da Região do Extremo Oeste de Santa Catarina e analisa o desenvol-
social, intelectual
matéria prima
Siste-
came-
e econômico do agricultor integrado,
frangos e suínos
das possibilidade de construção do
-
ou
seja,
produtor da
junto à Agroindústrias. da Região.
É uma análise
homem agricultor, uma vez que, ao manipular através
de suas novas atividades, modernas tecnologias produtivas, organizacionais e da engenharia genética, encontra a perspectiva de estabelecer
uma
rede de relações entre estas
novas tecnologias e o desenvolvimento da inteligência humana.
Desde a década de
mente do
país,
em outros
60, a agricultura
da Região, objeto do presente estudo, e
vem sofrendo uma intervenção
para que
as-
atividades- agrícolas
certa-
ingressem
ritmos de objetividade e racionalidade, agora proporcionados pelos avanços
das conquistas tecnológicas e das pesquisas da engenharia genética.
fazer as crescentes e os cada vez mais exigentes carecimentos
limites, tanto qualitativos.
da agricultura
tradicional.
A urgência em satis-
humanos, aponta para os
quanto quantitativos da produção alimentar obtida nas práticas
Assim, após
um vagaroso
introdução das novas técnicas de produção,
e longo processo de implantação e
com uma
engenharia genética que exigiu a
re-estruturação das concepções de tempo, de espaço, de organização da propriedade,
supera-se a produção
tradicional-. O»
que se presencia agora
priedades do Oeste Catarinense, é a presença de
rial produtiva.
em grande
uma racionalidade
número de pro-
e objetividade mate-
A anterior e tradicional produção, quase que exclusiva para a sobrevivên-
cia,
assume nestes noyos padrões, proporções gigantescas, tomando o integrado produ-
tor,
um alguém com
presença garantida no mercado
em fase de globalização.
Na insistência em conhecer e 'apreender os segredos das novas linhagens
de suíno, o seu manuseio mais objetivo, mais sistemático, exigindo
o usode novos equipamentos, o integrado passa a conviver
de frango e
uma maior presença,
com as profundas
nas relações de produção e de trabalho inerentes à sociedade capitalista,
enquadramento nas quase infinitas possibilidades da terceira Revolução
estas formas de re-organização nas atividades produtivas-
u
alterações
em fase
Industrial.
em sua propriedade,
de
re-
Todas
requerem
2,
do integrado produtor, uma maior capacidade no executar de atividades mais
lizadas e
de tomar
um maior número de decisões.
Para que essa percepção se fizesse possível, tomou-se
Humano
de Trabalho
intelectua-
encontra aplicação.
como
base teórica o conceito
Abstrato, cujo processo de desenvolvimento
A lógica do
desenvolvimento do Trabalho
aqui se justifica e
Humano
Abstrato, passa
em ocorrência
um princípio de
a ser o princípio organizador de toda a revolução tecnológica e intelectual
e,
causa das possibilidades da informatização e da automação. Ele é
um devir
ação,
do trabalhosimples, cuja dinâmica. determina todas
as-
formas históricas
do trabalho e das forças produtivas. Assim, as profiindas alterações emergentes na
edade
capitalista,
são resultado de
um longo processo de desenvolvimento
da
inteligência
humana, cujo fundamento encontra seu princípio ativo e primeiro, no Trabalho
Abstrato.
O
que o força
integrado produtor encontra pois, na produção integrada
a,
num espaço
um
soci-
Humano
catalisador,
de tempo mais reduzido, absorver as alterações nas relações
produtivas, e organizações de trabalho. Aparece então intermediado pelas infinitas possibilidades
do Trabalho Humano Abstrato, a condição para o surgimento de novas
estru-
turas cognitivas que- possibilitam a saída das condições de vida confinadas â propriedade,
lançando o integrado produtor dentro de
um novo
universo de relações sociais, econô-
micas e intelectuais.
As transformações
lecimento de
tecnológicas, a produção de mais e melhores produtos, o estabe-
um novo mundo
de relações, de interdependências, a necessidade de estar
informado, de adaptar-se às constantes e incessantes inovações na genética, no consumo,
na compressão do binômio tempo/espaço, exigem-lhe nova escala de valores, novos
rit-
mos, novas normas a serem construídas e seguidas e conseqüente novas estruturas de
pensamento. Suas ações já não se resumem à comunidade, mas se estendem a nível universal.
O integrado produtor toma-se mais flexível e certamente prepara-se para a toma-
da de decisões muito mais particularizadas e detalhadas. Toda esta sua nova conjuntura,
transforma-o
num alguém com
escolha e a decisão de o que e
conhecimento de causa, encurtando a distância entre a
como
produzir. Mobilizado por esta
nova dinâmica, o
integrado produtor prepara-se para não apenas atuar de forma adequada e ética dentro
das condições que a sociedade capitalista lhe oferece,
criar
mas toma-o capaz de produzir e
novas condições, cuja ética, embasada neles mesmos,
possibilita
a quebra da relação
3
de pura dependência, enquanto o prepara para agir de forma mais universalizada e dentro
de condições de vida mais humanizantes. Muito mais do que o agricultor que
modernização da estrutura produtiva, o integrado produtor, torna-se
resiste
à
um homem com
capacidade descentralizadora,um ser mais aberto, superando suas angústias, dúvidas e
medos,
bases' necessárias
para
iniciar
conquistou autonomia e que é ao
um processo
mesmo tempo
diversidade de frentes de atuação que o
de relacionamento como
sujeito
que
muito mais flexível, diante da grande
desafiam no
cotidiano.
O desenvolvimento» das forças e formas produtivas de trabalho, levados a` efeito» pelo
tendofcomo princípio ativo
capital,
of
Trabalho
Humano
Abstrato, hoje proporciona as
homem
condições para o não trabalho manual e concreto, ou seja está permitindo que o
se coloque
como alguém singular,
sujeito
do processo de sua própria construção.
nologia presente na informatização, na automação, põe as condições para que o
A tec-
homem,
o integrado produtor, sinta-se diante das condições que tornam concreto o seu ser pensante, pois é através
do conceitual, do
melhora as suas condições de
abstrato,
vida. Resta,
como
não do esforço fisico, que
se
afirma na conclusão,
ele
produz e
criar e materiali-
zar concretamente as condições que viabilizam a industrialização da produção
propriedade, o que exige o estabelecimento de
Este no entanto, está a exigir
relação
em
sua
um novo e diverso mercado de consumo.
um novo código de ética, novas normas de organização, de
com binômio tempo/espaço,
de condições de higiene, de critérios e de qualidades
mais orgânicas dos produtos, que superem e extrapolem os interesses da 'racionalidade
capitalista.
do
e,
ao
São pressupostos para se construir o novo, o
homem livre dotrabalho
aliena-
mesmo tempo são pressupostos para a materialização da sociedade de decisões.
9
INTRODUÇÃO
Desde a década de sessenta que a região do Extremo Oeste Catarinense
está sofi'endo
tuna reestruturação do processo de produção agrícola, principalmente no setor de fi'an-
gos e suínos.
A partir dessa década tem início a implantação gradativa da produção inte-
grada. Mais conhecido
como Sistema de Integração,
como uma articu-
ela caracteriza-se
lação entre empresas industriais e pequenos proprietários produtores.
Os
integrados são
produtores, cujo processo de produção ,uma vez iniciado insere-se na lógica racional da
produção
industrial,
onde a aplicação dos conhecimentos científicos, principahnente os
da engenharia genética assumem papel preponderante.
1
.
Por
ter
acompanhado
o»
t»
_
processo de implantação do Sistema de Integração, experi-
mentado as grandes contradições. que a acompanham, por
do, por atuar
como educador numa região
ser filho de produtor integra-
essenciahnente dependente da produção agro-
em vários aspectos
descritiva e, pela oportunidade e necessidade acadêmica de elaborar uma dissertação de
Mestrado, decidi pelo presente estudo. A ótica do mesmo, não objetiva em seu eixo
industrial e
por considerar que a literatura referente era descontínua e
central a análise
lar
da agroindústria e a estrutura de seus mecanismos que passam a contro-
não só a produção mas todo o processo» produtivo.
integrado.
Não
se pretende enxergar
plorado e subjugado.
que a eles são
O
interesse é
A temática central é o produtor
também este produtor pela
oz
simples fórmula do ex-
de avançar para além de conceitos e das práticas
inerentes.
A integração cerca o
produtor integrado de
mn mundo de aparências cuja decodifica-
ção não é alcançada se no centro da análise e se a direção do olhar .tiver como 'ponto de
partida a agroindústria estendendo-se sobre os integrados.
correta quando se pretende ver o integrado
relação contratual
com a empresa.
preocupação e interesse
quanto ele se reconhece
em
útil
saber
É
certamente a atitude mais
como homem sofrido
e manietado por
uma
Vê-lo assim é confiná-,lo à passividade sem a menor
como
ele se sente,
e imprescindível dentro
o conceito que
ele
tem de
si,
o
do mercado produtor de came.
Neste sentido, as aparências são insuficientes para explicar e entender quais são de
fato e concretamente as possibilidades e os limites
da integração:
um processo produtivo
5
que comunga padronização e qualidade
com a
tecnologia da engenharia genética., É na
como produz,
investigação concreta, objetiva e direta junto ao produtor integrado, de.
que meios materiais
utiliza
para produzir a matéria prima came, enquanto e
em paralelo
vai produzindo a sua auto-confiança, que será possível desvelar o real conteúdo presente
Ao mesmo tempo
na prática quotidiana desse tipo de produção.
as aparências mais tan-
gíveis são incapazes de escamotear por completo, elementos essenciais
duzir ao melhor e mais profundo conhecimento de
si
e da
materiali'da__d'e
ingredientes que integram a investigação por terem a capacidade
dade, motivando o estudo.
O
produtor integrado ao ser analisado
.
\`.
.
.f ..
_
.
._
.9-
.-,
,
São esses
z.
.
.
'
..¢_
l
_
.
1
.¬
_
quando esta análise se mantém atenta às
e,
'
1
'
.
M5.. ;_..
1
Í
'
_
`
.-
posta.
in-
despertar a curiosi-
~
.
z
-del
\.
,
que possam'
-
I.
condições materiais ultimamente emergentes da e_na sociedade, deduz-se facilmente que
existe
uma
_
gradual revolução ein andamento: na qual ele
mudanças patrocinadas pelas conquistas da ciência, afetam
I
também
está inserido. Estas
inteira e internamente
grado. Profundas são as alterações que a tecnologia genética e organizacional
o
inte-
tem pro-
vocado nas condições materiais de produção. As conseqüências imediatas desse processo
transformador são
as.
significativas alterações.
trabalho, das noções de
do conceito de produzir, do conceito de
tempo e de espaço, da estrutura organizacional e que por sua vez
afetam a própria forma de vida do integrado, o seu relacionamento consigo
e~
com os não
integrados, exigindo profundas modificações na sua forma de ser e de pensar.
como negar que a modernização do processo
do
homem
produtor integrado.
-
O
produtivo implica na
Não há
também reconstrução
seu novo. cotidiano é o ambiente propício para a
ocorrência de significativos avanços cognitivos.
Ou
seja, é viável
enxergar a nova estru-
tura produtiva
como uma perspectiva de que a medida que avançam as sua relações, os
seus contatos
com novas
e modernas tecnologias,
como oportunidades de
desenvolvi-
mento da sua inteligência.
A inserção numa nova realidade produtiva,
são segundo
e
o-
e o reconhecimento dessa realidade- não
materialismo histórico suficientes para transformá-la.
nem mesmo o
integrado
cada qual tem da mesma.
dade objetiva e
material.
modificam a
realidade objetiva
Nem o
em função
pesquisador
daapreensão que
Nem sempre a realidade pensada encontra simetria com a realiEssa contradição é conflituosa também na integração, cujos
elementos interceptam-se entre ser tão somente
um modelo produtivo
que reforça o
sis-
6
dade objetiva e material. Essa contradição é conflituosa também na integração, cujos
elementos interceptam-se entre ser tão somente
tema capitalista
e,
por
si
sis-
ou tornar-se uma prática revolucionária capaz de romper com a repro-
dução das relações sociais de produção
modo de produção
reproduz o
um modelo produtivo que reforça o
É
capitalista.
capitalista,
correto»
afirmar que a integração
mas como a forma de produção
só contraditória, a produção integrada
tem a imanência da
capitalista é
contradição.
Uma con-
tradição na qual existe a possibilidade revolucionária, encontrando impulso na necessida-
de
do'
um homem mais confiante, mais au-
sistema de integração de construir e produzir
tônomo
e
com muito mais decisões
a tomar. As estratégias de
uma maior
racionalidade
na organização material do processo produtivo colocadas à disposição dos integrados
para o de`senvolvimento
de-
suas novas atividades produtivas, tomam-se os responsáveis
pelo rompimento de suas tradicionais estruturas e verdades internas
bem como
zam a criação
um agir mais produ-
tivo tanto
das novas estruturas que por certo o alavancam para
nos aspectos econômicos quanto
sociais, políticos e intelectuais._
nenhuma a mediação do Professor Dr. Norberto Jacob Etges,
foi.
,
.
oportuni-
Sem
dúvida
extremamente proficua
‹
a ponto de a sua qualitativa ação- pedagógica ter propiciado a necessária sintonia entre as
bases teóricas
em Marx, Hegel,
Giddenš* e, outros,
o .enxergar da possibilidade ide cons-
trução de mais autonon1ia"iciognitiva e social apartir da integração.. Acreditar no integra-
do e na sua capacidade
e-
ao
mesmo tempo encontrar
nele vigorosas marcas de autoesti-
ma são o pressuposto para o devir que em potencial nele existe.
Também à luz das discussões tanto no periodo de aulas quanto na fase de orientação,
Etges proporcionou uma profunda apreensão do mundo conceitual e da fantástica possibilidade
de desenvolvimento conceitual e material do Trabalho
Humano
Abstrato.
O
pressuposto do devir a ele imanente, permite o enxergar-se a passagem do trabalho imediato e concreto para o trabalho intelectual materializado
na máquina.
É
ver no desen-
volvimento das relações sociais e cognoscitivas, proporcionados pela integração, a possibilidade
do agricultor passar a
sentir-se
mais gente na caminhada construtiva da auto-
nomia.
O estudo se propõe a analisar as reais e concretas possibilidades da integração, enxergando o integrado como um ser potencialmente capaz de superar-se ao invés de sentir-se
inepto e
sem iniciativas, uma tão somente vítima da exploração
Q
capitalista.
Na medida em
7
que a prática da integração
alia-se
à objetividade e racionalidade das conquistas da pes-
quisa científica e tecnológica, ela passa a favorecer a exteriorização do potencial produtivo.
O conteúdo que impõe um processo mais racional, encontra-se na sua base material,
na forma material de organização do novo modo de produção e na estrutura das relações
sociais
que o acompanham.
A opção é pois entender como e concretamenteo
agricultor
ao integrar-se passa por um' processo de reconstrução de sua personalidade de seu
de ser de sua nova escala de valores.
gração e cuja materialidade
podem
Há elementos que determinam e constituem
ser
o»
modo
a
inte-
agente indispensável da busca de maior auto-
nomia econômica e cognitiva.
'
Assim, no primeiro capítulo é
feita
uma análise do processo da implantação» da produ-
como um resgate do
ção para a integração. Configura-se
contexto histórico e formal das
formas materiais que se constituíram nos motivos e moldes da implantação do sistema
integrado de produção-. Faz referência aos aspectos históricos da colonização, especifi-
camente da região do Porto Novo
-
hoje Itapiranga, Tunápolis e São João do Oeste
passa pela produção nos moldes artesanais, apontando os seus limites
estrutura
e,
-
avança até a
da integração. Analisa também os pressupostos materiais que orquestraram a
viabilização
da introdução dos modernos processos organizacionais e produtivos e a
tecnologia genética. Portanto,
o~
primeiro capítulo
da transformação do agricultor tradicional para
muito mais comprometido.
tem por
um
objetivo, analisar
produtor muito
alta
o processo
mais racional e
j
z
'
'tor
No segundo capítulo, ér analisado
a implicação da passagem do agricultor para produ-
e a forma gradual da globalização não só de sua produção
do, enquanto
volvem o
homem.
Inicia
uma análise
mas também
das condições, conflitos de contradições que en-
setor agrícola e dentro das quais
podem encontrar-se um compromisso com o
rompimento da condição de subalterno e de trabalhador desqualificado.
sociedade, a lógica do progresso estão impondo os
sanal.
Mas
é importante constatar e reconhecer
lirnites
que estas
ção de suas ações.
O poder da agroindústria exercido
deve
como uma
concebido
estrutura de
laboriosa produção de “corpos dóceis”
›
ou
A
matéria, a
para as ações de cunho artecircunstâncias,
quenos agricultores “não têm outra escolha” não são de per
ser
dele integra-
si
na qual os pe-
uma dissolução ou nega-
sobre o produtor integrado, não
dominação firmada e compromissada
sujeitos submissos
com a
com comportamentos de
8
autômatos.
O “poder” do
agro-industrial está regulado por relações de autonomia e de
deP endência e P ortanto de interação.
Éo
fl
ue exPressa Giddens: “Mas todas as formas de
dependência oferecem alguns recursos por meio dos quais aqueles que são subordinados
podem influenciar as atividades de seus superiores” (Giddens,
do produtor integrado
em ser responsável
1989:12). Assim, a condição
pelas próprias atividades, habilitam-no a ar-
gumentar as razões dessa mesma responsabilidade.
Uma auto-responsabilidade
que en-
contra justificativa compartilhada no reconhecimento de que todos osseres humanos são
dotados de potencialidades e capacidades
No
terceiro capítulo,
Humano
intelectuais. e cognoscitivas..
buscam-se as bases teóricas e materiais
'da
gênese do Trabalho
Abstrato. Seguindo' a lógica do desenvolvimento das formas materiais,
mem está em condições de, pela apreensão
trato, transformar-se
num
ser conceitual,
tornando-a mais humana e mais
o»
ho-
do devir legado pelo Trabalho Humano Abscapaz de
solidária. E,
abstrair'
a materialidade do mundo,
no eixo dessa possibilidade conceitual, o
quarto capítulo analisa a reorganização dos processos produtivos, de forma ampla e geral
e as contrações das grandezas tempo/espaço.
A medida que o binômio tempo/espaço fica
submetido mais amplamente ao- domínio da ciência, da genética
ea
da informatização,
exi-
uma rápida e constante adequação do modo de ser, do modo de agir e do modo de
pensar, como elementos necessários para uma existência mais plena. Destaca-se como
ge-se
fator relevante
ar,
do extremo sucesso da produção agro-industrial sobre a produção
domiciliar e tradicional ao triunfo
gradas.
famili-
da concentração tecnológica nas propriedades
inte-
Coma tecnologia que implica num domínio extremamente maior e mais racional
do binômio tempo/espaço, o mercado
tradicional familiar perde
existência dentro dos parâmetros de acumulação capitalista.
a razão material de sua
Nessa racionalidade está
presente a necessidade de deixar de lado hábitos desordenados de trabalho
qüente adoção de ações
Também
este
com
extrema regularidade, invariabilidade e
capítulo avança,
embasado
em
a conse-
sistematização.
Marx, Hegel e Etges, na perspectiva da
superação radical da estrutura das relações sociais opressoras e simuladoras
de perenidade.
eo
com cunho
À luz do conceito de Trabalho Humano Abstrato e suas reais possibilida-
des conceituais e materiais, postas hoje pelo avanço fantástico da tecnologia cientifica
está dada a possibilidade
do
declínio
da magnitude de trabalho empregado como gerador
de riqueza. Rapidamente o valor passa a ter
uma nova fonte: a da qualidade e do volume
de satisfação que pode proporcionar. Essa profunda transfomiação, expondo mais intensamente a matéria como submissa ao homem, não escapa ao produtor integrado.
O
seu
9
cotidiano contato
com a moderna engenharia genética e modernas
onais e de equipamento, aproximam-no do
tempo
livre.
A partir
retomar à produção tradicional basicamente de exclusiva
estruturas organizaci-
não pretende
daí ele
subsistência. Deseja sim,
imensamente ver a quantidade e a qualidade de seu produto exposto nas
mesa da “Aldeia Global”. Renega as formas tradicionais de produção
letização,
em nada podem contribuir para resolver
ot
vitrines e
agrícola, cuja
na
obso-
grave problema da alimentação do
homem planetário.
Os principais pressupostos teórico/metodológicos, encontram sustento:
a)
Nem na prática da agricultura de quase exclusiva produção para a subsistência nem
e.
como produtor integrado, o
duto.
No
agricultor exercia
ou exerce o controle do preço de seu pro-
entanto pela vastidão de abertura e de oportunidades
em poder
contatar
com
modernas tecnologias produtivas, organizacionais e da engenharia genética, esta resulta
como grande
perspectiva de saída do arcaísmo do seu limitado estado social político e
cognoscivo.
b)
Uma vez inserido na nova racionalidade produtiva, o integrado se apossa de elementos
estruturais dessa
nova prática produtiva, que ampliam as suas condições produtivas,
nando-se a alavanca de sua universalização
c)
ea
tor-
autonomização.
A medida que a magnitude do tempo de trabalho imediato deixa de ser o fator único e
imprescindível de geração da riqueza e “a produção passa a depender do “estado geral da
ciência e
balho),
do progresso da tecnologia°_” (Etges, 1994:09 Sociedade do Trabalho sem Tra-
põem-se efetivamente as condições da sociedade do não-emprego que
princípio organizador o Trabalho
trato é
ordena
Humano
Abstrato.
Também o
Trabalho
o princípio organizador do trabalho produtivo do integrado.
e'
determina todas as formas da produção do integrado.
de
como
Humano Abs-
É ele o princípio
O
Trabalho
que
Humano
em valor que por sua vez se transforma em capital, põem as
liberação do homem integrado das condições do trabalho manual,
Abstrato, que se transforma
efetivas condições
terá
que passa a realizar-se como trabalhador
intelectual abstrato e livre.
W
_
'r
CAPÍTULO I
A PRODUÇÃO PARA A INTEGRAÇÃO
I.1 -
O meio
A COLONIZAÇÃO DO OESTE CATARINENSE
rural
do
Brasil, sua
preocupação desde O período
sistema latifundiário
com
em áreas
ocupação e transformação
colonial.
sólida base
produtivas foi
A forma de ocupação que passou a emergir foi o
na relação»
escravagista.. Já.
devido amanifestações contrárias à escravidão, aliado ainda
às-
no Período» Imperial,
dificuldades de trazer
os escravos negros, pelo bloqueio imposto pelos. ingleses, tornam-se necessários a
elaboração de
novas estratégias
territórios nativos e
improdutivos
ram as normas que
que garantam a ocupação e a produtividade dos
em termos
Foi assim que se estabelece-
agrícolas.
viabilizaram a execução de
uma
política
gração de trabalhadores que pudessem atuar livremente,
edade de terras
rurais.
que permitisse
com direito
Foi neste sentido que divulgações foram
feitas
a imi-
à posse e propri-
nos países da Eu-
ropa, promulgando as facilidades para a aquisição de terras no Brasil. Especificamente o
Governo
Brasileiro dirigiu sua atenção e divulgação
da vinda de agricultores conhecedores da
mais domésticos, dentro de
lida
na Europa, visando a possibilidade
com a terra, bem como da
lida
com ani-
um sistema mais modernizado das técnicas produtivas
além
de estes grupos humanos apresentarem aspectos culturais e visões de mundo superiores
aos escravos africanos e
A
mesmo
aos índios brasileiros.
vinda dos irnigrantes europeus e o seu estabelecimento no Brasil, principalmente
nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná como pequenos proprie,
tários,
não significou a ruptura do sistema
com nítidos
traços de servidão e escravidão.
a ver nos projetos de colonização
os.
latifundiário já
Mesmo
assim a
_
elite latifundiária
passou
uma ameaça aos privilégios dos quais eram beneficiári-
Apesar da colocação de vários obstáculos, dentre
subsídios
amplamente difundido e
eles os sucessivos cortes
que haviam sido» assegurados, servindo de estímulo à imigração,
de
várias regi-
ões foram sendo ocupadas pelos imigrantes europeus e no caso específico imigrantes
não portugueses. Nessa ocupação a prática agrícola diversifica a produção, ao contrário
e
em oposição às monoculturas dos latifúndios e firma-se, embora com bastante
dade, a pequena propriedade
como produtora de riqueza.
fragili-
12
A partir de 1820, o Vale do Rio dos Sinos, no
em Santa
Catarina,
vez dos imigrantes
A
.
italianos
ocuparem
de Santa Catarina
Sul, região Sul
Paraná
começam a receber
vinda
e,
Rio Grande do Sul e o Vale do
Itajaí
imigrantes alemães., Por volta de 1870, é a
terras
na região serrana do Rio Grande do
em menor intensidade
regiões do Estado
um modelo
desses imigrantes permitiu a expansão de
do
de produção
agrícola de pequenas propriedades e de produção familiar.. Estes agricultores ao- aqui
chegarem, trataram de preservar a herança cultural,
referiam-se tanto a aspectos econômicos,
em cuja bagagem
os traços típicos
políticos, religiosos, sociais e morais. Isto
permitiu a fomiação das peculiaridades de cada núcleo de igual origem.
Já a colonização do Oeste Catarinense,
tem início no final do século passado. Basi-
camente os agricultores que aqui chegaram são descendentes dos imigrantes europeus
que viam tornar-se impossível a reprodução da pequena propriedade, devido a escassez
e
mesmo
falta
de
terra,
e
nem mais possível a redivisão da propriedade em
outras
me-
nores ainda. Outro aspecto que induz à impossibilidade da reprodução, é a exploração
imposta pelo capital ao pequeno proprietário. Inicia-se assim
cujo vetor aponta para
or
uma
rota migratória,
Norte, tomando-se conhecido entre os agricultores
como o
“Caminho do Norte”.
As propriedades a serem adquiridas, representavam pequenos
lotes,
numa média
aproximada de 25 hectares. Elas podiam ser adquiridas junto às empresas colonizadoras,
notadamente de origem gaúcha.
A
presas colonizadores, era normahnente
forma de obtenção das
pagamento por prestação de
como: aberturas de estradas e construção de
compromisso de
em
dividi-las
terras
ferrovias. Estas
lotes, vendê-las e fazer
pelas
serviços, tais
empresas ficavam
com que fossem
em-
com
o
ocupadas, tor-
nando assim a região produtiva.
No
polis
caso específico da região que abrange os hoje municípios de Itapiranga, Tuná-
e São
João do Oeste, a
Deutschen Katholiken
-
empresa colonizadora
foi
a Volksverein fiir
Sociedade Popular para Católicos de Lingua Alemã. Essa
empresa colonizadora adquiriu em torno de 58.500 hectares de terra da Empresa PeperiChapeeó, situados entre os rios Uruguai, Peperi-Guaçú, e
das Antas.
A Volksverein,
13
também conhecida como Sociedade União Popular
Theodor Amstad.
No
SUP,
-
congresso dos católicos realizado
em
foi criada
1912 pelo Pe.
em Novo Hamburgo nos- dias
14
a 16 de março de 1925, decidiu-se pela organização de expedições para conhecimento
das terras a serem adquiridas. Neste congresso
Caixa Rural
Itapiranga.
-
também marcaram presença 53
Novo
para juntos decidirem os caminhos da colonização de Porto
Uma das
chegou no dia 10 de
expedições foi organizada pelo Pe.
abril
de 1926.
Ao
Max Von
-
em seu interior ber-
bem como
pés de milho e de mandioca. Posterior:.
como
Como bem
autores das plantações.
frisa
Deutschen Katholiken, a Companhia Religiosa dos Padres
Pe.
Max von Lassberg,
funda a colônia Porto Novo.
No
pioneiros.
De
volta para as
Jesuítas,
sob o comando do
dia 11 de abril de 1926 o Pe.
um
“Colônias Velhas”
-
monumento-
em
RS, iniciam-se as
campanhas para a imigração com slogans, como: “ das schönes land”
Paralelamente instala-se o filtro de
indi-
o nome, Volksverein fiír
Lassberg reza a primeira missa, local atuahnente identificado por
homenagem aos
hoje
atravessarem o rio Uruguai, encontraram a hoje
mente constatou-se a presença dos “wald leuferes”- andarilhos do mato caboclos e
genas,
-
Lassberg, que aqui
sede de Itapiranga, desmatada e coberta. por capoeira, destacando-se
gamoteiras, laranjeiras e limoeiros,
caixeiros
-
as lindas terras.
ordem étnica e religiosa, uma vez que
só se permitia
a entrada de imigrantes de origem alemã e católicos. Sendo de origem alemã, mas não
católico era lhe
dado a oportunidade de
ser batizado,
tomando-se
católico, satisfazendo
assim as condições- de permanência. Esse controle da religião e da língua foi mantido até
o ano de 1965. Inicialmente o atendimento religioso era
Família.
Em 01
de
Ofenhitzer da SSJ
abril
`-
Ordem da Sagrada
Família.
Novo
Em
Nan em
19294é substituído pelo cura Pe.
1930. Por desentendimentps e pela
da Colonizadora e os padres, fez-se a troca
1931, com a vinda do Pe.. João Riek.
idéias entre a Diretoria
pela congregação dos Pe. Jesuítas
No
Padres da Sagrada
de 1927, chega a Porto- Novo o primeiro cura, Pe. Henrique
Pedro Ver Haelen, seguido do Pe. Miguel
não comunhão de
feito pelo
em
entanto, é preciso salientar que a primeira família de brancos, moradora de Porto
foi
a de Johan e Margarida Düngersleber, vinda da Alemanha
trando via Porto Feliz
-
hoje
Chapéu. Esta farnília chegou
Mondaí
em
-
1925.
O1 de Maio de 1938. Itapiranga é
e fixando residência
com
10 filhos, en-
em Linha Poná
-
hoje Linha
PortoNovo passou a denominar-se Itapiranga em
um nome de origem indígena - guarani - que quer dizer
Pedra Vermelha. Aqui encontram-se muitas pedras dessa cor.
A primeira escola iniciou
14
em 19 de abril de
suas atividades de ensino
1927,
com 20 alunos, tendo como Prof.
o Pe.
Henrique Ofenhitzer. Professores leigos só eram aceitos após terem passado pela aprovação junto aos padres.
Em 14 de janeiro de
193 8, chegam à Itapiranga a Congregação
das Irmãs da Divina Providência, ficando responsáveis pelos setores da saúde e da educação. Já
em dezembro
desse ano de 1938, inaugura-se o Hospital Sagrada Família, ain-
da hoje existente e administrado pelas irmãs. Destaca-se na área da saúde a presença das
parteiras,
1927.
Neff,
sendo que a primeira, a senhora Elizabeta Rost,
A partir de
1933, Porto
mas que por motivos
Novo contava com
políticos instalou-se
inicia suas atividades
a presença do médico
Sr.
em
Ulrich S.
na comunidade de Sede Capela, distante
da sede 6,5 km(1).
1.2-
A FoRMAÇÃo ECONÔMICA no oEsTE CATARINENSE
I.2.a
Como
-
EM BUSCA DA CoMERCIAL1zAÇÃo
nas “colônias velhas” do Rio Grande do Sul, as práticas agrícolas já
eram estritamente para uma
agricultura de subsistência, apresentando significativos
índices comerciais, os imigrantes
produção
em escala comercial.
que aqui chegaram deram continuidade ao processo de
Processava-se assim a continuidade da prática da agricul-
As dificuldades
tura comercial que já não lhes era estranha.
precariedade dos instrumentos
para
galinheiros, chiqueiros e estrebarias,
oi
iniciais,
devido a
desmatamento, construção de casas,
galpões,
bem como da
obtenção de sementes para o
vo, aliado às dificuldades de transporte, obrigaram
cultura
de subsistência nos primeiros anos.
foram sendo superados
não
iniciou-se aqui o
Mas
culti-
os agricultores à prática da agri-
tão logo esses entraves e obstruções
processo de produção
em
escala comercial.
Produzir excedentes para o mercado, além de ser urna necessidade, para que pudessem
comprar aquilo que não podiam ou mesmo não queriam produzir na propriedade, ué tam-
bém uma necessidade de
lhas”
do Rio Grande do
externar
um valor
manda nacional, que
que era de praxe nas “colônias ve-
Sul, já trazido pelos imigrantes
de origem. Caracteriza-se ainda como
consumidores urbanos.
cultural
Como
um
elo
alemães e italianos de seus países
de ligação entre produtores agrícolas e
estímulo à produção de excedentes, temos a própria de-
aqui se fez presente através de firmas que se localizavam no Rio de
15
Janeiro e principalmente
São Paulo. Essa demanda nacional, exigia principalmente came
de porco, banha, manteiga e galinha caipira.
Tão logo
as condições permitiram e, possibilidades de transporte se ofereceram,
começaram a
ante de Porto
Novo
foi
o
O primeiro comerci-
pequenos estabelecimentoscomerciais.
se constituir
Sr.
A ele seguem-se outros, sendo que a iniciati-
Serafim Rech.
va normahnente partia de algum dos novos imigrantes. Estes estabelecimentos» comerciais,
fixavam-se
em
tando-se desde logo
comunidades
locais destinados a
também os
locais
serem os centros/sedes das localidades, proje-
para a escola e a
se anteciparam 'à instalação dos
que
igreja,
em
inúmeras
estabelecimentos comerciais. Esses
de intermediadores comerciais
pequenos comerciantes passaram a garantir e
servir
passando via repasse a fornecer aquilo que
os agricultores estavam impedidos ou
não queriam produzir. Os comerciantes passaram a fornecer o tecido
em metro - usado
para a confecção da roupa de trabalho e de domingo
para queimar nas
lamparinas que serviam de fonte de luz
pás, foices, facões, machados,
dustrializados.
Em
-,
o
serrotes,
a querosene
-,
-
ferramentas agrícolas como: enxadas,
sal,
armas
e munições, e outros produtos in-
contrapartida os comerciantes recebiam
-
compravam
-
os produ-
tos agrícolas excedentes dos pequenos proprietários, possibilitando o seu escoamento
para
os centros industriais. Para fazer esse escoamento dos produtos agrícolas,
considerados excedentes, os agricultores produtores não dispunham dos recursos financeiros e materiais para realizar o deslocamento até o
que faz o comerciante entrar
vida dos agricultores.
ais,
A
em
ligação
~
permitiu a constituiçao de
cena, tomando-se
mercado consumidor.
um
dos comerciantes locais
com
ele
os setores industri-
o~
um capital comercial emergente na regiao.
O comerciante passa a ser uma espécie
fatos e até pessoas, tudo
esse fato
elemento quase que central na
Esse capital comercial fortaleceu a figura do comerciante, de
característica.
É
uma fomia peculiar
de central de pedidos de coisas,
em nome da “amizade” e da “confiança” comercial e política.
o agricultor leva as lamentações como:
falta
e
de braços
-
filhos ainda pequenos
-,
A
falta
de sementes, de reprodutores, ausência de assistência técnica e financeira, o não encontrar run
liares.
preço justo para os produtos produzidos
e,
muitas vezes até de problemas fami-
Acaba o comerciante tomando-se uma espécie de conselheiro para tudo
todos. Esta busca de conselhos,
ou simplesmente o
ato de lamentar-se,
e para
toma o comerci-
16
ante
um elemento
O
importante.
seu poder sobre os agricultores se expande gradativa-
mente e por outro lado força o aumento da relação de dependência do agricultor
lação a ele.
em re-
O comerciante passa a ser um alguém que sabe mais, que tem mais, e estar de
seu lado significa “status”. Daí ele não faltar
em festas
de casamento, ser o
eleito
integrar diretorias, para representar a comunidade, ser o escolhido para padrinho
filhos.
São
significativos- os casos
de dois filhos de
uma mesma
em que o
família.
casal comerciante são padrinho e
uma
Esta situação toda é
que demonstra com precisão o estado de fragilidade
mostra,
para
dos
madrinha
um diagnóstico
em que se debatia o agricultor.
Compreender e desvelar a centralidade do comerciante na vida do pequeno produtor
agrícola, é fundamental para entender e apreender
industrial,
na medida
em que ele passa a ser o
a posterior relação
com
o agro-
comercializador de sua produção. Basica-
mente ocorreu uma transferência da relação de dependência: do comerciante para o
agro-industrial. Significa
compreender que a propalada dependência do produtor
inte-
grado da agroindústria não é exclusivamente produto da penetração destas empresas
'
industriais capitalistas.
Conforme
-
frisado acima,
o papel do comerciante não se restringia ã aquisição dos
produtos excedentes produzidos pelos agricultores, mas também fornecia tudo o que eles
precisavam.
Na
maioria dos casos as compras eram feitas
uma espécie de
exigia uma troca de
dinheiro e o agricultor
“conta corrente” junto ao comerciante. Esta relação estabele-
mantinha
cida
sem
confiança.
produção destinada à venda.
O
agricultor se
comprometia a
Com isso a “conta corrente”
lhe entregar
toda a
sofria constantes atualizações
e variações entre crédito e débito. Pela supremacia econômica, conhecimento do ato de
comercializar, por exercer
entender que
agricultor,
no
que
seio
espécie de dominio cultural e político, não é dificil de
quem fixava os preços dos produtos a serem vendidos ou comprados pelo
era o comerciante.
Dessa compreensão e
mesmo
uma
análise,
deduz-se que a existência de liberdade para comerciar e
para estabelecer preço para seus produtos, não se constitui
uma prática
histórica
dos pequenos agricultores. Contraditoriamente o produtor agrícola tem quase
assírnilado
agro-industrial
a condição de espera pelo outro
-
-
comerciante, governo: preço mínimo,
para eles fixarem o preço para seus produtos.
O
atual sistema
de
inte-
17
gração compareceu para dar
uma nova forma e uma maior racionalidade a essa prática já
antiga e tradicional. Sabia o produtor agrícola e sabia-
oz
comerciante o tamanho da rela-
ção de dependência que haviam estabelecido. Para o agricultor, o não fomecimento dos
produtos excedentes, quando existiam e a conseqüente não quitação de parte ou da
“conta corrente”, implicava
num possível não
outras mercadorias necessárias.
fornecimento por parte do comerciante de
Com certeza isto
ternativas de sobrevivência até a
próxima
significava a existência de poucas
Para o comerciante o não recebimento
safra.
dos excedentes agrícolas implicava no não pagamento das dívidas
culdades para a continuidade de seus negócios.
um compromisso
al-
_
o-
que significava difi-
A relação caracteriza-se então como
mútuo. Apesar de este compromisso ou acordo ser apenas informal, o
agricultor dificilmente entregava a sua
É uma
produção excedente a outro comerciante.
relação que se configura na troca de bens distintos, portanto ela é assimétrica e persiste
enquanto houver
As
um saldo devedor.
caracteristicas dessa relação
grado e agro-industrial.
marcam
significativa presença
É a agroindústria que determina e impõe
na atual relação
inte-
o preço, exige exclusi-
vidade na entrega da produção, exerce significativa influência cultural, domina mais e
melhor o conhecimento técnico científico, têm maior representatividade
supremacia de seu poder econômico-.
isto pela
É
política.
Tudo
importante salientar que aqui, grande
Oeste Catarinense, os produtores agrícolas estiveram historicamente, dependentes dos
comerciantes e
com raríssimas
exceções,
em nenhum momento- participaram
da fixação
de preços, tanto de produtos que colocavam à venda, quanto dos que compravam para o
consumo.
.
Pela tradição dos pequenos agricultores descendentes tanto de alemães quanto de
italianos
na criação de porcos, de gado, e consequentemente
embutidos,
se
bem como na tradição do plantio de uva, fumo
a expansão desses setores.
O
do
fabrico de queijos e
e vários cereais, possibilitou-
desenvolvimento da oportunidade de expansão da
produção de porcos esteve também aliada à associação do capital comercial local ao
capital industrial das indústrias
do setor de
carnes, principahnente de
São Paulo.
Na
se-
qüência desse processo de comerciar a carne de porco, a região do Oeste Catarinense
prepara-se para a constituição e implantação de frigorificos abatedores de porcos.
18
Assim, a partir de 1940,
numa associação do
capital comercial e
de fundos de reserva
dos pequenos agricultores, iniciou-se a construção dos primeiros fiigoríficos, que passam
a partir de então a comprar e industrializar a produção de porcos da região.
cio e ainda
por
um razoável período de tempo
No
iní-
esta comercialização é intermediada pelo
comerciante, proprietário dos caminhões de coleta e de transporte até o frigorífico de
abate.
servir
Na
sua quase totalidade, o dinheiro investido pelos agricultores, que
como forma de aquisição de cotas ou
título
de sócio ou
acionista.
ações ou cotas perderam totalmente o seu valor
atualizados dentro do grande
I.2.I› -
Amparado
em fase
sem retorno, negando-lhes com
ações, junto às empresas frigoríficas
de formação, na realidade não passou de contribuições
o passar do tempo o
deveria
Em outras oportunidades
em função
aschamadas
de não serem reajustados ou
fluxo de trocas e cortes na nossa moeda.
SURGEM As AGROINDÚSTRIAS
nesta nova modalidade de exploração e intervenção, cria-se
em
1940 o
PERDIGÃO S/A COMÉRCIO E INDÚSTRIA em Videira. Segue em
1942, na município da Joaçaba aampfaaa CoMERCIo E INDÚSTRIA SAÚLLE PAGNONCELLI. Em 1943 é a vez. ,da SOCIEDADE ANÔNIMA INDÚSTRIA E CoMÉRCIO CONCORDIA, em Concórdia. Este nome muda em 1944, passando a ser SOA
CIEDADE AN ONIMA CONCORDIA - SADIA. Em 1952, no rnunicípio de Chapecó,
cria-se a SOCIEDADE ANÔNIMA INDÚSTRIA E COMÉRCIO CHAPECÓ - SAICC
-, atualrnente denorninada de CHAPECÓ INDUSTRIAL. No- município de Seara, criase em 1956 ó FRIGORÍFICO SEARA, cuja denominação atual é SEARA INDUSTRIAL. Já- em 1962, no município de Itapiranga, funda-se a SOCIEDADE ANÔNIMA
FRIGORÍFICO ITAPIRANGA - SAFRITA. No município de Salto Veloso, em 1963
cria-se a UNIFRICO _ SQCIEDADE ANÔNIMA INDÚSTRIA E COMERCIO. No
município de Ouro funda-se a INDÚSTRIAS REUNIDAS OURO SOCIEDADE
ANÔNIMA e, em Chapecó a.COOPERATIVA CENTRAL OESTE CATARINENSE,
ambos em 1969. FRIGORÍFICO SÃO CARLOS no município de São Carlos em 1975.
fiigorífico
'
r
Como
as décadas de setenta e oitenta são
economicamente, também aqui a
consideradas a nível nacional, mortas
crise generalizada se fez sentir. Aliada
ou amparada
um grave revés.
'O resultado
na famigerada peste suína afiicana, a Suinocultura sofieu
19
sem dúvida drástico para os produtores de
foi
cos
do
com menor potencial
foi
suínos e
também para os
econômico, sucumbindo diante da
benéfico, pois possibilitou
crise.
setores frigorífi-
Para outros o
resulta-
uma grande concentração de capital industrial. Do
total
de empresas instaladas, cinco sucumbiram, sendo incorporadas às cinco maiores. Esse
processo de concentração e contração ocorreu basicamente no quadriênio 1978 a 1982.
Como exemplo temos os grupo PERDIGÃO, de Videira,
PAGNONCELLI e INDÚSTRIAS REUNIDAS OURO;
do município de Blumenau, adquiriu os frigoríficos
SEARA INDUSTRIAL S/A.
o grupo
HERING-CEVAL,
SEARA e SAFRITA, constituindo 'a
`
_
novo contexto e na nova
Neste'
que adquiriu os frigoríficos
et
atual
configuração do-potencial econômico»
dominando cem porcento do mercado produtor de aves e suínos,
agro-industrial e
temos as cinco empresas
restantes, quais sejam:
SADIA, PERDIGÃO, SEARA IN-
DUSTRIAL, GRUPO CHAPECÓ E COOPERCENTRAL. Estas empresas mantém
unidades industriais em várias regiões do Brasil e hoje com a integração do MERCOSUL, com projetos de expansão para o exterior..
I.3 -
tria
NOVA GENÉTICA: NOVAS FORMAS DE PRODUZIR
É
importante ressaltar aqui que
ou
frigorífico era intermediada
da
ligação
do pequeno agricultor
pelo comerciante da localidade. Este fato ocorria
quando ainda o porco era levado para os frigoríficos de São Paulo
meiras décadas
em
coma indús-
e,
também nas
pri-
que os porcos passaram a ser abatidos na própria região.
Iniciahnente os agricultores produziam e comercializavam o porco mais conhecido
como porco comum, porco tipo
14 meses.
Uma
banha, cujo abate ocorria
com uma média de idade de
de suas principais características era a espessa camada de gordura
banha - e partes de gordura associadas à carne. Neste contexto, não havia contatoto
nem
controle,
nem
relação direta
do agricultor
entanto talvez motivado pelo excesso de gordura
do
um
substituto à
banha - a extração de óleo da
-
banha
soja,
com
-
dire-
a indústria de abate.
No
e talvez por se ter encontra-
ou mesmo outros óleos
vegetais,
motivado ainda pelos reclames do excesso de gordura na própria carne de porco,
exigências do mercado exportador, por
-
por
alusões sanitárias e de doenças atribuídas ao
20
consumo da came e gordura animal
intervir diretamentezno
A
colesterol
sutil ela inicia
um
do comerciante para o
forma de produzir do
ta de melhoria estrutural
elas destinada.
agro-industrial.
Tem início
o processo da troca de depen-
A intervenção
agricultor, apresenta-se
em
da agroindústria sobre
todos os momentos
e econômica da propriedade.
É um processo
tem parâmetros para proceder uma
lento
todas
momento o
de,
'a
como
um rearranjo
mas seguproprie-
avaliação da perda de controle sobre a produção
em
ser controlada
com os
quais
por elementos de fora de sua proprieda-
por agentes extemos. Para esses agricultores, a integração a
apresenta-se
as
a face-
não
sua propriedade. Relativamente a sua produção, ou pelos a dos produtos
estabelece a integração, passa
com
a
agricultor
indiretamente. Possivelmente no primeiro
ou
De
processo de subordinação do pequeno proprietário
ro e que se estende de forma absorvente e inevitavelmente atinge
dades direta
decidem
as indústrias frigoríficas
evidenciar-se na década de 1950.
começa a
dependente até então do comerciante.
dência:
-,
mercado produtor da matéria prima a
intervenção da agroindústria,
uma forma muito
rural,
-
uma
agroindústria,
nas formas de produzir, comercializar e consumir,
sem
dúvida importantes, mas inovadoras- em com características que muitas vezes lhe são estranhas.
Como
acima
referido, foi
na década de 1950 que o processo de intervenção tem
iní-
Começa coma introdução de uma nova raça de suínos, que gradativamente passa a
substituir o porco tipo banha. Foi o grupo SADIA, que trouxe reprodutores e matrizes
cio.
da raça
DUROC
JERSEY, importados dos Estados Unidos. Entre os
este porco passou a ser
chamado de
porco- vermelho, devido
agricultores,
a cor vermelha de seus
Uma das características do DUROC é o seu maior potencial produtivo de came,
bem como um maior potencial de conversão alimentar - maior peso, com menor con-
pêlos.
stuno de alimento e também,
cada de 1960, o
LARGE WHITE
em menor espaço
mesmo grupo SADIA,
e
LANDRASSE.
de tempo pronto para o abate. Já na dé-
introduz as raças- européias
denominadas de
Entre os agricultores estas tomam-se conhecidas
Com um potencial produtivo maior
ainda de came, em relação ao DUROC, e consequentemente um maior valor comercial,
como porco
branco, por apresentar pelagem branca.
o porco branco é o mais indicado e incentivado, passando por
maior
escala.
isso
a ser produzido
em
21
Como
forma
LARGE WHITE,
preferenciahnente do
preços no mercado, para os
ram a praticar e
bém
atrelada
a'
os frigorificos passam
também diferentes
um tipo de preço
categorizar
uma
DUROC ou
de forçar o agricultor a optar pela produção do
inicial
tipos
ou
a praticar
raças de suínos.
diferentes
Assim começa-
para o porco- branco, ou tipo came, tam-
determinada faixa de peso, outro preço para o porco misto
-
DU-
ROC - ou_ o branco acima da faixa de peso, e um terceiro preço, obviamente menor ainda, para o porco tipo banha ou o DUROC acima da faixa de peso. Esta diferenciação
de preço para o porco
com
foi
um
forte
argumento para que os agricultores rompessem
a prática e o costume de criarem o porco tipo banha. Diante da escala hierárquica
fixada para os
suínos,
agroindústria .encontrou
modelo produtor
ficava
uma
em
um instrumento
reorganização de toda a propriedade
de então se fez necessário, para que
passaram a
LANDRASSE
ser maiores.
o-
preços,
a
eficiente para provocar a derrocada do
vigor até então. Substituir a raça suína
normas e procedimentos com relação aos
exigidos,
nos
tipificando e estabelecendo» diferenciação
suínos.
bem como com
Todo
e,
mais ainda
Os cuidados
exigiam cuidados especiais deste a ninhada,
o»
signi-
a prática de novas
um novo aprendizado,
projeto tivesse êxito.
O DUROC
na propriedade
a partir
sanitários
LARGE WHITE e
via um programa
o
de
vacinação, até a construção de chiqueiros mais adequados e fechados, pois o tipo
banha normalmente era criado
solto
em cercados abertos e expostos ao tempo. O trato
passou a ser diferente: o porco preto recebia algumas espigas de milho, das quais
muitas vezes
nem se tirava a palha.
que era
cozinhando-se batata-doce, mandioca, abóbora e a chamada melancia de
feita
Este trato geralmente era acompanhado da lavagem,
porco, produtos oriundos da propriedade. Já as raças novas exigiam o milho quebrado, feito
em forma de ração
e mais ainda, ração balanceada,
ou como ficou conhecida
entre os agricultores: “o trato seco”.
No momento em que
deu a
lidar
de forma eficiente
acúmulo de
or.
as agroindústrias
capital para
si,
com
começam a perceber que o
agricultor apren-
as novas raças e que estas permitiam
um
maior
projetam e passam a executar urna intervenção ainda mai-
Assim, a partir da década de 1960, novos argumentos são usados e justificam a
introdução de novos elementos de intervenção nas propriedades, principahnente naquelas
onde o potencial produtivo e a aprendizagem foram mais eficientes.
O Grupo
SA-
22
DIA,
cria
`
o sistema de fomento, passando a dispensar o comerciante como intermedi-
ário e acertando
com
0 agricultor a aquisição de toda a sua produção.
desse momento, portanto, a produção
com
exclusividade.
Começa a partir
A agroindústria passa a pro-
duzir a ração- balanceada “trato seco”, fornecendo-a ao agricultor e a ser paga
com o
de suínos quando do seu abate. Esse modelo rapidamente passa a ser seguido pelas
lote
A integração
demais agroindústrias.
de agricultores, produtores de suínos, passou por
um processo lento e gradativo, para que o produtor acompanhasse e se adaptasse à evolução da técnica exigida no manejo dessas novas raças de suínos. No início as agroindústambém em fase
trias,
experimental, aceitavam os integrados
exigido a renovação das instalações e
duas ou três criadeiras,
e
em
paralelo
um número
fosse
“x” de criadeiras. Bastava adquirir
um reprodutor e propor-se a ampliar gradativamente este número
também melhorar
preestabelecidos. Já
ou
sem que dos mesmos
as instalações, agora
com a integração
foi e é feita via ”pacote”. Exigia-se
sirn,
dentro de padrões técnicos
de aves, a implantação é instantânea, ou
a construção do aviário de 100
seja, ela
m por 12 m ou de 50
m por 12 m, com capacidades respectivamente para 12 mil e 6 mil frangos.
Na
década de 1960,
inicia-se pois
a produção de frangos.
nome de Sistema de Integração. Por meio
de
um dia,
a ração, a medicação
cultor entra
ea
e-
modelo dá-se
explícita,
a agroindústria fomece os pintinhos
dele,
a assistência técnica/veterinária necessárias.
O agri-
bem planejada
O Sistema
de Integração configura-se hoje como a
e _mais eficiente forma de intervenção das agroindústrias
nas pequenas propriedades- rurais.
.
Uma das grandes importâncias que a fomia generalizada de penetração» do modo
produção
o-
com a mão de obra, com as instalações e todos os equipamentos necessários
indispensáveis dentro do aviário.
mais
A esse
capitalista representa
para o meio
rural,
a partir da década de 1960, é o desen-
volvimento e a transformação do antigo padrão de produção para a sobrevivência,
comercialização dos só excedentes,
de
em uma forma de produção
com
para o mercado. E, ela
aqui se expressa de forma mais intensa na geração de Luna produção alimentar
em escala
capaz de atender a demanda não só do mercado urbano nacional mas também exportador
-
fiango
e suíno.
23
1.4 -
.PRODUÇÃO AGRÍCOLA EM ESCALA INDUsTR1ALz A NECESSIDADE DA AGROINDÚSTRIA
A anterior caracterização
da situação agrícola do Oeste Catarinense não é algo
uma
exclusivo da nossa região; Ela reflete
nível
ra.
É
de país passa a ser incorporado como
realidade maior.
É
o espelho daquilo que a
uma nova prática produtiva para a agricultu-
a partir de 1960 que a agricultura passa a caracterizar-se por
uma redefinição
das
relações entre a indústria e a agricultura, a partir do início exatamente do desenvolvi-
mento das agroindústrias. As agroindústrias
tomam
necessário a re-estruturação» dos
mecanismos e formas de produção agricola viabilizando O seu ingresso no
produção
industrial.
bem como
prima para posterior transformação
ao modelo de produção
capitalista,
pais pela agroindústria que
industrial.
enquadrar-se
como produtora
de maté-
Essa espécie de intercâmbio, necessário
passa a ser intermediado aqui e nas demais regiões do
assume o comando do processo de implantação dessa
organização produtiva no setor agricola.
dicionais
da
A agricultura do país precisa adaptar-se ao consumo de insumos e
máquinas produzidas industriahnente,
ria
circuito
Com relação à força de trabalho,
re-
as fomias tra-
de exploração, são substituídas por novas formas, agora com presença de fortes
traços de exploração da mais valia relativa, que encontra parâmetros no potencial de
capitalização
da pequena produção, que a
bem
ver toma-se o eixo central da re-
estruturação das formas e dos conteúdos das novas relações de produção.
Também aqui, a praticamente única opção
trada no modelo da produção agro-industrial,
que resta ao pequeno agricultor é a en-
ou
ser gradativamente
empurrado à mar-
gem dos processos produtivos,-pela baixa produtividade que representa e apresenta. Esse
era o impasse
sem opcional ao
agricultor.
Para a agroindústria e a implantação industrial
na produção agrícola, era preciso romper
setor agrícola. Pois de
fomia geral no
com as relações tradicionais
de dominação no
país:
“O
eraconsiderado O maior impedipara
desenvolvimento
o
das forças produtivas na agricultura e na geração
de um mercado interno para a indústria nacional,
além do que os donos da terra eram considerados
mento
latifúndio
os principais aliados
1980:23) (2)
do imperialismo”.
(Sorj;
24
argumento para a integração encontra-se a lógica da produção que se fim-
Como
damenta no assegurar das condições mínimas de reprodução da estrutura
agrícola. Refere-se
meio
consumo básicos que
riza se por
produção
uma
também às expectativas do
familiar
agricultor de ingresso nos
no
moldes de
caracteriza e são determinados pela sociedade capitalista. Caracte-
integração por expressar a adaptaçao da expansão capitalista, à
em pequena escala,
submetendo de outro lado o pequeno proprietário à
uma
signi-
indusficativas transformações na sua estrutura interna, jogando-o no grande mercado
comercial e financeiro que,
trial,
integração, é pois
sibilita
que
em
princípio
podem
uma situação de ajuste do mercado
integrá-lo
ou
marginalizá-lo.
e ao: mercado. Ela
modifica e pos-
maiores e melhores oportunidades de acesso donprodutor agrícola aos insumos. de
necessita, tanto quanto
em termos
decisão de integrar ou não, é
ria-prima a ser produzida e
de segurança na colocação da sua produção.
com os insumos necessários para tal.
mediados pela agroindústria, como
na
siderurgia,
no
A
uma decisão com estreita relação com o mercado da maté-
Podem-se associar as expressivas expansões no setor de produção
país,
A
uma
agrícola, inter-
necessidade da própria expansão industrial no
setor de máquinas automotrizes,
na indústria
quírnica, farmacêuti-
na engenharia genética, na busca de novos campos de consumo, novos campos de
dos
valoração e maximização dos lucros. Diante do aceleramento da produção industrial,
ca,
incentivos a
um maior índice de consumo torna-se necessário a expansão da produção de
uma conseqüente adequação
É uma revolução que como tal
excedentes agrícolas. Torna-se necessário a existência de
das forças produtivas agrícolas à economia industrial.
exiprecisa concretizar-se. Paralelamente ao aumento do mercado consumidor existe a
implantagência do crescimento acelerado da produção agrícola. Abre-se a porta para a
ção dasagroindústrias.
em fase de esgotamento
tria,
Os
limites
que se auto-impõe às formas produtivas artesanais já
e ao padrão de expansão, constituem-se estímulos à agroindús-
que se apresenta como forma de incrementar a produtividade
agrícola.
A implantação das agroindústrias em nenhuma parte do país, ocorre pois de forma
isolada.
Ela se faz acompanhar de toda
uma
rede de indústrias a fornecerem produtos
industrializados básicos para a sua implantação e expansão.
No
Oeste Catarinense, es-
de
pecificamente ela se faz acompanhar das indústrias de produção de rações. Assim,
1966 a 1986, diversas firmas multinacionais se instalam no país e ingressam
no-
mercado.
25
Dentre outras, as que mais aqui se fizeram presentes e ainda estão operando são a Purina
ambas de
e a Cargill,
capital norte-americano-. Elas são
elementos importantes para o
desenvolvimento e implantação do processo de modernização das instalações' e das
dades nas propriedades.
delas
também a iniciativa dos esquemas de
ativi-
orientação técnica
aos produtores, sempre acompanhados de propostas e planos de financiamento para
uma
maior aceleração da modernização da produção de fi°angos e suínos. Fato que permite
uma maior penetração dos produtos, por serem levados diretamente às propriedades para
então serem comercializados. O agricultor não necessita sair em sua busca. De forma
idêntica,
os produtos veterinários
começam a chegar aos produtores. As visitas diretas
a oferta promocional de produtos,_favorece
o'
início
do consumo. Segundo Frederico,
1979, a liderança do setor veterinário encontra-se nas
mãos da Bayer, da Pfizer, da
Rhodier, da Ciba-Geigy, da Squigg e da Tortuga. Todas elas tem controle de capital
ternacional.(3)
-
incentivo
dado pelos órgãos govemamentais, no nosso caso
Associação de Crédito Rural de Santa Catarina
-
hoje
EPAGRI - Empre-
sa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A.
extensão rural, que promovia a modernização agricola e
gão propagador dos insumos
A
quantitativa das caracteristicas produtivas
uma
totalidade
da produção
,
o órgão de
um ór-
tomava-se
profunda transformação qualitativa e
da pequena propriedade produtiva.
ção mais intensiva do capitalismo na agricultura,
em princípio
em paralelo
-
industriais.
modernização agrícola, determina
terminando
in-
Também aqui, estas firmas 'dominaram e dominam até hoje esse mercado.
É oportuno também frisar o
a ACARESC
e
impõem seu
A penetra-
ritmo produtivo, não de-
a erradicação do pequeno proprietário na nossa região
em
pequena
escala,
mas a fomia de produção. Ela
se
nem
a
mantém
mas, as características básicas que a sustentam a partir de agora passam a impor trans-
formações conduzindo para urna agricultura extremamente capitalizada:
“o fato é que o
mas mais seguras e
Onde já existe uma
capital busca sempre as forrentáveis de investimento...
fábrica esta continua a se des-
envolver através da
poupança”
(Gramsci;
1987:63)(4).
Uma lógica que
vale
também para a
logicamente, tende a crescer.
agricultura.
As economias,
tecno-
as poupanças por escassas que sejam tor-
nam-se o fermento desse desenvolvimento. Já a
capitalistas,
A propriedade que produz
insistência nas
formas produtivas pré-
formas produtivas obsoletas, geram instabilidades- _e incertezas e não são de
26
forma alguma atrativas de
capital
ou locais onde a certeza de
nem para o capital.
Este irá se colocar
em propriedades
lucros imediatos e tangíveis são concretas.
A transfomiação industrial no setor de alimentos tem implicado em importantes modificações nos costtunes tradicionais do consumo alimentar. Verificou-se isso na substituição de antigos produtos por outros,
banha pelos óleos vegetais
- o»
como
é o caso da manteiga pela margarina, da
que aqui implicou na gradativa substituição do porco tipo
banha pelo suíno tipo carne'-, além de favorecer o aparecimento de toda
novos produtos.
Ao
se suscitar a
uma gama
de
modificação da cesta básica alimentar, exige-se cada
vez mais e maiores alterações nas produções agrícolas, na tentativa
da'
adequação às
novas demandas criadas pela agroindústria, cuja conseqüência_é a variação nos hábitos
alimentares.
As
agroindústrias
com maior penetração na região, tem o- seu desenvolvimento
asse-
gurado, por permitirem e estimularem a transformação da agricultura via introdução da
modernização tecnológica.
sistematizado
esquema de
Um serviço que é executado
visitas às propriedades.
pelos técnicos
O seu apoio
de produtos
constante e
à modernização agrícola
encontra justificativa na necessidade de assegurar uma oferta constante e
te
em
com qualidade e quantidade homogeneizada. Todo
esse
mesmo crescen-
empenho junto às
propriedades» encontra fundamento na necessidade das agroindústrias de assegurarem o
nível
de abastecimento dos produtos mercadorias, o que permite
uma maior estabilidade
dos preços, apesar das variações e instabilidades do mercado. Exige-se das agroindústrias o atendimento crescente da
demanda consumista urbana. De imediato
elas
percebem
a insuficiência de matéria prima fornecida pela produção de subsistência. Implantar
Sistema de Integração, passa a ser
uma
questão de sobrevivência. Seguramente é
um
uma
forma de produção mais estável garantindo por sua vez tuna melhor qualidade dos produtos, sua maior oferta e oferta
da, as próprias agroindústrias
com preços mais baixos.
tal oferta seja garanti-
apoiam e dirigem diretamente a modernização
especialmente aqui no setor de produção de carnes
festa pela presença
Para que
-
agrícola,
frango e suíno. Apoio que se mani-
dos técnicos, pelo financiamento de reprodutores, tomam-se
facilita-
dores para financiar melhorias nas instalações, fornecem a ração, os leitões e pintinhos
do
lote.
Por outro
lado, estes incentivos transformam-se
dos produtores integrados
em relação
em mecanismos de dependência
à agroindústria que lhe forneceu os insumos.
A
27
utilização
de mecanismos de financiamento e do rígido controle técnico da produção e
do contrato de 'compra da produção
caracteriza a expansão
num- dos pontos fundamentais e que
constitui-se
da forma de integração de aves e suínos. Por meio dela a agroin-
dústria fornece a ração, os animais
recém nascidos para serem criados pelos produtores
em suas empresas farniliares.
Estas empresas familiares fazem lembrar os primórdios da Revolução Industrial e de
seus trabalhadores domiciliares.
É uma
fomia de integração, que certamente dificulta a
busca da autonomia produtiva dentro do mercado,
mente impossível.
mas também que» não a toma total-
A grande dependência do produtor, pelo menos na fase inicial do- pro-
cesso, caracteriza-se pela existência
do contrato pré-fixado
com
a agroindústria, o que
dificulta sobremaneira fomias de solidariedade entre os produtores.
Uma possivel solução
viável para contrapor
com
a relação de dependência seria a
associação de produtores e a criação de órgãos oriundos de
tores que passariam a atuar
industriais.
como
um mesmo grupo de produ-
intermediadores entre os produtores e os agro-
Entre as inúmeras' atividades que poderiam se propor seria a da racionaliza-
ção do crédito, promover a comercialização da produção, desafiarem-se na produção de
sementes, garantirem tuna assistência técnica
tralizar
do melhoramento-
como forma de
genético- do- plantel; garantir via instalação
de
comunitários a armazenagem de grãos e o fornecimento da ração; garantir a insta-
lação de balanças- coletivas para a
ar
produtor, garantir e cen-
a comercialização de insumos, aventurar-se na pesquisa genética,
garantia da qualidade e
silos
também viável ao
pesagem da. produção, ração e insumos a granel; inici-
um processo gradativo de implantação da transformação/industrialização
da produção.
Embora, estas associações pela necessidade do processamento e da administração de
enormes volumes tecnológicos e financeiros, correrem o
transformarem
em modelos
similares às agroindústrias.
sério risco
de elas mesmas se
Exemplos de semelhante proce-
dimento e também desse final, vemos encontrando terreno entre as cooperativas,
COTRIJUÍ no Rio Grande do
fomia a concentração
como a
Sul e aqui a Cooperativa Central de Santa Catarina. Dessa
em associações ou cooperativas
que ao se tomarem grandes, não
implicam necessariamente no melhoramento das condições materiais e sociais dos peque-
nos proprietários produtores. Pode simplesmente significar
um deslocamento
da relação
de dependência. Essas cooperativas do tipo centrais que industrializam a produção dos
28
pequenos produtores não se diferenciam de fomaa significativa das agroindústrias privadas, passando
mesmo
dificil assegurar
com
a se tomarem concorrentes
uma expansão
elas.
Além de
ser
extremamente
favorável de associações pelo domínio oligopolizado
exercido pelas empresas trans-nacionais, de forte influência e presença na reorganização
do sistema
capitalista
de produção, tanto no setor da industrialização, comercialização e
de processamento. Talvez seja viável especular a possibilidade dos integrados tornaremse acionistas das agroindústrias.
É notável em conversas» com os mesmos- a
querer continuar no sistema, porém reivindicam insistentemente
lucros.
O
uma participação
município de Tunápolis, embora pequeno
do qual
em extensão
tratar-se
é importante
territorial,
do meu município de origem e den-
mais intensamente o desenvolver da forma capitalista de produção e
sinto
toda a sua força exploradora tanto da terra quanto do proprietário agrícola,
mas considerações sobre a vinda
lutas
nos
-
no setor da rede da integração. E, por
tro
intenção de
por
`de
farei algu-
seus pioneiros, suas lutas, seus sonhos, angústias e
uma produção para além da subsistência.
I.5 -
O SURGIMENTO DE TUNAS
20 de setembro de 1951, é a data que caracteriza a fundação ,oficial de Tunas. Nesse
dia nas proximidades de
da,
acompanhavam o
Sr.
Emílio
possibilitou
e rodeados por
uma vegetação
em tomo
a primeira missa, da qual participaram
rezava-se
ano o
um riacho
exuberante e
varia--
de 50 pessoas, que
Pe. Balduíno Schneider. Registros históricos assinalam que naquele
Germano
Bieger, tornava-se o primeiro
em novembro
morador branco de Tunas. Ele
de 1952, a primeira atividade
industrial:
uma
madeireira.
O
funcionamento da madeireira permitiu as tábuas e madeira quadrada para a construção
das casas. Já no ano de 1953, o primeiro comércio é instalado e aberto pelo
João Hanzen. Tunas, teve este nome
Deutschen Katholiken”
aqui encontrar
-
indicado
Sr.
José
pela colonizadora “Volksverein fiír
Sociedade Popular para Católicos de Lingua Alemã
-,
por
em grande quantidade o cactos dessa espécie.(5)
À luz de uma terra fértil e no bojo dos parcos
instrumentos de trabalho
-
manuais
os primeiros colonos traziam o desejo indômito de melhorar de qualidade de vida.
-
Na
29
coragem e no
afoito
da
satisfaçao deste
sonho
realizável,
homem, mulher
e
crianças,
Não
pela sua força de trabalho, adentravam verdadeiros clarões no- meio do mato.
eram
tardava muito, e frutos suculentos
sobrevivência.
rística
da
colhidos. Estes constituíam a garantia
A prática inicial de uma cultura de subsistência, trazia consigo a caracte-
O pequeno proprietário rural, detinha
da propriedade inquestionável da produção.
os meios de produçao, ou seja a matéria prima
instrumentos de trabalho
-
-
sementes, etc.
terra, solo,
animais de tração, enxada, arado, foice, carroça...
toda a produção para a subsistência
bem como o
e os
-,
-,
logo,
excedente eram de sua propriedade.
Sendo proprietário dos meios de produção, da força de trabalho, a produção era do
agricultor. Isto lhe
dava
lhe convinha: trocá-lo
o-
direito
de fazer
com
o produto excedente,
em
por outros bens ou produtos
falta,
o-
ou mesmo
que melhor
trocá-los por
moeda, via comércio que paulatinamente começava a emergir.
As
relações sociais decorrentes desse processo de produção
relativa.
Havia entre os agricultores
ção, apesar de limitados ao
um clima
de euforia, de entre ajuda, de
intera-
ou da comunidade. Mais
e mais
mundo da propriedade
roças iam surgindo. Crianças* são geradas
_
eram de auto-confiança
como
e
garantia de
mão
de obra. Constante--
mente, mais e mais famílias chegam, atraídas pela saga de vencer na vida, impulsionadas
também por aqui encontrarem uma
forte intervençao católica, religiosidade
continua sendo exercida pelos padres
Em
da. Congregação
22 de fevereiro de 1954, 33
crianças.
dos
acorriam à primeira escola.
sala,
nalismo, a pressão moralista jesuítica e as relações. de produção.
m
1.6
foi e
Jesuítas.
professora Senhora Helga Anschau, soube retratar dentro da
determinava a pedagogia e a prática
que
A primeira
o rigor do tradicio-
Todo
esse conjunto`
'
disciplinar.
CONSTRUÇÃO DA SUBJETIVIDADE
V
Vencidas as dificuldades
trutura das propriedades vai
iniciais
de abertura das roças
mudando
e
e.
primeiras construções, a es-
acena para um fortalecimento. São profundas
as modificações que se fazem sentir tanto na realidade social quanto na econômica.
alguns anos praticando
uma agricultura voltada quase que
Após
exclusivamente para a subsis-
30
da madeira, o agricultor começa a produzir
tência, ampliação das roças, comercialização
um maior volume de excedentes. Podemos falar em:
“agricultura de subsistência quando a maior parte
do produto agrícola é consumido dentro da cogeral, as comunidades
munidade produtora...
estão incorporadas a uma economia de mercado e
sofrem suas pressões” (Moser; 1985:45) (6)
Em
Como já
frisado anteriormente, a prática
da produção para a comercialização não é
estranha ao agricultor. Por meio dela os agricultores passam a firmar relações. mercantis
e,
cada vez mais o comércio propicia e
a troca de produtos excedentes. Cada vez
facilita
mais trocam-se os produtos excedentes pelo equivalente universal, dinheiro. Troca que é
uma
possibilidade que faz aumentar e alavancar a produção, enquanto
obtido, gera novos» carecimentos, que
com o mesmo podem
mentos referem-se tanto a aquisição de equipamentos
que o
ser satisfeitos. Esses careci-
agrícolas, apesar
de ainda primiti-
vos e rústicos, construção de pocilgas, galinheiro, estrebaria, galpão ou até
quando a moradia ainda se dava num galpão;
do
em metro
também na cozinha
dorningueiro;
pratos e bacias
-
deira; alguns
misturar
teci-
uso nos dias de serviço, ou até o
traje
e outras repartições da casa,
guns novos- equipamentos, panelas, talheres
dáveis
o›
começaram a
-
começam a
aparecer
de barro e ou gamelas de ma-
mais ousados, até já compravam a farinha de trigo da espécie
comum para
pão; material de limpeza e de higiene aos pou-
numa
cos também começa a fazer parte das compras, cera para o assoalho, embora ainda
composição
era
feita
em casa,
também utilizada
cer, pois
misturando-se parafina diluída
nas lamparinas que fomeciam a
dormia-se cedo, para levantar cedo;
luz.
com querosene;
a querosene
nas primeiras horas ao escure-
também no
setor de iluminação, as novi-
dades chegam e passam a ser tuna necessidade, era a vez do liquinho a gás,
diversas modalidades;
também chegam
al-
sendo aos poucos substituídos pelos inoxi-
substituir as tigelas
com aide milho na confecção do
uma casa,
também a aquisição do
ele propiciava
para a confecção de roupas para
dinheiro.
em
suas
as primeiras geladeiras que funcionavam à base
de querosene...
A
nual e
estrutura básica da produção segue
com o
auxílio
características.
dos animais de tração e se processa no círculo
produtiva aumenta gradativamente
que
guardando as mesmas
em função
familiar.
É ma-
A demanda
da possibilidade da comercialização.
altera as relações entre as famílias, cujo subjetivismo
Fato»
começa a tomar-se mais agu-
31
çado e o individualismo familiar toma as rédeas do produzir mais
convívio e da entre-ajuda anterior.
ples
em serviços
intensidade.
as
familias,
A maior
parte
da
passa a ser paga, a semente de algum produto ou pastagem, a sim-
rama da mandioca, as mudas de fumo, tudo é convertido
do. Dessa maneira
res.
mesma
do
detrimento
Logo nem as trocas de produtos entre
antes tão comuns, continuam acontecendo na
ajuda
em
uma forma de
em dinheiro,
é capitaliza-
comércio passa a ocorrer entre os próprios agriculto-
E, quando o comércio impõe a sua necessidade e estrutura, provoca modificações
nas relações- sociais, que já não são mais cotadas. na ajuda mútua ou prestação de favores,
mas sim visando recompensa, visando
I.7 -
beneficio, 'visando lucro.
A PEQUENA PROPRIEDADE
A configuração do relevo
do terreno do extremo Oeste Catarinense caracteriza-se
pela existência de acidentes naturais' cuja delineação anatômica oferece
enorme para a
mecanização.
empecilho-
Além da Geografia, destacando ondulações
íngremes,
também se encontram grande quantidades de pedras tanto- na superficie quanto no subsoSendo
lo.
no de 25
rural,
ou
inviável urna mecanização, as áreas
hectares-
seja o
característica-
em média,
trigo,
terras,
nao possibilitaram a
latifúndio. Portanto
existência
Os
desta a diversificação das culturas.
mandioca,
feijão, arroz,
quando demarcadas,
entre
as quais
podemos
como
destacar: milho,
amendoim, fumo, além da existência
came e banha,
dez animais, constando obrigatoriamente de
neiro destinado para o abate.
vizinhos.
perus,
e,
em cada pro-
como
tais.
Tam-
todas as propriedades, encontra-se a criação de galinhas, fornecendo ovos e
carne, criação de porcos, fornecendo
te
tor-
agricultores plantam pequenas
priedade de hortas e pomares, embora não delimitados especificamente
bém em
em
da grande propriedade
destaca-se aqui a pequena propriedade
quantidades de grande número de culturas,
soja,
de
O
criação de gado, aproximadamen-
uma junta de
bois,
vaca
de
leite
abate é feito à domicílio, trocando-se a carne
Em algumas propriedades
encontravam-se
também
e ter-
com
os
patos, marrecos, gansos,
que além de ovos e came fomeciam penas para confecção dos acolchoados e
travesseiros.
Em toda esta produção o excedente era
passível de comercialização.
32
A
natureza, por sua vez, propiciava o equilibrio ecológico entre seres daninhos e
predadores naturais.
Não
se utilizava pesticidas
de qualquer espécie, mesmo porque
não haviam chegado à região. Apesar dos clarões abertos na mata, para a
estes ainda
abertura de roças, a diversidade da fauna e os seus predadores naturais garantiam
relativa
segurança às plantações.
É
que
em
sua grande maioria eram utilizados
como
grande destaque das propriedades da região era e ainda
Daí porque
se justifica aqui
o
também
existiam os
de .animais terrestres quanto de aves de pequeno
que se dedicavam à caça, tanto
porte,
óbvio que entre os agricultores
uma
dizer
“em
alimento» familiar. No- entanto
o
é a fertilidade de seus solos.
se plantando dá”. Esta retribuição
do
solo,
sua fertilidade, permitiu o plantio por longos anos sem ser necessário a adubação. Fator
que fez e influenciou para que os agricultores se jogassem
gem e empenho em
compensação
No
viria
em forma de frutos
e colheitas fartas, para os parâmetros regionais.
entanto, a fertilidade do solo, o arrojo
troca por outros bens materiais,
-,
estava por
industriais,
arrojo, cora-
preparar a terra para o plantio, pois sabiam que a retribuição e
do agricultor
obstinada de produzir não só para a subsistência
filhosr
com maestria,
a
mas de
disponibilidade de
ter
proprietário,
a luta quase
um excedente passível de
mão de obra - grande número de
aguçar as narinas do capitalismo mais sedento. Empresas
plantavam interesseiros olhares na direção dessa região.
agro-
De uma forma ou de
um poder maior de
domínio e de uma forma mais intensa, sobre essa parcela da população que, em algumas
de suas atividades estava dando» certo. A implantação de um sistema latifundiário estava
outra era necessário
e,
hora de a forma produtiva
capitalista, exercer
fora de cogitação, pelo próprio capital, devido aos acidentes geográficos. Outra
lidade de dominio e de exploração dessa
mão de
obra, dessa riqueza do solo,
mento crescente dos carecimentos, e a conseqüente necessidade de
satisfazê-los,
e induziu o capital a tomar a sua decisão. Essa decisão viria a preencher
próprio capital. Tornara-se
da matéria prima.
O
uma necessidade
um
modado aulevou
vazio do
das agroindústrias terceirizar a obtenção
significado real da terceirização ligava-se a dois fatores básicos:
garantir a própria sobrevivência e potencializar a obtenção de lucros
via aumento da
exploração da mais valia. Objetiva-se a criação de formas para submeter as condições de
vida do pequeno agricultor, transformando-as basicamente
em forças industriais.
_Ô..-JMJ
33
.
Cgi/Í-É
Umversltarloñ
UFSC -
Biblioteca
Uma das
utilização
formas encontradas de convencimento e “sedução” do a
-
'
`
,
dos apêndices estaduais, ligados ao setor da agricultura. Foi assim que o
psi-
ACARESC, hoje EPAGRI, verdadeiros tentáculos do capital, se
em um canal de uma mais rápida extinção ao sistema de produção aqui
tacismo de técnicos da
constituíram
instalado.
O discurso retórico, vinha entulhado
de idéias da morte da forma de produ-
ção agrícola tradicional, enquanto disseminava propostas de modernização na proprieda-
de e nas formas de produzir.
A ACARESC foi criada na década de 50 e, a partir dos
anos 70 começou a prática de
num modelo
um programa
norte-americano. Esse programa
para o- Brasil, ficando» conhecido»
Hand; e Saúde
-
vir
-
Heatcth.
como um verdadeiro
como forma de
A ACARESC,
tes e
também
um vasto
bem como
“modelo”
O interesse na modemização agrícola
As
Estados Unidos
Sentir
via os Clubes
-
transpôs-se
-
Heart; Ser-
4S estendeu-se
e variado programa de concur-
estímulo para novas experiências produtivas nas propriedades. Era
tas à propriedades consideradas
ses nacionais.
4H nos
de conquista junto aos agricultores, estimulando-os para pre-
significativa a distribuição de premiações
dos.
-
como “Clubes 4S”: Saber - Head;
senciarem reuniões informativas. Executavam
sos,
educativo., cuja linha mestra' está calcada
a participação
em outras 'regiões
e
até-
em excursões de visimesmo
outros esta-
e agro-industrial, extrapolava pois os interes-
multinacionais produtoras de fertilizantes, máquinas agrícolas, semen-
produtos veterinários marcam decisiva presença na mudança do processo produti-
VO.
Na esteira do sonho
de melhorar a propriedade e de produzir mais, o agricultor pe-
um envolver incitado a um envolver negociado e ou cooptado. A
ainda é para um grande número de pequenos agricultores um grande
rambula pois entre
integração era e
impasse,
que
lhe
um gigantesco
dilema diante da não existência de alternativas concretizáveis,
sejam mais viáveis.
I.8i -
A PEQUENA PROPRIEDADE INTEGRADA
Surpreendidos e muitas vezes desprevenidos, sem ter a
car-se das informações passadas pelos técnicos,
mentos que sequer compreende.
fácil
O
quem
recorrer para certifi-
o agricultor sucumbe, diante de argu-
enlevo diante da perspectiva de
um trabalho
mais
mais lucrativo remove os últimos resquícios de resistência. Era o milagre econômi-
W
34
co brasileiro, trazendo o milagre do lucro
sessenta.
e
fácil
bem maior para o
Osprimeiros aviários são erguidos, por entre
agricultor.
sorriso ingênuo
o~
Década de
do agricultor
e
o olhar perverso de dominação e exploração acirrada de mais valia que se aproximava.
A euforia dos primeiros lotes de fiango, em
com
capacidade para doze mil fiangos,
cem metros de comprimento
aviários de
num
e
misto de perplexidade, são motivo para
mais um, mais outro, e mais e mais... Os primeiros resultados, propícios, sem dúvida,
não permitem
nem de
longe
Aqui convém
estabeleceu.
uma análise do
ressaltar
cos pela de suinos, na Região, é
potencial de intervenção que se quis e se
que a intervenção,. substituindo a produção de por-
bem anterior.
Ela começou
com a introdução
das raças
DUROC, LARGE WHITE e» LANDRASSE, por estas raças apresentarem mn
valor comercial e um maior potencial produtivo de came em relação ao porco
comum ou tipo banha. Sobre essa introdução, já tratamos anteriormente.
À medida. que o modelo se expande, começa a revelar
clarecidas anteriormente. Outras faces,
sam a exigir do
agricultor,
e domingos, antes
comum
precisa
postura,
O
outras decorrências, outros envolvimentos pas-
novo- ritmo no executar das atividades diárias. Feriados
trato, tanto
um
ser construído.
rados, enquanto outros
preto,
verdades e condições não es-
tornam-se agora
religiosamente guardados e respeitados,
de atividade.
Uma nova
um
maior
do frango quanto do suíno, são
novo posicionamento
se
faz necessário,
um
um
dia
tarefas diárias.
novo
homem
Novas normas de conduta, novos conceitos são incorpoperdem o
sentido, são postos
em dúvida
e perturbam o
modo
de vida, pacato e perdido na mesmice até então. Mudanças profimdas ocorrem nas
relações familiares e sociais. Profundas são
fisica
e mental.
também as mudanças nos costumes, na saúde
Há novos carecimentos e novos envolvimentos.
A implantação
-
na região do Sistema de Integração nas suas mais diversas
implica na instalação de
mn
faces,
novo paradigma produtivo. São intensas as modificações,
que atingem não só a materialidade, mas passam a ter profimdas repercussões na subjetividade
do
agricultor, afetando
destas mudanças,
rico
podem
e
bem como
devem
toda a sua forma de
as conseqüências tanto no
ser visualizadas
que a integração se expande, ou que o
tência vai sendo destruído
ser.
A dimensão
campo
em toda a sua extensão
capital avança,
o
e o significado
teórico quanto no empí-
A medida
e profundidade.
modo de produçao para a subsis-
ou reorganizado, tanto nos aspectos tecnológicos
-
engenha-
35
ria genética
-,
redimensionamento do tempo e do espaço,
`
.
bem como
técnicas e
métodos
.
de produção. As atividades e produção, quase que- exclusiva para o autoconsumo, im-
põem-se a partir de então uma produção mercantil, ou
mais para o grande mercado consumidor.
seja passa-se a produzir
cada vez
36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1)
WIGGERS,
1) Jornal
Terezinha. Levantamento de Dados do Município de Itapiranga, Datilog., 1969.
o Estado, de 27.10.1976,
p. 17.
Cinqüentenário de Colonização.
1) ROHDE, F. Maria. Beitrag zur 25 Jäbrigen Geschischte der Volksverenskolonie - Porto Novo: Wie
eine Frau eine Urwaldsiedlung Wachsen sah. Tipografia do Centro S.A., Porto Alegre.
ano de edição
desse livro não consta mais nos exemplares 3 exemplares vistos em Itapiranga, por lhes faltar a capa.
Existem articulações no sentido de que seja feita uma reedição desse livro, inclusive uma com tradução
para a língua portuguesa, pela equipe de redação da revista Paulusblat, revista editada na lingua alemã,
criada em 1927, com o objetivo de relatar e servir de material de informação da Volksverein.
O
2)
SORJ, Bernardo. Estado e
classes sociais
na
p. 23.
agricultura brasileira. Rio de Janeiro: Guanabara, 1980,
3) FREDERICO, A. Produção de leite e integração- dos produtores na cadeia agro-industrial;
produtores ligados à Nestlé. Belo Horizonte: Dissert. De Mestrado., UFMG, 1979.
4)
GRAMSCI, Antônio. A questão meridional.
5)
Arquivo histórico do Colégio Estadual Pe. Balduíno Rambo.
A
O caso dos
Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987, p.63.
A
nova submissão. mulheres da zona rural no processo de trabalho
6) MOSER, Anita.
Porto Alegre, Edições Paz e Terra, 1985, p. 45.
Industrial.
CAPÍTULO 11
A ESTRUTURAÇAO PARA UMA PRODUÇÃO CAPITA-
II.1,
«
LISTA
\
.
Certo é que da aliança ou a implantação da terceirização, via agroindústrias, no meio
do Oeste Catarinense não pode
agrícola
separado de
uma
ser visto
como
algo estanque e muito
realidade maior, pois significa a inserção
do agricultor
num
menos
contexto
maior e a conseqüente necessidade de expansão das relações de produção dominantes
nossa sociedade.
Uma
em
de fatores precisam ser analisados. Dentre outros destaca-
série
mos:
n.1.a
-
MÃO DE OBRA
A mudança conceitual e prática é significativa. Produz-se
mações
trole
pré-capitalistas,
com uma absorção
clara
de grande contingente de trabalhadores.
a desestruturação de for-
da mão-de-obra e o conseqüente con-
Uma forma de impor com sucesso
a ope-
racionalização dos mecanismos de extração de mais-valia, através de novos esquemas
organizacionais: a terceirização.
sentando
como
É
ela urna das'
opções da acumulação
capitalista
com o
pressuposto básico a proletarização da força de trabalho,
de explorá-la mais e melhor.
No caso das agroindústrias torna-se
inviável
apreintuito
o deslocamen-
to dos trabalhadores e a infra-estrutura para produzir suíno e frango para a cidade, daí a
opção pela manutenção dessa mão de obra no campo, deslocamento para
mentos, a tecnologia e a organização
industrial.
Dessa forrna
lá
os equipa-
viabiliza-se a relocalização
Ao fugir da concentração urbana, encontram-se mais facilidades para evitar
problemas com concorrência. Encontra-se uma força de trabalho com certa habilidade
industrial.
historicamente construída e por outro lado a inexistência de
como
classe operária.
uma
organização sindical
A subordinação histórica e estrutural da força de trabalho no país,
determinou e continua detemwinando a flagilidade das mobilizações e lutas politicas dos
agricultores na busca de melhorias de suas condições de vida.
bordinação põem-se
como a
possibilidade da continuidade
De
certa forma esta su-
do modelo de produção
propriedades familiares. Ato contínuo, permite o aumento da produção
qüente aumento dos custos de produção.
É
em
sem o conse-
o que mostra a gradual implantação da mo-
39
demização tanto de máquinas e insumos, quanto o melhoramento genético dos planteis
de suínos, fiangos e sementes, presentes
Ao
capital
trabalho, o
em nossa região.
nunca importou que determinada população desempenhasse determinado
que
lhe interessa é a produção, fruto
da exploração da força de
trabalho.
função disso pode-se afirmar que ao capital a força de trabalho não é a população,
Em
mas a
sua capacidade de trabalho. Historicamente- o capital explorou tanto a força de trabalho
de homens, mulheres e
outra.
O
em certos momentos
embora
maior ou menor aproveitamento de alguma dessas
lhe possibilitar
xos,
crianças,
convinha por
caracteristica desta força de trabalho como- possibilidade
submetida a maiores níveis de exploraçao.
-
variáveis- lhe
uma ou
o aumento da extração da mais-valia, via pagamento de salários mais bai-
ou mesmo pela
II.l.b
tenha priorizado
de ser
'
O TRABALHO DA MULHER E INFANTIL
Na tradição histórica da submissão, encontramos a mulher. E, no esquema da integração ela exerce uma função primordial. A mulher do agricultor sempre trabalhou muito.
Ela estava e está inserida ntun tipo de economia na qual a família constitui-se a unida-
de produtiva
e,
por isso
das atividades agrícolas
do produtivo.
situação
muito
mesmo
ela e as crianças participavam e participam ativamente
em geral.
Raramente no entanto, seu trabalho era e é considera-
A sua condição social a mantinha e ainda a mantém inferior ao homem. A
de submissão da mulher
agricultora e
também das mulheres de forma
geral, é
bem expressa por Gianni ao afirmar:
“Quanto mais profunda a insegurança, a dú-
vida sobre o próprio valor, tanto mais profunda a
ânsia de se conformar com o modelo imposto, tanto maior esforço e atenção para compreender
aquilo que os outros desejam de nós, para nos
confirmar às suas expectativas: quanto maior a
conformidade, tanto maior a segurança de ser
amado e aceito” (Bellotti; 1979:10) (1).
A
integração da mulher agricultora, ativamente no trabalho de produção de fian-
gos e suínos,
aliás este
grados, configura-se
ço do
lar,
era
um argumento usado pelos técnicos para a conquista de inte-
como uma duplicidade de compromissos. Ela continua com 0
cuidando da
família,
mas também adere ao
servi-
trabalho produtivo. Muitas vezes
pela situação de submissão esta atividade produtiva asstune características de comple-
40
um maior incremento na força
mentaridade. Assim a integração é também, motivo para
produtiva, ao inserir
um expressivo
contingente feminino e
mesmo
infantil
no mercado
de trabalho. Quando incorporados no mercado de trabalho, a força de trabalho feminina
uma mudança na estrutura produtiva. Ao explorar a força de trabalho
das crianças, mesmo que ocupadas em tempos parciais, novas e mais
e infantil, ocorre
da mulher e
complexas articulações a nível de consciência de classe são postas. Se a consciência de
classe sofre já dos dissabores originários da heterogeneidade vivida no setor produtivo
ei
na vida social, tanto na esfera material quanto na da
relação
além da
subjetividade, ela agora,
entre indivíduo e classe implica na relação entre classe e gênero.
Convém no
dos agricultores
entanto destacar o surgimento da
com relação
ao trabalho feminino e
mais diversos setores produtivos.. Para
integradas
-
frangos e suínos
mudança no modo de pensar
-
infantil e
de agir
o seu uso diretamente nos
isso é importante destacar
ou mesmo naquelas onde
e
que nas propriedades
existe Luna
maior possibilidade
mecanização agrícola, crianças e mulheres são cada vez menos solicitadas para participarem desses trabalhos. Não significa no entanto, uma retirada completa, pois existem
de
ainda trabalhos que são considerados essenciahnente e tradicionalmente femininos,
por exemplo,
II.1.c -
tirar leite e
como
cuidar da horta.
UMA FORMA TERCEIRIZADA DE PRODUÇÃO
A integração é hoje caracterizada como forma terceirizada de produção. Uma fonna
de produção que encontra parâmetros na própria gênese do capitalismo. Seu berço
monta aos séc_ulos.XVI a XVIII, período em que
Naquela época, as
famílias,
para os “capitalistas”
recebendo
agrícolas.
deu ênfase à
indústria doméstica.
sem se desligarem da terra passavam a produzir mercadorias
em
troca pagamento.
filhos menores, ajudavam ativamente no trabalho,
mente de práticas
se
re-
sem
A
família inteira, incluindo os
no» entanto» se
desligarem total-
Esta fomia produtiva na época foi abolida, porque
foram cercadas, os artesãos faliram o que ocasionou
um acréscimo
significativo-
as'
terras
de mão-
de-obra disponível nos centros urbanos. Hoje o processo novamente se inverte.
A re-
própria
localização é fundamental e estratégica para aumentar a acumulação de lucros e a
sobrevivência das empresas.
41
Nesta relocalização entra
municípios,
um outro fator importante; na avalanche criadora de novos
ou em fase de criação, têm-se como sinônimo de progresso
do chefe do executivo o trazer
indústrias
cançarem seus intentos muitas vezes os
ou processos produtivos
tivos fiscais e financeiros. Estes vão* desde a isenção de impostos até
industriais.
Para
industriais.
fazem quase que
lideres eleitos,
nos ou áreas de terra para a localização dos parques
e de competência
leilões
al-
de incen-
o subsídio de terre-
Outro fator relevante na
relocalização industrial é a conseqüente transposição de tecnologia e ciência para regiões
rurais. Isto
permite
uma diminuição
de grande' parte da diferenciação de cidade e campo,
principahnente na modificação das noções de tempo/espaço.
A tecnologia produtiva, organizacional
agroindústria,
propaga
A
indústria
beneficios.
io
e regulamentar de trabalho, que acompanha a
urbanismo trazendo
moderna que se
'
faz
em
sua esteira tanto maleficios quanto
acompanhar dessa propagação já não tem
como norma de funcionamento a instalação num tipo particular de área.
mais
Para integrar-se no novo modelo- produtivo, o agricultor,
suas atitudes, suas ações, seu
modo de relacionamento com o mundo,
mundo, seus dogmas, suas verdades
trução
começa muitas vezes
seu conceito de
e concepções. Ele terá que ser reconstruído
um homem novo e diferente, para um mundo
como
necessita reconstruir
adverso do seu até então;
Acons-
O
contrato
antes do fechamento» de
um
contrato formal.
formal que se estabelece entre o integrado e o agro-industrial determina o tipo de matéria
prima que
o-
exclusividade para
agroindústria é
A matéria-prima produzida será vendida com
com a qual tem o contrato. O compromisso da
primeiro irá produzir..
_a
agroindústria
com o» fornecimento
casos, a facilitação
de insumos, a assistência técnica
etc.
na construção de
É
mais
benfeitorias,
investir,
com
como: chiqueiros,
auxílio
tindo a
em alguns
de empréstimos bancá-
aviários esterqueiras, estrebarias,
nesses casos que muitas vezes as agroindústrias passam a ter
direta,
hoje
do financiamento de instalações necessárias. Além da compra dos
equipamentos o produtor integrado precisa
rios,
e,
intermediando a relação banco e produtor integrado.
compra da produção a
um preço mais
ou menos
uma
participação-
A agroindústria garan-
estável, evita pelo
menos de
forma aparente, que o produtor integrado que contraiu o empréstimo fique de repente
sem recursos para
cobrir a divida.
Os produtos como
ração, concentrado, leitoas e re-
42
produtores financíados diretamente
integrado ao final de cada safra
-
II.1.d
com
a agroindústria, são descontados do produtor
ou lote criado de
animais.
A FORMA DE PAGAMENTO
Quanto a remuneração, ou melhor a distribuição de “lucros” ou “sobras”, a variação,
O cálculo é feito pelas empresas sem
de mn processo. ou “fónnula européia” e,
a incerteza, a inconstância são presença marcante.
a participação do
segunda
rios
fazem uso
os fatores básicos ou as variáveis consideradas são: mortalidade, conver-
ela,
são, peso
agricultor. Elas
e tempo.(2) Este último, considerado desde o recebimento até a entrega. jVá-
órgãos
sindicais,
mobilizam os diversos segmentos da integração, avicultores,
sui-
com as
condizente com o
nocultores, fumicultores, a travarem constantes campanhas de reivindicações
agroindústrias,
na tentativa de obterem
um
retorno financeiro mais
volume de trabalho despendido, com a quantidade e a qualidade de matéria-prima produzida e entregue. Diversos assessores dos integrados traçam paralelos entre os custos
de produção, desde a necessidade da aquisição de insumos, implementos agrícolas, a
depreciação das instalações, a necessidade de investir
-,
como forma de proteção
em bio-esterqueiras -
ambiental, a aquisição de máscaras
fumicultores
-
de trabalho necessário e gasto na plantação ou nos cuidados na e
No entanto para os
suinocultores
-,
o tempo
com a criação.
produtores integrados, calcular a renda somente do produto inte-
grado, digamos o suíno é complicado e praticamente inviável.
O fato é que em sua pro-
priedade, a produção dos diferentes produtos está interligada. Assim, o milho produzido
é consumido pelos suínos, o esterco do suíno aduba a lavoura de milho e das pastagens
para
o-
gado. Vender o suíno possibilita a aquisição da semente de milho,
outras culturas. Permite
cilitadores
de serviço.
peneirado e
uma
também a
Na
bem como a de
aquisição de implementos agrícolas necessários e fa-
avicultura
o processo é semelhante.
O
esterco
do
aviário é
das partes separadas, aquela que contém maior quantidade de ração é
tratada para o gado, tanto o da propriedade
ou
vendido» para outros produtores. Especi-
almente o esterco peneirado é tratado para o gado de
leite
e o gado que fica
semi-
A parte mais “grossa” do esterco de fiango é
vendida ou usada na própria lavoura de milho, nas pastagens ou outras culturas. A interconfinado para a engorda e posterior
abate.
ligação produtiva dos diversos produtos torna a apuração final
do cálculo extremamente.
43
complicada e não imediata após o
porque fazer
o»
lote.
Na verdade
vêem
os produtores integrados não
cálculo específico de cada produto, já que tudo está na
mesma proprieda-
de e na maioria das vezes converge para um mesmo caixa.
Tendo como parâmetro o argumento dos produtores
de é
uma
unidade produtiva e fimciona
como
integrados, de que a proprieda-
um todo,
é possível suportar
em
alguns
períodos o baixo preço do kg de suíno (R$ 0,71) e a do frango (R$ 0,16 a unidade). Ti-
rando
R$
0,16 por unidade, o integrado considera-se
satisfeito.
frangos isto significa receber R$` 1.920,00, da agroindústria.
em ou por 46
retorno.
dias de trabalho, não
O dinheiro
obtido
de doze mil
O integrado tem certeza que
há atividade agrícola que
com a venda do
Num lote
ou
lhe forneça este valor
com
esterco, cobre gerahnente as despesas
maravalha, usada na cama do aviário, luz e gás ou lenha, usados no aquecimento nas
épocas de clima
se
frio.
Por outro lado o produtor integrado sabe muito
bem que desligar-
da agroindústria não lhe garante o poder de negociar ou mesmo fixar o preço para a
sua produção.
O
produtor integrado que contraiu financiamento, quita-oz
com raras
exceções, gra-
dativamente a partir da renda obtida. Logo, o financiamento de máquinas, equipamentos,
benfeitorias, matrizes e reprodutores, a própria terra recuperada pela
passam a
que pemianecem na propriedade, e por
ser considerados investimentos
também passam a ser considerados como
adubação orgânica,
lucro. Ele considera lucro
cada vez que conse-
gue melhorar as instalações e adquirir equipamentos automatizados para os
facilitadores
cal,
de serviço nos chiqueiros, como
misturador de ração,
mente
eles
infantil,
etc.
bomba
isso
aviários,
ou
esguicho, máquina para pintura a
Nesses casos, embora seja dificil quantizar, mas concreta-
significam mais tempo de
lazer,
menos ocupação de mão de obra da mulher e
maior possibilidade de os filhos poderem estudar.
A instalação, por exemplo dos
bebedouros e dos comedouros inteiramente automatizados nos aviários reduzem o tem-
po de dedicação e de
serviço, à
grados no sistema de fiangos,
meia hora por dia
como uma das grandes
6 a 8 horas de trabalho por dia no
calhas.
Eram necessárias 48
em média. É
aviário,
calhas,
considerado pelos inte-
conquistas, pois antes levavam de
quando ainda, a instalação da água era pelas
que precisavam ser limpas duas vezes ao
dia.
Esta
limpeza se fazia ou ainda se faz necessária, porque os frangos ao beberam a água trazem
presas ao bico partículas da ração que caindo na água
provocam a fermentação.
O
co-
44
medouro automatizado também é altamente favorável, pois os comedouros do
em
lar
níunero de 320, precisam ser abastecidos manuahnente tendo que
oi
tipo tubu-
produtor
com
deslocar-se por entre os frangos, o que não é muito recomendado além de ser feita
A capacidade
dificuldade e vagar.
de cada tubular é de 20 kg de ração. Se estiveram
vazios significa distribuir 6.400 kg de ração o que eqüivale a 106,5 sacas de 60 kg.
lote
um lote misto, aproe metade fêmea, consome 46.000 kg e o de fêmeas em tor-
de fiangos machos consome
ximadamente metade macho
em torno
de 48.500 kg de ração;
permanência média de 46» dias.
no de 45.000 kg - consumo, considerando-se
Nos primeiros
_
nos de 3
em 3
dias
dias,
do
do tubular precisa
lote o abastecimento
mas na última quinzena os
aconteça e para que não tenham que carregar muita ração' de
aí
uma
ser feito
mais
ou me-
tubulares precisam ser abastecidos diaria-
mente. Isto não quer dizer que eles estejam completamente vazios.
amente. Está
Um
Mas para que isto não
uma só
vez, o
fazem
das grandes vantagens dos comedouros automatizados.
diari-
Além de
diminuírem sobremaneira as horas de serviço, estes equipamentos potencializam os
cros por possibilitarem
um frango mais uniforme. Colocam à
qualidade, e acesso mais uniformizado à ração-.
uma relação
em
direta
instalações,
disposição água de melhor
O fator tempo dentro da integração, tem
com a tecnologia usada. Quanto menor a tecnologia de equipamentos
maior o volume de serviço a ser despendido. Por conseguinte, quanto mai-
or a tecnologianos equipamentos, nas instalações, nas formas organizacionais,
mais
fácil
lu-
menor e
o serviço e maior a padronização da produção.
Existe ainda
uma série de outros elementos que precisam ser incluídos no rendimento.
Um deles é o desvio de parte da ração ou de parte do concentrado. Embora não autorizada pela agroindústria,
isto
acontece
com certa normalidade.
Partes de ração, tanto na
integração de frangos, quanto na de suínos, são desviados para
ou
galinhas. Esse desvio é controlado para
os técnicos costumam fazer
o»
trato
do gado, porcos
que não seja de forma exagerada e os própri-
uma “vista grossa”,
diante desse
fato-.
Também ocorre
algu-
ma venda de suíno, ou frango, no mercado paralelo, ou como eles dizem “por fora”. Para
fechar o controle numérico, os animais vendidos “por fora” são registrados
como
elimi-
nados ou mortos por doença. Para os integrados na UPL - Unidade Produtiva de Leitões
-,
o descarte das criadeiras e reprodutores velhos, pelo fato de serem dono dos mesmos,
fazem a sua revenda algumas vezes para açougueiros, o que
em si não
caracteriza desvio,
45
pois seu compromisso
com a agroindústria é com a entrega dos
leitões.
Outra vantagem
considerada expressiva pelos integrados é o fato de que os técnicos ou o veterinário,
também ser questionado
poupa o
trazer
com outros
sobre problemas
animais, o que
alguém de fora e pagar as despesas para tal.
infetantes deixados
em inúmeras vezes
Também os remédios e
des-
na propriedade para o produto integrado são regularmente utilizados
para outros animais ou outras instalações.
Portanto é preciso fiisar e
dimento da integração é_pois
insistir
o-
novamente que para o produtor integrado, o ren-
somatório das vantagens dessa inter-relação e interde-
pendência das diversas culturas e produtos produzidos na propriedade.
Para o produtor integrado, a idéia de
um endividamento
constante e eterno não en-
contra argumentos sólidos. Para os suinocultores integrados na
va de Leitões
-
estar
devendo ração, concentrado, criadeiras e reprodutores para a
agroindústria, não significa
qualquer momento.
UPL - Unidade Produti-
uma
Nenhuma
relação de dependência que não possa ser saldada a
agroindústria permite o início da integração
nanciando ao produtor '50 ou 100 matrizes e 2 ou 3 reprodutores.
e seu financiamento- é normalmente
gradativa.
em quantias menores.
Ocorre de forma crescente e
Ao
integrado
é-
dada a oportunidade de pagar a criadeira
primeira ninhada de leitões por ela produzida. Assim por exemplo
UPL, a 3,5 anos está hoje com 95
to.
A entrega de criadeiras
Digamos 10 no mês de janeiro, 7 no mês de julho, 12 no mês de dezembro e
assim- gradativamente.
tria
na UPL, fi-
criadeiras e
aproximadamente- 27 criadeiras.
com a
um criador que está na
4 reprodutores, devendo para a agroindús-
É uma dívida que ele pode quitar a qualquer momen-
Nos aviários e terminação de suínos os processos são
similares.
A agroindústria fornece os pintinhos de um dia, ou os leitões numa média de 25 kg,
fornece a ração, assistência técnica/veterinária,
Quando os animais estão prontos para o
bem como
a medicação necessária.
abate, são recolhidos, descontadas todas as des-
A partir desse momento não existe mais
nenhuma relação de dívida para com a agroindústria. A relação começa a se reestabele-
pesas
e,
o integrado recebe o lucro ou renda.
cer quando do recebimento de novo lote.
O que existe por parte de alguns integrados são
dívidas junto ao setor financeiro de bancos, para investimento
no melhoramento das
construções, instalações e aquisição de equipamentos mais modernos.
Mas como
é di-
46
foi
nheiro para investimento e concretamente a construção existe, a instalação
equipamento
foi adquirido,
feita,
o
tudo facilitando os serviços, prometendo lotes mais unifor-
mes, prometendo potencializar os lucros, os integrados não
vêem esta dívida como
impagável.
algo
_
Para os integrados no setor de frangos dos quais se exige um elevado investimento
equipamentos necessários, com rarísinicial, pela construção do aviário e aquisição dos
simasz
exceções ocorridas até hoje, o produtor vendeu ou
teve-
que vender o
aviário,
por
debitados e
não conseguir quitar as prestações do financiamento. Os casos ocorridos são
do: produtor do que à
atribuídos pelos demais integrados muito- mais ao “relaxamento”
agroindústria. Já para os integrados
na suinocultura, inicialmente as agroindústrias
acei-
que quando agricultores produtores, já possuíam. Estas vão sendo
de franampliadas a medida que a renda permite. Logicamente existem integrados, tanto
tavam as
instalações
com financiamento bancário a ser quitado, mas em prestações, e,
a grande maioria. Mas muitos deles também têm as instalações básicas
gos quanto de suínos
pagáveis para
totahnente quitadas. Existe inclusive
um quase consenso entre os agricultores de que “ter
dívida é bom”. Ela motiva para mais capricho e evita esbanjamento
em festas, clubes, etc.
como não é a relação- de dívida que mantém a relação de integração e a coação
também não é a melhor solução, a 'integração continua sendo mantida via uma relação
na relação agride “confiança”. O mesmo elemento essencial que já estava estabelecido
“confiança” uma espécie de jogo de
cultor e comerciante. Certamente é em nome dessa
Então,
mútuas obrigações, que a empresa tolera
esticar prazos
de pagamento, tolera desvio de
da
medidas de medicamentos e de partes da ração e do concentrado para outros animais
“mercado paralelo”. À relapropriedade, bem como tolera a própria venda de animais no
descapitalização geral dos peção de “confiança” é preciso acrescentar o fato de que a
O intequenos agricultores é fator relevante na manutenção da continuidade da relação.
de suficiente
grado de frangos, de suínos, nas modalidades UPL, e terminação não dispõe
capital de giro para bancar sozinho os custos
sição
da ração,
da produção. Custos que vão desde a aqui-
pesquisa
pintinhos, criadeiras, leitões, seu transporte, assistência técnica,
genética, medicamentos, etc.
É
deesta sim, a maior fonte alimentadora da relação de
conseqüências não
pendência, segundo os próprios integrados, problemas cujas causas e
47
podem debitar exclusivamente nem à agroindústria nem ao
se
certamente à
II.1.e -
falta
de
O COMPROMISSO DO AGRICULTOR INTEGRADO
cos, o controle periódico e sistemático
produção para a agroindústria
exercido» através
de
com a qual firmou
com
O mecanismo
contrato.
visitas e fiscalizações periódicas
aças e punições, mescla-se
os rígidos padrões técni-
da produção e a entrega incondicional de toda a
de controle é
dos técnicos da empresa junto às
Um eficiente
propriedades. São oportunizados cursos de treinamento..
esquema de ame-
o de premiações e méritos. Programas via rádios e ou
oque
de final de ano, servem para homenagear e premiar os mais “competentes”,
com
corresponde por outro lado à punição aos menos compromissados
certa
mas
uma política agrícola séria, definida e materializada.
O compromisso do agricultor é em primeiro lugar, aceitar
festas
sistema de integração,
forma,
o resultado, ou
ao se comparar
se
homenagear
a empresa.
os
mais
De
bem
“sucedidos”, motiva-se e estimula-se o individualismo. Diante das condições favoráveis
do estímulo ao individualismo e subjetivismo exacerbado,
vência
um enorme retrocesso.
Sua conseqüência mais
de sindicalização. Constitui-se ameaça a
quecer o próprio sindicato, torná-lo
tinção.
i
uma
direta
na prática da convi-
põem-se como dificuldade
ação sindical mais combativa,
um sindicato
“pelego”,
por
enfra-
ou mesmo condena-lo à ex-
-~
Também o
agricultor integrado precisa
comprometer-se (por força de cláusula do
contrato formalizado) de que os pintinhos recebidos de
sumo de determinado volume de
um prédeterminado
produção de
leitões,
lhas de fumo.
ração, e ainda
num
mn dia,
tenham após
mn con-
determinado número de
dias,
peso e então seguir para o abate. Formas idênticas, aplicam-se na
no término do
suíno, para
o tamanho a cor e qualidade das
fo-
Dessa forma, e nesse esquema a agroindústria pode programar-se quanto
a recepção da matéria prima diariamente.
risco de enfientar possíveis problemas
Aos
cria-se
Com uma programação
rigorosa, não corre o
com abastecimento.
agricultores vendeu-se desde o início a
imagem de que uma vez integrado
terá a
colocação de sua produção garantida. Concretamente, quando o controle da produção
dos integrados e toda a programação está nas mãos da agroindústria,
isto
tem se tomado
48
verdadeiro.
Mas segundo
produtores de
observação dos próprios integrados, quando o controle dos
uma região é entregue a um comerciante,
o.
integrado corre o
ainda
uma agroindústria
aos
e particularmente os criadores de leitões. Neste caso e,
segundo os' integrados, entram
em
cena outros fatores, inclusive
co/partidários constituindo-se a relação comerciante/integrado
políti-
numa espécie de paterna-
lismo protecionista extrapolando as relações comerciais. Este fato
ficil a colocação
de não
com relação
conseguir vender a produção. Este fato está sendo registrado na Região,
integrados de
risco-
toma ainda mais
di-
da produção dos não integrados, além de outros. dois motivos básicos: a
sua baixa produtividade, por acarretar mais despesas na recolha e a não inclusão na pro-
gramação da recepção.
II.1.f -
A PROXIMIDADE COM TECNOLOGIAS PRODUTIVAS E GENÉ-
TICAS
.
Apesar de continuar basicamente atado à atividades manuais, o novo
tor integrado, terá
também
com a sofisticação da
contato
com
engenharia genética,
dutivas mais modernas.
Tem
de produção de sementes,
altas tecnologias
com adubação química, com
agora o compromisso de executar
de absorver e executar ordens de cunho mais complexo. Tudo
técnicas pro-
um maior
atividades intelectualizadas de controle, de organização, de absorver
conjunto de novas estruturas que
homem agricul-
número de
novos conceitos
isso leva-o a criar
9
um
vão sendo absorvidas e adotadas gradativamente.
Vale aqui dizer que o produtor integrado é
um
dos grandes responsáveis pela evolução
e pelos resultados favoráveis das constantes- pesquisas que se fazem necessárias para que
a agricultura acompanhe a mutação constante do mercado consumidor.
É
ele-,
na sua
pequena propriedade e com seu abnegado e dedicado trabalho quem testa, sugere e
da a decidir sobre a potencialidade de determinada variação
genética, tipo
ções ou brincadeiras. Enfatizam que a vontade
”inverdades”
para o abate
ue estavam sendo
ditas.
em seis meses - hoje 4
mesmo
uando
a 5 meses
era de
lhes diziam
-
,
que os
rir
ue
Cl
leitões
se
Contam
eles
que
pareciam com goza-
diante
um
e
quando das primei-
ras visitas recebidas pelos técnicos, convidando-os para a integração..
no desenvolver da fala, a apresentação das vantagens muito mais
de instalação,
É interessante
composição da ração, produtividade e possibilidade de competitividade.
significativo o relato dos produtores integrados sobre o seu espanto,
aju-
do tamanho das
orco estaria ronto
poderiam
ser
desmama-
49
dos
com 25 a 30 dias - hoje os desmame ocorre entre
pelo silêncio contemplativo por acharem
dido para o abate
com a idade de
1,5
18 e 23 dias, optavam muitas vezes
“do homem”. Para
feio- rir
a 2 anos, o desmame do
leitão
eles,
porco era ven-
após 60
dias.
bem do dia em que um técnico da ACARESC,
fez uma visita convidativa ao meu pai. Ela ocorreu no mês de janeiro de
Particularmente, lembro-me muito
setor Itapiranga,
um cinamomo
1973. Sentávamos na sombra de
técnico esforçava-se para convencer o
capacidade para
po necessário para
médio de 2,5 kg
fiangos.
12'
-
fazer
hoje
Ao
um lote.
com 46
meu
um
pai a construir
aviário
de 100
m com
argumentar elencando vantagens, referiu-se ao tem-
Disse ele que o frango, após 60 dias teria
dias
O
após o meio dia tomando chimarão.
-
foi
of
suficiente para
um peso
meu pai balançar a cabeça
diante do absurdo que acabara de ouvir, exclamar: “só se acontecer
e
um milagre”. A gali-
uma média de 120 a 150 dias.
Sem o “milagre divino” mas lidando pelo primeira vez com modema tecnologia genética,
nha caipira para chegar a este peso levava
e-
ainda leva
um dia eram alojados no aviário de 100
Sessenta dias após meu pai entregava o primeiro lote de 12 mil frangos com um peso
o fato é que no dia 22.09.73, 12 mil pintinhos de
m.
médio de
2,5-
II.1.g -
Os
kg.
UM AGRICULTOR COM PODER DE DÉCISÃO
integrados produtores lidam
com matéria
sujeito
constantemente às variações climáticas.
tárias,
os
integrados estão constantemente
alteração nos animais. Isso exige
variações do clima. Implica
Além das
com
interferências
zôo
e fitosani-
sua atenção voltada para qualquer
um razoável volume
num conhecimento
mal ou não dos animais, sobre o
prima viva, ou material biológico,
de conhecimentos referentes às
acentuado sobre o comportamento nor-
tipo de medicação necessária para
uma ou outra situa-
ção. Esse conhecimento toma-se necessário e imprescindível porque, apesar de garantida
a assistência técnica, esta
veterinário
morte de
nem sempre tem
ou a sua demora pode
um leitão,
suino
acesso imediato.
A espera pelo técnico
sígnificar a morte e a conseqüente perda de
ou frango dentro de um lote de duzentos
leitões, trezentos
ou
A
ou
quatrocentos suínos, seis ou doze mil frangos, não pode ficar só pela morte. Precisa ser
investigada pois, caso se tratar de doença contagiosa,
medidas e providências rápidas
precisam ser tomadas. Vale destacar então que, ao estarem
em condições de fazer estes
50
produtores integrados deixam de ser
diagnósticos os
passa a ser
ele
sempenho
um simples trabalhador agrícola,
um produtor especializado. A acumulação
de conhecimentos pelo de-
no decorrer dos longos anos de suas
atividades, avalizam esta es-
tradicional
pecialização. Precisam ser considerados
uma força de trabalho
qualificada, por incorpo-
um padrão de qualidade garantida. São produtores especializados,
reunirem competência produtiva, um significativo nível de planejamento, de vigi-
rarem à sua produção
por
lância, e
reunindo a sua experiência às técnicas produtivas e formas genéticas, proporci-
onam um volume de alimento sem o. qual o- mercado das carnes» sofreria
Esse novo potencial do
grave revés.
produtor integrado, será abordado mais detalhadamente, no
A Reorganização Econômica.
tópico:
II.1.h
-CRITÉRIOS DE SELEÇÃO- DOS INTEGRADOS
Um dos fatores que influenciaram a concretização do Sistema de Integração na Região, foi
o
fato
de que
uma das
tradições trazidas pelos pequenos produtores rurais eu-
ropeus, descendentes de alemães e italianos, haverem praticado lá esta culturas. Para
estes agricultores imigrantes, criar suínos, lidar
uma
atividade importante. Consideram-na
passa a tomar-se
consideração.
As
uma
como um
espécie de identificação,
agroindústrias,
com galinhas e
um
descobrindo este
vaca de
valor cultural.
leite,
Uma
motivo de orgulho,
potencial
tornou-se
atividade
que
uma marca de
presente
nestas tradi-
ções, aproveitaram o conhecimento- da experiência e a vontade quase que “vocacional”
de produzir a matéria prima came, a
como:
ser caprichoso
praticar
partir
com a lavoura e com a
de animais domésticos. As características
criação, manifestar
normas morais inquestionáveis e manifestar uma dedicação
pelo temor a superiores, o que implica
gada, o capricho na lavoura e
com a criação, tem permitido
região.
fácil,
facilitaram a
A dedicação abne-
aos agro-industriais,
relati-
facilidade para estabelecer os parâmetros para selecionar os agricultores produtores,
candidatos à integração.
fato
A seleção
torna-se necessária para a agroindústria, porque de
não há vaga para todos e porque a racionalidade presente na produção
concentrar maior volume de produção
também os
ser
religiosa destacada
numa tendência à dominação
opção do agro-industrial pela concretização da integração na
va
uma rigidez cultural,
critérios
em um menor número
capitalista é
de integrados. Vários são
de seleção de ordem material e moral. Considerados fundamentais:
pequeno proprietário
rural; apresentar
uma razoável estrutura e organização na pro-
`51
priedade; a distância da propriedade à agroindústria (3),
ceira;
condutas e atitudes sociais e morais razoáveis;
nestidade;
comportamento
familiar incluindo
uma relativa
uma
estabilidade finan-
reputação de capricho e ho-
o sexual, regrado. Está pois explícito que os
não proprietários como os parceiros, os arrendatários e outras modalidades de ocupação
não podem
ser integrados.
A facilidade demonstrada na
incorporação das constantes
inovações tecnológicas para que os índices de produtividade almejada pela indústria se-
jam alcançados,
é fator decisivo na indicação e respectiva inclusão na integração.
bem como
forço e a dedicação- são merecedores de estímulo
'neficios que permitem não só a continuidade mas, e,
valem, por outro lado, ao descarte programado
e_
causas de extensão de be-
principahnente a ampliação-._ Eqüi-
à eliminação do produtor integrado,
que demonstrar menos capricho» ou demonstrar-se menos compromissado
ou ainda por apresentar comportamentos dúbios
sa,
O es-
e inconseqüentes.
com a empre-
Um outro argu-
mento importante e crescente atualmente, usado pelas agroindústrias é a exigência de
mínimo de 60
um
um espaço fisico de 360 m2, para a engorda de aproximadamen-
criadeiras,
um aviário de 100 m de comprimento para alojar 12 mil frangos caso da CEVAL; para COOPERCENTRAL o tamanho do aviário é de 25 m com capa-
te
450
suínos,
ou de
fiangos.. As. instalações e os equipamentos necessários,
cidade para 3
devem atender
constantemente aos modernos padrões técnicos. Estes critérios e exigências mais recentes,
constituem-se
em medidas
drásticas de seleção, diante
dos agricultores não integrados.
No
entanto eles são usados de forma diferenciada pelas
agroindústrias. Apresenta-se mais exigente a
COOPERCENTRAL. Embora
com relação
da
à
distribuição
merciantes
SADIA,
CEVAL
e mais maleável a
SADIA'
e a
as maiores reclamações dos integrados de suínos seja
pelo fato de
eles»
da ração, da recolha dos
também são
da crescente descapitalização
usarem os comerciantes como intermediadores
leitões e
do suíno gordo, uma vez que estes co-
integrados, o que segundo os produtores integrados viabiliza a
ocorrência de fraudes (4).
Infomiações, revistas, impressos diversos, cursos e palestras, constituem-se
em íecur-
sos usados pela agroindústria no sentido de facilitar o ajustamento e o enquadramento
necessários ao integrado.
A exigência formativa do- integrado
é condição imprescindível
de sobrevivência da própria agroindústria. Quanto mais informados sobre como
agir,
sobre o que fazer especificamente, melhor a qualidade da matéria prima que a agroindústria irá receber.
`
52
n.1.¡
-
INFLUÊNCIA RELIGIOSA E ESCOLAR
O aspecto religioso constituem-se num dos fatores chaves de integração da vida comunitária. A religião tem nas pequenas comunidades do interior a preocupação de envolver-se
com o
cotidiano das comtmidades. Apresenta-se
do agricultor e da
familia.
em âmbito
mentais para
um comprometimento cooptado na integração.
uma autoridade
Grande do Sul e
da consciência quanto da moral, são pontos decisivos
religiosa e
estes
mesmo
vem
civil,
Na escola o- processo
_e
fimda-
Essa tradição de submissão
trazida pelos agricultores vindos
de seus países europeus- de origem.
tradicional. Constitui-se
horizonte cultural
A submissão e a obediência dos agricultores às orientações do
padre, tanto
a
como um
do Rio
4
'
educacional rigoroso e tradicional, reforça a estrutura familiar
como um forte ponto de apoio» que
sublinha,
o estímulo à famí-
lias
numerosas; reforça o grau de subordinação à autoridade e ao poder paternal ou mari-
tal,
nas decisões sobre a propriedade e a vida familiar.
mas da conduta moral e estabelecem a escala de
lias.
De
certa forma, elas, igreja e escola,
condiciona e torna legítima
um definido
A igreja e a escola, ditam as nor-
valores a serem preservadas pelas famí-
tomaram-se a superestrutura ideológica que
tipo de
formação
social.
O
cultivo tradicional
num aliado importante no processo de instalação do sisteConstituem-se em variáveis importantes na aceitação dos novos me-
desses. valores, transforma-se.
ma de
integração.
A estru-
canismos de exploração que se instalam no interior das propriedades produtivas.
tura religiosa e escolar reforçam a estrutura familiar da submissão e da tradição do trabalho intenso. Isto é tão válido que, por tradição
sa/escolar, os agricultores aceitam a idéia
e.
com
o reforço da herança
de que a pobreza é
um castigo, uma punição,
trazendo consigo o espírito de pecado e de culpa. Plantou-se e solidificou-se
ra de trabalho, entre os agricultores da Região.
religio-
É preciso» assinalar
uma cultu-
que as condições ge-
ográficas, as condições de desbravamento, a impossibilidade da maquinização, não deixa-
ram outra alternativa a não
ser
pesado, árduo e contínuo.
A submissão
a de se jogar intensa
e “o
eu
inteiramente a
amor ao
trabalho”,
um tipo detrabalho
abrem perspectivas de
mão-de-obra, abundante e eficiente para o capital agroindustrial à procura de relocali,
zação. Óbvio que
dades de
com a implantação da integração, põem-se
uma maior
racionalidade nos afazeres do dia a dia.
concretamente as possibili-
A modernização,
nas suas
53
diversas modalidades que aqui chegaram, são
de vida camponesa.
_
na região atuam diversas agroindústrias, estas acabam estabelecendo
de “respeito” mútuo.. Neste pacto
uma.
A necessidade
comercial
concreta de saída das formas
O JOGO DO VAI E VEM DA INTEGRAÇÃO
II.1.j -
Como
uma opção
ficam reconhecidos os
integrados tradicionais de cada
de novos integrados depende nomaahnente de
no mercado- consumidor
nacional
ou mesmo»
um pacto
uma maior demanda
intemacionalz.
Com
o=
melhora-
mento da demanda, fomializa-se o convite para a ampliação dos já integrados ou usamse
de estratégias de convencimento para que outros pequenos agricultores iniciem a
produção pela integração. Essa maior demanda comercial refere-se hoje, principahnente
à produção de fiangos.
ponto que o
É
notório-
o crescimento do consumo da came de
mesmo tem se tomado um tipo de disputa partidária, no
a sua estabilidade.
A
a
tal
sentido de elegê-lo
É ele um dos grandes sustentáculos do plano
que juntamente com outros produtos agrícolas está permitindo
como mascote de campanhas
econômico (Plano Real),
frango-,
eleitorais (5).
consagração do frango
como símbolo da estabilidade econômica
é
um sólido argumento junto ao pequeno agricultor para que amplie ou construa um aviário. No setor da produção integrada de suínos, no entanto, além de ser mais raro o
convite para novos integrados, existe um claro caráter seletivo dos melhores criadores.
Já tomado público, constitui-se provavelmente num processo irreversível. Estão em andamento projetos claros de eliminação ou simples não mais aceitação de produtores cuja
produção
Quando
se
é considerada irrelevante, para os. hoje padrões de acumulação capitalista.
as leis de
cada vez mais
mercado regem livremente o consumo e as margens de lucro tomam-
estreitas,
a ordem capitalista é clara e definida: “reduzir custos de pro-
dução”. Dentro dessa nova racionalidade, diminuir o número de integrados não significa
diminuir a produção. Pelo contrário, os integrados que
tencialidade de assumir a produção dos eliminados.
inerente à atual
forma de produção
gem de lucros, toma-se
inviável o
trado e da coleta de leitões
capitalista,
tal
ter
a po-
Em função dessa nova racionalidade
redução de custos, minimização da mar-
pagamento de técnicos, do
em propriedades
mais “dedicados” é ampliação, de
permanecem precisam
frete
da ração, do concen-
de baixo potencial produtivo.
modo que
A ordem aos
os que permanecem possam cobrir a
produção daqueles que vão sendo eliminados da integração. Os argumentos economicis-
54
com base na predominância da lei do mercado,
tas e capitalistas
lógica das agroindústrias.
mente
ir
instável,
É para elas uma questão de sobrevivência num mercado
onde as opções convergem para a ordem da contenção de
8 técnicos visitando 100 integrados
numa
são a ótica diretiva dessa
propriedade ou 70, 100, 150
ou
3.
numa
gastos. Possu-
visitando 40, carregar 10, 15,
outra,
ou 23
capitalista estas
leitões
põe sem dúvida a racionalidade na
gunda opção, priorizando produção e concentração (os números indicados são
Dentro da lógica
ações não só são corretas
como
imprescindíveis
O pro-
um aumento do potencial produtivo dos integrados que ficam. O
grupo seleto dos que permanecem na integração- da suinocultura, certamente.
se mais forte e mais combativo. Fato
bem como o de
se-
fictícios).
sob pena de a própria agroindústria. tomar-se vulnerável e ameaçada de falênciaf
cesso seletivo significa
alta-
irá sentir-
que pode aumentar o seu poder de mobilização
barganhar maiores parcelas de participação nos lucros. Nesse particu-
pode encontrar-se o gérmen de uma maior participação econômica e administrativa
lar,
junto a agroindústria..
_
os.
Resta no entanto
a.
questão de
como resolver a situação dos excluídos- da integração,
que nela jamais encontrarão vaga. Esse ponto, pela relevância merece
mais profunda. Segundo algumas literaturas que
quem se
integra é dominado, o
zam nenhuma
não integrado é
alternativa opcional
contrários à integração são de que os
isto
significa descapitalização
em
do
situação. agrícola
um excluído. Tais afirmações não
ao pequeno agricultor. Os argumentos
país,
sinali-
utilizados, e
mesmos obtêm uma “renda negativa”. Diretamente
crescente pauperização.
ormente o cálculo da renda do integrado não pode
lógica e prática
a
uma reflexão
Mas como
ser feito pelo
do integrado o cálculo só tem sentido se
feito
Da mesma forma quem
Excluído do que especificamente? Da dominação?
demais produções da propriedade.
foi
abordado
anteri-
produto integrado. Pela
quando
interligado
com as
não se integra é excluído.
Sem dúvida existe presente na integração uma lógica que a rigor a define. É a lógica
racional da forma de produção capitalista.
Sua presença no
entanto, inaugura
um mo-
numental avanço tecnológico, que a própria racionalidade histórica do trabalho humano
abstrato
(como será frisado no Cap. IV),
ela vai se
trás inserida
em seu conteúdo.
Gradativamente
expondo, através de formas cada vez mais complexas, mas também mais
raci-
55
Existem sem dúvida presentes na integração, a lógica da empresa privada, o que
onais.
significa a lógica capitalista. Se foi esta
que merece outras
análise e outros
ou não a única opção ou
solução- possível,
embasamentos. Dizer que a integração excluiu outras
fomias ou possibilidades de produção e sem nenhuma preocupação
integrados e
social,
nem com os
menos ainda com os excluídos da integração não é suficiente para o
lumbrar de alternativas, é reducionismo empiricista.
um fato natural e nem pode
imutável. Há. uma série
que
é fato
ser considerado
como
A consumação
tal
e
da integração, não é
menos ainda como uma forma
de fatores que contribuíram para a sua implantação. Obviamente
em muitos desses fatores,
interesses obscuros
em substituição
ao consumo de óleos vegetais,
marcaram presença. Desde
came
o incentivo
à banha, a proibição da comercialização
da came suína por pessoas ou abatedores quando nos mercados, mercearias
fosse ofertada
vis-
suína proveniente de frigoríficos. Cite-se
e
açougues
também a “famosa”
peste
um plantel de suínos era eliminado pelas autoridades pela simuma doença em um dos animais. Mesmo que em inúmeros casos a
suína afiicana. Nela, toda
ples detecção de
“peste” estava restrita
recuperar e formar
sível.
uma
simples e corriqueira diarréia. Mas, para estes agricultores
um novo plantel com o dinheiro da indenização, isto
Além da eliminação sumária dos animais,
era algo impos-
outra pena grave era imposta ao agricul-
tor produtor: ele não poderia vir a criar porcos durante
um período
de no mínimo de 4 a
Há sem dúvida interesses diversos presentes no processo da integração. Certo
proprietário produtor e o produtor integrado estão inseridos num complicado
6 meses.
é
que o
e
intrigado
jogo de
forças,
que mais comungar
onde talvez a maior chance de ruptura
com a tecnologia, com o
esteja
do lado daquele
avanço da ciência na genética e a lógica da
materialidade racional.
PRODUÇÃO CAPITALISTA: UM IMPASSE OU UMA POSSIBILIDADE AO DESENVOLVIMENTO PLENO
II.2 -
A modernização da produção agricola encontra-se diante de um enorme impasse. Ela
não tem como -conseqüência imediata a solução da pobreza e da miséria,
econômica,
social
gama tecnológica
antes
ou
política
seja
na ótica
que prolifera entre os pequenos produtores. Toda esta
e organizacional da reestruturação da propriedade produtiva familiar,
ou ainda restrita à comercialização dos excedentes, em propriedade produtiva
talista,
vem acompanhada das
capi-
grandes contradições entre capital e trabalho, entre fome-
56
cedores da força de trabalho e detentores da produção.
As grandes mazelas do
mo urbano industrial, como: concentração da produção-,
exploração da força de trabalho,
manutenção de
didas
um contingente de trabalhodores como
ou ignoradas. Elas acompanham o
modo de produção.
tração,
A dominação,
capital
reserva...,
ser
escon-
por serem integrantes e inerentes a esse
a dependência, a seletividade, a exclusão e a concen-
continuam disputando páreo
com os
supostos beneficios econômicos que a
dernização agricola tanto proclama. Ela tem trazido juntamente
“escolhidos”
não podem
capitalis-
com
mo-
os beneficios aos
uma maior proximidade da pauperização de grande número
de propriedades
com características produtivas tradicionais.
Inúmeras medidas governamentais e do sistema econômico, forçam
uma constante
e
gradativa descapitalização de grande parte de pequenas propriedades. Citam-se, o difi-
ou negação pura e simples do acesso ao
cultar
como conseqüência imediata o não
crédito
no sistema financeiro, o que traz
acesso à novas e mais produtivas tecnologias. Estas
medidas. seletivas geram marginalização e a expulsão
como reflexo
direto da
não mo-
dernização da estrutura produtiva.
Devido às suas
cional,
diata.
características tanto»
na forma de produzir quanto na forma organiza-
a integração ou a modernização determinam um menor uso de
O resultado é a expulsão e
mão de obra ime-
o abandono da propriedade agrícola
oque
traz
como
conseqüência imediata o inchaço da periferia de cidadãos e o aumento do número de
favelas. Caracteriza-se
certamente
em muito
mais
uma vez que a modernização
os problemas da produção material,
contribuíram para
não tem formas e talvez
nem
das formas de produção, que
conteúdo para resolver o problema social e político dos
homens. Enquanto esses problemas não encontram solução, gradativamente
la crescente,
dos.
uma enorme
e,
em esca-
parcela da população é excluída do acesso aos bens produzi-
Uma exclusão que pela forma capitalista determina o não acesso
aos bens materiais
nem sociais, uma vez que este acesso ainda está condicionado à troca por moeda. Na
verdade, e numa visão diversa daquela ancorada na lógica capitalista, a introdução de
e
novas tecnologias deveria fazer avançar
o»
desenvolvimento da humanidade, permitindo,
além da crescente redução da jornada de trabalho,
um acesso
mais universalizado aos
bens socialmente produzidos. Tudo passa a depender da estratégia dos mecanismos de
regulação e da criação de outras modalidades de apropriação da produtividade gerada.
A
57
possibilidade concreta, oferecida pela difusão cada vez mais abrangente
nos setores produtivos,
em
reduzir o
tempo do trabalho imediato é
um
da tecnologia
pressuposto
necessário para redimensionar as perspectivas sociais e politicas que relevem a uma nova
forma de acesso aos bensproduzidos.
A profunda reorganização
_
econômica, tanto nos setores produtivos urbanos quanto
nos que dependem diretamente de atividades
um
familiares- agrícolas,
não encontram ainda
equivalente nas transformações sociais. Estas ainda estão emperradas e presas a
formas arcaicas, onde os monopólios, oligopólios e os corporativismos. sufocam projetos
e ações de
tar-se
uma abertura mais social e universal.
como uma
alternativa
A modernização agrícola pode apresen-
à reforma agrária emperrada nos gabinetes, desde que res-
peitadas as diferenças, não se restrinja a um acesso de forma desigual.
II.3 -
INTEGRAÇÃO: NOVAS OPORTUNIDADES
Dentro das condições' objetivas postas pela prática produtiva da integração, permitese
um abrir de horizontes, que
de produção de alimentos.
»
envolvem o agricultor
O seu anterior isolamento
com novos e modemos processos
social, limitado
à família e ou co-
munidade, a fomra arcaica e artesanal de produção, esvai-se agora pelo contato
formas de produção universais, que 0 levam a ser
tente,
mais moderno e mais competitivo.
com
um indivíduo mais social, mais compe-
A integração expõe o proprietário produtor a
novas formas de exploração, mas também o expõe a novas formas de intercâmbio
social,
um campo mais abrangente de necessidades em sua vida e
ampliam-se iguahnente as exigências da ordem cultural e cognoscitiva. Uma consciência
mais dinâmica encontra nele um novo espaço, toma grande parte de seu tempo, toman-
econômico e
politico. Cria-se
do possível o “surgimento e o desenvolvimento de amplas e profundas organizações”
Gramsci; 1987:73)(6), dos proprietários produtores.
econômicas
A
(
reconstrução de suas relações
com a agroindústria, passa a ser uma constante. A medida que
se
descobrem
mais indivíduos coletivos e universais, verão reivindicações se solidificarem e as metas
passarem a ser conquistas históricas e concretas.
58
Diante do quadro, a situação dos agricultores, dos produtores integrados, saindo do
perfil de produtor familiar de quase exclusiva subsistência, constitui-se
numa questão
que transcende a estrutura de fórmulas e marcas de cunho puramente economicista. Mais
do que isto,
intelectual
ela se
com
perspectivas
opera dentro de
uma realidade econômica,
potencial para apreender e criar.
É
de
homem
dentro dessa diversidade de novas
que inevitavehnente se entrelaçam as relações de sua construção como
produtor para além de sua propriedade e consumo.
que o homem, integrado produtor, usca
à exigência de mais e melhor vida a
volvimento.
social, política e
si
o-
e a
É também
dentro dessa diversidade
mecanismo do auto-desenvolvimento,
uma
aliado
dinâmica mutável desse próprio desen-
No dizer de Gramsci: “um mecanismo' de desenvolvimento autônomo
e'
auto-
propulsor” ( Gramsci; 1987 :5l)(7).
Todo
esse conjunto de transformações de
ordem econômica,
social e intelectual,
em
desenvolvimento na Região, sublinham a inserção dos agricultores na forma capitalista de
produção. Para Marx, citado por Gramsci:
“O modo de produção capitalista... Cria a forma
adequada, subordinando a agricultura ao capital;
e desse modo, também a propriedade fundiária
feudal, a propriedade do clã, a pequena propriedade dos camponeses unidos à comunidade de
marca, apesar da disparidade de suas formas jurídicas, são transformadas na forma econômica
correspondente a esse modo de produção”
(Gramsci; 1987: 56) (8).
'
11..
4
A
“divisão
-
A ESTRUTURA DA rNTEGRAÇÃoobedece
produção pelo sistema de integração
social de trabalho”.
Alguns agricultores
vida.
atingir
em tomo
tuna pré-detemiinada
são responsáveis pela criação e
entrega de leitões, outros atuam no processo da engorda.
quando
a
A
entrega do leitão ocorre
de 22 a 25 quilogramas, tendo mais ou menos dois meses de
Para fazer a engorda
um outro
cento e vinte dias, quando então
.o-
integrado terá
um
suíno deve atingir
período aproximado de
cem
a
uma média aproximada de 90 a
95 quilogramas.
O sistema de integração, compreende. a seguinte estrutura:
59
II.4.a
-_
Aves
Mais conhecido pela denominação de parceria.
lações do aviário, cujas dimensões
Respectivamente
fonte de água,
silo
com
O agricultor precisa dispor das insta-
podem ser de cem,
cinqüenta ou vinte e cinco metros.
capacidade para doze, seis e três mil fiangos. Precisa dispor de
mão de
obra, equipamentos de trato da água
para estocagem da ração,
tos, material
de limpeza,
ser trocados
ou
tirados,
um galpão
bem como da ração, um
ou espaço para armazenagem de medicamen-
'utensílios defeituosos
como: botijões de
gás,
ou os que no decorrer do
lote
precisam
comedouros, equipamentos: de água,
fer-
ramentas, lenha, se o aquecimento for pelo modelo forno. Normalmente o agricultor
financia as instalações e os equipamentos, pois
a integração.
A agroindústria,
entra
frete, assistência técnica e veterinária.
seja necessária a presença capital
com
como já analisado,
os pintinhos de
O acerto
do loteé
do integrado. Existe
um dia,
feito
uma
tê-los é condição-
ração,
para
medicação,
na agroindústria, sem que
escala de pontos, dentro da
qual o integrado terá seu lote enquadrado. Esta escala de pontos, que se assenta basica-
mente na conversão alimentar, diferencia-se de acordo ao tipo de
chos, exclusivo de fêmeas
ou lote misto. Hoje, os
lote: exclusivo
peso de 2,5 quilogramas.
-
I1.4.b.1
-
A UPL
leitão,
em tomo de quacom uma média de
frangos- permanecem
renta e seis dias no aviário, quando são entregues à agroindústria
II.4.b
de ma-
\
Suínos:
UPL - UNIDADE DE PRODUÇÃO- DE LEITÕES.
-
Unidade de Produção de Leitões engloba os integrados que produzem o
conforme já o nome especifica. Os
leitões,
quando atingirem o peso entre 18 e
25 quilogramas, são recolhidos pela agroindústria, e transferidos para o integrado que
faz a sua terminação
-
engorda.
instalações, de fonte- de água,
mantém na região duas
grama de
leitão 1,5
lograma de
Na UPL,
o agricultor também precisa ser possuidor das
depósitos de ração, etc. Basicamente as agroindústrias
categorias de integrados
em UPL:
do preço do quilograma de suíno gordo
os que recebem por quiloe,
os que recebem por qui-
leitão 1,6 desse valor. Estes integrados produtores,
as matrizes diretamente da agroindústria, por
normalmente financiam
um período de 6 meses. Fato que possibili-
60
ao integrado
ta
or
pagamento da matriz com a primeira ninhada de
pago por matriz, corresponde a algo
varia de acordo
em tomo
de 126 quilogramas de
com a agroindústria a qual está integrado).
merecedor de 1,6 por kg de
leitão,
é preciso que
o-
ra; estas
laterais.
como
triz
-
local
integrado satisfaça
“local
feitas
com
grade de ferro,
de namoro”. Gestação individual
-
rem seguidos casos em que o desmame acontece no
Além disso o
ma-
do parto e da amamen-
a restritos 23 dias
-
já ocor-
18° dia após o parto. Creche
-
local
após o desmame e até atingirem o peso de 18 a 25 quilogramas.
integrado deve possuir
bomba
esguicho, que facilita a limpeza das instala-
fechar as instalações evitando correntes de
interior
divisórias
função de servirem
uma
ções; ter todas as instalações pintadas e repintá-las regularmente;
ordem no
padrão técnico
As paredes
com a
local
tação dos leitões, cujo período de tempo se estende hoje
irão os leitões
as seguintes
local das matrizes cobertas. Nelas a
-1
permanece praticamente imobilizadas. Maternidade
onde
com
UPL e
onde as matrizes permanecem antes da cobertu-
são intercaladas pela repartição onde fica o reprodutor.
são providas de janelinha
que
leitão (preço
Para ser integrado na
condições/exigências: mínimo de 60 matrizes, instalações de acordo
indicado que consiste nas baias
O 'preço
leitões.
ar,
de todas as dependências.
O
para
cortina
controle de moscas, rigorosa limpeza e
integrado
na UPL, que
em
função de
suas boas instalações, sua inquestionável estrutura organizacional e funcional, sua dedi-
cação, seu capricho e
empenho
desmame com
ou 23
18, 21
e,
dias,
incentivado por parte da agroindústria, conseguir
com o
desponta
mérito de conseguir potencializar
taxa anual de produtividade por matriz, sequer sonhada a 15
nhamos que o desmame
matriz entra
em cio, quando
nos é de 114
ano ela
seja
dias.
feito.
com 21
dias.
Em
média,
ou 20 anos
atrás.
5 dias após o
O período
um
uma
Supo-
desmame a
de gestação nos
sui-
Então, após 140 dias, ela estará dando cria novamente. Durante
um
então é
feita
realiza pois 2,61 gestações e partos.
a cobertura.
Considerando urna média de 9,6 leitões por
ninhada, teremos então 25,05 leitões por ano, que é considerado de elevado padrão e
alto índice técnico.
A fase de leitão, é aquela em que o suíno exige um maior grau de atenção e de cuidados.
o
Logo após o nascimento, o
leitão
integrado precisa tomar as seguintes providências: secar
com panos velhos ou colocá-lo na estufa que acompanha a maternidade; cortar e
amarrar o cordão umbilical; cortar a ponta de sua cauda
ragias,
(isto é feito
para evitar hemor-
quando adulto, causadas por mordidas especiahnente durante as brigas entre os
61
suínos); cortar os seus dentes “mcisivos”
que mordam a
prática necessária para evitar
-
mãe no momento da amamentação;
aplicar vacina preventiva contra possíveis doenças;
cuidar para que os leitões menores e
com aparência mais frágil, consigam a sua teta para
mamar;
de “choro ou grito” pois pode
estar alerta e atento para todo e qualquer sinal
significar
uma pisada ou um esrnagamento do
leitão
por parte da matriz. Hoje as
instala-
ções, dentro das modernas especificações técnicas, apresentam as maternidades
com
compartimentos especiais,
repartições feitas
com
estrutura de
madeira, ferro
mistas, diminuindo significativamente os riscos de esmagamento. Dentro»
e
atendendo individualmente cada repartição, existe
possuindo apenas uma abertura para a entrada dos
para os
mesmos ou
dentro de
um tapete térmico. No
que é
sinal
um padrão
um
leitões,
de identificação da granja, é
feito via cortes
da maternidade
com lâmpada de
como
devem
ser
aquecimento
tecnologia de ponta,
marcados.
A marca,
nas orelhas. Três semanas após o
Uma vantagem significati-va
nascimento os machos precisam ser castrados.
ou
espaço pequeno e fechado,
hoje considerado
terceiro dia de vida os leitões
como
ção pela UPL, é o fato de que o produtor integrado ao vender os
leitões
na integra-
permanece
com
o “grosso” do capital na propriedade. Ficam as matrizes e os reprodutores, o que já não
acontece
com
os que fazem a terminação. Estes, ao entregarem o
instalações vazias a espera de
II.4.b.2
-
as
Terminação
parceria.
Nela o integrado recebe os
junto aos integrados na
UPL,
e passa a fazer
pronto para o abate. Este integrado
a exigência pela
CEVAL
também
or
-
engorda dos suínos
leitões
serviço
-
é denomi-
adquiridos pela agroindústria
do
trato até
precisa ser dono das
é de no mínimo 360
fonte de água, depósito para
queira,
ficam com
um novo lote.
A exemplo da integração de frangos, a tenninação
nada de
lote,
que o suino esteja
instalações,
m2 com capacidade para 450
-
hoje
leitões
armazenagem da ração, para a guarda da medicação,
-
a
ester-
ferramentas e acessórios para a limpeza e outras exigências funcionais. Basica-
mente este integrado executa a tarefa de cuidar do suino, tratando-o sistematicamente,
aplicando medicação quando necessária
ou indicada pelo técnico/veterinário, fazendo a
limpeza diária das dependências e mantendo
ao desenvolvimento do
lote.
O integrado
da ração, dos medicamentos, do
frete,
um controle rigoroso de observação quanto
não toma conhecimento dos custos do
da
assistência técnica, etc., ele
leitão,
apenas trata o
62
suíno, limpa as instalações e depois de
cuja base de cálculo não lhe está
aproximados cem
bem clara. Sabe no
dias, recebe
entanto que
or
um pagamento,
fundamento está na
conversão alimentar, ou seja na quantidade de carne produzida por unidade
(uma média 'considerada
ração,
aceitável é
que para produzir
com
-
de
um kg de came haja um
consumo de 2,49 kg de ração) também sabe que a medida da carcaça pode
o seu lucro. Esta medida está relacionada
kg'
-
potencializar
o potencial de carne do suíno, ou seja
quanto menor e menos espessa a camada de gordura melhor a sua avaliação e portanto
~
melhor
o=
seu rendimento.
o rendimento da carcaça, variando hoje de
45%
a 55%. de
carne magra, que irá potencializar o seu lucro.
II.4.b.3
-
Integrado de ciclo completo
É comumente denominado' de fomentinho. Engloba os integrados' que criam os leitões e em seguida procedem a sua engorda. Também este integrado precisa possuir as
instalações, os equipamentos necessários, fonte boa de água e com garantia de suficiêne preferencialmente o milho para o preparo da ração. Ele é considerado integrado
cia,
pelo fato de trabalhar para
uma determinada agroindústria, que
garante a aquisição
da produçao.
Essa categoria de integrados
eles
é-
a mais flexível.
É
aquela que
é,
suportável,
segundo
É
esse
que menos concebe fazer o cálculo da renda da propriedade pelo produto
inte-
argumentam, apesar de o rendimento da produção suína não ser elevada.
integrado-
grado.
Nos seus relatos expressam ser a situação
suportável,
de obra; planta e colhe grande parte do milho consumido
-
uma vez que não paga mão
podendo
até adaptar o
núme-
ro de matrizes proporcional à quantidade de milho a ser colhido; a sua subsistência não
depende exclusivamente desse produto integrado,
integrados, as culturas alimentares, tais
horta,
pomar,
leite
vez que
como: mandioca,
para consumo e venda para a
cultiva,
como os outros
feijão, batatinha, arroz,
lacticínios;
possui
toda a produção- integrada
o rendimento, mesmo que pequeno é garantido e caracteriza-se
tem venda
garantida;
como
de segurança. Nos períodos
fator
uma
em que a crise do porco se acentua em função
da
queda do preço e do aumento dos custos do milho e do concentrado, a situação deles
fica muito
furo”,
dificil.
Ainda assim
e,
mesmo
consideram que a atividade de
tendo que vender alguma matriz para “tapar o
criar suínos se paga.
Sabe também o produtor
in-
63
tegrado, que se ele
tem
déficit na produção, o não integrado
também o
tem. Por outro
lado sabe também, e isto por experiência acumulada durante anos- de produção, que o
mercado da came suína é
te
à agroindústria.
instável e regido por fatores
que
ele
não debita exclusivamen-
Há variações em função da melhor ou pior safra de grãos, do preço no
mercado da came bovina ou came de frango, dos acordos fixados pelos grandes blocos
econômicos, dentre eles o Mercosul pela variação dos preços na bolsa de valores, pela
manutenção de estoque regulador, por intempéries
neta, etc.
Os meios
em outras regiões do país ou do
pla-
de comunicação, principalmente a televisão deixa-o. a par dessas
in-
formações e variáveis de oscilação.
É comum os
integrados na
crise, não- é
repor
produtores integrados na suinocultura, e aqui
incluídos os
UPL e mesmo os da terminação, afirmarem que desistir de criar suínos na
negócio. Porque, normahnente quando a crise tiver passado, até que consiga
um novo
plantel, já existe
experiência reza que não
com a criação
a probabilidade da vizinhança de
compensa trocar ou
cedeu destaque, para entrar
sim
podem ser
em outra,
pois-
desistir
para ela
uma produção
de
leite,
Sua
crise.
para a qual con-
também terá a época da
de suínos, de frangos, de produção de
tras culturas agrícolas.
uma nova
de fumo, ou
É
crise.
mesmo
as-
ou-
Levam muito em consideração e mesmo temem a possibilidade da
outra produção não ser a do seu ramo ou da sua “vocação”. Percebe-se novamente a
presença da insistência de que criar suíno ou fiango, ou
que ela
seja
do “meu ramo”. Sabia como
leite é
agricultor, e sabe
grado que todo o produto tem sua época de
crise.
Por
ção da produção, ou seja na policultura. Isso permite
algo cultural e
é.
preciso
agora como produtor
isso eles
inte-
apostam na diversifica-
com que, quando um produto
está
em CIÍSG, OS OLIÍTOS O COI'I'lp€I1SaIIl.
Tendo
discorrido sobre a estrutura da integração, espera-se ter conseguido clarear e
definir, pelo
menos de forma aproximada
aquilo que é o objeto do presente estudo.
certo que muitos pormenores não foram ainda detectados e captados
em sua
essência.
É
A
amplitude e as mínúcias que envolvem todo o esquema da integração, são extensas e
merecem com certeza ainda muitas considerações e muitos estudos. Conseguir de
concretamente expor todo o seu conteúdo, que substanciahnente
e,
fato e
porque não dizer
propositadamente encontra-se escondido daqueles que são o objeto de sua atuação, é
um enorme
desafio. Somente o desvelamento real de toda a sua estrutura, de todo o
64
seu
potencial, ao
mesmo tempo de dominação
permitir que os hoje integrados,
objetos do processo,
e de produção, poderão
mas também e, ainda agricultores,
passem a ser
sujeitos plenos diante e dentro
utópico desse desvendar, acredita-se
algum dia
vistos e tidos
do processo.
estar contribuindo para acelerar
ea
No
como
sonhar
redimensionar
um papel mais contundente e condizente com o enorme poder de produção alimentar sob
responsabilidade dessa parcela de agricultores..
65
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1)
BELLOTTI, Elena Gianni. Educar para a submissão.
A
fórmula usada para
2)
cultor e' a que segue:
Petrópolis, RJ, Vozes, 1979, p.10.
o cálculo do rendimento e que determina o número de pontos obtidos pelo agri-
Rendimento =
Peso Total
x 1.000
Idade x Conversão x n° de animais lotados
Ex. Se o peso total de um lote foi de 30.420,54 kg, a idade e de 46 dias a conversão alcançou o índice de
1,878 e o n° de animais alojados foi de 12000, teremos:
30.420,54 kg
Rend = ------ --' ----------- -›-- x 1.000 = 29,345 pontos
46 x 1,878 x 12.000
pontos que eqüivalem mais ou menos aum valor em reais. de R$ 2.467,43, já incluidos os percentuais de
premiaÇão e produtividade.
---------------------------------------------- --
`
-
3)
A Ceval recentemente estabeleceu o limite de distância entre 0 integrado de aves
e o abatedouro
em
no máximo 80km. Os agricultores integrados fora desse raio estão sendo avisados de seu desligamento
após a efetuação de mais três lotes, tempo em que aconselham a procura de outra agroindústria.
O relato dos produtores integrados com relação à intermediação de comerciantes, também criadores
de suínos, são de que estes desviam parte de milho, de ração, quando a entrega é a granel, cometam
erros propositais na balança quando da pesagem dos leitões ou suíno gordo, ou fazem marcação errada
do peso, troca dos índices da carcaça, etc.,. Ao se perguntar aos integrados que recebem a ração a granel
nos aviários e mesmo que estão recebendo 12 mil pintinhos, da agroindústria eles se reconhecem em
não condições de conferir, mas tem uma tendência de “confiar” mais na agroindústria.
4)
A
5) Isto
É n°1374 ae31.o1.9õ,pl. 20 a 23.
A questão meridional. Rio de Janeiro, Editora Paz e Terra,
6)
GRAMSCI, Antonio.
7)
GRAMCSI, Antônio. A questão meridional.
8)
Marx,
II
1987,
Rio de Janeiro, Editora Paz, e Terra, 1987,
Capitale Vol.l1I, p.716. In Gramsci:
A Questão Meridional, p. 56.
p. 73.
p. 51).
CAPÍTULO III
A REoRGAN1zAÇÃo EcoNôMIcAz DE AGRICULTOR
PARA PRoDUToR,UMA GLOBALIZAÇÃO
111.1-
ÇÃO
DA GLOBALIZAÇÃO PARA A sUBM1ssÃoz,. PARA A GLOBALIZA,
Próximos
ao. limiar_
do século nos deparamos
com
profundas mudanças tecnológicas
e organizacionais tanto na produção de bens quanto na produção de serviços. Estimula-se
As
a criação de
barreiras
um
mercado mundial, buscando a “Globalização da Economia”.
espaciais são reduzidas pela
na organização espacial via inovações na configuração da
Incentiva-se' a racionalidade
produção, na da circulação desejando-se
ente.
É
-
os
fast food, e
guardanapos,
descartabilidade,
hoje
é'
um consumo
cada vez mais rápido e mais efici-
destaque a ênfase na instantaneidade, como. alimentos e refeições instantâneas e
rápidas
tos,
compressão do espaço através do tempo.
etc.
da descartabilidade “o usa e joga fora” de
xícaras, copos, pra-
Criam-se mecanismos que forçam as pessoas a
lidar
com
esta
com a novidade quase instantânea, com a perspectiva de que o novo
de
o obsoleto de amanhã. ou daquia pouco. Acentua-se a volatilidade, a efemerida-
de, tanto
de modas, quanto de produtos, técnicas de produção, processos de trabalho,
idéias,
concepções e ideologias, a tal ponto que tem-se a sensação de que “Tudo o que é
sólido
desmancha no
ar”(l).
O
que se nos apresentava
rança e solidez, tomou-se fluido.
o estar mas não
ser.
grau de segu-
uma nova
preocupação,
A comunicabilidade suscitou
hoje predominante no capitalismo, a da produção
virtual,
com um elevado
de signos e imagens, a realidade
A profunda revolução da micro-eletrônica presente na mídia,
confunde o telespectador, a ponto de
ele
não saber
distinguir entre
simulação, entre a existência e a aparência entre o significado e
rece tão supérfluo,
limites.
mas ao mesmo tempo tudo
significante.
Tudo pa-
show de máscaras não tem
Presenciamos o jogo das moedas sem substância, que desprovidas da solidez de
um trabalho que a precedeu, faz.instituições,
culativo
é tão real e o
ot
o que é real e o que é
do
estados e nações navegar no mercado espe-
capital fictício.(2)
A revolução e o acentuado
-
desenvolvimento e aprofundamento no estudo das partí-
culas elementares diante da possibilidade de
uma subestrutura dos quarks,
(3)
no avanço
68-
da engenharia genética, seu estudo e conseqüente aproximação do desvelamento e da
decifiação do genoma humano, da clonagem de seres vivos tanto animais quanto vegetais,
são o preâmbulo de
um talvez estar mais próximo
do segredo da vida.
e praticamente eliminação das fronteiras econômicas entre os países, que
A redução
vem
consoli-
UE União Européia, o
Acordo Geral sobre Tarifas Alfandegárias e Comércio - GATT (General Agreement on
Tarifi`s and Trade), a ASEAN, o NAFTA, o MERCOSUL e outros já firmados ou em
dando a formação dos grandes blocos econômicos, como a
fase de estruturação.
-
V
-
-
_
V
Certamente para osagricultores, especialmente os produtores integrados, para as
empresas comerciais
MERCOSUL
*e
industriais e para as agroindústrias
o que no momento
é
incita
movimento
fárias.
latino americano,
Esta constitui-se
numa
o
Catarinense,
maiorespreocupações, pela proximidade
pelo desconhecimento de suas bases econômicas.
um
do Oeste
A
sua característica
inicial é
.e
a de ser
intentando ultrapassar barreiras. alfandegárias e tari-
exigência dos grandes blocos transnacionais
em
fase
de
instalação e a procura de ambientes protegidos que favoreçam a exploração dos potenciais
dos mercados
locais.
São empresas que se lançam hoje pelo mundo afora a procu-
ra de novos espaços econômicos que possibilitam maior competitividade
cuja tendência é a mundialização e globalização.
Uma globalização, no
num mercado
entanto, que não
conseguiu e não está conseguindo dissolver a relevância da divisão, nas. relações de produção. Pelo contrário:
“impregnam agora totalmente as
forças produtisua
evitando
subordinando-as
e
vas,
contradição,
a. todo 0 resto aos ditames de sua acumula-
ção”(Maar; 1995)(4).
Permanece a característica de
tuar a globalização
como
falar-se
com estilo
em “Aldeia
um darwinismo
e formas capitalistas.
Global”,
intercâmbio mundial fragmentado,
já fizeram,
social,
mas sim em
que leva precisamente a concei-
Não
permite, e não há porque,
capitalismo de extensões mundiais.
nem
Um
sem os preceitos da totalidade humana e histórica, que
Marx e Engels Afirmar:
~
z
_
“O
intercâmbio universal moderno, só pode ser
controlado por indivíduos... Quando controlado
por todos os indivíduos” (Marx e Engels;
1984:67)(5).
f
69
perspectivas de formação dos grandes blocos econômicos
Diante das
eles
o
MERCOSUL -
e diante dos esforços e da
economia e do mercado, torna-se necessário
aproximação
conciliar esta
trônica.
e,
complexa e rápida sucessão
um inex-
principalmente do potencial da microele-
Manter o produtor integrado à distância ou talvez
vando-o na ignorância das relações comerciais do
nem benéfico
dentre
da mundialização da
de acontecimentos, diante do fato de que o produtor integrado, tem ainda
pressivo domínio do conhecirnento cientifico
-
exclui-lo totalmente conser-
MERCOSUL,
já
não é possível e
para nenhuma das partes. Mantê-lo ignorante, para que sirva apenas de
ponte estática e
útil,
não favorece
a participação dos integrados
dependências materiais
em nada o projeto
em debates,
do
MERCOSUL.. É
imprescindível
discussões e das muitas inter-relações e inter-
em que está envolvido. É
necessário que
tomem conhecimento
das decisões que estão sendo tomadas, participe ativamente, porque o capital econômico, produtivo e consumidor, busca
forma produtiva que subjaz
em
um maior
dinamismo e
sua estrutura tem
racionalidade, que é determinada pela tecnologia.
diversos aspectos e fatores que permeiam
mos humanos é
excludente.
uma
maior envolvência.
como parâmetro uma nova
É
A
e maior
necessário decifrar e conciliar os
uma economia
globalizante,
mas que
em ter-
Negar acesso a esta nova racionalidade tecnológica presente
no processo da mundialização, representa para o produtor integrado e mais agricultores
o enorme
risco
de
uma
participação
em escala decrescente
dos lucros da matéria prima
por eles produzida. Além de integrar-se materialmente, precisa integrar-se mentalmente,
envolver-se de corpo e alma para saber porque» faz, porque produz.
A própria “riqueza”,
perde nesta reestruturação do capital a sua concepção de não
mobilidade e de caráter de fixidez e estática,›como para nós ela se apresenta.
dinâmica faz
com
econômicos mais
A nova
o capital seja mais circulante, também para nós, permitindo retornos
substanciais,
quando aplicado a formas produtivas mais rápidas
controle maior do tempo e do espaço.
A integração, apresenta-se como uma via de aces-
so a esta mobilidade das coisas e bens. Dentro dela, é maior a oportunidade de
acompanhamento mais
direto desse
dessa dinâmica, não é tão somente
com
um
movimento. Estar mais próximo ou mesmo dentro
um interesse
necessidade econômica, social e politica.
por conhecer fonnas novas, mas
uma
70
Sem dúvida a humanidade
está presenciando
um novo
taque para a microeletrônica, que obriga as compressões
paradigma de produção. Des-
do
espaço e
do tempo,
exige
novas formas organizacionais e dentro delas a da produção pela terceirização. Terceirizar
tomou-se sinônimo de redução de custos. Ela está
res, industriais,
ário, etc.
em
decadência. Ela é
aquela produção.
Na
expansão tanto nos seto-
de prestação de serviços, nas áreas sociais do estado, no setor agropecu-
Sua presença independe de pobres' ou
volvimento ou
em fase de
sem
ricos,
de economias
nem
fionteiras geográficas,
em
estáveis,
restrita
desen-
a esta ou
.
.
agricultura perfilam-se
enormes mudanças com destaque a mecanização
do.
pro-
cesso produtivo, o uso de insumos modernos, a padronização na produção de frangos,
suínos, fumo, leite, uva, e outros.
tremamente significativos no
contra-se
Tunápolis
do Estado
um contingente
e.
antes Tunas
País.
-
Esta, padronização consagrou-se e atinge niveiszex-
interior
do sistema de integração.-Nesta integração en-
considerável de pequenos produtores tanto. do município de
quanto da região do Oeste Catarinense,
É um contingente
de outras Regiões
de agricultores que mantém e detêm alguns meios
de produção como a terra, ferramentas e instalações.
Pela integração
passam a
incorporar,
inovações tecnológicas, da engenharia ge-
nética e do melhor. aproveitamento espacial, que o processo de modernização
cultura põe a disposição.
A incorporação
da
agri-
das inovações aqui trazidas, ocorre de
uma
forma mais acentuada e rápida pelos agricultores que aceitam o desafio da integração,
do que pelos não integrados.
Ao
aderir `a esta
nova conjuntura da produção
agrícola,
o agricultor passa a viver
impasses e se defronta com incessantes desafios e expectativas. Dentre outros destacamse alguns, pois apesar de a relação ser similar àquela mantida
tem outros pontos obscuros. Tratar com o comerciante era
nhecida pessoa. Agora a relação
com o
lidar
comerciante, exis-
com uma
única e co-
com o “patrão”, distante e desconhecido é intermediada
pelos técnicos, pelos motoristas dos caminhões, pelos comunicados, pelos panfletos,
pelos manuais instrutivos, pelo contrato, etc.
na propriedade.
O
Há um fluxo
elevado valor do investimento
inicial
maior de pessoas circulando
necessário
pectiva de lucros compensatórios é motivo de apreensão, porque
-
frangos
-
e a pers-
como Giddens trabalha
71
em seu livro “As conseqüências
da Modernidade”, a nova situação
bem como
a
institui-
ção “ainda sem rosto”, é ainda algo que se faz representar, que não se constitui ainda
fato.
em
A incerteza de possuir suficiente conhecimento para lidar com os suínos ou fiangos,
com a genética inserida
dentro de
um ciclo precoce. As dificuldades de acesso
aos meios
de comunicação, cuja carência faz aumentar a angústia e a não tranqüilidade do produ-
A necessária mudança da rotina
diária e a conseqüente adesão a uma rotina exigindo um maior tempo de presença. A
incerteza do alcance da qualidade, exigida através- do técnico, pela agroindústria. A exquando necessita chamar
tor,
o-
técnico
ou o
veterinário.
pectativa da necessidade de superar-se constantemente, de bater o seu próprio recorde e
o
medo de ficar para trás.
`
O desenvolvimento tecnológico impõe urna alteração na escala produtiva da agricultura familiar. Manter presentes as inovações tecnológicas na propriedade familiar, impli-
cam num redimensionamento
das necessidades domésticas.
de que essas necessidades passam a exigir
familiar cresce,
toma-se mais exigente
uma crescente
em
A conseqüência imediata
ampliação.
qualidade e quantidade
é
O próprio consumo
e,
portanto passa a
depender de níveis de produções maiores. Produzir mais e melhor começa a ultrapassar
o sentido
restrito
ao querer e torna-se
uma necessidade de estudo com maiores exigênci-
as.
No dilema de produzir mais, a agroindústria abocanha fatias significativas e certamente é
a mais beneficiada economicamente.
O
mercado
tradicional é superado gradativa-
mente, eliminando algumas das características das antigas relações, enquanto torna-se o
pressuposto de relações mais complexas.
Mais agilidade e complexidade manifesta-se agora nas relações entre produtores e
produtos, entre produtores e agroindústrias e
mesmo
entre produtores e consumidores.
O jogo de interesses de todos os setores e hierarquias envolvidas geram novos
e apresentam novas exigências e outros envolvimentos.
sidade e desigualdade manifesta
está longe
conjunto, esta enorme diver-
envolvendo todos os setores produtivos agrícolas,
do estabelecimento e fixação de soluções.
descaso, incompetência
guiu firmar
e-,
No
conflitos,
O
Brasil,
ou atendendo a interesses obscuros
uma política agrária condizente com o
numa demonstração de
e corporativistas, não conse-
seu potencial agrícola.
O não estabe-
72
lecimento de
uma política
agrária está deixando ao sabor
do mercado os cerca de 500
com desdém os cerca de
mil estabelecimentos empresariais agrícolas, enquanto trata
milhões de propriedades
com características de agricultura familiar.
A criação pelo Governo Federal do PRONAF
da Agricultura Familiar
país, precisa
-
urgentemente
princípio orientador;
6,5
-
Programa Nacional de Fortalecimento
que deixa claro a importância da agricultura
sair
familiar
para o
dos gabinetes de Brasília e cumprir, materializando o seu
“As ações a serem executadas devem ocorrer a
nível municipal,
fortalecendo-se as organizações comunitárias e estabelecendo ações conjuntas do poder
público federal, estadual e municipal”. Divulgado e
senta a oportunidade do associativismo
a produção, garantir emprego e gerar
tomado
como grande
mercado consumidor, para garantir a obtenção de
ta,
são
um mundo
instrumento capaz de potencializar
uma transfomiação
Associar-se para trabalhar, para produzir, para
prático este princípio repre-
social
facilitar
no meio
rural.
a entrada dos produtos no
crédito, ter participação
como
de realidades e oportunidades que o estabelecimento de
quotis-
uma política
agrária precisa apoiar.
Enquanto corporações e
interesses diversos obstaculizam a prática
de
uma política
agrária favorável ao produtor familiar, a situação de inúmeras propriedades se agrava e a
população agrícola diminui drasticamente.
Os excluídos
são entregues ao sabor do mer-
cado, que por sinal é muito doloroso. Ele é extremamente mutante e o expropriado não
encontra metas orientadoras.
Como
fiuto decorrente da precariedade da política agrária,
agricultores
da região, pode-se destacar o abandono sistemático do campo dos filhos
dos agricultores, caracterizando
uma
espécie de êxodo rural.
“mandam os filhos embora”, ou porque
são da propriedade não dá para todos.
filhos soa
com a qual convivem os
se
tomam excesso
De
certa forma os pais
de braços ou porque a redivi-
Na cabeça do agricultor esta situação de saída dos
como uma espécie de abandono. Culpam então o governo
pela pouca valoriza-
ção de sua produção, pelo praticamente inexistente crédito fundiário, juro subsidiado e
pela descapitalização gradativa. Por outro lado é obrigado a assistir profissionais liberais,
73
médicos, advogados, os próprios comerciantes e agro-industriais adquirindo terras do
meio
rural.
A instabilidade dos preços dos produtos agrícolas, transforma-se num dos problemas
do país
que ano após ano gera impasses e vai agravando a situação dos agricultores
Geralmente na
inteiro.
safra,
o preço pago pela produção, baixa muito. Exemplo carac-
O
preço mínimo da saca de 60 kg estava fixado
em
terístico foi
a safra de milho 94/95.
R$ 6,30 e o
agricultor era seguidas vezes obrigado a vender' ol milho- pela irrisória quantia
R$
de até
3,00,
como forma de
honrar os seus compromissos junto ao comércio
e,
junto ao sistema financeiro- dos bancos. Esse valor era oferecido pelos comerciantes e,
também pela COOPERITA, a cooperativa
No
local,
que tinham a receber dos
entanto, os custeios agrícolas feitas pela equivalência de produção só
pelo valor do preço minimo. Some-se a isso,
de pagamento dos custeios, o govemo
com o
agricultor, tabelou
numa
ot
fato
eram quitados
após o período
safra,
clara demonstração de insensibilidade para
o preço mínimo da saca de milho
quando o preço dos produtos no mercado começa a
vender a sua produção.
de que após a
agricultores.
subir,
o
em R$
6,00.
Normalmente
agricultor já foi obrigado
Em parte para saldar dívidas e em parte
por não
priado para proceder a estocagem. Dessas distorções e impasses,
o.
a
ter local apro-
agricultor aprende
que não é mais possível colher o milho para o mercado, mas, que é mais vantajoso
transformar o milho
em carne, ou leite, tratando-o
para
or
suíno ou gado
leiteiro,
por ser
mais compensador economicamente.
Deduz-se assim, que a politica agricola adotada pelo Estado Brasileiro não
um fato
que
seria
em princípio
a lógica sem alternativas opcionais: que o preço de
safra e seu conseqüente lucro seja
viabilizada pela
moderna tecnologia,
manutenção de fragmentos da natureza produtiva familiar.
as novas formas organizacionais,
inseticidas, as
um
Mas hoje são
grau de conhecimento maior, os
possibili-
as máquinas
fertilizantes,
os
sementes selecionadas, os reprodutores de raça, que estabelecem e são
determinantes de novos parâmetros.
No
entanto, todas estas inovações não se
acompanhar necessariamente de melhorias econômicas e
grado.
uma
a alavanca financiadora do plantio da próxima safra.
A ampliação dos índices de produção,
ta a
viabiliza
Na prática o que ocorre é um crescimento
sociais para
fizeram
o produtor
inte-
desigual entre os preços dos insumos
74
a tendência ao decréscimo do preço real dos produtos agrícolas
industriais e
Em conseqüência,
vemos
caracterizado
uma
manifestação,
uma
em
geral.
concreta e gradativa
rninimização da renda agrícola para o pequeno agricultor. São fatos que levam a decla-
podem constituir-se em denúncia ou
rações, que tanto
simples constatações,
como a que
segue:
apoio à pequena agricultura se justifica, porpor sua produção como instrumento de
uma economia capitalista» saudável, evitando assim que sua gente venha a aumentar a intranqüilidade rural (e, com oz êxodo, a urbana) (Elores;
“o_
tanto,
l995)p(6).
DE SUBALTERNO PARA PRODUTOR PLENO'
III.2 -
Diante desses e de outros fatores de inquietação, os produtores integrados
modo
e,
de
geral os trabalhadores rurais, precisam reconhecer 0 seu potencial de produção.
Ao tomarem consciência da importância e do volume da matéria prima produzida, 'seguramente saberão valorizar-se mais
e,
como conseqüência exigir melhor reconhecimento
e
atenção.
Não há dúvida de que o
País deve grande parte de sua produção agrícola, ã agricul-
tura familiar, que
em
produção de
ovos, trigo, banana, tomate, feijão, laranja, mandioca, carne suína e de
frango.
leite,
Além de
inúmeras vezes supera a agricultura patronal quando se trata da
que, a agricultura familiar
tem uma capacidade de absorção de mão de
obra que supera a da agricultura patronal, fato que por
si
só é de extrema importância,
índices crescentes de desemprego.
A sua luta pela
sobrevivência e, mais do que isso a luta pela vida e por vida plena, via
um trabalho cole-
quando o país vive às voltas com
tivo e associativo
tui-se
uma
situar-se
de mutirão, como insistência de preservar a economia
altemativa
como
real.
familiar, consti-
ã degradação, ã miséria e a desmoralização. Reconhecer-se e
proprietário produtor,
em ritmo
de produção agro-industrial, como é o
caso dos integrados, é de ftmdamental significação para que os produtores do setor
agrícola,
construam opções teóricas e
práticas.
Concretamente na diversidade conceitual de classes subalternas, encontra-se
para enquadrar as famílias que constituem a base da agricultura familiar. Nela,
uma
como nas
75.
grassam contradições, conflitos e confrontos
demais,
šllzlš
no cønjnnto dc
no ombato das contradições intomas. ospolhnn. a inserção no modo
Çõos. o
“
produção
ospolllflr o
de conflitos de interesse também modelados internamente.
conflitos,
como
rola.-
oêpitolista
do
'
Quadro contraditório torna-se mais complexo, por
Esto.
cia
distint.QS,
É
geradores de relações não amistosas tanto entre
expor a oxistên-
possível elencar estes
ag;'i921Ê.9FÊ.$é
Ê
¡š1ÊÊ81.`¿}`
dos, quanto entre integrados. Destacam-se alguns: a) entre os agricultores e os produtores integrados. Os' primeiros
percebem uma maior capacidade de expansão dos
grados; b) entre os produtores integrados
com uma ou
outra agroindústria.
beneficios ou vantagens traz algnunas especificações que caracterizam
É
o._
CEVAL,
exemplo, da
tcm1_0.S,
i11sta1a9Õfi$_; 9)
A tabela de
uma agroindústria.
que na criação de suínos é mais exigente que a
de matrizes e padrão técnico das
dc
inte-
entre
SADIA em
QS.
integrados
em função da expressiva desigualdade do
“lucro” obtido por lote. Este fato é mais comum dentro da parceria tanto de aves quanto
de suínos; d) entre o integrado da UPL - produtor de leitões - e o integrado que faz
de
uma mesma
agroindústria. Principahnente
terminação. Enquanto os primeiros lutam pelo aumento do preço pago por kg de leitão,
os últimos lutam para pagar menos pelo
terminação reclamam da qualidade
leitão.
Também
nem sempre boa dos
os integrados da parceria da
leitões
que recebem, acusando
de mal intencionados ou de desleixados os integrados da UPL; e) entre os integrados de
modo
geral
com os agricultores produtores de
o preço cobrado pelo esterco
agroindústria, pela qualidade
lucro
-
grãos ou de fumo, por considerarem alto
adubo orgânico;
Í)
entre os integrados de frango e a
do pintainho que recebem. Eles já aprenderam que o seu
depende da qualidade do
lote e
que esta qualidade também depende da qualidade e
da linhagem do pintinho; g) entre integrados de modo geral e as agroindústrias, pela
qualidade da ração e pelas inúmeras vezes que são utilizados
como
cobaias para testarem
alguma linhagem de fiango, raça de suíno, ingrediente na ração ou mesmo algum medicamento lançado no mercado. Estas disputas e contradições, marcam os subjetivismos
presentes na agricultura familiar, tomando-se característica de sua condição de subalternidade.
Uma subaltemidade com forte sustento
sa na relação de dependência, sustentada
1í111í'Ç€.,S
ÇL1_1.Il1Iêi_S,
hierárquico, que visivelmente se expres-
também
técnicos e genéticos,
pelas dificuldades econômicas, pelos
e pelo acesso. desigual aos bens sociais
76
como
saúde, educação e previdência. São graves problemas que
ameaçam propostas de
associações e perspectivas de produção mais coletivizadas.
A categoria de subaltemo,
pressupõe
uma
diversidade de situações e de formas de
Cada qual assegura sua riqueza
subalternidade.
histórica, cultural e política e, dentro
dessa diversidade de concepções, subjazem as esperanças e concretas possibilidades de
superação.
As
integrados,
conduzem a
esperanças, as lutas de cada grupo, e no caso específico dos produtores
diferentes resultados históricos e
no caso a
uma maior partici-
pação.
O
envolvimento e o compromisso maior no campo da produção da matéria prima
came, tende a desativação de antigas contradições
básicas que cercam o do desenvolvimento capitalista.
xas e abrangentes do que as presentes na relação
das contradições
internas, diante
Novas
com
contradições, mais comple-
o comerciante,
tomam forma
e
corpo, inserindo o integrado na contradição base do capitalismo: burguesia versus proletariado. Assim,
cros, traz
a luta dos proprietários produtores por
em seu interior aspectos
uma
participação maior dos lu-
políticos, sociais e epistemológicos contra a exclusi-
vidade do domínio da tecnologia e _da engenharia genética.
O grande impasse para o agricultor e para o integrado,
inovador capaz de abrir
gica?
como
Mudar
como
acelerar
o processo
caminhos que atenuam ou destruam a autoridade da cultura
tradicional? Diante' das adversidades
agrárias,
é:
,
das incertezas e da instabilidade das políticas
predispõe-se para a reinvenção cultural paralela a apropriação tecnoló-
e, abrir-se
para novos aspectos políticos, culturais e epistemológicos, pre-
cisam ser a pauta e a fonte da busca de
uma
legitimidade alternativa, contrária à legiti-
midade hoje vigente, implica no rompimento do estado de cooptação às formas de subjugação da crença e da vontade dos trabalhadores agricultores.
novas formas de consciência
da abrangênfiíê da
cultor,
o integrado
e,
É um rompimento
ao fazê-lo
dade e de proprietário produtor.
libertar
cultural, as
$.u.h3l-l¢mid?d¢› šíšâvçm ser
ruptura das velhas relações de dominação e de exploração,
dos vínculos de dependência.
A inovação
determi11a.11€lQ
que precisa
libertar
Q
fiutos da
IQI11PÍ.I11ÊnÍ.Q
o trabalhador
agri-
o trabalho e descobrir o significado de proprie-
Uma nova concepção
de trabalho, organiza novas con-
77
cepções de vida, do eu individual, do outro, das relações
sociais,
das relações míticas
com a natureza, de novos valores, de novos projetos e de novos desafios.
Mas, para
isso,
o conceito de subaltemo precisa ser redimensionado. Ele não pode
tão somente expressar a expropriação material,
social, política e
mas também a dominação
e a exclusão
econômica. Faz parte desse entendimento da subalternidade, a supera-
ção conceitual do arcaísmo da agricultura
co de Lenín quando
familiar.
Pode-se
dizia:
iniciar
superando
um equívo-
'
“ ...Mas na agricultura o capitalismo penetra com
especial lentidão e através de formas extraordi-
nariamente diversas”(Lenin; I974:167)
(7).
Significa dizer que o caráter progressista de desenvolvimento das forças produtivas,
não encontram no agricultor os parâmetros da racionalidade objetiva do próprio processo econômico.
Mas como pode
não é esta a lógica presente.
economia de
Real.
tras
do
As
uma
nação.
ser
observado junto aos integrados e nos não integrados,
O potencial produtivo da agricultura é o
No
caso
brasileiro,
sustento básico da
a agricultura é o sustentáculo do Plano
seguidas safras recordes, beirando 75 milhões de toneladas de grãos, são mos-
da importância e da alavanca que a agricultura representa para a solidez econômica
país.
em torno
dela que gira a indústria de insumos, a genética das sementes, a
dústria de máquinas, a industrialização alimentar, e a possibilidade de mais
mesa do povo. Negar a potencialidade da
agricultura é desejar
or
tante ao arcaísmo produtivo e desatar o seu caráter progressista.
Q91QÇ.š!1Í
Q agricultura no seu devido lugar, significa
também
lhadorcs agrícolas, a condição do ãgentes ativos do
dlí111Ç.I1I,Q 1131
seu atrelamento cons-
Não
reconhecer e não
destituir e
liistória. Ez.
in-..
negar aos traba-
uma
mais
vez citando
Lcoin:
“Q mal... Não éz o que cs. camponeses pensam-_.. E
sim depreende das relações econômicas da atual
sociedade” (Lenin; 1980:83)
Mesmo
também age
assim, por mais subaltemo que possa ser considerado
e “faz diferença”,
(8).
ou
considerar-se, ele
ou seja possui a capacidade de mobilizar recursos e mudar
o contexto das relações. Sente-se encorajado a monitorar suas próprias atividades
c9.I.11Q
nível
influenciar a outros buscando
de consciência mais racional.
uma regularidade de
Na
condutas quotidianas
bem
com um
condição de agentes, criando e exercendo ações
78
incorporam rotineiramente novas caracteristicas temporais e espaciais trazen-
diferentes,
do
lhe outra constituição e outros significados.
Se o
capital é
o agente da história por impor sua lógica, concebe também a necessi-
dade do conflito entre a
história e
a consciência que dela tem os participantes. Isto eqüi-
vale a dizer que, o ser e a consciência, são apenas antagônicos, motivo por não
agentes e
nem
resultados históricos. Deduz-se assim ser a consciência
alienação e de mediação crítica da história,
um
serem
elemento de
ou seja de contradiçãoe de luta social.
Enfrentar essa situação de descrédito no potencial 'do agricultor, significa ultrapassar
`
concepções iluministas de cunho positivista e liberalizantes da economia burguesa. Te-
mos
contribuições preciosas no sentido de superar estes impasses.
dá mostras
disso,
O próprio
agricultor
quando, experiencia novas formas de organização e de aprovação ou
como por exemplo o
não, de genéticas alternativas
Chester, o Bruster e o Classy (9).
Importantes demonstrações de contestações, destacam os limites da desconsideração do
potencial do
ações.
homem agricultor e a sua suposta incapacidade
Insistir
de criar propostas de novas
no caráter de desqualificação e na incapacidade do desenvolvimento da
uma forma conservadora e estática, que em
nada contribui para solidificar uma auto-valoração do homem agricultor.
força produtiva presente nos agricultores, é
Seu objetivo e compromisso é divulgar a falsa idéia de impotência da luta dos homens
do campo. Fazem questão de
como alguém que
situar
situar
o agricultor como alguém alheio politicamente,
está por fora dos problemas
a postura política como
um terreno
econômicos e
forma mais convincente o integrado, estão surgindo como
reconhecer
movimentos
em
si
mesmo de uma enorme
reivindicatórios, significam para a burguesia
dos agricultores tem tido
grandes transformações do
mundo
um
atual, pois
o agricultor e de
sujeitos políticos.
riqueza produtiva, e da força de seus
perda do monopólio político, econômico cultural e
sociais
Fazem questão de
de interesse de outras categorias sociais que
não os agricultores. Essas posturas conflitam com a situação
O
sociais.
uma grave ameaça e, risco de
social.
Para Martins, os movimentos
papel básico, desde a Revolução Francesa, nas
capitalista.
(10)
79
A produção agrícola e mais especificamente a do integrado, é determinada pela lógica
do
capital, este fato
lado.
O capital, ao
não toma o
marcar
homem agricultor um ser totalmente passivo
uma presença mais
e manipu-
significativa na agricultura, implantando a
sua estrutura produtiva, pelo sistema de integração, ou ao modernizar diversos de seus
setores, criou para
mos.
si
e para o agricultor, o desafio de novas contradições e antagonis-
A sua presença material no meio rural, custa ao próprio capital riscos que não en-
contra no seu
modo
tradicional de ação nas grandes indústrias urbanas.
dução
objetivo
da
em tudo
e constantemente
uma das justificativas de uma implantação
gradativa da pro-
constante e necessária expansão, o capital arrisca,
diminuir estes riscos. Esta é
No
mas
tenta
em escala industrial no meio rural.
A agricultura é acompanhada de muitos riscos que em princípio não podem ser mensurados,
mentos
como os da
indústria mecânica, noveleira,
eletrônicos, etc.
A agricultura encontra o
montadoras de veículos, de equipa-
seu sustento na matéria prima viva, de
cunho orgânico e não mineral e morta, como nos setores
quinas. Lidar
com seres vivos,
fato correr riscos maiores e
animais
industriais
de produção de má-
ou vegetais e passar a depender
deles, significa
de
em conseqüência exigem maior habilidade de controle e mais
cuidados na expansão. Por tratar-se de seres vivos e por precisar agilizar a produção
tornou-se imprescindível
um dominio maior do tempo e do espaço.
Diminuir o tempo para o abate e para a maturação, reduzir os espaços por anirnal ou
planta, tornam-se
uma meta
mais distanciada,
alia-se ainda
revestida de desafios.
A sua presença, com mais vagar e
aos tímidos conhecimentos científicos e tecnológicos de
dominio de condições que são de ordem natural; chuvas, granizo, vendavais, geadas e
calor excessivo.
Ao
agir dessa
balternidade do agricultor,
No
mas
capital,
não está querendo realçar o grau de su-
está reconhecendo e admitindo os seus próprios limites.
seu objetivo de potencializar ganhos, minimizando os custos de produção, obrigam-
no a levar ao meio
to
forma o
rural,
condições materiais concretas, para que o agricultor pelo conta-
com a tecnologia e de formas produtivas mais avançadas,
possibilitadas pela criação e
ampliação do conhecimento, produza mais e melhor, tornando-se a alavanca do progresso do capital e da nação.
80
O Brasil do
Real aposta e confia na agricultura, pois é ela atualmente quem paga a
conta da estabilização, é ela que sustenta a urbanização.
408% dos investimentos do
de
A transformação
do
1995 houve
um acréscimo
setor.(11)
agricultor,
tecnologia organizacional,
Em
com o
de produtor
familiar para produtor integrado,
com
redimensionamento de valores, de conceitos, concep-
ções de tempo, de espaço e de homem, acenam
como mn avanço e indicam novos graus
e outros patamares de conquistas e de lutas.
O integrado passa a fazer parte de um novo mundo e de uma nova. força produtiva.
Influenciado por este novo
e
mundo comparece de forma diferente na sociedade. Sobre
com ela formará uma nova consciência,
ela
recheada de contradições e de conflitos. Ele
ainda não é soberano, pois continua submetido às normas do mercado, regido pela ótica
capitalista.
No entanto tem como pressuposto
to de divisao
do
trabalho, presente
básico de sua luta a superação do concei-
na Ideologia Alemã:
~
“divisão do trabalho está dada a possibilidade,
mais, a realidade de a atividade espiritual e a atividade material, o prazer e o trabalho, a produção e o consumo caberem a indivíduos diferentes”(Marx e» Engels; 1984236) (12)-.
Esta divisão expressa a divisão manufatureira do trabalho
contribui de
forma parcelar na produção de
trabalho coletivo de
um grupo
uma
mercadoria.
e,
nela cada trabalhador
Ou
seja, é necessário
o
de trabalhadores parciais e o produto desse coletivo é a
mercadoria que não lhes pertence, mas é assumida pelo capital.
“A
divisão manufatureira do trabalho pressupõe
a autoridade incondicional do capitalista sobre seres humanos transformados em simples membros
de um mecanismo que a ele pertence”, além de
“pressupor a concentração dos meios de producapitalista” (Marx;
ção nas mãos de um
l985:408) (13).
l
Não
é esse o caso dos agricultores e dos integrados. Para eles, muito mais se faz
presente o conceito de divisão social do trabalho, que
tem como pressupostos básicos
a:
“dispersão dos meios de produção entre os produtores de mercadorias independentes entre si”, e
“faz confrontar-se produtores independentes de
mercadorias” (Marx; 1985:407)(l4).
81
Enquanto a divisão manufatureira subdivide os homens, menospreza suas capacidades
e necessidades, fato que por
ó
divisão social
si
só precisa ser considerado crime contra a humanidade, a
do trabalho subdivide a sociedade e pode
quanto a categoria ou o grupo
uma
social.
É
como
individuo
dos agricultores. Então a divisão do trabalho é
mente a forma de produção
do
capitalista
um
na sua atividade específica,
ao fazê-lo fortalece o conjunto
uma necessidade histórica e social.
Ela se
um pressuposto do capital-.
So-
que viabilizou a cooperação, dentro dos preceitos
condição para se chegar à cooperação diretamente
capital, é
possivel
e,
no gérmen da cooperação, que por sua vez é
constituiu
o indivíduo
na divisão social que os integrados procuram
maior realização de seu potencial humano. Cada
frango ou suíno, quer fortalecer-se
fortalecer tanto
quando intermediada pela tecnologia e pela ciência. Por
Mas
esta só é
a medida
em que a
solidária.
isso,
tecnologia, tanto a mecânica quanto a genética, difundir-se mais entre os integrados,
mais e melhores condições estarão sendo dadas para que eles se
tomem
mais sociais,
mais participativos e se reconheçam mais gente.
O integrado
encontra-se inteiramente mergulhado no
mundo
conceitos burgueses, está saindo do arcaismo e da ignorância.
é atribuído e
com o
esvai rapidamente à medida
vão surgindo.
mercado, sabe dos seus
preparado
politica,
para os
O conceito que agora lhe
qual passa a compartilhar, já não é mais o de agricultor tradicional
perdido na sua própria obsolescência.
trabalho,
capitalista e,
O
em
A ilusão do conceito de produtor capitalista pleno,
que as novas relações, cunhadas na divisão
integrado, apesar de produzir
limites
em
relação a este
uma
mesmo mercado.
em busca da globalização.
do
mercadoria vendável no
econômica e socialmente, para o desafio que o
pertencer ao mercado que está
social
Ele ainda não está
capital lhe oferece
Hoje ainda,
ele
de
comparece no
mercado, íntermediado pela agroindústria ou pela mercadoria que produz: frango ou
suíno.
Sua presença é pois ainda uma presença à
representar.
Mas não
é este o projeto inerente ao
distância, pois
homem,
comparece fazendo-se
é sim comparecer inteiramente
respeitando as diferenças e aparando asdesigualdades.
A integração não
tor integrado, muito
'significa
por
si
só
uma maior liberdade econômica para o
menos a superação completa de sua condição de
simples ato de integrar-se.
As necessidades econômicas,
agricul-
subalterno, pelo
sociais e políticas tanto
dos
82
agricultores
pequenos proprietários
-
agroindústrias, revestem-se de
rurais e
agora produtores integrados
-
quanto das
novos elementos quando ambos se lançam numa integra-
ção a nivel de globalização e agora profundamente inter-conectados à semelhança do que
Giddens denomina de reencaixe.
Uma
integração
relacionamento ou na interdependência entre
sem o
outro.
mesmo
um
É uma interdependência que trás o
num poder de decisão
pauta-se
e outro, a tal ponto que
capital
polarizado.
que se expressa no
inter-
um não
como seu fundamento
e,
existe
por isso
A agroindústria tem a seu favor mais
elementos de poder e por isso é ela a geradora de maior volume de decisões.
Sendo o
capital
um
poder
cício
de
capital
um
o parâmetro fundamental da relação, ela se reveste ainda, pelo exerbeirando ao despotismo, por parte da agroindústria.
que rege a agroindústria, é extrapolada e estendida ao integrado, obrigando-o a
envolvimento que se caracteriza por manipulação. Rege-se a relação nos principios
que são próprios do
capital gerando a necessidade
regulamentos, que permitam
mesmo guardando
terísticas parcelares,
de estabelecer detemiinadas normas e
um controle e mesmo a manipulação
características fordistas, pela
produção
em
social.
A integração,
massa, pela produção de
pelo controle do tempo e do espaço, pelo trabalho
produtos padronizados,
um
A lógica do
com carac-
fragmentando funções, separando elaboração e execução, põe de
lado os detentores
do conhecimento de
genética,
do balanceamento da
ração,
do
conhecimento e domínio do mercado, do potencial de industrialização da matéria prima
carne, enquanto
ou de
tratar.
mantém o
No
que se
integrado ocupado sobremaneira
refere às formas
com a atividade de
executar
de convencimento, as estratégias de envolvi-
mento, o relato dos beneficios, muito mais induzem o agricultor a se integrar, do que o
obrigam. Cria-se
um clima de expectativa tal, que a decisão
para se integrar assume ca-
racterísticas
de cooptação. Assim, é possível nestes aspectos, dizer que existe
proximidade
com o novo paradigma
uma
produtivo do toyotismo nas suas versões: “família
empresa”, “sindicato empresa”, “nossa empresa” e cooptação, levando os integrados a
assim se expressarem: “a decisão de integrar foi uma decisão minha”
:
.
Apesar das contradições, dos conflitos, da disparidade no campo das decisões e do
conhecimento
e,
a integração caracterizar-se como
capitalista e
consequentemente ex-
ploradora da força de trabalho do integrado, a agricultura, as agroindústrias, o consumi-
dor a expansão da produção de alimentos, são grandes beneficiados.
A integração é fi'uto
83
de
se
um desenvolvimento necessário ao capital, à sociedade e ao agricultor.
constituir em um processo acelerador da emancipação do individuo
Talvez possa
enquanto
em
busca de ontogenias.
Parte-se do princípio de que a integração é o prelúdio, é
um pressuposto, ou seja urna
situação necessária, conforme ver-se-á mais adiante, para o 'início de
para a liberdade..
Mesmo
material, independente
definida.
Para tanto,
de
apesar de ser considerada apenas
e,
uma
uma prévia condição da ordem social e
analisá-la, é olhá-la
à luz de
um processo
de
uma caminhada
atividade
do puro
uma ordem política
objetivado na estrutura
material e fomial de organização de suas atividades. Superar o nível da aparência dessa
prática produtiva, é desafiar-se, procurando desvelar o real conteúdo que a ela subjaz.
Nessa perspectiva de enfoque, a integração não pode ser
do do desempenho material
ticos,
ea
objetivo
formativos e cognoscivos,
destaque. Certo
também
é,
vista
somente como o resulta-
do agricultor integrado. Os aspectos
com perspectivas
sociais, polí-
de ontogenias, ocupamseu lugar de
que, o próprio agricultor e a sua prática são construídas
independentemente do seu desempenho enquanto esforço individual.
O
integrado na sua
com a sua produção, não há
modernizar o produtor. É esse o
atividade expressa aquilo que ele é, e o que ele é coincide
como modernizar a produção
se paralelamente não se
projeto do agricultor ao se dispor a abandonar a forma de produção artesanal. Passará a
ter história, e saber-se-á
produtores,
em
desenvolvimento-
e,
por isso mesmo, os hoje proprietários
-
“são os homens que desenvolveram a sua produção material e o seu intercâmbio material que, ao
mudarem esta realidade, mudam também o seu
pensamento e os produtos do seu pensamento.
Não é a consciência que determina av vida, é a vida
que determina a -consciência”(Marx e Engels;
1985:23) (15).
Tal qual o projeto da modernidade exigiu, a integração está a exigir
da mentalidade,
duzir,
um entretenimento
uma modificação
nurna perspectiva de exigir novos métodos de pro-
que aliado às novas estruturas e relações do e no trabalho, molda-se na constante
exigência da evolução das tecnologias e da genética animal.
`
84
III.3 -
BUSCANDO A UNIVERSALIZAÇÃO
Todo o mercado de trabalho
te
de
um mercado
trabalhista
está passando
cada vez mais
estreitamento das margens de lucro,
por uma
volátil,
de
radical reestruturação. E, dian-
um aumento
da competição e do
o trabalhador, e aqui especificamente o produtor
integrado, necessita participar e apropriar-se de informações precisas e atuais; toma-se
cada vez mais relevante a apropriação e o acesso ao conhecimento cientifico e técnico,
pela importância que o
agir dentro
mesmo
representa na lutacompetitiva; tomar conhecimento
da perspectiva da redução dramática do tempo de
dutivo, quanto'
no de consumo; é imprescindível
espaços, produzindo mais e melhor;
consumo, onde a fluidez, a
giro, tanto
setor pro-
na reorganização dos
o' participar
inserir-se nas atividades materiais
instabilidade
no
e
de produção e
o fienesi, significam palavras de ordem e ação.
um novo e ainda difuso homem, um novo agricultor agora produtor integraque se desenha como um devir, pode abordar
integralizar com lucidez e mai-
Somente
do,
e-
or rapidez a revolução conceitual de
.
oportunidades que se descortina.
iniciada,
mesmo, nesse impressionante desafio de novas
Um mundo a
ser descoberto,
um homem em fase de construção de si mesmo e a
e neste agricultor,
lo»
si
uma nova
partir
de
si
vida a ser
mesmo.
É
este
produtor integrado, que se desenha a transição pela irrupção do casu-
e exteriorização de seu conteúdo, a se por no
mundo qual uma explosão cheio de vida
e de futuro auto-consciente.
O
produtor integrado,
dades que o
como todo
opõem a si mesmo
e qualquer ser
humano busca
resolver as necessi-
e as carências contraditórias pelas quais viabiliza a cons-
trução de sua humanização. Ele deseja construir a própria possibilidade da humanização
dentro de sua carência de humanidade. Esse movimento de construção e de transforma-
ção aparece espelhado, expressando o que reahnente é e não acobertado pelo contraditório
ou ainda como uma ruptura estranha ao processo
Ao incorporar as novas formas de produção,
ria genética,
junto
social.
a tecnologia organizacional, a engenha-
com os elementos críticos e as possibilidades
históricas já contidas
no
conhecimento imediato e no cotidiano de sua prática, o integrado aproxima-se de possibilidades de
superação.
A superação
profundamente conflituosa se realiza no embate
contraditório entre o real e o racional.
Podem
ser considerados fontes
do
conflito,
a
85
forma artesanal de produção do agricultor e a respectiva relação de submissão à natureza e as hoje relações sociais mediatizadas pela mercadoria, pela tecnologia, pela relação
também a relação produtor
capitalista;
versus produtor, é conflituosa porque nela ainda
sobressai o poder desigual da posse de bens materiais e de conhecimentos extremamente elitizados e
hegemônicos.
Também considerada fonte de conflitos é a dificuldade dos
produtores integrados reconhecerem-se
mento.
da
como
sujeitos
da
história e sujeitos
do conheci-
O seu não reconhecimento no cenário histórico toma impossível a contraposição
história-
do
homem
e da história de
homem, hoje contada como conseqüência dos
compromissos ideológicos dos dominantes. Firmar-se nesta possibilidade é ver o quanto
o capitalismo dominante, é capaz de reduzir tudo hegemonicamente a ponto de estender
os seus beneficios
em direção
à classe dominante-_
É
ter presente que,
por mais que o
capitalismo avance formas de domínio do fisico, ele não pode dominar a essência interior,
o imaginário a força do eu, o poder
do- eu.
Consciente ou inconscientemente, o produtor integrado ao deliberar sobre a toma-
da de decisão, de entrar ou não na integração faz
uma análise das demandas. e neces-
sidades econômicas e consumistas que o mercado e a sociedade estão
leitura
como
domercado,
um elemento
feita
exigindo.
A
pelo próprio integrado ou intermediada pela agroindústria, entra
imprescindível na hora da decisão. Pela experiência adquirida ao co-
merciar os excedentes, o integrado- sabe que o suprimento da sociedade
uso e de troca é controlado muito mais pelas
leis
com valores.
de
do mercado, do que pelas necessidades
fisicas dos indivíduos. Isso confere ao integrado o entendimento- de que o
cide o que é consumido, suplantando por outro lado
mercado de-
a liberdade de satisfação das ne-
cessidades fenomênicas, particulares e imediatas dos indivíduos.
O que
produzir,
satisfaz
mas
a sociedade de consumo não é o que alguém
é sim aquilo que o
é passível de satisfação.
mercado decide
ser
um carecimento
indivíduo decide
social,
que então
Com isso também está se dando a condição da criação de produ-
tos e mercadorias que o próprio
mercado
não- se
deu conta
lidade dos sonhos, e a busca de sua satisfação conecta-se
nomenologia do
como
Espírito:
não mates os teus sonhos.
“Não mates o senhor
A
diversidade das
em ti”,
ainda. Esta ilimitada possibi-
com o
dizer de Hegel
na Fe-
que muito bem pode significar:
demandas do mercado e seu acesso, está
condicionada ao poder de compra dos indivíduos, o que eqüivale a dizer que
nem sempre
86
os carecimentos e os desejos externados pelo indivíduo são de fato seus reais carecimentos. Entendendo aqui que o poder de compra é a capacidade de atendimento total
ou parcial de uma necessidade, que pode
O
dia a dia do
estar limitado às condições sociais
de
classe.
com um novo e dinâmico munseu contato com amplas e sofisticadas
produtor integrado, O seu contato
do, novas formas de produção de alimentos, o
inovações da engenharia genética, certamente não são experiências limitadas ao campo
do senso comum, mas são mais provavehnente experiências,
abalam a segurança e
não conhecer o todo.
of
aconchego
Mas
existe
familiar,
tentativas e ações
que lhe
trazendo certamente consigo a sensação de
a possibilidade de, apesar da forma produtora ser
ainda alienante, apesar da amargura de fracassos e resistências, O integrado sonha
progresso permeado pela ação recíproca de incessantes conflitos.
É
com O
nas falhas, nos re-
veses e nos erros, que as verdades se firmam, que o progresso espiritual e material se
concebe e se
realiza.
É
no próprio
conflito' que- se
encontra o gérrnen da solução.
E
a
despeito de todos os dissabores, de todos as dúvidas, quanto mais o integrado as vencer e solucionar, maior a sua proximidade
com a meta do
desenvolvimento e da auto-
realização.
É
histórico
O desencontro entre o tempo do fazer e o tempo do conceber, entre
tempo da contestação e O tempo da dominação. Há rupturas no modo de
com O possível, que emerge do
na decisão de
circunstanciaís,
aderir
interior,
ser
capitalista.
São rupturas até
mas trazem em si a chama da possibilidade da incorporação
gam dentro de si um código
que acenam
que seembasa, que encontra expressão relevante
à produção integrada na sua fomia
da vontade de se por como ser
of
homem mais universal. Os
de mudança
social,
tecnológica,
produtores integrados carre-
que começa a se manifestar como movi-
mento dinâmico e que encontra resultados concretos na ações de se mostrar mais
homem
para sie para O mundo.
nI.3.a
-
PRODUTOR HISTÓRICO
A trajetória do
pequeno
agricultor,
de produtor familiar e para a subsistência
comercialização dos excedentes e hoje produtor integrado, produzindo para
em fase de
mundialização, é
uma trajetória histórica. É histórica por:
com
um mercado
87
“que tiveram
um início, sofreram - e continuam so-
frendo um processo de desenvolvimento e pode
se dissolver, depois de terem criado as condições
para formas superiores de convivência social”
(Gramsci; 1987:69)(16).
-
As condições
e a realidade
inicial,
uma espécie de
pré-capitalismo, foram superadas.
O integrado passa para uma forma melhorada de produção, com melhor padrão de qualidade,
com significativa redução
de custos e produzindo Luna quantidade também maior.
Tal qual a primeira fase, a atual não é eterna,
ser perpetuada, ela
da imutabilidade, mas, ao se formalizar tanto
características
ma, trazlem
nem pode
si
mesma
em conteúdo
a concepção e o germe do desenvolvimento
e'
não tem as
quanto na for-
a conseqüente
transformação para níveis superiores. Perpassa nessa trajetória histórica, o abandono do
individualismo inoperante e cego. Concepção que substituída põe a
possibilidade
da
uma outra forma de pensar o seu eu isolado. Pensá-lo como ser univercomo produtor coletivo. É na concepção da universalidade, no entendimento-' de si
construção de
sal,
como
totalidade que os proprietários produtores encontrarão formas de ação, para
transformar as hoje. relações tendenciosas e verticalizadas,
líticas
em relações econômicas,
po-
e sociais mais horizontalizadas.
Os agricultores em sua produção familiar, e mesmo- hoje produtores integrados: “não
têm em seu conjunto nenhuma experiência organizativa autônoma” (Gramsci;
1987: 131) (17). Os primeiros encontram-se ainda enquadrados nos tradicionais esque-
mas da burguesia
capitalista,
integrados, são ainda neste
aqui representada pelos comerciantes e atravessadores; os
momento determinados pelo
agro-industrial;
ambos estão sob
controle e são dirigidos por esquemas burgueses e capitalistas.
Os
agricultores e os produtores integrados, de
um modo
geral,
grupo de trabalhadores amorfos e desagregados. Individualmente,
vizinho, eles estão
em
geral.
Urge
uma mesma
uma
em
ou de
categoria.
não estão
expressão às suas aspirações e necessidades de
pois, a construção
mentalidade, implica
frango, de leitão
em sua famflia, com o
em constante efervescência, mas ainda como um coletivo,
condições de formalizar
modo
formam um grande
de
uma
um
mentalidade coletiva e de equipe. Esta
não mais pensar como produtor de fumo, como produtor de
suíno,
A
mas pensar como produtor
integrado,
realização desta mentalidade universal,
como membro de
pode conquistar e
88
construir formas mais humanitárias de
distribuição universal.
praticado,
produção material e
Vencer o subjetivismo
na sua forma mais
primitiva,
ou
intelectual e sua
conseqüente
capitalista transmitido absorvido e
em sua forma mais racional,
isolamento e de distanciamento entre os homens.
Marx e Engels,
agora
ainda é fator de
referindo-se ao tema,
escreverem:
“A
.A
consciencia isola os indivíduos uns contra os
outros, não apenas os burgueses mas ainda mais
os proletários, e isto a despeito de os aproximar.
Dai que demora muito tempo até que estes indivíduos se possam unir... E» por isso só ao cabo de
longas lutas se consegue vencer todo o poder organizado contraposto a estes indivíduos isolados
que vivem no seio de relações que diariamente reproduzem o› isolamento” (Marx e Engels;
l985:80/81) (18).
Todo e qualquer
êxito de transformação real e concreta reside
na desagregação dos
sentimentos do individualismo egoísta, na desagregação das relações de dependência, na
construção de
versalizantes.
modos de pensar
e de ações coletivas, na construção de concepções uni-
Ou seja,
“Os indivíduos isolados só formam uma classe na
medida em que têm de travar uma luta comum
contra uma outra classe; de resto, contrapõem de
novo hostilmente uns contra os outros, em con-
corrência”
(Marx e Engels; 1985:83) (19).
E, para que se tenha urna possibilidade maior de compreensão de que esse contingente
de trabalhadores produtores, possa encontrar-se
tivo,
é necessário que se faça
do que
seja
possibilidade
o Trabalho
de
um
Humano
do trabalho
sujeito
em si.
de seu processo produ-
Um conhecimento profundo
Abstrato, a sua gênese, os seus pressupostos e a real
de desenvolvimento posto tanto nas condições objetivas que o tornaram
possível, quanto
Humano
um estudo
como
no desenvolvimento por
ele viabilizado.
É
na essência do Trabalho
Abstrato, no seu auto-desenvolvimento, no seu devir que estão os pressupostos
tornar-se sujeito sobre a materialidade
possivel para o produtor integrado.
Ou
do mundo, que espera-se
então, propor
como questão
seja
também
desafio: pode o
produtor integrado, no processo de produção que integra, realizar momentos de autorealização?
89
¡
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
1
.
BERMAN, Marshall. Tudo o que sólido desmancha no ar. São Paulo: Companhia de Letras,
1)
1986.
2) KURZ, Robert. A realidade irreal. Folha de São Paulo, Caderno MAIS. 03.09.95. Citam-se como
exemplo o fracasso do Banco Barings de Londres, pelas mãos. de um corretor de 29 anos; o colapso do
Econômico em 95, quando em 94 ainda configurava como o 8° banco em termos de economia; o efeito
tequila provocando a quebra do Pais do Mexico, mais as constantes ameaças que pairam sobre a Argentina, o próprio México e inclusive o Brasil, diante do capital que funciona como uma espécie de
“nuvem”, esvoaçante, sem alma e sem pátria, que se encontra retido nas mãos dos novos :senhores do
mundo, particmlarmentez FMI, BIRD, OTAN ..., conforme descreve, Eric Hobsbawm, no livro, Nações e
Nacionalismos.
A
revista Science, publicou no dia 09.02.96, o resultado de pesquisas que sinalizam para a possibili3)
dade de que o quarck, partiwla considerada elementar não fosse de fato indivisível. A comprovação
dessa hipótese põe em cheque o Modelo Padrão de Murray Gell - Mann, aceito como a teoria que explica
a matéria, Artigo publicado na Folha de São Paulo em 08.02.96 sob o titulo Cientistas Questionam a
Teoria da Matéria.
'
4)
MAAR, Wolfgang. Globalização: mito
5)
MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. Ideologia Alemã.
FLORES, Mário Cesar.
6)
7)
8)
LENIN,.V.I.
realidade. Folha de
São Paulo, 07.08.95.
São Paulo: Editora Moraes, 1984 p. 67.
O campona questão social. Folha de São Paulo, 03.l0.95,Caderno 1, p.3.
LENIN, V.J. El desarollo
Paulo: Ciências
e'
del capitalismo en Rusia. Barcelona: Arial, 1974, p.167.
O programa agrário da
Humanas, 1980, p. 83.
social
democracia na 1° Revolução Russa de 1905/1907. São
9) O Chester foi lançado a 13 anos, pela Perdigão, como forma de competir com o pem da SADIA no
mercado de produtos natalinos. Ele possui 70% de came na coxa e no peito. O Bruster é considerado um
super-frango, uma ave geneticamente melhorada, cujas avós são importadas da Escócia. E produzido
pelos integrados da Frangosul e também possui mais carne na coxa e no peito.
ave Classy, produzida
pela Seara, desde 1993, é também uma ave geneticamente melhorada com mais carne no peito e nas
coxas.
A
10)
MARTINS.
José de Souza.
Caminhada no chão da noite. São Paulo: Hucitec, 1989.
11) A Folha de São Paulo publicou em 16.03.96 no cademo 1:06, um quadro comparativo dos investimentos feitos nos diversos setores no governo de Itamar e FHC e respectivos orçamentos de 1994 e 1995,
dizendo: “A função de governo que recebeu mais adubo em 95 foi a agricultura. Tendo que enfrentar a
crise deixada por Itamar, FHC elevou em 408% os investimentos no setor. Eles cresceram R$ 387,4
milhões e saltaram de sétimo para quarto lugar no ranking. Os maiores projetos agrícolas executados
pelo governo no ano passado foram o Apoio ao Pequeno Produtor Rural (R$ 163,2 milhões), o Irrigação
Nacional (R$l01,4 milhões) e pesquisa agropecuária (R$ 51,2 milhões)”.
12)
MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. Ideologia Alemã.
13)
MARX, Karl. O Capital. Vol. I. São Paulo:
Difel, 1985, p. 408.
14)
MARX, Karl. O Capital. Vol. I. São Paulo:
Difel, 1985, p. 407.
São Paulo: Moraes,
p. 36.
90
15)
MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. Ideologia Alemã.
16)
GRAMSCI,
17)
GRAMSCI, Antonio.
18)
19)
Antonio.
São Paulo: Moraes,
p. 23.
A Questão Meridional. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, p.69.
A Questão Meridional. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1987,
MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. Ideologia Alemã., São Paulo: Moraes,
MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. Ideologia Alemã.
São Paulo: Moraes,
p. 131
p. 80/81.
p. 83.
91
CAPÍTULQ IV
CONSTRUÇÃO DO CONCEITO DE TRABALHO HUMANO ABSTRATO
IV.1
As
-
A GÊNESE DO TRABALHO HUMANO ABSTRATO
aparências são insuficientes,
objetiva
do
real posto.
A sensação
deformam
e dissimulam a potencialidade concreta e
de impotência diante do real concreto, suprimindo
pela incapacidade de desvelar o real conteúdo do trabalho, permite o sustento e a
tenção de dogmas, nada esclarecedores. Adentrar
nivel das aparências, é investigar e apreender
em uma investigação que ultrapassa o
a partícula primeira,o princípio ativador, a
unidade geradora da ação e do conceito- de trabalho.
ca num trânsito para além do pragmatismo
pelos quais foi e ainda é distinguido..
circunstâncias e as condições que
A partir do trabalho
trabalho nas formas de produção capitalista.
tente,
A desrnistificação do trabalho impli-
empírico e dos aspectos deformadores
liberal,
permitem
também permite a sua determinação
manu-
um
simples,
surgem também as
estudo imparcial da potencialidade do
A configuração
e apreensão.
definitiva que se revela
la-
O conteúdo do trabalho, está na
sua base material, na forma material de sua organização, na estrutura das relações sociais
que o produzem e que produz.
Entender os elementos' que o constituem que o estruturam e o determinam, permite o
seu desvelamento e entendimento. Percorrer a trajetória do seu devir, do seu desenvolvimento, da sua dinamicidade e realização histórica, é adentrar não só na sua prática,
elevar tal qual ele se elevou, ao nível
rompe-se o compromisso
com
do conceito.
confronto
o velho' trabalho concreto, manual,
com
o seu conceito,
servi] e escravizador
A necessidade do conhecimento do conceito simples de trabalho, posto como
do homem.
humanos obtidos a partir da
ato mediador entre a satisfação dos carecimentos
permite a sua colocação
mundo.
No
como elemento
central
da objetivação concreta do
A saber que por esta mediação o homem se torna efetivamente
nhor da natureza, da qual usufrui a
construindo
um mtmdo
partir
da ação
trabalho.
E
neste
mundo
ele
homem no
soberano e se-
num
viver exercendo
há de se reconhecer, reconhecendo-o
como obra sua. É o homem adequando
do ao mundo.
natureza,
O homem permite construir,
mais hmnano e possibilitando a entrada
atividades de nível superior.
igualmente
mas
ou
mundo a si, e não mais
se adequan-
93
_
Não
ceito
só divagar,
mas penetrar na
substância última e primeira da construção do con-
de trabalho, das categorias que possibilitam a transmutação do trabalho simples
para o Trabalho
superficial
e-
Humano
Abstrato.
Numa
perspectiva de ultrapassar o imagético e o
adentrar no real, busca-se o conceito simples. Encontrar este elemento sim-
ples, detemiinante
fator básico de
si
do
homem e
autodeterminante de
si
mesmo, possuindo vida própria,
um desenvolvimento que nega o princípio, mas por
Para isso toma-se imprescindível um mergulho, mes-
mesmo, permitindo
outro lado trás e expõe a essência.
mo que sintético, na estrutura organizacional do- trabalho., como responsável em determinada época, pela construção de
um determinado tipo de homem, de sociedade e de mun-
do.
1v1.a
-
A PRODUÇÃO ARTESANAL.
Na forma artesanal de produção, o- artesão
lho apropriando-se do produto.
O artesão
era
era
quem controlava o processo de traba-
um trabalhador individual,
controlador e conhecedor de todo o processo de trabalho,
como de
considerava-se
fato o fazia, desde a
sua idealização, concepção do produto, sua produção e posterior comercialização. Marx,
assim se refere a eles:
“Cada artesão particular, o ferreiro, o oleiro etc.
Realiza todas as operações pertinentes a seu oficio, de maneira tradicional, mas independente e
sem reconhecer qualquer autoridade acima dele e
em sua oficina” (Marx; l985:410)(1).
Os artesões
se bastam, são auto-suficientes e
desconhecem toda e qualquer autorida-
de superior que lhe queira indicar ou determinar o que e como produzir. Sendo o único
controlador de seu trabalho, a produção do artesão, dependia dele mesmo. Era servo de
seu trabalho. Somente dele, de seu trabalho concreto e imediato é que dependia a sua
produção. Essa situação tomava o artesão trabalhador
e,
interdependentes e unidos. Essa integração constituiu-se
envolvimento de outras forças produtivas.
seus instrumentos de produção,
num freio
e
num limite
ao des-
94
MANUFATURA: DIVISÃO DO TRABALHO E PLANEJAMENTO
DO PROCESSO
IV.l.b
-
Já a manufatura
concentrados
tem
início,
em um mesmo
quando vários trabalhadores individuais ou artesões são
local de trabalho e
passam a
um capitalista. A partir desse momento, profundas transformações
am as relações de trabalho
por várias mãos, até
próprio
inicia
o-
homem artesão,
se
sucedem e permei-
e a produção de mercadorias. Já o produto final deve passar
seu acabamento.
Uma
profunda mudança se
lham para si, mas trabalham para o
capitalista,
`
antes. independentes,
capitalista
Segundo Marx, a manufatura
A manufatura
não mais
traba-
sobre o proces-
não domina tecnicamente a produção.
assim o produto passa a ser controlado pelo
no
detentor dos meios materiais de produção.
Nos primórdios da manufatura, os artesões ainda mantém algum domínio
uma vez que o
necessária
faz.
para que se submetaà nova forma de trabalho.
o processo de colaboração. 'Os trabalhadores.
so de trabalho,
comandos de
estar sujeitos aos
Mesmo
capitalista.
origina-se de duas maneiras distintas,
ou
da combinação de vários oficios independentes e a partir da cooperação de
seja:
a partir
artífices, pela
em diferentes operações, tendo cada função um trabalhador esApesar de ser mais complexa em relação à produção artesanal, a manufatura con-
decomposição do oficio
pecial.
tinua dependendo de operações manuais e artesanais do trabalhador individual, manejan-
com habilidade e segurança o seu instrumento.
do
Cria o trabalhador coletivo, a proletarização, pela destruição do trabalhador individual,
tomando dele a possibilidade de controlar
racteriza-se pelo
ol
processo» produtivo.
rompimento e destruição do indivíduo como
A manufatura ca-
sujeito universal, a submis-
uma tarefa única, repetitiva e que nada mais lhe exige, a não
caracteriza-se ainda como uma fase do desenvolvimento do
são e redução à execução de
ser destreza.
processo
A manufatura
em que
o trabalho vivo, concreto e humano é imprescindível, porque o uso da
máquina é muito limitado.
H
Com a implantação da divisão do trabalho, o mesmo exige a introdução
A partir
de
uma nova
ser estabelecida
uma
racionalidade na produção, antes desnecessária, pois ela estava no próprio indivíduo,
mas
força produtiva, o planejamento do trabalho.
dele
pode
95
necessária agora, já que para executar sua tarefa, o trabalhador depende da execução da
tarefa de outro trabalhador.
ou
outro.
O
A harmonia deve funcionar, sem desocupar ou atropelar um
fator planejamento
também tem destaque no acréscimo da
Cresce o dispêndio de força de trabalho
num mesmo
local,
bem como
produtividade.
acelera-se a inten-
sidade do trabalho. Segundo Marx:
“O
efeito
do trabalho combinado não poderia ser
produzido pelo trabalho individual, e só o seria
num espaço de tempo muito- mais longo ou uma
escala muito reduzida” (Marx, 1985:374)(2).
Vale dizer que a força total, ou ainda a produção
uma emulação
va. Produtividade
da cooperação- é maior do que
O próprio contato e convívio social de diversos
a soma das forças ou produtos reunidos.
artesões causa
total
dos mesmos, propiciando
uma maior
capacidade produti-
que passa a depender também da virtuosidade do trabalhador
como da perfeição, modificação
bem
e adequação cada vez mais sofisticada dos instrumentos
de trabalho e também dos locais de trabalho.
Destruído o trabalhador individual, por não mais controlar o processo total de produção, os produtos sendo resultado de diversos trabalhos parcelados, introduzida a divisão
técnica do trabalho, a produção é agora
indivíduo artesão, fica submetido a
precisa estar perfeitamente ajustada
um fruto
um todo,
com
social.
do qual
as demais.
Trabalhando coletivamente, o
constitui-se
como uma peça que
Um ajustamento que implica numa
um ritmo definido e a um tempo unium domínio um controle do capitalista sobre
submissão a horários determinados de trabalho, a
forme de atividades. Toma-senecessário
o processo, para que o
ça,
que represente os
mesmo
interesses
seja eficiente.
ea
A necessidade da coordenação, de lideran-
comuns tanto em urna detemiinada comunidade como no
caso dos vários artesaos reunidos é comentada por
Marx ao afirmar,
que:
“Todo o trabalho diretamente social ou coletivo,
executado em grande escala, exige com maior ou
menor intensidade uma direção que harmonize as
atividades individuais e preencha as funções gerais ligadas ao movimento de todo o organismo
produtivo, que difere do movimento de seus órconsiderados”
isoladamente
gãos
(Marx;
1985:379/80) (3).
Significa de outro lado a condição de submissão de vários indivíduos à supremacia
dos interesses de
um outro, o capitalista. Uma situação que diante das condições de pro-
96
dução
capitalista incide
numa
necessidade cada vez mais acentuada de exploração da
como
força de trabalho. Essa progressiva exploração e espoliação do trabalhador, gera
conseqüência focos de resistência, criando
dores e
capitalista.
Pode-se completar
uma situação de antagonismo
entre trabalha-
com Marx e Engel:
Pela divisão do trabalho está dada, logo de inía divisão também das condições de trabalho,
das ferramentas e dos materiais, e com ela a
66
cio,
fragmentação do capital acumulado entre diferentes proprietários, e com ela a fragmentação entre
capital e trabalho, e as diferentes formas da. própria propriedade. Quanto 'mais se desenvolve a
divisão do trabalho, e quanto mais cresce a. acumulação, tanto mais agudamente se desenvolve
também esta fragmentação. Of próprio» trabalho só
pode existir sob a premissa desta fragmentação”
(Marx Engels; l984:95)(4).
&
IV.1.c
-
A MERCADORIA FORÇA DE TRABALHO
Extorquido do controle do processo produtivo, dos meios de produção e consequentemente do produto, o trabalhador coletivo, via cooperação
pressuposto do salário, principiando
trabalho.
condicionado à venda de sua força de
Sendo proprietário da única mercadoria que
força de trabalho
mercado da
capital
um viver
-,
lhe restou
eificou permitida
troca: o processo
salário.
A
da troca da mercadoria força de trabalho por
princípio e aparentemente, apresentam-se
características quantitativas. justas. Diante das condições
da entrada
em cena do
interações que
-
a sua
o trabalhador é obrigado a vendê-la, entrando esta mercadoria no
salário.
propõem-se a trocar o valor da força de trabalho por um valor aparente,
valente
com o
depara-se
capitalista,
salário,
como
ot
equivalentes
O
equi-
com
de venda da força de trabalho,
a manufatura passa a exigir novas e diferentes relações e
passam a perrnear as condições de convívio entre o operário e o
capitalis-
ta:
“Nas corporações continuam a
existir a relação
patriarcal entre os oficiais e o mestre; na manufaocupa o lugar daquela, a relação de dinheiro
entre operário e capitalista” (Marx
Engels,
tura,
1984:71)(5)..
&
97
Um novo elemento real e concreto, torna-se o essencial intermediador entre o
lhador e o capitalista.
É
o dinheiro,
um algo
irreal,
uma
simulação,
um valor
traba-
de troca,
expressando concretamente esta relação contraditória e geradora de conflitos internos.
Inicia-se efetivamente a
produção
capitalista.
Após
um considerável estágio de acu-
mulação primitiva, caracterizada pela expulsão indiscriminada dos camponeses, a transformação» do solo
em pastagens
para ovelhas que forneciam
lã
para a indústria
eliminação do sistema de guildas, considerados empecilhos por se
ais,
nasce o trabalhador
modemo
e livre.
oporem aos
têxtil,
a
industri-
Um trabalhador que não mais depende dos se-
nhores feudais e dos mestres das guildas, mas que foi desprovido dos meios materiais de
produção. Trabalhador que agora é
balho para
quem
livre e
tem a liberdade de vender a sua força de
tra-
é possuidor dos meios e dos instrumentos de trabalho. Inúmeros e di-
versos compradores da mercadoria força de trabalho aparecem para simbolizar concre-
tamente a liberdade de escolha do também
por
um processo
obscuro são
Todos
livre trabalhador.
também donos dos meios
eles e muitas vezes
e instrumentos de produção.
Implantavam-se assim as condições primeiras do
modo de produção
lho livre, assalariado e a propriedade privada dos
meios de produção de mercadorias.
Para que a força de trabalho se tomasse
tência
como
força de trabalho
vendê-la a alguém que
também
livre,
ou
uma mercadoria,
foi necessário
seja o indivíduo deveria
fosse livre para comprá-la.
capitalista:
o traba-
a sua exis-
ser livre para
poder
A formalização da troca da
um contrato de trabalho, espelha o sentido de liberdade, de igualdade, fraternidade e justiça. No Capital, Marx assim se
mercadoria força de trabalho pelo equivalente
refere,
salário, via
a esse disfarce explorador:
“A esfera que estamos abandonando, da circulação ou troca de mercadorias, dentro do qual se
operam a compra e a venda da força de trabalho,
é realmente um verdadeiro paraíso dos direitos
inatos do homem. Só reinam aí liberdade, igualdade, propriedade e Bentham. Liberdade, pois o
comprador e o vendedor da mercadoria, força de
trabalho, são determinados apenas pela sua vontade livre. Contratam como pessoas livres, juridicamente iguais.
contrato é o resultado final, a
expressão jurídica comum de suas vontades.
Igualdade, pois estabelecem relações mútuas apenas como possuidores de mercadorias e trocam
equivalente por equivalente. Propriedades, pois
cada um só. dispõe do que é seu. Bentham, pois
cada um dos dois só cuida de si mesmo. A única
O
98
força que os junta e os relaciona é a do proveito
próprio, da vantagem individual, dos interesses
privados. E justamente por cuidar de si mesmo,
não cuidando ninguém dos outros, realizam todos,
em virtude de uma harmonia preestabelecida das
coisas, ou sob os auspícios de uma harmonia
onisciente, apenas as obras de proveito recíproco,
de utilidade comum, de interesse geral” (Marx;
1985:196/97)(6).
IV.1.d - TRABALHO, VALOR DE
USO E VALOR DE 'TROCA
Comprando. a mercadoria força de trabalho,
força de trabalho, e ao fazê-lo realiza
ção
capitalista.
uma das
o~
capitalista
põem-se a consumir esta
condições fimdamentais para a acumula-
Através dela concretiza a realização»
do valor de uso da mercadoria
força
de trabalho, mediante a qual produz e reproduz não só o seu próprio valor, mas mais
'
valor.
A mercadoria força de trabalho, apresenta uma especificidade,
uma propriedade que
lhe é imanente e particular. Ela é a única mercadoria cujo valor de uso implica em ser não
apenas uma fonte de valor, mas ser e podendo externar mais valor que em sí possui. É
essa mais valia, um algo novo propicíado e fiuto do Trabalho Humano Abstrato, que
será melhor delineado» mais adiante.
Uma
enorme e nova possibilidade que se
durante o tempo
duzir para além
externaliza diante
em que a força de trabalho. estiver à sua
do que
vale,
mediante
ou
do
disposição, ela
e irá pro-
em contrapartida
au-
excedente. Assim o valor da força de trabalho e o valor que
se cria a partir de seu uso, durante
rentes.
pode
porque
uso de processos produtivos que vão diminuin-
do o tempo de trabalho necessário para a sua compensação, mas
mentam o tempo de trabalho
capitalista,
o processo de trabalho, apresentam magnitudes
dife-
O trabalhador, ao vender a sua força de trabalho vende-a por um salário que cor-
responde a uma determinada quantidade de meios de subsistência. Dessa forma o capitalista realiza
a compra e paga a força de trabalho, que é
mn elemento vivo,
ação do trabalhador e não ao trabalhador especificamente.
soa, enquanto ser
humano, é
livre e
O trabalhador
o potencial de
enquanto pes-
portanto não interessa ao capitalista. Seus mecanis-
mos só tem olhos para a mercadoria força de trabalho e na perspectiva de potencializa-la
sempre mais.
99
Ao
produzir
uma mercadoria, um produto, o
dade da mercadoria
-
capitalista
que possui também valor-de-troca
-
produz valor-de-uso
-
quali-
quantidade de trabalho que 0
A mercadoria produto, possui um valor maior que a
trabalhador repassa na produção.
soma dos valores das mercadorias necessárias para produzi-la. Aí se encontram incluídos
matéria prima, força de trabalho, desgaste de máquinas, processos produtivos e administrativos.
Esse excedente de valor
é.
a mais
cretização pelo capital do roubo de
valia,
extorquida ao trabalhador, que é a con-
tempo de trabalho ao
que aparentemente não se caracteriza
como tal,
pois
01
trabalhador.
capitalista
o»
exploração
paga pela mercadoria
força de trabalho, para dela dispor enquanto valor de troca, realizando
maior do que
Uma
um valor de uso
necessário para recompensa-la. Para Marx:
`
“O
possuidor do dinheiro pagou o valor diário
da força de trabalho; pertence-lhe, portanto, o
uso dela-durante o dia, o trabalho de uma jornada
inteira”
(Marx; 1985:218)(7).
O valor-de-uso da força de trabalho é maior do
do trabalhador. Para o
capitalista isto significa
que o necessário para a subsistência
a transformação do dinheiro
- salário- -
investido na aquisição da mercadoria força de trabalho, produzir mais dinheiro.
nheiro transformando-se
vivo.
É um
em
processo que
É o .di-
em mercadorias que incorporam força de trabalho
converte em valor que se expande e de cuja metamorfose,
capital,
Marx fez a seguinte referência:
'
_
«
_
'
“Ao converter dinheiro em mercadorias que servem de elementos materiais de novo produto ou
de fatores de processo de trabalho e ao incorporar força de trabalho viva à materialidade morta
desses elementos, transforma valor, trabalho pretérito, materializado, morto, em capital, em valor
que se amplia, um monstro animado que começa a
trabalhar, -como se tivesse o diabo no corpo”
(Marx; 1985:219/20)(8).
A questão vital da divisão manufatureira do trabalho, é a implantação definitiva de um
processo produtivo
capitalista. E,
segtmdo Marx:
“Como forma
do processo social de
produção, é apenas um método especial de pro.duzir maisvalia relativa ou de expandir ou valor
do capital, o que se chama de riqueza social, às
custas do trabalhador. Ela desenvolve a força
produtiva do trabalho coletivo para o capitalista e
não para o trabalhador individual. Produz novas
condições de domínio sobre o trabalho. Revela, de
um lado, progresso histórico e fator necessário do
capitalista
100
desenvolvimento econômico da sociedade, e, do
outro, meio civilizado e refinado de exploração”
(Marx; 1985:417/l8)(9).
No entanto a manufatura, como processo de trabalho,
que encontra dependência
total
no trabalho manual e imediato, contínuo e permanente do homem, começa a tropeçar na
sua estreiteza tecnológica, a partir do
momento em que a necessidade de produção de
máquinas, pemiitem a eliminação do trabalhador manual e direto.
A manufatura começa
a escrever o seu fim, mas dentro dela encontra a raiz de sua própria superação: a oficina
A introdução
que gera a máquina.
direta
do homem, como produtor
acentuada da maquinaria, dispensando a intervenção
material, implicam a partir
O
mento
fantástico das forças produtivas.
capital
que traz como conseqüência a expulsão do trabalho
bre, e
em muitos aspectos materiais de fato»
são nada animadoras.
lho embrutecedór de
de então,
produto desta inovação tecnológica é mais
é,
vivo.
Se a causa parece no-
as conseqüências para o trabalhador não
A maquinaria que deveria marcar presença para minimizar o traba-
homens,
em inúmeros
setores passa a ocupar de
drinhada o seu tempo e o seu espaço, ou então simplesmente lhe
tência. Inicia-se
num desenvolvi-
tira
forma mais esqua-
os meios de subsis-
processo de produção de pobreza nos moldes tecnológicos, pois a
revolução da produtividade afeta
A
“a quantidade de horas de trabalho de duas maneiras.
introdução das tecnologias economizadoras de tempo e de
trabalho têm permitido às empresas eliminarem trabalhadores em massa, criando um exército de reserva de
trabalhadores desempregados com tempo- ocioso, ao invés
de tempo livre à sua disposição. Aqueles que ainda se seguram em seus empregos estão sendo forçados a trabalhar mais horas, em parte para compensar a redução de
salários e de benefícios. (...) Mesmo com o pagamento de
uma vez e meia por hora extra, as empresas ainda assim
pagam menos do que pagariam se tivessem de pagar pacotes de benefícios para uma força de trabalho maior”(Rifkin; 1995:245) (10).
Iv.1.z
-
MÁQUINAS E REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Com a derrocada da manufatura e a criação do motor e da transmissão, que passam a
ser
os responsáveis pelo movimento transmitido às máquinas ferramentas,
Revolução
Industrial. Inicia-se
inicia-se
a
um processo de substituição do emprego da força muscu-
101
lar
do homem, pela força motriz. Segue
um processo progressivo
com maior controle,
de novas e mais sofisticadas máquinas, aptas a executar
lidade e precisão o processo produtivo de mercadorias.
e acelerado de criação
maior fide-
À medida que a sofisticação
das
máquinas aumenta, aumenta também a sua capacidade de transformar a matéria prima,
sem a ajuda humana. Sobra ao
ções.
Como vigilante ou guardião
máquina - torna-se o
ca,
trabalhador o papel
sujeito
da máquina,
do processo.
de vigilante, com eventuais
interven-
a ser seu servo, enquanto ela
ele passa
É a consagração do
uso-
do e é
ela
a
da máquina automáti-
o que significa também dizer que o trabalho, não depende mais da habilidade do
balhador. Ele só aparece ao lado da máquina, é
-
um complemento seu,
éz
por
ela
tra-
domina-
que passa a controlar o trabalho. Constata-se e realiza-se não mais um controle
aparente e simulado, mas concreto, dominando materialmente o trabalho.
O que era tra-
balho vivo é agora trabalho morto.
A força humana gradativamente passa a ser substituída por forças naturais, à medida
que os instrumentos de trabalho são máquinas cujos mecanismos não mais se apoiam
experiências. empíricas,
mas passam a seguir a lógica imanente do cientifico. Toda a sub-
jetividade presente na organização
num
em
do processo manufatureiro de
trabalho,
amparado
processo parcelado .e cooperativo. dos. trabalhadores, converte-se pela Revolução
Industrial,
em processos objetivos. No Capital, Marx, assim se refere a eles:
“No sistema de máquinas, tem a
indústria
moder-
na o organismo de produção inteiramente objetivo que o trabalhador encontra pronto e acabado»
como condição material de produção” (Marx;
l985:440). (11).
Como
capital e
_
acima já referendamos, o desenvolvimento das forças produtivas, gera mais
impõe a redução do número de trabalhadores
et
a exclusão do
homem do pro-
cesso direto do trabalho. Negando-lhe os ganhos para a sua subsistência, produz-se a
pobreza impedindo o trabalhador de partilhar da riqueza produzida.. Desnuda-se assim,
uma das grandes contradições do modo
social, apesar
do considerável e
capitalista
fantástico
de produção. Apesar da produção ser
aumento das
forças» produtivas, cresce
a po-
breza humana. Caracteriza-se o egoísmo e a não distribuição e a não socialização da
queza produzida.
O potencial econômico- e produtivo
do capitalismo entregue a
si
ri-
mes-
um manancial criador de escravidão, de pobreza e fonte de acirramento intensivo
do conflito de classes. É ot caráter equivalente da troca de salário por força de trabalho
mo, é
102
que sustenta e legitima a extração da mais
valia.
E, mais próximo hoje, na sociedade
capitalista burguesa, é
a igualdade jurídica que serve de meio para legitimar a desigual-
dade econômica, o que
viabiliza
a acumulação do
capital,
o desencontro e a desigualdade
entre a fomia e o conteúdo.
A luta do agricultor, a sua resistência e a obstinada contestação e teimosia em permasem limites da extração dos exce-
necer no campo, é fruto e se energiza na intensificação
dentes econômicos.. Situação que sempre gerou a igualdade formal de aparente, presente
em toda
a troca mercantil, e por isso
manifesto de denúncia.
o~
dentes econômicos que para 0 agricultor
nome da
igualdade aparente da troca,
acordo e
nem mostra
Uma extração de exce-
a luta pela sobrevivência-, foi
feita
mas nem sempre encontrou reciprocidade no
o agricultor presente no processo do
capital. Já
como
integrado
produtor a relação passa a ter caráter de natureza contratual da relação trabalho
estabelecidos limites reciprocos onde o produtor integrado aparece
reprodução ampliada do
em
e,
são
como elemento da
capital.
De fomia idêntica, a produção pelo
uso da máquina, deveria ser fator de diminuição
da jornada de trabalho. Pelo contrário, as jornadas de trabalho aumentam,
em parte para
compensar a diminuição do número de trabalhadores, permitindo» a estabilidade, a manutenção
e,
ou aumento de extração da mais valia. Esta necessidade do
pelido a tomar todo
constitui-se
em outro
o»
tempo do trabalhador e transformá-lo
grande paradoxo do sistema de produção
capital
em tempo
capitalista.
de ser comde trabalho,
Para isso o
são imanentes,
como por exemplo, a depen-
dência do salário do percentual de peças produzidas, muito
comum na hoje terceirização
capital utiliza-se de vários recursos,
e portanto
que
também entre os produtores
parece ocorrer
uma aparente
lhe»
integrados agrícolas.
Em determinados setores,
redução da jomada de trabalho. Semelhantes reduções im-
plicam consequentemente na necessidade de intensificação do trabalho, levando-
o-
capital
ao aperfeiçoamento da máquina, de sua capacidade e velocidade produtiva, submetendo
o trabalhador à vigilância de
trabalho no
um maior número de máquinas, e permitido-lhe extrair mais
mesmo espaço de tempo.
`
103
IV.1.f -
PRODUÇÃO INFORMATIZADA
Hoje presencia-se a era da produção Pós-Grande
Indústria.
Sua
característica
fim-
damental é o emprego da eletrônica, da computação e da infomiatização generalizada.
São máquinas controlando máquinas. Pela microeletrônica põem-se definitivamente a
forma material do trabalho abstrato, o que significa dizer que o trabalho controla-se a
O
mesmo.
trabalhador
humano
está posto de lado
como
si
executor de trabalho. Dai se
pode concluir que o valor da mercadoria não pode mais ser medido pelo tempo de trabalho,
nem o próprio
rencial é
trabalho pela quantidade de sua execução,
a sua expressão é o seu concreto e real valor
preenche diante dos carecimentos do
oque agora
qualitativo..
homem à semelhança de
É
se
toma
refe-
a satisfação que
Sennas, Parreiras e Zaga-
los.
O aumento progressivo
de capital acumulado pelo
da produção implica no conseqüente crescimento do volume
capitalista.
Em contrapartida, o trabalhador é expropriado pela
aparente igualdade de luta competitiva
mente reduzindo-se a
um número
com
o dono do
capital,
em
cujas
mãos e
atual-
cada vez menor, centraliza-se a posse e o poder.
A
pobreza das massas acentua-se violentamente, tomando mais agudos os contrastes entre
a posse excessiva da riqueza
O vertiginoso
em estado de centralização
e o poder nas
mãos de poucos.
desenvolvimento das forças produtivas, constantemente ameaçando supe-
rar os limites estabelecidos, paraleliza-se
tes
do humanamente suportável.
tro
dominador
-
capitalista
-
com a opressão
e a miséria que beiram os limi-
A imposição de relações sociais a partir de um parâme-
um projeto que trata
Somente a sua negação radical, e 0 assumir de um
não permitiu a real concretização de
da produção da vida e da vida
plena.
processo que consiste
em os homens tomarem conta das condições do processo em que
se produzem, toma-se
um pressuposto e abre a perspectiva de libertação e de universali-
zação do homem.
Para tanto não basta fazer
uma democratização da renda, mas permitir
sim o acesso
universal à riqueza socialmente produzida. Eliminar relações prescritas sob a égide
capital,
como, o roubo de tempo de trabalho
alheio,
do
que hoje se caracteriza como fonte
de acumulação da riqueza, é condição imprescindível de desprendimento de uma forma
produtiva assentada no valor de troca e o retorno ao fundamento do valor de uso(l2).
O
104
permitir
como
do desenvolvimento
pressuposto de
analisar e penetrar
efetivamente:
uma
livre
das potencialidades imanentes e individuais, põe-se
transformação social. Para tanto é necessário- desenvolver,
com profimdidade
naquilo que o próprio capitalismo materializou
O Trabalho Humano Abstrato. É ele a possibilidade concreta de- exteriori-
zação do homem, do produtor agrícola integrado e a possibilidade concreta e real de
uma colocação efetiva no mundo e a universalização como HOMEM..
IV.2
-
TRABALHO HUMANO ABSTRATO
produto de
conceito de trabalho como-
profundamente na busca de
preciso avançar
um processo
o»
Uma realidade capaz de ser
um mergulho nesta lógica do
de desenvolvimento da realidade.
apreendida pelo pensamento, pela inteligência. É' preciso
trabalho enquanto conceito, na tentativa de apanhar suas diversas determinações e apre-
imanente.
Uma vez apreendido na sua totalidade, tornar-se-á a
possibilidade posterior de colocá-lo
como pressuposto da condição necessária ao produ-
ender a unidade que lhe
ée
tor integrado e ao trabalhador
em geral para tornar-se sujeito
pleno. O» ato
do desenvol-
vimento e da transformação do mundo dado e da sociedade, ocorre paralelamente ao
desenvolvimento
e-
transformação de
si
mesmo, pela
interiorização e subsequente trans-
posição de conceitos e teorias da ciência para o seu cotidiano de produtor.
A produção do homem e sua objetivação no mundo, ocorre mediado por um continuo
processo de transformação da natureza e na construção de
uma nova
mana. Esse processo» de atividades, que vai construindo
homem, ocorre mediante
dispêndio de seu potencial fisico e intelectual.
o»
natureza mais hu-
um
A causa propulsora dessa transformação
da matéria, é a necessidade de satisfação dos seus carecimentos. Nessa inquirição sobre a
natureza, transfomiando-a e transformando-se, ele busca a superação
empírico, natural e imediato de
si
e do
mundo material.
do esterilmente
O trabalho é o:
“elemento central da objetivação do
mundo. Por
'
homem no
esta mediação ele se constrói
como
e vai construindo um mundo mais humano, superando a mera naturalidade» e imediatidade
dele e do mundo” (Etges; 1993:07)(13).
homem
O trabalho é uma necessidade para que se efetive a interrelação material entre 'o homem e a natureza. É desse intercâmbio que resulta a produção da subsistência e sobre-
105
vivência do
tivas
ao
homem. É pelo
mundo
subjetivo.
trabalho que o
É um processo
homem se constrói, põem novas formas objepelo qual o homem se apropria de elementos
da natureza adaptando-os à satisfação de suas necessidades. Ele é
um fator decisivo para
a socialização da existência humana, transformando as condições naturais, empíricas e
imediatas.
É ele que determina o valor de todas
as coisas. Pennite
também o
alcance e a
chegada ao conhecimento abstrato universal, muito aquém do empirismo sensível e
pragmático.
O trabalho um meio para a verdadeira auto-realização do
homem..
é-
meio para o pleno desenvolvimento de suas potencialidades, para a utilização
consciente da natureza, reconstruindo-a» conforme» suas. necessidades
como homem pleno
na natureza.
_.
e
É um
domínio
e reconstruindo-se
Pela necessidade de satisfação de suas carências, o
homem intervém
Ao fazê-lo:
“começa a distinguir'-se dos animais- assim que
começa a produzir os seus meios, passo que é
condicionado pela sua organização fisica” (Marx;
l984:15)(l4),
e que
sem dúvida poderá
gência,
ser ampliado indefinidamente pela contribuição
na construção tecnológica.
homem se
fisica, a capacidade pro-
desenvolve. Pelo seu agir, e neste agir do trabalho
em desenvolvi-
mento, ele ultrapassa a sua simples propriedade de garantia da subsistência.
minado estágio de seu processo de desenvolvimento,
tral
inteli-
.
Usando de seu potencial? intelectual bem como de sua força
dutiva do
da sua
ele
passa a ser
uma
Num deter-
condição cen-
da vida do homem, determinante de suas ações, dirigente de seus pensamento,
indi-
cando-lhe a forma determinada de vida. Historicamente esta possibilidade põe-se pelo e
no
modo de produção capitalista.
Diversos são os estágios pelos quais passa
mento.
Começa na forma
cesso de trabalho, era
Mas
al,
artesanal,
ou
trabalho
no seu processo de desenvolvi-
na qual o artesão era o conhecedor de todo o pro-
um produtor independente e reconhecia-se como única autoridade.
era servo de seu trabalho e a produção -dependia diretamente de seu trabalho
imediato e concreto. Já na manufatura o trabalho aparece
como
dividido
manu-
numa
série
de operações específicas, mas ainda guardando a característicade ser manual, de depender da subjetividade dos trabalhadores, agora reunidos sob o
um
trabalho extremamente subjetivo,
comando do capitalista. Era
mas influencia no estabelecimento de uma nova
106
forma de relações entre os homens. Ainda lhe
dirigir-se materialmente.
lar-se
falta
a objetividade própria para guiar-se e
Essa possibilidade de objetivar-se
em si mesmo começa a desve-
com a gênese da Revolução Industrial.
É neste estágio que ocorrea subsunção formal do trabalho ao capital. Agora o capital o sujeito, é ele quem exerce o domínio e determina o trabalho. Do trabalho ligado à
és
máquina alcança-se o momento-em que concretamente a máquina. objetiva
homem deixa de
do.
ser
trabalho.
O
a peça central do trabalho, é posto de lado, é literahnente dispensa-
O trabalho abstrai do homem,
o que significa dizer que
negando o trabalho humano, uma vez que
o.
processo de trabalho. está
se encontra materializado
na máquina.
A con-
dição fundamental que possibilitou o crescente índice de mecanização das operações de
trabalho, foi a divisão técnica
do trabalho. Possibilidade cujo
início
ocorreu
com o uso
das ferramentas, alcançando a total substituição do trabalhador humano pela robotização
da produção, pelo auto-gerenciamento da máquina. Abrem-se as prerrogativas da
dis-
pensa do trabalho humano concreto e imediato, enquanto dispêndio de esforço fisico.
possibilidade da produção automatizada, via materialização objetiva na
balho manual e intelectual humano-, abre as perspectivas do Trabalho
máquina do
A
tra-
Humano Abstrato.
,.
IV.2.a
--
O PRESSUPOSTO DO TRABALHO HUMANO ABSTRATO
Uma vez que
trabalho
humano
por, e mais
o desenvolvimento
abstrato,
do que
das- forças
produtivas permite a concretização do
há que se procurar a causa ou o fundamento que permite su-
isso, realizá-lo efetivamente.
Onde
estaria este princípio gerador, esta
categoria mais simples, esta base objetiva cujas prerrogativas pressupõe e determinam o
Trabalho
Humano
Abstrato? Qual a fonte, o princípio primeiro, a substância social, que
reduz todas as formas de trabalho convertendo-as
conceito
ou a
realidade material
em
Trabalho
Humano Abstrato?
O
do Trabalho Humano» Abstrato, já aparece especificado
nas primeiras relações de troca de mercadorias.
As
trocas só se
tomaram viáveis e
trabalhadores livres e independentes
concretizáveis
como
no exato momento em que havia
individuos. Foi o trabalho de proprietários
individuais e livres, a condição necessária e suficiente,
que possibilitou a
troca, e
como
,
conseqüência o Trabalho
Humano
107
Abstrato. Apesar de o trabalho ser 0 elemento funda-
mental e essencial do capitalismo, ele não comparece concretamente, mas se expõe
mercadoria e consequentemente
A transposição
tempo de
feita
como
como
valor.
do trabalho
em mercadoria
e nesta
com que
as relações dos
homens de uns para com os outros
trabalho, faz
por meio das mercadorias que
eles
trocam entre
em valor,
si.
por estar baseado
em
seja
A socialização dos indivíduos,
seu padrão de vida, o nível de satisfação de seus desejos, sua liberdade, seu poder, pas-
sam a
mas é- também é acon-
ser determinados inteiramente pelo valor das mercadorias,
cretização do processo da reificação, no qual as relações pessoais entre os
transmutados na forma de relações objetivas entre as coisas.
trabalho significa o valor incorporado na mercadoria.
todas as mercadorias é o trabalho, e
lhador.
passam a
tração,
do “Fetichismo
um trabalho
indístinto
Uma
da
qualidade
comum
a
individualidade do traba-
A aferição do valor é puramente quantitativa, válida a todos os tipos de trabalhos
individuais, tendo
lhos
capítulo
em O Capital, Marx trata desse processo(15).
das Mercadorias”,
O
No
homens são
como unidade de medida padrão, o tempo de trabalho. :Assim os traba-
diferir entre- si
somente
pelo-
tempo- de sua duração.
que passa a transparecer como propriedade
constituindo-se
comum
É uma forma de
abs-
a todas as mercadorias,
no seu valor de troca.
No ato da troca, é o- dispêndio da força de trabalho humano, expresso quantitativamente em horas de trabalho que define o valor. O trabalhador transfere oz valor de uma
certa quantidade de força de trabalho abstrata,
dução ao-Êobjeto mercadoria.
É um novo
que será adicionada via processo de pro-
valor adicionado à mercadoria para além dos
valores que o trabalho concreto e individual conserva e transfere. Neste valor de troca, a
atividade concreta não tende a aumentar o valor
da mercadoria,
valor dos meios de produção ao produto. Mas, no
posta no mercado,
ela, aí
comparece
com um- novo
ponde ao valor dos meiosfde produção.
ao fato de que
uma certa quantidade
ela apenas transfere
o
momento em que a mercadoria
é
valor adicionado àquele que corres--
A presença desse novo
valor deve ser creditado
de força de trabalho abstrata, independente do
balho concreto, foi acrescida a ela no processo produtivo.
tra-
los
Existe
ou
g
explica-se esta situação pelo duplo caráter
não aplica ao mesmo tempo dois trabalhados,
do
um que conserva o valor e outro que
um novo valor para a mercadoria. E a grandeza desse novo
da pela quantidade de trabalho que
cadoria, propriedade
ta
do
trabalho.
Por
trabalho, pois o trabalhador
valor da mercadoria é medi-
A adição de- um novo valor a uma mer-
ela contém.
do Trabalho Humano Abstrato, permanece oculto na forma concre-
isso
na hora do contrato de
não ocorra ao nível de consciência
nem na do
trabalho-, ela
trabalhador e
não se mostra, pemanecendo escondida, mas. é determinante,
é para
cria
não
se-
expõe, embora isto
nem na do
tal
capitalista.
Ela
qual o sistema binário. o
um hardware.. É nessa segunda face do trabalho, que= se concentra ou se- potencia
a mais-valia. Daí porque, sempre que ocorrer a apropriação de força de trabalho por
alguém diferente de seu proprietário, caminha-se inevitavelmente para a exploração
..
A força de trabalho transformada numa unidade quantitativa abstrata é um processo
que se caracteriza como
uma forma de trabalho
social.
Ele é diferente do trabalho
simples atividade produtiva, necessário para a satisfação dos carecimentos do
como
homem
implicando- na adaptação da natureza.. E, na troca, a satisfação que a mercadoria causa
não especifica a categoria
central,
não é ela que conta. Ela é
ato da troca.
IV.2.b -
um simples pressuposto
no
E
.
UMA ABSTRAÇÃO: VALOR DE TROCA
No capitalismo
especificamente prevalece a forma social de trabalho. Significa dizer
que o trabalho produz mercadorias,
cujos'
produtos aparecem
como
valores' de- troca.
É
Na produção
quem produz, é uma
pois a substância social que se manifesta no valor, no valor da mercadoria.
de valores, portanto,
os
abstrair
de quem produz, o prescindir de
condição para se pôr universahnente
como valor. Conforme Marx:
“Como valores-de-uso, as mercadorias
são, antes
de mais nada, de qualidade diferente; como valores-de-troca, só podem diferir na- quantidade, não
contendo portanto nenhum átomo de valor-deuso. Se prescindirmos do valor de uso» da mercadoria, só lhe resta ainda uma propriedade, a de
ser produto do trabalho. Mas, então, o produto
do trabalho já terá passado por uma transmutação. Pondo de lado seu valor-de-uso, abstraímos,
também, das formas e elementos materiais que fazem dele um valor-de-uso. Ele não é mais mesa,
casa, fio ou qualquer coisa útil. Sumiram todas as
109
suas qualidades materiais. Também não é mais o
produto do trabalho do marceneiro, do pedreiro,
do fiandeiro ou de qualquer outra forma de trabalho produtivo. Ao desaparecer o caráter útil dos
produtos do trabalho, também desaparece o caráter útil dos trabalhos neles corporificados, desvanecem, portanto, as diferentes formas de trabalho
concreto, elas não mais se distinguem umas das
outras, mas reduzem todas, a uma única espécie
de trabalho, o trabalho humano abstrato” (Marx;
1985:44/45)(16).
Criado o valor das mercadorias, o Trabalho
duas
faces.
do
Humano Abstrato
trabalho, tornando-as veículos de valor
homem. Este valor
aparece
como uma das
além de serem objetos úteis ao
destaca-se por não apresentar:
“nenhum
átomo de matéria encerrado. no seu
valor. Vire e revire, à vontade, uma mercadoria:
a coisa valor se mantém imperceptível aos senti-
dos” (Marx; 1985:55)(l7).
Por
si
uma ação
só a troca
ou o ato da troca,
abstrata, cuja
exclui o valor de uso
da mercadoria, tomando-se
unidade valorativa que aparece na equivalência, só se refere ao
valor de troca, ao esforço de trabalho-
humano despendido. Por
isso,
logo adiante Marx,
complementa:
“As mercadorias, só encarnam valor na medida
em que
são expressões de uma mesma substância
social, o trabalho humano; seu valor é, portanto,
uma realidade apenas social, só podendo manifestar, evidentemente, na relação social emque uma
mercadoria se troca por outra” (lVlarx;
1985:55)(l8).
São inúmeros indivíduos, ou grupos de indivíduos, produzindo independentemente,
em mercadoria seus produtos.. Somente na hora da troca se estabelece
o contato de uns com os outros e é neste momento da troca que o caráter social específique transfomiam
co de cada produtor se manifesta.
No ato da troca de um produto A por um produto
B, cujos valores de uso são quali-
tativamente diferentes, o que possibilita a troca é o fato de
ambos refletirem e possuírem
uma propriedade em comum, o Trabalho Humano Abstrato.
“Que
Isto consiste
em dizer:
comum, com a mesma grandeza, existe
coisas diferentes... As duas coisas são
portanto iguais a uma terceira que por sua vez
algo
em duas
110
delas difere. Cada uma das duas, como valor-detroca, é reduzível, necessariamente, a essa terceira” (Marx; 198S:43)(19).
É esta terceira coisa, um algo- imaterial, que não contém; “nenhum átomo de valor-deuso, nenhum átomo de matéria”. É o Trabalho Humano Abstrato constituindo um conjunto de operações reais, efetivas.
e.
materiais- Ele. aparece
no equivalente como algo uni-
versal, concreto, singular e material.
A substância,
imaterial, impalpável
exterioriza-se, objetiva-se
como
como
do Trabalho Humano- Abstrato, põe-se como
valor que, por sua vez se exterioriza
como
é,
mercadoria,
dinheiro. Ela é relação social, relação entre coisas, nega-se e se exterioriza livre-
mente, cria outras relações para além da consangüinidade do senhorio e da escravidão.
Como
lente
relação social amplia-se, tanto quanto ampliam-se as trocas e o dinheiro, é equiva-
de troca, que também é relação
social, confere
poder e
ind'ependênci`a=.
por meio
desta independência que se constróem relações universais, criam-se necessidades universais
de mercado que iguahnente passam a ser
universais,
do
IV.2l.c -
ser
satisfeitos
por capacidades potenciahnente
homem, universalizado.
A OBJETIVIDADE. DO TRABALHQ HUMANO ABSTRATO
Como processo material, a substância Trabalho Humano Abstrato, constitui-se como
uma abstração real num mundo material. Na troca o- valor' não está em quem produziu,
ela desvincula
produto
teve.
o consumo da produção.
que
ser
A quebra do vínculo que existia entre produtor e
rompido, para que todos os atributos. do
homem se desvinculassem
da mercadoria. Desconsidera-se a habilidade, a idade, o sexo, para quantizar 0 valor da
mercadoria.
O interesse está apenas centralizado na mercadoria, cuja existência e valida-
de são sociahnente reconhecidos,
ra
é,
e
como abstração real que, segundo
tem portanto,
existência social.
Daí que se configu-
Etges:
“Em
primeiro lugar, abstrai do- indivíduo- que
produz, pois não importa quem produz, nem em
que condições' ele trabalhou, etc., em segundo lugar, abstrai ou prescinde do indivíduo que vai
consumir o produto. Terceiro, abstrai da qualidade do produto, que lhe interessa apenas enquanto expressão dele mesmo como valor. Quarto, no trabalho abstrato está posta a abstração
dos carecimentos dos homens, importando apenas
111
a realização de si como valor. Quinto, nele- está
presente a abstração do espaço onde se produziu
ou produz alguma
coisa,
bem
como-, sexto, está
presente a abstração do tempo empírico individual de produção-, tempo e espaço realmente absdo conceito” (Etges;
tratos, pré-condições
1993:10)(20).
Já não é mais necessário produzir para consumiu
guém da família
está doente,
mas
Não
uma produção
social..
mas
O
não se conhece quem produziu, e este não conhece quem
ele
produtor integra-
o produz para os ho-
produto abstrai do produtor,
irá
consumir, ou- quando será
A lógica do mercado passa a ser o sujeito enquanto o produtor torna-se seu
objeto, seu predicado-.
te
O
al-
Produz sem. saber para quem nem quando será con-
sumido, a produção independe do espaço e do tempo.
consumido.
produz o chá, quando
ele é produzido indefinidamente.
do, não produz o frango e o suíno para o seu consumo,
mens, ele faz
se
Assim o Trabalho Humano Abstrato
não- aparece.
como
equivalen-
do trabalho concreto, mas põe-se como conceito, como realidade pensada e como
valor que se realiza na troca.
IV.2.d
-
TRABALHO HUMANO ABSTRATO, UM DEVIR HUMANO
O Trabalho Humano Abstrato é um devir do trabalho- simples. É
trabalho individual, qualitativo e concreto, que se apresenta apenas
Ele é morte e nascimento, é negação,
é:
a.
suprassunção do
como
expressão sua.
existência concreta e universal, é o fundamento
do novo, é o seu incondicionado. Ele é determinante e passa a determinar, é substância
encontrando princípio e fundamento
em si mesmo, é desenvolvimento.
O Trabalho Humano Abstrato, não possui nenhum
átomo de matéria, é impalpável, é
substância que o sujeito» não pode determinar, pelo contrário,
ela,
a substância, o deter-
mina, determinando suas ações, sua vida. Nela o sujeito pode perder-se, pois ela é
e por
si,
material,
põe determinações e
se desenvolve, é potência.
princípio
de ação
o Trabalho Humano Abstrato, elimina o trabalho genérico, empírico que não
ultrapassa o sensível, o vivido e passa a ser
mesmo tempo
tual, e
Como um
em si
como
um concreto geral, um concreto singular e ao
universal. Ultrapassando o nivel
princípio de ação caracteriza-se
procurando o
do vivido, passa a
ser
puramente
como procurando a categoria mais
intelec-
simples,
DNA (21) como determinante de todas as outras formas de trabalho. Por
112
isso é princípio
trabalho.
como
de ação e na sua dinamicidade determina todas as formas históricas de
É um princípio
de ação, que no seu desenvolvimento nega-se, dissolvendo-se
como
princípio primeiro, aparecendo
algo concreto, palpável e determinante.
Na proximidade com a metamorfose da borboleta, ele nega e dissolve as formas anteriores, mas não lhe é diferente, conserva-se como unidade do diverso. Como princípio
de ação apresenta um desenvolvimento necessário e imprescindível, mediado pelas suas
formas, mediado pela plena. realização
como
atividade e trabalho puramente intelectual,
hoje materializado na máquina automática.
princípio explicativo, como: conceito
simples de todas as formas de trabalho qualitativos, suas transformações e transmutações
são necessárias e imanentes.
É uma negatividade
sob
múltiplas'
formas que de resultado
passou a ser princípio, pressuposto e condição das diversas fomias de trabalho.
ção e determinante da mudança das formas de relação entre os homens para
reza. Permite
o aparecimento da
inteligência,
mundo
si
mesmo,
dissolve a
naturalmente posto,
e.
si
mesmo
e,
-
troca.
É ne-
sendo ação, sendo transformação, nega o
dá-lhe formas humanas. Criando
adaptando-o às necessidades humanas, atribui-lhe formas para
existe
com a natu-
que nela encontra o seu pressuposto, pela
elevação ao pensamento» abstrato a partir de operações concreto/abstratas
gatividade de
É condi-
um mundo
mim
-
homem
humano,
-
o que
em sie é pura alteridade. Ele permite ao- homem a saída inteira de sua interioridade
estéril e
vazia para criar o novo, quebrando
o»
gelo do arcaico, das corporações imediatis-
É o princípio ativo que lança o agricultor, encolhido e reduzido ao círculo familiar, a
ser um produtor integrado e produtor para o mundo, para além do necessário para a sua
tas.
subsistência.
A categoria Trabalho Humano
Abstrato, efetivamente posta,
profundas modificações nas relações de trabalho.
sociais, as
acaso.
O
traz.
no seu conteúdo
que transparece hoje nas relações
profundas mudanças nas relações de produção, não são portanto obras do
São a concretização
material, das pressuposições,
do conteúdo que se exterioriza
e vai sendo posto até a sua exaustão, até o seu esgotamento total.
113
IV.3
-
ATIVIDADES DE NÍVEL SUPERIOR:
UM TRABALHADOR PLENO
A possibilidade da máquina automática passa a superar o gênero trabalho,
zado por particularidades e singularidades.
como
caracteri-
Na perspectiva, ou na medida em que se con-
como
conceito, ele perde a característica da exploração, de ser
um instrumento de dominação
do proprietário dos meios de produção sobre o proprietá-
cretiza
rio
pensável,
da força de trabalho. Liberto de prerrogativas determinadas, fixas e aparentemente
imutáveis e alheias, passa a ser agora dependente de vontades individuais de
homens
sujeitos e universais. Estão dadas as condições, as pressuposições e as prerrogativas para
o não trabalho imediato e manual, para o não assalariamento.
Na possibilidade
de existência do mundo do não trabalho imediato, o valor adquire
uma nova configuração. Ele passa a ser expresso qualitativamente e nada mais guarda do
tempo de
cluída.
trabalho.
A medida quantitativa pelo tempo
Um novo pressuposto
de trabalho será literahnente ex-
de produção de valores, não mais baseado na magnitude
do tempo de trabalho empregado ou gasto, será posto como sendo
concretização desse novo- estágio
fator decisivo
de
do capitalismo.
Uma nova fase do capital, negando as anteriores mas substnnindo-as,
entra
em cena e
extemaliza o seu conteúdo. Fase que travestida por formas mais amenas de exploração
do trabalhador, por uma nova ótica e
capitalista.
la-'se
Por
ela,
inaugura-se
ética
que subordina os trabalhadores ao universo
uma nova fase de desenvolvimento
cuja essência emascu-
na manipulação e na cooptação. Mudanças radicais e profundas estão acontecendo.
Mas segundo
ção de
Etges, “continuamos sob a égide
do capital”,
e
complementa com uma
cita--
Marx nos Grundrisse:
“O roubo de tempo de trabalho alheio, sobre o
qual se fimda a riqueza atual, aparece como uma
base miserável comparado- com este fundamento,
recém desenvolvido, criado pela própria grande
indústria. Logo que o trabalho deixa, e tem que
deixar, de ser sua medida e portanto o valor de
troca deixa de ser a medida do valor de uso.
trabalho excedente da massa deixou de ser a condição para o desenvolvimento da riqueza social,
assim como o não-trabalho de uns poucos deixou
de sê-Io para o desenvolvimento dos poderes ge-
O
rais do intelecto humano. Com isto se desprende
a produção fundada no valor de troca, se libera o
processo de produção da forma da necessidade
114
angustiante e o antagonismo. Desenvolvimento livre das individualidades, e por aí, não redução do
tempo de trabalho com o fim de pôr sobretrabalho, mas em geral redução do trabalho necessário da sociedade a um mínimo, ao qual corresponde então a formação da vida artística, científica, etc., dos indivíduos graças ao tempo que
se tornou livre e aos meios criados para todos”
(Etges; l994:10)(22).
Em função disso, novas necessidades estão sendo
burocráticas de relações sociais e produtivas são percebidas
suas estratégias de ação
com características
ditatoriais,
como
imutáveis,
são jurássicas.
um contato com as novidades
que o novo de agora é
Caia
or
A obsoletização de
As dimensoes de tem-
aparecem agora como flutuações, demonstrando
uma efemeridade inimaginável até então. As oscilações,
estão a exigir
e
irrelevantes, arcaicas e
pesadas estruturas de massa, estão sendo literalmente estouradas.
po e de espaço, antes fixas e
Normas formais
determinadas.
as flutuações, a descartabilidade,
quase instantâneas e
com
a perspectiva de
obsoleto do daqui a pouco.
verticalidade das e nas relações sociais e
redes, as formas horizontais de contato, de
ção material quanto da produção
de produção.
produção e de
intelectual,
Em seu lugar surgem as
distribuição, tanto
do conhecimento e da
será proporcionado pela materialização da infomratízação, que
tempo e do espaço, tomando presentes e
ciência.
rompeu as
da produ-
Tudo
.isto
barreiras
do
transparentes, aqui e agora os acontecimentos,
os conhecimentos, a criação científica. Põe-se a sociedade do não- trabalho concreto,
põe-se a sociedade da produção intelectual, a sociedade da produção universal dos ho-
mens como
lista
HOMENS. É necessário eliminar o trabalho em sua fomra perversa e capita-
porque na sua abrangência:
“O
`
E
trabalho é... o principal poder sobre os indivíduos, e enquanto este existir tem de existir tamprivada”
bém a
propriedade
(Marx;
1984:64)(23).
completar dizendo, que a possibilidade de construção do
mundo do não
trabalho
imediato já não é mais utopia, deixou de ser sonho. Está significando a gradual redução,
até a eliminação por completo,
do trabalho
espoliação de mais valia, via roubo de
assalariado,
tempo ao
uma .forma restrita e periódica expressando
o grande
trabalhador.
O
vilão
da exploração, da
salário
ou o
dinheiro
e'
determinadas relações entre os homens, pois:
115
“no dinheiro é que
reside, portanto,
or
fato
de
todo o intercâmbio até aos nossos dias ser apenas
o intercâmbio dos indivíduos em determinadas
condições, e não dos indivíduos como indivíduos”
(Marx; 1984:95)(24).
_
Portanto, superá-lo é pressuposto da sociedade do não trabalho. Esta será viabilizada
pela efetiva realização do Trabalho
Humano
Abstrato, é a resposta positiva,
cante aos “eternos amigos da miserabilidade”
esquerdístas retóricos.
-
embora cho-
ultraconservadores do egoísmo burguês e
talvez incompreensível aos autistas do- tradicional-
e*
jurássico,
aos charlatães da miséria, aos amigos da anomia e derrisão, ao profetismo da desgraça e
do conformismo, do desesperoens.
Mas
significa dizer que
ez
do
nem no
caos,
palco
com suasz litanias estiolam or Homo- sapido mundo enem mesmo nos seus bastidores é
que
possível perlustrar as nefastas sombras obnubiladas da destruição e da morte.
Etges
'
diz:
Como
`
“Ao contrário, a análise mais ampla do trabalho,
especialmente do trabalho humano abstrato, alimenta enormes esperanças ao mesmo tempo que
vê a travação inteira do edificio da sociedade do
não-trabalho que os. homens e as mulheres estão
construindo com rapidez assombrosa, mediante a
ciência” (Etges; I994r:12)(25).
Posto
Humano
isto
o produtor integrado, não pode ficar alheio e na ignorância do Trabalho
Abstrato.
A gênese da inteligência e desta à produção científica- possui caráter
imperativo junto a seu cotidiano de produtor de mercadorias e já nao mais simples ven-
dedor de força de trabalho.
Utiliza-se,
mesmo que
induzido, das conquistas da enge-
nharia genética para facilitar o_ acesso universal da matéria prima
-
carne
-
de frango e
de suino. Apropriar-se desse conceito implica no:
“desenvolvimento das capacidades individuais
correspondentes aos instrumentos da produção
material. A apropriação de uma totalidade de instrumentos de produção é desde logo, por isso, o
desenvolvimento de uma totalidade de capacidades nos próprios indivíduos... Só os proletários do
presente, completamente excluídos de toda a autoocupação, estão em condições de realizar a sua
completa auto-ocupação, não mais limitada, a
qual consiste na apropriação de uma totalidade de
forças produtivas e no desenvolvimento, assim
iniciado, de uma totalidade de capacidades”
(Marx; 1984: 9r7)(26).
116
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Volume I,São Paulo:
2)
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Volume I, São Paulo: Difel,
3)
MARX, Karl. O Capital: Crítica da Economia Política. Volume I, São Paulo:
4)
MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. Ideologia Alemã, São Paulo: Moraes,
5)
MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. Ideologia alemã.
São Paulo: Moraes, 1984,
6):
MARX, Karl. Q Capital-:
Volume I, São Paulo:
7)
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Volume I, São Paulo:
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8)
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política.. Volume I, São Paulo:
Difel,
9)
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1984, p. 95.
p. 71.
Difel, 1985, p. 196/97.
O
fnn dos empregos: o declínio inevitável dos níveis dos
10) RIFKIN, Jeremy.
força global de trabalho. São Paulo: Makron Books, 1995, p. 245.
ll)
1985, p. 374.
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Volume I, São Paulo:
1985,
p.
219/220.
empregos e a redução da
Difel, 1985, p. 440.
12) FRIGOTTO, Gaudêncio. No Seminário sobre Educação e Trabalho, realizado em 18.08.95 na UFPR
Curitiba, assim se referiu ao trabalho: valor de uso e valor de troca; “Sob o capitalismo o trabalho deixa
de ter a prioridade do valor de uso e, passa a ser visto como trabalho sob a ótica do valor de troca. Nas
relações sociais capitalistas or trabalho se volta contra o próprio homem, porque ele não tem a lógica do
valor de uso, mas a lógica do valor de troca. Definição que justifica o massacre dos sem terras de Rondônia. No Brasil, o insignificante percentual de 6% das terras são tidas como valor de uso, os restantes
são valor de troca. Terra, que é mercado de reserva para o fiituro. E, como capital, ela não tem a ótica
do valor de uso, mas sim a ótica do valor de troca.
-
13) ETGES, J. Norberto. Trabalho
gre:FACED/UFRGS 18(l), 1993, p. 07.
14)
e conhecimento.
In:
Educação e Realidade, Porto Ale-
MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. Ideologia Alemã. São Paulo:
Moraes, 1984,
p. 15.
São Paulo: Difel, 1985. Capítulo
15) MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Volume
A Mercadoria, pág. 79/93. As coisas aparecem diante dos indivíduos como sujeitos com qualidades soI:
I,
ciais.
“A
trabalho
igualdade dos trabalhos humanos fica disfarçada sob a forma da igualdade dos produtos do
como valores...Uma relação social definida, estabelecida entre os homens, assume a forma fan-
tasmagórica de uma relação entre coisas... Processando-se os contatos sociais entre os produtores, por
intermédio da troca de seus produtos de trabalho, só dentro desse intercâmbio se patenteiam as características especificamente sociais de seus trabalhos privados”. Ver' também Mariano F. Enguita em Trabalho Escola e Ideologia, Cap. V. Herbert Marcuse em Razão e Revolução, pág 252/264.
16)
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Volume I, São Paulo: Difel,
17)
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Volume I, São Paulo:
18)
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Volume I, São Paulo: Difel,
1985,
19)
MARX, Karl. O Capital: critica da economia politica. Volume I, São Paulo: Difel,
1985, p. 43.
20) ETGES, J. Norberto.
meo., 1993, p. 10.
O conceito do trabalho e a ação do conceito.
1985,
p.
44/45.
Difel, 1985, p. 55.
Santa Catarina:
p. 55.
CED/UF SC: Mi-
117
ETGES, J. Norberto. Trabalho e conhecimento. In: Educação e Realidade, Porto Alegre: FACED/UFGRS, 18(l),1993. “Da mesma forma que o eu, a vida, a cultura, etc., e como o DNA, - coisas
objetivamente abstratas, - vão se pondo, mas aparecendo como pondo coisas externas a eles, nas mais
diversas formas, assim também o trabalho humano abstrato, cujas caracteristicas ainda precisam ser
determinadas, vai se objetivando, vai se exteriorizando ou pondo em diferentes formas ou detenninida-
21)
A árvore é a substância posta “unidade do ser e da aparência”, ou, digamos do conteúdo e da fonna
enquanto aparência. Aparece só a árvore, e seu conteúdo, seu DNA, nela desapareceu, formando uma
des...
unidade”.
ETGES, J, Norberto. Sociedade do
CED/UFSC, Mimeo. 1994, pág. 10.
22)
trabalho
sem
trabalho, desemprego estrutural. Santa Catarina:
23)
MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. Ideologia alemãl. São Paulo:
24)
MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. Ideologia alemã.
ETGES, J, Norberto. Sociedade do
CED/UFSC, Mimeo. 1994, p. 12.
25)
26)
trabalho
sem
Moraes, 1984,
pz 64.
São Paulo: Moraes, 1984,
p. 23.
trabalho, desemprego:
MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. Ideologia alemã.
estrutural-..
São Paulo: Moraes, 1984,
Florianópolis:
p. 97.
CAPÍTULO V
s1sTEMA DE 1NTE‹;RAÇAoz DE AGRICULTOR PARA 1>RoDUzu
ToR PLENO
V.1
-
REORGANIZAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS
O surgimento,
ou a
nova
legitimidade do Sistema de Integração, assenta-se
base ideológica de teor capitalista e que se encontra
central
A
em fase
de re-estruturação.
A idéia
que perpassa esta nova base ideológica é de que, atualmente, os mundo põe-se
contradição
com
o passado.
O mundo
não só está mas é
diferente.
No
em
bojo dessas
transfomlações estão superadas, as formas e os sistemas: produtivos, sustentados por
grandes corporações, firmadas na rigidez de estruturas hierárquicas de adrninistração da
produção e da força de trabalho. Decorre dessa base de transformação, o desmantela-
mento das grandes empresas, via urna nova forma produtiva: a terceirizaçao.
A terceirização
empresas,
bem como do processo de trabalho.
terceiros para
indústria.
aquela
é a ação produtiva da atual forma de organização- das indústrias e
que estes realizem serviços específicos de
uma
determinada empresa ou
Pela terceirização a empresa ou indústria, define entre suas diversas atividades,
em que melhor se destaca.. Passa então- a investir todo» 0
dade, passando a contratar outros grupos
nesta
Ela consiste na contratação de serviços de
seu- potencial»
ou empresas, que por sua vez
ou naquela área específica, visando a plena execução de
funcionamento da primeira.
nesta ativi-
se especializam
atividades necessárias ao
'
Com o acirramento da crise do modo de acumulação fordista, nas décadas de 60 e 70,
as grandes empresas industriais,
começaram a
sentir
o arcaísmo econômico e produtivo,
no exercer de inúmeras atividades simultaneamente. Terceirizar passou a
lavra e a ação
sas,
na ordem do dia de empresas e
das quais se exige especialidade
numa
indústrias.
ser então a pa-
A contratação de
novas empre-
área iguahnente específica, passa a ser feita
de forma tal que permitam a execução das atividades e do funcionamento da primeira.
nesse viés econômico que
embarcam as agroindústrias.
É
120
A nível de Europa, o processo de terceirização está sendo implantado desde a década
de 50.
Nos
países de terceiro
maior numero de adeptos a
cessária é a de
mundo, a forma
partir
terceirizada de
vem ganhando
produção
do final da década de 80. Ressalva que aqui
que no setor agroindustrial, terceirização, mesmo
mundo, encontra índices expressivos bem anteriores".
É
em países
se faz ne-
de terceiro
o caso do Sistema de Integração,
que no Extremo Oeste Catarinense, encontra seu berço na década de 60.
V.2
-
CIÊNCIAS E TECNOLOGIA: NOVOS CONCEITOS DE ESPAÇO' E
TEMPO
Embora ainda
l
incipiente
na época, a terceirização» era e é o posto da nova forma de
revelação do capital. Significou o apagar da luzes de
agrícola e
o conseqüente despertar de uma nova
produtores, “davam-se as mãos” para,
produzirem mais e melhor
era.
em conjunto
uma época
e modelo produtivo
Cedo, agroindústria e proprietários
e de forma cooperada
desigual
-
em menor espaço de tempo.
Consequentemente o setor
agrícola, produtor
de alimentos, passou a revestir-se de
um dinamismosequer imaginado em períodos anteriores. A produção
tria
-
projetou o produtor integrado
numa nova
para a agroindús-
força estruturadora e socializadora, pela
sua inserção objetiva no mercado, agora não mais como força de trabalho, mas sim como
produtor de produtos e mercadorias.
nas propriedades agrícolas.
Uma nova lógica incorpora-se à produção alimentar
A engenharia genética, a re-organização do espaço e do tem--
po, inovadoras formas administrativas dos processos de trabalho, deslocam
zam a produção da
teorias e
riqueza para
um novo» parâmetro.
ou
centrali-
Agora, a ciência, seus conceitos,
esquemas são elevados à categoria primeira da força produtiva, antes centradas
na teoria do valor/trabalho.
De
nética,
outro lado o avanço das formas produtivas, robótica, informática, engenharia ge-
a reorganização do tempo e do espaço, permitem
um processo
versalização tanto do capital, quanto- das formas produtivas.
substituição gradativa
do trabalho htunano imediato,
acelerado de uni-
Em decorrência temos:
a
sensítivo e manual, pela maquinaria:
os processos produtivos tornam-se mais eficientes, originando produtos de melhor qualidade; a
margem de erros e a perda de produtos beiram os limites do
zero; as margens de
121
lucros
sofiem
significativos aumentos pela grande centralização
significativamente
mesmo de
em
da produção mas, caem
percentual por mercadoria; permite a oferta de mercadorias e
sistemas prontos e personificados,
como
perspectiva de negação das massas e
estímulos às exigências subjetivas da pessoa humana; diminui sobremaneira o tempo entre
to
a criação de princípios teóricos e sua objetivação material,
de esquemas teóricos que se
te criadores
bem como o encadeamen-
tomam geradores de novos esquemas e consequentemen-
de novos mundos.
^
Cada vez mais e de forma concreta as novas formas
produtivas- e organizacionais,
homem se
aproxima de pro-
minho das rupturas, das redefinições e tem como pressuposto básico e
central a existên-
implicam no domínio da ciência pelo homem. Mais e mais o
duções cognitivas e conceituais.
cia e
o desenvolvimento da
A produção acumulativa de conhecimento, segue o ca-
inteligência. E,
posto da inteligência está no Trabalho
se
na troca.
conforme acima já
Humano
Abstrato.
foi explicitado,
A sua concretização manifesta-
É ela o momento prático da abstração, em que o trabalho
produto mercadoria. Pois o trabalho concreto não comparece
produção
E,
capitalista.
0 pressu-
concreto se põe no
como
tal,
no modo de
Ele se revela e se põe plenamente na mercadoria, enquanto valor.
como o produto do
trabalho só se
toma mercadoria a partir do momento em que
opera a troca,(1) é neste ato que o trabalho humano se realiza como valor.
se
O trabalho:
“comparece disfarçadamente na troca de mercaporque essa é a forma de aparência, de
dorias, até
manifestação
primeira
capital”
(Etges;
1993:l3)(2).
Nessa operação prático/abstrata estão presentes as condiçoes plenas e objetivas do
devir da inteligência, do conhecimento, criando as condições para o nascimento
lho abstrato intelectual.
O
do traba-
que vemos hoje é que a inteligência assumiu definitivamente
um processo de desenvolvimento
autônomo, cujas
ilimitadas possibilidades
acenam
em
É essa virulência do desenvolvimento autônomo
assusta atualmente. As criações científicas, penetram em minucio-
direção à sua própria e plena realização.
que nos surpreende e
sidades e especificidades cada vez maiores, permitindo
o»
dornínio de parcelas e partes
cada vez menores, microscópicas, obrigando a novos conceitos de espaço e de tempo.
O
produtor agrícola integrado, está convidado a se integrar nos conceitos da modemídade,
tanto nos aspectos tecnológicos quanto nos da compressão temporal e espacial.
'
122
A reorganização do
espaço e do tempo começa a fugir do conceito “naturalizado”,
construído e atribuído a sentidos cotidianos
agrícola familiar
sumidor.
As
com pouca expressão
variáveis,
comuns
e empíricos, atrelados a
uma prática
comunitária e pouca expressão no mercado con-
tempo e espaço, tomam-se agora mais complexas, tomam-se
um
atributo objetivo das instalações, e sua representação mensurável encontra-se aliada aos
conceitos de direção, área, forma, volume, distância que, exatamente por serem mensu-
rados
podem
ser apreendidas.
Tem
reflexos não só na melhor ocupação objetiva dos
espaços nas instalações, mas são parâmetros para novos conceitos de ocupação do tam-
bém espaço
social.
O reconhecimento, o trânsito
numa diversidade de
econômico e
político,
implicam
com novas oportuSobre essa mobilidade social, convém uma citação de Kern:
“Uma das respostas foi um crescente sentido de
significados mais amplos
nidades de desenvolvimento.
social,
e'
objetivos de espaço,
unidade entre as pessoas antes isoladas pela distância e pela falta de comunicação. Isso não foi,
contudo, uma coisa pacifica, porque a proximida-
de também gerou ansiedade
-
a apreensão de que
os vizinhos se aproximassem demais” (In:
vey; 1993:245)(3).
Uma sistemática seqüência de intensificação
construção» de
da ansiedade que passa a
exigir
Har-
uma
re-
novos er alternativos- padrões de ações. Citando Giddenszi
“A
ruptura e o ataque deliberadamente sistemático às rotinas habituais da vida produzem um alto grau de ansiedade, uma eliminação das respostas socializadas à segurança
da administração do corpo e a uma estrutura
previsível da estrutura social” ( Gíddens;
1898: 51)(4).
Essa confusão
te
inicial
_
que se estabeleceu a nível de modernidade, também
e,
certamen-
em idênticos parâmetros no seio dos integrados. Diante da necessinovas práticas em relação aos processos materiais de produção, bem como a
marcou presença
dade das
necessidade de novas práticas sociais, novas concepções de tempo e de espaço são criadas.
A objetificação dos novos conceitos de espaço e de tempo, implicam na reconstru-
ção diferenciada tanto do tempo quanto do espaço
reconstrução é constante, o que implica
em
forma
social e produtiva. Esta
em qualidades objetivas em permanente mudan-
ça propiciado pela evolução da engenharia genética e consequentemente das práticas e
processos de produção material e social,
bem como
a reprodução material e paralela
123
reprodução
social.
As práticas especificas do novo modo de produção, a nova organiza-
ção do espaço necessário, de fato e concretamente passam a definir as relações entre as
pessoas, entre as suas atividades, entre as coisas e entre os conceitos.
O
produtor integrado, só agora sente-se perturbado pelos suaves mas gradativos
universalismos da tecnologia, pelo colapso da distância espacial e das identidades temporais,
e pela aceleração aparentemente incontrolada dos processos temporais.
A moderni-
zação envolve a disrupção- perpétua dos ritmos espaciais e temporais e o modernismo
tem como uma de suas missões, a produção de novos
num mundo
objetivo
século
do
para o espaço» e
capital
desde
o.
seu estágio
inicial
tempo
de desenvolvimento, remonta portanto ao
XV e XVI, presente já em colégios e principalmente na manufatura.
ele se
oi
de efemeridade e fragmentação. Dominar o tempo e o espaço, tornou-se
mento conceitual chega
mo,
sentidos.
ao»
produtor integrado e o perturba.
No
Esse cresci-
debate consigo mes-
busca e se constrói como novo homem, enquanto se prepara para dar um salto
de qualidade na produção.
A produção em grande escala, de frangos e suínos, envolve certamente a mudança em
sua localização e um conseqüente movimento espacial. A medida que produção intea.
grada se põe tornando-se mais complexa, mais envolvente, passa a exigir
uma
re-
organização espacial mais adequada. Para que o produtor integrado, possa vencer estas
barreiras
do redimensionamento
espacial, terá
que
investir dinheiro e
tempo bem como
mudar a sua concepção de mundo. Sabe, por conseguinte, que a eficiência,
tanto
na or-
ganização quanto no movimento espacial, são questões importantes para a potencializa-
ção de lucros.
A boa delimitação
espacial e a redução
ao lucro. Por isso o seu esforço e interesse e
mesmo
do tempo na criação são básicos
insistência
em lidar com
tecnologias genéticas, inovações técnicas e organizacionais que reduzem o
permanência, e de outro
lado-
aceleram processos sociais de consumo.
as altas
tempo de
Num periodo mar-
cado por dificuldades econômicas e pontuado pela intensificação da concorrência, quem
for mais capaz
construir
de intensificar a produção, tem melhores condições de sobrevivência e de
uma existência mais rica
Fatos concretos
mame
de
leitões
como o
após vinte e
e dinâmica.
abate de frangos após quarenta e seis dias de vida, o des-
um dias,
a engorda do suino
em
quatro meses, a grande
124
quantidade de sementes do tipo precoce, a medicação de efeitos quase instantâneos, o
preparo da ração e a sua distribuição no aviárío ou chiqueiro, quase automatizada,
telefone para chamar o técnico
-
alguns o
tem já em sua propriedade, outros
em via postos de serviço, ou nos comércios locais
rial
o-
dele usufi'u-
estabelecem a funcionalidade mate-
-Y,
de novos modos de pensar sobre o tempo e o espaço, determinando novas formas de
vivenciá-los.
E ESPAÇO E AS NovAS NECESSIDADES DE UMA EXISTÊNCIA MAIS PLENA
v.3 - 'rEMI›o
'
meiam o desconcerto das
ências de espaço/tempo.
em
oposições e descontinuidades
Incríveis confusões,
relação ao tradicional, per-
reações diante do crescente sentido da crise nas novas experi-
A instabilidade do espaço/tempo do senso comum, entronizada
na rotina do cotidiano, acaba por lançar
uma luz a este momento crucial da necessidade
de re-estruturação e adaptação a novas práticas de vivência e produção.
A nova forma de produção, mobiliza e acelera
Acelera o seu ritmo de consumo, tanto
oz
ritmo diário das ações do integrado.
em vestuário,
ornamentação
em seu estilo
de vida, atividades sociais - freqüência a clubes
informação
palestras,
-
filmes
-
bem como de recreação
-
-,
a formas organizacionais, a
tidos
como
modos de
agir,
decoração, quanto
atividades. culturais
atirar fora valores, estilos
como o apego a determinadas
a modos de
e de
lazer, esporte e música.
Por conseguinte significa para o integrado a capacidade de
de vida, relacionamentos fechados e ditos estáveis,
Ve
ser,
de pensar e de
coisas,
sentir,
antes
imutáveis. Concretamente a integração golpeia o conteúdo e as formas das
experiências quotidianas
comuns ao
agricultor até então.
espaço, dentro da nova experiência
Os novos
em produzir, formam o
conceitos de
tempo e
conteúdo dos mecanismos,
com a novidade e as perspectivas da fragmentação e da instabilidade. Numa lúcida comparação entre o que acontece na vida em sociedade e o que acontece no novo cotidiano familiar, pode-se afirmar com Toffler:
“Em comparação com a vida numa sociedade que
que forçam o agricultor produtor a
lidar
se transforma com - rapidez, hoje fluem mais situações em qualquer intervalo de tempo dado - e
isso implica profundas mudanças na psicologia
humana”. (T ofller; 1970:40)(6).
125
Dessa forma distancia-se o produtor integrado, do agricultor que insistentemente
nega o ingresso tecnológico, genético e organizacional
tente permanência presidiária a imagens e formas de
a fazer a diferença é
em sua propriedade, numa
um passado perdido. O que começa
uma experiência espacial e temporal distinta, vivida por ambos.
Um novo mundo se abre e se põe efetivamente pela integração..
redimensionado, que o agricultor passa a adquirir
possibilidade de realizar
limites
cal,
e.
o integrado se entrega a
uma
lhe impõe.
fantasia.
poucos descobre a possibilidade da
posso
sentido de
lhe;
mesmo, vê uma
Imagina e é tomado plenamente pela aura do deseinteiro,
totalidade..
não mais fiagmentadaie alienada. Aos
Ele quer ser
um todo, quer ser completo,
Marion do filme “Asas do Desejo”, de Wenders,
me tomar o mundo”. É a fantasia do
objetivados postos pela inteligência do
ta,
si
dá destaque, apesar dos
dizer:
“Eu
desejo e do sentir plenamente o quanto é
agradável viver, sentindo e participando ativamente dos eventos e
O
nesse' espaço/tempo.
Com a possibilidade de uma transformação radi-
pessoa humana por
quer, tal qual a trapezista
um novo
de pertencer a alguma coisa que
que a sua identidade
jo de vir a ser
insis-
momentos
objetivos e
homem através da Ciência.
numa forma produtiva capitalis-
produtor integrado ao se aproximar e se envolver
passa a depender dos mercados competitivos.
A lógica específica desses mercados» de
natureza fortemente competitiva, provocam o aguçamento expansionista. Essa nova or-
dem econômica implica em lançar o
lógicas constantemente,
cessidade de criar
produtor integrado» a buscar/exigir inovações tecno-
embora .muitas vezes de fom1a
um ambiente
difusa.
O querer e a própria ne-
produtivo de maior ação material, mediado- agora pela
ciência e pela tecnologia, portanto não mais pelo natural,
permitem ao produtor integra-
do, transformar a matéria prima, a natureza, e o próprio
mundo, de formas e maneiras
sequer imaginadas
em
sua situação anterior. Nesse novo ambiente, não apenas natural,
mas ambiente produtivo
a
sujeita
criado, ele transforma a
ao controle e coordenação, dele,
substanciais alterações são manifestas
paisagem de sua propriedade tornando-
homem
produtor integrado. Profundas
e,
na nova forma de relação entre a nova organiza-
ção espacial e social do produtor integrado e o meio ambiente. Muitos aspectos do seu
conviver cotidiano são diretamente afetados e influenciam o caráter agora mais genérico
de sua interação
com o meio
ambiente.
126
A emergência do
produtor integrado, incrivelmente dinâmico, integra-o a um empre-
uma
endimento econômico competitivo, associado a
constante revolução tecnológica e
da engenharia genética, torna-o gerador de processos produtivos e produtos mais eficientes,
mais baratos
-
e portanto mais universais
-
e de maior qualidade.(7)
Começa a tomar
consciência de que a transformação local, a transformação de sua propriedade, a
ça nas instalações e nos processos produtivos, o produto final de sua ação,
ra de
homem, superam o
mesmo
sua estrutu-
em conexões sociais mais amplas.
consumido em escala mundial, sente-se
subjetivismo e se extrapolam
Sente-se lançado para fora, pelo seu produto
invadido por esse
a~
mudan-
universo, pela ciência, tecnologia e genética que aplica na sua
ação trabalho.
Opera dentro de um mercado
globalizado. Integra
uma complicada rede de laços eco-
nômicos mundializados, dentro dos quais encontra e pratica novos conceitos de espaço e
de tempo, muito distanciados das concepções tradicionais. Ele percebe-se apresentando
características
de integração, sente-se engajado
em um outro sistema, onde se relacionam
novas forças crescentes e diferentes determinando novos detalhes essenciais e
mesmo
com outros fenômenos
sociais. cuja extensão» espaço temporal é certamente mais consistente. É na vivência desse
secundários da vida quotidiana, mas, profundamente entrelaçados
novo contexto, e diante das novas formas de
práticas quotidianas, mais normatizadas,
interação, que se manifestam dentro das
que o produtor integrado apreende adequada-
mente outros modos de posicionamento e de mensuração do espaço/tempo.
Todo o conjunto de ações e condições, já trabalhados
na nova modalidade produtiva e consequentente
anteriormente, para integrar-se
com novos
reflexos
sociais,
depende da
coerência dos procedimentos que os diversos agentes cognoscitivos lhe oferecem e o
quanto permitem a sua viabilização.
consiste
A consciência das novas práticas mais dinamizadas
no reconhecimento das normas e
táticas
que constituem e viabilizam a vida pro-
dutiva e social capaz de ser reconstituída pela implementação das diversas e inovadoras
formas de organização do espaço e do tempo.
O
conhecimento cognoscitivo que se
in-
corpora às atividades práticas da vida quotidiana, caracteriza-se pela capacidade de coordenar as suas atividades
atingidos.
com
as de outros, de
modo que
objetivos traçados sejam
127
A atividade produtiva do
produtor integrado, tem
um novo
fundamento: os conhe-
cimentos técnico científicos e as criações genéticas. Fatalmente este novo fundamento,
em oposição ao trabalho rotineiro, desqualificado e sem perspectivas, predominante
até então. É o integrado, um trabalhador produtor que, no caminho do tornar-se sujeito
entra
começa a
ser
o regulador do seu processo de
trabalho.
Nessa inversão
lê-se
a grande
expectativa de aumento do grau de libertação objetiva, pelo domínio- mais premente dos
antes obscuros processos de trabalho.
V.4
-
A NOVA FONTE DE VALOR
A agroindústria tal qual, e revestida da lógica do capital, historicamente passou por
uma
sucessão de formas, na busca daquela que melhor se adequasse às exigências de
Nessa lógica do desenvolvimento do
valorização.
ção pela cooperação simples, que
fatura,
capital, destaca-se
num processo interno
de evolução passa para a manu-
culminando na grande indústria.
Marx, no Cap. IV, Vol.
I
de
a forma de produ-
-
O Capital, apresenta a lógica desse desenvolvimento das
Na forma de produção da grande indústria, o homem passa a ser o servo da máquina. Ocorre um processo gradativo de substituição do trabalho- vivo pelo trabalho
morto. É na forma da grande indústria, que o capital, supera em definitivo as barreiras do
formas.
domínio sobre o trabalho. Analisado parcialmente e não tendo a ciência como base do
desenvolvimento das forças produtivas, seremos conduzidos a conclusões precipitadas.
Qual
seja,
a medida que ocorre
capital entra
lho
um desenvolvimento
das forças produtivas, máquinas, o
em contradição com a sua base primordial de valorização, o tempo de traba-
humano, trabalho vivo como criador de valor de troca.
Como
processo histórico, o capital na sua lógica dá-se conta de que por maiores e
mais eficientes que sejam as inovações nos processos de trabalho e nas forças de trabalho,
proporcionados pela ciência, não
éi
possivel a substituição completa do trabalho
vivo.
Exige pois a permanência do trabalho vivo como manancial produtor de valor e de
mais
valia,
porém de uma forma menos
grandes indústrias
e,
alienante. Isto
quer dizer que por mais que as
dentro delas as agroindústrias, potencializarem mecanicamente as
128
estruturas produtivas, alcançando
prescindível,
em alguns
mesmo que de forma
índireta,
casos os limites da automação plena, é im-
a presença e participação do trabalho
vivo-.
Uma das formas buscada no seu conteúdo e trazida para a materialidade, e que se caraccomo
teriza
uma
fonte indireta de valor, é a terceirização
espécie de subcontratação da força de trabalho.
mento
inerente ao capital,
-
possibilitada pela tecnologia
-,
A terceirização é um desenvolvi-
da mesma forma que a maquinaria
o- é.
Nem um e outro» são:
“mera casualidade histórica, mas fruto de um
desenvolvimento necessário» e essencial, pelo- qual
serve de instrumento de transmutação ou
“metamorfose histórica? do meio- de trabalho tradicional em adequado para o capital”(Marx;
l989:586)(8)'=
É esta uma das opções
de valoração.
do
capital,
A base do *valor já não
para viabilizar' a superaçãoda sua crise estrutural
é mais o
tempo de trabalho vivo e imediato. As
grandes empresas, indústrias e agroindústrias, encontram na terceirização o seu revigo-
ramento e a possibilidade concreta de majoração de lucros, além de superaram as pesadas e arcaicas regulamentações trabalhistas. Cercam-se mais e mais de pequenas e médias
empresas, cujo compromisso é o fornecimento de partes de
um todo,
que naquelas será
montado.
-
A agroindústria está cercada por um enorme contingente de trabalhadores domésticos
pequenos proprietários rurais peças chaves nessa rede de terceirização. A nova lógica
do
-
capital,
marcando presença nas ainda grandes corporações
trutura produtiva, não é mais a
livre,
também em toda a
compra e a venda da força de trabalho
mas, agora objetivada e subjacente
As
e.
em
es-
seu estado
em mercadorias pré-elaboradas..
implicações dessa inversão, são profundas e complexas.
A nova demanda estrutu-
uma delas
é superação da até então
ral produtiva, traz várias. e
centralidade
amplas conseqüências
e,
do elemento quantidade de tempo de trabalho,
“O
pois:
pressuposto desta produção é e continua
sendo a magnitude de trabalho empregado como
fator decisivo na produção da riqueza”(Marx;
1989: 592) (9).
129
Já hoje
e,
para os produtores integrados, está claro que não é o tempo de trabalho,
mas a nova tecnologia genética e
organizacional que potencializa o valor e gera riqueza.
A qualidade e a quantidade da produção do integrado basicamente depende do:
estado geral da ciência e do progresso da tecnoou da aplicação desta ciência à produção” (
Marx; 1989: 592)(10) e Marx continua dizendo
nos Grundrisse: “A agricultura , por exemplo
transforma-se em mera aplicação da. ciência
que se ocupa da troca material de substâncias, de como- ajustá-la de maneira mais. vantajosa para todo o corpo social”(Marx;
1989:592)(11)›.
66
logia,
'
_
O valor já não é mais expresso pela quantidade de trabalho vivo, imediato
nal. Isto irnplica
e tradicio-
na também mudança da base das formas de pagamento, deixando de
estar atrelado ao
tempo de trabalho despendido, e passando a sua medida para a
quali-
dade da mercadoria produzida. Significa que os. produtores integrados e demais vendedores de trabalho materializado tem agora a oportunidade de fazerem de seu próprio
trabalho a razão de seu sucesso, de seus rendimentos, antesretido
com exclusividade nas
mãos da categoria patronal.
Percebe-se nesta nova situação,
uma
possibilidade, antes sequer imaginada
de o
produtor integrado realizar de forma mais universal o seu potencial humano, ao descobrir-se comerciante,
ao saber que suas atividades lhe abrem perspectivas de
um existir
mais pleno. Neste sentido, o pequeno, o micro-empresário, e aqui especialmente o
inte-
grado, desvinculam-se da subjetividade do- assalariamento. Ele é abandonado» e entregue
a
si
mesmo. Tal qual o
parto, é
um rompimento
mas necessário e único, para continuar
ox
viver e
violento
do aconchego seguro uterino,
um viver em desenvolvimento,
amarras e da redoma uterina.
O fim do
assalariamento e a possibilidade de libertação, do jogar para fora
geworfen werden
existir.
-
livre
das
i
e do assumir-se
como homem, como
sujeito
-
hinaus-
de suas ações e do seu
A proteção excessiva e as amarras protecionistas e determinadas, conduzem ine-
xoravelmente à aniquilação, à morte.
O discurso
retórico de
cunho
assistencialista
induz
ao falso humanismo. Sob o véu da redoma de “os coitados”, esconde-se o desprezível
fato
do não
superação.
acreditar
É
de fato
no potencial humano. Portanto, sem a violência do parto não há
uma forma
violenta de dizer que o
homem
é
bom, que
ele está
130
pronto
que agora é preciso abraçar o_mundo,
e,
arriscar-se
do marasmo protetor da concha e
sair
a viver plenamente.
Assim analisado, o parto é uma violação agressiva e
radical.
É ele a causa e a conse-
um pressuposto e se põe como vida, é a derrocada da obscuridade e o começo
para a luz. É simplesmente a divisória entre o limite presidiário e o incomensurável mundo sem fronteiras. O fim da compra/venda, da força de trabalho, é o parto de um homem
qüência, é
-.
sofrido internamente, preso internamente às amarras.
da subjetividade
Abre-se
salarial.
uma
perspectiva de maior equivalência, posto
que agora nas duas extremidades- do mercado,
estãoz assentados. proprietários produtores,
pela terceirização e pela subcontratação
ao invés da anterior situação: proprietário dos meios de produção e vendedor da força de
trabalho.
Novas
relações de cunho ainda contraditório,
tendem a
se estabelecer.
São
re-
lações antagônicas, concorrenciais e porque não dizer circunstanciais, ainda refletindo o
poder de dominação. E, os produtos. mercadorias aparecem
valorativas.
.lá
com
outras características
não são possuidoras de valor baseado no tempo de trabalho empregado,
mas carregam agora algo expressivo humanamente. Carregam exatamente a qualidade do
O deslocamento quantitativo para o qualitativo é a forma de valor em desenvolvimento. O homem é produtor não assalariado.
homem.
Certamente não é ainda a forma sublime de libertação plena do
ções do capitalismo,
nem ainda a universalização do tempo
livre
creta possibilidade para o desenvolvimento pleno de atividades
tuais, espirituais e
campo de
do mundo
possibilidades,
artistico.
que
nem
Mas
éi
homem das contradi-
de trabalho,
de nível
nem a con-
superior, intelec-
certamente melhor e gerador de
um vasto
sequer no imagético era possível no assalariamento
obnubilado pelo roubo extensivo do tempo de trabalho ao trabalhador. Daí porque 0
assalariamento deve ser condenado e considerado
(Etges, l994:04)(_12), assim
como crime
contra a humanidade
como já o foram a escravidão e a servidão.
Passa-se gradativamente de
uma sociedade de compra e venda da força de trabalho,
para uma sociedade de proprietários produtores, para
mercado, como vendedora de trabalho objetivado.
uma sociedade que
se encontra
no
131
Nessa sociedade de proprietários produtores,
possibilidade de superação
divisa-se
um novo homem.
Diante da
do trabalho assalariado, da necessidade de os produtores
integrados serem eficientes, possuidores de
um vasto conhecimento no
campo
tecnológi-
homem trabalhador precisa ser mais habilidoso, maior e melhor dominador conceitual e com capacidade abstrativa. Na reorganização das formas produtivas,
que também acenam para uma profunda alteração no conteúdo do trabalho, exige-se em
co e cientifico, o
conseqüência outro nível de qualificação para a sua execução.
Numa estrutura solidificada no
produtivas sofisticadas, a atividade
desenvolvimento da tecnologia científica e de fomtas
humana
direciona-se para a
tomada de decisões no
que concerne à regulagem e manutenção de sistemas e mutações da genética
da. Isto implica
em
capacidade criativa,
em
liderança,
posicionamento rápido diante de situações imprevistas
em tomada
e.
de abstração. Significa o gradativo apagar das luzes de
combinava recursos
materiais, máquinas, músculos...,
matéria e o trabalhador era visto
como
proprietário
lho e acéfalo. Necessário se faz hoje a substituição
seja, precisa-se
Eis o perfil do
especializa-
de decisões rápidas,
portanto' de grande capacidade
um
modelo de produção que
enfim, onde o que importava era a
da tão só mercadoria força de trabado operariado-
pelo. cognitariado,
ou
um produtor inteligente, criativo, capaz de conceitos e de abstrações.
produtor integrado - um cognítário. Significa o desenvolvimento máximo
de
da capacidade potencial do
homem a ponto de ele mesmo transmutar-se:
de capital variável em capital fixo: isto é: a capacidade criadora de seu cérebro, de seu pensamento científico- é tal, que reduz inteiramente o espaço
de tempo entre a concepção e a execução tecnológica.. Supera-se a separação entre ciência pura e
ciência aplicada”(Etges, 1994: 11)(13).
Significa o domínio intelectual do
terializar,
homem sobre a matéria. Ao pensar, teorizar e ma-
poe se concretamente a possibilidade da omnilateralidade. E, é nesse momento
que a matéria toma-se
solidária,
dando ao
homem a sua resposta
positiva.
Nessa
ótica,
rapidamente estar-se-á saindo da sociedade de proprietários produtores, para entrar-se
numa sociedade de decisão, numa sociedade de autonomia - a entscheidungsgesellchafi.
132
v.s
SUPERANDQ 1M1›AssEs E Eouívocos
-ç
Quando a propriedade do
usados
como campos
agricultor, suas
instalações, ele
trabalhador a sua força de trabalho, envolve-o
também de seu
ser
experimentais de novas variações genéticas tanto animal quanto
fica caracterizado o Modelo Toyotista, pelo qual o
vegetal,
mesmo, passam a
saber,
amparado
em
capital
cooptativamente,
além de
extrair
do
extrai e se apropria
anos de prática. Este exercício de experienciar e
poder opinar sobre determinada espécie animal ou
tipo-
de semente, além de- ser um ele-
mento de uso de sua capacidade é por outro lado também uma forma de valorização.
Sentir-se,
nem que
dizer, falando
a
título
de reclamação, mas
com potencial
e oportunidade de
das qualidades ou não do material vivo experimentado, é para muitos mo-
tivo de orgulho-.
uma vez que
seja
Para outros é motivo de distinção entre integrados e não integrados,
os últimos não tem essa oportunidade. Se tecnologicamente e economica-
mente o experienciar aparece pouco- significante, a relevância dessa possibilidade está no
S
fato
da auto-valorização que gera entre os integrados.
É no
Sistema de Integração que
o»
agricultor, proprietário produtor, encontra as con-
dições de melhorar a sua estrutura material, não apenas no beneficio
mas também sua
entre
uma
em
benfeitorias,
estrutura social, material e econômica. Já hoje é notável a distinção
propriedade inserida no Sistema de Integração e aquela que está alheia à
um
melhoramento tecnológico, genético e organizacional.
Não apenas nos
propriedade
aspectos da genética
como um todo.
Há.
e vegetal,
mas também no manejo da
subsídios materiais e empíricos que permitem esta afir-
mativa.
Ocorrem melhorias econômicas na propriedade e na
lumam
necessidades e carecimentos. Por outro
lado, se
familia,
enquanto se avo-
ocorrem
sensíveis melhorias
nos aspectos materiais, o que então dizer da amplitude e dos novos limites de concepção
social, politica, religiosa,
e de
homem, que
esta
forma produtiva
lhe confere.
Se por
um
lado o agricultor fica mais atrelado e controlado, de outro lado ele encontra a possibilidade de
tos,
de
realizar
Sum abrir de horizontes, uma possibilidade de ver
incluir
em
um mundo
sob outros aspec-
sua vida novas categorias, novas modalidades, novas formas de se
como homem. São
aspectos e argumentos, que não apenas se pretende enxergar,
mas eles de fato ocorrem com o produtor integrado como
relatados anteriormente.
133
àibaiofééa
têélšÇ§Í,,,,¡¡,¿;'¿'š'*'
L.
Não há dúvida que um novo homem
habilidades, diferente
está
em construção, um homem
~-f--~~1-f-ff*-'z×*1-¬fz.â_.
diferente
em
na produtividade, diferente na competitividade, diferente como ser
em suas concepções, diferente em seus argumentos, em sua comunicação, em suas ações, em seu ser, em suas relações com o mundo, com os outros e consigo mesmo, enfim um homem simplesmente diferente, mais senhor de suas decisões e de
muito mais decisões a tomar. Um homem mais humano e mais cheio de- vida. Ele percesocial, diferente
mudando radicalmente
be-se
mundo
ea
espaço.
de homem. Precisa
si
necessita incorporar
como sagrado
como homem está sendo
sa reconstruí-lo, torná-lo
de
e.
O que antes se lhe apresentava
Ele sabe que
vel.
as suas atitudes, os seus valores, os seus conceitos de
diferente,
novas dimensões de tempo- e de
e fixo, agora é efêmero e mutá-
reconstruído e a agroindústria sabe que preci-
mais produtivo,
capacitando-o para a tomada de decisões que
mais competitivo, mais senhor
em sua propriedade são
importantes
e necessárias para a empresa, para ele e também para os homens.
Pretende-se
cias'
com isso
dizer,
que é possível e necessário superar o mundo das aparên-
que envolvem e encobrem a integração e o agricultor integrado. Nela, como nas
formas anteriores, mas
com muito
maiores condições concretas, estão postas as possibi-
Uma possibilidade de, via descompromisso com a manutenção e com oz velho, estabelecer uma conexão- com um ser homem mais intelectualizado. A atividade do agricultor integrado pode ser um ato revolidades
de reverter as relações sociais de dominação.
em que nega as condições materiais postas, primeiro na sua primitiva forma de produtor artesanal, familiar, e agora, de romper com as condições sociais
de produção capitalista. E, sendo um ato revolucionário, a integração, a condição de
lucionário,
na medida
agricultor integrado,
poderá contribuir para colocar indivíduos concretamente
soberanos para decidir o que produzir e
jeto
cia
do mercado. Por outro
do
como
produzir, deixando de ser
lado, analisar a possibilidade
proprietário. integrado,
livres e
um simples ob-
de formação da autoconsciên-
à luz do que Hegel expressa como sendo a “luta de vida ou
morte”, porque o hoje agricultor integrado deixou de ser “o indivíduo que não arriscou a
vida” e ao arriscá-la conquista a possibilidade de ser reconhecido
çando: “a verdade desse reconhecimento como
(Hegel, 1992:l29)(14).
uma
como
pessoa, alcan-
consciência-de-si independente”,
134
Os produtores
integrados
devem
ser
os protagonistas de
uma
luta pela solução
de
sua situação de exploração e da situação limitante e de exploração de toda a agricultura
tradicional.
É
deles e neles, massa de produtores qualificados de mercadorias que
ser gestada mais rapidamente a semente
uma
casso,
dor,
como
pode
da revolução. Deve e será sim, sob pena de
como elemento agrega-
decisão interior, cujo desenvolvimento funcionará
sem dependências
consciência e guia da dinâmica de atos e ações
sem corporativismos, sem paternalismos. Esta possibilidade
que os integrados, ingressem profundamente
fra-
externas,
é imanente e concreta, desde
num processo
de apreensão dos conheci-
mentos presentes e inseridos nos vegetais e nos animais, na organização, nas construções,
no técnico, nas
entre sie
com outros.
É pela integração
derno.
ção.
A
As mais
que o pequeno
altas tecnologias
agricultor, passa
a
com um mundo mo-
de produção de alimentos estão postos a sua disposi-
em sua propriedade
através
sementes, insumos, divisão das e nas instalações. Ele torna-
leitão, suínos,
mn trabalhador qualificado, porque conhece, decide,
riencia
ter contato
sofisticação da engenharia genética marca presença
do fiango,
se
nos panfletos, nos cursos, na possibilidade de discutir
palestras,
opina e sugere, quando se expe-
alguma semente, alguma variação genética do fiango, do
suíno, de
algum me-
dicamento, da melhor forma de fazer as instalações. Percebe sua importância, toma
:A
consciencia do seu potencial produtivo, de sua reivindicação da força e da importância
que representa para
industrial e
ot
mercado mundial, do quanto tornou-se indispensável ao agro-
aos homens. Sabe que não só ele é dependente, que o mercado mundial
também é seu dependente.
Isso.
coloca o integrado diante de novos desafios, de novas
expectativas e diante da possibilidade de opção, de decisão
e
como conseqüência de
caminhada para a libertação.
'
Hegel, na Fenomenologia do Espírito, afirma que somente
o~
servo
tem e encontra
as
contradições necessárias para o estabelecimento da negação e é capaz de permitir a
elevação para a consciência de
si
pelo entendimento e pela autoconsciência. Tratado e
analisado dessa forma, é pela integração que o proprietário produtor, fará a
para a liberdade, pois
ai
passagem
encontra a possibilidade de construir-se mais e melhor,
perspectiva de ultrapassar o senso
comum. Toda a sua
vida, terá
uma nova
numa
dinâmica
dirigindo as suas ações. Ele será todo movimento, será decisão, será e terá que ser
135
competitivo, qualificado e altamente produtivo. Sentir-se-á mais confiante
mo, seu relacionamento com a natureza será
em
Sabe que precisa submetê-la,
diferente.
para buscar dentro dela a satisfação de seus infinitos carecimentos.
Para Marx, a libertação real do homem, é
ato histórico, não acontece, portanto,
mais claramente:
mes-
si
'
um processo de relações que culminam num
como uma mera ação do pensamento.
Dizia ele
~
-
“de que não se pode abolir a escravatura sem a
máquina a vapor... Nem a servidão sem uma agri-
cultura aperfeiçoada -- ea hoje, a exploração capitalista sem o fim do assalariamento e suas diretrizes
limitantes implicando na conseqüente erradicação da
propriedade privada - de que de modo nenhum se
pode libertar os homens enquanto estes não estiverem em condições de adquirir comida, bebida,
habitação e vestuário na qualidade e na quantidade perfeitas” (Marx Engels; 1984:25)(l5).
&
Não
se
pode negar a existência da opressão, da intervenção
bem como o enquadramento do
no.
Mas ficar nisso é por outro
víduo espoliado de
mais digna e
como
assim proprietário produtor
humano. Está
ai
antes.
como “escravo” do moder-
Não convém,
Mas certo é também que não pode
lucros de sua produção e de
uma
vida
a importância da busca de formas. e ações que
viabilizem e oportunizem a sua congregação
seu poder de reivindicação.
em princípio,
lado condena-lo» a continuar sendo exatamente esse indi-
uma maior participação nos
ser
alienatória
em associações para aumentar e fortalecer o
e o agricultor
sentir-se
nem
deseja voltar
ao-
que era
pura e simplesmente agindo para os
outros e percebendo-se explorado..
É
preciso que, continuando
tância, reverta
em sua atividade, cada vez mais consciente de sua impor-
mais beneficios a seu favor, assegurando
econômicos para
si.
um maior
volume
ganhos
Como negociante de mercadorias entenderá mais rapidamente que a
tão propalada assimetria entre dois produtores possui cada vez
menos
saliências,
apon-
tando para relações cada vez mais simétricas possiveis, possibilitadas- pelas tecnologias,
outras formas de organização e inclusive a possibilidade da industrialização
priedade.
e
em sua pro-
136
O “grande” produtor certamente tem que seguir especificações administrativas e téc-
A sua margem de lucro cada vez mais estreita de
nicas mais rigorosas que o “pequeno”.
a 2% impõe disciplina e controle
1%
dades não
ou mesmo de
centrais,
rizontaliza a
total.
A medida que o “grande” se desfaz de ativi-
setores inteiros de sua produção, terceirizando-os, ho-
produção e consequentemente a distribuição de
buscar as soluções dentro daquilo que está posto.
po e
risco
lucros.
O contrário implica em perda de tem-
de destruição e morte. Necessário é ver o mercado como
homem, não o
contrário..
É preciso
ter claro e reverter
um instrumento
do
os sistemas que só enxergam
rentabilidade, legitimando o descarte de velhos, pobres, crianças,
se
Assim é preciso
enfim do povo
a
quem
nega os beneficios da ciência, do conhecimento e da tecnologia.
Buscar
uma
sustentação
prática já consagrada
ou mesmo processar
muito menos de
uma
enquadramento teórico de
há décadas, e mais ver nela uma possibilidade para além da explo-
ração pura e simples, certamente não é tarefa
to,
um
fácil aceitação.
lmplica
fácil e
nem um exclusivo ato de divertimen-
em proceder uma exaustiva incursão
preensão das mais diversas teorias da economia
politica,
da
política social,
e com-
da sociologia
formativa educacional, da epistemologia das formas, que tentaram conhecer e integrali-
homem em seu todo. Na busca de elementos e categorias que viabilizarn esse descobrimento» do homem como uma totalidade, certamente serão encontradas as raizes
zar o
daquilo que possibilitou, estruturou e continua dando sustento e vida própria ao sistema
de integração, associação entre o pequeno proprietário rural e o agro-industrial.
Convém
salientar,
reforçando mais
uma vez, que
a estrutura da integração, aliança
proprietário produtor e agroindústria encontra sustentação na própria estrutura
tal.
do
capi-
O capital, e as forças produtivas, dele decorrentes, criam novas formas de agir. Estas
formas constituem-se no pressuposto, cuja materialização objetiva-se pela integração..
As relações decorrentes e resultantes do
entanto a forma
como
capital via forças produtivas são universais,
estas relações se põe,
no
obedecem ao maior ou menor uso da
tecnologia produtiva. Daí se poder afirmar que a integração, proprietário produtor e
agroindústria, está
em estreita ligação com a estrutura lógica do
proprietário produtor integrado,
capital.
A diferença do
do não integrado, reside no maior grau de uso das
tec-
nologias de produção: engenharia genética, ocupação dos espaços, contração do tempo,
maior relação
com o mercado e maior potencial humano
praticado pelo integrado.
137
O princípio gerador desse desenvolvimento
é o Trabalho
Humano
Abstrato, que se
em valor e aqui aparece como puro capital, com capacidade para realizar-se a si
mesmo. É essa a lógica inerente- ao capital, que corresponde ao valor er que se realiza,
tendo como sujeito do processo o Trabalho Humano Abstrato. É ele um conjunto de
relações que põe uma ainda estrutura dependente do capital, mas que, com a possibilidade tecnológica da industrialização, toma concebível o não-emprego. No desenvolvimento
mudam as formas no tempo e no espaço, mas permanece a interdependência tanto- entre
si quanto com o próprio capital.
converte
Temos então, como base o Trabalho Humano
Abstrato, cujo desenvolvimento de seu
conjunto de relações, que se põe no trabalho de produção, universaliza-se,
forma de materialização
foi aqui
denominada de integração.
mas
cuja
O conjunto dessas relações,
é permeada pela lógica da evolução tecnológica, evolução do conhecimento, e da expansão das forças produtivas.
Sem dúvida estas relações
são mediadas
pelas forças sociais, antropológicas, politicas, religiosas, etc.,
também pelo Estado,
mas que não foram objeto
de análise no presente estudo.
Como
integrado, o agricultor passa por
dução. Ele passa a integralizar
Integra
um
um novo
tempo e espaço.
OI
uma nova
produtor integrado, está diante de
ciona, por outro lado,
anterior.
às quais deve estar ajustado. Implica
horário de trabalho, a
vida, percebe-se diante “de
ajustamento ao trabalho e à pro-
todo, do qual é parte integrante e imprescindível.
uma engrenagem ligada a outras,
tamento a
um novo
estrutura,
à novas dimensões de
um novo modo
uma forma determinada” de
num ajus-
de produzir a sua
suas atividades que lhe propor-
um outro mas também “determinado modo
de vida”, diferente do
A partir da integração eles exprimem uma nova fomia de vida.
V.6 - PERSPECTIVAS
AÇÃo
DE PRODUÇÃO DE NOVAS ESTRUTURAS DE
'
A injustiça e a desigualdade, ao assumirem novas formas e novos conteúdos, mexem
com o segredo do
e impulso para
eu, são
um abrir
ameaças de libertação do novo que no velho encontra sustento
de tempo e de espaço ao possível projeto de liberdade. Nesse
138
embate ganha consistência a força da humanização do
numa perspectiva de maior universalização
homem
contra a objetificação,
contra a particularidade. Hoje o agricultor, o
produtor integrado, já tem consciência de que a veia da exploração representada pelo
comerciante, é apenas
cado.
Ao
um elemento
tomar-se mais universal,
produção
familiar e para
visivel,
mas que
existe o elemento invisível: o mer-
com maior mobilidade
social
ao
a subsistência, começa a perceber que a
sair
do arcaísmo da
injustiça
que o atinge,
que a exploração a que é ainda submetido encontra presença na circulação de produtos
mercadoria, no seu preço injusto e no valor de troca determinados. pelo- mercado; que ela
está presente,
versal
-
em si, ou
do valor de uso ao valor de troca ao valor
dinheiro
-
tem algumas condições
Uma possibilidade
perspectiva,
Kant, é
materiais que
que
podem auxiliá-lo .na
em potência
ato de preguiça
“ser menor”.
ou
até
Eé
O
produtor integrado
superação da incômoda situa-
lhe pertence, basta extemá-la. Constitui-se
ou na utopia. do esclarecimento
cômodo
“uni-
bem como no processo de acumulação de. forma desigual.
Esta ainda situação de dominação não pode ser perenizada.
ção.
seu equivalente
na
e da libertação descritos por Kant (15). Diz
nesta situação que grande parte dos homens, por
de covardia, continuam de
bom
um
gosto, menores durante toda a
vida.
Mas, decidir por sair de sua condição de produtor passivo, hibernante
em sua propri-
edade cuja estrutura e forma produtiva remontam a um passado inócuo, à semelhança da
irracionalidade
religião,
da divisão dos homens
o agricultor rompe
em nobres.
com esta postura de
de produtor artesanal, assentado no imobilismo
a fonte e a força motriz do movimento.
e não nobres pelo nascimento e_pela
inatividade.
Ao
negar a sua condição
familiar, arcaico e jurássico, ele
encontra
A sua situação de indolência, que se caracteriza
por Luna produção para a subsistência que mal e mal lhe asseguram a sobrevivência, é a
saída do imobilismo estático e a conseqüente entrada
em uma nova forma de atividade,
que passa a demonstrar por ações todo o seu potencial.
Ao situar-se numa relação
imediatez
irracional.
do puro
instinto
de interdependência
com o
agro-industrial, distancia-se
da
de conservação, de impulsos particulares e do personalismo
Assim, a opção pela integração é
uma opção
para
um viver mais universali-
zado, para sentir a vida mais plena e palpitante, tirando-o do estado inercial estático de
139
agricultor tradicional enclausurado
familiares.
na propriedade e confinando sua vida às relações
baseada na comodidade e morosidade de suas
Esta experiência artesanal,
ações, certamente mereceu por parte do agricultor,. hoje integrado, imia estreita atenção
quanto ao resultado de sua ação, levando-o a abandonar
limitado, pela
um
opção de um conhecimento aberto
A integração é
nível
a oportunidade de
um conhecimento
e
ilimitado e universal.
da certeza/incerteza
sair
restrito
sensível, e adentrar
para
de percepção, que induz ao novo e ilimitado conhecimento, capaz de levá-lo
ao entendimento e a um entendimento da certeza, pela maior racionalidade subjacente» ao
processo.
O entendimento
imediato de
irá
e o esclarecimento não são no entanto resultado mecânico e
uma revolução
decisória,
ocorrendo a mudança no
conceito
mas
um processo
modo de- pensar,
e.
Neste processo» vagaroso,
dolorosamente. É, no seu próprio
um processo histórico e pessoal.
Ao agricultor importa o
conhecimento e o reconhecimento do seu eu
potencial oculto. Ele precisa desvendar para
como
lenta
lento.
ser
humano.
bém melhores
No reconhecimento
si
o mistério e os
e no acreditar
em suas
limites
Ao tomar visível a sua
do seu
de seu potencial
possibilidades, terá tam-
condições de desvendar o lado oculto das relações
seus próprios olhos, revelando-lhe aquilo que. ele enxerga
invisível,
sociais, olhá-las
com
mas ainda não vê na essência.
essência e a das relações sociais, encontra-se mais próxima das
condições objetivas e do abrir de possibilidades para o resgate pleno de sua universalização.
Uma universalização
qual assim se refere:
que é para Kant o “uso público” da racionalidade tecnológica à
`
¬
-
_
se exige senão liberdade. E a mais
inofensiva entre tudo aquilo que possa chamar liberdade, a saber:›a de fazer uso público de sua
razão em todas as questões.
uso público da razão deve ser sempre livre...”(Pucc_i; 1995:20)(17).
“...
Nada mais
O
Esta Óafirmação implica
em dizer
que fazer uso público da razão e da racionalidade
produtiva não é privilégio de gênero, raça, religião, ou classe, qualquer ser humano pode
e precisa usá-la.
A ordem estabelecida cerceia a liberdade
agricultor caracterizar-se
da pela estrutura
atingir
como um simples
capitalista, ele estará
uma maior
universalização.
elo
e impõe limites. Enquanto o
da terceirização,
uma situação
submisso a estas determinações
Porém no seu
e,
determina-
não terá como
potencial de esclarecer-se e de univer-
140
salizar-se está
dada a possibilidade da discordância e da subsunção e o
postos para construção de novos mundos. Ser
toma o
um
integrado
um produtor
cidadão do mundo, rompendo
abrir
dos pressu-
mais racional e universal,
com as barreiras estreitas e tacanhas
de feudos e corporações. Será um pressuposto para que o produtor de frango se una ao
produtor de
leitão,
ao terminador de suínos, ao plantador de cereais, ao consumídor...,
com possibilidades
uma
inclusive
de superar as barreiras e os limites de nacionalidade. Será,
atitude eminentemente política e prática,
um caminho
para a autonomia,
um cami-
nho para a autodeterminação de suas ações.
Na racionalidade desta sua nova dinâmica,
na superação da passividade, na capacida-
de de se tomar produtivo, eficiente e competitivo, ele enseja
fomiação de
si
mesmo. Toma-se mais senhor da
pa ativamente da grande
mundialização
que
trabalha,
e,
situação,
capacidade produtiva do
uma nova caminhada na
da vida e do mundo.
mercado, hoje
de
fase
em
a sua vida limitada e submissa passa a ser superada, na medida
buscando e alcançando a intuição de ser independente.
A
medida que vai
-
o fiango, o fiimo, o suíno, 0 material de construção a água,
etc. - ele
apreende 0 domínio' sobre as coisas, e neste apreender ele se
transformando a natureza
os medicamentos,
em
Partici-
educa, ele se forma, ele executa um exercício de autocontrole e passa a adquirir
contingente de determinadas habilidades que o tornam não só
útil
um vasto
mas, necessário para
a sociedade.
V.7
-
DIALÉTICA DAS ESTRUTURAS DE AÇÃO E, AUTONOMIA
O integrado
cada vez mais começa a perceber sua importância e superioridade
em
relação à consciência da dominação. Por outro lado o agro-industrial, toma-se cada vez
mais dependente do integrado. Quanto mais terceirizar mais o produto lhe está distante e
menos independente
será
.
Para industrializar o produto já não pode mais prescindir do
integrado, e pelo terceirizar, perde gradativamente a maestria sobre a matéria prima de
seu processo
industrial. O- agro-industrial
terminados pelo mercado,
da atividade exercida.
mesmo
adquire
o-
produto do integrado, a preços de-
assim este produto é apenas
O que no entanto
ele
não
lhe
consegue
uma expressão
tirar é
exterior
o fato de que pela
nova racionalidade imanente a seu trabalho, o integrado produtor, encontra uma
buição essencial para educar-se e para tomar consciência de sua importância.
contri-
Éo
prin-
141
cípio
do encontrar-se como autoconsciência.
limites,
A
medida que vencer as dificuldades e
legados da agricultura tradicional, reconhece que a luta e a apreensão educativa
da racionalidade das novas atividades são tuna das formas de chegar à autoconsciëncia,
e ao conhecimento de suas potencialidades,
vamente.
Ou como
bem como-
à liberdade de realiza-los
efeti-
o próprio Hegel expressa:
“O servo, ao serviço do senhor, vai formando- a
sua singular e própria vontade, suprime a imedi~
do
e no
senhor, dá início à sabedoria, e
assim. a~
passagem: para a autoconsciência”(Landucci, :6)(18).
atez interna
apetite. e, nesta alienação
medo para com o
~
O
produtor integrado passa a aceitar
uma maior
disciplina
em
suas atividades.
A
racionalidade da disciplina imposta é exigência da própria base tecnológica presente agora
em
sua propriedade.
Os elementos
dessa nova disciplina encontram presença na ex-
tensão do horário de trabalho, na organização e programação, na necessidade de estar
presente,
na responsabilidade- de produzir
com qualidade e no compromisso social de
sua
produção. Quanto mais seguir a lógica da racionalidade, exigência e necessidade da tecnologia implantada, maior será a congruência entre ele e a sua produção.
A absorção
das inovações tecnológicas nos seus processos produtivos facilitam
aprendizado mais consistente, transformando-se
além da exigência do
rompe com as formas
agroindustrial. Pela
tradicionais
nova
em
atividade
disciplina
de produção agricola.
um
auto-formadora, muito
em seu trabalho,
o integrado
A presença da nova tecnologia
produtiva e organizacional tem a capacidade de transfomiar o mundo, não mais baseado
na obsoleta imposição de trabalho manual ao produtor
agrícola,
que destroi a ecologia e
além disso é incapaz de resolver os problemas da alimentação humana.
A eficiência e a presença efetiva das modernas engenharias
genéticas, presentes
no
seu novo espaço produtivo serão o viés da transformação/criação de seu micro-mundo e
si
mesmo
do-
tempo.
ao transforma-lo/criá-lo, transforma-se e cria-se a
gra-se ao próprio desafio da ciência:
or
domínio
diferente.
Seu desafio.
A inserção
inte-
das inovações,
conquistas da ciência, diminuem as horas de serviço direto e tradicional, permitindo-lhe
mais tempo de gerencimento, de aprendizagem e de
uma demonstração
lazer.
de que a natureza, a matéria, está mais
Seu produto é cada vez mais
solidária.
Isso fará
com que
142
o integrado esteja cada vez mais inserido no seu processo de produção, e o seu produto
será cada vez mais a manifestação
suprema de sua exteriorização.
Quanto mais planejado e controlado
for a sua produção, mais o integrado
poderá
reconhecer-se no seu produto, o que significa dizer que estes produtos deixam de ser
coisas mortas funcionando
como
elos de ligação entre outros homens.
seu trabalho pensado, racional e técnico e portanto
integramo seu próprio
ser.
No
com
São frutos de
que
ingredientes e elementos
outro lado da mesa do mercado comprador da mercado-
com trabalho objetivado, está o agro-industrial que também não mais recebe- um produto morto, mas recebe uma matéria, umamercadoria que é fruto do trabalho do
ria
produtor integrado
.
Um produto que
carrega consigo o selo, conquista da racionalidade
desenvolvida pelo integrado, seu produtor.
Sentindo a presença concreta do integrado muito maior do que o dinamismo de seu
exímio trabalho, nos produtos que adquire, o agroindustrial se percebe não independente e soberano,
industrial,
próprio
ao
mas dependente do
saber-,se inserido
um elo
integrado e da ação por ele executada.
numa relação de interdependência,
rápido estado de obsoletização.
integrando e sendo ele
uma estrutura hierárquica, já em
A medida que o grau de interdependência se tomar mais
consistente, integrados e agroindústria estarão mais próximos,
É no
agro-
da grande rede produtora de alimentos para a humanidade, será gradati-
vamente- forçado a quebrar a sua posição no interior de
metidos
O
interligados e
compro-
com a eficiência e a efetiva qualidade de sua produção.
caminho da superação das velhas e ,arcaicas estruturas de produção
que o integrado conquista um maior grau de liberdade. Quanto mais
tradicional,
sentir-se importante
e necessário na grande rede produtiva de alimentos, mais valor se atribui, mais se conhe-
ce e realiza as próprias potencialidades.
mesmo, de
integrar
agroindústria,
ar
A possibilidade de se tornar mais senhor de si
uma rede juntamente com seus colegas
toma-o capaz de
da própria produção
constituir a rede
industrial
ou com a
integrados, e
também com a
de sua autonomia, já entrando no
limi-
participação nos lucros da agroindústria.
capacidade desse desenvolvimento, certamente regado de angústias e incertezas, traz
seu interior a grande certeza de que o fato de ter decidido abandonar
tradicional limitado às concessões naturais
A
em
uma produção
da matéria e, diante das novas relações
com o
143
mundo, hoje intermediadas pela
É o desafio de arriscar a própria vida de
ções de liberdade.
samente e
trato.
com o dinamismo da
põe novas e
efetivas condi-
correr o risco de viver inten-
inteligência proporcionado pelo Trabalho
Humano Abs-
O simples fato de colocar a vida em risco, de sair do estado letárgico, confinado
trabalho manual e imediato,
1992:128)(19).
já
é
uma
certeza da 'conquista da
Ou quando Marx expressa que a racionalidade
de só pode ser alcançada se
cial.
ciência e pela tecnologia,
uma ordem inovadora reger o
do-
ao
liberdade, (Hegelg
homem e
da socieda-
princípio de organização so-
Este princípio está exposto, é preciso agilizar a sua consecução; Etges, captou este
'
princípio gerador:
“Temos
humano
-
certeza que o dinamismo do trabalho
abstrato, no interior de cada ação
“produtiva” dos homens e das mulheres de hoje
fará crescer a ciência e a tecnologia em ritmos
cada vez mais acelerados; temos certeza que esse
crescimento se acelera ainda mais pela pressão
das carências cada vez mais. elevadas da maioria
das pessoas, que, como nós, não estão envolvidos
diretamente nos processos produtivos imediatos.
Temos a certeza de que, embora a forma capital,
que reveste e impregna esta tecnologia, com sua
lógica e como tal tende a transformar toda a vida
do trabalhador e-,z por indução, todas as nossas vidas em tempo de trabalho, esta mesma forma
acelera, pela exigência de maior produtividade em
todos os níveis e em todas as áreas da vida humasubsna, a diminuição do tempo de trabalho.
tância social da riqueza efetiva será, não o tempo
de trabalho, mas or tempo disponivel, o tempo de
não-trabalho.”(Etges; 1994:13)(20)
A
Nessa ótica
o=
trabalho será
a expressão da
universalidade
da
satisfação»
de to-
das as potencialidades do indivíduo, segundo seus carecimentos.
Na
angústia da
tomada da grande decisão
:.
integrar
ou não, o agricultor
se dissolve,
treme nas suas certezas mais profimdas e tudo o que já era considerado fixo, se abala e
se
toma efêmero na agora condição de produtor integrado. Sentindo-se
flexível e cada
vez mais flexível, percebe-se disposto a mutações profundas e neste amplo campo de
num impressionante mundo de oportunidades, de desafios e
de liberdade. Percebe-se com perspectivas e possibilidades concretas de amnentar o
controle sobre sua vida e sente-se cada vez mais em condições de decidir. O' grau de
indeterminações projeta-se
144
autonomia está
em fase de construção
e quanto mais o integrado regular-se por idéias e
condutas próprias maior será o seu poder individual e global enquanto categoria.
A
saída
um caminho
do imobílismo da agricultura
tradicional, oportuniza
ao produtor integrado
para a liberdade, transforma-o interiormente, tornando-o outro
mo. Ao educar-se para a autoconsciencia
on
mo, porque põe
consciência de
em jogo
si
ele
passa a ser
a sua vida e por isso
mesmo
terá
cada vez mais independente e autônoma.
pela vida, o produtor integrado-, -submerge ativamente. na
~
ea
a partir da negaçao da sua consciencia
nhece o quanto a vida
uma autoprodução
lhe é essencial. Quanto-
aceitar
buscado
anterior, evanescente
si
mes-
de
si
mes-
reconhecimento- de
ou
Ao
em
uma
o expandir-se na e
alcance,
da verdade,
mas suprassumida e
reco-
mais abalados e estremecidos forem os
.A
conteúdos da sua consciencia natural anterior, mais ele deixará de ser determinado,
mais se distanciará
da habilidade de dominar apenas. determinada
coisa,
e-
mais será
capaz de expandir toda a sua potencialidade na direção do domínio do universal e na
penetração da essência objetiva
em toda a sua totalidade.
Esta penetração, conquista.
domínio do universal, assemelha-se à história da dominação de
uma classe,
'e
pela qual:
“cada nova classe que substituíra outra que a
precedera na dominação era obrigada, meramente para realizar sua meta, as representar seu interesse como interesse comum de todos os membros
da sociedade... Ela dará às suas idéias a forma da
universalidade e haverá de representá-las como
as únicas idéias racionais» universalmente válidas”
(Hegel; 1997: 128) (21)
V.8
-
O TRABALHO HUMANO ABSTRATO PÕE. O SUJEITO- COM TEMPO LIVRE
.
Quanto mais avança o integrado na sua construção como
universal, para
homem intelectual
além do material e do empírico, mais avançará a sociedade, mais
farão a ligação à abstração, mais irão desenvolver conceitos.
vão assumindo formas universais, acabando
que já não encontram sustento para
ou
com
e-
idéias
e
ele/ela
que gradativamente
estruturas e organizações obsoletas
seu fimcionamento. Os abalos nos seus fundamen-
tos anteriores, não ocorrem tanto por
uma imposição, mas pelo
nova dinâmica e na dinâmica de uma nova realidade.
fato
de penetrar numa
145
Está destinado ao
homem
o
da servidão, da falsidade da aparênciae da
libertar-se
experiência sensível, e penetrar no reino da essência, no reino das atividades superiores
do entendimento, esclarecer-se sobre as suas possibilidades. Kant, respondendo à questão:
Vivemos agora em uma época esclarecida? nos responde:
“Não, vivemos em uma época de esclarecimento...
Somente temos claros indícios de que agora lhes
foi aberto o campo no qual podem lançar-se livremente a trabalhar e tomarem progressivamente menores os obstáculos ao esclarecimento geral...” (Puccig
1995:22)(22).
V
A tecnologia que chegou ao campo em grande parte vinculada à integração,
acena
como a possibilidade maior de melhor compreensão do homem e do mundo, apoiado na
ciência.
A
penetração no reino da essência do entendimento do cientifico constitui-se
como o pressuposto» e a prerrogativa para o não
des superiores só é viabilizada a partir do
de trabalho, transformando-o
citando
Marx -
Grundrisse
-
em tempo
trabalho.
A prática universal de ativida-
momento em que o homem dominar o tempo
disponível
em tempo
livre.
Norberto Etges,
confirma a presença destes pressupostos:
“O roubo
de tempo de trabalho alheio, sobre o
qual se funda a riqueza atual, aparece como uma
base miserável- comparado com este fundamento,.
recém desenvolvido, criado pela própria grande
indústria. Logo que o trabalho deixa, e tem que
deixar, de ser sua medida e portanto valor de trotraca deixa de ser a medida do valor de uso..
balho excedente da massa deixou de ser a condição para o desenvolvimento da riqueza social, assim como o não-trabalho de uns poucos deixou de
sê-lo para o desenvolvimento dos poderes gerais
O
intelecto humano. Com isto se desprende a
produção fundada no valor de troca, se libera o
processo de produção da forma de necessidade
angustiante» e o antagonismo. Desenvolvimento livre das individualidades, e por aí, não redução do
tempo de trabalho» com o fim de pôr sobretrabalho, mas em geral redução do trabalho necessário da sociedade a um mínimo, ao qual corresponde então a formação da vida artística, científica, etc., dos indivíduos graças ao tempo» que
se tomou livre e aos meios criados para todos”
do
(Etges; 1994:10)(23).
Só assim, o produtor integrado - homem,
ar
sujeito
do mundo e de apreendê-lo, transforma-lo
dade por meio de
-,
terá a possibilidade de se apropri-
em um mundo
uma prática autoconsciente,
seu, pelo
domínio da
reali--
destruindo a objetividade morta e pas-
146
sando a reconhecer o
mundo não mais como
algo hostil e falso,
mas
algo
com vida
sendo fonte de Vida. Pelo atingir da autoconsciência, o agricultor produtor
sujeito
-,
estará no caminho
da verdade do seu próprio mundo.
-
e
homem
A autoconsciência o
desperta e a partir daí ele deseja as coisas da natureza, quer delas dispor, apropriar-se e
usá-las
na satisfação de seus carecimentos.
147
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p. 51.
1970, p. 40.
6) Note o preço de compra de 1 kg de fi'ango por R$0,99, conforme a Revista Isto É n°1 1374- de 31.0196,
pág. 20/23. Sendo que o frango é produzido com tecnologia e de forma sistemática, contra o kg de peixe
de R 3,50 a 10,00, produzido naturalmente..
R
7)'
Citado por Norberto
nópolis:
J.
Etges,
em
Mimeo. CED/UFSC, 1994,
Sociedade do trabalho sem trabalho, desemprego estrutural. Floria-
p, 07.
8) Citado por Norberto J. Etges, em Sociedade
nópolis: Mirneo. CED/UFSC, 1994, p. 09.
do trabalho sem trabalho, desemprego
estrutural. Floria-
9) MARX, Karl. Elementos ftmdamentales para la critica de la economia política (Grundrisse) Argentina: Siglo Veintiuno, 1989, p. 592.
10) Citado por Norberto J. Etges, em Sociedade
nópolis: Mimeo. CED/UF SC, 1994, p. 09.
11)
do trabalho» sem trabalho, desemprego
MARX, Karl. Elementos fundamentales para la critica de la. economia politica (Grundrisse).
tina: Siglo
Veintiuno, 1989, p. 592.
12) ETGES,. J. Norberto. Sociedade do trabalho sem.
Mimeo. CED/UFSC, 1994, p. 04.
13)
estrutural. Floria-
ETGES,
J.
Norberto. Sociedade do trabalho
Mimeo. CED/UFSC, 1994,
sem
Argen-
trabalho,
desemprego
estrutural. Florianópolis:
trabalho,
desemprego
estrutural. Florianópolis:
p. ll.
14) I-IEGEL, G.W.F. Fenomenologia doespirito.Petrópolis, RJ: Vozes, 1992, p. 129;
15)
MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. Ideologia lemã.São Paulo: Moraes,
16) KANT, Immanuel. Resposta à pergunta:
1979.
O que é iluminismo?
17) Citado por PUCCI, Bruno. Teoria crítica e educação.
Frankfurt.Pet.rópolis,RJ: Vozes, 1995, p. 20.
Os Pensadores. São Paulo:
Cultural.
'
A questão da formação cultural na escola de
A
18)
LANDUCCI,
19)
HEGEL, G.W.F. Fenomenologia do espírito.Petrópolis, RJ:
20)
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Norberto. Sociedade do trabalho
meo. CED/UFSC, 1994,
21) Hegel. G.W.F.
sem
trabalho,
Vozes, 1992, p. 128.
desemprego
p. 19.
Os Pensadores. São Paulo:
J.
Cultural, 1979, p.128.
estrutural. Florianópolis:
Mi-
148
22) Citado por PUCCI, Bruno. Teoria critica e educação.
Frankfurt. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995, p. 22.
23)
ETGES,
Norberto. Sociedade do trabalho
meo. CED/UFSC, 1994,
p. 10.
sem
A questão da formação cultural na escola de
trabalho,
desemprego
estrutural. Florianópolis:
Mi-
CONCLUSÃO
Apesar de a integração ser
parada na exploração, é
mercadorias
ses
'-_
uma relação não
uma relação
amistosa, por ainda encontrar-se
entre indivíduos livres
-
ambos são produtores de
que, ao buscarem a satisfação de seus próprios interesses, realizam interes-
comuns. Tanto produtor integrado, quanto agroindustrial são
dade não significa igualdade, pois
com interesses
Um,
rias.
am-
eles são diferentes,
antagônícos, apesar de se situarem
livres,
mas
esta liber-
pertencem à classes diferentes e
ambos como produtores de mercado-
é ainda dominante detentor da tecnologia, e outro é ainda dominado, por ser
um produtor limitado e não deter a totalidade do- processo produtivo. Mesmo assim uma
das conseqüências normais de o integrado usar e pretender usar as novas tecnologias dos
instrumentos, das instalações, novas tecnologias
no
trato e
a própria tecnologia da en-
genharia genética, é o poder contribuir para a reprodução, reinvestimento e continuidade
das pesquisas tecnológicas no setor de produção de alimentos..
novas tecnologias é
uma atitude
intencional,
de
utilizar-se
das
no entanto a sua contribuição para o apro-
fundamento da pesquisa tecnológica ainda não 0
um assalariado
O fato
é.
O
produtor integrado não se toma
da agroindústria, mesmo que na balança da relação, a inclinação penda
para a agroindústria. Existem
como
vimos- determinações, limites. e obrigações a serem
cumpridas por ambas as partes. Estas obrigações apesar de penderem numa maior intensidade sobre o integrado, não lhe tiram. a condição
industrial
com uma
divisão social
lho põe
em
mercadoria a ser negociada.
do trabalho ao qual Marx se
Um comparecimento que caracteriza a
referiu dizendo:
“A divisão social do traba-
contato produtores independentes que só reconhecem a autoridade da
concorrência” 9 (Marx
nível
de comparecer diante do agro-
de globalização.
O Capital, p.: 408), concorrência hoje exercida pelo mercado em
O integrado não pretende vender a sua força de trabalho. A rela,
ção caracteriza-se como uma relação entre dois produtores de mercadorias.
Certamente o produtor integrado, via interferência da agroindústria que
deslocamento de
para produzir
modemas
viabiliza
o
técnicas produtivas e alta tecnologia genética, qualifica-se
um produto padronizado
ciamento e toma a competição
e de melhor qualidade. Fato que gera
com os agricultores não integrados
desigual.
um distanNo entanto
para os produtores integrados, a integração é sinal e sinônimo de segurança. Segurança
quanto a venda do produto, quanto ao fomecimento da ração, medicação, assistência
150
técnica e grande certeza de estar inserido nos
modernos moldes da produção
Está claro para os integrados que a diversificação da produção é
uma
agrícola.
garantia de pre-
venção contra intempéries como; secas, geadas, granizo, chuvas torrenciais e também
contra a instabilidade do mercado de grãos
e-
preços dos produtos agrícolas.
consciência de que a integração caracteriza-se
que estavam submetidos anteriormente, qual
como uma
seja
Tem plena
continuidade do processo a
a dependência do comerciante. Sabem
que a maior força sustentadora da integração não é o contrato formal estabelecido
agroindústria,
nem são as
não possuírem
o»
capital
dívidas contraídas- junto ao sistema financeiroz,
de giro necessário e suficientepara na atual
sozinhos adquirirem as bases materiais,
as.
bases. científicas e
duzir qualitativamente e quantitativamente a matéria prima
No
de
política agrícola,
de conhecimento para pro-
com a qual se integrou.
como mais homem. É a oportunidade que
já
em Hegel ficou
estabelecida,
ou
de que a servidão é a intermediação para a liberdade e para a universalização do
homem.
A partir disso» é lícito crer que todas as dimensões de dominação. que permeiam
o sistema de integração trazem dentro de
própria superação.
irá
fato-
oz
entanto o grande mérito da integração está na sua abrangência de construir o
agricultor
seja
com a
sucumbir sobre
Quando todos os
si
mesma.
si,
as reais e concretas possibilidades de sua
estágios da integração tiverem sido- esgotados, ela
A plena realização dessa atividade capitalista,
as formas capitalistas de produção, asseguram a não
mais dependência do
e de todas
homem do
ea não mais dependência do trabalho do homem. Criam-se as condições objetivas, reais e concretas de o homem tornar-se livre e ingressar no mundo do não trabalho.
trabalho-
A evolução possibilitada pelo desenvolvimento-
das formas produtivas do capitalismo, a
sua plena exaustão e esgotamento, permitem o conceber
desenvolver o que já se
tomou conceito
e se delineia
e,
agora mais do que
como uma nova
isso,
de
sociedade, a soci-
edade de homens livres e universais.
Está amplamente difundido 0 conceito de que o
homens forem
livres
e existirem
como
homem
só será livre, se todos os
seres universais. Para os integrados esta é
proposição que parece exceder a imaginação mais alucinada. Mas,
a produção da existência do
homem ultrapassar
no-
uma
momento em que
os limites do próprio homem, ou seja
de não mais depender de seu esforço fisico e mental, de suas habilidades e de suas vontades, abre-se o espaço e estarão produzidas as condições objetivas de liberdade
do ho-
151
mem como
ser universal. Realizar
em plenitude
o conceito de
homem é pressupor a sua
construção para além do empírico. e sensível é buscá-lo realizado na sua universalidade.
Prescindindo do imediato e do concreto,
e,
cada vez mais do empírico,
abstraído
criam-se as condições objetivas, pressupostas de todo o desenvolvimento intelectual de
homem. Destroem-se
as condições concebidas a partir dos instrumentos de dominação,
a partir da forma de trabalho
jetivas
Construindo-se e construindo as condições ob-
capitalista.
de sua produção, independentes dele
-
homem -
postos e concretizáveis na má-
quina automática, materializa-se a condição de liberdade- e universalidade.
A expansão da capacidade de criação
mental, intelectual
máquina automática viabiliza uma nova proposta/ação de o
máquina executar.
A inimaginável
possibilidade concreta, pois o
liberdade e
nalidade,
tato
homem pensar livremente e a
do homem, toma-se
intelectualmente. Põe-se as con-
humana dentro e a partir de novos parâme-
firmados e acorrentados à forma de trabalho
com novos
a sua materialização na
universalização
homem idealiza e produz
dições concretas de produção da existência
tros daqueles
e»
capitalista.
Uma nova racio-
aspectos, novos carecimentos, novas normas, outros tipos de con-
a serem estabelecidos, agora
entre indivíduos livres e universais. Já hoje a infor-
mática e a multimidia estão tomando imediatamente transparentes e universais as
in-
formações, o conhecimento e as idéias. São condições concretas e materiais de desenvolver toda a potencialidade de
homem, que jazem
inertes,
realizem na sua plenitude. Estas condições condizem
cimento, que é ser livre e universal.
realista
com a
O desenvolvimento
do que está posto porque é esta
a.
realidade
permitindo que aflorem e
e-
livre
se
própria natureza do conhe-
da subjetividade é uma ação
não fazemos parte de
outra.
É
a
saída da sociedade de massas, para a sociedade de indivíduos livremente associados.
Todo
esse conjunto de transformações
aproximam o integrado de uma inovadora
estrutura de vida e estrutura social a ponto de ele perceber a
e nas relações sociais e de produção.
queda da verticalidade das
Começa a entender ea se integrar na nova estrutura
de redes, as formas horizontais de contato, de produção e de distribuição, tanto da
produção material quanto da produção
momento em que o produtor
intelectual,
-_
do conhecimento e da
ciência.
No
integrado assume plenamente a concepção das metas e o
domínio sobre a genética animal e vegetal, estarão dadas as reais e concretas
dades de opção no o que produzir e
como
produzir, para além do subjetivismo
possibili-
do agro-
152
industrial.
Sua fonte de dependência será ainda o mercado, pois não tem
produzir para o não consumo.
Tudo
isto está
sentido
algum
sendo proporcionado, e aos poucos o
tegrado terá a sua disposição, pela materialização da informatização, que já rompeu
as barreiras
com
do tempo e do espaço, tomando presentes e transparentes, aqui e agora os
acontecimentos, os conhecimentos, a criação científica.
da preso a
in-
tarefas rotineiras, será e terá
O
produtor integrado, hoje ain-
dado uma enorme contribuição para a afirma-
ção da sociedade do não trabalho, da sociedade da produção intelectual, da sociedade da
produção universal dos homens como
te
de
si,
o
HOMENS. Tendo todos esses pressupostos
integrado não propõe neste
momento a
extinção da integração, pois muito
bem sabe que numa econornia a caminho da .globalização
se agir
de forma
isolada.
O
dian-
as suas chances são reduzidas
que almeja é o aumento do poder de barganha junto à
agroindústria.
O
produtor integrado ao sentir-se e mostrar-se capaz de produzir dentro das novas.
condições tecnológicas e organizacionais, ao mostrar a sua capacidade de agir de outro
modo
e de forma mais racional externa o seu potencial de intervenção no
mundo. As
conseqüências tem efeito imediato: ele influencia todo o processo produtivo, o estado
específico das instalações, da organização da produção, do consumo, da economia,
do-
mercado como
um todo. Ele passa a exibir no
seu novo cotidiano,
enfim
um novo fluxo
de
uma nova e enorme gama de poderes causais. As ações mais dinâmicas e mais racionais expõe o potencial da capacidade do produtor integrado em criar uma diferença
vida,
em relação ao estado inócuo da produção artesanal ou ainda sobre o
tória
que talvez se apresenta como preestabelecida.
O
produtor integrado necessita acelerar à caminhada
curso de
uma traje-
-
rumo a
apropriação coletiva
dos meios e das bases científicas e tecnológicas de sua produção. Somente
uma colabo-
ração voluntária e efetiva pode erradicar a divisão hierárquica entre o conceber e
cutar. Apropriar-se coletivamente das técnicas,
da ciência incorporada na
o-
exe-
instalação,
na
organização, no segredo da fórmula da ração, na medicação e na. genética das sementes,
das linhagens do frango e das espécies de suínos, terão para eles o significado da re-
num fórum de poder em comum, transfonnando os integrados em pesquisadores e não apenas em experimentadores. No entanapropriação coletiva, podendo transfomiar-se
to resta ainda outra questao pertinente
que precisa ser colocada: Apreendido
sistemati-
153
camente todos os segredos do “oficio” de
da genética da produção, da
capitalista e
criar suínos e frangos,
industrialização,
o segredo
laboratorial
o segredo da lógica da industrialização
dos mecanismos do consumo, não são no entanto suficientes se
em paralelo
não lhe for permitido o acesso ao segredo ou a arte da estrutura financeira, ou
nao lhe permite a estrutura e a solidez financeira e
eles,
seja, isto
ficarao íneptos e estáticos,
capazes de poder estabelecer-se por conta própria.
in-
~
Uma das saidas é partir para a industrialização da produção com 0 estabelecimento de
um novo
código de
ética,
de novas normas. de
higiene,
de qualidades.
orgânicas do
produto, que extrapolam os interesses da racionalidade capitalista. Esta será regida por
uma nova
rede de integrados:
novo código
ético, será
por
uma
rede.
de integração de proprietários produtores.
eles construído,
na busca de saidas a serem encontradas ne~
lesmesmos, como opção de entrada na produção
edade.
O
industrial dentro
de sua própria propri-
É este um dos elementos que tomará viável a sociedade de decisões.
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